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Viver,
Aprender
Educação de
Jovens e Adultos
2
Guia do Educador
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Presidente da República Federativa do Brasil
Fernando Henrique Cardoso
Ministro da Educação
Paulo Renato Souza
Secretário Executivo
Luciano Oliva Patrício
Secretária de Educação Fundamental
Iara Glória Areias Prado
Diretor do Departamento de Política da Educação Fundamental
Walter K. Takemoto
Coordenadora Geral de Educação de Jovens e Adultos
Leda Maria Seffrin
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Viver,
Aprender
Educação de
Jovens e Adultos
2
Guia do Educador
Ministério da Educação e do Desporto
Secretaria de Educação Fundamental
Brasília, 2001
Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação
Av. Higienópolis, 901 CEP 01238-001 São Paulo - SP Brasil
Tel. (011) 825-5544 Fax (011) 3666-1082 E-mail: [email protected]
Diretoria: Marilia Pontes Sposito, Luiz Eduardo W. Wanderley, Pedro Pontual, Nilton Bueno Fischer, Vicente Rodriguez
Secretário Executivo: Sérgio Haddad
Edição: Cláudia Lemos Vóvio (coordenadora), Mayra Patrícia Moura e Vera Masagão Ribeiro (edição)
Autores: Conceição Cabrini, Gerda Maisa Jensen, Hugo Luiz de M. Montenegro, Katsue Hamada e Zenun, Luciana Marques Ferraz,
Margarete A.A. Mendes, Maria Amábile Mansutti, Maria Sueli de Oliveira, Roberto Giansanti
Apoio: Maria Elena Roman de Oliveira Toledo (aplicação experimental do material)
© Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação, 1998
Projeto gráfico e diagramação: Bracher & Malta
Ilustrações: Cecília Esteves
Preparação de originais e revisão: Opera Editorial
Fotolitos: Bureau 34
Agradecimentos:
Consultores: Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Dulce Satiko Onaga, Magda Becker Soares, Maria do Carmo Martins e
Vivian Leyser da Rosa
Educadores que aplicaram o livro: Adriana N. Moreni, Alessandra D. Moreira, Antonia M. Vieira, Arnaldo P. do Nascimento, Celeste
A.B. Cardoso, Cleide T. Mendes, Dalva Kubinek, Darcy A.C. Moschetti, Dulcinéia B.B. Santos, Eliane DAntonio, Elizabeth S. da
Silva, Francisco F. dos Santos, Irene A.V. da Silva, José V. de Carvalho, Juanice R. Marques, Lucia P.F. da Silva, Maria P.S.L. Matos,
Marta R. de Souza, Patrícia B. Damasio, Soraia V. dos Santos e Vera M. Zanardi
Direção e coordenação da Escola Municipal de 1º Grau Solano Trindade - Curso de Suplência I
Departamento de Documentação da Editora Abril - SP
Setor de Informação e Documentação de Ação Educativa - SP
Biblioteca do Colégio Santa Cruz - SP
Documentação e Informação do Instituto Socioambiental - SP
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Viver, aprender: educação de jovens e adultos
(Livro 2) / Cláudia Lemos Vóvio (coordenação);
[ilustrações de Cecília Esteves].  São Paulo: Ação
Educativa; Brasília: MEC, 1998.
Vários autores.
ISBN 85-86382-03-5
1. Educação - Brasil. 2. Ensino de 1º grau -
Brasil. 3. Ensino de 1º grau - Livros didáticos.
I. Vóvio, Cláudia Lemos.
98-0555 CDD - 371.32
Índices para catálogo sistemático:
1. Livros didáticos - Ensino de 1º grau. 371.32
Esta publicação foi financiada pelo MEC  Ministério da Educação e do Desporto,
dentro do Programa de Educação de Jovens e Adultos.
Apoio:
IAF  Fundação Interamericana
ICCO  Organização Intereclesiástica para Cooperação ao Desenvolvimento
EZE  Associação Evangélica de Cooperação e Desenvolvimento
Apresentação
Professor,
Este livro que você está recebendo faz parte de uma coleção de materiais di-
dáticos para Educação de Jovens e Adultos, composta de quatro livros para os
estudantes e guias para o educador. Abrange as áreas de Língua Portuguesa,
Matemática e Estudos da Sociedade e da Natureza.
Com o apoio e financiamento do Ministério da Educação e do Desporto 
MEC, no âmbito do Programa de Educação de Jovens e Adultos, esse material
foi produzido por Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação. Baseado
na Proposta curricular para o 1
o
segmento do ensino fundamental, elaborada
pela mesma instituição, este trabalho tem a intenção de contribuir para a melhoria
do processo de aprendizagem nessa modalidade de ensino.
Com essa iniciativa, decorrente da necessidade de material didático específi-
co, apontada pelos professores que atuam na área, e também do empenho polí-
tico que vem reduzindo as taxas de analfabetismo no País, o MEC pretende que
seja colocado à disposição das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação,
ONGs e demais instituições que atendem a esse alunado mais um importante
instrumento de apoio ao trabalho dos professores em salas de aula.
Secretaria de Educação Fundamental
Ministério da Educação e do Desporto
Nota dos elaboradores
Este material didático foi produzido por Ação Educativa, como mais uma
contribuição para o campo da Educação de Jovens e Adultos. Desde 1980, a
equipe que integra essa instituição vem dedicando-se a produzir subsídios peda-
gógicos e materiais didáticos para programas de educação popular e escolarização
de jovens e adultos, sempre respondendo a demandas de movimentos sociais e
populares, sindicatos e sistemas públicos de ensino. Nessa produção incluem-
se, por exemplo, os materiais didáticos Poronga (1981) e O ribeirinho (1984),
que integraram projetos educativos de grupos populares da Amazônia; Ler, es-
crever, contar (1988), que reportou a experiência levada a cabo junto a movi-
mentos de saúde em Diadema  SP; ou Educação ambiental (1992), produzido
e utilizado no âmbito do Movimento de Atingidos por Barragens em Santa Cata-
rina e Rio Grande do Sul. Em todas essas experiências, constatamos que tais ma-
teriais puderam transcender o contexto dos grupos que os demandaram origi-
nalmente, servindo de diversas maneiras a outros grupos com projetos educativos
afins. Todos esses materiais tiveram sua história e, por meio delas, pudemos
aprender tanto a importância de que haja disponível uma multiplicidade de ma-
teriais de referência apoiando a prática dos educadores, como o valor dos mui-
tos trabalhos nessa linha que nos influenciaram diretamente, impulsionando o
aperfeiçoamento de nossas propostas pedagógicas.
A coleção Viver, aprender, que ora apresentamos, da mesma forma responde
a uma demanda, que foi gerada pela divulgação das orientações expressas na
publicação Educação de jovens e adultos: proposta curricular para o 1
o
segmento
do ensino fundamental, desenvolvida por Ação Educativa no ano de 1996 e dis-
tribuída nacionalmente numa publicação co-editada com o Ministério da Edu-
cação e Cultura e apoiada pela UNESCO. Diversos grupos que vêm utilizando
a Proposta Curricular como uma referência em suas práticas educativas junto a
jovens e adultos expressaram interesse em dispor de materiais didáticos que os
apoiassem nesse sentido. Especialmente junto a grupos comunitários que atuam
nas zonas Leste e Sul da cidade de São Paulo, tivemos a oportunidade de desen-
volver um trabalho de cooperação mais próximo, oferecendo materiais didáti-
cos que foram sendo elaborados experimentalmente e aperfeiçoados a partir das
sugestões das educadoras que os utilizaram em suas salas de aula. Desse modo,
além do trabalho dos autores e editores envolvidos na elaboração dos livros e
dos consultores que analisaram suas versões preliminares, essa coleção contou
com a colaboração insubstituível dessas educadoras que muito nos ajudaram na
adequação do material à realidade de seu trabalho educativo com jovens e adultos
dos setores populares.
Essa soma de esforços para que esta coleção respondesse, de maneira compe-
tente e inovadora, às necessidades de educadores e alunos jovens e adultos só
foi possível graças aos recursos obtidos por Ação Educativa por meio de convê-
nio com o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação do MEC. Conta-
mos, também, com o apoio complementar de agências de cooperação interna-
cionais, particularmente da ICCO (Holanda), EZE (Alemanha) e IAF (EUA), que
já vinham apoiando projetos de Ação Educativa.
Entendemos que esse material didático assim como a proposta curricular em
que se baseia possam ser utilizados como insumos para a melhoria de progra-
mas educativos dirigidos aos jovens e adultos, somando-se a outros materiais e
propostas já elaborados por equipes pedagógicas que atuam nesse campo nas
mais diversas regiões do país. Nosso desejo é que a coleção Viver, aprender seja
também estímulo à elaboração de novos materiais, que deverão enriquecer a
história da educação de jovens e adultos no Brasil e, dessa forma, ajudar-nos
também a continuamente nos aperfeiçoar e, no futuro, estarmos aptos a supe-
rar as limitações que esse material certamente encerra, a despeito das intenções
e reais esforços de todos os agentes que se envolveram em sua elaboração.
Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação
Sumário
Introdução ............................................................................................ 1
Dicas de como utilizar este livro .................................................... 1
Algumas idéias sobre o processo de ensino e aprendizagem ........... 4
Mais dicas para o educador ........................................................... 20
Módulo 1: Identidades, mudanças... ......................................................... 23
Unidade 1: Nomes e documentos .................................................. 25
Unidade 2: Ciclos de vida .............................................................. 32
Unidade 3: Migração..................................................................... 36
Unidade 4: Outras marcas de identidade ....................................... 44
Unidade 5: Um pouco mais de Língua Portuguesa ......................... 48
Unidade 6: Um pouco mais de Matemática ................................... 55
Estamos nos construindo na luta para florecer
amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropi-
cal, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais
sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais huma-
nidades. Mais generosa, porque aberta à convivência
com todas as raças e todas as culturas e porque assen-
tada na mais bela província da Terra.
Darcy Ribeiro, O povo brasileiro (1998)
Módulo 2: Crescer no tempo e no espaço ................................................. 67
Unidade 1: Linha do tempo ........................................................... 70
Unidade 2: Espaço de vivência e convivência ................................. 77
Unidade 3: Infância ....................................................................... 88
Unidade 4: Adolescência ............................................................... 97
Unidade 5: Um pouco mais de Matemática ................................... 108
Unidade 6: Um pouco mais de Língua Portuguesa ......................... 117
Módulo 3: Vida adulta ............................................................................. 127
Unidade 1: Reprodução ................................................................. 130
Unidade 2: Saúde reprodutiva ....................................................... 139
Unidade 3: A mulher na sociedade brasileira ................................. 151
Unidade 4: Filhos e uniões conjugais ............................................. 156
Unidade 5: Um pouco mais de Língua Portuguesa ......................... 159
Unidade 6: Um pouco mais de Matemática ................................... 165
Módulo 4: Muitos anos de vida ................................................................ 179
Unidade 1: Envelhecimento e expectativa de vida .......................... 182
Unidade 2: Os idosos na sociedade brasileira ................................ 187
Unidade 3: Envelhecimento biológico e saúde ............................... 191
Unidade 4: Velhice e memória ....................................................... 195
Unidade 5: Um pouco mais de Matemática ................................... 199
Unidade 6: Um pouco mais de Língua Portuguesa ......................... 209
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 1
Introdução
Dicas de como utilizar este livro
Como o livro está organizado?
Este é o segundo livro da coleção Viver, aprender, série didática elaborada
especialmente para a educação de jovens e adultos correspondente ao primeiro
segmento do ensino fundamental (1ª a 4ª série). A coleção contém 4 livros para
os alunos, acompanhados, cada um deles, de um guia para o educador. A cole-
ção tem como referência a Proposta curricular para educação de jovens e adul-
tos, editada pelo MEC e Ação Educativa, e abarca as áreas de Língua Portugue-
sa, Matemática e Estudos da Sociedade e da Natureza.
Este guia corresponde ao livro 2, que se destina a alunos recém-alfabetiza-
dos ou que tenham um domínio ainda rudimentar da linguagem escrita. Por meio
do estudo de textos e imagens e um conjunto ordenado de atividades, espera-se
que os jovens e adultos possam ampliar seus conhecimentos sobre o mundo que
os cerca, sobre a linguagem oral e escrita e sobre a matemática. Por esse moti-
vo, os livros são organizados por módulos, cada um versando sobre um tema,
2 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
em torno do qual se articulam atividades das três áreas de conhecimento (Lín-
gua Portuguesa, Matemática e Estudos da Natureza e da Sociedade). Os módulos
se subdividem em unidades, que abordam diferentes dimensões do tema ou tó-
picos específicos de Língua Portuguesa e Matemática. Finalmente, cada unida-
de contém atividades variadas, que podem ser reconhecidas por símbolos que
aparecem na lateral das páginas:
1. Textos para leitura
e estudo.
2. Textos complementares, para
ler, sorrir, refletir, sonhar etc.
3. Textos com informações
úteis ou relevantes para
o tema em estudo.
4. Fotos, ilustrações, mapas
ou gráficos para estudo.
5. Roteiro
de estudo.
7. Produção
de textos.
8. Atividade
de desenho.
9. Questões
para debate.
10. Proposta
de experiência.
11. Proposta
de pesquisa.
6. Atividades ou
exercícios escritos.
Neste guia do professor utiliza-se também um símbolo para indicar que as
atividades propostas são complementares, não constando no livro do aluno:
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 3
A ordem das unidades e das atividades propostas não é rígida. O educador
poderá intercalar atividades de várias unidades ou inverter a ordem de apresen-
tação de um tema, com o objetivo de adequar a abordagem aos interesses e ne-
cessidades de seu grupo de alunos ou ainda para tornar mais dinâmica a rotina
de sala de aula.
Que temas são tratados neste volume?
O tema geral do livro 2 da coleção Viver, aprender é a identidade social dos
alunos. Esse grande tema é abordado principalmente por meio do resgate das
histórias pessoais de cada um e da sua comparação com as histórias de vida dos
colegas e de outras pessoas. Estimula-se especialmente a comparação entre os
modos de vida de diversos povos ou grupos, o respeito à diversidade e a percep-
ção do que há em comum entre todos os seres humanos. São enfocadas históri-
as de vida, fases do desenvolvimento, infância, adolescência, vida adulta e ve-
lhice, vivências e problemas específicos de homens e mulheres, os espaços de
origem e vivência. Veja como este grande tema se desdobra em cada um dos quatro
módulos que compõem o volume:
Módulo 1: Identidades, mudanças...
Aborda as marcas de identidade nas diversas culturas: nomes, documentos,
vestimentas, músicas, festividades etc. Destaca o caráter dinâmico da identida-
de social, que se constrói ao longo das fases da vida e que se modifica à medida
que se transformam os espaços de vivência. Para tanto, trabalha-se com o tema
da migração, experiência comum a muitos alunos jovens e adultos e que certa-
mente marca suas identidades. Também tem lugar no módulo o estudo do ciclo
de vida, dimensão que é comum a todos os seres humanos e também aos demais
seres vivos.
12. Atividades extras, que não
constam no livro do aluno.
13. Observação e registro do
processo de aprendizagem.
4 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Módulo 2: Crescer no tempo e no espaço
Aborda o crescimento e desenvolvimento dos seres humanos, as transfor-
mações que ocorrem em seus corpos, as características e necessidades das pes-
soas nas várias fases da infância e adolescência. Para introduzir essa abordagem,
propõe-se o estudo de cronologias da vida de personalidades e das medidas de
tempo: ano e século. Reúnem-se também várias atividades relacionadas às re-
presentações gráficas do espaço: mapas e plantas.
Módulo 3: Vida adulta
Aborda aspectos essenciais dessa fase da vida, a maturidade sexual, a repro-
dução, o casamento e o cuidado dos filhos. Os aspectos biológicos e sociais en-
volvidos são tratados de forma integrada, dando-se especial destaque aos novos
papéis que as mulheres vêm assumindo na família e na sociedade.
Módulo 4: Muitos anos de vida
Aborda o fenômeno do envelhecimento, os problemas que enfrentam as pes-
soas idosas em nossa sociedade, assim como as potencialidades dessa fase da vida,
que cada vez mais se alarga na população de maneira geral.
Algumas idéias sobre o processo de
ensino e aprendizagem
Qual é a proposta para trabalhar os conteúdos de Língua Portuguesa?
Para o estudo de todos esses temas, o livro oferece diversos tipos de textos,
acompanhados de propostas de atividades orais e escritas. Todas elas são opor-
tunidades para os alunos desenvolverem habilidades de leitura, escrita, compre-
ensão e expressão oral, principais objetivos da área de Língua Portuguesa. Estu-
dando temas de interesse, por meio de diferentes fontes, o aluno irá aprender a
ler e escrever cada vez melhor, especialmente se o educador aproveitar todas as
boas oportunidades para comentar aspectos específicos relacionados à linguagem.
Como os alunos ainda estão num estágio inicial de alfabetização, não têm
ainda uma leitura fluente nem estão familiarizados com atividades tipicamente
escolares. Assim, precisarão da ajuda do educador, principalmente na leitura de
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 5
textos e instruções de atividades. A leitura em voz alta feita pelo educador ou
algum aluno que já tenha boa fluência é uma estratégia seguidamente recomen-
dada neste guia. Ao ler em voz alta, o educador promove a familiarização cres-
cente dos alunos com a linguagem escrita e estes, à medida que ganhem fluên-
cia, poderão ler os textos com maior autonomia.
O comentário oral sobre os temas tratados também é um apoio essencial
para a compreensão dos conteúdos. Não devemos perder de vista que a lingua-
gem oral é um conteúdo muito importante da área de Língua Portuguesa. O
desenvolvimento da linguagem oral apóia o aprendizado da escrita e vice-versa.
Neste livro, procuramos estabelecer vínculos entre atividades orais e escritas, de
modo a evidenciar as correlações entre elas. Esperamos que os alunos possam
constatar que, além do aprendizado da linguagem escrita, adquirir mais desen-
voltura para falar é uma importante conquista que a prática de sala de aula pode
promover.
É bom lembrar que também com relação à produção escrita os alunos pre-
cisarão muito da sua ajuda. Normalmente, jovens e adultos recém-alfabetiza-
dos ainda cometem muitas faltas ortográficas, escrevem como falam, não divi-
dem corretamente as palavras e não sabem fazer uso dos sinais de pontuação.
Qualquer atividade de escrita, especialmente aquelas realizadas em grupo, são
oportunidades de analisar a produção dos alunos e indicar sugestões de como
aperfeiçoá-la.
Além dessas várias oportunidades de ler, escrever, falar e ouvir, tratando de
temas importantes e adequados para sua faixa etária, cada módulo temático
contém ainda uma unidade que reúne atividades que focalizam especificamente
questões lingüísticas. Nessas unidades, indicadas pelo título Um pouco mais de
Língua Portuguesa, propõe-se o estudo das características de algumas moda-
lidades de texto, além de tópicos específicos de ortografia, pontuação, concor-
dância etc.
Os tópicos de análise lingüística são sempre aplicados ao estudo dos textos
e a exercícios de escrita. Consideramos que, ao lado dos exercícios propostos, a
melhor forma de melhorar a produção escrita dos alunos é analisando coletiva-
mente sua produção, analisando os erros de ortografia e concordância mais usuais.
Nas unidades temáticas, há vários tipos de textos informativos e literários.
Nas unidades dedicadas ao estudo propriamente lingüístico, foram selecionadas
apenas quatro modalidades de texto que merecerão um estudo mais aprofundado
6 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
por parte dos alunos: as poesias, os contos de fada, as cartas e os depoimentos.
Em torno dessas modalidades são propostas atividades que visam a levar os alunos
a tomar consciência sobre os aspectos formais desses textos, sua estrutura, lin-
guagem e conteúdos característicos. Os alunos também serão orientados na pro-
dução de textos dentro dessas modalidades, tomando os textos lidos como mo-
delos a partir dos quais podem estruturar ou aperfeiçoar suas criações.
Que habilidades relacionadas à leitura devem ser priorizadas?
Uma habilidade básica relacionada à leitura é a capacidade de reconhecer o
tipo de texto que se tem diante dos olhos antes mesmo de iniciar a sua leitura
integral. O educador deve sempre chamar a atenção dos alunos para a configu-
ração global do texto, para aqueles elementos que são perceptíveis num primei-
ro olhar  por exemplo, se está organizado em parágrafos ou versos, se há um
título, se está indicado o nome do autor, se o texto está organizado em colunas,
como normalmente aparecem nos jornais, se há parágrafos iniciados com tra-
vessão, como é comum acontecer nos contos e crônicas etc. A percepção desses
aspectos ajuda os alunos a criarem suas hipóteses do que tratará o texto, dan-
do-lhes indícios sobre o conteúdo do que vão ler.
A exploração oral do título dos textos também é um recurso importante
nessa etapa da aprendizagem. Os títulos são guias importantes de leitura em
várias situações; por exemplo, quando estamos folheando uma revista, lemos
somente os títulos, até que encontramos um que nos interessa e aí sim passa-
mos a ler a matéria.
Outra habilidade importante a se desenvolver nessa etapa da aprendizagem
é a compreensão da leitura feita em voz alta por outra pessoa. Alguém pode achar
que isso não representa desafio nenhum para os alunos, o que não é verdade.
Mesmo quando oralizada pelo professor, a linguagem escrita tem um estilo pró-
prio, que muitas vezes é estranho aos alunos. Alguns textos podem ter um voca-
bulário e uma estrutura bastante difíceis para esses jovens e adultos. Quando um
leitor fluente lê em voz alta para os alunos, está liberando-os da tarefa de deci-
frar, permitindo que se concentrem no conteúdo do texto. Por meio da escuta
da leitura em voz alta, também estarão se familiarizando com essas estruturas e
vocabulário próprios da escrita, o que tornará a tarefa de decifração cada vez
mais fácil, até que esta deixa de se interpor entre o leitor e o texto como um
obstáculo.
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 7
Evidentemente, a capacidade de ler sem a ajuda do professor, silenciosamente,
é um dos objetivos almejados. Os alunos poderão exercitar essa habilidade re-
tomando os textos depois da leitura em voz alta feita pelo educador, o que é
recomendado ou está implícito em várias atividades propostas nesse livro. Quando
o texto de estudo for mais simples e breve, o educador pode desafiar os alunos
a fazerem a leitura silenciosamente, sem a sua ajuda. Nesses casos, se perceber
que houve alguma dificuldade de entendimento, o educador pode fazer a leitura
em voz alta depois.
A habilidade de ler em voz alta também pode ser exercitada, mas com cri-
tério. Muitos jovens e adultos guardam lembranças traumáticas da escola rela-
cionadas à vergonha de ter que ler em voz alta em público quando não tinham
ainda fluência suficiente para fazê-lo. Nesse livro, há algumas proposta de lei-
tura em voz alta, mas sempre em grupos pequenos e previamente preparadas.
Ler um texto desconhecido em voz alta com fluência é algo que só leitores mais
experientes conseguem fazer.
Outras habilidades relacionadas à leitura são a capacidade de compreender
o sentido geral do texto, ou suas idéias centrais, a capacidade de localizar infor-
mações nele e, finalmente, a capacidade de fazer inferências e estabelecer rela-
ções do que se leu com outras leituras e experiências. Nas propostas de estudo
de texto que constam nesse livro, procuramos abarcar todas essas dimensões.
Sugerimos que o educador inicie sempre o comentário oral ou escrito de um texto
pela retomada de suas idéias principais. Com relação à localização de informa-
ções, é importante conscientizar os alunos de que nem tudo o que está escrito
fica retido na memória depois de uma primeira leitura. Para buscar informações
específicas, será necessário retomar o texto para consulta. Esta é também uma
habilidade que os leitores iniciantes terão ainda que desenvolver.
Além de simplesmente ler um texto, os alunos deverão também aprender a
estudá-lo e a estudar por meio dele. Para isso, eles precisarão extrair informa-
ções do texto, relacioná-las com outras informações, complementá-las com as
imagens que ilustram os textos e fazer inferências. Nesse sentido, é importante
aprender a diferenciar o que é informação que consta no texto do que é inferência
ou opinião formulada a partir dele. Enfim, para aprender a apreciar o valor li-
terário de um texto, eles deverão aprender a deixar-se levar pelas emoções que
ele provoca, associá-lo às próprias experiências, desenvolvê-lo fazendo novas
divagações.
8 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
São essas habilidades que se espera desenvolver oferecendo à leitura e aná-
lise vários tipos de texto versando sobre temas adequados à faixa etária dos
alunos.
O que está em jogo na produção de textos?
Para escrever bons textos os alunos precisam enfrentar vários desafios. De-
verão saber reconhecer as diferenças entre a linguagem oral e a linguagem escri-
ta; conhecer a organização de diferentes tipos de texto e considerar as necessi-
dades de informação de um interlocutor que está ausente. Os alunos poderão
enfrentar todos esses desafios se tiverem a oportunidade de se familiarizar com
diferentes tipos de textos escritos, analisando, com a ajuda de um leitor mais
experiente, as principais características de cada um.
Quando nos comunicamos oralmente, na maior parte das vezes, estamos na
presença de um interlocutor que participa ativamente da comunicação, seja fa-
zendo comentários e pedindo esclarecimentos, seja fazendo gestos e expressões
faciais. A pessoa que fala também pode fazer uso de gestos e da entonação da
voz, apontar um objeto ou fazer uma expressão que completa o sentido de suas
palavras. Quando usamos a linguagem escrita, o interlocutor está ausente, é
preciso que todas as informações necessárias estejam presentes no texto. Por esse
motivo, é fundamental poder conceber quais são as necessidades de informação
que têm os supostos leitores de um texto que se produz.
Na sala de aula, os alunos devem ter oportunidades de experimentar a es-
crita de textos para diferentes interlocutores, não só para o professor. É por isso
que seguidamente este guia sugere que os alunos leiam as produções dos cole-
gas e recebam deles também sugestões de como melhorar o texto, deixá-lo mais
claro etc.
Projetos em que os alunos escreverão cartas para destinatários reais (parentes,
amigos, personalidades públicas, alunos de outras escolas etc.), elaborarão tex-
tos que serão lidos pelos colegas de turma, cartazes para realizar uma campa-
nha educativa na comunidade, convites para as festividades escolares são exem-
plos de como a produção de textos pode adquirir uma dinâmica diferente da-
quela geralmente usada nas salas de aula, em que essa atividade se reduz a um
exercício mecânico e sem sentido.
Além da consideração de um interlocutor ausente, quem ainda tem pouco
domínio da linguagem escrita precisa ser orientado na observação das marcas
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 9
que caracterizam os vários tipos de texto: a forma como aparecem impressos
(disposição no papel, cores, tamanho de letras, ilustração etc.), a linguagem (ex-
pressões típicas de cada tipo de texto), sua trama (narração, descrição e argu-
mentação) e a função (entreter, informar, sugerir, seduzir, convencer etc.). Neste
livro, desenvolve-se uma proposta de estudo de diferentes modalidades de tex-
to. Para cada uma delas se oferece um conjunto de textos como modelos, de cuja
estrutura os alunos devem se apropriar para orientar sua própria produção dentro
da modalidade.
Considerando todos esses desafios, propomos que a produção de textos seja
uma tarefa cuidadosamente planejada pelo aluno com a colaboração do educa-
dor. É preciso que ele aprenda a responder as seguintes questões ao produzir um
texto:
o que quero comunicar?
como vou escrever?
quem será meu leitor?
por onde devo começar?
como vou escrever? que tipo de linguagem vou usar?
que informações são essenciais?
que tamanho, ilustrações e formato o texto vai ter?
Além desses elementos, constituintes do processo de produção de textos, há
outro aspecto que o educador deve enfatizar: o reconhecimento de que um tex-
to sempre pode ser melhorado. A revisão da escrita deve ser uma prática cons-
tante em sala de aula e pode acontecer de diferentes maneiras. A mais conheci-
da é a correção feita pelo educador sem a presença do aluno (na qual o educa-
dor faz marcas ou sublinha erros ortográficos, de concordância, aponta a falta
de coerência etc.). O texto então é devolvido ao aluno para que passe a limpo.
Muitas vezes, esse tipo de correção é feito de forma mecânica pelos alunos, que
nem sempre têm condições de compreender o sentido das modificações propos-
tas pelo professor.
Uma boa estratégia para esse nível de escolarização é a análise do texto fei-
ta pelo professor na presença do aluno. Dessa forma, o educador pode fazer
10 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
perguntas sobre o que não compreendeu ou sobre omissões de partes essenciais
para a compreensão do que se quer comunicar; pode discutir e diagnosticar os
erros ortográficos mais comuns no texto; pode sugerir mudanças e discuti-las
com o aluno etc.
Outra forma de revisão extremamente proveitosa é a coletiva. Nesse tipo
de revisão o educador escreve o texto de um aluno num cartaz ou no quadro de
giz e apresenta-o para a turma, que deve dar sugestões de como melhorá-lo, cor-
rigindo-o nos aspectos onde conseguirem identificar problemas (pontuação,
concordância e ortografia).
A análise dos textos produzidos pelos alunos é um importante instrumento
para o educador, pois ele pode fazer levantamentos sobre o domínio que seus
alunos têm sobre o sistema de escrita, sobre o tipo de texto produzido, sobre as
diferenças entre a linguagem falada e escrita. A partir desse levantamento pode
não só acompanhar a aprendizagem de seus alunos como também reunir elemen-
tos para elaborar atividades que os ajudem a solucionar dúvidas sobre o uso da
escrita.
Como escrevem os alunos nessa fase da aprendizagem?
Geralmente, os textos produzidos pelos alunos que estão nessa etapa do
processo de aprendizagem apresentam algumas características marcantes:
apresentam marcas da linguagem oral como repetições e omissões de
partes, expressões típicas da fala (né, aí, daí) etc.;
há problemas de coerência de idéias (nem sempre as informações estão
dispostas de modo a garantir a compreensão por parte do leitor);
não são divididos em parágrafos, sinais de pontuação não são utilizados
ou são usados de maneira incorreta;
apresentam muitos erros ortográficos.
Esses são os principais tópicos que devem ser abordados na elaboração de
propostas de produção e revisão dos textos. Observe os dois textos ao lado,
produzidos por alunos de curso supletivo:
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 11
As marcas de oralidade são esperadas na produção escrita desses alunos, pois,
quando escrevem, tomam a linguagem oral como referência e transcrevem suas
idéias do modo como as falariam. Essa característica marcante nos textos de
alunos recém-alfabetizados não desaparece de um momento para o outro, e sua
Fonte: Durante, Marta. Alfabetização de adultos: leitura
e produção de textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998, p. 100, 103
12 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
superação depende de um contato contínuo com textos escritos, da percepção e
domínio de elementos que caracterizam a escrita, o que só ocorre gradativamente,
ao longo do ensino fundamental. Uma boa estratégia pedagógica para essa fase
da aprendizagem é a produção de reescritas, nas quais os alunos reproduzem
textos escritos conhecidos, usando a linguagem e a organização do texto repro-
duzido como referência: por exemplo, tentam separar os versos no caso do tex-
to poético ou tentam imitar a linguagem usada no jornal  enfim, tomam um
texto como modelo e reescrevem seu conteúdo. Para tanto, é preciso que os alu-
nos conheçam bem o texto que irão reescrever, isto é, que já tenham ouvido,
observado, discutido, analisado etc.
Na reescrita podem-se obter maiores elementos para discutir com os alu-
nos a falta de coerência temática ou a falta de elementos que dão seqüência ao
texto, pois o texto original serve como referência e possibilita a comparação. Por
exemplo, se um aluno reescreveu uma notícia de jornal e omitiu um detalhe
marcante do que aconteceu ou repetiu a mesma informação, o educador poderá
dispor do texto original e discutir com o aluno as conseqüências da omissão ou
da repetição em seu texto.
O domínio da pontuação também não ocorre rapidamente e é preciso que
o educador reconheça que o uso dos sinais de pontuação depende do tipo de texto
que se produz. Aprender a pontuar frases soltas ou memorizar regras de pontu-
ação não serão recursos muito úteis nesse momento. O que propomos neste li-
vro é que os alunos possam observar a pontuação nos textos escritos que lêem e
que possam exercitar o uso dos sinais de pontuação em pequenos textos cuja
modalidade esteja sendo estudada.
Como trabalhar com a ortografia?
Outro aspecto marcante nos textos dos alunos nessa fase da aprendizagem
são os erros ortográficos. É preciso compreender que os erros ortográficos não
ocorrem ao acaso, mas estão relacionados ao grau de conhecimento que os alu-
nos possuem sobre o funcionamento da escrita. Por isso, é possível categorizar
os erros que os alunos cometem e, a partir desse diagnóstico, propor atividades
adequadas para ajudá-los a superar dificuldades.
Os alunos recém-alfabetizados tendem a reproduzir na escrita o modo como
falam e será preciso chamar seguidamente a atenção deles para o fato de que a
correspondência entre sons da fala e letras não é direta nem regular: uma letra
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 13
pode representar vários sons e várias letras podem representar o mesmo som.
Compreender o tipo de erro que o aluno comete ajuda o professor na tomada
de decisões sobre que questões enfatizar, que atividades complementares pro-
por etc. Abaixo, você pode encontrar uma tipologia dos erros mais comuns nes-
sa fase.
Transcrição fonética da fala
São os erros cometidos porque o aluno escreve do jeito que fala. Por exem-
plo: muintu para muito; muié para mulher; bassora para vassoura; poti
para pote; para está; bebeno para bebendo; num seio para não sei;
mim vesti para me vesti.
Neste caso, a consideração da variedade dialetal, isto é, modos de falar ca-
racterísticos de algumas regiões e grupos sociais, pode ajudar o educador a com-
preender a razão de alguns erros comuns no grupo com o qual trabalha. Por
exemplo, se um aluno vive em algumas regiões rurais do estado de São Paulo,
pode pronunciar mio em vez de milho, pió em vez de pior. Nesse caso, é
esperado que essas marcas de sua oralidade apareçam em sua produção escrita.
Ou ainda, para pessoas que vivem em algumas regiões de Minas Gerais, apren-
der a usar o NH pode ser um pouco mais difícil, já que nos diminutivos não
pronunciam o NH. Falam bonitim em vez de bonitinho, mesim em vez de
mesinha etc. A forma como os alunos falam é uma referência importante para
a análise de suas dificuldades ortográficas.
Emprego de letras cujo som varia de acordo com a posição na palavra
Exemplo de casos assim é a letra R, que entre vogais tem um som brando,
diferente de quando está no início da palavra ou após uma consoante. Para se
representar o som do R inicial entre vogais é preciso dobrar a letra (RR). O G
também tem um som diferente quando antecede as vogais a, o, u ou e, i. Para
representar o som do [g] diante do e ou i é preciso agregar o u (gue ou gui).
Os alunos precisam compreender que essas são irregularidades com relação
ao padrão de formação silábica, que poderão memorizar com o tempo.
Trocas na ordem ou omissão de letras nas sílabas
É comum também a troca na ordem das letras ou ainda a omissão de letras,
especialmente nas sílabas com encontros consonantais, dígrafos, vogais nasais.
14 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Alguns exemplos são: pato para prato ou parto para prato; pota para porta ou
prota para porta; tapa para tampa; caro para carro; galiha ou galina para galinha.
Uma estratégia para ajudar o aluno a superar essas dificuldades pode ser o
contato contínuo com textos escritos. Além disso, é preciso que ele analise, em
palavras, como essas formações silábicas costumam aparecer. Comparações,
organização de cartazes e quadros de referência para escrita de palavras com as
dúvidas mais comuns também são boas estratégias.
Trocas de letras
Esse tipo de erro é muito comum não só nesta etapa do processo de es-
colarização. Deve-se ao fato de na nossa língua existirem letras concorrentes para
representar um mesmo som. É o caso, por exemplo, do S e Z, SS e Ç, X e Z, X
e CH etc. Os alunos deverão reconhecer que dúvidas com relação ao emprego
dessas letras podem persistir por muito tempo, mas que é preciso memorizar as
palavras mais comuns. Os próprios professores podem ter dúvidas sobre a or-
tografia de muitas palavras com letras concorrentes e é interessante que demons-
trem para os alunos como fazem para resolver suas dúvidas, ou perguntando para
alguém, ou consultando o dicionário, ou ainda olhando um texto em que você
se lembra que a palavra aparece etc.
Nessa etapa do processo de escolarização não é esperado que os alunos dêem
conta de todas essas questões. Apresentar e comparar esses aspectos da ortografia
podem ajudá-los a colocar dúvidas e a recorrer à ajuda de alguém ou do dicio-
nário para resolvê-las. A manifestação de dúvidas nesta etapa da aprendizagem
é um bom indício, pois indica que os alunos estão tomando consciência das ir-
regularidades que caracterizam nosso sistema ortográfico.
Qual é a proposta para o trabalho com a Matemática?
O aspecto que mais nitidamente distingue o processo de ensino-aprendi-
zagem da Matemática de jovens e adultos é o fato de que a maioria dos alunos
domina um saber matemático que é construído na vida prática. Esse conheci-
mento, entretanto, é construído de forma peculiar, sendo regido por uma lógica
diferente da que é apresentada na escola. A grande maioria dos jovens e adul-
tos pouco escolarizados conhece os números e realizam cálculos, empregando
estratégias próprias: por exemplo, decompor os números e operar da direita para
a esquerda, trabalhar com a idéia de complemento na subtração, multiplicar
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 15
por duplicação  aplicando a noção de dobro , dividir por aproximação e
utilizar arredondamentos. Esses conhecimentos informais não abarcam apenas
as noções de números naturais e das operações elementares. Também noções
como razão, proporção, cálculo de porcentagem são objetos do saber cotidia-
no e são operadas por mecanismos distintos dos que derivam da matemática
formal.
De grande utilidade prática, esses conhecimentos são eficazes nos contex-
tos em que foram criados mas ficam vinculados a eles, ou seja, não são facilmente
transferidos para outras situações. Esta é, sem dúvida, uma das limitações desse
tipo de conhecimento matemático construído na prática. Por esse motivo, não
basta que na escola os alunos aprendam as formas de registro escrito relaciona-
das aos números e operações; é preciso ir além e garantir a incorporação dos
conhecimentos construídos de maneira informal aos conhecimentos e linguagens
de uso mais universal, possibilitando, dessa forma, a atuação dessas pessoas em
condições de igualdade nas relações de trabalho e da vida social. À medida que
os alunos vão adquirindo mais conhecimentos e desenvolvendo novas habilida-
des matemáticas, eles conseguem aperfeiçoar seus saberes práticos, construindo
procedimentos mais econômicos, eficientes e generalizáveis.
No primeiro livro desta coleção, as atividades matemáticas propostas tinham
como principal objetivo levar os alunos a explicitar seu conhecimento, princi-
palmente em relação aos números e aos procedimentos de cálculo mental, pos-
sibilitando ao professor identificar a lólica que sustenta o saber informal domim-
nado pelos alunos. Neste segundo volum, o objetivo principal é ampliar o uni-
verso de conhecemento matemático dos alunos, por meio de atividades que per-
mitam o estabelecimento de relações entre o saber informal e o saber convenci-
onal, a incorporação de conhecimentos novos e a aplicação do conhecimento
enriquecido em novas situações.
Que conteúdos matemáticos serão abordados?
Os conceitos e procedimentos matemáticos explorados neste livro estão
relacionados aos números naturais, aos significados das operações e procedimen-
tos de cálculo (mental e escrito), às medidas usuais, às figuras geométricas e aos
conteúdos elementares de estatística. Explora-se também a leitura e a escrita
funcional de números com vírgula, devido ao uso indispensável do sistema mo-
netário nas situações da vida prática.
16 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
No trabalho com números, o objetivo é a ampliação do sentido numérico
dos alunos, por meio de atividades que permitam ler e escrever números em
contextos variados, interpretá-los em diferentes situações (como quantificadores,
como referências de localização ou como códigos), explorar seqüências numéri-
cas identificando padrões, comparar e ordenar números.
Para desenvolver o trabalho com números, utiliza-se o sistema monetário
como recurso didático primordial. Também recorre-se ao ábaco como meio
auxiliar para a compreensão das regras do Sistema de Numeração Decimal: os
sucessivos agrupamentos de 10 e a escrita posicional. Ainda que o ábaco não
faça parte de nossa cultura e seu uso seja restrito à sala de aula, ele é recomen-
dado como um recurso interessante, pois apóia o estudo das regras do nosso
sistema de numeração e possibilita que se estabeleça uma analogia entre este e o
sistema monetário. Como no livro anterior, o estudo dos números não obedece
a limites rígidos e a grandeza dos números empregados corresponde aos contextos
em que eles aparecem nas situações concretas.
O trabalho com as operações é desenvolvido juntamente com a exploração
dos números, por meio de atividades que permitam reconhecer quando é útil
empregar uma operação, estabelecer relações entre as operações, perceber o efeito
das operações sobre os números, reconhecer propriedades e regularidades das
operações.
Retoma-se o estudo dos diferentes significados da adição e da subtração e
amplia-se o estudo dos significados da multiplicação e da divisão. Propõe-se a
construção de um repertório básico de multiplicações, o que possibilita ao alu-
no reconhecer algumas propriedades como a comutatividade, a existência de
elemento neutro e o papel do zero na multiplicação.
Paralelamente ao estudo dos procedimentos de cálculo mental inicia-se o
estudo das técnicas operatórias convencionais da adição e da subtração, apoia-
das na compreensão das regras da numeração decimal. Ao ampliarem os conhe-
cimentos sobre os números e sobre as operações, é comum os alunos construírem
registros para expressar seus procedimentos de cálculo. A análise desses regis-
tros pode ajudá-los a compreender as regras do cálculo convencional. Por isso,
ao longo deste material incentivam-se os alunos a produzirem esses registros.
Também se recorre à calculadora como meio de desenvolver nos jovens e
adultos a compreensão das regularidades dos números e seu sentido numérico e
operacional. Além desse potencial formativo, que se realiza quando a calcula-
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 17
dora é usada de forma criativa, o uso desse instrumento representa um forte ele-
mento motivador para os alunos, já que sua utilização em situações práticas é
bastante corrente.
Nas situações de cálculo explora-se particularmente a seleção dos procedi-
mentos mais adequados a cada situação. Por exemplo, se os números envolvi-
dos não forem muito elevados pode-se recorrer ao cálculo mental. Se, por outro
lado, forem números grandes, muitas vezes, torna-se difícil recorrer à memória
para gravar vários resultados intermediários e, nesses casos, o cálculo escrito pode
ser mais prático.
São propostas situações para que os alunos percebam que em alguns casos
as respostas não precisam ser exatas e pode-se recorrer à uma estimativa. Quando
se usa a calculadora, é importante que percebam que ela pode ser usada para
verificar se um resultado é razoável. Assim, incentiva-se ao longo de todo livro
o uso de diferentes modalidades de cálculo com o objetivo de que o aluno aprenda
a selecionar o procedimento mais adequado para cada situação.
Quanto ao estudo das medidas, enfatiza-se a compreensão de procedimen-
tos, com base na noção de que algumas medidas podem ser obtidas pela com-
paração direta com uma unidade da mesma espécie do atributo que se deseja
medir. Por exemplo, para determinar o comprimento de um objeto é preciso
escolher previamente outro comprimento como unidade de medida (palmo, passo,
metro) e verificar quantas vezes é necessário aplicá-lo no comprimento a ser
medido, ou seja, comparar e fazer uma contagem.
Também explora-se a medida de tempo, que é uma noção mais complexa,
uma vez que não pode ser observada diretamente como propriedade dos obje-
tos. A medida de tempo é obtida indiretamente pela contagem das repetições de
um fenômeno periódico como, por exemplo, o período entre um e outro nascer
do sol. Explora-se ainda o fato de que o resultado da medida varia de acordo
com a unidade escolhida, a adequação das unidades de medida em função do
que se pretende medir e o uso adequado de instrumentos como fita métrica, tre-
nas, réguas, relógios.
Em relação às noções de geometria, o trabalho é centrado em atividades
exploratórias de observação, manipulação e construção de figuras tridimensionais
e bidimensionais. Por meio dessas atividades, busca-se levar os alunos a identi-
ficar algumas características dessas figuras, reconhecer algumas de suas proprie-
dades e estabelecer algumas classificações.
18 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
As atividades propostas para trabalhar os conteúdos estatísticos buscam
estimular os alunos não só a construírem e interpretarem listas, tabelas e grá-
ficos mas, principalmente, a descreverem e interpretarem aspectos de sua rea-
lidade utilizando esses recursos matemáticos. No decorrer do trabalho solici-
ta-se que façam perguntas, estabeleçam relações e utilizem a análise das in-
formações para construírem explicações e argumentos para suas respostas e
conclusões.
Hoje, já é bastante consensual entre os professores a idéia de que estar al-
fabetizado supõe também saber ler e interpretar dados quantitativos, apresenta-
dos de diferentes maneiras. Por esse motivo, recomenda-se o estudo de dados
numéricos na forma como normalmente são apresentados nos meios de comuni-
cação já nas primeiras fases da escolarização. É por esse motivo que se traba-
lha a interpretação de informações contidas em tabelas e gráficos, além da co-
leta e organização de informações e elaboração desses tipos de registro para
comunicá-las.
Que conceitos e instrumentos das ciências
entram em jogo no estudo dos temas?
Para esse nível de ensino, não se propõe, nem de forma introdutória, um
estudo sistemático das disciplinas científicas, com seus conteúdos, sistemas de
conceitos e modelos de interpretação da realidade.
Com os eixos temáticos para estudo, o que pretendemos é que os alunos
possam problematizar a realidade que os cerca, buscar informações em dife-
rentes fontes para ampliar seus conhecimentos, comparar explicações diferen-
tes sobre fenômenos sociais e naturais e, assim, aperfeiçoar suas próprias ex-
plicações sobre eles. As habilidades de problematizar, observar, comparar, de-
bater, pesquisar, expor, argumentar e justificar são os principais objetivos de
aprendizagem.
Ao propor uma ampliação da compreensão dos jovens e adultos sobre vá-
rios fenômenos, lançamos mão de vários conceitos e procedimentos típicos das
ciências sociais e naturais. Alguns desses conceitos e procedimentos são muito
importantes, pois servem de base para outras aprendizagens que os jovens e
adultos poderão realizar dando seqüência à sua escolarização ou participando
de outras formas de educação continuada. Mesmo que o objetivo não seja o
estudo das disciplinas científicas, é importante que os educadores fiquem aten-
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 19
tos ao modo como os alunos vão elaborando ao longo do processo esses concei-
tos e procedimentos fundamentais.
No que se refere às ciências biológicas, é importante observar em que me-
dida, ao longo das atividades dos quatro módulos, os alunos apreendem e ela-
boram o conceito de ser vivo, compreendendo que suas características princi-
pais são as trocas constantes com o meio ambiente e a realização de um ciclo
vital. Com relação ao estudo do seres humanos enfatizam-se suas necessidades
básicas em cada fase do desenvolvimento.
No que se refere à história, descata-se a importância da noção de modo de
vida e de tempo cronológico, além da percepção de que, na história, muitos ele-
mentos se transformam, enquanto outros permanecem.
Os alunos também serão seguidamente desafiados a interpretar e construir
representações gráficas do espaço. As representações cartográficas, como todos
sabemos, são instrumentos importantes de várias ciências, especialmente da geo-
grafia. Além disso, a leitura de plantas de edificações ou planos de ruas, estra-
das etc. é uma habilidade que muitos poderão utilizar em sua vida cotidiana.
A leitura e a elaboração de mapas e outros desenhos em escala exigem o
domínio de vários conceitos e procedimentos e não se espera que os alunos nes-
sa fase de escolarização dominem todos eles. O objetivo das atividades que en-
volvem mapas e plantas é familiarizá-los com esses materiais e com algumas
características importantes: o ponto de vista da representação, a utilização de
símbolos e legendas. Além de conhecer mapas importantes, especialmente do
Brasil, espera-se que os alunos aprendam a utilizar as representações planas (plan-
tas baixas e croquis) para se localizar e direcionar no espaço.
Outro elemento fundamental da geografia e de outras ciências sociais são
as informações demográficas, ou seja, sobre a distribuição de certas caracterís-
ticas em populações; por exemplo, índice de mortalidade infantil, expectativa
de vida, índice de participação das mulheres no mercado de trabalho etc. Os
alunos deverão se familiarizar com esse tipo de informação, fundamental tanto
para o estudo das ciências como para o acompanhamento dos acontecimentos
políticos e sociais veiculados pelos meios de comunicação. Neste aspecto have-
rá muitas conexões com os conteúdos matemáticos que se referem à porcenta-
gem e a introdução à estatística.
20 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Mais dicas para o educador
Como motivar os jovens e adultos no estudo desses temas?
Os temas e textos propostos para estudo são relevantes para a maioria dos
jovens e adultos. Interessados, motivam-se para estudar e aprender. Exatamen-
te porque procuramos abordar temáticas apropriadas a alunos jovens e adultos,
nem sempre as questões a serem enfrentadas são simples. Por esse motivo, é im-
portante que os educadores estejam dispostos a prestar toda a ajuda de que os
alunos necessitarem. Os educadores precisarão ler com freqüência em voz alta
os textos e as instruções dos exercícios, retomar e explicar oralmente passo a passo
as atividades, incentivar os alunos a trabalharem em grupo e auxiliarem-se mu-
tuamente, revisar as produções dos alunos, comentá-las e sugerir formas de
aperfeiçoá-las.
Junto a grupos que utilizaram esse material em caráter de experiência, ob-
servamos que muitas vezes os educadores se surpreenderam com o desempenho
dos alunos, que conseguiram resolver questões que eles antes consideravam muito
difíceis para esse nível de escolaridade. Esses educadores puderam constatar que
os jovens e adultos têm muitos conhecimentos que ajudam na resolução das ta-
refas escolares, desde que essas tarefas sejam significativas e tenham alguma
relação com vivências anteriores.
Acreditamos, portanto, que a melhor forma de motivar os alunos jovens e
adultos em seu processo de aprendizagem é propor o estudo de temas interes-
santes e adequados a sua faixa etária, num clima de cooperação e confiança mútua
na sala de aula.
O que esperar dos alunos?
Os textos, mapas, fotos e desenhos trazem muitas informações novas para
os alunos. Entretanto, eles não precisam nem devem perder tempo decorando
informações. A mera reprodução de informações memorizadas não deve ser
cobrada nas avaliações. Você deve, primeiro, ajudar seus alunos a compreen-
der as informações contidas nos textos e imagens. Depois, deve incentivá-los a
usar essas informações para debater os assuntos em pauta, para reformular ou
complementar suas opiniões. É esse aspecto que deve ser levado em conta nas
avaliações.
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 21
Com relação ao domínio da linguagem escrita, pode-se esperar que os alu-
nos, depois de realizar as atividades previstas neste livro, sejam capaz de ler
autonomamente textos curtos em linguagem coloquial, localizando neles infor-
mações também simples. Espera-se ainda que possam produzir textos curtos
inteligíveis, dividindo corretamente as palavras, ainda que possam incorrer em
faltas ortográficas. Devem estar começando a empregar os sinais de pontuação
para separar e organizar as idéias.
Com relação aos conhecimentos matemáticos, espera-se que os alunos sai-
bam interpretar e resolver situações-problema de contagem e medida, envolvendo
diferentes significados da adição, subtração, multiplicação e divisão. Ao traba-
lhar sobre situações-problema, eles deverão construir estratégias de resolução e
expressar a solução por meio de representações gráficas (desenho, registro de
cálculo espontâneo ou convencional).
Realizando as atividades propostas no livro, espera-se ainda que os alu-
nos aprendam a medir (comprimento, capacidade, massa), conheçam unidades
usuais de tempo e o sistema monetário. Com relação à geometria, espera-se que
eles possam reconhecer a localização de objetos no espaço a partir de alguns
pontos de referência, bem como estabelecer semelhanças e diferenças entre os
objetos pelas suas formas. Espera-se, finalmente, que os alunos evidenciem al-
guma compreensão das regras do sistema de numeração decimal para ler, es-
crever e interpretar números escritos com 4 dígitos; leiam e interpretem tabe-
las e gráficos simples.
A utilização do livro e do guia limita a atuação do educador?
Neste Guia do educador você poderá encontrar sugestões de como explo-
rar cada atividade proposta no livro do aluno, além de sugestões de atividades
complementares. Para alguns temas, selecionaram-se textos informativos breves
que servem para o educador se preparar para trabalhar o assunto com os alu-
nos. Acreditamos, assim, que a utilização do guia pode enriquecer o trabalho
de sala de aula. Se o educador, antes de iniciar uma unidade de trabalho em sala
de aula, ler as indicações que constam no guia, terá mais elementos para tornar
suas aulas interessantes.
Algumas pessoas podem imaginar que, adotando um livro didático e con-
tando com as sugestões do guia, o educador terá menos trabalho na prepara-
ção e condução de suas aulas. Isso não é verdade, pelo menos no que se refere
22 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
a esta coleção. As atividades propostas não são repetitivas e, por isso, exigem
que os educadores estejam sempre a postos para dar explicações e ajudar os
alunos.
Os textos e propostas de atividades que constam no livro do aluno e no guia
do educador são um suporte, mas sempre vão suscitar outras atividades que o
professor precisará desenvolver e conduzir. Além disso, é fundamental que os
alunos entrem em contato com outros materiais, livros de poesia, de ciências,
de história e geografia, jornais, atlas, folhetos, cartazes etc. O educador deverá
estar atento à criação de oportunidades para que seus alunos entrem em conta-
to com toda essa diversidade. Vale mencionar ainda o valor de se lançar mão
também de vídeos, filmes, visitas a museus, estudos do meio etc.
A seqüência das atividades propostas também não precisa ser seguida rigo-
rosamente. Os educadores poderão optar sobre como intercalar o trabalho com
temas e as atividades específicas de língua e matemática. Também deverão iden-
tificar os interesses mais fortes que estão mobilizando seus alunos, adequando a
seqüência proposta às necessidades de sua turma. Depende muito da sensibili-
dade dos educadores a adaptação das propostas a cada aluno em particular, seu
nível de conhecimento e ritmo de aprendizagem.
Enfim, todas as sugestões que apresentamos neste guia pretendem ser um
apoio e um incentivo para que os educadores exercitem sua criatividade e apri-
morem-se nesta arte que é o ensino.
Bom trabalho!
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 23
Módulo 1:
Identidades, mudanças...
1
24 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
As atividades deste módulo privilegiam a apresentação dos alunos e entro-
samento do grupo. Em muitas das atividades propostas os alunos poderão falar
de si e de suas experiências passadas. Criar um clima de amizade no grupo é
essencial para realizar a proposta pedagógica expressa nesse livro, baseada em
muitas situações de trabalho em grupo, debates, análise conjunta das produções
dos alunos.
Os educadores deverão preocupar-se também com que os alunos aprendam
a manusear o livro e identifiquem seus elementos: títulos, tipos de atividades,
numeração das páginas e dos exercícios, símbolos etc. A leitura oral das instru-
ções, seguida de explicações complementares, é essencial no início do processo.
O objetivo que se espera atingir com o trato da temática é que os alunos
reconheçam o valor de sua própria cultura e de sua experiência, fortalecendo a
própria identidade. Esperamos também que possam perceber que a identidade
das pessoas é dinâmica, que nos transformamos com o passar do tempo ao lon-
go das várias fases da vida. Além disso, que a identidade também está relacio-
nada aos espaços de vivência e convivência e que, ao se mudarem de uma região
para outra, as pessoas também se transformam e transformam os espaços que
habitam, imprimindo neles suas marcas culturais. Finalmente, espera-se que os
alunos também reconheçam na diversidade cultural um valor, que se interessem
por conhecer e compreender modos de vida diferentes dos seus.
Entre os assuntos abordados visando a essas aprendizagens estão a origem
dos nomes e sobrenomes, os documentos de identificação, o ciclo vital dos seres
humanos e outros seres vivos, aspectos relacionados à manutenção da saúde e da
qualidade de vida, a migração e os espaços rurais e urbanos, outras marcas por
meio das quais muitos grupos expressam e afirmam suas identidades culturais.
Propõe-se também um estudo mais sistemático dos textos poéticos por ser
esse um gênero que favorece o estabelecimento de conexões entre a tradição oral
e a escrita, possibilitando ainda o trabalho com o ritmo, a rima e as imagens poé-
ticas. Espera-se que os alunos possam lembrar versos ou poemas que aprenderam
da boca de alguém, reconhecendo o valor da oralidade. Por comparação, os alunos
também deverão identificar algumas características dos textos em prosa: os pará-
grafos corridos, as margens, a quebra de palavras e frases no final das linhas etc.
Na unidade dedicada à matemática, os alunos terão oportunidade de expo-
rem e expandirem seus conhecimentos sobre números, seqüências e escritas nu-
méricas, operações, medidas de tempo e dados estatísticos.
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 25
Unidade 1:
Nomes e documentos
As atividades tematizam os nomes das pessoas e seus significados. Além de
favorecer a socialização do grupo, tal conteúdo é enfocado como porta de en-
trada na história de vida de cada um.
Introduz-se também um estudo dos documentos pessoais de identificação,
em que se enfatizam tanto sua utilidade prática quanto seu valor como registro
das histórias de vida.
Destaca-se, portanto, a importância das fontes escritas e orais para a re-
cuperação da história e identidade pessoal e social. Curiosidades sobre a vida
de Mané Garrincha, famoso jogador de futebol, funcionam como exemplos e
elos de ligação entre as atividades.
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26 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
O significado dos nomes
Aproveite a parte oral dessa atividade para promover a integração do gru-
po. Falando sobre seu nome cada um pode contar um pouco de si, de sua famí-
lia, de seu lugar de origem, de uma época, enfim, de sua história de vida.
Na parte escrita, ajude os alunos a organizar a lista de nomes, significados
e apelidos no caderno. Tal organização (um nome embaixo do outro e as colu-
nas separadas por linhas verticais) pode ser novidade para muitos. Ao aprende-
rem a organizar informações numa lista é importante que os alunos percebam
que é preciso pensar num critério para organizá-la, como, por exemplo, dispor
os dados em ordem alfabética, e que isto facilita quando se quer encontrar uma
determinada informação numa listagem. Você pode oferecer um exemplo de
organização no quadro de giz:
Nomes Significados Apelidos
Antônio Nome do santo do dia em que nasceu Toninho
Osório Nome do avô Nenê
Raquel Tirado da Bíblia Não tem
Zilmar Combinação de Zilda com Mário, nomes do pai e da mãe Não tem
Manuel, apelido Garrincha
Leia o texto em voz alta e explore seu conteúdo oralmente. Vá colocando
perguntas que ajudem os alunos a retomar as principais informações do texto.
Pergunte também se alguém sabe mais sobre a história de vida do craque. Foca-
lize especialmente a história do apelido.
(p. 3)
(p. 4)
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 27
Nomes de gente
Sugira que os alunos leiam a letra da música silenciosamente. Depois, leia
você em voz alta, enfatizando o ritmo e as rimas. Peça que expressem suas pri-
meiras impressões sobre o texto. Chame a atenção deles para a organização do
texto em versos e estrofes e também para o efeito sonoro das rimas.
Em seguida, vá lendo em voz alta cada item do roteiro de estudos e ajude
os alunos a respondê-los. É possível que muitos conheçam outros repentes ou
poemas de cordel. Incentive-os a mostrar o que conhecem para os colegas. Como
os alunos não têm muita fluência na leitura, só devem ser solicitados a ler em
voz alta quando tiverem oportunidade de se preparar bem para isso. Você pode
dividir a classe em grupos e dar uma estrofe para cada um preparar. Depois a
leitura oral pode ser apresentada na forma de jogral.
Nomes e rimas
Incentive os alunos a perguntarem toda vez que tiverem dúvidas sobre como
escrever as palavras. Peça para alguns alunos lerem suas produções. Pedindo antes
a permissão aos autores, você pode copiar algumas no quadro e comentar seu
conteúdo, a organização dos versos, as rimas e a ortografia. Pergunte se alguém
tem sugestões para melhorar aqueles textos. Se houver interesse, você pode orga-
nizar uma pequena apostila com os versos produzidos pelo grupo e distribuí-la.
Documentos de identificação
A certidão de nascimento é o primeiro documento escrito de uma pessoa e
registra uma parte de sua história. Aproveite o tema para mostrar a importân-
cia da escrita como registro. Em nossa sociedade, a maioria das experiências são
registradas através da escrita, que permite a preservação da memória e ajuda na
construção da identidade pessoal e social. Ao lado dela, também a história oral
é fonte importante para a preservação da memória, como se pôde observar na
atividade sobre a história dos nomes.
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28 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Forme uma roda e comece uma conversa para introduzir o assunto. Pergunte
se todos os alunos têm sua certidão de nascimento e que dificuldades podem
enfrentar os que não têm o documento. A seguir, apresente a imagem de uma
certidão de nascimento no livro do aluno, localize com os alunos as informa-
ções registradas nesse documento.
Expanda a discussão fazendo um levantamento de outros documentos im-
portantes que todo o cidadão deve ter. Não deixe sem menção a carteira de iden-
tidade (RG), o título de eleitor, a carteira de trabalho e o certificado de reservis-
ta (só para homens maiores de 18 anos). Finalmente, peça que tragam para a
próxima aula os documentos necessários para realizar a atividade escrita sobre
a certidão de nascimento, a carteira de identidade, o título de eleitor e a carteira
de trabalho.
A tarefa de procurar as informações solicitadas nos documentos pode im-
por dificuldades; por isso ajude os alunos a localizarem-nas e usá-las para reali-
zar essa tarefa. Você deverá trabalhar junto com os alunos, mostrando a eles que
de fato nem sempre é fácil decifrar esses documentos, especialmente quando são
manuscritos.
Providencie seus documentos
Incentive os alunos a procurarem informar-se sobre os endereços onde po-
dem tirar os documentos. Ajude-os a fazer cartazes com essas informações, que
podem ser afixados nos murais do centro educativo.
A história do sobrenome
Leia o texto em voz alta e, depois, solicite que os alunos observem sua or-
ganização em blocos (parágrafos), muito diferente da letra de música sobre a qual
trabalharam anteriormente. Mencione o papel dos asteriscos, que neste caso estão
separando dois trechos do livro de Ruy Castro sobre o Garrincha.
No texto, temos ainda como tema a história de vida do Garrincha. O pri-
meiro bloco refere-se aos antepassados do jogador e o segundo bloco a aconte-
cimentos envolvendo seu registro de nascimento. É importante os alunos perce-
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 29
berem a diferença cronológica entre os dois blocos. Comente também o fato de
que, na história do Garrincha, encontramos referências a acontecimentos da
história do país, como a captura e escravização de povos indígenas que viviam
no território brasileiro antes da chegada dos conquistadores europeus.
Com relação ao caso do registro, comente que nem sempre os documentos
registram os fatos exatamente como ocorreram e que por isso os historiadores
procuram comparar diversas fontes para se aproximar dos acontecimentos ocor-
ridos no passado. Ajude os alunos a localizarem as informações pedidas no ro-
teiro de estudos.
Para ajudá-los a relacionarem as datas com os acontecimentos, vá anotan-
do no quadro de giz à medida que as informações forem localizadas no texto;
por exemplo: 1865  captura de índios para trabalhar nos engenhos / 1993 
nascimento de Mané Garrincha etc.
Ao final, solicite que pesquisem sobre a história de seus antepassados, pais,
avós, bisavós ou mesmo tataravós: onde e quando nasceram, se eram imigran-
tes, por que saíram de seu lugar de origem, para onde foram e em que época
chegaram. Explique que, ao pesquisarmos informações sobre nossos antepassa-
dos, estamos levantando dados sobre nossa ascendência e que essas informações
serão usadas para realizar a atividade seguinte: árvore genealógica.
Árvore genealógica
A árvore genealógica é uma representação gráfica que mostra várias rela-
ções de parentesco entre as pessoas pertencentes a uma mesma família. Retome
as informações da pesquisa que os alunos realizaram sobre seus antepassados e
explique que com essas informações podemos construir nossa árvore genealógica,
isto é, uma representação gráfica que mostra várias relações de parentesco.
Conte que a partir das informações que aparecem no livro Estrela solitária
foi possível construir parte da árvore genealógica de Garrincha. Faça com que
observem a árvore apresentada no livro e identifiquem o pai e a mãe de Gar-
rincha e seus avós paternos. Faça também com que percebam que em cada pa-
tamar está indicada uma geração: no primeiro patamar acima do nome do per-
sonagem aparece a geração de seus pais, no segundo a de seus avós, no terceiro
a de seus bisavós e assim sucessivamente. Solicite que expliquem como é cons-
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30 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
truído cada patamar e quantas pessoas aparecem em cada um deles. Mostre que
isso pode ser representado matematicamente da seguinte forma:
Primeiro patamar: pai e mãe 1 + 1 = 2
Segundo patamar: avós maternos e paternos 2 + 2 = 4
Terceiro patamar: bisavós 2 + 2 + 2 + 2 = 8
Observando esses registros os alunos poderão perceber como essa árvore
cresce, pois cada galho de um patamar gera dois no patamar superior. Assim,
poderão descobrir o número de tataravós de uma pessoa. É importante também
que percebam que entre patamares sucessivos a relação é entre pais e filhos, ou
seja, os bisavós são pais dos avós.
Peça então a cada um que construa sua árvore genealógica, escrevendo os
nomes de seus antepassados em pequenas cartelas e colocando primeiro os no-
mes dos bisavós, depois dos avós, pais e o seu nome. Caso os alunos não tenham
encontrado os nomes de todos os antepassados, peça que deixem cartelas em
branco representando esses parentes. Oriente-os para que respondam as ques-
tões que aparecem no livro. Promova uma conversa para que apresentem e dis-
cutam as diferentes respostas que aparecerem na classe. Mostre também que,
mesmo que eles não tenham informações sobre algum ramo da família, é possí-
vel representar na árvore todas as relações, deixando algumas casas sem indica-
ção dos nomes.
Tal pai, tal filho
Inicie a atividade organizando uma breve conversa com os alunos sobre as
semelhanças que observam entre seus familiares. Deixe que exponham as carac-
terísticas comuns que observam; por exemplo, o formato e cor dos olhos, a cor
do cabelo, o formato do rosto etc. Depois, coloque o título no quadro de giz e
pergunte se já ouviram essa expressão e em quais situações ela costuma ser usa-
da. Estimule-os a observar a obra de arte e a fotografia, solicitando-lhes que
apontem semelhanças entre as pessoas que aparecem nessas imagens. Pergunte
também qual é o assunto que será tratado num texto informativo com esse títu-
lo. Levante suas hipóteses e leia o texto em voz alta.
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 31
Em seguida, peça que listem as principais informações que aparecem no texto;
por exemplo, o fato de que os filhotes se parecem com os pais, que cada ser é
único etc. Chame a atenção deles para o fato de que, mesmo sendo semelhan-
tes, cada ser humano é único. Para ajudá-lo nessa atividade apresentamos um
trecho de um texto que trata desse tema:
O surgimento das semelhanças com os pais e parentes e também das com-
binações de características que faz cada um de nós diferente dos outros começa
no momento em que as células reprodutoras do pai e da mãe se unem, no início
da formação de um novo ser. Cada uma dessas células reprodutoras  a femi-
nina e a masculina  tem a mesma quantidade da substância chamada DNA
(abreviação de ácido desoxirribonucléico).
Segundo os cientistas, o DNA é responsável pela transmissão das chama-
das características hereditárias, ou seja, que podem passar dos pais para os fi-
lhos. Você enxerga facilmente algumas dessas características, como a cor dos olhos
e dos cabelos. Muitas outras, que não percebemos sem o uso de instrumentos
ou testes, como tipo de sangue, também são resultado do funcionamento do DNA
nas nossas células. O DNA também é conhecido como material genético.
Quando as células reprodutoras se unem, o DNA da célula que veio do pai
começa a funcionar juntamente com o DNA da célula que veio da mãe. De uma
célula inicial, rapidamente vamos ter 2, 4, 8, 100, 1.000... milhões de células que
formarão um novo ser. As células do bebê se multiplicam e vão mudando para
formar todos os órgãos do seu corpo.
Quando o bebê nasce, a combinação de características que vêm do pai e da
mãe já está pronta. Conforme o bebê cresce, muitas células vão se renovando, o
ambiente em que vive influencia seu desenvolvimento e, assim, a fisionomia da
criança vai mudando.
Fonte: Rosa, Vívian Leyser da. Tal pai, tal filho: ciências hoje
para crianças. Rio de Janeiro: SBPC, nº 85, out. 1998
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Unidade 2:
Ciclos de vida
Nessa unidade abordamos um tema fundamental das Ciências da Nature-
za: a distinção entre seres vivos e os seres não vivos, ou, melhor dizendo, ambi-
ente físico.
Inicialmente, as atividades visam a organizar conhecimentos que os alunos
já têm sobre o ciclo vital dos seres humanos, destacando a preservação de pa-
drões físicos familiares e do esquema corporal.
Trabalha-se também a noção de perpetuação das espécies a partir da gene-
ralização de que os seres vivos sempre se originam de outros da mesma espécie.
Teremos assim a oportunidade de debater crenças populares sobre a origem da
vida e dos animais. Finalmente, tais conhecimentos poderão ser aplicados no
estudo de um assunto importante de higiene e saúde: as verminoses.
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 33
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
As necessidades
básicas dos seres humanos
A interdependência entre os seres vivos e o ambiente físico é um tema que
será abordado em muitas atividades propostas nesta série de livros. Este é um
primeiro momento para se aproximar da temática, enfocando os seres humanos
e suas necessidades básicas. Depois de ler o texto em voz alta e pedir que os alu-
nos tentem lê-lo individualmente, você pode formular com a colaboração de todos
duas ou três frases-síntese e anotá-las no quadro de giz.
Ciclos vitais
Peça que os alunos observem as imagens e leiam silenciosamente as legen-
das explicativas dos quadros que ilustram os ciclos de vida de diferentes seres
vivos. Para ampliar o tema, é interessante mostrar enciclopédias ou outros livros
que tratam da vida dos animais para os alunos. Mesmo que os livros tragam textos
muito complexos, é interessante que os jovens e adultos possam folheá-los e
observar suas ilustrações.
Ao ler o quadro com as curiosidades, chame a atenção dos alunos para os
diferentes ritmos em que se realizam os ciclos de vida das várias espécies de se-
res vivos.
Depois que o tema ciclo de vida já estiver suficientemente trabalhado, sugi-
ra que a proposta de produção de representação do ciclo de vida de algum ou-
tro ser vivo seja feita em grupo, para que ocorra intercâmbio de informações sobre
o conteúdo e a forma do texto a ser produzido. Os grupos podem escolher um
animal ou planta do qual conheçam bem o ciclo de vida, como a galinha ou o
milho, ou outros ciclos que conheceram através de livros. Dê a sugestão de que
façam primeiro um rascunho das legendas que acompanham os desenhos. De-
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pois de corrigidas com a sua ajuda, eles podem passá-las a limpo no cartaz que
vai ficar exposto no centro educativo.
Geração espontânea
Por meio dessa atividade, pretende-se que os alunos cheguem a generalizar
o princípio de que todos os seres vivos férteis nascem de outros seres vivos da
mesma espécie.
Sugerimos que, antes de ler o texto do livro ou fazer a experiência, você faça
uma problematização para poder saber quais são os conhecimentos prévios que
os aluno têm sobre essa questão. Você pode fazer a pergunta:
 Como se formam os bichinhos que vivem dentro da goiaba?
Peça para os alunos responderem individualmente numa folha e recolha-as.
Procure analisar o tipo de respostas dadas; por exemplo, se há explicações que
recorrem ao sobrenatural ou à vontade divina, explicações que admitem a hi-
pótese da geração espontânea, como o bicho nasceu da goiaba, ou respostas
que admitem os limites do próprio conhecimento, como não sei.
Em seguida, peça que os alunos leiam, ou leia você em voz alta o texto.
Analise a ilustração e, se os alunos se interessarem, faça com eles a experiência.
É importante verificar se eles conseguem concluir que o fato das larvas não apa-
recerem no frasco tapado é a prova de que esses animais vieram de fora, não
nasceram da própria carne.
Os seres vivos
Numa conversa com a turma sobre as questões propostas nesta atividade,
você poderá verificar até que ponto os aluno puderam generalizar o conceito de
ser vivo. É possível que muitos jovens e adultos associem a idéia de vida com o
movimento, negando assim a possibilidade de que os vegetais sejam vivos. Para
questionar essa concepção você pode lembrá-los dos ciclos vitais (semente, muda,
planta etc.) e das trocas de materiais com o meio físico (a planta retira materiais
da terra por meio das raízes).
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 35
É bom também retomar o princípio da permanência das espécies, pois tam-
bém é freqüente a crença de que os morcegos se originam de ratos velhos ou que
os verminhos nascem da carne podre.
Como as lombrigas
surgem na barriga das pessoas?
Os alunos poderão aplicar as idéias discutidas até aqui para analisar um
problema muito importante relativo à higiene e saúde: as verminoses. Você pode
iniciar a atividade fazendo uma análise da fotografia da criança barriguda. Vá
questionando qual a razão da barriga inchada, por que a criança fica com ver-
me, se o ambiente onde ela está parece limpo etc. Depois, leia o texto que expli-
ca o ciclo de vida da lombriga. Comente que existem outros vermes, como a
solitária, por exemplo. Compreendendo o ciclo vital da lombriga poderão en-
tender a importância da prevenção e do tratamento.
Comida
Essa é a letra de uma canção da banda Titãs, que fez bastante sucesso nas
décadas de 80 e 90, especialmente entre os jovens. O comentário sobre a letra
pode ser uma boa oportunidade para expandir as discussões realizadas nessa
unidade sobre as necessidades básicas dos seres humanos, que não são apenas
biológicas, mas também sociais e psicológicas. A estrutura dos versos é repetitiva,
intercalando negações e afirmações, criando um efeito muito interessante. Os
alunos podem ler silenciosamente, depois podem cantar a música ou ler a letra
em voz alta. Incentive-os a discutir a importância das outras necessidades hu-
manas sugeridas na canção.
Finalmente, oriente-os na realização das atividades, explorando as repeti-
ções e as diferenças entre agente e a gente.
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36 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Unidade 3:
Migração
Nesta unidade, aborda-se o tema migração, ainda tomando como referên-
cia principal as experiências dos alunos. O Brasil tem uma história de formação
social que se pode considerar recente quando comparada a outros países e a
migração é um dos seus traços marcantes. Todos temos, direta ou indiretamen-
te, uma história pessoal ou familiar de deslocamentos e necessidades de adapta-
ção a novas situações de vida.
Resgatando suas vivências em diferentes espaços, os alunos poderão rela-
cionar sua história pessoal com processos geográficos, históricos e sociais mais
amplos. Esta unidade destaca elementos dos lugares de origem e de chegada da
população migrante, migrações campo-cidade e diferenças de modos de vida. É
de supor que surgirão nesse estudo aspectos dos principais fluxos migratórios
do país nos últimos anos, como o da Região Nordeste para as grandes cidades
do Centro-Sul. Como os movimentos migratórios implicam mobilidade e deslo-
camento espacial, é possível iniciar também estudos sobre a divisão política (es-
tados da federação), sistemas de transporte e comunicações do país, códigos e
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 37
símbolos da linguagem cartográfica (ícones, legendas simples, representações de
elementos do espaço geográfico). O tema também propicia o trabalho com as
noções de proximidade e distância.
É importante observar na produção dos alunos a correção na identificação
e localização dos estados do Brasil e na caracterização dos espaços locais e re-
gionais que compõem o espaço geográfico nacional. Do mesmo modo, é funda-
mental observar a construção pelos alunos de noções como perto, longe, vizi-
nhança, separação e mobilidade espacial e noções auxiliares na compreensão do
espaço geográfico, como vias de transporte, meios de transporte, meios de co-
municação e representação cartográfica.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Lugar de origem
O objetivo da atividade é que os alunos observem a incidência de migrantes
na classe e que exercitem a diferenciação entre estados e cidades. Você pode
organizar no quadro de giz o quadro com os nomes dos alunos, seus estados e
cidades de origem. Se houver algum estado ou região de onde vieram muitos alu-
nos, discuta com eles as razões desse fenômeno.
Quando os alunos forem elaborar os desenhos sobre os lugares de origem,
incentive-os a registrar detalhes interessantes, que podem auxiliá-los a elaborar
o texto descritivo, que deverá acompanhar o desenho. Depois de melhorar sua
produção com sugestões suas e dos colegas, os alunos podem afixá-las no mu-
ral da classe.
Estados brasileiros
Nesta atividade, você deve levantar questões que ajudem os alunos a loca-
lizar os estados (em que região ficam, quais estados são vizinhos etc.). Você ain-
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da pode usar aqui os termos em cima, embaixo, ao lado etc. Entretanto,
valorize conhecimentos sobre orientação (o emprego de expressões como norte,
sul etc.). É possível que você tenha que falar um pouco sobre o significado do
mapa (um desenho do Brasil em tamanho reduzido).
Ao responder as perguntas que se seguem ao mapa, os alunos deverão mos-
trar seus conhecimentos sobre as cidades que são capitais (sede administrativa
do estado, onde fica o palácio do governo). Normalmente, as capitais são as
maiores e mais importantes cidades dos estados, mas há exceções como João
Pessoa, capital da Paraíba, que é menor do que Campina Grande. O caso de
Brasília também é particular, porque é sede do governo federal (a capital do
Brasil).
Você deve anotar o tipo de dificuldades que os alunos tiveram na interpre-
tação do mapa e na diferenciação entre estados, cidades e capitais. Mais tarde,
você poderá ver se sua compreensão evolui à medida que realizem outras ativi-
dades que constam deste volume.
Retirantes
Observando a foto e procurando inferir a origem e destino da família, es-
pera-se que os alunos iniciem a identificação de algumas características gerais
sobre o fenômeno migratório no Brasil. Procure encaminhar a discussão para a
distinção entre rural e urbano e as diferenças entre os recursos existentes nessas
regiões que podem estar associados à tendência migratória campo-cidade.
Pequeno pulo ou grande salto?
Esse texto é a transcrição adaptada de um depoimento oral. Apesar da lin-
guagem coloquial, os alunos podem ter dificuldades na leitura e é bom que você
os ajude fazendo-a primeiro em voz alta. O tema do texto é a chegada de um
migrante na cidade grande, seus estranhamentos e dificuldades.
A proposta de estudo do texto sublinha algumas estratégias de leitura, rela-
cionadas à apreensão do tema, à localização de informações específicas e às
inferências (coisas que se podem imaginar a partir do que se leu). Antes que os
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 39
alunos respondam o questionário, leia cada pergunta junto com eles e mostre a
diferença entre o que se pede em cada uma (algumas respostas estão no texto e
outras eles precisam inferir a partir do texto).
Meios de transporte
Ao realizar esta atividade, chame a atenção para o fato de que as distâncias
têm sido vencidas pelos meios de transporte mais modernos. Por outro lado,
alguns percursos ficam mais demorados por causa do engarrafamento do trân-
sito ou más condições das vias. Destaque que nem todos têm acesso a todos os
meios de transporte. Compare os transportes coletivos com os individuais. Des-
taque o telefone como meio de comunicação moderno e levante com os alunos
a existência de outros (correio, internet etc.).
Sistemas de transporte
Este é um exemplo hipotético de um sistema de transporte (a interligação
de lugares por diferentes tipos de vias). A atividade dá oportunidade aos alunos
de se familiarizarem com a linguagem cartográfica (ícones, legendas, percursos,
localização e posição de lugares e objetos). Aos poucos, os alunos poderão uti-
lizar mapas para criar referências para localização e deslocamento. O ideal é que
os alunos façam essa atividade em duplas e que você esteja circulando pela sala,
disponível para resolver as dúvidas que certamente aparecerão.
Meio do caminho
O objetivo desse texto é elaborar a noção de urbanização, do que é uma
metrópole e de que o Brasil é hoje um país dominantemente urbano. Esta do-
minância do urbano tem dois aspectos: o primeiro é que a maior parte da popu-
lação vive em cidades e o segundo é que o modo de vida urbano (valores, hábi-
tos de consumo e costumes) também chega às zonas rurais graças aos meios de
comunicação e transporte.
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40 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Devem-se analisar as metrópoles como uma grande concentração de recur-
sos técnicos, humanos e financeiros, que irradia sua influência pelo território na-
cional, especialmente a partir do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Analisando o gráfico que acompanha o texto, seus alunos vão poder vi-
sualizar o resultado dos movimentos migratórios acontecidos na segunda meta-
de desse século. O primeiro aspecto que deve ser observado é que no gráfico a
população está representada em números (em milhões) nos anos de 1940, 1970
e 1996. Nas colunas, a parte mais escura representa a população rural e a parte
mais clara a população urbana. Para obter os totais da população em cada ano,
os alunos terão que somar os números que aparecem em cada coluna; por exem-
plo, em 1970 havia 41 milhões de habitantes na zona rural e 52 milhões de ha-
bitantes na zona urbana, resultando numa população de 93 milhões de habitantes
(41 + 52 = 93). Explique para que servem as informações que aparecem ao lado
do gráfico  as legendas. A legenda é um tipo de informação que acompanha
gráficos, mapas, ilustrações, fotografias etc., colaborando e complementando as
informações apresentadas nessas representações gráficas.
É importante que os alunos comparem as colunas a partir de seu tamanho
e por seu valor numérico, ou seja, observando as proporções entre as partes pin-
tadas e relacionando-as aos números representados. Assim, uma coluna menor
corresponde a um número menor de habitantes. Explore oralmente as informa-
ções que aparecem no gráfico até certificar-se de que toda a turma as compreen-
deu. Para responder às perguntas não é necessário que saibam analisar números
da ordem dos milhões, usando as regras do sistema de numeração decimal.
Caso haja interesse por parte de seus alunos, podem-se escrever os núme-
ros do gráfico na tabela valor de lugar. Dessa forma, eles poderão observar
quantos dígitos são usados para registrar cada um deles. Por exemplo:
Milhões Milhares Unidades
CDUCDUCDU
28000000
13000000
41000000
52000000
34000000
123000000
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 41
Na primeira pergunta o aluno terá que concluir que a população total au-
mentou entre os anos de 1940 e 1996 e pode obter esta resposta através do cál-
culo entre os valores que aparecem na coluna ou observando seu tamanho. Na
pergunta de número 2, eles terão que somar os números que aparecem na colu-
na referente ao ano de 1996, assim a resposta que devem obter é que em 1996
havia 157 milhões de habitantes. Observando as colunas os alunos também
poderão concluir que a população rural aumentou no período entre 1940 e 1970,
e que diminuiu entre o período de 1970 e 1996; que em 1970 o número de ha-
bitantes na zona rural e urbana era quase igual, e que em 1996 houve um au-
mento significativo da população que vivia na zona urbana. Faça uma correção
coletiva das respostas e verifique como usaram as informações que aparecem no
gráfico para responderem as perguntas.
Procure animar o debate sobre o tema sugerindo que os alunos pensem so-
luções para os problemas causados pela migração. Para se preparar melhor para
o debate, você pode ler o texto reproduzido nesta página sobre a população rural
e urbana.
POPULAÇÃO RURAL E URBANA NO BRASIL
Nos últimos 50 anos, o conjunto dos países chamados subdesenvolvidos
(América Latina, África, Oriente Médio e parte da Ásia) presenciou um enorme
crescimento das populações de suas cidades. Nos anos 80, esses países já possu-
íam mais da metade da população urbana mundial.
Trata-se de uma urbanização que difere em muitos aspectos daquela ocor-
rida no mundo desenvolvido. É muito mais recente, deu-se de forma bem mais
acelerada e mais concentrada em um número menor de cidades de grande porte
como São Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil, e Cidade do México, no México.
Caracteriza-se por um impressionante fluxo migratório campo-cidade. Pes-
soas que, chegando às cidades, têm ingressado cada vez mais em ocupações não
industriais (serviços públicos e privados, comércio, empregos domésticos etc.,
além da indústria da construção civil). Esse fenômeno denomina-se urbanização
terciária, que é um crescimento urbano alimentado principalmente pelo setor de
serviços. Contribuem também para a urbanização terciária as inovações tec-
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42 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
nológicas nas indústrias, liberando mão-de-obra do setor, e o desenvolvimento
de unidades industriais para cidades de porte médio.
No Brasil, 69% da população brasileira vivia no campo em 1940, contra
31% nas cidades. Em 1991, a taxa de urbanização chegou a 75,59% e 78,36%
em 1996. Esse incremento explica-se basicamente por três fatores: a migração
da zona rural para zonas urbanas, o crescimento vegetativo nas áreas urbanas
e, em menor escala, a incorporação pelo setor urbano de áreas antes considera-
das rurais. Indica uma preponderância cada vez maior dos setores urbanos em
relação ao rural.
Deve-se considerar, entretanto, que não significa que houve decréscimo em
termos absolutos da população rural em relação ao total a partir dos anos 50,
pois a população rural apresentou queda no número de habitantes após os anos
70. Nesse ano, eram 41 milhões de pessoas no campo; em 1996, esse número
cai para 33,9 milhões de pessoas. Contribuíram para essas mudanças a moder-
nização agrícola (em especial no centro-sul), com a introdução de novas tec-
nologias e insumos industriais no campo  liberando mão-de-obra  e a per-
manência de estrutura fundiária marcada pela concentração de terras.
Mais recentemente, alguns lugares, como o estado de São Paulo, têm apre-
sentado crescimento da população rural não-agrícola, com pessoas dedicando-
se a atividades ligadas a setores como turismo, lazer, empregos em residência
(como condomínios de alta renda), além de artesanato, pequeno comércio e in-
dústrias caseiras.
Fonte: texto adaptado de Oliva, J. & Giansanti, R. Espaço e
modernidade do tema da Geografia mundial. São Paulo: Ática, 1995
Trem de ferro
Esse é um texto para ser utilizado num momento de descontração. É para
ser lido em voz alta, chamando a atenção para o ritmo das palavras, que recri-
am o barulho de um trem. Você pode fazer um jogral ou uma leitura dramatiza-
da envolvendo todo o grupo. O compositor Tom Jobim musicou esta poesia: ela
foi gravada em seu último CD, que você pode levar para a sala para os alunos
(p. 30)
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 43
escutarem. Após a leitura do texto, oriente-os na realização das atividades. Os
dois primeiros exercícios exploram o ritmo e a musicalidade do poema. A repe-
tição do verso Café com pão imita o som da partida do trem, como se uma maria-
fumaça estivesse movendo-se sobre os trilhos. No exercício o ritmo do poema é
obtido pela repetição de palavras e por sua sonoridade, o que ocasiona um rit-
mo mais acelerado na leitura.
A seguir, exploram-se as quadras populares escritas do modo como são fa-
ladas. Ajude os alunos a encontrarem-nas no poema e reescrevam-nas coletiva-
mente usando as regras da linguagem escrita. Essa é uma boa atividade para
trabalhar a noção de que não escrevemos do jeito que falamos.
Aventuras de uma carta
Esta atividade encerra o módulo com um assunto que geralmente interessa
bastante aos jovens e adultos recém-alfabetizados: o correio. Ela remete também
às formas como distâncias são transpostas no Brasil, através de redes de trans-
porte e comunicação. Mais uma vez, ajude os alunos a analisarem as imagens e
relacioná-las às legendas.
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44 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Unidade 4:
Outras marcas de identidade
Nesta unidade pretende-se que os alunos analisem as diferentes maneiras de
as pessoas se identificarem: além dos nomes e apelidos, suas características físi-
cas, jeito de ser e de se vestir. Diversos povos e grupos têm diferentes maneiras
de mostrar sua identidade. Além disso, essa identidade se modifica com o pas-
sar do tempo. Apesar de serem sempre as mesmas, as pessoas mudam ao longo
de seu ciclo de vida: mudam seus corpos e o modo como vêem o mundo. Com o
passar do tempo, também os povos vão modificando seu modo de viver e pen-
sar: algumas coisas ficam, outras se transformam. É importante preservar a
memória dos povos para que eles possam ter sua própria identidade, saber de
onde vieram.
As atividades propostas nessa unidade colocarão os alunos em contato com
modos de vida e expressão de grupos brasileiros culturalmente diversos. É im-
portante que os alunos percebam o valor de fotografias e documentos escritos,
expressões artísticas e relatos orais como fontes da história dos povos.
4
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 45
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Quilombo de Frechal
O texto retrata a vida numa comunidade afro-brasileira do estado do Mara-
nhão. Ajude os alunos a descobrirem o significado da palavra quilombo. Caso
ninguém do grupo saiba o que ela significa, procure no dicionário e leia a defi-
nição para eles. A atividade também incita os alunos a pensarem sobre a influência
das culturas africanas sobre a cultura brasileira.
O QUE SÃO OS QUILOMBOS
No passado, os quilombos eram as comunidades que conseguiam criar um
modo de vida livre e independente, rejeitando a escravidão. Os quilombos sem-
pre se localizavam em pontos estratégicos, de difícil acesso aos perseguidores de
escravos. Longe da escravidão, os quilombolas formavam suas comunidades. Em
alguns casos, essas comunidades permanecem até hoje com seus descendentes.
Existem cerca de mil comunidades remanescentes de quilombos espalhadas de
norte a sul do país. Muitas dessas comunidades lutam hoje para serem reconhe-
cidas e para garantir a posse comunitária de suas terras.
Fonte: Pestana, M. Comunidades dos quilombos.
São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, s.d.
A escravidão negra no Brasil
O objetivo desta atividade é tratar do tema da escravidão negra no Brasil,
que está relacionado ao texto trabalhado anteriormente. É importante que os
alunos percebam que os fatos narrados ocorreram no passado, não tão distan-
te, e que identifiquem as conseqüências da escravidão até os dias de hoje.
(p. 35)
(p. 37)
4
46 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Leia o texto em voz alta para os alunos.
Chame a atenção dos alunos para alguns fatos bem marcantes da história
da escravidão:
a escravidão foi um dos maiores movimentos de imigração forçada que
se conhece na história da humanidade;
as atividades nas quais eram usadas mão-de-obra escrava;
o tempo que durou a escravidão, a abolição e suas conseqüências;
os aspectos da cultura africana que compõem a cultura brasileira.
Ao final, explore o quadro de Rugendas feito no século XVII. Nele os alu-
nos poderão ver um registro sobre a vida dos negros trabalhando.
JOHANN MORITZ RUGENDAS (1802-1858)
Rugendas foi um desenhista e pintor alemão. Contratado como desenhista
da expedição científica do barão de Langsdorff, chegou ao Brasil em 1821.
Não acompanhou a expedição, mas até 1825 viajou por várias regiões bra-
sileiras, fixando, em desenhos e aquarelas, aspectos da paisagem, tipos e costu-
mes. Suas obras estão em vários museus e coleções da Europa e da América do
Sul; no Brasil, a fundação Raimundo Ottoni de Castro Maia abriga importante
coleção de gravuras.
Fonte: texto adaptado de Grande Enciclopédia
Larousse Cultural. Nova Cultural, 1998.
O jenipapo
O pequeno texto e as imagens mostram aspectos da cultura dos índios Ticuna,
que habitam o estado do Amazonas. Aproveite a oportunidade para comentar
a existência de vários grupos indígenas no Brasil, onde há mais de 200 etnias
diferentes.
(p. 38)
4
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 47
Comente que a maioria desses grupos tem contato com outros grupos indí-
genas e com a sociedade brasileira em geral. Destaque o fato de que as culturas
não são estáticas mas se modificam com o passar do tempo e principalmente com
o contato com outras culturas. Os Ticuna são um bom exemplo: mantêm sua
identidade e preservam a sabedoria de seu povo, mas aproveitam coisas produ-
zidas por outros brasileiros, como os livros, as canetas usadas para fazer os de-
senhos etc.
A história que ninguém contou
Esse texto traz informações sobre a história dos povos indígenas brasilei-
ros, colaborando para a discussão iniciada na atividade anterior. Apresente o texto
para os alunos e leia-o em voz alta. Peça que façam uma leitura silenciosa e que
busquem as informações novas que o texto trouxe. Organize uma conversa, na
qual cada um exponha as informações que selecionaram.
A força da música
Um debate sobre as posses e o hip-hop pode ser interessante, especialmente
para os alunos mais jovens. O exemplo desse tipo de organização dos jovens nas
cidades mostra que a necessidade de afirmar sua própria identidade não é ex-
clusiva às sociedades tradicionais ou rurais. Também nos centros urbanos, gru-
pos que se sentem marginalizados procuram formas de afirmar sua identidade e
lutar contra a discriminação.
(p. 39)
(p. 40)
5
48 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Unidade 5:
Um pouco mais de Língua Portuguesa
Nas unidades anteriores deste módulo há alguns poemas, de modo que você
já deve ter comentado com seus alunos sobre sua estrutura (versos e estrofes),
sobre o ritmo e as rimas.
Nesta unidade você poderá fazer uma retomada desse conteúdo, incentivando
seus alunos a ler e escrever poesias. Com relação à ortografia, propõe-se uma
atividade de diagnóstico e exercícios para que reconheçam que nem sempre fa-
lamos do jeito que escrevemos (sons da sílabas finais com E e O).
Há ainda um trabalho sobre usos da letra maiúscula e partição de palavras
ao final da linha.
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 49
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Poesia
Leia em voz alta o texto explicativo que está no quadro. Apresente o tema
central dos poemas, fale sobre seus autores e peça que os alunos leiam-nos si-
lenciosamente. A seguir, leia você cada um deles em voz alta e comente sobre o
modo como o amor é abordado em cada um. Então, solicite que escolham um
deles para preparar e ler em voz alta. Faça essas atividades ficarem bem diverti-
das. Ler em voz alta não deve ser um tormento para os alunos, mas um exercí-
cio de desinibição e fruição do texto poético. Os alunos podem se interessar tam-
bém por saber quem são os poetas que escreveram esses versos de amor. Você
pode prestar-lhes essas informações.
VINICIUS DE MORAES
Poeta, compositor e diplomata carioca (1913-1980). Publicou vários livros
de poesia, o primeiro deles em 1933. Morou na Inglaterra e nos Estados Uni-
dos. De volta ao Brasil em 1953, compôs seu primeiro samba. É sua a letra de
Garota de Ipanema, a música brasileira mais conhecida no exterior. Fez parce-
ria com importantes músicos como Tom Jobim, Pixinguinha, Baden Powell e
Dorival Caymmi. Teve uma vida artística intensa, apresentando-se em muitos
shows no Brasil e no exterior. Casou-se nove vezes.
LUÍS VAZ DE CAMÕES
Poeta português (1525?-1580), é o autor de Os lusíadas, considerada a obra
mais importante da literatura portuguesa. Nos versos de Os lusíadas, conta a
expedição de Vasco da Gama em busca de um caminho marítimo para as Índi-
(p. 42)
5
50 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
as, mesclando fatos da história portuguesa com intrigas dos deuses do Olimpo,
que procuram ajudar ou atrapalhar a missão do navegador.
Em 1560, quando voltava da Índia, o navio onde viajava naufragou. Camões
salvou os originais de Os lusíadas nadando até a terra com o manuscrito em-
baixo do braço. Nove anos mais tarde, retornou a Lisboa com a intenção de
publicar o poema, o que só conseguiria em 1572, graças a um financiamento
concedido pelo rei Dom Sebastião.
O poeta morreu em Portugal em absoluta pobreza.
Fonte: Almanaque Abril 1996 (CD-ROM). São Paulo: Abril, 1997
Ao final, propomos uma atividade para que os alunos façam um diagnósti-
co de suas próprias dificuldades ortográficas e comparem-nas com as dos cole-
gas. Nessa e em outras situações que envolvam produções escritas, o importan-
te é o aluno refletir e interessar-se pela ortografia da língua, pelas suas regulari-
dades e exceções.
Os alunos devem desmistificar suas próprias limitações, observando que to-
dos as pessoas que escrevem, especialmente as menos experientes, têm dúvidas
sobre a ortografia de algumas palavras.
Imagens poéticas
As atividades que se seguem procuram dirigir a atenção dos alunos para um
aspecto muito característico da linguagem da poesia: o uso de imagens. Procure
explorar oralmente com os alunos as várias imagens empregadas em expressões
populares; compare-as com as imagens usadas na música do grupo Skank e pe-
los poetas populares.
Na letra de música os autores comparam a impossibilidade de ver uma pes-
soa (que parece ser desejada) e não querê-la. É a partir desse mote que criam as
comparações com imagens impossíveis: por exemplo, sentir frio em Cuiabá ou
mergulhar no rio e não se molhar. O mesmo recurso foi usado pelos poetas po-
pulares para demonstrar que não adiantava dar queixa à Justiça dos crimes co-
(p. 45)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 51
metidos por Lampião, pois a polícia já vivia em seu encalço e não conseguia pegá-
lo. Leia o poema em voz alta, explore cada uma das comparações e imagens
usadas ali e depois auxilie os alunos na realização da tarefa de reescrita de uma
estrofe da letra de música.
Poesia visual
A exploração dos elementos visuais da escrita é uma característica dos po-
etas modernos e que aproxima a poesia das artes plásticas.
O estudo dos poemas visuais de autoria de Millôr Fernandes pode ser bem
divertido. Incentive os alunos a lê-los e admirá-los em pequenos grupos, anali-
sando a relação entre o conteúdo do poema e o movimento sugerido pela dispo-
sição das letras no papel.
MILLÔR FERNANDES
Escritor, pintor, caricaturista, poeta, dramaturgo e tradutor, Millôr Fernandes
se autodefine como um escritor sem estilo. Começou a escrever com 13 anos
de idade na revista O Cruzeiro, na qual permaneceu 25 anos. E, de lá para cá,
não parou mais com sua irreverência.
Autor de mais de 90 peças teatrais, tradutor de mais de 50 clássicos da lite-
ratura universal, com colunas em vários jornais e revistas. Seu trabalho é incisi-
vo e bem-humorado, com um aguçadíssimo senso crítico.
Fonte: http://plusnet.com.br/usuario/terravista/html
Ao final, oriente os alunos na realização das atividades que seguem. Peça
que leiam o poema de Millôr Fernandes e discuta como poderiam reescrevê-lo,
usando recursos visuais como nos poemas que leram anteriormente. Incentive-
os a soltarem a imaginação e reinventar o poema usando os recursos visuais que
considerarem adequados. Exponha os trabalhos no mural da sala.
(p. 48)
5
52 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Criando poesia
Aproveite a ocasião em que o assunto é a inspiração poética e proponha esse
exercício que normalmente costuma agradar bastante aos alunos.
A elaboração do acróstico também é um estímulo para que o aluno pense
sobre si mesmo ou em pessoas queridas.
Distribua folhas de papel quadriculado e proponha que escrevam seus no-
mes na posição vertical. A seguir, solicite que pensem em várias palavras ou
expressões que têm alguma relação com o jeito de ser de cada um: por exemplo,
qualidades, desejos, marcas de identidade etc.
Peça que tentem usá-las na composição do acróstico, em que as letras do
nome são usadas como na palavra-cruzada para compor outras palavras. Ao final,
peça para cada aluno colocar seu acróstico no quadro de giz e apresentá-lo aos
colegas.
Brincando com as palavras
No exercício 1 os alunos irão trabalhar com quadras populares, usando para
completá-las as palavras embaralhadas. Explore a organização desses textos
(quatro versos) e as rimas. É comum que os alunos conheçam outras quadras
populares, e você pode fazer uma pequena coletânea e criar atividades de escri-
ta e leitura com esses textos.
No exercício 4, os alunos serão desafiados a copiar o poema de Adélia Pra-
do separando as palavras. Corrija esta atividade individualmente e observe como
os alunos estão lidando com a separação de palavras.
Livro de poemas
A proposta de criar uma antologia de poemas que expresse as preferências
do grupo tem como objetivo incentivar a busca de textos poéticos em outras fontes
e o interesse por ler e guardar esse tipo de texto. Os poemas podem ser reprodu-
zidos por fotocópias ou manuscritos, as folhas grampeadas e encapadas com
(p. 49)
(p. 50)
(p. 51)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 53
folhas de cartão decoradas pelos próprios alunos. A antologia pode ser o pri-
meiro passo na construção de uma pequena biblioteca da turma, que pode in-
cluir tanto livretos elaborados pela classe quanto outros livros ou revistas trazi-
dos por você e seus alunos.
Ortografia: E ou I? O ou U?
Nestas atividades vamos trabalhar com a noção de que não há uma relação
biunívoca entre as letras e os sons que elas representam. A maior parte das le-
tras do nosso alfabeto pode representar diferentes sons, dependendo do lugar
que ocupa na sílaba e na palavra.
A letra E e a letra O podem representar os sons de I e U (essa variação lin-
güística se dá em algumas regiões do país): fala-se tumati ou tomati, mas escre-
ve-se tomate; dirrubar e escreve-se derrubar, denti e escreve-se dente etc.
Discuta com os alunos essas questões e oriente-os na realização dos exercí-
cios. A correção coletiva pode ajudá-los na compreensão de algumas regras e na
memorização da escrita de algumas palavras. Esperamos que essas atividades
ajudem seus alunos a perceberem que, para escrever, devem seguir algumas re-
gras e, no momento em que forem produzir textos escritos, colocar-se questões
sobre o modo correto de escrever. Os textos utilizados nos exercícios também
podem ser usados para outras atividade, como a leitura oral.
Uso de letras maiúsculas
Nesse tópico, o aluno terá a oportunidade de revisar o alfabeto e a caligra-
fia das letras maiúsculas e minúsculas. O assunto principal, entretanto, é o em-
prego da letra maiúscula em nomes próprios e no início de frases.
Partição de palavras
Neste conjunto de atividades, trabalha-se o conceito de sílaba, aplicado a
um problema relacionado à leitura e escrita de textos: a partição de palavras no
(p. 51)
(p. 54)
(p. 57)
5
54 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
final das linhas. Provavelmente, os alunos já observaram palavras partidas em
livros ou jornais. Oriente-os na realização das atividades, enfatizando as regras
da separação de sílabas.
Chame a atenção dos alunos para os casos especiais, que não correspondem
à separação das emissões de voz, como os casos de RR e SS, além dos outros
que geram dúvidas, como os ditongos, o NH etc.
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 55
Unidade 6:
Um pouco mais de Matemática
Nesta unidade, o professor irá encontrar algumas atividades de sistemati-
zação dos conteúdos matemáticos como noções relacionadas ao sistema mone-
tário; à escrita e seqüência dos números e seus significados; às operações e uso
da calculadora. Também há atividades de introdução ao estudo de formas geo-
métricas e noções de medida de tempo (horas e minutos).
Certamente o número de atividades propostas no livro do aluno é insufi-
ciente para esse fim e por isso podem-se incorporar algumas das sugestões in-
dicadas neste guia ou mesmo outras atividades criadas por você.
O dinheiro
No primeiro bloco explora-se o sistema monetário, que certamente já é do
conhecimento dos alunos. Peça que leiam silenciosamente o texto de abertura
do módulo.
(p. 60)
6
56 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
A seguir, leia você a história do dinheiro brasileiro, apresente as mudanças
das moedas brasileiras e solicite que respondam as perguntas oralmente.
Peça que eles indiquem as cédulas e moedas que circulam no Brasil. Isto
poderá ser feito por meio de desenhos ou do registro convencional (R$___,00).
Caso o professor julgue conveniente, pode providenciar xerox de cédulas e
moedas que os alunos possam manipular.
Solicite ainda aos alunos que indiquem o que se pode comprar com um, dez,
cem ou mil reais. Esta é uma boa oportunidade para observar o sentido numéri-
co dos alunos  neste caso, o reconhecimento das ordens de grandeza relacio-
nadas às quantidades apresentadas.
O SENTIDO NUMÉRICO
Estudos na área da educação matemática mostram que é importante explo-
rar situações que favoreçam o desenvolvimento do sentido numérico. O sentido
numérico é o reconhecimento do significado dos números: o reconhecimento de
suas funções, das relações existentes entre eles e das origens de grandeza a eles
relacionadas.
O sentido numérico dos alunos pode ser desenvolvido sempre que são estu-
dados em sala de aula situações ou problemas contextualizados, que possibili-
tem estabelecer relações e operar com os números de forma criativa, mobilizan-
do conhecimentos anteriormente construídos. Um indicador de que as pessoas
têm um bom sentido numérico é o fato de reconhecerem facilmente relações entre
os números e também sentirem-se confiantes para utilizá-los e interpretá-los em
variadas situações.
Para realizar a tarefa 6, adicionando e comparando as quantias apresenta-
das, é bastante provável que os alunos utilizem recursos de cálculo mental. Nes-
te caso é interessante fazer com que expliquem e comparem os diferentes proce-
dimentos surgidos na classe.
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 57
Orçamento
A atividade apresenta uma situação-problema relacionada a um orçamen-
to doméstico. Os alunos são solicitados a fazer vários cálculos envolvendo adi-
ção e subtração com dinheiro. Esta é mais uma oportunidade para avaliar os
procedimentos de cálculo que utilizam. Neste momento da aprendizagem é im-
portante estimular os alunos a expor verbalmente ou representar por desenhos
seus procedimentos espontâneos de cálculo. Esses procedimentos geralmente estão
apoiados em conhecimentos matemáticos que muitas vezes são construídos in-
tuitivamente pelos alunos. Veja alguns exemplos:
utilizar a decomposição, mesmo sem saber escrever os números ou co-
nhecer as regras do sistema de numeração decimal (agrupamentos de 10
e princípio posicional), por exemplo:
27 + 12 é o mesmo que 20 + 10 = 30 7 + 5 = 12 30 + 12 = 42;
utilizar regularidades como as compensações na adição e na subtração,
como, por exemplo:
99 + 76 é o mesmo que 100 + 75 ou 78 - 29 é o mesmo que 79 - 30.
É fundamental que o professor identifique esses e outros conhecimentos que
os alunos têm disponíveis pois eles serão utilizados para ampliar o estudo dos
números e das operações e para evidenciar as relações entre o cálculo mental e
o cálculo escrito, que será desenvolvido ao longo das atividades propostas neste
livro.
Embora mais à frente haja algumas atividades específicas para trabalhar com
o cálculo mental, é importante que seu estudo aconteça sistematicamente. Se
possível, dedique, diariamente, um pequeno período da aula para o exercício do
cálculo mental, criando situações que levem os alunos a explicarem suas estra-
tégias de cálculo, a construírem registros para expressá-las, compararem dife-
rentes estratégias e identificarem as mais práticas.
Você pode criar muitas outras situações-problema envolvendo orçamentos,
como, por exemplo, sugerir aos alunos que façam o orçamento de uma viagem,
de uma compra de livros ou materiais para a classe, de uma festa junina ou ou-
tro evento escolar.
(p. 62)
6
58 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Recebendo troco
Também os problemas envolvendo compra e venda são bons contextos para
exercitar o cálculo mental. Ao explorar essas situações, podem-se discutir com
a classe diferentes maneiras possíveis de receber uma mesma quantia combinando
as cédulas e moedas.
A situação de facilitar o troco, bastante freqüente na vida prática, tam-
bém é uma boa oportunidade para discutir estratégias de cálculo mental. Por
exemplo, numa situação em que se dá uma cédula de R$ 50,00 para pagar
R$ 22,50, é comum dar-se mais R$ 2,50 e receber de troco R$ 30,00. Nesse caso,
usa-se uma compensação, pois o que é dado a mais é devolvido no troco. A
compensação é uma estratégia freqüentemente empregada no cálculo mental:
302 - 197 pode ser pensado como 302 - 200.
Neste caso, adiciona-se 3 ao 197 para transformá-lo em um número termi-
nado em zero, efetua-se o cálculo obtendo-se 102 como resultado. A este resul-
tado deve-se adicionar 3 para obter-se a diferença entre 302 e 197, que é 105.
Números
Os objetivos desta série de exercícios são explorar a leitura, a escrita, a com-
paração e a ordenação de notações numéricas, verificar se os alunos associam
as escritas numéricas às quantidades que elas representam, analisar e discutir as
hipóteses dos alunos sobre a escrita dos números, antes de iniciar um trabalho
mais sistemático com as regras do sistema de numeração decimal.
Em função da familiaridade que os alunos têm com os números, muitos
podem ser capazes de indicar qual é o maior número pela quantidade de alga-
rismos (dígitos): assim, justificam que 10.000 é maior que 1.000 porque é escri-
to com mais algarismos (dígitos). Esta hipótese já é uma boa referência para com-
parar e ordenar alguns números. Também é esperado que neste momento da
aprendizagem eles sejam capazes de ler, escrever e interpretar números compos-
tos por dois e três algarismos.
O termo algarismo foi apresentado no livro 1 dessa série e pode ser utiliza-
do no decorrer destas atividades. São propostas algumas situações para que os
(p. 63)
(p. 64)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 59
alunos construam seqüências numéricas seguindo regras como contar de 2 em
2, de 10 em 10, a partir de certo número. Também é interessante apresentar se-
qüências de números familiares aos alunos para que eles descubram a regra de
construção dessas seqüências. Atividades como essas podem ser exploradas oral-
mente ou por escrito.
Nas tarefas 9 e 10 solicita-se que os alunos escrevam números por extenso
e relacionem-nos com a escrita com algarismos. Procura-se mostrar em que si-
tuações práticas é utilizada a escrita de números por extenso. Provavelmente os
alunos terão dificuldades com a ortografia dos números. Neste caso, seria interes-
sante providenciar um cartaz com uma lista de números escritos por extenso,
por exemplo: dez, vinte, trinta... até cem, duzentos, trezentos, quatrocentos... até
mil. Você pode fazer uma lista no quadro de giz para os alunos copiarem no
caderno ou folha avulsa que possam consultar sempre que for necessário.
Nas tarefas 12 e 13, aborda-se o emprego dos números ordinais mais fre-
qüentes como: primeiro, segundo, terceiro, décimo etc. Pode-se aproveitar essa
oportunidade para analisar com os alunos as diferentes funções dos números:
eles servem para quantificar (alunos da classe, pessoas presentes numa comemo-
ração etc.), para indicar a posição de um fato ou acontecimento numa listagem
(primeiro dia da semana, terceiro filho etc.), para representar códigos (placas de
automóveis, números de telefone etc.). A diferença entre essas funções dos nú-
meros deve ser retomada sempre que possível também em outras ocasiões.
Números por toda parte
Podem-se propor várias atividades complementares às propostas no livro
para que os alunos desenvolvam o sentido numérico, analisem escritas e seqüên-
cias numéricas. Podem-se fazer levantamentos dos números que aparecem em
situações cotidianas dos alunos e registrar esses números no caderno ou em car-
tazes; por exemplo: levantamento das linhas de ônibus da cidade ou de um bair-
ro, relação de telefones úteis, relação de datas importantes, número do calçado
e manequim dos alunos etc.
Além disso, o professor pode propor que os alunos representem números
no visor da calculadora e os analisem. Também pode-se solicitar que recortem
números de jornais e revistas, façam sua leitura, expliquem a função que desem-
6
60 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
penham nos contextos em que estão sendo aplicados, os ordenem ou os classifi-
quem, em função de critérios como, por exemplo: números pares e ímpares,
números maiores que 10, maiores que 100, maiores que 1.000 etc.
Números no ábaco
Os próprios alunos poderão construir os ábacos com um pequeno suporte
de madeira e hastes de arame duro ou madeira. As contas podem ser feitas com
tampinhas de garrafa furadas ou pequenas argolas.
Caso eles não conheçam o ábaco, explique que este instrumento foi inven-
tado há muito tempo para representar resultados de contagens e cálculos. Con-
te que ainda hoje ele é utilizado para representar os números e que para isso é
preciso compreender algumas regras. Leia em voz alta as regras que estão escri-
tas no livro e explique-as oralmente, manuseando um ábaco como demonstra-
ção. Quando você for levar as contas da haste da direita ou da esquerda tome
cuidado para certificar-se de que não está gerando confusão com relação ao ponto
de referência. Além de fazer demonstrações diante de todo grupo, é importante
que você circule entre os alunos, posicionando-se ao lado deles para dar expli-
cações individuais para quem necessitar.
Observe em que medida os alunos estão dominando as regras:
trabalhar sempre da direita para a esquerda;
a haste que representa menor valor é sempre a que fica à direita;
nunca se pode deixar dez contas numa haste; cada vez que se formar um
grupo de dez, ele deverá ser retirado e passa-se uma só conta para a has-
te da esquerda.
O ábaco é um recurso bastante interessante para explorar as principais ca-
racterísticas do sistema de numeração decimal: os agrupamentos de dez e o va-
lor posicional dos algarismos na escrita numérica. Por isso, ao representar nú-
meros no ábaco é importante que os alunos consigam identificar todos os gru-
pos de 10, de 100, de 1.000 etc. que possam existir em um determinado núme-
ro. Isso pode ser estimulado por meio de perguntas. Por exemplo: mostre o nú-
mero 235 representado no ábaco e pergunte: Quantos grupos de 10 precisam
(p. 67)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 61
ser formados para se obter esse número? E quantos grupos de 100? Como se for-
mam os grupos de 100?
Operações
Os problemas de 1 a 4 têm como objetivo a exploração dos significados das
operações. Você deverá ler em voz alta os problemas e incentivar a participação
de todos na solução. É interessante que os alunos percebam que se pode resol-
ver um mesmo problema de diferentes maneiras, até usando operações diferen-
tes. Devido às relações próximas existentes entre a adição e a subtração, reco-
menda-se que os problemas envolvendo essas duas operações sejam explorados
paralelamente.
Você conseguirá analisar melhor as diferentes estratégias empregadas pelos
alunos para resolver os problemas e mesmo entender por que certos problemas
podem ser mais difíceis que outros se considerar as diferentes idéias relaciona-
das às operações de adição e subtração. No problema 1, a idéia é de combina-
ção de quantidades (ou a idéia de juntar); nos problemas 2 e 4, a idéia que está
em jogo é a de comparação; no terceiro problema, as operações estão associa-
das à idéia de transformação (estava de um jeito e, passado um tempo, transfor-
mou-se e ficou de outro). No quadro abaixo você pode encontrar outros exem-
plos de situações envolvendo essas idéias. Com base nesses exemplos, tente criar
outros problemas envolvendo essas idéias relacionados a contextos significati-
vos para seus alunos.
SIGNIFICADOS ASSOCIADOS ÀS OPERAÇÕES
DE ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO
Combinar duas quantidades para obter uma terceira
Numa sala de aula há 20 rapazes e 13 moças. Quantos alunos há na sala?
Variando a pergunta podem-se construir outras situações como: Se numa sala
de 40 alunos 19 são rapazes, quantas são as moças? Ou ainda: Se numa sala
de 40 alunos 21 são moças quantos são os rapazes?
(p. 68)
6
62 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Transformar um estado inicial
O time A tinha 20 pontos ganhos antes da partida final de um campeona-
to. Na partida final ele fez 6 pontos. Com quantos pontos ganhos o time chegou
ao final do campeonato? Variando a pergunta pode-se ter outras situações como:
O time A fez 12 pontos na última partida de um campeonato e ficou com 35
pontos no final; quantos pontos ele tinha antes da partida final? ou O time A
tinha 20 pontos ganhos antes da partida final de um campeonato. No final ele
terminou com 17 pontos ganhos. O que aconteceu na última partida?
Comparar
Carlos tem 36 anos. Ele é 5 anos mais novo que seu irmão Pedro. Qual é
a idade de Pedro? Alterando a formulação do problema e a proposição da per-
gunta podem-se gerar outras situações: Pedro é 5 anos mais velho que seu ir-
mão Carlos. Se Pedro tem 41 anos, quantos anos tem Carlos?
As atividades 5 e 6 oferecem oportunidades para o exercício do cálculo
mental e da explicação sobre as estratégias de cálculo utilizadas. Na atividade
5, um dos números envolvidos nos cálculos é sempre exato, o que facilita a de-
composição de um dos termos. A maioria desses cálculos pode ser muito sim-
ples para a maioria dos alunos  o desafio será eles explicarem como chega-
ram ao resultado. Veja alguns exemplos desse procedimento:
15 + 20 pode ser pensado como:
15 + 10 = 25 > 25 + 10 = 35
ou
10 + 20 = 30 > 30 + 5 = 35
Outro exemplo, 65 - 50, pode ser pensado como:
60 - 50 = 10 > 5 + 10 = 15
ou
65 - 10 = 55
55 - 10 = 45
45 - 10 = 35
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 63
35 - 10 = 25
25 - 10 = 15
Esses são exemplos de procedimentos que podem ser empregados no cálcu-
lo mental; entretanto, como existem várias maneiras de realizar o cálculo men-
tal, os alunos podem apresentar outras. É importante que eles expliquem como
chegaram ao resultado e que a classe verifique se o procedimento pode ser usa-
do em outras situações.
Usando a calculadora
No mundo atual, fazer cálculo com lápis e papel não é uma habilidade tão
essencial quanto foi no passado, pois hoje dispomos de novas tecnologias, como
as máquinas de calcular eletrônicas. O uso da calculadora em sala de aula é in-
dicado para familiarizar os alunos com esse instrumento tão útil e presente no
cotidiano da maioria das pessoas. Além disso, utilizando-se a calculadora de
forma criativa pode-se favorecer a identificação de regularidades como, por
exemplo, a comutatividade na adição (ao digitar nove mais cinco obtém-se o
mesmo resultado que ao digitar cinco mais nove). A rapidez com que a máqui-
na executa as operações é um convite à experimentação de novas estratégias e à
investigação de hipóteses. A calculadora também pode ser utilizada para a veri-
ficação de resultados de cálculos feitos mentalmente ou por escrito, podendo ser
um instrumento valioso para a auto-avaliação.
É bastante provável que os alunos saibam como manejar uma calculado-
ra; porém, se isto não for do conhecimento de todos, pode-se começar a explorá-
la para que os alunos identifiquem a função das teclas numéricas, das teclas
das operações, da memória e da limpeza. Quando todos souberem manipular
a calculadora, solicite que registrem os números indicados na atividade.
Para cada situação chame diferentes alunos para que expliquem e justifi-
quem as respostas dadas. Aos demais, solicite que analisem as explicações dos
colegas e verifiquem se elas são plausíveis. Peça aos alunos que escrevam suas
respostas no quadro de giz, ajude-os a produzir os registros para que possam
ser comparados.
(p. 69)
6
64 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Formas geométricas
O objetivo desta atividade é fazer com que os alunos reconheçam formas
tridimensionais presentes na natureza e nos objetos construídos pelo homem,
associem os termos convencionais a algumas dessas formas (cubo, pirâmide,
esfera, cone, cilindro, paralelepípedo), identifiquem algumas de suas caracterís-
ticas e estabeleçam algumas semelhanças e diferenças entre elas.
Solicite aos alunos que tragam para a classe embalagens de tipos e formas
diferentes: caixas, latas, vidros etc. Em seguida, peça que classifiquem essas
embalagens pensando em atributos comuns e justificando suas arrumações. Faça
com que analisem diferentes classificações até que percebam que podem sepa-
rar as embalagens pela forma: as que são parecidas com o cilindro, ou com o
cubo etc. Pergunte se eles sabem qual é o nome de cada uma dessas formas e,
caso não saibam, apresente-as para a classe. Peça que tentem se lembrar de ob-
jetos conhecidos que tenham a forma de cada um desses sólidos e liste-os no
quadro de giz.
Para realizar a atividade de modelagem, você pode utilizar massas próprias
para modelar ou outras massas que sirvam para este fim; por exemplo, a que
resulta da mistura de farinha, sal e água. Peça sugestões para outros professores
ou para seus alunos de como fazer uma boa massa que seja moldável e não seja
tóxica para a pele. Enquanto modelam seus sólidos, peça para os alunos descre-
verem os movimentos que fazem para dar a forma a cada um deles: enrolar,
achatar, fazer a ponta ou o bico etc.
Depois, peça que comparem os sólidos dois a dois, encontrem semelhanças
e diferenças entre eles e registrem suas observações para apresentá-las e discuti-
las com os colegas. Assim, poderão dizer que o cubo é parecido com a pirâmide
porque ambos têm lados achatados (faces), beiradas (arestas) e pontas (vértices)
e que o cubo é diferente da esfera porque a esfera é redonda e o cubo não. Neste
momento, não é necessário que os alunos empreguem corretamente os termos
convencionais: face, aresta e vértice. Eles podem se referir a essas características
dos sólidos utilizando um vocabulário próprio.
(p. 70)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 65
Horas e minutos
Assim como outros conhecimentos de matemática presentes na vida práti-
ca, é bastante provável que os alunos tenham um bom domínio das noções de
tempo relacionadas a hora e minuto. Propomos neste módulo um conjunto de
atividades envolvendo essas noções para que o professor possa certificar-se dos
conhecimentos construídos pelos alunos e avaliar aqueles que ainda necessitam
de algum aprofundamento. Inicialmente, leia o texto que narra curiosidades sobre
o instrumento criado pelos chineses para medir o tempo. Depois, solicite que os
alunos respondam as perguntas do item 1 por escrito. Peça para alguns alunos
fazerem seus registros no quadro e compare as várias formas de registro possí-
veis; por exemplo: oito e meia, 8:30, 8h30 etc. Explique que, na linguagem ma-
temática, as medidas de tempo são representadas assim: 8h30min.
Os relógios
Após a leitura do texto que conta como o relógio de pulso foi inventado, os
alunos terão a oportunidade de ler os horários indicados por diferentes tipos de
relógio. Com relação aos relógios digitais, comente o fato de que podem ser pro-
gramados para registrar o ciclo de 24 horas ou dois ciclos de 12 horas num dia.
Nesse último caso, muitos relógios indicam com o símbolo AM se o horário refere-
se à madrugada e manhã, ou PM se refere-se à tarde e noite. Em seguida, solici-
ta-se que os alunos leiam textos e completem-nos com informações obtidas pela
leitura dos mostradores de vários relógios. Os alunos serão também desafiados
a elaborar problemas a partir das informações apresentadas nos textos. Faça com
que leiam para a classe os problemas que construírem e troquem-nos entre si para
que um resolva o problema elaborado pelo outro.
A programação da TV
Esses problemas envolvem cálculos com medidas de tempo: horas e minu-
tos. Os alunos podem tentar resolvê-los utilizando cálculo mental. Faça com que
(p. 71)
(p. 72)
(p. 74)
6
66 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
os alunos observem e comparem as soluções e registros produzidos para cada
situação.
Marcando o tempo
Nesta atividade são apresentadas situações-problema envolvendo relações
de tempo entre dia e mês, dia e hora, hora e minuto. Explore oralmente cada
uma delas e incentive os alunos a explicarem os procedimentos utilizados para
resolvê-las. Solicite que construam registros (desenhos, escritas numéricas) para
representar as soluções encontradas. Pode-se sugerir aos alunos que resolvam os
problemas em duplas ou em pequenos grupos.
Cesta básica
O objetivo desta atividade é fazer com que os alunos leiam e interpretem
dados contidos em uma tabela. Para tanto, parte-se de uma notícia de jornal que
apresenta a variação mensal nos preços da cesta básica em várias capitais brasi-
leiras. Reproduza a manchete no quadro de giz e informe os alunos que se trata
de uma manchete de jornal. Pergunte se alguém imagina sobre o que a notícia
trata. Provavelmente, muitos alunos não saberão o que quer dizer cesta básica.
Compare as hipóteses iniciais que eles levantaram com as informações que cons-
tam no quadro. Em seguida, comente com eles o significado da tabela, que in-
dica a variação dos preços. Leia algumas linhas, mostrando como as informações
devem ser interpretadas. Por exemplo: Na primeira linha, temos as informa-
ções de São Paulo: em maio o valor era de R$ 112,10 e em junho era R$ 111,50.
Pela informação da última coluna podemos observar que o valor diminuiu um
pouquinho.
Depois de fazer muitas perguntas oralmente, para verificar se os alunos
conseguem localizar as informações na tabela, proponha que eles respondam as
perguntas em duplas ou trios. Vá circulando pela sala, ajudando-os a resolver
as dúvidas que apareçam.
(p. 75)
(p. 76)
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 67
Módulo 2:
Crescer no tempo e no espaço
1
68 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
O eixo temático do módulo é o crescimento e desenvolvimento dos seres
humanos durante o nascimento até a passagem para a idade adulta, ou seja, as
várias fases da infância e da adolescência. Além de características biológicas que
distinguem essas fases da vida, espera-se que os alunos reflitam sobre fatos soci-
ais que marcam cada uma dessas fases e que variam de uma região para outra,
de um tempo histórico para outro e também nas diferentes culturas.
As duas primeiras unidades focalizam aspectos históricos e geográficos, de
forma que as pessoas possam relacionar diferentes modos de vida característicos
da infância e da adolescência com o tempo e o espaço em que tais fases são vividas
e, assim, observar os determinantes sociais do desenvolvimento humano. Como
desdobramento dessa abordagem, são propostas uma série de atividades visan-
do à aprendizagem das referências utilizadas na marcação de sucessões temporais
e das representações gráficas do espaço (as convenções da linguagem
cartográfica). Por meio da construção de maquetes, explora-se também a percepção
das formas geométricas sólidas e sua relação com as figuras planas.
As duas unidades seguintes enfocam especificamente a infância e a adoles-
cência, e as inter-relações entre aspectos biológicos e sociais do desenvolvimen-
to humano. Desenvolver a paternidade e a maternidade responsáveis é um dos
objetivos principais do módulo. Esperamos que, por meio da análise de informa-
ções sobre como se processa o crescimento e o desenvolvimento do nosso corpo,
os adolescentes possam entender o próprio crescimento e os adultos, o crescimento
dos seus filhos, respeitando suas individualidades e fornecendo os estímulos
necessários ao pleno desenvolvimento de suas capacidades. Um maior
conhecimento sobre esses temas e a oportunidade de debater e trocar experiên-
cias são condições essenciais para modificar atitudes e valores em relação ao cui-
dado das crianças e à convivência com os adolescentes.
Diversas modalidades de textos e imagens servem de base para o estudo
desses temas: matérias de jornal, textos informativos, crônicas, depoimentos,
cronologias, tabelas, gráficos, plantas e mapas. Além disso, propõe-se um estudo
mais detalhado dos contos de fada, gênero literário que freqüentemente tem como
tema os percalços da infância e da passagem para a vida adulta.
Na unidade dedicada a conteúdos matemáticos, inicia-se a sistematização das
regras do Sistema de Numeração Decimal. Além disso, a partir do trabalho com
o ábaco, introduz-se a técnica operatória da adição. Do campo da geometria,
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 69
abordam-se as figuras planas, identificadas a partir da planificação de figu-
ras tridimensionais. Dá-se seqüência ao trabalho com cálculo mental e com
calculadora, resolução de problemas envolvendo os vários significados das
operações e medidas.
1
70 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Unidade 1:
Linha do tempo
No módulo 1, os alunos foram introduzidos na noção tempo a partir de dados
biográficos de Mané Garrincha e da árvore genealógica. Nesta unidade, damos
continuidade a esse estudo com base em atividades de linha do tempo, com o
objetivo de desenvolver as noções de duração, permanência, mudança e
simultaneidade. Os alunos trabalharão com a biografia de personalidades mar-
cantes da atualidade, exercitando a seqüenciação temporal. Depois, deverão
elaborar sua própria linha do tempo, transformando os acontecimentos em mar-
cos como: nascimento, mudança, casamento, mortes, entrada na escola etc.
Além disso, a construção da linha do tempo dos alunos contribui para o resgate
de suas identidades e da memória das suas origens.
É possível que, ao realizar as atividades com a linha do tempo, os alunos
tenham alguma dificuldade em construir e interpretar dados que aparecem nessa
forma de representação. É preciso que eles compreendam que, ao comparar a
data de dois fatos ocorridos em épocas diferentes, o fato que aconteceu em um
ano indicado por um número menor é o mais antigo e, portanto, ocorrido há mais
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 71
tempo. Assim, ao comparar as datas de nascimento de duas pessoas, uma
nascida em 1930 e outra em 1935, conclui-se que a primeira pessoa é mais velha
que a segunda pois nasceu há mais tempo que esta.
Nem sempre é fácil para os alunos estabelecerem essa relação; por isso,
no decorrer destas atividades e em outras situações é importante chamar a
atenção deles para este fato e propor várias situações-problema para que
analisem essa relação.
O conceito de século será introduzido por meio de um quadro explicativo e
atividades de identificação de datas. Comparando as atividades de crianças em
diferentes períodos históricos também é possível analisar as continuidades e
as simultaneidades na história. Os textos relativos a esse tema ainda reúnem
elementos para analisar um problema social da maior relevância em nossos dias:
o trabalho infantil.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Patativa do Assaré
Leia em voz alta o texto que conta a vida do poeta. Depois, peça que os
alunos recontem oralmente o que entenderam, se já tinham ouvido falar de
Patitiva etc. Depois de ter explorado o conteúdo oralmente, leia o roteiro de
estudos e sugira que os alunos respondam aos itens em seus cadernos, traba-
lhando individualmente ou em duplas. Observe que a primeira pergunta reme-
te ao tema global do texto, e as perguntas de 2 a 4 exigem que se retome o texto
para localizar a informação solicitada.
O quadro com a cronologia de Patativa do Assaré ajuda os alunos a esta-
belecerem a relação entre as idades do poeta e as datas em que os fatos im-
portantes de sua vida ocorreram. Numa cronologia como essa, os
acontecimentos são registrados de forma breve, dando uma visão sintética da
história de vida do personagem. Ajude seus alunos a observarem esses
elementos e, finalmente, comente a linha do tempo, que é uma outra forma de
(p. 81)
1
72 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
montar a cronologia, mostrando graficamente os intervalos de tempo. Comente
com seus alunos que podem contar os segmentos da linha para calcular quantos
anos se passaram entre um evento e outro. Faça-os notar também por meio da
representação gráfica o longo período transcorrido entre as primeiras
manifestações do talento artístico de Patativa e a publicação de seu primeiro livro.
Incentive-os a criar problemas a partir das informações contidas na linha do tempo
e a trocá-los com seus colegas.
Em algum momento ao longo dessa atividade, leia em voz alta o poema de
Patativa transcrito no livro. Os alunos poderão ter uma amostra do sabor de suas
poesias. Caso se interessem, procure outros livros e discos que tragam suas po-
esias. Comente também o fato de que, por ser um poeta oral, a transcrição de
seus versos é feita por outras pessoas que, para guardar suas características
originais, escrevem muitas palavras do modo como são pronunciadas. Aponte
alguns casos para os alunos, mostrando como é a ortografia correta das palavras;
por exemplo, trabaiá por trabalhar, professô por professor etc.
Marina Silva
A proposta agora é que os alunos, a partir da biografia de Marina Silva,
completem sua cronologia, estabelecendo relações entre datas e idades e re-
gistrando de forma sintética os fatos.
Para ajudar os alunos na tarefa de completar a tabela, reproduza algumas
de suas linhas no quadro e enfatize a correspondência entre idade, ano e o acon-
tecimento ocorrido. Mostre que alguns espaços estão em branco e que eles de-
verão completá-los quando copiarem o quadro no caderno. Para completar as
lacunas eles podem procurar a informação no texto ou calcular o ano a partir da
idade ou vice-versa. Circule entre os alunos observando se, ao copiar, conse-
guem organizar adequadamente as colunas e as linhas. Sugira que usem uma
régua para fazer os traços entre as colunas.
Se você achar que os alunos terão dificuldade de copiar a tabela no cader-
no, distribua cópias mimeografadas para que eles possam preencher com mais
facilidade e familiarizar-se com esse tipo de diagrama.
O segundo desafio para os alunos será a construção da linha do tempo com
as informações organizadas no quadro com a cronologia. Peça para os alunos
(p. 85)
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 73
seguirem o modelo da linha do tempo relativa ao Patativa do Assaré. Sugira que
eles tracem no caderno a linha vertical e usem as pautas (linhas) do caderno
para marcar os anos.
Minha linha do tempo
As atividades anteriores já podem ter servido de base para que os alunos
construam sua própria linha do tempo.
Oriente o trabalho seguindo as etapas propostas no livro. Incentive os alu-
nos a buscarem fontes escritas (documentos pessoais, cartas etc.) ou fotografias
que tragam indicações das datas quando alguns acontecimentos ocorreram.
Observe como realizam a conversão entre a idade e o ano e se estabelecem
outras relações na seqüência temporal tais como: isso foi dois anos antes, entrei
na escola com 7 anos, fiquei três anos, então saí com 10 etc.
Século
Século é uma referência temporal constantemente empregada, especialmen-
te nos textos históricos. Optamos por introduzir o conceito exemplificando com
os séculos mais recentes  XIX, XX e XXI. Comente com os alunos o fato de
que, por convenção, os séculos são quase sempre indicados com algarismos
romanos. Explique que esse é um sistema de numeração diferente do nosso,
criado muito tempo atrás.
Números romanos
As atividades que se seguem têm como objetivo apenas informar os alunos
sobre a existência desses números e em que situações podemos observar os
algarismos romanos.
Além da notação dos séculos, os números romanos também são utilizados
em mostradores de alguns relógios e na indicação das partes ou capítulos de
alguns livros ou documentos.
(p. 87)
(p. 87)
(p. 88)
1
74 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Não há necessidade de um estudo profundo sobre as características do sis-
tema de numeração romano.
Pela observação da escrita de alguns números, os alunos poderão descobrir
os sinais que representam as quantidades e algumas regras dessa numeração;
por exemplo, para escrever de 1 a 3 usa-se o símbolo do um (I) repetindo-o (II,
III), para escrever quatro (IV) usa-se o símbolo do um (I) antes do símbolo do
cinco (V), para escrever o seis (VI) usa-se o símbolo do cinco (V) seguido do
símbolo do um (I), para escrever nove (IX) usa-se o símbolo do um (I) antes do
símbolo do dez (X). Para ajudá-los nessa tarefa, transcreva as seqüências do
livro no quadro de giz e oriente as observações feitas.
Cenas de infância
Os alunos poderão aplicar a noção de século para analisar as cenas de in-
fância apresentadas. Peça que identifiquem nas imagens os elementos que in-
dicam a época retratada (vestimentas e elementos do ambiente, por exemplo).
Finalmente, antes que desenhem uma imagem que corresponderia, na
imaginação deles, ao final do século XXI, peça para imaginarem quais elementos
empregarão para indicar que se trata de uma cena de infância futurista.
Crianças nas minas
O pequeno texto que narra acontecimentos do século XIX oferecerá mais
uma oportunidade de estudar as relações entre anos e séculos, introduzindo os
alunos na narrativa histórica. Introduz-se também o tema do trabalho infantil, que
será retomado nas atividades seguintes. Oriente-os na realização do roteiro de
estudo e corrija essa atividade coletivamente.
Lembranças de infância
O texto traz o depoimento de Risoleta, uma paulista que nasceu no último
ano do século XIX e, portanto, viveu sua infância nos primeiros anos do século
(p. 88)
(p. 90)
(p. 89)
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 75
XX. Sua narrativa retoma o tema do trabalho infantil. Aproveite para comentar
com os alunos que, apesar de muitas outras transformações ocorridas, este é
um aspecto que permanece ao longo dos séculos.
Minha infância
Aproveite essa proposta para fazer um diagnóstico da escrita de seus alu-
nos. Deixe-os escrever livremente e disponha-se a responder a dúvidas que
tenham sobre como escrever as palavras.
Recolha as produções dos alunos e analise como está a organização geral
do texto: se usam a pontuação, se organizam as idéias, se omitem partes im-
portantes do relato etc. Mais adiante, quando os alunos tenham praticado e ana-
lisado mais a escrita e feito exercícios de pontuação, você pode pedir que re-
tomem essa produção para revisá-la.
Estatuto da
Criança e do Adolescente
Para encerrar esta unidade, propomos o estudo de uma lei brasileira que
se refere ao trabalho infantil e que entrou em vigor no final do século XX. Como
a linguagem legislativa emprega um vocabulário estranho à maioria dos alunos,
é interessante que você leia artigo por artigo e, com a colaboração dos alunos,
vá explicando em linguagem coloquial cada um deles.
Aproveite também a oportunidade para mostrar mais uma situação em que
se usam os números romanos: na enumeração de itens de textos legislativos,
como se pode observar no Artigo 63 do Estatuto, que está transcrito no livro
do aluno. É importante comentar que o fato de a lei entrar em vigor, ou seja,
ter sido aprovada, não assegura que efetivamente esteja sendo cumprida.
Você pode, junto com seus alunos, levantar situações em que o trabalho
infantil é ainda explorado.
Enfatize o fato de que, mesmo não sendo cumprida integralmente, a exis-
tência da lei é importante, pois pode ser usada como um instrumento por aqueles
que lutam contra a exploração do trabalho infantil.
(p. 91)
(p. 91)
1
76 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Destaque o fato de que o Estatuto da Criança e do Adolescente foi ela-
borado e aprovado graças à mobilização de muitas pessoas e grupos que
atuavam em favor das crianças e dos adolescentes. Muitos grupos ainda atuam
em favor desse e de outros direitos das crianças e dos adolescentes. Pergunte
aos alunos se eles conhecem algum desses grupos ou se lembram de alguma
campanha que tratou do tema.
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 77
Unidade 2:
Espaço de vivência e convivência
As atividades enfocam as relações entre as pessoas e delas com seus
espaços de vida. Destacam, portanto, situações no lugar de vivência, como brin-
cadeiras, presença ou ausência e uso de equipamentos e serviços, deslocamentos
e reconhecimento de níveis distintos de organização espacial  como o bairro
e o município. Favorecem a socialização dos educandos, na medida em que são
levantados e comparados diferentes aspectos nos seus espaços de vivência. In-
troduzem-se também os primeiros passos da representação cartográfica, a partir
de desenhos, croquis, plantas baixas, fotografias aéreas e mapas.
A representação cartográfica emprega uma linguagem específica, com có-
digos e sistemas de representação de aspectos da realidade. Provavelmente,
muitos alunos já tiveram contato direto ou indireto com essa linguagem,
observando guias, plantas e mapas.
Estudos sobre o bairro e a cidade são também uma via para apreender o
modo de vida urbano, traço marcante da realidade social de nosso país nos dias
de hoje.
2
78 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
O estudo das representações cartográficas também oferece interessantes
conexões com conteúdos da geometria, relacionados ao estudo das formas e da
posição dos objetos no espaço. Nesta unidade, propõe-se a construção de uma
maquete que represente o entorno do centro educativo, onde os alunos poderão
aplicar os conhecimentos sobre sólidos geométricos introduzidos no módulo
anterior. Todas essas atividades envolvendo noções geométricas favorecem o de-
senvolvimento de um tipo particular de pensamento que é de grande utilidade na
vida das pessoas. Para citar um exemplo, entre tantas outras situações, sabe-
se que os conhecimentos geométricos podem ajudar uma pessoa a encontrar uma
determinada sala num grande edifício com muitos andares, a se localizar numa
cidade desconhecida, a construir um piso que permita o escoamento de água etc.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Os Teixeiras moravam em frente
A saborosa crônica de Rubem Braga, um dos maiores autores brasileiros no
gênero, remete a uma época e a um lugar em que as crianças brincam nas ruas
sem maiores constrangimentos. As vias públicas, livres de tráfego ou do burbu-
rinho fervilhante de pessoas, tornam-se espaço ideal para brincadeiras e jogos.
Esta já não é mais a realidade para muitos centros urbanos, onde as crianças
não podem mais estar soltas nas ruas com tanta tranqüilidade.
Apresente no quadro de giz o título do texto e peça para os alunos tentarem
imaginar de que ele trata. Depois leia o texto em voz alta, esclarecendo dúvidas
de vocabulário e entendimento. Destaque os parágrafos em que aparece a
caracterização dos espaços destinados às brincadeiras. Na realização da
atividade de desenho, estimule-os a relembrar seus próprios espaços de brinca-
deiras na infância. Proponha que comparem com a situação do texto, garantindo
que todos falem de suas experiências. Procure destacar diferenças em relação
aos lugares e usos do espaço quando eram crianças e relações sociais como
vizinhança, separação e interação, conflito e cooperação.
(p. 93)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 79
RUBEM BRAGA
Cronista capixaba (1913-1990). Personagem típico da boemia carioca da
década de 50, é o único escritor a conquistar destaque na literatura brasileira
escrevendo exclusivamente crônicas. Ainda estudante, assinava uma crônica diária
no jornal Diário da Tarde, de Belo Horizonte. A partir dos anos 30, passou a
escrever para diversos jornais e revistas brasileiros. Durante a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945) foi correspondente de guerra na Europa e acompanhou as
tropas da Força Expedicionária Brasileira na Itália. Suas crônicas, de intenso
lirismo, falam de acontecimentos do cotidiano e estados da alma e foram reuni-
das em livros como Ai de ti, Copacabana e A traição das elegantes.
Fonte: Almanaque Abril 1996 (CD-ROM). São Paulo: Abril, 1997
Brincadeiras de crianças
de classe média em São Paulo
A atividade permite verificar diferenças entre setores sociais e modos de vida
nas relações com e no espaço. Nas cidades grandes, nos dias de hoje, as brin-
cadeiras são mais mediadas pelo consumo e os vínculos com o lugar de mora-
dia parecem também tornar-se mais tênues  daí a preferência por passear em
shoppings. A vida em condomínios fechados ou bairros nobres implica separa-
ção social e espacial: crianças de diferentes segmentos não interagem ou convi-
vem nos mesmos espaços. De modo geral, o uso de espaços públicos como ruas
e praças ficou comprometido em função de questões como tráfego e violência 
especialmente nas cidades de médio e grande porte.
Solicite aos educandos que leiam o quadro e observem as preferências das
crianças citadas. Procure debater com eles as diferenças entre a realidade dessas
crianças e aquelas descritas por Rubem Braga. Faça um levantamento na classe
das principais razões que explicam essas diferenças. Remetendo-se aos espaços
de brincadeiras, os educandos podem confirmar as hipóteses anteriores e reco-
(p. 95)
2
80 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
nhecer novos elementos de vivência e interação social no bairro ou cidade em que
vivem. A partir das brincadeiras das crianças, eles podem inferir que o espaço
geográfico constitui-se a partir de mudanças e permanências. Finalize o trabalho
com o levantamento dos espaços de brincadeira das crianças que vivem na região,
orientando a elaboração de um texto coletivo, que poderá ser ilustrado.
O bairro em que vivemos
Imagens como fotos, gravuras e ilustrações são um importante recurso didáti-
co. Incentive os educandos a buscarem nesse recurso uma forma de apresentar e
ilustrar seus conhecimentos. Alguns procedimentos básicos de análise são neces-
sários. É importante reconhecer os planos da imagem (frente, fundo) e os elementos
que a compõem: pessoas em diferentes situações, objetos, ações e outros.
Bairros com um caráter específico, como os industriais ou os comerciais,
revelam que há uma certa divisão territorial do trabalho e da produção no espaço.
Mas, na maior parte das vezes, outras atividades e usos também estão presentes,
em maior ou menor grau. As imagens apresentadas favorecem a percepção desses
elementos no bairro ou cidade em que vivem.
Estimule-os a observar as imagens criteriosamente e perceber diferenças e
semelhanças entre elas. Comparando com seus respectivos bairros ou cidade, os
educandos poderão fazer uma reflexão crítica da qualidade de vida, padrão das
moradias, infra-estruturas urbanas, serviços públicos e privados, oferta de traba-
lho e outros aspectos.
Mapeando o lugar onde moro
Para iniciar estudos sobre a representação espacial e a apreensão dos códi-
gos e símbolos da linguagem cartográfica, um bom ponto de partida é o bairro em
que os educandos moram. Oriente-os para que percorram os arredores de suas
moradias e levantem todos os elementos significativos: lojas, igrejas, praças,
bancos, pontos de ônibus, escolas ou outros. Oriente-os para que tentem repro-
duzir o maior número de elementos possíveis em um desenho desses arredores.
Organize um mural com os trabalhos de seus alunos.
(p. 96)
(p. 97)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 81
Visão frontal e visão aérea
Esta atividade introduz uma distinção fundamental para entender o siste-
ma de representação espacial: a visão frontal e a visão aérea. Cartas, mapas e
plantas baixas dão sempre uma visão aérea do objeto representado. Por esse
motivo é que muitos professores trabalham com mapas sobre o chão ou em cima
de uma mesa, permitindo que o observador se coloque na posição adequada.
Comparando os desenhos ou plantas com as duas visões, os alunos po-
derão reconhecer em ambos os elementos representados em diferentes pers-
pectivas. Verifique se todos estão fazendo a correspondência entre os elementos
da cozinha de forma correta.
Desenhos de bairros
feitos por estudantes
Nesta atividade, os alunos poderão observar as diferenças entre as visões
frontais e aéreas de espaços urbanos representados por estudantes jovens e
adultos. Ajude-os a comparar os diferentes elementos que se destacam nos dois
tipos de desenho.
Peça que seus alunos comparem as duas representações com aquelas que
fizeram do bairro onde moram e que, então, analisem que tipo de visão privile-
giaram: a frontal ou aérea. Note que em desenhos espontâneos é comum que
as duas perspectivas apareçam misturadas. Observe se os alunos são capazes
de perceber esses detalhes.
Um amigo veio lhe visitar
A partir do esboço da planta do bairro, você pode trabalhar com os edu-
candos trajetos e direções. Para localizar os pontos pedidos, eles poderão usar
referências que normalmente utilizamos nas cidades, como número de quartei-
rões e estabelecimentos.
(p. 97)
(p. 98)
(p. 99)
2
82 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
As noções de direção e trajeto serão importantes também para que os edu-
candos possam trabalhar com sistemas de orientação e localização em outros
mapas, como o da cidade, do estado, do Brasil e do mundo.
Como chegar até mim
A representação gráfica pode também ser exercitada a partir de situações
comuns na vida dos alunos, como fazer uma descrição oral do caminho até sua
casa, ou desenhar um mapa simples do trajeto, para orientar um amigo ou os
convidados para uma festa.
Você pode, como maneira de sensibilizar os alunos, fazer antes um exercí-
cio na sala de aula, como propor que o educando localize colegas usando no-
ções como à frente, atrás, do lado direito e do lado esquerdo. A posição de cada
um será dada pelo número de carteiras que o separa dos colegas.
Da foto aérea ao mapa
Oriente os alunos na observação das correspondências entre a foto aérea e
o croqui (esboço). Na tarefa seguinte, eles serão orientados a desenhar um novo
croqui, contornando algumas áreas da foto numa folha sobreposta. Nesse exer-
cício, eles reproduzirão, de forma simplificada, o método usado pelos profissio-
nais para fazer mapas. Eles podem usar cores para caracterizar as áreas repre-
sentadas: a das construções, a dos rios e a das áreas verdes e construir uma le-
genda para identificar tais áreas.
Construindo maquetes
O objetivo desta atividade é fazer com que os alunos identifiquem, descre-
vam e comparem figuras geométricas tridimensionais e associem a essas figuras
os nomes usuais. O estudo dos arredores da escola é uma boa oportunidade para
que percebam que objetos do mundo físico são modelos de algumas figuras
tridimensionais.
(p. 100)
(p. 101)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 83
Primeiramente, solicite aos alunos que, organizados em pequenos grupos,
circulem nos arredores da escola observando os principais elementos que po-
derão compor a maquete. Peça que observem as construções, os postes, os
troncos e as copas da árvores, os veículos, as ruas e outros elementos, buscando
relacioná-los com as formas com que se assemelham: cubos, paralelepípedos,
esferas cilindros, cones, pirâmides etc. Eles deverão anotar essas formas e fazer
um primeiro esboço da distribuição dos elementos numa representação plana,
como já fizeram nas atividades anteriores.
O próximo passo é reunir o material para elaborar as maquetes: caixas e
latas vazias, bolinha de isopor ou pingue-pongue, novelos de linha, pedaços
de arame, barbante, canudos etc. Forneça a cada grupo uma folha de cartolina,
um pedaço de papelão ou de madeira para servir de base para a maquete.
Oriente para que tracem nessa folha o esboço das ruas, praças, largos que
serão representados. Depois eles irão escolher, na coleção de embalagens e
outros materiais coletados, os que servem para representar prédios,
automóveis, postes, árvores etc.
À medida que forem construindo a maquete, vá chamando a atenção para
os nomes dos sólidos; por exemplo, uma caixa em forma de paralelepípedo pode
representar um prédio, um lápis com a forma de um cilindro pode representar
um poste ou o tronco de uma árvore, um novelo com forma de esfera pode re-
presentar a copa etc. Quando as maquetes estiverem prontas, deixe-as em ex-
posição e incentive os alunos a apreciarem a produção dos colegas.
A maquete e o desenho
Leia o texto informativo que encerra este conjunto de atividades comparando,
de forma introdutória, as formas geométricas dos sólidos e das figuras planas.
Certifique-se de que os alunos compreenderam as diferenças entre a maquete,
onde estão representadas as três dimensões  comprimento, altura e largura
 e a planta baixa, onde a altura não está representada.
Na unidade Um pouco mais de Matemática neste módulo, há atividades
por meio das quais se pode aprofundar o estudo das relações entre os sólidos
geométricos e as figuras planas.
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2
84 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
A mudança
Esse texto introduz um outro bloco de atividades, cujo tema será as transfor-
mações no espaço. Proponha que os alunos leiam silenciosamente o texto. Em
seguida, incentive uma conversa por meio da qual reproduzam o conteúdo do texto
e relacionem-no com experiências pessoais. Prepare-se também você para fazer
uma leitura em voz alta para a turma, destacando toda a beleza da prosa do grande
poeta Carlos Drummond de Andrade, cujos dados biográficos podem ser
encontrados no guia do educador relativo ao primeiro livro desta coleção.
Transformações espaciais,
transformações sociais
As transformações sociais possuem uma expressão espacial, de modo que a
organização do espaço permite que se observem certas inovações no modo de vida
da sociedade. Por sua vez, a organização do espaço também influencia nos modos
de vida das pessoas. A seqüência de ilustrações apresenta de forma esquemática
como esse processo de mão dupla ocorre. A pequena cidade, ao longo do tempo,
passa a ter maior adensamento populacional, verticalização das edificações e
intensidade nos fluxos (pessoas, veículos, relações econômicas). É importante notar,
entretanto, que o espaço não é transformado como um todo da mesma forma e ao
mesmo tempo. Por exemplo, a pequena igreja permanece como testemunho de
períodos anteriores.
Para observar criteriosamente a seqüência, os educandos deverão observar
permanências e mudanças. Poderão fazer também múltiplas reflexões sobre o
significado das inovações. Por exemplo, ao se modernizar, aquele núcleo adquire
ares de cidade grande, mas, em contrapartida, perde-se a proximidade nas relações
sociais.
Muitas vezes, a distância em metros entre as pessoas é pequena, mas a dis-
tância social é grande. Um outro dado é a predominância de atividades ligadas ao
setor terciário (comércio e serviços) no período mais recente, expressa na presença
de lojas e shopping center. O exemplo hipotético serve como referência para que
(p. 103)
(p. 103)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 85
o educando reflita sobre as transformações no mundo que o cerca, avaliando
aspectos positivos e negativos.
Entrevista com antigos moradores
Além de prover muitas informações significativas para a análise das trans-
formações dos espaços de vivência e convivência, esta atividade é uma ótima
oportunidade para exercitar uma série de procedimentos relacionados à reali-
zação de entrevistas.
Depois de introduzir a proposta de entrevistar vizinhos que morem há bas-
tante tempo na região para saber das mudanças ocorridas nela, comente o ro-
teiro que aparece no livro. Mostre que ele está organizado em três partes, rela-
tivas a três momentos distintos: antes, durante e depois da entrevista. Depois
de ler o roteiro completo para dar uma visão geral da atividade, detenha-se na
parte I, relativa à preparação da entrevista.
Você deve dar especial atenção à elaboração do questionário, ou seja, ao
conjunto das perguntas que serão feitas aos entrevistados. O questionário pode
ser elaborado coletivamente por todo o grupo ou em grupos menores. Oriente
os alunos na organização das perguntas, que preferencialmente devem ser nu-
meradas. Outro aspecto muito importante a destacar é a pontuação, especial-
mente o emprego do ponto de interrrogação no final das perguntas.
Além disso, há algumas marcas características das frases interrogativas que
podem ser discutidas, como o emprego dos pronomes que, quem, qual, quanto,
e dos advérbios onde, como, quando, por quê.
Você pode comentar a peculiaridade ortográfica do por que (no início das
perguntas) e porque nas frases afirmativas. Destaque o fato de que, para cada
um desses pronomes e advérbios que utilizamos, suscitamos um tipo de resposta.
Comente também o fato de que algumas perguntas podem provocar respostas
muito curtas, tipo sim ou não, como nos exemplos: Você mora aqui faz tempo?
ou Antigamente aqui era melhor de morar? Nesses casos, seria melhor pergun-
tar: Há quanto tempo você mora aqui? ou Você acha que antigamente o bairro
era melhor para morar? Por quê?
Você pode iniciar com uma tempestade de idéias, solicitando que os alu-
nos sugiram algumas perguntas que você vai anotando no quadro de giz, co-
(p. 105)
2
86 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
mentando os aspectos formais (pontuação etc). Convide também alguns alunos
para registrar perguntas no quadro e, com ajuda do grupo, vá melhorando-as do
ponto de vista da clareza e correção gramatical. Depois que já tiverem um bom
conjunto, proponha a organização dos temas e depois o estabelecimento de uma
seqüência: Por onde devemos começar a entrevista? Observe se todos os pontos
importantes do tema foram abordados e se o questionário está completo.
Depois que todos os alunos estiverem munidos de seus questionários orga-
nizados e corrigidos, agende um prazo para que as entrevistas sejam realizadas.
Alerte os alunos de que não é bom deixar passar muito tempo entre a realização
da entrevista e o registro escrito das informações coletadas, pois muitas informa-
ções podem ser esquecidas. Mesmo para quem gravar em fita a entrevista, não é
bom deixar a experiência esfriar.
Durante esse período, vá perguntando se já conseguiram a entrevista, como
foi etc. Reserve um dia ou mais para a leitura dos textos produzidos, que poderão
também ser afixados no mural. Finalmente, faça uma síntese das informações
coletadas nas várias entrevistas, registrando quatro ou cinco pontos que fiquem
como conclusões do grupo.
Município ou cidade,
bairro ou distrito?
Esta atividade introduz noções sobre a divisão político-administrativa do ter-
ritório. Coloque no quadro de giz as quatro palavras que formam o título do texto
e peça que os alunos digam o que significam. Levante todas as hipóteses e de-
pois apresente o texto que traz a definição de cada uma dessas denominações.
Como o texto é muito denso de informações que podem ser novas para os alunos,
é melhor que você leia uma primeira vez em voz alta.
É importante destacar junto aos alunos tanto as denominações oficiais da di-
visão político-administrativa (distritos, subdistritos e municípios) quanto as de uso
comum e popular (bairros).
Verifique se os alunos já observaram em placas de ruas a designação do dis-
trito ou subdistrito. É importante que eles percebam que os bairros em que mo-
ram inserem-se no conjunto maior do município. Se a administração do município
(p. 106)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 87
é subdividida por regiões, verifique se todos sabem como é designada a região
e onde fica sua sede administrativa.
Outra distinção importante do ponto de vista geográfico é a que existe en-
tre cidade e município. Dê a atenção devida ao segundo parágrafo do texto, que
trata desse assunto, que será retomado nas atividades seguintes.
Mapa do nosso município
Providencie um mapa do município onde está situado o centro educativo.
Dê preferência a um mapa grande, que possa ser observado por toda classe e
deixado num mural para consulta.
Para uma primeira análise, o mapa pode ser colocado no chão ou sobre a
mesa, para que os alunos possam observá-lo de cima, ponto de vista que cor-
responde à representação cartográfica (visão aérea).
Peça que os alunos identifiquem limites do município e o sinal que indica a
localização de sua sede administrativa. A sede administrativa corresponde a um
núcleo urbano, que será maior ou menor de acordo com o município. Caso a área
urbana não esteja indicada no mapa, procure outras referências que ajudem a
delimitá-la de forma aproximada.
Depois que os limites do município e a sede administrativa tiverem sido
localizados, ajude seus alunos a identificar outros elementos representados no
mapa, como estradas, rios, represas etc. Chame a atenção deles para as
legendas.
3
88 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Unidade 3:
Infância
Esta unidade aborda aspectos do crescimento e desenvolvimento humano,
relacionando-os com a necessidade de cuidar e estimular adequadamente as crian-
ças. O objetivo principal do trabalho não é um conhecimento aprofundado da
fisiologia do corpo humano, mas o desenvolvimento do interesse pelo debate do
tema e a disposição de integrar novas informações para reformular as próprias
opiniões.
As atividades abordam dois aspectos distintos relacionados à infância: o
crescimento e o desenvolvimento. O tema do crescimento remete ao estudo do
esqueleto, suas principais características e funções. O desenvolvimento refere-se
ao amadurecimento do sistema neurológico e às aprendizagens que a criança realiza
graças ao convívio com adultos que a possam estimular adequadamente.
Como desdobramento desses estudos, aborda-se também um problema de
grande relevância social: a violência doméstica. É importante que, com base em
informação qualificada, os alunos possam desenvolver ou firmar atitudes favorá-
veis com relação ao cuidado e educação das crianças.
3
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 89
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Bebê levado pelo vento junto
com o telhado volta para casa
Esta é uma atividade problematizadora: com ela pretendemos estimular o
hábito de conversar sobre situações reais, valores e atitudes dos pais em rela-
ção aos filhos. Pretendemos também estimular o interesse pela pesquisa, pela
descoberta de novos conhecimentos que expliquem fatos observados. O proble-
ma que organiza a discussão é: O que se transforma no nosso corpo durante
o crescimento?
Leia a reportagem, discuta-a com seus alunos, destaque as marcas tempo-
rais e as condições de vida da família, o fato de terem migrado por causa do
desemprego, o custo da casa e o salário do pai, o número de pessoas que vivem
na casa. Comente a afirmação final do pai. Solicite que participem, dêem opini-
ões, recontem a história explicando-a.
A seguir, oriente a observação das imagens que ilustram a notícia. Peça que
descrevam o local, quem eles acham que mora lá, como eles acham que é a vida
dos moradores, que localizem a casa da Regiane e a rede onde estava deitada,
o percurso que fez até cair no chão. Retome alguns conceitos trabalhados na
unidade anterior, como a de visão frontal e aérea. Esta é uma boa oportunidade
para observar até que ponto os alunos já conseguem utilizar uma representação
gráfica para conceber distâncias e percursos.
Estimule-os a contar como imaginam a cena, destaque sua causa e conse-
qüência. Observe que o vento não pode ser tomado como a única causa do aci-
dente, destaque que as casas não têm janelas. Retorne às condições de vida
dos moradores.
A seguir, oriente a organização de duplas ou trios para discutir e responder
as questões apontadas. Lembre a necessidade de cada grupo ter um redator para
escrever no caderno as conclusões e um relato para as ler para a classe. Vá per-
correndo os grupos escutando suas conversas e auxiliando-os quando neces-
(p. 107)
3
90 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
sário. Anote explicações que considerar interessantes para retomá-las na discus-
são final, quando deverão ser anotadas no quadro de giz as diversas explicações
que a classe conseguiu elaborar.
É bem provável que durante o debate os alunos digam que Regiane não sofreu
nada porque não bateu com a cabeça e seu corpinho ainda é mole. Caso esta
explicação não surja, provoque-os com perguntas diretas: Se ela tivesse batido a
cabeça na casa, ela teria morrido? ou Alguém sabe de outro bebê que tenha sofrido
uma queda sem se ferir gravemente?
O esqueleto
Esta atividade compreende o estudo de um texto com informação científica e
a análise de imagens que representam partes internas do corpo. O tema é a
ossificação do esqueleto, com destaque para o crânio, dada sua importante fun-
ção de proteção ao cérebro e a presença da moleira, marca do crescimento ósseo
perceptível e conhecida de todos.
Uma atividade complementar, que sugere a observação das cartilagens de um
frango, também visa à evocação de experiências vividas, que ajudam os alunos a
compreender os conceitos trabalhados.
O texto científico normalmente é denso de informações e traz muitas palavras
que os alunos desconhecem. Por esse motivo, é importante que, primeiramente,
você faça uma leitura em voz alta, possibilitando aos alunos formar uma idéia geral
sobre o assunto. Em seguida, peça que explorem individualmente o texto,
sublinhando partes difíceis de entender. Esclareça oralmente as dúvidas e, por meio
de comentários, vá reproduzindo oralmente todas as informações importantes do
texto. Finalmente, registre no quadro de giz algumas palavras-chave para a
explicação do mecanismo de crescimento; por exemplo: osso, cartilagem, flexível,
crânio. Verifique se os alunos conseguem explicar oralmente o que significam.
Na análise das imagens, localize as fontanelas (enfatizando a moleira) e as
suturas, que resultam da união dos ossos cranianos. Compare o tamanho da caixa
craniana nas diversas idades.
Finalmente, incentive os alunos a discutirem e responderem em pequenos
grupos as questões propostas. Alerte-os para o fato de que as respostas não es-
(p. 109)
3
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 91
tão prontas no texto. Eles deverão utilizar as informações para pensar, procurar
estabelecer relações e explicar o que se pede. É interessante comparar as
explicações que os alunos deram para as perguntas propostas no final dessa
atividade com as que eles propuseram como explicação para o bebê que foi
levado pelo vento. É interessante que eles possam notar os progressos que
forem realizando na fundamentação de suas opiniões sobre os fenômenos.
A seguir você encontrará mais informações que poderão ajudá-lo a es-
clarecer aos alunos como se processa o crecimento, destacando a importância
de uma boa alimentação.
O ESQUELETO HUMANO AO LONGO DA VIDA
O esqueleto do feto humano é formado por cartilagem resistente, porém
flexível, que atua como um molde para a formação dos ossos. Durante a trans-
formação em material ósseo (ossificação), que se inicia antes do nascimento,
a cartilagem é destruída e o espaço resultante é preenchido por sais minerais
e fibras protéicas.
No momento do nascimento, esse tecido flexível ocupa espaços entre os
ossos cranianos parcialmente ossificados. O mais conhecido é o que forma
a moleira. Durante o parto, esses espaços permitem que o crânio se molde
ao canal vaginal, diminuindo o risco de qualquer dano ao cérebro.
No recém-nascido, os corpos dos ossos longos (como os dos braços e
pernas) já se encontram ossificados, enquanto as suas extremidades ainda
se encontram cartilaginosas. As extremidades ossificam-se gradualmente,
deixando uma placa (placa de crescimento) cartilaginosa, onde o crescimento
continua até tarde na juventude. Ao final do crescimento, o esqueleto já se
encontra totalmente ossificado.
Os ossos são matéria viva cujas células estão sempre substituindo ossos
velhos por novos. Para ter ossos saudáveis, é preciso uma dieta balanceada
com proteínas, cálcio e vitaminas. As principais fontes de proteínas são as
carnes e leguminosas (feijões, lentilhas, ervilhas), cereais, peixes e laticínios.
Os dois últimos também são excelentes fontes de cálcio. As vitaminas estão
presentes principalmente nas frutas e legumes frescos. Há também indícios
3
92 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
de que a prática de exercícios físicos regulares pode retardar o enfraquecimento
dos ossos (osteoporose), um distúrbio muito comum nas mulheres depois da
menopausa.
Fonte: texto adaptado da Série Atlas Visuais: Esqueletos (São Paulo: Ática, 1997) e Guia Médico da
Família (São Paulo: Associação Paulista de Medicina, Nova Cultural, Best Seller, 1994)
Meu caçula era devagar...
Esse texto introduz um conjunto de atividades que focaliza o desenvolvimen-
to. Nele propõe-se um caso que deve ser aproveitado para problematizar o tema.
O problema que organiza a discussão é: O que faz as pessoas aprenderem? E
pretendemos chegar até: Uma pessoa aprende quando quer ou quando pode?
Comece mais uma vez colocando o título do texto no quadro de giz e pedin-
do que os alunos imaginem sobre o que o texto tratará e quem seria seu autor.
Em seguida, leia o depoimento em voz alta ou incentive os alunos a fazerem-no
individualmente, silenciosamente. Em seguida, provoque um debate com a classe,
perguntando, por exemplo: O que a mãe quis dizer ao afirmar que o filho era
devagar? Vocês também acham que o menino era devagar? Existe um padrão
esperado de desenvolvimento das crianças? Qual é? Com que idade as crianças
que vocês conhecem aprenderam a andar, falar, controlar o xixi e o cocô etc.?
Volte ao depoimento. Destaque as marcas que a mãe vai apresentando sobre
o desenvolvimento do seu filho e como ela lidou com ele. Destaque a idade em
que ele entrou na escola, suas reprovações, a vontade da mãe de tirar o menino
da escola e a fala da professora. Enfatize o limite que ela deu quando controlou
o uso da TV. Pergunte se eles acham que ela procedeu do modo correto.
Uma questão que também deve emergir da análise do depoimento refere-se
ao bater ou não nos filhos. Caso não seja tematizado esse aspecto, é importante
que você o provoque. O objetivo é levar os alunos a refletir sobre a melhor forma
de educar os filhos e sobre as verdadeiras razões que levam pais a baterem em
crianças. Será que os pais batem nos filhos para educá-los ou para descontar
raiva ou nervosismo? Destaque o fato de que as crianças aprendem pelo exemplo
(p. 111)
3
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 93
dos adultos. Ao serem violentos, os pais podem estar ensinando os seus filhos
a serem também violentos. Pais que procuram resolver os problemas conver-
sando sem agressão podem estar ensinando seus filhos a respeitar os outros
e a própria família. E o que pode acontecer se os pais simplesmente ignoram
os problemas dos filhos? Se puder, selecione notícias de jornal que retratam a
violência doméstica ou o problema do abandono e leia para a classe.
Finalmente, proponha que os alunos realizem as atividades do livro. Veri-
fique se eles conseguem fazer a linha do tempo adequadamente, relacionando
os marcos da vida do menino com sua idade e as datas. Eles devem referenciar-
se nos exemplos de linha do tempo trabalhados na primeira unidade desse
módulo. Os debates no grupo devem ajudá-los a responder às questões por
escrito. Por meio das respostas, você poderá ter uma idéia sobre as opiniões
dominantes no grupo sobre a melhor forma de educar as crianças.
O sistema nervoso
O texto introduz noções sobre o funcionamento do sistema nervoso que
servirão de base para compreender como se processa o desenvolvimento in-
fantil. Mais uma vez, lembre-se das dificuldades que os textos com informação
científica podem impor aos alunos que ainda não estão familiarizados com sua
linguagem. Leia pausadamente o texto em voz alta, comente oralmente cada
trecho e verifique o nível de compreensão dos alunos.
Estimule a localização do cérebro, da medula espinhal e dos nervos na ima-
gem que acompanha o livro e no próprio corpo. Enfatize o papel do cérebro como
coordenador e os nervos como transmissores. Peça que digam as funções que
o cérebro executa, solicite o significado de cada uma delas. Utilize o quadro
de giz para, com a colaboração dos alunos, registrar as principais informações
de forma sintética. Por exemplo:
Parte do sistema nervoso Onde fica
cérebro caixa craniana
medula espinhal coluna vertebral
nervos todo o corpo
(p. 112)
3
94 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
O que o cérebro faz
Controla a coordenação do corpo
Controla a respiração
Controla os batimentos do coração
Controla os movimentos das pernas e dos braços
É a sede do pensamento e das emoções
Controla a linguagem
Finalmente, proponha as questões para debate do livro. A primeira ques-
tão deve orientar o aluno a identificar uma das funções dos ossos  nesse
caso, a proteção de órgãos como o cérebro e a medula. Comente também o
fato de que as costelas protegem o coração e o pulmão. Já a segunda questão
remete às várias funções desempenhadas pelo cérebro.
É importante que o aluno tome consciência de que o cérebro controla fun-
ções de natureza mental, como a memória e o raciocínio, movimentos invo-
luntários, como o batimento do coração e a respiração, além dos movimen-
tos voluntários, como a movimentação das mãos, dos olhos etc.
MEDULA ESPINHAL NÃO É O MESMO
QUE MEDULA ÓSSEA
É freqüente, nos meios de comunicação, notícias sobre crianças que pre-
cisam fazem transplante de medula por estarem com alguma doença,
geralmente leucemia. É importante destacar que a medula, neste caso, não
é a medula espinhal que faz parte do sistema nervoso e, sim, a medula óssea,
que fica no interior dos ossos longos e é popularmente conhecida como tutano.
A medula óssea é um tecido que fabrica células do sangue e, em alguns
casos, transplantar uma medula saudável pode salvar a vida de uma pessoa.
No Brasil esse procedimento médico já é realizado em diversos hospitais.
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 95
O desenvolvimento das crianças
A leitura desse texto deve auxiliar os alunos a compreender que a aprendi-
zagem de muitas habilidades pelas crianças pequenas depende do desenvol-
vimento de seu sistema nervoso. Por outro lado, os pais e outros adultos que
convivem com a crianças podem favorecer esse desenvolvimento, oferecendo
os estímulos adequados. Ao retomar o depoimento Meu caçula era devagar...,
é importante que os alunos constatem que existe um padrão de desenvolvimento
mais freqüente, o que não quer dizer que quem está fora dele esteja necessa-
riamente fora dos padrões de normalidade. Existem margens nesses padrões.
Participando do
desenvolvimento das crianças
O quadro que ilustra alguns marcos do desenvolvimento infantil serve como
fechamento desse bloco de atividades. Incentive seus alunos a analisá-lo, re-
gistrando dúvidas que ainda tiverem com relação ao tema.
Compare os comentários que seus alunos fazem diante desse quadro com
as primeiras opiniões que formularam sobre o caso o depoimento. Faça os alu-
nos observarem se houve modificação ou enriquecimento nas explicações e opi-
niões dos alunos sobre o desenvolvimento infantil. Com as perguntas que apa-
recem no final, espera-se retomar os objetivos principais desta unidade, que é
a discussão sobre a paternidade e maternidade responsáveis.
Entrevista com pais,
médicos ou educadores
Caso haja interesse em conhecer e debater mais sobre o desenvolvimento
infantil e a educação dos filhos, proponha a realização de entrevistas com ou-
tros pais, médicos ou educadores que conheçam o assunto.
(p. 113)
(p. 114)
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96 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Construa com eles um pequeno roteiro de entrevistas  com duas ou três
perguntas  e definam as pessoas que vão entrevistar. Não é necessário que
todos façam entrevistas, mas entusiasme-os a, pelo menos, conversar com
amigos, vizinhos ou colegas das outras turmas. O objetivo é falar sobre criança,
família, ser filho, pai, mãe e também ouvir o que as pessoas dizem.
No dia marcado para trazer as informações coletadas nas entrevistas, or-
ganize os depoimentos, vá registrando no quadro de giz o que for sendo dito.
Estimule a participação de todos, mesmo quem não fez a entrevista pode contar
alguma conversa que teve, ou contar a sua opinião. Ao final proponha a escrita
coletiva de um texto.
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 97
Unidade 4:
Adolescência
A unidade tematiza as grandes transformações físicas que ocorrem no
período da adolescência, transformando as crianças em homens e mulheres
maduros. Tal tema dá oportunidade de introduzir noções sobre outro importante
sistema do corpo humano: o sistema endócrino.
Destaca-se também que, ao lado das transformações biológicas, há uma
série de fatos sociais que marcam essa passagem da infância para a vida
adulta.
Festas e rituais que marcam a entrada na vida adulta estão presentes em
quase todas as culturas, expressando modos diferentes de conceber essa fase
do ciclo vital.
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98 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Xote das meninas
A letra de música do famoso compositor popular Luiz Gonzaga, em par-
ceria com Zé Dantas, comenta de forma bem-humorada algumas característi-
cas emocionais que marcam a passagem da infância para a idade adulta. Se
for possível, traga uma gravação para ser escutada na sala de aula. Se na
turma houver pessoas que conhecem a melodia e gostem de cantar, pode-se
também organizar uma rápida audição dessa e outras composições de Luiz
Gonzaga.
Depois que a letra da música tiver sido bastante explorada oralmente, peça
que os alunos discutam as questões que se seguem em pequenos grupos e re-
gistrem as respostas no caderno.
Adolescência
Divida a turma em dois grupos, responsabilize um deles pelo estudo da pri-
meira parte do texto (o desenvolvimento físico) e o outro pela segunda parte (o
desenvolvimento emocional).
Cada aluno deverá escrever uma ou duas frases que expressem informa-
ções importantes que retiraram do texto. Divida o quadro de giz em duas partes
e peça que os alunos venham escrever as frases que elaboraram. Em seguida,
vá comparando as frases e excluindo as repetidas. Organize as frases que so-
braram e melhore a sua formulação caso necessário. Os alunos poderão, no
final, copiá-las em seu caderno.
No quadro seguinte você encontrará mais informações sobre as transfor-
mações ocorridas na adolescência que podem ajudá-lo a conduzir e
complementar as conversas na sala de aula.
(p. 118)
(p. 120)
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 99
AS DORES E HUMORES DO CRESCIMENTO
Do ponto de vista biológico, o organismo parece ter códigos próprios na
puberdade. Já não funciona como na criança e ainda não suporta ser tratado
como adulto.
Fome de leão (e de leoa)
É preciso muita energia, literalmente, para um organismo infantil se tor-
nar adulto. Além da tremenda demanda por nutrientes, que fornecem a ma-
téria-prima para um músculo dobrar de tamanho ou um osso crescer alguns
centímetros, há outros fatores que aumentam a fome do adolescente, como
a prática de esportes, que costuma ser mais intensa nessa idade e também
consome energia, e a ansiedade, capaz de fazer uma espera de 10 minutos
parecer um jejum de 24 horas.
Mudanças na pele
A pele, principalmente a do rosto e das costas, fica mais gordurosa na
puberdade por causa dos hormônios sexuais. Eles entram em ação nesta fase,
e estimulam as glândulas sebáceas a trabalhar dobrado.
Em condições normais, a gordura das glândulas sebáceas lubrifica e pro-
tege a superfície cutânea. Em excesso, ela provoca o surgimento de cravos
e espinhas. A oleosidade costuma ser transitória. Quando o corpo se adapta
à presença dos hormônios, no final da puberdade, a pele volta ao normal ou
pode até se tornar ressecada.
Enquanto isso não acontece, é preciso remover o excesso de gordura la-
vando o rosto duas a três vezes ao dia, com um sabonete suave. Do contrário,
ela se acumula nos poros, que incham formando cravos e, depois, espinhas.
As espinhas surgem de cravos infectados por bactérias, que se alimentam da
gordura estocada nos poros. Nem espinhas, nem cravos devem ser manipu-
lados, sob pena de deixarem marcas para sempre.
Os casos mais graves devem ser tratados por um médico, que pode
receitar loções adstringentes para reduzir a gordura ou até antibióticos
específicos para combater as bactérias.
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100 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Pêlos ansiados e odiados
Tanto neles quanto nelas, duas glândulas que lembram bonés sobre os
rins  as chamadas supra-renais  começam a secretar dosagens cada vez
maiores de hormônios chamados andrógenos. Eles produzem, entre outros
efeitos, o aparecimento dos pêlos na região pubiana e nas axilas.
Os outros hormônios sexuais, produzidos no ovário das garotas e nos tes-
tículos dos garotos, engrossam os pelinhos minúsculos e quase transparentes,
espalhados pelo resto do corpo.
Daí a barba e o peito peludo, que vão ser mais ou menos acentuados con-
forme a programação genética de cada um, e que levam o rapaz a comemorar
e a mocinha, a se preocupar com o visual das pernas ou com aquela penugem
escura do buço.
Novos cheiros
As glândulas sudoríparas trabalham pouco na infância, mas liberam muito
suor na puberdade, outra vez por causa dos hormônios sexuais. Em contato
com certas bactérias do ar, esse suor em maior quantidade produz um cheiro
ruim, sinalizando que chegou a hora de usar desodorante. Se a pele for muito
sensível, experimente substituí-lo por bicarbonato de sódio ou leite de
magnésia, que tem o mesmo efeito do desodorante.
O fato de o mau cheiro nos pés aumentar não tem nada a ver com a che-
gada da adolescência.
O odor nos pés pode aparecer em qualquer idade, com o uso contínuo
de sapatos com solas de borracha ou meias de fibras sintéticas. E o cheiro
será tanto maior se a pessoa não enxugar bem os pés porque alguns fungos
que agravam o problema adoram umidade.
A higiene íntima
Nesta questão, e sem preconceito, as meninas podem errar por excesso
e os meninos por falta. Elas não devem exagerar no uso do sabonete, quando
entram no ciclo hormonal que aumenta as secreções vaginais, tornado-as mais
intensas no período da ovulação, cerca de 14 dias depois da menstruação. A
higiene, claro, é importante, mas o uso exagerado do sabonete durante o
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 101
banho altera a acidez que protege a mucosa, especialmente se ele não for
neutro, facilitando a infecção por fungos e bactérias. Elas devem saber,
também, que as secreções não costumam ter mau cheiro, nem arder ou coçar.
E devem consultar um ginecologista se isso acontecer, pois é sinal de que
algum germe nocivo invadiu o pedaço.
Para o adolescente vale o mesmo aviso dado às meninas: órgão sexual
não foi feito para coçar ou arder. Os meninos devem saber que o pênis, agora,
passa a secretar uma substância gordurosa e esbranquiçada. E que, na hora
do banho, eles precisam puxar a pele do pênis para trás e lavar muito bem a
glande, como é chamada a extremidade do órgão sexual. Sem a higiene, a
secreção pode provocar irritação e mau cheiro.
O rapaz também tem de secar o pênis muito bem com uma toalha depois
do banho e ao urinar, pois a umidade sob a pele da glande favorece o apare-
cimento de micoses.
Cérebro maduro
Todos nós nascemos com um número definido de células cerebrais ou neu-
rônios. Mas nem todos os neurônios nascem prontinhos para entrar em ope-
ração, ao menos a todo vapor. Isso vai acontecendo à medida que eles vão
sendo recobertos por uma capa gordurosa e branca chamada mielina.
Nas áreas cerebrais ligadas à linguagem, por exemplo, esse processo de
revestimento é acelerado justamente por volta dos seis anos.
Não é à toa, portanto, que a criança é alfabetizada por essa idade. Na
adolescência, as regiões relacionadas aos raciocínios abstratos mais
complexos começam a funcionar e o cérebro fica em condições de pensar
como gente grande. Nas mulheres, o processo tem início em média 18 meses
antes que nos homens. Ninguém sabe a razão disso, mas é por isso que um
menino de doze anos é mais imaturo do que uma garota da mesma idade. O
processo de amadurecimento cerebral só termina, para ambos os sexos, por
volta dos 25 anos de idade.
A questão da estatura
A glândula hipófise, que já liberava substâncias chamadas hormônios do
crescimento quando a criança era pequena, passa a trabalhar em um ritmo
mais contínuo na puberdade, como explicam os especialistas.
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102 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Os hormônios de crescimento, junto com uma substância fabricada no fí-
gado e conhecida por somatomedina C, ligam-se às cartilagens que ficam nas
extremidades dos ossos e desencadeiam a formação de novas células ósseas.
Isso vai acontecendo devagar e sempre até que os hormônios sexuais
provocam uma espantosa aceleração do processo.
É importante, no entanto, saber que existe um script genético para o cres-
cimento. Se ele não prevê 1,90 m de altura porque não há outras pessoas muito
altas na família, nenhum tratamento fará o milagre.
Está provado que os hormônios de crescimento sintéticos, aplicados como
remédio, quase não têm resultado em quem não está programado para ser
alto. Eles só fazem efeito no adolescente que tem baixa estatura porque
apresenta uma deficiência dessas substâncias no sangue e precisa de
reposição para mantê-las em um nível normal.
Mas esse é um problema mais raro do que se imagina. O que é comum é
uma garota de 14 anos que ainda não menstruou ser a baixinha da classe.
Os pais devem explicar-lhe que a ausência da menstruação é sinal de que
seus hormônios irão se elevar e ela fatalmente ganhará alguns centímetros
de altura; o mesmo vale para o rapaz que ainda não teve a primeira ejaculação.
Problemas de coordenação
Não pegue no pé deles com frases do tipo: Você vive esbarrando nas
coisas e derrubando tudo ou Ande direito, menino!
Saiba que, na puberdade, todos ficam desengonçados. O responsável por
esse período de descoordenação, que pode durar mais para uns do que para
outros, é um órgão próximo da nuca, chamado cerebelo. Ele coordena todos
os nossos movimentos, geralmente com precisão milimétrica.
Mas sua eficiência vai para o espaço nessa época da vida, pois o sistema
nervoso continua comandando uma perninha quando no lugar dela existe um
pernão.
Para se adaptar às novas dimensões do corpo, ele demora de seis meses
a um ano, em geral, depois do chamado estirão da puberdade  aquela fase
em que o seu filho parece crescer de uma hora para outra. A prática de
esportes facilita essa adaptação.
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 103
MUDANÇAS SÓ DELES
O tamanho do pênis
A testosterona, um hormônio produzido pelos testículos, faz o pênis cres-
cer. O garoto acompanha atento o processo, milímetro a milímetro, e muitas
vezes os pais também se preocupam. O tamanho do pênis como medida da
virilidade e da capacidade de obter e de proporcionar prazer sexual é, como
há muito se sabe, um mito, mas ainda assim torna-se uma fonte de ansiedade
nessa fase. Atenção: atrofia do pênis é um problema extremamente raro. Muitas
vezes o rapaz é só gordinho, e a gordura cresce ao redor do pênis, escondendo
parte dele. É só fazer uma dieta e, pronto, acabam-se os complexos tolos.
Problema passageiro
Os hormônios não aparecem de uma hora para outra, já na dosagem ideal.
Até que se equilibrem, sete em cada dez rapazes passam pela experiência apa-
vorante de ver seu peito crescer em graus variados. O problema, chamado gine-
comastia, não afeta a masculinidade e costuma desaparecer em dois anos. Os
gordinhos têm ginecomastia com mais freqüência, nem tanto pelas dobrinhas
extras, mas pelo excesso de uma enzima chamada aromatase. Tratamentos
hormonais não resolvem nada. O que adianta é fazer dieta e ter paciência.
Eles se irritam à toa
Eles falam alto, gritam, dão respostas atravessadas e perdem a paciência
por qualquer bobagem. Faz parte. O que talvez você não saiba, e que está
provado, é que o hormônio masculino testosterona aumenta a agressividade
nos meninos ao entrar no cérebro, via corrente sangüínea. Até o corpo se
acostumar com a presença dessa substância em doses significativas, os nervos
podem ficar mesmo à flor da pele.
Um último efeito da testosterona é alargar a laringe, o canal do aparelho
respiratório que aloja as cordas vocais na altura da garganta. À medida que o
hormônio atua, as cordas vocais precisam ser afinadas de novo. Essa afinação,
que faz a voz deles sair ora fina, ora grossa, encerra as grandes transformações
da puberdade masculina.
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104 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
MUDANÇAS SÓ DELAS
O primeiro sutiã
O primeiro sinal de que a menina entrou na puberdade é o crescimento das
glândulas mamárias. Se parecerem desproporcionais num primeiro momento,
em relação à estatura e aos contornos de sua filha, não se precipite achando
que ela terá busto avantajado. Depois que os quadris e as coxas arredondam,
sob o efeito dos hormônios femininos, que provocam um acúmulo de gordura
nessas regiões, suas formas ficarão harmoniosas e as mamas, mais
proporcionais.
Entre os 16 e os 18 anos, as meninas devem começar a fazer auto-exame
das mamas uma vez por mês, logo depois da menstruação. A presença de algum
caroço dolorido nos seios nessa idade pode indicar a existência de displasia
mamária, uma deformação provocada por desequilíbrio hormonal, comum na
juventude, que costuma sumir mais tarde.
Elas choram à toa
A fonte das lágrimas não é somente psicológica. Os fatores biológicos pe-
sam bastante. Enquanto os hormônios masculinos aumentam a agressividade
dos meninos, na puberdade, os femininos intensificam a melancolia. Mas uma
jovem que cai no choro por qualquer bobagem não será necessariamente uma
adulta deprimida, pois quando os hormônios atingem as dosagens adequadas
e entram em equilíbrio, o humor melhora.
Cólicas e gravidez
As dores associadas à menstruação são disparadas por substâncias irri-
tantes chamadas prostaglandinas. Elas escoam com mais facilidade depois que
o canal cervical, que liga o útero à vagina, alarga, em decorrência da primeira
gestação. Por isso, as cólicas na adolescência tendem a ser mais fortes. Por
falar em gestação, a menina, em geral, não ovula todos os meses, nos dois pri-
meiros anos após a menstruação. Ao contrário do menino, que pode fecundar
a partir da primeira ejaculação. Mas as garotas não devem se descuidar. O risco
de uma gravidez sempre existe.
Fonte: Cláudia Família. São Paulo: Abril, set. 1996, p. 18-23
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Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 105
Os hormônios sexuais
e a adolescência
O texto seguinte traz informações sobre os hormônios sexuais, substâncias
que são responsáveis por muitas dessas transformações que ocorrem na puber-
dade. Leia o texto em voz alta, comentando oralmente cada parágrafo.
Depois, reproduza o esquema no quadro de giz e peça que os alunos ten-
tem explicá-lo oralmente. O interessante é que os alunos constatem como são
complexos os processos envolvidos no funcionamento e desenvolvimento do corpo
humano.
Não me ama mais?
O objetivo desse texto é tematizar a relação entre pais e filhos adolescentes.
Coloque o título no quadro de giz e pergunte aos alunos quem eles imaginam que
está dizendo a frase Não me ama mais?, um pai, uma mãe ou um filho ou filha
adolescente. Oriente um debate abordando problemas de relacionamento familiar
envolvendo adolescentes. Depois, leia o texto em voz alta e retome a frase-título,
tentando verificar se os alunos entenderam as idéias do texto.
Destaque o caráter recíproco do problema: os adolescentes podem achar que
seus pais não os amam e os pais, por seu lado, podem achar o mesmo com rela-
ção a seus filhos adolescentes, que já não os admiram incondicionalmente como
costumam fazer as crianças. Assim, tanto os pais quanto os filhos têm de apren-
der a se relacionar de uma nova maneira.
Oriente os alunos a debater as questões propostas no livro, focalizando a
questão da paternidade e maternidade responsáveis também no que se refere a
filhos e filhas adolescentes.
Marcas da adolescência
Esta atividade remete aos aspectos subjetivos das nossas recordações da
adolescência, período em que novos sentimentos e experiências são vivenciados.
(p. 121)
(p. 122)
(p. 122)
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106 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Incentive seus alunos a lembrar dessa fase e de cenas, músicas, pessoas ou ob-
jetos que ficaram na lembrança. Os registros dessas lembranças podem ser feitos
da forma que os alunos quiserem e, no conjunto, poderão compor um belo retra-
to dessa fase da vida. Depois de pronto o trabalho, proponha a escolha coletiva
de um título para o mural.
Ritos de passagem
Até este momento, focalizamos principalmente as mudanças biológicas que
ocorrem no período da adolescência. Essa atividade enfatiza os aspectos socio-
culturais relativos a essa passagem, remetendo os alunos à experiência de dois
povos indígenas brasileiros: os Sateré-Mawé e os Nhambiquara. Nesses grupos,
a passagem da infância para a vida adulta é nitidamente marcada por um ritual
partilhado por todo grupo, que passa a reconhecer mais um semelhante como
pertencente ao grupo dos adultos. O rito dos Sateré-Mawé refere-se à iniciação
dos meninos e o dos Nhambiquara à das meninas. É interessante observar que
em ambos os casos o ritual implica uma provação do jovem ou da jovem, que
publicamente precisam demonstrar que estão aptos a integrar o mundo adulto.
Como contraponto, o terceiro texto comenta o fato de que, na sociedade
brasileira não indígena, os limites entre a infância e a vida adulta não são tão
claros, estendendo-se por um período de transição mais ou menos indefinido: a
adolescência. Ainda assim, existem parâmetros legais, estabelecidos pelo Es-
tatuto da Criança e do Adolescente, que estabelecem alguns limites de idade.
A comparação entre os diferentes modos de encarar e vivenciar a entrada
na vida adulta em diferentes culturas deve servir como demonstração da natu-
reza social dos fenômenos. Nesse sentido, muitos dos problemas que os ado-
lescentes enfrentam podem estar relacionados tanto com as mudanças biológicas
que ocorrem em seu próprio corpo quanto com o modo como a sociedade vê essa
passagem e oferece parâmetros de como atravessá-la.
Para realizar esse estudo, você pode organizar a turma em três grupos, res-
ponsabilizando cada um pela leitura de um dos textos. Depois de ler o texto que
lhe coube e discuti-lo, cada grupo deverá escolher uma ou mais pessoas para
relatá-lo aos demais. É importante que, ainda nos grupos, esse relato seja ensaia-
do e aperfeiçoado pelos comentários dos colegas.
(p. 123)
4
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 107
Finalmente, faz-se um grande círculo, onde os relatores poderão expor o
conteúdo do texto lido, ouvir o relato dos demais e iniciar a discussão a partir
da comparação entre eles.
Mães e pais de adolescentes
Propomos uma atividade de produção coletiva de texto como fechamento
do módulo, uma oportunidade para os alunos sistematizarem as novas infor-
mações e as reflexões que podem realizar ao longo das atividades.
Antes de iniciar a elaboração do texto propriamente dito, proponha a rea-
lização de um pequeno plano, referente aos aspectos que serão tratados; por
exemplo: as transformações biológicas que ocorrem nesse período, as trans-
formações emocionais, os gostos e o modo de ser dos adolescentes, a
importância do amor e da orientação dos pais nessa fase, os problemas de
relacionamento mais comuns, os cuidados com relação à iniciação sexual, a
prevenção contra a dependência de drogas etc.
Estabelecido o plano, você incentiva os alunos a darem sugestões sobre o
que escrever. À medida que eles ditam, você vai registrando no quadro de giz,
comentando aspectos relacionados à estrutura do texto, correção gramatical e
ortográfica.
Caso os alunos já se sintam à vontade para isso, convide-os a virem tomar
por um tempo o papel de escribas, registrando no quadro as frases ditadas pe-
los colegas, que também os ajudaram a revisar sua escrita. Finalmente, oriente
os alunos a copiarem o texto revisto em seus cadernos, para guardarem para si
o registro do trabalho. Providencie um modo de multiplicar o texto para que seja
distribuído à comunidade.
(p. 126)
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108 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Unidade 5:
Um pouco mais de Matemática
O objetivo das atividades propostas nesta unidade é aprofundar o estudo
dos números e das operações explicitando para os alunos as regras do Sistema
de Numeração Decimal: agrupamentos de dez e a escrita posicional.
É esperado também que eles utilizem esses conhecimentos para compre-
ender a técnica operatória convencional para o cálculo da adição.
Retoma-se ainda o trabalho de leitura, comparação e ordenação de números
pela análise de suas escritas.
Ao explorar a técnica operatória convencional da adição é importante que
os alunos percebam que esse tipo de cálculo é mais um recurso que podem
utilizar para resolver problemas. Por isso, é fundamental que possam exercitar
a técnica no decorrer do trabalho com problemas e não apenas de forma me-
cânica, resolvendo vastas listas de contas, como habitualmente é proposto nas
escolas.
Ao ampliarem os recursos de cálculo, os alunos também devem perceber
que um jeito de calcular pode ser mais adequado que outro, dependendo da
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 109
situação-problema e dos números envolvidos. Por exemplo, para calcular 235
+ 99 é mais fácil usar um procedimento de cálculo mental como somar 235
com 100 e depois subtrair 1 do resultado do que fazer a técnica operatória
com dois transportes. Assim, mesmo após o estudo das técnicas convencionais
não se deve deixar de explorar os recursos de cálculo mental.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Contando pedrinhas
Para introduzir as atividades dessa unidade ou em qualquer momento que
achar conveniente, leia o texto para os alunos. É interessante eles perceberem
que a matemática também tem uma história que remonta à Antigüidade.
Máquinas que contam
Inicie a atividade perguntando aos alunos se eles conhecem máquinas
que registram contagens. É possível que eles lembrem dos odômetros dos
automóveis, das bombas de gasolina, das catracas que existem nas roletas
de ônibus ou na entrada de estádios, clubes etc.
Em seguida, explore no quadro de giz as escritas dos números que apa-
recem nas situações-problema do cobrador de ônibus e da lotação do estádio
de futebol. Reproduza no quadro de giz o desenho das catracas registrando
um número de cada vez e solicite aos alunos que interpretem cada número
e façam sua leitura.
Pergunte se eles sabem como funciona uma catraca ou outra máquina
que registra contagens. Permita que expliquem e confrontem suas idéias.
(p. 127)
(p. 128)
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110 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Como funcionam
as máquinas que contam
Nesta atividade os alunos terão oportunidade de construir um contador de
papelão para testarem suas hipóteses sobre o funcionamento das máquinas que
registram contagens. Providencie o material indicado no livro do aluno para que
cada um possa construir o seu contador. Oriente-os na realização dessa tarefa.
Mostre que na folha de papelão é preciso fazer cortes com um estilete ou gilete
por onde vão passar as tiras com os algarismos de 0 a 9, como aparece no de-
senho. Peça para os alunos contarem e ao mesmo tempo vá registrando os nú-
meros no contador, de modo que eles percebam que inicialmente vão aparecer
números de 0 a 9 na primeira janela do contador, em seguida vai aparecer o
0 na primeira janela e o 1 na segunda janela, o que corresponde ao agrupa-
mento de dez unidades em uma dezena. Mostre também que essa mesma re-
gra é aplicada para que apareçam os números nas outras janelas. Explore a
seqüência de exercícios que aparecem no livro do aluno até que eles compre-
endam o funcionamento do contador. Certifique-se de que todos os alunos sabem
como o contador funciona antes de passar para a outra atividade.
O contador e o ábaco
Nesta atividade pretende-se que os alunos representem e interpretem
números apresentados no contador e no ábaco e traduzam esses números para
escritas com palavras. Ao analisarem e compararem a representação de
números no ábaco e no contador eles terão condições de entender a construção
dos agrupamentos e perceber que a posição ocupada pelo algarismo, na escrita
do número, indica um valor.
Ábacos, contadores e tabelas
Nesta atividade é novamente trabalhada a formação dos grupos de dez.
Introduz-se também a representação dos números numa tabela que corresponde
(p. 129)
(p. 130)
(p. 131)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 111
ao quadro valor de lugar. Nesse momento, podem-se nomear as ordens 
unidade, dezena, centena, milhar  e explorar a relação que existe entre elas:
dez unidades valem uma dezena, dez dezenas valem uma centena etc. Apóie
suas explicações nas construções feitas no ábaco e na escrita dos números no
quadro valor de lugar.
Solicite que os alunos registrem outros números na tabela até perceber que
eles compreenderam o procedimento e o valor representado em cada coluna
(unidade, dezena, centena e milhar).
A tarefa 2 solicita que os alunos escrevam os números de forma decom-
posta, o que envidencia o valor relativo dos algarismos na escrita numérica. Ini-
cialmente, reproduza no quadro de giz os exemplos transcritos no livro do alunos,
que se referem ao número 396 e 1209. Comente as duas formas de escrever
esses números por meio da decomposição. Em seguida, convide alguns alunos
para virem ao quadro representar os outros números da mesma forma e vá in-
centivando os demais a fazer comentários. Observe se eles já estão empregando
os termos unidade, dezena, centena e milhar. Você pode propor outros números
até observar que todos compreenderam o procedimento de decomposição.
Calculando de cabeça
O objetivo desta atividade é o de exercitar os procedimentos de cálculo
mental construídos espontaneamente pelos alunos. No decorrer de sua explo-
ração, solicite aos alunos que expliquem como fizeram os cálculos e comparem
procedimentos diferentes.
Cálculo no ábaco e
registro da técnica operatória
Por meio desta atividade inicia-se o estudo da técnica operatória conven-
cional da adição, incluindo os casos de transporte vai um. Utilize o ábaco para
realizar a técnica e depois apresente os registros na forma decomposta e na
tabela valor de lugar. O objetivo dessa seqüência é facilitar a compreensão do
(p. 133)
(p. 134)
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112 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
signficado da técnica operatória. Se o aluno apenas apenas decorar como fazer
as contas de forma mecânica não terá condições de verificar eventuais erros e
perderá uma grande oportunidade de refletir sobre as regularidades do Sistema
de Numeração Decimal.
Provavelmente, os alunos terão dificuldade de entender os exemplos do livro
se você não demonstrar os processos no ábaco ou com qualquer outro recur-
so que evidencie o processo de trocas.
É interessante também que eles mesmos tentem fazer registros do que você
está representando no ábaco antes de ver os modelos de técnica operatória de-
composta e no quadro valor de lugar. Por esse motivo, antes de estudar os mo-
delos apresentados no livro do aluno, proponha vários exercícios de cálculo com
ábaco, com e sem recurso. Peça que os alunos registrem o que está aconte-
cendo, relacione os registros que eles produzem com a técnica decomposta e
a resumida na tabela valor de lugar.
Enquanto os alunos estiverem aprendendo a técnica operatória é interes-
sante manter a representação dos números na forma decomposta, pois assim
eles poderão observar os cálculos intermediários que são realizados para se
chegar a um resultado final.
Isto pode facilitar a compreensão do registro abreviado  na tabela valor
de lugar  em que os cálculos intermediários ficam apenas na memória. Na
forma decomposta também fica bastante evidente que o recurso do transporte
vai um ora representa vai 10, ora representa vai 100, vai 1.000 etc. É im-
portante que os próprios alunos notem esses fatos ao interpretarem e explicarem
o funcionamento da técnica.
Usando a calculadora
Propõe-se aqui um conjunto de atividades que os alunos devem resolver e
depois utilizar a calculadora para conferir os resultados. Em duplas, eles devem
encontrar uma resposta para cada problema e depois verificar o resultado uti-
lizando a máquina. Eles poderão, assim, empregar diversos procedimentos de
cálculo  mentais, escritos e com a máquina , alternando-os e experimen-
tando a eficiência de cada um.
(p. 135)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 113
Listas de multiplicações
O objetivo desta atividade é fazer com que os alunos identifiquem regulari-
dades ao construírem resultados de multiplicações. Ao completarem cada uma das
listas eles deverão notar que os números que ficam nas faixas pintadas seguem
uma seqüência de 2 em 2, de 3 em 3, de 4 em 4 etc. É importante que eles asso-
ciem esse fato com os resultados de multiplicações por 2, 3, 4 respectivamente.
O trajeto mais curto
O objetivo desta atividade é retomar a noção de medida. Por meio da situa-
ção-problema apresentada, os alunos terão oportunidade de perceber que as
medidas envolvem sempre comparação.
Unidades de medida
Peça para os alunos medirem o comprimento de um mesmo objeto; por
exemplo, uma mesa ou o quadro de giz, usando outros objetos como unidades
de medida; por exemplo, um lápis, uma borracha ou um caderno ou ainda pal-
mos ou passos. Peça que registrem quantos objetos usados como unidade de
medida cabem no objeto medido, quantos lápis cabem no comprimento da mesa,
por exemplo. Compare os resultados das medidas feitas com os diferentes obje-
tos e faça os alunos perceberem que, quanto maior for o objeto tomado como
unidade, menor será o número que representa a medida  por exemplo, a mesa
poderá medir o comprimento de 5 lápis ou o comprimento de 20 borrachas; neste
caso, pode-se concluir que a borracha é menor que o lápis.
Tirando medidas
Incentive os alunos a trabalharem em grupos, empregando e trocando com
os colegas os conhecimentos que já possuem sobre medidas e formas de registrá-
(p. 136)
(p. 137)
(p. 138)
5
114 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
las. Em seguida, peça que alguns alunos venham registrar as medidas que en-
contraram. Comparando os resultados, observe que dimensões foram tomadas
como sendo comprimento, largura e altura, se ocorreram diferenças nas medidas
tomadas de uma mesma dimensão e por que isso ocorreu. Depois, mostre aos
alunos como se registram as medidas de comprimento; por exemplo, 1,20 m ou
120 cm etc.
Você tem bom
olho para as medidas?
Com essas atividades, o que se pretende é que os alunos reflitam sobre sua
própria capacidade de estimar medidas. Comente o fato de que nossa capacidade
de estimar também depende da familiaridade que temos com os objetos ou ativida-
des em que noções de tamanho, volume, massa e proporção estão envolvidos.
O crescimento dos bebês
Para realizar essas atividades os alunos deverão retomar os cálculos sobre
idades e poderão se familiarizar com as notações usualmente empregadas no
registro de medidas de altura e peso (ou massa, usando o terminologia científica
correta). Podem-se associar registros: 7,900 kg como 7 kg e 900 g e 0,65 m como
65 cm. Não é necessário, entretanto, estudar de forma sistemática as relações entre
décimos, centésimos e milésimos e seus correspondentes nas medidas de
comprimento.
Quem vai ganhar as eleições?
Com esta atividade, pretende-se que os alunos façam a leitura de gráficos e
utilizem as informações expressas em um deles para responder a determinadas
questões e elaborem explicações para justificar suas respostas. Neste caso, eles
estarão analisando um gráfico de linhas, que facilita a visualização da tendência
(p. 138)
(p. 139)
(p. 140)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 115
crescente ou decrescente das intenções de voto. É provável que a maioria
dos alunos não tenha familiaridade com esse tipo de representação. Por esse
motivo, é melhor você reproduzir os gráficos no quadro de giz, comentando
cada um dos seus elementos. Antes ou depois da atividade, explore com os
alunos a validade das pesquisas de intenção de voto, o princípio da
amostragem, a confiabilidade dos dados apresentados por diversos institutos
e o uso que é feito da informação.
PESQUISAS ELEITORAIS
As pesquisas de intenção de voto têm cumprido uma dupla função. Por
um lado, como instrumento de investigação da realidade, capaz de informar
eleitores, políticos, partidos, orientando-os em suas decisões. Por outro lado,
acobertadas pela imagem de trabalho científico, elas têm sido usadas para
desinformar a opinião pública, visando à manipulação das massas. Mas como
avaliar os resultados muitas vezes contraditórios que costumam ser
publicados, para não ser enganado? Para isso, listo aqui cinco cuidados bá-
sicos:
1) Verifique o dia em que as entrevistas foram realizados, o resultado pode
estar velho, devendo ser relativizado.
2) Confira a amostragem da pesquisa, pois um levantamento apresentado
como nacional pode se referir a uma pesquisa feita apenas em alguns estados,
ou só nas regiões metropolitanas.
3) Confira as perguntas que foram feitas aos entrevistados. As respostas
de intenção de voto espontâneas (quando o entrevistador não cita o nome de
nenhum candidato) são sempre muito diferentes das respostas estimuladas
(quando o entrevistador mostra uma lista de nomes e pede para o entrevistado
escolher aquele em que vai votar).
4) Confira que instituto fez a pesquisa e quem contratou o serviço. Alguns
institutos são mais reconhecidos por terem mostrado em eleições anteriores
que seus resultados são confiáveis.
Fonte: texto adaptado de Venturi, Gustavo, Como não ser enganado pelas pesquisas
eleitorais, in: Dimenstein, Gilberto. Como não ser enganado nas eleições. São Paulo: Ática, 1994
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116 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
As caixas e suas partes
O objetivo desta atividade é fazer com que os alunos estabeleçam relações
entre figuras planas e os sólidos geométricos. Solicite a cada um deles que pegue
uma caixa qualquer da coleção de embalagens e abra-a com cuidado sem sepa-
rar as partes, de modo a obter uma única figura plana. Quando desmontamos
uma caixa dessa maneira observamos que ela é construída numa única folha de
cartão, recortada de maneira a possibilitar a montagem do sólido. Também costu-
ma-se dizer que a figura obtida é o molde da caixa ou a planificação da caixa.
Pergunte aos alunos de quantas partes são formadas suas caixas, que formas têm
essas partes e se eles sabem remontar a caixa a partir de sua planificação. De-
pois faça com que recortem as partes da caixa, confiram o número de partes e
tentem montar novamente a caixa juntando as partes com fita adesiva.
É importante que os alunos percebam que as partes iguais não se tocam ao
tentarem remontar as caixas, com exceção do cubo e do tetraedro, que têm todas
as partes com a mesma forma e a mesma medida.
Cubo Tetraedro
No decorrer da atividade chame a atenção dos alunos para o fato de que a
caixa montada representa um sólido e suas partes isoladas representam figuras
planas. Empregue os termos geométricos para designar os dois tipos de figuras;
por exemplo, paralelepípedo, cubo, pirâmide etc. (sólidos geométricos) e quadra-
do, retângulo, triângulo etc. (figuras planas).
Depois peça para os alunos completarem a tabela com o número de partes
de cada caixa. Solicite aos alunos que comparem seus trabalhos antes de escre-
verem o texto sugerido na atividade.
(p. 141)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 117
Unidade 6:
Um pouco mais de Língua Portuguesa
Neste módulo, os alunos terão oportunidade de estudar os contos de fa-
das. Os contos de fadas são textos muito interessantes para os alunos nesta
estapa da aprendizagem da escrita pois, apesar de sua estrutura simples,
abordam grande variedade de temas e questões fundamentais da existência
humana: relação pai-filho, homem-mulher, homem-mundo etc. Além de toda
riqueza temática, muitos desses contos são familiares a jovens e adultos e,
por isso, podem auxiliá-los e estimulá-los à leitura e produção de textos.
Lembremos ainda o encanto que esses contos sempre provocaram nas
crianças, oferecendo-lhes oportunidades de vivenciar enredos e sentimentos
que lhes auxiliarão no desenvolvimento emocional e intelectual.
Além de ler e ouvir contos de fadas, os alunos terão oportunidade de ana-
lisar aspectos relacionados à estrutura desses textos, introdução, complica-
ção e desfecho, características de sua pontuação e fórmulas recorrentes.
Deverão identificar personagens e ambientes e exercitar-se na elaboração
de textos do gênero.
6
118 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Ainda nesta unidade, propõe-se a análise da ortografia de palavras com os
dígrafos NH, CH e LH, além de vogais nasais, seguida de exercícios de fixação.
Porpõe-se também a análise e o exercício de partição de palavras e de organiza-
ção de palavras em ordem alfabética.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Contos de fadas
Inicie o trabalho lendo a epígrafe que abre a unidade no livro do aluno e, na
seqüência, o texto que comenta esse gênero literário.
Em seguida, pergunte aos alunos se conhecem histórias desse tipo, quando e
onde as aprenderam. Já nesse momento você pode começar a organizar uma lista
dos títulos das histórias conhecidas pelos alunos.
Mais adiante, propõe-se uma atividade em que os alunos contarão oralmente
histórias para o grupo de colegas.
Rapunzel
Prepare a turma para escutar, com toda a atenção, a história de Rapunzel, que
você deverá ler de maneira bem expressiva, mostrando a eles como a audição da
história pode se tornar agradável.
Para isso, é interessante que você tenha preparado a leitura anteriormente,
de modo a poder oralizá-la de forma fluente. Você pode sugerir que os alunos tentem
acompanhar a leitura com os olhos.
Em seguida, provoque uma rodada de comentários sobre o conto e verifique
se todos compreenderam o enredo.
No bloco de atividades Quem conta o conto, os alunos deverão observar que
no texto, além da voz daquele que conta a história (o narrador), transcrevem-se
também as falas das personagens, sempre introduzidas por travessões ou entre
(p. 143)
(p. 144)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 119
aspas. Para auxiliá-los na tarefa, utilize como apoio a referência às novelas de
rádio, que alguns devem conhecer. Caso os alunos tenham dificuldades de fazer
a leitura em voz alta, sugira que façam a tarefa sem ler, apenas reproduzindo
de seu modo a história e algumas falas dos personagens. Organize a sala em
grupos de pelo menos 4 alunos, para que cada um possa assumir um papel: o
pai, Rapunzel, a feiticeira e o príncipe. Alguns alunos podem ficar responsáveis
pelos efeitos sonoros. Caso haja interesse, a leitura dramática do texto pode
derivar para uma proposta de dramatização. No tópico O que conta o conto,
leia as questões propostas em voz alta e peça que os alunos respondam-nas
individualmente no caderno. Depois, faça uma correção oral, coletiva.
Pontuação
O objetivo da atividade é que os alunos observem os sinais de pontuação
e se familiarizem com seus nomes, além de aprender a identificar o parágrafo.
Sabemos, entretanto, que a aprendizagem de como utilizar esses elementos na
escrita de textos é um processo longo que demandará mais tempo de experiên-
cia dos alunos como leitores e escritores.
A tarefa 5 é a única em que se exige que os alunos pontuem um pequeno
trecho. Ajude-os explicando que podem fazer a atividade usando apenas o ponto
no final das frases.
Explique que cada frase precisa conter uma idéia completa. Para corrigir a
atividade, reproduza o trecho no quadro de giz e comente as propostas dos alu-
nos. Não esqueça de inserir as letras maiúsculas no início das frases.
Ao final, você poderia mostrar também onde caberiam algumas vírgulas. O
resultado seria:
Era uma vez um pescador que vivia com a mulher numa choupana. Todos
os dias ele saía para pescar e voltava antes do sol se pôr. Certo dia, o pescador
sentou-se nas pedras e lançou sua linha ao mar. De repente, um enorme peixe
fisgou-lhe o anzol e puxou com muita força. O pescador ficou feliz por ter cap-
turado um peixe daquele tamanho.
(p. 148)
6
120 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Roda de história
A proposta visa a estimular a prática da narrativa oral. Pela sua importância,
tal atividade poderia estender-se por muitos dias. Combine com a turma um momento
dentro da rotina diária ou semanal em que cada aluno terá oportunidade de contar
para os colegas um conto previamente preparado. Estimule os ouvintes a perceber
a diferença entre os diversos estilos de narrativa, os recursos que prendem a
atenção, que facilitam a compreensão etc. Chame a atenção para a importância da
entonação da voz, da expressão facial, da postura do corpo daquele que conta a
história. Conte você também uma história de modo bem envolvente.
Descobrindo as palavras no texto
Este tipo de exercício é muito interessante pois leva os alunos a perceberem
que, com base em conhecimentos anteriores sobre a estrutura da nossa língua e
dos contos de fada, podemos imaginar que palavras deveriam ser empregadas em
muitas situações. Ajude-os a realizar a tarefa, colocando os primeiros parágrafos
no quadro de giz e completando as lacunas coletivamente. Alerte-os de que em cada
lacuna só se pode escrever uma palavra e que nenhuma lacuna pode ficar em
branco. Esclareça também que, em muitos casos, mais de uma resposta é possível;
por exemplo, na frase Voltou para casa ______ e abatido, a lacuna pode ser
completada com triste, contrariado ou cansado.
À medida que os alunos estiverem copiando o texto no caderno, observe se eles
estão organizando corretamente o texto no papel, respeitando as margens e os
parágrafos. Incentive-os a consultar os colegas se tiverem dúvidas sobre que
palavras empregar para dar sentido ao texto.
João e Maria
Coloque o título desse outro conto no quadro e pergunte se alguém já conhe-
ce a história. Incentive seus alunos a fazerem uma leitura silenciosa do texto,
(p. 150)
(p. 150)
(p. 151)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 121
individualmente. Depois, você pode fazer uma leitura em voz alta, se achar
conveniente. Nos comentários orais, não deixe de salientar o fato de ser essa
apenas uma versão do conto dentre muitas que existem. Além disso, levante
com os educandos o porquê dessa história ser uma das preferidas do público
infantil  provavelmente, pelo forte signficado psicológico dos temas que
aborda: a questão do abandono, da relação que temos com a mãe e suas
substitutas, das diferentes funções que meninos e meninas, homens e
mulheres desempenham etc.
O item Quem conta o conto traz uma proposta interessante de retomada
oral do texto escrito, pois exige que todos os alunos prestem especial atenção
ao que o colega está narrando para ser capaz de dar continuidade à narrativa
no momento em que foi interrompida, sem romper a seqüência dos aconteci-
mentos. Você pode propor esse mesmo jogo para exercitar a reprodução oral
de outras histórias.
No item O que conta o conto propõe-se que os alunos respondam ao
questionário no caderno, trabalhando em duplas, se necessário. Antes, leia
em voz alta as perguntas e comente-as. As quatro primeiras (a, b, c e d)
referem-se ao enredo do conto, a aspectos principais da trama. Por esse
motivo, se já leram e recontaram oralmente o texto, os alunos provavelmente
poderão responder às perguntas sem ter que voltar ao texto para consultá-
lo. Ainda assim, as respostas devem referir-se estritamente ao que está escrito
na história.
As questões seguintes (e e f) solicitam o posicionamento dos leitores
diante da história. É importante que os alunos reflitam bem sobre a natureza
de cada pergunta para poder respondê-las adequadamente.
Proponha, a seguir, que criem três ilustrações que representam
momentos importantes da história. Aproveite o momento de descontração,
que deve ser propiciado enquanto os alunos desenham, para comentar o fato
de que a maioria dos livros de contos de fada são ilustrados, especialmente
aqueles dirigidos a crianças. Se tiverem acesso a uma biblioteca, os alunos
devem observar diversas edições de contos de fada, com diferentes estilos
de ilustração. Este também é um bom momento para comentar com os alu-
nos a importância de contar histórias para as crianças, de como eles podem
utilizar o repertório de histórias conhecidas e os livros infantis para propici-
ar momentos agradáveis e educativos aos seus filhos.
6
122 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Quem conta um conto
aumenta um ponto
Nesta atividade introduzimos um primeiro exercício de produção escrita
dessa modalidade textual. Leia em voz alta o início do conto O rei sapo e pro-
ponha que os alunos inventem um fim para ele. Eles devem observar algumas
características comuns aos contos de fadas: dada a introdução, deve haver
uma complicação e um desfecho para a história, nela deve haver a interferência
de algum elemento mágico etc. Proponha que trabalhem em duplas e, no final,
comente coletivamente algumas produções.
Caso os alunos ainda estejam inseguros para isso, proponha a escrita de
um texto coletivo e, à medida que for se desenvolvendo a narrativa, chame a
atenção para sua estrutura e desenvolvimento.
Eu escrevo meu conto
Nesta produção escrita os alunos poderão expor o que aprenderam sobre
a linguagem dos contos de fadas, escrevendo uma história de sua autoria ou
qualquer uma que já faça parte de seu repertório. Leia em voz alta e comente o
roteiro. Os alunos deverão ter tempo para planejar sua história, escrever uma
primeira versão, revisá-la e corrigi-la.
Você também deverá auxiliá-los numa revisão final do texto, que prepara-
ria a organização de um livro contendo os contos escritos pela turma. Caso haja
interesse, o livro que resultasse da produção dos alunos poderia ser ilustrado
e ficar à disposição na biblioteca da classe.
Partição de palavras
Esta atividade retoma um tema trabalhado no módulo anterior, a partição
de palavras no final das linhas. Retome no quadro de giz as regras de separação
de sílabas, exemplificando-as com algumas palavras.
Oriente-os na execução do exercício, comente o fato de que, dividindo a
(p. 155)
(p. 156)
(p. 154)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 123
página em duas colunas, terão que mudar mais vezes de linha e partir as pala-
vras quando for necessário. Combine com os alunos que não vale espremer as
palavras nem deixar espaços no final, pois o objetivo da atividade é justamente
que eles saibam onde separar as palavras, aplicando seus conhecimentos sobre
a separação silábica.
Modos de falar, modos de escrever
O pequeno poema de Oswald de Andrade trata de uma questão muito sig-
nificativa para os jovens e adultos que se estão iniciando no domínio da lingua-
gem escrita: as diferentes maneiras de pronunciar as palavras, correspondentes
às diferentes variedades do português falado no Brasil.
Os alunos deverão reconhecer que tais variações pertencem a nossa língua,
mas que nem todas correspondem à norma culta nem a maneira como as pala-
vras devem ser escritas.
O próprio poema sugere as distinções sociais relacionadas às variações lin-
güísticas: são os trabalhadores braçais (os que constróem os telhados) que pro-
nunciam as palavras de uma forma que não corresponde à sua ortografia nem à
norma culta; além disso, o fato de pronunciarem assim ou assado não os impe-
de de realizar seu trabalho.
Problematize a discriminação sofrida por modos de falar característicos de
alguns grupos. Pergunte se tais discriminações estão associadas a outro tipo de
discriminação sofrida por esses grupos. Finalmente, comente o fato de que as
variações de fala não impedem que as pessoas aprendam a ortografia das pa-
lavras, pois sempre o modo como se escreve é diferente do modo como se fala.
Comente o caso das questões ortográficas relacionadas ao emprego da le-
tra H. O H inicial de HOMEM, HOJE, HORA não é pronunciado em nenhuma va-
riação dialetal do português, nem mesmo pelos modos de falar mais associados
com a norma culta. As pessoas acabam memorizando a ortografia das palavras
que levam o H inicial à medida que tenham contato mais e mais freqüente com
a língua escrita.
No caso do LH, referido no poema, alguns grupos pronunciam o som cor-
respondente ao dígrafo (algo próximo de palia, para palha), enquanto outras
pronunciam apenas o I (como em paia).
(p. 158)
6
124 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Nesse caso, é possível que a transposição para a forma ortográfica seja
mais fácil de acordo com sua proximidade ou distância da variação de
pronúncia. Para quase todas as pessoas que se estão iniciando na escrita, a
escrita de palavras com LH poderá impor alguma dificuldade.
Ortografia: a letra H
O quadro traz informações sobre o significado da palavra ortografia, to-
mando como exemplo a letra H no início ou final de palavras ou formando os
dígrafos NH, CH e LH. É importante que os alunos reflitam sobre essas peculia-
ridades da ortografia para então realizarem de forma mais consciente os exer-
cícios de fixação propostos na seqüência.
Ortografia: vogais nasais
Como no conjunto anterior, procure fazer comentários orais sobre alguns
exemplos que levem os alunos a refletirem sobre os exercícios ortográficos
propostos. Neste caso, você pode comparar as palavras onde aparece ã, ão,
ãe, ães, ões. Depois, compare os conjuntos cantaram e cantarão; dançaram
e dançarão; falaram e falarão.
O texto transcrito com lacunas para o exercício 3 foi tirado de uma anto-
logia de contos. A versão foi recolhida em Sergipe. Depois de completadas
as lacunas, o resultado seria:
Diz que foi um dia havia em um reino uma princesa muito bonita. Um dia
apareceram três moços, cada qual querendo casar-se com ela. Para decidir
a questão, o rei disse que a princesa só se casaria com aquele que trouxesse
uma coisa que mais lhe causasse admiração.
Os três moços saíram. Quando chegaram em uma estrada se despediram
e marcaram um dia para se acharem todos três naquele mesmo lugar. Se se-
pararam e cada qual tomou o seu caminho.
(p. 159)
(p. 163)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 125
Quando chegou o dia marcado, se acharam todos três na mesma estrada.
Então...
Na versão transcrita nesta antologia, a continuação do conto é a seguinte:
... um moço conseguiu um espelho que mostrava tudo que se passava em todo
lugar, outro conseguiu uma bota que podia transportar as pessoas para qual-
quer lugar e o terceiro trouxe um cravo cuja virtude era devolver a vida a quem
está morto. Quando o primeiro moço foi exibir seu achado, o espelho mostrou
que a princesa estava morta; o segundo falou para os três se meterem dentro
da bota, que imediatamente os transportou para junto da princesa. O terceiro,
constatando que estava morta, botou o cravo em seu nariz e lhe trouxe de volta
à vida.
Depois disso, cada um argumentou ser o que merecia a princesa, o primeiro
por ter descoberto que estava morta, o segundo porque levou-os até ela e o ter-
ceiro por ter-lhe devolvido a vida. Ainda hoje estão nesta peleja, querendo cada
qual se casar com a princesa, e o rei sem saber a quem escolherá para noivo.
Ordem alfabética
A capacidade de organizar palavras por ordem alfabética ou consultar lis-
tas assim organizadas é bastante útil em várias situações e deverá ser exercitada
ao longo de toda escolaridade inicial. No primeiro livro desta coleção são pro-
postas várias atividades de ordenação de palavras por ordem alfabética; nelas,
entretanto, era suficiente observar as iniciais das palavras. Nesse bloco de ati-
vidades, espera-se que os alunos percebam que é preciso considerar as letras
seguintes para decidir sobre a ordem em que devem ser dispostas palavras com
a mesma inicial.
Primeiramente certifique-se de que os alunos conhecem de cor ou têm à
vista um alfabeto para poder consultar a ordem das letras. Leia o quadro
explicativo e traga alguns exemplos de listas organizadas em ordem alfabética,
(p. 164)
6
126 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
como listas de classe, dicionários, guias telefônicos etc., para que possam
constatar que todas as palavras que têm a mesma inicial estão agrupadas. Depois,
proponha as perguntas 1 e 2 para certificar-se de que os alunos entenderam este
princípio organizativo.
É aconselhável reproduzir no quadro de giz as palavras listadas na tarefa 3,
para poder explicar o princípio que organiza as palavras que têm a mesma inici-
al. Vá sempre fazendo referências tais como: palavras começadas com AB vêm
antes das palavras começadas com AC; palavras começadas com AGI vêm an-
tes de palavras começadas com AGU, e assim por diante.
Para exercitar a ordenação de palavras observando as iniciais e as letras
subseqüentes é mais fácil anotá-las em pedaços de papel, o que facilita sua mo-
vimentação, a formação de grupos e subgrupos etc. Por esse motivo, essa é a
técnica proposta para as tarefas 4, 5 e 6, em que os alunos deverão colocar as
listas em ordem. O exercício 4 trabalha com uma lista de nomes simples. O de
número 5 apresenta os sobrenomes antepostos aos nomes, mas o princípio de
ordenação é o mesmo, o objetivo é familiarizar os alunos com uma forma muitas
vezes utilizada em listas de nomes muito longas. O exercício de número 6 também
apresenta um procedimento comum quando a listagem é de títulos, de histórias,
de livros, de filmes, de músicas etc. Aí, é comum que se desconsidere os artigos
(o, a, os, as) no início do título. Muitas vezes, o artigo é colocado no final, depois
de uma vírgula, para facilitar a busca. Esclareça seus alunos que, apesar desses
recursos, o princípio de ordenação é sempre o mesmo: primeiro os títulos
começados com A (excluindo o artigo), depois os títulos com B, como Bela
Adormecida e Branca de Neve; Bela vem antes de Branca, pois o BE vem antes
que o BR, e assim por diante.
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 127
Módulo 3:
Vida adulta
1
128 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Neste módulo abordaremos as especificidades biopsíquicas e sociais da
vida adulta. Entre tantas escolhas possíveis, assumimos a reprodução, a saúde
reprodutiva e o papel desempenhado pela mulher na sociedade para caracte-
rizar essa fase da vida.
As unidades 1 e 2 tratam da reprodução como função que caracteriza os
seres vivos e de aspectos relacionados a uma vida sexual saudável e
responsável. Entre esses aspectos destacam-se o planejamento familiar, a
prevenção e o tratamento de doenças sexualmente transmissíveis. Além de
informações sobre o funcionamento dos órgãos sexuais, são abordados os
papéis do homem e da mulher no processo da fecundação, na gravidez, no parto,
no planejamento familiar, cuidado dos filhos e manutenção da família.
Os alunos serão desafiados a ler e compreender textos informativos sobre
a anatomia e fisiologia do corpo humano, interpretar desenhos que descrevem
órgãos internos e processos como a fecundação, a gravidez e o parto. Além dos
desafios cognitivos que estão em jogo neste estudo, o essencial é a possibilidade
de adotar atitudes responsáveis e críticas em relação à vida reprodutiva.
Tratar desses temas em sala de aula não é uma tarefa simples, pois sexu-
alidade é um tema cercado de tabus e preconceitos, o que pode ocasionar um
certo desconforto para quem fala, ouve e estuda esses assuntos. Sugerimos
aos educadores que leiam com atenção os textos dessas unidades, busquem
informações complementares e ajuda de profissionais da área da saúde ou de
professores que tenham experiência no trato desses assuntos. Tendo suas aulas
bem planejadas, certamente os educadores poderão estar mais seguros para
abordar esses conteúdos, que certamente são de grande interesse para os
alunos. Tanto os mais jovens quanto os mais velhos sentir-se-ão motivados a
estudar o assunto, se sentirem na classe um ambiente de seriedade e respeito
às suas individualidades.
Na unidade 3, dá-se ênfase ao papel da mulher na sociedade, considerando
as grandes mudanças demográficas, culturais e sociais que têm afetado a po-
pulação feminina e, conseqüentemente, as famílias brasileiras nesse século.
Os alunos obterão informações a respeito de questões como a queda da taxa
de fecundidade, a intensificação da participação da mulher no mercado de
trabalho e sua presença cada vez mais intensa nas esferas da vida pública.
Poderão analisar também como tais mudanças coexistem com preconcei-
tos e valores associados à outra visão sobre o papel da mulher, que a restringe
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 129
ao ambiente doméstico e a responsabiliza sozinha pelo cuidado da casa, dos
filhos e dos velhos. São apresentados aos alunos dados estatísticos em tabelas
e gráficos, textos informativos, textos literários e biográficos que tratam de
mulheres e sua participação na sociedade.
O tema da unidade 4 é a união conjugal (nas suas diversas formas) e a
educação dos filhos. Espera-se que os alunos possam reconhecer valores e
idéias que se transformaram ou permanecem no tempo e no espaço, reunindo
elementos para analisar criticamente sua própria vida e a vida de pessoas
pertencentes a outras culturas.
Nas unidades 5 e 6, são propostas atividades que sistematizam conhe-
cimentos das áreas de Língua Portuguesa e Matemática. Os alunos irão
estudar as cartas e escrevê-las, realizarão exercícios que tratam de questões
ortográficas e de pontuação. Em Matemática darão continuidade aos estudos
sobre os sistemas de numeração, geometria, medidas e os diversos
procedimentos de cálculo. Serão apresentadas técnicas operatórias
convencionais da subtração e os fatos fundamentais da multiplicação.
1
130 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Unidade 1:
Reprodução
Nessa unidade trataremos da reprodução como uma característica que iden-
tifica os seres vivos. São apresentadas as características dos órgãos sexuais e
órgãos reprodutores, o papel do homem e da mulher na fecundação, gestação
e parto. Trabalhando com esses temas, não há como evitar de se tratar também
de aspectos relacionados à vida sexual das pessoas. Este tema normalmente
gera muitas dúvidas, medos e crenças, o que pode tornar difícil para educadores
e alunos abordá-lo em sala de aula. Privilegiamos textos que possibilitam leituras
autônomas pelos alunos, especialmente sobre o ato sexual. Conhecer o próprio
corpo e seu funcionamento é uma das condições necessárias para desenvolver
hábitos saudáveis e atitudes responsáveis em relação à vida e por isso os edu-
cadores não devem furtar-se de tratar do tema com a seriedade que ele merece.
É importante que os alunos aprendam a nomear os órgãos reprodutores e
compreendam quais as condições necessárias para que ocorram a fecundação
e a gravidez. Espera-se que eles possam expor suas dúvidas de maneira
respeitosa para com os colegas e que o educador possa acolhê-las. Dificilmente
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 131
o educador saberá a resposta para todas as perguntas que podem surgir na sala;
por isso, ele deve dispor-se a buscar mais informações em livros ou junto a
especialistas da área de saúde. Planeje cada etapa do trabalho e prepare-se para
encarar esses temas com tranqüilidade.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Menino ou menina?
O objetivo dessa atividade é apresentar aos alunos a noção de que na es-
pécie humana existe um dimorfismo sexual: machos e fêmeas da mesma espécie
são diferentes quanto aos órgãos sexuais (características sexuais primárias).
É comum surgir inibição para tratar desses assuntos em qualquer sala de aula;
por isso, entre adultos que já podem ter sido pais é mais fácil começar pelos bebês.
Uma outra forma é usar fotos de outros animais que apresentam dimorfismo sexual;
por exemplo, certos pássaros machos que se diferenciam das fêmeas pelo canto
ou pela plumagem mais vistosa e colorida. O mais importante é que todos se sintam
à vontade para discutir e aprender a importância dessas diferenças sexuais para
a perpetuação das espécies.
Use a imagem do livro do aluno e pergunte se, observando as fotografias dos
bebês, eles podem dizer qual deles é o menino e qual a menina. As imagens não
dão pistas seguras para poder afirmar qual é o sexo de cada um dos bebês, e
isso porque, na nossa espécie, os traços que caracterizam sexualmente machos
e fêmeas são os órgãos sexuais, cobertos pela fralda dos bebês. Só posterior-
mente, na puberdade, outros traços característicos dos homens e mulheres vão
se desenvolver (crescimento dos seios e alargamento dos quadris nas meninas,
pêlos mais adensados nos meninos etc.). Peça aos alunos que leiam o texto
Menino ou menina? e a seguir discuta essa característica da nossa espécie.
Depois, solicite que respondam o roteiro de estudo e corrija-o coletivamente. O
objetivo das perguntas é abordar as características sexuais primárias que
diferenciam machos e fêmeas da espécie humana.
(p. 171)
1
132 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Órgãos reprodutores
Esse texto apresenta os órgãos reprodutores e as células reprodutoras (óvu-
lo na mulher e espermatozóide no homem). Não é esperado que os alunos me-
morizem os nomes, mas que compreendam as condições necessárias para que
ocorra a fecundação e como o corpo humano se prepara e funciona para per-
petuar a espécie. O objetivo desta atividade é mostrar que o dimorfismo sexual
se acentua durante o desenvolvimento, marcando as diferenças entre crianças
e adultos (características sexuais secundárias). O corpo passa por transforma-
ções biológicas determinadas por um relógio interno que desencadeia essas
transformações através da liberação de hormônios da hipófise.
O texto e as imagens apresentam aos alunos os órgãos reprodutores, res-
ponsáveis pela perpetuação da espécie humana, que diferem em homens e mu-
lheres. Jovens e adultos possuem muitos conhecimentos em relação à repro-
dução, especialmente porque a maior parte deles tem vida sexual ativa e muitos
deles são pais e mães. O que muitos na verdade desconhecem é como o corpo
funciona e quais partes são responsáveis por esse funcionamento. É importante
que os alunos percebam que as imagens que acompanham o texto são desenhos
de partes internas do corpo e que consigam distinguir cada uma dessas partes.
Comente o que esses desenhos representam. A seguir, peça que leiam o texto
e identifiquem no desenho cada parte do órgão.
Ao retomar as questões propostas no roteiro de estudos, aproveite para
verificar o nível de compreensão dos alunos e para sanar suas dúvidas.
Ciclo menstrual
Nessa atividade iremos caracterizar o ciclo menstrual, localizar os dias férteis
e as condições necessárias para que a gravidez ocorra. A noção do que é um
ciclo já foi trabalhada no módulo 1, mas é preciso que os alunos percebam que
o que caracteriza um ciclo é a sucessão de fenômenos numa dada ordem. Nesse
caso, no ciclo menstrual há fenômenos físicos que ocorrem no corpo feminino
sempre numa mesma ordem. Abaixo você poderá ler um texto informativo sobre
o ciclo menstrual que pode colaborar para explorar esse assunto em sala de
aula.
(p. 172)
(p. 174)
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 133
O CICLO MENSTRUAL
Por volta dos 13 anos de idade, a menina tem sua primeira menstruação: a
menarca. Durante alguns dias, uma mistura de sangue e restos celulares pro-
venientes do útero é eliminada através da vagina.
Da menarca até aproximadamente os 50 anos de idade, o útero passa por
alterações cíclicas  os ciclos menstruais  que duram em média 28 dias.
O primeiro dia de um ciclo menstrual é, por convenção, aquele em que se
inicia a menstruação. Terminado o sangramento menstrual, que dura, em mé-
dia, quatro a cinco dias, a superfície interna do útero  endométrio  começa
a engrossar, tanto pela multiplicação de suas células quanto pelo aumento do
número de vasos sangüíneos.
O crescimento do endométrio nada mais é do que uma preparação para
receber um embrião, se porventura este se formar. Caso nenhum embrião se
implante na parede uterina, parte do endométrio se destaca, em uma nova mens-
truação, que marca o início do ciclo seguinte.
Por volta dos 45-50 anos de idade, as menstruações tornam-se irregulares,
e deixam de ocorrer, o que se deve à diminuição da produção dos hormônios
sexuais femininos. Essa fase é a menopausa, e marca o fim do período
reprodutivo da mulher.
Fonte: Amabis, J.M. & Martho, G.R. Investigando
o corpo humano. São Paulo: Scipione, 1995, p. 78
É importante que os alunos percebam as regularidades do ciclo menstrual,
identificando sua ocorrência no tempo e as sensações próprias de cada uma das
fases do ciclo (por exemplo, o aumento de muco no período de ovulação) e irre-
gularidades que indicam, por exemplo, uma gravidez, uma doença ou a meno-
pausa. Espera-se que relacionem o relógio biológico, que comanda o ciclo mens-
trual, com a regularidade do nosso calendário.
Inicialmente, apresente a noção de ciclo e a seguir solicite aos alunos que
leiam o texto que explica o ciclo menstrual, próprio do sexo feminino na espécie
humana. A seguir, tire as dúvidas apresentadas pelos alunos e oriente-os na
localização das informações solicitadas no roteiro de estudo.
1
134 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Conversando sobre sexo
Abordar temas relacionados à sexualidade na sala de aula não é das tarefas
mais simples. O texto abaixo traz informações que mostram como esta função é
essencial para a reprodução da espécie. Leia-o para se preparar para debater
o tema com seus alunos. Caso lhe pareça interessante, você pode ler em voz
alta este texto para a classe, preparando a turma para o estudo dos textos que
constam no livro do aluno, que versam sobre o ato sexual entre homens e mulheres
e o prazer.
O SEXO E A CONTINUIDADE DA VIDA
Por incrível que pareça, até as bactérias fazem sexo; a bactéria macho trans-
fere um fiozinho de genes para a bactéria fêmea, e logo depois esta se divide,
originando filhas com características misturadas do pai e da mãe. Essa foi a
maneira encontrada pela natureza para criar novas bactérias, com mistura das
características dos pais.
Os processos sexuais são de extrema importância para a maioria dos seres
vivos. Já lhe ocorreu que uma flor vistosa nada mais está fazendo que exibir
seus órgãos sexuais? Os insetos, atraídos pela cor e pelo aroma, agem como
verdadeiros cupidos, transportando as células sexuais de uma flor para outra.
Na espécie humana não poderia ser diferente; o impulso sexual e o instinto
à procriação são muito fortes, e com razão: se fazer sexo fosse desagradável,
nossa espécie correria o risco de se extinguir.
Conversar sobre sexo nem sempre é fácil, tamanha é a carga de precon-
ceitos que cercam o assunto. Seja qual for a postura da pessoa em relação à
sexualidade, com certeza, conhecer os órgãos e os processos sexuais é de fun-
damental importância para uma visão moderna de mundo. E você, sabe tudo
sobre sexo?
Fonte: Amabis, J.M. & Martho, G.R. Investigando
o corpo humano. São Paulo: Scipione, 1995, p. 70
(p. 175)
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 135
Os dois textos que constam no livro do aluno explicam o que acontece com o corpo
humano durante o ato sexual. Essas informações são importantes para que se possam
compreender, não só como funciona o corpo, mas também os métodos
anticoncepcionais e os hábitos preventivos para garantir a saúde reprodutiva. É preciso
que os alunos, antes de realizarem a leitura dos textos, saibam quais são os órgãos
reprodutores internos e principalmente os órgãos sexuais (a genitália externa), assunto
que já foi trabalhado anteriormente.
Como o tema tratado nesses textos pode causar inibições nos alunos e em você,
propusemos textos que podem ser lidos pelos alunos com autonomia. O roteiro de
estudo também foi elaborado de modo a possibilitar uma reflexão individual.
Planeje o desenrolar da atividade de acordo com suas condições de abordá-la e
com a motivação de seus alunos para tratar coletivamente sobre o tema da sexualidade.
Pergunte quem gostaria de aprofundar o assunto e, com aqueles que se interessarem,
marque um horário especial para a conversa. Proponha que o grupo faça um
levantamento por escrito daquilo que tem vontade de saber sobre o assunto. Recolha
esses levantamentos e prepare-se para abordar todas as questões que você conseguir.
É interessante também chamar outras pessoas que possam participar da conversa,
um homem, se você for mulher, ou vice-versa.
Fecundação
Além de conhecer os órgãos responsáveis pela reprodução, é preciso conhecer
as condições necessárias para que ocorra a fecundação, ou seja, o surgimento de um
novo ser vivo. Os alunos provavelmente já têm algumas informações sobre este tema,
pois saber como ocorre a reprodução se vincula diretamente a saber como evitá-la.
Também há muitos mitos sobre a fecundação e a gravidez: faça um levantamento em
sua sala de aula sobre quais as condições necessárias para que ocorra a fecundação,
escrevendo as hipóteses dos alunos no quadro de giz.
A seguir, proponha que leiam o texto do livro e observem as imagens que o
acompanham. Lembre-se de informá-los sobre as imagens que representam o corpo
da mulher por dentro e que nesse desenho há imagens que não podem ser vistas sem
o uso do microscópio (os espermatozóides). Caso os alunos tenham expressado idéias
sobre a fecundação que não correspondam ao que diz o texto, confronte as explicações.
É importante que todos compreendam que, para haver fecundação, é preciso:
(p. 177)
1
136 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
o óvulo estar nas tubas uterinas;
os espermatozóides encontrarem o óvulo e um deles penetrar em seu inte-
rior, fecundando-o.
É importante ressaltar que, mesmo que não haja penetração ou que o homem
não tenha ejaculado, pode haver fecundação: isto porque nos líquidos que lubrificam
o órgão sexual masculino pode haver espermatozóides que, em contato com os
líquidos da mulher, podem chegar até o óvulo. Essa informação é importante para
derrubar crenças populares equivocadas, de que a mulher não engravida quando
o homem não ejacula ou quando ejacula fora mas próximo da vagina. Há quem creia
também que, quando se tem relação sexual em certas posições, como em pé, por
exemplo, os espermatozóides não conseguem chegar até o útero etc. Esse tipo de
crença equivocada é perigosa porque pode resultar numa gravidez indesejada.
Depois de ter lido o texto e comparado suas informações com as crenças dos
alunos, solicite a eles que respondam às questões propostas no roteiro de estudos
e corrija-as coletivamente.
Gravidez
Nesta atividade os alunos poderão obter informações sobre as transformações
que ocorrem no corpo da mulher durante a gravidez. Muitos pais e mães sabem
muito pouco sobre o que acontece dentro do corpo de uma mulher durante a
gestação. Leia o texto em voz alta para os alunos.
Comente sobre a rapidez do crescimento do embrião e do feto e relacione-a
com as necessidades nutricionais da gestante. Enfatize os riscos relacionados ao
consumo de drogas como o álcool e o fumo e psicotrópicos. Discuta também o papel
do pai neste período e as vantagens das mães e dos bebês que podem contam com
seu apoio material e emocional.
Destaque também a importância do amparo de toda a família, especialmente
nos casos em que o pai da criança que está sendo gerada está ausente. Enfim, faça
a discussão de modo a levá-los à reflexão sobre a importância da maternidade e
paternidade responsáveis.
(p. 179)
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 137
Pré-natal
Com esta atividade espera-se que os alunos compreendam a importância
da prática do pré-natal. Leia o texto em voz alta, traga outras informações para
a sala. Nos postos de saúde você encontra folhetos e cartazes sobre os cuidados
que as mães devem ter durante a gestação. Você pode desencadear uma cam-
panha, um seminário, ou outra ação que contemple a comunidade. Assim, o texto-
base é apenas um apanhado geral sobre os procedimentos mais comuns. Ten-
do em mãos dados da localidade, ou em parceria com as equipes da área de
saúde, você poderá elaborar um projeto que atenda as necessidades de seus
alunos, escola e arredores.
Rumo ao nascimento
Ajude seus alunos a observarem, por meio da seqüência de imagens, como
se dá o desenvolvimento do feto, que partes se formam primeiro, como se mo-
difica a proporção entre as partes, em que posição o bebê fica etc. Faça-os re-
lacionar o desenvolvimento do feto com a aparência da mulher dos meses iniciais
e finais da gestação.
Essa seqüência também é interessante para explorar aspectos relacionados
à representação gráfica. Comente o fato de que as representações gráficas
quase sempre não mantêm as mesmas proporções do objeto representado, mas
que muitas vezes é possível saber o tamanho de algo que não conhecemos pelo
desenho se é possível comparar suas proporções com outros objetos conhecidos.
Retome a representação do espermatozóide fecundando o óvulo, uma imagem
que teve de ser bastante ampliada para poder ser observada.
Parto
O objetivo é descrever o parto com um processo natural. O educador de-
verá novamente relacionar o parto ao relógio biológico, que avisa o corpo da
mulher que o bebê está pronto para nascer. Este é um argumento a favor do
(p. 179)
(p. 180)
(p. 181)
1
138 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
parto natural, que deve ser a opção sempre que não houver uma razão clara
para optar pela cesariana. Comente os índices de mortalidade associados à
cesariana, que, apesar de ser uma cirurgia simples de ser realizada em quem
necessita dela, oferece sempre mais risco que o parto natural.
Nascimento e
resguardo nos Tembé
O texto descreve como se dá o parto e qual papel desempenhado pelo
pai e pela mãe nesse momento, de acordo com a cultura de um grupo indígena
que vive no Brasil. Explique antecipadamente aos alunos que eles irão ler um
texto que conta o parto na tribo dos índios Tembé, peça que leiam, comente
sobre os hábitos desse grupo e solicite aos alunos que comentem sobre suas
experiências com o parto.
O texto oferece uma oportunidade excelente para se abordar, por com-
paração, o envolvimento dos homens com todas as fases de gestação de uma
nova vida: desde a fecundação, passando pela gestação, parto, cuidados com
o bebê, cuidado e educação das crianças e adolescentes.
(p. 183)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 139
Unidade 2:
Saúde reprodutiva
O objetivo desta unidade é apresentar aos alunos informações
necessárias para que tenham uma vida sexual saudável. Sabemos, entretanto,
que a manutenção da saúde e a responsabilidade em relação à sexualidade
implicam, além do acesso à informação, a incorporação de valores e atitudes,
na disposição para orientar o próprio comportamento. Para tratar desses temas
em sala de aula, é preciso que os alunos possam expor com tranqüilidade suas
dúvidas, discuti-las e confrontá-las com a de outras pessoas.
As primeiras atividades tratam da anticoncepção e os problemas advindos
da falta de informação e serviços destinados ao atendimento de mulheres, ho-
mens e jovens que têm vida sexual ativa. Informações e dados sobre o aborto
no Brasil são apresentados e os riscos de vida e problemas legais a que muitas
mulheres brasileiras se submetem ao praticá-lo. Esse tema é muito polêmico
e há diferentes posições sobre a prática do aborto. A dimensão educativa que
se deve privilegiar ao tratar esse tema é o respeito às opiniões divergentes e
o reconhecimento de que, enquanto alguns temas gozam de amplo consenso
2
140 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
na sociedade, outros geram posições contrárias. É da natureza da democracia a
existência de opiniões diferentes e a garantia de que todas possam se expressar.
Os alunos deverão debater a questão do aborto conhecendo seu caráter
polêmico e o tratamento diferente que ele recebe em diferentes países: em alguns
ele é permitido e praticado pelo sistema público de saúde enquanto em outros, como
é o caso do Brasil, só é permitido em casos muito especiais de risco de vida da
mãe ou estupro.
Nessa unidade abordamos ainda as doenças sexualmente transmissíveis, sua
prevenção e diagnóstico. Deu-se especial atenção à AIDS, considerando a gravi-
dade da enfermidade e a velocidade com que se vem alastrando. Finalmente,
abordam-se questões ligadas ao fim do período reprodutivo na mulher e outras
doenças ligadas à saúde reprodutiva de homens e mulheres.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Controle voluntário
da reprodução
Quantos filhos você gostaria de ter? Tratar o tema do controle voluntário da
reprodução implica muitas vezes ter que lidar com diferentes opiniões, muitas delas
apoiadas em convicções religiosas e outras, na falta de informação ou acesso a
recursos.
Para tratar dos métodos anticoncepcionais, é preciso retomar o conceito de
fecundação, que é o momento em que o óvulo e um espermatozóide se encontram
nas trompas, dando origem a uma nova vida.
Isso porque a maior parte dos métodos anticoncepcionais impede a fecunda-
ção; somente o DIU (dispositivo intra-uterino) impede a aderência do óvulo (já
fecundado) na parede uterina.
Para iniciar esta atividade peça aos alunos para descreverem oralmente como
ocorre a fecundação e, a seguir, explore o que sabem sobre os métodos anticon-
(p. 184)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 141
cepcionais. Sobre esta questão há também muitas falsas crenças no senso co-
mum. Por exemplo, muitas mulheres aprendem que, durante a amamentação,
não se engravida quando, de fato, é apenas mais difícil engravidar durante a
amamentação: de fato, muitas mulheres engravidam nesse período.
Ao final dessa conversa, apresente o texto Controle voluntário da reprodu-
ção e peça que façam uma leitura silenciosa. Solicite a um de seus alunos que
conte para os colegas sobre o texto e em seguida peça para observarem as ima-
gens sobre os métodos anticoncepcionais.
Enquanto observam escreva no quadro de giz o nome desses métodos, per-
gunte qual deles os alunos conhecem ou já ouviram falar e o que sabem sobre
cada um. Depois, leiam as legendas que acompanham as imagens e discuta suas
características.
Um destaque importante deve ser dado à camisinha, que previne tanto a
gravidez quanto as doenças sexualmente transmissíveis. A camisinha impede
o contato dos espermatozóides com o corpo da mulher (impede a fecundação).
Além disso, impede o contato do sêmen (líquido seminal onde se encontram os
espermatozóides) com o corpo da mulher e das secreções vaginais com o corpo
do homem, evitando, dessa forma, que esses líquidos, onde se encontram os
fungos, os protozoários, as bactérias e os vírus responsáveis pelas DST (do-
enças sexualmente transmissíveis) contaminem as pessoas.
É importante destacar que a informação sobre todas as possibilidades de
contracepção é fundamental; entretanto, a decisão sobre que método usar deve
ser tomada junto com o parceiro e com a assistência de um médico.
Uso de métodos
anticoncepcionais no Brasil
O gráfico que os alunos irão analisar tem um formato ainda não trabalha-
do: trata-se de um gráfico de barras. Depois de saberem sobre que assunto trata
o gráfico, é importante que você chame a atenção deles para a disposição das
informações nesse gráfico. No eixo vertical encontram-se os métodos anticon-
cepcionais pesquisados e no eixo horizontal encontram-se as porcentagens que
indicam a ocorrência de uso desses métodos. Retome com os alunos a explica-
(p. 188)
2
142 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
ção já trabalhada sobre porcentagem, lembrando-os de que 40% representa 40
pessoas em cada grupo de 100.
Explore o tamanho das barras, pois elas também ajudam a perceber as quan-
tidades  barras mais longas representam quantidades maiores. A seguir, explo-
re as porcentagens. Por fim, promova um debate sobre as questões do livro.
Como as mulheres brasileiras
evitam a gravidez?
Nesta atividade os alunos vão receber mais informações sobre o uso de métodos
anticoncepcionais no Brasil, especialmente considerando a responsabilidade dos
sistemas públicos de saúde que não instruem os casais sobre as várias
possibilidades de contracepção, nem garantem o acesso aos métodos que têm custo
mais alto.
Forme duplas e peça que leiam o texto e que elaborem uma pergunta sobre o
que leram para a turma. Quando a atividade estiver pronta, solicite aos alunos que
coloquem suas perguntas no quadro de giz, corrija-as se for necessário e solicite
que as duplas que souberem responder as perguntas que as respondam oralmente.
Aborto
Como já foi mencionado, essa é uma questão polêmica no Brasil, de modo que
o objetivo de seu estudo em sala de aula não deve ser a tomada de posição contra
ou a favor. Todos devem ser bem informados para assumir posições pessoais que
correspondam a suas crenças e valores. Independentemente das posições pessoais,
entretanto, é fundamental discutir a situação de muitas mulheres que praticam o
aborto em condições precárias, o que muitas vezes as leva à morte ou a problemas
de saúde irreversíveis. Desse ponto de vista, o aborto é um problema de saúde
pública.
Leia em voz alta o trecho da reportagem e explore o significado de algumas
expressões do texto como: oito dezenas (a quantidade de depoimentos consegui-
dos nessa reportagem), muro do silêncio, médicos sem escrúpulos, enfermeiras sem
(p. 189)
(p. 189)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 143
preparo e outras que considerar convenientes, pois elas colaboram para que os
alunos compreendam o texto. Não é preciso usar o dicionário, peça que digam o
que essas expressões significam lendo o parágrafo ou frase em que aparecem.
A seguir, coloque as questões que estão no livro, propondo uma conversa coletiva
sobre o tema.
O texto A situação do aborto no Brasil traz novas informações sobre o tema
para os alunos. No primeiro parágrafo, apresenta brevemente a legislação sobre
o aborto. A seguir, trata dos abortos clandestinos. No terceiro parágrafo trata da
dificuldade em obter dados sobre o número de abortos praticados em nosso país
e seu custo e, por fim, há uma estimativa sobre quantos abortos são praticados
anualmente. Peça aos alunos que leiam o texto em duplas e que respondam a
pergunta que o segue. É importante que possam concluir que os perigos do aborto
estão relacionados à sua clandestinidade, ou seja, porque é feito na ilegalidade
não é controlado pelas autoridades nem por associações de profissionais
credenciados, sendo a maioria deles realizada por curiosos, muitos cobrando
preços extorsivos, que são justificados pelos riscos da ilegalidade.
Doenças sexualmente
transmissíveis
As DST são doenças que só podem ser evitadas com o uso de camisinha e
abstinência sexual, e mesmo os casais estáveis correm o risco de adquirir uma
dessas doenças.
No Brasil, o número de casos de AIDS cresceu de maneira surpreendente
entre mulheres casadas e que mantêm contato sexual com um único parceiro.
Quando a AIDS surgiu, acreditava-se que ela estaria circunscrita a um grupo de
pessoas, conhecidas como grupo de risco (homossexuais, pessoas que mantêm
contato sexual com diversos parceiros, pessoas que usam drogas injetáveis etc.).
Hoje é sabido que somente o uso da camisinha pode evitar que as pessoas con-
traiam essa doença. Um aspecto que o educador deve enfatizar ao tratar dessa
doença com os alunos é que a AIDS pode ser prevenida e tratada, mas ainda não
pode ser curada.
(p. 191)
2
144 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Essa atividade propicia informações aos alunos sobre os sintomas das
principais DST, sendo importante discutir sobre as atitudes necessárias para
a prevenção e tratamento dessas doenças. Explore inicialmente o significado
da sigla, pergunte se já ouviram falar desta. A seguir, solicite que leiam a
abertura do texto Doenças sexualmente transmissíveis e retome coletivamente
o significado da sigla.
As informações sobre as DST estão organizadas em uma tabela: explique
essa organização aos alunos. Leia em voz alta o título de cada coluna, explique
novamente o que é período de incubação e mostre que tipo de informações
eles podem obter em cada linha da tabela. Solicite que façam uma leitura
silenciosa da tabela.
Enquanto isso, coloque no quadro de giz os nomes das DST uma abaixo
da outra e, quando todos terminarem a leitura, peça que comentem as carac-
terísticas de cada uma dessas doenças.
É importante que os alunos percebam que a via de contágio dessas
doenças é o contato sexual; ressalte também que há doenças como a AIDS
e hepatite B que podem ser adquiridas por outras formas como a transfusão
de sangue e o uso de materiais injetáveis ou cortantes contaminados etc.
A primeira pergunta do roteiro de estudos exige que os alunos encontrem
aquilo que há de comum em todas as doenças: o fato de que elas são trans-
mitidas através do contato sexual. Trata-se, portanto, de uma pergunta que
exige uma compreensão global do tema tratado.
Nas duas perguntas seguintes os alunos devem buscar informações na
tabela que sejam suficientes para responder a essas perguntas. Esse tipo de
procedimento é importante para que os alunos possam usar esse tipo de tex-
to com autonomia posteriormente.
A última pergunta merece uma atenção especial, pois ela remete à incor-
poração de atitudes responsáveis na prevenção e diagnóstico dessas doenças.
Peça que cada aluno leia em voz alta a resposta que deu e elabore com eles
um conjunto de atitudes que todos devem ter em relação às DST. Enfatize a
importância das consultas médicas periodicamente e o uso da camisinha como
método eficaz para evitar o contato com essas doenças.
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 145
Como se transmite a AIDS?
Com esta atividade pretende-se esclarecer algumas dúvidas que muitas pes-
soas têm sobre como se transmite a AIDS e desenvolver um trabalho simples
de coleta e organização de dados que permitam a interpretação e a comunicação
de resultados, utilizando a linguagem estatística.
Para iniciar esta atividade coloque no quadro de giz a pergunta Como se
transmite a AIDS? e peça aos alunos que escrevam num pedaço de papel uma
dúvida que tenham sobre esse tema. Por exemplo:
Se eu abraçar uma pessoas com AIDS
corro o risco de pegar a doença?
A seguir, peça para cada aluno ler em voz alta sua dúvida ou você mesmo
pode ler cada uma delas. Proponha que agrupem as dúvidas semelhantes (que
tratam do mesmo assunto, mas foram escritas de modo distinto), escreva cada
uma das dúvidas no quadro de giz usando para isso uma tabela de dupla en-
trada. Aproveite para revisar coletivamente as dúvidas registrando-as no quadro
de maneira correta. Quando houver perguntas comuns, registre-as apenas uma
vez e ao lado marque quantas vezes isso ocorreu. Por exemplo:
Dúvidas Número de ocorrências
Beijo na boca transmite AIDS? 3
Se eu sentar no mesmo lugar que uma pessoa
com AIDS sentou posso pegar essa doença? 5
Na piscina pega-se AIDS? 2
Quando a tabela estiver finalizada, isto é, com todas as dúvidas registradas
com a quantidade de ocorrências de cada uma das dúvida, faça esta pergunta
aos alunos: De que maneira essas informações poderiam ser mais facilmente
observadas: numa tabela como a que construíram no quadro ou num gráfico?
É importante que os alunos compreendam a importância de cada um dos
passos seguidos até aqui, pois esses passos representam de modo simplificado
2
146 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
as etapas seguidas para a organização de informações estatísticas. Proponha
aos alunos a elaboração de um gráfico de colunas que represente as dúvidas
da turma em relação às formas de transmissão da AIDS.
Para isso, providencie com antecedência pequenos quadrados de papéis
de cores variadas (é preciso ter tantas cores quantas forem as dúvidas tabuladas).
Trace no quadro de giz o eixo horizontal e o eixo vertical, logo abaixo do eixo
horizontal escreva cada uma das dúvidas tabuladas e no eixo vertical escreva
ao lado a palavra número. Veja o exemplo abaixo:
Eixo (y)
(Número)
Pega-se AIDS Pega-se AIDS Pega-se AIDS Pega-se AIDS Pega-se AIDS
pelo beijo? na piscina? no assento? fazendo sexo? usando copos
contaminados?
Eixo (x)
Cada quadrado de papel colorido representa a quantidade 1. Peça aos alu-
nos para olharem a tabela que copiaram no caderno e colarem no quadro quantos
quadrados sejam necessários para representar o número de ocorrências de cada
dúvida. Explique que devem usar a mesma cor para cada uma das dúvidas e
colar os pedaços de papel verticalmente.
O produto final será um gráfico: discuta com os alunos que informações
podem observar nele e incentive-os a interpretar as tendências observadas; por
exemplo, por que tal dúvida é mais freqüente que as outras, se as dúvidas ex-
pressas pelas mulheres são as mesmas que as dos homens etc.
AIDS
Dando continuidade à atividade anterior, incentive os alunos a ler o cartaz
sobre a AIDS reproduzido no livro. É importante esclarecer todas as dúvidas dos
(p. 194)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 147
alunos; por isso, consulte o texto abaixo, que traz informações complementares
para você se preparar para a aula. Explore o cartaz, discuta a forma como as
informações estão dispostas no texto e a seguir tire outras dúvidas que os alu-
nos possam ter.
Há muitos grupos e profissionais que fazem palestras em escolas: se houver
possibilidade convide um deles para bater um papo com os alunos.
CONHEÇA A AIDS E PREVINA-SE!
Para começar, todas as pessoas estão sujeitas a pegar AIDS: homens, mu-
lheres, jovens e crianças. A AIDS é causada por um vírus chamado HIV, que
ataca as células responsáveis pela defesa do organismo. Com o organismo
indefeso, o doente fica exposto a vários tipos de doenças, que lhe podem ser
fatais. Outro aspecto importante é que o vírus da AIDS pode ficar incubado por
até 15 anos: isso significa que muitas pessoas são portadoras do vírus e podem
transmiti-lo para outras pessoas sem apresentar nenhum sintoma da doença.
Por isso, não dá para saber se uma pessoa está contaminada ou não por sua
aparência física ou por sintomas que apresenta, pois somente o exame feito
em laboratórios pode diagnosticar essa doença. Os sintomas que as pessoas
apresentam quando a doença se manifesta são, na verdade, os sintomas de
outras doenças, porque seu organismo está indefeso para se proteger delas.
A transmissão da AIDS não se dá em aperto de mão, abraço, beijo, pisci-
nas, talheres, picadas de inseto, assentos de ônibus, privadas etc. Existem ba-
sicamente 3 formas de pegar a AIDS:
por relações sexuais (sexo vaginal, oral e anal);
através de sangue e agulhas contaminadas;
de mãe contaminada para o filho, durante a gestação, parto e amamen-
tação.
A relação sexual tem sido a principal forma de transmissão da doença. O
vírus é transmitido através do sêmen (líquido no qual se encontram os esper-
matozóides) e da secreção vaginal, por isso pode ser transmitido tanto por re-
2
148 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
lações homossexuais como heterossexuais. Quem tem um único parceiro tam-
bém não está seguro em relação à transmissão da AIDS  nos últimos anos
cresceu o número de mulheres casadas com a doença. O uso da camisinha é
a principal forma de prevenção dessa doença.
A segunda forma de transmissão é pelo sangue  muitas pessoas pegaram
a AIDS em hospitais por transfusões de sangue contaminado. Já existe uma lei
obrigando o exame de todo o sangue doado no Brasil. As agulhas e as seringas
sujas com sangue podem passar o vírus, por isso todas as pessoas devem exigir
em farmácias, postos de saúde, consultórios dentários e hospitais o uso de ma-
terial descartável.
A terceira forma de transmissão é de mãe para filho. As mulheres que têm
o vírus da AIDS podem transmiti-lo durante a gravidez ou na hora do parto. Os
pesquisadores têm demonstrado que as mulheres acompanhadas no pré-natal
e medicadas durante a gravidez e o parto têm menos chances de que seus filhos
contraiam a doença. O leite materno também pode transmitir a AIDS, por isso
as mães que têm o vírus não podem amamentar seus filhos.
É importante destacar que uma pessoa que seja portadora do vírus ou es-
teja doente pode conviver com outras pessoas normalmente. A AIDS não se pega
no trabalho, na escola ou no convívio social. A solidariedade é a melhor forma
de ajudar as pessoas contaminadas a conviver com essa doença que ainda não
tem cura. Por enquanto o melhor remédio para evitar a AIDS é estar bem infor-
mado e usar camisinha.
Fonte: texto adaptado de Fundação Levi Strauss,
Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS, 1998
Uso correto da camisinha
É preciso informar aos alunos que a camisinha só é eficaz se usada corre-
tamente; por isso, nesta atividade, peça para os alunos observarem as imagens,
que são suficientes para explicar como usar a camisinha. Esse assunto pode
causar constrangimentos aos alunos ou a você: procure tratá-lo então com na-
turalidade para evitar brincadeiras ou comentários desrespeitosos.
(p. 196)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 149
Se houver disponibilidade, peça camisinhas em postos de saúde e distribua
aos alunos, pois muitos deles nunca viram uma camisinha e por isso não a usam.
Números da AIDS no Brasil
Nesta atividade, os alunos terão que lidar com informações que tratam da
situação da AIDS no Brasil representadas por meio de gráficos e porcentagens.
Essas informações podem ajudar as pessoas a compreenderem como a doença
está evoluindo e a se prevenirem contra ela. Para compreendê-las os alunos
têm que dominar certos recursos estatísticos. Assim, os problemas referentes
à AIDS fornecem os contextos concretos para que essas aprendizagens ocorram.
Leia para os alunos a notícia de jornal Mais mulheres se contaminam, dis-
cuta as informações apresentadas e a causa para o aumento do número de mu-
lheres contaminadas (nas atividades anteriores esse tema já foi explorado). Pro-
ponha que identifiquem qual é a maneira adequada de representar os dados
numéricos do texto em um gráfico de colunas.
No trecho da notícia A AIDS chega aos jovens os alunos terão que inter-
pretar os valores representados em porcentagem. Por fim, no trecho A AIDS
atinge as crianças, tomando por base que 50% corresponde à metade, os alu-
nos deverão calcular o número de mortes infantis.
Uma campanha contra
a AIDS e a favor da vida
A elaboração de cartazes informativos é muito usada em campanhas edu-
cativas em muitos países. Um exemplo disso foi a campanha publicitária feita
no Zaire, que em três anos aumentou o consumo de camisinhas de toda a po-
pulação e registrou uma queda no crescimento no número de infecções por HIV.
No Brasil, muitas ONGs trabalham para oferecer informações para a popula-
ção: é o caso do GAPA  Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS, que faz campa-
nhas publicitárias, oferece serviços de apoio a portadores do vírus e a seus fa-
miliares etc. Proponha aos alunos que façam uma campanha sobre a prevenção
(p. 196)
2
150 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
da AIDS, usando as informações que estudaram. Você também pode propor que
preparem um pequeno seminário para ser apresentado a outras turmas ou esco-
las. A informação pode ser uma grande arma na luta contra o vírus.
Quanto mais cedo, melhor
Nesta atividade os alunos terão informações sobre a necessidade de reali-
zar consultas periódicas para prevenir outras doenças. Leia o texto em voz alta
e discuta com os alunos a importância de tomar alguns cuidados com a saúde
na vida adulta. O câncer de colo do útero e da próstata têm cura quando diag-
nosticados a tempo; por isso, a melhor atitude é fazer os exames periódicos como
explica o texto.
Climatério
Leia o texto em voz alta e proponha uma conversa sobre o tema. Algumas
mulheres não possuem informações suficientes que lhe permitiriam viver da melhor
forma possível essa fase da vida.
(p. 198)
(p. 199)
3
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 151
Unidade 3:
A mulher na sociedade brasileira
Nessa unidade os temas trabalho e participação política são focalizados
como aspectos que constituem os papéis desempenhados pelos seres humanos
durante a vida adulta. Porém, o destaque é para o papel da mulher na sociedade,
pois sua participação nesta é marcada pela discriminação e desigualdade de
oportunidades. Nesse século, especialmente, muitas mudanças ocorreram no
papel tradicionalmente designado às mulheres. Hoje, elas já são mais de 40%
da força de trabalho do país, com participação cada vez maior de mulheres
casadas, mais velhas e com filhos. Muitas delas passaram a chefiar famílias e
garantir sozinhas o sustento da casa
Apesar dessa grande participação, a mulher ainda sofre uma série de dis-
criminações no mercado de trabalho. Os salários são mais baixos que os dos
homens em uma mesma função e a maioria delas acaba buscando emprego no
mercado informal ou os que possibilitam jornadas parciais de trabalho.
Há setores da produção industrial que têm preferência pela mão-de-obra
feminina; por exemplo, algumas indústrias dos setores têxtil e eletro-eletrôni-
3
152 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
co, que contratam mulheres seja porque recebem salários mais baixos seja por-
que são tidas como especialmente hábeis para algumas tarefas. De modo geral,
entretanto, o reduto tradicional do trabalho feminino está no setor de prestação
de serviços. Mas há hoje maior diversificação do mercado de trabalho femini-
no, associada à maior escolarização da mulher. Em alguns campos específicos,
elas estão sub-representadas; por exemplo, nas instâncias dos poderes
legislativo, executivo e judiciário.
Outro tema tratado neste módulo é o da violência contra as mulheres. Em
alguns estados, medidas especiais foram tomadas para garantir às mulheres me-
lhores condições para denunciar os atos de violência cometidos contra elas: as
delegacias de mulheres e serviços sociais para abrigar mulheres que precisa-
ram deixar seus lares. Os atos de violência contra a mulher se dão em sua mai-
oria dentro dos próprios lares e, em muitos casos, não são denunciados por medo
ou constrangimento.
Vale a pena destacar junto aos educandos o significado do novo papel da
mulher na sociedade, assim como lembrá-los de que a Constituição Federal de
1988 proíbe qualquer forma de discriminação por sexo, cor, classe social ou credo
religioso. Para que se atinja a igualdade de direitos e oportunidades entre ho-
mens e mulheres, são ainda necessárias profundas mudanças nos valores sociais
e também a disseminação de serviços públicos que permitam à mulher uma par-
ticipação mais ampla nas diversas esferas da vida social.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Trabalho leve ou pesado?
A primeira atividade desta unidade aborda a divisão sexual do trabalho: as
atividades realizadas pelas mulheres são consideradas por muitas pessoas como
mais fáceis e leves, especialmente aquelas que se referem ao trabalho domés-
tico. Peça aos alunos que leiam o texto e proponha um debate a partir da questão
e das imagens colocadas no livro.
(p. 201)
3
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 153
Organize o debate para que todos possam dar suas opiniões e que princi-
palmente as mulheres dêem depoimentos sobre suas experiências em relação
ao mundo do trabalho.
A mulher no
mercado de trabalho
Organize sua turma em duplas e peça que leiam o texto informativo sobre a
participação da mulher no mercado de trabalho. Apresente o texto para os alunos
e posteriormente peça que leiam e respondam as perguntas. Corrija-as
coletivamente, ouvindo as respostas de cada dupla e relendo o texto em voz alta
quando for necessário.
A dupla jornada de trabalho
A existência da dupla jornada de trabalho significa que muitas mulheres, além
de trabalhar fora para aumentar a renda familiar, ainda se responsabilizam so-
zinhas pelos cuidados com a casa: lavar, passar, cozinhar, cuidar dos filhos etc.
Procure estimular os educandos a formular hipóteses sobre as principais
repercussões da dupla jornada. Entre elas estão: a sobrecarga de trabalho para
a mulher, podendo conduzi-las a problemas de saúde; a redução de suas ex-
pectativas individuais e de seu universo social e cultural.
O tema envolve também a discussão de valores sociais, como a participa-
ção de ambos os cônjuges nas tarefas domésticas e na educação dos filhos, co-
operação, solidariedade, formas de organização social e comunitária (visando
a reivindicar melhorias ou expansão de serviços públicos) e outros. Nesse último
ponto, vale a pena assinalar a distância entre os serviços públicos e as comuni-
dades, atingindo como um todo a população de baixa renda das áreas periféri-
cas das grandes cidades ou de bairros rurais.
Depois de ter lido o depoimento para os alunos, oriente-os na realização do
roteiro de estudo. Corrija a atividade coletivamente estimulando-os a expressar
suas experiências.
(p. 202)
(p. 204)
3
154 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Número de filhos
O fundamental é os alunos observarem a diminuição no número médio de filhos
das mulheres e buscarem explicações para isso. O fenômeno está diretamente
associado à expansão do modo de vida urbano e à mudança gradativa de valores
sociais e especialmente à entrada da mulher no mercado de trabalho.
Leia o texto em voz alta e solicite aos alunos que respondam às perguntas.
Corrija-as coletivamente, promovendo um bate-papo sobre o assunto.
Palavra de mulher
Nesta atividade, propõe-se um bate-papo em grupo, em que as mulheres da
classe poderão dar seu depoimento pessoal sobre a problemática abordada. Esti-
mule os educandos a expor suas idéias e realizar organizadamente os debates.
A saúde das trabalhadoras
Peça aos educandos que leiam o texto com atenção. Esclareça as dúvidas que
surgirem sobre as lesões por esforço repetitivo. Vale a pena lembrar que elas surgem
pela repetição contínua de determinados movimentos do corpo, afetando
articulações e partes musculares. Exemplos bastante comuns são os das digitadoras
e caixas de bancos. Solicite aos educandos que apontem outros exemplos do mesmo
tipo. Você pode também sugerir aos educandos uma ampliação das informações,
levantando e classificando os tipos de ocupação onde há presença de mulheres,
com médias salariais e eventuais males decorrentes das funções que exercem.
Violência contra a mulher
O texto Essas meninas introduz o tema da violência contra a mulher. Leia-o em
voz alta para os alunos e a seguir solicite que leiam o texto silenciosamente e
(p. 205)
(p. 206)
(p. 206)
(p. 207)
3
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 155
respondam as perguntas. As manchetes colaboram para ampliar o debate em
torno do tema. Procure questionar por que ocorre esse tipo de violência e o que
é possível fazer para acabar com ela.
Mulheres em movimento; Mulheres
no lar; Mulheres na política
Divida a classe em grupos. Cada grupo deverá responsabilizar-se pela apre-
sentação de um dos textos  Mulheres em movimento, Mulheres no lar e Mu-
lheres na política. Proponha que cada grupo leia o texto e crie três perguntas
para a classe que proporcionem um debate ou um bate-papo sobre o tema. Cada
grupo deverá escolher uma pessoa para ler em voz alta o texto e apresentar
as perguntas oralmente. Os grupos também irão organizar a classe para o debate
ou conversa, garantindo o turno da palavra, oferecendo outras informações e
até depoimentos de situações semelhantes vividas por eles.
(p. 210)
4
156 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Unidade 4:
Filhos e uniões conjugais
Os filhos e as uniões conjugais também são elementos constituintes da
vida adulta. Nessa unidade, pretendemos trabalhar com a noção de que al-
guns elementos que caracterizam os cuidados com a prole e a união entre
as pessoas permanecem no tempo e por vezes são comuns em diferentes
culturas.
Para que os alunos possam perceber as semelhanças e as diferenças do
cuidado com a prole e as formas de união em diferentes grupos sociais e
tempos históricos, foram selecionados vários textos que tratam desse tema.
4
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 157
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Educação dos filhos
Para começar esta atividade proponha que os alunos respondam no ca-
derno as perguntas que estão no livro. A seguir, peça que cada um conte um
pouco sobre a educação que recebeu e aqueles que têm filhos podem contar
como educam os filhos. Possivelmente, os alunos encontraram semelhanças
entre as histórias contadas por seus colegas. Discuta com eles também sobre
o papel que seu pai e sua mãe desempenhavam na família.
A seguir, leia o texto sobre a educação dos filhos na cidade de São Paulo
no início do século XX e peça que respondam as questões que seguem.
Sempre que possível trace as semelhanças e diferenças entre as histórias
contadas por seus alunos e aquelas que aparecem nos textos. Também é
fundamental localizar esse texto no espaço, pedir que digam aproximadamente
quais são os anos que correspondem ao início do século XX.
O texto sobre a educação de crianças nas comunidades indígenas e no
bairro dos Palmares pode ser lido individualmente pelos alunos. Para
responder as perguntas os alunos terão que localizar informações no texto,
relacioná-las e até mesmo emitir opiniões. Oriente-os sobre a forma como irão
responder a essas perguntas para que não achem que responder o
questionário é simplesmente copiar trechos do texto lido. Valorize a elaboração
de respostas completas expressas com as palavras dos alunos.
Casamentos em diferentes culturas
Divida a classe em grupos. Cada um deles deverá se responsabilizar por
um texto que descreva costumes de povos diferentes com relação ao
casamento. O objetivo dessa atividade é que os alunos apresentem de modo
(p. 215)
(p. 219)
4
158 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
dramatizado cada uma das formas de união apresentadas no livro do aluno;
portanto, é preciso que leiam o texto atentamente e destaquem as
características principais do tipo de casamento e os papéis que cada elemento
desempenha (os pais, mães, irmãos, homens, mulheres etc.).
Cada grupo então organizará um pequeno teatro representando as formas
de união nas diferentes culturas e o apresentará para a turma. Depois, irá ex-
plorar oralmente as questões que estão no texto. Para que a atividade ocorra
os alunos precisarão da sua ajuda e possivelmente de alguns momentos da
aula para se prepararem para a apresentação. Organize um calendário e
oriente cada grupo. Ao final vocês podem conversar sobre outros rituais de
casamento que os alunos conhecerem.
União conjugal
O texto traz informações sobre o reconhecimento legal de uniões entre
homens e mulheres que moram juntos, têm filhos mas não são casados ofi-
cialmente. Também nesses casos, os cônjuges têm obrigações e direitos
garantidos pela lei.
(p. 223)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 159
Unidade 5:
Um pouco mais de Língua Portuguesa
Nesta unidade, os alunos irão ler e escrever cartas formais e informais. As
cartas pessoais são um instrumento privilegiado de trabalho com alunos jovens
e adultos, pois muitos já escreveram, receberam ou viram alguém receber uma
carta, conhecem a finalidade, a importância e o prazer de conviver com esse
tipo de texto. A estrutura das cartas pessoais, que lhes é familiar, somada à
exigência de estabelecer uma comunicação com um destinatário ausente,
estimulam os alunos a escrever corretamente e a organizar melhor aquilo que
querem comunicar.
No trabalho com as cartas formais, espera-se que os alunos possam ob-
servar diferenças na linguagem característica desse tipo de texto, que trata de
assuntos impessoais e destina-se muitas vezes a um leitor desconhecido, em
contraposição à carta pessoal, quase sempre dirigida a alguém conhecido com
quem se quer partilhar experiências pessoais.
Além do estudo das cartas, também são propostos nesta unidade exercícios
visando especificamente à aprendizagem da ortografia, da pontuação, além da
consulta a listagens organizadas em ordem alfabética.
5
160 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Cartas
No trabalho com as cartas, o objetivo principal é estimular os educandos a
perceber a estrutura de uma carta pessoal, como começar, desenvolver e terminar
esse tipo de texto É importante que os alunos percebam que, na carta pessoal, a
informalidade da linguagem é maior e permite, por isso, o uso de gírias ou de traços
de oralidade. Expressões como tá, né, bom podem expressar afetividade e
estabelecer proximidade com o destinatário; tais recursos, entretanto, não são
convenientes na escrita de cartas formais. Explore também a estrutura deste tipo
de texto e sua pontuação, pedindo aos alunos que identifiquem esses aspectos nas
cartas que irão ler e estudar.
Aproveite também para familiarizar os educandos com os termos remetente e
destinatário e com o preenchimento adequado do envelope. Mandar cartas pelo
correio para colegas de outra classe convidando-os para algum evento, escrever
para o diretor da escola solicitando algo, enfim, propor situações de escrita que
possibilitem a vivência efetiva da importância das cartas dará uma outra dimensão
ao trabalho, já que não se trata de escrever somente para o professor mas para
um outro um leitor real.
Inicie a atividade lendo para os alunos a apresentação da unidade. Anime uma
conversa sobre escrever e receber cartas e, a seguir, peça que tentem ler a
reportagem que conta como pessoas que não sabem ler e escrever contam com a
ajuda de outros que sabem para poder se comunicar com parentes distantes. O filme
brasileiro Central do Brasil, de Walter Salles Jr., que fez muito sucesso aqui e no
exterior, tem uma escrevedora de cartas como personagem principal. Se for
possível, seria muito interessante que os alunos pudesse assistir ao filme.
Para prepará-los para a atividade 2, comente que algumas pessoas escrevem
cartas tão bonitas que passam a ter valor como literatura, são publicadas em livros
para que muitas pessoas possam lê-las, além do seu destinatário. Há alguns au-
tores também que escrevem histórias na forma de cartas, para que a gente possa
lê-las e se divertir. Depois, leia em voz alta a carta de Van Gogh e peça em segui-
(p. 224)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 161
da que os alunos a releiam silenciosamente. As três primeiras perguntas do ro-
teiro de estudo referem-se à estrutura da carta, e os alunos poderão localizar
estas informações rapidamente, observando o cabeçalho da carta e seu final.
As três últimas demandam uma compreensão global do texto. Faça uma correção
coletiva das questões.
Para as outras cartas você pode proceder do mesmo modo. Complemente
a atividade trazendo outras cartas para a sala de aula e lendo-as em voz alta.
VINCENT VAN GOGH
Pintor holandês (1853-1890), começou a trabalhar como vendedor de qua-
dros em galerias de arte de Bruxelas e Londres e foi missionário. Só em 1880
começou a pintar. Em 1885, pinta uma de suas telas mais famosas, Os
comedores de batata. Nos anos seguintes, ajudado por seu irmão mais novo,
Théo, instala-se em Paris e entra em contato com Cézanne, Gauguin e outros
pintores que ficaram famosos como representantes da pintura impressionista.
No período em que morou em companhia de Gauguin, Van Gogh cortou um
pedaço da própria orelha durante um ataque de loucura. Passa a ter alucina-
ções constantes, é internado num hospício, recebe alta e, dois anos depois,
suicida-se com um tiro no peito. Usava seus quadros para pagar comida e hos-
pedagens, quando não tinha dinheiro, e nunca acreditou ter talento. Vendeu uma
única pintura em vida, La vigne rouge, por 400 francos. Em 1990, o seu Retra-
to do doutor Gachet foi vendido por 458 milhões de francos. Sua obra, com
quadros que representam campos de girassóis, trigo ou ciprestes, revela cores
intensas e pinceladas vigorosas, com um efeito dramático inédito.
Fonte: Almanaque Abril 1996 (CD-ROM). São Paulo: Abril, 1997
Cartas de amor
Nesta atividade os alunos irão produzir cartas de amor. O poema O bilhete
servirá como estímulo para os alunos discutirem os desafios da escrita de uma
(p. 230)
5
162 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
carta de amor. Leia o poema em voz alta, pergunte se eles já escreveram
cartas, bilhetes e poemas de amor para alguém, que tipo de preocupação
tinham enquanto escreviam, o que o texto que escreveram provocou no leitor
(a pessoa ficou mais apaixonada? a carta conseguiu seduzir o leitor?).
Leia a proposta do livro para os alunos, oriente-os na revisão e organi-
zação das idéias que usarão nas cartas. Você pode propor que planejem a
carta, esboçando o que querem dizer e como dizer. Durante a produção dos
alunos, leia em voz alta, com o consentimento de cada um, as cartas e peça
aos alunos que façam sugestões para melhorar a forma e expressões usadas.
Quando as cartas estiverem prontas, solicite que usem o roteiro de revisão
que está no livro e, então, faça uma revisão individual das cartas.
Cartas formais
Nesta atividade os alunos irão ler e produzir cartas formais, empregando
uma linguagem diferente da que se usa nas cartas pessoais. Peça que trans-
crevam as duas cartas que figuram no livro e procurem identificar as diferenças
entre as cartas que tinham lido até agora e essas duas.
Solicite aos alunos que exponham as características que observaram. A
seguir, leia as duas cartas em voz alta, forme duplas de trabalho e peça que
respondam as perguntas do roteiro de estudo. Corrija-as coletivamente. Dê
atenção especial às cartas que escreveram em resposta a um anúncio de
emprego e para denunciar a falsificação de remédios. Observe se os alunos
usaram as cartas do livro como modelos. Leia as cartas produzidas em voz
alta e peça para os alunos analisarem as produções dos colegas quanto a
adequação da linguagem, clareza na exposição das idéias etc.
Ortografia: a letra R
Nessa seqüência de exercícios os alunos deverão observar características
da letra R na ortografia de nossa língua. Ela tem sons diferentes de acordo
com o lugar que ocupa na palavra. Nos três primeiros exercícios, trabalha-se
com a contraposição entre R e RR. No início da palavra, o R tem um som forte,
(p. 232)
(p. 235)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 163
como em REMO. Esse mesmo som, quando está entre duas vogais, deve ser
representado pelo RR, como em CARRO. Se escrevemos apenas um R entre
duas vogais, ele fica com o som brando, como em CARO. Muitos alunos que
aprendem essa regra passam a escrever, erradamente, enrrolado, ou Henrrique.
Através dos exemplos que constam no livro e que você pode reproduzir no
quadro de giz, comente com os alunos que só se usa RR entre duas vogais. O
certo é escrever enrolado e Henrique.
Nos exercícios de 4 a 7, trabalha-se com a contraposição entre o R no meio
da sílaba (como em PRATO) e o R no fim da sílaba (como em PARTO). Faça a
leitura do poema em voz alta, convidando os alunos a prestarem atenção na
sonoridade das palavras. Depois, analise com eles a diferença entre as palavras
contrapostas no exercício 5 e observe se conseguem realizar autonomamente
as atividades seguintes.
Ortografia: a letra L
Ao trabalhar com a ortografia da letra L você deve estar bem consciente
de que há muitas variações de pronúncia que podem dificultar a percepção dos
sons a que correspondem o L no início, no meio e no final das sílabas. A maioria
dos brasileiros pronuncia a palavra palco como pauco, anel como aneu.
Quando os alunos aprendem essa regra, muitas vezes começam a cometer erros
como escrever saldade (saudade) ou perdel (perdeu). Aos poucos, vão
memorizando as palavras onde o L aparece no final da sílaba, ou percebendo
que, como perdeu, correu, aprendeu são sempre com U no final.
Muitas pessoas também não pronunciam o L no meio da sílaba, substitu-
indo-o por R, como em prástico (plástico) ou pranta (planta). Tais pessoas terão
que ir memorizando as palavras que levam L nessa posição.
Brincando com as palavras
Você pode realizar essas atividades aos poucos, propondo que a façam
ao final de algumas aulas ou quando sobrar um tempinho entre as atividades.
(p. 238)
(p. 239)
5
164 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Pontuação
Nesta atividade os alunos terão como desafio segmentar, usando o ponto,
um bilhete que está sem pontuação.
Vale a pena uma correção coletiva da atividade.
Revendo o alfabeto
Nas atividades que seguem os alunos terão que identificar o uso da ordem
alfabética em listas telefônicas e guias de rua. Incentive-os a trabalhar em du-
plas, passe pelas carteiras para ver como estão se saindo ou prestar ajuda quan-
do solicitado. Chame a atenção mais uma vez para o fato de que em muitas
listas de nomes o sobrenome é posto na frente. Na lista de ruas, são colocados
ao final termos como rua, travessa, praça etc.
(p. 241)
(p. 242)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 165
Unidade 6:
Um pouco mais de Matemática
Neste módulo será desenvolvida a técnica convencional da subtração. Con-
vém relembrar que, para aprender as técnicas operatórias, os alunos precisam
ter uma boa compreensão do Sistema de Numeração Decimal: agrupamentos na
base 10 e o valor posicional dos algarismos na escrita numérica. Além disso, há
um conjunto de atividades que visam à organização de um repertório de multipli-
cações básicas que serão úteis para efetuar cálculos mais complexos e que pos-
sibilitam aos alunos a observação de algumas propriedades e regularidades da
multiplicação.
As atividades envolvendo medidas de comprimento, massa e temperatura
visam a aproximar os alunos de uma reflexão sobre o conceito de medidas, as-
sim como desenvolver procedimentos para que utilizem adequadamente alguns
instrumentos como balança, fita métrica e termômetro. Propõe-se também uma
atividade em que os alunos, a partir de um levantamento realizado na própria
turma, se aproximarão de alguns conceitos e procedimentos utilizados na esta-
tística, especialmente aqueles utilizados no estudo de populações, já que nesse
6
166 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
módulo tiveram contato com vários dados dessa natureza. Dando continuidade às
noções de geometria, os alunos irão ampliar seus conhecimentos sobre os sólidos
geométricos, por meio de experimentações, reconhecendo as características
principais dos corpos redondos e dos poliedros: as faces, arestas e vértices.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Números e operações
Neste conjunto de atividades os alunos terão que lidar com os problemas da
representação numérica usando os algarismos e palavras para escrever números.
O grande desafio que enfrentão é representar os números que levam o zero, como
13.013 ou 20.000. O ábaco, a calculadora e o quadro valor de lugar são instrumentos
que facilitam a identificação do valor que o zero representa nesses números.
Exercícios como os de decomposição também colaboram para que os alunos
percebam alguns aspectos do sistema de representação: a base 10 e o valor
posicional. Aproveite as atividades para verificar como os alunos estão
representando os números maiores que mil e que são formados por zero. Além disso,
aproveite para escrever as respostas dos alunos no quadro de giz para compará-
las e analisá-las, pois este procedimento colabora para que os alunos compreendam
como funcionam o sistema de representação; por exemplo: se sabem que mil tem
que ser representado por quatro algarismos, não se pode representar mil e três com
menos ou mais de quatro algarismos e, ainda, números da ordem da dezena de
milhar também não podem ser representados somente por quatro algarismos.
Técnica operatória e registro
Este conjunto de atividades usando o ábaco tem como objetivo enfatizar as
transformações numéricas que ocorrem quando se operam as subtrações. Dessa
forma, os alunos poderão perceber os procedimentos empregados nessa operação,
(p. 244)
(p. 246)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 167
observando suas regularidades e compreendendo como se realiza a técnica
operatória da subtração.
Ao desenvolver o trabalho com a técnica operatória, é importante que os
alunos percebam que ela é mais um recurso que podem usar para resolver
problemas e que o tipo de cálculo a ser usado  mental ou escrito, exato ou
aproximado  depende da situação proposta, dos números, das operações
envolvidas e também do grau de exatidão que a resposta exige. Enquanto os
alunos estiverem aprendendo a técnica é interessante manter sua
representação na forma decomposta  registro longo. Por meio dessa forma
de representação é possível identificar e registrar os cálculos intermediários
(o desmonte de agrupamentos) que estão sendo realizados para se obter o
resultado final. Isto certamente auxiliará na compreensão do registro abre-
viado  na tabela valor de lugar.
Exemplo: calcular 175 - 123
Registro na forma decomposta Registro na tabela valor de lugar
100 + 70 + 5 1 7 5
100 + 20 + 3 1 2 3
0 + 50 + 2 5 2
Para ensinar o cálculo escrito da subtração é importante que o professor
escolha o procedimento que julgar mais conveniente: a técnica que utiliza a
decomposição ou a técnica que utiliza a compensação. Do ponto de vista ma-
temático os dois procedimentos, usualmente ensinados nas escolas, são con-
sistentes, generalizáveis e apóiam-se em regularidades e propriedades que
podem ser compreendidas pelos alunos.
A técnica operatória da subtração pela decomposição  empréstimo
Por exemplo, para calcular o resultado de 138 - 79 pode-se proceder da
seguinte maneira:
Registro na forma decomposta Registro na tabela valor de lugar
100 + 30 + 8
ou
100 + 20 + 18 1 3 8
70 + 9 7 9
50 + 9 5 9
6
168 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
A técnica operatória da subtração pela compensação
Este procedimento de cálculo da subtração está apoiado na invariância da
diferença (as diferenças não se alteram), regularidade que existe na subtração.
Por isso, antes de explicá-lo para a classe é importante verificar se os alunos
têm uma boa compreensão sobre essa regularidade. Observe um exemplo de
um problema que envolve esta idéia:
Invariância da diferença na subtração: se retirarmos ou acrescentarmos um
mesmo número aos dois termos de uma subtração o resultado não se altera.
Maria tem 43 anos e José 18 anos. Qual a diferença de idade entre eles?
Daqui a 10 anos qual será a diferença de idade entre eles?
Mesmo que se passem dez anos, a diferença de idade entre José e Maria
não se alterará. Quando Maria tiver 53 anos e José 28 anos, a diferença de idade
entre eles ainda será de 25 anos.
Por exemplo:
43 - 18 = 25
(43 + 10) - (18 + 10) =
53 - 28 = 25
Essa idéia tem sido bastante explorada nas atividades de cálculo mental.
Como se aplica essa regularidade na técnica operatória? Por exemplo, para cal-
cular o resultado de 138 - 79, pode-se proceder da seguinte maneira:
Registro na forma decomposta Registro na tabela valor de lugar
120 + 18 120 18
100 + 30 + 8 1 3 8
70 + 9 8
179
50 + 9 5 9
Registro na forma decomposta Registro na tabela valor de lugar
130 18 130 18
100 + 30 + 8 1 3 8
80 0 8
100 70 + 9 1 7 9
50 + 9 5 9
--
--
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 169
a) como não é possível efetuar 8 menos 9, acrescenta-se 10 (uma dezena)
ao número 8 obtendo-se 18 e efetua-se a subtração (18 - 9);
b) para compensar a dezena que foi acrescentada ao primeiro termo da ope-
ração, adiciona-se uma dezena ao segundo termo (adiciona-se 10 ao 70 ob-
tendo-se 80);
c) como não é possível efetuar 30 menos 80, acrescenta-se 100 (uma cen-
tena) ao número 30 obtendo-se 130, e efetua-se a subtração (130 - 80);
d) para compensar o acréscimo feito no primeiro termo da operação, acres-
centa-se uma centena ao segundo termo, e efetua-se a subtração (100 - 100).
O mesmo acontece na tabela valor de lugar, com a diferença de que na ta-
bela os números não estão decompostos e, por isso, as compensações são feitas
registrando-se 1 a cada vez. É importante que os alunos compreendam que ora
o 1 representa 10, quando a compensação é feita na ordem das dezenas, ora
representa 100, quando a compensação é feita na ordem das centenas, e assim
por diante. Neste caso, foram acrescentadas 110 unidades aos dois números
e por isso a diferença não foi alterada. Desde que os agrupamentos e o princípio
posicional estejam bem compreendidos pelos alunos não há necessidade de
explorar separadamente o cálculo de subtrações simples, para depois introduzir
os casos que demandam outros recursos.
Calculadora
Para realizar os exercícios 1 e 2, os alunos devem observar e explicar o que
acontece quando eles registram, passo a passo, uma adição ou uma subtração
na calculadora. Os exercícios 3 e 4 exploram a calculadora como recurso para
confirmar resultados obtidos por meio de estimativas. Nos exercícios 5 e 6 os
alunos serão desafiados a criarem procedimentos de cálculo e explicarem o fun-
cionamento da calculadora numa situação que envolve a adição.
A tabela de multiplicações
Nesta atividade propões-se que os alunos completem a tabela de multipli-
cação conhecida como tabela de Pitágoras. Solicite aos alunos que obser-
(p. 247)
(p. 248)
6
170 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
vem os números que já foram colocados na tabela e descubram as regras para
continuar completando as linhas e colunas.
Para que os alunos não precisem rasurar o livro, seria muito interessante que
você providenciasse cópias dessa tabela para que eles pudessem completá-la e
observar algumas regularidades nos resultados. Faça com que tracem uma linha
diagonal dividindo a tabela em duas partes e observem os números que apare-
cem nas partes simétricas. Das respostas e reflexões dos alunos é que vão surgir
explicações para justificar as propriedades e regularidades da multiplicação.
Ao construírem essa tabela, é importante que os alunos observem que na mul-
tiplicação:
existe a propriedade comutatividade; por exemplo, 3 x 2 = 2 x 3 = 6;
o número zero desempenha a função de elemento absorvente, isto é: qual-
quer número multiplicado por zero é zero  isto pode ser observado olhando
os números que vão aparecer nas fileiras e colunas;
o número um desempenha a função de elemento neutro, isto é: todo número
multiplicado por 1 é igual a 1;
os números por onde passa o traço diagonal são quadrados perfeitos, como,
por exemplo, 2 x 2, 3 x 3, 4 x 4 etc. Esta observação permite que se retome
o significado da multiplicação como uma configuração retangular: a figura
geométrica que representa a multiplicação é sempre um retângulo (3 x 5, 6
x 2) e em alguns casos um quadrado (2 x 2, 3 x 3).
Esta tabela servirá de referência para que os alunos realizem outras multipli-
cações. É interessante comentar que existem outros meios de obter os resulta-
dos das multiplicações básicas, no caso de não se ter memorizado os resultados
da tabela. Explore alguns desses procedimentos como, por exemplo:
pensando no dobro: 8 x 4 é o mesmo que duas vezes 4 x 4;
pensando na metade: 5 x 6 é a metade de 10 x 6;
adicionando: se conheço o resultado de 5 x 9 = 45, para saber quanto é 6
x 9 pode-se fazer 45 mais 9 que é igual a 54;
subtraindo: se conheço o resultado de 10 x 8 = 80, para saber quanto é 8 x
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 171
8 pode-se fazer 80 menos 8 que é igual a 72 e 72 menos 8 que é igual a
64;
decompondo um dos fatores: 7 x 9 pode ser pensado como 5 vezes 9 que
é igual a 45 e 2 vezes 9 que é igual a 18; logo, 45 mais 18 é igual a 63.
O uso da decomposição para efetuar multiplicações permite que os alunos
observem a existência da propriedade distributiva. Por exemplo: 2 x (3 +
7) = (2 x 3) + (2 x 7) = 20.
Mais algumas multiplicações
Trata-se de uma atividade cujo objetivo é que os alunos percebam algumas
relações entre multiplicações como, por exemplo: se multiplicarmos um núme-
ro por 2 e novamente o multiplicarmos por 2, ele ficará multiplicado por 4. Neste
caso, também é conveniente reproduzir cópias da tabela para que os alunos não
rasurem o livro.
Inicialmente, apresente aos alunos as tabelas que aparecem lado a lado;
em cada exercício os alunos terão primeiro que completar a primeira tabela e
posteriormente a que está a seu lado. É importante que os alunos percebam
que os resultados obtidos na segunda tabela são os mesmos resultados obtidos
na terceira coluna da primeira tabela. Por exemplo:
x 2 x 2 2 x 2 = 4 x ?
1 2 4 1 4
2 4 8 2 8
Multiplicando
por 10, por 20, por 30...
Com esta atividade pretende-se que os alunos ampliem o repertório de mul-
tiplicações e observem a existência de propriedades na multiplicação. Não é es-
(p. 249)
(p. 251)
6
172 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
perado que os alunos saibam os nomes das propriedades, mas que conheçam
essas propriedades nas situações de cálculo com as quais vão lidar.
No exercício 1, os alunos poderão observar que, quando um número é mul-
tiplicado por 10, ele se torna 10 vezes maior (isto fica bastante evidenciado se
o número for representado na tabela valor de lugar).
A seguir, apresentam-se duas maneiras para calcular 3 x 20  é importante
que os alunos percebam como os cálculos foram realizados e consigam explicar
os procedimentos usados.
Nos exercícios 3 e 4 os alunos deverão realizar cálculos e explicar como
procederam para alcançar os resultados. Compare os procedimentos obtidos
e discuta a validade de cada um.
Unidades e
instrumentos de medida
As atividades envolvendo medidas de comprimento, massa e temperatura
visam a aproximar os alunos de uma reflexão sobre o conceito de medida, que
é de grande uso social, assim como desenvolver procedimentos para que utilizem
adequadamente alguns instrumentos como balança, fita métrica, termômetro.
O fato de os alunos estarem em contato constante com instrumentos de
medida, de uso social, possibilita a eles a observação e utilização destes objetos
e provoca necessariamente algum tipo de reflexão sobre a medida:
o que, quando, como, com o que e para que medir;
a leitura e escrita de números que representam medidas;
as relações numéricas;
o uso social de padrões de medidas.
Esses aspectos devem ser enfatizados no decorrer destas atividades. É in-
teressante que o professor disponha dos instrumentos de medida na sala de
aula para que os alunos possam manipulá-los.
Inicie a atividade comentando que as medidas, convencionais ou não, per-
(p. 252)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 173
meiam quase todas as atividades que realizamos e solicite aos alunos que façam
uma listagem das situações do dia-a-dia em que usamos as medidas.
Comente que na vida prática geralmente resolvemos os problemas de medi-
das lançando mão de recursos como as estimativas e aproximações, mas que
existem situações em que a precisão é imprescindível e para isso necessitamos
dos instrumentos.
É importante fazer com que os alunos desenvolvam estratégias de estimativas,
pois estas não só ajudam a distinguir os vários atributos mensuráveis de um objeto
como o peso, o comprimento, a área, o volume etc., como permitem perceber a
adequação das unidades de medida e compreender o próprio processo de medida.
Ao eleger uma unidade arbitrária, ela deve ser da mesma espécie  atributo  do
que se pretende medir, como, por exemplo, para medir um comprimento é possível
eleger como unidade de medida palmo, passo, centímetro, metro, quilômetro, a
depender do tamanho do que se pretende medir e da precisão desejada.
Ao trabalhar com a medida de temperatura o aluno poderá notar que nem todas
as grandezas são medidas por comparação e que, neste caso, para medir, recorre-
se ao fenômeno da dilatação térmica.
Ao expressar os resultados das medidas em números é importante que os
alunos percebam a relação que existe entre o número e a medida: quanto maior
for a unidade de medida utilizada menor será o número que representa a medida
e vice-versa, por exemplo, ao medir o comprimento de uma sala podemos encontrar
500 cm ou 5 m.
No decorrer destas atividades pretende-se que os alunos estabeleçam relações
entre as unidades usuais de medida sem a preocupação que eles tenham a com-
preensão plena dos sistemas de medidas, que serão objeto de estudo posterior.
Problemas
Trata-se de uma seqüência de problemas envolvendo medidas. Você pode
aproveitar a atividade para fazer uma avaliação de como os alunos estão lidando
com informações e cálculos envolvendo medidas, que procedimentos de cálculo
utilizam, como fazem as notações etc. Depois, faça uma correção coletiva no quadro
de giz, chamando os alunos para comentar os problemas e explicar como
resolveram.
(p. 256)
6
174 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Nossa turma em números
Nesse módulo os alunos trabalharam com diversos textos que trazem infor-
mações demográficas, ou seja, informações sobre populações grandes, a maioria
delas expressas em números. Nesse tipo de informação, normalmente se empregam
os conceitos de média aritmética e porcentagem.
Propomos aqui um conjunto de exercícios para que os alunos possam experi-
mentar, num grupo menor, alguns procedimentos utilizados nos estudos estatísti-
cos de demografia, contagem e comparação de algumas características em certos
grupos da população.
Oriente os alunos no preenchimento das fichas com seus dados. Providencie
um envelope ou uma caixa pequena para guardar as fichas preenchidas. Ajude-
os a organizar três grupos e responsabilize cada um pelo levantamento de um
conjunto de aspectos, tal como proposto no livro do aluno.
É preciso organizar bem o trabalho porque as mesmas fichas deverão ser
consultadas por todos os grupos.
No quadro de giz, explique como calcular a média, partindo de alguns exem-
plos simples; por exemplo, a média de idade de 4 alunos, depois de outros 5, outros
6 etc.
Depois, ajude os alunos a elaborarem um cartaz para apresentar à classe os
dados levantados. Cada grupo irá explicar seu cartaz para a classe e responder
as perguntas dos colegas.
Veja abaixo como podem ser organizados esses cartazes, na forma de tabe-
las de dupla entrada.
Idades Homens Mulheres
16 1 2
18 2 1
35 1 1
45 2 0
51 0 1
52 0 1
(p. 257)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 175
Soma das idades Número de pessoas Média de idade
Homens 177 6 30
Mulheres 188 6 31
Total 365 12 30
Na realização da tarefa do grupo 2, os alunos poderão construir tabelas como
estas:
Solteiros (as) Casados (as) Viúvos (as) Separados (as)
Homens 6 7 2 4
Mulheres 4 3 4 4
Número de filhos Alunos da classe
13
22
31
43
51
Número Número de pessoas Média de filhos
de filhos que têm filhos por pessoa
27 10 3
O grupo 3 poderá construir uma tabelas como estas:
Idade com que
se casou Homens Mulheres
15 anos 0 1
18 anos 1 2
20 anos 1 3
24 anos 3 1
29 anos 1 0
6
176 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Soma das idades Número de pessoas Média da idade
com que se casaram casadas com que se casaram
Homens 139 6 23
Mulheres 135 7 19
Total 274 13 21
Construindo
sólidos geométricos
O objetivo desta atividade é propiciar situações que permitam aos alunos
ampliar seus conhecimentos sobre os sólidos geométricos por meio de experimen-
tações, reconhecendo as características principais dos corpos redondos e dos
poliedros.
Para desenvolver esta atividade é recomendável que se disponha da coleção
de sólidos já utilizadas em atividades dos módulos anteriores.
Oriente os alunos sobre a montagem dos sólidos a partir dos modelos que
estão no livro. Eles poderão copiar os modelos, usando papel de seda e, poste-
riormente, deverão passá-los para uma folha mais grossa, cartolina ou cartão.
Quando a coleção de sólidos de papel estiver montada, solicite a eles que ob-
servem as semelhanças e diferenças entre os sólidos. É provável que apareçam
atributos como pontas, beiradas, partes achatadas, partes arredondadas etc.
Após esse reconhecimento inicial, peça que separem os sólidos em dois gru-
pos, segundo um critério proposto por eles, de modo que o sólido que pertencer
a um grupo não possa pertencer também ao outro. Se, dentre as classificações
encontradas não surgir a separação em corpos redondos e poliedros (corpos não
redondos), apresente esses dois grupos de sólidos para que os alunos descubram
o critério utilizado.
Ao realizarem essa classificação é importante que eles percebam que a su-
perfície de um poliedro é constituída por partes planas, o que não acontece com
os corpos redondos. Entre estes existem os que têm partes planas e partes não
planas e os que não têm nem partes planas nem partes não planas em sua su-
perfície, como é o caso da esfera. Por isso, não é possível planificar a esfera.
(p. 259)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 177
Faces, arestas e vértices
Nesta atividade os alunos irão identificar algumas características comuns
aos poliedros, que não aparecem nos corpos redondos: as faces (partes planas),
as arestas (beiradas) e os vértices (pontas formadas pelo encontro de arestas)
que aparecem nas superfícies desses sólidos geométricos.
Neste momento não é necessário exigir que os alunos utilizem a nomen-
clatura convencional. Ao apresentá-la aos alunos a intenção é familiarizá-los
com os termos da geometria. Portanto, é aceitável que chamem de lado a face
de um poliedro ou chamem de ponta um de seus vértices.
(p. 263)
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 179
Módulo 4:
Muitos anos de vida
1
180 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Por que nossa população está envelhecendo? Quais os impactos desse fe-
nômeno na sociedade brasileira? Essas perguntas têm aparecido com muita fre-
qüência nos noticiários, especialmente quando se divulgam novos dados sobre
o comportamento demográfico de nossa população. De fato, tal como já ocor-
reu em outros países, a população brasileira tem apresentado taxas de cresci-
mento populacional cada vez menores. O aumento gradativo de idosos combi-
na-se também com uma ligeira elevação da esperança de vida do brasileiro. O
resultado é o aumento proporcional do número de idosos. Já não somos o país
de jovens dos anos 70, embora seja preciso levar em conta que ainda perma-
necem as perspectivas de crescimento: temos muitas mulheres em idade
reprodutiva e com desejo de ter filhos.
Muitos analistas apontam os custos econômicos do envelhecimento da po-
pulação. Argumentam que os sistemas de saúde e previdência social não su-
portariam a pressão do maior número de idosos, cada vez mais elevado em
relação aos que ainda permanecem trabalhando. Porém, é preciso compreender
esse fenômeno com muita clareza e analisar suas repercussões, abandonando
teses alarmistas e procurando avaliá-lo por todos os ângulos possíveis.
A redução das taxas de crescimento deve-se a vários fatores combinados:
maior acesso a métodos contraceptivos e de planejamento familiar e o contexto
de dificuldades econômicas da maior parte de nossa população. Mas um fator
fundamental é a intensa urbanização ocorrida em nosso país. Hoje, cerca de 78%
dos brasileiros vivem em cidades. Expande-se o modo de vida urbano, inclusive
para além das fronteiras das cidades.
Ao contrário do campo, o custo de reprodução da existência nas cidades é
relativamente mais alto. Gasta-se mais em alimentação, vestuário, transportes,
creche, educação e outros. Um maior número de filhos implica dificuldades para
conciliar a jornada de trabalho dos pais com o atendimento aos filhos. Como a
prole numerosa na cidade não garante maior renda familiar (pelo menos até a
adolescência), muitas famílias decidem ter um número reduzido de filhos. Além
disso, existe a pressão por novos hábitos de consumo e expectativas de ascen-
são social.
O idoso, de forma geral, é visto em nossa sociedade como um peso, como
um ser que não produz e sempre traz novos custos, com o qual as famílias e o
Estado não querem ou não podem arcar, diferentemente de outras sociedades,
em que ele representa o acúmulo de sabedoria e experiência do grupo. Depen-
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 181
dendo das condições sociais ou de renda, muitos vão parar em casas de repou-
so, em sua maior parte abrigos precários. Essa realidade é reforçada pelos bai-
xos valores das aposentadorias, apesar de uma vida inteira dedicada ao trabalho.
Assim, muitos ficam angustiados na hora de se aposentar, preferindo continuar
trabalhando para não ficar parado ou para completar a renda. Além disso, a maior
longevidade é marcante nas camadas sociais médias e altas e nas regiões onde
o acesso a serviços públicos de saúde e assistência social é melhor. Grande parte
dos idosos chefes de família recebem em torno de dois salários mínimos.
Tal como acontece com a saúde e a educação em nosso país, a distância que
separa idosos e equipamentos sociais não pode ser medida em metros. Mesmo
nas grandes cidades, os idosos vivem um duplo afastamento e isolamento no
espaço: em relação aos equipamentos e serviços médicos e de previdência social
e nas próprias interações sociais.
Algumas pequenas conquistas foram obtidas pelos idosos, como passes livres
nos meios de transporte nas grandes cidades. Mas é preciso que a sociedade bra-
sileira tome uma importante decisão política: preparar-se melhor para atender com
dignidade uma população que está envelhecendo. Para tanto, é preciso compre-
ender as necessidades dessa fase de vida e percebê-la não como um sinônimo
de desgaste físico e mental, mas como um processo biológico do ser humano.
Além disso, implica mudar algumas prioridades sociais, tanto no âmbito do
Estado quanto no da sociedade. Antes de considerá-los como um problema ou um
peso, trata-se de uma verdadeira mudança de valores: garantindo-lhes rendimen-
tos compatíveis, construindo equipamentos e valorizando atividades específicas
 de lazer, cultura, terapias ocupacionais e outras formas de interação social. Os
bons exemplos já existem, como as Universidades Abertas para a Terceira Idade
que já existem em vários estados.
Neste módulo daremos ênfase ao estudo da velhice, abordando as caracte-
rísticas biológicas dessa fase da vida, discutindo sobre a inserção no mercado de
trabalho de pessoas idosas e a situação dos aposentados e o lugar dos idosos em
outras sociedades. Serão apresentados dados estatísticos, textos informativos e
literários. Na área de Língua Portuguesa daremos ênfase às autobiografias e
histórias de vida e a conteúdos relacionados ao estudo da pontuação, da ortografia
e da variedade lingüística. Também serão trabalhados conteúdos matemáticos
finalizando o estudo sobre sistema de numeração, operações, medidas e geometria
planejados para esta etapa do ensino de jovens e adultos.
1
182 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Unidade 1:
Envelhecimento e expectativa de vida
Nesta unidade os alunos irão estudar o fenômeno demográfico que tem trans-
formado o perfil da população brasileira. Há vários fatores que têm colaborado
para o aumento do número de idosos e da expectativa de vida dos brasileiros 
dentre eles desataca-se a queda da taxa de fecundidade, o modo de vida urba-
no, avanços na medicina, entre outros.
Espera-se que os alunos aprendam a ler e interpretar dados estatísticos que
dizem respeito a informações demográficas e a refletir sobre seu impacto no modo
de vida das pessoas (mercado de trabalho, oferta de serviços etc.).
Além das tabelas, os alunos serão introduzidos no conceito de média, de modo
simples, apenas para que possam compreender o que significa (por exemplo,
média de idade).
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 183
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Flora
A atividade com a letra de música Flora, de Gilberto Gil, tem como objetivo
apresentar aos alunos um texto que trata da beleza da maturidade. Diferente de
muitas paqueras e cantadas, Gil fez essa música para conquistar Flora (sua
esposa atual) no verão de 1979 na cidade de Salvador.
Eu a tinha conhecido um mês antes e nós ainda não namorávamos.
Telefonei a um amigo comum. Diga que eu quero vê-la, que vou estar
no Teatro Vila Velha entre quatro e seis da tarde. Tenho uma coisa para
mostrar a ela. Quando ela chegou, eu cantei a música. Flora foi por-
tanto uma cantada literal. (Rennó, Carlos (org.). Gilberto Gil: todas as
letras, incluindo letras comentadas pelo compositor. São Paulo: Com-
panhia das Letras, 1997, p. 220)
Essa música apresenta uma proposta de união para a vida toda, pois fala
das intenções do autor de viver ao lado de Flora na maturidade ainda não al-
cançada. Inspirado por seu nome, Gil utilizou imagens e expressões do mundo
vegetal para representar a possibilidade de realização ao lado de uma pessoa
durante toda uma existência.
Na letra eu já a imagino idosa, bela senhora, futura. (Rennó, Carlos
(org.). Gilberto Gil: todas as letras, incluindo letras comentadas pelo com-
positor. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 220)
Inicie a leitura desse texto pela conversa sobre o título da música. Peça aos
alunos que falem o que eles sabem sobre o significado da palavra flora e leia a
definição que consta no dicionário. A seguir, proponha um jogo de associação,
apresente aos alunos a letra de música e a intenção do autor ao escrevê-la e
solicite a eles que façam uma lista de 5 palavras que tenham alguma relação com
a palavra flora e que poderiam ter sido usadas por Gilberto Gil em sua letra de
música.
(p. 267)
1
184 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Quando as listas estiverem prontas, proponha uma leitura silenciosa aos
alunos, se houver condições leve a música para a sala de aula e leia a letra em
voz alta. Pergunte a eles se encontraram alguma das palavras de suas listas no
texto, se observaram alguma comparação entre a moça e o significado da palavra
flora que os tenha surpreendido. Retome cada estrofe e discuta quais as imagens
que lhes vêm a cabeça ao ouvi-las. Explore as rimas e o ritmo da música.
A seguir, apresente as perguntas do roteiro de estudo e peça que as respon-
dam em duplas no caderno. As perguntas exigem que os alunos tenham compre-
endido as imagens e a linguagem figurada usada por Gilberto Gil, por isso vale a
pena orientá-los durante a realização dessa atividade e fazer uma correção coletiva
das respostas dadas, pedindo que as justifiquem.
Uma parcela da
população: os idosos
Nesta atividade os alunos irão ler uma tabela que apresenta o crescimento da
população de idosos desde 1940 e estima quantos idosos existirão em 2020. A
tabela mostra o crescimento de idosos em números absolutos, que representam
a quantidade de pessoas com mais de 65 anos que compõem a população.
Em primeiro lugar, peça aos alunos que leiam, comparem e percebam as
diferenças entre as quantidades e os períodos. A partir dos dados da tabela os
alunos podem concluir que o número de idosos cresceu e deve crescer ainda mais,
o que responde a primeira pergunta do roteiro de estudo. A pergunta 2 traz mais
elementos para que os alunos percebam que a população de idosos está crescendo,
enquanto se prevê uma diminuição na população de crianças.
Nas outras perguntas do roteiro de estudos, eles deverão levantar as princi-
pais hipóteses que podem explicar o fenômeno e apontar suas conseqüências.
Observe com atenção como se manifestam em relação ao papel do idoso na soci-
edade. Procure esclarecer que ele não deve ser visto somente como alguém que
deve ter sua importância mensurada apenas pelo que pode produzir. É importan-
te destacar que a questão do idoso deve ser encarada como prioridade social e
objeto de políticas públicas.
(p. 269)
1
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 185
Expectativa
de vida do brasileiro
O texto Quantos anos vive um brasileiro trabalha com um importante conceito
demográfico: a expectativa (ou esperança) de vida. Ela corresponde aos padrões
de qualidade de vida existentes. Assim, em um país onde predominam boas
condições de vida (educação, saúde, trabalho, alimentação, lazer, interações sociais
etc.), a expectativa de vida é mais elevada. O exemplo apontado é o do Japão, cuja
expectativa de vida é de 80 anos, em média. Pode-se usar aqui outros exemplos
comparativos: escravos africanos no Brasil (em torno de 35 anos) e países pobres
nos dias de hoje (Angola: 47 anos; Moçambique: 49 anos; Bolívia: 56 anos). A
longevidade média de uma população depende essencialmente das condições que
as pessoas tiveram ao longo de sua existência.
Deve-se registrar que a expectativa de vida é uma média. Assim, no caso do
Brasil, há diferenças regionais e sociais que produzem resultados distintos: a
esperança de vida é mais baixa na Região Nordeste do que na Região Sul ou
Sudeste. Do mesmo modo, faixas de renda acima de cinco salários mínimos
apresentam longevidade maior do aquelas até um salário mínimo.
Expectativa de vida de
um grupo da região onde eu vivo
Com este conjunto de atividades pretende-se que os alunos observem que a
média é um dos indicadores da freqüência de um acontecimento ou fenômeno. Nesse
caso, os alunos terão como desafio perceber que, no cálculo da expectativa de vida,
incluem-se os óbitos que ocorrem num período com uma parcela da população. O
desenvolvimento dessas noção é a base para que eles aprendam a fazer algumas
inferências e previsões. Para que isso aconteça é fundamental promover na sala
de aula várias experiências que permitam observar a freqüência de acontecimentos,
obter a média e interpretar seu significado.
Retome o texto que apresenta informações sobre a expectativa de vida dos
brasileiros. Simule com a classe uma experiência para saber qual é a média de
(p. 270)
(p. 270)
1
186 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
vida das pessoas que vivem na localidade, consultando a seção de óbitos
do jornal local.
Comente outras situações em que se costuma utilizar a média como re-
ferência, como, por exemplo, para acompanhar o desenvolvimento físico de
bebês, para acompanhar o desempenho de esportistas (a média de gols de
um campeonato), para comparar preços, salários etc.
Quando todos os alunos estiverem com as informações coletadas no jor-
nal, oriente-os no cálculo para encontrar a expectativa de vida da região, isto
é, o tempo médio de vida das pessoas. É importante que os alunos percebam
que essa média pode variar. Caso existam alunos que tenham coletado um
maior número de casos de óbitos em crianças, o resultado obtido será menor
que aqueles que coletaram um maior números de casos de óbitos em idosos.
Compare e problematize as respostas encontradas pelos alunos.
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 187
Unidade 2:
Os idosos na sociedade brasileira
Nesta unidade trataremos do lugar dos velhos na sociedade em que vivemos.
A partir dos textos selecionados será possível discutir o papel da família e do
Estado para com o idoso, a oferta de postos de trabalho e a aposentadoria, bem
como algumas ações que visam a atender as especificidades dessa fase da vida.
Apresentamos depoimentos de pessoas aposentadas e idosos que partici-
pam de programas destinados à terceira idade. É importante que os alunos
possam compreender que os idosos têm alguns direitos garantidos pela
Constituição Federal e que as ofertas de serviços que atendam as necessidades
dessa parcela da população, que tende a aumentar, ainda são insuficientes.
2
188 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
O velho e seu neto
Para abrir esta unidade optou-se por um conto de fadas que conta como os filhos
tratam seus pais quando estes já estão na velhice. Apesar de ser um texto muito
antigo, a forma como o idoso é visto nesse conto retrata o modo como muitos velhos
são tratados em suas famílias.
Retome com os alunos os contos de fadas que já leram e apresente o texto que
deverão ler. A seguir, peça aos alunos que façam uma leitura silenciosa desse texto.
Quando todos terminarem a leitura, leia-o em voz alta. Solicite aos alunos que
o recontem e façam comentários sobre a atitude da família em relação ao idoso,
estimule-os a contarem outras histórias semelhantes à relatada no conto.
Depois da conversa sobre o texto, apresente o roteiro de estudo e corrija suas
respostas coletivamente para que cada um possa expressar seu entendimento do
texto e opiniões sobre o tema.
O que as leis brasileiras
garantem aos idosos?
Esta atividade apresenta aos alunos os direitos legais e a responsabilidade da
família e do Estado em relação ao idoso. Inicie a atividade pedindo aos alunos que
leiam a Constituição Federal; a seguir, leia você em voz alta. Estimule os alunos a
falarem sobre o tratamento dado aos idosos em nossa sociedade e como os tratam
em suas famílias.
Solicite que comparem o que está registrado na lei com aquilo que observam
sobre o modo de vida da maior parte dos idosos brasileiros e explore as imagens
das fotografias.
(p. 272)
(p. 274)
2
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 189
O texto que vem a seguir  Os idosos e o emprego no Brasil  apresenta
algumas informações sobre a inserção no mercado de trabalho de pessoas com
mais de 40 anos.
Apresente o texto aos alunos, solicite que façam uma leitura silenciosa e, a
seguir, leia-o em voz alta. Levante com os alunos as principais informações e es-
creva-as no quadro de giz. Pergunte a eles se encontraram alguma informação
nova sobre o tema. Terminada a exploração oral do texto, proponha aos alunos
que respondam o roteiro de estudo. Faça uma correção coletiva e aproveite para
avaliar como os alunos estão se saindo na compreensão e localização de infor-
mações em textos informativos.
Pesquise, previamente, quais as condições necessárias para que homens
e mulheres se aposentem, para que possa apoiar a discussão sobre o tema da
aposentadoria. Inicialmente, levante com os alunos suas expectativas em relação
à aposentadoria (o que pretendem fazer, quando pretendem se aposentar, como
imaginam que seja a vida de um aposentado) e escreva-as no quadro de giz. In-
forme-os sobre as condições básicas para que se aposentem (idade mínima, tem-
po de contribuição ao Instituto Nacional de Seguridade Social etc.).
A seguir, apresente o texto Aposentados em ação aos alunos e solicite que
façam uma leitura silenciosa. Coloque as perguntas no quadro de giz e peça que
as respondam oralmente, promovendo uma breve conversa sobre o texto. Ori-
ente-os na escrita das respostas no caderno.
Atenção aos idosos
Nesta atividade os alunos poderão saber que há alguns serviços que se des-
tinam ao atendimento de pessoas idosas: a Delegacia do Idoso e a Universidade
da Terceira Idade. É importante que os alunos reconheçam que estas iniciativas
ainda são insuficientes para atender as demandas dessa parcela da população,
mas que são bons exemplos de atenção aos idosos.
Oriente-os na execução do levantamento de serviços oferecidos aos idosos
na região em que vivem. Essas informações podem colaborar para que as famí-
lias e alunos idosos entrem em contato com programas que atendem as espe-
cificidades dessa fase da vida.
(p. 277)
2
190 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Como vivem os idosos no Brasil
Você pode sugerir aos alunos que, com sua ajuda, elaborem um texto co-
letivo com as informações trabalhadas no módulo anterior e nas atividades
feitas até aqui sobre como vivem os idosos no Brasil.
3
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 191
Unidade 3:
Envelhecimento biológico e saúde
Entender que a velhice é mais uma fase da vida dos seres humanos que pode
e deve ser vivida com plenitude é o objetivo básico desta unidade. As atividades
propostas têm como objetivo explicar aos alunos como se processa o envelheci-
mento do nosso corpo, demonstrando-lhes que uma velhice saudável depende
de como nos cuidamos durante a juventude.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Envelhecimento biológico
Esta atividade é a principal desta unidade. Com o seu desenvolvimento os
alunos vão receber informações sobre os déficits do organismo durante a velhi-
(p. 279)
3
192 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
ce e ao responder as perguntas do roteiro de estudo poderão compreender que
a diminuição de nossa capacidade física durante a velhice, além de não impedir
a execução da maioria das ações cotidianas da vida, não gera doenças.
Leia o texto, estimule a discussão sobre essa fase da vida, a velhice. Se você
tiver alunos idosos, peça depoimentos sobre como se processa o envelhecimen-
to. Destaque o último parágrafo, discuta sobre o preconceito de que velho é
sinônimo de doença e incapacidade.
Abaixo você poderá ler um texto que dá explicações sobre as razões para o
envelhecimento biológico.
A TEORIA DOS RADICAIS LIVRES
Existem várias teorias que procuram explicar o envelhecimento  a mais atual
é a teoria dos radicais livres. Essa teoria, desenvolvida pelo bioquímico norte-
americano Denhan Harman, em 1956, sugere que a principal causa do
envelhecimento seria a existência de um dano celular provocado pela atuação
dos radicais livres de oxigênio. Radicais livres são moléculas incompletas pro-
duzidas pelas reações químicas naturais do organismo (como a digestão e a res-
piração), que, liberadas, reagiriam sem controle, danificando as estruturas das
células, como o código genético que comanda a reprodução celular.
Fonte: Mascaro, S.A. O que é velhice (Coleção
Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense, 1997, p. 48
Peça que digam quais são as modificações físicas que eles acham que acon-
tecem na velhice. Discuta cada uma delas e anote-as no quadro de giz. A seguir,
peça que observem-nas no livro e façam antecipações sobre o conteúdo do tex-
to a partir da observação das imagens.
Identifique as partes do corpo assinaladas, compare com as hipótese iniciais
(modificações físicas que os alunos acham que acontecem na velhice). A seguir,
inicie a análise da imagem, discutindo cada parte do corpo, peça para um aluno
ler em voz alta as informações e discuta seu significado, registrando-o no qua-
dro de giz. Depois de terminada a leitura, compare as hipóteses levantadas com
as informações que retiraram do texto.
3
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 193
As perguntas do roteiro de estudo têm como objetivo comparar o que os alunos
realizam diariamente com as possibilidades físicas que os idosos possuem. Até
agora os alunos já conhecem os déficits do corpo envelhecido, e ao responder essas
perguntas poderão refletir um pouco mais sobre a imagem preconceituosa da velhice
associada à incapacidade. Para saber um pouco mais sobre o processo de
envelhecimento leia o texto abaixo:
Os cientistas que estudam o processo do envelhecimento acreditam que a
herança genética do indivíduo determina uma série de situações, de possibilida-
des, em relação à maior ou menor longevidade e também em relação à probabili-
dade da pessoa apresentar determinadas doenças. Cada espécie animal tem sua
característica própria e sua longevidade máxima é determinada pela hereditarie-
dade. Assim, a borboleta vive 12 semanas; o rato, cerca de 3 anos; o beija-flor, 4
anos; o cachorro, 16 anos; a águia, 22 anos; o camelo, 35 anos; o elefante africano,
48 anos; o crocodilo, 56 anos e a tartaruga gigante, 180 anos. Veja você que, apesar
dos progressos nas áreas da saúde e das ciências sociais, a longevidade máxima
do ser humano se situa em torno de 110 e 120 anos. A ciência ainda não conhece
as razões da diferença da máxima extensão de vida de cada espécie.
O envelhecimento não é resultado de um único fator, mas representa muitos
fenômenos funcionando conjuntamente. Ao lado dos fatores genéticos, os aspectos
sociais e comportamentais também são muito importantes. O processo de
envelhecimento humano precisa ser considerado num contexto amplo, no qual
circunstâncias de natureza biológica, psicológica, social, econômica, histórica,
ambiental e cultural estão relacionadas entre si.
Fonte: Mascaro, S.A. O que é velhice (Coleção
Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense, 1997, p. 48
A velhice saudável
Esta atividade trata de hábitos básicos para a manutenção da saúde, entendi-
da aqui como prevenção de doenças. Os postos de saúde também podem forne-
cer informações importantes para usar em sala de aula.
(p. 281)
3
194 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Antes de iniciar a leitura do texto, peça aos alunos que leiam a epígrafe,
anote-a no quadro de giz e comente-a com os alunos. A seguir, peça que façam
antecipações a partir do título. Faça a leitura do texto para os alunos, converse
sobre as fotografias e retome as idéias principais de cada um dos parágrafos.
Solicite que respondam a pergunta que segue o texto.
4
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 195
Unidade 4:
Velhice e memória
O objetivo desta unidade é mostrar o significado da velhice em outras cul-
turas e outras práticas sociais relacionadas a essa fase da vida. Os dois textos
que compõem a unidade narram eventos relativos a sociedades tradicionais que
têm a oralidade como principal veículo de transmissão cultural. Nessas socie-
dades, os velhos costumam desempenhar o papel de guardiões da memória do
povo. Lendo os textos a seguir você encontrará uma boa descrição dos aspectos
que caracterizam essas sociedades e as diferenciam das sociedades modernas.
Os alunos poderão constatar que existem outros povos vivendo dentro de
padrões em diferentes partes do mundo.
AS SOCIEDADES INDÍGENAS
Embora cada sociedade indígena tenha peculiaridades culturais únicas, po-
de-se constatar que as diferenças que têm entre si são menores que as
diferenças que se interpõem entre elas e a sociedade brasileira. Provavelmente
4
196 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
porque a história de seu desenvolvimento cultural constituiu-se de modo
independente da chamada civilização ocidental, resultando em duas maneiras
distintas de organizar a vida social, de dar sentido à existência.
É possível traçar um quadro das semelhanças básicas que tornam o uni-
verso indígena de certa forma distinto das sociedades industriais modernas.
Em linhas gerais, algumas de suas características mais evidentes são: o esti-
lo de vida comunitário, relativa abundância (embora com utilização de
tecnologia simples), distribuição mais equilibrada do tempo dispendido entre
o trabalho e o lazer, maior liberdade na escolha do uso do tempo, relação mais
harmoniosa com a natureza de um modo geral, transmissão oral da tradição e
maior igualdade social.
A tradição oral
Um traço marcante e fascinante do modo de vida dessas sociedades é a
forma que encontram para transmitir o conhecimento. Estabelece-se a comuni-
cação através de diversos tipos de linguagem. Ao lado da principal delas, que
é a língua falada, fazem uso de expressões corporais, desenhos, música e uma
série de outros recursos nem sempre fáceis de serem percebidos por um
estranho. Não desenvolveram, entretanto, um código de linguagem escrita. O
saber é transmitido de uma geração à outra basicamente pela comunicação oral,
através da fala, e na prática diária do fazer e observar.
Como a história da sociedade não está registrada em livros, seu aprendi-
zado é feito através dos relatos, das histórias, da lembrança de eventos. Muitos
documentos dessa história, ou os seus marcos, distribuem-se pela região: um
morro, uma curva de rio, um areial, uma velha árvore, uma pedra de grandes
proporções podem ser o elo com o passado, o local que abrigou outrora momen-
tos importantes da história.
Esse encontro direto com o passado é possível por força da tradição oral e
pela preservação do território habitado pelos indígenas. Outra característica
importante da oralidade é a força que tem de aproximar as gerações. É na me-
mória dos velhos que se encontram a grande riqueza de dados e explicações
sobre a origem e o sentido da existência. Os Kamayurá costumam repetir:
4
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 197
História serve para que se conheça como se fazem as coisas, para não
esquecer o antigo, enfim, para não acabar.
Fonte: Junqueira, Carmem. Antropologia indígena:
uma introdução. São Paulo: Educ, 1991, p. 53-67
Guardiões da memória
Incentive os alunos a lerem o texto e reproduzirem seu conteúdo oralmen-
te. Caso haja necessidade, faça você uma leitura em voz alta. Faça
comentários sobre as formas de transmissão de conhecimento que
independem da escrita. Relacione as informações que constam no texto com
seus conhecimentos de outros povos tradicionais, especialmente os indígenas
brasileiros. Não deixe de comentar que muitos grupos indígenas já conhecem
a linguagem escrita e utilizam-na em algumas situações.
Comente enfim o fato de que a palavra griots é escrita entre aspas por
se tratar de um vocábulo estrangeiro.
Uma velha mulher esquimó
Este texto trata de um povo cujo meio ambiente e modo de vida são cer-
tamente muito estranhos para os alunos. O livro do qual foi retirado chama-
se No país das sombras longas porque próximo ao Pólo Norte, região
retratada, o sol nunca vai a pino, está sempre perto do horizonte, alongando
as sombras das pessoas e das coisas. Caso seja possível, mostre num globo
terrestre onde fica o Pólo Norte. Para facilitar a compreensão do texto,
coloque o nome dos personagens no quadro de giz:
Powtee a mãe
Asiak a filha
Ernenek o marido de Asiak
(p. 283)
(p. 285)
4
198 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Leia o texto em voz alta e faça uma segunda leitura parágrafo por pará-
grafo, verificando a compreensão dos alunos. Provavelmente, eles se
espantarão com o fato da filha preparar a mãe para morrer, ou que a mãe
aconselhe a filha a sacrificar seu bebê recém-nascido no caso de ser do sexo
feminino. Aproveite a oportunidade para comentar a diversidade cultural entre
os povos. Destaque o fato de que, provavelmente, o costume de abandonar
os velhos à morte tenha relação com as dificuldades impostas pelo ambiente
onde vivem, especialmente pela escassez de alimento.
Contando casos
Organize com os alunos um levantamento de histórias, informações, ima-
gens obtidas a partir de relatos de pessoas idosas e monte um mural. Com
essa atividade você irá trabalhar com a memória oral das pessoas de sua
região.
(p. 287)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 199
Unidade 5:
Um pouco mais de Matemática
Nesta unidade apresentamos algumas informações sobre a história dos nú-
meros, pois consideramos importante que os alunos consigam perceber que mui-
tas das tecnologias que hoje usamos têm sua origem nas necessidades cotidia-
nas de diversos grupos humanos. As soluções encontradas pelos sumérios (um
povo que se dedicava ao comércio) para vários problemas como o registro de
suas transações comerciais deu origem à escrita que conhecemos hoje. Os nú-
meros usados pelos egípcios há milhares de anos serão usados como recurso
para que os alunos percebam algumas características do sistema de numeração
como o significado do valor posicional, a base dez, algumas regras das técnicas
operatórias etc.
Há atividades que proporcionam o estudo da seqüência numérica até a cen-
tena de milhar, problemas que lidam com multiplicação e divisão, exercícios com
as técnicas operatórias da adição e subtração, dos procedimentos de cálculo mental
e estimativas. Também se retoma o estudo das medidas, das noções de geometria
e de noções de estatística.
5
200 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Ao final deste módulo, o desafio dos alunos será o de elaborar problemas com
tabelas e gráficos, criando os contextos para essas representações gráficas.
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Um pouco da
história dos números
O objetivo desta atividade é mostrar aos alunos que o conhecimento matemá-
tico é construído pelos homens para resolver problemas com os quais eles se
defrontam ao longo dos tempos.
Antes de iniciar a leitura do texto, conte para sua turma que uma das primei-
ras necessidades dos homens foi a de identificar e registrar quantidades e que,
para resolver esse problema, eles criaram procedimentos, inventaram símbolos e
regras que acabaram dando origem a diferentes sistemas de numeração. Esses
sistemas de numeração foram sendo aperfeiçoados até chegar ao Sistema de
Numeração Decimal  o sistema que usamos para ler e escrever os números.
Nosso sistema de numeração é de origem indo-arábica e suas características
principais são: os agrupamentos na base dez e a escrita posicional.
Leia em voz alta o texto A história de uma grande invenção, que aparece no
livro do aluno.
Explore a idéia de correspondência entre quantidades de dois ou mais grupos,
fazendo com que os alunos percebam que mesmo sem saber, por exemplo, quantos
homens e mulheres há num determinado grupo de pessoas, é possível descobrir
se há mais homens ou mulheres nesse grupo. Para tanto, basta formar pares (um
homem e uma mulher). Se alguma mulher ficar sem par é porque há mais mulheres
do que homens, se algum homem ficar sem par é porque há mais homens do que
mulheres. Para verificar se eles compreenderam esta idéia, proponha que façam
comparações entre conjuntos de materiais (palitos, tampas, fichas etc.) ou desenhos
para representar as seguintes situações:
(p. 288)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 201
num ônibus entraram mais passageiros do que os lugares disponíveis para
sentar;
numa loja trabalham tantos homens quanto é o número de mulheres;
na seção de embalagens de uma fábrica de doces há tantos pacotes de
biscoitos quanto são os pacotes de balas. Há tantos pacotes de doce de
leite quanto são os pacotes de balas. Há mais pacotes de doce de leite
ou de biscoitos? Justifique.
Ao trabalhar com essas situações é importante que os alunos percebam que,
para resolvê-las, eles não precisam saber a quantidade de elementos de cada
grupo mas sim expressar as relações indicadas, para quaisquer quantidades
que venham a representar.
Depois conte para a classe que um dos sistemas de numeração mais antigos
do qual se tem conhecimento é o sistema egípcio. Em 3300 a.C. os egípcios cri-
aram sete símbolos para representar quantidades:
a) b) c) d) e) f)
a) traço vertical ou bastão para o um d) flor de lótus para mil
b) osso de calcanhar invertido para o dez e) dedo dobrado para dez mil
c) corda enrolada para o cem f) peixe para cem mil
5
202 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
No sistema de numeração egípcio cada símbolo podia ser repetido até nove
vezes e dessa maneira eles conseguiam representar quantidades bastante ele-
vadas. Embora já aparecessem os agrupamentos de dez, esse sistema não era
posicional e só era possível registrar quantidades que não ultrapassassem mi-
lhões.
Faça com que os alunos interpretem e discutam o registro de números escri-
tos no sistema egípcio para que possam observar algumas regras dessa nume-
ração. Se julgar conveniente escreva no quadro de giz outros números no siste-
ma egípcio para que os identifiquem e comparem-nos.
É interessante desenvolver um pouco mais o estudo dos sistemas de nume-
ração antigos. Podem-se obter mais informações sobre esse assunto em obras
que tratam da história da matemática como: Os números: a história de uma gran-
de invenção de George Ifrah, em livros paradidáticos, vídeos etc.
No decorrer desta atividade também exploram-se outros agrupamentos que
são utilizados em situações de contagem e medidas como a dúzia e a base 60
nas medidas de tempo (segundo, minuto, hora).
No final da atividade propõe-se uma questão para que os alunos reflitam sobre
a criação dos números e usem as informações que lhes foram apresentadas para
justificarem suas respostas.
Seqüências de números
Nesta atividade os alunos irão identificar e utilizar regras para completar
seqüências numéricas de 1 em 1, 3 em 3, 10 em 10 e 10.000 em 10.000. Sempre
que houver oportunidade é interessante propor atividades, no quadro de giz ou
oralmente, para que a classe descubra e complete seqüências de números, va-
riando as regras.
Também solicita-se aos alunos que transformem um número escrito com quatro
dígitos em um número escrito com cinco dígitos, encaixando um determinado
algarismo, de modo a construir o maior e o menor número possível, sem deslocar
os demais algarismos. Nesse caso espera-se que eles escrevam os números
78.143 e 37.814. Ao explorar essa atividade é interessante registrar no quadro
de giz diferentes respostas a fim de compará-las e discuti-las.
(p. 293)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 203
Embalando e empilhando
Por meio de uma situação-problema busca-se fazer com que os alunos agru-
pem quantidades de 10 em 10, de 100 em 100, de 1.000 em 1.000 e estabeleçam
relações entre esses agrupamentos. Com isto explora-se, mais uma vez, a cons-
trução de agrupamentos na base 10 (não é necessário usar esse termo com os
alunos) que é uma característica do nosso sistema de numeração. Forme duplas
de trabalho e oriente-os na resolução desses problemas. Faça correção coletiva
dos problemas.
Representando números
Nesta atividade busca-se explorar o princípio posicional na escrita numéri-
ca, outra característica do nosso sistema de numeração, fazendo com que os
alunos percebam os deslocamentos que acontecem na tabela valor de lugar quan-
do um número é multiplicado ou dividido por 10 ou por 100. Aproveite a oportuni-
dade para retomar a terminologia própria do sistema de numeração decimal
fazendo com que os alunos identifiquem as diferentes ordens e classes e associ-
em cada uma das ordens ao valor relativo dos algarismos nela representados. Por
exemplo, 5 escrito na ordem das dezenas vale 50 e escrito na ordem das centenas
vale 500.
Quando os alunos tiverem completado a tabela, solicite que troquem os
cadernos entre si e corrijam o trabalho do colega, verificando os números repre-
sentados na tabela valor de lugar. Incentive-os a construírem argumentos para
explicar por que concordam ou discordam das respostas dadas pelos colegas.
É importante que os alunos percebam que, para aprender matemática, não
basta produzir respostas mas é preciso justificá-las, ou seja, defender pontos de
vista, e que isto se faz construindo argumentos. Para que os argumentos sejam
válidos, do ponto de vista matemático, é preciso que possam responder aos con-
tra-argumentos que lhe forem impostos, por isso precisam estar apoiados em con-
teúdos matemáticos. Dessa forma, é importante incentivar os alunos a construí-
rem justificativas para suas respostas, mesmo que ainda não saibam usar, de
maneira apropriada, a terminologia ou a simbologia matemática. Num primeiro
(p. 294)
(p. 295)
5
204 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
momento, é importante que eles consigam expressar oralmente a coerência lógica
das relações que estabelecem.
Os ônibus; No jogo de
futebol; Comprando na feira
A partir da análise de situações-problema relacionadas a contextos conheci-
dos dos alunos retomam-se os significados da adição/subtração, multiplicação/
divisão, que vêm sendo explorados ao longo do primeiro e segundo livros desta
coleção. Oriente os alunos para que resolvam esses problemas individualmente
e faça correções coletivas.
Tapando buracos
Esta atividade permite observar se os alunos realmente compreenderam a
técnica operatória convencional da adição e da subtração. Antes de apresentá-la
à classe, escreva no quadro de giz algumas contas incompletas e chame os alunos
para completá-las. Ajude-os a interpretarem o que é para ser feito. Por meio de
perguntas, estimule-os a explicarem seus raciocínios e discuta as diferentes
hipóteses que surgirem.
Por exemplo, no caso de:
16
+
35
=
82
Faça com que percebam que é necessário descobrir qual é o número que
somado a 5 resulta em 12. Depois que concluírem que é o 7, mostre que na colu-
na das dezenas será necessário acrescentar 1. Assim, nessa coluna eles terão
que somar 1, 6 e o número desconhecido e o resultado deverá ser 8; portanto, o
número desconhecido é 1. Na coluna das centenas terão que descobrir apenas
que a soma entre 1 e 3 é 4. A conta completa ficará assim:
(p. 295)
(p. 298)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 205
167
+
315
=
482
Neste caso só há uma opção para cada número desconhecido mas, depen-
dendo dos números envolvidos na conta, pode existir mais do que uma opção.
Para preencher os buracos das contas os alunos irão fazer estimativas, usar o
cálculo mental e estabelecer relações entre a adição e a subtração.
Calculando de cabeça
e conferindo na calculadora
Para dar continuidade ao exercício do cálculo apresenta-se uma série de
adições e subtrações, cujos resultados os alunos irão descobrir por meio de cál-
culo mental e depois conferi-los com o resultado obtido na calculadora.
Gastos
Trata-se de uma atividade semelhante à anterior, mas agora os alunos são
solicitados a fazerem cálculos aproximados e depois utilizar a calculadora para
verificar se suas estimativas foram adequadas. Ao explorar esta atividade é im-
portante que eles percebam que, para fazer boas estimativas, não basta esta-
belecer as relações é maior que ou é menor que: é preciso estabelecer rela-
ções como estar entre. Identificando os intervalos que tornam uma estimativa
aceitável ou não os alunos vão aprendendo a justificar suas opiniões e a aper-
feiçoar seus procedimentos de cálculo.
O uso associado de calculadoras e estimativas é importante para que eles
avaliem se utilizam corretamente o instrumento e se o resultado estimado é ra-
zoável. Assim, a prática da estimativa pode ajudar a reduzir a incidência de er-
ros no cálculo e evitar o uso mecânico da calculadora.
(p. 299)
(p. 300)
5
206 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Viagens pelo Rio Grande do Norte
Neste módulo as atividades envolvendo medidas exploram a noção de dis-
tância, o reconhecimento da distância entre pontos, a representação de distân-
cias, a orientação e a localização em plantas e croquis. Essas atividades também
envolvem noções geométricas espaciais como direção e sentido assim como a
representação geométrica de um determinado espaço.
A leitura, interpretação e construção de plantas e croquis possibilitam aos
alunos aprenderem a interpretar e localizar certas referências espaciais que
podem colaborar para que se orientem nos espaços cotidianos. Além disso, a
representação geométrica é uma ferramenta útil que permite expressar idéias
e conhecimentos geométricos, é um tipo particular de linguagem que se utiliza
de esquemas, figuras e desenhos. É também um tipo de descrição que impõe,
para quem a faz, a observar, a ordenar, a situar-se no espaço, a estabelecer
relações entre o que se quer representar (descrição oral) e a representação pro-
priamente dita (desenho).
Com esta atividade pretende-se fazer com que os alunos se familiarizem com
a interpretação de representações que aparecem em guias rodoviários e croquis.
Ajude-os a interpretar o mapa fazendo com que observem as cidades repre-
sentadas e as distâncias entre elas, indicadas em km pelos números que apare-
cem ao lado das estradas. Caso haja condições, faça com que analisem outros
roteiros semelhantes ao que aparece no livro do aluno. Antes de propor que res-
pondam as perguntas do livro, certifique-se de que todos sabem interpretar o ro-
teiro. Para responderem quanto tempo um caminhão leva para percorrer uma certa
distância eles terão que pesquisar qual é a velocidade permitida nas rodovias e
fazer alguns cálculos.
Ao analisar o roteiro que liga a cidade de Natal a Mossoró é interessante
explorar o significado geométrico dos termos direção e sentido, mostrando a
diferença que existe entre eles.
Nesse caso a estrada que liga Natal a Mossoró representa uma única di-
reção; porém, um veículo que esteja em algum ponto dessa estrada pode estar
seguindo no sentido de Mossoró ou no sentido de Natal. Numa única direção
existem dois sentidos. Comumente usam-se os termos direção e sentido como
sinônimos, embora geometricamente eles sejam diferentes. Por isso, quando
(p. 300)
5
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 207
surgirem situações práticas é interessante ir evidenciando essa diferença para
os alunos.
Em seguida, apresentam-se algumas informações escritas e um croqui para
que os alunos identifiquem um determinado local. Ajude-os nessa identificação
fazendo um desenho ampliado desse croqui num cartaz ou no quadro de giz e
chamando diferentes alunos para marcarem os pontos de referência indicados.
Depois, apresente o mesmo croqui, variando sua orientação e omitindo as re-
ferências para que os alunos as localizem. Oriente-os a realizarem a atividade
propondo perguntas, como por exemplo: neste desenho onde fica a ponte um? E
a ponte dois?
Pode-se também propor uma outra atividade dividindo os alunos em grupos
e solicitando a cada um deles que escreva num papel as indicações para se chegar
a um determinado local. Peça que troquem os papéis. Cada grupo vai tentar
desenhar um croqui de acordo com as informações que o outro indicou. Para
conferir, um aluno faz a leitura das informações iniciais enquanto outro verifica
se é possível acompanhá-las observando o croqui. Permita que os grupos refaçam
suas indicações ou seus desenhos.
Elaborando problemas
Nos módulos anteriores os alunos tiveram oportunidade de interpretar e
representar, em listas, tabelas de dupla entrada e gráficos, informações rela-
cionadas a determinadas situações-problema e de perceberem a utilidade de
cada uma dessas formas de representação. Agora solicita-se a eles que cons-
truam situações-problema compatíveis com dados apresentados por meio des-
sas representações.
Analise com a classe cada uma das representações apresentadas: a lista, a
tabela de dupla entrada e o gráfico de barras. Solicite aos alunos que construam
oralmente situações-problema para cada uma delas. Faça com que percebam que,
ao construir um problema, é necessário que fiquem bastante claras as informa-
ções disponíveis e a pergunta que se busca responder.
Um aspecto a ser ressaltado nesse momento é fazer com que eles também
percebam que os números devem ser compatíveis com determinados contextos.
Assim, por exemplo, os números que aparecem na tabela de dupla entrada, que
(p. 303)
5
208 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
são da ordem de centenas, podem ser associados a quantidades de pessoas
que moram num determinado lugar ou a quantidade de produtos produzidos por
uma fábrica, mas não são adequados para representar o número de pessoas
que moram numa casa comum ou o número de refrigerantes que uma família
costuma comprar no supermercado.
Depois que os alunos tiverem construído algumas situações orais, peça que
escrevam os textos dos problemas. Percorra os grupos orientando a execução
da tarefa. Solicite aos diferentes grupos que apresentem seus problemas para
a classe escrevendo-os no quadro de giz. Discuta separadamente cada situação
fazendo com que eles observem: se a pergunta do problema está clara, se as
informações apresentadas no texto são suficientes para resolvê-lo, se há infor-
mações desnecessárias. É importante também que eles observem e discutam
os diferentes problemas que podem estar associados à uma mesma
representação.
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 209
Unidade 6:
Um pouco mais de Língua Portuguesa
Como forma de encerrar o estudo das várias fases da vida, a principal ati-
vidade proposta nesta unidade é a produção de uma autobiografia, em que os
alunos poderão sistematizar a reflexão que fizeram sobre a história de sua vida.
Para prepará-los para essa produção, são apresentados alguns textos
biográficos e autobiográficos que podem servir de parâmetro e estímulo à
produção dos alunos. Além disso, as propostas de estudo de texto também
sugerem reminiscências do passado, que também preparam os alunos para uma
produção escrita que deve ser valorizada como resultado de uma importante
etapa no processo de aprendizado.
Mais uma vez, em caráter complementar, sugerem-se atividades que foca-
lizam a pontuação e as questões ortográficas. Na unidade introduz-se ainda os
conceitos de homônimo e sinônimo, com o objetivo de sensibilizar os alunos para
a significação das palavras. Propõe-se também uma reflexão sobre os diferentes
modos de falar, especialmente as modificações que a linguagem sofre com o
passar do tempo.
6
210 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
Sugestões para o
desenvolvimento das atividades
Biografia
O objetivo da atividade é familiarizar os alunos com este tipo de texto. Leia
em voz alta a biografia de Mãe Menininha e pergunte se os alunos já haviam ouvido
falar nela. Em caso positivo, pergunte que outros fatos de sua vida poderiam
complementar esta biografia. Em caso negativo, explore o quanto as informações
fornecidas são suficientes para se formar uma idéia de sua personalidade e de
sua história de vida.
Oriente os alunos na cópia das duas outras biografias, que devem ser com-
pletadas com as palavras correspondentes a cada lacuna. Observe que, ao bus-
car a palavra que completa a lacuna, o aluno é obrigado a refletir sobre a estrutu-
ra da língua, ou seja, como manter a coerência do enunciado, se está correta a
concordância entre as palavras etc.
Autobiografia
Os alunos terão oportunidade de ler um trecho da autobiografia de um gran-
de poeta latino-americano: Pablo Neruda. É interessante chamar a atenção dos
alunos para o fato de que, no texto autobiográfico, o narrador (o que conta a história)
é também o personagem central.
Observe que o trecho se refere a uma passagem importante de sua vida, o
primeiro poema que escreveu. Incentive os alunos a lerem o texto silenciosamen-
te e depois solicite que reproduzam oralmente o que entenderam. Esclareça even-
tuais dúvidas sobre o vocabulário e, se considerar necessário, faça uma leitura
em voz alta do texto. Explore os sentimentos infantis retratados na passagem, a
visão de mundo dos adultos como algo distante do mundo do menino. Enfim, solicite
que os alunos discutam em grupo as questões propostas a seguir.
(p. 304)
(p. 306)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 211
Relato autobiográfico
Além das biografias propriamente ditas, há outras formas de narrativa que
também retratam experiências do próprio autor; por exemplo, os relatos de via-
gem. Escolhemos alguns fragmentos do livro de Amir Klink, em que o autor
rememora sua primeira experiência de travessia marítima num barco a remo.
É interessante que os alunos observem os recursos narrativos empregados
pelo autor. O carinho que ele dedica à canoa o leva tratá-la como se fosse uma
pessoa, tanto que só a partir do terceiro parágrafo nos certificamos de que Rosa
não é uma pessoa. O roteiro de estudo do texto também induz o aluno às lem-
branças de experiências marcantes de suas próprias vidas.
Álbum de fotografia
Outro importante recurso ao qual os alunos podem recorrer para recons-
truir a história de sua vida são as fotografias.
Incentive os alunos a trazerem suas fotografias, mostrá-las aos colegas e
contar a que fase da vida correspondem. Caso haja interesse e disponibilidade,
oriente os alunos na organização de um álbum pessoal. Para cada foto deve ser
elaborada uma legenda, que explique o momento em que foi tirada, quem esta-
va junto etc.
Livro de autobiografias
Proponha a realização dessa atividade com a importância que ela merece:
é uma oportunidade de seus alunos produzirem um texto mais elaborado, mo-
bilizando várias aprendizagens. Dedique à atividade tempo suficiente para que
os alunos possam produzir textos bem elaborados. Insista em que, antes de
chegar a uma versão final, um texto pode passar por várias reescritas. Ajude-
os na revisão de seus textos antes que passem a limpo a versão final.
Um fator altamente motivador pode ser a perspectiva de imprimir o próprio
texto, ainda que por meios simples. Caso seja possível providencie a datilogra-
(p. 308)
(p. 310)
6
212 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
fia ou digitação dos textos, assim como a reprodução de um livro reunindo as
autobiografias da turma.
Leitura em voz alta
A proposta pedagógica desse livros, considerando que os alunos são leito-
res iniciantes, enfatiza a leitura em voz alta feita pelo professor como um meio
de aproximar os alunos dos textos escritos e promover a leitura compreensiva.
Também há várias atividades que solicitam a leitura silenciosa e a análise dos
textos por meio de conversas e roteiros de estudos.
Mesmo sendo esses os focos principais do trabalho com leitura, é importante
desenvolver a habilidade de leitura em voz alta. Tal habilidade corresponde à
socialização de informações escritas em grupos com os quais os alunos convi-
vem (ler para os amigos de trabalho, ler para os filhos etc.) e colabora para a
desinibição dos alunos.
Inicialmente, apresente o texto aos alunos, solicite que façam uma leitura
silenciosa e, a seguir, leia o texto em voz alta. Explore o texto oralmente, usan-
do para isso as perguntas que aparecem na seqüência. Estimule os alunos a expor
suas opiniões e respostas e contrapô-las com as dos colegas. Então, organize
sua turma em grupos e proponha que criem formas diferentes de fazer uma leitura
do texto em voz alta para a classe.
Oriente-os de modo que cada grupo produza um jogral diferente. Se houver
possibilidade, faça apresentações para outras turmas da escola ou para pessoas
da comunidade.
Também explore as perguntas do roteiro de estudo. Estimule-os a reescre-
ver o poema, contando como seria a vida de cada um dos alunos se pudessem
vivê-la novamente. Esses textos também podem ser lidos em voz alta pela turma.
Ortografia: C, Ç e S
As atividades de ortografia com as letras C, Ç e S têm como objetivo pro-
blematizar o fato de que várias letras podem representar o mesmo som. Lendo
os textos e comparando as escritas de palavras que são escritas com C, Ç e S
(p. 311)
(p. 313)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 213
os alunos poderão observar o que há de comum no uso dessas letras e perceber
algumas regras que podem servir de referência para escrever.
Ortografia: S com som de Z
Esse conjunto de atividade apresenta outro som que a letra S pode assumir:
a representação do som de Z. É importante que os alunos percebam os casos
em que isto pode ocorrer (quando o S está entre duas vogais). Problematize essa
regra da ortografia, apresentando aos alunos os casos em que isso pode ocorrer,
comparando e chegando a uma regra a partir do que os alunos puderam observar.
Um pouco mais sobre a letra S
Nas atividades propostas os alunos irão observar a posição da letra S na
sílaba, seja na formação das sílabas as, es, is, os e us como na formação do plu-
ral de algumas palavras. Coloque as palavras usadas no exercício 1 no quadro
de giz e explore o lugar em que a letra S ocupa na sílaba (logo após a vogal) e
na palavra, compare com outras palavras nas quais a letra S aparece antes da
vogal (sapato  astro).
Proceda da mesma forma na atividade Modificando quantidades, que trata
da formação do plural. Depois que os alunos analisarem coletivamente as pala-
vras em cada um dos casos, proponha que elaborem a escrita de uma regra so-
bre como flexionar as palavras no plural. Você pode montar um cartaz com es-
sas regras e exemplos de palavras para que sirva de referência aos alunos.
O significado das palavras
Explique para os alunos o conceito de homônimos (palavras iguais com sig-
nificados diferentes) e sinônimos (palavras diferentes com significados semelhan-
tes). Dê exemplos de palavras que são sinônimos e homônimos e em seguida leia
em voz alta o título da letra de música Uma cesta cheia da sexta (não deixe que
os alunos leiam o título em seus livros) e pergunte o significado das palavras cesta
(p. 315)
(p. 316)
(p. 319)
6
214 Viver, Aprender 2 - Guia do Educador
e sexta que você acabou de ler. Essa problematização pode causar dúvidas, pois
essas duas palavras têm o mesmo som com significados diferentes. A seguir es-
creva o título no quadro de giz e discuta seu significado novamente.
Peça que leiam a letra de música e que prestem atenção no uso das palavras
cesta, sexta e Oxalá. A seguir, explore os exemplos e explicações sobre os si-
nônimos e homônimos e oriente-os na realização dos exercícios. Faça uma cor-
reção coletiva da atividade.
Ortografia: a letra X
O objetivo desse conjunto de atividades é apresentar aos alunos os diversos
sons que a letra X pode representar. Coloque os quadros explicativos no qua-
dro de giz e, a seguir, discuta com os alunos os sons que a letra X pode repre-
sentar. Incentive os alunos a completarem a lista de palavras e se quiser monte
um cartaz com palavras escritas com a letra X para que possam usar como re-
ferência para escrever.
Pontuação
Leia o texto História de mineiro em voz alta para os alunos e peça que acom-
panhem sua leitura. Comente sobre o conteúdo do texto. Peça que identifiquem
todos os sinais de pontuação, observando cada um dos parágrafos.
Os trechos entre aspas correspondem às cartas escritas pelos personagens
(o filho e o pai). Explique a razão do uso das aspas nesse texto. Explore os exer-
cícios que aparecem na seqüência, corrigindo coletivamente. Registre a regra
sobre o uso do travessão elaborada pelos alunos, discuta sobre o uso do ponto
de interrogação. Se houver disponibilidade, explore o número de parágrafos do
texto.
Retome o estudo que os alunos fizeram sobre as cartas e proponha que es-
crevam uma carta colocando-se no lugar do personagem  pai. Observe que
assumir o ponto de vista alheio para produzir um texto pode representar uma
dificuldade para os alunos. Acompanhe a produção das cartas pelos alunos,
orientando-os para que não se esqueçam que devem se colocar como o pai dessa
(p. 321)
(p. 322)
6
Viver, Aprender 2 - Guia do Educador 215
história. Durante a produção do texto leia algumas cartas em voz alta e peça a
opinião dos alunos para melhorá-la ou modificar o que considerarem necessá-
rio (peça sempre a permissão do autor do texto para corrigir coletivamente ou
ler o texto para a turma). Faça correções individuais das cartas e observe o uso
da pontuação e parágrafo pelos alunos; se houver disponibilidade leia cada uma
das cartas em voz alta para sua turma.
Modos de falar: diferentes
gerações, diferentes expressões
Essa atividade retoma a variação lingüística, desta vez enfocando as dife-
renças no modo de falar entre gerações. Conduza o debate e as atividades in-
centivando os alunos a reconhecerem as variedades lingüísticas como aspecto
enriquecedor de uma língua. Incentive-os também à tolerância e ao respeito às
diferenças.
(p. 325)
Esta publicação foi composta pela
Bracher & Malta em Sabon e Univers
com fotolitos do Bureau 34 para o
MEC, em dezembro de 1998.
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