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Na visão moderna, declara Saviani (1983, p. 25), uma vez que o homem é considerado
“completo
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desde seu nascimento e inacabado
6
até sua morte”, o adulto não pode se constituir
em modelo. Esta filosofia defende a predominância do psicológico sobre o lógico,
conseqüentemente, desloca o centro do processo educativo do adulto para a criança (o
educando), para a vida e para as atividades da existência. Esta concepção admite a existência
de formas descontínuas na educação. Considera-se que a educação segue um ritmo vital que
varia de acordo com as diferenças existenciais ao nível dos indivíduos e admite-se um vai-e-
vem onde o psicológico predomina sobre o lógico, ao invés de se considerar a educação como
um processo continuado que obedece a esquemas predefinidos e segue uma ordem lógica. A
concepção humanista moderna compreende as seguintes correntes: o Pragmatismo
7
, o
Vitalismo
8
, o Historicismo
9
, o Existencialismo
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e a Fenomenologia
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.
5
Para a filosofia humanista moderna, a existência do homem precede a sua essência, resultando desse princípio
seu conceito de homem: “um ser completo desde o nascimento e inacabado até a morte”, (Saviani, 1986, p.25).
Gadotti (2004. p. 9) faz um alerta: a pedagogia da existência “ toma o homem como ele é e não como deve ser
em função de uma essência imutável. ... A pedagogia da existência não pode confundir-se com a pedagogia
existencialista. Enquanto a pedagogia da existência é uma pedagogia biófila, uma pedagogia do sentido da vida,
da esperança, do amor, a pedagogia existencialista é uma pedagogia necrófila, dramática (Sartre), pedagogia da
desesperança (Heidegger), do desespero (Kierkegaard), uma pedagogia da condenação (Stirner, Nietzsche). A
pedagogia da existência fundamenta-se na teoria da evolução da vida, no desenvolvimento da natureza (Darwin)
e no desenvolvimento social (Herbert Spencer, 1820-1903). Além de Rousseau há outros expoentes dessa
corrente do pensamento pedagógico, como John Dewey (“pedagogia da ação”) e Paulo Freire (“educação como
prática da liberdade”)”.
6
Gadotti (1995) nos lembra que, para Marx, o homem não é algo dado, acabado. Ele é processo, ou seja, torna-
se homem e, isto, a partir de duas condições básicas: a) ele produz-se a si mesmo e, ao fazê-lo, se determina
como um ser em transformação, como o ser da práxis e; b) esta realização só pode ter lugar na história.
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Para o pragmatismo, uma corrente filosófica norte-americana que surgiu na segunda metade do século 19, cujos
pioneiros foram Charles Peirce, John Dewey e William James, o conhecimento tem um caráter essencialmente
prático. O conhecer, nas suas múltiplas formas, não tem a finalidade de chegar ao conhecimento das verdades
teóricas, mas é um processo de adaptação ao ambiente, visando a assegurar a sobrevivência do homem.
Fonte:
http://www.odialetico.hpg.ig.com.br/filosofia/pragmatismo_e_neopragmatismo.htm. Acesso em: 22 nov.
2005.
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Doutrina que afirma a necessidade de um princípio irredutível ao domínio físico-químico para explicar os
fenômenos vitais. Cf. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Médio Dicionário. Rio de Janeiro: Editora
Nova, 1980, p. 1757.
9
O Historicismo consolida a matéria imaginária fundamental da ocidentalidade em termos de conhecimento,
recolhendo tudo para dentro de um antropocosmo: nada está realmente fora da história, nada pode ser pensado de
fora da história. Essa razão se disseminará por todas as reflexões sobre o real. Suas premissas não ficam somente
nos limites da “escola historicista”, mesmo porque sua trajetória se confunde com a construção da História,
podendo ser reconhecidas em Kant ou Condorcet, em Hegel ou em Marx, em Dilthey ou em Marheineke, em
Heidegger ou em Lukács, em Spengler ou em Toynbee, em Sartre e em Aron, em Bloch ou em Braudel, em
Duby e Ariès ou em Le Goff, invadindo bem mais que o “conhecimento”, se tornando o regulador dos corpos,
das produções, da linguagem, das mídias, do sonho e do desejo.
Fonte:
http://www.unir.br/~primeira/artigo183.html. Acesso em: 22 de nov. de 2005.