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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
ANATOMIA RADIOLÓGICA DA PLACA DE
CRESCIMENTO DOS OSSOS LONGOS
EM POTROS CRIOULOS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Rodrigo Colares Luiz
Santa Maria, RS, Brasil
2005
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ANATOMIA RADIOLÓGICA DA PLACA DE CRESCIMENTO
DOS OSSOS LONGOS EM POTROS CRIOULOS
por
Rodrigo Colares Luiz
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Medicina Veterinária – Área de Concentração em Clínica
Médica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Medicina Veterinária
Orientador: Dr. Flavio Dessessards De La Corte
Santa Maria, RS, Brasil
2005
ads:
Luiz, Rodrigo Colares, 1976-
L953a
Anatomia radiológica da placa de crescimento dos ossos longos
em potros crioulos / por Rodrigo Colares Luiz ; orientador Flavio
Dessessards De La Corte . – Santa Maria, 2005
29 f. : il., tabs.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria, Centro
de Ciências Rurais, Programa de Pós-Graduação em Medicina
Veterinária, RS, 2005.
1. Medicina veterinária 2. Cavalo crioulo 3. Radiologia
veterinária 4. Placa de crescimento 5. Raios-X I. La Corte, Flavio
Dessessards II. Título
CDU: 619:636.13
Ficha catalográfica elaborada por
Luiz Marchiotti Fernandes – CRB 10/1160
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Rurais/UFSM
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de
Mestrado
ANATOMIA RADIOLÓGICA DA PLACA DE CRESCIMENTO DOS
OSSOS LONGOS EM POTROS CRIOULOS
elaborada por
Rodrigo Colares Luiz
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Medicina Veterinária
COMISSÃO EXAMINADORA:
Flavio Dessessards De La Corte, Dr.
(Presidente/Orientador)
Carmen Lice Buchmann de Godoy, Drª. (UFSM)
Mário Kurtz Filho, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 26 de agosto de 2005.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Flávio De La Corte pela oportunidade de aprimorar meus
conhecimentos com relação a pesquisa.
A Drª Karin Brás pelo apoio no desenvolvimento do trabalho.
A Jhansy Colares pela amizade e incentivo para o término do projeto.
A Deus por permitir que um sonho possa tornar-se realidade.
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
ANATOMIA RADIOLÓGICA DA PLACA DE CRESCIMENTO DOS OSSOS
LONGOS EM POTROS CRIOULOS
AUTOR: RODRIGO COLARES LUIZ
ORIENTADOR: DR. FLAVIO DESSESSARDS DE LA CORTE
Santa Maria, 26 de agosto de 2005.
Com o objetivo de determinar a idade do fechamento das placas de crescimento dos
ossos foram usados 92 potros da raça crioula com idade de 6 a 29 meses, de ambos
os sexos, provenientes de 5 criatórios diferentes. Foram radiografadas as placas de
crescimento distais do terceiro metacarpiano, do rádio e da tíbia. A imagem
radiológica foi classificada, quanto ao fechamento em: visível, parcialmente visível
ou não visível. Foram avaliados a influência do sexo, propriedade e regime
nutricional sobre o fechamento da placa de crescimento. Aos sete meses a placa de
crescimento do metacarpiano principal apresentava-se não visível. A placa de
crescimento distal da tíbia aos 23 meses não era possível identificar. No aspecto
distal do rádio a placa de crescimento esteve visível até aos 25 meses de idade. As
placas de crescimento foram incluídas na classificação de não visíveis em diferentes
idades dos potros, na dependência da estrutura avaliada; aos sete meses no
metacarpiano principal, aos 23 meses na tíbia e aos 25 meses no aspecto distal do
rádio. Os resultados deste estudo comprovam que o fechamento das placas de
crescimento similar ao observado em outras raças.
Palavras-chave: Placas de crescimento – raios-X – Crioulos.
ABSTRACT
Master’s Dissertation
Veterinary Post Graduation Program
Federal University Santa Maria, RS, Brasil
ANATOMIA RADIOLÓGICA DA PLACA DE CRESCIMENTO DOS OSSOS
LONGOS EM POTROS CRIOULOS
(RADIOLOGICAL ANATOMY OF THE GROWTH PLATES OF THE LONG BONES
IN FOALS OF THE CRIOLLO BREED)
AUTHOR: RODRIGO COLARES LUIZ
ADVISER: DR. FLAVIO DESSESSARDS DE LA CORTE
Date and Place of Presentation: Santa Maria, August 26
th
, 2005.
With the objective of documenting the moment of closing of the physeal plates of the
bones, this study used 92 foals of the creollo breed aged between 6 and 29 months.
Using the ante-posterior projection, radiographic images were taken of the anterior
and posterior members of both sexes for the distal portion of the radial, the 3rd
metacarpal and the distal aspect of the tibia. The ante-posterior radiographic
projection was utilized in all cases. The radiographic image of the growth plate was
classified as visible, partially visible or not visible. At 7 months the growth plate of the
principal metacarpal was not visible. In the distal physis of the tibia it was not
possible to identify it at 23 months. In the distal aspect of the radius it was visible at
age 25 months.
Key-words: Physeal plates – X-ray – Criollo.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Radiografias da placa epifisiária
distal do metacarpiano principal
em potros da raça Crioula. As setas marcam o local da placa
epifisiária visível em um potro de 6 meses de idade. Na segunda
radiografia, observa-se a placa epifisiária parcialmente visível num
potro de 7 meses de idade. Na terceira radiografia já não é
possível identificar a placa epifisiária também num potro de 7
meses de idade ................................................................................
FIGURA 2 – Radiografias da placa epifisiária distal do rádio em potros da raça
Crioula. A primeira radiografia mostra uma placa epifisiária visível
em um potro de 15 meses de idade ................................................
FIGURA 3 – A radiografia era possível identificar a placa epifisiária em um
potro de 27 meses de idade .............................................................
FIGURA 4 – Radiografias da placa epifisiária distal da tíbia
em potros da raça
Crioula. A primeira radiografia mostra uma placa epifisiária visível
em um potro de 6 meses de idade. Na segunda radiografia já não
é possível identificar a placa epifisiária distal num potro de 25
meses de idade ................................................................................
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24
24
26
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Idade estimada, em meses, do fechamento das placas de
crescimento em eqüinos segundo Ross & Dyson (2003) e Stashak
(1994) ...............................................................................................
TABELA 2 – Resultados Radiológicos obtidos, da visualização da placa
epifisiária distal no terceiro metacarpiano, rádio e tíbia em 92
potros da raça crioula conforme grupo etário ..................................
16
22
SUMÁRIO
RESUMO .............................................................................................................
ABSTRACT .........................................................................................................
LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................
LISTA DE TABELAS ..........................................................................................
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................
2.1 Composição .................................................................................................
2.2 Classificação ...............................................................................................
2.3 Função ..........................................................................................................
2.4 Crescimento ósseo .......................................................................................
2.5 Fatores que afetam o desenvolvimento ósseo .........................................
2.6 Fechamento das placas de crescimento ..................................................
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................
4.1 Placa de crescimento do 3º Metacarpiano .................................................
4.2 Placa de crescimento do rádio ....................................................................
4.3 Placa de crescimento da tíbia .....................................................................
CONCLUSÃO ......................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................
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29
1 INTRODUÇÃO
A crescente valorização dos animais de competição de diferentes raças, como
os Quarto de Milha, Puro Sangue de Corrida e as raças de salto e adestramento,
trouxe a necessidade de um incremento nos métodos de criação destes eqüinos.
Acredita-se que, com a seleção para busca de precocidade, aumentem os
distúrbios esqueléticos dos membros eqüinos (FREEMAN, 2005). As mudanças
impostas pelo homem na forma de criar, alimentar e treinar estes cavalos são
resultado direto desta sofisticação, o que acarretou o surgimento de muitos
problemas, principalmente de origem ortopédica. O interesse na área de ortopedia
pediátrica já ocupou o espaço de várias publicações científicas (RIECK et al., 1998,
1999; FEESEL, 1998; AUER & STICK, 1999).
A conformação dos membros dos potros atletas tem sido o maior foco de
atenção de veterinários e criadores nos últimos 20 anos, principalmente, pelo
impacto desta conformação na valorização econômica de cada indivíduo
(SANTSCHI, 2003). O mesmo pode ser dito sobre os cavalos crioulos, onde se
observa uma crescente valorização econômica nos últimos anos. Tradicionalmente,
os cavalos crioulos são considerados animais rústicos embora, não
necessariamente, precoces. A pressão da indústria do cavalo Crioulo sobre a
criação e a profissionalização, observadas nas competições desta raça, tem feito
com que animais cada vez mais jovens sejam preparados para competições de
conformação, para a doma e treinamento. Da mesma forma que o observado em
outras raças, isto pode resultar no aparecimento de lesões músculo-esqueléticas,
devido à falta de maturidade do esqueleto em suportar a carga de trabalho a que é
submetido.
A maturidade esquelética pode ser avaliada subjetivamente pelo peso
10
corporal, altura e mais objetivamente através do exame radiológico da placa de
crescimento fiseal, responsável pelo crescimento dos ossos longos após o
nascimento. A placa de crescimento é característica da arquitetura celular antes do
nascimento e de animais jovens. As células das cartilagens da placa de crescimento
podem ser divididas em zonas de diferentes tamanhos e números de células e com
respectivas aparências histológicas e função celular (STASHAK, 2002).
A medida que o crescimento longitudinal do osso cessa, a cartilagem fisária
torna-se, progressivamente, mais delgada. Ao final de sua atividade, ela não é mais
visível nas radiografias, caracterizando a fusão da epífise com a metáfise o que
denominamos de fechamento da placa fisária. A cartilagem de crescimento é
substituída por substância óssea trabecular, a substituição vai ocorrendo durante o
fechamento,ou melhor, é o que caracteriza o fechamento. A cartilagem de
crescimento é substituída por substância óssea trabecular.(STASHAK,2002).
O momento de fechamento da cartilagem fisária varia de acordo com o osso,
algumas fechando ainda dentro do útero enquanto que outras permanecem
presentes por vários anos . A identificação do momento do fechamento da placa
fisária dos ossos longos dos potros da raça Crioula seria uma forma de se estimar o
grau de desenvolvimento ósseo do animal. Na raça Puro Sangue de Corrida isto é
usado como parâmetro para os profissionais determinarem o tipo e intensidade de
exercícios a que os potros podem ser submetidos (STASHAK, 2002). Por outro lado,
todo o processo de correção de desvios axiais dos membros também depende da
idade em que ocorre o fechamento das placas de crescimento. Tanto as técnicas
não cirúrgicas como as cirúrgicas para correção dos desvios de aprumos dependem
da atividade fisiológica da placa de crescimento dos ossos longos.
O presente estudo visa avaliar radiologicamente as placas fisárias de potros
da raça Crioula para determinar a idade (meses) em que ocorre o fechamento
destas placas fisárias, determinado pelo seu desaparecimento nas radiografias.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os ossos possuem uma variedade de formas e tamanhos. Os ossos longos,
como o fêmur e o úmero, têm placas de crescimento ou hastes tubulares de paredes
espessas, que se expandem em cada extremidade numa metáfise e numa epífise. A
cartilagem articular recobre a epífise interna das articulações sinoviais (FEESEL,
1998). A rigidez do tecido ósseo é resultante da interação entre o componente
orgânico e o componente mineral da matriz (GENESER, 1987).
2.1 Composição
A matriz óssea é constituída por uma parte orgânica e outra inorgânica. Os
osteoblastos sintetizam o componente orgânico da matriz óssea, composto por
colágeno tipo I (95%), glicoproteínas e proteoglicanos. Quando o osso é
descalcificado, a matriz orgânica se cora com corantes específicos de colágeno.
Durante a alta atividade de síntese os osteoblastos apresentam basofilia. A basofilia
do citoplasma diminui com a redução da síntese protéica. Os osteoblastos também
concentram fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz e dão origem
aos osteócitos quando são envolvidos completamente por matriz óssea. O sistema
de comunicação intercelular é semelhante ao existente entre os osteócitos
(GENESER, 1987).
Os osteócitos estão localizados em cavidades ou lacunas dentro da matriz
óssea. Estas lacunas se comunicam com outras lacunas através de canalículos,
permitindo a difusão de nutrientes devido à comunicação entre os osteócitos. Os
osteócitos auxiliam na manutenção da integridade da matriz óssea (GENESER,
1987).
12
Os osteoclastos participam dos processos de absorção e remodelação do
tecido ósseo. Eles são células gigantes multinucleadas, extensamente ramificadas,
derivadas da fusão de monócitos que atravessam os capilares sangüíneos. O
citoplasma de osteoclastos jovens apresenta leve basofilia, que diminui
progressivamente com o amadurecimento da célula, até que o citoplasma se torne
acidófilo. Dilatações dos osteoclastos, através de ação enzimática escavam a matriz
óssea formando depressões conhecidas como lacunas de Howship.
A matriz inorgânica é composta essencialmente de íons de fosfato e cálcio
formando cristais de hidroxiapatita (GENESER, 1987). Com o envelhecimento,
tecido adiposo também vai se acumulando dentro dos ossos longos, substituindo a
medula vermelha que ali existia previamente (FEESEL, 1998). O conteúdo mineral
do osso (69%) contribui para a densidade do mesmo. O osso recém formado com
mineralização incompleta tem baixa densidade enquanto que o osso completamente
mineralizado apresenta maior densidade (BANKS , 1993).
2.2 Classificação
O tecido ósseo pode ser classificado de acordo com o seu aspecto
morfológico e anatômico em: chatos, longos, curtos, esponjosos e compactos. Os
ossos pneumáticos conservam grande quantidade de ar no seu interior.
Considerando o aspecto histológico o tecido ósseo é dividido em primário e
secundário. O tecido ósseo secundário também é conhecido como tecido ósseo
haversiano ou lacunar (GENESER, 1987).
2.3 Função
Os ossos se caracterizam por apresentar um alto grau de rigidez e resistência
à pressão. Por isso, suas principais funções estão relacionadas à proteção e
sustentação. Além disto eles servem de alavanca e apoio para os músculos,
aumentando a coordenação e força do movimento gerado pela contração muscular.
Os ossos também são grandes armazenadores de substâncias, sobretudo íons de
cálcio e fosfato (FEESEL, 1998).
13
2.4 Crescimento ósseo
O crescimento dos ossos ocorre por dois processos: intramembranoso e
endocondral. Nos ossos longos ocorre, primariamente, a ossificação endocondral a
partir de uma matriz cartilaginosa (BEBCHUK, 2003). Isto é, durante a vida fetal os
ossos têm um molde composto inteiramente por cartilagem. Os núcleos de
ossificação se desenvolvem no centro dos futuros ossos longos (diáfise) e também
nas extremidades (epífise). Com o início da ossificação, uma epífise óssea se
desenvolve em cada extremidade e a diáfise óssea se desenvolve no centro. Entre
os centros de ossificação epifisários e diafisário está a placa de crescimento
(cartilagem) metafisária também chamada físe. As cartilagens metafisárias ou placas
de crescimento são regiões altamente especializadas divididas em quatro zonas de
camadas de células, que variam quanto à altura, número de células e também
aparência histológica e função celular.
O crescimento ósseo da diáfise e epífise são separadas pela região metafisiária.
Esta região consiste em uma placa de cartilagem hialina especializada chamada de
físe, que é responsável no animal pelo crescimento em comprimento da metáfise,
que é uma zona trabecular temporária convertida em trabecular permanente
(DELLMANN & EURELL,1998).
A cartilagem da fise e da epífise é composta por condrócitos incrustados na
matriz de proteoglicanos e fibras colágenas. O processo de ossificação inicia-se na
zona germinativa, ou de condrócitos em repouso, passa a proliferação de
condrócitos, maturação, hipertrofia, produção de matriz cartilaginosa, mineralização
da matriz, morte dos condrócitos, invasão por vasos sangüíneos e deposição de
tecido ósseo sobre a matriz cartilaginosa mineralizada para formar as trabéculas do
osso esponjoso (JEFFCOTT, 1992; AUER & STICK, 1999). Os condrócitos em
repouso estão dispostos perifericamente. Com a divisão celular (crescimento) eles
se dispõem em colunas longitudinais. O crescimento ocorre no lado epifisiário da
cartilagem, enquanto que a ossificação e reabsorção pelos osteoclastos ocorrem
pelo lado diafisário . O crescimento nas placas de crescimento ocorre dos 130 dias
de gestação até os dois anos de idade, sendo que canais de cartilagem podem ser
identificados nas placas de crescimento do feto antes dos 130 dias de gestação
(STASHAK, 2002).
Em eqüinos adultos, o osso é constantemente formado e reabsorvido
14
mantendo um equilíbrio dos ossos longos. Na fase de crescimento dos animais a
formação excede à reabsorção (MÄENPÄÄ et al., 1990). Nos animais jovens, as
atividades de multiplicação celular, hipertrofia e calcificação permitem o crescimento
longitudinal dos ossos longos após o nascimento (STASHAK, 1994; AUER & STICK,
1999; KERBER, 2001).
O fim do crescimento longitudinal do osso ocorre quando a cartilagem
metafisária se torna cada vez mais delgada e a epífise e a metáfise se fundem
(STASHAK, 2002). A fusão das placas de crescimento de cada osso ocorre em
momentos diferentes e varia conforme a espécie. Geralmente as placas de
crescimento distais fecham antes das proximais (KERBER, 2001).
2.5 Fatores que afetam o desenvolvimento ósseo
Os fatores que influenciam o tamanho dos ossos são, primariamente, de
origem genética, mas também hormonal, ambiental e nutricional (FEESEL, 1998).
Os hormônios presentes nos fatores de crescimento e na zona de
crescimento caracterizam a interação entre os fatores de crescimento, essencial
para o crescimento fisiológico da placa e o desenvolvimento do esqueleto
(BONASSAR & TRIPPAL, 1997). A formação e a reabsorção óssea depende dos
osteoblastos e osteoclastos, respectivamente, regulados por fatores locais como
células do sistema imune e fatores sistêmicos, como os hormônios da paratireóide
(MÄENPÄÄ et al., 1990).
O hormônio que influencia o crescimento em aves e mamíferos, é o hormônio
do crescimento. A administração direta na placa de crescimento físeal de ratos
hipofisectomizados estimula o crescimento unilateral do osso unilateral sugerindo
que o hormônio do crescimento age diretamente nos condrócitos da placa fiseal
(MONSONEGO et al., 1995).
A insulina também tem efeito direto e poderoso sobre a cartilagem da placa
de crescimento. In vitro, ela estimula a mitose e diferenciação dos condrócitos desta
estrutura (BONASSAR & TRIPPAL, 1997). Isto parece explicar, em parte os
distúrbios de crescimento observado em animais que são alimentados com uma
dieta muito rica em carboidratos (SAVAGE, 1998).
Ao acompanhar o desenvolvimento de ossos longos foi observado um retardo
no crescimento na região distal da fise do carpo, atribuída à morfologia dos ossos
15
carpianos. A relação entre os fatores que afetam a conformação dos membros como
maturidade esquelética, genética e outras influências é complexa e interdependente.
Baseados em estudos prospectivos de animais da raça Puro Sangue de Corrida
acredita-se que a conformação do carpo tenha predisposição genética (SANTSCHI,
2003). Isto já fora mencionado em outro estudo com 96 potros da raça Puro Sangue
de Corrida, filhos de oito garanhões diferentes, sobre a conformação do carpo em
potros recém-nascidos (RIECK et al., 1998).
O potencial genético para o crescimento que os cavalos apresentam é
expresso desde que eles recebam o aporte nutricional adequado e sejam
exercitados. Além disto, também há influência racial sobre o crescimento
(FREEMAN, 2005).
Para explorar o potencial genético de crescimento as necessidades
nutricionais, ou seja, necessidades energéticas, protéicas, vitamínicas e minerais,
devem ser atendidas de forma balanceada. Nutrientes básicos para o
desenvolvimento ósseo (proteínas e minerais) são absorvidos pelo intestino delgado,
sendo necessário fracionar a ração dos potros o maior número de vezes possível,
visando o melhor aproveitamento do alimento (RESENDE, 2004).
A forragem apresenta teores variáveis de energia, proteína bruta, minerais e
vitaminas (REDMON & FREEMAN, 2004). A ingestão excessiva de proteínas por
cavalos jovens não aumenta a taxa de crescimento quando comparada com dietas
contendo níveis recomendados de proteínas. A absorção e eliminação do cálcio
também não são afetadas pela alta ingestão de proteínas. Dieta com excesso de
proteína e energia resultam em distúrbios no crescimento da cartilagem metafisária.
Ocorre aumento no número de células na cartilagem das placas metafisária e
epifisária, mas diminuição de glicosaminoglicanos e colágenos na matriz
cartilaginosa. As alterações na matriz cartilaginosa dificultam a penetração dos
capilares necessários à ossificação endocondral (McILWRAITH & TROTTER, 1996).
O estímulo mecânico, resultado de um peso excessivo, é um importante fator
na maturidade e remodelação óssea (REICH et al., 2005). Segundo estes autores, o
excesso de peso dos potros inibe o crescimento do osso e promove maior
vascularização e ossificação das fises.
Outros fatores também podem afetar o crescimento ósseo. Em aves foi
observado que, in vitro, a oxitetraciclina, antibiótico muito usado na indústria avícola,
inibe a degradação da cartilagem epifisária (ORTH et al., 1997).
16
2.6 Fechamento das placas de crescimento
O fechamento funcional das fises, isto é, o encerramento dos eventos
fisiológicos desta região, ocorre antes do fechamento radiológico (STASHAK, 2002;
ROSS & DYSON, 2003). A idade estimada de fechamento das placas de
crescimento dos ossos longos em eqüinos podem ser observados na Tabela 1.
TABELA 1 – Idade estimada, em meses, do fechamento das placas de crescimento
em eqüinos segundo Ross & Dyson (2003) e Stashak (1994).
Físes Ross & Dyson (2003) Stashak (1994)
Escápula 12 a 24 9 a 18
Úmero 24 a 36 26-42
Distal do rádio 22 a 42 22-42
Ulna 24 a 36 27-42
1ª e 2ª Falange 6 a 9 6-15
Proximal da tíbia 30 36-42
Distal da tíbia 17 a 24 17-24
Distal do terceiro metacarpiano/metatarsiano 9-18 6 a 18
A adaptação morfológica e mecânica são importantes para o crescimento da
placa em condições de exercício voluntário. A força mecânica é essencial para o
desenvolvimento do esqueleto durante o crescimento, sendo demonstrado que o
crescimento longitudinal do osso é também influenciado pelo estímulo mecânico.
Existem dois tipos de epífise, a de tração, nas áreas de inserção de músculos e
tendõe, e a original. A maioria do crescimento do osso ocorre por estímulo da
pressão na epífise (BEBCHUK, 2003).
O crescimento longitudinal do osso é retardado pela compressão e estimulado
pela redução na compressão (NIEHOFF et al., 2004). Este fato foi demonstrado em
estudos experimentais em camundongos (VAN’T VEEN et al., 1995), comprovando
que até mesmo os ossos de origem embrionária, são capazes de responderem à
estimulação mecânica, acelerando o seu processo de ossificação. O estímulo
intermitente de compressão na cartilagem dos ossos embrionários rudimentares leva
a calcificação in vitro (VAN’T VEEN et al., 1995).
Judex & Zernicke (2000) trabalhando com potros de raças de salto, relataram
17
que exercício durante o crescimento pode contribuir significativamente para
aumentar o desenvolvimento do osso nos potros, sendo que este exercício deve ter
um protocolo com máxima eficiência para não promover o surgimento de patologias
ósseas nestes animais.
Na pressão das placas de crescimento, são subjetivas as forças
compressivas, onde a tração nas placas de crescimento é influenciada pela tensão.
Se houver excesso de força, podem ocorrer fraturas fiseais. A etiologia das fraturas
varia de trauma externo ou forças internas de pressão (HUNT & MCGEE, 2003). Em
humanos as fraturas fiseais são relacionadas à ação das forças em crianças e
adolescentes que fazem atividades esportivas. O tratamento pode ser conservativo
com imobilização do local ou cirúrgico, tendo como complicações distúrbios no
crescimento, resultando em deformidade angular, doenças degenerativas e artrites
(HERMAN & MACEWEN, 2003).
De acordo com Adams & Fessler (2000), as cirurgias para correção podem
ser feitas a partir de dois meses de idade até seis meses, para melhor resposta
cirúrgica, dependendo do local da deformidade.
Conforme Hoekstra & Nielsen (1998), os potros que têm acesso livre para o
exercício podem ter maior velocidade no campo. Havendo melhor estrutura
esquelética, estando preparado para o treinamento e competição com um limite
maior de exercício, o desenvolvimento do osso é negativamente afetado em potros
confinados em cocheiras com acesso ao exercício limitado.
A avaliação da maturidade do osso é importante para prevenir um
treinamento impróprio ou precoce para competição com cavalos com imaturidade
óssea, incapacitando o animal para competições esportivas futuras. Segundo
Mamprim et al. (1997), observa-se uma relação direta entre a imaturidade do osso e
incidência de patologias no sistema locomotor em treinamento. A vida útil
(campanha nas pistas) de muitos cavalos da raça Puro Sangue de Corrida termina
prematuramente devido às competições aos dois anos de idade, por lesões como
exostoses, carpites, sesamoidites e fraturas de sesamóides (MASON & BOURKE,
1973).
Na Austrália, muitos animais Puro Sangue começam as competições antes
dos dois anos de idade. Ainda relativamente imaturos, ficando predispostos a
problemas ortopédicos devido à imaturidade, trabalho excessivo, conformação
defeituosa ou a combinação de todos estes fatores. Embora, muitas condições
18
comumente sejam passíveis de tratamento médico ou cirúrgico, existe sempre a
dificuldade em recuperar todo o potencial atlético do indivíduo (MASON & BOURKE,
1973).
3 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 92 potros da raça Crioula de ambos os sexos, com idade
variando entre 6 e 29 meses, com anamnese conhecida e sem alterações clínicas
detectáveis. Os animais pertenciam a cinco propriedades particulares (Propriedade 1
a 5), localizadas no Rio Grande do Sul. No total, foram radiografados potros oriundos
pde três gerações consecutivas, de 2002 a 2005.
Os potros foram distribuídos por idades, 6 a 15 meses (Idade 1), 19 a 21
meses (Idade2), 22 a 25 meses (Idade 3) e 26 a 29 meses (Idade 4). A distribuição
dos grupos etários se baseou nos períodos estabelecidos anteriormente de
fechamento das placas epifisiárias para cavalos de outras raças (STASHAK, 1994).
Os animais foram manejados de acordo com os critérios adotados em cada
propriedade. A maioria destes animais foi alimentada em campo nativo ou pastagem
cultivada. Com a finalidade de se avaliar um possível efeito do regime alimentar a
que os potros foram submetidos eles foram divididos em 2 grupos (Campo Nativo –
e Pastagem).
As radiografias foram realizadas, centrando-se o feixe principal de radiação
na porção distal do 3º metacarpiano, porção distal de rádio e porção distal de tíbia,
com o objetivo de se avaliar a presença e o aspecto radiológico da placa epifisiária.
Os potros foram radiografados em estação, sobre uma superfície plana, com
apoio uniforme, usando-se um aparelho de Raios-X portátil de 100 mA
(miliampéres), chassis de 18X24, filme rápido, avental e luvas plumbíferas.
Padronizou-se os fatores de exposição em 80 Kw com tempo de exposição de 0,40
segundos para cada exposição, com posterior revelação manual.
Após coleta de dados radiológicos, estes foram analisados e classificados
por: placa epifisiária não visível (índice 0), placa epifisiária parcialmente visível
20
(índice 1) ou placa epifisiária visível (índice 2), através de observação e análise em
negatoscópio.
Todos os animais eram oriundos de linhagens da raça Crioula já selecionadas
para as provas do Freio de Ouro.
Os dados foram submetidos à estatística descritiva e teste do Qui-quadrado.
O nível de significância foi ajustado em 5%.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As radiografias foram realizadas com todos os potros em estação. A
dificuldade em radiografar potros jovens começa pelo comportamento inquieto dos
indivíduos. A maioria não era domada e, portanto, algumas radiografias
apresentaram problemas de qualidade decorrentes do movimento dos animais.
Entretanto, esta parece não ter influenciado a visualização da placa epifisiária para
sua avaliação. Aquelas radiografias onde a baixa qualidade comprometia a
visualização da placa de crescimento, do aspecto medial ao lateral, foram
descartadas do estudo.
Todos os potros eram descendentes de animais selecionados para disputar
as provas do Freio de Ouro, o que não permitiu uma comparação com outras
linhagens, o que investigaria uma possível influência genética no amadurecimento
do esqueleto.
Um total de 92 potros da raça Crioula, 39 potros (42,4%) machos e 53
(57,6%) fêmeas escolhidos ao acaso, com idade variando entre 6 a 29 meses foi
usado neste estudo.
Os animais, oriundos de cinco propriedades diferentes foram criados em
campo nativo (77,2%) ou pastagem cultivada (22,8%). Os resultados relativos à
placa de crescimento foi diferente entre os regimes nutricionais. Os animais criados
em campo nativo apresentaram as placas epifisiárias visíveis em 26,6% das
radiografias, parcialmente visíveis em 15,1% e não visíveis em 29,3% comparadas
às radiografias dos potros em pastagem que apresentaram 3,38%, 1,91% e 3,71%,
respectivamente (p < 0,05). É importante salientar que o número de potros entre as
propriedades foi desigual. A maioria dos animais de pastagens cultivada pertenciam
à Propriedade 2. O incremento nas práticas de criação pode ter sido responsável
22
pelas diferenças observadas entre os potros criados em pastagem cultivada e os
criados em campo nativo.
Relatos de Médicos Veterinários que trabalham com eqüinos da raça Crioula
apontam para o surgimento de lesões ortopédicas do desenvolvimento, como
conseqüências desta mudança no aspecto nutricional. Tais relatos são corroborados
pela primeira descrição de osteocondrose, uma doença de caráter de
desenvolvimento, diagnosticada em um potro da mesma raça (BUENO et al., 2004).
Eles estavam assim distribuídos: 4 potros (4.3%) da Propriedade 1; 13 potros
(14.1%) da Propriedade 2; 43 potros (46.7%) da Propriedade 3; 10 potros (10.9%)
da Propriedade 4 e 22 potros (23.9%) da Propriedade5 (p < 0,05).
Observou-se também uma distribuição desequilibrada com relação à idade
dos potros. Cerca de 16.83 % dos potros do Idade 1 e 12.62 % do Idade 4
pertenciam à Cabanha 3.
Os grupos de idade ficaram assim distribuídos: Idade 1, formado por potros
de 6 a 15 meses (n = 36, 39.1%); Idade 2, por potros de 19 a 21 meses (n = 12,
13%); Idade 3, por 22 a 25 meses (n = 17, 18.5%) e Idade 4, por 26 até 29 meses
(n = 27, 29.3%).
4.1 Placa de crescimento do 3º Metacarpiano
Os valores médios atribuídos à placa epifisiária do 3º metacarpiano na Idade
1 foi de 0.22 (Tabela 2). Isto ocorreu porque o grupo era formado por potros de 6 a
15 meses de idade.
TABELA 2 – Resultados Radiológicos obtidos, da visualização da placa epifisiária
distal no terceiro metacarpiano, rádio e tíbia em 92 potros da raça
crioula conforme grupo etário.
Osso Idade 1 Idade2 Idade 3 Idade 4
Terceiro Metacarpiano
0,22 ± 0,07
0 0 24
Rádio
1,5 ± 0,11
2,0
1,0 ± 0,21
0
Tíbia
1,5 ± 0,11
1,0
0,29 ± 0,11
0
Idade 1 (6-15 meses) Idade 2 (19-21 meses) Idade 3 (22-25 meses) Idade 4 (26-29 meses)
(p < 0,05)
Índice 0 = Placa Epifisiária não visível
Índice 1 = Placa Epifisiária parcialmente visível
Índice 2 = Placa Epifisiária visível
23
A placa de crescimento no aspecto distal do metacarpiano principal era
parcialmente visível (0,73 ± 0,15) nos onze potros radiografados já aos 6 meses de
idade (Figura 1).
FIGURA 1 – Radiografias da placa epifisiária distal do metacarpiano principal em
potros da raça Crioula. As setas marcam o local da placa epifisiária
visível em um potro de 6 meses de idade. Na segunda radiografia,
observa-se a placa epifisiária parcialmente visível num potro de 7
meses de idade. Na terceira radiografia já não é possível identificar a
placa epifisiária também num potro de 7 meses de idade.
Nenhum dos 13 potros com 7 meses de idade apresentavam a placa
epifisária visível nas radiografias. Obviamente que, ao desaparecer das radiografias,
já aos 7 meses, esta não foi identificada em nenhum indivíduo dos outros grupos
etários. Não houve uma influência da propriedade, ou seja do método de criação dos
animais, sobre o período de fechamento da placa de crescimento do metacarpo
(p = 0,16).
Existe uma variação maior entre os períodos de fechamento das placas
epifisiária, sendo que no terceiro metacarpiano a placa desaparece entre 9-18 meses
como os cavalos de salto (ROSS & DYSON, 2003), enquanto que nos animais
avaliados neste estudo, entre 6-7 meses. Isto aponta para importantes diferenças
entre raças que deverá ser levada em consideração na orientação do manejo
nutricional e, nos casos de desvios de aprumos, nas recomendações dos métodos de
24
correção de aprumos a serem usados para se tratar os animais com problemas.
4.2 Placa de crescimento do rádio
A zona de crescimento no aspecto distal do rádio apresentou-se parcialmente
visível ou completamente em todas as radiografias tiradas dos potros do Idades 1 e
2, respectivamente. Entretanto, esta se encontrava parcialmente visível em
radiografias dos potros do Idades 3 (1,0 ± 0,21) (p < 0,05).
FIGURA 2 – Radiografias da placa epifisiária distal do rádio em potros da raça
Crioula. A primeira radiografia mostra uma placa epifisiária visível em
um potro de 15 meses de idade.
FIGURA 3 – A radiografia era possível identificar a placa epifisiária em um potro de
27 meses de idade.
25
26
Aos 25 meses de idade os valores atribuídos a esta placa de crescimento
eram na ordem de 0.15 ± 0.15, indicando que mesmo presente, a placa de
crescimento era pouco visível nas radiografias (Figura 3). Este dado reforça a
importância do monitoramento do desenvolvimento do esqueleto em potros jovens
para decidir o momento mais apropriado para a doma. Sabe-se que em potrancas da
raça Manga- Larga, a físe distal de rádio radiologicamente cessa sua atividade a
partir de 25 meses (MAMPRIM, 1992). Embora, na porção distal do rádio exista uma
variação de 22-42 meses nos cavalos de salto (GODOY et al., 2004), nos potros
Crioulos deste estudo isto ocorreu já aos 25 meses.
A relevância destes dados do fechamento das placas de crescimento se
reflete no fato de que os cavalos crioulos não são, neste sentido, tardios como se
acreditava. Mais interessante é o fato de que na raça Puro Sangue de Corrida, o
fechamento das placas epifisiárias do rádio ocorre entre 23-25 meses, sendo nos
machos mais tardios o processo de fechamento, o que ocorre de forma semelhante
a raça Brasileiro de Hipismo (MAMPRIM et al., 1997). Os dados deste estudo em
crioulos também demonstram esta influência do sexo do potro sobre o período de
fechamento da placa de crescimento do rádio (p = 0,02).
Seria interessante, de mesma forma, poder determinar a presença de
atividade na placa epifisiária do rádio, estimada pela sua aparência nas radiografias,
para se proceder a uma correção cirúrgica de problemas de desvio angular.
Verificou-se que, aos 7 meses de idade (n = 13), as radiografias apresentaram placa
epifisiária do rádio já pouco definida em alguns potros, demonstrado pelos baixos
valores atribuídos nas radiografias (Tabela 2). O significado deste achado não está
claro, provavelmente com um número maior de animais radiografados se possa
definir esta possível variação em relação à placa epifisiária distal do rádio em potros
da raça Crioula.
4.3 Placa de crescimento da tíbia
Os valores observados para as radiografias da placa epifisiária da tíbia foram
bem abaixo dos valores encontrados à placa epifisiária do rádio, considerando a
Idade 3 (Tabela 2). Somente aos 6 meses de idade (n = 11) a placa de crescimento
apresentou índice 2 nos potros radiografados do Idade 1. Já entre os 19 - 21 meses
de idade (n = 12) os valores observados indicavam a presença de uma placa
27
parcialmente visível (1,0 ± 0,0), sugerindo o início do processo de remodelação
óssea e desaparecimento da cartilagem fisária. A placa de crescimento da tíbia foi
somente parcialmente visível nas radiografias até os 22 meses. Na Idade 3, ou seja,
naqueles potros de 22-25 meses de idade (n = 12) ela já não
era mais visível.
FIGURA 4 – Radiografias da placa epifisiária distal da tíbia em potros da raça
Crioula. A primeira radiografia mostra uma placa epifisiária visível em
um potro de 6 meses de idade. Na segunda radiografia já não é possível
identificar a placa epifisiária distal num potro de 25 meses de idade.
Esta informação é relevante para a tomada de decisão quanto ao método de
tratamento de desvios angulares tipo valgus ou varus, pois a placa epifisiária distal
da tíbia desaparece mais cedo em relação à placa de crescimento do rádio.
Portanto, as cirurgias na tíbia para correção de aprumos em potros da raça Crioula
deveria ser realizada muito antes dos 23 meses de idade para se obter algum efeito
positivo.
Na porção distal da tíbia, o desaparecimento da placa epifisiária em cavalos
de salto ocorre entre 17-24 meses (GODOY et al., 2004). Nos eqüinos Crioulos isto
ocorre já aos 24 meses de idade.
Os resultados aqui observados servem como referência para se estabelecer o
momento ideal para a doma de cavalos Crioulos. Animais jovens submetidos a
28
grandes esforços, muitas vezes com as placas episifisiária ainda visíveis, podem
sofrer problemas de lesões músculo-esqueléticas que podem comprometer o
desempenho futuro. A compressão excessiva da placa epifisiáriapode resultar em
distúrbios do crescimento tendo como conseqüência, o surgimento de problemas
como desvios angulares. Considerando-se que nas competições na raça crioula,
sobretudo de morfologia, são apresentados potros domados a partir de 29 meses, e
que comumente estes animais apresentam excesso de peso e submetidos a
exercícios fortes, nem sempre adequados, para desenvolver a musculatura, há risco
de lesões nos animais que apresentam a fise ainda em desenvolvimento.
Estes resultados servem de apoio para a determinação do momento mais
apropriado para o inicio dos exercícios físicos, e recomendam o controle radiológico,
como rotina para as atividades de pré-doma ou pré-competição.
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos, é possível estabelecer a idade precisa do
fechamento das placas epifisiárias, que pode servir de base para melhorar o
desempenho dos animais da raça Crioula.
Em potros de raça Crioula, o fechamento das placa epifisiária do terceiro
metacarpiano ocorre entre os 6 e7 meses de idade. O fechamento da placa
epifisiária distal do rádio ocorre entre 23 e 25 meses de idade e o fechamento da
placa epifisiária da tíbia ocorre a partir dos 22 meses de idade. Os parâmetros
usados para se estimar o fechamento da placa epifisiária é similar ao tempo de
fechamento observado em outros animais de outras raças.
Os resultados deste estudo confirmam a hipótese de que os potros da raça
Crioula são semelhantes no desenvolvimento do esqueleto, aos potros de salto.
Portanto, no que diz respeito à possibilidade de se corrigir aprumos por
métodos cirúrgicos, como a transecção periostal ou a colocação de implantes
ortopédicos para restrição do crescimento, recomendações usadas para potros das
raças Quarto-de-Milha e Puro Sangue de Corrida podem também, ser feitas a potros
da raça Crioula.
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