compartilhadas por Elisabeth Badinter
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(1980), que vê no comportamento das francesas uma
amostra de descaso e negligência, semelhante ao comportamento das mães portuguesas, que não
amamentavam por questões de modismo, conforme Freyre (2004) analisa.
Hoje, o modelo de família é relativo; a família nuclear que gira em torno do pai, mãe e
dos filhos coexiste ao lado da família composta por apenas um dos membros paternos, ao lado de
uma família homossexual com filhos adotivos, ou sem filhos, e ao lado da família composta por
apenas os filhos e outros membros que não são necessariamente os pais. Todavia, se essas
famílias diferem na forma pela qual são constituídas, elas têm, geralmente, em sua base um
elemento comum – os laços de afetividade e o respeito mútuo entre os membros.
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Portanto, rica
ou pobre, grande ou pequena, de qualquer forma, as famílias de ontem e de hoje demonstram
grande capacidade de sobrevivência, porque “A família não é um simples fenômeno natural. Ela
é uma instituição social variando através da História e apresentando até formas e finalidades
diversas numa mesma época e lugar, conforme o grupo social que esteja sendo observado”
(PRADO, 1981, p.12). É uma instituição que continua a ser um referencial para as pessoas,
embora alguns valores tenham mudado e as relações entre seus membros variem, mediante
circunstâncias sociais, culturais, econômicas, dentre outras.
Dentre os fatores que contribuíram significativamente para as mudanças ocorridas na
família brasileira, encontramos aqueles de ordem econômica, religiosa e jurídica. Do ponto de
vista econômico, por circunstâncias diversas, a função de manutenção do lar já não é obrigação
apenas do homem, conseqüentemente, a função de chefe de família, antes restrita ao marido, vem
sendo ocupada também pelas esposas. Sob o ângulo religioso, podemos observar que há uma
diminuição da realização de casamentos religiosos e um aumento dos casamentos civis ou mesmo
de uniões estáveis. Todavia, um fator jurídico que mudou sobremaneira o conceito de família foi
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Em sua obra Um amor conquistado – o mito do amor materno (1980), Elisabeth Badinter mostra que o conceito de
boa mãe ou mãe má é construído ao longo da história, através de discursos quer sejam de cunho filosófico, religioso
ou político. Para construir seus argumentos essa filosofa francesa estendeu seu olhar para o papel desempenhado
pelos outros membros no contexto familiar.
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Em seu texto O que é família (1981), Danda Prado tece considerações a esse respeito, fazendo uma análise dos
modelos de família construídos ao longo da história, e, nos mostra que “a família no entanto é ‘única’ em seu papel
determinante no desenvolvimento da sociabilidade, da afetividade e do bem-estar físico dos indivíduos, sobretudo
durante o período da infância e da adolescência” (PRADO, 1981, p. 13-14). Segundo Prado, (1981, p. 76-77), a
família brasileira não varia muito de uma camada social para outra, no tocante à questão dos laços de afetividade
entre os membros desse contexto. Como também, ela pode apresentar características diferentes, dessa forma,
geralmente, na classe média a unidade familiar apresenta características predominantemente da família nuclear. Na
classe social elevada, é comum vermos nas famílias resquícios de características da família patriarcal,e, na classe
baixa, o laço legal do casamento é pouco recorrente, como também apresenta, geralmente, a figura da mulher
desempenhando o papel de chefe familiar, antes atribuído.