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a questáo da falta de estrutura da resposta em técnicas projetivas tem
procurado ser equacionada com o desenvolvimento de sistemas de escore
ou de categorização das respostas. Não obstante, a partir de uma definição
mais tradicional de teste, tais esforços têm sido criticados por terem "mais
o propósito de sumariar as respostas do que de quantificá-las" (Maloney,
Ward, 1976, p.347). Por outro lado, mesmo alguns adeptos de técnicas
projetivas têm certas restrições a esses recursos, porque tais sistemas não
conseguem, a priori, ser suficientemente abrangentes, deixando de fora
variáveis que poderiam levar a maior refinamento da análise do material
clínico (Blatt, Berman, 1984). Entretanto, uma das críticas mais freqüentes
é de que dificilmente há unanimidade entre os clínicos em relação ao uso
dos sistemas de escore existentes (Vane, Guarnaccia, 1989). O teste de
Rorschach, por exemplo, se caracterizou, durante muito tempo, pela
convivência de cinco sistemas de escores, muitas vezes alterados
individualmente pelos psicólogos, surgindo, ainda, sistemas "personaliza-
dos" (Exner e Exner, 1972, p.403). Tal situação, afortunadamente, tende a
se normalizar, com o desenvolvimento do Sistema Compreensivo (Exner,
1978, 1980, 1983) que, num enfoque percepto-cognitivo, se concentra
exatamente na estrutura da resposta (Erdberg, 1990).
Já no que se refere ao TAT, essa questão pode ser considerada
mais séria em vista da diversidade das abordagens existentes, embora
haja quem saliente a necessidade de "uma síntese dos vários métodos de
escore e de interpretação" (Pollyson, Norris, Ott, 1985, p.28), em especial,
como instrumento de pesquisa. Todavia, seu uso clínico "permanece mais
informal e idiossincrásico" (Lanyon, Goodstein, 1982, p.60), coerente com
sua tradição, que "é orientada para a interpretação impressionista e não
para o escore formal" (Cronbach, 1990, p.622). Outros autores já acham
que, se não existe um sistema padronizado de escore ou de categorização
das respostas, não há garantia de que estas sejam analisadas com
propriedade, porque a interpretação passaria a depender "da experiência,
do talento e do julgamento do clínico, características que não podem ser
ensinadas" (Vane, Guarnaccia, 1989, p.l 1). Além disso, há outras restrições
a essa abordagem, porque favoreceria a subjetividade, dando lugar a que
"a mesma resposta possa ser interpretada de várias maneiras" (Martin,
1988, p.263) ou sob a ótica de diferentes referenciais teóricos.
Em relação a outras técnicas, são feitas críticas bastante semelhan-
tes. No campo das técnicas projetivas gráficas, especialmente, exceto alguns
instrumentos para os quais foram desenvolvidos sistemas de escore, a
interpretação freqüentemente é feita, recorrendo a exemplos fornecidos em
manuais ou em catálogos de respostas qualitativas, como o de Jolies (1992).
Mas o principal problema em relação à utilização desses recursos é que
geralmente não são fornecidos dados de pesquisa para subsidiar a inter-
pretação, notando-se que, às vezes, a hipótese interpretativa se baseia na
observação de casos clínicos isolados (Cunha, 1993b) ou em indícios
pesquisados apenas em pacientes psiquiátricos (Hirt, Genshaft, 1976).