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Presidente da República
João Baptista de Oliveira Figueiredo
Ministro da Educação e Cultura
Eduardo Mattos Portella
Secretário-Geral
João Guilherme de Aragão
Secretária de Ensino de 19 e 29 Graus
Zilma Gomes Parente de Barros
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
SECRETARIA DE ENSINO DE 1º E 2º GRAUS
SISTEMA INTEGRADO
SUPERVISÃO ESCOLAR - ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Este documento foi elaborado por:
Naide Alves Prestes
• Nobuko Kawashlta
Tendo cooperado na sua confecção:
• Amabíle Pierroti
Consuelo Pereira Castejón
Luiza Maria da Rocha Nogueira
Marlene Emilia Pinheiro de Lemos
Rita Xavier Barreto
Ana Maria Saul
Maria da Glória Berardo Pimentel
Nélio Parra
3? Edição
Brasília - 1980
É proibida a reprodução total ou parcial deste
livro, salvo com autorização da Secretaria de Ensino
de 1° e 2º Graus do Ministério da Educação e
Cultura, detentora dos direitos autorais.
Foram depositados cinco exemplares deste
volume no Conselho Nacional de Direitos Autorais e
cinco exemplares na Biblioteca Nacional.
Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Ensino
de 1º e 2º Graus. Sistema integrado; supervisão escolar,
orientação educacional. 3
a
ed. Brasília, 1980. 232 p. il.
(Série Ensino Regular, 18).
Elaboração de Naide Alves Prestes e Nobuko
Kawashita.
1. Ensino de 1º grau — Supervisão e orientação. I.
PRESTES, Naide Alves. II. KAWASHITA, Nobuko. III.
Título. IV. Série.
APRESENTAÇÃO
O documento "Sistema Integrado Supervisão Escolar/Orientação
Educacional" fundamenta a criação de uma infra-estrutura de recursos
humanos para maximizar o alcance dos objetivos educacionais.
Justifica-se uma 3
a
edição por constituir um documento-diretriz para
implementação das equipes centrais integradas SE/OE, oferecendo
fundamentação teórica e instrumental, a fim de operacionalizar esses
serviços, bem como propiciar a adoção de soluções alternativas adequa-
das à realidade de cada Unidade da Federação.
ZILMA GOMES PARENTE DE BARROS
Secretária de Ensino de 1º e 2º Graus
SUMARIO
Apresentação
Parte I: Fundamentos teóricos da Ação Integrada: Supervisão
Escolar - Orientação Educacional.......................................... 9
Introdução
1 — Considerações sobre a realidade brasileira................................... 15
2 — Considerações sobre política educacional e a realidade do
ensino de 2º grau.......................................................................... 19
Quadro 1................................................................................................. 27
Quadro 2................................................................................................. 31
3 — Concepção de Educação ............................................................... 35
4 — Princípios Orientadores da Ação Integrada SE/OE ...................... 39
Atividades de Complementação — Itens 1 e 2...................................... 47
Itens 3 e 4 ..................................... 48
Parte II: A— Fundamentos teóricos e instrumentais da Super
visão Escolar
B — Fundamentos teóricos e fatuais da Orientação
Educacional
A — Fundamentos teóricos e Instrumentais da Supervisão Escolar.
Introdução.............................................................................................. 53
1 — Conceituação ................................................................................. 55
2 - Pressupostos teóricos da Supervisão Escolar................................ 59
3 — A Educação permanente no enfoque da Supervisão.................... 69
4 _ Avaliação em Supervisão................................................................ 79
ANEXO 1 - Indicadores da Diversificação do Sistema Educa
cional .......................................................................... 87
ANEXO 2 - Sistema de Observação - SMM ....................................... 101
ANEXO 3 - Atividades da Supervisão na Área de Recursos
Audiovisuais ................................................................ 105
ANEXO 4-0 Modelo da Pesquisa em Ação........................................... 109
ANEXO 5 — Modelo de Avaliação da Implantação de Inovação
Metodológica ............................................................... 117
ANEXO 6 — Avalição lluminativa no Contexto da Avaliação
Curricular...................................................................... 121
B — Fundamentos teóricos e Fatuais da Orientação Educacional... 131
1 — Evolução do conceito de Orientação Educacional....................... 133
2 — Enfoques atuais da Orientação Educacional ................................ 137
3 - Aspectos Fatuais da Orientação Educacional................................. 143
Quadro 1 ................................................................................................ 144
Proposta de Atividades.......................................................................... 147
Parte III — Como Operar o Sistema Integrado de Supervisão
Escolar/Orientação Educacional no Ensino de 2?
grau
A — Como operar o Sistema de Supervisão Escolar............................ 151
Introdução.............................................................................................. 153
1 - Finalidades e Objetivos................................................................... 157
2 - Organização.................................................................................... 159
3 - Dinâmica Operacional da Supervisão............................................. 173
ANEXO 1 - Sugestões de Estrutura de Sistemas Integrados
SE/OE..........................................................................193
Propostas de atividades........................................................................197
B — Como operar o Sistema de Orientação Educacional....................199
Introdução ........................................................................................... 201
1 — Finalidades e atribuições da Equipe Central de Orientação
Educacional ..................................................................................205
Quadro A.......................................................................................206
Propostas de Atividades ............................................................. 213
ANEXO 1 - Sugestões de estrutura de Sistemas Integrados
SE/OE.......................................................................... 215
2 - Organização e Funcionamento da Equipe Central de Orien-
tação Educacional......................................................................... 219
3 — Alternativas de Ação da Orientação Educacional no Ensino
de 2? grau..................................................................................... 221
Bibliografia............................................................................................. 229
PARTE I
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA AÇÃO INTEGRADA
SUPERVISÃO ESCOLAR -ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
INTRODUÇÃO
Ao planejar uma interferência no sistema educacional, quaisquer que
sejam a finalidade, o nivel e a área de atuação, é fundamental que sejam
pesquisados e analisados os fatores que se interrelacionam e determinam os
limites, as possibilidades, as diretrizes e as estratégias de ação.
Este Projeto tem por finalidade definir diretrizes que permitam estabelecer
um Sistema Integrado de Supervisão Escolar (SE) Orientação Educacional, (OE)
para o ensino de 2? Grau, em nível de Secretarias de Educação.
Sistema será entendido, nesse contexto, como a "unidade de vários
elementos intencionalmente reunidos, de modo a formar um conjunto coerente e
operante" (1).
Ao definir algumas diretrizes necessárias para a construção de um
sistema integrado Supervisão Escolar/Orientação Educacional devemos ter
presentes todas as exigências colocadas pelo conceito adotado e cujas
características passamos a analisar:
a) Unidade e Diversidade
A unidade do sistema Supervisão Escolar/Orientação Educacional deverá
ser garantida pelos fundamentos e princípios teóricos comuns que orientarão a
atuação dos dois profissionais no Sistema Educacional. Será este alicerce que
permitirá a ambos a discussão e a análise dos problemas educacionais e a
atuação junto à rede do Ensino de 2? Grau com uma perspectiva unitária. A isto
chamamos de ação integrada Supervisão Escolar/Orientação Educacional; ação
integrada não significa que o Supervisor Escolar e o Orientador Educacional
devem estar permanentemente reunidos, mas que têm diretrizes comuns que
orientam a ação específica que cada especialista irá desenvolver.
Saviani. Dermeval - Educação Brasileira - estrutura e sistema, pág. 75 - Editora Saraiva -
1975.
A diversidade (vários elementos) da ação Supervisão Escolar/
Orientação Educacional é um pré-requisito da unidade. Na verdade, a
intervenção de cada especialista no Sistema Educacional para resolver
problemas em seu campo de atuação, ao mesmo tempo que levará a um
enriquecimento do Ensino de 2? Grau, deverá ser unificada em função da
preocupação central: o processo ensino-aprendizagem.
b) Conjunto Coerente e Operante
A coerência do sistema nasce dos próprios fundamentos que o
orientam. E neste sentido há necessidade de abordar a coerência em seus
dois aspectos: interno e externo.
A coerência interna poderá ser garantida pelo próprio plano de
trabalho da equipe SE/OE. A coerência externa deverá ser garantida du-
rante o desenvolvimento do mesmo, junto aos demais supervisores e
orientadores do Ensino de 2º Grau, que operam em nível regional ou de
unidade escolar. Os resultados da aplicação do plano no Ensino de 2?
Grau também devem ser coerentes com os fundamentos estabelecidos.
Sem a coerência externa, não podemos afirmar que o sistema SE/OE
esteja sendo atuante.
Entendemos que um sistema SE/OE só poderá ser considerado
operante se, como diz Saviani, operar intencionalmente transformações na
realidade educacional. E isto implica, não só num planejamento das
transformações a serem provocadas, mas também numa definição prévia
e conjunta das direções em que deverão ocorrer tais transformações.
Caso contrário, teremos uma equipe inoperante e ineficaz e não teremos
um Sistema.
Sistema, portanto, é uma criação do homem pois implica numa
atividade intencional com objetivos predeterminados, visando intervir numa
determinada situação considerada inadequada ou insatisfatória do ponto
de vista do sistematizador. Portanto, para que a ação integrada SE/OE se
torne um sistema integrado para o Ensino de 2? Grau, os especialistas em
Supervisão Escolar e Orientação Educacional de cada SEC deverão
construí-lo de acordo com as transformações que se proponham a
concretizar na situação educacional.
Para planejar esta ação, é necessário iniciar pela análise dos fato-
res e mecanismos que influenciam a realidade educacional na qual se
pretende interferir.
As características do desenvolvimento do país, a política e a
realidade educacional, os fundamentos educacionais e princípios comuns
de atuação são alguns aspectos, cujo conhecimento é básico para traçar
as diretrizes de atuação do Sistema SE/OE.
Pretendemos apenas levantar alguns conceitos e aspectos consi-
derados relevantes para a reflexão e definição de diretrizes, que orientarão
a tomada de decisões na elaboração das estratégias de atuação.
A abordagem utilizada neste documento toma a Unidade Escolar
como referência básica, explicitando a relação entre SE/OE e professores,
na aplicação dos princípios propostos para o desenvolvimento do
estudante. Isto porque o aluno é efetivamente o centro do processo
educativo.
As estratégias e os mecanismos de ação, propostos às equipes
centrais de SE/OE, terão sempre como referência a dinâmica do processo
educativo como se desenvolve na Unidade Escolar de 2º Grau.
Para orientar a utilização deste documento, cabe informar que o
mesmo foi organizado de maneira a facilitar o autotreinamento. Para isso
foram propostas atividades de estudo, pesquisa e debate no decorrer do
documento, como complementação do mesmo.
1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A REALIDADE BRASILEIRA
Na análise da realidade, o critério utilizado para selecionar a bi-
bliografia foi a de buscar autores que abordaram o problema do ponto de
vista institucional e administrativo.
Para os objetivos desta análise, interessam-nos as interdependên-
cias, influências que o sistema educacional sofre pela sua própria condição
de subsistema do sistema social global.
Iniciamos a análise com as idéias desenvolvidas por Benno San-
der, em sua obra "Educação Brasileira, valores formais e valores reais".
O Brasil é caracterizado por Benno Sander como uma sociedade
prismática, ou seja, aquela que se encontra numa etapa intermediária
entre as sociedades altamente desenvolvidas e as primitivas.
As sociedades altamente desenvolvidas apresentam um alto grau
de diferenciação e especialização de funções para as diversas estruturas e
organizações que as compõem. Caracterizam-se pela especialização, ra-
cionalização e eficiência na organização do trabalho e da administração.
Ao contrário, as sociedades primitivas caracterizam-se pela falta
de definição, diferenciação e especialização de papéis e funções.
Funções diversificadas são exercidas por um único indivíduo à
medida que surgem as tarefas e necessidades, sem levar em conta sua
competência na área.
As sociedades prismáticas ou em transição, caracterizadas como
intermediárias entre os dois modelos extremos, não resultam da soma das
características de ambos, mas apresentam uma identidade sui generis.
A sociedade brasileira apresenta, portanto, propriedades tais como
heterogeneidade, superposição e formalismo, típicas das sociedades em
transição. Essas características dizem respeito à maneira como os
esquemas de ação social se relacionam entre si e com o sistema social
global.
A heterogeneidade é a propriedade que determina a existência
simultânea, ou melhor, a coexistência de uma gama diversificada e
abundante de atitudes, critérios e elementos característicos de sociedades
altamente desenvolvidas de um lado e de sociedades primitivas de outro.
A superposição, por uma vez, diz respeito à interdependência e à
duplicidade de atividades, por falta de definição de funções. Como
conseqüência, diversos setores e subsetores exercem simultaneamente as
mesmas funções e tarefas, tornando onerosa e ineficiente a ação de di-
ferentes órgãos e serviços.
0 formalismo, propriedade mais característica das sociedades em
transição, se evidencia na discrepância entre o ideal e o real, o teórico e o
prático. Teorias, leis e normas que regulam o sistema social coexistem
com práticas e comportamentos divergentes. Tal fenômeno dá origem aos
desvios e distanciamentos entre o que "deveria ser" e "o que é".
A diversidade regional e a coexistência de diferentes estágios de
desenvolvimento são assuntos bastante familiares para todos. Jacques
Lambert, já em 1959, caracterizou esse fenômeno em sua obra "Os Dois
Brasis" de forma bastante significativa. A preocupação e a reflexão que
colocamos como educadores é quanto à direção e como atuar de forma
eficiente, face à realidade tão diversa e complexa como a nossa, que em
linhas gerais poderíamos delinear da seguinte maneira:
a) coexistência de um processo acelerado de urbanização, ao lado
de um amplo setor agrícola, em estágios bem primitivos,
provocando distâncias cada vez maiores e profundas, sepa-
rando o urbano do rural, o tradicional do moderno. O problema
torna-se mais complexo quando identificamos esse fenômeno,
tanto no sentido vertical como no horizontal, ou seja, de uma
região para outra ou dentro de uma mesma região ou sub-
região;
b) dificuldade de generalizar o caráter típico do homem brasileiro,
em decorrência da extraordinária mistura de raças, traços
étnicos e modalidades regionais que determinam os diferentes
estilos de vida;
c) discrepância entre os modelos institucionais idealizados e a
conduta real.
Cabe ainda tecer algumas considerações sobre a política global de
desenvolvimento e os setores considerados prioritários pelo governo.
O governo federal consolidou sua filosofia e política nos dois
PNDs. (Planos Nacionais de Desenvolvimento). (2) O I PND, para o triênio
de 72—74, definiu objetivos e conteúdos econômicos e estabeleceu metas
quantitativas. Selecionou setores considerados prioritários para os
objetivos traçados.
O II PND, para o qüinqüênio 75—79, caracterizou-se pela ênfase
dada ao conteúdo social e pelo estabelecimento de metas mais qua-
litativas.
Análise dos objetivos, metas e projetos prioritários dos PNDs,
permite a explicitação das decisões governamentais quanto às áreas ou
setores considerados prioritários para o modelo de desenvolvimento. Tal
análise fornece diretrizes para a elaboração de planos e programas de
ação para toda e qualquer área e especialidade.
(2) - Brasil. Presidência da República. I Plano Nacional de Desenvolvimento — 1972—1974
- IBGE - 1971. Il Plano Nacional de Desenvolvimento. 1975-1979. IBGE - 1974
— Rio de Janeiro.
2 -CONSIDERAÇÕES SOBRE POLÍTICA EDUCACIONAL E A
REALIDADE DO ENSINO DE 2º GRAU.
As mais recentes reformas educacionais brasileiras estão impreg-
nadas de tentativas de liberação pedagógica e cultural. No entanto, o sis-
tema educacional como parte, ou subsistema do Sistema Global, sofre
influência dos fatores e das propriedades em transição analisadas an-
teriormente. As conseqüências dessas propriedades, na realidade educa-
cional brasileira, especialmente do formalismo, foram analisadas de forma
exaustiva por Anísio Teixeira, Dermeval Saviani, Luiz Antonio Cunha,
Benno Sander e outros. (3). Coexiste ao lado das tentativas atuais de
reformas educacionais mais adequadas à realidade brasileira, um pesado
legado histórico que se manifesta em atitudes tais como: cópia e imitação
de modelos educacionais estrangeiros; falta de cumprimento das normas
estabelecidas, devido à existência de valores e normas contraditórias; falta
de consenso quanto aos valores, crenças e objetivos. Tais atitudes geram
alternativas divergentes no processo de implantação das novas propostas
educacionais, sendo necessária a conjugação de esforços dos educadores
para superar tal situação. "A integração entre os ideais proclamados e os
valores alcançados na vida real, constitui uma tarefa desafiante para os
profissionais que se dedicam ao estudo, à legislação, à formulação política,
ao planejamento, à avaliação, enfim em todas as funções próprias da
condução dos destinos educacionais em seus diferentes níveis e
modalidades". (4).
Para interferirmos de forma eficiente e em direção às metas edu-
cacionais desejáveis, devemos:
(3) — Teixeira. Anísio — A educação e a crise brasileira - Ed. Nac. 1968.
— Saviani, Dermeval — Educação Brasileira-estrutura e sistema—Ed. Saraiva — 1975.
— Cunha, Luiz Antonio CR. - Política educacional no Brasil - A profissionalização do Ensino
Médio — Ed.............................................................................................................................
— Sander, Benno-Educação Brasileira—valores formais e valores reais — Ed. Pioneira -
1977.
(4) - Sander, Benno - Op. Cit. Idem pág. 27 - Prefácio.
a) analisar os fatores sociais externos e internos que influenciam
e determinam a estrutura e dinâmica do sistema educacional, para que
a adoção de uma postura reflexiva e científica de administradores e
educadores assegure às escolas, a realização da concepção que lhe é
inerente, "agente renovador e reestruturador das estruturas societárias
que a condicionam . . ." e possam formar indivíduos "criativos, in
ventivos, flexíveis, produtivos e ao mesmo tempo integrados ..." (5)
à sociedade em acelerada mudança social e tecnológica;
b) confrontar os ideais educacionais expressos na legislação
educacional com a realidade fatual resultante dos esforços de implanta
ção e implementação nos níveis federal, estadual e municipal, para iden
tificarmos distâncias, desvios e obstáculos existentes entre os objetivos
ideais e a situação real.
Fatores sociais externos que influenciam a estrutura e o funcionamento
das escolas.
Bárbara Freitag, na análise dos fatores que determinam direta ou
indiretamente, a estrutura e o funcionamento das escolas brasileiras
destaca quatro que, na sua opinião, são básicos: sócio-ecológicos, sócio-
demográficos, sócio-econômicos e sócio-escolares (strictu-sensu). Tais
fatores são interdependentes e se condicionam mutuamente.
Sinteticamente apresentaremos as idéias desenvolvidas pela ci-
tada autora (6).
— Fatores sócio-ecológicos: — são condições físicas, geográficas,
climáticas, etc, que determinam as relações sociais e
econômicas e o estilo de vida típicos de uma região ou sub-
região.
As relações de trabalho e a maneira peculiar do homem ajustar-
se ao meio ambiente influenciam a estrutura e o funcionamento das
escolas. A localização ecológica de uma escola evidencia uma série
de fatores específicos que a caracterizam e a determinam. Portanto, a
utilização dos diagnósticos da região onde está inserida a escola e a aná
lise de como tais fatores a influenciam, são de fundamental importân
cia para a tomada de decisões quanto às prioridades, objetivos, propos
tas curriculares etc, adequados às peculiaridades e necessidades do meio
e da clientela.
---------------------------------------------------------
(5) - MEC/DEM - Reflexões sobre fundamentos do Currículo - fundamentos socioló-
gicos — Documento 1 — Brasília — 1975.
(6) - MEC/DEM - Idem.
Fatores sócio-demográficos: o conhecimento do índice de
crescimento e composição quantitativa e qualitativa da população de uma
região ou sub-região possibilita o diagnóstico das necessidades do
crescimento da rede escolar para atender à demanda educacional. Por
outro lado, a interpretação das atitudes e aspirações das classes sociais e
o seu grau de influência permitem o estudo qualitativo do sistema escolar.
— Fatores sócio-econômicos: os meios de produção, circulação e
consumo influenciam a estrutura ocupacional e a distribuição da população
pelos três grandes setores da economia (primário, secundário e terciário) e
pelos diferentes ramos e tipos de atividades. A escola, definida como
agência formadora de recursos humanos, é diretamente influenciada pelos
fatores econômicos. As expectativas em relação à qualificação dos alunos,
futuros trabalhadores, orientam a escola na organização de suas respostas
às necessidades do mercado de trabalho.
Cabe lembrar, no entanto, que a escola não se restringe ao papel
de fornecedora de mão-de-obra. Ela tem a grande tarefa de formar as
novas gerações para assumirem as responsabilidades do presente e do
futuro, respeitando e utilizando as experiências do passado.
A escola precisa ir muito além das expectativas imediatistas e
estar com os olhos voltados para o futuro, oferecendo aos alunos um
ensino que não se torne e não os torne obsoletos num curto espaço de
tempo. No entanto, ela poderá atuar de forma inovadora e dinâmica junto
às estruturas societárias que a condicionam, se os administradores e
educadores refletirem sobre os fatores externos que a influenciam e a
determinam, de forma crítica e de acordo com valores, critérios e objetivos
próprios da escola.
Fatores sócio-educacionais: ao lado dos fatores do meio, dos
quais ela é resultado, a escola é orientada por fatores educacionais. A
legislação educacional, em seus diversos níveis, traduz os interesses do
governo, que por sua vez, procura catalizar e responder às expectativas
e necessidades da população. Normas e diretrizes são determinadas para
regular a estrutura e o funcionamento de todas as escolas do sistema.
Há necessidade de se confrontar a intenção (formulada pelo
legislador) e a realidade (definida pelos agentes envolvidos no processo
educativo) para detectar a distância entre os objetivos ideais e a situação
real.
Em síntese, dada a importância dos fatores analisados, podemos
reafirmar que é indispensável ao educador, não apenas conhecer isola-
damente cada um, mas detectar as interações e o modo como influenciam
as estruturas escolares.
Política e Realidade do Ensino de Grau
A caracterização do ensino de 2º grau exige, mais do que um
simples conhecimento de leis e diagnósticos, uma análise dinâmica e
operacional do significado de cada idéia contida nos textos legais e a
identificação de suas conseqüências práticas.
Cabe ressaltar aqui, a importância dos especialistas em educação,
principalmente o Supervisor Escolar e o Orientador Educacional que têm
como uma de suas funções básicas, a interpretação e explicação de
conceitos, normas e diretrizes que regulam o processo educativo. Tal
procedimento permite o levantamento de indicadores de ação à luz dos
diagnósticos e fundamentos teóricos adotados.
A lei 5.692/71, no seu artigo 21 declara que "O ENSINO DE 2º
GRAU DESTINA-SE A FORMAÇÃO INTEGRAL DO ADOLESCENTE".
Para a compreensão do significado da formação integral a que se
refere este artigo, devemos interpretá-la, tendo em vista os fins e objetivos
da educação brasileira expressos nos artigos (1ºs) das leis 4.024/61 e
5.692/71, as características e funções do ensino de 2º grau e os
fundamentos teóricos.
Entende-se por formação integral do aluno de 2º grau o desen-
volvimento das potencialidades para a sua auto-realização, a qualificação
para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania, por
meio:
a) do pleno desenvolvimento físico-motor e sócio-psicológico;
b) da aquisição da "capacidade de aprender";
c) da aquisição de conhecimentos básicos de cultura geral e
tecnologia que permitam a continuidade em estudos de nível
superior ou a terminalidade;
d) da aquisição de uma habilitação profissional plena, parcial ou
básica;
e) da aquisição de consciência crítica e autônoma para que possa
exercer sua liberdade pessoal e social.
Somente com tal formação podemos:
1º) ratificar os fins da educação brasileira expressos no artigo 1º
da lei 4.024:
"A educação nacional inspirada nos princípios da liberdade e
nos ideais de solidariedade humana, tem por fim;
a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do
cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que
compõem a comunidade;
b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do
homem;
c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade
internacional;
d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua
participação na obra do bem comum;
e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos
recursos científicos e tecnológicos que lhe permitam utilizar as
possibilidades e vencer as dificuldades do meio;
f) a preservação e expansão do patrimônio cultural;
g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de
convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a
quaisquer preconceitos de classe ou de raça".
Cabe, a seguir, analisar os princípios e normas que regulam a
estruturação e o funcionamento do ensino de 2º grau, para verificar se os
mesmos permitem às escolas, a realização dos ideais propostos.
A legislação que normatiza a organização do sistema educacional
brasileiro evidencia os seguintes princípios:
a) Descentralização:
O princípio de descentralização dá aos Estados uma certa au-
tonomia para organizar os seus Sistemas de Ensino. Se de um lado, tal
liberdade aumenta a responsabilidade dos mesmos, por outro, permite a
criatividade e a busca de soluções mais realistas aos problemas educa-
cionais locais. Esse princípio traz em si, um segundo: a diversidade:
b) Diversidade:
0 princípio da diversidade estimula o aparecimento de modelos
alternativos nos diferentes Estados, regiões ou sub-regiões, enriquecendo
as experiências educativas em todo território nacional.
No entanto, cabe lembrar que, apesar da diversidade, a unidade e
a coerência são mantidas pelas diretrizes comuns e mecanismos de
articulação entre os diferentes níveis do sistema educacional.
c) Flexibilidade:
Um outro princípio característico da atual legislação é a flexi-
bilidade que, segundo Jorge Nagle (7) contém o princípio da atualização,
pois a flexibilidade curricular, assegurada pela parte diversificada permite
os ajustes permanentes da escola às necessidades do meio e da clientela.
Em relação às aberturas legais propiciadas pelo princípio da flexibilidade,
reproduzimos no Anexo I o Quadro 3 apresentado por Maria Amélia
Azevedo Goldberg, em FUNDAMENTOS BIOPSICO-LÓGICOS (8) pela
relevância deste estudo para a atuação do Orientador Educacional e
Supervisor Escolar.
Apesar das possibilidades oferecidas pela legislação e dos esfor-
ços de educadores e administradores (âmbito federal, estadual e muni-
cipal), para a implantação do ensino de 2º grau, o que constatamos na
realidade é a defasagem entre as metas oficiais e as realizações.
Após seis anos da promulgação da lei 5.692/71, o estágio em que
se encontra o processo de implantação do ensino de 2º grau em vários
Estados evidencia a morosidade da adequação dos Sistemas Estaduais de
Ensino à nova lei e o descompasso entre as formulações teóricas e as
correspondentes tentativas de concretização.
(7) Nagle, Jorge "A reforma e o ensino" — Ed. Edart — São Paulo — 1973.
(8) MEC/DEM - Reflexões sobre fundamentos do currículo - Brasília, - 1975.
24
Um outro aspecto a ser analisado no processo de implantação é a
tendência das escolas em promover "o ajustamento entre os aspectos
formais da Lei 5.692/71 e a exigência do ensino de 2? grau desempenhar
função propedêutica" (9). O ensino médio continua sendo procurado por
uma significativa camada da população, apenas como um meio para
acesso aos cursos superiores. A tendência das escolas de 2? grau de
oferecer cursos profissionais de "acordo" (10) com os cursos superiores,
alerta-nos para a necessidade de um estudo aprofundado de seus
objetivos para atender às suas funções básicas: terminalidade e con-
tinuidade.
A proposta de qualificação para o trabalho, no ensino de 2? grau,
representa uma das inovações fundamentais da nova lei, que por meio
dela, pretende atender a uma das necessidades básicas do homem e às
exigências sócio-econômicas. No entanto, não podemos nos esquecer que
o ensino médio, historicamente, sempre foi caracterizado pela sua função
propedêutica e que, ao lado dessa tradição, um outro aspecto relevante
deve ser considerado: o preconceito ao ensino técnico profissionalizante
que está comprometido com a idéia de que o mesmo se destina às
camadas sociais economicamente menos favorecidas.
Um outro dado a ser levantado é quanto ao alto custo operacional
da profissionalização em grau médio. Devido à carência de recursos
financeiros e condições físicas e materiais dos estabelecimentos de
ensino, as Escolas de 2? grau correm o risco de oferecer um ensino
inoperante e inadequado às necessidades do mercado de trabalho. Face a
tais dificuldades, os legisladores buscam soluções por meio do reexame da
proposta de profissionalização, ampliando-lhe o conceito e,
conseqüentemente, as alternativas de soluções. Após três anos da pro-
posta do Parecer 45/72, surge uma nova interpretação de profissionali-
zação, definida como uma "educação para o trabalho", entendida como
uma formação tecnológica básica organizada em torno de campos de
atividades de nivel médio, em que a formação profissional propriamente
dita se completa na Empresa ou em Escolas que ofereçam Habilitação
Plena (Parecer 76/75).
A busca de soluções alternativas prende-se à preocupação quanto
ás melhores decisões pedagógicas e às estratégias a serem selecionadas
para concretizar a profissionalização no ensino de 2º grau.
(9) Cunha, Luiz Antonio CR, —:"Política educacional no Brasil — A profissionalização
do Ensino Médio" - Ed. Eldorado - 1977.
(10) Idem
Cabe lembrar que, aqui, a discussão sobre a profissionalização é
de natureza predominantemente pedagógica, pois refere-se à análise e
discussão de escolhas que possibilitem a melhor conjugação entre a oferta
de habilitações pela Escola, as tendências vocacionais dos alunos e as
necessidades do mercado de trabalho.
A legislação é flexível quanto à proposta de alternativas de pro-
fissionalização (plena, parcial ou básica). Contudo, na prática, tanto a
procura quanto a oferta das diferentes modalidades de cursos não de-
correm de um conhecimento aprofundado das necessidades de mercado
de trabalho ou das aspirações e características da clientela, devido à
insuficiência da infra-estrutura de Pesquisa Educacional, quer nas Se-
cretarias de Educação ou nas Escolas. Deparamos com a quase total
inexistência de diagnósticos que permitam detectar as tendências do
mercado e os resultados da Orientação Vocacional desenvolvida junto aos
alunos de 1º grau.
A expansão da profissionalização no ensino de 2º grau, após a
promulgação da lei 5.692/71, acha-se bem caracterizada nos dados apre-
sentados pelos peritos da Unesco, Juan Chong e Gustavo Lopes, em 1977
(11) e no Quadro 2. Embora esses dados não possibilitem a interpretação
completa de seus resultados, quanto à adequação das habilitações
oferecidas às necessidades sócio-educacionais dos vários Estados, per-
mitem-nos levantar alguns problemas. Não podemos precisar, por exem-
plo, se a grande oferta de algumas habilitações, tais como Eletrônica e
Eletrotécnica se prende às reais necessidades ou é decorrente da "crença"
de que num país em processo de desenvolvimento, esses profissionais são
necessários. Ou ainda, se num país como o nosso, em que uma das
maiores riquezas vem da extração vegetal e mineral, a inexistência em 72
de concluintes de "auxiliar de análise de solo", não estaria relacionada aos
preconceitos de atividades ligadas à terra e à valorização de profissões
acadêmicas e liberais.
Ao lado das dificuldades levantadas, cabe lembrar a carência e a
falta de recursos humanos habilitados e treinados para assumir as tarefas
de implantação e implementação da rede do ensino de 2º grau, com
eficiência.
Tal situação nos coloca diante da urgência de desenvolvimento de
pesquisas e estudos que possibilitem a instalação de uma atitude de
constante revisão e reformulação da política educacional, como tam-
(11)— Chong, Juan e Lopes, Gustavo - Perfil del País - Projeto de Planejamento de Recursos humanos -
Bra/70/550.
ém a busca de meios mais efetivos para sua implantação. No dizer de
Benno Sander, para o desenvolvimento efetivo do Ensino de 2? grau, é
necessário equacionar três ordens de problemas: adequação ao mercado
de trabalho em constante mutação, redução de custo e melhor qualificação
dos professores.
Quadro 1-0 ensino de 2? grau: Aberturas legais para sua adequação às
diferenças individuais dos alunos.
MEDIDAS PARA
ADEQUAR CURRÍCULOS
ÀS DIFERENÇAS
INDIVIDUAIS
ABERTURAS LEGAIS
1. Alterar a duração de
escolarização.
1. Lei 5.692/71 de 11/08/71
i.- Art. 8º § 1º - Admitir-se-á a
organização semestral no ensino de 1º e
2º graus e no 2º grau, a matrícula por
disciplina sob condições que assegurem
o relacionamento, a ordenação e a se-
qüência dos estudos.
ii. — Art. 4º § 4º — Verificadas as
necessárias condições, os sistemas de
ensino poderão admitir a adoção de
critérios que permitam avanços
progressivos dos alunos, pela
conjugação dos elementos de idade e
aproveitamento.
2. Resolução 853/71 do CFE
Art. 6º § 2º - No ensino de 2º grau admitir-
se-ão variações, não somente de carga
horária, como do número de períodos
letivos em que seja incluída cada
disciplina...
Quadro 1 (cont.)
MEDIDAS PARA
ADEQUAR CURRÍCULOS
ÀS DIFERENÇAS
INDIVIDUAIS
ABERTURAS LEGAIS
2. Treinar até atingir o critério
em algum tópico ou habilidade
e depois alterar a duração da
escolarização.
1. Lei 5.692 de 11/08/71
Art. 1 1 O ano e o semestre leti-
vos... terão no mínimo 180 e 90 dias de
trabalho escolar efetivo...
§ 1º — Os estabelecimentos de ensino de
1º e 2º graus funcionarão entre os
períodos letivos regulares para, além de
outras atividades, proporcionar estudos
de recuperação aos alunos de
aproveitamento insuficiente e ministrar,
em caráter intensivo, disciplinas, áreas de
estudo e atividades planejadas com
duração semestral..."
3. Fornecer tratamentos
"corretivos" em integração com
o currículo.
1. Lei 5.692 de 11/08/71
Art. 11 § 1º - Os estabelecimentos de
ensino de 1º e 2º graus funcionarão entre
os períodos letivos regulares para,
além de outras atividades, proporcionar
estudos de recuperação . ..
4. Ensinar diferentes alunos
por diferentes métodos.
1. Lei 5.692 de 11/08/71
i. Art. 5? § 3? — Excepcionalmente, a
parte especial do currículo pode
assumir no ensino de 2? grau o caráter
de aprofundamento em determinada
ordem de estudos gerais, para atender à
aptidão específica do estudante, por
indicação de professores e orientadores.
Quadro 1 (cont.)
MEDIDAS PARA
ADEQUAR CURRÍCULOS
AS DIFERENÇAS
INDIVIDUAIS
ABERTURAS LEGAIS
4. (Cont.)
ii. Art. 8º — § 2º — Em qualquer grau
poderão organizar-se classes que
reúnam alunos de diferentes séries e
de equivalentes níveis de adianta-
mento, para o ensino de línguas
estrangeiras e outras disciplinas,
áreas de estudo e atividades em que
tal solução se aconselhe.
5. Determinar para cada
aluno seu papel adulto
prospetivo (em termos de
carreira) e oferecer-lhe um
currículo que o prepare para
isso.
1. Lei 5.692 de 11/08/71
i. Art. 8? — A ordenação do currículo
será feita... de forma a permitir,
conforme o plano e as possibilidades
do estabelecimento, a inclusão de
opções que... no ensino de 2? grau,
ensejam variedade de habilitações.
ii. Art. 10 — Será instituída, obriga-
toriamente, a Orientação Educacional,
incluindo aconselhamento vocacional,
em cooperação com os professores, a
família e a comunidade.
2
. Resolução n? 2 de 27/01/72, anexa
ao Parecer 45/72 do CFE.
i. Art. 7? — As escolas de 2? grau de-
vem sempre oferecer variedade de
habilitações e modalidades diferentes
de estudos integrados por uma base
comum.
Quadro 1 (cont.)
MEDIDAS PARA
ADEQUAR CURRÍCULOS
ÀS DIFERENÇAS
INDIVIDUAIS
ABERTURAS LEGAIS
5. continuação 3. Parecer 76/75 de 23/01/75 do CFE
É aconselhável que na organização dos
currículos do ensino de 2? grau seja
considerado o enfoque sistemático.
Dentro desse pressuposto, na parte de
formação especial se começaria por
disciplinas profissionalizantes de caráter
globai, que serviriam a um leque de
habilitações. Em seguida, os alunos
escolheriam setores profissionalizantes
definidos por determinados blocos de
disciplinas e atividades comuns.
QUADRO 2 MATRICULA AL COMIENZO DE
1973 Y CONCLUSIONES EN 1972 POR
DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA Y RAMAS PROFESSIONALES
QUADRO 2 (Cont )
c
1.392
17
11
161
4.941
PARTICULAR
M
11.756
78
832
788
146
46
43.406
ISTRATIVA
CIPAL
c
269
MUN
M
150
3.010
c
34
11
1.329
ESTADUAL
M
933
46
26.398
c
316
94
47
4.545
DEPENDÊNCIA ADMIN
FEDERAL
M
1.057
455
914
206
32.744
A
l
CONCLU.
1.742
17
116
161
47
11.084
TOT
MATRIC.
13.916
78
455
1.792
788
146
252
105.638
RAMAS
PROFESIONALES
Química
Refrigeración
Sarteamiento
Telecomunicaciones
Têxtil
Topógrafo Agrimensura
No Especificado
TOTAL
Fuente: SEEC/M/C.
M = Matrícula. C = Conclusiones.
Q
uadro 2
(
Cont.
)
3 - CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO
O homem é, basicamente, o criador de sua própria cultura. Cultura
será tomada no sentido antropológico de "toda a parte do ambiente que
resultou do trabalho humano. Nisto entram conhecimentos, crenças, artes,
estilos de trabalho e lazer etc". (12).
Envolvido pela natureza, o homem a observa, estuda suas leis,
analisa as possibilidades de modificá-las em benefício pessoal ou coletivo,
projeta, constrói o instrumental necessário para realizar a modificação
projetada e, finalmente, concretiza o projeto. Temos, assim, o homem
criando o mundo cultural pela "transformação da natureza por meio de seu
trabalho físico, intelectual, artístico ou técnico, aplicando os recursos da
ciência e da tecnologia". (13).
Contudo, embora esta criação seja uma realização humana, o
processo criador não é imediatamente desvendado pela simples obser-
vação ou pela manipulação cotidiana dos seus produtos. A apreensão da
Cultura exige esforço sistemático e intencional. Cada nova geração
defronta-se com a tarefa de apreender a herança cultural acumulada pela
humanidade.
E, quando falamos em apreender, referimo-nos, não à análise e à
aceitação passiva dos produtos acabados, mas ao conhecimento dos
processos de realização dos produtos de cultura e ao estudo crítico das
conseqüências de sua utilização na construção ou destruição da socie-
dade.
E esta é uma tarefa que cada nova geração só pode realizar com
a colaboração das gerações que a antecederam.
(12) Morais, Regis de - Ciências e Tecnologia: Introdução Metodológica e crítica - pág. 159 - Ed.
Cortez & Moraes Ltda. SP. - 1977.
(13) Prestes. Naide A. - Supervisão Pedagógica: uma abordagem teórico-prática pág. 45 — Ed.
Cortez & Moraes Ltda. 1976.
Temos, então, uma primeira caracterização do processo educativo
como um processo de transmissão-adaptação cultural entre gerações.
Acentuamos, novamente, que tal processo não se deve caracterizar pela
passividade, que consiste simplesmente em "encaixar-se dentro da
estrutura estabelecida da vida econômica, social, religiosa e ética, pela
tácita aceitação dos hábitos, dos costumes e das crenças praticadas e
fomentadas pelos setores mais poderosos e organizados da população
local" (14).
Cada nova geração tem o direito e o dever de conhecer e recriar a
cultura existente bem como de acrescer algo original à cultura humana. E
esta é uma tarefa a que a educação que se processa em nossas escolas de
2? Grau não pode se furtar.
A escola de 2? Grau trabalha com adolescentes. Estes, em sua
maioria, já construíram a totalidade das estruturas mentais próprias de um
ser humano normal. Trata-se, entretanto, de aquisições recentes e
passíveis de permanente aperfeiçoamento. Seu raciocínio hipotéti-co-
dedutivo, fortalecido por um aguçado espírito crítico e por um despertar da
sensibilidade para os problemas sociais, constitui ferramenta a ser
aperfeiçoada durante o processo educativo e canalizada para finalidades
construtivas. É importante que o Ensino de 2? Grau possibilite ao
adolescente o "confronto crítico e experimental com os valores,
modalidades e práticas herdadas e incorporadas à tradição" (15), o que lhe
deverá permitir apreender o significado da criação cultural para a
existência humana.
Como assegurar a formação de tal atitude em nosso adolescente?
Concretamente, essa postura crítica construtiva deveria presidir
toda a formação profissionalizante no atual Ensino de 2? Grau. Toda
Habilitação Profissional (básica, parcial ou plena) deveria ter como alicerce
uma formação tecnológica experimental-criadora; o aluno deveria se
defrontar com a atual realidade profissional, com a consciência de que
existem caminhos alternativos ainda pouco experimentados ou nem sequer
ainda vislumbrados pelo homem. Em suas pesquisas, em seus projetos,
em seus estágios, deveria o estudante ser convidado a compre-
(14) - Brameld, T. - Bases Culturales de Ia Educación, pág. 23-EUDEBA-B.A. - .1971 (15) -
Brameld, T. - Op. Cit. - Idem.
ender os processos adotados, a questionar as soluções encontradas, a
usar caminhos novos, sob a supervisão de seus professores. Estes, como
especialistas no campo em estudo, ajudá-lo-iam a levantar e testar hipó-
teses, indicariam bibliografia e procedimentos experimentais e o acom-
panhariam em todas as etapas de trabalho, estimulando-lhe a criatividade
e orientando seu processo de redescoberta.
O processo ensino-aprendizagem, decorrente de tal proposição, é
o único que se pode denominar de genuinamente humano, uma vez que a
criatividade é característica essencialmente humana.
A adoção da abordagem antropológica no estudo do fenômeno
educacional revela-se, assim, um caminho positivo que nos permite es-
capar ao determinismo de algumas concepções educacionais: de um lado,
temos uma concepção sociológica segundo a qual a função da escola é
exclusivamente de reprodução da realidade social; no outro extremo,
temos uma concepção pedagógica idealista que, negando ou des-
conhecendo a realidade social, coloca a Escola como uma instituição
isolada e independente, capaz de realizar sozinha a tarefa de reconstrução
social.
A análise dialética do processo educacional mosta-nos que, em-
bora a escola não possa modificar a estrutura da sociedade, "a educação
muitas vezes desempenha um papel criador ao modificar, inclusive ao
reconstruir, o ambiente do qual deriva" (16).
No entanto, este papel criador só será desempenhado pela edu-
cação se os alicerces da obra educacional não forem constituídos ex-
clusivamente de constatações de natureza sociológica ou econômica; será
indispensável completar as bases dessa obra com o enfoque psicológico
sobre o processo da aprendizagem humana e iluminá-la com a abordagem
antropológica da educação como um fenômeno cultural.
Contudo, embora cada uma dessas ciências (Sociologia, Econo-
mia, Psicologia, Antropologia) esclareça aspectos específicos da educa-
ção, o "fazer pedagógico" não pode flutuar ao sabor das descobertas de
cada ciência particular. Deve o mesmo fundamentar-se em uma Filosofia
Educacional que lhe forneça os critérios para optar entre alternativas, de
maneira coerente com a visão do mundo e a concepção do Homem que se
pretende operar.
(16) Brameld, T. Op. Cit. - pág. 22.
Será, portanto, o manejo dialético da Filosofia que integrará a
contribuição das diferentes ciências numa perspectiva global de educação,
fornecendo aos educadores os critérios que lhes permitirão decidir quanto
a: aspectos que devem ser mantidos e aperfeiçoados nas tradições
culturais, aspectos que podem e devem ser transformados; possíveis
direções em que deverão ocorrer as mudanças.
É importante frisar que o alvo básico da ação escolar é o aluno;
este deve ter asseguradas algumas condições concretas para que possa
ter uma percepção unitária e não fragmentada do universo cultural. Esta
visão de síntese será impossível se a opção filosófica for deixada ao
arbítrio de cada professor. Esta percepção deverá ser facilitada pela ação
integrada e integradora dos profissionais especialistas em educação —
Supervisor Escolar e Orientador Educacional — que devem coordenar o
processo educativo na Unidade e no Sistema Escolar.
Colocamos, pois, como o fundamento do trabalho integrado
SE/OE, a concepção do Homem como criador de Cultura. Isto implica no
estabelecimento de um clima organizacional favorável à emergência da
criatividade em toda Escola de 2º Grau; iniciando pelo Diretor, o Secretário,
os Serventes e demais funcionários responsáveis pelas ati-vidades-meio;
passando pelo Supervisor Escolar, Orientador Educacional, Professores e
outros elementos responsáveis pelas atividades fim; completando pelos
alunos, definidos como sujeitos, objetos do processo educacional, todos
devem viver este papel criador no dia-a-dia escolar.
4 - PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA AÇÃO INTEGRADA SE/OE
Focalizaremos a integração SE/OE como deve ocorrer numa
Unidade Escolar de 2º Grau, em sua atuação junto a professores e alunos.
Reportando-nos novamente ao conceito de sistema adotado:
"unidade de vários elementos intencionalmente reunidos, de modo a formar
um conjunto coerente e operante" (17), frisaremos alguns aspectos:
1 — a ação integrada dos dois especialistas junto ao corpo do-
cente e discente deve visar a unidade na ação educacional. Isto não
significa retirar as características peculiares de cada Disciplina ou Área de
Estudo, mas unificá-las em torno de objetivos comuns. Nas palavras de
Saviani "Sistematizar é... dar intencionalmente, unidade à multiplicidade"
(18).
2 — A ação integrada SE/OE não implica em que os dois espe-
cialistas passem a realizar as mesmas atividades e sempre em conjunto. A
integração será garantida pela vivência de valores e atitudes comuns que
cada especialista veiculará na ação específica que lhe cabe desencadear e
pelas direções comuns que os mesmos imprimirão ao processo ensino-
aprendizagem. Em outros termos, a integração SE/OE deverá ter como
base a coerência interna e como fruto a coerência externa, como foram
definidas na Introdução desta sistemática. "E como esses elementos, ao
serem reunidos, não perdem a sua especificidade, o que garante a unidade
é a relação de coerência que se estabelece entre os mesmos" (19).
3 - Sendo o aluno-adolescente o ponto de referência básico da
ação tanto do Orientador Educacional quanto do Supervisor Escolar, estes
não podem agir de maneira desarticulada, pois o resultado poderá
(17) Saviani, Dermeval - Op. Cit.
(18) Idem, ibidem.
(19) Saviani, Dermeval - Educação Brasileira: Estrutura e Sistema-pág. 75-Ed. Saraiva -São Paulo -
1975.
ser desintegrador para o aluno. A ação educacional para a mesma clientela
não pode partir de pressupostos contraditórios ou mesmo opostos. É
necessário, portanto, que a ação de OE e SE seja integrada e integradora.
Abordaremos, a seguir, as finalidades da ação integradora SE/OE,
as atitudes e valores que propiciarão o estabelecimento do clima favorável
à ação integradora, os princípios que orientarão seu trabalho, enfim, a
postura pedagógica a ser conquistada não só pelos especialistas de que
estamos tratando, mas pelos professores e demais funcionários da
Unidade Escolar.
A coordenação do processo educativo por SE/OE deve ter como
finalidade básica a criação de condições favoráveis ao máximo desen-
volvimento das potencialidades da comunidade escolar.
Temos suficiente evidência histórica e experimental a respeito dos
perniciosos efeitos educacionais gerados pela imposição e pela autocracia:
conformismo, uniformidade, incapacidade de tomar decisões, são algumas
das conseqüências da paralização das vontades individuais ou de sua
substituição pela autoridade das leis ou de posições hierárquicas.
A liderança SE/OE deve ser conquistada no exercício da praxis
pedagógica devido ao seu conhecimento da realidade sócio-econômica e
educacional da comunidade e da Escola, ao domínio e ao uso flexível do
instrumental pedagógico, à sua capacidade profissional e pessoal de
colaborar para a formação de uma verdadeira comunidade educativa, à
sua coerência entre postulados teóricos e vivência educacional, à sua
capacidade de estimular a emergência de talentos nos docentes e discen-
tes.
Tais qualidades profissionais só poderão emergir num clima de
igualdade e cooperação em que OE e SE sejam vistos como parceiros de
trabalho dos professores e não como detentores de autoridade de mando.
Ornando em SE e OE gera a desconfiança na equipe docente, pre-
dispondo-a contra o trabalho cooperativo; isto solapa a possibilidade de
realizar um trabalho educacional integrado.
As relações a serem estabelecidas entre a equipe docente e a
equipe coordenadora não devem ser, pois, de subordinação à autoridade,
mas de reciprocidade. Enquanto a primeira tem como caracterfs-
tica a heteronomia, isto é, a obediência a regras exteriores impostas, a
última se caracteriza pela autonomia do grupo, ou seja, as regras são
estabelecidas pelos próprios parceiros e, sendo assim, são livremente
aceitas como meios reguladores ou de controle das ações de todos os
envolvidos.
Na prática, o exercício da autonomia só é possível quando existe
liberdade pedagógica na Escola. Esta liberdade só poderá ser exercida
nas Escolas onde houver perfeito entrosamento entre a função pedagógica
e a função administrativa, ou seja, onde a Administração trabalhe em
coordenação com a Supervisão Escolar e a Orientação Educacional na
criação das condições institucionais facilitadoras e estimuladoras da
atividade pedagógica.
Malinowsky, em seu livro "Freedom and Civilization", escreve sobre
as condições que garantem a liberdade institucional. Em suas palavras
"quando a finalidade é escolhida pelo grupo como uma totalidade; quando a
ação é empreendida por responsabilidade autônoma e quando os
resultados são compartilhados entre todos os membros do grupo,
encontramos liberdade dentro de tal instituição. Quando a fina lidade é
aceita por imposição ou se infiltra por doutrinação; quando a ação é
controlada por autoridade coercitiva e quando os resultados da atividade se
distribuem para vantagem dos que mandam, encontramos a negação da
liberdade" (20).
Em verdade, a liberdade pedagógica é a base da autonomia esco-
lar, pois como diz Malinowsky, a liberdade é "o núcleo de todos os valores
humanos" (21).
A liberdade pedagógica que defendemos não se refere apenas à
liberdade de escolha, mas implica também em liberdade de decisão e em
torno da opção feita pelo grupo de educadores. De fato, a simples li-
berdade de escolha é insuficiente para reger as relações SE/OE e profes-
sores: esta pode conduzir à anarquia, dada a grande variedade possível de
escolhas individuais e a dificuldade de coordená-las. Como diz Saviani"... a
liberdade, manifestação característica do aspecto pessoal do homem, não
é somente liberdade de escolha; é também liberdade de adesão". (22)
(20) Malinowsky. B. - Freedom and Civilization - pág. 170, CF. Brameld, T. - OP. Cit.
(21) Malinowslsy. B. - Op. Cit.
(22) Saviani. Dermeval - Op. Cit.
Esta face da liberdade implica em responsabilidade diante da
escolha feita. Esta liberdade não se realiza no vazio, mas na situação es-
colar concreta. Isto significa que é indispensável que a equipe de coor-
denação conheça verdadeiramente a realidade (comunitária, escolar,
docente, discente, administrativa) para que possa visualizar e propor
alternativas de ação, discuti-las com a equipe docente em suas possíveis
conseqüências educacionais e decidir por um dos caminhos, após ter
analisado, em profundidade, o que deseja a direção, a ser impressa à
intervenção pedagógica. Como bem salientou Bruner em seu "Teoremas
para uma teoria da Instrução", a escolha entre caminhos alternativos só é
autenticamente escolha quando se pode antever as conseqüências de
cada um e, com este conhecimento, fazer a opção por um dos caminhos.
Este processo de escolha e adesão tem seus princípios nortea-
dores nos valores definidos pela Filosofia Educacional adotada.
A liberdade pedagógica deve não só possibilitar a criação de um
clima de abertura entre SE/OE e professores, mas deve igualmente fa-
vorecer a existência de cunho científico no trabalho educacional. As
decisões curriculares não devem ser tomadas ao acaso, mas basear-se em
dados de realidade provenientes das mais diversas fontes internas e
externas: pesquisa sobre comunidade e clientela, dados da Secretaria da
Escola, relatos de professores e pais de alunos, arquivos de SE, de OE, de
Integração Escola — Empresa, observações de atividades, informações
administrativas, dados de instituições da comunidade, etc... A análise
dessas informações deverá ser feita com o objetivo de observar o seu
espírito, o seu conteúdo, a sua qualidade, mais do que exclusivamente a
sua quantidade.
É preciso recordar que na Escola lidamos com pessoas e não com
números e, estas, por sua riqueza e complexidade, não são passíveis de
submeter-se a determinados procedimentos experimentais utilizados nas
Ciências Exatas. Em educação, trabalha-se com seres humanos em
evolução, que não se submetem a rótulos, mas que desejam desenvolver
ao máximo a sua humanidade.
Em educação, portanto, a ciência tem que se adaptar a seu objeto,
o ser humano Este não é um objeto passivo na situação educacional, mas
participa de seu próprio processo de transformação. Este aspecto referente
à natureza do sujeito/objeto de estudo deve ser considerado por OE/SE em
suas pesquisas.
Além disso, não é possível paralisar o trabalho educacional para
aguardar a realização, a análise e os resultados de pesquisas formais. É
preciso que SE/OE pesquisem o processo educacional na sua dinâmica,
surpreendendo os fatos em sua ocorrência, reunindo evidências na sua
origem e procurando dar solução aos problemas, se possível, na sua
própria gestação. Isto exige uma pesquisa extramente ágil, que quase se
antecipa aos próprios fatos, um pressentir de tendências que devem ser
estimuladas ou suprimidas.
É a pesquisa em ação, em que SE/OE e professores vão introdu-
zindo modificações na ação educacional quase que simultaneamente ao
surgimento dos problemas e ao levantamento de hipóteses, principalmente
quando qualquer demora da intervenção corretiva pode implicar em
comprometimento ou em distorção no desenvolvimento da personalidade
dos educandos. Este é o grande desafio dos educadores diretamente
envolvidos com o processo educacional no Ensino de 2º Grau: converter as
conquistas da ciência e da tecnologia em instrumentos de intervenção no
processo de aprendizagem, de maneira que o adolescente possa extrair o
máximo proveito das mesmas, não apenas em situações normais, mas,
inclusive nas emergências e nos casos particulares.
Além disso, o uso adequado da Biologia, da Psicologia e da So-
ciologia podem auxiliar muito na compreensão dos fenômenos típicos da
adolescência com suas implicações na aprendizagem. Os professores
devem aprofundar seu conhecimento nesses campos, com a colaboração
de SE/OE, a fim de que possam diagnosticar, levantar hipóteses e testá-las
com a finalidade de orientar o estudante com mais segurança. Este estudo
deve ajudar os professores a compreenderem os fenômenos que ocorrem
nessa idade, a lidarem mais eficientemente com os problemas grupais e,
especialmente, a ajudarem mais no florescimento de cada estudante como
uma individualidade. A tarefa fundamental da educação do adolescente é
ajudá-lo a firmar-se como pessoa. Para distinguir entre pessoa e indivíduo,
recorreremos a Piaget: "O indivíduo é o eu centrado sobre si mesmo e
obstaculizando, por meio desse egocentrismo moral ou intelectual, as
relações de reciprocidade inerentes a toda vida social evolutiva. A pessoa,
ao contrário, é o indivíduo que aceita espontaneamente uma disciplina ou
contribui para o estabelecimento da mesma, e, dessa forma, se submete
voluntariamente a um sistema de normas recíprocas que subordinam a sua
liberdade ao respeito por cada um". (23).
(23) Piaget, J. Y Heller, J. - La autonomia en Ia Escuela- - págs. 41 e segts Ed. Losada
S.A. -B.A-1968.
E para que o adolescente possa auto-afirmar-se como pessoa, é
indispensável que passe pelas experiências sócio-educacionais do grupo:
onde tenha oportunidade de conhecer e aceitar pontos de vista diferentes
do seu; onde seja questionado; onde tenha que lapidar seu raciocínio
lógico para justificar, de maneira coerente, suas ações; onde tenha que
praticar a reversibilidade ao reorientar-se quando em erro; onde tenha
oportunidade de conhecer os limites à auto-realização pessoal e aprenda a
ampliá-los em benefício do grupo; onde experimente a reciprocidade ao
discutir e trabalhar com seus companheiros; onde, enfim, aprenda a co-
operar, ou seja, a operar (no sentido piagetiano) em conjunto. Tal
cooperação ajuda-lo-á a obter desenvoltura intelectual, psicológica, moral e
social. Do ponto de vista moral, segundo Piaget, "a co-operação conduz
não já simplesmente à obediência das regras impostas" (o que é normal na
infância em relação aos adultos), "mas a uma ética da solidariedade e da
reciprocidade". E "do ponto de vista intelectual, esta mesma co-operação
entre os indivíduos conduz a uma crítica mútua e a uma objetividade
progressiva". (24).
Para que essas experiências tragam os melhores resultados edu-
cacionais, é necessário que as mesmas sejam cuidadosamente planejadas
pelos professores com a orientação de SE/OE.
Poderão surgir excelentes oportunidades para tais vivências em
Projetos com objetivos vocacionais ou profissionais. Estes projetos, quer
sejam de livre escolha quando o objetivo é de exploração vocacional, quer
correspondam a uma atividade obrigatória, decorrente de uma opção entre
alternativas, oferecem grandes possibilidades de enriquecimento da
personalidade do adolescente; o estudante, além de aplicar conhecimentos
já adquiridos e de pesquisar aspectos ainda não dominados, terá que,
necessariamente, co-operar com seus colegas e desenvolver
gradativamente nas atitudes e habilidades necessárias ao exercício de um
profissão. Para que se desenvolvam relações de co-operação tanto entre
os estudantes como entre estes e seus professores, há necessidade de um
certo grau de autonomia na Escola. As experiências de educação
autônoma que têm sido realizadas em Escolas de diferentes graus revelam
que "a idade mais propícia para aplicação deste método se acha entre os
11 e os 13 anos e entre os 15 e os 18 anos (25), sendo portanto, a
adolescência uma faixa ideal para tal vivência.
(24) Piaget, J. Y Heller, J. — La autonomia en la Escuela págs. 41 e segts Ed. Losada
S.A. - B.A.-1968.
(25) Piaget, J. Y Heller. J. - Op. Cit.
Propõe-se, portanto, que os mesmos princípios e valores indicados
como norteadores da relação entre a equipe pedagógica e a equipe
docente sejam praticados na relação professor-aluno, na Escola de 2?
Grau.
Em síntese, partindo da abordagem antropológica da Educação
como um fenômeno cultura, optamos por uma concepção de Homem como
um ser criador de cultura.
Para que a educação no Ensino de 2? Grau possa colaborar para
a formação de pessoas que serão criadoras e não vítimas da cultura,
propomos que, durante o processo educacional, as novas gerações
tenham oportunidade de conhecer, criticar e, futuramente, recriar ou
transformar a cultura, dentro de suas possibilidades.
Coerentes com a concepção acima, apresentamos como finalidade
da ação integrada SE/OE o estímulo à emergência das potencialidades da
comunidade escolar.
Analisamos, então, as condições de trabalho ou o clima que deve
ser estabelecido na Escola para que se forme uma comunidade; tal clima é
decorrente, entre outras coisas, das relações de parceria que se devem
estabelecer entre a equipe pedagógica e a docente. Relações de
igualdade, cooperação, reciprocidade são condições necessárias e tam-
bém são decorrências do exercício da autonomia e esta implica em
liberdade pedagógica na Escola.
Lembramos, também, que a outra face da liberdade é a respon-
sabilidade e isto significa que a escolha de qualquer caminho deve ser feita
com base em estudos da situação educacional concreta e procurando
antecipar os resultados. SE e OE devem ser, portanto, pesquisadores em
ação, impregnando sua atuação de cunho científico, a fim de que a
intervenção do professor junto ao estudante se faça em bases sólidas.
Apresentamos, ainda, exemplos da atuação dos docentes junto
aos discentes, visando concretizar melhor nossa fundamentação.
ATIVIDADES DE COMPLEMENTAÇÃO
ITENS 1 e 2
I - BIBLIOGRAFIA PARA ESTUDO:
1 — Leitura obrigatória:
Sander, Benno - "Educação Brasileira: valores formais e
valores reais" — Ed. Pioneira — 1977
Freitag, Bárbara — "Escola, Estado, Sociedade" — Ed. Edart-
SP. -1977
Brasil-MEC - Il PSEC (Plano Setorial de Educação e Cultura)
-1975-1979.
Plano Estadual de Educação, de seu estado — 1977.
Orientação: Proceder a leitura e sistematizar as idéias centrais.
2 — Leitura complementar:
Brasil, Presidência da República - Il PND (Plano Nacional de
Desenvolvimento) — 1975/1979.
Cunha, Luiz Antonio CR. — "Política Educacional no Brasil: a
profissionalização no Ensino Médio" Ed. Eldorado-1977.
Nagle, Jorge — "A reforma e o ensino" — Ed. Edart — SP—
1973
Gouveia, Aparecida Joly e Havighrst, J. Robert — "Ensino
Médio e Desenvolvimento" Ed. Melhoramentos — SP —
1969.
II - Levantamento e Cadastramento de diagnósticos já realizados
sobre realidade educacional e especialmente sobre ensino de 2º
grau em âmbito nacional, estadual e municipal.
III — Levantamento e resenha das publicações do MEC/DEM e outros
Órgãos:
Habilitações Profissionais do Ensino de 2º Grau - Sugestões
de Implantação.
As informações e a renovação metodológica, em nível de
Grau.
Princípios para elaboração de Currfculo.
- Habilitações Básicas - CEBRACE
IV — Levantamento e análise da legislação referente ao ensino de 2º
Grau.
ITENS 3 e 4
I — Elaborar em equipe, um documento da SEC, contendo as
Diretrizes da ação da Equipe Central SE/OE, a partir de:
Concepção de Educação e Princípios da Ação Integrada
SE/OE, constantes dos itens 3 e 4 desse Bloco A.
Características da Supervisão e da Orientação no Ensino de 2º
Grau da Unidade Federada.
Prioridades estabelecidas para o Ensino de Segundo Grau pelo
Plano Estadual de Educação.
II — A realização da atividade I deverá ter como base as seguin
tes leituras obrigatórias:
MEC/DEM nº 4 — Supervisão Pedagógica e Orientação Edu-
cacional: fatores de melhoria da qualidade do ensino — 1977.
MEC/DEM — Um Modelo de Planejamento Curricular. Fun-
damentos filosóficos e biopsicológicos.
Saviani, Dermeval — Educação Brasileira: Estrutura e Sistema
Ed. Saraiva. 1975.
Piaget, J. — Para onde vai a Educação? — Livr. Ed. Jo
Olympio e Unesco — 1973.
III — Arrole as atividades integradas SE/OE na SEC.
Para a realização dessa atividade, deverá ser consultado o do-
cumento n? 4 do MEC/DEM acima citado, fazendo a necessária adaptação
à Equipe Central.
PARTE II
A - FUNDAMENTOS TEÓRICOS E INSTRUMENTAIS DA
SUPERVISÃO ESCOLAR
B - FUNDAMENTOS TEÓRICOS E FATUAIS DA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
A - FUNDAMENTOS TEÓRICOS E INSTRUMENTAIS DA
SUPERVISÃO ESCOLAR
INTRODUÇÃO
Não é nossa intenção estabelecer definitivamente os fundamentos
teóricos da Supervisão para o Ensino de 2º grau no país, mas apenas
fornecer aos Supervisores desse grau de ensino uma visão geral das
abordagens de Supervisão que mais se identificam com a linha de trabalho
que estamos propondo para a ação integrada SE/OE.
Caberá às Equipes de Supervisão de cada Unidade Federada, em
contato com os supervisores do 2? grau, analisar, aprofundar e opera-
cionalizar as indicações aqui apresentadas para transformar em atitudes de
Supervisão os princípios selecionados para nortear a ação integrada
SE/OE e para concretizar, em todos os níveis da estrutura de Supervisão,
a concepção do Homem como criador de cultura.
Neste sentido, privilegiaremos em nossa seleção, as abordagens
que valorizem a criatividade, a participação, a autonomia nas atividades
docentes e de supervisão e que possibilitem que o Supervisor assuma e
desempenhe seu papel crucial de agente de mudanças.
As proposições teóricas que apresentaremos serão, na medida do
possível, acompanhadas de exemplos da aplicação possível, seja em nível
de Equipe Central, Regional ou de Unidade Escolar.
Frisamos, novamente, que o ponto de referência da Equipe Cen-
tral será a Supervisão que se realiza na Escola, centro da ação educacio-
nal.
A Unidade Escolar, portanto, considerada como centro de irra-
diação e de convergência da ação supervisora, será o foco de nossas
preocupações. Contudo, sempre que necessário, serão dadas indicações
de como poderá ser feita a transferência para outros níveis de supervisão.
A sistemática que apresentaremos representa a consolidação de
princípios e de linhas de ação que vêm sendo propostos para a Supervisão
do Ensino de 2? grau de nosso país a partir de 1972 e que vêm
amadurecendo e sendo reestruturados durante esses anos por meio dos
cursos do CENAFOR, que têm levado a todas as Unidades Federadas as
diretrizes do DEM para a Supervisão. Deve-se destacar ainda a impor-
tância do I Seminário de Supervisão Pedagógica realizado no DEM em
que, como num verdadeiro laboratório pedagógico, Supervisores e outros
especialistas participaram da gestação de muitas das idéias que agora são
transformadas em diretrizes do DEM para a Supervisão brasileira no ensino
de 2º grau. Dando continuidade a esta linha, a maior parte da bibliografia
que selecionamos já é conhecida dos Supervisores que participaram
daqueles cursos, particularmente os Cursos Integrados SE/OE de 1976 e
1977; serão utilizadas, também, propostas e idéias dos textos geradores
elaborados para o I Seminário de Supervisão.
1 - CONCEITUAÇÃO
Devido à imprecisão que ainda persiste nesse campo, parece-nos
importante iniciar nossa abordagem teórica por uma caracterização, posto
que sucinta, do profissional que exerce a função de Supervisor Escolar.
É indispensável que iniciemos por uma distinção clara entre
Inspeção e Supervisão e, para tanto, o Parecer 252/69 dá-nos a principal
pista legal.
"O Parecer 252/69, do Conselho Federal de Educação, ao propor
os Currículos Mínimos para o Curso de Graduação em Pedagogia, reforça
e enriquece a proposição da Lei 5540/68, ao definir as cinco habilitações
pedagógicas: Supervisão Escolar, Administração Escolar, Orientação
Educacional, Inspeção Escolar e Magistério; e ao indicar as "matérias" que
devem compor a parte diversificada da habilitação em Supervisão"
(Princípios e Métodos de Supervisão Escolar; Currículos e Programas),
"praticamente caracterizou o campo de atuação do especialista em
Supervisão, como de natureza predominantemente pedagógica" (26). Por
outro lado, as "matérias" indicadas para a habilitação em Inspeção Escolar
(Princípios e Métodos de Inspeção Escolar; Legislação do Ensino), dão-lhe
uma característica de controle administrativo-legal.
A propósito, na justificativa do Conselheiro Valnir Chagas, sobre a
inclusão da Inspeção Escolar no currículo de Pedagogia, encontramos
algumas comparações entre Inspeção e Supervisão em que se apontam
as distinções fundamentais entre ambas. Embora não concordemos com
todas as suas posições, ele deixa claro que ao Inspetor caberá uma função
de controle administrativo — legal, enquanto ao supervisor caberá uma
função eminentemente pedagógica. A seguinte frase vem em apoio à
nossa posição: "... no progresso da supervisão repousam fundadas
esperanças de uma renovação qualitativa da educação brasileira de graus
primário e médio" (27). A isto acrescentaríamos: e nos demais graus e
modalidades de ensino.
(26) DEM/DEF/DAU/DSU/SEGE/MEC - Regulamentação da profissio de Supervisor
Escolar (Anteprojeto). DF., 1976. ANEXO III.
(27) Chagas, Valnir - "Porque a Inspeção Escolar no Currículo de Pedagogia". Documen-
ta nº 100, pp. 118 e ss., in Menezes, João Gualberto de C — Princípios e Métodos de Inspeção
Escolar - Ed. Saraiva, SP., 1977.
No anteprojeto de regulamentação da profissão de Supervisor
Escolar (28), anteriormente citado, encontramos em grandes linhas,
valiosas indicações sobre o papel e as áreas de atuação deste profissional.
Face à necessidade de homogeneizar a concepção sobre Supervisão
Escolar em todas as Unidades Federadas que irão desenvolver esta sis-
temática de ação integrada que ora propomos, extrairemos daquele
documento alguns itens esclarecedores.
Quanto ao papel profissional, o Supervisor é caracterizado como
"ativador de Sistemas Educacionais, tanto em nível de micro como de
macro sistema". Partindo da indicação das grandes operações que o
mesmo realiza nas Escolas e nos Órgãos de Coordenação do Sistema
Educacional e de sua liderança junto aos educadores, o documento
identifica o Supervisor Escolar como "um agente de inovações no meio
educacional" ao qual "compete adaptar às diferentes condições sócio-
econômico-culturais de cada realidade escolar, as decisões de ordem pe-
dagógica emanadas dos órgãos superiores do Ministério da Educação e
das Secretarias Estaduais". E ainda incorporar, criticamente, à praxis
educacional, as novas conquistas da Ciência, da Tecnologia e da Arte, bem
como manter-se atualizado quanto a novas descobertas no campo
educacional. O Currículo, definido como núcleo da ação supervisora, o
principal instrumento de inovação educacional utilizado pelo supervisor".
Como áreas de ação da Supervisão Escolar são identificadas: o Currículo,
o subsistema Ensino-Aprendizagem e o Processo Educacional, sendo
definidas suas competências em cada uma dessas áreas.
Tais proposições são plenamente válidas para o Ensino de 2ºgrau
e nos permitem identificar os principais focos de atuação do supervisor,
tanto na Escola como na Secretaria de Educação.
Na Unidade Escolar, a Supervisão será centralizada no ensino
propriamente dito. Segundo Mosher e Purpel, a Superv
;
são deve voltar-se
para dois focos principais: 1) o trabalho com os professores no sentido de
melhoria da qualidade do sistema ensino-aprendizagem; 2) o
desenvolvimento do currículo. Nos Setores Regionais e nas Secretarias
Estaduais de Educação, a Supervisão terá como focos principais: 1) o
encaminhamento e a operacionalização das Propostas Curriculares da
Secretaria junto aos Supervisores Regionais ou locais; 2) o desenvolvi-
mento profissional dos Supervisores da rede; 3) a melhoria da qualidade do
sistema de ensino.
(28) DEM/DEF/DAU/DSU/SEGE/MEC - documento citado.
Esta abordagem não é nova; pelo contrário, seu lastro encontra-se
nas experiências educacionais realizadas por escolas brasileiras de
vanguarda da década de 60, onde, sob denominações variadas (Orientador
Pedagógico, Coordenador Pedagógico, Diretor Pedagógico), encontramos
este profissional na coordenação pedagógica das experiências
educacionais que se realizaram nessas Escolas, no treinamento e na assis-
tência permanente à equipe docente das mesmas, no trabalho de orien-
tação aos pais e à comunidade para uma atuação conjunta em termos
educacionais.
Embora em um novo contexto histórico e educacional, não houve
uma ruptura com o modelo de Supervisão iniciado naquelas escolas. Pelo
contrário, houve um amadurecimento e uma nova síntese, decorrentes da
reflexão conjunta de muitos especialistas que, tendo vivido experiências
diversas, puderam definir juntos os novos parâmetros da Supervisão para
o Ensino de 2? Grau. E foi nessa experiência coletiva de Supervisão,
forjada em nossas próprias Escolas, que fomos buscar os alicerces para a
conceituação e fundamentação da Supervisão que estamos apresentando,
utilizando as tendências internacionais como apoio a essas posições.
Em nossa abordagem, consideraremos a Equipe Central como
responsável, basicamente, pela definição e desenvolvimento de uma po-
lítica de Supervisão para o Ensino de 2º Grau em sua Unidade Federada e
pela educação permanente dos supervisores da rede, no sentido de in-
corporação e concretização do ideal de educação aqui proposto e no am-
biente relacionai a ser criado nas Unidades Escolares para a formação da
comunidade educativa. E os Supervisores de Unidade serão responsáveis
pela educação permanente a serviço do Corpo Docente, estimulando os
professores à auto-realização como indivíduos criadores e pelo
desenvolvimento do Currículo e do processo ensino-aprendizagem no
sentido do ideal de educação que estamos propondo para o Ensino de 2?
grau. Com o Orientador Educacional, deverá favorecer o estabelecimento
do ambiente de relação necessário à formação da comunidade educativa.
2 - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR
a) — Supervisor como Agente de Mudanças
A realização do papel de "ativador de Sistemas Educacionais"
implica em que o Supervisor atue efetivamente como agente de mudanças
no meio educacional. Isto significa atribuir ao Supervisor uma função que já
se realiza em outros setores, por agentes que têm a função expressa de
introduzir e demonstrar novas práticas, É o caso, na agricultura, por
exemplo, do engenheiro agrônomo que, agindo no meio rural, "transmite
diretamente ao agricultor as informações, leva-lhe amostras de semente e
faz-lhe demonstrações de novas práticas de exploração" (29).
Entretanto, à diferença da agricultura e demais setores de pro-
dução da sociedade, as mudanças em educação são de caráter mais sutil,
menos concreto, e, em geral, envolvem uma nova posição filosófica e
afetam em profundidade o sistema de atitudes dos elementos envolvidos.
Outro aspecto a considerar é o de que as mudanças educacionais, para
terem êxito, devem ser aceitas e incorporadas não apenas dentro das
escolas, mas para alcançarem plenamente sua finalidade e se tornarem
viáveis e duradouras exigem e pressupõem o apoio da própria
comunidade.
Se analisarmos mais diretamente os agentes sociais aos quais se
dirige uma mudança educacional, vamos observar que aqueles que pre-
cisam ser mais diretamente atingidos são os professores e os pais dos
alunos. Isto porque, embora o aluno seja o destinatário último e o bene-
ficiário das inovações educacionais, os pais e os professores são os in-
termediários entre a inovação e o receptor e, se forem contrários à
inovação, agirão como obstaculizadores, como bloqueios à mudança.
Em apoio às afirmações acima, encontramos em Huberman, a
indicação de vários fatores exógenos de resistência à inovação, entre os
quais selecionamos: resistência do ambiente —desconfiança dos profes-
sores conservantismo da escola.
(29) HUBERMAN, A.M. — Como se realizam as mudanças em educação pág. 41 — Ed.
Cultrix -São Paulo. 1976.
Assim, para a introdução de inovações, o Supervisor deve tra-
balhar não só junto ao corpo docente, mas no âmbito de toda a Escola e
junto aos pais e à comunidade. Esse trabalho mais amplo deverá ser
planejado e desenvolvido conjuntamente com o Orientador Educacional e o
Administrador Escolar, utilizando, inclusive, os mecanismos de Integração
Escola-Empresa, a Associação de Pais e Mestres, o Centro Cívico, etc.
Mas a educação permanente dos professores é responsabilidade
específica do supervisor e para tal deverá instrumentar-se teórica e pra-
ticamente.
Embora estejamos utilizando os termos mudança e inovação como
sinônimos, HUBERMAN considera que existem diferenças entre os dois: a
inovação é mais ampla que a mudança. "Para enquadrar-se no campo de
aplicação de nossa definição, uma inovação deve perdurar, ser
amplamente utilizada e não perder as características iniciais" (30).
Na mesma linha de pensamento, Ana Maria Saul entende por
inovação "algo novo que pressupõe uma ação deliberada e duradoura".
(31).
Neste sentido, pode-se considerar vários aspectos da Lei 5.692/71
como, realmente, inovadores e que demandam uma ação deliberada e
planejada. Se pensarmos, por exemplo, na organização do quadro curri-
cular, na implementação das disposições legais de matrícula por disciplina,
na concretização do sistema de avaliação como é proposto, na
implantação das Habilitações Profissionais, no desenvolvimento e coor-
denação das disciplinas de maneira a atender às exigências de formação
geral e especial, aí temos verdadeiros desafios que estão exigindo o má-
ximo da imaginação criadora de nossos educadores e onde a atuação
efetiva do Supervisor é indispensável.
Colocando-se profissionalmente como um parceiro dos profes-
sores, deverá o Supervisor planejar com os mesmos a ação educacional a
ser desenvolvida junto aos alunos, instrumentá-los quanto a novos meios
instrucionais, acompanhar o desenvolvimento das atividades curriculares e
co-curriculares, estimular-lhes a iniciativa e a criatividade, definir
conjuntamente a sistemática de avaliação e participar da avaliação do
processo e dos resultados da atuação docente.
(30) HUBERMAN. A.M. - Op. Cit. - págs. 16, 17.
(31) Saul, Ana Maria — Entrevista
No entanto, para que estas atividades ocorram realmente, os
professores precisarão estar convencidos da va lidade das novas propostas
a fim de que possam envolver-se tanto intelectual como afetivamente na
tarefa educacional. Só o engajamento pessoal do professor é que pro-
porcionará a energia necessária à ação educacional transformadora que o
Ensino de 2? grau está exigindo.
Mas o Supervisor precisará estar alerta aos fenômenos de resis-
tência a inovações, a fim de poder superá-los. Deverá, antes de tudo,
desenvolver a sensibilidade para detectar os sintomas e analisar as causas
de resistência a inovações.
Segundo Ana Maria Saul, alguns dos fatores de resistência às
inovações, apresentadas pelo corpo docente, podem ser decorrentes de:
acomodação do professor devido a sucessos obtidos na maneira rotineira
de agir e que podem gerar medo da mudança ou fazê-lo sentir-se
ameaçado em sua identidade profissional face a novas formas de atuação;
ausência de recompensa para os inovadores, que, muitas vezes, são até
marginalizados; percepção de que a inovação vai exigir um esforço maior
do que a ação rotineira; falta de preparo técnico e de habilidades
específicas para aplicar as inovações.
A resistência à inovação, algumas vezes, é manifestada e se
expressa por meio de verbalizações ou agressões visíveis. Muitas vezes,
no entanto, a resistência não é claramente manifesta e esta é a forma mais
difícil de enfrentar, porque, subjacente ao comportamento expresso de
aceitação ocorre o bloqueio e a resistência se manifesta por meio de
inércia e de paralização e não de hostilização aberta. É de se esperar que
este tipo de resistência ocorra mais em situações em que as inovações são
impostas ao grupo. Segundo Havelock, "num sistema autoritário, qualquer
um pode receber ordem para adotar alguma coisa, mas ninguém pode
receber ordem para criar algo novo. A adoção forçada arrisca-se, portanto,
a ser superficial e efêmera, visto representar mais um ato de obediência do
que um ato de identificação ou de assimilação" (32).
Como se depreende, é importante que o grupo de professores
aceite a inovação como sua e que a incorpore a seu sistema de valores.
Por outro lado, é necessário que haja uma boa margem de liberdade
(32) HAVELOCK, R. — Guide to innovation in education. Ann Arbor, Mich., University
of Michigan, 1970 - in Huberman, A.M., Op. Cit.
para que o professor possa usar determinadas experiências de ensino sem
receio de ser marginalizado ou de sofrer represálias por sua iniciativa.
Uma condição indispensável quer para a "quebra" da resistência
como para o encorajamento da ação criativa dos professores na sua
função de ensino é a criação de um clima de segurança generalizada, que
inclua tanto aspectos psicológicos como organizacionais.
Eye e Netzer sugerem alguns itens que podem dar tal segurança
aos professores, pois incluem desde recompensas ao sucesso até a divi-
são de responsabilidade quanto à análise de desvios cometidos pelo
professor quanto a planos e metas aprovados. A ênfase é colocada
sempre na atitude positiva do Supervisor e se viabiliza no estímulo às
iniciativas, na orientação permanente para aprimoramento da atuação do
docente, no estudo conjunto das causas de eventuais erros e na correção
das possíveis falhas. É preciso não confundir tal postura profissional que
visa estabelecer um clima organizacional propício à ação educacional
inovadora com uma atitude paternalista. O Supervisor nada deve fazer
para o professor e sim com o professor.
Neste sentido existem algumas estratégias do processo de mu-
dança que poderão ser utilizadas pelo Supervisor.
Uma das estratégias mais indicadas para a ação inovadora em
educação é o modelo da Pesquisa em Ação, que tem sido reconhecido
como uma das formas de minimizar e até de desfazer a resistência às
inovações. Isto porque esta forma de trabalho envolve diretamente o
indvíduo na solução de seus próprios problemas, desde a identificação e
análise dos problemas, o levantamento e o teste de hipóteses de ação até
a avaliação do processo e dos resultados. Esta é uma estratégia que pode
ser utilizada pelo Supervisor no treinamento de professores e pelo próprio
professor na solução de seus problemas, com a colaboração do
Supervisor.
Outra forma de trabalhar com a resistência é encontrada no mo-
delo de Interação Social, em que o Supervisor privilegia a atuação ao nível
interpessoal, antes de trabalhar no nível técnico. A atuação se faz no
sentido de que o Supervisor e os professores desenvolvam um clima de
confiança mútua, um conhecimento mais afetivo e social e um trabalho de
relações interpessoais.
Esta forma de atuação poderá não obter os melhores resultados
com aqueles indivíduos que só se deixam convencer por argumentos pu-
ramente racionais. Para estes, são preferíveis os modelos de Pesquisa em
Ação e o de Solução de Problemas. Este último parte basicamente dos
mesmos pressupostos da pesquisa em ação; seu objetivo principal é a
resolução de problemas e pressupõe o envolvimento do indíduo, seu
compromisso na aplicação das decisões tomadas e o desafio de efetiva-
mente realizar uma ação em relação ao problema apresentado. (*)
b) A Supervisão e as Relações Escola-comunidade
Toda a formulação anterior repousa na proposta de que a Escola
deve ser um sistema aberto e, como tal, deve provocar mudanças no meio-
ambiente.
No entanto, para que a Escola de 2º grau seja um sistema aberto
eficiente e eficaz, há necessidade de planejamento da intervenção da
mesma bem como uma seleção dos aspectos do meio social cuja influ-
ência será aceita na Escola. Isto para garantir que o intercâmbio entre
Escola e Comunidade será proveitoso e educativo para o adolescente.
Sem entrarmos na análise sistêmica que tal proposição sugere, (*)
diremos apenas que os objetivos (que fazem parte do parâmetro de
controle, considerado como "a síntese dos objetivos e restrições de um
sistema" (33) educacionais definem as direções da atuação escolar e,
confrontados com as restrições, imprimem maior ou menor permeabilidade
à fronteira do sistema. Outro parâmetro a ser considerado, refere-se à
realimentação, que só será efetiva se baseada em dados reais fornecidos
pelas instituições e elementos da comunidade caracterizados como
usuários do Sistema-Escola.
Para maximizar as potencialidades da Escola como sistema aber-
to, o Supervisor deverá estudar com os professores os determinantes
sócio-ecológicos, demográficos e econômicos da comunidade e plane-
(*) Para uma visão geral sobre os modelos, consultar o livro de HUBERMAN, A.M. —
Op. Cit. — capítulo VI — Planificação e Execução da Mudança.
(*) Consultar o documento: A escola como sistema aberto — de Mário Donadio —
CIE-E/SP, apresentado durante o I Seminário de Supervisão Pedagógica —
DEM/1976.
(33) DONADIO, Mário - Escola como sistema aberto - CIE/-E/SP, 1976.
jar a ação educacional de maneira a explorar ao máximo os aspectos
positivos e neutralizar, se não for possível eliminar, os fatores negativos. 0
ideal seria que o currículo de cada Escola fosse planejado realmente de
acordo com as características sócio-antropológicas da comunidade, de
maneira que Escola e Comunidade se interpenetrassem e exercessem
uma benéfica influência recíproca.
É neste sentido que entendemos a proposta de Bárbara Freitag,
socióloga educacional, de que o Supervisor deve respeitar os valores
diferenciados dos vários elementos do sistema escolar—alunos, professo-
res, pais — e que deve atuar, não impondo os seus próprios valores aos
demais, mas sendo "mediador entre os conflitos emergentes de sistemas
valorativos diferenciados" (34). A propósito desta função mediadora do
supervisor, a autora continua: "poderá ser também o intérprete e tradutor
entre os diferentes sistemas valorativos". "Poderá o supervisor "ideal"
transmitir as aspirações, os anseios, as dificuldades dos educandos e
educadores... às instâncias formuladoras de política, demonstrando a sua
validade, sua importância e adequação e sugerindo reformulações ou
reajustamentos no texto da lei em nível regional e local concreto". Esta
atuação do Supervisor, segundo a autora, visaria possibilitar a
"universalização e democratização do ensino dentro do espírito de uma lei
formulada para todos". (35).
Comentando alguns aspectos das relações entre Escola e Meio
Social, Dilza Atta, especialista em Supervisão, levanta a hipótese de que
"uma melhoria acentuada nas técnicas pedagógicas, sem a correspon-
dente abertura para as relações com o sistema inclusivo, cria dificuldades
no desenvolvimento do sistema educacional" (36).
Reforçando algumas das hipóteses aventadas por Dilza Atta sobre
as possíveis conseqüências de uma abertura prematura da Escola para o
meio-ambiente, ou de seu fechamento, Mário Donadio, especialista em
Análise e Desenvolvimento de Sistemas, diz:
(34) FREITAG, Bárbara — Valores na Supervisão — Fundamentação Sociológica —Texto gerador
apresentado no I Seminário de Supervisão Pedagógica — DEM/1976.
(35) FREITAG, Bárbara - texto citado.
(36) ATTA, Dilza — Valores em Supervisão — texto gerador apresentado no I Semiário de
Supervisão Pedagógica DEM/1976.
"Se ... a escola fechar-se sobre si mesma, tornando rígidas suas
fronteiras, seu destino é a morte como organização. Em contrapartida, se a
escola se abrir para o meio-ambiente, tornando seus controles flexíveis e,
conseqüentemente, permeáveis suas fronteiras, mas estiver despreparada
para assimilar e transformar essas informações em novos impulsos para
seu crescimento, tenderá rapidamente à desorganização total ou à
inadequação aos novos estados do meio. Essa situação a impossibilita de
receber novos impulsos, o que fatalmente a conduzirá à morte como
organização", (37)
Como se pode perceber, há necessidade de que o Supervisor
realize um trabalho planejado de preparo da Escola para receber e utilizar
produtivamente os impulsos do meio, bem como um preparo do meio social
para receber positivamente a ação da Escola. E para que isto se inicie, é
indispensável que Escola e meio-ambiente se conheçam para poderem
aquilatar as potencialidades de cada um. Sabe-se que o diagnóstico da
comunidade é fundamental para o planejamento curricular e que,
atualmente, no 2? grau, o plano curricular deve conter todas as diretrizes
para a orientação das Habilitações Profissionais; sabe-se, também, que a
escolha dessas Habilitações não deve se fazer ao acaso, mas que o
critério social básico é que atendam a necessidades atuais ou a tendências
do desenvolvimento da comunidade ou do Estado. E que, além disso, na
formação geral e profissional do adolescente, e no próprio planejamento do
currículo, os recursos humanos e tecnológicos da comunidade em muito
podem colaborar. Por que não organizar comissões mistas de
planejamento curricular nas SECs, nas regionais e nas Escolas, onde, sob
a coordenação do Supervisor e com a participação do Orientador
Educacional, não só professores e especialistas em disciplinas de 2? grau,
mas também profissionais de vários setores da comunidade (artistas,
intelectuais, tecnólogos, administradores de empresas, líderes
comunitários) participem e façam suas sugestões quanto ao que de melhor
existe na comunidade e que deveria ser usufruído pela escola no sentido
de proporcionar experiências educacionais aos adolescentes? E não seria
o caso, também, de se definir Projetos de Ação a serem desenvolvidos
pelos alunos na e com a comunidade, visando atender a necessidades
comunitárias e aos interesses da profissionalização e auto-realização do
aluno? Este é o intercâmbio que
(37) DONADIO, Mário - texto citado.
acreditamos mais frutífero entre Escola e Comunidade, isto é, não só
receber ou só dar, mas trocar; não trabalhar para mas com. Assim atuan-
do, de forma planejada, o Supervisor poderá criar e fortalecer o vínculo
Escola-comunidade e enriquecer as experiências curriculares. (*)
A propósito, as Escolas de 2º grau da rede estadual, a exemplo do
que já se iniciou nas Escolas Técnicas Federais e nos Colégios Agrícolas
da Rede Federal, poderiam sistematizar um mecanismo de integração da
Escola com a comunidade, É necessário lembrar que o mecanismo criado,
Integração Escola-Empresa, foi montado para atender prioritariamente às
necessidades da profissionalização do aluno e a Escola de 2? grau tem
objetivos muito mais amplos que este em sua relação com a comunidade.
O que estamos propondo e que seja utilizada a estratégia do SIE—E para
montagem e mobilização de mecanismos de integração Escola-
comunidade, que serão utilizados pela Administração Escolar, pela
Supervisão Escolar, pela Orientação Educacional e pelos outros setores
técnicos eventualmente existentes ou a serem criados na Escola.
c) O Professor como Pessoa
Além das considerações de ordem sócio-econômica, a ação do
Supervisor deve orientar-se pelos valores implícitos na concepção edu-
cacional e pelos princípios filosóficos e psicológicos propostos como bases
da ação integrada no Ensino de 2º grau.
Trata-se, agora, de transformar em atitudes de trabalho os prin-
cípios teóricos formulados.
Nessa linha, o primeiro aspecto que se ressalta é o de que a re-
lação Supervisor-Professor deve se estabelecer sobre a crença de que
cada ser humano é único; isto significa que cada professor é não apenas
um profissional, mas uma pessoa com suas potencialidades, seus sonhos,
seus medos, suas esperanças, seus preconceitos; e o que um professor é,
o que um professor sente e pensa, se refletem em sua atividade docente.
(*) A propósito da utilização dos Sistemas Informacional, de Intercâmbio Técnico e de
Avaliação do SIE—E pela Supervisão, consultar o Documento n. 4 — Supervisão Pedagógica e
Orientação Euducacional: fatores de melhoria da qualidade do Ensino -pgs. 57 a 62 -
DEM/MEC - 1977.
Mosher e Purpel acentuam este aspecto, mostrando que todo o
trabalho do Supervisor, mesmo o trabalho em grupo, deve considerar o
professor como pessoa. 0 Supervisor deve ter em mente que não está
lidando com um grupo cujo comportamento profissional deve ser pa-
dronizado, mas com pessoas que trazem valores, percepções diferentes
sobre o ensino, medos, necessidades psicológicas variadas, e, inclusive,
preconceitos sobre o Supervisor como ameaça à sua segurança profissio-
nal; tímidos e auto-confiantes, otimistas e céticos, idealistas e pragmáticos,
dedicados e negligentes, criativos e rotineiros, exuberantes e silenciosos, é
bastante variada a galeria de tipos humanos com os quais o Supervisor
trabalha no Ensino de 2? Grau.
Quando se diz que o Supervisor deve tratar a cada um como pes-
soa, não estamos sugerindo que caberá ao Supervisor devassar a inti-
midade de cada professor; pelo contrário, deve ele, mesmo quando há
necessidade de uma intervenção profissional corretiva, preservar sempre a
integridade de cada professor como ser humano.
Em seus contatos com o docente, deve o Supervisor tentar des-
cobrir as motivações de seu trabalho e impulsioná-lo no sentido da auto-
superação constante. As falhas e limitações de cada um não devem pesar
como insuperáveis, nem ser apontadas como tais. A atividade da Super-
visão deve basear-se na valorização dos aspectos positivos e no estímulo
das potencialidades dos professores para que se atualizem.
Segundo Unruh e Turner "os professores não são iguais..." "Eles
têm diferentes estilos de ensino, diferentes graus de competência sobre o
que ocorre em sala de aula. Eles têm seu próprio ritmo de desenvolvimento
profissional e atingiram pontos diversos no caminho para a maturidade.
Obviamente, então, eles exigem diferentes tipos de atenção". (38)
Frente a esta proposta, cabe fazer algumas observações:
1 — Não se deve confundir a consideração do professor como
pessoa com a condescendência frente aos erros, a fluidez na orientação e
a ausência de parâmetros. 0 que se propõe é que, em seu código de ética
profissional, o Supervisor coloque todo professor como um ser
(38) Unruh. A. and Turner, H.E. — Supervision for Change and Innovation - Houghton
Mifflin Company - Boston, 1970.
humano que está verdadeiramente interessado em desenvolver um traba-
lho positivo com os alunos e em crescer profissionalmente. E que, assim
sendo, todo professor necessita de aprovação pelas iniciativas bem suce-
didas de orientação, correção e apoio técnico quando comete erros, uma
vez que seu desejo é o de ajudar o adolescente a florescer como pessoa e
não o de prejudicá-lo.
2-0 enfoque do professor como pessoa pode dar margem a que se
interprete o Supervisor como Conselheiro Psicológico. Este não deve ser o
papel do Supervisor. Não faz parte de sua função orientar os professores
em seus problemas pessoais. 0 Supervisor deve auscultar suas
motivações profundas para canalizá-las para o aperfeiçoamento
profissional do professor.
3 — A valorização de cada professor não implica exclusivamente
em orientação individualizada. A maior parte de nossas escolas de 2? grau
conta com um grande número de professores e com número restrito de
supervisores. Além disso, devido a necessidades financeiras e à
inexistência de uma infra-estrutura administrativa, muitos professores não
dispõem de tempo fora dos horários de aula, para receber orientação.
Nestes casos, o Supervisor deverá dar preferência à utilização de grupos
como forças mobilizadoras do potencial de cada professor. Mesmo assim,
não deve deixar de dar atendimento personalizado àqueles professores
que mais necessitarem, como é o caso dos mais inexperientes, dos
inseguros, daqueles que estão experimentando novas abordagens e dos
que resistem a inovações. Embora no último caso a força persuasória do
grupo e o bom êxito de outros sejam mais decisivos, é recomendável um
acompanhamento individual do caso, pois, em geral, trata-se de
insegurança, de temor do fracasso no campo profissional.
3 - A EDUCAÇÃO PERMANENTE NO ENFOQUE DA
SUPERVISÃO
a) O Currículo e o Processo de Ensino como focos de atuação
Muito se tem escrito a respeito da importância e da necessidade de
que cada Escola elabore seu próprio Plano de Trabalho, no qual devem ser
incluídos, entre outros: o plano administrativo, o curricular, o da Supervisão
Escolar, o da Orientação Educacional, os planos de Ensino.
No entanto, o que se vem observando, de maneira crescente nos
Sistemas de Ensino, é a imposição de planos já elaborados por equipes
distanciadas da realidade de cada Escola e de cada Comunidade.
O que se propõe é que se inverta a situação e que, em cada Es-
cola, haja a definição de um Currículo adequado às suas características e
necessidades. Esta é uma atividade a ser coordenada pelo Supervisor com
a participação do Orientador Educacional e realizada pelo corpo docente.
Enfatizamos, portanto, a necessidade de que cada Escola de 2º
grau elabore seu próprio Plano Curricular, com todas as dimensões e
etapas propostas pelo Modelo de Planejamento Curricular do DEM. Na sua
construção deverão ser consideradas as Diretrizes Nacionais para o
Ensino de 2º grau, bem como as Diretrizes contidas no Propostas
Curriculares de cada SÉC. Estas diretrizes devem ser suficientemente
amplas, constituindo uma orientação geral aos Supervisores.
Este Plano Curricular da Escola, uma vez elaborado, permanecerá
como a base de todo o trabalho pedagógico a ser desenvolvido na Escola.
O aspecto mais permanente do Plano Curricular é constituído
pelos fundamentos teóricos, que, no entanto, necessitarão de aperfei-
çoamento anual.
Além do diagnóstico, que necessariamente será feito a cada
período letivo (ano ou semestre) no que se refere à Clientela, os Planos de
Ensino dos professores constituirão a parte mais dinâmica do Plano
Curricular.
A propósito do trabalho do Supervisor na coordenação do pro-
cesso de planejamento curricular, indicamos o estudo do Quadro IV —
Ação Integrada SE/OE, (39) montado segundo o Modelo de Planejamento
Curricular do DEM, onde são propostas as atividades fundamentais a
serem desenvolvidas nas fases de Reflexão sobre Fundamentos do
Currículo, Decisões do Planejamento Curricular, Execução e Avaliação do
Currículo.
A construção, o desenvolvimento, a avaliação e a reformulação do
Currículo bem como o planejamento, a ativação e as revisões do processo
de ensino deverão ocorrer dentro da filosofia de educação permanente.
Instalar o clima necessário à Educação Permanente na Escola deve
significar que toda atividade escolar será uma oportunidade para uma
aprendizagem vitalmente significativa. Mas para que o Currículo e o
Processo de Ensino constituam meios para esta educação permanente do
professor, é necessário que o Supervisor planeje com os mesmos este
programa de Educação Permanente. Se o professor não for envolvido
desde o início neste programa, dificilmente seus resultados serão positivos.
"Para que o programa de assistência e treinamento docente conte
com o engajamento e o entusiasmo dos professores, deverá contar com a
participação dos mesmos em todas as etapas" (40).
A montagem deste programa de Educação Permanente em serviço
deverá fazer-se com base na situação concreta dos professores, nas suas
carências pedagógicas, no estágio de maturidade profissional que tenham
alcançado. Isto poderá significar um trabalho diferenciado com vários
grupos. Para a caracterização dessas necessidades, o Supervisor deverá
realizar um dignóstico com base em certos indicadores que interessam ao
programa em questão, podendo utilizar desde os meios mais informais (41)
até a aplicação de instrumentos de pesquisa formal.
(39) Ver documento n? 4 DEM/MEC - Supervisão Pedagógica e Orientação Educacional: fatores de
melhoria da qualidade do Ensino, DF., 1977
(40) PRESTES Naide A. - Supervisão Pedagógica: uma abordagem teórico - prática. Capítulo II -
Ed. Cortez & Moraes - SP. 1976.
(41) Consultar o livro acima. Capítulo II, págs. 19 a 22.
Para melhor organização dos grupos, sugere-se que o Supervisor
elabore ou utilize uma escala de classificação dos professores a partir de
certos parâmetros da ação docente. Recomendamos, a respeito, a
utilização dos parâmetros propostos por Dilza Atta (ver anexo 3), que
considera os seguintes: formação geral e pedagógica dos docentes,
metodologia do trabalho docente, nível de preocupação com o aluno, nível
de explicitação e adequação dos objetivos. Em relação a cada parâmetro,
são especificados alguns itens que deverão possibilitar ao Supervisor a
categorização de seus professores em diferentes etapas de maturidade
profissional.
Os mesmos parâmetros poderão ser utilizados pela Supervisão
Central e Regional, mas agora com a preocupação de identificar a etapa
evolutiva alcançada pelas Escolas, a fim de planejar a ação Supervisora
com base nesses dados. Sugere-se à Equipe Central que construa uma es-
cala semelhante para categorização dos Supervisores da rede segundo o
nível de maturidade profissional alcançado. Os resultados deverão servir
de base à montagem e ao desenvolvimento do programa de Educação
Permanente dos Supervisores do Ensino de 2º grau.
O Supervisor de Unidade Escolar deverá utilizar todas as situações
pedagógicas da Escola para o treinamento docente. Contudo, os
momentos mais produtivos serão os Conselhos Pedagógicos, as Reuniões
de professores por Disciplina ou Área de Estudo, e todos os momentos de
planejamento, acompanhamento e avaliação de atividades de ensino-
aprendizagem. Para que Professores, Supervisores e, em última instância,
os Alunos, tirem o melhor proveito dessa Educação Permanente em
serviço, haverá necessidade de que, num planejamento conjunto com o
Administrador Escolar, sejam previstos no Cronograma da Escola horários
semanais regulares de encontro dos professores com o Supervisor.
Neste ponto, caberá à Supervisão Central dentro da Política de
Supervisão para o Estado, definir diretrizes globais para utilização das
horas-atividade e assegurar junto aos órgãos superiores de decisão, a par-
ticipação dos professores nas mesmas, como profissionais remunerados e
não como voluntários.
Com relação ao Currículo, caberá ao Supervisor de Unidade o
aprofundamento com os professores da fundamentação filosófica e sócio-
econômica, bem como um estudo sobre Psicologia da Aprendi-
zagem e do Desenvolvimento, de maneira que o professor conheça melhor
as estruturas de aprendizagem do período de operações formais
(Adolescência em diante) e compreenda a fase evolutiva pela qual passa o
adolescente.
Nesse estudo e, particularmente, no aspecto psicológico, será
preciosa a colaboração do Orientador Educacional.
A Supervisão Central também deverá realizar estes estudos com
os Supervisores da rede, mas num nível mais avançado. Com a cola-
boração da Equipe de Currículo, poderão ser planejadas jornadas de
estudo, onde serão analisadas as novas teorias educacionais e novas
tendências em relação a Currículo. Mas precisarão ser analisados também
aspectos práticos em relação à montagem de grades curriculares, à
definição e orientação de Habilitações Profissionais, às metodologias de
organização das experiências curriculares e outros aspectos que atendam
às necessidades definidas pelos Supervisores.
Com relação ao processo de Ensino, o Supervisor de Unidade
estudará com os professores todos os aspectos necessários a seu aperfei-
çoamento como docente, incluindo Objetivos, Métodos, Técnicas de Ensino
e demais recursos da Tecnologia Educacional, Interação Profes-sor-Aluno,
Avaliação, etc.
Na orientação do processo de ensino, o Supervisor poderá uti-
lizar tanto as técnicas de trabalho em grupo como a assistência perso-
nalizada, de acordo com o problema a ser tratado e as características do
professor.
Uma das formas mais produtivas de solução de problemas tem-se
revelado ser o envolvimento dos professores na metodologia da Pesquisa
em Ação, cujo objetivo maior é, exatamente, a solução de problemas
imediatos.
Outro meio altamente estimulante é a utilização de técnicas de
criatividade, em que o professor, lançado em situações hipotéticas e
lúdicas, sente-se livre de pressões de julgamento referentes à sua atuação
real e pode encontrar soluções inesperadas e eficientes para seus
problemas.
Pode-se utilizar também o Estudo de Caso, que pode ser cons-
truído pelo Supervisor a partir de fatos realmente ocorridos, talvez em
outras escolas ou outros níveis de ensino, mas que guardem semelhança
com os problemas enfrentados pela Equipe. Os casos podem ser trazidos
também pelos professores e devem referir-se a situações que são da
alçada do Professor e do Supervisor. Um caso em Supervisão não deve
envolver apenas uma pessoa, mas deve ser o caso de uma classe, de uma
turma, de uma escola ou, inclusive, de uma equipe docente; pode referir-se
à resistência a inovações, à utilização de Recursos Audiovisuais ou de
Tecnologia de ensino, à interação em sala de aula, etc. Os casos são
muito úteis para a solução de problemas por permitirem afastamento e
objetividade em relação aos fatos reais.
Com relação à assistência personalizada, embora exija uma sin-
cronização do horário do Supervisor e do Professor, que nem sempre é
possível, é conveniente que seja realizada sempre que as técnicas de tra-
balho em grupo não se revelarem frutíferas e quando o comportamento do
professor estiver prejudicando os alunos. Quanto a esse atendimento,
Unruh e Turner dizem: "Todo Supervisor deve aprender as habilidades de
um conselheiro pessoal-profissional. Ele deve ser a combinação que
penetra o problema e liberta a iniciativa e o talento do professor. Em seu
papel como conselheiro, o Supervisor deve perceber que problemas
profissionais como: questionamento dos resultados cognitivos do ensino,
avaliação da qualidade da interação em sala de aula, ou utilização de
interesses dos alunos para eliminar comportamentos estudantis
indesejáveis, produzem pressões internas no professor e ameaçam sua
moral". (42) Dizem os autores que, embora os professores possam
identificar as causas de sua baixa moral, eles precisam de um Supervisor
sensível que os ajude a "ajustar seus métodos e seu padrão de
comportamento a fim de corrigir a situação".
As entrevistas individuais do Supervisor com o Professor deveriam
ser precedidas por observação de atividades do mesmo em sala de aula
ou em atividades extra-classe, a fim de que o Supervisor possa ter maior
conhecimento sobre o padrão de interação desenvolvido pelo professor e
sobre suas dificuldades. Esta observação de atividades, em qualquer
situação, deve ser combinada com o professor, a menos que já se tenha
estabelecido um clima de confiança entre o Supervisor e os professores e
que estes sintam os resultados positivos dessa técnica no seu
aperfeiçoamento profissional.
(42) Unruh e Turner — ison for change and innovation — Houghton Mifflin Compa- Superv
ny - Boston, 1970.
A observação de atividades poderá seguir a metodologia da Ava-
liação lluminativa, à qual nos referiremos posteriormente, ou poderá seguir
um roteiro de registro, como é o caso das Matrizes de Flanders e de
Amidon e Hunters. A propósito do assunto, encontramos um excelente
instrumento de Observação, Análise e Avaliação do comportamento do
professor em situação de Estudo Dirigido, criado por Maria Laura Puglisi
Barbosa Franco e apresentado como dissertação de mestrado em outubro
de 1977, na PUC/SP. O instrumento, intitulado SMM, que significa
"Sistema de Observação do Desempenho dos Papéis de
Monitor/Moderador", é descrito como: "É um sistema categórico para
observação do comportamento verbal do professor, no desempenho dos
papéis de Monitor e Moderador, em contexto de sala de aula, podendo ser
usado para seleção, treinamento, avaliação ou pesquisa". (43)
Sob a denominação de Monitor, a autora inclui todas as atividades
que o professor realiza junto aos alunos, durante as fases de preparo e
supervisão da realização do Estudo Dirigido; sob o papel de Moderador
estão incluídas todas as atividades realizadas pelo professor durante a
discussão aberta realizada pelos alunos, envolvendo comportamentos de
preparo, implementação, controle e encerramento do Debate. Elaborado
com o máximo rigor científico é, no entanto, um instrumento acessível que
poderá servir ao Supervisor para observação, análise e avaliação de aulas,
bem como para o treinamento de professores na realização de sessões de
Estudo Dirigido. Poderá também constituir inspiração para construção de
instrumentos para avaliação da atuação do professor em outras atividades
como Estudo do Meio, Supervisão de Estágio, etc. (No Anexo nº 4
apresentamos uma folha-tarefa preparada para treinamento no SMM e que
permite ao Supervisor ter uma idéia do instrumento. Por impossibilidade
prática, não incluímos o próprio SMM).
Outros instrumentos estão sendo criados por pesquisadores e
educadores no âmbito do Projeto de Novas Metodologias do DEM ou como
Teses de Mestrado em Psicologia Educacional e que deverão ser
incorporados ao acervo da Supervisão no Ensino de 2? grau, desde que se
refiram a Currículo, Supervisão, Ensino, ou Aprendizagem.
(43) Franco, M. Laura P.B. — A Medida de Habilidades Instrucionais enquanto "Compe-
tências" do Professor, Preditivas de seu Desempenho Competente na Condução de um
Programa Inovador - Dissertação de Mestrado em Psicologia Educacional PUC/SP-1977.
A propósito do assunto e ainda como parte integrante de sua
função de Coordenador do Currículo e do Processo de Ensino, cabe ao
Supervisor coordenar o subsistema tecnológico da Escola.
Sob a denominação de tecnologia educacional, incluímos todos os
recursos utilizados como meios para o desenvolvimento do processo
ensino-aprendizagem, desde giz e quadro-negro, micro-ensino, módulos
instrucionais até circuitos fechados de televisão.
A coordenação do subsistema tecnológico, pelo Supervisor, far-se-
á em termos de diretrizes e não de produção. Os recursos para o ensino
deverão ser planejados, pelo professor, com o Supervisor e o especialista
em tecnologia. Este último será o responsável pela produção. Como a
maioria de nossas Escolas de 2? grau não possui este especialista, sugere-
se que seja organizada uma equipe de produção que inclua professores de
Artes e de Comunicação. Após a discussão dos aspectos pedagógicos e
específicos com o professor e o Supervisor, a equipe se encarregaria da
parte técnica. Além disso, alunos com habilidades especiais também
poderiam colaborar na produção de materiais. Um cuidado, no entanto, é
necessário: a tecnologia deve ter um efeito estimulador na aprendizagem,
não devendo nunca substituir as operações mentais que o aluno deve
realizar; pelo contrário, os recursos devem ser planejados de forma a
provocarem o esquema operatório do estudante, desafiando seu raciocínio,
estimulando sua imaginação, mobilizando sua criatividade, exigindo sua
reflexão. Caberá ao Supervisor preparar os professores e os próprios
especialistas para que possam planejar e utilizar os recursos do ensino de
maneira a desafiar a capacidade operatória do adolescente. (Ver no Anexo
5 algumas indicações do Dr. Nélio Parra, especialista em Tecnologia
Educacional, a respeito de possíveis atividades da Supervisão em relação
aos Recursos Audiovisuais).
b) Utilização da Metodologia da Pesquisa em Ação na Super-
visão em Nível Local e Central (*)
O modelo da Pesquisa em Ação tem seus pressupostos centrados
nos problemas que os professores ou grupos de professores trazem. Com
esta resolução de problemas pretende-se, de um lado, uma satisfação
imediata das necessidades, que leve a um aperfeiçoamento do trabalho
curricular; de outro, o crescimento do professor à medida que ele,
(*) Saul, Ana Maria - Transcrição de Entrevista.
devido a esse enfoque metodológico, possa aprender a desenvolver uma
atitude científica diante dos problemas educacionais. Engajar um professor
num procedimento de Pesquisa em Ação deve significar que ele, ao final e
durante esse processo, possa encarar seu trabalho educacional de forma
científica, não impressionista, no sentido de identificar um problema,
analisá-lo, levantar hipóteses, dirigir sua ação na tentativa de testar
hipóteses e avaliar os resultados desta ação.
O segundo pressuposto é que a metodologia da Pesquisa em Ação
permite o envolvimento do professor na ação. Este envolvimento é
condição básica para que ele se proponha a um trabalho de pesquisa dos
porquês de sua ação. Pressupõe-se que este envolvimento seja garantido
pelo fato de que, na Pesquisa em Ação, o professor trata e trabalha com os
seus problemas imediatos, com os problemas reais que ele enfrenta. Este
pressuposto vem apoiado no princípio psicológico segundo o qual, para
que o indivíduo desenvolva uma ação com significado, precisa estar
motivado para isto; na Pesquisa em Ação esta motivação é obtida no
momento em que o indivíduo traz e tenta resolver o seu próprio problema.
Esta metodologia tem-se revelado muito produtiva no treinamento de
pessoal, em oposição ou contraposição a certos tipos de treinamento
docente centrados em informações e que têm sido considerados
improdutivos por não garantirem o envolvimento do professor na ação
efetiva. Por mais que na situação de treinamento possa ter havido um
envolvimento do professor, em geral as informações que ele recebe não
são, efetivamnte, incorporadas na prática.
Artigos de Morse e Wingo analisam este problema mostrando que
existe uma distância de pelo menos 25 anos entre a teoria e a prática,
entre as crenças educacionais dos professores e as suas práticas de sala
de aula. (44) Por que o não envolvimento? Porque realmente não é
suficiente discutir propostas teóricas ou mesmo resultado de pesquisas
formais para que o professor extrapole e transponha essas informações,
concretizando-as na sua ação efetiva.
Se o Supervisor quiser utilizar esse modelo com os professores de
uma Escola, precisará considerar em primeiro lugar o seguinte: ele deve
trabalhar sobre problemas que os professores efetivamente têm, qualquer
que seja o tipo de problema apresentado. Suponhamos, por exemplo, que
o Supervisor esteja muito interessado em Planejamento Pedagógico no
início do ano, mas que a preocupação do grupo de professo-
(44) Morse e Wingo — Leituras de Psicologia Educacional - Editora Nacional, Sãb Paulo.
res não seja a de planejar de maneira formal, mas sim a de resolver pro-
blemas mais específicos: suponhamos que a preocupação maior dos pro-
fessores principiantes seja com aspectos metodológicos; e que o outro
grupo de professores esteja interessado em aspectos relacionados com a
avaliação de trabalho de alunos e que outros, ainda, estejam preocupados
com controle de disciplina ou controle da interação na sala de aula. Neste
caso, se o Supervisor aceitar os pressupostos da Pesquisa em Ação
deverá, neste primeiro momento, deixar a sua intenção de trabalhar ao
nível formal de planejamento de ensino e trabalhar com os problemas
específicos dos professores. Poderá, então, selecionar algumas
alternativas. Uma delas seria a de entrar em acordo com os professores
sobre os problemas prioritários a serem trabalhados; outra alternativa, e
mais produtiva, seria a de trabalhar com pequenos grupos em relação a
problemas comuns. Haveria, então, necessidade de prever um rodízio de
horários para atendimento dos diferentes grupos de professores. A longo
prazo, poder-se-ia pensar em líderes que surgissem do grupo de
professores e que poderiam ser treinados para conduzir discussões
segundo o modelo de Pesquisa em Ação, de modo que vários grupos de
trabalho e vários problemas pudessem ser desencadeados simultane-
amente. (Ver nota de rodapé).*
O trabalho de Pesquisa em Ação da Equipe Central com Super-
sores de Unidades Escolares poderia ser conduzido, da mesma forma,
guardando-se os pressupostos básicos, mas focalizando especificamente a
problemática que os Supervisores das Unidades Escolares trouxerem e
estiverem enfrentando em seu trabalho. Para que isto ocorra, os Super-
visores da Equipe Central precisarão dominar a metodologia da Pesquisa
em Ação, e mais do que isso, acreditar nela. Uma vez acreditando nessa
metodologia e dominando os aspectos referentes à condução técnica,
podem ser conduzidos trabalhos em pequenos grupos de supervisores.
Provavelmente, os problemas estarão centrados em como auxiliar o pro-
fessor, como trabalhar com o professor, como trabalhar com os problemas
da organização escolar. 0 que se espera é que tragam problemas
centrados na condução do trabalho docente, na avaliação e no replane-
jamento do mesmo. O Supervisor Central deverá prever encontros sis-
temáticos com os Supervisores de Unidade, onde serão desenvolvidas
( ) Nota: Ana Maria Saul, em sua tese sobre Pesquisa em Ação. montou um modelo de
Planejamento e Desenvolvimento do Currículo a ser desenvolvido pelo Supervisor
com os professores. Os Supervisores interessados deverão recorrer à própria tese.
as várias fases de solução de problemas preconizados pelo modelo da
Pesquisa em Ação. (*) Este modelo aplica-se tanto ao conteúdo de pro-
blemas específicos de sala de aula, como a conteúdos mais amplos como,
por exemplo, problemas de produtividade do ensino. É importante destacar
que a utilização da Pesquisa em Ação, pela Equipe Central, além de ter a
preocupação de auxiliar no crescimento dos Supervisores das Unidades de
forma que eles venham a poder solucionar seus problemas e que
desenvolvam uma atitude científica diante do trabalho de supervisão,
deverá permitir que este Supervisor possa, a longo prazo, propor um
esquema de trabalho para o ano letivo; isto só deverá ocorrer depois que o
Supervisor de Nível Central perceber os reais focos de interesse dos
Supervisores de Unidade e que puder propor um prazo para o
desenvolvimento de cada projeto de ação segundo esta metodologia. Os
prazos, logicamente, irão variar segundo a complexidade do problema
porque a Pesquisa em Ação envolve uma ação efetiva na prática, o
desenvolvimento efetivo da ação até que o problema seja solucionado.
Desta forma seria possível eleger alguns focos prioritários com os Super-
visores de Unidade e que serão trabalhados em pequenos grupos. Os
grupos poderão trabalhar em rodízio, em torno de focos que sejam mais
significativos para eles. O Supervisor Central deveria manter um relato de
cada um desses projetos de Pesquisa em Ação, que serviria não só ao
propósito de documentação de seu trabalho, mas também, para registro
das principais decisões e de subsídios que possam ser utilizados por
grupos subseqüentes que apresentem os mesmos problemas ou pro-
blemas semelhantes.
É importante registrar que o objetivo da Pesquisa em Ação não é a
generalização de resultados, mas sim a solução de problemas imediatos,
o aperfeiçoamento dos profissionais e a introdução de inovações no
trabalho curricular.
(*) Ver no Anexo n. 4 O modelo da pesquisa em ação, os pressupostos básicos
e as etapas do mesmo.
4 - AVALIAÇÃO EM SUPERVISÃO
A avaliação em Supervisão pode assumir, basicamente, duas di-
mensões. Podem ser avaliados os produtos mais diretos da ação super-
visora ou seus resultados indiretos.
No caso da Escola, os produtos diretos referem-se ao aperfei-
çoamento profissional dos professores, à qualidade das experiências
curriculares propostas e vivenciadas e à introdução e melhoria das rela-
ções Escola-comunidade.
Os resultados indiretos dizem respeito aos alunos: seu rendimento
escolar, o aperfeiçoamento de suas habilidades intelectuais,, profissionais,
artísticas e sociais, seu entrosamento na comunidade educativa. Enquanto
os produtos diretos serão avaliados com os professores, os pais e
representantes da Comunidade, os indiretos exigirão a participação dos
alunos e serão avaliados com o Orientador Educacional.
A avaliação da produtividade da Escola será um trabalho de toda a
Equipe Técnica, devendo ser feita, necessariamente, com o Administrador
Escolar.
No caso da Equipe Central, os produtos diretos referem-se ao
amadurecimento profissional dos Supervisores da rede e à política de
Supervisão adotada pela SEC na Unidade Federada. Seus produtos in-
diretos dizem respeito à qualidade e à produtividade do Ensino de 2? grau
no Estado. A avaliação do produto direto será feita com os Supervisores,
com a colaboração da Equipe de Currículo, enquanto os resultados do
ensino (produto indireto) serão avaliados pelo conjunto das Equipes
Centrais envolvidas com o 2? grau.
Eye, Netzer e Krey propõem um interessante modelo de Super-
visão, que já tem sido experimentado em algumas de nossas escolas, com
bons resultados. Segundo esse modelo, a avaliação em Supervisão deve
incidir sobre seus produtos diretos. Consideram, ainda, os autores, que as
fases de análise e de avaliação constituem um único processo.
Estes dois aspectos, análise e avaliação, são vistos como comple-
mentares com relação à natureza dos comportamentos envolvidos.
"Análise indica "separação", "quebrar em partes para conhecer sua
natureza", "determinar características essências", "examinar criticamente".
Por outro lado, a palavra avaliação sugere expressões como "decidir o
valor de" ou "estimar ou julgar a qualidade ou mérito". A
complementaridade dessas duas palavras, como um único processo de
supervisão, baseia-se no fato de que, quando se julga um programa ins-
trucional em uma escola, partes significativas da operação ensino-apren-
dizagem podem ser identificadas e pode ser feito algum julgamento sobre
o valor de tais partes, É verdade que os julgamentos são feitos com relação
às partes individuais, mas finalmente é feito um julgamento abrangente
sobre o programa educacional total". (45).
Análise significa, portanto, examinar cada uma das partes de um
acontecimento, de um fenômeno, analisar separadamente para conhecer
sua natureza, suas funções, suas relações, sempre criticamente. Cada
parte de um evento deve ser analisada antes de ser avaliada para que se
percebam todas as facetas envolvidas e para que se possa definir, em
ordem de prioridade, o que se vai avaliar. Durante a fase de análise deve-
se definir o que se quer avaliar, o que é possível avaliar, para depois
passar a uma fase de avaliação, de julgamento. A avaliação impõe
decisões de julgamento. 0 Supervisor deverá avaliar, partindo de critérios
que o auxiliarão a assumir uma postura mais objetiva. Por exemplo, se
estiver preocupado em avaliar o desempenho do professor, o primeiro
cuidado deverá ser o de que seu julgamento não se baseie em preconcei-
tos, que não seja permeado pelo que "ouviu dizer" a respeito do mes-mo.
Na fase de análise ele deve levantar o que significa desempenho do
professor, que aspectos serão considerados. Se quiser avaliar a atuação
em classe, deverá definir se essa atuação em classe será considerada em
relação à metodologia, à orientação do trabalho dos alunos, à criatividade
do professor e assim por diante. Na fase de avaliação, deverá: definir
critérios de avaliação, colher dados, compará-los com os critérios e, só
então, tirar conclusões. A avaliação não deve ser feita com base em uma
única observação, em um único contato; deve haver um processo de
investigação a partir de critérios estabelecidos antes de se chegar ao
julgamento. Os critérios dependem do foco a ser avaliado; se o Supervisor
estiver interessado no desempenho do professor, ele terá várias alter-
nativas, desde as mais formais, como por exemplo: um bom desempenho
significa 80% de aprovação dos alunos; até critérios mais dinâmicos como,
por exemplo: um bom desempenho significa uma intera-
(45) - Eye, Netzer and Krey - Op. Cit.
ção adequada com os alunos. Esta interação adequada pode significar que
o professor se faz entender, que dialoga, que compreende a perspectiva
dos alunos e que é percebido pelos alunos como alguém que está lá para
ajudá-los e que realmente contribui para isso, tanto no aspecto de
conhecimento como no de interação interpessoal. Um outro critério poderá
ser o de que um bom professor de 2? grau é aquele que além de boa
informação, propõe condições de vivência profissional, oferecendo
oportunidades para que seus alunos conheçam diferentes possibilidades
profissionais dentro da sua disciplina, para que efetivamente pratiquem e
desenvolvam algumas habilidades.
0 ideal seria que os professores participassem da definição de
critérios ou que, pelo menos, discutissem os critérios de avaliação de seu
desempenho.
0 modelo de Eye, Netzer e Krey destaca 5 produtos da Supervi
são que deriam constituir os objetos da avaliação. Esses produtos não
estão relacionados a rendimento do aluno; os autores consideram que
não se deve relacionar a ação supervisora a resultados de alunos, pois há
um complexo de variáveis tanto dos alunos como dos professores per
meando a ação do Supervisor, uma vez que essa ação não é direta sobre
os alunos; ela se faz via professor. "A Supervisão deve ser avaliada pelo
impacto do Supervisor sobre o professor, mais do que pelo impacto do
professor sobre o aluno. Os produtos da Supervisão não podem ser ava
liados por produtos secundários. A Supervisão deve ser avaliada por cri
térios apropriados a suas próprias expectativas. Então, é forçoso que
esta avaliação seja focalizada em seus produtos, mais que nos produtos
do ensino". (46)
Segundo os autores, os produtos da Supervisão podem ser ca-
tegorizados como:
1 — Maturidade Profissional — em termos da capacidade que
tem o professor de tomar decisões, da consciência que possui de sua ação
sobre o aluno, do esforço que realiza para aperfeiçoar seu trabalho, de sua
produtividade como membro do grupo.
2 — Aperfeiçoamento Instrucional - características meto-
dológicas e seleção de experiências de aprendizagem da Escola.
(46) Eye, Netzer and Krey - Op. Cit.
3 — Desenvolvimento de Currículo — no sentido restrito, como
desenvolvimento das próprias disciplinas; introdução de inovações em
relação a conteúdos, objetivos, seqüência, integração. O currículo, em sua
totalidade, não é fruto único da Supervisão e do Corpo Docente, mas
também da Orientação Educacional, da Administração e, no caso
brasileiro, das Equipes Centrais da SÉC.
4 Relações Escola-comunidade — os autores consideram que
devem ir muito além do que se faz, atualmente, que em geral se limita a
comunicar aos pais sobre o rendimento e comportamento de seus filhos;
propõem neste item a participação efetiva dos pais e de representantes da
comunidade, na vida da Escola.
5 — Expectativas Emergentes — destaca-se o papel dos valores,
que emergem do grupo de professores, de alunos, ou de pais. O Super-
visor atuaria como um elemento que detecta esses valores e trabalha no
aperfeiçoamento e na introdução de novos valores nos vários grupos em
que atua.
Estes itens, que são bastante significativos, poderiam servir como
parâmetros de avaliação da Supervisão em nível regional e central, mas
agora relacionados ao trabalho que estas equipes realizam com os
Supervisores de Unidades.
A nosso ver, como dissemos anteriormente, há necessidade de
avaliar também os produtos da ação do professor. Mas esta não será
responsabilidade exclusiva do supervisor.
A avaliação em Supervisão deve ser cuidadosamente planejada,
devendo ser contínua e desenvolvida cooperativamente com o Orientador
Educacional, o Administrador Escolar e os professores no caso dos
supervisores das Unidades Escolares; as Equipes Centrais de Supervisão
deveriam fazer a avaliação com os Supervisores da Rede, contando com a
colaboração das Equipes de Currículo e Orientação Educacional.
Na avaliação, deverá ser considerado tanto o processo, como o
produto educacional.
Sugere-se que, para a avaliação de processo, seja utilizada a Ava-
liação lluminativa, de Parlette Hamilton, principalmente quando se tratar
de Inovações. Sua utilização pela Equipe Central deve-se fazer em um
pequeno número de Escolas, pois seus resultados não permitem
generalização, É mais adequada para estudo de casos. Se for conjugada
com a Pesquisa em Ação, constituirá um excelente instrumento para o
acompanhamento de experiências e inovações educacionais. Poderá ser
combinada com modelos de avaliação de produto (ver anexo 6), como por
exemplo o modelo de Stufflebeam, cujo objetivo é fornecer dados para a
tomada de decisões. O modelo de Stufflebeam é bastante apropriado para
uso da Equipe Central de Supervisão, quando esta necessitar de
informações precisas para as decisões do macrossistema.
Para avaliação do processo ensino-aprendizagem, o modelo mais
adequado é o de Stake, que poderá ser utilizado pela Supervisão de Uni-
dades. Esta poderá utilizar também a Avaliação lluminativa, que é
extremamente valiosa na fase de introdução de inovações, principalmente
se aliada à Pesquisa em Ação.
(Ver Anexo 4, em que Ana Maria Saul apresenta uma síntese de 6
modelos de Avaliação, fazendo uma introdução esclarecedora sobre
Avaliação lluminativa).
O que se espera é que os Supervisores façam a avaliação da
supervisão e do processo educacional segundo suas necessidades, quer
criando um modelo próprio, quer adotando e adaptando o modelo que lhes
for conveniente.
ANEXOS
A N E X O 1
INDICADORES DA DIVERSIFICAÇÃO DO
SISTEMA EDUCACIONAL *
Num enfoque sistêmico, Dilza Atta, especialista em Supervisão,
apresenta-nos uma interessante proposta de trabalho para o Supervisor no
sentido da flexibilidade de atuação frente a diferentes etapas evolutivas
das Escolas sob sua responsabilidade. A autora, com base em sua
experiência de 12 anos no Ensino de 2? grau, faz uma adaptação para
nossa realidade nesse grau de ensino, da tese de Etapas Educacionais
elaborada por Beeby com base em sua vivência de Diretor da Educação da
Nova Zelândia. O importante a reter é que, na ação supervisora, o
Supervisor deve levar em conta o estágio educacional em que se encontra
cada Escola. Suas propostas devem ser desenvolvidas levando em conta
as diferentes etapas em que se encontram. Outro ponto interessante é o
da possibilidade de queimar etapas ou, pelo menos, de acela-rar a
passagem de uma etapa para outra. Esta abordagem é muito útil para a
Supervisão de nivel regional e central.
Os parâmetros adotados para classificação das Escolas quanto ao
grau de flexibilidade alcançado (indo do maior formalismo ao máximo de
abertura) foram: metodologia do trabalho docente, nível de preocupação
com o aluno, formação geral e pedagógica do professor, nível de
explicitação dos objetivos da educação e caráter desses objetivos, nível de
integração à comunidade.
Considerações valiosas são feitas pela autora com relação à si-
tuação de cada parâmetro nas duas etapas educacionais extremas, sendo
particularmente importantes para os Supervisores das Equipes Central e
Regional a caracterização apresentada, tanto em relação aos dados
internos da Escola, quanto em relação ao grau de relacionamento da
Escola com o sistema sócio-econômico e cultural inclusivo. Dada a
importância de tal abordagem para a diagnose de nossas Escolas de
grau e para o planejamento da atuação do Supervisor, propõe-se sua
adoção pelas Equipes Centrais de Supervisão das SECs.
{*) ATTA, DILZA — extraldi do documento: Valores em Supervisão — apresentado no I
Seminário de Supervisão Pedagógica. DEM/1976.
A autora parte do critério-flexibilidade — adotado por Bèeby e
agrupa os aspectos do sistema educacional em dois conjuntos. "De um
lado, os dados internos do próprio sistema de educação, de outro, o grau
de relacionamento com o sistema sócio-econômico e cultural inclusivo"
(47). Dilza Atta apresenta apenas as características das etapas extremas,
denominadas Etapa A e Etapa D, o que, no entanto, permite supor que as
etapas intermediárias apresentarão variações no comportamento dos
parâmetros, adotados como indicadores do grau de fechamento ou aber-
tura de um sistema-esco Ia. (48)
(47) ATTA, DILZA — Valores em Supervisão — texto gerador apresentado durante o I Seminário de
Supervisão Pedagógica — DEM/1976.
(48) ATTA, DILZA — texto citado. Para um conhecimento das 4 etapas de Beeby, consultar o
próprio texto da autora, no Relatório do I Seminário de Supervisão Pedagógica, em fase de
publicação pelo DEM/MEC
I - DADOS INTERNOS DO SISTEMA (49)
Para o primeiro conjunto — dados internos do sistema — arrolam-
se, entre outros, os elementos abaixo, como extremo A:
Quanto à formação geral e pedagógica dos docentes:
1? — Presença de professores sem formação pedagógica e sem
formação específica (egressos do próprio ensino de se-
gundo grau) e de especialistas dos setores primário,
secundário e terciário sem formação pedagógica, do que
resulta desconhecimento, pelo docente, da estrutura do
pensamento do aluno, bem como da estrutura de sua
disciplina e das disciplinas afins.
2° — Presença de pessoal docente legalmente habilitado, mas
com deformações que fazem os professores fecharem-se
em sua ciência, cujas verdades entendem dever entregar
prontas e organizadas aos alunos, sem confiar em sua
capacidade de redescoberta e de elaboração (vistas
ambas como processo de aprendizagem)
3º — Como resultado, trabalho docente impregnado de técnicas
dissociadas de seus fundamentos.
Quanto à metodologia do trabalho docente:
1º — Prioridade para os métodos receptivos ou de transmissão e
para os instrumentos figurativos do pensamento
(percepção, imitação, imagem), o que se depreende:
a) do uso de aulas expositivas ou do visual como seu
substituto;
(49) Atta, Dilza — Extraído do documento: Valores em Supervisão apresentando no I Se-
minário de Supervisão Pedagógica — DEM — 1976.
b) da presença de professores que "transmitem" a verdade
ao aluno, repetem fórmulas verbais da ciência, utilizam
linguagem axiomática, sem se preocupar com
instrumentos de assimilação;
c) do estado dos laboratórios, mal equipados, com material
de consumo insuficiente, impedindo o aluno de
experimentar ele próprio, transformando-o em assistente
das experiências demonstradas pelo professor.
2º — Preocupação em organizar o trabalho pedagógico a partir
dos conteúdos que serão ensinados, portanto, ênfase no
ENSINO e não na APRENDIZAGEM.
3º — Divisão do trabalho pedagógico em disciplinas estanques.
Quanto ao nivel de preocupação com o aluno:
1º — Presença na escola de elementos de bloqueio à aprendi-
zagem (além dos que já trazem os alunos, decorrentes de
sua situação sócio-econômica) que se expressam, inclu-
sive, em um clima organizacional rígido, diretivo, autoritário
ou em um estilo "laissez-faire", de que resultam alunos
isolados, passivos e/ou revoltados, silenciosos, sem apelo
à responsabilidade consciente.
2º - Acesso difícil às comunicações, resultando em insegurança do
aluno.
3º — Valorização da capacidade de reproduzir certo material
informativo e da habilidade para realizar certas operações
intelectuais prescritas, o que se deduz da "cobrança" aos
alunos, por parte do corpo docente, de conhecimento—
cópia, com prioridade para a memorização e a repetição,
promovendo o uso de símbolos sem significado, não
exigindo deles nenhum trabalho de elaboração pessoal.
Quanto ao nível de explicitação e adequação dos objetivos:
1º — Nenhuma preocupação com objetivos ou preocupação com
objetivos imediatistas inadequados, o que na prática se
expressa, por exemplo:
a) na aplicação de técnicas pedagógicas sem análise de
seus fundamentos e da correlação destes com as soli-
citações da realidade sócio-cultural;
b) na criação aleatória de habilitações;
c) em atendimento às exigências dos exames vestibulares;
d) na tão freqüente substituição da atividade-fim educação,
pela atividade-meio organização administrativa, como
critério nas tomadas de decisão.
2? — Explicitação de objetivos que não se ajustam a um processo
acelerado de mudança como, por exemplo, a valorização
da capacidade de repetir receitas, de ser conformista, de
ser prudente, dócil, "bem comportado", sem coragem de
promover inovações, etc.
Para o mesmo conjunto de dados, podem ser encontrados como
extremo D (identificado como a maior abertura), entre outros, os elementos
que se seguem:
Quanto à formação geral e pedagógica dos docentes:
Presença de pessoal docente qualificado de que resulta um
trabalho às estruturas do pensamento do aluno e às estruturas de sua
disciplina, correlacionada com disciplinas afins.
Quanto à metodologia do trabalho docente:
1º — Prioridade para uma metodologia ativa, provocando
construções operatórias que conduzam a aprendizagens
estáveis, através do uso de instrumentos operativos
(ações e operações) o que se depreende:
a) da preocupação com o aprender a aprender (através do
desenvolvimento de habilidades de esquematiza-
ção e fichamento, de observação e registro, de compa-
ração de conjunto de dados, de análise de tabelas e
gráficos, etc);
b) da utilização de situação — problema e trabalho de
grupo com ênfase em pesquisa e na redescoberta;
c) do estado dos laboratórios equipados com material de
consumo suficiente, permitindo oportunidade de
experimentação dos alunos.
2? — Preocupação em organizar o trabalho pedagógico a partir do
aluno que aprende (ênfase na APRENDIZAGEM e não no
ENSINO) com os conteúdos apoiados sobre todas as
formas de estruturas "naturais".
3? — Preocupação com os fundamentos da aprendizagem e com
os conteúdos a serem apreendidos.
4? — Trabalho interdisciplinar.
Quanto ao nivel de preocupação com o aluno:
1º — Presença, na escola, de elementos de facilitação da apren-
dizagem que se expressam em um clima organizacional
flexível, de que podem resultar alunos responsáveis, com
disciplina interna, capazes de exercício do espírito crítico e
de controle mútuo dentro do grupo, com iniciativa e
participação na dinâmica psicossocial da escola.
2º — Fluxo regular de comunicações, com explicitação das normas
do grupo, desenvolvendo sentimento de segurança.
3º — Valorização da participação do aluno em aspectos concretos
de aprendizagem, tanto em experiências físicas e lógico-
matemáticas, assim como na discussão com parceiros do
mesmo nível, o que permite a reconstrução e a
redescoberta.
Quanto ao nível de explicitação e adequação objetivos:
Preocupação com objetivos adequados a situações de
mudança, o que resulta em ênfase no espírito crítico, no
senso de iniciativa, no conhecimento da realidade, na
criatividade, na independência de julgamento, na
autonomia.
Criação de habilitações como resposta a necessidades
realmente detectadas no sistema sócio-econômico in-
clusivo, com reduzido nível de especialização e aprofun-
damento em habilidades básicas, com vistas à fácil
reciclagem dos egressos para tarefas afins, atendendo à
variação do mercado de trabalho.
Prioridade para os aspectos educacionais e não para os
administrativos, como critérios usados nas tomadas de
decisão.
Il - GRAU DE RELACIONAMENTO COM O SISTEMA SOCIO-
ECONÔMICO E CULTURAL INCLUSIVO.
Para o conjunto de elementos que identificam as relações para fora
do sistema educacional, portanto com o sistema inclusivo, construiu-se
também um "continuum" cujo extremo A, entre outros, pode apresentar as
seguintes características:
a
1 — Inexistência de um planejamento global cujos elementos
dêem origem ao planejamento da educação.
a
2 — Planejamento educacional afastado da realidade, estan-
dartizando as estratégias de ação para aplicá-las a um con-
texto por demais diversificado.
a
3 — Inexistência de pesquisas indicadoras das necessidades do
sistema inclusivo e instrumentos de crítica deficientes e
inadequados para a avaliação das necessidades apre-
sentadas como tais, pelos planejadores da educação.
a
4 - Pessoal docente e especialistas mal remunerados, em
situação de inferioridade face aos demais profissionais do
mesmo nível.
a
5 — Predominância da clientela como critério de alocação de
pessoal docente e especialista.
a
6 - Irrealismo no planejamento do trabalho docente, sem
considerar a situação sócio-econômica dos alunos.
a
7 — Irrealismo na defesa de intercomplementaridade e da
utilização de empresas para estágio.
Para o mesmo conjunto de elementos podem ser encontradas
como extremo D, entre outras, as características abaixo relacionadas:
1?-
Planejamento educacional resultante do planejamento
globai, em uma abordagem sistêmica.
2ª — Caracteristicas culturais e sócio-econômicas nacionais e
regionais levadas em conta no planejamento educacional,
de tal ordem que a escola possa ser facilitadora de
mudanças adequadas àquelas características. Isso pressu-
põe um sistema flexível, que usa estratégias diversificadas,
adaptadas às necessidades do sistema inclusivo e, ao
mesmo tempo, desenvolve instrumentos de avaliação de
tais necessidades.
3ª — Prioridade nos orçamentos para remuneração do pessoal
docente e dos especialistas em educação, no mesmo pa-
drão dos profissionais de seu nível.
4ª — Alocação de especialistas e professores a partir de meca-
nismos de ingresso no serviço público, dotados» de alto
grau de sigilo, o que pode melhorar o nível de indepen-
dência do pessoal.
5ª — Situação sócio-econômica dos alunos levada em consi-
deração, quando do planejamento do trabalho docente.
6ª - Posição realista face aos esquemas de intercomplementa-
ridade e de estágios nas empresas.
1.1.2 —Uma possível correlação entre os indicadores
Para uma melhor visualização das possibilidades de combinações
no desenvolvimento dos dois conjuntos de dados (os internos e os exter-
nos) utiliza-se aqui uma tabela de dupla entrada em que as linhas (A, B, C,
D) correspondem ao "continuum" dos aspectos internos do sistema; e as
colunas (a, b, c, d) ao do grau de relação entre esse e o sócio-econômico e
cultural inclusivo.
a b
c d
Aplicando a nomenclatura de Beeby ao estudo aqui desenvolvido,
a Etapa I (que se caracteriza por baixo nível dos dados internos e
externos) é representada pelo quadrante superior esquerdo; a Etapa II
(caracterizada por alto nível dos dados internos e pouca abertura para o
exterior) pelo inferior esquerdo;a Etapa III (baixo nível dos dados internos e
melhoria das relações com o sistema inclusivo), representada pelo
quadrante superior direito; a Etapa IV (desempenho apropriado dos dados
internos e externos, alvo,aliás, possivelmente muito difícil de ser alcançado
pelo sistema educacional), pelo quadrante inferior direito. Conforme mostra
a figura, tem-se que há variações também no interior de cada etapa, onde
os elementos se cruzam em combinações diferentes. A análise da tabela
conduz a algumas reflexões e ao levantamento de algumas hipóteses:
a
1 É possível que ocorra (o contato com escolas tem de-
monstrado) em uma mesma região educacional, a pre-
sença de escolas em etapas diferentes, exigindo ação
supervisora também diversificada, o que pode provocar de
um mesmo supervisor, um trabalho com características até
opostas. Há que refletir sobre a eficácia da es-
tandartização dos planos saídos dos grupos centrais das
SECs ou dos órgãos regionais.
a
2 — A falta de permeabilidade do sistema educacional na Etapa II
pode resultar no formalismo de uma organização rígida,
que assume a sua manutenção como primeiro
objetivo do trabalho. Em conseqüência, na medida em que
o formalismo se acentua, parece difícil o trânsito para a
Etapa III, que exige um salto qualitativo na direção da
abertura. Parece que a combinação Cb, isto é, um bom
trabalho pedagógico e algum índice de abertura seria
propícia a esse salto. Levanta-se, pois, a hipótese de que
uma melhoria acentuada nas técnicas pedagógicas, sem a
correspondente abertura para as relações com o sistema
inclusivo cria dificuldades no desenvolvimento do sistema
educacional (as combinações Ca e Da podem representar
exemplos disso).
Levanta-se também a hipótese de que a passagem da
Etapa II para a Etapa III pode provocar, no clima da
organização, uma mudança de rigidez para um estilo
"laissez-faire", sendo necessário algum tempo para o
equilíbrio de um clima de abertura consciente; do mesmo
modo, parece dever surgir uma queda de nível no trabalho
pedagógico.
Considera-se que a grande abertura para o sistema in-
clusivo, que o elemento d representarem a força de pro-
mover necessariamente melhoria nos aspectos internos do
sistema educacional. Assim, supõe-se a impossibilidade
prática das combinações Ad e Bd (em que o A e o B
representam o baixo nível dos dados internos) na Etapa III.
Propõe-se que a maior abertura do sistema educacional
decorra de um maior grau de relacionamento com o
sistema social inclusivo, consideradas as necessidades
reais e objetivas que ele apresenta.
A incidência de condições de fechamento sobre o sistema
educacional provoca regressão em seu desenvolvimento,
não se constituindo nenhum progresso em conquista
definitiva.
A recíproca parece ser verdadeira: aplicando-se instru-
mentos de aceleração, adequados à realidade em estudo, é
possível queimar etapas. Supõe-se tal possibilidade se o
sistema se encontra em fase de equilíbrio relativo entre a
evolução dos dados do sistema interno e externo,
portanto, nas combinações Bb e Cb da tabela. Na figura
abaixo as setas em linha cheia indicam o trânsito natural e
as setas em linha pontilhada indicam o trânsito acelerado
pelo emprego de instrumentos apropriados.
Estas as reflexões que inicialmente podem ser feitas. A escolha da
tabela deveu-se ao fato de que ela descreve não só a diferença entre
etapas, como permite a visualização das diferenças no interior de cada
etapa da proposta de Beeby.
99
ANEXO 2
Sistema de Observação: SMM
* extraído de:
Franco, M. Laura P.B. — A Medida de Habilidades Instrucionais...
Dissertação de Mestrado em Psicologia da Educação
PUC/SP-1977.
SISTEMA DE OBSERVAÇA: S M M
AUTORIA: Maria Laura P. B. Franco
OBSERVADOR ..............................................................................................
DATA ............................................................................................................
FOLHA-TAREFA Nº 2
Codifique os itens abaixo discriminados e descreva-os nos espaços
correspondentes:
CATEGORIA NOME DO ITEM CÓDIGO DESCRIÇÃO DO ITEM
III. Controla o debate
Z
2) Zelando pelo O professor relembra aos alunos
como devem conduzir uma discussão. cumprimento das
"regras do jogo".
Pc
0 professor especifica o seu papel e o
2) Especificando como
discutir.
papel de cada um dos alunos
inerentes a uma atividade de
discussão.
1. Prepara o de-
bate
Pq
0 professor propõe, apresenta um
1) Propondo o que
discutir.
tópico ou uma questão para discussão
(no infeio ou durante o processo).
II. Implementa o
debate
1.1) Encorajandoi
com questões
"fechadas".
E- 0 professor faz questões que re-
queiram como resposta apresentação
de fatos memorizados ou
observados...
IV. Encerra o debate
C
1) Solicitando
0 professor solicita aos alunos que
conclusão.
cheguem a uma conclusão e/ou
justifiquem a conclusão escolhida.
II. Supervisiona o
Estudo
S
0 professor acompanha o andamento
dos trabalhos, dando atendimento
individual, quando solicitado.
1. Prepara o debate
Pf
3) Providenciando um 0 professor providencia um arran
j
o
arranjo físico. físico que facilite a comunicação
interpessoal
CATEGORIA NOME DO ITEM CÓDIGO DESCRIÇÃO DO ITEM
IV.Encerra o debate
2) Recapitulando. R
0 professor retoma, recapitula,
resume as principais idéias já de-
senvolvidas.
1. Prepara o Estudo Dirigido D
0 professor determina tarefas, dá
instruções de como realizar tarefas
determinadas.
III. Controla o debate
I
0 professor faz apresentações orais,
1) Suprindo in-
formações.
explica, exemplifica idéias ou fatos...
3) Trabalhando com
as idéias dos alunos.
T
0 professor aproveita, retoma uma
idéia de um aluno devolvendo-a para
a classe toda ou para algum(ns)
aluno(s).
II. Implementa o
debate
E
+
1.2) Encorajando Faz questões que requeiram, como
com questões resposta, idéias "personalizadas",
"abertas". divergentes.
Oferece "Feedback
F
Aceita e/ou rejeita idéias, trabalhos
apresentados.
Confusão
/
Períodos onde a comunicação não
pode ser compreendida pelo
observador.
Ouve
0
Ouve idéias, verbalização do aluno.
Pausa
0
Períodos de silêncio nos quais o
aluno tenta encontrar resposta.
Não Classificável
NC
Qualquer evento que ocorra em sala
de aula e que não possa ser
classificado em nenhuma das cate-
gorias anteriores.
ANEXO 3
Atividades da Supervisão na Área dos Recursos Audiovisuais (* )
Uma distorção, a nosso ver, freqüentemente notada na área dos
recursos audiovisuais é o seu insulamento nos chamados "centros
audiovisuais", com vínculos mínimos, por exemplo, com os setores de
"currículo" e de "supervisão". Não é preciso ir muito a fundo nesse
problema para imaginar as conseqüências danosas de tal procedimento
para o ensino e para os custos desses projetos. Sabemos da dificuldade de
integrar em um todo harmônico, os diversos setores de uma administração
pedagógica. Entretanto, sentimos que sem essa integração, os parcos
recursos de que dispomos serão pulverizados no atendimento de
preferências individuais de chefes e coordenadores de setores, cada um se
aferrando à sua solução "mágica" ao problema do ensino. A realidade está
aí ao nosso redor, oferecendo inúmeros exemplos dessa situação. A
aquisição de equipamentos e a montagem de núcleos de tecnologia do
ensino têm sido tão precipitadas quanto o é, também, a sua desaceleração.
Cada rei morto e posto traz, como os anteriores, um elixir miraculoso que
deve substituir a farmacopéia antiga. Não— integração e descontinuidade -
talvez sejam os principais problemas que ocorrem na área dos recursos
audiovisuais.
Nunca é demais repetir que o recurso audiovisual é um meio e,
como tal, insere-se em um quadro mais amplo de propostas pedagógicas.
Em uma análise mesmo superficial, não vemos como isolar esses meios de
outros que já constituem patrimônio da supervisão escolar. Alguns poderão
argumentar que os recursos audiovisuais exigem um aprofundamento e
uma especialização que o supervisor escolar raramente apresenta. Mas,
retrucamos, que outro meio também não requer esse aprofundamento e
essa especialização? A nossa tese não é a de desconhecer a
especialização, mas sim a de envolver os especialistas em um trabalho
coordenado em função de metas comuns. Para essa "reunião" o setor de
supervisão escolar nos parece o local mais indicado.
(*) Parra, Nélio — material elaborado especialmente para o presente documento: Ação In-
tegrada -SE/OE - DEM-1977.
As atividades a seguir arroladas poderão, a nosso julgamento, ser
melhor satisfeitas quando a própria supervisão atuar ou servir de
amálgama das contribuições trazidas pelos diversos especialistas.
a) Irradiação
A Supervisão Escolar deve ser, basicamente, um centro irradiador
de propostas educacionais. No campo dos recursos audivosiais essa
irradiação depende, entre outras, das seguintes atividades:
Manutenção de um arquivo de fontes, de recursos materiais e
humanos, de catálogos de equipamentos e materiais disponíveis aos
professores e alunos na escola e em outras instituições;
Reunião de dados a respeito da avaliação dos materiais dis-
poníveis;
Divulgação — através do mural didático, do jornal mural, de
impressos mimeografados, de "mostras" didáticas — dos recursos
oferecidos ao ensino;
Divulgação de materiais ou "metodologias" desenvolvidas por
professores e alunos como incentivo ao aparecimento de propostas
semelhantes.
b) Educação e treinamento
Orientação individual ou a grupos de professores e alunos so
bre as possibilidades e limitações dos recursos audiovisuais;
Esclarecimento quanto! às várias alternativas de "meios"
instrucionais e, principalmente, das justificativas para a sua seleção;
Orientações e sugestões metodológicas quanto ao uso dos re-
cursos audiovisuais;
Participação nos planejamentos de currículo e de ensino,
oferecendo a sua contribuição quanto aos meios instrucionais;
Promoção de palestras, cursos e demonstrações sobre o assun-
to.
c) Produção (quando possível)
Orientação de professores e alunos na produção de materiais
originais mais coerentes com a realidade escolar;
Produção de materiais mais sofisticados quando solicitados pela
escola ou pelos professores e alunos;
Participação direta ou indireta nos eventos escolares que en-
volvem meios de comunicação, tais como campanhas educativas, ex-
posições escolares, "mutirões de saúde", dramatizações, etc;
Documentação das atividades escolares para fins de arquiva-
mento, avaliação e divulgação.
É evidente que essas atividades não esgotam, em absoluto, as
responsabilidades da Supervisão Escolar no que se refere aos auxiliares
audiovisuais. Pensamos, entretanto, que além e acima de toda uma
relação de possíveis atividades do Supervisor, está a sua responsabilidade
na criação de um ambiente pedagógico favorável ao florescimento de
contribuições originais de professores e alunos. E, neste aspecto, cabe
muito bem aplicar o lema consagrado pela filosofia do "desenvolvimento de
comunidade": "Não dar o peixe, mas ensinar a pescar".
ANEXO 4
O modelo de Pesquisa em Ação (50)
(50) Extratos de Saul, Ana Maria - Modelo de Pesquisa em Ação aplicado ao Treinamento
de Professores PUC/SP — 1971 — Tese de mestrado em Psicologia Educacional.
2-0 MODELO DE PESQUISA EM AÇÃO (51)
Apresentaremos primeiro os fundamentos teóricos e as etapas da
pesquisa e depois suas aplicações em Supervisão, tanto em nível local
como central.
a) A pesquisa em ação: Princípios e Processo.
"Na revisão bibliográfica sobre Pesquisa em Ação, a autora
localizou os seguintes princípios básicos:
1 — O engajamento do pessoal na situação problemática possi-
bilita uma resolução mais eficiente dos problemas.
2 — 0 trabalho de professores, supervisores e administradores no
âmbito curricular é mais produtivo quando desenvolvido com atitude
científica de trabalho.
3 — O trabalho cooperativo, entre elementos preocupados com
uma situação e comprometidos com ela, permite uma solução mais
eficiente dos problemas curriculares.
4 — Os elementos responsáveis pelo trabalho curricular serão
mais flexíveis quanto à aceitação de novas propostas quando sentirem que
participam ativamente do processo de decisão e implementação de tais
propostas.
(51) Saul, Ana Maria - Modelo de Pesquisa em Ação aplicado ao Treinamento de Pro-
fessores - PUC/SP - 1971 (tese de mestrado em Psicologia da Educacio) - Extrato feito com a
permissão da autora.
5 — As atitudes dos indivíduos são mais passíveis de mudança
por meio de um trabalho em grupo onde esteja garantida uma participação
efetiva.
5.1 — A aceitação de novos valores e padrões de comportamento
é mais estimulante e recompensadora num grupo de indivíduos que
sentem e agem de forma semelhante.
Segundo Taba, a Pesquisa em Ação percorre as etapas de:
1 — Identificação do problema
2 - Análise do problema
3 — Formulação de hipóteses
4 — Experimentação e ação
5 — Avaliação dos resultados da ação
Etapa I — Identificação do problema
Este momento de diagnóstico compreende duas dimensões: a
primeira diz respeito ao próprio diagnóstico do problema, isto é, a iden-
tificação das dificuldades que necessitam de solução, ou, ainda, iden-
tificação dos objetivos que devem ser atingidos e que são colocados em
termos de uma situação-problema.
Etapa II — Análise do problema
A análise do problema é uma etapa muito importante da pesquisa,
impedindo que o pesquisador passe às soluções logo após a identificação
do problema. Segundo Taba, "quando se chega a soluções diretamente a
partir das preocupações, tais soluções chegam a ser rotineiras e não
chegam às raízes do problema".
"0 momento de análise do problema tem dois objetivos princi-
pais:
1. modelar o problema segundo dimensões significativas;
2. interferir no sistema de atitudes do pesquisador a fim de que
sentimentos, crenças e valores possam ser modificados".
Critérios de Taba para a seleção de problemas:
1. "Os problemas devem ser importantes para os pesquisadores
que os propõem e ao mesmo tempo, significativos para o desenvolvimento
do processo curricular;"
2. "Os problemas precisam ser manipuláveis; devem ser simples,
permitindo ao pesquisador em ação solucioná-los sem a utilização de
técnicas complexas. Problemas dessa natureza possibilitam resultados a
curto prazo;"
3. "A proposição do problema deve apresentar dimensões fun-
damentais, revelando pistas quanto a possíveis fatores determinantes, de
forma que as soluções possam ser dirigidas para os fatos fundamentais".
Este momento de análise é complexo, pois requer uma profunda
reflexão sobre a essência real do problema.
Faz-se necessária no Brasil a introdução de uma reflexão per-
meada de evidências acumuladas.
Quanto ao segundo objetivo desta fase do processo: interferir no
sistema de atitudes dos pesquisadores, é sem dúvida o mais difícil de ser
atingido. Responsável por tal dificuldade é o fato de que a mudança de
crenças e atitudes pode ser considerada como uma ameaça para o
pesquisador, uma vez que novamente a tradição educacional o coloca,
seja ele professor, supervisor ou administrador, numa situação de
possuidor de todas as soluções, muito mais do que um explorador ou
estudioso do problema.
Etapa III — Formulação das hipóteses
"Identificado o problema e as suas dimensões fundamentais, torna-
se necessário propor os possíveis determinantes do fenômeno que está
sendo estudado".
Fontes de subsídios: revisão da literatura, conjunto de informações
sobre o problema (resultantes de observações e de dados de experiência
de trabalho).
Hipóteses para Corey e Fleming, "significam hipóteses em ação,
isto é, tentativas de solução para um problema, contrapondo-se assim ao
significado de hipóteses, como sendo, essencialmente, tentativas de
explicação para um fenômeno."
Etapa IV — Experimentação e Ação
"O termo (experimentação), como os especialistas em Pesquisa
em Ação o utilizam, designa simplesmente a situação planejada para o
teste de hipóteses pertencentes a projetos de Pesquisa em Ação.
O planejamento de tais situações envolve, basicamente, a coleta
de informações que possam rejeitar ou não rejeitar as hipóteses".
"É possível supor-se que o quarto passo do processo de Pesquisa
em Ação inclui:
1 — testagem de hipóteses explicativas;
2 — proposição de hipóteses de ação;
3 — testagem do plano de ação.
"... No procedimento de coleta de dados, uma série de técnicas
podem ser usadas; no entanto, a observação é, ainda, a mais utilizada".
"... Torna-se científica quando objetiva e sistemática, podendo dar
informações fidedignas sobre os fenômenos. O procedimento de obser-
vação, no entanto, apresenta limitações, como interferência do observador,
efeito de "halo", conclusões prematuras de hipóteses. Se possível, outros
meios devem ser utilizados como: questionários, entrevistas, etc. De posse
dos dados, cumpre aos pesquisadores testar formalmente as hipóteses".
Etapa V — Avaliação
"... a avaliação desempenha um papel importante durante todo o
processo de investigação. Princípios de avaliação já estão sendo utilizados
quando o problema é proposto, persistindo até o momento em que as
hipóteses são testadas e os resultados obtidos. Cada uma das etapas no
procedimento da Pesquisa em Ação contém parâmetros com os quais os
pesquisadores confrontam o resultado de seu trabalho. Isto assegura à
avaliação o caráter de processo, cujo atributo principal é a continuidade.
A avaliação deve ser percebida, também, com significado amplo, incluindo
tanto a avaliação do processo de pesquisa quanto o seu produto."
"... à testagem de hipóteses explicativas, a avaliação permitirá a
elaboração do plano de ação; no segundo caso, de testagem das hi-
póteses de ação, o papel da avaliação é o de estabelecer, claramente,
a relação entre o plano de ação e as eventuais mudanças ocorridas. A
qualidade do procedimento de avaliação está diretamente relacionada com
a garantia de que a adequação do processo de pesquisa é, com certo grau
de probabilidade, responsável pelas mudanças ocorridas".
A busca de evidências objetivas, no momento da avaliação, é
completada com avaliações subjetivas feitas pelo pesquisador. Estas
avaliações são importantes, principalmente porque envolvem o pesqui-
sador no processo. Todavia, elas não podem substituir as evidências
objetivas.
Para Corey, o procedimento de avaliação deve incluir, além do
diagnóstico necessário a cada momento, uma previsão quanto ao tipo e
amplitude da generalização que cada estudo permite.
A Pesquisa em Ação e o aperfeiçoamento de professores
Também para Taba, o aspecto da estratégia no treinamento de
professores assume um aspecto essencial. Segundo a autora, "trei-
namentos têm se revelado, muitas vezes, estéreis porque se distanciam do
produto curricular". Segundo ela, "não é suficiente que os professores
conheçam novas formas de trabalhar em currículo. É importante que os
professores aceitem as alternativas mais adequadas para tal
procedimento", É difícil, para um professor que acredita que sua forma de
trabalho é correta, porque vem conseguindo bons resultados, mudar e
aceitar novas proposições. Esta proposta traz implícita a idéia de que
"sentimentos são fatos, fenômenos que têm existência real e, portanto,
devem ser cuidadosamente considerados por aqueles que estão preo-
cupados com o treinamento de professores". Daí conclui-se que "a mu-
dança de atitude, que inclui os sentimentos, é um aspecto importante da
tarefa de tornar o professor competente para a implementação e mudança
curricular". (Hilda Taba - Curriculum; Theory and Practice, pág. 362).
A autora considera que uma solução possível é a utilização da
Pesquisa em Ação, uma estratégia que, pela sua natureza, é capaz de
satisfazer os requisitos necessários para treinar os professores.
ANEXO 5(*)
MODELO DE AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE
INOVAÇÃO METODOLÓGICA
(*) Extraído do Documento: Um modelo de avaliação de Currículo para o Ensino de 1.
grau. Secretaria da Educação de São Paulo - pág. 10.
A N E X O 6 Avaliação iluminativa
no contexto da Avaliação Curricular (52)
"Não existe um especial método de avaliação de progra-
mas de ensino adequado a todas as situações".
STAKE
I. Introdução
Nos Estados Unidos, a década de 50—60 marcou o início de uma
ação sistematizada nos projetos de avaliação de currículo. No início desta
década o projeto de currículo significava o meio aceito para preparar
materiais de classe, acelerando o desenvolvimento do currículo.
A avaliação de currículo refletia, portanto, os esforços sistemáticos
de um projeto para avaliar os pontos fortes e as fraquezas de suas
atividades e sua utilidade. Apesar da variação em seus processos, os pro-
jetos apresentavam similaridade de enfoque, cuja seqüência das principais
tarefas eram:
a) Identificação de pontos de insatisfação com o currículo;
b) Elaboração de planos para a preparação de novos materiais;
c) Preparação de edições experimentais do material;
d) Revisão do material e novo teste de revisão, antes que o ma-
terial seja passado para uso geral, em classes.
A evolução da concepção de currículo, ampliando o seu escopo,
passando a incluir outras variáveis da situação — além de materiais ins-
trucionais—permitiu uma expansão das investigações avaliativas.
(52) - Saul, Ana Maria - Síntese apresentada no Seminário sobre Avaliação Iluminativa. Fundação
Carlos Chagas - Set/77 - SP.
As questões avaliativas passaram a se centralizar em seqüência
adequada do material, adequação do material à série, estilos de ensino e
aprendizado, adoção do material à série, estilos de ensino e aprendizado,
adoção e modo de utilizar o material em ampla variedade de situações.
A década seguinte caracterizou-se pela proliferação de artigos,
comentários e numerosos modelos de avaliação de currículo que afetaram
profundamente o trabalho empírico, neste campo. (Lewy-1976).
Entretanto, na pesquisa em educação "o modelo clássico domina,
utilizando uma metodologia hipótetico-dedutiva,derivada da ex-
perimentação e de testes mentais em psicologia. Quase todos os estudos
de avaliação se inscrevem dentro deste paradigma tradicional" (Parlett e
Hamilton, 1975).
Il Crítica aos métodos experimentais de Avaliação de Currí-
culo
A crítica em relação aos métodos experimentais de currículo
concentram-se basicamente em torno de delineamento da avaliação
propriamente dito.
Quanto ao delineamento da avaliação, os métodos denominados
experimentais, os psicométricos, que se preocupam em mensurar "pro-
dutos educacionais" de uma forma caracteristicamente objetiva, são
contestados com os seguintes argumentos:
1º) A forma de conduzir a avaliação é inadequada para a avaliação
de programas de inovação.
"Tais avaliações não permitem avaliar os problemas complexos
que se colocam; em conseqüência, o resultado obtido não contém in-
dicação satisfatória para a tomada de decisões. Os programas educacio-
nais raramente podem ser submetidos a um controle suficientemente
estrito para responder às exigências de um plano de experiência ... Os
métodos tradicionais de avaliação impõem restrições artificiais e arbitrárias
ao estudo . . . concentram-se sobre a pesquisa de informações
quantitativas e negligenciam outros dados que são "subjetivos", "ane-
dóticos" Ou "impressionistas". Entretanto, o avaliador precisa utilizar
informações deste tipo se ele quer explicar, de uma forma satisfatória, as
suas descobertas, pesar sua importância e situá-las em seu contexto"
(Parlett e Hamilton).
2?) Um pré e pós-teste para avaliação de um programa inovador,
por si só, são suficientes.
Freqüentemente, experiências que gostaríamos que ocorressem
não ocorrem como se planejou. De fato, em alguns casos, aquelas expe-
riências nem foram iniciadas... Diferenças entre o pré e o pós-teste cer-
tamente não auxiliarão o responsável por tomar decisões no sentido de
saber quão eficiente foi uma dada inovação, na situação.
"É necessário avaliar o grau de implementação de uma inovação, se
quisermos dizer alguma coisa sobre seus efeitos ou seu valor". (Gephart,
1976).
"As inovações, em particular, são sensíveis a diversas influências
estranhas. Entretanto, o avaliador tradicional as ignora... Sua definição da
realidade empírica é estreita. Como conseqüência, ele se centraliza mais
em preocupações burocráticas que os problemas da prática da educação"
(Parllet e Hamilton, 1975).
3º) Os tipos de medidas comumente utilizados nos estudos de
avaliação carecem de precisão para estabelecer o valor de um currículo.
"O público em geral e a maioria dos profissionais em educação
acredita que depois de ter aplicado um conjunto de testes e analisado os
dados, podem estabelecer, em termos precisos, o valor de um currículo. A
fluidez de nossos experimentos e a falta de sensibilidade de nossos testes
permitem dizer que... nem qualitativa nem quantitativamente o impacto de
uma inovação é medido... Nossas medidas não são perfeitamente
precisas". (Stake, 1967).
III Necessidades e Perspectivas para a Avaliação de Currículo —
A Avaliação Antropológica
Diante da crítica aos métodos experimentais ou clássicos de
avaliação de currículo, um conjunto de necessidades têm sido identificadas
dentro da área, revelando a preocupação de um grupo de especialistas
com a proposição e implementação de novos paradigmas para a avaliação
de currículo.
"Não há rótulos para identificar cada programa educacional. Cada
um difere dos outros em múltiplos aspectos e por isso necessi-
ta uma ampla descrição. Poderíamos devotar-nos para o aperfeiçoamento
de nossos instrumentos de medidas mas... esta é uma tarefa prioritária?
Para a avaliação de currículo, deveríamos adiar nossa preocupa-
ção com precisão.
Deveríamos demonstrar primeiro nossa falta de compreensão, de
uma maneira abrangente, completa, do fenômeno de ensino e apren-
dizagem. Nós deveríamos ampliar nossa capacidade para observar e emitir
julgamento.
Deveríamos nos comprometer com uma descrição mais comple-
ta... Novas técnicas de observação e julgamento precisam ser desenvol-
vidas. De fato, precisamos de uma nova tecnologia de avaliação educa-
cional. Precisamos de novos paradigmas, novos métodos e novas desco-
bertas... que nos auxiliem na compreensão do empreendimento de mu-
dança educacional". (Stake, 1967).
"Recentemente, um pequeno número de estudos empíricos não
utilizam o modelo clássico de avaliação derivado da experiência na
agricultura, mas um modelo oriundo da antropologia social, da psiquiatria e
da observação participante, assim como é praticado pela sociologia. Pode-
se considerar esta pesquisa como um paradigma oposto ao primeiro, ele
possui um estilo e uma metodologia de pesquisa fundamentalmente
diferentes da pesquisa corrente em educação. O modelo proposto é o da
Avaliação Iluminativa que leva em conta os contextos mais amplos nos
quais o programa educacional funcional... A finalidade da avaliação
iluminativa é estudar o programa de inovação: como ele funciona, como é
influenciado pelas diferentes situações escolares... quais são, para os
interessados, suas vantagens e inconvenientes... A avaliação iluminativa
não é um método padronizado, mas é uma estratégia geral de
investigação... 0 novo paradigma obtido ao adotar-se a avaliação
iluminativa exige mais que uma simples mudança de método: implica
também novos pressupostos, novos conceitos e uma nova terminologia... A
introdução de uma inovação gera uma cadeia de repercussões... . Por sua
vez conseqüências inesperadas podem afetar a própria inovação, mudar a
sua forma e moderar seu impacto... julgar o impacto da inovação sem levar
em conta esses fatores seria um verdadeiro absurdo... Como a avaliação
iluminativa se concentra sobre o exame da inovação como parte integrante
do meio... insiste-se resoluta — mente na importância da observação ao
nível da escola e na entrevista com professores e alunos participantes"
(Parlett e Hamilton, 1975).
Como o próprio nome indica, a estratégia da avaliação ilumina-tiva
visa "iluminar" a inovação em todos os seus aspectos, através de uma
abordagem, mais em profundidade, que busca captar o processo enquanto
parte integrante de uma realidade viva e complexa. O papel do avaliador
neste caso, aproxima-se muito do papel dos "antropólogos sociais" e dos
especialistas em história natural.
Como eles, ele não busca manipular, controlar ou eliminar as
variáveis de situação, mas sim tomar como dada a situação complexa com
que ele se defronta. Sua tarefa principal é a de desmembrar, de isolar suas
características significativas; de delimitar os elos de causa e efeito; de
compreender as relações entre as crenças e as práticas e entre os
modelos de organização e as respostas dos indivíduos (Parlett e Hamilton,
1975).
DESCRIÇÃO COMPARATIVA DE ENFOQUES DE AVALIAÇÃO
O quadro que se segue (*) apresenta algumas características de
Modelo de Avaliação Contemporânea, a fim de que possam ser contras-
tadas com a abordagem antropológica.
Dentre os autores que figuram no quadro, Tyler foi escolhido por
representar o modelo clássico de avaliação; Soriven, Stake e Stufflebeam
foram apontados por autores como Arien Lewy, Worthen e Sanders como
tendo apresentado "uma análise fina e elaborada da avaliação de
currículo". Parlett e Hamilton representam a abordagem antropológica para
a avaliação de currículo, foco, este, de especial interesse para a análise.
As características que aparecem no quadro serão descritas bre-
vemente, a seguir:
a) Enfoque — destaca a principal característica que define a proposta de
avaliação do autor e pela qual ela é em geral, conhecida.
b) Definição — a forma pela qual cada autor tem definido o processo
de avaliação.
(*) O quadro que se segue tem como fonte original a Proposta de Worthen e Sanders
(1973), porém simplificada e com adaptações emergentes de Stake (1975) e Parlett e Hamilton
(1975):
c) Objetivo — identificação do (s) alvo (s) que o autor concebe dentro
de sua proposta de avaliação; o que deve ser atingi-lo,
uma vez implementado o modelo.
d) Papel do avaliador - a forma pela qual cada autor concebe o papel
do avaliador no contexto de sua proposta.
e) Implicações para o delineamento da Avaliação - Sugestões dos auto-
res para a elaboração e/ou desenvolvimento dos planos de
avaliação referentes a procedimentos, estrutura e
conteúdo do processo de avaliação.
f) Contribuições — destaque dos pontos que representam as contribui-
ções mais importantes de cada um dos enfoques de ava-
liação.
g) Limitações — destaque dos principais questionamentos em relação à
proposta de avaliação e possíveis utilizações inadequadas
que poderão comprometer a eficiência do modelo.
Autores
Característi-
TYLER SCRIVEN STAKE
STUFFIEBEAM
PARLETT E
HAMILTON
Estabelecimento do Orientação para
Avaliação centrada
em objetivos.
valor ou mento de
uma entidade.
Avaliação
Responsiva.
tomar decisões.
Avaliação
- Análise de Ges-tio.
llumlnatlva
Comparação da Coleta e combina- Descrição e jul- Definição, obten-ção Descrição e inter-
performance de ção de dados de gamento de um e uso de informações pretação da situação
alunos com objetivos
comportamentais
estabelecidos.
desempenho com o
peso estabelecido
em uma escala de
objetivos.
para tomar decisão. programa educa- complexa do programa
cional. de inovação.
Determinar a ex- Estabelecer e justi- Fornecer informa- "Iluminar", forne-cer
Descrever e julgar
tensão em que os
propósitos de uma
atividade de apren-
dizagem estSo sendo
realmente atingidos,
ficar o mérito ou
valor de uma enti-
dade.
programas educa-
ções relevantes compreensão sobre a
para quem toma realidade estudada
cionais com base
decisões. em sua totalidade.
em um processo de
Verificar o impacto, a
investigação for-
mal.
validade, a eficácia de
um programa de
inovação.
Especialista em
currículo que avalia
parles do de-
senvolvimento do
currículo e a sua
mensuração.
Especialista respon-
sável por julgar o
mérito de uma prática
educacional para
programadores
(avaliação formativa)
Especialista preo- Especialista que Observar, descrever e
cupado com a coleta, fornece informação interpretar a situação
consumidores
(avaliação somati-
va).
processamento e
interpretação
descritiva de dados
de julgamento for-
necidos por vários
grupos
buscando. avaliativa para
quem toma deci- a) isolar as carac
sões. terísticas significa
tivas da situação;
b) delimitar os elos
de causa e afeito.
c) compreender re
lações entre as
crenças e as prá
ticas e entre o*
modelos de organi
zação e respostas
do indivíduo.
Autores
Característi-
cas
TYLER
SCRIVEN STAKE STUFFLEBEAM
PARLETT
E
HAMILTON
1) Necessita inter
pretar e usar resul
tados de mensura
ção.
2) Desenvolve e de
signa para mensu
rar o progresso do
aluno.
1) Requer o uso
de investigações ci
entíficas.
2) Avalia uma en
tidade do ponto de
vista formativo e
somativo.
1) 0 delineamento da
avaliação inclui matrizes
1) Requer a definição
1) Utiliza enfoque
de uma sistemática de
sistêmico para es
para interpretação
dos dados.
tudo de avaliação.
observação e registro
contínuo de aconteci
2) Dirigido pelo
administrador.
mentos e trasações.
2) Necessita de pro
posições de uma sis
temática para organi
zar e codificar os da
dos de observação.
3) Envolve coleta de
informações através
de entrevistas, ques
tionários, análise de
documentos.
4) Requer a procura
de princípios gerais
subjacentes á organi
zação do programa a
fim de explicar as re
lações causa efeito a
situar as descobertas
num contexto de pes
quisa ampla.
1) Oferece (acui
dade para medir se
os objetivos com
portamentais estão
sendo atingidos.
2) Oferece facili
dade para os peri
tos delinearem es
tudos avaliativos,
3) Verifica o grau de
congruência en tre
performance e
objetivos: o seu fo co
está na clara
definição de objetivos.
1) Discrimina entre
avaliação formativa
e somativa.
2) Focaliza a men
suração direta do
valor da entidade.
3) Aplicável a vá-rios
contextos.
4) Analisa meios e
fins
5) Delineia tipos de
avaliação.
6) Avalia objetivos.
1) Fornece um me todo 1) Fornece dados
1) Permite estudar o
sistemático para para administrado
programa de inovação
organizar e descrever res e responsáveis
detectando como
dados de julgamento pela tomada de de
funciona, como é in-
assim como enfatiza cisão. envolvidos
fluenciada pelas diferentes
a inter e intra rela- na condução de
ção entre eles.
2) Considera pa
drões absolutos e
relativos de julga
mento.
3) Requer Stan-
darts explícitos.
4) Permite genera-
lização do modelo.
um programa.
situações escolares. quais
são suas vantagens e
2) E sensível á
incoveni-énoias.
feedback.
2) Centraliza sem avaliação
31 Permite que a
do processo de inovação
avaliação incida en
pedagógica. permitindo uma
qualquer estágio do
apreensão ampla e pro-
programa.
funda de uma avaliação
viva e complexa.
3) E sensível aos
problemas de adaptações
ás circunstâncias locais que
são inerentes á
programação da inovação.
Autores
Caracteristicas
TYLER SCRIVEN STAKE STUFFLEBEAM
PARLETT E
HAMILTON
!
T A
ç
0
E S
1) Tendência à
supersimplificaçâo
do programa e a
localização de in
formações termi
nais mais do que
informações pré
vias e intermediá
rias.
2) Tendência a lo
calizar objetivos de
uma forma estreita.
com pouca aten
ção ao valor dos
objetivos.
1) Compara per-
formance em rela-ção
t diferentes critérios e
atribui pesos relativos
aos critérios criados -
problemas metodo-
lógicos.
2) Não prevê meto
dologia para cal
cular a validade do
julgamento.
3) Muitos concei
tos superpostos.
1) Metodologia
inadequada para obter
informações sobre
conceitos principais.
2) Algumas celas da
matriz de de lineamenio
sobrepõem se?
Algumas distinções não
estão claras.
3) Possibilidade de
discutir dentro do
programa; possibilidade
1) Natureza sub
1) Pouca ênfase em
jetiva do método.
preocupação com
de conflitos de valores.
valores.
2) Necessidade de
habilidades espe
2) Processo de to
ciais para o ob
mada de decisões
servador: técnicas e
não é claro; meto
dologia indefinida.
relacionamento in
terpessoal.
3) Pode ter alto
3) Características
custo? Ê complexo
de estudo de casos
so utilizado na ín
tegra.
particulares de ino
vações.
4) Nem todas as
atividades são cla
ramente avaliativas.
B - FUNDAMENTOS TEÓRICOS E FATUAIS DA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
1. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Admite-se hoje "que o conceito de orientação está em constante
evolução e que, na atualidade, sugere como processo contínuo, estrei-
tamente vinculado às atividades educativas da escola". (53)
A evolução do conceito de orientação se prende às transformações
sociais, políticas, econômicas e ao desenvolvimento das ciências
humanas, transformações essas, geradoras de novas concepções sobre o
homem. Por outro lado, as novas visões de mundo e de homem direcio-
nam as transformações acima citadas, influenciando a busca de formas
mais eficazes de orientação.
Por muito tempo, os orientadores educacionais se contentaram em
trabalhar com aspectos parciais do homem. Frank Parsons (1909),
considerado o iniciador da orientação, pretendida "que os adolescentes
tivessem oportunidades de expressão individual e de serem social e
economicamente aproveitados na medida de suas capacidades". (54)
Muitos de seus seguidores, preocuparam-se apenas em "colocar o
homem certo no lugar certo". Pensava-se no homem econômico. "Quando
a orientação se envolveu com o movimento de higiene e saúde mental,
muitos ficaram preocupados com o que hoje poderíamos qualificar de
homem existencial... O empirismo do cientista behaviorista foi tão
acentuado, que muitos orientadores educacionais diferiam dos
orientadores vocacionais (* ) porque se ocupavam com problemas e não
com empregos. Em ambos os casos, o homem foi deixado de lado,
completamente sozinho". (55)
(53) Recomendação n° 56 da Conferência Internacional de Instrução Pública—1963
(Considerandos) in M. Amélia Azevedo Goldberg, Responsabilidade pelo Cumprimento dos
objetivos da Orientação Educacional, mimeografado.
(54) SANTOS Oswaldo de Barros, Psicologia Aplicada à Orientação e Seleção Profissional,
Pioneira, SP-1963, pág. 4.
(*) A distinção entre Orientador Educacional e Orientador Vocacional é da autora Maria
da Glória Berardo Pimentel.
(55) Prólogo do livro Fundamentos Filosóficos da Orientação Educacional, Carlton E.
Beck, PH.D., EPU-SP-1977, pág. 1.
Hoje não se pode mais esquecer que o homem é muito mais do do
que um conjunto de problemas ou de comportamentos. Há que considerá-
lo como uma unidade complexa, total, vivendo e se desenvolvendo aqui e
agora.
Com uma visão parcial de homem, a orientação inicialmente se
preocupou com aspectos específicos do indivíduo. A abrangência cres-
cente de seu foco de ação, deve-se à preocupação do homem como um
todo, em relação íntima com o ambiente onde se vive.
A Orientação Educacional desenvolveu-se no contexto escolar, não
só por ser a escola a instituição que oferece maiores possibilidades de
contatos humanos, "como também por ser ela capaz,até certo ponto, de
programar, avaliar e interferir sobre os efeitos desses mesmos contatos".
(56)
Enquanto a visão de homem assumida pela orientação foi frag-
mentada e unilateral, sua ação foi paralela ou mesmo separada do pro-
cesso educativo. Atualmente, a orientação para alcançar seus objetivos, só
pode surgir como processo contínuo, estreitamente vinculado ao processo
educativo, por pretender promover o desenvolvimento do homem.
Com isso, outra constatação se apresenta: a orientação e a edu-
cação mantém uma identidade de fins; ambas se propõem no momento
histórico atual, liberar o homem para que este alcance seu pleno
desenvolvimento e contribua de maneira eficiente para o desenvolvimento
social.
A Orientação Educacional não se confunde com a educação, pois
tem sua "identidade assegurada pelo exercício de certas funções de
caráter educativo, que lhe são peculiares, dentre o conjunto de outros
agentes que contribuem para a educação" (57)
Vinculada ao processo educativo escolar, a orientação educacional
sofre o impacto de todos os problemas que atingem a instituição,
(56) LOFFREDI, Lais Esteves, Paradigma de Orientação Educacional, Ed. Francisco Alves, RJ.
-1976-pág. 13.
(57) GATTI, Bernardete A. O Aconselhamento em Situação de Grupo in Fundamentos de
Orientação Educacional, org. Wilma Penteado, EPU—S. Paulo - 1976.
além de viver todos aqueles ligados à especificidade de sua área, pois
como diz Katz (58), "ela está ainda num período de crise de identidade
juvenil".
Para uma reflexão sobre os problemas ligados ao sistema de en-
sino e à instituição escolar, recomendamos o estudo da Parte I deste
trabalho, nas "Considerações sobre a realidade brasileira" e "Considera-
ções sobre a realidade educacional do 2? grau" quando se analisou com
clareza e profundidade as características do sistema educacional brasi-
leiro, do ensino de 2º grau e as influências, que este sofre, de fatores ex-
ternos. Identificou-se como a escola, na realidade, se apresenta distante
daquela proposta pelos legisladores.
Ao fazermos estas considerações, desejamos lembrar ao espe-
cialista em Orientação Educacional, alguns aspectos que não podem
escapar, de forma nenhuma, à sua reflexão, e que precisam ser conside-
rados antes que se tomem quaisquer decisões quanto à elaboração de
planos de Orientação Educacional.
Assim, consideramos que:
o conceito de Orientação Educacional está em contínua evo-
lução;
essa evolução se prende às transformações de ordem sócio-
econômica e cultural e à filosofia geral orientadora dessas
mudanças;
a Orientação Educacional mantém identidade de fins com a
educação, sem com ela se confundir;
a Orientação Educacional é processo contínuo, estreitamente
vinculado às atividades escolares, decorrendo daí que se des-
tina a todos os alunos que vivem o processo educativo; não é
obra de um só agente, mas de todos quantos interagem com o
aluno;
a Orientação Educacional vinculada à escola está na depen-
dência da concepção que se tenha de escola e da realidade que
nela se vive;
(58) KATZ, M. R. Theorical Fundations of uidance. Review of Educational Research, G
Washington, 39, (2): 138, abril, 1969.
qualquer plano de Orientação Educacional não pode ser
elaborado fora do planejamento global da escola;
a evolução no conceito de Orientação Educacional implica em
mudanças na sua abordagem, objetivos e metodologia de ação.
2. - ENFOQUES ATUAIS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Parece haver um consenso quanto ao conceito de Orientação
Educacional definido nos últimos documentos oficiais e nas comunicações
de especialistas da área, nos encontros e congressos nacionais de
Orientação. Assim, Orientação Educacional é conceituada com "um
processo científico e contínuo, atuando junto ao educando em todos os
graus e modalidades de ensino, de forma integrada com os elementos
responsáveis pela sua formação, visando a atender os objetivos da
educação". (59)
Pretende "facilitar a emergência de um clima educativo favorável
ao desenvolvimento de relações interpessoais, relações estas que
baseadas em autoconhecimento objetivo e no conhecimento da realidade,
possibilitem ao orientando o desenvolvimento de um processo de tomada
de decisões". (60)
Diz-se que a Orientação é um processo científico, não só porque
se rege por princípios ou porque se utiliza de técnicas peculiares à sua
especificidade, mas, principalmente, porque é um processo sistema-
ticamente planejado.
Quando se recomenda como condição essencial para o alcance de
seus objetivos que a Orientação Educacional se realize no conjunto do
plano global da escola, fazendo do currículo seu instrumento de trabalho,
privilegia-se um enfoque integrativo da Orientação Educacional. Entende-
se por este, a atividade técnico-docente, desenvolvida na escola, tendo em
vista a criação, planejamento, execução e avaliação de experiências de
aprendizagem que objetivam desenvolver no aluno a capacidade de
realizar opções conscientes a partir do conhecimento e avaliação de si
mesmo e do meio" (61)
(59) MEC-DEM-COPED - Relatório do I Círculo de Estudos de Orientação Educacional -1976.
(60) Palestra proferida pela professora Vera M. Placo Nigro na Semana de Educação da PUC-S.
Paulo - 1977, mimeografado.
(61) MEC-DEM-CENAFORI- Metodologia para o Treinamento do Aluno de 2º grau na
Habilidade de Tomada de Decisões Profissionais-Fundamentação Teórica e Definição
Metodológica-1977-pàg. 4.
Para que isto se torne realidade, no processo educativo escolar, é
preciso que o Orientador Educacional tome parte "no planejamento
curricular da escola, em todas as suas etapas de reflexão, decisão,
execução e avaliação" (62), atuando de acordo com a peculiaridade de sua
área.
Como decorrência dessa proposta integrativa, evidencia-se a
necessidade do Orientador Educacional atuar como um especialista no
desenvolvimento de relações interpessoais e como agente de mudanças.
"O estabelecimento de relações interpessoais significativas é
condição essencial ao envolvimento da equipe escolar numa ação inte-
grada com vistas à mudança. Assim, será objetivo do Orientador Edu-
cacional, favorecer as relações interpessoais, não apenas, a sua com
alunos e professores, mas a de todos os agentes educativos entre si. Se
cada um desses agentes educativos alcançar progresso individual, estará
também apto a oferecer uma relação de ajuda construtiva, facilitadora do
processo educativo, no sentido de proporcionar ao aluno, experiências
significativas dentro de um clima sadio e mobilizador de suas capa-
cidades". (63)
Para a otimização do processo educativo, é indispensável que se
crie o clima acima referido, sem o qual o aluno não "aprenderá a viver
como pessoa em processo"... "a sustentar respostas construtivas, expe-
rimentadas, mutáveis, em processo, às mais profundas perplexidades que
assediam hoje, o homem". (64)
A concepção de homem como criador de cultura e a idéia da
formação tecnológica experimental-criadora, do aluno de 2? grau, implicam
numa interação no ambiente escolar, com todos os agentes educativos, a
fim de possibilitar ao aluno, desenvolvimento de "habili-
(62) MEC-DEM-COPED - Supervisão Pedagógica e Orientação Educacional - Fatores de melhoria
da Qualidade do Ensino pág. 42
(63) VIEIRA, A.J.A. Relacionamento professor-orientador sob duas estratégias de Orientação
Educacional, centrada no professor e no aluno, dissertação de mestrado apresentada à
Universidade Federal do Rio de Janeiro—1977—pág. 5.
(64) ROGERS, Carl, Liberdade para aprender. In Loffredi, L.E. Estudo Experimental sobre a atitude
do Orientador no Aconselhamento relacionado com formação, experiência e idade-R. de
Janeiro— PUC-1972.
dades ligadas ao seu auto-conhecimento, habilidades estas decorrentes de
um processo de auto-avaliação reflexiva e crítica, e de uma metodologia
operatória de tomada de decisões nas diversas áreas do comportamento
humano" (65)
Para que se concretizem as propostas aqui levantadas, o Orien-
tador Educacional, necessariamente, assumirá o papel de agente de mu-
dança. Em geral, o Orientador constata que os empecilhos à realização de
seu trabalho, provém da realidade ambiental onde atua, deixando de
reconhecer a importância de agir sobre o meio. Modificar essa realidade
ambiental, agir no meio, planejar mudanças, atuar para a melhoria do
processo educativo através da implantação e implementação de um novo
modelo de currículo (66), ou aplicar a "Metodologia para o Treinamento do
aluno de 2º grau na Habilidade de Tomada de Decisões Profissionais" (67),
por exemplo, possibilitarão ao orientador desenvolver no orientando uma
pessoa também modificadora e criadora de cultura.
"O agente de mudança pode ser definido com alguém que
desencadeia um movimento contra o "status quo", quando sente que este
afeta negativamente aqueles a quem está tentando ajudar" (68).
Isso não significa que a intervenção no ambiente, para oportu-
nizar ao aluno a construção do seu autoconceito e a busca de sua auto-
realização, seja feita ao sabor das improvisações ocasionadoras de con-
flitos irremovíveis. Significa sim, que o orientador use estratégias e me-
todologias adequadas à intervenção, à pesquisa em ação por exemplo, e
que conheça os fenômenos ligados á dinâmica institucional, sabendo
resolver e utilizar-se dos conflitos.
Embora atue com outros especialistas, Supervisor Escolar e Pro-
fessores, especialmente, a unidade desse trabalho repousará na adoção
de objetivos e valores comuns, bem como em atitudes facilitadoras da
integração, quais seja, as de cooperação, reciprocidade, autonomia e
responsabilidade.
(65) Conferência de Vera Placo Nigro já citada.
(66) Projeto Prioritário do MEC-DEM-COPED.
(67) MEC—DEM-COPED-Novas Metodologias: Metodologia para o Treinamento do Aluno de 2?
grau na Habilidade de Tomada de Decisões Profissionais — Vol. 1 — Fundamentação Teórica
e Definição da Metodologia.
(68) VIEIRA, A.J.A.-Op. Cit. Pág. 3
Quando preconizamos um enfoque integrativo, não estamos
querendo diluir as características da ação de cada especialista. Ao con-
trário, pensamos que cada um dos agentes educativos só conseguirá
alcançar seus objetivos específicos, quando houver uma coordenação do
processo, capaz de inovar (69) o contexto.
Para Caldwell, o Orientador Educacional é o profissional que na
escola está mais apto para promover um "clima psicológico necessário à
educação eficiente e às mudanças necessárias à satisfação das necessi-
dades dos alunos (o grifo é nosso); autoconhecimento, auto-aceitação e
auto-desenvolvimento, são inquestionavelmente de seu domínio e ninguém
na escola está tão consistentemente preparado". (70)
Aplicando o pensamento de Caldwell à nossa realidade, chama-
mos a atenção para a função coordenadora do Orientador Educacional
como é definida no decreto 72.846/73.
Essa função do Orientador é grandemente facilitada por ser ele o
provedor de "feedback" sobre o funcionamento da instituição, já que o
orientador educacional, por peculiaridade da sua atuação, recebe do aluno
todas as informações sobre o impacto que a escola lhe causa, como
também, ao entrar em contacto com a família e outros membros da
comunidade, recebe deles informações que lhe dão oportunidade de
prover "feedback" sobre pessoas, idéias e experiências fora da instituição.
Esses dados "são absolutamente indispensáveis ao planejamento global
da escola efacilitam, de certa forma, a função coordenadora do orientador.
O enfoque integrativo de que estamos tratando, será também
desenvolvimentista, desde que o Orientador Educacional, junto à equipe
responsável pelo processo educativo, entenda que deve proporcionar, ao
aluno, oportunidades de cumprir as "tarefas evolutivas", características do
seu desenvolvimento pessoal, num dado contexto cultural.
Entre as "tarefas evolutivas", características do desenvolvimento
do indivíduo, ressaltamos a de realizar opções, dado que, auxiliá-lo no
cumprimento dessa tarefa constitui o objetivo primeiro da Orientação
Educacional.
(69) HUBERMAN, diz que a inovação "é uma operacio completa em si mesma, cujo objetivo é fazer
aceitar e utilizar determinada mudança". Como se realizam mudanças em educação (UNESCO)
- Ed. Cultrix, SP. 1977. pág. 17.
(70) CALDWELL, E. Conselling in context. The personal and Quidance Journal, 1970, 49, 271-278.
In Vieira, A.J.A. Op. Cit. Me 38
Entre as opções que o aluno de 2º grau deve fazer, salientamos a
escolha de curso e/ou profissão, pois os estudiosos do assunto dizem que
as etapas do desenvolvimento vocacional são vividas segundo um
imperativo de ordem psicossocial, determinado em grande parte pela es-
trutura escolar.
O Orientador Educacional do grau deverá estar atento às
características das etapas do desenvolvimento vocacional, notadamente a
de especificação,* para poder junto à equipe escolar, planejar atividades
de aprendizagem, nas quais o aluno vive experiências que o levem mais
amadurecidamente a formular sua decisão profissional.
(*) -
( ) — "De acordo com as proposições de Super, encampadas e operacionalizadas por Pelletier,
quatro são as etapas cruciais do processo de desenvolvimento vocacional, a saber:
etapa exploratória, etapa de cristalização, etapa de especificação e etapa de realiza
ção". "O comportamento exploratório permite acumular dados úteis na formação da
imagem de si e das ocupações e como um meio de verificar estas percepções em con
tato com a realidade".................................................................................................................
No comportamento de cristalização, procura-se "estruturar as diferentes percepções de si e do
mundo; procura-se organizá-las, reduzindo a complexidade e multiplicidade das observações
feitas.
Na etapa de especificação "o indivíduo é chamado a decidir, ou seja, optar entre alternativas
disponíveis" . . .
"A tomada de decisão implica num compromisso entre o que o indivíduo deseja e o que lhe é
possível realizar ou obter . O indivíduo ao optar, joga de um lado com seus valores e
necessidades, e, de outro, com as possibilidades efetivas de concretizar suas aspirações". Na
realização implementa-se a escolha feita.
(Metodologia para o Treinamento do Aluno de 2º Grau na Habilidade de Tomada de
Decisões Profissionais, Vol. 3 - Manual do Animador de Grupo, pág. 12, 31, 65).
3. ASPECTOS FATUAIS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Até agora tratamos do que a Orientação Educacional deve ser:
analisaremos o que a Orientação Educacional é legalmente e como está
sendo desempenhada para que, a partir desse confronto, tenhamos pos-
sibilidades de optar por linhas de ação.
Quanto aos aspectos legais da Orientação, foram eles exaustiva-
mente tratados em documentos publicados anteriormente pelo Ministério
de Educação e Cultura, Departamento de Ensino Médio. Entre outros
citamos: Ensino de 2º Grau - Bases de Ação, Brasília, D.D.D./ DEM, 1973; I
Círculo de Estudos de Orientação Educacional — Relatório: Brasília—
1976; Subsídios para a Implantação da Orientação Educacional no Ensino
de 2º Grau-Documento Preliminar, Seminário Nacional de Orientação
Educacional—Brasília, 7 a 11 de março de 1977.
Anexamos o quadro seguinte: "Oportunidades para o treino da
habilidade de tomar decisões profissionais, tendo em vista as alternativas
do ensino de 2? Grau", elaborado para o projeto prioritário: "Metodologia
para o Treinamento do Aluno de 2? Grau na Habilidade de Tomada de
Decisões Profissionais", julgando oportuna a contribuição que traz para
este documento.
QUADRO I — Oportunidades para o treino da habilidade de tomar de-
cisões profissionais, tendo em vista as alternativas de en-
sino de 2? grau.
ALTERNA-
TIVAS
PA-
RE-
CER
CARACTERISTICAS
BÁSICAS
OPORTUNIDADES PARA 0
MOMENTOS
TREINO DA HABILIDADE DE
TOMAR DECISÕES
PROFISSIONAIS
1
Formação de
técnico e
auxiliar
técnico
45/72
1) Caráter formativo e pro
fissionalizante: "visa inte
grar o educando na sua
comunidade local, na so
ciedade nacional e em seu
tempo histórico e capací-
ta-o ao exercício de uma
profissio, inserindo-o na
força de trabalho"
2) Currículo pleno: compos
to de um núcleo comum
definido pelo CFE, em
âmbito nacional e um mí
nimo de disciplinas a ser
exigido para cada habi
litação profissional ou
para o conjunto de ha
bilitações afins.
OBS: Excepcionalmente a parte
especial do currículo poderá
assumir caráter de
aprofundamento em
determinada ordem de estudos
gerais.
3) 0 concluinte do curso,
conforme este parecer
sairá como:
— técnico
— auxiliar técnico'
revisão crítica da opção
no início
feita
do curso.
ao longo
oportunidades de esco
do curso.
lhas, em geral, ofereci
na série pre-
das pelas disciplinas do
currículo.
vista na
organização
seleção de estágios ade
curricular.
quados ao tipo de habili
ao longo do
tação técnica escolhida.
curso.
— pesquisa de possibilidades
ao longo do
de trabalho condizentes
ao tipo de área de for curso.
mação profissional.
ao longo do
pesquisa das oportunida
curso.
ao longo do
des de prosseguimento de
estudos.
curso.
— conhecimento de si.
ao final de
cada série
síntese do conhecimento
de si e das oportuni
dades do meio.
2 76/7E
1) Caráter formativo e pro-
fissionalizante: "visa integrar o
educando em sua comunidade,
na sociedade nacional e no seu
tempo histórico e um preparo
básico para iniciação de uma
área específica de atividade ou
ocupação, que em alguns casos,
só se definirá após o em-
prego".
Oportunidades de esco ao final de
lhas oferecidas pelas dife cada série
rentes disciplinas do cur
ao longo do
rículo.
curso
— conhecimento de si.
ao longo do
pesquisa das oportunida curso.
des escolares e profissio
nais.
ALTERNA
TIVAS
PA-
RE-
CER
CARACTERISTICAS
BÁSICAS
OPORTUNIDADES PARA O
MOMENTOS
TREINO DA HABILIDADE DE
TOMAR DECISÕES
PROFISSIONAIS
2) Currículo pleno: núcleo
comum e um mínimo a
ser exigido para cada ha
bilitação básica. Sistema
seriado com possibilidade
de:
a) inclusão de, no máxi
mo, duas disciplinas
profissionalizantes de
caráter global que inte
ressariam a um am
plo leque de habili
tações profissionais.
b) escolha (pelos alunos)
de setores profissiona
lizantes definidos por
determinados blocos
de disciplinas e ativi
dades profissionalizan
tes comuns.
3) O concluinte do curso,
conforme este parecer,
sairá com:
— habilitação básica.
síntese do conhecimento ao longo do
de si e das oportunidades curso.
do meio.
final da 1?
escolha de uma "famí
e/ou início da
lia ocupacional".
série. 2
a
escolha da habilitação
ao final do
específica e a forma
curso.
de completar a sua for
mação profissional.
3
Escolas em
fase de
transição
1) "É claro que haverá outras
habilitações, além de téc
nico, com menor carga
horária e que no entanto,
qualificam para as ocupa
ções profissionais. As es
tas poderiam recorrer os
estabelecimentos de ensi
no, sobretudo nessa fase
inicial de implantação da
lei", (parecer 45/72). Se
ria uma forma realista
que permitiria á escola,
atingir desde logo, um
dos OBJETIVOS PRI
MORDIAIS, qual seja o
de que ninguém deve ter
minar os estudos de 2?
grau sem alguma capaci
tação para o trabalho.
2) Gama variada de formas
de estrutura e organiza
ção curricular:
a) 1? ano básico de es
tudos gerais;
b) modelos alternativos
de 2P grau a serem re
gulamentados pelas Se
cretarias de Estado.
As mesmas oportunidades
genéricas de escolhas identi-
ficadas nos pareceres 45/72 e
76/75.
a serem definidas
Os dados de que dispomos, atualmente, permitem apenas esboçar
generalizações sobre a forma como está sendo realizada a orientação
educacional no 2? Grau. (71)
Coexistem concepções as mais diversas da Orientação Educa-
cional: a casuística para atendimento de alunos carentes, a
eminentemente técnica, colocada como serviço à parte, com
ênfase na aplicação de testes e questionários.
A Orientação Educacional proposta num enfoque integrativo
sem a devida correspondência metodológica.
A integração OE/SE desvinculada do planejamento global da
escola com imprecisão das funções desses especialistas e de sua
articulação com professores e demais agentes educativos.
A informação profissional confundida com o processo de
maturação vocacional.
Recomendamos a leitura do relatório sobre caracterização da
Orientação Educacional nas Unidades Federadas, cujos dados primários
dizem respeito à estrutura organizacional da Orientação Educacional,
enquanto os dados secundários relacionam-se à dinâmica do trabalho.
(72).
Pensamos que será impossível a implantação da Orientação Edu-
cacional no 2? grau, com base nas propostas aqui formuladas, caso não se
faça uma análise crítica da situação da Orientação Educacional na rede de
ensino de cada Unidade Federada, através das equipes das SÉC, em
conjunto com os orientadores das unidades.
A caracterização do desempenho do orientador Educacional será
indispensável para qualquer planejamento que se venha a realizar.
(71) Estudos Preliminares para a Elaboração de um Projeto de Curso de Aperfeiçoamento para
Orientadores Educacionais, do Ensino de 2. Grau in Glória Pimentel e Nobuko Kawashita — V
Encontro Nacional de Orientadores Educacionais — Salvador — BA.
(72) MEC-DEM-COPE D - Relatório: Caracterização da Orientação Educacional nas Unidades
Federadas.
Essa análise da realidade, além de configurar necessidades e prio-
ridades, seria um primeiro passo para despertar os Orientadores das uni-
dades escolares num processo de inovação que nunca deverá se realizar
sem o seu envolvimento.
Num mundo de aceleradas transformações, o Orientador tem
necessidade de se atualizar permanentemente, para fazer face às exigên-
cias decorrentes das mudanças instaladas e para que seja ele próprio um
desencadeador de inovações.
Citando Huberman mais uma vez, diríamos que: "o fator crítico, ao
que parece, não é a natureza da inovação nem as possibilidades que esta
oferece para aprimorar o aprendizado, mas sim a idéia que o adotante faz
das mudanças que será pessoalmente obrigado a efetuar". (73)
PROPOSTA DE ATIVIDADES
1. Leitura obrigatória
VIEIRA, A. J. A. — Relacionamento professor-orientador sob
duas estratégias de Orientação
Educacional: centrada no professor e
centrada no aluno, dissertação de mes-
trado apresentada à Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro— 1976.
HUBERMAN, A. M. — Como se realizam as mudanças em
educação - UNESCO, 1973 - Ed.
CultrixS.P. 1977.
LOFREDI, Lais Esteves — Paradigma de Orientação Educa-nal,
Ed. Francisco Alves — R. Janeiro -
1976.
SAUL, Ana Maria — "Modelo de Pesquisa em Ação Aplicada ao
Treinamento de Professores" Tese de
Mestrado - S.Paulo - 1971.
(73) HUBERMAN, .M., Como se realizam as mudanças em Educação -Cultrix. SP — A
1977. pág. 11.
2. Leitura complementar
Avaliação de competência no desempenho do papel de
Orientador Educacional — Caderno de Pesquisa nº 11 —
Fundação Carlos Chagas
- MEC/DEM/COPED - Metodologia para o Treinamento do
Aluno de 2º Grau na Habilidade de Tomada de Decisões
Profissionais Vol. 1 - Fundamentação Teórica e Definição de
Metodologia — 1977.
- MEC/DEM/COPED - Sugestões para o Programa da Dis-
ciplina Orientação Ocupacional nas Habilitações Básicas -
1977.
A Orientação Educacional na Bahia — VI Encontro Nacio
nal de Orientadores Educacionais — Goiânia — 20/26 julho
de 1977.
3 — Levantamento e cadastramento de diagnóstico já realizados
sobre a realidade da Orientação Educacional no 2? Grau em âm-
bito nacional, estadual e municipal.
4 — Com base nas leituras obrigatórias e complementares, levante as
atividades prioritárias da SÉC para a implantação da Orientação
Educacional, segundo os enfoques mais atuais, numa perspectiva
de inovação.
PARTE III
COMO OPERAR O SISTEMA INTEGRADO DE
SUPERVISÃO ESCOLAR/ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
NO ENSINO DE 2º GRAU
A - COMO OPERAR O SISTEMA DE SUPERVISÃO ESCOLAR
INTRODUÇÃO
Esta parte visa sugerir aos Supervisores Escolares da Equipe
Central as finalidades, os objetivos e as alternativas de ação que poderão
compor o Plano de Ação do sistema de Supervisão Escolar da Unidade
Federada.
Embora esta parte esteja voltada para a ação específica do Su-
pervisor Escolar da Equipe Central, nossa introdução abordará aspectos
que interessam tanto ao Supervisor Escolar (SE) como ao Orientador
Educacional (OE).
1 — A referência do trabalho do SE e do OE deverá ser sempre a
Unidade Escolar de 2? Grau; portanto, a atuação da Equipe Central deverá
ser planejada de maneira a fornecer os suportes necessários à criação, ao
fortalecimento e ao aperfeiçoamento da atuação dos Orienta dores
Educacionais e Supervisores Escolares nas Escolas. Este aspecto é
fundamental, uma vez que é na unidade escolar que se concretizam os
objetivos da educação sistematizada. Portanto, os planos de Supervisão
Escolar e Orientação Educacional devem ser elaborados com base nas
prioridades apresentadas pelos Supervisores Escolares e Orientadores
Educacionais das escolas, tendo em vista diminuir a distância entre o ideal
e a situação real.
2 — 0 Orientador Educacional e o Supervisor Escolar da Equipe
Central devem encontrar a melhor maneira de realizar um trabalho que
reverta em benefício da ação integrada dos OE/SE das unidades escola-
res. Para tanto, o planejamento da ação específica de cada especialista
deve ser precedida de uma reflexão conjunta sobre os fundamentos da
Ação Integrada SE/OE (constantes da Parte 1), uma discussão sobre os
problemas educacionais do Ensino de 2º Grau na Unidade Federada, uma
análise das prioridades educacionais definidas no Plano Estadual de
Educação e uma definição dos objetivos comuns que orientarão sua in-
tervenção no Sistema Estadual do Ensino.
3 — Ao refletirmos sobre a proposta de operação e composição
do Sistema Estadual do SE/OE, pareceu-nos improdutivo e ineficaz pro-
pormos um único modelo de ação, por duas ordens diferentes de motivos.
a) Motivos de natureza teórica: Embora as Equipes Centrais de
SE/OE devam receber diretrizes do MEC para sua atuação junto ao Ensino
de 2? Grau, essas diretrizes devem ser de tal ordem que não lhes
impeçam a iniciativa. Pelo contrário, devem ser um estímulo à sua au-
tonomia e criatividade. Assumir responsabilidade e engajar-se numa
missão (*) só se completam quando aquele que executa é também um
decisor ou um parceiro na decisão. Refletir, criar, propor são exercícios de
autonomia e liberdade que garantem a qualidade humana da tarefa
executada e asseguram os princípios democráticos da ação educativa...
Assim, para sermos coerentes com nossa concepção de educação e de
homem, não poderiamos apresentar um material pronto para uso, que, em
lugar de provocar o crescimento do Orientador Educacional e do
Supervisor Escolar, poderia interromper ou bloquear este crescimento
profissional. Nossa concepção educacional é, portanto, a primeira razão
para nossa opção por Modelos Alternativos de Ação.
b) Motivos de natureza fatual — Outra razão refere-se à diversi-
dade (apontado na Parte 1) da situação sócio-econômico-educacional
existente em nosso país. Como vimos, temos as mais diversas situações:
diversidade regional quanto ao estágio do desenvolvimento,
predominância dos setores (primários, secundário, terciário) na economia,
estilos de vida, peculiaridades da população, fatores geo-ecoló-gicos, etc.
estágios diversos no processo de implantação e desenvolvi-
mento do ensino de 2º Grau, de acordo com a Lei 5692/71.
diferenças quanto ao grau de complexidade e a extensão da
rede do ensino de 2º Grau, nas diversas Unidades Federadas;
diversidade da situação dos Orientadores Educacionais e dos
Supervisores Escolares nos Sistemas Estaduais, indo desde a inexistência
total desses especialistas até a existência, de equipes bem estruturadas,
institucionalizadas e operantes. Tal diversidade destaca-se quanto a:
(*) O têrmo missão está sendo utilizado no sentido sistêmico e que um sistema deve ser d
definido por sua missão, ou seja, por seu propósito maior.
situação e localização na estrutura da SEC;
natureza das funções exercidas;
organização interna e integração horizontal e vertical;
mecanismos de ação utilizados;
situação nas escolas de 2? Grau;
programas de atuação.
Isto sem falar na inexistência de dados completos e atualizados
sobre as escolas de 2? Grau de todas as Unidades Federadas. A pre-
cariedade dos dados existentes não nos permite aquilatar a qualidade do
ensino que vem sendo ministrado e nem traçar um quadro geral das ne-
cessidades da Supervisão Escolar e da Orientação Educacional no Ensino
de 2? Grau do País.
A heterogeneidade da situação sócio-econômico-educacional das
diferentes Unidades Federadas, combinada com a insuficiência dos dados
sobre o Ensino de 2º Grau em geral e sobre os especialistas em Ori-
entação Educacional e Supervisão Escolar em particular, imposibilitam-nos,
também, de elaborar uma única proposta de ação, pois a mesma pecaria
por rigidez e seria inoperante. O mesmo pode ser dito quanto à composição
das Equipes Centrais e aos mecanismos de atuação, pois uma secretaria
que tem sob sua coordenação mais de 1.000 (mil) escolas de 2? Grau (São
Paulo) exige uma atuação bem diferente de outra que possui 8 (oito)
escolas (Acre).
Face a estas considerações de ordem teórica e fatual, parece-nos
mais adequado desenvolvermos alternativas de ação, entre as quais cada
Equipe Central elegerá a que lhe for mais conveniente. Constarão de cada
alternativa: diretrizes para organização, sugestões de atividades e
mecanismos de atuação, que deverão seguir um processo gradual de
implantação, partindo de estágios mais simples até os mais complexos. Na
adoção de uma alternativa, a Equipe Central deverá levar em consideração
os indicadores da realidade educacional e os critérios orientadores
sugeridos no documento.
4 — Um último aspecto a ser considerado refere-se ao fato de que
estamos em pleno curso do qüinqüênio 75/79 e, portanto, os Projetos
Prioritários já foram definidos até 79.
Considerando esta situação, sugerimos objetivos a curto e a médio
prazos.
Os objetivos a curto prazo, definidos para o biênio 78 e 79,
decorrerão do desenvolvimento de uma meta de SE e OE, a ser incluída
nos Planos Operativos Anuais, junto aos Projetos Prioritários de Currículo
e Integração EscoIa-Empresa, respectivamente, conforme orientação do
DEM junto às SECs.
Dada a peculiaridade da situação de SE e OE durante o biênio,
tanto a meta de SE quanto a de OE deverão se orientar pelas prioridades
estabelecidas pelas SECs e estar intimamente vinculadas às metas dos
Projetos de Currículo e Integração Escola-Empresa.
A médio prazo, os objetivos estarão voltados para a instrumen-
tação de OE e SE, visando organizar, implantar e/ou desenvolver gra-
dativamente o sistema estadual de OE e SE...
Considerando a diversidade de estágio em que se encontram as
equipes centrais de SE e OE, as diretrizes traçadas variarão quanto à sua
utilização. Em algumas Unidades Federadas, orientarão a formação da
Equipe Central para o Ensino de 2? Grau; em outras, elas poderão ser
utilizadas para sistematizar o trabalho que já vem sendo realizado ou,
ainda, para avaliar o desenvolvimento das atividades em curso.
1 - FINALIDADES E OBJETIVOS
Basicamente o Supervisor Escolar é um "ativador de sistemas
educacionais" (74), sendo a finalidade fundamental de sua atuação pro-
fissional no ensino de 2? grau, o aperfeiçoamento do sistema instru-cional
desse grau de ensino. Para realizar tal finalidade, cabe-lhe promover a
convergência da ação educativa desenvolvida pelos docentes, na direção
dos fins da Educação.
A atuação do SE. no Ensino de 2? grau, nesta sistemática, deverá
portanto, levar à concretização da concepção educacional de homem
proposta, tendo como referenciais para a ação o conceito de sistema
selecionado nesta sistemática, os fundamentos teóricos da supervisão, as
características sócio-econômico-culturais da Unidade Federada e as
necessidades estaduais do Sistema Educacional no Ensino de 2? grau.
OBJETIVOS
1 — Definir e desenvolver uma política de Supervisão para o
Ensino de 2º grau, na Unidade Federada.
2 — Estruturar e/ou consolidar o sistema de Supervisão no En-
sino de 2º grau da Unidade Federada.
3 — Instrumentar os Recursos Humanos necessários à
concretização da política de Supervisão definida para o
Ensino de 2º grau.
4— Participar na definição e no desenvolvimento da política
estadual para o Ensino de 2º grau.
(74) - DEM/DEF/DAU/SG/MEC/. Anteprojeto de regulamentação da profissão do Supervisor Escolar.
Brasília, DF-1976.
2- ORGANIZAÇÃO
A — Recursos Humanos
— Dados quantitativos e qualitativos:
A Equipe Central de supervisão das SECs, que desenvolverá o
sistema SE/OE, será composta por Especialistas em Educação de For-
mação Especial dos setores primário, secundário e terciário..
-NÚMERO
Contará com. no mínimo, três pedagogos.
Este número poderá ser aumentado pela SEC, segundo suas
necessidades e possibilidades.
A Assessoria Especializada será composta, no mínimo, por três
Especialistas sendo um por setor da Economia.
Qualificação
Os três supervisores que irão receber complementação salarial do
Departamento de Ensino Médio para desenvolver o Sistema Integrado
SE/OE para o ensino de 2º Grau nas Secretarias de Educação das
Unidades Federadas, deverão preencher os seguintes requisitos mínimos:
a) Básicos:
FORMAÇÃO
Licenciatura Plena em Pedagogia, com habilitação em Su-
pervisão Escolar,
ou
Licenciatura Plena em Pedagogia, obtida em curso regido
por legislação anterior ao Parecer 252/69 - C.F.E.
- EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
dois anos de experiência comprovada em Escolas de 2? Grau
dois anos de experiência comprovada de Supervisão em
Órgãos de Coordenação de Sistema (em nível municipal,
regional ou estadual).
- MOBILIDADE
Disponibilidade para viagens periódicas de Supervisão junto a
Divisões Regionais de Ensino ou Escolas de 2? Grau
• Disponibilidade para participar de Seminários, Congressos e
outros conclaves sobre Supervisão e em Cursos de atuali-
zação sobre a área, em âmbito estadual e nacional.
b) Complementares:
Experiência docente na Habilitação de Supervisão Escolar
em Cursos de Pedagogia.
Participação em Cursos de Supervisão ou de SE/OE minis-
trados pelo CENAFOR (como docente, monitor ou aluno).
Participação em cursos de atualização em Supervisão ou em
Currículo, ministrados por Instituições de Ensino Superior ou
por Órgãos Oficiais.
Experiência de Planejamento Curricular.
Experiência de trabalho integrado com Orientação Educa-
cional.
0 Departamento de Ensino Médio considerará como obrigatórios os
requisitos considerados básicos.
Os requisitos complementares serão considerados como desejá-
veis. sendo utilizados na ordem apresentada, caso a demanda seja maior
do que a oferta, como critério adicional para a seleção de candidatos.
Os Especialistas que farão parte da Assessoria Especializada,
deverão atender aos seguintes requisitos mínimos:
1 — Formação e Experiência
Licenciado em Ciências Agrícolas, com experiência em
Escola Agrícola de 2º Grau.
Graduados ou licenciados em Curso Superior vinculado ao
setor secundário e ao setor terciário da Economia, com
experiência em Escola Técnica ou em Disciplinas de
Formação Especial ligadas às Habilitações do setor
secundário e terciário, que representem a maior demanda
do Estado.
2 — Regime de trabalho
Os três Supervisores selecionados pelo DEM, que recebe-
rão complementação salarial, deverão cumprir 40 horas
semanais de trabalho.
Os demais elementos serão contratados pela Secretaria de
Educação que estipulará o quantum, a forma de con-
tratação e a carga horária a ser exigida. Recomenda-se
que a Assessoria Especializada também trabalhe em tem-
po integral. No entanto, caso haja impossibilidade, re-
comenda-se a contratação, em regime de tempo integral,
do Especialista do Setor em que se concentram as Habi-
litações que apresentam os maiores problemas pedagó-
gicos e sociais. Os demais serão contratados por períodos
predeterminados durante o ano, em que prestarão
consultoria à Equipe Central de Supervisão, segundo suas
necessidades.
3 - Localização
A equipe de Supervisão que irá desenvolver o Sistema Integrado
SE/OE deverá localizar-se na área de Assuntos Pedagógicos da Secre-
taria de Educação.
Esta localização visa assegurar que a Equipe Central de Supervi-
são participe direta e efetivamente da definição de diretrizes e da tomada
de decisões de natureza pedagógica para o Ensino de Grau.
Tal participação será assegurada desde que a localização da
Equipe Central de Supervisão lhe possibilite:
participar da definição e da reformulação das Diretrizes Curri-
culares para Ensino de 2? Grau;
desenvolver um trabalho integrado com a Orientação Educa-
cional para Ensino de 2? Grau;
desenvolver um trabalho integrado com as demais Equipes
Centrais do Ensino de 2? Grau da Secretaria de Educação.
Na localização da Equipe, deverá ser considerada ainda a neces-
sidade de coordenação vertical com a Equipe de Supervisão para o Ensino
de 1? Grau.
b — Recursos Físicos e Financeiros
Os itens referentes a instalações, equipamentos, material de con-
sumo e serviços de apoio deverão ser planejados pela própria SEC, de
maneira a atender satisfatoriamente aos requisitos necessários a uma
Equipe de Liderança Educacional.
Transporte
Deverá ser previsto veiculo para:
uma viagem bimestral aos Setores Regionais ou às Escolas de
2º Grau. Para as Equipes Centrais exclusivamente normativas.
uma viagem quinzenal ou mensal às Divisões Regionais ou às
Escolas de 2º Grau. Para as Equipes Centrais normativas e
executivas.
— Recursos Financeiros
Deverão ser previstas verbas para a realização de Seminários,
Ciclos de Estudo, Conferências e outras atividades a serem desenvolvidas
pela Equipe Central de Supervisão, bem como para a aquisição de livros e
revistas especializadas.
Serão, também, previstos recursos para: pagamento de consultoria
periódica em Supervisão; treinamento da própria Equipe Central em
assuntos de sua escolha; participação em cursos específicos ou afins
promovidos por outras instituições.
Deverá haver ainda recursos para:
diárias para visitas de supervisão em locais diferentes da ci-
dades-sede.
transporte, combustível, motorista.
c — Estrutura interna
1. Alternativas
A organização do trabalho da Equipe Central dependerá da al-
ternativa de ação que for selecionada. Estas implicam numa certa espe-
cialização de cada supervisor, o que levará a um maior aprofundamento no
tratamento dos problemas. No entanto, é indispensável que a visão geral
seja garantida pelo planejamento e pela avaliação da ação global da
Supervisão no Estado.
Alternativa A
Cada um dos membros da Equipe Central de Supervisão ficará
responsável por um dos setores (primário, secundário, terciário). Seu
trabalho será desenvolvido com o especialista do setor, graficamente
assim representado:
Alternativa B
Cada um dos supervisores poderá se responsabilizar por um con-
junto de problemas do Ensino de 2º Grau, concentrados segundo a
natureza dos mesmos; estes poderão ser nuclearizados em:
A profissionalização no Ensino de 2º Grau.
Desenvolvimento do Ensino e da Aprendizagem no 2º Grau.
Avaliação no Ensino de 2º Grau.
A assessoria dos Especialistas será feita de acordo com o setor
das Habilitações (primário, secundário, terciário) em que ocorrerem os
problemas.
Alternativa C
A equipe poderá se organizar, ainda, em função da localização
geográfica das Escolas de 2º Grau.
Neste caso, cada supervisor ficará responsável pela supervisão
dos Setores Regionais (*) ou Escolas incluídas em sua área geográfica.
Pode-se sugerir as seguintes divisões:
1) Capital 2) Capital e cidades vizinhas
Interior Interior (incluindo Rural)
Rural Litoral
No entanto, a denominação poderá variar de acordo com carac-
terísticas mesológicas ou geo-econômicas do Estado, como é o caso de
Pernambuco em que se tem:
Zona da Mata
Zona do Agreste
Zona do Sertão
(*) Por Setor Regional será entendido: Coordenadorias, Delegacias, Superintendências,
Divisões Regionais e outros.
A assessoria dos Especialistas se fará de acordo com os proble-
mas de cada setor (primário, secundário, terciário)
2) Dinâmica Administrativa
a) Funcionamento
Qualquer que seja a alternativa escolhida, a Equipe Central deverá
funcionar administrativamente com as características de um Colegiado;
neste sentido, os três supervisores selecionados para desenvolver o
Projeto de Ação Integrada SE/OE no Ensino de 2º grau terão
responsabilidade compartilhada perante o DEM e a SEC, cada um em seu
setor.
A relação com os demais elementos — supervisores contratados
pela SEC, Estagiários e Especialistas da Assessoria Especializada — de-
verá se estabelecer em termos de colaboração e não de autoridade formal.
Contudo, os demais elementos não responderão administrativa ou
pedagogicamente pelas diretrizes do projeto.
De acordo com a complexidade da rede de ensino de 2º Grau ou
dos problemas a serem resolvidos e das possibilidades da SEC, cada
Supervisor—Coordenador poderá organizar seu setor de maneira a sub-
dividi-lo com outros supervisores ou estagiários.
b) Campo de Atuação
O campo de atuação da Equipe Central de Supervisão será a Rede
Estadual de Supervisão do Ensino de 2º Grau, onde estarão incluídas:
Coordenadorias Regionais de Supervisão, sediadas em Di-
visões ou Setores Regionais de Educação.
Subcoordenadorias de Supervisão, sediadas em Delegacias de
Ensino ou subsetores de Educação.
Unidades Escolares Estaduais de 2º Grau, incluindo Escolas
Agrícolas.
A sistemática de trabalho dependerá da Alternativa de Ação
escolhida pela equipe (será analisada posteriormente).
c) Relações Estruturais
A Coordenação Estadual de Supervisão Escolar estabelecerá uma
rede de relações estruturais com outros setores, dentro e fora da SEC,
segundo suas necessidades.
Estas relações poderão ser:
"de primeira ordem — quando fundamentalmente necessárias";
(75)
"de segunda ordem — quando complementares, influindo subs-
tancialmente no desempenho do Sistema" (76)
Serão evitadas ou eliminadas as relações de terceira ordem
— "resultantes de redundância ou contradições" (77) São
indicadas as seguintes relações: Fundamentais:
Equipe de currículo — Integração permanente, destacando-se:
participação na definição de Propostas Curriculares contendo
diretrizes para o Currículo Plano a ser elaborado nas Unidades
Escolares.
implementação das Propostas Curriculares por meio da Rede
Estadual de Supervisão.
participação na Avaliação das Propostas Curriculares
participação na reformulação das Propostas Curriculares
(75) Sistema Integração Escola—Empresa—Governo. Documento DEM/MEC/CIE/E/SP-
1975.
(76 Idem
(77) Idem
- Equipe de Orientação Educacional — trabalho conjunto nas
de.
definição de Diretrizes da Ação Integrada SE/OE
análise dos planos de atuação
avaliação da situação da integração SE/OE nos Setores Re-
gionais e/ou nas Unidades Escolares.
Análise da integração Escola-comunidade.
Complementares:
- Equipe de Integração Escola—Empresa
solicitação e troca de informações
• sugestão de atividades
análise do funcionamento dos sistemas-mestre: intercâmbio
técnico e adequação curricular.
participação na avaliação do processo de integração escola-
empresa
participação na definição de propostas de atuação junto às
Escolas.
- Equipe de supervisão do Ensino de 1º Grau
• compatibilização das Diretrizes, visando assegurar continuidade
e desenvolvimento do setor.
definição de planos de ação conjunta.
- Equipes de Planejamento e Avaliação da SEC
participação na elaboração dos Planos Operativos Anuais e
Planos Setoriais de Educação.
colaboração na definição de diretrizes de avaliação
• participação na avaliação do ensino de 2? Grau.
Interfaces:
A Equipe de Supervisão manterá contatos com outros setores da
SÉC e com outras instituições, de acordo com as necessidades definidas
em seu plano de ação. Podem ser antecipados os contatos com:
setores de Pesquisa e/ou Informática
setores de Desenvolvimento de Recursos Humanos, Univer-
sidades e Faculdades de Educação.
Escolas Técnicas e Agrícolas e demais Unidades Escolares da
Rede Federal.
Assessoramento:
Além das atividades referentes à Supervisão, os três Supervisores
prestarão assessoramento direto ao Sr. Secretário da Educação na tomada
de decisões técnicas que afetem o ensino de 2º Grau, bem como na
definição de diretrizes para esse grau de ensino. Este assessoramento será
extensivo ao Diretor do Ensino de 2º Grau, aos Coordenadores das
Equipes Técnicas da SEC, Diretores de outros setores da SEC e Diretores
de Divisões Regionais.
d) QUADRO GERAL DAS ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE CEN-
TRAL DE SUPERVISÃO:
Qualquer que seja a forma de ação adotada pela Equipe Central
de Supervisão, há um conjunto de atribuições que a mesma deverá de-
sempenhar para cumprir seu papel profissional e atender aos objetivos.
Apresentamos um elenco de atribuições que, embora não esgotem as
possibilidades, podem auxiliar os supervisores da Equipe Central a se or-
ganizarem.
d) Quadro Geral de Atribuições da Equipe Central de Supervisão do
Ensino de 2? Grau.
OBJETIVOS
ATRIBUIÇÕES
INTERFACES
1- Definir e desen-
volver uma política
de Supervisão para
o Ensino de 2?
Grau na Unidade
Federada
Interpretar e operacionalizar as di-
retrizes traçadas pelo DEM/MEC (Do-
cumento de Ação Integrada SE/OE,
Documento nº 4 MEC/DEM: SP e OE
fatores de melhoria da qualidade do
ensino)
Caracterizar a situação do Ensino de
Grau.
Caracterizar a situação da Supervisão
no Estado.
Caracterizar a situação das Habilita-
ções no Ensino de Grau.
Identificar necessidades de aperfeiçoa-
mento dos supervisores e professores
do Ensino de 2º Grau.
Analisar as prioridades definidas no
Plano Estadual de Desenvolvimento.
Operacionalizar as diretrizer políticas
expressas no Plano Estadual de Educa-
ção.
Conhecer os Projetos Prioritários exe-
cutados pela Secretaria e supervisiona-
dos pelo MEC/DEM.
Concretizar as diretrizes da ação inte-
grada com a equipe de OE. Traçar as
diretrizes políticas da supervisão no
Ensino de 2º Grau. Elaborar um plano
de ação da Supervisão no Ensino de
2º Grau e desenvolver uma das alter-
nativas de ação sugeridas pelo DEM/
MEC.
OE/COPED/DEM
Currículo/IEE/Ava-
liação/OE
Supervisão de 1?
Grau, Supletivo,
Especial, Planeja-
mento, Currículo,
OE/IEE.
Setor de Recursos
Humanos
Currículo, Plane-
jamento, OE/lEE
Currículo, plane-
jamento, OE/IEE
Planejamento/Cur-
riculo/OE/IEE
OE
d) Quadro Geral de Atribuições da Equipe Central de Supervisão do Ensino de 2?
Grau.
OBJETIVOS
ATRIBUIÇÕES
INTERFACES
2-Estruturar ou
consolidar o sistema
de Supervisão no
Ensino de 2º Grau na
Unidade Federada.
3—Instrumentar os
Recursos Humanos
necessários à con-
cretização da política
de supervisão
Participar do processo de implantação das
habilitações na rede de Ensino.
Coordenar o desenvolvimento do currículo
nas Divisões Regionais e/ou Unidades
Escolares.
Coordenar o desenvolvimento do sistema
Ensino—Aprendizagem do 2º Grau.
Definir o caráter básico da Equipe Central
de supervisão: normativo, executivo ou
misto.
Definir ou consolidar o modelo or-
ganizacional a ser adotado pela supervisão,
a partir das prioridades do Ensino de 2?
Grau e das características da
Administração do Ensino. (Para o
desenvolvimento deste projeto, recomenda-
se dar prioridade ao preenchimento de
cargos de Supervisão nas Unidades
Escolares). Definir se haverá Equipes
Regionais ou Municipais de Supervisão.
(Veja sugestões de estrutura no anexo B-1)
Definir e/ou aperfeiçoar o fluxo de
comunicações entre os diferentes níveis de
supervisão.
Elaborar e encaminhar regulamentação da
profissão e da carreira de Supervisor na
Unidade Federada.
Preparar os supervisores das Unidades
Escolares de Grau para o
desenvolvimento de ação integrada com o
OE, segundo as diretrizes e princípios
desta sistemática.
Currículo/OE
OE/CURRÍCULO
Assessoria Jurídica
da SEC
Divisão de Recur-
sos Humanos-OE,
d) Quadro Geral de Atribuições da Equipe Central de Supervisão do
Ensino de 2? Grau.
OBJETIVOS
ATRIBUIÇÕES
INTERFACES
definida para o En-
sino de 2º grau.
4—Participar na de-
finição e no desen-
volvimento da polí-
tica estadual para o
Ensino de 2? Grau.
Dar treinamento em serviço aos
Supervisores dos Setores Regionais
e/ou das Unidades Escolares.
Fornecer Diretrizes para elaboração de
planos, programas ou projetos de ação
aos Supervisores dos Setores Regionais
e/ou Unidades Escolares.
Fornecer, aos Supervisores; da Rede,
diretrizes para treinamento em serviço
dos professores.
Participar da definição da Política
Estadual para o Ensino de 2º Grau.
Participar da definição da Política
Estadual referente ao treinamento do
pessoal docente e técnico do Ensino de
Grau.
Participar da definição de prioridades
de pesquisa sobre o Ensino de 2º Grau.
Colaborar na solução de problemas
técnicos dos Setores Regionais e Uni-
dades Escolares.
Prestar informações às Equipes Cen-
trais de Orientação Educacional, Inte-
gração Escola—Empresa e Currículo,
que possibilitem o diagnóstico e a
solução conjunta de problemas.
Departamento do
Ensino de 2? Grau.
Divisão de Recur-
sos Humanos.
Informática, Pes-
quisa
Setores Regionais e
Unidades Escolares.
OE/IEE, Currículo.
3 -- DINÂMICA OPERACIONAL DA SUPERVISÃO
A — Definição de Diretrizes
A primeira atividade dos três Supervisores, selecionados pelo
DEM, consistirá no seu próprio preparo para desenvolver a presente Sis-
temática de Ação Integrada SE/OE no Ensino de 2º Grau do Estado;
haverá, pois, necessidade de que os mesmos passem por um per Todo de
reflexão e estudos, juntamente com os três Orientadores Educacionais.
Esse estudo deverá habilitá-los a definir conjuntamente as diretrizes da
Ação Integrada SE/OE no Ensino de 2º Grau do Estado.
Este modelo, como é sabido, é composto não só das Partes I e II
mas de todos os livros e documentos indicados como obrigatórios nas
folhas de Orientação. Após a leitura e a discussão de todo o material
indicado, as Equipes de SE e OE passarão a elaborar as diretrizes da Ação
Integrada.
Depois desse passo, os Supervisores passarão a formular a Políti-
ca de Ação específica e ser desenvolvida na Unidade Federada.
B - Alternativas de ação
As alternativas selecionadas, pelo DEM, para dinamizar e siste-
matizar a Ação Integrada junto ao Ensino de 2º Grau, são:
Alternativa A — Habilitações Profissionais por Setor.
Alternativa B — Problemas do Ensino de 2º Grau.
Alternativa C — Localização geográfica das
Unidades Escolares.
As duas primeiras são desenvolvidas por estarem diretamente
vinculadas ao próprio conteúdo do atual Ensino de 2º Grau. A terceira
alternativa, embora não tenha conteúdo em si mesma, poderá dar margem
ao desenvolvimento de um projeto antropológico da Educação.
Contudo, daremos apenas indicações das possibilidades de desenvolvi-
mento dessa terceira alternativa, sem apresentar um plano porque o
conteúdo do mesmo irá depender das pesquisas sobre a área geográfica.
1) Critérios para Seleção da Alternativa
a) Estar em consonância com a Política Estadual de Educação
para o Ensino de 2º Grau;
b) atender às prioridades estabelecidas no Plano Estadual de
Educação e, particularmente, às Metas dos Projetos Prioritários de Cur-
rículo e de Integração Escola—Empresa;
c) ser compatível com os recursos humanos, financeiros e mate-
riais da SEC.
2) Orientação Geral para as Alternativas
Antes de desenvolver cada alternativa, procuraremos respon
der às questões como: - Qual o referencial básico dessa alternativa?
Qual o papel principal da Supervisão nessa alternativa?
Quais os pré-requisitos?
A seguir, apresentaremos um roteiro com os principais passos
para o desenvolvimento da alternativa.
Espera-se, com isso, oferecer os elementos necessários para que
cada Equipe de Supervisão selecione e desenvolva a alternativa que lhe
for mais conveniente.
O DEM frisa a importância que os Supervisores e Orientadores de
cada SÉC, responsáveis pelo desenvolvimento desta Sistemática de Ação
Integrada SE/OE escolham a mesma Alternativa de Ação.
ALTERNATIVA A - HABILITAÇÕES PROFISSIONAIS NO
ENSINO DE 2º GRAU.
Referencial básico:
Esta alternativa implica, inicialmente, num cruzamento do enfoque
psicopedagógico de profissionalização com a problemática sócio-
econômica de cada setor de produção.
O que está sendo entendido por profissionalização no Ensino de 2º
Grau? Como são propostas as Habilitações Plenas e Parciais do Parecer
45/72? E o parecer 76/75, que novas aberturas possibilitou?
Qual a concepção pedagógica veiculada por esse Parecer? Como
estão sendo entendidas e implantadas as Habilitações Básicas propostas
pelo C.F.E.? Qual a participação do C.E.E., das Escolas e dos alunos na
indicação das habilitações?
As habilitações que estão sendo implantadas, atendem às neces-
sidades atuais ou às tendências do desenvolvimento sócio-econômico da
Unidade Federada?
Respostas a indagações dessa natureza exigem, da Equipe de
Supervisão, o reexame dos aspectos econômicos e sociais referentes a
cada setor de produção, bem como à análise do papel de cada setor de
produção no desenvolvimento do Estado.
Quanto ao setor primário (que envolve atividades agrícolas,
pecuárias e extrativas), os supervisores precisarão levantar indicadores
sobre:
quantidade e qualidade de mão-de-obra;
grau de mecanização e de tradicionalismo;
relações de trabalho (se capitalistas ou pré-capitalistas)
sistema de posse e utilização da terra (grandes, médios ou
pequenos proprietários; monocultura ou policultura; agricultura
de mercado ou de subsistência; visando o mercado exportador
ou o mercado interno)
padrão de vida da população rural; usos e costumes.
necessidades de mão-de-obra técnica.
papel das Escolas Isoladas na Região.
Influência das Escolas Agrícolas nas comunidades rurais.
Contribuição do setor primário para a Receita da Unidade Fe-
derada.
A análise crítica desses indicadores e o cruzamento dos mesmos
permitirá o conhecimento da situação real do setor primário na Unidade
Federada.
Esta análise deverá ser feita por uma equipe interdisciplinar: como
os próprios Supervisores, o especialista no setor primário (Agrônomo ou
Licenciado em Ciências Agrícolas), elementos da equipe de currículo, um
economista, um sociólogo e outros.
A partir de tal análise, o supervisor terá elementos para decidir
sobre a necessidade de: introduzir, aperfeiçoar e/ou expandir as ha-
bilitações (plenas, parciais ou básicas) no setor primário. O papel destas
habilitações tanto poderá ser o de introdução de inovações tecnológicas e
sociais nas comunidades tradicionais, como de reforço, consolidação e
expansão de conquistas tecnológicas nas comunidades modernas.
Outras questões ainda precisam ser respondidas:
Existem professores em número suficiente para as Disciplinas de
Formação Especial? Se não, é possível fazer convênios de Intercom-
plementaridade com Escolas Agrícolas da Rede Federal? As empresas
Agrícolas podem colaborar na formação profissional? Que recursos da
comunidade podem ser utilizados? Muitos desses aspectos poderão ser
analisados com a Equipe de Orientação Educacional/Integração Escola—
Empresa da SEC e a Equipe de Currículo.
Quanto ao Setor Secundário (que envolve atividades industriais ou
seja de transformação de matérias primas e produção de mercadorias), os
Supervisores deverão analisar indicadores de:
tipo de indústrias (de base ou de consumo)
tecnologia adotada (tradicional, moderna, avançada)
mão-de-obra: quantidade, qualidade, origem, condições de
trabalho.
produtos: quantidade, qualidade, destino.
relações de trabalho (capitalistas ou pré-capitalistas).
padrão de vida possibilitado pela indústria no Estado.
necessidades de mão-de-obra técnica.
novas tendências na industrialização.
habilitações (plenas, parciais e básicas) existentes na Unidade
Federada.
A análise crítica desses e de outros aspectos, permitirá à supervi-
são compreender o papel do setor secundário no desenvolvimento social e
econômico do Estado.
O estudo deverá ser feito por uma equipe interdisciplinar: um
economista, um sociólogo, supervisores, o especialista do setor secun-
dário, elementos da equipe de currículo.
Sendo um dos papéis da indústria o de dinamizar o setor agrope-
cuário e provocar a evolução do setor comercial e, sendo geralmente, o
setor mais dinâmico da economia, supõe-se que a introdução ou expansão
das habilitações nesse setor poderá ter sempre possibilidades de absorção
pelo mercado. No entanto, há necessidade de análise cuidadosa das
habilitações já oferecidas, verificando se as mesmas atendem realmente a
necessidades concretas da Unidade Federada ou da Região ou se
necessidade de substituí-las por outras de maior prioridade ou de introduzir
novas. Propõe-se que, nas regiões predominantemente agrí-
colas ou pecuárias, as habilitações propostas para o setor secundário de
profissionalização sejam estreitamente vinculadas ao setor primário, de
maneira a aproveitar ao máximo, se possível, os laboratórios, as ins-
talações e o espaço das Escolas Agrícolas.
Deverão ser levantados ainda outros dados sobre a realidade
escolar, como: se há professores de disciplinas de formação especial em
número suficiente que permita a implantação imediata de habilitações que
atendam a novas tendências industriais, se é possível lançar mão de
esquemas de intercomplementaridade com Escolas Técnicas da Rede
Federal e com Escolas de 2º Grau da rede particular bem como com o
SENAI e outras empresas. Muitos desses aspectos poderão ser analisados
com a Equipe de Orientação Educacional da SEC, Integração Escola—
Empresa e Equipe de Currículo.
Quanto ao setor Terciário (que envolve atividades de distribuição e
comercialização de bens e de prestação de serviços de educação, saúde,
etc), os supervisores deverão analisar indicadores de:
tipo e qualidade de serviços prestados.
tipos de estabelecimentos comerciais.
nível de tecnologia envolvida (moderna, avançada, tradicional)
a que setor está mais vinculado (secundário ou primário?)
mão-de-obra: quantidade, formação exigida, origem, condições
de trabalho.
relações de trabalho: capitalistas ou pré-capitalistas.
influência do setor terciário no bem-estar da população.
necessidade de mão-de-obra técnica.
— habilitações (plenas, parciais ou básicas) existentes nas Unida-
des Escolares: Federais, Estaduais ou Particulares.
A análise desses indicadores deverá permitir à Equipe de Super-
visão uma compreensão do papel deste setor na sociedade, dando-lhe
melhores condições para selecionar as habilitações do setor.
O percentual da população ocupado neste setor é, em geral, um
bom indicador do nível de desenvolvimento alcançado pela região. No caso
brasileiro, no entanto, é preciso ponderar um aspecto da política
governamental que tem provocado um crescimento artificial do setor: trata-
se das medidas adotadas para criação de empregos que absorvam certa
quantidade da população migrante que se desloca das zonas rurais e de
pequenas vilas interioranas para as metrópoles e capitais regionais em
busca de melhores condições de vida; uma das soluções brasileiras para
diminuir o impacto social deste fenômeno tem sido a oferta de emprego em
instituições estatais de prestação de serviços, o que tem provocado um
certo gigantismo no setor terciário.
A análise da qualidade dos serviços prestados poderá apontar
para a necessidade de habilitações que preparem. Quadros médios para
organizar, dinamizar, coordenar ou orientar diversas atividades do setor,
bem como para melhorar a qualidade dos serviços prestados.
0 Ensino de 2° Grau, no setor terciário, tem preparado quadros
que, em geral, se encaminham para as profissões mais tradicionais do
setor, como: contabilidade, secretariado, magistério e, ultimamente,
enfermagem. Há necessidade de sondar as tendências mais recentes do
setor e oferecer habilitações mais condizentes com o nivel de industria-
lização alcançado pela Unidade Federada e pela Região.
Tal estudo deverá ser feito por uma equipe interdisciplinar cons-
tituída pelos profissionais já citados anteriormente e pelo especialista do
setor terciário.
É preciso ainda verificar: se há possibilidade de intercomplemen-
taridade com Escolas particulares e com o SENAC, e outras empresas.
Estes aspectos poderão ser vistos com a Equipe de Orientação Educa-
cional, Integração Escola—Empresa da SEC e Equipe de Currículo.
Papel da Supervisão na Alternativa A
Como já ficou implícito anteriormente, o papel principal da
supervisão nesta Alternativa A, é o de tentar diminuir a distância existente
entre os valores ideais e os valores reais no Ensino de 2º Grau, ou seja, o
de transformar em realidade as propostas da Lei 5.692/71 referentes à
profissionalização.
A reafirmação, neste documento, das características transicio-nais
de nosso país, não deve ser tomada pelo Supervisor, apenas no sentido
teórico e no plano das constatações. Há muito tempo, os educadores
sabem que o Brasil é um país em transição. No entanto, este co-
nhecimento não tem se traduzido em ação educacional transformadora;
isto porque a abordagem exclusivamente pedagógica dos problemas edu-
cacionais é absolutamente insuficiente para a supervisão.
A abordagem pedagógica tem que ser dinamizada pela Economia
da Educação e pela Sociologia do Desenvolvimento para que a inter-
venção deste profissional na realidade educacional seja, efetivamente, a
de agente de mudança. O que se espera é que, com este enfoque, a ação
do supervisor, em qualquer nivel, produza os efeitos propugnados pela Lei
nº 5.692/71 para o Ensino de 2º Grau.
Sabemos que, até o momento, o panorama do Ensino de Grau
tem-se modificado mais lentamente do que seria desejável, devido, em
grande parte, à força da inércia decorrente da pressão social contra a
mudança. Entretanto, parte dessa lentidão, decorre também da insuficiente
utilização de mecanismos de superação da resistência à mudança por
parte dos agentes educacionais. Daí a necessidade de que o Supervisor se
instrumente para agir positivamente na liderança do processo educacional.
E para isso, ele tem que penetrar no próprio mecanismo de fun-
cionamento da Economia de mercado, para compreender suas leis e o
papel que cada setor de produção representa no desenvolvimento eco-
nômico e social. Só então lhe será possível participar, efetiva econscien-
temente, do planejamento, da implementação e da avaliação das Habi-
litações Profissionais.
É sabido que, além de agente de mudanças, o papel do Supervisor
é o de implementador de propostas educacionais. Este profissional precisa
estar bem preparado para romper as resistências à implantação do Ensino
Profissionalizante em nível do 2º grau e, para tanto, precisa integrar os
conhecimentos econômicos e sociológicos em sua abordagem
pedagógica, orientando-se também pelas indicações metodológicas da
Psicologia Social.
É preciso lembrar ainda, que a Educação tem seus próprios ob-
jetivos a atingir, que não se confundem com os do mercado. A proposta de
habilitações deve ser desenvolvida de tal forma que nunca se corra o
risco de submeter a Escola e o Adolescente às cegas forças do Mercado. A
compreensão humanfstica do significado do trabalho, na formação social do
indivíduo, aliada ao processo de orientação vocacional e profissional que se
desenvolve ao longo do 1º e 2º graus deve permitir a inserção ativa e crítica
do adolescente na sociedade do seu tempo. O processo de supervisão na
implementação das habilitações, integrado ao processo de orientação na
seleção das habilitações pelo Adolescente, deverão contribuir para que a
Escola e o Adolescente conheçam as leis que regulam os diferentes setores
da economia, compreendam a dinâmica do desenvolvimento sócio-
econômico de nossa sociedade transi-cional e escolham aquelas
habilitações em que poderão ser mais produtivos individual e socialmente.
Esta alternativa implica, portanto, em uma nuclearização do en-
foque pedagógico da Supervisão quanto ao Ensino Profissionalizante em
torno dos aspectos sociais e econômicos da educação a fim de atender às
necessidades específicas das habilitações de cada setor de profissiona-
lização.
Pré-requisitos da Alternativa A
A escolha e o desenvolvimento desta alternativa, pela equipe de
Supervisão, está condicionada ao atendimento de dois pré-requisitos:
1 — Contratação de um Especialista por setor de profissionali-
zação (primário, secundário, terciário) de acordo com as habilitações
predominantes.
2 — Possibilidade de alocação de recursos para a realização de
Seminários, Ciclos de Estudos ou debates na SEC, sobre Economia e
Sociologia do Desenvolvimento e suas relações com o Ensino de grau,
visando instrumentar os supervisores e outros especialistas na orientação
das habilitações.
ALTERNATIVA A
alternativa B - PROBLEMAS DE SUPERVISÃO NO ENSINO DE 2º
GRAU
A dinamização da Supervisão nesta Alternativa será determinada
pela natureza dos problemas a serem solucionados no Ensino de 2º grau.
Sua abordagem será predominantemente psicopedagógica, tanto
na identificação como na solução de problemas.
Neste sentido, a Unidade Escolar será considerada como o foco
central da ação supervisora, funcionando como pólo de irradiação e de
convergência das soluções educacionais.
Nesta linha de ação, os responsáveis pela detecção e identificação
dos problemas serão sempre os Supervisores das Unidades Escolares,
que, com os Supervisores da Equipe Central e/ou dos Setores Regionais,
participarão de todo o processo de solução dos problemas.
É necessário, contudo, esclarecer o que deve ser entendido como
problema. No dizer de Julián Marias "... Um problema não é definido
somente pelo seu conteúdo, isto é, pelo simples enunciado de algo não
conhecido ou da incompatibilidade aparente de duas idéias, e sim, antes
de tudo, por sua problemática..." Entretanto, somente o seu enunciado não
o caracteriza como um problema. (...) é preciso que eu NECESSITE saber
essa alguma coisa ou ligar as noções discordantes". (78).
Interpretando tal proposição, Dermeval Saviani diz: "... problema
(...) possui um sentido profundamente vital e altamente dramático para a
existência humana, pois indica uma situação de impasse, um des-
conhecimento, mas não apenas isso: é um desconhecimento de algo que
precisa ser conhecido, indica um obstáculo, mas não só: é um obstáculo
que precisa ser transposto (79).
Este deverá ser, portanto, o critério básico para a seleção de
problemas: que estes constituam desafios à capacidade do Supervisor e
(78) MARIAS, Julián, Introdução à Filosofia, 2º ed. Livraria Duas Cidades, São Paulo, 1966, pág. 22
— in Dermeval Saviani — Educacão Brasileira: Estrutura e Sistema — Ed. Saraiva, SP. 1975,
pág. 66 e 67.
(79) SAVIANI, Dermeval — Educação Brasileira: Estrutura e Sistema. Edit. Saraiva, SP, 1975, pág.
67
dos professores da Unidade Escolar; que estejam atuando como blo-
queios ou obstáculos à ação educacional, necessitando, portanto, ser
transpostos pela equipe.
Indicamos, a seguir, os pontos que nos parecem nuclearizar a
problemática da Supervisão no Ensino de 2º grau:
1 — A Profissionalização no Ensino de 2º grau:
Estrutura física e orçamento das Escolas de 2º grau X
proposta de profissionalização;
Implantação das Habilitações Básicas.
Impasse entre Objetivos do 2º grau e Vestibular.
Currículo: Formação X Informação.
• Integração Escola/Empresa/Comunidade.
Interesses dos Alunos X Exigências da Empresa.
• Outros.
2 Desenvolvimento do Ensino e da Aprendizagem
Metodologia das disciplinas instrumentais.
Estratégia da Formação Especial.
Tecnologia do Ensino — Formação X Informação
Ensino e Aprendizagem para Carentes Culturalmente
Estratégia de Recuperação.
• Outros
3 Avaliação do Ensino e da Supervisão de 2º grau:
Produto X Processo?
• Produtividade X Qualidade?
0 papel da Equipe Central de Supervisão será o de fornecer cri-
térios para a seleção de problemas, indicar metodologias de solução de
problemas, participar da solução dos mesmos e colaborar na avaliação das
soluções.
CRITÉRIO
Supõe-se que a adoção desta Alternativa seja adequada ás
SECs ou Unidades Federadas, cuja rede de ensino conte com
pequeno número de escolas de 2? grau.
Poderá ser também utilizada para atender a prioridades da
Política Educacional, estabelecidas com a finalidade de resolver
problemas do Ensino de 2? grau. Pode-se sugerir como
exemplos prováveis:
— Implantação de Habilitações Básicas.
— Intercomplementaridad
e. PRÉ-REQUISITOS
Realização anual do Diagnóstico do Ensino de 2º grau com
possibilidade de atualização constante.
Levantamento dos problemas fundamentais do Ensino de 2º
grau, pelos Supervisores das Unidades Escolares.
DESENVOLVIMENTO DA ALTERNATIVA B
Sugerimos que seja adotada a estratégia dos Projetos de Ação
Pedagógica, utilizando-se a Matriz Analítica para identificação dos pro-
blemas e a montagem de Projetos para a sistematização da ação.
Quando se tratar de problemas decorrentes de inovações educa-
cionais, recomenda-se a utilização da Pesquisa em Ação, acompanhada
da Avaliação lluminativa. Estes 2 modelos são recomendados para situa-
ções em que o problema ocorre em pequeno número de Unidades Es-
colares, pois exige a permanência do pesquisador na própria escola até
que o problema seja resolvido. Os professores também poderão ser
treinados no modelo de Pesquisa em Ação e, neste caso, a solução será
mais efetiva.
No entanto, quando o problema em estudo afetar grande número
de Escolas ou mesmo toda a rede, deve ser utilizada outra estratégia.
Sugere-se para o caso o "Modelo de Avaliação da Implantação de Ino-
vação Metodológica" (80) já comentado anteriormente e que irá fornecer as
informações necessárias a uma tomada de decisões por parte da Equipe
Central.
A equipe poderá ainda optar pela elaboração de um modelo
próprio; nesse caso recomenda-se a "Metodologia para elaboração de um
Plano de Avaliação" (81) que poderá orientar a Equipe Central na
elaboração de seu próprio plano de avaliação.
O plano de trabalho da Equipe Central poderá ser feito segundo o
modelo a seguir:
(80) SEC/SP — Um modelo de avaliação de currículo para o Ensino de 1? grau — 1977
(81) G0LD8ERG, M.A.A; Souza, Clarilza Prado de; Yamashita, Emily; Carvalho, M. Helena —
Metodologia para Elaboração de um Plano de Avaliação, MEC/DEM, Brasí-lia-DF-1977
ALTERNATIVA B
ALTERNATIVA C - ÁREA GEOGRÁFICA
Referencial básico
A organização da Equipe Central de Supervisão, em função da
localização geográfica das Escolas de 2º grau. deverá ter como referência
básica a caracterização da área em termos geo-sócio-antropológicos e
econômicos.
Esta alternativa irá privilegiar e enfoque sócio-antropológico, no
sentido de que deverão ser conhecidas as realizações humanas em cada
meio específico. Partindo da concepção de que o Homem cria cultura pela
transformação da natureza, é necessário investigar quais as direções que
foram dadas à criação humana, a partir de meios diferentes; e como vive o
homem em cada meio; quais são os recursos naturais e tecnológicos
existentes e como são utilizados; qual a qualidade de vida de sua
população; quais são os usos e costumes mais generalizados e qual sua
origem; quais e como vivem os agrupamentos humanos mais típicos; se
são abertos ou refratários a mudanças e a que mudanças; como são as
atividades de lazer preferidas; qual a atividade econômica predominante;
quais as ocupações preferidas: qual o padrão de vida das diferentes
camadas sociais.
Enfim, deverão ser conhecidos todos os aspectos que podem ser
levantados por uma pesquisa sócio-econômica-cultural e que permitiriam
uma caracterização da área. Por certo serão encontrados modos de vida
surpreendentemente diferentes no litoral e no sertão, no interior e na
metrópole de uma mesma Unidade Federada. Mas essas diferenças são
registradas na Escola de 2º Grau? No entanto, nunca se insistiu tanto na
necessidade de integração da Escola na Comunidade. Um passo decisivo
seria dado se o currículo fosse organizado em função de problemas da
comunidade e se o Estudo do Meio se constituísse na técnica básica de
dinamização e organização da aprendizagem no 2º Grau, em que
professores e alunos compreendam e vivenciem a unidade da natureza e
da cultura; que conheçam a cultura que é criada pelo homem dessa área
geográfica; que possam captar o fluir da história: o presente decorrendo do
passado e desembocando no futuro. Que a comunidade constitua o
laboratório de aprendizagem profissional, artística, intelectual, científica
para o aluno de 2º grau. Que ele conheça seus recursos e faça projetos
para melhor utilizá-los. Que lhe descubra as peculiaridades e se disponha a
explorá-las positivamente. Comunidade, aqui, será, no mínimo, toda a área
geográfica coberta por um dos setores de Supervisão. E haverá muito a ser
descoberto, criado, proposto pelo aluno, pelo professor, pelo Supervisor.
Este, portanto, será o papel fundamental da Supervisão nesta
Alternativa C: a de estimular a descoberta e a exploração das potenciali-
dades geo-sócio-econômicas e humanas da área geográfica em que se
localiza um conjunto de Escolas de 2º grau.
PRÉ - REQUISITOS
1) Será desejável o assessoramento de um antropólogo social e
de um sociólogo nas fases de:
caracterização de cada Área geográfica
definição de diretrizes sobre Estudo do Meio
definição de diretrizes sobre a ação da Escola na comunidade.
2) Dinamização das Coordenações Regionais de Supervisão.
CRITÉRIOS ESPECÍFICOS
A escolha da Alternativa C deve ser feita com base em certas
condições da organização administrativa das Escolas de 2º grau:
Extensão da área a ser atendida.
Distribuição da rede, com concentração de habilitações nos três
setores de profissionalização na mesma Escola (caso de S.P.)
Grande número de Escolas de 2º grau.
Outro critério refere-se à viabilidade e desejabilidade da par
ticipação comunitária na vida escolar e vice-versa.
DESENVOLVIMENTO DA ALTERNATIVA C
Para planejar e desenvolver esta alternativa de ação o Supervisor
poderá ter as seguintes opções:
Partir dos problemas identificados pelos Supervisores (das
Unidades Escolares e/ou Setores Regionais) na relação entre
Escola e Comunidade e que se tornam obstáculos para a ação
educacional.
Partir das habilitações existentes ou a serem implantadas na
Área e elaborar um plano de ação, segundo a Alternativa A.
Partir dos problemas identificados no Ensino de 2? grau daquela
área e elaborar um plano de ação, segundo as indicações da
Alternativa B.
Fazer uma composição dos 3 itens anteriores e elaborar um
plano de ação para desenvolver esta alternativa.
Como a alternativa implica numa intervenção planejada na
comunidade, pode-se prever problemas de resistência à mudança. Os
mesmos poderão ser minimizados pela adoção de Modelos de Pesquisa
que envolvam as pessoas que serão afetadas pela inovação, no próprio
processo de mudança. É O caso da estratégia de Pesquisa em Ação e dos
Modelos de Interação Social e de Resolução de Problemas.
Os Supervisores da rede precisarão aprofundar a abordagem
antropológica em educação.
Recomenda-se que o processo de inovações seja acompanhado
pela Avaliação lluminativa.
Esta Alternativa exige estreita cooperação com a equipe de
OE/IEE, além da integração permanente com a equipe de Currículo.
ORIENTAÇÃO GERAL PARA ESTUDO DOS QUADROS REFE-
RENTES AS ALTERNATIVAS
A ação supervisora de realiza mediante a elaboração, o desen-
volvimento e a avaliação de planos de ação. Este ciclo da atividade su-
pervisora pode ser enquadrado em quatro grandes funções técnicas, quais
sejam: Planejamento, Coordenação, Avaliação e Assessoramento.
Por outro lado, as quatro grandes fases do Planejamento Curri-
cular - refletir, decidir, executar e avaliar são necessariamente seguidas em
Supervisão.
Para atender a esta dupla categorização, adotada pelo DEM (*),
montamos um modelo de planejamento das Alternativas que combina não
só as funções e as fases, mas também os objetivos amplos da Supervisão.
Ver: Documento número 4 MEC/DEM- Supervisão Pedagógica e Orientação Educacional:
fatores de melhoria da qualidade do ensino. DF. 1977 Modelo de
Planejamento Curricular MEC/DEM-DF-1976.
Assim, a função de Planejamento abrange as fases de — refletir
e decidir; a função de Coordenação corresponde à fase de executar; a
função de Avaliação envolve a fase de avaliar e demais fases e a função
de Assessoramento ocorre em todas as fases.
Os esquemas que apresentamos devem ser vistos como síntese
muito geral e, portanto, não operacional, que orientará as Equipes Centrais
na elaboração de seus próprios planos, segundo suas necessidades e de
acordo com a Alternativa de Ação adotada.
Além disso, a estratégia a ser adotada irá diferir de acordo com
fatores referentes a aspectos como:
caráter normativo ou executivo da Equipe Central
estrutura da Supervisão no Estado (existente ou a implantar):
se há Regionais
se há Supervisores nas Unidades Escolares
quantidade de Escolas de 2º grau
— outros.
ANEXO I
SUGESTÕES DE ESTRUTURA DE SISTEMAS INTEGRADOS:
SE/OE. (82)
Apresentamos alguns exemplos possíveis de composição e funcionamento
do Sistema Integrado: SE/OE.
Exemplo A
Nível Central: Equipe permanente de Especialistas em Currí-
culo, Supervisão, Orientação Educacional e
Disciplinas de Educação Geral e de Formação
Especial.
Nível Regional: Equipe permanente de Especialistas em Currí-
culo, Supervisão, Orientação Educacional e
Disciplinas de Educação Geral e de Formação
Especial.
Nível Local: Supervisor Escolar e Orientador Educacio-
nal e Coordenadores de Áreas ou Disciplinas.
— Neste caso, poderemos ter uma ação conjunta na fase de plane
jamento e avaliação, enquanto a implementação poderá se de
senvolver, ora em conjunto, ora separadamente, de acordo com
as necessidades.
Enquanto a Equipe Central define os planos em nível estadual, a
Equipe Regional adapta as diretrizes às necessidades da região e
a Equipe Local orienta seus planos para atender às
características peculiares de sua escola. Nesse exemplo devere-
mos ter a otimização do treinamento em serviço nos aspectos
pedagógicos, educacionais e específicos do pessoal docente,
bem como um alto padrão de ensino oferecido aos alunos.
(82) Extraído de: Prestes, Naide A — Montagem de um Sistema integrado de Supervisão
Escolar, in Projeto nº 01 /129/044/75 - CENAFOR/DEM.
Exemplo B
Nível Central: Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Supervisão e Orientação Educacional mais
Assessores eventuais nas diferentes áreas ou
disciplinas do ensino de 2º grau.
Nível Regional: Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Supervisão e Orientação Educacional.
Nível Local: 1 Supervisor Escolar.
Neste caso, a orientação pedagógica geral será feita permanen-
temente nas Escolas pelo Supervisor, enquanto as necessidades
de atualização e aperfeiçoamento dos professores em seus cam-
pos específicos, poderão ser atendidas através de programas
periódicos de treinamento intensivo, organizados pelas Equipes
Regionais e Central e desenvolvidos por Centros de Desenvolvi-
mento de Recursos Humanos.
Exemplo C
Nível Central: Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Surpervisão e Orientação Educacional
mais Assessores periódicos.
Nível Regional: Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Supervisão e Orientação Educacional
mais Assessores periódicos.
Nível Local: Diretor
Neste caso, a equipe regional deve ser fortalecida ou ampliada
para atender diretamente a um conjunto de Escolas de 2º grau.
Deve haver uma definição clara quanto às formas de atuação e
delimitação de responsabilidades da equipe regional e dos dire-
tores.
Se os diretores assumirem a função supervisora, deverão receber
orientação periódica da Equipe Regional. Bem como informar os
resultados obtidos na Escolas, a fim de manter, aperfeiçoar ou
reformular a linha de ação adotada.
Se a Equipe Regional atuar diretamente com os professores,
deverá contar com a anuência e o apoio dos diretores, para que
estes possam atuar administrativamente como facilitadores; para
tanto, estes deverão ter um contato anterior com a equipe
regional de Supervisão, a fim de informar-se e discutir sobre os
objetivos e diretrizes do trabalho supervisor.
Exemplo D
Nível Central: Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Supervisão e Orientação Educacional.
Nivel Local: 1 Supervisor Escolar ou apenas 1 Diretor.
- Neste caso, a Equipe Central trabalha tanto em nível de macro
como de microssistema.
Em geral, tal situação ocorre na fase inicial de implantação de um
sistema de supervisão em Estados ou Territórios onde o ensino
de 2º grau está em início de expansão.
As observações feitas acima, a propósito de formas de atuação e
de delimitação de responsabilidades, têm validade para este
exemplo também.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
1 - Definição de Diretrizes da Ação Integrada
a) Ler a discutir o modelo MEC/DEM: Projeto de Ação Integrada:
SE/OE - Partes A e B.
b) Com a equipe de OE:
1. Analisar:
A situação do Ensino de 2º Grau.
A situação da Supervisão e da Orientação no Ensino de 2º
Grau da Unidade Federada.
As prioridades estabelecidas para o ensino de 2º Grau, pelo
plano Estadual de Educação.
2. Selecionar uma das alternativas de Ação deste modelo
MEC/DEM ou definir outra linha de ação.
3. Adaptar as Diretrizes de Ação Integrada. MEC/DEM, às
condições peculiares da Unidade Federada.
2 — Definição de Diretrizes da Ação específica da Supervisão
no Ensino de Grau.
1. Ler, discutir e sintetizar:
Parte A — Fundamentos teóricos e instrumentais da
Supervisão.
2. Fazer as seguintes leituras obrigatórias:
HUBERMAN, A.M. — Como se realizam as mudanças
em educação. Ed. Cultrix. S.P. 1976.
MEC/DEM - Habilitações profissionais do Ensino de 2º
Grau MEC/DEM 1977.
PRESTES, Naide A. — Supervisão Pedagógica: uma
abordagem teórico-prática. Ed. Cortez & Moraes. S.P.
1976.
3 — Elaborar o Documento:
A política de ação da Supervisão no Ensino de 2º Grau da Unidade
Federada.
B - COMO OPERAR O SISTEMA DE
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
INTRODUÇÃO
Esta parte visa sugerir aos Orientadores Educacionais da Equipe
Central as finalidades, os objetivos e as Alternativas de Ação que poderão
compor o Plano de Ação do sistema de Orientação Educacional da
Unidade Federada.
Embora este capítulo esteja voltado para a ação específica do
Orientador Educacional da Equipe Central, nossa introdução aborda
aspectos que interessam tanto ao Supervisor Escolar como ao Orientador
Educacional.
1 — A referência do trabalho do S.E e do O.E deverá ser sempre a
Unidade Escolar de 2º Grau; portanto, a atuação da Equipe Central deverá
ser planejada de maneira a fornecer os suportes necessários à criação, ao
fortalecimento e ao aperfeiçoamento da atuação dos Orientadores
Educacionais e Supervisores Escolares nas Escolas. Este aspecto é
fundamental, uma vez que é na Escola que se concretizam os objetivos da
educação sistematizada. Portanto, os planos de Supervisão Escolar e
Orientação Educacional devem ser elaborados com base nas prioridades
apresentadas pelos Supervisores Escolares e Orientadores Educacionais
das Escolas, tendo em vista diminuir a distância entre o ideal e a situação
real.
2—O Orientador Educacional e o Supervisor Escolar da Equipe
Central devem encontrar a melhor maneira de realizar um trabalho que
reverta em benefício da ação integrada dos OE/SE das Unidades Escola-
res. Para tanto, o planejamento da ação específica de cada especialista
deve ser precedido de uma reflexão conjunta sobre os Fundamentos da
Ação Integrada:SE/OE (constantes da Parte I), uma discussão sobre os
problemas educacionais do Ensino de 2º Grau na Unidade Federada, de
uma análise das prioridades educacionais definidas nos Planos Estaduais
e Territoriais de Educação e uma definição dos objetivos comuns que
orientarão sua intervenção no Sistema de Ensino.
3 — Ao refletirmos sobre a proposta de operação e composição do
Sistema Estadual de SE/OE, pareceu-nos improdutivo e ineficaz propor-
mos um modelo único de ação, por duas ordens diferentes de motivos:
a) Motivos de natureza teórica: Embora as Equipes Centrais de
SE/OE devam receber diretrizes do MEC para sua atuação junto ao Ensino
de 2? Grau, essas diretrizes devem ser de tal ordem, que não lhes
impeçam a iniciativa. Pelo contrário, devem ser um estímulo à sua auto-
nomia e criatividade. Assumir responsabilidades e engajar-se numa missão
(* ) só se completam quando aquele que executa é também um decisor ou
um parceiro na decisão. Refletir, criar, propor são exercícios de autonomia
e liberdade que garantem a qualidade humana da tarefa executada e
asseguram os princípios democráticos da ação educativa... Assim, para
sermos coerentes com nossa concepção de educação e do homem, não
poderíamos apresentar um material pronto para uso, em lugar de
provocarem o crescimento do Orientador Educacional e do Supervisor
Escolar, interrompem ou bloqueiam este crescimento profissional. Nossa
concepção educacional é, portanto, a primeira razão para nossa opção por
Modelos Alternativos de Ação.
b) Motivos de natureza fatual — Outra razão refere-se à diversi-
dade (apontada na Parte 1) da situação sócio-econômico-educacional
existente em nosso país. Como vimos, temos as mais diversas situações:
diversidade regional quanto ao estágio do desenvolvimento,
predominância dos setores (primário, secundário, terciário) na economia,
estilos de vida, peculiaridades da população, fatores geo-ecológi-cos, etc;
estágios diversos no processo de implantação e desenvolvi-
mento do ensino de 2º Grau, de acordo com a Lei 5.692/71. Diferenças
quanto ao grau de complexidade e extensão da rede do ensino de 2° Grau,
nas diversas Unidades Federadas;
diversidade da situação dos Orientadores Educacionais e dos
Supervisores Escolares nos Sistemas Estaduais, indo desde a inexistência
total até a existência de equipes bem estruturadas, institucionalizadas e
operantes. Tal diversidade destaca-se quanto a:
situação e localização na estrutura da SEC;
( * ) O têrmo missão está sendo utilizado no sentido sistêmico: um sistema deve ser defini-
do por sua missão, ou seja, por seu propósito maior.
natureza das funções exercidas;
organização interna e integração horizontal e vertical;
mecanismos de ação utilizados;
situação nas Escolas de 2? Grau;
programas de atuação.
Isto sem falar na inexistência de dados completos e atualização
sobre as Escolas de 2? Grau de todas as Unidades Federadas. A preca-
riedade dos dados existentes não nos permite aquilatar a qualidade do
ensino que vem sendo ministrado e não nos possibilita traçar um quadro
geral das necessidades da Supervisão Escolar e da Orientação Educacio-
nal, no Ensino de 29 Grau no país.
A heterogeneidade da situação cio-econômico-educacional das
diferentes Unidades Federadas, combinada com a insuficiência dos dados
sobre o Ensino de 2º Grau em geral, e sobre os especialistas em Ori-
entação Educacional e Supervisão Escolar em particular, impossibilitam-
nos, também, de elaborar uma única proposta de ação, pois a mesma
pecaria por rigidez e seria inoperante. O mesmo pode ser dito quanto à
composição das Equipes Centrais e aos mecanismos de atuação, pois
uma Secretaria que tem sob sua coordenação, mais de 1.000 (mil) escolas
de 2.° Grau (São Paulo) exige uma atuação bem diferente de outra que
possui 8 (oito) Escolas (Acre).
Face a tais considerações de ordem teórica e fatual, parece-nos
mais adequado desenvolvermos Alternativas de Ação, entre as quais cada
Equipe Central elegerá a que lhe for mais conveniente. Constarão de cada
alternativa: diretrizes para organização, sugestão de atividade e
mecanismos de atuação, que deverão seguir um processo gradual de im-
plantação, partindo de estágios mais simples até os mais complexos. Na
adoção de uma alternativa, a Equipe Central deverá levar em consideração
os indicadores da realidade educacional e institucional e os critérios
orientadores sugeridos no documento.
4 — Um último aspecto a ser considerado, refere-se ao fato de que
estamos em pleno curso de qüinqüênio 75/79 e, portanto, os Projetos
Prioritários já foram definidos até 79.
Considerando esta situação, sugerimos objetivos a curto e a médio
prazos.
Os objetivos a curto prazo, definidos para o biênio 78 e 79, de-
correrão do desenvolvimento de uma meta de SE e OE, a ser incluída nos
Planos Operativos Anuais, junto aos Projetos Prioritários de Currículo e
Integração Escola—Empresa, respectivamente, conforme orientação do
DEM junto às SECs.
Dada a peculiaridade da situação de SE e OE durante o biênio,
tanto a meta de SE quanto a de OE deverão se orientar pelas prioridades
estabelecidas pelas SECs e estar intimamente vinculadas às metas dos
Projetos de Currículo e Integração Escola—Empresa.
A médio prazo, os objetivos estarão voltados para a instrumen-
tação de OE e SE, visando organizar, implantar e ou desenvolver grada-
tivamente o sistema estadual de OE e SE...
Dada a diversidade de estágio em que se encontram as equipes
centrais de SE e OE, as diretrizes traçadas variarão quanto à sua utili-
zação. Em algumas Unidades Federadas, orientarão a formação da Equipe
Central para o Ensino de 2? Grau, em outras elas poderão ser utilizadas
para sistematizar o trabalho que já vem sendo realizado ou, ainda, para
avaliar o desenvolvimento das atividades em curso.
1 - FINALIDADES E ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE CENTRAL
DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.
A finalidade da ação dos Orientadores Educacionais, nas escolas
de 2º grau é a de otimizar o efeito do processo educativo sobre os alunos e
possibilitar-lhes condições para "opções conscientes, baseadas no
conhecimento de suas potencialidades e limitações e proporcionar
recursos indispensáveis ao ajustamento pessoal e social, a vivência de
verdadeiros valores e a escolha adequada de uma profissão" (83)
Caberá à Equipe de Orientação Educacional, sediada nas Secre-
tarias de Educação, uma grande parcela de responsabilidade, no sentido
de garantir que a Orientação Educacional cumpra o seu papel, no ensino
de 2º grau.
São atribuições da equipe central:
a) Definir a política de ação da Orientação Educacional, da Uni-
dade Federada, para o Ensino de 2º grau;
b) preparar recursos humanos para implantação e consolidação da
política de ação da Orientação Educacional, no Ensino de 2º grau;
c) participar e colaborar na definição da política do ensino de 2º
grau e do processo de implantação e implementação;
d) estruturar e consolidar o Sistema de Orientação Educacional na
Unidade Federada.
Para que esta ação seja eficiente, a Equipe Central deverá integrar
seus esforços com as demais equipes que operam no ensino de 2º grau.
Dependendo da natureza da atividade, a Equipe Central de Ori-
entação Educacional, atuará com ou para, em relação às demais. Por
exemplo, na atividade "fornecer informações sobre a situação dos
(83) MEC/DEM/COPED - Bases de Ação - Brasília - 1973
egressos dos cursos de grau", atua integradamente com IE—E (Inte-
gração Escola—Empresa—Governo) para colaborar com a Equipe de
Currículo e Supervisão Escolar.
Para efeito de organização e seleção de estratégias de trabalho,
podemos distinguir, ainda, as relações fundamentais e complementares
que a Equipe mantém com as demais e identificar as atividades e fases em
que isto ocorre.
Temos a seguir, o Quadro A, que discrimina, à guisa de sugestão,
as atividades a serem trabalhadas pela Equipe Central de Orientação
Educacional, mantendo interfaces com as demais equipes.
OBJETIVOS ATIVIDADES INTERFACES
a—Definir a políti-
ca de ação da
Orientação Edu-
cacional para o
ensino de
grau.
— interpretar e operacionalizar as di- MEC/DEM/COPED
retrizes traçadas pelo MEC/DEM/
COPED;
— caracterizar a situação do ensino
IE-E e Órgão e
de 2º grau e da Orientação Edu-
Instituições de pes-
cacional. na Unidade Federada;
quisa (ex. Setor de
interpretar e operacionalizar as di
Informática da
retrizes e prioridades expressas no
Plano Local de Educação;
- pesquisar e analisar teorias recentes
SEC)
de Orientação Educacional;
- analisar os projetos Prioritários,
para o Ensino de 2º Grau, do Plano
Setorial de Educação e suas metas:
SE/Planejamento
- Reformulação de Currículo.
- Integração Escola—Empresa.
IE-E e SE
- Novas Metodologias para o Ensi
no—Aprendizagem.
discutir e definir as diretrizes gerais
de ação integrada com as equipes
de IE-E e SE;
OBJETIVOS ATIVIDADES INTERFACES
b-Preparar recursos
humanos para
implantação e
consolidação da
política de Ação de
Orientação Educa-
cional, no ensino de
2? grau.
traçar diretrizes (políticas) de ação Projeto de Capaci-
da Orientação Educacional, para o tação de Recursos
ensino de 2. grau; Humanos (SEC/
CENAFOR)
fornecer diretrizes para a elabo
ração de planos de ação e/ou se
Universidades, Cen-
lecionar uma Alternativa de Ação,
tros de Formação e
sugerida pelo MEC/DEM (item 3
Aperfeiçoamento de
desta sistemática);
Pessoal.
fornecer diretrizes técnicas para ela
SE/IE-E
Universidade e
boração de planos, programas ou
Centros de Formação
projetos de ação e/ou treinar os
e Aperfeiçoamento
orientadores educacionais da rede
de pessoal
para executar a alternativa sele
cionada;
(OBS: Na Unidade Federada onde existir
apenas a Equipe Central, caberá a ela
executar o plano)
atualizar e reciclar permanente
mente os orientadores educacionais,
utilizando-se sempre que possível,
dos recursos de treinamento, já
existentes;
estimular a participação em Congres
sos, Seminários e Cursos relaciona
dos à Área;
promover seminários, círculos de
debates, reuniões;
divulgar notícias e documentos de
interesse da área;
manter entrosamento e fornecer
subsídios sobre a situação da rede
e do profissional de Orientação
Educacional, aos órgãos e institui
ções responsáveis pela formação e
OBJETIVOS ATIVIDADES INTERFACES
c—Participar e co-
laborar na definição
da política do
Ensino de grau
e do processo
de implantação e
implementação
aperfeiçoamento de orientadores
Currículo/IE-E/ SE
educacionais;
fazer visitas de supervisão às Divi
sões Regionais e/ou Unidades Esco
lares para prestar assessoria "in-
loco".
- Planejamento curricular:
-Reflexão — colaborar na formação
de um consenso sobre educão, valo-
res, objetivos;
fornecer infor
mações sobre a
clientela: inte
resses, possibili
dades, mentali
dade;
Fases — verificar situa-
ção dos egressos dos cursos de 2º
grau;
identificar e for-
cer informações
sobre os proble
mas relaciona
dos à profissio
nalização do en
sino de grau;
fornecer infor
mações sobre o
comportamento
do mercado de
trabalho;
OBJETIVOS
ATIVIDADES INTERFACES
fases 2 - Decisão:
3 - Execução:
4 - Avaliação:
fornecer indica
— Especialistas
das diferentes
dores para a se
áreas
leção de Habili
tações Profissio
nais;
fornecer subsí
dios para elabo
ração de grades
curriculares das
diferentes Habi
litações Profis
sionais, por
meio de estu
dos e análises
das profissões
e da elaboração
dos perfis pro
fissionais;
— montar planos
de orientação
profissional jun
to aos alunos,
professores e
pais;
— caracterizar e
identificar os
problemas de
ajustamento dos
alunos, nas dife
rentes Habilita
ções Profissio
nais.
acompanhar o
desenvolvi
mento e o ajus
tamento dos
alunos, nas di
ferentes habi
litações;
OBJETIVOS ATIVIDADES INTERFACES
proceder estu
- IE-E/SE
dos sobre a rela
ção entre as pro
postas curricula
res e as necessi
dades do mer
cado;
fornecer subsí
dios para im
plantação de no
vas habilitações,
reformulações
ou extinção de
cursos.
-
analisar a tendência evolutiva da Ori
entação Educacional desde a sua ins
talação até a situação presente e fazer
um estudo prospectivo da área;
-
acionar mecanismos de ativação para
o desenvolvimento e expansão da
área:
criação de cargos
• regime de trabalho
• remuneração
cursos de formação, pós-gradua
ção
• outros
-
proceder levantamento bibliográfico
e fatual de diferentes Sistemas de
Orientação Educacional existentes e
analisar, tendo em vista:
diretrizes políticas da orientação
educacional
OBJETIVOS ATIVIDADES INTERFACES
situação real e as necessidades do
ensino de 2. grau
situação real e possibilidades da
área de Orientação Educacional
recursos humanos, materiais e fi
nanceiros disponíveis
elaborar o Sistema de Orientação
Educacional da Unidade Federada;
planejar a implantação do Sistema de
Orientação Educacional.
PROPOSTA DE ATIVIDADES
1) Análise do organograma e fluxograma da Secretaria de Edu
cação a que pertence e estudar a localização e os mecanismos
de atuação, tanto no sentido vertical como horizontal, utiliza
dos pelas equipes de:
— Currículo
— Integração Escola—Empresa—Governo
— Supervisão Escolar
— Orientação Educacional
— Outras
2) Análise de sugestões de Estruturas de Sistemas Integrados:
Orientação Educacional e Supervisão Escolar (anexo 1)
ANEXO 1
SUGESTÕES DE ESTRUTURA DE SISTEMAS INTEGRADOS: SE/OE
Apresentamos alguns exemplos possíveis de composição e fun-
cionamento do sistema integrado: SE/OE (*)
Exemplo A
Nível Central: Equipe permanente de Especialistas em Currí-
culo, Supervisão, Orientação Educacional e
Disciplinas de Educação Geral e de Formação
Especial.
Nível Regional: Equipe permanente de Especialistas em Currí-
culo, Supervisão, Orientação Educacional e
Disciplinas de Educação Geral e de Formação
Especial.
Nível Local: Supervisor Escolar e Orientador Educacional
e Coordenadores de Áreas ou Disciplinas.
Neste caso, poderemos ter uma ação conjunta na fase de plane-
jamento e avaliação, enquanto a implementação poderá se de-
senvolver, ora em conjunto, ora separadamente, de acordo com as
necessidades.
Enquanto a Equipe Central define os planos em nível estadual, a
Equipe Regional adapta as diretrizes às necessidades da região e
a Equipe Local orienta seus planos para atender ás características
peculiares de sua escola. Nesse exemplo, deveremos ter a
otimização do treinamento em serviço nos aspectos pedagógicos,
educacionais e específicos do pessoal docente, bem como um alto
padrão de ensino oferecido aos alunos.
(*) Extraído de: Prestes, Naide A — Montagem de um Sistema Integrado de Supervisão
Escolar, in Projeto n9 01/129/044/75 - CENAFOR-DEM.
EXEMPLO B
- Nível Central: Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Supervisão e Orientação Educacional mais
Assessores eventuais nas diferentes áreas ou
disciplinas do ensino de 2º grau.
- Nível Regional: Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Supervisão e Orientação Educacional.
- Nível Local: 1 Supervisor Escolar.
- Neste caso, a orientação pedagógica geral será feita permanente-
mente nas Escolas pelo Supervisor, enquanto as necessidades de
atualização e aperfeiçoamento dos professores em seus campos
específicos, poderão ser atendidas por meio de programas
periódicos de treinamento intensivo organizados pelas Equipes
Regionais e Central e desenvolvidos por Centros de Desenvolvi-
mento de Recursos Humanos.
Exemplo C
- Nível Central; Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Supervisão e Orientação Educacional
mais Assessores periódicos.
- Nível Regional: Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Supervisão e Orientação Educacional
mais Assessores periódicos.
- Nível Local: Diretor
- Nesta caso, a equipe regional deve ser fortalecida ou ampliada
para atender diretamente a um conjunto de Escolas de 2.° grau.
Deve haver uma definição clara quanto às formas de atuação e
delimitação de responsabilidades da equipe regional e dos di-
retores.
- Se os diretores assumirem a função supervisora, deverão receber
orientação periódica da Equipe Regional, bem como informar os
resultados obtidos na Escola, a fim de manter, aperfeiçoar ou
reformular a linha de ação adotada.
— Se a Equipe Regional atuar diretamente com os professores, de-
verá contar com a anuência e o apoio dos diretores, para que estes
possam atuar administrativamente como facilitadores; para tanto,
estes deverão ter um contato anterior com a equipe regional de
Supervisão, a fim de informar-se e discutir sobre os objetivos e
diretrizes do trabalho supervisor.
Exemplo D
Nivel Central: Equipe permanente de generalistas em Currí-
culo, Supervisão e Orientação Educacional.
Nível Local: 1 Supervisor Escolar ou apenas 1 Diretor.
Neste caso, a Equipe Central trabalha tanto em nível de macro
como de microssistema.
Em geral, tal situação ocorre na fase inicial de implantação de um
Sistema de Supervisão em Unidades Federadas, onde o ensino de
2º grau está em início de expansão.
As observações feitas acima, a propósito de formas de atuação e
de delimitação de responsabilidades, têm validade para este
exemplo também.
Na prática, é possível fazer inúmeras combinações que vão da
mais alta sofisticação à máxima simplicidade operacional, de-
pendendo dos objetivos da supervisão, da estrutura e dinâmica do
ensino de 2? grau, dos problemas a serem enfrentados e do grau
de complexidade do Sistema Educacional do Estado.
2- ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA EQUIPE
CENTRAL DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
A organização e o funcionamento do Sistema de Orientação
Educacional estará na dependência da Alternativa de Ação escolhida pela
equipe, no ensino de 2° grau. Oferecemos, no entanto, sugestões quanto à
sua localização no Organograma e Fluxograma da Secretaria de Educação
e critérios de seleção dos elementos para compô-la.
2.1 — Localização: a Equipe Central de Orientação Educacional
deverá estar localizada na Área de Assuntos Pedagógicos da Secretaria de
Educação, mantendo interfaces com as Equipes de Integração Escola—
Empresa, Supervisão Escolar, Currículo e outras.
2.2 — Composição: Quanto ao número de elementos para compor
a Equipe Central, dada a diversidade e a extensão do ensino de 2º grau e
a situação das Secretarias de Educação quanto a recursos humanos,
materiais e financeiros, acreditamos que o mesmo só poderá ser fixado
após análise da situação global de cada Secretaria e da rede de ensino. No
entanto, o mínimo previsto é uma Equipe de três elementos, tendo em vista
a proposta de complementação salarial feita pelo MEC/DEM, para o biênio
78/79.
Quanto aos requisitos desejáveis, sugerimos os seguintes critérios
para a seleção dos profissionais que deverão compor a Equipe Central:
Critérios básicos:
a) Formação,em nível superior, em Pedagogia com Habilitação em
Orientação Educacional.
b) Dois anos de experiência em escolas de 2º grau na rede de
ensino federal, estadual ou municipal.
c) Um ano de experiência na Secretaria de Educação e/ou Divisão
Regional.
d) Disponibilidade de 40 horas semanais e mobilidade para:
d.1.— supervisionar e assessorar as Equipes de Orientação
Educacional, em nivel regional e/ou unidade escolar
(visitas, reuniões, etc.)
d.2. — participar de treinamentos, seminários, encontros na
própria Unidade Federada ou fora dela.
Critérios Complementares:
a) experiência de trabalho integrado com o Supervisor Escolar.
b) experiência em atividades de planejamento curricular.
c) experiência em setores primário, secundário ou terciário.
d) experiência em atividades de nível superior na área de Orien-
tação Educacional.
Observação: Nas Unidades Federadas em que não houver habili-
tação em Orientação Educacional, a exigência deverá ser: formação em
Pedagogia, mais os demais critérios sugeridos.
2.3. — Recursos físicos, materiais e financeiros.
Definida a estrutura e o funcionamento do Sistema de Orientação
Educacional, caberá à Equipe Central elaborar uma proposta de
instalação, serviços de apoio e recursos financeiros necessários para o
desenvolvimento de suas atividades, tais como visitas de supervisão
(diária, transporte), organização de seminários (impressão e contratação
de especialistas), divulgação de material junto à rede (datilografia e
impressão)...
3 - ALTERNATIVAS DE AÇÃO DA ORIENTAÇÃO EDU-
CACIONAL, NO ENSINO DE 2º GRAU
Antes de desenvolvermos as alternativas, cabe lembrar à Equipe
que, para a escolha das mesmas, é preciso que se leve em conta os in-
dicadores da realidade educacional e os critérios gerais e específicos, que
discriminaremos abaixo:
— Critérios Gerais:
a) estar em consonância com a política local de Educação;
b) estar integrado ás prioridades e metas dos projetos Prioritários,
especialmente de Integração Escola—EmpresaeCurrículo;
c) ser compatível com os recursos humanos, materiais e finan-
ceiros da Secretaria de Educação, destinados ao ensino de 29
grau.
Critérios específicos:
a) poder atender aos pré-requisitos básicos da alternativa;
b) adequação e exeqüibilidade da alternativa após a análise das
condições institucionais (SEC e rede) e técnicas (profissionais);
c) apresentar vantagens para o desenvolvimento do sitema de en-
sino de 2º grau e da Orientação Educacional, respeitando as
peculiaridades da Unidade Federada;
d) ser a alternativa escolhida, de comum acordo, com a Equipe de
Supervisão Escolar.
Seria recomendável que a alternativa selecionada fosse resultado
de consenso geral dos Orientadores Educacionais tanto da Equipe Central,
como das Equipes Regionais e Unidades Escolares.
ALTERNATIVA A
ATUAR POR SETORES DE PROFISSIONALIZAÇÃO: PRIMÁRIO,
SECUNDÁRIO E TERCIÁRIO
Esta alternativa requer um profundo conhecimento das carac-
terísticas sócio-econômicas, dos problemas relacionados com os setores
de produção e das possibilidades educacionais para responder quantitativa
e qualitativamente às necessidades do mercado de trabalho e aspirações
da clientela.
Caberá ao Orientador Educacional buscar dados e respostas aos
questionamentos que dizem respeito ao desenvolvimento e ajustamento do
indivíduo, enquanto objeto e produto do processo educativo das escolas de
2º grau.
Em sua função essencial de otimizar os efeitos de processo edu-
cativo, tendo em vista o desenvolvimento do indivíduo e sua realização
integral, caberá ao Orientador Educacional analisar a relação entre de-
manda e oferta do mercado de trabalho e garantir que a escola exerça a
sua função econômica e social de forma equilibrada, atendendo às
necessidades pessoais e sociais do indivíduo e às necessidades econômi-
cas do desenvolvimento do outro.
Se esta alternativa tem a vantagem de possibilitar a especialização
dos orientadores, por setores de profissionalização e uma divisão racional
de trabalho, é preciso, no entanto, que sejam tomadas medidas para
manter a integração e a coesão da Equipe.
PRÉ-REQUISITOS
1 — possibilidade da Equipe de Orientação Educacional contar
com o assessoramento de especialistas dos setores primário, secundário e
terciário, seja por meio das equipes já existentes na Secretaria, seja por
meio da contratação de consultores externos ou convites a entidades tais
como Universidades, Empresas, SENAC, COAGRI, SENAI, SENAR e
outros.
2 — ter na rede, do ensino de 2º grau, um grande número de es-
colas por setor.
Para caracterizar a atuação da Orientação Educacional na Alter-
nativa A, discriminaremos, no Quadro B, em anexo, sugestões de ativi-
dades por funções e fases.
As funções de planejamento, coordenação, avaliação e assesso-
ramento são consideradas, na Ciência da Administração, como típicas para
o desenvolvimento das atribuições daqueles que lidam com o desempenho
de planos, programas ou projetos e que ocupam cargo ou funções técnico-
administrativas. Já foram amplamente operacionaliza-das no Documento 4,
do MEC/DEM — "Supervisão Pedagógica e Orientação Educacional —
fatores da melhoria da qualidade de ensino" 1977, numa Unidade Escolar.
ASSESSORAMENTO
setores da
Secreta
ria, emitindo
pare
ceres e
fornecendo
subsídios aos
assun
tos referentes
à área
de Orientação
Edu
cacional,
definido
no
decreto
76.846/73.
Técnicas das
Secre
tarias de
Educação
nos assuntos
que di
zem respeito,
especi
almente ás
necessi
dades de
desenvol
vimento e
ajusta
mento da
clientela.
Orientação
Educa
cional para
assegurar
o
desenvolvimen
to
das
atividades de
forma eficaz e
efici
ente.
AVALIAÇÃO
AVALIAR
— Plano da
Equipe
Central
de OE
junto à
Equipe
de
Currículo:
— Plano de
Equipe
Central
de OE,
integrada
ás Equi
pes de IE-
E/SE:
— Plano da
Equipe
Central
de OE,
junto
aos es
pecialistas:
— O Plano
da Equi
pe Central
e os
planos das
equi
pes
regionais
e
unidades
escola
res:
COORDENAÇÃO
EXECUTAR
estudos
sobre
currícul
o
de
ensino
de 2.
grau,
no
aspecto
da
profissi
onali
zação.
Plano
de
ação
junto á
Equipe
de
currícul
o, para
fornece
r
informa
ções e
indicad
ores
para
elabora
ção e
reformu
lações
do
currícul
o
Plano
de ação
integrad
a
com as
equipes
de IE—
E/
SE:
mentos
estudos
e
análise
dos
proble
mas
relacion
a
dos à
profissi
onaliza
ção
ação
junto ao
ensino
de 29
FUNÇÕES:
DECIDIR SOBRE:
- Diretrizes para atuação
junto à Equipe de Cur-
rículo: sugestões quanto à
elaboração de grades
curriculares
Diretrizes e metas da
ação
conjunta com as Equipes
de lE-EeSE:
— pesquisas, estudos
elaboração de Planos
integrados
Sistema de trabalho inte
grado com os especialis
tas do Setor Primário,
Secundário, Terciário
— Diretrizes para
elaboração
do Plano de Ação espe
cífica da Orientação Edu
cacional :
nível central
nível regional
nível de Unidades Es
colares
Solicitação de convênios,
troca de experiências
com os órgãos e
insti
tuições públicas e parti
culares e empresas para:
— estágios
treinamentos em servi
ço
— intercomplementarida-
de e entrosagem.
FASES: REFLETIR SOBRE:
— Fundamentos teóricos da
profissionalização do en
sino de 2. grau:
— filosóficos
— sociológicos
— econômicos
— Psicopedagógicos
— Fundamentos tatuais da
profissionalização do en
sino de 2º grau:
legais (federal, esta-
tadual)
— prioridades dos Planos
Estaduais de Educação
situação do ensino de
2º grau, por setor
situação do mercado
de trabalho
interesse e possibili
dades da clientela e
comunidade
— propostas curriculares
problemas peculiares
de cada setor de pro
fissionalização, rela
cionados diretamente
com o ajustamento e
desenvolvimento da
clientela
Necessidades e providên
cias administrativas e téc
nicas decorrentes da pro
posta de profissionaliza
ção do ensino de 29
grau
SUGESTÕES DE ATIVIDADES DA ORIENTA
Ç
ÃO EDUCACIONAL, NA ALTERNATIVA A, POR FUN
Ç
ÕES E ETAPAS
ALTERNATIVA B
ELABORAR PLANOS PARA ATUAR JUNTO AOS PRO-
BLEMAS QUE DIFICULTAM O DESENVOLVIMENTO QUALITATIVO DO
ENSINO DE 2º GRAU
Para desenvolver esta Alternativa, é necessário que haja uma ex-
plicitação do que entendemos por problemas.
Na conceituação de Julián Marias, "Um problema não é definido
somente pelo seu conteúdo, isto é, pelo simples enunciado de algo não
conhecido ou da incompatibilidade aparente de duas idéias, e sim, antes
de tudo, por sua problemática, embora seja redundante dizê-lo. De início,
isto significa que um problema requer um homem que pense e para quem
ele exista; mas se apenas se tratasse disso, o problema não passaria de
uma trivialidade; com efeito, logo que fosse enunciado e compreendido por
alguém, seria um problema efetivo. Mas isto não acontece nunca: o fato de
que eu ignore alguma coisa ou não encontre a maneira de tornar
compatíveis dois dados ou idéias, embora tendo plena consciência dessa
incapacidade, não basta para constituir um problema. Falta ainda algo
extremamente simples e que por tão elementar é esquecido: é preciso que
eu necessite saber essa alguma coisa ou ligar as noções discordantes. As
coisas que eu ignoro ou cuja congruência me escapa, são infinitas, sem
que nunca tenham sido e nunca possam ser problemas para mim. Os
últimos séculos da História européia abusaram — levianamente — da
denominação "problema" qualificando assim toda pergunta, o Homem
moderno e principalmente a partir do último século, habituou-se a viver
tranqüilamente entre problemas, distraído da dramaticidade de uma
situação quando esta se torna problemática, isto é, quando não se pode
estar nela e por isso exige uma solução" (84)
Demerval Saviani, analisando e interpretando a definição de Julián
Marias diz que "problema possui um sentido vital e altamente dramático
para a existência humana, pois indica uma situação de impasse, um
desconhecimento, mas não apenas isso: é um desconhecimento de algo
que precisa ser conhecido; indica um obstáculo, mas não só: é um
obstáculo que precisa ser transposto"
(84) MARIAS, Julián - "Introdução à Filosofia". 2º ed. Livraria duas cidades. SP -
1966. pág. 22 — obra citada in Educação Brasileira. Saviani. Demerval. Ed. Saraiva. 1975.
Ao se escolher esta alternativa para operar no ensino de 2? Grau,
é necessário que o Orientador Educacional identifique e caracterize o
obstáculo a ser transposto, que de alguma forma lhe diga respeito; propor
ações que tanto poderão se caracterizar como simples providências ou
planos e programas complexos a serem executados a médio e a longo
prazo. Cabe ressaltar, ainda, que os critérios para identificar os problemas
deverão levar em conta um dos princípios básicos formulados nesse
documento, que define a Escola como ponto de irradiação e convergência
das preocupações educacionais.
Entendemos que à Equipe Central cabe a responsabilidade de
fornecer critérios para a identificação dos problemas e diretrizes e subsí-
dios para elaborar planos e programas de interferência.
Discriminaremos, abaixo, sugestões e critérios, para a identificação
dos problemas que dizem respeito, direta ou indiretamente, à Área de
Orientação Educacional e um rol de problemas, como exemplo:
1 Identificar problemas que dificultam a realização da cliente-
la do Ensino de 2º Grau;
1.1 no decorrer do curso:
inadequação dos currículos das habilitações profissionais
(experiências de aprendizagem);
"conflitos" gerados pelo impasse entre os objetivos e carac-
terísticas do 2º Grau (diversidade, continuidade e terminalidade) e a
política dos exames vestibulares (unificado);
ausência de serviços de Orientação Educacional, especialmente
a Orientação Vocacional, no Ensino de 1º Grau;
falta de compreensão da proposta de profissionalização do
Ensino de 2º Grau, pela comunidade escolar: alunos, professores, técnicos
e pais.
1.2 egressos dos cursos de 2º Grau:
falta de pesquisas e dados que comprovem a eficácia e efici
ência da profissionalização do ensino de 2º Grau, como resposta às
necessidades individuais e sociais.
falta de pesquisa e dados da relação entre a demanda e oferta
do mercado de trabalho e a absorção quantitativa e qualitativa dos
egressos das Escolas de 2º Grau, no mercado de trabalho (follow-up).
2 — Identificar problemas que dificultam a implantação quali-
tativa e progressiva do Ensino de 2º Grau:
qualidade e quantidade de recursos humanos que operam neste
grau de ensino.
recursos físicos, materiais e financeiros das escolas de 2º Grau
para executar a proposta curricular, especialmente no que diz respeito à
profissionalização.
ausência de programas de avaliação e acompanhamento de
desenvolvimento do ensino de 2º Grau.
Para desenvolver esta alternativa, sugerimos como metodologia
de trabalho: a Pesquisa em Ação, o método de Solução de Problemas, o
projeto de Ação Pedagógica (Paps).
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aluno" — Dissertação de mestrado — UFRJ — 1977.
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