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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
AEDRA CARLA BUFALO
ANTIDEPRESSIVO Hypericum perforatum L. SOBRE O SISTEMA REPRODUTIVO
MASCULINO DE RATOS WISTAR
CURITIBA-PR
2007
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AEDRA CARLA BUFALO
ANTIDEPRESSIVO Hypericum perforatum L. SOBRE O SISTEMA REPRODUTIVO
MASCULINO DE RATOS WISTAR
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Farmacologia, Departamento de
Farmacologia, Setor de Ciências Biológicas,
Universidade Federal do Paraná, como parte das
exigências para a obtenção do título de Mestre em
Farmacologia.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Dalsenter
CURITIBA – PR
2007
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Dedico este trabalho aos meus pais Luis Carlos e Leila, pelo
incentivo, cooperação, apoio, paciência, sacrifícios e pelo
amor que sempre me dedicaram, pois graças a esse amor
incondicional consegui vencer mais uma etapa da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Paulo Roberto Dalsenter, meu orientador, pela compreensão, ajuda e
incentivo e ademais pelos conselhos que me proporcionaram adquirir mais
experiência e amadurecimento para realização deste trabalho.
À minha família, meus pais Luis Carlos e Leila, meus irmãos Alessandro e Vinícius,
minhas cunhadas Danielli e Thaysa, minhas sobrinhas Ana Carolina e Laura Maria e
meus avós Duelvo e Claricia, pelo apoio e amor incondicional em todos os momentos
da minha vida.
Ao meu namorado, Juninho, pela confiança e motivação que sempre me ofereceu
além de seu amor e sua amizade, que me deram força para conquistar mais essa
etapa.
A minha prima Alethea e seu marido Takao, pela atenção e carinho com que me
acolheram durante todo tempo do mestrado.
As minhas amigas de mestrado Ana Claúdia, Juliane, Adriana, Stéfani, Manuela,
Cris, Munisa, Jothely, Amanda e amigo Nelson, pelos momentos de alegria e ajuda
durante esses dois anos e mestrado.
Em especial a minha amiga Giuliana, pelo mútuo aprendizado de vida, durante nossa
convivência, no campo profissional e pessoal.
Aos amigos Mari, Fabi, Léa e Beto pela paciência e amizade.
Ao professores, funcionários e colegas do Departamento de Farmacologia, em
especial a Silvia, Linda, Nair e Alessandra, pelo apoio para a realização deste
trabalho.
A Prof. Dra. Rosana Nogueira de Morais, pelo auxílio na dosagem hormonal e
discussão dos resultados.
À Fundação Herbarium de Saúde e Pesquisa pela doação do extrato de
Hypericum
perforatum
utilizado neste experimento.
Ao CNPq pelo apoio financeiro e,
Á Deus,
Obrigada!
“A utilidade do saber consiste em
que a sabedoria vida ao que a
possui”,
Eclesiastes 7.12
RESUMO
A depressão é considerada um distúrbio afetivo que afeta grande parte da população e,
em geral, a maioria dos casos é diagnosticado como leve ou moderado. Os
medicamentos antidepressivos utilizados para o tratamento dessa doença além de
aliviarem os sintomas depressivos também provocam uma grande quantidade de
efeitos adversos, os quais são responsáveis pela descontinuidade do tratamento pelo
paciente, sem orientação médica. Dentre esses efeitos adversos, a disfunção sexual
está como um dos principais efeitos. São descritas alterações da função sexual, tanto
masculina quanto feminina, para todas as classes de antidepressivos. Dessa forma, a
população na tentativa de evitar esses efeitos procura tratamentos alternativos como a
utilização de plantas medicinais. O Hypericum perforatum L. é uma planta que vem
sendo utilizada para o tratamento de casos de depressão, principalmente, leve a
moderada. Entretanto, apesar de se relatar que esta planta provoca poucos efeitos
adversos, principalmente sexuais, não existem estudos relacionando função sexual e
Hypericum perforatum L. O objetivo deste trabalho foi avaliar a toxicidade reprodutiva
do Hypericum perforatum L em ratos machos Wistar sexualmente experientes. Para
tanto, estes animais foram tratados com diferentes doses de Hypericum perforatum L
(15, 150 e 300 mg/kg); uma dose de paroxetina (10 mg/kg), um antidepressivo
conhecido por provocar disfunção sexual e salina, por 90 dias no volume de 5 ml/kg.
Após este período de tratamento, os animais foram filmados para a avaliação do
comportamento sexual e, em seguida, sacrificados para a análise de outros parâmetros
reprodutivos. Estes parâmetros incluem: massa dos órgãos (fígado, rins, adrenais,
encéfalo, testículos, epidídimos, vesícula seminal e próstata), variação do ganho de
massa corporal, níveis hormonais de testosterona em períodos diferentes do tratamento
e avaliação da produção espemática. Os dados de comportamento sexual
demonstraram que nas doses utilizadas, o extrato de Hypericum perforatum L. não
alterou os parâmetros comportamentais avaliados em ratos Wistar sexualmente
experientes. Além disso, a paroxetina também não alterou esses parâmetros de
maneira estatisticamente significativa, apesar de ter aumentado a latência de
ejaculação e o número de penetrações até a ejaculação dos animais. Em relação às
outras variáveis analisadas, o extrato Hypericum perforatum L e a paroxetina não
demonstraram toxicidade referente a massa dos órgãos nem a massa corporal, assim
como para a avaliação espemática e dosagem hormonal. Assim, podemos concluir que,
neste experimento, utilizando ratos Wistar sexualmente experientes, o extrato de
Hypericum perforatum L. e a paroxetina não alteraram a função sexual desses animais.
Palavras-chave: Hypericum perforatum L. Antidepressivos. Paroxetina. Disfunção
sexual. Ratos Wistar. Comportamento sexual.
ABSTRACT
Depression is considered an affectionate disturbance that affects great part of the
population and, in general, most cases are diagnosed as light or moderate. The
antidepressant medicines used for the treatment of that disease, besides relieving the
depressive symptoms also promote a great amount of side effects, which are
responsible for the discontinuity of the treatment by the patient, without doctors`
orientation. Among those side effects, sexual dysfunction is one of the main effects.
Alterations of sexual function are described, both masculine as well as feminine, for all
classes of antidepressants. In an attempt of avoiding such effects the population goes in
search of alternative treatments, as the use of medicinal plants. Hypericum perforatum
L. is a plant that has been used for the treatment of cases of depression, mainly from
light to moderate. However, in spite of reports that this plant provokes few side effects,
mainly sexual, there are no studies about the relation between sexual function and
Hypericum perforatum L. The objective of this work was to evaluate the reproductive
toxicity of the Hypericum perforatum L in male Wistar rats sexually experienced. For
such, these animals were treated with different doses of Hypericum perforatum L (15,
150 and 300 mg/kg); a paroxetine dose (10 mg/kg), an antidepressant known for
provoking sexual dysfunction, and saline, for 90 days at 5 ml/kg. After this treatment
period, the animals were filmed for the evaluation of their sexual behavior and, soon
afterwards, sacrificed for the analysis of other reproductive parameters. These
parameters include: mass of the organs (liver, kidneys, adrenal glands, encephalon,
testicles, epididymis, seminal vesicle and prostate), variation of corporal weight,
hormonal levels of testosterone in different periods of the treatment, and evaluation of
daily sperm production and sperm number. The data of the sexual behavior
demonstrated that, in the used doses, the extract of Hypericum perforatum L. did not
alter the parameters appraised in the behavior of sexually experienced Wistar rats.
Besides, paroxetine did not alter those parameters in a statistically significant way in
spite of an increase in the ejaculation latency and the number of penetrations before the
animals ejaculate. In relation to the other variables analyzed, the extract Hypericum
perforatum L and paroxetina did not demonstrate toxicity regarding either mass of the
organs or corporal mass, as well as for the spermatic evaluation and hormonal dosage.
We can conclude that in this experiment, using sexually experienced Wistar rats, the
plant Hypericum perforatum L. and paroxetine did not alter the sexual function of those
animals.
Keywords: Hypericum perforatum L. Antidepressants. Paroxetine. Sexual dysfunction.
Wistar rats. Sexual behavior.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1-
SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO.............................................. 17
FIGURA 2-
TÚBULOS SEMINÍFEROS E CÉLULA DE LEYDIG............................. 18
FIGURA 3-
ESPERMATOGÊNESE HUMANA.........................................................
20
FIGURA 4-
ESPERMATOZÓIDE HUMANO............................................................ 20
FIGURA 5-
CONTROLE NEURAL DA EREÇÃO E EJACULAÇÃO.........................
23
FIGURA 6-
SINTESE DE HORMÔNIOS ESTERÓIDES..........................................
25
FIGURA 7-
ESTRUTURA QUIMICA DA AMITRIPTILINA........................................
28
FIGURA 8-
MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS....
28
FIGURA 9-
MECANISMO DE AÇÃO DOS INIBIDORES DA MONOAMINA
OXIDASE...............................................................................................
30
FIGURA 10-
MECANISMO DE AÇÃO DOS INIBIDORES SELETIVOS DA
RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA.......................................................
32
FIGURA 11-
Hypericum perforatum L........................................................................
33
FIGURA 12-
MOLÉCULAS DE HIPERICINA E HIPERFORINA................................ 35
FIGURA 13-
ADMINISTRAÇÃO POR GAVAGE........................................................
42
FIGURA 14-
LAVADO VAGINAL............................................................................... 43
FIGURA 15-
OVARIECTOMIA EM RATAS................................................................
44
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1-
GANHO DE MASSA CORPORAL DOS ANIMAIS DURANTE 90
DIAS DE TRATAMENTO................................................................
50
GRÁFICO 2-
MASSA CORPORAL DOS ANIMAIS NO DIA DO SACRIFICIO.... 51
GRÁFICO 3-
NÚMERO DE ANIMAIS QUE EJACULARAM APÓS O
TRATAMENTO................................................................................
55
GRÁFICO 4-
LATÊNCIA DE MONTA DE ANIMAIS TRATADOS POR 90
DIAS................................................................................................
57
GRÁFICO 5-
LATÊNCIA DE PENETRAÇÃO DE ANIMAIS TRATADOS POR
90 DIAS...........................................................................................
57
GRÁFICO 6-
LATÊNCIA DE EJACULAÇÃO DE ANIMAIS TRATADOS POR
90 DIAS...........................................................................................
58
GRÁFICO 7-
LATÊNCIA DE PÓS-EJACULAÇÃO DE ANIMAIS TRATADOS
POR 90 DIAS..................................................................................
59
GRÁFICO 8-
NÚMERO DE PENETRAÇÕES ATÉ A EJACULAÇÃO..................
59
GRÁFICO 9-
NÚMERO DE PENETRAÇÕES TOTAIS DE ANIMAIS
TRATADOS POR 90 DIAS.............................................................
60
GRÁFICO 10-
DOSAGEM HORMONAL DE ANDROGÊNIOS EM FEZES DE
ANIMAIS TRATADOS POR 90 DIAS..............................................
62
GRÁFICO 11-
VARIAÇÃO HORMONAL DE ANDROGÊNIOS EM ANMAIS
TRATADOS COM PAROXETINA POR 90 DIAS............................
62
LISTA DE TABELAS
TABELA 1-
MASSA ABSOLUTA E RELATIVA DOS ÓRGÃOS DE ANIMAIS
MACHOS TRATADOS POR 90 DIAS.............................................
52
TABELA 2-
MASSA ABSOLUTA E RELATIVA DOS ÓRGÃOS SEXUAIS DE
ANIMAIS MACHOS TRATADOS POR 90 DIAS.............................
53
TABELA 3-
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SEXUAL DE RATOS
MACHOS ADULTOS SEXUALMENTE EXPERIENTES ANTES
DO TRATAMENTO.........................................................................
54
TABELA 4-
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SEXUAL DE RATOS
MACHOS ADULTOS SEXUALMENTE EXPERIENTES DEPOIS
DO TRATAMENTO.........................................................................
56
TABELA 5-
AVALIAÇÃO ESPERMÁTICA EM ANIMAIS EXPOSTOS AO
Hypericum perforatum E A PAROXETINA POR 90 DIAS..............
61
TABELA 6-
DOSAGEM HORMONAL DE ANDROGÊNIOS EM FEZES DE
ANIMAIS EXPOSTOS POR 90 DIAS.............................................
63
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
H
- Hypericum perforatum
Min -minutos
Seg -segundos
Kg -quilograma
g -grama
n -número de animais
ml -mililitro
% -percentual
p
-nível de significância estatística
ºC -grau Celsius
mm -milímetro
ng -nanograma
mg -miligrama
µg -micrograma
dl -decilitros
cm -centímetros
NA -noradrenalina
5-HT -serotonina
DA -dopamina
IMAO -inibidores da monoamina oxidase
ATC -antidepressivo tricíclico
ISRS -inibidores seletivos da recaptação de serotonina
GnRH -hormônio liberador de gonadotropinas
LH -hormônio luteinizante
FSH -hormônio folículo estimulante
LISTA DE SIGLAS
ICD - International Classification of Diseases
FDA - Food and Drug Administration
WHO - World Health Organization- Organização Mundial da Saúde
DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders- Manual Diagnóstico
Estatístico de Transtornos Mentais
UFPR -Universidade Federal do Paraná
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................
15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................
17
2.1
FUNÇÃO SEXUAL MASCULINA..........................................................
17
2.1.1
Anatomia e Fisiologia Sexual Masculina.............................................. 17
2.1.2
Espermatogênese.................................................................................
19
2.1.3
Ato Sexual Masculino........................................................................... 21
2.1.3.1
Estimulação sexual............................................................................... 21
2.1.3.2
Ereção.................................................................................................. 21
2.1.3.3
Emissão e ejaculação.......................................................................... 22
2.1.4
Controle Hormonal da Função Sexual Masculina................................ 23
2.2
DISFUNÇÃO SEXUAL..........................................................................
25
2.3
ANTIDEPRESSIVOS............................................................................ 27
2.3.1
Antidepressivos Tricíclicos (ATC)......................................................... 27
2.3.2
Inibidores da Monoamina Oxidase (IMAO)...........................................
29
2.3.3
Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina(ISRS)................... 31
2.3.4 Hypericum perforatum L.......................................................................
32
2.3.4.1
Classificação e aspectos botânicos...................................................... 32
2.3.4.2
Histórico da planta................................................................................ 33
2.3.4.3 Constituintes químicos do Hypericum perforatum...............................
34
2.3.4.4
Farmacocinética................................................................................... 36
2.3.4.5
Doses................................................................................................... 36
2.3.4.6
Principais atividades biológicas........................................................... 37
2.3.4.7
Efeitos Adversos................................................................................... 38
3 JUSTIFICATIVA...................................................................................
39
4 OBJETIVOS.........................................................................................
40
4.1
OBJETIVOS GERAIS........................................................................... 40
4.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................
40
5 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................
41
5.1
ANIMAIS............................................................................................... 41
5.2
SUBSTÂNCIAS UTILIZADAS...............................................................
41
5.3
DOSES E TRATAMENTO.................................................................... 41
5.4
SELEÇÃO DOS RATOS MACHOS SEXUALMENTE EXPERIENTES 43
5.5
PREPARAÇÃO DAS FÊMEAS SEXUALMENTE RECEPTIVAS......... 43
5.6
DESENHO EXPERIMENTAL............................................................... 45
5.7
PARÂMETROS AVALIADOS............................................................... 46
5.7.1
Comportamento Sexual........................................................................ 46
5.7.1.1
Indução do estro em fêmeas castradas................................................
46
5.7.1.2
Filmagem do comportamento sexual dos machos............................... 46
5.7.1.3
Avaliação do comportamento sexual.................................................... 47
5.7.2
Determinação da Massa Corporal e Massa Absoluta e Relativa dos
Órgãos..................................................................................................
48
5.7.3
Contagem Espermática........................................................................ 48
5.7.4
Dosagem Hormonal.............................................................................. 49
5.8
ANÁLISE ESTATÍSTICA.......................................................................
49
6 RESULTADOS.....................................................................................
50
6.1
AVALIAÇÃO DA MASSA CORPORAL.................................................
50
6.1.1
Massa Corporal Durante o Tratamento................................................ 50
6.1.2
Massa Corporal no Dia do Sacrifício.................................................... 51
6.2
MASSA ABSOLUTA E RELATIVA DOS ÓRGÃOS..............................
51
6.3
COMPORTAMENTO SEXUAL............................................................. 54
6.3.1
Avaliação do Comportamento Sexual Antes do Tratamento................ 54
6.3.2
Avaliação do Comportamento Sexual Depois do Tratamento..............
55
6.4
Avaliação da Contagem Espermática...................................................
60
6.5
Dosagem Hormonal.............................................................................. 61
7 DISCUSSÃO.........................................................................................
64
8 CONCLUSÃO.......................................................................................
74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................75
15
1 INTRODUÇÃO
A depressão, ou mais especificamente depressão maior, é definida como um
distúrbio afetivo, no qual o indivíduo apresenta humor deprimido ou perda de
interesse por atividades que antes eram consideradas prazerosas (anedonia) (DSM-
IV, 2002). Ela é um dos mais freqüentes distúrbios encontrados na prática médica e
de acordo com a World Health Organization (WHO), ela acomete aproximadamente
121 milhões de pessoas em todo mundo e somente 25% destas tem acesso a
tratamento adequado (WHO, 2007). A depressão será responsável por um grande
número de casos de morte nos próximos dez anos e, aproximadamente, um quinto
da população mundial terá pelo menos um episódio depressivo no decorrer da vida.
Dentre esses episódios 75% são classificados de leve a moderado (BILIA et al.,
2002).
A síndrome depressiva é tratada, na maioria das vezes, com uma variedade
de medicamentos denominados antidepressivos, os quais exercem efeitos benéficos
sobre os sintomas da depressão. A maioria exerce ações importantes sobre a
neurotransmissão monoaminérgica (GOODMAN & GILMAN, 2003).
Entretanto, um efeito adverso característico da maioria das drogas
antidepressivas é a disfunção sexual, tanto masculina quanto feminina (BRILL,
2004). Vários estudos demonstram que essa alteração tem sido reportada com a
utilização de todas as classes de antidepressivos (TAYLOR et al., 2005). Dessa
forma, esses e outros efeitos adversos limitam a real eficácia e a aceitabilidade do
antidepressivo por parte do paciente que, freqüentemente, descontinua a terapia em
poucas semanas sem a orientação médica.
A planta Hypericum perforatum L., conhecida popularmente como Erva de
São João, tem sido amplamente utilizada e nos últimos dez anos, principalmente na
Europa e nos Estados Unidos, o uso dessa planta tornou-se importante como uma
terapia alternativa para o tratamento de transtornos do humor, especialmente em
casos de depressão leve a moderada (RODRÍGUEZ-LANDA & CONTRERAS,
2003).
Estudos clínicos demonstram que os principais efeitos adversos que
aparecem durante o tratamento com Hypericum perforatum L são problemas
16
gastrintestinais, reações alérgicas, fadiga, inquietação, fotossensibilidade e síndrome
serotoninérgica, esta quando administrado com outros antidepressivos
(RODRÍGUEZ-LANDA & CONTRERAS, 2003).
Vários trabalhos apresentam a planta como um meio alternativo para o
tratamento de depressão principalmente por esta não apresentar tantos efeitos
adversos dentre eles disfunção sexual. Todavia, relatos clínicos têm sugerido que o
Hypericum perforatum L pode também induzir disfunção sexual, incluindo disfunção
erétil e retardo do orgasmo (BHOPAL, 2001; ASSALIAN, 2000). Um estudo realizado
com Hypericum perforatum L demonstrou que ele é capaz de inibir a contratilidade
das vias deferentes de ratos e humanos (CAPASSO et al., 2005). Dessa forma,
esses dados levam a suspeita de que essa planta pode provocar algum tipo de
disfunção sobre o sistema reprodutor masculino.
Devido à falta de estudos relacionando o sistema reprodutor e Hypericum
perforatum L. este trabalho teve como objetivo avaliar os possíveis efeitos adversos
desta planta sobre o sistema reprodutor masculino de ratos (Wistar), após exposição
crônica. Para tanto, foram realizados testes comportamentais sexuais e vários outros
testes toxicológicos reprodutivos pré-clínicos complementares.
17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 FUNÇÃO SEXUAL MASCULINA
A reprodução é um processo fundamental para a manutenção e perpetuação
das espécies (ANTUNES-RODRIGUES & FAVARETTO, 1999) e a atividade sexual
humana envolve uma interação de componentes fisiológicos, psicológicos e
comportamentais (LEVIN & RILEY, 2007). As funções reprodutivas masculina podem
ser divididas em três grupos principais: espermatogênese, ato sexual masculino e a
regulação hormonal e neural da função reprodutiva (GUYTON, 2002).
2.1.1 Anatomia e Fisiologia Sexual Masculina
O sistema reprodutivo masculino á formado por diversas glândulas e ductos
que exercem a função produzir, transportar e eliminar para o meio externo os
gametas masculinos (espermatozóides) e, também, de produzir e secretar o
hormônio sexual masculino, testosterona.
Esse sistema é formado pelos testículos, epidídimos, canais deferente, ducto
ejaculador, uretra, pênis e pelas glândulas acessórias. Estas incluem as vesículas
seminais, a próstata e as glândulas uretrais (FIGURA 1) (GUYTON, 2002).
FIGURA 1-SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
FONTE: http://www.sci.sdsu.edu/classes/bio100/Lectures/Lect+18/Image281.gi
18
Os testículos o as principais glândulas desse sistema e podem ser
divididos, funcionais e anatomicamente, em duas partes: tecido intersticial (células
de Leydig) e túbulos seminíferos (células de Sertoli), responsáveis pela
esteroidogênese (produção de testosterona) e pela espermatogênese (produção de
espermatozóides), respectivamente (FIGURA 2) (ANTUNES-RODRIGUES &
FAVARETTO, 1999).
Os túbulos seminíferos produzem diariamente em média 120 milhões de
espermatozóides. Ao serem produzidos, eles são lançados nos epidídimos onde
ficam armazenados (18 a 24 horas) e adquirem a capacidade de motilidade, embora
várias proteínas inibitórias no líquido do epidídimo ainda impeçam a motilidade final
até depois da ejaculação. Ao saírem do epidídimo, os espermatozóides caem no
canal deferente onde ficam armazenados até o momento da ejaculação.
Durante o ato sexual, os espermatozóides percorrem o canal deferente e
desembocam no ducto ejaculador que recebe, também, conteúdo das vesículas
seminais e da próstata. A primeira glândula secreta um material mucóide (líquido
seminal) que contém substâncias que são de considerável valor nutritivo para os
espermatozóides. A próstata secreta um líquido ralo e leitoso (líquido prostático) que
contem cálcio, fosfato e enzimas, o que torna esse líquido ligeiramente alcalino,
ajudando a neutralizar a acidez dos outros quidos seminais durante a ejaculação,
aumentando, assim, a motilidade e a fertilidade dos espermatozóides.
Em seguida, os espermatozóides passam do canal ejaculador para a uretra
e, por fim, para o meio externo. A uretra é suprida por muco proveniente de um
grande número de glândulas uretrais localizadas ao longo de toda sua extensão,
principalmente, das glândulas bulbouretrais. Esse muco auxilia na motilidade dos
espermatozóides durante o ato sexual (GUYTON, 2002).
FIGURA 2-TÚBULOS SEMINÍFEROS E CÉLULAS DE LEYDIG
FONTE: http://cellbio.utmb.edu/microanatomy/Male_Reproductive/Testis_and_
ducts.htm
Túbulo seminífero Célula de Leydig
19
2.1.2 Espermatogênese
O processo de espermatogênese constitui um processo dinâmico que ocorre
nos bulos seminíferos durante a vida sexual ativa do homem. Inicia-se, em média,
aos 13 anos de idade e prossegue durante a maior parte da vida diminuindo
acentuadamente na velhice. Através de várias divisões celulares, as células
epiteliais germinativas denominadas de espermatogônias, presentes nos túbulos
seminíferos, formam ao final de aproximadamente 75 dias os espermatozóides.
Durante um período de 24 horas, cada espermatogônia migra entre as
células de Sertoli, que fornecem suportes estruturais, nutricionais e regulatório para
as células germinativas, e através de várias divisões mitóticas forma mais
espermatogônias (período germinativo). Cada uma dessas células torna-se, então,
progressivamente modificada e aumentada (período de crescimento) passando a ser
chamada de espermatócito primário. Em seguida, estas células sofrem divisão
celular meiótica e formam os espermatócitos secundários, que por sua vez também
se dividem e formam as espermátides (período de maturação), que acabam se
modificando e transformando-se em espermatozóides (período de diferenciação)
(FIGURA 3) (GUYTON, 2002).
Os espermatozóides são compostos de cabeça e cauda (FIGURA 4). A
cabeça é constituída pelo núcleo condensado da célula e no lado externo dos dois
terços anteriores da cabeça existe um capuz denominado acrossoma, que é formado
principalmente por enzimas que desempenham papel importante durante a
fertilização. A cauda denomina-se flagelo e contêm um grande número de
mitocôndrias responsáveis pelo fornecimento de energia que gera o batimento do
flagelo e a motilidade dos espermatozóides. Estes se deslocam em meio líquido,
com velocidade de aproximadamente 1 a 4 mm/min (GUYTON, 2002).
Todo o processo de espermatogênese é controlado por vários hormônios
dentre eles o hormônio gonadotrópico da hipófise anterior (GnRH), o hormônio
folículo estimulante (FSH), o hormônio luteinizante (LH) e a testosterona (GUYTON,
2002), ou seja, necessita da integridade do eixo hipotálamo-hipofise-gônadas
(ANTUNES-RODRIGUES & FAVARETTO, 1999).
20
FIGURA 3-ESPERMATOGÊNESE HUMANA
FONTE: http://www.rincon.com.br/Imagens/ggEspermatogenese.gif
FIGURA 4-ESPERMATOZÓIDE HUMANO
FONTE: http://caibco.ucv.ve/caibco/CAIBCO/Vitae/VitaeOcho/Articulos/Actualidad/
enoma/archivosGif/espermatozoide.gif
21
2.1.3 Ato Sexual Masculino
A seqüência de eventos que caracterizam o ato sexual é descrita como ciclo
de resposta sexual humano. Este ciclo é identificado por quatro fases chamadas:
estimulação sexual (libido - consiste no desejo da atividade sexual), excitação sexual
(fase de estimulação associada com alterações fisiológicas), orgasmo (relacionada a
contrações rítmicas dos músculos do períneo e órgãos reprodutores) e, por fim, a
resolução (fase de relaxamento muscular e sensação de bem-estar geral) (DSM-IV,
2002). O tempo e a intensidade destas fases variam grandemente entre os
indivíduos. A excitação e a resolução são as fases mais longas e o orgasmo é
usualmente a fase mais curta. Nos homens, todo o ciclo sexual tende a ser
estereotipado com pouca variação entre os indivíduos (GREGER & WINDHORST,
1996).
2.1.3.1 Estimulação sexual
Os fatores de estimulação sexual podem ser psicogênicos ou reflexogênicos.
A estimulação sexual psicogênica é ativada por impulsos que chegam de áreas
sensoriais (visão, olfato, paladar) ou pela imaginação de fantasias sexuais em
algumas áreas cerebrais específicas. A estimulação reflexogênica surge da
estimulação direta dos órgãos genitais e/ou de áreas eróticas (mamilos e períneo)
(LEVIN & RILEY, 2007).
2.1.3.2 Ereção
A ereção constitui o primeiro efeito da excitação sexual masculino sendo o
grau de ereção proporcional ao grau de estimulação, seja ela psíquica ou física.
A ereção é causada por impulsos parassimpáticos que partem da porção
sacra da medula espinhal, através dos nervos pélvicos, até o pênis. Acredita-se que
essas fibras parassimpáticas secretem, além de acetilcolina, óxido nítrico. Este
relaxa, principalmente, as artérias e o tecido erétil (corpo cavernoso e esponjoso) do
pênis. Esse tecido erétil é formado por uma rede trabecular de fibras musculares e
por vários sinusóides que, em condições normais, estão relativamente vazios, mas
que ficam enormemente dilatados quando o sangue arterial flui para o seu interior,
22
sob pressão, enquanto ocorre oclusão parcial do efluxo venoso. Além disso, os
corpos eréteis são circundados por fortes túnicas fibrosas.
Assim, a pressão elevada no interior dos sinusóides provoca a expansão do
tecido erétil em grau tão acentuado que o pênis fica rígido e alongado, constituindo o
fenômeno da ereção. Os impulsos parassimpáticos, além de promoverem a ereção,
induzem também a secreção de muco pelas glândulas uretrais e bulbouretrais. Esse
muco flui pela uretra durante o coito e ajuda na lubrificação (GUYTON, 2002).
2.1.3.3 Emissão e ejaculação
A emissão e a ejaculação constituem a culminação do ato sexual masculino
e esse período é denominado de orgasmo. Quando o estímulo sexual fica
extremamente intenso, os centros reflexos da medula espinhal começam a emitir
impulsos simpáticos, que partem da região toracolombar da medula, e dirigem-se
para os órgãos genitais pelos plexos simpáticos hipogástrico e pélvico, para iniciar a
emissão, o precursor da ejaculação (GUYTON, 2002).
A emissão começa com a contração do canal deferente para causar a
expulsão dos espermatozóides para a uretra interna. A seguir, ocorrem contrações
nas paredes musculares da vesícula seminal e da próstata, que expelem seus
líquidos também para a uretra, forçando os espermatozóides para frente. Todos
esses líquidos misturam-se ao muco na uretra formando o sêmen (GUYTON, 2002).
O enchimento da uretra interna com sêmen desencadeia sinais sensoriais
que são transmitidos pelos nervos pudendos, para a região sacra da medula
espinhal, dando a sensação de bita plenitude nos órgãos genitais internos. Além
disso, esses sinais excitam ainda mais a contração rítmica dos órgãos sexuais
internos e também produzem a contração dos músculos isquiocavernoso e
bulbocavernoso que comprimem as bases do tecido erétil peniano. Esses efeitos em
conjunto causam aumento rítmico da pressão do tecido erétil do nis e dos ductos
genitais e da uretra, que ejaculam o sêmen da uretra para o exterior. Ao mesmo
tempo, as contrações rítmicas dos músculos pélvicos e, até mesmo, de alguns dos
músculos do tronco causam movimento de propulsão da pelve e do pênis, que
também ajudam a propelir o sêmen.
23
Ao seu término, a excitação sexual masculina desaparece quase por
completo dentro de 1 a 2 minutos, e a ereção peniana cessa, processo denominado
de resolução (GUYTON, 2002).
FIGURA 5-CONTROLE NEURAL DA EREÇÃO E EJACULAÇÃO
FONTE: DESPOPOULOS & SILBERNAGL (2003)
2.1.4 Controle Hormonal da Função Sexual Masculina
Os testículos secretam vários hormônios sexuais masculinos, que são
coletivamente chamados androgênios incluindo a testosterona, a diidrotestosterona
e androstenediona. A testosterona é o mais abundante e principal hormônio
masculino e, no adulto, a concentração plasmática é, em média, de 500 a 800 ng/dl
(GUYTON, 2002).
Os maiores níveis de testosterona que são secretados ocorrem no primeiro
trimestre e início do segundo trimestre de vida intra-uterina, ao nascimento, durante
a puberdade e na vida adulta do homem, diminuindo gradualmente na velhice
(SNYDER, 2006).
A testosterona é sintetizada pelas células de Leydig a partir da molécula de
colesterol (ANTUNES-RODRIGUES & FAVARETTO, 1999). O hormônio luteinizante
24
(LH) é o principal estímulo à produção e secreção de testosterona nos homens. Esse
hormônio é secretado pela hipófise anterior e essa secreção é regulada
positivamente pelo hormônio de liberação de gonadotropina (GnRH) e,
negativamente pela própria testosterona, por meio de uma alça de retroalimentação
negativa. O hormônio LH liga-se a receptores presentes na membrana das células
de Leydig e desencadeia através da ativação de proteínas quinases, uma série de
reações intracelulares que culminam com a síntese dos andrógenos. A secreção de
testosterona é pulsátil e diurna e as concentrações plasmáticas mais altas ocorrem
por volta das oito horas e as mais baixas por volta das 20 horas (SNYDER, 2006).
Uma vez liberados na circulação, os hormônios andrógenos têm efeitos
sobre vários tecidos andrógeno-dependentes e um dos mecanismos pelos quais são
mediados esses efeitos variados é o metabolismo da testosterona em dois outros
esteróides ativos, a diidrotestosterona e o estradiol (FIGURA 6) (ANTUNES-
RODRIGUES & FAVARETTO, 1999).
Os efeitos biológicos da testosterona podem ser considerados conforme o
receptor que ela ativa e os tecidos nos quais esses efeitos ocorrem. A testosterona
pode atuar diretamente ou indiretamente, após conversão em diidrotestosterona pela
enzima 5α-redutase, com ambos ligando-se a receptores de androgênios-NR3A. Os
principais locais onde ocorre essa conversão são a próstata, a vesícula seminal e o
epidídimo. Ou ainda, a testosterona pode atuar como um estrogênio, mediante
conversão em estradiol pela enzima aromatase, através da ligação do estradiol ao
receptor de estrogênios. Este tipo de reação ocorre principalmente no hipotálamo,
hipófise e nas mamas (ANTUNES-RODRIGUES & FAVARETTO, 1999).
Após ser secretado, o hormônio testosterona é responsável por três
principais eventos: induzir a espermatogênese, produzir os efeitos de virilização
masculina e controlar os comportamentos relacionados ao ato sexual masculino.
O comportamento sexual masculino em todos os animais vertebrados é
dependente de testosterona. Em ratos, o hormônio que ativa o comportamento
sexual é o estradiol, assim proposto pela “Hipótese da aromatização”. Este hormônio
é responsável por ativar uma cascata comportamental e contribuir para a motivação
sexual e para a realização dos reflexos genitais (HULL & DOMINGUEZ, 2007).
A testosterona é metabolizada, principalmente, no fígado em compostos
inativos, a androsterona e deidroepiandrosterona, sendo simultaneamente,
conjugada a glicuronídeos. Esses conjugados são excretados para o intestino, pela
25
bile hepática, ou para urina, pelos rins (ANTUNES-RODRIGUES & FAVARETTO,
1999).
FIGURA 6-SINTESE DE HORMÔNIOS ESTERÓIDES
FONTE: HENDRICK (2000)
2.2 DISFUNÇÃO SEXUAL
Disfunção sexual pode ser definida como qualquer alteração em alguma das
fases do ciclo de resposta sexual humano como inibição do desejo e da excitação
sexual; inibição, retardo ou ausência de ejaculação nos homens e nas mulheres, ou
ainda, dor durante a relação sexual.
As possíveis causas dessas alterações podem incluir tanto fatores
psicológicos, como a insatisfação com a relação interpessoal ou o aparecimento de
doenças psiquiátricas, quanto fatores fisiológicos, como desordens circulatórias que
causem disfunção erétil em homens (MONTGOMERY et al., 2002).
Na população em geral a ocorrência de disfunção sexual está longe de ser
uma doença pouco comum. Baseados em estudos de prevalência em várias regiões
dos Estados Unidos, Laumann et al., (1999) reportaram que entre as mulheres os
principais problemas sexuais incluem diminuição da libido (22%), problemas de
excitação sexual (14%) e dor durante a relação (7%), pelo menos em alguma fase
26
de sua vida. entre os homens, as maiores incidências são de ejaculação precoce
(21%), disfunção erétil (5%) e diminuição de libido (5%) (LAUMANN et al., 1999
apud MONTGOMERY et al., 2002).
No Brasil um estudo realizado através de questionários, com homens e
mulheres de 40 a 80 anos, demonstrou que o principal problema sexual entre os
homens é de ejaculação precoce (30%) seguido pela incapacidade de alcançar o
orgasmo (14%), dificuldades de ereção (13%) e falta de interesse sexual (11%).
Entre as mulheres, os problemas mais comuns foram dificuldades de lubrificação
(23%) e falta de interesse sexual (23%) (JUNIOR et al., 2005).
A prevalência de altas incidências de comprometimento da função sexual,
seja por qualquer motivo, leva a uma piora na qualidade de vida dessas pessoas
ocasionando prejuízos no âmbito social e pessoal.
Nos últimos anos vem aumentando o interesse pelo conhecimento de
disfunção sexual como um potencial efeito colateral de várias drogas. Medicamentos
como antihipertensivos e antipsicóticos são bem conhecidos por provocarem
disfunção sexual. Esse tipo de alteração é classificado pelo Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais como disfunção sexual induzida por substâncias,
a qual ocorre somente em contato com uma determinada droga e é explicada pelos
efeitos fisiológicos diretos desta (DSM-IV, 2002).
Medicamentos antidepressivos também têm sido demonstrados por
causarem disfunção sexual em uma significativa parcela de pacientes que são
tratados com esses fármacos (SAKS, 1999). O número de estudos examinando os
efeitos indesejáveis dos antidepressivos na função sexual vem aumentando de
maneira considerável (KENNEDY et al., 1999).
A disfunção sexual mais comum associada ao uso de antidepressivos é a
ejaculação tardia (MONTGOMERY et al., 2002); entretanto, vários outros tipos de
disfunção são relatados e podem ser classificadas da seguinte maneira:
- alteração do desejo sexual, incluindo diminuição ou falta de desejo;
-disfunção de ejaculação e orgasmo, incluindo anorgasmo, hiperorgasmo,
orgasmo doloroso e inibição de ejaculação;
- problemas de ereção (impotência);
-outros problemas, incluindo redução da satisfação sexual, lubrificação e
problemas de estimulação sexual (TAYLOR et al., 2005).
27
A disfunção sexual tem sido relatada com maior freqüência para três classes
especiais de antidepressivos; os antidepressivos tricíclicos, os inibidores seletivos da
recaptação de serotonina e os inibidores da monoamina oxidase (MONTGOMERY et
al., 2002).
2.3 ANTIDEPRESSIVOS
A neurotransmissão de monoaminas no cérebro como da serotonina,
noradrenalina e dopamina ocorrem em circuitos neurais os quais enviam projeções
para rias regiões do rebro como o sistema límbico e o córtex cerebral e
também, projeções descendentes para o controle do sistema nervoso autônomo.
Esses circuitos controlam muitos aspectos de funções comportamentais, incluindo
respostas de humor, ansiedade e o comportamento sexual.
A principal teoria para a origem da depressão propõe ser a depressão
causada por uma deficiência na neurotransmissão monoaminérgica em certos locais
no cérebro. Assim, drogas que facilitam a ação de monoaminas, na fenda sináptica,
são utilizadas como medicamentos antidepressivos.
O aumento da atividade monoaminérgica pode ocorrer de várias formas,
incluindo diminuição na recaptação do neurotransmissor por bloqueio da proteína
transportadora, diminuição do metabolismo por inibição de enzimas de degradação e
aumentando a liberação do neurotransmissor por bloqueio de auto-receptores
inibitórios (NASH & NUTT, 2007).
Dessa forma, a maioria dos antidepressivos tem ações importantes sobre a
neurotransmissão monoaminérgica, principalmente noradrenalina, dopamina e
serotonina (GOODMAN & GILMAN, 2003; HAMON & BOURGOIN, 2006).
Os mecanismos pelos quais esses medicamentos causam disfunção sexual
envolvem complexas interações entre esses sistemas de monoaminas. Os efeitos
adversos sexuais podem ser causados central ou perifericamente e podem resultar
de mudanças na função de um ou mais neurotransmissores (TAYLOR et al., 2005).
2.3.1 Antidepressivos Tricíclicos (ATC)
A imipramina foi o primeiro composto dessa classe a descobrirem o tão
quanto ela era eficaz no tratamento da depressão. Outros exemplos incluem a
28
amitriptilina, clomipramina, desipramina, nortriptilina e protriptilina (RANG et al.,
2001).
Todos os compostos desse grupo apresentam uma estrutura molecular
semelhante com um núcleo molecular de três anéis, daí serem chamados de
antidepressivos tricíclicos (FIGURA 7) (GOODMAN & GILMAN, 2003).
FIGURA 7- ESTRUTURA QUÍMICA DA AMITRIPTILINA
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antidepressor_triciclico
O efeito antidepressivo desses medicamentos consiste em bloquear a
recaptação de noradrenalina e, em alguns casos, também de serotonina nas
terminações nervosas através de sua competição e bloqueio pelo sítio de ligação da
proteína transportadora (FIGURA 8). De maneira indireta, os tricíclicos parecem
aumentar a neurotransmissão ao bloquear, também, os receptores α2-adrenérgicos
pré-sinápticos inibitórios (RANG et al., 2001).
FIGURA 8- MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
FONTE: http://www.medscape.com/pi/editorial/cmecircle/2001/220/slide10.gif
ATC
29
Além de esses medicamentos agirem aumentando a neurotransmissão
monoaminérgica eles também atuam com propriedades antagonistas em receptores
muscarínicos, histamínicos e α1-adrenérgicos promovendo ações responsáveis
pelos efeitos adversos da droga. Dentre esses efeitos incluem-se sedação,
constipação, hipotensão, ganho de peso corporal e desordens de memória (HAMON
& BOURGOIN, 2006). Alguns antidepressivos tricícliclos também podem antagonizar
receptores de serotonina 5HT
2
(NASH & NUTT, 2007).
Disfunção sexual também aparece como um efeito adverso de
antidepressivos tricíclicos (KENNEDY, 2006). Huang (1997) e Saks (1999) haviam
relatado que tricíclicos como amitriptilina e imipramina podem causar efeitos sexuais
adversos. Alguns estudos demonstram que 20% dos pacientes tratados com essa
classe de antidepressivos apresentam redução de libido e que 30% tem orgasmo
prejudicado (SAKS, 1999). A clomipramina é responsável por 96% da incidência de
anorgasmo associado com o uso de antidepressivos (ROTHSCHILD, 2000). Os
tricíclicos, principalmente a clomipramina, também estão relacionados com o
aumento significativo da latência de ejaculação em pacientes que sofrem de
ejaculação precoce. Este efeito parece ocorrer como conseqüência do aumento da
neurotransmissão central de serotonina (SEO et al., 2001).
Além de agirem alterando a atividade de vários neurotransmissores
centralmente, esses antidepressivos podem promover ação periférica nos órgãos
reprodutores. Medina et al., (2002) demonstraram que a amitriptilina age na
musculatura lisa, dos ductos sexuais deferentes de humanos, inibindo a contração
destes por agir como um antagonista de receptores adrenérgicos inibindo a entrada
de cálcio.
2.3.2 Inibidores da Monoamina Oxidase (IMAO)
A enzima monoamina oxidase (MAO) é encontrada em quase todos os
tecidos e existe em duas formas moleculares: a MAO-A e a MAO-B. Estas são de
localização intracelular associada principalmente com as mitocôndrias e exercem a
função de degradar as monoaminas endógenas e exógenas em todo corpo. A MAO-
A possui preferência de substrato para a 5-HT e constitui o principal alvo dos
antidepressivos IMAO. A MAO-B possui preferência para a feniletilamina, e ambas
30
as enzimas atuam sobre a degradação de noradrenalina e dopamina (RANG et al.,
2001).
Historicamente, o primeiro antidepressivo usado na prática clínica foi um
IMAO. No final dos anos de 1950, a iproniazida, inicialmente utilizada para o
tratamento de tuberculose, passou a ser usada para tratar pacientes deprimidos.
Exemplos dessa classe de medicamentos incluem fenelzina e tranilcipromina,
inibidores não-seletivos da MAO, a selegilina, seletivo para a MAO-B. Todos esses
fármacos promovem inativação irreversível da enzima causando interrupção
prolongada da degradação das monoamianas que pode estender-se por até 2
semanas após a interrupção do tratamento (FIGURA 9). Atualmente, o
desenvolvidos inibidores seletivos e reversíveis da MAO-A de ão curta como a
brofaromina, a moclobemida, a toloxatona e a clorgilina (GOODMAN & GILMAN,
2003).
FIGURA 9- MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES DA ENZIMA
MONOAMINA OXIDASE
FONTE: HUMAN PHYSIOLOGY (1999)
Da mesma forma que outros medicamentos, os inibidores da MAO também
provocam efeitos indesejáveis, os quais podem resultar diretamente da inibição da
MAO, porém alguns são produzidos por outros mecanismos. Esses efeitos incluem
IMAO
31
hipotensão, estimulação central excessiva, aumento do peso corporal, efeitos
colinérgicos (RANG et al., 2001) e disfunção sexual (KENNEDY, 2006).
As principais alterações sexuais as quais os inibidores da MAO estão
associados incluem diminuição de libido e diminuição do orgasmo. De acordo com
Saks (1999), esses medicamentos estão associados a 30% de diminuição de libido e
40% diminuição de orgasmo.
2.3.3 Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS)
No final da década de 80, uma nova classe de antidepressivos foi
introduzida no mercado, os chamados inibidores seletivos da recaptação de
serotonina, os quais atualmente, são os mais utilizados para o tratamento de
depressão (KENT, 2000). O primeiro inibidor desenvolvido foi a zimelidina,
entretanto, por ela estar associada com doença febril e paralisia ascendente de
Guillain-Barré, ela foi retirada do mercado. Por essa razão, a fluoxetina e a
fluvoxamina foram os primeiros inibidores da recaptação de serotonina utilizados
amplamente (GOODMAN & GILMAN, 2003).
Esses fármacos elevam a concentração de serotonina, predominantemente
na área somatodendrítica dos neurônios serotoninérgicos por bloqueio específico da
recaptação (FIGURA 10). Esses processos são responsáveis pelo aparecimento dos
efeitos terapêuticos e adversos desses medicamentos (YARIS et al., 2003).
Dentre os principais efeitos adversos causados pelos inibidores da
recaptação de serotonina estão: náusea, anorexia, insônia (RANG et al., 2001),
alterações gastrintestinais e disfunção sexual (HAMON & BOURGOIN, 2006).
Vários estudos clínicos revelam que os antidepressivos que mais provocam
riscos à função sexual, tanto de homens quanto de mulheres, são os inibidores
seletivos da recaptação de serotonina (KENNEDY, 2006).
De 30% a 40% dos pacientes tratados com ISRS desenvolvem disfunção
sexual, caracterizada principalmente por diminuição de libido, disfunção erétil,
anorgasmo e ejaculação tardia (YARIS et al., 2003).
32
FIGURA 10- MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES SELETIVOS DA
RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA
FONTE: MINNEMAN & WECKER (2006)
Os ISRS incluem, entre outras, a fluoxetina, zimeldina, paroxetina, sertralina
e o citalopram. Desses compostos, a paroxetina é um dos inibidores mais potente da
recaptação de serotonina tanto in vitro quanto in vivo. Além de agir centralmente, a
paroxetina também inibe a síntese de óxido nítrico, um mediador da ereção peniana,
podendo provocar diminuição da pressão sangüínea nos corpos cavernosos e
induzir disfunção erétil (AHN et al., 2005).
A incidência de disfunção sexual é maior para a paroxetina quando
comparada a outros ISRS (YARIS et al., 2003). Ela é administrada oralmente e a
dose efetiva no tratamento de depressão é de 20 mg/dia. Ela é facilmente absorvida
pelo trato gastrintestinal, mas grande parte é metabolizada pelo efeito de primeira
passagem hepática. O tempo de meia vida é variável dependendo da dose e
duração da administração. Após 15 dias de administração oral de paroxetina o
tempo de meia vida é aumentado por até 100% (VASWANI et al., 2003).
2.3.4 HYPERICUM PERFORATUM L.
2.3.4.1 Classificação e aspectos botânicos
-Nome científico: Hypericum perforatum L. (FIGURA 11)
ISRS
Serotonina
33
FIGURA 11-Hypericum perforatum L.
FONTE: BEERHUES (2006)
-Nomes populares: hipérico, orelha-de-gato, alecrim-bravo, arruda-de-São-Paulo,
arruda-do-campo, milfurada, Erva de São João e St. John`s Wort.
-Período de colheita: antes ou durante a florescência (BILIA et al., 2002).
-Partes utilizadas: as preparações farmacêuticas mais comuns são feitas a partir das
partes aéreas da planta (MENNINI & GOBBI, 2004).
-Aspectos botânicos: a planta é um arbusto perene pertencente à família das
Hypericaceae, ou também chamada Guttiferae, largamente encontrada na Europa,
Ásia, norte da África e América do Norte (GAMBARANA et al., 1999). O gênero
Hypericum é representado por 89 espécies, das quais 43 são endêmicas e a espécie
mais abundante e mais conhecida é a Hypericum perforatum L. (DAVIS, 1988 apud
ÇIRAK et al., 2006). Esta possui um tamanho médio de 60 cm. As folhas apresentam
pontos transparentes ou glândulas oleosas que secretam óleo formando uma
camada incolor sobre as folhas. As flores são amarelo-alaranjadas brilhantes. O
cálice e a corola são marcados com pontos pretos; as sépalas e as pétalas são em
número de cinco e as pétalas são salpicadas com pontos pretos (BILIA et al., 2002).
No Brasil algumas espécies encontradas, principalmente na região sul, são
Hypericum brasiliense, Hypericum myrianthum e Hypericum caprifoliatum, a qual
também apresenta atividade antidepressiva (DAUDT et al., 2000).
2.3.4.2 Histórico da Planta
Hypericum perforatum L. foi inicialmente conhecida, na antiguidade, como
uma planta que possuía propriedades sobrenaturais e, mais tarde, como planta
34
medicinal. O nome “hypericum” é derivado do Grego e refere-se à suposta
capacidade da planta de fazer as pessoas voarem por poder evocar espíritos. A
palavra “perforatum” deriva do Latim “perfurado” porque as folhas, quando
submetidas à luz, revelam pontos translúcidos dando a impressão de que as folhas
são perfuradas.
A Erva de São João é tradicionalmente utilizada para muitas aplicações
terapêuticas. O uso de suas partes florais foi originalmente documentado na Grécia
antiga para vários fins terapêuticos como, por exemplo, para o tratamento de feridas,
contusões e como diurético, e, atualmente, ela tem sido muito utilizada para o
tratamento de doenças psiquiátricas como ansiedade e depressão (BILIA et al.,
2002).
2.3.4.3 Constituintes químicos Hypericum perforatum L.
Análises fitoquímicas das partes aéreas têm revelado a presença de uma
grande variedade de substâncias com atividades biológicas diversas (RODRIGUEZ-
LANDA & CONTRERAS, 2003).
GREESON et al., (2001) relacionaram esses principais constituintes:
-Naftodiantronas: hipericina e pseudohipericina (flores e brotos);
-Floroglucinóis: hiperforina e adiperforina (flores e brotos);
-Flavonóides: quercetina (folhas), hiperósido (talo), quercetrina, rutina, campferol,
mirecetina, amentoflavona, 13,118-biapegenina (brotos);
-Procianidinas: procianidina, catequina, polímeros, epicatequinas (flores e brotos);
-Tanina: ácido tanínico;
-Aminoácidos: GABA, cisteína, glutamina, leucina, lisina, ortinina, prolina, treonina;
-Óleos essenciais: terpenos e álcool;
-Fenilpropanos: ácido cafeíco, ácido clorogênico;
-Xantonas;
-Outros compostos: ácidos orgânicos, peptídeos, polissacarídeos.
As preparações de Hypericum perforatum L. são, freqüentemente,
padronizadas pela concentração de hipericina, que pode variar de 0,1 a 0,3% do
extrato alcoólico. O conteúdo de hiperforina varia de 1 a 5% e, apesar de ser um
composto instável a luz e ao ar, pode ser encontrado e mantido no extrato por
longos períodos, se bem estocado (FIGURA 12) (MENNINI & GOBBI, 2004).
35
Na Europa, os extratos ativos purificados do Hypericum perforatum L. são
usualmente preparados por extração dos compostos com uma mistura de etanol ou
metanol/água e são padronizados por análise de espectrofotometria UV. A
Farmacopéia Européia não aceita menos que 0,08% de hipericina por extrato. Nos
Estados Unidos, a padronização dos extratos com um valor mínimo de hipericina de
0,2% e hiperforina 3,0%, calculados por análise de HPLC.
Hipericina Hiperforina
FIGURA 12-MOLÉCULA DE HIPERICINA E HIPERFORINA
FONTE: BILIA et al. (2002)
O Hypericum perforatum L. é a única espécie, da família das Guttiferae, que
contém uma grande quantidade de hiperforina. Durante o crescimento da planta a
concentração de hiperforina continuamente aumenta de 2,5%, nos brotos jovens,
para 8,5% nos frutos verdes. Nas folhas o conteúdo é de aproximadamente 1,5% e
permanece estável (BEERHUES, 2006).
Por anos, a atividade antidepressiva da planta Hypericum perforatum foi
atribuída a hipericina Entretanto, estudos clínicos e experimentais indicam que a
hiperforina seja o composto envolvido nesta atividade. As diferentes propriedades
dos compostos bioativos e seus diferentes níveis de produção, por exemplo, alta
concentração de hipericina encontrada em temperaturas altas enquanto hiperforina
em temperaturas mais baixas podem indicar meios para o desenvolvimento de
estratégias de comercialização com produção de compostos bioativos específicos
(COUCEIRO et al., 2006).
36
2.3.4.4 Farmacocinética
Um estudo realizado com ratos por Biber et al., (1998) demonstrou que após
a administração oral de 300 mg/kg de extrato de Hypericum perforatum L (WS5572,
contendo 5% de hiperforina) a concentração plasmática máxima de hiperforina
estimada em 3 horas foi de 370ng/ml e o tempo de meia vida de aproximadamente 6
horas (BIBER et al., 1998 apud BHATTARAM et al., 2002).
Estudos farmacocinéticos em humanos realizados têm revelado que doses
clinicamente relevantes de hipericina (1mg/dia) atingem concentrações plasmáticas
máximas após 4-6 horas e permanecem estáveis por até 4 dias. O tempo da
absorção de hipericina é de aproximadamente 1 hora e o tempo de eliminação de 25
horas (UPTON et al., 1997; KERB et al., 1994; BROCKMOLLER et al., 1997 apud
GREESON et al., 2001).
Um outro experimento clínico investigou a farmacocinética do composto
hiperforina de um extrato contendo 300mg/kg Hypericum perforatum L (14,8mg
hiperforina) e foi demonstrado que a concentração plasmática máxima deste
composto foi de 150 µg/l em 3,5 horas, o tempo de meia vida de 9 horas e o de
eliminação de 12 horas (BIBER et al., 1998 apud GREESON et al., 2001).
Embora não ocorra acúmulo de hiperforina no plasma, a concentração
plasmática seguindo um regime terapêutico normal é uma concentração similar em
magnitude para a fluoxetina, paroxetina e fluvoxamina (GREESON et al., 2001).
2.3.4.5 Doses
A dose recomendada de Hypericum perforatum L, para o tratamento de
depressão leve ou moderada, é de 900mg/dia de extrato padronizado de 0,3%
hipericina. Altas doses de 1.200 para 1.800 mg/dia têm sido utilizadas para o
tratamento de casos de depressão severa (CASS, 2003).
37
2.3.4.6 Principais atividades biológicas
Atividade antidepressiva
Extratos de Hypericum perforatum L são largamente utilizados para o
tratamento de depressão. Estudos têm demonstrado que esses extratos são mais
efetivos que placebo e semelhantes a outros antidepressivos sintéticos em casos de
depressão leve e moderada (BIFFIGNANDI & BILIA, 2000; LINDE & KNUPPEL,
2005).
Inicialmente, sugeria-se que a hipericina era responsável pelo efeito
antidepressivo do Hypericum perforatum L, devido à sua propriedade de inibir a
enzima monoamina oxidase. Entretanto, este efeito era alcançado quando se
utilizavam altas concentrações do extrato, as quais não são utilizadas clinicamente.
Mais tarde observou-se que os extratos inibiam a recaptação de serotonina,
dopamina e noradrenalina com alta potência e este efeito foi atribuído a hiperforina
(MENNINI & GOBBI, 2004).
Atividade fotodinâmica
Muitas plantas, dentre elas o Hypericum perforatum L, possuem propriedade
fotodinâmica. A terapia fotodinâmica é baseada na administração de drogas,
conhecidas como fotossensíveis, as quais são preferencialmente retidas por tecidos
com neoplasias (ZEISSER-LABOUEBE et al., 2006).
A hipericina é um composto fotossensível que demonstra atividade
antineoplásica, provavelmente por induzir a apoptose e necrose das células tumorais
(SKALKOS et al., 2006).
Atividade antibacteriana
O potencial antibiótico de hiperforina explica o tradicional uso do Hypericum
perforatum L. para o tratamento local de feridas infecciosas. A hiperforina inibe o
crescimento de bactérias gram-positivas, em concentrações bem baixas, mas não de
bactérias gram-negativas (BEERHUES, 2006). Estudo realizado por SCHEMPP et
al., em 2003,
demonstraram que o Hypericum perforatum L. é um eficiente
38
tratamento para dermatite subaguda, entretanto mais estudos devem ser realizados
comparando-o com outros tratamentos padronizados.
Indução do citocromo P450 e glicoproteína-P
Recentes estudos têm demonstrado que Hypericum perforatum L. e alguns
compostos isolados podem ativar ou inibir certos tipos de enzimas, principalmente as
enzimas do sistema do citocromo P450. Uma enzima ativada é a glicoproteína-P e
as isoformas 34A, 1A2 e 2C9. Esta ativação pode reduzir os níveis sanguíneos e os
efeitos terapêuticos de algumas drogas que são metabolizadas por essas enzimas
(BIFFIGNANDI & BILIA, 2000).
Os receptores pregnane X, os quais são responsáveis pela metabolização de
hormônios esteróides também são ativados por compostos presentes no extrato
(BILIA et al., 2002). Dessa forma, a co-administração de Hypericum perforatum L.
com outras drogas podem levar a uma redução, ou aumento, dos níveis plasmáticos
da droga co-administrada, alterando sua eficácia (BEERHUES, 2006).
2.3.4.7 Efeitos adversos
Os efeitos adversos mais comuns atribuídos ao Hypericum perforatum L. são:
irritação gastrintestinal, reações alérgicas, fotossensibilização, fadiga e inquietação.
Hypericum perforatum L. é considerada uma planta segura para o tratamento
de depressão por apresentar poucos efeitos adversos, principalmente reprodutivos.
Entretanto, pesquisas realizadas com Hypericum perforatum L. demonstraram que
ela inibe de forma direta a contratilidade das vias deferentes de ratos e humanos, da
mesma forma que outros antidepressivos sintéticos como a paroxetina, a qual está
associada à ocorrência de disfunção sexual masculina (CAPASSO et al., 2005).
Além disso, relatos espontâneos de pacientes que utilizaram Hypericum perforatum
L. (BHOPAL, 2001; ASSALIAN, 2000) indicam a ocorrência de efeitos adversos na
função sexual, o que leva a suspeitar que a planta Hypericum perforatum L. possa
provocar algum tipo de toxicidade reprodutiva
39
3 JUSTIFICATIVA
Atualmente, no Brasil e no mundo, um grande consumo de Hypericum
perforatum L., principalmente, para o tratamento de transtornos depressivos. Assim,
esta planta é considerada, por muitos autores, uma forma segura de tratamento por
ela promover poucos efeitos adversos, inclusive não interferindo na função sexual.
Entretanto, existem poucos trabalhos que relacionam Hypericum perforatum L. com
a função sexual masculina.
40
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Este projeto de pesquisa teve como objetivo geral avaliar os possíveis efeitos
adversos do Hypericum perforatum L. sobre o sistema reprodutor masculino de ratos
Wistar tratados pelo medicamento por um período crônico.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Avaliar possíveis alterações nos vários parâmetros utilizados nos estudos de
comportamento sexual;
- Avaliar o peso relativo e absoluto de órgãos relacionados à reprodução (testículos,
epidídimo, próstata, vesícula seminal), assim como dos rins e do fígado para a
avaliação de possível toxicidade;
- Avaliar a produção e o número de espermatozóides;
- Avaliar a produção de testosterona, hormônio responsável pelo desenvolvimento e
manutenção do sistema reprodutor masculino.
41
5 MATERIAL E MÉTODOS
5.1 ANIMAIS
Para a experimentação foram utilizados ratos da linhagem Wistar (Rattus
norvergicus albinus), machos e fêmeas (com aproximadamente três meses de
idade), criados no biotério do Setor de Ciências Biológicas e mantidos no
Laboratório de Toxicologia Reprodutiva do Departamento de Farmacologia, ambos
na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os animais foram mantidos em sala
com temperatura controlada (20 ± 2
o
C), água e ração comercial ad libitum e
iluminação artificial estabelecendo um fotoperíodo de 12 horas claro e 12 horas
escuro, considerando o período de luz das 22:00 às 10:00 horas da manhã (ciclo
invertido). Todos os animais, antes do início dos experimentos, permaneceram três
semanas na sala com ciclo claro/escuro invertido para adaptação. Todos os
procedimentos experimentais realizados foram aprovados pelo Comitê de Ética em
Experimentação Animal da UFPR, através do número de protocolo 0199.
5.2 SUBSTÂNCIAS UTILIZADAS
Neste experimento foram utilizados dois medicamentos antidepressivos. Um
deles o extrato de Hypericum perforatum L., doado pela Fundação Herbarium de
Saúde e Pesquisa, utilizado para a fabricação do antidepressivo fitoterápico Hipérico
padronizado com 0,38% de hipericina e 3,5% e hiperforina. O outro antidepressivo
utilizado foi o sal de paroxetina (cloridrato de paroxetina) comercializado e vendido
pela Farmácia de manipulação Vico Farma na cidade de Curitiba, Paraná.
5.3 DOSES E TRATAMENTO
As doses utilizadas do extrato de Hypericum perforatum foram determinadas
de acordo com a dose terapêutica em humanos de 15 mg/kg/dia (900 mg/dia)
(CASS, 2003). A dose de paroxetina inicial foi de 20 mg/kg, entretanto, como os
42
animais perderam muito peso, a partir do décimo dia de tratamento a dose foi
diminuída para 10 mg/kg. Esta foi determinada de acordo com o trabalho de Jong et
al., (2005), no qual essa dose também alterou alguns parâmetros do comportamento
sexual de ratos machos tratados com esse medicamento.
Os ratos machos foram divididos em cinco grupos de 15 animais cada:
-grupo controle (C): tratados com salina (veículo);
-grupo PA: tratados com paroxetina;
-grupo H15: tratados com Hypericum perforatum L. 15 mg/kg;
-grupo H150: tratados com Hypericum perforatum L. 150 mg/kg;
-grupo H300: tratados com Hypericum perforatum L. 300 mg/kg.
Os animais foram mantidos em caixas com 2 ou 3 animais cada, e foram
tratados via oral, gavage (FIGURA 13), com volume de 5 mL/kg de peso corporal
pela manhã durante 90 dias, estabelecendo um protocolo crônico de tratamento
(EPA, 1996). Ambos os compostos foram preparados diariamente dissolvidos em
salina e sonicados, em ultra-som, por 20 minutos.
FIGURA 13- ADMINISTRAÇÃO POR GAVAGE
FONTE: LABORATÓRIO DE TOXICOLOGIA DA UFPR (2007)
43
5.4 SELEÇÃO DOS RATOS MACHOS SEXUALMENTE EXPERIENTES
Para os estudos de comportamento sexual são normalmente utilizados ratos
sexualmente ativos e experientes. Assim, ratos machos com idade adulta (90 dias)
passaram por um processo de triagem para a separação desses animais.
Todos os ratos selecionados permaneceram com fêmeas em estro e foram
separados somente aqueles que ejacularam o que foi confirmado pela presença de
espermatozóides no esfregaço vaginal das ratas (FIGURA 14). Esses esfregaços
foram realizados com auxílio de micropipeta através de lavagens vaginais com 50 µl
de salina e posterior avaliação, a fresco, em microscopia ótica. Os animais
separados foram colocados na sala de ciclo claro/escuro invertido por três semanas
para adaptação, em caixas com no máximo 4 animais.
FIGURA 14-LAVADO VAGINAL
FONTE: LABORATÓRIO DE TOXICOLOGIA DA UFPR (2007)
5.5 PREPARAÇÃO DAS FÊMEAS SEXUALMENTE RECEPTIVAS
A maioria dos métodos para a avaliação do comportamento sexual em ratos
utiliza ratas fêmeas adultas ovariectomizadas tornando-as sexualmente receptivas
através de tratamento hormonal. A utilização de ratas castradas tem como objetivo
evitar uma possível prenhez durante os estudos de comportamento, o que implicaria
a utilização de um número elevado de animais.
44
Para a realização da cirurgia de castração, as ratas foram anestesiadas, via
intraperitoneal, com uma combinação de ketamina (Vetaset 10 ml, Fort Dodge) e
xilazina (Virbaxyl 2%, Virbac) nas concentrações de 75 mg/kg e 1,5 mg/kg,
respectivamente. Com a fêmea em decúbito dorsal foram feitas à depilação e a
assepsia, com iodopovedine, da região central do abdome. Em seguida, uma incisão
ventral de aproximadamente 1,5 cm sobre a pele e os músculos expôs a cavidade
abdominal. Os ovários foram localizados, abaixo de uma camada de gordura, e
antes de serem retirados os ovidutos foram amarrados com um fio reabsorvível
orgânico (categute simples número 0000) (FIGURA 15). Encerrada a retirada do
segundo ovário, a incisão foi suturada com fio mononylon 0 e feita à assepsia da
região.
As ratas receberam, via-subcutânea, analgésico (D-500, FortDodge 50 ml) na
dose de 66 mg/kg e antibiótico (Gentatec 10ml, Chemitec Agro-Veterinária) na dose
de 5 mg/kg e, foram mantidas em observação para recuperação pós-cirúrgica por 20
dias. Em seguida, foram colocadas na sala de ciclo invertido por três semanas para
adaptação.
FIGURA 15- OVARIECTOMIA EM RATAS
FONTE: LABORATÓRIO DE TOXICOLOGIA DA UFPR (2007)
45
5.6 DESENHO EXPERIMENTAL
Castração de
ratas fêmeas
Seleção dos machos sexualmente
ativos e experientes
Inversão do ciclo
claro/escuro para
habituação
Tratamento/90 dias
- grupo controle: salina
- grupo H15: Hypericum 15 mg/kg/dia
- grupo H150: Hypericum 150 mg/kg/dia
- grupo H300: Hypericum 300 mg/kg/dia
- grupo PA: paroxetina 10 mg/kg/dia
Coleta de fezes em dias alternados para
posterior avaliação hormonal
Avaliação do comportamento sexual
Sacrifício
Gavage
Parâmetros avaliados
- Massa dos órgãos (testículos,
epidídimos, vesícula seminal,
próstata, fígado, rim, adrenal,
encéfalo e músculo levantador
anal);
- Produção espermática;
-
Dosagem de testosterona em fezes.
Início dos
experimentos
2 semanas 4 semanas 3 semanas
2 semanas 2 semanas
46
5.7 PARÂMETROS AVALIADOS
5.7.1 Comportamento Sexual
A avaliação do comportamento sexual dos ratos machos foi realizada em dois
momentos distintos: antes e após o tratamento de 90 dias. O comportamento sexual
foi realizado durante a fase escura do ciclo e filmado no intervalo das 13:00 às 20:00
horas, para posterior análise. Cada macho, durante o acasalamento, permaneceu
sozinho com uma fêmea em estro em uma sala apropriada para filmagens.
5.7.1.1 Indução do estro em fêmeas castradas
Antes de cada análise de comportamento sexual, a receptividade sexual das
fêmeas foi induzida por hormônios sexuais femininos sintéticos. Aproximadamente
52 horas antes do acasalamento, as ratas receberam 17α-etinilestradiol (Sigma, E-
4876) na dose de 20 µg/rata e, quatro horas antes progesterona (Sigma, P0130) na
dose de 1 mg/rata. Ambos os hormônios foram dissolvidos em óleo de canola e
sonificados por 10 minutos, diariamente. A concentração final foi de 100 µg/ml de
17α-etinilestradiol e 5 mg/ml de progesterona. Os hormônios foram injetados
subcutaneamente em volume de 0,2 ml/rata, no dorso do animal. As fêmeas foram
usadas somente uma vez por semana (AGMO, 1997).
5.7.1.2 Filmagem do comportamento sexual dos machos
Após a indução do estro nas fêmeas, os machos acasalavam com estas em
uma caixa transparente de polipropileno (414x344x168 mm) e os acasalamentos
foram filmados utilizando uma câmera de vídeo compacta (Vídeo 8 Handycam CCD-
TR517, SONY®). Dez minutos antes do acasalamento o macho, individualmente, foi
colocado na caixa de polipropileno para exploração do ambiente, evitando a
interferência do comportamento exploratório desse animal no comportamento
47
sexual. Em seguida, a fêmea foi colocada na caixa com o macho e o acasalamento
filmado por 30 minutos. Foram consideradas sexualmente inativas as fêmeas que
não apresentaram receptividade sexual (lordose, vibração das orelhas) num tempo
de cinco minutos após serem colocadas com os machos. Se isso acontecesse, a
fêmea era trocada por outra.
Depois de transcorridos 30 minutos de filmagem, a fêmea foi retirada da
caixa e foi realizado o esfregaço vaginal para detecção de espermatozóides e
confirmação da ejaculação.
5.7.1.3 Avaliação do comportamento sexual
Após o término das filmagens foram analisadas as seguintes variáveis
reprodutivas (AGMO, 1997):
Latência de monta (seg): tempo decorrido entre a introdução da
fêmea na caixa de filmagem e a primeira monta (com ou sem penetração);
Latência de penetração (seg): tempo decorrido entre a introdução da
fêmea na caixa de filmagem e a primeira penetração;
Latência de ejaculação (min): tempo decorrido entre a primeira
penetração e a ejaculação;
Latência pós-ejaculação (min): tempo decorrido entre a ejaculação e
a primeira penetração após a ejaculação;
Número de penetrações até a primeira ejaculação;
Número de penetrações totais.
Após o tratamento e as filmagens, os animais foram sacrificados por
decapitação para a avaliação de outros parâmetros reprodutivos.
48
5.7.2 Determinação da Massa Corporal e da Massa Absoluta e Relativa dos
Órgãos
A determinação das massas relativa e absoluta dos órgãos e, também, da
massa corporal pode dar indicações do estado de saúde do animal e da função de
cada órgão. Com o objetivo de observar alterações nestes parâmetros, foi
monitorada a mudança de massa corporal dos animais durante o tratamento. Além
disso, após o sacrifício foram retidos os seguintes órgãos para análise: rins, fígado,
encéfalo, adrenais, os órgãos sexuais (testículos e epidídimos) e glândulas
acessórias sexuais (próstata e vesícula seminal). A pesagem de todos os órgãos foi
realizada utilizando-se balança analítica.
5.7.3 Contagem Espermática
Para a avaliação da produção espermática foram utilizados os testículos
direitos dos animais. Após a retirada e pesagem dos testículos estes foram
submetidos à excisão da túnica albugínea e homogeneizados, durante 1 minuto, em
10 ml de salina (solução de cloreto de sódio 0,9%) contendo 0,5% de Triton X-100. A
solução obtida foi diluída com salina 10 vezes e submetida à contagem microscópica
do número de espermátides em câmara hemocitométrica (câmara de Bürker),
diariamente.
O número de espermátides diárias por animal corresponde à contagem de
espermátides do testículo direito multiplicada pelo fator de correção (3 x 0,520833) e
dividido por 6,1. O divisor corresponde ao número de dias em que as espermátides
estão presentes nos estágios 17 e 19 do ciclo do epitélio seminífero. Estes estágios,
nos ratos, correspondem a 48% de um ciclo completo, o qual tem duração total de
12,75 dias (ROBB, 1978).
Para a contagem do número de espermatozóides foram utilizadas as caudas
dos epidídimos. Após estes serem pesados, fragmentados e homogeneizados em 10
ml de salina (solução de cloreto de sódio 0,9%) contendo 0,5% de Triton X-100
foram feitas as contagens de maneira semelhante aos testículos. As contagens
obtidas dos epidídimos direito e esquerdo foram somadas e multiplicadas também
pelo fator de correção (3 x 0,520833) (ROBB, 1978).
49
5.7.4 Dosagem hormonal
Durante o período de tratamento, especificamente a cada dois dias, foram
recolhidas amostras das fezes dos animais machos, as quais foram utilizadas para a
dosagem de hormônio sexual masculino. Este método de avaliação hormonal serviu
como um parâmetro para a observação e análise de possíveis variações dos níveis
hormonais em quatro períodos durante o tratamento: as fezes do início e final do
tratamento e fezes após 30 e 60 dias de tratamento.
A pesagem das fezes e a extração hormonal da amostra foram realizadas de
acordo com Brown et al. (2004). Em seguida, os níveis de androgênios foram
quantificados por meio de teste de ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent Assay). O
princípio deste ensaio está baseado na competição entre androgênios da amostra e
a testosterona conjugada utilizada como reagente para uma quantidade constante
de anticorpo antitestosterona.
As microplacas (NUNC Immuno TM plates, Maxisorp) utilizadas foram
cobertas com 50 µl de anticorpo anti-testosterona (R156/7; CORALIE Munro-
Universidade da Califórnia, Davis, CA, USA) diluído 1:7500 e acondicionada a 4ºC,
por pelo menos 12 horas.
A leitura dos resultados foi realizada utilizando-se dois controles,
padrões com quantidades conhecidas de testosterona e amostras, tudo em
duplicata, e ao final a quantidade de androgênios foi dada em ng/grama de fezes. Os
coeficientes de variação intra-ensaio e inter-ensaio foram < 10%.
5.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Todas as variáveis foram analisadas através de análise de variância (ANOVA)
e as diferenças entre os grupos foram determinadas pelo teste de Tukey. Para a
avaliação da dosagem hormonal nas fezes e ganho de massa corporal foi utilizada
análise de variância de duas vias (ANOVA de duas vias). Para a análise do
percentual de animais que ejacularam foi utilizado o teste de qui quadrado. O nível
de significância estatístico utilizado foi de 5% (p < 0,05). Para análise estatística e
confecção dos gráficos foram utilizados os programas Graphpad Prism® versão 3.0
eStatistica.
50
6 RESULTADOS
6.1 AVALIAÇÃO DO PESO CORPORAL
6.1.1 Massa Corporal Durante o Tratamento
A administração diária de Hypericum perforatum L. não afetou o ganho de
massa corporal dos animais em comparação ao grupo controle. Entretanto, os
animais do grupo paroxetina apresentaram uma redução estatisticamente
significativa do ganho de massa corporal em relação ao grupo controle, e aos
demais grupos aos 10 dias de tratamento (GRÁFICO 1). Durante os 90 dias de
tratamento, um animal do grupo H15, um animal do grupo H300 e dois animais do
grupo H150 morreram devido à administração incorreta por gavage.
GRÁFICO 1-GANHO DE MASSA CORPORAL DOS ANIMAIS DURANTE 90 DIAS
DE TRATAMENTO
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
90
95
100
105
110
115
Controle (n=15)
Hypericum 15 mg/kg (n=14)
Hypericum 150 mg/kg (n=13)
Hypericum 300 mg/kg (n=14)
Paroxetina 10 mg/kg (n=15)
*
Dias
Ganho de massa
corporal %
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
* Significativamente diferente do grupo controle
(p<0,05)-ANOVA de duas vias. Análise pontual; Anova de uma via seguida do teste de
Tukey
51
6.1.2 Massa Corporal no Dia do Sacrifício
Após os 90 dias de tratamento, os animais foram filmados para a avaliação do
comportamento sexual e foram sacrificados após 7 dias, a partir da filmagem. No dia
do sacrifício, a massa corporal média dos animais não diferiu de forma
estatisticamente significativa entre os grupos (GRÁFICO 2).
GRÁFICO 2-MASSA CORPORAL DOS ANIMAIS NO DIA DO SACRIFÍCIO
Controle 15 150 300 Paroxetina
0
100
200
300
400
500
600
Hypericum perforatum (mg/kg) 10mg/kg
Massa corporal(g)
n=15
n=14
n=13
n=14
n=15
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
ANOVA de uma via
6.2 MASSA ABSOLUTA E RELATIVA DOS ÓRGÃOS
O cálculo da média das massas absoluta e relativa dos rins, adrenais,
testículos e epidídimos foi calculado a partir da média dos órgãos direito e esquerdo.
O tratamento com Hypericum perforatum e paroxetina não afetou as massas
absoluta e relativa dos órgãos: fígado, rins, adrenais e encéfalo, em nenhuma das
doses testadas (TABELA 1).
Em relação aos órgãos sexuais, observamos que também não houve
diferença estatisticamente significativa nas médias das massas absoluta e relativa
dos órgãos testículos e epidídimos entre os grupos tratados com Hypericum
perforatum, paroxetina e o grupo controle.
52
O número menor de animais nos grupos H150 e paroxetina, para os órgãos
encéfalo e adrenais, é devido à perda destes órgãos no momento da retirada
durante o sacrifício.
TABELA 1-MASSA ABSOLUTA E RELATIVA DOS ÓRGÃOS DE ANIMAIS
MACHOS TRATADOS POR 90 DIAS
Hypericum perforatum (mg/kg) VARIÁVEIS CONTROLE
(salina)
15 150 300
PAROXETINA
10 mg/kg
Número de animais por
grupo
15
14
13
14
15
Massa corporal (g)
479 ± 9,45
467 ± 9,96
445 ± 11,06
450 ± 9,88
449 ± 5,28
MASSA ABSOLUTA
Fígado (g) 13,0 ± 0,38 12,5 ± 0,33 12,3 ± 0,33 13,0 ± 0,38 12,2 ± 0,30
Encéfalo (g) 2,12 ± 0,021 2,10 ± 0,028 2,12 ± 0,023(a) 2,08 ± 0,017 2,11 ± 0,015
Rim (g) 1,37 ± 0,030 1,37 ± 0,036 1,32 ± 0,032 1,36 ± 0,032 1,32 ± 0,025
Adrenal (mg) 24,0 ± 1,34 23,0 ± 1,24 24,0 ± 0,71 23,0 ± 1,37 24,0 ± 0,98(b)
MASSA RELATIVA
Fígado (%) 2,71 ± 0,037 2,69 ± 0,042 2,76 ± 0,056 2,88 ± 0,059 2,72 ± 0,062
Encéfalo (%) 0,45 ± 0,0092 0,45 ± 0,0088 0,48 ± 0,0092 (a) 0,47 ± 0,010 0,47 ± 0,0071
Rim (%) 0,29 ± 0,0046 0,29 ± 0,0050 0,30 ± 0,0063 0,30 ± 0,0055 0,29 ± 0,0050
Adrenal (%) 0,0048 ± 0,0003 0,0048 ± 0,0003 0,0052 ± 0,0002 0,0051 ± 0,0003 0,0050 ± 0,0003 (b)
Notas: Os resultados expressam média ± erro padrão
(a) número de animais por grupo igual a 11. (b)
número de animais por grupo igual a 14
Em relação à massa absoluta e relativa da vesícula seminal também não
foram observadas diferenças estatisticamente significativas quando comparado os
grupos tratados com Hypericum perforatum e paroxetina com o grupo controle.
53
Entretanto, apesar de ter havido uma diminuição das massas absoluta e
relativa da próstata para os animais dos grupos H150, H300 e paroxetina, não foi
diminuição estatisticamente significativa em relação ao grupo controle.
As médias das massas absoluta e relativa dos órgãos sexuais estão
apresentadas na TABELA 2.
TABELA 2-MASSA ABSOLUTA E RELATIVA DOS ÓRGÃOS SEXUAIS DE
ANIMAIS MACHOS TRATADOS POR 90 DIAS
Hypericum perforatum (mg/kg) VARIÁVEIS CONTROLE
(salina)
15 150 300
PAROXETINA
10 mg/kg
Número de animais por
grupo
15
14
13
14
15
Massa corporal (g)
479 ± 9,45
467 ± 9,96
445 ± 11,06
450 ± 9,88
449 ± 5,28
MASSA ABSOLUTA
Testículos (g) 2,02 ± 0,024 2,00 ± 0,028 2,02 ± 0,046 2,03 ± 0,036 2,01 ± 0,056
Epidídimos (g) 0,68 ± 0,0072 0,64 ± 0,0141 0,65 ± 0,0110 0,67 ± 0,0166 (a) 0,66 ± 0,0116
Vesícula seminal (g) 0,81 ± 0,042 0,81 ± 0,040 0,76 ± 0,041 0,86 ± 0,043 0,73 ± 0,026
Próstata (g) 0,48 ± 0,021 0,47 ± 0,035 0,41 ± 0,037 0,42 ± 0,017 0,40 ± 0,019
MASSA RELATIVA
Testículos (%) 0,42 ± 0,0076 0,43 ± 0,010 0,46 ± 0,012 0,44 ± 0,023 0,45 ± 0,011
Epidídimos (%) 0,14 ± 0,0028 0,14 ± 0,0027 0,15 ± 0,0040 0,15 ± 0,0041 (a) 0,15 ± 0,0025
Vesícula seminal (%)
0,17 ± 0,0068
0,17 ± 0,0076
0,17 ± 0,0090
0,19 ± 0,0113
0,16 ± 0,0065
Próstata (%) 0,10± 0,0050 0,10 ± 0,0068 0,09 ± 0,0087 0,09 ± 0,0041 0,09 ± 0,0041
Notas: Os resultados expressam média ± erro padrão
(a) número de animais por grupo igual a 13.
54
6.3 COMPORTAMENTO SEXUAL
6.3.1 Avaliação do Comportamento Sexual Antes do Tratamento
Os resultados da avaliação do comportamento sexual antes do tratamento
são apresentados na TABELA 3.
Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi observada entre os
grupos, em relação as variáveis analisadas. Apesar de todos os animais serem
machos sexualmente ativos e experientes nem todos ejacularam. A percentagem de
animais que ejacularam foi de 60% (n=9) para o grupo controle, 71% (n=10) e 69%
(n=9) para os grupos H15 e H 150, respectivamente. O percentual de animais que
ejacularam do grupo H300 foi o menor sendo de 43% (n=6) enquanto o do grupo da
paroxetina foi o maior de 87% (n=13).
TABELA 3-AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SEXUAL DE RATOS MACHOS
ADULTOS SEXUALMENTE EXPERIENTES ANTES DO TRATAMENTO
Hypericum perforatum (mg/kg)
VARIÁVEIS CONTROLE
(salina)
15 150 300
PAROXETINA
10 mg/kg
Número de animais por grupo
15
14
13
14
15
Número de animais que ejacularam
9
10
9
6
13
Latência de monta (seg) 37,0 ± 5,19 29,6 ± 5,77 33,0 ± 5,24 27,6±4,82 27,9 ± 5,15
Latência de penetração (seg) 43,0 ± 5,38 33,1 ± 7,76 34,8 ± 5,02 30,2 ± 4,64 31,6 ± 6,42
Latência de ejaculação (min.) 14,4 ± 2,03 17,3 ± 2,47 16,3 ± 2,78 15,7 ± 3,01 14,0 ± 1,45
Latência de pós-ejaculação (min.) 3,54 ± 0,207 (a) 4,17± 0,380 (b) 3,86 ± 0,396 (a) 4,02± 0,327 4,23 ± 0,319
Número de penetrações
até a ejaculação
29,9 ± 3,16
37,6 ± 5,87
32,4 ± 5,23
36,3 ± 7,32
28,3 ± 3,71
Número de penetrações totais 43,9 ± 4,02 47,2 ± 5,50 41,4 ± 5,31 45,7 ± 4,59 45,5 ± 3,37
Notas: Os resultados expressam média ± erro padrão. (seg) = segundos, (min) = minutos
(a) = 8 animais /grupo; (b) = 9 animais /grupo
55
O número de animais dos grupos H15 e H150 foram menores para o
parâmetro latência de pós-ejaculação porque alguns animais após a ejaculação não
retornaram ao comportamento sexual dentro dos trinta minutos de filmagem.
6.3.2 Avaliação do Comportamento Sexual Depois do Tratamento
Os resultados da avaliação do comportamento sexual depois do tratamento
são apresentados na TABELA 4.
A percentagem de animais que ejacularam foi de 80% (n=12) para o grupo
controle e 71% (n=10) para os grupos H15 e H300. Os menores percentuais de
animais que ejacularam foram de 54% (n=7) para o grupo H150 e 64% (n=9) para
grupo da paroxetina. Dessa forma, após o tratamento os grupos controle e H300
apresentaram um aumento no percentual de animais que ejacularam enquanto, os
grupos H150 e paroxetina apresentaram uma redução. Entretanto, essas diferenças
não são estatisticamente significativas (GRÁFICO 3).
GRÁFICO 3-NÚMERO DE ANIMAIS QUE EJACULARAM APÓS O TRATAMENTO
Notas: n= número de animais por grupo.
Os resultados expressam percentagem de animais que ejacularam
p<0,05)-teste qui quadrado
sim não
0
3
6
9
12
15
controle (n=15)
Hypericum perforatum 15 mg/kg (n=14)
Hypericum perforatum 150 mg/kg (n=13)
Hypericum perforatum 300 mg/kg (n=14)
Paroxetina 10 mg/kg (n=15)
Ejaculação
Nº de animais
80%
71% 71%
54%
64%
56
TABELA 4-AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SEXUAL DE RATOS MACHOS
ADULTOS SEXUALMENTE EXPERIENTES DEPOIS DO TRATAMENTO
Hypericum perforatum (mg/kg)
VARIÁVEIS CONTROLE
(salina)
15 150 300
PAROXETINA
10 mg/kg
Número de animais por grupo
15
14
13
14
14
Número de animais que ejacularam
12
10
7
10
9
Latência de monta (s.) 12,3 ± 2,59 7,21 ± 1,07 20,8 ± 4,72 14,9 ± 2,98 17,4 ± 4,13
Latência de penetração (s.) 14,3 ± 3,43 10,5 ± 3,36 24,6 ± 6,56 15,4 ± 3,11 19,9 ± 4,35
Latência de ejaculação (min.) 16,4 ± 1,95 12,36 ± 1,05 14,5 ± 2,61 15,5 ± 1,23 18,5 ± 2,11
Latência de pós-ejaculação (min.) 4,42 ± 0,256 (a) 3,92 ± 0,279 4,30 ± 0,443 (b) 4,74 ± 0,256 4,01 ± 0,137(c)
Número de penetrações
até a ejaculação
29,1 ± 3,11
25,7 ± 2,40
29,7 ± 2,54
30,8 ± 4,32
38,1 ± 4,02
Número de penetrações totais 42,4 ± 3,54 42,3 ± 3,96 38,2 ± 4,21 47,4 ± 5,50 43,1 ± 3,60
Notas: Os resultados expressam média ± erro padrão. (seg) = segundos, (min) = minutos
(a) = 10 animais/grupo; (b) = 6 animais/grupo; (c) = 8 animais /grupo
Em relação à latência de monta, nenhum grupo tratado diferiu de forma
estatisticamente significativa em relação ao grupo controle, apesar dos animais
tratados com a dose intermediária de Hypericum perforatum (150 mg/kg) e com
paroxetina apresentarem um aumento neste parâmetro e o grupo H15 apresentar
uma redução (GRÁFICO 4).
Com relação à latência de penetração, os animais tratados com Hypericum
perforatum e paroxetina também não apresentaram diferença estatisticamente
significativa quando comparado ao grupo controle. Da mesma forma que a latência
de monta, os animais tratados com a dose de 150 mg/kg de Hypericum perforatum e
com paroxetina apresentaram uma maior latência de penetração em relação ao
grupo controle, mas essa diferença o foi estatisticamente significativa (GRÁFICO
5). Para os dois parâmetros analisados o grupo da paroxetina apresentou um
número de animais menor (n=14) porque houve falhas durante as filmagens.
57
GRÁFICO 4-LATÊNCIA DE MONTA DE ANIMAIS TRATADOS POR 90 DIAS
Controle 15 150 300 Paroxetina
0
5
10
15
20
25
30
n=15
n=14
n=13
n=14
n=14
Hypericum perforatum (mg/kg) 10mg/kg
Latência de monta (seg)
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
ANOVA de uma via. A faixa cinza representa o intervalo de confiança (média ± dois erros
padrões da média) da latência de monta de ratos machos tratados com veículo (salina)
GRÁFICO 5-LATÊNCIA DE PENETRAÇÃO DE ANIMAIS TRATADOS POR 90 DIAS
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
ANOVA de uma via. A faixa cinza representa o intervalo de confiança (média ± dois erros
padrões da média) da latência de penetração de ratos machos tratados com veículo (salina)
Controle 15 150 300 Paroxetina
0
5
10
15
20
25
30
35
40
n=15
n=14
n=13
n=14
n=14
Hypericum perforatum (mg/kg)10mg/kg
Latência de penetração
(seg)
58
Não foi observada diferença estatisticamente significativa na latência de
ejaculação entre os grupos tratados com Hypericum perforatum e o grupo controle.
Apesar de não ter havido diferença estatística, os animais tratados com paroxetina
apresentaram uma latência de ejaculação maior que a do grupo controle e os
animais tratados com as doses de 15 e 150 mg/kg de Hypericum perforatum
apresentaram uma redução neste parâmetro (GRÁFICO 6).
GRÁFICO 6-LATÊNCIA DE EJACULAÇÃO DE ANIMAIS TRATADOS POR 90 DIAS
Controle 15 150 300 Paroxetina
0
5
10
15
20
25
30
n=12
n=10
n=7
n=10
n=9
Hypericum perforatum (mg/kg)10 mg/kg
Latência de ejaculação
(min)
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
ANOVA de uma via. A faixa cinza representa o intervalo de confiança (média ± dois erros
padrões da média) da latência de ejaculação de ratos machos tratados com veículo (salina)
A latência de pós-ejaculação dos grupos tratados com Hypericum perforatum
e paroxetina não foi estatisticamente significativa em relação ao grupo controle
(GRÁFICO 7).
Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos tratados com
Hypericum perforatum e o grupo controle quanto ao número de penetrações até a
ejaculação e número de penetrações totais (GRÁFICOS 8 e 9).
Os animais tratados com paroxetina apresentaram maior número de
penetrações até a ejaculação, entretanto, esse valor não diferiu significativamente
dos animais o grupo controle.
59
GRÁFICO 7-LATÊNCIA DE PÓS-EJACULAÇÃO DE ANIMAIS TRATADOS POR 90
DIAS
Controle 15 150 300 Paroxetina
0
1
2
3
4
5
6
n=10
n=10
n=6
n=10
n=7
Hypericum perforatum (mg/kg)
10mg/kg
Latência de
pós-ejaculação (min)
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
ANOVA de uma via. A faixa cinza representa o intervalo de confiança (média ± dois erros
padrões da média) da latência de pós-ejaculação de ratos machos tratados com veículo
(salina)
GRÁFICO 8-NÚMERO DE PENETRAÇÕES ATÉ A EJACULAÇÃO
Controle 15 150 300 Paroxetina
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
n=12
n=10
n=7
n=10
n=9
Hypericum perforatum (mg/kg) 10mg/kg
Número de penetrações
p=0,0864
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
ANOVA de uma via. A faixa cinza representa o intervalo de confiança (média ± dois erros
padrões da média) de ratos machos tratados com veículo (salina)
60
GRÁFICO 9-NÚMERO DE PENETRAÇÕES TOTAIS DE ANIMAIS TRATADOS POR
90 DIAS
Controle 15 150 300 Paroxetina
0
10
20
30
40
50
60
70
n=14 n=14
n=13
n=14
n=14
Hypericum perforatum (mg/kg) 10mg/kg
Número de penetrações
totais
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
ANOVA de uma via. A faixa cinza representa o intervalo de confiança (média ± dois erros
padrões da média) de ratos machos tratados com veículo (salina)
6.4 AVALIAÇÃO DA CONTAGEM ESPERMÁTICA
A produção de espermátides diária apresentou um decréscimo nos animais
expostos a maior dose de Hypericum perforatum e a paroxetina, entretanto, esses
valores não apresentaram diferenças estatisticamente significativas em relação ao
grupo controle, da mesma forma que outros grupos.
O número de espermatozóides encontrado na cauda do epidídimo também foi
menor para os animais tratados com Hypericum perforatum e paroxetina, mas,
esses valores também não diferiram do grupo controle significativamente.
Na TABELA 5 encontram-se as médias referentes à avaliação espermática
dos animais.
61
TABELA 5-AVALIAÇÃO ESPERMÁTICA EM ANIMAIS EXPOSTOS AO Hypericum
perforatum E A PAROXETINA POR 90 DIAS
Hypericum perforatum (mg/kg)
VARIÁVEIS CONTROLE
(salina)
15 150 300
PAROXETINA
10 mg/kg
Número de animais por grupo
15 14 13 14 15
Produção espermática diária
(x 10
6
/testículo)
58,3 ± 5,34 58,2 ± 4,28 55,8 ± 4,15 52,6 ± 5,03 51,2 ± 4,27
Produção espermática diária
(x 10
6
/g/testículo)
14,4 ± 1,30 14,7 ± 1,15 13,9 ± 1,10 13,1 ± 1,30 12,9 ± 1,15
Número de espermatozóides
(x 10
6
)
1146 ± 89,4 969 ± 77,9 1072 ± 46,5 1042 ± 69,0 960 ± 44,4
(p=0,0717)
Notas: Os resultados expressam média ± erro padrão
6.5 DOSAGEM HORMONAL
Analisando a variação dos níveis hormonais de testosterona ao longo do
tratamento, observamos que não houve diferença estatisticamente significativa entre
os grupos tratados com Hypericum perforatum ou paroxetina e o grupo controle
(GRÁFICO 10).
A única diferença significativa ocorreu entre os níveis hormonais dos animais
do grupo da paroxetina, que apresentaram uma redução desses níveis ao final do
tratamento (GRÁFICO 11).
62
GRÁFICO 10-DOSAGEM HORMONAL DE ANDROGÊNIOS EM FEZES DE ANIMAIS
TRATADOS 90 DIAS
0 30 60 90
0
5
10
15
20
Controle (n=6)
Hypericum 15 mg/kg (N=6)
Hypericum 150 mg/kg (N=6)
Hypericum 300 mg/kg (N=6)
Paroxetina 10 mg/kg (N=6)
Nivel hormonal de
testosterona (ng/grama
de fezes)
Dias
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
ANOVA de duas vias
GRÁFICO 11-VARIAÇÃO HORMONAL DE ANDROGÊNIOS EM ANIMAIS TRATADOS
COM PAROXETINA POR 90 DIAS
Notas: n= número de animais por grupo. Os resultados expressam média ± erro padrão
(p<0,05)- ANOVA de uma via seguido do teste de Tukey
* Significativamente diferente do grupo paroxetina no início do tratamento
0 30 60 90
0
5
10
15
*
Paroxetina 10 mg/kg
Tempo (dias)
Dosagem de
testosterona (ng/grama
de fezes)
63
Na TABELA 6 encontram-se as médias referentes à avaliação dos níveis
hormonais de androgênios em períodos diferentes.
TABELA 6-DOSAGEM HORMONAL DE ANDROGÊNIOS EM FEZES DE ANIMAIS
EXPOSTOS POR 90 DIAS
Hypericum perforatum (mg/kg)
VARIÁVEIS CONTROLE
(salina)
15 150 300
PAROXETINA
10 mg/kg
Número de animais
por grupo
6 6 6 6 6
Tempo
Início do tratamento
10,6 ± 0,467 11,3 ± 1,20 12,8 ± 1,31 13,9 ± 1,73 12,2 ± 1,02
30 dias de tratamento
9,55 ± 1,05 8,85 ± 0,399 10,2 ± 0,360 10,3 ± 0,701 9,43 ± 0,566
60 dias de tratamento 8,90 ± 0,611 8,93 ± 0,645 8,98 ± 0,725 10,9 ± 1,23 10,8 ± 1,47
90 dias de tratamento 9,87 ± 0,733 8,16 ± 0,786 11,6 ± 1,01 10,8 ± 1,06 7,97 ± 0,659
Notas: Os resultados expressam média ± erro padrão
64
7 DISCUSSÃO
A toxicidade reprodutiva pode ser definida como a ocorrência de efeitos
adversos no sistema reprodutivo que pode resultar da exposição a vários fatores
incluindo agentes ambientais, medicamentos, doenças em geral, ou seja, qualquer
fator que altere a função reprodutiva normal.
Para a avaliação do risco de uma substância sobre o sistema reprodutor o
mais indicado é a utilização de informações derivadas de estudos em humanos. No
entanto, na ausência destas, o conhecimento dos mecanismos que controlam a
reprodução assim como os riscos reprodutivos oferecidos por algumas substâncias
vêm do uso de dados de experimentação animal. Vários agentes têm sido
demonstrados causarem toxicidade reprodutiva tanto em humanos quanto em
animais de laboratório.
O Hypericum perforatum é um fitoterápico que vem sendo comercializado
muitos anos. De fato, nas últimas décadas, vários extratos padronizados têm sido
aprovados na Alemanha e, em outras partes da Europa, para o tratamento de
depressão leve a moderada. Assim como na Europa, nos Estados Unidos as
preparações de Hypericum perforatum L também são vendidas livremente com
regulamentações mínimas pela Food and Drug Administration (FDA) (BILIA et al.,
2002).
No Brasil, o Hypericum perforatum está classificado entre as dez plantas que
apresentaram um aumento significativo no volume de vendas entres os anos de
1999 e 2002. Entretanto, existem poucos dados sobre a toxicidade pré-clínica desta
planta. As principais informações referem-se a fototoxicidade e experimentos em
animais revelam baixa toxicidade aguda, subaguda e crônica, bem como não
demonstram atividade mutagênica ou teratogênica para essa planta (TUROLLA &
NASCIMENTO, 2006).
Dessa forma, pela planta ser muito utilizada para o tratamento de depressão
e pela falta de estudos relacionando a planta Hypericum perforatum com a função
reprodutiva, nós utilizamos ratos machos Wistar para avaliar os efeitos desta planta
sobre vários parâmetros reprodutivos.
Durante todo o tratamento, o peso corporal dos animais foi monitorado para
coletar dados sobre a saúde desses animais e assim, obter informações que possam
ser importantes para a interpretação dos efeitos reprodutivos (EPA, 1996). Nos
65
primeiros 10 dias de tratamento os animais que foram tratados com paroxetina
apresentaram uma redução no ganho de massa corporal. No início do experimento,
a dose utilizada de paroxetina foi de 20 mg/kg. Uma provável explicação para
redução do ganho de massa foi aparecimento de sintomas “maníacos” decorrentes
da dose utilizada deste medicamento, os quais diminuíram quando a dose do
antidepressivo foi reduzida pela metade. Todos os outros animais mantiveram um
ganho de massa corporal constante durante todo o tratamento e não apresentaram
sinais de toxicidade, concluindo que a planta Hypericum perforatum não provocou
toxicidade geral durante os 90 dias de tratamento.
Além da massa corporal, vários órgãos também foram pesados sendo útil
também, para a avaliação da possível toxicidade do tratamento. A massa dos órgãos
pode ser apresentada como massa absoluta e massa relativa. Mudanças
significativas nesses parâmetros podem constituir um efeito adverso. A avaliação da
massa absoluta de um órgão é importante porque uma diminuição pode ocorrer sem,
necessariamente, estar relacionada com a redução da massa corporal (EPA, 1996).
Com relação aos órgãos reprodutivos que foram pesados (testículos,
epidídimos, vesícula seminal, próstata), não houveram alterações estatisticamente
significativas das massas desses órgãos quando comparado os grupos tratados com
o grupo controle. Os outros órgãos que também foram pesados (rins, adrenais,
fígado e encéfalo) e também não apresentaram alterações nas massas absoluta e
relativa. Isso indica que tanto a paroxetina quanto a planta Hypericum perforatum
não provocaram toxicidade reprodutiva relacionada aos órgãos sexuais nem
toxicidade, principalmente, aos órgãos metabolizadores.
Uma outra forma que avalia a toxicidade reprodutiva de uma substancia é
através dos testes de comportamento sexual. O comportamento sexual monitorado é
um ponto de avaliação e por ser um fenômeno complexo que envolve vários
sistemas, e qualquer alteração em algum dos parâmetros avaliados durante o teste
de comportamento sexual pode ser considerada como um efeito reprodutivo adverso
(CHAHOUD & FAQI, 1998).
Medicamentos psiquiátricos, como os antidepressivos, promovem disfunção
sexual por atuar no sistema nervoso central e periférico, em regiões específicas,
alterando a transmissão de neurotransmissores, os quais estão envolvidos com a
regulação da função sexual de homens e mulheres (HENDRICH et al., 2000).
66
Inúmeros trabalhos demonstram que os antidepressivos inibidores seletivos
da recaptação de serotonina, os quais são os principais medicamentos promotores
de disfunção sexual em humanos, também promovem disfunção sexual em
experimentos com animais (KENNEDY et al., 1999). Assim, avaliar o efeito desses
medicamentos na função sexual desses animais pode ajudar a identificar
substâncias nocivas a reprodução humana.
De acordo com Jong et al. (2005), o tratamento subcrônico de 22 dias com
paroxetina, na dose de 10 ou 20 mg/kg, afetou o comportamento sexual de ratos
machos Wistar sexualmente experientes. A paroxetina significativamente inibiu ou
promoveu um retardo na ejaculação desses animais quando comparado ao grupo
controle. Da mesma forma, em um outro trabalho realizado por Waldinger et al.,
(2002), ratos machos Wistar foram tratados com paroxetina, na dose de 10 mg/kg,
por um período de 15 dias e o comportamento sexual foi analisado no dia 7 e 14 de
tratamento. Os animais também apresentaram diminuição do comportamento sexual,
incluindo inibição da ejaculação, nos dois dias de análise da função sexual.
Neste trabalho, os animais tratados com paroxetina, na dose de 10 mg/kg,
apresentaram um aumento no número de penetrações até a ejaculação e na latência
de ejaculação quando comparado com o grupo controle, entretanto, essas
diferenças não foram estatisticamente significativas.
Os fármacos ISRS são conhecidos por serem os principais antidepressivos
causadores de retardo de ejaculação em homens (GIULIANO, 2006). A ejaculação é
um processo complexo que envolve um grande número de neurotransmissores
dentre eles serotonina, dopamina, óxido nítrico, adrenalina e acetilcolina. Todavia, a
inervação serotoninérgica tem papel central neste controle (GIULIANO & CLÉMENT,
2005).
A distribuição dos neurônios que contêm serotonina é muito disseminada.
Estas células formas vários agrupamentos na região da ponte e do bulbo e são
freqüentemente denominados núcleos da Rafe (RANG, 2006).
A ejaculação é um processo coordenado e integrativo, que envolve várias
estruturas cerebrais. Ela é mediada pelo circuito gerador ejaculatório espinhal, o qual
está localizado na região lombar da medula espinhal e integra os impulsos
sensoriais genitais com os impulsos motores e autônomos (GIULIANO, 2006).
O neurotransmissor serotonina, através de impulsos descendentes cerebrais,
exerce efeitos inibitórios na ejaculação. Três subtipos de receptores parecem estar
67
envolvidos nessa modulação (GIULIANO & CLÉMENT, 2005). A serotonina é
liberada, no momento da ejaculação, na área hipotalâmica anterior lateral diminuindo
a motivação sexual e promovendo a quiescência sexual. O período da liberação de
serotonina está relacionado ao período refratário, o qual no homem impossibilita
uma nova fase de excitação sexual, mesmo na presença de um novo estímulo
(HULL et al., 2004).
A transmissão dos neurônios serotoninérgicos, no sistema nervoso central, é
regulada por mecanismos de autorreceptores inibitórios (5-HT1) nas membranas
pré-sinápticas e também, pela presença de proteínas transportadoras que fazem a
recaptação de serotonina nesses neurônios (GIULIANO, 2006). Os inibidores
seletivos da recaptação de serotonina bloqueiam as proteínas transportadoras
levando a um aumento dos níveis de serotonina na fenda sináptica e,
conseqüentemente, ativam os autorreceptores 5-HT1. A ativação desses receptores
diminui o número de disparos dos neurônios serotoninérgicos e conseqüentemente
diminuem a liberação de serotonina (WALDINGER, 2005).
Com a administração crônica desses medicamentos ocorrem adaptações que
são relevantes para o aparecimento dos efeitos adversos sexuais. O bloqueio
contínuo das proteínas transportadoras resulta em persistente aumento dos níveis
de serotonina na fenda sináptica, levando a dessensibiliação dos autorreceptores de
serotonina em poucas semanas de tratamento e, assim, redução da inibição na
liberação de serotonina. Dessa forma, o tratamento diário com esses medicamentos
leva a uma elevada estimulação de receptores pós-sinápticos do tipo 5-HT2,
principalmente 5-HT2
C
e, conseqüente, enfraquecimento da ejaculação após uma ou
duas semanas de uso contínuo (WALDINGER, 2005).
poucos trabalhos que demonstram o papel dos receptores 5-HT2
C
na
ejaculação. Sabe-se que a administração de agonistas desses receptores suprimem
a ejaculação em ratos e, tem se postulado que a hipoatividade desses receptores
possa, em parte, esclarecer a etiologia da ejaculação precose (GIULIANO, 2006).
Todavia, o efeito inibitório destes fármacos no comportamento ejaculatório
apesar de ser muito mais evidente quando administrado cronicamente pode ser
alterado, em longo prazo, através de mudanças adaptativas celulares/moleculares
no sistema serotoninérgico, ou outros, os quais podem explicar os diferentes efeitos
entre os tratamentos (GIULIANO & CLEMENT, 2006).
68
Os animais tratados com paroxetina neste experimento não apresentaram
uma alteração significativa no comportamento ejaculatório talvez por adaptações
ocorridas nos sistemas que controlam a ejaculação ou, até mesmo, pela grande
variabilidade nos parâmetros comportamentais que esses animais apresentaram.
Seria necessário fazer a avaliação das alterações ocorridas no encéfalo desses
animais, principalmente no circuito serotoninérgico.
Além de provocarem retardo de orgasmo, os inibidores seletivos da
recaptação de serotonina também são conhecidos por causarem diminuição da
libido e disfunção erétil, alterações que também não foram observadas neste
experimento.
Os neurônios dopaminérgicos formam três sistemas principais. Cerca de 75%
da dopamina no cérebro ocorrem na via nigro-estriatal, cujos corpos celulares se
situam na substância negra e os axônios terminam no corpo estriado. O segundo
sistema é a via mesolímbica-cortical, com fibras que se projetam para partes do
sistema límbico, particularmente, o núcleo acumbente e o núcleo amigdalóide. Por
fim, o sistema túbero-hipofisário é um grupo de neurônios curtos que seguem seu
trajeto do núcleo arqueado do hipotálamo para a eminência mediana e hipófise,
cujas secreções são reguladas (RANG, 2001).
A dopamina é liberada antes e durante o ato sexual. Na região nigroestriatal
ela influência a atividade motora relacionada ao ato sexual; na região mesolímbica
ela contribui para a motivação sexual e, na área pré-optica medial ela controla os
todos os reflexos genitais e, também, a motivação sexual. A dopamina liberada
auxilia os mecanismos reflexos genitais facilitando a ereção e promovendo a
ejaculação, por atuarem, principamente, em receptores D1 e D2 (HULL et al., 2004).
Acredita-se que diminuição do interesse sexual que ocorre com esta classe
de medicamentos seja devido a uma redução na liberação de dopamina no núcleo
acumbente, uma região importante mesolímbica, pelos altos níveis de serotonina
(HULL et al., 2004).
em relação à ereção peniana, esta ocorre somente com o relaxamento
das fibras musculares lisas do tecido erétil e com a dilatação das artérias penianas.
Ambos os eventos são controlados por vários neurotransmissores dentre eles
noradrenalina, dopamina e serotonina. Durante o ato sexual, a transmissão
dopaminérgica aumenta e esta mudança em várias regiões cerebrais, especialmente
no núcleo hipotalâmico paraventricular, pode ser necessária para uma série de
69
respostas motoras incluindo a ereção peniana (GIULIANO & RAMPIN, 2000). Nessa
região os neurônios que liberam ocitocina são de grande importância (OLIVIER et
al., 2007).
A serotonina também parece ser um neurotransmissor capaz de provocar
ereção peniana. Agonistas de receptores 5-HT2 são capazes de induzir ereção
peniana em ratos e camundongos enquanto, agonistas 5-HT1 provocam bloqueio da
ereção. Outro neurotransmissor envolvido seria o GABA, o qual teria um efeito
inibitório sobre as aferências periféricas assim, inibindo a ereção peniana. Em
conclusão, vários neurotransmissores estão envolvidos na regulação peniana
(GIULIANO & RAMPIN, 2000) e, a desregulação desses sistemas pode provocar
disfunção erétil.
O outro medicamento antidepressivo utilizado no experimento Hypericum
perforatum, o qual foi administrado nas doses de 15, 150 e 300 mg/kg, também não
alterou de maneira estatisticamente significativa o comportamento sexual dos
animais tratados por um período crônico. Os relatos clínicos demonstram que a
planta Hypericum perforatum pode provocar alteração sexual por provocar disfunção
erétil e retardo de orgasmo, o que não foi observado.
O mecanismo de ação antidepressiva do extrato de Hypericum perforatum
ainda não é totalmente estabelecido que o extrato é uma complexa mistura de
compostos que exercem seus efeitos terapêuticos por uma variedade de
mecanismos diferentes (Hippius, 1998). O que atualmente se conhece é que um
composto presente no extrato, a hiperforina seria a responsável pela ação
antidepressiva desse medicamento. Alguns estudos demonstraram que este
composto, com apenas uma única dose de 300 mg/kg de extrato, inibiu a recaptacão
de vários neurortransmissores. O mecanismo de ação do extrato de Hypericum
perforatum é único, sendo ele o único antidepressivo capaz de inibir a recaptacão
de serotonina, dopamina e noradrenalina com similar potência além de, inibir,
também, a recaptacão de GABA e glutamato (SCHULTE-LOBBERT et al., 2004).
O tratamento crônico com extratos de Hypericum perforatum produz, ao longo
do tratamento, mudanças adaptativas em alguns tipos de receptores como uma
menor densidade de β-receptores e um significativo aumento na densidade de
receptores pós-sinápticos 5-HT2 e receptores 5-HT1 (CHATTERJEE et al., 1998).
Vários estudos clínicos demonstram que a quantidade de hiperforina interfere
com a ação antidepressiva do extrato. Pela sua não especificidade de inibição da
70
recaptacão de neurotransmissores, a hiperforina medeia seu efeito antidepressivo
por um mecanismo diferente da ação de outros agentes antidepressivos. O
mecanismo é provavelmente não associado com locais de ligações específicos nas
diferentes moléculas transportadoras, mas sim, mecanismos que envolvam a
atividade de transporte de neurotransmissores em geral (DI CARLO et al, 2001).
Todas as proteínas transportadoras são propulsionadas por um gradiente de
íons sódio. Condições que diminuem o gradiente de íons sódio da membrana
neuronal, seja por diminuição de dio extracelular ou por elevação intracelular de
sódio, são conhecidas por inibir o transporte de neurotransmissores. A hiperforina
aumenta a concentração intracelular de sódio, um efeito que pode ser devido à
ativação da bomba Na
+
-H
+
, a qual leva a um aumento na captação de íons sódio
para o interior da célula e/ou o bloqueio de canais de sódio, o qual reduz a expulsão
de sódio da célula. Apesar da ação no mecanismo de recaptacão de
neurotransmisores pela hiperforina representar o principal mecanismo de ão pelo
qual os extratos de Hipericum perforatum promovem atividade antidepressiva, outras
ações podem contribuir para sua eficácia clínica (DI CARLO et al, 2001).
Dessa forma, os resultados obtidos neste experimento em relação as
variáveis reprodutivas de comportamento sexual utilizando um extrato de Hypericum
perforatum podem ser o resultado de mecanismos compensatórios devido a grande
variedade de ações que o extrato Hypericum perforatum promove na
neurotransmissão de diversas substâncias no cérebro. Um outro fator a ser
analisado é que quantidade real de hiperforina no extrato, utilizado neste
experimento, não foi conhecida, o que não se pode saber da verdadeira atividade
desse extrato sobre a neurotransmissão central de algumas substancias.
Além disso, Thomas et al., (2007) demonstraram que um extrato de
Hypericum perforatum enriquecido de hiperforina foi capaz de reduzir os efeitos de
8-OH-DPAT (agonista 5-HT1), o qual acelera a ejaculação. Sugeriu-se que sua
atividade seja devido a sua ação no centro gerador ejaculatório espinhal ou
diretamente nos neurônios que inervam o músculo bulbocavernoso. As
concentrações utilizadas de hiperforina variaram de 5 a 80 mg/kg, o que
corresponde a 0,5 e 8,8% do extrato, respectivamente.
Outro parâmetro reprodutivo analisado foi à avaliação da produção
espermática (EPA, 1996). Para as avaliações espermáticas são utilizadas
principalmente amostras de testículos e da cauda do epidídimo. Nas amostras
71
testiculares foi analisado o número de espermátides enquanto nos epidídimos
analisamos o número de espermatozóides maduros.
A infertilidade masculina pode resultar de uma variedade de condições
incluindo fatores endócrinos, anatômicos, genéticos e ambientais. Na maioria dos
casos de infertilidade a presença de espermatozóides no sêmen, entretanto, em
pequenas quantidades ou com morfologia anormal. Oligospermia, ou pequena
quantidade de espermatozóides, pode variar de leve (concentração espermática de
5 a 20 milhões/ml) a severa (abaixo de 1 milhão/ml) e teratospermia que refere-se a
espermatozóides com morfologia anormal em mais de 85% da amostra analisada ,
todas as análises realizadas em humanos (HENDRICK, 2000).
Poucos estudos têm avaliado a relação entre o uso de medicamentos
antidepressivos e fertilidade masculina. Estudos in vitro têm demonstrado que os
medicamentos imipramina, desmetilimipramina e nortriptilina promovem inibição
dose-dependente da motilidade espermática (LEVIN et al., 1981). Amostras obtidas
de pacientes tratados com clomipramina também foram anormais incluindo redução
no volume e na motilidade espermática (MAIER & KOINING, 1994).
Em estudos de relatos clínicos, a análise espermática de pacientes que
estavam sendo medicados com inibidores seletivos da recaptação de serotonina,
apresentou oligospermia, enfraquecimento da motilidade e morfologia anormal
nesses pacientes. Repetidas análises realizadas após dois meses de interrupção do
tratamento ainda demonstravam diminuição da concentração espermática
(TANRIKUT & SCHLEGEL, 2007).
Neste experimento, o número de espermátides e espermatozóides nos
animais tratados com paroxetina foi menor quando comparado com o grupo controle,
entretanto, essas diferenças não foram estatisticamente significativas. Essa redução
pode estar relacionada à diminuição dos níveis de testosterona encontrada nesses
animais ao final do tratamento. A testosterona é o principal hormônio que regula o
processo de espermatogênese. O tratamento crônico com substâncias que alterem
os níveis de testosterona, seja por alterar sua síntese ou metabolização, prejudicam
o processo de espermatogênese.
O mecanismo pelo qual os antidepressivos podem causar alterações na
função espermática resulta, principalmente, de fatores neuroendócrinos.
Medicamentos serotoninérgicos, como os inibidores seletivos da recaptacão de
serotonina aumentam os níveis de prolactina por inibirem a liberação de dopamina.
72
A prolactina, por sua vez, pode alterar a função espermática através da supressão
da liberação dos dois hormônios hipotalâmicos, o hormônio luteinizante e o hormônio
folículo estimulante. Estes por sua vez alteram a liberação de testosterona e
desregulam o processo de espermatogênese (HENDRICK, 2000).
Por último, s avaliamos se os fármacos antidepressivos testados
alteravam os níveis hormonais de androgênios. Os hormônios esteróides, nos
homens em especial a testosterona, regulam o comportamento sexual,
principalmente, por intensificar a resposta do organismo a relevantes estímulos
sexuais. Para isso, alteram a síntese, a liberação e/ou os receptores para diversos
neurotransmissores em diferentes áreas cerebrais (HULL et al., 1999).
Os medicamentos antidepressivos podem também influenciar os níveis de
hormônios esteróides por alterar o metabolismo destes ou por afetar o eixo
hipotálamo-hipófise-gônodas em muitos níveis e, dessa forma, influenciar a liberação
hormonal (HENDRICH et al., 2000).
Neste trabalho nós observamos que nenhum dos fármacos antidepressivos
utilizados foi capaz de alterar de maneira estatisticamente significativa os níveis
hormonais de testosterona, medidos das fezes dos animais, durante os 90 dias de
tratamento. Somente os animais que receberam paroxetina apresentaram uma
redução dos níveis hormonais ao final do tratamento quando comparado ao início do
tratamento.
Rehavi et al., (2000) analisaram o impacto da administração por três semanas
de inibidores da recaptação de dopamina e de serotonina nos níveis plasmáticos de
hormônios esteróides, em ratos machos e fêmeas. Ambos os inibidores diminuíram
os níveis de estradiol e progesterona em ratas fêmeas e o bloqueio do transporte de
dopamina suprimiu os níveis de testosterona nos machos, enquanto os inibidores da
recaptação de serotonina induziram somente uma redução não significativa deste
hormônio.
A produção e a liberação de testosterona dependem do hormônio luteinizante,
secretado pela hipófise. A secreção de LH depende do equilíbrio entre o hipotálamo,
hipófise e gônodas, através da ação de vários neurotransmissores. O papel exato da
serotonina na secreção deste hormônio ainda permanece incerto, entretanto, vários
estudos demonstram que diferentes circuitos serotoninérgicos podem mediar efeitos
opostos na secreção de LH. Aparentemente, a dopamina parece ter um efeito
inibitório ou estimulatório na liberação de LH, dependendo das circunstâncias. A
73
elevação dos níveis de dopamina na fenda sináptica induzida por bloqueio das
proteínas transportadoras de recaptação inibem a liberação do GnRH. A redução do
hormônio hipotalâmico leva a uma diminuição do nível de hormônio testosterona
(REHAVI et al. 2000).
Dessa forma, nenhum dos animais tratados com os medicamentos estudados,
paroxetina e Hypericum perforatum, apresentaram alterações significativas nos
parâmetros reprodutivos avaliados neste experimento.
74
8 CONCLUSÃO
Neste trabalho foram avaliados os efeitos do tratamento, por 90 dias, de
Hypericum perforatum e paroxetina sobre o sistema reprodutor de ratos machos
Wistar, através de vários parâmetros reprodutivos. Dessa forma concluímos:
Ambos os medicamentos não alteraram o comportamento sexual dos animais
em nenhum parâmetro analisado.
A planta Hypericum perforatum e o antidepressivo sintético paroxetina o
provocaram toxicidade nos animais durante o tratamento nem nos órgãos
relacionados com a reprodução e metabolização.
A contagem espermática e a produção espermática diária dos animais
tratados não foram diferentes dos animais tratados somente com salina
(grupo controle).
Os fármacos também não induziram alterações nos níveis hormonais de
testosterona durante o período de tratamento.
Assim, concluímos que o extrato de Hypericum perforatum e o fármaco
paroxetina não foram tóxicos para os animais tratados por um período crônico,
entretanto, devem ser feitos novos experimentos para a avaliação das estruturas
cerebrais envolvidas com a função reprodutiva e também, testes de comportamento
sexual durante o tratamento para avaliar a função reprodutiva em outros períodos.
75
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