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1
Márcia Eller Miranda Salviano
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da
Escola de Enfermagem da Universidade Federal
de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção
do título de Mestre em Enfermagem.
Orientadora: Profa. Dra. Daclé Vilma Carvalho
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
Escola de Enfermagem da UFMG
2007
TRANSPLANTE HEPÁTICO:
Diagnósticos de Enfermagem Segundo a NANDA
em Pacientes no Pós-Operatório
na Unidade de Internação
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Salviano, Márcia Eller Miranda
S184t Transplante hepático: diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA em
pacientes no pós-operatório na unidade de internação / Márcia Eller Miranda Salviano.
Belo Horizonte, 2007.
138 f., il.
Dissertação. (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais.
Escola de Enfermagem.
Orientadora: Daclé Vilma Carvalho
1. Diagnóstico de enfermagem/classificação 2. Cuidados de
enfermagem/métodos 3. Assistência ao paciente/métodos
4. Determinação de necessidades de cuidados de saúde 5. Modelos
de enfermagem 6. Transplante de fígado/enfermagem 7. Período
pós-operatório I. Título
NLM: WY 100.4
CDU: 616-083
2
Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Enfermagem
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem: Mestrado em
Enfermagem
Dissertação intitulada “Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo
a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação”, de autoria da
mestranda Márcia Eller Miranda Salviano, aprovada pela banca examinadora
constituída pelos seguintes professores:
______________________________________________________
Profa. Dra. Daclé Vilma Carvalho - EEUFMG - Orientadora
______________________________________________________
Profa. Dra. Maria da Graça Oliveira Crossetti - EEUFRGS
______________________________________________________
rª -
______________________________________________________
Prof. Dr. Agnaldo Soares Lima - FM UFMG
Belo Horizonte, 28 de maio de 2007
Av. Professor Alfredo Balena, 190 - Belo Horizonte, MG - 30130-100 - Brasil - Telefax: (031) 32489836
Transplante hepático: perfil diagnóstico de enfermagem no pós-operatório na unidade de internação
3
DEDICATÓRIA
Às fontes primárias de inspiração para meus sonhos de vida:
Minha mãe Nelma,
meu primeiro modelo de mulher cuidadora, cuja dedicação no cuidado da numerosa prole lhe custou
a renúncia da própria profissão de professora e a quem acompanhei nas visitas domiciliares aos
parceiros da Fazenda Flor de Minas - cenas da infância que me inspiraram na opção profissional.
Meu pai Dálio,
pelo apoio à carreira estudantil dos dez filhos. Como bom agricultor é um exemplo de trabalho e
perseverança.
Meus nove irmãos, cunhados (as), sobrinhos (as),
pelo carinho e amizade, por me acompanharem nesta trajetória sendo sempre solidários.
Família Salviano,
por me acolher com amizade sincera e me dar sentido de pertencer.
Meu esposo Nelson,
por valorizar minha profissão, pelo contínuo incentivo ao meu crescimento pessoal. Por clarear
meus dias mais cinzentos. Pelo carinho que nutrimos um pelo outro.
Meus queridos filhos Camila e André,
por compreenderem minhas ausências, pelas orações diárias a meu favor e aguardar com paciência o
dia de comemorar. São presentes de Deus para minha vida.
Transplante hepático: perfil diagnóstico de enfermagem no pós-operatório na unidade de internação
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AGRADECIMENTOS
É quase impossível listar todas as pessoas que colaboraram com minha formação profissional e
na realização desta pesquisa. Menciono aqui algumas delas e a todas, o meu reconhecimento e gratidão.
Ao Curso de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal do Espírito Santo, com seu corpo docente
tão restrito em quantidade, quanto expoente em qualidade, como os inesquecíveis Professores: Enfermeiros
Túlio Alberto Martins de Figueiredo, Elda Coelho de Azevedo Bussinger, Maria Edla de Oliveira
Bringuette, Jorge Guimarães de Souza, Laurinda S. do Espírito Santo, Esther Maria Pedroni de Freitas,
Rute Hitomi Osava, pelo empenho pessoal na formação de sua VIII Turma.
À Profa. Dra. Eliane Marina Palhares Guimarães, pela amizade e como Chefe Titular da Vice-Diretoria
Técnica de Enfermagem do HC-UFMG, pelo apoio ao desenvolvimento desta pesquisa na instituição.
Ao Prof. Dr. Walter Antônio Pereira, pioneiro na implantação do Programa de Transplante Hepático no
HC-UFMG, por acreditar na assistência multidisciplinar ao paciente desta modalidade terapêutica. A ele
devo minha inserção na especialidade de transplantes e essa vivência resultou na construção
do meu projeto de mestrado.
Ao Prof. Dr. Agnaldo Soares Lima, Coordenador do Grupo de Transplante de Órgãos do Instituto Alfa
de Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo do HC-UFMG, pela consultoria técnica referente às
abordagens cirúrgicas do transplante hepático e o apoio incondicional a este trabalho.
Aos médicos clínicos e cirurgiões do Grupo de Transplante de Órgãos do Instituto Alfa de Gastroenterologia
do HC-UFMG, pela parceria e valiosas contribuições
em todo o tempo desta pesquisa.
Ao Dr. Eduardo Garcia Vilela, pelas ricas discussões sobre as doenças que indicam o transplante hepático e
as co-morbidades. Seu respeito pelo outro é admirável.
Aos demais membros da equipe multidisciplinar do transplante hepático do HC-UFMG (Paula Aparecida
Braga Pereira - coordenadora do serviço social; Márcia Aparecida de Abreu Fonseca - psicóloga; Gicele
Mendes Chagas - nutricionista; Wilma Guimarães - terapeuta ocupacional; Dione Gorete Gomes de Freitas
e Sílvia Kalik - coordenadoras do serviço de fisioterapia; Maria das Dores Graciano Silva e Marta
Aparecida Goulart - coordenadoras do serviço de farmácia), pela integração na assistência aos pacientes.
Transplante hepático: perfil diagnóstico de enfermagem no pós-operatório na unidade de internação
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Aos enfermeiros da Unidade de Transplantes do HC-UFMG - Euclásia dos Santos Madureira
(coordenadora), Maria Aparecida Carneiro, Júlio César dos Santos, Josely Santana Amorim, Valéria Borba
Costa e Fábio Gontijo Boaventura, pelo companheirismo nestes anos de trabalho na área de transplantes e
pelo apoio durante o curso de mestrado.
À Malvina M. de Freitas Duarte, enfermeira do Grupo de Transplante de Órgãos do Instituto Alfa de
Gastroenterologia do HC-UFMG, pela amizade sincera e apoio em todo o tempo. Pelo brilhante trabalho na
captação de órgãos e atuação em toda a trajetória do paciente de transplante hepático.
Pelas fotos cedidas para publicação nesta dissertação.
À enfermeira Monalisa Maria Gresta, mestre em enfermagem, membro da Comissão Intra-Hospitalar para a
Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do HC-UFMG, pela amizade sincera e ter sempre acreditado
no meu trabalho, pelo pioneirismo na inserção em transplantes e ser referência de conhecimentos e
habilidades em terapia intensiva.
Às enfermeiras: Lívia Parma Machado, Elisabete da Silva Peixoto, Dra. Eline Lima Borges, Professora
Amália Augusta Nunes, Sônia Maria Cayres Chaia, Telma Miguel, que me receberam no HC-UFMG e pelo
brilhante trabalho na assistência e no ensino desenvolvido na Unidade de Gastroenterologia e Cirurgia do
Aparelho Digestivo, a quem muito devo o meu saber nesta área.
À professora Lúcia de Fátima Rodrigues Moreira do Departamento de Enfermagem Básica da EEUFMG,
por dividir seus conhecimentos sobre o ensino e a prática dos diagnósticos de enfermagem, pela amizade e
apoio durante o mestrado.
À Profa. Dra.Adriana Cristina de Oliveira Iquiapaza, Coordenadora do Colegiado de Pós-graduação da
EEUFMG, amiga, exemplo de perseverança e determinação, pelo apoio durante todo o curso de mestrado.
Ao enfermeiro Jim O’Sullivan, Coordenador da Unidade de Transplantes do Hospital Addenbrooke’s em
Cambrigde, Inglaterra, que me possibilitou um rico aprendizado do cuidado com pacientes de transplante de
órgãos, em um serviço de referência internacional.
Aos enfermeiros Emma Baceman e Paul Jones, coordenadores do transplante hepático e renal do Hospital
Addenbrooke’s em Cambridge, que me permitiram acompanhá-los nas suas atividades.
Transplante hepático: perfil diagnóstico de enfermagem no pós-operatório na unidade de internação
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Ao Dr. Graeme Alexander e Alex Gimson, hepatologistas do grupo de transplante do Addenbrooke’s, por me
permitirem acompanhá-los nas discussões dos casos de pacientes de transplante hepático, durante as corridas
de leito e consultas no ambulatório.
Às enfermeiras Elizabeth Johnson, coordenadora do programa de adaptação para enfermeiros estrangeiros,
Jane Kingsbury, coordenadora da Unidade de Doenças Digestivas, Tracy Jones, minha tutora e demais
enfermeiras do Royal Sussex County Hospital em Brighton, na Inglaterra, pelo tempo que trabalhamos
juntas cuidando de pacientes adultos de cirurgia geral e em particular, com a aplicação de um sistema de
assistência de enfermagem na prática.
À enfermeira Linda Ohler, editora chefe da revista americana “Progress in Transplantation - The Journal
for Procurement and Clinical Transplant Professionals”, que, pela vasta experiência com implantação de
programas de transplante de órgãos e tecidos nos EUA e conhecimento do sistema americano de distribuição
e alocação de órgãos, contribuiu grandemente, via e-mail, com informações para esta dissertação.
À enfermeira Simone Fruh, que participou como palestrante convidada do IV Curso de Iniciação em
Assistência de Enfermagem em Transplante Hepático ministrado em nossa instituição. Por sua grande
experiência com o transplante hepático no Hôpital Universitaire de Hautepierre e atualmente por atuar
junto ao sistema de alocação e distribuição de órgãos na França, contribuiu, via e-mail, com informações
essenciais para esta dissertação.
Ao Dr. Guilherme Costa, cirurgião do Instituto de Transplantes de Pittsburgh, EUA, por ter facilitado o
contato com enfermeiras americanas.
Aos técnicos e auxiliares de enfermagem da Unidade de Transplantes do HC-UFMG, pelo cuidado prestado
aos pacientes e as informações registradas a cada horário, que foram fundamentais para esta pesquisa.
À Coordenadora Administrativa do 9º Leste do HC-UFMG Nancy Cristina Xavier da Silva e sua equipe,
pelo suporte especial ao nosso trabalho.
À enfermeira Líliam Barbosa Silva, pela valiosa ajuda com as normas da ABNT.
À Maria Rosângela Nogueira Alexandre e Cláudia Regina de Lima, secretárias do
Ambulatório Bias Fortes (6º Andar - Transplantes) e do Grupo de Transplante Hepático do HC-UFMG,
respectivamente.
Transplante hepático: perfil diagnóstico de enfermagem no pós-operatório na unidade de internação
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À bolsista do CNPq Thayse Ariadne Coelho Pimenta, por me acompanhar, diariamente,
na coleta de dados, na digitação e intermináveis correções do texto e da bibliografia.
Por me ouvir e me encorajar nos dias tristes e solitários.
Aos acadêmicos de enfermagem: Laís Aparecida Melo Freire, Stefânia Mereciana Gomes Ferreira, Sheila
Nara Ferreira, Fabrício de Andrade Galli e Talita Wérica Borges da Silva, pela ajuda na digitação do
projeto e início da coleta de dados.
Aos estudiosos de idiomas, que me ajudaram nas correções dos resumos em português: Júlia Leocádia das
Graças; em inglês: Nelson Salviano e Elenice Dias R. P. Lima; em espanhol: Luciana Ferreira da Silva e
Robert Iquiapaza; e em francês:Corinne Andrée Imbs.
Ao Corintho José Chaves de Faria, pela diagramação e arte da capa e das páginas
que antecedem cada capítulo.
Transplante hepático: perfil diagnóstico de enfermagem no pós-operatório na unidade de internação
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À Deus,
por dádivas indescritíveis como: a vida, o amor, a família, os amigos, a saúde e novas energias para
recomeçar cada dia.
À orientadora Profa. Dra. Daclé Vilma Carvalho,
por ouvir minha história desde o primeiro contato, em julho de 2004 e acreditar em mim aceitando a
árdua tarefa da orientação. Por me ensinar: a paciência do professor, que nunca desiste do aluno; a
humildade de um sábio e experiente pesquisador, cuja escala de valores não se baseia apenas nos
princípios da ciência. Após esta vivência, meu perfil profissional não será mais o mesmo.
Aos pacientes transplantados de fígado no HC-UFMG e suas famílias,
por serem a razão do meu estudo.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
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RESUMO
SALVIANO, M. E. M. Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo
a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação. 2007. 138 f.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
O transplante de órgãos e tecidos tem expandido em todo o mundo, desde a
Conferência para Consenso em Desenvolvimento, em 1983, ocorrida nos EUA,
quando este procedimento passou a ser considerado opção curativa. O enfermeiro
incorporou com qualidade as demandas dessa especialidade. A etapa atual desta
vivência é o da sistematização da assistência de enfermagem. Portanto, vê-se como
oportuno o desenvolvimento de estudos sobre um método de cuidar em
transplantes, com destaque para a fase essencial do mesmo que é a do diagnóstico
de enfermagem. Este constitui a base para o planejamento das intervenções e
avaliação dos resultados de enfermagem. Assim, este estudo foi desenvolvido com o
objetivo geral de analisar os diagnósticos de enfermagem em pacientes de
transplante hepático no pós-operatório na unidade de internação, de acordo com a
taxonomia II da NANDA. É um estudo descritivo, quantitativo, exploratório e
retrospectivo desenvolvido em um hospital universitário de Belo Horizonte, Minas
Gerais, Brasil. Foram incluídos 64 prontuários de pacientes transplantados de fígado
no período de primeiro de setembro de 2005 a 30 de setembro de 2006.
Considerando os critérios de exclusão: menores de 18 anos (9), em retransplante (5)
e os que faleceram no CTI (7), a amostra constou de 43 prontuários de pacientes. O
projeto desta pesquisa atendeu os preceitos ético-legais previstos na legislação
vigente sobre pesquisa envolvendo seres humanos. A maioria da população
estudada era do sexo masculino, com a idade média de 52 anos, leucoderma,
proveniente do interior de Minas Gerais. A doença de base prevalente foi a cirrose
hepática pelo vírus C. O estudo dos diagnósticos de enfermagem incidiu sobre 35
(81,4%) dos pacientes estudados que permaneceram até 22 dias na unidade de
internação. Foram identificados 55 diagnósticos de enfermagem, estruturados
conforme a taxonomia de referência e classificados em 11 domínios e 22 classes O
modelo de Histórico de Enfermagem utilizado na unidade de transplantes do
hospital, campo do estudo, é baseado na teoria das Necessidades Humanas
Básicas de Wanda de Aguiar Horta. O mesmo possibilitou identificar 25
necessidades afetadas classificadas em psicobiológicas (83,6%), psicossociais
(12,7%), psicoespirituais (3,7%). Foram discutidos os diagnósticos de enfermagem
que incidiram em 40,0% ou mais na população estudada, quais sejam: perfusão
tissular periférica, renal e cardiopulmonar ineficazes; integridade tissular prejudicada;
déficit no autocuidado; diarréia; dor aguda; padrão de sono perturbado; ansiedade;
disfunção sexual; mobilidade física prejudicada; riscos de desequilíbrio da
temperatura corporal, de infecção e de quedas e conhecimento deficiente quanto
aos cuidados pós-transplante. Mesmo diante das limitações do estudo foi possível
traçar esse perfil diagnóstico que facilitará a revisão do protocolo assistencial de
enfermagem para a clientela estudada. Sugere ainda estudos clínicos de validação
de diagnósticos de enfermagem para pacientes no processo de transplante, não
contemplados na taxonomia II da NANDA e conclui que a relevância dos
diagnósticos se evidenciará no cotidiano da assistência direta ao paciente e não
apenas no discurso do profissional.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
10
ABSTRACT
SALVIANO, M. E. M. Liver transplant: Nursing Diagnosis according to NANDA,
among post surgical patients in a Hospital Unit. 2007. 135 f. Thesis (Master of
Science in Nursing) - School of Nursing, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2007.
Since the 1983’s Consensus Development Conference held in the USA, organ and
tissue transplantation has been considered as a healing treatment and, therefore,
this procedure has been increasingly performed around the world. Nurses
incorporated this specialty demands with distinction, now working into assistance
systematization. Studies aiming to develop nursing care methods for transplanted
patients are appropriate, especially during the essential nursing diagnosis phase,
which is a base for intervention planning and outcome evaluation. This research was
accomplished aiming to analyze nursing diagnosis, according to NANDA’s taxonomy
II, among pos surgical patients who had liver transplantation. This is a quantitative,
descriptive, retrospective and exploratory study, carried out in a in a university
hospital in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Sixty four patients who had liver
transplantation from September 1
st
, 2005 to September 30
th
, 2006 were considered
for inclusion in the study. Exclusion criteria were patients under 18 years old (9),
patients who had retransplant (5) and those who died in the ICU (7). The sample was
composed of 43 patients, whose charts were used for data collection, in conformity to
ethical legal aspects of human subjects research. The sample was composed mainly
by male patients, with an average of 52 years of age, white, and who lived in the
interior towns of Minas Gerais. Hepatic cirrhosis caused by C virus was the prevailing
disease. Nursing diagnosis studies were performed in 35 (81.4%) of the studied
population who remained in the transplant unit up to 22 days. Fifty five nursing
diagnosis were identified, structured according to the reference taxonomy, and
classified in 11 dominions and 22 groups. The adopted Nursing History in this
hospital’s Transplantation Unit is based on the Wanda de Aguiar Horta’s Human
Basic Needs theory. This model allowed identifying 25 needs, which were distributed
and classified as psychobiologic (83.6%), psychosocial (12.7%), and psycho spiritual
(3.7%). The discussed nursing diagnosis prevailed on at least 40.0% of the sample:
impaired cardiopulmonary, renal, and peripheral tissular perfusion, damaged tissue
integrity, impaired self-care, diarrhea, acute pain, impaired sleep pattern, anxiety,
impaired physical mobility, risk for fall, unbalanced body temperature, and infection.
Despite limitations of the present study, a diagnostic profile was verified, which will
allow a review on the nursing protocol used in the Unit. Results suggest a need for
clinical studies to validate nursing diagnosis among transplanted patients, not yet
described in NANDA taxonomy II, and infer that the importance of the diagnosis will
be evident not only theoretically, but on the nursing daily care.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
11
RESUMEN
SALVIANO, M. E. M. Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermería segun la
NANDA en enfermos en pós-operatório en la unidad de internación. 2007. 138 f.
Disertación (Maestría en Enfermería) - Escuela de Enfermería, Universidad Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
El transplante de órganos y tejidos se ha ampliado en todo el mundo, desde la
conferencia para el consenso del desarrollo de 1983, que ocurrió en los EE.UU., cuando
este procedimiento pasó a ser considerado una opción curativa. El profesional de
enfermería incorporó con calidad las demandas de esta especialidad. La etapa actual de
esa experiencia es la sistematización de la asistencia de enfermería. No obstante, se
considera oportuno el desenvolvimiento de estudios sobre un método de cuidado en
transplantes, enfatizando la fase esencial del mismo que es el diagnóstico de enfermería.
Este último constituye la base para el planeamiento de las intervenciones y la evaluación
de los resultados de enfermería. Así, este estudio tuvo el objetivo de analizar los
diagnósticos de enfermería en pacientes de transplante hepático en el postoperatorio de
la unidad de internación, de acuerdo con la taxonomía II de la NANDA. Se trata de un
estudio cuantitativo, descriptivo, exploratorio y retrospectivo efectuado en un hospital
universitario de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Fueron considerados 64 fichas
clínicas de pacientes con transplante de hígado durante el período de 1 de septiembre de
2005 al 30 de septiembre de 2006. Considerando los criterios de exclusión: menores de
18 años (9), en retransplante (5) y los que fallecieron en el CTI (7), la muestra consistió en
43 fichas clínicas de pacientes. El proyecto de esta investigación cumplió las exigencias
ético-legales previstas en la legislación vigente sobre investigación en seres humanos. La
mayoría de la población estudiada era del sexo masculino, con edad media de 52 años,
leucoderma, procedentes de ciudades del interior de Minas Gerais. La enfermedad de
base más frecuente fue la cirrosis hepática por el virus C. Fueron identificados 55
diagnósticos de enfermería, estructurados de acuerdo con la taxonomía de
referencia y clasificados en 11 dominios y 22 clases. El modelo de Histórico de
Enfermería utilizado en la unidad de transplantes del hospital, campo del estudio, se
basa en la teoría de las Necesidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta.
Ese instrumento hizo posible la identificación de 25 necesidades afectadas, siendo
así distribuidas y clasificadas: sicobiológicas (83.6%), sicosociales (12.7%),
sicoespirituales (3.7%). Fueron discutidos los diagnósticos de enfermería que
incidieron en 40% o más en la población estudiada, definiendo el perfil diagnóstico
de enfermería de esa población como: perfusión tisular periférica, renal y
cardiopulmonar insuficientes; integridad tisular perjudicada; déficit en el auto
cuidado; diarrea; dolor agudo; padrón perturbado de sueño; ansiedad; movilidad
física perjudicada; riesgos de caída, de desequilibrio de la temperatura corporal y de
infección. A pesar de las limitaciones del estudio, fue posible trazar este perfil
diagnóstico que facilitará la revisión del protocolo asistencial de enfermería para el
público estudiado. Se sugiere estudios clínicos de validación de diagnósticos de
enfermería para pacientes en proceso de transplante, no contemplados en la
taxonomía II de la NANDA y se concluye que la importancia de los diagnósticos será
evidenciada en el ámbito cotidiano de la asistencia directa al paciente y no sólo en el
discurso del profesional.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
12
RESUME
SALVIANO, M. E. M. Transplantation hépatique: Diagnostics de Soins Infirmiers
d’après la NANDA chez les patients hospitalisés en post-opératoire. 2007. 138 f.
Monographie (Mastère de Soins Infirmiers) – Ecole de Soins Infirmiers, Université
Fédérale de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
La transplantation est une activité qui ne cesse de se développer dans le monde
entier depuis la Conférence de Consensus de Développement de 1983 qui eut lieu
aux Etats-Unis. A partir de cette date, ce procédé fut considéré comme une
possibilité de guérison pour des maladies jusqu’alors restées sans option
thérapeutique. L’infirmier a incorporé qualitativement les demandes de cette
spécialité. L’étape actuelle de notre expérience est la systématisation des soins
infirmiers. Le moment est donc propice aux études sur les méthodes de soins dans le
domaine de la transplantation, en insistant particulièrement sur la phase essentielle
du diagnostic infirmier en transplantation. Ce dernier constitue la base de la
planification des interventions et évaluations des résultats des soins infirmiers. Cette
étude a donc été principalement développée dans le but d’analyser les diagnostics
infirmiers des patients transplantés du foie, durant le post-opératoire, hospitalisés
dans le service de transplantation, selon la taxonomie II de la NANDA (North
American Nursing Diagnosis Association). Il s’agit d’une étude descriptive,
exploratrice et rétrospective effectuée dans un hôpital universitaire de Belo
Horizonte, Minas Gerais, Brésil. Nous y avons inclu 64 dossiers de patients
transplantés hépatiques sur la période du 1er septembre 2005 au 30 septembre
2006. Notre échantillonage a retenu 43 dossiers de patients en considérant les
critères d’exclusion suivants : patients non majeurs (9), patients soumis à re-greffe
(5) et patients décédés au Service de Réanimation (7). Le projet de cette recherche
répondait aux critères ético-légaux prévus dans la législation en vigueur sur les
recherches englobant des êtres humains. La majorité de la population étudiée était
du sexe masculin, l’âge moyen de 52 ans, leucoderme et originaire de tout l’Etat ainsi
que de la Capitale. La maladie d’origine prévalente à la base de l’indication de greffe
était la cirrhose hépatique par virus C. Nous avons identifié 55 diagnostics infirmiers,
11 domaines et 22 classes structurées selon la taxonomie de référence. Le modèle
d’Historique Infirmier utilisé dans le service de transplantation de l’hôpital, terrain
d’études de la recherche, est fondé sur la théorie des nécessités humaines de base
de Wanda de Aguiar Horta. Ce même ouvrage a permis d’identifier 25 nécessités
ainsi divisées : 83,6 % de psychobiologiques, 12,7 % de psychosociales et 3,7 % de
psychospirituelles. Nous avons commenté les diagnostics infirmiers qui ont eu une
incidence sur 40 % ou plus de la population étudiée qui possédait le profil suivant :
perfusion tissulaire périphérique, rénale et cardiopulmonaire inefficaces, intégrité
tissulaire compromise, déficit de l’autosoin, diarrhée, douleur aigu, troubles du
sommeil, anxiété, mobilité physique compromise et risques de déséquilibre de la
température corporelle, d’infection et de chute. Malgré les limites de notre étude, il
nous a été possible de tracer ce profil diagnostique qui facilitera la révision du
protocole de soins infirmiers pour une clientèle étudiée. Ce présent travail suggère
aussi la réalisation d’études cliniques de validation des diagnostics infirmiers pour
des patients soumis à une greffe, non inclus dans la taxonomie II de la NANDA et
conclut que l’importance des diagnostics sera mise en évidence par le quotidien de
l’assistance directe au patient et non à peine par le discours professionnel.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
13
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Domínios e Classes da Taxonomia II da NANDA, 2000………….………43
Quadro 2 - Títulos diagnósticos de enfermagem de pacientes transplantados de
fígado no HC-UFMG agrupados conforme suas classes e seus
domínios de acordo com a taxonomia II da NANDA……………....……..77
Figura 1 - Doador falecido..........................................................................................49
Figura 2 - Incisão abdominal mediana para retirada de múltiplos órgãos..................49
Figura 3 - Cirurgia ex-vivo..........................................................................................49
Figura 4 - Fígado cirrótico .........................................................................................50
Figura 5 - Enxerto hepático........................................................................................50
Figura 6 - Técnica de Piggy-back...............................................................................52
Figura 7 - Receptor de enxerto hepático com um dreno aspirativo in situ.................52
Figura 8 - Distribuição de pacientes transplantados de fígado no HC-UFMG,
segundo características demográficas. Belo Horizonte. 2005-2006…......62
Gráfico 1 - Distribuição dos transplantes de fígado por biênio, no HC-UFMG.
Belo Horizonte. 1994-2005........................................................………....56
Gráfico 2 - Distribuição dos grupos sanguíneos ABO entre os pacientes
transplantados de fígado. Belo Horizonte. 2005-2006.............................73
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
14
LISTA DE TABELAS
1 - Distribuição dos pacientes transplantados de fígado no HC-UFMG, segundo
a doença de base. Belo Horizonte. 2005-2006.....................................................67
2 – Tempo de hospitalização dos pacientes no pós-transplante hepático no
HC-UFMG. Belo Horizonte. 2005-2006................................................................73
3 - Incidência dos títulos diagnósticos de enfermagem segundo a Taxonomia
II da NANDA, de acordo com as NHB afetadas de Horta. Belo Horizonte.
2005-2006............................................................................................................81
4 - Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes
transplantados de fígado, segundo as Necessidades Humanas Básicas de
Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006.............................83
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
15
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABTO - Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos
CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CHC - Carcinoma Hepatocelular
COFEN - Conselho Federal de Enfermagem
CTI - Centro de Terapia Intensiva
DEPE - Diretoria de Ensino e Pesquisa
DPO - Dia Pós-Operatório
EEUFMG - Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais
EUA - Estados Unidos
HC-FM USP - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
HC-UFMG - Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais
HLA - Antígenos Leucocitários Humanos
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MELD - Model for End-Stage Liver Disease
NANDA - North American Nursing Diagnosis Association
NHB - Necessidades Humanas Básicas
NIC - Nursing Interventions Classification
NOC - Nursing Outcomes Classification
PELD - Pediatric End-Stage Liver Disease
RBT - Registro Brasileiro de Transplantes
SAE - Sistematização da Assistência de Enfermagem
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UI-Tx - Unidade de Internação de Transplantes
UNOS - United Network for Organ Sharing
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
16
SUMÁRIO
1
APRESENTAÇÃO..........................................................................................18
2
INTRODUÇÃO...............................................................................................20
2.1 Objetivos.........................................................................................................25
2.1.1 Objetivo geral.................................................................................................25
2.1.2 Objetivos específicos......................................................................................25
3
REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................26
3.1 Aspectos históricos dos transplantes e a inserção do enfermeiro.................27
3.2 Assistência de Enfermagem: a criação de um método..................................37
3.3 Considerações gerais sobre transplante hepático.........................................44
4
MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................54
4.1 Tipo de estudo................................................................................................55
4.2 Local...............................................................................................................55
4.3 População / amostra.......................................................................................56
4.4 Coleta de dados.............................................................................................57
4.5 Tratamento e análise dos dados....................................................................57
4.6 Aspectos ético-legais......................................................................................58
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................60
5.1 Características demográficas.........................................................................62
5.2 Características epidemiológicas.....................................................................67
5.3 Diagnósticos de enfermagem.........................................................................76
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................113
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................118
APÊNDICES.................................................................................................126
ANEXOS.......................................................................................................132
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
17
Cuidar em
Enfermagem
é assim...
“Neste nosso tempo de tanto descuido, descaso e abandono [...] existe um
grupo que cuida da vida, nas suas diferentes formas, diferentes estágios, com
(muitas vezes) poucas condições. Que apesar de não ser o “dono” do paciente
[...] fica do lado, alimenta, acolhe, conversa, observa, informa [...]. Por meio
da qualidade de sua presença e de sua relação com o outro, o profissional de
enfermagem assegura, por certo período, funções que aquele ainda não é
capaz de assumir por si mesmo, em razão de seu estado de desenvolvimento,
debilidade ou reorganização [...].
Na mesma medida, o paciente e sua família promove a competência do
profissional, permitindo que ele acumule histórias do cuidar, portanto
histórias de vida [...].
Por estar atento e disponível para a pessoa, não se atendo apenas ao
diagnóstico ou prognóstico, ocupa-se em ajudar seus pacientes e familiares a
viverem a vida que eles têm para viver. Da melhor maneira possível. E, com
essa atitude, tornam-se também remédios: aliviam a dor, acalmam, confortam
[...]”.
Michele Fernandes
Maria Julia Paes da Silva
"O Senhor o assiste no leito da enfermidade;
na doença, tu lhe afofas a cama".
Salmos 41:3
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
18
1 APRESENTAÇÃO
No período de 1989 a 1995, atuamos no Serviço de cirurgia geral do Hospital
das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), experimentamos
de perto a diversidade da demanda do cuidado de enfermagem em cada fase vivida
pelo paciente cirúrgico. Em toda nossa prática na instituição elaborávamos e
implementávamos o Plano de Cuidados individualizado para cada cliente.
Em 1995 fomos convidadas a compor a equipe de saúde que inaugurava a
Unidade de Transplantes, criada para atender aos clientes de transplante de medula
óssea, de fígado e de rim. No processo da assistência de enfermagem dessa nova
unidade, elaborava-se o Plano de Cuidados. O modelo utilizado, entretanto, foi
considerado falho, uma vez que não se cumpriam todas as fases do método
científico. Não havia coleta de dados, diagnósticos de enfermagem e avaliação da
assistência prestada, formalmente sistematizada.
Em 2003 tivemos a oportunidade de trabalhar e realizar estágios em dois
hospitais ingleses que possuíam um modelo de assistência de enfermagem com
bases teóricas bem definidas. Nessas instituições atuamos junto a pacientes adultos
de cirurgia geral e de transplante. Essa experiência consolidou nossa visão de uma
assistência com qualidade diferenciada, quando prestada de forma sistematizada e
fundamentada em bases teórico-científicas, objetivamente delineadas.
Retornando ao país no início de 2004, reassumimos nossas atividades
profissionais na mesma Unidade e observamos que lá não se elaborava mais o
Plano de Cuidados, não existiam instrumentos de coleta de dados de saúde do
cliente no ângulo do cuidar, os diagnósticos de enfermagem não eram identificados
utilizando qualquer sistema de classificação descrito na literatura, não eram
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
19
instituídos instrumentos que avaliassem se as intervenções de enfermagem
implementadas eram as mais adequadas e os resultados esperados. Esta realidade
nos impulsionou a desenvolver estudos referentes à metodologia de assistência.
A escolha por estudar um método de assistência para pacientes submetidos
ao transplante hepático se deu por alguns motivos. Em primeiro lugar devido a nossa
afinidade com a especialidade em enfermagem cirúrgica desde a graduação.
Posteriormente, a experiência desenvolvida ao longo de 16 anos em cuidar dos
pacientes adultos de cirurgia geral. Também pelo fato de termos participado na
implantação do programa de transplante hepático no HC-UFMG, em 1994, quando
éramos coordenadora de enfermagem da Unidade de Cirurgia do Aparelho
Digestivo. E por fim, a demanda do cuidar e a necessidade de criar o protocolo
institucional de assistência de enfermagem aos pacientes de transplante hepático,
na unidade de internação (SALVIANO, 2001).
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
21
2 INTRODUÇÃO
Os avanços das técnicas cirúrgicas, as pesquisas na área da farmacologia
clínica, da imunogenética, o desenvolvimento da tecnologia de monitorização trans e
pós-operatória, bem como a melhoria dos métodos de preservação de enxertos de
qualidade constituem fatores responsáveis pelo sucesso dos transplantes, na década
de 80 do século passado. E desde 1983, os transplantes passaram a ser
considerados opção terapêutica e curativa para muitas doenças antes consideradas
terminais, havendo então uma expansão dessa atividade em todo o mundo
(DUARTE et al., 2004; GARCIA, 2002; STARZL, 2005).
Atualmente, em centros de referência e excelência de vários países, realizam-
se com sucesso transplantes de órgãos e tecidos, tais como: rim, fígado, pâncreas e
ilhotas pancreáticas, intestinos, coração, pulmão, medula óssea, córnea, ossos,
tecidos musculoesquelético e cutâneo.
No Brasil, está havendo um grande investimento do Ministério da Saúde nas
instituições públicas que se adequaram e foram credenciadas para realização de
transplantes. Estes constituem procedimentos de alta complexidade, muito onerosos,
porém totalmente subsidiados pelo Sistema Único de Saúde (GARCIA, 2002). O
Registro Brasileiro de Transplantes (RBT, 2006) mostrou que, até dezembro de
2006, somente nos cinco estados brasileiros com a maior lista de espera do país,
existiam 27364 pacientes aguardando um transplante de coração, de fígado ou de
rim. E, dentre esses, 6414 (23,4%) esperavam por um fígado.
O primeiro transplante hepático do mundo foi realizado em 1963 por Thomas
Starzl, em Denver, nos Estados Unidos (EUA). E, no Brasil, em 1968, esse
procedimento foi realizado, pela primeira vez, no Hospital das Clínicas da Faculdade
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
22
de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM USP). E nessa mesma
instituição, em 1989, foi realizado pelo Dr. Silvano Raia o primeiro transplante
hepático intervivos do mundo (GARCIA, 2002). Em Minas Gerais, o primeiro
transplante hepático aconteceu no Hospital Felício Rocho, em outubro de 1989 e, no
HC-UFMG, em setembro de 1994.
Com o objetivo de obter melhor compreensão da demanda de assistência do
paciente de transplante hepático, julgamos oportuno rever algumas características
definidoras do seu perfil clínico. A existência de uma doença de base crônica de
longa duração, o estado nutricional comprometido pela deficiência da função
metabólica do fígado, a síndrome hepatorrenal, as alterações cardiovasculares e
respiratórias, a icterícia e o prurido generalizado, a ascite intratável e o risco
aumentado para infecções são condições peculiares ao mesmo. Para receber então
um enxerto hepático, o paciente é submetido a uma intervenção cirúrgica de grande
porte, que demanda, em geral, um pós-operatório imediato em terapia intensiva.
Como parte do tratamento pós-transplante, o paciente usa imunossupressores para
prevenir a rejeição do novo órgão, o que, conseqüentemente, o expõe a um risco
maior de adquirir infecções graves. Na fase de convalescença, além da reabilitação
física do trauma anestésico-cirúrgico, o paciente vivencia o medo e o receio da saída
do hospital, por ter de reassumir o autocuidado, passar pelo processo de
readaptação familiar e à vida sócio-laborativa pós-transplante. Conseqüentemente,
este é um paciente de complexa demanda assistencial multiprofissional e, em
particular, de enfermagem (DUARTE et al., 2004).
Ao repensar uma assistência integral de enfermagem para esses pacientes
que reflita um compromisso com a excelência no atendimento, tendo uma visão
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
23
holística do ser humano, é vital que se utilizem os instrumentos metodológicos e
tecnológicos do cuidar (GARCIA; NÓBREGA, 2004).
A preocupação em desenvolver um modo de fazer, fundamentado em algum
modo de pensar levou pesquisadores, estudiosos e trabalhadores em enfermagem a
desenvolver, desde os anos 50, o Processo de Enfermagem que organiza o cuidado
(GARCIA; NÓBREGA, 2004). Por consistir este Processo de etapas essenciais como
o diagnóstico, a intervenção e a avaliação dos resultados de enfermagem, tornou-se
fundamental o desenvolvimento de sistemas de classificação uniformizados. A
Taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) é o sistema
de classificação dos diagnósticos de enfermagem mais divulgado e aplicado
atualmente em todo o mundo (NANDA, 2006).
Para Duran e Prince (1993, p. 32), “um diagnóstico de enfermagem deveria
significar o achado de tudo o que é necessário saber para começar um plano de
cuidado de enfermagem”.
A utilização de um sistema de classificação propicia uma linguagem
padronizada a ser utilizada no processo do raciocínio e julgamento clínico acerca das
respostas humanas aos problemas de saúde, na avaliação dos resultados dos
clientes que são influenciados pelas intervenções de enfermagem e na
documentação desta prática profissional.
No HC-UFMG, a falta de um sistema de assistência de enfermagem
formalmente instituído incomodava os enfermeiros da Unidade de Internação de
Transplantes (UI-Tx). As ações de enfermagem fluíam da livre demanda advinda do
modelo biomédico vigente, centrado na doença e suas complicações.
Diante desse contexto foi implementada para os pacientes do transplante
hepático a primeira etapa de um método assistencial, que é o da coleta de dados de
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
24
saúde sob a ótica do cuidado – o Histórico de enfermagem. Este histórico foi
elaborado com base na Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB) de
Wanda de Aguiar Horta (HORTA, 1979) e está sendo utilizado desde setembro de
2005 (APÊNDICE A).
Na perspectiva de implementação da fase dos diagnósticos de enfermagem,
para os pacientes submetidos ao transplante hepático, consideramos oportuno
desenvolver um estudo sobre diagnósticos de enfermagem para essa clientela.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
25
2.1 Objetivos
2.1.1 Objetivo geral
Analisar os diagnósticos de enfermagem em pacientes no pós-operatório
de transplante hepático na Unidade de Internação, de acordo com a
taxonomia II da NANDA.
2.1.2 Objetivos específicos
Caracterizar o paciente do ponto de vista demográfico e epidemiológico;
Identificar os diagnósticos de enfermagem e estruturá-los de acordo com o
título, suas características definidoras e fatores relacionados, segundo a
NANDA;
Agrupar os diagnósticos de enfermagem nos domínios e classes.
apresentados pela NANDA e segundo a classificação de Wanda Horta;
Traçar o perfil diagnóstico de enfermagem.
REVISÃO
DE
LITERATURA
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
27
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Aspectos históricos dos transplantes e a inserção do enfermeiro
A história dos transplantes é rica de idéias criativas e ousadas, estudos e
experimentos em laboratório com animais e em humanos. O termo transplante foi
usado pela primeira vez por John Hunter em 1978. Entretanto, o transplante como
um método de reposição de partes lesadas do corpo humano é um sonho desde as
civilizações egípcias e greco-romanas (KUEGELER, 1978). Os primeiros
transplantes realizados foram os enxertos de pele, ossos e córnea no final do século
XIX e início do século XX. Com o desenvolvimento de fios mais delicados para
suturas vasculares, os experimentos com o xeno-transplante foram impulsionados. O
insucesso, porém, desses procedimentos desencorajou essa prática e, até o início
da década de 60, persistiam grandes lacunas do conhecimento, tais como: os
“efeitos biológicos”, descritos posteriormente como rejeição, e medicamentos que
poderiam preveni-la e tratá-la. Somente em 1978 quando foi desenvolvida a droga
ciclosporina em um laboratório na Suíça, com aplicação clínica pelo professor Calne
na Inglaterra, os resultados dos transplantes passaram a ser encorajadores (CALNE,
1999; PEREIRA, 2004; STARZL,1995, 2005).
Além da ciclosporina surgiram novas drogas imunomoduladoras, tais como os
anticorpos monoclonais e o tacrolimus, que tornaram o controle da rejeição mais
eficaz. A perspectiva da clínica e das pesquisas em imunossupressão é de se
obterem drogas menos citotóxicas, que reduzam seletivamente a agressão aos
enxertos e induzam à tolerância imunológica (LASMAR; VILELA, 2004). Existe
ainda, a previsão da completa tolerância livre de drogas para pacientes com
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
28
enxertos antígenos leucocitários humanos (HLA) compatíveis ou um mecanismo
alternativo imunorregulador que permita redução do risco de imunossupressão
crônica (STARZL, 2005).
Também os avanços da imunogenética e outras tecnologias do cuidado em
saúde, disponibilizadas para os transplantes, possibilitaram então uma expansão
desta atividade em todo o mundo, sendo possível na atualidade, a substituição de
vários tecidos e órgãos do corpo humano (GARCIA et al., 2006; STARZL, 2005).
Nas últimas três décadas, a área de transplantes tornou-se alvo de
investimentos e grande interesse da comunidade científica mundial. As pesquisas
nas áreas da medicina regenerativa com a clonagem terapêutica; indução de
tolerância imunológica, diferenciação celular utilizando-se de células-tronco e
nanobioengenharia constituem as perspectivas futuras para os transplantes
(PEREIRA, 2004; STARZL, 2005).
A enfermagem se organiza profissionalmente quando o transplante, como
opção terapêutica, vivia sua fase embrionária. Ao fazer a releitura do
desenvolvimento da mesma, com seus apenas 100 anos de história, nota-se que
essa prevaleceu voltada para o cuidado em saúde e avançou inserindo em novos
contextos e demandas de cuidado, como por exemplo, a absorção de tecnologias de
nível quaternário de assistência.
Nas especialidades assistenciais, o enfermeiro tem ocupado seu espaço;
diagnosticando, implementando e avaliando os cuidados de enfermagem prestados
à clientela, com evidências de sua capacitação para atuar em equipes inter e
multidisciplinares em processos saúde-doença nos seus mais diversos cenários
(HERRERA; AFANADOR, 1998; LEITE, 2001; SANTOS, 1997).
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
29
Ao surgir o transplante como opção terapêutica, a enfermagem mais uma vez
se insere nas atividades dos diferentes programas e, com eficácia, desenvolve seu
papel gerencial e cuidador, destacando-se também no ensino e em pesquisas nessa
área (CINTRA; SANNA, 2005).
Uma nova tecnologia para o cuidado em saúde ou uma especialidade
assistencial emergente gera desafios comuns, tais como novos conhecimentos a
serem adquiridos, ajustes de área física, a previsão e provisão dos recursos
humanos, de materiais e medicamentos especiais além do planejamento para a
dinâmica do atendimento aos clientes ou pacientes.
No que tange aos transplantes, além desses aspectos administrativos, a
enfermagem enfrentou e enfrenta também questões emocionais, ético-legais e
sócio-culturais diversas, causadoras de conflitos, estresse e fadiga (SHAAL;
SLEMENDA, 1984). E, mesmo diante dessa demanda complexa, a enfermagem e,
particularmente, o profissional enfermeiro, se inseriram com determinação nos
programas de transplantes e passaram a desempenhar, com muita eficácia e
eficiência, seu papel dentro da equipe multidisciplinar, tornando-se os
coordenadores do processo (CINTRA; SANNA, 2005).
Internacionalmente, a partir dos anos 80 do século passado, quando a
sobrevida dos pacientes transplantados começou a aumentar significativamente,
surgiram os grandes centros de referência. Para o transplante hepático, por
exemplo, o Hospital de Pittsburgh, nos EUA e o do King’s College, na Inglaterra, se
tornaram instituições de renome internacional (RAIA; MIES, 1988).
Autoras descrevem problemas comuns, estressantes, que emergiram no início
dos programas desses centros de transplante: recursos humanos, programação de
cirurgias, sistemas de apoio, risco de exposições múltiplas ao vírus causador da
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
30
hepatite C e questões emocionais geradas por conflitos internos e externos à equipe
(KURTZ; NESTOS, 1984; SHAAL; SLEMENDA, 1984).
Esses problemas foram
abordados individualmente, com estratégias de soluções consideradas eficazes.
É notório que o envolvimento tão próximo da equipe de enfermagem com o
transplante de órgãos a expõe a um importante risco emocional. A conscientização e
a identificação do problema, o planejamento e a intervenção apropriada são
relevantes na prevenção de seqüelas (SHAAL; SLEMENDA, 1984).
Ainda nos EUA enfermeiros, se sobressaíram no início e na expansão dos
programas de transplante de órgãos sólidos e tecidos. A atividade desses
profissionais se dá tanto em nível da assistência direta, como enfermeiros clínicos de
transplantes ou na coordenação de transplantes, que são as atuais especializações
nessa área naquele país. A partir de 2007, agências reguladoras de transplante
estarão exigindo que os hospitais americanos tenham apenas enfermeiros
especialistas atuando junto aos pacientes de transplante
1
.
Outras importantes conquistas do enfermeiro naquele país dizem respeito à
atuação junto à United Network for Organ Sharing (UNOS), organização americana
para captação e distribuição de órgãos. O profissional responsabiliza-se pelo
cumprimento dos itens referentes à segurança do paciente e garantia de que o
padrão exigido por este órgão e pelo governo federal americano seja cumprido.
Alguns centros de transplantes têm o enfermeiro como gerente de dados dos seus
programas. Este profissional, em muitas situações é indicado para representar o
hospital no Conselho Estadual de Transplantes. Como nos EUA, na Espanha e na
França, enfermeiros ainda se inseriram em diretorias locais, regionais e nacionais de
Captação de Órgãos
1, 2
.
1
Mensagem recebida por: Linda Ohler (li[email protected]). Em 20 Agosto 2006.
2
Mensagem recebida por: Simone Fruh (sjf@tprgnet.net). Em 10 Junho 2006.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
31
Além do papel clínico-assistencial, os enfermeiros se envolveram na criação,
direção e desenvolvimento de associações como a National American Transplant
Coordinators Organization (NATCO), Internacional Transplant Nurses Society -
(ITNS), dentre outras. A International Society for Heart and Lung Transplantation
(ISHLT), formada essencialmente por clínicos e cirurgiões, teve uma enfermeira
eleita para compor sua diretoria, e junto com outras três colegas fundou o Comitê de
Enfermagem, dentro da mesma sociedade.
Outro marco da expansão do papel do enfermeiro dentro da área de
transplantes foi a criação da revista: “Progress in Transplantation – The Journal for
Procurement and Clinical Transplant Professionals”. Suas publicações refletem a
relevância da abordagem multiprofissional para captação e aspectos clínicos do
transplante de órgãos e tecidos
3
.
O Hospital Addenbrooke’s, em Cambridge, na Inglaterra faz parte da história
dos transplantes hepático e renal, especialmente porque foi onde trabalhou o Dr.
Roy Calne, pioneiro na aplicação clínica da Ciclosporina A no início dos anos 80 do
século passado. Atualmente essa instituição é referência do National Health System
(NHS) inglês para os transplantes de órgãos do aparelho digestivo e é um centro de
excelência em onco-hematologia, onde se realizam transplantes de medula óssea.
Nesta instituição as equipes de transplante são multiprofissionais e são compostas
por no mínimo um enfermeiro que coordena todo o processo. A assistência de
enfermagem é sistematizada e o enfermeiro também desenvolve atividades de
auditoria, de ensino e de pesquisa na área de transplantes
4
.
3
OHLER, L. Editor in Chef – Progress in Transplantation – The Journal for Procurement and Clinical
Transplant Professionals. Quaterly – March, June, September, December. The Inno Vision Group.
ISSN 1526-9248 – Columbia CA, 2006.
4
Mensagem recebida por: Jim O’Sullivan (Jim.osulliv[email protected].anglox.nhs.uk). Em 15
Junho 2006.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
32
No Brasil, Cintra e Sanna (2005), na busca de compreender como a
Enfermagem Brasileira se estruturou, para gerenciar a assistência aos pacientes de
transplantes, realizaram um estudo bibliográfico e concluíram que a enfermagem
vivenciou as seguintes etapas: preocupação com a infecção, atenção ao cliente,
trabalho em equipe, normatização dos serviços de transplante e ampliação da
atuação e especialização.
No primeiro momento, na década de 60 do século passado, notou-se então
que o foco de atenção dos enfermeiros era a infecção. Todos os esforços foram
concentrados nos aspectos físico e material a ser utilizado no trans e no pós-
operatório imediato. A preocupação com recursos humanos também ficou
evidenciada. Diante da escassez de profissionais enfermeiros para assistência direta
aos pacientes, auxiliares de enfermagem foram rigorosamente selecionados do
ponto de vista epidemiológico e capacitados ao trabalho (CINTRA; SANNA, 2005).
Por volta dos anos 70 do século passado, a enfermagem volta sua atenção
para o paciente. A enfermeira teve sua atuação ampliada, coordenando a
assistência no pré-operatório imediato até a alta hospitalar, tanto ao doador (no caso
do transplante intervivos), quanto ao receptor. O enfermeiro tem uma função mais
prescritiva nesta fase, detalhando procedimentos técnicos, padronizando condutas,
atuando junto ao anestesista e coordenando o ato anestésico-cirúrgico. Registra-se,
ainda, neste período, a formação da Comissão de Transplante do Hospital dos
Servidores do Estado de São Paulo, composta inclusive por enfermeiro (CINTRA;
SANNA, 2005).
A fase de normatização dos serviços de transplante coincide com a
organização de grandes centros de referência nacional. Os enfermeiros, desafiados
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
33
a incorporar esta nova demanda, começam a se interessar em fazer intercâmbios
dentro e fora do país, investindo em sua capacitação.
A família passa a ser envolvida no planejamento assistencial, sendo
reconhecida como uma das inegáveis forças do paciente no enfrentamento do
processo saúde-doença, porém, somente na década seguinte, essa preocupação se
concretizou.
A fase subseqüente foi marcada pela ampliação do papel gerencial do
enfermeiro e pela especialização. O espaço do enfermeiro passa a ser claramente
definido dentro das equipes multidisciplinares de transplante com o diferencial do
exercício da coordenação de todo o evento. A função de “Coordenadora do
Transplante” fica estabelecida no Brasil, como já era conhecida nos EUA e em vários
países da Europa. Este papel foi rapidamente incorporado pelo enfermeiro, tendo
em vista, em princípio, sua abrangente formação profissional. Esse profissional
passou então a fazer, com muita propriedade, a consulta e intervenções de
enfermagem no pré-transplante, com enfoque na orientação aos candidatos e seus
familiares. No dia do evento, ele gerencia e participa diretamente do processo que
envolve a captação do(s) órgão(s), a retirada e o implante do(s) enxerto(s) (CINTRA;
SANNA, 2005).
Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2004), no caso dos
transplantes de tecidos, o enfermeiro desenvolve atividades específicas como
realizar a enucleação do globo ocular, na captação da córnea. Ainda, responsabiliza-
se pela infusão da medula óssea, além de atuar na coordenação e assistir
integralmente ao paciente e família no pré e pós-transplante (ORTEGA et al., 2004).
No HC-FM USP, o enfermeiro exerce uma função pioneira, totalmente integrada com
a equipe médica na captação, armazenamento e viabilização dos transplantes de
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
34
tecido músculo-esquelético retirados de doadores em morte encefálica (CINTRA;
SANNA, 2005).
Diante do desafio de atender a mais esta demanda de qualificação advinda
desta nova modalidade terapêutica, a Escola de Enfermagem da Universidade
Federal de Minas Gerais (EEUFMG) foi pioneira no Brasil, ao criar, em 2001, o curso
de Especialidades Intra-Hospitalares, dentre eles o de Transplantes
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, 2001). A Universidade Federal de
São Paulo (UNIFESP) também possui especialização em transplantes desde 2005,
constituindo assim um avanço na formação profissional do enfermeiro brasileiro,
fazendo grande diferença na qualidade da assistência prestada para esta clientela
5
.
No Brasil, a legislação específica sobre Transplantes e sua Regulamentação
exige a presença do profissional enfermeiro e regulamenta sua atuação nas equipes
multiprofissionais, constituindo essa uma exigência para o credenciamento das
instituições que realizam transplantes (BRASIL, 1997a,
b, 2001). Para os
transplantes de medula óssea é inclusive definido o quadro mínimo de pessoal de
enfermagem, especificado para cada tipo de procedimento: autólogo, alogênico ou
não-aparentado (BRASIL, 1999).
O COFEN, pela Resolução n° 292 de 7 de junho de 2004, regulamentou a
atuação do enfermeiro na captação e transplante de órgãos e tecidos. Essa
resolução autoriza o enfermeiro a realizar procedimentos técnicos altamente
especializados, que exigem qualificação apropriada. E, ainda, responsabiliza o
enfermeiro pela Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em
transplantes, no seu artigo 4º. Regulamentou também a atuação do enfermeiro na
equipe de cirurgia do receptor, no contexto hospitalar (COFEN, 2004).
5
Mensagem recebida por: Cristina Flavio Nishikiori ([email protected]). Em 23 Abril 2006.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
35
Em Minas Gerais existem dois hospitais de grande porte credenciados pelo
Sistema Único de Saúde como centros de transplantes: o HC-UFMG e o Hospital
Felício Rocho, instituição privada, pioneira no Estado na realização de alguns
transplantes de órgãos sólidos como coração, fígado e pâncreas. A capacitação das
equipes médicas e de enfermagem dessas duas instituições foi realizada em
parceria com outras nacionais e internacionais.
No HC-UFMG, em 1994, três enfermeiros da instituição aceitaram o desafio
proposto de iniciar o programa de Transplante Hepático. Esses eram de referência
das unidades diretamente envolvidas com a trajetória intra-hospitalar do paciente:
Unidade de Internação, Centro Cirúrgico (CCI) e Centro de Terapia Intensiva (CTI).
Foram então organizados cursos de capacitação para as equipes de enfermagem;
realizadas visitas técnicas e intercâmbios ao longo desses anos, com instituições
nacionais e internacionais, tais como: HC-FM USP, São Paulo, Addenbrooke’s
Hospital, em Cambridge, na Inglaterra e com o Hôspital de Hautepierre, em
Strasbourg, na França, por ser esse um dos centros de referência do nosso serviço.
Foram também criados e implementados os protocolos clínico-assistenciais
de enfermagem para as fases pré, trans e pós-operatórias dos pacientes para os
diferentes transplantes.
Esses enfermeiros continuaram sua capacitação em nível de pós-graduação
strictu sensu e Monalisa Maria Gresta, referência da terapia intensiva, concluiu o
mestrado em 2002, cuja pesquisa foi desenvolvida na área de transplantes
intitulada: ‘A espera é que mata’: a trajetória dos pacientes submetidos ao
transplante hepático (GRESTA, 2000). A mesma compõe a Comissão Intra-
Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOT) do HC-
UFMG (BRASIL, 2005).
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
36
Com a expansão da atividade transplantadora na Instituição, novos
enfermeiros foram integrados aos programas emergentes, como o do pulmão em
2002; o de pâncreas-rim em 2005 e o de coração em 2006. Também os enfermeiros
têm participado de publicações e organizado eventos nessa área. Portanto, o
enfermeiro se inseriu com muita propriedade e eficiência nos programas de
transplante nesse país e no mundo.
Os transplantes são procedimentos de alta complexidade e, portanto,
realizados em centros de nível quaternário de assistência, como os hospitais de
ensino e outros de grande porte, públicos ou privados. É notória a resposta que o
enfermeiro está dando, ao exercer seu papel com qualidade junto aos pacientes, às
famílias, às equipes multidisciplinares e, conseqüentemente, às Instituições de
Saúde transplantadoras. Além disso, desenvolvem atividades de ensino, de
pesquisa e de auditoria.
A fase atual da enfermagem brasileira, no processo de cuidar em
transplantes, é a de implementação de um método de assistência, a priori, em
cumprimento da Resolução nº 272 de 27 de agosto de 2002 do Conselho Federal de
Enfermagem (2005), que legaliza esta implementação em todos os serviços de
saúde brasileiros.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
37
3.2 Assistência de Enfermagem: a criação de um método
As décadas de 60 e 70 do século passado ficaram marcadas pela produção
de teorias que deram alicerce à ciência enfermagem, em todo o mundo (GEORGE et
al., 2000). Com base nestas teorias várias pesquisas e trabalhos surgiram na criação
de metodologias de assistência em enfermagem (GARCIA; NÓBREGA, 2000;
GUEDES; ARAÚJO, 1997).
Pela primeira vez, Ida Orlando, em 1961, usou a expressão “processo de
enfermagem”, explicando o cuidado de enfermagem. Já em 1963, Virgínia, Bonney e
June Rothberg, começaram a delinear as fases deste processo. Em 1967, um grupo
de enfermeiras da Universidade Católica define o levantamento de dados (inclusive
o diagnóstico de enfermagem), o planejamento, a implementação e a avaliação
como as etapas do processo de enfermagem (BENEDET; BUB, 2001).
Surgiu então, a necessidade de se padronizar a linguagem, criar uma
tecnologia uniformizada que retratasse o conjunto de conhecimentos e recursos
utilizados pela diversidade da enfermagem mundial, contendo os problemas que
fossem exclusivos do enfermeiro, nos quais pudesse intervir e avaliar.
Um sistema de classificação para a enfermagem define o corpo de
conhecimentos pela qual ela é responsável, o que lhe acresce confiabilidade e
autonomia (CARPENITO-MOYET, 2005).
Os primeiros trabalhos voltados para a criação de uma terminologia
apropriada ao exercício da enfermagem têm como foco as classificações dos
diagnósticos de enfermagem. O termo diagnóstico foi usado pela primeira vez em
1953 por Vera Fry ao estudar cinco áreas de necessidades do paciente e ao
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
38
considerar como de domínio da enfermagem (BENEDET; BUB, 2001; NÓBREGA;
GUTIERREZ, 2000).
No início dos anos 70 do século passado, um grupo de enfermeiras
americanas identificou também esta necessidade de desenvolver uma classificação
de termos universalizados que caracterizassem as linguagens de enfermagem. Esta
preocupação resultou na primeira conferência para nomear e classificar os
diagnósticos de enfermagem, em St. Louis University School of Nursing, EUA.
Desde então, este grupo que se interessa em classificação dos diagnósticos de
enfermagem passou a se reunir a cada dois anos com o objetivo de estudar,
desenvolver e construir novos diagnósticos. E, em 1982, foi organizada formalmente
a NANDA.
A construção dos conceitos, linguagem e termos devem fornecer ferramentas
de comunicação necessárias e é um compromisso de cada enfermeiro, em todos os
cenários de sua práxis em nível mundial. Partindo desta premissa, a NANDA passou
a facilitar a participação de enfermeiros de vários países, desde 1988. O livro texto:
Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificação – 2005/2006, foi
disponibilizado em diferentes idiomas (NANDA, 2006).
A Associação possui um comitê internacional e é reconhecida como uma
fonte consolidada de terminologia de diagnóstico de enfermagem. Em 1987 foi
publicada a Taxonomia I e em 2000 a Taxonomia II da NANDA, que é reconhecida
pelos critérios do Comitê para Infra-Estrutura de Informação da Práxis de
Enfermagem da American Nurse Association (ANA). Isso facilitou a inclusão da
mesma nos sistemas de informação clínica e de linguagem médica unificado da
National Library of Medicine. Esta taxonomia é registrada como Nível de Saúde 7,
que é uma norma de informática do cuidado com a saúde, com uma terminologia a
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
39
ser usada para identificar diagnósticos de enfermagem em mensagens eletrônicas
entre os sistemas de informação clínica. Os diagnósticos da NANDA foram também
elaborados de acordo com a Nomenclatura Sistematizada de Medicina (NANDA,
2006). Por esta solidez de construção e reconhecimento internacional, esta
classificação foi escolhida para ser utilizada nesta pesquisa.
Outros sistemas de classificação em saúde foram desenvolvidos e divulgados
na literatura mundial para atender às necessidades de documentação e análises em
enfermagem, nas fases do diagnóstico, intervenções e resultados dos cuidados de
enfermagem. Como exemplo, pode-se citar a Classificação dos Cuidados
Domiciliares de Saúde – Home Health Care Classification (HHCC) (SABA, 1992); a
Classificação de Omaha – Community Health System, que consiste de uma lista de
problemas de clientes diagnosticados por enfermeiras em uma comunidade de
saúde nos EUA (MARTIN; SCHEET, 1992), a Classificação Internacional da Prática
de Enfermagem – CIPE (INTERNATIONAL COUNCIL OF NURSES, 1999) e o
Conjunto de Dados de Cuidado ao Paciente – Patient Care Data Set (PCDS)
(GARCIA; NÓBREGA, 2000; MARIN, 2001).
O diagnóstico de enfermagem é “um julgamento clínico sobre as respostas do
indivíduo, da família ou da comunidade a problemas de saúde / processos vitais,
reais ou potenciais” (NANDA, 2006, p. 296). Consiste da etapa vital do processo de
enfermagem, pois nela o enfermeiro procura embasamento científico para sua
prática. O processo diagnóstico exige o uso dos conhecimentos científicos e requer
a relação e a aplicação destes para o cuidado de enfermagem (DURAN; PRINCE,
1993).
Os componentes do diagnóstico, segundo a NANDA (2006) são:
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
40
a) título: é a descrição clara e precisa que auxilia na diferenciação dos
diagnósticos similares;
b) características definidoras: são pistas, manifestações detectadas que
agrupadas formam o diagnóstico de enfermagem;
c) fatores de risco: são elementos do ambiente interno ou externo que
aumentam a vulnerabilidade de um indivíduo, da família ou da comunidade
a morbidades;
d) fatores relacionados: são fatores que mostram alguma relação
padronizada com o diagnóstico de enfermagem. Estes podem ser
descritos como antecedentes, associados com, contribuintes ou
desencadeadores.
O processo diagnóstico de enfermagem é complexo e envolve a capacidade
profissional de interpretar o comportamento humano frente a um evento insalubre. O
paciente procura o enfermeiro para que o veja como pessoa e não como doença ou
problema. E cabe ao enfermeiro promover a saúde desta pessoa no seu contexto
sócio-cultural.
Os diagnósticos de enfermagem devem possuir algumas características
básicas, quais sejam acurácia ou precisão, validade e fidedignidade. A acurácia é
evidenciada pelo grau de certeza de determinada resposta do cliente a um problema
de saúde. A validade exponencia o verdadeiro problema do paciente e não o
problema inferido pelo enfermeiro. Para se afirmar, portanto, que um diagnóstico é
válido, suas características definidoras devem ser autênticas, realistas,
individualizadas para cada cliente. A fidedignidade diz respeito à concordância dos
resultados obtidos com a utilização de determinado instrumento quando a medição
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
41
ou o exame obtido se repetem, ao grau de consistência com que determinado
instrumento mede o atributo que se supõe esteja medindo (GARCIA; NÓBREGA,
2004; LUNNEY, 2004; MARIN, 2001; NÓBREGA; COLER, 1994).
Para Lunney (2004), a variação na precisão diagnóstica põe em risco os
cuidados, pois revela uma inapropriada interpretação dos dados, gerando
intervenções inapropriadas. Os erros e distrações diagnósticas são evitados,
entretanto, com o uso da inteligência e o desenvolvimento de um pensamento
crítico, que envolve os seguintes aspectos: habilidades cognitivas de análise, de
aplicação de padrões, de discernimento, de busca de informações, de raciocínio
lógico, de predição e de transformação de conhecimentos. E são necessários
também hábitos da mente: confiança, perspectiva contextual, criatividade,
flexibilidade, curiosidade, integridade intelectual, intuição, compreensão,
perseverança e reflexão. Rubenfeld e Sheffer
6
,
(citado por LUNNEY, 2004),
comentam sobre essas habilidades e hábitos que servem como estrutura para o
desenvolvimento da inteligência, essenciais na interpretação de dados clínicos e na
formulação de diagnósticos reais de enfermagem.
A NANDA Internacional desenvolve uma taxonomia que descreve os
julgamentos clínicos que os enfermeiros fazem ao prover cuidados para o indivíduo,
família, grupos e comunidade. Esses julgamentos (os diagnósticos) servem de base
para as intervenções e avaliação dos resultados de enfermagem. Essa relação
gerou a necessidade de unificar as estruturas de linguagem. Desta forma as
taxonomias NANDA, Nursing Interventions Classification (NIC) (McCLOSKEY;
6
RUBENFELD, M. G.; SHEFFER, B. K. Critical thinking in nursing: as interactive aproach. 2nd ed.
Philadelphia: Lippincott, Willians e Wilkins, 1999.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
42
BULECHEK, 2004) e a Nursing Outcomes Classification (NOC) (JOHNSON et al.,
2000); de diagnósticos, de intervenções, de resultados, respectivamente, foram
integradas em uma estrutura comum e estão sendo aprimoradas com o nome de
Taxonomia NANDA, NIC, NOC (NNN). E todas as contribuições dos líderes dessas
taxonomias estão sendo inseridas na taxonomia da Prática de Enfermagem
(NANDA, 2006).
A partir de 2000, a NANDA adotou o modelo estrutural multiaxial denominado
Taxonomia II, que possui 7 eixos, 13 domínios e 46 classes (NANDA, 2006).
Os 7 eixos são:
a) conceito diagnóstico;
b) tempo: agudo, crônico, intermitente, contínuo;
c) sujeito do diagnóstico: individual, familiar, grupal, comunitário;
d) idade: feto a idoso;
e) estado de saúde: bem-estar, de risco, real;
f) descritor: limitado ou especifica o significado do conceito diagnóstico;
g) topologia: parte/regiões do corpo e funções relacionadas.
Os 13 domínios e as 46 classes são apresentados no QUADRO 1. A
taxonomia possui um domínio extra chamado OUTRO, entendendo que poderá
haver novo domínio que ainda não foi descrito e poderá ser incluído nas próximas
edições.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
43
QUADRO 1
Domínios e Classes da Taxonomia II da NANDA, 2000
DOMÍNIOS
CLASSES
1 - Promoção à saúde Atenção à saúde e Gerenciamento à saúde
2 - Nutrição Ingestão, Digestão, Absorção, Metabolismo, Hidratação
3 - Eliminação Rins/bexiga, Intestino, Pele, Pulmões
4 - Atividade/repouso Sono/repouso, Atividade/exercício, Campo de energia,
Respostas cardiovasculares e pulmonares
5 - Percepção/cognição Atenção, Orientação, Cognição/percepção, Cognição,
Comunicação
6 - Auto-percepção Autoconceito, Auto-estima, Imagem corporal
7 - Relacionamento/papel Papel do cuidador, Relacionamento familiar,
Desempenho de papel
8 - Sexualidade Identidade sexual, Função sexual, Reprodução
9 - Coping/tolerância a stress Resposta pós-trauma, Coping, Stress
neurocomportamental
10 - Princípios de vida Valores, Crenças, Congruência entre valores e crenças
11- Segurança/proteção Infecção, Injúria física, Violência, Ameaças ambientais,
Respostas imunes, Termorregulação
12 - Conforto Conforto físico, Conforto ambiental, Conforto social
13 - Crescimento/desenvolvimento
Crescimento, Desenvolvimento
Fonte: MARIN, 2001, p. 26.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
44
3.3 Considerações gerais sobre o transplante hepático
“After extensive review and consideration of all available data,
this panel concludes that liver transplantation is a
therapeutic modality for endstage liver disease that
deserves broader application”.
National Institutes of Health Consensus Development Statement
7
Depois de uma extensa revisão de todos os dados disponíveis, este painel
conclui que o transplante de fígado é uma modalidade terapêutica
para doença hepática avançada a qual merece uma aplicação mais ampla (tradução nossa).
A partir deste pronunciamento de conclusão da memorável Conferência de
Consenso para o Desenvolvimento do Instituto Nacional de Saúde, em junho de
1983, nos EUA, o interesse no transplante hepático foi renovado em todo o mundo.
Mundialmente ocorre uma grande discrepância entre a demanda e o número
de enxertos disponibilizados para o transplante. Nos EUA, em 2004, havia mais de
17000 pacientes em lista de espera para transplante hepático e foram realizados
apenas 5845 transplantes de doador falecido (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005).
No Brasil, até dezembro de 2006, havia 7079 pacientes em lista de espera
para o mesmo procedimento e foram realizados cerca de 1205 transplantes
hepáticos. Esse quadro exige que se tenham critérios clínicos bem definidos para
distribuição dos órgãos e desenvolvimento de técnicas cirúrgicas para aumentar o
aproveitamento dos enxertos obtidos (RAIA; MIES, 1988; RBT, 2006).
# Pré-transplante
Todo candidato ao transplante hepático deve ser submetido a uma avaliação
7
NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH. Consensus Development Statement. Liver Transplantation.
Hepatology, v. 4, p. 1075, 1993. Supplementum 1.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
45
clínica multiprofissional acurada no período da indicação e do preparo para a
intervenção (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005; CASTRO; COELHO, 2004; RAIA;
MIES, 1988; SHERLOCK; DOOLEY, 2004). Essa etapa é fundamental para definir
se o paciente será capaz de sobreviver ao trans e pós-operatório imediato, se possui
condições psicossociais adequadas para submeter-se a uma rigorosa terapêutica
medicamentosa e ao acompanhamento ambulatorial prolongado no pós-transplante.
O Ministério da Saúde brasileiro publicou, em 29 de maio de 2006, a Portaria
de nº 1.160 estabelecendo critérios de distribuição de fígado de doador falecido para
transplante, baseado na gravidade do estado clínico do paciente (BRASIL, 2006). O
sistema adotado para aferir essa variável foi o Model for End-Stage Liver Disease
(MELD) e o Pediatric End-Stage Liver Disease (PELD), para crianças até 12 anos,
que é o modelo americano de alocação de órgãos, implantado nos EUA desde
fevereiro de 2002 (COOMBES; TROTTER, 2005; UNOS, 2007).
De acordo com o sistema adotado, a distribuição de fígado de doadores
falecidos para transplante se dará, além do critério da gravidade clínica; consideram-
se também a compatibilidade/identidade ABO; compatibilidade anatômica e por faixa
etária; critério de urgência e em situações especiais, previstas na referida lei
(BRASIL, 2006).
Castro e Coelho (2004) e Sherlock e Dooley (2004) listam as indicações ao
transplante hepático que, classicamente, podem ser subdivididas em cinco grupos,
com exemplificações de cada um como se segue:
a) doenças colestáticas: Atresia de vias biliares, Cirrose biliar primária e
secundária, Colangite esclerosante;
b) doenças da insuficiência hepatocelular: Cirroses (auto-imune, pelo vírus B,
C, D, alcoólica, medicamentosa, criptogênica);
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
46
c) doenças metabólicas: Hemocromatose, Tirosinemia, Glicogenoses,
Deficiência de alfa-1 antitripsina, Doença de Wilson;
d) vasculares: Síndrome Budd-Chiari, Doença veno-oclusiva;
e) neoplasias: Carcinoma hepatocelular (CHC) e tumores metastáticos
carcinóides.
Em crianças a indicação mais comum é a atresia biliar extra-hepática e em
segundo plano, os erros inatos do metabolismo (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005;
SCHIFF et al., 1999).
Para os mesmos autores, as contra-indicações ao transplante hepático se
relacionam com as co-morbidades existentes e são classificadas em absolutas ou
relativas, variando entre os centros transplantadores. As contra-indicações absolutas
incluem condições psicossociais tais como: uso de álcool em menos de seis meses;
uso de drogas ilícitas em menos de seis meses por pacientes com história de
drogadição; doença cardiopulmonar avançada; inabilidade de seguir o esquema de
imunossupressão; tumor maligno extra-hepático; septicemia incontrolável e
evidência de doença neurológica grave irreversível.
Como contra-indicações relativas têm-se: idade; cirurgias abdominais prévias;
desnutrição grave; obesidade severa; insuficiência renal (creatinina > 2mg/dl);
tumores hepatobiliares; trombose da veia porta e infecção pelo Vírus da
Imunodeficiência Adquirida (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005; RAIA; MIES, 1988).
# Captação do órgão
Para os mesmos autores, além do doador em morte encefálica, outras fontes
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
47
de órgão para transplante podem ser o doador vivo; o bebê com anencefalia e o
doador com coração “parado”. Quanto à utilização de órgãos de doador com
coração sem batimento existem alguns critérios dessa modalidade descritos na
literatura, que devem ser observados.
A classificação de Maastricht é utilizada pela Associação Brasileira de
Transplantes de Órgãos (ABTO) em suas diretrizes básicas para retirada e captação
de órgãos e tecidos. Segundo a mesma, só é possível utilizar doadores incluídos na
categoria IV, que são os potenciais doadores em morte encefálica que apresentam
uma parada cardiorrespiratória (FERRAZ et al., 2003). Fazendo uma avaliação
detalhada do doador, utilizando-se de métodos adequados de perfusão in situ e
resfriamento corporal e cumprindo-se o cronograma de atuação preconizado, é
possível um serviço de transplante aumentar sua captação de rim, por exemplo, em
12 a 20% (SCHLUMPF et al.; WIJNEN et al.
8
citado por FERRAZ et al., 2003).
Existem alguns critérios absolutos de exclusão de doador de órgãos que são
doenças infecciosas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana; ou outra infecção ativa
disseminada e invasiva por outro vírus; bactéria; fungo ou septicemia por germe
multirresistente; usuário habitual de drogas injetáveis; lesão hepática maligna ou
trauma hepático irreversíveis; doenças malignas à exceção dos tumores primários
do sistema nervoso central e carcinomas de pele ou cervical localizados (BUSUTTIL;
KLINTMALM, 2005; PEREIRA et al., 2004; RAIA; MIES, 1988).
8
SCHLUMPF, R. et al. Transplantation of kidneys from non-heart-beating donors: an update.
Transplantation Proceedings, v. 27, p. 2942-2949, 1995.
WIJNEN, R. M. et al. Retrospective analysis of the outcome of transplantation of non-hert-beating
donor kidneys. Transplantation Proceedings, v. 27, p. 2945-2946, 1995.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
48
É recomendado o cumprimento de um meticuloso protocolo de avaliação,
seleção e manutenção clínica do potencial doador, com vistas à obtenção de
enxertos de alta qualidade. Para doação específica de fígado, são aplicados os
critérios de idade 75 anos; dados antropométricos compatíveis com o potencial
receptor; provas de função hepática normais e ausência de etilismo (BUSUTTIL;
KLINTMALM, 2005; PEREIRA et al., 2004).
Ao concluir esta fase de seleção do potencial doador (FIGURA 1), incluindo o
cumprimento dos trâmites legais e técnicos para confirmação da morte encefálica, os
familiares são abordados com a perspectiva da doação de órgãos. Mediante o
consentimento pós-informado da família, devidamente registrado no prontuário do
potencial doador (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005; RAIA; MIES, 1988), o mesmo é
transferido, em geral, da terapia intensiva para o bloco cirúrgico e o(s) órgão(s) é
(são) removido(s) (FIGURA 2). Após o procedimento, o corpo é devidamente
recomposto e devolvido à família, conforme a exigência da Lei n° 9.434 de 4 de
fevereiro de 1997, Capítulo II, Da disposição post-mortem de tecidos, órgãos e
partes do corpo humano para fins de transplante. Em seu artigo 8° é determinado
que: ”Após a retirada de partes do corpo, o cadáver será condignamente recomposto
e entregue aos parentes do morto ou seus responsáveis legais, para sepultamento”
(BRASIL, 1997a, p. 3).
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
49
FIGURA 1 – Doador falecido FIGURA 2 – Incisão abdominal mediana
para retirada de múltiplos órgãos
Fonte: Fotos cedidas pelo Grupo de Transplante Hepático do HC-UFMG.
Técnicas de preservação de órgãos e, especialmente, as soluções de
conservação garantem enxertos de alta qualidade, com recuperação mais rápida da
função, baixos índices de disfunção ou falência primária do enxerto e a necessidade
de retransplantes é minimizada. Estas tecnologias permitem maior tempo para o
órgão ser transportado do local onde foi captado, até o centro transplantador e para
a cirurgia ex-vivo (FIGURA 3), quando o enxerto é preparado para o implante
(BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005; DUARTE et al., 2004; PEREIRA et al., 2004; RAIA;
MIES, 1988).
FIGURA 3 – Cirurgia ex-vivo
Fonte: Foto cedida pelo Grupo de Transplante
Hepático do HC-UFMG.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
50
# Abordagens cirúrgicas do receptor
Como regra geral, o fígado nativo é explantado (FIGURA 4) e na posição
ortotópica é implantado o enxerto (FIGURA 5) (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005;
PEREIRA et al., 2004).
FIGURA 4 – Fígado cirrótico FIGURA 5 – Enxerto hepático
Fonte: Fotos cedidas pelo Grupo de Transplante Hepático do HC-UFMG.
Os referidos autores afirmam que, devido à escassez de órgãos, técnicas
cirúrgicas foram desenvolvidas para expansão do número de doadores em potencial.
Para os receptores infantis, por exemplo, a discrepância entre a demanda e a oferta
de órgãos é ainda mais crítica. Diante dessa realidade, foram desenvolvidas
diferentes técnicas, como a de split-liver, quando o fígado de um doador é dividido
para dois receptores; e a hepatectomia parcial de um doador vivo, sendo utilizado
apenas uma porção do fígado para uma criança ou outro adulto.
Ao ser recebido na sala de cirurgia, o receptor é instalado na mesa de
operação, previamente forrada com um colchão térmico, e iniciam-se os
procedimentos de monitorização para o trans e pós-operatório imediato. São
instalados acessos venosos periféricos e um central, onde é passado um cateter de
Swan-ganz. A artéria radial esquerda é cateterizada para medida de pressão intra-
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
51
arterial. A cateterização gástrica e a vesical de demora são realizadas, e, também, a
monitorização cardíaca e oximetria de pulso. A indução anestésica e a intubação
são realizadas e instalada a placa neutra de eletrocautério. Com o objetivo de evitar
os riscos de lesão perioperatória de posicionamento e o de desequilíbrio na
temperatura corporal, são tomadas medidas de proteção, tais como: acolchoamento
e bandagens dos membros, das articulações, aplicação de impermeabilizantes na
cabeça, membros e abdome (DUARTE et al., 2004). Cumprida essa etapa inicia-se
a incisão abdominal clássica bisubcostal, casualmente com prolongamento até o
processo xifóide.
Os tempos cirúrgicos da cirurgia do receptor envolvem a hepatectomia,
quando se realiza a ressecção total do fígado nativo e suas ligaduras e as estruturas
vasculares são clampadas. A fase anepática vai desde o momento da interrupção do
fluxo sangüíneo ao fígado até a revascularização do enxerto e a reperfusão, quando
os vasos são religados. A anastomose vascular da veia cava no hospital, campo de
estudo, é feita rotineiramente segundo a técnica de Piggy-back (FIGURA 6).
Finalmente a via biliar é reconstituída e o novo órgão é irrigado. Ao final do
procedimento, dois drenos podem ser posicionados na loja cirúrgica, um supra e
outro infra-hepático ligados em um sistema fechado de aspiração positiva (FIGURA
7) (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005; PEREIRA et al., 2004).
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
52
FIGURA 6 - Técnica de Piggy-back FIGURA 7 - Receptor de enxerto hepático
Fonte: SAAD et al., 1998, p. 160. com um dreno aspirativo in situ
Fonte: Foto retirada pela pesquisadora.
# Pós-operatório
Ao término da cirurgia, o receptor é transferido, rotineiramente, no hospital
campo do estudo para o CTI. Após a estabilização hemodinâmica e ventilatória e a
constatação de início da função do enxerto, na ausência de complicações cirúrgicas
agudas, o paciente obtém alta do CTI e retorna para a UI-Tx. O período de
permanência nessa unidade é em torno de duas semanas. O enfoque assistencial
multiprofissional, neste período, envolve o ajuste do esquema imunossupressor
conforme evolução e resposta de cada paciente. A monitorização dos parâmetros da
função hepática, renal, hematológica, bioquímica do sangue e rastreamento de
possíveis sinais de infecção é ainda rigorosa. Também é cumprido um plano de
fisioterapia motora e respiratória, mediante demanda específica; além do suporte
emocional e psicoterápico para o paciente, na adaptação com o novo órgão e o
preparo para reestruturação da vida sócio-familiar. Uma satisfatória ingestão de
alimentos por via oral; boa evolução na cicatrização dos sítios cirúrgicos; ausência
de sinais de rejeição e infecção; perfusão tissular hepática e renal normais
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
53
constituem indicativos para a alta hospitalar (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005;
PEREIRA et al., 2004; RAIA; MIES, 1988).
O enfermeiro assistencial deve estar alerta para os diagnósticos e
intervenções de enfermagem nesta fase, de modo a alcançar os resultados
esperados concernentes ao atendimento das necessidades psicobiológicas,
psicossociais e psicoespirituais, com destaque a compreensão do regime terapêutico
pós-transplante. A educação em saúde, nesse período, deve ser então enfatizada,
com abordagem multidisciplinar. O suporte da família e da comunidade devem ser
potencializados e otimizados para o cliente administrar ou controlar as tarefas
adaptativas relacionadas ao seu desafio de saúde (NANDA, 2006).
MATERIAL
E
MÉTODOS
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
55
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Tipo de estudo
Este estudo é descritivo, quantitativo, exploratório e retrospectivo. As
pesquisas descritivas, segundo Gil (1999), têm como objetivo principal a descrição
das características de uma determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relação entre variáveis. E as pesquisas exploratórias são
desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, do tipo aproximativo,
acerca de um determinado fato. E ainda o estudo exploratório, segundo Triviños
(2001), permite ao investigador aumentar sua experiência a respeito de um
determinado problema.
Com a finalidade de obter uma maior aproximação com os diagnósticos de
enfermagem para descrever da melhor forma suas características definidoras e
possibilitar então o delineamento do perfil diagnóstico de enfermagem dos pacientes
de transplante hepático, na Unidade de Internação, optamos por esse tipo de
estudo, utilizando-se de fontes de dados secundários da própria instituição.
4.2 Local
O estudo foi desenvolvido na Unidade de Transplantes de um hospital de
ensino, de grande porte, da cidade de Belo Horizonte em Minas Gerais, Brasil. Como
citado, esta Unidade foi criada para atender a pacientes para transplante de medula
óssea, de fígado e de rim. Em 2002, o serviço passou a atender também à demanda
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
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de pacientes para transplantes de pulmão e, em dezembro de 2005, de pâncreas e,
em 2006, os de coração.
O GRÁFICO 1 apresenta o número de transplantes hepáticos já realizados no
HC-UFMG, desde o início do programa no ano de 1994 e no ano de dezembro de
2005.
0
20
40
60
80
100
120
Procedimentos
realizados
1994-
1995
1996-
1997
1998-
1999
2000-
2001
2002-
2003
2004-
2005
Período
Observa-se uma crescente incidência desses transplantes, no hospital campo
do estudo. No ano de 2004, foram realizados 63 transplantes e até 30 de março de
2007, já haviam sido realizados um total de 424 transplantes de fígado (GRUPO DE
TRANSPLANTE HEPÁTICO DO HC-UFMG, 1994-2007)
9
.
4.3 População / amostra
Foram utilizados todos os históricos e registros de enfermagem dos 64
pacientes transplantados de fígado no HC-UFMG, no período de 1º de setembro de
2005 a 30 de setembro de 2006.
9
Mensagem recebida por: Agnaldo Soares Lima (agn[email protected]). Em 15 Abril 2007.
GRÁFICO 1 - Distribuição dos transplantes de fígado por biênio,
no HC-UFMG. Belo Horizonte. 1994-2005
Fonte: GRUPO DE TRANSPLANTE HEPÁTICO DO HC-UFMG
(
1994-2005
)
9
.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
57
Considerando os critérios de exclusão: menores de 18 anos (9), pacientes
que se submeteram ao retransplante (5) e os que faleceram no CTI (7), a amostra
constou de 43 prontuários de pacientes no pós-operatório na Unidade de
Transplantes. Para análise dos diagnósticos de enfermagem, a amostra foi
constituída dos 35 prontuários dos pacientes que permaneceram até 22 dias na
unidade de internação.
4.4 Coleta de dados
Foram utilizados todos os Históricos de Enfermagem e os registros da equipe
multiprofissional nos prontuários dos pacientes adultos de transplante hepático,
quando eles retornam do CTI para a Unidade de Internação, até a alta.
Os dados compilados foram registrados em um formulário constando itens
para identificação do paciente, registros de problemas de enfermagem, identificação
dos títulos diagnóstico e fatores relacionados (APÊNDICE B).
Este trabalho contou com a participação de bolsistas que foram treinados e
supervisionados na coleta de dados.
4.5 Tratamento e análise dos dados
A análise dos dados foi feita através da estatística descritiva e os resultados
discutidos com base no referencial teórico da literatura específica das Necessidades
Humanas e Básicas de Wanda Aguiar Horta (HORTA, 1979) e na classificação dos
diagnósticos de enfermagem da NANDA (2006). Os resultados foram analisados e
apresentados em quadros e tabelas.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
58
Para a confirmação diagnóstica, foram utilizadas estratégias de análise das
situações clínicas junto com acadêmicos de enfermagem, docente da EEUFMG,
enfermeiros da UI-Tx e do Grupo de Transplante Hepático, além de contar com a
ampla vivência clínico-assistencial da orientadora.
4.6 Aspectos ético-legais
A ética perpassa todas as esferas da existência humana. Na medida em que
se avança no desenvolvimento humano, novas questões ético-legais surgem. Por
isto está havendo um crescente interesse em compreender melhor essas questões e
a influência que exercem na práxis.
Na área da saúde, com a sofisticação tecnológica, pode-se prolongar a vida.
Vivendo em um país em desenvolvimento, os dilemas e controvérsias são ainda
mais sérios, envolvendo novas tecnologias, demanda de cuidados da população,
recursos disponíveis e priorização de investimentos. Os avanços tecnológicos que
prolongam a vida por meio do transplante de um órgão ou tecido, por exemplo,
podem melhorar a qualidade de vida de uns e aumentar o sofrimento de outros sob
um elevado custo.
Existem algumas teorias gerais clássicas da ética que se aplicam ao campo
da enfermagem, como por exemplo, a utilitária, que se baseia em proporcionar o
bem maior para o maior número e a deontológica que leva o profissional a basear
suas ações no princípio moral primário (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
A autonomia, a beneficiência, a confidência, o efeito duplo (equilíbrio entre o
bem e o mau), fidelidade, justiça, não-maleficência, paternalismo, respeito pelas
pessoas, veracidade e a vida como o bem maior são princípios éticos comuns
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
59
aplicáveis à enfermagem, que estão previstos no Código de Ética dos Profissionais
de Enfermagem, Resolução COFEN nº 240/2000, que foram respeitados em toda a
trajetória desta pesquisa (COFEN, 2000).
Com a expansão da atividade de transplantes no Brasil e no mundo, existem
vários aspectos ético-legais sendo discutidos, especialmente os que envolvem a
doação de órgãos e tecidos. O Ministério da Saúde regulamentou esta prática em
todo o Brasil, com documentos específicos em cujas prerrogativas são organizados
todos os serviços de transplantes inclusive o do hospital, campo do estudo. São
elas: Lei dos Transplantes n° 10.211 de 23 de março de 2001 que altera os
dispositivos da Lei n° 9.434/1997 que trata da Remoção de Órgãos, Tecidos e
Partes do Corpo Humano para fins de Transplante e Tratamento e a
Regulamentação da lei n° 9.434/1997 pelo Decreto n° 2.268 de 30 junho de 1997
(BRASIL, 1997a, b, 2001). Para fins desta pesquisa foram observados também os
princípios que regem as pesquisas que envolvem seres humanos previstos na
Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).
Este trabalho foi aprovado pela Câmara Departamental da Escola de
Enfermagem da UFMG (ANEXO A), Vice-Diretoria Técnica de Enfermagem (ANEXO
B), Diretoria de Ensino e Pesquisa (DEPE) do HC-UFMG (ANEXO C) e Comitê de
Ética em Pesquisa da UFMG (ANEXO D), garantindo o aspecto confidencial das
informações relativas ao paciente.
RESULTADOS
E
DISCUSSÃO
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
61
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atendendo aos objetivos do estudo, os resultados estão apresentados e
discutidos na seguinte ordem:
a) características demográficas;
b) características epidemiológicas;
c) diagnósticos de enfermagem.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
62
5.1 Características demográficas
O estudo foi desenvolvido, utilizando-se de dados dos prontuários de 43
pacientes em pós-operatório de transplante hepático. A distribuição dos pacientes,
de acordo com as variáveis demográficas, está apresentada na FIGURA 8.
FIGURA 8 – Distribuição de pacientes transplantados de fígado no HC-UFMG, segundo
características demográficas. Belo Horizonte. 2005-2006
Fonte: Prontuários dos pacientes pesquisados.
Quanto à idade, os pacientes submetidos ao transplante hepático, no período
estudado, tinham entre 18 e 71 anos. A média de idade foi de 52 anos. A maioria
IDADE (anos)
N %
18-30 2 4,6
31-45 7 16,3
46-55 14 32,6
56-71 20 46,5
ESTADO CIVIL
N %
Casado 34 79,1
Solteiro 4 9,3
Viúvo 3 7,0
Divorc. 2 4,6
Belo
Horizonte,
2005-2006
Perfil demográfico de
pacientes de transplante
hepático do HC-UFMG
RELIGIÃO
N %
Católico 27 62,8
Evang. 7 16,3
Kardec. 5 11,6
Outros 4 9
,
3
PROCEDÊNCIA
N %
Gde BH 11 25,6
Interior MG 20 46,5
Outros 12 27,9
OCUPAÇÃO
N %
Autôn. 18 41,9
N. méd. 6 13,9
Liberal 13 30,3
Adm. 6 13,9
COR
N %
Leuco. 25 58,1
Faio 16 37,3
Melano 2 4,6
ESCOLARIDADE
N %
Fund. I 8 18,6
Fund. II 8 18,6
Médio 12 27,9
Superior 15 34,9
SEXO
N %
Masc. 28 65,0
Fem. 15 35,0
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
63
deles (79,1%) tinha acima de 46 anos.
No Brasil, em 2006, foram realizados 1025 transplantes de fígado e dentre
eles 506 (49,4%) tinham acima de 41 anos e 133 (13,0%) tinham mais de 61 anos
(RBT, 2006).
Alguns autores afirmam que a idade, por si só, não deve ser uma contra-
indicação para o transplante e que os resultados do procedimento estão diretamente
relacionados ao estado clínico geral do paciente na época da realização do mesmo.
Um paciente adulto, portador de cirrose, terá 80,0% de chance de sobrevida em 5
anos de transplante, sendo que, entre os maiores de 65 anos, este índice é
substancialmente menor (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005; CASTRO; COELHO,
2004; SHERLOCK; DOOLEY, 2004).
Sanfey (2005) afirma que o gênero do doador e do receptor afeta a
sobrevivência do enxerto e do paciente após o transplante. Sugere ainda que os
protocolos clínicos devam prever as doenças específicas do gênero, as diferenças
hormonais e imunológicas, com o objetivo de melhorar os resultados do transplante.
Neste estudo, a maioria dos pacientes (65,1%) era do sexo masculino.
Estudos comprovam uma relação da raça com doenças do fígado. Autores
afirmam que a hemocromatose ocorre mais na raça branca e o CHC acomete mais
os africanos e asiáticos. E quanto às cirroses virais, a etnia é considerada irrelevante
(CASTRO; COELHO, 2004; SHERLOCK; DOOLEY, 2004). Pyrsopoulos e Jeffers
(2005), no entanto, descreveram uma maior prevalência de infecções por hepatite C
em afro-americanos comparados com caucasianos e hispanos. Na população
estudada, foram encontrados 58,1% dos pacientes leucodermas, embora não tenha
sido objetivo deste estudo relacionar a raça dos pacientes com as doenças de base.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
64
Na população estudada, houve uma maior prevalência de pessoas casadas.
Do ponto de vista epidemiológico, o estado civil não é relevante para o estudo das
doenças de base que indicam o transplante hepático. Entretanto, visualizando a
família como unidade de cuidado, o conhecimento sobre a estrutura e forma de
organização desta família é fundamental. Estudiosos são enfáticos ao dizer que a
família é uma das forças que o paciente possui e esta se organiza para o
enfrentamento de seus desafios de saúde (ELSEN, 2002; WRIGHT; LEAHEY, 2002).
A estrutura sócio-familiar é comumente apontada na literatura específica do
transplante, como um dos itens que compõe o protocolo de avaliação do candidato,
pois a adequação da mesma é um dos indicadores de sucesso do procedimento a
longo prazo (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005; KUNDER, 2005; PEREIRA et al., 2004;
RAIA; MIES, 1988).
Na população estudada, 34,9% têm o nível superior de escolaridade, seguida
pelo nível médio. Considerando o Censo do ano de 2000 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2000), os níveis de escolaridade da população
estudada é uma pirâmide inversa ao da população geral do estado de Minas Gerais.
Neste, o Ensino Fundamental I e II são predominantes, seguidos pelo médio e
superior.
Dentre os 43 pacientes estudados, a maioria (18 - 41,9%) exercia atividade
autônoma de nível elementar - atividade que não exige formação técnica e é
exercida sem vínculo empregatício formal. Esse achado parece discrepante daquele
encontrado em relação ao nível de escolaridade do grupo estudado. Foi observado,
porém, pacientes do sexo feminino que tinham o 3º grau completo e exerciam,
essencialmente, atividades do lar.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
65
O segundo maior percentual (30,2%) era de profissionais liberais seguidos
pelos que ocupavam função administrativa. A ocupação deve ser incluída na
anamnese de pacientes com disfunção hepática. Devem-se investigar os
trabalhadores em áreas endêmicas para determinados vírus; a exposição
ocupacional a agentes hepatotóxicos, como o solvente 2-nitropropano, que pode
causar a hepatite fulminante, classificada como uma das urgências para o
transplante hepático (CASTRO; COELHO, 2004; SHERLOCK; DOOLEY, 2004).
Os mesmos autores caracterizaram algumas profissões de risco que foram
identificadas na população em estudo: manicure e profissional da saúde. Pelo
tamanho da amostra e a limitação desse estudo, uma análise da correlação entre as
doenças de base que indicavam o transplante e a ocupação dos pacientes não é
aplicável.
Quanto à procedência, a maioria dos pacientes (46,5%) era do interior do
estado de Minas Gerais. Os demais procedem da Grande Belo Horizonte e de outros
estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco e Distrito
Federal).
A política do Sistema Nacional de Transplantes preconiza que cada Central
de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) deve atender,
prioritariamente, à região demográfica pré-estabelecida. O paciente, entretanto, tem
a liberdade de se inscrever em qualquer centro de transplante que desejar, não
sendo permitida a inserção simultânea em dois ou mais centros. Segundo o RBT
(2006), a demanda de órgãos para transplante é muito superior ao real número de
órgãos captados e transplantes realizados, como é a realidade também da Europa e
dos EUA (GARCIA et al., 2006; SAAB; BUSUTTIL, 2003; SANFEY, 2005). Em
regiões mais populosas como São Paulo e Rio de Janeiro, a lista de espera aumenta
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
66
a cada ano e o potencial para transplante cresce em menor proporção. Desta forma,
o MG - Transplantes tem sido alvo de pacientes desses estados mais populosos,
com vistas à antecipação do procedimento, uma vez que a lista de espera para um
enxerto hepático, do estado de Minas Gerais é bem menor, comparando às de São
Paulo e Rio de Janeiro (RBT, 2006). Outro agravante, em relação a este tipo de
transplante, é que alguns estados brasileiros ainda não possuem hospitais
credenciados para realizar o procedimento, ou o serviço ainda é incipiente. Isto
também justifica a saída de pacientes desses estados para outros, com maior tempo
de implantação do programa.
No que se refere à religião, as categorias identificadas coincidiram com as
principais incidentes na população brasileira, conforme o Censo do IBGE (2000).
Entre os pacientes estudados, a maioria (27 - 62,7%) era católica, coerente com a
realidade da população brasileira. Na categoria Outros, foram englobados os
“budistas” e os “sem religião”. A informação sobre a religião de uma família ajuda ao
enfermeiro que cuida da mesma, a conhecer o sistema de valores, crenças,
conhecimentos e práticas que norteiam as ações da mesma, inclusive com relação à
promoção da saúde de seus membros (ELSEN, 2002).
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
67
5.2 Características epidemiológicas
Para o perfil epidemiológico dos pacientes pesquisados foram utilizadas as
seguintes categorias: doenças de base que indicaram o transplante; as co-
morbidades; o grupo sanguíneo: A, B, O, AB; o tempo de internação hospitalar no
pós-operatório.
As doenças de base que indicaram o transplante dos pacientes estão
apresentadas na TABELA 1.
TABELA 1
Distribuição dos pacientes transplantados de fígado no HC-UFMG,
segundo a doença de base. Belo Horizonte. 2005-2006
Fonte: Prontuários dos pacientes pesquisados.
Cirroses de diferentes etiologias constituíram a maioria (39 - 90,7%) das
entidades mórbidas que indicaram o transplante hepático. Fato este que é
corroborado por outros estudos (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005; CASTRO;
COELHO, 2004; RAIA; MIES, 1988; SHERLOCK; DOOLEY, 2004). Entre os
DOENÇAS DE BASE N %
Cirrose vírus C 8 18,6
Cirrose vírus C e Hepatocarcinoma 8 18,6
Cirrose criptogênica 7 16,3
Cirrose etanólica 5 11,6
Cirrose auto-imune 3 7,0
Cirrose biliar primária 3 7,0
Cirrose etanólica + vírus C 3 7,0
Cirrose medicamentosa 1 2,3
Glicogenose tipo I 1 2,3
Colangiopatia auto-imune 1 2,3
Hemocromatose 1 2,3
Colangite esclerosante primária 1 2,3
Metástase hepática Tu carcinóide 1 2,3
Total 43 100,0
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
68
pacientes houve uma prevalência da infecção pelo vírus C (24 - 61,5%). Dentre
estes 19 (44,2%) eram do sexo masculino, condizente com a literatura. A UNOS
registrou em 2002 que 44,0% dos receptores de transplante hepático eram
portadores do vírus C e essa infecção ainda é a responsável pela maior indicação ao
procedimento (WALL; KHAKHAR, 2003).
Outros tipos de cirrose foram identificados segundo a etiologia, quais sejam:
etanólica, auto-imune, biliar primária, medicamentosa e criptogênica (causa
indeterminada). Existe uma vasta literatura que versa sobre as hepatopatias que
causam cirrose. Embora sejam de diferentes causas, o quadro clínico e suas
complicações são similares. Um diagnóstico preciso quanto à etiologia é
fundamental, pois influi na escolha do tratamento, previsão do prognóstico e os
resultados do transplante.
Dada a prevalência do vírus C e B no hepatopata crônico, a realização do
exame sorológico é importante para afastar a hipótese de infecção por estes vírus. O
índice de recidiva da infecção pós-transplante está em torno de 80,0%, com caráter
mais benigno do que em relação às infecções pelos outros vírus. Um estudo
realizado no HC-UFMG, por Menezes (2006) identificou o índice de recidiva de
infecção pelo Vírus C de 50,0%, nos pacientes biopsiados, com mais de 12 meses
após o transplante.
Outra doença de base encontrada nesta população, com elevada incidência
(8 - 18,6%), foi a cirrose etanólica. Dentre as doenças hepáticas, é a principal causa
de morbimortalidade (CASTRO; COELHO, 2004). A lesão hepática etanólica está
diretamente relacionada ao volume e tempo de consumo do álcool, mas não tem
relação com o tipo de bebida, e, sim, com seu teor alcoólico. Estudos mostram que
cerca de 20,0% dos portadores de cirrose etanólica consumiram cerca de 160g/dia
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
69
por 8 a 10 anos de algum tipo de bebida alcoólica (CASTRO; COELHO, 2004;
SHERLOCK; DOOLEY, 2004).
A Hepatite auto-imune é descrita como uma doença crônica de origem
desconhecida que destrói progressivamente o parênquima hepático. Acomete
predominantemente as mulheres de todas as idades, com maior incidência naquelas
de cor branca e amarela, pois há uma associação dupla com 2 tipos de HLA
(CASTRO; COELHO, 2004). Somente nos casos em que o paciente não responde
ao tratamento clínico da hepatite e evolui para uma cirrose avançada, o transplante
hepático está indicado.
A cirrose biliar primária é descrita na literatura como de causa desconhecida e
caracterizada pela destruição progressiva dos ductos biliares intra-hepáticos
(CASTRO; COELHO, 2004; SHERLOCK; DOOLEY, 2004). A sintomatologia clássica
dessa entidade mórbida se manifesta majoritariamente em mulheres, com prurido
generalizado e icterícia, que podem ser precipitados em período gravídico, pelo uso
de antibióticos ou anticoncepcionais orais.
O emagrecimento, a fadiga, os xantomas e xantelasmas podem ocorrer
tardiamente. Hemorragia digestiva, ascite, artralgias são manifestações da fase mais
avançada da doença. A literatura afirma, entretanto, que cerca de 15,0% dos
pacientes são assintomáticos e sobrevivem por 10 anos. A indicação de transplante,
segundo alguns autores, não deve ser adiada para a fase final da doença. A
sobrevida em 1 ano, após o procedimento, é de cerca de 85,0% (BUSUTTIL;
KLINTMALM, 2005; CASTRO; COELHO, 2004; PEREIRA et al., 2004; RAIA; MIES,
1988; SHERLOCK; DOOLEY, 2004).
A cirrose biliar primária conduz à falência hepática e a uma qualidade de vida
inaceitável. Neste estágio a opção terapêutica remanescente é a substituição do
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
70
órgão. Segundo dados da UNOS, 8,0% dos pacientes transplantados de fígado
tiveram como indicação do transplante a cirrose biliar primária (NEUBERGER,
2003), que é semelhante ao encontrado neste estudo (7,0%).
Diversas drogas podem ser hepatotóxicas dependendo da interação entre
absorção, fatores ambientais e genéticos, podendo evoluir para uma cirrose
medicamentosa (CASTRO; COELHO, 2004; SHERLOCK; DOOLEY, 2004). Na
população estudada, foi identificado um paciente com essa entidade mórbida
causada pelo uso de metotrexato para tratamento de Psoríase por mais de 12 anos.
Sherlock e Dooley (2004) afirmam que um metabólito tóxico do metotrexato
microssomal causa a fibrose e, conseqüentemente, a cirrose. Segundo os mesmos
autores, até 15 mg da substância por semana parece não configurar risco de
desenvolver a doença. O transplante hepático está indicado para os casos mais
graves (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005; CASTRO; COELHO, 2004; SHERLOCK;
DOOLEY, 2004).
O CHC está entre 80,0 a 90,0% dos cânceres hepáticos primários. E oitenta e
nove por cento dos pacientes com a doença possuem algum tipo de cirrose viral ou
alcoólica. Na América do Sul, de dois a cinco, em cada 100000 habitantes, são
portadores de CHC. Clinicamente os pacientes se apresentam com massa palpável
no fígado, com dor abdominal e piora do estado geral daqueles que são também
portadores de sinais clássicos de disfunção hepática crônica, tais como: ascite,
icterícia e esplenomegalia. O transplante está indicado para pacientes com tumor
único menor ou igual a 5 cm de diâmetro, ou com até 3 nódulos de 3 cm cada. Em
dois anos a sobrevida é de 50,0% e a das condições não-malignas é de cerca de
80,0% (CASTRO; COELHO, 2004; SHERLOCK; DOOLEY, 2004).
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
71
Na população estudada, uma paciente (2,3%) era portadora de metástase
hepática de um tumor carcinóide, sendo o foco primário o cólon. Sherlock e Dooley
(2004) relatam que metade dos cânceres originados do estômago, mama, pulmões e
cólon possuem tropismo para o fígado. A metástase hepática de um tumor
carcinóide também surge na literatura como boa indicação ao transplante de fígado.
A sobrevida, em cinco anos para pacientes com esta condição clínica que se
submete ao transplante hepático, é de 69,0% (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005).
Com relação à colangiopatia auto-imune, caracteriza-se como uma variação
da cirrose biliar primária, sem os marcadores sorológicos mais importantes que são
o anticorpo antimitocôndria e antigênicos. Essa doença se insere dentre as
colestáticas, que indicam o transplante hepático (CASTRO; COELHO, 2004;
SHERLOCK; DOOLEY, 2004).
A glicogenose tipo 1 é descrita por McDiarmid (2005) como uma alteração
autossômica recessiva causada pela deficiência de glicose 6-fosfatase. As principais
manifestações clínicas são hepatomegalia, hipoglicemia, associada à convulsão,
acidose lática e distúrbio no crescimento. Diante desses riscos, o transplante
hepático é bem indicado, com relatos na literatura de normalização do metabolismo,
recuperação do ritmo de crescimento e melhora da qualidade de vida (FERRAZ et
al., 2003).
A hemocromatose é uma condição clínica caracterizada pela alta
concentração do ferro hepático, podendo ser de causa hereditária ou adquirida. A
doença é referida como de acometimento raro e constitui também uma das
indicações incomuns ao transplante. Manifesta-se mais em indivíduos da raça
branca, do sexo masculino. É uma doença sistêmica que ataca vários órgãos
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
72
podendo causar alterações endócrinas, cardíacas e na cor da pele (SHERLOCK;
DOOLEY, 2004).
No fígado, o depósito aumentado de ferro nos hepatócitos, nas células de
Kupffer e dos ductos biliares altera a síntese do colágeno, provocando
desenvolvimento de fibrose e conseqüentemente a cirrose, numa fase mais
avançada da doença (CASTRO; COELHO, 2004; SHERLOCK; DOOLEY, 2004).
Não só o conhecimento das doenças de base, mas também os das co-
morbidades apresentadas pelo paciente, são fundamentais para o enfermeiro clínico
de transplantes para a elaboração dos diagnósticos de enfermagem e
estabelecimento das intervenções. As co-morbidades mais incidentes na população
estudada, identificadas no pré-transplante foram Hipertensão Arterial (23,3%),
Diabetes Mellitus Tipo 2 (20,9%), Esquistossomose (9,3%), Trombose Portal Parcial
(4,7%) e Asma Brônquica (4,7%).
A incompatibilidade ABO doador-receptor de transplante hepático é
responsável por uma pior sobrevida, principalmente em pacientes adultos, não
sendo recomendado o transplante entre indivíduos hetero grupos. Dessa forma, um
dos critérios de inclusão do candidato em lista de espera é a classificação do grupo
sanguíneo (GARCIA et al., 2006).
Dentre os 43 pacientes estudados, a maior demanda de enxertos para
transplantes foi de doadores do grupo A (24 - 55,8%), seguidos pelos do grupo O
(11 - 25,6%), do grupo B (6 - 13,9%) e sendo apenas 2 do grupo AB (4,6%),
conforme demonstrado no GRÁFICO 2.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
73
55,8
25,6
13,9
4,6
0
10
20
30
40
50
60
Percentual (%)
AOBAB
Grupo sangüíneo
GRÁFICO 2 - Distribuição dos grupos sanguíneos ABO entre
os pacientes transplantados de fígado.
Belo Horizonte. 2005-2006
Fonte: Prontuários dos pacientes pesquisados.
Quanto ao tempo de hospitalização dos pacientes no pós-operatório de
transplante de fígado, foi considerada a permanência na Terapia Intensiva e na
Unidade de Internação até a alta hospitalar. Os dados estão apresentados na
TABELA 2.
TABELA 2
Tempo de hospitalização dos pacientes no pós-transplante hepático
no HC-UFMG. Belo Horizonte. 2005-2006
Tempo no
CTI (dias)
N % Tempo na
UI-Tx (dias)
N % DPO/alta N %
1 - 3 29 67,4 1-8 16 37,2 6 - 12 17 39,5
4 - 7 8 18,6 9-15 15 34,9 13 - 19 11 25,6
8 - 11 1 2,3 16-22 4 9,3 20 - 26 4 9,3
12 - 15
2
4,7
23-29
6 13,9 27 - 33 7
16,3
16 3 7,0 30 2 4,7 34 4 9,3
Total 43 100,0 .. 43 100,0 .. 43 100,0
Fonte: Prontuários dos pacientes pesquisados.
A alta hospitalar mais precoce ocorreu no 6° e a mais tardia, no 202° dia pós-
operatório (DPO) de transplante. Excluindo a paciente que teve um período de
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
74
hospitalização total pós-transplante de 202 dias, a média geral de tempo de
hospitalização foi de 17,6 e a mediana foi de 15 dias. Esse resultado está de acordo
com outros centros de transplante, a exemplo de Pittsburgh, nos EUA, onde o
paciente tem um período variável de internação, obtendo alta por volta da segunda
ou terceira semana pós-transplante (BUSUTTIL; KLINTMALM, 2005).
No Hospital da Escola de Medicina da Universidade do Colorado, 40,0% dos
pacientes são encaminhados diretamente para a unidade de internação, sem passar
pelo CTI conforme critérios de avaliação pré-estabelecidos durante o trans-
operatório. Esses têm alta hospitalar em 7 a 12 dias pós-transplante. Os demais
pacientes, naquele serviço, são enviados do centro cirúrgico para o CTI e a média
de permanência na terapia intensiva é de 1 a 7 dias (EVERSON; KAM, 2001).
No HC-UFMG, campo deste estudo, todos os pacientes são encaminhados no
pós-operatório imediato à Unidade de Terapia Intensiva com média de permanência
de 4,3 dias e mediana de 2.
No Brasil, Mies et al. (2005) realizaram estudos após a implantação do critério
MELD para a gravidade dos pacientes e evolução pós-transplante. Dentre as
principais conclusões destacam-se as seguintes: quanto maior o escore MELD de
gravidade maior é o número de complicações pós-transplante e, conseqüentemente,
maior é o tempo de permanência no CTI e o tempo total de hospitalização. Para os
pacientes com MELD entre 6-14, o período de hospitalização foi 14,1 dias, a
mediana e entre os escores 25-34 foi de 22,3 dias.
Na população pesquisada, a média geral de permanência na unidade de
internação foi de 13 dias aproximadamente, e a mediana de 10. Estes resultados
foram obtidos com exclusão da paciente que permaneceu 188 dias na UI-Tx. A
maioria absoluta 35 (81,4%) dos pacientes pesquisados permaneceu até 22 dias.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
75
Pela representatividade desse grupo de pacientes optamos por analisar os
diagnósticos de enfermagem do mesmo, para traçar o perfil diagnóstico de
enfermagem da população estudada.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
76
5.3 Diagnósticos de enfermagem
Na população estudada foram identificados 55 diagnósticos de enfermagem,
23 classes e 10 domínios, que estão agrupados no QUADRO 2, de acordo com a
taxonomia II da NANDA (2006).
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
77
QUADRO 2
Títulos diagnósticos de enfermagem de pacientes transplantados de fígado no HC-UFMG agrupados
conforme suas classes e seus domínios de acordo com a taxonomia II da NANDA
(Continua)
Nota: os números entre parênteses referem-se ao número da classe ou do domínio conforme Taxonomia II NANDA (2006).
- Eliminação urinária prejudicada
- Risco de incontinência urinária de
urgência
- Incontinência intestinal
- Diarréia
- Constipação
- Risco de constipação
- Troca de gases prejudicada
- Desobstrução ineficaz de vias
aéreas
- Padrão respiratório ineficaz
- Risco de aspiração
- Padrão de sono perturbado
- Mobilidade física prejudicada
- Capacidade de transferência
prejudicada
- Deambulação prejudicada
- Fadiga
Respostas
cardiovasculares/
pulmonares (4)
- Intolerância à atividade
- Risco de intolerância à atividade
- Perfusão tissular ineficaz
TÍTULOS
DIAGNÓSTICOS DE
ENFERMAGEM
CLASSES
DOMÍNIOS
- Deglutição prejudicada
- Nutrição desequilibrada: mais do
que as necessidades do corpo
- Nutrição desequilibrada: menos do
que as necessidades do corpo
Ingestão (1)
- Volume de líquidos deficiente
- Risco para volume de líquidos
deficiente
- Volume excessivo de líquidos
Hidratação (5)
Nutrição (2)
Função urinária (1)
Função gastrintestinal (2)
Eliminação e trocas (3)
Função respiratória (4)
Sono/repouso (1)
Atividade/exercício (2)
Equilíbrio e energia (3)
Atividade/repouso (4)
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
78
QUADRO 2
Títulos diagnósticos de enfermagem de pacientes transplantados de fígado no HC-UFMG agrupados
conforme suas classes e seus domínios de acordo com a taxonomia II da NANDA
(Continua)
Sensação/percepção (3)
Cognição (4)
- Conhecimento deficiente quanto
aos cuidados pós-transplante
- Disposição para conhecimento
aumentado quanto aos cuidados
pós-transplante
- Confusão aguda
- Comunicação verbal prejudicada
- Baixa auto-estima situacional
- Disfunção sexual
Enfrentamento/tolerância
ao estresse (9)
Resposta pós-trauma (1)
- Risco de síndrome de estresse por
mudança
Resposta ao
enfrentamento (2)
- Ansiedade
TÍTULOS
DIAGNÓSTICOS DE
ENFERMAGEM
CLASSES
DOMÍNIOS
- Déficit no autocuidado para vestir-
se
- Déficit no autocuidado para
banho/higiene
- Déficit no autocuidado para
alimentação
- Déficit no autocuidado para
higiene íntima
Autocuidado (5) Atividade/repouso (4)
- Percepção sensorial auditiva, tátil
e visual perturbada
Percepção/Cognição (5)
Comunicação (5)
- Distúrbio da imagem corporal
Auto-estima (2)
Imagem corporal (3)
Autopercepção (6)
Função sexual (2) Sexualidade (8)
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
79
QUADRO 2
Títulos diagnósticos de enfermagem de pacientes transplantados de fígado no HC-UFMG agrupados
conforme suas classes e seus domínios de acordo com a taxonomia II da NANDA
(Conclusão)
Fonte: NANDA, 2006, p. 262-270.
Nos seguintes domínios e classes, inseridos na estrutura da taxonomia II da
NANDA, não foram identificados registros que caracterizassem algum diagnóstico de
enfermagem, na população pesquisada: Domínio 2 - Nutrição; Classe 2 - Digestão;
Classe 3 - Absorção; Classe 4 - Metabolismo. Domínio 7 - Relacionamentos de
papéis; Classe 1 - Papéis do cuidador; Classe 2 - Relações familiares; Classe 3 -
Desempenho de papel. Domínio 13 - Crescimento e Desenvolvimento. Para os
Princípios de vida (10)
Congruência entre
valores/crenças/ações (3)
- Risco de religiosidade prejudicada
- Disposição para religiosidade
aumentada
Segurança/proteção (11)
Infecção (1) - Risco de infecção
Lesão física (2)
- Desobstrução ineficaz de vias
aéreas
- Mucosa oral prejudicada
- Risco de quedas
- Integridade tissular prejudicada
- Risco de aspiração
Termorregulação (6)
- Risco de desequilíbrio na
temperatura corporal
- Hipertermia
Conforto (12) Conforto físico (1)
- Dor aguda
- Dor crônica
- Náusea
TÍTULOS
DIAGNÓSTICOS DE
ENFERMAGEM
CLASSES
DOMÍNIOS
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
80
mesmos justificam-se alguns comentários.
Com relação ao Domínio Nutrição, ainda não há diagnósticos aprovados pelo
comitê da NANDA, referentes às Classes 2 - Digestão, 3 - Absorção e 4 -
Metabolismo. Especificamente, os pacientes cujo fígado, órgão vital relacionado a
esses três processos fisiológicos, é um enxerto recém-implantado, pode-se
apresentar com inadequação de função. Esse seria, pelo menos, um problema
colaborativo de enfermagem
10
ou fator de risco para diagnósticos de enfermagem
relacionados à nutrição desses pacientes.
Com relação ao Domínio 13, referente ao crescimento e desenvolvimento
com suas respectivas classes, não foram identificados na população estudada por
ser esta constituída apenas de adultos. A indicação, entretanto, do transplante
hepático para crianças e adolescentes está claramente definida, principalmente em
casos de atresia de vias biliares e os erros inatos do metabolismo (CASTRO;
COELHO, 2004; McDIARMID, 2005). Num estudo envolvendo indivíduos de faixas
etárias menores, submetidos ao mesmo procedimento terapêutico, poder-se-ia
identificar déficits na capacidade de desempenhar tarefas de sua faixa etária e
crescimento prejudicado (NANDA, 2006).
E ainda podemos inferir que as classes e os domínios diagnósticos
estruturados na taxonomia II da NANDA que não foram identificados na clientela
pesquisada, não se aplicam à mesma ou não foram encontrados registros dos
problemas de enfermagem referentes a ela.
O histórico de enfermagem, implementado no campo de estudo, foi baseado
na teoria de enfermagem das NHB de Wanda de Aguiar Horta (1979), que, para a
10
Carpenito-Moyet (2005) define problemas colaborativos como complicações fisiológicas que os
enfermeiros monitoram para detectar o estabelecimento ou a modificação subseqüente no estado do
paciente.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
81
aplicação na prática de enfermagem, as classifica em psicobiológicas, psicossociais,
psicoespirituais. Na TABELA 3 estão apresentadas as incidências de títulos
diagnósticos conforme a classificação da NANDA (2006), correlacionando-as às
NHB afetadas.
TABELA 3
Incidência dos títulos diagnósticos de enfermagem segundo a Taxonomia II da NANDA, de acordo
com as NHB afetadas de Horta. Belo Horizonte. 2005-2006
Fonte: Prontuários dos pacientes pesquisados.
NHB afetadas / Horta
Incidência dos Títulos
Diagnósticos / NANDA
%
Oxigenação 9 16,4
Eliminação 6 10,9
Nutrição 5 8,1
Cuidado corporal 3 5,5
Hidratação 3 5,5
Locomoção 3 5,5
Exercício e Atividades físicas 3 5,5
Integridade cutâneo-mucosa 2 3,7
Regulação térmica 2 3,7
Percepção dolorosa 2 3,7
Regulação imunológica 1 1,9
Percepção visual 1 1,9
Percepção tátil 1 1,9
Percepção auditiva 1 1,9
Segurança física 1 1,9
Sono e Repouso 1 1,9
Ambiente 1 1,9
Sexualidade 1 1,9
Psicobiológicas
Sub-total 46 83,6
Aprendizagem / Educação à saúde 2 3,7
Segurança emocional 1 1,9
Comunicação 1 1,9
Orientação no tempo e espaço 1 1,9
Auto-imagem 1 1,9
Auto-estima 1 1,9
Psicossociais
Subtotal 7 12,7
Religiosa 2 3,7
Subtotal 2 3,7
Psicoespiritual
Total Geral
55
100,0
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
82
Utilizando a classificação da referida autora, observamos que 83,6% eram de
necessidades psicobiológicas, 12,7%, psicossociais e 3,7%, psicoespirituais.
Ficou evidenciado que no pós-operatório, na unidade de internação, as
necessidades psicobiológicas estão mais afetadas ou, pelo menos, mais registradas.
Isso acontece geralmente na experiência do serviço até o 3º ou 4º dia após a saída
do CTI, período de convalescença em que se incidiu a maioria dos diagnósticos de
enfermagem identificados. Com a evolução favorável do estado geral, o paciente
passa a demandar maior atenção às suas necessidade psicossociais. Essas
emergem ao se aproximar o momento da alta hospitalar, quando surge o receio da
separação da equipe de saúde, da instituição que realizou o transplante, o que
resulta em ansiedade devido ao sentimento de impotência quanto ao autocuidado.
Diante disso, o paciente e família expressam a necessidade de aprendizagem
quanto aos cuidados pós-transplante.
Com o objetivo de traçar o perfil diagnóstico de enfermagem em pacientes no
pós-operatório de transplante hepático, na Unidade de Internação do HC-UFMG, de
setembro de 2005 a setembro de 2006, na TABELA 4, estão apresentados todos os
55 diagnósticos identificados com suas características definidoras e fatores
relacionados, conforme Taxonomia II da NANDA.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
83
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Troca de gases
prejudicada
5
14,3
Alteração do padrão respiratório, gasometria
alterada
+ Taquicardia, agitação / confusão, irritabilidade
5
4
100,0
80,0
desequilíbrio da
ventilação / perfusão
5
100,0
Desobstrução
ineficaz de vias
aéreas
4
11,4
Alteração do padrão respiratório, tosse /
expectoração ineficaz, murmúrios vesiculares ,
agitação
+ Vocalização prejudicada
4
2
100,0
50,0
espasmo de vias aéreas,
secreções / mucos
retidos, infecção
+ tabagismo
4
3
100,0
75,0
Padrão respiratório
ineficaz
12
34,3
FR 24 irpm, alteração de padrão respiratório
12
100,0
dor, fadiga
+ lesão no musculo-
esquelético
+ lesão na percepção /
cognição, ansiedade
+ hipoventilação
12
10
8
6
100,0
83,3
66,7
50,0
Necessidades Psicobiológicas
Oxigenação
Risco de aspiração
1
2,8
..
..
..
alimentação / medicação
por sonda, resíduo
gástrico , esfincter
esofágico inferior ;
motilidade
gastrointestinal .
1
100,0
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
84
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB
AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Periférica 32 91,4
Edema, sinal de Homan positivo
Características da pele alteradas
32
30
100,0
93,7
Renal
19
54,3
Pressão sangüínea alterada, elevação nas taxas
de uréia / creatinina
+ Oligúria
19
3
100,0
15,8
Cardiopulmonar
14
40,0
Dispnéia, freqüência respiratória fora dos
parâmetros aceitáveis
+ Gases sanguíneos arteriais anormais,
broncoespasmo
14
11
100,0
78,6
Gastrointestinal
9
25,7
Sons gastrointestinais , dor / sensibilidade /
distensão abdominal
+ Náusea
9
5
100,0
55,5
Necessidades Psicobiológicas
Oxigenação
Perfusão tissular ineficaz
Cerebral
10
28,6
Confusão, delírio
+ Fraqueza de extremidades
+ Alteração na resposta motora e de
comportamento
10
8
6
100,0
80,0
60,0
hipertensão portal
devido à doença de base
(cirrose)
+ hipoventilação
+ concentração
diminuída de
hemoglobina no sangue
+ hipervolemia
32
22
19
12
100,0
68,8
59,4
37,5
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
85
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB
AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Risco de desequilíbrio
na temperatura
corporal
29 82,9
..
..
..
taxa metabólica alterada, doença
afetando a regulação da temperatura,
medicações que causam vasodilatação /
vasoconstrição
+ inatividade
+ desidratação
29
28
27
100,0
96,5
93,1
Regulação térmica
Hipertermia
6
17,1
Aumento da temperatura, calor ao
toque, taquicardia, taquipnéia
+ Pele avermelhada
6
3
100,0
50,0
desidratação, infecção
6
100,0
Regulação
imunológica
Risco de infecção
35
100,0
..
..
..
procedimentos invasivos
destruição de tecidos e exposição a
patógenos aumentada
imunossupressão
doença de base crônica (cirrose)
defesas primárias e secundárias
inadequadas
35
100,0
Necessidades Psicobiológicas
Segurança física
Risco de quedas
18
51,4
..
..
..
mobilidade física prejudicada, ambiente
com móveis e objetos em excesso, uso
de ansiolíticos, tranqüilizantes,
diuréticos, anti-hipertensivos
+ alteração sensório-motora, insônia
+ urgência, incontinência das
eliminações
18
17
14
100,0
94,4
77,8
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
86
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Integridade tissular
prejudicada
35
100,0
Tecido lesado
35
100,0
procedimento cirúrgico, pressão
+ mobilidade física prejudicada
+ déficit ou excesso de líquidos
+ déficit ou excesso nutricional
+ circulação alterada
35
31
29
25
24
100,0
88,6
82,8
71,4
68,6
Necessidades Psicobiológicas
Integridade cutâneo-mucosa
Mucosa oral
prejudicada
10
28,6
Presença de fungos, descamação e
língua saburrosa
+ Lesão na mucosa
+ Disfagia
10
9
8
100,0
90,0
80,0
trauma pelo tubo orotraqueal no
transoperatório e CTI,
imunossupressão, jejum prolongado
+ higiene oral deficitária
+ respiração pela boca
+ desnutrição, déficit de vitaminas
+ infecção por fungos
10
9
8
7
6
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
87
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Dor aguda 35
100,0
Relato verbal / comportamental, posição
antálgica, expressão facial
+ Alteração autonômica
35
28
100,0
80,0
procedimentos invasivos 35 100,0
Percepção dolorosa
Dor crônica
6
17,0
Relato verbal / evidência observadas
+ Mudança no padrão do sono
+ Fadiga
6
4
3
100,0
66,6
50,0
doença de base (cirrose)
+ ocupação
6
100,0
Percepção
sensorial
Percepção
sensorial
pertubada
Auditiva
Tátil
Visual
11
9
7
31,4
25,7
20,0
Distorções auditivas, padrões de
comunicação alterados
+ Mudança na resposta usual aos
estímulos, prejuízo músculo-esquelético
+ Distorções visuais
11
9
7
100,0
81,8
63,6
percepção sensorial alterada,
recepção, transmissão alteradas
+ efeito colateral de
medicamentos, desequilíbrio
bioquímico / eletrolítico
+ cirrose
11
9
9
100,0
81,8
81,8
Necessidades Psicobiológicas
Nutrição
Nutrição
desequilibrada:
mais do que as
necessidades
corporais
4
11,4
Edema, padrão alimentar disfuncional
+ Sedentarismo
4
3
100,0
75,0
ingestão excessiva em relação às
necessidades metabólicas
4
100,0
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
88
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Nutrição
desequilibrada:
menos do que as
necessidades
corporais
13
37,0
Atrofia muscular / emagrecimento
+ Cavidade oral ferida / alteração do sabor
/ diarréia
+ Falta de interesse / inapetência
11
8
6
100,0
72,7
54,5
incapacidade para ingerir, digerir,
absorver nutrientes, doença de
base, disfunção / injúria de
perfusão do enxerto (?)
13
100,0
Deglutição
prejudicada
1
3,0
Deglutição retardada, sufocar, tossir,
engasgar facilmente
1
100,0
história de tumor cerebral
1
100,0
Nutrição
Náusea
5
14,3
Relato verbal
+ Aversão à comida
5
4
100,0
80,0
irritação / distensão gástrica por
medicamentos (corticóide,
antibióticos, ácido fólico,
analgésicos), irritação / distensão
gástrica devido à disfunção
fatores psicológicos
5
4
100,0
80,0
Necessidades Psicobiológicas
Hidratação
Volume excessivo
de líquidos
13
37,0
Edema, anasarca, mudança no padrão
respiratório, alteração: Hb, Htc, eletrólitos,
densidade urinária
+ Alteração da PA, ganho de peso /
ingesta > débito, agitação
13
11
100,0
84,6
mecanismos reguladores
comprometidos, infusão / ingesta
excessiva de líquidos
+ ingesta / retenção de Na+
13
4
100,0
30,7
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
? = Fator relacionado inferido
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
89
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Risco para
volume de
líquidos deficiente
8
22,8
..
..
..
fatores que influenciam as
necessidades de líquidos,
medicação, perda de líquidos
pelo dreno e ferida cirúrgica,
desvios da ingesta e absorção
+ diarréia
8
6
100,0
75,0
Hidratação
Volume de
líquidos deficiente
12
34,3
Sede intensa; turgor e pele ressecada
+ Aumento do pulso; fraqueza
+ Diminuição do débito e concentração
urinária
+ Mudança no estado mental
12
11
10
6
100,0
91,6
83,3
50,0
perda ativa de volume; falha nos
mecanismos reguladores
12
100,0
Eliminação
urinária
prejudicada
7
20,0
Incontinência, urgência
+ Freqüência, disúria
+ Retenção
7
3
2
100,0
42,8
28,6
dano sensório-motor
+ infecção do trato urinário
7
3
100,0
42,8
Necessidades Psicobiológicas
Eliminação
Diarréia
16
45,7
Pelo menos 3 evacuações líquidas por dia,
urgência, dor abdominal
16
100,0
altos níveis de estresse e
ansiedade, processos infecciosos
+ má absorção
16
13
100,0
81,2
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
90
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Constipação
5
14,3
Mudança no padrão intestinal, abdome
distendido, freqüência
+ Sensibilidade abdominal
+ Esforço para evacuar
5
4
3
100,0
80,0
60,0
mudanças recentes de ambiente,
atividade física insuficiente,
tensão emocional, desequilíbrio
eletrolítico, desidratação,
motilidade do trato
gastrintestinal, mudança nos
padrões de alimentação
+ higiene íntima inadequada,
fraqueza nos músculos
abdominais, ingestão insuficiente
de líquidos
+ diuréticos
5
4
3
100,0
80,0
60,0
Incontinência
intestinal
9
25,7
Perda involuntária de fezes, urgência,
incapacidade de reter as fezes
+ Pele perianal avermelhada
9
4
100,0
44,4
hábitos dietéticos, pressão
abdominal / intestinal alta,
estresse, medicações,
imobilidade
cognição prejudicada
9
5
100,0
55,5
Necessidades Psicobiológicas
Eliminação
Risco de
incontinência
urinária de
urgência
6
17,0
..
..
..
efeito de medicamentos,
instabilidade do músculo detrusor,
pequena capacidade vesical
6
100,0
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
91
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Eliminação
Risco de
constipação
5
14,3
..
..
..
mudanças recentes de ambiente,
fraqueza dos músculos
abdominais, estresse, mudanças
no padrão de alimentação,
motilidade do trato
gastrointestinal
+ desidratação, sedativos,
diuréticos
+ hábitos irregulares de
eliminação, uso de Carbonato de
Cálcio
5
4
3
100,0
80,0
60,0
Necessidades Psicobiológicas
Sono e Repouso
Padrão do sono
perturbado
23
65,7
Insônia
+ Queixa de dificuldade para dormir
+ Insatisfação com o sono
+ Despertares prolongados
23
17
15
13
100,0
73,9
65,2
56,5
barulho, iluminação, interrupções
causadas para o cuidado e por
outras pessoas
+ ansiedade / antecipação de
prognóstico / estresse
+ restrição física
+ falta de privacidade, acessórios
para o sono não-familiares,
medicações
+ falta de ar, odores
desagradáveis, urgência /
incontinência / eliminações
23
21
16
15
9
100,0
91,3
69,6
65,2
39,1
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
92
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Sexualidade
Disfunção sexual
22 62,8
Verbalização de alteração no desempenho
sexual, no alcance da satisfação sexual
+ Medo de transmissão de infecção
+ Limitações reais impostas pela doença de
base e tratamento
22
100,0
doença crônica debilitante – cirrose
+ alteração psicossocial da
sexualidade
22
100,0
Banho /
higiene
35
100,0
Incapacidade de banhar-se
35
100,0
prejuízo músculo-esquelético, dor
+ prejuízo perceptivo / cognitivo
35
18
100,0
51,4
Vestir-se
35
100,0
Incapacidade de vestir-se
35
100,0
prejuízo músculo-esquelético,
fraqueza ou cansaço, dor, desconforto
+ motivação diminuída
+ prejuízo perceptivo ou cognitivo
35
20
12
100,0
57,1
34,3
Higiene
íntima
35
100,0
Incapacidade de: chegar ao vaso sanitário,
manipular roupas, realizar higiene íntima, dar
descarga
35
100,0
dor, fraqueza ou cansaço, estado de
motilidade prejudicada, capacidade de
transferência prejudicada, prejuízo
músculo-esquelético
35
100,0
Necessidades Psicobiológicas
Cuidado corporal
Déficit do autocuidado
Alimentação
5
14,3 Incapacidade de pegar alimentos , manusear
utensílios e trazer alimentos à boca
5
100,0
fraqueza ou cansaço; dor/desconforto;
prejuízo perceptivo / cognitivo; falta de
motivação
5
100,0
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
93
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Ambiente
Risco de
síndrome do
estresse por
mudança
7 20,0 ..
..
..
mudança involuntária, temporária
ou permanente de cidade para
tratamento; estado de saúde
comprometido; falta de sistema
adequado de apoio;
enfrentamento passivo;
sentimento de impotência
7
100,0
Deambulação
prejudicada
35
100,0
Dificuldade de deambulação
35
100,0
Mobilidade física
prejudicada
34
97,1
Capacidade limitada para desempenhar as
habilidades motoras
+ Respiração curta, induzida pelo
movimento
+ Lentidão de movimentos
34
33
26
100,0
97,0
76,4
Necessidades Psicobiológicas
Locomoção
Capacidade de
transferência
prejudicada
30
85,7
capacidade prejudicada de transferir-se:
da cama para cadeira e da cadeira para a
cama
para o vaso sanitário ou a cadeira
higiênica ou entre níveis irregulares
30
100,0
condição de pós-operatório,
prejuízo músculo-esquelético,
dor, medicamentos
+ sedentarismo, metabolismo
celular alterado, má nutrição
seletiva
+ prejuízos sensório-perceptivos
35
30
19
100,0
85,7
54,3
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
94
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Intolerância à
atividade
27
77,1
Relato verbal de fadiga ou fraqueza
+ Desconforto, dispnéia
+ Resposta anormal da freqüência
cardíaca ou pressão sanguínea
27
25
24
100,0
92,6
88,9
fraqueza generalizada
+ estilo de vida sedentário
+ desequilíbrio entre oferta e
demanda de oxigênio
27
21
20
100,0
77,8
74,0
Risco de
intolerânica à
atividade
3
8,6
..
..
..
Estado de não-condicionamento
físico; problemas circulatórios /
respiratórios
3
100,0
Necessidades Psicobiológicas
Exercício e Atividades físicas
Fadiga
10
28,6
Incapacidade de restaurar energias
mesmo após o sono, verbalização de uma
constante e opressiva falta de energia,
aumento de queixas físicas, cansaço,
letargia
10
28,6
doença de base (cirrose),
debilidade física pré-transplante
+ estresse, ansiedade
+ desnutrição
10
8
6
100,0
80,0
60,0
Necessidade
Psicossociais
Segurança emocional
Ansiedade
14
40,0
Preocupações expressas devido a
mudanças em eventos da vida,
inquietação, medo de conseqüências
inespecíficas
+ Distúrbio do sono, insônia
+ Incerteza, tensão facial, consciência dos
sintomas fisiológicos
12
9
8
85,7
64,3
57,1
Ameaça de morte, alterações no
estado de saúde, no ambiente
+ estresse, crise do pós-
operatório e alta hospitalar
14
100,0
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
95
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Continua)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Orientação no
tempo e
espaço
Confusão aguda
12 34,3
Flutuação na cognição / percepção,
agitação / inquietação, desorientação no
tempo / espaço / pessoa
Flutuação sono / vigília
12
6
100,0
50,0
história de encefalopatia
+ delírio
+ idade > 60 anos
12
10
3
100,0
83,3
25,0
Auto-imagem
Distúrbio da
imagem corporal
1
3,0
Verbalização de sentimento de não ser
"normal", esconder o abdome
+ Mudança na função digestiva / hábito de
alimentação, estilo de vida
+ Medo de rejeição, reação dos outros
1
100,0
uso de gastrostomia desde a
infância para alimentação enteral
1
100,0
Auto-
estima
Baixa auto-estima
situacional
1
3,0
Avaliação de si mesmo como incapaz de
namorar; comportamento não-assertivo
1
100,0
prejuízo funcional da nutrição
uso de gastrostomia; distúrbio da
imagem corporal
1
100,0
Necessidades Psicossociais
Comunicação
Comunicação
verbal prejudicada
11
31,4
Desorientação no tempo e espaço,
verbalização imprópria, indistinta,
dificuldade para compreender e manter o
padrão de comunicação
11
100,0
percepções alteradas, doença de
base com história de
encefalopatia, efeitos colaterais
de medicamentos
11
100,0
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
96
TABELA 4
Títulos diagnósticos de enfermagem identificados em pacientes transplantados de fígado,
segundo as Necessidades Humanas Básicas de Horta e Taxonomia II da NANDA. Belo Horizonte. 2005-2006
(Conclusão)
NHB AFETADAS /
HORTA
TÍTULO
DIAGNÓSTICO /
NANDA
N % CARACTERIZADO POR n % RELACIONADO A n %
Conhecimento
deficiente quanto
aos cuidados pós-
transplante
35
100,0
Verbalização de desconhecimento quanto
aos cuidados pós-transplante,
comportamentos exagerados impróprios,
perguntas sobre o tema / interesse
35
100,0
falta de exposição ao tema, falta
de familiaridade com os recursos
de informação
+ incapacidade de recordar, e de
interpretar corretamente as
informações
35
20
100,0
57,1
Necessidades Psicossociais
Aprendizagem / Educação à
saúde
Disposição para
conhecimento
aumentado
quanto aos
cuidados pós-
transplante
3
8,6
Expressa interesse em aprender,
demonstra algum conhecimento sobre
transplante
3
100,0
..
..
..
Risco de
religiosidade
prejudicada
2
5,7
..
..
..
doença, hospitalização,
depressão, insegurança, falta de
interação social, barreira cultural
para praticar a religião
2
100,0
Necessidades Psicoespirituais
Religiosa
Disposição para
religiosidade
aumentada
2
5,7
Expressa desejo de reforçar modelos de
crenças religiosas e costumes que
proporcionavam conforto / religiosidade no
passado, solicita ajuda para aumentar a
participação nas crenças religiosas por
meio de orações, comportamentos
religiosos / mídia, solicitação de encontro
com líder religioso / reconciliação
2
100,0
..
..
..
Nota: N = Número de prontuários pesquisados: 35
n = freqüência das características definidoras e dos fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
97
Autores discutem os resultados relativos aos diagnósticos de enfermagem a
partir de uma incidência de 50,0% (NEVES, 2003); outros, a partir de 80,0%. Para
essa pesquisa decidimos discutir todos os diagnósticos que incidiram no mínimo em
40,0% da população estudada, totalizando 20 diagnósticos descritos a seguir.
# Déficit para o autocuidado
O diagnóstico “déficit para o autocuidado” é definido como “o estado em que o
indivíduo apresenta prejuízo na função motora ou cognitiva, causando uma
diminuição na capacidade de desempenhar cada uma das atividades de
autocuidado” (CARPENITO-MOYET, 2005, p. 657).
Encontra-se subdividido pela taxonomia II da NANDA (2006) em: déficit no
autocuidado para banho / higiene; higiene íntima; vestir-se / arrumar-se; para
alimentação que o define separadamente para cada uma das tarefas que o paciente
está com sua capacidade diminuída para realizar. Na perspectiva da aplicação
prática, este diagnóstico deveria ser um só, conforme proposto por Carpenito-Moyet
(2005): Síndrome de déficit no autocuidado.
As características definidoras, também descritas pela mesma autora,
especificam as áreas do déficit no autocuidado, e ainda inclui o autocuidado
instrumental. Para Doenges et al. (2003), a combinação de vários diagnósticos
relacionados a um único título diagnóstico facilita o planejamento do autocuidado.
Na população estudada, a totalidade dos pacientes apresentou incapacidade para
se cuidar, em graus diferenciados.
Os fatores relacionados a essa síndrome, encontrados na população
estudada, são corroborados pela literatura e se referem aos relativos à doença de
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
98
base crônica debilitante (falência hepática); ao tratamento pós-operatório de cirurgia
de grande porte que causa fadiga e dor; e às restrições emocionais e do ambiente
hospitalar.
# Deambulação, mobilidade física e capacidade de transferência prejudicadas
Os diagnósticos deambulação, mobilidade física e capacidade de
transferência prejudicadas são assim definidos pela NANDA (2006, p. 72; 155; 223):
a) Deambulação prejudicada: “limitação à movimentação independente, a pé,
pelo ambiente”. Este diagnóstico foi encontrado na totalidade da
população estudada;
b) Mobilidade física prejudicada: “limitação no movimento físico independente
e voluntário do corpo de uma ou mais extremidades”. Ocorreu em 97,1%
dos pacientes pesquisados;
c) Capacidade de transferência prejudicada: “limitação ao movimento
independente entre duas superfícies próximas”. Identificada em 85,7% da
amostra estudada.
Na prática da assistência, existe uma correlação entre estes três diagnósticos
cujas características definidoras se referem à capacidade de se mover. A mobilidade
física prejudicada está relacionada principalmente ao desconforto e à dor do pós-
operatório mediato de cirurgia de grande porte; aos prejuízos músculo-esqueléticos,
diminuição da força e massa muscular, má nutrição decorrente da disfunção
hepática, ao metabolismo celular alterado, intolerância à atividade/resistência
diminuída e prejuízo sensório-perceptivo e cognitivo para alguns pacientes.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
99
# Dor aguda
A dor aguda é definida como: “Experiência sensorial e emocional
desagradável que surge de lesão tissular real ou potencial [...], início súbito ou lento,
de intensidade leve a intensa, com término antecipado ou previsível e duração de
menos de 6 meses” (NANDA, 2006, p. 90). Todos os pacientes apresentaram esse
tipo de dor, caracterizada por verbalização do paciente, posição antálgica,
expressões faciais e comportamentais e respostas autonômicas (por exemplo,
taquicardia, diaforese, alteração da pressão sangüínea, da respiração) relacionadas
à ferida cirúrgica, sítio do dreno aspirativo, locais de punção venosa e arterial, lesão
por punção e / ou colonização por patógenos. A cefaléia também é um tipo de dor
aguda, comumente referida pelos pacientes transplantados hepáticos, que é descrita
pela literatura. Sanchez e Klintmalm (2005) correlacionam a dor de cabeça à
neurotoxicidade de imunossupressores como tacrolimus e ciclosporina, à
hipertensão ou infecções oportunísticas.
# Intolerância à atividade
Outro diagnóstico relacionado ao condicionamento físico e mobilidade é a
Intolerância à atividade. Por definição é: “Energia fisiológica ou psicológica
insuficiente para suportar ou completar as atividades diárias requeridas ou
desejadas” (NANDA, 2006, p. 33). Dentre os pacientes estudados 77,1%
apresentaram este diagnóstico, conforme mostra a TABELA 4.
Carpenito-Moyet (2005) afirma que fatores que alteram o transporte de
oxigênio, ou que desencadeiem um não-condicionamento físico ou um consumo de
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
100
energia maior que a capacidade física e psicológica da pessoa, pode provocar uma
intolerância à atividade.
# Risco de infecção
O risco de infecção é definido como: “Estar em risco aumentado de ser
invadido por organismos patógenos” (NANDA, 2006, p. 137) e foi identificado em
todos os pacientes estudados.
Everson e Kam (2001) afirmam que a ocorrência de infecção é previsível no
pós-transplante e se apresenta de forma cronológica. Na primeira semana é mais
comum a infecção bacteriana causada por cateteres (30,0%), pneumonia (25,0%),
infecção biliar (15,0%) e por ferida cirúrgica em 10,0% dos pacientes. Portadores de
diabetes e com o estado nutricional comprometido podem desenvolver bacteremia.
Ainda na primeira semana pode ocorrer infecção oportunística como estomatite e
candidíase. A recorrência de infecção pelo vírus C acontece ainda na primeira
semana e a pelo vírus B, após 30 dias de transplante. No segundo e terceiro mês
pós-transplante, podem ocorrer as infecções virais por Citomegalovírus (CMV),
Epstein-Barr, Varicela Zoster, entre outros. O uso de imunossupressores torna o
paciente vulnerável a infecções oportunísticas e ativa replicação viral em alguns
casos. O risco de invasão por fungos é diretamente relacionado ao nível de
imunossupressão.
Busuttil e Klintmalm (2005) incluem outros fatores de risco para infecção como
a longa permanência na terapia intensiva, uso prolongado de antibióticos,
complicações cirúrgicas que demandam maior tempo de uso de cateteres, sistemas
de drenagem, nutrição enteral e/ou parenteral. Ainda, Sanchez e Klintmalm (2005)
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
101
afirmam que as infecções isoladamente constituem o maior risco de morte para os
pacientes receptores de transplante hepático. Uma das razões expostas por esses
autores é a dificuldade de avaliação e intervenção precoce dos pacientes e que os
sinais e sintomas clássicos de infecção são sublimados mediante a
imunossupressão. Mencionam ainda outras causas de morte como fístula biliar,
trombose da artéria hepática, não função primária do enxerto, rejeição aguda
persistente ou a crônica que, muitas vezes, temporariamente, são precedidas de
uma infecção. Diante desses desafios, autores recomendam o uso de terapia
medicamentosa profilática para fungos, bactérias e vírus e o tratamento seletivo nos
casos de infecções confirmadas. O diagnóstico Risco de infecção identificado na
totalidade da clientela pesquisada é de alto impacto profissional. Toda a equipe de
saúde deve ter embutida em suas práticas a prevenção e o controle de infecção em
pacientes imunossuprimidos transplantados.
No hospital, campo de estudo, o serviço de transplante hepático conta com a
assessoria exclusiva de um infectologista e uma enfermeira da Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que realizam busca ativa diária, na Unidade
de Internação. Em 2006, dentre as 137 internações de pacientes de transplante
hepático na UI-Tx, 43 (31,4%) tiveram infecção hospitalar (CCIH/HC-UFMG, 2007).
# Conhecimento deficiente para cuidados pós-transplante hepático
Este diagnóstico é definido como “Ausência ou deficiência de informação
cognitiva relacionada a um tópico específico” (NANDA, 2006, p. 59) e foi identificado
em 100,0% dos pacientes.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
102
A compreensão sobre sua condição de saúde e adesão ao tratamento
constituem pré-requisitos básicos para inclusão de paciente no programa de
transplante. No entanto, embora o enfermeiro tenha orientado o paciente e a família,
no pré-operatório, sobre toda a trajetória do transplante, ao se aproximar o dia da
alta hospitalar, surgem muitas dúvidas, mediante o receio de voltar para casa e o
sentimento de impotência para o autocuidado.
Castro et al. (2004) e Tart (1997) descrevem esses sentimentos como
geradores de estresse por ocasião da alta. É comum observar comportamentos
impróprios ou exagerados dos familiares que compram álcool etílico para “esterilizar”
os móveis da casa; acreditam que é necessária a aquisição de roupas de cama e
panelas novas.
Pacientes e familiares expressam preocupação sobre a administração correta
da medicação, realização de exames de revisão e outras demandas. Há uma
ansiedade exacerbada, causada pelo medo de infecção, da rejeição do enxerto e de
outros insucessos, gerando tensão no paciente e sua família.
As dúvidas são verbalizadas pelos pacientes ou por pessoas diretamente
envolvidas com o cuidado deles, talvez pela incapacidade de recordar tudo o que foi
previamente orientado. Assim, os enfermeiros da UI-Tx, no hospital campo desse
estudo, implementaram uma orientação sistematizada para a alta hospitalar do
paciente de transplante hepático. As informações verbais são fornecidas à medida
que surgem as dúvidas e perguntas de acordo com a convalescença do paciente.
Um impresso é entregue a ele no dia da alta, com um resumo das orientações feitas
ao longo de sua permanência na UI-Tx, referentes à medicação de uso domiciliar,
monitorização clínica, cuidados e importância do acompanhamento pós-transplante
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
103
hepático. Outros profissionais da equipe multiprofissional também fazem suas
orientações para a alta hospitalar.
Ao longo desses anos, ao assistir aos pacientes de transplante, tornou-se
ainda mais evidente a importância da família como unidade do cuidado. Wright e
Leahey (2002) enfatizam que a família é uma das forças do paciente que nela se
apóia para enfrentamento de seus desafios de saúde. É plausível, portanto, a
sugestão das autoras de que essa força deva ser potencializada e otimizada pelo
enfermeiro, no seu papel educativo, junto ao paciente e à família, durante a
permanência deles na Unidade de Internação.
Kunder (2005) afirma que a chave do sucesso dos resultados após a alta
hospitalar é a educação do paciente. E acrescenta que os métodos de ensino devem
ser baseados nas teorias de enfermagem e pesquisas.
# Integridade tissular prejudicada
A Integridade tissular prejudicada segundo a NANDA (2006, p. 142) é definida
como: “Dano às membranas mucosas, córnea, pele ou tecido subcutâneo”. Este
diagnóstico incidiu em 100,0% na população estudada, conforme mostrado na
TABELA 4.
De acordo com o que foi discutido em perfil epidemiológico dos pacientes
pesquisados, mais de 90,0% eram portadores de cirrose de diferentes etiologias. As
manifestações clínicas, porém, dessa entidade mórbida, associadas às condições
ambientais e de pós-operatório desses pacientes, constituem os fatores relacionados
aos danos ao tecido tegumentar e mucoso do organismo.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
104
Carpenito-Moyet (2005) adverte contra o erro na afirmação diagnóstica
relacionada à integridade da pele e tissular prejudicadas com incisão cirúrgica,
isoladamente. Nessa situação é mais útil usar Risco para infecção relacionada a
procedimentos invasivos. Em pacientes com disfunção hepática severa, no entanto,
comumente aparecem as aranhas vasculares decorrentes da hipertensão portal, as
hemorragias digestivas devido à erosão da mucosa esôfago-gástrica, a ginecomastia
em homens, prurido generalizado, icterícia, edema de extremidades podendo evoluir
para anasarca, desnutrição seletiva por alterações metabólicas e de absorção.
Todas essas condições prejudicam o tecido cutâneo, subcutâneo e mucosas.
As características definidoras, já descritas, são exacerbadas pela intervenção
cirúrgica de grande porte, tendo o pós-operatório imediato, na terapia intensiva,
pressão em proeminências ósseas, contato com secreção e excreções corporais,
uso de imunossupressores e mobilidade física prejudicada.
# Perfusão tissular ineficaz
A perfusão tissular ineficaz é conceituada como: “Diminuição na oxigenação,
resultando na incapacidade de nutrir os tecidos no nível capilar” (NANDA, 2006, p.
189). Esse diagnóstico está sob o Domínio 4 da taxonomia II da NANDA:
Atividade/repouso e inseridos na Classe 4 - Respostas cardiovasculares/pulmonares
que engloba os mecanismos que dão suporte à atividade e ao repouso.
A maior incidência de perfusão tissular ineficaz na população estudada foi a
periférica, (32 - 91,4%), seguida pela renal (19 - 54,3%) e pela cardiopulmonar (14 -
40,0%). As características definidoras presentes nos pacientes foram encontradas
na NANDA (2006). Carpenito-Moyet (2005) acrescenta também a cirrose como
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
105
causadora de comprometimento do fluxo sangüíneo, que é fator fisiopatológico
relacionado da perfusão tissular periférica ineficaz. Diante desse diagnóstico, o
enfermeiro deverá estabelecer, como meta de intervenção, o alívio da dor. O
paciente queixa diferentes tipos de dor, em graus variados, principalmente nas
extremidades onde se concentram os líquidos do edema (escroto, pés, tornozelos,
1/3 inferior das pernas). A ascite associada à dor abdominal pode ser sugestiva de
peritonite bacteriana espontânea, que é um evento mais raro no pós-operatório
mediato. Nesse caso, o tratamento da infecção é instituído (CASTRO; COELHO,
2004; SHERLOCK; DOOLEY, 2004).
A perfusão tissular renal ineficaz ocorreu em 19 (54,2%). Pham et al. (2005)
afirmam que a Insuficiência Renal Aguda (IRA) ocorre em 17 a 95,0% dos pacientes
de transplante hepático e Insuficiência Renal Crônica (IRC) até 80,0% dos casos.
Sanchez e Klintmalm (2005) relacionam os problemas clínicos comuns no
pós-transplante hepático, dentre esses está a disfunção renal. Ocorre uma
diminuição da taxa de filtração glomerular, que é notada assim que se inicia o regime
de imunossupressão com ciclosporina ou tacrolimus, segundo os mesmos autores.
Geralmente, os pacientes que sofrem uma toxicidade grave pelos
imunossupressores, também eram portadores de insuficiência renal pré-transplante.
As características definidoras mais prevalentes na população estudada foram
hipertensão, aumento da uréia e creatinina e oligúria.
A perfusão tissular cardiopulmonar ineficaz foi identificada em 14 (40,0%) dos
pacientes pesquisados.
Everson e Kam (2001) afirmam que 5,0% dos pacientes transplantados
hepáticos apresentam doença da artéria coronariana. Em pacientes acima de 50
anos, esse índice pode alcançar 16,2%. Isquemia cardíaca pós-transplante pode
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
106
estar relacionada à hipotensão sem causa definida, edema pulmonar ou arritmia. A
disfunção hepática é responsável por alterações na síntese de fatores de
coagulação e absorção da vitamina K. Essa alteração predispõe o paciente a um
maior risco de sangramento no transoperatório, demandando infusões de
hemoderivados, repercutindo na reabilitação com instabilidade hemodinâmica e
desequilíbrio hidroeletrolítico no pós-operatório. Complicações pulmonares são
comumente relatadas pelos transplantadores como pneumonia, edema pulmonar,
síndrome da angústia respiratória do adulto, hipertensão portopulmonar e síndrome
hepatopulmonar (EVERSON; KAM, 2001). Os mesmos autores relacionam também
a disfunção respiratória no período pós-operatório a uma má função do enxerto e
infecções pulmonares que podem ocorrer em 25,0% dos pacientes nesta fase,
devido à aspiração e / ou colonização por germes multirresistentes.
Na prática clínica é interessante o enfermeiro considerar a Perfusão tissular
ineficaz mais como uma “complicação potencial”, do que um problema de
enfermagem apenas. O fato de o indivíduo apresentar uma má oxigenação em nível
tecidual, por déficit no suprimento sangüíneo, não são apenas os tratamentos do
enfermeiro que irão recuperá-lo e, sim, ações colaborativas com o médico do
paciente.
# Risco de desequilíbrio da temperatura corporal
O risco de desequilíbrio da temperatura corporal é definido pela NANDA
(2006, p. 221) como: “Estar em risco de não conseguir manter a temperatura
corporal dentro dos parâmetros normais”. Este diagnóstico foi identificado em 29
(82,8%) dos pacientes estudados. Entre os dez fatores de risco para o desequilíbrio
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
107
da temperatura corporal descritos pela taxonomia de referência, 7 (70,0%) foram
encontrados na população estudada.
Everson e Kam (2001) afirmam que a febre pode estar relacionada a
processos de rejeição aguda. Esse sintoma está relacionado ao uso de alguns
imunossupressores como o tacrolimus e as imunoglobulinas policlonais conforme
Clavien e Killenberg (1997). A hipertermia foi detectada em apenas 6 dos 35
pacientes pesquisados e os demais possuíam fatores de risco para o desequilíbrio
da temperatura corporal, tais como alteração da taxa metabólica, doença, trauma
que afeta a regulação da temperatura, medicações, inatividade, idade, peso e
desidratação.
# Padrão de sono perturbado
Padrão de sono perturbado é definido pela NANDA (2006, p. 213) como
“Distúrbio, com tempo limitado, na qualidade ou quantidade do sono”. Este
diagnóstico foi apresentado por 23 (65,7%) pacientes pesquisados.
Everson e Kam (2001) afirmam que alterações do estado mental ocorrem
entre 10 a 30,0% dos pacientes de transplante hepático. E, na maioria dos casos,
pode se relacionar, entre outros fatores, como privação do sono e desorientação da
psicose da terapia intensiva. Esses eventos são detectáveis também na fase da
reabilitação, durante a permanência na Unidade de Internação. Em geral, os
pacientes regressam da terapia intensiva estressados; expressando o incômodo do
ambiente com luzes, barulhos provenientes dos equipamentos e da equipe de saúde
em atividades ininterruptas. Os cuidados da equipe de saúde, entretanto, embora
menos intensos na Unidade de Transplantes persistem: o ambiente, o mobiliário,
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
108
odores não são familiares; condições clínicas, alterações fisiológicas e o tratamento
continuam sendo algumas das causas multifatoriais perturbadoras do sono do
paciente (NANDA, 2006).
# Disfunção sexual
A disfunção sexual segundo a NANDA (2006, p. 209) é “A mudança na função
sexual, que é vista como insatisfatória, não-compensadora e inadequada”. Este
diagnóstico incidiu em 22 (62,8%) pacientes. Strouse (2005) afirma que as
conseqüências neuropsiquiátricas têm sido mais pesquisadas, uma vez que o
transplante hepático se tornou um procedimento mais comum e os pacientes têm
sobrevivido mais. Dentre as queixas e observações nessa área, o autor menciona a
disfunção sexual em homens e mulheres. Ao realizar a coleta de dados de saúde
desses pacientes, é comum o relato de diminuição da libido, dificuldade de ereção e
ejaculação prejudicada. Associada à falta de energia, edema acentuado, dispnéia
em alguns casos e fadiga, a função sexual torna-se prejudicada na fase avançada
da cirrose hepática.
Strouse (2005) confirma a recuperação das funções endócrinas após o
transplante. Embora haja uma melhora considerável dessas funções e estado geral
do paciente, outros fatores afetam indiretamente seu desempenho sexual, tais como
depressão pós-operatória, auto-imagem, auto-estima e assuntos ligados aos
relacionamentos.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
109
# Risco de quedas
O risco de quedas é definido pela NANDA (2006, p. 198) como a:
“Susceptibilidade aumentada para quedas que podem causar dano físico”. Este
diagnóstico foi identificado em 18 (51,4%) dos pacientes estudados. Os fatores de
risco de maior incidência nessa clientela foram mobilidade física prejudicada, uso de
ansiolítico, tranquilizantes, diuréticos, anti-hipertensivos, alteração sensório-motora,
insônia, urgência e/ou incontinência das eliminações.
O enfermeiro deve utilizar um sistema de escores para avaliação desse risco
e implementar ações preventivas junto com outros profissionais da equipe
multidisciplinar.
# Diarréia
Diarréia é definida como: “Eliminação de fezes soltas, não formadas”
(NANDA, 2006, p. 86) e caracterizada por, pelo menos, 3 evacuações de fezes
líquidas ao dia, urgência para evacuar, ruídos intestinais hiperativos, dor abdominal
tipo cãibra, sintomas identificados em 45,7% da amostra estudada. Existem vários
fatores ligados à diarréia e estão distribuídos entre os fisiopatológicos, relacionados
ao tratamento, situacionais e maturacionais conforme lista Carpenito-Moyet (2005).
Sherlock e Dooley (2004) apontam má nutrição como complicação comum em
pacientes com doença terminal hepática aguardando transplante e uma das causas
é a esteatorréia especialmente em pacientes com doença colestática. Autores
apontam a diarréia como condição clínica comum após o transplante hepático. As
causas são assim relacionadas por Sanchez e Klintmalm (2005):
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
110
a) Hipertensão portal transitória durante a cirurgia, embora esta não seja
causa bem esclarecida;
b) Alteração da microbiota intestinal pelo uso crônico de lactulose; no pré-
transplante ou uso de antibióticos de amplo espectro; antes da cirurgia
podendo acarretar enterocolite pseudomembranosa por Clostridium
difficile;
c) Anti-corpo monoclonal, tacrolimus, micofenolato mofetil, rifampicina e
ciclosporina possuem como efeito colateral a diarréia;
d) Exacerbação de colite ulcerativa, que está presente em aproximadamente
30,0% dos pacientes portadores de colangite esclerosante primária;
e) O uso de medicamentos inibidores da enzima conversora de angiotensina
(ECA), como captopril e enalapril;
f) A doença do enxerto contra o hospedeiro (GVHD), evento raro em
pacientes transplantados de fígado, que cursa com febre, rash cutâneo,
diarréia e pancitopenia entre 2 a 6 semanas pós-transplante;
g) Infecção por citomegalovírus, e é difícil distingui-la dos efeitos colaterais
de drogas.
Os mesmos autores sugerem que o tratamento seja apenas de suporte, com
correção de possíveis distúrbios hidroeletrolíticos e suspensão ou ajuste de dose de
drogas tóxicas para a mucosa intestinal. E ainda alertam que os níveis de
ciclosporina diminuem em presença de diarréia e os níveis tacrolimus aumentam.
Deve-se dar atenção aos ajustes das doses desses imunossupressores.
Para a enfermagem, o impacto desse diagnóstico na assistência é grande,
uma vez que muitos pacientes têm incontinência fecal associada à diarréia. Ainda
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
111
outros pacientes têm alterações do estado mental, mobilidade física prejudicada no
pós-operatório, fatores relacionados ao déficit no autocuidado para banho-higiene,
higiene íntima, alimentação e inclusive vestir-se/arrumar-se. Pacientes com esse
perfil possuem um grau de dependência maior.
# Ansiedade
A ansiedade é definida como
“[...] um vago e incômodo sentimento de desconforto ou temor,
acompanhado por resposta autonômica; sentimento de apreensão
causado pela antecipação de perigo. É um sinal de alerta que chama
a atenção para um perigo iminente e permite ao indivíduo tomar
medidas para lidar com a ameaça” (NANDA, 2006, p. 28).
Foi identificada em 14 (40,0%) dos 35 pacientes pesquisados. O conceito de
Carpenito-Moyet (2005) para esse diagnóstico contempla o sentimento de
intranqüilidade e apreensão que o indivíduo percebe em resposta a uma ameaça
inespecífica. A mesma autora afirma que a ansiedade e o medo são diferenciados
apenas pela ausência ou presença de ameaça, respectivamente. Na prática clínica,
ambos os sentimentos podem coexistir e produzem a mesma resposta simpática
como alteração da freqüência cardíaca, dilatação das pupilas, sudorese, tremores e
secura na boca.
As características definidoras da ansiedade envolvem situações fisiológicas,
emocionais, cognitivas. E os fatores relacionados também englobam os que afetam
as necessidades humanas básicas (psicobiológicas), os situacionais no nível
individual e do ambiente e os maturacionais (CARPENITO-MOYET, 2005).
No caso da população estudada, observa-se a ansiedade em alguns casos
relacionada ao risco de morte no transoperatório, a ameaça real de alterações
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
112
biológicas e resultados inesperados do transplante, ameaça ou risco de infecção ou
de rejeição do enxerto e mudança no ambiente (hospitalização). Por ocasião da alta
hospitalar, essa ansiedade está diretamente relacionada ao diagnóstico
“Conhecimento deficiente quanto aos cuidados pós-transplante”, conforme já
mencionado.
Em síntese, o perfil diagnóstico de enfermagem em pacientes no pós-
operatório de transplante hepático na unidade de internação é perfusão tissular
periférica, renal e cardiopulmonar ineficazes, integridade tissular prejudicada, déficit
no autocuidado, diarréia, dor aguda, padrão de sono perturbado, ansiedade,
disfunção sexual, mobilidade física prejudicada e riscos de desequilíbrio da
temperatura corporal, de infecção e de quedas e conhecimento deficiente quanto
aos cuidados pós-transplante.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
114
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda e qualquer pesquisa apresenta limitação e esta não é exceção. Mesmo
diante dessas limitações foi possível alcançar, os objetivos propostos. A leitura
isolada dos históricos de enfermagem e dos registros feitos, nos prontuários, pela
equipe multiprofissional de transplante hepático foi insuficiente para o levantamento
de todas as características definidoras dos diagnósticos de enfermagem, exigindo
inferências a partir dos mesmos.
Quanto ao perfil demográfico da população estudada, observou-se que os
pacientes tinham entre 18 e 71 anos e uma média de idade de 52 anos. A maioria
era do sexo masculino, leucoderma, casada, possuía até três filhos maiores e
suporte familiar adequado. Quanto ao nível de escolaridade, a maioria dos pacientes
tinha curso superior, seguida pelos que possuíam o curso médio, exercia atividade
autônoma de nível elementar e era proveniente do interior do estado de Minas
Gerais.
Em relação às características epidemiológicas, os pacientes eram portadores
de Cirrose Hepática de diferentes etiologias, com prevalência da Cirrose pelo vírus
C. As co-morbidades de maior incidência foram a Hipertensão Arterial Sistêmica,
Diabetes Mellitus Tipo 2, Asma Brônquica e Esquistossomose. O maior número de
transplante ocorreu entre os pacientes receptores do grupo sangüíneo A.
A permanência dos pacientes no CTI foi em média de 4,5 dias e na Unidade
de Internação foi de 13 dias (excluindo o caso da paciente que extrapolou a
permanência para 188 dias). O tempo total de hospitalização foi de 17 dias, em
média. Na experiência de Sanchez e Klintmalm (2005), pacientes que demandam
cuidados no pós-operatório imediato na terapia intensiva apresentam média de
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
115
permanência na Unidade de Internação de 24 ± 28 dias. O estudo comprovou
também esse dado uma vez que 35 (81,4%) pacientes permaneceram até 22 dias na
UI-Tx.
Novos estudos devem ser desenvolvidos comparando o perfil clínico e a
demanda assistencial de enfermagem desses pacientes antes e após a instituição
do critério MELD, para a definição do momento do transplante.
Com relação aos diagnósticos de enfermagem, a metodologia utilizada
possibilitou identificar 55 diagnósticos compreendidos em 23 classes e 10 domínios,
estruturados segundo a Taxonomia II da NANDA (2006). Além desses, as autoras
identificaram problemas de enfermagem referentes ao Domínio 2 - Nutrição, as
Classes 3 - Absorção e 4 - Metabolismo, que ainda não possuem diagnósticos
aprovados pela taxonomia de referência. Evidencia-se, assim, a premência de
estudos clínicos de diagnósticos referentes a essas classes e a esse domínio.
A utilização do referencial teórico de Wanda de Aguiar Horta (1979) permitiu
identificar 25 necessidades humanas básicas afetadas, ficando assim distribuídas:
83,6% psicobiológicas, 12,7% psicossociais e 3,7% psicoespirituais.
Este estudo também apontou a necessidade de pesquisas para validação
clínica de diagnósticos de enfermagem em pacientes transplantados, que não são
contemplados na Taxonomia II da NANDA (2006). Como exemplo, pode-se citar a
disfunção de órgãos e sistemas relacionados à injúria de perfusão do enxerto e
diagnósticos que envolvem a doação e captação de órgãos.
O perfil diagnóstico de enfermagem em pacientes de transplante hepático na
unidade de internação foi assim descrito: perfusão tissular periférica, renal e
cardiopulmonar ineficazes, integridade tissular prejudicada, déficit no autocuidado,
diarréia, dor aguda, padrão de sono pertubado, ansiedade, disfunção sexual,
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
116
mobilidade física prejudicada, riscos de desequilíbrio da temperatura corporal, de
infecção e de quedas e conhecimento deficiente quanto aos cuidados pós-
transplante.
Mediante esse perfil diagnóstico, o estudo facilitará a revisão do protocolo
assistencial de enfermagem dos pacientes em transplante hepático na unidade de
internação do HC-UFMG e a reformulação do histórico de enfermagem
implementado para essa clientela.
Sugere-se ainda que o profissional enfermeiro torne seus registros diários,
sobre a evolução do paciente, formalmente instituídos no prontuário do paciente.
Os resultados objetivos e subjetivos desta pesquisa vieram corroborar com as
afirmações da vasta literatura pertinente ao tema, de que as demais etapas do
processo de enfermagem não podem prescindir a do diagnóstico de enfermagem.
Tal processo é dinâmico e, naturalmente, segue um ciclo compreendido entre a
coleta de informações, o diagnóstico, as intervenções e a avaliação dos resultados
de enfermagem, que pode ser reacessado durante todo o trabalho junto ao paciente,
família, grupo e comunidade, no alcance de um bom estado de saúde.
E, para finalizar, o simples fato de estudar mais detalhadamente os processos
do raciocínio clínico, relativos à elaboração de diagnósticos de enfermagem, resultou
numa melhor compreensão do que é enfermagem e o que faz dela uma profissão.
Essa compreensão conceitual sucedeu à aprendizagem de se aplicar o método
científico aos conhecimentos pessoais e da prática profissional durante este estudo.
O uso do diagnóstico é um desafio para o enfermeiro, porém é viável, e
constitui etapa indispensável para o processo de enfermagem, pois fundamenta as
prescrições, valoriza o profissional que se responsabiliza pelos resultados
alcançados pelo cliente e serve de documento para auditoria. A grande relevância
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
117
dos diagnósticos de enfermagem se evidencia quando esse profissional sai do
discurso e vai para o cotidiano da assistência direta ao paciente.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
118
R
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Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
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Original inglês.
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
126
A
PÊNDICES
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
127
APÊNDICE A
Histórico de Enfermagem
Histórico de Enfermagem
1. IDENTIFICAÇÃO
Registro: ___________Leito: ______________Data: _____/______/_____Horário: ______________
Nome: _______________________________ Idade: _________Sexo: ________ Cor: ____________
Estado civil: _________________ N˚ e idade dos filhos: ___________________________________
Naturalidade: __________________ Procedência _________________________________________
Escolaridade: ____________ Ocupação/Profissão: _______________ Religião: _________________
Doença de base: ____________________________________________________________________
Outras doenças: _____________________________________________________________________
Tratamento proposto: ________________________________________________________________
2. PERCEPÇÕES E EXPECTATIVA
(O que incomoda – preocupação/problemas/queixas; o que sabe sobre a doença, tratamento;
experiência anterior e o que espera da equipe de saúde).
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
128
3. ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES BÁSICAS
(Padrão, hábitos, freqüência)
Sono/repouso: _____________________________________________________________________
Atividades físicas/lazer: _____________________________________________________________
Alimentação - Dieta: _________________________________________________________________
Tolerância: ___________________________ Jejum desde: _______________ h do dia ___________
Preferências: _______________________________________ Hidratação: _____________________
Cuidado corporal: ___________________________________________________________________
Eliminações (pulmonar, gastrintestinal, vesical): ___________________________________________
Regulação hormonal: ________________________________________________________________
Regulação imunológica: GS: _______________ Alergoses: _________________________________
__________________________________________________________________________________
Sexualidade/reprodução: ______________________________________________________________
Habitação: ( ) própria; ( ) alugada. Infra-estrutura sanitária: __________________________________
História Sócio-familiar/espiritual: _________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
4. EXAME FÍSICO
ASPECTO GERAL
: (estado mental/emocional, locomoção, integridade física, vestuário,
biotipo)____________________-________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
Parâmetros vitais
: Tax: _______ ºC; PA: ________mmHg;
FR:_________
irpm; Sat.O
2
:__________%
Pulso: _______bpm (descrição): ________________________________________________________
Dados antropométricos
: Peso: ____kg; Altura: ____m; Circunferência abdominal: ____cm; IMC: _____
Condições dos segmentos
: (Integridade cutâneo-mucosa; limpeza, cor; temperatura, motilidade)
CABEÇA/PESCOÇO:
Couro cabeludo: _________________________________Face: ______________________________
Órgãos dos sentidos: visão: _______________________audição: _____________________________
Gustação: ________________olfato: _________tato: ______________________________________
Cavidade Oral: ______________________________________________________________________
Tireóide/gânglios: ____________________________________________________________________
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
129
TRONCO:
Tórax: _____________________________________________________________________________
Abdome: ___________________________________________________________________________
Dorso/lombo-sacra: ___________________________________________________________________
Genitália: ___________________________________________________________________________
MEMBROS:
Superiores: _________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
Inferiores: __________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
5. IMPRESSÃO DO ENTREVISTADOR
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
6. DADOS CLÍNICOS DE INTERESSE PARA A ENFERMAGEM
Resultados de exames complementares (laboratoriais ou de imagem):
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
Especificação da terapêutica (propedêutica, cirurgia, medicações específicas, tratamento de suporte):
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
Enfermeiro: ______________________________________ COREN: ___________________________
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
130
APÊNDICE B
UNIDADE DE INTERNAÇÃO DE TRANSPLANTES
Diagnóstico de Enfermagem Folha _____ / _____
Nome: _________________________ Idade: _____________ Registro: _________________ Leito: __________
Estado Civil: ___________________ Sexo: _________________ Cor: __________________ N
o
de filhos: _________________
Naturalidade: _______________________________ Procedência: ______________________________
Escolaridade: _______________________ Ocupação / Profissão: _____________________ Religião: ___________________
Doença de base: ________________________________ Outras doenças: _________________________________________
Tratamento proposto: ______________________________________________________ Data da cirurgia: _____ / _____ / _____
Retorno do CTI: _____ /_____ / _____ (_____
o
DPO) Alta hospitalar: _____ / _____ / ____ (_____
o
DPO)
Problemas de enfermagem Títulos diagnósticos Fatores relacionados
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
131
APÊNDICE C
Modelo – Consentimento para publicação de fotos
Programa de Pós-Graduação
Escola de Enfermagem da UFMG
CONSENTIMENTO PARA PUBLICAÇÃO
Eu ________________________________, RG: ________________ autorizo a
mestranda Márcia Eller Miranda Salviano a publicar em seu texto de dissertação:
“Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em
pacientes no pós-operatório na unidade de internação”, as fotos aqui impressas.
____________________________________________________________
Assinatura
(colaboradora)
____________________________________________________________
Márcia Eller Miranda Salviano
(pesquisadora)
Belo Horizonte, ___ de ______ de 2007
Anexar foto aqui
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
132
ANEXOS
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
133
ANEXO A
Aprovação Câmara Departamental da EEUFMG
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
134
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
135
ANEXO B
Aprovação da Vice-Diretoria Técnica de Enfermagem do HC-UFMG
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
136
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
137
ANEXO C
Aprovação DEPE do HC-UFMG
Transplante hepático: Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA em pacientes no pós-operatório na unidade de internação
138
ANEXO D
Aprovação COEP UFMG
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo