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só nós dois, e o restante vieram com a minha mãe. E lá, eu vi uma grande
diferença, sem a minha mãe era uma grande diferença, é uma grande diferença.
Porque, quando fala que pai, é, quando só ta pai, vira pai e mãe é difícil isso
acontecer, quando ta mãe, ela consegue virar pai e mãe. O pai é um pouco difícil, o
pai é meio irracional, assim, ele é meio não sei, acho que é irracional mesmo a
palavra. E daí, acho que ele não agüentou tanto a pressão, e mandou de volta. E
daí, vivendo aqui com a minha mãe via que ela trabalhava em casa de família, só
vinha pra cá de quinze em quinze dias, chegava no sábado à noite e ia embora no
domingo à noite. (É sua irmã que tomava conta de vocês?) É a minha irmã que
tomava conta. Na verdade, a minha irmã trabalhava o dia todo, então, quem tinha
que lavar a roupa, era na verdade eu e o meu irmão, né, que só ia pra escola de
manhã e quando voltasse lavava a louça e tudo. Daí o que acontece, terminando
meus doze anos mais ou menos, eu comecei a trabalhar nessa banquinha de
pastel, pra mim foi uma experiência muito gostosa: pô to trabalhando e só comprava
bala quando recebia, bala e doce. E aos meus catorze anos, eu entrei na ONG por
essa necessidade de eu conhecer várias coisas, até mesmo no sentido da minha
mãe, a minha mãe gostaria muito que eu fosse um menino bem, sabe, que eu
conhecesse várias coisas, por São Paulo ter várias oportunidades. E aos catorze
anos, eu entrei na ONG, aos quinze nesse grupo de percussão e foi daí que
começou a deslanchar tudo, a conhecer lugares, porque esse grupo é, era chamado
por vários lugares culturais, faculdades, tocava em praça. Então, era um grupo de
conscientização. (Vocês conseguiam receber alguma coisa, algum dinheiro, por
vocês estarem fazendo isso?) Para os integrantes não, porque até mesmo o
dinheiro que era, que era recebido pelo grupo, era mandado pra organização. (Era
pra reverter ali dentro?) Era pra reverter ali dentro. Tinha duas salas de crianças,
que se mantinham pelo dinheiro que a gente recebia nos shows. E, lógico que tinha
devolução, assim um uniforme, todas as crianças tinham uniformes, tinham um
tênis, toquinha, os uniformes estavam todos comprados, então, já tava tudo
certinho, mas não tinha nenhum lucro para os integrantes, até então. E daí, lá
dentro mesmo, eu fui fazer um curso de boneco de papel marche, e daí, a mulher
que tava fazendo o curso, ela tem uma loja de brinquedo, e ela adorou todo o meu
trabalho e me contratou para trabalhar lá, como Office boy, tanto externo quanto
interno. E eu fiquei um ano e meio lá, mas também vi que não era aquilo que eu
queria. (Você continuava no projeto Arrasta Lata?) Ah, poucas vezes né, porque
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