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compulsões são excessivas ou irracionais (Critério B). Em presença de outro
transtorno do Eixo I, o conteúdo das obsessões ou compulsões não se restringe a
ele (Critério D). A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de
uma substância (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição
médica geral (Critério E).
Segundo Smaira e Torres (2000, p. 41) “só podemos falar em sintomas e doença
quando houver improdutividade, sofrimento e limitações: quando o indivíduo estiver como
que ‘escravizado’ pelos sintomas, tendo perdido sua liberdade de escolha”.
Para Torres (2002, p. 25) o TOC “trata-se da ocorrência primária de dois fenômenos
muito – mas nem sempre – associados: as obsessões e as compulsões”. Diz-se primária,
porque a simples presença de obsessões e compulsões não caracteriza o TOC, já que estes
sintomas podem fazer parte de vários outros transtornos mentais, como as depressões,
demências e mesmo esquizofrenias, ou seja, temos obsessões e/ou compulsões ocorrendo
primária e não secundariamente.
Conforme Shavitt (2000, p.51), pode se apresentar de três maneiras: “somente
obsessões; somente compulsões e obsessões com compulsões, cujas respostas de medo,
ansiedade e evitação de situações sãos as mais freqüentemente observadas”.
Obsessões são caracterizadas como: “idéias, pensamentos, impulsos ou imagens
persistentes, que são vivenciados como intrusivos e inadequados e causam acentuada
ansiedade ou sofrimento” (DSM IV, 1995, p.443). Torres (2002) afirma que a pessoa
reconhece tais pensamentos como seus, mas não consegue controlar sua ocorrência, ao
contrário, quanto mais tenta não pensar naquilo, mais a idéia/imagem/impulso insiste em
voltar à sua mente.
As obsessões mais comuns são pensamentos repetidos acerca de contaminação
(por ex., ser contaminado em apertos de mãos), dúvidas repetidas (por ex.,
imaginar se foram executados certos atos, tais como ter machucado alguém em
um acidente de trânsito ou ter deixado uma porta destrancada), uma necessidade
de organizar as coisas em determinada ordem (por ex., intenso sofrimento
quando os objetos estão desordenados ou assimétricos), impulsos agressivos ou
horrorizantes (por ex., de machucar o próprio filho ou gritar uma obscenidade na
igreja) e imagens sexuais (por ex., uma imagem pornográfica recorrente). Os
pensamentos, impulsos ou imagens não são meras preocupações excessivas
acerca de problemas da vida real (por ex., preocupação com dificuldades atuais,