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PATRÍCIA DE ALMEIDA VILLELA
A EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO COMO ESTRATÉGIA PARA UMA NOVA
MOBILIDADE URBANA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de
Uberlândia, como requisito parcial à obtenção do título de
mestre em Geografia.
Área de Concentração: Geografia e Gestão do Território
Orientador: Prof. Dr. William Rodrigues Ferreira
UBERLÂNDIA/MG
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
2006
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
PATRÍCIA DE ALMEIDA VILLELA
A EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO COMO ESTRATÉGIA PARA UMA NOVA
MOBILIDADE URBANA
Prof. Dra. Amália Inês Geraiges de Lemos (USP)
Prof. Dra. Beatriz Ribeiro Soares (UFU)
Prof. Dr. William Rodrigues Ferreira (Orientador/UFU)
.
Uberlândia, _____ de ______________________ de 2006.
Resultado: _____________________________________
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Aos meus filhos, Márcio e Mariana,
presentinhos de Deus na minha vida.
4
“Você pode até dizer que sou um sonhador, mas não estou sozinho
nisso. Espero que um dia você se junte a nós, e o mundo será
como se fosse um só”.
John Lennon
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. William Rodrigues Ferreira que compartilhou
comigo a sua sabedoria e o sonho de viver em uma cidade com uma mobilidade
cidadã e que foi, mais do que professor e orientador, um amigo sempre presente.
Ao Marcelo, companheiro e esposo, que sempre me apoiou e me incentivou
na busca deste sonho, e aos meus filhos Márcio e Mariana, que muitas vezes
tiveram que entender a minha ausência, durante esse período.
À minha mãe Leda Márcia, mulher forte e guerreira, que me ensinou a lutar
pelos meus objetivos, e que, durante esses dois anos, foi mais que avó dos meus
filhos.
A todos da minha família que torceram por mim e acreditaram que a
concretização desse trabalho fosse possível, em especial, à Paula minha irmã
querida.
Aos professores do Instituto de Geografia e aos colegas de mestrado, que
muito contribuíram para o enriquecimento dessa pesquisa, principalmente às
colegas Bethânia, Maria, Valéria, Rejane, Geisa, Lílian, Gustavo e Francine.
Aos colegas de trabalho da Prefeitura Municipal de Uberlândia, amigos de
longos anos de caminhada, que dividem comigo a vontade de trabalhar em prol de
6
uma cidade melhor. Agradeço especialmente ao Ailton Borges que sempre foi
prestativo e auxiliou-me muito nas idas e vindas da dissertação.
A todos os funcionários da equipe do Setor de Educação para o Trânsito da
Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes que compartilham comigo do desejo
de viver em uma cidade com o trânsito mais humano e seguro
Ao meu eterno “mestre” Adailson Mesquita, pessoa por quem eu tenho um
respeito e uma enorme admiração e que foi o maior incentivador de minha busca
pelo mestrado.
A todos que contribuíram para a realização deste trabalho e que junto comigo
caminharam em busca de um sonho; incentivaram-me e acreditaram em mim.
E a Deus por ter me dado força e perseverança para vencer essa difícil e
gratificante caminhada.
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RESUMO
A maioria da população brasileira circula a pé, ou utiliza o transporte coletivo para os
seus deslocamentos. Entretanto, o conceito de mobilidade urbana ainda encontra-se
centrado na circulação de veículos individuais motorizados. A apropriação e
utilização dos espaços das cidades devem ser repensadas, de modo a contemplar
todas as diversidades de deslocamentos. Para que isso ocorra é necessário uma
“nova” cultura na mobilidade, promovida pela Educação para o Trânsito, com o
objetivo de se obter uma apropriação eqüitativa do espaço e do tempo da circulação
urbana. O objetivo geral desta dissertação é analisar as ações de Educação para o
Trânsito, utilizadas com freqüência no modelo educacional brasileiro pelos órgãos
gestores de trânsito estabelecendo diretrizes para as possíveis práticas pedagógicas
voltadas para uma mobilidade urbana cidadã. A metodologia utilizada neste trabalho
foi o levantamento bibliográfico para compor o referencial teórico acerca da
mobilidade urbana e da educação para o trânsito, que permitiram a análise das
experiências referentes à Educação para o Trânsito em algumas cidades do mundo,
do Brasil e detalhadamente em Uberlândia – MG. Através deste estudo foi possível
perceber a realidade da Educação para o Trânsito no Brasil, e a necessidade da
mesma ser implementada de forma mais efetiva, para a concretização de uma
“nova” mobilidade urbana. Concluiu-se que para a efetivação de medidas que
contribuam para uma melhor organização do espaço urbano e a conseqüente
redução do número de conflitos e acidentes, a Educação para o Trânsito é uma
ferramenta indispensável uma vez que como processo pedagógico a mesma tem por
finalidade formar e transformar comportamento, possibilitando o desenvolvimento da
capacidade crítica e do senso de responsabilidade para a vida coletiva em trânsito.
Neste sentido, a mesma necessita ser trabalhada de forma sistêmica e contínua
visando contribuir para a existência de um espaço urbano mais humano, seguro e
harmônico.
PALAVRAS-CHAVE: Educação para o Trânsito, Mobilidade Urbana, Organização do
Espaço Urbano.
8
ABSTRACT
The majority of the Brazilian population walks or uses public transportation as their
primary way of commuting. Even so, the concept of urban mobility is still centered on
the circulation of private motor vehicles. The appropriation and utilization of public
space in cities should be rethought in a way to contemplate all the diversity of
movement. To that end a "new culture" of mobility is necessary, established by
Traffic Education, with the goal of attaining balanced ownership of the space and
time of urban circulation. The general objective of this paper is to analyze Traffic
Education actions frequently used in the Brazilian educational model by its
administrative bodies, designing guidelines for a feasible pedagogical practice
towards civilized urban mobility. The methodology used in this work was the research
on bibliography to raise theoretical references about urban mobility and traffic
education, which allowed for the analysis of experiments in Traffic Education in some
cities in the world; in Brazil; and in detail in Uberlândia (state of Minas Gerais).
Through this study one is able to perceive the reality of Traffic Education in Brazil and
the need for it to be implemented more effectively so as to realize a "new" urban
mobility. The conclusion is that, if measures which contribute to better organization of
urban space and consequent reduction of conflicts and accidents are to be effective,
Traffic Education is an essential tool once, as a pedagogical process, it has the goal
of behavior formation and transformation, permitting the development of critical ability
and sense of responsibility for collective living in traffic. In that sense, Traffic
Education needs to be approached in a systematic and continuous way to contribute
to the existence of more humane, safe, and harmonious urban space.
KEY-WORDS: Traffic Education; Urban Mobility; Organization of Urban Space.
9
LISTA DE FIGURAS
1 – Marginal Pinheiros em São Paulo – SP...............................................................33
2 – Desenhos premiados na Categoria Estudande do DENATRAN..........................61
3 – Cursos Ministrados pelo DENATRAN..................................................................62
4 – Cidade Mirim de Trânsito do DETRAN/SP...........................................................65
5 – Tópicos abordados na página virtual do DER/MG...............................................73
6 – Conteúdo Programático Curso do DETRAN/MG.................................................74
7 – Conteúdo Programático do Livro “Transito: Aprender para a Vida”...................75
8 – Conteúdo Programático da cartilha “Transito: Aprender para a Vida””..............76
9 – Circo Transitando Legal da BHTRANS................................................................78
10 – Campanhas realizadas pela BHTRANS.............................................................79
11 – Slogan do Dia Nacional “Na cidade sem meu carro”.........................................82
12 – Dia Nacional na Cidade sem meu Carro em Belo Horizonte/MG.......................83
13 – Trânsito no Centro da cidade de Uberlândia – MG............................................88
14 - Área Central de Uberlândia/ MG - Pedestre atravessando fora da Faixa...........88
15 - Área Central de Uberlândia/MG – Pedestre desrespeitando o semáforo...........89
16 - Área Central de Uberlândia/MG - Ciclista trafegando na calçada.......................89
17 - Área Central de Uberlândia/MG - Ciclista na contra mão de direção................89
18 - Área Central de Uberlândia/MG - Caminhões trafegando no horário de pico.....90
19 - Área Central de Uberlândia/MG - Carroças trafegando no horário de pico........91
20 - Área Central de Uberlândia/MG - Ambulantes na calçada................................92
21 - Área Central de Uberlândia/MG – Calçadas obstruídas por reformas...............92
22 - Área Central de Uberlândia/MG – Caçambas no estacionamento.....................93
10
21 - Bicicletas em postes de sinalização na calçada.................................................94
24 – Calçadas em desnível. Rua Niterói – Uberlândia/MG........................................95
25 – Utilização da calçada e da pista de rolamento...................................................95
26 – Acidentes de trânsito em Uberlândia – MG (Biênio 2004/2005)........................97
27 – Cruzamentos com alto índice de acidentes Uberlândia/MG(2004)....................97
28 – Central de Tráfego em Área – Uberlândia/MG...................................................99
29 – Trânsitolândia Móvel – Programa Uberlândia Viva..........................................105
30 – Folder da campanha educativa “Respeito Sim Senhor!”..................................106
31 – Cartilha educativa da SETTRAN......................................................................108
32 – Fase Regional da Gincana de Educação para o Trânsito................................109
33 – Fase Final da Gincana de Educação para o Trânsito......................................109
34 – Cartazes confeccionados pelas escolas .........................................................110
35 – Participação de pais na Gincana de Educação para Trânsito.........................111
36 – Prova do Motorista mais idoso na Gincana de Educação para o Trânsito.......111
37 – Apresentação teatral em empresas de Uberlândia-MG...................................112
38 – Participação de Agentes de Trânsito na gincana.............................................113
39 – Folder da campanha da Faixa de Pedestre em Uberlândia – MG...................115
40 – Folder da campanha de Álcool e Direção em Uberlândia – MG......................116
41 – Projeto Educando para o Trânsito e para a Vida.............................................117
42 – Mini curso de Educação para o Trânsito em Uberlândia – MG........................118
43 - Slogan Utilizado pela SETTRAN em 2005........................................................119
44 – Transitolândia no Parque do Sabiá – Uberlândia/MG......................................121
11
LISTA DE FIGURAS
1 – Localização Geográfica da área de estudo .....................................................21
12
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos
BHTRANS – Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte
BMO – Boletim Municipal de Ocorrência de Trânsito
BO – Boletim de Ocorrência de Trânsito
CET – Companhia de Engenharia de Tráfego
CETET – Centro de Treinamento e Educação para o Trânsito de São Paulo
CFC – Centro de Formação de Condutores
CMU – Câmara Municipal de Uberlândia
CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito
CRT – Centro de Reflexão de Trânsito
CTA – Central de Tráfego em Área
CTB – Código de Trânsito Brasileiro
DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito
DNER – Departamento Nacional de Estradas e Rodagem
DER – Departamento Estadual de Estradas e Rodagem
DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito
DOT – Divisão de Operações de Tráfego
DPVAT – Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores
EMDEC – Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas-SP
EUA – Estados Unidos da América
FUNSET – Fundo de Educação e Segurança no Trânsito
GPS – Global Position Sistem
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
13
IPEA – Instituto de Pesquisa Aplicada
MEC – Ministério da Educação e Cultura
NOT – Núcleo de Operações de Tráfego
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONG – Organização Não Governamental
PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais
PECT – Programa de Educação para a Cidadania no Trânsito
PM – Polícia Militar de Minas Gerais
PMU – Prefeitura Municipal de Uberlândia
PRF – Polícia Rodoviária Federal
PROGET – Programa Gaúcho de Educação para o Trânsito
SETTRAN – Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes de Uberlândia
SIT – Sistema Integrado de Transportes
SNT – Sistema Nacional de Trânsito
UFU – Universidade Federal de Uberlândia
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................16
1 – Espaço urbano e circulação.................................................................................23
1.1 – Transporte Urbano e Cidade.............................................................................25
1.2 – Organização do Espaço Urbano e Transporte..................................................27
1.3 – Mobilidade Urbana: Conceito e Contextualização.............................................29
1.4 - Perspectivas da Mobilidade Urbana..................................................................33
1.5 - O Trânsito em Questão: Fator Inerente à Mobilidade Urbana..........................35
2 – Educação para o Trânsito: Apresentação e Conceituação...............................39
2.1 – O Código de Trânsito Brasileiro e a Educação para o Trânsito........................39
2.2 – Educação para o Trânsito: Discussão Pedagógica...........................................43
2.3 - Histórico da Educação para o Trânsito no Brasil..............................................47
2.4 - A Educação para o transito atual......................................................................54
2.4.1 – Ações Educativas em Alguns Países do Mundo................................56
2.4.2 – O Brasil e suas Atividades voltadas para a
Educação para o Trânsito.................................................................59
2.4.3 – A Educação para o Trânsito em Minas Gerais..................................72
2.5 - Considerações Parciais.....................................................................................83
3 – O Trânsito no Município de Uberlândia-MG e a
Perspectiva de uma Nova Mobilidade Urbana.................................................87
3.1 – O espaço Urbano e os acidentes de Trânsito na cidade..................................87
3.2 – O órgão gestor de Trânsito no Município e suas Ações....................................98
3.3 – A Educação para o Trânsito no Município.......................................................102
3.4 - Perspectivas de uma Nova Mobilidade: a Contribuição da
Educação para o Trânsito................................................................................123
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................127
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................131
ANEXOS...................................................................................................................140
15
16
INTRODUÇÃO
A complexidade das relações que se dão no espaço se tornam, a cada dia,
mais acentuadas em razão do elevado grau de urbanização. E, neste contexto, o
automóvel apresenta-se como modo de transporte dominante na organização do
espaço urbano, e em conseqüência, na prioridade dos órgãos gestores no que diz
respeito à mobilidade urbana no Brasil, que obedece à lógica de gestão, mesmo que
implicitamente, centrada quase que, exclusivamente, nesse único modo de
transporte, acarretando efeitos danosos para os cidadãos no que tange à qualidade
de vida.
A maioria da população brasileira circula a pé, ou utiliza o transporte coletivo
para os seus deslocamentos. Segundo Vasconcellos (2003, p.26), existem 204
milhões de deslocamentos por dia nas cidades brasileiras, e mais da metade destes,
51% correspondem a viagens a pé ou feitas de bicicletas, e 29% são realizadas em
transporte público. Isso mostra que apenas 20% da população utiliza automóveis ou
motocicletas para se deslocarem. Entretanto, o conceito de mobilidade urbana ainda
encontra-se centrado na circulação de veículos individuais motorizados, ou seja, no
automóvel.
A apropriação e utilização dos espaços das cidades devem ser repensadas,
de modo a contemplar não só as garantias fundamentais previstas legalmente, como
na Constituição Federal ou no Código de Trânsito Brasileiro - CTB, mas, sobretudo a
inclusão de todas as diversidades de deslocamentos possíveis. Tal apropriação
17
também deve resgatar valores fundamentais da boa convivência como o respeito às
diferenças, ao espaço da coletividade, ao meio ambiente, entre outros. Esta
mudança de visão do significado de transitar, não mais agregado apenas aos seus
aspectos negativos, mas às relações estabelecidas com o próprio homem, será fator
fundamental neste processo de readequação e preparação dos indivíduos ao
ambiente de circulação.
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território
nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e
animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação,
parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos
órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes
cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas
destinadas a assegurar esse direito.
§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito
respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por
danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na
execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o
exercício do direito do trânsito seguro.
§ 4º (VETADO)
§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de
Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a
preservação da saúde e do meio-ambiente. (BRASIL, 2001, p. 52)
As condições atuais das cidades apontam para uma obrigatória mudança de
rumos no exercício da mobilidade urbana. É necessária que ocorra uma “nova
cultura” na mobilidade, promovendo a apropriação eqüitativa do espaço e do tempo
na circulação urbana, priorizando os modos de transporte coletivo, a bicicleta e os
deslocamentos a pé. Essa nova forma de pensar a mobilidade deve prever o
reordenamento dos espaços e das atividades urbanas, de forma a preservar,
18
defender e promover a qualidade ambiental das cidades brasileiras, e a organização
do espaço urbano.
Para amenizar as relações conflituosas no trânsito e prevenir a ocorrência de
acidentes, deve-se considerar a adoção de medidas de educação que levem os
usuários a terem atitudes e comportamentos de convivência no trânsito, como um
componente essencial para se atingir este objetivo. É necessária a busca de
estratégias que possam otimizar ao máximo os recursos disponíveis e estabelecer
parcerias que garantam a efetividade das estratégias traçadas.
A Educação para o Trânsito possui um grande potencial para promover a
efetivação das medidas a serem tomadas nesta área, notadamente se for construída
de forma sistêmica e não isoladamente como vem sendo tratada no Brasil. Para isto
a educação de trânsito constitui uma ferramenta indispensável para a prática da
cidadania e para uma “nova mobilidade” fundamentada na utilização dos meios não
motorizados, pautados na lógica do respeito ao público e imprimindo-se a noção de
comunidade e solidariedade.
Como um processo pedagógico Educação para o Trânsito tem por finalidade
formar ou transformar comportamento através da expressão das potencialidades
individuais, possibilitando o desenvolvimento da capacidade crítica e do senso de
responsabilidade para a vida coletiva em trânsito.
Neste sentido, unindo os saberes da geografia e da pedagogia, esta
dissertação de mestrado tem como objetivo analisar as ações de educação para o
trânsito utilizadas com freqüência no modelo educacional brasileiro pelos órgãos
19
gestores de trânsito, estabelecendo diretrizes para as possíveis práticas
pedagógicas voltadas para uma mobilidade urbana cidadã.
Os objetivos específicos são: apresentar as estratégias utilizadas por órgãos
gestores do trânsito no processo de formação do cidadão e propor estratégias de
ensino/aprendizagem capazes de colaborar para a modificação do comportamento
no trânsito, visando à criação de um ambiente urbano mais humanizado, diminuindo
a ocorrência de acidentes e proporcionando maior segurança aos usuários das vias
públicas.
A metodologia utilizada neste trabalho foi o levantamento bibliográfico para
compor o referencial teórico acerca da mobilidade urbana e da educação para o
trânsito que permitiram a análise das experiências referentes à Educação para o
Trânsito em algumas cidades do Brasil e do mundo.
O primeiro capítulo apresenta uma discussão teórica sobre espaço urbano e
circulação, transporte urbano e cidade, além de discutir sobre a urbanização das
cidades e a organização do espaço urbano. Conceitua e a contextualiza a
mobilidade urbana e traça suas perspectivas. O trânsito, fator inerente à mobilidade
urbana, também é enfocado.
O segundo capítulo é composto pela apresentação e conceituação da
Educação para o Trânsito, e por uma discussão pedagógica sobre ela. É abordada a
relação da Educação para o Trânsito com o CTB, e um breve resgate histórico sobre
o assunto em questão. A Educação para o Trânsito atual é discutida, apresentando-
se algumas ações educativas realizadas no mundo, no Brasil e no Estado de Minas
20
Gerais, tendo como foco de análise específico o município de Uberlândia – MG
(Mapa 1), definido como estudo de caso.
No terceiro capítulo, contextualiza-se o município de Uberlândia-MG, o seu
espaço urbano, o órgão gestor de trânsito e as ações educativas implementadas
pelo setor de Educação de Trânsito na cidade.
Por meio deste estudo, são desenvolvidas propostas educativas de atividades
objetivando a humanização do trânsito, visando a uma melhor organização do
espaço urbano. Estas contribuições encontram-se nas considerações finais desta
dissertação.
21
22
23
1 – ESPAÇO URBANO E CIRCULAÇÃO
Ao discutir o espaço urbano, é importante considerar fatores sociais,
históricos, políticos e econômicos, para melhor compreensão do todo. E, ao se
discutir alternativas positivas para adequar o espaço às necessidades do mundo
atual, deve-se procurar estabelecer uma relação equilibrada entre os anseios da
sociedade e a preservação do meio baseando-se em uma perspectiva sustentável.
O crescimento das cidades, observado por meio do processo de urbanização
da sociedade, é um fenômeno recente no contexto histórico da humanidade. Em
relação à expansão populacional, Silveira (2003, p.30), ressalta:
[...] foi alterando-se a partir da Revolução Industrial, quando a população
mundial teve sua curva de crescimento alterada bruscamente, motivada pelo
surgimento das sociedades com base na economia industrial, quando se
registrou grande expansão urbana antes nunca verificada, numa evolução
acelerada e de grande significância.
A partir da segunda metade do século XVIII, a urbanização se intensificou, e o
número e o tamanho das cidades aumentaram de forma significativa. E, com o
crescimento populacional e a conseqüente urbanização das cidades, o espaço
urbano sofreu alterações consideráveis.
Rezende (1982, p.126),:
[...] a cidade representa o espaço onde são reproduzidos os principais
meios da própria produção capitalista. Como local de produção, organiza-
se com os espaços destinados à força de trabalho, habitação e
acumulação do capital. Neste sentido, a produção do espaço organizado
efetua-se de maneira coerente com o modo de produção dominante.
24
Ainda segundo a autora a cidade é resultante inacabada e em transformação,
de intervenções reguladas por diferentes sistemas sociais e econômicos”.
A grande metrópole proporcionou o aumento do individualismo entre as
pessoas. O que tornou a visão coletiva algo cada vez mais distante. Esta idéia é
refletida nos estudos de Silveira (2003) que acredita que a cidade representa na
estrutura capitalista, um espaço onde é permitida a criação dos principais meios da
própria produção capitalista.
Neste contexto, as pessoas transformam seu estilo de vida, e passam a ter uma
necessidade de deslocamento cada vez mais rápida e complexa, necessitando de
um sistema de transporte eficiente para favorecer os acessos às diferentes áreas da
cidade, onde se encontram atividades diversas.
[...] as pessoas deslocar-se-ão entre todos esses lugares com mobilidade
crescente, exatamente devido à flexibilidade recém-conquistada pelos
sistemas de trabalho e integração social em redes: como o tempo fica mais
flexível, os lugares tornam-se mais singulares à medida que as pessoas
circulam entre eles em um padrão cada vez mais móvel.” (CASTELLS, 1999,
p. 423)
A circulação urbana apresenta problemas relativos à questão das relações que
ocorrem entre os diversos participantes do trânsito, que se traduzem em conflitos no
espaço urbano e que tem como resultante maior os acidentes.
25
1.1 – Transporte Urbano e Cidade
O desenvolvimento de sistemas de circulação que possibilitam a melhoria do
sistema de transportes, e viabilizam o deslocamento das pessoas no espaço urbano,
adquire cada vez mais importância nessa atual fase relacionada às cidades, e às
novas funções econômicas e sociais que vivencia.
Um rearranjo, então, se faz necessário para que o espaço se adeque a essa
nova forma de organização socioeconômica, agora mais urbanizada. Essas
mudanças acontecem em várias partes do mundo. A partir dos anos 1920, os
Estados Unidos da América - EUA fizeram modificações evoluindo para a
organização de sistemas viários mais amplos, e colocando o veículo automotor
como expressão de dominação. Em alguns países europeus, as adaptações
começaram a existir de forma mais acelerada a partir da segunda guerra mundial.
Neste contexto, o automóvel adquiriu uma importância crescente. Isso aconteceu,
segundo Vasconcelos (1996), na medida em que o desenvolvimento econômico
diversificava as atividades e gerava novas classes médias ávidas por mobilidade
social.
Na América Latina, em função das constantes crises econômicas das
décadas de 1950 a 1970, os sistemas de ônibus e as políticas de transportes
reforçaram as desigualdades, possibilitando aos automóveis a ocupação de grande
parte do espaço disponível para a circulação, proporcionando diferenças
expressivas em relação às condições de transporte e acessibilidade entre as
pessoas.
26
Na década de 1980, em função, principalmente, da globalização da economia,
o espaço urbano e as condições de vida nas cidades foram novamente alteradas,
contribuindo para que as pessoas migrassem do transporte público para o transporte
particular.
À medida que a necessidade de deslocamentos foi aumentando, o espaço
urbano foi se modificando, e de acordo com Vasconcellos (1996, p.56) essas
intervenções no espaço foram feitas, beneficiando setores específicos da sociedade:
Assim, as classes médias tiveram suas necessidades de deslocamentos
atendidas com mais presteza e eficiência, ao passo que os setores
dependentes do transporte público permaneceram submetidos a más
condições médias de circulação. A forma mais direta de atendimento das
necessidades das classes médias se deu pela adaptação do espaço
urbano para a vida desses grupos sociais. Assim as cidades foram
adquirindo contornos de espaços da classe média, onde ela podia exercer
seu estilo de vida com conforto e eficiência.
O automóvel transformou-se, então, num meio de reprodução de grupos
sociais, principalmente de renda média que, para se auto afirmar, necessitam de um
conjunto de atividades sociais, culturais e econômicas, incluindo a aquisição de um
veículo automotor, que evidentemente proporciona maior mobilidade. Dessa forma,
as políticas públicas implementadas priorizaram o atendimento das demandas dos
grupos sociais de renda média em detrimento da maioria da população que depende
do transporte público.
Uma vez que a política de transporte, sobretudo no Brasil, não se mostra
eficiente no que diz respeito ao transporte público, o uso do modal motorizado,
principalmente o automóvel, se torna cada vez mais freqüente.
27
A infra-estrutura de circulação reforça a utilização do carro. O transporte
público de baixa qualidade e pouca confiabilidade, e a tarifa elevada desse tipo de
serviço, aliada a pouca infra-estrutura para ciclistas e a grandes distâncias para os
deslocamentos a pé, estimulam a opção pelo veículo automotor individual, causando
vários problemas no que diz respeito à circulação viária, ou seja, ao trânsito em
geral.
1. 2 - Organização do Espaço Urbano e Transporte
Nos últimos anos, as cidades brasileiras tiveram um crescimento populacional
considerável. Isso se deu, entre outros fatores, em função de um processo de
urbanização acelerado que teve como resultado um alto índice de pessoas vivendo
nas cidades. Uma vez que segundo Corrêa (1989), o espaço urbano é o conjunto de
usos da terra, justapostos entre si, simultaneamente fragmentado e articulado, pode-
se afirmar que sofreu alterações em função desse processo.
Com o crescimento da população, também cresceu o número de
deslocamentos diários na zona urbana, uma vez que as pessoas necessitam se
deslocar na cidade para exercer suas atividades como trabalhar e estudar. De
acordo com Vasconcelos (2005, p.10) “Estima-se que, em 2002 nas cidades
brasileiras com populações acima de 30 mil habitantes, as pessoas realizavam 200
milhões de deslocamentos por dia”.
Grande parte dos deslocamentos é realizada a pé. Entretanto, isso pode
variar de acordo com a cidade analisada. Geralmente, em cidades maiores, estes
28
números são menos significativos, em função do aumento das distâncias. Um outro
fator que também contribui para alterar esse quadro é a distribuição de renda:
quanto maior a renda do indivíduo, menor a chance do seu deslocamento ser
realizado a pé ou por transporte coletivo.
Dessa forma, o automóvel apresenta-se como o “sonho” de consumo de cada
cidadão, uma vez que a cultura automobilística está arraigada na sociedade
capitalista de consumo que, mesmo de forma implícita, cultua o veículo automotor,
associando-o ao símbolo de “status” e modernidade. O carro é visto por muitos
como algo essencial para a vida. Isso pode ser exemplificado nos casos em que os
pais presenteiam os filhos, com brinquedos que reproduzem os veículos
automotores.
Essa imagem ainda é reforçada pela indústria automobilística que associa o
veículo em suas propagandas, à valorização social e à ampla e irrestrita
acessibilidade. Affonso (2003), reforça que o marketing é de tamanha eficácia que
incute em cada cidadão a ilusão de que é possível mudar a vida ao se adquirir um
veículo automotor.
Entretanto, o crescimento do número de veículos no Brasil, traz entre outros
fatores, problemas para as cidades e conseqüentemente para todos os seus
usuários, e contribui diretamente para a ocorrência de congestionamentos, aumento
da poluição e do número de acidentes de trânsito que resultam, de acordo com
dados do DENATRAN, em 30.000 mortes por ano.
29
As cidades brasileiras enfrentam, a cada dia, problemas crescentes em
função da ocupação desordenada e da grande urbanização ocorrida principalmente
nos últimos anos. Para que as pessoas possam se deslocar, é necessário haver
uma infra-estrutura física adequada, que permita a circulação.
Numa sociedade em que o tempo é escasso e as pessoas se deslocam para
diversos fins e necessitam fazer isso com rapidez, o veículo automotor apresenta-se
como uma alternativa “mais eficiente”, e vem ocupando um lugar considerável no
espaço urbano. O modal de transporte motorizado, sobretudo o automóvel particular,
exerce uma grande influência na ocupação do espaço urbano.
Há, no entanto, um comprometimento da mobilidade como um todo em
função da prioridade que o veículo possui no sistema viário. A produção do espaço
de circulação ocorre de maneira a atender basicamente a demanda da sociedade
automotiva, em detrimento dos outros modos de transporte.
1.3 – Mobilidade Urbana: Conceito e Contextualização
O termo mobilidade urbana vem sendo muito debatido por diversos
pesquisadores em congressos e eventos que dizem respeito ao trânsito e
transporte, como também planejamento urbano no Brasil e no mundo, uma vez que
muitos países estão passando por grandes transformações sociais, econômicas e
até demográficas, que alteraram as características do espaço urbano, influenciando
na circulação de pessoas e de veículos.
30
De acordo com Vasconcellos (1996, p. 48 )
A mobilidade é um atributo associado a pessoas e aos bens; corresponde
às diferentes respostas dadas por indivíduos e agentes econômicos às
suas necessidades de deslocamento, considerando-se as dimensões do
espaço urbano e a complexidade das atividades nele desenvolvidas. Face
à mobilidade os indivíduos podem ser pedestres, ciclistas, usuários de
transporte coletivos ou motorista; podem utilizar-se do seu esforço direto
(deslocamento a pé) ou recorrer a meios de transporte não motorizados
(bicicletas, carroças, cavalos) e motorizados (coletivos e individuais).
Segundo ANTP (2005)
A política de mobilidade urbana reflete o conjunto de ações de entidades
públicas afeta direta ou indiretamente as condições de circulação das
pessoas e mercadorias nas cidades. Estas ações – ou ausência delas –
são acompanhadas de ações de entidades privadas e de indivíduos seja no
solo que realizam, com impactos nas condições de circulação. Estas ações
públicas e privadas vão interagindo no tempo e vão consolidando um
padrão de mobilidade, que pode ser representado, por exemplo, pela
quantidade de deslocamentos feitos, pelos veículos utilizados e pelas
condições de economia, segurança, conforto, qualidade ambiental e
equidade sob as quais se realiza a circulação.
Pode-se considerar que a mobilidade urbana está diretamente ligada às
pessoas, que para assegurar seus deslocamentos, levando em conta a dimensão do
espaço urbano, desempenham vários papéis como pedestres, ciclistas, motoristas e
passageiros.
A mobilidade pode ser afetada por fatores ligados à idade, ao sexo, a renda
do indivíduo e também por fatores ligados ao espaço urbano, como por exemplo, a
sua organização e a forma como o transporte é dimensionado.
O tratamento da mobilidade pode ser entendido como sendo uma função dos
órgãos públicos. Entretanto, no Brasil, ainda não existe uma política efetiva para o
31
tratamento da mobilidade urbana que tenha como objetivo garantir uma
acessibilidade e um deslocamento com qualidade para todos.
Fernandes (2003, p.39), ressalta que “o termo acessibilidade hoje, pressupõe
não apenas a possibilidade de deslocamento e/ou o alcance para o uso de
equipamentos e mobiliário, mas também as condições de autonomia e segurança na
execução destas atividades”.
No Brasil, a mobilidade urbana obedece a uma política que prioriza o modal
de transporte motorizado, principalmente o automóvel. Isso, entretanto, se dá de
forma implícita. Ao observar as políticas públicas em relação ao trânsito e transporte
no Brasil, é possível constatar facilmente a priorização do veículo automotor. Nos
órgãos gestores do trânsito, os recursos são destinados, em sua maioria, para
melhorar a condição de circulação dos veículos. As obras realizadas prioritariamente
pelos administradores geralmente são pontes, viadutos, vias expressas, arruamento,
etc. Poucos são os recursos e investimentos destinados ao transporte público, aos
ciclistas e à melhoria de calçadas.
Isso é enfatizado por Boareto (2003, p.47), que destaca “[...] A construção de
ruas e avenidas, definidas como sistema viário assume grande importância e as
administrações municipais dedicam uma parcela enorme de seus esforços e
recursos na sua expansão”.
32
A apropriação desigual do sistema viário pode ser observada também nos
estudos de Ferreira (2002) que ressalta que cerca de 40% a 60% dele é utilizado em
para atender a demanda automotiva.
Rolnik (2003, p.13) considera que,
Sob a égide exclusiva da competitividade e inserção na ordem global,
grandes investimentos são feitos, recortando na paisagem fragmentada da
cidade e dos enclaves mundializados. Entretanto, estes enclaves não se
viabilizam senão como forte investimento em infra-estrutura urbana,
sobretudo em sistemas de circulação – agora rebatizados de logística –
que permitem a conexão entre os nós da rede de espaços incluídos
.
As conseqüências de Políticas Públicas com essa orientação são danosas
para toda população urbana, independente da sua condição enquanto participante
do trânsito, pois segundo Boareto (2003, p.51):
Alguns fatores podem ser apontados como causa da ampliação do conflito
existente no trânsito. O primeiro é o traçado das ruas e avenidas que induz
o motorista a transitar em altas velocidades. O segundo fator é a
concentração da população em algumas cidades e o terceiro é o aumento
contínuo de automóveis em circulação. Um outro fator que pode ser
acrescentado é o sentimento de impunidade percebido pela ausência de
fiscalização.
É possível afirmar que a mobilidade urbana no país está se tornando
complexa e limitada. A opção pelo automóvel, feita no país a partir da década de
1950, trouxe efeitos prejudiciais à sociedade. Entre eles, o grande número de
congestionamentos, o alto índice de poluição e o crescente número de acidentes de
trânsito, que preocupam de forma substancial e acarretam perdas importantes para
a sociedade como um todo.
33
A grande quantidade de veículos nas ruas, mostrado na Figura 1, comprova
que “os níveis de congestionamento que trazem a deterioração urbana indicam que
o espaço de circulação é um bem público cada vez mais escasso”. (ANTP, 2005, p.
69).
Figura 1 – Marginal Pinheiros – São Paulo / SP
Fonte: Revista Movimento, 2004
1.4 – Perspectivas da Mobilidade Urbana
Dados relativos ao estudo da mobilidade urbana apontam um quadro
agravante. De acordo com Vasconcellos (2005, p.48), “o número de veículos no país
34
tem crescido rapidamente nas últimas décadas: de 430.000 em 1950, o número
aumentou para 3,1 milhões em 1970 e 36 milhões em 2003”.
A produção de automóveis, assim como o seu uso nas cidades, vem
aumentando muito nas últimas décadas. Estimativas apontam um crescimento ainda
maior da frota de veículos. De acordo com Pinto (2003, p.273), no Brasil, “[...]
estima-se que a frota de veículos cresça a uma taxa de 3% (superior a da população
humana), atingindo em 2010, 40 milhões de veículos no país”.
A crescente motorização, aliada à queda de qualidade nos serviços públicos
de transporte, contribuem para que a mobilidade urbana viva uma “crise”, afetando
entre outras coisas, a qualidade de vida nas cidades.
O modelo de mobilidade, apoiado no uso intensivo do automóvel, mostra que,
de fato, as condições de vida tornaram-se precárias em razão dos
congestionamentos, poluição e acidentes. Isso é evidenciado, no que afirma a
ANTP(2003):
Os congestionamentos, nos níveis que se fazem sentir nas duas maiores
cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro – conforme o evidenciado
no estudo de Redução de Deseconomias Urbanas com a Melhoria do
Transporte Público, realizado pela ANTP e pelo IPEA (1998) é um
fenômeno que pode rapidamente se estender para outras grandes cidades
brasileiras. Esses congestionamentos já representam para dez cidades do
estudo, 506 milhões de horas gastas a mais, por ano, pelos usuários do
transporte coletivo, 258 milhões de litros de combustível gastos a mais por
ano e uma poluição ambiental que pode ser medida em 123 mil toneladas
de monóxido de carbono e onze mil toneladas de hidrocarbonetos, jogados
na atmosfera
.
As condições atuais e as perspectivas futuras em relação à utilização de
veículos automotores, e a constante disputa por um espaço dentro do sistema viário
35
apontam para uma obrigatória mudança de rumo da mobilidade urbana brasileira no
intuito de contribuir para uma cidade melhor.
1.5 – O Trânsito em Questão: Fator Inerente à Mobilidade Urbana
O trânsito é um fator indissociável da mobilidade urbana. Neste sentido, é
importante fazer uma discussão dos conflitos que proporciona no espaço urbano, e
principalmente, suas conseqüências para o cidadão.
No Brasil, a lei que regulamenta os aspectos ligados ao Trânsito é o CTB,
instituído pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. De acordo com o Código,
“considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados
ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e
operação de carga ou descarga”.
A conceituação de trânsito, determinada a partir de 1997, pelo CTB, enfatiza
que o espaço público pertence a todos de maneira igualitária. Entretanto, na
convivência diária e social do trânsito, nem sempre isso acontece. Ao observar as
relações humanas no trânsito, é possível perceber a constante disputa pelo espaço
urbano; onde o princípio da igualdade nem sempre é considerado. Neste contexto,
noções de cidadania, muitas vezes, são ignoradas ou omitidas, contribuindo ainda
mais para a existência de conflitos no trânsito, em função da utilização do espaço
público.
36
Como conseqüência máxima desses conflitos, estão os acidentes de trânsito
que, no Brasil, representam a maior causa de morte violenta, principalmente entre os
jovens.
ANTP (2005) destaca:
O Brasil, nas últimas décadas, foi paulatinamente ocupando um lugar entre
os campeões mundiais de acidentes de trânsito, como reflexo da
desorganização do trânsito, da deficiência geral da fiscalização sobre as
condições dos veículos e sobre o comportamento dos usuários, e da
impunidade dos infratores.
A cada ano, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde – OMS,
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, e da Associação Nacional de
Transportes Públicos – ANTP, ocorrem 30 mil mortes, em conseqüência de
acidentes de trânsito no Brasil. Aproximadamente trezentas mil pessoas ficam
feridas. Cerca de 80% dos mortos no trânsito brasileiro são homens e a maioria tem
de 20 a 39 anos. Segundo esta pesquisa, o setor econômico é diretamente afetado,
uma vez que o custo dos acidentes é demasiadamente alto, se considerarmos a
frágil economia dos países em desenvolvimento e a grande incidência de acidentes.
Os acidentes de trânsito custam 5,3 bilhões de reais anuais ao país, apenas nas
áreas urbanas.
De acordo com dados do Ministério dos Transportes, 90% dos acidentes de
trânsito no Brasil ocorrem por falha humana. Apenas 10% ocorrem devido a
problemas com os veículos ou com as vias.
Qualquer ação que busque modificações no espaço urbano, principalmente
no que tange ao sistema viário e à mobilidade urbana, deve considerar o homem
como fator preponderante e que necessariamente deverá estar contemplado. Isso
37
reforça que para os acidentes diminuírem em quantidade e gravidade, e para que o
espaço urbano se torne mais humano e organizado, a Educação para o Trânsito se
torna uma ferramenta indispensável, uma vez que tem a possibilidade de atuar
diretamente ligada ao ser humano e ao seu modo de agir e de pensar.
38
39
2 – EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO: APRESENTAÇÃO E CONCEITUAÇÃO
2.1 – O Código de Trânsito Brasileiro e a Educação para o Trânsito
O CTB dedicou um capítulo exclusivo para a temática da educação para o
trânsito, o Capítulo VI (anexo). De acordo com ele, “a educação para o trânsito é
direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema
Nacional de Trânsito”.
Nesse sentido, o Capítulo determina a obrigatoriedade da existência de uma
coordenação educacional em cada órgão componente do Sistema Nacional de
Trânsito - SNT.
Ainda no capítulo VI do CTB, são estabelecidos alguns pontos importantes
para a solidificação e a legitimação de uma estrutura permanente de Trânsito,
visando a aprimorar o conhecimento da sinalização e das regras de Trânsito e a
reforçar os conceitos sobre segurança viária, tendo como objetivo a incorporação de
um novo comportamento dos brasileiros no que diz respeito à sua postura no
trânsito.
Estes pontos são:
A criação da Escola Pública de Trânsito, que poderá ser desenvolvida dentro
da estrutura do órgão, ou mediante convênio, nos moldes estabelecidos pelo
CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito;
40
O desenvolvimento de campanhas nacionais, que deverão ser realizadas o
ano todo, principalmente nos períodos referentes às férias escolares, feriados
prolongados e na Semana Nacional de Trânsito;
O estabelecimento de Educação de Trânsito nas Escolas, desde a Educação
Infantil até o Ensino superior;
A inserção do tema referente à educação e segurança no trânsito como tema
interdisciplinar;
A criação de um corpo técnico interprofissional para coleta e análise de dados
estatísticos;
A elaboração de um plano de redução de acidentes de trânsito.
Ainda no que diz respeito à Legislação vigente sobre a Educação para o
Trânsito, o CTB, determina que o Ministério da Saúde deverá, mediante proposta do
CONTRAN, estabelecer campanhas nacionais esclarecendo sobre condutas a
serem seguidas nos primeiros socorros e em casos de acidentes de trânsito.
Além do Ministério da Saúde, os ministérios da Educação e do Desporto, do
Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por intermédio do CONTRAN, deverão
desenvolver e implementar programas relativos à prevenção de acidentes.
O percentual de dez por cento do total dos valores arrecadados destinados à
Previdência Social, do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados
por Veículos Automotores – DPVAT deverá ser aplicado exclusivamente em
programas destinados à prevenção de acidentes.
41
Além disso, o CTB ainda determina que o percentual de cinco por cento do
valor das multas de trânsito deverá ser depositado numa conta do Fundo Nacional
de Segurança e Educação para o Trânsito – FUNSET, que deverá ser destinado à
Segurança e Educação para o Trânsito.
É necessário discutir sobre as determinações do CTB. Vale ressaltar, que
elas não são cumpridas em sua totalidade, nem pelos municípios que possuem o
trânsito municipalizado, e nem pela esfera federal.
No que diz respeito às normas que deveriam ser seguidas pelos municípios,
muitos não possuem sequer um setor destinado à Educação para o Trânsito, e não
trabalham com projetos permanentes, limitando-se à realização de algumas
campanhas esporádicas sobre o tema.
Em relação à Escola Pública de Trânsito, ainda não há diretrizes definidas
pelo CONTRAN e, por isso, os municípios ainda não possuem mecanismos para a
sua implementação.
Nas escolas, onde o tema deveria ser abordado desde a Educação Infantil até
o ensino superior, também não é diferente. Poucos são os profissionais que
trabalham o assunto, uma vez que o mesmo é visto como tema transversal e local,
devendo ser trabalhado de forma interdisciplinar em sala de aula.
42
As campanhas nacionais sobre prevenção de acidentes também acontecem
esporadicamente e em uma proporção tão pequena, que não contribuem para um
resultado positivo na redução de acidentes.
No que diz respeito à coleta e análise de dados estatísticos sobre acidentes
de trânsito, também existe uma lacuna. Não existe uma política única de coleta de
dados, o que contribui para que cada município faça a sua maneira. Isso acarreta,
por exemplo, um número subestimado de mortes no trânsito, uma vez que são
considerados mortos, apenas as vítimas que morrem no local. Os feridos graves,
que falecem em função do acidente, não são apontados, na maioria das estatísticas,
contribuindo para a pouca confiabilidade dos dados. Há dificuldade também em
mensurar os acidentes que não estão nos cadastros ou boletins oficiais de
ocorrência.
Na esfera Nacional, a Educação para o Trânsito também é tratada com pouca
prioridade, e nem mesmo o que é imposto pela Lei, através do CTB, é cumprido.
Isso pode ser comprovado através da notícia extraída do Informativo da ANTP,
depois de uma reunião realizada no Fórum Nacional de Secretários de Trânsito e
Transportes:
“Um dos temas em debates foi descontingenciamento dos recursos do Fundo
Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset) e também do acumulado de
um percentual de 5% do seguro sobre Danos Pessoais Causados por Veículos
Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) – valores que somam aproximadamente
550 milhões de reais, e estão servindo de lastro à política econômica do governo
federal em vez de serem aplicados em educação e segurança de trânsito.”
(ANTP/2006)
43
Como pode ser observado, tanto os recursos do FUNSET, como do DPVAT,
que deveriam ser utilizados somente para atividades e projetos ligados à segurança
e educação para o trânsito estão contingenciados.
Nesse sentido, é possível entender que o Governo Federal não fiscaliza o
cumprimento das normas a serem seguidas pelos municípios, e os deixam livre para
desenvolverem como quiserem a “Educação para o trânsito”, uma vez que Ele
também não cumpre a sua função.
Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desporto, do Trabalho, dos
Transportes e da Justiça também não cumprem a obrigatoriedade imposta pelo CTB
a cada um deles.
2.2 – Educação para o Trânsito: Discussão Pedagógica
Como um processo pedagógico, a educação para o trânsito tem por finalidade
formar ou transformar comportamento por meio da expressão das potencialidades
individuais, possibilitando o desenvolvimento da capacidade crítica e do senso de
responsabilidade para a vida coletiva no trânsito.
Ao verificar a bibliografia existente sobre o assunto, encontram-se várias
expressões ligadas à educação na área de trânsito: “educação de trânsito”,
“educação no trânsito” e “educação para o trânsito”. Salomoni (2003) utiliza a
terminologia “no trânsito” por considerar que todos os cidadãos estão integrados no
44
sistema. Outros autores como Seffner e Schaffer (2002) utilizam o termo “para o
trânsito” porque consideram que o termo faz referencias a atividades que, de certa
forma preparam o educando para modos corretos de circulação no trânsito.
O CTB utiliza a expressão “educação para o trânsito” que será utilizada nesta
dissertação, uma vez que se deve levar em consideração que o trânsito está inserido
dentro da organização do espaço público e a educação tem muito a contribuir, por
isso é necessário educar para um trânsito melhor e mais humano.
A educação para o trânsito é muito mais do que uma mera aprendizagem de
hábitos que levem a atitudes e comportamentos seguros. É um campo de
conhecimentos que possibilita ao ser humano a compreensão de procedimentos que
estão envolvidos de forma mais abrangente no processo de circulação.
Filipouski (2002, p. 14) reforça que:
Incluir o tema trânsito na prática pedagógica, bem como outros aspectos que
possam ser de interesse da comunidade escolar, está relacionado com uma
idéia de mudança do mundo, de democracia, de inclusão, de respeito à
diferença e à diversidade, de solidariedade, de tudo que apareça como valor
para o projeto pedagógico de cada escola do país.
Neste sentido, a educação para o trânsito visa a estimular atitudes e hábitos
que contribuam para a preservação da vida e para a organização do espaço urbano,
possibilitando a melhoria da qualidade de vida, através de comportamentos que
sejam responsáveis para atuar na redução dos conflitos e do número de acidentes e
a conseqüente melhoria da segurança no trânsito.
45
Uma vez que o transitar é inerente ao ser humano, a educação para o trânsito
pode envolver vários aspectos, entre eles: o conjunto de regras que estão
envolvidas na circulação de pessoas e de veículos, o respeito ao espaço público, o
conhecimento e obediência das normas que objetivam organizar a movimentação
em vários ambientes, no intuito de melhorar as relações dos diversos agentes no
trânsito.
Essa multiplicidade de abordagem que o tema trânsito apresenta possibilita
que seja trabalhado sob diversas maneiras e em vários níveis, dentro e fora do
contexto escolar.
Entretanto, a escola é um campo privilegiado para educar, uma vez que é um
elemento de transformação da sociedade, e tem como função contribuir, junto com
outras instâncias da vida social, para que ocorram mudanças nos cidadãos, por meio
da educação.
Neves (2002, p.69), considera “necessário que a escola, como centro de
educação formal, tome para si a tarefa de criar cultura de trânsito, o que poderá
evoluir em educação através das gerações”.
De acordo com DENATRAN (2004, p. 124),
Faz-se educação para o trânsito para transformar. Transformar atos
imprudentes em ações prudentes, transformar desrespeito em respeito às
regras, transformar posturas egocêntricas em posturas sociais, transformar
visões individuais em visões coletivas, transformar irresponsabilidade em
responsabilidade, transformar desarmonia em harmonia, transformar
ignorância em conhecimento, transformar violência em compreensão,
transformar o risco de morte em potencial de vida.
46
Nesse processo, o papel do educador se torna de grande importância uma
vez que ele tem a função de possibilitar ao educando o desenvolvimento de suas
habilidades e potencialidades, para assumir a condição de sujeito do trânsito capaz
de atuar de forma critica e consciente, tornando-se responsável pelos seus atos e
contribuindo para a humanização e melhoria do espaço onde vive.
Como um processo pedagógico, a educação para o trânsito possui um caráter
diferenciado neste contexto, uma vez que atua com informação e formação do ser
humano.
Segundo Coelho (2003), educar é trabalhar para que aspectos como a
cultura, a autonomia, a liberdade, a solidariedade e o pensamento se tornem valores
fundamentais para os educandos. A educação deve ter como princípio promover a
participação dessa geração e da geração futura, visando à intervenção para uma
nova humanidade, para uma nova sociedade e para um novo ser humano.
Pavarino Filho (2004, p.74) reforça que, ”[...] É fundamental que se considere
o trânsito em sua condição de universo de relacionamento social diretamente
associado ao convívio das pessoas no espaço público”. Ao se fazer uma educação
para o trânsito transformadora, não se pode abrir mão de uma atitude crítica e
questionadora.
Aliada à questão da educação para o trânsito, está a cidadania na circulação.
Junqueira (2003, p. 164) faz a seguinte observação:
47
Educação para a cidadania. Não a educação tradicional de trânsito onde o
que interessa é o comportamento adequado do pedestre servindo aos
interesses do tráfego veicular. Incorporar novos valores e comportamentos
tais como a primazia do pedestre sobre o automóvel quando a sua
travessia é ainda um desafio. O respeito à faixa de pedestre ou mesmo
onde não há faixa como preconizados pelo Código de Trânsito Brasileiro, é
tarefa por fazer. A educação para os participantes da circulação ultrapassa
os limites e recortes artificiais apresentados pelo trânsito.
Notadamente, para que a educação para o trânsito seja voltada para uma
mobilidade urbana cidadã e tenha eficácia, é necessário agregar aos esforços
isolados, medidas direcionadas a uma prática mais consistente e sistêmica, capaz
de propiciar ações de cidadania, de consciência e de reflexão sobre os
comportamentos necessários para uma melhor convivência não somente no trânsito,
mas na sociedade como um todo.
Rodrigues (2003, p.131), enfatiza que “[...] Apesar de objetivos particulares,
no espaço público, a ideologia do individualismo deve ser rompida e relações sociais
estabelecidas”. Para a autora, ser cidadão implica, necessariamente, pensar na
coletividade.
A convivência social, baseada no respeito mútuo e na cooperação, é um
princípio importante para compreender a problemática do trânsito e do convívio no
espaço urbano, sobretudo no espaço público. Estar inserido no contexto do trânsito
é, sobretudo, estar compartilhando um espaço de convivência social.
2.3 – Histórico da Educação para o Trânsito no Brasil
É importante fazer um resgate histórico das ações referentes à Educação
para o Trânsito desenvolvidas no Brasil. Isso se faz necessário para possibilitar o
48
entendimento da Educação para o Trânsito atual e para compreender as atividades,
hoje, existentes.
De acordo com Salomoni (2003, p.07) “os processos de educação e
abordagem nos dias atuais estão relacionados com uma cultura de trânsito
construída ao longo do tempo em nossa sociedade”.
O primeiro Código de Trânsito Brasileiro foi instituído em 1941. Porém, nesse
documento, a Educação para o Trânsito não foi contemplada. Em 07/07/1966, o
CONTRAN criou através da Resolução nº 371/66, as Semanas de Educação para o
Trânsito sob a responsabilidade dos Conselhos Estaduais de Trânsito.
Em 21/09/1966, foi instituído o segundo Código Nacional de Trânsito, de
acordo com a Lei Federal 5.108/66. Neste documento, através do artigo 125 ficou
determinado que o Ministério da Educação e Cultura deveria realizar a divulgação de
noções de trânsito nas escolas primárias e de ensino médio, conforme um programa
a ser estabelecido pelo DENATRAN. Além disso, tal documento ainda criou a
obrigatoriedade da realização de uma campanha educativa no país. De acordo com
a Lei de 1966, o órgão responsável pelas campanhas era o CONTRAN.
Ainda na década de 1960, o Governo instituiu mais dois documentos que
fazem referência à Educação para o Trânsito. Em 1968, foi elaborado o Parecer nº
675 do Conselho Federal de Educação que propõe o ensino de noções sobre o
trânsito nos estabelecimentos comerciais e particulares. Um ano depois, em 1969,
49
as semanas de Educação para o trânsito foram reformuladas pela Resolução nº
420/69.
FARIA (1992, p. 65) revela que mesmo prevista desde 1966, a Educação para
o Trânsito somente foi efetivada em algumas cidades brasileiras no início da década
de 1990.
No Brasil, a partir de 1966, a Educação para o Trânsito era particularmente
exercida pelos órgãos executivos do sistema nacional de trânsito
(Departamentos de Trânsito e de Estrada de Rodagens Estaduais) e pelos
Conselhos Estaduais de Trânsito, que concebiam a Educação para o Trânsito
como transmissão de regras de circulação.
Na década de 1970, os temas trabalhados referentes à Educação para o
Trânsito se concentravam em regras de circulação. O espaço vivenciado pelos
alunos não era questionado, somente era permitido entender e aprender as regras e
as normas de circulação. Isso ocorreu durante anos, e nesse período, as escolas
receberam inúmeros livros e cartilhas informativas, com o tema ligado à Educação
para o Trânsito. Entretanto, os professores não foram preparados para a aplicação e
o desenvolvimento desses conteúdos. Isso é enfatizado por Salomoni (2003, p.09):
Muitas salas escolares permaneceram durante anos, carregadas de livros, que
nunca chegaram às mãos dos alunos. Assim, não era a falta de recursos
pedagógicos que limitava a adoção da temática nas escolas, mas a própria
formação dos educadores despreparados para essa abordagem.
Em 1972, o Conselho Federal de Educação propôs curso sobre trânsito nas
escolas públicas, e em 1978 as Diretrizes de Segurança no Trânsito do
Departamento Nacional de Trânsito, tentaram, sem sucesso, uniformizar e implantar
a Educação para o Trânsito no país, a partir da pré-escola.
50
Em 1975, foi criada pelo Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná -
DER-PR uma escola Prática de Educação para o Trânsito na cidade de Curitiba,
através da iniciativa do Governo Estadual. Aos poucos tal projeto foi ampliado para
as demais cidades paranaenses.
Nos anos de 1980, com o processo de abertura política, vários eventos foram
organizados pelo DENATRAN pelo Departamento Nacional de Estradas e Rodagem
– DNER. Tais eventos tinham como objetivo envolver e mobilizar a sociedade no
processo de Educação para o Trânsito.
Ainda em 1980, foi criado na cidade de São Paulo, o Centro de Treinamento e
Educação para o Trânsito – CETET, órgão da Prefeitura Municipal que tinha como
intenção promover a participação da população paulistana nas ações de segurança
no trânsito. Tal centro existe até hoje, e veio se aprimorando a cada ano, sendo
considerado, atualmente, referência em Educação para o Trânsito.
Ainda na década de 1980, muitos Departamentos Estaduais e Órgãos
Municipais de Trânsito instituíram projetos de Educação para o Trânsito. Muitos
destes reproduzindo o espaço vivencial de trânsito, intitulados “transitolândias”.
Nesta época, a estratégia educacional utilizada se resumia em educar o “futuro”
motorista, ensinando apenas as regras de circulação e as placas e os sinais de
trânsito.
Em 1987, foi criado o Programa Volvo de Segurança no Trânsito, espaço
aberto para a discussão de técnicos e profissionais da área sobre a Educação para
51
o Trânsito. O programa existe até hoje, e promove, anualmente, um fórum de
discussões sobre o tema, na tentativa de contribuir para a efetivação de medidas
que minimizem a problemática do Trânsito brasileiro.
Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, e a conseqüente permissão da municipalização do ensino nas escolas de
primeiro grau, começaram a acontecer, em âmbito nacional, várias discussões sobre
a necessidade e a possível inclusão do tema Educação para o Trânsito nas escolas.
Porém, apenas em 1991, através da portaria nº 678 de 14/05/1991 do Ministério da
Educação é que o tema passou a ser incluído na grade curricular do ensino de 1° e
2° graus. Entretanto, apenas alguns municípios incluíram o tema nas escolas e
implementaram de forma obrigatória a Educação para o Trânsito na sala de aula.
Entre eles, Governador Valadares-MG, Limeira-SP e Joinville-SC.
Em 23 de setembro de 1997, foi instituído o novo Código de Trânsito
Brasileiro, através da Lei nº 9.503. O documento começou a ser discutido em 1989 e
entrou em vigor em janeiro de 1998.
O Código de Trânsito Brasileiro trouxe consigo inovações importantes. Dentre
elas, um capítulo dedicado à Educação para o Trânsito. Fato que demonstra a
importância dada ao fator humano no Trânsito. A partir dessa abordagem, o homem
foi reconhecido como peça fundamental na redução da severidade e do número de
acidentes de trânsito no país, sendo capaz de contribuir de forma significativa na
medida em que começa a desenvolver hábitos e atitudes que assegurem a
52
segurança e valorizem a vida. A partir dessa Lei, a Educação para o Trânsito passou
a ser entendida como um direito de todos e como dever prioritário do Estado.
Fora do aspecto ligado diretamente ao Trânsito, e analisando a política de
educação no Brasil, um fato que mostra também um avanço para a prática da
Educação para o Trânsito, se deu no campo educacional. Em 1996, foi instituída a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de
1996). Em seu artigo 32, o ensino fundamental passou a ter também o objetivo da
formação básica para a cidadania. Em 1998 foram instituídos também os
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, aprovados pelo Ministério da Educação
e do Desporto - MEC, que orientam a educação nacional e dão diretrizes
importantes. De acordo com o documento, a Educação para o Trânsito deverá ser
trabalhada de forma interdisciplinar na escola, através dos temas transversais,
inserida nos temas locais.
A década de 1990 foi especialmente relevante para a viabilização de
programas, projetos, campanhas e várias outras iniciativas em relação à Educação
para o Trânsito. Chiarato (2000, p.20) reforça que:
Neste final de milênio, tanto a educação quanto o transito apontam novas
diretrizes, explícitas em sua legislação. Portanto, todo e qualquer material
destinado à Educação de Trânsito deve estar apoiado em valores e
práticas sociais que permitam aos alunos participar e intervir em sua
realidade afim de transformá-la.
Já no início dos anos 2000, o Ministério da Educação e Cultura – MEC,
lançou a campanha “Educação no Trânsito: Uma Lição de Vida”. O trânsito então
53
começou a ser efetivamente entendido como uma obrigação não só do
Departamento Nacional de Trânsito, mas de outras Instituições e Ministérios.
A partir de 2001, o DENATRAN instituiu um importante projeto denominado
“Rumo a Escola”, que tem por objetivo propiciar a inserção do tema Trânsito de
forma transversal nas escolas. Neste projeto, os professores eram treinados, uma
vez que se transformavam em multiplicadores de conhecimento. No nível estadual,
os Departamentos Estaduais de Trânsito – DETRANS também desenvolveram,
nesta época, várias campanhas e projetos de Educação para o Trânsito.
Muitos são os seminários que discutiram o tema, e várias foram as estratégias
utilizadas nessa época por diferentes órgãos, inclusive pelos municípios. Nesta
época, várias Organizações Não Governamentais – ONGs e muitas empresas
privadas como a Volvo e a Fiat, por exemplo, desenvolveram de forma mais efetiva
projetos em prol da paz no trânsito e da redução de acidentes, através de
campanhas educativas. Isso mostra o apoio dado pela sociedade a esse tema de
tamanha importância.
Em 14/02/2001, o CONTRAN publicou a Resolução nº 120 (anexo) que
propõe a inclusão de conteúdos específicos sobre trânsito no Ensino médio. Tal
resolução, porém, não entrou em vigor, devido à falta de definição de parâmetros a
serem seguidos.
Em 2004, a OMS ciente do problema que é o trânsito brasileiro, liderando as
estatísticas mundiais de mortes violentas por causas externas, instituiu que naquele
54
ano, o Dia Mundial da Saúde seria dedicado à Educação para o Trânsito, intitulado
de “Dia Mundial da Segurança no Trânsito”. Neste ano, os Ministérios da Saúde e
das Cidades envidaram esforços para a realização dessa campanha em vários
municípios do país, instituindo também o “Minuto da paz”, com o objetivo de motivar
os motoristas e a população em geral a refletir sobre o flagelo dos acidentes e
chamar a atenção para a importância do respeito à vida nas cidades e nas estradas.
No ano de 2005, as campanhas e os projetos em relação à Educação para o
Trânsito se intensificaram, entretanto o número de acidentes de trânsito no país
continuou preocupante. A seguir serão discutidas e analisadas algumas experiências
desenvolvidas no mundo e no Brasil, de forma a permitir uma apresentação da
Educação para o Trânsito atual.
2.4- A Educação para o Trânsito Atual
O que se pode ver hoje, no Brasil, em relação à Educação para o Trânsito são
propostas que, em determinados momentos, reproduzem o modelo da opção pelo
automóvel em prejuízo aos meios não motorizados constituídos pelos
deslocamentos a pé e de bicicleta. Esta lacuna mostra a fragilidade do tratamento da
mobilidade enquanto tema fundamental para a melhoria da qualidade de vida
urbana. Muitas práticas pedagógicas relacionadas à Educação para o Trânsito no
Brasil contribuem para educar o “futuro motorista”. Este quadro precisa ser mudado.
É necessário que as atividades relacionadas à educação para o trânsito priorizem
aspectos ligados à cidadania, a direitos e deveres dos usuários das vias públicas,
independente de estarem na condição de pedestres, passageiros ou condutores.
55
Por meio de estratégias de ensino aprendizagem voltadas para a convivência
harmônica na cidade e ligadas a fatores com tomada de consciência e valorização
do espaço público organizado, será possível formar pessoas imbuídas do papel de
usuário consciente do lugar em que vive, e comprometido com um mundo melhor,
valorizando e proporcionando a mudança da visão do significado de transitar. Esta
mudança na visão do transitar e do ir e vir deverá estar agregada não apenas à
critica aos aspectos negativos, mas, sobretudo, nas relações estabelecidas com o
próprio ser humano, que é o fator determinante nesse processo de readequação e
preparação do homem ao ambiente da circulação.
Na busca de uma mobilidade que componha um espaço urbano organizado, a
educação para o trânsito se coloca como ferramenta fundamental. Através dela,
podem ser inseridos conhecimentos que contribuam para uma sociedade mais
cidadã, pautada na lógica do respeito ao público e que imprima noções de
comunidade e de solidariedade.
Junqueira (2003, p.164), ressalta a importância da educação e da cidadania
na circulação:
Educação para a cidadania. Não a educação tradicional de trânsito onde o
que interessa é o comportamento adequado do pedestre servindo aos
interesses do tráfego veicular. Incorporar novos valores e comportamentos
tais como a primazia do pedestre sobre o automóvel quando a sua
travessia é ainda um desafio. O respeito à faixa de pedestre ou mesmo
onde não há faixa como preconizados pelo Código de Trânsito Brasileiro, é
tarefa por fazer. A educação para os participantes da circulação ultrapassa
os limites e recortes artificiais apresentados pelo trânsito.
56
Rodrigues (2003), enfatiza que apesar de objetivos particulares, no espaço
público a ideologia do individualismo deve ser rompida e relações sociais
estabelecidas. Para a autora, ser cidadão implica, necessariamente, pensar na
coletividade.
A convivência social, baseada no respeito mútuo e na cooperação, é um
princípio importante para compreender a problemática do trânsito e do convívio no
espaço urbano, sobretudo no espaço público. Estar inserido no contexto do trânsito
é estar, sobretudo, compartilhando um espaço de convivência social.
Na construção de uma prática pedagógica moderna, faz-se necessário à
procura de formas alternativas de deslocamentos senão o automóvel, buscando o
desenvolvimento sustentável e a boa prática da vida na cidade. Através da
incorporação de valores ligados a atitudes benéficas no trânsito, será possível
contribuir para a efetivação de uma cidade melhor, mais humana e mais segura.
2.4.1 – Ações educativas em alguns países do mundo
Serão abordadas nesse tópico ações de Educação para o Trânsito nos EUA e
em alguns países europeus. Tal proposta tem como objetivo destacar as atividades
desenvolvidas nesses países com o intuito de possibilitar o conhecimento das
mesmas e a possível análise e comparação com a Educação para o Trânsito no
Brasil.
57
As primeiras referências sobre ações de Educação no Trânsito são
encontradas nos EUA (FARIA, 2002). Ainda na década de 1930, o tema passou a
ser integrado ao currículo com o objetivo de habilitar o cidadão a dirigir e transmitir
noções de circulação viária, manutenção e funcionamento de veículos. Ainda nessa
década, foram veiculadas as primeiras campanhas educativas sobre o trânsito na
cidade de Nova York. Porém, somente em 1956 é que começaram a ocorrer as
primeiras discussões referentes aos acidentes provocados por veículos automotores.
A partir de 1966, o Congresso Americano atribuiu ao Governo Federal dos
EUA a competência de estabelecer normas para a incorporação de fatores e
dispositivos de segurança de veículos. Em 1973, o estado de Alabama publicou um
manual de orientações a professores e em 1976 elaborou um conjunto de cartilhas
com instruções para os pais visando à preparação de crianças para um convívio
seguro com o trânsito. Posteriormente, a Educação para o Trânsito foi inserida em
creches e no Jardim de Infância (0 a 4 anos) nas escolas americanas.
Para os alunos de 1
a
a 4
a
séries (crianças de 5 a 12 anos) foi criada uma Lei
que obrigava as escolas a ensinar assuntos relacionados à Segurança no Trânsito.
Segundo FARIA (2002), um programa típico para os alunos do jardim de Infância até
a quarta série foi instaurado nas escolas, visando a ensinar habilidades básicas
sobre segurança de pedestres, com o objetivo de proporcionar-lhes mesmo uma
travessia mais segura nas ruas.
Quanto aos adolescentes, desde 1930 a abordagem da Educação para o
Trânsito para essa faixa etária estava ligada diretamente à habilitação para conduzir
58
veículos automotivos. A inserção de tais ensinamentos no currículo da escola
pública poderia possibilitar a formação de motoristas menos suscetíveis aos riscos
de se envolverem em acidentes.
Vários foram os projetos elaborados de Educação para o Trânsito nos países
europeus, incluindo palestras, patrulhas escolares, treinamento de alunos, pais e
professores, elaboração e trabalho em mini cidades, entre outros.
No continente europeu, um dos primeiros países a discutir sobre a
obrigatoriedade da utilização do cinto de segurança foi a Inglaterra, antes mesmo da
2
a
Guerra Mundial. Na França, a idéia de prevenção de acidentes começou a ser
discutida desde 1926. Na Suécia, a partir de 1920 iniciou-se a experiência de
implementar a Educação para o Trânsito como medida para aumentar a segurança
de crianças e adolescentes.
Na Noruega, durante a década de 1970, foi estimulada a criação de clubes
escolares com o objetivo de reforçar o aprendizado de Códigos de Segurança, e
foram utilizados, como complemento, campanhas educativas nos meios de
divulgação em massa.
A partir de 1957, a Educação para o Trânsito se tornou obrigatória nas
escolas francesas, entretanto, como os professores franceses tinham a liberdade no
planejamento pedagógico, acabavam descumprindo a legislação. De acordo com
Zilli (1994), isso se deu devido ao treinamento inadequado dos professores, que não
se convenceram da importância do tema e da necessidade de incluí-lo no currículo.
59
Ainda na França, a partir de 1949, foi efetivado um programa de treinamento
em mini cidades com pistas de trânsito que seria um complemento às atividades
desenvolvidas nas escolas. Porém, de acordo com Faria (2002), a partir de 1995, a
França adotou uma doutrina de ensino recomendando que a Educação para o
Trânsito deveria ser parte integrante da educação social em geral.
2.4.2 – O Brasil e Suas Atividades Voltadas Para Educação no Trânsito
No Brasil, as atividades de Educação para o Trânsito são desenvolvidas de
diferentes formas e, na maioria das vezes, através de projetos pontuais e isolados.
Entretanto, algumas instituições, entre elas, Órgãos Gestores Municipais e
Estaduais, ONGs, Polícias, e empresas privadas, desenvolvem boas atividades
voltadas para a Educação para o Trânsito.
Neste item, são elencadas e discutidas algumas ações, começando pelo
DENATRAN que desenvolve alguns projetos voltados para a educação e formação
do cidadão no trânsito.
Dentre os projetos desenvolvidos pelo DENATRAN, está o projeto
denominado “Rumo a Escola: Educação e Trânsito caminhando juntos”, resultado de
uma cooperação técnica entre o DENATRAN/Ministério das Cidades e a UNESCO,
com os recursos do FUNSET. O objetivo do projeto é a inserção do Trânsito como
tema permanente de estudo, análise e reflexão em escolas de Ensino Fundamental
60
que aderiram espontaneamente à sua proposta educativa. O projeto foi desenvolvido
em várias capitais do país, entretanto encontra-se paralisado.
Um outro projeto desenvolvido pelo Órgão é o “Prêmio DENATRAN de
Educação para o Trânsito”. Refere-se a um concurso direcionado à crianças, jovens,
educadores, profissionais de trânsito e profissionais de comunicação. O objetivo
geral do projeto é estimular a sociedade a pensar sobre o trânsito no contexto d
cidade, n relação com o meio ambiente e na qualidade de vida do cidadão, visando
à adoção de comportamentos que tornem o trânsito mais seguro, civilizado e
humano, contribuindo, dessa forma, para a redução de acidentes de trânsito. O
prêmio é desenvolvido, anualmente, envolvendo as cidades de todo país, que
precisam apenas preencher o formulário de adesão e concorrer nas diferentes áreas
de atuação. Em 2005, foram inscritos mais de 30 mil trabalhos de municípios de todo
país. A premiação ocorre sempre na Semana Nacional de Trânsito, no mês de
setembro.
Vale ressaltar que a premiação do concurso ocorre nas esferas municipais,
estaduais e federais. O projeto é realizado anualmente e está em execução há 5
anos. No ano de 2006, está sendo realizada a sua VI edição.
A figura 2 retrata alguns trabalhos vencedores do prêmio, na categoria
estudante. São desenhos desenvolvidos por crianças do ensino fundamental.
61
Figura : 2 – Desenhos premiados na Categoria estudante
Fonte: DENATRAN/2006
Além desses projetos, o Órgão Federal desenvolve as orientações e
determina, anualmente, o tema referente à Semana Nacional de Trânsito, para ser
trabalhado pelos órgãos gestores estaduais e municipais. Em 2005, o tema
trabalhado enfocou o pedestre através do Slogan “No Trânsito, somos todos
pedestres”. Em 2006, em função do aumento da frota de motocicletas, e
consequentemente o número de vítimas fatais envolvendo motociclistas, o tema a
ser trabalhado durante a Semana Nacional de Trânsito de 2006 será “Motociclista”,
com o slogan “Você e a moto: uma união feliz”. De acordo com o DENATRAN
(2006) “tal slogan foi criado com a finalidade de transmitir uma mensagem positiva,
remetendo à importância do convívio social cidadão entre motociclistas e demais
usuários do espaço público”.
O DENATRAN desenvolve também alguns cursos por meio do Programa
Nacional de Capacitação do Ministério das Cidades, destinados para a capacitação
na área de trânsito, a técnicos e gestores, com o objetivo de fortalecer a capacidade
técnica e institucional dos órgãos e entidades de trânsito. Desenvolve ainda, um
curso para a integração de municípios ainda não municipalizados com o objetivo de
62
capacitá-los para assumir as responsabilidades da municipalização. Conforme
Figura 3.
Cursos ministrados pelo DENATRAN
NOME DO CURSO
PÚBLICO ALVO
CARGAHORÁRIA
Curso Técnico Básico de trânsito
Profissionais que atuam nos órgãos e
entidades do Sistema Nacional de Trânsito
40 horas
Pólos Geradores de Tráfego
Engenheiros e técnicos de órgãos
executivos de trânsito municipais.
40 horas
Definição e controle de
velocidades em vias públicas
Gestores de trânsito, urbano e rodoviário;
engenheiros de tráfego; técnicos de
operação e fiscalização; educadores de
trânsito; membros de JARI; membros de
CETRAN.
16 horas
Procedimento de Locais Críticos
Gestores de trânsito; engenheiros de
tráfego; técnicos e operadores de trânsito.
40 horas
Gerenciamento de Serviços de
Sinalização
Engenheiros e técnicos de operação de
trânsito.
40 horas
Elaboração de projetos de
tratamentos de interseções
Engenheiros e técnicos de trânsito de
órgãos executivos municipais ou rodoviários
40 horas
Programa de Orientação de
Trânsito
Engenheiros e técnicos de trânsito de
órgãos executivos municipais ou rodoviários
32 horas
Figura: 3 – Cursos ministrados pelo DENATRAN
Fonte: DENATRAN/2006
Em 2005, a área de Educação e Cidadania do DENATRAN, elaborou o
projeto intitulado “Programa de Educação para a Cidadania no Trânsito – PECT”,
com o objetivo de modificar o cenário do trânsito brasileiro e dar condições para a
inserção de atitudes e comportamentos, reforçando o conceito de trânsito que
contemple a dimensão de uma cidadania ativa. Porém, o projeto não foi
63
implementado e encontra-se arquivado. Ao pesquisar na página oficial do
DENATRAN foi possível verificar que ele não mais se encontra destacado como
atividades do Órgão.
Os trabalhos desenvolvidos pelo Órgão Nacional de Trânsito são ineficientes,
e não atingem a totalidade da população de forma eficaz. Isso se dá, entre outros
motivos, pela falta de recursos financeiros, uma vez que os recursos do FUNSET
não estão sendo utilizados para esse fim.
No âmbito estadual, alguns DETRANS têm desenvolvido bons trabalhos de
Educação para o Trânsito. Aqui serão destacados alguns dos trabalhos, entretanto é
necessário ressaltar que existem vários outros também sendo realizados.
O DETRAN da Bahia possui um trabalho estruturado e pautado em ações
permanentes e continuadas de Educação para o Trânsito. Um dos projetos
desenvolvidos é denominado “Educar para transformar, transformar para educar”.
Desenvolvido em parceria com a Secretaria Estadual de Educação da Bahia, atua
promovendo cursos de legislação de trânsito para alunos das escolas públicas do
Estado, objetivando provocar a mudança de comportamento nos envolvidos.
Um outro projeto desenvolvido por este órgão da Bahia, foi o lançamento do
CD “amigos do DETRAN” gravado por cantores conhecidos da Bahia, em ritmo de
axé, reforçando atitudes e comportamentos seguros no trânsito. O projeto visou ao
envolvimento, à integração, à assimilação e à incorporação de conhecimentos
procedimentais positivos para o aprendizado das leis para um trânsito seguro.
64
Um outro trabalho de destaque em nível estadual, realizado pelos DETRANS,
é o trabalho do Rio Grande do Sul. Tendo como missão "Gerenciar a desenvolver
ações que possibilitem um trânsito seguro", vem norteando suas atividades de
maneira a oferecer à sociedade gaúcha trabalho relevante e qualificado, que vise,
prioritariamente, à segurança e à defesa da vida. Para tanto, através da Assessoria
de Educação para o Trânsito, vem realizando diferentes ações como congressos e
concursos.
O DETRAN/RS ainda desenvolve uma parceria com os órgãos Federais e
com instituições privadas e Organizações Não Governamentais que permitem que o
número de projetos se estenda no estado. Podemos citar, entre os trabalhos
desenvolvidos por essa parceria:
Movimento de Educação para o Trânsito e Movimento Gaúcho pelo Trânsito
Seguro, que tiveram como objetivos a valorização da vida, a democratização
do espaço público e o comportamento seguro e solidário;
Projeto “Trânsito Cidadão”, um seminário para docentes do ensino médio, em
parceria com a Secretaria de Educação;
Projeto ”Detranzinho”, a construção de um espaço vivencial com circuito de
trânsito, jogos pedagógicos, teatro e ônibus pedagógico transitando na
cidade;
Projeto “Rumo a escola” e Projeto “Amigos da Vez”, em parceria com os
Òrgãos Federais.
Criação do Programa Gaúcho de Educação para o Trânsito - PROGET,
implementado desde 2003, com vistas a diminuir o índice de morte por
acidentes de trânsito, dos cidadãos que moram do Rio Grande do Sul.
65
Na região Sudeste, vale destacar o trabalho desenvolvido pelo DETRAN de São
Paulo, Estado que possui a maior frota de veículos do país. Com sede na capital
paulista, possui uma Cidade Mirim de trânsito (Figura 4) onde são desenvolvidas
atividades de Educação para o Trânsito.
A Cidade Mirim é uma réplica de uma cidade comum, onde a circulação dos veículos
é feita por bicicletas; possui ruas, semáforos, faixa de pedestres, posto de gasolina,
lojas de conveniência, banco, enfim tudo o que nós adultos encontramos na “cidade
grande”; é um local destinado a crianças, preferencialmente escolares de
estabelecimentos de ensino público ou privado que permanecem por um período de
02 (duas) horas, dividido em duas partes sendo a primeira teórica na qual Policiais
Militares monitores, especialmente selecionados, se dedicam com afinco na missão
de instruir e educar os nossos Escolares, que passam através de uma palestra com
ensinamentos básicos e primordiais de segurança no trânsito, ensinando como se
comportar nas vias públicas como pedestre e, eventualmente, como passageiro em
veículo de transporte coletivo ou individual. (DETTRAN/SP)
Figura: 4 – Cidade Mirim de Trânsito do DETRAN de São Paulo
Fonte: DETRAN-SP /2006
O número de crianças atendidas nestes 34 anos de existência do projeto foi
de 793.16 crianças, uma média de 2333 crianças por ano.
Além desse projeto, o DETTRAN/SP desenvolve também um outro trabalho
intitulado “Programa Clube Bem-Te-Vi” em que os instrutores levam até as escolas
do interior do estado, conhecimentos e noções sobre segurança no trânsito.
Por meio de uma pesquisa realizada nos sites dos DETTRAN’s de todos os
estados brasileiros, foi possível perceber que as estratégias mais utilizadas são a
66
distribuição de material educativo, apresentações teatrais e palestras informativas.
Em alguns estados, na sede do departamento, encontra-se uma biblioteca para a
utilização da sociedade em geral e em muitas sedes existem, também, as
denominadas “Transitolândias” que ensinam, na prática, as regras e a sinalização de
trânsito.
Quando partimos para analisar os órgãos gestores municipais, encontramos
um grande número de estratégias educacionais dos mais variados estilos. O que
acontece, é que em função de não existir uma relação de obediência ao CTB, e de
inexistir uma determinação vinda do DENATRAN, referente às diretrizes a serem
seguidas, cada cidade desenvolve seus projetos da forma que melhor acredita.
Neste sentido, serão ressaltados, algumas atividades consideradas exitosas
no que diz respeito à Educação para o Trânsito, enfatizando os aspectos positivos
das diferentes estratégias utilizadas para a informação e a formação do indivíduo
consciente no trânsito.
O trânsito na capital paulista é gerido pela CET – Companhia de Engenharia
de Tráfego. A empresa possui em suas atividades, um grande número de projetos,
que abarcam os mais diversos tipos de usuários do trânsito. Possui atividades
voltadas para o público escolar (da educação infantil ao ensino superior), para
professores (multiplicadores), para motoristas profissionais e para funcionários de
empresas. Além disso, realiza campanhas pontuais em diversos pontos da cidade,
com o objetivo de informar a população em geral sobre assuntos relacionados ao
trânsito.
67
Um outro projeto interessante e que vale destacar é o projeto desenvolvido
pela cidade de Campinas, no interior Paulista. Com a junção de profissionais da área
da Saúde, foi implementado o programa denominado “Cidadania na Circulação de
Campinas: Agente de saúde como educador de trânsito”. O projeto, desenvolvido
pela EMDEC – Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas S/A, órgão
gestor municipal, tem como objetivo desenvolver uma nova postura sobre a
circulação, pautada na valorização do pedestre e do transporte coletivo como
instrumentos de qualificação do espaço urbano. A estratégia pedagógica utilizada foi
a formação dos agentes de saúde, inserindo-os como agentes multiplicadores das
ações de educação para o transito, uma vez que eles faziam diariamente visitas aos
moradores da cidade através do programa da Saúde da Família.
A cidade de São Bernardo do Campo - SP foi ganhadora do Prêmio Volvo de
Segurança no Trânsito em 2004. A conquista se deu em função da criação de um
espaço denominado CRT – Centro de Reflexão de Trânsito, composto por uma área
com mais de seis mil metros, onde são trabalhados os projetos de educação para o
trânsito, através de simulações, parque temático, curso de capacitação e atividades
pedagógicas.
Um outro projeto que merece destaque referente à prática educacional de
Educação para o Trânsito, é o trabalho realizado pela cidade de Goiânia – GO. Em
2003, a prefeitura da cidade lançou um concurso para a construção de um parque
temático de Educação para o trânsito, que deveria ser elaborado dentro de um bairro
ecológico, com o objetivo de educar o público escolar para a mobilidade urbana,
68
articulado com a preservação ambiental e com a gestão democrática da cidade por
meio de jogos e brincadeiras. O projeto vencedor, denominado “Vivacidade: parque
temático da mobilidade sustentável em Goiânia” contou com a participação de uma
equipe de catorze profissionais de várias áreas: engenharia, arquitetura, geografia,
pedagogia, entre outras. O projeto ainda não foi colocado em prática, uma vez que a
prefeitura de Goiânia ainda não encontrou parceiros para a sua construção.
Ainda referente à construção de espaços vivenciais, uma outra experiência
merece destaque. A prefeitura municipal de Guarulhos, na grande São Paulo,
realizou também um concurso, com o objetivo de reformular um espaço denominado
“Transitolândia” que estava desativado na cidade. A proposta dos responsáveis pelo
Órgão Gestor Municipal é criar um programa permanente de Educação para o
Trânsito, onde seja possível compartilhar o espaço público de forma racional e
diminuir os índices de acidentes de trânsito no município. O concurso foi lançado
com o objetivo de revitalizar o espaço antigo, norteado pelo uso racional do espaço
público, elegendo o pedestre como prioridade e buscando a valorização do usuário
de transporte público e a conseqüente redução dos índices de acidentes.
No Rio de Janeiro - RJ, desde 1992 foi implementado um programa de
Educação para o Trânsito. A Secretaria Municipal de Transportes, através da
Companhia de Engenharia de Tráfego - CET-Rio, desenvolve algumas atividades
como apresentação teatral e confecção de material educativo, para crianças, jovens
e adultos.
69
Em Vitória-ES, a Prefeitura conseguiu reduzir o índice de acidentes de tráfego
de 81,59% para 72,22%, por mil veículos, após implementar um programa de
Prevenção de Acidentes de Trânsito que teve como objetivo principal incentivar
motoristas e pedestres a adotarem um novo padrão de comportamento capaz de
garantir mais segurança no trânsito.
Em Belém - PA, um programa de Educação para o Trânsito, priorizando o
trabalho nas escolas, com a sinalização de faixas de pedestres nas proximidades da
área escolar e treinamento de alunos e professores para a realização de um trabalho
educativo na porta da escola, obteve uma grande eficácia, sendo considerado
referência nacional pela ANTP.
Curitiba, a capital paranaense, cidade referência em transporte público,
também realiza trabalhos educativos no trânsito, que podem ser considerados
exitosos. Em 1997, lançou o programa “Cidadão no trânsito”, que teve por objetivo
propiciar à população um trânsito eficiente, seguro, acessível e ambientalmente
correto. Através de uma campanha buscava a adoção de comportamentos
adequados de convivência pela população, enquanto pedestre ou condutor de
veículo, utilizando para isso os personagens “bichos no trânsito”, procurando de uma
forma divertida, alcançar a mudança de atitude e comportamento da população.
Atualmente, a prefeitura da cidade de Curitiba-PR desenvolve uma campanha que
utiliza o slogan “Trânsito: imagine que você pode melhorar”. Neste programa,
agentes de trânsito e educadores fazem blitz educativa de forma sistemática e
contínua em varias ruas da cidade, com o intuito de sensibilizar motoristas,
70
pedestres e passageiros, para a necessidade de resgatar a cidadania e a civilidade
no trânsito do município.
O que se pode observar é que muitas cidades já estão incorporando em suas
práticas pedagógicas, a discussão e a implementação de propostas voltadas para
ações que reforcem uma mobilidade urbana cidadã, pautando-se em estruturas
físicas e pedagógicas voltadas para a aquisição de comportamentos ligados ao
respeito ao público e ao próximo, possibilitando dessa forma, a realização de uma
educação voltada para a mobilidade cidadã.
Por outro lado, muitas são as iniciativas de empresas privadas e instituições
não governamentais voltadas para a Educação para o Trânsito. No Brasil, podemos
citar alguns trabalhos desenvolvidos por ONGs na área de Educação para o
Trânsito. A ONG “Vida Urgente – Fundação Tiago de Moraes Gonzaga”, sediada na
região sul do país desenvolve trabalhos que visam, através de campanhas que
levem a mudança de atitude e comportamento, diminuir o número dos acidentes de
trânsito, principalmente os que envolvem jovens. Tal organização possui sua sede
em Porto Alegre – RS, mas possui núcleos de trabalho em 8 cidades da região Sul
do país.
Empresas privadas como a Perkons, Volvo do Brasil e Fiat automóveis
também desenvolvem trabalhos educativos.
A Perkons, empresa que trabalha com equipamentos para o trânsito em geral,
desenvolveu em 2005, um seminário para discutir as questões referentes à
71
Educação para o Trânsito, mostrando de forma prática algumas possibilidades de
trabalhos que podem ser executados e que ajudariam na organização do espaço
urbano e na redução de conflitos e acidentes de trânsito. O seminário contou com a
participação de técnicos e acadêmicos na área.
A Fiat automóveis desenvolve também um projeto de protagonismo juvenil,
intitulado “Você Apita”. A iniciativa é uma ação educativa que valoriza a capacidade
dos estudantes de pensar e agir de forma responsável. Ela ultrapassa limites da
escola e chega à comunidade para discutir os temas de mobilidade e segurança no
trânsito. Os alunos são os principais atores das ações e a partir de um estudo do
meio em que vivem, propõem e implantam soluções criativas para melhorar a vida
das suas comunidades.
A Volvo realiza, anualmente, um concurso já consolidado para premiação das
melhores iniciativas na área do Trânsito em Geral. Muito concorrido, o Prêmio Volvo
de Segurança no Trânsito já está na sua décima sexta edição e vem ganhando
credibilidade a cada ano. Dentre as categorias premiadas, estão: órgão gestor de
transito, estudantes, motoristas profissionais, jornalistas e temas em destaque. Para
a entrega do prêmio, a empresa realiza anualmente um seminário, onde apresenta
as iniciativas vencedoras e socializa as atividades em destaque, para os demais
participantes do evento.
Muitas são as atividades realizadas por órgãos gestores, instituições privadas,
Organizações não governamentais e até mesmo pela imprensa para a diminuição do
número de conflitos e acidentes no trânsito e conseqüente melhoria na organização
72
do espaço urbano. Entretanto, isso ainda é feito, de forma descontinuada, dispersa
e esporádica. Além disso, cada instituição trabalha da sua forma, contribuindo assim,
para que cada cidade tenha uma forma de vivenciar as experiências no trânsito.
2.4.3 – A Educação para o Trânsito em Minas Gerais
Em Minas Gerais, o panorama não é diferente do nacional. O que é
importante destacar, antes de tudo, é que o Estado possui poucas cidades com o
trânsito municipalizado, mesmo tendo a maior malha rodoviária do país. De acordo
com dados do DENATRAN, até o mês de abril de 2006, dos 853 municípios
mineiros, apenas 30 estão municipalizados. Isso pode demonstrar a pouca
importância que os responsáveis pelos Órgãos Gestores dão à temática do trânsito.
Na esfera estadual, podemos citar o trabalho do DER/MG, que segundo
FARIA (2002):
Alguns Departamentos de Estradas e Rodagem (DER) assumiram a
responsabilidade da Educação de Trânsito, O DER do Estado de Minas
Gerais destacou-se nesta tarefa, implementando, em 1989, o PROVIA –
Programa de Operação e Segurança da Rede Rodoviária de Minas Gerais,
encarregado das ações de engenharia e o Programa “SOS Trânsito – Um
projeto de vida” encarregado das ações educativas.
Ainda segundo o autor, o programa tinha por objetivos promover a
conscientização do usuário sobre a importância da educação no trânsito,
considerado fator primordial para a segurança do cidadão; capacitar os professores
nas escolas do estado para que pudessem ensinar o conteúdo de transito e
mobilizar a sociedade em busca de alternativas para minimizar os problemas
referentes à circulação no Estado.
73
Este programa construiu 10 espaços vivenciais (mini-cidades) no interior do
Estado e produziu material educativo através de cartazes, cartilhas e filmes sobre
segurança no trânsito para crianças e adolescentes, além de ter ministrado
treinamento para professores com o objetivo de implantar o tema trânsito no
currículo escolar em 16 cidades mineiras.
Atualmente, o DER-MG desenvolve o programa “Fique esperto, fique vivo”
divulgando informações na sua página virtual, enfocando temas relativos à
segurança no trânsito. Os tópicos abordados no site podem ser verificados na figura
5.
Tópicos abordados pelo DER-MG na sua página virtual
1 - Fique esperto, fique vivo 8 - Bebida e volante, a mistura que dá
dor de cabeça
2 – Seja um motorista consciente 9 - O fogo queima a vida. Evite as
queimadas
3 - Pedestre no trânsito 10 - Motorista da 3ª Idade x Trânsito
4 - Cuide da segurança do seu filho 11 - Acidentes com Produtos Perigosos
5 - Segurança do ciclista 12 - Pedestre: atravesse com segurança
6 - Como dirigir na chuva 13 - Risco do celular no trânsito
7 - O sono e o trânsito 14 - Cinto de segurança sempre
Figura: 5 – Tópicos abordados pelo DER-MG na sua página virtual
Fonte: DER/MG
74
Ainda na esfera estadual, é necessário ressaltar o DETTRAN – MG, que
desenvolve um programa de Educação para o Trânsito que tem como objetivo
educar para o exercício da cidadania, garantindo o direito de ir e vir e estar em
espaços e vias públicas, com segurança e possibilitar aos envolvidos, a
incorporação de responsabilidade e deveres no trânsito, respeitando o direito dos
outros e cooperar para transformar as vias em espaços de convivência saudável e
fraterna. O projeto consta de três etapas, sendo a primeira parte do trabalho
constituído pela realização de um curso com duração de 40 horas, destinado a
professores da rede pública e privada, visando à capacitação dos educadores, e à
conseqüente formação de multiplicadores de trânsito. O referido curso tem como
título “Educação para o Trânsito: Só assim tem sentido”. O conteúdo programático
pode ser verificado na Figura 6.
Conteúdo programático do Curso de Capacitação
de Educadores de Trânsito do DETTRAN - MG
TEMA
Carga Horária
Psicologia do Trânsito
04
Noções de Legislação de Trânsito
04
Noções de Engenharia de Trânsito
04
Noções de Direção Defensiva
04
Noções de Prevenção de acidentes e primeiros socorros
04
Noções de Cidadania e Proteção ao meio ambiente – Trânsito nas ciências Naturais
04
Trânsito nas áreas curriculares – História, Geografia e Língua Portuguesa.
04
Trânsito na matemática
04
Trânsito na Educação Física e em Artes
04
Vivência e diagnóstico
04
Figura: 6 – Conteúdo programático do Curso de Capacitação de Educadores de Trânsito
Fonte: DETRAN/MG (2005)
75
A segunda parte do projeto desenvolvido pelo DETRAN-MG é a distribuição
do livro “Trânsito: Aprender para a Vida”, contendo dois volumes. O primeiro,
denominado livro do professor, traz idéias e estratégias que podem ser utilizadas
para o trabalho diário na sala de aula e o segundo, composto de uma cartilha
educativa contendo informações importantes e objetivas sobre diversos assuntos
ligados à circulação. Esse material é disponibilizado gratuitamente, para os
professores que participaram do Curso de Capacitação. O conteúdo programático do
livro do professor e da cartilha complementar encontra-se apresentados nas Figuras
7 e 8.
Conteúdo Programático do livro “Trânsito: Aprendendo para a Vida”
SÉRIE
TEMA
CONTEÚDOS
Ensino Infantil
Transitando pelos lugares
1 – Normas de Circulação
2 – Sinalização
1
a
, 2
a
e 3
a
séries – Ciclo
Básico do Ensino
Fundamental
O Trânsito faz parte da minha vida
1 -Trânsito na casa e na escola;
2 - Normas de Conduta do
pedestre, do passageiro e do
ciclista.
3 – Sinalização de trânsito
4 – Meios de Transportes
4
a
, 5
a
e 6
a
séries – Ciclo
Intermediário do Ensino
Fundamental
Compreendendo o Trânsito
1 – Evolução da Industria
Automobilistica
2 – Sistema Viário
3 – Meio Ambiente
4 – Segurança no Trânsito
5 – Sinalização urbana e rural
7
a
e 8
a
séries – Ciclo
Avançado do Ensino
Fundamental
Locomoção Segura – Direito de
Todos
1 – Desenvolvimento Urbano
2 – Comportamento no Trânsito
3 – Políticas de Trânsito e Tráfego
Ensino Médio
O cidadão no Trânsito
1 – Organismo Humano – Ações e
reações – relacionadas ao trânsito
2 – Legislação de Trânsito
3 – Fundamentos de Mecânica de
Veículos
4 – Proteção ao Meio Ambiente
5 – Direção Defensiva
Figura: 7 – Conteúdo Programático do livro “Trânsito: Aprendendo para a Vida”
Fonte: DETRAN/MG (2005)
76
Conteúdo Programático da cartilha “Trânsito: Aprendendo para a Vida”
Educação para o Trânsito
Pedestres, condutores e agentes de trânsito
O cidadão e o Trânsito
Legislação Básica de Trânsito
Legislação complementar
Saiba mais
O que é trânsito?
Transitar é...
Sujeitos do Trânsito
O condutor
Comportamento no Trânsito
Ver e ser visto
Passageiros: Transitando Legal
Ciclista: Transitando Legal
Motociclista: Transitando Legal
Condutor: Transitando Legal
Locomoção segura: direito de todo cidadão
Responsabilidade no Trânsito: a atitude que faz a diferença
Condutor: não seja tonto
Condutor Legal – cuida do meio ambiente
Comunicação no Trânsito
Sinalização vertical
Placas de regulamentação
Placas de Advertência
Placas de Indicação de Serviços e as de Atrativos turísticos
Luminosos dos veículos sinalizando as ações dos condutores
Sinalização horizonte
Tachas e tachões
Dispositivos de uso temporário, cone, cavaletes e tapumes
Painel eletrônico
Sinalização semafórica
Os gestos do Agente de Trânsito
Sinais sonoros do Agente de Trânsito
Órgãos da Administração de Trânsito
Figura: 8 – Conteúdo Programático da Cartilha “Trânsito: Aprendendo para a Vida”
Fonte: DETRAN/MG (2005)
77
O DETRAN realiza ainda de acordo do seu programa de Educação para o
Trânsito, oficinas psicopedagógicas, em sua sede, na capital mineira, com o objetivo
de socializar com os educadores interessados mais técnicas pedagógicas como a
realização de dobraduras, trabalhos manuais com materiais recicláveis,
musicalização e jogos educativos, facilitando a inserção do tema no cotidiano
escolar.
Na esfera municipal, alguns municípios trabalham o assunto, geralmente
somente o Órgão Gestor de Trânsito, na maioria das vezes, sem parceria com a
Secretaria de Educação. Serão apresentadas algumas experiências de Educação
para o Trânsito, desenvolvidas pelos órgãos gestores de trânsito em municípios
mineiros.
Dentre os municípios que trabalham coma a Educação para o Trânsito está
Belo Horizonte, a capital mineira, que possui como órgão gestor municipal a
Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte - BHTRANS, que possui uma
gerência destinada exclusivamente para a Educação para o Trânsito, com o objetivo
de desenvolver atividades educativas de caráter permanente. Utilizando recursos
teatrais, folhetos, anúncios em rádio, jornal e TV os projetos desenvolvidos mostram
às crianças e aos adultos como evitar riscos no trânsito e procuram despertar nos
motoristas um comportamento mais humano.
A empresa atua com dois projetos que são avaliados anualmente com o
objetivo de se aprimorar e possibilitar o trabalho de forma permanente e contínua.
78
O primeiro projeto é denominado "Fique Vivo Transitando Legal” utiliza o
espaço da escola para apresentação de palestras, esquetes teatrais e caminhadas
educativas na área de entorno da escola. Participam todos os alunos com até 12
anos.
O segundo projeto é intitulado "Transitando Legal" (Figura 9) e é composto
por uma ação educativa contínua que tem como objetivo formar futuros cidadãos e
motoristas conscientes. O projeto acontece dentro de um circo construído junto à
sede da BHTRANS, num espaço de mil metros quadrados, com sinalização
completa, praça de alimentação, banheiros, ponto de ônibus e grades de proteção.
Através de palestras e atividades como teatro, jogos e desenhos, crianças de 6 a 8
anos recebem mensagens que reforçam valores como a solidariedade, respeito e
cooperação, aprendem a atravessar e a se comportar com segurança e gentileza no
trânsito e dentro do ônibus.
Cada projeto atende em média 30 mil crianças por ano, com a distribuição
aproximada de 50 mil cartilhas e folhetos educativos.
Figura: 9 – Circo Transitando Legal – BHTRANS
Fonte: GEDUC- BHTRANS, 2006
79
A empresa gestora do Trânsito em Belo Horizonte – MG desenvolve também
campanhas temáticas específicas sobre temas pontuais, com o objetivo de informar
motoristas e pedestres, que transitam nas vias públicas, da necessidade de
desenvolver atitudes e comportamentos adequados no trânsito para a sua própria
segurança.
Campanhas realizadas pela BHTRANS
Campanhas Temáticas
Folheto - Revistas - Atividades
Recursos Humanos
Bebida no trânsito é dose
Arrastão educativo nos bares
270 pessoas
Pedestre Vivo
30 mil revistas e 15h de performance teatral
70 pessoas
Faixa Pedestre / A vida pede
passagem
15 mil folhetos - 15 esquetes teatrais
120 pessoas
Figura: 10 – Campanhas realizadas pela BHTRANS
Fonte: GEDUC – BHTRANS,2006
Ainda referente aos órgãos gestores municipais, podemos citar a cidade de
Contagem, que também desenvolve projetos voltados para a inclusão de uma
mobilidade urbana mais cidadã, reforçando nos seus projetos o respeito ao próximo
e a solidariedade. Em 2005, realizou uma gincana, onde foram ensinados conceitos
sobre comportamento seguro e também foram desenvolvidos trabalhos estimulando
a solidariedade, através da doação de alimentos arrecadados às pessoas
necessitadas. Reforçou-se atos de gentileza urbana, fora e dentro do trânsito. No
ano de 2006, está sendo realizada a 2
a
Gincana de Educação para o trânsito,
envolvendo cerca de 3.600 alunos de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental das
escolas municipais, estaduais e particulares de Contagem – MG. A iniciativa, de
acordo com os organizadores do projeto, tem como compromisso fazer com que os
80
alunos, sujeitos ao processo de aprendizagem, tenham um papel ativo,
desenvolvendo ações em favor da vida no trânsito.
A cidade de Montes Claros, através do Órgão Gestor Municipal do Trânsito,
também realiza trabalhos voltados para a Educação para o trânsito, e utiliza como
estratégia, a parceria com a Polícia Rodoviária Federal - PRF. Através de um
programa denominado “Colibri”, as crianças recebem informações sobre como atuar
no trânsito.
“O Programa Colibri é desenvolvido nas escolas, através de palestras, com o
auxílio de recursos audiovisuais, como data-show, vídeos, metodologia
lúdica, onde os alunos participam ativamente como personagens do trânsito
(Transitolândia) e um sistema de avaliação, através de exercícios práticos.
Queremos transmitir aos alunos, principalmente, o significado das cores
semafóricas, a forma correta de utilização das faixas de travessias para
pedestres e as passarelas; a forma correta e segura de atravessar uma via
pública, com ou sem sinalização semafórica, o cuidado nos deslocamentos
com bicicleta, os cuidados que devem ter ao utilizarem o transporte público, a
importância de transitar sempre no banco traseiro do automóvel, usando o
cinto de segurança, bem como recomendações para não utilizarem a via
pública para a prática de atividades recreativas”. (TRANSMONTES,2006)
Juiz de fora é um outro município mineiro onde o trânsito está municipalizado
e possui atividades voltadas para a Educação para o Trânsito. O órgão responsável
pelo trânsito desenvolve atividades em escolas públicas e privadas, incentivando
inclusive a sua participação no Prêmio DENATRAN de Educação para o Trânsito.
Entretanto, ao pesquisar as atividades desenvolvidas, é possível verificar uma
grande preocupação no que diz respeito à fiscalização e engenharia de tráfego na
cidade, e pouco investimento na Educação.
Ipatinga, também, possui atividades voltadas para a Educação para o Trânsito
e teve inclusive escolas vencedoras no Prêmio do DENATRAN. Como destaque nas
suas atividades, vale citar o projeto que implementou este ano, denominado “Sua
81
vida está em trânsito”, com o público alvo constituído por pedestres e ciclistas.
Palestras, blitz e distribuição de material informativo fazem parte da metodologia de
ação, que visa a alertar o pedestre e, principalmente, os ciclistas que são integrantes
do trânsito e devem obedecer as sinalizações viárias, inclusive, para evitar
acidentes.
No Triângulo Mineiro, apenas duas cidades possuem o trânsito
municipalizado: Uberlândia e Uberaba. O município de Uberaba tem desenvolvido
trabalhos de destaque no que diz respeito à temática em questão. A cidade de
Uberlândia, também, possui trabalhos na área.
Uberaba possui trabalhos voltados para adultos e crianças, tendo como
público alvo estudantes, educadores, motoristas, pedestres, ciclistas e passageiros,
com o objetivo de estimular, fortalecer e institucionalizar a participação de cidadãos,
Organizações Não Governamentais e Governamentais nas ações que levam à
formação de consciência, da responsabilidade de cada um na Educação e
Segurança no Trânsito.
A cidade de Uberaba – MG, de forma inovadora, desenvolveu um projeto em
que os motoristas infratores, que cometiam autuações leves ou médias, recebiam
um comunicado, de que poderiam, ao invés de pagar a multa, comparecer a um
treinamento ministrado pelos funcionários do setor de Educação para o Trânsito da
prefeitura, sendo assim dispensado do pagamento da infração cometida. Neste
projeto, o condutor não poderia ser reincidente, e recebia através do treinamento
que durava dois dias, informações sobre comportamento seguro no trânsito e
82
infrações de trânsito, enfatizando principalmente a obediência ao Código de Trânsito
Brasileiro.
No que diz respeito à cidade de Uberlândia, as atividades desenvolvidas são
detalhadas no terceiro capítulo, enfatizando a cidade e pontuando a educação para
o trânsito.
Atuando dentro do Estado de Minas Gerais, é necessário citar a ONG “Rua
Viva – Instituto da Mobilidade Sustentável” que merece destaque em função de seu
trabalho de Educação para o Trânsito. O “Instituto Rua Viva”, sediado na capital
mineira, tem por objetivo a restauração da função social da rua como espaço
democrático de uso, priorizando os modos de transporte coletivo, deslocamento a pé
e de bicicleta. Um dos trabalhos coordenados por essa ONG é a realização da
jornada nacional “Na cidade sem meu carro”, conforme pode ser verificado no
Slogan do Instituto (figura 11), realizada no dia 22 de setembro. Durante todo esse
dia, uma via pública é interditada, não sendo permitida a passagem de veículos
automotores, numa tentativa de valorização do espaço sem poluição, sem acidentes
e sem os problemas causados por automóveis (Figura 12).
Figura 11: Slogan do Dia Nacional “Na cidade sem meu carro”
Fonte: Rua viva, 2006
83
Figura 12 - Dia Nacional na cidade sem meu carro em Belo Horizonte - MG
Fonte: Revista Movimento,2004
2.5 – Considerações Parciais
Como pode ser observado, a maioria das atividades educativas de trânsito no
Brasil vem sendo desenvolvidas segundo preceitos da escola tradicional através de
palestras, campanhas, distribuição de folhetos, apresentação teatral.
Entretanto, a Educação para o Trânsito no Brasil, se caracterizou desde o
início, por atividades esporádicas, eventuais, e sem planejamento efetivo das ações.
Muitos decretos, portarias e muitas Leis não foram cumpridas. Por outro lado, a
liberdade para que cada órgão realize suas atividades como achar mais conveniente
propicia uma grande discrepância entre as atividades desenvolvidas por todo o país.
Um outro fator a ser considerado é a falta de preparo dos profissionais que
trabalham com esta área, que na maioria das vezes atuam de acordo com o seu
conhecimento, sem treinamento. FARIA (2002) considera que a falta de preparo
contribui para que as atividades não sejam bem sucedidas, uma vez que não
84
utilizam profissionais devidamente capacitados pedagogicamente. Ainda segundo o
autor:
A falta de uma proposta pedagógica para Educação de Trânsito no Brasil,
que desde o início se caracterizou pela transmissão de conhecimentos em
palestras, principalmente através de policiais de trânsito, fez surgir à figura do
educador de trânsito “autodidata”, despreparado para o impasse que o
trânsito apresenta: aumento vertiginoso de veículos, crescimento urbano,
expansão da malha viária, concorrendo para aumentar os acidentes no
trânsito
. (FARIA, 2002, p. 197)
Um outro ponto a ser considerado, é a ausência de mecanismos para a
avaliação dos programas, projetos e atividades de Educação para o Trânsito, que
são avaliados, na maioria das vezes apenas com o parâmetro da diminuição do
número de acidentes. Entretanto, a mudança de comportamento precisa de dados
mais concretos para ser avaliada, e não pode ser medida somente em função do
número de acidentes de trânsito, mas também na redução dos diversos conflitos
existentes.
Nas escolas brasileiras, o ensino da Educação para o Trânsito, sofre ainda
reflexos da dificuldade na educação em geral, já que as escolas têm problemas,
professores são mal remunerados, instalações e material pedagógico são
insuficientes e inadequados. A carga horária das disciplinas obrigatórias a ser
trabalhado na sala de aula já é bastante intensos. Uma vez que o professor possui
uma certa liberdade para ação dentro do contexto escolar, e não possui o
conhecimento necessário para lidar com o tema Educação para o Trânsito, deixa o
conteúdo em segundo plano ou trabalha-o de forma esporádica como tema
transversal, sem o conhecimento necessário do assunto.
Fora da escola, quando tratamos da Educação para o Trânsito desenvolvida
pelos órgãos gestores, o que se vê são campanhas, programas e projetos que
85
pouco possibilitam a mudança de comportamento. Seria necessário um investimento
maior na área, tanto do Governo Federal, quanto do Governo Estadual e municipal.
É importante destacar que a Educação para o trânsito, como foi possível
analisar na retrospectiva histórica, teve um avanço significativo, e incorporou nas
suas atividades, noções de cidadania, colocando agora o ser humano como agente
importante neste contexto, valorizando-o, enquanto pedestre, passageiro e condutor.
86
87
3 – O TRÂNSITO NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA-MG E A PERSPECTIVA DE
UMA NOVA MOBILIDADE URBANA
3.1 – O Espaço Urbano e os Acidentes de Trânsito
Uberlândia é um município mineiro, localizado no Triângulo Mineiro. Constitui-
se numa cidade de porte médio, contando em 2005 com uma população estimada
de 573.829 habitantes (IBGE,2005), distribuídos numa superfície de
aproximadamente 235 km².
A frota de veículos da cidade é de 205.510 veículos (DENATRAN/2006),
sendo a maioria composta por automóveis de passeio, seguida pelas motocicletas. A
cidade possui a segunda maior frota de veículos do Estado, perdendo apenas para a
capital Mineira – Belo Horizonte.
Como conseqüência disso e também em função do município não possuir um
traçado urbano planejado para comportar os fluxos gerados pelo crescimento
acelerado, a circulação, principalmente, na área central, tem se tornado cada vez
mais conflituosa, tanto para pedestres como para condutores. O trânsito na área
urbana torna-se desorganizado e inseguro (figura 13), comprometendo a qualidade
de vida da população e afetando a segurança das pessoas, devido aos diversos
conflitos, que têm como conseqüência máxima os acidentes de tráfego.
88
Figura 13 – Trânsito no centro da cidade de Uberlândia
Fonte: Jornal Correio, 2004
Para melhor entendimento dessa temática discutem-se os vários fatores que
influenciam a organização do espaço urbano, sobretudo na área central da cidade.
Abordar-se-á primeiramente a questão do pedestre, que por não se sentir um
elemento componente do trânsito, não respeita as normas e regras de circulação,
aumentando a desorganização dos fluxos. Muitas vezes, (figura 14) atravessa entre
os carros e no meio da rua, e ignora a faixa de pedestre.
Figura 14: Área Central de Uberlândia - Pedestre atravessando fora da Faixa
Autor: VILLELA, P. A., 2006
89
Em outros momentos, atravessa na faixa de pedestre, porém não obedece a
sinalização semafórica, e causa transtornos para a fluidez do tráfego (Figura15).
Figura 15: Área Central de Uberlândia – Pedestre desrespeitando a sinalização semafórica
Autor: VILLELA, P. A., 2006
Os ciclistas também causam conflitos nas vias, principalmente, porque não
respeitam a sinalização, trafegam sobre as calçadas (Figura 16) e na contra mão de
direção (Figura 17) e, muitas vezes, trafegam também entre os carros.
Figura 16: Área Central de Uberlândia- MG - Ciclista trafegando na calçada
Autor: VILLELA, P. A., 2006
Figura 17. : Área Central de Uberlândia-MG - Ciclista trafegando na contra mão de direção
Autor: VILLELA, P. A., 2006
90
No que diz respeito à área central, não existe nenhuma lei que proíba o
trânsito de veículos pesados ou de carroças, e nem que regulamente o serviço.
Esses veículos, portanto, trafegam em horários de pico, causando ainda mais
transtornos à circulação. As figuras 18 e 19 ilustram essa afirmação. A falta de uma
regulamentação específica, delimitando locais e horários para o tráfego de carroças
e de caminhões de grande porte, também é um fator que gera conflito,
principalmente nos horários de trânsito intenso na área central.
Figura 18: Área Central de Uberlândia-MG - Caminhões trafegando no horário de pico
Autor: VILLELA, P. A., 2006
91
Figura19: Área Central de Uberlândia-MG - Trânsito de carroças no horário de pico
Autor: VILLELA, P. A., 2006
È necessário ressaltar, que o problema do trânsito na cidade, também está
diretamente ligado á ineficiência do planejamento e da fiscalização para evitar
abusos cometidos no trânsito que incorrem em desorganização da circulação na via
pública (incluindo a calçada).
È possível verificar, ainda, uma grande quantidade de ambulantes vendendo
seus produtos na calçada, impedindo o trânsito de pedestres que, muitas vezes
precisam transitar na pista de rolamento por falta de espaço. (Figura 20).
92
Figura 14: Ambulantes vendendo seus produtos na calçada – Uberlândia - MG
Autor: VILLELA, P. A., 2006
Figura 20:Área Central de Uberlândia-MG - Ambulantes vendendo produtos na calçada
Autor: VILLELA, P. A., 2006
Muitos “cavaletes” são colocados por proprietários de estabelecimentos
comerciais, delimitando estacionamento exclusivo para seus clientes, o que é
proibido pelo CTB. Alguns estabelecimentos, ainda tomam a calçada e interditam o
espaço para a realização de construções e reformas (Figura 21). Outras vezes,
colocam caçambas na faixa de rolamento, prejudicando também o trânsito de
veículos (Figura 22).
Figura 21: Área Central de Uberlândia-MG - Calçadas obstruídas por reformas
Autor: VILLELA, P. A., 2006
93
Figura 22 : Área Central de Uberlândia-MG - Caçambas no espaço destinado à
estacionamento
Autor: VILLELA, P. A., 2006
Como não há bicicletários espalhados pela área central da cidade, os ciclistas
estacionam suas bicicletas em postes de sinalização ocupando as calçadas e
atrapalhando ainda mais o trânsito de pedestres na área destinada para esse fim
(figura 23). Um outro fator importante, diz respeito aos estacionamentos. A cidade
possui em cada quadra, locais destinados ao estacionamento de portadores de
deficiência física que muitas vezes não são respeitados. Assim, como os locais
determinados para a realização de embarque e desembarque e carga e descarga de
mercadorias, utilizados por motoristas como estacionamento, acarretando fila dupla,
94
principalmente de veículos de valores nas portas dos bancos, tumultuando
sobremaneira o trânsito na via pública.
Figura 23 :Área Central de Uberlândia-MG -
Bicicletas estacionadas em postes de sinalização sobre a calçada.
Autor: VILLELA, P. A., 2006
A cidade possui muitas vagas destinadas ao estacionamento de motocicletas,
entretanto, em função da crescente frota e do aumento considerável do número de
trabalhadores informais exercendo a função de “moto-taxistas”, os locais ficam
constantemente ocupados, ocasionando transtorno.
Em toda a malha viária da cidade é possível verificar problemas que
prejudicam a organização do espaço urbano e geram conflitos eminentes em relação
ao trânsito.
Nos bairros, principalmente quando um loteamento é aprovado, a
preocupação com o sistema viário também é pequena e pouco discutida.
Um outro fator que contribui para os conflitos viários, diz respeito às
calçadas, muitas vezes não pavimentada e em desnível, conforme pode ser visto na
figura 24 , e que prejudicam a circulação das pessoas que optam por transitarem na
95
faixa de rolamento. A fiscalização por parte da Secretaria de Serviços Urbanos,
Órgão responsável pelas calçadas na cidade, é ineficaz e neste sentido, muitas
vezes, se torna impossível transitar com segurança na área destinada ao trânsito de
pedestre: a calçada.
Figura 24 :Calçadas em desnível – Rua Niterói – Uberlândia - MG
Autor: VILLELA, P. A., 2006
Em alguns casos, algumas empresas utilizam inclusive a pista de rolamento,
como extensão de seu trabalho (figura 25). Isso acontece, principalmente devido à
falta de fiscalização e punição.
Figura 25 : Utilização da calçada e da pista de rolamento
Autor: VILLELA, P. A., 2006
96
Os exemplos citados foram algumas pontuações com o objetivo de ressaltar,
que o acidente é o resultado de um processo, em que a falta de organização do
espaço urbano é eminente. Neste sentido, é necessário que se faça “Educação para
o Trânsito”, não visando apenas a prevenir e a diminuir os acidentes de trânsito,
mas, sobretudo é necessário que se faça educação para o trânsito com o objetivo de
minimizar os conflitos existentes no trânsito, que muitas vezes, nem acabam em
acidentes, mas que atrapalham sobremaneira a vida do cidadão, e sua convivência
harmônica no trânsito.
Infelizmente, os acidentes são resultantes destes conflitos, e deixam muitas
pessoas feridas e mortas. Em Uberlândia, no ano de 2004, os acidentes de trânsito
resultaram em 91vítmas fatais. (SETTRAN/2006).
Para melhor compreensão dos números dos acidentes de trânsito na cidade
de Uberlândia, serão utilizados dados do ano de 2004 e 2005, provenientes dos
Boletins de Ocorrência Policial - BO realizados pela Polícia Militar – PM e Boletins
Municipal de Ocorrências de trânsito – BMO, realizados pela Divisão de Operações
de Tráfego - DOT.
Na cidade, os acidentes de trânsito com vítimas são atendidos pela PM e os
acidentes com danos materiais são atendidos pelos Agentes de Trânsito da DOT.
Em 2004, ocorreram 7.742 acidentes e em 2005, 9.080 acidentes, sendo a
maioria sem vítimas, como pode ser observado na figura 26.
97
Acidentes de Trânsito em Uberlândia – MG no Biênio 2004/2005
Ano
BO da PM BO da DOT TOTAL de BO's registrados
2004
2179
5563
7742
2005
1843
7237
9080
Figura 26: Acidentes de Trânsito em Uberlândia – MG no Biênio 2004/2005
Fonte: SETTRAN/PMU
O local onde aconteceu o maior número de acidentes foi o cruzamento das
Avenidas Rondon Pacheco e João Naves de Ávila. Tal cruzamento é constituído por
vias com canteiro central e possui um volume médio diário de 59.896 veículos, tendo
um volume de 5.838 veículos na hora-pico (18:30 horas). A Figura 27 retrata os 10
locais onde ocorreram mais acidentes de trânsito no ano de 2004.
Cruzamentos com o maior número de acidentes em Uberlândia – MG / 2004
CRUZAMENTO
acidentes
Av. Rondon Pacheco x Av. João Naves de Ávila 134
Av. Rondon Pacheco x Av. Nicomedes Alves dos Santos 50
Av. João Naves de Ávila x Av. Floriano Peixoto 32
Av. Antonio Tomaz Ferreira de Rezende x Av. C. Alexandrino Garcia 27
Av. João Naves de Ávila x Av. Segismundo Pereira 25
Av. João Pinheiro x Av. João Pessoa 23
Av. Getúlio Vargas x Av. Aspirante Mega 22
Av. Rondon Pacheco x Av. Augusto Cesar 21
Av. João Naves de Ávila x Av. Belarmino Cota Pacheco 21
Av. Rondon Pacheco x Rua dos Municípios 21
Figura 28: Cruzamentos com o maior número de acidentes em Uberlândia/MG
Fonte: SETTRAN/PMU
98
Como pode ser verificado, o índice de acidentes na cidade é considerável, e
isso é decorrente de vários fatores (principalmente do fator humano no trânsito). Por
isso, reforça-se a afirmação de que para que ocorra uma mudança no trânsito e para
a conseqüente melhoria do espaço urbano, tornando a mobilidade urbana mais
cidadã, é necessário investir na Educação para o Trânsito.
3.2 – O Órgão Gestor do Trânsito no Município e Suas Ações
O órgão gestor do trânsito no município é a Prefeitura Municipal, por meio da
SETTRAN – Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes. O processo de gestão
do trânsito no município teve início com a “Seção de Transito e Transportes”,
subordinada à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. No ano de 1992, foi criada
a Coordenadoria Municipal de Trânsito e Transportes – CMTT, passando no ano de
1993, para Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes – SETTRAN.
Em 2001, o trânsito da cidade foi municipalizado, e a partir daí, o órgão gestor
passou a ter a obrigação efetiva de gerir o trânsito da cidade, de acordo com as
determinações do CONTRAN e do DENATRAN.
A SETTRAN tem por obrigação planejar, organizar e fiscalizar o trânsito e o
transporte do município. Para isso, conta com equipes diferenciadas que atuam em
diversas áreas de trânsito e de transportes.
No que diz respeito ao transporte público, a cidade possui uma frota de 330
veículos, distribuídos em 94 linhas que transportaram 53.317.611 passageiros em
99
2005. (SETTRAN/2005). As linhas do transporte coletivo por ônibus, se integram em
terminais urbanos de integração, compondo o SIT - Sistema Integrado de
Transporte. Ainda referente ao transporte público, a mesma possui 279 táxis
regulamentados, 368 veículos que fazem serviços destinados ao transporte de
escolar, 152 veículos de fretamento comum, 26 veículos de transporte de carga com
ponto e 23 veículos que prestam serviço para o transporte complementar
denominado “Porta a porta”.
Em relação ao trânsito, a cidade possui uma CTA – Central de Tráfego em
Área (figura 28), responsável por comandar através de um sistema informatizado,
132 semáforos na cidade (SETTRAN/2005). Tal projeto possibilita a inserção de
ondas verdes na área central, e a alteração do ciclo semafórico em casos de
congestionamentos ou acidentes.
Figura 28: Central de Tráfego em Área
Fonte: SETTRAN/PMU
100
Existe ainda um Núcleo de Operações de Tráfego - NOT, composto por 150
agentes de trânsito que tem como função orientar, fiscalizar e educar o trânsito da
cidade. Os agentes atuam em equipes setorizadas, possibilitando assim um
atendimento à cidade como um todo.
A partir de 2002, foi implementado na cidade o programa denominado
“MOBILIDADE URBANA E SEGURANÇA”. Segundo MESQUITA (2005):
Tal programa foi elaborado com a premissa de que é necessário quebrar o paradigma
das intervenções isoladas e abandonar a crença no tratamento apenas das
conseqüências dos acidentes de trânsito, sem considerar a existência da opção da
cidade pelo automóvel que deteriora o meio ambiente, causa acidentes e reproduz
modelos de exclusão social. Com o intuito de propiciar uma maior abrangência
das medidas para a redução de acidentes e ter uma visão global dos problemas
de segurança no trânsito, o programa baseia-se no estabelecimento de uma
matriz de relacionamento que conjuga o máximo de variáveis ligadas à
mobilidade urbana, envolvendo não somente os aspectos de circulação, mas os
transportes em si e seus impactos na organização do espaço urbano.
Como ações concretas deste programa foram implementados os seguintes
projetos:
Execução de sinalização de trânsito (vertical e horizontal) em 70% dos
bairros, incluindo todos os cruzamentos do sistema viário e pontos críticos
específicos;
Implementação da CTA – Controle de Tráfego por Área, possibilitando maior
fluidez e segurança na área central;
Implantação da sinalização indicativa para facilitar a circulação aos pontos de
interesse dos condutores;
Implantação de ciclovias ou ciclofaixas, nos Bairros Ipanema, Dom Almir,
Morada Nova e Lagoinha;
101
Realização de obras viárias importantes: rotatória do posto da matinha,
acesso aos bairros Mansões Aeroporto, Ipanema, Luizote, Patrimônio, Cidade
Jardim, entre outros;
Correções e canalizações através da intervenção na geometria viária nas
Avenidas Nicomedes Alves dos Santos e Rondon Pacheco;
Implantação do viaduto de acesso aos Bairros Guarani e Tocantins;
Reurbanização da Av. João Pinheiro, com tratamento adequado para
pedestres, acessibilidade a pessoas portadoras de deficiência física e visual,
humanização da avenida e priorização do transporte coletivo;
Implantação de 72 pontos de controle de velocidade através de dispositivos
eletrônicos;
Implantação do Sistema Complementar “Passe Livre” e “Porta a Porta”;
Aumento do número de veículos acessíveis ao portador de deficiência,
através do “SIT para todos”;
Sinalização de todos os pontos de parada do transporte coletivo e
implantação de vários abrigos;
Implantação do sistema de monitoramento por GPS (Global Position Sistem)
nos veículos do Sistema Integrado de Transportes;
O programa foi implementado até o final de 2004, sendo alterado no início
de2006, por causa da mudança da administração municipal.
Atualmente, está sendo implementado pelo órgão gestor, O Corredor
Estrutural João Naves, um projeto de faixa exclusiva de ônibus na Av. João Naves
de Ávila, com uma extensão de 14.856 metros, com 13 estações de embarque,
102
sendo três de transferência em uma via estrutural da cidade, que tem como objetivo
otimizar a viagem das linhas troncais que fazem a ligação dos bairros da região
Sudeste para a área central. Este é o maior projeto que está sendo desenvolvido no
ano de 2006, pela Administração Municipal. A SETTRAN propõe melhoria no
desempenho operacional, humanização no trânsito e melhor acessibilidade do
pedestre, conforme pode ser visto no folder em anexo.
Apesar de estar previsto no CTB e mesmo existindo de forma extra-oficial, o
Setor de Educação para o Trânsito não consta no organograma da SETTRAN. O
“Setor”, implantado em 2001, iniciou seu trabalho contando com um quadro de dez
funcionários, sendo quatro agentes de trânsito e seis estagiários, e está sediado no
NOT, setor que abriga também os demais agentes de trânsito. Atualmente o setor
possui 14 funcionários, sendo quatro agentes de trânsito e dez estagiários.
3.3 – A Educação para o Trânsito no Município
As atividades de Educação para o Trânsito começaram a ser desenvolvidas
pela SETTRAN em 1994, quando juntamente com o Núcleo de Psicologia da
Universidade Federal de Uberlândia - UFU, foi realizada uma “feira de trânsito” na
praça central da cidade – Praça Tubal Vilela. Em stands informativos montados
durante a semana Nacional de Trânsito (que ocorre anualmente entre os dias 18 a
24 de setembro), as pessoas são informadas sobre alguns procedimentos seguros a
serem adotados para a redução do número de acidentes de trânsito. Entretanto, é
uma ação isolada, realizada apenas naquele período.
103
No ano seguinte, em setembro de 1995, também durante a semana nacional
do Trânsito, a SETTRAN em parceria com um shopping center local, o Center
Shopping, realizou novamente uma feira educativa e instalou uma “Transitolândia”,
aproveitando, naquele momento um circuito existente de carrinhos (minni buggs)
para a diversão de crianças. A Secretaria de Trânsito e Transportes, adequando sua
estratégia ao espaço existente, desenvolveu um projeto de sinalização, instalou
placas de regulamentação e de advertência, semáforos e adequou a sinalização
horizontal ao circuito ali instalado. Foram convidadas algumas escolas que
participaram do projeto. Cerca de 700 crianças foram envolvidas e participaram das
atividades. Como estratégia pedagógica, os alunos ouviam as orientações de um
Técnico em Transportes (aulinha de trânsito), e em seguida percorriam o circuito,
acompanhados de técnicos da SETTRAN, “brincando” de ser motorista.
Ainda neste ano, durante a Semana Nacional do Trânsito foi realizado um
seminário na Câmara Municipal de Uberlândia - CMU, com a presença de
autoridades e personalidades importantes da cidade para discutir aspectos ligados
ao trânsito.
Uma feira também foi montada no espaço cedido pelo Center Shopping com
stands informativos sobre as diversas áreas da SETTRAN, visando a uma
integração maior entre o Órgão Gestor de Trânsito e a comunidade.
Entretanto, até o ano de 2001, ainda não existia um setor específico para
planejar e coordenar as ações relacionadas à Educação para o Trânsito, que
104
ficavam por conta de alguns técnicos que, de forma isolada e esporádica,
desenvolviam alguns trabalhos ligados ao tema.
Em função da grande procura de materiais para subsidiar os trabalhos de
professores interessados em trabalhar o tema, alguns técnicos da Divisão de
Planejamento, elaboraram um “kit pedagógico” contendo algumas orientações
básicas, que era emprestado para os profissionais interessados, (o material
encontra-se anexado no final desse trabalho). Vale ressaltar, que esta era a única
ação desenvolvida de forma contínua, ou seja, não existia nessa época, nenhum
projeto de Educação para o Trânsito de forma permanente, nem para ser
desenvolvido nas escolas e nem para outro setor da comunidade em geral.
Em março de 1998, a prefeitura instalou o programa denominado “Uberlândia
Viva”, onde cada Secretaria levava para a população atividades pertinentes às suas
funções. O evento ocorria uma vez por mês, nos bairros da cidade. Neste período,
foi projetada a “Transitolândia Móvel”, que era levada, como parte das atribuições da
SETTRAN, para as crianças nos bairros. O objetivo era ministrar aulas de Educação
para o Trânsito às crianças de 07 a 12 anos, com a finalidade de despertar a
consciência da importância de atitudes corretas no trânsito. A metodologia de
trabalho neste projeto era parecida com a do projeto de 1994, entretanto, agora já
não existia mais “carrinhos motorizados”, e sim “carrinhos de pedal”, onde as
crianças ainda “brincavam de ser motorista”. As instruções às crianças incluíam a
parte teórica e, posteriormente, a parte prática para obediência à sinalização e
conhecimento de regras de circulação. A parte prática do projeto incluía a travessia
na faixa de pedestre, a condução de bicicleta e veículos de brinquedo tipo “formula
105
1”. A figura 29 ilustra o projeto. Estima-se ter atendido mais de 8.000 crianças, não
só nos bairros da cidade, como também nas escolas e empresas do município.
Figura 29: Transitolândia Móvel no Programa Uberlândia Viva
Fonte: SETTRAN/PMU
Em 1998 e 1999, a SETTRAN desenvolve, juntamente, com o Conselho
Municipal do Idoso a campanha educativa “Respeito Sim Senhor! Uma campanha de
valorização da vida”. A campanha, desenvolvida por iniciativa do conselho contou
com a colaboração de Técnicos em Transporte da SETTRAN, e atuou juntamente
com as empresas do transporte coletivo e com as instituições que trabalham com
idosos. Foram distribuídos 500 cartazes levando a mensagem “A Terceira Idade
Merece Tratamento de Primeira” e 10.000 folders (figura 30), contendo mensagens
para motoristas e também para os idosos. O sucesso da campanha foi tamanho que
se tornou referência nacional, sendo inclusive citada no livro “Mobilidade e
Cidadania” publicado pela ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos,
editado no ano de 2003.
106
Figura 30: Folder campanha educativa “Respeito Sim Senhor”
Fonte: SETTRAN/PMU
Porém, mesmo tendo sido realizada de forma a levar a Educação para o
Trânsito e os cuidados necessários para com os idosos na circulação urbana, esta
foi uma campanha desenvolvida pelo Conselho Municipal do Idoso, e não uma ação
realizada pela SETTRAN. Vale ressaltar também que foi desenvolvida em forma de
campanha, tendo duração determinada, atuando mais efetivamente nos dois
primeiros anos e, em seguida, de forma pontual através de Blitz educativa” e
palestras esporádicas.
Somente no final de 2001, é que foi criado, ainda que de forma “extra-oficial”,
um Setor de Educação para o Trânsito que ficaria responsável por trabalhar
aspectos pedagógicos referentes ao comportamento seguro no trânsito. Antes de
iniciar as atividades, os três funcionários que seriam deslocados das suas funções
para trabalharem de forma efetiva neste setor foram pra um “Workshop de educação
para o trânsito” em São Paulo – SP, com o objetivo de discutir estratégias para
serem utilizadas na cidade. O setor foi formado por um grupo de técnicos de
107
diferentes áreas (engenharia civil, pedagogia e psicologia), tendo que ser
considerado um ponto importante, uma vez que cada área contribuía de forma
específica para a concretização do programa que deveria ser implantado.
No início de 2002, após discutir todas os planos, programas e projetos para
serem implementados na cidade, ficou determinado pelo Secretário de Trânsito e
Transportes, Silas Alves Guimarães, que a estratégia pedagógica a ser utilizada
seria uma “gincana” de Educação para o Trânsito, que deveria envolver alunos,
professores, pais e comunidade em geral. (conforme pode ser visto no anexo). Essa
medida poderia abarcar um número grande de pessoas que seriam informadas
sobre aspectos e comportamentos seguros a serem adotados no trânsito.
Projetos com as mesmas propostas tinham sido desenvolvidos nas cidades
de Jundiaí – SP e Goiânia – GO, tendo sido premiados nacionalmente como
estratégia de ensino-aprendizagem eficaz. A cidade de Jundiaí – SP foi a vencedora
do Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito, por desenvolver de forma ousada e
divertida, um projeto pedagógico para alunos, que participavam das gincanas
desenvolvidas em ginásios da cidade. Então, após a realização de algumas
pesquisas, foi criado e implementado o projeto denominado “Gincana de Educação
para o Trânsito: sua atitude faz a diferença”, que abarcou as informações e os
aspectos positivos dos projetos desenvolvidos pelas cidades citadas, adequando-os
à realidade da cidade de Uberlândia - MG.
O público alvo deste projeto foi crianças e jovens de 5
a
a 8
a
séries do ensino
fundamental que seriam educados de forma direta. Indiretamente, também se
108
buscava educar os professores e informar a comunidade em geral, uma vez que foi
desenvolvido em três fases diferentes, tendo a duração de um ano letivo. A primeira
fase foi desenvolvida no interior de cada escola participante, e os alunos poderiam
montar equipes e disputar entre si com o objetivo de vencer a fase interna e
representar a escola na próxima etapa. A segunda fase foi desenvolvida em praças
e poliesportivos da cidade, aberto ao público em geral; onde escolas de uma mesma
região disputavam entre si e as três melhores escolas, passavam para a última fase,
quando seria conhecida a escola campeã em Educação para o Trânsito naquele
ano. A fase final foi desenvolvida num ginásio na área central da cidade, e contou
com o apoio da mídia local, dando cobertura e divulgando o evento para a sociedade
uberlandense. No primeiro ano de realização, a gincana contou com a participação
de 48 escolas do ensino fundamental de Uberlândia.
Para a realização deste projeto, a SETTRAN elaborou um material
pedagógico (figura 31) contendo informações sobre o trânsito em geral, que servia
de subsídio para os alunos estudarem e conhecerem a realidade do trânsito
brasileiro. Além disso, eles eram obrigados a fazer pesquisas em jornais e revistas,
para se inteirarem do trânsito local.
Figura 31 : Cartilha Educativa da SETTRAN
Fonte: SETTRAN, 2003
109
A seguir são apresentadas as figuras 32 e 33 que ilustram o projeto:
Figura 32: Fase Regional da Gincana de Educação para o Trânsito da SETTRAN
Fonte: SETTRAN/PMU
Figura 33: Fase Final da Gincana de Educação para o Trânsito da SETTRAN
Fonte: SETTRAN/PMU
Durante a preparação da gincana, foram realizadas palestras e
apresentações teatrais com a temática trânsito. Muitas escolas confeccionavam
cartazes e afixavam informações por toda a escola, como pode ser verificado na
figura a seguir.
110
Figura 34: Cartazes confeccionados pelas Escolas durante a Gincana de Educação para o
Trânsito
Fonte: SETTRAN, 2003
A definição de público alvo para participação desse projeto se deu por vários
motivos, entretanto, a equipe pedagógica do setor se pautou em aspectos científicos
para a definição. De acordo com SOUZA (1995), as crianças e os jovens são os
maiores atingidos, uma vez que o trânsito é a principal causa de mortalidade na faixa
de idade entre 05 e 14 anos. O trabalho desenvolvido, nesse ano, foi apresentado
pela equipe de Educação para o Trânsito no 14º Congresso Nacional de Transporte
e Trânsito, realizado em Vitória-ES, apontado como experiência exitosa na área.
O objetivo desse projeto foi despertar o interesse da comunidade escolar para
as questões voltadas para um comportamento seguro no trânsito, enfocando a
postura do cidadão enquanto usuário das vias públicas seja na condição de
pedestre, ciclista, passageiro ou condutor. Segundo dados da SETTRAN, o projeto
alcançou aproximadamente 40.000 pessoas no referido ano. Tiveram a duração de
março a dezembro, envolvendo professores, alunos, pais e comunidade em geral. A
presença de pais compondo as equipes era obrigatória e eles participavam de forma
efetiva nas provas, como pode ser verificado na figura 35.
111
Figura 35: Participação de pais na Gincana de Trânsito em Uberlândia - MG
Fonte: SETTRAN, 2003
Aspectos como respeito ao próximo, principalmente ao idoso e ao portador de
necessidades especiais, gentileza urbana no trânsito e cidadania foram trabalhados
de forma a reforçar a convivência harmônica no trânsito. Na figura 36 a seguir, é
possível verificar a participação de motoristas idosos no trânsito, que possuíam a
Carteira Nacional de Habilitação válida.
Figura 36: Prova do motorista mais idoso – Gincana do Trânsito em Uberlândia - MG
Fonte: SETTRAN, 2003
Um outro aspecto importante deste projeto foi a prova de doação de sangue
desenvolvida em parceria com o hemocentro da cidade, uma vez que em casos de
acidentes de trânsito, é comum a utilização de bolsas de sangue na recuperação do
acidentado.
112
Aliado a esse projeto foi implementado, ainda no ano de 2003, um programa
denominado “Projeto empresa”. As empresas recebiam a visita da equipe da
SETTRAN que ministrava palestras informativas sobre comportamento seguro no
trânsito e a participação de um grupo de teatro, levando de forma lúdica informações
importantes para os funcionários das instituições. Uma vez que o acidente de
percurso é considerado acidente de trabalho, a procura de estratégias educativas
que minimizem o número de acidentes de trânsito se tornou cada vez mais
freqüente, por parte de técnicos, médicos e engenheiros de segurança no trabalho,
responsáveis pelas empresas. A figura 37 mostra uma estratégia utilizada em uma
das empresas da cidade, através da apresentação teatral do grupo de teatro do
Setor de Educação para o trânsito.
Figura 37: Apresentação teatral em empresas da cidade Uberlândia - MG
Fonte: SETTRAN, 2003
Ainda em 2002, a SETTRAN participou de um projeto da empresa FIAT
Automóveis, evidenciando o protagonismo juvenil, através de 50 palestras em
instituições que aderiram ao projeto. As palestras realizadas por Agentes de Trânsito
da SETTRAN enfocavam o comportamento adequado, a ser seguido por pedestres,
113
ciclistas e passageiro, com o objetivo de minimizar os conflitos existentes no trânsito.
Tal parceria teve dois anos de duração.
Pode ser observado então, que a partir do ano de 2002, o Setor de Educação
para o Trânsito buscou desenvolver projetos voltados para a área escolar e para as
empresas e instituições da cidade. Entretanto, a equipe que constituía o setor ainda
era em um número insuficiente de funcionários, contando com quatro Agentes de
Trânsito e 04 estagiários da UFU que compunham o grupo de teatro.
Para a realização dos projetos, o Setor contava com a participação dos
demais agentes de trânsito que tem, como atribuições, a função de trabalhar em
projetos de educação para o trânsito. Isso pode ser ilustrado pela figura 38.
Figura 38: Participação de Agentes de Trânsito nos projetos de Educação para o Trânsito
Fonte: SETTRAN, 2003
Foi trabalhada, ainda pelos veículos de comunicação, uma campanha
referente à faixa de pedestre. A campanha foi terceirizada pela SETTRAN e não
recebeu nenhuma orientação da equipe do Setor. Este é um problema grave, em
Órgãos Públicos, principalmente, quando se tratava de campanhas em televisão e
rádio, e da confecção de materiais educativos para o setor. De acordo com normas
114
internas da PMU, qualquer tipo de ação dessa natureza, teria que ficar a cargo da
Secretaria de Comunicação Social que terceirizava o serviço. Nesse sentido, a
campanha foi desenvolvida por uma consultoria de Belo Horizonte – MG e não
contou com o conhecimento e a troca de informações de pessoas do Setor, que
poderiam contribuir para o seu desenvolvimento.
A campanha da faixa de pedestre teve falha significativa, e acabou por
confundir as pessoas sobre alguns conceitos básicos. Isso aconteceu porque
ressaltou que na faixa de pedestre, a preferência é sempre do pedestre, esquecendo
de enfocar que nas faixas sinalizadas com o semáforo, o pedestre deve aguardar a
sua vez de passar obedecendo à sinalização. Muitos acidentes aconteceram nesse
período, a campanha se mostrou ineficaz, principalmente, por não considerar que a
mudança de comportamento não ocorre de forma rápida e que seria necessário um
trabalho permanente de educação para o trânsito, para que a cultura de travessia e
respeito à faixa fosse implementada na cidade, envolvendo todos os participantes do
trânsito e não somente o pedestre.
Um outro fator importante, que deve ser ressaltado é que a implementação
dessa campanha não levou em consideração o traçado da cidade, que possui
quadras pequenas, com faixa de pedestre em todos os cruzamentos, impedindo
dessa forma, que o motorista pare em todo cruzamento, uma vez que esse hábito
prejudicaria a fluidez do tráfego.
Para que qualquer campanha ou projeto de Educação para o Trânsito
obtenha êxito é necessário que se trabalhe em conjunto com os setores de
115
planejamento, operação e fiscalização de tráfego. A campanha relacionada às
Faixas de Pedestres foi veiculada por alguns meses, sem nenhuma ligação com o
Setor e sem nenhum trabalho em conjunto com os demais projetos implementados
no mesmo ano e deixou de ser veiculada também sem nenhuma explicação.
A título de ilustração, o modelo do folder que foi utilizado na campanha
encontra-se na figura 39:
Figura 39: Folder da campanha da Faixa de Pedestre
Fonte: SETTRAN, 2003
No ano de 2003, deu-se continuidade a realização da 2
a
Gincana de
Educação para o Trânsito, o Projeto em parceria com a Fiat Automóveis e o projeto
“Empresa”. Além disso, foram trabalhadas nesse ano algumas campanhas
específicas de caráter pontual e com datas determinadas para acontecer. Dentre
elas, campanha educativa referente ao “consumo de álcool e direção” (figura 41),
campanha em bares próximo ao feriado do carnaval e campanhas isoladas
referentes a temas específicos.
116
Figura 40: Folder da campanha sobre álcool e direção
Fonte: SETTRAN, 2003
Neste ano, a equipe de Educação para o Trânsito elaborou uma cartilha
contendo aspectos importantes sobre cuidados necessários para a segurança no
trânsito e distribuiu nas empresas e nas escolas da cidade. Esse material, continha
informações para pedestres, ciclistas, passageiros do transporte coletivo, direção
defensiva, motociclista, motorista de veículo automotor, transporte de crianças e a
sinalização de regulamentação indicativa e de advertência (em Anexo).
Em 2004, foi realizada a 3
a
Gincana de Educação para o trânsito e o projeto
empresa também teve continuidade. Neste ano, dois novos projetos foram
desenvolvidos: um deles, denominado “Educando para o trânsito e para a vida”
destinado ao público da educação infantil e da 1
a
a 4
a
séries do ensino fundamental.
O outro projeto implementado foi desenvolvido em parceria com a Superintendência
Regional de ensino – Secretaria Estadual de Ensino de Minas Gerais, e denominou-
se “Mini-curso de educação para o trânsito”, destinado aos professores.
117
O projeto “Educando para o Trânsito e para a vida” foi realizado em diversas
escolas e teve como prática pedagógica à realização de oficinas psicopedagógicas
que exploravam, de forma lúdica, questões ligadas principalmente aos pedestres e
aos ciclistas e conceitos de solidariedade e respeito ao próximo. A equipe
apresentava conceitos e, em seguida, socializava através de música, teatro,
desenhos, pintura, o que as crianças tinham absorvido dos ensinamentos. (figura 41)
Figura 41: Projeto “Educando para a Vida”
Fonte: SETTRAN, 2003
O outro projeto inserido no contexto educacional foi o “Mini curso de
educação para o trânsito” (Figura 42), desenvolvido para professores da rede
estadual de ensino. Mais especificamente, o mini-curso contou com a participação
de professores que ministram aulas no ciclo inicial e complementar de alfabetização
da rede estadual de ensino, na cidade de Uberlândia. Os professores adquiriram
informações importantes sobre a realidade do trânsito brasileiro e a contextualização
do trânsito em Uberlândia e, em seguida, através de jogos e dinâmicas, se tornaram
sujeitos da ação e puderam desenvolver estratégias de como trabalhar a temática
em sala de aula de forma interdisciplinar como tema transversal.
118
Os objetivos desse projeto foram: alertar os educadores para a necessidade
da implementação da educação para o trânsito nas escolas como forma de contribuir
para a humanização do trânsito; sensibilizar os professores visando à formação de
multiplicadores no processo de educação para o trânsito; orientar os educadores
para que, em sua prática pedagógica, mediante uma abordagem interdisciplinar,
propiciem ao educando o despertar para a necessidade de mudança de
comportamento no trânsito. O projeto teve uma aceitação muito boa por parte das
escolas e dos professores, entretanto, não teve continuidade no ano seguinte.
Figura 42: Mini curso de Educação para o Trânsito
Fonte: SETTRAN, 2003
Em janeiro de 2005, a Administração Municipal sofreu alteração. A nova
gestão, pensando de forma diferente sobre a Educação para o Trânsito, optou por
desenvolver uma ampla campanha de Educação para o Trânsito nos meios de
comunicação e de trabalhar com alunos do Ensino Fundamental através de um
projeto denominado Transitolândia, que seria construído pela SETTRAN, em uma
área a ser definida.
No inicio da gestão, foi elaborado pelos funcionários do setor um relatório,
elencando e explicando cada um dos projetos desenvolvidos e destacando algumas
119
sugestões de atividades a serem desenvolvidas pelo Setor, porém apenas as
palestras nas empresas e nas escolas do município tiveram continuidade.
A definição da campanha de Educação para o Trânsito ficou sob a
responsabilidade da Secretaria Municipal de Comunicação e começou a ser
veiculada no segundo semestre de 2005, com o slogan “No trânsito Viver é melhor”
(figura 43). Este tema está sendo utilizado em todos os projetos e campanhas
desenvolvidos pela SETTRAN.
Figura 43: Slogan utilizado pela SETTRAN em 2005
Fonte: SETTRAN, 2003
Ainda em 2005, foram contratados estagiários dos cursos de artes cênicas,
geografia e pedagogia que começaram a visitar as escolas realizando, juntamente
com a equipe do setor, apresentações teatrais e oficinas psicopedagógicas. Neste
ano, foram realizadas 600 atividades em escolas e empresas da cidade.
Em setembro de 2005, foi realizada na Praça Tubal Vilela (localizada no
centro da cidade) uma “feira de trânsito”, durante a Semana Nacional de Trânsito,
120
que contou com a parceria do Corpo de Bombeiros, de alunos da UFU e de alguns
Centros de Formação de Condutores - CFC. Foram distribuídos durante essa
semana 5.000 folders.
Durante toda a semana do trânsito, foi realizada blitz educativa, informando
os motoristas sobre a importância de se respeitar o pedestre, e campanhas nas
faixas de pedestres, enfocando a necessidade de atravessar com na faixa de
pedestre, respeitando a sinalização semafórica quando existente.
Ainda no ano de 2005, a SETTRAN foi incluída na reforma administrativa
realizada pela Prefeitura Municipal de Uberlândia, e o organograma de todas as
Secretarias foi alterado. Entretanto, no novo organograma, apesar de ter sofrido
várias mudanças, não foi oficializado uma “Seção” ou um “Setor” de Educação para
o Trânsito, que continua funcionando de forma extra-oficial na cidade.
Em 2006, a divisão responsável pelo setor, sofreu alteração em sua chefia. A
partir daí, o Setor mudou de sede, sendo inserido dentro da Divisão de Operações
de Tráfego. Isso aproximou o setor dos demais agentes, que passaram a trabalhar
com mais efetividade e perceberam a importância da educação para o trânsito e a
conseqüente necessidade de se trabalhar em conjunto com a fiscalização.
Ainda no primeiro semestre de 2006, foi implantada a “Transitolândia –
Espaço Vivencial de Trânsito”, localizado dentro da área lúdica do Parque do Sabiá,
aliada ao “Mundo da Criança”, que atualmente é composto por um grande parque de
diversões. (Figura 44). O projeto visa estimular no aluno hábitos e comportamentos
121
seguros no trânsito, através da vivência de atitudes que permitam a tomada de
consciência para a necessidade de contribuir através do seu comportamento, para a
melhoria no trânsito.
Figura 44: Transitolândia no Parque do Sabiá – Uberlândia - MG
Fonte: SETTRAN, 2006
A SETTRAN propõe, através deste projeto, que a Educação para o Trânsito
seja efetivada no município, começando com o público infantil, onde o mesmo possa
vivenciar momentos de respeito e solidariedade no trânsito, sendo pedestre e
ciclista.
Um aspecto importante a ser considerado neste projeto é a inserção de
sinalização para portadores de necessidades especiais, com rampas de acesso,
permitindo assim a socialização das crianças para com estes detalhes, onde a
solidariedade e o respeito ao próximo se fazem necessárias.
Em 2006, continuaram acontecendo, semanalmente, a campanha educativa
nas faixas de pedestres, com a distribuição de material educativo para as pessoas
que transitam nas vias centrais da cidade (Folder anexo). Pedestres são abordados
122
e orientados quanto à necessidade de atravessar na faixa de pedestre e de
obedecer à sinalização semafórica quando existente.
Com o objetivo de criar um esforço combinado de diferentes setores da
sociedade, e unir esforços para a humanização do trânsito na cidade, foi proposto
pela SETTRAN, em dezembro de 2005, a criação do Conselho Municipal de
Educação para o Trânsito (proposta em anexo), que deverá ser efetivado ainda em
2006. O Conselho tem como ponto de destaque a junção de pessoas ligadas a
diversas áreas de conhecimento que muito contribuirão para minimizar os conflitos
na circulação, reduzir o número de acidentes de trânsito na cidade e aprimorar a
prática interdisciplinar de aplicação da metodologia a ser utilizada para tal fim.
A proposta do Conselho é definir as ações de caráter permanente
relacionados à Educação para o Trânsito na cidade de Uberlândia, atuando de forma
consultiva e normativa. De acordo com a minuta enviada para a Procuradoria Geral
do Município (anexada no final dessa dissertação) e autorizada pelo Secretário de
Trânsito e Transportes, Paulo Sérgio Ferreira, o Conselho terá como atribuições
elaborar projetos, programas e campanhas de educação para o trânsito e coordenar
sua execução. Várias reuniões estão sendo realizadas, visando à construção do
Programa Permanente de Educação para o Trânsito a ser implementado na cidade.
A idéia é discutir os problemas e para isso estão sendo realizadas as apresentações
sobre a contextualização dos acidentes de trânsito da cidade e em seguida, serão
estabelecidos os projetos que irão compor o programa permanente. Vale ressaltar
que a junção de várias áreas de conhecimento é, talvez, a melhor contribuição do
conselho para a eficácia das estratégias educacionais a serem implementadas.
123
Durante o ano de 2006, o Setor de Educação para o Trânsito está
desenvolvendo os seguintes projetos: campanha nas Faixas de Pedestre,
desenvolvida nas ruas da cidade; realização de blitz educativa; participação em
palestras e stands informativos durante a realização da Semana Interna de
Prevenção de Acidente – SIPAT nas empresas da cidade; e, e projeto transitolândia,
atendendo diariamente aos alunos das escolas públicas e privadas no espaço
vivencial do Parque do Sabiá. Entretanto, o Programa Permanente de Educação
para o Trânsito a ser implementado pelo Setor de Educação para o Trânsito da
SETTRAN será definido pelo Conselho Municipal de Educação para o Trânsito.
3.4 – Perspectivas de uma Nova Mobilidade: a Contribuição da Educação para
o Trânsito
Algumas observações necessitam ser pontuadas, ao se falar em uma “nova”
mobilidade urbana. Primeiramente, é fundamental enfatizar que para que o espaço
urbano se torne melhor, mais humanizado e seguro é necessário que haja um
trabalho em conjunto, entre as áreas de planejamento e fiscalização. Os técnicos
responsáveis pela sinalização, alteração geométrica e mesmo os responsáveis por
aprovação de loteamentos, precisam trabalhar de forma conjunta com os demais
segmentos.
A fiscalização também necessita estar em consonância com o trabalho
educativo, uma vez que somente a punição, pouco resolve como estratégia
educativa e de mudança comportamental no indivíduo.
124
Trabalhando em conjunto, estes três vértices poderão ter resultados mais
satisfatórios, uma vez que a abrangência das ações em conjunto se torna mais
completa e, conseqüentemente, mais eficaz.
Neste sentido, serão apresentadas algumas ponderações sobre como
trabalhar a Educação para o Trânsito de forma que contribua para efetivação de um
ambiente humano e seguro no trânsito.
Primeiramente, é necessário despertar para a importância de programas
permanentes de Educação para o Trânsito que devem obrigatoriamente estar em
acordo com as demais áreas e vice versa. De nada resolve a realização de
campanhas esporádicas e com caráter político. As medidas precisam ser efetivas e
duradouras.
Um outro fator primordial é trabalhar a Educação para o Trânsito através de
dois princípios básicos: Formação e Informação. Isso se faz necessário, uma vez
que a criança é possível ser formada e o adulto, apenas informado. Quando se fala
em formação da criança, supõe-se que é na infância que ela tem seus princípios e
valores assimilados e incorporados.
Para a formação é necessário trabalhar dentro da escola e desenvolver
estratégias que valorizem a gentileza e o respeito no trânsito. Isso pode ser feito
desde a Educação Infantil até a concretização do ensino fundamental. Como prevê o
CTB, tais medidas devem ser realizadas de forma interdisciplinar na sala de aula.
125
Como estratégia pedagógica, podem ser utilizados recursos lúdicos que
permitam a socialização da criança com o tema. O teatro tem se mostrado uma
estratégia muito utilizada e com resultados excelentes.
Os adultos precisam ser constantemente informados porque pressupõe-se
que já têm uma idéia formada sobre o trânsito. Entretanto se faz necessário o
resgate de valores para que possam ser mais gentis e educados no trânsito.
Um outro fator importante é a conscientização de técnicos (geógrafos,
engenheiros e arquitetos) que trabalham na área. Uma vez que a cidade não é
planejada e que o número de veículos é crescente, os profissionais que atuam
nessa área precisam estar atentos para que não desenvolvam projetos que possam
acarretar em futuros conflitos no trânsito.
Isso pode ser exemplificado na importância de se pensar o trânsito e a
mobilidade urbana no futuro, ao se aprovar um loteamento. Ou pode ser
exemplificado também quando um técnico desenvolve uma alteração geométrica ou
um projeto de sinalização, desconsiderando o pedestre e a problemática futura que
a alteração causará.
126
127
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esse estudo, foi possível perceber a realidade da Educação para o
Trânsito no Brasil, e a necessidade de ser implementada de forma mais efetiva para
a concretização de uma “nova” mobilidade urbana.
Uma vez que a sociedade está cada vez mais urbana e que os conflitos no
trânsito estão cada dia mais exacerbados, se faz necessário pensar em alternativas
que possam minimizar esses problemas e atuar de forma efetiva para diminuí-los.
Como processo pedagógico, a Educação para o Trânsito é a responsável por
incutir no cidadão uma postura mais humana e segura no trânsito, é preciso que ela
atue de forma sistêmica e permanente, principalmente, porque as mudanças não
ocorrem de forma instantânea e sim a longo prazo.
Pela análise de atividades desenvolvidas em várias cidades do Brasil,
incluindo a cidade de Uberlândia – MG, definida para estudo de caso, foi possível
perceber que existem diversas estratégias sendo utilizadas como didática para a
redução de conflitos e acidentes no trânsito. Entretanto, é importante destacar que
mesmo assim, o número de acidentes tem aumentado no país. Isso demonstra que
algo está sendo feito de forma errada, uma vez que os resultados não estão sendo
satisfatórios.
É necessário que a Educação para o Trânsito seja tratada de forma prioritária
pelos Órgãos Gestores. Porém, no decorrer desta dissertação ficou claro que isso
128
não ocorre, nem por parte do Governo Federal e nem por parte dos governos
estaduais e municipais. Basta reforçar, que o dinheiro do FUNSET, que deveria ser
utilizado para ações destinadas à melhoria do trânsito, está contingenciado.
Seria necessário que os municípios agissem de forma mais incisiva, cobrando
do DENATRAN, a aplicação deste valor em programas de Educação para o
Trânsito.
Apesar do CTB ser um dos melhores e mais completos do mundo, é possível
enfatizar que a Lei não é cumprida, o que também prejudica muito. Uma vez que o
DENATRAN não faz a parte que lhe compete, não fiscaliza e nem cobra a aplicação
do Capítulo VI nos municípios que fazem Educação para o Trânsito da sua maneira.
A proposta desta dissertação foi instigar uma discussão sobre uma possível
implementação de estratégias, visando a uma melhor organização do espaço urbano
e a redução do número de conflitos de trânsito na cidade.
A união de vários seguimentos talvez seja uma excelente alternativa para a
efetivação de medidas que tenham resultados positivos. O que está acontecendo na
cidade de Uberlândia – MG, com a criação do Conselho de Educação para o
Trânsito é algo importante, uma vez que a junção de opiniões de diferentes áreas
podem contribuir sobremaneira para a implementação de um programa único e
abrangente de Educação para o Trânsito.
129
Foi possível verificar que muitas estratégias utilizadas pelos órgãos gestores
trazem, mesmo que de forma implícita, a valorização do automóvel. Isso é algo que
necessita ser mudado, uma vez que é preciso investir no fator humano e mostrar as
possíveis formas de deslocamento senão o automóvel.
Porém, para que as pessoas optem por circular pelo espaço urbano de
formas alternativas, utilizando bicicletas e transporte público, é imprescindível que a
cidade esteja preparada para isso, o que não acontece na maioria dos municípios. A
oferta do transporte público é pequena, e a infra-estrutura e o apoio para pedestres
e ciclistas ainda é insatisfatória, fato este que necessita ser alterado para se
reorientar a organização espacial.
Não é possível se trabalhar a Educação para o Trânsito dissociada de todos
os fatores elencados acima. É necessário que ela seja tratada como uma
ferramenta importante na busca de uma sociedade melhor, com menos acidentes,
com menos conflitos. Entretanto, como citado anteriormente, é necessário enfatizar
que para que as medidas sejam implementadas com sucesso, é primordial a junção
de várias áreas e a inserção da Educação para o Trânsito como prioridade, tanto
pelo Governo Federal como pelos governos estaduais e municipais.
A sociedade clama por uma “nova” mobilidade urbana, isso é fato. Porém, é
necessário trabalhar para que realmente possamos viver em um mundo mais
harmônico, e para isso o fator comportamental, trabalhado por meio da Educação
para o Trânsito se torna indispensável.
130
131
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139
140
ANEXOS
1 – Capítulo VI – Código de Trânsito Brasileiro (Lei n° 9.503 de 23/09/1997).
2 – Resolução n° 120 de 14 de fevereiro de 2001.
3 – Kit Pedagógico educativo utilizado pela SETTRAN.
4- Folder do Corredor Estrutural João Naves.
5 – Regulamento da Gincana de Educação para o Trânsito.
6 – Cartilha Educativa elaborada para a Gincana.
7 – Folder utilizado nos anos de 2005/2006 pela SETTRAN.
8 – Apresentação do Conselho Municipal de Educação para o Trânsito.
9 – Proposta de Minuta do Conselho Municipal de Educação para o Trânsito.
141
Código de Trânsito Brasileiro
LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997
CAPÍTULO VI - DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO
Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e constitui
dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito.
§ É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada
órgão ou entidade componente do Sistema Nacional de Trânsito.
§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito deverão
promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convênio,
o funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões
estabelecidos pelo CONTRAN.
Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os
cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser
promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de
Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados
prolongados e à Semana Nacional de Trânsito.
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito
deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de
acordo com as peculiaridades locais.
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter
permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens
explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente,
com a freqüência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema
Nacional de Trânsito.
142
Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e
nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações
coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito
e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, nas respectivas áreas de atuação.
Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério
da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do
Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou
mediante convênio, promoverá:
I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo
interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito;
II - a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas
escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e
multiplicadores;
III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento
e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito;
IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto
aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à
integração universidades-sociedade na área de trânsito.
Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá ao Ministério
da Saúde, mediante proposta do CONTRAN, estabelecer campanha
nacional esclarecendo condutas a serem seguidas nos primeiros socorros
em caso de acidente de trânsito.
Parágrafo único. As campanhas terão caráter permanente por
intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, sendo intensificadas nos
períodos e na forma estabelecidos no art. 76.
Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desporto, do
Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por intermédio do CONTRAN,
desenvolverão e implementarão programas destinados à prevenção de
acidentes.
143
Parágrafo único. O percentual de dez por cento do total dos valores
arrecadados destinados à Previdência Social, do Prêmio do Seguro
Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Via
Terrestre - DPVAT, de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de
1974, serão repassados mensalmente ao Coordenador do Sistema
Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em programas de que trata
este artigo.
Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de trânsito poderão firmar
convênio com os órgãos de educação da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, objetivando o cumprimento das obrigações
estabelecidas neste capítulo.
144
RESOLUÇÃO N
o
120, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2001.
Dispõe sobre o Projeto Educação e Segurança no Trânsito – escolas de ensino
médio – que trata da inclusão de conteúdos específicos sobre Trânsito no
Ensino Médio, em consonância com o disposto na Resolução 050/98 –
CONTRAN e define procedimentos para implantação nas escolas interessadas.
O CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN, usando da
competência que lhe confere o art. 12, inciso I, da Lei n
o
9.503 de 23 de setembro de 1997,
que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro - CTB, e conforme Decreto n
o
2.327, de 23 de
setembro de 1997, que dispõe sobre a Coordenação do Sistema Nacional de Trânsito, e
Considerando a necessidade de medidas complementares para o cumprimento no
disposto no Código de Trânsito Brasileiro, Capítulo VI – artigos 74 e 76 inciso I, II;
Considerando a necessidade do desenvolvimento de uma Política Nacional de
Educação e Segurança no Trânsito voltada, sobretudo, para o grupo considerado de risco,
constituído pela população adolescente que se insere nas escolas de ensino médio em todo
território nacional;
Considerando a importância de desenvolver valores, integrando o jovem no
sistema trânsito nos seus diferentes papéis;
Considerando ainda a necessidade premente da melhoria do processo de formação
de condutores e o fato de ser a unidade escolar de ensino médio célula composta por docentes
devidamente qualificados, resolve:
Art. 1
o
Instituir o Projeto de Educação e Segurança no Trânsito -Escolas de
Ensino Médio, com conteúdos específicos voltados para a formação e desenvolvimento de
comportamentos seguros no trânsito, de conformidade com o disposto na matriz conceitual do
Anexo desta Resolução.
145
Art. 2
o
O Projeto, uma vez desenvolvido de conformidade com todos os
requisitos constantes desta Resolução e seus Anexos, será reconhecido pelo Departamento
Nacional de Trânsito - DENATRAN, como a formação teórico-técnica necessária para que o
aluno integrante deste Projeto, possa submeter-se ao exame teórico a que se refere o Artigo
3
o
e seu parágrafo único da Resolução 050/98 do CONTRAN.
Art. 3
o
As escolas interessadas no desenvolvimento do Projeto em tela deverão
ser credenciadas pelo DENATRAN, devendo, para isto, cumprir os seguintes procedimentos
utilizando os instrumentais específicos:
a) solicitar inscrição no Projeto citado;
b) apresentar o Coordenador responsável pelo desenvolvimento do referido
Projeto na respectiva unidade escolar, bem como a Equipe Docente;
c) apresentar Planejamento do desenvolvimento dos conteúdos.
Art. 4
o
O credenciamento será homologado pelo Departamento Nacional de
Trânsito – DENATRAN, após o cumprimento do disposto no artigo 3
o
desta Resolução.
Art. 5
o
Uma vez cumprido o desenvolvimento do Projeto, a escola remeterá ao
DENATRAN, a relação nominal dos alunos aprovados.
Art. 6
o
Aos alunos cuja avaliação for considerada satisfatória pela Equipe
Docente, será expedido pela Escola um certificado de participação no Projeto.
Art. 7
o
De posse do Certificado referido no artigo anterior, o aluno interessado
na Permissão para Dirigir desde que preencha os requisitos exigidos no Art. 140 da Lei 9.
503, de 23 de setembro de 1997, deverá encaminhar-se ao DETRAN, onde dar-se-á o inicio
do processo de habilitação.
Art. 8
o
Cabe ao DENATRAN regulamentar esta Resolução, definindo critérios,
instrumentais específicos e etapas de implantação do projeto.
146
Art. 9
o
Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
JOSÉ GREGORI
Ministério da Justiça - Titular
JOSÉ CARLOS CARVALHO
Ministério do Meio Ambiente -Suplente
LUCIANO OLIVA PATRÍCIO
Ministério da Educação - Suplente
ALEX CASTALDI ROMERA
Ministério da Defesa - Representante
CARLOS AMÉRICO PACHECO
Ministério da Ciência e Tecnologia - Suplente
ALDERICO JEFFERSON DA SILVA LIMA
Ministério dos Transportes - Representante
PAULO MARCOS CASTRO R. DE OLIVEIRA.
Ministério da Saúde - Representante
147
ANEXO - Projeto EDUCAÇÃO/SEGURANCA NO TRÂNSITO-ESCOLAS DE ENSINO
MÉDIO - MATRIZ CONCEITUAL
Item Comportamento
Esperado
Competência Visada Itens Disciplinas envolvidas
Operadores
Carga
Horária
1
Situar-se
adequadamente no seu
espaço vivencial.
Apropriar-se e
respeitar o direito de ir e
vir.
Adotar um
comportamento
adequado de respeito
mútuo.
Respeitar as
prioridades de circulação
e de acesso.
Adotar postura de co-
responsabilidade no
desempenho do Sistema
Trânsito.
Compreensão do processo
de desenvolvimento regional
/ local
Domínio de localização de
seu espaço vivencial e do
uso deste espaço como
necessidade de
deslocamento
Apropriação e respeito do
direito de ir e vir
Visualização espacial da
sua realidade junto a
identificação do meio
ambiente
Identificação das
responsabilidades dos
múltiplos papéis
desempenhados no trânsito.
Entendimento da
utilização do espaço pelos
diferentes usuários e
diferentes meios de
transportes: pedestres,
ciclistas, passageiros em
geral, carro, ônibus,
caminhões, motos, etc.
Desenvolvimento Urbano
e Sistema Trânsito
Desenvolvimento
Urbano
- Formação das cidades
- Necessidade de
deslocamentos
- Necessidade de
organização
- Evolução dos meios de
transporte
- Impacto Ambiental
- A interferência pessoal/
familiar X automóvel
Sistema Trânsito
> Elementos envolvidos:
vias/ veículo/ pessoas
> conflitos de circulação
- acordos sociais
> Prioridades
- Pedestre
- Transporte de emergência
- Transporte coletivo
> Papéis no Trânsito
- Condutor
- Pedestre
- Passageiro
- Morador
- Profissional de trânsito
- Expectativas e
necessidades
HISTORIA
Evolução urbana, desde os
primórdios das fundações e
conseqüentes formações das
cidades, até as grandes
metrópoles que existem hoje,
bem como da evolução da sua
própria cidade.
Necessidade de organização
com o apoio da legislação
como conseqüência dos
acordos sociais.
GEOGRAFIA
Localização de sua cidade e
suas características.
FÍSICA
Princípios fundamentais da
cinemática, como
deslocamento, variação de
espaço e distância percorrida.
Conceito de ponto de
referência e Estudo das “Leis
de Newton” e Inércia, nas
relações entre condutor,
passageiro e veículo.
PORTUGUÊS/ INGLÊS
Análise de textos sobre
relações humanas
2
1
2
1
148
Item Comportamento
Esperado
Competência Visada Itens Disciplinas envolvidas
Operadores
Carga
Horária
1
cont.
Saber ler guias e
mapas.
contribuir para uma
melhor qualidade de vida
sua e da comunidade.
Valorizar a legislação
enquanto acordo social.
reconhecimento da
importância das relações dos
componentes da
comunidade.
Reconhecimento da
necessidade de organização
e da legislação como acordo
social.
Sinalização como acordo
universal.
> Responsabilidades do
cidadão e do poder público
> Relações interpessoais
> Análise de alternativas de
trajetos e de meios de
transporte para seus
deslocamentos
Conhecimento da cidade
- localização
- mapas e guias
- características das vias
- sinalização
Qualidade de Vida
- contribuição social
resultante dos
comportamentos das
pessoas, das condições dos
veículos e da operação dos
mesmos
Legislação - acordo
social
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
Elaboração de representação
da cidade ou área.
BIOLOGIA
Estudo sobre impacto
ambiental.
PORTUGUÊS E INGLÊS
Análise de textos referentes
aos diferentes papéis:
condutor, pedestre, passageiro,
morador e profissionais de
trânsito
Análise de textos sobre
prioridades de circulação.
EDUCAÇÃO FÍSICA
Ritmo individual de cada
aluno; diferentes ritmos em
relação aos usuários do trânsito
em geral.
Estudo da ocupação de
espaço.
1
1
2
1
Item Comportamento
Esperado
Competência Visada Itens Disciplinas Envolvidas
Operadores
Carga
Horária
2
entender a importância
da participação do
cidadão na organização
do sistema trânsito
reconhecer a
importância da legislação
para o convívio no
trânsito
respeitar as
disposições da legislação
Conhecimento da
Legislação de Trânsito
Conhecimento das
disposições do Código de
Trânsito Brasileiro
Conhecimento da
estrutura do Sistema
Nacional de Trânsito e
respectivas competências e
responsabilidades
Entendimento das normas
de circulação e conduta e
das penalidades aplicáveis
em caso de não
cumprimento
Legislação de Trânsito
O Código de Trânsito
Brasileiro
> filosofia e inovações
- habilitação
- direitos e deveres de
pedestres e ciclistas
- responsabilidade do
proprietário, do fabricante
de veículos e do poder
público
- municipalização
- educação para o trânsito
- engenharia de tráfego e
novas tecnologias
Organização do Sistema
Trânsito
> Estrutura do Sistema
Nacional de Trânsito
- Atribuições/
responsabilidades
- Inter-relações entre os
órgãos componentes
- O processo de
municipalização
> Planejamento/ operação/
fiscalização/ educação
Infrações, Penalidades,
Medidas administrativas e
Crimes de trânsito
Legislação inserida nos
conteúdos outras unidades
HISTÓRIA
Estudo da legislação de
trânsito: leis, decretos,
resoluções, portarias
Estudo do Código de
Trânsito Brasileiro
- conceito, importância
- utilização
Estudo dos órgãos
responsáveis pelo sistema de
trânsito e do processo de
municipalização.
1
149
Item Comportamento
Esperado
Competência Visada Itens Disciplinas envolvidas
Operadores
Carga
Horária
3
Reconhecer a
importância da
regularidade da
documentação do
veículo.
Manter o veículo em
condição adequada de
circulação.
Assumir a
responsabilidade dos
custos relativos ao
veículo.
Conhecimento da
estrutura e funcionamento de
veículos.
Compreensão da
importância da manutenção
veicular como forma de
garantir a segurança e a
melhoria da qualidade do ar
nas cidades.
Avaliação dos custos reais
de um veículo.
Conhecimento das
características do veículo
através do Manual do
Proprietário e das
recomendações do
fabricante.
Veículo
Tipos de veículos
Documentação
- identificação
- licenciamento
Estrutura e
funcionamento
- principais sistemas
Equipamentos
obrigatórios
Mecânica Básica
Manutenção
Manutenção preventiva
Veículo como agente
poluidor
- regulamentação do
CONAMA
- emissão de gases
- emissão de partículas
- emissão sonora
Identificação de custos:
taxas, manutenção e
combustível
Desempenho do veículo:
km/l
QUÍMICA
Estudo sobre poluentes
produzidos pelos veículos e
sobre qual seria a condição
adequada do veículo para
circular.
Estudo sobre catalisador.
FÍSICA
Estudo dos sistemas do
veículo.
Estudo do sistema elétrico
do veículo.
Estudo dos diversos tipos de
freios: ABS, a disco e a
tambor, considerando a
“velocidade Segura”.
Estudo sobre acústica
MATEMÁTICA
Elaboração de gráficos e
tabelas comparativas de
desempenho entre veículos que
estejam adequadamente
mantidos e os demais.
HISTÓRIA
Tipos de veículos,
identificação e licenciamento
Equipamentos Obrigatórios
1
8
1
1
Item Comportamento
Esperado
Competência Visada Itens Disciplinas envolvidas -
Operadores
Carga
Horária
4 Legislação
respeitar as
disposições do Código de
Trânsito Brasileiro/ a
sinalização/ as
autoridades de trânsito
respeitar a atribuição
concedida na respectiva
categoria de habilitação
portar os documentos
pessoais e do veículo
respeitar a sinalização
como forma de
segurança individual e
coletiva
Legislação
reconhecimento da
importância da formação
para o exercício da
condução veicular
entendimento da
sinalização como forma de
comunicação: interpretação
das mensagens da
sinalização
entendimento das normas
de circulação e conduta e
das penalidades aplicáveis
em caso de não
cumprimento
identificação das
responsabilidades no trânsito
Operação
Habilitação
Sinalização
- vertical
- horizontal
- dispositivos de
sinalização auxiliar
- luminosa
- sonora
- gestos do agente e do
condutor
Normas gerais de
circulação e conduta
Infrações e Penalidades
Crimes de Trânsito
Legislação
EDUCAÇÃO FÍSICA
Estudo sobre “sinalização”
a ser trabalhado em diversas
dinâmicas.
HISTÓRIA
Processo de formação do
condutor
Sinalização
Conceitos de Normas Gerais
de Circulação e Conduta e de
infrações, penalidades e crimes
de trânsito
2
11
150
Condição Pessoal
avaliar suas condições
físicas e emocionais para
conduzir o veículo
respeitar as diferenças
individuais
Condição Pessoal
compreensão da
influência das condições
pessoais na direção de
veículos
identificação do condutor
como responsável pelo
cumprimento das posturas e
regras no veículo
compreensão da
importância do
escalonamento adequado das
marchas do veículo para
aeconomia de combustível e
emissão de poluentes
Condição pessoal do
condutor
- física e emocional,
medicamentos e drogas
- em circulação: ângulos
de visão, ofuscamento,
tempo de reação
- postura na via
- efeitos dos poluentes no
comportamento psicológico
e fisiológico do condutor
Condição Pessoal
BIOLOGIA
O organismo humano –
estado “adequado” para
conduzir um veículo.
O “olho humano” e suas
reações.
O ouvido humano e suas
reações
Ação de drogas no
organismo.
PORTUGUÊS E INGLÊS
Análise e interpretação de
textos sobre drogas em geral.
EDUCAÇÃO FÍSICA
Estudo sobre preparo físico
dos alunos.
5
1
1
Item Comportamento
Esperado
Competência Visada Itens Disciplinas envolvidas -
Operadores
Carga
Horária
4
cont.
Modo de dirigir
Assegurar-se de que o
veículo se encontra em
condições para circular
Utilizar o cinto de
segurança e fazer com
que os demais ocupantes
do veículo também o
façam
Acomodar
adequadamente a
bagagem
Adequar-se
fisicamente para a
condução do veículo
(acertar espelhos, banco,
direção etc
Cuidar para que o
embarque / desembarque
ocorram de forma
adequada
Modo de dirigir
entendimento da
importância do cinto de
segurança para todos os
ocupantes do veículo
compreensão da
responsabilidade do
condutor na segurança dos
ocupantes do veículo
compreensão da
importância das condições
gerais do veículo e da
correta maneira da condução
para a qualidade de vida
Entrando em circulação
- Documentos de porte
obrigatório
- Pré-vistoria do veículo
- Programação de trajetos
- Embarque e
desembarque
- Acomodação de
bagagens
- Acomodação do
condutor e passageiros:
cinto de segurança
Modo de Dirigir
PORTUGUÊS E INGLÊS
Dramatização da situação de
“rotina” do condutor,
valorizando cada etapa que o
mesmo deverá cumprir para
realizar a condução de um
veículo.
2
Item Comportamento
Esperado
Competência Visada Itens Disciplinas envolvidas -
Operadores
Carga
Horária
4
cont.
Circulação
Perceber os riscos em
diferentes situações de
trânsito.
Adotar postura de
gerenciamento de riscos.
utilizar velocidade
segura
Ver e ser visto
posicionamento
adequado na via
Circulação
Compreensão da
metodologia de
gerenciamento de risco.
Diferenciação de locais de
circulação para atuar
adequadamente em cada um
deles
Avaliação, em cada
situação, em função dos
fatores envolvidos, de qual a
Gerenciamento de Risco
– comportamento seguro
- via/ veículo/ pessoas
Posicionamento na via
Prioridades
Ver e ser visto
Velocidade
- tempo de reação/
frenagem/ parada
- velocidade segura
Ultrapassagem
Circulação
FÍSICA
Velocidade média de
veículo.
Velocidades máximas
estabelecidas pelo Código e no
seu município.
Aceleração média de um
veículo.
Atrito na pista, segurança
6
151
Saber ler mapas e
guias e planejar trajetos
velocidade adequada
Entendimento dos
procedimentos necessários
para colocar o veículo em
circulação
Entendimento da
importância do uso do cinto
de segurança
Manobras
Estacionamento e Parada
Situações ambientais
nas curvas e respeito à
segurança quando da
construção de vias públicas.
Condições adequadas para a
ultrapassagem de veículos.
Determinação de distância
focal e luz de ofuscamento.
BIOLOGIA
Análise dos impactos sobre
o corpo humano no que diz
respeito à sua Segurança.
Necessidade de respeito ao
meio ambiente.
GEOMETRIA
Estudo de ângulos.
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
Percepção de cores.
GEOGRAFIA
Clima.
1
1
Item Comportamento
Esperado
Competência Visada Itens Disciplinas envolvidas -
Operadores
Carga
Horária
5
saber identificar a
situação emergencial
tomar as providências
para evitar o
agravamento da
situação
acionar recursos de
atendimento
no caso de existência
de vítimas, atender as
mesmas até a ghegada
do socorro
preservar sua
segurança pessoal e
das demais pessoas
prestação de primeiros
socorros somente nos
casos de necessidade
Conhecimento dos
procedimentos básicos
para sinalizar, solicitar
socorro, avaliar a
gravidade e atender a
vítima até a chegada do
socorro
- Identificação de
situações de urgência
e emergência
- Identificação do
papel do socorrista
- Avaliação da
situação e das
condições gerais da
vítima
- Conhecimento dos
procedimentos
básicos para
atendimento da
vítima até a chegada
de socorro
especializado
- Identificação dos
recursos da
comunidade para
atendimento a
situações
emergenciais
Atendimento a Situações
Emergenciais Primeiros
Socorros
situações emergenciais:
- alagamento,
- atolamento,
- pane e avarias
Atendimento a Situações
Emergenciais
- análise do local
- identificação da
gravidade da
situação
- acionamento de
recursos
Primeiros Socorros
- Conceito
- análise da situação
- Papel do socorrista
- Limites individuais e
circunstanciais
- Procedimentos
básicos específicos
- Fratura
- Hemorragia
- Queimadura
- Parada respiratória
- Parada cardíaca
- Estado de choque
PORTUGUÊS E INGLÊS
Interpretação e análise de
textos que tratem de causas
de acidentes.
MATEMÁTICA
Estudos de gráficos e tabelas
que mostrem incidências de
acidentes, tipos que mais
ocorrem, fatores de risco,
faixas etárias envolvidas,
classes sociais etc.
BIOLOGIA
Indicação de procedimentos
básicos de primeiros
socorros considerando
anatomia e fisiologia.
Atendimento a situações
emergenciais: identificação,
sinalização e acionamento
de socorro.
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