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LEONOR MONTEIRO DO NASCIMENTO
ANATOMIA, HISTOQUÍMICA E PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DO CAULE DE
Tynanthus fasciculatus Miers (BIGNONIACEAE)
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Botânica, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2008
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Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Nascimento, Leonor Monteiro do, 1970-
N244a Anatomia, histoquímica e prospecção fitoquímica do
2008 caule de Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae)
/ Leonor Monteiro do Nascimento. – Viçosa, MG, 2008.
viii, 53f.: il. (algumas col.) ; 29cm.
Orientador: Marília Contin Ventrella.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de
Viçosa.
Inclui bibliografia.
1. Cipó-cravo - Anatomia. 2. Cipó-cravo -
Histoquímica. 3. Tynanthus fasciculatus. 4. Plantas
medicinais. I. Universidade Federal de Viçosa. II.Título.
CDD 22.ed. 583.95
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho,
ressaltando a dedicação e a atenção dos que nominalmente estão citados:
Aos pais pelo apoio, sem o qual este trabalho não seria concluído;
Às foférrimas (Marina, Vanessa e Yukie) pelas alegrias;
À Universidade Federal de Viçosa pela oportunidade;
À Profª Marília Contin Ventrella, amiga e orientadora, por todo apoio e incentivo na execução
deste trabalho e da Phyton Plantas Medicinais;
Ao Profº João Paulo Viana Leite pela ajuda na execução deste trabalho e pelas palavras de
incentivo;
Aos demais professores do Curso de Pós-Graduação em Botânica pelos ensinamentos;
Ao Sr. Vicente (Grupo Entre-Folhas) e Sr. Sebastião Lopes de Faria Sobrinho (Silvivultura)
pela inestimável ajuda no trabalho de campo;
À Dª Edite pelos ensinamentos técnicos e pela amizade;
Aos colegas do Curso de Pós-graduação em Botânica e do Laboratório de Anatomia Vegetal:
Cristina, Marina, Joseane, Roseane, Sebastião, Victor, Bruno, Diego, Lourdes, Ana Cláudia,
Jaqueline, Flávia, Patrícia, Advânio e Bárbara;
Aos colegas do Herbário: Ricardo, Lívia, Márcia, Sileimar e José;
Aos amigos de Viçosa: Argeu, Luisa de Marilac, Luciene, Lúcia, Rogerinho, Andréa,
Serginho Japa, Viviane e Elge;
Ao Santo Daime, pela força e pela firmeza para seguir na jornada.
ii
BIOGRAFIA
LEONOR MONTEIRO DO NASCIMENTO, filha de David G. Nascimento e Maria Laide
M. Nascimento, nasceu em Piedade do Rio Grande, Minas Gerais, em 28 de fevereiro de
1970. Em julho de 1996, graduou-se em Farmácia – Bioquímica de Alimentos pela
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Atuou como farmacêutica responsável-
técnica desde 1996, passando por diversos serviços na área de saúde, como Vigilância
Epidemiológica, Vigilância Sanitária e Farmácia de Manipulação. De 1999 a 2005 atuou
como sócio-fundadora da empresa Phyton Plantas Medicinais, na produção e comercialização
de plantas medicinais. Atuou como farmacêutica responsável-técnica de dezembro de 2004 a
junho de 2007. No 1º semestre de 2005 atuou como docente na FAMINAS, em Muriaé, na
disciplina de Farmacotécnica I. Neste mesmo ano iniciou a especialização Latu sensu
“Farmacologia: atualizações e novas perspectivas”, na Universidade Federal de Lavras,
concluída em 2007. Em maio de 2006, iniciou o programa de pós-graduação em Botânica,
nível de mestrado, na Universidade Federal de Viçosa, seguindo a linha de pesquisa de
Anatomia de Plantas Vasculares, defendendo tese em setembro de 2008, sob a orientação da
professora Marília Contin Ventrella e co-orientação dos professores João Paulo Viana Leite e
Adilson A. Zacaro.
iii
SUMÁRIO
página
RESUMO .................................................................................................................. v
ABSTRACT ............................................................................................................. vii
INTRODUÇÃO GERAL .......................................................................................... 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 4
CAPÍTULO 1: Desenvolvimento do caule de Tynanthus fasciculatus Miers
(Bignoniaceae): estrutura da casca e do lenho ..........................................................
6
Resumo ..................................................................................................................... 6
Introdução ................................................................................................................. 8
Material e Métodos ................................................................................................... 9
Resultados ................................................................................................................. 11
Discussão .................................................................................................................. 24
Conclusões ............................................................................................................... 28
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 28
CAPÍTULO 2: Anatomia, histoquímica e triagem fitoquímica da casca do caule
de Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae) .....................................................
31
Resumo ..................................................................................................................... 31
Introdução ................................................................................................................. 32
Material e Métodos ................................................................................................... 33
Resultados ................................................................................................................. 36
Discussão .................................................................................................................. 44
Conclusões ............................................................................................................... 48
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 48
CONCLUSÕES GERAIS ......................................................................................... 53
iv
RESUMO
NASCIMENTO, Leonor Monteiro, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, setembro de
2008. Anatomia, histoquímica e prospecção fitoquímica do caule de Tynanthus
fasciculatus Miers (Bignoniaceae). Orientadora: Marília Contin Ventrella. Co-
Orientadores: João Paulo Viana Leite e Adilson A. Zacaro.
Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae), popularmente conhecido como cipó-cravo, é
uma liana com odor caracterísitico de cravo-da-Índia, utilizada na medicina tradicional e
apresentando ação farmacológica comprovada como antimalárico, antiinflamatório e
bactericida. O objetivo deste trabalho foi caracterizar anatomicamente o desenvolvimento do
caule de T. fasciculatus e associar a estrutura da casca com a presença de grupos químicos de
interesse farmacológico. Para a análise estrutural, porções do caule em diferentes estádios de
desenvolvimento foram processadas de acordo com as técnicas usuais em microscopia de luz
e eletrônica de varredura. Para a análise histoquímica, seções transversais da casca fresca
foram submetidas a diversos corantes e reagentes. Para a prospecção fitoquímica, os extratos
hexânico e metanólico da casca foram submetidos ao estudo por cromatografia de camada
delgada (CCD). A atividade cambial do caule inicia-se precocemente, formando uma massa
de xilema secundário usual ao redor da medula. O felogênio se origina de uma camada
colenquimática subepidérmica, persistindo durante o desenvolvimento do caule. Até esse
estádio, o crescimento secundário pode ser considerado usual. Posteriormente, quatro porções
da faixa cambial, opostas entre si, duas a duas, diminuem drasticamente a produção de xilema
secundário para o interior e passam a produzir grande quantidade de floema secundário para o
exterior. A partir deste estádio o crescimento secundário é considerado não-usual, e tanto o
xilema secundário como o floema secundário produzidos apresentam elementos condutores de
maior diâmetro. Subseqüentemente, surgem novas porções da faixa cambial com atividade
não-usual, adjacentes àquelas já estabelecidas, conferindo aspecto de cruz-de-Malta à massa
xilemática. O lenho apresenta vasos dispostos em faixas tangenciais. Predominam elementos
de vaso largos e curtos, com pontoações areoladas e placas de perfuração simples,
v
freqüentemente obliterados por tiloses. O parênquima axial é do tipo em faixas, delimitado
por fibras. Os raios são homocelulares e multisseriados. O floema secundário inserido na
massa xilemática tem predomínio de elementos condutores com placas crivadas compostas,
associados à pequena quantidade de parênquima axial, dispostos em faixas alternadas com
fibras, e raios unisseriados. Na casca, o floema secundário tem elementos condutores
inconspícuos associados a grande quantidade de parênquima axial, formando faixas alternadas
com fibroesclereídeos. Os raios também são homocelulares e multisseriados. O córtex é
mantido junto à periderme, e a atividade do felogênio é persistente, constituindo periderme
com feloderme pluriestratificada, súber e lenticelas. Os principais grupos de compostos
identificados por ambas as técnicas são compostos fenólicos, alcalóides e terpenos, todos
localizados nas células parenquimatosas da casca e do floema secundário inserido na massa
xilemática. Os taninos e saponinas foram identificados apenas por CCD. A caracterização
estrutural do caule e a histolocalização e identificação química dos compostos do
metabolismo secundário no caule de T. fasciculatus fornecem subsídios para a utilização das
cascas como droga vegetal e acrescentam dados à monografia já existente na Farmacopéia
Brasileira.
vi
ABSTRACT
NASCIMENTO, Leonor Monteiro, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, September 2008.
Anatomy, histochemistry, and phytochemical prospection of Tynanthus fasciculatus
Miers (Bignoniaceae) stem. Adviser: Marília Contin Ventrella. Co-advisers: João Paulo
Viana Leite and Adilson A. Zacaro.
Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae), commonly known as cipó-cravo, is a vine with
a characteristic smell of clove, used in the traditional medicine and presents pharmacological
action proved by its antimalaric, anti-inflammatory and its bactericide properties. The goals of
this work were to characterize anatomically the development of the stem of T. fasciculatus
and to associate the structure of the bark with the presence of chemical groups of
pharmacological interest. Concerning the structural analyses, portions of the stem from
different stages of development were processed according to the usual techniques under light
and scanning electron microscopies. With regard to histochemical analysis, transversal
sections from the bark were submitted to several stains and reagents. For the phytochemical
prospection, the hexanic and methanolic extracts from the bark were submitted to the study
through thin layer chromatography (TLC). The stem cambial activity begins precociously,
forming a mass of usual secondary xylem around the medulla. The phellogen begins from a
subepidermal collenchyma layer, persisting during the stem development. Until this stage, the
secondary growth may be considered usual. Posteriorly, four portions of the cambial zone,
opposed to each other, by pairs, decrease drastically the production of secondary xylem to the
inside and begin the production of great quantity of secondary phloem to the outside. From
this stage, the secondary growth was considered unusual, and both the secondary xylem and
secondary phloem present conductive cells of high calibre. Subsequently, there come new
portions of the cambial zone with unusual activity, adjacent to those already established,
giving to the xylem mass a aspect of Maltese cross. The xylem presents vessels arranged in
tangential strips. There is predominance of wide and short vessel elements, with bordered pits
vii
and simple perforation plates, frequently obliterated by tyloses. The axial parenchyma is a
banded parenchyma type, delimited by fibres. The rays are homocellular and multiseriate. The
secondary phloem inserted in the xylem mass presents the predominance of sieve elements
with compound sieve plates, associated to a little amount of axial parenchyma, arranged in
strips alternated with fibers and uniseriate rays. In the bark, the secondary phloem presents
inconspicuous sieve elements associated with a great amount of axial parenchyma, forming
strips alternated with fibre-sclereids. The ray also are homocellular and multiseriate. The
cortex is kept next to the periderm, and the phellogen activity is persistent, constituting a
periderm with multistratified phelloderm, suber and lenticels. The main compound groups
identified by both techniques are phenolic compounds, alkaloids and terpenes, all situated in
the parenchymatous cells of the bark and the unusual secondary phloem inserted in the xylem
mass. The tannins and saponis were identified only through TLC. The structural
characterization of the stem and the histolocalization and the chemical identification of the
compounds of the secondary metabolism in the T. fasciculatus stem give us a subsidy to use
the bark as vegetal drug and contribute with more data to the already existent monograph in
the Brazilian Pharmacopoeia.
viii
INTRODUÇÃO GERAL
As plantas constituem a base do sistema de medicina tradicional em diversas regiões
do mundo, e até hoje sustentam a produção de importantes drogas, seja como matéria-prima,
fontes de protótipos para a síntese de moléculas de interesse farmacológico ou como fonte de
novas moléculas bioativas (Gurib-Fakim, 2006). No Brasil, as plantas medicinais têm sido
utilizadas tanto em áreas rurais como urbanas, sob formas tradicionais de preparo, ou
manipuladas pela indústria farmacêutica. A adulteração, a substituição, a falta de padrão para
a composição química, e a falta de estudos científicos que assegurem as propriedades
farmacológicas e o uso terapêutico têm sido os principais problemas encontrados no uso de
plantas medicinais (Rates, 2001). A atividade farmacológica de uma dada espécie geralmente
está associada à presença de metabólitos secundários, como compostos fenólicos, alcalóides,
terpenóides, entre outros (Balandrin et al., 1985). Esses metabólitos podem ser restritos a
determinado taxon ou caracterizar quimicamente grandes grupos vegetais (Judd et al., 2002).
A família Bignoniaceae destaca-se entre as famílias botânicas onde os metabólitos
secundários são de ocorrência comum (Gentry, 1980).
O Brasil é o centro de dispersão da família Bignoniaceae (Gentry, 1980), constituída
por cerca de 120 gêneros e 650 espécies tropicais, e poucas distribuídas nas regiões
temperadas (Barroso et al., 1991). As lianas são predominantes na família Bignoniaceae
(Barroso et al,. 1991), e estão associadas à ocorrência freqüente de padrões atípicos de
crescimento secundário (Solereder, 1908; Metcalfe & Chalk, 1957), denominados de
crescimento secundário anômalo (Solereder, 1908; Boureau & Troisième, 1957; Metcalfe &
Chalk, 1957; Mauseth, 1988; Dickison, 2000) ou não-usual (Fahn, 1989). Embora o termo
“anômalo” seja de aceitação mais ampla, deve-se considerar que para o grupo de plantas em
que ocorre, esse padrão de crescimento é normal, e não anômalo, enquanto que o termo “não-
usual”, apenas faz distinção do padrão de crescimento secundário mais comum ou usual em
1
plantas lenhosas. Dos quatro padrões de crescimento não-usual ocorrentes em Bignoniaceae, o
gênero Tynanthus se enquadra no tipo onde há quatro estrias de floema, formando ângulo reto
entre si e cruzando a massa de xilema secundário, como uma cruz-de-Malta (Solereder, 1908;
Metcalfe & Chalk, 1957; Boureau & Troisième, 1957).
Muitos metabólitos secundários são comumente encontrados nas Bignoniaceae, como
glicosídeo iridóide e alcalóide iridóide, naftoquinonas e antraquinonas, complexos ésteres e
glicosídeos de o-difenólico, taninos, flavonóides, antocianinas e carotenóides (Gentry, 1980).
As naftoquinonas constituem o grupo mais freqüente, do qual se destaca o metabólito
lapachol, com atividade citostática, bacteriostática, fungistática, cercaricida, tripanosomicida e
antitérmica (Oliveira et al., 1990). Muitos representantes das Bignoniaceae são considerados
tradicionalmente como plantas medicinais, como algumas espécies do gênero Tynanthus,
como T. fasciculatus, T. elegans, T. cognatus e T. schumanianus, que despertam interesse por
apresentar propriedades terapêuticas diversas (Amorim et al., 1994; Muñoz et al., 2000;
Bourdy et al., 2000; Fonseca et al., 2003).
T. fasciculatus é uma das espécies utilizadas popularmente, conhecido como cipó-
cravo, cipó-cruz e clavo-huasca. O cheiro semelhante ao do cravo-da-Índia (Syzygium
aromaticum), associado ao hábito lianescente e ao aspecto de cruz-de-Malta do lenho em
seção transversal, justificam os nomes comuns da espécie. A espécie é utilizada como tônico
estomacal, carminativo, aromático, contra má digestão, afrodisíaco e tônico restaurador (Ming
et al., 1997; Botsaris & Machado, 1999; Mendes & Carlini, 2007); é rico em óleo essencial,
glicosídeos, alcalóides (tinantina) e taninos (Botsaris & Machado, 1999). Há diferentes
referências sobre a parte da planta utilizada, mas a maioria indica a casca do caule como
droga vegetal (Farmacopéia Brasileira, 1959; Ming et al., 1997; Mendes & Carlini, 2007). De
modo geral, em grande número de espécies consideradas medicinais, as cascas são as partes
da planta mais utilizadas depois das folhas, principalmente em áreas de mata (Ming et al.,
1997), onde o tronco é mais acessível que a copa. Desse modo, o estudo da casca torna-se
2
interessante, não só por sua complexidade estrutural, mas também pela riqueza em compostos
do metabolismo secundário.
A literatura apresenta dados gerais sobre a anatomia e a presença de metabólitos
secundários no gênero Tynanthus, e várias espécies do gênero apresentam indicações
etnofarmacológicas e são popularmente conhecidas como cipó-cravo ou cipó-cruz. A
Farmacopéia Brasileira (1959), por exemplo, descreve brevemente a estrutura
morfoanatômica do caule de cipó-cravo como parâmetro de reconhecimento da droga, e o
relaciona à T. fasciculatus, T. elegans e outras espécies do mesmo gênero. Assim, a
identificação correta da droga e a consolidação do uso medicinal estão condicionadas a
estudos mais detalhados sobre aspectos anatômicos, histoquímicos e químicos dos órgãos
vegetativos aéreos.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar anatomicamente o desenvolvimento do
caule de T. fasciculatus e associar a estrutura da casca aos diferentes grupos de compostos
secundários, por meio de técnicas histoquímicas e de triagem fitoquímica, o que pode
contribuir para a identificação de material vegetativo e fornecer subsídios para a utilização da
planta como droga vegetal, acrescentando dados à monografia já existente na Farmacopéia
Brasileira.
O trabalho foi redigido na forma de dois capítulos, intitulados: “Desenvolvimento do
caule de Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae): estrutura da casca e do lenho” e
“Anatomia, histoquímica e prospecção fitoquímica da casca do caule de Tynanthus
fasciculatus Miers (Bignoniaceae)”.
3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Farmacopéia Brasileira. 1959. 2.ed. São Paulo: Siqueira.
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4
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Solereder H. 1908. Systematic anatomy of the dicotyledons. Oxford: Claredom Press. v.1.
5
CAPÍTULO 1
Desenvolvimento do caule de Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae): estrutura da
casca e do lenho
RESUMO Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae), conhecido popularmente
como cipó-cravo, é uma liana com odor caracterísitico de cravo-da-Índia, utilizada como
planta medicinal. O objetivo deste trabalho foi caracterizar anatomicamente o
desenvolvimento e a estrutura do caule de T. fasciculatus, contribuindo para a identificação
do material. Porções do caule em diferentes estádios de desenvolvimento foram processadas
de acordo com as técnicas usuais em microscopia de luz e eletrônica de varredura. O caule
primário tem estrutura eustélica, e a atividade cambial inicia-se num estádio de
desenvolvimento em que os tecidos primários ainda não estão completamente diferenciados,
produzindo xilema secundário para o interior e floema secundário para o exterior.
Posteriormente, o felogênio inicia sua atividade, formado a partir de células da camada mais
externa do colênquima. Até esse estádio, o crescimento secundário pode ser considerado
usual. Posteriormente, quatro porções da faixa cambial, opostas entre si, duas a duas,
diminuem drasticamente a produção de xilema secundário para o interior e passam a produzir
grande quantidade de floema secundário para o exterior. A partir deste estádio o crescimento
secundário é considerado não-usual, e tanto o xilema secundário como o floema secundário
produzidos apresentam elementos condutores de maior diâmetro. Subseqüentemente, surgem
novas porções da faixa cambial com atividade não-usual, adjacentes àquelas já estabelecidas,
conferindo aspecto de cruz-de-Malta à massa xilemática. O lenho apresenta vasos dispostos
em faixas tangenciais. Predominam elementos de vaso largos e curtos, com pontoações
areoladas e placas de perfuração simples, freqüentemente obliterados por tiloses. O
parênquima axial é do tipo em faixas, delimitado por fibras. Os raios são homocelulares e
6
multisseriados. O floema secundário inserido na massa xilemática tem predomínio de
elementos condutores de grande diâmetro, com placas crivadas compostas, associados à
pequena quantidade de parênquima axial, dispostos em faixas alternadas com fibras, e raios
unisseriados. Na casca, o floema secundário tem elementos condutores inconspícuos
associados a grande quantidade de parênquima axial, formando faixas alternadas com
fibroesclereídeos. Os raios também são homocelulares e multisseriados. O córtex é mantido
junto à periderme, e a atividade do felogênio é persistente, constituindo periderme com
feloderme pluriestratificada, súber e lenticelas. A caracterização estrutural do caule de T.
fasciculatus fornece subsídios para a identificação de estruturas vegetativas e acrescenta
dados à monografia já existente na Farmacopéia Brasileira.
7
Introdução
Tynanthus fasciculatus Miers, popularmente conhecido como cipó-cravo, cipó-cruz ou
cipó-trindade, é uma Bignoniaceae originária do Brasil, utilizada como planta medicinal por
comunidades tradicionais. Os nomes usuais fazem referência ao odor semelhante ao do cravo-
da-índia (Syzygium aromaticum), ao hábito lianescente e ao formato de cruz-de-Malta do
lenho em seção transversal. Diferentes usos etnofarmacológicos são atribuídos a essa espécie,
como tônico estomacal, carminativo, aromático (Botsaris & Machado, 1999), contra má
digestão (Ming et al., 1997), afrodisíaco (Botsaris & Machado, 1999; Mendes & Carlini,
2007) e tônico restaurador (Mendes & Carlini, 2007). Há referências sobre a utilização
medicinal da planta inteira, da casca da raiz (Mendes & Carlini, 2007) ou do caule (Ming et
al., 1997), mas a Farmacopéia Brasileira (1959) indica apenas caule na descrição
macroscópica da droga. T. fasciculatus é rico em óleo essencial, glicosídeos, alcalóides
(tinantina) e taninos (Botsaris & Machado, 1999). Estudos etnobotânicos para identificação de
plantas utilizadas tradicionalmente como medicinais (Ming et al., 1997), indicam a casca do
caule como uma das partes da planta com maior número de indicações de uso. Isto sugere que
o acúmulo de compostos com potencial farmacológico, geralmente metabólitos secundários,
ocorre freqüentemente na casca.
O Brasil é considerado o centro de dispersão da família Bignoniaceae, que tem
distribuição predominantemente tropical, compreendendo muitas lianas, assim como alguns
representantes arbóreos, arbustivos e mais raramente herbáceos (Gentry, 1974; Barroso et al.,
1991). As Bignoniaceae apresentam diferentes padrões de crescimento secundário
denominados anômalos (Solereder, 1908; Boureau & Troisième, 1957; Metcalfe & Chalk,
1957; Mauseth, 1988; Dickison, 2000) ou não-usuais (Fahn, 1989), principalmente nas lianas,
como cunhas de floema no xilema, zonas secundárias de crescimento no córtex, xilema
fissurado e arcos de feixes orientados inversamente na margem da medula.
8
O crescimento secundário não-usual também é comum em lianas de famílias de
plantas não relacionadas, que apresentam variações da atividade cambial padrão (Fahn, 1989;
Mauseth, 1988; Dickison, 2000). Muitas funções têm sido atribuídas ao crescimento não-
usual das lianas, como aumento da flexibilidade e resistência do caule, limitação ou pré-
determinação de padrões de clivagem, facilidade de clonagem, confinamento de doenças ou
delimitação de áreas da planta, facilidade de escalada da planta, aumento de tecidos de
reserva, proteção e manutenção do xilema e floema funcionais sob condições de alto estresse,
rapidez na cicatrização, e aumento de conecções para raízes adventícias (Dickison, 2000).
Este trabalho tem como objetivo descrever o desenvolvimento e a estrutura do caule
de Tynanthus fasciculatus, contribuindo para a identificação de estruturas vegetativas e para a
monografia da espécie na Farmacopéia Brasileira.
Material e Métodos
Foram coletadas porções de caule de três indivíduos de Tynanthus fasciculatus Miers.
(Bignoniaceae), em diferentes estádios de desenvolvimento, desde regiões próximas ao
meristema apical até regiões já lenhosas de 3-4cm de diâmetro, na Mata da Silvicultura do
Campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no município de Viçosa, MG (20°45’S,
42°55’W, altitude média de 690 m). Conforme classificação climática de Köeppen, o clima
regional é do tipo Cwb, mesotérmico úmido com verões chuvosos e invernos secos (Vianello
e Alves, 1991).
Microscopia de Luz
O material foi fixado em FAA
50
, por 48 horas, e conservado em etanol 70% (Johansen,
1940). Seções transversais e a superfície de caules em diferentes estádios de desenvolvimento
9
foram observados e fotografados em estereomicroscópio (Stemi 2000-C, Zeiss) com câmera
digital (D-535, Olympus). O seccionamento do caule foi realizado à mão-livre, com navalha
descartável para cortes histológicos (modelo 818, Leica) e também em micrótomo de deslize
(SM 2000R, Leica). Amostras de caules em diferentes estádios de desenvolvimento, com
aproximadamente 25 µm
2
, foram desidratadas em série etílica crescente e incluídas em
metacrilato (Historesin-Leica), conforme as recomendações do fabricante e, quando
necessário, previamente amolecidas em etilenodiamina (Carlquist, 1982) 10%, por dez dias.
Secções transversais, longitudinais tangenciais e radiais foram obtidas em micrótomo rotativo
de avanço automático (modelo RM 2155, Leica), com 5 µm de espessura. A coloração foi
feita com azul de toluidina a 0,05% (O’Brien et al., 1964) e algumas lâminas foram
seqüencialmente coradas com lugol (Johansen, 1940) diluído (1:3), para a detecção de amido.
Seções transversais da casca fresca, obtidas em micrótomo de mesa, foram submetidas ao
cloreto de ferro III (Johansen, 1940) para detecção de compostos fenólicos, sudan escarlate
(Brundrett et al., 1991) para lipídios e reagente de Nadi (David & Carde, 1964) para terpenos.
As amostras do caule também foram maceradas em solução de Jeffrey (ácido nítrico 10%:
ácido crômico 10%), lavadas em água corrente, coradas com violeta cristal e desidratadas em
série etílica-xilólica. A montagem das lâminas foi feita em resina sintética (Permount).
As imagens foram obtidas em microscópio de luz (modelo AX70 TRF, Olympus)
equipado com sistema U-photo acoplado a microcomputador com o programa Spot-Basic. As
mensurações dos elementos condutores e medidas lineares foram realizadas considerando-se a
média de 100 contagens por parâmetro analisado, em microscópio de luz (Olympus CBA)
acoplado à câmara clara, no Laboratório de Anatomia Vegetal da Universidade Federal de
Viçosa.
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
10
Foram retiradas amostras do caule adulto de aproximadamente 0,25 cm
2
, fixadas em
FAA
50
por 24 horas, cortadas à mão-livre com navalha descartável para cortes histológicos
(Leica modelo 818) em diferentes planos (transversal, longitudinal radial e longitudinal
tangencial), ou maceradas em solução de Jefrey, e estocadas em etanol 70%. Todo material
foi desidratado em série etílica crescente, seco em ponto crítico com CO
2
(Bal-Tec CPD 030)
e fixado em suportes metálicos (stubs) com fita adesiva dupla-face. Após a metalização
(Balzers SCA 010) com ouro (20 nm), as amostras foram analisadas e fotografadas em
microscópio eletrônico de varredura (LEO 1430VP) a 10,6 kV do Núcleo de Microscopia e
Microanálise (NMM) da Universidade Federal de Viçosa.
Resultados
Desenvolvimento inicial do caule e instalação do câmbio vascular
No início do desenvolvimento do caule (Figura 1A-B), os feixes colaterais se dispõem
em anel concêntrico periférico, caracterizando a estrutura eustélica, tornando bastante
distintas as regiões cortical e medular. A protoderme exibe inúmeros tricomas tectores e
glandulares peltados, além de estômatos relativamente bem diferenciados (Figuras 1A, 2A,
3A). O procâmbio forma um anel contínuo e já exibe cordões de xilema e floema primários
diferenciados, num estádio onde os tecidos corticais e medulares ainda estão pouco
diferenciados (Figuras 1B, 2A-B). Posteriormente, a epiderme diferencia-se totalmente e
perde grande parte dos tricomas (Figura 1B, 2C, 3B). A região cortical exibe algumas
camadas de colênquima angular em posição sub-epidérmica, seguidas de calotas de fibras
pericíclicas externas aos cordões de floema primário, e o restante da região é preenchida por
parênquima clorofiliano (Figura 1B, 2C, 3B). A medula é composta por parênquima de
preenchimento (Figura 1). A faixa cambial instalada é contínua, e tem atividade usual, com
11
produção de xilema secundário para o interior e floema secundário para o exterior (Figura 1C,
2C-E). Ainda muito precocemente, a faixa cambial passa a ter atividade não-usual em quatro
pontos distintos, opostos entre si dois a dois (Figura 1D, 2F), onde há uma redução drástica da
produção de xilema secundário para o interior e produção contínua de floema secundário para
o exterior. A partir dessa etapa, toda a faixa cambial, usual e não-usual, passa a produzir
elementos condutores de maior diâmetro. A faixa cambial passa a ser descontínua, pelo
deslocamento desigual das diferentes porções do câmbio vascular, pois o câmbio com
atividade usual (bifacial ou bidirecional) torna-se cada vez mais externo no caule, enquanto
que as porções do câmbio com atividade não-usual (unifacial ou unidirecional) são
praticamente estacionárias. Com o desenvolvimento do caule, novas porções cambiais passam
a ter atividade não-usual, sempre localizadas nas laterais das faixas cambiais não-usuais
anteriormente estabelecidas, e com a mesma largura, dando aspecto de degrau aos blocos de
floema secundário (Figura 1E-F, 2G). O floema secundário produzido pelo câmbio não-usual
desliza pelo lenho estacionário formado nas suas laterais. Como o câmbio não ocorre nas
faces radiais das faixas de floema secundário não-usual, há formação de espaços conspícuos.
Os quatro pontos que correspondem às porções cambiais com atividade não-usual formam
blocos de floema secundário não-usual que ficam inseridos na massa xilemática. Assim, o
lenho apresenta-se com o aspecto de cruz-de-Malta, em seção transversal, o que caracteriza o
padrão de crescimento não-usual da espécie (Figura 1F).
Instalação do felogênio e formação da periderme
A formação do felogênio ocorre posteriormente à instalação da faixa cambial de
atividade usual, a partir da desdiferenciação da primeira camada subepidérmica da região
cortical, composta por células de colênquima (Figuras 2D, 3C). No início da formação da
periderme, a epiderme ainda está presente em algumas regiões, acima das primeiras camadas
de súber formadas (Figura 3D). O felogênio só se distingue da feloderme nessa fase pela
12
posição. No caule mais desenvolvido, as camadas de súber se multiplicam, assim como as
camadas da feloderme, porém, o felogênio mantém sua atividade contínua, preservando toda a
região cortical (Figura 3E-F). Lenticelas se formam em fases ainda precoces do
desenvolvimento da periderme (Figura 3G-H), mas são pouco distintas quando o acúmulo de
súber é grande (Figura 3I).
Estrutura da casca
O aspecto externo da casca é bastante irregular e com coloração marrom-acinzentada.
Toda região da casca interna tem coloração avermelhada e odor característico de cravo-da-
Índia (Figura 4A). Nas regiões do floema secundário usual, a casca têm aproximadamente 2,6
mm de espessura, tornando-se consideravelmente mais espessa nas regiões de floema
secundário não-usual.
A periderme (Figura 4B) é formada pelo súber pluriestratificado, impregnado por
suberina e lignina, felogênio de atividade contínua e feloderme pluriestratificada, e assim
como o felogênio, é formada por células achatadas tangencialmente e paredes delgadas
(Figura 3E-F). O córtex, que é preservado na estrutura da casca, apresenta as células mais
externas com expansão tangencial e também com algumas divisões anticlinais, acompanhando
o aumento do diâmetro do caule (Figuras 3E, 4B). Calotas de fibras pericíclicas e cordões do
floema primário colapsados também compõem a região cortical. Há cristais aciculares nas
células parenquimatosas do córtex. Tanto o floema secundário usual (Figura 4) como o
floema secundário não-usual (Figura 5) participam da composição da casca.
Floema secundário usual
O sistema axial define cones com a base voltada para o câmbio vascular, estratificado
em faixas de floema condutor, formado por elementos condutores e parênquima axial, e faixas
de floema não condutor, compostas por fibroesclereídeos (Figura 4C-D). O sistema radial, que
13
se intercala com o sistema axial, forma raios mais dilatados na periferia, resultado da
dilatação tangencial das células radiais mais externas (Figura 4C).
O parênquima axial (Figura 4C-F) é abundante, formado por células alongadas
axialmente, de paredes delgadas e não-lignificadas. Os elementos condutores (Figura 4D) são
elementos de tubo crivado com 49-117-234 µm de comprimento e 9-14-23 µm de diâmetro,
escassos e reunidos em pequenos grupos inseridos nas faixas de parênquima axial. As placas
crivadas geralmente são simples e pouco inclinadas, embora ocorram alguns elementos de
tubo crivado com placas compostas, com número reduzido de áreas crivadas. As áreas
crivadas nas paredes laterais são inconspícuas. O parênquima radial (Figura 4C-F) é formado
por raios multisseriados e homogêneos, com 7-16-33 células e 192-360-699 µm de altura e 2-
4-6 células e 41-87-151 µm de largura, mais dilatados em direção à perifieria. Os elementos
de sustentação (Figura 4C-H) são fibroesclereídeos, pois o formato das células varia de fibras
curtas a formas bizarras (Figura 4G-H), com 301-656-1.000 µm de comprimento e 9-15-24
µm de diâmetro. Os fibroesclereídeos estão organizados em faixas, com duas a cinco camadas
de células, que se alternam com faixas de floema condutor. Há cristais aciculares nas células
do parênquima axila e radial. Compostos fenólicos e gotículas lipídicas também ocorrem nas
células parenquimatosas do floema secundário usual.
Floema secundário não-usual
A organização em faixas tangenciais condutoras e não-condutoras é bastante clara
(Figura 5A). Faixas não-condutoras são formadas apenas por fibras e alternam-se com faixas
condutoras compostas por elementos condutores abundantes e conspícuos, parênquima axial e
fibras.
O parênquima axial (Figura 5A-B) é escasso e estreitamente associado aos elementos
condutores. As células têm diâmetro reduzido e são alongadas axialmente. Os elementos de
tubo crivado estão organizados em faixas tangenciais (Figura 5A, C), são muito conspícuos,
14
com 178-328-535 µm de comprimento e 21-29-41 µm de diâmetro. As placas crivadas
(Figura 5D-F) são compostas, com 14-25-49 áreas crivadas por placa, e acentuadamente
oblíquas. Ocorrem áreas crivadas inconspícuas nas paredes laterais. Os raios (Figura 5A) são
unisseriados, homogêneos e muito freqüentes, com 4-7-11 células e 671-1.009-1.466 µm de
altura e 27-38-55 µm de largura. Nas laterais de cada faixa de floema não-usual formam-se
células parequimáticas alongadas radialmente, semelhantes a raios. As fibras (Figura 5A-C)
predominam nas faixas tangenciais onde ocorrem de forma exclusiva, formando duas a três
camadas, mas também estão presentes nas faixas que contêm os elementos condutores. As
fibras têm 726-1.361-2.110 µm de comprimento e 14-27-41 µm de diâmetro. Há cristais
aciculares nas células do parênquima axial e radial. São encontrados os mesmos compostos
orgânicos que no floema usual, porém em menor quantidade, uma vez que as células
parenquimatosas do floema secundário não-usual são mais escassas.
Lenho
O lenho todo é amarelado (Figura 6A-B) e apenas uma pequena massa de xilema
secundário usual (Figura 6A) delimita a região medular, que se distingue do restante do lenho
por apresentar abundância de fibras e elementos de vasos escassos com diâmetro reduzido.
No xilema secundário não-usual (Figura 6B-G, 7), os vasos são solitários, dispostos
em camadas tangenciais concêntricas (Figura 6B-D). Há predomínio de elementos de vaso
grandes, onde o diâmetro ultrapassa o comprimento (137-270-411 µm de diâmetro por 68-
143-233 µm de comprimento), visíveis à vista desarmada, entremeados com vasos pequenos,
onde o comprimento é superior ao diâmetro (116-193-329 µm de comprimento por 27-52-110
µm de diâmetro). As placas de perfuração são simples (Figura 6G, 7), localizadas em paredes
terminais planas, nos elementos de vaso grandes (Figura 7D). Os elementos de vaso pequenos
têm as paredes terminais muito inclinadas, formando extensões (“tails”), e as placas de
perfuração ocorrem em diferentes pontos (Figura 7E). As pontoações intervasculares são
15
areoladas, alternadas, e apenas algumas porções das paredes podem apresentar padrão de
espessamento reticulado (Figura 7A-B). Há vasta ocorrência de tiloses obstruindo total ou
parcialmente vasos de grande diâmetro (Figura 6A-D, F-G). O parênquima axial é do tipo em
faixas (Figura 6C), com células de paredes relativamente espessas e pontoações simples
conspícuas (Figura 7C). As fibras dispõem-se em faixas tangenciais estreitas, alternadas com
faixas ricas em vasos e parênquima axial (Figura 6C). As fibras têm 562-958-1.370 µm de
comprimento por 14-20-34 µm de diâmetro, e as paredes secundárias são espessas e
lignificadas, com pontoações simples discretas (Figura 7C-E). Os raios geralmente são
homogêneos e multisseriados (Figura 6C-F), com 11-24-40 células e 123-260-548 µm de
altura e 1-3-4 células e 14-39-82 µm de diâmetro. As paredes secundárias do raio são
lignificadas e apresentam pontoações simples conspícuas (Figura 7C). Não há cristais ou
depósitos de sílica no lenho.
16
Figura 1. Seções transversais do caule de Tynanthus fasciculatus em diferentes estádios de
desenvolvimento. A, fase meristemática. B, crescimento primário estabelecido e início de crescimento
secundário. C, crescimento secundário usual (inicial). D-F, crescimento secundário não-usual. CP,
cordões procambiais; Ep, epiderme; F, floema primário; Fi, fibras pericíclicas; FS, floema secundário
usual; FSN, floema secundário não-usual; M, medula; MF, meristema fundamental; P, periderme; Pd,
protoderme; X, xilema primário; XS, xilema secundário usual; XSN, xilema secundário não-usual.
Barras: A-B= 300 µm; C= 500 µm; D-E=1000 µm; F =5000 µm.
17
Figura 2. Seções transversais do caule de Tynanthus fasciculatus em diferentes estádios de
desenvolvimento. A, transição entre a fase meristemática e a estrutura primária. B, detalhe da figura
anterior. Notar que apenas alguns elementos floemáticos e de protoxilema estão diferenciados e a
atividade cambial já se inicia. C, caule já diferenciado, com a região cortical em estrutura primária e
câmbio vascular produzindo xilema e floema secundários. D, formação do felogênio. E, detalhe da
figura anterior onde se observa câmbio vascular ainda com atividade usual. F-G, caule com
crescimento secundário não-usual. Setas indicam acréscimo de câmbio vascular não-usual. H-I,
detalhes da figura G. H, câmbio vascular com atividade usual e produção de xilema secundário para o
interior e floema secundário para o exterior. I, câmbio vascular com atividade não-usual e produção de
floema secundário não-usual para o exterior e pequena quantidade de xilema secundário para o
interior. C, colênquima; CV, câmbio vascular; CVN, câmbio vascular não-usual; Ep, epiderme; Fi,
fibras pericíclicas; FP, floema primário; FS, floema secundário; FSN, floema secundário não-usual;
MF, meristema fundamental; Pc, procâmbio; Pd, protoderme; XP, xilema primário; XS, xilema
secundário. Barras: A, C-D= 100 µm; B, E =25 µm; F-G= 500 µm; H-I= 50 µm.
18
Figura 3. Seções transversais do caule (A-G) e aspecto externo da casca (H-I) de Tynanthus
fasciculatus. A, protoderme com estômatos já diferenciados e região cortical ainda em diferenciação.
B, região epidérmica e cortical já diferenciadas. C, formação do felogênio a partir da primeira camada
subepidérmica. D, camadas de súber já diferenciadas e epiderme sendo eliminada. E-F, grande
quantidade de súber e feloderme compondo a periderme. G, lenticela. H, caule jovem. I, caule adulto.
C, colênquima; CC, célula de cobertura; Co, córtex; CO, célula de oclusão; E, estômato; Ep, epiderme;
Fd, feloderme; Fe, felogênio; FeL, felogênio da lenticela; Fi, fibra pericíclica; L, lenticela; MF,
meristema fundamental; P, periderme; Pc, procâmbio; Pd, protoderme; S, súber. Barras: A-C= 25 µm;
D-F= 50 µm; G= 100 µm; H= 1000 µm; I= 2000 µm.
19
Figura 4. Aspecto geral da casca (A-B) e do floema secundário usual (C-H). A-D, seções transversais.
E-F, seções longitudinais tangencial (E) e radial (F). G-H, macerado com detalhe de esclereídeos
fibriformes. Co, córtex; EC, elemento de tubo crivado; F, fibroesclereídeo; FS, floema secundário
usual; FSN, floema secundário não-usual; P, periderme; PA, parênquima axial; PR, parênquima radial;
XS, xilema secundário. Barras: A= 1000 µm; B-C= 100 µm; D-G= 50 µm; H =25 µm.
20
Figura 5. Seções transversais (A, C-D) e longitudinais tangencial (B) e radial (E-F) do floema
secundário não-usual do caule de Tynanthus fasciculatus. E-F, detalhe das placas crivadas compostas.
EC, elemento de tubo crivado; Fi, fibra; PA, parênquima axial; PC, placa crivada composta; PR,
parênquima radial. Barras: A-C= 50 µm; D-F =25 µm.
21
Figura 6. Seções transversais (A-D) e longitudinais radial (E) e tangencial (F-G) do lenho do caule de
Tynanthus fasciculatus. A, próximo à medula, resultado da fase de crescimento secundário usual. B,
região mais externa, resultante do crescimento secundário não-usual. C-D, F-G, vasos obliterados por
tilose. E, vaso sem tilose. As setas presentes indicam tiloses nos vasos. Fi, fibra; PA, parênquima
axial; PR, parênquima radial; V, vaso. Barras: A-B= 500 µm; C-G =100 µm.
22
Figura 7. Seções longitudinais tangenciais (A-B) e macerados (C-E) do lenho do caule de Tynanthus
fasciculatus. A, elementos de vaso com espessamento da parede secundária parcialmente reticulado.
B, elemento de vaso com pontoações areoladas. C, elemento de vaso, fibras e parênquima radial e
axial, mantendo parcialmente a organização estrutural. D, elementos de vaso grandes. E, elementos de
vaso pequenos com placas de perfuração em diferentes posições. EV, elemento de vaso; Fi, fibra; PA,
parênquima axial; PR, parênquima radial. Barras: A= 50 µm; B =20 µm; C= 30 µm; D= 100 µm; E=
50 µm.
23
Discussão
O padrão de crescimento secundário não-usual é comum em lianas de diversas
famílias botânicas (Boureau & Troisième, 1957; Metcalfe & Chalk, 1957; Caballé, 1993;
Araújo & Costa, 2007). Este padrão de desenvolvimento pode estar relacionado ao hábito
trepador, provavelmente proporcionando vantagens adaptativas como o aumento da
flexibilidade do caule sem danos aos elementos condutores e facilidade na escalada da planta
(Fahn, 1989; Dickison, 2000). Vários autores descreveram o padrão de crescimento não-usual
que ocorre no gênero Tynanthus e em outros gêneros de Bignoniaceae, como Amphilophium,
Clytostoma, Peltastoma e Pyrostegia (Gabrielli, 1993; Mauseth, 1988; Dickison, 2000),
denominado de tipo “cunha de floema inserida no xilema” (Solereder, 1908; Metcalfe &
Chalk, 1957), onde o lenho adquire o aspecto de cruz-de-Malta. Boureau & Troisième (1957)
denominam este padrão de crescimento secundário como “tipo interrompido”. O câmbio se
tornaria unidirecional em quatro setores, produzindo apenas floema secundário para o exterior
e cessando a produção de xilema secundário para o interior, e o restante da faixa cambial
continuaria a produzir xilema secundário para o interior, normalmente (Solereder, 1908;
Boureau & Troisième, 1957; Metcalfe & Chalk, 1957; Dickison, 2000; Mauseth, 1988).
Segundo Dobbins (1981), a posição das faixas de câmbio unidirecional em caule de
Bignoniaceae está correlacionada com o padrão vascular.
Em T. fasciculatus percebe-se que a mudança da atividade cambial é qualitativa na
medida em que o floema secundário formado nessas faixas do câmbio é estruturalmente
diferente, com menor quantidade de parênquima axial e radial, mais fibras e elementos de
tubo crivado com maior diâmetro. O xilema secundário não-usual também exibe padrão
anatômico distinto do xilema secundário usual. A mudança na atividade cambial também
pode ser considerada quantitativa, uma vez que a produção de xilema secundário nas faixas
cambiais ditas “unidirecionais” apenas diminui, mas não cessa totalmente durante o
24
desenvolvimento do caule. Isso pode ser verificado pelo distanciamento das cunhas de
floema secundário imersas no lenho em relação à medula, com o desenvolvimento do órgão.
A origem do felogênio no caule de T. fasciculatus segue o padrão mais comum
encontrado em caules de espécies lenhosas, a partir de camadas subepidérmicas corticais,
embora, em outros taxa, possa ter origem a partir de regiões mais internas do córtex e até
mesmo do floema secundário (Dickison, 2000). Em Pyrostegia venusta (Bignoniaceae), por
exemplo, o felogênio origina-se pela desdiferenciação de células parenquimáticas do floema,
situadas sob cordões de esclerênquima, e prossegue próximo e paralelo à epiderme (Gabrielli,
1993). No caso do caule de P. venusta a região cortical não é preservada, como ocorre em T.
fasciculatus. Como não há formação de ritidoma em T. fasciculatus, o único felogênio
formado tem atividade contínua, mantendo os tecidos internos (tecidos corticais, floema
primário e floema secundário não ativos) na estrutura da casca e acumulando compostos.
Para um grande número de espécies consideradas medicinais, a casca é a parte
utilizada como droga (Ming et al., 1997), e além da periderme, inclui todos os tecidos
externos ao câmbio vascular (Dickison, 2000). Muitas Bignoniaceae lianescentes possuem
importância etnobotânica e fazem parte de farmacopéias de diferentes países, e características
da casca, como presença e tipo de lenticelas, nuances de textura, coloração e cheiro, podem
auxiliar no reconhecimento no campo (Gentry, 1980). O floema secundário, que é rico em
células parenquimatosas, é quantitativamente bem representado na casca de T. fasciculatus,
portanto, tem grande importância na síntese e acúmulo de compostos fenólicos e substâncias
lipídicas como terpenos, na casca desta espécie.
Em T. fasciculatus, é nítida a dilatação dos raios do floema secundário à medida que
se distanciam do câmbio vascular. Essa dilatação é característica da formação do tecido de
expansão (Mauseth, 1988), com reativação da citocinese e expansão tangencial das células do
parênquima radial. Na maioria das espécies, apenas o incremento mais recente do floema é
funcional (Dickison, 2000), e a maior parte dos elementos condutores do floema não-ativo
25
estão colapsadas (Mauseth, 1988). Durante o crescimento secundário, o floema mais velho é
deslocado pela atividade do câmbio e sujeito a estresses tangenciais resultantes do
crescimento do caule em diâmetro, causando deformação e até colapso de células.
A abundância e o padrão de distribuição das fibras do floema secundário são
característicos para determinados taxa. Porém, a classificação das fibras do floema não têm
sido satisfatória, tanto por sua origem diversa como por sua intergradação com esclereídeos
(Dickison, 2000). Em T. fasciculatus, as células de sustentação do floema secundário usual
podem ser consideradas como fibroesclereídeos, pela morfologia intermediária entre fibras e
esclereídeos. Em Styrax camporum, grupos de células do floema secundário, alongadas
axialmente e semelhantes a fibras são descritas como células esclerificadas (Machado et al.,
2005). Nesta espécie, fibras associadas a esclereídeos foram encontradas apenas na casca da
raiz, e células esclerificadas associadas a esclereídeos na casca do caule (Machado et al.,
2005). Isso sugere que as células esclerificadas constituem uma característica derivada, uma
vez que a raiz conserva características mais ancentrais que a parte aérea.
T. fasciculatus não apresenta marcadores de crescimento evidentes no lenho, porém, as
faixas tangenciais de fibras que se alternam com os demais elementos celulares sugerem uma
repetição da atividade cambial em determinados intervalos de tempo. A presença de anéis ou
marcadores de crescimento é uma tendência em madeiras brasileiras, e são mais freqüentes
em altas altitudes e em ambientes com forte sazonalidade de temperatura (Alves &
Angyalossy-Alfonso, 2000). As placas de perfuração simples, como as que ocorrem nos
elementos de vaso de T. fasciculatus, também constituem uma tendência em madeiras
brasileiras (Alves & Angyalossy-Alfonso, 2000) e em áreas tropicais de baixa altitude
(Dickison, 2000).
O diâmetro dos vasos, de modo geral, parece estar relacionado às condições do habitat
da espécie, como altitude, latitude e disponibilidade de água (Metcalfe & Chalk, 1989).
Vasos com maior diâmetro são predominantes em áreas tropicais de baixa latitude, enquanto
26
vasos com menor diâmetro são mais freqüentes em habitats xéricos, temperados ou
montanhosos frios (Dickison, 2000). Vasos grandes e pequenos se alternam no lenho de T.
fasciculatus, e podem estar relacionados à eficiência e segurança hidráulica em períodos de
escassez e abundância de água, que caracteriza o ciclo climático anual na região de ocorrência
da espécie. Na espécie arbórea Schizolobium parahyba, durante a atividade cambial máxima
(estação úmida e presença de folhas) há formação de vasos mais largos e fibras com paredes
delgadas, e durante a atividade cambial mínima (seca e queda de folhas) formam-se elementos
de vaso pequenos e fibras de paredes espessas e achatadas radialmente, adjacentes ao câmbio
(Marcati et al., 2008). Leon-Gomes & Monroy-Ata (2005) estudaram a atividade cambial
anual de quatro lianas de uma floresta tropical de baixa altitude; embora o diâmetro dos vasos
não tenha sido avaliado, foi demonstrado que a atividade cambial também é maior em
períodos chuvosos na maioria das espécies estudadas.
As tiloses são muito comuns e abundantes no lenho de T. fasciculatus, e se
caracterizam pela projeção do protoplasto de células parenquimatosas vivas adjacentes, que
penetram no lume dos vasos pelas pontoações (Mauseth, 1988; Fahn, 1989; Metcalfe &
Chalk, 1989; Evert, 2006; Agrios, 2004). Em alguns casos, as tiloses podem ter espessamento
de parede e lignificação (Evert, 2006), o que não ocorre em T. fasciculatus. As tiloses podem
causar obstrução parcial ou total, reduzindo ou cessando totalmente o fluxo no vaso (Metcalfe
& Chalk, 1989). Em algumas madeiras, as tiloses são formadas quando cessa o
funcionamento do vaso (Fanh, 1989; Evert, 2006) e, na maioria das plantas, são formadas
prematuramente por diversas condições de estresse e invasão de patógenos (Mauseth, 1988;
Fahn, 1989; Agrios, 2004; Evert, 2006). Metcalfe & Chalk (1989) destacam o valor
diagnóstico das tiloses, pela ocorrência esporádica ou restrita a determinadas famílias, como
Bignoniaceae, por exemplo.
O parênquima axial paratraqueal, como ocorre em T. fasciculatus, além de raios
estreitos e fibras com paredes mais espessas são considerados características comuns em
27
espécies lenhosas de baixas latitudes, com nas regiões tropicais (Alves & Angyalossy-
Alfonso, 2002).
Conclusões
A caracterização estrutural do caule de T. fasciculatus fornece subsídios para a
identificação de estruturas vegetativas e acrescentam dados à monografia já existente na
Farmacopéia Brasileira.
Referências Bibliográficas
Agrios GN. 2004. Plant Pathology. 5.ed. New York: Elsevier Academic Press.
Alves ES, Angyalossy-Alfonso V. 2000. Ecological trends in the wood anatomy of some
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30
CAPÍTULO 2
Histoquímica e prospecção fitoquímica da casca do caule de Tynanthus fasciculatus
Miers (Bignoniaceae)
RESUMO – Tynanthus fasciculatus Miers, é uma Bignoniaceae lianescente, conhecida como
cipó-cravo, cuja casca é utilizada na medicina tradicional. O objetivo do presente trabalho foi
correlacionar a estrutura anatômica da casca do caule de T. fasciculatus com a presença de
grupos químicos de interesse farmacológico, utilizando técnicas de microscopia de luz e de
prospecção fitoquímica. Para a análise estrutural, amostras do caule foram fixadas em FAA
50
,
estocadas em etanol 70%, amolecidas em etilenodiamina, desidratadas em série etílica e
incluídas em metacrilato. O material foi seccionado transversal e longitudinalmente (5µm) em
micrótomo rotativo. Para a análise histoquímica, porções frescas da casca foram seccionadas
transversalmente em micrótomo de mesa e submetidas a diversos corantes e reagentes. Para a
prospecção fitoquímica, extratos hexânico e metanólico da casca foram obtidos empregando
aparelho de Soxhlet e submetidos ao estudo por cromatografia de camada delgada (CCD). Os
principais grupos de metabólitos identificados por ambas as técnicas foram compostos
fenólicos como taninos e flavonóides, alcalóides e terpenos, todos localizados nas células
parenquimatosas da casca e do floema secundário inserido na massa xilemática. Os taninos e
cumarinas foram identificados apenas por CCD. A presença desses metabólitos secundários
nas células parenquimatosas da casca do caule pode estar correlacionada com o potencial
terapêutico da espécie e o uso da casca como insumo para a produção de fitoterápicos. A
indicação e descrição das técnicas para análise dos principais grupos de metabólitos
secundários, presentes na casca do caule de T. fasciculatus, também são uma ferramenta para
o controle de qualidade da droga vegetal.
31
Introdução
Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae), popularmente conhecido como cipó-
cravo, é uma liana nativa do Brasil, com ocorrência na Mata Atlântica dos estados de São
Paulo e Minas Gerais (Gentry, 1992). A espécie é utilizada como planta medicinal por
comunidades tradicionais e diferentes usos etnofarmacológicos são atribuídos a essa espécie,
como tônico estomacal, carminativo, aromático (Botsaris & Machado, 1995), contra má
digestão (Ming et al., 1997), afrodisíaco (Botsaris & Machado, 1995; Mendes & Carlini,
2007) e tônico restaurador (Mendes & Carlini, 2007). Há referências sobre a utilização
terapêutica da planta inteira, da casca da raiz (Mendes & Carlini, 2007) ou da casca do caule,
utilizadas popularmente nas formas de chás (Muñoz et al., 2000) e garrafadas (Amorim et al.,
1994; Ming et al., 1997). A Farmacopéia Brasileira (1959) indica o caule na descrição
macroscópica dessa droga vegetal, sendo esta rica em óleos essenciais, glicosídeos, alcalóides
e taninos (Botsaris & Machado, 1995). O mesmo possui odor suave, semelhante ao do cravo-
da-índia (Syzygium aromaticum) que, associado ao hábito trepador, justifica o nome comum
da espécie. Caules do gênero Tynanthus são reconhecidos macroscopicamente pela seção
transversal levemente quadrangular e o lenho em forma de cruz-de-Malta, decorrente do
padrão de crescimento secundário não-usual (Boureau & Troisieme, 1957; Metcalfe & Chalk,
1950).
Outras espécies do gênero, como T. elegans, são também conhecidas popularmente
como cipó-cravo (Muñoz et al., 2000; Bourdy et al., 2000; Mendes & Carlini, 2007), o que
dificulta a correta identificação dessas espécies. Assim, embora a literatura já tenha dados
gerais sobre a anatomia e a presença de metabólitos secundários em T. fasciculatus, os
estudos sobre essa espécie ainda são escassos. A identificação correta da droga, como também
indicação da localização dos sítios de biossíntese de metabólitos de interesse, estão
32
condicionadas a estudos mais detalhados sobre aspectos anatômicos, histoquímicos e
fitoquímicos.
Este trabalho tem como objetivo relacionar a estrutura anatômica da casca do caule de
T. fasciculatus com a presença de grupos químicos de interesse farmacológico, utilizando
técnicas de microscopia de luz e de prospecção fitoquímica.
Material e Métodos
Material vegetal
As cascas do caule de Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae), com 2 a 4 cm de
diâmetro, já lenhosos, de três indivíduos, foram coletadas na mata da Silvicultura do Campus
da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa-MG.
Microscopia de Luz
As análises em microscopia de luz foram realizadas no Laboratório de Anatomia
Vegetal do Departamento de Biologia Vegetal da UFV.
Avaliação estrutural. O material foi fixado em FAA
50
, por 48 horas, e conservado em etanol
70% (Johansen, 1940). Seções transversais do caule foram observadas e fotografadaos em
estereomicroscópio (Stemi 2000-C, Zeiss) com câmera digital (D-535, Olympus). O
seccionamento do caule foi realizado em micrótomo de deslize (SM 2000R, Leica). Porções
da casca com aproximadamente 25 µm
2
, foram amolecidas em etilenodiamina 40%, por 30
dias (Carlquist, 1982) e posteriormente desidratadas em série etílica crescente e incluídas em
metacrilato (Historesin-Leica), conforme as recomendações do fabricante. Seções transversais
e longitudinais tangenciais e radiais foram obtidas em micrótomo rotativo de avanço
automático (modelo RM 2155, Leica), com 5 µm de espessura. A coloração foi feita com azul
33
de toluidina a 0,05% pH 4 (O´Brien et al., 1964) e algumas lâminas foram seqüencialmente
coradas com reagente de lugol (Johansen, 1940), para a detecção de amido. A montagem das
lâminas foi feita em resina sintética (Permount).
Avaliação histoquímica. Amostras da casca, frescas ou armazenadas em congelador, foram
seccionadas transversalmente em micrótomo de mesa (modelo LPC - Rolemberg & Bhering)
ou em criomicrótomo (modelo CM1850, Leica). O material seccionado foi submetido a
diferentes corantes/ reagentes: sudan vermelho escarlate (Brundrett et al., 1991) e sudan black
B (Pearse, 1980) para lipídios, sulfato azul do Nilo (Cain, 1947) para lipídios ácidos e
neutros, reagente de Nadi (David & Carde, 1964) para óleos essenciais e oleorresinas, cloreto
de ferro III (Johansen, 1940) e dicromato de potássio (Gabe, 1968) para compostos fenólicos,
vanilina clorídrica (Mace & Howell, 1974) para taninos, floroglucina (Jensen, 1962) para
lignina, reagente de Wagner e reagente de Dittmar (Furr & Mahlberg, 1981) para alcalóides,
vermelho de Rutênio (Johansen, 1940) para substâncias pécticas e xilidine ponceau (Vidal,
1977) para proteínas totais. Os controles foram conduzidos paralelamente aos testes
utilizados.
As imagens foram obtidas em microscópio de luz (modelo AX70 TRF, Olympus)
equipado com sistema U-photo e acoplado a microcomputador com o programa Spot-Basic.
Prospecção fitoquímica
As análises foram realizadas no Laboratório de Biodiversidade do Departamento de
Bioquímica e Biologia Molecular da UFV. As cascas de T. fasciculatus foram secas em estufa
a 35ºC e pulverizadas em moinho de faca (Tecna). A partir de 20 g de cascas secas
pulverizadas foram preparados, empregando o aparelho de Soxhlet, os extratos hexânico (a
40ºC/ 6 horas) e metanólico (a 60ºC/ 6 horas). Os extratos obtidos foram concentrados sob
pressão em evaporador rotatório (Modelo Bűchi R-200) e reservados para análise.
34
Os testes de prospecção fitoquímica realizados por cromatografia em camada delgada
(CCD) avaliaram a presença dos seguintes grupos de metabólitos secundários: cumarinas,
flavonóides, antraquinonas, taninos, óleos essenciais, alcalóides, triterpenos/esteróides e
glicosídeos cardiotônicos. Para a revelação dos cromatogramas foram usados reagentes
específicos para cada grupo de metabólitos secundários e observação em câmara escura nas
regiões de luz UV em 254 e a 365 nm. Foram utilizadas cromatofolhas de sílica gel GF
254
(Merk ®), diferentes fases móveis e reagentes reveladores (Tabela 1), de acordo com o
método descrito por Wagner et al. (1984). Na análise cromatográfica, para cada classe, foram
utilizados padrões de marcadores químicos como referência.
Tabela 1. Condições cromatográficas para a prospecção fitoquímica selecionadas para os
extratos metanólico e hexânico de T. fasciculatus
Metabólitos
secundários
Mistura eluente Revelador
Extrato metanólico
Cumarinas
tolueno/éter (1:1) solução etanólica de KOH a 5% sob
luz UV
254
Flavonóide acetato etila/ácido
fórmico/ácido acético
glacial/água
(100:11:11:27)
solução etanólica de AlCl
3
hexahidratada a 5% sob luz UV
365
Antraquinona acetato etila/metanol/água
(50:8,5:6,5)
solução etanólica de KOH a 5%
Taninos tolueno/butanol/ácido
acético/água
(50:25:25:5)
mistura de soluções aquosas de
K
3
Fe(CN)
6
a 1% (A) e de
FeCl
3
a 2% (B)
Solução A e B (1:1)
Alcalóide acetato etila/ácido
fórmico/ácido acético glacial
(50:5,5:5,5)
reagente de Drangendorff
Saponinas clorofórmio/metanol/água
(64:50:10)
reagente de anisaldeído e ácido
sulfúrico
Heterosídeo
Cardiotônico
acetato etila/metanol/água
(81:11:8)
reagente de Kedde
Extrato hexânico
Óleo
essencial
tolueno/acetato de etila
(93:7)
reagente de anisaldeído e ácido
sulfúrico
Terpenos/
Esteróides
hexano/acetato etila (70:30) Reagente de Lieberman Burchard
35
Resultados
Caracterização estrutural. O caule de T. fasciculatus, já lenhoso, tem seção transversal
levemente quadrangular e aspecto característico de cruz-de-Malta, resultado do crescimento
secundário não-usual (Figura 1A). Nesse tipo de crescimento secundário não-usual, há quatro
porções da faixa cambial, opostas entre si duas a duas, que produzem, prioritariamente,
floema secundário para o exterior e reduzem extremamente a produção de xilema secundário
para o interior. As regiões do câmbio que se alternam com essas faixas apresentam atividade
usual, com produção de xilema secundário para o interior e floema secundário para o
exterior. O aspecto geral da estrutura é dado pelo lenho interrompido em quatro setores,
preenchidos por floema secundário não-usual, em forma de cunha (Figura 1B). Toda a casca,
incluindo as cunhas de floema secundário não-usual, tem coloração castanho avermelhado,
enquanto que o lenho é mais claro e amarelado (Figura 1B).
A casca (Figura 1B-C) é formada pela periderme, região cortical remanescente, e
floema secundário. A periderme é constituída pelo súber pluriestratificado, felogênio de
atividade contínua e feloderme (4-5 camadas). Lenticelas são abundantes, mas pouco distintas
do restante do súber em caules de maior diâmetro. A região cortical apresenta de oito a dez
camadas de células parenquimatosas, alongadas tangencialmente, provavelmente pela pressão
de crescimento em diâmetro do caule. Na região cortical, as calotas de fibras do floema
primário podem ser observadas. No floema secundário usual (Figura 1C), os elementos de
tubo crivado são escassos e inconspícuos, e as placas crivadas são compostas. Os elementos
condutores ocorrem associados ao parênquima axial, que é abundante e se dispõe em faixas
alternadas com grupos de esclereídeos fibriformes. Os raios são homogêneos e multisseriados,
mais dilatados na direção oposta ao câmbio vascular. Na região de floema secundário não-
usual (Figura 1D), os raios são unisseriados dentro de cada faixa de floema na cunha, e
plurisseriado entre as faixas de floema na cunha; e o parênquima axial é escasso, com
36
predominância de faixas de fibras alternadas com faixas de elementos condutores abundantes
e grande diâmetro, e placas crivadas compostas e oblíquas.
De modo geral, as células parenquimatosas vivas, provavelmente envolvidas na síntese
de metabólitos secundários, são abundantes em toda a casca, desde o felogênio até as diversas
faixas cambiais, incluindo as cunhas de floema secundário não-usual.
37
Figura 1. Seções transversais do caule de Tynanthus fasciculatus Miers (Bignoniaceae). A, aspecto
geral do caule. B, detalhe da figura anterior. C, região da casca, compreendendo periderme e floema
secundário usual. D, região do floema não-usual. Ca, casca; Co, córtex; EC, elemento de tubo crivado;
EF, esclereídeos fibriformes; Fd, feloderme; Fe, felogênio; Fi, fibra pericíclica; Fb, fibra; FS, floema
secundário; FSN, floema secundário não-usual; L, lenticela; M, medula; P, periderme; PA,
parênquima axial; PR, parênquima radial; S, súber; XS, xilema secundário usual; XSN, xilema
secundário não-usual. Barras: A=5000µm; B=1000µm; C=100µm; D=50µm.
38
Caracterização histoquímica. O resultado dos testes histoquímicos aplicado à casca do caule
de T. fasciculatus é apresentado na Tabela 2. A coloração natural da casca é alaranjada
(Figura 2A-B), principalmente nas regiões do felogênio, feloderme, córtex e regiões
parenquimatosas do floema secundário usual e não-usual. O súber é mais opaco e castanho-
alaranjado. No material seccionado, parte do pigmento é liberado na água com o rompimento
de algumas células, como também é bastante extraído pelo fixador, deixando o líquido
castanho- alaranjado e com odor de cravo-da-índia.
Os alcalóides foram identificados pelos reagentes de Wagner e Dittmar (Figura 2C-D),
em toda a região parenquimatosa da casca. Compostos fenólicos também foram identificados
na mesma região pelo cloreto férrico (Figura 2E-F) e pelo dicromato de potássio (Figura 2G-
H). Taninos não foram identificados pela vanilina clorídrica. Gotículas lipídicas foram
identificadas pelo sudan escarlate (Figura 2I-J). O reagente de Nadi, que usualmente reage
com óleos essenciais conferindo a coloração azul violeta, neste material evidenciou uma
coloração verde escuro (Figura 2K-L), provavelmente uma interação da coloração natural
alaranjada com o azul violeta, formando uma cor derivada. Todos os compostos identificados
na casca também foram encontrados no floema secundário não-usual, porém, as células
parenquimatosas desse tecido são mais escassas.
Polissacarídeos (pectinas, amido e outros) não foram evidenciados pelos testes
histoquímicos utilizados.
39
Figura 2. Seções transversais da casca do caule de Tynanthus fasciculatus submetidas a
diferentes testes histoquímicos. A, branco (in vivo). B, detalhe da figura anterior. C, alcalóides
corados de castanho avermelhado pelo reagente de Wagner. D, detalhe da figura anterior. E,
fenólicos corados de negro pelo cloreto férrico. F, detalhe da figura anterior. G, fenólicos
corados de castanho com dicromato de potássio. H, detalhe da figura anterior. I, lipídios
corados de vermelho com sudan escarlate. J, detalhe da figura anterior. K, terpenos corados
de azul esverdeado com reagente de Nadi. L, detalhe da figura anterior. Co, córtex; FS,
floema secundário; Pe, periderme; S, súber. Barras: A, C, E, G, K=200µm; B, D, F, H, I,
L=50µm; J=20µm.
40
Tabela 2. Compostos identificados pelos testes histoquímicos na casca do caule de Tynanthus
fasciculatus.
Teste Compostos Coloração observada Resultado
LIPIDIOS
Sudan red B lipídios
vermelho +
Sudan black B lipídios
azul escuro +
Azul do Nilo lipídios ácidos
azul _
lipídios neutros
rosa +
Reagente de Nadi óleos essenciais
azul-violeta +
óleorresinas
rosa _
CARBOIDRATOS
PAS polissacarídeos
magenta _
Vermelho de rutênio pectinas
rosa avermelhado _
Lugol amido
negro _
COMPOSTOS FENÓLICOS
Cloreto férrico compostos fenólicos
negro ++
Dicromato de potássio compostos fenólicos
marrom avermelhado ++
Vanilina clorídrica
taninos condensados
(proantocianidinas)
vermelho _
ALCALÓIDES
Reagente de Wagner alcalóides
castanho avermelhado +
Reagente de Dittmar alcalóides
castanho avermelhado +
PROTEÍNAS
Xylidine Ponceau (XP) proteínas
vermelho -
Nota: (-): ausente; (+): presente; o número de sinais indica a intensidade da reação
Prospecção fitoquímica. O extrato metanólico das cascas do caule apresentou cor castanha,
inodoro e foi utilizado para prospectar aqueles grupos de metabólitos secundários de maior
polaridade. Já o extrato hexânico, de coloração amarronzada e odor característico de cravo-
da-índia, foi utilizado para investigar a presença de compostos de menor polaridade, como os
óleos essenciais, triterpenos e esteróides.
41
O rendimento do extrato metanólico da casca (EMC) foi de 25,8%, enquanto o extrato
hexânico da casca (EHC) foi de 0,8%. O resultado da prospecção fitoquímica realizada nos
extrato metanólico e hexânico da casca do caule de Tynanthus fasciculatus encontra-se na
Tabela 3.
Na prospecção fitoquímica das cascas do caule de T. fasciculatus, não foram
evidenciadas a presença de cumarinas, antraquinonas e de heterosídeos cardiotônicos.
Flavonóides foram caracterizados por manchas amarelas na região do visível, sendo
esta intensificada após aspersão com revelador, as quais também apresentaram forte
fluorescência sob luz UV
365
(Figura 3A). No teste para taninos (Figura 3B), o cromatograma
apresentou manchas azuis com grande cauda, característico para esse grupo de metabólitos,
que devido ao elevado número de hidroxilas fenólicas em suas estruturas formam várias
ligações de hidrogênio com o grupo silanol da fase estacionária, dificultando a separação
cromatográfica. A coloração azul das manchas, após aspersão com o reagente cloreto férrico,
sugere a presença de taninos hidrolisáveis, uma vez que os taninos condensados se revelam
com forte coloração esverdeada nessa condição.
O teste para saponinas (Figura 3C) foi positivo, com zonas amareladas imediatamente
após a aspersão com o revelador. A visualização das manchas referentes aos alcalóides
(Figura 3D) foi evidenciada pelo aparecimento de duas manchas castanho-avermelhadas,
imediatamente após a aspersão do reagente de Dragendorff.
Ao extrato hexânico, as revelações empregando o reagente de vanilina e de
Lierberman Burchard indicaram óleo essencial (Figura 3E) e triterpeno/ esteróide (Figura 3F),
respectivamente.
42
Tabela 3. Resultado da prospecção fitoquímica dos extratos metanólico e hexânico das cascas
do caule de T. fasciculatus
Grupos de metabólitos secundários Extrato metanólico Extrato hexânico
Cumarina - NSA
Flavonóide + NSA
Tanino + NSA
Antraquinona - NSA
Saponina + NSA
Heterosídeos cardiotônico - NSA
Alcalóide + NSA
Óleo essencial NSA +
Triterpenos/esteróides NSA +
Nota: NSA: não se aplica; (-): ausente; (+): presente
Figura 3. Fotografias dos cromotogramas obtidos por CCD para os extratos metanólico e
hexânico das cascas do caule de T. fasciculatus. A, flavonóide a 365nm. B, saponina. C,
tanino. D, alcalóide. E, triterpeno e esteróide. F, óleo essencial.
43
Discussão
Muitas espécies de lianas, principalmente Bignoniaceae, possuem importância na
medicina popular e podem ser reconhecidas no campo por características morfológicas
externas, como textura e coloração da casca e presença e tipo de lenticelas, como também por
características organolépticas, como sabor e odor (Gentry, 1980).
O padrão de crescimento secundário não-usual que ocorre em T. fasciculatus, com o
lenho em forma de cruz-de-Malta, é comum no gênero Tynanthus (Boureau & Troisième,
1957; Metcalfe & Chalk, 1950) e em outros gêneros de Bignoniaceae (Mauseth, 1988;
Dickison, 2000). O aspecto do lenho, e conseqüentemente do caule, em seção transversal, é
muito característico, e pode auxiliar na identificação do material botânico. Porém, o lenho
não tem participação efetiva na biossíntese e acúmulo de compostos do metabolismo
secundário, mas sim a casca. Conceitualmente, a casca é formada pela periderme, que é o
tecido de revestimento propriamente dito, e pelo floema secundário subjacente, além de
tecidos corticais que eventualmente sejam mantidos entre a periderme e o floema secundário
(Evert, 2006; Mauseth, 1988). A região do floema secundário também é conhecida como
“casca interna”, provavelmente pela posição mais interna que ocupa na estrutura da casca. De
modo análogo, a periderme também é conhecida como “casca externa”. Os termos “casca
externa” e “casca interna” são mais populares que tecnicamente bem aceitos. No caso de T.
fasciculatus, em que há formação de cunhas de floema secundário não-usual inseridas na
massa xilemática (lenho), a região da casca a ser considerada pode se estender até as cunhas
de floema secundário. Tanto é, que a coloração avermelhada e o odor de cravo-da-Índia são
comuns a toda essa região, assim como as respostas aos testes histoquímicos aplicados.
A periderme de T. fasciculatus é originada a partir do felogênio com atividade
contínua, instalado na região externa do córtex, conservando na estrutura da casca a feloderme
e células parenquimáticas corticais que também participam da síntese e acúmulo de
44
compostos secundários. Apenas o súber, produzido centrifugamente pelo felogênio, não é
representativo como região de biossíntese e acúmulo de compostos secundários. As células do
súber são mortas na maturidade, precocemente suberificadas e lignificadas (Fahn, 1989;
Evert, 2006).
O floema secundário ocupa a maior proporção da casca, e além de ser constituído por
elementos condutores e de sustentação (fibras e esclereídeos), é rico em células
parenquimáticas, dispostas tanto no eixo axial (parênquima axial) como no eixo radial (raios).
De modo geral, a biossíntese de metabólitos secundários está associada à presença de
estruturas secretoras diversas, ou mesmo a células parenquimatosas metabolicamente ativas
(Fahn, 1989; Evert, 2006), embora o acúmulo possa ocorrer até mesmo em fibras e elementos
condutores de xilema desativados (Fahn, 1989). No caule de T. fasciculatus não há estruturas
secretoras internas, mas há grande quantidade de células parenquimatosas na casca,
principalmente no floema secundário usual. A região do floema secundário não-usual tem
menor proporção de células parenquimatosas que o floema secundário usual, portanto
contribui menos com a produção de compostos secundários.
O acúmulo efetivo de compostos fenólicos, alcalóides e terpenos, identificados
histoquimicamente no caule de T. fasciculatus, ocorre na região interna da casca, ou seja,
desde o felogênio, seguindo pela feloderme, tecidos corticais, floema secundário usual e não-
usual, regiões onde prevalecem células vivas parenquimatosas.
A família Bignoniaceae é rica em metabólitos secundários, como glicosídeos iridóides,
alcalóides, naftoquinonas e antraquinonas, complexos ésteres e glicosídeos de orto-difenólico,
taninos, flavonóides, carotenóides e triterpenos (Gentry, 1980). Dentre a grande diversidade
química da família, as naftoquinonas constituem o grupo mais freqüente, do qual se destaca o
metabólito lapachol, com atividade bacteriostática, fungistática, antiviral, cercaricida,
tripanosomicida, antipirética (Oliveira et al., 1990), antiinflamatório, antiulcerogênico e
antitumoral (Fonseca et al., 2003). Entre os triterpenos destaca-se o ácido ursólico com
45
atividades antinflamatória, hepatoprotetora, antitumoral e antimicrobiana ativo contra
Trypanossoma cruzi (Leite, 1998).
Os metabólitos secundários identificados nas cascas do caule de T. fasciculatus podem
ser agrupados em compostos hidrofílicos, como os glicosídeos, alcalóides e compostos
fenólicos, e compostos lipofílicos, como os derivados terpênicos. As análises histoquímica e
fitoquímica foram coincidentes na detecção de grupos de compostos secundários na planta,
porém alguns grupos elucidados pela prospecção fitoquímica não foram identificados
histoquimicamente. Esse fato pode ser justificado pela diferença de sensibilidade entre os dois
métodos ou pela inexistência de testes equivalentes na histoquímica.
Entre os grupos de metabólitos secundários detectados no extrato metanólico nas
cascas do caule de T. fasciculatus estão compostos fenólicos, como taninos e flavonóides,
saponinas e alcalóides.
Os flavonóides possuem larga ocorrência em plantas lenhosas, sobretudo nas cascas,
apresentando importância na proteção das plantas pela sua atividade antifúngica. Os
flavonóides podem ocorrer nas formas livre ou conjugada formando glicosídeos, sendo esses
últimos mais comumente encontrados na casca. A alta polaridade da fase móvel utilizada no
teste por CCD é forte indicativo da presença desses compostos na forma de glicosídeos.
Os taninos têm sido os compostos fenólicos mais estudados em ecologia química
(Harbone, 1989) e, freqüentemente, as plantas ricas em taninos são empregadas na medicina
tradicional para o tratamento da diarréia, hipertensão arterial, reumatismo, hemorragias etc
(Santos & Mello, 1999).
As saponinas, de modo geral, ocorrem como misturas complexas; são glicosídeos de
esteróides ou de terpenos policíclicos, com ação espermicida e anti-helmíntica comprovadas
(Schenkel et al., 1999).
Alcalóides, freqüentemente presentes em Bignoniaceae (Hegnauer, 1966, Leite, 1998),
constituem um grupo muito heterogêneo sob o ponto de vista químico, bioquímico e
46
fisiológico, com distribuição restrita a determinadas taxa e ocorrência em diferentes órgãos da
planta (Tyler et al., 1988). O modo de ação é bastante variado, podendo interagir com
receptores do sistema nervoso ou interferir na atividade de várias enzimas (Taiz & Zeiger,
2004).
Os óleos essenciais e grupos de triterpenos e esteróides foram detectados no extrato
hexânico nas cascas do caule de T. fasciculatus. Aos óleos essenciais, caracterizados pela
mistura complexa de compostos terpênicos e/ou fenilpropanóides, podem ser atribuídas
diversas atividades, como antifúngico, por exemplo (Hubbell et al., 1984). A presença de óleo
essencial no gênero Tynanthus pode ser verificada em ensaio organoléptico, pelo odor
característico de cravo-da-índia, constituindo também um critério de identificação (Gentry,
1980) e de avaliação da qualidade do óleo (Simões & Spitzer, 1999). No presente trabalho, as
diversas manchas reveladas pelo cromatograma obtido por CCD sugerem uma mistura
complexa de terpenóides. Plaza e colaboradores (2005), após avaliação química do extrato
hidroalcóolico da casca de T. panurensis, confirmaram a presença de glicosídeos
fenilpropanóides, sendo esses caracterizados como derivados do eugenol, verbascosídeo,
isoverbascosídeo e leucosceptosídeo.
Entre os grupos de metabólitos não evidenciados nos extratos analisados estão as
cumarinas, antraquinonas e heterosídeos cardiotônicos. Quanto às cumarinas, não existem
relato na literatura sobre a sua presença no gênero Tynanthus, apesar desse grupo de
compostos secundários ocorrer com frequência em Bignoniaceae (Leite, 1998). Entre os
compostos quinônicos, as naftoquinonas são mais freqüentes em Bignoniceae, porém ausente
em Tynanthus schumanianum de acordo com Oliveira et al. (1990). Às quinonas, em geral,
são atribuídas propriedades alelopáticas (Falkenberg, 1999) e alguns desses metabólitos estão
relacionados como pigmentos de madeira (Imamura, 1989). A ausência de heterosídeos
cardiotônicos é esperada, pois não existem relatos da presença dessa classe de metabólitos
secundários em Bignoniaceae (Rates, 1999).
47
Contudo, com exceção dos taninos revelados pela técnica cromatográfica, houve
concordância dos dois métodos analíticos utilizados na investigação de metabólitos
secundários. A maior sensibilidade da técnica cromatográfica pode explicar esse fato. As
saponinas, também identificadas pela análise fitoquímica, não foram detectadas
histoquimicamente, pois não há testes histoquímicos específicos e eficazes para esse grupo.
Conclusões
A histolocalização dos compostos do metabolismo secundário no caule de T.
fasciculatus fornece subsídios para a utilização das cascas como droga vegetal e acrescentam
dados à monografia já existente na Farmacopéia Brasileira.
O desenvolvimento de técnicas de identificação por CCD para as cascas do caule de T.
fasciculatus, com o estabelecimento das condições cromatográficas, representa um avanço
para a obtenção de ensaios direcionados ao controle de qualidade dessa droga vegetal, já que
na Farmacopéia Brasileira, a referida monografia apenas menciona o controle
farmacobotânico.
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CONCLUSÕES GERAIS
A Anatomia Vegetal e a Fitoquímica são ferramentas complementares e necessárias
para a caracterização de espécies medicinais, pois fornecem subsídios para a identificação
correta da droga e confirmam a presença de compostos de interesse farmacológico.
Em T. fasciculatus, a casca apresenta maior quantidade de células parenquimatosas
que o restante do caule, o que pode influenciar na biossíntese de metabólitos secundários e,
consequentemente, no uso terapêutico da droga vegetal oriunda dessa espécie.
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