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INTRODUÇÃO
As variações na estrutura das plantas, que são comumente afetadas por fatores
ambientais, são particularmente bem expressadas na morfologia e anatomia das folhas
(Metcalfe, 1983; Raven, 1996; Dickison, 2000). De fato, em uma planta, a folha é o
órgão vegetativo que apresenta maior variação estrutural, e as variações em seus
caracteres estruturais têm sido interpretadas como adaptações a condições ambientais
(Fahn e Cutler, 1992; Dickison, 2000). Dentre os fatores ambientais, o estresse hídrico é
um dos fenômenos que mais comumente afeta as plantas, podendo ser causado pela
baixa retenção de água no solo, pela falta de precipitação ou, secundariamente, pelo
excesso de calor ou transpiração das plantas (Levitt, 1980).
O termo campo rupestre foi proposto para descrever a vegetação da Cadeia do
Espinhaço e suas disjunções (Magalhães, 1966). Este tipo vegetacional ocorre em
altitudes superiores a 900m, sobre grandes extensões de afloramentos rochosos
quartzíticos ou calcáreos, que podem assumir formas de grandes blocos de rochas e
escarpas acentuadas. Apresenta solos rasos, litólicos, arenosos, finos ou cascalhosos,
ácidos, pobres em nutrientes e de relevo bastante íngreme e montanhoso (Giulietti et al.
2000; Romero, 2002; Vitta, 2002).
Plantas de campo rupestres estão sujeitas a baixa disponibilidade hídrica, mesmo
na estação chuvosa, devido principalmente às características do substrato, sendo comum
observar nestas espécies, adaptações relacionadas a retenção de água (Joly, 1970;
Giulietti et al., 1987). Outros fatores de estresse comum para a vegetação dos campos
rupestres são: alta radiação solar, grande oscilação na temperatura, solos pedregosos e
em declive, queima periódica e ventos freqüentes (Handro et al., 1970; Sousa, 1997).
Como conseqüência, muitas das plantas que ocorrem nos campos rupestres exibem
adaptações, morfológicas e/ou fisiológicas, que refletem estratégias adaptativas que as
capacitam sobreviver nestes ambientes.
Segundo Romero (2002), as famílias mais representativas nos campos rupestres
são: Asteraceae, Bromeliaceae, Cyperaceae, Eriocaulaceae, Iridaceae, Lamiaceae,
Lythraceae, Melastomataceae, Myrtaceae, Orchidaceae, Poaceae, Rubiaceae,
Velloziaceae, Verbenaceae, Vochysiaceae, Xyridaceae e Leguminosae. As
Leguminosae se destacam com 338 espécies e 52 gêneros (Garcia e Dutra, 2004).
Muitas das espécies de campos rupestres estão ameaçadas de extinção em parte
devido à pequena área que ocupam e também a forte ação antrópica (Menezes e