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estratégia discursiva pode ser uma opção de investigadores procedentes da sociologia, ou com
motivações de natureza social ou política.
A opção pela observação participante significou para mim, dentre outras estratégias, a
possibilidade de, conforme os autores acima, diluir a visão dominante que confere
superioridade à abordagem técnico-científica, reconhecendo, no grupo de idosos com que
trabalhei, a importância de suas percepções, opções, opiniões, significados, experiências e
práticas, sem preconceitos como ignorância e limitações, observações que não teriam
condições de serem feitas através de questionários ou entrevistas, mas somente participando e
colocando-me no processo, trazendo, nesta condição de sujeito, minhas crenças e valores para
serem trocados no interior do grupo.
2.8 O informe qualitativo escrito na primeira pessoa do singular
Creio importante a referência de Mercado-Martínez e Bosi
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em relação à
conceituação de pesquisa qualitativa, preferindo o emprego do termo informação qualitativa,
para aqueles trabalhos que não encontram expressão em números, uma vez que retratam uma
dimensão subjetiva, designando emoções, vivências, sentimentos, crenças e percepções.
Designam, assim, estudos discursivos que se referem a objetos que não admitem uma resposta
em termos de valores numéricos, razões, proporções ou freqüências de distribuição,
resultantes, como no caso desta investigação, da observação participante, mas que consiste em
um modo de fazer ciência, congregando uma série de implicações sociais, políticas e éticas.
A narrativa, como forma de descrição científica de um estudo, implica uma atitude de
reflexão e um método onde há a construção explicativa do que está se passando, seguindo o
ponto de vista de quem está vivendo a situação concreta. Há, portanto, um centro na utilização
do método: a subjetividade, entendida como cientificidade, satisfação à idéia de ciência,
retorno às coisas, ao mundo vivido, à unidade do sentido, no sujeito. Trata-se, aqui, do relato
da capacitação do grupo Sorria, através de uma forma de narrativa que leva em consideração
as manifestações dos idosos do grupo, gravadas nas reuniões de capacitação, e depois
transcritas.