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i
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Ciências Biomédicas
LAISE MONTEIRO CAMPOS
“Análise da distribuição de proteínas de adesão e de
matriz extracelular no músculo esquelético de peixe-
zebra (Danio rerio) adulto”
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Morfológicas do Instituto de
Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de
Janeiro como parte dos requisitos para obtenção do
Título de Mestre na área de Ciências Morfológicas –
Programa de mestrado fora da sede.
Orientador: Prof. Manoel Luís Costa
Co-orientador: Prof. Marcos André Vannier dos Santos
Colaboradora: Profa. Cláudia dos Santos Mermelstein
Rio de Janeiro
2007
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ii
FICHA CATALOGRÁFICA
Campos,Laise M.
“Análise da distribuição de proteínas de adesão e matriz extracelular no
músculo esquelético de peixe-zebra (Danio rerio) adulto”
Rio de Janeiro, UFRJ, ICB, 2007.
xvii, 101 p.
Dissertação de Mestrado em Ciências Morfológicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Ciências Biomédicas
1- músculo esquelético; 2- citoesqueleto 3- proteínas de adesão 4- matriz extracelular; 5-peixe-
zebra (Danio rerio).
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FOLHA DE APROVAÇÃO
CAMPOS LAISE, M. “Análise da distribuição de proteínas de adesão e
matriz extracelular no músculo esquelético de peixe-zebra (Danio rerio)
adulto”.
[Dissertação de Mestrado submetida ao programa de Pós-graduação em Ciêncais Morfológicas do
Instituto de Ciências Biomédicas do Centro de Ciências da Saúde, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de mestre]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro,
2007.
Laise Monteiro Campos
Banca Examinadora:
__________________________________ Orientador
Prof. Manoel Luis Costa (Instituto de Ciências Biomédicas- UFRJ)
__________________________________ - Co-orientador
Prof. Marcos André Vannier-Santos (FIOCRUZ- Bahia)
_________________________________ - Colaborador
Prof. Cláudia dos Santos Mermelstein (Instituto de Ciências Biomédicas- UFRJ)
_______________
- Suplente interno e revisor
Prof. Leonardo Rodrigues Andrade (Instituto de Ciências Biomédicas- UFRJ)
_______________
- Suplente externo
Prof. Vítor Fortuna (Instituto de Ciências Biomédicas- UFRJ)
__________________________________ - Examinador
Prof. Radovan Borojevic (Instituto de Ciências Biomédicas- UFRJ)
____
- Examinador
Prof. Jamary Oliveira Filho (Instituto de Ciências da Saúde- UFBA)
___________________________________ - Examinadora
Prof. Sílvia Lima Costa (Instituto de Ciências da Saúde- UFBA)
Rio de Janeiro
2007
iv
DEDICATÓRIA
A Deus por me proporcionar mais uma oportunidade de reconhecer seu
amor incondicional por mim. Passando por altos montes ou profundos
vales a sua destra sempre esteve a me guiar e sustentar.
Aos meus maravilhosos pais, José e Lena Célia, exemplos de amor,
incentivo e vitória.
As meus amados irmãos, Taise e Marcos.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus por acrescentar sentido ao meu viver;
Ao professor Manoel Luís Costa pela sua grande presteza e paciência
na orientação deste trabalho, mesmo diante de muitas dificuldades como
a distância. Por todo conhecimento plantado e gerado em mim;
A professora Cláudia Mermelstein pela excelente colaboração durante a
elaboração deste trabalho e por sempre encher meu coração de alegria
pelo simples fato da sua presença;
Ao Prof. Marcos André Vannier pela boa acolhida e auxílio desde os
primeiros passos dentro do laboratório. Por compartilhar o seu extenso
conhecimento científico;
Ao Prof. Leonardo Rodrigues de Andrade por gentilmente ter aceitado
revisar este trabalho e também pelas palavras de incentivo e conforto.
Aos Profs. Radovan Borojevic, Vivaldo Mora Neto, Fabiana Paim -
idealizadores e efetivadores do Programa de Mestrado Interinstitucional,
pelas palavras de esperança;
Ao profs. Luiz Eurico Nasciutti, Ana Maria Blanco Martinez, Lenira
Moura, Silvana Allodi, Cristina Maeda Takiya, Maria Isabel Doria Rossi,
Maria Eugênia Leite Duarte, Marcos Farina de Souza, José Garcia
Abreu, Helena Marcolla Araujo, Morgana Castelo Branco, Fani Mercante
– como corpo docente, compartilhando o saber e incentivando às novas
descobertas;
Aos colegas do laboratório de diferenciação muscular, Débora, Eliane,
Fernanda, Roberta, Carolina, Adriana, Pedro, Nathália e Joseph que,
vi
independente do tempo de convivência, sempre trouxeram alegria e
muito incentivo;
Ao amigo Ricardo Noboro por toda ajuda concedida e, principalmente,
por seu exemplo de nobreza;
Aos funcionários Ludmila, Lenna, Jorge, Carlos, Mair, Tânia, Rosângela
e Silvania, pela presteza em atender;
Aos colegas do laboratório de Microscopia Eletrônica (FIOCRUZ),
Adriana, Eli, Rafael, Diego, Vanessa, Carla Graziela, Cristiane, Cíntia,
Bete, Mara, Abraão Baptista e, especialmente, Cláudio Pereira Ferreira
pelo importante acompanhamento dentro do laboratório transmitindo sua
valiosa experiência.
Aos colegas de trabalho Caroline Dieder, Viviane Landulfho, Cristiane
Malheiros, Gabriel Ribeiro, Maria Catarina Silva, Francine Soares,
Adriana Campos, Nelzair Vianna e, especialmente, Erasmo de Almeida
Jr que desde o início sempre me incentivou e acreditou muito em meu
trabalho.
A amiga, uma verdadeira irmã, Eliana Câmara que é um exemplo de
sinceridade, solidariedade, muita garra e vitórias constantes. Não há
palavras para agradecê-la por estes dez anos de grandes experiências
vividas a cada dia.
Aos preciosos amigos da ICM, verdadeiros irmãos pelos quais agradeço
muito a Deus por conhecer e conviver, especialmente Bia, tia Luci e
Dhudy.
vii
A meus pais e meus irmãos por todo amor vivenciado a cada momento,
além do estímulo a sempre lutar pelos meus ideais.
Aos meus cunhados Dai e Val pelo carinho e cuidado dispensados a
mim.
Às famílias Monteiro e Campos que apesar da distância estão sempre
na lembrança e no coração.
À família Câmara Pereira pelo incentivo constante, especialmente
Adilton Pio pelos sábios conselhos.
A todos aqueles que não foram mencionados, mas que ajudaram de
algum modo na elaboração deste trabalho.
viii
Este trabalho foi realizado sob orientação do Prof. Manoel Luís Costa
(UFRJ-ICB), co-orientação do Prof. Marcos André Vannier (FIOCRUZ-Ba) e
colaboração da Profa. Claudia dos Santos Mermelstein (UFRJ-ICB) no
período de março de 2005 a julho de 2007. No decorrer do trabalho,
contamos com intercâmbio interinstitucional entre a Universidade Federal
da Bahia, Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Centro de Pesquisas
Gonçalo Muniz - Fundação Oswaldo Cruz, na vigência de auxílios
concedidos pela UFRJ e da UFBA – Programa MINTER. Participaram da
execução desta dissertação os seguintes laboratórios:
Laboratório de Diferenciação Muscular e Citoesqueleto, ICB, (UFRJ)
Laboratório de Microscopia Eletrônica da FIOCRUZ – Bahia
Laboratório de Biomineralização, ICB, UFRJ
Laboratório de Neuro-histologia e Ultraestrutura, ICB, UFRJ
Laboratório de Neuroplastiidade, ICB, UFRJ
Laboratório de Patologia Celular, ICB, UFRJ
Laboratório Dra. Hertha Meyer de Ultraestrutura Celular, IBCCF, UFRJ
Laboratório de Neurobiologia Celular e Molecular do Instituto de Biofísica
Carlos Chagas Filho, UFRJ
ix
RESUMO
A montagem de uma estrutura especializada como o músculo depende
de uma sequencia muito particular de eventos, que envolvem moléculas
sinalizadoras e estruturais, tanto do citoesqueleto quanto da matriz extracelular.
O peixe-zebra (Danio rerio) é um modelo vertebrado muito utilizado em estudos
de biologia do desenvolvimento, com embriões, por apresentar um rápido
desenvolvimento, além de ser transparente. Porém poucos são os estudos do
aparato contrátil de peixe-zebra adulto. Este trabalho analisou a estrutura geral
do músculo esquelético deste animal adulto. Um relevante problema
encontrado foi a autofluorescência do tecido que é comum em músculo, sendo
resolvido pelo tratamento por cloreto de amônio. Pela microscopia de
imunofluorescência foi analisada a distribuição de proteínas de adesão célula-
célula como caderina e β-catenina, de adesão célula -matriz, como a alfa-
actinina, a paxilina, a vinculina e também o filamento intermediário desmina,
assim como proteínas de matriz-extracelular como a laminina, a fibronectina e
o colágeno. Por meio da microscopia eletrônica de transmissão foi possível
estudar, especialmente, o septo de tecido conjuntivo presente no tecido
muscular do peixe-zebra, assim como fibroblastos associados a este. Por fim
foi proposto um modelo onde é possível localizar todas as proteínas estudadas,
as quais estão associadas às miofibrilas, localizadas no sarcolema, em
costâmeros, na junção miotendinosa e no septo.
x
ABSTRACT
The assembly of a specialized structure like muscle is based on a
particular events sequence involving signaling and structural molecules, present
in the cytoskeleton and extracellular matrix. The zebrafish (Danio rerio) is an
interesting vertebrate model in developmental biology research with embryos
because it has a fast development and it is transparent. However, there are few
studies of the contractile structures in adult zebrafish. This research has
focused on the analysis of adult zebrafish skeletal muscle. An important
problem was the autofluorescence in muscle tissue, but it has been corrected
by ammonium chloride. The distribution of cell-cell adhesion proteins like
cadherin and β-catenin; proteins of cell-matrix adhesion, like alpha-actinin,
paxillin, vinculin, the intermediate filament protein, desmin and matrix proteins
like laminin, fibronectin and collagen was analyzed by immunofluorescence
microscopy. The connective tissue septum as well as associated fibroblasts
was studied by transmission electron microscopy. Finally, a model was
proposed where it is possible to locate all the studied proteins associated with
myofibrils, in the sarcolemma, in costameres, in the myotendinous junction and
in the septum.
xi
LISTA DE ABREVIAÇÕES
Actina F – actina filamentosa
Actina G – actina globular
ATP – adenosina trifosfato
Ca
²+
– íons cálcio
caderinas N (neuronal), P (placentária) e E (endotelial).
CAMs – cellular adhesion molecules
CH
3
O
4
- álcool metílico
DABCO – 1,4-diazabiciclo-2-(2.2.2)octano
DAPI – 4’,6’-diamidino-2-fenilindole dihidrocloreto
DIC - contraste interferencial diferencial
FAK – proteína cinase de adesão focal
FGF – fator de crescimento de fibroblastos
FITC – isotiocianato de fluoresceína
GFAP - proteína ácida fibrilar glial
GTP – guanosina trifosfato
hpf - horas pós-fertilização
ICAMs – molécula de adesão intercelular
IF - filamentos intermediários
IgG – imunoglobulina G
K
+
_ íon potássio
kDa – quilodaltons
MAdCAM-1 – molécula de endereçamento celular em mucosa
MAP’s – proteínas associadas a microtúbulos
MEF-2 - fator estimulatório miocítico tipo 2
MET – microscopia eletrônica de transmissão
Mg
²+
– íons Magnésio
Mgn – miogenina
MIBP – muscle integrin binding protein
MO – microscopia óptica
MRFs – fatores regulatórios miogênicos
NaCl – cloreto de sódio
NADH – dinucleotídeo nicotinamida adenina hidrogenase
NADPH – NADP reduzido
NaH
2
PO
4
– fosfato dibásico de sódio
NaHPO
4
– fosfato monobásico de sódio
NaOH – hidróxido de sódio
N-CAM – molécula de adesão neuronal
xii
NH
4
Cl - representação molecular de cloreto de amônio
nm - nanômetro
OCT – meio de inclusão para congelamento
PBS – tampão fosfato com salina
PECAM-1 – molécula de adesão celular de revestimento endotelial
PFA - paraformaldeído
pH – potencial hidrogeniônico
RNA – ácido ribonucleico
SBF – soro fetal bovino
selectina E – selectina endotelial
selectina L – selectina leucócitária
selectina P – selectina plaquetária
SFLS – estruturas semelhantes a fibras de stress
Shh – sonic hedgehog
TCF/LEF-1 – T cell factor / Lymphoid enhancing factor
TGF-beta – fator de crescimento tumoral
TGFR – receptor do fator de crescimento tumoral
TnC – troponina ligada ao cálcio
TnI - troponina inibidora
TnT – troponina que se liga à tropomiosina
TRICT – isotiocianato de tetraetilrodamina
Triton X-100 – t-octilfenoxipolietoxietanol
UV – ultravioleta
VCAM-1 – molécula de adesão celular vascular
Wnt – família de genes de vertebrados homólogos ao fator de crescimento Wingless de
Drosophila
xiii
Lista de Figuras
Figura 1 – Constituintes do citoesqueleto 02
Figura 2 – Esquema do sarcômero 10
Figura 3 – Moléculas de adesão 14
Figura 4 – Estrutura do contato focal 18
Figura 5 – Componentes do tecido conjuntivo_____ 23
Figura 6 – Peixe-zebra (Danio rerio) adulto 25
Figura 7 - Cortes congelados do tecido muscular de peixe-zebra corados com
hematoxilina e eosina 41
Figura 8 - Peridocidade no tecido muscular do peixe-zebra por azul de
toluidina___________________________________________________41
Figura 9 - Coloração de colágeno por picrossirius 42
Figura 10 - Controle de autofluorescência com PBS 47
Figura 11 – Controle de autofluorescência com Bórax 47
Figura 12 – Controle de autofluorescência com cloreto de amônio 48
Figura 13 – Controle de anticorpos secundários______________________49
Figura 14 – Galeria de imagens de tecido sem marcação de anticorpo
Primário 50
Figura 15 – Imagem gerada a partir da galeria apresentada na Figura 14 50
Figura 16 – Galeria de imagens de tecido com marcação de anticorpo primário
e com secundário FITC
51
Figura 17 – Imagem gerada a partir da galeria apresentada na Figura 16
51
Figura 18 – Galeria de imagens de tecido com marcação de anticorpo primário
e com secundário TRITC 52
Figura 19 – Imagem gerada a partir da galeria apresentada na Figura 18 52
Figura 20 – Gráficos superpostos obtidos de cada galeria de imagem 53
Figura 21 – Imunofluorescência com anticorpo anti-caderina 57
Figura 22 – Imunofluorescência com anticorpo anti beta-catenina 58
Figura 23 - Imunofluorescência com anticorpo anti alfa-actinina (1) 59
Figura 24 - Imunofluorescência com anticorpo anti alfa-actinina (2) 60
Figura 25 – Imunofluorescência com anticorpo anti-paxilina
61
Figura 26 –- Imunofluorescência com anticorpo anti-vinculina (1)
62
Figura 27 – Imunofluorescência com anticorpo anti-vinculina (2) 63
xiv
Figura 28 - Imunofluorescência com anticorpo anti-desmina 64
Figura 29 – Imunofluorescência com anticorpo anti-laminina 66
Figura 30 – Imunofluorescência com anticorpo anti-fibronectina_________67
Figura 31 –Visualização de colágeno por luz polarizada 68
Figura 32 – Estrutura geral da fibra muscular esquelética por microscopia
eletrônica de transmissão ____________________________ 70
Figura 33 – Micrografia eletrônica de corte ultrafino do músculo com presença
de fibroblasto 71
Figura 34– Identificação de colágeno por MET 71
Figura 35 - Prosposta de modelo de proteína de adesão no tecido muscular do
peixe-zebra adulto____________________________________ 72
xv
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Características das fibras musculares____________________09
Tabela 2 – Anticorpos primários ____ 28
Tabela 3 - Anticorpos secundários 29
Tabela 4 - Sondas fluorescentes 29
Tabela 5 - Filtros de fluorescência______ 37
Tabela 6 – Distribuição das proteínas de adesão e matriz extracelular no peixe-
zebra adulto em diferentes estruturas do músculo__________
72
xvi
Sumário
Resumo viii
Abstract ix
Lista de Abreviações x
Lista de Figuras xii
Lista de Tabelas xiv
I - Introdução ___ ____ 1
1. Organização geral do citoesqueleto no músculo 1
2. Tecido muscular ____
5
3. Ligações entre o citoesqueleto muscular e o sarcolema_____________ 10
4. Miogênese_______________________________________________
11
5. Adesão celular__________________________________ 14
5.1. Adesão célula-célula_______________________________________ 14
5.2. Adesão célula-matriz_______________________________________ 17
6. Matriz extracelular 21
7. O peixe-zebra como modelo __________________________________ 24
8. Septo no peixe-zebra _________ __________ ____ 25
9. Justificativa _______________________________________________ 26
II Objetivos _____ 27
1.Objetivo geral __________ 27
2.Objetivos específicos __________ 27
III - Materiais e Métodos _____ _____
28
1. Reagentes_________________________________________________ 28
2. Anticorpos_________________________________________________ 28
3. Manutenção dos peixes_______________________________________29
4. Preparo do material biológico para colorações e imunofluorescência____
30
5. Colorações_________________________________________________31
5.1 Coloração por Hematoxilina e eosina____________________________31
5.2. Coloração por Azul de Toluidina_______________________________ 32
5.3. Coloração para colágeno (picrosírius)__________________________
32
6. Controles para autofluorescência e bloqueio_______________________33
7. Imunofluorescência __________________________________________34
8. Preparo do material para microscopia eletrônica de transmissão (MET)__35
xvii
9. Microscopia e aquisição de imagens____________________________37
9.1. Aquisição de imagens em microscopia de fluorescência___________37
9.2. Aquisição de imagens em microscopia de campo claro____________38
9.3. Aquisição de imagens em microscopia confocal__________________38
9.4. Aquisição de imagens em microscopia eletrônica_________________38
IV - Resultados 40
V - Discussão 73
VI - Conclusões 87
VII - Perspectivas 88
VIII Bibliografia_
89
1
I. INTRODUÇÃO
1. ORGANIZAÇÃO GERAL DO CITOESQUELETO NO MÚSCULO
O citoesqueleto é formado por três sistemas de filamentos protéicos,
classificados pelos tipos de proteína e diâmetro. Cada tipo de filamento é
formado por subunidades de diferentes proteínas: actina nos microfilamentos,
tubulina nos microtúbulos e uma família de proteínas fibrosas, nos filamentos
intermediários. Actina e tubulina são proteínas ubíquas e conservadas
evolutivamente.
Microtúbulos consistem de uma rede altamente polarizada com proteínas
associadas (MAP’s) e proteínas motoras, como dineína e cinesina. Os
microtúbulos são cilindros longos e ocos com diâmetro externo de 25 nm
(Figura 1). Sua proteína constituinte, tubulina, existe em duas isoformas
principais alfa e beta ambas com 55 kDa, que se dividem em diferentes
variantes nos vários tipos celulares (Dutcher, 2001), e são finalizadas por
modificações pós-traducionais. Essas isoformas se subdividem em pelo menos
seis formas de α-tubulina e um número similar de formas de β-tubulina, cada
uma codificada por um gene diferente (Alberts, 2004).
Os microtúbulos são formados através da polimerização da tubulina
realizada de modo reversível, processando ciclos contínuos de arranjo e
desorganização como resultado da hidrólise do GTP que é seguida pela
polimerização da tubulina (Cooper, 2001). Participam de várias funções
celulares como divisão, secreção e transporte de vesículas.
2
No músculo estriado, os microtúbulos estão envolvidos na diferenciação,
morfologia e atividade contrátil destas células. São ainda essenciais no
elongamento dos mioblastos (McElhinny et al., 2004).
Microfilamentos formam polímeros em hélice dupla com diâmetro de 5-7
nm compostos de actina (43kDa), que nos eucariotos mais acima na escala
evolutiva, apresentam seis isoformas, que por sua vez se dividem em três
classes dependendo do seu ponto isoelétrico. Alfa-actinas estão presentes nas
células musculares enquanto as células não musculares possuem as isoformas
beta e gama. Os filamentos são formados pela polimerização de G-actina, que
passa a F-actina, dependendo da concentração de K+ e Mg+, da presença de
ATP e, principalmente, de várias proteínas associadas (Cooper, 2001).
A miosina está diretamente relacionada à actina por funcionar como uma
proteína motora, a qual usa a energia resultante da hidrólise do ATP, gerando
força e movimento. A contração muscular é o resultado do deslizamento entre
Figura 1- Constituintes do citoesqueleto. fai.unne.edu.ar/biologia/ celulamit/cytoskel.htm. 2004.
Subunidade fibrosa
Filamento intermediário
3
a actina e a miosina, sendo que é a hidrólise do ATP que fornece energia para
os repetidos ciclos de interação entre estas proteínas, gerando alterações
conformativas que resultam em movimento da cabeça da miosina ao longo do
filamento de actina (Cooper, 2001). A actina participa de diferentes funções
celulares, como citocinese, secreção e contração muscular (Small et al., 1999).
O citoesqueleto nas células musculares se dispõe de maneira a permitir
a organização de uma miofibrila funcional. Recentemente, foi identificado um
sistema composto por moléculas de titina, maior proteína já identificada em
vertebrados, e um quarto sistema formado por moléculas da proteína nebulina
que se associa ao longo dos filamentos de actina (Clark et al., 2002). A função
destes dois últimos sistemas é de servir como “molde molecular” para a ligação
de outras proteínas típicas de células musculares durante a embriogênese,
além de fornecer apoio e resistência ajudando a manter a integridade estrutural
do músculo durante a contração (Centner et al.,2000).
Os filamentos intermediários são constituídos pela associação lateral de
várias proteínas alongadas, com um diâmetro final de aproximadamente 8 – 12
nm (Figura 1). Eles formam redes que se irradiam do núcleo e vão até a
periferia das células (Herrmann, 2000). Ao contrário dos microfilamentos e
microtúbulos que são muito instáveis, os filamentos intermediários são
estáveis, e sua polimerização e despolimerização são reguladas por cinases
específicas. A principal função atribuída aos filamentos intermediários é de
manter a estrutura mecânica da célula e do tecido, por sua característica
estrutural estável. Eles são compostos por uma família de proteínas,
classificadas em cinco tipos principais, de acordo com sua composição,
estrutura gênica e evolução:
4
tipo I e II: queratinas (40-47 kDa), expressas em células epiteliais,
divididas em ácidas (tipo I) e básicas (tipo II);
tipo III: vimentina (54 kDa), em células de origem mesenquimal, e é
expressa em células em desenvolvimento, GFAP (proteína ácida fibrilar
glial, 55 kDa), em células gliais, desmina (55 kDa) em células
musculares; nestina (50 kDA) no sistema nervoso central e precursores
de músculos; periferina em neurônios;
tipo IV: proteínas dos neurofilamentos (60-130 kDa), presentes em forma
de tripletes (NF-L, NF-M e NF-H) nos neurônios;
tipo V: laminas (65-75 kDa) que formam a lâmina nuclear, que mantém o
núcleo das células durante a intérfase, presentes em todos os tipos de
células.
A desmina é uma proteína dos filamentos intermediários exclusiva de
tecido muscular. É expressa desde os estágios iniciais da miogênese onde
inicialmente se apresenta como grandes filamentos em mioblastos, mas se
modifica de maneira mais difusa à medida que a célula amadurece. Após a
estriação das miofibrilas, em células esqueléticas maduras (miotubos), a
desmina se associa às linhas Z nos sarcômeros, as mitocôndrias, aos núcleos
e ao sarcolema (Costa et al., 2003). Em embriões a desmina se acumula ao
redor do septo entre miofibrilas (Cary,1994). Em músculo maduro, além de
estar presente na linha Z, a desmina integra as miofibrilas com o sarcolema,
núcleo, mitocôndria e, possivelmente, microtúbulos (revisado por Clark et al.,
2002).
5
2. TECIDO MUSCULAR
O tecido muscular presente em vertebrados é de origem mesodérmica,
sendo caracterizado pela propriedade de contração e distensão de suas
células, o que determina a movimentação corpórea e das vísceras. Há
basicamente três tipos de tecido muscular: liso, estriado esquelético e estriado
cardíaco. O músculo liso, diferentemente dos outros tipos, não apresenta
estriações. Suas células têm formato fusiforme, são mononucleadas e com
núcleo centralizado. Não apresenta contração voluntária, sendo inervado pelo
sistema nervoso autônomo. Constitui a parede da maioria dos vasos, vísceras,
sendo presente também na derme e olhos (Moore & Dalley, 2001).
O músculo estriado cardíaco é formado por células que apresentam
estriações e são alongadas, denominadas cardiomiócitos, os quais podem ser
mononucleadas ou binucleadas e com o núcleo central. Unem-se às células
vizinhas através dos discos intercalares onde são encontradas três
especializações juncionais: as junções do tipo GAP ou comunicantes que se
situam nas partes laterais dos discos e são responsáveis pela continuidade da
passagem iônica entre células musculares vizinhas; a zônula de adesão que
serve para ancorar os filamentos de actina dos sarcômeros terminais às
membranas e os desmossomos que unem as células musculares impedindo
que elas se separem sob a vigorosa atividade contrátil do coração. Cada célula
muscular cardíaca apresenta estriações semelhantes a do músculo estriado
esquelético, possuindo a mesma organização sarcomérica, sendo que, em
suas extremidades estão presentes estriações transversais denominadas
discos intercalares. Nesta célula, as mitocôndrias são grandes, numerosas e
6
intercaladas entre os conjuntos de miofilamentos, e o retículo sarcoplasmático
não é tão abundante (Williams et al., 1995).
O músculo estriado esquelético da mesma maneira que o estriado
cardíaco, apresenta estriações transversais facilmente visíveis ao microscópio
de luz. É formado por feixes de células cilíndricas longas chamadas de fibras
musculares ou miotubos. Uma fibra muscular ordinária típica mede
aproximadamente 2,5 cm de comprimento e sua largura é menor que um
décimo de milímetro. As células musculares estriadas possuem inúmeros
núcleos com dimensões em torno de 10 µm, os quais ocupam regiões
periféricas da fibra muscular. As estruturas encontradas na célula muscular
recebem nomenclatura própria, ou seja, cada fibra muscular é envolvida por
uma membrana plasmática conhecida como sarcolema, o retículo
endoplasmático como retículo sarcoplasmático e o citoplasma é chamado de
sarcoplasma, onde existe grande número de mitocôndrias, que se localizam
entre e paralelamente às miofibrilas, o que indica elevada demanda de ATP
formado nestas organelas para que ocorra a contração muscular (Junqueira &
Carneiro, 2004).
Os espessos feixes de fibras musculares são envolvidos por uma
membrana denominada epimísio composto por tecido conjuntivo. Este origina o
perimísio que é uma lâmina que circunda feixes menores. Cada fibra muscular
é envolvida pelo endomísio que é uma camada muito fina constituída pela
lâmina basal da fibra muscular e por fibras reticulares. Esses envoltórios são
importantes para a união das fibras musculares, permitindo a transmissão da
força de contração do músculo a componentes do esqueleto. Vale ressaltar
7
ainda que cada fibra muscular apresenta perto de seu centro uma terminação
nervosa motora conhecida como placa motora (Junqueira & Carneiro, 2004).
As miofibrilas são formadas por unidades morfofuncionais denominadas
sarcômeros. Cada sarcômero é limitado por duas linhas Z. As bandas claras
denominadas bandas I por serem isotrópicas à luz polarizada, são compostas
por microfilamentos de actina, juntamente com troponina e tropomiosina. Cada
um contém dois filamentos de actina F ancorados na linha Z. A tropomiosina é
uma cadeia polipeptídica longa que se localiza nos sulcos da dupla hélice de
actina a cada intervalo de sete monômeros de actina G. A troponina é um
complexo de três proteínas globulares: a troponina T(TnT), de 38 kDa, une
cada complexo a um sítio específico na molécula de tropomiosina, a troponina
C (TnC), de 18 kDa se liga a íons cálcio e a troponina I (TnI), de 20 kDa, inibe a
interação entre filamentos delgados e espessos. Estas três últimas são
proteínas que mediam a regulação da contração por meio dos íons Ca
2+
(Clark
et al., 2002). Outras proteínas também estão presentes na banda I: a nebulina
(500 kDa) que se estende desde a linha Z até a extremidade “menos” da
actina, servindo como um regulador no comprimento da actina; as
extremidades “menos” dos filamentos de actina são cobertas pela
tropomodulina (4 kDa) e a extremidade “mais” pela proteína CapZ, que é um
heterodímero contendo duas subunidades, α de 36 kDa e β de 32 kDa (Clark et
al., 2002).
A banda A é escura, anisotrópica à luz polarizada e corresponde ao
ponto em que os filamentos finos interagem com os grossos constituídos por
miosina II, que tem peso molecular de 470 kDa, a qual apresenta duas cadeias
pesadas 200 kDa (cada uma formada por uma cauda em forma de bastão e
8
uma cabeça globosa), além de quatro cadeias leves cujos pesos moleculares
variam de 15 a 27 kDa. A porção da cabeça da cadeia pesada tem um sítio de
ligação para o ATP e um sítio de ligação para actina, ambos necessários para
o processo de contração. A titina (2700 kDa) distribui-se da linha M até a linha
Z e interage com a miosina permitindo o alinhamento dos filamentos grossos. O
centro de cada banda A é ocupada por uma área pálida conhecida como
Banda H, a qual é dividida por uma delgada Linha M.
Segundo Clark et al. (2002), a linha Z além de definir o bandeamento
lateral do sarcômero é considerada como sendo o primeiro local onde as forças
de contração são geradas. Em miofibrilas adjacentes, eles são alinhados
permitindo contrações coordenadas entre miofibrilas individuais para um ponto
específico onde a linha Z está ligada ao sarcolema.
Numerosos componentes de transdução de sinais estão associados à
linha Z, facilitando seu papel de sensor biomecânico que responde às
mudanças de tensão no sarcolema. Sabe-se ainda que um grande número de
proteínas associadas a essa linha tem uma distribuição dinâmica no músculo e
pode servir de ligação entre a linha Z e outros locais subcelulares, como por
exemplo, o núcleo, para transmitir sinais. Portanto, a linha Z não é
simplesmente a borda estrutural do sarcômero, mas apresenta um papel
importante na sinalização e homeostase muscular (Clark et al., 2002).
Os músculos estriados esqueléticos apresentam tipos distintos de fibras
que podem ser classificadas em brancos ou vermelhos de acordo com a
intensidade de sua coloração. Também exibem fibras com características
intermediárias entre os tipos vermelho e branco. O conteúdo maior de
mioglobina das fibras vermelhas em relação às brancas é o responsável pela
9
sua coloração. As características estruturais, funcionais e metabólicas das
fibras musculares vermelhas, intermediárias e brancas estão demonstradas na
Tabela 1.
CARACTERÍSTICA VERMELHAS INTERMEDIÁRIAS BRANCAS
Cor
Vermelha Vermelha Branca
Conteúdo em
mioglobina
Alto Alto Baixo
Diâmetro da fibra
Pequeno Pequeno-
Intermediário
Grande
Velocidade de
contração
Lenta Rápida Rápida
Tipo de contração
Tônica Tônica Fásica
Número de
mitocôndrias
Alto Intermediário Baixo
Tamanho
mitocondrial
Grande Intermediário Pequeno
Densidade capilar
Alta Intermediária Baixa
Metabolismo
oxidativo
Abundante Intermediário Escasso
Metabolismo
glicolítico
Escasso Intermediário Abundante
Conteúdo lipídico
Alto Intermediário Baixo
Conteúdo
glicogênico
Baixo Alto Alto
Tabela 1: Características das fibras musculares (Judje et al., 1989).
No peixe-zebra adulto e na maioria dos peixes, as fibras musculares
rápidas e lentas ocupam regiões distintas no corpo do animal. As fibras
musculares rápidas compreendem a porção profunda do miótomo e
compreendem a maior parte da musculatura do tronco. As fibras de contração
lenta estão na extremidade lateral do miosepto horizontal, separando a
musculatura epiaxial e hipoaxial. As fibras musculares do tipo II-A ou
intermediárias estão localizadas entre as fibras de contração rápida e lenta.
Como acontece em outros vertebrados, as fibras de contração lenta são
pequenas e apresentam coloração mais escura por serem mais vascularizadas
10
e por apresentarem maior quantidade de mitocôndrias, se comparada às fibras
de contração rápida que são maiores e mais pálidas (revisado por Devoto et al.
1996)
Figura 2 - Esquema do sarcômero (Alberts, 2004).
3. LIGAÇÕES ENTRE O CITOESQUELETO MUSCULAR E O SARCOLEMA
Os costâmeros são definidos desde a década de 80 como associações
periódicas das miofibrilas com o sarcolema, importante na transmissão de força
contrátil da linha Z para a membrana basal (Pardo,1983). Alguns acreditam que
associações entre a linha M e o sarcolema sejam também estruturas
costaméricas (Porter et al, 1992; Clark et al., 2002). São estruturas ricas
especialmente em paxilina (Kovacic-Milivojevic et al., 2001), vinculina, talina,
alfa-actinina e integrina, sendo que esta última tem um papel fundamental
como molécula sinalizadora pela ativação de vias intracelulares de transdução
de sinais que levam à mudanças na transcrição genética e reorganização do
citoesqueleto. (Clark et al., 2002). A proteína desmina também está presente
em costâmeros (Tidball, 1992; Costa et al., 2004)
Proteínas da matriz extracelular como laminina-2, colágeno IV e
fibronectina se ligam a integrinas específicas, tendo fundamental importância
no alinhamento dos costâmeros. Baseando-se neste aspecto, pode-se inferir
linha Z
Cap Z
titina
tropomodulina
Linha M
miosina (filamento grosso)
extremidade “mais”
da actina
nebulina
actina (filamento fino)
extremidade “menos”
da actina
linha Z
11
que os costâmeros transmitem força contrátil lateralmente da miofibrila,
passando pelo sarcolema à matriz extracelular, atuando como sensores de
stress mecânico permitindo a manutenção da integridade estrutural da
membrana durante a contração (Lundgren et al.,1988; Clark et al., 2002;
Quatch & Rando, 2006). Sendo assim, os locais de transmissão lateral de força
através do sarcolema devem ser mecanicamente fortificados para minimizar o
estresse imposto à bicamada lipídica.
A junção miotendinosa é classicamente abordada como sendo uma
estrutura juncional de fibras musculares esqueléticas, sendo a única estrutura
que constitui o ponto de terminação da miofibrila. Esta é especialmente
reforçada por ser o local principal de transmissão de força durante a contração.
(Clark et al., 2002). Na terminação da fibra muscular, a membrana é altamente
invaginada e interdigitada com a matriz do tendão adjacente, o que permite o
aumento da área de superfície da junção miotendinosa, bem como a redução
do estresse na membrana (Tidball, 1991). É, portanto um segundo tipo de
estrutura de ligação à membrana, a qual apresenta algumas similaridades
estruturais e funcionais com relação aos costâmeros. Sabe-se que o sistema
de ligação entre o citoesqueleto e a membrana via complexo associado à
distrofina, bem como o complexo de adesão contendo integrinas, talina e
vinculina são encontrados na junção miotendinosa, sugerindo que ambos
complexos participam na conexão de filamentos finos terminais à membrana
muscular (Clark et al., 2002).
4. MIOGÊNESE
12
A miogênese é o processo caracterizado pela determinação e formação
das células que compõem o tecido muscular. Pode ser subdividida em várias
etapas. A primeira delas é a determinação das células do mesoderma
embrionário, os pré-mioblastos replicantes, os quais se transformam em
populações de mioblastos epiaxiais (dorsais) ou hipoaxiais (ventrais). Os
mioblastos epiaxiais são estimulados tanto por moléculas sinalizadoras que
atuam como mediadores no controle de muitos aspectos do desenvolvimento
conhecidas como Wnt (Wingless), provavelmente Wnt 1 quanto por genes do
tipo Shh (Sonic Hedgehog) que levarão à expressão do Myf5; os hipoaxiais
serão estimulados por uma combinação entre uma outra molécula Wnt
(provavelmente Wnt7a), BMP4 e Noggin que culminarão na expressão do gene
MyoD (Cossu & Borello, 1999). Estes mioblastos migram induzidos pela
expressão dos genes Myf5 e MyoD. A migração se dá através da diminuição
das β-integrinas pelo fato de se ligar a elas uma proteína presente no citosol
denominada MIBP, a qual se liga à integrina, estando presente em músculo. A
migração também é possível pela formação de contatos focais (Li et al., 1999).
A MIBP também pode interagir com a cinase de adesão focal (FAK) e com a
paxilina, promovendo a formação de contatos focais para o movimento de
migração. Esta formação implica também na diminuição das N-caderinas na
superfície celular dos mioblastos. Estes eventos são controlados pela ativação
de fatores regulatórios miogênicos (MRFs). Nos vertebrados, a família de
MRFs inclui MyoD, MyF5, mgn e MRF4, os quais estão envolvidos na
diferenciação muscular (Zang et al., 2005).
Em uma etapa seguinte, os mioblastos se fundem e diferenciam em
miotubos. O processo da fusão envolve proteínas de adesão célula-célula que
13
mediam o reconhecimento entre mioblastos recém-diferenciados. Uma vez que
tenha ocorrido a diferenciação, as células não se dividem e os núcleos jamais
replicam seu DNA novamente. Nesta fase, algumas proteínas como as N-
caderinas (Redfield et al., 1997), β-catenina (Goichberg et al., 2001) e
integrinas α7A, α7B e β1D estão aumentadas (Musarò & Rosenthal, 1999). Os
miotubos formados são fusiformes e multinucleados No seu sarcoplasma
organizam-se as miofibrilas funcionais, as quais expressam, inicialmente,
proteínas específicas como a desmina, alfa-actinina e titina.
Durante a fusão dos mioblastos, alguns permanecem em estado
quiescente, os quais irão formar, no músculo esquelético maduro, as células
satélites. Esta é uma população de células situada entre o sarcolema da fibra
muscular e sua membrana basal (Goldring et al., 2002). Em resposta a
estímulos como o crescimento, remodelação ou trauma, as células satélites
são ativadas, proliferando-se. As células satélites quiescentes diferem das
ativadas por apresentarem relação de volume núcleo/citoplasma elevada, por
apresentarem poucas organelas, núcleo menor que os da fibra muscular, além
de aumento da heterocromatina nuclear comparada aos núcleos da fibra
muscular (Foschini et al., 2004). Nas células satélites ativadas ocorre redução
da heterocromatina, aumento da relação de volume entre citoplasma/núcleo e
aumento no número de organelas intracelulares (Schultz & McCormick, 1994).
O padrão de expressão gênica das células satélites ainda é pouco
conhecido, tanto no estado de quiescência como no estado ativado. Alguns
marcadores como c-Met, M-caderina, Pax7 e CD34 são importantes para o
reconhecimento das células satélites no tecido muscular (Foschini et al., 2004).
14
5. ADESÃO CELULAR
Em níveis celulares, as adesões podem ocorrer entre células vizinhas
(adesão célula-célula) ou entre células com a matriz extracelular que a permeia
(adesão célula-matriz).
As interações entre células podem ser do tipo homofílicas, as quais
permitem que moléculas de uma célula se liguem a outras moléculas do
mesmo tipo nas células adjacentes; heterofílicas, onde as moléculas de uma
célula ligam-se às moléculas de um tipo diferente nas células adjacentes; ou
ligações dependentes de ligante, onde receptores de superfície celular nas
células adjacentes são ligados uns aos outros por moléculas ligantes
multivalentes. O processo de adesão é fundamental em vários eventos
celulares como morfogênese, crescimento, organização e estabilização
teciduais, inflamação, resposta do hospedeiro a infecções e injúrias,
cicatrização e resposta imunocelular (Petruzelli et al., 1999). Na figura 3 estão
representados tipos de moléculas de adesão.
Figura 3 - Moléculas de adesão (Petruzelli et al., 1999).
5.1- ADESÃO CÉLULA-CÉLULA
caderinas selectinas
superfamília das
imunoglobulinas
integrinas
15
A habilidade que as células possuem em aderir umas às outras através
de interações moleculares desempenha um importante papel em vários
processos biológicos, tais como homeostase, resposta imune, inflamação,
embriogênese e desenvolvimento do tecido nervoso (Petruzelli et al., 1999).
Proteínas específicas de superfície celular estão envolvidas em mediar adesão
entre células, tais como as caderinas, membros da família das imunoglobulinas
e selectinas.
As caderinas (135 kDa) são uma família de glicoproteínas cálcio-
dependentes que mediam adesões célula-célula através de um modelo de
ligação homofílica. Sua estrutura básica inclui uma simples cadeia de proteína
que se estende à membrana e apresenta, em seu domínio externo, uma série
de cinco repetições de caderina de, aproximadamente, 100 aminoácidos cada,
os quais constituem sítios de ligação para o cálcio (Gumbiner, 1996; Yap,
1997). Apresentam um domínio extracelular, um segmento transmembranar e
um curto domínio citoplasmático, o qual interage com o citoesqueleto de actina
através de algumas moléculas de ligação. (Humphries & Newham, 1998). As
caderinas clássicas estão entre as primeiras a terem sido identificadas nesta
família e compreendem as caderinas N, P e E (Gumbiner, 1996).
O cálcio é de extrema importância na manutenção da integridade
estrutural da proteína. O domínio N-terminal da caderina media ligação, sendo
que as repetições de caderina atuam mantendo a proteína em uma
conformação necessária que permite a união desta a outra molécula de
caderina (Takeichi, 1995; Yap, 1997). Estudos sugerem que quando há
aumento da quantidade de cálcio nas porções extracelulares das cadeias de
caderina, estas se tornam mais rígidas; se o cálcio é removido a porção
16
extracelular da proteína é degrada por enzimas proteolíticas (Alberts et al.,
2004).
O domínio citoplasmático da caderina serve como meio de ligação para
o citoesqueleto através de interações com proteínas intracelulares conhecidas
como β cateninas, as quais irão interagir com as α cateninas, que por sua vez
se ligam aos filamentos de actina nas junções aderentes.
A beta-catenina (94 kDa) está envolvida na via de sinalização Wnt, pois
seu domínio extracelular se liga a fatores de transcrição da família TCF/LEF-1
(T cell factor/ Lymphoid enhancing factor), os quais ativam sua atividade
transcricional no núcleo, resultando na expressão de genes importantes na
regulação do destino celular, como a ciclina D1, c-myc, a metaloproteinase 7
(Goichberg, 2001), e a metaloproteinase 26 (Marchenko et al., 2004; Oloumi et
al., 2004).
Outros membros da família das caderinas consideradas caderinas não-
clássicas formam desmossomos e hemidesmossomos, os quais permitem
ligação destas a filamentos intermediários através de interações com uma outra
molécula semelhante à catenina denominada placoglobina. Sabe-se ainda que
as caderinas têm importante papel na manutenção de contatos intracelulares
fortes, semelhantes aos encontrados na zona aderente e nos desmossomos
(Yap, 1997).
As moléculas de adesão que compõem a superfamília das
imunoglobulinas exibem uma grande diversidade morfológica e funcional.
Estruturalmente, estas proteínas apresentam uma ou mais repetições comuns
semelhantes às imunoglobulinas que são caracterizadas por duas cisteínas
separadas por 55 a 75 aminoácidos. Os domínios semelhantes às
17
imunoglobulinas são expressos no domínio extracelular da proteína.
Geralmente, moléculas desta família atravessam a membrana celular e
apresentam apenas uma curta cauda citoplasmática. Os membros deste grupo
têm um importante papel no desenvolvimento do sistema nervoso, em
respostas imunes e inflamatórias e no desenvolvimento embrionário. (Petruzelli
et al., 1999).
As selectinas são moléculas de adesão que medeiam adesão
carboidrato-dependente de leucócitos para células endoteliais e plaquetas.
Esta família de proteínas possui três membros: selectina L (leucócitária), E
(endotelial) e P (plaquetária) que são todas estruturalmente homólogas.
Recentemente, as selectinas têm sido consideradas alvos terapêuticos
potenciais para o desenvolvimento de agentes antiinflamatórios, o que tem
estimulado o interesse em sua estrutura e função (Humphries, 1998).
5.2- ADESÃO CÉLULA-MATRIZ
As integrinas (130 kDa) são receptores tanto de adesão célula-célula,
quando em associação com as moléculas de adesão celular (CAMs), por
exemplo, quanto de adesão célula-matriz mediada pela ligação do seu domínio
extracelular a diversas proteínas ligantes heterodiméricas formadas por
associações não covalentes de subunidades α e β. Cada subunidade é uma
glicoproteína transmembrana tipo I que tem, relativamente, domínios
extracelulares longos (Hynes, 2002). Estão presentes em todos os
metazoários, sendo que o número de integrinas no genoma geralmente
aumenta de acordo com a complexidade do organismo (Bokel e Brown, 2002;
Hynes, 2002) o que é consistente com o papel central de integrinas na adesão,
18
migração e organização tecidual. Os mamíferos apresentam cerca de 18 α e 8
β subunidades que se combinam para produzirem 24 heterodímeros diferentes,
sendo que cada um destes pode se ligar a um repertório específico de
moléculas de superfície celular, matriz extracelular, ou proteína ligante solúvel
(Calderwood, 2004).
Unindo-se tanto a ligantes intra quanto extracelulares, as integrinas
promovem uma ligação transmembrana de transmissão bidirecional de força
mecânica e sinais biomecânicos através da membrana plasmática
(Calderwood, 2004).
As interações entre moléculas de matriz, as integrinas e citoesqueleto de
actina são denominadas adesões focais. Estas ligações são indiretas, sendo
portanto mediadas por múltiplas proteínas-âncora intracelulares, tais como a
vinculina, talina, alfa-actinina, paxilina e a cinase de adesão focal. A figura 4
mostra um esquema simplificado de adesão focal, envolvendo alguns de seus
constituintes.
Figura 4: Estrutura do contato focal (Alberts et al., 2004).
α-actinina
paxilina
talina
vinculina
fibronectina
receptor de fibronectina (integrina)
filamento
de actina
proteína
capeadora
19
A vinculina (116 kDa) é uma proteína que contém sítios de ligação com
múltiplas proteínas do citoesqueleto, tais como actina, α-actinina, talina e a
paxilina. Possui uma cabeça globular com diâmetro de 8 nm e uma cauda em
forma de haste com comprimento de 20 nm. A molécula de vinculina pode
existir tanto em um estado ativo quanto inativo. Neste último, interações
intramoleculares de alta afinidade entre a cabeça e a cauda mascaram a sua
ligação à actina, além de reduzir a afinidade da vinculina à talina. Eventos de
sinalização mediados pela integrina podem ativar a molécula de vinculina,
permitindo que esta se ligue à actina e à talina, por romper a interação entre
sua cabeça e cauda. Existem três isoformas de vinculina, α, β e γ, sendo que
as duas primeiras são as mais encontradas em músculo esquelético (Berthier &
Blaineau, 1997)
A proteína paxilina (68 kDa) também interage com a integrina e está
envolvida em contatos como vinculina e talina, sendo encontrada de outras
formas associada ao citoesqueleto de actina, como nas placas densas de
músculo liso e junção miotendinosa em músculos estriado esquelético (Turner
et al., 1990). Apresenta muitos domínios de interação proteína-proteína: cinco
domínios ricos em leucina (LD) na porção amino-terminal e quatro domínios
LIM, que são dedos de zinco duplos na porção carboxi-terminal. Os domínios
LIM mediam ligação. Se ligam à proteína tirosino-fosfatase denominada PEST.
Já os domínios LD mediam interações com outras proteínas como FAK e
vinculina (Zeid et al., 2006).
A talina é um componente da adesão focal que se liga a outras
moléculas de adesão incluindo β integrinas, vinculina, cinase de adesão focal,
e actina. Justapõe receptores de integrina com a actina. Além do seu papel
20
estrutural, a talina também tem papel funcional importante em regular a
ativação da integrina (Nayal, 2004). Seu domínio globular apresenta 50 kDa e é
o local principal de ligação à integrina. O restante da proteína possui 220 kDa.
Possui baixa afinidade à integrina, mas apresenta sítios de ligação à vinculina e
actina. (Garcia-Alvarez et al, 2003).
A cinase de adesão focal possui 125 kDa e é uma das principais
proteínas tirosina fosforiladas encontradas nas adesões focais. A ativação da
FAK inicia cascatas de transdução de sinal intracelular, incluindo as que estão
envolvidas em ativação da mitose e remodelação do citoesqueleto (Mitra et al.,
2005). Estes efeitos regulam processos celulares como migração, crescimento
e diferenciação (Schlaepfer et al., 2004). A localização da FAK na adesão focal
é dependente do seu domínio C-terminal denominado FAT (focal adhesion
targeting) (Parsons, 2003). O domínio FAT da FAK interage com proteínas
associadas às integrinas como paxilina e talina. (Schaller, 2001).
A alfa-actinina (110 kDa) possui um domínio globular de associação à
actina e extremidades em forma de bastão (Blanchard, 1989). Está conjugada
à actina ao longo das fibras de stress de células em cultura, nos corpos densos
de células de músculo liso, em placas de adesão, sendo também o maior
componente da linha Z nos sarcômeros de músculo estriado esquelético,
associando-se a complexos juncionais entre o citoesqueleto e o sarcolema
(Flick & Konnieczny, 2000). Também está ligada ao domínio intracelular de
integrinas compondo o complexo de adesão focal (Alberts, 2004). Alguns
autores (Franzini-Armstrong, 1973; Goldstein et al., 1979) afirmaram que a
espessura da linha Z pode variar de ~ 30 nm, em músculo esquelético de
peixe, a ~ 160 nm em músculo cardíaco de vertebrados, sugerindo que a
21
configuração e/ou número de ligações da alfa-actinina à linha Z pode variar em
tipos musculares diferentes. Sabe-se ainda que a molécula de alfa-actinina
mantém-se bastante conservada evolutivamente, tendo sido identificada em
tecidos de mamíferos, aves e peixes (Blanchard, 1989).
6. MATRIZ EXTRACELULAR
A matriz extracelular (MEC) é uma rede complexa de macromoléculas
que promove informações sobre a posição e condições do meio ambiente
celular, funções estas importantes para o funcionamento tecidual.
Proteínas da MEC tais como a fibronectina, lamininas e colágenos
formam distintas redes protéicas que denotam a variabilidade tecido-específica
em termos de composição e arquitetura (Hay, 1991). As respostas celulares ao
contato com a MEC dependem não só do tipo da mesma, bem como do
repertório de receptores celulares presentes na MEC. As conexões da matriz
através destes receptores determinam não só a organização de estruturas do
citoesqueleto, mas também a ativação de moléculas sinalizadoras principais a
funções tecido-específicas (Schwarzbauer & Sechler, 1999)
O colágeno é a maior proteína fibrosa insolúvel presente na MEC e no
tecido conjuntivo. De fato é a proteína mais abundante no reino animal.
Existem pelo menos 18 tipos conhecidos desta proteína, sendo que cerca de
80-90% no corpo consiste nos tipos I, II e III. Em geral, as moléculas de
colágeno se unem para formar fibrilas finas e longas, diferentemente do
colágeno tipo IV, qual forma uma estrutura reticular bidimensional (Alberts,
2004).
22
Por um período, se acreditou que todos os colágenos eram secretados
por fibroblastos no tecido conjuntivo, mas hoje é conhecido que várias células
epiteliais sintetizam alguns tipos de colágeno (Lodish et al., 2003).
A laminina e o colágeno IV são elementos estruturais chave da
membrana basal, sendo geralmente acompanhados por entactina/nidogênio,
perlecan, dentre outras glicoproteínas. A laminina possui cerca de 900 kDa e
representa uma família de proteínas, sendo todas estas glicoproteínas
extracelulares heterotriméricas. A laminina-I é considerada a laminina clássica
que contém cadeias polipeptídicas longas conhecidas como α, β e γ, as quais
estão organizadas na forma de cruz assimétrica e unidas por pontes dissulfeto
(Alberts et al., 2004). A laminina α2 faz uma importante ligação do
citoesqueleto a matriz extracelular em células musculares. Isso pode ser
confirmado diante de uma situação em que há uma quebra desta laminina ou
de proteínas que interagem com a mesma gerando uma distrofia muscular
(Cote et al., 1999). A laminina é considerada como a principal proteína da
lâmina basal e acredita-se que ela desempenha um papel importante na
promoção de adesão, migração, proliferação e diferenciação dos mioblastos
(Gu et al., 1994).
A fibronectina (130 kDa) é uma glicoproteína que está presente no
plasma e na matriz extracelular da maioria dos tecidos. Estruturalmente, é um
dímero formado por duas grandes subunidades ligadas por pontes dissulfeto
em uma extremidade (Zhao et al., 2001). Cada subunidade consiste em
módulos de repetição do tipo I, II e III, os quais constituem domínios de
interação da fibronectina com células, outros componentes da matriz ou até
mesmo com outra molécula de fibronectina (Schwarzbauer & Sechler, 1999).
23
Desempenha um importante papel em vários processos celulares, incluindo
adesão celular, migração, crescimento, diferenciação e formação de coágulo
(Zhao et al., 2001).
A Figura 5 mostra moléculas da matriz extracelular presentes no tecido
conjuntivo.
Figura 5 - Componentes do tecido conjuntivo (Alberts et al., 2004).
Vale ainda ressaltar que os fibroblastos são células do tecido conjuntivo
que têm capacidade de secretar uma matriz extracelular não rígida rica em
colágeno tipo I e/ou tipo III. Podem se diferenciar em outros membros da
família do tecido conjuntivo como por exemplo osteoblastos, adipócitos, célula
muscular lisa e condrócito (Alberts et al. 2004).
O conhecimento acerca dos diferentes tipos de adesão à matriz tem sido
corroborado por observações de moléculas de adesão associada a fibroblastos
através de imagens bidimensionais, a partir de estudos do substrato de células
em cultura, além de reconstrução tridimensional de células “in vivo” por
camada de
células epiteliais
lâmina basal
macrófago
fibroblasto
glicosaminoglicanas,
proteoglicanas e
glicoproteínas
fibra de
colágeno
capilar
fibra elástica
mastócito
_
____tecido conjuntivo____
24
microscopia confocal (Cukierman et al., 2001; Grinnel, 2003; Quach & Rando,
2006).
7. O PEIXE-ZEBRA COMO MODELO
Desde o início da década de 80, o modelo do peixe-zebra (Danio rerio),
anteriormente chamado Brachidanio rerio, começou a ser foco de estudos
sistemáticos em biologia do desenvolvimento de vertebrados (Streisinger et al.,
1981).
Este animal é fácil de criar, além de ter uma reprodução rápida dentro de
três meses após fertilização. Um par saudável pode gerar mais de duzentos
embriões por dia. Os embriões têm desenvolvimento rápido, ou seja, a
gastrulação é completa dentro de dez horas após fertilização e o coração
começa a pulsar ao final do primeiro dia de vida do embrião. A maioria dos
órgãos são formados e funcionam dentro dos primeiros cinco dias de vida. Vale
ressaltar que os embriões do peixe-zebra são particularmente adequados para
estudos de biologia celular porque eles se desenvolvem externamente e são
bastante transparentes (Eisen, 1996; Beis & Stainier, 2006).
Este peixe é um modelo de desenvolvimento amplamente utilizado
porque combina características de modelos invertebrados com outros mais
avançados como camundongo (Haffter et al.,1996; Briggs, 2002). Ele vem
assumindo uma liderança no estudo do desenvolvimento devido a sua
combinação única de curso genéticos e embriológicos. Além disso, vem sendo
usado como modelo para o estudo de doenças humanas (Dooley & Zon, 2000).
A figura 6 mostra o peixe-zebra adulto que apresenta cerca de 5
centímetros.
25
Figura 6: Peixe-zebra (Danio rerio) adulto. Laboratório de Citoesqueleto e
Diferenciação muscular (UFRJ).
8. SEPTO NO PEIXE-ZEBRA
Durante o desenvolvimento normal do plano corporal dos vertebrados,
um aspecto crucial envolvido é a divisão do corpo do animal em segmentos.
Nos vertebrados, a segmentação mesodérmica tem como resultado a formação
dos somitos, os quais irão formar estruturas ósseas tais como costelas e
vértebras, bem como músculos esqueléticos (Henry et al., 2005). A função do
sistema muscular esquelético depende da transmissão de forças ao esqueleto.
As fibras musculares não se ligam aos ossos e cartilagens diretamente, sendo
que nos locais de fixação as estruturas do tecido conjuntivo fibroso, tais como
tendões em tetrápodes e miosepto de peixes, estão sempre presentes ligando
os músculos ao esqueleto, bem como a outros músculos (Kudo et al., 2004).
O sistema músculoesquelético dos peixes é mais simples se comparado
com o de tetrápodes. Os miótomos embrionários do tronco e cauda se
desenvolvem em séries de segmentos musculares dobrados que formam os
sarcômeros em músculos adultos. Os sarcômeros individuais são separados
por tecido conjuntivo denominado “miosepto”, o qual se estende no eixo
vertebral formando bandeamentos intersomitos. Diversas proteínas estão
presentes no miosepto, tais como: as proteínas da matriz extracelular como
laminina, colágeno tipo I e tenascina (Parsons et al., 2002A) constituintes do
26
complexo de proteínas associadas à distrofina, agindo como sistema de
ancoramento entre miofibrilas com a matriz extracelular (Campbel, 1995); e a
proteína cinase de adesão focal, bem como sua forma fosforilada que serve
como um transdutor de sinal do citoplasma à matriz por intermédio de integrina
(Henry et al, 2001), fato semelhante ao que acontece na junção miotendinosa
em mamíferos (Mayer et al., 1997). Em 2004, Kudo e colaboradores
comprovaram que periostina é a primeira molécula envolvida na formação do
septo muscular do peixe-zebra e propuseram que a secreção desta proteína na
superfície do miosepto é importante para a adesão da fibra muscular a ele,
bem como para a diferenciação da célula muscular.
9. JUSTIFICATIVA
Este trabalho tem particular importância para o conhecimento da
localização de proteínas de adesão e matriz extracelular até então nunca
caracterizadas no músculo esquelético do peixe-zebra adulto. Isso é
fundamental para o entendimento de como é composto o aparato contrátil
deste animal, bem como para conhecer diferenças e/ou semelhanças na
distribuição destas proteínas através de comparações feitas com o embrião do
próprio peixe-zebra e até mesmo com outros modelos de estudo.
27
II. OBJETIVOS
1. OBJETIVO GERAL:
Estudar a expressão e distribuição de proteínas de adesão e matriz
extracelular associadas às fibras musculares esqueléticas do peixe-
zebra adulto (Danio rerio), importantes no funcionamento do aparato
contrátil do animal.
2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Observar histologicamente a organização geral da fibra muscular
esquelética do peixe-zebra.
Caracterizar no peixe-zebra proteínas de adesão célula-célula,
estudando a distribuição tanto da caderina quanto da β-catenina.
Caracterizar a distribuição de proteínas envolvidas na adesão célula-
matriz, tais como a alfa-actinina, a paxilina e a vinculina.
Caracterizar a distribuição da proteína de filamento intermediário
desmina, envolvida na adesão célula-matriz e na ligação da miofibrila à
membrana.
Caracterizar a distribuição de proteínas que compõem a matriz
extracelular como a fibronectina, laminina e colágeno no peixe-zebra.
28
III. MATERIAIS E MÉTODOS
1. Reagentes
- Merck: acetona, NaCl, clorofórmio, metanol e ácido acético, isopentano,
Entellan, cloreto de amônio, bórax
- Polybed Polysciences, Inc.: Resina Epon – Polybed
- Reagen: Paraformaldeído; NaHPO
4
, NaH
2
PO
4
, HCl
- Sakura: OCT (Tissue Tek compound)
- Sigma: soro fetal bovino, Triton X-100, N-propil Galato, DABCO, glicerol,
glutaraldeído, poli-L-lisina, cacodilato de sódio, sacarose, soro albumina bovina
- Ted Pella: acetato de uranila, citrato de chumbo, tetróxido de ósmio
- Vetec: hidróxido de sódio, azul de toluidina
2. ANTICORPOS:
ANTICORPOS
PRIMÁRIOS
TIPO FEITO EM DILUIÇÃO
UTILIZADA
ORIGEM DO
ANTÍGENO
FABRICANTE N°
CATÁLOGO
Anti-pan caderina
policlonal Coelho 1:50 Galinha Sigma C-3678
Anti ß-catenina
monoclonal Camundongo 1:50 Camundongo BD Pharmigen 610153
Anti α-actinina
sarcomérica
monoclonal Camundongo 1:50 Camundongo Sigma A-7811
Anti-paxilina
monoclonal Camundongo 1:50 Camundongo BD Pharmigen 610051
Anti-vinculina
monoclonal Camundongo 1:50 Galinha Sigma V-4505
Anti-desmina
policlonal coelho 1:50 Galinha Sigma
D-8281
Anti-fibronectina
policlonal Coelho 1:50 Humana Sigma F-3648
Anti-laminina
policlonal Coelho 1:50 Camundongo Sigma L-9393
Anti-colágeno IV
monoclonal Camundongo 1:50 Humana Sigma C-1926
Tabela 2 – Anticorpos primários.
29
ANTICORPOS
SECUNDÁRIOS
FEITO
EM
DILUIÇÃO
UTILIZADA
FABRICANTE N°
CATÁLOGO
Anti-IgG de camundongo-TRITC
Cabra 1:100 Sigma T-7657
Anti-IgG de coelho-TRITC
Cabra 1:100 Sigma T-6778
Tabela 3 – Anticorpos secundários
SONDA MARCAÇÃO DILUIÇÃO
UTILIZADA
DAPI
Núcleo 1:20000
Tabela 4 – Sonda fluorescente
3. MANUTENÇÃO DOS ESTOQUES DE PEIXE
Os peixes utilizados neste experimento foram provenientes do biotério
para peixe-zebra situado no Departamento de Histologia e Embriologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo que a utilização dos mesmos foi
aprovada pelo comitê de ética institucional conforme as normas vigentes que
regulamentam o uso desse modelo biológico.
O sistema de criação do peixe-zebra foi montado a partir de modelos
comerciais e dados da literatura, tendo sido feitas algumas adaptações diante
dos materiais disponíveis localmente.
Os animais adultos são separados de acordo com o sexo e mantidos sob
um sistema de regulação do ciclo de luz de 14 horas. São alimentados com
alimento importado (Sera Vipan, Alemanha) para peixe de aquário, além de
artemias vivas, que são muito importantes para a saúde dos peixes. O biotério
30
é mantido em temperatura em torno de 21°C. Existem no momento cerca de
300 peixes adultos, adquiridos com criadores de animais nacionais, que
estamos considerando como do tipo selvagem, sendo que eles são mantidos
em água filtrada e sem cloro. Antes de restabelecer o nível de água após a
limpeza, ajusta-se o pH para 7,2 com solução de bicarbonato de sódio 1M,
porém também se realiza, através de pHmetro, a aferição diária dos valores de
pH de cada um dos tanques, visando evitar variações extremas ou bruscas que
poderiam estressar os peixes e alterar o seu metabolismo.
4. PREPARO DO MATERIAL BIOLÓGICO PARA COLORAÇÕES E
IMUNOFLUORESCÊNCIA
Para que pudesse ser feito o processamento do material, inicialmente o
peixe adulto de cerca de dois meses de idade era capturado, colocado em um
becker com água do próprio aquário e submetido à analgesia sendo colocado
em freezer a -20°C por cerca de 15 minutos, tempo suficiente para os animais
tornarem-se hipocinéticos. A partir daí o sacrifício era feito através do método
de guilhotina gerando separação da cabeça, que era desprezada, com relação
ao resto do animal. O corpo era levado a um recipiente contendo solução de
paraformadeído a 4% tamponado, onde imerso permanecia em fixação por 5
minutos. Antes do congelamento, esse material era colocado em uma solução
protetora de sacarose a 30% por cerca de 2 horas a -4°C.
Após esse período, o corpo do peixe era posicionado em um pedaço de
madeira (palito de picolé) com OCT, sendo colocado paralelo ou perpendicular
ao palito, variando de acordo com o tipo de corte desejado, se longitudinal ou
transversal, respectivamente. Seguiu-se então ao congelamento rápido,
31
imergindo todo o bloco (peixe+ Tissue Tek OCT Compound + palito) em
isopentano a uma temperatura de -160ºC por 1 minuto. Vale ressaltar que o
isopentano era previamente resfriado em nitrogênio líquido por cerca de 5
minutos
Dentre os fixadores testados (paraformaldeído, metanol e acetona), o
paraformaldeído foi o fixador de escolha pelo fato de ter sido o que melhor
preservou a arquitetura tecidual do músculo esquelético do peixe-zebra adulto.
O peixe congelado era transportado ao criostato do tipo Leica CM 1850
e regulado a uma temperatura de cerca de -21ºC. O bloco era fixado com
OCT no porta espécime do aparelho. Eram obtidos cortes de 10µm,
colhidos em lâminas recobertas com poli-L-lisina.
5. COLORAÇÕES
Foram feitas as seguintes colorações a partir dos cortes
congelados de músculo esquelético do peixe-zebra:
5.1- Hematoxilina-eosina
Através do método de coloração com hematoxilina e eosina pode-se
diferenciar núcleos e citoplasma, sendo que a hematoxilina é um corante
básico, que cora moléculas ácidas presentes no núcleo. Eosina é um corante
ácido, cora moléculas básicas presentes no citoplasma.
Inicialmente foi feita rápida lavagem da lâmina em água destilada,
seguindo com colocação da mesma em hematoxilina de Haris por 10 minutos,
depois sendo lavada em água corrente por cerca de 10 minutos, seguindo com
breve passagem em álcool clorídrico. Na seqüência, lavou-se a lâmina em
32
água destilada por 2 minutos para posterior coloração com eosina por 10
minutos. Lavou-se rapidamente em água corrente e para posterior desidratação
em álcool, nas concentrações de 95% e 100%, 5 minutos em cada
procedimento. A partir de então a lâmina era montada com Entelam.
5.2- Azul de toluidina
A coloração dos cortes com azul de toluidina é deveras importante por
permitir uma visualização da estrutura geral do tecido muscular, demarcando
especialmente a periodicidade das bandas claras e escuras.
O azul de toluidina permite coloração bastante intensa, mesmo variando
o tempo de permanência do mesmo em contato com o tecido durante o
procedimento de coloração. Por esse motivo, o azul de toluidina foi utilizado em
uma concentração final de 2%, diluído em PBS 0,01M. Era colocada então uma
gota desse corante diluído sobre o corte por 1 minuto e, posteriormente, lavado
com água destilada prosseguindo com montagem da lâmina.
5.3- Coloração para colágeno (Picrosírius)
A coloração de colágeno presente em septos da musculatura do peixe-
zebra foi obtida através do método de picrossírius, o qual permite uma
tonalidade vermelho vivo do colágeno e amarelo-alaranjado das fibras
musculares.
Inicialmente a lâmina foi lavada em água destilada por 10 minutos. Na
seqüência foi feita uma passagem pelo ácido fosfomolíbdico 0,2% por 1 minuto
e depois colocada na solução de picrossírius (Sirius red F3 BA 0,1g + ácido
pícrico 1%) por 90 minutos na jarra de coplin envolvida em papel alumínio e
33
colocada em recipiente escuro. Após esse período foi feita breve lavagem em
álcool a 70%, seguindo-se à desidratação dos cortes em álcool, nas
concentrações de 95% e 100%, 5 minutos em cada. e finalmente feita
montagem com Entelan.
6. CONTROLES PARA AUTOFLUORESCÊNCIA E BLOQUEIO
Para controlar a autofluorescência presente no músculo esquelético do
peixe-zebra foi montado o seguinte experimento:
a. Lavagem da lâmina em PBS por 1 hora
b. Lavagem da lâmina em Tetraborato de Sódio (bórax) a 2% por 1 hora
c. Lavagem da lâmina em Cloreto de Amônio (NH
4
Cl) 50mM por 1 hora.
Dentre as condições estabelecidas, a de escolha foi a descrita no item
C. Logo depois foi utilizada uma solução de bloqueio contendo albumina bovina
sérica (BSA) a 2,5%, leite desnatado a 2% e soro fetal bovino (SFB) a 8%
overnight a 4°C no intuito de impedir ligações de anticorpos secundários a
sítios inespecíficos.
Para determinar com mais precisão a faixa do espectro com
autofluorescência foi feita uma análise em um microscópio espectral de
varredura a laser. Os cortes utilizados foram tratados com cloreto de amônio
50mM e também submetidos ao uso da solução de bloqueio. Excitando o
tecido em um comprimento de onda de 488 nm foram feitas imagens de uma
lâmina controle (denominada controle FITC), sem marcação de anticorpo
primário e com marcação de anticorpo secundário ligado à fluoresceína em
vários comprimentos de onda (467 nm). Diante dos mesmos parâmetros de
excitação, foram obtidas imagens de outro corte de tecido marcado com
34
anticorpo primário anti pan-caderina acrescido de anticorpo secundário também
ligado à fluoresceína (denominado caderina FITC). Um terceiro corte marcado
com anticorpo primário anti pan-caderina acrescido de anticorpo secundário
ligado à rodamina (denominado caderina TRITC) foi excitado por um filtro que
permite passar dois comprimentos de onda (488 e 586 nm), sendo obtidas
imagens no mesmo espectro de emissão (467 nm). Fatias ópticas obtidas a
partir de cada uma das três galerias de imagens foram coloridas artificialmente,
sendo que a cor representada em cada uma destas equivale à intensidade
máxima de fluorescência presente em alguns comprimentos de onda. A
fluorescência média em cada fatia óptica foi representada em um gráfico. Cada
uma das imagens das três pilhas corresponde, portanto a um ponto no gráfico
da figura que relaciona a intensidade da fluorescência com o comprimento de
onda.
Somente após os procedimentos de controle foram realizadas as
marcações imunológicas.
7. IMUNOFLUORESCÊNCIA
Para se obter imagens em microscopia de imunofluorescência, os cortes
congelados eram lavados em Triton X-100 a 0,25% diluído em PBS 0,01 M por
10 minutos por 2 vezes, antes de serem colocados por 1 hora em solução de
cloreto de amônio 50 mM.
Após esse intervalo, foram feitas duas lavagens em PBS 0,01 M por 5
minutos cada. O tecido era deixado overnight em solução de bloqueio
composta por BSA a 2,5%, leite desnatado a 2% e (SFB) a 8%, diluídos em
PBS 0,01 M. Mais duas lavagens era feitas em PBS/Triton X-100 a 0,25% de 5
35
minutos cada antes da incubação do anticorpo primário já diluído neste mesmo
tipo de solução, durante 1 hora a 37°C. Outras três lavagens com PBS 0,01 M
de 5 minutos cada foram realizadas antes da incubação com anticorpo
secundário ligado a fluorocromo que permanecia por 1 hora a 37°C. Mais três
lavagens com PBS 0,01 M por 5 minutos cada foram necessárias antes da
lavagem em solução aquosa com NaCl 0,9% por 5 minutos, já preparando para
a incubação com a sonda DAPI que era o próximo passo feito por 3 minutos.
Nova lavagem com salina 0,9% por 5 minutos precedia a montagem da lâmina.
Para as amostras que serviram de controle negativo, não foi feita
incubação com anticorpo primário. Após o bloqueio era feita a incubação com
anticorpo secundário, havendo duas breves lavagens de 5 minutos cada com
Triton X-100 a 0,25% diluído em PBS 0,01 M entre o bloqueio e a incubação.
8. PREPARO DO MATERIAL PARA MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE
TRANSMISSÃO (MET)
O primeiro passo para o processamento do material para a MET é a
fixação do tecido do animal que ocorreu após a morte do peixe, onde
fragmentos da musculatura esquelética foram fixados em solução fixadora
contendo paraformaldeído a 4%, glutaraldeído a 4% em tampão cacodilato de
sódio 0,1M com pH 7,4, onde os fragmentos permaneciam por 1h a 4°C. Após
isso, foram realizados três banhos de 10 minutos cada a 4°C com tampão
cacodilato de sódio a 0,1M, pH 7,4.
Para a pós-fixação foi utilizado o tetróxido de ósmio a 1% diluído em
tampão cacodilato de sódio a 0,1M, permanecendo 1h a 4°C.
36
Após esse período, uma lavagem de 10 minutos em tampão cacodilato
de sódio 0,1 M era feita, passando para a desidratação, onde os fragmentos
foram submetidos a banhos sucessivos com acetona durante 15 minutos em
temperatura ambiente nas seguintes porcentagens: 30%, 50%, 70% e 95%.
Completando esse processo, foram ainda feitos três lavagens com acetona a
100% por 10 minutos cada.
Seguimos à inclusão do material em resina Epon de modo gradual.
Inicialmente foi feita uma mistura de acetona com resina sem catalisador numa
proporção 2:1 por 2h em temperatura ambiente. Após isso, incluímos o material
em acetona com resina Epon sem catalisador na proporção 1:1, tendo que
permanecer overnight em temperatura ambiente. A próxima fase foi a
impregnação em resina pura com catalisador overnight em temperatura
ambiente.
Com o material já incluso em resina, este foi emblocado em molde
específico, sendo colocado o fragmento na ponta deste e levado para a estufa
a 60°C por 3 dias para polimerização.
Para o corte em um ultramicrótomo CM1850
(Leica, USA), o bloco era
preparado, ou seja, era configurado um trapézio em sua extremidade
permitindo a realização de cortes semifinos com navalha de vidro e,
posteriormente, ultrafinos com navalha de diamante
(Diatome, USA).
Os cortes foram colhidos sobre uma grade de cobre de 300 mesh para
posterior contrastação. Para melhorar o contraste dos cortes ultrafinos, os
cortes eram colocados sob uma gota de acetato de uranila a 5% em água
destilada por 30 minutos, seguindo-se da utilização de solução de citrato de
37
chumbo 1% sobre a grade por 5 minutos. Após a contrastação, o corte estava
pronto para ser examinado ao microscópio eletrônico de transmissão.
9. MICROSCOPIA E AQUISIÇÃO DE IMAGENS
9.1. AQUISIÇÃO DE IMAGENS EM MICROSCOPIA DE FLUORESCÊNCIA
As lâminas montadas para imunofluorescência foram observadas em
microscópio invertido do tipo Axiovert 100 (Zeiss, Alemanha) utilizando os filtros
apropriados para rodamina, luz ultravioleta (DAPI) e contraste diferencial
interferencial (DIC) como mostrado na tabela 4. A aquisição das imagens foi
possível pelo uso de um processador de imagens Argus-20 (Hamamatsu,
Japão) acoplado à uma câmera CCD modelo C2400 integrada (Hammamatsu,
Japão), e enviadas através de uma interface SCSI à um computador Dell
Optiplex GX270 (Dell Corporate, EUA). Imagens dos experimentos coloridas no
programa Image Java desenvolvido nos Institutos Nacionais de Saúde (EUA) e
disponível na internet no http://rsb.info.nih.gov/nih-image/. Foram montadas em
pranchas utilizando o programa Adobe Photoshop 7.0 (Adobe Systems
Incorporated, EUA). Todo equipamento utilizado nestes procedimentos
pertencem ao Laboratório de Diferenciação Muscular e Citoesqueleto do ICB-
UFRJ.
Luz/Fluorocromo Filtro de
excitação
Espelho
dicróico
Filtro de
emissão
Luz ultravioleta BP365 FT935 LP393
Rodamina BP546 FT580 LP590
Tabela 5: Filtros de fluorescência.
38
9.2. AQUISIÇÃO DE IMAGENS EM MICROSCOPIA DE CAMPO CLARO
Lâminas coradas com hematoxilina e eosina, azul de toluidina e pela
técnica de picrosírius foram observadas em aumentos diferentes em um
microscópio Nikon Eclipse E800 (Nikon, Japão). As imagens foram transferidas
através da câmera Evolution VF cooled collor (Media Cybernetics, EUA) e
digitalizadas através de interface com o programa Image Pro Plus (Media
Cybernetics, EUA) e as pranchas foram montadas utilizando o programa Adobe
Photoshop 7.0 (Adobe Systems Incorporated, EUA). As imagens foram
adquiridas e processadas no Laboratório de Patologia Celular do ICB-UFRJ.
9.3. AQUISIÇÃO DE IMAGENS EM MICROSCOPIA CONFOCAL
Lâminas foram observadas em um microscópio confocal a laser Zeiss
LSM 510 Meta (Zeiss, Alemanha), com excitação de 488 nm e varredura de
espectro de emissão de 467, 489, 510, 531, 553, 574, 596, 617, 638, 660, 681
nm. A projeção e os valores do gráfico foram feitos usando o programa Zeiss
LSM Image Browser, sendo que o gráfico propriamente dito foi elaborado no
programa Microsoft Office Excel (Microsoft, EUA). Foi utilizado o microscópio
confocal localizado no Laboratório de Neurobiologia Celular e Molecular do
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ.
9.4. AQUISIÇÃO DE IMAGENS EM MICROSCOPIA ELETRÔNICA
As grades contendo material contrastado foram transferidas para o
porta-espécimem. Os cortes foram observados e eletromicrografias realizadas
em Microscópio Eletrônico de Transmissão Jeol 1200 EX (Jeol, Japão) do
instituto de Biofísica da UFRJ operando em 80 kV, em diferentes aumentos. As
39
imagens foram digitalizadas através de scanner Epson Perfection 3170 Photo
(Epson, Japão) com auxílio do programa Image ProPlus e transferidas para um
computador. Algumas imagens foram obtidas no Microscópio Eletrônico Zeiss
modelo CEM 900 (Zeiss, Alemanha) da Fiocruz-BA e as pranchas foram feitas
utilizando o programa Adobe Photoshop 7.0 (Adobe Systems Incorporated,
EUA). As imagens foram obtidas de microscópios pertencentes tanto ao
Laboratório de Ultraestrutura Celular Herta Meyer do IBCCF, UFRJ quanto do
Laboratório de Biomorfologia Parasitária/ Unidade de Microscopia Eletrônica da
FIOCRUZ- BA.
40
IV – RESULTADOS
Esta dissertação se concentrou na análise das estruturas de adesão
celular no músculo esquelético de exemplares adultos de peixe-zebra (Danio
rerio). Cortes congelados transversais e longitudinais do tecido muscular foram
submetidos à colorações por hematoxilina e eosina e por azul de toluidina para
uma análise inicial da preservação do tecido muscular e da estrutura do
mesmo. Pode-se observar na Figura 7, obtida através de coloração com
hematoxilina e eosina em corte longitudinal (Figura 7A) e em corte transversal
(Figura 7B), a presença de miofibrilas com estriações que evidenciam a
periodicidade muscular. Os núcleos, situados na periferia da fibra muscular,
bem como o sarcolema também são evidentes pela coloração com
hematoxilina. Na Figura 8, obtida através da coloração com azul de toluidina,
são evidenciadas de novo as estriações presentes nas fibras musculares
esqueléticas em cortes longitudinais. As imagens presentes nas Figuras 7 e 8
foram obtidas através de microscopia óptica de campo claro. Ambas mostram
que os protocolos utilizados nesta dissertação para a fixação, congelamento e
corte de tecido foram adequados para uma boa preservação do músculo
esquelético do peixe-zebra.
A Figura 9 mostra cortes longitudinais de músculos corados com
picrosirius e analisados através de microscopia óptica de campo claro. Este
tipo de coloração evidencia fibras colágenas em vermelho. Pode-se observar
nestes cortes a presença de fibras colágenas marcadas intensamente em
vermelho tanto no septo entre as miofibrilas quanto no tecido conjuntivo em
torno do tecido muscular (endomísio) do peixe-zebra. Já as fibras musculares
apresentam-se amarelo-alaranjadas, indicando uma reação fraca do corante.
41
Figura 7: Cortes congelados do tecido muscular de peixe-zebra
corados com hematoxilina e eosina em microscopia óptica de campo claro.
Em A, evidência da periodicidade muscular em corte longitudinal (seta
verde) e núcleos na periferia da fibra muscular (seta amarela) Em B, corte
transversal. Em destaque, tecido conjuntivo em torno da fibra muscular (seta
vermelha). Barra = 10µm.
Figura 8: Periodicidade das estriações transversais na fibra muscular do
peixe-zebra em microscopia óptica de campo claro. Em A, presença de um
septo entre miofibrilas (seta amarela). Em B, detalhe das bandas claras e
escuras. Coloração com azul de toluidina. Barra = 10µm.
42
Figura 9: Cortes longitudinais de músculo corados com picrosirius em
microscopia óptica de campo claro. Evidência de fibras de colágeno em
vermelho no septo entre miofibrilas; fibras musculares apresentam-se amarelo-
alaranjadas. Barra = 10µm.
43
Após a observação preliminar da preservação e da estrutura do tecido
muscular, procedemos a uma análise mais detalhada da presença e
distribuição de proteínas de adesão celular no músculo do peixe zebra, através
da técnica de microscopia óptica de fluorescência. Como observamos em
alguns experimentos prévios que a autofluorescência era um problema
presente no tecido muscular do peixe–zebra, foi montado um experimento com
o intuito de tratar quimicamente esta autofluorescência que é uma condição
muito comum em músculo esquelético. No início dos experimentos era utilizada
apenas uma solução de bloqueio contendo BSA, leite desnatado e SFB,
diluídos em PBS por 24 horas, previamente às imunomarcações. Isso não era
eficaz para impedir o aparecimento de autofluorescência, visto que, na
verdade, a solução de bloqueio é eficaz para impedir ligações do anticorpo
secundário a sítios antigênicos inespecíficos, o que só foi possível entender
após revisões de literatura. Sendo assim, a autofluorescência no músculo
esquelético do peixe-zebra adulto foi controlada pelo uso do cloreto de amônio
(NH
4
Cl) 50 mM sendo eficaz tanto no canal da luz ultravioleta quanto da
rodamina, sendo que no canal da fluoresceína, a autofluorescência continuou a
aparecer. Isso pôde ser demonstrado através das imagens apresentadas nas
Figuras 10, 11 e 12. Cortes congelados foram submetidos à lavagem somente
com a solução salina tamponada (PBS), ou apenas com cloreto de amônio ou
ainda somente com bórax. Foram obtidas imagens a partir do microscópio de
fluorescência nos três canais referentes à excitação por luz ultravioleta (UV),
fluoresceína (FITC) e rodamina (TRITC). Como pode ser observado a partir
destas três Figuras, pode-se concluir que somente o cloreto de amônio foi
capaz de bloquear a autofluorescência no canal da rodamina (TRITC) e da luz
44
ultravioleta (UV) e não da fluoresceína (FITC) e, portanto a partir destes
resultados passamos a utilizar somente anticorpos secundários marcados com
rodamina e a tratar quimicamente o tecido com cloreto de amônio.
A Figura 13 mostra imagens de controles negativos das reações onde
era utilizado apenas o anticorpo secundário. Na Figura 13A observa-se a
marcação do anticorpo anti-IgG de coelho marcado com rodamina (TRITC). Na
Figura 13B observa-se a marcação deste mesmo corte de tecido com DAPI e
na Figura 13C observa-se o corte de tecido muscular por Contraste Diferencial
Interferencial (DIC). Já a marcação com o anticorpo secundário anti-IgG de
camundongo marcado com rodamina (TRITC) está representado na Figura
13D. Os núcleos deste mesmo corte de tecido podem ser vizualizados na
Figura 13E através da sonda DAPI, e o corte do tecido muscular pode ser
visualizado por (DIC) na Figura 13F.
Na seqüência, fizemos ainda imagens de corte congelado do músculo
esquelético do peixe-zebra adulto tratado com cloreto de amônio, sem
marcação de anticorpo primário e com marcação apenas do anticorpo
secundário ligado à fluoresceína (FITC). Este tratamento do corte congelado
serviu como controle com relação aos outros que serão descritos. Foram feitas
imagens através de um microscópio confocal espectral a laser com excitação
de 467 nm e o espectro de emissão variando de 467 a 681 nm como mostrado
na Figura 14. Nesta figura pode-se observar que há um aumento na
intensidade da fluorescência entre os comprimentos de onda de emissão desde
531 a 574 nm. A Figura 15 mostra imagem gerada a partir da galeria
apresentada na figura anterior, onde é possível observar que há um aumento
da intensidade de fluorescência na faixa do verde.
45
Na Figura 16 há uma galeria de imagens obtidas a partir de corte
congelado do músculo esquelético do peixe-zebra adulto tratado com cloreto
de amônio, marcado com anticorpo primário anti pan-caderina e anticorpo
secundário anti-IgG de coelho conjugado à FITC. A excitação foi de 467 nm e o
espectro de emissão variou de 467 a 681 nm. Pode-se observar que há um
aumento na intensidade da fluorescência entre os comprimentos de onda de
emissão desde 531 a 574 nm. A Figura 17 mostra imagem gerada a partir da
galeria apresentada na Figura 16 onde se pode observar que há um aumento
da intensidade de fluorescência na faixa do verde.
A Figura 18 mostra galeria de imagens obtidas a partir de corte
congelado do músculo esquelético do peixe-zebra adulto tratado com cloreto
de amônio, marcado com anticorpo primário anti pan-caderina e anticorpo
secundário anti-IgG de coelho ligado à Rodamina (TRITC). A excitação foi de
467 nm. O espectro de emissão variou de 467 a 681 nm. Pode-se observar que
há um aumento na intensidade da fluorescência entre os comprimentos de
onda de emissão entre 574 e 596 nm. A Figura 19 mostra imagem gerada a
partir da galeria apresentada na figura anterior onde se pode perceber que há
um aumento da intensidade de fluorescência na faixa do amarelo ao vermelho.
A Figura 20 mostra gráficos sobrepostos obtidos a partir de cada pilha
de imagem, onde é possível observar que não há diferença no espectro de
emissão da fluorescência entre a imagem do corte de tecido muscular que
serviu como controle e a imagem do corte marcado com anticorpo anti-caderina
com anticorpo secundário ligado à fluoresceína. Isso mostrou que mesmo na
ausência do anticorpo primário existe bastante fluorescência na faixa do verde.
Vale ressaltar que o espectro de emissão amplo encontrado nestas duas
46
situações corresponde à autofluorescência e não à reação imunológica de
identificação molecular. Este espectro é diferente com relação ao emitido a
partir do corte marcado com anticorpo anti pan-caderina ligado à rodamina, ou
seja o espectro de emissão está concentrado em torno do comprimento de
onda referente à cor vermelha, o que sugere marcação imunológica efetiva.
É importante ressaltar que somente o cloreto de amônio (NH
4
Cl) foi
capaz de tratar quimicamente a autofluorescência do tecido muscular, assim
como a utilização da solução de bloqueio impediu a presença de marcação
fluorescente inespecífica proveniente dos anticorpos secundários.
FITC UV
47
Figura 10: Lâminas submetidas à lavagem somente com a solução
salina tamponada (PBS) foram observadas em microscopia de fluorescência
nos três canais, onde marcações inespecíficas e autofluorescências foram
identificadas por excitação tanto da luz ultravioleta (UV), em A, da
fluoresceína (FITC), em B e da rodamina (TRITC) em C. Barra = 10 µm.
Figura 11: Lâminas submetidas ao tratamento com bórax foram
observadas em microscopia de fluorescência nos três canais, onde
marcações inespecíficas e autofluorescências foram identificadas por
excitação tanto da luz ultravioleta (UV), representada em A, da fluoresceína
(FITC),em B e da rodamina (TRITC) em C. Barra = 10 µm.
48
Figura 12: Lâminas com cortes congelados do tecido tratado com
NH
4
Cl 50mM foram observadas em microscopia de fluorescência nos três
canais: luz ultravioleta (UV), fluoresceína (FITC), rodamina (TRITC) e
Verifica-se o bloqueio da marcação fluorescente inespecífica somente no
canal que detecta marcação com rodamina. Barra = 10 µm.
49
Figura 13: Imunofluorescências de tecido muscular com marcações
de anticorpos secundários anti-IgG de coelho (A) e anti-IgG de camundongo
(D), conjugados à rodamina; ambos com marcações com sonda DAPI (B e
E) para visualização de núcleos. O tecido é observado por DIC em C e F.
Barra = 10 µm.
50
Figura 14: Galeria de imagens obtidas a partir de corte congelado do
músculo esquelético do peixe-zebra adulto sem marcação de anticorpo
primário e com marcação apenas do anticorpo secundário ligado à
fluoresceína (FITC). O valor acima à esquerda corresponde ao comprimento
de onda (λ) em nanômetros da image adquirida. Excitado em 467nm.
Figura 15: Imagem gerada a partir da sobreposição das imagens da
galeria apresentada na Figura 14. Observa-se aumento da intensidade de
fluorescência na faixa do verde.
51
Figura 16: Galeria de imagens obtidas a partir de corte congelado do
músculo esquelético do peixe-zebra adulto marcado com anticorpo primário
anti pan-caderina e anticorpo secundário anti-IgG de coelho conjugado à
Fluoresceína (FITC). Excitado em 467nm.
Figura 17: Imagem obtida a partir da sobreposição das imagens da
galeria mostrada na Figura 16. Percebe-se aumento da intensidade de
fluorescência variando desde a faixa do verde ao laranja, sendo que a maior
intensidade está na faixa do verde.
52
Figura 18: Galeria de imagens obtidas a partir de corte congelado do
músculo esquelético do peixe-zebra adulto, marcado com anticorpo primário
anti pan-caderina e anticorpo secundário anti-IgG de coelho ligado à
Rodamina (TRITC). Excitado em 467 nm.
Figura 19: Imagem obtida a partir da sobreposição das imagens da
galeria apresentada na Figura 18. Pode-se observar aumento da intensidade
de fluorescência na faixa do amarelo ao vermelho.
53
Figura 20: Gráficos sobrepostos obtidos a partir de cada pilha de
imagem. Não há diferença no espectro de emissão da fluorescência entre os
dois primeiros grupos (controle e caderina FITC), porém há diferença no
espectro de emissão relacionado à imagem do corte marcada com anticorpo
primário anti pan-caderina e secundário ligado à rodamina. (caderina TRITC).
54
Uma vez estabelecidas as condições ideais para a marcação, iniciamos
a identificação de componentes do complexo de adesão estudando a caderina,
e beta-catenina que são proteínas que fazem ligação célula-célula.
A Figura 21 mostra imagens de imunofluorescência feitas com anticorpo
primário contra a proteína de membrana caderina, seguido de anticorpo
secundário marcado com rodamina. Na Figura 21A, podemos observar a
caderina presente no sarcolema da fibra muscular na região de encontro de
células vizinhas. Na Figura 21B podemos observar a marcação dos núcleos
com DAPI; a Figura 21C foi gerada pela sobreposição das figura 21A e 21B. A
Figura 21D mostra imagem do corte de tecido muscular visto por DIC.
Em seguida analisamos outra proteína do complexo de adesão célula-
célula, a beta-catenina. A Figura 22A evidencia a presença desta proteína
localizada no sarcolema. Os núcleos estão com DAPI na Figura 22B. A
Figura 22C é o resultado da colocalização entre as Figuras 22A e 22B. A
Figura 22D representa a imagem do tecido muscular em DIC.
Após a observação de marcações de proteínas de adesão célula-célula,
passamos à observação de estruturas que compõem o complexo de adesão
célula-matriz, tais como alfa-actinina, paxilina, vinculina e também do filamento
intermediário desmina.
A proteína alfa-actinina, além de fazer parte da linha Z se encontra
ligada ao complexo de adesão focal por se ligar ao domínio intracelular das
integrinas. Ela possui uma isoforma específica do sarcômero, contra qual o
anticorpo foi utilizado neste trabalho. A Figura 23A mostra a presença da
alfa-actinina na linha Z ou em costâmeros. Como fizemos cortes
longitudinais de tecido não é possível uma observação tridimensional da
55
estrutura do músculo, não sendo possível distinguir com segurança a
marcação de linha Z de costâmeros. Marcação para núcleos com DAPI
estão presentes na Figura 23B, sendo que a Figura 23C representa uma
sobreposição das duas primeiras imagens. O corte do tecido é visualizado
em DIC na Figura 23D. Já na Figura 24A, a alfa-actinina está localizada na
região do sarcolema, mas não é observada a sua presença na junção
miotendinosa. Marcação para núcleos com DAPI estão presentes na Figura
24B. Há uma colocalização entre as Figuras 24A e 24B mostrada na Figura
24C, sendo que todo o tecido é demonstrado em DIC na Figura 24D.
A paxilina está envolvida no aparato protéico de adesão célula-matriz
associado a outras proteínas como a alfa-actinina, vinculina e talina, estando
ainda ligada ao citoesqueleto de actina. A Figura 25A mostra a marcação de
corte de tecido muscular com anticorpo contra a proteína paxilina na
terminação das fibras musculares, e não propriamente no septo. Passamos a
chamar essa região de junção miotendinosa, embora não exista propriamente
um tendão no músculo esquelético do peixe-zebra adulto, mas sim um septo. A
paxilina não foi encontrada em costâmeros. Na Figura 25B podemos observar
a marcação para núcleos com DAPI. Na Figura 25C observa-se imagem
sobreposta das duas figuras anteriores e na Figura 25D a imagem de DIC do
corte de tecido.
A proteína vinculina também faz parte do complexo de adesão focal,
juntamente com a paxilina, talina e a alfa-actinina. A Figura 26A mostra
marcação de corte de tecido muscular com anticorpo anti-vinculina na
terminação das fibras musculares, na junção miotendinosa. Na figura 26B
pode-se observar a marcação para núcleos com DAPI, sendo que a
56
sobreposição das duas imagens anteriores é mostrada na Figura 26C. Está
também presente imagem de DIC do corte de tecido na Figura 26D. Já na
Figura 27A observa-se a marcação desta em costâmeros, segundo da
marcação dos núcleos (Figura 27B), da sobreposição das imagens anteriores
(Figura 27C) e pela visualização de todo o tecido (Figura 27D).
A desmina, uma proteína de filamento intermediário específica de
músculos, também foi encontrada no tecido muscular do peixe-zebra adulto,
especificamente localizando-se na linha Z ou em costâmeros como mostrado
na Figura 28A. Esta não foi encontrada em outros locais como o sarcolema,
junção miotendinosa e septo. A Figura 28B mostra os núcleos marcados com
DAPI. Na seqüência, sobreposição das Figuras 28A e 28B, mostrada na Figura
28C, bem como imagem do corte do tecido em DIC (Figura 28D).
57
Figura 21: Imunofluorescência com anticorpo anti-Caderina. Seta
indica marcação da caderina no sarcolema (A); em B os núcleos marcados
com DAPI estão evidentes, sendo que em C há uma sobreposição das
imagens A e B. O corte do tecido é mostrado em DIC (D). Barra = 10 µm.
58
Figura 22: Imunofluorescência com anticorpo anti beta-catenina que
enconta-se no sarcolema (setas em A). Em B, evidência dos núcleos em
DAPI, mostrados. Em C imagem mostrando colocalização das duas
anteriores. Visualização do tecido muscular em DIC (D). Barra = 10 µm.
59
Figura 23: Imunofluorescência com anticorpo anti alfa-actinina. Em A,
esta proteína está presente na linha Z ou em costâmeros. Marcação para
núcleos com DAPI estão presentes em B. Em C observa-se a sobreposição
das duas primeiras imagens. O corte do tecido estriado é visualizado em DIC
(D). Barra = 10 µm.
60
Figura 24: Imunofluorescência com anticorpo anti alfa-actinina, a qual
em A, está presente na região do sarcolema das fibras musculares (seta
branca). As cabeças de seta mostram a demarcação das bordas do septo
entre miofibrilas (junção miotendinosa). Marcação para núcleos com DAPI
estão presentes em B. Em C, observa-se a sobreposição das duas primeiras
imagens. O corte do tecido é visualizado em DIC (D) com evidência do septo
(cabeças de setas). Barra = 10 µm.
61
Figura 25: Marcação de corte de tecido muscular com anticorpo anti -
paxilina na terminação das fibras musculares, na junção miotendinosa (cabeça
de seta em A), adjacente ao septo de tecido conjuntivo evidenciado em parte
pela linha branca. Em B, pode-se observar a marcação para núcleos com
DAPI. Na Figura C observa-se imagem sobreposta das duas figuras anteriores.
Imagem de DIC do corte de tecido em D com evidência da borda do septo
(cabeça de seta). Barra = 10 µm.
62
Figura 26: Marcação de corte de tecido muscular com anticorpo anti -
vinculina na terminação das fibras musculares, no septo (setas em A) Em B
pode-se observar a marcação para núcleos com DAPI. Na Figura C observa-se
imagem sobreposta das duas figuras anteriores. Imagem de DIC do corte de
tecido em D, mostrando especialmente o septo evidenciado em parte pela linha
amarela. Barra = 10 µm.
63
Figura 27: Imunofluorescência com anticorpo anti-vinculina mostrando
costâmeros (A); presença de marcação nuclear com DAPI (B). A partir da
colocalização entre as duas primeiras figuras foi obtida a imagem em C. A
visualização de todo o tecido é possível por DIC (D). Barra = 10 µm.
64
Figura 28: Imunofluorescência com anticorpo anti-desmina, localizando
esta proteína em costâmeros (A). Em B os núcleos estão marcados com DAPI.
Colocalização entre a figura A e B, sendo evidenciados alguns núcleos (setas
brancas), mostrando relação dos núcleos com miofibrilas (C). Em D, imagem
do corte do tecido em DIC, sendo mostrado um septo (seta verde). Barra = 10
µm.
65
Também analisamos a distribuição de proteínas de matriz extracelular
como a laminina, fibronectina e colágeno.
A laminina, principal proteína da lâmina basal, foi observada na Figura
29A marcando a terminação das fibras musculares ligadas ao septo,
correspondendo a região de junção miotendinosa, porém não marcou
costâmeros. Os núcleos marcados com DAPI estão evidentes na Figura 29B.
Na Figura 29C, colocalização das duas anteriores. É também possível perceber
os limites entre uma célula e outra, através das imagens de DIC (Figuras 29D).
A fibronectina é uma glicoproteína da matriz extracelular encontrada nos
vertebrados. Na Figura 30A, ela está evidente nas terminações das fibras
musculares na junção miotendinosa, não estando presente em costâmeros. A
imagem correspondente aos núcleos pode ser vista na Figura 30B. A Figura
30C mostra a sobreposição das duas imagens anteriores, e todo o tecido
muscular visualizado em DIC na Figura 30D.
A marcação de cortes de tecido muscular com anticorpo anti-colágeno
não foi eficaz, mas observa-se por luz polarizada uma região brilhante no
septo. Pode-se supor que este brilho, mostrado na Figura 31, se deva à
birrefringência do colágeno.
66
Figura 29: Marcação de corte de tecido muscular com anticorpo anti –
laminina. Na figura A existe marcação para laminina na terminação das fibras
musculares ligadas ao septo (setas amarelas). Os núcleos estão corados com
DAPI (B). Imagens A e B estão sobrepostas em C. Percebem-se limites entre
uma célula e outra nas bordas do septo, o que pode ser mais bem avaliado
através da imagem em DIC (seta em D). Barra = 10 µm.
67
Figura 30: Marcação de corte de tecido muscular com anticorpo anti –
fibronectina. Evidência desta proteína nas terminações das fibras musculares,
na junção miotendinosa (A). Núcleos corados em DAPI (B). Em C,
sobreposição das imagens A e B. A Figura D mostra corte de tecido, bem como
terminação das fibras musculares (setas) evidenciadas em DIC. Barra = 10 µm.
68
Figura 31: Imagem por microscopia de luz polarizada. Visualização de
um septo brilhante entre miofibrilas (A). Em B, os núcleos estão evidenciados
por DAPI, sendo que em C há uma sobreposição entre as imagens A e B,
sendo que a coloração é artificial, não significando marcação fluorescente. Na
imagem D observa-se a arquitetura tecidual por DIC. Barra = 10 µm.
69
Após as análises de proteínas de adesão celular em cortes de tecido
muscular através de imunofluorescência, partimos para uma análise
morfológica das regiões de adesão do músculo do peixe-zebra adulto, através
de microscopia eletrônica de transmissão, a fim de entendermos melhor a sua
organização ultraestrutural.
A Figura 32 evidencia em detalhes a estrutura geral da fibra muscular
esquelética antes já mostrada pela coloração de hematoxilina e eosina. Por
microscopia eletrônica de transmissão é possível observar um septo de tecido
conjuntivo cruzando obliquamente as miofibrilas. Estão também presentes
algumas mitocôndias aglomeradas próximas ao septo, bem como um núcleo na
periferia da fibra muscular e paralelo ao longo do septo.
Na micrografia eletrônica mostrada na Figura 33, podemos observar a
presença um septo entre miofibrilas do tecido muscular. Observa-se que há um
fibroblasto adjacente ao septo.
Em uma outra micrografia (Figura 34) podemos ver a borda de um
fibroblasto (Figuras 34 A e B) e septo adjacente a este em cada imagem. Há
evidencias de fibras de colágeno presentes neste septo em cortes transversais
(Figura 34A) e oblíquos (Figura 34B).
70
Figura 32: Estrutura geral da fibra muscular esquelética por microscopia
eletrônica de transmissão. Septo presente entre miofibrilas. Detalhe da união
da miofibrila ao septo (seta azul). Presença de mitocôndrias (setas vermelhas)
e núcleo (seta amarela). Barra = 500 nm.
71
Figura 33: Micrografia eletrônica de corte ultrafino do músculo. Em A e
B, presença de um fibroblasto dentro de uma região de septo (seta amarela).
Em B, detalhe do fibroblasto com presença evidente do núcleo cercado por
fibras colágenas. Barras em A = 1 µm e em B = 200 nm.
Figura 34: Identificação de colágeno por MET. Presença de septo
adjacente a um fibroblasto (A e B) do tecido muscular. Colágeno em corte
transversal (seta amarela em A) e oblíquo (seta vermelha em B). Barras em A e
B = 100 nm.
72
A distribuição das proteínas de adesão e matriz extracelular está
resumida na Tabela 5 e na figura 35, onde pode-se observar que estas se
localizam em distintas estruturas: sarcolema, costâmeros, junção miotendinosa
e septo.
PROTEÍNA SARCOLEMA COSTÂMEROS JUNÇÃO
MIOTENDINOSA
SEPTO
Caderina +
β-catenina +
Paxilina +
Alfa-actinina + +
Vinculina + +
Desmina +
Colágeno +
Laminina +
Fibronectina +
Tabela 5: Distribuição das proteínas de adesão e matriz extracelular no
peixe-zebra adulto em diferentes estruturas do músculo.
Figura 35: Modelo esquemático de proteínas de adesão do peixe-zebra
adulto dispostas especialmente no sarcolema da fibra muscular, em
costâmeros, na junção miotendinosa e no septo
73
V – DISCUSSÃO
O estudo descrito nesta dissertação baseou-se em uma análise
morfológica da distribuição de proteínas de adesão do músculo esquelético de
peixe-zebra (Danio rerio) adulto, bem como elementos da matriz extracelular,
através de microscopia óptica de campo claro, microscopia de
imunofluorescência e microscopia eletrônica de transmissão.
Em nosso laboratório alguns trabalhos têm sido realizados utilizando
embriões de peixe-zebra (Costa et al., 2002; Costa et al., 2003). Porém
detalhes sobre a associação de proteínas do citoesqueleto e sua relação com a
matriz extracelular no animal adulto precisam ser mais bem investigados.
O protocolo utilizado para congelamento e corte do tecido muscular,
permitiu a obtenção de um tecido com bom aspecto estrutural. Sendo assim,
em cortes congelados seccionados longitudinal e transversalmente, corados
com hematoxilina e eosina, foi identificada a preservação da periodicidade das
estriações transversais, assim como em secções longitudinais do músculo
esquelético do peixe-zebra corados com azul de toluidina foram visualizadas
estriações longitudinais correspondendo à periodicidade das miofibrilas. Além
disso, alguns núcleos ocupando regiões periféricas foram observados
densamente corados pela ação basófila da hematoxilina. O tecido conjuntivo
em torno da fibra muscular também foi observado intensamente corado no
músculo do peixe-zebra adulto. Esses detalhes do tecido muscular esquelético,
referentes à periodicidade das estriações transversais, bem como a ocupação
periférica dos núcleos e a relação desses com o sarcolema são bem
estabelecidos e já foram demonstrados (Huxley & Hanson,1954).
BC
74
Após a padronização do protocolo de obtenção de cortes congelados
viáveis, partimos para a investigação da distribuição de proteínas de adesão e
matriz extracelular do tecido muscular do peixe-zebra. Entretanto, a
autofluorescência foi observada tornando-se um crítico problema em nossos
experimentos. Alguns estudos evidenciaram a presença de autofluorescência
endógena tanto em células musculares (Goodell et al., 2004), como em
eritrócitos (Tokumasu & Dvorak, 2003), em hepatócitos (Gabel & Neumann,
2002), nas artérias aorta e coronárias, bem como na pele de humanos
(Billington & Knight 2001), dentre outros tipos como o algodão (Ruan et al.,
2001) e algas (Billington & Knight 2001).
Moléculas endógenas que geram autofluorescência são encontradas em
alguns tecidos, tais como: biotina, em hepatócitos (Puvion-Dutilleul & Puvion
1991; de Souza et al., 1998) e em tecido muscular de aves e peixes; flavinas
(em mitocôndrias e membrana); NADPH (co-fatores do metabolismo); colágeno
e elastina (concentrados em tecidos conjuntivos); e clorofila (em algas e no
algodão) como demonstrado por Billington & Knight (2001) e Ruan et al. (2001).
Em nossos experimentos, testamos diferentes agentes para o
tratamento químico da autofluorescência em cortes do tecido muscular,
previamente à utilização de uma solução de bloqueio. Esses compostos
químicos foram o tampão fosfato salino (PBS), o tetraborato de sódio e o
cloreto de amônio. Nossos resultados comprovaram que somente o cloreto de
amônio foi eficaz na eliminação da autofluorescência, apenas no canal da
rodamina e da luz ultravioleta, não sendo efetivo no canal de ativação da
fluoresceína. Goodell et al., em 2004 detectaram autofluorescência verde em
fibras musculares esqueléticas de camundongos, a qual era semelhante a forte
75
emissão da proteína verde fluorescente (GFP). Demonstraram ainda que fibras
musculares oxidativas emitem essa autofluorescência, provavelmente devido à
presença da flavina associada ao NADH desidrogenase.
A partir desse resultado, padronizamos o protocolo para controle de
eliminação de autofluorescência utilizando o cloreto de amônio 50 mM, sendo
feitas marcações com anticorpos secundários ligados somente à rodamina,
sendo também possível utilizar o DAPI.
Foi realizado um experimento controle para eliminar marcação do
anticorpo secundário a sítios antigênicos inespecíficos presentes no tecido
muscular, sendo padronizada a utilizada da solução de bloqueio composta por
BSA a 2,5%, leite desnatado a 2% e SFB a 8%, diluídos em PBS 0,01M.
No intuito de quantificar a faixa do espectro com que apresentou
autofluorescência no canal da fluoresceína mesmo após utilização do cloreto
de amônio a 50 mM foi realizada a observação do tecido por microscopia
confocal a laser associada à avaliação por gráfico espectral, sendo possível
confirmar os dados obtidos até então. Análises da faixa do espectro de
autofluorescência por gráfico espectral já foram mostradas (Billington & Knight
2001; Goodell et. al, 2004).
Para o estudo de proteínas de adesão e matriz extracelular, elegemos
algumas proteínas, já bem caracterizadas em outros modelos vertebrados,
tanto em embriões como em adultos, mas ainda não descritas no peixe-zebra
adulto. O objetivo era observar a distribuição das mesmas e não
necessariamente estudar todas as proteínas de cada complexo. Foi por esse
motivo que não foram feitas marcações para todas as proteínas envolvidas.
76
Para verificar a distribuição de proteínas de adesão célula-célula, foram
feitas marcações para as proteínas caderina e β-catenina.
A caderina é uma glicoproteína cálcio-dependente que modula o
comportamento de adesão célula-célula (Petruzzelli et al.,1999). Ela interage
com o citoesqueleto de actina através de algumas moléculas de ligação
(Steinberg & McNutt, 1999). Embriões de camundongos negativos para N-
caderina tiveram seu desenvolvimento aparentemente normal nos estágios
iniciais, porém anormalidades como atraso no crescimento e formação do
embrião, além de defeitos no coração primitivo foram observados, resultando
em morte dos mesmos aos dez dias de vida fetal (Radice et al., 1997). Outros
estudos com embriões de galinha negativos para E-caderina demonstraram
que a diferenciação muscular ocorre normalmente, pois estes embriões
também foram submetidos à superexpressão de N-caderina, mostrando que
uma caderina pode atuar como um substituto funcional de um outro tipo
(George-Weinstein et al., 1997). Infere-se ainda que, especialmente a N-
caderina, é essencial ao desenvolvimento do animal. Experimentos anteriores
realizados em nosso laboratório identificaram a presença de caderina em
embriões de 24 hpf, bem como em embriões 48 hpf de peixe-zebra,
caracterizando a distribuição dessa proteína em mioblastos nos somitos
(Escaleira, 2005).
Neste trabalho observamos marcação de caderina no tecido muscular do
peixe-zebra adulto, integrando áreas compatíveis ao sarcolema, o que já era
esperado, pois a caderina é uma proteína essencial presente em locais de
adesão como já bem descrito em animais vertebrados (Craig & Pardo, 1989;
77
Wakayama et al. 1993), importante para o funcionamento do aparato contrátil
do animal.
Resultados anteriores em nosso laboratório demonstraram distribuição
de β-catenina no sarcolema em embriões de peixe-zebra de 48 hpf (Escaleira,
2005). Neste trabalho, a β-catenina também foi encontrada no sarcolema,
sendo um resultado esperado, já que ela integra, juntamente com a caderina,
os sistemas de adesão célula-célula. Ela foi observada por imunomarcações
em microscopia eletrônica em discos intercalares e costâmeros presentes em
cardiomiócitos de Xenopus adulto e também em linhas Z do sarcômero em
músculo esquelético; também foi detectada em discos intercalares e linha Z em
músculo cardíaco de porquinho da índia adulto (Kurth et. al., 1996). Em
camundongos adultos, observou-se que a expressão da β-catenina é
importante para o crescimento da fibra muscular em resposta à sobrecarga
mecânica (Armstrong et al, 2006). Foram também descritos distintos complexos
caderina-catenina estando presentes em túbulos contorcidos proximais de
camundongos adultos, mostrando a importância deste em outros tecidos (Jiang
et al., 2004).
Esses resultados do complexo de adesão célula-célula sugerem que
não houve mudança significativa de distribuição dessas proteínas no peixe-
zebra adulto, se comparados ao embrião e a outros modelos. Após estes
resultados partimos para a investigação da distribuição de proteínas do
complexo de adesão célula matriz: alfa-actinina, paxilina, vinculina, e
também a proteína desmina de filamento intermediário.
A alfa-actinina está conjugada à actina ao longo das fibras de stress de
células em cultura, nas linhas Z de células de músculo estriado, em complexo
78
juncional entre actina e proteínas da matriz extracelular (Blanchard, 1989;
Djinovic-Carugo et al.,1999); também integra a rede protéica costamérica
(Ervasti, 2003). É também um importante componente do complexo protéico
denominado (MLP) Muscle Lim Protein (Louis et al, 1997). Estudos com
camundongos knockout demonstraram que a não expressão de MLP em
cardiomiócitos induz defeitos morfológicos em costâmeros (Ehler et al. 2001). A
alfa-actinina foi identificada em somitos jovens de embriões de peixe-zebra e
demonstrada por reconstrução tridimensional. Estriações transversais
sarcoméricas compatíveis com áreas de linha Z foram marcadas para alfa-
actinina (Costa et al., 2002). Observamos a presença de alfa-actinina em
costâmeros e próxima ao sarcolema. Não houve marcação na junção
miotendinosa, o que era esperado. Porém, o fato desse anticorpo ter marcado
o sarcolema, apesar de ser anti alfa-actinina sarcomérica, pode ser explicado
pelo fato de que houve alguma marcação não-específica da isoforma
sarcomérica. Em músculo esquelético de Xenopus adulto, avaliado por
microscopia eletrônica, não foi encontrada expressão de alfa-actinina de
músculo liso em segmentos terminais da miofibrila, nem próxima ao sarcolema
(Tidball, 1987), provavelmente por uso de uma isoforma não específica do
anticorpo. É provável que a isoforma que marcaria a junção miotendinosa não
seja a mesma.
Essa situação foi apontada por Pavalko e colaboradores (1995), os quais
confirmaram que a detecção por métodos imunológicos da presença da alfa-
actinina em adesões focais é limitada pela difícil compreensão acerca do
funcionamento de anticorpos anti alfa-actinina.
79
A paxilina é uma proteína que apresenta múltiplos domínios e localiza-se
em adesões focais formando um elo estrutural entre a matriz extracelular e o
citoesqueleto de actina. Outros estudos em embriões realizados em nosso
laboratório indicam que a paxilina encontra-se presente em regiões
intersomitos e essa distribuição se dá ao longo de todo o septo. Marcação
positiva para paxilina foi encontrada em experimentos feitos em cultura de
células musculares esqueléticas de embrião de galinha localizando-se nas
adesões focais e integrando fibras de strees (Turner et al.,1990). Sabe-se
ainda que paxilina mutante em fibroblastos de aves gera a formação de
múltiplos lamelipódios largos, gerando motilidade celular irregular (West et al,
2001). Foi visto que ela também está presente no evento da costamerogênese
em embriões de camundongos (Quach & Rando, 2006). Em tendões de ratos
adultos crescidos in vitro, foi observada a significativa expressão da paxilina,
especialmente na junção miotendinosa (Larkin et al., 2006). Evidenciamos
também a marcação da paxilina próxima ao septo entre miofibrilas do peixe-
zebra adulto, mostrando a presença desta na junção miotendinosa. Em
embriões de peixe-zebra de 48 hpf foi observada a presença da paxilina na
região de septo de tecido conjuntivo entre os somitos (Escaleira, 2005),
mostrando sua importância como componente do complexo de adesão célula-
matriz. Vale ressaltar que a paxilina marcou somente a junção miotendinosa de
peixe-zebra adulto, porém a mesma não foi encontrada compondo estruturas
costaméricas, o que era um resultado esperado em comparação a outros
modelos de estudo. Pode-se inferir que este é um achado surpreendente que
talvez seja uma particularidade na constituição do aparato contrátil do peixe-
zebra adulto.
80
A vinculina foi primeiramente descrita em placas densas de músculo liso
e em zônulas aderentes e epitélio (Geiger et al., 1980) e também em
costâmeros (Pardo et al., 1983). Atualmente é descrita relacionando-se
também com outras proteínas como paxilina, cinase de adesão focal e α5β1
integrina (Quatch & Rando, 2006). Foi vista alteração na forma e alinhamento
de cardiomiócitos de fetos de camundongos por alteração na expressão de
vinculina, mostrando sua importância para o desenvolvimento das miofibrilas
(Shiraishi et al., 1997). Em músculo humano adulto verificaram a colocalização
entre o sistema de proteínas de adesão composto pela vinculina, talina e
integrina com o complexo de proteínas associadas à distrofina, mostrando sua
interação não só estrutural como funcional no intuito de promover forte adesão
entre miofibrilas com o sarcolema (costâmeros) e, consequentemente com a
matriz extracelular (Anastasi et al., 2003). Neste trabalho, a vinculina também
foi encontrada em costâmeros e na junção miotendinosa. Esta última pode ser
comparada à localização da vinculina em embriões de peixe-zebra de 24 hpf, a
qual foi encontrada nos septos entre somitos jovens (Escaleira, 2005).
Vale ressaltar que a distribuição da paxilina no peixe-zebra adulto se
diferencia com relação às demais proteínas costaméricas pesquisadas como a
alfa-actinina e vinculina, visto que a paxilina não está presente em costâmeros
neste animal adulto. Este parece ser um resultado surpreendente, podendo-se
inferir que a paxilina não compõe estruturas costaméricas como acontece em
outros modelos de estudo tanto em embriões como em adultos.
A desmina é uma proteína de filamento intermediário encontrada
especificamente em tecidos musculares. Em músculo estriado esquelético, a
desmina foi descrita localizando-se nos sarcômeros, costâmeros, junção
81
miotendinosa, junção neuromuscular e em torno de mitocôndrias (Costa et al.,
2004). Em embriões de peixe-zebra de 24 hpf a desmina aparece como
pequenos aglomerados em células mais jovens. Em células mais velhas, a
desmina aparece perfeitamente estriada, além de distribuída em volta do
núcleo (Costa et al., 2002), mostrando que sua distribuição em sítios distintos
vai se estabelecendo ao longo do desenvolvimento do animal. Foi mostrado em
camundongos adultos que a desmina é importante para transmitir força gerada
nas miofibrilas tanto para a superfície muscular quanto para a junção
miotendinosa (Lieber et al., 2002). No presente trabalho, a desmina foi também
encontrada em estruturas costaméricas, mostrando sua importância na
transmissão de força lateral da miofibrila ao sarcolema e, consequentemente, a
matriz extracelular. Porém neste modelo adulto não foi encontrada desmina no
septo entre miofibrilas, diferentemente do que já foi mostrado tanto no embrião
do Xenopus (Cary et al., 1993) como em embriões de peixe-zebra do nosso
laboratório (dado não publicado), onde é vista marcação desta proteína no
septo entre somitos.
Esses resultados do complexo de adesão celula-matriz sugerem que
não houve mudança significativa de distribuição do embrião para o modelo
adulto do peixe-zebra. Após esses resultados, partimos para investigação das
proteínas de matriz extracelular.
Proteínas de matriz extracelular tais como a laminina, fibronectina e o
colágeno compõem arranjos protéicos caracterizados conforme as condições
específicas da constituição do tecido (Quach & Rando, 2006). É bem
documentado que proteínas da matriz extracelular interagem com proteínas
82
do citoesqueleto por meio de proteínas transmembranas (Geiger et al., 2001;
Spence et al., 2002; Hynes, 2002).
A laminina é um dos maiores componentes da matriz extracelular
presente em membranas basais em músculos estriados, sendo muito
importante na diferenciação muscular (Belkin & Stepp, 2000). Foi encontrada
em miotubos de embriões de ratos após a formação da sinapse e também
após desnervação. Estudos em embriões de peixe-zebra que não expressam
laminina mostram que não há formação da notocorda, pelo fato desta proteína
não estar presente em sua membrana basal (Parsons et al., 2002B). Em
junções miotendinosas de fetos humanos, isoformas de laminina α1 e α5,
foram identificadas por meio de imunocitoquímica, assim como em junções
miotendinosas em humanos adultos não distróficos foi observada a presença
significativa das isoformas de laminina α2 e β2. Entretanto em biópsias de
tecido muscular de pacientes portadores de distrofia muscular não foi
expressiva a presença da laminina α2 no músculo (Domellöf et al., 2000) Em
galinha, a laminina foi também encontrada de forma expressiva compondo a
junção miotendinosa (Swasdison & Mayne,1989). Nesta pesquisa, a laminina
foi identificada em terminações das fibras musculares, correspondendo à
região da junção miotendinosa, possivelmente servindo de ancoragem da fibra
muscular para permitir contrações.
A fibronectina é uma proteína que age como mediadora em uma ampla
variedade de interações celulares com a matriz extracelular, tendo importante
papel na adesão, migração, crescimento e diferenciação celular (Pankov &
Yamada, 2002). Peixe-zebra mutante para fibronectina apresenta alterações na
formação do coração pelo fato dessa proteína ser fundamental na migração de
83
precursores de células cardíacas, sugerindo que as interações entre célula e
matriz extracelular são importantes na organização epitelial deste animal (Trinh
et al., 2004) e também em embriões de galinha (Danen & Yamada, 2001).
Alguns estudos demonstraram que camundongos mutantes e incapazes de
expressar fibronectina morrem em estágios iniciais da embriogênese, pois as
células endoteliais falham na vasculogênese, cujos defeitos resultam de
anormalidades nas interações dessas células com a matriz (Schwarzbauer &
Sechi, 1999). Nesse trabalho foi possível evidenciar a presença desta proteína
próxima ao septo, mostrando a grande importância da fibronectina na
associação das miofibrilas a este na composição da junção miotendinosa no
peixe-zebra adulto. Como visto em experimentos com embriões de 48 hpf
(Escaleira, 2005), a fibronectina está presente em regiões de junções
intersomitos, nos septos, mostrando seu envolvimento em contato célula-
substrato desde estágios iniciais na formação do peixe-zebra.
Tanto a laminina quanto a fibronectina foram descritas como proteínas
associadas aos costâmeros (Ervasti, 2003). Porém as mesmas não foram
identificadas em costâmeros no músculo esquelético do peixe-zebra adulto.
Nesse trabalho foram feitas diversas marcações com anticorpo anti-
colágeno IV, seguido de anticorpo secundário associado à rodamina, porém
em nenhum experimento houve marcação no septo entre miofibrilas. Acredita-
se que a qualidade desse anticorpo utilizado não seja satisfatória, visto que
outros experimentos feitos no mesmo laboratório, utilizando tanto embrião de
peixe-zebra como de galinha, não obtiveram êxito nas marcações de colágeno
IV. Sendo assim, foram aplicadas técnicas que permitiram a detecção de
colágeno, provavelmente do tipo I no peixe-zebra adulto, tais como: coloração
84
pela técnica de picrosírius, observação do tecido por microscopia de
polarização e por microscopia eletrônica de transmissão.
Identificamos fibras de colágeno no septo do peixe-zebra adulto
coradas em vermelho pela técnica de picrosírius. Também foi obtida imagem
por meio de microscopia de polarização, o que permitiu observar o septo entre
miofibrilas com aspecto luminoso, provavelmente devido à birrefrigência do
colágeno. Beffa et al. (2003) identificaram, tanto por coloração de picrosírius,
quanto por imunocitoquímica, a presença do colágeno em musculatura
subepitelial em teleósteos, evidenciando sua grande proliferação pós-injúria
da nadadeira. O colágeno está presente no peixe-zebra compondo o septo,
sendo uma estrutura semelhante ao tendão de mamíferos (Kudo, 2004).
Camundongos que não expressam colágeno apresentam retardo do
desenvolvimento, além de marcação ausente desta proteína na membrana
basal vistas tanto por imunoflourescência quanto por imunomarcações em
microscopia eletrônica (Holster et al., 2007).
Septos musculares são constituídos por tecido conjuntivo e estão
presentes entre miofibrilas do peixe-zebra, podendo ser visto sobre a forma de
chevron, ou seja, em “V” (Henry, et al., 2005; Koudijs et al., 2005). Vale
ressaltar que não há diferenças estruturais entre a junção miotendinosa e o
septo em embrião do peixe-zebra (Escaleira, 2005). Não só neste embrião
como em outros modelos, o septo representa a área de tecido conjuntivo entre
somitos já denominado como “junção intersomitos” (Bonfanti et al., 2004) ou
“bandeamento intersomitos” (Nixon et al., 2007). No embrião do peixe-zebra o
septo já foi comparado ao tendão de mamíferos sendo denominado “miosepto”
(Kudo et al., 2004). Porém no peixe-zebra adulto observamos distinção entre
85
junção miotendinosa e septo, visto que há diferença na distribuição de
proteínas que aqui foram vistas estando localizadas ora na junção
miotendinosa, ora no septo, ou seja, as proteínas laminina e fibronectina estão
distribuídas somente na junção miotendinosa no peixe-zebra adulto, mas não
foram encontradas no septo como encontrado em embriões de peixe-zebra,
sendo que diferenças morfológicas entre junção miotendinosa e tendão foram
mostradas em humanos (Williams et al., 1995). Deste modo, pode-se inferir
que o septo do peixe-zebra adulto é uma estrutura análoga ao tendão de
humanos que é composto principalmente por fibras de colágeno do tipo I (86-
90%), proteoglicanas (1-5%), elastina (2%) e outras proteínas incluindo
colágenas VI, XII e XIV (3 %), sendo água responsável por 60-80% do peso
líquido total do tendão (Lin et al., 2004). A laminina e a fibronectina estão
especialmente presentes na junção miotendinosa (Swasdison & Mayne,1989).
Detalhes interessantes do septo foram bem evidenciados por
microscopia eletrônica de transmissão, onde verificamos estruturas
compatíveis com fibras de colágeno em corte transversal e longitudinal.
Também foi observada a presença de fibroblasto adjacente ao septo. Estes
poderiam ser confundidos com células satélites, mas isso não é provável, pois
células satélites são caracterizadas pela presença de heterocromatina
condensada típica de células quiescentes (Goldring et al., 2002), pela
ocupação periférica na miofibrila (Shi et al., 2006), intercalada à lâmina basal e
ao sarcolema, bem como pela ausência de organelas no seu citoplasma
(Foschini et al., 2004).
Nesse trabalho, foi possível analisar estruturas importantes na
morfologia do peixe, usando proteínas típicas de cada estrutura. Nós
86
comparamos a distribuição destas proteínas nas seguintes regiões associadas
às fibras musculares: o sarcolema, os costâmeros, a junção miotendinosa e o
septo.
Foram encontradas no sarcolema proteínas de adesão célula-célula, a
caderina e da β-catenina. Em associação ao sarcolema foi identificada a
proteína alfa-actinina. Em costâmeros, foram identificadas as proteínas alfa-
actinina, vinculina e desmina. Outro local marcado foi a junção miotendinosa
que equivale a região de união de miofibrilas ao septo. Neste local vistas
estruturas de matriz extracelular como laminina e fibronectina, bem como uma
proteína mais diretamente ligada ao citoesqueleto de actina, a paxilina. No
septo entre miofibrilas foi identificado o colágeno.
87
VI – CONCLUSÕES:
1. O protocolo de congelamento do tecido muscular permitiu observar
histologicamente a organização geral da fibra muscular esquelética do
peixe-zebra com qualidade da preservação do tecido, que pode ser
comprovada pela presença da periodicidade
2. O tratamento químico o cloreto de amônio 50mM eliminou a
autofluorescência no canal da rodamina e do DAPI.
3. As proteínas de adesão célula-célula, caderina e a β-catenina estão
presentes no sarcolema do tecido muscular do peixe-zebra adulto.
4. Proteínas envolvidas na adesão célula-matriz como a alfa-actinina, situa-
se no sarcolema do tecido muscular e em costâmeros, enquanto que a
paxilina está presente na junção miotendinosa, juntamente com a
vinculina que também se encontra em costâmeros.
5. A proteína de filamento intermediário desmina está presente em
costâmeros.
6. As proteínas de matriz extracelular, fibronectina e laminina estão
presentes em junções miotendinosas. Fibras de colágeno foram
observadas no septo entre miofibrilas do peixe-zebra adulto.
88
VII – PERSPECTIVAS
1. Análise ultraestrutural da distribuição de proteínas de adesão e matriz
extracelular do tecido muscular do peixe-zebra adulto.
2. Análise ultraestrutural da distribuição de proteínas de adesão e matriz
extracelular do tecido muscular do embrião do peixe-zebra.
89
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