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RESUMO
Como uma das ações desempenhadas pelos seres humanos, encontra-se a agressão -
comportamento que faz parte do cotidiano das pessoas, e, se bem gerenciada, auxilia o
indivíduo a se afirmar e a obter satisfação, considerando o contexto social no qual está
inserido. Entretanto, a agressão está comumente associada à violência, que é considerada
um comportamento mal-adaptativo, como caráter destrutivo das pessoas. Presente desde as
etapas iniciais do desenvolvimento, torna-se relevante compreender o fenômeno psíquico
da agressão na infância, como forma de conhecer e definir formas de intervenções
adequadas na clínica psicológica infantil com o objetivo de ações de prevenção. Para tanto,
foram elaboradas duas seções de estudo: uma teórica e uma empírica. A seção teórica
apresenta uma revisão da contribuição dos teóricos da psicanálise para compreensão da
agressividade. Discute-se a importância da agressão para os diferentes autores e também se
contextualiza como a agressividade está presente nas fases do desenvolvimento infantil, a
partir de um enfoque no período da latência. Nesta etapa do desenvolvimento, que se
caracteriza por um equilíbrio entre impulso e defesas mais elaboradas, a utilização de
mecanismos defensivos, como a sublimação, instrumentaliza a criança para superar
situações difíceis de caráter agressivo. Na seção empírica, é retratado um estudo
quantitativo, do tipo transversal, que busca identificar a presença de evidências de
conteúdos agressivos nas respostas ao Teste dos Contos de Fadas (TCF), instrumento
projetivo temático. Participaram do estudo 72 crianças dos sexos feminino e masculino,
com idades entre 6 e 11 anos, de escolas públicas e privadas da cidade de Porto Alegre. A
fim de obter dados que caracterizem os participantes, foi utilizada uma Ficha de Dados
Sociodemográficos. Para excluir casos com suspeita de comprometimento intelectual, foi
administrado o Teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven - Escala Especial. Todo o
material verbalizado pelas crianças ao Teste dos Contos de Fadas (TCF) foi avaliado por
três juízes (J1, J2 e J3) que realizaram avaliações com base no sistema de categorização de
respostas. Para avaliar o grau de concordância entre eles, foi utilizada a estatística Kappa.
Posteriormente, foi realizado um levantamento de freqüências dos tipos de conteúdos
agressivos identificados nas respostas e, para a comparação entre grupos e associações das
variáveis conforme escola, sexo e idade, temática/conflito da série de cartões, foi utilizado
o Teste Exato de Fisher. Os resultados mostram que o grau de concordância entre os juízes,
na sua maioria, foi satisfatório, uma vez que a concordância alcançada foi,
predominantemente, de valores moderados, substancias e quase perfeitos na maioria das
categorias da agressão. Os conteúdos agressivos com maior freqüência de respostas foram:
Medo de Agressão (f = 54), Agressão Tipo A (f=49) e Agressão como Retaliação (f=34).
Foi identificada associação significativa entre a variável Agressão Tipo A e sexo
masculino (p=0,042). Foi possível identificar as freqüências da variável agressão em seis
das sete séries de cartões (Chapeuzinho Vermelho, Lobo, Anões, Bruxa, Gigante, Cenas do
Conto Chapeuzinho Vermelho). Os resultados obtidos apontam que, mesmo o período da
latência sendo considerado um período de “espera” para as etapas posteriores, na qual a
criança está mais calma, é possível identificar a existência de motivações que levam a
criança a agir de forma agressiva.
Palavras-chave: Agressão, Latência, Teste Contos de Fadas (TCF), Técnica Projetiva.
Área conforme classificação CNPq: 7.07.00.00-1
Sub-área conforme classificação CNPq: 7.07.01.00-8 (Fundamentos e Medidas da
Psicologia)