Otra coisa mardiçoada, miserave que Rio Preto perdeu por não me acreditá, foi a Maria Fumaça. Num sei se
voceis viu, foi onte ou onteonte na televisão, passano a Maria Fumaça. Num sei se voceis viu, passano a Maria Fumaça
duma cidade na otra, levano o povo pra passiá. Que coisa bonita, tudo aplaudino, todas as estações tão assim de gente,
dano viva à Maria Fumaça, a saudade de Maria Fumaça, o trem que trafegô encima dos trilho de ferro, SORTANO
FOGO, MEU DEUS DO CÉU, SORTANO LÍNGUA DE FOGO AU. Se passô. Então tem que guardá essa relíquia. E eu
entendeno isso, fiz força, sofri que já cansei de tanto falá disso. Num veio, Rio Preto ficô sem nada. Então eu falei em
São Paulo, e falaro comigo: "Sirva, se tua Maria Fumaça tivesse ido pra Rio Preto, eles fazia um trechinho de linha pra
cima de meio quilômetro, direitinho, de veiz em quano punha ela pra foncioná". Pas criança das escola vê, caravana
das criança - entendeu?, foncionava prá lá, pra cá essa beleza toda, e bem engraxadinha, bonita. Que beleza que era.
E agora? Virô ferro-velho, adeus.
RÁDIO
O rádio já acabô, tá acabano, tá acabano. Muito bom tamém, tá, tá, tá, tá, mais num usa mais. Ninguém mais
qué sabê de rádio. Qué sabê da televisão. Chega em casa, cansado, toma seu banho, senta e vai vê seus programa senta-
dinho. Agora o rádio já num qué sabê porque é..., já é uma coisa, digamos assim, superada, ele já passô, ele já passô.
RIO PRETO
Rio Preto, eu num tenho nada contra São José do Rio Preto. Porque eu num posso condená São José do Rio
Preto, absolutamente nada. Porque quando nasceu a minha arte aqui em Rio Preto num tinha arte primitiva no Brasil.
Prova é que o própio Lourival Gomes Machado e Dr. Paulo Mendes de Almeida eles tamém num tinha certeza se o
Brasil, se São Paulo, ia me aceitá ou não, em 48. Eu fui descoberto em 46. Eles num tinha certeza se em 48 eles ia
me aceitá. Prova é que eles fizero uma individual minha na Galeria Domus, hoje extinta, na Praça da República, que é
a Rua Vieira de Carvalho, e me jurgô perante o púbrico. Aí houve uma aceitação mundial. Foi um barulho tremendo
e eu fiquei consagrado. Mais eles mesmo confessaro que eles tinha medo sobre isso. E o Quirino da Sirva, muitas veiz
escreveu dizeno que eles tão vestino o home de boneco e pono na vitrine. Ele tamém num tinha certeza. Mais como
a arte pegô, e como foi muito bem aceita e venceu a arte... Por enzempro, a arte moderna de 22 pra cá, ganhô, ficô
dois Museu: ficô o Assis Chateaubriand dos neo-crássico, e o Museu de Arte Moderna, funcionano no mesmo prédio,
na Rua 7 de Abril, nos Diário Associado. E veio vino, veio vino, veio vino, a arte moderna apanhô raiz, apanhô impurso,
e hoje tá uma maravilha, uma beleza, é isto aí. Num posso condená Rio Preto porque, graças a Deus o que sofri em
Rio Preto... eles num tem curpa, porque Rio Preto me arrumô emprego, seja o que for, trabalhei na Biblioteca Municipal,
trabalhei na Prefeitura, fui o diretor do Museu de São José do Rio Preto, que é o Museu que está hoje, esta coisa toda,
graças ao meu esforço própio - craro! -, mas me ajudaro. Então eu num vô contra Rio Preto de jeito nenhum, porque
não posso ir, num devo de ir, e num vô mesmo, de jeito nenhum, porque eles num têm curpa nenhuma.
Rio Preto nunca reconheceu a minha arte em tempo, levô muitos ano, e esse fato de num reconhecê a minha
arte em tempo deu um grande prejuízo, porque deveria tê o Museu há muito tempo, e eu tinha muito mais facilidade
de arrumá obra de arte naqueles tempo, como eu explicava pra eles, do que agora. Naquele tempo ninguém sabia o
valor de um Di, o valor de um Vorpi, ninguém sabia, muito poco, e com a troca o Museu tinha facilidade. Eles não me
dero o prédio e eu perdi muito tempo, tudo foi valorizano, tudo foi ficano difícil, até que aconteceu o que aconteceu.
A maior angústia que eu guardo de Rio Preto é eles não ter aprovado o projeto que eu criei para o Museu que
é as 14 sala. Eu queria fazê um Museu supermoderno, com colunas e cercado todo de vidro. Era um enorme dum salão
repartido com parede de latex. Então em cinco minutos amontava uma sala e em cinco minutos desamontava a sala.
Tinha escola de belas arte, tinha escola de cerâmica, de escurtura, tinha oditório. Tudo quanto precisasse dentro de
um Museu supermoderno. Então aí eu tinha uma colaboração não só do Brasil, mais do mundo todo, porque tava de
acordo o Museu. Eu falei para o Prefeito, que é um grande médico, Wilson Romano Callil: "Olha, aprova primero o
Museu, porque os engenheiro já aprovô, faça primero o Museu, começa primero o Museu, porque começano num