BIANCO, R.P.R. Ansiedade e estresse dos profissionais de enfermagem que trabalham em
unidades de pacientes graves [Dissertação de Mestrado]. São Bernardo do Campo. Programa de
Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo - UMESP: 2007.
112 p.
RESUMO
Permeando o exercício da profissão de enfermagem existem vários fatores que podem elevar os
níveis de ansiedade e estresse. Nesse estudo, buscou-se identificar os níveis de ansiedade traço-
estado e estresse e também a resposta emocional a estímulos visuais em profissionais das equipes
de enfermagem que atuam em Centro Cirúrgico (CC), Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Emergência (UE) em um hospital da cidade de São Paulo, Brasil. Participaram da pesquisa 81
sujeitos sendo 35,8% do CC, 23,5% da UTI e 40,7% da UE. A amostra foi constituída por
auxiliares e técnicos de enfermagem do sexo feminino, com a idade predominante entre 41 e 50
anos. Os instrumentos utilizados para coleta dos dados foram: Inventário de Ansiedade Traço e
Estado de Spielberger (IDATE), Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL), International
Affective Picture System (IAPS) e Self-Assessment Manikin (SAM). Os resultados segundo
categorização do IDATE demonstraram haver elevada incidência de indivíduos com moderada
ansiedade traço (81,5%) e estado (76,6%), dado que apresentou significância estatística
(+0,502;p<0,001) ao utilizar o Teste Pearson. Os sintomas de estresse estavam presentes em 29
(35,8%) dos sujeitos da amostra, dos quais 27 (93,1%) estavam na fase de resistência, com
predomínio de sintomas fisiológicos (79,3%). Observou-se que os sujeitos com escores mais
elevados de ansiedade traço (p=0,001) e estado (p=0,050) apresentavam sintomas de estresse.
Ressalta-se que a UE foi o setor que apresentou maior incidência de estresse (45,5%) e níveis
altos de ansiedade traço (15,2%) e estado (18,3%). Os profissionais que apresentavam
experiência na área demonstraram ser ela fator predisponente para o aparecimento de sintomas de
estresse (p=0,048), e os que tinham atividades de lazer estavam entre os que não possuíam tais
sintomas (p=0,008) e estavam com menores escores de ansiedade traço (p=0,019) e estado
(p=0,025). Quanto a resposta emocional frente a estímulos visuais de conteúdo emocional
(IAPS), os profissionais com carga horária superior a 40 horas semanais (p=0,048) e da UE
(p=0,011) apresentaram pontuações maiores no SAM ao visualizarem imagens desagradáveis na
dimensão prazer, sugerindo serem menos afetados por elas, talvez em função de desgaste físico e
emocional intenso. Conclui-se que estes achados corroboram a idéia de uma correlação entre
níveis de estresse e ansiedade, estado este que parece estar associado a má qualidade de vida.
Esta análise preliminar não permite aprofundar a questão de um possível efeito na atividade
profissional pelo fato de prolongada exposição a estes ambientes. O risco potencial de problemas
emocionais destes profissionais de enfermagem sobre o ato de cuidar, merece uma atenção
particular.
Palavras-chave: ansiedade, estresse, enfermagem.