Download PDF
ads:
UFRRJ
INSTITUTO DE AGRONOMIA
DISSERTAÇÃO
Utilização de Pseudocaule de Bananeira Como
Cobertura Morta de Solos Cultivados com
Laranjeira Lima (Citrus sinensis Osbeck) e
Mamoeiro (Carica papaya L.) Sob Manejo Orgânico
de Produção
Rafael Marques Nogueira
2006
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOTECNIA
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE AGRONOMIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOTECNIA
UTILIZAÇÃO DE PSEUDOCAULE DE BANANEIRA COMO
COBERTURA MORTA DE SOLOS CULTIVADOS COM LARANJEIRA
LIMA (Citrus sinensis Osbeck) E MAMOEIRO (Carica papaya L.) SOB
MANEJO ORGÂNICO DE PRODUÇÃO
RAFAEL MARQUES NOGUEIRA
Sob a Orientação do Pesquisador
José Guilherme Marinho Guerra
e Co-orientação do Pesquisador
Dejair Lopes de Almeida
Dissertação submetida como
requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Ciências no
curso de Pós-Graduação em
Fitotecnia, Área de Concentração
em Agroecologia.
Seropédica, RJ
Março de 2006
ads:
ii
UFRRJ / Biblioteca Central / Divisão de Processamentos Técnicos
635.26
N778u
T
Nogueira, Rafael Marques, 1978-
Utilização de pseudocaule de bananeira
como cobertura morta de solos cultivados
com laranjeira lima (Citrus sinensis
Osbeck) e mamoeiro (Carica papaya L.) sob
manejo orgânico de produção / Raf
Marques Nogueira. – 2006.
91 f. : il.
Orientador: José Guilherme Marinho
Guerra.
Dissertação (mestrado) Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro,
Instituto de Agronomia.
Bibliografia: f. 66-74.
1. Cobertura morta – Teses. 2. Solos
Manejo – Teses. 3. Solos Teor de
compostos orgânicos Teses. 4. Resíduos
vegetais Teses. 5. Animais do solo
Teses. 6. Frutas cítricas Cultivo
Teses. 7. Mamão Cultivo Teses. I.
Guerra, José Guilherme Marinho, 1958- II.
Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro. Instituto de Agronomia. III.
Título.
Bibliotecário: _______________________________
Data: ___/___/______
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE AGRONOMIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOTECNIA
RAFAEL MARQUES NOGUEIRA
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências,
no Curso de Pós-Graduação em Fitotecnia, área de Concentração em Agroecologia.
DISSERTAÇÃO APROVADA EM 23/03/2006
____________________________________________________
José Guilherme Marinho Guerra (Dr.) Embrapa Agrobiologia
(Orientador)
____________________________________________________
Maria Elizabeth Fernandes Correia (Dra.) Embrapa Agrobiologia
_____________________________________________________
Marco Antônio da Silva Vasconcellos (Dr.) UFRRJ
iv
Às minhas “duas” mães: Beatriz, pelo
exemplo de vida, e Lúcia, pelo
sacrifício e amor dedicados a Donária
e Pedro (ambos in memorian).
Aos meus irmãos Lamartine,
Delmartine, All Martine, Deamartine,
Avelino Filho, Cláudia e Fátima, pelo
apoio incondicional.
Aos meus sobrinhos, pela renovação da
esperança.
Dedico.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, “inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, que com seu infinito amor
e misericórdia concedeu-me mais essa graça;
À minha família, especialmente às minhas “duas” mães e aos meus irmãos, pela confiança,
carinho e amor incondicionais a mim dedicados durante todos os momentos, fossem eles
fáceis ou difíceis, alegres ou não;
Ao Dr. Antônio da Silva Souza, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, primeiro orientador,
grande incentivador da minha carreira profissional;
Aos professores da minha “antiga casa”, a então Escola de Agronomia da Universidade
Federal da Bahia, que a mim sempre creditaram votos de confiança. Assim como aos amigos
feitos durante esse período tão fantástico;
A Embrapa Agrobiologia e ao curso de Pós Graduação em Fitotecnia da UFRRJ, pela
oportunidade de aperfeiçoamento profissional;
Ao Dr. Dejair Lopes de Almeida, pela confiança e idéias inovadoras a mim apresentadas de
maneira tão simples e acessível;
Ao meu orientador Dr. José Guilherme Marinho Guerra, pela orientação, postura ética e
profissional, e, acima de tudo, pela compreensão e respeito pela figura humana;
À Dra. Maria Elizabeth Fernandes Correia (Beth) e Dra. Adriana Maria de Aquino, cujo
convívio me permitiu aprender muito sobre um assunto que outrora me era tão distante, e
mais do que isso, pelos laços de amizade criados, tornando-as pessoas muito especiais, únicas;
Ao Dr. José Antônio Azevedo Espíndola, sempre solícito em todos os momentos, um ser
humano exemplar;
A CAPES pelo auxílio financeiro, cujo apoio foi muito importante;
A Ivana Almeida Vieira e todos os funcionários da “Fazendinha Agroecológica” pelo
irrestrito apoio;
Aos companheiros de jornada e amigos João Batista Alves e Vlamir Fortes de Azevedo, pelas
experiências compartilhadas;
Aos amigos Khalil Menezes Rodrigues e Luiz Antônio da Silva Jacintho (Laboratório de
Fauna do Solo), Adilson Pacheco de Souza e Sandro Luís da Costa Alves, pelo auxílio
constante nos experimentos e pela amizade;
A Vanessa de Magalhães Ferreira, Zelinda, Heleno, Zelir, Zenir e Alcinéia, inestimáveis
amigos, por estarem ao meu lado em momentos tão difíceis;
vi
Aos “baianos” Joilson, Gilmar, Antonione, Everton e Enéas pela amizade e acolhida nos
primeiros tempos;
Aos amigos Alexandre da Silva de Miranda e Miguel Ângelo Fonseca Mulano, pelo auxílio
em uma etapa tão complexa;
A Augusto Corrêa de Lima, por ter me “emprestado” uma família (Nara e Mercedes);
E, especialmente, a todos que, por falta de espaço, deixei de mencionar, externo a minha
imensa gratidão. Muito obrigado, que Deus os abençoe.
vii
BIOGRAFIA
Rafael Marques Nogueira, nascido em 16 de outubro de 1978, na cidade de Xique-
Xique, estado da Bahia, graduou-se em Engenharia Agronômica pela então Escola de
Agronomia da Universidade Federal da Bahia, atualmente Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, em 18 junho de 2004.
Durante o curso de graduação foi integrante do Programa Especial de Treinamento
(PET/Agronomia) de março a julho de 2000. Transferiu-se posteriormente para o Centro
Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura (EMBRAPA/CNPMF), sendo bolsista do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC-CNPq/CNPMF) de agosto de
2000 a julho de 2003. Fez parte ainda do grupo de pesquisas de Mangaba sob
responsabilidade do Departamento de Fitotecnia e do Programa de Mestrado em Ciências
Agrárias da referida universidade.
No ano de 2004 ingressou no Mestrado em Fitotecnia da Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro, com área de concentração em Agroecologia, desenvolvendo seu trabalho
de dissertação junto ao Centro Nacional de Pesquisas de Agrobiologia (EMBRAPA/CNPAB),
concluindo o curso em março de 2006.
viii
RESUMO
NOGUEIRA, Rafael Marques. Utilização de pseudocaule de bananeira como cobertura
morta de solos cultivados com laranjeira lima (Citrus sinensis Osbeck) e mamoeiro
(Carica papaya L.) sob manejo orgânico de produção. 2006. 91p. Dissertação (Mestrado
em Fitotecnia). Instituto de Agronomia, Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2006.
Este trabalho foi desenvolvido no Sistema Integrado de Produção Agroecológica
(“Fazendinha Agroecológica do Km 49”), o qual é conduzido através de parceria entre a
Embrapa, UFRRJ e PESAGRO RIO. Foram feitos dois experimentos, sendo um instalado
em pomar de laranjeira lima e outro em área cultivada com mamoeiros ‘Baixinho de Santa
Amália’. O primeiro teve como objetivo avaliar os efeitos da cobertura morta de pseudocaule
de bananeira em variáveis químicas, físicas e biológicas do solo, tais como: a temperatura,
teor de umidade, teores disponíveis de alguns elementos essenciais e comunidades de macro e
mesofauna edáficas. Além disso, foi feita também uma avaliação dos nutrientes essenciais nos
tecidos foliares da laranjeira. No segundo experimento, foi avaliado o efeito da cobertura
morta sobre o desenvolvimento das plantas, os teores de nutrientes nos tecidos foliares, na
temperatura e umidade do solo e na população de plantas espontâneas. O delineamento
experimental foi o de blocos casualizados com três tratamentos: área mantida sem cobertura,
com cobertura morta formada de palha de grama batatais (laranjeiras) ou capim napier
triturado (mamoeiros); e com cobertura de fragmentos de pseudocaule de bananeiras. Na
determinação de umidade foram utilizados dois métodos, um por meio da umidade
gravimétrica (área com laranjeira lima) coletando-se nas profundidades de: 0-0,05; 0,05-0,10;
0,10-0,20; 0,20-0,40 m e outro por tensiometria (área com mamoeiros) nas profundidades de
0-0,10 e 0,10-0,20 m. A temperatura foi tomada conjuntamente com a umidade, com auxílio
do geotermômetro digital na camada de 0-0,05 m do solo. Para caracterização da fauna
edáfica foram empregadas as metodologias para coleta da mesofauna (Berlese-Tüllgren) e
macrofauna (TSBF), sendo as amostragens realizadas no início e ao final (macrofauna) e no
início, meados e ao final (mesofauna) do experimento. Nas plantas de mamoeiro, foram
determinados a altura; o diâmetro do caule; o raio do limbo foliar; o comprimento do pecíolo;
a altura de início de florescimento e o início de frutificação. Em relação à vegetação
espontânea, realizaram-se coletas para avaliação através da aplicação de índices
fitossociológicos. Evidencia-se a partir dos resultados que o uso de pseudocaule propiciou
elevação no teor de K
+
no solo cultivado com laranjeira lima e de P e K no tecido foliar de
ambas fruteiras, assim como uma redução da temperatura e atenuação do deficit hídrico nas
primeiras camadas do solo (até 0,10 m) das duas áreas. Quanto à fauna edáfica, verificou-se
que o pseudocaule promoveu redução na densidade média de indivíduos, diferentemente do
efeito da cobertura de grama batatais, quando comparado ao solo sem cobertura morta.
Observou-se que o grupo Oligochaeta foi expressiva e negativamente afetado pela cobertura
com pseudocaule. No experimento com mamoeiros, verificou-se que a utilização do
pseudocaule como cobertura morta provocou diminuição na incidência da vegetação
espontânea, especialmente da tiririca, além de proporcionar às plantas maior desenvolvimento
vegetativo na fase juvenil. Assim, evidenciou-se que o emprego de cobertura morta com
fragmentos de pseudocaule de bananeira proporcionou impactos importantes em algumas
características químicas, físicas e biológicas do solo, bem como na fitossociologia de ervas
espontâneas e desenvolvimento inicial de mamoeiros.
Palavras chave: Resíduos culturais, fauna de solo, fitossociologia.
ix
ABSTRACT
NOGUEIRA, Rafael Marques. Use of banana pseudo-stem as mulch in soil cultivated with
sweet orange (Citrus sinensis Osbeck) and papaya (Carica papaya L.) in an organic
system of production. 2006. 91p. Dissertation (Masters science in Phytotechny), Instituto de
Agronomia, Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Seropédica, RJ, 2006.
The present work was developed at the Integrated System of Agroecological Production
(“Agroecological Small Farm of the Km 49”), which is conducted through partnership among
three institutions: Embrapa, UFRRJ and PESAGRO-RIO. Two experiments were done, one of
them installed at orange tree orchard files and the other in an area cultivated with papaya trees
‘Baixinho de Santa Amália’. The objectives of the first experiment were to evaluate the
effects of the dead cover banana tree pseudo-stem application in some chemical, physical and
biological soil variables as: temperature, humidity, available contents of some essential
elements and soil macro and mesofauna communities. Moreover, it was done an evaluation of
the nutrient contents of the orange leaf tissues. In the second experiment at the papaya orchad,
the effects of dead cover application were observed on the plants development, the nutrient
contents of the leaf tissues and on the spontaneous plants population. The experimental design
was of random blocks, with three treatments: an area maintained without covering, another
with dead cover formed with the straw of Paspalum notatum grass (in the case of orange) or
triturated Pennisetum purpureum cv. Napier grass (in the case of papaya); and the last formed
with fragments of pseudo-stem of banana trees. For the humidity determination two methods
were used, one through the gravimetric humidity (area with orange tree files) being collected
in the depths of: 0-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20; 0,20-0,40 m and other for tensiometry (area
with papaya trees) in the depths of 0-0,10 and 0,10-0,20 m. The temperature was taken jointly
with the humidity, with aid of the digital geothermometer in the layer of 0-0,05 m of the soil.
For characterization of the edaphic fauna two methodologies were used: for collection of the
mesofauna (Berlesse-Tüllgren) and macrofauna (TSBF), being the samplings accomplished in
the beginning and at the end (macrofauna) and in the beginning, middle and at the end
(mesofauna) of the experiment. In the papaya tree plants, it was evaluated the height, diameter
of the stem; the radius of the leaf blade; the petiole length; height at the beginning of the
flowering and fructification. In relation to the spontaneous vegetation, collections were done
for evaluation by the application of some phytossociological indexes. The results indicate that
the pseudo-stem use increased the soil K
+
content in the orange tree files and increased the P
and K in the leaf tissues of both fruit bowls, and reduced the temperature and the hydric
deficit in the first layers of the soil (up to 0,10 m) of the two areas. As for the edaphic fauna,
was verified that the banana tree pseudo-stem reduced the individuals' medium density,
differently of the effect of the covering of Paspalum notatum grass, when compared to the
soil without dead cover. It was observed that the group Oligochaeta was expressive and
negatively affected by the pseudo-stem cover. In the experiment with papaya trees, it was
verified that the use of the pseudo-stem as dead cover provided a decrease in the incidence of
the spontaneous vegetation, especially of the mad, beyond to contribute to the plants larger
vegetative development in the juvenile phase. Like this, it was evidenced that the use of dead
cover with fragments of banana tree pseudo-stem provided important impacts in some
chemical, physical and biological characteristics of the soil, as well as in the phytossociology
of spontaneous herbs and initial development of papaya trees.
Key words: Cultural residues, soil fauna, phytossociology
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Teores de macronutrientes dos diferentes materiais vegetais utilizados como cobertura
morta em pomar de laranja-lima (Citrus sinensis Osbeck).....................................................................13
Tabela 2. Teores de macronutrientes dos diferentes materiais vegetais utilizados como cobertura
morta em pomar de mamoeiros..............................................................................................................18
Tabela 3. Caracterização química de solo cultivado com laranjeira lima em duas épocas de avaliação a
partir da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta.....................................................................24
Tabela 4. Caracterização química do solo cultivado com laranjeiras lima após 120 dias da aplicação
de diferentes tipos de cobertura morta....................................................................................................25
Tabela 5. Análise no tecido foliar de laranja-lima (Citrus sinensis Osbeck) em duas diferentes
épocas......................................................................................................................................................25
Tabela 6. Análise de tecido foliar de laranja-lima (Citrus sinensis Osbeck) 120 dias após a aplicação
de diferentes tipos de cobertura morta....................................................................................................26
Tabela 7. Valores médios de umidade (%) em diferentes profundidades em área cultivada com citrus.
Seropédica, RJ, 2004/2005.....................................................................................................................26
Tabela 8. Variação temporal da temperatura de um solo cultivado com laranjeira lima com diferentes
fontes orgânicas de cobertura morta.......................................................................................................28
Tabela 9. Média total das temperaturas (º C) do solo cultivado com citros, sob diferentes tipos de
cobertura morta.......................................................................................................................................28
Tabela 10. Densidade da macrofauna em duas épocas, em solo cultivado com laranjeira lima com
diferentes fontes orgânicas de cobertura morta......................................................................................30
Tabela 11. Índices de diversidade (Shannon), uniformidade (Pielou) e riqueza média (RM) em área
cultivada com citros, sob manejo orgânico, antes e após a aplicação de diferentes tipos de cobertura
morta. Seropédica, RJ, 2004/2005..........................................................................................................31
Tabela 12. Número médio de indivíduos coletados em diferentes profundidades em área cultivada
com laranja lima, ao final do experimento com diferentes tipos de cobertura
morta.......................................................................................................................................................31
Tabela 13. Densidade de indivíduos dos principais grupos coletados em pomar de citros, sob manejo
orgânico, após a aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005........................................................................................................................................................35
Tabela 14. Densidade de indivíduos da mesofauna edáfica, coletados inicialmente em área sem
nenhum tipo de cobertura e em dois períodos após a aplicação de cobertura morta com resíduos de
grama batatais. Seropédica, RJ, 2004/2005............................................................................................36
Tabela 15. Densidade de indivíduos da mesofauna edáfica, coletados inicialmente em área sem
nenhum tipo de cobertura e em dois períodos após a aplicação de cobertura morta com pseudocaule de
bananeira. Seropédica, RJ, 2004/2005....................................................................................................37
xi
Tabela 16. Densidade de indivíduos da mesofauna edáfica, coletados inicialmente em área sem
nenhum tipo de cobertura em três épocas distintas. Seropédica, RJ,
2004/2005...............................................................................................................................................38
Tabela 17. Densidade de indivíduos para a mesofauna edáfica em diferentes tipos de cobertura
independente da época de avaliação. Seropédica, RJ, 2004/2005..........................................................38
Tabela 18. Densidade (indivíduos.m
-2
) da mesofauna edáfica nas diferentes épocas de avaliação e de
acordo com o tipo de cobertura aplicada. Seropédica, RJ, 2004/2005...................................................39
Tabela 19. Índices de diversidade em uma área cultivada com laranja lima, sob manejo orgânico, em
diferentes épocas de aplicação................................................................................................................41
Tabela 20. Análise de nutrientes em folhas de mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’, sob manejo
orgânico, ao final do experimento com diferentes tipos de cobertura
morta.......................................................................................................................................................44
Tabela 21. Temperatura do Solo (ºC) submetido a aplicação de diferentes coberturas. Seropédica, RJ,
2005........................................................................................................................................................46
Tabela 22. Altura média de plantas (em centímetros), de plantas do mamoeiro ‘Baixinho de Santa
Amália’ em diferentes tipos de cobertura, após 86 dias de cultivo. Seropédica, RJ,
2005/2006...............................................................................................................................................47
Tabela 23. Média total das alturas semanais de plantas do mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’ sob
diferentes tipos de cobertura morta........................................................................................................47
Tabela 24. Diâmetro médio de plantas (em centímetros), a 10 cm do solo, de plantas do mamoeiro
‘Baixinho de Santa Amália’ em diferentes tipos de cobertura, após 86 dias de cultivo. Seropédica, RJ,
2005/2006...............................................................................................................................................49
Tabela 25. Média total dos diâmetros semanais de plantas do mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’
sob diferentes tipos de cobertura morta..................................................................................................49
Tabela 26. Altura média de florescimento, em centímetros, de plantas do mamoeiro “Baixinho de
Santa Amália” sob cultivo orgânico com utilização de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica,
RJ, 2005/2006.........................................................................................................................................50
Tabela 27. Tamanho médio do limbo foliar, em centímetros, de plantas do mamoeiro ‘Baixinho de
Santa Amália’ sob cultivo orgânico, com utilização de diferentes tipos de cobertura. Seropédica, RJ,
2005/2006...............................................................................................................................................51
Tabela 28. Comprimento médio do pecíolo, em centímetros, de folhas do mamoeiro ‘Baixinho de
Santa Amália’ sob cultivo orgânico, com utilização de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica,
RJ, 2005/2006........................................................................................................................................51
Tabela 29. Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área cultivada com
mamoeiro, sob manejo orgânico de produção, em duas épocas. Seropédica, RJ,
2005/2006...............................................................................................................................................53
Tabela 30. Espécies presentes e ausentes de plantas espontâneas em área cultivada com mamoeiro,
sob manejo orgânico, após 30 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005........................................................................................................................................................53
xii
Tabela 31. Espécies presentes e ausentes de plantas espontâneas em área cultivada com mamoeiro,
sob manejo orgânico, após 75 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2006........................................................................................................................................................54
Tabela 32. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR),
densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do valor de importância (IVI), numa
comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.),
sob manejo orgânico, após 30 dias da aplicação de cobertura de pseudocaule de bananeira. Seropédica,
RJ, 2005..................................................................................................................................................56
Tabela 33. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR),
densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do valor de importância (IVI), numa
comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.),
sob manejo orgânico, após 30 dias da aplicação de cobertura de capim napier triturado. Seropédica,
RJ, 2005..................................................................................................................................................56
Tabela 34. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR),
densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do valor de importância (IVI), numa
comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.),
sob manejo orgânico, após 30 dias, sem aplicação de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005........................................................................................................................................................57
Tabela 35. Coeficiente de Sørenson determinado a partir da combinação dos diferentes tipos de
cobertura em área cultivada com mamoeiro sob manejo orgânico após 30 dias da aplicação.
Seropédica, RJ, 2005..............................................................................................................................58
Tabela 36. Número médio de indivíduos da vegetação espontânea coletadas em área cultivada com
mamoeiro, sob manejo orgânico, após 30 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta.
Seropédica, RJ, 2005..............................................................................................................................59
Tabela 37. Principais espécies de plantas espontâneas coletadas em área cultivada com mamoeiro, sob
manejo orgânico, após 30 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005........................................................................................................................................................59
Tabela 38. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR),
densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do valor de importância (IVI), numa
comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.),
sob manejo orgânico, após 75 dias da aplicação de cobertura de pseudocaule de bananeira. Seropédica,
RJ, 2006..................................................................................................................................................61
Tabela 39. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR),
densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do valor de importância (IVI), numa
comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.),
sob manejo orgânico, após 75 dias da aplicação de cobertura de capim napier triturado. Seropédica,
RJ, 2006..................................................................................................................................................61
Tabela 40. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR),
densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do valor de importância (IVI), numa
comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.),
sob manejo orgânico, após 75 dias, sem aplicação de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2006........................................................................................................................................................62
Tabela 41. Coeficiente de Sørenson determinado a partir da combinação dos diferentes tipos de
cobertura em área cultivada com mamoeiro sob manejo orgânico após 75 dias da aplicação.
Seropédica, RJ, 2006..............................................................................................................................63
xiii
Tabela 42. Número médio de indivíduos da vegetação espontânea, coletadas em área cultivada com
mamoeiro, sob manejo orgânico, após 75 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta.
Seropédica, RJ, 2006..............................................................................................................................63
Tabela 43. Principais espécies de plantas espontâneas coletadas em área cultivada com mamoeiro, sob
manejo orgânico, após 75 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2006........................................................................................................................................................64
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Detalhes dos tratamentos logo após a implantação: A sem cobertura morta; B palhada de
grama batatais; C pseudocaule de bananeira.......................................................................................13
Figura 2. Etapas de campo da coleta de solo para caracterização da macrofauna edáfica em pomar de
laranjeiras lima. A gabarito metálico; B profundidades de amostragem; C retirada do solo com
auxílio da pá reta; D acondicionamento da terra em sacos
plásticos..................................................................................................................................................15
Figura 3. Vista do equipamento para coleta da mesofauna edáfica.......................................................16
Figura 4. Detalhes dos tratamentos logo após a implantação: A sem cobertura morta; B palhada de
capim napier (Penisetum purpureum Schumach.); C pseudocaule de
bananeira.................................................................................................................................................17
Figura 5. Lagarta Protambulyx strigilis (L. 1771) encontrada no experimento com a cultura do
mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’ sob condições orgânicas...........................................................20
Figura 6. Teste de precipitação para avaliação da eficiência do sistema de irrigação em área sob
cultivo de mamoeiro...............................................................................................................................21
Figura 7. Vista do equipamento para monitoramento da umidade de solo cultivado com plantio de
mamoeiro (Carica papaya) em duas profundidades, por meio do uso de tensiômetros (A) com leituras
feitas a partir de tensímetro (B)..............................................................................................................22
Figura 8. Variação temporal nos teores de umidade em diferentes profundidades de um solo cultivado
com laranjeira lima com diferentes fontes orgânicas de cobertura morta. A: 0,0 -0,05 m; B: 0,05-0,10
m; C: 0,10-0,20 m e D: 0,20-0,40 m.......................................................................................................27
Figura 9. Distribuição proporcional da densidade de organismos da macrofauna edáfica em solo
cultivado com laranjeira lima em diferentes profundidade e fontes orgânicas de cobertura
morta.......................................................................................................................................................32
Figura 10. Densidade da macrofauna em diferentes profundidades de um solo cultivado com
laranjeiras lima, ao final do experimento com diferentes fontes orgânicas de cobertura
morta.......................................................................................................................................................34
Figura 11. Densidade de indivíduos do grupo Formicidae em diferentes tipos de cobertura morta,
coletados em três épocas distintas através do método Berlese-Tüllgren, em pomar de citros sob manejo
orgânico. Seropédica, RJ, 2004/2005.....................................................................................................42
Figura 12. Densidade de indivíduos do grupo Isopoda em diferentes tipos de cobertura morta,
coletados em três épocas distintas através do método Berlese-Tüllgren, em pomar de citros sob manejo
orgânico. Seropédica, RJ, 2004/2005.....................................................................................................43
Figura 13. Variação da umidade volumétrica em solo cultivado com mamoeiro, na profundidade de
0,10 m, sob manejo orgânico, submetido a diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005/2006...............................................................................................................................................45
xv
Figura 14. Variação da umidade volumétrica em solo cultivado com mamoeiro, na profundidade de
0,20 m, sob manejo orgânico, submetido a diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005/2006...............................................................................................................................................45
xvi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................................2
2.1 Importância da Cobertura Morta........................................................................................................2
2.1.1 Utilização de resíduos de bananeira como cobertura morta............................................................4
2.2 Fauna do Solo.....................................................................................................................................4
2.2.1 Importância da fauna do solo...........................................................................................................4
2.2.2 Caracterização da fauna do solo......................................................................................................5
2.2.3 Fauna do solo em agroecossistemas................................................................................................6
2.2.4 Fauna do solo como indicador de qualidade....................................................................................8
2.3 Cultura dos Citros ..............................................................................................................................9
2.3.1 Histórico...........................................................................................................................................9
2.3.2 Aspectos econômicos da cultura dos citros.....................................................................................9
2.2.3 Citros: exigências.............................................................................................................................9
2.4 Cultura do Mamão............................................................................................................................10
2.4.1 Histórico ........................................................................................................................................10
2.4.2 Aspectos econômicos da cultura do mamão .................................................................................10
2.4.3 A cultura do mamão no estado do Rio de Janeiro ........................................................................11
3. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................................12
3.1 Experimento 1: Utilização de Pseudocaule de Bananeira (Musa sp.) como Cobertura Morta de Solo
Cultivado com Laranjeiras Lima (Citrus sinensis Osbeck) ...................................................................12
3.1.1 Análises dos teores de nutrientes do solo......................................................................................13
3.1.2 Análises dos teores de nutrientes nos resíduos vegetais das coberturas mortas e do tecido foliar
de laranjeiras...........................................................................................................................................13
3.1.3 Análise da temperatura e da umidade do solo...............................................................................14
3.1.4 Coleta, caracterização e análise da fauna edáfica em pomar de laranjeira lima............................14
3.1.4.1 Macrofauna.................................................................................................................................14
3.1.4.2 Mesofauna...................................................................................................................................15
3.2 Experimento 2: Utilização de Pseudocaule de Bananeira (Musa sp.) como Cobertura Morta de Solo
Cultivado com Mamoeiros (Carica papaya L.)......................................................................................17
3.2.1 Análises dos teores de nutrientes nos resíduos vegetais das coberturas mortas e do tecido foliar
de mamoeiros..........................................................................................................................................18
3.2.2 Cultivar..........................................................................................................................................18
3.2.3 Preparo da área...............................................................................................................................18
3.2.4 Produção de mudas........................................................................................................................18
3.2.5 Transferência de mudas para o campo...........................................................................................19
3.2.6 Adubações......................................................................................................................................19
3.2.7 Desbrota e eliminação de folhas senescentes................................................................................19
3.2.8 Controle da vegetação espontânea.................................................................................................20
3.2.9 Controle fitossanitário....................................................................................................................20
3.2.10 Irrigação.......................................................................................................................................20
3.2.11 Análise da temperatura e umidade do solo .................................................................................21
3.2.12 Fitossociologia da vegetação espontânea....................................................................................22
3.2.13 Variáveis estudadas nas plantas de mamoeiro.............................................................................23
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................................24
4.1 Experimento 1: Uso de Pseudocaule de Bananeira (Musa sp.) Como Cobertura Morta de Solo
Cultivado com Laranjeira Lima (Citrus sinensis Osbeck)......................................................................24
xvii
4.1.1 Teores de nutrientes do solo..........................................................................................................24
4.1.2 Teores de nutrientes do tecido foliar..............................................................................................25
4.1.3 Teores de umidade e temperatura do solo.....................................................................................26
4.1.4 Fauna do solo.................................................................................................................................29
4.1.4.1. Densidade da fauna em virtude dos diferentes tratamentos aplicados pelo método
TSBF.......................................................................................................................................................29
4.1.4.2 Índices de Diversidade, Uniformidade e Riqueza nas duas épocas de avaliação.......................31
4.1.4.3 Avaliação dos dados comparando-se as diferentes coberturas no segundo período de
avaliação.................................................................................................................................................31
4.1.4.4 Distribuição vertical....................................................................................................................31
4.1.4.5 Principais grupos taxonômicos ao final do período amostral.....................................................32
4.1.4.6 Considerações.............................................................................................................................35
4.1.4.7 Composição da mesofauna edáfica.............................................................................................35
4.1.4.8 Índices de diversidade, uniformidade e riqueza..........................................................................39
4.1.4.9 Principais grupos coletados utilizando a metodologia de Berlese-Tüllgren...............................42
4.2 Experimento 2: Uso de Pseudocaule de Bananeira (Musa sp.) Como Cobertura Morta de Solo
Cultivado com Mamoeiros (Carica papaya L.)......................................................................................43
4.2.1 Teores de nutrientes do tecido foliar de mamoeiros......................................................................43
4.2.2 Teores de umidade e temperatura do solo.....................................................................................44
4.2.3 Desenvolvimento das plantas de mamoeiro..................................................................................46
4.2.3.1 Altura..........................................................................................................................................46
4.2.3.2 Diâmetro de plantas....................................................................................................................48
4.2.3.3 Início e altura de inserção de flores............................................................................................50
4.2.3.4 Raio do limbo foliar e comprimento do pecíolo.........................................................................51
4.2.3.5 Frutificação.................................................................................................................................51
4.2.4 Fitossociologia da vegetação espontânea em área cultivada com mamoeiros...............................52
5. CONCLUSÕES.................................................................................................................................65
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................66
1
1. INTRODUÇÃO
A maioria dos sistemas de produção agrícola atualmente adotados têm promovido
ganhos substanciais de produtividade das culturas, porém nota-se pouca preocupação com a
problemática ambiental e social.
A agricultura familiar começou a despertar interesse somente a partir da década de 90,
com o advento de tecnologias voltadas para o pequeno agricultor. O conceito de
sustentabilidade começou a se firmar como o mais novo paradigma de desenvolvimento,
enfocando a importância de cada uma das etapas do processo produtivo, não havendo apenas
preocupação com o capital, mas também com o ambiente e a valorização do homem como
parte integrante do sistema.
Neste sentido, a geração de tecnologias adaptadas ao segmento familiar da agricultura,
que priorizem o uso racional dos recursos existentes, e de baixo custo, é medida necessária.
Embora cada vez maiores, as informações existentes são incipientes, mostrando que linhas de
pesquisa nessa área ainda necessitam ser geradas, haja visto que uma expressiva parte das
unidades familiares encontram-se localizadas em áreas que normalmente apresentam solos
com reduzida fertilidade, sujeitos a erosão e com baixa capacidade de retenção de água.
Uma das alternativas para os sistemas de produção familiares são os policultivos que,
embora sejam utilizados há muito tempo pelos agricultores, têm apenas recentemente
despertado interesse das instituições de pesquisa. Segundo LIEBMAN (2002), os policultivos
podem envolver combinações de espécies anuais com outras anuais, anuais com perenes, ou
perenes com perenes, podendo representar diversos arranjos espaciais, desde uma simples
combinação de duas espécies em fileiras alternadas, até consórcios complexos de mais de uma
dúzia de espécies misturadas. Este sistema permite então aumentar a diversidade vegetal nas
áreas cultivadas.
Determinadas frutíferas têm características bastante interessantes, pois geram resíduos
que podem ser adicionados ao solo de glebas adjacentes ocupadas com outras culturas. A
bananeira é considerada por muitos como planta adubadeira, graças à alta quantidade de
resíduos que produz, rico em nutrientes e com alto teor de umidade (especialmente no
pseudocaule), podendo ser utilizada como uma cobertura morta bastante eficiente, cujos
efeitos positivos podem atenuar alguns dos problemas enfrentados nas unidades de produção
localizadas em áreas marginais.
Face o exposto, as hipóteses testadas no presente trabalho são: a cobertura morta
formada com fragmentos de pseudocaule de bananeira influencia o regime hídrico e térmico
do solo, a macro e mesofauna edáfica, a população de plantas espontâneas e a nutrição
mineral de plantas de citros e mamoeiro.
Para tanto, o objetivo geral deste trabalho é verificar os efeitos do pseudocaule de
bananeira como cobertura morta, em algumas características físicas, químicas e biológicas de
solos cultivados com laranjeira lima e mamoeiro. Como objetivos específicos são avaliados os
efeitos da cobertura morta formada por fragmentos de pseudocaule de bananeira na
temperatura e teor de umidade do solo, nas características químicas (esta última para o pomar
de laranjeira lima), tendo como base a análise de rotina de solo; e nos teores de P, K, Ca e Mg
foliares de plantas de laranjeira lima e de mamoeiros. Além disso, foram avaliados os efeitos
dessa cobertura morta sobre a macro e mesofauna edáficas no pomar de laranjeiras limas, bem
como sobre a população de plantas espontâneas na área cultivada com mamoeiros e também
sobre o desenvolvimento dessas plantas.
2
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Importância da Cobertura Morta
Práticas que favoreçam a manutenção de água, com conseqüente redução da
evaporação são componentes importantes de sustentabilidade agrícola. Isso se dá
principalmente pelo fato de que a evaporação é, em geral, mais facilmente manejada em
agroecossistemas do que a transpiração de uma planta cultivada (GLIESSMAN, 2005).
Neste contexto, qualquer prática que permita a cobertura do solo ajudará na redução de
perdas por evaporação. Segundo GLIESSMAN (2005), uma ampla gama de resíduos animais
e vegetais pode ser usada sobre a superfície do solo como cobertura morta, reduzindo as
perdas de água por evaporação e dificultando o desenvolvimento da vegetação espontânea.
Materiais normalmente usados incluem serragem, folhas, palhas, resíduos agrícolas
compostados, estercos e resíduos de culturas. Sob o ponto de vista de conservação de água no
solo, REICHARDT (1990), considera como efetiva uma cobertura morta que reduz
substancialmente a evaporação e permite a infiltração da água de chuva, o que, segundo
BERTONI & LOMBARDI NETO (1999), a torna uma prática especialmente recomendada
em zonas com baixa precipitação pluviométrica.
É cada vez maior a preocupação na conservação do solo. Diversos pesquisadores
atualmente dispensam esforços na adoção de práticas e sistemas de manejo que promovam a
manutenção de resíduos na superfície do solo, graças à importância desse componente para a
ciclagem de nutrientes e no controle da umidade, temperatura, infiltração, erosão e atividade
biológica no solo.
Esta prática agrícola permite alterações do regime térmico do solo, conservação da
umidade e diminuição das perdas de nutrientes por lixiviação, melhorando as suas
características físicas (CARTER & JOHNSON, 1988; CORRÊA, 2002; MIRANDA et al.,
2004; RAMAKRISHNA et al., 2005), contribuindo no controle do processo erosivo
(FAVARETTO et al., 2000; AMABILE et al., 2001; SMOLIKOWSKI et al., 2001),
manutenção ou acúmulo nos teores de matéria orgânica e de nutrientes do solo (FIALHO et
al., 1991; BIEDERBECK et al., 1998; CADAVID et al., 1998; ALCÂNTERA et al., 2000;
PRIMAVESI, 2002; GLIESSMAN, 2005).
A temperatura do solo tem influência acentuada sobre os processos físicos, químicos e
biológicos que nele ocorrem (BRADY, 1989). O tipo de manejo adotado influencia sobre essa
característica, sendo que aquele onde há manutenção de cobertura de proteção da sua
superfície proporciona, em períodos mais quentes, menores temperaturas do solo, o que têm
implicações biológicas significativas, como o processo de mineralização dos materiais
orgânicos adicionados ao solo (ELLERT & BETTANY, 1992) e da retenção de umidade do
solo (BRADY, 1989), assim como proporciona forte influência sobre o rendimento das
culturas. OTOLASANA (1999), observou que a adição de cobertura morta diminuiu cerca de
2-10º C na tempertura do solo, quando comparado ao tratamento sem cobertura, promovendo
aumento da produtividade de plantas de Dioscorea rotundata Poir. Já RESENDE et al.
(2005), verificaram que a adição de resíduos vegetais manteve o solo com um gradiente de
temperatura em 3,5º C inferior ao tratamento com ausência de cobertura, contribuindo
satisfatoriamente para o desenvolvimento de plantas de cenoura (Daucus carota L.).
O uso de resíduos orgânicos representa uma fonte substancial para utilização como
cobertura morta. Através da utilização de plantas de cobertura do solo, também é possível
diminuir a oscilação térmica e as perdas de água, principalmente nos horizontes superficiais
3
(COSTA, 1993). MIRANDA et al. (2004), verificaram que o uso de fibra de coco como
cobertura morta, promoveu alterações no regime térmico do solo, reduzindo a temperatura
máxima e amplitude térmica, principalmente próximo à superfície, funcionando como uma
camada de isolamento térmico, reduzindo o aquecimento do solo durante o dia e a perda de
calor para a atmosfera durante a noite.
Além dos efeitos marcantes sobre as características físicas e químicas, o uso da
cobertura morta tem influência sobre a biologia do solo (ERENSTEIN, 2002), sendo esse
efeito bastante positivo na supressão de patógenos (ALTIERI, 2002). SILVA (1995) enfatiza
a necessidade da adoção de práticas que contribuam para a manutenção da matéria orgânica
no solo, devido à importância que assume sobre a dinâmica da ciclagem de nutrientes.
As espécies cultivadas, assim como o manejo do solo, podem influenciar as dinâmicas
populacionais dos organismos edáficos. Segundo ALTIERI (2002), com o uso de cobertura
morta promove-se um favorecimento das populações de minhocas na superfície do terreno.
De modo geral, as atividades dos organismos presentes no solo ajudam na ciclagem de
nutrientes, assumindo papel importante na sua qualidade.
O controle da vegetação espontânea também é influenciado pelo uso de cobertura
morta. De acordo com FEIDEN (2005), há uma diversidade de estratégias que podem ser
utilizadas para o controle da vegetação espontânea como o controle mecânico, térmico,
seletivo, práticas culturais e o não revolvimento do solo. Segundo o autor, a utilização de
cobertura, viva ou morta, no solo também é uma prática que influencia o desenvolvimento
dessas espécies.
No caso da cobertura morta, essa poderá ser obtida através do pré-cultivo de algumas
4
O resultado de todas essas modificações reflete positivamente na produtividade da
cultura principal. Em estudo realizado por QUEIROGA et al., (2002), com a cultura do
pimentão, foi constatado que o uso de cobertura morta influencia positivamente sobre as
características de frutos, números de frutos por planta, peso de frutos e produção. Em outros
experimentos com hortaliças, o uso de cobertura morta tem demonstrado resultados bastante
satisfatórios, promovendo maiores rendimentos em alho (COSTA et al., 1997) e inhame
(MIYAKASA et al., 2001).
2.1.1 Utilização de resíduos de bananeira como cobertura morta
A utilização da bananeira para formação da cobertura morta representa uma fonte
substancial de matéria orgânica, através dos resíduos constituídos por toda a planta após a
colheita do cacho, pelas folhas secas provenientes das desfolhas e pelos rizomas e raízes que
se decompõe no solo. Pesquisas têm demonstrado uma eficiência bastante significativa da
cobertura morta com resíduos de bananeira no manejo dessa cultura, proporcionando maiores
crescimento e produção (BORGES, 1997).
Segundo SOFFNER (2001), a cultura da banana gera uma grande quantidade de
resíduos após a colheita dos frutos, sendo considerados os mais importantes em termos de
volume gerado, as folhas e o pseudocaule, normalmente, utilizados no solo como cobertura
morta, mantendo a sua umidade e evitando a erosão, controlando ervas daninhas e retornando
nutrientes para o solo, reduzindo, conseqüentemente os custos com adubação.
O corte do pseudocaule logo após a colheita dos frutos, é uma prática que, de acordo
com ALVES (1997), proporciona resultados benéficos nas propriedades físicas e químicas do
solo. Segundo BORGES (1997), o uso da cobertura morta formada por resíduos de bananeira
melhorou sensivelmente o nível de nutrientes no solo de um bananal, com destaque para os
teores de K, Ca, soma de bases, CTC, saturação por bases e matéria orgânica, havendo
aumentos percentuais da ordem de 139%, 183%, 140%, 21%, 100% e 12%, respectivamente,
em relação à área capinada. Em outro trabalho, GOMES & SILVA (2001a), também
verificaram que o uso dessa prática, em um solo classificado como Areia Quartzosa, no
município de Petrolina, Pernambuco, tem efeito positivo em algumas características químicas
do solo (CTC, M.O., K e pH), principalmente nos primeiros 15 cm do solo. Além disso, seu
uso promove um significativo aumento nos teores de P e K nas folhas de videira (Vitis
vinifera L. cv. Itália) sem, entretanto, alterar significativamente os teores de N, Ca e Mg
(GOMES & SILVA, 2001b).
De acordo com CINTRA (1988), apud BORGES et al. (1997), com relação ao balanço
de água no solo, nos meses de baixa precipitação (setembro a dezembro) no município Cruz
das Almas, localizado no Recôncavo Baiano, a cobertura morta proporcionou ao solo maior
conservação da umidade, superior em 180% à cobertura do solo com vegetação espontânea e
em 92% à do solo capinado manualmente. OLIVEIRA & SOUZA (2003) também obtiveram
resultados satisfatórios na manutenção da umidade do solo conduzido com restos vegetais da
própria cultura no município de Visconde do Rio Branco, Minas Gerais.
2.2 Fauna do Solo
2.2.1 Importância da fauna do solo
As relações entre a fauna edáfica e os atributos do solo têm despertado um interesse
cada vez maior em virtude da sua eficiência como indicador da magnitude das alterações
promovidas pelos sistemas agrícolas. Diversas pesquisas desenvolvidas têm demonstrado que
5
esses organismos são bastante sensíveis às alterações que ocorrem em seu habitat, sejam elas
de ordem natural ou antrópicas.
Entre as ações antrópicas que mais degradam o ambiente, a agricultura e a pecuária se
destacam por ocupar extensas áreas. O acompanhamento das comunidades que compõem a
fauna do solo, em diferentes sistemas agrícolas, é um importante instrumento que pode ser
integrado às práticas de monitoramento da qualidade do solo, fornecendo informações sobre o
manejo aplicado, o desenvolvimento e funcionamento dos agroecossistemas.
Os processos de fragmentação da serrapilheira e decomposição da matéria orgânica
pelos microrganismos, com a conseqüente ciclagem de nutrientes no ambiente do solo, são
grandemente influenciados pela ação dos invertebrados da fauna edáfica, como resultado
direto ou indireto de suas atividades alimentares.
Neste sentido o conhecimento da composição, abundância e distribuição dos
organismos edáficos, têm um papel relevante na manutenção da capacidade produtiva do solo,
graças as diferentes funções que estes desempenham. Vários critérios são utilizados para
classificar os organismos que compõem a fauna do solo, e procuram descrever suas funções
neste habitat.
2.2.2 Caracterização da fauna do solo
De modo geral, a decomposição dos resíduos orgânicos e a ciclagem de nutrientes são
focadas como conseqüência exclusiva da atividade de microrganismos, mas um conjunto
diverso de animais influencia de maneira decisiva o funcionamento da flora decompositora,
como resultado direto e indireto de sua atividade de alimentação (LOPES ASSAD, 1997a).
Portanto, um número muito grande de organismos interage com o solo: as plantas, a
microflora (bactérias, actinomicetos, fungos, protozoários, algas) e a fauna invertebrada do
solo (nematóides, moluscos; anelídios, equitreídeos; artrópodes, crustáceos, miriápodes,
ácaros, insetos como colêmbolas, besouros, formigas, cupins etc.).
O solo é um dos ambientes mais complexos, biodiversos e desconhecidos do planeta.
Esta complexidade foi decorrente da adaptação de diversos organismos à vida no solo.
Milhares de espécies de organismos podem viver em um solo agrícola, desde os
microscópicos até a macrofauna facilmente visível (BROW & FRAGOSO, 2003).
A fauna do solo consiste de um grupo diverso de organismos que variam de tamanho a
partir de poucos micrômetros (Protozoa) até vários centímetros ou mais (grandes minhocas ou
diversas espécies de Diplopoda próprias de ambientes tropicais). De acordo com SWIFT et al.
(1979), a fauna do solo é classificada de acordo com seu diâmetro, em microfauna (0,004 a
0,01 mm), mesofauna (0,01 a 2 mm) e macrofauna (2 a 20 mm), e mais recentemente,
considerando aspectos fisiológicos tais como o regime alimentar, em saprófagos, fitófagos e
predadores (PINHEIRO, 1996). Segundo CORREIA et al. (1997), a fauna do solo é
constituída pelos vários grupos de organismos que vivem no solo, os quais exercem as mais
variadas funções e são responsáveis por alterações nas propriedades edáficas.
O estudo da fauna envolve organismos unicelulares como as amebas, os ciliados e os
flagelados (reino Protista) e organismos multicelulares como nematóides, rotíferos, anelídeos
e insetos (reino Animalia); e que, portanto, nem todos os organismos agrupados na chamada
fauna do solo (termo comumente utilizado na Ciência do Solo), pertencem ao reino Animalia
(LOPES ASSAD, 1997 b). Seguindo essa definição, a microfauna do solo, de acordo com as
suas dimensões e habitat, é um grupo de animais hidrófilos, que necessitam de água livre no
solo e que são apenas ligeiramente mais móveis do que a microflora. Estes animais possuem
tamanho microscópico e forma muito alongada para que possam penetrar nos capilares do
solo (exemplos: protozoários e nematóides). Como mesofauna têm-se os animais que, ou são
higrófilos (ávidos de umidade) e necessitam de uma atmosfera do solo rica em vapor de água,
6
ou são xerófilos e suportam períodos longos de seca. A mesofauna é constituída por espécies
que se movimentam nos poros do solo, nas fissuras e na interface entre a serrapilheira e o solo
(exemplos: ácaros, colêmbolos e outros insetos). A macrofauna do solo engloba os animais de
grande mobilidade que exercem importante papel no transporte e fragmentação de materiais,
tanto para confecção de ninhos e tocas, quanto para construção de galerias que alcançam
profundidades variáveis no solo (anelídeos, térmitas e formigas).
Os grupos de animais residentes no solo incluem a maioria das classes de
invertebrados (SWIFT et al., 1979). O resultado dessa diversidade taxonômica é uma imensa
variabilidade de tamanhos e de metabolismos no sistema solo (CORREIA, 1997). A razão
para essa diversidade está na grande variedade de recursos e microhabitats que o solo oferece,
com uma mistura de fases aquáticas e aéreas altamente compartimentalizadas (LAVELLE,
1996).
Por estar intimamente envolvida nos processos de fragmentação da serrapilheira e
estimulação da comunidade microbiana do solo, a fauna edáfica desempenha um papel
fundamental na regulação da decomposição e ciclagem de nutrientes (SWIFT et al., 1979;
LAVELLE et al., 1993), muito embora esse processo seja comumente atribuído apenas à ação
de microrganismos (DUCATTI, 2002).
A maioria dos estudos sobre a mesofauna têm sido dirigidos à análise da influência das
práticas agrícolas sobre as principais unidades taxonômicas como um todo, mais
particularmente, sobre os grupos numericamente mais representativos, como os ácaros e
colêmbolas (BZUNECK & SANTOS, 1991; LOPES ASSAD, 1997a; PRIMAVESI, 2002),
que podem ser usados como bioindicadores das condições ambientais.
Os animais que compõem a macrofauna edáfica desenvolvem ações no solo que lhes
confere papel de destaque. De acordo com WOLTERS & EKSCHMITT (1997), os
macroinvertebrados podem contribuir com 33% da decomposição da liteira.
A macrofauna de invertebrados do solo inclui organismos de mais de 20 grupos
taxonômicos que podem ser benéficos ou não (BROW & FRAGOSO, 2003). Caracterizam-se
por passar uma parte importante de seu ciclo de vida dentro do solo ou em sua superfície
(LAVELLE, 1997; BROW, 2000) e por apresentar diâmetro corporal que varia de 2 a 20 mm
podendo pertencer a quase todas as ordens encontradas na mesofauna com exceção de Acari,
Collembola, Protura e Diplura, incluindo Annelida e Coleoptera (MOÇO et al., 2005). São
animais com grande mobilidade que exercem importante papel no transporte de materiais,
tanto para confecção de ninhos e tocas, quanto para construção de galerias que alcançam
profundidades variáveis no solo, tendo como principais funções a fragmentação do resíduo
vegetal e sua redistribuição, a predação de outros invertebrados e a contribuição direta na
estruturação do solo (SWIFT et al., 1979), graças a isso são considerados como os
“engenheiros do ecossistema”, devido as importantes modificações físicas que provocam no
solo, modulando e afetando o meio ambiente para outros organismos e plantas, alterando,
conseqüentemente, a disponibilidade de recursos (alimentos, habitat) para outros animais e
para as raízes (LAVELLE et al., 1997).
Em termos de abundância, papel biológico e pedogenético, as minhocas, cupins e
formigas são os componentes mais importantes da macrofauna dos solos (LAVELLE &
SPAIN, 2001).
2.2.3 Fauna do solo em agroecossistemas
O tipo e a atividade dos organismos dependem, além do clima e da vegetação, de
fatores do solo como umidade, temperatura, aeração, acidez, suprimento de nutrientes, e de
energia, e grau de perturbação (BRADY, 1989; DUCATTI, 2002).
7
Em sistemas agrícolas, as condições edáficas são influenciadas pela retirada da
cobertura nativa original e pelas práticas de manejo convencionais tais como queimada,
aração, gradagem, adubação e aplicação de pesticidas, as quais têm efeitos diretos sobre a
composição e funcionamento da fauna do solo (CURRY, 1995; PINHEIRO, 1996;
CORREIA, 1997; FRASER, 1994; SILVA, 1998). As práticas de manejo em um sistema de
produção podem afetar de forma direta e indireta a fauna do solo, o que se reflete na sua
densidade e diversidade; diretamente devido à ação mecânica da aração e gradagem e aos
efeitos tóxicos do uso de pesticidas; e indiretamente quando relacionados à modificação dos
recursos alimentares e da estrutura do habitat, provocando sua simplificação, tendo como
conseqüência uma diminuição das comunidades do solo (CORREIA, 1997).
Segundo PINHEIRO (1996), recentes pesquisas têm demonstrado que as práticas
agrícolas que afetam a atividade da fauna do solo não devem ser utilizadas por um longo
período, especialmente em sistemas com baixo volume de adições de matéria orgânica, já que
elas provocam grandes alterações nas comunidades.
A utilização de fertilizantes inorgânicos pode ter um efeito positivo para a fauna de
solo, já que promove o aumento da biomassa vegetal e conseqüente retorno da matéria
orgânica ao solo (FRASER, 1994), o que segundo CORREIA (1997), resulta em maior
resposta da fauna, muito embora alguns fertilizantes, podem ser tóxicos a alguns componentes
da fauna de solo. A adição de adubos orgânicos têm um efeito benéfico sobre a fauna de solo,
como demonstrado por EDWARDS & LOFTY (1982b)
1
apud CORREIA (1997),
contribuindo com a incorporação de nutrientes e conseqüente melhoria na fonte de alimentos
para os organismos do solo.
Para CORREIA (1997), a queima de áreas para fins de plantio ou colheita tem efeitos
negativos drásticos sobre as populações de animais do solo, em função da eliminação direta
de praticamente todos os animais que vivem na superfície do solo e da destruição da
serrapilheira, eliminando a fonte de alimento e desorganizando o habitat. PINHEIRO (1996),
avaliando a comunidade de macroartrópodes da serrapilheira e do solo em dois plantios de
cana-de-açúcar (um submetido à queima anual por ocasião da colheita e outro em que a área
não sofreu queima por 40 anos), encontrou resultados mostrando que não só as densidades são
consideravelmente maiores no cultivo sem queima, como também a estrutura da comunidade
é diferenciada, tendo uma maior percentagem de saprófagos e insetos sociais. SILVA (1998)
avaliando os impactos do manejo de uma roça de subsistência, conduzida de acordo com a
cultura caiçara (retirada e queima da mata), observou uma redução na composição da fauna do
solo, diminuição da densidade populacional e um decréscimo na sua diversidade, após a
derrubada e queima da mata, destacando que não houve uma recuperação destas
características no decorrer de um ciclo de manejo.
Trabalhos de avaliação da macrofauna edáfica em SAF’s (DO NASCIMENTO &
BARROS, 2002; TAPIA-CORAL et al., 2002; CORTÉS et al., 2002) têm mostrado
resultados positivos, indicando que esses sistemas diversificados de uso das terras contribuem
para a melhoria da atividade biológica do solo. DO NASCIMENTO & BARROS (2002),
avaliando a macrofauna de um Latossolo Vermelho sob vegetação de floresta nativa e sistema
agroflorestal (SAF) na Amazônia, concluíram que as densidades de minhocas (Oligochaeta) e
Hymenoptera no SAF foram significativamente maiores que na floresta e que Isoptera não
apresentou diferença significativa entre as duas coberturas. Além disso, TAPIA-CORAL et al.
(1999), enfatizam o efeito positivo dos SAF’s sobre a recolonização da fauna do solo, quando
comparado com área sob vegetação de pastagem e capoeira na Amazônia Central.
Estes organismos promovem uma variedade de serviços ao ecossistema incluindo:
decomposição da matéria orgânica, mineralização dos nutrientes, seqüestros de carbono, troca
1
EDWARDS, C. A.; LOFTY, J. R. The effect fertilizers and earthworms populations in agricultural soils. Soils
Biology and Biochemistry, Oxford, v. 14, p. 515-521, 1982b.
8
e emissão de gases (incluindo os gases do efeito estufa); infiltração da água no solo,
agregação do solo, proteção da planta contra doenças e pragas (controle biológico),
biorremediação e recuperação de áreas degradadas ou contaminadas. Entretanto os micro e
macrorganismos causadores de problemas para o solo e também para os cultivos agrícolas
(BROW & FRAGOSO, 2003), o que é observado quando a intervenção não leva ao equilíbrio
das populações.
2.2.4 Fauna do solo como indicador de qualidade
A qualidade do solo é definida como sendo a sua capacidade de sustentar atividades
biológicas que podem ser medidas pela produção de biomassa (FRIGHETTO & VALARINI,
2000). Contudo, de acordo com SILVA et al. (2003), modelos agrícolas inadequados podem
reduzir a capacidade natural produtiva do solo.
A agricultura orgânica exclui a utilização de insumos externos, minimizando o
emprego de produtos sintéticos e a rotação excessiva do terreno, substituindo estes métodos
pelo uso de policultivos, cultivos rotacionais, adubação verde, emprego de plantas de
cobertura e a adição ao solo de resíduos vegetais e animais, entre outras. Como conseqüência
da utilização dessas técnicas, há um forte estímulo dos processos biológicos do solo, que
favorecem grandemente o desenvolvimento de comunidades altamente diversificadas de
organismos. Dessa maneira, a caracterização da atividade da macrofauna é considerada como
um indicador biológico do atual estado do solo, podendo-se inferir acerca do seu estado de
conservação (MARTÍNEZ et al., 2003), permitindo entender o funcionamento do solo
(AQUINO & CORREIA, 2004).
Diversos trabalhos utilizam a macrofauna como um indicador do estado de
conservação do solo. MARTÍNEZ et al. (2003), caracterizaram a macrofauna em pastagens
com diferentes manejos, verificando que a aplicação de resíduos orgânicos, assim como a
utilização de espécies com grande capacidade de produção de biomassa, influem
positivamente no aumento da população desses organismos, favorecendo desse modo, o
estabelecimento dessas comunidades. MARÍN et al. (2003), notaram que a sensibilidade
apresentada pelos macroinvertebrados ao manejo adotado em vertissolos em uma área na
Colômbia pode ser importante, visto que aponta elementos de uso potencial com caráter
descritivo para instrumentar propostas para novos modelos de sistemas de cultivo.
A cobertura vegetal influi sobremaneira na composição desse grupo de organismos.
Em trabalho desenvolvido por MOÇO et al. (2005), no Norte Fluminense, em cinco diferentes
coberturas vegetais, foi verificado que os locais com presença de floresta natural apresentaram
maiores valores de densidade e riqueza de fauna. Segundo BENITO et al. (2003), a mata
nativa é um importante fator na manutenção da diversidade para a macrofauna. A retirada
dessa vegetação tem forte impacto sobre diversas espécies nativas da fauna de solo podendo
levar á sua extinção. Como conseqüência disso ocorre proliferação de espécies remanescentes
e, posteriormente, invasão de espécies exóticas da fauna do solo (AQUINO & CORREIA,
2004). Essa perda de diversidade pode promover alterações significativas uma vez que ela é
responsável pela maior resistência às perturbações externas, o que segundo AQUINO &
CORREIA (2004), pode provocar, em ecossistemas com baixa diversidade, mais facilmente
modificações permanentes no funcionamento, resultando na perda de recursos e em alterações
na constituição de suas espécies. Com base nessas informações é possível adotar manejos que
priorizem a manutenção da diversidade, tornando-se menos impactantes, como relatado por
CIAU-VILLANUEVA et al. (2003), que descrevem o impacto negativo dos sistemas
intensivo de pastagens sob os pontos de vista da biodiversidade e da degradação dos solos,
apontando para a adoção de sistemas pastoris desenhados de acordo com os princípios
observados em sistemas de vegetação natural.
9
2.3 Cultura dos Citros
2.3.1 Histórico
As plantas cítricas são originárias das regiões tropicais subtropicais da Ásia e do
arquipélago Malaio, estendendo-se desde a Índia, o norte da China, a Nova Guiné até a
Austrália (SIMÃO, 1998). São pertencentes à família Rutaceae, subfamília Aurantioideae,
tribo Citrae, subtribo Citrinae, sendo os principais gêneros: Fortunella, Poncirus e Citrus
(SIMÃO, 1998).
Segundo FIGUEIREDO (1991), o gênero Citrus é o mais importante da família
Rutaceae, existindo numerosas espécies cultivadas em caráter comercial, como as laranjas,
tangerinas, limões, limas, cidras, pomelo e outras. Muitas dessas espécies foram introduzidas
no Brasil quando da colonização do país, provavelmente pela Bahia.
2.3.2 Aspectos econômicos da cultura dos citros
O Brasil é atualmente o maior produtor mundial de citros, com produção em 2001 de
aproximadamente 18 milhões de toneladas, seguido dos EUA, México e Espanha. A produção
de citros do Estado de São Paulo corresponde a cerca de 75% da produção nacional. Nos
últimos 20 anos esta cultura experimentou notável desenvolvimento graças a adoção de
melhor tecnologia na condução dos pomares, ao maior potencial genético representado pelos
clones nucelares e ao programa de plantas matrizes selecionadas (CRUZ, 200302 174 Tc7.75 0 TD 0 Tc 0 Tw ( ) Tj-Tc7.75 -13.5 TD ( ) Tj35.25 0 TD -0.3543 Tc 1.5534 Tw D e codo, com esrqusao ralniz da ior(CRUs 20030), o Brasil é atualmente o maior
10
Segundo CRUZ (2003), a eficiência do uso da água nos citros é bastante baixa quando
comparada a outras plantas C3. Seu fruto, por possuir casca coriácea, com baixa densidade
estomática e altos níveis de cera, contribui também para a conservação total de água da
árvore. A fruta serve como depósito de água para as folhas durante os períodos secos. Por esta
razão, plantas com frutos resistem mais a períodos secos que plantas sem frutos.
A maioria das plantas cítricas e os gêneros relacionados são plantas que retêm água e
são capazes de resistir a períodos longos de seca quando se trata de árvores adultas. Essa
capacidade de reter água é devida a uma combinação de fatores anatômicos e fisiológicos que
limitam o movimento de água na planta (DAVIES & ALBRIGO, 1994).
2.4 Cultura do Mamão
2.4.1 Histórico
O mamoeiro é nativo da América tropical. A primeira menção de sua existência data
de 1535, feita por Ovideo, que informou, em carta dirigida aos reis da Espanha, ter visto
mamoeiros crescendo na América Central. O nome papaya é derivado da palavra abaday, de
origem caribenha (SIMÃO, 1998). Entretanto, de acordo com COSTA (2003), o mamoeiro
não teve seu centro de origem precisamente determinado, existindo controvérsias, onde alguns
autores acreditam que a espécie é originada do sul do México, outros autores afirmam serem
as terras baixas da América Central Oriental e as Antilhas e existem ainda hipóteses sobre a
origem ser muito provavelmente, o noroeste da América do Sul.
Segundo KIMURA (1997), a espécie Carica papaya L. é a mais cultivada e
comercializada em todo o mundo, sendo atualmente uma das frutíferas mais comuns em quase
todos os países da América Tropical, Oriente e Austrália.
As regiões produtoras de mamão no mundo compreendem uma faixa do globo
terrestre localizadas entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, a 21º de latitude Norte e 21º de
latitude Sul (ALVES, 2003), muito embora a sua distribuição se estenda desde a latitude de
32º Norte até 32º Sul (COSTA, 2003).
No Brasil, existem registros que datam de 1607 sobre a cultura no estado da Bahia
(SIMÃO, 1998). Não foi registrada nenhuma ocorrência da cultura do país antes do
descobrimento, por isso, acredita-se que ela foi introduzida nessa época e posteriormente
disseminada em todo o território nacional. ARAÚJO (1988), cita que nas áreas com condições
edafoclimáticas mais favoráveis a cultura foi estabelecida com grande sucesso difundindo-se
mais rapidamente.
2.4.2 Aspectos econômicos da cultura do mamão
A produção mundial de mamão em 1978 era de 1.839 toneladas (MARTINS, 2003).
Em 2001, esse valor foi estimado em 5.444 toneladas (ALVES, 2003). Isso representa um
aumento nesse período de aproximadamente 196% e mostra a importância que a cultura vem
assumindo ao longo dos anos. Entretanto é uma cultura que ainda ocupa pouco espaço no
cenário da fruticultura nacional.
O Brasil ocupa posição de destaque, como maior produtor mundial da fruta, seguido
da Nigéria, México, Índia e Indonésia. Juntos esses cinco países são responsáveis por 72% da
produção mundial de mamão (MARTINS, 2003).
Muito embora o país seja o maior produtor mundial da fruta, não é o maior exportador,
ocupando a segunda colocação com a exportação de 21.000 toneladas. Atualmente, o México
ocupa a primeira colocação com 60.000 toneladas exportadas. O destino de grande parte do
produto é para atender aos mercados de países como os Estados Unidos (principal importador,
11
responsável por mais de 50% das importações), Hong Kong, Japão, Alemanha entre outros
(NAKAMAE, 2003; ALVES, 2003). É importante salientar que, embora muito desses países
tenham uma participação expressiva na importação de mamão, a maioria tem diminuído suas
importações em virtude de medidas fitossanitárias restritivas.
A cultura, hoje, ocupa uma área de pouco mais de 42.000 ha, com uma produção
estimada em cerca de 1.690.000.000 de frutos, o que representa 1.440.000 toneladas,
considerando-se a produção conjunta dos grupos ‘Solo’ e ‘Formosa’(ALVES, 2003).
A região Nordeste é a que tem maior área plantada e maior produção, sendo 29.224 ha
e 1.070.757 frutos, respectivamente. Entretanto, é na região sudeste onde se encontram os
maiores rendimentos com 75.442 frutos.ha
-1
, contra 36.639 frutos.ha
-1
da região anterior
(NAKAMAE, 2003). Uma diferença de 105% entre rendimentos.
Entre os estados brasileiros maiores produtores encontram-se: Bahia (823.000 t),
Espírito Santo (425.000 t), Pará (38.000 t), Ceará (33.000 t), Paraíba (31.000 t), Amazonas
(18.000 t) e Minas Gerais (17.000 t), conforme dados apresentados por NAKAMAE (2003).
Entretanto, mais recentemente o Rio Grande do Norte, vem apresentando resultados
expressivos, graças às condições climáticas favoráveis e a sua posição geográfica estratégica,
o que tem despertado o interesse de grandes empresas como é o caso da Caliman Agrícola
S.A e a Gaia Importação e Exportação Ltda, tornando-o um dos principais pólos de
exportação do produto
2
.
2.4.3 A cultura do mamão no estado do Rio de Janeiro
De acordo com dados do IBGE, até o final da década de cinqüenta, a região sudeste
respondia por mais de 71% da área colhida com mamão em todo o país. Os estados de São
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, eram os maiores produtores.
Anos mais tarde, mais precisamente na década de setenta, o Rio de Janeiro firmou-se
como o estado com maior área colhida, aproximadamente 2.228 ha. Essa área era maior que a
metade de toda área de mamão cultivada no território nacional. O rendimento médio da
cultura passou de 8,7 t.ha
-1
em 1950, para 17,1 t.ha
-1
em 1970. Porém na década seguinte essa
área caiu drasticamente para apenas 2 ha. Até o ano 2000 a área colhida em todo o estado
chegou a 8 ha (ALVES, 2003).
2
Informações obtidas em visita técnica realizada a Caliman Agrícola S.A e a Gaia Importação e Exportação
Ltda, como requisito da disciplina Fruticultura Geral oferecida no programa de Pós Graduação em Fitotecnia da
UFRRJ, em fevereiro de 2005.
12
3. MATERIAL E MÉTODOS
Foram instalados dois experimentos. O primeiro, em um plantio de laranjeiras lima (Citrus
sinensis Osbeck), com idade aproximada de dois anos. O segundo em um pomar de
mamoeiros (Carica papaya L.), o qual foi implantado com a finalidade de realização deste
estudo na fase juvenil desta cultura.
O trabalho foi desenvolvido no Sistema Integrado de Produção Agroecológica (SIPA)
Fazendinha Agroecológica Km 47, o qual é conduzido através de parceria entre a Embrapa
Agrobiologia, Embrapa Solos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a Empresa de
Pesquisa Agropecuária do Rio de Janeiro, desde 1993 (ALMEIDA et al., 1999). O SIPA está
localizado em área de aproximadamente 70 ha, na Baixada Fluminense, município de
Seropédica, estado do Rio de Janeiro, cujas coordenadas são 22º 45’S e 43º 42’W e altitude de
33 m. Nesta área os cultivos são feitos sem a utilização de agroquímicos de origem sintética,
de acordo com a Instrução Normativa nº 07, de 17 de maio de 1999 e a Lei nº 10.831/03, do
Ministério da Agricultura (MOREIRA, 2003). No local, embora haja predominância do
cultivo de hortaliças, estudos têm sido desenvolvidos com algumas espécies frutíferas como é
o caso do mamoeiro, visando avaliar o seu comportamento sob manejo orgânico.
A região climática caracteriza-se pela elevação da temperatura média do ar juntamente
com o início do período chuvoso em outubro, estendendo-se até março. Freqüentemente, nos
meses de janeiro e/ou fevereiro se observa uma estiagem, e nos meses de junho a agosto nota-
se uma queda de temperatura, que se mantêm amena. Nesse mesmo período há uma sensível
redução da precipitação para valores muito baixos, com chuvas ocorrendo esporadicamente
(MOREIRA, 2003).
3.1 Experimento 1: Utilização de Pseudocaule de Bananeira (Musa sp.) como Cobertura
Morta de Solo Cultivado com Laranjeiras Lima (Citrus sinensis Osbeck)
O experimento foi conduzido em um pomar de laranjeiras lima (Citrus sinensis
Osbeck) com aproximadamente dois anos de idade, cujas mudas foram obtidas de origem
comercial e plantadas espaçadas de três metros em uma única linha, em um solo classificado
como Argissolo Vermelho Amarelo.
O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso com três tratamentos e
seis repetições, perfazendo um total de 18 plantas analisadas, em que cada planta representou
uma unidade experimental.
Os tratamentos consistiram da aplicação do material empregado como cobertura morta
ao redor da planta em uma área de 1 m
2
, sendo: área mantida sem cobertura morta (controle);
cobertura morta com palha de grama batatais (Paspalum notatum) e cobertura morta de
pseudocaule de bananeira (Musa sp.) (Figura 1).
Nos tratamentos com uso de cobertura morta, a quantidade de material utilizado foi
padronizada tendo como base o teor de matéria seca. Para padronização, seções de
pseudocaule foram distribuídos em uma parcela experimental até cobertura completa da área
(1m
2
), em seguida este material foi pesado, procedendo-se à determinação do peso fresco,
cujo valor foi estimado em 52 kg.m
-2
. Uma amostra do material foi retirada e seca em estufa a
65º C até alcançar massa constante, determinando-se que o material possuía 5,2 kg de matéria
seca total, uma vez que 90% desse material é constituído de água. Baseado neste valor foi
feita a aplicação da mesma quantidade de palhada de grama batatais seca.
13
Figura 1. Detalhes dos tratamentos logo após a implantação: A sem cobertura morta; B palhada de
grama batatais; C pseudocaule de bananeira.
3.1.1 Análises dos teores de nutrientes do solo
O solo da área experimental foi coletado nas 18 (dezoito) parcelas experimentais,
sendo posteriormente analisado no laboratório da Embrapa Agrobiologia, determinando-se o
valor do pH e os teores de Al
+++
, Ca
++
, Mg
++
, K
++
e P disponível, de acordo com as
metodologias propostas pela EMBRAPA (1997). Foram realizadas duas coletas, a primeira
antes da implantação e a segunda ao término do período experimental, 120 dias após a
colocação das coberturas mortas.
Os dados foram analisados procedendo-se a verificação da homogeneidade das
variâncias e normalidade dos erros dos dados obtidos, com auxílio do programa estatístico
SAEG. Feito isso, foi realizada a análise de variância e, após detectarem-se diferenças
significativas, aplicou-se o teste de Scott-Knott no nível de 5 % de probabilidade para
comparações entre os tratamentos e o teste t de Student para confrontar os tratamentos nas
diferentes épocas de coleta de solo, por meio do programa estatístico SISVAR.
3.1.2 Análises dos teores de nutrientes nos resíduos vegetais das coberturas mortas e do
tecido foliar de laranjeiras.
Após secagem de amostras de resíduos vegetais da grama batatais e do pseudocaule,
em estufa à 65º C até alcançar massa constante, as amostras foram passadas em moinho tipo
Willey. No resíduo seco e moído foram determinados os teores Ca, Mg, P e K. Os valores
encontrados estão expressos na Tabela 1.
Tabela 1. Teores de macronutrientes dos diferentes materiais vegetais utilizados como cobertura
morta em pomar de laranja-lima (Citrus sinensis Osbeck).
Ca Mg P K Fonte de
cobertura morta
g.kg
-1
Grama 4,33 2,67 0,67 13,33
Pseudocaule 8,67 3,67 1,00 19,67
Foram determinados também os teores destes macronutrientes a partir de 15 folhas
coletadas em diferentes posições de cada uma das 18 plantas do experimento. Realizaram-se
duas coletas, sendo a primeira imediatamente antes da implantação, e a segunda ao final do
período experimental.
B
C
A
14
O procedimento para análise de P, K, Ca e Mg foi a partir da digestão nítrico-
perclórica (BATAGLIA et al., 1983). A determinação do P foi feita por colorimetria e o K, Ca
e Mg por espectrofotometria de absorção atômica (EMBRAPA, 1997).
Os dados foram analisados procedendo-se à verificação da homogeneidade das
variâncias e normalidade dos erros dos dados obtidos com auxílio do programa estatístico
SAEG. Feito isso, foi realizada a análise de variância e, após detectarem-se diferenças
significativas, aplicou-se o teste de Scott-Knott no nível de 5 % de probabilidade para
comparações entre tratamentos e o teste t de Student para confrontar os tratamentos nas
diferentes épocas, por meio do programa estatístico SISVAR.
3.1.3 Análise da temperatura e da umidade do solo
O monitoramento da temperatura do solo foi realizado com auxílio de um
geotermômetro digital, na profundidade de 0,05 m, no período entre 12:00 e 14:00 h. As
medições foram feitas semanalmente.
O teor de umidade foi estimado a partir da determinação da massa de amostra seca,
obtida após secagem em estufa na temperatura de 105º C até alcançar massa constante
(aproximadamente 48 horas). As amostras foram coletadas semanalmente nas camadas de 0-
0,05 m, 0,05-0,10 m, 0,10-0.20 m e 0,20-0,40 m, de profundidade.
Os dados foram analisados procedendo-se a verificação da homogeneidade das
variâncias e normalidade dos erros dos dados obtidos, com auxílio do programa estatístico
SAEG. Em relação à temperatura, foi realizada a análise de variância e após detectarem-se
diferenças significativas, aplicou-se o teste de Scott-Knott no nível de 5% de probabilidade
para comparações entre tratamentos nas diferentes épocas de avaliação, por meio do programa
de análises estatísticas SISVAR. Em relação a umidade do solo foram testados vários modelos
de regressão, selecionando-se aqueles que mais se adequavam ao comportamento dos dados,
sendo este procedimento adotado com auxílio do programa de análises estatísticas SISVAR.
3.1.4 Coleta, caracterização e análise da fauna edáfica em pomar de laranjeira lima.
3.1.4.1 Macrofauna
Para caracterização da macrofauna no experimento foi utilizado o método
recomendado pelo programa Tropical Soil Biology and Fertility (TSBF) (ANDERSON &
INGRAM, 1993). Foram realizadas duas coletas, a primeira antes da implantação do
experimento e a segunda ao seu término. A amostragem foi realizada em todas as parcelas
experimentais, na área de influência do tratamento aplicado (1m
2
), perfazendo um total de 18
repetições, ressaltando que na primeira coleta, antes da aplicação das coberturas, o solo foi
retirado da área adjacente, haja vista que em virtude do desenvolvimento radicular, o corte de
raízes poderia comprometer o desenvolvimento das plantas.
Em cada ponto de coleta foi feita, com auxílio de um gabarito metálico (0,25 x 0,25
m), a retirada de monólitos em quatro diferentes profundidades: 0-0,05 m; 0,05-0,10 m; 0,10-
0,20 m e 0,20-0,40 m, em duas épocas diferentes, a primeira imediatamente antes da
instalação do experimento e a segunda ao final do período experimental (120 dias após a
aplicação das coberturas mortas). As etapas encontram-se ilustradas na Figura 2.
Após a coleta, foi feita a separação manual dos invertebrados do solo visíveis a olho
nu, sendo estes armazenados em uma solução de álcool 70%, para posterior triagem em
laboratório, onde foram identificados os principais grupos da macrofauna presente.
15
Figura 2. Etapas de campo da coleta de solo para caracterização da macrofauna edáfica em pomar de
laranjeiras lima. A gabarito metálico; B profundidades de amostragem; C retirada do solo com
auxílio da pá reta; D acondicionamento da terra em sacos plásticos.
3.1.4.2 Mesofauna
Foram feitas coletas em 18 pontos em cada experimento. A primeira coleta foi
realizada à época de instalação do experimento, a segunda aos 2 meses (60 dias) e a terceira
aos 4 meses (120 dias) após a instalação do experimento.
As amostras de solo foram retiradas de uma área de 0,25 x 0,25 m (delimitada com
auxílio de um gabarito metálico), a exemplo do método descrito anteriormente, entretanto
apenas na profundidade de 0 - 0,05 m, sendo posteriormente as amostras acondicionadas em
funis de Berlese-Tüllgren, modificado para a extração da mesofauna (GARAY, 1989).
O equipamento consta de uma estante construída em madeira, onde em seu interior são
acomodados 48 funis em aço inox tendo ao seu fundo uma malha metálica de 2 mm de
diâmetro, contendo a mesma quantidade de lâmpadas de 25 w, que atuam como fonte de
calor, uma para cada funil (Figura 3). O princípio de funcionamento é baseado numa resposta
dos organismos presentes no solo quando submetidos à luz e calor, que tendem a migrar para
áreas mais úmidas e com temperaturas mais amenas, e para tanto esses animais deslocam-se
para o fundo do recipiente, permitindo a sua captura em frasco coletor contendo líquido
fixador, localizado abaixo de cada funil.
As amostras do solo proveniente das três épocas foram acondicionadas nos funis, no
Laboratório de Fauna do Solo da Embrapa Agrobiologia, onde permaneceram por 15 dias,
expostas a luz e calor de maneira uniforme e contínua. O gradiente de umidade formado na
amostra fez com que os animais migrassem para o fundo do funil e fossem coletados em
0,25 m
0,25 m
0,25 m
0,25 m
A
0,05 m
0,05-0,10 m
0,10-0,20 m
0,20-0,40 m
0,05 m
0,05-0,10 m
0,10-0,20 m
0,20-0,40 m
B
C
D
16
recipientes etiquetados contendo álcool a 70%. Face à volatilização do álcool, tornou-se
necessário repor a solução alcoólica continuamente.
Figura 3. Vista do equipamento para coleta da mesofauna edáfica.
Seguida à extração, procedeu-se os processos de identificação e contagem com o
auxílio de uma lupa binocular.
Nas coletas realizadas para macrofauna e para mesofauna, os valores obtidos a partir
da contagem do número de indivíduos nas repetições, foram transformados em valores de
densidade (indivíduos por metro quadrado), multiplicando-se os números encontrados por 16,
uma vez que o tamanho da área amostrada é de 0,25 x 0,25 m, o que corresponde a 1/16 do
metro quadrado. Foram calculadas as médias e os respectivos erros-padrão ( ns ) . Em todas
as análises procedeu-se a verificação da homogeneidade da variância e normalidade dos erros
dos dados obtidos, com auxílio do programa estatístico SAEG. Feito isso, foi realizada a
análise de variância e, após detectarem-se diferenças estatísticas significativas aplicou-se o
teste de Scott-Knott no nível de 5 % de probabilidade para comparações entre os tratamentos
e o teste t de Student para confrontar os tratamentos nas diferentes épocas de coleta, por meio
do programa estatístico SISVAR.
Foram calculados os índices de diversidade (Shannon), uniformidade (Pielou) e de
riqueza (R). O índice de Shannon é dado pela fórmula: S= -? pi. Log
2
pi, onde pi é dado por
ni/N, sendo ni = número de indivíduos por metro quadrado de cada grupo e N = soma do
número de indivíduos por metro quadrado. O índice de Pielou é uma medida de eqüidade, ou
seja, infere como estão distribuídos os indivíduos na amostra, de forma que quanto menor for
o seu valor (varia de 0 a 1) menor será a uniformidade; este índice deriva do índice de
Shannon, sendo dado pela fórmula: U = S/(log
2
R), onde S é o índice de Shannon e R, a
riqueza de grupos. O valor de R indica tão somente o número de grupos encontrados da
amostra. Para comparação dos tratamentos em relação ao índice de Shannon utilizou-se o
teste de Scott-Knott e o teste t para comparações entre as épocas, já que está normalmente
distribuído (ODUM, 2001).
Foram avaliados os grupos mais representativos em cada uma das metodologias
utilizadas.
Para o estudo da dinâmica da macrofauna, ressalta-se que foram excluídos os grupos
Formicidae e Larvas de Formicidae; estes grupos são formados de insetos sociais e que, de
acordo com outros trabalhos realizados no SIPA, tem sido abundantemente encontrados,
exemplo disso foi o estudo desenvolvido por MERLIN (2005), que demonstrou uma grande
17
quantidade de indivíduos do grupo Formicidae em pomar de figos daquela área. CORREIA &
PINHEIRO (1999), em estudo realizado no mesmo local, verificaram que ao longo de quatro
anos, em diferentes culturas, houve predomínio do grupo Formicidae em praticamente todas
as épocas e cultivos estudados, chegando a representar quase 60% dos indivíduos em área
cultivada com cana, cuja coleta foi feita no ano de 1997.
Isso não significa que esses grupos são menos importantes, porém foram considerados
dois aspectos para sua retirada. O primeiro deles está relacionado com a metodologia
empregada, o método T.S.B.F consiste na retirada de monólitos de solo em tamanhos de 0,25
x 0,25 m, o que o torna não adequado para a coleta de indivíduos dos grupos Formicidae e
larvas de Formicidae, uma vez que existe a possibilidade da amostragem ser realizada sobre
seus ninhos e obter-se uma superestimativa da população; o segundo refere-se a interferência
que o alto número de indivíduos exerce sobre a análise dos dados, podendo inclusive
prejudicar resultados importantes fornecidos por outros grupos.
Destaca-se que o termo “grupo” foi aqui utilizado para identificar os invertebrados de
uma mesma ordem (Coleoptera) ou classe (Diplopoda). Este sistema de classificação foi
adotado em virtude da complexidade de identificação desses animais ao nível de espécie.
3.2 Experimento 2: Utilização de Pseudocaule de Bananeira (Musa sp.) como Cobertura
Morta de Solo Cultivado com Mamoeiros (Carica papaya L.)
O experimento foi instalado em solo classificado como Planossolo e o delineamento
estatístico adotado foi o de blocos ao acaso com três tratamentos e seis repetições. Cada bloco
experimental foi constituído de doze plantas, sendo quatro plantas em cada tratamento.
Os tratamentos consistiram da aplicação do material empregado como cobertura morta
ao redor da planta em uma área de 1 m
2
, sendo: área mantida sem cobertura morta (controle);
cobertura morta com palha de capim napier (Pennisetum purpureum) e cobertura morta de
pseudocaule de bananeira (Musa sp.) (Figura 4).
Figura 4. Detalhes dos tratamentos logo após a implantação: A sem cobertura morta; B palhada de
capim napier (Pennisetum purpureum Schumach.); C pseudocaule de bananeira.
Nos tratamentos com uso de cobertura morta, a quantidade de material utilizado foi
padronizada tendo como base o teor de matéria seca. Para padronização, seções de
pseudocaule foram distribuídos em uma parcela experimental até cobertura completa da área
(1m
2
), em seguida este material foi pesado, procedendo-se à determinação do peso fresco,
cujo valor foi estimado em 40 kg.m
-2
. Uma amostra do material foi retirada e seca em estufa a
65º C até alcançar massa constante, determinando-se que o material possuía 4,0 kg de matéria
seca total, uma vez que 90% desse material é constituído de água. Baseado neste valor foi
feita a aplicação da mesma quantidade de palhada de capim napier picado.
C
B
A
18
3.2.1 Análises dos teores de nutrientes nos resíduos vegetais das coberturas mortas e do
tecido foliar de mamoeiros
Após secagem de amostras de resíduos vegetais de capim napier e do pseudocaule, em
estufa à 65º C até alcançar massa constante, as amostras foram passadas em moinho tipo
Willey. No resíduo seco e moído foram determinados os teores de Ca, Mg, P e K. Na Tabela 2
esses teores encontram-se expressos.
Tabela 2. Teores de macronutrientes dos diferentes materiais vegetais utilizados como cobertura
morta em pomar de mamoeiros.
Ca Mg P K Fonte de
cobertura
morta
g.kg
-1
Capim Napier 2,98 3,53 1,58 5,33
Pseudocaule 9,28 4,98 1,29 30,17
Foram determinados também os teores destes macronutrientes em plantas de
mamoeiro. O limbo foliar foi escolhido para realização das análises de acordo com
MARINHO et al., (2002). Ao final do experimento, foram coletadas doze folhas em cada
parcela experimental, sendo quatro por tratamento, com seis repetições. As folhas amostradas
foram aquelas que apresentavam em sua axila uma flor preste a se abrir ou recentemente
aberta. Posteriormente, foram colocadas em sacos de papel e devidamente identificadas
seguindo-se o mesmo procedimento para o material utilizado como cobertura morta.
O procedimento para análise de P, K, Ca e Mg foi a partir da digestão nítrico-
perclórica (BATAGLIA et al., 1983). A determinação do P foi feita por colorimetria e o K, Ca
e Mg por espectrofotometria de absorção atômica (EMBRAPA, 1997).
Os dados foram analisados procedendo-se à verificação da homogeneidade das
variâncias e normalidade dos erros dos dados obtidos com auxílio do programa estatístico
SAEG. Feito isso, foi realizada a análise de variância e, após detectarem-se diferenças
significativas, aplicou-se o teste de Scott-Knott no nível de 5 % de probabilidade para
comparações entre tratamentos, por meio do programa estatístico SISVAR.
3.2.2 Cultivar
No presente estudo foi utilizada a cultivar Baixinho de Santa Amália, uma mutação
dentro da variedade ‘Sunrise Solo’, sendo selecionado em 1978 no município de Linhares,
Espírito Santo (COSTA & PACOVA, 2003).
3.2.3 Preparo da área
Foram feitas as operações mecânicas de preparo da área com auxílio de microtrator,
observando-se as condições ótimas do solo para a realização desses procedimentos. Sendo
realizadas uma aração e duas gradagens, incorporando-se os restos da vegetação ali residente.
3.2.4 Produção de mudas
As sementes utilizadas para o plantio foram oriundas de frutos da área experimental do
SIPA, em maio de 2005, tomando-se os devidos cuidados nos processos de secagem e
armazenamento, até a sua utilização em junho do mesmo ano. As sementes foram
acondicionadas em copos plásticos com capacidade de 300 ml, preenchidos com uma mistura
19
contendo argila e esterco de curral curtido na proporção de 3:1. Para adubação, utilizou-se
cama de aviário.
Foram adicionadas três sementes em cada um dos recipientes e após 20 dias iniciou-se
o processo de germinação, sendo o desbaste feito 30 dias após esse período, permanecendo a
plântula com maior vigor.
Durante todo o processo de produção das mudas, estas permaneceram em telado,
sendo irrigadas de acordo com as condições climáticas do período.
3.2.5 Transferência de mudas para o campo
O transplantio para o campo foi realizado após 70 dias a contar da germinação. As
mudas apresentavam altura e diâmetro de coleto médios de, respectivamente, 11 e 0,6 cm.
Embora a recomendação literatura para a transferência das mudas quando estas atingirem uma
altura de 15 cm, antecipou-se esta etapa devido a incidência de varíola em decorrência da alta
umidade do ar no telado, comum na época do ano que compreendeu essa etapa do
experimento.
As mudas foram plantadas em covas com tamanho de 0,40 x 0,40 x 0,40 m, adotando-
se o espaçamento de 2 m entre linhas e 2 m entre plantas, com duas mudas por cova. A área
total compreendeu uma área de 520 m
2
, totalizando 260 plantas. A área útil correspondeu a
288 m
2
, com 144 plantas. Deve-se salientar que o desbaste foi realizado ainda na fase inicial e
não por ocorrência da sexagem; isso se justifica devido ao fato do plantio das duas mudas por
cova ser realizado tão somente para garantir a uniformidade do estante, uma vez que
diminuiria as possibilidades de replantio e conseqüentes falhas no experimento. Dessa forma,
após a eliminação, a área útil passou a contar com um número de 72 plantas.
3.2.6 Adubações
Considerando que ainda não há recomendações para o manejo orgânico do mamoeiro,
os tratos culturais adotados para a cultura são normalmente feitos de maneira convencional,
desde as adubações até o controle fitossanitário, o que, em sua grande maioria, são práticas
cujo uso não é permitido no sistema orgânico de produção. Desse modo, essas práticas foram
adotadas mediante algumas adaptações, através de informações geradas na própria área em
cultivos realizados anteriormente e outros ainda em andamento com a cultura do mamoeiro.
Na ocasião do plantio foram utilizados 15 litros de esterco de curral curtido, 250 g de
farinha de ossos, 100 g de um produto comercial à base de farinha de ostras e 50 g de sulfato
de potássio, todos misturados à terra retirada da abertura das covas.
Para adubação de cobertura aplicaram-se 2 litros de um composto fermentado sólido.
Além disso, foram feitas aplicações semanais, de um biofertilizante líquido
(AGROBIO), produzido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro
(PESAGRO) na proporção de 5% (v/v).
Por ocasião da floração foram aplicados 2 litros de cama de aviário por planta em
todos os tratamentos.
3.2.7 Desbrota e eliminação de folhas senescentes
A operação de desbrota foi realizada semanalmente para retirada das brotações laterais
que podem comprometer o desenvolvimento apical, reduzindo, conseqüentemente, o
crescimento das plantas, além de ser foco de proliferação de doenças e pragas, em especial do
ácaro-branco.
20
A eliminação de folhas foi feita em decorrência do processo natural de senescência e
também daquelas onde houve alta incidência de varíola, cujo agente etiológico é o fungo
Asperisporium caricae (Speg.) Maubl. ; as folhas que apresentavam os sintomas típicos foram
eliminadas e retiradas da área de plantio, objetivando diminuir o foco de infestação.
3.2.8 Controle da vegetação espontânea
O controle da vegetação espontânea foi realizado através de roçadas quinzenais,
exceto na área de abrangência dos tratamentos (1m
2
), onde foi contabilizada a sua incidência.
3.2.9 Controle fitossanitário
Embora não houvesse ataque severo de insetos, foram feitas aplicações preventivas
quinzenais com calda sulfocálcica (1%) associada a óleo de neem (1%). No decorrer do
experimento não se verificou o aparecimento das principais pragas da cultura como ácaros e
cigarrinhas.
Realizou-se também o controle da lagarta Protambulyx strigilis (L. 1771) (Figura 5),
por meio de catação manual do controle biológico com aplicações de Dipel (Bacillus
thuringiensis).
Figura 5. Lagarta Protambulyx strigilis (L. 1771) encontrada no experimento com a cultura do
mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’ sob condições orgânicas.
Nos dois primeiro meses após a implantação da cultura, o excesso de chuvas associado
a uma elevada temperatura favoreceu o aparecimento de varíola, com ocorrência mais
acentuada nas folhas mais velhas. Para evitar maiores danos, além da retirada do material
infestado da área experimental, foi feita a aplicação de calda bordalesa (1%) associada a leite
de gado (10% v/v). Os resultados obtidos foram satisfatórios, uma vez que o nível de danos
decresceu visivelmente. As aplicações foram feitas quinzenalmente.
3.2.10 Irrigação
O sistema de irrigação adotado foi o de aspersão e o seu manejo de acordo com as
necessidades da cultura. Para avaliar a eficiência do sistema de irrigação e seu posterior
ajuste, procedeu-se a realização do teste de uniformidade. Este consistiu na distribuição de
coletores plásticos ao longo da área experimental, recolhidos após 1 h de funcionamento do
sistema (Figura 6). A quantidade de água do recipiente foi determinada utilizando-se uma
proveta apropriada, sendo os valores encontrados expressos em mm. De acordo com o cálculo
21
do Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC) foi observada uma eficiência de 85%,
indicando uma boa distribuição de água na área.
Figura 6. Teste de precipitação para avaliação da eficiência do sistema de irrigação em área sob
cultivo de mamoeiro.
3.2.11 Análise da temperatura e umidade do solo
As temperaturas do solo foram tomadas com auxílio do geotermômetro digital, no
período de 12:00 às 14:00 h, nos mesmos locais onde foram realizadas as avaliações de
umidade.
Os dados foram analisados procedendo-se a verificação da homogeneidade das
variâncias e normalidade dos erros dos dados obtidos, com auxílio do programa estatístico
SAEG. Foi realizada a análise de variância e após detectarem-se diferenças significativas,
aplicou-se o teste de Scott-Knott no nível de 5% de probabilidade para comparações entre
tratamentos, por meio do programa de análises estatísticas SISVAR.
A determinação da umidade do solo foi realizada através de método indireto, com a
utilização de tensiômetros com leituras diárias feitas com o auxílio de tensímetro marca Filler
(Figura 7). Foram implantados 24 aparelhos, divididos em 4 blocos experimentais, sendo 2
aparelhos por tratamento (um para profundidade de 0,0 - 0,10 m e um outro para 0,10 - 0,20
m).
Os tensiômetros foram construídos com tubos de PVC de meia polegada, cápsula de
cerâmica porosa, tubo acrílico e rolha de borracha para vedação. Antes da montagem
procedeu-se ao teste de borbulhamento para verificar a uniformidade de distribuição dos
poros das cápsulas e resistência a tensões de até 100 kPa, eliminando-se aquelas que tiveram
borbulhamento antes desta tensão.
Os valores de potencial matricial obtido nas leituras dos tensiômetros foram
convertidos para umidade volumétrica através da curva de retenção de umidade, utilizando o
modelo de Van Genuchten (1980), previamente determinada para a área experimental. O
comportamento da umidade no solo nos diferentes tratamentos foi avaliado em relação à
umidade na capacidade de campo obtida na tensão de 30 kPa (para solos com textura média).
22
Figura 7. Vista do equipamento para monitoramento da umidade de solo cultivado com plantio de
mamoeiro (Carica papaya) em duas profundidades, por meio do uso de tensiômetros (A) com leituras
feitas a partir de tensímetro (B).
3.2.12 Fitossociologia da vegetação espontânea
Foram feitas duas coletas, sendo a primeira aos 30 dias após a aplicação das coberturas
e a segunda aos 75 dias. As coletas foram efetuadas com auxílio de um quadro, com
dimensões de 1 x 1 m, de modo que fosse possível abranger toda a área de influência dos
tratamentos. Todas as plantas encontradas nessa área foram retiradas, acondicionadas em
sacos de papel e devidamente identificadas, quanto a espécie e número de indivíduos
encontrados. Posteriormente, esse material foi colocado em estufa de circulação forçada de ar
na temperatura de 72º até alcançar massa constante durante 72 horas, para determinação da
biomassa seca de cada espécie.
Os dados obtidos foram utilizados para determinação dos índices fitossociológicos das
espécies: freqüência (Fre) que permite avaliar a distribuição das espécies nas parcelas;
densidade (Den) número de indivíduos de cada espécie por unidade de área; abundância
(Abu) concentração de espécies na área; freqüência relativa (Frr), densidade relativa (Der),
abundância relativa (Abr) que informam sobre a relação de cada espécie em particular com
relação as demais encontradas na área; e índice do valor de importância (IVI), que indica
quais são as espécies de maior importância na área estudada. O cálculo desses índices é
baseado na proposta de MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974) e vem sendo
utilizados por diversos autores para caracterização florística da vegetação espontânea de
diversas áreas (BRANDÃO et al., 1998; MACEDO et al., 2003; ALBERTINO et al., 2004;
ERASMO et al., 2004; TUFFI SANTOS et al., 2004; SILVA et al., 2005). As fórmulas para o
cálculo dos referidos índices estão representadas a seguir:
Freqüência (Fre) = Nº de parcelas que contêm a espécie/ Nº total de parcelas utilizadas;
Densidade (Den) = Nº total de indivíduos por espécie/ Área total amostrada; Abundância
(Abu) = Nº total de indivíduos por espécie/ N º total de parcelas que contêm a espécie;
Freqüência Relativa (Frr) = Freqüência da espécie x 100/ Freqüência total de todas as
espécies; Densidade Relativa (Der) = Densidade da espécie x 100/ Densidade total de todas
as espécies; Abundância Relativa (Abr) = Abundância da espécie x 100/ Abundância total de
todas as espécies; e Índice de Valor de Importância (IVI) = Frr + Der + Abr.
O coeficiente de Sørensen (SØRENSEN, 1948) foi calculado visando estimar a
similaridade entre as populações botânicas encontradas nas áreas submetidas aos diferentes
tipos de cobertura. Este índice é dado pela seguinte fórmula:
A
B
23
21
2
ss
c
CC
s
+
=
Onde: c = número de espécies em comum nas áreas 1 e 2; s
1
= número de espécies na área 1 e
s
2
= número de espécies na área 2.
A amplitude deste índice varia de 0 a 1. Sendo igual a zero quando não existe espécies
em comum nas duas comunidades, e igual a um quando todas as espécies estão presentes nas
duas comunidades.
Os valores médios de densidade de indivíduos (nº de indivíduos por unidade de área),
obtidas através da soma de todas as espécies presentes em cada tratamento, foram submetidos
a comparação pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade com auxílio do programa
estatístico SISVAR, sendo este procedimento realizado após ter sido verificado a normalidade
e homogeneidade dos erros, com auxílio do programa SAEG.
3.2.13 Variáveis estudadas nas plantas de mamoeiro
a) Altura de plantas semanalmente, foi realizada a tomada de dados de altura, sendo nos
primeiros dias feitas com auxílio de uma régua graduada e, quando as plantas encontravam-se
mais desenvolvidas, com uma fita métrica graduada (precisão de 0,5 cm). Foram avaliadas
todas as plantas de cada tratamento.
b) Diâmetro do caule também realizado semanalmente, a avaliação do diâmetro do caule foi
feita em todas as plantas a altura de 10 cm do solo, com auxílio de um paquímetro.
c) Início e altura de florescimento o pomar foi inspecionado diariamente para verificar o
aparecimento do primeiro botão floral. Após a ocorrência da floração em quase todo o pomar
foi tomada a altura de inserção do primeiro botão floral, com o auxílio de uma régua
graduada.
d) Raio do limbo foliar e tamanho do pecíolo em cada bloco experimental foram
selecionadas duas plantas de cada tratamento, das quais foram escolhidas duas folhas em
completo desenvolvimento, onde foram medidos o maior raio do limbo foliar e o
comprimento do pecíolo.
e) Frutificação durante as inspeções foi observado o início da frutificação.
Os dados foram analisados procedendo-se a verificação da homogeneidade das
variâncias e normalidade dos erros dos dados obtidos, através do pacote estatístico SAEG.
Feito isso foi realizada a análise de variância e, após obter-se diferenças significativas,
aplicou-se o teste de Scott-Knott (p > 0,05) para comparações entre tratamentos e o teste t de
Student para confrontar os tratamentos nas diferentes épocas, através do programa estatístico
SISVAR.
24
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Experimento 1: Uso de Pseudocaule de Bananeira (Musa sp.) Como Cobertura
Morta de Solo Cultivado com Laranjeira Lima (Citrus sinensis Osbeck)
4.1.1 Teores de nutrientes do solo
Os resultados obtidos com a caracterização da fertilidade inicial e aos 120 dias após a
aplicação de diferentes tipos de cobertura encontram-se na Tabela 3. De modo geral, as
variações durante o período experimental foram pequenas. Conquanto tenham sido verificadas
variações de até 237 mg.dm
-3
de K
+
, na presença de cobertura morta com uso de pseudocaule,
não foram detectadas diferenças significativas entre as duas épocas de avaliação. Com relação
a esse mesmo elemento, observa-se que, diferentemente do que foi verificado na situação
anterior, no tratamento mantido sem cobertura houve um decréscimo de 110 mg.dm
-3
, muito
embora, também, não fossem verificadas diferenças significativas.
Tabela 3. Caracterização química de solo cultivado com laranjeira lima em duas épocas de avaliação a
partir da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta.
Características químicas do solo
pH(H
2
O) Ca
++
Mg
++
K
+
P (disponível)
Época de
coleta
cmol
c
.dm
-3
mg.dm
-3
Sem cobertura
Inicial 6,17 A
2
3,33 A 1,67 A 197,50 A 167,17 A
Final
1
5,83 A 2,17 A 1,00 B 87,50 A 81,00 A
Cobertura com grama
Inicial 6,17 A 3,67 A 1,17 A 186,67 A 154,00 A
Final 5,67 A 2,50 A 1,33 A 212,17 A 97,00 A
Cobertura com pseudocaule
Inicial 6,17 A 3,83 A 1,33 A 163,67 A 131,67 A
Final 6,50 A 2,17 B 1,16 A 400,67 A 87,67 A
1
120 dias após a aplicação das coberturas mortas
2
Letras iguais na mesma coluna no mesmo tratamento não diferem significativamente entre si pelo teste t no
nível de 5% de probabilidade
Comparando-se os diferentes tratamentos após 120 dias da aplicação das coberturas
mortas, observa-se que os valores de pH e K
+
diferiram entre os tratamentos, sendo os valores
encontrados nos tratamentos com grama batatais e sem cobertura morta menores do que com
a utilização de pseudocaule de bananeira. Com relação ao teor de K trocável o aumento
observado encontra-se em consonância com o alto teor de potássio presente no pseudocaule
(Tabela 4). Deve-se destacar que o K nos tecidos vegetais encontram-se normalmente em
forma iônica livre (MARSCHNER, 1995), o que por simples ação mecânica da chuva ou da
ajuda de irrigação acarretaria na liberação deste nutriente para o solo. Considerando que
foram aplicados 5,2 kg/planta de pseudocaule seco, com teor médio de 19,67 g/kg de matéria
seca de potássio, isto representa um aporte de aproximadamente 170 kg/ha de K (tendo como
base uma população de 1.667 plantas/ha), aplicado na superfície do solo e sob a projeção da
copa das plantas de laranjeira lima. Desta forma, o aumento detectado no teor de K
+
no solo é
coerente com o aporte deste nutriente via cobertura morta formada pelo pseudocaule de
bananeira.
25
Em relação ao pH (Tabela 4), embora não se tenham feito caracterizações detalhadas
sobre a composição de bases do pseudocaule, nota-se que a sua aplicação acarretou na
elevação de 0,67 unidades de pH, quando comparado com o solo mantido sem cobertura
morta. Assim, poder-se-ia supor que o processo de lixiviação de bases contidas no
pseudocaule pode ser o fator determinante da elevação do pH do solo.
Tabela 4. Caracterização química do solo cultivado com laranjeiras lima após 120 dias da aplicação
de diferentes tipos de cobertura morta.
pH (H
2
O) Ca++ Mg++ K+ P disponível Fonte de
Cobertura
Morta
cmol
c
.dm
-3
mg.dm
-3
Sem Cobertura 5,83 B
1
2,17 A 1,00 A 87,00 B 81,00 A
Grama 5,67 B 2,50 A 1,33 A 186,67 B 97,00 A
Pseudocaule 6,50 A 2,17 A 1,17 A 400,17 A 87,67 A
1
Letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott no nível de 5%
de probabilidade.
4.1.2 Teores de nutrientes do tecido foliar
Considerando os teores de nutrientes nas folhas de laranjeiras lima (Tabela 5), destaca-
se, em relação a variação temporal, que a aplicação de pseudocaule acarretou aumento nos
teores de P e K após 120 dias de aplicação do tratamento. O mesmo não foi detectado a partir
da aplicação de cobertura morta de grama batatais, e nem foram detectadas variações nos
teores de Ca, Mg, P e K das folhas no tratamento controle (sem cobertura morta).
Tabela 5. Análise no tecido foliar de laranja-lima (Citrus sinensis Osbeck) em duas diferentes épocas.
Teor nas folhas de laranjeira lima
Ca Mg P K
g.kg
-1
Época de
Amostragem
Sem cobertura morta
Inicial 10,17 A
2
1,00 A 1,17 A 4,50 A
Final
1
5,83 A 0,67 A 1,00 A 3,50 A
Cobertura com grama
Inic ial 13,00 A 1,33 A 1,33 A 4,17 A
Final 8,83 A 1,17 A 1,17 A 5,33 A
Cobertura com pseudocaule
Inicial 14,83 A 1,17 A 1,00 B 5,17 B
Final 18,00 A 1,33 A 1,83 A 7,83 A
1
120 dias após a aplicação das coberturas mortas.
2
Letras iguais na mesma coluna no mesmo tratamento não diferem significativamente entre si pelo teste t ao
nível de 5% de probabilidade.
Ao comparar os tratamentos, torna-se interessante destacar os efeitos benéficos das
coberturas mortas no estado nutricional das laranjeiras (Tabela 6), principalmente em
decorrência da aplicação de cobertura morta sobre o solo com pseudocaule, quando
comparado com o tratamento sem cobertura morta. Observa-se que a presença do pseudocaule
acarretou elevação nos teores de Ca, Mg, P e K nas folhas, ao passo que a cobertura formada
pela palhada de grama batatais resultou no aumento dos teores de Mg e K em relação ao
controle sem cobertura morta.
Ao confrontar os resultados das análises de solo (Tabela 4), com a análise foliar (Tabela 5),
nota-se que o aumento no teor de K da folha é um reflexo do aumento do teor deste elemento
26
em forma trocável no solo. Em relação ao Ca
++
, Mg
++
e P disponível, a análise de solo não se
mostrou sensível para detectar uma elevação nos níveis destes elementos, ao passo que
detectou-se elevação nas folhas, quando comparado ao tratamento sem cobertura morta. Esse
fato pode estar associado a diferentes fatores. Como a análise de solo foi feita na camada de
0,0 – 0,10 m de profundidade, a quantidade de Ca, Mg e P que efetivamente foi adicionada ao
solo, encontrava-se abaixo do limite de sensibilidade dos respectivos métodos de
caracterização e por isso não foi possível identificar tais modificações. Outro aspecto que
poderia ser levantado é o fato do pseudocaule de bananeira ter contribuído para a elevação da
umidade do solo em relação ao tratamento sem cobertura morta, principalmente nas
profundidades de 0,0 0,05 m e de 0,05 0,10 m (Figura 8) e assim proporcionar alterações
na cinética de movimentação das formas iônicas destes elementos, que se dão por fluxo de
massa ou por difusão no solo e, logo, depende do teor de umidade do mesmo. Estas hipóteses
não são excludentes e podem ser complementares.
Tabela 6. Análise de tecido foliar de laranja-lima (Citrus sinensis Osbeck) 120 dias após a aplicação
de diferentes tipos de cobertura morta.
Ca Mg P K Fonte de
Cobertura
g.kg
-1
Sem Cobertura 5,83 B
1
0,67 B 1,00 B 3,50 c
Grama 8,83 B 1,17 A 1,17 B 5,33 b
Pseudocaule 18,00 A 1,33 A 1,83 a 7,83 a
1
Letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5%
de probabilidade.
4.1.3 Teores de umidade e temperatura do solo
A análise dos teores de umidade gravimétrica nas diferentes profundidades revelou
que a camada de 0,0 – 0,05 m foi a que apresentou maior teor de água (Tabela 7).
Tabela 7. Valores médios de umidade (%) em diferentes profundidades em área cultivada com citrus.
Seropédica, RJ, 2004/2005.
Profundidade (m) Teor de umidade (g/kg de solo x 10)
0-0,05 11,40 A
1
0,05-0,10 10,42 B
0,10-0,20 9,71 B
0,20-0,40 9,90 B
1
Letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5%
de probabilidade.
Observa-se que, independentemente do tratamento relacionado no emprego de
cobertura morta, há queda no teor de umidade ao longo do período de avaliação (Figura 8) em
todas as profundidades avaliadas. Contudo, o uso da cobertura morta contribuiu para a
manutenção de níveis mais elevados de umidade, com destaque para o uso de pseudocaule,
que durantes os 120 dias proporcionou aumento nos teores de umidade quando comparado
com o solo sem manutenção da cobertura morta, especialmente nas camadas de 0,0 -0,05 m
0,05-0,10 m (Figura 8 A e B).
27
Figura 8. Variação temporal nos teores de umidade em diferentes profundidades de um solo cultivado
com laranjeira lima com diferentes fontes orgânicas de cobertura morta. A: 0,0 -0,05 m; B: 0,05-0,10
m; C: 0,10-0,20 m e D: 0,20-0,40 m.
Os dados apresentados na Tabela 8 permitem evidenciar que temperaturas mais
amenas foram detectadas nos tratamentos com a utilização de cobertura morta. Tal fato
assume fundamental importância nas épocas mais quentes do ano, quando também pode
ocorrer aumento pronunciado da temperatura do solo, o que pode prejudicar o
desenvolvimento das plantas, como destacado por SALTON & MIELNICZUK (1995), que
enfatizam os efeitos positivos da manutenção de resíduos culturais sobre o solo no regime
térmico do mesmo. MIRANDA et al. (2004), verificaram que o uso de fibra de coco como
cobertura morta funciona eficientemente como uma camada de isolamento térmico, reduzindo
o aquecimento do solo durante o dia e a perda de calor para a atmosfera durante a noite.
Neste sentido, pode-se enfatizar o efeito atenuador da cobertura morta formada pelo
pseudocaule de bananeira na temperatura do solo em todas as épocas, a partir do décimo
quarto dia de avaliação. Em valores médios, a cobertura com pseudocaule proporcionou
redução de 2,93 ºC, mas a diferença alcançou até 7,15 ºC por ocasião do décimo quarto dia de
avaliação.
Sem cobertura
Resíduos
de Grama
Pseudocaule de bananeira
y = 4E-06x
3
- 0.0014x
2
+ 0.0759x + 12.027
R
2
= 0.8775
y = -1E-05x
3
+ 0.0022x
2
- 0.1434x + 16.453
R
2
= 0.8096
y = -0.0634x + 13.887
R
2
= 0.5744
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135
DAT
Umidade (%)
y = -0.0476x + 12.98
R
2
= 0.7522
y = -0.0511x + 12.97
R
2
= 0.4571
y = -0.054x + 14.246
R
2
= 0.7409
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135
DAT
Umidade (%)
y = -0.0454x + 12.626
R
2
= 0.8065
y = 1E-05x
3
- 0.0034x
2
+ 0.1824x + 8.4008
R
2
= 0.8781
y = -0.0354x + 11.867
R
2
= 0.433
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135
DAT
Umidade (%)
y = -0.036x + 12.044
R
2
= 0.6985
y = 1E-05x
3
- 0.0037x
2
+ 0.2283x + 7.2065
R
2
= 0.8729
y = -0.0007x
2
+ 0.0632x + 10.106
R
2
= 0.7984
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135
Dias após instalação
Umidade (%)
A B
C D
28
Tabela 8. Variação temporal da temperatura de um solo cultivado com laranjeira lima com diferentes fontes orgânicas de cobertura morta.
1
Medida realizada na profundidade de 0,05 m entre 12:00 e 14:00 horas.
2
Letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott no nível de 5% de probabilidade.
Tabela 9. Média total das temperaturas (º C) do solo cultivado com citros, sob diferentes tipos de cobertura morta.
Tratamento Temperatura (º C)
Grama batatais 27,72 B
Pseudocaule de bananeira 26,92 B
Sem Cobertura 29,85 A
C.V (%) 9,02
Letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.
Temperatura (ºC)
1
Dias após a aplicação das c oberturas mortas
Fonte de
Cobertura
Morta
7 14 21 28 35 49 63 91 98 112 120
Grama 26,22 A
2
26,69 B 26,14 B 27,51 B 27,22 B 26,89 B 28,22 A 27,46 B 29,26 B 30,08 B 29,21 B
Pseudocaule 25,82 A 26,30 B 25,30 B 26,53 C 26,37 B 26,71 B 27,43 B 26,47 C 28,09 C 28,84 C 28,31 C
Sem cobertura 26,68 A 33,45 A 28,04 A 29,47 A 29,74 A 28,39 A 28,47 A 29,26 A 32,13 A 31,84 A 30,87 A
C.V (%) 2,61
Temperatura (ºC)
1
Dias após a aplicação das coberturas mortas
Fonte de
Cobertura
Morta
7 14 21 28 35 49 63 91 98 112 120
Grama 26,22 A
2
26,69 B 26,14 B 27,51 B 27,22 B 26,89 B 28,22 A 27,46 B 29,26 B 30,08 B 29,21 B
Pseudocaule 25,82 A 26,30 B 25,30 B 26,53 C 26,37 B 26,71 B 27,43 B 26,47 C 28,09 C 28,84 C 28,31 C
Sem cobertura 26,68 A 33,45 A 28,04 A 29,47 A 29,74 A 28,39 A 28,47 A 29,26 A 32,13 A 31,84 A 30,87 A
C.V (%) 2,61
29
4.1.4 Fauna do solo
4.1.4.1. Densidade da fauna em virtude dos diferentes tratamentos aplicados pelo
método TSBF
No tratamento com a utilização de resíduos de grama batatais (Tabela 10), verifica-se
que houve uma modificação nos grupos mais importantes nas duas épocas avaliadas. Antes da
implantação, os grupos Oligochaeta, Larvas de Coleoptera, Gastropoda, Coleoptera,
Diplopoda apresentaram densidades de indivíduos de 347,7, 50,7, 40,0, 21,3 e 18,7,
respectivamente, enquanto que após a aplicação foram encontradas maiores densidades para
os grupos Oligochaeta (229,0), Isopoda (130,7), Isoptera (61,3), Chilopoda (56,0) e Blattodea
(16).
Alguns foram verificados apenas na primeira avaliação realizada como foi o caso dos
grupos Coleoptera, Larvas de Diptera e Diptera; e Isoptera presente somente na segunda
avaliação.
Antes da aplicação de pseudocaule de bananeira (Tabela 10), houve o mesmo
comportamento semelhante quanto aos grupos mais importantes. Oligochaeta, Isopoda,
Gastropoda, Diplopoda e Larvas de Coleoptera apareceram com densidades de 360,0, 117,3,
80,0, 56 e 37,3 respectivamente. Após a implantação, o grupo Isopoda foi o de maior
densidade, com 72,0 indivíduos por m
2
, seguido de Gastropoda, Diplopoda e Blattodea, cada
um com 13, 3 indivíduos por m
2
. Um fato que chama atenção é a drástica redução verificada
no grupo Oligochaeta que na segunda avaliação apresentou uma densidade de apenas 10,7.
Embora o padrão observado tenha sido de uma redução em todos os grupos, a redução de
minhocas parece estar associada ao tipo de cobertura utilizado, uma vez que nos demais
tratamentos esse comportamento não foi observado, o que será discutido mais adiante.
A partir da análise dos dados da Tabela 10, observa-se que o padrão de distribuição
dos grupos foi semelhante àquele verificado para as demais situações antes da aplicação das
coberturas. Os grupos Oligochaeta, Gastropoda, Diplopoda, Isopoda e Larvas de Coleoptera
foram os mais abundantes com densidades de 320,0, 106,7, 77,3, 50,7 e 34,7,
respectivamente. Na segunda coleta, a área mantida sem cobertura, apresentou modificações
quanto aos grupos e número de indivíduos encontrados. Oligochaeta e Isopoda foram os mais
importantes com 141,3 e 136,0 indivíduos por metro quadrado, respectivamente. Existem
duas situações que merecem atenção nessa área, a primeira refere-se a diminuição de
indivíduos do grupo Gastropoda, provavelmente em decorrência da ausência de uma fonte
alimentar que pode ter provocado migração desses animais para outras áreas. A segunda
situação diz respeito ao grupo Isopoda que teve um aumento efetivo na segunda avaliação, é
possível que estes animais sejam melhores adaptados a ambientes inóspitos do que os
anteriores, ou ainda as condições propiciadas pelo dossel da planta sejam suficientes para
garantir a sua permanência na área.
Na análise dos resultados antes e após a aplicação dos diferentes tipos de cobertura,
verifica-se que somente no tratamento com a utilização do uso de pseudocaule de bananeira
foi observada uma significativa redução no número total de indivíduos por m
2
. Mais uma vez,
é importante salientar que, embora o uso de cobertura morta seja fundamental para a
manutenção da fauna edáfica, a qualidade do material utilizado para esse fim também deve ser
levado em consideração, uma vez que em sua constituição pode conter substâncias com
efeitos alelopáticos.
30
Tabela 10. Densidade da macrofauna em duas épocas, em solo cultivado com laranjeira lima com diferentes fontes orgânicas de cobertura morta.
Densidade da macrofauna (indivíduos.m
-2
)
Sem Cobertura Grama Pseudocaule
Época
Grupo Taxonômico
Inicial
1
Final Inicial Final Inicial Final
Araneae 0 2,7±2,7
2
5,3±5,3 2,7±2,7 8,0±3,6 2,7±2,7
Blattodea 2,7±2,7 0 5,3±3,4 16±10,1 8,0±3,6 13,3±10,5
Casulo de Minhocas 26,7±10,7 2,7±2,7 18,7±7,6 5,3±5,3 26,7±18,8 0
Chilopoda 16,0±7,2 2,7±2,7 8,0±3,6 56±40,6 32,0±18,9 5,3±3,4
Coleoptera 40,0±27,6 8,0±3,6 21,3±12,8 0 21,3±5,3 2,7±2,7
Dermaptera 26,7±23,6 0 0 0 2,7±2,7 0
Diplopoda 77,3±29,6 8,0±5,5 18,7±6,4 13,3±6,4 56±32,2 13,3±6,4
Diptera 0 0
2,7±2,7 0
0 0
Gastropoda 106,7±75,0 5,3±3,4 40,0±9,9 2,7±2,7 80,0±33,0 13,3±6,4
Heteroptera 8,0±5,5 0 0 0
0 0
Homoptera 0 0
0 2,7±2,7
0 0
Hymenoptera 5,3±3,4 0 0 0
0 0
Isopoda 50,7±31,8 136,0±66,7 10,7±7,9 130,7±102,8 117,3±101,8 72,0±38,5
Isoptera 0 0
0 61,3±61,3 2,7±2,7 0
Larvas de Coleoptera 34,7±23,2 21,3±18,3 50,7±17,2 10,7±5,3 37,3±37,4 5,3±3,4
Larvas de Diptera 2,7±2,7 0 2,7±2,7 0
0 0
Larvas de Lepidoptera 0 2,7±2,7 0 0 2,7±2,7 0
Oligochaeta 320,0 ±65,5 141,3±62,2 346,7±94,4 229,0±80,1 360,0±72,2 10,7±5,3
Orthoptera 2,7±2,7 0 0 0
0 0
Total
720,0a
3
± 311,0 336,0a ± 175,6 530,7a ± 174,0 530,7a ± 320,1 754,7a ± 312,8 138,70a ± 79,2
1
Inicial: Imediatamente antes da aplicação das coberturas mortas e final: ao final do experimento.
2
Erro padrão
3
Valores seguidos da mesma letra dentro de cada fonte de cobertura morta não diferem entre si pelo teste t no nível de 5% de probabilidade.
31
4.1.4.2 Índices de Diversidade, Uniformidade e Riqueza nas duas épocas de avaliação.
Não foram observadas diferenças significativas quanto aos índices de diversidade e
uniformidade, exceto para a característica de riqueza que apresentou um valor
significativamente inferior para a segunda coleta de avaliação quando comparado com aqueles
obtidos na primeira coleta realizada (Tabela 11).
Tabela 11. Índices de diversidade (Shannon), uniformidade (Pielou) e riqueza média (RM) em área
cultivada com citros, sob manejo orgânico, antes e após a aplicação de diferentes tipos de cobertura
morta. Seropédica, RJ, 2004/2005.
Índice de Diversidade
Shannon Pielou RM
Fonte de
cobertura
Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Grama batatais 1,76 a 1,59 a 0,67 a 0,70 a 6,33 a 4,83 a
Pseudocaule 1,85 a 1,50 a 0,69 a 0,83 a 7,00 a 3,67 a
Sem Cobertura 2,06 a 1,50 a 0,71 a 0,83 a 7,50 a 4,33 b
Médias seguidas da mesma letra na linha, dentro do mesmo índice, não diferem estatisticamente entre si no
nível de 5% de probabilidade.
4.1.4.3 Avaliação dos dados comparando-se as diferentes coberturas no segundo período
de avaliação.
Avaliando-se apenas a segunda coleta, onde os tratamentos foram efetivamente
comparados, verifica-se que o número de indivíduos não diferiu significativamente entre as
diferentes coberturas aplicadas, bem como não foram verificadas diferenças quando
considerou-se as diferentes profundidades (Tabela 12). Muito embora, isoladamente, esta
informação não tenha muita importância, necessitando de informações mais detalhadas dos
principais grupos estudados.
Tabela 12. Número médio de indivíduos coletados em diferentes profundidades em área cultivada
com laranja lima, ao final do experimento com diferentes tipos de cobertura morta.
Indivíduos
Fonte de cobertura morta
Profundidade
Sem cobertura Grama Pseudocaule
0,0 0,05 253,3 A 264,0 A 82,7 A
0,05 0,10 42,7 A 168,0 A 24,0 A
0,10 0,20 5,3 A 13,3 A 13,3 A
0,20 0,40 34,7 A 85,3 A 18,7 A
Total 336,0 A 530,6 A 138,7 A
Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott (p >
0,05).
4.1.4.4 Distribuição vertical
A Figura 9 mostra que onde não foi utilizada nenhuma cobertura e no tratamento com
resíduos de grama batatais, houve uma maior concentração de indivíduos na primeira camada
do solo (0-5 cm). No tratamento com a utilização de pseudocaule de bananeira essa
concentração de indivíduos maior foi verificada em camada mais profunda (10-20 cm). Uma
possível explicação para isso pode estar no fato dos organismos se concentrarem no material
aplicado como cobertura, indo para o solo somente após a sua completa decomposição.
Entretanto, deve-se levar em consideração que substâncias químicas presentes em alguns
resíduos vegetais podem ter efeito inibitório (alelopático) sobre alguns organismos mais
32
sensíveis, sendo, contudo, irrelevante para outros grupos. Alguns trabalhos apresentados
chamam a atenção sobre esse efeito. Estudos com espécies vegetais como o eucalipto,
demonstram forte alelopatia sobre a microflora (REZENDE et al., 1997). Supõe-se com isso
que houve uma migração da maioria dos animais para camadas mais profundas. Quanto ao
tratamento sem cobertura, é possível que as espécies podem ter se beneficiado do próprio
dossel foliar, uma vez que as plantas de citros encontram-se bem desenvolvidas, propiciando
boas condições de desenvolvimento para alguns organismos presentes na área de influência.
Figura 9. Distribuição proporcional da densidade de organismos da macrofauna edáfica em solo
cultivado com laranjeira lima em diferentes profundidade e fontes orgânicas de cobertura morta.
1
SC = Sem cobertura; G = grama batatais; P = pseudocaule.
4.1.4.5 Principais grupos taxonômicos ao final do período amostral.
Dentre os organismos estudados, sem dúvidas, àqueles pertencentes ao grupo
Oligochaeta apresentaram comportamento que chama bastante atenção. É possível observar
através da Figura 10 (A), que no tratamento com utilização de resíduos de grama batatais, foi
encontrada maior densidade de indivíduos, seguido do tratamento sem utilização de cobertura
morta. Houve uma redução acentuada na densidade de indivíduos quando se utilizou
pseudocaule de bananeira como cobertura morta, sendo esses valores inclusive
estatisticamente inferiores quando comparados aos demais tratamentos (Tabela 13). Como já
discutido anteriormente, é provável que esse material contenha substâncias capazes de
promover efeitos inibitórios sobre esses animais, ou ainda não ter utilidade para fins
alimentares, estimulando a busca de outros locais mais propícios ao seu desenvolvimento. De
acordo com FRASER (1994), esse grupo de organismos pode responder de maneira
diferenciada à aplicação de coberturas e, normalmente, se beneficiam da sua aplicação. Outros
autores, entretanto, chamam a atenção para o fato da qualidade do material utilizado como
cobertura ter forte influência na população de oligoquetos, como foi verificado por
BAUTISTA-ZÚÑIGA & DELGADO-CARRANZA (2003) que constataram que a utilização
de resíduos de diferentes leguminosas promoveu aumentos diferenciados na população de
minhocas de acordo com a relação (Lignina+Celulose)/N, onde o uso de Canavalia
ensiformes (L.) D.C, com maior relação, foi o que propiciou maior abundância, seguido de
Mucuna deerengianum (L.) Medic. Leucaena leucocephala Lam. Dwitt.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
SC G P
Tratamento
1
Distribuição vertical
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
33
De acordo com a Figura 10 (B) os Isopodas estiveram presentes em todos os
tratamentos especialmente na camada de 0-5 cm do solo. No tratamento sem cobertura, a sua
ocorrência foi apenas pontuada na camada de 10-20 cm, com um leve acréscimo na camada
de 20-40 cm. Com a utilização de resíduos de pseudocaule de bananeira, o comportamento
apresentou a mesma tendência, com maiores concentrações na camada de 0-5 cm do solo, e
pequenas concentrações nas camadas 5-10 cm, diferentemente do tratamento anterior onde
não foi observada a ocorrência desses organismos nessa camada, e nas demais de 10-20 e 20-
40 cm. Com a utilização de resíduos de grama batatais como cobertura morta, foi verificado
que a totalidade desses animais ficou concentrada apenas na primeira camada (0-5 cm), é
provável que isso esteja relacionado a qualidade do material aplicado como cobertura que é de
cil decomposição, sendo uma boa fonte alimentar, uma vez que estes animais tem hábito
alimentar saprofágico.
Os Chilopoda (Figura 10 C) apareceram em maiores densidades na camada de 5-10 cm
onde não houve aplicação de cobertura morta, estando a sua totalidade restrita a essa camada.
A ocorrência desses animais no tratamento com uso de pseudocaule de bananeira foi
observada nas camadas de 0-5 cm e de 20-40 cm. No tratamento com utilização de resíduos
de grama batatais foram encontrados uma maior quantidade desses organismos, sendo
encontrados nas camadas de 0-5 cm, 20-40 cm e principalmente na camada de 5-10 cm, onde
foi observada a maior concentração.
O grupo Isoptera (Figura 10 D) foi observado apenas no tratamento com utilização de
resíduos de grama batatais, somente na camada de 20-40 cm. Provavelmente no momento da
coleta a amostragem tenha sido realizada em um ponto com elevada concentração desses
animais. Como já dito anteriormente para o grupo Formicidae, o método empregado para
caracterização da macrofauna nesse experimento (TSBF), não é o mais recomendado para
insetos sociais, o que inclui o grupo Isoptera. Ainda assim, esse grupo constrói suas galerias
na direção de fontes alimentares abundantes, o que explicaria a ausência na primeira coleta
(antes da aplicação da cobertura morta).
A densidade de indivíduos de larvas de Coleoptera (Figura 10 E) foi maior no
tratamento sem uso de cobertura morta, aparecendo em maior quantidade na camada de 0-5
cm do solo. No tratamento com pseudocaule de bananeira foi encontrada a menor densidade
para este grupo de organismos, estando distribuída nas camadas de 5-10 e 20-40 cm. A
distribuição desses organismos no tratamento com resíduos de grama batatais foi verificada
nas camadas de 0-5 cm (com maiores quantidades), 5-10 cm e 20-40 cm.
Presente em todos os tratamentos avaliados, o grupo Diplopoda (Figura 10 F) foi
encontrado na área sem cobertura nas camadas de 0-5 e de 20-40 cm. No tratamento com
pseudocaule de bananeira a distribuição desses indivíduos foi maior nas camadas de 0-5 e de
5-10 cm, sendo verificado também a sua presença na camada de 20-40 cm. Padrão semelhante
apresentou no tratamento com resíduos de grama batatais, diferenciando-se apenas quanto a
maior concentração verificada na camada de 0-5 cm.
O grupo Blattodea (Figura 10 G) foi encontrado apenas nos tratamentos com cobertura
morta, tanto com uso de pseudocaule de bananeira, como também com resíduos de grama
batatais. Entretanto a distribuição desse organismo nas camadas de cada tratamento foi
diferenciada. Com a utilização de pseudocaule de bananeira, foi encontrado nas camadas de 0-
5, 5-10 e 10-20 cm, enquanto que naquele com resíduos de grama batatais, a sua ocorrência
ficou limitada apenas à primeira camada.
O grupo Gastropoda (Figura 10 H) apareceu nos tratamentos sem utilização de
cobertura morta nas camadas de 0-5 e de 5-10 cm. Com tratamento de pseudocaule, as
maiores concentrações foram observadas nas camadas de 0-5 cm e de 10-20 cm, e em
menores proporções na camada de 5-10 cm. No tratamento com resíduos de grama batatais, a
sua ocorrência ficou limitada a camada de 0-5 cm de profundidade.
34
Figura 10. Densidade da macrofauna em diferentes profundidades de um solo cultivado com
laranjeiras lima, ao final do experimento com diferentes fontes orgânicas de cobertura morta.
1
SC: Sem Cobertura; G: Grama; P: Pseudocaule.
0.0 100.0 200.0 300.0
Ind.m-2
SC
G
P
Tratamento
1
Oligochaeta
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
0.0 20.0 40.0 60.0
Ind.m
-2
SC
G
P
Tratamento
Chilopoda
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
0.0 50.0 100.0 150.0
Ind.m
-2
SC
G
P
Tratamento
Isopoda
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
0.0 20.0 40.0 60.0
Ind.m
-2
SC
G
P
Tratamento
Chilopoda
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
0.0 20.0 40.0 60.0 80.0
Ind.m
-2
SC
G
P
Tratamento
Isoptera
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
0.0 10.0 20.0 30.0
Ind.m
-2
SC
G
P
Tratamento
Larvas de Coleoptera
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
0.0 5.0 10.0 15.0
Ind.m
-2
SC
G
P
Tratamento
Diplopoda
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0
Ind.m
-2
SC
G
P
Tratamento
Blattodea
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
0.0 5.0 10.0 15.0
Ind.m-
2
SC
G
P
Tratamento
Gastropoda
0,0-0,05
0,05-0,10
0,10-0,20
0,20-0,40
A
B
C
E
G
D
F
H
35
Comparando-se os tratamentos para os principais grupos identificados na segunda
coleta (Tabela 13), verifica-se que não houve diferenças significativas para a maioria dos
grupos analisados. Entretanto, para o grupo Oligochaeta foi observado que com a utilização
de pseudocaule de bananeira esses valores foram significativamente menores do que aqueles
constatados nos demais tratamentos. As razões que tentam explicar esse fato já foram
anteriormente discutidas. Para os grupos Isoptera e Blattodea, não foram realizadas análises
estatísticas em virtude da sua ausência em um ou mais tratamentos.
Tabela 13. Densidade de indivíduos dos principais grupos coletados em pomar de citros, sob manejo
orgânico, após a aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ, 2005.
Tratamento
Grupo Taxonômico
Grama batatais Pseudocaule Sem cobertura
Oligochaeta 229,3 a 10,7 b 141,3 a
Isopoda 130,7 a 72,0 a 136,0 a
Chilopoda 56,0 a 5,3 a 2,7 a
Isoptera 0 0 61,3
Larvas de Coleoptera 10,7 a 5,3 a 21,3 a
Diplopoda 13,3 a 13,3 a 8,0 a
Blattodea 0 13,3 16,0
Gastropoda 2,7 a 13,3 a 5,3 a
Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott (p >
0,05).
4.1.4.6 Considerações
Na coleta inicial foram contabilizados 12032 indivíduos, divididos em 18 grupos,
independente da profundidade, enquanto que ao final do experimento, houve um decréscimo
nesse número, sendo encontrados foi de 6032 indivíduos, divididos em 15 grupos,
independente da profundidade e do tipo de cobertura aplicado. Essa redução, a principio, seria
incoerente uma vez que o uso de coberturas mortas se constitui uma importante prática de
manejo agrícola, que dentre os diversos benefícios, contribui favoravelmente sobre os
organismos edáficos; entretanto, além das análises da fauna edáfica, outros estudos foram
desenvolvidos nos mesmos locais, a exemplo da determinação da umidade através do método
gravimétrico, com retiradas semanais de amostras de solo. Isso, sem dúvidas, contribuiu
negativamente para o estabelecimento das comunidades desses animais. Outro fator pode
estar relacionado com as épocas de avaliação, a primeira foi realizada no início do mês de
novembro de 2004, período com temperaturas mais amenas (média de 24,7º C) enquanto que
nos meses subseqüentes as temperaturas foram mais elevadas, sendo verificada uma
temperatura média de 26,3º C ao final do mês de março de 2005, quando da realização da
última coleta.
Ainda assim, os valores encontrados para a densidade de indivíduos nas duas épocas
são bastante expressivos, certamente a adoção de práticas conservacionistas, baseadas em
princípios agroecológicos, tem influência sobre a manutenção desse elevado número de
indivíduos.
4.1.4.7 Composição da mesofauna edáfica
Levando-se em consideração o tratamento nos períodos avaliados, verifica-se a
modificação promovida pelos diferentes tipos de cobertura ou ainda o padrão de densidade da
mesofauna no local sem nenhum tipo de cobertura ao longo das avaliações.
36
É possível observar que de acordo com o período avaliado, os diferentes tratamentos
apresentam comportamentos diferenciados quanto aos grupos presentes, assim como em
relação ao número de indivíduos (Tabela 14, 15, e 16).
Tabela 14. Densidade de indivíduos da mesofauna edáfica, coletados inicialmente em área sem
nenhum tipo de cobertura e em dois períodos após a aplicação de cobertura morta com resíduos de
grama batatais. Seropédica, RJ, 2004/2005.
Período de avaliação
Grupo Taxonômico
Inicial Intermediário Final
Araneae - 18,67 ± 6,42 10,67 ± 5,33
Blattodea - 26,67 ± 12,84 8 ± 8
Chilopoda 10,67 ± 7,91 69,33 ± 47,94 26,67 ± 7,91
Coleoptera - 181,33 ± 76,47 16,00 ± 8,26
Collembola 2,67 ± 2,67 568,00 ± 481,85 -
Diplopoda - 69,33 ± 26,34 5,33 ± 3,37
Diptera - 8,00 ± 5,46 5,33 ± 3,37
Formicidae 120 ± 20,96 1.626,67 ± 415,62 1378,67 ± 356,08
Heteroptera - 2,67 ± 2,67 -
Homoptera 5,33 ± 5,33 - 10,67 ± 7,91
Isopoda 16 ± 13,06 1.754,00 ± 915,82 533,33 ± 233,54
Larvas de Coleoptera - 29,33 ± 11,25 13,33 ± 6,42
Larvas de Diptera 2,67 ± 2,67 2,67 ± 2,67 8 ± 5,46
Protura 2,67 ± 2,67 - -
Psocoptera - 2,67 ± 2,67 -
Oligochaeta 5,33 ± 3,37 - 13,33 ± 7,63
Orthoptera - - 2,67 ± 2,67
Symphyla - 48 ± 27,09 61,33 ± 37,27
Total 165 ± 59 4.408 ± 2.035 2.093 ± 693
De acordo com a Tabela 14, na primeira avaliação realizada, antes da implantação do
experimento, observa-se uma pequena quantidade de indivíduos presentes, com
predominância absoluta do grupo Formicidae.
Na segunda avaliação, 60 dias após a implantação da cobertura morta utilizando-se
resíduos de grama batatais, há um crescimento expressivo do número de indivíduos na área e
o os organismos do grupo Isopoda passaram a ser os mais representativos. Esse fato está
intrinsecamente ligado a cobertura utilizada e também a qualidade desse material. Por ser de
fácil decomposição os resíduos de grama oferecem condições ideais para o desenvolvimento
desse grupo de organismos, por que além de representar uma boa fonte de alimento, uma vez
que estes são saprofágicos, proporcionam condições microclimáticas favoráveis, já que são
animais extremamente dependentes dos teores de umidade e temperatura do solo. O grupo
Collembola apresentou comportamento semelhante, entretanto na última avaliação não foi
encontrado nenhum representante deste grupo, seguindo a mesma tendência apresentada pelo
Isopoda.
A terceira avaliação, embora tenha apresentado o mesmo número de grupos da coleta
anterior, apresentou uma redução na densidade de indivíduos, com predominância do grupo
Formicidae. O grupo Isopoda aparece logo após, com um número de indivíduos bastante
inferior quando comparando àquele observado na segunda coleta. Nessa fase 120 dias após a
aplicação da cobertura morta, praticamente todo o material já havia sido decomposto, o que
pode explicar a redução no número desse grupo de organismos.
37
Tabela 15. Densidade de indivíduos da mesofauna edáfica, coletados inicialmente em área sem
nenhum tipo de cobertura e em dois períodos após a aplicação de cobertura morta com pseudocaule de
bananeira. Seropédica, RJ, 2004/2005.
Período de avaliação
Grupo Taxonômico
Inicial Intermediário Final
Araneae - 8,00 ± 5,46 2,67 ± 2,67
Blattodea - 5,33 ± 5,33 2,67 ± 2,67
Chilopoda 2,67 ± 2,67 21,33 ± 10,67 10,67 ± 5,33
Coleoptera - 37,33 ± 7,91 10,67 ± 6,74
Collembola - 18,67 ± 18,67 -
Diplopoda - 40,00 ± 22,90 5,33 ± 3,37
Diplura 2,67 ± 2,67 - -
Diptera 2,67 ± 2,67 2,67 ± 2,67 10,67 ± 5,33
Formicidae 213,33 ± 114,46 544,00 ± 201,03 1.186,00 ± 187,74
Gastropoda - 2,67 ± 2,67 -
Heteroptera - 2,67 ± 2,67 2,67 ± 2,67
Homoptera 5,33 ± 3,37 2,67 ± 2,67 10,67 ± 5,33
Hymenoptera - 2,67 ± 2,67 93,33 ± 93,33
Isopoda 5,33 ± 3,37 360,00 ± 80,61 581, 33 ± 250,25
Larvas de Coleoptera - - 2,67 ± 2,67
Larvas de Diptera - 29,33 ± 11,98 5,33 ± 3,37
Protura 2,67 ± 2,67 - -
Symphyla - 8,00 ± 8,00 8 ± 5,46
Total 234 ± 131 1.085 ± 385 1.944 ± 585
Na coleta realizada antes da aplicação do pseudocaule de bananeira, foram
identificados a presença de 7 grupos taxonômicos. O grupo Formicidae foi o que apresentou
maior densidade de indivíduos, tendência mantida nas duas avaliações seguintes. O grupo
Isopoda também apresentou crescente aumento nas três coletas realizadas. O número de
indivíduos, de modo geral, aumentou no decorrer das avaliações (Tabela 15). De acordo com
as observações realizadas em campo, a cobertura com o pseudocaule de bananeira persistiu
por mais tempo, tendo decomposição mais lenta do que a observada na grama batatais, com
isso é natural que nesta fase apresente condições mais propícias com conseqüente aumento na
densidade de indivíduos.
38
Tabela 16. Densidade de indivíduos da mesofauna edáfica, coletados inicialmente em área sem
nenhum tipo de cobertura em três épocas distintas. Seropédica, RJ, 2004/2005.
Período de avaliação
Grupo Taxonômico
Inicial Intermediário Final
Chilopoda 5,33 ± 3,37 24,00 ± 12,89 21,33 ± 3,37
Coleoptera 2,67 ± 2,67 5,33 ± 5,33 24,00 ± 9,90
Collembola 2,67 ± 2,67 10,67 ± 7,91 48,00 ± 44,87
Diplopoda - 48,00 ± 48,00 -
Diplura - - -
Diptera - 2,67 ± 2,67 2,67 ± 2,67
Formicidae 170,67 ± 59,96 693,33 ± 202,16 1738,00 ± 261,62
Gastropoda - - -
Heteroptera - 2,67 ± 2,67 2,67 ± 2,67
Homoptera 2,67 ± 2,67 10,67 ± 10,67 2,67 ± 2,67
Hymenoptera - - -
Isopoda 10,67 ± 7,91 34,67 ± 12,67 285,33 ± 178,33
Larvas de Coleoptera 8,00 ± 8,00 2,67 ± 2,67 5,33 ± 3,37
Larvas de Diptera - 16,00 ± 10,12 16 ± 13,06
Protura - - -
Psocoptera - - -
Oligochaeta - - 8 ± 5,46
Orthoptera - - -
Symphyla - 10,67 ± 7,91 5,33 ± 5,33
Thysanura - - 2,67 ± 2,67
Total 202 ± 87 861 ± 325 2.162 ± 536
No tratamento sem aplicação de cobertura morta (Tabela 16), houve um aumento na
densidade de indivíduos ao longo das três avaliações realizadas. Em todas elas, o grupo
Formicidae foi o mais abundante, aumentado gradualmente. O grupo Isopoda, segundo mais
abundante, também apresentou comportamento semelhante.
A densidade total de indivíduos independente do período de avaliação (Tabela 17) foi
maior no tratamento com utilização de resíduos de grama batatais do que com a utilização de
pseudocaule de bananeira ou ainda do tratamento mantido sem utilização de cobertura morta,
que não apresentaram diferenças entre si.
Tabela 17. Densidade de indivíduos para a mesofauna edáfica em diferentes tipos de cobertura
independente da época de avaliação. Seropédica, RJ, 2004/2005.
Fonte de cobertura Indivíduos.m
-2
Sem cobertura 3.227 B
1
Grama batatais 6.667 A
Pseudocaule de bananeira 3.264 B
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5%
de probabilidade.
A partir dos dados apresentados na Tabela 18 é possível observar que o tratamento
com resíduos de grama batatais apresentou maior densidade de indivíduos, na coleta realizada
60 dias após a implantação dessa cobertura, sendo esse valor estatisticamente superior quando
comparado àqueles obtidos na primeira e última avaliação, que não apresentaram diferenças
entre si. Para o tratamento com pseudocaule de bananeira, a maior densidade foi observada
aos 120 dias, sendo estatisticamente superior às densidades observadas na primeira avaliação
e aos 60 dias, as quais diferenciaram-se entre si, cuja densidade obtida da coleta inicial foi a
menor de todos os períodos avaliados para essa cobertura. Na área mantida sem cobertura, nos
três períodos avaliados, ao final de 120 dias foi observada a maior densidade de indivíduos,
39
seguida da avaliação feita aos 60 dias e finalmente da coleta inicial, com valores
significativamente menores aos dois anteriores.
Ainda através da Tabela 18 é possível verificar qual dos tratamentos teve melhor
desempenho em cada época de avaliação. Na avaliação inicial as áreas analisadas
apresentaram valores não significativos, o que é coerente, já que isso significa que toda a área
apresentava uniformidade. Na segunda avaliação, o tratamento com resíduos de grama
batatais foi o mais efetivo, com maior densidade de indivíduos presentes; os demais não
apresentaram diferenças entre si. Na terceira e última avaliação, os dados não mostram
diferenças quanto aos tratamentos aplicados.
Tabela 18. Densidade (indivíduos.m
-2
) da mesofauna edáfica nas diferentes épocas de avaliação e de
acordo com o tipo de cobertura aplicada. Seropédica, RJ, 2004/2005.
Tratamentos Época de
amostragem
Sem cobertura Grama batatais Pseudocaule
Inicial
1
203 c A
2
165 b A 235 c A
Intermediária 861 b B 4.408 a A 1085 b B
Final 2.163 a A 2.093 b A 1944 a A
1
Refere-se ao momento da aplicação das coberturas mortas: Inicial: antes da aplicação; Intermediário: 60 dias
após a aplicação; Final: 120 dias após a aplicação.
2
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott (p >0,05).
Letras minúsculas para comparações nas colunas e maiúsculas nas linhas.
4.1.4.8 Índices de diversidade, uniformidade e riqueza
A avaliação das épocas estudadas através dos índices de Shannon, Pielou e através da
riqueza de grupos taxonômicos para o tratamento com resíduos de grama batatais (Tabela 19),
mostra que somente para os índices de Pielou e de Riqueza foi possível verificar diferenças
significativas. Os baixos valores índice de Pielou, que demonstra a eqüitabilidade, indicam
que nas coletas realizadas aos 60 e aos 120 dias houve um aumento da dominância de alguns
grupos, principalmente Formicidae e Isopoda, sendo estes significativamente inferiores aquele
observado na coleta inicial. Entretanto, nesses dois últimos períodos foi verificado uma maior
riqueza de grupos taxonômicos, cujos valores foram significativamente superiores aquele
observado na coleta inicial.
Para o tratamento com pseudocaule de bananeira (Tabela 19), as diferenças observadas
limitam-se apenas à riqueza de grupos taxonômicos. Aos 60 e aos 120 dias foi encontrado
maior número de grupos taxonômicos, valores estatisticamente iguais entre si, porém
diferentes daquele obtido na coleta inicial.
O tratamento mantido sem cobertura em todas as épocas avaliadas (Tabela 19),
apresentou diferenças para todos os índices avaliados. O índice de diversidade (Shannon) foi
estatisticamente inferior aos 120 dias (última avaliação). E foi nesse período também que o
índice de Pielou apresentou menor valor, isso aconteceu em decorrência do aumento da
densidade de formigas, de quase 3 vezes em relação à segunda coleta, provocando uma
redução nos dois índices, já que a dominância tem efeito negativo sobre a diversidade. Para
riqueza, nos dois últimos períodos foram contabilizados maior número de grupos, quando
comparado ao valor obtido na primeira avaliação.
Nas diferentes épocas de avaliação, os índices de diversidade, eqüitabilidade e riqueza
apresentaram padrões de variação semelhantes nos 3 tratamentos (Tabela 19). A grande
maioria não apresentou diferenças estatísticas significativas. A exceção foi observada na
coleta realizada aos 60 dias quando o tratamento com resíduos de grama batatais apresentou
valores significativamente superiores para a característica de riqueza, quando comparado ao
40
tratamento com pseudocaule de bananeira e a área mantida sem cobertura morta, que não
tiveram diferenças estatísticas entre si.
41
Tabela 19. Índices de diversidade em uma área cultivada com laranja lima, sob manejo orgânico, em diferentes épocas de aplicação.
Índice de Diversidade
Shannon Pielou Riqueza
Época de
Amostragem
Sem
cobertura
Grama Pseudocaule
Sem
cobertura
Grama Pseudocaule
Sem
cobertura
Grama Pseudocaule
Inicial
1
1,08 a A
2
0,97 a A 1,00 a A 0,63 a A 0,70 a A 0,60 a A 3,33 a B 3,50 a B 3,33 a B
Intermediária 1,34 a A 1,35 a A 1,60 a A 0,55 a A 0,41 a B 0,58 a A 5,50 b A 9,83 a A 7,33 b A
Final 0,63 a B 0,82 a A 0,75 a A 0,24 a B 0,29 a B 0,28 a A 6,67 a A 7,83 a A 6,83 a A
1 Inicial: imediatamente antes da aplicação das coberturas mortas; intermediária: 60 dias após a aplicação; final: 120 dias após a aplicação.
2 Médias seguidas da mesma letra minúscula nas linhas, dentro de cada índice e maiúscula em cada coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott Knott
no nível de 5% de probabilidade.
42
4.1.4.9 Principais grupos coletados utilizando a metodologia de Berlese-Tüllgren
No tratamento com resíduo de grama batatais, o grupo Formicidae apresentou menor
densidade de indivíduos na primeira coleta, as coletas aos 60 e aos 120 dias, embora
estatisticamente superiores, não diferiram entre si (Figura 11). Isso ocorreu porque a
variabilidade espacial de formigas é muito grande, conforme demonstrado pelo erro padrão.
O mesmo foi observado para o tratamento com aplicação de pseudocaule de bananeira
e aquele mantido sem nenhum tipo de cobertura morta, ou seja, as duas últimas coletas
diferenciaram-se da primeira, entretanto não mostraram diferenças estatísticas entre si.
O aumento da abundância, mesmo na área sem cobertura pode refletir um fenômeno
fenológico das principais espécies, o que só poderia se verificar com um estudo mais
detalhado destes indivíduos.
Figura 11. Densidade de indivíduos do grupo Formicidae em diferentes tipos de cobertura morta,
coletados em três épocas distintas através do método Berlese-Tüllgren, em pomar de citros sob manejo
orgânico. Seropédica, RJ, 2004/2005.
1
Letra iguais em cada tratamento não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de
probabilidade.
No tratamento com uso de resíduos de grama batatais (Figura 12), o grupo Isopoda
apresentou uma densidade de indivíduos significativamente inferior apenas na primeira coleta
realizadas. Na segunda coleta, embora tenha se observada uma elevada densidade de
indivíduos, esta não diferiu significativamente da terceira coleta.
O mesmo comportamento foi observado no tratamento com utilização de resíduos de
grama batatais, onde apenas a densidade observada na primeira coleta foi estatisticamente
inferior.
No tratamento mantido sem cobertura morta, não foram verificadas diferenças
significativas para as diferentes épocas de coletas.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Ind.m2
Sem Cobertura Grama Pseudocaule
Tratamentos
Formicidae
Inicial
Intermediária
Final
A
1
A
B
B
A
A
B
A
A
43
Figura 12. Densidade de indivíduos do grupo Isopoda em diferentes tipos de cobertura morta,
coletados em três épocas distintas através do método Berlese-Tüllgren, em pomar de citros sob manejo
orgânico. Seropédica, RJ, 2004/2005.
1
Letra iguais em cada tratamento não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5%
de probabilidade.
4.2 Experimento 2: Uso de Pseudocaule de Bananeira (Musa sp.) Como Cobertura
Morta de Solo Cultivado com Mamoeiros (Carica papaya L.)
4.2.1 Teores de nutrientes do tecido foliar de mamoeiros
A partir dos dados apresentados na Tabela 20, observa-se que os teores de Ca e Mg
não diferem em decorrência da aplicação das diferentes fontes de cobertura morta.
Em relação ao P, nota-se que a presença das coberturas mortas proporcionou aumento
nos teores foliares, quando comparada ao tratamento com a ausência de cobertura. Já em
relação ao K, somente a cobertura com pseudocaule proporcionou elevação no teor deste
elemento em relação ao controle sem cobertura morta. Como discutido anteriormente, a
quantidade de K fornecida por meio do pseudocaule é elevada, enquanto que o aumento no
teor de P, está associado, possivelmente, ao aumento no teor de P, está associado,
possivelmente, ao aumento na taxa de difusão deste elemento no solo, haja visto que o teor de
umidade no solo sob influência da cobertura morta formada pelo pseudocaule de bananeira
mantem-se mais elevado do que o solo sem cobertura (Figura 21), principalmente após curtos
períodos de estiagem (Figura 22).
Por meio do sistema integrado de diagnose e recomendação (DRIS), Costa (1995), citado por
Marinho et al. (2002), estimou que os teores de nutrientes ótimos na folha índice de mamoeiro
variam de 18,7 a 25,3 g.kg
-1
de Ca; Mg de 9,2 a 12,4 g. kg
-1
; K de 24,7 a 29,8 g.kg
-1
, enquanto
que para P esse valor varia entre 4,5 a 5 g.kg
-1
. Dessa maneira, os teores de Ca e Mg estão
abaixo desses valores, os teores de P são satisfatórios em todos os tratamentos. Para K, apenas
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Ind.m2
Sem Cobertura Grama Pseudocaule
Tratamentos
Isopoda
Inicial
Intermediária
Final
A
1
A
A
B B
A
A
A
A
44
o tratamento com utilização de pseudocaule de bananeira apresentou níveis satisfatórios no
limbo foliar para esse elemento.
Tabela 20. Análise de nutrientes em folhas de mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’, sob manejo
orgânico, ao final do experimento com diferentes tipos de cobertura morta.
Teor de nutriente na folha de mamoeiro
Ca Mg P K
Fonte de Cobertura
Morta
g.kg
-1
Sem Cobertura 9,37 A
1
7,24 A 6,16 B 21,83 B
Capim Napier 9,45 A 6,19 A 13,13 A 21,08 B
Pseudocaule 10,57 A 6,14 A 10,01 A 26,25 A
C.V (%) 14,72
1
Letras iguais na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de
probabilidade.
4.2.2 Teores de umidade e temperatura do solo
A partir da Figura 13 é possível avaliar o comportamento da umidade volumétrica do
solo na profundidade de 0,10 m, considerando-se as diferentes fontes de cobertura morta.
Nota-se que, durante a maior parte do período no qual as avaliações foram realizadas, a
umidade do solo permaneceu acima da capacidade de campo, estimada em 0,19 cm
3
.cm
-3
e os
benefícios decorrentes das coberturas mortas ocorreram principalmente nos curtos períodos de
estiagem, como observado entre 83 e 95 dias após o transplantio. Por meio do uso de
tensiometria foi possível verificar as variações na umidade do solo de forma diferenciada em
função da lâmina precipitada, como pôde ser observado aos 36 e aos 65 dias após início dos
tratamentos (DAT) quando as taxas de precipitação atingiram, respectivamente, 15 e 46 mm.
As variações de umidade ocorridas na camada de 0,10-0,20 m não foram muito
expressivas (Figura 14), com menores oscilações em relação à capacidade de campo, quando
comparado com a camada superficial, não ocorrendo também grandes variações entre os
tratamentos. Com esses resultados, mostra-se que as lâminas aplicadas a partir da irrigação,
bem como em decorrência do regime de chuvas apresentaram pequena percolação no perfil do
solo, concentrando-se na camada de 0,0 - 0,10 m. Possivelmente condições de compactação
do solo na camada subsuperficial expliquem esse fato.
45
Figura 13. Variação da umidade volumétrica em solo cultivado com mamoeiro, na profundidade de
0,10 m, sob manejo orgânico, submetido a diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005/2006.
Figura 14. Variação da umidade volumétrica em solo cultivado com mamoeiro, na profundidade de
0,20 m, sob manejo orgânico, submetido a diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005/2006.
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
18 24 30 36 42 48 54 61 68 76 82 88 94 100
DAT
Umidade (cm
3
.cm
-3
)
PCB (0-10) CN (0-10) SC (0-10) Ucc
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
18 24 30 36 42 48 54 61 68 76 82 88 94 100
DAT
Umidade (cm
3
.cm
-3
)
PCB (0-10) CN (0-10) SC (0-10) Ucc
46
Com relação à temperatura do solo, verifica-se de acordo com os dados apresentados
na Tabela 21, que nas áreas com a presença da cobertura morta, foram verificadas as menores
temperaturas. Esses resultados concordam com aqueles obtidos no primeiro experimento
realizado (Tabela 9), enfatizando com isso o efeito benéfico que o uso de cobertura morta
proporciona sobre a temperatura do solo.
Tabela 21. Temperatura do Solo (ºC) submetido a aplicação de diferentes coberturas. Seropédica, RJ,
2005.
Fonte de cobertura Temperatura(º C)
Pseudocaule 30,8 B
1
Capim Napier 31,3 B
Sem Cobertura 35,0 A
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5%
de probabilidade.
4.2.3 Desenvolvimento das plantas de mamoeiro
O desenvolvimento das plantas foi estimado com base nas medidas de altura, diâmetro
de coleto, início e altura de inserção de flores, raio do limbo foliar e comprimento de pecíolo.
4.2.3.1 Altura
A avaliação da altura de plantas de mamoeiro pode ser uma característica utilizada
visando obter informações acerca do seu desenvolvimento. KIMURA (1999), verificou que
essa variável é fortemente influenciada pelas condições ambientais.
Nota-se nas Tabelas 22 e 23 que a altura das plantas foi influenciada pela fonte de
cobertura morta, com destaque para o pseudocaule de bananeira. À época de implantação dos
tratamentos, as plantas encontravam-se com padrão de altura uniforme. Já após 10 dias da
aplicação das coberturas, os valores se modificaram. A partir dos 21 dias de aplicação, a
cobertura morta formada de capim napier também proporcionou efeito na altura em relação ao
tratamento sem cobertura. O efeito permaneceu até a última avaliação, realizada aos 86 dias
após a aplicação dos tratamentos.
47
Tabela 22. Altura média de plantas (em centímetros), de plantas do mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’ em diferentes tipos de cobertura, após 86 dias de
cultivo. Seropédica, RJ, 2005/2006.
Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott (p > 0,05).
Tabela 23. Média total das alturas semanais de plantas do mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’ sob diferentes tipos de cobertura morta.
Tratamento Médias
Pseudocaule 48,22 a
Capim Napier
44,43 b
Sem Cobertura 42,14 b
C.V (%) 26,14
Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott (p > 0,05).
Tratamento/Dias 0 10 17 21 28 35 42 50 57 64 72 86
Pseudocaule 25,10 a 31,37 a 36,22 a 39,92 a 44,56 a 47,62 a 51,43 a 53,47 a 57,17 a 60,56 a 63,60 a 67,58 a
Capim Napier 24,00 a 30,42 b 34,83 b 38,17 b 41,39 b 44,06 b 47,18 b 49,04 b 51,88 b 54,54 b 56,97 b 60,70 b
Sem Cobertura 24,27 a 29,52 b 33,95 b 36,77 c 39,39 c 41,17 c 44,14 c 46,25 c 49,04 c 51,10 c 53,56 c 56,60 c
F (tratamento) 2,16* 5,62** 8,58** 16,26** 44,42** 68,49** 87,80** 87,00**
111,25** 150,02** 170,61** 201,43**
C.V (%) 2,13
48
4.2.3.2 Diâmetro de plantas
A avaliação do diâmetro de plantas é um parâmetro que pode ser utilizado
eficientemente para inferir sobre o vigor das plantas de mamoeiro (NOGUEIRA FILHO,
1994; KIMURA, 1997). Em outras frutíferas, como é o caso do maracujazeiro amarelo
(Passiflora edulis Deg.), o trabalho desenvolvido por ARAÚJO et al. (2000), demonstrou que
a avaliação do diâmetro foi mais eficiente no estudo do comportamento das plantas do que a
altura das plantas.
De acordo com as Tabelas 24 e 25, somente a partir do 28º dia, o diâmetro passou a
refletir as diferenças decorrentes da aplicação das coberturas mortas, quando a presença de
pseudocaule de bananeira proporcionou diâmetro médio de plantas 22% maior aquelas
cultivadas em solo sem cobertura morta.
A partir do 50º dia, observou-se que o uso de cobertura morta, independentemente da
fonte de cobertura, proporcionou resultados superiores ao tratamento sem utilização de
cobertura morta. Contudo, a mesma tendência foi mantida em relação ao pseudocaule de
bananeira, ou seja, este tratamento continuou proporcionando a obtenção dos maiores
diâmetros de coleto até o final da avaliação aos 86 dias após o transplantio dos mamoeiros.
49
Tabela 24. Diâmetro médio de plantas (em centímetros), a 10 cm do solo, de plantas do mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’ em diferentes tipos de
cobertura, após 86 dias de cultivo. Seropédica, RJ, 2005/2006.
Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott (p > 0,05).
Tabela 25. Média total dos diâmetros semanais de plantas do mamoeiro ‘Baixinho de Santa Amália’ sob diferentes tipos de cobertura morta
Tratamento Médias
Pseudocaule 4,12 a
Capim Napier 3,36 b
Sem Cobertura 3,07 b
C.V (%) 36,74
Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott (p > 0,05).
Tratamento/Dias 0 10 17 21 28 35 42 50 57 64 72 86
Pseudocaule 1,67 a 2,33 a 2,83 a 3,17 a 3,67 a 4,00 a 4,50 a 4,83 a 5,17 a 5,67 a 5,67 a 6,00 a
Capim Napier 1,67 a 2,00 b 2,67 a 2,83 a 3,17 b 3,33 b 3,67 b 4,00 b 4,17 b 4,33 b 4,33 b 4,33 b
Sem Cobertura 1,50 a 1,83 b 2,50 a 2,83 a 3,00 b 3,33 b 3,50 b 3,50 c 3,50 c 3,67 c 3,67 c 3,83 c
F (tratamento) 0,60ns 4,25* 1,82ns 2,42ns 7,89** 9,71** 18,82** 29,75**
46,14** 68,00** 68,00** 84,39**
C.V (%) 8,60
50
4.2.3.3 Início e altura de inserção de flores
Normalmente o florescimento assume fundamental importância na cultura do
mamoeiro, uma vez que é nessa fase que se procede ao desbaste de plantas. Entretanto, neste
estudo não foi adotada esta prática, visto que o objetivo principal foi avaliar o crescimento de
plantas na fase juvenil, ainda que o delineamento experimental adotado permita que sejam
feitas avaliações futuras relativas à produção.
A floração iniciou-se em novembro de 2005, 90 dias após o transplantio das mudas,
conforme indicado na literatura, que mostra a ocorrência de floração cerca de 3 a 4 meses
após o plantio definitivo (OLIVEIRA & OLIVEIRA, 1995; COSTA et al., 2003). KIMURA
et al. (1999), verificaram que esta mesma cultivar, em condições de ambiente protegido, pode
iniciar sua floração 73 dias após o plantio.
O início de florescimento se deu após 17 dias de implantação dos tratamentos,
notadamente nas plantas onde foi utilizada a cobertura morta formada de resíduos de
pseudocaule de bananeira. Estes resultados, bem como aqueles já apresentados de altura de
plantas e diâmetro do coleto, denotam que os mamoeiros em fase juvenil são mais vigorosos
do que os mamoeiros sem a presença de cobertura morta ou com a presença de cobertura
formada pelo capim napier. Sendo o início do florescimento mais um indicativo dos
benefícios potenciais que podem ser propiciados pelo uso desta fonte de cobertura morta.
Os dados de altura de inserção de flores foram tomados 14 dias após o seu início, na
ocasião mais de 80% das plantas encontravam-se nesta fase. Observa-se que as plantas cujo
solo não apresentava cobertura morta tinham inserção de flores em posição inferior aqueles
com cobertura (Tabela 26), reflexo, possivelmente, do menor desenvolvimento destas plantas.
KIMURA (1999), observou que a altura média de inserção de flores na variedade ‘Baixinho
de Santa Amália’ manteve-se relativamente uniforme em diferentes condições de condução
(estufa, telado e ao ar livre), correspondendo, em valores médios a 0,54 m. NOGUEIRA
FILHO (1994), trabalhando com o ‘Improved Sunrise Solo Line 72/12’ verificou que as
alturas iniciais de florescimento foram superiores a 1 m, estando esses valores relacionados às
condições de condução do pomar, uma fez que foi observada forte influência sobre esse
parâmetro do número de plantas por cova, em decorrência do estiolamento originado pela
competição por luz.
Deve-se destacar que o início de florescimento se dando quando as plantas ainda são
pequenas é uma vantagem competitiva do ‘Baixinho de Santa Amália’ face a facilidade
proporcionada para a colheita do fruto.
Tabela 26. Altura média de florescimento, em centímetros, de plantas do mamoeiro “Baixinho de
Santa Amália” sob cultivo orgânico com utilização de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica,
RJ, 2005/2006.
Tratamento Altura de inserção das flores
Pseudocaule 39,50 A
1
Capim Napier 39,17 A
Sem Cobertura 37,66 B
C.V (%) 2,39
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott Knott ao nível de
5% de probabilidade.
51
4.2.3.4 Raio do limbo foliar e comprimento do pecíolo
De acordo com os dados apresentados na Tabela 27, verifica-se que as plantas,
submetidas ao tratamento com pseudocaule de bananeira, apresentaram maior raio do limbo
foliar, representando um aumento de 22% em relação às plantas crescidas sem a presença de
cobertura morta.
Tabela 27. Tamanho médio do limbo foliar, em centímetros, de plantas do mamoeiro ‘Baixinho de
Santa Amália’ sob cultivo orgânico, com utilização de diferentes tipos de cobertura. Seropédica, RJ,
2005/2006.
Tratamento Raio do limbo foliar
Pseudocaule 32,50 A
1
Capim Napier 28,00 B
Sem Cobertura 26,67 B
C.V (%) 7,43
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott Knott ao nível de 5%
de probabilidade.
A mesma tendência foi observada quanto ao comprimento do pecíolo foliar (Tabela
28). As plantas submetidas ao tratamento com pseudocaule apresentaram pecíolo com
comprimento 33% maior do que àquelas crescidas sem cobertura morta e 16% do que as
plantas que receberam capim napier como fonte de cobertura morta. O valor médio
encontrado no tratamento com pseudocaule está em conformidade com os resultados
encontrados por NAKASONE (1978, 1980) que verificou que o comprimento do pecíolo de
folhas maduras variam de 46 a 70 cm. No entantanto KIMURA (1999) detectou comprimento
de pecíolo de 93 cm em mamoeiros crescidos sob condições de campo condições de campo.
Tabela 28. Comprimento médio do pecíolo, em centímetros, de folhas do mamoeiro ‘Baixinho de
Santa Amália’ sob cultivo orgânico, com utilização de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica,
RJ, 2005/2006.
Tratamento Comprimento do pecíolo
Pseudocaule 46,83 A
1
Capim Napier 37,50 B
Sem Cobertura 35,50 B
C.V (%) 12,97
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott Knott ao nível de
5% de probabilidade.
4.2.3.5 Frutificação
A frutificação das plantas iniciou-se aos 37 dias após o início do florescimento. Houve
abortamento acentuado de flores em todos os tratamentos. É provável que as elevadas
temperaturas ocorridas neste período tenham contribuído para a ocorrência desse fenômeno.
Todavia é válido ressaltar que até a época da última avaliação (86 dias após a aplicação dos
52
tratamentos), as plantas que apresentavam frutos eram somente àquelas associadas a cobertura
de solo com uso de resíduos de pseudocaule de bananeira. Certamente, por terem maior vigor
vegetativo, em decorrência do uso desta cobertura, estas plantas, mesmo sob condições
climáticas adversas, mantiveram o processo de frutificação.
4.2.4 Fitossociologia da vegetação espontânea em área cultivada com mamoeiros
Na área sob estudo, nas duas épocas de avaliação, foram coletadas um total de 14
espécies, pertencente a 14 gêneros, agrupadas em 9 famílias (Tabela 29). Verifica-se nas
Tabelas 43 e 44, verifica-se a distribuição das espécies, nos diferentes tratamentos, em duas
épocas distintas. A família Euphorbiaceae foi a que apresentou maior número de espécies,
num total de 3, seguida das famílias Papilionoideae, Malvaceae e Asteraceae, com 2 espécies
cada.
Aos 30 dias, detectou-se a ocorrência de 8 espécies no tratamento utilizando
pseudocaule de bananeira como cobertura morta, enquanto que para o tratamento com capim
napier e sem cobertura foram encontradas, respectivamente, 9 e 12 espécies. Isso já pode ser
visto como um indicativo do efeito supressor promovido pela cobertura morta sobre a
vegetação espontânea.
Na avaliação realizada aos 75 dias esses valores se modificaram e o tratamento com
pseudocaule apresentou valores ainda menores quanto a incidência de espécies, um total de 6,
enquanto que no tratamento com capim napier houve elevação, apresentando 11 espécies.
Pode-se supor que este fato seja conseqüência do avançado estágio de decomposição da palha,
permitindo maior infestação na área. Poder-se-ia estender o mesmo raciocínio para o
pseudocaule, entretanto, isso não foi observado. Por isso, é possível que além do fator físico,
fatores químicos estejam atuando e tenham também contribuído para manutenção do menor
número de espécies por ocasião da coleta feita nesse período.
Cyperus rotundus L., Commelina benghalensis L., Desmodium uncinatum (Jacq.) DC.,
Paspalum notatum Flügge e Cleome affinis DC., foram as espécies que estiveram presentes
em todos os tratamentos, independentemente da época de coleta (Tabelas 30 e 31).
53
Tabela 29. Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área cultivada com
mamoeiro, sob manejo orgânico de produção, em duas épocas. Seropédica, RJ, 2005/2006.
Espécie
Família
Nome científico Nome comum*
Euphorbia heterophylla L. Leiteira
Phyllanthus niruri L. Quebra pedra
Euphorbiaceae
Acalypha communis Mull. Arg. Algodãozinho
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. Amoroso Leg. Papilionoideae
Indigofera hirsuta L. Anil
Gaya pilosa K. Schum. Guanxuma Malvaceae
Sida sp. Guanxuma
Emilia sanchifolia Falsa-serralha Asteraceae
Bidens subalternans DC. Picão-preto
Capparaceae Cleome affinis DC. Mussambê
Commelinaceae Commelina benghalensis L. Trapoeraba
Cyperaceae Cyperus rotundus L. Tiririca
Poaceae Paspalum notatum Flügge Grama-batatais
Sterculiaceae Waltheria sp. Falsa-guanxuma
* Baseado em LORENZI (2000).
Tabela 30. Espécies presentes e ausentes de plantas espontâneas em área cultivada com mamoeiro,
sob manejo orgânico, após 30 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005.
Espécie Pseudocaule Capim Napier Sem Cobertura
Cyperus rotundus L. x x x
Commelina benghalensis L. x x x
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. x x x
Cleome affinis DC. x x x
Paspalum notatum Flügge x x x
Gaya pilosa K. Schum. x x x
Euphorbia heterophylla L. 0 x x
Indigofera hirsuta L. 0 0 0
Sida sp. x 0 0
Phyllanthus niruri L. 0 0 x
Waltheria sp. 0 0 x
Emilia sanchifolia 0 0 x
Bidens subalternans DC. 0 x x
Acalypha communis Mull. Arg. x x x
Total de espécies 8 9 12
X = presença; 0 = ausência
54
Tabela 31. Espécies presentes e ausentes de plantas espontâneas em área cultivada com mamoeiro,
sob manejo orgânico, após 75 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2006.
Espécie Pseudocaule Capim Napier Sem Cobertura
Cyperus rotundus L. x x x
Commelina benghalensis L. x x x
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. x x x
Cleome affinis DC. x x x
Paspalum notatum Flügge x x x
Gaya pilosa K. Schum. x 0 x
Euphorbia heterophylla L. 0 x x
Indigofera hirsuta L. 0 x x
Sida sp. 0 0 0
Phyllanthus niruri L. 0 x 0
Waltheria sp. 0 0 0
Emilia sanchifolia 0 x x
Bidens subalternans DC. 0 x x
Acalypha communis Mull. Arg. 0 x x
Total de espécies 6 11 11
X = presença; 0 = ausência
Nas Tabelas 32, 33 e 34, estão listadas todas as espécies e seus respectivos índices
fitossociológicos, encontradas nos diferentes tratamentos aos 30 dias após a aplicação da
cobertura.
No tratamento com uso de pseudocaule, as espécies que apresentaram maiores
freqüências foram Cyperus rotundus L. e Commelina benghalensis, com valores na ordem de
1, seguidas por Paspalum notatum Flügge com 0,83 e Desmodium uncinatum (Jacq.) DC.,
com 0,5. Estas espécies também apresentaram os maiores valores de freqüência relativa. Os
valores de densidade relativa apontam para Cyperus rotundus L. (88%), Commelina
benghalensis L. (5,71%) e Paspalum notatum Flügge (4,45%), como as espécies mais
importantes neste aspecto. Os valores de abundância relativa também indicam que essas três
espécies são as que apresentaram maiores valores percentuais. As espécies com maiores IVI
(índice de valor de importância) foram Cyperus rotundus L. (196,30%), Commelina
benghalensis L. (35,17%), Paspalum notatum Flügge (29,57%) e Desmodium uncinatum
(Jacq.) DC. (14%).
Nas áreas com cobertura de capim napier, das 9 espécies encontradas, as que
apresentaram maiores freqüências foram Cyperus rotundus L., Commelina benghalensis L.,
com valores iguais a 1, indicando a presença destas duas espécies em todas as parcelas
avaliadas; seguidas por Paspalum notatum Flügge, com 0,83 e Desmodium uncinatum (Jacq.)
DC. com 0,5, mesmo valor apresentado por Gaya Pilosa K. Schum. Entretanto os valores
calculados para densidade relativa, apontam que as espécies que apresentaram maiores índices
foram Cyperus rotundus L. (92%), Paspalum notatum Flügge (4,41%) e Commelina
benghalensis L. (2,34%). As espécies Cyperus rotundus L., Paspalum notatum Flügge,
Commelina benghalensis L. e Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. apresentaram IVI de
201,76%, 26,79%, 25,45% e 11,23%, respectivamente.
Nos locais mantidos sem cobertura morta foram identificadas 12 espécies, onde as que
apresentaram maiores freqüências foram: Cyperus rotundus L., Commelina benghalensis L. e
Paspalum notatum Flügge, com valores na ordem de 1; Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. e
Euphorbia heterophylla L, com 0,83 e Gaya pilosa K. Schum., com 0,5. Cyperus rotundus L.,
Paspalum notatum Flügge e Commelina benghalensis L. apresentaram maiores densidades
relativas, com valores iguais a 71,85%, 17,42% e 7,70%, respectivamente. Estas mesmas
espécies também apresentaram maior IVI, com 155,35% (Cyperus rotundus L.), 47,55%
55
(Paspalum notatum Flügge), 28,30% (Commelina benghalensis L.). Desmodium uncinatum
(Jacq.) DC., teve um IVI igual a 13,06%.
56
Tabela 32. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR), densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do
valor de importância (IVI), numa comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.), sob manejo orgânico,
após 30 dias da aplicação de cobertura de pseudocaule de bananeira. Seropédica, RJ, 2005.
Espécie Ocorrência
Nº Indivíduos
(pl.m
-2
)
F D A FR (%)
DR
(%)
AR (%) IVI (%)
Cyperus rotundus L. 6 771 1 128,5 128,5 24 88,11 84,19 196,30
Commelina benghalensis L. 6 50 1 8,33 8,33 24 5,71 5,46 35,17
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. 3 6 0,5 1 2 12 0,68 1,31 14
Cleome affinis DC. 2 6 0,33 1 3 8 0,68 1,97 10,65
Paspalum notatum Flügge 5 39 0,83 6,5 7,8 20 4,45 5,11 29,57
Gaya pilosa K. Schum. 1 1 0,17 0,17 1 4 0,11 0,65 4,77
Sida sp. 1 1 0,17 0,17 1 4 0,11 0,65 4,77
Acalypha communis Mull. Arg. 1 1 0,17 0,17 1 4 0,11 0,65 4,77
TOTAL 875 4,17 145,83 152,6 100 100 100 300
Tabela 33. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR), densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do
valor de importância (IVI), numa comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.), sob manejo orgânico,
após 30 dias da aplicação de cobertura de capim napier triturado. Seropédica, RJ, 2005.
Espécie Ocorrência
Nº Indivíduos
(pl.m
-2
)
F D A FR (%)
DR
(%)
AR (%) IVI (%)
Cyperus rotundus L. 6 1520 1 253,33 253,33 20,69 92 89,06 201,76
Commelina benghalensis L. 6 40 1 6,67 6,67 20,69 2,42 2,34 25,45
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. 3 5 0,5 0,83 1,67 10,34 0,30 0,58 11,23
Cleome affinis DC. 2 2 0,33 0,33 1 6,89 0,12 0,35 7,37
Paspalum notatum Flügge 5 73 0,83 12,17 14,6 17,24 4,41 5,13 26,79
Gaya pilosa K. Schum. 3 5 0,5 0,83 1,67 10,34 0,30 0,59 11,23
Euphorbia heterophylla L. 2 3 0,33 0,5 1,5 6,89 0,18 0,52 7,60
Bidens subalternans DC. 1 3 0,17 0,5 3 3,44 0,18 1,05 4,68
Acalypha communis Mull. Arg. 1 1 0,17 0,17 1 3,44 0,06 0,35 3,86
TOTAL 1652 4,83 275,33 284,43 100 100 100 300
57
Tabela 34. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR), densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do
valor de importância (IVI), numa comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.), sob manejo orgânico,
após 30 dias, sem aplicação de cobertura morta. Seropédica, RJ, 2005.
Espécie Ocorrência
Nº Indivíduos
(pl.m
-2
)
F D A FR (%)
DR
(%)
AR (%) IVI (%)
Cyperus rotundus L. 6 2499 1 416,5 416,5 13,04 71,85 70,46 155,35
Commelina benghalensis L. 6 268 1 44,67 44,67 13,04 7,70 7,55 28,30
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. 5 35 0,83 5,83 7 10,87 1,00 1,18 13,06
Cleome affinis DC. 4 8 0,67 1,33 2 8,69 0,23 0,34 9,26
Paspalum notatum Flügge 6 606 1 101 101 13,04 17,42 17,08 47,55
Gaya pilosa K. Schum. 3 17 0,5 2,83 5,67 6,52 0,49 0,96 7,97
Euphorbia heterophylla L. 5 19 0,83 3,17 3,8 10,90 0,55 0,64 12,05
Phyllanthus niruri L. 2 4 0,33 0,67 2 4,34 0,11 0,33 4,80
Waltheria sp. 2 7 0,33 1,17 3,5 4,34 0,20 0,59 5,14
Emilia sanchifolia 4 12 0,67 2 3 8,69 0,34 0,51 9,54
Bidens subalternans DC. 2 2 0,33 0,33 1 4,34 0,05 0,17 4,57
Acalypha communis Mull. Arg. 1 1 0,17 0,17 1 2,17 0,02 0,17 2,37
TOTAL 3478 7,67 579,67 591,13 100 100 100 300
58
Durante o período de 30 dias após a aplicação das coberturas mortas, a avaliação da
similaridade entre as comunidades da vegetação espontânea, estimada por meio do coeficiente
de Sørenson, constata valores de 0,82 (82%) entre os tratamentos com pseudocaule de
bananeira e capim napier. A similaridade da comunidade no tratamento com a área sem
cobertura foi de 70%. A comparação entre as áreas cobertas com capim napier e sem
cobertura, demonstrou uma similaridade de 0,85 (85%), a maior encontrada. A partir desta
análise pode-se concluir que as populações de espontâneas da área com cobertura de capim
napier e da área sem cobertura são bastante próximas. A menor similaridade foi àquela obtida
entre o tratamento com pseudocaule e a área sem cobertura, mostrando maior distância entre a
composição de plantas espontâneas nessas duas áreas (ver Tabela 35). Entretanto, de maneira
geral, esses valores mostraram-se elevados, o que poderá ser explicado pelo fato das
amostragens terem sido realizadas em um mesmo local, submetidos ao mesmo tipo de
manejo, diferenciando-se apenas quanto ao tipo de cobertura morta aplicada.
Tabela 35. Coeficiente de Sørenson determinado a partir da combinação dos diferentes tipos de
cobertura em área cultivada com mamoeiro sob manejo orgânico após 30 dias da aplicação.
Seropédica, RJ, 2005.
Combinações entre tratamentos Coeficiente de Sørenson
Pseudocaule x Capim Napier 0,82
Pseudocaule x Sem Cobertura 0,70
Capim Napier x Sem Cobertura 0,85
Aos 30 dias após a aplicação dos tratamentos, a análise dos dados demonstra que
houve um resultado favorável ao uso de cobertura morta na diminuição da vegetação de
plantas espontâneas. De acordo com os dados apresentados na Tabela 36, é possível visualizar
que os tratamentos com uso de pseudocaule de bananeira e de capim napier apresentaram
resultados significativamente inferiores àqueles obtidos quando não houve aplicação de
nenhum tipo de cobertura. RESENDE et al., (2005), verificaram que o uso dos resíduos
vegetais de casca de arroz, capim seco, serragem e maravalha, foram eficazes no controle
dessa vegetação reduzindo significativamente o número total de plantas em relação ao solo
descoberto nas duas épocas avaliadas, aos 20 e aos 45 dias após a semeadura de plantas de
cenoura (Daucus carota L.). RAMAKRISHNA et al. (2005), avaliou os efeitos da cobertura
morta na cultura de arroz, verificando que o uso de palha reduz significativamente a
infestação da vegetação espontânea, tanto com relação ao número de espécies quanto a
densidade de indivíduos, sendo, inclusive, mais efetivo, até os 30 dias após a semeadura, do
que o controle químico, com utilização de herbicidas. CORREIA & DURIGAN (2004)
observaram que o uso de palha de cana-de-açúcar tem efeito inibitório na germinação de
sementes de Brachiaria decumbens, Sida spinosa e Digitaria horizontalis. De acordo com
PITTELI & DURINGAN (2001) o efeito físico proporcionado pelo uso de cobertura morta
tem efeito preponderante sobre a regulação da germinação e também sobre a taxa de
sobrevivência das plântulas de algumas espécies de vegetação espontânea. Os efeitos sobre o
processo germinativo podem ser decorrentes da redução na germinação de sementes
fotoblásticas positivas e daquelas que necessitam de grande amplitude de variação térmica
para que o processo germinativo ocorra.
Além disso, os resultados demonstram que também houve diferenças quanto ao tipo de
cobertura aplicado. Foi observado que aos 30 dias após a aplicação das coberturas, que no
tratamento com pseudocaule de bananeira houve uma redução significativa no número de
indivíduos por metro quadrado, especialmente sobre plantas de Cyperus rotundus L., que, de
acordo com a Tabela 37, apresentou uma quantidade de indivíduos por metro quadrado
significativamente inferior, comparado ao tratamento com resíduos de capim napier e a área
sem cobertura. Essa diminuição indica que além do fator físico existe um outro fator atuante,
59
responsável por esse decréscimo. É possível que alguns compostos químicos, presentes no
pseudocaule de bananeira, sejam responsáveis por isso. ALTIERI (2002), chama a atenção
para alguns materiais que podem ter em sua constituição subtâncias com efeitos alelopáticas
sobre outros organismos. A mucuna-preta, por exemplo, exerce forte e persistente ação
inibidora sobre a tiririca (Cyperus rotundus) e picão-preto (Bidens pilosa L.) (CARVALHO et
al., 2002), sendo este efeito observado também quando esse material é roçado e ocorre
lixiviação das substâncias.
Tabela 36. Número médio de indivíduos da vegetação espontânea coletados em área cultivada com
mamoeiro, sob manejo orgânico, após 30 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta.
Seropédica, RJ, 2005.
Fonte de Cobertura Número de indivíduos
Sem Cobertura 580 C
1
Capim Napier 275 B
Pseudocaule de Bananeira 146 A
C.V (%) 22,64
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott Knott no nível de 5%
de probabilidade
Tabela 37. Principais espécies de plantas espontâneas coletadas em área cultivada com mamoeiro, sob
manejo orgânico, após 30 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2005.
Espécies Sem Cobertura Capim Napier Pseudocaule
Cyperus rotundus L. 416,50 C
1
253,33 B 128,50 A
Commelina benghalensis L. 44,67 B 6,67 A 8,33 A
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. 5,83 B 0,83 A 1,00 A
Cleome affinis DC. 1,33 A 0,33 A 1,00 A
Paspalum notatum Flügge 101,00 A 12,17 A 6,50 A
1
Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott Knott no
nível de 5% de probabilidade.
As análises das espécies com seus respectivos índices fitossociológicos aos 75 dias
após a aplicação dos tratamentos encontram-se nas Tabelas 38, 39, 40.
De modo geral observa-se que as espécies de vegetação espontânea não se
modificaram ao longo do experimento, apresentando valores, para os índices
fitossociológicos, próximos àqueles encontrados aos 30 dias.
No tratamento com uso de pseudocaule de bananeira, as espécies mais freqüentes
foram Cyperus rotundus L., com valor igual a 1, seguido de Commelina benghalensis L. e
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC., apresentando freqüência igual a 0,83. Paspalum notatum
Flügge, teve uma freqüência na ordem de 0,67; estas espécies também apresentaram os
maiores valores de freqüência relativa. As espécies com maiores densidades relativas foram:
Cyperus rotundus L. (93,67%), Paspalum notatum Flügge (2,60%) e Commelina
benghalensis L. (2,42%). Estas três espécies foram também as que apresentaram maiores
valores para abundância relativa, Cyperus rotundus L. (90,79%), Paspalum notatum Flügge
(3,79%) e Commelina benghalensis L. (2,81%). O IVI demonstrou que as espécies de maior
importância na área de estudo foram: Cyperus rotundus L. (210,55%), Commelina
benghalensis L. (26,98%) e Paspalum notatum Flügge (23,79%).
Com a utilização de capim napier, as espécies com maiores freqüências foram:
Cyperus rotundus L., Commelina benghalensis L., Paspalum notatum Flügge, com valores na
ordem de 1, seguidas de Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. e Euphorbia heterophylla, com
freqüência igual a 0,5. A espécie Cyperus rotundus L. foi a que continuou apresentando maior
densidade relativa (92,37%), seguida de Commelina benghalensis L. (3,68%) e Paspalum
60
notatum Flügge (2,43%). A mesma tendência foi observada no IVI, sendo as espécies mais
importantes, Cyperus rotundus L. (199,98%), Commelina benghalensis L. (25,98%) e
Paspalum notatum Flügge (23,52%).
Sem a utilização de nenhum tipo de cobertura, as espécies mais freqüentes foram
Cyperus rotundus L. e Paspalum notatum Flügge, com freqüência igual a 1, seguidas
Commelina benghalensis L., Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. e Euphorbia heterophylla,
com 0,83; Gaya pilosa K. Schum. e Emilia sanchifolia, tiveram valores iguais a 0,67,
enquanto que Cleome affins DC., apresentou uma freqüência igual a 0,5. Os valores referentes
a densidade relativa demonstram valores maiores para Cyperus rotundus (77,83%) e
Paspalum notatum Flügge (14,13%). O IVI demonstra que as espécies de maior importância
na área são Cyperus rotundus L. (167,35), Paspalum notatum Flügge (41,54%), Commelina
benghalensis L. (22%), Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. (13,90%). De acordo com a
análise desses dados, podemos inferir acerca do comportamento da vegetação espontânea na
área, foi observado que neste último tratamento a espécie Cyperus rotundus L., apresentou o
menor IVI, indicando a ocorrência de um maior número de indivíduos de outras espécies.
61
Tabela 38. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR), densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do
valor de importância (IVI), numa comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.), sob manejo orgânico,
após 75 dias da aplicação de cobertura de pseudocaule de bananeira. Seropédica, RJ, 2006.
Espécie Ocorrência
Nº Indivíduos
(pl.m
-2
)
F D A FR (%)
DR
(%)
AR (%) IVI (%)
Cyperus rotundus L. 6 1006 1 167,67 167,67 26,09 93,67 90,79 210,55
Commelina benghalensis L. 5 26 0,83 4,33 5,20 21,74 2,42 2,81 26,98
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. 5 9 0,83 1,50 1,80 21,74 0,84 0,97 23,55
Cleome affinis DC. 2 4 0,33 0,67 2 8,70 0,37 1,08 10,15
Paspalum notatum Flügge 4 28 0,67 4,67 7 17,39 2,60 3,79 23,79
Gaya pilosa K. Schum. 1 1 0,17 0,17 1 4,35 0,09 0,54 4,98
TOTAL 1074 3,8 179 184,6 100 100 100 300
Tabela 39. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR), densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do
valor de importância (IVI), numa comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.), sob manejo orgânico,
após 75 dias da aplicação de cobertura de capim napier triturado. Seropédica, RJ, 2006.
Espécie Ocorrência
Nº Indivíduos
(pl.m
-2
)
F D A FR (%)
DR
(%)
AR (%) IVI (%)
Cyperus rotundus L. 6 1404 1 234 234 18,75 92,37 88,86 199,98
Commelina benghalensis L. 6 56 1 9,33 9,33 18,75 3,68 3,54 25,98
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. 3 6 0,5 1 2 9,37 0,39 0,76 10,53
Cleome affinis DC. 2 2 0,33 0,33 1 6,25 0,13 0,40 6,76
Paspalum notatum Flügge 6 37 1 6,17 6,17 18,75 2,43 2,34 23,52
Euphorbia heterophylla L. 3 4 0,5 0,67 1,33 9,37 0,26 0,50 10,14
Indigorfera hirsuta L. 1 2 0,17 0,33 2 3,12 0,13 0,76 4,01
Phyllanthus niruri L. 1 1 0,17 0,17 1 3,12 0,07 0,40 3,57
Emilia sanchifolia 2 3 0,33 0,5 1,5 6,25 0,19 0,57 7,02
Bidens subalternans DC. 1 1 0,17 0,17 1 3,12 0,07 0,37 3,57
Acalypha communis Mull. Arg. 1 4 0,17 0,67 4 3,12 0,26 1,51 4,90
TOTAL 1520 5,3 253,3 263,3 100 100 100 300
62
Tabela 40. Valores de freqüência (F), densidade (D), abundância (A), freqüência relativa (FR), densidade relativa (DR), abundância relativa (AR) e índice do
valor de importância (IVI), numa comunidade de vegetação espontânea presente em área cultivada com mamoeiro (Carica papaya L.), sob manejo orgânico,
após 75 dias, sem aplicação de cobertura morta. Seropédica, RJ, 2006.
Espécie Ocorrência
Nº Indivíduos
(pl.m
-2
)
F D A FR (%)
DR
(%)
AR (%) IVI (%)
Cyperus rotundus L. 6 3398 1 566,33 566,33 13,63 77,83 75,89 167,35
Commelina benghalensis L. 5 214 0,83 35,67 42,8 11,36 4,90 5,73 22,00
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. 5 51 0,83 8,5 10,2 11,36 1,17 1,37 13,90
Cleome affinis DC. 3 11 0,5 1,83 3,67 6,81 0,25 0,49 7,56
Paspalum notatum Flügge 6 617 1 102,83 102,83 13,63 14,13 13,78 41,54
Gaya pilosa K. Schum. 4 46 0,67 7,67 11,5 9,09 1,05 1,54 11,68
Euphorbia heterophylla L. 5 12 0,83 2 2,4 11,36 0,27 0,32 11,96
Indigorfera hirsuta L. 1 2 0,17 0,33 2 2,27 0,04 0,26 2,58
Emilia sanchifolia 4 5 0,67 0,83 1,25 9,09 0,11 0,16 9,37
Bidens subalternans DC. 1 1 0,17 0,17 1 2,27 0,02 0,13 2,42
Acalypha communis Mull. Arg. 4 9 0,67 1,5 2,25 9,09 0,20 0,30 9,59
TOTAL 4366 7,33 727,67 746,23 100 100 100 300
63
De acordo com a Tabela 41, aos 75 dias, a similaridade entre as comunidades de
vegetação espontânea, avaliada através do coeficiente de Sørenson, demonstrou que esse
índice foi de 0,58 (58%) entre os tratamentos com pseudocaule de bananeira e capim napier,
bastante inferior ao encontrado na primeira avaliação (82%). Quando comparado o tratamento
com pseudocaule e a área sem cobertura, esse índice foi de (70%), mesmo valor encontrado
aos 30 dias após aplicação de cobertura morta. A comparação entre as áreas cobertas com
capim napier e sem cobertura, demonstrou uma similaridade de 0,90 (90%), a maior
encontrada, superando inclusive o valor verificado anteriormente (85%).
Esses valores demonstram que as áreas (Capim napier x Sem cobertura) apresentaram
maior a similaridade, indicando maior proximidade das populações de espontâneas. Enquanto
que a menor foi aquela obtida entre o tratamentos Pseudocaule x Capim Napier, mostrando
maior distância entre a composição de plantas espontâneas nessas duas áreas, diferentemente
dos dados apresentados aos 30 dias.
Tabela 41. Coeficiente de Sørenson determinado a partir da combinação dos diferentes tipos de
cobertura em área cultivada com mamoeiro sob manejo orgânico após 75 dias da aplicação.
Seropédica, RJ, 2006.
Combinações entre tratamentos Coeficiente de Sørenson
Pseudocaule x Capim Napier 0,58
Pseudocaule x Sem Cobertura 0,70
Capim Napier x Sem Cobertura 0,90
A cobertura morta aos 75 dias após sua aplicação continuou exercendo efeito
supressivo sobre a vegetação espontânea. De acordo com os dados apresentados nas Tabela
42 e 43, verifica-se que nos tratamentos com utilização de resíduos vegetais como cobertura
houve menor incidência de indivíduos, sendo essa diferença estatisticamente significativa.
Entretanto, ao contrário do que foi observado aos 30 dias, as diferentes coberturas não
apresentaram diferenças entre si. É possível que com o decorrer do tempo, com o processo
natural de decomposição, o suposto efeito de substâncias antagônicas, descrito na primeira
avaliação, não seja mais efetivo. Entretanto, o efeito físico ainda é persistente e proporciona
resultados satisfatórios.
Tabela 42. Número médio de indivíduos da vegetação espontânea, coletadas em área cultivada com
mamoeiro, sob manejo orgânico, após 75 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta.
Seropédica, RJ, 2006.
Fonte de Cobertura Número de indivíduos
Sem Cobertura 727,67 B
1
Capim Napier 253,33 A
Pseudocaule de Bananeira 179,00 A
C.V (%) 36,94
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott Knott no nível de 5%
de probabilidade.
64
Tabela 43. Principais espécies de plantas espontâneas coletadas em área cultivada com mamoeiro, sob
manejo orgânico, após 75 dias da aplicação de diferentes tipos de cobertura morta. Seropédica, RJ,
2006.
Espécies Sem Cobertura Capim Napier Pseudocaule
Cyperus rotundus L. 566,33 B
1
234,00 A 167,67 A
Commelina benghalensis L. 35,67 B 9,33 A 4,33 A
Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. 8,50 B 1,00 A 1,50 A
Cleome affinis DC. 1,83 B 0,33 A 0,67 A
Paspalum notatum Flügge 102,83 A 6,17 A 4,67 A
1
Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott Knott no
nível de 5% de probabilidade.
65
5. CONCLUSÕES
1. O pseudocaule de bananeira utilizado como cobertura morta em solos cultivados com
laranjeira lima proporcionou aumento nos teores de K
+
no solo e P e K no tecido foliar de
ambas fruteiras, quando comparado com o solo sem cobertura morta.
2. Em relação as variáveis umidade e temperatura do solo, o uso das coberturas mortas
formadas de pseudocaule de bananeira, grama batatais e capim napier resulta na redução da
temperatura e atenuação do deficite hídrico nos períodos de estiagem, quando comparado com
o solo sem cobertura morta.
3. A densidade média de indivíduos da mesofauna edáfica não foi afetada pelo uso de
pseudocaule de bananeira, ao passo que a utilização da cobertura morta formada de grama
batatais proporcionou aumento na densidade média destes indivíduos, quando comparado ao
tratamento sem cobertura morta em solo cultivado com laranjeira lima.
4. Em relação a macrofauna edáfica o grupo das Oligochaetas foi negativamente afetado pela
cobertura morta formada pelo pseudocaule de bananeira, quando comparado com os demais
tratamentos, em solo cultivado com laranjeira lima.
5. A cobertura morta formada pelo pseudocaule de bananeira favoreceu o controle da
vegetação espontânea, mostrando-se particularmente eficiente no controle da tiririca em solo
cultivado com mamoeiro.
6. A utilização do pseudocaule de bananeira como cobertura morta de solo proporcionou
maior desenvolvimento vegetativo do mamoeiro na fase juvenil.
66
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTINO, S. M. F.; SILVA, J. F.; PARENTE, R. C.; SOUZA, L. A. S. Composição
florística das plantas daninhas na cultura do guaraná (Paullinia cuppuana), no estado do
Amazonas. Planta Daninha, Campinas, v. 22, n. 3, p. 351-358, 2004.
ALCÂNTERA, F. A.; FURTININETO, A. E.; PAULA, M. B. et al. Adubação verde na
recuperação da fertilidade de um Latossolo Vermelho-Escuro degradado. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 35, n. 2, p. 277-288, 2000.
ALMEIDA, D. L. de; RIBEIRO, R. de L. D. ; GUERRA, J. G. M. Sistema Integrado de
Produção Agroecológica “Fazendinha Agroecológica km 47”. In: SIMPÓSIO DE
AGRICULTURA ECOLÓGICA, 2., ENCONTRO DE AGRICULTURA ORGÂNICA, 1.,
1999, São Paulo. Anais... Guaíba: Agropecuária, 1999. p. 153-159.
ALTIERI, M. Agricultura tradicional. In: ______. Agroecologia: bases científicas para uma
agricultura sustentável. Guaíba: Agropecuária, 2002. p. 78-236.
ALVES, E. J.; OLIVEIRA, M. de A. Práticas culturais. In: ALVES, E. J. (Org.). A cultura
da banana: aspectos técnicos, socioeconômicos e agroindustriais. Brasília, DF: EMBRAPA-
SPI, 1997. p. 335-351.
ALVES, F. de L. A cultura do mamão Carica papaya no mundo, no Brasil e no estado do
Espírito Santo. In: MARTINS, D. dos S.; COSTA, A. de F. S. da (Ed.). A cultura do
mamoeiro: tecnologias de produção. Vitória: Incaper, 2003. p. 13-34.
AMABILE, R. F.; CORREIA, J. R.; FREITAS, P. L. et al. Efeitos do manejo de adubos
verdes na produção de mandioca (Manihot esculenta Crantz). Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, DF, v. 36, n. 6, p. 851-860, 2001.
AQUINO, A. M. de; CORREIA, M. E. F. de. Invertebrados edáficos e seu papel nos
processos do solo. In: CURSO INTENSIVO DE AGROBIOLOGIA, 15: Atualização em
princípios e técnicas ecológicas aplicadas à agricultura, 2004, Seropédica. Seropédica:
Embrapa Agrobiologia, 2004. p. 1-30.
ARAÚJO, D. da C.; SÁ, J. R. de; LIMA, E. M. de; CAVALCANTE, L. F.; BRUNO, G. B.;
BRUNO, R. de L. A.; QUEIROS. M. S. de. Efeito do volume de água e da cobertura morta
sobre o crescimento inicial do maracujazeiro amarelo. Revista Brasileira de Engenharia
Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 4, n. 1, p. 121-124, 2000.
ARAÚJO, J. A. C. Irrigação da cultura do mamão. In: RUGGIERO, C. (Ed.). Mamão.
Jaboticabal: UNESP, 1988. p. 161-175.
BATAGLIA, O. C.; FURLANI, A. M. C.; TEIXEIRA, J. P. F.; GALLO, J. R. Métodos de
análise química de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1983. n.p. (Instituto
Agronômico. Boletim, 78).
67
BAUTISTA-ZÚÑIGA, F.; DELGADO-CARRANZA, M. del C. Abundancia de oligoquetos
y gasterópodos con el uso de leguminosas como mantillos y cultivos de cobertera. In: BROW,
G. G.; FRAGOSO, C.; OLIVEIRA, L. J. (Org.). O uso da macrofauna edáfica na
agricultura do século XXI: A importância dos engenheiros do solo. Anais... Londrina:
Embrapa Soja/ Instituto de Ecologia, 2003. p. 124-143.
BENITO, N. P.; GUIMARÃES, M. de F.; PASINI, A. Influência de sistemas de cultivo sobre
a macrofauna invertebrada do solo. In: BROW, G. G.; FRAGOSO, C.; OLIVEIRA, L. J.
(Org.). O uso da macrofauna edáfica na agricultura do século XXI: A importância dos
engenheiros do solo. Anais... Londrina: Embrapa Soja/ Instituto de Ecologia, 2003. p. 191-
199.
BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 4. ed. São Paulo: Ícone, 1999.
355 p.
BIEDERBECK, V. O.; CAMPBELL, C. A.; RASIAH, V. et al. Soil quality attributes as
influenced by annual legumes used as green manure. Soil Biology and Biochemistry,
Oxford, v. 30, n. 8/9, p. 1177-1185, 1998.
BORGES, A. L.; OLIVEIRA, A. M. G.; SOUZA, L. da S. Solos, nutrição e adubação. In:
ALVES, E. J. (Org.). A cultura da banana: aspectos técnicos, socioeconômicos e
agroindustriais. Brasília, DF: EMBRAPA-SPI, 1997. p. 197-260.
BRADY, N. C. Natureza e propriedade dos solos. 7. ed. Rio de Janeiro: Feitas Bastos,
1989. 898 p.
BRANDÃO, M.; BRANDÃO, H.; LACA-BUENDIA, J. P. A mata ciliar do Rio Sapucaí-
MG: fitossociologia. Daphne, Belo Horizonte, v. 8, n. 4, p. 36-48, 1998.
BRIGHENTI, A. M. Biologia de plantas daninhas. In: OLIVEIRA JR., R. S. de
CONSTANTIN, J. (Coord.). Plantas daninhas e seu manejo. Guaíba: Agropecuária, 2001.
p. 15-57.
BROW, G. G.; FRAGOSO, C. El uso de la macrofauna edáfica en la agricultura del siglo
XXI: problemas y perspectivas. Desenvolvimento de protocolo. In: BROW, G. G.;
FRAGOSO, C.; OLIVEIRA, L. J. (Org.). O uso da macrofauna edáfica na agricultura do
século XXI: a importância dos engenheiros do solo. Anais... Londrina: Embrapa Soja, 2003.
p. 11-19.
BZUNECK, H. L.; SANTOS, H. R. Efeitos de dois sistemas de preparo do solo e de
sucessões de culturas na população dos colêmbolos Dicranocentrus spp. Revista do Setor de
Ciências Agrárias, Curitiba, v. 11, n. 1/2, p. 231-235, 1989/1991.
68
CAALMAL-MALDONADO, J. A.; JIMÉNEZ-OSORNIO, J. J.; TORRES-BARRAGÁN, A.
et al. The use of allelopathic legume cover and mulch species for weed control in cropping
system. Agronomy Journal, Madison, v. 93, n. 1, p. 27-36, 2001.
CADAVID, L. F.; EL-SHARKAWY, M. A.; ACOSTA, A.; SÁNCHEZ, T. Long-term effects
of mulch, fertilization and tillage on cassava growth in sandy soils in Northern Colombia.
Field Crops Research, Amsterdam, v. 57, p. 45-56, 1998.
CARTER, I.; JOHNSON, C. Influence of different types of mulches on eggplant production.
HortScience, Alexandria, v. 23, n. 1, p. 143-145, 1988.
CARVALHO, G. J. de; FONTANÉTTI, A.; CANÇADO, C. T. Potencialidades alelopáticas
da mucuna preta (Stilozobium aterrimum) e do feijão porco (Canavalia ensiformes), no
controle da tiririca (Cyperus rotundus). Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 26, n. 3. p. 647-
651, maio/jun., 2002.
CIAU-VILLANUEVA, M.; BAUTISTA-ZÚÑIGA, F.; PARRA-TABLA, V.; BROWN, G.
Diversidad de macroinvertebrados del suelo en sistemas de producción de forrage. In:
BROW, G. G.; FRAGOSO, C.; OLIVEIRA, L. J. (Org.). O uso da macrofauna edáfica na
agricultura do século XXI: A importância dos engenheiros do solo. Anais... Londrina:
Embrapa Soja/ Instituto de Ecologia, 2003, p. 87-116.
CORRÊA, J. C. Efeito de sistemas de cultivo na estabilidade de agregados de um Latossolo
Vermelho-Amarelo em Querência, MT. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v.
37, p. 203-209, 2002.
CORREIA, M. E. F. de; ANDRADE, A. G.; FARIA, S. M. de. Sucessão das comunidades de
macroartrópodos edáficos em plantações de três leguminosas arbóreas. In CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 26., 1997, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:
EMBRAPA Solos, 1997.1 CD-ROM.
CORREIA, M. E. F. de; PINHEIRO, L. B. A. Monitoramento da fauna do solo sob
diferentes coberturas vegetais em um sistema integrado de produção agroecológica,
Seropédica (RJ). Seropédica: EMBRAPA-CNPAB, 1999, 15 p. (EMBRAPA-CNPAB.
Circular Técnica, 3).
CORTÉS, I.; LUIZÃO, F.; SANTOS, E.; MORAIS, W.; FRANKLIN , E.; WANDELLI, E.;
TEIXEIRA, W.; BARROS , E.; FERNANDES, E. Influência de espécies perenes sobre os
grupos funcionais da fauna do solo em sistemas agrossilviculturais na Amazônia Central. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 4., 2002, Ilhéus.
Anais... Ilhéus: UESC / CEPEC, 2002. 1 CD-ROM.
COSTA, A. de F. S. da. Aspectos gerais do melhoramento do mamoeiro. In: SIMPÓSIO
PAPAYA BRASIL, 2003, Vitória. Anais...Vitória: INCAPER, 2003. p. 159-172.
COSTA, A. de F. S. da; COSTA, A. N. da; SANTOS, F. A. M. dos; BARRETO, F. C.;
ZUFFO, V. J. Plantio, formação e manejo da cultura. In: MARTINS, D. dos S.; COSTA, A.
de F. S. da (Ed.). A cultura do mamoeiro: tecnologias de produção. Vitória: Incaper, 2003.
p. 127-159.
69
COSTA, A. de F. S. da; PACOVA, B. E. V. Caracterização de cultivares, estratégias e
perspectivas do melhoramento genético do mamoeiro. In: MARTINS, D. dos S.; COSTA, A.
de F. S. da (Ed.). A cultura do mamoeiro: tecnologias de produção. Vitória: Incaper, 2003.
p. 59-102.
COSTA, J. T. A.; SILVA, L. A. da; MELO, F. I. O. Efeitos do turno de rega e cobertura
morta na cultura do alho na serra da Ibiapaba, Ceará: I. umidade e temperatura do solo.
Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 28, n. 1/2, p. 70-84, 1997.
COSTA, M. B. B. da. Adubação verde no sul do Brasil. Rio de Janeiro: AS-PTA, 1993. 346
p.
CRUZ, A. C. R. Consumo de água por cultura de citros cultivada em latossolo amarelo.
Piracicaba. 2003. 92 p. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) - Escola Superior
de Agricultura "Luiz de Queiroz", Piracicaba, SP.
CURRY, J. P.; BYRNE, D.; BOYLE, K. E. The earthworm population of a winter cereal field
and its effects on soil and nitrogen turnover. Biology and Fertility of Soils, Berlin, v. 19, p.
166-172, 1995.
DAVIES, F. S.; ALBRIGO, L. G. Cítricos. Zaragoza: Acribia, 1994. 284 p.
DERKSEN, D. A.; ANDERSON, R. L.; BLACKSHAW, R. E. et al. Weed dynamics and
management strategies for cropping systems in the Northern Great Plains. Agronomy
Journal, Madison, v. 94, n. 1, p. 174-185, 2002.
DUCATTI, F. Fauna edáfica em fragmentos florestais e áreas reflorestadas com espécies
da Mata Atlântica. 2002. 70 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP.
EINHELLIG, F. A. Mechanisms and modes of actions of allelochemicals. In: PUTNAM, A.
R.; TANG, C. S. (Ed.). The Science of allelopathy. New York: John Willey & Sons, 1986. p.
171- 188.
ELLERT, B. H.; BETTANY, J. R. Temperature dependence of net nitrogen and sulfur
mineralization. Soil Science Society of America Journal, Madison, v. 56, p.1133-1141,
1992.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo.
Rio de Janeiro, 1997. 212 p.
ERASMO, E. A. L.; PINHEIRO, L. L. A.; COSTA, N. V. Levantamento fitossociológico das
comunidades de plantas infestantes em área de produção de arroz irrigado cultivado sob
diferentes sistemas de manejo. Planta Daninha, Campinas, v. 22, n. 2, p. 195-201, 2004.
ERENSTEIN, O. Crop residue mulching in tropical and semi-tropical countries: an evaluation
of residue availability and other technological implications. Soil & Tillage Research,
Amsterdam, v. 67, p. 115-133, 2002.
70
FAVARETTO, N.; MORAES, A. de; MOTTA, A. C. V. et al. Efeito da revegetação e da
adubação de área degradada na fertilidade do solo e nas características da palhada. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 35, n. 2, p. 289-297, 2000.
FEIDEN, A. Manejo ecológico do solo. In: PADOVAN, M. P.; URCHEI, M. A.;
MERCANTE, F. M.; CARDOSO, S. (Ed.). Agroecologia em Mato Grosso do Sul:
princípios, fundamentos e experiências. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2005. p. 57-
65.
FIALHO, J. F.; BORGES, N. F.; BARROS, N. F. Cobertura vegetal e as características
químicas e físicas e atividade da microbiota de um latossolo vermelho-amarelo distrófico.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 15, n.1, p. 21-28, 1991.
FONTANÉTTI, A.; CARVALHO, G. J. de; MORAIS, A. R. de; ALMEIDA, K. de;
DUARTE, W. F. Adubação verde no controle de plantas invasoras nas culturas de alface-
americana e de repolho. Ciência Agrotecnologia, Lavras, v. 28, n. 5, p. 967-973, 2004.
FRAGOSO, C.; OLIVEIRA, L. J. (Org.). O uso da macrofauna edáfica na agricultura do
século XXI: A importância dos engenheiros do solo. Anais... Londrina: Embrapa Soja, 2003.
p. 29-54.
FRASER, P. M. The impact of soil and crop management practices on soil macrofauna. In:
PANKHURST, C. E.; DOUBE, B. M.; GUPTA, V. V. S. R.; GRACE, P. R. Soil biota:
management in sustainable farming systems. Melbourne: CSIRO, 1994. p 125-132.
FRIGHETTO, R. T. S.; VALARINI, P. J. Indicadores biológicos e bioquímicos da
qualidade do solo: manual técnico. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2000. 198 p.
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L. et al.
Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920 p.
GARAY, I. Relations entre l’hétérogéinéité des litières et l’organisation dês peupiements
d’arthropodes édaphiques. Paris: École Normaie Supérieure, 1989. (Publications du
Laboratoire de Zoologie, n.35)
GLIESSMAN, S. R. Field and laboratory investigations in agroecology. Boca Raton:
Lewis Publishers, 2000. 330 p.
GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. 3. ed.
Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRS, 2005. 653 p.
GOMES, T. C. A.; SILVA, J. A. M. Cobertura morta com pseudo caule de bananeira em
cultivo irrigado de videira: II. Efeitos sobre a nutrição das plantas. In: ENCONTRO
INTERNACIONAL SOBRE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL
SUSTENTAVEL, 2001, Botucatu. Anais... Botucatu: UNESP-FCA-DGTA/Instituto
Giramundo Mutuando, 2001a. CD-ROM.
GOMES, T. C. A.; SILVA, J. A. M. Cobertura morta com pseudo caule de bananeira em
cultivo irrigado de videira: I. Efeitos sobre o solo. In: ENCONTRO INTERNACIONAL
SOBRE AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTAVEL, 2001,
71
Botucatu. Anais... Botucatu: UNESP-FCA-DGTA/Instituto Giramundo Mutuando, 2001b.
CD-ROM
KIMURA, A. Comportamento do mamoeiro Baixinho de Santa Amália, mutante natural
de ‘Sunrise-Solo’, em ambiente protegido na região de Jaboticabal. 1997. 97 f.
Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Estadual Júlio Mesquita, Jaboticabal.
LAVELLE, P. Diversity of soil fauna and ecosystem function. Biology International, New
York, v. 33, p. 3-16, 1996.
LAVELLE, P.; BIGNELL, D.; LEPAGE, M.; WOLTERS, V.; ROGER, P.; INESON, P.;
HEAL, O. W.; DHILLION, S. Soil functional in a changing word: the role of invertebrate
ecosystem engineers. European Journal Soil Biology, New Jersey, v. 33, p. 159-193, 1997.
LAVELLE, P.; BLANCHART, E.; MARTIN, A.; MARTIN, S.; SPAIN, A.; TOUTAIN, F.;
BAROIS, I.; SCHAEFER, R. A hierarchical model for decomposition in terrestrial
ecosystems: application to soils of the humid tropics. Biotropica, Washington, v. 25, n. 2, p.
130-150, 1993.
LAVELLE, P.; SPAIN, A. V. Soil ecology. Dordrecht: Kluwer, 2001. 654 p.
LIEBMAN, M. Sistemas de policultivos. In: ALTIERE, M. Agroecologia: bases científicas
para uma agricultura sustentável. Rio de Janeiro: Guaíba Agropecuária, 2002. p. 345-390.
LOPES ASSAD, M. L. Fauna do solo. In: VARGAS, M. A. T.; HUNGRIA, M. (Ed.).
Biologia dos solos dos cerrados. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1997a. cap. 7. p. 363-444.
LOPES ASSAD, M. L. Papel da macrofauna edáfica de invertebrados no comportamento de
solos tropicais. In CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 26., 1997, Rio de
Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 1997b. CD-ROM.
MACEDO, J. F.; BRANDÃO, M.; LARA, J. F. R. Plantas daninhas na pós-colheita de milho
nas várzeas do Rio São Francisco, em Minas Gerais. Planta Daninha, Campinas, v. 21, n. 2,
p. 239-248, 2003.
MARÍN, E. P.; FEIJOO, A. Evaluación del impacto de la labranza en suelos vertisoles sobre
los macroinvertebrados de una area de Colombia. In: BROW, G. G.; FRAGOSO, C.;
OLIVEIRA, L. J. (Org.). O uso da macrofauna edáfica na agricultura do século XXI: A
importância dos engenheiros do solo. Anais... Londrina: Embrapa Soja, 2003. p. 55-75.
MARINHO, C. S.; MONNERAT, P. H.; CARVALHO, A. C. de; MARINS, S. L. D.;
VIEIRA, A. Análise química do pecíolo e limbo foliar como indicadora do estado nutricional
dos mamoeiros ‘Solo’ e ‘Formosa’. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 59, n.2, 2002, p. 373-
381.
MARTINS, D. dos S. Situação atual da produção integrada de mamão no Brasil. In:
SIMPÓSIO PAPAYA BRASIL, 2003, Vitória. Anais...Vitória: INCAPER, 2003. p. 99-131.
MARTÍNEZ, M. A.; CABRERA, G.; RODRIGUÉZ, C.; BAROIS, I. La macrofauna y la
conservación de los suelos en pastizales con diferente tipo de manejo en Cuba. In: BROW, G.
G.; FRAGOSO, C.; OLIVEIRA, L. J. (Org.). O uso da macrofauna edáfica na agricultura
72
do século XXI: a importância dos engenheiros do solo. Anais... Londrina: Embrapa Soja,
2003. p. 29-54.
MIRANDA, F. R. de; OLIVEIRA, F. N. S.; ROSA, M. de F.; LIMA, R. N. de. Efeito da
cobertura morta com a fibra da casca de coco sobre a temperatura do solo. Ciência
Agronômica, Fortaleza, v. 35, n. 2, p. 335-339, 2004.
MIYASAKA, S. C.; HOLLYER, J. R.; KODANI, L. S. Mulch and compost effects on yield
and corm rots of taro. Field Crops Research, Amsterdam, v. 71, n. 2, p. 101-112, 2001.
MOÇO, M. K. da S.; RODRIGUES, E. F. da G.; RODRIGUES, A. C. da G.; CORREIA, M.
E. F. da. Caracterização da fauna edáfica em diferentes coberturas vegetais na região Norte
Fluminense. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 29, p. 555-564, 2005.
MOREIRA, V. F. Produção de biomassa de guandu a partir de diferentes densidades de
plantio e cultivo de brócolos em faixas intercalares sob manejo orgânico. 2003. 66 f.
Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Seropédica, RJ.
MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. A. Aims and methods of vegetation ecology.
New York: Jonh Wiley, 1974. 547 p.
NAKAMAE, I. J. Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: Argos Comunicação, 2003.
p. 378-386.
NASCIMENTO, A. R. L. do; BARROS, B. Macrofauna do solo em sistemas agroflorestais
do projeto RECA (RO). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS
AGROFLORESTAIS, 4., 2002, Ilhéus. Anais... Ilhéus: UESC / CEPEC, 2002. 1 CD-ROM.
ODUM, E. P. Fundamentos de ecologia. 6. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2001.
927 p.
OLIVEIRA, A. M. G.; OLIVEIRA, M. de A. Identificação da flores do mamoeiro para o
desbaste de plantas. Cruz das Almas: EMBRAPA-CNPMF, 1995. 2 p. (EMBRAPA-
CNPMF. Mamão em Foco, 2).
OLIVEIRA, C. A. P. de; SOUZA, C. M. de. Influência da cobertura morta na umidade,
incidência de plantas daninhas e de broca-do-rizoma (Cosmopolites sordidus) em um pomar
de bananeiras (Musa spp.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 2, p.
345-347, 2003.
ORTOLANI, A. A.; PEDRO JÚNIOR, M. J.; ALFONSI, R. R. Agroclimatologia e o cultivo
de citros. In: RODRIGUES, O.; VIÉGAS, F.; POMPEU JR., J.; AMARO, A. A. (Ed.).
Citricultura brasileira. 2. ed. Campinas: Fundação Cargill, 1991. v.1. p. 153-188.
OTOLASANA, F. O. Effect of time of mulching on soil temperature and moisture regime and
emergence, growth and yield of white yam in western Nigeria. Soil & Tillage Research,
Amsterdam, v. 50, p. 215-221, 1999.
73
PINHEIRO, L. B. A. Estudo da macrofauna de solos cultivados com cana-de-açúcar, sob
diferentes manejos de colheita crua e queimada. 1996. 100 f. Dissertação (Mestrado em
Ciência do Solo) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ.
PITELLI, R. A.; DURIGAN, J. C. Ecologia das plantas daninhas no sistema plantio direto. In:
ROSSELLO, R. D. Siembra directa em el cono sur. Montevideo: PROCISUR, 2001. p. 203-
210.
PITELLI, R. A.; DURIGAN, J. C. Plantas daninhas no sistema de plantio direto de culturas
anuais. In: ENCONTRO SUL MINEIRO SOBRE SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO, 1.,
2003, Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 2003. CD-ROM.
PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. São Paulo:
Nobel, 2002. 549 p.
QUEIROGA, R. C. F.; NOGUEIRA, I. C. C.; BEZERRA NETO, F.; MOURA, A. R. B. de;
PEDROSA, J. F. Utilização de diferentes materiais como cobertura morta do solo no cultivo
de pimentão. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 20, n. 3, p. 416-418, 2002.
RAMAKRISHNA, A.; TAM, H. M.; WANI, S. P.; LONG. T. D. Effect of mulch on soil
temperature, moisture, weeds infestation and yield of groundnut in northern Vietnam. Field
Crops Research, Amsterdam, v. 95, n. 2-3, p. 115-125, 2006.
REICHARDT, K. A água em sistemas agrícolas. São Paulo: Manole, 1990. 188 p.
RESENDE, F. V.; SOUZA, L. S. de; OLIVEIRA, P. R. de; GUALBERTO, R. Uso de
cobertura morta vegetal no controle da umidade e temperatura do solo, na incidência de
plantas invasoras e na produção de cenoura em cultivo de verão. Ciência Agrotecnológica,
Lavras, v. 29, n. 1, p. 100-105, 2005.
REUTHER, W. Climate and citrus behavior. In: REUTHER, W. (Ed.). The citrus industry.
Berkeley: University of California, 1973. cap. 4. p. 98-121.
SALTON, J. C.; MIELNICZUK, J. Relações entre sistemas de preparo, temperatura e
umidade de um podzólico vermelho-escuro distrófico de Eldorado do Sul (RS). Revista
Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 19, p. 313-319, 1995.
SILVA, A. A.; SILVA, C. S. W.; SOUZA, C. M.; SOUZA, B. A.; FAGUNDES, J. L.;
FALLEIRO, R. M.; SEDIYAMA, C. S. Aspectos fitossociológicos da comunidade de plantas
daninhas na cultura do feijão sob diferentes sistemas de preparo do solo. Planta Daninha,
Campinas, v. 23, n. 1, p. 17-24, 2005.
SILVA, J. J. C. da; SOUZA, R. M. de; FONTANELA, E.; PRATES, E. D.; LIMA, A. C. R.
de. Monitoramento da qualidade de solo hidromórfico através de indicadores biológicos.
Desenvolvimento de protocolo. In: BROW, G. G.; FRAGOSO, C.; OLIVEIRA, L. J. (Org.).
O uso da macrofauna edáfica na agricultura do século XXI: A importância dos
engenheiros do solo. Anais... Londrina: Embrapa Soja, 2003. p. 115-123.
SILVA, L. F. da. Solos tropicais: aspectos pedológicos, ecológicos e de manejo. São Paulo:
Terra Brasilis, 1995. 137 p.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo