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ampliação das ideias do grupo. Entende-se que a partir do “Projeto
Interdisciplinar do município de São Paulo” o grupo também adquiriu
conhecimentos e estabeleceu práticas, contribuindo
― assim como o
projeto do Rio Grande do Norte ― para uma amplia
ção das ideias do
grupo, em um movimento articulado de teoria e prática, no qual a
construção de programas escolares e currículos envolveu um processo
contínuo de ação e reflexão, baseado nos 3MP.
A participação de dois dos integrantes do grupo, Angotti e
Delizoicov, em outro projeto educativo, permitiu a proposição do
emprego dos 3MP em contexto diferente daqueles em que foram
construídos e fundamentados durante os três projetos, ou seja, na
produção e disseminação dos livros
Metodologia do Ensino de Ciências
e Física.
Constatou-se que as obras estão permeadas por uma concepção
educacional progressista, que considera a dialogicidade e a
problematização do conhecimento. Evidenciou-se, de acordo com os
discursos veiculados nas obras, que o educando, ao invés de passivo e
acrítico, e o educador, ao invés de “dono” e “prescritor” de verdades,
são sujeitos críticos, históricos e transformadores do mundo vivido.
Apreendem a realidade não mais como algo estático, mas como algo
construído pela ação humana e, portanto, em permanente processo de
construção e reconstrução. Mesmo assim, foi possível reconhecer que
dois grupos de educadores estiveram envolvidos no contexto de
produção das obras, com premissas distintas; que estabeleceram
interação, e que dessa interação emergiram outras modificações na
abordagem e uso dos 3MP. Na obra
Metodologia do Ensino de Ciências,
uma perspectiva curricular pautada pela abordagem conceitual fica
evidente. Já na obra
Física, a perspectiva de uma abordagem temática é
explorada, porém, não de temas geradores, conforme ocorreu com os
três projetos anteriores, mas que possibilita uma conexão entre o
conhecimento em Física e as situações de relevância social, reais,
concretas e vividas, dependendo da maneira que se compreende como
deve ser realizada essa problematização.
De fato, o termo problematização vem sendo usado de maneira
indiscriminada, de modo que, quando se fala em inovações, a
problematização está presente. Assim como com o cotidiano
― que
levou Pierson (1997) a realizar sua pesquisa de doutorado ―,
é possível
reconhecer que a problematização também está sob um modismo, sendo
levada para a sala de aula muitas vezes de forma maquinal, não
representando avanços na educação. Além disso, o termo
problematização é realmente polissêmico, conforme constata o trabalho