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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
LUIZ EDUARDO VALIENGO BERNI
SELF-EMPOWERMENT
JORNADA DE TRANSFORMAÇÃO
Um Método Transpessoal de Personal Coaching Via Internet
São Paulo
2008
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
LUIZ EDUARDO VALIENGO BERNI
SELF-EMPOWERMENT
JORNADA DE TRANSFORMAÇÃO
Um Método Transpessoal de Personal Coaching Via Internet
Tese apresentada ao Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Doutor em
Psicologia.
Área de Concentração: Psicologia Escolar e do
Desenvolvimento Humano
Orientadora: Profa Dra Ronilda Ribeiro
São Paulo
2008
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iii
Autorizo a reprodução e divulgação parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte. Fica proibida a divulgação do Apêndice, bem como, do Capítulo 11, cuja
reprodução só será permitida mediante autorização escrita do autor.
Catalogação na publicação
Serviço de Biblioteca e Documentação
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Berni, Luiz Eduardo Valiengo.
Self-empowerment - jornada de transformação: um método
transpessoal de personal coaching via internet / Luiz Eduardo
Valiengo Berni; orientadora Ronilda Ribeiro. --São Paulo, 2008.
240 p.
Tese (Doutorado Programa de Pós-
Graduação em Psicologia.
Área de Concentração: Psicologia Escolar e do Desenvolvimento
Humano) – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
1. Terapia online 2. Empoderamento
3. Mudança (Psicologia)
4. Transdisciplinaridade 5. Psicologia transpessoal 6. Terapia
centrada no cliente I. Título.
RC489.I54
iv
Luiz Eduardo Valiengo Berni
SELF-EMPOWERMENT
JORNADA DE TRANSFORMAÇÃO
Um método transpessoal de personal coaching via Internet
Tese apresentada ao Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Doutor em
Psicologia.
Área de Concentração: Psicologia Escolar e do
Desenvolvimento Humano
Aprovada em: _____/______/_______
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr:_________________________________________________________
Instituição:__________________________Assinatura:____________________
Prof. Dr:_________________________________________________________
Instituição:__________________________Assinatura:____________________
Prof. Dr:_________________________________________________________
Instituição:__________________________Assinatura:____________________
Prof. Dr:_________________________________________________________
Instituição:__________________________Assinatura:____________________
Prof. Dr:_________________________________________________________
Instituição:__________________________Assinatura:____________________
v
DEDICATÓRIA
Ao espírito da Nova Era, manifesto nas memórias de Harvey
Spencer Lewis, Abraham A. Maslow e Eileen Caddy, e aos meus
clientes, que me honram permitindo que eu os acompanhe num
trecho de seus Caminhos Sagrados...
vi
AGRADECIMENTOS
À minha Mestra e amiga Profa Dra Ronilda Ribeiro. Sou eternamente grato por
nosso encontro de Alma e pela coragem, amorosidade e despojamento que
constituíram verdadeira inspiração ao ser orientado neste trabalho.
A Rodrigo Frias, pela gentil revisão de textos e Manisa Salambote Yindula
Clavert pelo résumé.
A amiga e consultora Olga Cristina A. Balian, representante da Innerlinks no
Brasil, editora do Jogo da Transformação, pela cessão do Manual atualizado do
Jogo, bem como, pela revisão de textos referentes ao mesmo.
Ao Prof. Dr. Maurício Garcia, ex-vice-reitor da Universidade Anhembi Morumbi,
pela confiança e desafio propostos no Projeto CAMILA, que inspiraram em
parte o desenvolvimento dessa proposta.
vii
LISTA DE FIGURAS
Fig. 01 - O Universo da Nova Era: A Grande Teia Cósmica............................ 47
Fig. 02 - Esquema dos Níveis de Realidade segundo Bassarab Nicolescu..... 49
Fig. 03 – Estrutura da Psique Humana............................................................. 56
Fig.04 - Os Centros Psíquicos: Cores, Notas Musicais e Órgãos e Glândulas 61
Fig. 05 - Pirâmide de Maslow em perspectiva, com o Sistema de Centros
Psíquicos.......................................................................................................... 65
Fig. 06 – Estrutura Dinâmica da Psique Humana............................................. 69
Fig. 07 - Sistemática de Divulgação e Inscrição ............................................104
Fig. 08 - Sistemática de Arquivos Eletrônicos ...............................................105
Fig. 09 - Estrutura do Processo no AVA .........................................................108
Fig. 10 - Biografia: Jornada Heróica e os Marcos de Desenvolvimento........ 128
Fig.11 - Ferramenta de Realçar Texto do Word ............................................ 134
Fig. 12 - Ferramenta de Inserir Comentário ................................................... 135
Fig.13 - Fluxo de Interação no Processo Self-Empowerment ....................... 138
Fig.14 – Axis Mundi: Do Nível Físico ao Nível Espiritual .............................. 159
Fig. 15 - Círculo Cósmico: Percurso do Centro do Tabuleiro ........................ 160
Fig. 16 – Espiral Trina e Triskle Padrão do Design Celta .............................. 161
Fig. 17 – Caminho da Vida: Percurso do Jogo da Transformação .................161
Fig. 18 – Visão Geral do Tabuleiro com Baralhos......................................... 163
Fig. 19 – Perspectiva Metodológica para Estabelecimento do Foco.............. 165
Fig. 20 - Mobilização Psíquica no Jogo da Transformação ........................... 182
Fig. 21 – Conceito de Competência................................................................ 197
Fig. 22 – Fluxo de um Plano de Ação ............................................................ 200
Fig. 23. Exemplo de um Plano de Ação ......................................................... 201
viii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................. 17
PARTE I
UM OLHAR NEW AGE, TRANSDISCIPLINAR E TRANSPESSOAL PARA A
PESSOA E O UNIVERSO 30
Capitulo 1 - Do Movimento do Potencial Humano à Transdisciplinaridade.......32
Capitulo 2 – A Concepção New Age de Universo e a Realidade..................... 44
2.1 – O Universo.................................................................................... 44
2.2 - A Realidade segundo a perspectiva Transdisciplinar.................... 47
2.3 – O Ciberespaço como Nível de Realidade..................................... 50
2.4 – O Sagrado como Nível de Realidade: O Plano Espiritual um NR
resgatado............................................................................................... 52
Capítulo 3 - A Pessoa numa Perspectiva Humanista-Transpessoal................55
3.1 Estrutura da Psique Humana .......................................................... 56
a) Eu Interior ou Self.................................................................... 57
b) Eu Exterior ou Ego ..................................................................57
c) Energia Psíquica ..................................................................... 57
d) Consciência .............................................................................58
3.2 – Manifestação da Psique no Plano Físico: Os Centros Psíquicos 59
3.3 - As Necessidades Básicas e os Planos de Consciência .............. 61
ix
3.4 – Dinâmica da Psique .................................................................... 66
3.4.1 – Transcendência .............................................................. 67
3.4.2.- Condições para o Desenvolvimento Humano ..................70
PARTE II
PODER, LIDERANÇA E EMPOWERMENT NA CONSTITUIÇÃO DE UM
PROCESSO DE PERSONAL COACH 73
Capitulo 4 – Liderança e o Poder: Do Empowerment ao Self-Empowerment .75
4.1 – O Empowerment........................................................................... 75
4.2 – Uma Revisão na Concepção de Liderança e Poder.................... 77
4.3 – Paradigma, Gênero e Liderança ..................................................80
4.4 – A voz interior, Auto-liderança e o Self-Enpowerment ................. 82
4.5 – Elementos Básicos do Processo Self-Empowerment ................. 84
a) Requisitos para participação ................................................. 85
b) Módulos.................................................................................. 85
Capítulo 5 – Personal Coach: Competências Fundamentais ...........................88
5.1 - A Origem Tradicional da Atitude de Coaching ..............................88
5.2 – O Papel do Coaching no Processo Self-Empowerment ...............91
5.3 – A Escrita Como Mediadora da Interação ......................................93
5.4 - Modelo Ensino-Aprendizagem no Ciberespaço .............................98
a) O Aluno Virtual........................................................................98
b) O Professor Virtual .................................................................99
x
Capítulo 6 – Organização Básica de Funcionamento ....................................102
6.1 - Divulgação e Inscrição..................................................................102
6.2 – Arquivos Eletrônicos ....................................................................104
6.3 - AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem ..................................105
6.4 – Estrutura do Processo ................................................................ 107
PARTE III
A BIOGRAFIA E O PROCESSO DE COACHING 109
Capítulo 7 – A História da Vida ......................................................................111
7.1 - Ciclos e Ritmos Cósmicos............................................................115
7.2 - Ciclos e Ritmos no Desenvolvimento Humano ............................117
7.3 - A Jornada do Herói ......................................................................121
Capítulo 8 – O Processo de Coaching: Pré-requisitos, Ferramentas e
Sistemática..................................................................................................... 129
8.1 – Pré-requisistos de Equipamentos e Sistema .............................130
a) Computador com seguinte Configuração Básica ..................130
b) Outros Periféricos Recomendados .......................................131
c) Acesso à Internet ...................................................................131
d) Softwares Básicos ................................................................ 131
xi
8.2 – A Importância da Fluência Digital no Suporte Técnico ...............132
8.3 – Tipos de Comunicação: E-mails .................................................132
8.4 – Processo de Mapeamento da Informação ..................................133
a) Ferramentas Eletrônicas .......................................................133
b) Matriz de Mapeamento Biográfico .........................................135
8.5 – Fluxo de Comunicação no Processo ...........................................136
8.6 – Estrutura das Devolutivas no Coaching ......................................139
a) Devolutiva Sintética da Biografia............................................139
b) Devolutiva Heróica-Mitológica ...............................................140
8.7 – Material Individualizado de Apoio (Webteca) ..............................143
PARTE IV
JOGO, TRANSFORMAÇÃO E DINAMISMO PSÍQUICO 144
Capítulo 9 – Jogo: Transcendência e Cultura ................................................ 146
9.1 – Aspectos Culturais do Jogo ........................................................ 146
9.2 - A Natureza Transcendental do Jogo ............................................149
Capitulo 10 – O Jogo da Transformação: Origem, Estrutura Dinâmica e
Interpretação .................................................................................................. 155
10.1 – Origem .......................................................................................155
10.2 – Minha relação com o Jogo da Transformação ..........................157
10.3 – Estrutura e Simbolismo do Jogo da Transformação .................158
10.4 – Objetivos do Jogo da Transformação .......................................162
10.5 – Recomendações Gerais para Realização do Jogo....................162
xii
10.6 - Encaminhamento metodológico para Estabelecimento do Foco ..163
Capitulo 11 – Dinamismo Psíquico no Jogo da Transformação.....................166
11.1 – Mobilização do Eu Interior a partir do Foco ..............................169
11.2 - Mobilização da Consciência a partir do Eu Exterior ................. 171
11.3 – Movimentação da Energia Psíquica ..........................................172
a) Dores e Bloqueios ................................................................174
b) Insights e Bônus de Consciência.......................................... 176
c) Consciência e Liberdade de Escolha ....................................178
d) Punição e Reforço no Acaso Significativo ............................180
PARTE V
PLANEJAMENTO, MUDANÇA, POSSIBILIDADE E LIMATAÇÕES DE UM
MÉTODO DE PERSONAL COACH 183
Capítulo 12 – Planejamento e Estruturação de Mudanças ............................ 184
12.1 – Contextualizando o Planejamento .............................................184
12.2 - Antecipação: Projeto, Jogo e Planejamento ............................ 188
12.3 – O Planejamento no Processo Self-E......................................... 190
12.3.1 – A Definição da Missão ................................................ 191
12.3.2 – O Plano de Ação ......................................................... 192
a) Contextualizando os Desejos .....................................192
b) Objetivos e Metas .......................................................193
xiii
c) Competências ............................................................ 196
d) Plano de Ação e Competências ................................. 198
e) Fluxo de um Plano de Ação ....................................... 199
Capítulo 13 – Possibilidades e Contribuições do Método Self-E.................... 202
13.1 – Análise da Trajetória da Operação do Processo ...................... 202
13.2 – Contribuições do Processo aos Participantes........................... 205
13.3 – Limitações e Possibilidades do Processo ................................207
CONCLUSÃO................................................................................................. 212
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 215
ANEXOS
Anexo I – Instrumento de Sondagem............................................................. 228
Anexo II – Quadro Comparativo de Avaliação dos Participantes sobre o
Processo Self-E ..............................................................................................229
Anexo III – Síntese das Respostas de Avaliação dos Participantes............. 238
APÊNDICE – O Jogo da Transformação: Uma Apresentação Detalhada
14
RESUMO
BERNI, Luiz Eduardo Valiengo. Self-Empowerment – Jornada de
Transformação: Um Método Transpessoal de Personal Coaching via
Internet.
Utilizando como referência teórica a Abordagem Transdisciplinar e os
conhecimentos produzidos pelos movimentos New Age, particularmente pelas
Psicologias Transpessoais de enfoque humanista, entre as quais a Abordagem
Centrada na Pessoa, este estudo tem por objetivo geral participar dos debates
sobre essas abordagens e sobre as relações entre Psicologia e Informática,
novo campo de ação para psicólogos, aqui particularizados os novos métodos
de auto-conhecimento mediados por computador, via Internet, a distância.
Define como objetivo específico verificar as potencialidades e contribuições do
Processo Self-Empowerment, método de Personal Coaching, basicamente
mediado a distância, via Internet, e desenvolvido ao longo de três etapas ou
módulos: (1) Etapa da reflexão biográfica, (2) Etapa da consulta oracular ao Eu
Interior por meio do Jogo da Transformação e (3) Etapa de estruturação de um
Plano de Ação. A pesquisa descritiva aqui apresentada considerou os
fundamentos teóricos do processo e sua metodologia. Seus resultados
possibilitara constituir um conjunto articulado, teórico-metodológico, que
contribui expressivamente para a condução de processos de auto-
conhecimento, auto-realização e auto-transcendência, em geral e, de modo
particular, para os processos de personal coaching via Internet. Os resultados
da pesquisa mostram que o Processo Self-Empowerment possibilita aos
participantes um melhor conhecimento de si mesmos, atualização de suas
potencialidades e maior possibilidade de uma participação social mais efetiva e
consciente.
Palavras-chaves: Aconselhamento On-Line, Empowerment, Coaching,
Transdisciplinaridade, Psicologia Transpessoal, Jogo da Transformação, New
Age, ACP – Abordagem Centrada na Pessoa.
15
ABSTRACT
______________________________________________________
BERNI, Luiz Eduardo Valiengo. Self-Empowerment - Journey of
Transformation: A Transpersonal Method for Personal Coaching through
Internet.
The general aim of this study is to participate in the debate between
Transdisciplinarity, Transpersonal and Humanistic Psychology, including the
Person-Centered Approach, with E-learning and Information Technology in
Internet, as new branch of psychology with new methods to counseling, self-
knowledge mediated by computer, through e-learning. The research intended to
verify the specific capabilities and contributions of the Case Self-Empowerment
Journey of Transformation as an E-learning Counseling or as a Personal
Coaching Method developed over three phases or modules: (1) Phase of
autobiographical reflection, (2) Phase of oracular consultation of the Self
through the Transformation Game (3) Phase of Action Planning. This
descriptive research aims in additional for the theoretical and methodological
approach of Self-Empowerment Process. The results indicate that Self-
Empowerment Process contributes significantly to the Internet counseling and
to self-development, self-knowledge, self-realization and self-transcendence,
and contributes to participants have more effective in social participation.
Keywords: On-line Counseling, Empowerment, Coaching, Transpessoal
Psychology, Transformation Game , New Age, CPA - Centered on Person
Approach, Transdisciplinarity
16
RÉSUMÉ
_______________________________________________________________
BERNI, Luiz Eduardo Valiengo. Self-Empowerment Journée de
Transformação: Une méthode de Coaching Personnel via Internet
Utilisant comme référence théorique l´abordage Transdisciplinaire et les
connaissances produites par des mouvements New Age, particulièrement par
les psychologies transpersonnelles comme point de convergence humaniste,
parmi lesquelles l´abordage centrée sur la personne, cette étude a pour objectif
général participer aux débats sur ces abordages et sur les relations entre
Psychologie et Informatique, nouveau Champ d´action pour des psychologues,
ici particularisées les nouvelles méthodes d´auto-connaissance moyennant
l´ordinateur, via internet, à distance. On finie comme objectif spécifique
vérifier les potencialités et contributions du procès Self-Empowerment, méthode
de Coaching Personnel, à distance, via internet, et développé au long de trios
étapes ou modules: (1) Étape de la reflexion biographique, (2) Étape de la
consultation d´oracle à Je interieur par l´entremise du jeu de transformation et
(3) Étape de structuration d´un plan d´action. La recherche descriptive ici
présentée a consideré les fondements théoriques du procès et sa méthodologie.
Ses résultats qui rendront possible la constitution d´un ensemble articulé,
théorico-méthodologique, qui contribue expressivement pour la conduction des
procès d´auto-connaissance, auto-réalisation et auto-transcendance, en
général et, de mode particulière, pour les procès de coaching personnel via
Internet. Les résultats de la recherche montrent que le Procès le Self-
Empowerment permet aux participants une meilleure connaissance d´eux-
mêmes et l´actualisation de leurs potencialités et une grande possibilité d´une
participation sociale plus effective et consciente.
Mots-clés: Conseil on-line, Empowerment, Coaching, Transciplinarité,
psychologie, Jeu de transformation, New Age, ACP Abordage Centrée sur la
personne
17
INTRODUÇÃO
_______________________________________________________________
Viver na sociedade da informação, numa economia globalizada, sob o efeito
massificador da mídia, da tecnologia e do consumo, tem levado as pessoas a
tomarem distância de sua natureza interior e, portanto, a uma incapacidade de
construírem referenciais internos confiáveis, pautados por valores que
promovam a sustentabilidade das relações sociais e ambientais de maneira
integrada. Esta situação tem contribuído para muitos dos males da sociedade
contemporânea, que se evidenciam na crise de valores, na infantilização das
relações, bem como, na busca por soluções mágicas que possam reduzir a
frustração causada pela não realização pessoal. Desta forma, é necessário
criar mecanismos que, servindo-se da ampla gama de possibilidades
oferecidas nesta mesma sociedade, organizem formas coerentes de ação, das
quais decorrerá maior realização pessoal, dado o aumento da capacidade para
18
dimensionar adequadamente as próprias possibilidades e agir, assim, de forma
consciente, possibilitando a sustentabilidade das relações sócio-ambientais.
Nesta época tumultuada, de constantes e rápidas transformações, onde o
emprego formal é cada vez mais raro, os jovens têm encontrado uma
dificuldade crescente em se colocarem, e os mais velhos em se recolocarem,
num mercado de trabalho exigente e competitivo. O Ensino Superior tem
oferecido uma gama crescente de cursos para atender a esse mercado e
público, o que diversifica a formação oferecida, e, ao mesmo tempo, deixa os
jovens confusos frente a essa grande oferta de cursos, que variam entre os
Tradicionais de Graduação, os de Tecnologia e os Seqüenciais (BERNI,
2005c).
As organizações empresariais, por sua vez, para se manterem atualizadas,
buscam por diferenciais competitivos, muitas vezes conquistados através
de processos internos de educação continuada, oferecidos aos seus
funcionários nas chamadas Universidades Corporativas. Tais organizações,
que não são acadêmicas, oferecem do ponto de vista da formação continuada,
processos focados na construção de competências corporativas. Ao investirem
em treinamento procuram baratear seus custos realizando cursos em E-
learning, Ead (Ensino a Distância), em programas auto-instrutivos a distância,
mediados por computador que, embora tenham forte apelo
motivacional/comportamental, na medida que oferecem possibilidade de
ascensão profissional, nem sempre desenvolvem as competências requeridas
pelo mundo corporativo, visto que a dimensão abordada em tal formação é
19
muitas vezes restrita à esfera do conhecimento, não contemplando, portanto,
as esferas das habilidades e das atitudes que complementam um perfil de
competências, considerando-se competência como a capacidade de mobilizar
conhecimentos, habilidades e atitudes.
1
Talvez essa tendência possa ser melhor esclarecida ao se analisar a questão
pela ótica dos alinhamentos internacionais, promovidos pela globalização da
economia. Frente à inclemente necessidade de serem aumentados os lucros,
as grandes corporações têm visto como alternativa a redução de seus quadros
funcionais, por meio da reorganização de setores, automatização de processos
e terceirização da mão de obra. Se por um lado isso tem levado ao
desemprego ou à crise do emprego, como alguns preferem chamar, por outro,
tem levado à necessidade de empreender e, como conseqüência, à
proliferação das pequenas empresas que oferecem novas oportunidades de
negócio e trabalho.
Aqueles que permanecem nas organizações vêem-se obrigados a realizar
jornadas de trabalho cada vez mais longas e estressantes, muitas vezes com
possibilidades sabidamente restritas de ascensão funcional. Exigências
semelhantes, no que diz respeito ao estresse, são igualmente feitas aos que se
tornam empreendedores. Por sua vez, os que querem ingressar no mercado de
trabalho encontram cada vez mais dificuldade, pois lhes é requerida uma
experiência que, pelas limitações impostas, fica difícil adquirir. Tudo isso leva a
1
Este conceito será abordado no capítulo 13.
20
angústia generalizada, uma das razões para os ditos males da sociedade
contemporânea.
A busca quase desesperada por uma orientação que possibilite alcançar a tão
sonhada realização pessoal, ou felicidade, em que as escolhas façam sentido e
a vida torne-se plena, favoreceu uma série de processos sociais: proliferação
na venda de livros e manuais de auto-ajuda, que podem ser facilmente
encontrados na lista dos mais vendidos das revistas semanais, bem como de
revistas dirigidas à dinamização do potencial das pessoas, de modo que
possam tornar-se mais atraentes para o mercado de trabalho; uma gama
infinita de opções oferecidas pela Internet - cursos On-Line, ofertas de
recolocação profissional através do cadastramento de currículo, soluções de
marketing pessoal, entre outras.
Portanto, apresentar estratégias inovadoras, que contemplem de forma
eficiente caminhos ou alternativas de apoio às pessoas em seu empenho para
vencer essas incongruências ou dificuldades, mostra-se como necessidade
cada vez mais premente nos tempos atuais, quer para as empresas, quer para
os indivíduos, visto que a sustentabilidade das relações parece depender de
ações que considerem tal perspectiva.
O presente relato de pesquisa descritiva apresenta as contribuições do método
de Personal Coaching On-Line denominado Self-Empowerment Jornada de
Transformação, capaz de estimular o desenvolvimento pessoal e dotado de
21
potencial terapêutico que, realizado a distância e, servindo-se de recursos de
interação transpessoal, busca favorecer o autoconhecimento pelo desbloqueio
da tendência à auto-atualização e à transcendência.
O Processo de Personal Coaching - Self-Empowerment situa-se no campo da
Orientação Psicológica ou do Aconselhamento. Personal Coaching é um termo
contemporâneo, genérico, usado no campo dos negócios, relacionamentos e
carreira, entre outros, para se diferenciar do Personal Training cujo foco está
na área esportiva. O Coaching, como também é denominado, caracteriza-se
por um acompanhamento presencial, individualizado ou grupal, por um período
determinado de tempo. É exercido por profissionais de diferentes áreas do
conhecimento. O Coaching Executivo, por exemplo, é muitas vezes praticado
por um profissional que atue, ou tenha atuado, em função executiva de uma
grande corporação.
A formação do Personal Coach, quando acontece, se dá em cursos livres
desenvolvidos por empresas ligadas à área de Recursos Humanos, não
havendo registros de Instituições de Ensino Superior que forneçam esse tipo
de formação. Em entrevista à Revista Época, edição 234 de novembro de 2002,
Cheryl Richarson, uma das Personals Coaches mais conhecidas dos Estados
Unidos, conta sua trajetória. Ao perceber que seus clientes estavam à procura
de uma pessoa que os pudesse ouvir e orientar na definição de prioridades
para mudarem seu estilo de vida, mudou de profissão de Consultora do
Imposto de Renda para Personal Coach. Trabalhando com sonhos e
22
meditações, Richarson afirma imprimir uma abordagem espiritual em seu
trabalho:
“A base de minha vida e de meu trabalho profissional é a
espiritualidade. Freqüentemente ao trabalhar com meus clientes,
sinto um poder divino ajudando-os a cuidar de si, de sua família e
de seus empregados” (RICHARSON, 2002, p.2)
Olhando-se a atividade de Coaching pelo prisma da Psicologia, pode-se
concluir que este campo de atuação profissional insere-se na área do
Aconselhamento Psicológico. O Aconselhamento é uma área de atuação que
não se restringe ao psicólogo. Em artigo onde apresenta uma breve revisão
bibliográfica, ao tratar do Aconselhamento no Serviço Social em Portugal,
Lopes (2007) tece comentários sobre a confusão normalmente feita entre
Aconselhamento e Psicoterapia. Segundo a autora, que aborda tanto as
diferenças quanto as semelhanças entre essas abordagens, a melhor forma de
se distinguir uma prática da outra está no que diz respeito à organização
temporal. O Aconselhamento é um processo que tem um começo e um fim
claramente definidos, enquanto na Psicoterapia, normalmente define-se
apenas o início. Em função da limitação temporal, o Aconselhamento centra-se
mais nos aspectos de saúde psicológica, enquanto a Psicoterapia pode
abordar também aspectos de caráter patológico.
Se por um lado o Aconselhamento Psicológico não é muito difundido no Brasil,
o Aconselhamento Pastoral, associado a diferentes práticas religiosas,
23
encontra boa receptividade havendo muitos cursos de formação oferecidos por
Instituições de Ensino Superior na área da Teologia, bastante divulgados pela
Internet.
A prática do Aconselhamento, ou da Orientação Psicológica, via Internet é uma
possibilidade que gradativamente vem ocupando espaço no meio virtual.
Preocupado com a questão, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem se
debruçando cada vez mais sobre a matéria, regulando essa prática no que
concerne à Psicologia. A Resolução CFP N
o
12/2005 regula a prática da
Psicoterapia de Outros Serviços de Psicologia On-Line. Tendo como referência
o Código de Ética Profissional, a resolução permite a prática da psicoterapia
desde que seja em caráter de investigação científica, sendo proibida a
remuneração profissional por tais serviços. Os pacientes devem ser informados
de que trata-se de uma prática experimental de cunho científico.
As demais práticas, como a Orientação Psicológica, encontram amparo no
seguinte artigo:
“Art. 6º. São reconhecidos os serviços psicológicos mediados por
computador, desde que não psicoterapêuticos, tais como
orientação psicológica e afetivo-sexual, orientação profissional,
orientação de aprendizagem e psicologia escolar, orientação
ergonômica, consultorias a empresas, reabilitação cognitiva,
ideomotora e comunicativa, processos prévios de seleção de
pessoal, utilização de testes psicológicos informatizados(...)”
(Resolução CFP N
o
12/2005)
24
Em tais serviços é permitida a cobrança de honorários profissionais conforme
as diretrizes do Código de Ética. Para a utilização de testes e softwares de
resposta automática, entretanto, há que se solicitar a emissão de um selo
fornecido pelo CFP conforme regulamentado pela Resolução CFP N
o
02/2003.
O Self-Empowerment, objeto da presente investigação, é um processo de
Personal Coaching ou Aconselhamento via Internet, com duração aproximada
de 40 dias. Desenvolvido a partir de um referencial teórico balizado pela
Psicologia Humanista-Transpessoal, com lastros na Abordagem
Transdisciplinar e no Movimento New Age. A técnica de coaching encontra
ressonância na Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers.
Destina-se a atender pessoas de diferentes idades e sexo, que tenham acesso
à Internet e que desejem investir num processo de autoconhecimento e revisão
do próprio percurso existencial, com vistas a operar transformações
significativas em suas vidas. Os critérios fundamentais de participação são o
interesse por realizar um trabalho de reflexão pessoal a distância, por escrito,
mediado pela Internet e disponibilidade para isso.
O surgimento deste processo de coaching ocorreu durante uma expressiva
mudança de rumo profissional em minha vida. Uma daquelas situações
inusitadas que acontecem a partir de uma demissão. Na ocasião eu ocupava o
cargo de Gerente de Desenvolvimento Pedagógico de uma universidade
25
paulistana e havia desenvolvido uma série de projetos em e-leaning, dentre os
quais o de Planejamento Estratégico Pessoal e de Técnicas de Estudo na
Universidade, todos inseridos num grande projeto institucional de
desenvolvimento de competências complementares para os discentes, o
Ampliando Fronteiras: Autoliderança no Saber (BERNI,2005e) e ainda um
outro, mas ambicioso o Programa de Capacitação Docente – C.A.M.I.L.A.
(BERNI, 2006) com enfoque no:
Desenvolvimento de Competências docentes,
Aprendizagem Baseada em Problemas,
Missão institucional
Interatividade
Literatura diferenciada
Avaliação continuada
Este projeto de grande fôlego, desenvolvido em parceira com outros
profissionais, dentre os quais o Prof. Dr. Maurício Garcia, então vice-reitor da
Universidade Anhembi Morumbi, envolvia um tripé de ações: Um curso de
Especialização de 360 horas em Inovação na Gestão e na Didática do Ensino
Superior; uma revista trimestral, indexada internacionalmente, a Momento do
Professor, on-line e impressa (ISSN 1807-4723) e um Fórum Permanente de
Educação Superior, com encontros presenciais trimestrais, além de uma lista
de discussão on-line. Eu estive a frente desses projetos por dois anos. Quando
implementando o Projeto CAMILA, após um longo percurso de
desenvolvimento, a universidade foi vendida para um grupo estrangeiro, e na
seqüência ocorreu a minha dispensa.
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Apesar de trabalhar em média doze 12 horas por dia na universidade, eu ainda
conseguia manter um consultório meio capenga, de atendimento praticamente
simbólico, pois na época eu atendia apenas um cliente. De repente, o
consultório passou a ser minha única fonte de renda. E assim, do dia para a
noite, me vi na pele de muitos colegas que acompanhei, de muitos alunos e, é
claro de muitos e muitos brasileiros
2
. Foi então que eu tive que me reinventar e
neste contexto criei um método de Personal Coaching: o Self-Empowerment.
O processo Self-E, como costumo chamar, teve sucesso imediato para minha
grata surpresa. Os clientes, às vezes inicialmente descrentes das
possibilidades da interação a distância, esperando muitas vezes por um curso
de respostas automáticas, ficavam, como ainda ficam, agradavelmente
surpresos ao constatarem que é possível estar próximo mesmo havendo
distância. Um cliente ou outro me perguntava: “mas o que você fez comigo?”
numa manifestação de agradável surpresa frente aos benefícios conquistados
graças ao processo. E outro: “Você precisa registrar esse processo na
Biblioteca Nacional e no INPE” coisa que de fato foi feita.
Muitas perguntas sobre a metodologia de trabalho me eram feitas e eu não
sabia respondê-las com clareza, ou quando tentava responder as pessoas
achavam que eu estava “escondendo o ouro”, pois as respostas careciam da
2
Além de atuar em minha própria clínica como psicoterapeuta, atuei também no Serviço de
Apoio Psicopedagógico da Universidade Anhembi Morumbi, onde em atendimento pude
acompanhar a angústia de pessoas que viveram um processo semelhante ao que eu estava
vivendo naquele momento.
27
profundidade esperada. Foi então que decidi realizar um trabalho de
investigação criterioso, visando à descrição do processo. Apenas a partir dessa
perspectiva consegui explicar, exatamente o que era feito e como o processo
atuava. E assim teve início minha pesquisa que, segundo a classificação de
Seltz (1987) insere-se no conjunto de pesquisas descritivas.
O trabalho é apresentado em cinco partes:
Na primeira parte – “Um olhar New Age, Transdisciplinar e Transpessoal para a
Pessoa e o Universo”, reúno informações para situar o leitor no contexto em
que se insere o método Self-E. A primeira parte é integrada por três capítulos:
Capítulo 1 – Do Movimento do Potencial Humano à Transdisciplinaridade;
Capítulo 2 – A Concepção New Age de Universo e de Realidade e Capítulo 3 –
A Pessoa na Perspectiva Humanista-Transpessoal.
Na segunda parte Poder, Liderança e Empowerment na constituição de um
processo de Personal Coach, apresento os conceitos-chave do processo, bem
como realizo uma apresentação do Método Self-E. Essa parte é integrada por
três capítulos: Capítulo 4 – Liderança e Poder: Do Empowerment ao Self-
Empowerment; Capítulo 5 – Personal Coach: Fundamento das Competências e
Capítulo 6 – Organização Básica de Funcionamento do Processo Self-E.
Na terceira parte A Biografia e o Processo de Coaching”, apresento os
fundamentos do Módulo I, à luz do processo de coaching e da sistematização
28
técnica e operacional do método Self-E. A Parte é integrada por dois capítulos:
Capítulo 7 A História da Vida e Capítulo 8 O Processo de Coaching: pré-
requisitos, ferramentas e sistemática.
Na quarta parte “Jogo, Transformação e Dinamismo Psíquico”, apresento os
fundamentos do dulo II no contexto da transcendência mediada pelo jogo,
especificamente pelo Jogo da Transformação, que é explorado à luz do
dinamismo psíquico conforme a abordagem humanista-transpessoal. Essa
Parte é integrada por três capítulos: Capítulo 9 Jogo: Transcendência e
Cultura; Capítulo 10 O Jogo da Transformação: Origem, Estrutura, Dinâmica
e Interpretação e Capítulo 11 – Dinamismo Psíquico no Jogo da Transformação.
E na quinta e última parte “Planejamento, Mudança, Possibilidades e
Limitações de um Método de Personal Coach”, apresento o planejamento
contextualizado ao Método Self-E, bem como, discuto as possibilidades e
limitações do processo. Essa Parte é integrada por dois capítulos: Capítulo 12
Planejamento e Estruturação de Mudanças e Capítulo 13 Possibilidades e
Limitações do Método Self-E.
A descrição foi norteada pela estrutura do próprio método investigado, ou seja,
seguiu rota análoga à dos três módulos que compõem o processo Self-
Empowerment, quais sejam: Módulo I Biográfico, Módulo II Sondagem ao
Eu Interior e Módulo III – Planejamento da Ação. Desta forma, os elementos da
fundamentação teórica encontram-se mesclados aos de cunho metodológico,
29
sendo possível, porém, realizar uma leitura do material levando em conta esses
dois níveis, de forma distinta. Dados relativos à fundamentação teórica
encontram-se nos capítulos: 1, 2, 3, 4, 7, 9 e 11. os relativos à
sistematização metodológica encontram-se nos capítulos: 5, 6, 8, 10, 12 e 13.
Para não cansar o leitor, compilei, por fim, um Apêndice destinado a uma
apresentação pormenorizada sobre o Jogo da Transformação.
30
PARTE I
UM OLHAR NEW AGE,
TRANSDISCIPLINAR E TRANSPESSOAL
PARA A PESSOA E O UNIVERSO
“O homem antigo, que caminhava com sua tribo em busca de
alimento ou pastoreava seu gado nos grandes vazios, aprendeu a
ficar longo tempo sozinho e a gostar da sua solidão. A vida nas
aldeias e depois nas cidades ensinou o homem a estar sempre
acompanhado de outra pessoa, de uma ocupação, de um objeto,
de um animal. A solidão, tranqüila, é uma experiência esquecida,
que para ser reencontrada exige coragem a coragem de
renunciar às próprias ilusões.” (LISBOA, 1988, p.102)
Nenhuma disciplina científica ou área do conhecimento detém a totalidade dos
conhecimentos sobre o fenômeno humano.
O advento da Física Quântica e o descortinar do Nível de Realidade a ela
associado gerou um verdadeiro frison no meio acadêmico. Muitos pensadores
e cientistas começaram a desenvolver um tipo de estudo comparativo entre as
características do Universo Quântico e perspectivas psicológicas, religiosas e
místicas. Esses trabalhos serviram de fundamento ao movimento New Age e
os pesquisadores responsáveis por eles foram, e continuam sendo, geralmente,
31
colocados à margem da comunidade científica, por trabalharem com um
paradigma não alinhado às perspectivas clássicas e mais convencionais.
Assim, a concepção New Age de Universo, de Realidade e de Pessoa
encontra-se amplamente lastreada por elementos da Física Quântica, pela
Abordagem Transdisciplinar, pela Psicologia Humanista-Transpessoal e por
elementos de Culturas Tradicionais, reunidos em arcabouço próprio, com
nuances variadas, dependendo do grupo ou organização que os adote.
Esta seção reúne três capítulos nos quais busco apresentar a concepção de
homem e de universo, que constituem os fundamentos da New Age, ou Nova
Era, para melhor compreensão do contexto da presente investigação. São eles:
Capítulo 1 – Do Movimento do Potencial Humano à Transdisciplinaridade
Capítulo 2 – A Concepção New Age de Universo e de Realidade
Capítulo 3 – A Pessoa numa Perspectiva Humanista-Transpessoal
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Capítulo 1
DO MOVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO À TRANSDISCIPLINARIDADE
_______________________________________________________________
“Amanhecia. Na verdade era ainda madrugada. Ele acordou com um
sobressalto. Era preciso ser rápido para não perder o Serviço que dentro em
breve teria inicio. Tinha que se apressar. Em pouco tempo, na Abadia de
Grinbergen, Bélgica, os sinos repicariam e seria possível ouvir os suaves
cantos dos monges, embalados por pesadas lufadas de incenso que encheriam
o ar, saindo de um antigo turíbulo de prata, finamente decorado, uma
reminiscência do século XII. Com a fumaça subiriam aos us as preces
fervorosas da Congregação, que àquela hora da manhã era apenas formada
pelos religiosos. Embora o corpo ainda quisesse ficar um pouco mais no
aconchego do leito, o espírito encontrava-se desperto, ávido pelo deleite do
encontro com o Sagrado, que seria vivenciado no ritual.
Ele sentia-se acolhido por uma agradável sensação de encontro interior. Na
memória, lembranças do passado, de amigos exóticos, da dança que um dia
33
praticara. Ah, como era bom dançar e sentir-se integrado ao cósmico por meio
do movimento. “Meu Deus, como minha vida é boa” - pensara. Mas não havia
muito tempo para se deter nesses pensamentos, pois o Irmão havia batido à
porta de sua cela.
O Serviço teve início. O frio da manhã lhe penetrava os ossos, mas o cântico.
Ah, o cântico! Aquecia-lhe tanto a alma que ele não se importava com isso.
Como se sentia bem... Uma furtiva lágrima deslizou discretamente de seu olho
esquerdo. Coisa que certamente não foi notada por ninguém, pois todos
estavam compenetrados nas orações, no compasso tmico promovido pelo
respirar conjunto do grupo - “Sa-a-an-c-tus”... Que bela melodia, composta
muitos séculos atrás.
Mas seu coração era inquieto e, ao mesmo tempo em que sentia o encontro do
presente, sentia saudades do passado. Da dança, do estudo. Fora feito para
estudar e não apenas para rezar e plantar... Como era maravilhoso entender a
profundidade do coração humano por meio de homens virtuosos como
Agostinho. Ele sentia uma inquietação voraz que por vezes queimava em seu
peito. Algo como uma angústia. Lembrava do passado, da dança, do deserto...
Que fascínio o deserto, que um dia também visitara, exercia sobre si. Algo
semelhante lhe suscitava a leitura de Nietzsche. Que inquietante colocar lado a
lado Agostinho e Nietzsche!
****
Amanhecia. Na verdade era ainda madrugada. Ele acordou com um
sobressalto, era preciso ser rápido... “Mas por que é mesmo que era preciso
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ser rápido?” pensou, ainda entorpecido pelo sono. Sentia um cansaço
descomunal, a reunião de ontem havia acabado com ele. Ao longe um barulho
estranho se fazia presente... Um som angustiante, ele sabia que tinha que
levantar... Será que iria se atrasar novamente para o trabalho? De repente,
sentiu um cutucão nas costas e quase caiu da cama. “O bebê!” - pensou. O
bebê estava chorando, provavelmente com fome e era a sua vez de atendê-lo.
Ele então se levantou meio cambaleante, procurou os chinelos, mas não foi
capaz de encontrá-los. “Vou descalço mesmo, que importa?” - deu de ombros.
Passou pelo quarto da criança em direção à cozinha. Acendeu uma luz. A
criança silenciou um pouco, sabia que em breve seria alimentada. Mas, ele não
se iludia com isso. Tinha que ser rápido ao preparar o leite, pois, caso contrário,
seu cliente, o bebê, reclamaria de novo. E o que poderia ser pior, a senhoria,
sua esposa, iria se indispor com ele. "Você sabe que tem que atender ao bebê,
por que fica enrolando?" - ela provavelmente diria. Assim ele pensava sobre ela
e nessas horas sentia uma certa raiva. Seriam, então, duas chateações.
Portanto, era melhor ser rápido mesmo. Absorto nesses pensamentos, deixou
o leite esquentar demais no microondas. “Que saco!” murmurou para si mesmo.
Pôs o bico na mamadeira, abriu a torneira da pia para esfriá-la um pouco. O
bebê começava a se impacientar novamente. “Merda!”, falou. Saiu
apressadamente da cozinha e sem querer bateu o dedinho do pé descalço na
quina do armário. Que dor insuportável! Outra lágrima furtiva lhe escorreu pelo
canto do olho esquerdo. Dessa vez o palavrão não foi pronunciado em voz tão
baixa assim. Ninguém viu, ou ouviu, exceto seu cliente, o bebê, que agora
estava positivamente impaciente. Entrou no quarto, aproximou-se do berço.
Acendeu o abajur. A luz suave iluminou o rosto daquele pestinha que
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imediatamente abriu um sorriso para o pai que se aproximava. Diante disso,
envergonhou-se, e esqueceu a chateação. Pegou a criança no colo e sentou-
se na poltrona que se encontrava próxima. Acomodou-se, aconchegou a
criança em seu colo colocando a mamadeira com suavidade na boca daquele
ser impaciente que, ávido, passou a sorver seu conteúdo até que gotículas de
suor lhe brotassem da testa. Ele foi se acalmando. "Graças a Deus",
pensou. Foi mamando cada vez mais devagar. Na verdade já tinha quase
esgotado o conteúdo da “tetê”, assim o bebê chamava a mamadeira. Ele
adormeceu junto com a criança em seu colo. Sua mente devaneava por
tempos passados, quando morava na Abadia e, àquela mesma hora,
costumava despertar para atender ao Serviço...”
Esta foi a metáfora
3
que apresentei a um dos participantes do Processo Self-
Empowerment e reflete o cerne do conteúdo biográfico narrado por ele ao
iniciar o processo. Num momento ele vivia uma vida de reclusão num mosteiro
medieval da Europa e, noutro, as angústias e sobrecargas comuns àqueles que
habitam um grande centro urbano como São Paulo. Um confronto que
contrapõe um viver centrado na correria da sociedade contemporânea, versus
o viver centrado numa perspectiva viva do passado ainda presente nos tempos
atuais.
Para mim essa narrativa é, também, uma forma de expressar o paradoxo que
vivemos nos tempos atuais. As pessoas buscam a harmonia resgatando, às
vezes de modo saudoso, o passado ou entregando-se ao presente de maneira
3
O uso de metáforas dessa natureza seexplicado ao ser apresentada a biografia humana
como jornada heróica no capítulo 7.
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voraz, sem encontrá-la de forma alguma. Trata-se, a meu ver, da crise
civilizatória ora vivida pela humanidade.
Inquirido sobre a crise vivida nos tempos atuais, o Dalai Lama apresenta sua
opinião:
“Perguntaram ao Dalai Lama... O que mais te surpreende na
humanidade? Ele respondeu: Os homens...Primeiro perdem a saúde
para ganhar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E
por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal
forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem
como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem
vivido."
Será que conseguiremos superar a crise? Essa é uma pergunta que não cala
em mim. De maneira otimista faço a opção pelo sim, por isso sinto que posso -
e devo - contribuir para uma reflexão que acrescente algo à consolidação de
um paradigma, competente para tornar sustentáveis as relações pessoais,
sociais e planetárias. Estou me referindo ao assim denominado paradigma da
New Age, no qual se baseia o processo Self-Empowerment, cuja estrutura e
dinâmica serão discutidos nesta investigação.
A Nova Era não é uma novidade. O termo remete a uma nova era astrológica,
marcada pela passagem do signo zodiacal de Peixes para o signo zodiacal de
Aquário, o que ocorrerá em 2160. Trata-se da Era de Aquário, cantada nos
anos 1960 na conhecida peça Hair. Segundo Marcondes (1996) o debate
sobre a Nova Era nos remete a pensadores como Rudolf Steiner, Teilhard de
37
Chardin, Alice Bailey e Mestre Eckhart, apenas para citar os nomes mais
famosos. Anuncia-se que a Nova Era inaugurará um tempo de paz,
prosperidade e abundância, em que todos no planeta comungarão de uma
espiritualidade comum.
Vivemos numa grande Aldeia Global conforme preconizou o sociólogo
canadense Marshall McLuhan (1969) ao final dos anos 1960. Esse fato torna-
se cada dia mais evidente. As fronteiras nacionais ainda existem, as barreiras
econômicas ampliam-se e estruturam-se em novos e mais gidos complexos,
sob a égide neoliberal. Mas, no âmbito das comunicações o indivíduo conquista
poder, as fronteiras diluem-se e as distâncias encurtam. Num novo espaço e
tempo de interação planetária, Ciberespaço, o grupo humano encontra forte
potencial para subverter uma ordem que confina as relações a esquemas
rigidamente estruturados. Trata-se de uma verdadeira revolução paradigmática,
que muito vinha sendo prenunciada: A assim denominada Revolução da
Nova Era.
A Primeira e a Segunda Grandes Guerras Mundiais, e a Guerra Fria,
consumiram mais de 50 anos e deixaram profundas seqüelas para toda a
humanidade. Embora o Século XX tenha contribuído para criar uma estrutura
de aprisionamento do potencial humano, foi responsável também por
conquistas que vêm possibilitando que este mesmo potencial seja atualizado.
Marcado por três grandes conflitos mundiais, foi simultaneamente um período
de muitos, senão da maioria, dos avanços tecnológicos presentes em nossos
dias, no esteio dos quais a Aldeia Global vem se constituindo de forma a
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contribuir para a libertação do espírito humano. A Internet, por exemplo, foi
criada para garantir as comunicações em caso de guerra nuclear. O telefone
celular, por sua vez, foi desenvolvido para facilitar a comunicação entre as
frentes de batalha e o comando central de retaguarda. Todas as tecnologias
cem por cento militares que hoje o usadas para fins cem por cento civis,
refletem uma, talvez a principal, característica humana: o Paradoxo.
Vivemos numa época marcada por intensos e fecundos diálogos inter e
transdisciplinares. Por isso torna-se desejável conhecer interações ocorridas
nas zonas de intersecção das disciplinas. Assim, o foco de interesse da
presente investigação recai sobre uma área ainda pouco explorada: aquela na
qual interagem elementos de Psicologia Humanista Transpessoal com
elementos do Desenvolvimento de Lideranças e do Empreendedorismo.
Mas, onde se encontram as origens desse tempo em que o estudo de tais
interações torna-se possível? No Humanismo Transpessoal da Nova Era, que
apresentarei a seguir.
A partir da década de 1960, com antecedentes nos anos anteriores, surgiu no
seio da classe média urbana mais instruída dos EUA, um movimento que
questionou veementemente os valores sócio-culturais da sociedade daquele
país, cuja hegemonia se fazia presente no mundo de maneira imperialista,
como decorrência direta da vitória na Segunda Guerra Mundial, e da Guerra
Fria, que estava em curso na época. Esse movimento que reivindicava a
autonomia do sujeito opunha-se à estrutura altamente hierarquizada e às
39
normas institucionais que, segundo as avaliações de seus líderes, tinha
conduzido a humanidade a um desastre sem precedentes. Esse foi o
Movimento do Potencial Humano, que congregou líderes de diversas
disciplinas acadêmicas e áreas de atuação humana.
No campo da Psicologia, este movimento, amplamente influenciado pelo
psicólogo norte-americano Abraham H. Maslow, configurava um novo
movimento humanista, nascido da necessidade de atender a grupos de
soldados veteranos que retornavam com diversos problemas, dos infindáveis
conflitos bélicos travados por aquele país. As articulações de Maslow levaram à
estruturação da por ele denominada Psicologia Humanista, configurada como a
Terceira Força da Psicologia norte-americana, sucedendo as duas primeiras, o
Behaviorismo e a Psicanálise. Esse “novo” humanismo enfatizava o sujeito
como Pessoa, motivada primordialmente por uma tendência inata à saúde e à
autonomia e capaz de responsabilizar-se conscientemente por si e pelos
demais. Segundo Maslow (1970), a Psicologia Humanista foi apenas um
trampolim para uma quarta e mais abrangente força da psicologia, que ele
denominou de Psicologia Transpessoal.
Segundo Carozzi (1999), o Movimento do Potencial Humano confluiu para a
formação de uma rede mundial, que além de questionar o poder da autoridade
instituída enfatizava a autonomia do sujeito, a sacralização do Self e da
natureza, a cura, a espiritualidade, o sincretismo e a liberação do corpo. Esta
Rede foi conhecida como Nova Era ou New Age. Parece ter sido o interesse
de Maslow pela transpessoalidade e pelas Experiências Culminantes que
40
permitiu a articulação entre a noção de autonomia individual, concebida em
termos psicológicos como possibilidade concreta do ser humano, com técnicas
espirituais orientais, o que deu origem a diversas concepções teóricas
formuladas na Nova Era e desenvolvidas pela Psicologia Transpessoal.
Assim, no início dos anos 1970, a Rede da Nova Era se estendia de Esalen, na
Costa Oeste dos EUA, até o Nordeste da Escócia, na Comunidade de Findhorn,
numa série de “Grupos de Luz” espalhados pelo planeta. No que diz respeito
ao processo de sacralização do Self algumas idéias teosóficas, gnósticas ou
rosacruzes foram inquestionavelmente incorporadas. As idéias mais
importantes são a de que as pessoas possuem uma “centelha divina” e que
todas as tradições místicas ou religiosas conduzem a uma mesma verdade,
única, embora expressa de diversas formas.
Maslow morreu nos anos 1970, deixando sua obra inacabada. Mas além dele
muitos outros teóricos contribuíram para a estruturação da Psicologia
Transpessoal, ou de Psicologias Transpessoais, como talvez seja mais correto
afirmar. Tabone (2001) apresenta uma série de autores, que desenvolvem
diferentes perspectivas transpessoais, entre os quais se destacam Stanilav
Grof, Robert Ropp, Robeto Assagioli e Ken Wilber.
A Nova Era, conforme afirma Marcondes (1996), é mais um clima de
sensibilidade espiritual do que um movimento religioso estruturado. Exprime
um desejo de unidade e de harmonia; de conjugar o pessoal e o privado com o
41
ecológico e o cósmico; o livre e sem entraves com a experiência profunda e
natural do divino no íntimo de tudo.
Se por um lado o Movimento do Potencial Humano contribuiu para a
estruturação da Rede da Nova Era, por outro, parece ter contribuído também,
com novos elementos para a reflexão epistemológica desenvolvida na
Academia. Assim se desdobrou no Movimento Holístico dos anos 1980,
conforme pode se observar em Crema (1989) e Weil (1990). Este novo
movimento enfatizava uma revisão paradigmática na forma de compreender as
ciências humanas adotado até então. Esse movimento busca apoio nas
reflexões de Thomas Kuhn (1998) em seu clássico A Estrutura das Revoluções
Científicas, embora esta obra se refira diretamente às ciências naturais.
O termo holístico vem do grego holos que significa todo, integral. Assim, as
abrangentes formulações holísticas procuravam apresentar uma visão de
integralidade da realidade que se opõe ao reducionismo próprio das ciências
clássicas. O chamado “holismo” encontrou-se amplamente lastreado nas
formulações da Física Quântica, em autores como Fritjof Capra (1983), e em
outros como Rupert Sheldrake, Ralph Abraham e Terence McKenna (1992).
Esses autores realizam estudos comparados entre as disciplinas científicas e o
pensamento místico. As proposições holísticas foram imediatamente
incorporadas ao cabedal de conhecimentos da Rede da Nova Era, o que fez
com que, no meio acadêmico, surgisse uma forte rejeição.
42
Nos anos 1990 as proposições holísticas ganharam um novo impulso sob o
referencial da Transdisciplinaridade. A Revolução Quântica expandiu a reflexão
para outros campos do conhecimento, como o da filosofia da ciência, por
exemplo. Diversos pensadores vêm conferindo consistência às reflexões
transdisciplinares, tais como Nicolescu (1999), D’Ambrosio (1997a, 1997b,
1999) e Morin (1999, 2000, 2001).
A transdisciplinaridade reflete antes de tudo uma postura de diálogo, de
abertura frente ao conhecimento. Afirma não existir um lugar ou tempo
privilegiado, que permita hierarquizar, julgar ou eleger um determinado
momento, ou movimento, como sendo o mais correto ou verdadeiro.
“Repousa sobre uma atitude aberta, de respeito mútuo e mesmo
de humildade com relação a mitos, religiões e sistemas de
explicações e de conhecimento, rejeitando qualquer tipo de
arrogância ou prepotência”.(D’AMBROSIO, 1999, p. 80)
D’Ambrósio (1999) afirma que o conhecimento humano se constrói de forma
dialética impulsionado pela consciência, o que contempla várias dimensões.
Numa “concessão à classificação disciplinar” é possível afirmar que o
conhecimento religioso é favorecido pelas dimensões intuitiva e emocional, o
científico pela dimensão racional, enquanto que o puramente emocional
prevaleceria no domínio das artes. Trata-se de uma postura abrangente que
procura religar saberes, tornando-se claros, portanto, os ecos New Age em tais
formulações o que, a meu ver, contribui para conferir consistência ao
movimento.
43
Vivemos uma crise civilizacional à qual a humanidade poderá o sobreviver.
Acredito, porém que essa crise possa ser superada a partir de contribuições
integrativas, holísticas, sistêmicas, que compõem o movimento mundial
conhecido como New Age. Existe ainda muito preconceito na academia contra
tais formulações. Desta forma, uma das preocupações mais relevantes da
presente investigação é a de colaborar para a fundamentação deste movimento.
44
Capítulo 2
A CONCEPÇÃO NEW AGE DE UNIVERSO E REALIDADE
_______________________________________________________________
Como uma das características mais marcante do movimento New Age é a
diversidade e sincretismo, apresento a seguir, uma concepção de universo,
realidade e pessoa, dentre as muitas que são possíveis.
2.1 - O Universo
O universo da New Age é concebido a partir das descobertas da Física
Quântica em diálogo com o pensamento de culturas tradicionais. Trata-se de
uma representação fundamentada numa concepção trina: Deus, o Cósmico e o
Ser humano. Cada um desses elementos é de natureza dual: estático e
dinâmico, sagrado e profano. Embora esse universo seja concebido de forma
trina e cada um de seus elementos se manifeste de maneira dual, ele é
45
unificado num grande holos
4
, uma teia cósmica, um corpo vivo e único,
sustentado por relações qualitativas (sistêmicas) e quantitativas (mecânicas).
(Ver figura 01)
O universo descrito como uma manifestação sagrada
5
da energia de Deus, é
incognoscível, visto possuir um núcleo sagrado que jamais poderá ser
alcançado. Parte-se do pressuposto de que ao emanar de Si mesmo Deus
promove a Criação ou o Cósmico, cujas leis, embora sagradas, podem agora
ser compreendidas. O ser humano entendido como parte desse universo,
corresponde ao terceiro elemento dessa emanação e é dotado de livre arbítrio
podendo, portanto, escolher. A capacidade de criação é um outro atributo deste
ser.
Uma das narrativas cosmogônicas descreve três ocorrências fundamentais: O
Big-Bang com o surgimento do Cósmico propriamente, por meio da
manifestação da luz das galáxias e estrelas. O surgimento dos planetas,
especificamente de Gaia a Terra com capacidade para conter ou manifestar a
vida. E a terceira ocorrência o aparecimento do Homem com todo o seu
potencial e sua capacidade para o amor.
Ao emanar de Deus, o universo trino - expressa Sua própria Inteligência ou
Consciência Cósmica. A história da emanação desse universo se mantém
eternamente registrada nos chamados Arquivos Acásicos
que, segundo Lewis
(1941), contém os registros indeléveis de todos os eventos e conhecimentos
4
Holos do grego todo
5
Do latim sacer aquilo que não pode ser tocado
6
Do sânscrito Akasha caixa que tudo contém.
46
integrantes da Consciência Cósmica, registros tanto de acontecimentos
passados como futuros. Os acontecimentos futuros acham-se registrados nos
Arquivos Acásicos em termos probabilísticos como acontece no nível quântico
e são alimentados por concretizações advindas do Campo da Potencialidade
Pura que, segundo Chopra (1994) é o campo criativo do Eu, inerente à
consciência mais elevada do ser humano em sua comunhão com Deus.
Para ilustrar essa concepção de universo vejamos esse excerto da ontologia da
Tradição Rosacruz - AMORC
7
:
“Para o Ser nunca houve começo, pois o nada não pode dar
origem a alguma coisa. Tudo era treva antes de surgir a luz. A luz,
porém, não veio das trevas, pois as trevas são a ausência de luz.
A luz é um atributo do Ser, uma vez que o Ser é sempre luminoso
na irradiação de sua energia, causada por seus ininterruptos
esforços para existir. A luz não tinha calor, e assim o ser era
insensível. A luz não tinha reflexo, e assim o ser não tinha forma.
O Ser, em seu eterno movimento e progresso, expandiu-se.
Inúmeras tornaram-se suas formas e complexa sua natureza. A
complexidade da evolução do Ser deu origem à densidade. E a
densidade produziu o calor da luz. Então, surgiram os seres
viventes. Com a vida, veio a sensibilidade do Ser, transformando-
se na magnificência da percepção do Eu. Na consciência humana
foram refletidas as glórias do universo. Em profundeza o ser
7
AMORC – Antiga e Mística Ordem Rosacruz. Movimento Rosacruz iniciado nos EUA por H.S. Lewis
em 1915.
47
tomou forma sensível e a mente lhe conferiu amplitude. Então a
luz brilhou, pois ela refletia pela primeira vez a sua própria
natureza” (ARDUÍNO, A. M., 1987, pág. 41-59).
Fig. 01 - O Universo da Nova Era: A Grande Teia Cósmica
2.2 A Realidade segundo a perspectiva transdisciplinar
A realidade do Uni-Verso New Age pode ser explicada pela
Transdisciplinaridade. Trata-se de uma realidade complexa, multidimensional,
constituída por diferentes níveis, os Níveis de Realidade, e compreensível por
diferentes abordagens lógicas ou dialógicas.
48
Essa visão de realidade encontra ressonância no corpo de conhecimento de
muitas culturas tradicionais e se contrapõe à visão apresentada pela Física
Clássica, de uma realidade explicável por uma lógica causal e determinista.
Trata-se do Nível Quântico e, para compreender os fenômenos desse nível é
preciso recorrer a uma abordagem cuja lógica seja distinta da lógica clássica,
uma vez que desrespeita o princípio da não-contradição. O quantum é partícula
(corpo) e onda (energia), ou não é nem corpo, nem energia simultaneamente.
E ainda, sua localização é imprecisa e pode ser definida em termos
probabilísticos.
Segundo Nicolescu (1999) a Realidade não é somente um construto social, um
senso coletivo. É também uma dimensão trans-subjetiva composta por Níveis
de Realidade. Um Nível de Realidade é um conjunto estruturado de sistemas
que têm permanência. São invariantes, agindo sob a ação de determinados
princípios ou leis, compreensíveis por gicas específicas. Fato que confere ao
nível a “solidez” necessária para que este se configure. Por isso, por exemplo,
é impossível compreender o Nível Quântico com a mesma lógica com que se
compreende o Nível Macro-Cósmico, este regido pelas “Leis de Newton”.
A Abordagem Transdisciplinar descreve uma Realidade constituída em níveis,
que podem ser infinitos e são orientados por um aspecto fixo, ontológico ou
imutável - o Sagrado, ou Deus, conforme representado na Figura 1. O Sagrado
penetra todos os Níveis de Realidade e lhes confere coerência. Trata-se de um
49
bootstrap
8
cósmico, uma imensa autoconsciência, Consciência Cósmica, que a
tudo penetra.
Na Figura 2 é apresentada a concepção de Bassarab Nicolescu para
representar os Níveis de Realidade. O ponto “x” é a orientação básica de onde
surgiram e para a qual se orientam os Níveis de Realidade. Ele pode
corresponder ao Sagrado, e talvez ao Ponto Ômega que segundo Teilhard de
Chardin (1995) será o ponto de espiritualização da matéria, ou ponto de
mutação, quando a matéria se tornará luminosa. Do lado esquerdo do gráfico
temos uma representação dos Níveis de Realidade e do lado direito os Níveis
de Consciência ou de Percepção correspondentes a faculdades psicológicas
que possibilitam a compreensão dos Níveis de Realidade.
Fig. 2 – Esquema dos Níveis de Realidade segundo Bassarab Nicolescu
(NICOLESCU, 2002, p. 47)
8
Do inglês “tira de bota” semelhante a um cadarço de calçado.
50
Ao se considerar o Universo New Age conforme descrito na Figura 01 e a
Realidade na concepção de Nicolescu conforme Figura 02 pode-se inferir pelo
menos três Níveis de Realidade:
O Nível Sagrado ou de Deus
O Nível Cósmico ou da Criação
O Nível do Humano
O Nível Cósmico pode ser dividido em dois Sub-Níveis:
O Nível Macro Cósmico (newtoniano)
O Nível Micro Cósmico (quântico)
O mesmo pode ocorrer no Nível Humano onde temos:
Ciberespaço criado pela ação humana
Plano Espiritual
2.3 – O Ciberespaço como Nível de Realidade construído
Enquanto o Nível Quântico foi, por assim dizer, descortinado ou descoberto
como uma instância que subjaz ao Nível Macro-físico, um outro nível criado
pela ação do homem: o Ciberespaço.
Abrahan, McKenna e Sheldrake (1992), ao discutirem o binômio Criatividade e
Caos, ilustram a criação de um novo Nível de Realidade inserido entre os
modelos matemáticos e a realidade física. Eles o denominam “modelos de
computador”. Na verdade trata-se do Ciberespaço, que foi amplamente
estudado por Pierre Levy em diferentes obras. O termo é formado pela junção
das palavras cibernética do grego, ``kybernetiké'', piloto, no sentido utilizado
51
por Platão para qualificar a ação da alma e espaço. Este Nível de Realidade foi
concebido entre o espaço do que pode vir a ser possível (espaço potencial) e a
realidade física a partir da proliferação dos meios de comunicação, sobretudo
da rede mundial de computadores, Internet, que materializa a Aldeia Global de
McLuhan.
O surgimento de um novo Nível de Realidade é possível porque o homem é
dotado da capacidade de criação, capacidade esta, propiciada por outra, a de
transcendência, mediante o lançamento de sementes produtivas no Campo da
Potencialidade Pura. Assim, da projeção da mente humana no Campo da
Potencialidade Pura resultou o ciberespaço, um resultado paradoxal, porque é
natural e artificial ao mesmo tempo. Natural, pois sua origem se no mundo
quântico na linguagem matemática do “0 e 1”, e artificial na medida que
propicia uma interface entre o homem e o computador.
No ciberespaço surge um novo campo cultural, a cibercultura, que subverte o
poder ocupado pelos grandes veículos de comunicação, como o rádio e a tv,
constituindo-se em novo espaço democrático que permite maior autonomia à
pessoa. Trata-se de um legítimo Nível da Nova Era, sendo sua capacidade
máxima a de interação entre os binômios real-imaginário, concreto-abstrato,
corpo-equações matemáticas. Nesse espaço a dimensão temporal alcança um
novo sentido, assim como as regras de convivência. Surgem novos espaços de
52
interação, as comunidades virtuais de relacionamento e aprendizagem. A
educação a distância ganha um novo impulso na forma de e-learning.
9
2.4 O Sagrado como Nível de Realidade: O Plano Espiritual um NR
resgatado
Se por um lado o Ciberespaço é um novo Nível de Realidade criado pela ação
humana, a discussão transdisciplinar da Nova Era resgata um elemento
amplamente criticado no contexto dos debates de cunho científico. Trata-se do
Sagrado, que como se viu, ocupa o centro desse debate.
Do ponto de vista transdisciplinar, o Sagrado é a uma zona de transparência
absoluta, que permeia todos os Níveis de Realidade, como um bootstrap
cósmico, conforme afirmou Nicolescu (1999), ou ainda, como uma emanação
da energia de Deus, que permeia o Cósmico e o Humano.
Mas, a meu ver, o Sagrado é também um Nível de Realidade com leis próprias.
A hipótese é que o Sagrado pode ser entendido como um Elemento
Transdisciplinar Paradoxal, com características semelhantes às do quantum no
Nível Quântico. O Sagrado enquanto energia é algo intocável, e penetra todos
os níveis de realidade de maneira misteriosa. Neste sentindo, o sagrado pode
ser compreendido pelo prefixo sac do latim “aquilo que não pode ser tocado”.
Porém, enquanto nível de realidade, trata-se de um espaço regido por leis
9
Do inglês eletronic learning (aprendizagem eletrônica). O termo refere-se a um tipo de
aprendizagem a distância mediada por computador, do mesmo modo como foi definido o e-mail
(correio eletrônico).
53
próprias, no assim chamado Plano Espiritual, entendido a partir do prefixo Sac,
do etrusco “fazer uma coisa se tornar real”.
O axioma místico atribuído a Hermes - “Assim como é em cima, é embaixo”
parece poder servir de excelente referência para a compreensão deste Nível de
Realidade, a exemplo da concepção New Age de universo, apresentada no
capítulo anterior. Wilber (2000) afirma que a compreensão da espiritualidade
ocupa o plano mais elevado das preocupações humanas, pois envolve a
capacidade de transcendência, que é seu maior atributo.
Rudolf Otto (1985), ao estudar a capacidade humana para a percepção do
numinoso
10
, detalha as diferentes formas de percepção do sagrado. Mircea
Eliade (1999), por sua vez, estuda a hierofania
11
, ou manifestação do sagrado,
nas diferentes tradições religiosas. Assim, no Plano Espiritual o sagrado pode
ser percebido e encontra manifestação de forma diversa.
Ao arriscar uma definição espacial na concepção da psique humana, pode-se
afirmar que o Self humano ou o Eu Interior está sediado no Plano Espiritual,
que contém seus aspectos luminosos, criativos, virtuosos em potencial. É,
portanto, o ponto mais elevado da consciência humana, de onde é possível
desenvolver a Consciência Cósmica e acessar os Arquivos Acásicos e o
Campo da Potencialidade Pura.
10
Do latim numem, divindade. Termo cunhado por Otto para explicar as diferentes formas de
percepção do sagrado.
11
Do grego hieros, Sagrado. Termo cunhado por Eliade para explicar as diferentes formas de
manifestação do sagrado.
54
O Plano Espiritual contém o Inconsciente Coletivo, com todos os arquétipos a
ele atribuídos, e compondo a memória da epopéia humana. Neste sentido,
reúne, também a memória ou Consciência dos Mestres Espirituais ou
Cósmicos, formada pelas personalidades humanas que atingiram um grau tão
elevado de consciência individual que se tornaram capazes de auxiliar os seres
humanos em seu processo de evolução, por meio da inspiração virtuosa que
são capazes de promover.
55
Capítulo 3
A PESSOA NUMA PERSPECTIVA HUMANISTA-TRANSPESSOAL
_______________________________________________________________
Como se viu, segundo a concepção New Age, o ser humano ou a pessoa é o
terceiro elemento e integra o universo e a realidade descritos nos capítulos
anteriores. Enquanto parte desse todo, acha-se intrinsecamente conectado à
Terra, Gaia, vista como um ser vivo do qual ele depende totalmente. Nesse
sentido, o ser humano é apenas um fio da Teia Cósmica da Vida. Um fio
poderoso, é verdade, um experimento ousado, dotado de livre arbítrio e capaz
de realizar escolhas conscientes que podem voltar-se tanto para a construção,
quanto para a destruição de si mesmo.
Segundo Boff (2002), o homem é um ser paradoxal, como o universo em que
vive, dual e em permanente construção. Um ser diabólico e simbólico
12
,
consciente e inconsciente. Movido tanto por virtudes humanas, quanto por
12
Do grego Symbállein e Diabállein, onde Bállein significa “lançar” e o prefixo syn significa
“junto”, portanto lançar junto ou em conjunto de modo a fazer sentido. Já o prefixo “dia” significa
separado ou lançar “longe, separado”, portanto sem sentido de conjunto.
56
instintos animais. Assertivo no sentido de realizar a si mesmo, mas que só se
realiza plenamente quando capaz de cooperar e agir de modo altruísta com o
outro. Um ser de transcendência, capaz de compreender-se e compreender o
universo em que vive. E, ainda, um ser livre, pelas escolhas que é capaz de
realizar.
3.1 Estrutura da Psique Humana
A psique ou personalidade humana é concebida como uma emanação do
Plano Espiritual. Na verdade, é entendida como uma diferenciação desse
campo, contendo dois núcleos conectados entre si por uma energia psíquica ou
tendência à auto-atualização e à transcendência. Um dos núcleos é o Eu
Interior ou Self e o outro núcleo é o Eu Exterior ou Ego que serão explicados a
seguir. (ver figura 03)
Fig. 03 – Estrutura da Psique Humana
57
a) Eu Interior ou Self
O Eu Interior ou Self, núcleo da psique que permanece mais centrado no Plano
Espiritual, concentra todas as potencialidades da pessoa. Essas
potencialidades referem-se a tudo aquilo que a pessoa pode vir a ser biológica,
social e espiritualmente. O Eu Interior é o receptáculo da alma humana, ou
centelha divina, que emana diretamente de Deus e se constitui em seu núcleo.
A alma é a geradora da energia psíquica que orienta as ações humanas para a
criatividade e para atualização das potencialidades de modo a contribuir para a
construção do si mesmo e do universo Sagrado que o cerca.
b) Eu Exterior ou Ego
O Eu Exterior ou Ego, núcleo da psique mais conectado ao Plano Físico, acha-
se susceptível à estimulação ambiental, o que lhe confere um caráter altamente
modelável pelo ambiente. Neste núcleo concentra-se a consciência que
direciona as ações.
c) Energia Psíquica
Postula-se a existência de uma centelha divina, uma porção indiferenciada de
Deus no ser humano, que gera a energia psíquica que por sua vez penetra a
psique e lhe confere caráter dinâmico impulsionando uma tendência natural
para a saúde, e para realização ou atualização das potencialidades inerentes
ao humano por meio do desenvolvimento da consciência.
58
d) Consciência
A partir da tensão gerada pela circulação da energia psíquica entre os núcleos
da psique humana centrados simultaneamente nos Planos Espiritual e Físico
cria-se um campo de autopercepção ou consciência que se desdobra em dois
outros planos eminentemente psicológicos - o Plano Emocional e o Plano
Mental. A Consciência se expande, ou se desenvolve à que o ser humano é
capaz de perceber os elementos próprios de cada um desses planos o que faz
com que a Consciência seja entendida como um continuum, uma manifestação
de diferentes graus de autopercepção e de percepção da realidade, sendo seu
maior grau de consciência o da Consciência Cósmica, caracterizada pela
percepção de transcendência e não-separatividade, ou seja, pela consciência
de unicidade do universo e da pessoa.
Por ocasião do nascimento a energia psíquica acha-se totalmente concentrada
no Plano Físico, demandada para os processos fisiológicos de crescimento e
sobrevivência do organismo que configuram suas necessidades básicas. É o
momento do desenvolvimento humano caracterizado como o de menor
Consciência, maior inconsciência, ou percepção mais intensa de
separatividade, visto que a energia psíquica dirige-se predominantemente aos
processo físicos. Essa situação vai sendo alterada à medida que as condições
de sobrevivência e segurança vão sendo supridas. É então que começam a
manifestar-se os processos emocionais e mentais.
Segundo a perspectiva teórica aqui apresentada, uma ação é considerada
consciente quando intencionalmente realizada por uma pessoa capaz de
59
concentrar sua atenção para realizá-la, o que ocorre tanto em processos físicos,
quanto em processos mentais.
A Consciência é reconhecida como dotada de diversos atributos: Ela é criativa
quando capaz de semear idéias no Campo da Potencialidade Pura; é lógica,
quando capaz de compreender processos e de criar raciocínios; é emocional,
quando capaz de experimentar emoções; é transpessoal quando capaz de
perceber de maneira inclusiva e abrangente todos os atributos citados
anteriormente e de dimensionar a grandeza do universo.
Nicolescu (1999) afirma que os Níveis de Realidade objeto transdisciplinar -
mostram-se passíveis de serem percebidos porque existem os Níveis de
Percepção que se constituem no sujeito transdisciplinar. Esses Níveis de
Percepção nada mais são do que diferentes níveis de consciência.
3.2 – Manifestação da Psique no Plano Físico: Os Centros Psíquicos
.
No Plano Físico o corpo humano, máxima densificação da energia psíquica, é
entendido como emanado do Plano Espiritual e, em última instância, de Deus.
Este corpo forma um todo integrado e tem nos sistemas nervoso e endócrino
importantes chaves para o desenvolvimento de seu potencial inerente.
A Energia Psíquica se corporifica, mas também mantém-se em circulação.
Determinados pontos do corpo, denominados vórtex ou Centros Psíquicos
60
permanecem sensíveis a esta circulação energética gerando a dinâmica
psícológica. Embora tais pontos encontrem materialidade física, não se
restringem ao corpo físico, pois contêm energia de Consciência. Esses pontos,
despertados à medida que a Consciência vai se expandindo do Plano Físico ao
Espiritual, são também denominados Chakras
13
, na Tradição Hindu.
Do ponto de vista físico, os Centros Psíquicos estão situados em determinados
órgãos e, principalmente, em glândulas do sistema endócrino, havendo
variação na referência ao número de chakras, de tradição para tradição.
Quando a Consciência é despertada o centro psíquico torna-se ativo e seus
atributos conscientes.
O processo do despertar da consciência, denominado despertar psíquico, se
do Plano Físico para o Espiritual, podendo ser estimulado, também, por
ressonância sonora e cromática. Na tradição hindu essa estimulação é feita
por meio da entoação de sons, os mantras, ou palavras de poder, muitas vezes
formadas pela junção harmônica de várias sílabas do idioma sânscrito, de
modo a constituir composições musicais. No movimento New Age muitas
composições musicais foram dedicadas à estimulação desses centros, a partir
da definição de um padrão ocidental para isso. Uma das composições
pioneiras neste sentido é a Sepectrum Suíte, de Steven Halpern (1988) dos
anos 1970, que padroniza a estimulação desses centros a partir do sistema de
notação ocidental de notas cromáticas (Ver Figura 4).
13
Palavra do sânscrito, cujo significado é Roda
61
Fig. 04 - Os Centros Psíquicos: Cores, Notas Musicais e Órgãos ou a
Glândulas
3.3 As Necessidades Básicas e os Planos de Consciência
Conforme já enunciado, a energia psíquica percorre toda a psique humana,
estando mais concentrada nos processos físicos por ocasião do nascimento. À
medida que as necessidades básicas de sobrevivência o sendo supridas, o
62
campo de consciência vai se expandindo para níveis superiores. Essa dinâmica
sugere a existência de uma hierarquia de necessidades básicas, que reflete o
caminho percorrido pela energia psíquica em seu processo de atualização dos
potenciais inerentes à pessoa, ou seja, durante sua auto-atualização.
Maslow (1970) descreve com grande propriedade essa hierarquização, ao
postular cinco categorias de necessidades preponderantes, com implicações
precisas no processo de auto-atualização e desenvolvimento. Essas categorias
são as seguintes:
Necessidades Fisiológicas – Próprias da manutenção básica do corpo
físico, são geralmente identificadas como fome, sede, sono etc. Maslow
afirma que tais necessidades são absolutamente idiossincrásicas e
peculiares às pessoas, variando muito de uma pessoa para outra. Uma
coisa é certa: tratando-se de necessidades fundamentais à
sobrevivência física são preponderantes.
Necessidade de Segurança - À semelhança das necessidades
anteriormente descritas as necessidades de segurança podem
monopolizar todo o organismo. Aliás, essas duas classes de
necessidades encontram-se muito intrincadas. Segurança, aqui, significa
ordenação, compreensão, manutenção, previsão, proteção pessoal da
integridade física, ou seja, trata-se de um nível básico de organização de
mundo, de espaço, mas também de segurança pessoal, o que inclui,
evidentemente as necessidades fisiológicas.
Necessidade de Amor e Pertença - Esta categoria central na pirâmide
das necessidades maslowianas, reflete o impulso gregário da pessoa.
63
Trata-se da necessidade de amar e ser amado. Muitas das dificuldades
de ajustamento social podem estar refletindo o fato de não estarem
sendo satisfeitas as necessidades dessa classe. Afeição e Amor, assim
como seu correspondente a nível da sexualidade
14
são geralmente
compreendidas de maneira ambivalente na sociedade, e se refletem na
maioria dos desajustes psicopatológicos.
Necessidade de Auto-estima Essas necessidades podem ser vistas
como integrantes de dois subsistemas. Primeiramente, a pessoa tem
uma necessidade de perceber-se livre, competente e capaz de
realização; depois quer que os demais a reconheçam como tal. Envolve
sentimentos de valor, força e liberdade.
Necessidades de Auto-atualização e Transcendência Esta classe
de necessidades pode ser assim definida: “o homem deve ser o que ele
pode ser”
15
. Evidentemente, esta classe de necessidades varia
enormemente de pessoa para pessoa. Trata-se de realizar ou atualizar
todo o potencial de ser que está, como se viu, concentrado no Eu
Interior. Trata-se, também, segundo Maslow (1976), da necessidade de
vivenciar o mais elevado nível de consciência, um nível de consciência
que transcende o humano.
A hierarquização dessas necessidades foi representada classicamente por uma
pirâmide, a conhecida Pirâmide de Maslow, que segue a ordem aqui
apresentada, da base ao topo. Motivações geradas por necessidades básicas
14
Maslow destaca que embora a sexualidade seja mencionada neste nível ela não se reduz a
este, e muitas vezes pode ser o reflexo de uma necessidade meramente fisiológica (Maslow,
1970 pág. 90)
15
What man can be, he must be”
64
nem sempre estão no campo da Consciência. Maslow afirma que elas são
muitas vezes um impulso menos consciente ou mesmo inconsciente. À medida
que a pessoa conquista consciência das próprias necessidades, passa a se
conhecer melhor e a direcionar melhor sua força pessoal, ampliando, assim o
espectro de sua consciência rumo ao Plano Espiritual.
Ao satisfazer as necessidades mais básicas e à medida que se experimenta
surgem as necessidades hierarquicamente superiores e a consciência se abre
aos Planos mais elevados.
A classificação aqui apresentada é didática, pois do ponto de vista transpessoal,
não uma separatividade rígida entre os planos de consciência e entre as
próprias necessidades, de forma que a relação aqui apresentada, tanto para os
planos, quanto para a os centros psíquicos e para a hierarquia das
necessidades deve ser entendida num continuum (ver Figura 05).
65
Fig. 05 - Pirâmide de Maslow em perspectiva, com o Sistema de Centros
Psíquicos
O Plano Físico está evidentemente mais ligado às necessidades fisiológicas e
de segurança, enquanto o Plano Emocional liga-se mais à necessidade de
Amor e Pertença, mas também à necessidade de Auto-estima no que diz
respeito ao reconhecimento por parte das outras pessoas. O Plano Mental, por
sua vez, conecta-se à necessidade de auto-estima no que diz respeito à
66
percepção de competência, mas também às necessidades de auto-atualização,
enquanto o Plano Espiritual está ligado totalmente à necessidade de Auto-
realização e Transcendência.
3.4 – Dinâmica da Psique
Ao longo deste capítulo, em diversos itens, foram apontados elementos
dinâmicos da Psique. Para finalizar esta seção reunirei todos esses elementos
e abordarei a questão relativa às condições que favorecem o crescimento
psicológico.
A meta fundamental da entidade humana na perspectiva New Age é o retorno
ao Criador, ou espiritualização da matéria, como diria Teilhard de Chardin.
Portanto, não se trata de um simples retorno, mas de um retorno consciente.
Ao retornar, a entidade humana deverá acrescentar algo ao todo Cósmico, e
esse algo é consciência. Desta forma, os seres humanos têm um papel de
grande importância no esquema Cósmico, que é o de ampliar a Consciência do
Todo. Este postulado foi formulado por diversos autores: Buck (1996)
apresenta a questão pela perspectiva da Consciência Cósmica como uma
faculdade em nascimento na pessoa. Russel (1992), que aborda o mesmo
tema, retoma o Ponto Ômega, conforme apresentado por Teilhard de Chardin
(1995). Para todos esses autores a transcendência é um fator fundamental.
67
3.4.1 - Transcendência
Ao inventar ferramentas para colher e produzir alimento o homem transcendeu.
Ao domesticar animais e construir meios de transporte, o homem transcendeu.
Ao criar sinais de fumaça, comunicação por tambores, telégrafo, telefone, rádio,
o homem transcendeu. Ao olhar para os planetas, para as estrelas, para as
galáxias, e para as células, os átomos, e o quantum, o homem transcendeu.
Portanto, pode-se afirmar que o homem é um ser de transcendência.
“Fomos obrigado a transcender os limites impostos pelo meio para
podermos viver. Então, transcendência fundamentalmente é essa
capacidade de romper todos os limites, superar e violar os interditos,
projetar-se sempre num mais além.” (BOFF, 2000, p. 31)
O conceito de transcendência foi estudado em profundidade por Maslow e
apresentado em seu último livro, cujo capítulo dedicado ao tema, após a
consideração de trinta e cinco definições de transcendência é concluído com a
seguinte síntese:
“Transcendência refere-se ao mais elevado, inclusivo e holístico
nível de Consciência, comportamento e relacionamento, como um
propósito a ser atingindo para a unidade do eu, para significação
do outro, para os seres humanos em geral, para outras espécies,
para a natureza, para o cosmos.” (Maslow, 1976, p. 269)
68
Como se vê, esta definição é bastante abrangente e inclusiva e abarca de
maneira consciente a concepção New Age de Universo, Realidade e Pessoa.
A transcendência é uma função superior da consciência e reflete a capacidade
de deslocamento de um nível para outro. Desde a dança circular primitiva do
tempo das cavernas o homem busca transcender a si mesmo e vivenciar o
encontro consigo e com o outro.
“Toda pessoa é livre para se abrir, através de seu próprio caminho
e de sua autotransformação libertadora, para o autoconhecimento
de seu destino espiritual“. (NICOLESCU, 1999, p. 75)
A tarefa fundamental do humano é, pois, transcender. Quando a Consciência
ancora-se no corpo físico e é criada a tensão entre os Planos Espiritual e Físico,
o homem deve transcender essa limitação pelo Despertar Psíquico e expandir
a Consciência para os Planos Emocional e Mental, retornando ao Espiritual
pleno de Consciência.
A Energia Psíquica é o elemento propulsor da transcendência. Manifesta-se no
organismo humano como uma tendência natural, tendência à auto-atualização
e transcendência, hierarquizada em necessidades básicas que buscam
constantemente serem transcendidas (ver Figura 06).
69
Ao atualizar seu potencial físico, social, e espiritual, que está concentrado em
seu Eu Interior, a pessoa está transcendendo.
Fig. 06 – Estrutura Dinâmica da Psique Humana
70
3.4.2 - Condições para o Desenvolvimento Humano
Como se pode ver, segundo essa ótica, a dinâmica fundamental da psique
humana se pela movimentação da energia psíquica entre o Self e o Ego,
transcendendo limites e atualizando potenciais. Entretanto essa força, embora
sempre presente, é bastante suscetível a diversos fatores que podem favorecer
ou bloquear esse caminho e tais fatores encontram-se nas relações humanas.
O trabalho de Carl Rogers, conhecido como Abordagem Centrada na Pessoa
ACP, foi em grande parte dedicado à busca de entendimento das condições
ideais para o desenvolvimento humano, a partir do relacionamento interpessoal.
Rogers (1978) afirma ter chegado à conclusão de que a qualidade da relação
interpessoal é a coisa mais importante do ponto de vista terapêutico, sendo ela
que determina se a experiência vivenciada libera, estimula o desenvolvimento e
o crescimento ou o aprisiona.
Os obstáculos ou bloqueios gerados pelos conflitos de desenvolvimento
humano são inerentes à experiência humana. Eles ocorrem devido ao choque
de interesses das pessoas na busca pela atualização de suas potencialidades.
Os conflitos de desenvolvimento, quanto mais precocemente forem vivenciados,
maiores chances têm de proporcionar traumas ou bloqueios profundos,
dificultando o fluir da Energia Psíquica.
71
Uma pessoa que durante seu desenvolvimento sofreu muitas privações a nível
das necessidades mais básicas pode desenvolver comportamentos fortemente
ego-centrados, ficando pois, muito centrada no eu exterior, por mais abundante
que venha a ser sua vida num momento posterior. Todavia, na sabedoria do
organismo a tendência à auto-atualização estará sempre presente, esperando
uma chance para se manifestar.
Ao abordar a questão das relações interpessoais de caráter terapêutico,
Rogers define três atitudes, ou condições fundamentais para que uma relação
seja capaz de promover crescimento psicológico e, portanto, de favorecer o
desenvolvimento psíquico e a atualização dos potenciais, ajudando no
processo de transcendência. São elas:
a) Empatia: capacidade de transcender as dimensões pessoais e de se
colocar no lugar do outro, como se fosse o outro. Isso pressupõe uma
outra capacidade: a de saber ouvir o outro de forma ativa, ou seja, a
capacidade de Escuta Ativa.
b) Consideração Positiva Incondicional: capacidade de aceitar
incondicionalmente o outro, de considerá-lo como é, de modo positivo,
valorizando-o, sem estabelecer condições
16
para isso;
c) Congruência: capacidade de aceitar a si mesmo e atualizar os próprios
potenciais, buscando ser o que se é, em qualquer momento, sem
máscaras.
16
A consideração condicional pode ser entendida pela frase “eu vou gostar de você se você
fizer isso ou aquilo (condição) ou for deste ou daquele modo que eu (a sociedade, a pessoa)
aprovarem”.
72
As mesmas condições podem ser observadas em outros trabalhos de teóricos
de diferentes áreas do conhecimento, que apresentam propostas para a
administração e resolução de conflitos nos relacionamentos humanos. Parry
(1991) fala da construção de um espaço seguro de confiança, criado muitas
vezes pela realização de tarefas corriqueiras no dia-a-dia, como cozinhar, ou
plantar árvores. Bohn (1996) apresenta o diálogo
17
como saída para trabalhar
uma escuta ativa e empática. Ury (2000) fala da mediação, ou da importância
de uma terceira pessoa para ajudar a construir um clima de confiança e
aceitação no processo de resolução de conflitos.
D’Ambrósio (1997), ao tratar da ética da diversidade, a meu ver, arremata a
questão, ao afirmar que é o reconhecimento do comportamento conflitante em
nós e no outro, seja ele a sociedade ou as espécies em competição, que
origina a necessidade de uma ética, pois a sobrevivência depende da adoção
de uma visão holística da realidade.
A ética da diversidade proposta por D’Ambrósio é a ética da Nova Era e isso
nada mais é do que uma ética inspiradora de uma ação consciente de busca
da transcendência. A essência dessa ética repousa em três princípios:
Respeito pelo outro com todas as suas diferenças;
Solidariedade para com o outro na satisfação de suas necessidades
básicas de sobrevivência e transcendência;
Cooperação com o outro na preservação do patrimônio natural e
cultural comum.
17
Do grego dialogos cujo prefixo dia significa “através de” e logos significa “palavra”.
73
PARTE II
PODER, LIDERANÇA E EMPOWERMENT NA
CONSTITUIÇÃO DE UM PROCESSO DE
PERSONAL COACH
_______________________________________________________________
“Temos que entender que não vivemos mais no mundo moderno,
mas sim no pós-moderno. Este pode ser caracterizado por um
novo modo de pensar que já impregnou as artes, as humanidades
e a literatura, assim como a filosofia, a ciência e as ciências
sociais. E o que é mais importante para os professores e para
aqueles que ensinam aos professores, impregnou também a
consciência coletiva.” (PETERS, 2003, p.54-55)
O paradigma New Age começa a demandar uma revisão no conceito e
aplicação do poder e da liderança nas organizações. Na verdade esse
movimento nos remete a Gandhi com sua proposta de liderança compartilhada
e não-violenta, bem como à noção de empowerment.
Nessa concepção de liderança, as competências para a comunicação são
muito enfatizadas. Trata-se de uma habilidade encontrada na forma de
encantar multidões, própria dos fundadores das grandes tradições religiosas da
humanidade. Tais características, mais comuns entre mulheres, aliadas a
outras, permitem, em termos transdisciplinares, que se fale em feminilização
da sociedade. Neste contexto emerge a autoliderança e segundo essa ótica
74
que se pode compreender melhor os fundamentos da proposta de Self-
Empowerment.
O Personal Coaching pode ser compreendido como uma forma contemporânea
de Aconselhamento Psicológico. Seus fundamentos tradicionais estão
localizados em algumas narrativas mitológicas e em práticas próprias de
sociedades tradicionais. Tais referenciais, ao serem colocados em diálogo com
os elementos terapêuticos da Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers,
compõem o quadro básico de fundamentação no qual se apóia a ação do
conselheiro ou do personal coach, no processo Self-Empowerment.
A ação do conselheiro, ou tutor – como é mais comum no mundo virtual - onde
se insere a proposta, se dá a partir da mediação escrita fomentada pelos meios
eletrônicos de comunicação. Daí a importância da linguagem escrita e dos
elementos de aprendizagem próprios do ciberespaço para o sucesso do
processo. Tais recursos precisam ser necessariamente de domínio tanto do
participante, quanto do facilitador. Todos esses elementos são abordados
nesta seção em seus três capítulos:
Capítulo 4. – Liderança e Poder: Do Empowerment ao Self-Empowerment
Capítulo 5 – Personal Coach: Fundamento das Competências
Capítulo 6 – O Organização Básica de Funcionamento do Processo Self-E.
75
Capítulo 4
LIDERANÇA E PODER: DO EMPOWERMENT AO SELF-EMPOWERMENT
_______________________________________________________________
Neste capitulo descrevo o conceito de empowerment, liderança e poder, sob
diferentes perspectivas, o que inclui a noção de autoliderança a partir da voz
interior para, por fim, apresentar as linhas gerais da proposta Self-
Empowerment.
4.1 – O Empowerment
Segundo o The American Heritage Dictonary on the English Language, o termo
empower significa “1. investir de poder legal, autorizar. 2. Conferir permissão”
18
.
Empowerment deriva desse termo, significando portanto, sugere a concessão
de poder. As melhores tentativas de tradução para o português indicam para
“empoderar”, “energizar” e termos afins. Como nenhuma dessas formas parece
totalmente satisfatória, tem-se preferido utilizar o vocábulo original em inglês.
18
“1.To invest with legal power; authorize 2. To enable or permit.”
76
O conceito de empowerment surgiu e tem sido usado no mundo organizacional.
Segundo Blanchard (2001) trata-se de um dos conceitos mais promissores
entre os já introduzidos no universo corporativo, onde se visa levar as pessoas
a dinamizarem criatividade, autoridade e responsabilidade para a tomada de
decisão. Tendo surgido na década de 1980, esse conceito parece conter uma
promessa de realização pessoal e profissional, ao mesmo tempo. Trata-se,
porém, de um dos conceitos menos compreendidos da área de negócios. Além
da falta de compreensão por parte dos líderes, sua adoção implica em
favorecer o empoderamento dos subordinados, o que demanda uma
obrigatória revisão do papel de poder que ocupam, ou talvez seja mais
adequado dizer, demanda a criação de uma nova perspectiva de poder.
Demanda, pois uma revisão do papel da liderança e da estrutura de poder na
organização. Assim sendo, o empowerment parece assemelhar-se ao swaraj
gandhiano.
Gandhi talvez tenha sido o der que melhor demonstrou a congruência entre a
palavra e a ação no exercício do poder, vivendo efetivamente para o
empoderamento do outro. Segundo Leite (2005), ele criou o neologismo em
sânscrito satyagraha (busca da verdade) a partir das palavras satya (verdade)
e agraha (estar conectado) para expressar sua forma de conduta. A busca da
verdade, porém, teria sentido se fosse baseada no ahimisa (não violência).
A finalidade desta busca é a libertação tanto individual quanto coletiva, ou
swaraj, que apresenta uma conotação espiritual de poder por meio do
autodomínio, e autoconhecimento. Para atingir o swaraj, ou autodomínio, pela
77
não violência é preciso estar conectado ao espírito do todo, ou ao Plano
Espiritual e, portanto, a valores que o universais para toda a humanidade e
que se alinham com a Ética da Diversidade, de D’Ambrósio (1997a), conforme
já apresentado anteriormente.
4.2 – Uma revisão na concepção de liderança e poder
O termo liderança refere-se à posição ocupada por uma pessoa, mas também
ao comportamento por ela exercido. Compreende três elementos: (a)
desempenho de um papel, (b) influência sobre o indivíduo (c) influência social.
Refere-se, ainda, tanto ao poder formal quanto ao poder efetivo.
O poder, por sua vez, designa a capacidade de produzir determinado efeito ou
influência sobre um grupo ou situação. Muito antes de se discutir a idéia de
poder no mundo corporativo, filósofos de grande expressividade e profundidade
como Max Weber e Hannah Arendt, o fizeram. Segundo Leite (2005) tanto
Weber, quanto Arendt conceberam o poder como um potencial que se atualiza
nas ações.
Para Arendt (2003), o poder é efetivado quando a palavra e ação não se
dissociam, numa postura que em muito lembra o conceito de Congruência de
Carl Rogers e a perspectiva de poder adotada por Gandhi.
A Contra-cultura, dos anos 1960, e o Movimento do Potencial Humano, dos
anos 1970, também trouxeram importantes contribuições para uma perspectiva
78
de liderança realizada no sentido da não-violência. Ao preconizar conceitos
como o de tendência à auto-atualização, e o de valores universais a partir da
valorização do indivíduo, estes movimentos enfatizaram um tipo de liderança
diferente, caracterizado pelo fato de um o indivíduo ser capaz de liderar a si
mesmo. A autoliderança está no cerne dessas concepções e é fruto de uma
orientação interna, pessoal: uma voz interior deve ser seguida, antes de serem
seguidos líderes formal e externamente instituídos.
Essa nova concepção de liderança gradativamente vem se instalando no
mundo corporativo, num processo gradual que perdura até nossos dias e passa
a ser refletida em expressões de tratamento que vão se tornando cada vez
mais comuns na sociedade. Formas de tratamento clássicas como professor,
instrutor ou didata, por exemplo, passam a ser substituídas por outras mais
brandas, de conotação menos centralizadora, como “facilitador, mediador ou
moderador”, enfatizando-se, assim, o importante papel do indivíduo no
processo de escolha e liderança (auto-liderança). Berni (2002) apresenta
efeitos dessa perspectiva de liderança na esfera da religiosidade New Age com
o termo como “focalizador”, ao invés de instrutor ou professor, usado
comumente na Comunidade Findhorn, na Escócia e nos movimentos das
Danças Circulares e nos Jogos Cooperativos cada vez mais comuns no mundo
organizacional.
Essa revisão do status da liderança e do poder, ao chegar ao mundo
corporativo provocou mudanças. O próprio conceito de empowerment é uma
prova disso, indicando uma lenta reestruturação da estrutura organizacional
79
que durante muito tempo se assemelhou muito à estrutura militar rigidamente
hierarquizada. As estruturas organizacionais passam gradativamente a adotar
organogramas mais enxutos, com poucos níveis hierárquicos e a buscar por
posturas mais colaborativas ou cooperativas entre as lideranças e os liderados,
também com implicações explícitas nas formas de tratamento entre as pessoas,
que deixam de ser funcionários e passam a ser colaboradores. Além disso,
inclui-se nessa tendência o trabalho em equipes cooperativas e multifuncionais,
com lideranças que se rodiziam em projetos cada vez mais coletivos.
Hunter (2006, 2004), com suas formulações sobre a Liderança Servidora,
estabelece novas classificações de poder, a partir de uma (re)leitura de Max
Weber. Ao analisar o desenvolvimento da liderança corporativa ele a classifica
em duas categorias: liderança pelo “poder” e liderança pela “autoridade”.
A liderança baseada no poder apresenta uma perspectiva centralizadora, com
estímulos comportamentais fomentados pela imposição, coação e medo, a
exemplo do que acontece no ambiente militar. Essa perspectiva de poder está
diretamente ligada à força. Portanto, a liderança pelo poder é aquela em que as
pessoas vêem-se obrigadas ou o coagidas a realizarem uma determinada
ação.
na liderança baseada na autoridade as pessoas sentem-se inspiradas pelo
comportamento do líder. Admiram seu caráter e por isso o seguem, ou agem
de acordo com suas indicações, não pela imposição, mas pelo amor. Esse
estilo de liderança assemelha-se ao exercido pelos grandes deres espirituais,
80
considerados fundadores das grandes religiões e capazes de agregar
multidões.
Evidentemente, a liderança muitas vezes mescla elementos dessas duas
posturas. Seja como for, na liderança baseada na autoridade encontramos
muitas semelhanças com os conceitos preconizados por Gandhi e Arendt.
4.3- Paradigma, Gênero e Liderança
Não há dúvida de que o paradigma ainda vigente na sociedade contemporânea
apresenta uma perspectiva de liderança mais centrada na imposição do poder,
que no amor à autoridade, conforme preconizou Hunter (2006). A flexibilização
é ainda incipiente, mas vem ocorrendo paulatinamente. Em termos
transdisciplinares, a liderança baseada na autoridade estaria associada ao que
Nicolescu (1999) denominou de feminilização da sociedade.
“Todo projeto de futuro de uma civilização passa necessariamente
pela feminilização social. Como é a mulher, e não o homem, que
à luz a criança, é a feminilização de nosso mundo que poderia
dar à luz aos laços sociais tão cruelmente ausentes nos dias de
hoje, à pontes entre os seres humanos desta Terra."
(NICOLESCU, 1999, p. 89)
A questão também pode ser compreendida pela ótica da neurociência, que tem
trazido interessantes contribuições para o debate, ao procurar explicar algumas
diferenças na forma de agir entre os gêneros, masculino e feminino, a partir da
81
especialização de áreas cerebrais preferenciais desenvolvidas pelos gêneros
ao longo da história da humanidade.
Brizendini (2006) e Sabbatini (2006) enfatizam que o fato de as mulheres terem
ao nível cerebral as áreas de comunicação mais desenvolvidas do que os
homens pode ser explicado em função da atividade coletora desenvolvida por
elas durante um período muito extenso da história humana. Como essa
atividade era realizada em grupo, com as mulheres trabalhando enquanto
conversanvam animadamente, ao mesmo tempo em que cuidavam dos filhos,
elas desenvolveram melhor essa área cerebral, a partir dessa estimulação que
lhes foi natural.
os homens, como cuidavam da caça, atividade que exigia foco,
concentração e silêncio, desenvolveram algumas habilidades que ainda lhes
são mais naturais atualmente. Evidentemente, tanto homens quanto mulheres
podem desenvolver ambas as funções, visto que suas estruturas cerebrais o
basicamente as mesmas. A habilidade para comunicação tem sido amplamente
valorizada como um aspecto do novo papel do líder e parece estar mais
associado ao encantamento próprio da liderança pela autoridade do que pela
liderança pelo poder, conforme a classificação de Hunter (2006).
Uma questão polêmica em relação à temática da liderança é sua origem. Seria
a capacidade de liderança um aspecto inato do ser humano, ou poderia ser
desenvolvida? Há um certo consenso no mundo organizacional de que existem
82
líderes natos que são todavia raros, e que a liderança é uma habilidade ou
competência que pode ser desenvolvida.
4.4 - A voz interior, Auto-liderança e o Self-Empowerment
No mundo corporativo, Stephen R. Covey (2005) é um autor que amplia as
questões da liderança, saindo da esfera meramente comportamental e
introduzindo um conceito de caráter humanista-transpessoal: o da capacidade
de “ouvir a voz interior”. As formulações de Covey enfatizam a dinamização
pessoal, e a auto-descoberta rumo a atualização de potenciais, o que as
aproxima das formulações de Maslow. É nesse contexto que surge o processo
Self-Empowerment, ou auto-empoderamento.
Enquanto o empowerment consiste na concessão de poder ao outro, o self-
empowerment consiste em encontrar o poder em si mesmo, ou buscar
empoderamento pessoal. Tal processo que deve ser de iniciativa da própria
pessoa, conduzir a uma ampliação de consciência e a ações afirmativas que
garantam a sustentabilidade das iniciativas tomadas. A ampliação da
consciência de si é seu elemento fundamental, pois quanto mais conscientes
as pessoas estiverem de si mesmas, maiores serão suas possibilidades de
alcançar sucesso em seus empreendimentos.
Ouvir a voz interior pressupõe um fluir congruente da Energia Psíquica entre os
dois núcleos da personalidade humana. Trata-se de um indicador de saúde e
83
equilíbrio. Todavia sabe-se que este equilíbrio, por diferentes razões, pode ser
abalado. A crise civilizatória observada na contemporaneidade e descrita no
capítulo 1, normalmente predispõe as pessoas a estarem em desequilíbrio.
Num extremo pessoas muito centradas no Eu Exterior e, portanto,
predispostas a vivenciam sentimentos unilaterais cuja ênfase recai na
competição predatória, postura da qual decorrem efeitos nocivos para as
relações humanas e ambientais. No outro extremo, pessoas muito
centradas no Eu Interior, alienadas da sociedade, vivendo à margem da
mesma, muitas vezes motivadas por uma busca mística idealizada, sem
conexão com questões sociais mais abrangentes. Seja como for, nessas
pessoas um bloqueio de comunicação entre as duas instâncias do Eu a
Exterior e a Interior.
É muito comum haver frustração em ambos os casos. O equilibro decorre da
capacidade de ouvir do Eu Interior, ou a voz interior, como afirma Covey, ou
seja, possibilitar que a Energia Psíquica, ou Tendência à Auto-atualização e à
Transcendência, flua de forma congruente para o Eu Exterior. Isso vai se
tornando possível à medida que o indivíduo amplia o auto-conhecimento e vai,
tornando-se cada vez mais competente nos processos de escolha consciente
de caminhos a serem seguidos ou, como diriam os índios norte-americanos da
Nação Seneca, de reconhecer e trilhar seu Caminho Sagrado numa verdadeira
estratégia Win-Win
19
, ou seja, numa perspectiva onde todos possam ganhar.
19
Termo do inglês Win que significa vencedor. A estratégia Win-win significa literalmente
“ganha-ganha” e é usada no ambiente corporativo indicando a existência de um elevado índice
de confiança entre as partes envolvidas numa negociação de modo que ambas as partes
saiam ganhando.
84
4.5 Elementos Básicos do Processo Self-Empowerment
O Self-Empowerment Jornada de Transformação, proposta de intervenção
aqui apresentada, é uma metodologia de Aconselhamento Psicológico
voltada para o autodesenvolvimento, que visa a construção de competências
autoempreendedoras para que o participante possa dar um novo impulso à sua
vida profissional e pessoal. Trata-se de uma imersão virtual realizada
basicamente por e-mail, via Internet, com a duração de
aproximadamente 40 dias.
O processo é iniciado por conteúdos educacionais disponibilizados num AVA
(Ambiente Virtual de Aprendizagem), onde se apresentam vídeos e textos com
estímulos motivacionais. Um personal coach, ou mentor, acompanha o
participante diariamente, em modo assíncrono, basicamente via e-mail,
interagindo e ajudando-o em seu processo de reflexão, para que ele consiga
ampliar seu autoconhecimento, e possa, assim, desenvolver novas
perspectivas de ação.
O processo é centrado no ritmo e nas necessidades do participante (coachee),
que dosa o quanto quer se aprofundar no trabalho. Desta forma, o tempo
utilizado torna-se bastante relativo, bem como os resultados a serem atingidos,
que variaram, também em função da dedicação do participante.
85
a) Requisitos para Participação:
Interesse em participar de um processo de autoconhecimento mediado a
distância, onde deverá se expor a um Conselheiro ou Personal Coach
20
.
Disponibilidade para interagir à distância via Internet, usando
basicamente o recurso da escrita eletrônica através de um processador
de texto e recursos do e-mail.
Disponibilidade para se dedicar ao processo por 5 e 10 horas semanais,
em média, para realização das atividades propostas;
Privacidade para refletir e usar o computador, acessando os conteúdos
disponibilizados pelo Personal Coach no AVA (Ambiente Virtual de
Aprendizagem).
Disponibilidade para participar de um encontro presencial grupal, para
realização do Jogo da Transformação
21
, cuja duração média é de 4
horas, em dia e horário pré-definidos.
b) Módulos
O Processo Self-E acontece em três módulos, a saber:
Módulo I – “Biográfico”
Duração Média: 20 dias
20
O termo será explicado no capitulo 6.
21
O Jogo da Transformação será apresentado no Capítulo 10.
86
Desenvolvimento: O participante é convidado a realizar uma
reflexão autobiográfica, ou seja, é estimulado a (re) pensar sua
trajetória de vida, seu passado e presente. Trata-se de uma etapa de
desenvolvimento da confiança entre o Personal Coach e o Coachee.
Espera-se que seja uma fase de intensos diálogos entre ambos,
durante a qual o personal coach procura compreender, de maneira
empática, o participante, a partir dos elementos oferecidos por sua
história de vida e lhe oferece inúmeros feedbacks.
Módulo II – “Estabelecendo um Foco de Aprimoramento
Duração Média: 10 dias
Desenvolvimento: A partir dos diálogos entabulados entre o
participante (coachee) e o mentor (personal coach), o participante vai
sendo levado a perceber de maneira consciente suas competências
e incompetências. Após um mapeamento de suas áreas de Força e
Fraqueza, o participante é levado a estabelecer um foco, um ponto
de sua vida que deseja aprimorar ou transformar com maior
veemência. Esse foco pode recair tanto no âmbito profissional,
quanto no pessoal. Após definir o foco, o participante terá um único
encontro presencial com o personal coach e outras pessoas que
estão vivendo um processo análogo ao seu, para a realização do
Jogo da Transformação, ferramenta de exploração do Inconsciente
Pessoal, desenvolvida na Comunidade de Findhorn da Escócia. Esse
Jogo proporciona recursos para uma exploração ao Eu Interior (Self).
Permite ao participante (re)conhecer e ampliar a visão sobre si
87
mesmo, seus bloqueios e potencialidades, que normalmente estão
obscuros à consciência. Trata-se de um momento marcante no
processo, um ápice, onde o participante pode vivenciar experiências
de pico
22
, abrindo importantes canais de comunicação entre o Eu
Interior e o Exterior, de modo a tornar possível a consciência de uma
série de novas possibilidades de ação.
Módulo III – “Estabelecendo um Planejamento Pessoal de Ação”
Duração Média: 10 dias
Desenvolvimento: Nos dois primeiros módulos o participante pode
construir um panorama ampliado de informações sobre si, por meio
do mapeamento de competências e potencialidades já desenvolvidas,
e de outras por desenvolver. Neste módulo propõe-se um
Planejamento Estratégico de Ação, com objetivos e metas passíveis
de serem implementadas, para que as potencialidades identificadas
possam ser desenvolvidas, a partir de ações produtivas.
22
Experiências de Pico ou Culminantes. Para Maslow trata-se de uma vivencia transpessoal
de integração consigo mesmo e com o cósmico. Um estado de êxtase, ou transcendência,
onde se vivencia uma intensa felicidade.
88
Capítulo 5
PERSONAL COACH: COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS
_______________________________________________________________
Neste capítulo descrevo as competências fundamentais exigidas para
mediação do processo Self-E. Inicio descrevendo o papel do Personal Coach,
em seguida discorro sobre a importância da escrita eletrônica e da
aprendizagem para, por fim, apresentar os elementos da metodologia,
encadeados entre si.
5.1 – A Origem Tradicional da Atitude de Coaching
O termo coach
23
é de origem inglesa e refere-se à pessoa que acompanha
clientes para que estes desenvolvam seus objetivos. Estes objetivos podem
estar focados em diferentes áreas tais como a esportiva, a afetiva, a
23
Coach é também um veículo de passeio puxado a cavalo vem daí o termo cocheiro. O termo
é usado também para se referir ao treinador esportivo.
89
profissional, entre outras. Assim como um conselheiro ou mentor, um Personal
Coach raramente oferece conselhos. Seu papel é o de fazer com que o
coachee
24
descubra seus potenciais, sua força pessoal e solucione suas
próprias questões.
A figura, do interlocutor, é encontrada em muitas narrativas mitológicas, nas
quais o herói, quando se vê em apuros, procura se aconselhar com alguém que
julgue ter condições de orientá-lo, para que ele possa realizar a tarefa que lhe
compete. Às vezes trata-se de um sábio, noutras, uma divindade ou um
oráculo. Não é fácil encontrar um intermediário que esteja a altura de suas
necessidades. Alguém que possa ser um bom ouvinte e ao qual o herói possa
confiar suas mazelas e fraquezas, suas dúvidas, a fim de obter ajuda.
Campbell (2003) dá uma boa indicação do perfil desse orientador:
“Um bom treinador não diz a um corredor exatamente em que posição
manter os braços ou coisas desse tipo. Ele o observa correr e depois o
ajuda a corrigir sua maneira natural e própria de o fazer. Um bom
professor está ali para identificar possibilidades e potencialidades e, em
seguida, dar conselhos, não ordens”. (Campbell, 2003, p. 152)
Nas sociedades orientais a figura do guru muitas vezes ocupa esse lugar,
sendo aliás, bastante comum. Seu papel de orientador é bem aceito e
reconhecido pelo grupo. Observa-se nas sociedades tradicionais africanas que
a consulta oracular é bastante freqüente como recurso de orientação (Ribeiro,
1996).
24
O termo se refere ao cliente que se submete ao processo de coaching.
90
Para Campbell (2003) o padrão de orientação das condutas nas sociedades
tradicionais é pautado pela valorização do que é coletivo. Nessas sociedades
há uma visão mais homogênea, menos individualista, do grupo social, de modo
que um guru, vidente ou sacerdote sabe exatamente em que ponto da jornada
(ciclo ou fase biográfica) o orientando (consulente) está, e assim é capaz de
situá-lo com precisão em seu caminho.
no ocidente com a grande ênfase dada à individualidade, a situação é mais
complexa, pois a idiossincrasia é enfatizada. Assim, a orientação deve ser
oferecida mais no sentido da pessoa descobrir seu próprio poder pessoal,
preferencialmente a partir de suas próprias potencialidades.
Se partimos do pressuposto de que o organismo humano é auto-orientado, ou
orientado por uma tendência natural para a atualização das próprias
potencialidades, somos levados a considerar que o melhor interlocutor que
uma pessoa pode ter é aquele que a orienta a ouvir o conselho de sua própria
voz interior.
É importante lembrar que os obstáculos são inerentes a todo processo de
desenvolvimento humano. Gerados pelos conflitos de interesses próprios das
relações humanas, ou ocorridos por ação do acaso, eles podem interferir
significativamente no processo de auto-atualização e transcendência,
favorecendo ou dificultando o fluir da energia psíquica.
91
Quando sentem que seu caminho está bloqueado, ou quando vivenciam
sentimentos de cerceamento e inadequação que impedem seu processo de
crescimento, as pessoas costumam buscar ajuda. Amigos, parentes, pais,
terapeutas, gurus, médicos, videntes, sacerdotes são algumas das pessoas
mais procuradas em tais circunstâncias. Às vezes o que se busca é apenas o
alívio imediato de uma tensão gerada por uma situação de conflito, outras, o
conselho ou a aceitação do interlocutor para uma atitude tomada, ou ainda,
para uma consideração recebida de outrem. O que se busca normalmente é
uma compreensão reflexiva da situação e uma orientação para a continuidade
da ação.
5.2 - O Papel do Personal Coaching no Processo Self-Empowerment
O papel do Personal Coach no Processo Self-Empowerment assemelha-se
muito ao do facilitador, conforme descrito na ACP
25
, onde o elemento chave
para o sucesso terapêutico é o relacionamento estabelecido entre o cliente e o
terapeuta, no caso, o relacionamento entre o Personal Coach e seu Coachee.
Esse relacionamento é pautado pelas mencionadas atitudes que favorecem
o desenvolvimento humano: Compreensão Empática, Consideração Positiva
Incondicional e Congruência. Para ilustrar a questão, Bowen (1987) compara o
facilitador centrado na pessoa a um Sherpa
26
que conduz um viajante pelas
25
Abordagem Centrada na Pessoa, formulada por Carl Rogers e colaboradores.
26
Guia oriundo de uma tribo do Nordeste do Nepal.
92
montanhas do Himalaia em sua busca por Shambala
27
. Ela imagina que este
guia tenha as seguintes características:
Primeiro: Ele sabe que a viagem não é dele, e sim do viajante e, desta
forma, respeite o destino e o caminho escolhidos, não impondo sua
presença, mas fazendo companhia. Ele deve saber, também, que sua
recompensa serão os honorários e a expansão de sua própria
consciência na tarefa de guiar.
Segundo: Conhece bem a região por onde o viajante quer transitar,
embora talvez nunca tenha trilhado o caminho escolhido. É capaz de ver
pistas, onde o viajante não consegue ver nada. Sabe instruir o viajante
quanto a determinadas destrezas ou competências fundamentais para a
jornada. Percebe sinais de tempestades iminentes, e encoraja e
demonstra que é possível caminhar em alturas muito elevadas.
Terceiro: Em determinados momentos ajuda o viajante a carregar o
fardo, ensinando como deve ser distribuída a carga na mochila.
Quarto: Apesar de nunca haver estado em Shambala, acredita que ela
está lá, em algum lugar, e que o viajante será capaz de chegar até ela, a
partir de suas próprias escolhas.
Vê-se que o Personal Coach deve atuar com muita sensibilidade e cautela ao
acompanhar seu Coachee. No processo Self-Empowerment o período da
jornada tem a duração média de 40 dias ou 6 seis semanas.
27
Mito tibetano que refere-se a um vilarejo nas profundezas do Himalaia onde reinam a
harmonia, a liberdade, a perfeição e a abundância. Este mito inspirou o filme Horizonte
Perdido. Trata-se de uma jornada heróica.
93
5.3 – A Escrita como Mediadora da Interação
O historiador John Lukacs ao relatar uma biografia de Churchill faz a seguinte
consideração sobre o ato de escrever:
“O estímulo pra escrever é o desejo de vencer uma preocupação
mental expressando-a conscientemente e claramente, ao passo
que o propósito de escrever quase sempre inclui egocentrismo e
pelo menos um mínimo de vaidade”. (LUKACS, 2002, p.96)
Todo texto escrito é espacial exigindo, portanto, um espaço físico para possa
ser produzido. Esse espaço de escrita (e leitura) exerce influência no
comportamento, tanto do escritor, quanto do leitor. No computador o espaço da
escrita é a tela. Quem escreve e lê no computador fica restrito a esse espaço, e
assim, o que está escrito antes, ou depois, fica oculto.
A escrita eletrônica, todavia, assemelha-se muito ao hipertexto
28
que, conforme
considerações de Pierre Lévy (1999) é móvel, flexível “caleidoscópico”, e
permite inúmeras interações em rede, possibilitando um fluir multidimensional
por diferentes contextos e conceitos, através dos links e janelas que podem ser
abertos simultaneamente, fugindo, portanto à linearidade do texto impresso.
Self-Empowerment é um processo escrito, em que a leitura e a escrita
desempenham papel de fundamental importância. Trata-se de uma leitura e
escrita mediadas por meio eletrônico, pelo computador e Internet, possuindo
assim, características diferenciadas, pois trata-se de uma escrita eletrônica.
28
“Texto que remete o usuário a outras páginas da Internet por meio de links. Possibilita que o
usuário navegue de maneira diferente pelo mesmo site” (CEMPEC, 2006, Vol. 1, p.19)
94
Segundo Kato (1987) a diferença fundamental entre a linguagem oral e a
escrita está centrada nos meios de produção. A primeira é normalmente
presencial e simultânea e a segunda não o é necessariamente. A ação de
comunicação oral ou escrita pressupõe uma condição básica, o desejo básico
de cooperação entre as partes envolvidas na ão, ou seja, um desejo de
comunicar e de ser entendido.
Como se sabe, na história do homem a escrita desempenha um papel
fundamental, pois permite o acúmulo e a organização de conhecimentos.
Escrever é normalmente uma ação solitária que, por si remete o escritor à
reflexão, possibilitando o planejamento e a revisão permanentes.
Ao citar Grice, Kato apresenta os termos de um Contrato de Cooperação que
normalmente deve existir entre as partes envolvidas num processo de
comunicação, seja ele escrito ou falado. Segundo a autora para que uma
comunicação seja eficiente ela precisa ser:
a) Informativa – deve conter a quantidade certa de informação;
b) Sincera - deve revelar aquilo que se deseja, de fato, comunicar;
c) Relevante deve relacionar-se com o contexto existente entre os
participantes;
d) Clara – deve ser apresentada de forma direta.
A violação, intencional, ou não, de um ou mais desses postulados leva a uma
comunicação indireta, onde as mensagens passam a ser implícitas, e não mais
95
explícitas como seria desejado. Ao optar-se por um gênero de produção,
todavia, permite-se uma violação acordada entre as partes estabelecendo-se
um meio tacitamente aceito entre o emissor e o receptor de modo que a
comunicação seja viabilizada. Assim a comunicação pode ser irônica, ficcional
ou poética, todas comunicações indiretas, mas aceitas desde que ambos
consigam situar-se no contexto estabelecido.
Enquanto o Personal Coach tem um compromisso de fidelidade para com às
máximas da comunicação direta, o Coachee pode eventualmente transgredi-
las. Todo o esforço deve ser feito no sentido de se criar uma comunicação
direta, pois isso favorece a criação de uma relação de confiança entre o
Personal Coach e o Cochee. Ao perceber que o Personal Coach busca
estabelecer uma comunicação empática o Coachee tende a abrir-se para o
mesmo tipo de comunicação e assim, estabelece-se o contrato de cooperação.
O uso do processador de texto tem facilitado incrivelmente a vida de quem
trabalha com a produção de textos. Ele permite maior fluidez na escrita, o que
implica na possibilidade de serem feitas inclusões, exclusões e correções de
trechos do texto com grande agilidade. A memória foi também dinamizada
pelos recursos eletrônicos, pois basta usar alguma ferramenta de busca do
sistema ou da net para resgatar ou encontrar informações com destreza nunca
antes observada.
Segundo Soares (2002) a cultura da produção do texto eletrônico resgatou
aspectos da cultura da produção de manuscritos da idade média, pois ao
96
contrário do texto impresso o texto eletrônico é impermanente, fugaz, aberto a
constantes alterações. Isto permite ao escritor liberdade na construção do
mesmo, possibilitando, também, uma grande aproximação entre escritor e
leitor.
Se por um lado o processador de texto pareceu reavivar a prática do copista
medieval, o correio eletrônico (e-mail) e os diários publicados na web (blogs)
parecem resgatar a antiga prática de escrever cartas e diários. Essa prática
encontrou seu apogeu, segundo Sibila (2007), nos romances epistolares do
século XVIII. Tais práticas parecem resgatar, também, o hábito da conversa
que parecia fadado ao esquecimento pela cultura rádio-televisiva do século XX.
“A escrita de si é um tipo particular de texto introspectivo,
no qual a auto-reflexão se volta não tanto para a busca de
um certo universal do Homem, mas para a exploração da
natureza fragmentária e contingente da condição humana,
plasmada na particularidade de cada experiência individual”.
(SIBILIA, 2007, p.3)
A escrita eletrônica no espaço virtual, entretanto, traz uma grande novidade
frente à manuscrita. Como tempo e espaço foram redimensionados no
ciberespaço, embora ainda que de forma assíncrona, como no caso da escrita
manuscrita, a escrita eletrônica assume quase uma posição de simultaneidade.
Em alguns casos, como o dos canais de bate-papo (chats), ou sistemas de
mensagens instantâneas (do tipo Skype e Messenger) ela efetivamente o é.
97
A idéia de intimidade, por sua vez, foi sendo construída ao longo dos séculos
passados na cultura ocidental. Os reflexos de tal construção acabaram
ganhando materialidade a ponto das habitações (casas) chegarem a ter o
escritório, como zona particular de introspecção. Hoje o escritório pode se
restringir (ou ampliar) ao acesso ao espaço virtual através do PC Personal
Computer, com um microfone acoplado a um fone de ouvido substituindo o
espaço físico do escritório. Este espaço privado pode ser acessado de
qualquer lugar, até mesmo público, como acontece num Cybercafe ou numa
Lan house.
A forma da escrita também mudou, ganhando um tom mais informal o que
“sugere certo hibridismo com o telefone ou com a fala coloquial”. (SIBILIA,
2007, p.6)
A escrita assume todos esses nuances no processo Self-E é por meio dela que
o Personal Coach deverá conseguir aproximar-se do participante de modo que,
pela linguagem escrita o vínculo seja estabelecido. Ao escrever sua
autobiografia, por exemplo, o participante está se exercitando na reflexão sobre
si mesmo e seu processo de desenvolvimento vai se tornando cada vez mais
consciente para ele.
Assim, o Personal Coach deve possuir boa fluência digital para lidar de
maneira eficiente com os textos produzidos eletronicamente pelo participante.
Ao fazê-lo deve conseguir lidar com diferentes textos com a mesma agilidade
possibilitada pelos links de um hipertexto.
98
5.4 - Modelo Ensino-Aprendizagem no Ciberespaço
O terno E-learning
29
refere-se basicamente a processos de aprendizagem
mediados por computador e utilizados pelas organizações empresariais para
capacitar seus colaboradores a distância. O EaD, ou Ensino a Distância, tem
definição semelhante mas, não se restringe ao uso do computador, servindo-se
de outros meios como o rádio, a TV, ou mesmo a correspondência. Este termo
é preferencialmente utilizado no meio da educação formal embora, muitas
vezes o veículo utilizado seja apenas o computador.
O Ensino a Distância foi instituído no Brasil pela LDB em 1996. Os precursores
desta abordagem são os antigos cursos por correspondência. Segundo
Gonzalez (2005) inúmeros benefícios nesta modalidade de ensino, desde a
inclusão de pessoas que não dispõem de tempo para freqüentarem um
ambiente presencial de ensino, até aquelas que não dispõem de recursos
financeiros para fazê-lo.
a) O Aluno Virtual
Pessoas que normalmente saem-se bem em abordagens presenciais de ensino
têm grande probabilidade de alcançarem igual sucesso em processos a
distância. Pallof e Pratt (2002) afirmam que pessoas introvertidas que
normalmente encontram certa dificuldade em ambientes presenciais, têm
grande probabilidade de se saírem bem no ambiente virtual dada a ausência de
29
Do inglês eletronic learning (aprendizagem eletrônica).
99
pressão social. O ambiente virtual, entretanto, não serve para todo o tipo de
pessoa.
Embora haja características comuns entre os alunos presenciais e virtuais,
outras características que são distintivas para alunos virtuais. Piconez (2005)
apresentou a seguinte síntese para caracterizar o perfil de alunos bem
sucedidos na aprendizagem em ambiente virtual:
Ter acesso a um computador;
Acessar a Internet com banda larga;
Ter fluência digital;
Lidar com desafios de privacidade, confidencialidade, direitos autorais,
propriedade intelectual, conflito com horários de trabalho, firewall
30
instalado no servidor do local de trabalho etc.;
Ter automotivação e autodisciplina;
Ser comprometido no sentido de dedicar-se aos estudos;
Ser cooperativo, trabalhando com os demais;
Ter capacidade de refletir e pensar criticamente entendendo a mediação
do professor apenas como um fomentador da aprendizagem;
Acreditar que a aprendizagem pode acontecer em qualquer lugar e a
qualquer momento.
b) O Professor Virtual
Assim como o aluno virtual deve reunir determinadas características que
reflitam autonomia para saírem-se bem no ambiente virtual, o facilitador, ou
30
Termo inglês parede contra incêndio, refere-se a programas que restringem o acesso livre à
Internet.
100
tutor, nesta modalidade de ensino, também apresenta determinadas
características.
Palloff e Pratt (2002) afirmam que as melhores práticas no ambiente virtual
podem ser encontradas entre as melhores dos ambientes presenciais. Porém
advertem que do mesmo modo como professores que não se saem bem no
ambiente presencial, o mesmo pode ocorrer no ambiente virtual. Os
professores devem ser hábeis em criar uma mediação empolgante e gentil para
que os alunos possam sentir-se livres e envolvidos ao mesmo tempo, o que
cria uma nova perspectiva na relação professor aluno.
“Os professores devem renunciar ao poder que têm sobre o processo
educacional, permitindo que os alunos administrem seu papel nesse
processo. Na verdade descobrimos que aprendemos tanto com nossos
alunos, quanto eles aprendem conosco”. (PALLOFF; PRATT, 2002, p.
113)
Ao refletir sobre a formação de adultos, Hase (2000) retoma concepções
rogerianas sobre educação, e formula o conceito de heutagogia, a capacidade
própria do adulto para autodeterminar sua aprendizagem. A heutagogia é
baseada no conceito de Double Loop Learning
31
que trata de uma competência
própria do adulto de olhar simultaneamente para dentro e para fora de si. Ora
buscando informações e feedbacks, ora fazendo avaliações e integrando
experiências. Isso exige que o professor conquiste uma proximidade grande do
31
Do inglês “Aprendizagem em Laço Duplo”, tradução livre.
101
aluno, para que este não se perca no processo, conferindo a ele um caráter
transformador.
Houten (1996), realizando uma crítica à formação de adultos como estando
baseada em processos pedagógicos adequados a crianças, mas pouco
adequados à idade adulta, afirma que ao trabalhar com adultos o profissional
deve focar sua ação educativa menos nos conteúdos e mais nos processos,
fomentando dessa forma, o despertar da vontade autônoma. Trabalhar com
adultos é desenvolver um aprendizado da vontade.
O advento do computador e da Internet marcou o início de uma revolução
paradigmática na relação ensino-aprendizagem. O professor outrora detentor
do poder pelo controle do conhecimento ou da informação, não desempenhe
mais esse papel, visto que a informação está disponível na Internet em
quantidade jamais vista. O foco de ação do professor agora desloca-se do
conteúdo e do controle, do ensino, para a aprendizagem, para a autonomia,
para o aluno. Visionários como Paulo Frei muito anteviram esta necessária
transformação. Freire (2007) afirma que a educação deve permitir ao educando
encontrar seu ímpeto criador superando a si mesmo constantemente. Para isso
é fundamental que as pessoas consigam ser elas próprias, e construam a si
mesmas, afirma Cortella (2003).
“Somos, antes de mais nada, construtores de sentido, porque,
fundamentalmente, somos construtores de nós mesmos, a partir de uma
evolução natural.” (CORTELLA, 2003, p.32)
102
Capítulo 6
ORGANIZAÇÃO BÁSICA DO PROCESSO SELF-EMPOWERMENT
_______________________________________________________________
Neste capítulo descrevo a sistemática de organização e divulgação do
Processo Self-Empowerment, bem como seu desenvolvimento.
6.1 - Divulgação e Inscrição
O Processo Self-Empowerment é apresentado aos interessados num site na
Internet - www.self-empowerment.com.br. Nele, os internautas encontram a
descrição sumarizada da proposta metodológica de coaching, bem como,
alguns depoimentos de participantes.
A divulgação é realizada basicamente em sites de busca na Internet, como o
Google e o Yahoo, através de e-mail marketing. Um folheto explicativo,
distribuído em ocasiões especiais, também é utilizado como recurso de
103
divulgação. Um e-mail informativo, com uma síntese do processo, é
normalmente encaminhado para pessoas que solicitam detalhamento da
proposta. Este e-mail é constantemente reformulado, a fim adequar a
linguagem às dúvidas dos interessados apresentando, também, as constantes
atualizações de conteúdos. O movimento de perguntas não atingiu um volume
expressivo que justifique a criação de um link com perguntas mais freqüentes
(FAQ)..
O processo de inscrição é realizado totalmente on-line e inicia-se com o e-mail
de esclarecimento no qual o interessado encontra um link para uma página de
inscrição. Na Ficha Inscrição On-line também um link para o Contrato de
Prestação de Serviços onde o interessado encontra a descrição formal do
serviço a ser prestado. Todos esses elementos, além de serem garantias legais
para o participante e para o Personal coach constituem-se, também, nas bases
formais para o vínculo estabelecido no Contrato de Cooperação, conforme
relatado no capítulo anterior.
Ao preencher a ficha de inscrição, além da apresentar seus dados de
identificação (nome, endereço, número de documentos etc), o participante
responde a três perguntas básicas: (a) se fez psicoterapia? (b) se
participou do Jogo da Transformação? e (c) por que quer realizar o processo?
As duas primeiras perguntas situam o Personal coach quanto ao nível de
autoconhecimento do participante e a última, “porque deseja realizar o
processo?”, serve de pergunta chave para iniciar a identificação do grau de
confiança, e cooperação com o qual o participante inicia o processo.
104
Fig.07 - Sistemática de Divulgação do Processo e de Inscrição de Participantes
6.2 – Arquivos Eletrônicos
Ao iniciar um novo grupo de participantes a primeira providência do personal
coach é preparar seu sistema para isso: abrir duas pastas eletrônicas, uma em
seu sistema de e-mail e outra em seu sistema de arquivos eletrônicos de
documentos de texto (Word). Todas as comunicações entre o personal coach e
cada participante do grupo são numeradas e arquivadas nestas pastas. Os
grupos são identificados pelo número do ano e mês em que o trabalho teve
início, por exemplo, Grupo 2007-05, que corresponde à identificação do grupo
de maio de 2007. Para cada participante uma pasta específica com seu
nome. Todas as comunicações são nomeadas e numeradas para facilitar a
105
identificação e localização em caso de consulta, por exemplo, 00.Ficha de
Inscrição.
Fig. 08 - Sistemática de Arquivos Eletrônicos
6.3 - AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem
A ferramenta básica de interação a distância no processo Self-E é o e-mail. Há
elementos educacionais no processo, sobretudo para iniciar os módulos, o que
faz com que ele se assemelhe a um curso. Assim, além do site informativo
utilizamos um AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem. AVAs são sites
desenvolvidos especialmente para ministrar cursos a distância via Internet.
Minha experiência com esses ambientes se deu inicialmente com a Plataforma
Backboard, utilizada pela Universidade Anhembi Morumbi, posteriormente com
106
a COL (Cursos On-line), desenvolvida e utilizado na Universidade de o
Paulo.
Paro o processo Self-E iniciei usando o sistema de Salas de Aula Virtuais no
site da Universia, e hoje uso a Plataforma Ensinar desenvolvida pela
Universidade Federal de Pernambuco.
Para acessar a AVA cada participante recebe um nome de identificação e um
código de acesso individualizado. Ali encontrará o item “Curso” Self-
Empowerment.
A Plataforma permite vários tipos de configuração e no processo Self-E o
ambiente é configurado com três áreas básicas:
Programa, com a descrição das fases do processo, onde é atualizado,
também, o cronograma de trabalho;
Módulos, onde é liberado o conteúdo educacional previamente
desenvolvido para o processo: textos, vídeos e formulários;
WebTeca, onde são disponibilizados conteúdos complementares e
individualizados aos participantes.
Além da disponibilização de conteúdo, o AVA é importante para que o personal
coach possa monitorar o movimento do participante no processo. Utilizando as
ferramentas “relatórios” e “estatísticas” é possível acompanhar o último acesso
realizado, o tempo de permanência no sistema, os conteúdos acessados e
107
quantas vezes foram vistos. Isso permite aferir a mobilização do participante no
processo.
Os dados quantitativos, embora importantes são bastante relativisados, pois
cada pessoa tem um ritmo de aprendizagem e assimilação. Para algumas é
importante assistir a um mesmo conteúdo inúmeras vezes, para outras não.
6.4 Estrutura do Processo
O Processo Self-Empowerment está estruturado em três módulos e cada
módulo contém pelos menos três tipos de conteúdos básicos:
Vídeos Motivacionais de sensibilização e explicativos;
Textos Informativos;
Formulários Orientadores
Todos esses elementos contêm apresentações desenvolvidas especialmente
para esse processo.
Os deos são em geral curtos, de 5 a 10 minutos no máximo e seu papel é
eminentemente motivacional. O que se procura é a estimulação emocional do
participante para que este se lance à reflexão. Os textos muitas vezes
sintetizam as informações dos vídeos, fornecendo uma nova formatação para a
abordagem, enquanto os formulários atuam como roteiros para a execução da
proposta. Na verdade os três elementos (vídeos, textos, e formulários) estão
articulados entre si de modo a complementarem-se mutuamente.
108
Fig. 09 - Estrutura do Processo no AVA
109
PARTE III
A BIOGRAFIA E O PROCESSO
DE COACHING
_______________________________________________________________
“Quanto mais o cliente ver o terapeuta como uma pessoa
verdadeira ou autêntica, capaz de empatia, tendo para com ele
um respeito incondicional, tanto mais ele se afastará de um modo
de funcionamento estático, fixo, insensível e impessoal, e se
encaminhará no sentido de um funcionamento marcado por uma
experiência fluida, em mudança e plenamente receptiva, dos
sentimentos pessoais diferenciados. A conseqüência desse
movimento é que se uma evolução da personalidade e do
comportamento no sentido da saúde e da maturidade psíquicas e
das relações mais realistas para com o eu, os outros e o mundo
circundante.” (ROGERS, 1990, p. 69)
O processo Self-Empowerment inicia-se com o participante informando as
razões pelas quais deseja participar do processo. Entretanto, diferentemente
de outros processos de Personal Coaching, o tutor encaminha o participante
para a realização de uma revisão biográfica de sua vida, o que lhe permite uma
primeira tomada de consciência a respeito de seu processo de
desenvolvimento.
A biografia do participante é compreendida como parte de um todo, orientada
naturalmente para a atualização de potencialidades, mas, também, como uma
jornada heróica idiossincrásica, que é cuidadosamente mapeada pelo Personal
110
Coach que busca identificar pontos de convergência e de divergência em
relação à queixa inicial. Para isso é fundamental que o Coach esteja bem
equipado, e tenha excelente fluência digital, de modo a poder oferecer suporte,
inclusive técnico, ao participante. As devolutivas são cuidadosamente
desenvolvidas podendo adotar formato sintético ou metafórico.
Nesta seção apresento dois capítulos que tratam de questões que envolvem
tanto o processo geral de coaching do método Self-E, quanto a compreensão
específica da biografia, no processo que faz parte do Primeiro Módulo.
Capítulo 7 – A História da Vida
Capítulo 8 – O Processo de Coaching: pré-requisitos, ferramentas e sistemática
111
Capítulo 7
A HISTÓRIA DA VIDA
_______________________________________________________________
“A vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e
desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas
agradáveis e tristezas com alguns embarques e desembarques que nela
acontecem.
Quando nascemos embarcarmos nesse trem, encontramos duas
pessoas que, acreditamos farão conosco a viagem até o fim: nossos
pais. Não é verdade? Infelizmente, em alguma estação, eles
desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinho, proteção, amor e
afeto. Às vezes isso acontece logo nas primeiras estações. Mas isso
não impede que, durante a viagem, embarquem outras pessoas que
virão ser especiais para nós: irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam o trem a passeio e experimentam alegrias,
outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. No trem da
vida há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas para
ajudar quem precisa, ou simplesmente por medo de fixarem-se a um
lugar. Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam
112
no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém
sequer percebe que ali estiveram.
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros
acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer
esta viagem separados deles. Mas isso não nos impede de quando em
vez atravessarmos o vagão e chegarmos até eles. Difícil é aceitarmos
que não poderemos tomar assento ao seu lado, pois outra pessoa ocupa
aquele lugar.
Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas,
embarques e desembarques.
É importante lembrar que o trem da vida jamais volta. Talvez seja
importante fazer, pois, a viagem da melhor maneira possível. Não?
O grande mistério da viagem do Trem da Vida é que nunca se sabe ao
certo a estação de desembarque. E às vezes nos perguntamos quando
ela chegar, estaremos preparados para descer, e deixar aqueles que
amamos viajando sozinhos? Ou ainda, quando a estação daqueles que
amo chegar antes da minha como reagirei? Toda vez que alguém
embarca e desembarca o trem diminui a velocidade. Ele também assim
o faz quando precisa de manutenção.
Nesse momento, o trem diminui sua velocidade. O que irá acontecer? A
expectativa aumenta, à medida que o trem vai diminuindo sua
velocidade.“
32
Esse é um dos textos que tenho utilizado para sensibilização dos participantes
no início do processo Self-Empowerment, Módulo I. Este módulo é dedicado à
reflexão biográfica. Biografia é uma palavra de origem grega cujo prefixo, bio,
32
Adaptação do texto “O Trem da Vida” de João Casarri Neto recebido por e-mail pela Internet.
113
refere-se a vida e graphia, a escrita, sendo portanto biografia, a história escrita
da vida.
Minha relação com relato de histórias é bastante antiga. Remete-me à infância,
mais ou menos aos meus 11 anos, quando junto com um amigo brincávamos
de “Viagens no Tempo” usando para isso trechos sorteados ao acaso de
História da Riqueza do Homem, de Leo Huberman.
33
Com o passar do tempo essa brincadeira evoluiu para uma outra - “Expedições
ao Redor do Mundo”: de posse de um mapa-múndi, traçávamos roteiros
imaginários pelo planeta. Para cumprirmos as “missões” assim traçadas,
recorríamos ao mundo imaginário, como não poderia deixar de ser, e nossos
desafios se constituíam então de infindáveis voltas a nado numa pequena
piscina no quintal da casa de um dos amigos - como se estivéssemos
navegando no mar; por empinar pipas, por horas a fio, inclusive à noite - como
se estivéssemos em aviões; e por outras tantas voltas de bicicleta, pelas ruas
do bairro - como se estivéssemos cobrindo longas distâncias de carro ou jipe.
Todos esses trajetos heróicos eram cuidadosamente registrados em “Diários
de Missões”, alguns dos quais mantenho comigo até hoje. Depois dessa fase
de mergulho no imaginário, já na adolescência, começaram os relatos verídicos
de viagens e acampamentos, que culminaram numa autobiografia fotográfica
por ocasião de meu casamento.
33
Huberman (1987). Trata-se de uma obra que analisa a história à luz das conquistas
econômicas do homem.
114
Quando iniciei-me na prática da psicologia clínica rapidamente incorporei
elementos dessas vivências à minha terapêutica. Eram (e são) comuns os
meus pedidos para que os clientes escrevam trechos de suas histórias para
serem alvo de nossa atenção nas sessões. Às vezes tratam-se de trechos
autobiográficos, de cartas endereçadas a si mesmos, ou a pessoas com as
quais estão em conflito.
Como Orientador Educacional registrei cuidadosamente em filme e foto a
trajetória de minha turma de alunos que, ao final de quatro anos de
acompanhamento, foi primorosamente apresentada numa compilação
cinematográfica durante as festividades de formatura na série do ensino
fundamental.
docente no Ensino Superior, ao ministrar a disciplina Psicologia Geral em
diferentes cursos, institui em meu programa o “Projeto Caderno do Eu”, onde
os alunos eram conclamados a contarem suas histórias de vida em relatos
onde textos e imagens biográficas eram mesclados. Essa abordagem rendeu-
me alguns de meus melhores momentos na docência no Nível Superior. E
assim foi até a criação do Processo Self-Empowerment que teve a biografia
incorporada como módulo introdutório do método.
Este capítulo é dedicado, portanto, à apresentação da abordagem biográfica tal
como é utilizada no processo Self-Empowerment. Inicio abordando a questão
dos ciclos e ritmos cósmicos, para em seguida apresentar os mesmos
elementos sob a perspectiva do desenvolvimento humano. Por fim, exploro a
115
biografia como jornada heróica, demarcada por ritmos e ciclos de
desenvolvimento.
7.1 - Ciclos e Ritmos Cósmicos
O universo se manifesta em ritmos e ciclos (SAGAN,1984). O ciclo pode ser
entendido como a repetição de um mesmo tipo de evento no tempo, enquanto
o ritmo é o tempo que um evento demora em se repetir, ou o seu tempo de
duração de um evento. Podemos dizer que um ciclo tem um ritmo acelerado
quando há uma grande freqüência de repetições do evento num curto espaço
de tempo. Alguns eventos, todavia, acontecem apenas uma vez, portanto têm
apenas um ciclo, enquanto outros demoram tanto a se repetir que tem-se a
impressão que o únicos, outros ainda o claramente freqüentes e
perfectíveis.
A biografia de uma estrela, por exemplo, pode levá-la a ter uma morte
luminosa, numa explosão conhecida como Supernova, ou sombria como um
Buraco-negro. A Hipótese Gaia de James Loveck (2006) afirma que os
planetas, no caso Gaia, a Terra, são seres vivos. A Terra nasceu e morrerá,
seguindo um determinado caminho evolutivo, marcado por ciclos e ritmos.
A existência biológica da Terra está vinculada ao Sol e ao que tudo indica será
encerrada por este, porque um dia o Sol se transformará numa estrela gigante
vermelha, expandindo-se em tamanho para além da órbita da Terra.
116
Na Terra os ciclos são definidos por seus movimentos de rotação, translação e
precessão. O dia é um ciclo cujo ritmo é de 24 horas e está associado ao
movimento de rotação do planeta em torno de si mesmo; o ano, com suas
quatro estações é um ciclo que se repete num ritmo de 365 dias, e está
associado ao movimento de translação ao redor do Sol; as eras astronômicas
são ciclos que têm a duração de 2.240 anos
34
e estão associadas ao
movimento de precessão do eixo do planeta como se fosse um pião.
A força gravitacional que a Lua exerce sobre a terra, também provoca ciclos e
ritmos. Sua influência nos elementos líquidos do planeta é notória,
especialmente nos grandes volumes de água, como os oceanos e mares,
estabelecendo um ciclo conhecido como marés, que têm o ritmo, ou duração,
de 12 horas. As marés influenciam tanto a navegação marítima, quando a
atividade de pesca. O ciclo da evaporação e da chuva é outro exemplo de ciclo
fundamental para a plantação e a colheita, sendo sua definição rítmica,
entretanto, pode ser bastante variável.
Nos últimos tempos temos observado que a ação do homem na produção de
bens e na geração de energia tem interferido de maneira significativa na
composição química da atmosfera do planeta, provocando uma série de
anomalias nos ciclos e ritmos do clima planetário. Como conseqüência
estamos observando uma elevação média na temperatura do planeta que, ao
que tudo indica, está crescendo perigosamente, o que poderá trazer
repercussões funestas para a manutenção da vida humana sobre a Terra.
34
É esse tipo de ritmo que define a Era de Aquário, ou Nova Era.
117
Do ponto de vista biológico, a vida segue ciclos e ritmos, ou biorritmos
35
. Para
os seres humanos alguns ciclos e ritmos são facilmente observáveis, como o
ciclo menstrual feminino, que tem um ritmo médio de 28 dias; o ciclo de vigília e
sono, que acontece no período de um dia, e tem um ritmo médio 8/16 (8horas
de sono por 16 de vigília); o ciclo digestivo, de aproximadamente 2 horas, e
que pode acontecer várias vezes ao dia; assim como o ciclo respiratório que
acontece imperceptivelmente a todo instante no organismo; bem como, o
batimento cardíaco, cujo ritmo ou freqüência média é de 60/100 batimentos por
minuto (MACEY, 1983).
Assim como as estrelas têm sua evolução seguindo um caminho pré-
determinado, como seres únicos que são no grande todo galáctico; ou o
planeta, Gaia, cuja biografia é impressa em seus ciclos e ritmos próprios, o Ser
Humano tem também uma história marcada por ciclos e ritmos comuns a toda
a espécie. No desenvolvimento humano, todavia, as pessoas são capazes de
registros individuais e indeléveis em suas biografias, a partir das escolhas que
são capazes de fazer. Tais escolhas podem alterar de maneira significativa sua
trajetória, conferindo diferentes sentidos às suas vidas.
7.2 - Ciclos e Ritmos no Desenvolvimento Humano
Qualquer pessoa que observe o universo percebe que ele está em constante
mutação. Os taoistas da China diriam que a mudança é a única coisa constante
no cosmos. Mudanças, entretanto, nos dizem apenas que as coisas não são
estáticas, pois nem sempre uma mudança reflete evolução. Já o crescimento
35
Do grego bio, vida e rythmos, movimento. O biorritmo é a repetição de um ciclo biológico.
118
faz com que uma mudança adquira um sentido quantitativo, pois crescimento é
algo mensurável. Mas é o desenvolvimento o que verdadeiramente interessa
aqui, visto que ser ele uma mudança que tem valor intangível, uma vez que
trata do desenvolvimento da consciência de ser, fato que confere um colorido
especial à vida.
Os seres humanos, a exemplo do universo e do planeta, têm uma existência
única marcada por muitos ciclos e ritmos. Se por um lado temos o homem
enquanto ser biológico guiado pelos biorritmos, por outro, o temos como ser
espiritual guiado pelos ritmos da alma ou da psique e pela tendência à auto-
realização e transcendência, que confere a esses ciclos e ritmos biológicos um
brilho diferenciado (MORALES, 1996).
A Psicologia do Desenvolvimento muito procura pelas leis que regem o
curso da vida humana, particularmente do psiquismo. Segundo Lievegoed
(1997) muitas abordagens terapêuticas foram desenvolvidas a partir do
encontro dos terapeutas com problemas específicos de uma fase particular da
vida de seus pacientes. A terapêutica desenvolvida para sanar essas
problemáticas foi generalizada, por alguns autores, de maneira indevida, para
todas as fases do desenvolvimento. Lievegoed considera haver sido este o
caso de Freud, que trabalhou com pessoas jovens e observou seus problemas
sexuais, ou de Jung, que trabalhou com pessoas mais maduras e observou
seus problemas existenciais frente à morte e à realização pessoal.
119
A compreensão da vida humana como passível de ser dividida em fases ou
ciclos de desenvolvimento tem sido, bastante tempo, um ponto de
controvérsia para muitos estudiosos.
Os gregos, segundo Rünke, citado por Lievegoed (1997), compreenderam o
curso de vida organizado em períodos de sete anos:
0 – 7 anos: vida de fantasia
7 – 14 anos: vida imaginativa
14 – 21 anos: puberdade e adolescência
21 - 28 anos: descoberta e encontro da base da própria vida
28 35 anos: consolidação e confirmação da base previamente
encontrada
35 – 42 anos: segunda puberdade – reorientação em relação à vocação
42 – 49 anos: período maníaco depressivo
49 – 56 anos: período de luta contra o próprio declínio
56 – 63 anos: maturidade de pensamento
63 – 70 anos: segunda infância
Os romanos dividiram-na em cinco ciclos de aproximadamente 10 anos:
0 - 15 anos: pueritia primeira infância e período latente dos primeiros
anos de escola
15 – 25 anos: adulescentia
25 – 40 anos: juventus – primeira maturidade
40 – 55 anos: viritas – segunda maturidade
120
55 em diante: senectus – velhice
Sheehy (1985) apresenta uma perspectiva para a compreensão das crises da
vida adulta, também a partir da compreensão de uma vida organizada em
ciclos de 10 anos. Enquanto Rudolf Steiner a considera organizada em 10
períodos de 7 anos, agrupados em grandes ciclos de 21 anos.
0 – 21 anos: desenvolvimento físico e mental
21 – 35 anos: desenvolvimento psicológico
35 – 56 anos: desenvolvimento do espírito
Lievegoed afirma ainda que nenhum dos autores que organizam a vida em
ciclos estabelece datas fixas para o início, ou fim, de cada período. Ao invés
disso, falam em marcos de desenvolvimento que podem ser comparados entre
si. Há deste modo, nas diferentes perspectivas, um ritmo mais ou menos
estabelecido para o desenvolvimento humano. O que deve ser observado em
qualquer um dos casos, com o devido cuidado, são as precocidades e os
retardamentos que fogem aos padrões pré-estabelecidos.
Treichler (1988), que trabalha na mesma perspectiva de Steiner e Lievegoed,
citando Hoerner, afirma que o número 7 desempenha um papel predominante
em todo o Cosmo. No contexto, a semana de 7 dias, produz o ritmo da
instância humana por ele denominada alma, que se associa ao ritmo de 12
meses do ano, e atua no corpo físico e na psique promovendo a essência do
homem.
121
Lewis (1981), além de trazer uma visão da vida como organizada em ciclos de
sete anos, aos quais denomina de Períodos Simples da Vida Humana, divide o
ano em sete períodos de 52 dias, o dia em 7 períodos de 3 horas e 25 minutos,
atribuindo-lhes características fundamentais para o desenvolvimento de
projetos pessoais e profissionais. Apresenta, também, o que denominou de
Ciclos da Alma, a partir de uma perspectiva reencarnacionista, e apresenta 7
períodos de nascimento com duas polaridades cada um, ao longo dos 365
dias do ano. Esses períodos poderiam ser vistos em perspectiva semelhante à
do zodíaco, que é, no entanto, apresentado em 12 ciclos, ou signos, com
duração de mais ou menos 30 dias.
Assim, tanto ritmos e ciclos físicos, quanto períodos e fases de
desenvolvimento, podem ser observados como marcos na biografia humana.
7.3 - A Jornada do Herói
Nas sociedades industriais a contemporaneidade é marcada por um profundo
desrespeito para com os seres humanos. As pessoas viraram recursos -
Recursos Humanos, quando não viraram capital - Capital Humano, pois tudo
gira em torno da economia e do consumo. O marketing apela para todas as
fragilidades e inseguranças das pessoas a fim de levá-las a consumir produtos
que não precisam. Um reducionismo extremo, em todos os níveis sociais,
retiram da vida seu real significado.
122
Embora marcada por ritmos e ciclos, a vida humana, enquanto processo, é
uma jornada única, sempre marcada pelas escolhas que as pessoas são
capazes de realizar ao longo do caminho. O ser humano está criando e
recriando seu mundo constantemente, entretanto, ele se sente realmente
enraizado quando é capaz de situar-se simultaneamente na história e na
eternidade, percebendo seus ritmos e ciclos, e integrando-os à dimensão de
suas escolhas, a fim de atribuir significado a sua jornada heróica, na
construção de si mesmo.
Segundo Campbell (2003), o herói é alguém que dá o melhor de si em sua
ação, dando a própria vida para realizar algo que seja maior que ele mesmo.
Tal proeza pode caracterizar uma jornada em busca de algo que tenha sido
usurpado, ou mesmo de alguma coisa que sempre esteve em falta. Esse “algo
que falta” e que é buscado ardentemente, pode ser um objeto, uma espada, um
cálice, um anel, uma atitude, a defesa de um território, ou ainda, a proteção de
uma pessoa. Trata-se normalmente de um elemento que, revestido de caráter
simbólico e sagrado, confere à ação ou postura do herói um valor intangível.
A jornada do herói, enquanto caminho, é obrigatória e precisa ser percorrida,
não havendo outra opção. Os desafios propostos a ele durante sua trajetória
devem requerer-lhe o máximo de suas capacidades. Pode lhe ser requerido o
uso de suas capacidades físicas para a escalada de uma montanha ou
travessia um deserto, por exemplo, ou suas capacidades espirituais ou morais,
para vencer provações manifestas em tentações carnais, ou mesmo
123
comportamentos de ordem fisiológica, como suportar a fome ou o sono. Do
ponto de vista arquetípico ou mítico, o herói sempre vence o desafio proposto,
caso contrário não seria um herói.
A Jornada Heróica pode ser entendida como organizada em três fases: (a)
Fase de Preparação, (b) Fase do Trilhar o Caminho propriamente dito e (c) a
terceira a Fase do Retorno.
A Fase da Preparação pode ocorrer de modo consciente ou inconsciente.
Consciente, quando trabalhada por um período durante o qual o herói se
submete a um determinado tipo de treinamento, a título de preparação, ou
pode ser inconsciente, quando o herói é jogado em sua busca de maneira
abrupta, em função de uma situação emergencial que tenha ocorrido, como
uma catástrofe, que exija providências imediatas. Trilhar o Caminho é a fase
chave da jornada, durante a qual o herói provará seu valor, por suas
competências e destrezas, sejam elas físicas ou de caráter. O Retorno é a fase
em que o herói entrega o bem maior conquistado em sua jornada em prol da
comunidade, recebendo em troca disso os louros, ou o sempre merecido
reconhecimento por sua ação.
Nos dias atuais pode haver certa confusão entre os termos líder e herói, de
modo que um possa ser tomado pelo outro. Do ponto de vista tradicional,
porém, uma diferença entre ambos. O líder é aquele que estava à frente de
uma situação e, percebendo que algo precisava ser feito, o fez. Tal ação foi
necessária, e assim o líder contribuiu para reparação ou a conquista de um
124
determinado aspecto social. Já o herói é aquele que ao realizar sua ação
reparadora, vai além. Sua contribuição transcende a dimensão da reparação,
para de forma mais profunda e significativa, contribuir para a evolução da
sociedade ou da humanidade. Assim, pode-se afirmar que nem todo líder é
herói, mas todo herói é líder, ainda que seja de si mesmo.
Todo ser humano traz algo de heróico em si mesmo, Pearson (1991) adverte
que muitas pessoas, senão a maioria delas, acham-se tão desconectadas de
sua real natureza, que parecem não possuir alma, estando portanto, incapazes
de perceber a dimensão heróica da própria existência.
A biografia de uma pessoa é, assim, um reflexo de sua jornada heróica nas
poeirentas estradas da vida; desde o nascimento até a morte, a biografia é
marcada por ritmos e ciclos, que atuam como marcos, e por inúmeros a serem
vencidos e provações a serem suportadas. Campbell afirma ser esta a razão
de existirem tantos mitos heróicos nas diferentes culturas do planeta.
Como uma peça do grande esquema cósmico, a jornada heróica do ser
humano consiste em descobrir e transcender a si mesmo. Descobrir e atualizar
o próprio potencial de ser, por meio da consciência gerada pelo circular da
energia psíquica. Esse é o grande desafio heróico: superar os obstáculos,
administrar os conflitos e superar as limitações que o dia-a-dia da vida impõe
em inúmeras vicissitudes. Isso confere à jornada humana a grandiosidade e a
coloca no rol das proezas heróicas, que merecem ser rememoradas.
125
O nascimento apresentam-se como a primeira prova apresentada ao herói: ele
deve transcender o ser aquático que vivia no aconchego do útero materno,
para o surgimento do mamífero terrestre.
Se por um lado a infância é um período de grande dependência e limitação,
pois se vive sob a supervisão ou tutela de alguém, recebendo recompensas ou
punições pelas suas ações, por outro, é também um período de
transcendência, pois demanda controle das funções básicas do corpo, domínio
do deslocamento no espaço tridimensional, aprendizagem das formas de
comunicação verbal, além de tantas outras funções. Trata-se de uma grande
epopéia comum a todos os seres humanos, que muitas vezes cai no
esquecimento, tornando-se algo aparentemente banal.
Depois de dominar diferentes espaços, o herói humano tem um novo desafio,
que se inicia com a socialização secundária, quando ele vai para a escola, ou
quando vivencia a separação da mãe de alguma forma, ou ainda, quando tem
que dividir seu espaço por ocasião da chegada de irmãos. Tratam-se de
marcos importantes na história de uma pessoa. A progressão escolar em séries
e graus é um outro elemento importante. Cada rie vencida é como uma
batalha ganha ou uma iniciação realizada.
Novo marco surge quando o corpo físico volta a se constituir em desafio na
puberdade e adolescência. É quando começa outro desafio, pois todo um novo
sistema de exigências começa a ser anunciado através do corpo. Durante essa
fase de grande vulnerabilidade, o ser humano está a mercê uma vez mais de
126
perigosas influências do meio externo, da mesma forma como está se abrindo
para as influências de seu próprio Eu Interior. É um período delicado, pois uma
excessiva exterior, pode levar à perda da conexão com o interior; e vice-versa.
Deve-se, então, buscar o equilíbrio. Trata-se de um período em que o herói
humano é chamado a enfrentar dificuldades para encontrar seu centro de bem-
aventurança.
Nesse período realiza-se a escolha vocacional a partir de um modelo
arquetípico para sua jornada, que lhe pareça adequado a suas necessidades e
aspirações e lhe traga felicidade. Então, normalmente, sobrevém o casamento
e a maternidade ou paternidade.
A vida profissional é, sem dúvida, um dos mais importantes âmbitos da vida
humana contemporânea. A construção da carreira constitui um dos desafios
mais valorizados da sociedade ocidental.
É sempre importante estar atento para do acaso, que muda o destino, afirma
Campbell, sendo fundamental que o herói assuma a responsabilidade por
todas as adversidades de sua jornada, pois isso mobiliza sua vontade e o força
conscientemente para a ação, o que possibilita compromisso com o
enfrentamento das constantes mudanças da vida. Deve, então, encontrar seu
centro de calma interior, onde reside o poder e a partir do qual será capaz de
enfrentar qualquer desafio.
127
A principal orientação deve ser buscada em sua bússola interior que sempre
aponta para esse centro de calma onde estão os potenciais da ão. Ela
aponta, também, para os momentos especiais do encontro consigo mesmo,
que constituem as referências fundamentais, na busca de seu Caminho
Sagrado. Por Caminho Sagrado entende-se a auto-atualização plena dos
potenciais.
Nos momentos mais dramáticos da jornada, segundo Campbell (2003) o herói
demanda o apoio de um Elder, um Sábio ou Mentor. Nas sociedades ocidentais
esse papel vem sendo exercido por psicoterapeutas, conselheiros, ou personal
Coachs, que apóiam o herói e o ajudam a encontrar a força necessária para
prosseguir em sua jornada.
O fim da jornada heróica é marcado pelo enfrentamento do medo da morte.
Segundo Campbell, ao dominá-lo o herói encontra a alegria de viver, reunindo,
portanto, forças para o renascer na vida do espírito, aceitando a transição
inevitável que um dia chegará, como parte da existência. Neste contexto o
herói torna-se sábio e cresce em consciência, preparando para o retorno à
Fonte.
Embora a sociedade da pós-modernidade estejam sob ritmo acelerado e
grande desenvolvimento tecnológico, num ambiente poluído e contaminado
pela mídia, a busca interior do homem, em sua tarefa de se autodescobrir,
permanece inalterada. Assim, a jornada do herói é o pressuposto básico para a
afirmação das próprias crenças e convicções. Um percurso biográfico chega a
128
um final feliz quando o herói consegue reconhecer e atribuir significado à sua
própria existência.
Fig. 10 - Biografia: Jornada Heróica e os Marcos de Desenvolvimento
129
Capítulo 8
O PROCESSO DE COACHING: PRÉ-REQUISITOS, FERRAMENTAS E
SISTEMÁTICA
_______________________________________________________________
Neste capítulo apresento a sistemática básica de interação, aconselhamento
ou o processo de personal coach, que inspira-se nos princípios da Abordagem
Centrada na Pessoa. Além de seu esse processo caracteriza-se por sua
agilidade, pois sua duração, em torno de quarenta dias, ou seis semanas
36
.
Difere de outros processos de coaching, basicamente por três aspectos
principais: (a) trata-se de um processo em EaD; (b) não é centrado na queixa
inicial do participante, mas a coloca em diálogo com a biografia e (c) realiza
uma sondagem do Eu Interior por meio do Jogo da Transformação, adiante
descrito.
36
Temos registros de pessoas cujos processos duraram em torno de 80 dias, visto que elas
foram levadas para outros grupos em função de um ritmo mais lento de reflexão.
130
8.1 – Pré-requisitos de caráter eletrônico: equipamentos e sistema
É fundamental que o personal coach esteja bem equipado, para que sua ação
virtual tenha qualidade. O equipamento básico recomendado consiste no
seguinte:
a) Computador com a seguinte configuração básica:
Processador: Intel Celeron M 420 (1MB LB2 de cache, 1.6Ghz) ou
equivalente
Gravador de DVD
Leitor de DVD
Gravador de CD
Leitor de CD
Floppy
HD: 60GB
Memória RAM: 256MB DDR2 400 SDRAM
Cache: 1MB LB2 cache
Barramento: 400/FSB
Monitor - Tamanho da tela: 15" XGA (plana)
Placa de som: On-board
Placa de vídeo: Vga Intel Mobile 910 (on-board)
Placa de fax: Fax modem 56K V.92 (on-board)
Placa de rede: 10/100
Sistema Operacional Windows
131
Drives (armazenamento): DVD/CD-RW (Gravador de CD e leitor de DVD)
Wireless: Rede Integrada c/ Wireless 802.11b/g
Velocidade do Wireless: 802.11b/g
b) Outros Periféricos Recomendados:
Scanner
Webcam
Fone de ouvido com microfone acoplado
Impressora
c) Acesso à Internet
Em banda larga de alta velocidade
d) Softwares Básicos:
Sistema operacional Windows
Microsoft Office
Skype
Windows Live Mensenger (MSN)
Yahoo MSN
WINRAR
WINZIP
132
8.2 – A Importância da Fluência Digital no Suporte Técnico
O personal coach precisa estar preparado para oferecer suporte técnico ao
participante e por isso é fundamental tenha fluência digital. Deverá dominar os
programas que estiver utilizando, para poder oferecer ajuda ao participante.
Por exemplo, deve ser capaz de auxiliar o participante a localizar e instalar um
programa (gratuito) de mensagens instantâneas, do tipo MSN ou Skype. Deve
conhecer bem as ferramentas do Word, particularmente de inserir comentários,
se decidir usá-la para se comunicar com o participante.
8.3 - Tipos de Comunicação: E-mails
se afirmou que o e-mail é a ferramenta mais usada no processo de
interação. Os e-mails no processo Self-E são basicamente de três naturezas:
Informativos Contêm as informações básicas para utilização dos
recursos técnicos e operacionais, como senhas e logins de acesso ao
AVA. Também podem versar sobre técnicas de organização de um
currículo, ou da vida financeira do participante.
De Sensibilização ou Motivacionais Contêm textos para reflexão,
visando sensibilizar e motivar o participante para o conteúdo de um
determinado módulo.
De Aprofundamento Normalmente e-mails escritos como réplicas ou
tréplicas de outros e-mails, solicitando que o participante aprofunde um
determinado aspecto de sua reflexão.
133
8.4 – Processo de Mapeamento da Informação
Ferramentas de organização são usadas pelo personal coach para mapear as
informações no material (texto) enviado pelo participante, de modo a localizar
com destreza os pontos relevantes da história de cada participante. Estas
ferramentas podem ser dividas em Ferramentas Eletrônicas e Matriz de
Categorização.
a) Ferramentas Eletrônicas - Basicamente oferecidas no processador de
texto Word da Microsoft, são elas:
Realçador de texto Encontrado na barra de ferramenta, permite
que o texto seja grifado, como se estivesse sendo usada uma caneta.
O personal coach pode assim grifar com diferentes cores o texto
salientando conteúdos específicos e seu grau de importância. Eu
trabalho basicamente com três cores: Amarelo para informações
importantes; Azul para informações muito importantes e verde para
informações extremamente importantes. (Ver Fig. 11)
134
Fig.11 - Ferramenta de Realçar Texto do Word
Inserir comentário A ferramenta de inserir comentário é
extremamente útil para fazer observações sintéticas sobre os trechos
do texto. Eu a uso em replicas ou tréplicas, enviando o próprio texto
do cliente comentado como anexo em um e-mail, ou para rascunhar
trechos que utilizarei numa comunicação futura, ou ainda para
sintetizar conteúdos. A figura a seguir demonstra onde localizar a
ferramenta no programa.
135
Fig. 12 - Ferramenta de Inserir Comentário
b) Matriz de Mapeamento Biográfico Após usar as ferramentas
eletrônicas para selecionar a informação relevante no texto do
participante, a Matriz é utilizada procurando resumir num único
documento as épocas dos principais acontecimentos da vida do
participante, de acordo com sua própria percepção. espaço também
percepções e observações do personal coach:
Fonte
Situações e
Cronologia
Pontos
Fracos
Pontos
Fortes
Desafios
(observações
do Coach)
136
Fonte – Documento (e-mail) de onde foi retirada a informação;
Situações e Cronologia Situações-problema apresentadas,
conflitos ou problemas e as eventuais causas e conseqüências, além
da cronologia dos fatos narrados;
Pontos Fracos Tristezas, decepções, fraquezas, vergonhas e
incompetências narradas ;
Pontos Fortes Alegrias, desafios, potencialidades, orgulhos e
competências narradas;
Desafios Metas e objetivos propostos, expectativas e desejos de
transformação, objetivos, além das observações do personal coach.
8.5 – Fluxo de Comunicação no Processo
A fim de deixar bem clara a sistemática de Interação entre o personal coach e o
coachee, passo a relatar como se dá o fluxo de comunicação durante o
processo.
Os primeiros dias do processo são bastante delicados, principalmente para
pessoas que têm pouca fluência digital. Normalmente são requeridos muitos
contatos entre o personal coach e o participante, que deve receber todo o
suporte técnico necessário para ambientar-se ao sistema. Às vezes além de e-
mail e mensagens instantâneas via MSN, são requeridos contatos telefônicos,
para que o participante sinta-se seguro em interagir no processo.
137
Realizados os procedimentos burocráticos de inscrição, o personal coach se
apresenta enviando um E-mail de boas-vindas ao participante, com uma
mensagem de sensibilização. O texto usado na abertura do Capítulo 4, “O
Trem da Vida” é um exemplo de texto enviado como mensagem de boas-
vindas.
O segundo contato é realizado através de um comunicado mais complexo de
caráter informativo, que situa o participante nos tmites operacionais do
processo. Nele o encaminhados o nome de usuário e a senha de acesso ao
Ambiente Virtual de Aprendizagem, bem como, são fornecidas as instruções
básicas para a troca de e-mails e o arquivamento dos sucessivos conteúdos da
comunicação.
Após essa troca inicial de e-mails, o personal coach libera no AVA o primeiro
Módulo do Processo e envia um texto para que o participante inicie a reflexão
biográfica.
Ainda no Módulo I, segue-se um período de latência (silêncio), durante o qual o
o participante dedica-se à reflexão e à redação de sua biografia sua biografia.
Em cada módulo uma série de estímulos que vão sendo apresentados ao
participante, através de e-mails, quanto através de material disponibilizado no
AVA. Na Figura 13 é possível dimensionar o processo de estimulação realizado
pelo personal coach para que o participante sinta-se motivado a realizar sua
reflexão biográfica. O mesmo esquema é utilizado nos demais módulos.
138
Se na comunicação entre o personal coach e o participante ocorrer um período
de silêncio por mais de 48 horas, normalmente é disparado um e-mail de
“Checagem de Processo” (sem numeração), com uma frase ou um texto de
efeito, relacionado ao conteúdo que está sendo trabalhado pelo participante,
apenas para verificar se ele está refletindo sobre seu processo e, ao mesmo
tempo, mostrar que o personal coach está à disposição para ajudá-lo naquilo
que for preciso.
“Em caminho longo, passo curto”.
(Jean Racine)
O personal coach deve, entretanto, ser bastante cauteloso com esses e-mails
para não enviar algum texto ou uma frase que direcione a reflexão do
participante ou o faça sentir-se pressionado.
Fig.13 - Fluxo de Interação no Processo Self-Empowerment
139
8.6 – Estrutura das Devolutivas no Coaching
O processo de coaching propriamente dito, se dá na troca de e-mails entre o
participante (coachee) e o personal coach, conforme demonstrado na figura 13.
O momento em que o personal coach tece seus comentários sobre a biografia
do participante é, sem dúvida, um momento chave, profundamente delicado no
processo. Constitui um marco decisivo para a estruturação do vínculo que
vinha estabelecendo-se entre o participante e o personal coach.
Quando o participante escreve sua história no calor da emoção, promovida
pelas diferentes formas de estimulação do processo, o resultado é muito rico,
pois a pessoa abandona temporariamente suas defesas para elaborar o texto,
ficando suas forças e fragilidades logo evidentes. As pessoas têm escrito
normalmente assim, no calor da emoção. Gostam de falar de si mesmas, de
contar sua história, pois estão realmente interessadas em ampliar o grau de
conhecimento que têm de si. Pessoas com menor fluência digital, entretanto,
encontram maior dificuldade em fazê-lo e às vezes lançam-se à biografia por
meio do formulário biográfico.
a) Devolutiva Sintética da Biografia
A primeira devolutiva é normalmente sintética, ou seja, o coach faz uma leitura
atenta da biografia, localizando as fases de desenvolvimento por meio da
Matriz de Mapeamento Biográfico e devolve ao participante uma síntese de sua
história.
140
O fato de ter sua história narrada por outra pessoa que a leu atenta e
empaticamente, faz com que o participante queria comentá-la naturalmente.
Esta é uma característica comumente gerada pela Compreensão Empática,
conforme enfatiza Carl Rogers em sua obra. O que acontece, então, é que
normalmente a pessoa retorna agradecida, comentando os pontos de
concordância e fazendo comentários e acréscimos à sua história:
“Preciso lhe dizer que tenho confiança em você. Sei que você me
quer o bem e posso sentir em meu coração e levarei a sério as
nossas reflexões, não hoje mas por muito tempo em minha
vida. O que eu aprender e vivenciar será para sempre. Você pode
se sentir à vontade para expressar suas impressões. Concordo
com você que nos tornamos gente ao longo de experiências e
nessa biografia lembrei de muitas coisas e de outras que eu não
escrevi porque naquele momento não lembrava, mas a idéia geral
de minha vida acredito ter conseguido passar a você na escrita.
(...)”
37
Dependendo do status do contrato de cooperação (confiança) o personal coach
pode avançar um pouco para perguntas. Outras vezes espera a réplica do
participante para avançar, aproximando-se dos núcleos de dificuldades que
naturalmente surgem na escrita e nem sempre estão vinculados à queixa inicial
do participante.
b) Devolutiva Heróica-Mítológica
Quando o processo de coaching acha-se estruturado e o vínculo entre o
personal coach e o coachee fortalecido, pode-se utilizar uma devolutiva em
37
Publicado mediante autorização.
141
forma de mito. A história do participante assume um tom completamente
diferente, ganha o formato de conto, ou mito, ambienta-se num tempo passado,
numa cultura distante, normalmente em conexão com a história do participante.
Os marcos de desenvolvimento que foram levantados por meio da Matriz de
Mapeamento Biográfico são utilizados como guias e então o mito pessoal se
descortina. Os nomes são alterados: às vezes os construo escrevendo-os de
traz para frente, o que faz com que soem como nomes “estrangeiros”. Veja o
trecho a seguir:
“O Desafio derradeiro de Xu”
“O rapaz era artesão e a moça era
uma aia do castelo. Embora suas
funções fossem modestos e eles
morassem numa pequena aldeia
próxima ao castelo, o fato de terem
vindo de um país distante fazia deles
figuras curiosas para os aldeões que os admiravam, chegando a
ver neles traços de nobreza. Fato que fora reforçado quando o
rapaz adquiriu uma montaria que refletia as virtudes dos mais
belos corcéis da região. Eles tiveram quatro filhos, coisa comum
para a época. O primeiro filho, um menino, foi bastante desejado,
mas destronado logo que o segundo filho, um lindo menino,
chegou. Os outros dois vieram bem mais tarde. (...)”
38
Ao trabalhar com o mito pessoal às vezes recorro a imagens a fim de
contextualizar uma época, como no exemplo acima. Essas imagens são
localizadas em sites de busca na Internet.
38
Nome fictício. Publicado mediante autorização.
142
Novamente, todo cuidado deve ser tomado para recontar a história sob a forma
de mito, tarefa, aliás bastante trabalhosa. O personal coach deve ater-se aos
fatos e encontrar a linguagem metafórica adequada para recontá-los dentro do
universo do próprio participante. Aqui um acordo tácito entre os
participantes de modo que a linguagem mitológica possa ser usada sem ferir o
contrato de cooperação descrito no capítulo cinco. Os resultados têm sido
surpreendentes e possibilitam um fortalecimento do nculo, bem como,
permitem que a pessoa olhe para sua vida de maneira diferente.
Quando chego ao nível de contar um mito é porque o quadro de forças e
fraquezas do participante está bastante claro, indicando que a passagem
para o Módulo II do processo está próxima.
39
Veja esse retorno de um
participante após leitura de seu mito pessoal.
“Sou grato, do fundo de meu coração, pela história da minha vida
que você escreveu com tanta precisão e com tanta sensibilidade.
Grato, grato, grato! Não é preciso alterar, acrescentar ou retirar
nada.”
40
É sempre importante deixar aberta ao coachee a possibilidade de fazer
acréscimos e alterações ao mito pessoal.
39
O Tópico “Forças e Fraquezas” será objeto de discussão mais adiante ao se tratar o Módulo
II.
40
Publicado mediante autorização.
143
8.7 – Material Individualizado de Apoio (Webteca)
Enquanto os módulos fornecem um conteúdo padronizado desenvolvido para
todos os participantes, a Webteca
41
vai sendo formada por diferentes
conteúdos de caráter motivacional ou informativo, particularizado para um
participante. São basicamente quatro as mídias utilizadas: Textos, Vídeos,
Áudios, sites especializados.
Esse material é selecionado muitas vezes em função da temática de um
participante. Por exemplo, o vídeo da “Música Epitáfio dos Titãs” foi indicado
para um participante que estava repensando a vida após uma doença grave.
Esse conteúdo passa a fazer parte do acervo da Webteca e poderá ser usado
em outra circunstância, para outra pessoa. Às vezes são indicados conteúdos
genéricos para estimular a reflexão.
41
Palavra formada pela junção de Web (teia em inglês, em referência wwwWorld Wide Web)
Teca (de biblioteca) – O termo foi apresentado pela Profa. Stela Piconez da FEUSP no
Disciplina: “Ambientes Virtuais de Aprendizagem Cooperativa Apoiada por Recursos da
Internet: Novos Desafios, Novas Competências (2005).
144
PARTE IV
JOGO, TRANSFORMAÇÃO E
DINAMISMO PSÍQUICO
_______________________________________________________________
“O espírito está sempre aqui, conosco, ao nosso redor, dentro de
nós. Mas não atalhos para essa percepção. As práticas
místicas eram consciência ampliada; mas se não estiverem
fundadas em uma vida responsável nesta dimensão, não levam a
lugar nenhum. (...) O espírito nos dá, aqui e agora, tudo que
precisamos. Para evoluir, não buscamos o que está em outro
lugar; damos atenção ao que está bem diante de nossos olhos, e
o acolhemos. então é possível dar o próximo passo em
qualquer nível no qual estivermos trabalhando.” (MILLMAN, 1997,
p. 140)
O paradoxo é talvez uma característica indelével do ser humano e assim é com
o jogo, desvalorizado pelo ocidente, mas incrivelmente presente nas
sociedades tradicionais. O jogo, sobretudo o jogo oracular, é ainda um
elemento extremamente reverenciado como instrumento de orientação. Assim,
entre os jogos tradicionais em uso na atualidade, surge no seio do Movimento
New Age, em Findhorn, na Escócia, o Jogo da Transformação, como uma
ferramenta de autoconhecimento e resolução de conflitos. O uso desse
instrumento tem sido empregado no único encontro presencial do Método Self-
Empowerment, como recurso de acesso ao Eu Interior e de identificação de
potencialidades do participante e de bloqueios à atualização dessas
145
potencialidades. Este são os aspectos abordados nesta seção, em três
capítulos:
Capítulo 9 – Jogo: Transcendência e Cultura
Capítulo 10 O Jogo da Transformação: Origem, Estrutura, Dinâmica e
Interpretação
Capitulo 11 – Dinamismo Psíquico no Jogo da Transformação
146
Capítulo 9
O JOGO: TRANSCENDÊNCIA E CULTURA
_______________________________________________________________
9.1 – Aspectos Culturais do Jogo
Segundo Caillois (1990), o jogo é uma atividade livre e voluntária, fonte de
alegria e divertimento. É uma ocupação cuidadosamente isolada do resto da
existência, delimitada no tempo e no espaço. Cria uma situação de submissão
à regra, numa ação incerta, visto que não é possível prever com certeza seu
resultado. A criatividade em encontrar soluções plausíveis e inovadoras, dentro
dos limites da regra, é seu principal desafio. Essa característica de liberdade de
ação do jogador pode ser uma das explicações para o prazer que o jogo
sempre proporcionou ao longo da história do homem. Esse prazer se relaciona
com a dimensão ludens do ser humano, conforme apresentado por Huizinga
(1999).
147
Ao apresentar seus seminários sobre Jogos Cooperativos, Brown costumava
perguntar aos participantes o que lhes sugeria a palavra “jogo”, pois segundo
ele, “a palavra jogo pode sugerir uma série de idéias e imagens. Às vezes
parece que o jogo tem a ver com coisas de menor importância, relacionadas
com tempo livre, o ócio e até a implicação de que é algo infantil” (BROWN,
2001, p. 12)
Diferentes tipos de jogos coexistem nas muitas culturas do planeta e
geralmente transitam entre dois extremos: Jogos baseados exclusivamente na
aptidão, na destreza, na competência pessoal do jogador e outros que
dependem exclusivamente do acaso ou da sorte. São comumente
classificados em duas categorias: infantil e de adulto. Macedo (2006) traz
interessante contribuição para esta questão, ao apresentar uma relação entre
jogo e projeto. Segundo esse autor o jogo possibilita uma dimensão de ser,
enquanto o projeto possibilita uma dimensão de tornar-se. O prazer pelo jogo
reflete ainda dois estados paradoxalmente inerentes à condição humana - o de
adulto e o de eterna criança.
Na sociedade ocidental, centrada no consumo e na produção de bens, o jogo é
visto como uma ação não produtiva, pois não gera bens. É curioso observar,
entretanto, que nesta mesma sociedade que banaliza o jogo como atividade
improdutiva, os jogos de “azar”, como os encontrados nos cassinos, que
dependem do acaso, ou de um nível de raciocínio probabilístico avançado, são
amplamente valorizados, em cima dos quais geram-se muitas divisas. Há,
como se vê, uma valorização indireta, ou invertida, do jogo. Ao lado destes, os
148
esportes, uma modalidade de jogo que enfatiza as competências e destrezas
físicas, também são amplamente valorizados, enfatizando-se ao extremo seu
caráter competitivo.
Agora na era da informação e da tecnologia os jogos eletrônicos via Internet,
ou não, em ocupando cada vez mais um papel de destaque como ação
lúdica e, é claro, econômica. Eles enfatizam a competição, mas também a
cooperação, principalmente quando realizados em rede via Internet, o que é
cada vez mais comum: quando vários participantes unem-se para vencer um
desafio.
Nas sociedades tradicionais, como a oriental e a africana, por exemplo, o jogo
encontra valorização. Principalmente aqueles que, conforme Pennick (1992),
apresentam características oraculares. Nessas sociedades, esse tipo de jogo
se constitui uma atividade fundamental para orientação pessoal, pois é por
meio deles que uma pessoa pode perceber seu lugar no jogo da vida. Ribeiro
(1996) descreve a consulta oracular pelo Jogo de I realizada pelos iorubas
(África Ocidental) para compreensão de seu movimento pessoal no grande
tabuleiro da realidade. O mesmo acontece com os chineses, ao usarem o jogo
oracular I Ching, conforme descrito por Willhelm (1995). No Brasil, como em
outros países da diáspora africana é bastante comum a utilização do jogo de
búzios como recurso de orientação existencial.
149
9.2 - A Natureza Transcendental do Jogo
Muitas das considerações feitas por Pennick (1992) em Jogos dos Deuses,
mostram-se úteis para uma maior compreensão a respeito do emprego do Jogo
da Transformação no contexto do Processo Self-Empowerment.
“Os seres humanos sempre sentiram que a vida transcende o
mundo material imediatamente aparente e que é possível
ultrapassar os limites do corpo e do tempo. Em vista disso,
inúmeros métodos foram desenvolvidos com o passar dos séculos,
na tentativa de superar os óbvios limites do conhecimento
humano. A ciência é um deles, o estudo do mundo material
baseado em observações e experiências. A adivinhação é outro.
Ela compreende todos aqueles métodos por meio dos quais os
seres humanos vêm se empenhando em obter a sabedoria oculta,
em especial o conhecimento do futuro”. (PENNICK, 1992 p.9)
A adivinhação é, fundamentalmente, uma forma de obter informações a
respeito do passado e do futuro, por meio da alteração do estado de
consciência. Os jogos nasceram neste contexto, quando se buscava, por meios
transcendentais, para entender a condição humana.
A busca pela adivinhação, desde tempos remotos até os atuais, ocorre
normalmente em situações de crise. Quando o presente parece desordenado e
não se consegue compreendê-lo com clareza, ou quando se precisa avançar
para um terreno desconhecido e se deseja fazer uma sondagem prévia do
caminho à frente.
150
O jogo da adivinhação pode ser compreendido como um jogo da imanência
entre o Eu Interior (Self) o Eu Exterior (Ego). O desafio está em transcender a
condição limitadora da situação vivida (crise) para avançar rumo a uma nova
condição, através do alinhamento, ou da congruência, entre os Eus, o que
possibilita orientar a ação.
Neste sentido, a imanência leva à necessária transcendência, o que parece ser
um paradoxo. Mas isso significa acessar um outro Nível de Realidade,
mergulhar no Campo da Potencialidade Pura para vislumbrar aquilo que está
para acontecer, ou “consultar” os Arquivos Acásicos para descobrir o que já
aconteceu. Em outras palavras, significa escrutinar a realidade a partir de uma
perspectiva a-temporal (fora do presente imediato) para entendê-la em função
de ocorrências do passado ou pela sondagem do que está por vir. Ao sondar o
“por vir”, entretanto, corre-se sempre o risco de erro, pois o futuro está em
constante mutação.
Os jogos de adivinhação exigem sempre um intermediário, alguém capaz de
mergulhar no espaço entre mundos, e de ampliar a visão do presente.
Tradicionalmente, em sociedades indígenas, esse lugar era ocupado pelo
Xamã
42
, cuja vidência se por meio da alteração do estado de consciência, e
pelo mergulho no campo da energia psíquica que circular entre o Eu Interior e o
Eu Exterior do consulente. Esta figura arquetípica, o Xamã, tem equivalentes
em outras sociedades tradicionais.
42
Termo que deriva da palavra tunge-siberiana saman que significa “exaltado” ou “excitado”.
151
Os estados alterados de consciência, como os de transe e delírio, vivenciados
pelos xamãs, são amplamente buscados e valorizados por correntes da
Psicologia Transpessoal. Do ponto de vista psicoterapêutico, Grof (1997), em
sua psicologia experiencial, afirma que a promoção de tais estados leva a uma
ampliação do sintoma que está incrustado no inconsciente nos traumas e que
impedem o processo de fruição da energia psíquica. Deste modo, a descarga
dessa energia ao nível corporal permite que o trauma seja revivido e, a energia
psíquica possa retomar seu fluxo natural, decorrendo disso.
Para que se possa melhor compreender estes estados, Grof (1997, p. 58-59)
apresenta a seguinte lista de estados transpessoais, afirmando, entretanto,
tratar-se de estados inefáveis, de difícil descrição verbal, pois ocorrem em
níveis de realidade cujos limites referenciais são transcendidos. A lista é a
seguinte:
I. Extensão experiencial dentro da realidade do Espaço-Tempo
consensuais:
1. Transcendência dos Limites Espaciais
a. Experiência da Unidade Dual
b. Identificação com Outras Pessoas
c. Identificação Grupal e Consciência Grupal
d. Identificação com Animais
e. Identificação com Plantas e Processos Botânicos
f. Unidade com a Vida e com Toda a Criação
g. Experiência da Matéria Inanimada e de
Processos Inorgânicos
h. Consciência Planetária
i. Experiência Extraterrestres
j. Identificação com Todo o Universo Físico
152
k. Fenômenos Psicológicos que envolvem
Transcendência de Espaço
2. Transcendência dos Limites do Tempo Linear
a. Experiência Embrionárias e Fetais
b. Experiências Ancestrais
c. Experiências Raciais e Coletivas
d. Experiências de Vidas Passadas
e. Experiências Filogenéticas
f. Experiências da Evolução Planetária
g. Experiências Cosmogênicas
h. Fenômenos Parapsicológicos que Envolvem
Transcendência de Tempo
3. Introversão Física e Estreitamento da Consciência
II. Extensão Experiencial Além da Realidade e do Espaço-Tempo
Consensuais
a. Experiências Espíritas e Mediúnicas
b. Fenômeno Energético do Corpo Sutil
c. Experiências de Espíritos Animais
d. Encontros com Guias Espirituais e Seres Supra-
humanos
e. Visitas a Outros Universos e Encontro com Seus
Habitantes
f. Experiências de Seqüências Mitológicas e de
Contos de Fadas
g. Experiências de Divindades Pacíficas e Iradas
Específicas
h. Experiências de Arquétipos Universais
i. Compreensão Intuitiva de Símbolos Universais
j. Inspiração Criativa e Impulso Prometéico
k. Experiência do Demiurgo e Insights sobre a
Criação Cósmica
153
l. Experiência de Consciência Cósmica
m. O Vazio Supracósmico e Metacósmico
III. Experiências Transpessoais de Natureza Paranornal
1. Vínculos Sincrônicos entre Consciência e Matéria
2. Acontecimentos Paranormais Espontâneos
a. Atos Físicos Supernormais
b. Fenômenos Espíritas e Mediunidade Física
c. Psicocinese Espontânea Recorrente (Poltergeist)
d. Objetos Voadores Não Identificados (OVNI)
3. Psicocinese Intencional
a. Magia Cerimonial
b. Cura Feitiçaria
c. Siddhis
d. Psicocinese em Laboratório
Como se pode notar, a partir do enunciado acima, tais estados de
transcendência evocam tanto experiências numinosas, luminosas, quanto
outras tenebrosas, obscuras. Essas experiências eram, e ainda o são,
comumente vivenciadas por Xamãs e outros mestres durante a realização de
nos jogos divinatórios, mediados por estados alterados de consciência. Na
canalização espontânea de mensagens, ou pela leitura de tais mensagens em
objetos intermediários que, por sua vez, configuram propriamente uma situação
descrita como a de jogo.
Os padrões transcendentais são interpretados em diferentes formas físicas,
desde reflexos na água de fontes consideradas sagradas, em movimentos de
nuvens no céu, em padrões geométricos desenhados na areia, no movimento
de pássaros no céu, até configurações de vísceras de animais e humanas.
154
No jogo os objetos intermediários são usados para acessar o conhecimento
que transcende o presente. Por meio do lançamento de objetos - flechas, ossos,
pedras, varetas – sendo mais comuns nas sociedades ocidentais os dados e os
baralhos, busca-se acesso a esse conhecimento.
“Em diversas culturas, o fio tecido num fuso ou a linha que corre
por um tear tem uma associação alegórica ou direta como destino
e a sina. (...) O giro do fio tem óbvias semelhanças com os
visíveis movimentos do céu estrelado ao redor da estrela polar. (...)
A fiação é uma das mais primitivas tecnologias de manufatura,
onde o tempo era obviamente associado à quantidade de material
produzido. A extensão de fio produzido representava, portanto,
uma medida de tempo gasto para produzi-lo, criando o
simbolismo do fio do tempo, existente em muitas culutras.”
(PENNICK, 1992, p. 45-46)
Tais padrões geométricos e temporais simbolizados pelo fio formam caminhos
que, em última instância, dão origem aos tabuleiros dos jogos.
155
Capítulo 10
O JOGO DA TRANSFORMAÇÃO: ORIGEM, ESTRUTURA, DINÂMICA E
INTERPRETAÇÃO
_______________________________________________________________
Neste capítulo apresento a origem, a estrutura dinâmica e a interpretação
básica do Jogo da Transformação Versão BOX (versão caixa), de Kathy Tyler e
Joy Drake publicado pela Editora Taygeta de São Paulo. Para uma visão mais
completa do Jogo da Transformação consulte o Apêndice “O Jogo da
Transformação: Uma apresentação detalhada”.
10.1- Origem
O Jogo da Transformação nasceu na Comunidade Espiritual de Findhorn no
nordeste da Escócia. A Comunidade foi fundada em 1962 por Peter e Eileen
Caddy e Doroth McClean. Hoje é um importante centro de pesquisa sobre
156
sustentabilidade, ligado à ONU, atuando em sete áreas de atividade: cultural,
educacional, espiritual, ambiental, econômica, política e de saúde. A Fundação
Findhorn, como também é conhecida, mantém programas anuais voltados para
essas áreas de desenvolvimento humano (www.findhorn.org.uk) .
O Jogo começou a ser elaborado como um passatempo, em 1976, passando
por um período de dez anos de desenvolvimento. Gerado pela necessidade de
Joy Drake
43
de comunicar seus conhecimentos relativos à formação de
comunidades e de prestar serviços usando princípios espirituais. A partir de
sua vivência pessoal, ela foi capaz de inspirar a criação de um ambiente de
aprendizagem que propiciava aos participantes o acelerar de mudanças em
suas vidas, através de uma expansão da consciência pessoal e do
conhecimento espiritual. Em 1979 Kathy Tyler
44
, professora de meditação,
uniu-se à Fundação e, estando, envolveu na criação do Jogo da
Transformação. Através da sua dedicação e do seu discernimento espiritual,
ela tornou o jogo um instrumento refinado, que demonstra o poder da
responsabilidade pessoal nos processos de mudança.
“A primeira versão do jogo foi utilizada em 1978 como parte de um
seminário chamado “The Art of Synthesis” - A Arte da Síntese. Ele
foi realizado no salão de festas de Cluny Hill College, seguindo
um grande caminho espalhado pelo assoalho, com vinte
43
Joy Drake foi parte do corpo docente da Fundação Findhorn, de 1971 até 1985. Durante este
período ela ocupou diversas posições e responsabilidades, inclusive o cargo de Diretora da
Educação Interna, Diretora de Pessoal, Encarregada de Admissões e Coordenadora do
Programa de Orientação.
44
Kathy Tyler fez parte do corpo docente da Fundação Findhorn, de 1978 até 1985. Como
educadora e conselheira, ocupou posições na Fundação tais como Chefe do Grupo
Governante Interno, Diretora de Pessoal e Conselheira do corpo de assistentes dos
departamentos e dos grupos de projetos.
157
jogadores e cinco facilitadores. Esta versão ainda é jogada e se
chama hoje, Planetary Game”.” (DRAKE, TYLER, 2005, p.9)
Em 1980 Joy e Kathy fundaram a InnerLinks Associates, uma companhia
internacional de treinamento e consultoria, com base na Carolina do Norte nos
EUA, de onde dirigem treinamentos a partir do Jogo. Tanto Kathy quanto Joy
foram Professoras Assistentes na Universidade de Antioch em Seattle, e na
Universidade de Washington.
Olga Cristina A. Balian, proprietária da Taygeta Consultoria e Editora, edita o
jogo no Brasil e promove anualmente o Treinamento e Credenciamento de
Focalizadores do Jogo da Transformação no Brasil e países de língua
portuguesa. Esses treinamentos são realizados através de uma imersão
residencial de quinze dias, durante os quais os participantes discutem de modo
aprofundado as regras mais aprofundadas do jogo.
10.2 - Minha relação com o Jogo da Transformação
Em 1996, embarquei pra a Escócia, rumo à Comunidade de Findhorn, onde o
Jogo da Transformação foi criado. Lá, entretanto, não tive contato com o
material, apenas com a Dança Circular, objetivo daquela viagem. De fato, eu já
conhecera o jogo antes dessa viagem, voltando ao Brasil, quis participar de
uma vivência, mas acabei optando estudá-lo individualmente.
158
Ao aplicá-lo com alguns pacientes tive oportunidade de explorar as
informações fornecidas nas partidas de jogo durante as sessões de
psicoterapia. Assim, fui desenvolvendo um método próprio de utilização do
jogo, que encontra suporte nas abordagens teóricas com as quais trabalho.
Quando comecei a pensar numa metodologia de personal coaching que veio a
se constituir no Processo Self-Empowerment, imediatamente me ocorreu que
poderia haver um encontro presencial. Usar o Jogo da Transformação pareceu-
me, então, uma excelente opção para esse encontro, de modo que este
instrumento acabou sendo incorporado como um dos elementos centrais do
método. O encontro para a realização do Jogo da Transformação constitui-se
hoje no único momento presencial do processo e ocorre durante o Módulo 2.
10.3 – Estrutura e Simbolismo do Jogo da Transformação
O Jogo da Transformação é um jogo de percurso circular, no qual o
participante tem um ponto de partida, mas o tem um ponto de chegada no
tabuleiro. O jogo procura simular o caminho da vida dos participantes e visa
reduzir a confusão própria da existência cotidiana, criando uma situação ideal
onde os jogadores possam olhar para as próprias questões com maior clareza.
Isso coloca os jogadores em igualdade de condições frente ao desafio proposto
pelo jogo: o autoconhecimento.
159
Do ponto de vista simbólico, a estrutura de evolução das jogadas, do início
para o final do jogo, se dá, em conformidade com o Axis Mundi
45
que segundo
a tradição barda britânica, conforme descrito por Pennick (1992), determina
que a evolução ocorra graças ao trânsito que o participante faz, “subindo”
através dos planos de existência, do Nível Físico ao Espiritual, passando pelo
Emocional e Mental. O eixo central em torno do qual os planos estão
estabelecidos encontra correspondência com o símbolo gráfico utilizado para
representar a energia psíquica entre o Self e o Ego apresentada no capítulo 3.
(Ver figura 14)
Fig. 14 – Axis Mundi: Do Nível Físico ao Nível Espiritual
No centro do tabuleiro está o círculo de início do jogo que denominei de Círculo
Cósmico, a região do não-manifesto, onde o jogo tem seu início. Trata-se de
uma zona no tabuleiro, que representa o local onde, simbolicamente, estão os
potenciais humanos. Nesta região os jogadores devem colocar seus
45
Do latim, Eixo Cósmico.
160
marcadores para iniciar uma partida. O percurso é composto por um pequeno
caminho circular de dezesseis casas, onde intercalam-se, em média, uma casa
de Anjo, com o mbolo de um anjo, e duas casas vazias, compondo no total
seis casas de Anjos e dez casas vazias. (Ver figura 15)
(8cm de diâmetro)
Fig. 15 - Círculo Cósmico: Percurso do Centro do Tabuleiro
O desenho do caminho da vida, por sua vez, é inspirado num antigo padrão
trino celta, o triskle. Segundo May (2002), o número três, que representa a
tríade, é um elemento fundamental na cultura Celta, podendo ser encontrado à
exaustão em seus mitos e símbolos. O triskle
46
é mais uma variação do design
de nó celta, este, um símbolo propriamente dito derivado da espiral trina, que
possui diversos significados, entre os quais o da Santíssima Trindade, do
Cristianismo, provavelmente incorporado de maneira sincrética ao simbolismo
celta. Sua forma, entretanto, sugere um caminho sem começo nem fim. É
importante lembrar que este elemento reporta à cultura local da Escócia, onde
o jogo foi desenvolvido. (Ver figura 16).
46
As variações desse termo são: trigueta, triquetra.
161
Fig. 16– Espiral Trina e Triskle Padrão do Design Celta
No tabuleiro são apresentados quatro caminhos em forma de triskle (ver figura
18), um para cada participante, considerando-se que, na versão Box, o jogo
pode ser realizado por até quatro pessoas em cada partida. Cada caminho
desses tem 64 espaços, ou casas, onde intercalam-se repetições dos 11
símbolos ligados às casas. (ver figura 17)
Fig. 17 – Caminho da Vida: Percurso do Jogo da Transformação
162
10.4 – Objetivos do Jogo da Transformação
Segundo as autoras o Jogo da Transformação objetiva: (a) acessar níveis mais
profundos do Self; (b) indicar caminhos para o desenvolvimento de novas
posturas comportamentais; (c) esclarecer conflitos de forma criativa; (d) ampliar
a consciência de pontos fortes e fracos da personalidade (e) amplicar a
consciência sobre crenças e atitudes que impendem o desenvolvimento
pessoal; (f) impulsionar o processo criativo; (g) possibilitar o contato com os
potenciais pessoais (h) facilitar o processo de comunicação interpessoal (i)
favorecer o processo intuitivo (j) tornar claro o processo de julgamento que são
realizados; (k) ajudar no estabelecimento de prioridades de ação.
10.5 - Recomendações Gerais para Realização do Jogo
47
A versão BOX do Jogo da Transformação é apropriada para jogadores a partir
de 16 anos de idade e pode ser jogada entre dois e até quatro participantes.
As peças completam os elementos do jogo e estão associadas ações de
percurso. É recomendável o uso uma mesa redonda para que todos os
participantes fiquem igualmente distantes do tabuleiro.
47
Para um detalhamento das regras e da estrutura do jogo veja o Apêndice: “O Jogo da
Transformação: Uma apresentação detalhada”.
163
(dimensões: 41 cm X 41 cm)
Fig.18 – Visão Geral do Tabuleiro do Jogo da Transformação com
Baralhos
O Jogo começa com os participantes escolhendo seu Propósito ou Foco
Pessoal, ou seja, sua intenção para essa vivência lúdica. Cada jogador é
orientado a manter essa intenção presente durante todo o tempo da partida.
10.6 – Encaminhamento Metodológico para Definição do Foco
O Jogo da Transformação começa com os participantes escolhendo o seu
Propósito ou Foco Pessoal. A definição do foco é, pois, condição indispensável
para a realização de uma partida. No contexto do Processo Self-Empowerment,
o foco é definido durante o trabalho biográfico, realizado pelo participante com
o acompanhamento intensivo do personal coach, que com ele estabeleceu um
vínculo de proximidade e confiança, implícito no Contrato de Cooperação. A
estrutura e dinâmica desse processo favorecem definição do foco, após um
minucioso escrutínio das forças e fraquezas do participante, a partir de seu
relato biográfico. A coerência do foco com a proposta inicial de participação,
164
declarada na Ficha de Inscrição e trabalhada durante o processo de coaching
realizado no Módulo 1.
No início do Módulo 2, antes do jogo, portanto, é fundamental que o
participante tome consciência da visão de homem que orienta a proposta Self-
E, pois esse conhecimento o ajudará a promover a necessária mobilização
psíquica, e a assumir a cada vez mais a responsabilidade pelo sucesso do
próprio processo. Para atingir essa finalidade criei um vídeo intitulado “A
Pessoa Na Perspectiva Transpessoal” de 7’46”, que reúne informações sobre a
concepção de pessoa segundo a perspectiva humanista transpessoal,
apresentada no capítulo 3 e que é, evidentemente, sintetizada para essa
apresentação ao participante. Este é orientado, também, a realizar uma
releitura de todos os e-mails trocados com o personal coach, de modo que
possa estar bem consciente de seu processo, e possa também, realizar uma
síntese de seus pontos fortes e fracos para, então, chegar à definição do foco
para o jogo. (Ver figura 15)
165
Fig. 15 - Perspectiva Metodológica para Estabelecimento do Foco
166
Capítulo 11
DINAMISMO PSÍQUICO NO JOGO DA TRANSFORMAÇÃO
_______________________________________________________________
Ele acordou antes do relógio despertar. Fez suas orações matinais e tomou um
banho quente, finalizado com uma ducha fria. Aquela manhã de maio era fria.
Desceu e começou a preparar o café, colocou também pão de queijo para ser
assado no forno. Depois, cuidou do cachorro e do passarinho e, enquanto o
café passava na cafeteira com os barulhos característicos provocados pela
passagem da água quente pelo coador, tirou os carros. Voltou e tomou seu
café. Era sábado.
Passados muitos anos, era a primeira vez que estaria recebendo novamente
pessoas para o Jogo da Transformação. Abriu o consultório que se localizava
numa construção no fundo da propriedade. Lá o ambiente estava preparado.
167
Fora preparado no dia anterior. Acendeu a luz do grande aquário, alimentou os
peixes. Acendeu um incenso e colocou uma música suave.
No andar superior a mesa do jogo com o material de cada participante
estava igualmente preparada. Além do material do jogo, cada participante
receberia uma pasta catálogo com sacos plásticos, arquivo dos documentos
concernentes ao processo de coaching, bem como seus focos. Os focos de
trabalho que haviam sido longamente processados individualmente, com cada
um dos coachees nos dias anteriores, estavam sobre a mesa. Na verdade com
um deles o processo de elaboração do foco fora encerrado por volta das
23:30 horas do dia anterior. Um sufoco!
Num papel era possível ler:
“Como posso me perdoar, deixar de ser autodestrutivo, aceitar e
valorizar quem sou, de modo a conseguir colocar limites em
minhas relações pessoais, e com isso atrair pessoas belas para o
meu lado sendo mais feliz?”
“Como posso me abrir para o mundo, respeitando minha natureza
interior, desenvolvendo minhas potencialidades de modo a ter
qualidade de vida?”
"Vou aceitar nas pessoas, e na vida, aquilo que está além de
possibilidade de intervir."
168
“Como me livrar dos bloqueios emocionais que me impedem de
agir de maneira assertiva e dar um novo impulso à minha vida
profissional?”
48
De repente, a campainha soou, era o primeiro participante, certamente. Desceu
para abrir o portão.
– Maria Claudia? Perguntou.
– Sim. Ela respondeu com um sorriso. Luiz?
– Seja bem-vinda. Ele abriu o portão e a recebeu com um abraço...
Eles entraram, enquanto ela comentava sobre sua chegada e sobre o jardim
pelo qual passaram ao entrarem. Ele ofereceu-lhe café e trouxe o pão de queijo,
cujo aroma preencheu o ambiente. Logo a campainha tocou novamente, outro
participante.
Essa narrativa descreve uma rotina que desde aquele maio de 2006 seria
repetida quase que mensalmente em função das pessoas que passaram a vir
ao consultório para realizar o Jogo da Transformação como parte do Módulo 2
do Processo Self-Empowerment.
A estrutura do Jogo da Transformação é bastante complexa, como se viu.
Uma partida pode ser muito longa, durar mais de oito horas, ou até mesmo
dias. Eu estabeleço um período de 4 horas de jogo para processos grupais,
que geralmente é realizado num sábado no período da manhã. Este período é
suficiente para levar os participantes a mergulharem em sua própria
48
Exemplos criados a partir de focos reais.
169
interioridade, buscando encontrar alí valiosas informações para iluminar a
problemática que pretendem trabalhar.
11.1 – Mobilização do Eu Interior a partir do Foco
O foco é um elemento fundamental para o jogo, pois o participante ali
concentra toda a força emocional mobilizada durante o processo, suas
expectativas, seus desejos de mudança, além, é claro, do ponto chave do
desconforto psíquico que o levou a procurar ajuda.
A instrução oficial do Jogo para a formulação do foco é a seguinte:
“Comece escolhendo uma questão pessoal com a qual esteja
atualmente lidando em sua vida: uma questão que gostaria de
resolver ao jogar o Jogo da Transformação. Ao manter esta
questão em sua mente enquanto joga, suas experiências no Jogo
irão trazer clareza, entendimento, feedback e nova direções pra
esta questão específica/ propósito. O Jogo irá atingir o âmago
dessa questão, e irá tocá-lo profundamente na medida em que
você estiver disposto a experimentar. Seu propósito pessoal ou
foco pessoal é muito importante e deve ser escolhido com
cuidado, pois ele estabelece todos os estágios que serão
percorridos durante a vivência.” (TYLER & DRAKE, 2005, p.22)
O vínculo criado entre o personal coach e seu coachee possibilita uma
orientação precisa para a formulação de um foco pertinente ao escopo geral da
problemática, nem sempre totalmente clara ao participante. O mapeamento
170
biográfico e o levantamento dos pontos fracos e fortes são fundamentais nesse
processo.
A definição de um foco preciso demanda - e possibilita - uma exploração dos
elementos mais profundos da psique do participante, de modo que este possa
encontrar e dinamizar a energia psíquica que circula entre os Eus Interior e
Exterior, favorecendo o seu processo de autodesenvolvimento.
No relato de abertura deste capítulo apresentei quatro exemplos de foco. É
recomendável que o coachee formule seu foco com o máximo de precisão
possível, até pelo menos 24 horas antes do dia marcado para a partida, de
modo que o participante possa ter pelo menos esse tempo para a realização de
um exercício de mobilização psíquica.
Como exercício de mobilização psíquica lhe é solicitado que reescreva seu
foco de três formas distintas: colocando o foco narrativo, na primeira, na
segunda e na terceira pessoas. White (1994) sugere esse tipo de exercício
como recurso para mobilizar conteúdos psíquicos que possam dinamizar
processos de mudança atitudinal. O’Connor (2004) afirma que a PNL, ao
trabalhar com afirmações, mobiliza a pessoa para a estruturação de uma nova
realidade, mais condizente aos seus anseios pessoais.
Recomenda-se ao participante que realize o exercício antes de deitar-se à
noite, no momento em que sentir estar sendo tomado pelo sono. O mesmo
exercício será repetido pela manhã, ou seja, no momento de acordar, quando
ainda estiver “assonado”. Nesses períodos da transição de consciência, entre o
171
estado de sono e a vigília, ocorre uma aproximação natural do Eu Interior com
o Eu Exterior, o que favorece a absorção de informações subliminares
49
.
11.2 - Mobilização da Consciência a partir do Eu Exterior
Durante todo o tempo de realização do jogo é solicitado ao participante que se
concentre em seu foco, ou enfoque pessoal, de modo a estimular a
comunicação com o Eu Interior, já sensibilizado com o exercício do foco. Desta
forma, cria-se condições para uma intensa movimentação da energia psíquica
entre esses dois núcleos da psique, e o participante é levado a tomar contato, a
partir de um processo de projeção, com os bloqueios e insights que dificultam e
favorecem seu desenvolvimento pessoal.
Essa mobilização de energia num ambiente cooperativo e protegido pelo sigilo
profissional, reforçada pelos laços de confiança, pode levar o participante a
vivenciar Experiências de Pico ou Transpessoais, que promove um estado de
êxtase transpessoal semelhante ao produzido por certos jogos de vertigem e
práticas meditativas.
Pesquisas em neurociência como as desenvolvidas por Benson (1998) podem
ser úteis para o entendimento, a partir “do bem estar evocado”, de como a
concentração no foco e as experiências de pico podem contribuir no processo
de mudança atitudinal e comportamental.
49
Algumas escolas de idiomas usam esse recurso subliminar para o aprendizado de línguas.
172
Johnson (1995), ao estudar os processos de meditação, identifica que o estado
de êxtase, de modo semelhante à experiência de pico, afeta o comportamento
das pessoas, promovendo desbloqueios energéticos e, portanto, favorecendo o
processo de auto-atualização e auto-transcendência.
:
“Em parte o êxtase confere poder” ao permitir acesso ao aspecto mais
profundo, mais onisciente da psique, que nos indica, em seu próprio
interesse, a melhor maneira de seguirmos o nosso caminho por entender
os desafios perturbadores da vida.” (JOHNSON, 1995, p. 57)
11.3 - Movimentação da Energia Psíquica
O uso do Jogo da Transformação no Processo Self-E tem por objetivo
fundamental sondar a psique em busca de elementos para descortinar as
potencialidades e identificar os bloqueios, que favorecem e dificultam a
comunicação do Eu Interior com o Eu Exterior. Uma circulação satisfatória da
energia psíquica entre esses núcleos possibilita a consecução da missão
pessoal de vida do participante, via atualização de suas potencialidades.
A tarefa dos jogadores é, portanto, realizar essa exploração buscando
encontrar os elementos obscuros da personalidade que estão limitando seu
crescimento pessoal e os luminosos que, pelo contrário, favorecem esse
crescimento.
173
Como se viu nos capítulos iniciais, a dinâmica da psique se pela circulação
da energia psíquica entre Self e Ego. Quando essa energia flui de maneira
satisfatória ela proporciona condições para a tomada de consciência das
potencialidades pessoais que, ao serem reconhecidas, são naturalmente
atualizadas, decorrendo disso, satisfação, motivação e alegria de viver, pois a
pessoa se percebe realizando sua Missão Pessoal.
A energia não flui de modo satisfatório, quando bloqueada por situações
geradoras de desconforto psicológico, normalmente criadas por conflitos de
desenvolvimento. A permanência nesse estado de desconforto pode
proporcionar a formação de núcleos nevrálgicos de insatisfação e sofrimento
que impedem ou dificultam o crescimento. Esses núcleos tornam-se
normalmente inconscientes, contribuindo para bloqueiar o entendimento da
situação e, conseqüentemente, a possibilidade de mudanças. Esse fato causa
sofrimento e traz dor.
O Jogo da Transformação, graças a sua estrutura lúdica cria uma simulação da
realidade do participante. Favorece a tomada de consciência de situações
arquetípicas e cotidianas geradoras de bloqueios pessoais, que impedem a
circulação natural da energia psíquica. Possibilita, também, o entendimento das
forças disponíveis na psique para que o participante possa administrar tais
bloqueios de modo a permitir que a energia tenha uma circulação mais natural,
favorecendo, assim, o processo de auto-atualização e transcendência.
174
O estabelecimento do enfoque, ou foco do jogo, deve ser uma ação voluntária,
consciente, realizada pelo próprio participante. Sua construção se dá a partir de
uma resistência observada no contexto do processo biográfico que mereça ser
esclarecida, além da queixa inicial. O foco concentra um Flash de Consciência
fruto desse desconforto, ou das dores a ele associadas. Tais bloqueios
parecem estar situados ao nível do Ego ou Eu Exterior que, durante todo o
processo vai tomando consciência da situação de incongruência vivenciada
em relação ao Eu Interior.
O dinamismo do jogo permite que os diversos elementos fornecidos pelas
casas, baralhos e escolhas realizadas, interajam entre si e componham um
quadro que reflete a psique do participante naquele instante. Tanto com
aspectos positivos (insights, feedbacks, bônus de consciência), portanto
iluminados da personalidade humana, quanto por outros (bloqueios, dores,
depressões), que refletem aspectos escuros, sombrios ou negativos de sua
psique.
a) Dores e Bloqueios
Não dúvida que uma pessoa que procura por um Personal Coach está
vivenciando algum estado de confusão, ou seja, não está conseguindo ter
clareza ou sucesso em alguns de seus projetos pessoais e profissionais. Esta
situação de confusão decorre da obstrução dos canais de comunicação entre o
Eu Interior Self e o Eu Exterior Ego, como se explicou. Desta forma, a
175
energia, estagnada, concentra-se em um desconforto que está expresso no
foco ou enfoque escolhido para o jogo e que constitui, por si só, um Bloqueio,
impedindo a fruição natural da energia psíquica.
Na situação de jogo os Bloqueios, ao aparecerem, m, por assim dizer, ao
nível da consciência, emergindo de uma instância menos consciente, de uma
região de Sombra, onde normalmente jazem como forma de poupar o indivíduo
do dissabor que eles promovem. Jung (1981) nos fornece uma excelente
explicação para entendermos os Bloqueios como Sombra, ao afirmar que a
Sombra é como o cleo do Inconsciente Pessoal e reúne tudo aquilo que é
negativo, impedindo o processo de individuação.
A situação mais comum para o aparecimento de um Bloqueio durante o jogo
está naquilo que chamei de Jogada Simples, ou seja, quando um jogador cai
casualmente na casa do Bloqueio. Essa situação simula um conflito de
desenvolvimento que bloqueia a energia psíquica, ou seja, quando as pessoas
enfrentam um ambiente que não lhes é favorável. Isso traz tensões que podem
provocar verdadeiras lesões psíquicas expressas sob a forma de dor.
Além da Casa do Bloqueio, que é casual, outras situações que envolvem
dor e que se dão a partir da escolha do participante. Elas estão refletidas num
Feedback do Universo negativo ou em função de uma ação realizada pelo Livre
Arbítrio, ou ainda por uma situação negativa gerada pela falta de Intuição do
participante.
176
É importante ressaltar, uma vez mais, que todo Bloqueio no jogo gera Dor.
São as Dores que realmente impedem o crescimento psicológico. Elas refletem
elementos de inconsciência e, embora possam ser geradas por Bloqueios,
desvinculam-se desses à medida que as pessoas ficam com a Dor e esquecem
as razões que as geram (essa é um dos objetivos do jogo: para que as
pessoas possam (re)lembrar dos bloqueios que geraram dores).
Esse aspecto é particularmente interessante de ser comentado, pois durante
uma partida do Jogo da Transformação, os participantes esquecem ou optam
por carregar suas Dores ao invés de trocá-las por Bônus de Consciência que
normalmente são abundantes numa partida.
O despertar da consciência para tais situações faz com que os jogadores
sintam-se agradecidos e passem a valorizar a consciência advinda de uma dor
ou de um bloqueio pelo aprendizado que proporcionam:
“Percebi que as dores não o tão ruins como parecem, elas
devem e podem ocorrer pois elas levam à evolução e ao
crescimento pessoal. É preciso maturidade para conviver bem
com a dor e entender a função dela.”
50
b) Insights e Bônus de Consciência
Enquanto Dores e Bloqueios estão para o Ego e constituem-se em elementos
que impedem um fluir adequado da Energia Psíquica, Insights e Bônus de
50
Publicado mediante autorização.
177
Consciência estão para o Self ou Eu Interior apresentando-se como
potencialidades que necessitam ser atualizadas.
Quando um jogador nasce na situação de jogo sua primeira ação deverá ser a
de tirar um Anjo da Guarda do Baralho dos Anjos. A palavra anjo vem do grego
Angelus que significa mensageiro esse sentido é fundamental no Jogo da
Transformação, pois o Anjo da Guarda, elemento arquetípico presente em
várias culturas, é interpretável como um mensageiro que, vindo do Mundo
Espiritual, apóia os humanos em seus esforços por realizações. Com base
nesse arquétipo e, por analogia, nesse ambiente lúdico convenciona-se que os
Anjos do baralho advém do Nível Espiritual e que sua força flui através do Self
do participante, tendo por finalidade equilibrar o peso que se acha associado
ao foco, definido pelo participante e, além disso, favorece a compreensão dos
próprios potenciais e a força necessária para vencer os desafios foco de
trabalho. Portanto, o Anjo da Guarda, Mensageiro do Eu Interior, age como um
reflexo arquetípico desse núcleo da personalidade no momento do jogo.
As Casas e Baralho dos Anjos são, portanto, os elementos mais positivos, ou
luminosos, que o jogo oferece aos participantes. Parte-se do pressuposto de
que as energias arquetípicas dos Anjos “vêm”, por assim dizer, auxiliar as
pessoas em seus processos de crescimento pessoal.
Considerando-se o plano ético-moral, constatamos que as cartas dos anjos
expressam virtudes (ver Anexo do Jogo). Tais virtudes são identificadas
também nos Bônus de Consciência, que podem ser compreendidos como
178
qualidades ou potencialidades que, como forças independentes, emanam do
Eu Interior para apoiar o jogador em seu processo de crescimento. Essas
cartas, portanto, atuam como agentes catalisadores para dissolver Bloqueios e
Dores.
c) Consciência e Liberdade de Escolha
Como já se afirmou, o Jogo da Transformação, servindo-se de analogias,
simula da realidade do participante, num ambiente arquetípico controlado pela
regra, favorecendo a tomada de consciência do estilo peculiar de cada qual
inserir-se no mundo.
A hipótese humanista básica envolvida é que ao tomar consciência de suas
potencialidades e limitações, o participante sinta-se naturalmente motivado
para a implementação de mudanças em sua vida, de modo a consolidar uma
nova perspectiva, assumindo, portanto, um novo posicionamento pessoal. Este
será o papel do Plano de Ação no Processo Self-E durante o Módulo 3, que
será discutido adiante. Ao nível do jogo, todavia, o que se pretende é que o
participante consiga aperceber-se do modus operandi que lhe é peculiar.
Durante o jogo as situações mais intrincadas ocorreram nas Jogadas de
Interação que envolvem o processo decisório. Essas jogadas procuram criar
um ambiente positivo de troca entre os participantes. Tais situações atuam
como catalisadores das condições de crescimento conforme descritas por
179
Rogers (1975, 1990) ativando, dessa forma, a capacidade para a Empatia, a
Aceitação Positiva Incondicional e a Congruência, criando assim, um ambiente
seguro e de cooperação entre os participantes, o que reforça o Contrato de
Cooperação existente entre eles e o personal coach. Tais condições
promovem a diluição das dores e bloqueios e favorecem o fluir da energia
psíquica.
O nível de mobilização dessa energia, gerado pelo processo de concentração
no foco, e o nível de intimidade e troca vivenciado pelos participantes, favorece
a ocorrência de Experiências de Pico, conforme se afirmou. Tais
experiências, descritas por Maslow ao longo de sua obra, o altamente
significativas e mobilizadoras, ajudando, desta forma, na abertura de canais de
comunicação e consciência entre os dois núcleos da personalidade, ou Eus e,
portanto, favorecendo o fluir da energia psíquica.
A estrutura do jogo faz com que as situações de interação, entre os
participantes, sejam normalmente positivas na maioria das vezes, frutos
benéficos a todos, proporcionando condições para uma verdadeira estratégia
Win-win.
51
Tais situações geradas por Bênçãos distribuídas e recebidas, por Apreciações
realizadas e recebidas, ou por Milagres acontecidos, que liberam as pessoas
das Dores e Bloqueios, atuam como reforço comportamental, melhorando a
auto-estima e ativando o processo de auto-realização.
51
Do inglês win, ganhar. A expressão win-win é usada no mundo organizacional para refletir
uma situação de interação humana na qual todos ganham, como já se explicou em nota
anterior.
180
d) Punição e Reforço no Acaso Significativo
No que se refere às escolhas estritamente pessoais, o jogo atua tanto como um
catalisador, como quanto um restritor de ação. Essas questões estão refletidas
nas situações geradas pelo Livre Arbítrio, bem como, nas geradas pelo uso da
Intuição, pois em ambos os casos a probabilidade de uma ação ser positiva ou
negativa é da ordem de 50%.
52
Como se viu, o teste para intuição é realizado ao se tirar a sorte jogando-se
a moeda. Quanto esta cai com o símbolo do Flash voltado para cima trata-se
de um indicador de que a ação deve ser realizada. Por outro lado, quando a
moeda empoe a face do símbolo da lágrima, uma dor deverá ser recebida e a
ação pretendida não deverá ser realizada.
No caso do Livre Arbítrio a ação é basicamente a mesma, todavia ao invés da
moeda, sorteia-se uma Carta de Feedback do Universo. A carta escolhida é
colocada virada para baixo de modo que seu conteúdo não possa ser visto.
Somente após a realização da tarefa é que esta carta será olhada e então se
cumpre o que ela solicita. O estudo deste baralho revelou que das vinte cartas
existentes, 50% (dez cartas) refletem situações positivas e, portanto, reforçam
a ação realizada, sendo que as outras dez reprovam a ação realizada. Nesse
sentido, apresentam-se como elementos comportamentais que reforçam ou
reprovam (punem) o comportamento realizado.
52
Para maiores detalhes veja o anexo sobre o Jogo da Transformação.
181
Embora tais situações envolvam um nível probabilístico claramente definido, no
contexto do jogo, elas podem ser interpretadas como vinculadas ao “acaso
53
significativo”, o que remete ao conceito de sincronicidade.
Segundo Jung (1985), o conceito de sincronicidade reflete uma percepção
holística da realidade, própria do raciocínio oriental. Trata-se de uma atribuição
de sentido imediato, de forma não-analítica, e busca-se o entendimento do
significado e não das razões a ele implícitas. Pressupõe uma relação de
vinculação não-causal, e sim de casualidade significativa, algo que na
dimensão do Jogo ocorre num outro Nível de Realidade.
Ao mobilizar intensamente a energia psíquica que circula entre os Eus, a
situação de jogo cria, por meio das experiências de pico – sinal de desbloqueio
energético - um Vórtex Sagrado-Profano (BERNI, 2002) quando o jogo assume
um matiz hierofânico, portanto, Sagrado. As restrições impostas pela realidade
cotidiana são afastadas, assim como o controle do Ego, possibilitando que o
participante acesse diretamente seus potenciais e sonde o Campo da
Potencialidade Pura. O processo possibilita mudanças semelhantes às
decorrentes de um salto quântico, mudanças essas que, advindas diretamente
do Eu Exterior para o Eu Interior transcendendo momentaneamente os
bloqueios da energia psíquica.
Aqui as Experiências de Pico assumem um caráter muito importante também,
pois podem ser entendidas como um indicador de experiências transpessoais
53
A palavra acaso vem do árabe az-zahr que significa jogo de dados.
182
que possibilitam esse acesso direto ao Eu Interior. Ver figura 20 onde todos os
elementos da dinâmica psíquica na situação do jogo acham-se representados.
Fig. 20 – Mobilização Psíquica durante o Jogo da Transformação
Ego
Self
Bloqueios
Insights
Anjos
Dores
B
ô
nus de
Consciência
Feedback do Universo
Fash Intuitivo
Foco
Consciente
inconsciente
Livre Arb
í
trio
Energia ps
í
quica
183
PARTE V
PLANEJAMENTO, MUDAA,
POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DE
UM MÉTODO DE PERSONAL COACH
_______________________________________________________________
“Uma vida sem objetivo é uma vida sem alegria. Tenham todos
um objetivo. Mas não se esqueçam de que da qualidade de seu
objetivo vai depender a qualidade de sua vida. Que seu objetivo
seja elevado e vasto, generoso e desinteressado; assim, sua vida
se tornará preciosa para vocês mesmos e para os outros. No
entanto, qualquer que seja o ideal a que vocês se proponham
atingir, vocês poderão realizá-lo perfeitamente se realizarem a
perfeição em vocês mesmos. O primeiro neste trabalho de auto-
aperfeiçoamento é tornar-se consciente de si, das diferentes
partes de seu ser e de suas respectivas atividades.” (MÃE, 1977,
p.17)
Muitas são as possibilidades do Processo Self-Empowerment, mas também
limitações, como, aliás, não poderia deixar de ser. Utilizar o planejamento como
uma ferramenta de promoção de mudanças pessoais tem sido um modo útil de
transformar a vida. Este são os aspectos abordados nesta seção em dois
capítulos:
Capítulo 12 – Planejamento e Estruturação de Mudanças
Capítulo 13 – Possibilidades e Limitações do Método Self-E.
184
Capítulo.12
PLANEJAMENTO E ESTRUTURAÇÃO DE MUDANÇAS
_______________________________________________________________
Neste capítulo apresento os fundamentos do planejamento no contexto do
processo Self-Empowerment.
12. 1 – Contextualizando o Planejamento
Planejar é uma das formas de transcendência do momento presente, próprias
do humano, ligadas a sua capacidade de antecipação. Todos nós somos
capazes de planejar, quando antevemos o que fazer. Um pensamento do tipo:
“Amanhã vou acordar cedo e vou para a praia” demonstra essa forma de
transcendência. É claro que um plano como esse não se realiza
necessariamente, mas é construído considerando-se as possibilidades. Por
exemplo, no dia seguinte amanhece chovendo e não faz sentido ir à praia, o
185
que determina mudanças, nos planos e, ao invés da praia opta-se pela
academia. É importante notar que, nesse exemplo, a ação pode ter mudado, da
praia para a academia, mas o cerne do planejamento, foi preservado. Esta
parece ser uma das vantagens do planejamento. Situação distinta dessa é a do
não planejamento, do tipo: “Amanhã vejo o que vou fazer (embora isso
também seja planejar). Então, acorda-se tarde, pois é feriado, e então fica-se
na frente da televisão devaneando enquanto o tempo passa. Num dado
momento do dia tem-se o seguinte pensamento: “Puxa, não fiz nada hoje,
podia ter ido à praia...”.
É um equivoco achar que o planejar diz respeito exclusivamente ao futuro. Na
verdade, diz respeito a uma priorização de ações, realizadas no presente, cujas
implicações serão sentidas no futuro. É preciso, entretanto, saber onde se quer
chegar para poder planejar, do contrário não possibilidade de planejamento.
Essa foi a pergunta fundamental feita pelo Gato a Alice, na fábula de Lewis
Carroll: “Para onde você quer ir?” A menina não soube dizer para onde queria ir
e quando não se sabe para onde se quer ir, qualquer caminho é o caminho.
O planejamento sempre esteve muito associado à guerra, pois nessa situação
é sempre preciso planejar. Nos dias atuais, entretanto, está presente em quase
todas as atividades humanas. Em tempos de globalização, em que as
tecnologias ampliam cada vez mais a capacidade de exploração dos diversos
recursos do planeta, é cada vez mais premente a necessidade de planejar para
que se possa garantir a sustentabilidade. Assim, hoje falamos em planejamento
ambiental, urbano, financeiro, de negócio etc.
186
A palavra planejamento não é nova, estando totalmente integrada ao corpo de
conhecimentos da Administração de Empresas, principalmente depois das
grandes guerras, quando o planejamento expandiu-se do o campo de batalha
para adentrar definitivamente o meio organizacional (LACOMBE, 2003).
Planejar é ação consciente: envolve raciocínio e reflete estratégia. A dimensão
estratégica implícita no planejamento passou a integrar o contexto da
administração empresarial nos anos 1960/70, frente ao quadro de incertezas
da economia mundial daquela época (BRAGA, MONTEIRO, 2005). Desde
então, é cada vez mais comum encontrar-se essa dimensão do raciocínio
envolvida no planejamento das organizações. Portanto, não se trata apenas de
saber onde se quer chegar, mas também de saber como se quer chegar. E
esse “como” normalmente está vinculado ao custo-benefício da ação planejada.
O custo, entendido não apenas como vinculado ao aspecto financeiro que ele
conota, mas também uma avaliação do empreendimento como um todo, pois
uma ação pode demandar tanto custo que se seu benefício venha a tornar-se
reduzido. Por exemplo, enfrentar cinco horas de trânsito para realizar uma
viagem que normalmente duraria uma hora, por mais que se tenha recursos
financeiros, inviabiliza o benefício de uma à praia, considerando-se o desgaste
físico e psicológico produzido.
A ação de planejar demanda conhecimento do presente, do contexto em que
se está inserido e possibilidade de visualização de formas de deslocamento
para o futuro. Implica ainda, na capacidade para estabelecer objetivos e metas.
187
Planejar é, portanto, uma ação complexa, que contempla uma série de
articulações. Pode-se planejar os fins traçando objetivos e metas a serem
atingidos, bem como os meios, a estratégia, os caminhos, para a consecução
desses. Pode-se, ainda, realizar uma avaliação das pessoas disponíveis, dos
recursos financeiros demandados, bem como as formas de implementação,
envolvem ações de curto, médio e longo prazo. Atualmente, por exemplo,
temos vivido uma crise no sistema aeroviário do país, entre outros motivos,
pela falta de um planejamento de longo prazo.
Numa sociedade globalizada, onde muitas empresas e pessoas fazem coisas
parecidas o planejamento assume cada vez mais importância. O planejamento
leva as empresas a assumirem um posicionamento no mercado, a partir de
uma revisão de sua história e da manifestação pública de sua intenção
estratégica, formalizada em termos de missão, visão e valores, que explicitam
o posicionamento estratégico da organização na guerra travada pela conquista
dos mercados.
Num planejamento estratégico a Missão é entendida como sendo o propósito
básico de uma organização e relaciona-se diretamente com o mercado onde
ela atua e com os produtos que produz ou comercializa. A Visão, por sua vez,
implica numa projeção da organização no futuro, ou seja, implica em explicitar
os objetivos que a organização pretende atingir a longo prazo, antevendo um
determinado posicionamento. Os Valores referem-se à postura ética adotada
que norteia a escolha de meios para consecução da missão e visão, ou seja,
188
refletem-se no comportamento da organização rumo aos fins propostos.
Infelizmente, nem sempre os valores declarados por uma organização o por
ela praticados.
12. 2 – Antecipação: Projeto, Jogo e Planejamento
Segundo Macedo (2006), vivemos na sociedade do projeto. Projetar significa
lançar-se à frente. Implica em considerar pelo menos dois tempos, o tempo
presente e o futuro. Envolve sempre, ainda que indiretamente, o passado,
visto que este explica o presente e pode ser escrutinado na busca por
informações. Assim como no planejamento, projetar demanda a capacidade
intelectual de antecipação o que, neste caso, envolve o binômio ser e tornar-se.
O mesmo pode acontecer na situação de jogo.
“No contexto do jogo e do projeto, o par ser/tornar-se está
presente, ainda que de modo complementar, pois invertido. O
jogo expressa um ser: bom jogador, vencedor (...) O projeto
expressa o querer tornar-se aquilo que constitui seu objetivo ou
meta, com a condição de ser ou estar no presente com este futuro
almejado” (MACEDO, 2006 pág. 31)
O jogo enfatiza a imanência, enquanto o projeto salienta a transcendência. Em
ambos, porém, a capacidade antecipatória torna-se fundamental, pois envolve
o reconhecimento das metas a serem atingidas. A capacidade de antecipar,
projetar, demanda a tomada de consciência das competências à disposição do
189
projetista e por isso é fundamental um bom conhecimento do contexto onde se
está inserido.
“o jogo pode ser utilizado como principal recurso para a realização
de um projeto (...) O centro de gravidade dos projetos encontra-se
no futuro, enquanto o dos jogos situa-se no presente.”(MACHADO,
2006, pág. 41,65).
Como se afirmou, projeto implica em movimento (pro jactum) e, enquanto
movimento, vida. Machado (2006) afirma que o projeto faz com que as
pessoas permaneçam sempre jovens, pois o jovem está sempre envolvido em
algum tipo de projeto.
O jogo sempre fez parte da vida dos seres humanos, porém o planejamento,
assim como os projetos são aquisições mais recentes. O que em comum
entre jogo e planejamento é o desejo e o prazer da realização, dado que
ambos definem metas a serem atingidas e situações problemas a serem
administradas para sua concretização. No jogo, o prazer de atingir tais metas,
ou administrar tais situações, está no presente, enquanto no projeto, está no
futuro. O jogo atua apenas no campo simbólico, enquanto o projeto, além
desse plano, deve realizar-se concretamente.
O jogo simula o presente, pois recria num plano simbólico, possibilitando,
simultaneamente, vislumbrar o futuro. Os projetos expressam o desejo das
realizações futuras e o planejamento viabiliza construção desse futuro, criando
190
fornecendo uma ponte entre o presente e o futuro. Portanto, o trinômio Jogo,
Projeto e Planejamento, parecem se complementarem perfeitamente.
“Se é certo que todo projeto nasce de uma ilusão, também o é
fato de que é preciso ir além dela. (...) Não vivemos sem projetos,
mas sem tal racionalização podemos permanecer cheios de
projetos e nunca vir a realizá-los completamente. A ação
consciente exige um planejamento adequado, uma utilização
racional dos meios e dos recursos, uma fixação de metas
principais, bem como uma avaliação permanente da estratégia
adotada e da eficácia das ões realizadas, tendo em vista
eventuais correções de rumo.” (MACHADO, 2006 pág. 66)
12.3 – O Planejamento no Processo Self-E
O Planejamento consiste na última atividade do processo Self-Empowerment,
ocorrendo, portanto, a revisão biográfica e a sondagem do participante a seu
eu mais profundo, por meio do Jogo da Transformação, realizado num
momento em que o coachee dispõe de todos os elementos necessários para
dar início a uma nova fase em sua vida.
A experiência com o Jogo é normalmente muito forte, como se afirmou, e o
participante encontra-se energizado ou empoderado, portanto, em contato com
o seu poder pessoal. Na fase do jogo ele já é capaz de visualizar, confirmar e
antever elementos importantes para a atualização de suas potencialidades e
para o desbloqueio de sua energia psíquica. Seus desejos começam a se
concentrar em projetos futuros.
191
A passagem do Módulo 2 para o Módulo 3 é suave, e inicia-se situando o
participante frente ao poder que foi acessado, para que ele possa dimensionar
sua capacidade de alterar determinados padrões em sua vida e dar novo
impulso à mesma. Sua primeira tarefa é, pois, definir sua missão de vida, para
a fase que ora se inicia.
12.3.1 – A Definição da Missão
O processo de definição da missão assemelha-se ao do estabelecimento do
foco. A missão é a razão de ser do participante, delimita seu papel, sua forma
de atuação, é a causa pela qual ele irá trabalhar para construir seu plano de
ação. Deverá orientar sua ação no período que se inicia. Sua formulação deve
necessariamente envolver os valores e as crenças do participante, pois será
usada como um mantra
54
de orientação. O participante é orientado a formular
uma frase curta, afirmativa e processual, que contenha os elementos de sua
biografia esclarecidos, ou que vieram à luz, durante a fase biográfica e,
principalmente, durante o Jogo da Transformação. Essa frase pode estar
relacionada aos Insights e/ou aos bônus de consciência e servirá de
“instrumento” para combater ou eliminar bloqueios e dores. Ao construí-la o
coachee não precisa mencionar esses elementos, pois o excesso de palavras
tornaria essa formulação impossível, mas deve procurar sintetizar aqueles que
lhe pareceram fundamentais. Usar uma o gerúndio na formulação da frase,
confere um caráter processual e facilita a mudança comportamental, como
54
Palavra do sânscrito, cuja raiz man, pensar, associada ao sufixo tra, instrumento, produz o
significado de instrumento de pensar. Assim, Mantras são palavras de poder, normalmente
dotadas de musicalidade.
192
se afirmou anteriormente. Esse enunciado verbal atua como uma semente a
ser lançada no Campo da Potencialidade Pura.
12.3.2 - O Plano de Ação
Todo processo de coaching visa à implementação de mudanças
comportamentais. A tarefa de se autoconhecer tem sentido se possibilita
mudanças que promovam correção de caminhos e atualização de
potencialidades. O slogan do processo Self-E - “Porque você é o líder de seu
Caminho de Vida! só ganha sentido se o participante empenhar-se no
processo de mudanças previsto por seu Plano de Ação.
Neste ponto do processo, o coachee o personal coach retomam a queixa inicial
que é ampliada à luz do processo biográfico e da sondagem realizada no Eu
Interior. O personal coach, compreende o movimento do participante como
resultante de sua necessidade de autotranscendência e autoatualização, como
um reflexo de seu momento existencial, ou do modo pelo qual ele atualiza seu
potencial.
a) Contextualizando os Desejos
Os seres humanos possuem muitos desejos, sonhos, esperanças ilusões. No
final do ano, por exemplo, as praias brasileiras ficam repletas de pessoas que
vão pular sete ondas”, para que seus desejos se realizem no ano que está
entrando. Evidentemente, muitas dessas pessoas ficam frustradas, não vêem
193
seus desejos serem realizados porque, evidentemente, sem estabelecer um
plano de ação coerente com os desejos, sem essa formulação, torna-se difícil,
se não impossível, transformar desejos em realidade.
Durante o processo de Self-Empowerment o participante foi instado a tomar
consciência de suas potencialidades (forças) e de suas fragilidades (fraquezas),
para que na fase de planejamento possa definir caminhos por onde queira
seguir de modo a reduzir as fraquezas e ampliar ou solidificar as forças: o
Plano de Ação ajudará a direcionar tais mudanças.
O coachee inicia o Módulo 3 ainda muito centrado no âmbito dos desejos. Os
desejos são compreendidos como fruto da movimentação da energia psíquica,
que tem origem na tendência à autoatualização e transcendência. O Plano de
Ação é, pois, um elemento chave do processo de empoderamento, pois deve
permitir ao participante colocar em prática as mudanças que almeja para sua
vida.
b) Objetivos e Metas
Um Plano de Ação é um conjunto articulado de objetivos e metas descritos de
maneira objetiva, materializado em comportamentos concretos passíveis de
serem atingidos e orientado a partir da missão que o participante estabeleceu
para si. Demanda o uso de uma estratégia, ou forma de pensamento, para que
as metas formuladas como comportamentos possam ser atingidas. Nesse
sentido, será fundamental traçar objetivos que definam o projeto de futuro, que
determinem onde o participante almeja chegar. Metas o ações concretas a
194
serem realizadas ou comportamentos que devem ser desenvolvidos para a
consecução dos objetivos.
O Self-E Objetivo é o produto final, o comportamento mudado, o lugar
conquistado, um estado de espírito atingido, um projeto que pode ser algo
intangível. Os objetivos devem ser descritos de maneira afirmativa. Por
exemplo: ser presidente da república, ser médico, tornar-se diretor de uma
empresa, comprar uma casa, comprar um carro, namorar, casar, ter filhos, ser
simpático, amigo, franco, equilibrado etc. Veja que nos primeiros exemplos
(presidente e médico) temos um foco profissional, enquanto os dois seguintes
(carro, casa) temos focos de ordem material. Em todos os demais temos focos
comportamentais e, portanto, de caráter predominantemente processuais e de
valor intangível. Quanto mais intangível for um objetivo, mais complexa será a
formulação do Plano de a Ação.
Para atingir seu objetivo o participante deve estabelecer metas. Um objetivo
pode visar várias metas. As metas, ao contrário dos objetivos, são todas
tangíveis, ou seja, têm a forma de ações e comportamentos concretos,
observáveis. Um Plano de Ação poderá ter vários objetivos e estes, por sua
vez, várias metas. É bastante comum que seja assim, pois os objetivos são
mais complexos que as metas.
Quando um objetivo é operacionalizado em metas, conquista concretude, ou
seja, base para realização. Por refletirem-se em ações, as metas devem ser
estabelecidas em função do tempo. Um objetivo pode também ser definido em
195
função do tempo. Na verdade, o tempo necessário para atingir um objetivo
depende, obviamente, da duração das metas propostas.
Nesta operacionalização de termos é muito fácil confundir objetivo e meta, pois
são bem parecidos e, poder-se até compreender as metas como um
detalhamento concreto do objetivo. Os objetivos, por sua vez estão muito
próximos dos projetos e dos desejos. É sempre importante lembrar que um
desejo pode não se realizar por haver um plano de objetivos e metas para
realização.
Por exemplo, uma pessoa pode ter o desejo (projeto) de ser presidente da
república. Este seu desejo transformar-se em objetivo quando ela traça um
caminho, um plano de ações. Assim, uma pessoa com tal objetivo deverá ter
por metas: primeiro, enveredar no campo da política filiando-se a um partido
político; depois, poderá militar no partido; assumir um cargo diretivo e tornar-se
conhecida dos partidários; conseguir apoio dos correligionários; tornar-se
candidata numa convenção partidária e vencer uma eleição para exercício de
um cargo executivo, para prefeito, por exemplo. E assim por diante, até atingir
seu objetivo. Evidentemente este exemplo é algo complexo e pode refletir um
objetivo de vida, mas um Plano de Ação o precisa ser tão gigantesco assim.
É importante lembrar que se diga que um Plano de Ação deve ser congruente
com a Missão do participante.
196
c) Competências
James C. Hunter (2006) começa seu segundo livro sobre a Liderança
Servidora, Como Tornar-se um Líder Servidor, com um dado estarrecedor. Ele
afirma que nos EUA as empresas empregam 15 bilhões de dólares por ano em
treinamento, desenvolvimento e consultoria para suas equipes de liderança. De
cada 100 pessoas que passam por um processo de treinamento desses,
apenas 10 conseguem realmente aplicar aquilo que foi ensinado. Essa é uma
questão que também pode ser observada, de maneira geral, na educação
formal, bem como, na vida das pessoas. É por isso que diversos sistemas
educacionais, incluindo o brasileiro, têm se preocupado, cada vez mais, em
focalizar os processos educativos pela ótica da construção ou desenvolvimento
de competências.
Tomando a definição de competência como aquela capacidade de agir a partir
da mobilização dos conhecimentos, habilidades e atitudes adequadas para
realização de determinada ação (BERNI,2004, 2005c), vê-se que essa
mobilização se articula entre os aspectos psicofilosóficos, que configuram a
Visão de Mundo e os instrumentais habilidades, conhecimentos e atitudes. (Ver
figura 21)
197
Fig. 21 – Conceito de Competência (BERNI, 2005c)
Nesse esquema é possível perceber que o ponto central de uma competência
é algo absolutamente intangível, ou seja, a capacidade de mobilização.
No processo Self-Empowerment o participante tem oportunidade de tomar
consciências de sua visão de mundo, ao longo do processo de reflexão
biográfica ocorrida durante o Módulo 1, onde tais elementos devem ter se
tornado evidentes.
A partir desses elementos de consciência, a questão que se coloca diz respeito
ao fato de o participante estar apto, reunir as competências necessárias para
realizar as mudanças reconhecidas como imprescindíveis pra a consecução de
seus objetivos.
James Hunter aponta para uma falha comum a muitos processos educacionais,
que, de maneira geral, atuam apenas no nível do conhecimento. É importante
lembrar que a vida é, toda ela, um grande processo educacional e uma grande
198
Teia Cósmica, como afirma o Movimento New Age. Durante toda a vida as
pessoas estão aprendendo. Ao rever sua biografia, o participante amplia o
conhecimento sobre si mesmo e, torna-se capaz de reconhecer à necessidade
de desenvolvimento de algumas competências, desenvolvimento esse que
demanda um plano de ação.
Enfrentar essas questões é a chave para implementar mudanças. É
fundamental que o participante esteja disponível e aberto para enfrentar um
processo de desenvolvimento de habilidades e atitudes, que tornam possível a
integração de conhecimentos que ele já possui, mas que demandam adequada
mobilização, para tornar produtiva a situação.
d) Plano de Ação e Competências
A noção de competência parece ser muito útil ao propósito de mudar
comportamentos em função de um Plano de Ação. Um objetivo, por exemplo,
pode ser entendido como o reflexo de uma necessidade de construção de
determinada competência.
Conhecimentos o geralmente abstrações realizadas sobre processos. Num
plano de ação a aquisição de conhecimentos pode estar materializada em
metas intelectuais, como por exemplo, realizar leituras e cursos. Atividades
dessa natureza atuam sobre as pessoas prioritariamente através da razão. As
habilidades demandam vivência, prática, o fazer, enquanto as atitudes
associam-se às crenças mais profundas, sendo pois, mais associadas ao
199
emocional. Essa tríade metas intelectuais, habilidades e atitudes é composta
de elementos que retroalimentam-se e isso precisa ser cuidadosamente
considerado para a consecução das mudanças pretendidas.
Por exemplo, uma pessoa que almeja perder peso. Ela pode ter por meta
estudar o assunto: ler livros conhecer diferentes dietas, entender o processo de
metabolismo etc. Essa meta situa-se prioritariamente no nível do conhecimento.
Pode, também, estabelecer um regime alimentar, e então, sua meta
comportamental, e atitudinal. Pode, ainda, iniciar uma atividade física uma
meta situada prioritariamente ao nível da habilidade: caminhar, correr, fazer
ginástica, praticar yoga etc.
e) Fluxo de um Plano de Ação
Já se afirmou que um Plano de Ação pode ter vários objetivos e metas ou pode
ter apenas um objetivo e diversas metas, dependendo das necessidades
individuais dos participantes. (Ver figura 22)
200
Fig. 22– Fluxo de um Plano de Ação
O Objetivo é formula a materialização de um desejo e a meta, a de um
comportamento passível de ser realizado. Os objetivos podem ser Profissionais,
Materiais, Atitudinais etc. No processo Self-E evita-se qualquer tipo de
classificação prévia, de modo que o participante possa estabelecer livremente
as classificações que lhe parecem mais adequadas. (Ver figura 23)
201
Fig. 23 – Exemplo de Plano de Ação
Este participante estava terminando seu MBA Executivo. Seu objetivo, “Tornar-
se Diretor” refletia um avanço necessário em sua carreira. A meta “curso de
inglês”, atua mais ao nível do conhecimento; o happy-hour e os almoços visam
a ampliação do network (rede de relacionamentos) e, por fim, o cadastramento
do currículo em sites especializados caraceteríza-se como meta operacional.
Observe-se que para esta meta foi lançado um custo baixo, com o
complemento “nenhum”, pois existem sites onde os currículos podem ser
cadastrados sem custo algum.
Objetivo (1):
TORNAR
-
ME DIRETOR COMERCIAL
Área: Profissional
Meta 1: Melhorar o inglês, fazer curso intensivo de segunda a sexta-
feira, das 19h30 às 22hs.
Investimento Previsto: R$ 1.500,00 (mês)
Tempo: de março a novembro
Meta 2:
Melhorar o relacionamento com os colegas de trabalho,
dentro e fora da empresa. Para isso vou marcar pelo menos um
happy-hour
e um almoço por mês com colegas de dentro e de fora da
empresa
Investimento Previsto: R$ 150,00 (mês)
Tempo: 1º Semestre
Meta 3: Fazer uma revisão de Currículo e cadastrá-
lo em sites
especializados
Investimento Previsto: R$ 50,00 (mês) /nenhum
Tempo: 1 ano
202
Capítulo 13
POSSIBILIDADES E CONTRIBUIÇÕES DO MÉTODO SELF-E
_______________________________________________________________
13.1 – Análise da Trajetória da Operação do Processo
O Processo Self-Empowerment, como se viu, ocorre basicamente via Internet.
Hoje conto com um suporte profissional para divulgação, hospedagem, bem
como para a aprendizagem - AVA (Ambiente Virtual Aprendizagem), o que
impõe um custo fixo para o processo.
No início tudo era realizado em sites públicos. A publicação de conteúdo
informativo de divulgação foi originariamente alocada no Geosites do Yahoo,
que fornecia a hospedagem gratuita das páginas na web, a partir de modelos
padronizados. Esta ferramenta mostrou-se útil para iniciar o projeto on-line,
porém a padronização oferecida acabou limitando a possibilidade de adequar o
203
conteúdo às necessidades mais específicas de divulgação e assim, optei por
um sistema privado.
Como AVA, utilizei inicialmente as Salas de Aula Virtuais, também gratuitas,
oferecidas pela UNIVERSIA. A mudança para um sistema privado ocorreu em
função da necessidade de garantir maior privacidade ao cliente, possibilitando
acessos individualizados aos participantes, mediante senhas e logins
específicos, procedimento nem sempre possível nos sites abertos.
Uma idéia inicial, que se mantém até o presente, é a de que é possível
encontrar conteúdos de qualidade na Internet, bastando para isso apenas
tempo e um bom critério de seleção. Esta é uma rotina contínua do personal
coach no processo Self-E e dela vai se formando uma Webteca rica e
abrangente. Continuo cada vez mais agradavelmente surpreso com a
abundância e riqueza de material que pode ser encontrada em vídeos, textos e
material de áudio na Internet, além de sites instrutivos. A Aldeia Global livre e
democrática é, sem dúvida, uma realidade no espaço virtual.
A divulgação e a captação de clientes se deu a princípio pelo oferecimento de
bolsas a amigos, ex-clientes. Essa situação foi rapidamente revertida, a partir
das indicações feitas por essas pessoas fruto da satisfação obtida e os
benefícios recebidos ao longo de seus processos. A veiculação de
depoimentos tem sido um importante elemento para ajudar pessoas que têm
receio de processos on-line, visto que tais relatos ajudam a conferir
confiabilidade ao processo. O mesmo pode se dizer do oferecimento de um
204
período de sete dias para teste sem ônus. Todos os que iniciaram nesta
condição continuaram até o final do processo.
A questão temporal é, sem dúvida um dilema contínuo. O Jogo da
Transformação, com data pré-definida, imprime um ritmo ao trabalho. Todavia,
cada participante individualmente desconhece esse fato, o que exige do
personal coach uma presença constante no sentido de ajudá-los no controle do
tempo, garantindo um tônus adequado à realização do trabalho. Trata-se,
porém de uma habilidade que demanda sutileza e que foi por mim
desenvolvida durante o processo de coaching. Essa habilidade acha-se
diretamente relacionada ao contrato de cooperação.
A comparação de processos individuais, nos quais o Jogo não tem uma data
pré-estabelecida para acontecer, com os processos grupais, de pessoas que
iniciaram num grupo e tiveram que ser alocadas em outro, em função de suas
dificuldades para acompanhar o ritmo de seu grupo de origem, fez com que a
duração fosse alterada: o tempo foi dilatado de trinta para quarenta dias ou seis
semanas, o que tem se mostrado bastante adequado. Assim, temos 20/25 dias
para a reflexão biográfica, 5/10 dias para a eleboração do foco e sondagem do
Eu Interior e 15/20 dias para a formulação do Plano de Ação.
205
13. 2 – Contribuições do Processo aos Participantes
Realizei uma sondagem junto aos participantes a fim de aferir as contribuições
que o processo teria trazido para suas vidas. Todas as pessoas que se
submeteram ao Self-E foram contatadas
55
.
O Instrumento de Avaliação do Processo (Anexo I) foi enviado via E-Marketing,
uma ferramenta que permite monitorar o fluxo de recebimento e abertura de
mensagens. O e-mail foi encaminhado sob o título “SELF-E: Pesquisa de
doutoramento”, vinte pessoas abriram a mensagem e dessas treze
responderam à solicitação. O grupo que compôs a amostra foi classificado em
quatro faixas etárias: 30-39 anos; 40-49 anos; 50-59 anos e 60-69 anos. A
média de tempo transcorrido entre a finalização do processo até a data da
sondagem foi de 9 meses, variando num intervalo entre 2 a 17 meses, ou seja,
desde o participante que concluíra o seu processo 17 meses antes da
sondagem até outro que o concluíra há apenas 2 meses. Foram nove mulheres
e quatro homens.
O Instrumento de Avaliação apresenta cinco perguntas abertas. As respostas
foram tabuladas em sua forma integral (Anexo II). Foi realizada uma análise
das respostas a partir da qual o conteúdo foi sintetizado (Anexo III) conduzindo-
se às seguintes considerações:
55
Na verdade quase todas pessoas foram contatadas. Na ocasião dessa pesquisa dois dos
primeiros participantes, após um ano e sete meses do término de seu primeiro processo,
estavam realizando o trabalho por uma segunda vez e, como estavam no meio desse
processo, não foram solicitadas.
206
uma certa homogeneidade nas razões declaradas pelos participantes para
participação no processo, concentrando-se em questões de relacionamento
profissional e pessoal, além as de ordem financeira, denotando todas uma
necessidade de revisão do projeto de vida, em função de crise em alguma
dessas áreas.
Os participantes afirmam-se satisfeitos quanto aos resultados obtidos, sendo
bastante freqüentes os comentários sobre o aumento da percepção de si
mesmos, ou sobre ganhos de consciência quanto às próprias potencialidades
e dificuldades, além de valorizarem possibilidade de da instrumentalizarem-se
para a resolução da problemática em que estavam envolvidos. Relatam,
também, a vivência de sentimentos de paz, centramento, equilíbrio e conexão
consigo mesmos, além da percepção de novas formas de agir.
Declaram que percebem a si mesmos em processo de crescimento, a partir de
uma sensação de integridade, congruência e foco que a vida parece haver
adquirido graças ao processo. Identificam em si próprias uma aspiração pela
continuidade do crescimento, seja a partir de psicoterapia, ou da consulta ao
material produzido durante o processo, sem excluírem a importância de
manterem a conexão com o Campo da Potencialidade Pura.
No que diz respeita às transformações, houve uma grande variedade de
respostas, que apontam para as particularidades da busca inicial de cada
participante. De maneira geral, denotam alegria de viver: equilíbrio emocional
207
centrado em valores universais; melhoria na habilidade de comunicação e na
capacidade de definir focos para o próprio desenvolvimento.
Os conteúdos e encaminhamentos do Módulo I Biográfico, e do Módulo II
Sondagem ao Eu Interior foram destacados como muito relevantes, por parte
de alguns participantes porém, de maneira geral, pode-se perceber uma
grande valorização do processo como um todo, acompanhada do desejo de
continuidade ou realização de novo processo.
As menções referentes à qualidade da condução do processo, ou tutoria,
reforçam as características descritas no Contrato de Cooperação entre
personal coach e o coachee, e indicam que as atitudes fundamentais da ajuda -
Consideração Positiva Incondicional, Compreensão Empática e Congruência -
preconizadas pela Abordagem Centrada na Pessoa, podem efetivar-se numa
interação a distância de modo a contribuir para o Desenvolvimento Humano.
13.3 – Limitações e Possibilidades do Processo
Analisando as razões de interrupção do processo por parte de algumas
pessoas, concluo que o principal fator de limitação tenha sido a fluência digital,
sobretudo para a escrita eletrônica, ou seja, a digitação. Este é um aspecto
para o qual não possibilidade de se oferecer suporte, pois se a pessoa não
tiver a mínima fluência na digitação será muito penoso para ela elaborar sua
história por escrito.
208
É de extrema importância que o personal coach domine os instrumentos que
utiliza a fim de poder oferecer ao participante a segurança necessária para que
ele possa se lançar no ciberespaço para exploração de si mesmo. Isto parece
contribuir expressivamente para o estabelecimento do vínculo de confiança.
Pude ajudar uma pessoa que o sabia usar os recursos de acentuação de
seu laptop; outra recebeu uma mensagem e, como usava o Word no modo de
exibição “normal”, o conseguia ler os comentários feitos através da
ferramenta “inserir comentário” e foi preciso instruí-la a mudar o modo de
exibição para o “layout de impressão”; outro participante queria enviar e-mails
diretamente do Word, então, ofereci suporte para que ele conseguisse fazê-lo.
A principal limitação, entretanto parece ter sido de ordem pessoal, ou seja,
ocorreu que uma pessoa dotada da necessária fluência digital, porém
desprovida de disposição interna necessária colocar-se em reflexão o deu
continuidade ao processo. Houve uma participante que construiu uma grande
expectativa, em função de haver observado a alegria e as mudanças favoráveis
ocorridas com uma amiga que havia se submetido ao processo. Depois de
inúmeros e-mails e tentativas de iniciar o processo, em função de limitações de
tempo e local para reflexão, finalmente iniciou. Todavia, por mais que eu
tentasse, não consegui motivá-la para o trabalho exigido por uma reflexão em
profundidade. Cheguei a elaborar um questionário com mais de cinqüenta
questões, tentando convidá-la, motivá-la a refletir, mas o efeito foi muito restrito.
Conclusão: essa pessoa terminou o processo manifestando sua satisfação
56
,
56
Em todos os processos é solicitado ao participante que faça uma avaliação da tutoria e do
material utilizado fazendo críticas e oferecendo sugestões para aprimoramento. Essa foi uma
209
todavia, tanto ela quanto eu sabíamos que o processo não respondeu a suas
expectativas. Desde então, todos os participantes são advertidos de que o
processo responderá a suas expectativas na medida exata de sua dedicação,
como ocorre, aliás, com qualquer processo de aprendizagem ou terapêutico.
Todavia, levando-se em conta as exigências do ambiente virtual e o perfil do
aluno on-line, conforme descrito no capitulo cinco, tais questões tornam-se
mais relevantes. Uma vez mais enfatizo aqui a importância do tutor como
elemento catalisador do processo, pois a mediação torna-se fundamental em
casos semelhantes a esse que, a partir dessa interação, reagiram muito
satisfatoriamente.
A sincronicidade descrita por Jung (1985) como um princípio de conexão
casual, que confere integralidade às relações, ou uma percepção holística da
realidade, é um fator que tem chamado atenção no processo. Seja pelo caráter
complementar, como mencionou um dos participantes em sua avaliação, ou
pela semelhança de questões, reflexões e sentimentos que muitas vezes são
vivenciados pelos participantes durante a sondagem ao Eu Interior no Jogo da
Transformação.
Com a popularização da Internet e a crescente ampliação do acesso à rede,
um número cada vez maior de pessoas têm mostrado interesse pela proposta,
o que indica tratar-se de uma área em expansão. A análise das estatísticas de
acesso ao site informativo, revela altos índices de procura advinda dos Estados
Unidos e da Europa, onde é sabido a existência de mais usuários de Internet.
das pessoas que não atendeu ao chamado de avaliação do processo para a presente
pesquisa.
210
Seriam eles brasileiros? o tenho resposta para esta questão. uma
campanha de divulgação do processo para brasileiros residentes fora do país,
mas não tenho, ainda, nenhuma informação de sua efetividade. Tenho
recebido solicitação de informações por parte de pessoas residentes em outros
estados, entre os quais Roraima e em outros países entre os quais
Moçambique e Canadá. Isso me levou ao desenvolvimento de uma modalidade
de atendimento totalmente on-line, sendo que nessa modalidade, o Jogo da
Transformação acontece, numa adaptação em modo síncrono, via Skype ou
MSN. houve mediação de processos nesta modalidade, com pessoas
residentes no Canadá e no estado do Rio de Janeiro. Os resultados
mostraram-se o satisfatórios quanto os obtidos por participantes que
realizaram um encontro presencial.
O trabalho assíncrono parece oferecer grande flexibilidade à atuação do
profissional. É possível conciliar uma rotina de trabalho e atendimentos
presenciais no horário comercial, com atendimentos on-line, sem que haja
interferência mútua. Isso exige do personal coach, entretanto, organização e
agilidade, além de recursos tecnológicos adequados e bom domínio dos
mesmos.
O uso de um espaço virtual com memória para arquivo de documentos, como
acontece num AVA, tem se mostrado extremamente útil. tive oportunidade
de estar em viagem de férias ou profissional, sem que os processos tenham
sofrido qualquer solução de continuidade.
211
Do ponto de vista tecnológico, o uso do laptop tem se mostrado muito útil, por
garantir ao personal coach flexibilidade para deslocamento. Porém a
atualização do hardware requer ainda um investimento substancial e, não raro,
a troca de todo o equipamento em períodos relativamente curtos (1 ano) se faz
necessária.
212
CONCLUSÃO
A pesquisa aqui descrita foi realizada com o objetivo de buscar a compreensão,
do ponto de vista teórico e prático, do Processo Self-Empowerment, um
método de Personal Coach via Internet, e de suas possíveis contribuições para
o desenvolvimento humano. Os dados de pesquisa possibilitaram situar esse
processo no contexto do Aconselhamento Psicológico, sendo que, nesse
contexto, o Self-Empowerment apresenta as seguintes peculiaridades: utiliza
uma abordagem teórico-prática transdisciplinar; caracteriza-se como
pertencente ao campo da Psicologia Transpessoal e sua ênfase teórico-prática
recai na Abordagem Centrada na Pessoa, proposta por Carl Rogers.
Pôde-se constatar que o método Self-Empowerment favorece de modo
bastante expressivo os processos de auto-conhecimento e de auto-realização,
na medida que possibilita ao participante uma ampliação do nível de
consciência de si mesmo, o que inclui melhor compreensão das próprias forças
213
e fraquezas e ampliação de conhecimentos relativos à estrutura e dinâmica
psíquicas que lhe são próprias.
No que diz respeito ao processo de auto-atualização, mostrou-se bastante
favorável a utilização do recurso de conduzir o participante ao estabelecimento
de um plano de ão. Tal método possibilita a definição de metas para o
desenvolvimento de novas habilidades, para o fortalecimento de atitudes
favoráveis à consecução dessas metas e, simultaneamente, para o
enfraquecimento ou mesmo neutralização de outras que, ao contrário,
dificultam ou bloqueiam o desenvolvimento pessoal.
O impulso para a auto-atualização, dinamizado por esse método e o interesse
pelo desenvolvimento de novas habilidades, ou aprimoramento de habilidades
já existentes, não raro levou participantes a investirem na continuidade de seus
processos de auto-conhecimento, a partir da psicoterapia, por exemplo.
Considerando-se aspectos relativos ao âmbito da pesquisa sobre novos
métodos de auto-conhecimento via Internet, esta investigação demonstrou que
as atitudes de ajuda, conforme preconizadas na Abordagem Centrada na
Pessoa, são passíveis de serem vivenciadas no ciberespaço, e podem
contribuir significativamente nos processos de desenvolvimento humano. Desta
forma, a prática do aconselhamento psicológico no espaço virtual e da própria
psicoterapia on-line, que integram uma nova realidade, em franco
desenvolvimento, constitui um novo campo de atuação para o psicólogo.
214
As limitações observadas para o desenvolvimento de um trabalho desta
natureza, situam-se no mesmo nível das limitações observadas em outras
abordagens presenciais, ou seja, acham-se condicionadas à disponibilidade
pessoal do participante. Acrescenta-se a isso, nos atendimentos realizados no
ciberespaço, todavia, uma observação relativa à necessidade do profissional
estar muito bem versado no aparato tecnológico utilizado, para que processos
desta natureza sejam produtivos.
No âmbito do Movimento New Age, a pesquisa contribuiu também para a
sistematização de conhecimentos, tanto do ponto de vista da Abordagem
Transdisciplinar, quanto do ponto de vista da Psicologia Transpessoal,
sobretudo no que diz respeito à elucidação do Jogo da Transformação à luz
dessas abordagens.
O Jogo da Transformação demonstrou ser um eficiente instrumento psico-
espiritual de sondagem da psique humana, além de mostrar-se bastante útil
para fomentar processos de autoconhecimento,
215
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228
ANEXO I – Instrumento de Avaliação do Processo Self-Empowerment
_______________________________________________________________
Olá,
O Processo de Personal Coaching - Self-Empowerment do qual você se
submeteu há algum tempo atrás, está sendo objeto de minha pesquisa de
doutorado. Nenhum elemento de seu processo está sendo, nem será usado
nesta pesquisa que trata exclusivamente um procedimento descritivo, cujos
fundamentos teóricos e metodológicos estão sendo descrito em detalhes. O
que estou fazendo, portanto, é contar como a Psicologia Transpessoal
fundamenta teoricamente o processo, quais os critérios para a realização do
trabalho biográfico, e outras coisas dessa natureza.
Essa pesquisa que já vem sendo realizada há bastante tempo, aproxima-se de
seu final. Talvez eu tenha tido oportunidade de comentar isso com você. Na
verdade estou finalizando esse trabalho, e agora que já decorreu um certo
tempo da finalização de seu processo, gostaria que você pudesse fazer uma
avaliação desse processo. Trata-se de algo simples, mas muito importante
para mim, portanto se você se dispuser a colaborar fico-lhe muito grato. Caso
não possa não é preciso dar nenhum tipo de justificativa, eu compreenderei
perfeitamente.
A seguir apresento um breve formulário de avaliação. Por favor, responda e me
retorne o mais brevemente possível.
Muito obrigado,
Luiz
Por favor responda:
1) Por que você procurou o Processo Self-Empowerment?
2) Quando seu processo foi finalizado você ficou satisfeito(a) com o
resultado? Por favor explique as razões:
3) Você acha que o processo contribuiu de alguma forma para seu
crescimento pessoal? Em caso afirmativo, por favor explique como.
4) A quais transformações ocorridas em tua jornada existencial você atribui
a ação do Processo Self-Empowerment?
5) Gostaria de acrescentar algum comentário?
229
ANEXO II – QUADRO COMPARATIVO DE AVALIAÇÃO DOS PARTICIPANTES SOBRE O PROCESSO SELF-E
ID
Numero de ordem
M – Masculino
F Feminino
Idade aproximada
Por que Self-E? Satisfação Contribuição
Crescimento
Transformações Comentários
1
RR
(f)
(60)
Buscar formas para
libertar-me de
bloqueios de
personalidade que me
impedem de ter um
relacionamento afetivo
significativo e
duradouro.
Percebi questões de
relacionamento familiar
que demandavam ação
urgente, uma questão
central que foi
revitalizada
Sem a menor sombra de
dúvida: Durante o processo
pude identificar que antes
de me dedicar às relações
afetivas ou familiares, eu
deveria cuidar de minha
casa-corpo. Tenho
procurado fazer isso.
Maiores cuidados com o
corpo, maior
preocupação com a
reivindicação de meus
direitos nas relações
afetivas e nas
econômicas.
Fiquei impressionada
com a ocorrência de
muitas sincronicidades
importantes e
favoráveis durante o
processo, e logo
depois de seu
término. Atribuo a
ocorrência de tais
sincronicidades ao
poder pessoal de
Berni, à força de seu
Eu Superior e à boa
sintonia estabelecida
entre nossos Eus
Superiores.
2
MC (m)
(40)
Fui indicado por uma
grande amiga, S. Estava
a procura de respostas no
meu relacionamento
conjugal e profissional e
encarei a oportunidade.
Havia tentado outras
formas de enfrentar a
minha realidade de
relacionamento, no Self
me foi dada a
oportunidade de reviver
momentos
muito importantes em
minha vida e acabei por ter
um grande desafio
(durante o processo) e de
certa forma consegui
muitas respostas para
melhorar o que não estava
bem
Sim. Porque hoje vivo uma
vida de verdades e estou
livre de qualquer ameaça,
sou feliz assim e estou com
energias muito mais
positivas.
No momento do curso,
à minha vida pessoal
com o meu
relacionamento afetivo.
foi um processo muito
bom e gostei muito de
ter participado. O Luiz
é realmente uma
excelente pessoa
como havia dito a
pessoa que me
indicou.
230
ID
H homem
M mulher
Por que Self-E? Satisfação Contribuição
Crescimento
Transformações Comentários
3
CR
(m)
(40)
Procurei porque a minha
amiga me falou sobre
este processo que muito
havia ajudado a ela.
Então, eu liguei e senti
uma coragem forte
dentro de mim de me
enfrentar este desafio
comigo mesmo. Eu
realmente precisava de
uma ajuda. Fiz duas
vezes, uma para o
profissional outra para os
relacionamentos. Mesmo,
passando por uma fase
difícil financeira eu
paguei os dois e me
senti realizado e pleno. A
minha vida estava
totalmente desajustada e
sem limites, eu mesmo
me perdi dentro do meu
destino. Precisava
alguém espiritual e firme
na convicção no que
fazia e encontrei você
Berni.
Fiquei satisfeito, sim.
Primeira razão, encontrei
uma paz interior e um
amor por mim mesmo
incrível, sendo assim
comecei a trabalhar bem
e focado no meu objetivo.
Os clientes ficarão felizes
também com minha nova
postura e nos trabalhos
sociais também.
Segunda razão, a
qualquer momento
recorro a minha pasta
preta e leio tudo do
começo ao fim, me sinto
fortalecido. Leio as frases
antes de dormir. Acabou
com muita energia
dispersa em minha vida,
o segredo está na
atenção e realmente na
convicção do que é pra
você. Consegui realizar
alguns planos financeiros
e materiais. Estou com
quase todos concluídos,
ainda falta.
Sim. Como falei estou
calmo e centrado nos
objetivos e comecei a ter
limites claros em
minha
vida.Hoje, estou bem
confiante em mim mesmo
e é difícil falar do
crescimento pessoal
porque não há divisão,
sou feliz no momento,
mesmo tendo algumas
dificuldades sei enfrentá
las. Sinto muita saudade
do Berni e do processo
em si eu fiquei totalmente
absorvido, foi mágico e
incrível como eu me
dediquei e me senti tão
bem.
Dedicação, libertação e
descanso, e atenção no
processo, enfim, preciso
haver uma entrega nos
braços do mestre e
discutir com ele em
diálogo sincero.
Vamos fazer o terceiro
a qualquer dia, que tal
se tivéssemos a
oportunidade fazer o
jogo dos anjos
novamente após um
tempo do processo.
231
ID
H homem
M mulher
Por que Self-E? Satisfação Contribuição
Crescimento
Transformações Comentários
4
ML
(f)
(40)
Querido Luiz, vou
responder com muito
carinho. Sua ajuda foi
preciosa. Porquê me
auxiliou a ver o valor de
tudo que eu sou e
aprofundar o
conhecimento de mim
mesma. Vou escrever
com calma,
5
MCD
(f)
(40)
Para aparar
algumas arestas
emocionais que
estavam fora da
minha capacidade de
compreensão e
portanto
atrapalhando o meu
equilíbrio interior.
Sim, consegui
compreender a situação e
interiorizar a solução.
Sim. Na medida em que me
ajudou a solucionar um
obstáculo bastante difícil para
mim, com o qual hoje convivo
de forma tranqüila, o processo
me permitiu ser mais inteira e
portanto melhor
Atribuo ao Self-
Empowerment a melhora
imediata das minhas
relações sociais (família e
amigos), bem como a
energia necessária para
retomada do meu
desenvolvimento
profissional na forma de
cursos para abertura de
nova frente de trabalho.
O processo, embora
curto foi completo, desde
a sintetização do
problema até a mudança
de postura consciente
que me permitiu resolver
meu problema.Foi para
mim extremamente
eficiente e prático.
Acredito que equilíbrio
e energia interior são
atributos fundamentais
para uma vida plena e o
Processo do Self-
Empowerment excelente
caminho para chegar a
eles.
232
ID
H homem
M mulher
Por que Self-E? Satisfação Contribuição
Crescimento
Transformações Comentários
7
EK
(f)
(30)
Na
Na ocasião uma das
matérias do meu curso
universitário era DPP-
Desenvolvimento
Pessoal e Profissional.
O Processo Self-
Empowerment atendia
minhas necessidades
pessoais e conciliava-
se com o material
desenvolvido para estu
do da DPP, apenas uni
o útil ao agradável e
obtive um resultado
plausível e de imensa
consideração.
Sim, muito. Consegui me
observar de forma que
nunca havia feito antes,
pude ver a transparência
da minha imagem através
das máscaras que utilizo
para me defender e pro
conta disso pude buscar a
instrumentação adequada
para superar as
deficiências e aprimorar
as qualidades.
Si
m, imensamente. Tanto
eu mesma quanto os
amigos que me rodeiam
puderam perceber as
transformações durante a
trajetória que percorri
através do curso. Estou
consideravelmente menos
antenada e paranóica. Não
me considero outra pessoa,
mas uma pessoa em fase
de lapidagem.
Te
nho desenvolvido cada
vez mais as qualidades:
paciência, prudência,
auto-domínio e
moderação.
Ainda há muito o que
trabalhar, mas a
recompensa que
obtive através do
curso é impagável.
Antes da matrícula no
curso eu estava
prestes a enlouquecer
ou a abandonar todo o
esforço de uma vida
inteira, agora estou
aprendendo a
conduzi-la racional e
emocionalmente de
forma producente.
233
ID
H homem
M mulher
Por que Self-E? Satisfação Contribuição
Crescimento
Transformações Comentários
9
EO (f)
(50)
Rever vida pessoal e
profissional,para
empreender uma
renovação funcional.
Fiquei plenamente
satisfeita , pois, conseguir
voltar ao meu equilibrio
com serenidade e
tranquilidade, depois de
conversar e ouvir muito
sobre minha vida pessoal
e profissional, durante
todo o processo.
Esse processo me auxiliou a
lidar com a ansiedade de
um momento difícil de vida
e passar para um momento
de reflexão, buscando
direções de vida.
Numa devolutiva, me foi
apontado que eu
precisava trabalhar para
me perdoar, pq eu não
estava me perdoando
por algumas opções
(escolhas) que fiz, ou
tive que fazer na vida -
isso calou fundo nesse
momento de vida. Então
resolvi rever todas as
vezes em que eu não
tinha me perdoado e
estou conseguindo
"purgar" uma a uma,
em terapia ( alías,
participar desse
processo acelerou
minha compreensão de
vida, a ponto de estar
em processo de alta).
Creio que a
assertividade e
sensibilidade do tutor
foram fundamentais
no acompanhamento
do meu processo de
crescimento. É isso,
Luiz! Agradeço "de
coração" seu
acompanhamento.
234
ID
H homem
M mulher
Por que Self-E? Satisfação Contribuição
Crescimento
Transformações Comentários
10
HC
(f)
(50)
Confiança no trabalho
do Berni, elaborar em
tempo justo e cobrar
preço justo nos mapas
astrais e sérios
problemas financeiros.
Fiquei satisfeita, mas
ficou um gostinho de
quero mais (rs). A
autobiografia foi um
aspecto fundamental
neste processo, pois
mobilizou os aspectos
inconscientes reprimidos.
O Luiz fez apontamentos
primorosos, levando-me
a perceber aspectos que
eu desconhecia, além de
pesquisar e enviar sites
que me ajudaram
sobremaneira. Na
verdade, o processo
superou as minhas
expectativas, pois apesar
de não haver o contato
próximo ao longo do
processo, o encontro no
Jogo da transformação,
com o Luiz e um outro
cliente, foi muito mágico,
pois os nossos problemas
se complementavam,
além de que, o encontro
se revestiu de um
aspecto sagrado, pois
estávamos lidando com o
nosso Self individual e
grupal.
Contribuiu sim, por várias
razões. Conheci mais um
pouco a meu
respeito, Aluguei um
consultório próximo de
casa, estou sendo mais
rápida para fazer os mapas
e cobrando um preço mais
justo pelo meu trabalho. E
agora, estimulada pelo
processo, voltei a fazer
terapia.
A paz interior que
alcancei referente à
perda do meu filho
Rafael, deve-se à
intuição iluminada do
Luiz, que elaborou junto
comigo este assunto de
uma forma sensível,
com muito sentimento e
senti que sofremos
juntos neste processo.
Agradeço ao Cósmico
e ao Berni a
possibilidade de ter
feito este processo,
pois significou a
construção de mais
uma ponte para eu
continuar o caminho
da minha vida.
235
ID
H homem
M mulher
Por que Self-E? Satisfação Contribuição
Crescimento
Transformações Comentários
11
SF
(f)
50
Eu estava em um
momento de muitas
mudanças na minha
vida e precisava me
conhecer melhor.
Como eu dispunha de
pouco tempo para
encontros presenciais,
o fato de ser um
processo individual e
com acompanhamento
a distancia contribuiu
para que eu
participasse do
processo.
Sim, eu fiquei satisfeita
porque tive a
oportunidade de rever a
minha trajetória e
entender algumas coisas
na minha vida
relacionadas a esta
trajetória. Eu senti muito
por nao ter tido tempo
para aproveitar melhor as
atividades e me
aprofundar nas mesmas.
Eu penso que ficaria mais
satisfeita se tivesse mais
tempo para me dedicar
as atividades.
Eu penso que o processo
contribuiu para que eu me
conhecesse melhor e
impulsionou algumas
reflexões sobre a minha
vida e meus planos futuros.
Foi uma sensibilização
inicial para o meu
crescimento pessoal.
Visão melhor de meus
processos internos e
direcionamento de
minhas ações para o
refinamento de minhas
relações interpessoais.
Eu penso que este é
um processo muito
rico e que depende
muito da
disponibilidade, do
envolvimento e do
aprofundamento do
participante. Todas as
pessoas podem
participar, mas só é
possível uma mudança
se houver um esforço
grande de dedicação e
envolvimento nas
tarefas propostas.
Sugiro que o encontro
do grupo seja repetido
um tempo após a
finalização das
atividades, para
avaliacao e reflexao
sobre o processo.
236
ID
H homem
M mulher
Por que Self-E? Satisfação Contribuição
Crescimento
Transformações Comentários
12
LGM
(m)
30
Busquei o processo em
um momento que não
estava satisfeito com a
minha vida e, ao
mesmo tempo, pela
primeira vez, tinha
dificuldades de
visualizar um foco,
definir uma ação,
metas, prioridades, ou
mesmo o quê gostaria
que acontecesse para
que esse sentimento
pudesse ser mudado.
Saí do processo com a
visão de qual eram os
meus principais
problemas, com um
traçado de caminho a ser
tomado e, conhecimento,
força e motivação para
resolvê-los.
Ajudou-me a reconhecer
mais profundamente as
minhas potencialidades e
fraquezas e, descobrir,
preparar e traçar rumos,
buscando em mim a certeza
e vontade de segui-los.
O processo foi o
“gatilho” e catalisador
inicial para uma série de
mudanças e
crescimentos que
passaram acorrer e que
ainda estão em
andamento. Voltei a
fazer terapia, o que me
permitiu (e ainda
permite) rever (e
mudar) uma série de
padrões, desfazer nós, e
vícios que me prendiam
à situação em que
estava. Iniciei uma
busca de crescimento
profissional que
culminou em uma ótima
oportunidade, grande
crescimento, e na
mudança para uma
nova empresa, depois
de estar há dez anos no
mesmo lugar.
Pretendo fazer o
processo novamente,
toda a vez que sentir
precisar novamente
me orientar, achar um
foco, força e/ou rumo
para a minha vida.
237
ID
H homem
M mulher
Por que Self-E? Satisfação Contribuição
Crescimento
Transformações Comentários
13
LC
(f)
50
Estava num
momento de crise,
questionando alguns
caminhos e/ou
atitudes, sem saber
qual era meu caminho
real e minha direção a
seguir
Muito satisfeita. Antes de
iniciar o processo estava
colocando fora as
dificuldades. Apesar de
saber que todas as
causas estão dentro de
mim, naquele momento é
como se tivesse
desconectado de minha
sabedoria
O processo fez olhar
novamente para minhas
potencialidades, reconectar
meu coração, perceber meu
caminho real. E flexibilizar
a auto-critica, que sempre
foi forte em mim, olhando
para minha humanidade.
Muitas coisas e partes
que foram ficando no
decorrer da vida, sem
terem sido avaliadas
com
profundidade ou que
foram distorcidas, foram
reconectadas,
harmonizadas,
incorporadas. A maneira
como rejeitava meu
nome de batismo, pelo
que ele
representava. Retornar
à Ordem. Não depender
do julgamento externo
para
validar minhas escolhas.
Confiar em mim, me
manter sempre em
minha
missão. A reconexão
mais
forte com minha
espiritualidade. A
percepção mais
profunda
e sutil de lidar
corretamente com o
poder.
Senti que esse
processo é importante
não apenas nos
momentos de crise.
Nesses momentos ele
é nececessário e
imprescindível, mas é
algo que as pessoas
devem fazer em
alguns momentos da
vida,independentemen
te de "crises": rever
sua jornada, reavaliar
as escolhar, a conexão
com a missão
pessoal,alinhar os
propósitos com o
coração. Acho esse
processo tão
importante que estou
fazendo formação em
coaching para
melhorar minhas
habilidades nesse
foco.
238
ANEXO III – Síntese das Respostas de Avaliação do Processo Self-E
_____________________________________________________________
1.Razões para o Self-E:
Relacionamentos pessoal (afetivo) e profissional
Revisão do Projeto de Vida
Conflitos, crise pessoa,l profissional e financeira
2.Satisfação:
Reviver ou tornou claro pontos obscuros da vida
Iluminou dificuldades e potencialidades
Instrumentalizou para o aprimoramento e superação
Paz interior e foco
Compreender situação de forma como nunca foi feito antes e interiorizar
solução, modificá-las
Retornar ao equilíbrio
Apontamentos precisos do tutor tornaram claros pontos obscuros
Surpresa pela proximidade com tutor mesmo a distancia
Principalmente na fase biográfica e de sondagem ao Eu Interior
Reconexão interior
Apontou um novo caminho a seguir
3. Crescimento:
A vida ganhou foco, mais inteireza
A vida tornou-se mais congruente
Melhorou auto-estima, auto-imagem
Centramento, calma
Amadurecimento, responsabilidade
Percepção do viver como um processo
Desejo por continuar refletindo
voltar à psicoterapia
Contribuição e sensibilização para autoconhecimento
239
Gatilho para uma série de mudanças pessoais e profissionais
Reconexão interior
Espiritualidade
4. Transformação:
Cuidados com o corpo
Colocação clara de limites
Entrega em diálogo sincero
Melhora no relacionamento
Foco no trabalho
Relaxamento
Maturação
Autonomia, Liberdade
Moderação
Prudência
Equilíbrio (auto-domínio)
Foco profissional
Perdão (busca do perdão a si mesma)
Elaboração de perda
5. Comentários:
Impressionada com sincronicidades durante o processo
Poder pessoal do tutor
Gratidão pela mediação do tutor
Desejo de continuar em contato com o tutor fazer o processo novamente
Processo rápido e prático, eficiente
Trouxe libertação
Muito importantes a biografia e o Jogo
Trouxe produtividade e equilíbrio
Sistema a distancia é confortável e adequado
Qualidades do tutor
Injeção de ânimo
240
Uso do material como fonte de consulta e orientação
Processo que depende da disponibilidade do participante
Fazer um novo encontro presencial após o término do processo
Desejo de fazer o processo novamente
Processo importante não apenas nos momentos de crise, mas de forma
preventiva
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