quiosques, cozinhas, privadas, pátios mais adequados com mesa para merenda, horta,
jardim, pequeno pomar, criação de aves e pequenos parques com material do meio.
Depois do trabalho do professor, das crianças, do orientador de UEAC, dos jovens e
adultos da comunidade é que a escola de emergência, administrativamente denominada
UEAC, começa a funcionar como tal. Quanto às construções, não podemos nos esque-
cer das Prefeituras Municipais, do antigo Fundo Estadual de Construções Escolares,
atualmente Companhia de Construções Escolares do Estado de São Paulo, e da Superin-
tendência do Desenvolvimento do Litoral Paulista. Esta dinamização não ocorreu nem
ocorre sem uma participação efetiva dos grupos de pessoas com os quais se trabalha. É
indispensável que as lideranças trabalhem juntas com o professor, para que possam
coordenar inúmeras ações na comunidade, além de prepará-las em conjunto. Insiste-
se para que não haja ações paternalistas, geradoras de atitudes conformistas de acomo-
dação e impotência, ante as necessidades e problemas existentes em qualquer tempo
e lugar.
A UEAC é uma escola, por natureza, aberta às necessidades do núcleo rural onde atua
e deve constituir-se em centro ativo da vida social da comunidade. Neste sentido, é
bom esclarecer-se que, neste trabalho, dificilmente se obtém resultados imediatos, sen-
do a perseverança, ao longo do tempo, virtude indispensável para quem trabalha em
educação. A humildade corajosa também, pois o processo educativo tem aspecto rever-
sível à medida que a pessoa, se propondo a educar outras, é concomitantemente educa-
da por estas. Por isso, no verdadeiro processo educativo não há lugar para o indivi-
dualismo, o egocentrismo, nem para a orgulhosa auto-suficiência e muito menos para
o marido absolutista. Enfim, para existir o verdadeiro processo educativo, amplo e
dinâmico, é necessário cultuar-se o respeito à pessoa humana, o diálogo franco e hones-
to, a cooperação e a solidariedade. Passamos pela fase de construir a escola, até no sen-
tido de construção de prédios, chamando pessoas e com elas trabalhando até uma fase
de aprofundamento do trabalho educacional com as crianças e com a comunidade.
Principais dificuldades — As dificuldades dos professores eram desde o conversar, para
que as famílias viessem à escola, até o relacionamento mais de perto em festas e dan-
ças. Quantas vezes, o medo da professora existia, pois a distância da escola até os
moradores do núcleo rural era muito grande. Sozinha, no escuro e isolada, ou em luga-
res onde havia muito mato, teve a professora que andar sozinha e a pé distâncias real-
mente consideráveis. Freqüentemente, com falta de luz elétrica, tendo que puxar água
de poço, tomar banho de bacia e cozinhar em fogão a lenha, mudando muito os hábitos,
sendo que, em determinados locais, esse tipo de vida representava, para o professor,
retrocesso em termos de condições pessoais. A adaptação do professor é, portanto, à
custa de muita dificuldade. Mas, quando os professores foram começando o trabalho,
chegando às casas das famílias e constatando as condições delas, é que foram sentindo
mais de perto a criança em sala de aula com suas dificuldades. Além disso, à medida
que as pessoas convidadas pelo professor - jovens, mães, pais — chegavam à escola e
depositavam confiança e esperança no professor, é que este também se animava e con-
tinuava no trabalho, apesar das suas dificuldades de adaptação. O professor começou o
trabalho sem muita noção de prioridade e sem saber quais critérios deveria utilizar para
detectá-la. Quanto às visitas às casas das famílias, estas muitas vezes não recebiam o
professor, fechando a porta, não atendendo-o por medo ou por vergonha. Outras já
apresentavam comportamento inverso e até presenteavam-no com galinhas, feijão,
frutas, batata doce, enfim, com o que tivessem.
Outro nível de dificuldades era e ainda é quanto aos trabalhos práticos da horta, jar-
dim, criação de aves, bem como as habilidades manuais - nos trabalhos com jovens e