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Ministério da Saúde
Brasília / DF
EXPOEPI | Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças | Anais
Anais
Mostra Nacional de Experiências
Bem-Sucedidas em Epidemiologia,
Prevenção e Controle de Doenças
5ª EXPOEPI
www.saude.gov.br/svs
www.saude.gov.br/bvs
disque saúde: 0800.61.1997
9 7 9 8 5 3 3 4 1 2 4 6 9
ISBN 85 - 334 - 1246 - 0
Secretaria de
Vigilância em Saúde
Ministério
da Saúde
ads:
5ª EXPOEPI
Mostra Nacional de Experiências
Bem-Sucedidas em Epidemiologia,
Prevenção e Controle de Doenças
Anais
ads:
Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde
5ª EXPOEPI
Mostra Nacional de Experiências
Bem-Sucedidas em Epidemiologia,
Prevenção e Controle de Doenças
Brasília, DF
4 a 6 de dezembro de 2005
Anais
Série D. Reuniões e Conferências
Brasília, DF • 2005
© 2006. Ministério da Saúde.
Os textos publicados são de responsabilidade dos autores.
É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.
Série D. Reuniões e Conferências
Tiragem: 1ª edição – 10.000 exemplares
Elaboração, edição e distribuição
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Organização: Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviço
Produção: Núcleo de Comunicação e Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviço
Endereço
Esplanada dos Ministérios, Bloco G
Edifício Sede, sobreloja
CEP: 70.058-900, Brasília, DF
E-mail: [email protected].br
Endereço eletrônico: www.saude.gov.br/svs
Produção editorial dos Anais – SVS/MS
Organização: Maria Regina Fernandes de Oliveira
Copidesque/revisão: Ermenegyldo Munhoz Junior
Projeto gráfico: Fabiano Camilo, Sabrina Lopes
Diagramação: Edite Damásio da Silva
Revisão da diagramação/capa: Sabrina Lopes
Impresso no Brasil/ Printed in Brazil
Ficha catalográfica
Expoepi : Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
(5. : 2005 : Brasília, DF).
Anais : 5ª Expoepi : Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle
de Doenças. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006.
136 p. – (Série D. Reuniões e Conferências)
ISBN 85-334-1246-0
1. Vigilância epidemiológica. 2. Vigilância em Saúde Pública. 3. Planejamento em saúde. 4. Doenças
transmissíveis. I. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. II. Título. III. Série.
NLM W 82
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2006/1015
Títulos para indexação
Em inglês: Annals: 5
th
Expoepi: National Exhibition of Successful Experiences in Diseases Epidemiology,
Prevention and Control.
Em espanhol: Anales: 5.ª Expoepi: Muestra Nacional de Experiencias Bien Sucedidas en Epidemiología,
Prevención y Control de Enfermedades.
5ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas
em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
Presidente da 5ª Expoepi
Jarbas Barbosa da Silva Jr. – SVS/MS
Coordenadora da Comissão Organizadora
Eunice de Lima – SVS/MS
Coordenadora da Comissão Científica
Maria Regina Fernandes de Oliveira – SVS/MS
Maria Margarita Urdaneta Gutierrez – SVS/MS
Comissão Organizadora
Aide Campagna – CGPLO/SVS
André Falcão do Rêgo Barros – Nucom/SVS
Danilo Pereira de Carvalho – UGP/SVS
Eunice de Lima – Nucom/SVS
Fabiano Camilo e Silva – Nucom/SVS
Ivenise Leal Braga – Diges/SVS
João Batista Geovanini da Silva – Ascom/MS
Luciana de Carvalho Penna – UGP/SVS
Maria Margarita Urdaneta Gutierrez – CGDEP/SVS
Maria Regina Fernandes de Oliveira – CGDEP/SVS
Mônica Pereira – UGP/SVS
Sabrina Gonçalves Lopes Silva – Nucom/SVS
Sérgio Luiz Ferreira Vianna – UGP/SVS
Comissão Científica
Adriana Castro – Dasis/SVS
Aide Campagna – CGPLO/SVS
Alberto Novaes Ramos Junior – Departamento de Saúde Comunitária/UFC
Ana Maria de Brito – UPE
Ana Maria Johnson de Assis – CGDEP/SVS
Ana Nilce Silveira Maia Elkouri – Devep/SVS
Antônio Silva Lima Neto – Devep/SVS
Carla Magda Allan Santos Domingues – Devep/SVS
Carlos Augusto Vais de Souza – Anvisa/MS
Carmen Lucia Muricy – Devep/SVS
Dácio de Lira Rabello Neto – Dasis/SVS
Daniela Buosi – CGVAM/SVS
Daniela Loiola – SCTIE/MS
Débora Carvalho Malta – Dasis/SVS
Douglas H. Hatch – CDC e Devep/SVS
Eduardo Hage Carmo – Devep/SVS
Elisabeth Duarte – Devep/SVS
Elizabeth David – Devep/SVS
Elza Krawiec – CGDEP/SVS
Emilia Perez – UFPE
Eugênia Maria Silveira Rodrigues – Dasis/SVS
Fabiano Geraldo Pimenta Jr. – Diges/SVS
Fernanda Nogueira – Devep/SVS
Fernando Ribeiro de Barros – Devep/SVS
Francisco José Dutra Souto – UFMT
Gerson Fernando Mendes Pereira – DST/Aids/SVS
Haroldo da Silva Bezerra – Diges/SVS
Ima Aparecida Braga – Diges/SVS
Ivenise Leal Braga – Diges/SVS
Ivone Perez de Castro – SES/DF
Jacira Cancio – Opas/OMS
José Cássio de Moraes – FCMSC/SP
José Ueleres Braga – CRPHF/SVS
Joseney Raimundo Pires dos Santos – Devep/SVS
Lenildo de Moura – Dasis/SVS
Luciana Teodoro de Rezende Lara – Devep/SVS
Luis Gerardo Castellanos – Opas/OMS
Luiza de Marilac Meireles Barbosa – Devep/SVS
Luiza Harunari Matida – DST/Aids/SVS
Magda Levantezi – Devep/SVS
rcia Furquim de Almeida – USP
Margarida Freire – CGDEP/SVS
Maria de Lourdes Fernandes Neto – CGVAM/SVS
Maria Fernanda Sardella Alvim Hilton – DST/Aids/SVS
Maria Margarita Urdaneta Gutierrez – CGDEP/SVS
Maria Regina Fernandes de Oliveira – CGDEP/SVS
Mariana Melcop – Nucom/SVS
Miguel Malo – Opas/OMS
Pedro Luis Tauil – UnB
Rejane Alves – Devep/SVS
Rejane Bastos Lima – CGDEP/SVS
Regina Fátima Conrado – Devep/SVS
Rita Barradas Barata – FCMSC/SP
Roberto de Melo Dusi – SES/DF
Rosa Castália França Ribeiro Soares – Devep/SVS
Roseli Lacorte dos Santos – Diges/SVS
Rosely Cerqueira de Oliveira – Devep/SVS
Rui Moreira Braz – Diges/SVS
Suely Andrade – Dasis/SVS
Susan Martins Pereira – ISC/UFBA
Tatiana Miranda Lanzieri – Devep/SVS
Tatiana Portela – Nucom/SVS
Vera Lúcia Gattas – Devep/SVS
Wanderson Kleber de Oliveira – Devep/SVS
Comissão de Apoio
Aline Menezes Barroso – CGVAM/SVS
Ana Lúcia Sacramento – Gab/SVS
Carlos Estênio Brasilino – Nucom/SVS
Cristiane Vasconcelos – Ascom/MS
Daniela Loiola – SCTIE/MS
Daniela Martins Ferreira – UGP/SVS
Debora Pereira dos Santos – Cover/SVS
Diógenes Ribeiro da Silva – UGP/SVS
Elma França da Silva Souza – CGPNEH/SVS
Fernanda de Oliveira Costa – Sinan/SVS
Graciete Oliviera – GTDER/SVS
Helio Cândido de Lima Filho – Nucom/SVS
Ivonete da Silva Nascimento – Nucom/SVS
João de Souza Lima – CDT/SVS
José Paulo Nascimento Cruz – IEC/SVS
Karlla Cutrim – UGP/SVS
Kelly Cristina de Oliviera – UGP/SVS
Laura Alves de Souza – PNHV/SVS
Ldyane Rodrigues Brito – CGDEP/SVS
Lila Paula de Souza Ganzer – UGP/SVS
Lucas Barros de Carvalho – UGP/SVS
Luiz Paulo de Oliviera Pereira – CGPNCD/SVS
Mallú de Mendonça Barros – CGPNI/SVS
Maria Olívia Gama Vidal – UGP/SVS
Mariana Melcop – Nucom/SVS
Norma Consuelo de Souza Côrtes – Gab/SVS
Otávio Flud Giacomo – Nucom/SVS
Roozevelt Ramos Bonfim – Covev/SVS
Sheila Rauzis – Gab/SVS
Tatiana Marques Portela – Nucom/SVS
iago Alves de Freitas – Cover/SVS
Ubirajara Rodrigues – Nucom/SVS
Vanessa Carla Oliveira Cardozo – Diges/SVS
Vanessa Gonçalves Faustino – GAB/SVS
Vanessa Gusmão Ferraz – Nucom/SVS
Sumário
Apresentação 15
Resumos
1. Vigilância Ambiental em Saúde 19
Comunicação oral
Fontes emissoras de radiações eletromagnéticas
não ionizantes: monitoria e controle em Mogi das Cruzes-SP 21
Vigilância da qualidade da água nos sistemas de abastecimento
de água e nos domicílios na cidade do Recife: a construção de
uma estratégia para a detecção mais precisa do risco de ocorrência
de doenças relacionadas com a água 23
Mapeamento participativo dos riscos ambientais e à saúde da MRA-5 24
Poster
Informação em vigilância ambiental em saúde –
um estímulo à intersetorialidade 25
Vigilância sanitária em saúde ambiental em condomínios
no município de Natal 26
Vigilância epidemiológica e ambiental na avaliação de ações
intersetoriais: a experiência de leptospirose humana no Distrito
Sanitário Cajuru, Curitiba-PR, Brasil 27
2. Vigilância Epidemiológica, Prevenção e Controle de DST/Aids 29
Comunicação oral
Articulação e parceria no sucesso da vigilância da sífilis congênita
no município de Campinas-SP 31
Descentralização das ações de controle de sífilis congênita
no município da Serra-ES, no ano de 2004 32
Estratégia de prevenção às DST/Aids com jovens freqüentadores
de bailes funk: um novo desafio 33
Poster
Qual a representação do uso do preservativo masculino: prevenção
para doenças sexualmente transmissíveis ou método contraceptivo? 34
Prevenção no contexto assistencial: os profissionais do sexo 35
Uma experiência de saúde com adolescentes escolarizados
em Vargem Grande Paulista 37
Vigilância das DST em Araguaína-TO: uma ação bem-sucedida 38
Projeto Nascer Maternidade – parceria e compromisso 39
Programa de Educação Continuada em Sexualidade e DST/Aids 41
3. Vigilância Epidemiológica, Prevenção
e Controle de Doenças Imunopreveníveis 43
Comunicação oral
Investigação de um surto de síndrome gripal no município de Parauapebas 45
Avaliação do conhecimento e prática adotados na conservação dos
imunobiológicos utilizados na rede pública do município de São Paulo 47
Inquérito de cobertura vacinal no município de Santo Ângelo-RS 48
Poster
O Programa Saúde da Família (PSF): estratégia para eliminar
bolsões de suscetíveis e atingir altas coberturas vacinais 49
Parceria Saúde/Educação na implementação da cobertura vacinal
contra hepatite B entre adolescentes – município de Ribeirão Preto 50
A investigação epidemiológica da coqueluche em Porto Alegre 51
4. Vigilância Epidemiológica, Prevenção e Controle
de Doenças Transmitidas por Vetores e Antropozoonoses 53
Comunicação oral
Controle da malária no Pará: avaliação das estratégias
na diminuição das ocorrências da doença no estado 55
Ação multisetorial para o controle da dengue 57
Resultados da implantação do Programa de Vigilância de Quirópteros
na Região Metropolitana de Belo Horizonte-MG, 2003-2005 59
Poster
Estratégias de controle da malária no município de Palmas,
Tocantins, no período de 2004 a 2005 60
Atividades de informação, educação e comunicação
em saúde: uma estratégia para controle da dengue 62
Controle integrado de Culex quinquefasciatus, vetor de Wuchereria
bancroi, no âmbito do Programa de Saúde Ambiental do Recife-PE, Brasil 63
Programa Estadual de Supervisão e Assessoramento Técnico
de Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) do Espírito Santo 65
Práticas integradas no serviço de saúde: uma experiência para o
controle da esquistossomose mansônica em Jaboatão dos Guararapes-PE 66
Ocorrência de Fasciola hepatica no município de Canutama,
estado do Amazonas 68
5. Vigilância Epidemiológica, Prevenção e
Controle da Tuberculose, Hanseníase e Hepatites 71
Comunicação oral
Trilhando os caminhos da cura da tuberculose no estado da Paraíba:
implantação e configuração da estratégia DOTS entre 1999 e 2003
e sua efetivação de controle em 2004 73
Implantação do Programa de Hepatites Virais
na DIR XXII, São José do Rio Preto-SP 74
Intensificação na descentralização das ações de eliminação
da hanseníase em Aracaju-SE 75
Poster
DOTS: Tuberculose no município de Caucaia-CE –
redução da taxa de abandono após implantação 77
Descentralização do diagnóstico e tratamento da hanseníase:
uma ação bem-sucedida 79
Orientação sobre biossegurança em salões de manicure 81
6. Aperfeiçoamento dos Sistemas de
Informação e Análise de Situação de Saúde 83
Comunicação oral
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM): qualificação
das causas externas por acidentes de trânsito a partir da integração
dos bancos de dados do SIM e da Empresa Pública de Transportes
e Circulação (EPTC), Porto Alegre 85
Resultados do Serviço de Epidemiologia Hospitalar do Hospital
de Clínicas da UFPR, após um ano de sua implantação 87
Redução da proporção de óbitos por causas mal-definidas no SIM:
estratégias desenvolvidas pela Secretaria de Saúde do Recife 89
Poster
Avaliação da subnotificação ao Sinan de casos de tuberculose
confirmados pelo laboratório Central de Saúde Pública do município
de Campo Grande-MS, no ano de 2003 90
Avaliação da cobertura do Sinasc no DF em 2004 91
Organização da vigilância em saúde em um hospital geral público:
a experiência do Hospital Municipal Lourenço Jorge (HMLJ) 92
Sinan e interfaces: revisão de estratégias na prática da equipe estadual 94
Integração dos bancos de dados do SIM e do Sinan: a contribuição
da vigilância dos óbitos relacionados às doenças de notificação
compulsória no município do Recife 95
Avaliação dos sistemas de informações da vigilância epidemiológica
do município de Esperança-PB 96
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM): integração
e qualificação dos Sistemas de Informação, Porto Alegre-RS 97
A importância do nível hospitalar no aprimoramento
da vigilância epidemiológica: o caso do Hospital dos Servidores
do Estado/MS/RJ (HSE) 98
Análise do processo de implantação da vigilância dos óbitos
hospitalares pelo Núcleo Central de Vigilância Hospitalar
nas Unidades da Rede SES/RJ 99
7. Vigilância de Agravos e Doenças
não Transmissíveis e Promoção da Saúde 101
Comunicação oral
Idosos e cuidadores – uma relação delicada 103
O processo de municipalização do registro de câncer
de base populacional: a experiência do Recife-PE 104
Sistema de Vigilância de Acidentes do Trabalho – Sivat, Piracicaba 106
Poster
Sivat – Sistema de Vigilância de Acidentes do Trabalho 108
O papel estratégico do registro de câncer de base populacional:
a informação sobre a incidência de câncer na Paraíba, 1999-2001 109
Vigilância de óbitos precoces por doenças e agravos
não transmissíveis 110
8. Prêmio Adolfo Lutz e Vital Brazil para investigações
de surtos conduzidas pela Secretaria de Vigilância
em Saúde do Ministério da Saúde 111
Prêmio Adolfo Lutz e Vital Brazil
Doença de Chagas aguda relacionada à ingestão
de caldo de cana em Santa Catarina, março de 2005 113
Surto de encefalomielite aguda envolvendo o vírus da dengue
genotipo 3 (DEN-3) durante período epidêmico em Rondônia,
de novembro de 2004 a março de 2005 116
Investigação de casos de eventos adversos da vacina
tríplice viral durante a campanha de seguimento contra
sarampo em 2004 119
9. Prêmio Carlos Chagas para investigações de surtos
conduzidas pelas esferas de gestão descentralizada –
Secretarias de Estado e Municipais de Saúde 123
Prêmio Carlos Chagas
Investigação de surto de diarréia no município de Colônia
de Leopoldina, Alagoas 125
Surto intrafamiliar de psitacose 127
Malária autóctone por Plasmodium falciparum e Plasmodium
vivax nos municípios de Prata e Monte Alegre de Minas,
Minas Gerais, 2005 129
Primeiro surto de difilobotríase registrado no estado de São Paulo,
Brasil – aspectos epidemiológicos e medidas de controle, 2004-2005 131
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
15
Apresentação
A Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção
e Controle de Doenças – EXPOEPI constitui um evento anual promovido pela
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, cujo objetivo principal
é divulgar e premiar ações relevantes e de impacto na área, desenvolvidas pelos
serviços de saúde estaduais e municipais. Sua estrutura consta de mostra compe-
titiva e outras atividades, como oficinas, conferências, mesas redondas e painéis,
em que se discutem temas de cunho técnico-científico relevantes para a vigilância
em saúde.
Realizada em Brasília-DF, entre os dias 4 e 6 de dezembro de 2005, a 5
a
EXPOE-
PI reuniu cerca de 1.300 pessoas e foi a Mostra Nacional com o maior número de
trabalhos recebidos, até então, com 334 relatos de experiências nos seguintes te-
mas: vigilância ambiental; aperfeiçoamento dos sistemas de informação e análise
de situação de saúde; vigilância, prevenção e controle de doenças imunoprevení-
veis; vigilância, prevenção e controle de tuberculose, hanseníase e hepatites virais;
vigilância, prevenção e controle de DST/Aids; vigilância, prevenção e controle de
doenças transmitidas por vetores e zoonoses; e vigilância de agravos e doenças
não-transmissíveis e promoção da saúde. De todo o conjunto de trabalhos, 21
foram selecionados para apresentação oral e 32 para exposição em posteres. A se-
leção das melhores experiências em cada tema foi encarregada a um júri popular.
A 5
a
EXPOEPI trouxe, como importante inovação, a criação de prêmios de in-
centivo que, somados, significaram o repasse, pelo Teto Financeiro da Vigilância
em Saúde, de R$ 30.000,00 às instituições vencedoras. À Portaria Ministerial no
2.421, de 4 de dezembro de 2005, que instituiu os prêmios, juntou-se a assinatura
de mais outra, para institucionalizar a nova periodicidade anual do evento.
Entre as experiências apresentadas, destacaram-se, segundo o júri popular: os
resultados alcançados pelo controle da malária no estado do Pará, apresentados
por sua Secretaria de Estado da Saúde; a redução da proporção de óbitos por cau-
sas mal-definidas no sistema de informação sobre mortalidade, alcançada pela
Secretaria Municipal de Saúde do Recife-PE; a estratégia inovadora de prevenção
das DST/Aids ao utilizar, como veículos de comunicação, os bailes funk, de auto-
ria da Secretaria Municipal de Saúde de Petrópolis-RJ; o Sistema de Vigilância em
Acidentes do Trabalho (Sivat), implantado pela Secretaria Municipal de Saúde de
Piracicaba-SP; a avaliação do conhecimento e da prática adotados na conserva-
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
16
ção dos imunobiológicos utilizados pela rede pública do município de São Paulo,
apresentada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo; a implantação da
estratégia DOTS entre 1999 e 2003 e sua efetivação de controle em 2004, apresen-
tada pela Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba; e o mapeamento participativo
dos riscos ambientais e à saúde da Macrorregião Ambiental 5 (MRA-5)/RJ, apre-
sentado pelo Consórcio Intermunicipal da Macrorregião Ambiental 5, do estado
do Rio de Janeiro.
Outra inovação do evento foi a realização da seleção para divulgação, entre os
profissionais de saúde, das melhores investigações de surtos, experiências bem-
sucedidas e relevantes que resultaram em controle de situações de risco para a
saúde coletiva; e, ao mesmo tempo, o fomento ao uso da epidemiologia aplica-
da na condão de respostas rápidas às emergências epidemiológicas. Também
foram criados o Prêmio Carlos Chagas e o Prêmio Adolfo Lutz e Vital Brazil: o
primeiro, concedido para a melhor investigação de surtos conduzida pelo nível
estadual ou municipal; e o segundo, para a melhor investigação de surtos condu-
zida pela Secretaria de Vigilância em Saúde. As investigações foram apresentadas
como parte da programação científica, em duas mesas redondas; e sua seleção,
por comissão designada, foi realizada durante o próprio evento. A investigação do
Surto de encefalomielite aguda envolvendo o vírus da dengue genotipo 3 (DEN-
3) durante período epidêmico em Rondônia, de novembro de 2004 a março de
2005” recebeu o Prêmio Adolfo Lutz e Vital Brasil. O prêmio Carlos Chagas foi
concedido a duas investigações: “Malária autóctone por Plasmodium falciparum e
Plasmodium vivax nos municípios de Prata e Monte Alegre de Minas, Minas Ge-
rais, 2005” e “Primeiro surto de difilobotríase registrado no estado de São Paulo,
Brasil – aspectos epidemiológicos e medidas de controle, 2004-2005”.
Esta publicação tem o mérito de divulgar de forma ampla, entre os profissionais
que atuam no Sistema Único de Saúde, as experiências e as investigações de sur-
tos e seus resultados apresentados durante a 5ª EXPOEPI, e, assim, demonstrar a
importância do uso crescente e efetivo da epidemiologia aplicada aos serviços de
saúde no Brasil, no aprimoramento da vigilância em saúde, da prevenção e con-
trole de doenças no âmbito do SUS.
Jarbas Barbosa da Silva Jr.
Secretário de Vigilância em Saúde
Resumos
Vigilância Ambiental
em Saúde
1
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
21
COMUNICAÇÃO ORAL
Fontes emissoras de radiações
eletromagnéticas não ionizantes:
monitoria e controle em Mogi
das Cruzes-SP
Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes-SP
Secretaria Municipal de Saúde
Daniel de F. S. Campos, Alyne C. F. Gonçalves, Fátima R. R. Soato,
Débora I. C. dos Santos, Marly Inês dos R. M. Garcia,
Doreli S. T. dos Santos, Andréa da P. de Araújo, Heloísa Fávero,
Wilson K. Fukuyama, Andréia N. Kuno e Giuliana Érika Yoshida
O risco para a saúde das populações humanas residentes no entorno de fontes
de emissão de radiação eletromagnética não ionizante, como as antenas de tele-
fonia celular, é, ainda, objeto de discussões científicas, e diversos pesquisadores
associam essa exposição aos campos eletromagnéticos com riscos de desenvol-
vimento de doenças. No ano de 2001, a legislação brasileira, por meio da Lei
10.995, de 21 de dezembro de 2001, passa a atribuir ao setor Saúde a responsabi-
lidade de fiscalização de estações de rádio base (ERB). Mogi das Cruzes-SP adota
legislação própria (Lei 5.398/02), em razão da demanda da sociedade geral e
de organizações não governamentais preocupadas com os possíveis riscos à saúde
decorrentes da proximidade das ERB às habitações, escolas e hospitais. O presen-
te trabalho objetivou implantar um projeto de monitoria dos valores de emissão
de campo elétrico pelas ERB localizadas no município, mapeando a prevalência
dos valores de campo elétrico ao longo do território municipal, para, mediante o
conhecimento obtido, realizar o controle efetivo da instalação e funcionamento
de novos equipamentos emissores de radiações eletromagnéticas não ionizantes,
com embasamento técnico apropriado, à luz do conhecimento existente e ado-
tando o princípio da precaução. Foram medidos os valores de campos elétricos
próximos a 21 antenas de telefonia celular cadastradas no Departamento de Vigi-
lância Sanitária para concessão de alvará de funcionamento e em outros 20 pontos
estratégicos, para mapeamento do campo elétrico prevalente, buscando amostrar
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
22
100% das áreas do município habitadas, com ou sem a presença de ERB nas pro-
ximidades. Todos os valores medidos encontravam-se abaixo do valor de refe-
rência de emissão estabelecido pela Legislação Municipal, que é de 0,095 W/m².
Contudo, a expansão dos serviços de telecomunicações, o potencial risco à saúde
existente e o princípio da precaução justificam o grande valor da consolidação
de um sistema de monitoramento da prevalência de campo elétrico ao longo das
áreas habitadas dos municípios, embasando o efetivo controle de mais esse fator
de risco ambiental gerado pela atividade humana.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
23
COMUNICAÇÃO ORAL
Vigilância da qualidade da água nos sistemas
de abastecimento de água e nos domicílios na
cidade do Recife: a construção de uma estratégia
para a detecção mais precisa do risco de ocorrência
de doenças relacionadas com a água
Prefeitura do Recife-PE/Secretaria de Saúde
Diretoria de Epidemiologia e Vigilância à Saúde
Fabiana A. Camarão, José C. Cazumbá,
João A. Nascimento Júnior,
Tereza M. Lyra e Alexandra P. C. Serrano
Recife possui 94 bairros e seis distritos sanitários (DS). O Programa de Saúde
Ambiental estabeleceu pergunta condutora para implementação da Vigilância da
Qualidade da Água para Consumo Humano (VQACH): Como identificar origem
de riscos em sistemas de abastecimento d’água (SAA) e domicílios? Entender onde
e como a água é tratada e distribuída e, ao ser detectada contaminação, corrigir
o problema. Verificou-se como a água é armazenada nos domicílios e a situação
das instalações. Viu-se a necessidade de se fazer a releitura do SAA: identificaram-
se SAA com distribuições diferenciadas das apresentadas pela concessionária,
consubstanciando-se 164 microssistemas gerenciados por escritórios locais
de operacionalização (ELO); correlacionaram-se microssistemas com área de
abrangência dos ELO e a de jurisdição dos DS; construiu-se um mapa de riscos à
saúde relacionados com a intermitência da água e outro das doenças relacionadas
com a água, dividindo-se a cidade em quatro estratos de risco. Aprofundando-
se a análise do risco, correlacionaram-se os 164 microssistemas com quatro
estratos de risco e as áreas de abrangência. Verificaram-se casos de diarréia e
hepatite A, presença de coliformes totais e/ou termotolerantes na água e cloro em
desacordo com a Portaria MS/GM 518, de 26 de março de 2004; nos domicílios,
verificaram-se condições de armazenamento d´água e cloro residual. Detectados
os riscos, redirecionaram-se as ações de vigilância ambiental.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
24
COMUNICAÇÃO ORAL
Mapeamento participativo dos
riscos ambientais e à saúde da MRA-5
Consórcio Intermunicipal da Macrorregião Ambiental 5 (MRA-5)
Estado do Rio de Janeiro
Adriana Moutinho de Amorim, Beatriz Rudnicki
e Dayse Said Barros Pigozzo
O mapeamento de riscos foi indicado pela plenária da I Oficina Regional de
Vigilância Ambiental em Saúde. Com ele, pretendeu-se colaborar para o fortale-
cimento da sociedade civil em busca de saúde e qualidade de vida e subsidiar a
tomada de decisão e planejamento de ações pela eliminação, controle e prevenção
de agravos ao meio ambiente e à saúde, tendo como característica a mobilização e
participação comunitária. Os riscos foram registrados em tarjetas e, em seguida,
marcados nos mapas dos municípios. As tarjetas foram agrupadas por critérios
diversos e consideradas as suas repetições. Pôde-se verificar que os riscos assina-
lados obedeciam à ordem de grandeza de escalas dos mapas. Observou-se grande
inquietação com os riscos oriundos da ocupação desordenada do solo, com a in-
suficiência ou inadequação de saneamento básico e com os mananciais hídricos.
Tais resultados levam a uma reflexão a respeito da aplicação insatisfatória dos
recursos, e, particularmente, dos royalties do petróleo. Identificou-se interesse
e potencial da comunidade para discussão das políticas locais. Sugere-se que os
resultados deste e de outros diagnósticos participativos sejam utilizados para a
construção de indicadores de saúde e ambiente; e para o planejamento de estraté-
gias de intervenção, especialmente na área de Vigilância Ambiental em Saúde.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
25
POSTER
Informação em vigilância ambiental
em saúde – um estímulo à intersetorialidade
Governo do Estado da Paraíba
Secretaria da Saúde do Estado
Cleane Toscano Souto Bezerra, Maria de Lourdes Gomes
de Lima Pereira e Suely Cavalcante Antas Rocha de Almeida
A estruturação da vigilância em saúde no País, com o monitoramento dos fa-
tores de risco biológicos e não biológicos, propiciou a ampliação do objeto de
análise das situações de saúde, passando-se a trabalhar, com mais ênfase, sobre
o contexto onde os eventos de saúde ocorrem. Na Paraíba, essa situação foi con-
cretizada, nitidamente, a partir da criação da vigilância ambiental em saúde. As
informações necessárias a esse novo modelo nem sempre são de competência ex-
clusiva do setor Saúde, mas também de outros setores do governo e da sociedade
como um todo, requerendo, portanto, um trabalho intersetorial e interdisciplinar.
Considerando a necessidade de implementar a vigilância ambiental em saúde no
estado da Paraíba, foi definido este estudo, o qual teve como objetivo identificar
as informações trabalhadas pelos órgãos públicos de abrangência estadual que
desenvolvem ações e serviços relacionados ao meio ambiente, que pudessem ser
utilizadas pela Secretaria da Saúde do Estado, de forma a implementar a sua atu-
ação no monitoramento dos fatores de risco à saúde humana. As informações
levantadas constituíram-se na etapa inicial do processo de articulação entre saú-
de e meio ambiente, imprescindível ao desencadeamento de ações oportunas e
efetivas; e servirão para a posterior seleção de indicadores a serem monitorados
pela Saúde.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
26
POSTER
Vigilância sanitária em saúde ambiental
em condomínios no município de Natal
Prefeitura Municipal do Natal-RN/Secretaria Municipal de Saúde
Departamento de Vigilância Sanitária/Coordenação de Vigilância em Saúde
João Rafael L. Guimarães e Sheyla Duarte da Costa
O Departamento de Vigilância à Saúde do município de Natal-RN, por inter-
médio do Setor de Vigilância Sanitária, realiza, entre outras, ações de saúde am-
biental em condomínios. Para tanto, são verificadas as condições sanitário-am-
bientais existentes e solicitadas as providências necessárias para a resolução dos
problemas. A regulamentação de condomínios aconteceu a partir do Decreto
7.456, de 16 de julho de 2004, o qual estabelece procedimentos para o controle sa-
nitário-ambiental daqueles locais e serve de elemento norteador para a realização
das inspeções sanitárias pelos técnicos do setor de Vigilância Sanitária (Visa). Os
principais problemas verificados no trabalho de Visa em saúde ambiental em con-
domínios foram questões ligadas ao abastecimento de água poços contaminados
por nitrato e reservatórios apresentando problemas estruturais –, esgotos água
servida a céu aberto, fossas negras e fossas abertas –, resíduos sólidos – lançamen-
to de lixo a céu aberto, acúmulo de entulhos e podas e acondicionamento de resí-
duos sólidos –, piscinas – ausência de cloro, poluição ambiental – queima de lixo
e podas –, entre outros problemas. A regulamentação criou um suporte técnico-
jurídico que permite um trabalho objetivo e enquadrado em critérios de ordem
legal, que pode apoiar qualquer iniciativa de resolução de eventuais problemas
encontrados. Tem-se buscado trabalhar nos condomínios com a finalidade de ga-
rantir a esses ambientes uma salubridade ambiental, dentro dos determinantes do
processo saúde-doença, realizando-se, portanto, um trabalho de saúde preventiva
que, em muito, beneficiará a todos os seus moradores e circunvizinhos.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
27
POSTER
Vigilância epidemiológica e ambiental
na avaliação de ações intersetoriais:
a experiência de leptospirose humana no
Distrito Sanitário Cajuru, Curitiba-PR, Brasil
Prefeitura Municipal de Curitiba-PR/Secretaria Municipal de Saúde
Maria Elisabete Ferraz e Marcelo Luiz Vettorello
E-mail: [email protected].gov.br
O objetivo desse estudo foi avaliar as ações intersetoriais (saneamento, educa-
ção, reassentamento de famílias de áreas de risco ambiental, programas de coleta
seletiva de lixo) na redução de casos de leptospirose humana (LH) no Distrito
Sanitário Cajuru (DS Cajuru), Curitiba-PR, entre os anos de 1997-2003, obser-
vando as principais variáveis socioculturais, sanitário-ambientais, climáticas e
geológicas que influenciam a ocorrência da doença. O DS Cajuru foi escolhido
por ser o distrito sanitário do município com maior incidência de LH em 1997,
comparado aos demais distritos (DS Cajuru, 36 casos/100 mil habitantes, enquan-
to Curitiba, na sua totalidade, apresentou 9 casos/100 mil habitantes). Durante
o período estudado, registraram-se 195 casos de LH no DS Cajuru com maior
ocorrência em janeiro, fevereiro e março, totalizando 147 casos (75,38%), acom-
panhando os aumentos dos índices pluviométricos. A diferença de índices pluvio-
métricos foi de 33,3 milímetros (1997-2003), valor não significativo. Na área de
estudo, após implantação de medidas intersetoriais, a taxa de LH foi reduzida em
82,43%, comparando-se os anos de 1997 (36,26 casos/100 mil habitantes) e 2003
(6,37 casos/100 mil habitantes). Evidencia-se que a identificação de áreas de riscos
subsidia a implantação e avaliação de políticas ambientais. Ressalta-se o papel da
vigilância epidemiológica e ambiental no monitoramento de situações de riscos à
saúde, orientando a priorização, implantação e avaliação de políticas públicas.
Vigilância
Epidemiológica,
Prevenção e Controle
de DST/Aids
2
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
31
COMUNICAÇÃO ORAL
Articulação e parceria no sucesso da vigilância
da sífilis congênita no município de Campinas-SP
Prefeitura Municipal de Campinas-SP
Secretaria Municipal de Saúde
Maria do Carmo Ferreira, Eliana P. P Fernandes,
Luciane V. L. Castro, Thaís F. D. Klemz,
Cláudia B. Safi, Genovefa A. Casagrande,
Verônica G. Alencar e Luciene Medeiros
A sífilis congênita constitui um grave problema de Saúde Pública e o Brasil está
longe de alcançar a meta de eliminação da doença, pactuada para ser alcançada
até o ano 2000. Em Campinas-SP, de 1995 a 2003, foram notificados 45 casos de
sífilis congênita; destes 26 confirmados, 12 presumíveis e 7 descartados. As ações
de vigilância da sífilis congênita no município eram realizadas de forma desarti-
culada, limitando-se à notificação de poucos casos a cada ano, principalmente por
um único serviço – o que indicava subnotificação e não o controle da doença. Em
2004, formou-se um grupo de trabalho constituído pela vigilância em saúde, pela
assistência à saúde da mulher e da criança e pelo Programa Municipal de DST/
Aids, visando melhorar as ações de controle da sífilis congênita. O presente traba-
lho apresenta as ações realizadas nos anos de 2004 e 2005 e compara os dados de
sífilis congênita antes e após as ações desencadeadas. Dados preliminares revelam
a eficácia das ações pelo aumento quantitativo de serviços notificantes e do núme-
ro de casos conhecidos. Ademais, foi possível detectar falhas no diagnóstico e no
tratamento da gestante com sífilis durante o pré-natal, possibilitando a melhoria
do diagnóstico e das medidas de controle.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
32
COMUNICAÇÃO ORAL
Descentralização das ações de controle
de sífilis congênita no município da Serra-ES,
no ano de 2004
Prefeitura Municipal da Serra-ES/Secretaria Municipal de Saúde
Eumann Mattos Rebouças, Anita Cardoso Gomes, Nara Paterlini Marques
e Earl Manoel da Silva Tomaz
O município da Serra-ES, com área de 547 km² e 364.840 habitantes em 2004,
apresentou, nas últimas décadas, crescimento médio de 4,9% ao ano o cresci-
mento nacional foi de 1,9% ao ano, no mesmo período. Em 2003, não atingimos o
indicador pactuado, sendo diagnosticados 55 casos, que mereceram discussão na
vigilância epidemiológica (VE) local. As hipóteses levantadas estavam relaciona-
das à dificuldade de acesso das gestantes aos serviços de saúde, de tratamento dos
parceiros, centralização das ações e aplicação de penicilina benzatina em apenas
cinco unidades de saúde. As estratégias utilizadas para o controle foram: dispo-
nibilidade e capacitação de 21 agentes de Saúde Pública para as ações descentra-
lizadas, sob a coordenação da referência técnica; aplicação do Curso Básico de
Vigilância Epidemiológica (CBVE) de doenças sexualmente transmissíveis/aids,
para médicos, enfermeiros e assistentes sociais; estabelecimento de fluxo com o
laboratório, para envio dos resultados de VDRL positivos para a VE. Em 2004,
tivemos 45 gestantes com exames positivos e realizamos busca em todos os ca-
sos, conforme estratégia pré-estabelecida. Desses casos, seis evoluíram para sífilis
congênita, por abandono de tratamento, apesar das buscas realizadas pelos agen-
tes; e sete permanecem sob investigação. Foram descartados 32 casos. Observa-se
importante diminuição no número de casos, conseqüência da implementação da
busca ativa em todas as gestantes com VDRL positivo. Para o ano de 2005, existe
a intenção de investigar todo VDRL positivo, independentemente de sexo e faixa
etária, estimulando a aplicação de penicilina benzatina em todas as unidades de
saúde do município. Esperamos melhorar ainda mais as estratégias para o contro-
le da sífilis congênita, com o objetivo de diminuir os casos confirmados.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
33
COMUNICAÇÃO ORAL
Estratégia de prevenção às DST/Aids com jovens
freqüentadores de bailes funk: um novo desafio
Prefeitura de Petrópolis-RJ/Secretaria de Saúde
Coordenação de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids
Maria Inês Ferreira, Adauto Silva, Ernani Silva, Maria Teresa Gerbassi,
Marise Bender e Paulo Gimenez
No Brasil, a epidemia de aids vem expressando tendências de feminização, juve-
nilização e pauperização. O objetivo deste trabalho foi atingir tal segmento social
com ações de prevenção, levando à reflexão sobre vulnerabilidade, promovendo
práticas seguras e incentivando a realização da testagem anti-HIV. O processo se
deu a partir de capacitação, com oficinas sobre o tema; e de concurso de músicas
sobre prevenção, em parceria com um promotor de eventos funk da cidade, sendo
classificados três grupos e gravado um compact disk (CD) com as músicas vence-
doras. Os resultados demonstraram que houve boa receptividade do público-alvo,
haja vista o grande número de jovens envolvidos com o concurso, diretamen-
te, e os que compareceram ao treinamento levantaram questões e participaram
das discussões e dinâmicas de grupo, demonstrando interesse pelo assunto. Eles
passaram a freqüentar a Coordenação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e
Aids, tirando dúvidas, buscando preservativos e levando outros jovens para re-
alização do teste anti-HIV; dessa forma, além de terem aumentado o acesso ao
serviço de saúde, tornaram-se agentes multiplicadores de informações. Com este
trabalho, aprendemos que é possível estabelecer estratégias de informação e pre-
venção, para qualquer população, desde que aconteçam dentro do seu meio, “fa-
lem” a sua linguagem e respeitem a sua cultura sem, necessariamente, obrigá-los
a deixarem de fazer o que gostam.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
34
POSTER
Qual a representação do uso do preservativo
masculino: prevenção para doenças sexualmente
transmissíveis ou método contraceptivo?
Prefeitura Municipal de Guaíba-RS
Secretaria Municipal de Saúde
Ângela Ferreira de Rosso, Carmen Rosane da Silva Viegas,
Paula D’Elia e Lieidi Feijó
Este trabalho objetivou investigar a representação do uso do preservativo mas-
culino se prevenção para doenças sexualmente transmissíveis (DST/Aids), se
método contraceptivo em uma unidade básica de saúde. Como metodologia
ao estudo, optou-se por entrevistas estruturadas e dados analisados quantitativa-
mente. Foram entrevistadas 311 pessoas, das quais 191 mulheres e 120 homens,
em seis meses. Resultados apontaram índices de 30,89% para mulheres e 35% para
homens como método para evitar DST/Aids. Como método contraceptivo foi a
resposta de 49,21% entre mulheres e 36,66% dos homens. Quanto à escolaridade,
a grande maioria tinha o grau, sendo 57,59% entre mulheres e 59,16% entre
homens. A faixa etária de maior prevalência foi entre os 20 e os 49 anos, em que
83,24 eram mulheres e 65,83% homens. Resultados evidenciaram a necessidade
de mudanças do modelo assistencial vigente. Equipes que parecem ter esse perfil
são as do Programa Saúde da Família (PSF), que tem como estratégia a formação
do vínculo com a população. No município de Guaíba-RS, onde foi realizado este
trabalho, não há PSF, mas está sendo planejado. Equipes montadas e atuando em
PSF, este será o modelo que reestruturará as práticas do atendimento em saúde,
sendo um aliado na mudança de paradigma no uso do preservativo masculino.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
35
POSTER
Prevenção no contexto assistencial:
os profissionais do sexo
Governo do Estado de São Paulo/Secretaria de Estado da Saúde
Programa Estadual de DST/Aids
Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids
Ângela M. Peres, Angelina R. Bellucco,
Ariane de C. Coelho, Dirce C. Assis, Elaine G. G. Pinto,
Elisa M. de S. Brito, Judit Lia Busanello, Maria A. da Silva,
Maria F. Cernicchiaro, Patrícia T. H. Vitalle, Ricardo B. Martins,
Valdir M. Pinto e Viviane da R. Sousa
O ambulatório de DST do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, no
Centro de Referência e Treinamento em DST/HIV/Aids (CRT/SP), agrega a fun-
ção de um centro de testagem e aconselhamento (CTA). A função do ambulatório
como local de assistência a doenças sexualmente transmissíveis (DST) e testagem
sorológica trouxe importantes contribuições para a visão dos seus profissionais,
no que tange à atribuição assistência/prevenção e a ações complementares; seu
trabalho pauta-se na noção de vulnerabilidade acrescida para as DST/HIV. O foco
dessa atenção está na população de profissionais do sexo (PS); no caso das mulhe-
res, foi proposta e implementada uma rotina de atendimento ginecológico, ainda
que sem quaisquer sinais ou sintomas para DST. O fato se justifica, em parte, por-
que 80% das mulheres podem estar assintomáticas para algumas DST, como go-
norréia, e, portanto, podem manter ativa a cadeia de transmissão como sofrerem
agravos à saúde; acrescente-se o fato do aumento no número de parceiros sexuais
(média de 70/mês). Por instrumento elaborado e preenchido durante o atendi-
mento, pela equipe de aconselhamento, procurou-se definir estratégias de preven-
ção factíveis com a realidade dessa população. Principais resultados alcançados:
no núcleo de DST, no período de 2002-2004, 295 mulheres profissionais do sexo
foram cadastradas – 58 no período de 2004, contando entre 18 e 39 anos de idade;
75% com oito a onze anos de estudo concluídos; 60% com renda de R$1.000,00
a R$2.000,00 reais/mês; 80% na profissão menos de um ano; 85% em casas
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
36
de massagem ou casas noturnas; 95% trabalhando mais de oito horas diárias; e
90% utilizando preservativo em todas as relações com clientes, mas pouquíssimas
usando-o com parceiros fixos. Quanto a investigação ginecológica e sorológica:
um caso HIV+; um caso de sífilis; um caso de hepatite B; seis casos auto-imunes;
quatro casos de hepatite C; um caso de gonorréia; 11 (19%) casos de micoplasma;
e 27 (46%) casos de ureaplasma. O trabalho desenvolvido mostra-nos a impor-
tância dos serviços de saúde considerarem estratégias de trabalho que acolham e
facilitem o acesso dessa população.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
37
POSTER
Uma experiência de saúde com adolescentes
escolarizados em Vargem Grande Paulista
Prefeitura Municipal de Vargem Grande Paulista-SP
Secretaria da Saúde
Jussara T, M. Marchi, Sílvia R. P. Konno,
Lígia S. Parrili e Ana Lúcia C. S. Pereira
Vargem Grande Paulista é um município localizado na Região da Grande São
Paulo, com população de 41.306 habitantes. Os serviços de saúde encontram-se
estruturados em seis unidades de atendimento; entre elas, uma unidade central
que comporta o Serviço de Atendimento Especializado em DST/Aids (SAE). Na
assistência preventiva aos adolescentes, a preocupação da equipe recrudesceu
diante dos seguintes dados epidemiológicos na faixa etária de 10 a 19 anos: 24,8%
das gestantes inscritas para pré-natal nos serviços públicos; 8,3% dos exames de
Papanicolau realizados, com 5% de alterações; 12,94% dos atendimentos de DST.
Essa preocupação veio de encontro às diretrizes do Ministério da Saúde para im-
plantação de ambulatórios e atendimento a esse público. Estabeleceu-se como
objetivo fazer o vínculo dos adolescentes com os serviços existentes, de forma
a atender suas reais necessidades, trabalhando com prevenção e promoção nas
escolas e unidades de saúde. Em 2004, o projeto ocorreu em quatro escolas es-
taduais, abrangeu a realização de oficinas com, aproximadamente, 400 alunos, e
envolveu reuniões com mais de 50 professores. A receptividade e o envolvimento
dos adolescentes superaram as expectativas da equipe. As queixas com a falta de
lazer e cultura e colocação em mercado de trabalho fizeram com que a equipe
decidisse, em 2005, pela realização de parcerias com outras instituições.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
38
POSTER
Vigilância das DST em Araguaína-TO:
uma ação bem-sucedida
Prefeitura Municipal de Araguaína-TO
Secretaria Municipal de Saúde
Alessandro Farias Pantoja, Chrissandra Rebouças,
Jader Rosário da Silva, Débora Regina Vargas
e Zilene do Socorro S. Brígida da Silva
O Programa Municipal de DST/Aids de Araguaína, estado do Tocantins, e a
vigilância epidemiológica local, em parceria com equipes de agentes comunitá-
rios de saúde e do Programa Saúde da Família (PSF) e unidades notificadoras
(hospitais públicos, particulares e filantrópicos, Policlínica e centros de saúde),
estruturam um Projeto de Monitoramento das DST por meio da notificação de
casos, haja vista o baixo número de notificações e a insuficiência no registro das
informações pelos profissionais responsáveis. Os principais resultados alcançados,
após essa estruturação, foram: melhoria da qualidade das notificações de DST; au-
mento no número de notificações de DST; aumento da procura de preservativos
masculinos e femininos pela população; ampliação do acesso da população rural
e de profissionais do sexo ao serviço de aconselhamento; aumento na cobertu-
ra das ações de prevenção do câncer do colo de útero e de mama, intercaladas
com o trabalho de aconselhamento; aumento da procura pelos testes anti-HIV e
VDRL; aumento do número de pacientes adultos com sífilis, notificados, tratados
e acompanhados; redução do número de casos de sífilis congênita no município;
e redução da resistência de administração de benzetacil nos centros de saúde e na
Policlínica. Essas ações contribuíram para o reconhecimento, pelo Ministério da
Saúde e pela Secretaria de Estado da Saúde, do trabalho exemplar para o Brasil,
realizado no município de Araguaína-TO, de elevação significativa do número de
notificações em DST.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
39
POSTER
Projeto Nascer Maternidade – parceria e compromisso
Prefeitura Municipal de Ipatinga-MG/Secretaria Municipal de Saúde
Programa Municipal de DST/Aids
Ilrisnett de Souza Resende e Maria da Glória Almeida Batista
E-mails: [email protected].br
O Ministério da Saúde, por meio da Portaria MS/GM 2.104, de 21 de novembro
de 2002, instituiu, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o Projeto Nascer
Maternidade, cujos objetivos principais eram reduzir a transmissão vertical do
HIV e a morbimortalidade associada à sífilis congênita, ademais de implementar
rotinas de melhoria do atendimento à parturiente/puérpera e aos seus recém-nas-
cidos, fortalecendo o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento. A
Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais e sua Coordenação Estadual de
DST/Aids (CE-DST/Aids) decidiram cadastrar e capacitar as maternidades para
receberem os insumos previstos na Portaria: testes laboratoriais para detecção da
infecção pelo HIV (teste rápido); testes para sífilis (microhemaglutinação); anti-
retrovirais; inibidores de lactação; e fórmula infantil. A maternidade do Município
de Ipatinga – Hospital Márcio Cunha/Fundação São Francisco Xavier – negou-se
a participar do processo em razão da extensa carga horária e da exigência da pre-
sença de toda a equipe da sala de parto, apesar da disponibilidade de 12 vagas
para ela. Sede de macrorregional e referencia para 21 municípios que comem
o Vale do Aço, Ipatinga (232 mil habitantes, aproximadamente) encontra-se em
gestão plena do sistema e dispõe de uma rede de saúde própria, composta por seis
unidades básicas, dez unidades e 25 equipes do Programa Saúde da Família (PSF),
Policlínica Municipal e Serviço de Pronto Atendimento 24 horas. A assistência
hospitalar é garantida pelo Hospital Márcio Cunha, de caráter privado, ligado à
Fundação São Francisco Xavier. A CE-DST/Aids fez contato com o gestor mu-
nicipal, quem, imediatamente, convocou o corpo gerencial da maternidade para
discutir a questão. Decidiu-se então, pela realização de treinamento coordenado
pelo Programa Municipal de DST/Aids e pela maternidade, com carga horária
de 24 horas, em que se utilizou a técnica da problematização e abordaram-se os
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
40
seguintes assuntos: acolhimento à gestante; aconselhamento; teste rápido; mane-
jo clínico da parturiente e do recém-nascido exposto; assistência no parto e no
pós-parto; e vigilância epidemiológica (VE). Foram capacitadas 82 pessoas, entre
profissionais da maternidade, do Programa Municipal de DST/Aids (PM-DST/
Aids), da Vigilância Epidemiológica e do Programa de Saúde da Mulher, ao cus-
to per capita de R$92,68. Paralelamente, o PM-DST/Aids iniciou a capacitação
de 216 profissionais de saúde, lotados nas unidades básicas, em aconselhamento,
acolhimento e abordagem sindrômica das DST para implantar testagem de HIV
e sífilis no pré-natal, diagnóstico e tratamento das DST. Atualmente, o pré-natal é
oferecido em todas as unidades básicas e de PSF, onde o exame de HIV e sífilis é
acessível a 100% das gestantes inscritas. Como conseqüência do estabelecimento
do fluxo da parturiente portadora do hiv/sífilis, que contempla a referência e con-
tra-referência entre a maternidade e o PM-DST/Aids, aprimorou-se a informação
de interesse da VE e eliminou-se a subnotificação dos casos de HIV em gestantes
e crianças expostas. Além da melhoria no acolhimento da gestante soropositiva e
de seus acompanhantes, houve aumento da testagem para HIV no pré-natal e am-
pliação da assistência à puérpera portadora do HIV/sífilis e a seu parceiro, o que
fez reduzir o risco de contaminação do recém-nascido exposto ao HIV/sífilis. Se
o teste rápido, cobrado na autorização de internação hospitalar (AIH), não tem o
seu custo real coberto pelo SUS, a parceria da maternidade com o gestor local têm
garantido sua disponibilidade às gestantes. A descentralização dos serviços, am-
plamente adotada pelo Ministério da Saúde, e a manutenção do bom desempenho
alcançado pelo Projeto Nascer Maternidade em Ipatinga, especialmente, também
dependem, para a sua consecução, do compromisso da participação e capacitação
permanente dos profissionais de saúde envolvidos.
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41
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Programa de Educação Continuada
em Sexualidade e DST/Aids
Prefeitura da Estância Turística de Embu-SP
Secretaria Municipal de Saúde
João Lisanti Neto e Wolff Rothstein
O Programa de Educação Continuada em Sexualidade e DST/Aids no muni-
cípio de Embu, estado de São Paulo, consiste na aplicação prática do conceito de
promoção da saúde e prevenção junto aos alunos das escolas públicas, levando
informação e conhecimento mediante um processo de sensibilização. A melhor
forma de sensibilizar os jovens é atuar em seu universo, falar a mesma linguagem,
utilizar seus símbolos e códigos. Com esse pensamento, optou-se pela abordagem
do adolescente protagonista, na utilização de manifestações culturais, como o mo-
vimento Hip Hop e a arte e cultura popular brasileira, pretextos para essa sensibi-
lização. Durante 2003 e 2004, foram realizadas ações em todas as escolas da rede
pública, totalizando 65 mil alunos. Em 2005, as ações do programa foram dire-
cionadas aos profissionais da educação. Constatou-se a importância desse público
para a promoção de saúde, não apenas entre aos alunos, mas também no entorno
do ambiente escolar, na família e na comunidade. Desenvolveu-se um processo
de sensibilização, discussão e capacitação, aprofundado e técnico, que agregou
um olhar” diferenciado para uma abordagem adequada do tema Sexualidade.
Foram elaboradas e editadas revistas, como material de apoio: “Conversando e
descobrindo: a criança e a sexualidade, publicação dirigida aos pais e às crianças;
e “Discutindo sexualidade no Embu das Artes, para o público adolescente.
Vigilância
Epidemiológica,
Prevenção e
Controle de Doenças
Imunopreveníveis
3
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
45
COMUNICAÇÃO ORAL
Investigação de um surto de síndrome
gripal no município de Parauapebas
Governo do Estado do Pará
Secretaria Executiva de Saúde Pública
Núcleo Estadual de Epidemiologia
Ana Lúcia da Silva Ferreira e Carla Gisele Ribeiro Garcia
E-mails: [email protected].br
As ações de prevenção, vigilância e controle da síndrome gripal constituem,
hoje, um dos grandes desafios para a Saúde Pública. Em abril de 2005, a vigilância
epidemiológica do Pará foi informada sobre um aumento no número de consultas
por síndrome gripal no município de Parauapebas-PA. Iniciou-se uma investiga-
ção, que teve por objetivo e metodologia de trabalho: estabelecer a existência de
um surto de síndrome gripal; notificar o surto; identificar o agente etiológico; or-
ganizar os dados por tempo, pessoa e lugar; e recomendar, avaliar e implementar
as medidas de prevenção e controle, caso fossem necessárias. Foram coletadas 25
amostras de secreções da nasofaringe dos casos suspeitos que se encontravam em
fase aguda. As amostras foram analisadas no Instituto Evandro Chagas, da Secre-
taria de Vigilância em Saúde do ministério da Saúde (IEC/SVS/MS), para identi-
ficar vírus respiratórios. Foram identificados 4.401 suspeitos de síndrome gripal.
Os pacientes relatavam febre, sintomas respiratórios e gastrintestinais. Houve um
aumento das internações, mas não ocorreram óbitos durante as semanas epide-
miológicas de 7 a 15 de 2005. A faixa etária mais atingida, durante o surto, foi a de
0 a 4 anos (37%), seguida pelos grupos de 5 a 14 anos (17%),15 a 24 anos (14%), 25
a 59 anos (28%), 60 a 64 anos (1%) e >65 anos (3%). Foram identificadas 55 inter-
nações por síndrome gripal e pneumonia. O grupo mais atingido foi de 0 a 4 anos,
com 41 casos internados (75%). A duração do surto foi de nove semanas, apro-
ximadamente; o seu momento de pico aconteceu na semana epidemiológica 11.
Os resultados de imunofluorescência identificaram o vírus da influenza do tipo B,
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
46
confirmado pela caracterização antigênica e genética B/Yamanashi/166/98, o ade-
novírus e o vírus respiratório sincicial (VRS). Concluiu-se que houve um surto de
influenza em Parauapebas, que causou transtornos sociais, aumento no número
das consultas médicas e de internações hospitalares. Frente ao surto instalado,
foi recomendada a vacinação contra a influenza, segundo normatização do Mi-
nistério da Saúde, e o monitoramento dos casos para avaliação do comportamen-
to do agravo, haja vista as investigações oportunas de síndrome gripal serem de
fundamental importância para a tomada de medidas de controle, identificação do
agente etiológico e prevenção de futuras epidemias de novas cepas circulantes.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
47
COMUNICAÇÃO ORAL
Avaliação do conhecimento e prática adotados
na conservação dos imunobiológicos utilizados
na rede pública do município de São Paulo
Governo do Estado de São Paulo/Secretaria de Estado da Saúde
Centro de Controle de Doenças
Centro de Vigilância Epidemiológica
Divisão de Imunização
Clélia Maria Sarmento de Souza Aranda
e José Cássio de Moraes
O Programa Nacional de Imunização (PNI) representa um dos maiores êxitos
em Saúde Pública no Brasil. A literatura aborda, com freqüência, estratégias para
ampliação das coberturas vacinais, pesquisas sobre imunogenicidade, reatogeni-
cidade e eficácia dos imunobiológicos; porém, um dos fatores que pode compro-
meter a efetividade do PNI é relatado com menor freqüência: a rede de frio (RF),
ou como as vacinas são manuseadas durante o transporte e estocagem. A partir do
ano 2000, o PNI reeditou seus manuais técnicos, propiciando às coordenações es-
taduais os instrumentos para capacitação de recursos humanos. No estado de São
Paulo, a transferência dos conhecimentos ocorreu em treinamentos específicos de
formação de agentes multiplicadores nos municípios, atendendo à nova forma de
gestão descentralizada. Não há dados sobre a avaliação do conhecimento adquiri-
do e da prática executada nas salas de vacina, a partir das capacitações realizadas;
é possível, portanto, que procedimentos normatizados não estejam sendo execu-
tados nas instâncias locais, colocando o controle das doenças sob risco. Este estu-
do, conduzido entre março e julho de 2004, propôs-se a avaliar o conhecimento e
o cumprimento (procedimentos adotados na prática) das recomendações para RF
nas salas de vacina do município de São Paulo-SP. A sistematização da supervisão
foi identificada como instrumento de consolidação dos conhecimentos técnicos
adquiridos no treinamento.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
48
COMUNICAÇÃO ORAL
Inquérito de cobertura vacinal
no município de Santo Ângelo-RS
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria de Estado da Saúde
Estela Maris Rossato Balke,
Carmem Regina Estivalete Marchionati,
Luís Antônio Benvegnu e Maria Cecília Assunção
Conhecer a cobertura vacinal em menores de um ano permite acompanhar o
acúmulo de suscetíveis na população e avaliar a imunidade de massa como bar-
reira efetiva para a interrupção da transmissão das doenças imunopreveníveis. O
objetivo deste estudo é conhecer a cobertura vacinal de rotina na população de
1 a 35 meses, do município de Santo Ângelo-RS, mediante inquérito domiciliar.
Realizou-se um estudo transversal descritivo, de base populacional, utilizando
os setores censitários da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Os conglomerados e quarteirões foram sorteados aleatoriamente, sendo
encontradas 574 crianças. Calculou-se a cobertura vacinal do esquema básico e
com vacinação em dia. A cobertura vacinal encontrada foi: BCG, 97,0%; Sabin,
87,0%; DTP, 86,8%; HIB, 85,8%; e hepatite B, 86,5%. Foram analisadas coberturas
vacinais em dia, encontrando-se: 65,3% para BCG; 82,2% para Sabin; 82,1% para
DTP; 79,6% para HIB; 77,9% para hepatite B; e 75,7% para tríplice viral. Entre as
crianças pesquisadas, 87,5% (502) estavam com o esquema vacinal completo, no
momento da entrevista. Os resultados demonstram que as coberturas vacinais
estão abaixo da meta, e das coberturas administrativas. O inquérito de cobertu-
ra vacinal demonstrou ser um método viável e possível de ser empregado pelos
municípios de médio e grande porte como forma de conhecer sua verdadeira co-
bertura vacinal.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
49
POSTER
O Programa Saúde da Família (PSF):
estratégia para eliminar bolsões de suscetíveis
e atingir altas coberturas vacinais
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria de Estado da Saúde
12ª Coordenadoria Regional de Saúde, Santo Ângelo-RS
Carmem Regina Estivalete Marchionatti
O Monitoramento Rápido de Vacinação (MRV) é recomendado pela Organi-
zação Pan-Americana da Saúde (Opas) para subsidiar atividades de vacinação.
O objetivo do estudo foi testar a utilização do MRV para detecção de bolsões de
suscetíveis e conhecer os motivos para não-vacinação em duas áreas de São Luiz
Gonzaga, estado do Rio Grande do Sul. No MRV, identificam-se 20 casas, em qua-
tro quadras separadas entre si (na mesma área), com pessoas da faixa etária em
estudo; mediante visitas, examinaram-se as carteiras de vacinação. Avaliou-se o
número de pessoas na faixa etária em estudo do domicílio, o número de vacinados
e os motivos para não-vacinação. O MRV foi realizado no bairro A, com PSF im-
plantado; e bairro B, sem PSF implantado. Período do MRV: 20/06/03 e 04/07/03.
No bairro A, em 20 casas, encontraram-se 25 crianças menores de cinco anos,
todas com a vacinação em dia. A cobertura vacinal nas crianças pesquisadas foi
de 100%. No bairro B, visitaram-se 20 residências e entrevistaram-se 28 crianças
menores de cinco anos. Dessas, 17 apresentavam vacinação em dia e 11 estavam
atrasadas. A cobertura foi de 60,71%. Os motivos para não-vacinação foram des-
conhecimento do atraso vacinal e doença na criança. O PSF é uma estratégia para
manter cobertura vacinal elevada e homogênea.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
50
POSTER
Parceria Saúde/Educação na implementação
da cobertura vacinal contra hepatite B entre
adolescentes – município de Ribeirão Preto
Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto-SP/Secretaria Municipal da Saúde
Governo do Estado de São Paulo/Secretaria de Estado da Educação
Diretoria Estadual de Ensino/Regional de Ribeirão Preto-SP
Elisabete Paganini, Fátima de Almeida Lima Neves
e Nelma Salomé Silva de Oliveira
A queda na cobertura vacinal contra hepatite B entre adolescentes em 2004
implicava ações que os estimulassem a iniciar/completar o esquema vacinal. De-
cidimos aplicar a vacina contra hepatite B junto com a campanha nacional contra
poliomielite de 11 de junho de 2005. Adolescentes precisam de sensibilização para
receber a vacina e elegemos o professor como agente coordenador da discussão
dessa questão. Estabelecemos parcerias com Programa Municipal de DST/Aids e
as Secretarias Municipal e de Estado da Educação. As estratégias de ação foram:
introdução das hepatites virais como temas transversais dos parâmetros curricula-
res; realização de três concursos – cartaz, outdoor e site na Internet –; e promoção
de quatro oficinas de sensibilização, com metodologia participativa duas para
coordenadores e duas para grêmios estudantis das escolas estaduais de ensino mé-
dio e fundamental. O cartaz vencedor tornou-se oficial da campanha; o site ga-
nhador foi colocado junto ao portal da Secretaria Municipal de Saúde e o outdoor
mais votado foi reproduzido e instalado nas ruas; realizou-se uma exposição dos
25 melhores trabalhos em um grande shopping da cidade, e, no lançamento da
campanha de vacinação, foram apresentados os vencedores dos concursos. Pelo
total de doses de 5 a 19 anos – 4.227 – e número das terceiras doses 2.271 –, con-
cluímos que as parcerias fortaleceram as ações de saúde, aumentando a cobertura
vacinal significativamente. As terceiras doses aplicadas em 11 de junho de 2005
foram compatíveis à quantidade aplicada entre janeiro e maio do mesmo ano, pela
rede pública. A iniciativa que relatamos tornou adolescentes participantes ativos
no processo, enfatizando o protagonismo juvenil.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
51
POSTER
A investigação epidemiológica
da coqueluche em Porto Alegre
Prefeitura do município de Porto Alegre-RS
Secretaria Municipal de Saúde
Equipe de Controle Epidemiológico
Rosana Iung Ouriques,
Maria de Fátima de Bem Rigatti
e Lisiane Acosta
A infecção pela bactéria Bordetella pertussis, causadora da coqueluche, reemer-
ge no mundo em resposta a vários fatores: perda gradual da imunidade adquirida;
aumento gradual do número de portadores assintomáticos; seleção natural de va-
riantes resistentes à vacina. A detecção de surtos familiares resultou na divulgação
de alerta e no aprimoramento da investigação epidemiológica e laboratorial da
coqueluche no município de Porto Alegre-RS, a partir do ano de 2004. O objetivo
deste artigo é, ao descrever o perfil dos pacientes cuja investigação epidemiológica
confirmou o caso no ano de 2004, chamar a atenção para a necessidade da im-
plantação da vigilância epidemiológica dessa doença, considerada eliminada por
muitos profissionais da saúde. Os casos confirmados de coqueluche, registrados
no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) são referentes a
pacientes residentes em Porto Alegre, cuja data do início dos sintomas ocorreu em
2004. Essa casuística é descrita frente às seguintes variáveis: mês da notificação do
caso; critério de confirmação do caso; idade; e condição vacinal do paciente.
Vigilância Epidemiológica,
Prevenção e Controle de
Doenças Transmitidas por
Vetores e Antropozoonoses
4
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
55
COMUNICAÇÃO ORAL
Controle da malária no Pará:
avaliação das estratégias na diminuição
das ocorrências da doença no estado
Governo do Estado do Pará
Secretaria Executiva de Saúde Pública
Elza Alves Pereira, Ana Paula Larêdo Américo
e Bernardo da Silva Cardoso
A malária ainda constitui um dos maiores problemas de Saúde Pública do Bra-
sil e, muito provavelmente, o de maior magnitude no estado do Pará, apesar de to-
dos os avanços que temos obtido nos últimos anos. Analisando a situação a partir
do ano de 1999, observa-se que a notificação da doença (lâminas positivas), desde
1990, sempre esteve nas proximidades de 150 mil ocorrências, aproximando-se
dos 250 mil casos absolutos em 1999, e dos 279.303 casos em 2000. O conhe-
cimento do perfil epidemiológico e operacional da doença nos seus municípios
levou o estado a pensar em estratégias para um novo processo de trabalho, com a
finalidade de interromper a tendência de crescimento nos níveis epidêmicos, que
ora se observa. Para tanto, foi elaborado o Plano de Intensificação das Ações de
Controle, que permitiu, com o aporte de recursos e o desenvolvimento do traba-
lho aqui relatado, a realização das seguintes atividades: implantação de estrutura
gerencial regional; implantação das gerências municipais; inserção das ações de
controle da malária da rede de atenção básica, com dedicação especial às equipes
do Programa Saúde da Família (PSF) e do Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS); estruturação das atividades de controle seletivo de vetores; imple-
mentação plena do Sistema de Informações de Malária (Sismal; Sivep/malária);
capacitação de recursos humanos; implantação de equipes de educação em saúde;
mobilização comunitária; entre outras. Finalmente, promoveu-se a reorganização
conceitual e gerencial dos serviços de saúde para o controle da malária no estado.
Conseqüente ao processo de trabalho, a redução do número de casos positivos,
em 2004, foi de 61,5% em relação ao ano 2000. O risco de contrair a doença pela
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
56
população reduziu-se, mostrando que, se o número de pessoas que habitavam em
municípios de alto risco, em 2000, era de 1.850.706 habitantes, em 2004, já era de
695.105 habitantes. A incidência parasitária anual (IPA) do estado reduziu-se, de
46,5 para 16,1 casos por 1 mil habitantes. Houve decréscimo nos casos de malária
por P. falciparum e as internações diminuíram em 72,7%, no período avaliado,
assim como o número de óbitos, cuja redução foi de 82,4%; o coeficiente de letali-
dade passou de 0,04 para 0,02%. Entretanto, como os fatores que contribuem para
a manutenção da transmissão da malária ainda persistem, o desafio permanece;
é mister a contínua manutenção das ações, para sustentar os ganhos obtidos e
vislumbrar outros que ainda não foram possíveis.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
57
COMUNICAÇÃO ORAL
Ação multisetorial para o controle da dengue
Prefeitura Municipal de São Carlos-SP
Secretaria Municipal de Saúde
Elisete Silva Pedrazzani, Edeltraut Nöthling Zóia
e Marcelo Henrique de Paula
E-mails: [email protected].br
edel@linkway.com.br
O município de São Carlos-SP realiza, quatro anos, o Mutirão Cidade Limpa
– combate à dengue. O projeto, desenvolvido de forma integrada entre as Secreta-
rias Municipais e unidades da administração indireta, tem por objetivos: remover
os criadouros do mosquito transmissor da dengue e entulhos, entre outros, dos
imóveis do município; promover a limpeza nas áreas públicas; preservar o meio
ambiente; notificar os proprietários de terrenos particulares que necessitam de
limpeza, operação tapa-buracos e outros serviços afins; e promover atividades de
educação em saúde com os alunos da rede municipal de ensino, simultaneamente.
A idéia inicial baseou-se no elevado Índice de infestação larvária (índice de Bre-
teau) do município, registrado em fevereiro de 2002, de 9,63; em alguns bairros,
esse índice chegou a 18,42, mostrando uma alta situação de risco. Ao longo dos
anos, percebe-se uma significativa redução no índice de infestação larvária, até o
valor mínimo de 2,82, alcançado em fevereiro de 2005. O resultado do Mutirão,
realizado em conjunto com várias Secretarias, ao mesmo tempo, foi a limpeza
e organização de toda a área trabalhada e conseqüente melhoria das condições
de vida (ruas sem buraco, terrenos sem mato, guias e sarjetas reparadas, bueiros
limpos, entulhos removidos), com a conseqüente redução na infestação, não
do mosquito transmissor da dengue, como dos demais animais inoportunos (ba-
ratas, ratos, escorpiões). Entre os avanços sociais, destacamos a mobilização da
população, elemento fundamental para o alcance desses resultados, e a evolução
do acompanhamento/notificação dos lotes particulares que necessitavam de lim-
peza: no ano de 2002, 5.913; em 2003, 9.607; em 2004, 11.179; e até março de 2005,
foram notificados 8.971 lotes. Aproximadamente 6 mil crianças da rede pública
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
58
municipal receberam a cartilha educativa, em cada ano de execução do programa,
culminando com a redução significativa do índice de Breteau e dos casos autóc-
tones de dengue em São Carlos (de 21 casos em 2001, para dois casos em 2005).
Recomendamos a continuidade do Mutirão Cidade Limpa combate à dengue,
com o envolvimento, cada vez maior, do serviço público e da sociedade civil, vi-
sando fortalecer as relações de trabalho e encontrar mecanismos que consolidem
a cidadania no município.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
59
COMUNICAÇÃO ORAL
Resultados da implantação do Programa de
Vigilância de Quirópteros na Região Metropolitana
de Belo Horizonte-MG, 2003-2005
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
Superintendência de Epidemiologia
Michael Laurence Zini Lise, Ana Paula Machado Tancredi de Araújo,
Maria do Carmo de Araújo Ramos, Varlei Antônio de Almeida Gomes,
Marco Túlio de Oliveira, Ricardo Rodrigues Nascimento, Vigínia Seixas
Santana, Cássia Kataoui Madureira, Cristiana Ferreira Jardim de Miranda
e Valéria de Melo Rodrigues e Oliveira
Atualmente, o morcego é o principal transmissor da raiva humana e risco po-
tencial para outras zoonoses. O aumento e a adaptação desses animais em área ur-
bana levou a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais a criar o Programa de
Vigilância de Quirópteros, implantado em caráter piloto, pela Diretoria de Ações
Descentralizadas de Saúde de Belo Horizonte-MG, a partir de 2003. O objetivo
principal é a vigilância de quirópteros como fator de risco à população. Para a sua
viabilização, foram elaborados protocolos de notificação, investigação e encami-
nhamento ao laborario, quando da ocorrência de quirópteros em abrigos, acha-
dos, adentramentos, agressões. Essas informações foram repassadas a 23 técnicos
em quatro cursos. Foram identificados 11 morcegos raivosos, em dois municípios:
dez em Belo Horizonte – Artibeus lituratus (5), Histiotus velatus (1), Nictynomops
laticaudatus (1), Cynomops planirostris (1), Dasypterus spp (1), Myotis chiloensis
alter (1); e um em Contagem-MG – Artibeus lituratus. Feito o bloqueio para raiva
animal sobre um raio de 500m e vacinados 9.773 animais em 484 quarteirões, de-
senvolveram-se ações educativas e geoprocessamento das áreas. Foram apreendi-
dos 1.668 cães, nenhum deles raivoso. Os dados foram armazenados e analisados
pelo programa Epi Info. Conclui-se que a vigilância de quirópteros em áreas urba-
nas deve ser intensificada, pois, nas áreas com boa cobertura vacinal canina e po-
pulação bem-informada, a raiva deixa de ser principal risco à saúde da população.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
60
POSTER
Estratégias de controle da malária
no município de Palmas, Tocantins,
no período de 2004 a 2005
Prefeitura Municipal de Palmas-TO
Secretaria Municipal de Saúde
Centro de Controle de Zoonoses
Éldi Vendrame Parise
A malária é uma doença que preocupa as autoridades de saúde, principalmente
nos estados que fazem parte da Amazônia Legal, onde se concentram 99,5% dos
casos do País. O estado do Tocantins faz parte da Amazônia Legal e mantém fron-
teira com o estado do Pará, de onde provieram, em 2004, 59,78% dos casos impor-
tados no município de Palmas-TO. Palmas, além de apresentar clima favorável a
proliferação do mosquito, encontra-se em processo acelerado de desenvolvimen-
to e destruição do habitat natural e modificação do ecossistema. Esses fatores,
somados ao grande fluxo de pessoas, determinam uma situação de vulnerabilida-
de e receptividade ao agravo, sobretudo pela constante circulação de portadores
ativos e infectantes, deixando o município em estado de risco para malária. A vi-
gilância permanece atuante e as ações, intensificadas a cada ano, como: detecção
precoce dos focos; agilidade nas ões proláticas; fornecimento de diagnóstico
rápido e tratamento preciso, para cada tipo de plasmódio; encaminhamento do
paciente confirmado para recebimento de prescrição médica adequada (em 2004,
87,23% iniciaram tratamento até 24 horas após a coleta); acompanhamento do
paciente, por lâminas de verificação de cura; busca ativa na área do paciente, para
detectar possíveis casos suspeitos; tratamento químico residual no foco e até a
distância de um raio de 50 metros dele; palestras com agentes escolares e agentes
de vigilância ambiental, para atuarem como multiplicadores na divulgação dos
cuidados, sintomas e procedimentos a serem adotados diante de um caso suspei-
to; e em julho, especificamente, intensa atividade educativa nas praias de Palmas
e blitz na saída do município (entrega de panfletos, viseiras, copinhos de isopor
e sacolinhas), alertando sobre a importância do uso de repelente e dos horários
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
61
de banho. Com essas medidas, em 2004, Palmas teve uma redução de 50% dos
casos auctones e 12,96% do total geral, contribuindo para que Tocantins tam-
bém reduzisse, em 33,47%, o número de casos. Precisamos dar continuidade aos
trabalhos; os dados mostram que, se agirmos com determinação, selecionando
métodos adequados, e se a população estiver consciente, é possível conter a ma-
lária: as pessoas deverão diminuir o contato com o vetor e, conseqüentemente, o
risco de contrair a doença.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
62
POSTER
Atividades de informação, educação
e comunicação em Saúde: uma estratégia
para o controle da dengue
Prefeitura Municipal de Divinópolis-MG
Secretaria Municipal de Saúde
Celina Maria Pires dos Santos
O controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, um dos grandes
problemas de Saúde Pública da atualidade no País, tem sido um desafio que não
depende apenas do setor Saúde, mas da sua interface com outros segmentos; e,
principalmente, com a população, por ser um vetor altamente domiciliado. Ain-
da que a doença venha sendo descrita no Brasil desde 1846, foram detectados
focos no município de Divinópolis-MG em 1986, tão-somente. Em 1998, foram
confirmados os primeiros casos autóctones da doença, com agravamento nos pe-
ríodos seguintes. No ano de 2003, o município passou por uma situação crítica,
com apresentações hemorrágicas e óbito. Para interrupção do problema, houve a
necessidade de medidas rápidas e mais definitivas. O objetivo deste trabalho foi
relatar, de maneira sucinta, com dados descritivos, como a Secretaria Municipal
de Saúde, trabalhando com atividades de informação, educação e comunicação
(IEC), conscientização e mobilização social, com os agentes de saúde e com a po-
pulação, conseguiu diminuir os índices de infestação e reduzir em 98% o número
de casos notificados de dengue, estabelecendo, em Divinópolis, o controle da do-
ença. Também foi analisada a evolução do componente IEC e a sua relação com
as diminuições no uso de larvicida/imóvel e a retirada de recipientes inservíveis,
alcançando-se um resultado positivo.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
63
POSTER
Controle integrado de Culex quinquefasciatus,
vetor de Wuchereria bancrofti, no âmbito do
Programa de Saúde Ambiental do Recife-PE, Brasil
Prefeitura do Recife-PE/Secretaria de Saúde
Programa de Saúde Ambiental
Sinara Batista da Silva, Ridelane Veiga Acioli,
Mônica Maria Falcão, Osmar Cavalcanti da Costa Lima,
João Alves do Nascimento Júnior e Tereza Maciel Lyra
A filariose bancroiana representa grave problema de Saúde Pública, especial-
mente nas Américas. No Brasil, Recife-PE e Maceió-AL são consideradas áreas
endêmicas. Inquérito realizado em Recife (1999-2000) apontou áreas com preva-
lência de microlaremia de até 10%. O Culex quinquefasciatus, único vetor impli-
cado na sua transmissão nas Américas, é também um dos vetores potenciais do
Flaviviridae, causador da encefalite do Nilo Ocidental, e encontra, nas cidades
onde o esgotamento sanitário é deficiente ou inexistente, condições propícias ao
seu desenvolvimento e permanência. O Programa de Controle da Filariose Ban-
croiana da cidade do Recife contempla ações contra a doença e pelo controle do
vetor, associadas a atividades de educação em saúde e mobilização social. No con-
trole do vetor, o objetivo é reduzir o risco de transmissão e o incômodo causado
por esse inseto; e sua meta, ter reduzido a densidade para menos de 5 Culex/quar-
to/noite (C/q/n). As ações de controle de Culex são desenvolvidas pelos agentes de
saúde ambiental (ASA) e agentes operacionais ambientais (AOA), do Programa de
Saúde Ambiental (PSA) da Secretaria de Saúde do Recife. Todas as ações ocorrem
em parceria com o Programa Saúde da Família (PSF) e outras Secretarias e setores
da Prefeitura. A área-piloto do Programa compreende 13 bairros (8,6 km
2
) e teve
o início das suas ações em abril de 2002, com a coleta de dados entomológicos,
complementado em março de 2003, com o controle vetorial; o segundo grupo de
bairros foi incorporado ao Programa em julho de 2004, atendendo 55% do total
de bairros; e o terceiro, em julho de 2005, completando 100% da cidade. O contro-
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64
le do vetor é feito com base em ações mecânicas e aplicação de larvicida biológico,
à base de Bacillus sphaericus. São indicadores de acompanhamento/avaliação:
1) cobertura de visitas e de tratamento;
2) positividade de criadouros (presença de ovos/larvas/pupas);
3) densidade de mosquitos adultos (DA);
4) infecção vetorial;
5) densidade de larvas e pupas (DLP); e
6) monitoramento da susceptibilidade de Culex ao Bs. A DA é estabelecida em
termos de Culex/quarto/noite (C/q/n) (capturas intradomiciliares, mensais, em
armadilhas CDC).
Fêmeas de C. quinquefasciatus são capturadas para estimativa, por PCR, da in-
fecção vetorial, antes e após o tratamento da população humana local com dietil-
carbamazina-DEC. Nos criadouros sentinela avalia-se atividade larvicida e poder
residual do larvicida. Testes de susceptibilidade da população local de C. quin-
quefasciatus ao larvicida estão sendo realizados semestralmente. Observa-se forte
predominância de fossas e caixas de inspeção/passagem, que, juntas, totalizam
>90% dos criadouros registrados na área, também os mais produtivos (até 600
larvas/pupas por concha de 150ml). Foi observada uma redução de 87% no ín-
dice de infecção vetorial pela W. bancroi, caindo de 2,12%, no pré-tratamento,
para 0,27%, oito meses após o tratamento. Quanto à atividade larvicida, esta é
considerada excelente e o poder residual varia com o tipo de criadouro. A DA
pré-intervenção foi de 12,6 C/q/n, com registro de até 180,7 C/q/n em uma das
estações. Após 18 meses de iniciado o controle, foi registrada redução de 76% na
densidade populacional de Culex da área, que se manteve, durante seis meses,
abaixo de 2 C/q/n. A utilização da BR-OVT, armadilha para seqüestro de ovos
de C. quinquefasciatus, tem-se mostrado uma ferramenta eficiente na coleta de
material biológico para testes de susceptibilidade. Considerando seu potencial de
atração de fêmeas de Culex, a BR-OVT será utilizada em larga escala, para o reco-
lhimento massivo de ovos do ambiente, na perspectiva de auxiliar na redução da
densidade vetorial.
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65
POSTER
Programa Estadual de Supervisão
e Assesoramento Técnico de Centros
de Controle de Zoonoses (CCZ)
do Espírito Santo
Governo do Estado do Espírito Santo/Secretaria de Estado da Saúde
Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde
Gilton Luiz Almada, Augusto Marchon Zago,
Francisco Anilton Alves Araújo e Ricardo S. Teixeira Vianna
Os Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) no estado do Espírito Santo aten-
dem 57,7% da população. Em 2004, foi implantado o Programa Estadual de Su-
pervisão e Assessoramento Técnico aos CCZ, objetivando melhorar a capacidade
administrativa dos seus gerentes. A supervisão é feita pela Secretaria de Estado da
Saúde. Foram elaborados formulários de diagnóstico situacional e de supervisão.
Após supervisões semestrais, são elaborados relatórios, encaminhados aos gesto-
res municipais. O assessoramento ocorre nos encontros de gerentes (trimestrais) e
durante as supervisões. Além das palestras técnicas, são apresentadas experiências
inovadoras dos CCZ e discutidos assuntos de relevância da rotina administrati-
va. Foi formada uma Comissão Estadual para discutir o planejamento estratégico
dos CCZ. O primeiro encontro de gerentes de CCZ aconteceu em julho de 2004.
Foram feitos outros dois encontros nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim
e de Colatina, com a participação maciça dos gerentes. A partir desses encontros,
foram elaboradas as Normas Técnicas Estaduais referentes à eutanásia, destino de
animais mortos, observação domiciliar de animais agressores, apresentações do
Programa de Monitoramento de Areias de Áreas Públicas (Vitória-ES), do Pro-
grama de Monitoramento de Criptococose em fezes de Pombos (Vitória-ES), a
proposta de implantação do Programa de Notificação de Zoonoses pelas Clínicas
Veterinárias, além da notificação mensal de todas as ações desenvolvidas pelos
CCZ. Dessa maneira, o estado cumpre o seu papel de supervisão e assessoramento
técnico desses centros.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
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66
POSTER
Práticas integradas no serviço
de saúde: uma experiência para o
controle da esquistossomose mansônica
em Jaboatão dos Guararapes-PE
Prefeitura Municipal de Jaboatão dos Guararapes-PE
Secretaria Municipal de Saúde
Centro de Vigilância Ambiental
Nara Pedrosa Arruda, Mônica Cristina da Cunha,
Jane do Carmo Montenegro Pereira,
Jacyra Salucy Antunes Ferreira e
Ulisses Tenório Albuquerque Neto
A esquistossomose mansônica constitui sério problema sanitário no Brasil e
o estado de Pernambuco possui áreas endêmicas da doença. No município de
Jaboatão dos Guararapes-PE, em 2002, a partir da coproscopia em população re-
sidente nos arredores da Lagoa Olho DÁgua, verificaram-se altas prevalências da
doença; a área é formada por uma população que vive em condições socioeco-
nômicas precárias e possui aspectos ambientais favoráveis à sua transmissão. Em
2005, visando à promoção de ações mais efetivas, o setor de Vigilância Ambiental
(VA) da Secretaria Municipal de Saúde reformulou o Programa de Controle da
Esquistossomose (PCE), utilizando, como principal instrumento estratégico, a in-
tegração da VA com as Equipes do Programa Saúde da Família (PSF). O bairro
de Sotave possui cerca de 2.500 habitantes, assistidos por uma equipe do PSF que
assume papel essencial para a saúde preventiva da comunidade, haja vista possuir
uma percepção sobre os hábitos dos membros do território, além de ser bastante
valorizada e ter o seu trabalho reconhecido pela população atendida. A VA e seus
agentes, por sua vez, embora realizem ações de prevenção e controle de fatores de
riscos de agravos à saúde decorrentes do ambiente no território sob sua responsa-
bilidade, acabam por não estabelecer uma relação de confiança, em razão do cará-
ter itinerante da sua atividade. Para a avaliação dessas ações, utilizaram-se, como
parâmetro, os dados do PCE referentes a 2002, quando as ações eram realizadas
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
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sem a participação da equipe do PSF. O estudo foi estruturado em duas etapas.
Etapa I, que correspondeu à delimitação da área, diagnóstico dos fatores socioam-
bientais, exame coproscópico em 100% dos residentes e tratamento de portadores;
e a Etapa II, de construção da proposta de informação, educação e comunicação
(IEC) pelas duas equipes, a partir dos laudos laboratoriais, de forma a reduzir a
prevalência da doença mediante o direcionamento de ações específicas para cada
faixa etária. A integração das equipes permitiu, em curto espaço de tempo, a busca
ativa para diagnóstico e tratamento de portadores de Schistosoma mansoni em
1.792 moradores de Sotave; foram identificados e tratados 472 portadores. Tam-
bém foi possível a troca de experiências entre as equipes e maior percepção dos
riscos ambientais presentes na área, antes não observados.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
68
POSTER
Ocorrência de Fasciola hepatica no município
de Canutama, estado do Amazonas
Governo do Estado do Amazonas
Fundação de Vigilância em Saúde
Bernardino Cláudio de Albuquerque, Adriana Aguiar de Oliveira,
Adelaide da Silva Nascimento, Tânia Andreza Monteiro dos Santos,
José Carlos Lopes Vitor, André Galindo da Silva,
Nilton Ciríaco Pinto Ataíde e Rejane Maria de Souza Alves
Em abril de 2005, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS/
AM) foi notificada de exame parasitológico que identificou estruturas semelhan-
tes a ovos de Fasciola hepatica em fezes humanas de moradores da área urbana
do município de Canutama-AM. Confirmado o diagnóstico pelo Laboratório de
Saúde Pública do Estado, desenvolveu-se investigação epidemiológica, interins-
titucional e multidisciplinar inquérito populacional, pesquisa de hospedeiro
intermediário e de reservatório animal –, coordenada pela FVS/AM, para avaliar
a prevalência da parasitose na população e investigar possíveis fatores de risco e
identificar hospedeiro intermediário e reservatórios envolvidos na transmissão
da doença. O estudo populacional foi do tipo transversal, de amostra sistemática
simples de 15% dos domicílios urbanos. Das 732 pessoas entrevistadas, 76,2%
tiveram as fezes coletadas para exame parasitológico. Entre os positivos para Fas-
ciola hepatica, predominou o sexo feminino (72,7%) e a média de idade de 7,5
anos mediana de cinco anos (crianças com idade igual ou menor que cinco
anos apresentaram 6,63 vezes mais chance de ter um resultado positivo). Sobre
os aspectos sanitários, 98,9% da água abastecida pelo sistema público provém
de cinco pos artesianos, sem qualquer tratamento, e 50,3% dos entrevistados
referiram destino dos dejetos humanos em solo ou fossa negra. Quanto aos há-
bitos alimentares, apenas 25,2% consomem verduras. Na busca pela definição de
quadro clínico, 54,5% não relataram sintomatologia. As fezes de animais e os pla-
norbídeos coletados foram encaminhados a laboratórios de referência. O caráter
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
69
interinstitucional e multidisciplinar do estudo permitiu compreender a inter-re-
lação entre os diferentes ciclos da doença; a próxima etapa da investigação na
população humana – caso-controle – aprimorará a investigação de reservatórios
e hospedeiro intermediário.
Vigilância
Epidemiológica,
Prevenção e Controle
da Tuberculose,
Hanseníase e Hepatites
5
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
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COMUNICAÇÃO ORAL
Trilhando os caminhos da cura da tuberculose
no estado da Paraíba: implantação e configuração
da estratégia DOTS entre 1999 e 2003 e sua
efetivação de controle em 2004
Governo do Estado da Paraíba/Secretaria da Saúde do Estado
Universidade Federal da Paraíba e Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
Dinalva S. de Lima e Nilton S. Formiga
A evolução científica permitiu desenvolver perspectivas intervencionistas pro-
motoras da manutenção da saúde humana, acompanhamento das dificuldades da
extinção epidêmica, impacto social e econômico na sociedade contemporânea. A
tuberculose é um exemplo, atingindo índices alarmantes no mundo, com mais de
um milhão de pessoas levadas a óbito por sua causa, principalmente nos países
do terceiro mundo. Apesar das condições de atendimento e apoio de profissionais
interdisciplinares, vêem-se necessárias novas perspectivas técnicas e de saúde so-
cial que permitam à diagnose um modelo organizativo no controle dessa doença
(por exemplo, detecção-diagnóstico-tratamento). A implantação da estratégia do
tratamento diretamente observada (DOTS) tem sido a resposta. Em 1943, para
pacientes acima de 15 anos, de ambos os sexos, identificados por baciloscopia
positiva, administrou-se o DOTS durante seis meses. Com a administração des-
sa estratégia nas pessoas com o bacilo, observou-se: em 1999, 78% de cura; em
2000, 88%; em 2001, 94%; em 2002, 92%; em 2003, 92,8%; e em 2004, até outubro,
89% de curados da doença. Entre abandonos e óbitos, durante todos esses anos,
observaram-se apenas 2% do abandono. No adoecer por tuberculose, a estratégia
DOTS garante a cura, bem como a efetividade de fatores de proteção para a famí-
lia do paciente e para a comunidade em geral.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
74
COMUNICAÇÃO ORAL
Implantação do Programa de Hepatites Virais
na DIR XXII, São José do Rio Preto-SP
Governo do Estado de São Paulo/Secretaria de Estado da Saúde
Direção Regional de Saúde XXII, São José do Rio Preto-SP
Margarida Georgina Bassi e Márcia Cristina F. Prado Reina
Hepatites virais são consideradas um problema de Saúde Pública enquanto do-
ença de transmissão interhumana. Estabeleceram-se articulações entre as esferas
federal, estadual e municipal quanto à necessidade de se organizar e integrar as
ações de prevenção e controle da doença, mediante a promoção da saúde, preven-
ção, diagnóstico, tratamento, vigilância epidemiológica e sanitária. Essas ações
foram regulamentadas pela Portaria MS/GM 263, de 6 de fevereiro de 2002.
O Programa de Hepatites Virais na DIR XXII iniciou-se em 2002, a partir da dis-
cussão das necessidades para a sua implantação nos municípios, considerando-se
a capacidade instalada, produção existente da rede e demanda de atendimento,
conforme os níveis de complexidade propostos – Nível I, Nível II e Nível III. Para
a implantação do Programa, visando à prevenção e controle das hepatites virais,
lançou-se mão de levantamentos e análises dos dados de notificação disponíveis
no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e das coberturas va-
cinais de hepatite B [Avaliação do Programa de Imunizações (API)], além da co-
leta de informações sobre atividades educativas desenvolvidas pelos municípios.
Foram definidas referências e contra-referências para diagnóstico sorológico e
biologia molecular, tratamento, pólos de distribuição e aplicação de medicamen-
tos. A proposta de implantação do Programa definiu o atendimento ao suspeito,
paciente e comunicante de hepatites virais na rede assistencial e laboratorial de
forma sistemática e hierarquizada, necessitando-se ampliar as atividades de imu-
nização para crianças e adolescente.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
75
COMUNICAÇÃO ORAL
Intensificação na descentralização
das ações de eliminação da hanseníase
em Aracaju-SE
Prefeitura Municipal Aracaju-SE
Secretaria Municipal de Saúde
Marco Aurélio de Oliveira Góes, Tânia Maria dos Santos,
George César de Oliveira Costa e Maria do Carmo Cruz Campos
Aracaju, capital do estado de Sergipe, possui uma área de 181,8 km² e uma po-
pulação de 460.898 habitantes (IBGE, 2000). O município é considerado prioritá-
rio, pelo Ministério da Saúde, para as ações de eliminação da hanseníase. Aracaju
tem cobertura de 80% do Programa Saúde da Falia (PSF). A descentralização
das ações de hanseníase para as equipes de atenção básica iniciou-se no ano 2000,
mas, em muitos momentos, aconteceu apenas a “desconcentraçãodo atendimen-
to, em lugar da incorporação dessas atividades à rotina das equipes. A grande
rotatividade dessas equipes era mais um fator que dificultava a consolidação do
processo. Em 2004, foi realizado concurso público para médicos, enfermeiros,
odontólogos, assistentes sociais e auxiliares de enfermagem. Após admissão, to-
dos os profissionais passaram por um acolhimento com sensibilização para os
vários programas da atenção básica, incluindo ações de vigilância da hansenía-
se. Em seguida, foi realizada capacitação de Ações Básicas em Hanseníase, para
todos os médicos e enfermeiros, repassada aos agentes comunitários, auxiliares
de enfermagem, auxiliares de farmácia e auxiliares administrativos. Também foi
promovida a capacitação dos assistentes sociais, responsáveis pela inserção en-
tre os outros profissionais, nas reuniões dos conselhos locais de saúde, do tema
Hanseníase. Logo, as equipes realizaram um mutirão para exame de contactantes
dos pacientes no registro ativo. A avaliação do resultado dessas intervenções foi
desenvolvida a partir da análise, pelo programa Tabwin, dos dados disponíveis no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) referentes aos primei-
ros quadrimestres de 2000 a 2005. Verificamos, em 2005, incremento na busca ati-
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
76
va dos casos pela atenção básica (incremento de 53%), que diagnosticou 60% dos
casos. Além do aumento da detecção de casos, houve, também, melhoria na ava-
liação do grau de incapacidade: nos últimos dois anos, 96% dos casos detectados
tiveram o grau de incapacidade avaliado. A incorporação das ações de eliminação
da hanseníase às atividades das equipes de saúde deve ser fruto de um trabalho
contínuo e consolidado, para que não dependa apenas de um profissional sensibi-
lizado, e sim de toda a equipe. Atividades de educação continuada e mobilização
social garantem a sustentabilidade dessas ações.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
77
POSTER
DOTS: Tuberculose no município
de Caucaia-CE – redução da taxa
de abandono após implantação
Governo do Estado do Ceará/Secretaria da Saúde
2ª Célula Regional de Saúde
Valderina Ramos Freire, Neyard Lourival Abreu Cavalcante,
Luiza de Marilac Barros Rocha e Sônia Regina Miranda da Mota
No município de Caucaia-CE, a tuberculose persiste como importante proble-
ma de Saúde Pública, também prioritário para o Ministério da Saúde. O municí-
pio registra, anualmente, cerca de 188 casos novos, uma incidência de 67,9% de
todas as formas; e 48,4% de bacilíferos, acima da incidência do estado do Ceará
no ano de 2003, de 50% e 30%, respectivamente. A taxa de abandono de tratamen-
to antes da implantação da estratégia de tratamento diretamente observado ou
supervisionado – (DOTS) era, em média, de 19,05% a 14,95%. A Microrregional
de Saúde sediada em Caucaia, preocupada com esse grave problema, resolveu,
junto com a administração do município, implantar o tratamento diretamente su-
pervisionado, comprovadamente exitoso na sua implantação em vários países do
mundo, como a melhor estratégia para o controle da doença. O DOTS, segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma das intervenções em quimiote-
rapia mais eficazes para a Saúde Pública, contribuindo, substancialmente, para
o controle da tuberculose resistente, preocupação maior dos órgãos de saúde na
atualidade. O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados da implantação do
DOTS sobre os índices de abandono de tratamento nos períodos anterior (1995 a
1999) e posterior à adição da estratégia (2000 a 2003). Para tanto, consultaram-se
os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), no banco
da Microrregional de Saúde e no município, nos períodos referidos. O DOTS está
implantado em 41 unidades básicas de saúde, representando 91,11% de pacientes
assistidos com essa estratégia. A taxa de abandono de tratamento auto-adminis-
trado (TAA) era de 19,05% (20) em 1995, 12,05% (10) em 1996, 13% (13) em
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
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1997, 13,9% (15) em 1998 e 14,97% (22) em 1999. Após a implantação do trata-
mento diretamente supervisionado, essas taxas decresceram para 8,08% (08) em
2000, 6,4% (08) em 2001, 5,37% (08) em 2002 e 4,17% (05) em 2003. A implan-
tação do DOTS resultou na seguinte redução da taxa de abandono do tratamento
por pacientes: 27,85% de decréscimo,verificado em 2003, em relação à análise do
último ano de TAA (1999). A OMS afirma que o DOTS é o procedimento efetivo
para impedir a propagação da tuberculose multiresistente, diminuir a mortali-
dade, aumentar os índices de cura e reduzir a taxa de abandono. Considera-se o
DOTS, portanto, a base fundamental para o controle da tuberculose.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
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POSTER
Descentralização do diagnóstico
e tratamento da hanseníase: uma
ação bem-sucedida
Prefeitura Municipal de Araguaína-TO
Secretaria Municipal de Saúde
Chrissandra Rebouças de Souza
A hanseníase caracteriza-se como relevante problema de Saúde Pública no país.
O Ministério da Saúde assumiu o compromisso de eliminá-la até o ano de 2005,
o que significa alcançar um coeficiente de prevalência de menos de um doente
para cada 10 mil habitantes. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Bra-
sil apresenta um coeficiente de prevalência de 1,71/10 mil habitantes. No estado
do Tocantins, na Região Norte, entre os seus municípios mais endêmicos para
a doença destaca-se Araguaína, com 122.250 habitantes, clima tropical úmido e
temperatura média anual de 32ºC. O município é considerado, atualmente, um
importante pólo na área da Saúde, tanto para Tocantins como para os seus estados
vizinhos, Maranhão e Pará. Atendendo ao preconizado pelo Programa Nacional
de Eliminação da Hanseníase, do Ministério da Saúde, que enfatiza a necessidade
de descentralizá-lo, da referência para a atenção básica, definimos tal disposição
como ão prioritária e identificamos alguns problemas, como a baixa detecção
de casos de hanseníase, seguida de alta prevalência e insuficiente cobertura de
ações de controle pelas equipes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS) e do Programa Saúde da Família (PSF). O objetivo deste trabalho foi rela-
tar que, após a realização da campanha do município de eliminação da hansení-
ase, descentralizamos o diagnóstico e o tratamento do hospital de referência para
as 18 unidades de saúde municipais – 17 delas contando com equipes do PACS/
PSF; e uma policlínica –, e aumentamos a taxa de detecção, quando foram desco-
bertos mais de 80 casos. O índice de abandono, que era 30%, reduziu-se para 2%,
e o índice de cura, que era 50%, aumentou para 98%. Foram capacitados cerca de
580 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem,
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
80
odontólogos, psicólogos, fisioterapeutas, médicos veterinários, assistentes sociais,
etc. O alcance da meta preconizada pelo Ministério requer o esforço conjunto
dos setores público e privado, de modo a superar fatores que dificultam uma ação
decisiva sobre a doença, como diagnóstico e tratamento tardios dos pacientes,
responsável por deformidades físicas às vezes irreversíveis, mesmo após a cura
da doença.
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POSTER
Orientação sobre biossegurança
em salões de manicure
Prefeitura da Estância de Atibaia-SP
Secretaria Municipal de Saúde
Divisão de Vigilância Epidemiológica
Carlos Valentino Valtingojer, Sônia Guedes,
Rita de Cássia Faria Bergo e Flávia Alves Ferreira Rossini
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 2 bi-
lhões de pessoas foram contaminadas pelo vírus da hepatite B (VHB). Dessas, 400
milhões evoluíram para doença crônica. O vírus da hepatite C (VHC) está distri-
buído pelo mundo em larga escala; atinge cerca de 170 milhões de pessoas, sendo
2 milhões no Brasil. Os técnicos do Departamento Municipal de Vigilância em
Saúde perceberam a necessidade de orientar os profissionais dos salões de beleza
sobre os cuidados com instrumentais e o risco de transmissão de hepatites virais.
Por não ter sido encontrado material direcionado a esses profissionais, pensou-se
na elaboração de manual para ser distribuído entre eles. Constituíram fontes de
consulta a legislação sanitária vigente, Internet e outros documentos técnicos. As
etapas do processo, por ordem de seqüência, foram: busca nas fontes de consul-
ta; ordenação do material; digitação do texto; revisão; preparação para a gráfica;
impressão; entrega do manual nas vistorias sanitárias ou no departamento de re-
novação do alvará de funcionamento. O manual procura normatizar e padronizar
condutas de biossegurança em serviços de manicure, pedicure, podologia, bar-
bearias e cabeleireiros. As limitações apontadas foram o uso excessivo de termos
técnicos e o enfoque maior sobre quadros sintomáticos das hepatites, que levaram
aos autores a discutir uma revisão do manual, seu conteúdo e linguagem, com o
objetivo de torná-lo mais apropriado ao seu público-alvo.
Aperfeiçoamento
dos Sistemas de
Informação e Análise
de Situação de Saúde
6
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
85
COMUNICAÇÃO ORAL
Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM): qualificação das causas externas por
acidentes de trânsito a partir da integração
dos bancos de dados do SIM e da Empresa
Pública de Transportes e Circulação (EPTC),
Porto Alegre
Prefeitura do município de Porto Alegre-RS
Secretaria Municipal de Saúde
Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde
Sistema de Informação sobre Mortalidade
Empresa Pública de Transportes e Circulação
Ana Sant´Anna, Denise Aerts, Rita Jobim,
Patrícia Vieira, Eugênio Lisboa e Gilmar Cardoso
As causas externas (CE) vêm-se constituindo em uma das principais causas de
óbito no Brasil e nas suas grandes capitais. Apesar dos esforços na qualificação dos
dados registrados nas declarações de óbito, no que tange aos acidentes de trânsito,
não se identificam as circunstâncias do acidente, o tipo de veículo e a situação da
vítima: pedestre, condutor ou passageiro. Entretanto, a parceria intersetorial com
a Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC), órgão gestor do trânsito
em Porto Alegre-RS, possibilitou o resgate desses dados. Em 2003, a EPTC iniciou
o repasse mensal de dados das vítimas fatais do sistema viário de Porto Alegre,
por via eletrônica, à Secretaria Municipal de Saúde. Os resultados mostraram que,
até 2002, a média da proporção de “acidentes de trânsito não especificados” (V89)
era de 51,6%. A partir do ano de 2003, houve um decréscimo significativo dessa
classificação, possibilitando identificar as situações das vítimas fatais por aciden-
tes de trânsito. Em relação aos pedestres traumatizados, também houve melhora
na informação, com identificação dos veículos envolvidos nos acidentes e local
de ocorrência. Essa qualificação permitiu verificar o aumento da proporção dos
atropelamentos nos anos de 2003 e 2004 (39%), e, principalmente, de outros aci-
dentes de transporte (39,2%), onde foi possível especificar a condição da vítima
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Anais da 5ª EXPOEPIResumos
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e o veículo envolvido no acidente. Os óbitos por acidentes de trânsito não-espe-
cificados em 2003 e 2004 (média de 22%) são referentes às ocorrências fora do
sistema viário da cidade. Os resultados obtidos reforçam a importância do esta-
belecimento de ações intersetoriais, que têm início na identificação conjunta de
situações, consideradas como problemas, e avançam no planejamento integrado
de intervenções de promoção da qualidade de vida.
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COMUNICAÇÃO ORAL
Resultados do Serviço de Epidemiologia
Hospitalar do Hospital de Clínicas da UFPR,
após um ano de sua implantação
Universidade Federal do Paraná
Hospital de Clinicas e
Departamento de Saúde Comunitária
Suzana D. Moreira, Rosa Helena S. e Souza,
Ana Valeska, Denise S. Carvalho, Sueli Silva,
Mônica K. Fernandes e Luís H. Prudêncio
E-mails: [email protected].br
Em agosto de 2003, deu-se início à estruturação do Serviço de Epidemiolo-
gia Hospitalar do Hospital de Clinicas da Universidade Federal do Paraná (HC/
UFPR), dividido em quatro núcleos de atuação: Núcleo de Agravos de Notificação
Compulsória (Nanc); Núcleo de Registro Hospitalar de Câncer; Núcleo de Esta-
tísticas Vitais; e Núcleo de Estudos Epidemiológicos na Área Hospitalar. A rotina
do serviço relativa ao Nanc caracteriza-se pelo levantamento diário de relatórios
de internamentos, ambulatório, farmácia e laboratório, repasse das notificações
para a SMS diariamente e digitação no Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (Sinan). No ano de 2004, foram notificados 2.479 casos; em 2003,
foram 1.096. Considerando-se o banco de dados da Secretaria de Estado da Saúde
do Paraná, foram notificados pelo HC, em 2003, 1.057 casos; e em 2004; 1.415. Em
2004 implantamos o Registro Hospitalar de Câncer (RHC) e a realização de busca
ativa por resultados de anatomia patológica, listagens informatizadas pelo CID
oncológico, Apac de quimioterapia, necropsias e laudos de tomografia – ano base
de diagnostico, 2003. O RHC investigou 1.029 prontuários e efetuou 883 registros,
de 2003 até o momento deste estudo. Na mortalidade hospitalar, foram avaliadas
as declarações de óbito (DO) de mulheres em idade fértil, mortalidade infantil,
doenças de notificação compulsória, câncer e dificuldades de preenchimento ina-
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
88
dequado da DO; então, foram repassadas as correções necessárias à Secretaria
Municipal de Saúde de Curitiba. Foram avaliados 1.397 óbitos de 2004. Entre as
122 mulheres de idade fértil, foram captados sete óbitos maternos. As DNC foram
causa mortis em 108 casos (7,7%); e o câncer, em 321 (23%). O Serviço de Epide-
miologia Hospitalar do HC/UFPR sedia o Projeto de Extensão Universitária, que,
em 2004, contou com a participação de quatro alunos e um voluntário, e dispôs
duas bolsas-trabalho e três monografias, em 2004. Em 2005, o mesmo Projeto
teve cinco alunos, três voluntários e uma monitora, e dispôs duas bolsas-trabalho
e duas monografias. Também em 2005, os acadêmicos do ano iniciaram, em
janeiro, estagio obrigatório de duas semanas. As atividades realizadas pelo Serviço
de Epidemiologia Hospitalar do HC/UFPR têm apresentado reflexos importantes
no monitoramento das doenças de interesse, na consecução do RHC, na avaliação
da mortalidade e na formação do profissional de saúde, observando-se melhoria
no número de notificações registradas no Hospital, como também na qualidade
das informações obtidas.
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COMUNICAÇÃO ORAL
Redução da proporção de óbitos por causas
mal-definidas no SIM: estratégias desenvolvidas
pela Secretaria de Saúde do Recife
Prefeitura do Recife-PE/Secretaria de Saúde
Conceição Oliveira, Maria J.B. Guimarães, Sony Santos,
Tereza Lyra, Nara Melo, Patrícia Carvalho, Cristiane Ratis
e Erlândia Oliveira
A proporção de óbitos por causas mal-definidas (CMD) é um marcador da qua-
lidade do banco de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).
Este relato tem por objetivo descrever as estratégias utilizadas pela Secretaria de
Saúde do Recife para redução desse indicador, tendo como marco a municipaliza-
ção do SIM. Desenvolveram-se três linhas de ação: capacitação de pessoal; incen-
tivo à captação sistemática de dados ignorados nas declarações de óbito (DO); e
análise da coerência dos bancos. As principais estratégias adotadas foram: articu-
lação com a Corregedoria de Justiça e cartórios de registro civil; garantia da coleta
diária das DO; resgate de dados e investigação de causas de morte; integração do
SIM com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e o Sistema
de Informação de Agravos de Notificação (Sinan); e capacitação para o uso da
DO e investigação de CMD. A proporção de óbitos por CMD, no período 1984-
1993 (SIM operacionalizado pela Secretaria de Sde do Estado de Pernambu-
co), aponta tendência crescente (média anual=2,77%), maior percentual em 1992
(6,31%) e menor em 1988 (1,76%). No período 1994-2004, o percentual de CMD
apresenta valores decrescentes (média anual=1,57%), passando de 4,16% (1994)
a 0,89% (2004). A inversão do comportamento da proporção de óbitos por CMD
no Recife reflete o conjunto de estratégias bem-sucedidas adotadas após a muni-
cipalização do SIM, em 1994.
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POSTER
Avaliação da subnotificação ao Sinan de casos
de tuberculose confirmados pelo Laboratório
Central de Saúde Pública do município de
Campo Grande-MS, no ano de 2003
Governo do Estado de Mato Grosso do Sul
Secretaria de Estado de Saúde
Marli Marques
A incidência da tuberculose no município de Campo Grande-MS, nos últimos
seis anos, manteve-se estável; as taxas de detecção oscilaram entre 69% e 98%. Tal
comportamento pode não refletir a realidade, na medida em que está diretamente
vinculado à busca e registro de casos no sistema informatizado. Foi realizado o
confronto entre os casos confirmados de tuberculose pelo Laboratório Central de
Saúde Pública de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS), os dados dos Livros de Regis-
tro de Controle da Tuberculose (LRCTB), do Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (Sinan) e do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), todos
referentes ao ano de 2003, em Campo Grande. Dos 133 casos confirmados pelo
Lacen/MS, 45 (33,8%) não foram encontrados nos LRCTB; e 84 (63,1%) não fo-
ram encontrados no Sinan. Dos 45 desconhecidos pelos serviços, cinco (11,1%)
foram identificados no SIM, sem menção à tuberculose como causa da morte.
Após investigação, constatou-se um óbito por tuberculose como causa direta e
quatro como causas antecedentes. O processo descrito resultou no resgate, para o
Sinan, de 62% desses casos, e para o SIM, de 10% dos óbitos, representando 13%
de incremento nas notificações gerais. Diante dessas evidências, a Coordenação
Estadual do Programa de Controle da Tuberculose (CE-PCT) passou a adotar,
como rotina, o repasse mensal, ao município, da listagem de exames confirmados
pelo Lacen/MS; e o monitoramento a inclusão desses casos no Sinan. Foi proposta,
igualmente, a revisão da rotina de atendimento e do fluxo de informação do PCT.
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POSTER
Avaliação da cobertura do Sinasc
no DF em 2004
Governo do Distrito Federal/Secretaria de Estado de Saúde
Subsecretaria de Vigilância em Saúde
Diretoria de Vigilância Epidemiológica
Dalva Nagamine Motta, Luiz Augusto Copati Souza
e Eneida Fernandes Bernardes
O registro de informações relativas aos partos e aos recém-nascidos é realizado
em diversos setores, nos hospitais, o que sugere rigor no seu controle. A observa-
ção de redução do número mensal de nascimentos ocorridos em 2004, contudo,
propiciou a formulação da hipótese de subnotificação no Sistema de Informa-
ções de Nascidos Vivos (Sinasc). Para recuperação de declaração de nascido vivo
(DNV), realizou-se investigação nos livros dos centros obstétricos e nos livros das
salas de situação em saúde do HRC, HRT, HRAS, HRG, HRBz e HRPA (hospitais
da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal), e nos Hospitais Santa Lúcia
e Santa Luzia (privados). Essas unidades são responsáveis por 63% dos nascimen-
tos do DF. Aumentou-se a captação de nascidos vivos em 2,4%, ou seja, foram
localizadas 1.291 DNV. No HRC (Hospital Regional de Ceilândia), a mudança
do fluxo de documentos no hospital e a falta de manutenção dos computadores
fizeram com que 849 DNV não fossem cadastradas no Sinasc. No HRAS (Hospital
Regional da Asa Sul), 238 DNV estavam fora do Sinasc porque as vias brancas
(da DNV) haviam sido arquivadas no prontuário da mãe e havia dificuldades na
operação do sistema. Foram recuperadas mais 204 DNV no HRT (Hospital Re-
gional de Taguatinga), HRBz (Hospital Regional de Brazlândia), HRG (Hospital
Regional do Gama) e HRPa (Hospital Regional de Paranoá). Nos dois hospitais
particulares, confirmou-se que todos os nascidos vivos se encontravam no Sinasc.
Evidenciou-se a necessidade de conscientização e treinamento dos profissionais
de saúde quanto à importância das DNV e do Sinasc, execução de ajustes no fluxo
de informação e intensificação na supervisão das atividades inerentes ao sistema.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
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92
POSTER
Organização da vigilância em saúde
em um hospital geral público: a experiência
do Hospital Municipal Lourenço Jorge (HMLJ)
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro-RJ
Secretaria Municipal de Saúde
Núcleo de Programação e Epidemiologia
Hospital Municipal Lourenço Jorge
Mayumi D. Wakimoto, Marina B. Azevedo,
Rosária V. Vommaro, Júlia E. Dornas
e Andrey M. Cardoso
O Hospital Municipal Lourenço Jorge (HMLJ), pertencente à rede de saúde
do município do Rio de Janeiro, funciona como referência para atendimento
de emergência e constitui importante porta de entrada de agravos de vigilância,
sobretudo pelo momento oportuno para a sua identificação. Representa um elo
fundamental no sistema de vigilância local, ao captar casos a serem investigados
pela rede básica e propiciar a adoção de medidas de controle. A vinculação direta
do Núcleo de Programação e Epidemiologia (NPE) à direção do HMJL garantiu
a autonomia necessária para a construção de um espectro ampliado de ativida-
des no ambiente hospitalar: vigilância de agravos de notificação; atendimento e
prevenção de acidentes com material biológico e promoção da biossegurança;
imunização; análise e acompanhamento de óbitos e dos indicadores gerenciais;
e diagnóstico e avaliação em saúde. Este trabalho pretende descrever as ações re-
alizadas pelo NPE/HMLJ e os resultados alcançados, mediante avaliação do seu
processo de trabalho e da análise das bases de dados oficiais e próprias do Nú-
cleo. No campo da vigilância, destaca-se a elevada sensibilidade para captação
de agravos subnotificados, decorrente das seguintes estratégias implantadas: (1)
busca ativa nos boletins de atendimento; (2) atuação integrada aos profissionais
da assistência; (3) vigilância sentinela para influenza, desde 2001 (86 casos com
isolamento viral), e para dengue, desde 2003; (4) organização de pólos de aten-
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Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
93
dimento de (a) profilaxia anti-rábica, resultando em queda de 70% no abandono
de tratamento (1997 – 58%; 2004 – 17,4%), (b) acidentes com material biológico,
resultando em estabilização do número de acidentes na unidade, apesar da rota-
tividade de profissionais, sendo observado incremento de 33,7% de profissionais
acidentados com esquema vacinal completo para hepatite B, e (c) acidentes com
animais peçonhentos, respondendo por 70% das notificações do município; (5)
vigilância/assistência a agravos em períodos epidêmicos (sarampo – 208 casos em
1997; dengue – 16.769 casos em 2002). No campo da avaliação e gestão hospitalar,
destaca-se a implementação de mudanças gerenciais (modificação do número de
leitos hospitalares, queda no tempo médio de permanência no hospital, redução
da proporção de causas de óbito mal-definidas) a partir das seguintes estratégias:
(1) análise sistemática do censo hospitalar e construção de indicadores para vi-
gilância da qualidade da atenção; e (2) monitoramento e revisão dos óbitos. A
implantação e consolidação do NPE/HMLJ tiveram como base o trabalho de uma
equipe de profissionais capacitados e motivados, a integração entre os diversos
setores envolvidos e o compromisso com a disseminação da informação para o
aprimoramento da qualidade da atenção à saúde.
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94
POSTER
Sinan e interfaces: revisão de estratégias
na prática da equipe estadual
Governo do Estado de Alagoas/Secretaria Executiva de Saúde
Denise Leão Ciríaco e Dayse Mércia Cavalcante de Oliveira
O Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), ao longo destes
seis anos, mantém uma equipe estadual que gerencia e suporte aos técnicos,
tanto dovel estadual como municipal. As rotinas são revistas anualmente, como
mínimo, para atender as diferentes demandas; entretanto, a rotatividade de pessoal
e as dificuldades no trato da informatização exigem um apoio rotineiro aos técnicos
para lidar com os dados, criando o vinculo necessário com a vigilância na constru-
ção de uma informação fidedigna e que seja capaz de subsidiar intervenções. Este
ano, adotou-se um formulário para encaminhamento das fichas aos municípios
de residência dos casos notificados por outro município. Nessas rotinas, são utili-
zados os aplicativos Tabwin, exportador – Sinan –, Excel e Epi-Info. Resultados já
têm sido observados, como o maior envolvimento no acompanhamento, melhor
qualidade dos dados e aumento do encerramento oportuno dos agravos agudos de
53,8% em 2001 para 73,9% em 2004. Os casos atendidos fora dos seus municípios
têm correspondido a uma média mensal de 5,5% dos agravos agudos, os quais são
identificados e encaminhados às áreas técnicas para avaliação e uxo de retorno.
O cruzamento entre as bases de dados do SIM e do Sinan para os agravos de no-
tificação compulsória no ano de 2005 levou à identificação de 56 casos que não
constavam na base do Sinan. Para que esse sistema se transforme em ferramenta
efetiva na realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na po-
pulação, faz-se necessária uma sistematização e revisão contínua de estratégias que
garantam a qualidade dos dados, pelas três esferas de governo. A adoção dessas ro-
tinas não necessita de aplicativos sofisticados; antes de tudo, é mister a integração,
envolvimento e compromisso com a qualidade da informação, que possibilitará o
planejamento da saúde, com definição de prioridades de intervenção, e a avaliação
do impacto das ações adotadas pela vigilância epidemiológica.
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Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
95
POSTER
Integração dos bancos de dados do SIM
e do Sinan: a contribuição da vigilância dos
óbitos relacionados às doenças de notificação
compulsória no município do Recife
Prefeitura do Recife-PE/Secretaria de Saúde
Conceição Oliveira, Luiz Cláudio S. Oliveira,
Maria J.B. Guimarães e Tereza Lyra
A integração de sistemas de informação em saúde permite a construção de in-
dicadores mais confiáveis no nível local. No Recife, capital do estado de Pernam-
buco, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) funciona como fonte
notificadora complementar do Sistema de Informações de Agravos de Notificação
(Sinan). Toda declaração de óbito (DO) com doença de notificação compulsória
(DNC) declarada ou suspeita é notificada ao setor de vigilância epidemiológica
(VE), para investigação e incorporação ao Sinan dos casos desconhecidos e para
melhoria das causas do óbito no SIM. Visando ao aprimoramento da vigilância
dos óbitos por DNC e a integração dos bancos de dados do SIM e do Sinan, foram
construídos um instrumento de coleta de dados e um questionário eletrônico
(com base no aplicativo Epi-Info) para relacionar os registros do SIM e do Sinan
de forma unívoca. Em 2003, foram notificados 477 óbitos de residentes no Recife
com DNC declarada ou suspeita, dos quais 34,0% eram desconhecidos do Sinan.
As investigações da VE confirmaram 89,3% das DNC notificadas e identifica-
ram 23 casos subinformados nas DO, que, em conjunto com as DNC descartadas
pelas investigações, geraram alterações da causa básica do óbito em 14,8% dos
óbitos notificados. A estratégia de integração dos dois sistemas de informação
contribui para a melhoria da cobertura e a qualidade dos dados, ao produzir in-
formações mais precisas sobre a situação de saúde e, assim, subsidiar a gestão e o
controle social.
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96
POSTER
Avaliação dos sistemas de informações
da vigilância epidemiológica do município
de Esperança-PB
Prefeitura Municipal de Esperança-PB
Secretaria Municipal de Saúde
Patrícia Bezerra Teotônio
O município de Esperança, no estado da Paraíba, está habilitado à gestão plena
de sistema municipal de saúde. Esperança-PB os demais municípios que estão
se habilitando e se organizando para viverem a integralidade, eqüidade e uni-
versalidade princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) sentem
a responsabilidade de gerir seus recursos, mesmo contando com a Norma Ope-
racional de Assistência à Saúde (Noas) e as leis de números 8.080 e 8.142 que os
orientam nesse processo de organização. Necessitam, também, dispor de dados e
informações que permitam o delineamento da situação de saúde local, para prio-
rizar ações e atender, de forma equânime, as demandas da sua população. O siste-
ma de informações da vigilância epidemiológica, o Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan)
e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) fornecem informa-
ções que, mediante a construção de indicadores, favorecem o conhecimento da
situação de saúde do município. O objetivo deste trabalho foi avaliar o sistema de
informações da vigilância epidemiológica da cidade de Esperança-PB, por meio
de indicadores específicos para cada sistema, mensurar o grau de qualidade das
informações e avaliar os resultados encontrados no período de 2002 a 2003.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
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97
POSTER
Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM): integração e qualificação dos Sistemas
de Informação, Porto Alegre-RS
Prefeitura Municipal de Porto Alegre-RS
Secretaria Municipal de Saúde
Rita Jobim, Denise Aerts, Ana Sant´Anna,
Patrícia Vieira e Eugênio Lisboa
Ao ano de 2004, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) qua-
lificava os dados contidos nas declarações de óbito (DO), por meio de revisões
dos prontuários ambulatorial, hospitalar e do Departamento de Medicina Legal
(DML), de entrevistas com o médico assistente e de pesquisa junto aos seguintes
sistemas de informação: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc);
Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan); e da Empresa Públi-
ca de Transporte e Circulação (EPTC). No primeiro semestre do ano de 2005, a
equipe teve acesso ao banco de dados da Gerência de Regulação dos Serviços de
Saúde [Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/
SUS)], o que permitiu conhecer a CID classificação internacional de doenças
nas internações hospitalares que precederam o óbito. Essa informação mostrou-
se bastante útil na qualificação da causa básica do óbito (campo 49, parte I) e das
co-morbidades que contribuem para o óbito (campo 49, parte II), como também
para os grupos de campos relacionados à identificação, óbito fetal, óbito em mu-
lheres em idade fértil e assistência médica. Essa nova estratégia diminuiu o núme-
ro de DO encaminhadas para revisão em prontuário. O objetivo deste estudo foi
apresentar o processo de trabalho de qualificação dos dados do SIM utilizando,
como estratégia, a integração dos diferentes sistemas de informação disponíveis e
os principais resultados alcançados.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
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98
POSTER
A importância do nível hospitalar no
aprimoramento da vigilância epidemiológica:
o caso do Hospital dos Servidores do
Estado/MS/RJ (HSE)
Ministério da Saúde
Hospital dos Servidores do Estado, Rio de Janeiro-RJ
Cláudia Caminha Escosteguy,
Roberto de Andrade Medronho
e Ricardo Campos Cerqueira Braga
Este estudo relata uma das experiências nacionais pioneiras em epidemiologia
hospitalar: o Serviço de Epidemiologia/HSE, que serviu de base para a criação dos
núcleos de vigilância epidemiológica (VE) dos hospitais municipais e estaduais do
Rio de Janeiro. O serviço integra ações de VE, educação continuada, treinamento
em serviço, pesquisa clínico-epidemiológica e avaliação dos serviços desde 1986;
e participa da rede nacional de VE, utilizando dois sistemas de informações, o
Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) e um sistema local
baseado no aplicativo Epi-Info. De 1990 a 2004, foram notificados 22.833 casos,
a maioria por busca ativa. Análises sistemáticas a partir do Sinan, que avaliam a
qualidade da informação, o perfil dos agravos e a qualidade da assistência, são
divulgadas periodicamente. A rotina de VE está plenamente estruturada, sendo,
atualmente, objeto de reavaliação; o Serviço foi indicado como Hospital de Refe-
rência de Nível II, dentro do Subsistema de Vigilância Epidemiológica em Âmbito
Hospitalar. Enfatiza-se que a integração dos vários níveis agiliza as atividades clás-
sicas de controle das doenças de notificação compulsória e fornece instrumentos
de avaliação da qualidade. O Sinan tem sido uma ferramenta útil no nível local,
para avaliação de serviços, sobretudo para agravos como meningites, tuberculose
e sífilis congênita. As informações por ele geradas têm sido discutidas com os ser-
viços de assistência aos agravos e têm orientado a tomada de decisão gerencial, no
sentido de corrigir eventuais distorções do processo de assistência.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
99
POSTER
Análise do processo de implantação
da vigilância dos óbitos hospitalares
pelo Núcleo Central de Vigilância
Hospitalar nas Unidades da Rede SES/RJ
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Secretaria de Estado de Saúde
Núcleo Central de Vigilância Hospitalar
Claudia Beltri Alves e Patrícia Schettert
O conhecimento do padrão de mortalidade hospitalar é um importante indi-
cador da qualidade da assistência, embora possa estar relacionado ao perfil da
unidade hospitalar, bem como à gravidade dos casos tratados. Com o advento
da Resolução SES/RJ nº 1.834, de 3 de julho de 2002, que instituiu os Núcleos de
Vigilância Hospitalar (NVH) nas unidades da rede própria da Secretaria de Esta-
do de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ), a Comissão de Análise de Óbito (CAO)
passou a integrar o NVH, juntamente com as comissões de vigilância epidemioló-
gica, revisão de prontuário e controle de infecção hospitalar. A partir de então, o
NVH, por intermédio da CAO, implantou a vigilância da mortalidade hospitalar
com o objetivo de monitorar a mortalidade institucional, adotando indicadores
específicos como a mortalidade por causa mal-definida que aponta, também,
para a qualidade do preenchimento das declarações de óbito (DO). Os Hospitais
da rede SES/RJ situam-se em municípios que não possuem serviço de verificação
de óbito, dificultando a classificação desses. Nesse sentido, a CAO, por meio da in-
vestigação, busca identificar as condições relacionadas ao óbito. O objetivo deste
estudo foi descrever o processo e avaliar a implantação da Vigilância dos Óbitos
em onze unidades hospitalares da rede SES/RJ, comparando dados de mortali-
dade por causa mal-definida no período de 2002 a 2004, utilizando o Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM) como fonte de dados.
Vigilância de
Agravos e Doenças
não Transmissíveis e
Promoção da Saúde
7
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
103
COMUNICAÇÃO ORAL
Idosos e cuidadores – uma relação delicada
Prefeitura Municipal de Amparo-SP
Secretaria Municipal de Saúde
Unidade de Saúde da Família de Arcadas
Maria Adelaide Pinheiro Lima, Eliana Rocha de Lima
e Equipe do Programa Saúde da Família
O trabalho desenvolvido pela unidade de Saúde da Família do Distrito de Arca-
das, município de Amparo-SP, surgiu da pouca resolubilidade das ações preventi-
vas e de proteção à saúde, pautadas nas práticas tradicionais, considerando-se que
o objetivo maior do ato de cuidar é melhorar a autonomia, convivência social e
preservar ao máximo a cognição na população. Tais ações não contribuíam para
que os cuidadores e a comunidade se sentissem sujeito de mudanças no processo
de melhoria da qualidade de vida; no caso particular deste estudo, da qualidade de
vida da população idosa. A visão predominante de que o idoso é inútil foi o nosso
grande obstáculo. De posse de nossa população de idosos, levantamos todos os
indivíduos em situação de maior risco, como também todas as dificuldades dos
cuidadores. Traçamos três estratégias: (1) capacitação de cuidadores dos idosos;
(2) estímulo da comunidade para refletir e repensar a importância e o papel do
idoso na sociedade atual; e (3) mobilização das instituições no sentido de discu-
tirem sobre a melhoria dos espaços coletivos para os idosos. Utilizamos métodos
de trabalho educativo que priorizavam a participação ativa dos cuidadores em
debates, ou colocando-os no papel de idoso, em dramatizações/simulações da sua
rotina. Essas intervenções, em 2004, zeraram os casos de violência física, a adesão
do cuidador ao tratamento subiu 92% e a autonomia do idoso no domicílio, com
redução de riscos, elevou-se em 86% resultados analisados de amostra de 20%
da população idosa acompanhada.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
104
COMUNICAÇÃO ORAL
O processo de municipalização do
registro de câncer de base populacional:
a experiência do Recife-PE
Prefeitura do Recife-PE/Secretaria de Saúde
Diretoria de Epidemiologia e Vigilância à Saúde
Cláudia Cristina Lima de Castro, Ana Antunes F. Lima,
Maria José B. Guimarães, Denise Santos de Oliveira
e Tereza Maciel Lyra
Em janeiro de 2003, a Secretaria de Saúde do Recife, estado de Pernambuco
passou a operacionalizar o registro de câncer de base populacional, anteriormente
operacionalizado pela Secretaria de Saúde do Estado, tendo como objetivo au-
mentar a sua cobertura e qualidade do serviço no âmbito do município. Para tan-
to, buscou implantar o sistema de informação de base populacional e identificar
possíveis unidades notificantes de câncer localizadas no Recife. A coleta de dados,
referente ao ano de 2002, foi iniciada em março de 2003, após contratação e trei-
namento de recursos humanos. Antes da municipalização do registro de câncer,
existiam dez fontes ativas de coleta. Após a municipalização, o número de fontes
passou para 19, havendo um incremento de 90%. Além do aumento de fontes,
ocorreu, também, implementação da cobertura de algumas fontes anteriormente
existentes, sendo incluídos setores em três fontes que, até então, não participavam
da coleta. Outra rotina incorporada foi a introdução do endereço completo na
ficha de coleta, para permitir a espacialização dos casos residentes no município.
Para garantir a localização exata do bairro de residência, passou-se a validar os
endereços, realizando-se revisão dos bairros de residência mediante a utilização
dos cadastros oficiais de logradouros da cidade. O maior e mais importante avan-
ço realizado, após o processo de municipalização, está sendo a construção de um
programa de informática que: 1) o banco de dados do Sistema de Base Popu-
lacional (Base Pop); 2) realiza todas as funções da Base Pop (entrada de dados,
crítica, validação, cruzamento entre variáveis); 3) realiza a identificação precisa de
duplicidades do dado no momento de entrada; e 4) permite a saída de relatórios
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
105
parciais. Essas funções são de fundamental importância para o serviço, no sentido
de agilizar a conclusão dos bancos de dados e a análise de dados. Esse programa
também reúne, em sua base, dados de morbidade (coletados nas fontes) e de óbito
[informados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)]. Diante des-
sa nova ferramenta, será possível realizar análises epidemiológicas de forma mais
ágil. Atualmente, a coleta e a digitação de dados referentes aos anos de 2002 e 2003
foram concluídas com 2.295 e 2.521 registros, respectivamente. Os dados de 2004
ainda estão sendo trabalhados, com 2.080 fichas coletadas até o momento. Diante
do quadro epidemiológico nacional, onde o câncer é a terceira causa de morte, su-
gere-se que seja desenvolvido um sistema de informação que possua simplicidade
e flexibilidade, permitindo a utilização de informação pelo nível municipal e for-
talecendo análises de situação de saúde no nível local, além das análises nacionais
realizadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde.
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106
COMUNICAÇÃO ORAL
Sistema de Vigilância de Acidentes
do Trabalho – Sivat, Piracicaba
Prefeitura do município de Piracicaba-SP
Secretaria Municipal de Saúde
Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
Rodolfo Andrade de Gouveia Vilela,
Clarice Aparecida Bragantino, Antenor Varolla,
Ricardo Cordeiro, Celso Stephan,
Ana Paula Conti Câmara, Cláudia Giglio Gonçalves
e Moisés Taglietta
Os acidentes do trabalho (AT) constituem o principal agravo à saúde dos traba-
lhadores no Brasil. O objetivo desta apresentação é mostrar a experiência do Cen-
tro de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST) na vigilância e prevenção de
acidentes do trabalho. O Sistema de Vigilância de Acidentes do Trabalho (Sivat),
operando nos moldes de evento sentinela, foi implantado mediante a articulação
do CRST com o Ministério do Trabalho e Emprego, a Universidade Metodista
de Piracicaba (Unimep), a Universidade Estadual Paulista (Unesp)/Botucatu-SP e
sindicatos de trabalhadores, contando, também, com apoio da Fundação de Am-
paro à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O Sivat consta da notificação e
registro dos acidentes ocorridos nos hospitais e prontos-socorros. Trata-se de um
sistema de caráter universal, que abrange todos os trabalhadores, independente-
mente do vínculo de emprego – formal, autônomo ou informal. Os casos graves,
fatais e com menores de 16 anos são selecionados para a investigação das causas
do AT; são utilizadas entrevistas, além da investigação no ambiente de trabalho.
A partir da sua implantação, em novembro de 2003, o Sivat registrou uma média
de 15,8 AT por dia, ou seja, 1,78 AT a cada hora trabalhada. Estima-se que em um
ano, perderam-se cerca de 340.540 dias de trabalho, 127,25 anos; e se acumulou
um prejuízo direto de R$ 1.389.570,00. A rede municipal de pronto atendimento
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
107
do SUS foi responsável por atender 90% desses casos; alguns, mais graves, foram
selecionados para inspeção e desencadearam ações coletivas ou intersetoriais, atu-
almente em desenvolvimento, com adesão e participação dos diversos segmen-
tos. Essas ações apontam para a possibilidade de avanço nessa área; é o caso, por
exemplo, do Comitê de Segurança Alimentar no setor de panificação, do Comitê
Permanente da Construção Civil, das inspeções conjuntas na fabricação de do-
missanitários, bem como da resposta ao caso de intoxicação por agrotóxicos na
produção de cana de açúcar.
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108
POSTER
Sivat – Sistema de Vigilância
de Acidentes do Trabalho
Prefeitura da Cidade de São Paulo-SP
Secretaria Municipal de Saúde
Coordenadoria de Vigilância em Saúde
Gerência de Saúde do Trabalhador
Carlos Augusto Ferreira, Jenny Izumi Kose,
José Luís de Andrade Silva, Magda Andreotti,
Maria Lúcia Udihara, Maristela Maule,
Ricardo Luiz Lorenzi e Rita de Cássia Bessa dos Santos
Para enfrentar a falta de informações consistentes sobre a saúde dos traba-
lhadores e orientar a construção de um sistema de vigilância para acidentes no
ambiente de trabalho, foi criado, em 2002, na cidade de São Paulo, o Sistema de
Vigilância de Acidentes do Trabalho (Sivat). Esse sistema tornou-se de notificação
compulsória os acidentes de trabalho (AT) atendidos em serviços de saúde, no de-
sempenho da atividade profissional. Ele conta com uma ficha e uma base de dados
específicos, que são utilizados por toda a rede de sde. Os critérios estabelecidos,
publicamente, para investigação de AT são gravidade e idade, e procuram aten-
der às metas de redução da letalidade/gravidade de acidentes nesses ambientes e
erradicação do trabalho infantil, segundo a lógica dos diplomas legais correntes.
Atualmente, o Sivat encontra-se estruturado e com um número significativo de
notificações de boa qualidade, em tempo real, o que tem permitido a investigação
de acidentes graves e fatais e a redução da subnotificação ao Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS)/Ministério da Previdência Social. Outrossim, as atividades
de capacitação da rede e o monitoramento das ações de vigilância epidemiológica
têm repercutido positivamente, com a incorporação de ações de saúde do traba-
lhador nas unidades de saúde, e contribuído para fortalecer as ações de vigilância
em saúde no Sistema Único de Saúde (SUS).
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109
POSTER
O papel estratégico do registro de câncer
de base populacional: a informação sobre
a incidência de câncer na Paraíba, 1999-2001
Governo do Estado da Paraíba
Secretaria da Saúde do Estado
Josefa Ângela Pontes de Aquino, Alana Soares
Barreto Brandão e Lourdes de Fátima Souza
E-mails: [email protected].br
Os casos de óbito por câncer na Paraíba estão em segundo lugar entre as prin-
cipais causas de morte no estado, perdendo apenas para as doenças do aparelho
circulatório. Nesta análise, não estão incluídos os casos de mortes mal-definidas
e aqueles sem assistência médica, que, infelizmente, ainda representam um per-
centual importante no estado. Segundo os dados do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), a taxa de mortalidade por neoplasia (por 100 mil habitantes)
em João Pessoa-PB e no estado, no ano de 2004, foi de 67,0 e 47,1 respectivamen-
te, respondendo por 8,42% das mortes na Paraíba (1.670 de 19.839 casos). Em
março de 2000, foi firmado convênio entre o Instituto Nacional do Câncer (Inca)
e a Secretaria da Saúde do Estado, que resultou na implantação do Registro de
Câncer de Base Populacional (RCBP). Atualmente, a Paraíba dispõe de dados dos
anos 1999 a 2001, provenientes de 48 fontes notificadoras, todas do município de
João Pessoa; em segundo lugar, aparece o município de Campina Grande, com
11% das internações. Para avaliar a qualidade das informações do RCBP, utiliza-
ram-se os parâmetros recomendados pela Agência Internacional de Registro de
Câncer (IARC). O RCBP de João Pessoa vem-se consolidando como um impor-
tante banco de dados sobre câncer; com o decorrer do tempo, produzirá uma série
histórica confiável dos dados de incidência e mortalidade, que permitirá avaliar
o impacto do câncer no perfil de morbimortalidade do estado; e subsidiar os ges-
tores nas suas ações de prevenção, controle e tratamento dos casos, bem como a
comunidade cientifica em geral, à qual servirá de base para estudos etiológicos,
prognósticos e avaliativos.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
110
POSTER
Vigilância de óbitos precoces por
doenças e agravos não transmissíveis
Prefeitura da Cidade de São Paulo-SP
Secretaria Municipal de Saúde
Coordenadoria de Vigilância em Saúde
Centro de Controle e Prevenção de Doenças
Pedro José Vilaça, Rosa Dias Nakasaki,
Luís Gracindo Costa Bastos, Rosana Burgez Diaz
e Cristina Martin Vidal França
As doenças e agravos não transmissíveis (DANT) figuram entre as principais
causas de morbimortalidade na sociedade atual; constituem fonte de mortalidade
precoce são responsáveis, portanto, pela perda de grande número de indivíduos
ainda em idade produtiva. Tal mortalidade costuma ser avaliada pelo indicador
Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP). Em São Paulo-SP, em 2004, houve um
total de 12.315 APVP em razão de mortes por diabetes Mellitus em indivíduos
menores que 65 anos. A doença cerebrovascular, do mesmo modo, foi responsá-
vel por 24.582 APVP nesse período. Contudo, observam-se variações importan-
tes nos montantes e taxas de APVP, nas diferentes subprefeituras do município,
cujos determinantes são conhecidos parcialmente, e os eventos que levaram à per-
da precoce do indivíduo não estão totalmente esclarecidos. O presente trabalho
visa, inicialmente, proceder à investigação daqueles óbitos considerados precoces
(ocorridos antes dos 65 anos de idade), em decorrência de diabetes Mellitus, do-
ença cerebrovascular, quedas acidentais, homicídios e suicídios. Este estudo pre-
tende desvelar a seqüência de eventos que culminou na perda da vida; e identificar
os pontos passíveis de intervenção e/ou modificações. O principal instrumento
da investigação constitui-se na autópsia verbal, realizada pela unidade básica de
saúde, com os familiares ou cuidadores do caso. Entendemos a vigilância de óbi-
tos precoces, incorporada como prática sistemática, como uma tecnologia leve e
simples, factível, suficientemente potente para desencadear a discussão acerca do
processo de atenção às pessoas com doenças crônicas.
Prêmio Adolfo Lutz
e Vital Brazil para
investigações de surtos
conduzidas pela Secretaria
de Vigilância em Saúde
do Ministério da Saúde
8
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
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PRÊMIO ADOLFO LUTZ E VITAL BRAZIL
Doença de Chagas aguda relacionada
à ingestão de caldo de cana em Santa
Catarina, março de 2005
Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde;
Governo do Estado de Santa Catarina/Secretaria de Estado de Saúde
Divisão de Vigilância Epidemiológica e
Laboratório Central de Saúde Pública;
Universidade Federal de Santa Catarina;
Centers for Disease Control and Prevention
Office of Global Health/Division of International Health, Atlanta, USA
Erica Tatto, José Alexandre Menezes, Beatriz Kitagawa,
Daniel R. Coradi de Freitas, George Dimech, Marcelo Wada,
Andreza Madeira, Maria José Burigo, Suzana Zeccer,
Luís Antônio da Silva, Mário Steindel, Clarice Azevedo,
Maria E. Macoviesky, Fernanda Laupert, Marli Aguiar,
Marlei P. Anjos, Maria A. Pierri, Jorge Abrahão, Douglas L. Hatch
A doença de Chagas apresenta-se, geralmente, na forma crônica, com mani-
festações mais freqüentes de cardiopatia chagásica, megaesôfago e megacólon.
Habitualmente, a transmissão dá-se durante o repasto sanguíneo de triatomíneos
hematófagos (barbeiros), podendo ocorrer, também, a partir de transfusão de san-
gue, transplante de órgãos ou por via transplacentária. A doença de Chagas aguda
(DCA) ocorre de forma inaparente em cerca de 50% dos casos. A transmissão por
ingestão de alimentos contaminados havia sido descrita em surtos anteriores,
no Brasil. Em março de 2005, foi relatado um surto de doença febril íctero-he-
morrágica relacionado à ingestão de caldo de cana no estado de Santa Catarina
(SC), causa de três óbitos. As hipóteses iniciais levantadas foram de leptospirose
e de hantavirose. Conduziu-se uma investigação epidemiológica com os objetivos
de identificar o agente etiológico, caracterizar o quadro clínico, identificar fatores
de risco e propor medidas de prevenção e controle. Definiu-se como caso suspeito
de DCA toda pessoa que houvesse ingerido caldo de cana em alguns municípios
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
114
do litoral norte de SC, entre primeiro de fevereiro e 20 de março de 2005, e que
apresentasse febre por mais de cinco dias e uma ou mais das seguintes alterações:
icterícia; vômito; diarréia; hemorragia digestiva ou pulmonar; insuficiência cardí-
aca; miocardite; edema agudo de pulmão; derrame pleural; disfunção hepática ou
renal; ou paciente com histórico de febre mais de cinco dias que tenha evoluído
para óbito com quadro de edema agudo de pulmão e/ou hemorragia digestiva
e/ou pulmonar e/ou icterícia. Foram confirmados os casos suspeitos que apresen-
taram resultados positivos para exame parasitológico de sangue (esfregaço e gota
espessa) corado ou para dois métodos sorológicos – imunofluorescência indireta
(IFI) IgM específica para T. cruzi >1/40; e Elisa – ou, ainda, que evoluíram a óbito
e apresentaram resultados positivos de PCR para T. cruzi, IFI IgM ou IgG, ou
vínculo epidemiológico. Realizaram-se estudo descritivo e estudo de caso-contro-
le intradomiciliar e extradomiciliar, com aplicação do questionário padronizado
para a coleta de informações. Prontuários clínicos dos pacientes-caso foram ava-
liados. Para análise estatística, a medida de associação foi a Odds Ratio (OR), o
grau de significância considerado foi o de valor de p<0,05, com intervalo de con-
fiança (IC) de 95%. Avaliaram-se amostras de vetores (parasitológico de conteúdo
intestinal) e de reservatórios (sorologia, parasitológico de sangue e de secreção
de glândulas anais); e genotipagem por PCR do parasito isolado por cultivo de
amostras de vetores e de reservatórios, bem como de sangue dos pacientes-caso.
Ocorreram 24 casos de DCA, dos quais 100% ingeriram caldo de cana no dia 13
de fevereiro de 2005, entre 16-19 horas, em um estabelecimento no município de
Navegantes-SC. O consumo médio de caldo foi de 1,6 (0,5-5,0) copo de 300ml.
Todos os casos vivos foram tratados com Benzonidazol; não ocorreram novos
óbitos. O período de incubação foi de 3-17 dias (mediana=12). Alterações nas
transaminases ocorreram em 88% dos casos, hiperbilirrubinemia com icterícia
em 33% e alterações na coagulação em 54%. Ocorreu sangramento digestivo em
54% dos casos; em um deles, a biópsia gástrica acusou presença de formas amas-
tigotas de T. cruzi. De 16 pacientes-caso avaliados, o eletrocardiograma estava
alterado em 87% (distúrbio de condução de ramo em 30%) e o ecocardiograma
em 87% (derrame pericárdico em 81%). Doze casos (50%) apresentaram resul-
tados reagentes para leptospirose (teste Elisa), sendo que dez tiveram amostras
pareadas testadas por microaglutinação negativas; cinco casos apresentaram Elisa
IgM positivo para hantavirose, com RT-PCR negativos. Triatomíneos (Triatoma
tibiamaculata) e marsupiais capturados nas proximidades do local de exposição
estavam infectados com T. cruzi – cepas dos tipos I e II (Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC); Fundação Oswaldo Cruz/Rio de Janeiro-RJ). Amostras de
casos eram de T. cruzi do tipo II (UFSC). Observou-se diferença, estatisticamente
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Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
115
significativa, entre os pacientes-caso e os controles intradomiciliares [OR=(1,2-
);p=0,007;IC95%] e extradomicliares [OR=(16-);p<0,001;IC95%], quando
da avaliação do consumo de caldo de cana no local e data suspeitos. Não houve
diferença significativa na comparação de casos e controles quanto a idade e quan-
tidade de caldo de cana ingerida. Não foram identificadas outras exposições de
risco, incluindo as formas tradicionais de transmissão da doença. O estado de
Santa Catarina não apresenta transmissão vetorial de doença de Chagas há vários
anos. A transmissão de DCA por via oral requer maior atenção, em virtude da
potencial gravidade dos casos, da forma incomum de apresentação clínica, do
curto período de incubação e da manutenção do T. cruzi no ciclo silvestre no
Brasil. É importante enfatizar a presença de sangramento digestivo, alterações da
coagulação e icterícia, achados que, habitualmente, não são observados nos casos
de DCA relatados no Brasil até então. Houve associação entre casos de DCA com
exposição ao caldo de cana no dia 13 de fevereiro, em Navegantes-SC. Os autores
do presente estudo recomendaram:
a) suspensão da venda de caldo de cana pela vigilância sanitária do estado, no
período da investigação – a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi-
sa), após a ocorrência do surto, promoveu a revisão das normas para venda
do produto;
b) fornecimento e aquisição de kits para realização de exames na população;
c) garantia de tratamento específico e criação de protocolo de acompanhamen-
to clínico para os casos; e
d) pactuação para a realização de inquérito sorológico para doença de Chagas
no estado.
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Anais da 5ª EXPOEPIResumos
116
PRÊMIO ADOLFO LUTZ E VITAL BRAZIL
Surto de encefalomielite aguda envolvendo
o vírus da dengue genotipo 3 (DEN-3)
durante período epidêmico em Rondônia,
de novembro de 2004 a março de 2005
Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância Epidemiológica
Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis,
Coordenação-Geral do Programa Nacional de Controle da Dengue e
Instituto Evandro Chagas/Seção de Arbovírus e Febres Hemorrágicas;
Governo do Estado de Rondônia/Secretaria de Estado da Saúde;
Centers for Disease Control and Prevention/Office of Global Health
Division of International Health, Atlanta, USA
Alessandro P. M. Romano, Rui. R. Durlacher,
Greice M. I. Carmo, Ana C. Simplício, João B. Siqueira,
Giovaninni E. Coelho, Adriano M. Souza, Leonilto J. Assis,
Sônia B. L. M. Silva, Ivani C. Gromman, Ivânia C. A. Storer,
Augusta Ramalhaes, Suely Esashika, Pedro F. C. Vasconcelos,
Suely G. Rodrigues, L. Davis, Douglas L. Hatch
O estado de Rondônia apresentou um aumento no número de casos notificados
de dengue a partir da semana epidemiológica 44 de 2004. Segundo o Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), foram notificados 8.411 casos sus-
peitos entre novembro de 2004 e março de 2005 (incidência: 548,3/100 mil habi-
tantes). Em dezembro de 2004, foram notificados dois casos de paralisia aguda em
pacientes com histórico recente de infecção pelo vírus da dengue. Complicações
em casos de dengue, geralmente, envolvem processos hemorrágicos que podem
evoluir para o choque e óbito, embora manifestações neurológicas sejam inco-
muns e raros os achados de literatura que descrevem eventos semelhantes. Como
a dengue é uma arbovirose endêmica de grande magnitude em diversas regiões do
País, realizou-se uma investigação epidemiológica com os objetivos de caracteri-
zar a síndrome, identificar o(s) agente(s) etiológico(s), avaliar os possíveis fatores
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
117
de risco e recomendar as medidas de prevenção e controle. Foram entrevistados
os pacientes com histórico recente de dengue e manifestações neurológicas, seus
familiares e os profissionais de saúde envolvidos. Definiu-se, para este estudo, a
encefalomielite aguda (EMA) como manifesta em residente ou visitante do es-
tado de Rondônia que, entre 15 de novembro de 2004 e 31 de março de 2005,
apresentou doença febril aguda e mais dois dos seguintes sintomas: dificuldade
de deambular; paresia; parestesia; paralisia; retenção urinária; obstipação; altera-
ção do nível de consciência; e disfunção sexual. Foi instituída busca prospectiva
para ampliar a capacidade de detecção de casos novos e implantar a vigilância
de circulação viral; e estabelecido protocolo de atendimento, coleta de sangue,
soro e liquor (LCR) e avaliação clínico-neurológica. A pesquisa de dengue, outras
arboviroses e co-infecções foi realizada pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), da
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, laboratório de referên-
cia nacional para essas doenças. O vírus foi isolado por inoculação em culturas de
células C6/36 e detecção de ácido nucleico (RT-PCR); e a detecção de anticorpos
por teste MAC-Elisa (dengue e West Nile) e inibição de hemaglutinação (alphavi-
rus EEE, WEE, Mayaro, Mucambo; bunyavirus Guaroa, Maguari, Tacaiuma,
Oropoche, Catu; e flavivirus Ilhéus, Rocio, Saint Louis, genótipos do vírus da
dengue (DEN) 1, 2, 3 e 4, e febre amarela). Co-infecções: HTLV; CMV; e HIV. Os
casos suspeitos foram submetidos a avaliação clínico-neurológica e exames com-
plementares de ressonância magnética e eletroneuromiografia. A partir dos casos
de EMA, definiu-se como controle todo morador da mesma residência; e como
caso-controle extradomiciliar, os resultantes de sorteio aleatório na proporção de
3:1, a partir de uma lista de pacientes que apresentaram IgM+ (MAC-Elisa) contra
dengue, durante o período do estudo. A medida de associação utilizada foi a Odds
Ratio (OR), o teste utilizado para as variáveis categóricas foi o qui-quadrado ou
o teste exato de Fisher. Para as variáveis contínuas, aplicou-se o teste t-student ou
Kruskal-Wallis. O grau de significância foi de p<0,05, com intervalo de confiança
IC95%. Foram registrados 41 casos de EMA, com média de idade de 38 anos (in-
tervalo: 14 a 70 anos); e 27 (68%) do sexo feminino. As ocupações mais freqüentes
foram as seguintes: do lar; doméstica; aposentado; e desempregado. Juntas, elas
representaram 56% (23) dos casos. O intervalo entre o quadro febril agudo e o
quadro neurológico foi, em média, de dez dias (intervalo: 1 a 36 dias). Os sinto-
mas mais freqüentes durante o quadro febril agudo foram: febre (100%); mialgia
(100%); astenia (98%); cefaléia (90%); usea (88%); dor retro-orbitária (80%);
exantema (63%); vômito (59%); diarréia (42%); e sangramento (32%). Quanto aos
sintomas do quadro neurológico, observou-se: paresia (98%); parestesia (98%);
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
118
dificuldade de deambulação (98%); retenção urinária (66%); disfunção sexual
(61%); obstipação (49%); insônia (46%); hiperestesia (44%); alteração de memó-
ria (44%); paralisia (42%); confusão mental (27%); e dificuldade de falar (24%).
Quando comparados com outros membros da família, os casos de EMA tinham
maior idade – média de 38 anos (intervalo: 14 a 70 anos) e 28 anos (intervalo: um
a 70 anos), respectivamente (p<0,001) –, ocorrência mais freqüente em mulheres
68% de casos femininos versus 37% masculinos, respectivamente (p=0,004) –;
e se para 88% dos casos, o teste das respectivas amostras de soro teve resultado
IgM+ para a dengue, entre os controles, essa proporção foi de 37% (4,1<OR<42,3)
(p<0,01). Não existiu diferença significativa, contudo, entre a média de idade dos
casos de EMA e a dos controles [37 anos (intervalo: 2 a 77)] (p=0,9); ou na pro-
porção de casos femininos (64%) (p=0,6). Ao avaliar outras variáveis, nos dois
estudos, não foi observada associação entre a exposição e a doença. As amostras
de soro revelaram 88% de IgM positivas para dengue, como foi dito, e 100%
negativas para West Nile, pelo método MAC-Elisa. Entre as amostras de LCR,
35% (06/17) foram reagentes para flavivirus, pelo método de inibição de hema-
glutinação. O vírus da dengue genótipo 3, ou DEN-3, foi isolado de amostra de
soro e detectado por RT-PCR, assim como IgM+ para dengue foi detectado em
LCR de um dos casos de EMA; não foram identificados outros fatores de risco ou
exposições que pudessem sugerir outras arboviroses, ademais de os testes realiza-
dos não demonstrarem evidência de outro agente ou co-infecções. Esses achados
sugerem que a causa mais provável do surto foi o DEN-3; sem embargo, durante o
surto, foram identificados 41 casos de uma doença consistente com encefalomie-
lite aguda. Os autores concluíram o estudo com as seguintes recomendações: a)
ampliação da vigilância de casos graves de dengue e monitoração da ocorrência
de manifestações neurológicas; b) avaliação dos pacientes e seu acompanhamento
por neurologistas, para eliminação de outras causas potenciais; c) coleta oportuna
de amostras clínicas e identificação de causa; d) realização de estudos prospecti-
vos, visando à identificação da ocorrência de eventos semelhantes e associação
com o vírus da dengue; e, finalmente, e) realização do seqüenciamento de genoma
dos vírus isolados e inclusão de testes de soroneuralização.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
119
PRÊMIO ADOLFO LUTZ E VITAL BRAZIL
Investigação de casos de eventos adversos
da vacina tríplice viral durante a campanha
de seguimento contra sarampo em 2004
Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância Epidemiológica
Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis;
Governo do Estado do Paraná/Secretaria de Estado da Saúde;
Governo do Estado de Santa Catarina/Secretaria de Estado da Saúde;
Governo do Estado de São Paulo/Secretaria de Estado da Saúde;
Prefeitura Municipal de Curitiba/Secretaria Municipal de Saúde;
Centers for Disease Control and Prevention/Office of Global Health/
Division of International Health, Atlanta, USA
Daniel R. Coradi de Freitas, Gisele Cássia Barra Araújo,
Alessandra Viana Cardoso, José Evoide Moura Junior,
Iolanda Novadzki, Elizabeth Ferraz, Penélope Scheidt,
Geraldine Madalosso e Douglas L. Hatch
As vacinas estão entre os produtos biológicos mais seguros e eficazes no con-
trole de doenças transmissíveis. Os eventos adversos pós-vacinais (EAPV) são ra-
ros; alvos de atenção, sua importância aumenta com a eliminação da doença-alvo
da vacina, pois o risco de EAPV torna-se maior que o de adoecer. Na campanha
nacional de vacinação contra sarampo de 2004 (16 de agosto a 3 de setembro), um
número inesperado de eventos adversos de reações de hipersensibilidade (EARH)
com vacina tríplice viral (VTV) foram informados ao Programa Nacional de Imu-
nizações (PNI) no dia 21 de agosto, Dia “D” da campanha. A maior freqüência de
notificações com VTV do laboratório A (VTV-A), comparada com as dos labo-
ratórios B e C, levou o PNI a suspender o uso da VTV-A e promover sua substi-
tuição imediata, antes de a campanha seguir normalmente. Uma investigação epi-
demiológica foi realizada com os objetivos de descrever os casos (tempo, lugar e
pessoa), avaliar os fatores de risco e os componentes implicados; e propor e avaliar
medidas de prevenção e controle. Um estudo caso-controle (1:4) foi realizado em
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
120
Curitiba, capital do estado do Paraná, e 13 cidades do estado de Santa Catarina.
Os casos de EARH foram de crianças de 1-4 anos de idade, vacinadas com VTV-A
entre os dias 16 e 23 de agosto daquele ano e que apresentaram manchas verme-
lhas pelo corpo e/ou edema de face e/ou de extremidades e/ou de órgãos genitais
em até 24h pós-vacinação. Controles assintomáticos foram obtidos na vizinhança
– mesma faixa etária, vacina e período de vacinação. Questionário com informa-
ções demográficas, clínicas e vacinais foram respondidos pelos responsáveis. A
Odds Ratio (OR) ou a OR ajustada (ORa) foram utilizadas [significância p<0,05;
intervalo de confiança de 95% (IC95%)] como medidas de associação. Um estudo
sobre dados do Sistema de Informação de EAPV (SI-EAPV) no período de 2000
a 2004 comparou proporções de EARH por doses distribuídas de VTV de dife-
rentes laboratórios. Foram utilizados o qui-quadrado e o t student como testes
estatísticos. Amostras de diferentes lotes da VTV-A foram analisadas pelo Institu-
to Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Estudos laboratoriais
complementares para quantificação de anticorpos IgE contra componentes vaci-
nais [radioallergosorbent test (RAST)] e verificação da resposta imunológica à va-
cina (teste Elisa) foram realizados com amostras de soro dos casos e controles. In-
vestigaram-se 234 crianças (49 casos e 185 controles). Dados demográficos como
sexo, raça/cor e renda familiar mostraram-se homogêneos entre casos e controles.
A média de idade, em meses, foi de 30 (DP±15) para casos e 36 (DP±14) para con-
troles (p=0,007). A mediana do tempo de início dos sintomas pós-vacinação foi
de 42 minutos (intervalo: 5min-24h), 75% em até duas horas. Manchas vermelhas
apareceram em 96% dos casos; hiperemia ocular, edema de face, prurido/coceira
pelo corpo e febre foram citadas em mais de 50%. Procuraram atendimento médi-
co 94% dos casos, 6% ficaram internados e 79% receberam medicamentos – entre
os quais, mais freqüentes os anti-histamínicos (71%), os antitérmicos (35%) e os
corticóides (15%). Um percentual superior a 90% dos casos e controles recebeu a
segunda dose da VTV na campanha, sem diferença significativa com relação ao
laboratório fabricante da primeira dose; contudo, houve diferença entre casos e
controles no intervalo de tempo médio da primeira para a segunda dose, de 16
meses (DP±14) para casos e de 22 (DP±13) para controles (p=0,005). Ajustada
para idade na análise de regressão logística, um intervalo <6 meses entre e
doses mostrou uma ORa de 3,2 (β=1,17; IC95%=1,2-8,8; p=0,02). Outras vari-
áveis avaliadas não mostraram diferenças significativas, estatisticamente. Entre
os anos de 2000 e 2003, a proporção de EARH da VTV-A foi de 0,95/10
5
doses
distribuídas; maior que a proporção correspondente de todos os demais labora-
tórios juntos, de 0,08/10
5
(p<0,001). Em 2004, a VTV-A apresentou proporção de
15,28/10
5
doses distribuídas, mais que a VTV-B (1,16/10
5
) e a VTV-C (0,64/10
5
)
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
121
(p<0,001). Nos estudos laboratoriais, a VTV-A apresentou qualidade e identidade
adequadas, para os padrões preconizados; o RAST ainda não foi concluído. A res-
posta imunológica à vacina encontra-se dentro dos padrões esperados (>95%). O
sistema de vigilância de EAPV foi oportuno na detecção do aumento do número
de casos de EARH e o PNI agiu corretamente, na suspensão da vacinação com
a VTV-A. A investigação dos casos sugere que os EARH foram de hipersensibi-
lidade do tipo I; as crianças que apresentaram EARH tiveram maior chance de
serem vacinadas com intervalo <6 meses entre a primeira e a segunda doses de
VTV. A VTV-A apresentou proporção de EARH maior que outras VTV utilizadas
no Brasil. A VTV-A não apresentou qualquer irregularidade, de acordo com os
resultados dos testes realizados pelo INCQS. É necessária a utilização sistemática
das informações do SI-EAPV como um dos parâmetros de escolha, para compra
de imunobiológicos. Estudos laboratoriais devem ser concluídos e outros estudos
epidemiológicos realizados, para evidenciar possíveis associações semelhantes às
encontradas por esta investigação.
Prêmio Carlos Chagas para
investigações de surtos
conduzidas pelas esferas de
gestão descentralizada –
Secretarias de Estado
e Municipais de Saúde
9
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
125
PRÊMIO CARLOS CHAGAS
Investigação de surto de diarréia no
município de Colônia de Leopoldina,
Alagoas
Governo do Estado de Alagoas
Secretaria Executiva de Saúde
Fabiula Maria H. Tormena
Por meio da Monitoração das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA), foi iden-
tificada, na 6ª semana epidemiológica de 2005, mudança no comportamento das
diarréias em Colônia de Leopoldina, estado de Alagoas. Situado em região limí-
trofe ao estado do Pernambuco – que se encontrava, no período, sob surto de có-
lera com registro de três casos confirmados –, e por ser classificado como de alto
risco para diarréia (coeficiente de incidência acima de 601/100 mil habitantes), o
município foi incluído entre 18 sob risco de reintrodução da cólera em Alagoas.
O presente estudo descritivo realizou-se a partir de levantamento de dados dos
prontuários médicos da Unidade Mista de Saúde, das equipes do Programa Saúde
da Família (PSF) e de informações dos agentes comunitários de saúde (ACS), re-
ferentes à 1ª a 25ª semanas epidemiológicas de 2005. Foi definido caso de diarréia
aguda a pessoa residente no município que apresentasse os seguintes sinais e sin-
tomas: diarréia mucopiossanguinolenta; vômitos incoercíveis; febre; prostração; e
dor abdominal. Foram utilizadas as seguintes variáveis: semana epidemiológica;
incidência; procedência; plano de tratamento; faixa etária; e diagnóstico labora-
torial (clínico e ambiental). Aa semana epidemiológica 25 de 2005, foram no-
tificados 2.169 casos de diarréia, um acréscimo de 135% em relação ao mesmo
período do ano anterior. A mudança de comportamento das diarréias observada
a partir da semana epidemiológica (33 casos) até a 12ª (302 casos) indica a
ocorrência de surto, com acréscimo súbito e evolução para quadro epidêmico.
Após a adoção das medidas de controle, o número de casos decresceu a partir da
13ª semana, voltando aos limites normais na 25ª semana. Houve concentração
dos casos nas áreas de atuação das equipes do PSF-1 e do PSF-3, onde foram
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
126
observadas precárias condições da qualidade da água oferecida à população no
período do surto, principalmente pela manipulação para a troca do sistema de
abastecimento hídrico (canos de amiantos por tubulações de PVC), com períodos
de intermitência do abastecimento público e inúmeros vazamentos na rede. O
resultado da análise laboratorial de 23 amostras da água evidenciou presença de
coliformes fecais em 87% delas; coletadas 79 amostras clínicas, seis foram positi-
vas para rotavírus e 26 para protozoários. Diante do surto de diarréia instalado, a
implementação oportuna do manejo adequado de pacientes, os achados clínicos,
a mobilização social, a educação em saúde e a monitorização ambiental, adotadas
em parceria com o estado, contribuíram de forma importante para minimizar
um grau maior de morbidade e mortalidade – sem registro de óbitos – da doença
no município. Diante do exposto recomenda-se a implementação de vigilância
ambiental, a distribuição de hipoclorito de sódio, a realização rotineira de ações
educativas, a melhoria da qualidade da assistência hospitalar e a otimização do
monitoramento das diarréias pelo MDDA.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
127
PRÊMIO CARLOS CHAGAS
Surto intrafamiliar de psitacose
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria de Estado da Saúde
Centro de Vigilância Epidemiológica
Divisão de Vigilância Epidemiológica
e Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde
Marilina Bercini, Maria Tereza Schermann,
Tani Ranieri e Marco Antônio Barreto de Almeida
A psitacose é uma doença infectocontagiosa bacteriana, causada pela Chla-
mydophila psitacii (mudança recente de gênero nome antigo: Chlamydia psita-
cii), cujos reservatórios são pássaros, principalmente os psitacídeos papagaios,
araras, periquitos. Suas manifestações clínicas são: febre alta; cefaléia; tosse; do-
res lombares e nas extremidades; sudorese; inapetência e fraqueza; e comprome-
timento pulmonar (pneumonia atípica). Os grupos de risco para psitacose são
os donos de pássaros e empregados de lojas de animais e abatedouros, além de
veterinários. Nos Estados Unidos da América, notificam-se menos de 50 casos
confirmados por ano; provavelmente existirão mais casos naquele país, incorreta-
mente diagnosticados ou não notificados. No Brasil, embora a psitacose não seja
doença de notificação compulsória e sejam registrados casos esporádicos, sua im-
portância reside em ser uma causa de pneumonia atípica, nem sempre lembrada
em quadros arrastados, com resposta aos antibióticos usuais e com história
de exposição aos psitacídeos. Este relato, que descreve um surto intrafamiliar de
psitacose ocorrido no Rio Grande do Sul (RS) em 2003, chama a atenção para o
inusitado do fato, que a literatura descreve, na maioria das vezes, apenas ca-
sos esporádicos. Em 29 de dezembro de 2003, foi notificado um surto de doença
respiratória não usual, em família residente no município de Cachoeirinha-RS.
Foram realizadas visitas hospitalares e domiciliares com objetivo de verificar o
número de expostos e doentes, descrever o quadro clínico, coletar espécimes clí-
nicos e desencadear as medidas de controle pertinentes. Concomitantemente à
investigação epidemiológica, desenvolveram-se várias ações em conjunto com as
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
128
equipes de vigilância ambiental e sanitária da Secretaria de Estado da Saúde do
Rio Grande do Sul e da Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeirinha, além
da parceria interinstitucional com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Ministério do Meio Ambiente. Rea-
lizou-se uma visita ao estabelecimento que vendeu os periquitos aos pacientes,
para verificar as condições do local, a existência de outras aves semelhantes, a
saúde dos trabalhadores da loja e identificar outros possíveis compradores. De
um total de 13 membros da família, sete adoeceram (54%) e destes, três foram
hospitalizados (43%); todos apresentaram boa evolução após uso de antibiótico
adequado. Houve predomínio do sexo feminino (71%) sobre o masculino (29%) e
as idades variaram entre 11 e 77 anos. O quadro clínico cursou com febre (100%),
acompanhada de cefaléia, mialgia, prostração, tosse produtiva e pneumonia pro-
longada – que não respondeu aos antibióticos usuais. A sintomatologia iniciou-se
após a compra de três animais silvestres da família dos psitacídeos (periquitos),
que apresentaram sintomas respiratórios. Pela exposição às aves silvestres e pelo
curso clínico, formulou-se a hipótese diagnóstica de psitacose. Os exames labora-
toriais realizados pelo Instituto Adolfo Lutz, da Secretaria de Estado da Saúde de
São Paulo, evidenciaram anticorpos da fase aguda para Chlamydophila psitacii em
alguns dos pacientes, confirmando a hipótese de psitacose. Durante a inspeção
no estabelecimento, não se encontrou qualquer periquito, animal silvestre cujo
comércio é proibido. A vigilância sanitária autuou o estabelecimento devido às
péssimas condições de higiene. O proprietário e sua filha, únicos funcionários
da loja, encontravam-se assintomáticos e não se obteve relação de nomes de ou-
tros compradores. A rede de serviços de saúde dos municípios de Cachoeirinha,
Porto Alegre e Gravataí foi alertada sobre a necessidade de investigar exposição
a periquitos em casos de infecção respiratória com sintomas prolongados. No
acompanhamento, não foram registrados novos casos. O processo de investiga-
ção dos casos e levantamento de dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais
permitiu a confirmação da ocorrência de surto intrafamiliar de psitacose. Este
relato constitui um alerta para profissionais, criadores e proprietários que mani-
pulam aves silvestres sem a adoção de medidas adequadas de biossegurança. A
exposição a animais domésticos ou silvestres sempre deve ser lembrada em casos
de pneumopatias de apresentação atípica. Os casos suspeitos de psitacose devem
ser diagnosticados e tratados precocemente, para evitar sua fácil transmissão e
diminuir complicações de saúde, especialmente em pacientes idosos. Salienta-se
a importância da articulação dos serviços de vigilância epidemiológica, ambiental
e sanitária, além dos demais setores envolvidos, na identificação, investigação e
execução das medidas de controle pertinentes a esses eventos.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
129
PRÊMIO CARLOS CHAGAS
Malária autóctone por Plasmodium falciparum
e Plasmodium vivax nos municípios de Prata e
Monte Alegre de Minas, Minas Gerais, 2005
Governo do Estado de Minas Gerais/Secretaria de Estado de Saúde;
Prefeitura Municipal de Uberlândia/Secretaria Municipal de Saúde
Centro de Controle de Zoonoses
Jean Ezequiel Limongi, Adalberto de Albuquerque Pajuaba Neto,
Alcides de Assis e Silva, Cristiane Soares Araújo, Fernando Rodrigues,
Iris de Sousa Lopes, Kátia Maria Chaves e Maria Angélica Montes Resende
Nos dias 4 e 8 de março de 2005, foram notificados à Secretaria de Estado de
Saúde de Minas Gerais (SES/MG) dois casos autóctones de malária, um por Plas-
modium vivax e o outro por P. falciparum, procedentes dos municípios de Monte
Alegre de Minas e Prata, respectivamente. Esses municípios são altamente recepti-
vos à malária, cujo diagnóstico precoce e tratamento adequado são decisivos para
evitar a gravidade da doença e interromper sua transmissão. Imediatamente após
o conhecimento dos primeiros casos autóctones, os serviços de vigilância em ma-
lária da SES/MG e das secretarias municipais de saúde envolvidas iniciaram as
medidas necessárias para conter a transmissão dessa doença na região. O sistema
de saúde e a comunidade dos municípios de Prata, Monte Alegre de Minas e mu-
nicípios limítrofes foram alertados sobre os riscos da doença e a importância da
notificação de casos febris. Agentes de saúde de Prata e Monte Alegre de Minas
foram capacitados na coleta de amostra de sangue para diagnóstico parasitológico.
Foi realizada busca ativa de casos, casa a casa, em um raio de 5 km a partir do local
provável de infecção do caso índice, com abertura de outro raio de 5 km, quando
se detectava outra provável área de transmissão. Essa busca teve duração de dois
meses, em ciclos quinzenais. O diagnóstico parasitológico (gota espessa) de to-
dos os casos suspeitos foi realizado em regime de plantão 24h no laboratório de
referência regional em malária do Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria
Municipal de Saúde de Uberlândia-MG. Os casos positivos tiveram terapêutica e
acompanhamento de acordo com as orientações do Ministério da Saúde. Foram
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
130
realizados inquérito entomológico e borrifações em todas as localidades necessá-
rias. A identificação dos anofelinos foi realizada no laboratório macrorregional de
Saúde Pública de Uberaba-MG. Essas ações ocorreram em localidades situadas
em um raio de 110 km
2
ao longo do rio Tejuco, na divisa entre os dois municípios.
Dois garimpeiros – positivos para P. vivaxque se infectaram nos estados do Pará
e de Mato Grosso do Sul foram os prováveis casos importados, que originaram
o surto. A origem dos casos por P. falciparum permaneceu indeterminada. No
município de Prata, foram confirmados seis casos três por P. vivax; dois por P.
falciparum; e um por ambas as espécies –, o último diagnosticado em 14 de março
de 2005. Oito localidades foram pesquisadas, 126 casas borrifadas e 70 casos des-
cartados. Em Monte Alegre de Minas, cinco casos foram confirmados – todos por
P. vivax –, o último em 18 de março de 2005. Cinco localidades foram pesquisadas,
104 casas borrifadas e 78 casos descartados. Em ambos os municípios, as princi-
pais espécies de anofelinos encontradas foram Anopheles darlingi e A. albitarsis. A
região chamada do Triângulo Mineiro apresenta vários fatores de risco associados
à transmissão de malária. A presença de anofelinos antropofílicos, coleções de
água, além da extensa malha rodoviária e a presença freqüente de indivíduos in-
fectados por Plasmodium oriundos de regiões endêmicas, exigem intensa vigilân-
cia epidemiológica para evitar o restabelecimento da malária na região.
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
131
PRÊMIO CARLOS CHAGAS
Primeiro surto de difilobotríase registrado
no estado de São Paulo, Brasil – aspectos
epidemiológicos e medidas de controle, 2004-2005
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de Estado da Saúde
Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar
Centro de Vigilância Epidemiológica e Instituto Adolfo Lutz;
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo
Centro de Prevenção e Controle de Doenças
Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmitidas por Alimentos;
Centro de Medicina Diagnóstica Fleury;
Centers for Disease Control and Prevention/Office of Global Health
Division of International Health, Atlanta, USA
Maria Bernadete de Paula Eduardo, Jorge Luiz Mello Sampaio,
Maria Lúcia Vieira S. César, Eliana Suzuki, Suely Miya S. R. Albuquerque,
Eliana Izabel Pavanello, Domingas M. A. G. Vieira Torres,
Vera Lúcia Pereira Chioccola e Alexandre J. da Silva
E-mail: [email protected].br
A difilobotríase é uma parasitose intestinal adquirida por ingestão de peixe
cru ou mal cozido infectado por larvas plerocercóides de um cestódio do gênero
Diphyllobothrium. O homem e várias espécies de animais piscívoros podem ser
hospedeiros definitivos. Entretanto, esse parasita tem ciclo de vida complexo com
hospedeiros intermediários como copépodes e espécies de peixes predadores com
fase de vida na costa marítima e/ou em água doce. Conhecido como tênia do pei-
xe, pode atingir até dez metros de comprimento e permanecer no intestino del-
gado humano por dez anos. Os ovos da tênia são eliminados nas fezes humanas a
partir da 5
a
ou 6
a
semana de ingestão do peixe contaminado. Na América do Sul,
registro de casos autóctones provenientes do Peru, Argentina e Chile, porém,
não do Brasil. Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados da inves-
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Anais da 5ª EXPOEPIResumos
132
tigação epidemiológica do primeiro surto de difilobotríase registrado no estado
de São Paulo, associado ao consumo de peixe importado. Entre março de 2004 a
junho de 2005, casos identificados mediante vigilância ativa com base em labora-
tório foram entrevistados para identificar possível associação entre eles. Conside-
rou-se como caso autóctone aquele com ovos ou estróbilos de Diphyllobothrium
sp. nas fezes, residentes no estado de São Paulo, sem evidência de ter adquirido
a doença no exterior; e como surto dois ou mais casos da doença por ingestão
de alimento comum. Análises de biologia molecular (PCR e seqüenciamento de
DNA) foram desenvolvidas pelo Instituto Adolfo Lutz, da Secretaria de Astado
da Saúde de São Paulo (IAL/SES/SP), e pelo Laboratório Fleury, com a colabora-
ção dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) de Atlanta, Estados
Unidos da América, com a finalidade de confirmar e genotipar a espécie. Rastre-
amentos por local de consumo e fonte comercial de aquisição de peixes foram
conduzidos para estabelecer a origem do produto associado ao surto. Foram iden-
tificados, no período, 50 casos de difilobotríase, dos quais 41 (82%) residiam em
São Paulo (taxa de incidência de 4,1 casos por 100 mil consumidores de peixe cru)
e nove (18%) em outros municípios do estado. Observou-se maior concentração
de casos entre janeiro e abril de 2005 – 50% dos casos. A idade mediana foi de 30
anos – faixa de variação de 6 a 77 anos. Todos os casos dos quais 55% eram do
sexo masculino – eram consumidores habituais de sushi/sashimi: 92% freqüenta-
vam restaurantes japoneses e os demais adquiriram o produto em mercados, para
preparação em casa; 24 (48%) comiam salmão e outras espécies de peixes crus; e
26 (52%), somente salmão cru. Não foi encontrado caso de difilobotríase que não
tenha ingerido salmão. Do total de casos, 34 (68%) nunca viajaram ao exterior.
Trinta e dois casos (64%) eliminaram o parasita D. latum, confirmado por PCR.
O rastreamento de peixes mostrou que o salmão utilizado nos estabelecimentos
comerciais envolvidos no surto era procedente de uma única região, Puerto Mont,
ao sul do Chile. O estudo de casos mostrou que o surto de difilobotríase em São
Paulo estava associado ao consumo de salmão importado. Implementaram-se vá-
rias medidas de prevenção da parasitose de peixe: a) comunicado conjunto do
Centro de Vigilância Sanitária (CVS) e do Centro de Vigilância Epidemiológica
(CVE) N
o
1/2005, sobre a necessidade de cozimento adequado ou congelamento
prévio do peixe a -20
o
C por uma semana (se consumido cru); b) alerta aos órgãos
federais – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); Secretaria de Vigi-
lância em Saúde do Ministério da Saúde; e Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento –, recomendando o congelamento de pescados para inativação
de parasitas e a investigação do processo de produção/importação do salmão; c)
alerta a médicos e laboratórios para o diagnóstico precoce e tratamento correto da
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
133
doença; d) alerta à população sobre os riscos de consumo de produtos de origem
animal, crus ou mal-cozidos, e formas de prevenção; e) ações em restaurantes que
assumiram o compromisso de aquisição do produto congelado; f) integração dos
vários órgãos e níveis de governo, na inclusão da difilobotríase entre as doenças
de notificação compulsória; g) regulamentação sanitária para comercialização de
pescados, importados e nacionais; e h) ampla divulgação do surto na mídia, bem
como das formas de prevenção da parasitose. Métodos de biologia molecular fo-
ram implementados no IAL/SES/SP, desenvolvendo-se um protocolo de análise
da difilobotríase e outras parasitoses transmitidas por peixes. Entre as limitações
do estudo, a identificação de casos com base no quadro clínico é difícil, pois a
difilobotríase é uma doença de longa duração, em geral assintomática, ou com
manifestações gastrintestinais triviais; sua detecção, exclusivamente por meio de
testes laboratoriais, pode ser acidental. Outrossim, é difícil para o paciente relem-
brar características clínicas relevantes e correlacionar uma data específica de ex-
posição; e, por se tratar de doença com manifestações tardias, é inviável analisar,
em quaisquer circunstâncias, sobras dos peixes consumidos nos surtos. Este surto
está relacionado a uma mudança nos hábitos alimentares em curso nos últimos
dez anos no estado de São Paulo: o aumento do consumo de salmão, especialmen-
te cru, e a adesão à culinária japonesa como sinônimos de comida saudável.
Ministério da Saúde
Brasília / DF
EXPOEPI | Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças | Anais
Anais
Mostra Nacional de Experiências
Bem-Sucedidas em Epidemiologia,
Prevenção e Controle de Doenças
5ª EXPOEPI
www.saude.gov.br/svs
www.saude.gov.br/bvs
disque saúde: 0800.61.1997
9 7 9 8 5 3 3 4 1 2 4 6 9
ISBN 85 - 334 - 1246 - 0
Secretaria de
Vigilância em Saúde
Ministério
da Saúde