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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
MESTRADO EM TURISMO E HOTELARIA
VIVIAN GERTRUDES BUCHHOLZ GUIMARÃES
TRANSFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS DECORRENTES DA EXPANSÃO DO
TURISMO CULTURAL: O CASO DE TREZE TÍLIAS - SC
BALNEÁRIO CAMBORIÚ – SC
2008
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VIVIAN GERTRUDES BUCHHOLZ GUIMARÃES
TRANSFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS DECORRENTES DA EXPANSÃO DO
TURISMO CULTURAL: O CASO DE TREZE TÍLIAS - SC
Trabalho de dissertação apresentado como
requisito parcial para a obtenção do título de
mestre no programa de Pós-graduação em
Turismo e Hotelaria, ministrado pela Universidade
do Vale do Itajaí UNIVALI de Balneário
Camboriú, SC.
Orientação: Professora Doutora Raquel Maria
Fontes do Amaral Pereira.
BALNEÁRIO CAMBORIÚ – SC
2008
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TRANSFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS DECORRENTES DA EXPANSÃO DO
TURISMO CULTURAL: O CASO DE TREZE TÍLIAS - SC
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em
Turismo e Hotelaria e aprovada pelo Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e
Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário
Camboriú.
Área de concentração: Planejamento e gestão do turismo e da hotelaria.
Balneário Camboriú, 25 de fevereiro de 2008.
_________________________________________
Profª. Drª. Raquel Maria Fontes do Amaral Pereira
UNIVALI – CE Balneário Camboriú
Orientadora
_________________________________________
Profª. Drª. Dóris Van de Meene Ruschmann
UNIVALI – CE Balneário Camboriú
_________________________________________
Prof. Dr. Dario Luiz Dias Paixão
UNICENP – PR
Dedicatória
Este trabalho é dedicado à memória da
Professora Roselys Izabel Corrêa dos
Santos, que iniciou a orientação desta
pesquisa e que, apesar do pouco convívio
que tivemos, demonstrou a importância de
vivermos cada dia em sua plenitude.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter-me dado a oportunidade de nascer e
viver.
Agradeço à querida Professora Raquel, que me acolheu e se dedicou a me
orientar na difícil trajetória de conclusão deste trabalho.
Aos meus pais, Matilde e Helmuth, pelo apoio e incentivo em toda a minha
jornada acadêmica.
Agradeço ao meu querido esposo, por ser tão companheiro e partícipe em
todas as idas e vindas necessárias para a realização deste trabalho.
A minha filha Bianca, minha fonte de amor incondicional, que ainda é tão
pequena, porém tão compreensiva.
Agradeço a minha mãe Matilde e a minha sogra, D. Márcia, por terem cuidado
com tanto carinho da minha filha, enquanto eu me dedicava a esta pesquisa.
Agradeço ao Reitor do Centro Universitário de União da Vitória, Professor
Jairo Vicente Clivatti, por ter acreditado em meu potencial e por ter investido
integralmente recursos financeiros para a realização deste curso.
Agradeço também à comunidade de Treze Tílias, que me recebeu com muito
carinho, todas as vezes que precisei de auxílio.
GUIMARÃES, Vivian Gertrudes Buchholz. Transformações socioeconômicas decorrentes da
expansão do turismo cultural: o caso de Treze Tílias, SC. 138 f. Dissertação de Mestrado.
Universidade do Vale do Itaj, UNIVALI, 2008.
RESUMO
A atividade turística vem-se apresentando como possibilidade de desenvolvimento para grandes e
pequenas localidades com potencial turístico. Muita atenção tem sido dispensada aos recursos
naturais, artificiais, históricos e culturais, com o intuito de transformar locais em produtos turísticos
formatados. O desenvolvimento do turismo pode trazer benefícios para a comunidade receptora,
como o aumento da qualidade de vida, a preservação dos bens naturais e culturais, maior
qualificação da mão-de-obra, incremento de renda, melhoria da infra-estrutura básica e turística e
ainda o aumento das possibilidades de emprego. Esses benefícios são percebidos em Treze Tílias,
SC, objeto de estudo do presente trabalho, que possui como objetivo geral analisar as
transformações ocorridas no município de Treze Tílias, em decorrência da expansão do turismo
cultural. Para atingir o objetivo proposto no presente trabalho, caracterizado como estudo de caso de
caráter qualitativo, foi necessário utilizar os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa
bibliográfica, pesquisa documental e entrevista dirigida. Como resultado da presente pesquisa,
constatou-se que entre as transformações ocorridas em Treze Tílias, por ocasião do desenvolvimento
da atividade turística, as que mais se destacam são as transformações positivas, principalmente
relacionadas ao aumento do número de empreendimentos turísticos e à conservação dos usos e
costumes dos munícipes.
Palavras-chave: Turismo cultural. Desenvolvimento turístico. Transformações. Treze Tílias.
GUIMARÃES, Vivian Gertrudes Buchholz. Socioeconomic change arising from the expansion of
cultural tourism: the case of Treze Tílias, SC. 138 f. Master’s Degree Dissertation. University of
Vale do Itajaí, UNIVALI, 2008.
ABSTRACT
Tourism activity presents a development opportunity for locations with tourism potential, both large
and small. Much attention has been directed towards the natural, artificial, historical and cultural
resources, with the aim of transforming these places into clearly-formatted tourism products. Tourism
development can bring benefits to the host community, such as an improvement in quality of life, the
preservation of natural and cultural wealth, greater qualification of the workforce, increased income, an
improvement in basic and tourism infrastructure, and an increase in job opportunities. These benefits
have been observed in Treze Tílias, in the State of Santa Catarina, the object of study of this work,
which seeks to analyze the changes that have taken place in the town, due to the expansion of
cultural tourism. In order to achieve the objective of this study, which is characterized as a case study
with qualitative characteristics, the following methodological procedures were used: a bibliographic
review, document research, and interviews. As a result, it was found that of the changes in Treze
Tílias caused by the development of tourism activity, the main ones were positive, particularly those
related to the increase in the number of tourism enterprises and the conservation of the uses and
customs of the local population.
Key words: Cultural tourism. Tourism development. Change. Treze Tílias.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Quadro demonstrativo da entrada de imigrantes no Brasil................ 20
Figura 2 Terras compradas pelo governo da Áustria para a instalação dos
imigrantes ...........................................................................................................
23
Figura 3 – Residência e cantina da Linha Pinhal................................................ 24
Figura 4 – Produção artesanal da Linha Pinhal...................................................
25
Figura 5 – Localização do Estado do Tirol na Áustria ........................................ 25
Figura 6 – Informações sobre os grupos de imigrantes austríacos ....................
26
Figura 7 – Proveniência dos maiores contingentes de imigrantes austríacos ....
26
Figura 8 – Capela de Babenberg (frente) ........................................................... 27
Figura 9 – Capela de Babenberg (lateral) .......................................................... 27
Figura 10 – Irmãs Vicentistas ............................................................................. 28
Figura 11 – Mapa de projeção de localização de Treze Tílias ........................... 32
Figura 12 – Distâncias das capitais da região Sul do Brasil ...............................
33
Figura 13 – Mapa rodoviário de acesso à Treze Tílias .......................................
33
Figura 14 – Bandeira do município de Treze Tílias ............................................ 34
Figura 15 – Gráfico do PIB per capita ................................................................ 35
Figura 16 – Gráfico do número de turistas domésticos (2003/2006) ..................
41
Figura 17 – Vista parcial da área central da cidade de Treze Tílias ...................
51
Figura 18 – Primeira casa construída em estilo típico tirolês ............................. 52
Figura 19 – Prédio da Prefeitura Municipal ........................................................ 54
Figura 20 – Consulado da Áustria de Treze Tílias ............................................. 55
Figura 21 – Mapa do perímetro urbano de Treze Tílias ..................................... 56
Figura 22 – Prédio localizado na Rua Ministro João Cleophas .......................... 57
Figura 23 – Prédio localizado na Rua Leoberto Leal ..........................................
58
Figura 24 – Panfleto ........................................................................................... 59
Figura 25 – Mapa da Zona de Expansão Turística de Treze Tílias ....................
60
Figura 26 – Mapa da Zona de Interesse Turístico de Treze Tílias ..................... 61
Figura 27 – Condomínio Áustria Residencial ..................................................... 62
Figura 28 – Vista parcial do Termas Internacional Vale das Tílias .....................
64
Figura 29 – Parque dos Sonhos ......................................................................... 65
Figura 30 – Parque Lindendorf ........................................................................... 66
Figura 31 – Minicidade ....................................................................................... 66
Figura 32 – Restaurante Lindendorf ................................................................... 67
Figura 33 – Parque do Imigrante ........................................................................ 68
Figura 34 – Prato típico da culinária austríaca ................................................... 71
Figura 35 – Imagem do desfile durante a Tirolerfest .......................................... 73
Figura 36 – Grupo Família Moser em apresentação no Hotel Tirol ....................
76
Figura 37 – Grupo de danças Lindental ............................................................. 77
Figura 38 – Miniaturas esculpidas por José Dalla Costa ....................................
78
Figura 39 – Escultura em madeira esculpida por Conrado Moser ..................... 79
Figura 40 – Espaço para exposição permanente de esculturas .........................
79
Figura 41 – Pedestal com informações .............................................................. 80
Figura 42 – Monumento em homenagem aos agropecuaristas ......................... 82
Figura 43 – Monumento em homenagem ao agropecuarista .............................
82
Figura 44 – Monumento em homenagem ao imigrante austríaco ...................... 83
Figura 45 – Monumento em homenagem à Andréas Thaler .............................. 84
Figura 46 – Museu Andréas Thaler .................................................................... 86
Figura 47 – Museu Andréas Thaler .................................................................... 87
Figura 48 – Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo .................................. 90
Figura 49 – Painel eletrônico dos meios de hospedagem ..................................
91
Figura 50 – Trenzinho .........................................................................................
94
Figura 51 Mapa de localização dos empreendimentos de hospedagem de
Treze Tílias .........................................................................................................
96
Figura 52 – Hotel Áustria .................................................................................... 98
Figura 53 – Hotel Tirol ........................................................................................ 99
Figura 54 – Hotel Dreizenlinden ......................................................................... 101
Figura 55 – Hotel Schneider ............................................................................... 102
Figura 56 – Hotel Alpenrose ............................................................................... 103
Figura 57 – Bristol Multy Treze Tílias Park Hotel ………………………………….
105
Figura 58 – Pousada Adler …………………………………………………..…… 107
Figura 59 – Cabana do Sítio das Palmeiras Bauernhof ..................................... 108
Figura 60 – Chalés do Camping Felder ..............................................................
109
Figura 61 – Piscina do Camping Felder ............................................................. 109
Figura 62 – Pousada Europa ..............................................................................
110
Figura 63 – Cabanas Vale das Tílias ..................................................................
111
Figura 64 – Gráfico da abertura de hotéis e pousadas em Treze Tílias .............
112
Figura 65 – Kandlerhof Bar e Restaurante ......................................................... 114
Figura 66 – Área interna do restaurante do Hotel Tirol ...................................... 116
Figura 67 – Restaurante e Pizzaria Edelweiss ................................................... 117
Figura 68 – Microcervejaria Bierbaum ................................................................
118
Figura 69 – Restaurante Felder ..........................................................................
119
Figura 70 – Área para comercialização das bebidas da Adega Tirolesa ........... 120
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
...................................................................................................
11
CAPÍTULO I
TREZE TÍLIAS: CARACTE
R
ÍSTICAS GEO
HISTÓRICAS
.
16
1.1 GÊNESE E EVOLUÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO..................................... 16
1.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ATUAIS.............................................
34
CAPÍTULO II
-
CULTURA E DESENVOLVIMENTO DO TURISMO
...........
39
2.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DE TURISMO............................................... 39
2.2 A CULTURA COMO ELEMENTO PROPULSOR PARA O
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE TURÍSTICA..................................
43
CAPÍTULO III
OS RECURSOS TURÍSTICOS DE TREZE TÍLIAS E AS
TRANSFORMAÇÕES DECORRENTES DA EXPANSÃO
DO TURISMO CULTURAL.....................................................
50
3.1 ATRATIVOS NATURAIS E ARTIFICIAIS................................................... 50
3.2 ATRATIVOS HISTÓRICO-CULTURAIS .................................................... 68
3.2.1
Gastronomia ............................................................................................
69
3.2.2
Festividades, musicalidade e danças ......................................................
72
3.2.3
Esculturas em madeira e monumentos ...................................................
78
3.2.4
Museu Municipal ......................................................................................
86
3.3 INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA .............................................................
90
3.3.1
Equipamentos de Hospedagem ..............................................................
95
3.3.2
Empresas de Alimentos e Bebidas.......................................................... 114
3.3.3
Comércio .................................................................................................
121
CONSIDERAÇÕES FINAIS
...............................................................................
122
REFERÊNCIAS
.........................................................
.........................................
126
ANEXO A
LEI MUNICIPAL 931/93
..............................................................
134
ANEXO B
LEI MUNICIPAL 1312/99
............................................................
137
INTRODUÇÃO
A atividade tustica vem-se apresentando como oportunidade de
desenvolvimento para grandes e pequenas localidades com potencial turístico. Muita
atenção tem sido dispensada aos recursos naturais, artificiais, históricos e culturais,
entre outros, com o intuito de transformar locais em produtos turísticos formatados.
O desenvolvimento do turismo poderá trazer benefícios, como o aumento da
qualidade de vida da comunidade, preservação de bens naturais e culturais, maior
qualificação da mão-de-obra, incremento de renda, melhoria da infra-estrutura
básica e turística e aumento das possibilidades de emprego.
Contudo, ao considerarmos o termo desenvolvimento, é necessário entender
que não se trata apenas de indicadores econômicos, mas que pode ser entendido
como um “processo de superação de problemas sociais, em cujo âmbito uma
sociedade se torna, para seus membros, mais justa e legítima” (SOUZA, 1997, p.
18). Por isso se torna relevante analisar fatores relacionados ao desenvolvimento do
turismo.
Porém, quando se trata de exploração turística de bens culturais, deve-se ter
um cuidado relacionado à conservação desses bens, de forma que não sejam
alterados ou modificados para agradar ao turista. Por isso uma das grandes
preocupações dos estudiosos do turismo é a preservação dos recursos naturais e
culturais (sendo estes, materiais ou imateriais), resultando em estudar e descobrir
formas de gerenciar os recursos de maneira que não haja modificações com o
decorrer do desenvolvimento da atividade turística no local.
Em alguns casos percebe-se que os valores culturais locais se modificam e
se tornam cada vez mais semelhantes aos daqueles que visitam a localidade, como
turistas. em outros casos, percebe-se que a comunidade não permite que estes
costumes sejam influenciados por fatores externos. Essa particularidade em
preservar o que lhe pertence, atribuindo valor a isto, é um fator de destaque para o
desenvolvimento do turismo. Então, o turismo pode ser um estímulo para que haja
maior interesse em preservar esses recursos naturais e culturais.
Considerando que o principal fator que caracteriza o município em estudoo
as características culturais, é importante perceber que a cultura está diretamente
relacionada com a comunidade. Entretanto, torna-se evidente para a presente
12
pesquisa, analisar a comunidade e sua cultura, ressaltando que as transformações
decorrentes da exploração da atividade turística podem ser fatores positivos para a
economia e para a valorização dos aspectos culturais de determinada localidade.
Tulik e Roque afirmam que “a utilização da cultura como recurso turístico vem
mostrando que a sua valorização econômica pode trazer benefícios, gerando
emprego e renda e que se refletem em vantagens sociais” (2003, p. 90).
Complementando a afirmação que o turismo cultural pode ajudar no processo de
fortalecimento de certas tradições e costumes, é importante citar Gallicchio, que
afirma: a atividade turística pode conformar uma maneira de enfatizar e disseminar
a importância de uma região, um local e seus respectivos registros, enquanto fontes
de conhecimento” (2001, p. 57).
Porém a atividade deve ser planejada e, antes de tudo, é necessário ter
conhecimento sobre os envolvidos nessa atividade; além disso, é preciso saber se a
comunidade local deseja conviver com o turismo. A participação da comunidade,
além de favorecer o aspecto social, pode estar relacionada ao fator econômico do
turismo.
Analisando o atual contexto do município de Treze Tílias, localizada no meio-
oeste do Estado de Santa Catarina e com pouco mais de cinco mil habitantes,
verifica-se que o desenvolvimento turístico vem colaborando para que se perpetuem
as características do espaço, paisagem e costumes, originários de outra região
geográfica do mundo. Depois de completar 74 anos de imigração austríaca,
percebe-se que há valorização dos aspectos da cultura, principalmente por meio das
festividades, musicalidade, gastronomia e arquitetura.
Alguns espaços criados para turistas podem ser usados pela comunidade,
denotando a preocupação em envolver a comunidade no processo turístico e não
fazer com que ela se sinta parte isolada do processo.
Não se percebe, na área central do município, nenhuma apropriação de locais
públicos que possa ferir a forma de viver da comunidade local. O que acontece é
uma expansão urbana lenta, com predominância de empreendimentos turísticos de
pequeno e médio porte.
Portanto, o objetivo geral da presente pesquisa é analisar as transformações
ocorridas no município de Treze Tílias, em decorrência da expansão do turismo
cultural. Considerando o município de Treze Tílias como objeto de estudo,
principalmente por se tratar de um local ainda pouco estudado e que apresenta
13
características bastante peculiares e relevantes, o que poderá resultar em uma
contribuição significativa para a comunidade acadêmica do Turismo.
Para tal, torna-se necessário contextualizar as características geo-históricas
de Treze Tílias, levando em consideração o processo imigratório que ocorreu no
Brasil no século XX; pesquisar sobre os recursos turísticos de Treze Tílias; e, por
fim, analisar o desenvolvimento do turismo no município, considerando como foco
para o estudo a ênfase dos aspectos relacionados à cultura austríaca, que é hoje o
principal atrativo do município.
O nível de abrangência para a presente pesquisa está concentrado na área
central do município de Treze Tílias, com recorte temporal compreendendo o
período de 1948, que corresponde à data de fundação do primeiro empreendimento
de hospedagem, até os dias atuais.
A pesquisa caracteriza-se principalmente pela abordagem qualitativa. Para
Chizzotti (1991, p. 89) “os dados são colhidos, iterativamente, num processo de idas
e voltas (...) os dados colhidos em diversas etapas são constantemente analisados e
avaliados”. O método do procedimento da pesquisa é o estudo de caso, que para Gil
(1999, p. 72-73) trata-se de um “estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos
objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado”.
A coleta de dados se deu de três formas: pesquisa bibliográfica, desenvolvida
a partir de material já elaborado e constituída principalmente por meio de livros e
artigos científicos (GIL, 1999); documental, tendo sido consultados documentos
oficiais, fotografias, relatórios e dados estatísticos; e a entrevista não-diretiva, cujas
informações são coletadas mediante discurso livre do entrevistado, em que o
pesquisador vai recolhendo os dados que o levam à elucidação do problema
(CHIZZOTTI, 1991).
A pesquisa bibliográfica tornou-se indispensável neste trabalho,
principalmente pela necessidade de estudos históricos relacionados à imigração de
austríacos ao Brasil, bem como pela busca por maior aprofundamento teórico sobre
cultura e turismo.
Paralelamente, a pesquisa documental foi importante para descobrir dados
estatísticos atuais, buscados principalmente junto ao Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística IBGE; nos Planos Nacionais de Turismo 2003/2006 e 2007/2010,
elaborados pelo Instituto Brasileiro de Turismo EMBRATUR; no Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, bem como para conhecer as
14
Leis Municipais que regulamentam os aspectos relacionados à ocupação territorial
do município de Treze Tílias, tais como o Plano Diretor, o Plano de Zoneamento e as
Leis 931/93 e 1312/99, que tratam especificamente sobre as questões arquitetônicas
na área central da cidade.
a entrevista foi fundamental para conhecer a realidade em que vivem os
atores sociais que possuem ligação direta com a atividade turística, sendo eles, o
poder público, representado por alguns funcionários da Prefeitura Municipal e da
Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo de Treze Tílias; dos empresários do
ramo e dos prestadores de serviços, sendo entrevistados proprietários ou gerentes
de hotéis, pousadas, bares, restaurantes, parque temáticos, serviço de transporte,
entre outros.
O resultado deste trabalho está organizado em três capítulos. No primeiro
deles, intitulado como Treze Tílias: características geo-históricas, faz-se uma relação
entre o surgimento do município e o processo imigratório que aconteceu no Brasil no
século XX, especificamente no meio-oeste catarinense. São apresentados tamm
dados atuais que revelam as condições socioeconômicas do município. O conteúdo
desse capítulo teve como fontes principais a obra de Walter F. Piazza, sob o título A
colonização de Santa Catarina e duas obras de Luiz J. Gintner que retratam fatos
históricos de Treze Tílias.
No capítulo II, sob o título Cultura e desenvolvimento do turismo, faz-se uma
reflexão sobre teorias que sustentam a presente pesquisa. Para o desenvolvimento
dele, foram consultadas diversas fontes, entre elas as mais citadas são: Turismo e
identidade local, de autoria de Margarita Barretto, e A noção de cultura nas ciências
sociais, de Denys Cuche.
No capítulo III, intitulado Os recursos turísticos de Treze lias e as
transformações decorrentes da expansão do turismo cultural, são apresentados
dados sobre os atrativos naturais, artificiais, histórico-culturais e sobre a infra-
estrutura turística existente no município. Paralelamente, nesse mesmo capítulo, as
informações são analisadas de forma aprofundada, com o intuito de constatar quais
foram as transformações decorrentes da expansão da atividade turística em Treze
Tílias. Para buscar as informações constantes nesse capítulo, foram necessárias
uma série de visitas in loco para registrar os locais por meio de fotografias e tamm
para buscar informações atualizadas sobre cada um dos empreendimentos
visitados. Posteriormente à coleta de dados, tornou-se necessário estudar as
15
informações para diagnosticar a atual situação do município em relação à expansão
da atividade turística.
Por fim, o terceiro e último capítulo apresenta-se com substanciais
contribuições, tendo em vista que, além de inventariar os recursos turísticos de
Treze Tílias, apresenta informações analisadas criticamente, de forma a destacar
quais foram as transformações ocorridas em decorrência da expansão da atividade
turística no município.
CAPÍTULO I - TREZE TÍLIAS: CARACTERÍSTICAS GEO-HISTÓRICAS
1.1 GÊNESE E EVOLUÇÃO
Para compreender a gênese e a evolução da formação socioespacial do
município de Treze Tílias, é necessário que se verifique o contexto histórico dos
fluxos migratórios que ocorreram no Brasil a partir de meados do século XIX e sua
relação com a ocupão do território catarinense. A grosso modo, podemos
distinguir em Santa Catarina duas formações socioespaciais definidas, a partir da
primeira grande divisão regional que é imposta pela dupla conformação do seu
relevo: litoral e planalto. Essa característica geral do relevo, “combinada a outros
elementos naturais (vegetação, hidrografia e solos), foi decisiva para o povoamento
do território e para o desenvolvimento das atividades humanas do estado de Santa
Catarina(VIEIRA e PEREIRA, 1997, p. 457). De um modo geral, pode-se dizer que
a exploração das terras situadas no planalto teve início com a chegada de paulistas
no século XVIII, instalados nas manchas de campo natural de Lages, Curitibanos e
Campos Novos. Ao lado ou associado ao latifúndio pastoril, nos trechos de floresta
se espalha a atividade extrativa, aproveitando a existência dos ervais nativos,
encontrados em combinação com as matas de araucária do planalto.
Já na faixa litorânea onde os açorianos, chegados no século XVIII, sucederam
os vicentistas fundadores dos primeiros povoados catarinenses (São Francisco,
Desterro e Laguna) em meados do século XVII, dominaram as pequenas
propriedades “policultoras familiares que forneceram, nos fins do século XVIII e início
do XIX, importantes excedentes alimentares (farinha de mandioca, arroz, feijão,
melado, etc.) que se destinaram ao abastecimento do Rio, Salvador, Recife e até
mesmo Montevidéu” (MAMIGONIAN, 1966, p. 34). Os vales atlânticos foram
ocupados principalmente a partir da segunda metade do século XIX, por pequenas
explorações policultoras de alemães (Joinville e maior parte do Vale do Itajaí) e
italianos (especialmente no sul do estado). Estes agricultores independentes tinham
origem em uma Europa em processo de industrialização” (MAMIGONIAN, 1986, p.
104), uma conjuntura socioeconômica distinta daquela vivida pelos imigrantes
oriundos dos Açores.
17
Finalmente, no início do século XX, a ocupação do território catarinense
completou-se “a partir da comercialização de glebas situadas na porção oeste do
planalto para imigrantes originários dos núcleos coloniais alemães e italianos do
estado do Rio Grande do Sul” (VIEIRA e PEREIRA, 1997, p. 459).
Quanto à imigração européia no Brasil, houve vários fluxos, sendo que o
primeiro deles ocorreu ainda durante o 1º Império
1
. Para Adas (1976, p.100), durante
o Império (até 1889), o governo custeava o transporte para a vinda destes
imigrantes, que lentamente passavam a substituir a mão-de-obra escrava nas
grandes fazendas de café. Por outro lado, no sul do Brasil e esse é o caso de
Santa Catarina levas de imigrantes se instalaram em regiões ainda pouco
povoadas. Nas reges emissoras desses imigrantes, especialmente na Alemanha e
Itália, havia desemprego decorrente do desenvolvimento tardio do capitalismo e os
conflitos na Europa que causavam intranqüilidade social na população. Em 17 de
junho de 1874, Joaquim Caetano Pinto Junior celebrou junto ao Governo Imperial
um importante contrato de introdução de imigrantes europeus no Brasil. Para Piazza
(1994, p. 181-184) esse pode ter sido o maior contrato havido na história do Brasil,
em termos de política imigratória:
Decreto nº 5663 – de 17 de junho de 1874
Autoriza a celebração do contrato com Joaquim Caetano Pinto Junior para
importar no Império 100.000 imigrantes europeus.
Atendendo ao que Me requereu Joaquim Caetano Pinto Júnior, Hei por
bem autorizar a celebração do contrato para, por si ou por meio de uma
sociedade ou companhia que organizar, introduzir no Império (exepto na
Província do Rio Grande do Sul) cem mil (100.000) imigrantes europeus,
de conformidade com as cláusulas que com este baixam assinadas, por
José Fernandes da Costa Pereira Júnior, do Meu Conselho, Ministro e
Secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas, que assim o tenha entendido e faça executar. Palácio do Rio de
Janeiro em dezessete de junho de mil oitocentos e setenta e quatro,
qüinquagésimo terceiro da Independência e do Império.
Com a rubrica de Sua Mejestade o Imperador.
José Fernandes da Costa Pereira Júnior.
Contrato entre o Governo Imperial e Joaquim Caetano Pinto Júnior para,
por si ou por meio de uma companhia, introduzir no Brasil, dentro de 10
anos 100.000 imigrantes, debaixo das seguintes condições:
I. Joaquim Caetano Pinto Júnior obriga-se, por si ou por meio de uma
companhia ou sociedade que poderá organizar, a introduzir no Brasil
(exepto na Província do Rio Grande do Sul) dentro do prazo de 10 anos,
1
A Colônia alemã em Santa Catarina foi a de o Pedro de Alcântara, fundada em 1829. Na
segunda metade do Século XIX, novas colônias alemãs foram fundadas em Santa Catarina, entre
elas a de Blumenau (em 1850) e a de Joinville (1851). Os imigrantes italianos chegaram mais tarde e
dirigiram-se em parte para o Vale do Itajaí e, especialmente, para o Sul do Estado, a partir de 1875.
18
100.000 imigrantes Alemães, Austríacos, Suíços, Italianos do norte,
Bascos, Belgas, Suecos, Dinamarqueses e Franceses, agricultores, sadios,
laboriosos e moralizados, nunca menores de dois anos, nem maiores de
45, salvo se forem chefes de família. Desses imigrantes 20 por cento
poderão pertencer a outras profissões.
II. O prazo de 10 anos começará a correr depois de 12 meses, contados
da data de elaboração do contrato; o empresário, porém, poderá dar
começo à introdução de imigrantes antes de findos os 12 meses, se o
Governo permitir.
III. O mero de imigranteso excederá de 5.000 no primeiro ano,
podendo ser elevado a 10.000 se o Governo assim determinar; mas nos
anos subseqüentes o empresário será obrigado a introduzir até 10.000,
ficando qualquer excesso dependendo de prévio consenso do mesmo
Governo.
IV. O empresário receberá por adulto, as seguintes subvenções:
125$000 pelos primeiros 50.000 imigrantes, 100$000 pelos 25.000
seguintes. 60$000 pelos últimos 25.000, e a metade destas subvenções
pelos que forem menores de 12 anos e maiores de dois.
V. Estas subvenções serão pagas na Corte, logo que for provado que os
imigrantes foram recebidos pelo funcionário competente no porto de
desembarque da Província a que se destinarem.
VI. Nem o Governo, nem o empresário poderá haver dos imigrantes a
título algum, as quantias despedias com subsídios, socorros, transportes e
alojamento dos mesmos imigrantes.
VII. O Governo concederá gratuitamente aos imigrantes hospedagem e
alimentação durante os primeiros oito dias de sua chegada, e transporte
até as colônias do Estado a que se destinarem.
VIII. Igualmente garantirá aos imigrantes que se queiram estabelecer nas
colônias do Estado a plena propriedade de um lote de terras, nas
condições e preços estabelecidos no Decreto 3748 de 19 de janeiro de
1876, e obrigar-se-á, além disso, a não elevar o preço das terras de suas
colônias sem avisar o empresário com 12 meses de antecedência.
IX. Os imigrantes terão plena e completa liberdade de se estabelecerem
como agricultores nas colônias ou em terras do Estado, que escolherem
para sua residência, em colônias ou terras das Províncias particulares;
assim como de se empregarem das cidades, vilas ou povoações.
X. Os imigrantes virão espontaneamente, sem compromisso, nem
contrato algum, e por isso nenhuma reclamação poderão fazer ao Governo,
tendo, apenas, o direito aos fatores estabelecidos nas presentes cláusulas,
do que ficarão plenamente cientes.
XI. O Governo designará, com a precisa antecedência, as Províncias
onde já tem ou vier a formar colônias, a fim de que os imigrantes conheçam
desde a Europa os pontos onde poderão estabelecer-se.
XII. O Governo nomeará, nos pontos que tiver de efetuar o desembarque
dos imigrantes, agentes intérpretes, que aos mesmos forneçam todas as
informações de que careçam.
XIII. Todas as expedições de imigrantes serão acompanhadas de listas,
contendo o nome, idade, naturalidade, profissão, estado e religião de cada
indivíduo.
XIV. No transporte dos imigrantes, o empresário é obrigado a fazer
observar as disposições do Decreto nº. 2168, de 1º de maio de 1858.
XV. O Governo pagará ao empresário a diferença do preço da passagem
entre o Rio de Janeiro e as Províncias para as quais forem enviados
emigrantes diretamente da Europa, quando estas províncias não estiverem
em comunicação direta e regular por meio de vapores com a Europa, e o
empresário tenha de fazer tocar nos respectivos portos e vapores de outras
linhas, ou por ele fretados.
XVI. As questões que se suscitarem entre o Governo e o empresário, a
respeito de seus direitos e obrigações, serão resolvidos por árbitros. Se as
partes contratantes não acordarem no mesmo árbitro, nomeará cada uma o
19
seu, e estes designarão terceiro, que decidirá, definitivamente, no caso de
empate. Se houver discordância sobre o árbitro desempatador, será
escolhido à sorte um Conselheiro de Estado, que terá voto decisivo.
XVII. O empresário ficará sujeito a repatriar, à sua custa, os imigrantes que
introduzir fora das condições da cláusula 1ª. e que assim o exijam,
cabendo-lhe igualmente aloja-los e sustenta-los até que se dê a
repatriação, além de perder o direito de subsídios correspondentes a tais
imigrantes.
XVIII.Igualmente, não poderá transferir este contrato senão à companhia
ou à sociedade que organizar, na forma da clausula 1ª.
Em fé do que se lavrou o presente contrato, que é assinado pelo Ilmº. E
Exmº. Sr. Conselheiro José Fernandes da Costa Pereira Júnior, Ministro e
Secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas, por Joaquim Caetano Pinto Júnior e pelas testemunhas abaixo
declaradas.
Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas em 30 de junho de 1874.
Como conseqüência desse acordo, iniciou-se a partir da década de 70 do
século XIX, um verdadeiro êxodo imigratório, registrando-se a chegada ao Brasil do
maior contingente de imigrantes da história do país. Para a região Sul do Brasil, o
contingente imigratório que mais se destacou foi o de descendência italiana. Entre
estes, muitos eram de Trentino
2
, formado em sua maioria por pessoas procedentes
das áreas rurais
3
, camponeses que trabalhavam na agricultura ou em atividades
relacionadas a ela. A distribuição da terra era extremamente desigual, pois a maior
parte das terras agriculturáveis eram de propriedade da nobreza ou do clero. Diante
disso, o maior desejo da população trentina era possuir o seu próprio pedaço de
terra onde pudessem explorar a agricultura de subsistência (PIAZZA, 1994).
A Itália e a Alemanha, nesse período histórico, faziam a sua transição do
feudalismo para o capitalismo, razão pela qual era intenso o processo de
expropriação dos camponeses que até então eram servos ligados a um senhor
feudal.
Para Piazza (1994), outros fatores tamm contribuíram para agravar a
situação dos trentinos, como a crise nas produções de: seda, tecidos em geral,
curtumes, chapéus de lã, peças em argila e cerveja. Essa crise fez com que muitos
trentinos migrassem sazonalmente para regiões vizinhas em busca de trabalho para
aumentar a renda familiar. Além da crise econômica, a população sofria ainda com
pressões fiscais e militares, impostas pela Áustria, que dominava politicamente a
2
Trentino é uma região de língua italiana de Trento.
3
Em 1870 Trento possuía população de 341.519 habitantes, sendo aproximadamente 25.000 da área
urbana e os demais da área rural (GROSSELLI apud PIAZZA, 1994).
20
região. Todos os fatores mencionados contribuíram para acentuar a pobreza do local
e também para expulsar os camponeses de sua terra natal. Porém, Petrone (1987,
p. 274) salienta que:
A emigração constituiu para a Itália uma verdadeira válvula de escape,
coisa reconhecida aliás pela própria administração [...] cerca de um sexto
dos agricultores cultivavam a própria terra; para os outros havia
pouquíssimas esperanças de se tornarem um dia proprietários. Esse
proletariado do campo, junto com o das cidades, cujos níveis de vida eram
bastante baixos e que não tinham muita probabilidade de melhorá-lo, eram
os visados pela propaganda dos países necessitados de mão-de-obra,
entre os quais aparece o Brasil, onde o braço escravo estava destinado a
desaparecer mais cedo ou mais tarde.
Na figura 1 é possível observar a entrada de imigrantes no Brasil no período
de 1831 a 1920. Entre todos os imigrantes, o contingente que mais se destaca é o
italiano:
Década
Italianos
Total de i
migrantes
1831/1840 180 502.838
1841/1850 5 556.795
1851/1860 24 121.747
1861/1870 4.923 97.571
1871/1880 60.029 219.128
1881/1890 295.063 530.906
1981/1900 678.761 1.143.902
1901/1910 215.891 698.159
1911/1920 134.017 818.231
1.388.893
4.6
89
.27
7
Figura 1 – Quadro demonstrativo da entrada de imigrantes no Brasil.
Fonte: Nash (1939 apud PIAZZA 1994, p. 177), adaptado pela autora.
A partir de 1930, a realidade passa a ser outra, havendo uma redução
drástica de imigrantes, causada principalmente pela Revolução de 1930, época em
que o governo brasileiro estabelece medidas restritivas à imigração e tamm pela
Constituição de 1934, que estabeleceu uma cota máxima de entrada de imigrantes
no Brasil.
21
A criação das condições institucionais do mercado livre de trabalho
(propriedade capitalista da terra e abolição da escravatura) associou-se,
portanto, a uma política de imigração, trazendo para o País o agente
humano da realização da ideologia da transformação do trabalhador em
proprietário (MARTINS, 1973, p. 17).
A ocupação das terras onde hoje se localiza Treze Tílias aconteceu quando o
fundador da cidade, Andréas Thaler
4
, veio à América do Sul com o objetivo de
encontrar terras para oportunizar novas condições de vida aos imigrantes. Por ser
filho de agricultores e também por trabalhar com a agricultura, Thaler
5
sempre
esteve envolvido com atividades relacionadas à agricultura. Durante a Primeira
Guerra Mundial foi prefeito em sua cidade natal, e em 1919, chegou a ser eleito para
o parlamento do Estado do Tirol, em que, durante dez anos, defendeu os interesses
dos agricultores e, paralelamente, foi presidente do Conselho de Cultura Estadual.
Mais tarde, entre os anos de 1926 e 1929 e também de setembro de 1930 a março
de 1931, ocupou o cargo de Ministro da Agricultura da Primeira República da
Áustria. Como Ministro, preocupado com o futuro dos filhos dos agricultores, que
não conseguiam sobreviver da produção da terra, e que muitas vezes procuravam
em outras atividades o seu sustento, Thaler viu na emigração e na fundação de uma
colônia na América do Sul, a possibilidade de incentivar os jovens para que não
abandonassem o trabalho agrícola. Afastou-se do cargo de Ministro e criou uma
Cooperativa de Colonização, com contribuição financeira do Estado. De acordo com
entrevista realizada com Bernardo Moser
6
, o ministro buscava terras produtivas para
que as famílias pudessem construir suas casas e utilizar a terra fértil como fonte de
subsistência. Thaler, em sua viagem, passou pela Argentina e norte do Paraná,
porém, as terras que foram oferecidas para compra tinham características muito
diferentes das que haviam na Áustria. O Cônsul alemão que residia nessa época em
Joinville
7
tomou conhecimento da visita de Andréas Thaler ao Brasil e se
correspondeu com ele oferecendo as terras existentes na região de Treze Tílias, as
quais pertenciam a uma empresa alemã. As terras foram do agrado do governo
4
Nascido em 10 de setembro de 1883, na comunidade de Oberau, município de Wildschönau, no
estado do Tirol, Áustria.
5
Informações coletadas na exposição permanente do Museu Andréas Thaler de Treze Tílias, em 16
de setembro de 2007.
6
Bernardo Moser foi Secretário Municipal de Turismo de Treze Tílias, durante 17 anos. A entrevista
foi realizada em 11 de outubro de 2005.
7
Na época existia um consulado alemão em Joinville e um subconsulado em Cruzeiro do Sul (hoje
Joaçaba).
22
austríaco, que acabou comprando a área que seria destinada aos imigrantes
daquele país.
Foi assim que aquelas terras acabaram sendo compradas, mediante um
empréstimo com juros baixos, concedido pelo governo da Áustria, destinados à
compra da área e das máquinas. Inicialmente foram comprados 51.500.000 m² de
terras em São Bento, próximo ao Vale do Rio do Peixe, interior do município de
Cruzeiro do Sul, atual Joaçaba. Outra parte do dinheiro emprestado pelo governo da
Áustria foi destinado ao financiamento da viagem para aqueles que não tinham
condições de pagar as despesas e nem se manter na colônia durante os primeiros
dias (THALER, 2003).
As terras não foram doadas aos imigrantes. Cada família deveria pagar o
valor equivalente ao governo, de forma facilitada, em prestações, e o dinheiro
arrecadado com a venda das terras seria revertido em infra-estrutura básica para a
população residente (escolas, energia, entre outros benefícios).
A figura 2 mostra a demarcação (na cor clara) das terras que foram
compradas pelo governo da Áustria e destinadas aos imigrantes.
23
Figura 2 – Terras compradas pelo governo da Áustria para a instalação dos imigrantes.
Fonte: Reiter, 1993.
No dia 9 de setembro de 1933, Andréas Thaler acompanha a vinda do
primeiro grupo de imigrantes que chega ao Brasil em 13 de outubro de 1933. No ano
seguinte, Thaler retorna à Áustria e organiza a vinda do segundo grupo, que chega
ao Brasil em 29 de julho de 1934. Dessa vez, Thaler traz também sua numerosa
família e não mais retorna à Áustria.
Na época em que os grupos de imigrantes austríacos chegaram ao Brasil,
imigrantes italianos, que haviam chegado ao Sul do Brasil com apoio das agências
de imigração, estavam residindo na região. Os italianos adquiriram lotes de terras
que hoje equivalem a região do interior de Treze Tílias. Esse fato deu origem a
algumas colônias italianas no interior, como a Linha Pinhal, que atualmente, apesar
de estar distante da área central do município, possui considerável importância no
contexto turístico municipal.
24
Conforme dados fornecidos pela Prefeitura Municipal (2006), hoje, o número
de famílias de origem italiana no município é maior do que o das que possuem
origens austríacas. A população da cidade se divide basicamente em descendentes
de austríacos, que ocupam a área central, e descendentes italianos, que ocupam
principalmente o interior do município.
A comunidade da Linha Pinhal é referência quanto à cultura italiana, por ser
formada exclusivamente por famílias cujos ancestrais vieram da Itália. O principal
atrativo dessa comunidade são as casas em madeira e os produtos artesanais feitos
pelas famílias (bolachas, doces, queijos, vinhos, cachaças, sucos e salames),
comercializados em suas próprias residências. Os grupos de turistas, quando
acompanhados de um guia cadastrado pela Secretaria Municipal de Turismo, são
conduzidos até a Linha Pinhal, sendo recepcionados nas residências (Figura 3),
geralmente nos porões das casas, em que são convidados a degustar os vários
produtos produzidos pelas famílias de origem italiana (Figura 4).
Figura 3 – Residência e cantina da Linha Pinhal.
Fonte: Prefeitura Municipal de Treze Tílias, 2005.
25
Figura 4 – Produção artesanal da Linha Pinhal.
Fonte: Folder turístico de Treze Tílias, 2004.
Em 13 de outubro de 1933, chegou à região de Treze Tílias o primeiro
contingente de imigrantes austríacos, formado principalmente por pequenos
agricultores, artesãos e comerciantes. O primeiro grupo era composto por
aproximadamente 84 tiroleses, oriundos principalmente de Wildschonau, Alpbachtal,
Worgl e de outras localidades do estado do Tirol Central e do Tirol do Sul (Figura 5).
A partida desse primeiro grupo de imigrantes aconteceu em 8 de setembro de 1933,
do porto de Gênova, no transatlântico Princepessa Maria (GINTNER, 2003, p. 14).
Figura 5 - Localização do Estado do Tirol na Áustria.
Fonte: Almanaque Abril, 2001, adaptado pela autora.
Na figura 6, é possível observar o registro da vinda de outros grupos de
imigrantes, totalizando 14 saídas, desde 1933 até o ano de 1938. O número total
aproximado de imigrantes vindos nessa época foi de 700 pessoas, incluindo
crianças, jovens e adultos (GINTNER, 1993, p.14).
26
Data de
partida
Transporte
u
tilizado
Local de
partida
Número de pessoas
10/10/1933 Principessa Giovanna Gênova 8
01/02/1934 Neptunia Trieste 5
14/06/1934 Oceania Trieste 61
31/07/1934 Principessa Maria Gênova 257
15/11/1934 Oceania Trieste 51
22/03/1935 Principessa Maria Gênova 62
10/07/1935 Neptunia Trieste 31
16/10/1935 Neptunia Trieste 23
12/03/1936 Neptunia Trieste 29
11/11/1936 Neptunia Trieste 45
03/04/1937 Neptunia Trieste 8
10/07/1937 Principessa Giovanna Gênova 87
01/01/1938 Monte Pascoal Hamburgo 37
Figura 6: Informações sobre os grupos de imigrantes austríacos.
Fonte: Gintner, 2003.
Os maiores contingentes de imigrantes eram provenientes do estado do Tirol,
conforme pode ser observado na figura 7:
Estado
Cidade
Número de pessoas
Tirol do Sul Welschnofen 38
Tirol Wörgl 39
Tirol Oberau 27
Tirol Kirchbichel 21
Tirol Schlaiten 17
Tirol Innsbruck 30
Tirol Hopfgarten 19
Salzburg St. Johann-Pongau 17
Capital do país Viena 32
Bludenz Vorarlberg 26
Figura 7: Proveniência dos maiores contingentes de imigrantes austríacos.
Fonte: Gintner, 2003.
Fundou-se então a Colônia Dreizehnlinden, que traduzida para o português
significa Treze Tílias. Logo após a chegada, os imigrantes iniciaram a construção de
uma capela (Figuras 8 e 9), localizada na Linha Babenberg, que foi inaugurada em
1934 e restaurada em 1998.
27
Anualmente, no mês de outubro, os fiéis realizam uma romaria até a gruta de
Nossa Senhora Aparecida, que se localiza na Linha Babenberg, onde tamm
uma via-sacra (com peças entalhadas em madeira).
Figura 8 – Capela de Babenberg (frente), inaugurada em 1934.
Fonte: da autora, 2006.
Figura 9 – Capela de Babenberg (lateral).
Fonte: da autora, 2006.
28
Após a chegada do primeiro grupo de imigrantes, que aportou no Rio de
Janeiro e posteriormente seguiu para o porto de São Francisco, onde tomou um trem
e desembarcou na estação ferroviária de São Bento (hoje Ibicaré), foi necessário
transportar a bagagem com o auxílio de mulas e de carros de boi, isso com muita
dificuldade, tendo em vista que não havia estradas até a colônia (THALER, 2003).
Por se tratar de uma região isolada, diante do contexto estadual, outras
dificuldades também estavam sendo encontradas, como a falta de atendimento
médico. Para auxiliar no atendimento aos doentes, Thaler, ao retornar à Áustria para
organizar o segundo grupo de imigrantes, tratou de solicitar a vinda de religiosas que
pudessem se dedicar aos necessitados e também auxiliar na educação das
crianças. Vieram ao Brasil três irmãs Vicentistas: Heriberta Kirsche, Alacoque
Christadler e Maria Cássia Windmeur (Figura 10).
Figura 10: Irmãs Vicentistas.
Fonte: Pichler, 2006.
De acordo com a Irmã Tereza
8
, as três irmãs vicentistas, que faziam parte da
Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula, com sede no estado
do Tirol, Áustria, vieram ao Brasil com funções já determinadas. Uma delas seria
responsável por atender aos doentes, a outra seria responsável pelos afazeres
gerais da casa onde iriam morar e a terceira cuidaria da educação das crianças e
jovens. As aulas eram dadas somente em alemão, o que foi proibido durante a
8
Irmã Tereza (Atália Francnier), em entrevista concedida à autora, a 17 de setembro de 2007.
29
Segunda Guerra Mundial. Em decorrência, foi necessário solicitar a vinda de uma
religiosa brasileira que pudesse lecionar as aulas em português, chegando, então, a
Irmã Cecília Ribeiro.
Muitas famílias, ao estabelecerem residência ali o conseguiam retirar da
agricultura a renda necessária para a sua manutenção. Thaler (2003) afirma que
muitos procuraram melhores condições nas cidades da região, com a finalidade de
exercer as atividades em que eram especialistas, pois não viam perspectivas de
ascender profissionalmente na colônia.
Pelas dificuldades da época (derrubada da mata virgem, falta de maquinário
agrícola, fracas colheitas, isolamento, desconfiança mútua entre imigrantes
e nativos, decorrentes da anexação da Áustria à Alemanha) muitos
buscaram melhores condições de vida em Joaçaba, Curitiba e São Paulo
(GINTNER, 2003, p. 20).
Essa situação afastou muitos jovens casais e os filhos mais velhos das
famílias, os quais partiam em busca de melhores condições de vida em capitais que
já se apresentavam mais industrializadas e com maiores alternativas de
empregabilidade, tendo em vista que isso ocorreu em meados da cada de 30,
quando o Brasil começa a despertar para a expansão capitalista, decorrente da
aceleração do processo de industrialização brasileira, quando o Brasil passa de uma
economia agro-exportadora para a urbano-industrial (PEREIRA, 2003, p. 112-114).
Outro problema que veio a dificultar a vida desses imigrantes foi a morte do
fundador da cidade, que aconteceu em 27 de junho de 1939, quando Thaler, ao
tentar salvar uma ponte sobre o Rio Papuan, acaba morrendo afogado, deixando a
comunidade de imigrantes sem orientação no que tange à legalização das terras
adquiridas pela Sociedade Austríaca de Colonização, criada por Thaler. Os
agricultores, com o tempo, foram deixando de trabalhar em comunidade e se
espalharam para as suas próprias terras. Esse foi um fator negativo, pois dificultou a
administração da colônia. As terras distribuídas pela Sociedade Austríaca de
Colonização não estavam legais. Todas estavam escrituradas em nome de Andréas
Thaler, procurador da Sociedade. Essa Sociedade não pôde ser legalizada no Brasil,
pois se tratava de uma empresa estrangeira. Outro fator que dificultou a legalização
das terras foi que os imigrantes não respeitaram as divisões feitas nas escrituras
30
originais, mas, sim, remapearam pela própria comunidade, de acordo com a
necessidade de cada membro (THALER, 2003). Portanto, com a morte do fundador
da cidade, foi necessário rever a documentação e fazer nova distribuição das terras.
No ano de falecimento de Andréas Thaler (1939), não era mais possível a
vinda de estrangeiros ao Brasil, em conseqüência do início da Segunda Guerra
Mundial. Além de não ser permitida a saída de emigrantes da Áustria, tamm o
era mais possível utilizar o alemão como idioma na Colônia Dreizehnlinden, que teve
que receber outro nome: Colônia Papuan, pertencente inicialmente a Ibicaré, SC. A
emancipação política de Treze Tílias aconteceu em 29 de abril de 1963, com a Lei
882 da Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina (THALER, 2003).
De acordo com Martins (1973, p. 19), o imigrante não é apenas uma unidade
física, um mero ou um objeto, mas é alguém que se vincula a uma nova
sociedade, participa de uma nova cultura apoiada em um outro sistema de valores,
vivenciados em uma localidade geográfica diferente. Os dois grandes contingentes
de imigrantes (austríaco e italiano) apresentam hoje em Treze Tílias uma mistura
étnica, sendo representada por 40% de italianos, 30% de austríacos e o restante de
alemães e outras representações.
Aproximadamente 10% da população de Treze lias reside atualmente na
Áustria, através do programa de intercâmbio existente entre o município e o governo
austríaco. O principal destino para essas pessoas é o estado de Vorarlberg, onde os
homens normalmente trabalham com serviços brutos, relacionados à construção civil
e as mulheres ocupam cargos relacionados à assistência de pessoas idosas
9
. Para
realizar os trâmites necessários para a regularização dos documentos para a dupla
cidadania dos brasileiros descendentes de austríacos, o município possui um
consulado honorário
10
. Muitos jovens se dirigem à Áustria para trabalhar durante
alguns anos e auxiliam a sua família que permanece no município. Alguns retornam
e investem no município. Outros acabam fixando residência na Áustria. Aos
brasileiros que possuem dupla cidadania o assegurados os mesmos direitos dos
nascidos em território austríaco.
Tendo em vista o programa de intercâmbio, a partir do ano de 1988, na
Escola Estadual de Educação Básica São José, o alemão foi inserido oficialmente
9
Informação disponibilizada pela Cônsul Honorária da Áustria no Brasil, Anna Lindner von Pichler,
em 17 de setembro de 2007.
10
Consulado honorário: todas as despesas com manutenção, salários e outras despesas são de
responsabilidade da Cônsul, Anna Lindner von Pichler, sem auxílio do governo do Brasil e da Áustria.
31
da Grade Curricular do Ensino da Pré-escola à oitava série. Anteriormente o idioma
já era ensinado informalmente pelas irmãs Vicentinas, o que foi proibido durante a
Segunda Guerra Mundial. Na Escola Municipal Irmã Filomena Rabelo, o idioma
alemão tamm faz parte da Grade Curricular do ensino do Pré-escolar à oitava
série. O objetivo principal dessa estratégia é preparar os jovens para realizar
intercâmbio na Áustria
11
.
No contexto estadual, o município de Treze Tílias está inserido na
microrregião geográfica de Joaçaba, localizada no meio-oeste do Estado de Santa
Catarina, no Vale do Rio do Peixe, com área total de 9.146 km². A região foi
povoada por descendentes de europeus, vindos, em maioria do Rio Grande do Sul.
Essa microrregião possui economia diversificada, não tendo nenhum dos
setores se destacando sobre os demais
12
. É constituída por 21 municípios: Água
Doce, Arroio Trinta, Caçador, Capinzal, Catanduvas, Erval Velho, Fraiburgo, Herval
d´Oeste, Ibicaré, Jaborá, Joaçaba, Lacerdópolis, Lebon gis, Matos Costa, Ouro,
Pinheiro Preto, Rio das Antas, Salto Veloso, Tangará, Treze Tílias e Videira. Entre
eles, o município de Caçador é o maior em extensão territorial e tamm em
população. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2008), a
área total de Caçador é de 982 km² e a população estimada para o ano de 2007 é
de 67.624 habitantes.
O município de Treze Tílias possui área total
13
de 185 km², fazendo divisa, ao
norte, com Salto Veloso e Água Doce, ao sul com Ibicaré, a leste com Salto Veloso,
Arroio Trinta e Iomerê e a oeste, com Água Doce (Figura 11).
11
Informação oral coletada em 10 de setembro de 2005, com a Helga Zeisler Feilotrecker, diretora da
Escola Estadual de Educação Básica São José.
12
Atlas Escolar de Santa Catarina (1991).
13
IBGE Disponível em <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/defaul.php>. Acesso em: 4 jan. 2008.
32
Figura 11 – Mapa de projeção de localização de Treze Tílias.
Fonte: Atlas Escolar, 1991 e www.ibge.gov.br (adaptado pela autora), 2007.
Do ponto de vista climático, apresenta as quatro estações bem definidas, com
temperatura mínima de 0ºC no inverno e máxima de 40ºC no verão. A temperatura
média anual é de 20ºC. A altitude em relão ao nível do mar é de 840 metros
14
. O
município está localizado próximo às cidades de Concórdia e Chapecó,
14
Prefeitura Municipal de Treze Tílias, 2005.
BRASIL
SANTA CATARINA
MICRORREGIÃO DE JOAÇABA
33
consideradas grandes centros industriais na fabricação de produtos alimentícios do
oeste de Santa Catarina. Tamm se encontra próximo a Videira e Fraiburgo,
municípios que se destacam na produção de maçãs.
As principais distâncias da cidade de Treze Tílias, em relação às capitais dos
estados do Sul do Brasil, estão apresentadas na figura 12.
Cidade
Distância em
k
m
Curitiba 400
Florianópolis 470
Porto Alegre 550
Figura 12 – Distâncias das capitais da região Sul do Brasil.
Fonte: www.trezetilias.com.br , 2006.
A principal rodovia que dá acesso ao município de Treze Tílias é a Rodovia
Estadual SC 454, que possui conexão com a Rodovia Estadual SC 452 e com a
Rodovia Federal BR 282 (Figura 13).
Figura 13 – Mapa rodoviário de acesso a Treze Tílias.
Fonte: www.maplink.com.br, 2005.
As cores da bandeira da cidade (Figura 14) são semelhantes às da Áustria.
No centro da bandeira foi colocado o Brasão da cidade e relembra os pioneiros
vindos do estado do Tirol (Áustria). A figura do castelo é o símbolo do poder público
ESCALA: 1cm = 10 Km
34
municipal. A cor amarela significa prosperidade e a cor verde lembra as cores
nacionais. A videira representa as frutas do município e o milho, os cereais. A data
que está no brasão, 13 de outubro de 1933, refere-se à fundação do município.
Figura 14 - Bandeira do município de Treze Tílias.
Fonte: Prefeitura Municipal de Treze Tílias, 2005.
1.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ATUAIS
Treze Tílias apresenta atualmente uma população estimada de 5.494
15
habitantes. É um município de pequeno porte, mas possui boa infra-estrutura básica
para atender à comunidade local e aos turistas. Em relação aos serviços públicos, a
área central do município é abastecida de água pela Companhia Catarinense de
Águas e Saneamento CASAN. A energia elétrica é fornecida pela Companhia
Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. CELESC; possui serviço de telefonia fixa
por meio dos serviços da Brasil Telecom e tamm o serviço de telefonia móvel.
Possui posto de combustíveis, farmácias (com telentrega), supermercados, bancos,
agência dos correios, hospital, posto de saúde e comércio em geral. A segurança da
cidade é coordenada pela Polícia Civil e Militar. O aeroporto mais próximo da cidade
é o de Videira, distante aproximadamente a 60 quilômetros.
O serviço de transporte pode ser feito por serviço de táxi ou pelos ônibus do
terminal de transporte. Para o transporte intermunicipal, a única empresa a operar na
15
Estimativa de população para o ano de 2007, concedida pelo IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística.
35
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
1999 2000 2001 2002 2004
cidade é a Reunidas S.A. Transportes Coletivos, que possui uma agência instalada
na rodoviária da cidade. Faz as linhas para as cidades próximas: Joaçaba, Caçador,
Videira, Luzerna, Água Doce, Ibicaré, Salto Veloso, Iomerê, Bom Sucesso,
Gramados Leite, Estreito Vila Kennedy e Fraiburgo. De acordo com a
administradora
16
da agência de Treze Tílias, as linhas atendem à necessidade da
população. Caso haja necessidade de viajar para uma localidade mais distante, é
preciso fazer uma conexão em Joaçaba. Em relação ao transporte municipal, a
Prefeitura de Treze Tílias oferece um ônibus com serviço de transporte gratuito a
todos. O ônibus circula pelo centro e bairros da cidade, diariamente, com exceção
dos sábados.
No ano de 2002, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
publicou dados relativos ao Produto Interno Bruto - PIB per capita dos municípios
brasileiros. Para aquele ano o índice de Treze Tílias era de R$ 22.167, merecendo o
quarto lugar no ranking estadual, perdendo apenas para os municípios de Seara (R$
30.864), Vargem Bonita (R$ 25.661) e Capinzal (R$ 22.605). O PIB per capita vem
apresentando constante crescimento, desde o ano de 1999, conforme pode ser
observado na Figura 15:
Figura 15 – Gráfico do PIB per capita (1999 – 2002)
Fonte: IBGE, adaptado pela autora, 2005 e 2008.
Dados mais recentes publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, referentes ao ano de 2004, revelam que o valor de contribuição do setor
de serviços, onde se enquadra a atividade turística, é de 14,73%. A atividade
16
Nelci de Jesus Alves, em entrevista realizada pela autora, a 16 de setembro de 2007.
PIB
per cap
i
ta
Ano
36
agropecuária é a segunda em arrecadação, apresentando índice de 18,35% e a
atividade que mais se destaca no município é a industrial, responsável pelo maior
montante do valor, 65,58%. A alta participação da atividade industrial no valor do
PIB justifica-se pela existência de três grandes empresas com sede na cidade. São
elas:
a) Incotril Indústria de Conservas Treze Tílias Ltda
17
: Iniciou suas atividades
sob a administração da família Klotz, no ano de 1969. No início produzia apenas
doces de frutas. Dez anos mais tarde, em 1979, foi comprada pela família
Weschenfelder, com o propósito inicial de oferecer produtos diferenciados para o
consumo da própria comunidade local. Com o bom andamento dos negócios, a
família ampliou o leque de produtos e atualmente fabrica doces de frutas, doce de
leite, conservas em geral e atomatados. Possui em seu quadro funcional 40
empregados fixos, e, na época das safras, são gerados aproximadamente 100
empregos diretos e 100 indiretos. A localização da fábrica em Treze Tílias é hoje
fator fundamental para o escoamento da produção, que se destina principalmente à
região Sul do país, e, com menor intensidade, para os Estados do Mato Grosso, São
Paulo e Mato Grosso do Sul;
b) Baterias Pioneiro
18
: A empresa foi criada em 1989, com a iniciativa de
Silvério Barbieri. Mais tarde entraram na sociedade os irmãos Sirivaldo e Dorival
Barbieri, residentes em Treze lias e que são os atuais proprietários da empresa.
Produz baterias automotivas e, em seu quadro funcional possui 200 colaboradores
fixos. A produção é destinada principalmente a Santa Catarina, Paraná e Rio Grande
do Sul, além de outros estados brasileiros;
c) Laticínios Tirol
19
: É a maior empresa existente no município. Foi fundada
em 26 de setembro de 1974. Atualmente possui no mercado cerca de 76 itens
derivados do leite. Para a produção destes itens é abastecida por cerca de 800 litros
de leite ao dia, vindos da bacia leiteira do oeste do Estado. Recentemente ampliou
as instalações com o intuito de produzir leite em . A venda dos demais produtos
está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil e, com a alternativa da
produção do leite em pó, pretende atingir as regiões Norte e Nordeste do país,
17
Informação oral repassada pelo gerente da empresa, Luiz Augusto Perondi Weschenfelder , em 17
de setembro de 2007.
18
Informação oral repassada pelo proprietário da empresa Sirivaldo Barbieri, em 17 de setembro de
2007.
19
A empresa se recusou a disponibilizar informações para a presente pesquisa.
37
inclusive o mercado externo, o que antes não era possível, pois o custo para
transportar o leite Longa Vida era muito elevado e não compensava o frete
20
.
Atualmente possui em seu quadro funcional cerca de 600 funcionários
21
.
A existência dessas três empresas em Treze Tílias, proporciona ao município
a primeira colocação em arrecadação do PIB entre os 21 municípios que compõem a
Microrregião de Joaçaba. Apesar de Treze Tílias estar entre as menores em
extensão territorial e em população, o valor arrecadado pelo PIB per capita foi de R$
32.218, referente ao ano de 2004.
Outro fator relevante a ser considerado é o número total de funcionários das
três empresas. São aproximadamente 840 colaboradores fixos em 2007. Os dados
mais recentes divulgados pelo IBGE o de 2000, quando a população de Treze
Tílias era de 4.840 habitantes. Nessa mesma publicação, 2.774 pessoas residentes
no município declararam ter rendimento fixo, o que, para a época, significava que
57,3% da população estava empregada ou possuía outro tipo de renda, como a
aposentadoria.
Pela indisponibilidade de informações mais recentes, façamos uma análise
utilizando o mesmo percentual de pessoas que declararam rendimentos (57,3%) o
que significaria hoje que aproximadamente 3.148 pessoas podem ter rendimentos
fixos. Somente as três maiores empresas existentes no município detêm juntas um
quadro funcional de cerca de 840 colaboradores. Diante do exposto, pode-se
analisar que aproximadamente 27% dos habitantes que possuem renda fixa no
município podem estar empregadas em uma das três empresas.
Outro indicador de desenvolvimento é o IDH Índice de Desenvolvimento
Humano
22
. Para a elaboração dos resultados do IDH são analisadas três
informações consideradas primordiais, sendo elas renda, educação e longevidade.
O resultado é um índice com variação de 0 a 1
23
. De acordo com os dados
apresentados no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, pode ser verificada
uma melhoria nos resultados do município de Treze Tílias, cujo IDH médio, em 1991,
correspondia a 0,73 (classificado como Índice de Desenvolvimento Humano Médio).
No ano de 2002, o município passa a apresentar melhores resultados, atingindo
20
Informação coletada em http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u108161.shtml, 2008.
21
Informação coletada em www.crossing.com.br/clipp, 2007.
22
O parâmetro foi desenvolvido em 1990, pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq e é utilizado
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUD (www.pnud.org.br/idh, acesso
em 1º de outubro de 2007).
23
0 a 0,5 baixo IDH, 0,5 a 0,8 médio IDH e 0,8 a 1 alto IDH.
38
0,813, passando, então, a se enquadrar no grupo de municípios com o Índice de
Desenvolvimento Humano Alto. O crescimento desse índice aponta que a sua
população vem conquistando maior qualidade de vida no que tange à educação,
renda e saúde.
De acordo com dados coletados no IBGE, o município possui três escolas
públicas, sendo duas municipais. Uma delas disponibiliza o ensino fundamental e a
outra oferece o ensino pré-escolar e fundamental. A terceira escola é estadual e
oferece do pré-escolar ao ensino médio. O número de matrículas em 2003 foi de 41
matrículas no ensino pré-escolar, 861 no ensino fundamental e 213 no ensino
médio. Analisando as informações dos indicadores formadores do IDH, a educação
é que apresenta os melhores resultados. Verifica-se, ainda, de acordo com
informações do IBGE, que jovens residentes no município, com idade entre 7 e 17
anos, somam um total de 1.123 pessoas
24
. No ano de 2003, matricularam-se no
ensino fundamental e médio 1.074 pessoas, o que indica que quase cem por cento
dos jovens de Treze Tílias freqüentam a escola. Esses dados contribuem para que o
indicador referente à educação se destaque, diante de outros considerados para a
elaboração do IDH.
24
Dado referente ao ano de 2001.
CAPÍTULO II – CULTURA E DESENVOLVIMENTO DO TURISMO
2.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DE TURISMO
Para conceituar turismo, é preciso inicialmente discutir a evolução dessa
atividade. O ato de praticar turismo é muito mais complexo do que o ato de viajar.
No século XVI, teve início na França a realização de dois tipos de viagens: o Petit
Tour e o Grand Tour. O primeiro consistia em uma viagem ao Vale do Loire e retorno
a Paris. o Grand Tour era uma grande viagem realizada com a finalidade de
complementar a formação de jovens ingleses, que na ocasião eram acompanhados
por cicerones, profundos conhecedores da história dos locais visitados. O circuito
compreendia a França, a Suíça e a Itália, especialmente as cidades de Paris, Roma,
Genebra, Florença, Milão, Bolonha, Veneza e Nápoles (OLIVEIRA, 2001). Tratava-
se, porém, de uma viagem totalmente voltada para a elite, pois somente jovens da
alta aristocracia tinham condições de viajar por um longo período, com o intuito de
conhecer pessoalmente aquilo que estava nos livros.
Para Barretto (1999), o início da atividade turística dos tempos modernos,
semelhante à que conhecemos hoje, só se deu após o advento da Revolução
Industrial
25
, quando começaram as primeiras viagens organizadas com o auxílio de
um agente de viagens.
A primeira pessoa a organizar uma viagem foi Thomas Cook. Ele foi
missionário de um movimento contra o consumo de bebidas alcoólicas, chamado
Temperança. Para realizar a primeira viagem planejada, em 1941, Cook persuadiu
os proprietários da estrada de ferro Midland Railway a disponibilizarem um trem
especial para o trajeto de Leicester a Loughborough, com o intuito de transportar
pessoas para um encontro dos membros da Liga da Temperança (CAMARGO,
2001). A partir de então, Thomas Cook passa a agenciar comercialmente diversas
viagens.
25
A Revolução Industrial teve início em meados do século XVIII, na Grã-Bretanha. Uma das
invenções mais importantes asRevolução Industrial foi a máquina a vapor, utilizada inicialmente na
produção de têxteis e logo adaptada no setor de transporte (locomotivas e navios a vapor), alterando
profundamente os meios de transporte e dando um grande impulso às viagens
40
Aliado a alguns acontecimentos do culo XIX, como o surgimento de
transportes coletivos (ônibus e trem); o advento da industrialização e o trabalho
assalariado, o empenho de Cook favoreceu a ascensão da atividade turística para
as empresas que atuam no ramo do turismo e tamm para as camadas menos
favorecidas da população, quando o sistema de pacotes “permitiu que as viagens
ficassem mais acessíveis” (BARRETTO, 1999, p. 52). Para que o turismo se
desenvolvesse ainda mais, foi de suma importância a instituição da legislação
trabalhista, regulamentando as férias remuneradas e o descanso semanal. Outro
aspecto importante para o desenvolvimento do turismo foi a evolução dos meios de
transporte e o barateamento das despesas de locomoção que acabaram
estimulando o turismo de massa.
A partir da metade do século XX, especificamente após o período da Segunda
Guerra Mundial, é criada a International Air Transport Association IATA,
associação reguladora do direito aéreo, proporcionando a inserção do avião como
meio de transporte comercial (BARRETTO, 1999). Atrelado a isso, os meios de
transporte coletivos já existentes, tornam-se mais modernos e seguros. A partir daí,
a atividade turística começa a prosperar comercialmente.
No Brasil, a atividade turística é bem mais recente. Somente a partir da
segunda metade do século XX é que o turismo começou a se desenvolver. A criação
da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, no ano de 1943, no governo de Getúlio
Vargas, favoreceu o crescimento do número de pessoas viajando pelo Brasil, pois os
trabalhadores registrados passaram a ter direito ao décimo terceiro salário,
descanso semanal remunerado e principalmente a férias pagas.
A partir de 1950, grandes contingentes populacionais passam a viajar, mas,
apesar de ser principalmente um turismo de massa, nunca atingiu toda a população.
As classes mais abastadas consomem um turismo mais elitista e as classes médias
consomem o turismo de massa (BARRETTO, 1999).
Ainda que tardiamente, apenas no ano de 1968 o governo brasileiro criou os
primeiros órgãos reguladores da atividade turística, ao instituir o CNTUR Conselho
Nacional de Turismo, o FUNGETUR Fundo Geral de Turismo e a EMBRATUR
26
-
26
Desde 1996, a EMBRATUR deixa de ser Empresa Brasileira de Turismo e passa a ser Instituto
Brasileiro de Turismo. A mudança acontece porque o termo empresa tem finalidade lucrativa e o
termo instituto tem campo de atuação mais amplo, vigência permanente. Além de não possuir
finalidades lucrativas, tem como responsabilidade as funções promocionais, de fomento e de apoio
para o desenvolvimento do setor (BENI, 2001).
41
Empresa Brasileira de Turismo (IGNARRA, 1999). Apesar da criação de órgãos
reguladores, não havia ainda uma política nacional de turismo. Somente no ano de
1996, foi criada a Política Nacional de Turismo, no governo de Fernando Henrique
Cardoso, sob a responsabilidade do antigo Ministério da Indústria, Comércio e
Turismo, estabelecendo estratégias, diretrizes, objetivos e metas para o turismo
brasileiro da época (BENI, 2001).
A partir de então, com o objetivo de fomentar a atividade turística no País,
cria-se, a cada quatro anos, um novo Plano Nacional do Turismo - PNT. A última
versão foi lançada em 13 de junho de 2007 e terá vigência para o quadriênio
2007/2010. Denominado como “Uma viagem de inclusão”, visa principalmente
estimular o turismo doméstico, promovendo a ampliação de empregos,
desenvolvimento e inclusão social, abrindo oportunidades para que os cidadãos
menos favorecidos possam conhecer o País
27
. No Plano Nacional do Turismo para
2003/2006, a meta referente ao aumento para 65 milhões de chegadas de
passageiros nos vôos domésticos foi alcançada. A figura 16 se refere aos dados
publicados no PNT 2007/2010 e apresenta informações sobre o aumento gradativo
do turismo doméstico para o quadriênio 2003/2006, cuja somatória é de 156,7
milhões de turistas, ou seja, 41% além da meta estipulada para o período.
Figura 16 – Gráfico do número de turistas domésticos (2003/2006)
Fonte: PNT (2007, p. 23)
27
Plano Nacional de Turismo, mensagem do Presidente da República, 2007.
30,7
36,6
43,1
46,3
0
10
20
30
40
50
2003 2004 2005 2006
Ano
Nº. de turistas (em milhões)
42
Os objetivos gerais do Plano Nacional do Turismo para o quadriênio
2007/2010 (2007, p. 16) são:
Desenvolver o produto turístico brasileiro com qualidade, contemplando
nossas diversidades regionais, culturais e naturais;
Promover o turismo com um fator de inclusão social, por meio da geração
de trabalho e renda e pela inclusão da atividade na pauta de consumo de
todos os brasileiros;
Fomentar a competitividade do produto turístico brasileiro nos mercados
nacional e internacional e atrair divisas para o País.
Diante desse contexto, percebe-se a relevância que as políticas
governamentais m ao planejar, coordenar e principalmente orientar o
desenvolvimento do turismo nos municípios, principalmente por se tratar de uma
atividade relativamente jovem e ainda alvo de estudos de pesquisadores de várias
áreas do conhecimento.
Para entender porque é tão complexo definir turismo, de uma forma que seja
amplamente aceita e que não gere controvérsias, é necessário saber que se trata de
uma atividade que engloba grande variedade de setores da economia, além de
várias disciplinas acadêmicas. Trata-se, então, de uma atividade bastante complexa,
com ausência de definições conceituais claras que a delimitem e a distingam de
outros setores. Na tentativa de contribuir com os estudos turísticos, muitos
estudiosos da área apresentam, sob suas perspectivas, conceitos dessa atividade,
porém, ainda não se tem um marco referencial único e padronizado, capaz de dar
sustentação a uma definição universal de turismo (OMT, 2001).
A primeira contribuição de que se tem conhecimento, a respeito da definição
da atividade turística, foi dada em 1910, pelo economista austríaco Herman von
Schüller. Tal definição consistia na “soma das operações, principalmente de
natureza econômica, que estão diretamente relacionadas com a entrada,
permanência e deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país,
cidade ou região” (apud BENI, 2003, p. 34).
Mais tarde, no ano de 1942, elaborada por dois professores da Universidade
de Berna, W. Hunziquer e K. Krapf, surge uma nova definição para a atividade
turística. Trata-se de uma definição mais detalhada, porém ainda incompleta. Para
eles, o turismo era a “soma de fenômenos e de relações que surgem das viagens e
43
das estâncias dos não-residentes, desde que não estejam ligados a uma residência
permanente e nem a uma atividade remunerada” (OMT, 2001, p. 37).
Ambas as definições são relativamente amplas e não especificam os termos
“soma de operações” e “soma de fenômenos e de relações”. Subentende-se que os
estudiosos dão sentido econômico aos termos, que podem se referir às empresas de
transporte, hospedagem, alimentação e entretenimento.
No ano de 1994, a Organização Mundial do Turismo OMT reuniu as
principais definições de turismo existentes no mundo, com a finalidade de sugerir
uma nova, que melhor determinasse a atividade. Na ocasião, adotou-se que “o
turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e
estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo
inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras (OMT, 2001, p. 38).
Trata-se então de uma definição mais complexa, à qual se inserem duas condições
especiais, uma sobre o tempo de permanência e a outra sobre a motivação da
viagem
28
.
Portanto, por se tratar de uma atividade econômica bastante jovem e alvo de
estudos de várias áreas do conhecimento, como a sociologia, a economia, a
geografia, a história e a antropologia, considerando a sua jovialidade, é natural que o
processo de maturação do conhecimento do turismo ainda esteja se desenvolvendo.
Para Barretto (2000, p.13) “na área do turismo, como em qualquer outra área do
conhecimento (...) o processo de desenvolvimento está estreitamente ligado à
pesquisa e ao ensino”, sendo a pesquisa a “mola-propulsora” do sistema cnico-
científico, por estabelecer um fluxo contínuo de conhecimento.
2.2 A CULTURA COMO ELEMENTO PROPULSOR PARA O DESENVOLVIMENTO
DA ATIVIDADE TURÍSTICA
O que tornou a cidade de Treze Tílias um lo receptor de turistas foram
exatamente as características da cultura de um povo originário da Europa. Ribeiro
28
Para finalidades estatísticas, a EMBRATUR considera como motivações turísticas: lazer; negócios,
congressos e convenções; visitas a familiares e amigos; tratamento de saúde; estudo, ensino e
pesquisa; religião, peregrinação e outros (EMBRATUR, 2007).
44
(1995, p. 242) escreve que o papel do imigrante foi muito importante como
formadores de certos conglomerados regionais nas áreas sulinas em que mais se
concentrou, criando paisagens caracteristicamente européias e populações
dominantemente brancas”.
Porém, aos imigrantes era impossível continuar com todos os seus bitos e
costumes trazidos do país de origem, tendo em vista as características diferentes do
país que os acolheu. Restou-lhes então, adaptarem-se às novas condições,
buscando preservar as tradições, costumes, traços culturais
mais “exóticos” (como por exemplo, no que se refere aos norte-africanos, a
proibição de comer carne de porco, o sacrifício do carneiro, a circuncisão,
etc.). A “cultura dos imigrantes é definida a partir de toda uma série de
sinais exteriores (práticas alimentares, religiosas, sociais, etc.) cujo
significado profundo ou coerência não o compreendidos, mas que
permitem situar o imigrante enquanto imigrante (...) o que é uma maneira de
“colocá-lo em seu lugar” (CUCHE, 1999, p. 230).
Dessa forma buscam fortalecer ou preservar as lembranças de uma terra
distante à qual não mais pertencem, dando continuidade aos costumes trazidos de
seu local de origem. Conforme Cuche
os imigrantes se apegam a estes fragmentos de cultura, pois isto lhe
permite afirmar uma identidade específica e provar sua fidelidade à
comunidade de origem. Permite tamm manter um mínimo de coesão no
grupo dos imigrantes que reconhece assim uma origem comum (1999, p.
231-232).
Para entender qual é o significado de cultura, é preciso que se analise a
origem epistemológica da palavra. O antropólogo britânico Edward Burnett Tylor
(1832-1917) descreve a origem da palavra, afirmando que
Cultura e civilização, tomadas em seu sentido etnológico mais vasto, são
um conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a
moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos
pelo homem enquanto membro da sociedade (apud CUCHE, 1999, p. 35).
45
Tylor, ao descrever cultura e civilização, aborda aspectos importantes sobre a
conceituação, porém não faz referência à possibilidade de transformação e evolução
dos aspectos culturais, tendo em vista que podemos entender a cultura como parte
de um processo evolutivo dos povos, estando ela em constante evolução.
Para Neves (2003) o senso comum identifica cultura como conhecimentos e
habilidades que determinadas pessoas possuem para compreender e usufruir de
bens chamados superiores (obras de arte, peças teatrais, entre outros), ou até
mesmo define uma pessoa culta como aquela que possui informações e
conhecimentos formais. para a antropologia, a noção deixa de ser elitista e se
estende a todos os homens, independendo do grau de conhecimento formal. Para a
antropologia, a cultura pode ser entendida como um conjunto de ações
desenvolvidas por todos os seres humanos em busca de sobrevivência.
É interessante lembrar que os imigrantes, ao se instalarem em outro país,
vêem-se diante de mudanças geográficas, econômicas e sociais, às quais precisam
se adaptar. Cuche (1999, p. 232-233) faz referência à resistência cultural dos
imigrantes ao escrever que
Os imigrantes fazem uma resistência cultural na medida de suas
possibilidades. No entanto, queiram ou não, seu sistema cultural evolui.
Mesmo quando eles se consideram totalmente fiéis à sua tradição,
mudanças são produzidas nas suas referências culturais. É impossível que
eles se mantenham completamente impermeáveis à influência cultural da
sociedade que os cerca. Quanto mais longa for a sua estada nesta
sociedade, mais decisiva será a sua influência. As culturas dos imigrantes
não podem então ser confundidas de maneira redutora com suas culturas
de origem. São culturas vivas e dinâmicas que animam os grupos de
imigrantes, compostos de várias gerações. Os que são chamados de
“imigrantes de segunda geração” (expressão inadequada, pois eles próprios
não “imigraram”) contribuem muito para a transformação da cultura de seu
grupo, considerando sua dupla socialização, no interior da família, por um
lado, e na escola e no contato com jovens (...) por outro lado.
Outra questão relevante a ser considerada é a possibilidade de ocorrer a
inibição da cultura, fato constatado em estudo realizado por Savoldi, apresentado na
obra de Barretto (2001, p. 89), intitulado “A Reconstrução da Italianidade no Sul do
Estado de Santa Catarina”, no qual, através de depoimentos de pessoas da
comunidade, pôde verificar que os imigrantes eram vistos como pessoas grotescas e
com bitos diferentes. Segundo depoimento de uma moradora de Urussanga,
46
cidade tipicamente italiana, “quando a gente saía de Urussanga, o pessoal nos
tratava assim: “italiano polenteiro”, ou então imitavam o sotaque italiano” (2001, p.
96). O trabalho de resgate e de valorização da cultura italiana acabou alterando essa
situação, pois “nos últimos anos a descendência italiana ganha nova roupagem
valores que serviram para depreciar são ressignificados; o que no passado
significava ser grosso, colono, agora denota sinônimo de status ( 2001, p. 93).
A influência dos visitantes sobre as comunidades receptoras de turistas pode
promover a aculturação dos imigrantes. A aculturação corresponde a um “conjunto
de fenômenos que resultam de um contato contínuo e direto entre grupos de
indivíduos de culturas diferentes e que provocam mudanças nos modelos (patterns)
culturais iniciais de um dos dois grupos.” (CUCHE, 1999, p.115).
Existem estudiosos que afirmam que “sem cultura o turismo”
(HUNZIKER e KRAPF apud BENI, 1998, p. 85). Pensando nessa afirmação, pode-se
entender que a cultura de um povo é forte atrativo para o desenvolvimento do
turismo. Para Barretto (2000, p. 30), devido à
crença generalizada de que o turismo pode transformar drasticamente as
economias locais, a tendência tem sido explorar todos os recursos, naturais,
culturais ou históricos, da forma mais lucrativa possível. Isso tem levado à
degradação de alguns lugares em diversos níveis e aspectos.
A atividade deve ser planejada e antes de tudo é necessário ter
conhecimento sobre os indivíduos envolvidos. Além disso, é preciso saber se a
comunidade local deseja conviver com o turismo. Krippendorf (2000, p. 148) afirma
que
O turismo deve ser encorajado na medida em que proporcionar à
população local uma vantagem de ordem econômica antes de tudo sob a
forma de lucros e empregos. Que a mesma tenha desejado que essa
vantagem seja de natureza duradoura e que não traga prejuízos aos outros
aspectos da qualidade de vida.
Outra consideração a ser feita é que a atividade turística pode ser fator
positivo na economia e na valorização dos aspectos culturais de determinada
47
localidade. Tulik e Roque (2003, p. 91) afirmam que “a utilização da cultura como
recurso turístico vem mostrando que a sua valorização econômica pode trazer
benefícios, gerando emprego e renda que se refletem em vantagens sociais.
Complementando a afirmação de que o turismo cultural pode ajudar no processo de
fortalecimento de certas tradições e costumes, é importante citar Gallicchio (2001, p.
57) ao afirmar que “a atividade turística pode conformar uma maneira de enfatizar e
disseminar a importância de uma região, um local e seus respectivos registros,
enquanto fontes de conhecimento”.
E aquela cultura que o turista busca conhecer ao visitar uma localidade?
Como pode ser classificada ou definida? Conforme Barretto (2000, p.29)
tamm uma enorme variedade de manifestações da cultura imaterial, chamada
simbólica pela antropologia, entre as quais podem ser citadas as danças, a culinária,
o vestuário, a música [...]”. O turista que viaja motivado por atrativos culturais busca
interação com a comunidade receptora, não quer assistir a espetáculos criados
exclusivamente para ele, mas que realmente façam parte do modo de vida da
comunidade receptora. “Muitas destinações turísticas se especializam na recepção
de turistas e as manifestações culturais são produzidas exclusivamente para serem
mostradas aos visitantes” (IGNARRA, 1999, p. 119). Cada vez mais percebe-se que
o turista busca interagir com a comunidade, por isso, tanto o espaço físico quanto as
pessoas que nele vivem passam a fazer parte da experiência turística. Tal fato pode
ser complementado com o que afirma Ciaffone:
Estudos realizados pela Organização Mundial do Turismo (OMT) indicam a
busca por interatividade como uma das tendências para as próximas
décadas. Cada vez mais, os viajantes querem envolver-se com a realidade
do lugar que visitam. O mesmo estudo aponta que, nos próximos anos, os
turistas vão preferir locais onde as culturas autênticas estejam preservadas.
Conforme se acentua a uniformização como uma das tendências da
globalização, a possibilidade de vivenciar culturas locais tende a tornar-se
um diferencial poderoso (apud DIAS, 2003, p. 19)
Analisando esse contexto, percebe-se que a imagem muitas vezes passada
ao turista é percebida como artificial. Ao querer atender bem o turista, a comunidade
pode passar por uma mutação dos seus próprios traços culturais, gerando sua
descaracterização. O aspecto cultural do município de Treze Tílias mostra-se como
48
fator indutor para o turismo local, mas a sua exploração turística pode produzir
impactos negativos, pois conforme afirma Ignarra
[...] existe um comportamento psicossocial em que as comunidades mais
tradicionais ao terem contato com povos de países mais desenvolvidos
procurarem imitá-los. O jovem da cidade pequena do interior, ao se deparar
com muitos jovens turistas vindos das cidades grandes, tem a tendência de
procurar imitar suas roupas, suas músicas, seus hábitos enfim (1999, p.121-
122).
Em alguns casos específicos, podem acontecer alterações dos valores
culturais tradicionais, principalmente pelos mais jovens, pertencentes à segunda ou
terceira geração de imigrantes. Daí porque, para que a atividade turística se
desenvolva, são necessárias a aceitação e a participação da comunidade. O próprio
conceito da palavra comunidade já deixa claro que a participação dos residentes é
imprescindível. Page e MacIver (1973) conceituam comunidade como um
povoamento de pioneiros, uma aldeia, uma cidade, uma tribo ou até mesmo uma
nação. É qualquer lugar onde membros de um grupo, seja ele pequeno ou grande,
vivam juntos e de forma que partilhem das condições básicas de uma vida em
comum. Para eles, o que caracteriza uma comunidade é “que a vida de alguém pode
ser totalmente vivida dentro dela” (1973, p. 122) e nela tamm se encontram todas
as relações sociais de alguém.
É também importante esclarecer o significado da palavra participação. De
acordo com Mamede (2003, p. 22), o conceito de participação foi usado pela
primeira vez em 1960, como atributo de processo decisório, sendo entendida como o
elo que uniria a esfera do indivíduo com a esfera da sociedade, sendo a participação
assumida como a força capaz de abrir novas formas de interação entre a sociedade.
Para que a participação seja algo que faça parte do cotidiano da comunidade,
Mamede (2003, p. 24) afirma que ela deve ser buscada e incentivada como o
veículo que permitirá à comunidade alcançar o pleno exercício da cidadania”. A
participação da comunidade torna necessário o estabelecimento de objetivos
comuns, cujo alcance dependerá do trabalho conjunto dos membros da comunidade.
Page e MacIver (1973) afirmam que para existir o senso de comunidade deve haver
vida em comum, para os autores não basta residir na mesma localidade.
49
Mamede (2003, p. 29) ainda afirma que participar é partilhar, é criar, garantir
uma identidade coletiva que estabeleça um vínculo capaz de manter o grupo unido.
Pela da participação, as comunidades poderão enfrentar dificuldades, passando a
ser protagonistas do seu próprio bem-estar. Além de favorecer o aspecto social, a
participação da comunidade poderá assegurar o desenvolvimento do turismo e fazer
com que os membros da comunidade aceitem com mais facilidade os aspectos
negativos a serem enfrentados. Mamede (2003, p. 34) escreve que “o envolvimento
da população local induz a idéia de que é possível administrar o destino, a atividade,
os impactos e os recursos”. Portanto, em uma destinão turística em que a
comunidade é partícipe do processo que envolve o turismo, existem maiores
propensões para o desenvolvimento do turismo sustentável.
CAPÍTULO III OS RECURSOS TURÍSTICOS DE TREZE TÍLIAS E AS
TRANSFORMAÇÕES DECORRENTES DA EXPANSÃO DO TURISMO
CULTURAL
3.1 ATRATIVOS NATURAIS E ARTIFICIAIS
Os atrativos turísticos naturais do município são poucos, destacando-se
apenas algumas cachoeiras e trilhas. Nos últimos anos foram realizados alguns
investimentos relacionados a construções de atrativos turísticos artificiais,
principalmente visando a maior permanência do turista no município. Grande parte
desses investimentos são feitos por pessoas da própria comunidade, como o Parque
Lindendorf, Minicidade, Termas Internacional Vale das Tílias e Parque dos Sonhos.
Em muitos casos, são firmadas parcerias com os hoteleiros, sendo a infra-estrutura
disponibilizada para os hóspedes. A comunidade tamm pode desfrutar do lazer
nesses locais criados para o turista, basta que pague o ingresso para tal. Os
atrativos que se destacam no município são:
a) Arquitetura: a predominância da arquitetura tirolesa, na área central do
município, constitui um dos principais atrativos, sendo o município conhecido como o
“Tirol Brasileiro”. Os prédios da área central devem obedecer às Leis Municipais
931/93 e 1312/99 (ANEXOS A e B) que estabelecem normas para a construção das
casas ou espaços de comércio. A figura 17 permite constatar a predominância de
construções em estilo tirolês.
51
Figura 17 – Vista parcial da área central da cidade de Treze Tílias.
Fonte: www.trezetilias.com.br, 2006.
Não se percebe a predominância de edificações elevadas, mas a presença de
várias construções em estilo tirolês. O predomínio das características tirolesas na
arquitetura dominante foi-se dando de forma lenta. Em 1978, o Governador do Tirol,
em visita a Treze Tílias, percebeu que os costumes austríacos estavam se
perdendo. Nomeou, então, uma equipe composta por três pessoas, as quais seriam
responsáveis pelo resgate e sensibilização da comunidade sobre o assunto
29
. No
ano de 1980, Bernardo Moser
30
foi convidado pelo Prefeito Municipal a assumir toda
a responsabilidade sobre questões relacionadas à cultura. Naquele momento, o
convite foi aceito, porém Moser solicitou um estágio na Áustria, custeado pela
Prefeitura Municipal, para que pudesse se aprofundar em suas pesquisas sobre a
cultura austríaca. Ao retornar ao Brasil, Moser iniciou um trabalho de estímulo a
edificações com características tirolesas no município, iniciado de modo informal,
sem apoio de legislação específica. A partir de maio de 1981, Moser, que ocupava o
cargo de Secretário Municipal de Turismo e era tamm responsável pela liberação
de alvarás de construção civil no município, firmou um acordo com a Prefeitura
Municipal, para que fossem concedidos cinco anos de isenção de impostos para as
construções semelhantes às que se encontram no Tirol. Muitos projetos foram
reestruturados para que pudessem se beneficiar dessa isenção. A figura 18 mostra a
imagem da primeira casa, construída no ano de 1982, em estilo típico tirolês e
29
Informação oral coletada em 10/10/05 com o Bernardo Moser.
30
Formado em filosofia, pela UFPR e em música pela Faculdade de Educação Musical do Paraná.
52
beneficiada pela isenção fiscal. Hoje apresenta alterações no piso térreo (colocação
de vitrines), onde se localiza a loja Multi Itens, que comercializa artesanato,
brinquedos, calçados, confeões, presentes e utilidades domésticas.
Figura 18 – Primeira casa construída em estilo típico tirolês.
Fonte: da autora, 2005.
Em 24 de agosto 1993, a proposta até então informal, tornou-se Lei Municipal
de número 931/93 (ANEXO A), estabelecendo que:
Art. - Deverão obedecer o estilo “TÍPICO TIROLÊS”, as construções nas
seguintes ruas do perímetro urbano do Município:
- Rua Leoberto Leal;
- Rua Ministro João Cleophas;
- Rua Anita Garibaldi;
- Rua José Bonifácio;
- Rua Presidente Kennedy;
- Rua Tirol;
- Rua Antônio Carlos Konder Reis;
- Rua Carlos Gomes;
- Rua Monsenhor João Reitmeier;
- Rua Prefeito JoWaldomiro Silva;
- Rua Oscar Rodrigues da Nova;
- Rua Videira (até o Park Hotel);
- Rua Brasílio Celestino de Oliveira;
- Rua São Vicente de Paulo;
- Rua João Miterer;
- Rua Notburga Reiter;
- Rua Jacob Reiter;
- Rua Gisela Thaler;
- Rua Gardina Knolseisen;
53
- Rua Três Barras (até a CASAN);
- Rua Gaspar Coutinho;
- Rua Caçador (até o Armazenamento);
- Rua Oscar von Hohenbruck;
- Rua Anton Altenburger;
- Rua Caron;
- Rua Ivo Daquino;
- Rua Ministro Andréas Thaler;
- Rua Francisco Lindner;
- Rua dos Pioneiros;
- Rua Rudolf Rofner;
- Loteamento Iva Koroll;
- Outras ruas centrais sem denominação;
- Rodovia dos Pioneiros.
Parágrafo único: As construções previstas no caput deste artigo, deverão
apresentar as seguintes características:
II – Edificações com 02 (dois) andares, aba mínima com 120 (cento e vinte)
centímetros e pestanas molduradas, com sacada;
III Edificações com 03 (três) andares, ou mais, aba mínima com 140
(cento e quarenta) centímetros, pestanas molduradas, com sacadas;
IV A inclinação mínima da cobertura será de 3(trinta e seis graus) ou
20% (vinte por cento), com telhas de barro.
Em dezembro de 1999, essa Lei sofreu algumas alterações no que tange à
cor das edificações, que devem, obrigatoriamente, ser de cor branca, para
construções situadas no perímetro urbano da cidade (ANEXO B).
Por essa razão, os traços da arquitetura dos Alpes estão presentes em
grande parte das construções do centro urbano de Treze Tílias, onde se tem a
impressão de estar em uma cidade européia. A figura 19 apresenta a imagem da
Prefeitura Municipal de Treze Tílias, localizada na Praça Ministro Andréas Thaler,
número 25, área central da cidade, inaugurada em 1988, cuja construção segue o
estilo Tirolês.
54
Figura 19 – Prédio da Prefeitura Municipal de Treze Tílias.
Fonte: da autora, 2007.
A sede do Consulado Honorário da Áustria de Treze Tílias (Figura 20) é
considerada a construção mais autêntica com estilo tirolês do município, tanto
interna, como externamente. Inaugurada em 1993, está localizada na área urbana
central de Treze Tílias. O prédio foi construído com recursos próprios do primeiro
Cônsul Honorário Austríaco de Treze Tílias
31
, Ricardo Pichler Ritter von Tennenberg,
que continuou no cargo e Cônsul até o ano de 1998, quando sua esposa, Anna
Lindner von Pichler assumiu como titular (Pichler, 2006). Trata-se de um consulado
honorário austríaco, onde as despesas com salário de funcionários e manutenção
são de responsabilidade da Cônsul. O principal objetivo desse consulado é auxiliar
os moradores de Treze Tílias e região na obtenção da cidadania austríaca.
31
O Cônsul Honorário de Treze Tílias desempenhou atividades como Cônsul, desde 13 de outubro
de 1988 a 5 de março de 1999, quando o cargo foi repassado para a esposa mediante nomeação do
então Presidente da República da Áustria, Thomas Klestil, como Cônsul Honorária da Áustria.
55
Figura 20 – Consulado da Áustria de Treze lias.
Fonte: da autora, 2005.
Inicialmente, percebe-se que houve preocupação em formatar algo que
futuramente poderia ser utilizado para fins turísticos, tendo em vista que o município
já era detentor de forte apelo cultural, em virtude da imigração austríaca. As
primeiras ações aconteceram ainda no início da década de 80 do século XX, quando
Bernardo Moser iniciou o processo de conceder benefícios fiscais aos que
construíssem residências ou pontos comerciais, respeitando as características do
estilo típico tirolês. Apesar da informalidade desta ação, ela surtiu resultados e foi
transformada na Lei Municipal número 931/93 (ANEXO A) e posteriormente
complementada pela da Lei Municipal número 1312/99 (ANEXO B).
Para melhor ilustrar o espaço do perímetro urbano de Treze Tílias, onde as
leis acima citadas determinam que todas as edificações devem obrigatoriamente ser
construídas respeitando o estilo típico tirolês, apresenta-se o mapa do traçado
urbano do município (Figura 21), em que as ruas e avenidas destacadas na cor
vermelha correspondem às constantes nas Leis 931/93 e 1312/99.
56
Figura 21: Mapa do perímetro urbano de Treze Tílias
Fonte: Prefeitura Municipal, 2008, adaptado pela autora.
Apesar do esforço em proibir construções que distingam das do estilo típico
tirolês nas áreas determinadas pelas Leis Municipais, destacam-se duas situações.
Trata-se de duas construções no perímetro urbano. A primeira delas está localizada
na Rua Ministro João Cleophas (Figura 22) e é utilizada de forma mista. No piso
térreo e primeiro pavimento localizam-se pontos comerciais e nos demais andares o
espaço é destinado para residências. O mesmo está em desacordo com as
especificações das Leis nos seguintes quesitos:
a) A largura mínima da aba deve ser de 1,40m: nesse caso é menor de
1,20m;
ESCALA: 1cm = 187m
57
b) A cor das paredes externas deve ser branca: percebe-se que a cor das
paredes é amarelo-queimado e amarelo-claro;
c) Pestanas molduradas: nesse caso não há pestanas no prédio.
Figura 22 – Prédio localizado na Rua Ministro João Cleophas.
Fonte: da autora, 2007.
o segundo prédio (Figura 23), localizado ao lado da Prefeitura Municipal,
na Rua Leoberto Leal, e, até setembro de 2008, apenas o piso térreo é utilizado
como ponto comercial para uma lanchonete. Está em desacordo nos seguintes
aspectos:
a) As paredes externas foram pintadas nas cores branco e verde-claro;
b) Não há pestanas molduradas no prédio.
58
Figura 23 – Prédio localizado na Rua Leoberto Leal.
Fonte: da autora, 2007.
Para o secretário de administração de obras de Treze Tílias, Francisco José
Klotz
32
, os dois prédios estão em desacordo com as diretrizes das Leis. Apesar de o
poder público divulgar aos munícipes, por meio de rádio, placas e panfletos (Figura
24), a comunidade ainda parece não estar totalmente sensibilizada para a
importância de construir respeitando os parâmetros estabelecidos por lei. Para ele, o
fato ocorreu pela dificuldade em fiscalizar as obras no município, por falta de
funcionários para visitarem o andamento delas. A providência tomada foi solicitar,
junto à Prefeitura Municipal, a realização de concurso público para o provimento de
vagas para fiscal, que foi realizado em 2007, e o resultado homologado em janeiro
de 2008, sendo classificados seis fiscais de obras e tributos.
32
A entrevista foi realizada em 18 de setembro de 2007.
59
Figura 24 – Panfleto.
Fonte: Prefeitura Municipal de Treze Tílias, 2007.
Ainda no ano de 2007, estava em tramitação na Prefeitura Municipal a
elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Físico-Territorial de Treze Tílias.
Ele foi publicado e registrado em 28 de dezembro de 2007. O novo Plano apresenta
informações mais aprofundadas sobre a ocupação do espaço em território do
município. Em relação ao zoneamento urbano, foram divididos em treze zonas, entre
elas, duas que abordam especificamente o tema turismo como prioritário para o
local.
Na figura 25 é possível observar as áreas grifadas, que representam a ZET
Zona de Expansão Turística. Nessa zona o objetivo é incentivar a expansão das
atividades turísticas, comércio e prestação de serviços, nos corredores demarcados
com faixa de 30 metros para cada lado.
60
Figura 25 – Mapa da Zona de Expansão Turística de Treze Tílias.
Fonte: Plano Diretor de Treze Tílias, 2007.
Já na ZIT – Zona de Interesse Turístico, que aparece identificada em amarelo,
na figura 26. O objetivo é preservar essa área com suas características hisricas,
culturais, incentivando nelas o fortalecimento do comércio e prestação de serviços.
ESCALA: 1cm = 187m
61
Figura 26– Mapa da Zona de Interesse Turístico de Treze Tílias.
Fonte: Plano Diretor de Treze Tílias, 2007.
De acordo com Verônica Sommer da Silva
33
, assessora de planejamento e
legislação da Prefeitura Municipal de Treze Tílias, somente na ZIT e na ZET
continua sendo obrigatório construir residências ou espaços comerciais
respeitando o estilo típico tirolês, porém será nomeada uma comissão para
pesquisar quais são efetivamente as características do chamado estilo típico tirolês.
Após o término desta pesquisa, as Leis Municipais número 931/93 e 1312/99, que
ainda servem de parâmetro para as construções, serão alteradas e o termo usado
será “estilo Austríaco”.
Em um espaço de 93.600m², com entrada localizada na Rua Dileto Dalla
Costa, próximo à área central do município, está localizado o Condomínio Áustria
Residencial (Figura 27).
33
Informação oral repassada a 22 de janeiro de 2008.
ESCALA: 1cm = 187m
62
Figura 27 – Condomínio Áustria Residencial.
Fonte: da autora, 2008.
Criado em 2004, por iniciativa de Wilson Thölken e seu antigo sócio, o local
tem capacidade para receber até 70 casas. Atualmente são 8 residências com
moradores, 2 casas em construção e outras 3 estão com o início das obras previstas
para fevereiro de 2008. As Leis Municipais 931/93 e 1312/99 não têm vigência no
local, portanto as construções não devem obedecer, obrigatoriamente, ao estilo
típico tirolês. Para Wilson, esse é um fator importante, tendo em vista que se fosse
obrigatório construir respeitando as leis citadas anteriormente, a venda dos terrenos
se tornaria algo difícil. Algumas das regras constantes no Regimento Interno do
Condomínio o: todas as casas deverão ter, no mínimo, 200m²; o deverão ser
construídos muros ou cercas na frente das casas, e, a altura máxima do direito
nas construções deverá ser de 7,20m
34
.
A área do Condomínio Áustria Residencial não aparece destacada como área
de interesse em nenhuma das 13 zonas do zoneamento urbano constante no Plano
Diretor de Treze Tílias.
b) Termas Internacional Vale das Tílias
35
: localizado próximo à área central do
município, o parque aquático (Figura 28) dispõe de piscinas com água termo-mineral
34
Informação oral repassada por Wilson Thölken, a 27 de janeiro de 2008.
35
Informações repassadas pelo gerente do Termas Internacional Vale das Tílias, Rogério Prado, em
entrevista à autora, a 18 de setembro de 2007.
63
com temperatura de 35,8º C, praça de alimentação, lojas, bar molhado, boliche,
quadra poliesportiva, tobogãs, rio de correntezas, cancha de bocha e sauna. A área
total do parque é de aproximadamente 15.000 e tem capacidade para cerca de
2.500 pessoas. Iniciou as atividades em outubro de 2002 e foi idealizado
inicialmente por um grupo de cios. Hoje o empreendimento pertence a um único
dono, o Dr. Amilton Carvalho Gamba.
No início da construção, foram vendidos aproximadamente 600 passaportes
vip´s. O sócio adquiria o passaporte mediante o pagamento do equivalente a R$
1.000,00, que lhe dava o direito de freqüentar o parque por cinco anos, sem pagar a
taxa de anuidade. A venda dos passaportes foi uma estratégia empregada para
angariar fundos para a construção do empreendimento.
Atualmente, são vendidos títulos para sócios, mediante o pagamento de uma
anuidade de R$ 400,00
36
, que direito a freqüentar o parque, pagando somente o
exame médico. A maioria dos títulos foi adquirida por residentes de Treze Tílias e
região. Em 2008 estão registrados 3.000 sócios e 10.000 usuários
37
.
Outra forma de usufruir do parque é o chamado título empresarial, pelo qual
os empreendimentos de hospedagem são associados, e todos os hóspedes dos
hotéis da cidade de Treze Tílias poderão adquirir o passaporte no próprio hotel
pagando uma taxa de R$ 13,00 por pessoa
38
. O título empresarial foi criado por dois
motivos principais: o primeiro deles, estimular as pessoas a utilizar os
empreendimentos hoteleiros da cidade e o outro é evitar o turismo de massa, pois,
no parque, não é permitida a entrada de pessoas que não sejam hóspedes dos
empreendimentos de hospedagem do município, ou, então, que não tenham o título
de sócios. Para os grupos de excursões, a administração do parque possui uma
política mais rígida: recebe apenas grupos acima de 50 pessoas, e somente de terça
a sexta-feira. Excursionistas pagam o exame médico e o ingresso no valor de R$
27,00, que inclui almoço
39
.
36
Valor correspondente ao ano de 2007.
37
Cada sócio titular possui o direito de agregar em seu título até cinco pessoas.
38
Valor correspondente ao ano de 2007.
39
Valor correspondente a setembro de 2007.
64
Figura 28 – Vista parcial do Termas Internacional Vale das Tílias.
Fonte: da autora, 2007.
c) Parque dos Sonhos
40
: está localizado no centro da cidade, em uma área de
26.000 . No mesmo terreno também está localizada a casa dos proprietários,
Gertrudes Auer Concatto e seus quatro filhos, José Carlos, Ana Carla, Vanessa e
Robson. A possibilidade de trabalhar com a atividade turística surgiu de uma
necessidade da família, cujos membros utilizavam o terreno para a criação de
animais e também para a agricultura. Por se tratar de um terreno localizado na área
central de Treze Tílias, porém, tornou-se impróprio dar continuidade às mesmas
atividades. A família pensou, então, em aproveitar a área explorando-a
turisticamente. Assim surgiu, no ano de 2001, o Parque dos Sonhos (Figura 29). Foi
construído com recursos próprios. Ele emprega dois funcionários, além dos cinco
membros da família, os sócios-proprietários, que tamm desempenham funções na
pequena fábrica de sorvetes, de propriedade da família Concatto.
Na estrutura da lanchonete e sorveteria do Parque podem ser atendidas até
40 pessoas. Outras 160 podem utilizar as demais áreas que incluem um lago
artificial com peixes ornamentais, um labirinto verde, espaço aberto com exposição
de equipamentos antigos de traçado animal, além da loja de produtos artesanais,
onde o vendidos doces, licores, strudel, es de frutas secas e vinhos, tudo feito
pelos proprietários, com exceção dos vinhos que são fabricados na cidade de
Pinheiro Preto, SC.
40
Informação oral repassada por Gertrudes Auer Concatto, proprietária do empreendimento, a 16 de
setembro de 2007.
65
Figura 30 – Parque dos Sonhos.
Fonte: da autora, 2007.
d) Parque Lindendorf e Minicidade
41
: a iniciativa surgiu de uma família de
descendentes de austríacos, especificamente de irmãos e seus njuges, formando
hoje a sociedade composta por três casais: Vitor e Renate Koroll, Vilson e Rosalinda
Koroll e Valter e Danielly Felder.
O terreno, de aproximadamente 45.000 , era de propriedade da família.
Para construir o empreendimento foi necessário buscar recursos, equivalente a 20%
do total, através de financiamento bancário.
O parque (Figura 30) foi inaugurado em 18 de setembro de 2004. Em sua
estrutura existem diferentes tipos de atrativos:
- Minicidade (Figura 31): trata-se de uma réplica em miniatura da cidade de
Treze Tílias, considerada pelos proprietários do Parque como o seu principal
atrativo, pois a média mensal anual é de 1.100 visitantes. A réplica ainda está
incompleta e é atualizada com freqüência, sendo responsável pelas miniaturas o
Valter Felder, um dos sócios do empreendimento. O valor do ingresso para visitar a
Minicidade é de R$ 5,00 por pessoa
42
;
41
Informação oral repassada por Valter Felder, sócio do Parque Lindendorf e Minicidade, a 16 de
setembro de 2007.
42
Valor equivalente a setembro de 2007.
66
Figura 30 – Parque Lindendorf .
Fonte: da autora, 2005.
Figura 31 –Minicidade.
Fonte: da autora, 2008.
- Trilha: o percurso é de 700 metros e no caminho é possível ver animais tais
como avestruz, ovelhas e capivaras. No final da trilha está o lago artificial, com
extensão de 10.000 m², e que abriga peixes ornamentais;
- Loja de produtos artesanais: nesse local são comercializados diversos tipos
de souvenires
43
, como bebidas, camisetas, trabalhos artesanais, chocolates, ímãs
de geladeira, brinquedos de madeira, entre outros;
43
Pequenos presentes, lembranças.
67
- Restaurante Lindendorf (Figura 32): é um espaço amplo, com capacidade
para até 200 pessoas sentadas. Atende em média, entre 1000 a 1500 pessoas por
mês na alta temporada, considerada pelos proprietários, como os meses de julho e
de setembro até fevereiro. Atende, diariamente, no mesmo horário do parque, das
9h30min às 18h, servindo apenas almoço. Os serviços são buffet, quando maior
demanda, ou então refeições a la carte, sendo oferecidos três tipos diferentes de
pratos: dois da culinária austríaca: o goulash com spätzle e o chucrute com knödl e
salsichão. De acordo com um dos proprietários, não aconteceu nenhuma adaptação
dos pratos típicos austríacos para a culinária brasileira, eles são produzidos da
mesma maneira como eram feitos pelos seus avós, naturais da Áustria. O principal
doce da culinária austríaca tamm é oferecido como sobremesa nesse restaurante,
trata-se do strudel
44
. A família proprietária do restaurante já fabricava o doce
artesanalmente, para vendê-lo na tradicional festa de comemoração da emigração
austríaca, a Tirolerfest, as irmãs, hoje sócias do empreendimento, comercializavam
o strudel no próprio restaurante do Parque. Aos sábados, o empreendimento é
aberto também no período da noite, sendo o espaço utilizado para eventos artístico-
culturais, que expressam a cultura austríaca. O grupo que realiza apresentações
musicais e de dança é o Lindental, coordenado por Valter Felder, que tamm é um
dos sócios do empreendimento.
Figura 32 – Restaurante Lindendorf.
Fonte: da autora, 2007.
44
Doce típico austríaco feito com massa doce e maçã.
68
e) Parque do Imigrante
45
: está localizado no centro do município, em uma
área de 45.000 m², de propriedade da Igreja Católica. A data de inauguração está
prevista para o ano de 2008. O parque (Figura 33) foi construído com o intuito de
preservar a área verde, espaço urbano do município, e também para proporcionar
uma área de lazer aos turistas, visitantes e moradores. No seu projeto, constam os
seguintes equipamentos: pedalinho, capela, sala de aula ecológica, quiosque, lago e
trilhas. Para utilizar a infra-estrutura do parque não será cobrado ingresso.
Figura 33: Parque do Imigrante.
Fonte: da autora, 2007.
3.2 ATRATIVOS HISTÓRICO-CULTURAIS
Os atrativos histórico-culturais constituem a maioria dos atrativos no município
de Treze Tílias. Entre eles, porém, não estão somente aqueles que podem ser
vistos, ou seja, aqueles que têm forma material e estática, mas tamm estão
aqueles que fazem parte da cultura do povo e que nem sempre o visíveis, mas
que podem ser sentidos, experimentados ou ouvidos. Para Schlüter,
45
Informação oral repassada pelo Secretário Municipal de Turismo, Indústria e Comércio de Treze
Tílias, Armindo Ansiliero Junior, a 18 de setembro de 2007.
69
não o legado monumental arquitetônico ou artístico visível constitui um
foco de atenção. Os aspectos tradicionais da cultura, como as festas, as
danças e a gastronomia, ao conter significados simbólicos e referirem-se ao
comportamento, ao pensamento e à expressão dos sentimentos de
diferentes grupos culturais, também fazem parte do consumo turístico,
sejam por si mesmas ou como complemento de outras atrações de maior
envergadura (2003, p.10).
Para Barretto (2000), os recursos histórico-culturais devem possuir
considerável relevância histórica e cultural para o local onde estão inseridos,
independentes de serem tombados. Possuem duas características: alguns são
tangíveis e outros não. Entre os tangíveis estão os prédios, os monumentos, os
bairros, as cidades e marcos arquitetônicos. E, entre os intangíveis estão as
variadas manifestações da cultura imaterial, podendo ser definidas como a dança, a
culinária, o vestuário, a música, a literatura popular e a medicina caseira. Para a
autora, todos esses recursos despertam interesse no turista, por visitar e conhecer o
local e tudo o que diz respeito à história daquele povo.
Para o presente estudo, serão apresentados como atrativos histórico-culturais
intangíveis a gastronomia, as festividades, a musicalidade e as danças folclóricas.
Como atrativos histórico-culturais tangíveis serão apresentadas as esculturas em
madeira, os monumentos, o Museu Municipal Andréas Thaler e ainda serão
registrados aspectos referentes ao entorno do município, que se enquadram tanto
nos bens tangíveis quanto nos intangíveis.
3.2.1 Gastronomia
A gastronomia pode não ser o principal atrativo de uma localidade turística,
mas está assumindo uma importância cada vez maior, diante de sua transformação
em mais um produto aliado ao turismo cultural. A comida e a bebida possuem papel
importante na sociedade de forma geral, pois caracterizam momentos de reunião
familiar ou de congraçamento entre amigos, promovendo a interão social. Os
turistas buscam uma inter-relação direta entre o prazer que se obtem ao realizar a
viagem e ao degustar a comida típica do local. Essa degustação consiste numa
tentativa de buscar raízes culinárias e, ao mesmo tempo, entender a cultura do lugar
70
visitado. Assim, a busca pelo autêntico favorece o resgate de antigas tradições que
podem estar prestes a desaparecer (SCHLÜTER, 2003).
A imigração austríaca para o Brasil aconteceu recentemente, portanto, muito
da culinária mais antiga havia sofrido algumas alterações no próprio país de
origem. No período da Primeira Guerra Mundial, os países europeus sofreram com a
falta de alimentos, o que fez com que eles se tornassem caros. Tal fato pode ter
resultado em substituição de alguns itens utilizados para a elaboração dos pratos.
Posteriormente, após o término da Guerra, as facilidades decorrentes do avanço
tecnológico provocaram novas alterações na cozinha mundial, desde a forma de
preparo (que então contava com pequenas máquinas elétricas ou a gás) até a de
conservação dos alimentos. A facilidade de transporte e de comunicação fez
tamm com que um número maior de produtos fosse comercializado em diferentes
partes do mundo (SENAC, 2004). Apesar disso, muitas características da culinária
continuaram presentes, pois os imigrantes que se estabeleceram no Brasil não eram
abastados financeiramente, razão pela qual não dispunham de muitos recursos para
possuir produtos com tecnologia de ponta para utilizar no preparo da sua
alimentação diária.
Os reflexos da culinária alemã são encontrados na gastronomia pica de
Treze Tílias, apesar da Áustria, ainda no século XVIII, cultivar maior variedade de
alimentos do que a Alemanha (FRANCO, 2004). Em conseqüência dos rigorosos
invernos alemães, os pratos dessa nação caracterizavam-se por ser fortes,
substanciosos e ricos em gordura e molhos grossos, sendo a carne de porco, o
repolho e a batata alguns dos principais ingredientes utilizados. A batata, por
exemplo, está presente nas refeições diárias dos alemães até os dias atuais
(SENAC, 2004).
De acordo com os proprietários de dois empreendimentos de alimentação que
servem pratos típicos da culinária austríaca no município de Treze Tílias, o houve
alterações nas receitas e no modo de preparo dos pratos. Entre os principais pratos
quentes salgados servidos nos restaurantes típicos da cidade
46
estão: o Eisbein
(joelho de porco assado), o Sauerkraut (chucrute feito com o repolho azedo), o
Knödl (bolinho típico que mistura o amanhecido, lingüiça de porco com carne
46
Informação coletada pessoalmente, em visita realizada a dois dos principais restaurantes que
servem comidas típicas no município, que são o Restaurante Lindendorf e o restaurante do Hotel
Tirol, em 16 e 17 de setembro de 2007.
71
moída, ovos e temperos), o Knödelsuppe (sopa com os bolinhos de pão), a Spätzle
(massa formando pequenos nhoques feitos de ovos, farinha, leite e sal), o
Käsespätzle (nhoque frito na manteiga, cebola e queijo), o Goulasch (ensopado de
músculo de gado com molho de páprica doce e picante) e o Wurst (salsicha caseira).
Quanto ao principal doce típico servido na cidade, autores que defendem
que a sua origem tamm é alemã, destacando-o como um prato preparado com
massa folhada e recheio de maçã, denominado como Strudel (SENAC, 2004).
para Franco (2004), o doce parece ter vindo da Hungria
47
e antes da Turquia e o
denomina como Apfelstrudel.
As comidas típicas podem ser mais facilmente encontradas nos cardápios dos
restaurantes e hotéis (Figura 34). Nas residências não se tem o hábito de comer os
pratos típicos diariamente, pois o clima do Brasil difere do clima europeu, fazendo
com que, em algumas estações, a alimentação seja mais leve e equilibrada. Outro
fato a ser considerado é que esses pratos são feitos especialmente para as
festividades. Nessas celebrações consomem-se alimentos que raras vezes estão
presentes no cardápio diário das famílias ao longo do ano (SCHLÜTER, 2003).
Figura 34 – Prato típico da culinária austríaca.
Fonte: Folder turístico de Treze Tílias, 2004.
47
A Áustria, em 1867, se uniu à Hungria para formar o império Austro-Húngaro.
72
3.2.2 Festividades, musicalidade e danças
As festividades normalmente se fazem presentes nos mais diferentes tipos de
sociedade. Bakhtin (1987) explica que as festividades, independente do tipo, são
formas primordiais e marcantes da civilização humana e que sempre tiveram um
sentido profundo, uma relação forte com o tempo (natural, biológico e histórico), bem
como com períodos de crise ou de transtorno.
As festividades acontecem para celebrar ou lembrar algo de grande
importância para o povo que as comemoram. para o turismo (FERREIRA, 2001),
a festa pode ser entendida como um dos aspectos mais significativos da cultura,
como instrumento privilegiado para o entendimento dos fenômenos da comunicação
e como mercadoria” para estimular a expansão do próprio turismo. Porém pode
transformar-se em algo não autêntico, mas algo fabricado para turistas. Tal fato
pode acarretar uma aculturação decorrente das influências externas, o que acaba
descaracterizando o evento. Todas as festas relacionam-se, de uma maneira geral,
com o passado cultural de determinado grupo, e expressam a verdadeira face de
sua cultura, o que não significa dizer que elas mantenham sempre as suas
características originais.
Antigamente, sem os modernos recursos tecnológicos de hoje, as festas
representavam oportunidades para as pessoas se afirmarem e se identificarem com
os integrantes do seu grupo social. Era o momento mais importante de afirmação da
identidade coletiva, em que valores e crenças eram veiculados em um momento
único, que parecia ter sido recortado da atualidade e vivido em uma outra época,
reafirmando as origens do indivíduo (FERREIRA, 2001).
Esse momento de reafirmação proporcionado pelas festas é importante
principalmente quando se trata do turismo, pois é nessa ocasião que a comunidade
pode reencontrar seus valores culturais e históricos que, muitas vezes, podem estar
ameaçados por influências externas.
No caso de Treze Tílias, o evento que mais se destaca é a Tirolerfest,
conhecida como a festa em comemoração à imigração austríaca para o Brasil. A
primeira edição aconteceu no ano de 1934, um ano após a vinda do primeiro grupo
de imigrantes austríacos. Desde aquela época, acontece anualmente na avenida
principal do município, em frente à Prefeitura. É uma festa que atrai cerca de 12.000
73
pessoas a cada edição. O perfil dos turistas que vem para Treze Tílias com o intuito
de participar da programação do evento, de forma geral, o pessoas com idade
acima dos 40 anos, hospedam-se em hotéis e pousadas, e são originários,
respectivamente, dos estados de Santa Catarina, São Paulo, Parae Rio Grande
do Sul
48
. o público que freqüenta especificamente os bailes do evento são jovens
provenientes das cidades vizinhas.
Os atrativos da festa o danças, músicas e gastronomia típica austríaca,
além de músicas germânicas. O principal enredo da festa é a representação da
história vivida pelos imigrantes desde o momento em que chegaram ao Brasil. A
comunidade do município vem conseguindo resgatar seus valores sociais e culturais
trazidos e vividos pelos imigrantes. De acordo com Ferreira (2001), ao analisar uma
festa, deve-se considerar dois aspectos: um deles é a capacidade que a festa tem
de trazer para a atualidade as experiências culturais vivenciadas por determinada
população e, o segundo, é a possibilidade de mostrar a verdadeira origem de um
povo, por mais que esses costumes já tenham sido alterados parcial ou totalmente.
Um evento festivo é capaz de atrair demanda especificamente para a sua
apreciação, como é o caso de Treze Tílias, que durante a Tirolerfest (Figura 35),
que acontece anualmente, sempre no mês de outubro, os hotéis possuem a mais
elevada taxa de ocupação do ano.
Figura 35 – Imagem do desfile durante a Tirolerfest
Fonte: www.trezetilias.com.br, 2006.
48
Informação oral repassada em pelo Secretário Municipal de Turismo, Indústria e Comércio de Treze
Tílias, Armindo Ansiliero Junior, a 17 de setembro de 2007.
74
A dança e a música se fazem presentes em todas as festividades culturais.
São as representações da alegria da comunidade que canta e dança para
comemorar algo especial. Por meio da dança se exprime a arte, que desde os
primórdios da humanidade esteve presente, quando se dançava para comemorar a
boa colheita, a fertilidade, as núpcias, o nascimento e muitas outras datas (ARAÚJO,
1973).
Em relação à musicalidade, o município de Treze Tílias possui uma banda
denominada Banda dos Tiroleses
49
. A banda surgiu durante a viagem de navio que
trouxe o primeiro grupo de imigrantes austríacos, em 1933. A iniciativa foi de Georg
Thaler, irmão de Andréas Thaler. Em sua bagagem, havia trazido uma harpa, um
violão e baixo tuba e incentivou os demais companheiros a desempacotarem seus
instrumentos, com o propósito de montar uma pequena banda. A iniciativa deu certo
e a primeira apresentação aconteceu com 8 integrantes, na Ilha das Flores, no Rio
de Janeiro, quando o embaixador na Áustria no Brasil, Anton Retscheck, foi dar as
boas vindas aos imigrantes recém chegados. Desde o início das atividades até o
ano de 1934, a banda foi regida pelo maestro Johann Mitterer. De 1934 até 1938, a
banda foi regida pelo maestro Johann Völgyfy, sucedido por Gabriel Hausberger,
ficando responsável pela banda nos 43 anos seguintes.
Atualmente possui 48 integrantes, é regida, desde nove de maio de 1981,
pelo maestro Bernardo Moser. Todos os componentes são autônomos e músicos
amadores, exceto o maestro. A banda é particular, possui estatuto e Cadastro Geral
de Contribuinte - CGC próprios. O salário do maestro é pago pela Prefeitura
Municipal, por meio da Sociedade Cultural e Artística Papuan SOCAP, e, para a
manutenção da banda, os músicos cobram uma taxa para se apresentar.
O principal repertório musical da Banda dos Tiroleses são músicas austríacas,
principalmente as do Tirol. O grupo realiza apresentações no próprio município, no
Estado de Santa Catarina e tamm já se apresentou no Rio Grande do Sul,
Paraná, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Aproximadamente na mesma época de criação da Banda dos Tiroleses surgiu
o Coral Tiroler Echo que participou durante muitos anos das missas dominicais da
cidade, incluindo em seu repertório músicas austríacas. Anualmente, o grupo de
coral participava dos Festivais da Liga Cultural Artística Alto Uruguai, conquistando
49
Informações repassadas por Bernardo Moser, em entrevista à autora, a 18 de setembro de 2007.
75
muitas vezes a primeira colocação. O Coral parou suas atividades em 1978 e foi
reativado três anos mais tarde, existindo até os dias atuais, com 26 integrantes,
presidido por Maria Elizabeth Boff e regido por Bernardo Moser.
Outro grupo de coral existente no município é o Coral Hobbysänger, que
iniciou suas atividades em 1993, com um pequeno grupo de cantores, que se reunia
nas residências dos integrantes, apenas com a intenção de cultivar a música.
Posteriormente, as atividades foram-se tornando mais formais e, hoje, o coral
participa ativamente da vida da comunidade, apresentando-se em eventos culturais,
folclóricos e religiosos
50
.
O grupo de canto, chamado Grupo Edelweiss, é o que mantém um contato
mais direto com os turistas que visitam o município de Treze Tílias. Seus
componentes se apresentam esporadicamente nos hotéis, cantando músicas
austríacas, italianas e brasileiras, acompanhadas pelo violão e pelo instrumento de
várias cordas, dispostas em um arco de madeira, chamado cítara. O grupo é
formado por cinco componentes e foi criado em 1991, em decorrência do fluxo
turístico que o município possuía e tamm por conseqüência da novela Ana Raio e
Zé Trovão
51
, que trouxe um número significativo de turistas para a cidade
52
.
um grupo de canto formado exclusivamente por integrantes de uma
mesma família (três irmãos, cunhado e sobrinhos). Trata-se do Grupo de Canto da
Família Moser, fundado em 1995 com o objetivo de levar aos visitantes um pouco de
música austríaca. No Natal o grupo realiza encenações do “Auto de Natal”, seguindo
as tradições do Tirol. O grupo tem três CD’s gravados e realiza apresentões no
Hotel Tirol (Figura 36), sempre nos horários das refeições (almoço ou jantar),
aproveitando a oportunidade para comercializar seus discos
53
.
50
Prefeitura Municipal de Treze Tílias, 2006.
51
Novela dirigida por Jaime Monjardim e exibida em 1990 a 1991, pela extinta Rede Manchete, que
teve capítulos gravados em Treze Tílias.
52
Informações repassadas à autora pela responvel pelo grupo Edelweiss, Elisabeta Boff a 18 de
setembro de 2007.
53
Informação oral repassada por Bernardo Moser, a 17 de setembro de 2007.
76
Figura 36 – Grupo Família Moser em apresentação no Hotel Tirol.
Fonte: da autora, 2007.
Um grupo criado com a finalidade de animar festas, bailes, saraus, shows e
eventos é o Grupo Musical Los Alpinistas, que iniciou suas atividades em 1968.
Atende a diversos tipos de eventos e inclui também em seu repertório músicas
austríacas. A instrumentação consiste em três trompetes, acordeão, guitarra,
contrabaixo, bateria e dueto musical. A equipe de sete integrantes é coordenada por
Bernardo Moser
54
.
Como representantes das danças da cultura austríaca, o município possui
seis grupos folclóricos
55
, sendo:
a) Grupo de danças Tiroler Platter: esse grupo foi fundado em 2000 e inclui no
seu repertório, além de passos tradicionais de danças austríacas, materiais como
sinos, arcos, bancos, lanternas e canhão. As roupas típicas foram confeccionadas
no Brasil, seguindo padrões tradicionais tiroleses;
b) Grupo de Danças Folclóricas Tirolesas Lindental: fundado em 1995, por
Valter Felder, que morou durante seis anos na Áustria, e trouxe para Treze Tílias
conhecimento suficiente para conduzir o grupo, que se apresenta especialmente
para os turistas nos hotéis da cidade. Do repertório constam especificamente danças
de estilo austríaco, principalmente o sapateado. Os trajes foram confeccionados
respeitando os modelos originais da Áustria, em que as moças se apresentam com
um vestido tirolês completo que traz um bordado com três flores austríacas:
54
Informação oral repassada por Bernardo Moser, a 17 de setembro de 2007.
55
Informações repassadas pela Prefeitura Municipal de Treze Tílias, 2006.
77
Edelweiss, Alpenrose e Enzian e os rapazes usam a calça de couro, vestuário típico
da região do Tirol (Figura 37);
Figura 37 – Grupo de danças Lindental.
Fonte: www.trezetilias.com.br, 2006.
c) Grupo de danças Schuhplatter: é o grupo de danças mais antigo do
município. Foi fundado no ano em que se iniciou a imigração austríaca em Treze
Tílias (1933). O repertório inclui representações da cultura austríaca e os trajes
mostram costumes e tradições de alguns estados austríacos;
d) Grupo de danças Kinder Platter: esse grupo foi fundado por iniciativa do
poder público municipal e tem como objetivo ensinar e difundir a cultura tirolesa,
especialmente pela dança, para as crianças e jovens da cidade. O grupo possui
subdivisões, de acordo com as faixas etárias, sendo o Grupo Mirim (para criaas de
três a sete anos de idade), o Grupo Infantil (para crianças de sete a onze anos de
idade) e o Grupo Juvenil (para jovens de onze a quinze anos de idade);
e) Grupo de daas Alpen Master: esse grupo de danças foi criado em 2001,
objetivando resgatar o prazer em expressar a dança folclórica austríaca. Atualmente
a maioria dos casais que fazem parte do grupo possui mais de 40 anos de idade;
f) Grupo de danças Alegria: é um grupo que também foi criado por iniciativa
do poder público, em parceria com a Escola Municipal Irmã Filomena Rabelo, porém,
com o objetivo de difundir entre as crianças e jovens, não a cultura austríaca
como a alemã, italiana, portuguesa, gaúcha e brasileira.
Com exceção dos grupos de música e dança que foram fundados por
imigrantes austríacos, ainda na década de 30 do século XX, pode-se perceber que
78
os demais surgiram a partir de 1991. Gradativamente o mero de grupos musicais
e de danças foram sendo fundados. Tal fato ocorreu devido ao aumento do fluxo de
turistas na cidade, após a exibição da novela A História de Ana Raio e Trovão”.
O trabalho realizado pelos grupos era voluntário. Em geral, os integrantes dos
grupos se ocupavam com outras atividades remuneradas e dedicavam-se à música
e à dança com o objetivo de difundir a cultura austríaca aos turistas e visitantes.
3.2.3 Esculturas em madeira e monumentos
O município de Treze Tílias é conhecido como a Capital Catarinense da
Escultura em Madeira
56
. Na área central da cidade encontram-se vários ateliês de
artistas locais, que vendem suas artes, desde miniaturas (Figura 38) apeças em
tamanho natural (Figura 39). Em muitos desses ateliês é possível acompanhar o
trabalho do artista na confecção da peça. A produção das peças maiores
normalmente é feita somente sob encomenda, as peças menores o feitas em
maior quantidade para venda no varejo. Na maioria das vezes, as peças são
vendidas para turistas no próprio local ou, então, por encomenda.
Figura 38 – Miniaturas esculpidas por José Dalla Costa.
Fonte: da autora, 2007.
56
Fonte: Prefeitura Municipal de Treze Tílias, 2005.
79
Figura 39 – Escultura em madeira esculpida por Conrado Moser.
Fonte: da autora, 2007.
Na Central de Informações ao Turista de Treze Tílias, há uma área reservada
exclusivamente para os escultores, em que cada um dos artistas cadastrados,
dispõe de um espaço para expor, permanentemente, a sua obra (Figura 40).
Figura 40 – Espaço para exposição permanente de esculturas.
Fonte: da autora, 2007.
80
Cada escultor deixa uma obra sua e, ao lado da sua escultura, um
pedestal (Figura 41) contendo informações sobre o artista (fotografia, breve
histórico, nome, endereço e telefone para contato). A iniciativa foi pioneira, tendo
em vista que até o ano de 2006, quando o local foi aberto, não havia sido feita
nenhuma atividade que unisse todos os escultores. Até então, cada artista
trabalhava, divulgava e vendia o seu produto de forma independente.
Figura 41 – Pedestal com informações (escultura de Werner Thaler).
Fonte: da autora, 2007.
Folliet (1968) afirma que o trabalho das mãos é uma grande experiência de
solidariedade humana, já que o trabalho e o ofício não se separam da cultura, pois o
artista aplica conhecimentos da sua própria cultura em sua obra, fazendo com que
ela permaneça viva e renovada.
Convém citar o posicionamento de Kowalski
57
(1977 apud MORAES, 2000, p.
173) a respeito dos trabalhos manuais. O artista explica que
O equilíbrio físico e mental, o sentido do real, da matéria e da duração, a
objetividade, a seriedade são qualidades de cultura e a base comum de
57
Escultor francês, de origem polonesa, expôs sua arte em vários países, inclusive no Brasil, faleceu
no ano de 2004.
81
todos os trabalhos manuais na qual cada profissão esbem ou mais ou
menos assentada.
A arte é uma hipótese pessoal que é a seguir verificada pela sociedade. Se
esta não se interessa, o artista permanece isolado e não tem público. O
artista cria coisas e as coloca no mundo. Estas coisas podendo ou não se
transformar em necessidade para o público, dependendo de seu maior ou
menor interesse. O que quero dizer é que a arte tem uma função social
desde o início. Mas que é o público que permitirá à arte cumprir sua
destinação social (...) são os espectadores que fazem a arte.
Em uma comunidade que possui a cultura como atrativo turístico principal,
unir a arte e seus apreciadores torna-se mais um aspecto positivo relacionado à
integração dos residentes e à valorização dos aspectos culturais do município.
dezenove escultores cadastrados no município, alguns com especializão na
Alemanha ou na Áustria
58
, passam seu conhecimento de pais para filhos, dando
continuidade a este costume. Entre os escultores cadastrados estão
59
Ivo Boesing,
Werner Thaler, Rudi Moser, Christian Moser, Mariana Thaler, Luiz Hentz, Conrado
Moser, Conrado Michael Moser, Katharina Moser, Godofredo Thaler, Ingrid Thaler,
Bruno Thaler, Suzi Thaler Perondi, Guinther Thaler, José Dalla Costa, Ellen Thaler,
Starbak Schneider,Taísa Moser, Raimundo Moser, Germano Pattis, Ludwig
Blahowetz e Evandro Ferronatto.
Também como reflexo de uma comunidade em que se destacam artistas, o
município possui vários monumentos, que foram criados por escultores locais e que,
de alguma forma, ilustram a história do município, além de fazer também referência
à atividade econômica de destaque na cidade. Não são considerados atrativos
turísticos, mas fazem parte do city tour
60
com os grupos de turistas.
O monumento da “Vaquinha (Figura 42), de autoria do escultor Conrado
Moser, está localizado na rótula das Ruas Oscar R. da Nova, José Bonifácio e Rua
Videira. Foi inaugurado a 25 de julho de 1982 e construído com o propósito de
homenagear os agropecuaristas do município de Treze Tílias. Como atrativo para os
turistas e visitantes, foi colocado um registro de água no jardim e, quando um
condutor de turismo local pára com o grupo nesse ponto, aciona o registro que jorra
água dos úberes da vaca, simulando a saída de leite.
58
Fonte: Prefeitura Municipal de Treze Tílias, 2006.
59
Fonte: Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo, 2007.
60
Passeio na área central da cidade e arredores, conduzido por um guia ou condutor turístico.
82
Figura 42 – Monumento em homenagem aos agropecuaristas.
Fonte: da autora, 2007.
Outro monumento que ilustra a atividade leiteira do município, que a
pecuária tem forte participação no Produto Interno Bruto - PIB do município, devido a
presença da empresa de Laticínios Tirol, é o monumento em homenagem aos
agricultores e pecuaristas do município (Figura 43). Foi tamm esculpido por
Conrado Moser e inaugurado em dezembro de 2000. Está localizado na Rua
Ministro João Cleophas, em frente a Laticínios Tirol.
Figura 43 – Monumento em homenagem ao agropecuarista.
Fonte: da autora, 2007.
83
O monumento em homenagem ao imigrante austríaco (Figura 44) está
localizado em frente ao prédio da Prefeitura Municipal, na Praça Ministro Andréas
Thaler e representa uma família de imigrantes, em que se o pai, a mãe e dois
filhos pequenos, sendo um deles ainda de colo. Percebe-se tamm uma ferramenta
de trabalho (machado), representando o esforço para retirar do local sua fonte de
sustento. Foi esculpida por Conrado Moser, em comemoração aos 55 anos da
imigração austríaca (1988), quando os bravos e pioneiros desbravadores foram
lembrados. Nos anos de 1993 e 2003, o Rotary de Treze Tílias fixou, na base da
escultura, placas em homenagem à comemoração dos 60 e 70 anos de imigração,
respectivamente.
Figura 44 – Monumento em homenagem ao imigrante austríaco.
Fonte: da autora, 2007.
O monumento Andréas Thaler (Figura 45) es localizado na praça central da
cidade e é uma homenagem ao fundador da cidade. Foi esculpida por Werner Thaler
e entregue na comemoração dos 70 anos de imigração austríaca (comemorada a 13
de outubro de 2003).
84
Figura 45 – Monumento em homenagem à Andréas Thaler.
Fonte: da autora, 2007.
Apenas dois escultores do município foram os responsáveis por elaborar os
monumentos descritos anteriormente, são Conrado Moser e Werner Thaler.
Conforme dados repassados pela Secretaria Municipal de Turismo, apenas esses
escultores esculpem suas obras também em concreto, material utilizado para a
confecção dos monumentos mencionados.
Conrado Moser é filho de imigrantes austríacos e começou a esculpir em
1957, aos 13 anos de idade. De 1974 até 1976, permanceu em Oberammergau,
Alemanha, onde buscou especializar-se em esculturas. Somente em 1981 mudou-se
para Treze Tílias e montou um ateliê com exposição permanente de suas obras. Sua
linha de trabalho é voltada para a confecção da arte sacra.
Werner Thaler nasceu em uma família com tradição em escultura. Iniciou-se
no aprendizado ainda criança, aos 8 anos de idade. Ao residir na Áustria, freqüentou
a Escola de Escultura de Elbigenalp, com o objetivo de aprofundar seus
conhecimentos na área. Quando retornou ao Brasil, montou em Treze Tílias seu
ateliê, onde trabalha com diversos tipos de esculturas em madeira, pedra, bronze e
concreto.
85
De maneira geral, todos os escultores cadastrados venderam peças para
clientes residentes em outros países, porém a forma como a venda aconteceu foi
diretamente ao turista. Nenhum dos escultores do município possui a documentação
necessária para exportar produtos.
86
3.2.4 Museu Municipal
Os museus são a representatividade da história e da cultura de um povo ou
de uma comunidade. De acordo com ICOM – International Council of Museums,
o museu é uma instituição permanente, sem finalidade lucrativa, a serviço
da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta aoblico, que realiza
pesquisas sobre a evidência material do homem e do seu ambiente,
adquire-a, conserva-a, investiga-a, comunica e exibe-a, com a finalidade de
estudo, educação e fruição (1986 apud BARRETTO 2001, p. 55).
Por representarem parte da história da evolução do homem, os museus se
tornam um atrativo para o turismo, já que por meio deles os turistas podem conhecer
o passado histórico do local em que estão visitando (OLIVEIRA, 2002).
O Museu Andréas Thaler de Treze Tílias (Figura 46) está localizado na área
central da cidade e ocupa o prédio que foi originalmente a residência do fundador do
município, Andréas Thaler.
Figura 46 – Museu Andréas Thaler.
Fonte: da autora, 2005.
87
O prédio foi construído no ano de 1936 e inaugurado em 1937, para servir de
residência da família do fundador (Figura 47). A característica arquitetônica do
prédio lembra um castelo, pois foi a primeira construção em alvenaria do município e
é considerado um marco da colonização austríaca. A partir de 13 de outubro de
2002, o local passa a ser a sede do Museu
61
.
Figura 47 Museu Andréas Thaler.
Fonte: Ingrid Thaler, 2003.
Andréas Thaler foi o principal responsável pelo surgimento da atual cidade de
Treze Tílias e por isso foi homenageado com a abertura do Museu Municipal.
Andréas Thaler nasceu em 10 de setembro de 1883, na comunidade de
Oberau, município de Wildschönau, no estado do Tirol, Áustria. Chegou a estudar
para ser padre, mas optou por seguir a mesma atividade dos seus pais, a
agricultura. Teve intensa vida política, durante o período da Primeira Guerra
Mundial, chegou a ser prefeito do município onde nasceu. Mais tarde ocupou outros
cargos, foi eleito para o parlamento do Estado do Tirol, em que defendeu o interesse
61
Prefeitura Municipal de Treze Tílias, 2005.
88
dos agricultores, presidiu também o Conselho de Cultura Estadual e por fim,
assumiu o cargo de Ministro da Agricultura da Primeira República.
Casou-se com Gisela Thaler (nascida a 12 de dezembro de 1894 e falecida
em 1962), em 9 de fevereiro de 1914, em Oberau, Áustria. Juntos tiveram 14 filhos
62
:
a) Andréas: nascido em 1914. Casou-se com Maria Zimmermm e teve 10
filhos. Residia em Treze Tílias e hoje é falecido;
b) Gisela: nascida em 1916. Casou-se com Thomas Praxmarer e teve 5 filhos.
Residia em Treze Tílias e hoje é falecida;
c) Hermann (1): Nasceu em 1918 e faleceu ainda lactente;
d) Hermann (2): nasceu em 1919. Casou-se com Hani Steinwandter e teve 7
filhos. Hoje é falecido;
e) Winfried: nasceu em 1921, casou-se com Maria Hohbieder e teve 6 filhos.
Reside em Campo Grande, MS;
f) Hildegard: nasceu em 1922. Casou-se com Fritz Kanfmann e teve 4 filhos.
Reside em Curitiba, PR;
g) Raimund: nasceu em 1922 e faleceu ainda criança;
h) Rudolf: nascido em 1926. Casou-se com Grett Kranz e teve 8 filhos
homens. Reside em Palmas, PR;
i) Frieda: nascida em 1927, casou-se com Friedrich Gwiggner e teve 9 filhos.
Reside em Oberau, na Áustria;
j) Ernest: Nasceu em 1929. Casou-se com Nairda Andrade, não tem filhos e é
o único descendente direto de Andréas Thaler que reside em Treze Tílias;
k) Bernhard: nascido em 1931, faleceu ainda criança;
l) Walter: nascido em 1932, casou-se com Helena Schupenlehner e teve 3
filhos. Faleceu em 2005;
m) Hedwimg: nasceu em 1932, é solteira e reside em Oberau, Áustria;
n) Otto: nascido em 1936, faleceu ainda lactente.
Apenas o último filho do casal nasceu em Treze Tílias, todos os demais
nasceram na Áustria. Em julho de 1934, Andréas Thaler, juntamente com sua
esposa e filhos embarcam no Navio Princepessa Maria, acompanhados do maior
grupo de imigrantes austríacos com destino ao Brasil (257 pessoas). Após essa
62
Informação coletada na exposição do Museu Municipal Andréas Thaler, em 16 de setembro de
2007.
89
data, Thaler não retorna mais a sua terra natal. Alguns anos depois, na tentativa de
salvar a ponte do rio Papuan durante uma enchente, o fundador da cidade morre
afogado.
No Museu Municipal é possível conhecer parte da vida de Andréas Thaler. A
visitação é exclusivamente realizada na parte interna do prédio e o acesso somente
é permitido a cinco salas, onde se encontra o chamado Espaço Ministro Andréas
Thaler, que foi o escritório do ministro, e ainda é possível encontrar alguns de seus
pertences (livros, escrivaninha e cadeira). Em outra sala, chamada de Sala da
Imigração Austríaca, existem imagens iconográficas dos imigrantes a bordo dos
navios e tamm logo da sua chegada ao Brasil. Na cozinha da casa encontram-se
utensílios e objetos da época, além de fogão, mesa, banco de canto e uma máquina
de lavar roupas (movida a força do homem). Na parte superior do prédio, pode-se
visitar o quarto do casal, com mobiliário, roupas e fotos da família e também uma
sala com objetos que lembram a religiosidade e a musicalidade dos imigrantes.
No segundo piso do prédio, dois espaços são reservados para o Ernest
Thaler (filho do fundador), onde estão um banheiro e um quarto para dormir. Essa foi
a condição por ele imposta para permitir a utilização do prédio tombado pelo
patrimônio municipal, como Museu
63
. Duas pessoas trabalham no local, uma realiza
a limpeza e a outra presta informações aos turistas e recebe o valor da taxa de
manutenção do prédio, que para o ano de 2007 é de R$ 1,00.
O museu abre suas portas diariamente, exceto às terças-feiras. Não
nenhum programa específico para receber grupos, apenas descontos no valor do
ingresso. Tamm não se percebe nenhuma inovação em relação à forma de
conduzir as visitações, para despertar nos visitantes um maior interesse em
conhecer o que o museu oferece.
De acordo com algumas tendências de mudanças para a melhor utilização
dos museus, Barretto (2000) destaca o fato de que atualmente eles estão se
adaptando a uma nova realidade
64
, pois encontraram no turismo uma fonte de
sustentação. Além da venda de ingressos, os museus podem oferecer a
possibilidade para o visitante produzir algo no local, por meio de oficinas; participar
de cursos ou palestras; apresentações teatrais, ou então comprar souvenires,
63
Informação oral repassada pela estagiária do Museu, Vanessa Carina Concatto, a 16 de setembro
de 2007.
64
Ao interpretar Barretto, presume-se que “nova realidade” diz respeito à interatividade que o
visitante procura ao estar em um Museu.
90
reproduções, réplicas e catálogos. A autora ressalta que o Museu tamm deve
estar equipado com infra-estrutura para a alimentação do visitante.
Paralelamente ao cuidado com a conservação das características
arquitetônicas, percebe-se tamm a preservação das tradições culturais por meio
da gastronomia, verificada pelo mero de restaurantes que servem pratos típicos;
pela música e da dança, percebida por meio da criação de grupos de dança e canto
e tamm pela preservação da arte em madeira. Ainda, além das festividades, a
existência do Consulado Honorário Austríaco de Treze Tílias, por meio do programa
de intercâmbio, favorece para que o elo cultural dos munícipes com as tradições
austríacas seja fortalecido.
3.3 INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA
A seis de outubro de 2006, foi inaugurado, em Treze Tílias, um novo prédio
público, com 300m², localizado a Rua Leoberto Leal, 195. O prédio abriga a Câmara
de Vereadores, a Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio e a Central de
Informações Turísticas de Treze Tílias (Figura 48).
Figura 48 – Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo.
Fonte: da autora, 2007.
91
Nos setores de Turismo e Informações Turísticas da Secretaria de Turismo,
Indústria e Comércio de Treze Tílias atuam 5 pessoas. São elas: o Secretário, o seu
Chefe de Gabinete, dois atendentes e um estagiário (que realiza suas atividades no
Museu Municipal Andréas Thaler). O atendimento é realizado de segunda a sexta-
feira, no horário comercial, aos sábados, das 9h às 12h e das 14h às 17h e aos
domingos, das 9h às 12h. Nesses horários, os turistas e visitantes que chegam até o
local, são convidados a assistir um vídeo promocional do município, em um auditório
equipado com recursos de projeção visual, com capacidade para receber até 50
pessoas. Os visitantes também podem conhecer a exposição permanente de
esculturas, localizada no saguão do prédio. Ao término da visita, as pessoas o
convidadas a assinar o livro de visitantes. Mediante (nome e local de procedência), é
realizado o levantamento do número estimado de visitantes ao município
65
.
No departamento de Informações Turísticas, o prestados todos os tipos de
informações sobre o município. tamm, no lado de fora do prédio, funcionando
24 horas ao dia, um painel eletrônico (Figura 49) que contém as imagens dos
empreendimentos de hospedagem do município, endereço e telefone de contato.
Figura 49 – Painel eletrônico dos meios de hospedagem.
Fonte: da autora, 2007.
65
Informação oral repassada pelo Secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Treze Tílias,
Armindo Ansilieiro Jr, a 17 de setembro de 2007.
92
Abaixo de cada foto, há um botão verde e outro vermelho. Caso esteja
piscando o botão verde, significa que aquele empreendimento ainda possui
unidades habitacionais para locação e, caso esteja piscando o botão vermelho,
significa que o empreendimento está lotado. No centro do painel, um pequeno
quadro eletrônico, onde é possível selecionar o meio de hospedagem desejado para
saber maiores detalhes sobre a infra-estrutura e valor das diárias. Esse painel
eletrônico facilita a escolha do turista, que pode visualizar nele todos os hotéis e
pousadas ao mesmo tempo, e optar por aquele que mais lhe convier, mesmo em
horários em que o serviço de informações turísticas está indisponível.
no município, uma Associação Comercial, presidida por Adair Zuffo, que
possui um Núcleo de Turismo. Este, por sua vez, é presidido por Roberto Koler e
promove reuniões mensais com associados representantes de todos os hotéis,
pousadas, parques e alguns restaurantes, para discutir temas relativos à atividade
turística. Além da mensalidade que é paga à Associação, todos os
empreendimentos de hospedagem do município cobram uma taxa
66
de R$1,00 de
cada hóspede (taxa turismo), que repassam à Associação Comercial.
Em relação à inserção do município no contexto regional do turismo, algumas
ações estão sendo realizadas. Atualmente, a cidade participa do roteiro turístico
denominado como Arranjo Produtivo Local - APL Turismo Rota da Amizade e da
Uva, o qual é resultado do Plano Nacional do Turismo 2003/2006, que tinha como
diretrizes políticas a redução das desigualdades regionais, a geração e distribuição
de renda, a geração de empregos e ocupação e o equilíbrio no balanço de
pagamentos. Um dos Macro-programas foi a Estruturação e Diversificação da
Oferta Turística”, sendo meta que cada estado da federação e o Distrito Federal
estruturassem pelo menos três novos produtos turísticos de qualidade ao ano de
2007. Para tal, foi criado o Programa de Regionalização do Turismo Roteiros do
Brasil, apresentado em 29 de abril de 2004, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o então Ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia e os parceiros
estratégicos do Programa. Um desses parceiros é o Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, que lançou o Programa Arranjo Produtivo
Local APL para Treze Tílias e região. O programa denominado de APL Rota da
Amizade e da Uva tem por objetivo que todos os envolvidos trabalhem em sintonia e
66
Valor equivalente para o ano de 2007.
93
se qualifiquem. O programa fortalece a empresa, pois as empresas juntas formam
um grupo articulado e importante para a região. Essa união facilita a troca de
informações, o surgimento de novas idéias, a interação com o governo, associações
empresariais, associações de produtores, órgãos públicos e instituições de crédito,
ensino e pesquisa (SEBRAE, 2008).
Os empresários dos ramos relacionados ao turismo que participam da APL
são:
- Categoria Hotéis: Hotel Dreizehnlinden, Hotel Tirol Ltda, Hotel Schneider,
Bristol Multy Treze Tílias Park Hotel e a Pousada Adler;
- Categoria Restaurantes e Lanchonetes: Parque dos Sonhos e Restaurante e
Pizzaria Edelweiss;
- Categoria Comércio: Edelweiss Malhas Ltda;
- Categoria Lazer e Entretenimento: Parque Lindendorf e Minicidade e Termas
Internacional Vale das Tílias;
- Categoria Artesanato: Casa do Artesanato;
- Categoria Turismo Rural: Colônia Italiana – Afalpi;
- Categoria Indústria: Cervejaria Bierbaum Ltda e Chocolate Caseiro Treze
Tílias;
- Categoria foto e filmagem: Rádio Tropical FM.
Entretanto nem todas as empresas diretamente ligadas à atividade turística
no município fazem parte da APL. Entre os municípios participantes da APL Rota da
Amizade e da Uva estão Piratuba, Joaçaba, Treze Tílias, Tangará, Pinheiro Preto,
Videira e Fraiburgo. O valor investido no projeto é de R$ 1.661.000,00 (a fundo
perdido) e esse valor será direcionado para o marketing da promoção e venda
desses destinos, em pesquisas de mercado, visitas técnicas, viagens de
familiarização, participações em feiras para a captação de negócios, bem como na
capacitação dos recursos humanos que atuam diretamente nas empresas
participantes da APL
67
.
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Turismo
68
, a
infra-estrutura turística existente no município é suficiente para atender à demanda
atual. O único inconveniente é que o município não possui agência de viagens. Aos
67
Fonte: www.rotadaamizade.com.br. Acesso em 26 de janeiro de 2008.
68
Informação oral repassada em 11 de setembro de 2005, pelo atual Secretário Municipal de Turismo
de Treze Tílias, Armindo Ansilieiro Júnior.
94
grupos que chegam a Treze Tílias, com ônibus próprio, é oferecido um serviço
privado de condutores locais, cadastrados no setor de Informações Turísticas
69
. Os
condutores, trajados tipicamente, acompanham o grupo durante todo o passeio,
explicando fatos ligados à história e ao turismo local. As guias locais não são
cadastradas pela Prefeitura, nem possuem contrato.
Para facilitar o transporte dos turistas que desejam conhecer os atrativos da
área central do município, o serviço oferecido pelo “trenzinho” (Figura 50), de
propriedade particular do professor aposentado Luiz Boff
70
, que conduz o passeio
conforme a solicitação dos passageiros. Em geral, são visitados os atrativos da
cidade. O valor é de R$ 5,00 para adultos, R$ 3,00 para crianças e R$ 1,00 para
moradores do município. Esse serviço passou a ser oferecido aos turistas em 1992,
quando Luiz Boff percebeu um aumento do número de visitantes em decorrência da
gravação da novela “A História de Ana Raio e Trovão”. Em relação aos atrativos
da área do interior do município, o serviço de passeios programados e
acompanhados pelos condutores locais.
Figura 50 – Trenzinho.
Fonte: da autora, 2007.
69
Em 2008 são três condutoras que trabalham de forma autônoma e cobram cerca de R$ 50,00 por
grupo.
70
Luiz Boff comprou um caminhão usado e o adaptou para servir aos turistas. Ele próprio faz a
manutenção e os reparos, quando necessário.
95
De dezembro de 1990 a outubro de 1991, o município de Treze lias foi
cenário de algumas gravações da novela A História de Ana Raio e Zé Trovão”,
exibida pela extinta Rede Manchete de Televisão, atual Rede TV. A novela itinerante
foi um dos grandes sucessos da emissora, alcançando 16 pontos de audiência em
São Paulo e 23 no Rio de Janeiro, por isso foi reprisada de forma compacta, de 29
de março a 31 de maio de 1993
71
. Analisando o ano de abertura de muitos
empreendimentos turísticos em Treze Tílias, percebe-se que aconteceram
paralelamente ao ano da primeira exibição da novela ou logo após. Isso demonstra
que a inserção do município na mídia televisiva foi positiva, resultando no aumento
do fluxo de turistas e refletindo em resultados econômicos favoráveis, graças à
abertura das empresas do ramo turístico e conseqüente aumento do mero de
empregos para a população local.
Como a novela retratava uma história de peões, era preciso cenários externos
no meio rural. Porém é curioso refletir que nos capítulos exibidos na novela, não
aparecem imagens da área urbana do município, onde se concentra hoje um dos
maiores atrativos da cidade e também o maior número de empresas do ramo
turístico.
3.3.1 Equipamentos de Hospedagem
Em relação à hospedagem, o município possui seis hotéis, cinco pousadas e
outros meios alternativos de hospedagem (camping, cabanas e sistema bed and
breakfast
72
). Conforme informações colhidas junto à Prefeitura Municipal, Treze
Tílias dispõe de 265 unidades habitacionais e 735 leitos, distribuídos entre os hotéis
e pousadas (Figura 51):
71
Fonte: www.wikipedia.org, acesso em 25 de janeiro de 2008.
72
Alojamento em casas de famílias, com estrutura adequada para receber um pequeno número de
hóspedes. Seus serviços se resumem a ceder cama e café da manhã para o visitante, conforme o
padrão familiar do anfitrião.
96
Figura 51: Mapa de localização dos empreendimentos de hospedagem de Treze Tílias.
Fonte: Plano Diretor de Treze Tílias (2008), adaptado pela autora.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
LEGENDA:
1 Hotel Áustria
2 Hotel Tirol
3 Hotel Dreizenlinden
4 Hotel Schneider
5 Hotel Alpenrose
6 Bristol
7 Pousada Adler
8 Sítio Palmeiras Bauernhof
9 Camping Felder
10 Pousada Europa
11 Cabanas Vale das Tílias
ESCALA: 1cm = 187m
97
a) Hotel Áustria: sua inauguração aconteceu no mês de outubro de 1948,
sendo o primeiro empreendimento hoteleiro do município, de propriedade de João
Schölh. Criado inicialmente com o intuito de atender caixeiros viajantes, a partir da
década de 90 passou a atender também turistas de lazer. Desde a sua inauguração
teve várias administrações e passou por várias reformas. Desde 1994 pertence a
Gecelina Klotz, professora aposentada e gerente do Hotel, e a seu filho, Eduardo
Klotz, estudante. Sua administração é familiar e possui apenas uma funcionária.
Está localizado no anel central da cidade e destaca-se das demais construções por
sua edificação ter três pavimentos em madeira (Figura 52). Devido às características
de sua construção, é beneficiado pelo desconto no Imposto Predial Territorial
Urbano, concedido pela Prefeitura Municipal de Treze Tílias. É um hotel simples e
de pequeno porte, possui apenas 33 leitos distribuídos em nove unidades
habitacionais, cada uma com banheiro privativo, televisor e minibar. Não possui
nenhum equipamento para lazer do hóspede e oferece serviços básicos, como
serviço de lavanderia, estacionamento, espaço para acesso a internet e café da
manhã incluso na diária. Não dispõe de restaurante, pois de acordo com a
administração do hotel, é preciso deixar o hóspede livre para conhecer outros
empreendimentos da cidade. Em média, os hóspedes que freqüentam esse
empreendimento permanecem apenas uma noite, são na maioria turistas a negócios
e a maior taxa de ocupação é registrada nos períodos de férias escolares e no mês
de outubro, quando se realiza a festa comemorativa da imigração austríaca: a
Tirolerfest
73
.
73
Informação oral repassada por Gecelina Klotz, proprietária do Hotel, a de 16 de setembro de
2007.
98
Figura 52 – Hotel Áustria.
Fonte: da autora, 2007.
b) Hotel Tirol
74
: está entre os hotéis mais requintados da cidade, tendo sido
inaugurado a 9 de junho de 1984, porém em outro local. A iniciativa de abrir um hotel
surgiu de um dos atuais sócios-proprietários, João Klotz
75
e esposa, ambos
descendentes de austríacos e que viam no município certa vocação para o turismo.
Inicialmente o casal arrendou a casa de um médico que residia na Alemanha para
alugar os oito quartos como forma de hospedagem. Como o negócio prosperou, a 14
de janeiro de 1985, foi iniciada a escavação de um terreno comprado pelo casal,
com a finalidade de construir o Hotel Tirol, inaugurado a 13 de outubro de 1987.
Com 20 unidades habitacionais, o hotel era administrado pela família, contava ainda
com três funcionários. O Hotel Tirol localiza-se na área central do município, na Rua
São Vicente de Paulo, 111. Pelo fato de os proprietários serem descendentes de
austríacos, o empreendimento foi construído de acordo com as características da
arquitetura tirolesa (Figura 53), embora até o ano de 2007 não tenha sido, conforme
informações obtidas de João Klotz, beneficiado com a Lei de Isenção Fiscal
concedida pela Prefeitura Municipal.
74
Informação oral repassada pelo sócio-proprietário do Hotel Tirol, João Klotz, a 17 de setembro de
2007.
75
Antes de se dedicar à hotelaria, João Klotz trabalhou na agricultura até os 26 anos de idade. De
1972 até 1983 foi proprietário da Empresa Incotril Indústria de Conservas Treze Tílias Ltda e após
vendê-la trabalhou em uma pedreira (de 1983 a 1987).
99
Figura 53 – Hotel Tirol.
Fonte: da autora, 2007.
A construção do empreendimento exigiu recursos obtidos por meio do
financiamento concedido pela Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina
S.A. Badesc. as ampliações realizadas posteriormente foram feitas com verbas
próprias. Atualmente o Hotel Tirol conta com 40 unidades habitacionais, entre as
quais 11 suítes. Todas as unidades possuem sistema de calefação, refrigeração,
banheiro privativo, televisor, minibar e café da manhã incluso na diária. Conta com
uma variedade de opções de lazer, tais como piscina aquecida, loja, espaço para
acesso a internet, parque infantil, minizoológico, bar, sauna, sala de ginástica e
quadra poliesportiva, auditório para 250 pessoas, três salas de apoio, duas delas
com capacidade para 40 pessoas e a terceira com capacidade para 56 pessoas,
além de serviços básicos, como lavanderia e garagem coberta. Atualmente o
empreendimento está sendo ampliado e vai dispor de mais 12 unidades
habitacionais. Os proprietários também oferecem mais cinco unidades habitacionais
para hospedagem na sua casa particular, localizada na mesma área do Hotel Tirol,
porém com diárias mais econômicas.
A gastronomia é também um dos atrativos desse empreendimento, tendo em
vista que o restaurante é aberto, inclusive para o público externo, para almoço e
jantar. Esses fatores acabam contribuindo para o aumento da permanência do
hóspede no hotel, que nesse caso é de duas noites.
A administração do empreendimento é familiar, trata-se de uma sociedade
entre pais e filhos, em que João Klotz e esposa possuem 20% das ações, e cada um
dos filhos (Marina, Cristina, Roberto e Sabrina), 20% das ações cada. As funções
100
são divididas e todos os sócios ocupam cargos de gerência. Além da família, o
quadro de recursos humanos é formado por 21 colaboradores fixos e, quando a taxa
de ocupação do hotel está elevada, são contratados colaboradores temporários,
conforme a necessidade, na maioria para auxiliar na produção de alimentos e/ou na
higienização das unidades habitacionais.
A maior taxa de ocupação acontece nos meses de janeiro e julho, sendo a
maioria dos hóspedes (cerca de 70%) representados por turistas de lazer.
c) Hotel Dreizenlinden
76
: inaugurado em 13 de outubro de 1993, no dia em
que se comemora a fundação do município. Seu nome, traduzido, significa Hotel
“Treze Tílias”, e pertence ao casal de escultores Katharina e Conrado Moser, que
tinham experiência com a hotelaria antes de inaugurar o empreendimento. Katharina
é austríaca e filha de hoteleiros. Já trabalhava em hotéis na Áustria, desde os 16
anos de idade. A mãe de Conrado Moser foi também pioneira nesse setor, pois
desde 1920, quando ainda residia em Oberal, na Áustria, recebia hóspedes em sua
casa.
Localizado na área central da cidade, na Rua Leoberto Leal, 392, possui
características arquitetônicas tirolesas (Figura 54), sendo beneficiado pela Lei de
Isenção Fiscal concedida pela Prefeitura Municipal. Iniciou as atividades em 1993,
com 20 unidades habitacionais. Além de algumas reformas, foi ampliado em 1996
para receber mais 12 unidades habitacionais e uma piscina; em 1997 foi construído
o restaurante; em 2003 foram ampliadas mais 32 unidades habitacionais e existem
planos para ampliar o restaurante e uma sala. A construção do Hotel, bem como
todas as reformas foram realizadas com recursos próprios.
76
Informação oral repassada pelos proprietários do Hotel Dreizenlinden, Conrado Moser e Katharina
Moser, a 16 de setembro de 2007.
101
Figura 54 – Hotel Dreizenlinden.
Fonte: da autora, 2007.
Todas as unidades habitacionais, entre suítes e apartamentos, possuem
minibar, ar refrigerado, banheiro privativo e café da manhã incluso na diária. Oferece
ao hóspede serviço de lavanderia, garagem, restaurante, bar, piscina térmica,
espaço para acesso a internet, loja, galeria de arte e uma sala de jogos. Os serviços
de alimentação como almoço e jantar o oferecidos somente por encomenda ou
então para grupos de excursão.
A administração do empreendimento é familiar, cinco pessoas da família
trabalham no Hotel, que é gerenciado pela filha do casal, Cláudia Moser, bacharel
em Turismo e Hotelaria. O empreendimento possui tamm dois funcionários fixos.
A maioria dos hóspedes são turistas a lazer e a maior taxa de ocupação
acontece desde o mês de setembro até o período de carnaval.
d) Hotel Schneider
77
: está localizado na rodovia que acesso ao município,
a SC 454, km 12. No ano de 1993, era apenas a residência da família Schneider e
possuía em anexo uma loja para a venda de esculturas e trabalhos artesanais. Em
1998, com o propósito de investir o capital da família em algum negócio, o escultor
Schneider, descendente de austríacos, ampliou a residência para dar origem ao
Hotel, oferecendo inicialmente dez unidades habitacionais e 27 leitos. Desde a sua
concepção é beneficiado pela Lei de Isenção Fiscal concedida pela Prefeitura
Municipal de Treze Tílias.
77
Informação oral concedida pelo gerente do Hotel, Starback Schneider, a 17 de setembro de 2007.
102
Em 2004, em decorrência do aumento da taxa de ocupação hoteleira, o
gerente do empreendimento decidiu buscar recursos junto ao Banco do Brasil, para
financiar a ampliação de mais 5 unidades habitacionais, passando a ter capacidade
de hospedagem para 49 pessoas (Figura 55). Todas as unidades habitacionais
possuem banheiro privativo, televisor e café da manhã incluso na diária.
Figura 55 Hotel Schneider.
Fonte: da autora, 2007.
Caracteriza-se por ser um empreendimento de pequeno porte, administrado
pela própria família. Starback Schneider gerencia o Hotel e sua mãe, Lisolete
gerencia a área de alimentos e bebidas. Possui apenas um funcionário fixo,
responsável pela higienização do empreendimento e, quando necessidade, são
contratados colaboradores diaristas para auxiliar nas atividades.
Oferece aos hóspedes serviços de lavanderia, garagem, bar, espaço para
acesso a internet, loja e galeria de arte. A maior taxa de ocupação acontece no
período de dezembro, até o término do carnaval.
e) Hotel Alpenrose
78
: está localizado na área central do município, na Rua
João Cleophas, 340. A proposta inicial era construir apenas apartamentos para
moradia. Os proprietários da construção estavam trabalhando na Áustria, guardando
dinheiro com o propósito de investir em Treze Tílias, e mandavam o dinheiro para
78
Informação oral repassada pela proprietária do empreendimento, Cláudia Felder Stary, a 16 de
setembro de 2007.
103
que a irmã da proprietária aplicasse na construção. Após retornarem definitivamente
a Treze Tílias, os apartamentos ainda o estavam prontos e, então, tomaram a
decisão de transformá-lo em um hotel, por dois fatores, a cidade possuía certo
fluxo de turistas e o outro é que os proprietários precisavam de uma ocupação no
Brasil e tinham experncia em empresas hoteleiras durante o período em que
trabalharam na Áustria. Foi inaugurado em 1992, e em 2000 passou por reformas,
quando foram construídas mais 15 unidades habitacionais, piscina, elevador e
restaurante. Em 2004 a cozinha do empreendimento foi ampliada. Para as
ampliações, foi necessário recorrer ao financiamento de 50% do valor investido.
Esse hotel foi também construído com características arquitetônicas tirolesas (Figura
56), sendo por isso beneficiado pela Lei de Isenção Fiscal.
Figura 56 – Hotel Alpenrose.
Fonte: da autora, 2007.
Possui 30 unidades habitacionais, entre elas duas suítes, totalizando 72
leitos. Todas as unidades estão equipadas com banheiro privativo, televisor, minibar
e o café da manhã está incluso na diária. Oferece aos hóspedes serviços de
lavanderia, bar, estacionamento, piscina térmica, espaço para acesso a internet e
uma mesa de sinuca. O Hotel não dispõe de restaurante aberto ao público, somente
atende a grupos com reserva antecipada. Hospeda sobretudo turistas a lazer e
registra maior taxa de ocupação em feriados prolongados, no mês de julho e no
período de outubro até o carnaval.
104
O Hotel Alpenrose é um empreendimento de propriedade de descendentes de
austríacos, e é administrado por três membros da mesma família. Durante o ano
possui um quadro funcional de quatro colaboradores. No período de maior taxa de
ocupação, os administradores do hotel contratam até três funcionários temporários,
para auxiliar na cozinha e limpeza das unidades habitacionais.
f) Bristol Multy Treze Tílias Park Hotel: o empreendimento foi concebido com
o propósito de trabalhar com o sistema de condomínio. Cada associado pagaria uma
cota inicial, que seria utilizada na construção do empreendimento e depois passaria
a pagar uma taxa anual que permitiria utilizar a unidade habitacional, sempre que
quisesse. Inaugurado em 1994, era de propriedade de Virton Shefer. Porém, logo
nos primeiros seis meses de operação, constatou-se que a proposta inicial não
prosperou e a alternativa foi transformá-lo em um hotel convencional. Para os que já
haviam adquirido o título, cerca de 30 pessoas, é permitido usufruir do
empreendimento pagando apenas a taxa de limpeza da unidade habitacional. Mais
tarde, o empreendimento foi vendido para investidores da cidade de Curitiba, que
logo venderam o empreendimento para o Sr. Afonso Dresch, que tinha sido
Secretário da Agricultura de Santa Catarina e prefeito de Treze Tílias
79
.
Em 2006, o Treze Tílias Park Hotel foi arrendado para a Rede Bristol de
Hotéis e Resorts
80
e passou a receber o nome fantasia de Bristol Multy Treze Tílias
Park Hotel. Essa negociação aconteceu por iniciativa de Afonso Dresch, proprietário
do prédio, que entrou em contato com a gerência do grupo que realizou um estudo
de viabilidade e acabou por aceitar a proposta. De acordo com a classificação
interna da Rede Bristol, o termo multy” agregado ao nome fantasia do
empreendimento significa “Categoria Superior”. Trata-se do hotel com maior
capacidade de hospedagem em Treze Tílias e o único do município cuja
administração não é familiar
81
.
Sua localização é considerada central, porém fica um pouco afastado do anel
viário central, o que permite uma vista panorâmica da cidade. Esse foi o último
empreendimento hoteleiro de porte construído no município, inaugurado em 1994. A
79
Informação oral repassada pelo Coordenador de Hospedagem e Chefe de Recepção do Hotel,
Gean Barbieri, a 17 de setembro de 2007.
80
Trata-se de uma rede brasileira que iniciou as atividades em 1994 e em 2008 administra 20
empreendimentos de hospedagem no Brasil.
81
Informação oral repassada pelo Gerente Geral, Marcelo Augusto da Silva, a 17 de setembro de
2007.
105
construção é imponente (Figura 57) e também está de acordo com as
especificações da Lei Municipal número 1312/99 (ANEXO B).
Figura 57 – Bristol Multy Treze Tílias Park Hotel.
Fonte: Folder do hotel, 2006.
Possui 77 unidades habitacionais, sendo quatro suítes. Os serviços
disponibilizados ao hóspede são lavanderia e estacionamento. O empreendimento
oferece várias alternativas de lazer: três piscinas térmicas, bar, restaurante aberto
ao público, espaço para acesso a internet, loja, quadra poliesportiva, sauna, sala de
ginástica, trilha ecológica, auditório e centro de convenções para eventos. As diárias
incluem pensão completa em unidades habitacionais equipadas com minibar,
televisor, banheiro privativo e ar refrigerado.
O empreendimento está passando por melhorias: colocação de ar
condicionado e camas do tipo box spring nas unidades habitacionais, reforma das
piscinas, área de lazer e sauna. Muitas dessas reformas estão acontecendo para
buscar atingir um público diferenciado dos demais hotéis da cidade, trata-se do
público corporativo
82
. A gerência procura atender às necessidades dos dois tipos de
públicos, sendo o turista de lazer, que costuma freqüentar o Hotel de quinta-feira a
domingo, e o turista a negócios (corporativo), que deverá freqüentar o Hotel nos
períodos de baixa ocupação por hóspedes de lazer. Até o presente momento, a
82
O gerente do empreendimento denomina público corporativo aqueles que se hospedam no hotel
para participar de eventos e convenções.
106
maior taxa de ocupação é dos turistas de lazer e o período de maior fluxo são os
meses de outubro e de dezembro até o carnaval.
Trabalham no empreendimento 28 funcionários efetivos e, quando a taxa de
ocupação é maior, são contratados até quatro funcionários temporários para auxiliar
na área de governança, na produção de alimentos e na recreação.
g) Pousada Adler
83
: de propriedade de Elisabeth Margreiter e seu filho, Robert
Kohl. A primeira é dona de casa e seu filho, metalúrgico. Os dois residiram na
Áustria durante alguns anos, com o objetivo de conseguir fundos para investir em
Treze Tílias
84
. Em outubro de 1997, anexo à residência, abriram a pousada que
oferecia apenas a hospedagem, sem o serviço de café da manhã. A proposta inicial
era a de oferecer um meio de hospedagem econômico aos turistas.
Em 1998, foi construída a recepção e mais uma unidade habitacional. Em
2004, o empreendimento foi novamente ampliado, sendo construídas sete unidades
habitacionais e, a partir dessa data, iniciou-se o serviço de café da manhã incluso na
diária. A construção e as ampliações foram feitas sempre com recursos próprios.
Todas as unidades têm banheiro privativo, televisor e café da manhã incluído
na diária. A pousada (Figura 58) oferece tamm piscina e churrasqueira. Por se
tratar de um empreendimento de pequeno porte, não são contratados funcionários.
Robert Kohl e sua esposa são responsáveis pelas atividades gerais, enquanto
Elisabeth é responsável pela produção dos alimentos servidos no café da manhã.
Esporadicamente é contratada uma diarista para auxiliar na limpeza geral. Por estar
localizada na área central da cidade, as características da construção do
empreendimento também estão de acordo com a Lei Municipal número 1312/99,
mas não é beneficiada pela Lei de Isenção Fiscal.
83
Informação oral repassada pelo sócio-proprietário Robert Kohl, a 17 de setembro de 2007.
84
Robert morou na Áustria de 1998 até 1994 e sua mãe Elisabeth morou de 1991 até 1994 e de 1995
até 2002.
107
Figura 58 – Pousada Adler.
Fonte: da autora, 2007.
A maior taxa de ocupação da Pousada é de turistas a lazer e o maior fluxo
acontece nos feriados prolongados e entre os meses de setembro a março. Por
tratar-se de um empreendimento de pequeno porte, muitas vezes acontece de não
haver leitos suficientes para atender aos ônibus de excursão. Para essas ocasiões
foi firmada uma parceria entre a Pousada Adler e os administradores do Hotel
Áustria e do Hotel Schneider, com o intuito de hospedar os passageiros
sobressalentes, em um desses empreendimentos. Essa parceria também acontece
quando necessidade de comprar enxoval, pois, os três empreendimentos
conseguem preços mais baixos, devido à maior quantidade de itens comprados.
h) Sítio Palmeiras Bauernhof
85
: iniciou as atividades no ano 2002, atendendo
exclusivamente turistas a lazer. Sempre foi administrado por Nelson Paulo Zieher,
filho do proprietário do terreno. Nelson é descendente de austríacos e morou na
Áustria durante alguns anos, onde trabalhou na construção civil e pôde angariar
fundos para ampliar o empreendimento. Além dele, outros três componentes da
família trabalham no Sítio desempenhando funções diversas. O fluxo de visitantes
85
Informação oral repassada por Adelheid Pfitscher, irmã do administrador e ajudante, a 17 de
setembro de 2007.
108
teve início quando muitos vinham até a propriedade para passar o dia e
demonstravam interesse em pernoitar. Depois de passar por algumas reformas e
ampliações, hoje disponibiliza aos turistas dois chalés, cada um com duas unidades
habitacionais, totalizando 16 leitos. Cada unidade (Figura 59) possui banheiro
privativo, minibar e televisor. Os hóspedes têm como espaço para lazer um campo
de futebol suíço, um campo de areia, piscina para adultos e infantil, lago com
pedalinho, trilha e restaurante, que também é aberto ao público em geral, porém
somente com reserva antecipada. Como diferencial, possui um estábulo da família
proprietária do empreendimento, onde os hóspedes podem acompanhar a rotina de
trabalho dos pecuaristas.
Figura 59 – Cabana do Sítio das Palmeiras Bauernhof.
Fonte: da autora, 2007.
i) Camping Felder
86
: o empreendimento está localizado no centro da cidade,
na Rua Ministro Andréas Thaler, 16, e é caracterizado como acampamento turístico
(camping), embora quase não esteja sendo utilizado para esse fim. Iniciou suas
atividades em 1980, por iniciativa da proprietária, Elfrida Felder, descendente de
86
Informação oral repassada pela proprietária, Elfrida Felder, a 17 de setembro de 2007.
109
austríacos. Hoje ela trabalha no empreendimento, com o auxílio de seus dois filhos,
Alberto e Erwin Felder, que desempenham atividades variadas no empreendimento.
Possui duas funcionárias fixas, que são responsáveis pela limpeza do local.
Disponibiliza aos hóspedes três chalés (Figura 60), com três leitos cada um,
equipados com minibar, banheiro privativo, televisor e café da manhã incluso na
diária. Possui restaurante aberto ao blico, quadra de esporte, churrasqueiras e
duas piscinas construídas em cimento bruto (Figura 61).
Figura 60 – Chalés do Camping Felder.
Fonte: da autora, 2007.
Figura 61 – Piscina do Camping Felder.
Fonte: da autora, 2007.
110
i) Pousada Europa
87
: localizada na área central do município, difere dos
demais empreendimentos de hospedagem de Treze Tílias, porque o público é, na
grande maioria, mensalista e está no município a trabalho. Por essa razão, a sua
ocupação é elevada durante o ano todo. É administrada atualmente por Celi Lucia
Farizen Conceição, que tamm é a arrendatária do pdio (Figura 62), que possui
no piso superior seis unidades habitacionais, com capacidade para duas pessoas
cada, equipadas com banheiro privativo, televisor com parabólica e café da manhã
incluído na diária. No piso térreo existem duas salas independentes, em uma delas
funciona uma oficina mecânica, de propriedade do esposo da administradora da
Pousada e na outra funciona a sala para café da manhã, que tamm é utilizada
para servir almoço e jantar, porém somente mediante reserva antecipada. No
empreendimento trabalham somente pessoas da família, sendo a administradora e
seu filho.
Figura 62 – Pousada Europa.
Fonte: da autora, 2007.
j) Cabanas Vale das Tílias
88
: empreendimento localizado anexo ao parque
aquático Termas Internacional Vale das Tílias, que foi concebido pelo mesmo
sistema de cotas. Iniciou suas atividades no ano de 2005, dois anos após a abertura
87
Informação oral repassada por Alvino Rodrigues Conceição, esposo da administradora, a 18 de
setembro de 2007.
88
Informação oral repassada por Rogério Prado, gerente do empreendimento, a 18 de setembro de
2007.
111
do parque aquático. No total serão quatro cabanas, cada uma com dois
apartamentos e duas unidades habitacionais. Os apartamentos poderão ser
ocupados por acinco pessoas, sendo equipados com banheiro, ar condicionado,
lareira, varanda, churrasqueira, dois televisores, minicozinha com fogão, pia, minibar
e armário. as unidades habitacionais são equipadas com cama de casal,
banheiro, ar condicionado e televisor. Porém apenas dois dos apartamentos estão
prontos para locação (Figura 63). Não existem funcionários contratados
exclusivamente para trabalhar nas cabanas. Os funcionários do parque aquático é
que são deslocados para desempenhar o trabalho necessário nas cabanas.
Figura 63 – Cabanas Vale das Tílias.
Fonte: da autora, 2007.
Entre os meios de hospedagem apresentados anteriormente, somente a
Pousada Europa e a Cabana Vale das Tílias não fazem parte do painel eletrônico
fixado no prédio da Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo de Treze Tílias. De
acordo com a atendente da Central de Informações Turísticas, Denise Gratt
89
, os
atuais administradores da Pousada Europa não demonstraram interesse em
participar e, também, pelo fato de alugar as unidades habitacionais para
mensalistas, está quase sempre lotada. A Cabana Vale das Tílias, por sua vez,
estava com todas as unidades habitacionais alugadas permanentemente quando o
89
Informação repassada via e-mail, a 10 de outubro de 2007.
112
painel foi montado. Futuramente, quando alterações forem feitas no painel
eletrônico, os dois empreendimentos serão incluídos.
Além dos empreendimentos apresentados, tamm existe a possibilidade de
hospedagem alternativa, em casas particulares cadastradas junto à Secretaria de
Indústria, Comércio e Turismo de Treze Tílias, caracterizadas como Bed and
Breakfast, sendo as principais:
a) Maria Pattis Scharf: um apartamento com quatro leitos;
b) Hilda Pattis: três apartamentos com sete leitos;
c) Luíza Klotz: três apartamentos com cinco leitos;
d) Elizabeth Boff: um apartamento com dois leitos;
e) Camilo Turmina: três apartamentos com seis leitos.
Esses meios alternativos de hospedagem são acionados pelo município
principalmente durante a realização da Tirolerfest, quando os leitos dos hotéis e
pousadas são insuficientes para atender à demanda.
Ao observarmos a Figura 64, podemos perceber o gráfico que ilustra o
aumento da abertura de novos empreendimentos de hospedagem no município.
0
2
4
6
8
10
12
1950 1960 1970 1980 1990 2000
Figura 64 Gfico da abertura de hotéis e pousadas em Treze Tílias.
Fonte: empreendimentos consultados, 2007.
Em 1950 havia apenas um empreendimento de hospedagem. Em 1980 eram
três e em 1990 percebe-se o maior crescimento de empresas desse ramo, o que
coincide com o aparecimento da cidade de Treze Tílias como cenário para a novela
“A História de Ana Raio e Zé Trovão”, exibida nos anos de 1991 e 1992, pela extinta
Ano
Nº. de
hotéis/pousadas
113
Rede Manchete de Televisão. A partir da década de 90, houve um aumento
significativo do fluxo de turistas na cidade. Não há registros disponíveis para analisar
esse fato com maior propriedade, porém, em entrevista com os empresários do
ramo, todos afirmam que após a inserção da cidade na mídia televisiva, o fluxo de
turistas cresceu consideravelmente.
O aumento gradativo do número de turistas favoreceu para que mais três
empreendimentos fossem construídos após o ano 2000. Atualmente são onze, entre
hotéis e pousadas. Desses, seis (54%) realizaram ou realizam ampliações do
número de unidades habitacionais, confirmando que o mero de leitos
disponibilizados não era suficiente para atender à demanda de hóspedes.
Durante o ano, os meses em que se registram as maiores taxas de ocupação
nos empreendimentos de hospedagem o outubro, por ocasião da Tirolerfest,
quando todos os hotéis e pousadas registram 100% de ocupação, julho, mês de
férias escolares e o período entre os meses de setembro a março. Alguns fatores
explicam a elevada ocupação nesses períodos: a abertura do parque aquático do
Termas Internacional Vale das Tílias, que acontece no mês de setembro ou outubro,
a partir dessa época muitos grupos de jovens realizam viagens de encerramento de
ano letivo. no mês de dezembro, as férias escolares, as festividades de fim de
ano e o início da estação do verão são responsáveis por aumentar o fluxo turístico
na alta temporada. Devido ao fato de que o principal atrativo turístico de Treze Tílias
é o turismo cultural, muitos turistas da Melhor Idade sentem-se atraídos para visitar o
local. Muitos deles são aposentados e independem do período de férias para
realizar suas viagens, por isso, o mês de março se destaca com elevada taxa de
ocupação nos empreendimentos de hospedagem do município. Os feriados
prolongados também foram citados pelos hoteleiros, principalmente o feriado de
carnaval. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, a tendência é que a
pessoas passem a viajar com maior freqüência durante o ano, porém para destinos
mais próximos do seu local de residência e também com menor duração do tempo
de permanência. Observando a origem da maioria dos turistas que se dirigem a
Treze Tílias, percebe-se que residem em cidades não muito distantes, o que
favorece a realização da viagem durante um feriado ou até mesmo em um fim de
semana. Outro fator que tamm contribui para aumentar a taxa de ocupação nos
demais meses do ano é o valor especial para spedes de negócios. Todos os
114
hotéis e pousadas aplicam valores diferenciados na diária para aqueles que estão
viajando a trabalho.
Entre os hotéis e pousadas do município, cinco deles fazem parte da Rota da
Amizade, sendo eles o Hotel Alpenrose, o Hotel Dreizehnlinden, o Hotel Schneider,
o Hotel Tirol e a Pousada Adler.
3.3.2 Empresas de Alimentos e Bebidas
Prestando o serviço de alimentação e fabricação de bebidas, são 21
empresas cadastradas no Inventário Turístico Municipal, incluindo restaurantes,
pizzarias, churrascarias, lanchonetes, cafés, sorveterias, cervejaria, adega e
cantinas. Os principais são:
a) Kandlerhof Bar e Restaurante (Figura 65), que possui capacidade para 93
pessoas, serve pratos da culinária austríaca como Knödel, Spatzle, Salsichão,
Chucrute, Schweintzbraten e Apfelstrudel. A decoração do ambiente lembra a
Áustria, com mobiliário em madeira, coleção de canecos de Chopp e quadros com
figuras da Áustria. Possui quatro funcionários fixos e dois temporários.
Figura 65 – Kandlerhof Bar e Restaurante.
Fonte: da autora, 2007.
115
b) Parque Lindendorf
90
, restaurante situado no Parque Lindendorf e
Minicidade. Possui capacidade para até 270 pessoas, é o maior do município. A
decoração do ambiente segue os padrões das casas de shows da Áustria, com
mobiliário em madeira. Nesse local são realizadas todos os sábados apresentações
de grupos folclóricos, principalmente do Grupo Lindental, que é dirigido por um dos
sócios do empreendimento.
O restaurante é aberto diariamente, com exceção das quartas-feiras, das 9h
às 18h para almoço; aos sábados funciona tamm à noite, para o jantar e o show.
Atendem também em horários distintos, porém com reservas antecipadas.
Além de nove pessoas da família, trabalham no empreendimento quatro
funcionários fixos e dois temporários, contratados somente em caso de necessidade.
Quando o número de clientes é maior, é servido o buffet, do contrário os
pratos são servidos a la carte. Nos dois tipos de serviço são oferecidos pratos típicos
da culinária austríaca, sendo:
- Spätzle: pequenos nhoques feitos com ovos, farinha, leite e sal;
- Knödel: bolinhos feitos de lingüiça de porco com carne moída, pão, ovos e
temperos;
- Goulasch: músculo de gado ao molho de páprica doce e picante;
- Chucrute: repolho curtido e temperado;
- Strudel: massa doce com recheio de maçã.
A família é de ascendência austríaca e duas sócias-proprietárias possuíam
tradição em produzir o strudel, que era vendido em uma barraca durante a
Tirolerfest.
c) Hotel Tirol
91
, restaurante que fuciona anexo ao Hotel Tirol, sendo também
administrado pela família Klotz. Possui dois ambientes: área para fumantes e não-
fumantes. Juntos, os ambientes oferecem a possibilidade de atender até 200
pessoas. Entre os pratos servidos estão o buffet completo, com comida caseira e
típica, onde são servidos o Knödel, Spätzle, Goulasch, Chucrute e o Strudel.
O restaurante (Figura 66) abre diariamente para servir café da manhã, almo
e jantar. Além de atender aos hóspedes do Hotel Tirol, tem como clientes,
principalmente nos dias de semana, pessoas da própria comunidade e, aos finais de
90
Informação oral repassada pelo sócio-proprietário Valter Felder, a 16 de setembro de 2007.
91
Informação oral repassada por João Klotz, sócio-proprietário do empreendimento, a 17 de
setembro de 2007.
116
semana, os principais clientes são pessoas da região, que vêm em busca de pratos
típicos da culinária austríaca.
Figura 66 – Área interna do restaurante do Hotel Tirol.
Fonte: da autora, 2007.
d) Restaurante e Pizzaria Edelweiss e Microcervejaria Bierbaum
92
,
empreendimentos de propriedade dos irmãos Ricardo e Marcos Bierbaum, sendo
um responsável pela administração do restaurante e o outro pela administração da
Microcervejaria. Ambos estão localizados na área central do município, na Rua
Gaspar Coutinho, 441. O restaurante (Figura 67), inaugurado em 1991, tem
capacidade para atender a235 pessoas e abre apenas para o jantar. O cardápio
servido somente a la carte, inclui pizzas, empratados (carne, fritas, arroz e saladas),
porções e lanches e alguns pratos típicos como o knödel, goulasch, o salsichão e o
schweinschnitzel. Os principais clientes são pessoas da região e turistas com carros
particulares.
92
Informação oral repassada por Magda Ansilieiro, gerente do Restaurante, a 16 de setembro de
2007.
117
Figura 67 – Restaurante e Pizzaria Edelweiss.
Fonte: da autora, 2007.
A família, descendente de austríacos, apesar de não ter tradição nas áreas de
alimentos e bebidas, buscou financiamento para ampliar os negócios e, em 2004,
inaugurou a Microcervejaria Bierbaum (Figura 68), que produz três tipos diferentes
de cerveja (pilsen, frutada e escura) e vende a sua produção somente em barris,
para as cidades de Jaborá, Joaçaba, Videira, Caçador, Concórdia, Curitibanos,
Lages, Água Doce, Piratuba e em cinco pontos da cidade de Treze Tílias, além de
atender a solicitações especiais para festas e eventos. A partir de outubro de 2007,
os administradores têm previsão de atender outros cinco pontos no município.
Anexo à Microcervejaria tamm espaço para a realização de eventos,
onde o cliente pode visualizar o processo de fabricação da cerveja.
Trabalham nos dois empreendimentos três pessoas da família, oito
funcionários fixos, dois estagiários e aoito funcionários temporários, dependendo
da necessidade.
118
Figura 68 – Microcervejaria Bierbaum.
Fonte: da autora, 2008.
e) Restaurante Felder
93
, localizado na Rua Ministro Andréas Thaler, 16, anexo
ao Camping Felder; iniciou as atividades em 1980. Sua proprietária, Elfrida Felder,
tamm descendente de austríacos. Atende diariamente
94
servindo a la carte e
quando há encomendas é servido o buffet. Oferece também pratos típicos da
culinária austríaca, entre eles o knödel, goulasch, spatzle, strudel, käsneppler (ovos,
farinha e leite cozidos na água, servido com chucrute e goulasch) e o pffer stäk (filé
mignon com molho picante e purê de batata). A decoração é rústica (Figura 69) e
tem capacidade para até 60 pessoas. Além da proprietária, trabalham no
empreendimento seus dois filhos e duas funcionárias fixas, que desempenham
atividades diversas, tanto no Camping como no restaurante.
93
Informação oral repassada por Elfrida Felder, proprietária do empreendimento, a 17 de setembro
de 2007.
94
Essa informação o condiz, pois, na tentativa de coletar dados para a pesquisa, visitei o local
durante três dias consecutivos e encontrei o estabelecimento fechado.
119
Figura 69 – Restaurante Felder.
Fonte: da autora, 2007.
f) Adega Tirolesa
95
: está localizada na área central, na Rua Gaspar Coutinho,
número 634. É de propriedade de descendentes de austríacos, Ilse Ungericht e seus
filhos Alexandre e Sabrina Ungericht. Começou a funcionar em 1999 e todos os
produtos produzidos na adega são feitos de forma artesanal (Figura 70). A iniciativa
de produzir bebidas para comercializar aconteceu pelo fato de a família ter o hábito
de fabricar bebidas para o consumo próprio. A produção atual, feita conforme a
demanda, está entre destilados alcoólicos de frutas (Obstler), destilado alcoólico de
cerveja (Bierbrand), licores de frutas (Fruchtliköre), licores de chocolate, cachaça
(Zuckerrohrschnaps) e Grappa. Toda a infra-estrutura foi construída com recursos da
família. O local é aberto diariamente e trabalham na Adega somente os três
proprietários. Em 2007, iniciou-se a ampliação dos canais de venda dos produtos,
que são vendidos nos pontos turísticos de Treze Tílias e região e tamm na cidade
de Chapecó, SC.
95
Informação oral repassada por Ilse Ungericht, a 17 de setembro de 2007.
120
Figura 70 – Área para a comercialização das bebidas da Adega Tirolesa.
Fonte: da autora, 2007.
g) Kaffee Haus Maria Ana Unterberger, localizado no interior do município,
especificamente na linha Babenberg. Serve pratos das culinárias austríaca e italiana,
somente sob encomenda, podendo atender até 40 pessoas.
ainda outros empreendimentos, tais como o Restaurante e Churrascaria
Bier Haus, a Churrascaria e Restaurante JR, o Restaurante e Lanchonete Concatto
e o Restaurante e Pizzaria Alpenhaus que atendem diariamente, servindo refeições
e lanches, sem contudo servir pratos típicos da culinária austríaca. também o
Café Alpino, a Lanchonete Sewald e a Sorveteria Alpeneis, que servem lanches,
doces e sorvetes. O Sítio Palmeiras Bauernhof, o Restaurante Lago Schaupenlehner
e o restaurante Hubert Felder, com capacidade para 70, 110 e 150 pessoas
respectivamente, atendem somente sob encomenda, e o cliente é que define o
cardápio.
No entorno do município existe uma cachaçaria, Tato Destilados, com
fabricação, degustação e venda de cachaças, licores e graspa e tamm
algumas cantinas italianas, sendo as principais a Cantina do Vete, com capacidade
para 48 pessoas; a Cantina do Biaggio, com capacidade para 45 pessoas; a Cantina
Itália Bella, com capacidade para 50 pessoas; e o Ristorante Cillo Brotto, também
com capacidade para 50 pessoas. Todas servem somente comidas típicas italianas,
já que foram os italianos que ocuparam inicialmente a área do entorno da atual
cidade de Treze Tílias e, hoje, seus descendentes constituem a maioria da
população do município.
121
Entre os empreendimentos listados acima, seis deles fazem parte da Rota da
Amizade. São eles: Restaurante do Hotel Tirol, Parque dos Sonhos, Restaurante e
Pizzaria Edelweiss, Restaurante do Parque Lindendorf e Microcervejaria Bierbaum.
3.3.3 Comércio
A maioria dos estabelecimentos comerciais de Treze Tílias está concentrada
no anel central do município. Predominam as galerias de arte, que representam
onze pontos comerciais, nos quais são expostas e comercializadas as esculturas em
madeira, feitas por artesãos do município. Em algumas delas é possível visitar o
ateliê e acompanhar a produção das peças.
Existem também outros tipos de comércio, em que é possível adquirir
presentes, lembranças, trabalhos manuais, artesanato e chocolates. As principais
são:
a) Chocolate Caseiro Sabor dos Alpes: casa especializada na venda de
chocolate caseiro artesanal, artesanatos e presentes;
b) Chocolate Caseiro Treze Tílias: loja especializada na venda de chocolate
caseiro artesanal, com embalagens próprias. Vende também artesanato em geral,
artigos de vestuário e souvenires;
c) Casa do Artesanato: vende trabalhos artesanais e artesanatos em geral,
além de malhas com motivos da região;
d) Linden Haus Lembranças: vende pequenas lembranças da cidade de Treze
Tílias e presentes em geral;
e) Neiva Artesanato e Esculturas: vende esculturas de pequeno porte e
trabalhos artesanais em geral;
f) Malharia Tannenbaum: os principais produtos comercializados são
camisetas com motivos de Treze Tílias;
g) Malharia Edelweiss: a maioria dos produtos vendidos são moletons e
camisetas com motivos do município e,
h) Confecções Thaler: vende camisetas e pequenas lembranças da cidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade turística é uma das forças econômicas mais importantes do
mundo. De acordo com Oliveira (2001, p. 44) no turismo “ocorrem fenômenos de
consumo, originam-se rendas, criam-se mercados nos quais a oferta e a procura
encontram-se. Os resultados dos movimentos financeiros decorrentes do turismo
são por demais expressivos”. Tal afirmação dá noção sobre a importância da
atividade turística não apenas no Brasil, mas no mundo todo.
Apesar de essa atividade gerar inúmeros benefícios, não se deve ignorar a
preocupação com a sustentabilidade e com o desgaste do local oriundos da
atividade turística mal planejada.
Quando se estuda os benefícios, pode-se citar a geração de divisas de uma
exportação diferenciada, onde o produto é consumido no local de compra. Ao
analisar a contribuição do turismo, percebe-se o efeito multiplicador, onde os lucros
são redistribuídos em escala secundária e terciária, tal efeito se aplica da mesma
forma para a questão da geração de empregos, diretos ou indiretos, onde se
necessita de cargos gerenciais e de mão-de-obra capacitada para funções
operacionais. O efeito multiplicador ainda se aplica no aumento da construção civil,
consumo de alimentos, energia elétrica, água, produtos de limpeza, equipamentos,
utensílios, roupas de cama e banho e inúmeras outras. Um dos benefícios para a
comunidade local, resultado da exploração da atividade turística, pode ser a
melhoria da infra-estrutura sica para suprir as necessidades de turistas e também
dos residentes.
Não se pode, porém, deixar de avaliar os aspectos negativos que a
exploração da atividade turística pode causar em uma localidade receptora. Entre
eles, e certamente um dos mais importantes, está o cuidado ao explorar
turisticamente os recursos naturais e culturais de uma localidade, tendo em vista que
os mesmos normalmente são limitados e podem se tornar escassos.
Nesse sentido, no presente trabalho de pesquisa buscou-se analisar as
transformações ocorridas em Treze Tílias em decorrência da expansão do turismo
cultural. A atividade turística no município é ainda uma realidade bastante recente,
com início marcado na década de 90 do século XX.
123
Apesar de ser um destino turístico relativamente jovem, Treze Tílias
apresenta-se como um produto turístico formatado, com atrativos, de ordem natural,
cultural e artificial, capazes por si só de atrair demanda turística; facilidades, como
meios de hospedagem, restaurantes e outros que dão suporte ao turista durante a
sua permanência no local; e acessos que permitem ao turista chegar ao destino com
segurança.
A exploração do turismo cultural no munipio surgiu como alternativa de
negócio para muitas famílias da comunidade. Alguns investidores obtiveram
recursos, ao trabalhar temporariamente na Áustria, e, ao retornar para Treze Tílias,
puderam investir recursos próprios em empresas do ramo turístico. As empresas
pioneiras foram de hospedagem que, mais tarde, por iniciativa da própria
comunidade foram se diversificando. Alguns atrativos que hoje propiciam maiores
opções de lazer são artificiais, construídos para aumentar o período de permanência
do turista na cidade.
Com exceção das empresas de hospedagem, todas as demais servem ao
turista e tamm à própria comunidade. Alguns restaurantes possuem preços
menores para os residentes no município. Todos os parques e espaços de lazer
foram criados pensando também no uso pela própria comunidade. No municípioo
se percebe nenhum tipo de apropriação do espaço blico. No caso do parque
aquático Termas Internacional Vale das Tílias, que está entre os maiores espaços
privados para lazer que o município possui, a comunidade pode adquirir títulos de
sociedade. Por isso o espaço não foi criado exclusivamente para o uso do turista, e
a comunidade se beneficia com o aumento das opções de lazer.
Dos empreendimentos turísticos do município, apenas um empreendimento
de hospedagem e o parque aquático não possuem administração familiar. Todos os
demais hotéis, pousadas, restaurantes e empresas de lazer e entretenimento são
administradas pela família proprietária, permitindo que a renda angariada com a
exploração da atividade turística permaneça circulando na própria cidade. Através
da presente pesquisa constatou-se que em 2008 o 44 empresas relacionadas
diretamente com a atividade turística. Para Treze Tílias, cuja população é de 5.494
habitantes, tem-se a média de uma empresa do ramo turístico para cada 124
habitantes, e, dentre as empresas citadas, apenas duas não são administradas pela
família proprietária.
124
O desenvolvimento da pesquisa permitiu constatar que os fundadores das
empresas voltadas ao turismo, na época da abertura, possuíam pouca ou nenhuma
experiência no ramo, porém, os filhos de alguns dos proprietários buscam
aprimoramento profissional na área, em escolas de turismo, hotelaria e gastronomia.
O resultado dessa capacitação é a melhoria da qualidade na prestação dos serviços.
Aliado à essa busca por aprimoramento, algumas ações do Arranjo Produtivo Local -
APL Rota da Amizade e da Uva visam melhorar ainda mais a capacitação daqueles
que trabalham com a atividade turística.
O orgulho da etnia e grande valorização da herança cultural são percebidas
na comunidade através da vontade de mostrar aos turistas e visitantes, fatores
relacionados à cultura austríaca, por meio do uso de trajes típicos, da dança, música
e canto, por meio da culinária e da arquitetura típica tirolesa. A comunidade é
valorizada, aos olhos do turista, pelo que é e pela forma como vive, razão pela qual,
está integrada com a atividade turística. Além do mais, muitas famílias inteiras
dedicam-se exclusivamente aos negócios relacionados ao turismo, por isso
dependem do turista para se manter.
Percebe-se no município a intenção do poder público em planejar melhor a
atividade turística através de metas e ações que envolvem parcerias entre a
Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo e órgãos competentes e conhecedores
do turismo, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEBRAE.
O Plano Diretor de Treze Tílias, contempla no capítulo III o Programa de
fortalecimento do turismo e expressões culturais, que tem por objetivos consolidar a
vocação turística; preservar o patrimônio histórico; manter a arquitetura típica
austríaca; delimitar áreas de interesse turístico; incentivar as empresas que
operacionalizem a integração turística regional; e apoiar e incentivar as expressões
artísticas culturais. Além disso, o Plano Nacional de Turismo, com vigência para
2007/2010 “Uma viagem de inclusão” têm como uma das metas promover a
realização de viagens no mercado interno.
Como recomendação, sugere-se que o poder público realize em parceria com
o Órgão Oficial de Turismo de Santa Catarina SANTUR, uma pesquisa de
demanda turística, sob os moldes adotados pelo Estado, realizada atualmente
somente em 15 municípios de Santa Catarina. Essa informação possibilitaria traçar
corretamente o perfil do turista que visita o município e também poderia ser utilizada
125
em diferentes pesquisas, servindo inclusive de base para que os órgãos públicos e
empresas privadas tomem decisões acerca da exploração da atividade turística no
município.
O presente trabalho alcançou os objetivos definidos e, por fim, constatou-se
que dentre as transformações ocorridas em Treze Tílias por ocasião do
desenvolvimento das atividades turísticas, as que mais se destacaram foram as
transformações positivas, acontecidas na área central da cidade, decorrentes da
aplicação das Leis Municipais 931/93 e 1312/99. Sem elas, o município certamente
não possuiria como diferencial as características da arquitetura típica tirolesa.
Esse trabalho possui relevância para a comunidade acadêmica, pois enfoca
um município onde foram desenvolvidas poucas pesquisas sobre o turismo, razão
pela qual sugere-se que se realizem futuras investigações relacionadas ao perfil
profissional das famílias proprietárias dos empreendimentos turísticos; a relação
entre a inserção do município na mídia televisiva e o aumento do número de turistas;
e sobre tamm sobre o ciclo de vida da destinação, tendo em vista que ainda não
se percebe a presença de turistas de massa na cidade.
É importante ressaltar ainda que o poder público deve estar atento, para atuar
como órgão fiscalizador, impedindo que aconteçam novas infrações relacionadas ao
não-cumprimento das Leis Municipais número 931/93 e 1312/99. Situações como a
descrita no presente trabalho podem acarretar a descaracterização do centro
urbano, que hoje pode ser considerado como um diferencial para o município. Por
isso, a única ressalva é que haja fiscalização efetiva para que casos como os
citados não se repitam, pois, podem descaracterizar a área urbana do município.
REFERÊNCIAS
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