Introdução
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Grupo Oficina, em 1960. Essa pesquisa tem como principal objetivo propor uma releitura
da década de 60, por meio das experiências estéticas e políticas do grupo oficina, à luz da
dramaturgia Sartreana (Jean Paul Sartre), com o intuito de construir interpretações acerca
deste momento marcante de nossa história contemporânea. Abrindo-se novos campos de
investigação onde o teatro configura-se como objeto de pesquisa e reconstituição histórica.
Tendo como fio condutor a interdisciplinaridade entre história, teatro e filosofia.
Logo se concluí que a importância e a atualidade desta pesquisa advém justamente
pelo fato de que procura trazer à tona a repercussão e o significado histórico, político,
artístico e cultural do espetáculo teatral A Engrenagem (1948), de Jean Paul Sartre,
encenado no Brasil em 1960.
Por outro lado é oportuno mencionar que o interesse de analisar determinado
momento histórico por intermédio de uma encenação teatral foi pensado com base nas
discussões suscitadas pelo NEHAC (Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da
Cultura), do Instituto de História da UFU, que desenvolve um trabalho junto ao Programa
de Pós-Graduação e da linha Linguagens, Estética e Hermenêutica, privilegiando o estudo
de diferentes linguagens artísticas, concentrando sua produção na área teatral.
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Esses
que fosse explorado por uma grande potência imperialista. Diante disso, Jean Aguerra foi obrigado a
ceder, fechar a imprensa e se deixar triturar pela engrenagem. No seu lugar, François, o novo
revolucionário assumiu o poder. Porém ele também é apanhado pela “engrenagem”. Ao final François
prepara-se para receber o embaixador da grande potência imperialista repetindo o gesto habitual de
Aguerra: beber um copo de uísque antes da audiência. Nesse caso é preciso tentar perceber como a peça A
Engrenagem é lida, resignificada e apropriada pelo grupo Oficina na década de 60, uma época marcada
pela utopia revolucionária e pela luta antiimperialista. Enfim é necessário ater as questões apresentadas no
seu corpo e discutir as premissas teóricas e políticas que estavam presentes na sua elaboração dramática e
ideológica.Sobre esse aspecto, é válido consultar: SARTRE, Jean-Paul. A Engrenagem. Lisboa:
Presença, 1964.191p.
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Dentre as pesquisas que foram produzidas junto ao NEHAC cabe mencionar algumas delas:
CARDOSO, Maria Abadia. Tempos sombrios, ecos de liberdade – a palavra de Jean-Paul Sartre sob as
imagens de Fernando Peixoto: no palco, “Mortos Sem Sepultura” (Brasil, 1977). 2007. Dissertação
(Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
2007. BARBOSA, Kátia Eliane. Teatro Oficina e a Encenação de O Rei da Vela (1967): uma
representação do Brasil da década de 1960 à luz da antropofagia. 2004.145f. Dissertação (Mestrado em
História) – Programa de Pós-Graduação em História, Instituto de História, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, 2004. RIBEIRO, Nádia Cristina. A encenação de Galileu Galilei no ano de
1968: diálogos do Teatro Oficina de São Paulo com a sociedade Brasileira. 2004. 157f. Dissertação
(Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Instituto de História, Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2004. MARTINS, Christian Alves. Diálogos entre passado e o
presente: “Calabar, o elogio da traição” (1973, Chico Buarque & Ruy Guerra). 2007. Dissertação
(Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação.Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
2007. CARVALHO, Jacques Elias de. Chico Buarque e José Celso: embates políticos e estéticos na
década de 1960 por meio do espetáculo teatral Roda Vida (1968). 2006. Dissertação (Mestrado em
História) – Programa de Pós-Graduação, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006. COSTA,
Rodrigo de Freitas. Tempos de resistência democrática: Os Tambores de Bertolt Brecht ecoando na