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Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do
Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose
Camila Lourencini Cavellani
Uberaba - Minas Gerais
2007
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Camila Lourencini Cavellani
Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do
Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose
Tese apresentada ao curso de Pós-Graduação em
Patologia, área de concentração “Patologia Geral”,
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
como requisito parcial para a obtenção do Título de
Mestre.
Orientador: Vicente de Paula Antunes Teixeira
Co - orientadora: Marlene Antônia dos Reis
Uberaba - Minas Gerais
2007
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Cavellani, Camila Lourencini
C374a Análise das alterações patológicas decorrentes do
envelhecimento em indivíduos com cisticercose / Camila
Lourencini Cavellani. – 2007.
82f.; fig.; tab.; graf.; + anexos
Tese (Mestrado em Patologia) – Universidade Federal do
Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, 2007.
Orientador: Prof. Dr. Vicente de Paula Antunes Teixeira
1.CISTICERCOSE. 2. IDOSO. 3. MORFOMETRIA.
I.Título. II. Teixeira, Vicente de Paula Antunes.
NLM-WC838
ii
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles
iii
Aos meus pais, Celso e Lourdes, pelo esforço e empenho
devotados à minha formação pessoal e pelo apoio incondicional
à minha carreira profissional.
"A sabedoria não nos é dada. É preciso descobri-lá por nós mesmos, depois de
uma viagem que ninguém nos pode poupar ou fazer por nós."
Marcel Proust
iv
"Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz
somente até onde os outros foram."
Alexandre Graham Bell
v
Agradecimentos
Seria impossível registrar aqui o nome de todos aos que devo o mais profundo
agradecimento por terem me auxiliado das formas mais diversas e eficientes na
realização desta pesquisa.
vi
Aos meus pais Celso e Lourdes
A vocês meus pais, que compartilharam comigo meus ideais e os
alimentaram, incentivando-me a prosseguir na jornada e mostrando-me que o
caminho deveria ser seguido sem medo, fossem quais fossem os obstáculos.
Minha eterna gratidão vai além de sentimentos, pois vocês cumpriram o dom
divino. O dom de ser Pai, o dom de ser Mãe.
“O ser humano não pode deixar de cometer erros; é
com os erros que os homens de bom senso aprendem
a sabedoria para o futuro.”
Plutarco
vii
Ao meu irmão Caio
Que com sua firmeza de caráter, dedicação, empenho pessoal e profissional
se mostrou um exemplo constante de ser humano que luta por seus ideais.
"O destino não é uma questão de sorte,
é uma questão de escolha; não é algo a
s
e esperar, é algo a se conquistar.
"
William Jennings Bryan
viii
Ao meu orientador Vicente
Minha sincera gratidão pelo desprendimento e empenho com que realiza a
nobre missão do ensino. Pelas vezes que me estendeu as mãos nas horas de
dúvida e nos momentos difíceis, e principalmente pela contribuição inestimável
em grande parcela da minha formação pessoal, acadêmica e científica. Obrigado
pelo exemplo de dedicação, de humildade e de firmeza de caráter.
“O desejo é a própria essência do Homem”
Baruch de Spinoza
ix
A minha co-orientadora Marlene
Amiga e co-orientadora deste trabalho, pela competência e disciplina
profissional. Seus conhecimentos, críticas e sugestões constantes tornaram
possível a realização desta pesquisa. Seu amor pela ciência e pelo esporte me
contagiou, ajudou-me a crescer e a tornar-me uma pessoa melhor. Obrigado
pelas oportunidades de aprendizado e pelas horas de agradável convivência.
“Nossas vidas são tecidas pelo mesmo
f
io dos nossos sonhos.”
W. Shakespeare
x
A toda minha família, em especial aos meus avós, Antônio (in memorium), Joana, Maria e
Luiz, pela sabedoria doada a cada dia de suas vidas e pelas orações que sempre me
fortaleceram;
A Universidade Federal do Triângulo Mineiro, eterna escola, que através de seus mestres
e funcionários, sempre me apoiou para que pudesse desempenhar meus compromissos e
desafios da melhor forma possível;
A professora da Patologia Geral, Eumênia Costa da Cunha Castro, que sempre se
mostrou presente e disposta a me auxiliar. Agradeço pela sua maneira doce de ensinar,
pela sua juventude que contagia todos ao seu redor, e pela disposição e prazer sempre
demonstrados durante a realização de exercícios físicos;
A professora de Patologia Geral, Rosana Rosa Miranda Corrêa, inestimável amiga e
companheira de pós-graduação, pelo tempo, conhecimento, críticas e sugestões
constantes. Seu exemplo de vida e de caráter me estimulam a lutar por meus sonhos e
ideais;
Aos funcionários da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, especialmente da
Disciplina de Patologia Geral, sem a compreensão, a inteligência, a boa vontade e a
dedicação desses funcionários não teria sido possível a realização desta pesquisa: Aloísio
Costa, Edson Aparecido dos Santos, Elenemar Flausino Borges, Jucélia Ribeiro Torres,
Lourimar José de Morais, Maria Helena Soares Costa Batista, Maria Prado de Moraes,
Pedro Henrique de Oliveira Ramalho, Vandair Gonçalves Pereira e Sônia Mara Sobrinho;
xi
Aos companheiros de Pós-Graduação e de iniciação científica, pela amizade, carinho,
troca de experiências, companheirismo e aprendizado no convívio diário: Ana Carolina
Guimarães Faleiros, Ana Karina Marques Salge, Ana Paula Espíndula, Débora Tavares de
Resende e Silva Abade, Janaínna Grazielle Pacheco Olegário, Juliana Regina Dias, Laura
Penna Rocha, Mara Lúcia de Fonseca Ferraz, Matheus Corrêa Castro, Renata Beatriz
Silva, Renata Pereira Paes, Renata Calciolari Rossi, Sílvia Azevedo Terra, Venina Marcela
Dominical e Virlanea Augusta de Lima;
E a todos aqueles que, no anonimato, de forma direta ou indireta, colaboraram para que
fosse possível a realização deste trabalho.
Obrigada.
“Só a experiência própria é capaz de
tornar sábio o ser humano”.
F
reu
d
xii
O presente trabalho foi realizado com os recursos financeiros da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Ensino e Pesquisa de Uberaba
(FUNEPU), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES).
xiii
Sumário
Lista de abreviaturas e siglas.......................................................................................................xvi
Lista de tabelas................................................................................................................................xvi
Lista de figuras..................................................................................................................................xx
Resumo...............................................................................................................................................xxi
Abstract.............................................................................................................................................xxiii
Introdução..........................................................................................................................................25
1. Cisticercose..............................................................................................................................01
1.1Teníase e Cisticercose......................................................................................................01
1.2 Histórico...........................................................................................................................01
1.3 Ciclo biológico e transmissão........................................................................................03
1.4 Morfologia do cisticerco.................................................................................................04
1.5 Etapas evolutivas.............................................................................................................04
1.6 Aspectos clínicos e imunológicos.................................................................................05
1.7 Epidemiologia e controle...............................................................................................06
2. Idoso.........................................................................................................................................08
2.1 A transição epidemiológica e as alterações devido ao envelhecimento..................08
2.2 Os diferentes sistemas do organismo durante o envelhecimento............................09
2.3 O coração e o encéfalo no envelhecimento................................................................10
2.4 Imunosenescência............................................................................................................11
2.5 Alterações nos Linfócitos T durante o envelhecimento............................................12
3. Cisticercose e envelhecimento..............................................................................................14
3.1 A cisticercose no indivíduo idoso.................................................................................14
Hipótese..............................................................................................................................................16
Objetivos gerais e específicos.......................................................................................................18
xiv
Casuística e métodos......................................................................................................................20
1. Dados demográficos...............................................................................................................20
2. Causas de morte......................................................................................................................21
3. Etapas evolutivas do cisticerco.............................................................................................21
4. Preparação do material...........................................................................................................21
5. Morfometria.............................................................................................................................22
5.1 Infiltrado inflamatório....................................................................................................23
5.2 Fibrose...............................................................................................................................23
6. Análise estatística....................................................................................................................25
7. Aspectos éticos........................................................................................................................25
8. Normas para a confecção do manuscrito............................................................................26
Resultados...........................................................................................................................................28
1. Aspectos epidemiológicos.....................................................................................................28
2. Causas de morte......................................................................................................................33
3. Morfometria macroscópica....................................................................................................36
3.1 Peso cardíaco, relação Pca/Pco e processos patológicos gerais..............................36
3.2 Peso encefálico e processos patológicos gerais...........................................................39
4. Morfometria microscópica ...................................................................................................41
4.1 Morfometria do infiltrado inflamatório cardíaco.......................................................41
4.2 Morfometria do infiltrado inflamatório encefálico....................................................45
4.3 Morfometria da fibrose cardíaca...................................................................................49
4.4 Morfometria da fibrose encefálica................................................................................52
Discussão............................................................................................................................................57
Conclusão............................................................................................................................................66
Referências.........................................................................................................................................69
Anexos..................................................................................................................................................79
xv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
a.C.: Antes de Cristo
CEP/UFTM: Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
EGN: Etapa Granular Nodular
ENC: Etapa Nodular Calcificada
EV: Etapa Vesicular
EVC: Etapa Vesicular Coloidal
H: Kruskal Wallis
HE: Hospital Escola
IFN: Interferon
IL: Interleucina
IMC: Índice de Massa Corporal
M-FAF: Fator de ativação de fibroblastos
MG: Minas Gerais
OMS: Organização Mundial de Saúde
OPAS: Organização Panamericana de Saúde
PAS: Ácido Periódico de Schiff
Pca/Pco: Relação do peso cardíaco sobre o peso corporal
PPG: Processos Patológicos Gerais
r: Coeficiente de Correlação de Pearson
rS: Coeficiente de Correlação de Spearman
T: Mann Whitney
Th: Resposta T helper
TNF: Fator de necrose tumoral
UFTM: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Distribuição do gênero, da cor e da faixa etária de acordo com as décadas em 20
indivíduos idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a
2006....................................................................................................................................32
Tabela 2. Distribuição das décadas, da faixa etária, do gênero e da cor de acordo com as
causas de morte em 20 idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a
2006....................................................................................................................................34
Tabela 3. Comparação do peso cardíaco de 18 idosos e 48 não idosos com cisticercose
autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.................................................................36
Tabela 4. Comparação do peso encefálico de 14 idosos e 40 não idosos com cisticercose
autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.................................................................39
Tabela 5. Comparação do infiltrado inflamatório cardíaco entre 11 idosos e 14 não idosos
com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007...............................41
Tabela 6. Comparação do infiltrado inflamatório cardíaco de acordo com a faixa etária de 11
idosos e 14 não idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a
2007....................................................................................................................................42
xvii
Tabela 7. Comparação do infiltrado inflamatório cardíaco quanto ao gênero de 11 idosos e
14 não idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007...........43
Tabela 8. Comparação do infiltrado inflamatório cardíaco quanto ao acometimento do
coração pela cisticercose de 11 idosos e 14 não idosos com cisticercose
autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.................................................................44
Tabela 9. Comparação do infiltrado inflamatório encefálico de 10 idosos e 16 não idosos
com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007...............................45
Tabela 10. Comparação do infiltrado inflamatório encefálico de acordo com a faixa etária de
10 idosos e 16 não idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a
2007....................................................................................................................................46
Tabela 11. Comparação do infiltrado inflamatório encefálico quanto ao gênero de 10 idosos
e 16 não idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a
2007....................................................................................................................................47
xviii
Tabela 12. Comparação da fibrose cardíaca de 11 idosos e 14 não idosos com cisticercose
autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.................................................................49
Tabela 13. Comparação da fibrose cardíaca de acordo com a faixa etária de 11 idosos e 14
não idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007........50
Tabela 14. Comparação da fibrose cardíaca quanto ao gênero de 11 idosos e 14 não idosos
com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007............................51
Tabela 15. Comparação da fibrose cardíaca quanto ao acometimento do coração pela
cisticercose de 11 idosos e 14 não idosos com cisticercose autopsiados no
Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG),
no período de 1970 a 2007...........................................................................................51
Tabela 16. Comparação da fibrose encefálica de 10 idosos com cisticercose e 15 idosos sem
cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007............................52
Tabela 17. Comparação da fibrose encefálica de acordo com a faixa etária de 10 idosos e 16
não idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007........53
xix
Tabela 18. Comparação da fibrose encefálica quanto ao gênero de 10 idosos com
cisticercose e 15 idosos sem cisticercose autopsiados no Hospital Escola da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970
a 2007...............................................................................................................................54
xx
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Morfometria computadorizada microscópica automática...................................................24
Figura 2. Distribuição por décadas de 20 idosos e 52 não idosos com cisticercose autopsiados no
Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no
período de 1970 a 2007............................................................................................................28
Figura 3. Distribuição segundo a localização da cisticercose de 20 idosos e 55 não idosos com
cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.........................................................29
Figura 4. Aspecto microscópico de cisticercos de localização cardíaca e encefálica, obtidos de
indivíduos idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007...................30
Figura 5. Distribuição segundo o estado nutricional de 08 idosos e 20 não idosos com cisticercose
autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba
(MG), no período de 1970 a 2007. ..........................................................................................31
Figura 6. Distribuição das causas de morte de 20 idosos e 55 não idosos com cisticercose
autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.........................................................................33
xxi
Figura 7. Aspecto macroscópico de corações e cisticercos obtidos de idosos autopsiados com
cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.........................................................38
Figura 8. Aspecto microscópico do infiltrado inflamatório cardíaco e encefálico de idosos com
cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.........................................................48
Figura 9. Aspecto microscópico da fibrose cardíaca e encefálica de idosos com cisticercose
autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.........................................................................55
xxii
RESUMO
A imunosenescência, uma peculiaridade do processo de envelhecimento, aumenta a
susceptibilidade dos indivíduos idosos às neoplasias, às infecções e às parasitoses, entre elas, à
cisticercose. Os objetivos desse trabalho foram caracterizar o perfil epidemiológico dos
indivíduos idosos com cisticercose, e analisar, através de métodos morfométricos, os processos
patológicos gerais no coração e no encéfalo decorrentes da parasitose, frente ao envelhecimento.
Foram revistos 3680 protocolos de autópsias realizadas no Hospital Escola da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro, no período de 1970 à 2007. Dois grupos foram formados: idosos
com cisticercose (n=20), e não idosos com cisticercose (n=55). Na morfometria foi utilizado o
sistema computadorizado KS300 (Zeiss). O número de leucócitos foi contado em valor absoluto
por campos, nas lâminas coradas pela hematoxilina-eosina. Para a quantificação da fibrose, foram
utilizadas lâminas coradas pelo picro-sírius sob luz polarizada. Houve ocorrência de 26,7% de
idosos no grupo com cisticercose. Desses idosos, 80% apresentavam cisticercose encefálica e
20% cisticercose cardíaca. Houve predomínio das etapas vesicular e vesicular coloidal (75%)
entre os idosos. A causa de morte neoplásica acometeu 40% e a cardiovascular 35% dos idosos
com cisticercose. A maioria dos idosos acometidos pela parasitose (75%) encontrava-se
subnutrida. Os indivíduos com cisticercose apresentaram, significativamente, diminuição do
infiltrado inflamatório e aumento da fibrose com o avançar da idade. Entre os idosos, o gênero
feminino apresentou mais inflamação cardíaca, inflamação encefálica e fibrose cardíaca do que o
masculino. Concluímos que a cisticercose é frequente na população idosa, e as características
epidemiológicas dos idosos com cisticercose mostram-se semelhantes as características
indivíduos não idosos acometidos pela parasitose. Provavelmente somando-se as alterações
imunológicas ocorridas durante o envelhecimento, a cisticercose contribui para formação de uma
condição favorável para o desenvolvimento de neoplasias em indivíduos idosos com cisticercose.
Palavras-chave: cisticercose, idoso, envelhecimento, epidemiologia, morfometria.
xxiii
ABSTRACT
The immunosenescence, a peculiarity of the aging process, increases the susceptible of elderly
individuals to the neoplasias, infections and parasitosis, among them, to the cysticercosis. The
aim of this study was to characterize epidemiological characteristics the elderly individuals with
cysticercosis, and to analyze, through morphometric methods, the general pathological processes
in the heart and in the encephalon decurrent of the parasitosis, related to the aging. Were
reviewed 3680 autopsies protocols accomplished at School Hospital of the Triangulo Mineiro
xxiv
INTRODUÇÃO
__________________________________________________________________________________________________________
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
1
1. Cisticercose1
2
3
1.1 Teníase e Cisticercose4
5
Teníase e cisticercose, respectivamente, são infecções causadas pelas formas adulta e6
larvária dos parasitos do gênero Taenia. Há duas espécies que comumente infectam o intestino7
delgado humano, Taenia solium e T. saginata. Os humanos são obrigatoriamente os hospedeiros8
finais da forma adulta de ambas as espécies, enquanto suínos e bovinos são hospedeiros9
intermediários naturais da forma larval dos parasitos T. solium (Cysticercus cellulosae) e T. saginata10
(Cysticercus bovis), respectivamente. Os ovos de T. solium podem infectar seus hospedeiros11
intermediários naturais (suínos) e anômalos, tais como o homem e o cão (Nascimento, 2000;12
Schantz et al., 1993).13
14
15
1.2 Histórico16
17
A cisticercose é uma doença conhecida desde a mais remota antiguidade. Aristófanes, em18
uma de suas comédias, escrita entre os anos de 380 e 375 a.C., foi o primeiro autor a referir a19
presença de vesículas de cisticercose em animais, comparando-as à pequenas pedras que20
poderiam ser encontradas sob a língua dos porcos (Nieto, 1982). 21
Mais de mil anos se passaram e somente em 1588 voltou-se a ter notícias do cestóide.22
Naquele ano, Gesner e Rumler publicaram o exame de um indivíduo autopsiado que apresentava23
convulsões, encontrando vesículas aderidas à dura máter. Em 1650, Panarolus observou a24
presença de vesículas redondas, brancas e cheias de um líquido claro no corpo caloso de um25
homem por ocasião de uma autópsia (Brotto, 1947; Nieto, 1982).26
__________________________________________________________________________________________________________
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
2
Em 1686, Malpighi e Redi verificaram que o agente causador da canjiquinha, ladrária ou1
"pedra" era um "verme”. Em 1758, Linnaeus descreveu as espécies de Taenia. Werner, em 1786 e2
Goeze, em 1789, verificaram que as formas no suíno e no homem são idênticas. Alguns anos3
depois, Laennec criou o gênero Cysticercus (do grego Kystic e Kercos que significam,4
respectivamente, vesícula e cacho) e Rudolphi em 1809 denomina-os de Cysticercus cellulosae pela5
sua grande ocorrência no tecido subcutâneo (Brotto, 1947; Nieto, 1982; Pittella, 1997).6
Heuber e Kuckenmeister, em 1855, provocaram infecções no homem e no suíno e7
demonstraram o seu ciclo biológico. Observaram que o cisticerco do suíno dá origem a tênia no8
homem. Zenker em 1882 descreveu uma variedade do parasito, localizado a base do encéfalo e9
caracterizada por prolongamentos e arborizações, propondo a denominação de Cysticercus10
racemosus (Brotto, 1947; Nascimento, 2000; Nieto, 1982).11
No Brasil, o primeiro relato de cisticercose humana ocorreu na Bahia em 1881 e foi feito12
por Severiano de Magalhães (Brotto, 1947). Weinberg, em 1909, foi quem primeiro descreveu a13
reação sorológica - Reação de Fixação de Complemento – realizada no soro de três carneiros14
parasitados por Cysticercus tenuicollis, usando como antígeno o líquido das vesículas dos cisticercos.15
Moses, em 1911, foi o primeiro a pesquisar anticorpos no sangue e no líquido cefalorraquidiano16
com resultados positivos (Nieto, 1982). Em 2003 Nakao et al. determinaram a seqüência completa17
de nucleotídeos do DNA mitocondrial de Taenia solium, que é composta de 13.709 pares de base e18
36 genes.19
Atualmente evidências apóiam o reconhecimento de T. asiatica como uma espécie válida20
que é distinta de T. saginata. A T. asiatica tem sido encontrada em Taiwan, Coréia, Indonésia,21
Vietnã, e China. No entanto, os estudos sobre o prognóstico natural das informações22
filogenéticas sugerem que a cisticercose em humanos atribuída para a espécie T. asiatica é23
improvável (Ito et al., 2003).24
25
26
__________________________________________________________________________________________________________
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
3
1.3 Ciclo biológico e transmissão1
2
A Taenia solium é um cestóide com ciclo biológico complexo que requer a presença de dois3
hospedeiros. O homem é o único hospedeiro definitivo, todavia tanto o homem quanto o suíno4
podem atuar como hospedeiros intermediários. A T. solium adulta localiza-se no intestino delgado5
humano, e diariamente, algumas proglotes desprendem-se da extremidade distal da tênia, sendo6
eliminadas junto com as fezes. Cada proglote contém milhares de ovos que são resistentes à7
dessecação, podendo viver durante meses na terra ou na água (Del Brutto e Sotelo, 1993; Pedretti8
Jr et al., 1999).9
Nos locais onde as excretas humanas são eliminadas ao ar livre, os suínos podem10
alimentar-se com comida contaminada por ovos de T. solium. Uma vez ingeridos pelos suínos, os11
ovos perdem sua capa protetora, liberando as oncosferas que atravessam a parede intestinal,12
atingem a corrente circulatória e distribuem-se pelos tecidos corpóreos, onde se desenvolvem até13
o estádio larval (cisticerco) (Del Brutto e Sotelo, 1993; Pedretti Jr et al., 1999).14
Quando o homem ingere carne de suíno mal cozida e contaminada por cisticercos, o ciclo15
biológico da T. solium completa-se, uma vez que as larvas são liberadas no tubo digestivo, e16
evoluem em parasitos adultos (Del Brutto e Sotelo, 1993; Pedretti Jr et al., 1999).17
O homem pode tornar-se hospedeiro intermediário acidentalmente, ingerindo água ou18
alimentos contaminados por ovos ou proglotes, ou ainda por intermédio de autoinfecção interna19
ou externa. No estômago e no intestino, assim como ocorre no suíno, o suco gástrico e os sais20
biliares promovem a ativação dos ovos, que tornam-se oncosferas, passam pelas vilosidades21
intestinais, e atinguem a circulação venosa mesentérica. Pela corrente circulatória, as oncosferas22
alcançam todo o organismo, desenvolvendo-se, preferencialmente, em tecidos com alta23
concentração de oxigênio, onde atingem a condição de larva (Del Brutto e Sotelo, 1988 b; Sotelo24
et al., 1985).25
__________________________________________________________________________________________________________
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
4
A cisticercose já foi descrita no sistema nervoso central (SNC) (Del Brutto e Sotelo, 19881
b; Trelles e Lazarte, 1940), no músculo esquelético (Mc Grill, 1948), no olho (Almeida e Oliveira,2
1971), na mucosa oral (De Leon e Aguirre, 1995), no fígado (Sickel et al., 1995), no coração3
(Ibarra-Pérez et al., 1972), na mama (Abreu-e-Lima et al., 1999), no baço e no pulmão (Raether e4
Hãnel, 2003), sendo também descrito achados intramedulares (Singh e Sahai, 2004).5
6
7
1.4 Morfologia do cisticerco8
9
O “Cysticercus cellulosae”, consiste de uma vesícula que possui líquido em seu interior,10
composta por uma membrana com três lâminas: cuticular, celular e reticular. A T. solium possui11
corpo, pescoço e cabeça com quatro ventosas e uma coroa dupla de acúleos. O tamanho e a12
forma da vesícula são variados em função da condição alimentar e do tecido onde se desenvolve13
(Del Brutto e Sotelo, 1988b; Robinson et al., 1997). As microvilosidades da membrana aumentam14
cerca de 140 vezes sua superfície, sendo importantes para funções da larva relacionadas com o15
meio ambiente como a alimentação, a excreção e a evasão do sistema imunológico do hospedeiro16
(Vaz, 1996).17
18
1.5 Etapas evolutivas19
20
O cisticerco apresenta quatro etapas distintas na sua evolução: etapa vesicular (EV), etapa21
vesicular coloidal (EVC), etapa granular nodular (EGN) e etapa nodular calcificada (ENC)22
(Barbosa, 2000; Lino Jr et al., 2002; Sotelo e Del Brutto, 2000).23
As características estruturais da cisticercose humana e suína são semelhantes (Lino Jr,24
2004). Em suínos, o cisticerco na EV é caracterizado pela presença de um parasito intacto25
(viável), rodeado por escassas células inflamatórias e por uma lâmina de colágeno tipo I. Nessa26
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Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
5
primeira etapa, a resposta imune pode variar de tolerância até intensa resposta inflamatória. Na1
segunda etapa, denominada EVC, há um grande número de células inflamatórias organizadas ao2
redor do parasito. A lâmina adjacente ao parasito é constituída por macrófagos, que desloca o3
colágeno tipo I para a periferia. A EGN é caracterizada pela formação de granulomas bem4
definidos ao redor do parasito, aparentemente intacto. Neste estádio, a primeira lâmina ao redor5
do parasito é composta predominantemente por eosinófilos e macrófagos, a lâmina seguinte é6
constituída de células epiteliais compactas e células gigantes multinucleadas. Adjacente a esta7
lâmina encontra-se um infiltrado inflamatório com plasmócitos, macrófagos e eosinófilos8
predominantes. A última etapa evolutiva é a ENC, onde o parasito apresenta uma membrana9
vesicular externa com interrupções e presença massiva de eosinófilos e macrófagos,10
caracterizando a desintegração partindo da região periférica do cisticerco e a formação de um11
material amorfo e necrótico. O granuloma formado é, essencialmente, como o observado no12
estádio anterior; contudo, a lâmina rica em eosinófilos passa a conter linfócitos B. No infiltrado13
inflamatório, o número de cada tipo celular prossegue aumentando proporcionalmente. Os14
plasmócitos, macrófagos e eosinófilos continuam predominantes (Restrepo et al., 2002).15
16
1.6 Aspectos clínicos e imunológicos17
18
As manifestações clínicas da cisticercose são inespecíficas e variam de acordo com o local19
de infecção, com o número e características das lesões, com a fase do desenvolvimento do20
parasito e com a intensidade da resposta imune-inflamatória do hospedeiro frente ao cisticerco21
(Montemór Netto et al., 2000). 22
Nos primeiros estádios, a resposta imunológica do hospedeiro é do tipo Th1,23
determinando a resposta citotóxica e causando a destruição do parasito. Entretanto, nos estádios24
mais avançados, há um predomínio da resposta Th2, com expressão de IL-4, IL-5 e IL-10, que25
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Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
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desenvolvem um papel importante na modulação da resposta inflamatória, levando a uma1
ativação policlonal (Robinson et al., 1997, Rodrigues Jr et al., 2000). 2
Algumas das proteínas dos cisticercos têm propriedades antigênicas e estimulam a3
produção de anticorpos específicos. Estes anticorpos não têm efeito importante na proteção4
contra a enfermidade, já que os cisticercos desenvolvem mecanismos evasores, entre os quais se5
destaca o mimetismo molecular, a depressão da imunidade celular, a produção de Paramiosina, de6
Taeniaestatina e do Fator Metacestóide que lhes permitem sobreviver ao ataque imunológico do7
hospedeiro (Arechavaleta et al, 1998; Del Brutto, 1999).8
A Paramiosina e a Taeniaestatina inibem a ativação do sistema complemento, além disso,9
esta última proporciona uma queda na regulação das funções leucocitárias do hospedeiro. Já o10
Fator Metacestóide reduz a produção das citocinas IL-2, IL-4 e IFN-γ, e a estimulação dos11
macrófagos pelo TNF-α, resultando em uma queda na regulação da resposta imune Th1, Th2 e12
das citocinas pró-inflamatórias (Arechavaleta et al., 1998; Rodrigues Jr et al., 2000). A intensidade13
das alterações teciduais ao redor do cisticerco depende do estádio evolutivo em que se encontra o14
parasito. 15
16
1.7 Epidemiologia e controle17
18
A alta freqüência de teníase e cisticercose no cenário mundial está relacionada com:19
escasso conhecimento da população sobre a etiopatogênese dessas doenças, as precárias20
condições de higiene, o saneamento básico inadequado, e a contaminação do meio ambiente21
com os agentes causadores dessas enfermidades através da defecação ao ar livre, da irrigação de22
hortaliças com água contaminada e da venda de carne suína com cisticercos (Silva-Vergara et al.,23
1998).24
As Organizações Panamericana (OPAS) e Mundial de Saúde (OMS) consideram os25
índices de 1% para teníase humana, 0,1%, para cisticercose humana e 5% para cisticercose26
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Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
7
animal como endêmicos, confirmando o importante problema de saúde pública da teníase e1
cisticercose na América Latina. Cerca de 50 milhões de pessoas no mundo apresentam2
cisticercose, incluindo 32 milhões na África, 11 milhões na Ásia e 3 milhões na América, e cerca3
de 50 mil pessoas morrem por cisticercose anualmente. Na América Latina, países como4
Argentina, Venezuela, México, Colômbia, Uruguai e Brasil são considerados endêmicos para a5
cisticercose (Eddi et al., 2003; Nascimento, 2000; Pedretti Jr et al., 1999). Além disso, nos últimos6
anos, a incidência de cisticercose no norte industrializado tem crescido, refletindo o aumento da7
imigração de pessoas provenientes de áreas endêmicas para estas áreas (Schantz et al., 1998;8
White e Atmar, 2002). 9
A endemia de cisticercose na região do Triângulo Mineiro e noroeste do Estado de São10
Paulo, pode ser constatada de acordo com alguns estudos. Na cidade de Ribeirão Preto, Estado11
de São Paulo, a cisticercose é doença de notificação compulsória. Os índices provêm de dados12
clínicos e de autópsias, sendo o coeficiente de prevalência no município de 67 casos/100.00013
habitantes (Chimelli, Lovalho e Takayanagui, 1998). Em Uberlândia e Uberaba, estudos baseados14
em autópias, encontraram uma ocorrência de cisticercose variando de 1,4% a 3,3% (Costa-Cruz et15
al., 1995; Gobbi et al., 1980; Lino Jr, Reis e Teixeira, 1999).16
A OMS admite que a cisticercose humana é uma enfermidade infecciosa, devendo-se17
investigar e tratar a fonte com os mesmos princípios epidemiológicos que se utilizam18
habitualmente no controle de outras doenças transmissíveis. A intervenção epidemiológica para19
interromper a cadeia de transmissão é feita aplicando-se as seguintes medidas: 1) busca ativa,20
notificação dos portadores de Taenia e dos contatos mais próximos do paciente, e tratamento; 2)21
busca e tratamento de outros possíveis contatos; 3) educação da população quanto aos22
mecanismos de transmissão do parasito e melhoramento das condiçõ es de higiene e saneamento;23
4) aplicação das políticas de inspeção de carnes e limitação do reservatório animal mediante o24
tratamento dos suínos (Román et al., 2000). 25
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Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
8
2. Idoso1
2
2.1 A transição epidemiológica e as alterações devido ao envelhecimento3
4
O aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade e fecundidade nas5
últimas décadas do século passado mudaram o perfil demográfico do Brasil. Rapidamente, o país6
deixou de ser um “país de jovens” e o envelhecimento tornou-se questão fundamental para as7
políticas públicas. Segundo as projeções estatísticas da OMS, entre 1950 e 2025, a população de8
idosos no país crescerá 16 vezes contra cinco vezes da população total, o que colocará o Brasil9
em termos absolutos com a sexta população de idosos do mundo, isto é, superior a 32 milhões10
de pessoas com 60 anos ou mais. Essas mudanças da pirâmide populacional acabam por11
acarretar uma série de conseqüências sociais, culturais e epidemiológicas (Estatuto do Idoso,12
2003; Silvestre et al., 1996).13
As regiões brasileiras estão em diferentes etapas de transição demográfica, porém, a14
tendência demográfica é observada em todas as regiões (Pereira, 2003). E associada a transição15
demográfica está ocorrendo uma transição epidemiológica, que é caracterizada pela diminuição16
da incidência das doenças infecto-parasitárias e pelo aumento das doenças crônico-degenerativas17
(Chaimowicz, 1997).18
Embora o envelhecimento mude o perfil das enfermidades que acometem os brasileiros,19
exigindo uma maior ênfase na prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis,20
há necessidade de fortalecimento das políticas que promovam a saúde, que contribuam para21
manutenção da autonomia e que valorizem as redes de suporte social. Os países europeus, além22
de terem melhores condições econômicas e sociais, tiveram um envelhecimento populacional23
muito mais lento do que o verificado no Brasil, e puderam se preparar para assegurar aos idosos24
melhores condições de vida (Estatuto do Idoso, 2003).25
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Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
9
A abordagem médica tradicional ao adulto hospitalizado, focada em uma queixa principal,1
e o hábito médico de tentar explicar todas as queixas e sinais com uma única doença, que é2
comum no adulto jovem, tornam-se raros no idoso, já que este geralmente apresenta sintomas3
atípicos e múltiplas enfermidades (Poli et al., 1993; Silvestre et al., 1996). Por causa dessas4
peculiaridades, as causas de morte não são definidas ou são apresentadas como decorrentes da5
idade avançada, dificultando o sistema de epidemiologia e a investigação das alterações6
decorrentes do envelhecimento (Cameron e McCoogan, 1981; Kohn, 1982).7
Portanto, a autópsia vem se mostrando como uma excelente forma de obter8
conhecimento em pacientes idosos, além de possibilitar o desenvolvimento na assistência clínica,9
a pesquisa de fatores de riscos associados às doenças, a análise das alterações acumuladas durante10
a vida do indivíduo e a continuidade da investigação do diagnóstico (Ahronheim et al., 1983;11
Martins et al., 1998).12
As doenças no idoso podem ser divididas em: doenças associadas ao envelhecimento,13
irreversíveis e de evolução progressiva, como a arteriosclerose aterosclerótica, o enfisema e a14
osteoporose; doenças que têm sua freqüência aumentada com o decorrer da idade, incluindo15
neste caso as neoplasias e a hipertensão; e as doenças que apresentam conseqüências mais graves16
no indivíduo idoso, como os traumas e as infecções, particularmente do trato respiratório, como17
a broncopneumonite e a influenza (Kohn, 1982). Destas, as doenças cardiovasculares se mostram18
como as causas de morte mais freqüentes entre idosos autopsiados, sendo seguidas pelas doenças19
infecciosas (Oliveira et al., 2000).20
21
2.2 Os diferentes sistemas do organismo durante o envelhecimento22
23
No processo de envelhecimento, os diferentes sistemas do organismo sofrem alterações.24
No sistema cardiovascular, verificam-se processos tais como a tortuosidade, a calcificação, e a25
arteriosclerose das artérias coronárias (Lie e Hammond, 1988). No sistema nervoso, há26
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10
diminuição do número de neurônios e do fluxo cerebral, e alterações da memória, podendo gerar1
queda na qualidade e na independência de vida do indivíduo idoso. O peso corporal sofre uma2
diminuição (68g/ano), juntamente com a superfície corporal (30cm
2
/ano) no gênero masculino3
(Olivetti et al., 1995). 4
As alterações fisiológicas do envelhecimento podem se sobrepor às patológicas e, às5
vezes, torna-se difícil distinguir uma das outras. Assim, durante a assistência, o idoso pode não6
ser beneficiado pelo tratamento excessivo das alterações fisiológicas ou pelo tratamento de7
doenças, por serem consideradas como normais para a idade (Gupta, 1986).8
Além disso, a maioria dos idosos encontra-se subnutrida, e esta subnutrição9
freqüentemente está associada às doenças crônico-degenerativas, que podem levar à anorexia e ao10
aumento da demanda de nutrientes. E esse estado nutricional pode favorecer complicações como11
a cicatrização precária, a anemia, o edema, a fraqueza muscular, a fadiga e a redução da imunidade12
(Guimarães, 1996; Oliveira et al., 2004; Vannucchi et al., 1994).13
14
2.3 O coração e o encéfalo no envelhecimento15
16
As alterações ocorridas no coração são muito importantes no conhecimento do17
envelhecimento, já que as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte de18
indivíduos com 60 anos ou mais. Com o decorrer da idade, nos vasos em geral, pode ser19
observado um espessamento da camada íntima e um aumento da resistência das paredes que20
podem estar relacionados ao aumento da pressão sistólica e à aterosclerose (Lakatta, 2000). No21
miocárdio, pode ser observado aumento de depósitos de lipofucsina e de Beta fibrilose, aumento22
da gordura epicárdica, aumento da cavidade atrial e diminuição da cavidade ventricular (Lie e23
Hammond, 1988; Olivetti et al., 1995). Assim como outros tecidos do organismo, o miocárdio24
revela um aumento na proporção de estruturas de suporte em comparação ao parênquima25
funcional, resultando em aumento da fibrose intersticial (Klima et al., 1990).26
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11
O mecanismo de formação de fibrose está relacionado ao infiltrado inflamatório1
mononuclear constituído por macrófagos e linfócitos T. Os macrófagos liberam prostaglandinas2
e enzimas líticas, como as colagenases e elastases que levam a destruição do interstício, libera a3
fibronectina que é quimiotática para fibroblastos, fatores de crescimento e fator de ativação do4
fibroblasto (M-FAF). Os linfócitos T liberam as linfocinas constituídas por fatores quimiotáticos5
e estimuladores da proliferação de fibroblastos. Os fibroblastos por sua vez, vão realizar a síntese6
de colágeno. Dessa forma, alterações na modulação de mononucleares durante o metabolismo do7
colágeno resultam na fibrose (Tafuri, 1987).8
Várias são as mudanças anatômicas do cérebro associadas com o envelhecimento não9
patológico. Estudos envolvendo autópsias e mais recentemente ressonância magnética têm10
mostrado uma diminuição do volume e peso encefálicos em indivíduos com 60 anos ou mais. A11
perda de volume é acompanhada por um aumento do volume intraventricular e do espaço do12
líquido cerebroespinhal (Anderton, 2002; Jernigan et al., 2001). Há uma perda de cerca de 10%13
dos neurônios e das sinapses no córtex cerebral (Masliash et al., 1993; Pakkenberg e Gundersen,14
1997), além de acúmulo de lipofucsina e formação de placas senis (Anderton, 2002).15
16
2.4 Imunosenescência17
18
O envelhecimento é um processo lento e contínuo que compromete o funcionamento19
normal de vários órgãos e sistemas em termos tanto quantitativos como qualitativos20
(Malaguarnera et al., 2000). O sistema imune não é uma exceção, e mudanças observadas durante21
o envelhecimento são coletivamente conhecidas como imunosenescência (Pawelec et al., 2002). 22
Embora alguns parâmetros imunológicos sejam deteriorados, outros permanecem23
inalterados ou até mesmo aumentam durante o envelhecimento. O sistema imune inato24
(macrófagos e neutrófilos), por exemplo, encontra-se preservado durante o envelhecimento, ao25
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contrário de várias deteriorizações ocorridas na resposta imune adaptativa, especialmente aquela1
regulada pelas células T (Pawelec et al., 2002). 2
São verificadas alterações na expressão de receptores celulares funcionalmente3
importantes, diminuição da população de polimorfonucleares e redução quantitativa e qualitativa4
progressiva na capacidade de produzir anticorpos, fatores que levam a uma disfunção imune e a5
um aumento no desenvolvimento de reações e doenças auto-imunes (Ginaldi et al., 2001; De6
Martinis et al., 2004; Wesksler, 1981; Wikby, 1994). A quimiotaxia e a fagocitose, assim como o7
processamento de antígenos encontram-se deprimidos enquanto que a secreção de IL-1, IL-6 e8
TNF estão aumentadas no indivíduo idoso (Ginaldi et al., 1999). O aumento dessas citocinas pró9
inflamatórias, além da albumina e colesterol, são considerados prognósticos de risco de10
mortalidade em estudos longitudinais envolvendo idosos (Bruunsgaard et al., 2003; Volpato et al.,11
2001).12
Além disso, doenças inflamatórias crônicas estão associadas com envelhecimento13
prematuro do sistema imune e apresentam muitas similaridades de imunosenescência incluindo o14
encurtamento dos telômeros, diminuição de receptores específicos de células T, e aumento da15
produção de citocinas pró-inflamatórias (Straub et al., 2003).16
17
2.5 Alterações nos Linfócitos T durante o envelhecimento18
19
Mudanças substanciais no perfil funcional e fenotípico das células T têm sido relatadas20
com o avanço da idade. A geração de novos linfócitos mostra-se comprometida pela deficiência21
de tecido tímico, contudo, há um acumúlo de linfócitos T de memória (Ginaldi et al., 2000). Além22
disso, diminuição da proporção de células T maduras, baixa resposta dos linfócitos T, defeitos na23
atividade das células Natural Killer e alteração na secreção de citocinas são verificados (Hirokawa24
et al., 1994; Linton et al., 1997; Sansoni et al., 1993).25
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Estudos longitudinais mostram uma inversão na relação de células CD4:CD8 durante o1
envelhecimento, que está associada ao aumento da mortalidade em idosos (Huppert et al., 2003).2
A porcentegem de células T CD8+ tendem a aumentar com o avanço da idade, enquanto as3
células T CD4+ apresentam-se diminuídas (Huppert et al., 2003; Ouyang et al., 2003; Wikby et al.,4
2002).5
Embora muitos estudos tem examinado as mudanças relacionadas aos linfócitos com o6
decorrer da idade, os resultados são frequentemente contraditórios. Uma razão para essas7
discrepâncias é que as alterações observadas podem ser uma consequência do desconhecimento8
dos processos patológicos que são frequentes em idosos. Por isso, torna-se importante o estudo9
do sistema imune e dos processos patológicos durante o envelhecimento (Ginaldi et al., 2000).10
11
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3. Cisticercose e envelhecimento1
2
3.1 A cisticercose no indivíduo idoso3
4
O indivíduo idoso sofre alterações no seu sistema imune, o que o torna imunosenescente5
(De Martinis et al., 2004). Esta peculiaridade do processo de envelhecimento, aumenta a6
susceptibilidade desses indivíduos às neoplasias, às infecções e às parasitoses, entre elas, à7
cisticercose. Contudo, a faixa etária de 11 a 60 anos, predominantemente entre 21 e 40 anos, é a8
mais abordada nas pesquisas envolvendo cisticercose.9
Portanto, baseado no aumento progressivo do número de pessoas que estão atingindo 6010
anos ou mais no Brasil, no provável aumento de indivíduos portadores de cisticercose que estão11
envelhecendo e no fato de não haver estudos dessa parasitose no idoso, torna-se importante12
avaliar os aspectos epidemiológicos e as características dos processos patológicos gerais13
associados a cisticercose em idosos autopsiados. Além disso, é imprescindível o estudo dos14
mecanismos de agressão e interação hospedeiro-parasito através de métodos histológicos e15
morfométricos, os quais visam contribuir para o desenvolvimento de meios mais eficazes de16
prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.17
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HIPÓTESE24
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Hipótese9
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Ocorrem modificações dos processos patológicos gerais, em especial uma diminuição da11
inflamação e um aumento da fibrose, em idosos autopsiados com cisticercose, decorrentes da12
parasitose, frente ao processo de envelhecimento devido ao fato desses indivíduos apresentarem-13
se imunosenescentes.14
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OBJETIVOS1
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Objetivo Geral5
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Analisar, através de métodos histopatológicos e morfométricos, os processos patológicos7
gerais no coração e no encéfalo de idosos e não idosos com cisticercose.8
9
10
11
Objetivos Específicos12
13
I – Caracterizar o perfil epidemiológico dos pacientes idosos com cisticercose;14
II – Verificar as causas de morte dos idosos e não idosos com cisticercose e suas15
distribuições por décadas;16
III – Quantificar, através de técnicas morfométricas, a fibrose e o infiltrado inflamatório17
no coração e no encéfalo dos indivíduos idosos com cisticercose, e compará-los com os não18
idosos com cisticercose.19
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CASUÍSTICA E MÉTODOS15
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1. Dados demográficos1
2
Foram revistos 3680 protocolos de autópsias realizadas no Hospital Escola (HE) da3
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba – MG, no período de janeiro de4
1970 a janeiro de 2007. Destes, 75 indivíduos apresentavam cisticercose, os quais foram5
distribuídos em dois grupos, sendo o primeiro (n=55) de indivíduos não idosos com cisticercose6
(15 a 59 anos), e o segundo (n=20) de indivíduos idosos com cisticercose (60 a 86 anos). Para7
determinação do perfil demográfico dos indivíduos com cisticercose, foram registradas8
informações relativas à idade, ao gênero, à cor (branca ou não branca), à causa de morte, ao peso9
corporal, à altura, ao peso do coração e do encéfalo, às cardiopatias, aos processos patológicos do10
coração e encéfalo, à sorologia para Doença de Chagas (DC), à localização, ao número e à etapa11
evolutiva do cisticerco. 12
O período de estudo foi agrupado nas décadas de 70 (1970 a 1979), 80 (1980 a 1989), 9013
(1990 a 1999) e 00 (2000 a 2007). A idade foi agrupada nas seguintes faixas etárias: inferior a 20,14
20 (20 a 29), 30 (30 a 39), 40 (40 a 49), 50 (50 a 59), 60 (60 a 69), 70 (70 a 79) e 80 (80 a 89). O15
estado nutricional foi considerado de acordo com o índice de massa corporal (IMC), calculado16
pela relação entre o peso corporal (kg) e o quadrado da altura (m). Os pacientes foram17
classificados, a partir do IMC, em subnutridos, normais e sobrepeso. Os idosos com IMC abaixo18
de 22 kg/m
2
foram considerados subnutridos, normais entre 22 kg/m
2
e 27 kg/m
2
, e acima de 2719
kg/m
2
sobrepeso (Landi et al., 1999). Os não idosos foram considerados subnutridos quando20
apresentaram IMC abaixo de 18 kg/m
2
, normais entre 18 kg/m
2
e 24,99 kg/m
2
, e sobrepeso21
acima de 25 kg/m
2
(Fezeu et al., 2006). A relação percentual do peso do coração pelo peso22
corporal (Pca/Pco) foi calculada com esses pesos em gramas e multiplicada por 100. O padrão de23
normalidade foi considerado quando Pca/Pco foi menor ou igual a 0,5% (Almeida et al., 1979;24
Zeek, 1942).25
Foram excluídos os indivíduos que não apresentavam dados relativos aos parâmetros26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
21
analisados neste trabalho, ou seja, prontuários incompletos. Quando comparamos o IMC,1
usamos como critério de exclusão as doenças que poderiam interferir no peso corporal, tais2
como: inflamação grave, esquistossomose, ascite, edema e peritonite. 3
4
5
2. Causas de morte 6
7
As causas de morte foram agrupadas em cardiovascular, infecciosa, neoplásica e outras8
(Kohn, 1982; Reis et al., 1995), como por exemplo, hepatite alcoólica ou morte violenta por arma9
de fogo. Para o agrupamento dessas causas foi considerada no laudo de autópsia a descrição do10
processo que atuou como determinante para a causa da morte. 11
12
13
3. Etapas evolutivas do cisticerco14
15
Os critérios para o diagnóstico da cisticercose foram seguidos de acordo com método16
previamente determinado por Del Brutto et al., 1996. Foi utilizado o critério absoluto que leva em17
conta a demonstração histológica ou visualização direta do parasito obtido de material de18
autópsia.19
As etapas evolutivas foram classificadas em etapa vesicular (EV), etapa vesicular coloidal20
(EVC), etapa granular nodular (EGN) e etapa nodular calcificada (ENC) (Lino Jr et al., 2002;21
Marquéz-Monter, 1972, Montemór Netto et al., 2000).22
23
24
4. Preparação do material25
26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
22
Para análise morfométrica do infiltrado inflamatório e da fibrose, foram obtidos1
fragmentos de coração (miocárdio) e de encéfalo (meningo-cortical) distantes da área acometida2
pelo cisticerco, de indivíduos idosos e não idosos com cisticercose, que se encontravam3
disponíveis nos arquivos de peças anatômicas da Disciplina de Patologia Geral da UFTM. 4
Foram recuperados 11 corações de indivíduos idosos com cisticercose, sendo 6 do gênero5
masculino e 5 do feminino, e 14 corações de não idosos com cisticercose, sendo 8 do gênero6
masculino e 6 do feminino. Já para avaliação encefálica, foram recuperados 10 encéfalos de7
idosos com cisticercose, 6 do gênero masculino e 4 do feminino, e 16 encéfalos de não idosos8
com cisticercose, sendo 11 do gênero masculino e 5 do gênero feminino.9
Na preparação histológica do material, os fragmentos de coração e encéfalo que se10
encontravam fixados em formaldeído 10%, foram desidratados em álcoois com concentrações11
crescentes (70 a 100%), diafanizados em xilol e incluídos em parafina. Posteriormente foram12
confeccionadas duas lâminas em cortes seriados com 4 µm de espessura. A primeira lâmina foi13
corada por hematoxilina (solução alcoólica de hematoxilina adicionada a alúmen de potássio e14
óxido de mercúrio vermelho) e eosina (solução aquosa de eosina y e floxina 1% adicionada a15
ácido acético glacial e álcool a 95%), para análise morfológica geral e morfométrica do infiltrado16
inflamatório. A segunda lâmina foi corada por picrosírius (solução aquosa saturada de ácido17
pícrico adicionada de 0,1g% de vermelho da Síria F3b, Sírius red F3B-Bayer) (Junqueira, Bignolas e18
Brentani, 1979), com contra-coloração pela hematoxilina por 1 minuto, para análise morfométrica19
da fibrose.20
21
22
5. Morfometria23
24
A morfometria foi realizada utilizando-se uma câmera de vídeo acoplada a um25
microscópio de luz comum, e um sistema analisador de imagens automático/interativo (KS 30026
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
23
Carl Zeiss
). Os campos microscópicos digitalizados tinham dimensões de 645.347 µm
2
= 100%1
(Figura 1). Foram analisados 10 campos por quadrante, totalizando 40 medidas em cada lâmina.2
O número representativo de medidas foi determinado através do método da Média Acumulada3
(Williams, 1977). 4
5
6
5.1 Infiltrado inflamatório7
8
As lâminas coradas pelo hematoxilina-eosina foram examinadas sob microscópio de luz9
comum, com objetiva de 20x e aumento final de 800x. A imagem digitalizada mostrava o campo10
onde foi contado em valor absoluto o número de células inflamatórias mononucleares e11
polimorfonucleares. A quantificação foi feita através da identificação destas células pelo12
observador e marcação feita pela contagem de pontos (Figura 1). 13
14
15
5.2 Fibrose16
17
As lâminas coradas pelo picrosírius foram examinadas sob luz polarizada, com objetiva de18
10x e aumento final de 400x. A região intersticial foi considerada como a área de fibrose entre os19
miocardiócitos, e a região peri-vascular foi considerada como a área de fibrose entre os neurônios20
e as células da glia. A imagem digitalizada mostrava a área constituída de colágeno, com aspecto21
birrefringente, com cor, em geral amarela, foi marcada pelo observador para obter o percentual22
de fibrose por área de campo analisado (Figura 1).23
24
25
26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
24
6. Análise estatística1
2
Para a análise estatística foi elaborada uma planilha eletrônica no programa Microsoft3
Excel, e sua realização se fez através do programa SigmaStat 2.03. A verificação da4
distribuição normal das variáveis quantitativas foi realizada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov.5
As variáveis contínuas que apresentaram distribuição normal foram expressas em média ± desvio6
padrão e aquelas que apresentaram distribuição não-normal foram expressas em mediana com7
valores mínimo e máximo. As variáveis quantitativas que apresentaram distribuição normal e8
variância homogênea foram analisadas através do teste "t" de Student (t), na comparação entre9
dois grupos, como por exemplo, na comparação do infiltrado inflamatório nas diferentes faixas10
etárias do grupo de idosos, e do teste ANOVA (F), na comparação entre três ou mais grupos. Já11
as variáveis quantitativas que apresentaram distribuição normal e variância não-homogênea ou12
distribuição não-normal foram analisadas pelo teste de Mann-Whitney (T), para comparação de13
dois grupos, como por exemplo, na análise da fibrose e do infiltrado inflamatório entre os14
grupos. Para a comparação de três ou mais grupos, foi utilizado o teste de Kruskal Wallis (H),15
como na avaliação da fibrose quanto ao gênero. A correlação entre duas variáveis com16
distribuição não normal foi analisada pelo teste de Spearman (rS). As variáveis qualitativas foram17
expressas em proporções, sendo estas comparadas pelo teste do χ2 ou do teste exato de Fisher.18
Foram considerados estatisticamente significativos os valores de "p" menores que 5% (p<0,05).19
20
21
7. Aspectos éticos22
23
O Projeto de Pesquisa do presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em24
Pesquisa da UFTM (CEP/UFTM), protocolo número 486 (Anexo 1).25
26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
25
1
8. Normas para a confecção do manuscrito2
3
Para a elaboração escrita do trabalho, foram consultadas as normas da ABNT-NBR4
14724:2002. 5
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
26
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
RESULTADOS15
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
27
1. Aspectos demográficos 1
2
3
Foram revistos 75 protocolos de autópsias de indivíduos com cisticercose, no período de4
1970 a 2007. Encontramos 20 idosos (26,7%) entre os indivíduos autopsiados com cisticercose,5
sendo 8 casos (40,0%) na década de 70, 10 (50,0%) na década de 80 e 2 (10,0%) na década de 90.6
Houve um crescimento da ocorrência de idosos no grupo com cisticercose a partir da década de7
70, atingindo seu valor máximo na década de 90 (Figura 2). 8
9
Figura 2. Distribuição por décadas de 20 idosos e 55 não idosos com cisti cer cose autopsiados no Hos pital10
Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a11
2007.12
13
14
Nos indivíduos idosos, a média das idades foi de 68,1 ±
6,0 anos, variando de 62 a 8615
anos; nos indivíduos não idosos, a média de idade foi de 43,4 ± 10,5 anos, variando de 15 a 5916
anos. Houve prevalência do gênero masculino tanto no grupo de idosos 11 (55,0%), quanto no17
grupo de não idosos 38 (69,1%). A cor branca também prevaleceu no grupo de idosos 1418
20% (8)
80% (32)
36% (10)
64% (18)
50%(2) 50%(2)
0%
100% (3)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Porcentagem de indivíduos
1970 1980 1990 2000
Décadas
Idoso Não Idoso
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
28
(70,0%), assim como no grupo de não idosos 32 (58,2%). Não houve diferença estatisticamente1
significante na comparação do gênero e da cor entre os grupos. 2
Apresentavam cisticercose encefálica 16 (80,0%) indivíduos idosos e 39 (70,9%)3
indivíduos não idosos; a cisticercose cardíaca foi relatada em 4 (20,0%) idosos e em 15 (27,3%)4
não idosos, a cisticercose muscular esquelética em 3 (15,0%) idosos e 8 (14,5%) não idosos e a5
cisticercose em outras localizações em 1 (5,0%) idoso e 7 (12,7%) não idosos (Figura 3). No6
grupo de idosos, 12 (60,0%) indivíduos apresentavam cisticercose em mais de uma localização,7
enquanto entre os não idosos, esse número foi de 28 (50,9%) indivíduos.8
9
10
Figura 3. Distribuição segundo a l ocalizaçã o da cisticerco se de 20 idosos e 55 não idos os com ci stice rcose11
autopsiados no Hospital Es cola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba12
(MG), no período de 1970 a 2007.13
14
15
Em 8 cisticercos de indivíduos idosos foi possível se estabelecer a fase de16
desenvolvimento, destes, 6 (75,0%) estavam nas duas primeiras etapas evolutivas (EV e EVC) e 217
(25,0%) nas duas últimas etapas (EGN e ENC) (Figura 4). Já entre os não idosos, 9 (47,4%)18
cisticercos estavam nas duas primeiras etapas e 10 (52,6%) nas duas últimas etapas evolutivas.19
Houve uma diferença significativa na comparação da etapa evolutiva do cisticerco entre os20
grupos (χ
2
=15,322; p<0,001).21
80%
20%
70,9%
27,3%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Porcentagem de indivíduos
Idoso Não idoso
Encefálica Cardíaca Muscular Outras
15%
5%
12,7%
14,5%
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
29
O estado nutricional foi avaliado em 8 idosos e em 29 não idosos com cisticercose.1
Apresentavam subnutrição 6 (75,0%) indivíduos idosos e 5 (17,2%) indivíduos não idosos (Figura2
5), sendo essa diferença estatisticamente significante. Nos indivíduos idosos subnutridos,3
predominaram as faixas etárias de 60-69 anos e de 70-79 anos (50,0% e 50,0%, respectivamente),4
a cor branca (100%) e o gênero feminino (83,3%).5
6
7
Figura 5. Distribuição segundo o estado nutricional de 08 idosos e 20 não idosos com cisticerc ose8
autopsiados no Hospital Es cola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba9
(MG), no período de 1970 a 2007.10
11
12
13
χ
2
=15,322; p<0,00114
15
16
Entre os idosos com cisticercose, 14 (70,0%) pertenciam a faixa etária de 60-69 anos, 517
(25,0%) a de 70-79 anos e 1(5,0%) indivíduo pertencia a faixa etária de 80-89 anos (Tabela 1).18
A análise da distribuição por décadas do gênero, da cor e da faixa etária dos idosos com19
cisticercose, mostrou que, durante a década de 70, não houve predomínio de um dos gêneros, a20
cor branca foi mais freqüente (87,5%) e as faixas etárias acometidas foram 60-69 (50,0%) e 70-7921
anos (50,0%). Já na década seguinte, 80, o gênero masculino (60,0%) predominou, houve22
75,0%
25,0%
17,2%
82,8%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
Porcentagem de indivíduos
Idoso o idoso
Subnutrição Normal/Sobrepeso
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
30
igualdade na distribuição da cor, e a faixa etária de 60-69 (90,0%) prevaleceu. Na década de 90,1
não houve predomínio de um dos gêneros, a cor branca (100%) e as faixas etárias 60-69 (50,0%)2
e 70-79 (50,0%) tiveram maior ocorrência (Tabela 1).3
4
5
Tabela 1: Distribuição do gênero, da cor e da faixa etária de acordo com as décadas em 20 indivíduos6
idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo7
Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.8
9
Década 70 Década 80 Década 90
Gênero n (%) n (%) n (%)
Feminino 4 (50,0) 4 (40,0) 1 (50,0)
Masculino 4 (50,0) 6 (60,0) 1 (50,0)
Cor
Branca 7 (87,5) 5 (50,0) 2 (100)
Não Branca 1 (12,5) 5 (50,0) 0
Faixa etária
60-69 4 (50,0) 9 (90,0) 1 (50,0)
70-79 4 (50,0) 0 1 (50,0)
80-89 0 1 (10,0) 0
Total 8 (100) 10 (100) 2 (100)
10
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
31
1
2. Causas de morte2
3
Entre as causas de morte, a neoplásica 8 (40,0%) foi a mais freqüente no grupo de idosos,4
sendo seguida pela cardiovascular 7 (35,0%), pela infecciosa 3 (15,0%) e por outras causas de5
morte 2 (10,0%). No grupo de não idosos, a causa de morte cardiovascular foi a mais freqüente6
30 (55,4%), seguida pela infecciosa 20 (36,4%) e por outras 5 (9,2%) (Figura 6). Entre as7
neoplasias que acometeram os idosos, 5 (62,5%) eram do sistema digestório, 2 (25,0%)8
pulmonares, e 1 (12,5%) genital. Na comparação das causas de morte neoplásica e infecciosa,9
houve uma diferença significativa entre o grupo de idosos e o de não idosos.10
11
12
Figura 6. Distribuição das causas de morte de 20 idosos e 55 não idosos com c isticercose autopsiados no13
Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG ), no período de14
1970 a 2007.15
16
17
χ
2
=53,144; p<0,00118
19
*40,0%
35,0%
*0,0%
55,4%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Porcentagem de indivíduos
Idoso Não idoso
Neoplásica Cardiovascular Infecciosa Outras
10%
**15%
**36,4%
9,2%
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
32
Na análise da distribuição das causas de morte dos indivíduos idosos, a causa1
cardiovascular teve maior ocorrência nas décadas de 70 e 80 (37,5% e 40,0%, respectivamente),2
enquanto a neoplásica apresentou um aumento ao longo das décadas (25,0%, 40,0% e 100%). A3
faixa etária de 60-69 anos foi mais acometida pela causa de morte neoplásica (42,8%), enquanto a4
de 70-79 anos pela neoplásica e pela cardiovascular (40,0% e 40,0%, respectivamente) e a 80-895
anos pela infecciosa (100%) (Tabela 2). 6
Os idosos do gênero masculino foram mais acometido pela causa de morte cardiovascular7
(45,4%), enquanto o feminino pela causa neoplásica (44,4%). Já os indivíduos da cor branca8
foram mais acometidos pela causa de morte neoplásica (50,0%), e os não branos pelas causas9
cardiovascular e infecciosa (33,3% e 33,3%, respectivamente) (Tabela 2). 10
11
Tabela 2: Distribuição das décadas, da faixa etária, do gênero e da cor de acordo com as causas de morte12
em 20 idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escol a da Universidade Federal do13
Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.14
15
Cardiovascular Infecciosa Neoplásica
Outras Total
Década n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)
70 3 (37,5) 2 (25,0) 2 (25,0) 1 (12,5) 8 (100)
80 4 (40,0) 1 (10,0) 4 (40,0) 1 (10,0) 10 (100)
90 0 0 2 (100) 0 2 (100)
00 0 0 0 0 0
Faixa etária
60-69 5 (35,6) 1 (7,2) 6 (42,8) 2 (14,4) 14 (100)
70-79 2 (40,0) 1 (20,0) 2 (40,0) 0 5 (100)
80-89 0 1 (100) 0 0 1 (100)
Gênero
Feminino 2 (22,2) 1 (11,1) 4 (44,4) 2 (100) 9 (100)
Masculino 5 (45,4) 2 (18,2) 4 (36,4,0) 0 11 (100)
Cor
Branca 5 (35,8) 1 (7,1) 7 (50,o) 1 (7,1) 14 (100)
Não Branca 2 (33,3) 2 (33,3) 1 (16,7) 1 (16,7) 6 (100)
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
33
1
2
3
4
Entre os pacientes que tiveram causa de morte cardiovascular, 1 (14,3%) idoso e 65
(20,0%) não idosos apresentavam cisticercose cardíaca; os demais pacientes apresentavam6
cisticerco em outras localizações. Ainda no grupo de pacientes com causa de morte7
cardiovascular, 6 (85,7%) idosos e 16 (53,3%) não idosos apresentavam manifestação cardíaca da8
doença de Chagas. 9
10
11
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
34
3. Morfometria macroscópica1
2
3.1 Peso cardíaco, relação Pca/Pco e processos patológicos gerais3
4
O peso cardíaco dos indivíduos não idosos foi superior ao do grupo de idosos com5
cisticercose (Tabela 3). O gênero masculino, tanto do grupo de idosos quanto de não idosos,6
apresentou maior peso cardíaco (392,22 ± 112,89g e 401,93 ± 130,45g, respectivamente) do que7
o gênero feminino (337,77 ± 91,48g e 324,60 ± 108,85g, respectivamente). Não houve diferença8
significativa na comparação do peso cardíaco entre os grupos e entre os gêneros.9
10
11
Tabela 3. Comparação do peso cardíaco de 18 idosos e 48 não idosos com cisticercose auto psiados no12
Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG ), no período de13
1970 a 2007.14
15
Peso cardíaco (g)
Grupo n (%)
Média ± Desvio padrão
Não Idosos (NI) 48 (72,7) 375,17 ± 103,54
Idosos (I) 18 (17,3) 365,00 ± 128,17
Total 66 (100)
16
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos.17
T=598,000; p=0,94818
19
20
A relação Pca/Pco verificada no grupo de idosos, 0,74 ± 0,29, foi superior a do grupo de21
não idosos, 0,72 ± 0,23, no entanto não houve diferença significativa.22
Dos 11 indivíduos idosos com cisticercose que tiveram seus corações analisados na23
morfometria, 10 (90,9%) apresentavam alguma cardiopatia (Figura 7). Destes, 5 (45,4%)24
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
35
apresentavam cardiopatia chagásica, 4 (36,4%) apresentavam cardiopatia hipertensiva, e 1 (9,1%)1
indivíduo idoso apresentava cardiopatia coronariana. A miocardose foi verificada em 6 (54,5%)2
indivíduos idosos, a epicardite em 6 (54,5%), a hipertrofia global do coração em 3 (27,3%) e a3
hipotrofia cardíaca em 2 (18,2%) idosos com cisticercose.4
Já os 14 indivíduos não idosos com cisticercose que tiveram seus corações analisados, 75
(50,0%) apresentavam alguma cardiopatia. A cardiopatia chagásica foi verificada em 5 (35,8%)6
indivíduos, a cardiopatia hipertensiva em 1 (7,1%) indivíduo e a cardiopatia isquêmica em 17
(7,1%) indivíduo não idoso com cisticercose. A epicardite foi verificada em 8 (57,1%) indivíduos8
não idosos, a hipertrofia global do miocárdio em 5 (35,7%), a miocardose em 4 (28,6%), e a9
degeneração hidrópica em 2 (14,3%) indivíduos não idosos com cisticercose.10
11
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
36
3.2 Peso encefálico e processos patológicos gerais1
2
O peso encefálico do grupo de não idosos foi superior ao grupo de idosos com3
cisticercose (Tabela 4). O gênero masculino de ambos os grupos, idosos e não idosos, apresentou4
maior peso encefálico (1261,11 ± 107,98g e 1313,60 ± 155,26g, respectivamente) do que o5
gênero feminino (1231,00 ± 204,95g e 1166,66 ± 84,23g, respectivamente). Houve uma diferença6
estatisticamente significante na comparação do peso encefálico no grupo de não idosos em7
relação aos gêneros (p=0,002).8
9
Tabela 4. Comparação do peso enc efálico de 14 idosos e 40 não idosos com cisticercose auto psiados no10
Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG ), no período de11
1970 a 2007.12
13
Peso encefálico (g)
Grupo n (%)
Média ± Desvio padrão
Não Idosos (NI) 40 (74,1) 1258,50 ± 150,24
Idosos (I) 14 (25,9) 1250,35 ± 142,56
Total 54 (100)
14
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos.15
t=-0,177; p=0,86016
17
Dos 10 indivíduos idosos com cisticercose que tiveram seus encéfalos analisados na18
morfometria, 3 (30,0%) apresentavam edema cerebral, 2 (20,0%) apresentavam hidroencéfalo, 219
(20,0%) amolecimento cerebral, 1 (10,0%) infarto vermelho, 1 (10,0%) congestão e 1 (10,0%)20
indivíduo idoso apresentava hemorragia.21
Já dos 16 não idosos que tiveram seus encéfalos analisados, 5 (31,2%) apresentavam22
edema cerebral, 4 (25,0%) congestão, 4 (25,0%) hemorragia, 2 (12,5%) leptomeningite, 1 (6,2%)23
trombose, 1 (6,2%) calcificação e 1 (6,2%) indivíduo não idoso apresentava amolecimento24
cerebral.25
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
37
4. Morfometria microscópica1
2
4.1 Morfometria do infiltrado inflamatório cardíaco3
4
Na análise do infiltrado inflamatório cardíaco, o grupo de não idosos apresentou5
significativamente mais inflamação do que o grupo de idosos com cisticercose (Tabela 5, Figura6
8). 7
8
9
Tabela 5. Comparação do infiltrado in flamatório cardía co entre 11 idosos e 14 não idosos com10
cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,11
Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.12
13
Infiltrado inflamatório cardíaco
Grupo n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI) 14 (56,0) 3,00 (1,00 – 89,00)
Idosos (I) 11 (44,0) 3,00 (1,00 – 51,00)
Total 25 (100)
14
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min15
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
16
T=177506,000; p<0,00117
18
19
Na comparação do infiltrado inflamatório cardíaco em relação a faixa etária, observou-se20
uma diminuição do infiltrado com o avançar da idade. No grupo de não idosos com cisticercose,21
os indivíduos da faixa etária 30-39 anos apresentaram um maior infiltrado inflamatório cardíaco22
do que os com idade superior a 40 anos. No grupo de idosos, os indivíduos de idade entre 60-6923
anos apresentaram mais inflamação cardíaca do que os da faixa etária de 70-79 anos (Tabela 6). 24
A correlação entre a inflamação cardíaca e a faixa etária foi negativa e não significativa25
entre os idosos (rS=-0,252) e positiva e não significativa entre os não idosos com cisticercose26
(rS=0,988).27
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
38
Tabela 6. Comparação do infiltrado in flamatório cardíaco de acordo com a faixa etária de 11 idosos e 141
não idosos com cisticercose autopsiad os no Hospital Escola da Universidade F ederal do2
Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.3
4
Faixa etária Infiltrado inflamatório cardíaco
Grupo
n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI) 30-39
1
2 (8,0) 3,99 (3,93 – 04,05)
40-49
1
7 (28,0) 3,85 (3,38 – 05,18)
50-59
1
5 (20,0) 2,95 (2,68 – 09,50)
Idosos (I) 60-69
2
7 (28,0) 3,95 (1,30 – 12,90)
70-79
2
4 (16,0) 2,45 (2,30 – 04,10)
Total 25 (100)
5
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min6
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
7
1
F=0,550; p=0,592.8
2
t=1,180; p=0,272.9
10
11
12
Dentro do grupo de não idosos, o gênero masculino apresentou mais inflamação cardíaca13
do que o gênero feminino, no entanto essa diferença não foi significativa. Já os indivíduos idosos14
do gênero feminino apresentaram significativamente mais inflamação do que os do gênero15
masculino (Tabela 7). 16
No grupo de idosos, os indivíduos acometidos pela cisticercose cardíaca apresentaram17
significativamente mais inflamação do que os indivíduos idosos com cisticercose em outras18
localizações. Os indivíduos não idosos acometidos pela cisticercose cardíaca também19
apresentaram mais inflamação cardíaca do que os indivíduos com acometimento de outros órgãos20
pela cisticercose, porém essa diferença não foi estatisticamente significante (Tabela 8).21
22
23
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
39
Tabela 7. Comparação do infiltrado inflamatório cardíaco quanto ao gênero de 11 idosos e 14 não idosos1
com cisticercose autopsiados no Hos pital Escola da Universidade Federal do Triângulo2
Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.3
4
Infiltrado inflamatório cardíaco
Gênero n (%)
Med (min – máx)
Feminino NI 5 (20,0) 3,00 (1,00 – 16,00)
Masculino NI
1
9 (36,0) 3,00 (1,00 – 89,00)
Feminino I
2
5 (20,0) 3,00 (1,00 – 51,00)
Masculino I
1, 2
6 (24,0) 2,00 (1,00 – 23,00)
Total 25 (100)
5
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min6
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
7
H=24,485; p<0,001.8
1, 2
= p<0,05.9
10
11
Tabela 8. Comparação do infiltrado inflamatório cardíaco quanto ao acomet imento cardíaco pela12
cisticercose de 11 idosos e 14 não idosos com cisticer cose autopsiados no Hospital Escol a da13
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.14
15
16
Cisticercose
Infiltrado inflamatório
cardíaco
Grupo
cardíaca
n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI)
Sim
1
4 (16,0) 4,00 (1,00 – 20,00)
Não
1
10 (40,0) 3,00 (1,00 – 07,00)
Idosos (I)
Sim
2
Não
2
3 (12,0)
8 (32,0)
3,50 (1,00 – 23,00)
2,00 (1,00 – 51,00)
Total 25 (100)
17
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min18
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
19
1
T=48227,500; p=0,053.20
2
T=29005,500; p=0,032.21
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
40
1
4.2 Morfometria do infiltrado inflamatório encefálico2
3
Na avaliação do infiltrado inflamatório encefálico, o grupo de não idosos com cisticercose4
apresentou significantemente mais inflamação do que o grupo de idosos com a parasitose (Tabela5
9, Figura 8). 6
7
8
Tabela 9. Comparação do infiltrado inflamatório encefálico de 10 idosos e 16 nã o idosos com cisti cer cose9
autopsiados no Hospital Es cola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba10
(MG), no período de 1970 a 2007.11
12
13
Infiltrado inflamatório encefálico
Grupo n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI) 16 (61,5) 3,00 (1,00 – 25,00)
Idosos (I) 10 (38,5) 2,00 (1,00 – 12,00)
Total 26 (100)
14
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min15
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
16
T=156472,000; p<0,00117
18
19
20
21
Na comparação do infiltrado inflamatório encefálico em relação a faixa etária, verificou-se22
um aumento do infiltrado até a quinta década de vida, seguido por um declínio nas décadas23
seguintes. Desta forma, os indivíduos com idade entre 50-59 anos apresentaram mais infiltrado24
inflamatório encefálico do que os indivíduos mais jovens. Enquanto os indivíduos idosos com25
idade entre 70-79 anos apresentaram mais inflamação do que os indivíduos com idade inferior26
(Tabela 10). 27
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
41
Foi encontrada uma correlação positiva e não significativa entre a inflamação encefálica e1
a faixa etária tanto no grupo de idosos (rS=0,131), quanto no grupo de não idosos com2
cisticercose (rS=0,285). 3
4
5
Tabela 10. Comparação do infiltrado inflamatório encefál ico de acordo com a faixa etária de 10 idosos e6
16 não idosos com cisticercose auto psiados no Hospital Escola da Universidade Federal do7
Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.8
9
10
Faixa etária Infiltrado inflamatório encefálico
Grupo n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI) 20-29
1
1 (3,9) 2,90 (2,90 – 2,29)
30-39
1
2 (7,7) 3,20 (2,45 – 3,95)
40-49
1
6 (23,1) 3,27 (2,90 – 3,98)
Idosos (I)
50-59
1
60-69
2
7 (26,9)
7 (26,9)
3,70 (2,23 – 4,25)
2,10 (1,50 – 4,20)
70-79
2
3 (11,5) 2,30 (1,70 – 2,90)
Total 26 (100)
11
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min12
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
13
1
F=0,258 p=0,777.14
2
t=-0,038; p=0,970.15
16
17
Entre os idosos, o gênero feminino apresentou significativamente mais inflamação18
encefálica do que o masculino. Na comparação do gênero masculino e feminino, ambos19
pertencentes ao grupo de não idosos, no entanto, não houve diferença estatisticamente20
significante. Já os indivíduos não idosos do gênero masculino apresentaram um infiltrado21
inflamatório encefálico significativamente superior do que os indivíduos do grupo de idosos,22
independente do gênero (Tabela 11).23
24
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
42
Tabela 11. Comparação d o infiltrado inflamatório en cefálico quanto ao gê nero de 10 idosos e 16 não1
idosos com cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo2
Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.3
4
Infiltrado inflamatório encefálico
Gênero n (%)
Med (min – máx)
Feminino NI
1, 2
5 (19,2) 3,00 (1,00 – 10,00)
Masculino NI
3, 4
11 (42,3) 3,00 (1,00 – 25,00)
Feminino I
2, 4, 5
4 (15,4) 3,00 (1,00 – 12,00)
Masculino I
1, 3, 5
6 (23,1) 2,00 (1,00 – 06,00)
Total 26 (100)
5
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min6
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
7
H=174,858; p<0,001.8
1
, 2, 3, 4, 5
= p<0,05.9
10
11
No grupo de não idosos, os indivíduos acometidos pela cisticercose encefálica12
(med=3,00, min=1,00 e máx=25,00) apresentaram significativamente mais inflamação do que os13
indivíduos não idosos com cisticercose em outras localizações (med=2,00, min=1,00 e14
máx=11,00). No grupo de idosos, todos os indivíduos apresentavam cisticercose encefálica. 15
Foi encontrada uma correlação positiva e não significativa entre a inflamação cardíaca e a16
inflamação encefálica no grupo de idosos (rS=0,714), e negativa e não significativa no grupo de17
não idosos com cisticercose (rS=-0,297).18
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
43
4.3 Morfometria da fibrose cardíaca1
2
Na análise da fibrose cardíaca, o grupo de idosos apresentou significativamente mais3
fibrose do que o grupo de não idosos com cisticercose (Tabela 12, Figura 9).4
5
6
Tabela 12. Comparação da fibrose cardíaca de 11 idosos e 14 não idosos com cisticercose autopsiados no7
Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro , Uberaba (MG), no período8
de 1970 a 2007.9
10
Fibrose cardíaca
Grupo n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI) 14 (56,0) 0,92 (0,03 – 11,35)
Idosos (I) 11 (44,0) 2,29 (0,08 – 18,40)
Total 25 (100)
11
I = Idosos com Cisticercose; NI = Não Idosos com Cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana;12
min = Valor mínino; máx = Valor máximo.
13
T=288480,000; p<0,00114
15
16
17
Na comparação da fibrose cardíaca em relação a faixa etária, observou-se que a fibrose18
apresentou um aumento com o decorrer da idade. No grupo de não idosos, os indivíduos com19
50-59 anos apresentaram mais fibrose cardíaca do que os com idade inferior a 50 anos, no20
entanto não houve diferença significativa. No grupo de idosos, os indivíduos da idade entre 70-7921
anos apresentaram significativamente mais fibrose cardíaca do que os da faixa etária de 60-6922
anos. (Tabela 13).23
Foi encontrada uma correlação positiva e não significativa entre a fibrose cardíaca e a24
faixa etária tanto no grupo de idosos (rS=0,122), quanto no grupo de não idosos com cisticercose25
(rS=0,511). 26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
44
Tabela 13. Comparação da fibrose cardíaca de acordo com a faixa et ária de 11 idosos e 14 não idosos1
com cisticercose autopsiados no Hos pital Escola da Universidade Federal do Triângulo2
Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.3
4
Faixa etária Fibrose cardíaca
Gênero n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI) 30-39
1
2 (8,0) 1,11 (0,85 – 1,38)
40-49
1
7 (28,0) 0,85 (0,55 – 2,57)
50-59
1
5 (20,0) 1,43 (0,81 – 1,59)
Idosos (I) 60-69
2
7 (28,0) 1,43 (0,81 – 1,61)
70-79
2
4 (16,0) 2,75 (2,40 – 3,00)
Total 25 (100)
5
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min6
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
7
1
F=0,100; p=0,906.8
2
t=-7,321; p<0,001.9
10
11
Os indivíduos idosos, tanto do gênero feminino quanto do masculino, apresentaram12
significativamente mais fibrose cardíaca do que os indivíduos não idosos, independente do13
gênero. Houve uma diferença estatística na comparação da fibrose cardíaca em relação ao gênero14
nos grupos, idosos e não idosos com cisticercose (Tabela 14). 15
No grupo de idosos, os indivíduos acometidos pela cisticercose cardíaca apresentaram16
uma maior porcentagem de fibrose cardíaca quando comparado aos indivíduos idosos com17
cisticercose em outras localizações; no entanto essa diferença não foi significante. No grupo de18
não idosos, os indivíduos com cisticercose nas demais localizações apresentaram19
significativamente mais fibrose cardíaca do que os indivíduos acometidos pela cisticercose20
cardíaca (Tabela 15).21
Foi encontrada uma correlação positiva e não significativa entre a fibrose e a inflamação22
cardíacas tanto no grupo de idosos (rS=0,553), quanto no grupo de não idosos com cisticercose23
(rS=0,489).24
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
45
Tabela 14. Comparação da fibrose cardíaca quanto ao gênero de 11 idosos e 14 não idosos co m1
cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineir o,2
Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.3
4
Fibrose cardíaca
Gênero n (%)
Med (min – máx)
Feminino NI
1, 3, 5
5 (20,0) 0,95 (0,03 – 07,23)
Masculino NI
2, 4, 5
6 (24,0) 0,87 (0,03 – 11,35)
Feminino I
1, 2
6 (24,0) 2,24 (0,42 – 18,40)
Masculino I
3, 4
8 (32,0) 2,01 (0,08 – 18,40)
Total 25 (100)
5
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min6
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
7
H=152,788; p<0,001.8
1, 2, 3, 4, 5
= p<0,05.9
10
11
12
Tabela 15. Comparação da fibrose c ardíaca quanto ao acometimento do coração pela cisticercose de 1113
idosos e 14 não idosos com cisticercose autopsiados no H ospital Escola da Universidade14
Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.15
16
Cisticercose
Infiltrado inflamatório
cardíaco
Grupo
cardíaca
n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI)
Sim
1
3 (12,0) 0,55 (0,06 – 4,19)
Não
1
11 (44,0) 1,03 (0,03 – 11,35)
Idosos (I)
Sim
2
Não
2
3 (12,0)
8 (32,0)
2,56 (0,42 – 18,40)
2,17 (0,08 – 16,99)
Total 25 (100)
17
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min18
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
19
1
T=424103,000; p<0,001.20
2
T=27977,000; p=0,202.21
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
46
1
4.4 Morfometria da fibrose encefálica2
3
Na avaliação da fibrose encefálica, o grupo de idosos apresentou significativamente mais4
fibrose do que o grupo de não idosos com cisticercose (Tabela 16, Figura 9). 5
6
7
Tabela 16. Comparação da fibrose enc efálica de 10 idosos com cisticercose e 15 não idosos com8
cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineir o,9
Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.10
11
Fibrose encefálica
Grupo n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI) 15 (60,0) 0,16 (0,02 – 03,44)
Idosos (I) 10 (40,0) 1,47 (0,03 – 18,68)
Total 25 (100)
12
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min13
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
14
T=166440,000, p<0,00115
16
17
Na comparação da fibrose encefálica em relação a faixa etária, verificou-se que a fibrose18
encefálica aumenta com o decorrer da idade. No grupo de não idosos, os indivíduos com idade19
entre 40-49 anos apresentaram mais fibrose encefálica do que as demais faixas etárias. No grupo20
de idosos com cisticercose, os indivíduos da idade entre 60-69 anos apresentaram21
significativamente mais fibrose encefálica do que os da faixa etária de 70-79 anos (Tabela 17).22
A correlação entre a fibrose encefálica e a faixa etária foi negativa e não significativa entre23
os idosos (rS=0,506), e positiva e não significativa entre os não idosos com cisticercose24
(rS=0,705).25
26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
47
Tabela 17. Comparação da fibrose encefálica de acordo com a faixa etária de 10 idosos e 16 não idosos1
com cisticercose autopsiados no Hos pital Escola da Universidade Federal do Triângulo2
Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.3
4
Faixa etária Fibrose encefálica
Grupos de Idosos n (%)
Med (min – máx)
Não Idosos (NI) 20-29
1
1 (3,9) 0,13 (0,13 – 0,13)
30-39
1
2 (7,7) 0,18 (0,17 – 0,20)
40-49
1
6 (23,1) 0,29 (0,18 – 0,44)
Idosos (I)
50-59
1
60-69
2
7 (26,9)
7 (26,9)
0,25 (0,10– 0,32)
1,50 (0,20 – 4,20)
70-79
2
3 (11,5) 0,70 (0,60 – 1,30)
Total 26 (100)
5
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min6
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
7
1
F=1,356; p=0,294.8
2
t=-7,321; p<0,0019
10
11
Os indivíduos idosos, independente do gênero, apresentaram significativamente mais12
fibrose encefálica do que os indivíduos não idosos, tanto do gênero feminino, quanto do13
masculino. Entre os não idosos, o gênero feminino apresentou significativamente mais fibrose14
encefálica do que o masculino. Na comparação do gênero masculino e feminino, ambos15
pertencentes ao grupo de idosos, no entanto, não houve diferença significante (Tabela 18).16
No grupo de não idosos, os indivíduos acometidos pela cisticercose encefálica17
(med=0,15, min=0,02 e máx=3,44) apresentaram menor inflamação quando comparados aos18
indivíduos não idosos com cisticercose em outras localizações (med=0,16, min=0,02 e19
máx=1,39), no entanto essa diferença não foi significativa. No grupo de idosos, todos os20
indivíduos apresentavam cisticercose encefálica. 21
22
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
48
Tabela 18. Comparação da fibrose encefálica quanto ao gênero de 10 idosos com cis ticercose e 15 idosos1
sem cisticercose autopsiados no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo2
Mineiro, Uberaba (MG), no período de 1970 a 2007.3
4
Fibrose encefálica
Gênero n (%)
Med (min – máx)
Feminino NI
2, 4, 5
7 (28,0) 0,19 (0,03 – 0,35)
Masculino NI
1, 3, 5
8 (32,0) 0,13 (0,02 – 0,28)
Feminino I
3, 4
4 (16,0) 1,13 (0,04 – 2,26)
Masculino I
1, 2
6 (24,0) 1,88 (0,05 – 3,53)
Total 25 (100)
5
I = Idosos com cisticercose; NI = Não idosos com cisticercose; n =número de casos; Med = Mediana; min6
= Valor mínino; máx = Valor máximo.
7
H=368,187; p<0,001.8
1, 2, 3, 4, 5
= p<0,05.9
10
Foi encontrada uma correlação positiva e não significativa entre a fibrose e a inflamação11
encefálicas no grupo de não idosos (r=0,354), e negativa e não significativa no grupo de idosos12
com cisticercose (rS=-0,733). 13
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
49
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13
14
DISCUSSÃO15
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
50
1
O envelhecimento populacional que vem ocorrendo desde as últimas décadas do século2
passado mudou o perfil demográfico e epidemiológico do Brasil. O aumento das doenças3
crônicas-degenerativas, que se sobrepõem às doenças infecciosas e parasitárias, tem exigido uma4
maior ênfase na prevenção e tratamento dessas doenças, o que torna necessário o conhecimento5
de suas alterações patológicas ocorridas no envelhecimento.6
Nesse estudo verificamos uma ocorrência de 26,7% de idosos entre os indivíduos7
autopsiados com cisticercose; e um crescimento desta ocorrência a partir da década de 70,8
atingindo seu valor máximo na década de 90. Apesar de ser descrito na literatura uma queda na9
ocorrência de cisticercose a partir da década de 70 (Lino Jr, 2001), esse achado pode estar10
relacionado a um intenso processo de transição demográfica que se sobrepõem às melhoras no11
setor de saúde e infra-estrutura social.12
Ao longo das décadas, houve uma distribuição semelhante quanto à idade, o gênero e a13
cor. De maneira geral, prevaleceram os indivíduos do gênero masculino e da cor branca entre os14
idosos e não idosos com cisticercose, estando estes dados compatíveis com os obtidos por15
outros autores em estudos epidemiológicos envolvendo a parasitose (Agapejev, 1996, 2003; Lino16
Jr, Reis e Teixeira, 1999) e o envelhecimento (Martins, 1998; Pittella e Duarte, 2002). 17
A localização encefálica da cisticercose foi a mais freqüente, sendo seguida pela18
localização cardíaca tanto no grupo de idosos como no grupo de não idosos. Este achado difere19
da maioria dos relatos que apresentam a localização muscular-esquelética como a segunda mais20
freqüente (Agapejev, 1996, 2003; Montemór Netto et al., 2000). Acreditamos que talvez a21
cisticercose cardíaca seja uma peculiaridade geográfica do acometimento cardíaco pelo cisticerco.22
Outra possibilidade seria responsabilizar os diversos estudos do coração realizados na região do23
Triângulo Mineiro, em que a doença de Chagas é endêmica, facilitando assim o encontro de24
eventuais cisticercos no coração (Lino Jr, Reis e Teixeira, 1999). 25
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
51
As etapas iniciais do cisticerco (EV e EVC), caracterizadas por uma discreta resposta1
inflamatória do hospedeiro, prevaleceram entre os idosos. No grupo de não idosos, as etapas2
finais (EGN e ENC) foram mais freqüentes, indicando uma maior intensidade da resposta3
inflamatória do hospedeiro frente ao parasito (Marquez-Monter, 1972). Esses achados estão de4
acordo com a literatura que relata que a EV é mais frequentemente observada em indivíduos5
mais velhos, sem que haja um aumento na gravidade dos sintomas clínicos (Fleury et al., 2004).6
Outra justificativa seria a contaminação recente destes indivíduos.7
Nos primeiros estádios de desenvolvimento do parasito, a resposta imunológica do8
hospedeiro é do tipo Th1; enquanto nos estádios mais avançados, há um predomínio da resposta9
Th2 (De Martinis et al., 2004; Ginaldi et al., 2001; Robinson et al., 1997). Porém, durante o10
envelhecimento, várias deteriorizações ocorrem na resposta imune adaptativa, especialmente11
naquela regulada pelas células T (Pawelec et al., 2002). O fato destas células participarem da12
resposta imune contra a parasitose justificaria o predomínio das etapas iniciais entre os idosos. 13
A maioria dos idosos (75%) no presente estudo encontrava-se subnutrida, taxa essa14
semelhante à descrita por outros autores de 76,2% (Oliveira et al., 2004). A subnutrição15
freqüentemente está associada às doenças crônico-degenerativas, que podem levar à anorexia e16
ao aumento da demanda de nutrientes (Vannucchi et al., 1994). Dessa forma o desequilíbrio entre17
a ingestão e o gasto energético resulta na diminuição da massa corporal. Na fase aguda de18
algumas doenças, a liberação de citocinas como a interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose19
tumoral (TNF) participam do estímulo do hipercatabolismo, do aumento do metabolismo e da20
diminuição da ingestão de alimentos (Freeman e Roubenoff, 1994; Oliveira et al., 2004). Além21
disso, os indivíduos idosos estudados apresentavam diferentes doenças de base e foram22
atendidos em um Hospital Escola, em que o nível sócio-econômico dos seus pacientes em geral23
é baixo. Logo, esses fatores podem ter contribuído com a alta frequência de subnutrição nesses24
indivíduos.25
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
52
Houve maior ocorrência da causa de morte neoplásica (40%) entre os idosos com1
cisticercose, sendo seguida pela causa cardiovascular (35%), pela infecciosa (15%) e pelas outras2
causas de morte (10%). Esses dados diferem dos descritos na literatura, os quais mostram3
freqüências que variam de 30,5 a 54,5% para a causa cardiovascular, 17 a 54,6% para a causa4
infecciosa, e 11,5 a 28,1% para neoplásica entre os idosos (Gee Mac, 1993; Martins et al., 1998;5
Oliveira et al., 2004). 6
Ao longo das décadas, as freqüências das causas de morte cardiovascular e de outras7
causas se mantiveram estáveis, enquanto a infecciosa diminuiu e a neoplásica aumentou. A8
distribuição das causas de morte neste trabalho pode estar relacionada à tendência da transição9
epidemiológica nos países em desenvolvimento, a qual é esperada com o envelhecimento da10
população (Chaimowicz, 1997). 11
Além disso, estudos prévios indicam que danos no DNA de células do hospedeiro12
podem ser diretamente induzidos por moléculas secretadas pelo cisticerco, o que sugere uma13
possível associação entre cisticercose e neoplasias (Del Brutto et al., 1997; Herrera et al., 1999,14
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
53
hipótese de que a cisticercose constitui um fator de risco para o desenvolvimento de neoplasias,1
em especial, em indivíduos idosos.2
O fato da causa de morte infecciosa apresentar maior ocorrência nas faixas etárias mais3
elevadas, ou seja, acima de 80 anos (Oliveira, 2003), justificaria a pequena ocorrência desta causa4
de morte no presente trabalho, já que a média de idade dos idosos com cisticercose foi de 68,35
anos. A maioria dos casos de causa de morte infecciosa estava relacionada à broncopneu monite,6
semelhante ao encontrado por outros autores (Gee Mac, 1993; Martins, 1998). A7
broncopneumonite pode estar relacionada a fatores de risco, como cardiopatias, enfisema,8
bronquite crônica e subnutrição (Fraser, 1997), fatores esses apresentados pelos idosos avaliados9
no presente estudo.10
A causa de morte cardiovascular apresentou maior ocorrência nos idosos da faixa etária11
de 60 a 69 anos, dados que estão de acordo com outro estudo, no qual a menor ocorrência de12
causa cardiovascular acima das faixas etárias de 60 e 70 anos está relacionada, principalmente, a13
um menor fator de risco quando o indivíduo era jovem ou ao fato desse grupo ser sobrevivente14
de um processo relacionado à idade que tem pico de incidência nos indivíduos com idade em15
torno de 40 a 50 anos (Jónsson e Hallgrímsson, 1983). 16
Apesar de ser descrito na cisticercose cardíaca alterações como fibroelastose, miocardite e17
insuficiência cardíaca congestiva (Ibarra-Perez et al., 1972; Lino Jr et al., 2002; Marquéz-Monter,18
1972), no presente estudo a cisticercose cardíaca não mostrou ser um fator determinante para19
ocorrência de causa de morte cardiovascular, já que a maioria dos idosos (85,7%) e dos não20
idosos (53,3%) acometidos pela causa de morte cardiovascular não apresentavam cisticercose21
cardíaca.22
O fato de 85,7% dos 20 idosos com cisticercose apresentar causa de morte23
cardiovascular com manifestações cardíacas da doença de Chagas nos leva a pensar que este24
último atuaria como um fator determinante, através das alterações ocorridas no coração em25
função do Trypanosoma cruzi, de seus produtos e da interação parasito-hospedeiro, para ocorrência26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
54
de causa de morte cardiovascular. Na cardiopatia chagásica encontra-se inflamação e destruição1
do tecido cardíaco, congestão e edema celular e intersticial. Esses fatores levam a alterações de2
condução dos impulsos elétricos cardíacos e arritmias, além de afinamento do músculo cardíaco3
e dilatação das cavidades do coração, caracterizando um quadro de insuficiência cardíaca4
(Chagas, 1922; Prata, 1994).5
O peso cardíaco e encefálico dos não idosos com cisticercose (375,2g e 1258,5g,6
respectivamente) foi superior ao do grupo de idosos com cisticercose (365,0g e 1250,3g,7
respectivamente). Segundo alguns autores, nos indivíduos com idade acima de 60 anos, o peso8
cardíaco varia de 347 a 487g e peso encefálico varia de 1105 a 1264g (Olivetti et al., 1994,9
Sanches, Morales e Cardozo, 1997; Tavares-Neto, 1990), semelhante ao encontrado no presente10
estudo. No entanto, nossos dados são superiores a outro estudo que descreve o peso cardíaco de11
um grupo de idosos sem cardiopatia (347,0 ± 39g) (Olivetti et al., 1994). Tal aumento12
possivelmente é devido às cardiopatias que acometeram os indivíduos idosos com cisticercose13
analisados, principalmente as cardiopatia chagásica e hipertensiva. 14
Na cardiopatia chagásica crônica, é verificado dilatação global do coração associada à15
hipertrofia, esteatose, fibrose subendicárdica na ponta do ventrículo e músculos papilares16
(Andrade, 1985; Almeida et al., 1987; Köberle, 1958), além de um aumento da intensidade da17
inflamação e da fibrose (Chapadeiro, 1967). Já a cardiopatia hipertensiva leva ao18
desenvolvimento de um processo inflamatório frente as áreas de necrose isquêmica, associado a19
um remodelamento do órgão, com hipertrofia dos miocardiócitos e neoformação de tecido20
conjuntivo fibroso (Engelmann et al., 1987; Faleiros, 2005). 21
O peso do coração e do encéfalo foram maiores no gênero masculino em ambos os22
grupos, idosos e não idosos com cisticercose. Esses dados se mostram semelhantes aos descritos23
em outros estudos, em que adultos sem cardiopatias apresentaram variação do peso cardíaco24
com o gênero e o estado nutricional (Oliveira, 2003; Zeek, 1942). Em estudo experimental, os25
ratos machos adultos apresentaram além de maior peso do coração, miocardiócitos maiores que26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
55
as fêmeas, o que talvez poderia estar relacionado ao maior risco de doença cardiovasculares para1
o gênero masculino (Bai et al., 1990). De acordo com estudos envolvendo indivíduos sem2
encefalopatias, o peso do encéfalo, o volume e a densidade celular apresentam uma diminuição3
constante com o decorrer da idade, sendo que o gênero masculino apresenta maior peso4
encefálico do que o feminino (Passe et al., 1997). 5
O grupo de idosos apresentou maior relação Pca/Pco do que os indivíduos não idosos; no6
entanto, em ambos os grupos, esta relação foi superior a normalidade (0,5%). Além do7
peso cardíaco estar sendo influenciado pelas cardiopatias apresentadas por esses8
indivíduos, o aumento da relação Pca/Pco talvez esteja associada a alteração no peso9
corporal que diminui com o aumento da idade (Olivetti et al., 1995). 10
Na análise do infiltrado inflamatório, observamos que o grupo de não idosos apresentou11
significativamente mais inflamação cardíaca e inflamação encefálica do que o grupo de12
indivíduos idosos, e que ocorre uma diminuição desse infiltrado inflamatório com o decorrer da13
idade. O processo inflamatório frente a cisticercos no parênquima cerebral e no miocárdio é14
composto por células mononucleares e polimorfonucleares, principalmente por eosinófilos,15
macrófagos e linfócitos (Prabhakar, Manjari e Vadehra, 1990; Sotelo e Del Brutto, 2000).16
Durante o envelhecimento, são verificadas alterações na expressão de receptores celulares17
funcionalmente importantes, diminuição da população de polimorfonucleares e redução na18
capacidade de produzir anticorpos, fatores que levam a uma disfunção imune (Ginaldi et al.,19
2001; Martinis et al., 2004). Portanto, nossos dados possivelmente encontram-se relacionados à20
deteriorização da resposta imune, principalmente aquela regulada pelas células T nos indivíduos21
idosos (Pawelec et al., 2002). 22
Na análise do infiltrado inflamátorio quanto a localização da parasitose, tanto os idosos23
quanto os não idosos que apresentavam acometimento cardíaco e encefálico pela cisticercose,24
apresentaram mais inflamação cardíaca e encefálica do que os indivíduos com cisticerco em25
outras localizações. Desta forma, o infiltrado inflamatório verificado no presente trabalho26
mostra-se decorrente da estimulação imune pelo parasito.27
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
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Segundo dados da literatura, tanto na neurocisticercose quanto na cisticercose cardíaca, os1
processos patológicos observados estavam na dependência da fase evolutiva do cisticerco e da2
sua localização. Assim, o infiltrado inflamatório de linfócitos e macrófagos na parede cística,3
gliose na cisticercose encefálica e edema tissular são mais prevalentes nas etapas iniciais (EV e4
EVC). À medida que a resposta inflamatória do hospedeiro se torna mais intensa (EGN), o5
parasito passa a sofrer um processo de destruição que tem como evento final a necrose. Na ENC,6
com a desintegração do parasito, a reação inflamatória tende a reduzir, persistindo as células7
gigantes, englobadas na cápsula fibrosa, com gliose na neurocisticercose e edema (Lino Jr, 2004;8
Marquez-Monter, 1979).9
Considerando que entre os idosos no presente estudo houve maior ocorrência das etapas10
iniciais do cisticerco (EV e EVC), esperava-se encontrar um maior infiltrado inflamatório nesses11
indivíduos, já que a inflamação mostra-se na dependência da fase evolutiva do cisticerco. A partir12
da quantificação do infiltrado inflamatório no presente trabalho, podemos afirmar que a13
imunosenescência altera a resposta imune do indivíduo idoso frente a parasitose.14
Dentre as formas de avaliar o colágeno no miocárdio, alguns autores destacaram a15
precisão da quantificação da hidroxiprolina, que representa um marcador bioquímico específico16
do colágeno, em relação a morfometria manual (Lopes et al., 2002). Além disso, outros autores17
encontraram correlação positiva e significativa entre o método bioquímico e a morfometria18
automática (Nicoletti et al., 1995; Kitamura et al., 1997). Assim, no presente estudo foi utilizado a19
morfometria automática semelhante a outros autores (Nicoletti et al., 1995; Oliveira et al., 2003),20
pois o método oferece alta confiabilidade e reprodução dos resultados superiores ao método que21
utiliza a ocular integradora de pontos (Kitamura et al., 1997).22
Na análise da fibrose, o grupo de idosos apresentou significativamente mais fibrose23
cardíaca e fibrose encefálica do que o grupo de indivíduos nã5.08 42o da quanti2o.3(Kitamura 11ta imune do indivíduo idoso frente a parasit9aram a
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
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A origem da fibrose pode estar relacionada com a atividade das células inflamatórias. A1
estimulação pelo cisticerco poderia sinalizar a quimiotaxia de células inflamatórias que liberariam2
mediadores químicos que promoveriam a origem da fibrose por meio da modulação dos3
fibroblastos pelas citocinas e pelos fatores de crescimento. O infiltrado de células inflamatórias,4
como macrófagos e plasmócitos, associado a destruição de miocardiócitos também foi5
observado em modelo experimental com ratos idosos (Áquila et al., 1998).6
A mediana da fibrose cardíaca dos idosos (2,29%) verificada no presente trabalho foi7
maior que a verificada tanto em um estudo automático que avaliou indivíduos de 60 a 120 anos8
(0,4%) (Oliveira, 2003), quanto em estudo semi-automático com indivíduos de 25 a 74 anos9
(1,1%) (Tanaka et al., 1986), ambos sem cisticercose. Na resposta imune específica contra a10
parasitose, ocorre uma reação inflamatória que leva a destruição do parasito e formação de11
tecido conjuntivo fibroso (Carpio, 2002; Rodrigues Jr et al., 2000). Além de constituir um12
resolução da resposta imune do hospedeiro frente a cisticercose, a fibrose cardíaca poderia ser13
um dos fatores responsáveis pela preservação relativa do peso do coração associada a14
subnutrição, encontrada no presente trabalho. 15
O aumento da fibrose com o envelhecimento observado no presente trab alho, também ja16
foi constatado em estudo envolvendo idosos autopsiados (Oliveira, 2003) e em estudo17
experimental por meio da quantificação da hidroxiprolina. Nesse último, foi verificado um18
aumento de 5,5% do colágeno no ventrículo esquerdo de animais com um mês de vida para 12%19
com 22 meses de vida. Após esse período, houve estabilidade no aumento do colágeno,20
provavelmente devido a diminuição da síntese e/ou aumento da degradação. Além disso, as21
regiões de fibrose aumentaram em tamanho e volume em animais idosos (Eghbali et al., 1989).22
É possível que no processo de fibrogênese, o desequilíbrio entre a síntese e a degradação23
do colágeno, verificada durante a senescência, chegue a um relativo equilíbrio com o aumento da24
idade no idoso (Oliveira, 2005), levando ao aumento estável da fibrose em idade avançada, como25
verificado na análise da distribuição da fibrose encefálica por faixa etária no presente trabalho.26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
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Tanto nos idosos quanto nos não idosos com cisticercose, a fibrose miocárdica parece ter1
sido influenciada pelo gênero, já que foi observado uma maior porcentagem de colágeno no2
gênero feminino. A diferença das alterações cardíacas, assim como do acometimento por3
cardiopatias em relação ao gênero, parece estar associada em parte pela diferença na ação4
hormonal. Foi demonstrado experimentalmente que os miocardiócitos e os fibroblastos5
cardíacos intactos expressam receptores funcionais para o estrogênio. E que quando essas células6
foram expostas ao estrogênio, foi observado uma modulação na expressão gênica, demonstrando7
que o miocárdio pode ser influenciado pelo hormônio (Grohé et al., 1997). Estudos têm8
demonstrado que o estrogênio é capaz de atenuar a hipertrofia cardíaca e interferir no processo9
de remodelamento do órgão após um infarto agudo do miocárdio, atuando como um hormônio10
esteróide na proteção cardíaca (Babiker et al., 2006).11
Apesar do grupo de idosos com cisticercose apresentar mais fibrose cardíaca do que o12
grupo de não idosos, não houve uma diferença significativa entre os idosos que apresentavam13
cisticercose cardíaca e os idosos que apresentavam cisticercose nas demais localizações. No14
entanto, os não idosos com cisticercose nas demais localizações apresentaram significativamente15
mais fibrose cardíaca do que os indivíduos acometidos pela cisticercose cardíaca, o que pode16
estar relacionado ao fato desses indivíduos apresentarem uma maior taxa de causa de morte17
cardiovascular. 18
Provavelmente, somando-se as alterações do processo de envelhecimento e a estimulação19
promovida pela cisticercose cardíaca, o processo de fibrogênese estaria relacionado também a20
alterações estruturais do órgão relacionadas a causa de morte, já que a causa cardiovascular21
acometeu 40% dos não idosos com cisticercose nas demais localização, enquanto todos os22
indivíduos não idosos com cisticercose cardíaca apresentaram causa de morte infecciosa. Além23
disso, os indivíduos que apresentavam cardiopatia chagásica possivelmente se encontravam na24
fase crônica da doença, na qual é encontrada acentuada fibrose miocárdica (Andrade, 1985; Rossi25
et al., 2003, Tarufi, 1987). 26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
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Entre os idosos com cisticercose, o gênero feminino apresentou maiores quantidades de1
inflamação cardíaca, inflamação encefálica e fibrose cardíaca. Segundo alguns trabalhos2
abordando a cisticercose tanto em animais quanto em humanos em idad e fértil (Fleury et al.,3
2004; Morales et al., 2002; Terrazas et al., 1994), o gênero feminino apresenta uma resposta imune4
inflamatória mais acentuada frente a parasitose. Em especial, a acentuada encefalite cisticercótica5
verificada em mulheres jovens (Del Brutto et al., 1988a) pode ser justificada pela influência6
exercida por fatores hormonais (Rangel et al., 1987). Portanto, nossos dados indicam que mesmo7
durante a senescência, período em que se verifica uma diminuição dos níveis de esteróides sexuais8
femininos, a mulher apresenta uma resposta imune mais intensa frente a cisticercose quando9
comparada ao gênero masculino. 10
A inflamação e a fibrose, tanto cardíacas quanto encefálicas, mostraram uma correlação11
positiva, ou seja, indivíduos com maior infiltrado inflamatório apresentam, também, mais12
fibrose. É descrito que a fibrose miocárdica pode estar diretamente relacionada a inflamação,13
principalmente, a que é composta por linfócitos e macrófagos. A reação inflamatória que se14
desenvolve ao redor do cisticerco é constituída principalmente por linfócitos, macrófagos,15
eosinófilos e plasmócitos (Lino Jr et al., 2002; Restrepo et al., 2002). Essas células inflamatórias16
promoveriam a fibrose através de mediadores, como os fatores de crescimento e as citocinas que17
agem sobre os fibroblastos (Rossi, 1998; Rossi et al., 2003; Higuchi et al., 2003)18
A inflamação cardíaca e a inflamação encefálica mostraram uma correlação positiva em19
ambos os grupos. Estudos têm mostrado que a presença de múltiplos parasitos é mais freqüente20
em indivíduos com idade mais avançada (Fleury et al., 2004). No material analisado, as21
localizações encefálica e cardíaca foram as mais freqüentes, sendo que a maioria dos indivíduos22
apresentava cisticercose em mais de uma localização. 23
As maiores limitações encontradas na realização deste trabalho estiveram relacionadas à24
recuperação e conservação de fragmentos dos órgãos analisados, às cardiopatias e encefalopatias25
presentes em todos os indivíduos estudados e a própria sobreposição entre os processos26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
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relacionados a cisticercose e aqueles relacionados ao envelhecimento, fatores difíceis de serem1
excluídos por se tratar de material de autópsia. No entanto, essas limitações tornam-se mínimas2
diante do conhecimento obtido das alterações patológicas ocorridas em indivíduos idosos com3
cisticercose.4
Podemos concluir que a cisticercose é uma parasitose frequente na população idosa, e que5
esses idosos apresentam uma diminuição do infiltrado inflamatório e um aumento da fibrose com6
o avançar da idade, fato importante se considerarmos que esses indivíduos continuam se7
infectando ao longo do envelhecimento. Portanto, talvez em decorrência da imunosenescência8
associada a alterações imunológicas causadas pela cisticercose, formam-se condições favoráveis9
ao desenvolvimento de neoplasias em idosos acometidos pela parasitose.10
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CONCLUSÃO27
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Conclusões1
2
Para o objetivo: Caracterizar o perfil demográfico dos pacientes idosos com cisticercose;3
O perfil demográfico dos indivíduos idosos com cisticercose mostrou-se4
semelhante ao perfil dos indivíduos não idosos acometidos pela parasitose.5
6
Para o objetivo: Verificar as causas de morte dos idosos e não idosos com cisticercose e7
suas distribuições por décadas;8
A causa de morte neoplásica teve uma maior ocorrência entre os idosos com9
cisticercose, sendo seguida pela causa cardiovascular, enquanto entre os não10
idosos a cardiovascular foi a mais frequente, seguida pela infecciosa. Esses dados11
reforçam a hipótese de que a cisticercose constitui um fator de risco para o12
desenvolvimento de neoplasias, em especial, em indivíduos idosos.13
Provavelmente somando-se as alterações imunológicas ocorridas durante o14
envelhecimento, a cisticercose contribui para formação de uma condição15
favorável para o desenvolvimento de neoplasias em indivíduos idosos com16
cisticercose.17
18
Para o objetivo: Quantificar, através de técnicas morfométricas, o número de células19
inflamatórias e a fibrose no coração e no encéfalo dos pacientes idosos com cisticercose;20
A inflamação, cardíaca e encefálica, foram significativamente maiores entre os não21
idosos com cisticercose.22
A fibrose, cardíacas e encefálica, foram significativamente maiores entre os idosos23
com cisticercose. 24
Mesmo durante a senescência, a mulher apresenta uma resposta imune aguda mais25
intensa frente a cisticercose quando comparada ao gênero masculino.26
Cavellani, C.L. Análise das Alterações Patológicas Decorrentes do Envelhecimento em Indivíduos com Cisticercose, 2007.
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Portanto, ocorrem modificações dos processos patológicos gerais, em idosos autopsiados2
com cisticercose, decorrentes da parasitose, frente ao processo de envelhecimento devido ao fato3
desses indivíduos apresentarem-se imunosenescentes.4
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