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cenário estrangeiro, Salgado freqüenta em Paris, de 1969 a 1971, a Escola Nacional de
Estatística Econômica. Em 1971 obteve o doutoramento, também em Economia. De 1971 a
1973 trabalhou em alguns países da África para a Organização Internacional do Café, baseada
em Londres. Durante seu trabalho, utilizou a câmera de sua esposa Lélia como suporte para a
documentação de seu trabalho.
O contato com a prática fotográfica lhe permitiu compreender uma nova forma de
expressão- a linguagem visual. A partir daí, ele começa a perceber a relevância da fotografia
para seu trabalho. “Quando voltei a Londres, as fotos me deram dez vezes mais prazer que os
relatórios econômicos que tinha que escrever”
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. E, assim, aprofundou-se nos estudos sobre
as sociedades a partir das imagens, e buscou adquirir espaço dentro do fotojornalismo
internacional. No entanto, percebemos que os traços adquiridos pelos estudos em Economia,
não se distanciaram da maneira de pensar e de produzir o seu estilo fotográfico.
A mescla entre a beleza e o engajamento social, resultou em fotografias que tratam de
temáticas que atingem proporções mundiais. A princípio, suas fotografias conquistaram o
público europeu, o que garantiu a Salgado um lugar de destaque em agências de imagens
internacionais. Em 1974, ele ingressa na agência Sygma, cobrindo imagens em Portugal,
Moçambique e Angola. No ano seguinte, passa a trabalhar para a agência Gama.
Já em 1979, Salgado entra para a Magnum
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, uma das mais importantes agências de
imagens do mundo, por onde passaram importantes nomes da fotografia internacional, como
Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, Eugene W. Smith e Robert Frank. Como fotógrafo do
jornalismo diário, ele produziu fotografias para fins diversos e em diferentes lugares do
mundo. Cobriu as guerras em Angola e no Saara Espanhol, israelitas aprisionados em Entebe,
os incêndios de poços de petróleo no Kwait e a tentativa de assassinato do presidente Ronald
Reagan. No entanto, foram as longas reportagens fotográficas ou fotodocumentais,
envolvendo a temática da fome, os trabalhadores do mundo, os processos de migrações
contemporâneas, a luta pela terra, e, mais recentemente, a natureza ainda intocada, seus
trabalhos mais reconhecidos. Seu primeiro trabalho desta categoria (já utilizava o método de
viagens ou incursões fotográficas) foi sobre a falta de habitação em um subúrbio parisiense,
depois o foco foram os migrantes europeus.
Com a carreira já consolidada, Salgado deixa a Magnum em 1994, no mesmo ano em
que cria sua própria agência- a Imagens da Amazônia (“Amazonas Images”) com sede em
Paris. E assim segue realizando seus trabalhos fotodocumentais ao redor do mundo. Para
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Stephen Perloff (ed), “Sebastião Salgado: A lecture”, Photo Review 16, 4, Fall, 1993, p.3.
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Posteriormente aprofundaremos nas características da Magnum.