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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
ANÁLISE AGRONÔMICA, ECONÔMICA E ENERGÉTICA
DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA PARA A
REGIÃO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL
LUIZ GUSTAVO FLOSS
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Agronomia da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária
da UPF, para obtenção do título de
Mestre em Agronomia Área de
Concentração em Produção Vegetal.
Passo Fundo/RS, março de 2008.
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ii
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
ANÁLISE AGRONÔMICA, ECONÔMICA E ENERGÉTICA
DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA PARA A
REGIÃO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL
LUIZ GUSTAVO FLOSS
Orientador: Prof. Dr. Walter Boller
Co-orientador: Prof. Dr. Elmar Luiz Floss
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Agronomia da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária
da UPF, para obtenção do título de
Mestre em Agronomia Área de
Concentração em Produção Vegetal.
Passo Fundo/RS, março de 2008.
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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PRODUÇÃO VEGETAL
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação.
“Análise agronômica, econômica e energética de sistemas de produção agrícola para
a região norte do Rio Grande do Sul”
Elaborada por
LUIZ GUSTAVO FLOSS
Como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Agronomia – Área de
Produção Vegetal
Aprovada em:__/__/____
Pela Comissão Examinadora
Dr. Walter Boller Dr. Vilson Antonio Klein
Presidente da Comissão Examinadora Coord. Prog. Pós-Graduação Agronomia
Orientador
Dr. Elmar Luiz Floss Dr. Mauro Antônio Rizzardi
Co-Orientador Diretor FAMV
Universidade de Passo Fundo
Dr. Luís Sangoi
Universidade do Estado de Santa Catarina
Dr. Renato Levien
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
iv
CIP – Catalogação na Publicação
____________________________________________________________________
F641a Floss, Luiz Gustavo
Análise agronômica, econômica e energética de sistemas de produção
agrícola para a região norte do Rio Grande do Sul / Luiz Gustavo Floss. –
2008.
101 f. : il. color. ; 25 cm.
Orientação: Prof. Dr. Walter Boller.
Co-orientação: Prof. Dr. Elmar Luiz Floss.
Dissertação (Mestrado em Agronomia)Universidade de Passo Fundo,
2008.
1. Agronomia. 2. Produtividade agrícola – Rio Grande do Sul.
3. Economia agrícola. 4. Rotação de cultivos. I. Boller, Walter, orientador.
II. Floss, Elmar Luiz, co-orientador. III. Título.
CDU : 631.153.3
____________________________________________________________________
Catalogação: bibliotecária Jucelei Rodrigues Domingues - CRB 10/1569
v
BIOGRAFIA DO AUTOR
Luiz Gustavo Floss, engenheiro agrônomo, formado em
13 de janeiro de 2001 pela Universidade de Passo Fundo.
Iniciou suas atividades profissionais em fevereiro de 2001,
assessorando produtores rurais, cooperativas e empresas do
agronegócio nas áreas agronômica e de gestão de empresas rurais
através de empresa própria, a FLOSS Consultoria e Assessoria em
Agronegócios Ltda, exercendo essa função até a presente data.
Em 2001, iniciou Curso de Especialização em
Administração Rural, Pós-Graduação Lato Sensu, na Universidade
Federal de Viçosa, MG, tendo concluído em julho de 2003.
Em abril de 2004, iniciou Curso de Georreferenciamento
de Imóveis Rurais Lei no. 10.267, habilitação profissional, na
Universidade Federal de Santa Maria, RS, com conclusão em junho de
2004.
Em março de 2006, iniciou o curso de pós-graduação em
Agronomia, na área de concentração em Produção Vegetal, em nível
de mestrado, na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade de Passo Fundo.
vi
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, pela vida e saúde;
A minha família, pela compreensão e esforços despendidos
durante a realização do curso;
A Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – UPF;
A CAPES, pela concessão da bolsa de estudos;
Aos professores Dr. Walter Boller e Dr. Elmar Luiz Floss pela
orientação, confiança, incentivo, profissionalismo e amizade
demonstrada ao longo do curso;
Aos docentes do curso de Pós-Graduação da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária pelos ensinamentos transmitidos;
Ao estagiário Leonardo Rosso pela ajuda e decisiva paciência
na condução dos ensaios;
Ao Edemir Rosso e sua família pela ajuda na área
experimental, além da amizade e confiança;
A todas as pessoas que, por diversas maneiras, colaboraram
para a realização deste trabalho.
vii
SUMÁRIO
Página
Resumo..........................................................................................
Abstract............................................................................................
1 Introdução...................................................................................
2 Revisão de literatura...................................................................
2.1 Aspectos energéticos na agricultura......................................
2.1.1 Conceito de balanço de energia....................................
2.1.2 Conceito de energia......................................................
2.1.3 Conceito de agricultura................................................
2.1.4 Formas de energia que interferem na produção
vegetal..........................................................................
2.1.4.1 Energia solar.....................................................
2.1.4.2 Energia fóssil....................................................
2.1.4.2.1 Energia direta....................................
2.1.4.2.2 Energia indireta................................
2.1.4.3 Energia proveniente da biomassa.....................
2.1.4.4 Energia contida no trabalho animal.................
2.1.4.5 Energia correspondente ao trabalho humano...
2.1.5 Balanço energético parcial...........................................
2.1.6 Alternativas para otimizar balanços de energia na
agricultura......................................................................
2.1.6.1 Agricultura conservacionista.............................
2.1.6.2 Rotação de culturas............................................
2.1.6.3 Mecanização agrícola........................................
1
2
4
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9
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viii
2.1.6.4 Redução de perdas na colheita e no
armazenamento.................................................
2.1.6.5 Outras alternativas.............................................
2.2 Rotação de culturas................................................................
2.2.1 Objetivos e importância da rotação de culturas..........
2.2.2 Efeitos sobre o controle de doenças............................
2.2.3 Efeitos sobre o controle de plantas daninhas.............
2.2.4 Efeitos sobre o controle de pragas...............................
2.2.5 Efeitos sobre as propriedades físicas do solo.............
2.2.6 Efeitos sobre as propriedades químicas do solo........
2.2.7 Efeitos sobre as propriedades biológicas do solo......
2.2.8 Efeitos sobre a conservação do solo...........................
3 Material e métodos......................................................................
3.1 Localização e condições climáticas.......................................
3.2 Delineamento experimental...................................................
3.3 Variáveis analisadas..............................................................
3.3.1 Caracterização da área da produção.............................
3.3.2 Indicadores econômicos...............................................
3.3.2.1 Receita total.....................................................
3.3.2.2 Custos de produção.........................................
3.3.2.3 Margem operacional........................................
3.3.3 Cálculo dos índices energéticos....................................
3.4 Análise estatística..................................................................
4 Resultados e discussão................................................................
4.1 Área da Produção..................................................................
4.1.1 Experimento realizado pós-soja...................................
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51
51
51
ix
4.1.2 Experimento realizado pós-milho.................................
4.2 Análise econômica.................................................................
4.2.1 Experimento realizado pós-soja...................................
4.2.2 Experimento realizado pós-milho.................................
4.3 Análise energética................................................................
4.3.1 Experimento realizado pós-soja..................................
4.3.2 Experimento realizado pós-milho...............................
5 Conclusões.................................................................................
6 Referências bibliográficas..........................................................
58
63
63
68
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74
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LISTA DE TABELAS
Tabela Página
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3
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9
Análise de solo das áreas de realização dos
experimentos...........................................................
Coeficientes econômicos utilizados nos
experimentos...........................................................
Coeficientes energéticos utilizados nos
experimentos...........................................................
Rendimento de grãos das culturas econômicas no
período de inverno/primavera, subseqüentes à
cultura da soja, safra 2006/2007.............................
Rendimento de grãos de soja após as culturas
econômicas no período de inverno/ primavera,
subseqüentes à cultura da soja, safra 2006/2007....
Rendimento de grãos de milho após as culturas
econômicas no período de inverno/ primavera,
subseqüentes à cultura da soja, safra 2006/2007....
Rendimento de grãos das culturas econômicas no
período de inverno/primavera, subseqüentes à
cultura do milho, safra 2006/2007..........................
Rendimento de grãos de soja após as culturas
econômicas no período de inverno/ primavera,
subseqüentes à cultura do milho, safra 2006/2007.
Rendimento de grãos de feijão após as culturas
econômicas no período de inverno/ primavera,
subseqüentes à cultura do milho, safra 2006/2007.
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Análise econômica das culturas econômicas no
período de inverno/primavera, subseqüentes à
cultura da soja, safra 2006/2007.............................
Análise econômica da soja após as culturas
econômicas no período de inverno/primavera,
subseqüentes à cultura da soja, safra 2006/2007....
Análise econômica do milho após as culturas
econômicas no período de inverno/primavera,
subseqüentes à cultura da soja, safra 2006/2007....
Análise econômica dos sistemas de produção
subseqüentes à cultura da soja, safra 2006/2007....
Análise econômica das culturas econômicas no
período de inverno/primavera, subseqüentes à
cultura do milho, safra 2006/2007..........................
Análise econômica da soja após as culturas
econômicas no período de inverno/primavera,
subseqüentes à cultura do milho, safra 2006/2007.
Análise econômica do feijão após as culturas
econômicas no período de inverno/primavera,
subseqüentes à cultura do milho, safra 2006/2007.
Análise econômica dos sistemas de produção
subseqüentes à cultura do milho, safra 2006/2007.
Entrada (IN) e saída (OUT) de energia na
produção das culturas de inverno/primavera,
subseqüentes à soja, safra 2006/2007.....................
Margem e eficiência energética na produção das
culturas de inverno/primavera, subseqüentes à soja,
safra 2006/2007..............................................
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Entrada (IN) e saída (OUT) de energia na
produção de soja após as culturas de inverno/
primavera, subseqüentes à soja, safra 2006/2007...
Margem e eficiência energética na produção de
soja após as culturas de inverno/primavera,
subseqüentes à soja, safra 2006/2007.....................
Entrada (IN) e saída (OUT) de energia na
produção de milho após as culturas de inverno/
primavera, subseqüentes à soja, safra 2006/2007...
Margem e eficiência energética na produção de
milho após as culturas de inverno/primavera,
subseqüentes à soja, safra 2006/2007.....................
Análise energética dos sistemas de produção,
subseqüentes à soja, safra 2006/2007.....................
Entrada (IN) e saída (OUT) de energia na
produção das culturas de inverno/primavera,
subseqüentes ao milho, safra 2006/2007................
Margem e eficiência energética na produção das
culturas de inverno/primavera, subseqüentes ao
milho, safra 2006/2007...........................................
Entrada (IN) e saída (OUT) de energia na
produção de soja após as culturas de inverno/
primavera, subseqüentes ao milho soja, safra
2006/2007...............................................................
Margem e eficiência energética na produção de
soja após as culturas de inverno/primavera,
subseqüentes ao milho, safra 2006/2007................
Entrada (IN) e saída (OUT) de energia na
produção de feijão após as culturas de inverno/
primavera, subseqüentes ao milho, safra
2006/2007...............................................................
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Margem e eficiência energética na produção de
feijão após as culturas de inverno/primavera,
subseqüentes ao milho, safra 2006/2007................
Análise energética dos sistemas de produção,
subseqüentes ao milho, safra 2006/2007................
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LISTA DE FIGURAS
Figura Página
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Temperatura mínima média do ano de 2006 em
Passo Fundo-RS (Embrapa, 2008)..........................
Temperatura mínima média do ano de 2007 em
Passo Fundo-RS (Embrapa, 2008)..........................
Temperatura máxima média do ano de 2006 em
Passo Fundo-RS (Embrapa, 2008)..........................
Temperatura máxima média do ano de 2007 em
Passo Fundo-RS (Embrapa, 2008)..........................
Temperatura média do ano de 2006 em Passo
Fundo-RS (Embrapa, 2008)....................................
Temperatura média do ano de 2007 em Passo
Fundo-RS (Embrapa, 2008)....................................
Precipitação do ano de 2006 em Passo Fundo-RS
(Embrapa, 2008).....................................................
Precipitação do ano de 2007 em Passo Fundo-RS
(Embrapa, 2008).....................................................
Sucessão de culturas no experimento após
soja..................................................................
Sucessão de culturas no experimento após
milho...............................................................
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39
40
40
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42
1
ANÁLISE AGRONÔMICA, ECONÔMICA E
ENERGÉTICA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO
AGRÍCOLA PARA A REGIÃO NORTE DO RIO
GRANDE DO SUL
Luiz Gustavo Floss
1
; Walter Boller
2
; Elmar Luiz Floss
3
RESUMO A agricultura deve analisar os sistemas de produção e
não somente as culturas isoladamente, com necessidade de verificar as
sucessões culturais adequadas que contemplem alta produtividade,
rentabilidade e energia. O objetivo deste trabalho foi avaliar os
resultados agronômicos, econômicos e energéticos de sistemas de
produção agrícola com diferentes culturas nas safras de inverno e
verão, sob o sistema de semeadura direta, definindo o melhor sistema
de produção para a Região Norte do Rio Grande do Sul. Foram
realizados dois experimentos, sendo o primeiro instalado sobre soja e
o segundo sobre milho, com culturas de inverno/primavera (pousio,
cobertura verde, nabo/trigo, trigo, aveia-branca, canola, girassol e
ervilha) e posteriormente com culturas de verão (soja, milho e feijão).
Tanto no experimento sobre soja como sobre milho, o maior
rendimento de grãos foi no tratamento com trigo, cultivado após
cobertura verde de nabo forrageiro entre a cultura de verão da safra
anterior e a semeadura do trigo, resultando em maior retorno
1
Mestrando em Agronomia, área de concentração produção vegetal. Universidade
de Passo Fundo – RS.
2
Orientador, Eng.-Agr., Dr. Professor da Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária da UPF.
3
Co-orientador, Eng.-Agr., Dr. Professor da Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária da UPF.
2
econômico e alta produção de palha para o sistema de semeadura
direta. O maior rendimento de grãos da soja foi sobre o cultivo de
cobertura verde (aveia-branca + nabo forrageiro). Semeaduras de
milho realizadas na primeira época sobressaíram-se (sobre ervilha e
cobertura verde – aveia-branca+nabo), mostrando a importância da
época de semeadura. A semeadura de canola sobre a palha de milho
não foi bem sucedida devido a não estabelecer população de plantas
suficiente para alto rendimento de grãos. Os sistemas de produção que
melhor representam os três requisitos (rendimento de grãos, margem
operacional e margem energética), foram soja – ervilha – milho, soja –
cobertura verde (aveia-branca e nabo) milho e milho nabo/trigo
soja.
Palavras-chave: sistemas de produção, rendimento de grãos, energia,
resultado econômico
AGRONOMIC, ECONOMIC AND ENERGETIC ANALYSIS
OF AGRICULTURAL PRODUCTION SYSTEMS FOR THE
NORTH REGION OF RIO GRANDE DO SUL STATE
ABSTRACT Agriculture needs to analyze production systems and
not only cultures separately, in order to verify suitable cultural
successions that complete high productivity, rentability and energy.
The objective of this work is to evaluate agronomic, economic and
energetic results of agricultural production systems with different
cultures in winter and summer crops under direct sowing system,
defining the best production system to the North Region of Rio
Grande do Sul State, Brazil. Two experiments were accomplished,
3
once the first one being soybeans growing, and the second one on corn
growing, with winter/spring cultures (fallow, green coverage,
turnip/wheat, wheat, white oat, sunflower and peas) and subsequently
with summer cultures (soybeans, corn and beans). In the soybeans
experiment as well as in corn, the bigger grain yields were obtained in
the treatment with wheat, which had as green coverage the turnip
forage between summer culture of previous crop and wheat sowing,
resulting in greater economic return and high straw production to the
direct sowing system. Greater grain yield of soybeans was after green
coverage growing (white oat + turnip). Corn sowing achieved in the
first period stood out (over peas and green coverage), showing the
importance of the time of sowing. Canola sowing on corn straw can
not be carried out due to suitable plant population is not established to
generate stability. Production systems that better represent the three
requirements (grain yield, operational and energetic margin), were
soybeans peas corn, soybeans green cover corn and corn
turnip/wheat – soybeans.
Key words: production systems, grains yield, economic result, energy
4
1 INTRODUÇÃO
A população mundial depende da produção de alimentos
para sua sobrevivência, sendo de extrema relevância, em especial no
Brasil, onde existe a maior fronteira agrícola ainda não explorada do
mundo.
No Brasil, existem várias regiões de produção de grãos,
dentre elas o Estado do Rio Grande do Sul. Segundo o IBGE (2008), o
Brasil produziu cerca de 133 milhões de toneladas de grãos no ano de
2007, da qual o Rio Grande do Sul foi responsável por cerca de 17%.
A Região Norte do Rio Grande do Sul é tipicamente
produtora de grãos, tendo como principais culturas: trigo, aveia, soja e
milho, destinados seus produtos para a subsistência, alimentação
animal, exportação e transformação agroindustrial. Cerca de 10% da
área agricultável da região adota rotação de culturas com milho no
verão, e cerca de 20% com trigo no inverno. Isso demonstra a falta de
sistemas de rotação de culturas corretos, pois se utiliza a cultura da
soja no verão como principal cultura.
Devido aos fatores de produção (terra, máquinas,
benfeitorias, mão-de-obra, insumos e capital), cada vez mais caros,
falta de subsídios agrícolas e de uma clara política agrícola, os
produtores rurais dependem de um sistema agrícola eficiente, que lhes
garanta renda suficiente para a manutenção da propriedade e de sua
família, e assim não haja mais êxodo rural.
O clima regional permite o cultivo em duas épocas
distintas durante o ano, as quais são as épocas de primavera/verão e de
outono/inverno, o produtor deve ter condições de optar pelas culturas
5
que lhe gerem o maior retorno econômico durante todo o ciclo
agrícola.
Assim, optou-se por analisar diversas culturas econômicas
e de cobertura verde durante o inverno e o verão para definir o melhor
sistema de produção em função da melhor rotação de culturas e o
manejo das culturas, que tenha o maior retorno econômico para a
propriedade rural, e o maior retorno energético sustentável.
Atualmente, os produtores rurais e as indicações técnicas
refletem a necessidade isolada de cada uma das culturas econômicas,
analisando individualmente o seu manejo, por muitas vezes colocadas
dentro de uma propriedade rural como uma verdadeira monocultura.
O sistema de semeadura direta está consolidado como a
forma de manejo do solo de maior consenso, mas ainda existem
problemas que devem ser resolvidos, principalmente sobre os efeitos e
conseqüências da sucessão de determinadas culturas, do ponto de vista
do produtor rural, que deve ter alternativas econômicas concretas.
A hipótese é de que com o cultivo de diferentes culturas
de inverno e a introdução da cultura de milho no verão, aumente a
rentabilidade e quantidade de energia produzida por área cultivada.
O objetivo deste trabalho foi avaliar os resultados
energéticos e econômicos de diferentes sistemas de produção a partir
de diferentes culturas nas safras de inverno e verão, sob o sistema de
semeadura direta, definindo o melhor sistema de produção para a
Região Norte do Rio Grande do Sul, analisando o rendimento de
grãos, resultado econômico e balanço energético, através do efeito das
culturas de verão (soja e milho) sobre as culturas de inverno (trigo,
6
aveia-branca, canola, girassol e ervilha) e destas sobre as culturas de
verão do ano posterior (soja, milho e feijão).
7
2 REVISÃO DE LITERATURA
Com o aumento da importância das culturas de lavouras
de grãos e o conseqüente aumento da produtividade, muitas pesquisas
e estudos foram realizados para determinar os melhores manejos para
as culturas econômicas como soja, milho, feijão, trigo, aveia-branca,
canola, girassol e ervilha.
Na busca da eficiência técnica, os sistemas de manejo das
culturas foram pouco estudados sob o ponto de vista econômico e
energético, havendo a necessidade da verificação dos efeitos dos
manejos através da rotação de culturas nos resultados dos sistemas de
produção.
2.1 Aspectos energéticos na agricultura
2.1.1 Conceito de balanço de energia
Balanço de energia pode ser definido como sendo a
identificação e a quantificação de todas as possíveis entradas e saídas
de energia em determinado processo produtivo (ULBANERE, 1989).
Este autor destaca que o termo balanço parcial de energia é limitado a
determinadas partes do fluxo de energia em um sistema de produção,
como por exemplo, a quantificação da energia fóssil gasta para
produzir um certo produto agrícola, sem levar em conta outras formas
de energia, como a solar.
8
2.1.2 Conceito de energia
Existem muitas definições de energia, apesar de ninguém
conseguir ver a energia, pode-se avaliar a energia pelos seus efeitos,
que são visíveis e mensuráveis. Goldemberg (1979) define energia
como sendo a capacidade de realizar trabalho. Algumas unidades
usuais para quantificar energia são: Joule, kgm, Btu, cal, kcal e Mcal.
Neste trabalho, a unidade utilizada será a quilocaloria (kcal) que pode
ser entendida como a quantidade de energia gasta para elevar a
temperatura de 1 kg de água, de 14,5 para 15,5 graus Celsius.
2.1.3 Conceito de agricultura
A agricultura é a atividade mais importante para garantir a
sobrevivência da humanidade. Pode-se definir agricultura como sendo
a arte, a ciência e o negócio de produzir e comercializar alimentos (de
origem vegetal e animal), fibras e produtos energéticos (MIALHE,
1974).
Portanto, sem a agricultura, a espécie humana jamais teria
atingido os níveis populacionais da atualidade. Para Pimentel e Hall
(1984), antes do desenvolvimento da agricultura, os seres humanos
obtinham seus alimentos da caça, da pesca e da coleta de frutos e
outros produtos vegetais (extrativismo), sendo necessária uma área em
torno de 1000 ha para garantir a alimentação de uma pessoa durante o
ano todo. Segundo dados do IBGE (2008), a população brasileira
estimada no ano de 2007 foi de aproximadamente 190 milhões
habitantes, com cerca de 10% dessa população no meio rural. Sendo
9
que a área ocupada com agricultura na safra 2006/2007 foi estimada
em 57.739.289 ha, portanto em média cada pessoa no meio rural
cultiva 3 ha, e necessita de 0,3 ha para garantir a sua alimentação
durante todo o ano no Brasil.
No caso dos Estados Unidos, devido o fato de consumirem
muita energia fóssil, justifica-se a procura de fontes renováveis de
energia e o esforço em melhorar a eficiência energética dos processos
de produção (PALMA, 2001).
2.1.4 Formas de energia que interferem na produção vegetal
2.1.4.1 Energia solar
É a forma mais importante de energia para a produção
agrícola, uma vez que influi em todos os fenômenos atmosféricos,
bem como nos processos biológicos. Neste aspecto, destaca-se a
fotossíntese, que pode ser considerada o único processo através do
qual a energia do ambiente pode ser incorporada pelos seres vivos e,
ao mesmo tempo, representa a maior indústria de transformação de
matérias-primas do planeta.
A luz solar que incide sobre o globo terrestre é aproveitada
via redução do dióxido de carbono pelos elétrons da água, processo
este desenvolvido pelas plantas na fotossíntese (GOOD e BELL,
1980).
Estima-se que por meio da fotossíntese sejam produzidas
aproximadamente 170 bilhões de toneladas de matéria seca ao ano, a
partir de CO
2
+ H
2
O e energia solar. Os produtos resultantes deste
10
processo são glicose, que incorpora 674 kcal de energia solar.mol
-1
e o
O
2
, que garante a respiração dos seres vegetais e animais
(MAGALHÃES, 1985). O mesmo autor considera ainda, que o
processo de fotossíntese apresenta uma eficiência de conversão de
energia muito baixa, variando entre 0,5% nas regiões semi-áridas e
4,5% em florestas tropicais pluviais. Nas áreas agrícolas, a eficiência
da bioconversão de energia solar em energia química fica em torno de
0,7%, sendo uma média de saída de energia de 3.200 kcal.m
-2
.ano
-1
.
Algumas áreas de cana-de-açúcar atingem a eficiência de 4% e de 6%
em arroz irrigado.
O método do balanço de energia se fundamenta no princípio da
conservação da energia, conforme Villa Nova apud Cunha e
Bergamaschi (1994). No caso de sistemas cultivados, dependendo da
representatividade temporal e espacial, alguns componentes podem ser
desprezados, resultando na equação geral composta pelo saldo de
radiação (Rn), fluxo de calor latente (LE) e sensível (H) na atmosfera
e pelo fluxo de calor sensível no solo (S).
A solução da equação do balanço de energia (Rn + LE + H +
S = O) é obtida através de medições do saldo de radiação (Rn) e do
fluxo de calor no solo (S) e de estimativas dos fluxos turbulentos LE e
H, a partir da razão H/LE, proposta por Bowen (1926), determinada
via medições de gradientes psicrométricos sobre a cultura.
A partir das medições instantâneas de Rn, S, TS e TU e
considerando-se a equação simplificada do balanço de energia de um
sistema cultivado (equação 1), calcula-se os fluxos turbulentos de
calor latente (LE) e sensível (H) na atmosfera, empregando-se o
11
método da razão de Bowen (B), através das equações 3 e 4,
respectivamente.
Rn + LE + H + S = 0
A razão de Bowen (B) foi determinada a partir da equação
apresentada:
onde, TU e T o as diferenças de temperaturas entre os
termopares úmidos e entre os termopares secos, respectivamente, nos
dois níveis considerados, sendo o coeficiente [(s+γ )/γ ] obtido em
função da temperatura média úmida entre os dois níveis.
O coeficiente [(s+γ )/γ ] foi calculado considerando-se a
constante psicrométrica (γ) de 0,66 mb.
o
C
-1
e a equação da tangente à
curva de pressão de saturação de vapor d'água no ar (s) (mb.
o
C
-1
), em
função da temperatura (T), apresentada por Wright apud Cunha e
Bergamaschi (1994):
12
2.1.4.2 Energia fóssil
A agricultura moderna ou contemporânea é dependente de
insumos que, na maior parte são derivados do petróleo ou sua
obtenção depende do consumo de petróleo. A partir do momento em
que o petróleo passou a ser um dos fatores de produção mais escassos
para o desenvolvimento de um país (JOBIM FILHO, 1980), o seu uso
racional passou a ser prioridade em todos os setores da economia
nacional. Para racionalizar o uso deste combustível o renovável, é
necessário estudar de que modo ele pode ser utilizado para que seja
alcançada a máxima eficiência energética e os balanços energéticos
são instrumentos importantes para atingir este objetivo.
Os itens que serão descritos a seguir, baseiam-se nos
métodos para elaboração de balanços de energia na agricultura,
descritos em Pimentel (1980) e Ulbanere (1989).
2.1.4.2.1 Energia direta
Considera-se como entrada de energia direta no processo
de produção agrícola o óleo diesel (9.120 kcal.L
-1
), o óleo lubrificante
(9.205 kcal.L
-1
) e as graxas (10.320 kcal.kg
-1
).
Estes valores energéticos são multiplicados pelos
respectivos consumos por unidade de área, para fins de obter a
quantidade de energia gasta por unidade de área, no processo de
produção agrícola.
13
2.1.4.2.2 Energia indireta
Neste item são considerados os fatores de produção
empregados na agricultura, normalmente denominados insumos
modernos. Considera-se, para fins de balanço energético a quantidade
de energia necessária para o seu processamento, fabricação,
conservação, transporte e aplicação, quando for o caso.
a) Maquinaria agrícola
Para calcular, a quantidade de energia embutida nas máquinas
e nos implementos agrícolas, leva-se em conta a demanda específica
de energia (DEE) por tonelada, gasta na sua fabricação, a sua vida útil
e o tempo de utilização por unidade de área.
b) Energia contida no material genético
Leva-se em conta a quantidade de energia gasta para produzir,
processar, armazenar e transportar sementes, mudas ou outras formas
de propagação vegetal e a respectiva quantidade empregada por
unidade de área.
c) Energia contida nos fertilizantes
Leva-se em conta apenas os três macronutrientes principais, ou
seja, nitrogênio (15.247 kcal.kg
-1
), fósforo (3.340 kcal.kg
-1
) e potássio
(2.340 kcal.kg
-1
) e as respectivas quantidades aplicadas por unidade de
área.
14
d) Energia embutida nos defensivos agrícolas
Dependendo do princípio ativo, a energia embutida no
processo de síntese dos defensivos agrícolas, pode assumir valores que
podem variar entre 13.810 e 109.520 kcal.kg
-1
.
2.1.4.3 Energia proveniente da biomassa
Conforme o caso, poderia ser levada em conta a
quantidade de energia proveniente da biomassa (lenha, cascas de grãos
ou outras formas) consumida, por exemplo para gerar calor destinado
a secagem de produtos agrícolas. Neste sentido, Quesada et al. (1987),
salientam que a secagem de grãos, é geralmente feita com lenha, mas
poderia ser realizada com o aproveitamento do poder calorífico
contido pelas cascas de arroz (4.170 kcal.kg
-1
), que correspondem a
10% da produção de grãos desta cultura.
2.1.4.4 Energia contida no trabalho animal
muitas situações em que os animais domésticos
(asinimos, bovinos, eqüinos e muares) representam a principal fonte
de potência para realizar os trabalhos na agricultura. Estes podem ser
empregados para tração de implementos, transporte de cargas e a
mesmo para transporte de passageiros no meio rural.
Para fins de balanço energético, deve-se levar em conta o
tempo de trabalho dos animais por unidade de área, a alimentação e os
medicamentos e os produtos utilizados para construir o seu abrigo.
15
2.1.4.5 Energia correspondente ao trabalho humano
É relativamente difícil avaliar com precisão a quantidade
de energia empregada na forma de trabalho humano. Pimentel (1984)
considerou a quantidade de energia associada ao trabalho humano,
como uma função do consumo per capita de energia de uma
população. Com esta informação, calcula-se a quantidade de energia
gasta por unidade de área, de acordo com o tempo de trabalho
necessário para atender às necessidades de uma cultura.
A energia do trabalho humano é empregada em atividades
manuais, manejo de animais de tração, operação de quinas
agrícolas e, até mesmo na administração da empresa agrícola.
A atividade administrativa, ou seja, o gerenciamento do
negócio agrícola deverá merecer, doravante, maior atenção por parte
dos responsáveis pela agricultura.
A quantidade de consumo per capita histórico do homem
desde o homem primitivo até o homem tecnológico foi relatada por
Mialhe (1980). Os bitos vão se especializando e desenvolvendo,
mudando o consumo de energia, que vai crescendo com o
desenvolvimento da sociedade na modernidade, o qual mostra que o
homem primitivo consumia 2.000 kcal.dia
-1
e o homem tecnológico
consome 230.000 kcal.dia
-1
.
2.1.5 Balanço energético parcial
Em experimentos conduzidos por Ulbanere (1989), o
balanço de energia da cultura do milho foi positivo e cada unidade de
16
energia de origem fóssil investida na produção de milho foi revertida
em 4,08 unidades de energia, contidas nos grãos de milho colhidos.
Conforme Pimentel e Hall (1984), a taxa de entrada de
energia para a saída de energia é de 1:1,7 em milho. Segundo Pimentel
(2003), a produção de etanol a partir da cultura do milho requer 29%
mais energia devido a maior erosão causada ao solo e maior uso de
inseticidas, herbicidas e fertilizante nitrogenado comparada com
outras culturas, sendo que os Estados Unidos possuem um subsídio de
US$ 1 bilhão para a produção de etanol a partir de milho. O autor
recomenda, que a prioridade ética para o milho seja a produção de
alimentos para humanos e animais, em detrimento à produção de
combustível.
Os resultados obtidos com canola no Chile demonstraram
uma demanda de 3.500 a 3.900 Mcal.ha
-1
, com uma produção de
13.308 Mcal.ha
-1
, com uma eficiência energética de 4,41 a 5,00, com
melhores resultados em plantio direto, segundo Hetz et al. (1994).
O trigo em monocultura apresentou menores índices
energéticos de produtividade cultural (1.935 kg.Mcal
-1
) do que este
cereal em rotação por um (2.200 kg.Mcal
-1
), dois (2.240 kg.Mcal
-1
) e
três invernos (2.251 kg.Mcal
-1
), em trabalhos realizados por Santos
(1992).
A utilização de culturas de cobertura implicou em
investimento energético parcial, para a implantação da cultura do
feijão, da ordem de 2,2 a 6,0 vezes superior ao requerido pelo preparo
convencional em solo sob pousio, de acordo com Boller (1996).
17
2.1.6 Alternativas para otimizar balanços de energia na
agricultura
Diversas medidas podem e devem ser tomadas para
melhorar a eficiência energética da produção primária. Evidentemente,
estas também apresentam seus respectivos custos energéticos, o que
deve ser devidamente computado, para verificar qual o seu efeito na
relação custo/benefício da atividade a que se destinam. As principais
medidas são relatadas a seguir.
2.1.6.1 Agricultura conservacionista
Compreende a adoção de uma rie de medidas que visam
permitir uma agricultura estável e duradoura, sem comprometer
excessivamente os recursos naturais envolvidos. Dentre estas, pode-se
destacar o controle da erosão do solo, o seu uso adequado e a adoção
de práticas conservacionistas.
A Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul estimou
que no ano de 1985 as perdas de solo em 5.800.000 ha cultivados, na
região Norte do Rio Grande do Sul, foram da ordem de 242.400.000 t,
o que equivale a 41,8 t.ha
-1
. Isso significa a perda de uma camada
fértil de 3 mm de espessura em toda a área cultivada no período de um
ano, ou a 121.000 ha de terras férteis (2% da área cultivada).
O estudo de diferentes sistemas de manejo do solo
também trouxe resultados relacionados com perdas de nutrientes e
energia por unidade de área, mostrando que os sistemas caracterizados
pela menor mobilização do solo (cultivo mínimo e plantio direto)
18
resultam em menores perdas de energia na forma de nutrientes,
conforme Portella (1985).
2.1.6.2 Rotação de culturas
A rotação de culturas é uma das mais importantes práticas
para garantir as características desejáveis ao solo por longo tempo.
Através dela estimula-se a diversidade biológica no solo rompendo-se
os ciclos de pragas, moléstias e plantas daninhas, que em caso de
monocultura encontram condições favoráveis para seu
desenvolvimento.
Esta prática pode ser realizada com culturas protetoras do
solo, reduzindo assim a erosão; culturas fixadoras de nitrogênio, que
permitem reduzir os gastos com fertilizantes nitrogenados, que
representam um dos maiores gastos de energia na produção de
culturas como o milho; ou até mesmo com culturas produtoras de
energia, para reduzir a dependência energética de uma propriedade
rural (IAPAR, 1991).
Os efeitos de uma cultura protetora e recuperadora do solo
sobre o rendimento de milho foram relatados em IAPAR (1991),
destacando que o solo recuperado com adubo verde, sem adubação
nitrogenada, produziu o mesmo rendimento de milho que o solo
degradado que recebeu 120 kg de nitrogênio por hectare, mostrando
ser possível uma significativa economia de energia fóssil, na forma de
nitrogênio (15.247 kcal.kg
-1
N * 120 kg.ha
-1
= 1.829.640 kcal.ha
-1
).
As rotações de cultura que incluem linho e cereais para
forragem possuem menor eficiência energética, mesmo com a
19
utilização de maior fertilização na cultura do trigo para a produção de
grãos, de acordo com Zentner et al. (1989).
2.1.6.3 Mecanização agrícola
A mecanização agrícola constitui o emprego de máquinas
para facilitar o trabalho do homem, frente à produção de alimentos, e
aumentar a produtividade do seu trabalho. Quando usada sem os
devidos critérios técnicos, pode contribuir sensivelmente para o
desperdício de energia no meio rural. Da mesma forma, a
mecanização racional, o cultivo mínimo e o plantio direto, assim como
a mecanização supra-empresarial são alternativas que podem trazer
considerável economia de energia, além de outros benefícios ao
agricultor, permitindo gastar o mínimo necessário, sem deixar de
realizar as operações agrícolas nos momentos adequados
(PORTELLA, 1985).
Verifica-se que os sistemas de manejo do solo que
compreendem menor número de operações, além de requerer um
menor consumo de energia, também apresentam uma melhor
eficiência na conversão de energia fóssil em energia contida nos
alimentos produzidos (MESQUITA et al., 1983).
2.1.6.4 Redução de perdas na colheita e no armazenamento
A necessidade de redução de perdas na colheita e no
armazenamento é fundamental para diminuição das perdas de energia.
Neste sentido, Ulbanere (1989) na cultura do milho, no Estado de São
20
Paulo, estimou perdas na colheita do milho o equivalente a 110% da
energia fóssil gasta para produzir a mesma cultura.
2.1.6.5 Outras alternativas
Existem outras possibilidades para melhorar a eficiência
da conversão de energia pelas plantas cultivadas e das propriedades
rurais. Dentre estas, destacam-se o uso de material genético melhorado
e de boa qualidade, controle integrado de pragas, moléstias e plantas
daninhas, racionalização do uso da água e da energia elétrica nos
projetos de agricultura irrigada, integração lavoura-pecuária e
integração de sistemas de produção de alimentos e energia.
As políticas energéticas para o setor agrícola devem seguir
as orientações da política nacional, de acordo com Gorgatti Netto e
Dias (1984). Suas diretrizes são: a) Aumentar a oferta de recursos
energéticos renováveis via biomassa; b) Reduzir o consumo de energia
não renovável na agricultura; e, c) Racionalizar a utilização da energia
evitando desperdícios e usando fontes limpas de energia, tanto na
agricultura como na agroindústria.
2.2 Rotação de culturas
O solo em seu estado natural possui algumas
características inerentes ao ambiente onde está. Entre eles, a vegetação
predominante pode determinar mudanças nas propriedades do solo, e
como conseqüência, na agricultura deve-se objetivar um melhor
21
condicionamento deste solo com culturas que viabilizem
economicamente todo o sistema.
Sob o ponto de vista agronômico, na rotação de culturas,
pode-se verificar melhor aproveitamento de nutrientes, melhor
controle de plantas daninhas, pragas e moléstias, e sobretudo, a
manutenção dos níveis de matéria orgânica. Conseqüentemente,
melhor controle da erosão do solo, aumento da fertilidade, melhor
equilíbrio físico, químico e biológico do solo, melhor distribuição da
mão-de-obra ao longo do ano, melhor aproveitamento das máquinas e
maior estabilidade econômica para o agricultor (NOLLA,1982;
DERPSCH, 1993).
A rotação de culturas, fundamentada em espécies de
inverno, tem contribuído para aumentar a estabilidade e os
rendimentos da cultura do trigo devido à diminuição da severidade de
doenças nesta cultura (Reis e Baier apud DERPSCH, 1993). Devido a
diminuição de doenças, houve aumento da área de plantio direto com
efeitos positivos sobre o rendimento da soja, aveia e milho (DICK e
VAN DOREN, 1985).
2.2.1 Objetivos e importância da rotação de culturas
Os princípios nos quais se baseia o planejamento de um
esquema de rotação são os seguintes (DERPSCH, 1986): cultivo
alternado de culturas com diferentes capacidades de retirar nutrientes
do solo, com sistema radicular capaz de alcançar diferentes
profundidades; cultivo alternado de culturas suscetíveis a certas
moléstias ou pragas, por outras mais resistentes; sucessão planejada de
22
espécies que levam em conta todo o efeito positivo ou negativo de
uma cultura sobre as seguintes. Estes efeitos podem ter sua origem por
alelopatia, ou substâncias tóxicas fornecidas com os adubos; aumento
do teor de matéria orgânica no solo; desenvolvimento diferenciado dos
sistemas radiculares; estrutura do solo; microrganismos, nematóides
ou umidade residual do solo; alternância do cultivo de culturas que
tendem a exaurir o solo, com culturas que contribuem para melhorar
sua fertilidade; cultivos alternados de culturas com diferentes
necessidades de mão-de-obra, máquinas, equipamentos e água em
diferentes épocas, no decurso do ano agrícola.
Alguns requisitos no planejamento de sistemas de rotação
de culturas que devem ser estabelecidos (PONS e GONÇALVES,
1978): o esquema de rotação de acordo com o sistema de plantio
adotado, deve ser flexível para permitir, se necessário, uma mudança
na escolha das culturas, em decorrência de flutuação climática ou de
preços. Essa maior flexibilidade poderá ser conseguida nos esquemas
baseados num grupo de culturas rentáveis; no uso adequado de
fertilizantes minerais, inclusive a utilização na cobertura morta são
medidas essenciais à manutenção da fertilidade do solo; deve ser
levada em consideração a melhor utilização da mão-de-obra, tratores e
máquinas durante o ano, evitando que ocorram o picos de trabalho em
determinadas épocas; a sucessão de culturas deve ser prática,
exeqüível e rentável; correta seqüência das culturas evitando plantio
contínuo de gramíneas ou de leguminosas, não semeando em sucessão
plantas com efeito comum na seletividade de plantas daninhas, de
pragas ou de moléstias, e de exigências nutritivas e reservando as
melhores culturas antecessoras economicamente mais rentáveis.
23
O efeito da rotação de culturas no inverno foi demonstrado
por Santos e Reis (1995), com aumento de rendimento de grãos de
trigo quando esta cultura possuía 2 ou 3 anos de aveia intercalar,
gerando aumento de até 17% em comparação com a monocultura.
2.2.2 Efeitos sobre o controle de doenças
A determinação da potencialidade de controle de doenças
pelas práticas culturais de rotação de culturas e de manejo do solo é
importante para uma rotação de culturas sustentável.
Os patógenos vulneráveis ao controle são alvos de estudo,
como por exemplo, os agentes causais de podridões radiculares e os de
manchas foliares (REIS, 1996).
Para isso, é importante avaliar a quantidade de restos
culturais que permanecem na superfície do solo após a colheita a
após o preparo do solo, o tempo necessário para a mineralização, quais
os patógenos associados aos resíduos, sua densidade de inóculo e o
período de sobrevivência, nas fases saprofítica, e livre no solo.
Estas quantificações permitem determinar quais os
patógenos controláveis pelas práticas culturais, quando um cereal de
inverno pode retornar a ser cultivado na mesma área e qual o intervalo
de rotação de culturas que deve ser observado para a produção
econômica de grãos.
Também é igualmente importante a quantificação dos
efeitos das práticas culturais na evolução e na intensidade das
manchas foliares em cereais de inverno.
24
2.2.3 Efeitos sobre o controle de plantas daninhas
O manejo das culturas de inverno, para cobertura do
solo, deve ser realizado de forma a permitir a implantação das culturas
de verão, antes da germinação das plantas daninhas, conforme
Fernandes et al. (1991). Por esta razão, recomendam que a semeadura
das culturas para cobertura do solo deve ser realizada em épocas que
permitam o seu florescimento antes deste período. Os autores
mencionam, ainda, que dentre as culturas de inverno, a aveia tem
produzido maiores quantidades de massa seca, destacando-se pela
maior eficiência no controle de gramíneas como papuã (Brachiaria
plantaginea).
A cobertura morta do solo com resíduos produzidos pelas
culturas anteriores é muito importante no controle de plantas daninhas,
conforme Almeida (1991). Este efeito pode ser atribuído ao
impedimento sico da camada vegetal e a possíveis efeitos
alelopáticos resultantes da decomposição da cobertura vegetal.
Durante a decomposição do material vegetal que constitui
a cobertura morta do solo, são liberados compostos orgânicos contidos
nas células vegetais, sendo que alguns dos quais possuem
propriedades alelopáticas, ou seja, atuam sobre outras espécies
vegetais, afetando seu comportamento, de acordo com Almeida
(1988). O autor salienta que a manifestação da ação alelopática das
coberturas mortas requer que a produção e a liberação de toxinas
sejam altas e suficientes para atingir a concentração mínima letal para
as plantas daninhas que se pretende controlar, o que depende da
quantidade de palha produzida.
25
2.2.4 Efeitos sobre o controle de pragas
A degradação física e química dos solos, que envolve a
perda de sua estrutura por erosão, compactação ou desagregação, bem
como a diminuição da fertilidade, por redução de compostos
assimiláveis ou matéria orgânica, pode relacionar-se diretamente com
a diminuição das populações da macrofauna subterrânea, ou com a
perda de espécies ecologicamente estratégicas para a regulação dos
ciclos da matéria e da energia dentro do solo, segundo Lavelle apud
Morón (2004).
A simplificação de ecossistemas simples originalmente
em sistemas intensivos de monocultivo promove a diminuição
gradativa da diversidade dos insetos de solo, incluindo os rizófagos, os
saprófagos, seus predadores e parasitóides. Em oposição, a
simplificação de ecossistemas complexos destrói por completo a
estrutura das comunidades primárias e deixa vazios importantes por
tempo indefinido nas rotas de fluxo de matéria e energia dentro do
solo. Se os solos o profundos e ricos desde a origem, com aportes
recentes de sedimentos, como pode ocorrer nos vales e planícies
costeiras, sobretudo próximos aos centros de atividade geológica, a
recuperação do equilíbrio na fauna de insetos pode ser mais rápida;
porém, se os solos são rasos e pobres, produto de rochas antigas
intemperizadas ou metamórficas, com escassas deposições de
sedimentos e estão afastados dos centros de atividade geológica, a
recuperação da fauna de insetos edafícolas pode ser muito demorada,
ocorrendo mudanças muito importantes em relação à sua etapa
26
anterior, principalmente se o processo ocorre sem proteção contra a
insolação direta (MORÓN, 2004).
Em geral, as práticas agrícolas tendem a reduzir a
diversidade de organismos presentes no solo em comparação com o
seu ambiente natural. Entretanto, essa mudança pode ser benéfica para
algumas espécies, do ponto de vista quantitativo, resultando em altas
densidades populacionais, como acontece com certas pragas de solo.
Do mesmo modo, certas práticas agrícolas podem favorecer um
aumento populacional de organismos benéficos, ou, ainda, possibilitar
o estabelecimento de novas espécies no sistema (BENTO et al., 2004).
O plantio direto favoreceu o surgimento de novas pragas e
reduziu a importância de outras. É o caso de várias pragas de soja que
tiveram aumentada a sua população com a adoção do plantio direto,
como Sternechus subsignatus, o tamanduá-da-soja; Myochrous
armatus, o cascudinho-da-soja; diversas espécies de corós
(Phyllophaga spp. entre outras), Scaptocoris castanea e S. carvalhoi,
espécies do percevejo castanho, piolhos de cobra, lesmas e caramujos.
Por outro lado, a lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus), teve sua
importância diminuída com o plantio direto em razão deste sistema
proporcionar uma superfície mais compacta e úmida, condição que
desfavorece essa praga (Salvadori et al. apud BENTO et al., 2004).
2.2.5 Efeitos sobre as propriedades físicas do solo
Dependendo da espécie, época de semeadura,
espaçamento e densidade populacional pode haver efeito físico direto
sobre o solo. Um efeito importante é o da formação de agregados, cuja
27
estabilidade depende da matéria orgânica, atividade microbiana,
processo de umedecimento e de secagem do solo.
Na utilização do solo para a agricultura, em função do seu
manejo e uso, as propriedades físicas serão alteradas, segundo
Kochhann (1996). Apesar do preparo do solo ser uma das práticas
agrícolas que mais influencia nas propriedades físicas do solo, o uso
adequado de diferentes espécies no ciclo da rotação de culturas pode
ter grande influência nesta propriedade do solo. Através de um uso
adequado do solo, pode-se modificar algumas de suas propriedades
tais como: estabilidade de agregação (esta propriedade garante menos
problemas de secamento superficial); taxa de infiltração e retenção de
água no solo; e, redução da densidade do solo, seja pela agregação de
partículas ou pelo trabalho de organismos (insetos e anelídeos) e
microrganismos, melhorando a capacidade de infiltração de água no
solo, de acordo com Sá e Molin (1994).
Os restos culturais também diminuem a perda de água e o
impacto das gotas de chuva, auxiliando o controle da erosão. O
mesmo autor cita também outras vantagens como: aumento da
emergência das plântulas pela redução da formação da “crosta” e
secamento da superfície do solo; e no fazer rotação de culturas, estar-
se-á diversificando espécies, tipos de sistemas radiculares,
trabalhando, com materiais de decomposição mais rápidos e outros
mais lentos, conseqüentemente, interferindo também na textura,
densidade, porosidade e condutividade hidráulica do solo.
As culturas incidem diretamente na formação e
estabilização dos agregados, sendo a estabilidade e a distribuição do
tamanho de agregados maiores em sistemas de cultivo que aportam
28
material orgânico e cobrem o solo durante todo o ano. De acordo com
Wohlenberg et al. (2004), as seqüências de culturas influem
diferenciadamente na agregação do solo, dependendo da época do ano
e tempo de estabelecimento dos sistemas de culturas. Silva et al.
(2006) relatou que o plantio direto aumentou a estabilidade de
agregados da camada superficial do solo em relação ao preparo
convencional, o que teve relação com a elevação do teor de carbono
orgânico.
Na Paraíba, com o uso de diferentes leguminosas durante
três anos de avaliação, Nascimento et al. (2005) observaram que
houve a manutenção das propriedades de densidade do solo,
porosidade total, argila dispersa em água e teor de carbono orgânico
no solo, não resultando em aumento da estabilização dos agregados do
solo.
Quanto aos trabalhos realizados por Argenton et al. (2005)
demonstraram que no Latossolo Vermelho em Santa Catarina, quando
a densidade do solo for superior a 1,30 Mg.m
-3
, podem ser utilizadas
práticas de cultivo para reduzir a densidade, principalmente, pela
introdução de culturas que aportam grande quantidade de resíduos
orgânicos.
Em trabalho complementar Albuquerque et al. (2005),
concluíram que as plantas de cobertura de verão aumentaram o teor de
carbono orgânico, mas não modificaram a estabilidade dos agregados
e o grau de floculação.
Analisando as propriedades físicas de um Latossolo Bruno,
Costa et al. (2003) verificaram que o solo sob plantio direto
apresentou menor temperatura e maior umidade volumétrica na
29
camada superficial do que o solo sob preparo convencional, o que
juntamente com a melhoria nas demais propriedades físicas do solo,
pode ter contribuído para os maiores rendimentos acumulados de soja
e milho naquele sistema de manejo.
2.2.6 Efeitos sobre as propriedades químicas do solo
A quantidade de biomassa necessária para proporcionar a
manutenção da matéria orgânica do solo ou mesmo obter pequenos
acréscimos ao longo dos anos ainda é muito discutível, de acordo com
Peeten (1984). Para a região sul do Brasil, estimou-se um aporte anual
de 6 toneladas.ha
-1
de massa seca de resíduos culturais para recompor
a oxidação da matéria orgânica do solo. Dessa forma, torna-se
fundamental, a combinação de culturas de grãos em seqüência às
coberturas verdes.
Por outro lado, em regiões de clima tropical, onde a taxa
de decomposição do material orgânico depositado na superfície é mais
acentuada, tornam-se necessários maiores aportes. Sugere-se atingir
com o programa de rotação de culturas a produção de 11 a 12
toneladas de massa seca.ha
-1
de resíduos culturais por ano (SÁ,1995).
A matéria orgânica produz sensíveis alterações nas
propriedades físicas e biológicas do solo (VIEGAS e MACHADO,
1990).
Em experimentos realizados em Guarapuava (PR), Ciotta
et al. (2003), com a utilização durante 21 anos do sistema de plantio
direto refletiu num aumento de 2,63 t.ha
-1
no estoque de carbono
30
orgânico, na camada de 0-20 cm em comparação ao preparo
convencional.
Uma importante característica da matéria orgânica é a
influência que exerce sobre as propriedades coloidais do solo como
fonte de nutriente. É possível ter melhor distribuição de íons no perfil.
Através do aumento do teor de matéria orgânica uma maior
profundidade e melhor distribuição dos mesmos no perfil do solo,
tanto por trabalhos mecânicos, como pela ação de insetos e ainda pelo
próprio sistema radicular que ao atingir camadas mais profundas, e
também ao ter um maior volume radicular, obtêm-se esta melhor
distribuição de íons (DERPSCH, 1993; REGO, 1994).
Para que os nutrientes disponíveis na área sejam melhor
aproveitados, de acordo com Rego (1994), é importante que se sigam
alguns indicativos: 1
o
) evitar a semeadura contínua de alguns cereais
para grãos ou de leguminosas; 2
o
) evitar o cultivo seqüencial de
plantas com efeitos comuns entre si, como exigências nutricionais
comuns, seletivo para plantas daninhas, pragas e moléstias comuns,
etc.; 3
o
) entender que a rotação de culturas é um complemento que
pode melhorar as condições físico-químicas do solo, através da
mineralização lenta e gradual, permitindo a reposição de grande parte
dos nutrientes extraídos pelas culturas como o N, P, K, Ca e Mg, além
de doses muitas vezes pequenas mas fundamentais de micronutrientes,
acumulados na matéria orgânica nas camadas superficiais.
O nitrogênio é um constituinte dos compostos orgânicos
no solo e cerca de 8% encontra-se sob a forma orgânica (SÁ, 1993).
Com o acúmulo de resíduos na superfície e conseqüente aumento da
atividade biológica, as reações de mineralização do material orgânico
31
e as transformações de N amoniacal são intensas. Dois pontos sicos
devem ser considerados na redistribuição no solo e aproveitamento do
nitrogênio pelas plantas: o movimento do íon nitrato (NO
3
), a relação
C/N influencia a taxa de mineralização, a imobilização pelos
microrganismos no solo e a relação oferta/demanda pelas culturas.
No caso do plantio direto deve-se dar muita importância
ao uso correto da rotação de culturas, principalmente nos primeiros
anos. Em relação ao nitrogênio, recomenda-se neste período o fazer
o cultivo continuado de culturas exigentes em relação a esse nutriente,
como milho, cevada, trigo, aveia e triticale, de acordo com Kochhann
(1996). Isto em função do movimento descendente da água e da menor
taxa de mineralização da matéria orgânica, o que ocasiona uma menor
disponibilidade de N no solo. No entanto, o exatamente as palhadas
de gramíneas que dão sustentabilidade ao sistema plantio direto.
Para Santi et al. (2003), a adubação nitrogenada na aveia
aumentou a produção de matéria seca e a quantidade de N acumulado
na sua fitomassa, levando ao decréscimo da relação C/N dos resíduos
produzidos pela aveia e aumento da ciclagem de nutientes como o
potássio e o cálcio. Em trabalho complemetar, Amado et al. (2003),
concluíram que a redução da relação C/N da aveia, induzida pela
adubação nitrogenada, promoveu incremento linear no rendimento de
milho cultivado em sucessão; todavia, o nitrogênio liberado pela aveia
não foi suficiente para atender plenamente à demanda do milho,
restringindo o seu rendimento.
A inclusão de leguminosas em sistemas de culturas e a
adubação nitrogenada contribuem para a maior adição anual de
carbono e de nitrogênio ao solo, gerando alterações dos estoques
32
destes elementos no solo e o aumento de produtividade de milho
(LOVATO et al., 2004).
As relações de mineralização- imobilização-
disponibilização- perdas tendem a atingir o equilíbrio ao longo dos
anos, devido a estabilização da população microbiana. Sendo assim,
em condições de predominância de gramíneas nos sistemas de cultivo,
haverá um período maior de cobertura sobre o solo, porém a
necessidade de fornecimento de N, para as culturas subseqüentes é
maior, principalmente no ato da semeadura, onde tem que compensar
a imobilização feita pelos microrganismos decompositores
(DERPSCH et al., 1991).
No caso do N, o ideal é que se faça o uso de leguminosas
para melhorar a relação C/N larga das gramíneas e assim reduzir o
tempo de decomposição e conseqüente mineralização, conforme
Kochhann (1996). Evita-se também com a diversificação, a
concorrência da volatilização do N das leguminosas que por terem
relação C/N estreita, tem uma decomposição mais rápida. Este
objetivo é atingido pelo cultivo de cereais no inverno e soja no verão.
A adoção da rotação, com culturas de diferentes bitos,
necessidades nutricionais, características botânicas, favorece a
química do solo por transportar muitas vezes nutrientes indisponíveis,
nas camadas mais profundas, para camadas mais superficiais, além de
promover um bom resíduo radicular conseqüentemente variando a
distribuição dos nutrientes no perfil do solo (MONEGAT, 1991).
A matéria orgânica, portanto, tem condições de qualificar o
solo, sendo que a colocação de diferentes culturas intercalares, com o
33
aumento do carbono e do nitrogênio indicam, eficientemente, a
qualidade do solo, o que foi comprovado por Conceição et al. (2005).
Quanto ao estoque de carbono orgânico, Costa et al. (2008),
observaram que as emissões de totais de C-CO
2
do solo o similares
nos sistemas de plantio direto e convencional, entretanto, quando as
emissões de C-CO
2
são ponderadas em função da quantidade de C no
solo e nos resíduos vegetais, é possível verificar a importância do
plantio direto e da inclusão de plantas de cobertura leguminosas na
conservação do C do solo.
2.2.7 Efeitos sobre as propriedades biológicas do solo
Efeitos biológicos podem ser induzidos pelo amplo
desenvolvimento do sistema radicular ou pela maior concentração de
microrganismos e maior atividade biológica na camada arável, em
solo melhor provido de matéria orgânica (VIÉGAS e MACHADO,
1990).
Ao fazer a diversificação de culturas, estar-se-á variando
os materiais de origem da matéria orgânica, conseqüentemente,
criando condições para que a microbiologia do solo também se
diversifique e esteja em equilíbrio, evitando assim o surgimento de
novos problemas, em função do predomínio de apenas uma espécie de
microorganismo ou de praga nestes ecossistemas.
Quanto maior o potencial genético (presença diversificada
de enzimas) para a decomposição como resíduos de herbicidas é maior
a probabilidade de organismos que auxiliam no crescimento das
plantas habitarem o solo, conforme Fries (1997).
34
As diferentes plantas (especialmente leguminosas e
gramíneas) foram estudadas e avaliadas pela sua capacidade de
enriquecer o solo de matéria orgânica, de acordo com Viégas e
Machado (1990). As leguminosas, por fixar nitrogênio do ar em
simbiose com bactérias que formam nódulos nas raízes, são muito
recomendadas para serem incluídas em esquemas de rotação.
Existem importantes aspectos sobre a decomposição de
material orgânico, conforme (1993), o qual cita que a maior parte
da decomposição é realizada pela microflora. Cerca de 50 tipos de
enzimas diferentes foram comprovadas como ativas no solo. Em torno
de 70% do carbono que entra como CO
2
na atmosfera é atribuído ao
metabolismo microbiano. Por outro lado, a micro, meso e macroflora
atuam como fragmentadoras, misturadoras e transportadoras de solo e
resíduos de material orgânico, agregadoras e escavadoras do solo.
A facilidade na decomposição dos resíduos está
diretamente relacionada aos componentes bioquímicos que fazem
parte da resteva, segundo Fries (1997). As plantas, de acordo com a
espécie, diferem em sua constituição e podem apresentar diferentes
quantidades de materiais de fácil ou difícil decomposição. Algumas
moléculas bioquímicas são mais fáceis de serem atacadas por enzimas
microbianas, devido à sua natureza química que une os carbonos, ou
do próprio arranjo dos carbonos na molécula.
2.2.8 Efeitos sobre a conservação do solo
Avaliando a sustentabilidade do plantio direto no Estado
do Paraná, Rego (1994) constatou que este sistema de manejo do solo
35
foi técnica, econômica e energeticamente melhor do que o
convencional, tanto para uma cultura individual quanto sob a ótica de
um sistema de rotação de culturas completo. O autor salienta que,
além de apresentar melhor sustentabilidade, o plantio direto, devido às
suas características, é o sistema de exploração agrícola que mais se
aproxima do equilíbrio da natureza, devendo ser adotado por
produtores de áreas de qualquer tamanho e de qualquer nível de
capitalização. O autor também afirma que o plantio direto o é um
sistema seletivo ou exclusivo, encaixando-se perfeitamente nas
condições de clima, solo e topografia da região sul do Brasil.
A manutenção dos restos de culturas em cobertura na
superfície do solo determina uma proteção mais prolongada contra a
erosão, já que a sua decomposição é mais lenta do que no caso da
incorporação, de acordo com Santos et al. (1990).
Todos os efeitos demonstrados interferem no rendimento
de grãos e na produção de biomassa das culturas econômicas.
Portanto, com o aumento do rendimento de grãos obtém-se aumento
da receita bruta das culturas e conseqüente aumento da rentabilidade.
Por outro lado, com o aumento da produção de biomassa, existe
aumento direto da energia produzida no sistema de produção.
36
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Localização e condições climáticas
O experimento foi conduzido no Centro Tecnológico da
empresa Floss Consultoria e Assessoria em Agronegócios, na
propriedade do Sr. Edemir Rosso, na localidade de Santa Gema, Passo
Fundo, Rio Grande do Sul, na região fisiográfica do Planalto Médio.
O local é definido pelas coordenadas 28° 15’ de latitude sul e 52° 24’
de longitude oeste, com altitude de aproximadamente 700 metros
acima do nível do mar.
O solo é classificado como Latossolo Vermelho distrófico
típico, textura argilosa, pertencente à unidade de mapeamento de
Passo Fundo e o apresentava impedimento sico aparente ao
crescimento radicular.
O clima da região de Passo Fundo é classificado como
sub-tropical-CFA. A temperatura mínima média é de 12,7°C e a
temperatura média das máximas é de 22,1ºC.
As condições de precipitação e temperatura média
ocorridas durante o período de realização dos experimentos podem ser
observadas nas Figuras 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
De forma geral, observa-se que as condições climáticas
foram adequadas para as culturas, tanto com relação às temperaturas
como precipitações, destacado-se que no primeiro semestre do ano de
2007, houve excesso de chuvas. No mês de setembro de 2006, houve
problemas de falta de chuvas que resultaram na não implantação do
girassol no experimento conduzido após a soja.
37
Figura 1 – Temperatura nima média do ano de 2006 em Passo
Fundo-RS (Embrapa, 2008).
Figura 2 – Temperatura nima média do ano de 2007 em Passo
Fundo-RS (Embrapa, 2008).
38
Figura 3 Temperatura máxima média do ano de 2006 em Passo
Fundo-RS (Embrapa, 2008).
Figura 4 Temperatura máxima média do ano de 2007 em Passo
Fundo-RS (Embrapa, 2008).
39
Figura 5 Temperatura média do ano de 2006 em Passo Fundo-RS
(Embrapa, 2008).
Figura 6 Temperatura média do ano de 2007 em Passo Fundo-RS
(Embrapa, 2008).
40
Figura 7 Precipitação pluvial do ano de 2006 em Passo Fundo-RS
(Embrapa, 2008).
Figura 8 Precipitação pluvial do ano de 2007 em Passo Fundo-RS
(Embrapa, 2008).
41
3.2 Delineamento experimental
Foram conduzidos dois experimentos. O primeiro foi
realizado após o cultivo da soja e o segundo foi realizado após milho.
No experimento realizado após a soja no inverno foram
implantados os tratamentos: pousio, trigo (cv. Safira), nabo/trigo (cv.
Safira), aveia-branca (cv. UPF 22), canola (cv. Hyola 61), ervilha (cv.
Spencer) e cobertura verde (nabo forrageiro+aveia-branca) e no verão
seguinte foram cultivados milho (cv. Pioneer 32R21, em semeadura de
setembro, e Pioneer 30F53 em semeadura de outubro e novembro) e
soja (cv. CD 214 RR) (Figura 9).
Figura 9 – Sucessão de culturas no experimento após soja.
No experimento conduzido após o milho foram
implantados no inverno os seguintes tratamentos: pousio, trigo,
nabo/trigo, aveia branca, canola, girassol (cv. Helianthus 250), ervilha
42
e cobertura verde (nabo+aveia branca) e no verão seguinte teve soja e
feijão (cv. BRS Valente) (Figura 10).
Figura 10 – Sucessão de culturas no experimento após milho.
O pousio caracterizou-se por apresentar cobertura natural
de azevém com alta densidade de plantas, bem distribuídas e manejada
no estádio de florescimento.
O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com
três repetições. Cada parcela mediu 50 m
2
(5 m x 10 m). Na colheita
de cada parcela foi retirada uma linha de cada lado como bordadura e
foram colhidos 4 m lineares.
43
3.3 Variáveis analisadas
As culturas de milho e soja cultivados na safra 2005/2006
foram analisadas a partir da medição da quantidade de palha, sendo os
tratamentos avaliados quanto a:
a) rendimento de grãos ou matéria seca (coberturas verdes);
b) análise econômica;
c) análise energética.
3.3.1 Caracterização das áreas da produção
As áreas utilizadas possuem um histórico de 15 anos de
plantio direto com rotação de culturas, tendo no inverno o trigo a cada
2 anos, e no verão, com 2 anos de soja e 1 ano de milho. O produtor
aplica todos os anos 3 t.ha
-1
de cama-de-aviário. As médias de
rendimentos de grãos são superiores à média regional de Passo Fundo.
No experimento após soja foi verificado 6.179 kg.ha
-1
de
matéria seca depositada sobre o solo e no experimento após milho foi
determinado 9.339 kg.ha
-1
de matéria seca.
O solo foi amostrado sob o ponto de vista das suas
características químicas através de análise de solo antes da
implantação das culturas de inverno na safra 2006/2007, estando os
resultados contidos na Tabela 1. No momento da amostragem de solo
não foram evidenciados problemas de compactação do solo.
As culturas foram conduzidas obedecendo às indicações
técnicas oficiais, quanto ao espaçamento densidade e época de
44
semeadura, adubação, controle de plantas daninhas, pragas e
moléstias.
Tabela 1 – Análise de solo das áreas de realização dos experimentos
Área Profundidade
(cm)
Argila
(%)
pH
H
2
O
Ind.
SMP
P
(mg.dm
-3
)
K
(mg.dm
-3
)
MO
(%)
0-5 cm 42 5,5 5,8 13 220 3,5
5-10 cm 43 5,4 5,8 4 149 2,7
Soja
10-20 cm 54 5,3 5,7 3 93 2,3
0-5 cm 47 5,7 5,9 21 260 3,5
5-10 cm 51 5,6 5,9 24 181 3,2
Milho
10-20 cm 60 5,6 5,9 9 109 2,4
Al Ca Mg H+Al CTC Área Profundidade
(cm)
(cmol
c
.dm
-3
)
Sat. Bases
(%)
Sat. Al
(%)
Sat. K
(%)
0-5 cm 0,0 6,3 2,6 5,5 14,9 63 0 3,8
5-10 cm 0,1 4,9 2,0 5,5 12,8 57 1 3,0
Soja
10-20 cm 0,2 5,2 2,3 6,2 13,9 56 3 1,7
0-5 cm 0,0 6,8 3,0 4,9 15,4 68 0 4,3
5-10 cm 0,0 6,0 2,9 4,9 14,3 66 0 3,2
Milho
10-20 cm 0,0 5,5 2,8 4,9 13,5 64 0 2,1
Para determinação do rendimento de grãos realizou-se a
debulha mecânica e pesagem da massa de grãos da área útil colhida.
Posteriormente, foram determinadas a umidade e a impureza para
geração de peso líquido com umidade dos grãos a 13%.
3.3.2 Indicadores econômicos
Os dados dos tratamentos foram analisados e definidos os
principais indicadores e variáveis que foram quantificadas para atingir
os objetivos.
45
3.3.2.1 Receita total
A receita total é conceituada como “a soma monetária das
vendas das produções obtidas no processo produtivo”, ou seja, a
quantidade de produção vendida, multiplicada pelos preços dos
produtos no mercado na época da colheita.
A fórmula para a receita total é a seguinte (VARIAN,
1994):
n
RT = Yi . Pi, onde:
i=1
RT = receita total,
Yi = bens produzidos (produtos),
Pi = preço dos produtos.
3.3.2.2 Custos de produção
A compensação que os donos (famílias rurais) dos fatores
de produção que são utilizados por uma firma (propriedade rural) no
processo produtivo de um determinado bem devem receber para
continuarem a fornecer esses fatores é chamada custo de produção,
segundo Hoffmann et al. (1987).
O custo de produção é dado pela seguinte fórmula:
m o
CT = Xj . Wj + Zk . Rk, onde:
j=1 k=1
CT = custo total,
46
X
j
= fatores de produção variáveis,
W
j
= preço dos fatores de produção variáveis,
Z
k
= fatores de produção fixos,
R
k
= preço dos fatores de produção fixos.
Os coeficientes econômicos calculados nos experimentos
estão apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 – Coeficientes econômicos utilizados nos experimentos
Item Valor (R$) Unidade
Adubo formulado 10-18-20 680,00 t
Adubo formulado 10-30-20 875,00 t
Adubo formulado 02-20-20 650,00 t
Aveia-branca (grão) 0,30 kg
Baytan 55,00 L
Canola (grão) 0,50 kg
Certero 230,00 L
Connect 45,00 L
Diesel 1,80 L
Ervilha (grão) 0,50 kg
Feijão (grão) 0,75 kg
Gaúcho 340,00 L
Girassol (grão) 0,50 kg
Glifosato 9,50 L
Herbicida atrazina+simazina 11,50 L
Herbicida Hussar 350,00 kg
Herbicida Podium S 35,00 L
Inoculante 5,00 dose
Inseticida fisiológico 56,00 L
Inseticida piretróide 48,00 L
Milho (grão) 0,30 kg
Nativo 90,00 L
Óleo mineral 5,00 L
Semente de aveia 0,50 kg
Semente de canola 31,00 kg
Semente de ervilha 2,00 kg
Semente de milho 9,75 kg
Semente de nabo forrageiro 1,00 kg
Semente de soja 1,50 kg
Semente de trigo 0,60 kg
Soja (grão) 0,50 kg
Trigo (grão) 0,40 kg
Uréia 910,00 t
* Preços médios praticados na praça Passo Fundo na época da utilização.
47
Os fatores variáveis são aqueles que variam quando varia
a quantidade de área com produção. Por exemplo: sementes,
combustível, mão-de-obra temporária, adubos, agrotóxicos,
transportes, Funrural, serviços de comercialização, como recebimento,
secagem e armazenamento do produto.
Os fatores fixos são aqueles que não variam quando varia
a quantidade de área com produção. Por exemplo: depreciação, juro,
mão-de-obra permanente, ITR. Esta é uma noção de curto prazo
porque, a longo prazo, todos os fatores são variáveis.
Neste trabalho foi verificado o custo operacional da
produção das culturas utilizando os valores gastos com desembolso
total (insumos, mãos-de-obra, combustível, lubrificantes, e a
depreciação média das máquinas.
3.3.2.3 Margem operacional
A margem operacional é expressa pela diferença existente
entre a receita total e os custos operacionais.
O lucro se caracteriza pela diferença entre a receita total e
os custos totais, que compreendem o custo variável somado ao custo
fixo (KAY, 1983). Para efeitos de tomada de decisão e de análise
técnico-econômica, a margem bruta é a variável de maior uso
(SOLDATELI, 1991) e de maior flexibilidade, pois é menos rigorosa
quanto ao uso dos fatores, principalmente quanto à remuneração dos
fatores fixos. Assim, ela se adapta a múltiplos objetivos como critério
de decisão, principalmente às análises a priori, pelas quais se
comparam vantagens técnicas entre alternativas econômicas.
48
Como se deixam de lado os custos fixos, pode-se fazer
comparações de desempenho econômico ligado a fatores variáveis e a
índices técnicos de produtividade desses fatores, além de ser um
indicador mais palpável ao agricultor. A margem bruta é usual em
trabalhos nos quais se busca a melhoria dos resultados ligados às
técnicas que os agricultores usam, via comparação de grupos, como no
caso de gestão agrícola preconizada pela Associação de Crédito e
Assistência Técnica de Santa Catarina-Acaresc (HOLZ, 1994).
A margem operacional tem a diferença para a margem
bruta por o ter descontado os impostos e outros serviços fora da
propriedade.
A fórmula da margem operacional é a seguinte:
MO = RT – CO
MO = margem operacional,
RT = receita total,
CO = custo operacional
3.3.3 Cálculo dos índices energéticos
Foram utilizados os parâmetros de comparação
estabelecidos por Rodrigues et al. (1989), como rendimento energético
e eficiência energética do capital. Santos (1992) apresenta uma
metodologia semelhante ao autor anterior denominado de
produtividade cultural.
Como rendimento energético entende-se a relação
existente entre os fluxos de saída (output) e entrada (input) de energia.
Esse índice é dado pela seguinte expressão matemática:
RE=PAU/IENG, onde RE é o rendimento energético, PAU é a
49
produção agrícola útil expressa em equivalente energético e IENG
representa as entradas energéticas não gratuitas. Também pode ser
representada pela seguinte expressão: RE = OUTPUT / INPUT
A quantidade de energia foi calculada através da produção
de grãos, utilizando coeficientes energéticos da literatura (Tabela 3).
Tabela 3 – Coeficientes energéticos utilizados nos experimentos
Item Valor Unidade Fonte
Atrazina 74,262 Mcal/L Fluck e Baird, 1980
Aveia-branca (grão) 3,800 Mcal/kg Pimentel, 1980
Aveia-branca (palha) 0,622 Mcal/kg Pimentel, 1980
Canola (grão) 6,360 Mcal/kg Pimentel, 1980
Canola (palha) 1,335 Mcal/kg Hetz, 1994
Colheita 0,03313 Mcal/kg Ulbanere, 1989
Diesel 0,011414 Mcal/L Pimentel, 1980
Feijão (grão) 3,462 Mcal/kg Palma, 2001
Feijão (palha) 1,200 Mcal/kg Estimado
Fósforo 1,100 Mcal/kg Pimentel, 1980
Fungicida 48,970 Mcal/L Mori, 1998
Girassol (grão) 5,600 Mcal/kg Watt e Merrill, 1963
Girassol (palha) 1,042 Mcal/kg Hetz, 1994
Glifosato 108,100 Mcal/L Fluck e Baird, 1980
Herbicida 7,838 Mcal/kg Pimentel, 1980
Inoculante 3,000 Mcal/dose Hetz, 1994
Inseticida 87,455 Mcal/kg Pimentel, 1980
Milho (grão) 3,340 Mcal/kg Pimentel, 1980
Milho (palha) 0,540 Mcal/kg Quesada, 1987
Nabo forrageiro (grão) 6,414 Mcal/kg Siqueira et al., 2000
Nabo forrageiro (palha) 3,561 Mcal/kg Siqueira et al., 2000
Nitrogênio 15,247 Mcal/kg Ulbanere, 1989
Potássio 1,600 Mcal/kg Pimentel, 1980
Pulverização 0,05690 Mcal/kg Ulbanere, 1989
Semeadura 0,02769 Mcal/kg Ulbanere, 1989
Semente de aveia 4,108 Mcal/kg Pimentel, 1980
Semente de milho 24,806 Mcal/kg Pimentel, 1980
Semente de soja 7,584 Mcal/kg Pimentel, 1980
Semente de trigo 3,002 Mcal/kg Pimentel, 1980
Soja (grão) 3,980 Mcal/kg Kiel, 1969/70
Soja (palha) 1,462 Mcal/kg Pimentel, 1980
Transporte 0,192 Mcal/km Pimentel, 1980
Trigo (grão) 3,285 Mcal/kg Pimentel, 1980
Trigo (palha) 0,732 Mcal/kg Pimentel, 1980
Ervilha (grão) 0,75 Mcal/kg Nepa, 2004
Ervilha (palha) 1,2 Mcal/kg Estimado
50
A Demanda Específica de Energia (DEE) para tratores e
colhedoras foi considerada como sendo 16.690.000 kcal.t
-1
, enquanto
que para implementos a DEE foi assumida como valendo 13.670.000
kcal.t
-1
. Foram utilizados um trator de 83 cv; uma semeadora de 17
linhas para culturas de inverno, 7 linhas para soja e 5 linhas para
milho; um distribuidor de fertilizantes com capacidade de 1000 kg;
um pulverizador com capacidade de 600 L e realizado o cálculo de
uma colhedora com 5 saca-palhas.
Para fins de lculo, consultou-se as tabelas específicas
(PIMENTEL, 1980) e multiplicou-se o valor energético dos insumos
pela dose empregada, sem esquecer de computar a energia gasta para a
sua aplicação.
3.4 Análise estatística
Os resultados de cada experimento separadamente foram
submetidos à análise estatística, através da análise de variância pelo F
teste e da comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade de erro.
51
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos foram divididos em três áreas
distintas para a análise e discussão, sendo: a produção contendo o
rendimento de grãos obtido; a economia que demonstra os resultados
de custos e receitas obtidos nos diferentes tratamentos; a energia onde
se discute os resultados obtidos com os gastos energéticos e a
obtenção de ganhos de energia do sistema.
4.1 Área da produção
4.1.1 Experimento realizado pós–soja
O primeiro experimento foi realizado após a colheita da
cultura da soja que havia sido conduzida na safra 2005/2006. A
quantidade de cobertura morta na área antes da semeadura das culturas
de inverno/primavera no ano 2006 era de 6.179 kg de MS.ha
-1
.
a) Rendimento de grãos e de palha no inverno/primavera
O rendimento de grãos das culturas de inverno/primavera
pode ser visualizado na Tabela 4. Observa-se que o maior rendimento
de grãos foi colhido no tratamento com trigo, o qual teve como
cobertura verde o nabo forrageiro entre a cultura da soja da safra
anterior e a sua semeadura. O cultivo de nabo forrageiro antes do
trigo, proporcionou aumento de 350 kg.ha
-1
de trigo em comparação
com o cultivo do trigo diretamente sobre a palha de soja,
52
representando um aumento de 11,3 % no rendimento de grãos com
este sistema.
Tabela 4 Rendimento de grãos e de palha das culturas econômicas
no período de inverno/primavera, subseqüentes à cultura
da soja, safra 2006/2007
Culturas
Rendimento
(kg.ha
-1
)
Grãos % Palha %
Nabo/Trigo 3.436
a
242 5.956
a 278
Trigo 3.086
b
218 3.018
b 141
Aveia-branca 2.975
b
210 2.704
bc
126
Ervilha 1.475
c
104 1.919
d 89
Canola 1.416
c
100 5.583
a 261
Aveia-branca
+ nabo (cobertura)
0
d
0 5.626
a 263
Pousio 0
d
0 2.140
cd
100
C.V. (%) 4,82 6,31
DMS 243 694
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
O rendimento de grãos da cultura da aveia-branca não
diferiu da cultura do trigo, os quais diferiram das culturas da ervilha e
da canola, que possuem um potencial produtivo menor.
Os maiores rendimentos de palha foram obtidos nas
culturas de nabo/trigo, canola e a cobertura verde de aveia-branca +
nabo forrageiro. O pousio esteve coberto com azevém através do
banco de sementes natural da lavoura, o qual proporcionou a menor
quantidade de palha por área, mesmo com o maior tempo de
desenvolvimento, pois permaneceu na área de abril a outubro de 2006.
53
b) Rendimento de grãos da cultura da soja
A soja foi semeada em duas épocas após o cultivo das
culturas de inverno/primavera. Na primeira época (primeira quinzena
de novembro) a soja foi semeada sobre a cobertura verde (aveia-
branca + nabo forrageiro), pousio e canola. Na segunda época
(segunda quinzena de novembro) a soja foi semeada onde havia as
culturas da ervilha, trigo e aveia-branca (Tabela 5).
Tabela 5 Rendimento de grãos de soja após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura da soja, safra
2006/2007
Culturas antecessoras
Rendimento
de grãos
(kg.ha
-1
)
%
Diferença
(kg.ha
-1
)
Aveia-branca + nabo (cobertura) 4.090
a 111 1.687
Ervilha 3.760
b 102 1.357
Nabo/Trigo 3.741
b 102 1.338
Pousio 3.664
bc
100 1.261
Aveia-branca 3.398
c 93 995
Trigo 3.382
c 92 979
Canola 2.403
d 65 0
C.V. (%) 3,21
DMS 319
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
O maior rendimento de grãos de soja foi sobre o cultivo de
cobertura verde (aveia-branca + nabo forrageiro), o qual foi semeado
na primeira época, e comparado com o tratamento em pousio, obteve
426 kg.ha
-1
de grãos a mais, ou cerca de 11,6% de aumento de
rendimento.
Posteriormente, os tratamentos onde a soja foi cultivada
após a ervilha, nabo/trigo e pousio, não diferiram estatisticamente. Os
54
tratamentos pousio, aveia-branca e trigo, também não diferiram
estatisticamente entre si.
Os resultados obtidos divergem dos relatos de Santos
(1991), que não obteve diferença significativa no rendimento da soja
após diferentes culturas de inverno em 3 anos. Somente em um ano a
soja produziu rendimento de grãos significativamente superior após a
aveia-preta em detrimento após o trigo.
Santos e Reis (1990), não obtiveram diferenças
significativas no rendimento de soja na média de 5 anos consecutivos,
quando a soja semeada após trigo, linho, aveia, tremoço ou colza.
Nesses experimentos, a média de rendimento de grãos foi de 2.109
kg.ha
-1
.
Possivelmente, a diferença obtida no rendimento de soja
no presente experimento seja devida ao aumento da média de
produção, que se elevou, com conseqüente aumento da necessidade de
nutrientes, sendo influenciado pelo manejo realizado sobre as culturas
antecessoras à soja.
Observou-se que o menor resultado obtido no rendimento
de grãos, foi com o cultivo da soja após a canola. Em experimentos
realizados durante 5 anos por Santos e Reis (1991) com rotação de
culturas, os rendimentos da soja sobre a colza foram os menores
rendimentos de grãos, devido a colza ou canola ocasionar alelopatia, a
qual na decomposição dos seus restos culturais leva à liberação de
alguns compostos, que se acumulam no solo até atingirem
concentrações que se tornam inibidoras do crescimento da própria
planta (ALMEIDA, 1988).
55
c) Rendimento de grãos da cultura do milho
O milho foi semeado após o cultivo das culturas de
inverno/primavera em duas épocas. Na época denominado cedo, na
segunda quinzena de setembro, o milho foi semeado sobre a cobertura
verde (aveia-branca + nabo forrageiro) e pousio. Na época de segunda
quinzena de novembro, o milho foi semeado onde haviam as culturas
da canola, ervilha, trigo e aveia-branca (Tabela 6).
Tabela 6 Rendimento de grãos de milho após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura da soja, safra
2006/2007
Culturas antecessoras
Rendimento
de grãos
(kg.ha
-1
)
%
Diferença
(kg.ha
-1
)
Ervilha 12.593
a 116 2.586
Aveia-branca + nabo (cobertura) 12.578
a 116 2.571
Canola 11.374
b 105 1.367
Aveia-branca 11.349
b 105 1.342
Pousio 10.819
bc
100 812
Nabo/Trigo 10.558
bc
97 551
Trigo 10.007
c 92 0
C.V. (%) 3,01
DMS 975
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Os maiores rendimentos de grãos do milho foram obtidos
sobre a cultura da ervilha e cobertura verde (aveia-branca + nabo
forrageiro), sem diferirem entre si. Estes tratamentos foram semeados
no cedo, e comparados com o tratamento milho após pousio,
produziram 1.759 kg.ha
-1
de grãos a mais, o que corresponde a 16,2%
de aumento de rendimento.
56
Conforme Tomm et al. (2001), genótipos de ervilha
constituem opção de leguminosa anual de inverno para uso forrageiro
e para cobertura do solo, precedendo especialmente gramíneas como o
milho. No presente trabalho, observou-se também a importância da
ervilha como produtora de grãos, com resultado positivo precedendo o
milho e gerando rentabilidade.
Outra leguminosa, a ervilhaca foi estudada por Ceretta et
al. (2002), e junto com a aveia-preta determinou maior teor e acúmulo
de nitrogênio na parte aérea das plantas, o que deve ter acontecido
com o milho sobre a ervilha neste experimento.
Santos e Pottker (1990) não encontraram efeitos
significativos entre diferentes leguminosas de inverno (serradela,
ervilhaca e tremoço) sobre o rendimento de grãos de milho cultivado
posteriormente, sendo o maior rendimento obtido de 5.854 kg.ha
-1
,
bem abaixo do obtido neste trabalho.
Em experimento realizado por Carvalho et al. (2007)
comparando o rendimento do milho após diferentes coberturas verdes,
observou-se que os melhores rendimentos foram obtidos após a
cobertura com aveia preta + nabo forrageiro, não diferindo
estatisticamente dos demais tratamentos que possuíam mistura de
aveia mais alguma leguminosa, obtendo rendimento de grãos entre
8.312 e 9.846 kg.ha
-1
. Os autores concluíram que os tratamentos com a
presença de aveia preta produziram maior massa seca, o que
demonstra a importância de uma maior quantidade de biomassa.
Esses trabalhos mostraram que a cobertura verde depende
de gramíneas e de culturas que tenham uma decomposição mais
rápida, como as leguminosas e as brássicas. Este manejo deve ser
57
realizado com adequado suprimento de nitrogênio para que não haja
competição devido à elevada relação C/N das gramíneas.
Silva et al. (2008), obtiveram maior rendimento de grãos
de milho sobre a cobertura de nabo forrageiro em comparação com o
pousio, com diferença de 2.800 kg.ha
-1
quando não foi aplicado
nitrogênio. Quando foram aplicadas de 100 kg.ha
-1
ou 180 kg.ha
-1
de
nitrogênio não houve diferenças significativas entre os tratamentos.
Posteriormente, os tratamentos que tiveram o milho
cultivado após a canola, aveia-branca, nabo/trigo e pousio, não
diferiram estatisticamente. Os tratamentos pousio, nabo/trigo e trigo,
também não diferiram estatisticamente entre si.
Observou-se que os menores resultados obtidos no
rendimento de grãos, foram com o cultivo do milho após o trigo, o
diferindo estatisticamente com o pousio e nabo/trigo.
Mesmo, os menores rendimentos obtidos neste
experimento são muito superiores aos obtidos por Medeiros et al.
(1987), que utilizaram diferentes leguminosas e o uso de nitrogênio
antes do milho, com rendimento de grãos ximo de 5.490 kg.ha
-1
. A
melhoria das condições de manejo através do emprego de tecnologias
mais adequadas e o avanço genético, contribuíram significativamente
para obtenção de potencial produtivo que possibilita aumento de
rentabilidade aos produtores.
58
4.1.2 Experimento realizado pós–milho
O segundo experimento foi realizado após a colheita da
cultura do milho que havia na safra 2005/2006. A quantidade de
cobertura morta na área antes da semeadura das culturas de
inverno/primavera no ano 2006 era de 9.339 kg de MS.ha
-1
, portanto
51% mais matéria seca do que no experimento realizado pós-soja.
a) Rendimento de grãos no inverno/primavera
O rendimento de grãos das culturas de inverno/primavera
pode ser visualizado na Tabela 7.
Tabela 7 Rendimento de grãos das culturas econômicas no período
de inverno/primavera, subseqüentes à cultura do milho,
safra 2006/2007
Culturas
Rendimento
de grãos
(kg.ha
-1
)
%
Diferença
(kg.ha
-1
)
Nabo/Trigo 3.910
a 100 0
Aveia-branca 2.953
b 75,5 957
Trigo 2.826
b 72,2 1.084
Girassol 1.561
c 39,9 2.349
Ervilha 1.533
c 39,2 2.377
Canola 536
d 86,3 3.374
Aveia-branca + nabo (cobertura) 0
e 0 3.910
Pousio 0
e 0 3.910
C.V. (%) 4,57
DMS 220
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Observa-se que o maior rendimento de grãos foi no
tratamento com trigo, onde foi implantada cobertura verde com nabo
59
forrageiro entre a cultura do milho da safra anterior e a semeadura do
trigo. O cultivo de nabo forrageiro antes do trigo, proporcionou
aumento de 1.084 kg.ha
-1
de trigo em comparação com o cultivo do
trigo diretamente sobre a palha de milho, representando aumento de
38,3% de rendimento de grãos com este sistema.
O nabo forrageiro apresenta uma elevada capacidade de
ciclagem de nitrogênio e potássio (WIETHÖLTER, 2003). Com a
rapidez de decomposição da sua biomassa, proporciona um aporte de
nutrientes à cultura sucessora, que neste caso foi o trigo,
demonstrando a necessidade inicial da cultura de modo especial de
nitrogênio para definição do potencial produtivo que se realiza durante
o perfilhamento.
Em trabalho semelhante, Bianchi et al. (1997), obtiveram
um aumento no rendimento de grãos de trigo de 13%, quando esta
cultura foi implantada sobre o nabo forrageiro intercalar, em
comparação com o pousio.
O aumento do rendimento de grãos pode ser explicado
pelo maior acúmulo de nitrogênio pelo trigo quando semeado sobre
nabo forrageiro (ROSSATO, 2004).
Kochhann et al. (2003) encontraram até 800 kg.ha
-1
a mais
de rendimento de grãos de trigo quando foi incluído o nabo forrageiro
intercalar após o milho, sendo que a partir desse trabalho iniciou a
recomendação dessa tecnologia pela Comissão Sul-Brasileira de
Pesquisa de Trigo.
O rendimento de grãos da cultura da aveia-branca não
diferiu da cultura do trigo, os quais superaram as culturas da ervilha,
girassol e canola, que possuem um potencial produtivo menor.
60
b) Rendimento de grãos da cultura da soja
A soja foi semeada em três épocas após o cultivo das
culturas de inverno/primavera. Na época denominada cedo, na
primeira quinzena de novembro, a soja foi semeada sobre a cobertura
verde (aveia-branca + nabo forrageiro), pousio e canola. Na época da
segunda quinzena de novembro, a soja foi semeada onde haviam as
culturas da ervilha, trigo e aveia-branca. Na terceira época, a soja foi
semeada após a colheita do girassol, na segunda quinzena de
dezembro, devido ao ciclo desta cultura, fora da época recomendada
(Tabela 8).
Tabela 8 Rendimento de grãos de soja após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura do milho,
safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Rendimento
de grãos
(kg.ha
-1
)
%
Diferença
(kg.ha
-1
)
Aveia-branca + nabo (cobertura) 3.888
a 118 1.135
Aveia-branca 3.682
a 112 929
Nabo/Trigo 3.608
ab
110 855
Pousio 3.286
bc
100 533
Ervilha 3.256
c 99 503
Trigo 3.104
cd
94 351
Canola 2.861
de
87 108
Girassol 2.753
e 84 0
C.V. (%) 3,46
DMS 329
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Os maiores rendimentos de grãos da soja foram obtidos
após o cultivo de cobertura verde (aveia-branca + nabo forrageiro) e
aveia-branca, sem diferir do tratamento nabo/trigo. A soja cultivada
61
após a cobertura verde, que foi semeada no cedo, comparada com o
tratamento em pousio, produziu 602 kg.ha
-1
de grãos a mais, o que
representa um aumento de rendimento de 18,3 %.
Quando a semeadura da soja foi na segunda quinzena de
novembro, os tratamentos com aveia-branca e nabo/trigo foram
superiores em comparação aos demais cultivos.
Os tratamentos que tiveram a soja cultivada após
nabo/trigo e pousio, não diferiram estatisticamente; além de que o
pousio, ervilha e trigo, também não diferiram estatisticamente.
Os menores rendimentos da cultura de soja foram
posteriormente a canola e girassol, devido a problemas de germinação
excessiva de canola (grãos perdidos na colheita) em pós-semeadura de
soja, e no caso do girassol pela semeadura tardia, fora de época para a
soja.
c) Rendimento de grãos da cultura do feijão
O feijão foi semeado em três épocas após o cultivo das
culturas de inverno/primavera. Na época cedo, na segunda quinzena
de outubro, o feijão foi semeado sobre a cobertura verde (aveia-branca
+ nabo forrageiro) e pousio. E na época da segunda quinzena de
novembro, o feijão foi semeado onde haviam as culturas da canola,
ervilha, trigo e aveia-branca. A cultura do feijão foi semeada sobre o
girassol na segunda quinzena de dezembro, devido ao ciclo desta
cultura.
O maior rendimento de grãos do feijão foi obtido sobre o
cultivo de nabo/trigo, cobertura verde (aveia-branca + nabo
62
forrageiro) e trigo, não diferindo estatisticamente dos tratamentos com
girassol e aveia-branca (Tabela 9).
O cultivo de feijão semeado no cedo sobre a cobertura
verde comparado com o tratamento em pousio, produziu 402 kg.ha
-1
de grãos a mais equivalendo a 19,7 % de aumento de rendimento.
Tabela 9 Rendimento de grãos de feijão após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura do milho, safra
2006/2007
Culturas antecessoras
Rendimento
de grãos
(kg.ha
-1
)
%
Diferença
(kg.ha
-1
)
Nabo/Trigo 2.448
a 120 863
Aveia-branca + nabo (cobertura) 2.436
a 120 851
Trigo 2.354
a 116 769
Girassol 2.250
ab
110 665
Aveia-branca 2.247
ab
110 662
Pousio 2.034
bc
100 449
Canola 1.958
c 96 372
Ervilha 1.585
d 78 0
C.V. (%) 3,93
DMS 245
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
O tratamento onde o feijão foi cultivado após o pousio,
não diferiu estatisticamente dos tratamentos com girassol e aveia-
branca, mas superou o tratamento com ervilha.
O menor rendimento de grãos da cultura de feijão foi
obtido sobre a cultura da ervilha.
63
4.2 Análise econômica
A análise econômica das culturas e dos sistemas de
produção mostrou as diferenças entre as seqüências e o manejo de
cada cultura, implicando no resultado econômico final ao produtor.
4.2.1 Experimento realizado pós–soja
a) Análise econômica das culturas de inverno/primavera
O custo de implantação das culturas de inverno/primavera
teve valor bem distinto entre as culturas, mas o houve variabilidade
dentro de cada cultura, pois as despesas de insumos e serviços foram
iguais. Isso impediu a realização da análise de variância do custo
operacional. Os valores econômicos contabilizados podem ser
observados na Tabela 10.
Tabela 10 – Análise econômica das culturas econômicas no período de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura da soja, safra
2006/2007
Culturas
Custo
operacional
(R$.ha
-1
)
Receita
bruta
(R$.ha
-1
)
Margem
operacional
(R$.ha
-1
)
Nabo/trigo 917,15 1.374,67
a 457,51
a
Trigo 847,15 1.234,67
b 387,51
a
Aveia-branca 656,15 892,50
c 236,35
b
Ervilha 502,00 737,50
d 235,50
b
Canola 568,00 708,33
d 140,33
b
Pousio 0,00 0,00
e 0,00
c
A. branca+nabo (cob.) 72,00 0,00
e -72,00
c
C.V. (%) - 5,85 20,89
DMS - 118 118
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
64
O custo de implantação do trigo foi superior em números
absolutos, em comparação com as demais culturas, seguido pela
cultura da aveia-branca.
Para suportar um custo maior, o objetivo é que se tenha
um retorno maior também, pois o contrário não justifica o seu uso
(FLOSS, 2001). Com isso, pode-se observar que a cultura do trigo que
possui maior custo de produção, também obteve os maiores valores de
receita bruta e margem operacional.
Salienta-se que a margem operacional obtida com o
cultivo do sistema nabo/trigo foi superior ao trigo em R$ 70,00, o que
representa 18% a mais.
O valor de margem operacional negativa do cultivo da
cobertura verde (aveia branca + nabo) é devido aos custos de sua
implantação e a não produção de grãos.
b) Análise econômica da cultura da soja
O custo de implantação da cultura da soja o teve
diferença de despesas de insumos e serviços. Os valores econômicos
da soja podem ser observados na Tabela 11.
A diferença de receita bruta e margem operacional entre os
tratamentos onde a soja foi cultivada são devidas diretamente ao
rendimento de grãos. Ou seja, quanto maior o rendimento de grãos,
maior foi o resultado econômico para a cultura da soja, evidenciando
que no experimento, a cobertura verde no inverno teve efeito direto na
maior margem operacional, com diferença de R$ 843,17 para a pior
cultura antecessora que foi a canola, representando 132% a mais.
65
Tabela 11 Análise econômica da soja após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura da soja,
safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Custo
operacional
(R$.ha
-1
)
Receita
bruta
(R$.ha
-1
)
Margem
operacional
(R$.ha
-1
)
A. branca+nabo (cob.) 563,90 2.045,00
a 1.481,10
a
Ervilha 563,90 1.879,67
ab 1.316,00
ab
Nabo/trigo 563,90 1.870,50
b 1.306,60
b
Pousio 563,90 1.832,00
bc 1.268,10
bc
Trigo 563,90 1.691,33
cd 1.125,43
cd
Aveia-branca 563,90 1.649,17
d 1.085,27
d
Canola 563,90 1.201,83
e 637,93
e
C.V. (%) - 3,35 4,95
DMS - 166 166
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
A maior margem operacional proporcionada pela soja
após cobertura verde (aveia branca + nabo) reflete que foi o único
tratamento que diferiu estatisticamente do pousio. Os demais
tratamentos foram iguais ou inferiores ao pousio.
c) Análise econômica da cultura do milho
O custo de implantação da cultura do milho não teve
diferença de despesas de insumos e serviços. Os valores econômicos
contabilizados na cultura do milho podem ser observados na Tabela
12.
O maior resultado econômico para a cultura do milho foi
obtido após o cultivo da ervilha e da cobertura verde (aveia-branca +
nabo forrageiro), evidenciando que no experimento, a ervilha no
inverno teve efeito direto na maior margem operacional, com
66
diferença de R$ 775,60 para a pior cultura antecessora que foi o trigo,
representando 38,7 % a mais.
Tabela 12 Análise econômica do milho após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura da soja,
safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Custo
operacional
(R$.ha
-1
)
Receita
bruta
(R$.ha
-1
)
Margem
operacional
(R$.ha
-1
)
Ervilha 1.001,90 3.777,90
a 2.776,00
a
A. branca+nabo (cob.) 1.001,90 3.773,60
a 2.771,70
a
Canola 1.001,90 3.412,40
b 2.410,50
b
Aveia-branca 1.001,90 3.404,70
b 2.402,80
b
Pousio 1.001,90 3.245,90
bc 2.244,00
bc
Nabo/trigo 1.001,90 3.160,40
bc 2.158,50
bc
Trigo 1.001,90 3.002,30
c 2.000,40
c
C.V. (%) - 2,99 4,24
DMS - 290,38 290,38
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Para Silva et al. (2008), a maior margem bruta obtida com
a cultura do milho foi sobre o nabo forrageiro com R$ 1.523,00.ha
-1
,
em comparação com o pousio que foi de R$ 923,00.ha
-1
, mostrando a
importância da cobertura verde durante o inverno, resultando maior
rentabilidade para o produtor, que neste caso foi de R$ 600,00.ha
-1
a
mais.
No presente trabalho a diferença de margem operacional
entre a cobertura verde e o pousio foi de R$ 527,70.ha
-1
positivo para
a cobertura verde, portanto, resultado aproximado ao encontrado pelo
autor citado anteriormente.
67
d) Análise econômica dos sistemas de produção
Economicamente, a melhor seqüência de cultivo após a
soja foi verificada nos tratamento ervilha após milho (R$ 3.011,50 .ha
-
1
) e cobertura verde (aveia-branca + nabo forrageiro) após milho (R$
2.699,50 .ha
-1
), conforme Tabela 13.
Tabela 13 Análise econômica dos sistemas de produção
subseqüentes à cultura da soja, safra 2006/2007
Culturas de
Inverno/Primavera
Culturas
de verão
Receita
bruta
(R$.ha
-1
)
Margem
operacional
(R$.ha
-1
)
Ervilha Milho 4.515,40
a 3.011,50
a
A. branca+nabo (cob.)
Milho 3.773,60
c 2.699,70
ab
Aveia-branca Milho 4.298,20
ab 2.640,15
b
Nabo/trigo Milho 4.535,07
a 2.616,02
b
Canola Milho 4.120,73
b 2.550,83
bc
Trigo Milho 4.248,97
ab 2.387,92
bc
Pousio Milho 3.245,90
d 2.244,00
c
Nabo/trigo Soja 3.245,17
d 1.764,12
d
Ervilha Soja 2.617,50
ef 1.551,60
de
Trigo Soja 2.926,00
de 1.514,95
de
A. branca+nabo (cob.)
Soja 2.045,00
g 1.481,10
de
Aveia-branca Soja 2.541,67
f 1.321,62
e
Pousio Soja 1.832,00
g 1.268,10
e
Canola Soja 1.906,83
g 678,27
f
C.V. (%) 3,37 5,46
DMS 332,56 325,66
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Os valores dos produtos foram verificados na época da
colheita de cada cultura, sendo que independente da cultura de
inverno/primavera, os tratamentos com milho em seqüência à essas
culturas tiveram resultado econômico melhor do que o cultivo de soja
em seqüência.
68
A diferença entre os resultados econômicos, do
tratamento mais rentável (ervilha após milho), que não diferiu da
cobertura verde foi de R$ 3.011,50.ha
-1
para o menos rentável (canola
após soja) que foi de R$ 678,27.ha
-1
, é de R$ 2.333,23.ha
-1
, o que
representa 344% a mais.
4.2.2 Experimento realizado pós–milho
a) Análise econômica das culturas de inverno/primavera
O custo de implantação das culturas de inverno/primavera
tiveram valores bem distintos entre as culturas, mas não houve
diferença dentro de cada cultura, pois as despesas de insumos e
serviços foram iguais, motivo pelo qual não se realizou a análise de
variância do custo operacional. Os valores econômicos contabilizados
podem ser observados na Tabela 14.
O custo operacional de implantação do trigo foi superior
em números absolutos, em comparação com as demais culturas,
seguido pela cultura da aveia-branca.
Observa-se que a cultura do trigo, que possui maior custo
de produção, também obteve os maiores valores de receita bruta e
margem operacional.
Salienta-se que o valor obtido com o cultivo do sistema
nabo/trigo foi superior ao trigo em R$ 323,33 na margem operacional,
o que representa 116,5% a mais, diferindo estatisticamente dos demais
tratamentos.
69
Tabela 14 – Análise econômica das culturas econômicas no período de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura do milho,
safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Custo
operacional
(R$.ha
-1
)
Receita
bruta
(R$.ha
-1
)
Margem
operacional
(R$.ha
-1
)
Nabo/trigo 963,15 1.564,00
a 600,85
a
Trigo 853,15 1.130,67
b 277,52
b
Ervilha 502,00 766,67
d 264,67
b
Aveia-branca 656,15 886,00
c 229,85
b
Girassol 568,00 780,83
d 212,83
b
Pousio 0,00 0,00
f 0,00
c
A. branca+nabo (cob.) 72,00 0,00
f -72,00
c
Canola 568,00 318,33
e -249,67
d
C.V. (%) - 4,90 21,10
DMS - 96,06 96,06
Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
O valor de margem operacional negativa do cultivo da
cobertura verde é devido aos custos de sua implantação e a falta de
produção de grãos.
No tratamento de cultivo da canola, houve margem
operacional negativa, devido a receita bruta ser abaixo do custo de
produção, evidenciado pelo baixo rendimento de grãos causado pela
baixa população, pois a palha de milho que existia na área no
momento da semeadura da canola dificultou o estabelecimento de uma
população de plantas adequada.
b) Análise econômica da cultura da soja
O custo de implantação da cultura da soja o teve
diferença de despesas de insumos e serviços, o que motivou a não
70
realização da análise de variância do custo operacional. Os valores
econômicos da soja podem ser observados na Tabela 15.
Tabela 15 Análise econômica da soja após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura do milho,
safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Custo
operacional
(R$.ha
-1
)
Receita
bruta
(R$.ha
-1
)
Margem
operacional
(R$.ha
-1
)
A. branca+nabo (cob.) 563,90 1.944,00
a 1.380,10
a
Aveia-branca 563,90 1.841,00
a 1.277,10
a
Nabo/trigo 563,90 1.804,00
ab 1.240,10
ab
Ervilha 563,90 1.678,33
bc 1.114,43
bc
Pousio 563,90 1.643,00
c 1.079,10
c
Trigo 563,90 1.552,00
cd 988,10
cd
Canola 563,90 1.430,83
de 866,93
de
Girassol 563,90 1.376,83
e 812,93
e
C.V. (%) - 3,36 5,09
DMS - 160,70 160,70
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
A diferença de receita bruta e margem operacional entre os
tratamentos onde a soja foi cultivada são devidas diretamente ao
rendimento de grãos. Quanto maior o rendimento de grãos, maior foi o
resultado econômico para a cultura da soja, evidenciando que no
experimento, a cobertura verde no inverno, a aveia-branca e o
nabo/trigo tiveram efeito direto na maior margem operacional, com
diferença de até R$ 567,17 para a pior cultura antecessora que foi o
girassol, representando 69,7% a mais. Devido estes valores, houve
diferença significativa para as demais culturas antecessoras.
71
c) Análise econômica da cultura do feijão
O custo de implantação da cultura do feijão não teve
diferença de despesas de insumos e serviços, motivando a não
realização da análise de variância do custo operacional. Os valores
econômicos contabilizados do feijão podem ser observados na Tabela
16.
Tabela 16 Análise econômica do feijão após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes à cultura do milho,
safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Custo
operacional
(R$.ha
-1
)
Receita
bruta
(R$.ha
-1
)
Margem
operacional
(R$.ha
-1
)
Nabo/trigo 843,95 1.836,50
a 992,55
a
A. branca+nabo (cob.) 843,95 1.827,25
a 983,30
a
Trigo 843,95 1.765,50
a 921,55
a
Girassol 843,95 1.687,75
ab 843,80
ab
Aveia-branca 843,95 1.685,50
ab 841,55
ab
Pousio 843,95 1.525,75
bc 681,80
bc
Canola 843,95 1.469,00
c 625,05
c
Ervilha 843,95 1.189,00
d 345,05
d
C.V. (%) - 3,93 8,19
DMS - 183,84 183,84
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
O maior resultado econômico para a cultura do feijão foi
obtido após o cultivo de nabo/trigo, cobertura verde (aveia-branca +
nabo forrageiro), trigo, girassol e aveia-branca, evidenciando que no
experimento, o nabo/trigo no inverno teve efeito direto na maior
margem operacional, com diferença de R$ 647,50 para a pior cultura
antecessora que foi a ervilha, representando 187,6% a mais.
72
O maior número de tratamentos sem diferença
significativa deve-se ao fato de que o feijão tem condições de ser
semeado em um espaço de tempo maior que as culturas da soja e
milho, sendo menos sensível a quantidade e tipo de palha da cultura
antecessora. Os cultivos após o pousio, canola e ervilha evidenciaram
uma diminuição significativa na margem operacional.
d) Análise econômica dos sistemas de produção
Economicamente, a melhor seqüência de cultivo após o
milho foi verificada no tratamento nabo/trigo após soja (R$
1.840,95.ha
-1
), conforme a Tabela 17.
Os valores dos produtos foram verificados na época da
colheita de cada cultura, sendo que independente da cultura sucessora,
os tratamentos com nabo/trigo no inverno foram os melhores.
A diferença entre os resultados econômicos, do melhor
tratamento (nabo/trigo após soja) que foi de R$ 1.840,95.ha
-1
para o
pior tratamento (canola após feijão) que foi de R$ 376,38.ha
-1
, é de R$
1.464,57.ha
-1
, o que representa 389,1% a mais.
Os sistemas trigo/soja e aveia-preta + ervilhaca
pastejadas/milho, de acordo com Ambrosi et al. (1999), mostraram-se
as melhores alternativas de produção para Passo Fundo, RS, do ponto
de vista de rentabilidade e de menor risco. São sistemas que podem ser
aperfeiçoados com manejos tecnológicos modernos, o que demonstra
que os sistemas soja-ervilha-milho, soja-cobertura verde-milho e
milho-nabo/trigo-soja, deve ter culturas diferentes, e necessitam da
cultura do milho para aumentar a biomassa e a rentabilidade de todo
sistema.
73
Tabela 17 Análise econômica dos sistemas de produção
subseqüentes à cultura do milho, safra 2006/2007
Culturas de
Inverno/Primavera
Culturas
de verão
Receita
bruta
(R$.ha
-1
)
Margem
operacional
(R$.ha
-1
)
Nabo/trigo Soja 3.368,00
ab 1.840,95
a
Nabo/trigo Feijão 3.400,50
a 1.593,40
b
Aveia-branca Soja 2.727,00
cd 1.506,95
bc
Ervilha Soja 2.445,00
cde 1.379,10
cd
A. branca+nabo (cob.)
Soja 1.944,00
fgh 1.308,10
d
Trigo Soja 2.349,33
def 1.265,62
d
Trigo Feijão 2.896,17
bc 1.199,07
de
Pousio Soja 1.643,00
h 1.079,10
ef
Aveia-branca Feijão 2.571,50
cde 1.071,40
ef
Girassol Feijão 2.468,58
cde 1.056,63
ef
Girassol Soja 2.157,67
efg 1.025,77
ef
A. branca+nabo (cob.)
Feijão 1.827,25
gh 983,30
f
Pousio Feijão 1.525,75
h 681,80
g
Canola Soja 1.715,83
gh 617,26
g
Ervilha Feijão 1.955,67
fgh 609,72
g
Canola Feijão 1.787,33
gh 376,38
h
C.V. (%) 6,92 5,47
DMS 483,82 183,05
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Para Santos et al. (1999a), os sistemas (trigo/soja,
colza/soja, tremoço ou serradela/soja) e (trigo/soja, colza/soja,
linho/soja e tremoço ou serradela/milho) são as melhores alternativas,
sendo o primeiro mais rentável e de menor risco. Em observações
realizadas a campo, a rotação colza ou canola/soja, apresentou
problemas de alelopatia, o que atrasa a semeadura da soja, podendo ter
causado as perdas de rendimento como no presente trabalho.
Tanto os trabalhos relatados, quanto nos presentes
experimentos, observa-se a importância da produção de grãos pelas
74
culturas de inverno para aumentar o retorno econômico, com objetivo
de maior rentabilidade e menor risco para todo sistema.
4.3 Análise energética
A análise energética considerou os gastos energéticos
(INPUT) e a produção de energia (OUTPUT) pelas culturas, as quais
são evidenciadas pelos grãos (produtos econômicos).
4.3.1 Experimento realizado pós–soja
a) Análise energética das culturas de inverno/primavera
Na Tabela 18, pode-se observar os resultados obtidos com
a entrada e saída de energia pelas culturas de inverno/primavera.
Tabela 18 Entrada (INPUT) e saída (OUTPUT) de energia na
produção das culturas de inverno/primavera,
subseqüentes à soja, safra 2006/2007
Produção de energia (OUTPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Culturas
Gasto de
energia
(INPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Grãos
Aveia-branca 3.181 11.305 a
Nabo/trigo 5.830 11.289 a
Trigo 4.979 10.139 ab
Canola 2.036 9.009 b
Ervilha 1.286 5.106 c
Av. branca + nabo (cob.)
534 0 d
Pousio 0 0 d
C.V. (%) - 6,10
DMS - 1.166
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
75
O maior gasto de energia foi verificado na cultura do
nabo/trigo (5.830 Mcal.ha
-1
), o qual teve uma das maiores produções
de energia pelos grãos (11.289 Mcal.ha
-1
), junto com os tratamentos
de aveia-branca (11.305 Mcal.ha
-1
) e trigo (10.139 Mcal.ha
-1
), que não
diferiram estatisticamente entre si.
A menor produção de energia pelas culturas produtoras de
grãos foi obtida pela ervilha com 5.106 Mcal.ha
-1
, que a cobertura
verde e o pousio não originaram produção de grãos.
Na China, obteve-se resultados de custo de energia do
trigo entre 2.502 a 2.689 Mcal.ha
-1
, e a produção de energia entre
6.553 e 6.683 Mcal.ha
-1
, segundo Dazhong e Pimentel (1984), abaixo
dos obtidos pelo presente trabalho em todos os experimentos.
Os valores da diferença entre a energia produzida e a
energia gasta e da eficiência energética, estão evidenciados na Tabela
19.
Tabela 19 Margem e eficiência energética na produção das culturas
de inverno/primavera, subseqüentes à soja, safra
2006/2007
Culturas
Margem
energética
(Mcal.ha
-1
)
Eficiência
energética
Aveia-branca 8.124
a 3,55
b
Canola 6.973
a 4,42
a
Nabo/trigo 5.459
b 1,93
c
Trigo 5.160
b 2,03
c
Ervilha 3.820
c 3,97
ab
Av. branca + nabo (cob.)
0
d 0
d
Pousio 0
d 0
d
C.V. (%) 9,85 10,13
DMS 1.266 0,65
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
76
As maiores margens energéticas foram verificadas nas
culturas da aveia-branca e canola, as quais diferiram estatisticamente
dos demais tratamentos. As menores margens energéticas foram
evidenciadas pelo pousio e pela cobertura verde, devido não
apresentarem produção de grãos.
Quanto à eficiência energética, observa-se que a canola e a
ervilha obtiveram os melhores resultados, devido ao baixo gasto de
energia para seu cultivo.
Na cultura do trigo, experimentos realizados na China,
segundo Dazhong e Pimentel (1984), obtiveram eficiência energética
entre 2,44 e 2,67 o que ficou acima do resultado obtido pelo presente
trabalho.
b) Análise energética da cultura da soja
Na Tabela 20, observa-se os resultados obtidos com a
entrada e saída de energia pela soja após as culturas de
inverno/primavera.
O maior gasto de energia foi verificado após o cultivo da
cobertura verde (aveia-branca + nabo forrageiro) (3.193 Mcal.ha
-1
), o
qual teve a maior produção de energia (16.277 Mcal.ha
-1
), não
diferindo estatisticamente da ervilha.
Na China, obteve-se resultados de custo de energia da soja
entre 2.056 a 3.952 Mcal.ha
-1
, com valores abaixo e superiores aos
obtidos por este experimento, e a produção de energia entre 5.067 e
6.691 Mcal.ha
-1
, segundo Dazhong e Pimentel (1984), abaixo dos
obtidos pelo presente trabalho em todos os experimentos.
77
Tabela 20 Entrada (INPUT) e saída (OUTPUT) de energia na
produção de soja após as culturas de inverno/primavera,
subseqüentes à soja, safra 2006/2007
Produção de energia (OUTPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Culturas antecessoras
Gasto de
energia
(INPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Grãos
Av. branca + nabo (cob.)
3.193 16.277 a
Ervilha 3.079 14.964 ab
Nabo/trigo 3.073 14.888 b
Pousio 3.046 14.582 bc
Trigo 2.949 13.462 cd
Aveia-branca 2.920 13.126 d
Canola 2.611 9.566 e
C.V. (%) - 3,35
DMS - 1.324
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Ao final do cultivo, o que mais interessa são os valores da
diferença entre a energia produzida e a energia gasta, sendo
evidenciados os resultados da soja na Tabela 21.
Tabela 21 Margem e eficiência energética na produção de soja após
as culturas de inverno/primavera, subseqüentes à soja,
safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Margem
energética
(Mcal.ha
-1
)
Eficiência
energética
Av. branca + nabo (cob.)
13.084
a 5,09
a
Ervilha 11.885
ab 4,86
ab
Nabo/trigo 11.815
abc 4,84
ab
Pousio 11.536
bc 4,79
ab
Trigo 10.513
cd 4,56
b
Aveia-branca 10.206
d 4,49
b
Canola 6.953
e 3,66
c
C.V. (%) 4,27 3,67
DMS 1.326 0,48
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
78
As maiores margens energéticas foram obtidas quando a
soja foi cultivada sobre a cobertura verde (aveia-branca + nabo
forrageiro) com 13.084 Mcal.ha
-1
, ervilha com 11.885 Mcal.ha
-1
e
nabo/trigo com 11.815 Mcal.ha
-1
, as quais diferiram estatisticamente
dos demais tratamentos. A menor margem energética foi evidenciada
pela canola com 6.953 Mcal.ha
-1
.
Quanto à eficiência energética, observa-se que a cobertura
verde (aveia-branca + nabo forrageiro) foi o melhor resultado (5,09),
não diferindo estatisticamente dos tratamentos sucessores a ervilha,
nabo/trigo e pousio, e superando estatisticamente os tratamentos trigo,
aveia-branca e canola.
Na cultura da soja, em experimentos realizados na China,
por Dazhong e Pimentel (1984), a eficiência energética entre 1,64 e
2,83, o que ficou abaixo ao presente trabalho, e evidencia o potencial
energético dessa cultura para a região Norte do Rio Grande do Sul.
c) Análise energética da cultura do milho
Na Tabela 22, observam-se os resultados obtidos com as
entradas e saídas de energia pelo cultivo do milho após as culturas de
inverno/primavera.
O maior gasto de energia foi verificado após o cultivo de
ervilha (8.237 Mcal.ha
-1
) e da cobertura verde (aveia-branca + nabo
forrageiro) (8.232 Mcal.ha
-1
), os quais tiveram a maior produção de
energia (42.060 e 42.010 Mcal.ha
-1
, respectivamente), diferindo
estatisticamente dos demais tratamentos.
Em trabalho realizado por Pimentel (1984), com produção
de milho nos Estados Unidos, obteve-se rendimento de milho de 5.394
79
kg.ha
-1
, e produção de energia de 19.148 Mcal.ha
-1
. Observa-se que o
rendimento de milho ocorrido neste presente trabalho foi superior aos
de Pimentel, inclusive o custo energético, pois no trabalho americano
teve um gasto energético de 6.532 Mcal.ha
-1
.
Tabela 22 Entrada (INPUT) e saída (OUTPUT) de energia na
produção de milho após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes à soja, safra 2006/2007
Produção de energia (OUTPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Culturas antecessoras
Gasto de
energia
(INPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Grãos
Ervilha 8.237 42.060 a
Av. branca + nabo (cob.)
8.232 42.012 a
Canola 7.816 37.990 b
Aveia-branca 7.808 37.905 b
Pousio 7.625 36.137 bc
Nabo/trigo 7.526 35.185 bc
Trigo 7.344 33.523 c
C.V. (%) - 2,96
DMS - 3.198
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade de erro.
O balanço de energia da cultura do milho foi positivo e
cada unidade de energia de origem fóssil investida na produção de
milho foi revertida em 4,08 unidades de energia, contidas nos grãos de
milho colhidos, de acordo com Ulbanere (1989).
Conforme Pimentel e Hall (1984), a taxa de entrada de
energia para a saída de energia foi de 1:1,7 em milho nos Estados
Unidos.
Na China, Dhazong e Pimentel (1984) relatam custos
energéticos na produção de milho entre 1.918 e 5.567 Mcal.ha
-1
, e a
produção de energia entre 4.682 e 17.447 Mcal.ha
-1
.
80
Esses resultados obtidos nos Estados Unidos e China
mostram o potencial que o Brasil possui na produção de grãos e
conseqüentemente de energia pela cultura do milho.
Os valores da diferença entre a energia produzida e a gasta
e da eficiência energética da cultura do milho, são evidenciados na
Tabela 23.
Tabela 23 Margem e eficiência energética na produção de milho
após as culturas de inverno/primavera, subseqüentes à
soja, safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Margem
energética
(Mcal.ha
-1
)
Eficiência
energética
Ervilha 33.823
a 5,10
ns
Av. branca + nabo (cob.)
33.780
a 5,10
Canola 30.174
ab `4,86
Aveia-branca 30.097
ab 4,85
Pousio 28.512
b 4,74
Nabo/trigo 27.659
b 4,67
Trigo 27.578
b 4,75
C.V. (%) 4,96 4,07
DMS 4.283 0,56
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
As maiores margens energéticas foram verificadas sobre
ervilha, cobertura verde (aveia-branca + nabo forrageiro), canola e
aveia-branca, os quais diferiram estatisticamente dos demais
tratamentos. A menor margem energética foi evidenciada sobre o
trigo, o que foi devido à menor produção de milho após esta cultura
(Tabela 5).
Quanto à eficiência energética, não houve diferença
estatisticamente significativa entre os tratamentos.
81
Os valores de eficiência energética na cultura do milho
foram superiores a 4,75, acima dos valores encontrados por Ulbanere
(1989), de 4,08 em São Paulo, devido principalmente a melhoria de
tecnologias, genética e maior eficiência de produção.
Em experimento realizado por Pimentel (1984), a
eficiência energética foi de 2,93, abaixo dos valores obtidos por este
experimento cerca de 50%.
Da mesma forma, observações em experimentos
realizados na China, por Dazhong e Pimentel (1984), dão conta de que
a eficiência energética obtida foi entre 2,44 e 3,63.
d) Análise energética dos sistemas de produção após soja
Os melhores resultados obtidos, com base na margem
energética, foram com o milho em sucessão às culturas de
inverno/primavera, tendo como supremacia as sucessões a aveia-
branca, a ervilha e a canola, como pode ser observado na Tabela 24.
Já, os melhores resultados com a cultura da soja, com base
na margem energética, foram após aveia-branca, nabo/trigo, ervilha e
trigo que superaram as demais culturas de inverno e o pousio.
82
Tabela 24 Análise energética dos sistemas de produção,
subseqüentes à soja, safra 2006/2007
Culturas de
Inverno/Primavera
Culturas de
verão
Energia
total
(Mcal.ha
-1
)
Margem
energética
(Mcal.ha
-1
)
Eficiência
energética
Aveia-branca Milho 49.210 a 38.221 a 4,47 b
Ervilha Milho 47.166 a 37.643 a 4,95 a
Canola Milho 47.000 ab
37.148 ab 4,77 ab
Av. branca + nabo (cob.)
Milho 42.012 b 33.246 bc 4,79 ab
Nabo/trigo Milho 46.473 a 33.118 bc 3,48 e
Trigo Milho 45.062 ab
32.739 c 3,65 de
Pousio Milho 36.137 c 28.512 d 4,74 ab
Aveia-branca Soja 24.431 d 18.330 e 4,00 cd
Nabo/trigo Soja 26.177 d 17.274 ef 2,94 f
Ervilha Soja 20.070 ef 15.705 efg 4,59 ab
Trigo Soja 23.601 de
15.673 efgh
2,97 f
Canola Soja 18.574 fg 13.927 fgh
4,00 cd
Av. branca + nabo (cob.)
Soja 16.277 fg 12.550 gh 4,37 bc
Pousio Soja 14.582 g 11.536 h 4,79 ab
C.V. (%) 4,23 5,59 3,62
DMS 4.155 4.155 0,45
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
4.3.2 Experimento realizado pós–milho
a) Análise energética das culturas de inverno/primavera
Na Tabela 25, observa-se os resultados obtidos com as
entradas e saídas de energia pelas culturas de inverno/primavera.
O maior gasto de energia foi verificado na cultura do
nabo/trigo (7.023 Mcal.ha
-1
), a qual teve a maior produção de energia
pelos grãos (12.844 Mcal.ha
-1
), diferindo estatisticamente dos demais
tratamentos.
A menor produção de energia com grãos foi obtida com a
canola com 4.048 Mcal.ha
-1
, devido ao baixo rendimento de grãos.
83
Tabela 25 Entrada (INPUT) e saída (OUTPUT) de energia na
produção das culturas de inverno/primavera,
subseqüentes ao milho, safra 2006/2007
Produção de energia (OUTPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Culturas
Gasto de
energia
(INPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Grãos
Nabo/trigo 7.023 12.844 a
Aveia-branca 3.174 11.222 b
Trigo 4.845 9.285 c
Girassol 2.193 8.745 c
Ervilha 1.292 5.308 d
Canola 1.766 4.048 e
Av. branca + nabo (cob.)
534 0 f
Pousio 0 0 f
C.V. (%) - 4,72
DMS - 873
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Na cultura do girassol, em experimentos realizados na
China, segundo Dazhong e Pimentel (1984), obtiveram o custo
energético de 2.833 Mcal.ha
-1
, o qual é superior ao presente
experimento, e 6.163 Mcal.ha
-1
de produção de energia, que ficou
abaixo do obtido do presente trabalho.
Quanto aos valores da diferença entre a energia produzida
e a energia gasta, são apresentados os resultados na Tabela 26.
A maior margem energética foi verificada na cultura da
aveia-branca (8.382 Mcal.ha
-1
), a qual diferiu estatisticamente dos
demais tratamentos. A menor margem energética foi evidenciada pelo
pousio e cobertura verde, com 0 e -534 Mcal.ha
-1
, respectivamente.
Quanto à eficiência energética, observa-se que a ervilha, o
girassol e a aveia-branca foram os melhores resultados, devido ao
pouco gasto de energia e a grande quantidade de biomassa produzida.
84
Tabela 26 Margem e eficiência energética na produção das culturas
de inverno/primavera, subseqüentes ao milho, safra
2006/2007
Culturas
Margem
energética
(Mcal.ha
-1
)
Eficiência
energética
Aveia-branca 8.382
a 3,64
a
Girassol 6.552
b 3,99
a
Nabo/trigo 5.821
b 1,82
b
Trigo 4.440
c 1,91
b
Ervilha 4.016
c 4,10
a
Canola 2.273
d 2,28
b
Pousio 0
e 0,00
c
Av. branca + nabo (cob.)
- 534
e 0,00
c
C.V. (%) 11,09 8,16
DMS 1.236 0,52
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Na cultura do girassol, em experimentos realizados na
China, por Dazhong e Pimentel (1984), a eficiência energética foi de
2,18, o que ficou abaixo do presente trabalho, e demonstra o potencial
energético dessa cultura para a região Norte do Rio Grande do Sul.
b) Análise energética da cultura da soja
Na Tabela 27, observam-se os resultados obtidos com a
entrada e saída de energia pela soja após as culturas de
inverno/primavera.
O maior gasto de energia foi verificado após o cultivo da
cobertura verde (aveia-branca + nabo forrageiro) (3.123 Mcal.ha
-1
),
que também proporcionou a maior produção de energia.
85
Tabela 27 Entrada (INPUT) e saída (OUTPUT) de energia na
produção de soja após as culturas de inverno/primavera,
subseqüentes ao milho, safra 2006/2007
Produção de energia (OUTPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Culturas antecessoras
Gasto de
energia
(INPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Grãos
Av. branca + nabo (cob.)
3.123 15.473 a
Aveia-branca 3.052 14.654 a
Nabo/trigo 3.027 14.359 ab
Ervilha 2.940 13.225 bc
Pousio 2.916 13.077 bc
Trigo 2.853 12.353 cd
Canola 2.769 11.389 de
Girassol 2.732 10.959 e
C.V. (%) - 3,47
DMS - 1.317
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Na produção de energia pelos grãos foi verificado que não
houve diferenças significativas entre a cobertura verde (15.473
Mcal.ha
-1
), aveia-branca (14.654 Mcal.ha
-1
) e nabo/trigo (14.359
Mcal.ha
-1
). A menor produção de energia com grãos de soja foi obtida
após a cultura do girassol com 10.959 Mcal
-1
ha
-1
.
A maior margem energética foi verificada sobre a
cobertura verde (aveia-branca + nabo forrageiro) com 12.350 Mcal.ha
-
1
, a qual o diferiu estatisticamente dos tratamentos após
aveia/branca e nabo/trigo. As menores margens energéticas foram
evidenciadas por trigo (9.500 Mcal.ha
-1
), canola (8.617 Mcal.ha
-1
) e
girassol (8.227 Mcal.ha
-1
), que não diferiram estatisticamente entre si
(Tabela 28).
Quanto à eficiência energética, observa-se que a cobertura
verde (aveia-branca + nabo forrageiro) proporcionou o melhor
86
resultado (4,95), não diferindo estatisticamente dos tratamentos que
sucederam a aveia-branca (4,80) e ao nabo/trigo (4,74).
Tabela 28 Margem e eficiência energética na produção de soja após
as culturas de inverno/primavera, subseqüentes ao milho,
safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Margem
energética
(Mcal.ha
-1
)
Eficiência
energética
Av. branca + nabo (cob.)
12.350
a 4,95
a
Aveia-branca 11.602
ab 4,80
ab
Nabo/trigo 11.332
abc 4,74
abc
Ervilha 10.285
bcd 4,50
bcd
Pousio 10.161
cd 4,48
bcd
Trigo 9.500
de 4,33
cde
Canola 8.617
e 4,11
de
Girassol 8.227
e 4,01
e
C.V. (%) 4,46 3,42
DMS 1.318 0,44
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
c) Análise energética da cultura do feijão
Na Tabela 29, observam-se os resultados obtidos com as
entradas e saídas de energia pelo feijão após as culturas de
inverno/primavera.
Na produção de energia pelos grãos do feijão foi
verificado que não houve diferenças significativas entre a cobertura
verde (8.434 Mcal.ha
-1
), nabo/trigo (8.476 Mcal.ha
-1
), trigo (8.149
Mcal.ha
-1
), aveia-branca (7.780 Mcal.ha
-1
) e girassol (7.790 Mcal.ha
-
1
).
A menor produção de energia pelo feijão foi obtida após a
ervilha com 5.487 Mcal.ha
-1
, devido à baixa produção de grãos.
87
Tabela 29 Entrada (INPUT) e saída (OUTPUT) de energia na
produção de feijão após as culturas de
inverno/primavera, subseqüentes ao milho, safra
2006/2007
Produção de energia (OUTPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Culturas antecessoras
Gasto de
energia
(INPUT)
(Mcal.ha
-1
)
Grãos
Nabo/trigo 3.683 8.476 a
Av. branca + nabo (cob.)
3.675 8.434 a
Trigo 3.623 8.149 a
Girassol 3.558 7.790 ab
Aveia-branca 3.556 7.780 ab
Pousio 3.422 7.042 bc
Canola 3.374 6.780 c
Ervilha 3.139 5.487 d
C.V. (%) - 3,93
DMS - 848
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade de erro.
Os valores da margem e da eficiência energética, são
demonstrados os resultados do feijão na Tabela 30.
A maior margem energética foi verificada sobre a
cobertura verde (aveia-branca + nabo forrageiro), nabo/trigo, trigo,
aveia-branca e girassol. A aveia-branca e o girassol não diferiram de
canola e de pousio. A menor margem energética foi evidenciada sobre
a ervilha.
Quanto à eficiência energética, observa-se que a cobertura
verde (aveia-branca + nabo forrageiro) e nabo/trigo foram os melhores
resultados, não diferindo estatisticamente dos tratamentos em sucessão
ao trigo, aveia-branca, girassol e pousio.
88
Tabela 30 Margem e eficiência energética na produção de feijão
após as culturas de inverno/primavera, subseqüentes ao
milho, safra 2006/2007
Culturas antecessoras
Margem
energética
(Mcal.ha
-1
)
Eficiência
energética
Av. branca + nabo (cob.)
4.759
a 2,29
a
Nabo/trigo 4.793
a 2,30
a
Trigo 4.526
a 2,25
ab
Aveia-branca 4.224
ab 2,18
ab
Girassol 4.232
ab 2,19
ab
Canola 3.406
b 2,01
b
Pousio 3.620
b 2,06
ab
Ervilha 2.348
c 1,74
c
C.V. (%) 7,39 3,96
DMS 858 0,24
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
A utilização de culturas de cobertura, antecedendo a
cultura do feijão implicou em investimento energético parcial, para a
implantação da cultura, da ordem de 2,2 a 6,0 vezes superior ao
requerido pelo preparo convencional em solo sob pousio (BOLLER,
1996).
A cultura do feijão teve os menores retornos energéticos
de todas as culturas de verão nos dois experimentos, mostrando ser
uma cultura incapaz de promover produção energética superior às
demais culturas, apesar da eficiência energética positiva.
d) Análise energética de sistemas de produção após o milho
Os maiores resultados energéticos foram obtidos com a
soja em sucessão às culturas de inverno/primavera, tendo como
supremacia a sucessão à aveia-branca, como pode ser observado na
Tabela 31.
89
Tabela 31 Análise energética dos sistemas de produção,
subseqüentes ao milho, safra 2006/2007
Culturas de
Inverno/Primavera
Culturas de
verão
Energia
total
(Mcal.ha
-1
)
Margem
energética
(Mcal.ha
-1
)
Eficiência
energética
Aveia-branca Soja 26.210 a 19.984 a 4,21 ab
Nabo/trigo Soja 27.203 a 17.153 b 2,71 de
Girassol Soja 19.704 c 14.779 c 4,00 b
Ervilha Soja 18.533 cd
14.301 c 4,38 a
Trigo Soja 21.638 b 13.940 cd 2,81 d
Aveia-branca Feijão 19.336 c 12.606 de 2,87 d
Av. branca + nabo (cob.)
Soja 15.473 f 11.816 ef 4,23 ab
Canola Soja 15.425 f 10.890 fg 3,40 c
Girassol Feijão 16.535 ef 10.784 fg 2,87 d
Nabo/trigo Feijão 21.320 b 10.614 fg 1,99 f
Pousio Soja 13.077 g 10.161 gh 4,48 a
Trigo Feijão 17.434 de
8.966 h 2,06 f
Ervilha Feijão 10.795 h 6.364 i 2,43 e
Canola Feijão 10.819 h 5.679 ij 2,10 f
Av. branca + nabo (cob.)
Feijão 8.434 i 4.225 jk 2,00 f
Pousio Feijão 7.042 i 3.620 k 2,06 f
C.V. (%) 3,10 4,74 3,43
DMS 1.584 1.584 0,31
Médias seguidas da mesma letra, dentro da mesma coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
Para Santos et al. (1999b), os sistemas (trigo/soja e aveia
preta+ervilhaca pastejada/milho) e (trigo/soja, aveia preta + ervilhaca
pastejada/soja e aveia preta + ervilhaca pastejada/milho) são os mais
eficientes energeticamente, com balanço energético positivo entre 5,44
e 5,78 de conversão energética e entre 21.741 e 23.728 Mcal
-1
de
margem energética, valores estes que superaram os observados no
presente experimento.
Estes resultados são alcançados somente com a presença
de culturas produtoras de grãos em grande quantidade como no caso
do milho, sendo fundamental a sua presença na composição de
sistemas de rotação de culturas.
90
Todas as culturas de verão (soja, feijão e milho) foram
energeticamente positivas, demonstrando a viabilidade energética na
produção.
91
5 CONCLUSÕES
Nas condições em que a pesquisa foi desenvolvida, os
resultados obtidos permitem concluir que:
a) O cultivo do nabo forrageiro entre a cultura de verão da safra
anterior e a semeadura do trigo, resulta em maior retorno econômico e
alta produção de palha para o sistema de semeadura direta;
b) A semeadura de milho deve ser realizada na primeira época
recomendada pela pesquisa, priorizando o uso de cobertura verde no
inverno com as culturas de aveia-branca e nabo forrageiro, e na
segunda época sucedendo a cultura da ervilha;
c) A semeadura de canola sobre a palha de milho não pode ser
realizada por não estabelecer uma população adequada para gerar
rentabilidade;
d) Os sistemas de produção que melhor atendem os três requisitos
(rendimento de grãos, margem operacional e margem energética) são:
soja ervilha milho; soja cobertura verde (aveia-branca e nabo
forrageiro) – milho; e, milho – nabo/trigo – soja.
Portanto, esses três sistemas de produção são os melhores
para colocar em prática na Região Norte do Rio Grande do Sul.
92
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