possível identificá-lo numa realidade local. O mesmo possuía vínculos em outra região do
Brasil, sendo apenas mencionado para nossa região por se tratar de um influente político
identificado ao império.
Durante o desbravamento da Estrada Buarque de Macedo e seu trânsito, inúmeros
foram os relatos que autorizam a imaginação perceber o grau de dificuldades que se havia
sido imposta naquele período para realizar o percurso. Era acima de tudo necessário
realizar a venda dos produtos coloniais excedentes e do extrativismo vegetal, a fim de se
obter recursos e adquirir produtos de primeira necessidade. Tedesco, ao analisar a
dramática situação vivida pelos carreteiros e comerciantes da estrada relata:
Pode-se calcular que, naquele tempo, a Estrada Buarque de Macedo era
percorrida por mais de mil animais cavalares e muares e por um número
não inferior a cem carretas. Muitas vezes, viam-se, no percurso da
estrada, na lama, carregadas de mercadorias, impossibilitadas de poderem
safar-se sozinhas e, outrossim, carretas carregadas, abandonadas por 3, 4
até 5 dias, antes de serem, à força de animais e homens, retiradas daquela
verdadeira poça de barro. [...]. E, mesmo assim, o colono italiano soube,
por muitos anos, superar todas essas dificuldades para poder
comercializar os produtos de seu trabalho e importar tudo o que lhe era
necessário a fim de prover as casas de negócios que, seja na sede, seja
nos grandes centros das diversas Linhas, tinham sido abertas e
mantinham-se há vários anos.
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Por sua vez, o órgão responsável pela construção e conservação das estradas
estaduais, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem – D.A.E.R – assinalava a
importância da estrada Buarque de Macedo no início da década de 1950 em sua publicação
periódica.
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TEDESCO, João Carlos. Colonos, carreteiros e comerciantes: A região do Alto Taquari no início do
século XX. Porto Alegre: EST, 2000, p. 50 – 51. O autor também salienta que as estradas dos carreteiros
foram abertas pelos carreteiros a mão e com muito sacrifício o que justifica o uso do cargueiro ter sido tão
importante e fundamental para a vida econômica e social da colônia.
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DAER. Boletim do D.A.E.R. Junho – Setembro de 1951. nº 51-52, Ano XIV, p. 33. O informativo relata
com ampla cobertura a importância da estrada que inicia em Montenegro e sobe a Serra atravessando uma
das zonas mais densas da colonização do Estado rumo a Bento Gonçalves. Partindo desta cidade a estrada
rumo ao Rio das Antas que será atravessado pela ponte, pois neste período encontrava-se em construção,
chega-se em Veranópolis. De Veranópolis para o Norte encontra-se Nova Prata e em seguida a localidade de
Barreto, ponto de encontro da ER Buarque de Macedo com a rodovia federal Vacaria-Lagoa Vermelha, que
absorveu o trecho final da mesma ER Buarque de Macedo, numa extensão de 12 Km (até Lagoa Vermelha).
O relatório assinala ainda que a ER Buarque de Macedo desenvolve-se, para quem vem do Norte, entre os
vales dos Rios Carreiro, Turvo e Prata; entre o Rio das Antas e o Arroio do Maratá fazendo a travessia da
Serra, cujos pontos mais elevados situam-se Bento Gonçalves e Garibaldi; do Arroio Maratá a Montenegro é
zona de planície (vale do Rio Caí). “Larga visão teve o idealizador do traçado desta rodovia, pois a zona
por ela servida veio a tornar-se uma das mais prósperas do Estado, não só pelo fator social como pela
diversidade da natureza de seus produtos”. Desde o corte e beneficiamento de madeira nas localidades de