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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
CENTRO DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS – MESTRADO EM EDUCAÇÃO
ANA LUCIA BERNO BONASSINA
AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM – UMA PROPOSTA PARA
INCLUSÃO DE ESCOLARES HOSPITALIZADOS
CURITIBA
2008
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ANA LUCIA BERNO BONASSINA
AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM – UMA PROPOSTA PARA
INCLUSÃO DE ESCOLARES HOSPITALIZADOS
Dissertação apresentada como
requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Educação, no
Programa de Pós-Graduação em
Educação da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, sob a orientação
da Profª Drª Elizete Lúcia Moreira
Matos.
CURITIBA
2008
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Dedico este trabalho às Irmãs Felicianas,
pelo apoio e pelas orações dedicadas em
todos esses anos, aos meus filhos e marido
pelo incentivo e pelas vibrações durante
minhas conquistas.
AGRADECIMENTOS
Aos meus filhos Alessandra e Victor, que mesmos tão pequeninos,
demonstraram paciência e compreensão pelas minhas ausências;
Ao meu amor, Sandro, pelo carinho e companheirismo;
À professora Drª Elizete Lúcia Moreira Matos, meu enorme apreço, por sua
orientação durante a busca de novos caminhos para a realização dos objetivos
propostos;
A todos os meus amigos e familiares, sempre solidários, que incentivaram e
acompanharam meu processo laboral.
RESUMO
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) baseadas na Internet abrem
novas possibilidades no campo da educação, proporcionando novas atitudes por
parte dos professores e alunos em sua relação ensino-aprendizagem. Este estudo
tem como cerne evidenciar o potencial do Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids; verificando a integração deste com os escolares hospitalizados, bem
como com os professores envolvidos no processo. Os referenciais teóricos que
deram suporte a este trabalho foram Harasin, Negroponte, Moran, Matos, Torres,
Belloni, e Siqueira. Os autores citados, dentre outros, serviram de suporte a este
estudo. Para esta pesquisa foi utilizada a abordagem qualitativa associada ao
estudo de caso. Utilizou-se o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eureka da PUCPR
que serviu de base para a adaptação de um novo ambiente denominado
Eurek@Kids projeto este apoiado pelo CNPq. O instrumento escolhido com o
objetivo de desenvolver o estudo consistiu na entrevista dos escolares
hospitalizados e preenchimento de questionário dos professores inseridos no âmbito
hospitalar, ambos associados à observação. Ao ambiente foram adicionados
animações, personagens e cores, visando acrescentar no cotidiano dos escolares
hospitalizados pertencentes às séries iniciais do ensino fundamental possibilidades
concretas de continuar seus estudos, mesmo estando hospitalizados. Assim, após
os ajustes do Ambiente Virtual de Aprendizagem, foi observado este frente aos
professores e aos escolares. Neste estudo foi possível constatar que aprender em
Ambientes Virtuais de Aprendizagem requer o compromisso de todos os envolvidos
no processo pedagógico: professores, hospital e escola. Verificou-se ainda que para
o efetivo funcionamento do AVA necessita-se de professores instigadores e
conhecedores das TIC, atividades desafiadoras e criativas e o efetivo empenho dos
escolares.
Palavras-chave: Ambiente Virtual de Aprendizagem. Educação Hospitalar. Prática
docente. Interatividade. Eureka. Eurek@Kids.
ABSTRACT
The Information and Communication Technologies (ICT) based on the Internet give
some new possibilities in the field of education, requiring new attitudes from teachers
and pupils on the teaching learning relation. The main concern of this study is to
evidence the potential of the Virtual Environment of Eurek@Kids Learning; checking
the integration of this tool with the hospitalized pertaining to school, as well as with
the involved teachers in the process. The theoretical authors that had given support
to this work, including some others, had been Harasin, Negroponte, Moran, Matos,
Towers, Belloni, and Siqueira. In this research was used the qualitative approach,
associated to the case study. The Eureka Virtual Learning Environment at PUCPR
was the tool used to adapt a new Learning Environment called Eurek@Kids this
project was supported by CNPq. The tool chosen with the purpose to develop this
study entails interviewing students who are hospitalized, as well as, answering a
questionnaire by teachers who are involved in the learning hospitalized environment,
both of them associated with observation.Some characters and colors had been
added to the animation, aiming to give those pertaining school hospitalized children
on the primary the possibilities to continue their studies. Therefore, after some
adjustments on the Virtual Environment of Learning, it has been observed this front to
the teacher and the pertaining to school. In these study it has become possible to
learn in Virtual Environments of Learning and it shows that requires the commitment
of all involved in the pedagogical process: teachers, hospital and school. It was
possible to verify that for the effective functioning of the AVA it's necessary a capable
group of teachers and experts of the TIC, challenging and creative activities and the
effective persistence of the pertaining to school.
Keywords: Virtual Learning Environment, Hospital Education, Practical Professor,
Interactive. Eureka. Eurek@Kids.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS
Figura 1: Tela de abertura do ambiente Eureka anterior a 2008 ............................... 77
Figura 2: Tela de abertura do ambiente Eureka versão 2008 ................................... 77
Figura 3: Salas virtuais do ambiente Eureka anterior a 2008 .................................... 78
Figura 4: Salas virtuais do ambiente Eureka versão 2008 ........................................ 78
Figura 5: Tela Edital do ambiente Eureka – versão anterior a 2008 .......................... 79
Figura 6: Tela Edital do ambiente Eureka – versão 2008 .......................................... 80
Figura 7: Tela Edital da Sala do ambiente Eureka – versão 2008 ............................. 80
Figura 8: Tela Fórum do ambiente Eureka anterior 2008 .......................................... 81
Figura 9: Tela Fórum do ambiente Eureka versão 2008 ........................................... 82
Figura 10: Tela Links do ambiente Eureka ................................................................ 83
Figura 11: Tela Webgrafia do ambiente Eureka versão 2008 ................................... 84
Figura 12: Tela Info do ambiente Eureka .................................................................. 84
Figura 13: Tela Contatos do ambiente Eureka 2008 ................................................. 85
Figura 14: Tela Chat do ambiente Eureka ................................................................. 86
Figura 15: Tela Chat do ambiente Eureka versão 2008 ............................................ 87
Figura 16: Tela Correio do ambiente Eureka............................................................. 87
Figura 17: Tela Correio do ambiente Eureka versão 2008 ........................................ 88
Figura 18: Tela Conteúdo do ambiente Eureka ......................................................... 89
Figura 19: Tela Arquivos do ambiente Eureka versão 2008 ...................................... 90
Figura 20: Tela Cronograma do ambiente Eureka .................................................... 90
Figura 21: Tela Plano de Trabalho do ambiente Eureka versão 2008 ...................... 91
Figura 22: Tela inicial do Eurek@Kids .................................................................... 179
Figura 23: Salas do Eurek@Kids ............................................................................ 179
Figura 24: Edital do Eurek@Kids ............................................................................ 180
Figura 25: Informação dos integrantes do Eurek@Kids .......................................... 180
Figura 26: Bate Papo do Eurek@Kids ..................................................................... 181
Figura 27: Correio Eletrônico do Eurek@Kids ......................................................... 181
Figura 28: Conteúdos do Eurek@Kids .................................................................... 182
Figura 29: Fórum do Eurek@Kids ........................................................................... 182
Figura 30: Links do Eurek@Kids ............................................................................. 183
Quadro 1: Quadro de Exemplos de AVA ................................................................ 70
Gráfico 1: Gráfico de respostas – dados dos participantes da pesquisa ................ 145
Tabela 1: Dados dos participantes ........................................................................ 126
Tabela 2: Preferência nos estudos quando hospitalizado ..................................... 145
Tabela 3: Dificuldade ao utilizar o AVA ................................................................. 146
LISTA DE TERMOS
ADSL – Assymmetric digital subscriber line
ARPA - Advanced Research and Projects Agency
AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem
CEB – Câmara de Educação Básica
CNE – Conselho Nacional de Educação
CP – Conselho pleno
CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CSCL – Computer Supported Cooperative Learning
DSL – Digital subscriber line
DVD – Digital Video Disc
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo
FTP – File transfer protocol
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ISDL – Integrated digital subscriber line
ISDN – Integrated Services Digital Network
LAMI – Laboratório de Mídias Interativas da PUCPr
LNCC – Laboratório Nacional de Computação Científica
MEC – Ministério da Educação e Cultura
MTC – Ministério de Ciência e Tecnologia
NGI – Next Generation Internet
NRE – Núcleo Regional de Educação
PHP – Hypertext preprocessor
PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
PIBIC JR – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior
PUCPR – Pontifícia Universidade Católica do Paraná
REMAVS – Redes Metropolitanas de Alta Velocidade
RNP – Rede Nacional de Pesquisa
SAREH – Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar
SDSL – Symmetric digital subscriber line
SEED – Secretaria de Estado da Educação
SUED – Superintendência da Educação
SESA – Secretaria de Estado da Saúde
TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
URSS – União Soviética
USP – Universidade de São Paulo
XSDL – Digital Subscriber Line
WWWWorld Wide Web
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
1.1 PROPÓSITO INVESTIGATIVO ........................................................................... 16
1.2 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................ 17
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 17
1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 18
1.3 APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 18
2. ASPECTOS RELEVANTES DA PEDAGOGIA HOSPITALAR .............................. 20
2.1 O ESCOLAR HOSPITALIZADO .......................................................................... 20
2.2. ALGUNS CAMINHOS HISTÓRICOS SOBRE O ATENDIMENTO AO ESCOLAR
HOSPITALIZADO. ..................................................................................................... 30
2.3 EXPERIÊNCIAS NACIONAIS ............................................................................ 36
2.4 O ASPECTO LÚDICO ........................................................................................ 38
2.4.1 Contribuições de Piaget ................................................................................... 40
2.4.2 Contribuições de Vygotsky ............................................................................... 42
2.4.3 Considerações sobre a Ludicidade e a Aprendizagem .................................... 44
2.5 PROTEÇÃO AOS ESCOLARES HOSPITALIZADOS – LEIS QUE AMPARAM. 44
2.6 SERVIÇO DE ATENDIMENTO À REDE DE ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR -
SAREH ...................................................................................................................... 50
3. ENTENDENDO SOBRE REDES – A INTERNET ................................................. 55
3.1 ORIGENS DA INTERNET ................................................................................... 55
3.2 INTERNET NO BRASIL ...................................................................................... 57
3.3 ENTENDENDO SOBRE A INTERNET: AMBIENTE VIRTUAL QUE PROMOVE A
APRENDIZAGEM ...................................................................................................... 58
3.4 CONEXÕES PARA INTERNET .......................................................................... 60
3.5 SERVIÇOS DO AMBIENTE VIRTUAL – FERRAMENTAS QUE PROMOVEM A
COMUNICAÇÃO ....................................................................................................... 61
3.5.1 Correio Eletrônico – E-mail ............................................................................... 62
3.5.2 Endereço Eletrônico ......................................................................................... 62
3.5.3 File Transfer Protocol - FTP ............................................................................. 62
3.5.4 World Wide Web - WWW ................................................................................. 63
3.6 INTERNET 2 ....................................................................................................... 63
3.7 AMBIENTES VIRTUAIS A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO....................................... 65
3.8 AVA - MUITO ALÉM DA SALA DE AULA ........................................................... 66
3.9 AVA: ALGUMAS FERRAMENTAS QUE POTENCIALIZAM A APRENDIZAGEM.
.................................................................................................................................. 69
3.10 REFLEXÕES SOBRE INTERATIVIDADE EM AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM ...................................................................................................... 71
3.11 O EUREKA ........................................................................................................ 74
3.11.1 Home .............................................................................................................. 77
3.11.2 Tela de apresentação das salas virtuais. ....................................................... 78
3.11.3 Módulo Edital .................................................................................................. 79
3.11.4 Módulo Fórum ................................................................................................ 81
3.11.5 Módulo Link .................................................................................................... 83
3.11.6 Módulo Info ..................................................................................................... 84
3.11.7 Módulo Chat ................................................................................................... 86
3.11.8 Módulo Correio ............................................................................................... 87
3.11.9 Módulo Conteúdo ........................................................................................... 89
3.11.10 Módulo Cronograma ..................................................................................... 90
3.12 UM NOVO ESPAÇO VIRTUAL LÚDICO – EUREK@KIDS .............................. 91
4 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR ......................................................................... 96
4.1 PARADIGMAS – CONCEITOS E EVOLUÇÃO ................................................... 96
4.2 PARADIGMAS PARA O SÉCULO XXI – CONCEITOS E PROPOSTAS .......... 100
4.3 A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ............................................................. 104
4.4 O PROFESSOR DO NOVO PARADIGMA ........................................................ 111
4.5 O PROFESSOR INSERIDO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO. ............ 113
4.6 O PROFESSOR EM AMBIENTE HOSPITALAR ............................................... 115
4.7 CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS: O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE À
TECNOLOGIA ......................................................................................................... 117
5.1 A IMPLEMENTAÇÃO DO AVA – EUREK@KIDS ............................................. 122
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ................................................................. 125
5.2.1 Pesquisa com o escolar hospitalizado ........................................................... 125
5.2.2 Pesquisa com o professor hospitalar ............................................................. 126
5.3. ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA........................................................... 127
5.3.1 A preparação do Pedagogo Hospitalar e do AVA Eurek@Kids ...................... 127
5.3.2 Resultados: Pedagogo Hospitalar .................................................................. 130
5.3.3 Cenários e Perfil dos Escolares Hospitalizados ............................................. 136
5.3.4 Resultados: Escolar Hospitalizado ................................................................. 142
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 155
APÊNDICE .............................................................................................................. 164
APÊNDICE A - ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO ....................................................... 165
APÊNDICE B - Questionário destinado às crianças/adolescentes hospitalizados .. 168
APÊNDICE C - Questionário destinado ao Professor do Hospital .......................... 173
ANEXO .................................................................................................................... 178
ANEXO A – TELAS DO AVA EUREKAKIDS........................................................... 179
ANEXO B – DOCUMENTO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA DO
HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE .......................................................................... 184
13
1 INTRODUÇÃO
O Estatuto da Criança e do Adolescente, estabelecido pela lei federal
8.069/1990
1
, expõe claramente a responsabilidade da sociedade frente à formação
do indivíduo menor, independente de sua origem, raça, poder aquisitivo,
possibilidade de locomoção entre outros. Foi criado em 13 de julho de 1990 e em
seus itens afirma que crianças e adolescentes devem ser vistos como pessoas em
desenvolvimento, sujeitos de direitos e destinatários de proteção integral.
Este estatuto foi instituído para defender a infância e a juventude. O artigo
desta lei versa sobre a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Algumas destas crianças e destes adolescentes encontram-se em ambiente
hospitalar e necessitam de tratamento específico. Para promover um ambiente mais
adequado a estes hospitalizados, foi implantando pelo Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente em 13 de dezembro 1995
2
o Direito das
Crianças e dos Adolescentes Hospitalizados que têm como pressupostos a proteção
integral resguardando seus direitos físicos, morais e intelectuais sem nenhuma
forma de discriminação.
Ceccim e Carvalho (1997) citado por Paula (2004, p.4) destaca o artigo 9:
“Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programa de educação para
saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar.”
Este artigo mostra claramente o cuidado que deve ser direcionado ao escolar
hospitalizado, tanto na recreação quanto na educação destes indivíduos.
A criança hospitalizada deve ser atendida de modo integral, no
desenvolvimento da aprendizagem e do desejo de cura. Em outras palavras, o bem
estar do escolar hospitalizado não limita-se à saúde, sendo necessário oportunizar o
bem estar social e emocional destes sujeitos, pois seus interesses e necessidades
intelectuais e sociais também estão presentes em âmbito hospitalar.
1
PINTO, A. L. T. WINDT, M. C. V. S. CÉSPEDES, L. Vade Mecum Saraiva / obra coletiva de autoria. 2ª.ed. São Paulo:
Saraiva, 2006. p. 1025.
2
Extraído de: http://www.abpp.com.br/artigos/38.htm
14
Quando hospitalizados, crianças e adolescentes ficam impossibilitados de
freqüentar a escola. Nesta circunstância é devidamente correto proporcionar a estes
escolares, além das atividades lúdicas, condições que atendam as necessidades de
aprendizado, de uma forma diferenciada, pois a realidade é marcada pela falta de
atendimento específico nestes casos. Matos (2001, p. 29) assinala:
Trata-se da situação de crianças e adolescentes, em idade escolar, que
submetidas a longos períodos de hospitalização ficam impossibilitadas da
continuidade de seguir seu ano letivo escolar. Ou daqueles que nem
chegam a se matricular, atingindo a pré-adolescência ou mesmo a
adolescência em estado de analfabetismo ou nas primeiras séries
escolares.
Para proporcionar um atendimento mais adequado a estes escolares
hospitalizados foi instituído, em alguns hospitais, a presença de um professor
hospitalar; segundo Matos (2001, p. 39) este professor “é inserido no contexto
hospitalar como agente de mudanças”, o papel deste professor é o de mediador e
facilitador da aprendizagem do escolar hospitalizado; é de sua responsabilidade
apresentar as ferramentas de apoio convencionais e tecnológicas e viabilizar o
entendimento dos conteúdos das disciplinas. Compete a este profissional em
parceria com profissionais da saúde proporcionar a integração entre o ambiente
escolar e os alunos hospitalizados, considerando os mesmos como seres completos
e indivisíveis.
Segundo Matos (2006, p.13) o intento pedagógico/hospitalar consiste em
valorizar os direitos à educação e à saúde, como também o espaço que lhe é devido
enquanto cidadão, desta forma ampliando as atividades práticas em ambiente
hospitalar; desenvolvendo metodologias, linguagens e materiais lúdico-pedagógicos
que promovam o bem estar completo de cada indivíduo, bem como a comunicação
entre a escola, o hospital e o escolar hospitalizado.
Matos (2006, p. 78) acrescenta que a Pedagogia Hospitalar tem por premissa
unir professores, equipe médica e família, num trabalho em conjunto que permite ao
escolar hospitalizado dar continuidade a sua vida escolar.
Os cenários observados em leituras e pesquisas referentes aos contextos
hospitalares apontam a urgência no desenvolvimento de projetos que propiciem o
atendimento de crianças e adolescentes hospitalizados em idade de escolarização,
15
visto que as atividades escolares são prejudicadas em relação ao tempo de
permanência dos alunos fora do contexto escolar.
É evidente que propostas pedagógicas em ambiente hospitalar planejadas
com atividades lúdicas e voltadas a escolarização, podem vir a minimizar a
ansiedade, o medo e a angústia de muitas crianças e adolescentes que se
encontram hospitalizadas. Matos (2001, p.39) observa que
a continuidade dos estudos, paralelamente ao internamento, traz maior
vigor as forças vitais do enfermo, como estímulo motivacional, introduzindo-
o a se tornar mais participativo e produtivo, com vistas a uma efetiva
recuperação.
Para amenizar os danos causados pela hospitalização foram concebidos
espaços e ferramentas que objetivam integrar a criança a sua escola; exemplos
destes espaços são a brinquedoteca e as salas de aula hospitalares, estes e outros
ambientes são explicados nos capítulos seguintes.
Das muitas atividades que podem ser usadas em ambiente hospitalar, uma
das ferramentas destaca-se neste estudo. Trata-se de um Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), que pode ser usado pelo professor para a promoção do
conhecimento que visa colaborar na formação contínua do escolar.
Entende-se por Ambiente Virtual de Aprendizagem como um espaço social,
composto de interações sociais e cognitivas; um meio virtual onde pessoas, com
objetivos em comum, constroem conhecimento. Vavassori e Raabe (2006, p.313)
corroboram afirmando que um ambiente virtual de aprendizagem “é um sistema que
reúne uma série de recursos e ferramentas, permitindo e potencializando sua
utilização em atividades de aprendizagem através da Internet”. Estes ambientes
possuem uma interface gráfica que possibilita a criação de uma comunidade onde,
mediada pela linguagem da hipermídia, compartilha espaço virtual em que se
expõem trabalhos, podendo ler e rever tudo o que já foi publicado.
Propõem-se aqui estudar o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids e
os sujeitos envolvidos. A ferramenta em questão visa proporcionar atividades
interativas, lúdicas e pedagógicas no hospital, integrando a escola de origem ao
escolar hospitalizado, trazendo com isso uma dimensão que promova a educação
independente da situação em que se encontra o escolar.
16
1.1 PROPÓSITO INVESTIGATIVO
Ao se pensar em crianças ou jovens hospitalizados, poucos têm a dimensão
do que isso significa para eles. Ter, de repente, sua rotina interrompida por uma
doença ou acidente exige do escolar hospitalizado um esforço muito grande de
compreensão, paciência, fé e esperança. O tempo ganha outra dimensão, a vida fica
num ritmo de espera. O período de internamento se transforma numa grande lacuna
ligando o antes e o depois. Muitas possibilidades de aprendizagem se perdem ao
longo desse caminho e, às vezes, não se recuperam mais.
Estudos como Bellkiss (1999), Fonseca (1999) e Matos (2006) mostram que o
amparo a estes escolares hospitalizados com projetos que incluam o bem estar
emocional e educacional melhora significativamente o bem estar geral destas
crianças.
Alguns projetos
3
desenvolvidos o a Brinquedoteca hospitalar (uma sala de
convivência repleta de brinquedos), Mural Interativo (espaço onde as crianças ou
adolescentes retiram objetos que ali estão expostos para brincar, podendo levar
para casa), Projeto Mirim de hospitalização (atendimento escolar para crianças que
ficam longos períodos internadas no hospital), Projeto Sala de Espera (ambiente
lúdico com envolvimento de crianças e adolescentes que aguardam consulta
médica), Enquanto o sono não vem (contadores de histórias), entre outros (MATOS,
2006, p.127-149). Atualmente, muitos destes hospitais contam com laboratórios
equipados com computadores e conexão com a Internet, os quais permitem à
criança hospitalizada interagir com o meio externo por meio das ferramentas que a
Internet dispõe.
Estender a sala de aula para um ambiente virtual implica em trazer o aluno
para uma nova realidade de aprendizagem colaborativa, onde alunos aprendem,
ensinam e articulam conhecimentos. Neste contexto virtual a promoção da
educação, independente da situação em que se encontra o escolar, seja ele
hospitalizado ou não, desde que se tenha um planejamento bem estruturado e
integrado com a sala de aula, com alunos e professores que estão fora do hospital.
3
Maiores informações dos projetos descritos podem ser obtidos na literatura de Matos, 2006.
17
Buscando integrar essa criança hospitalizada ao ambiente escolar surgiu o
projeto Eurek@Kids. Este projeto tem a intenção de unir a escola ao educando que
se encontra num processo de internamento hospitalar, por vezes impossibilitado de
freqüentar as aulas regulares por um longo período. Matos (2001, p. 38) sinaliza sua
preocupação afirmando:
O afastamento necessário, provocado pela doença e pela hospitalização,
traz uma nova situação à vida do enfermo que, além de afastá-lo do curso
normal de suas atividades escolares, o induz a apresentar alterações de
ordem psíquicas possíveis no contexto.
Delineado o cenário, denota-se a necessidade de preparar uma ferramenta
capaz de intermediar o relacionamento constante entre professor-aluno,
aproximando assim o aluno hospitalizado ao ambiente escolar.
Nesta realidade pergunta-se:
Como analisar os resultados de interação e
familiarização produzidos no Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids entre
professor/escola/hospital e aluno?
1.2 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO
Na busca à resposta, propõe-se os seguintes objetivos da pesquisa.
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar os resultados de interação e familiarização produzidos no Ambiente
Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids entre professor/aluno/escola/hospital.
18
1.2.2 Objetivos Específicos
Desenvolver um ambiente virtual de aprendizagem com uma interface
pedagógica e lúdica, interagindo professor/aprendiz/escola/hospital.
Identificar características pertinentes neste ambiente virtual de aprendizagem
ao público que se destina.
Verificar a interação entre Ambiente Virtual de aprendizagem e seus
protagonistas
.
Validar o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids com professor e
aluno / hospital.
1.3 APRESENTAÇÃO
Esta pesquisa envolveu a adequação de um Ambiente Virtual de
Aprendizagem com o nome de Eurek@Kids e provém de um ambiente pré-existente
denominado Eureka. A função deste ambiente será intermediar a comunicação
pedagógica entre professor e aluno, em especial o escolar hospitalizado. O
ambiente será promotor de um espaço pedagógico, lúdico e interativo direcionado
para crianças da primeira etapa da Educação Fundamental.
A equipe desenvolvedora do ambiente é formada por Web designers,
programadores e pedagogos. Estas pessoas são alunos da graduação - PIBIC,
alunos do mestrado em educação, alunos de especialização, aluna do ensino médio
PIBIC JR, professores mestres da graduação, professores doutores do mestrado em
educação.
Aliados a esta equipe estão professores e alunos do ensino fundamental que
validaram o ambiente. A cada integrante da equipe foi atribuída uma função
específica coordenada pela mentora do Ambiente.
É um projeto com apoio CNPQ e PUCPR, que teve início em Julho/2005 e
envolve escolares de 7 a 10 anos, em fase de alfabetização e do ensino
fundamental.
19
Para desenvolver este projeto, buscou-se subsídios na ferramenta virtual
Eureka e em diversas pesquisas que foram feitas com o objetivo de delinear a
direção a ser tomada.
Dentre os muitos autores foram selecionados alguns que comungavam com
as idéias aqui propostas, alguns referenciais são Harasin, Negroponte, Moran,
Matos, Torres, Belloni, e Siqueira. Os autores citados, dentre outros, serviram de
suporte para a consolidação do estudo.
O estudo organiza-se da seguinte forma:
O primeiro capítulo contempla a relevância do tema e sua contextualização,
problematização, bem como os objetivos da pesquisa;
No segundo capítulo aborda-se bases bibliográficas que sustentam propostas
referentes à pedagogia hospitalar e o escolar hospitalizado;
No terceiro capítulo ocorre uma descrição teórica referente aos Ambientes
Virtuais, com ênfase em Ambientes Virtuais de Aprendizagem envolvendo, em
especial, o Eurek@Kids;
No quarto capítulo é discutida a formação dos professores e como este
profissional vem incorporando os instrumentos tecnológicos em sua prática
pedagógica;
O quinto capítulo aborda a análise obtida da pesquisa e seus resultados.
Finalmente as considerações finais ponderam os depoimentos feitos pelos
sujeitos da pesquisa, no intuito de nortear caminhos de trabalhos que possam
complementar este estudo.
20
2. ASPECTOS RELEVANTES DA PEDAGOGIA HOSPITALAR
2.1 O ESCOLAR HOSPITALIZADO
Ao longo dos anos, medidas políticas, sociais e educativas têm sido adotadas
para amparar legalmente e suprir formalmente, da melhor maneira possível, os
educandos que se encontram impedidos de freqüentar a escola regular durante o
tempo em que estão doentes ou hospitalizados.
ainda o compromisso social e humano de divulgar as tentativas e ações
corajosas e empreendedoras de pessoas que não medem esforços para atender
crianças e jovens que ficam à margem do processo educativo e, consequentemente,
limitados na própria concepção de vida.
O reconhecimento legal dos direitos da Criança e do Adolescente é recente,
inicia-se em 13 de julho de 1990 sob a Lei 8069, e em um de seus artigos propõe:
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária (PINTO, 2006, p.1025).
O artigo citado demonstra claramente a responsabilidade da sociedade frente
à formação do indivíduo menor, independente de sua origem, raça, poder aquisitivo,
possibilidades de locomoção entre outros, efetivando a responsabilidade da inclusão
social do escolar hospitalizado.
Quando hospitalizado, o escolar precisa se adaptar às mudanças e a uma
nova rotina; deixar de freqüentar a escola, brincar com os amigos, depender de
outras pessoas para medicação e locomoção, restrições alimentares, dor, são
alguns exemplos dessas mudanças significativas na vida dessas crianças.
Forte (2005, p. 21) afirma que a mudança radical dos seus hábitos, causada
pela hospitalização e pela separação da família, pode parecer uma agressão ou
castigo, provocando sentimentos de culpa e de abandono”.
21
O conhecimento teórico de como se processa o desenvolvimento infantil, e a
importância desta fase para a vida adulta do ser humano, justifica a preocupação em
diminuir os efeitos que um período de internamento pode provocar na vida de uma
criança. Nessa fase do desenvolvimento, as experiências traumáticas vividas nas
áreas emocional, afetiva e de socialização, podem acarretar transtornos de difícil
recuperação, os quais, por vezes, irreversíveis.
Forte (2005, p. 23) atribui que a presença da doença é algo que causa muitas
dificuldades à criança, afirmando:
Como a doença desencadeia uma situação de crise e de quebra de
equilíbrio, o desenvolvimento emocional e global da criança é afetado
intensamente. Portanto, é indispensável que durante a hospitalização sejam
mantidas as condições favoráveis ao desenvolvimento da criança em
termos biológicos, psicológicos, sociais, culturais e espirituais, considerando
seus desejos e sua autonomia. O período da hospitalização implica no
cuidado ao ser humano em sua integridade, significando a continuidade do
seu desenvolvimento.
A internação pode ocorrer por diversos motivos e cada um deles vai exigir
uma forma de tratamento e acompanhamento diferenciado; insuficiência renal,
leucemia, queimaduras são alguns dos quadros clínicos que mudam os hábitos de
vida desses pacientes por longos períodos de tempo.
Esse é um momento delicado na vida dessas crianças, que enfrentam novas
emoções e vivenciam algumas perdas: de tempo e de liberdade. Simonetti (2004,
p.17) contribui afirmando que é “uma situação de perdas, é como poderia ser
definida a doença, afinal, perde-se a saúde, perde-se a autonomia, perde-se tempo
e muitas outras coisas, isso quando não se perde mesmo a própria vida”.
À medida que a sociedade passa a ter uma compreensão maior da
importância da infância enquanto fase completa de um ser humano, com
características próprias, os direitos e necessidades da criança passam a ser
reconhecidos.
A criança hospitalizada começa a ser vista como um ser em crescimento que
tem sua vida subitamente modificada pela doença e pelas circunstâncias que este
fato provoca. Diminuir os efeitos nocivos e tentar equilibrar o mais possível a rotina
do hospitalizado exige uma tomada de posição por parte dos órgãos da saúde e da
população em geral.
22
Constitui-se num momento singular de extrema sensibilidade do escolar
hospitalizado e de todos os familiares envolvidos no processo. As perdas são
significativas e a atenção a este indivíduo deve ser multiplicada, pois além do ser
humano que tem aspirações e vontades diversas é um menor que se encontra
fragilizado e necessitando de cuidados diferenciados.
Nesse contexto surge a humanização hospitalar como uma proposta de
resgatar a integridade do ser humano, suas características e necessidades, a
importância de ser cuidado como um todo.
Segundo Forte (2005, p. 26),
Muitos trabalhos foram sistematizados nos hospitais do Brasil, o que
resultou em uma produção de material técnico-científico importante para
fundamentar a assistência aos pequenos e jovens pacientes internados.
Com isso, os profissionais envolvidos começaram a refletir e rever suas ações
e, aos poucos, surge uma nova concepção de homem, um novo conceito do que é
saúde e doença, levando à formação de novos papéis profissionais e de cidadania.
Essa nova abordagem provoca a ruptura do paradigma do cuidado isolado
versus cuidado compartilhado. Para Forte (2005, p. 27) “O cuidado compartilhado
enriquece a todos pacientes, familiares e equipes permitindo um mútuo
aprendizado que avança além das fronteiras da instituição”.
Para promover a humanização hospitalar foram organizados pela Sociedade
Brasileira de Pediatria os Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizado. De
acordo com Matos (2006, p. 38) os direitos são:
1. Direito à proteção à vida e à saúde, com absoluta prioridade e sem
qualquer forma de discriminação.
2. Direito a ser hospitalizado quando for necessário ao seu tratamento, sem
distinção de classe social, condição econômica, raça ou crença religiosa.
3. Direito a não ser ou permanecer hospitalizado desnecessariamente por
qualquer razão alheia ao melhor tratamento de sua enfermidade.
4. Direito de ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante
todo o período de sua hospitalização, bem como receber visitas.
5. Direito de não ser separado de sua mãe ao nascer.
6. Direito de receber aleitamento materno sem restrições.
7. Direito a não sentir dor, quando existe meios para evitá-las.
8. Direito a ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos cuidados
terapêuticos e diagnósticos a serem utilizados, do prognóstico, respeitando
sua fase cognitiva, além de receber amparo psicológico, quando se fizer
necessário.
23
9. Direito a desfrutar de alguma recreação, programas de educação para a
saúde, acompanhamento de currículo escolar, durante sua permanência
hospitalar.
10. Direito a que seus pais ou responsáveis participem ativamente de seu
diagnóstico, tratamento e prognóstico, recebendo informações sobre o
procedimento a que será submetido.
11. Direito a receber apoio espiritual e religioso conforme prática de sua
família.
12. Direito a não ser objeto de ensaio clínico, provas diagnósticas e
terapêuticas, sem o consentimento informado de seus pais ou responsáveis
e o seu próprio, quando tiver discernimento para tal.
13. Direito a receber todos os recursos terapêuticos disponíveis para sua
cura, reabilitação e/ou prevenção secundária e terciária.
14. Direito à proteção contra qualquer forma de discriminação,
negligência ou maus-tratos.
15. Direito ao respeito a sua integridade física, psíquica e moral.
16. Direito à preservação de sua imagem, identidade, autonomia de
valores, dos espaços e objetos pessoais.
17. Direito a não ser utilizado pelos meios de comunicação, sem a
expressa vontade de seus pais ou responsáveis, ou a sua própria vontade,
resguardando-se a ética.
18. Direito à confidência dos seus dados clínicos, bem como direito de
tomar conhecimento dos mesmos, arquivados na instituição, pelo prazo
estipulado por lei.
19. Direito a ter seus direitos constitucionais e os contidos no Estatuto da
Criança e do Adolescente respeitados pelos hospitais integrantes.
20. Direito a ter uma morte digna, junto a seus familiares, quando
esgotados todos os recursos terapêuticos disponíveis (Sociedade Brasileira
de Pediatria – Departamento de Cuidados Hospitalares).
Algumas instituições, embasadas nestes direitos, buscam promover projetos
que auxiliem o escolar e a família a amenizar os problemas que surgem com a
hospitalização.
Na tentativa de suprir a deficiência ocasionada pela interrupção das
atividades diárias, conceberam-se muitos projetos que procuram atenuar o problema
do dia-a-dia hospitalar. Estes projetos, citados no capítulo anterior, permitem ao
hospitalizado momentos de prazer e encanto. Atualmente, muitos destes hospitais
contam inclusive com laboratórios equipados com computadores e conexão com a
Internet, os quais permitem à criança hospitalizada interagir com o meio externo por
meio das ferramentas disponíveis.
Um ambiente elaborado, com atividades que promovam a educação, pode
servir de estímulo ao escolar hospitalizado, impulsionando a diminuição de sua
estadia no hospital, segundo Simonetti (2004, p.65) “O dia-a-dia de uma pessoa
pode ser bastante influenciado pela posição que ela assume em relação à sua
doença”.
24
Um local rico em atividades lúdicas que possibilite educação e bem-estar
proporciona melhores condições de superar o momento pelo qual passa o escolar
hospitalizado. Camon (2002, p. 120) comenta que:
Podemos dizer que a intervenção psicoterápica, seja qual for a modalidade,
visa produzir uma mudança adaptativa no equilíbrio perturbado do sistema
mental do ser humano, permitindo, assim, uma satisfação mais completa
das necessidades ou uma acomodação mais conveniente, diminuindo a
ansiedade e o estresse e proporcionando ao paciente lidar mais
adequadamente com afetos e conflitos.
Quando ocorre a hospitalização, o escolar encontra-se fragilizado pela
doença e soma-se a esta um novo cenário, com novas rotinas, diferentes daquelas
que estava acostumado em sua residência. Nesta nova realidade em ambiente
hospitalar – o escolar deverá conviver com novas regras e possibilidades que,
apesar de limitadas, são propostas pelos profissionais do hospital em que o escolar
está internado.
Simancas e Lorente (1990), citado por Matos (2001, p. 28), acrescenta que a
“atenção pedagógica, por meio da comunicação e do diálogo (...) se propõe a ajudar
o enfermo criança ou adulto para que (...) possa seguir desenvolvendo-se em
todas as dimensões pessoais, com a maior normalidade possível”.
Tão relevante quanto a pré-hospitalização e a hospitalização, constitui-se na
pós-hospitalização; Matos (2001, p. 29) afirma que “o menor nem sempre se
encontra nas condições físicas desejáveis para a freqüência à escola”.
Nesta realidade a criança permanece em sua casa com novas mudanças
espaciais e organizacionais, além da imprescindível atenção especial.
A situação da criança e do adolescente não pode restringir-se apenas a
questões de sobrevivência, fazendo-se necessário promover uma qualidade de vida
melhor e condições capazes de assegurar um desenvolvimento pleno. Cabe
respeitar a individualidade de cada menor e fomentar atividades que aproximem este
sujeito ao meio externo, propiciando seu bem-estar.
Freire (1989) citado por Matos (2006, p.58) afirma que “se não cuidarmos da
educação da criança, se permitirmos que muitas sejam excluídas da escola nos
primeiros anos, pela reprovação, teremos muito em breve milhares de analfabetos
no país”.
25
Muito foi feito, entretanto é preciso criar mais espaços que possibilitem o
bem-estar, a saúde e o desenvolvimento integral do escolar hospitalizado. A infância
(no hospital) carece de novos padrões que atendam às múltiplas necessidades de
cada criança.
Neste contexto onde “o suporte social é um recurso mediador que reduz a
hipertensão e tem um efeito protetor da saúde” (BELLKISS, 1994, p.26), surgem
novas situações para amenizar o estresse e a adversidade pela qual passa o
escolar.
Os hospitais contam, no seu quadro de funcionários, com médicos,
enfermeiros, recepcionistas, cozinheiros, cujo objetivo é promover o bem-estar físico
do paciente. Alguns hospitais, conscientes de que suas dependências não são
simples depósitos de pacientes, incluem em seus quadros funcionais o trabalho
de psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e voluntários que modificam o
cotidiano hospitalar, trazendo para dentro da instituição mais alegria e esperança.
Matos (2006, p.119) explica:
O objetivo precípuo da intervenção médica é o restabelecimento da saúde
física. A intervenção psico-sócio-pedagógica, por sua vez, visa à aquisição
de certas aprendizagens direta ou indiretamente relacionadas à
manutenção e aos cuidados, também preventivos, com a saúde, em suas
vertentes psicológicas e sociais. Esta finalidade terapêutica da intervenção
integrada exige, entretanto a aplicação de procedimentos específicos, em
contribuição de natureza complementar, em permanente interação e
unicidade de objetivos, em benefício da criança ou adolescente em situação
de enfermidade/hospitalização.
A preparação e intervenção conjunta de profissionais de educação hospitalar
propiciam a melhor adaptação do paciente ao ambiente, facilitando e favorecendo o
contínuo desenvolvimento do escolar.
Para Matos (2006, p. 72) a aproximação com o cotidiano traz maior vigor às
forças vitais do paciente, induzindo-o a se tornar mais participante e produtivo, com
vistas a uma efetiva recuperação.
As literaturas que discorrem sobre o menor e o hospital (citadas nesta
dissertação) mostram a urgência no desenvolvimento de projetos que possibilitem o
atendimento de crianças e adolescentes hospitalizados em idade de escolarização,
haja vista as atividades escolares serem prejudicadas com relação ao tempo de
permanência dos alunos fora do contexto escolar. Matos (2006, p. 41) afirma que “é
necessário criar espaços de ensino nos hospitais pediátricos, ou correlatos, onde
26
estejam hospitalizados crianças e adolescentes em idade de escolarização”, pois, “a
criança - se emburrece - com grande facilidade caso não receba estímulo algum,
podendo apresentar um quadro de pseudodebilidade mental” (MATOS, 2006, p. 40).
A escolarização hospitalar, além de transmitir conhecimentos essenciais,
integra os hospitalizados ao ambiente escolar e a atividades que lhe eram
propostos antes da hospitalização, “porque não isola o escolar na condição pura de
doente, mas, sim, o mantém integrado em suas atividades da escola e da família e
apoiado pedagogicamente na sua condição de doente” (MATOS, 2006, p. 47).
Desta forma, o escolar estará sendo amparado pedagogicamente, evitando a
interrupção de seus estudos, visto que se aprende todo tempo, em qualquer
ambiente e nas situações pelas quais são vivenciadas. O necessário é criar
possibilidades para potencializar a aprendizagem. Para tal, um profissional
importante nesta realidade é o professor hospitalar, o qual deve aproveitar seus
conhecimentos e pesquisas para proporcionar atividades no hospital, com o intuito
de ajudar o escolar a desenvolver suas habilidades e seguir seus estudos.
Os meios de comunicar-se podem ser usados com grande facilidade, seja por
meio de um telefonema, uma carta, fitas gravadas, computador, entre outros. Em
grandes hospitais podemos encontrar laboratórios de informática com uma
quantidade significativa de computadores; estes fazem parte do cotidiano de uma
grande porcentagem da população.
Com este equipamento é possível integrar as diversas mídias e recursos
tecnológicos (rádio, televisão, filmadora, máquina fotográfica digital, celular, web
cam e outros). Sancho e Hernández (2006, p. 131) afirmam que usufruir das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) “significa necessariamente contar
com todos e cada um dos componentes da sociedade, com suas formas variadas de
ser, mover-se ou se socializar”. Os autores ainda afirmam que as tecnologias podem
contribuir para “tornar efetivo o direito de participar nos contextos sociais e culturais,
escolares e profissionais, especialmente quando são utilizados para dar resposta à
adversidade” (SANCHO e HERNÁNDEZ 2006, p. 131).
Por meio de aparatos tecnológicos é possível capturar sons e imagens,
conceber materiais riquíssimos que poderão ser explorados de várias formas,
dependendo da criatividade de quem usar estes recursos. Vários software são
adicionados a este instrumento que, selecionados pedagogicamente, possibilitam o
desenvolvimento da criança, favorecendo e facilitando o processo de aprendizagem.
27
Agrega-se a estes a Internet: espaço virtual que cresce de forma vertiginosa,
ampliando diariamente seu banco de dados e possibilidades de comunicação.
Neste espaço é possível a construção do conhecimento por meio de várias
conexões, sejam encaminhadas ou não. Podem integrar-se as informações e
atividades utilizando vários Ambientes Virtuais, podendo ser sites de relacionamento
aberto, mensagens instantâneas, sites de jogos on line, fóruns e ambientes
específicos de aprendizagem. Um ambiente inovador que propõe direcionar o estudo
do menor aprendiz hospitalizado é o Eurek@Kids
4
. É um ambiente Virtual de
Aprendizagem que possibilita as atividades escolares de menores e fornece
subsídios para a continuidade do processo educacional, sendo seu objetivo maior
atender crianças e adolescentes impossibilitados de freqüentar a escola por estarem
hospitalizados.
A inserção do computador e do Ambiente Virtual de Aprendizagem em rede
hospitalar oportuniza ao escolar entrar em contato com as mais novas e recentes
informações e produções da classe em que estava inserido antes da hospitalização.
O escolar hospitalizado tem a oportunidade de desenvolver auto-aprendizagem e
inter-aprendizagem à distância, fazendo surgir novas formas de construção de
conhecimentos, situando-se diante de tudo o que acontece em sala de aula,
expressando suas idéias, valores e criatividade.
O aluno, num processo de aprendizagem, assume papel de aprendiz ativo e
participante (não mais passivo e repetidor), sujeito de ações que o levam a aprender
e a mudar seu comportamento. Essas ações, ele realiza sozinho (auto-
aprendizagem), com o professor e com os seus colegas (inter-aprendizagem).
Busca-se uma mudança de mentalidade e de atitude por parte do aluno: que
trabalhe individualmente para o grupo e que veja o grupo, os colegas e o professor
como parceiros idôneos, dispostos a colaborar com sua aprendizagem. Enxergar
seus colegas como colaboradores para seu crescimento, isto significa uma
mudança importante e fundamental de mentalidade no processo de aprendizagem.
Estas interações (aluno-professor-aluno) conferem um pleno sentido à co-
responsabilidade no processo de aprendizagem (MORAN, 2000, p. 141).
4
Ambiente Virtual de Aprendizagem: ambiente virtual destinado para crianças hospitalizadas ou não em idade de
escolarização.
28
Um ambiente promotor de comunicação e conteúdos possibilita ao escolar
hospitalizado a continuidade de seus estudos, paralelamente à socialização com
colegas de classe e aprendizagem colaborativa.
Alcântara et al. (2001) contribui com o conceito de aprendizagem colaborativa
afirmando:
Pode ser entendida como um trabalho de grupo colaborativo propriamente
estruturado envolvendo uma tarefa cuidadosamente planejada que inclui
interdependência positiva, treinamento de habilidades sociais, processo de
grupo e alguma maneira de avaliação de grupo.
O trabalho colaborativo facilita o desenvolvimento da aprendizagem em
grupo; segundo Behrens (2000, p. 77), “inicia o aluno a ser pesquisador e
investigador para resolver problemas concretos que ocorrem no cotidiano de suas
vidas”, desta forma, prepara o escolar para a autonomia individual.
Neste sentido, as propostas pedagógicas em contexto hospitalar devem levar
em conta o universo da criança e, por meio de atividades planejadas, resgatar e
diminuir a defasagem de conhecimento.
Cabe à escola da criança hospitalizada e ao hospital assumir novas posturas
e concepções pedagógicas para realizar trabalhos diferenciados; além disso, é
desejável que a escola se instrumentalize com equipamentos eletrônicos para que
essa “troca” de conteúdos e atividades possa ser realizada com rapidez e eficiência
tanto pelo aluno, no hospital, quanto pela equipe pedagógica, na escola.
A equipe pedagógica deve estar consciente que sua missão é atender ao
escolar e promover o “aprender” de cada indivíduo, considerando o perfil particular
de inteligência, relações com o mundo e possibilidade ou limitações. Cabe à escola
estruturar-se para atender seus clientes favorecendo a produção do conhecimento,
respeitando a individualidade de cada um.
Projetos educativos realizados em parceria com o hospital devem estar
voltados para atender os objetivos fundamentais da educação básica, que consiste
no desenvolvimento do estudante, contribuindo para a formação de um indivíduo
crítico, que enfrenta desafios, toma decisões e busca soluções para problemas. Com
esta finalidade, o processo de aprendizagem deve estar voltado para os princípios
da coletividade, responsabilidade, respeito compromisso e ética.
29
Sancho e Hernandéz (2006, p. 21) afirmam que “quem considera que a
aprendizagem se baseia na troca e na cooperação (...) nos sistemas informáticos
(...) a resposta às limitações do espaço escolar”. O processo educacional deve
investir em ações que busquem a melhoria no ensino, propiciando a aquisição do
conhecimento contextualizado, significativo e interdisciplinar, vinculado ao cotidiano
do aprendiz hospitalizado.
A Pedagogia Hospitalar nasce nesta realidade em busca da superação do
paciente inerte, transformando-o num cidadão que se encontra hospitalizado,
entretanto em contínuo desenvolvimento.
30
2.2. ALGUNS CAMINHOS HISTÓRICOS SOBRE O ATENDIMENTO AO ESCOLAR
HOSPITALIZADO.
A preocupação com o bem estar da criança e do adolescente hospitalizado
é antiga; vários autores como Matos, Bellkiss entre outros demonstram que crianças
e adolescentes hospitalizados devem ser vistos de forma integral, levando em
consideração suas necessidades físicas, psíquicas e sociais.
De acordo com Ceccim e Carvalho (1997, p. 17) no final da década de 70
(setenta) inúmeras foram as propostas inovadoras e arrojadas em hospitais no que
se refere ao cuidado para com crianças hospitalizadas, tais como “assistência à
crianças hospitalizadas por equipes de diferentes profissionais da área da saúde,
implantação da área de recreação, entre outros”.
No entanto, as classes hospitalares tiveram um significativo aumento na
década de 80, devido à aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, de
estudos acadêmicos e insatisfação no meio hospitalar. Para Fonseca (1999) citado
por Menezes (2004, p. 8)
o crescimento do número de classes hospitalares coincide com o
redimensionamento do discurso social sobre a infância e a adolescência,
que culminou com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente e
seus desdobramentos posteriores.
Segundo estudo de Menezes (2004, p. 8), em 1998 havia 30 (trinta) classes
hospitalares brasileiras. Dados recentes apontam 75 (setenta e cinco) hospitais
oferecendo atendimento escolar em quinze estados, incluindo o Distrito Federal; o
total de alunos atendidos mensalmente é de aproximadamente 2100 (dois mil e cem)
internados.
Avançou-se muito e novas propostas surgem a cada dia; a preocupação em
atender melhor este público inquieta a todos os envolvidos no processo, de forma a
promover projetos, leis e espaços, proporcionando cada vez mais à criança e ao
adolescente hospitalizado um ambiente lúdico pedagógico humanizado.
A criança ao ser hospitalizada passa por mudanças drásticas em sua vida. Ao
ser internada confronta-se com uma realidade desconhecida: sons distintos,
pessoas diferentes, odores considerados desagradáveis, rotina e regras
31
modificadas; sai do ambiente familiar, conhecido e seguro, para outro que lhe é
estranho, e, às vezes aassustador, onde precisa compartilhar espaços e atenção
com outros pacientes; para essa criança, o tempo passa a ter outra dimensão, seu
ritmo de vida é alterado e isso gera ansiedade e frustração.
O pedagogo, ao intervir no contexto hospitalar, em conjunto com demais
profissionais estará buscando promover o desenvolvimento integral do indivíduo.
Matos (2006, p. 104) afirma que
estudos demonstram que a enfermidade prolongada acaba atingindo
aspectos cognitivos, psicológicos e sociais. A criança e o adolescente
acabam por desenvolver um estado de angústia, evidenciada por
comportamentos de insegurança, temores e fobias.
A pedagogia hospitalar e demais áreas envolvidas nesse processo vem ao
encontro à esta realidade, buscando harmonizar a assistência à criança e ao
adolescente hospitalizado e, para tal, propõe novas percepções e atitudes comuns a
todos os profissionais envolvidos no processo pedagógico hospitalar; sensibilizando
os sujeitos participantes para que possam valorizar a história, as necessidades, os
interesses, os medos e os sonhos de cada escolar hospitalizado. O cuidado
enriquece a todos – pacientes, familiares e equipes – permite um mútuo aprendizado
que avança além das fronteiras do hospital (FORTE, 2006, p.27).
Este ramo da pedagogia pretende integrar o escolar hospitalizado ao seu
novo modo de vida, tão rápido quanto possível, proporcionando um ambiente
humanizado e acolhedor, propiciando contatos com o meio exterior, e desta forma,
privilegiando as relações sociais e reforçando os laços familiares.
A pedagogia hospitalar é uma proposta agregada em cursos de formação
de professores de instituições, além de ser oferecida como uma oportunidade de
especialização para instrumentalizar profissionais que buscam minimizar os traumas
decorrentes da hospitalização.
Guimarães(1988) citado por Collares (2006, p.1) afirma:
o atendimento por profissionais qualificados na ciência do comportamento
pode prover, junto à equipe pediátrica, recursos técnicos para minimizar
possíveis perdas ou atrasos no desenvolvimento que poderia sofrer uma
criança em situação hospitalar. Assim, a presença de brinquedos e
atividades adequadas às faixas etárias pode melhorar a condição de
preparo para o contexto hospitalar.
32
Desenvolver projetos de escolarização lúdicos e recreativos favorecem o
processo ensino aprendizagem, acarretando uma inserção menos traumática em
cenário hospitalar. Acaba envolvendo o escolar hospitalizado por meio de atividades
pedagógicas adequadas a cada aluno, visando também estabelecer e manter
contatos com o meio externo, privilegiando as relações sociais, sua escola de
origem e a família.
O internamento para tratamento hospitalar prolongado provoca uma
defasagem de escolaridade, muitas vezes acompanhada de abandono dos estudos,
devido às dificuldades encontradas em retornar à escola e, depois, em prosseguir
com a vida escolar. A permanência em hospitais provoca também o prejuízo das
relações sociais do sujeito, uma vez que é obrigado a afastar-se de sua família, da
escola e outras atividades rotineiras.
Matos (2001, p. 39) cita que o “pedagogo é inserido no contexto hospitalar
como agente de mudanças, um profissional que entende que o escolar hospitalizado
é uma pessoa acometida de moléstia e que necessita de ajuda para vencer as
conseqüências de sua própria doença”.
O trabalho do pedagogo em âmbito hospitalar se faz importante, já que
propõe atender as necessidades sociais e pedagógicas da criança e do jovem. “Tem
como objetivo, o efetivo envolvimento do doente, na busca de uma modificação no
ambiente em que está envolvido” (MATOS, 2006, p. 105).
Este profissional é o sujeito que possibilita uma comunicação efetiva entre
hospital e escola; por meio de atendimento individualizado, orientando este aluno em
atividades planejadas, sendo também um elo de ligação e integração entre o
hospital e o meio acadêmico.
De acordo com Gabardo (2004, p. 65), o profissional que atua no processo
ensino-aprendizagem em contexto hospitalar possui como meta oportunizar a
aprendizagem do escolar hospitalizado; assegura sua reinserção no âmbito escolar
após a alta, possibilitando o sucesso na aprendizagem em sua vida escolar regular.
Para intermediar e integrar a criança e a escola, o pedagogo hospitalar
necessita “estar atento, solícito e predisposto diante da instância de continuar
preparado, desafiando e estimulando o escolar a estudar e a vencer esta etapa da
hospitalização” (MATOS, 2006, p. 75); deve valer-se de seus conhecimentos e dos
diversos dispositivos de comunicação para aproximar o aluno de sua escola.
33
O pedagogo, ao promover experiências vivenciais dentro de um hospital -
brincar, pensar, criar, trocar -, estará favorecendo o desenvolvimento do escolar
hospitalizado; por meio de atividades lúdicas e diferenciadas, onde o principal
objetivo é fazer com que estes escolares o percam a continuidade de suas vidas,
principalmente quando se trata de um assunto tão importante quanto a educação,
pois o incentivo ao ensino é fundamental. Menezes (2004, p .31) corrobora:
No hospital, a ação pedagógica deve ser também no sentido de ensinar (ou
resgatar) cada paciente a gostar de si mesmo e se relacionar consigo
mesmo, com os outros, com a doença e com o ambiente de forma saudável.
É importante que cada paciente forme um modelo autêntico de si mesmo e
que use esse modelo como processo de construção de uma auto-estima,
que seja capaz de aceitar-se e aceitar os outros, que se conheça e conheça
os outros.
Este profissional da educação precisa desenvolver sua sensibilidade,
compreensão e força de vontade, agindo com perspicácia para perceber a
necessidade de cada escolar hospitalizado. A partir desta percepção terá condições
de promover projetos criativos e competentes, que desenvolvam práticas específicas
para cada criança, adaptadas às condições de aprendizagem circunstanciais, que
fogem dos padrões normais da sala de aula.
Segundo Matos (1998, p. 12) a “pedagogia hospitalar demanda necessidade
de profissionais que tenham uma abordagem progressista, com uma visão sistêmica
da realidade hospitalar e da realidade do escolar doente”. Segundo a autora o papel
principal será o de transformar essas realidades “fazendo fluir sistemas que as
aproxime e as integre”.
A prática deste pedagogo deve transpor as barreiras do tradicional e buscar o
encontro da educação e da saúde; devendo atender as particularidades da criança e
do adolescente hospitalizado neste momento tão especial de sua vida. Matos (2001,
p. 40) corrobora afirmando que o conhecimento da realidade do escolar
hospitalizado e as medidas preventivas que se façam necessárias são pontos
determinantes no ato pedagógico que vai delinear as ações do pedagogo hospitalar.
A implantação de propostas pedagógicas ao escolar hospitalizado no país
está sendo possível, atualmente, devido às mudanças sociais e políticas que
estabelecem novos padrões de comportamento tanto do ponto de vista educacional
quanto jurídico; hoje, os direitos à saúde e à educação estão claramente descritos
na Constituição Federal, na Lei 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da
34
Educação Nacional, no Estatuto da Criança e do Adolescente, e na legislação
específica dos estados do Brasil.
Os avanços científicos na pediatria, na psicologia e na pedagogia também
contribuíram para os novos rumos da educação básica e da saúde coletiva; a
necessidade de se atender a camada da população hospitalizada que permanece
excluída da educação formal tornou possível o surgimento de novos paradigmas
tanto para a área da saúde quanto da educação. Segundo Matos (2001, p. 37),
a Pedagogia Hospitalar situa-se numa inter-relação entre os profissionais da
equipe médica e a educação. Tanto pelos conteúdos da educação formal,
como para a saúde para a vida, como pelo modo de trazer continuidade do
processo a que estava inserida de forma diferenciada e transitória a cada
enfermo.
Os convênios estabelecidos entre as Secretarias da Educação e da Saúde
abriram caminhos para a criação ou adaptação de espaços educativos em hospitais.
As práticas hospitalares também tiveram que se adaptar a esta nova realidade. A
presença de profissionais de outras áreas trouxe a experiência de se trabalhar em
equipe multidisciplinar, onde cada um contribuí com seus conhecimentos específicos
para otimizar o atendimento ao paciente, que é comum a todos.
Os hospitais necessitam rever sua própria rotina de trabalho, cedendo
espaços e funcionários para possibilitar a implantação da pedagogia hospitalar.
Nesta fase de transição, o diálogo e a boa-vontade de todos são pressupostos
indispensáveis para atingir os objetivos propostos tanto para o hospital quanto para
a escola e os educadores. O que vai nortear todo esse processo é o atendimento à
criança e ao adolescente que estão hospitalizados, suas necessidades, suas
limitações e expectativas.
O hospital irá passar a conviver com outras rotinas; materiais pedagógicos,
planejamentos, tecnologia, professores e pedagogos serão elementos presentes na
vida daqueles que, antes, viviam em um mundo à parte, exclusivo, restrito à área da
saúde. Matos (2001, p. 36) corrobora afirmando: “o que definitivamente importa à
relação equipe/enfermo são os efeitos benéficos que dessa relação podem redundar
na cura do enfermo, ou na prevenção de enfermidades”.
A função pedagógica prevê profissionais habilitados, pois necessita de
cuidados especiais e materiais específicos e adequado para cada aluno. Nesse
sentido, a Secretaria de Educação do Estado do Paraná assumiu para si o
35
compromisso de prover professores e pedagogos especialmente selecionados para
essa finalidade.
Por ser um período transitório, o tempo de internamento precisa ser
cuidadosamente acompanhado e planejado pelo pedagogo em parceria com a
equipe médica. De acordo com Matos (2001, p. 46) cabe ao pedagogo hospitalar
promover a continuidade dos estudos e do estímulo à criança e ao adolescente,
numa perspectiva integradora da dimensão de ação e operação pessoal, por meio
de atividades racionais, técnicas, práticas significativas em espaço adequado. Vários
recursos estarão à disposição do escolar hospitalizado para que este aproveite ao
máximo o tempo de que dispõe. Ambientes educativos, como brinquedoteca,
biblioteca e informática são algumas das possibilidades de aprendizagem
disponíveis no hospital para serem utilizados pelos educandos.
Projetos especiais, individualizados, terão como objetivo estimular a
criatividade e a percepção dessas crianças, desenvolvendo habilidades e levando à
construção de conceitos e conhecimento.
Segundo Matos (2001, p.43), com este espaço, dar-se-á oportunidade à
ampliação das potencialidades que se concretizam no processo de educação, com
possibilidades de garantias para novas oportunidades temporais no enfoque
educativo em ambiente hospitalar.
A pedagogia hospitalar é uma conquista recente e, como tal, está em fase de
implantação e construção; muitas tentativas têm sido feitas no sentido de otimizar
esse processo, seja por meio de normatização específica para que essa faixa da
população tenha garantido o seu direito à inclusão, seja com o compromisso
pedagógico assumido por profissionais da educação, capacitados e engajados nesta
problemática social.
36
2.3 EXPERIÊNCIAS NACIONAIS
Para delinear o quadro atual de serviços educacionais hospitalares é
importante esboçar as experiências atuais vivenciadas por alguns hospitais
brasileiros que promovem a educação por meio de classes hospitalares. Estes
hospitais contribuem aumentando os espaços para a ação educativa.
O Hospital Infantil Joana de Gusmão situa-se no estado de Santa Catarina
e iniciou seu projeto na década de 1970. Atualmente conta com um espaço
pedagógico dentro do hospital, contendo propostas educativo-escolares para
crianças e adolescentes.
5
Segundo Menezes (2004, p. 11) o atendimento é disponibilizado para todas
as crianças em idade de pré-escolarização e escolarização, independente do tempo
de internação e clínica médica, desde que estejam liberados pela equipe médica
e/ou de enfermagem. Para as crianças que o podem deslocar-se, o atendimento
é feito no próprio leito.
Possui como objetivo maior dar continuidade ao estudo da criança e do
adolescente e sua reinserção escolar após a alta. O hospital conta com duas salas
de aulas que são usadas no período matutino para atender crianças da educação
infantil e, no período vespertino, para atender em uma das salas alunos de a
série e em outra alunos de 5ª a 8ª série (MENEZES, 2004; p.12).
Os alunos são cadastrados e seus dados disponibilizados para a classe
hospitalar e a escola de origem. Neste cadastro, o pedagogo hospitalar registra os
conteúdos que foram trabalhados nas aulas; informações adicionais importantes
também são apontadas neste cadastro.
Após a alta hospitalar é enviado um relatório a escola de origem com a
descrição de todas as atividades realizadas e o desempenho do aluno neste período
(MENEZES, 2004, p.12).
A Classe Hospitalar do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto USP teve início em 1971, o projeto chamava-se Programa de
Continuidade Escolar e contou com a colaboração de voluntários.
6
5
Extraído de http://www.saude.sc.gov.br/hijg/Pedagogia/Principal.htm
6
Extraído de http://www.hcrp.fmrp.usp.br/gxpsites/hgxpp001?1,16,57,O,P,0,PAG;CONC;57;8;D;389;1;PAG
37
Devido à grande demanda, em 2002 foi autorizada a ampliação das classes
hospitalares. Passou-se de 2 (duas) para 3 (três) classes Hospitalares. Atende
crianças e adolescentes internados nas Enfermarias das seguintes especialidades:
Ortopedia e Traumatologia, Neuropediatria, Cirurgia Pediátrica, Oftalmologia e
Otorrinolaringologia e Clinica Médica
7
.
O conteúdo pedagógico é desenvolvido de acordo com a série em que a
criança ou adolescente estão inseridos.
As atividades são planejadas conforme o projeto pedagógico da escola de
origem.
O atendimento pode acontecer nas classes hospitalares ou, para os alunos
impedidos de se locomoverem, diretamente no leito.
O público alvo abrange todas as crianças e adolescentes na faixa etária de 06
a 14 anos, matriculados no ensino fundamental que se encontram hospitalizados
nas enfermarias do Hospital. Visando atender ao Projeto de Humanização
Hospitalar, também são atendidos os pacientes com idade inferior ao estabelecido
pela lei ou matriculados no Ensino Médio, que espontaneamente procuram o
atendimento pedagógico.
A Classe hospitalar no Hospital de Obras Sociais Irmã Dulce resulta de um
convênio com a Secretaria Municipal de Educação, que cede três professoras para
apoiar crianças e adolescentes a dar continuidade a seus estudos.
8
Desde setembro de 2001, o programa leva o cotidiano escolar para dentro do
ambiente hospitalar. As crianças e adolescentes participam das atividades sócio-
educacionais, eventos escolares lúdico-pedagógicos, palestras sócio-educativas,
passeios extraclasse e campanhas de prevenção e higiene bucal. Em três anos, o
projeto conseguiu reduzir a evasão e a repetência, conscientizando os estudantes e
seus familiares da importância da escola (CALAZANS E BRIGHAM, 2004).
O programa foi pioneiro na Bahia e é patrocinado pela população da cidade
de Treviglio, na Itália.
O Hospital Pequeno Príncipe, localizado na cidade de Curitiba, estado do
Paraná, iniciou um convênio entre a Secretaria de Educação e a Associação
Mantenedora dos Hospitais (MUGGIATI, 1989, p. 40) no ano de 1988, sendo
denominado Projeto Mirim de Hospitalização Escolarizada; tinha por objetivo maior
7
Disponível em: http://www.fmrp.usp.br/ral/classe_hosp.htm.
8
Disponível em: http://www.portalhumaniza.org.br/ph/texto.asp?id=75.
38
“atender escolares-doentes internados ou atendidos nas Enfermarias de Cardiologia,
Ortopedia, Hematologia, Oncologia e Nefrologia” (MUGGIATI, 1989, p. 35). Logo
após passou a ser denominado Escolarização Continuada, objetivando garantir à
criança o direito à educação formal durante a hospitalização.
No ano de 2005 este projeto acompanhou as atividades escolares de 1625
(um mil, seiscentos e vinte e cinco) crianças. O projeto prevê o desenvolvimento de
atividades de apoio e complementação ao currículo, sendo trabalhado na escola de
origem da criança em idade de escolarização. Para este trabalho o hospital conta
com nove educadoras, sendo seis cedidas pela Secretaria Municipal de Educação
de Curitiba, por meio de parceria com o Hospital (HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE,
2005, p. 20).
O hospital mantém uma unidade responsável pelas atividades educacionais e
culturais que administram os diversos projetos existentes na instituição: Família
Participante (direito de um acompanhante por paciente), Acompanhamento escolar,
oficinas de artes plásticas, utilização de computadores, biblioteca viva (para a
promoção da leitura entre crianças, familiares e colaboradores), jogos, leitura,
música e recreação são exemplos de alguns projetos administrados para promover a
humanização hospitalar.
Delineadas algumas experiências hospitalares, fica claro o cuidado e a
importância despendida por profissionais que buscam cada vez mais melhorar o
cotidiano hospitalar. Estão engajados neste processo profissionais da saúde, da
área de humanas, da áreas de exatas e tecnológicas; todos com intuito de promover
o bem estar social e emocional das crianças hospitalizadas.
2.4 O ASPECTO LÚDICO
A História da Educação tem, ao longo do tempo, mostrado os vários
significados do jogo infantil. Vários autores contribuíram com suas observações,
conceitos e interpretações específicas para demonstrar a relação entre o lúdico e o
pedagógico e sua importância no desenvolvimento da criança.
39
O conceito de jogo foi variando de acordo com o período da história e o que
se entendia por educação e desenvolvimento infantil. Pensadores como Aristóteles,
Tomás de Aquino, Sêneca, entre outros, destacavam a importância do descanso,
do relaxamento e da brincadeira para facilitar a aprendizagem (KISHIMOTO, 1997,
p. 28).
Plutarco (1987) apud Souza (2002, p. 28), foi pedagogo e filósofo de origem
grega (46 a 125d.C.) que viveu e ensinou em Roma, cita:
Deve-se então deixar a criança retomar o fôlego entre a sucessão de
tarefas, guardando na mente que toda nossa vida se divide em repouso e
esforço. Por essa razão, foi inventada não somente a vigília, mas também o
sono; a guerra e a paz (...); a atividade laboriosa e as festas. Em suma, a
pausa é um tempero para o trabalho.
Durante muito tempo, o jogo foi visto como uma necessidade física de
recreação; uma atividade com fins em si mesma, isto é, apenas para descansar e
distrair a criança, dando-lhe intervalos entre as tarefas “sérias” (SOUZA, 2002).
Pensadores como Quintiliano, Erasmo de Rotterdam, Rousseau, Locke e
outros, foram decisivos para se chegar ao conceito moderno sobre a influência do
jogo na vida e aprendizagem da criança (SOUZA, 2002).
O século XX surge com propostas de novos paradigmas para a
aprendizagem. Os teóricos da Escola Nova defendem a fundamentação da
educação na psicologia, ou mais genericamente, no conhecimento da criança e da
nova ciência que a psicologia da criança constitui.
Essa nova abordagem da educação abre espaço para o jogo e seus aspectos
pedagógicos; surgem novos teóricos que ressaltaram a natureza infantil, estudando
suas características e necessidades.
A atividade lúdica é a base para o desenvolvimento da linguagem e do
imaginário (KISHIMOTO, 1997, p. 29), pois é por meio dela que a criança
desenvolve o seu conhecimento do mundo e é também nela que surgem os
primeiros sinais da capacidade de imaginar.
Segundo Morin (2004, p. 12)
A importância da fantasia e do imaginário no ser humano é inimaginável;
dado que as vias de entrada e de saída do sistema neurocerebral, que
colocam o organismo em conexão com o mundo exterior representam
apenas 2% do conjunto, enquanto 98% se referem ao funcionamento
interno, constituindo-se um mundo psíquico relativamente independente, em
40
que fermentam necessidades, sonhos, desejos, idéias, imagens, fantasias,
e este mundo infiltra-se em nossa visão ou concepção do mundo exterior.
A capacidade de imaginar é o que permite ao ser humano chegar ao
pensamento abstrato. Brincando, a criança cria situações fictícias, dando significado
a objetos e brinquedos, transformando-os em personagens reais de acordo com as
necessidades do jogo.
Montessori (1965) citada por Souza (2002, p. 38) afirma que
Somente a natureza, que estabeleceu suas leis e determinou certas
necessidades do ser humano em desenvolvimento, pode ditar o método de
educação marcado pelo objetivo de satisfazer às necessidades e às leis da
vida.
Uma das mais importantes contribuições da atualidade foi feita por Jean
Piaget (1978) que estabelece a relação do jogo com o símbolo, instrumento
essencial à inteligência.
2.4.1 Contribuições de Piaget
O culo XX foi marcado pela busca do conhecimento e da compreensão do
mundo e do ser humano. Várias ciências foram chamadas a contribuir para a
formação de novos conceitos e verdades que terminaram por questionar e
revolucionar velhos paradigmas vigentes.
O desenvolvimento da criança, como ela aprende, se expressa e interage
com o meio que a cerca, foi objeto de estudo de vários educadores e cientistas.
Hipóteses foram levantadas para explicar o comportamento e o pensamento infantil.
A observação científica foi utilizada para fundamentar ou derrubar pressupostos
teóricos, estabelecendo novos dados sobre o mundo da criança.
Goulart (1998, p. 17) escreve sobre Piaget e sua teoria construtivista:
A perspectiva lógica de Piaget não é senão o correspondente de sua
perspectiva biológica, isto é, o desenvolvimento é visto como um processo
de adaptação, que tem como modelo a noção biológica do organismo em
interação com o meio. Piaget explica essa interação valendo-se de
41
conceitos de assimilação, acomodação e adaptação, termos tomados da
biologia, ciência na qual iniciou sua formação. A assimilação é a
incorporação de um novo objeto ou idéia ao que já é conhecido, ou seja, ao
esquema que a criança já possui. A acomodação, por sua vez, implica na
transformação que o organismo sofre para poder lidar com o ambiente.
Assim, diante de um objeto novo ou de uma idéia, a criança modifica seus
esquemas adquiridos anteriormente, tentando adaptar-se à nova situação.
Piaget dedicou-se a observar e entender de que forma o pensamento da
criança se forma e se desenvolve como ser individual e social. O autor procura
decifrar o universo infantil e mostrar de que maneira a criança pensa, aprende e se
comunica em diferentes fases do seu desenvolvimento.
Este autor procurou reconstituir os inícios da representação a fim de procurar
compreender o seu funcionamento específico e assim, poder explicar as questões
que envolvem a intuição e as operações, bem como as relações entre o jogo e a
imitação no pensamento simbólico. Buscou ainda esclarecer os primórdios do
pensamento representativo e situar a sua evolução entre as duas fases extremas do
sensório-motor e do operatório.
Piaget (1978) mostra que a aquisição da linguagem está subordinada ao
exercício de uma função simbólica a qual está presente tanto no desenvolvimento da
imitação e do jogo quanto nos mecanismos verbais.
Os domínios em que são estudados os inícios da representação infantil o
aqueles em que os processos individuais da vida mental predominam sobre os
fatores coletivos.
Nesta obra, Piaget (1978) procura mostrar que a inteligência e a capacidade
de imitação vão evoluindo de acordo com o desenvolvimento da criança. As diversas
fases apresentadas mostram como o pensamento vai sendo construído ao mesmo
tempo em que a aprendizagem passa por uma evolução relacionada ao
desenvolvimento da criança. A linguagem inicial da criança se limita a reforçar o
poder representativo já preparado pela capacidade de imitação. O jogo simbólico é a
assimilação de qualquer objeto a qualquer outro, através de imagens imitativas.
Piaget (1978, p.18) resume a importância da sua pesquisa e sua contribuição
para a aprendizagem da criança afirmando que “é necessário acompanhar, passo a
passo, os progressos da imitação, depois os do jogo, para chegarmos, num dado
momento, aos mecanismos formativos da representação simbólica.”
42
Entre as grandes contribuições de Piaget, destaca-se, justamente, o fato de
poder acompanhar o pensamento da criança nas diferentes faixas etárias.
2.4.2 Contribuições de Vygotsky
Vygotsky e Piaget foram contemporâneos e ambos direcionaram suas
pesquisas para entender a mente e o psiquismo infantil. O contexto cultural, social e
político em que cada um nasceu e viveu influenciou os caminhos que seguiram e os
resultados a que chegaram.
Vygotsky se dedicou a explicar a formação histórica da mente propondo a
superação do modelo de compreensão do indivíduo como ser abstrato. Sua
pesquisa foi pautada na concepção de um sujeito situado histórica e culturalmente,
capaz de fazer uma leitura de mundo e situar-se diante das circunstâncias, usando
como instrumento o conhecimento do meio que o cerca.
Para Vygotsky, a aprendizagem humana é o processo pelo qual as crianças
entram na vida intelectual daqueles que as cercam. Em seus trabalhos ele inclui a
história do pensamento da criança na história da cultura e da sociedade, para
explicar as relações entre a psicologia, a antropologia e a sociologia no
desenvolvimento da consciência humana. Para ele, a constituição das funções
complexas do pensamento é veiculada pelas trocas sociais, e nessa interação o
fator de maior peso é a linguagem.
Segundo o autor, a linguagem interfere no processo de desenvolvimento da
criança desde o nascimento, levando-a a controlar o ambiente que a cerca e até seu
próprio comportamento. A aquisição de um sistema lingüístico organiza todos os
processos mentais da criança, dando forma ao pensamento. Para Vygotsky, a fala é
tão necessária para a criança quanto os olhos e as mãos, na execução de tarefas
práticas.
A relação entre a ação e a fala é fundamental nos estudos da origem do
comportamento humano; o desenvolvimento da linguagem é o paradigma para
explicar a formação de todas as demais operações mentais que envolvem o uso de
signos.
43
Em sua pesquisa, Vygotsky também aponta para os estágios do
desenvolvimento infantil e a importância de se observar e respeitar as características
de cada faixa etária.
Vygotsky (1991, p. 122) destaca a importância da linguagem simbólica
discorrendo que “o mais importante é a utilização de alguns objetos como
brinquedos e a possibilidade de executar, com eles, um gesto representativo. Essa é
a chave para toda a função simbólica dos brinquedos da criança”.
Vygotsky (1991, p.123) prossegue afirmando:
O brinquedo simbólico das crianças pode ser entendido como um sistema
muito complexo de fala através de gestos que comunicam e indicam os
significados dos objetos usados para brincar. É somente na base desses
gestos indicativos que esses objetos adquirem, gradualmente, seu
significado – assim como o desenho que, de início apoiado por gestos,
transforma-se num signo independente.
Na concepção de Vygotsky, segundo Palangana (2001, p. 128), existem dois
níveis de desenvolvimento. O primeiro, “nível de desenvolvimento real ou efetivo...
compreende as funções mentais da criança que se estabeleceram como resultado
de determinados ciclos de desenvolvimento completados”: são as informações
que a criança tem em seu poder e a capacidade de resolver problemas sem ajuda
de outras pessoas. De acordo com Palangana (2001, p. 129) o segundo é chamado
de “nível de desenvolvimento potencial, definido pelos problemas que a criança
consegue resolver com o auxílio de pessoas mais experientes.” É o que Vygotsky
chama de zona de desenvolvimento proximal, e se refere à distância entre os dois
níveis. Para ele, a aprendizagem cria a zona de desenvolvimento proximal, pois
ativa processos indispensáveis para a criança interagir com as pessoas e o meio
que a cerca, internalizar valores, significados, regras, enfim conhecer o mundo.
44
2.4.3 Considerações sobre a Ludicidade e a Aprendizagem
A psicologia clássica sustentava o princípio de que somente as tarefas que a
criança conseguia resolver sozinha podiam ser tomadas como indicativo do seu
nível de desenvolvimento mental. A imitação era vista como um processo mecânico
e o jogo como uma forma de descanso e lazer.
Piaget e Vygotsky, entre outros, contribuíram para que hoje se perceba a
dimensão das atividades lúdicas no desenvolvimento e aprendizagem da criança.
A interação da criança com o jogo vem indicar uma forma particular de
conhecer e conceber a vida. É com a brincadeira que a criança aprende a conhecer
a si própria, as pessoas que a cercam, as relações entre as pessoas e os diversos
papéis sociais.
O papel do adulto, enquanto pessoa mais experiente e que, portanto, sabe
mais, também é ressaltado. A intervenção e a intencionalidade favorecem o
desenvolvimento infantil.
A capacidade de imaginar é o que permite ao ser humano chegar ao
pensamento abstrato; brincando, a criança cria situações fictícias, dando significado
a objetos e brinquedos, transformando-os em personagens reais de acordo com as
necessidades do jogo.
2.5 PROTEÇÃO AOS ESCOLARES HOSPITALIZADOS – LEIS QUE AMPARAM.
Com a chegada do terceiro milênio, o acesso à educação e às diversas
formas de aprendizagem tornaram-se imprescindíveis para o pleno desenvolvimento
dos seres humanos. Entretanto, a fim de que o ensino alcance igualitariamente a
todos, principalmente crianças e jovens, necessária se faz a atuação do Estado por
meio do seu intrínseco poder normativo e regulamentados.
A base para o surgimento das mais variadas normas que atualmente ditam as
regras educacionais tem como pilar a Constituição da República Federativa do
Brasil. Essa Carta Magna, proclamada no ano de 1988 pela Assembléia Nacional
45
Constituinte formada para a sua elaboração, constitui-se numa das mais completas
constituições do mundo, haja vista sua imensa abrangência, incluindo nos seus
inúmeros artigos, parágrafos e incisos um taxativo rol de direitos e garantias
individuais, várias regras sobre tributos e contribuições, direitos indígenas, e
diretrizes sobre família, educação e saúde.
Assim, no seu artigo sexto, a Constituição traz como Direitos Sociais a
“educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, e a assistência aos desamparados”
(BRASIL, 2006, p. 11), ressaltando-se dessa forma a importância que tais questões
possuem no seu corpo textual.
Dirigindo-se ao Título VIII Da Ordem Social, Capítulo III Da Educação, da
Cultura e do Desporto, Seção I Da Educação, em seu artigo 205, a Constituição
Federal menciona que:
a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho (PINTO, 2006, p. 64).
Complementando esse princípio, o artigo 214 complementa:
A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual,
visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos
níveis e à integração das ações do Poder Público que conduzam à: I
erradicação do analfabetismo; II universalização do atendimento escolar;
II – melhoria da qualidade do ensino (...) (PINTO, 2006, p.65).
Nessa esteira de pensamento, no mesmo Título, Capítulo VII - Da Família, da
Criança, do Adolescente e do Idoso, o artigo 227 diz:
É dever da família da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer(...) § O Estad o promoverá programas
de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a
participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes
preceitos (...) (PINTO, 2006, p.69).
Portanto, a assistência à criança com necessidades educacionais especiais
deve ser providenciada pelo Estado, com o apoio incondicional da família e da
sociedade. Esse direito foi sacramentado pela Constituição Federal, nos artigos
46
acima mencionados. Tomando como norma orientadora principal, surgem abaixo
dela as legislações infraconstitucionais.
De acordo com Matos (2006, p.38) a Resolução 41/95, que trata dos Direitos
da Criança e do Adolescente Hospitalizados, dispõe no seu item 9 o “Direito de
Desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde,
acompanhamento do curriculum escolar durante sua permanência hospitalar”.
Percebe-se, nesta resolução, a preocupação com a humanização em ambiente
hospitalar; a resolução apóia as autoridades na organização de novas propostas
para melhor atender criança e adolescente que se encontram hospitalizados.
Na Lei n° 8069 de 13 de julho de 1990, que consolid a o Estatuto da Criança e
do Adolescente (PINTO, 2006, p. 1025), ratifica em seus artigos o que foi previsto
nas normas constitucionais. Assim, no artigo 4° des creve:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder
Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
Ainda, com relação à educação especial, ressalta o Estatuto da Criança e do
Adolescente (PINTO, 2006, p. 1028), no item I do artigo 53, que é assegurada à
criança e ao adolescente “igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola”, visando com isso o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
A Lei 9394 (BRASIL, 2007, p. única)
9
de 1996 institui as diretrizes e bases da
educação nacional através de uma rie de princípios e direitos, fixando a
organização da educação nacional, a incumbência de cada ente federado e
municípios. Além disso, discrimina os níveis e modalidades de Educação e Ensino,
passando pela educação infantil até a educação superior. Nesse ínterim, aparece
em seu artigo 58 a definição de Educação especial, onde diz que “a modalidade de
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais” (BRASIL, 2007, p. única).
A formação dos profissionais da educação é discriminada por retrocitada lei
seja por meio de cursos de atualização, seja por meio do fornecimento de condições
adequadas de trabalho.
9
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.html, Acesso em 12/04/2007.
47
O Conselho Nacional de Educação, por intermédio da Resolução CNE/CEB
2 de 11 de fevereiro de 2001, fixou as diretrize s nacionais para a educação
especial na educação básica, onde, no seu artigo 2° diz que
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às
escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades
educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma
educação de qualidade para todos (BRASIL, 2007).
10
no seu artigo especifica acerca do significad o de educação especial, no
sentido de ser
um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que
assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados
institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns
casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a
educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos
educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em
todas as etapas e modalidades da educação básica (BRASIL, 2007).
11
É complementado no Parágrafo único determinando que
os sistemas de ensino devem constituir e fazer funcionar um setor
responsável pela educação especial, dotado de recursos humanos,
materiais e financeiros que viabilizem e dêem sustentação ao processo de
construção da educação inclusiva.
12
Desta feita, a sustentabilidade do processo inclusivo dar-se-á “mediante
aprendizagem cooperativa em sala de aula, trabalho de equipe na escola e
constituição de redes de apoio, com a participação da família no processo educativo,
bem como de outros agentes e recursos da comunidade”, como bem discrimina o
artigo 8°, inciso VII, de referida Resolução (BRASI L, 2007).
Buscando a qualificação dos profissionais que cuidam da educação, foi criada
Resolução CNE/CP 1 de 18 de fevereiro de 2002 (B RASIL, 2007)
13
, pelo
Conselho Nacional de Educação, a qual institui Diretrizes Curriculares Nacionais
para a formação de professores da educação básica, em nível superior, curso de
10
Disponível em: http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/educacaohospitalar/pdf/07_Resolucao_
02_2001_CNE.pdf Acesso em 12/04/2007.
11
Disponível em: http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/educacaohospitalar/pdf/
07_Resolucao_02_2001_CNE.pdf Acesso em 12/04/2007.
12
Disponível em: http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/educacaohospitalar/pdf/
07_Resolucao_02_2001_CNE.pdf Acesso em 12/04/2007.
13
Disponível em: http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/educacaohospitalar/pdf/
09_Resolucao_CNE_CP_01_2002.pdf. Acesso em 12/04/2007.
48
licenciatura e de graduação plena, constituindo-se em um conjunto de princípios,
fundamentos e procedimentos a serem observados na organização institucional e
curricular de cada estabelecimento de ensino, aplicando-se a todas as etapas e
modalidades da educação básica.
Em 03 de julho de 2001 foi aprovado o Parecer CNE/CEB 17/2001 (BRASIL,
2001)
14
, através do qual o Ministério da Educação, por intermédio do Conselho
Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica, fixa as Diretrizes
Nacionais para a Educação especial na Educação Básica, dividindo-as em dois
temas básicos: a organização dos sistemas de ensino para o atendimento do aluno
que apresenta necessidades educacionais especiais e a formação de professores.
Para a elaboração do mencionado parecer foram utilizadas, além de farta
bibliografia, as seguintes legislações: Constituição Federal, Lei 10172/01, Lei
853/89, Lei 8069/90 (comentada anteriormente), Lei 9394/96 (já mencionada),
Decreto 3298/99, Portaria MEC 1679/99, Lei 10098/00 e a Declaração Mundial de
Educação para todos e Declaração de Salamanca.
Desta forma a educação especial adquire seus contornos legítimos, o que
passou a fazer parte do processo de amadurecimento da sociedade brasileira.
No estado do Paraná, de forma regionalizada, foi aprovada pelo Conselho
Estadual de Educação a Deliberação 02/03 em 02 d e junho de 2003, que fixa as
Normas para a Educação Especial, modalidade da Educação Básica para alunos
com necessidades educacionais especiais, no Sistema de Ensino.
Segundo a Deliberação, em seu artigo 3°, afirma que o
atendimento educacional especializado será feito em classes e escolas
especiais ou por serviços especializados, sempre que, em função das
condições específicas dos alunos, não for possível sua educação no ensino
regular.
15
O objetivo primordial da aplicação do ensino especial, conforme a
mencionada Deliberação, consiste na remoção das barreiras para a aprendizagem.
Para tanto as escolas devem garantir na sua proposta pedagógica a flexibilização
curricular e o atendimento pedagógico especializado, objetivando atender às
necessidades educacionais especiais de seus alunos.
14
http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/educacaohospitalar/pdf/08_Parecer%20_17_2001_CNE.pdf
15
http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/educacaohospitalar/pdf/11_Deliberacao_CEE_02_03.pdf
49
Toda a legislação recai em um processo inclusivo, que propõe a continuidade
da educação a todos aqueles que possuem dificuldades de qualquer ordem, sejam
comportamentais, físicas, de aprendizagem, e de educandos impossibilitados de
presenciar as aulas normais em conseqüência de problemas de saúde, os quais
ocasionam internamento em hospitais ou unidades médicas.
As leis o as criações dos homens para instrumentar e realizar as
necessidades comuns dos integrantes do Estado. Em conseqüência, o Estado,
criação do indivíduo, há de se relacionar com cada um visando o máximo respeito às
garantias de seus direitos. Esses direitos e garantias individuais são bem definidos
no estatuto maior, o qual exprime os poderes e deveres do Estado, além da
obrigatória proteção social ao ser humano.
Porém, faz-se necessária a criação de leis específicas, pois as leis genéricas
nunca tratam a matéria sobre a qual impõe regulamentos de forma objetiva. Na
realidade, apontam somente linhas gerais de entendimento, sem entrar no mérito
das questões.
Assuntos importantes para a sociedade de um modo geral precisam ser
discriminados e individualizados legalmente. O Estado deve estabelecer leis
nacionais específicas que atendam o menor hospitalizado, permitindo a este
indivíduo a continuidade de suas atividades. Quanto mais abrangente e clara for a
lei, mais garantias e direitos vão possuir aqueles para os quais foi direcionada.
Os preceitos e normas básicas procedimentais que tornam possível a
sedimentação da educação especial existem, basta vontade política e social para
colocá-las em prática.
50
2.6 SERVIÇO DE ATENDIMENTO À REDE DE ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR -
SAREH
O estado do Paraná, por meio da sua Secretaria de Estado da Educação,
entende que o atendimento pedagógico / educacional / hospitalar é um direito de
todos os educandos, provisoriamente hospitalizados ou sob formas de atendimento
que impeçam a sua presença na escola.
Nesse sentido, vem desenvolvendo projetos pedagógicos em parceria com
hospitais conveniados, pretendendo alcançar objetivos claramente delineados a
partir da realidade da criança e jovem hospitalizados.
O Programa Hospitalar tem como objetivo principal garantir aos alunos
pacientes um conjunto de ações que lhes possibilite a continuidade das suas
atividades escolares e reintegrar à escola aqueles alunos que estão fora do contexto
de ensino.
O documento complementa:
incentivar o crescimento e desenvolvimento intelectivos e sócio-interativos;
fortalecer o vínculo entre o aluno paciente e o seu processo de
aprendizagem; sanar dificuldades de aprendizagem, oportunizando a
aquisição de novos conhecimentos intelectivos, amenizando a trajetória
acadêmica do aluno paciente durante o seu período de internação
hospitalar (PARANÁ, 2006).
Por meio de parcerias com hospitais conveniados serão desenvolvidas ações
educativas percorrendo as diversas áreas do conhecimento e relacionando-as aos
conteúdos programáticos, de acordo com a faixa etária e grau de escolaridade de
cada aluno.
A proposta de atendimento educacional hospitalar está calcada na filosofia
que norteia a educação no estado e também no direito de cada um ter
oportunidades iguais; nesse sentido, apesar de ser um atendimento diferenciado,
com espaço e tempo provisórios, procura-se garantir ao aluno a aquisição de novos
saberes escolares, com vistas ao exercício consciente da cidadania e minimizando a
defasagem educacional, apesar da sua condição de internamento.
Com um caráter inovador e excepcional, o Sareh aponta caminhos para uma
nova abordagem pedagógica, ressaltando a necessidade de aprofundar
51
conhecimentos teóricos e propor novas metodologias que venham ao encontro às
necessidades das crianças e jovens hospitalizados.
O Programa de Atendimento Hospitalar e Domiciliar - Paraná (2006, p. 1)
complementa:
uma política voltada para as necessidades pedagógico-educacionais e os
direitos à educação e à saúde desta clientela que se encontra em particular
etapa de vida, tanto em relação ao crescimento e desenvolvimento, quanto
em relação à construção de estratégias sócio-interativas para o viver
individual e em coletividade.
A educação hospitalar, apesar de ser um direito nacional, nem sempre
acontece, um número pequeno de hospitais com classes hospitalares. Esta é
uma questão que deve ser considerada com seriedade e preocupação, pois
compromete o desenvolvimento de crianças e jovens assim como sua formação
para uma vida futura. Destaca-se, aqui, a importância do professor enquanto
mediador e co-responsável pela aquisição do conhecimento e cuja presença é
indispensável e insubstituível nas classes hospitalares.
O Programa de Atendimento Hospitalar e Domiciliar – Wiles (1987) citado por
Paraná (2006, p. 2) destaca: “a função do professor de classe hospitalar não é
apenas a de manter as crianças ocupadas”; ou seja, o professor ocupa um lugar
fundamental na vida dessas crianças, sendo um elo entre o conhecimento e o
educando e entre este e o mundo exterior; mais do que ensinar ele traz para dentro
do hospital a continuidade da vida, a esperança e a possibilidade do retorno a uma
vida normal.
O Programa de Atendimento Hospitalar e Domiciliar - Ceccim (1997), citado
por Paraná (2006, p. 2) e colaboradores acrescentam que: “a tarefa de afirmar a vida
e sua melhor qualidade, junto com essas crianças, ajudando-as a reagir, interagindo
para que o mundo de fora continue dentro do hospital e as acolha com um projeto de
saúde”.
A metodologia, ressaltada no Programa de Atendimento Hospitalar, enfatiza a
intencionalidade das ações pedagógicas desenvolvidas a partir de pressupostos
teóricos e objetivos a serem alcançados. As atividades estarão voltadas para as
construções cognitivas e o desenvolvimento psíquico. As classes hospitalares terão
ênfase em programas sócio-interativos voltados para a educação e desenvolvimento
da criança e do adolescente hospitalizado.
52
A implantação de classes hospitalares foi possível graças a convênios
realizados entre as Secretarias de Educação e de Saúde. Transpor barreiras, unir
esforços para garantir a continuidade e a qualidade dos serviços pedagógicos, são
alguns dos desafios encontrados por todos aqueles que estão envolvidos neste
processo. A busca de soluções para essas e outras dificuldades passa
necessariamente pela conscientização e vontade política.
O documento do Programa de Atendimento Hospitalar e Domiciliar - Para
(2006, p. 3) conclui:
o atendimento de classe hospitalar precisa ser estudado e discutido mais
profundamente, dentro e fora de seu grupo profissional imediato, para que o
papel e propostas do professor, diante de educandos com diversas idades e
necessidades, sejam mais efetivamente implementados.
O documento ressalta, ainda, que as classes hospitalares deverão ser
atendidas por professores habilitados e vinculados ao sistema de educação, como
uma forma de se garantir uma práxis e uma técnica pedagógica voltadas para a
construção de um novo processo ensino-aprendizagem num contexto hospitalar.
A efetivação de uma política blica desse porte pressupõe um estudo
minucioso sobre o contexto, o diagnóstico da realidade e o estabelecimento de
objetivos e metas.
Implantar o atendimento educacional à população hospitalizada, criar
estratégias e buscar recursos humanos específicos são alguns dos objetivos da
SEED. Para alcançá-los, foram organizados procedimentos administrativos e
pedagógicos envolvendo seleção e capacitação de professores e pedagogos.
Objetivando alcançar êxito, a secretaria criou uma comissão para discutir e
propor ações no sentido de implantar um Programa de Atendimento Educacional
Hospitalar e Domiciliar.
Em julho de 2006 foi criada a portaria da Secretaria de Estado da Educação
(SEED) e realizado um diagnóstico nacional; solicitou-se informações sobre a
política de atendimento educacional hospitalar e domiciliar a 27 Secretarias
Estaduais de Educação; destas 13 secretarias responderam a solicitação (Paraná,
2006, p.2).
Em agosto foi criado o Grupo Estadual e em setembro de 2006 a distribuição
das tarefas entre as secretarias e as subcomissões de trabalho. Em novembro
53
colocou-se no ar a página no portal e em dezembro ocorreu a apresentação do
programa aos NREs. Em fevereiro de 2006 finalizou-se os trabalhos das
subcomissões; no mês de março foi encaminhado processo para convênio com a
Secretaria de Estado da Saúde (SESA) em parceria com nove hospitais. Atualmente
os parceiros para este projeto são Hospital de Clínicas da Universidade Federal do
Paraná, Hospital Pequeno Príncipe, Hospital do Trabalhador, Associação
Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia, Hospital Erasto Gaertner, Hospital
Universitário Evangélico de Curitiba, Hospital Universitário Regional do Norte do
Paraná (Londrina), Hospital Universitário de Maringá (Paraná, 2006).
Em dezembro de 2006 realizou-se a abertura do edital para inscrição dos
professores e pedagogos. No intuito de melhor atender a demanda optou-se por
contratar um pedagogo com carga horária de 40 horas semanais nos períodos
vespertino e matutino, sendo função deste profissional organizar o trabalho
pedagógico da instituição. Contratou-se ainda um professor para a área de Línguas,
Códigos e suas tecnologias, com carga horária de 20 horas, ficando responsável
pelas disciplinas de Língua Portuguesa, Artes, Língua Estrangeira e Educação
Física. Um professor para área de Ciências da Natureza, Matemática e suas
Tecnologias que é responsável pelas disciplinas de Matemática, Ciências, Física,
Química e Biologia, e por fim um professor para a área de Ciências Humanas e suas
Tecnologias, objetivando atender as disciplinas de História, Geografia, Sociologia,
Filosofia e Ensino Religioso. Todos os professores possuem carga horária de 20
horas. Estes profissionais permanecerão lotados nos estabelecimentos de ensino de
origem, mantendo seu suprimento em demanda específica e sua condição de
docente (PARANÁ, 2006, p.8).
Em janeiro de 2007 ocorreu a seleção dos professores e pedagogos e em
fevereiro iniciou a capacitação para coordenadores dos NRE; foi organizado um
Encontro Paranaense de Atendimento Educacional em Ambientes Hospitalares no
de mês de dezembro de 2007. Segundo o documento Paraná (2006),
espera-se com este projeto e com as parcerias consolidadas incentivar o
crescimento e desenvolvimento intelectivos e sócio-interativos; fortalecendo
o vínculo entre o escolar hospitalizado e o seu processo de aprendizagem;
sanando dificuldades de aprendizagem, oportunizando a aquisição de novos
conhecimentos intelectivos, amenizando a trajetória acadêmica do escolar
hospitalizado durante o seu período de internamento hospitalar e re-
estabelecimento pós-hospitalar.
54
Cabe destacar que este projeto é precursor no estado do Paraná e visou, por
meio de concurso, atender escolares hospitalizados de 1ª a 8ª série e Ensino Médio.
Todo esse projeto de implantação está descrito e registrado em cronograma próprio
e vem sendo acompanhado pela equipe da SEED.
Este é o primeiro projeto do estado do Paraná e tem como missão, além de
promover o bem estar do hospitalizado integralmente, abrir novos caminhos para
projetos vindouros; com o intuito elementar de promover o bem estar integral do
escolar hospitalizado.
Desta forma este projeto abre espaços para a concepção de novas idéias e
novas ferramentas que poderão servir de apoio a estes escolares.
55
3. ENTENDENDO SOBRE REDES – A INTERNET
3.1 ORIGENS DA INTERNET
As últimas décadas foram marcadas pela invasão da tecnologia digital em
todos os setores da sociedade. A evolução contínua na microeletrônica e na
tecnologia da comunicação, as quais vêm abrindo novas fronteiras. Estas recentes
tecnologias possibilitam a integração de textos, gráficos, e linguagens audiovisuais e
pictóricas, que podem ser transportadas a altas velocidades e a grandes distâncias.
A evolução tecnológica trouxe consigo uma conseqüente diminuição nos
custos dos computadores, tornando mais atraente a distribuição do poder
computacional; este aumento ocasionou a necessidade de interconexão entre essas
máquinas para a troca de informações entre usuários.
A tecnologia usada para conectar estes computadores é a Rede Internet. Esta
rede encontra-se em ascensão e segundo Santaella (2001, p.78) é “a rede mundial
das redes interconectadas” que “explode de maneira espontânea, caótica,
superabundante” (SANTAELLA, 2001, p.78), hoje, responsável pela comunicação e
pela troca de informações de milhões de pessoas.
A Internet tem sua origem na ARPA (Advanced Research and Projects
Agency). De acordo com Castells (2003, p.13) a ARPA foi formada em 1958 pelo
Departamento de Defesa dos Estados Unidos com a missão de mobilizar recursos
de pesquisa e com o objetivo de alcançar superioridade tecnológica militar em
relação à União Soviética.
Segundo Harasim (2005, p. 22) a rede mundial de computadores, conhecida
simplesmente como Internet, surgiu na Guerra Fria em meados de 1969. Nesse ano
a ARPA se conveniou com algumas universidades com o objetivo de interligar os
computadores de seus centros de pesquisa. Castells (1999, p. 83) afirma que a
Arpanet foi um programa que surgiu em um dos departamentos da ARPA e consistia
na interconexão de quatro universidades: Universidade da Califórnia em Los
Angeles, Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, Universidade Utah e
Stanford Research Institute.
56
Antes da Arpanet existia outra rede que ligava departamentos de pesquisa
e bases militares, mas os Estados Unidos estavam em plena Guerra Fria e toda a
comunicação dessa rede passava por um computador central que se encontrava no
Pentágono. Se a URSS resolvesse cortar a comunicação da defesa americana,
bastava eliminar o Pentágono. Com esta ação a comunicação americana entraria
em colapso deixando o país vulnerável a mais ataques (CASTELLS, 1999, p.82).
Para a segurança dos dados organizou-se uma rede onde não havia
computador central; caso um dos servidores fosse atingido, haveria um outro
servidor com os mesmos dados. Essa rede era considerada à prova de bombardeio.
Durante a década de 70 e 80 inúmeras universidades americanas motivaram-
se a conectar-se à Arpanet. Mais tarde universidades de outros países conectaram-
se às redes existentes, aumentando assim o número de computadores
interconectados. Criou-se assim uma nova utilidade para a rede de computadores.
Foi exatamente nesta época que surge o nome Internet, passando a ser vista como
um eficiente veículo de comunicação mundial. Pesquisadores e acadêmicos
começaram a utilizá-la intensamente.
Em 1992 houve um incremento significativo na Internet devido à criação do
primeiro browser para a utilização de hipertextos. De acordo com Castells (2003,
p.18) o Mosaic – “programa com uma avançada capacidade gráfica que tornou
possível captar e distribuir imagens e textos pela Internet” possibilitou a criação da
primeira sociedade virtual reconhecida oficialmente; nesta época o número estimado
de computadores na rede já passava de um milhão.
Castells (2003, p.19) afirma que em meados de 1990 a Internet estava
privatizada e permitia a interconexão de todas as redes de computadores em
qualquer lugar do mundo; a www podia então funcionar com vários browsers que se
encontravam à disposição do público. Castells (2003, p.19) acrescenta:
Embora a Internet tivesse começado na mente dos cientistas da
computação no início da década de 1960, uma rede de comunicações por
computador tivesse sido formada em 1969, e comunidades dispersas de
computação reunido cientistas e hackers tivessem brotado desde o final da
década de 1970, para a maioria das pessoas, para os empresários e para a
sociedade em geral, foi em 1995 que ela nasceu.
Atualmente a Internet é a mídia que mais cresce no mundo. Tajra (2001, p.44)
estima que mais de 70 milhões de pessoas em todo o planeta se beneficiam dos
57
serviços por ela oferecidos. Marcondes (2005, p. 25) afirma que cerca de 40
milhões de usuários em 137 países espalhados pelo mundo. Estima-se que, dentro
de poucos anos, a maioria da população do planeta tenha acesso à Internet. Com
este fato consumado a Internet irá se tornar o principal veículo de comunicação do
mundo.
3.2 INTERNET NO BRASIL
A Internet começou no Brasil em meados de 1988. As instituições pioneiras
foram: Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP), Laboratório
Nacional de Computação Científica (LNCC) e Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ).
Em 1989 foi inaugurada a RNP (Rede Nacional de Pesquisa). A RNP consiste
numa operação acadêmica subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Até
hoje a RNP centraliza as instituições e centros de pesquisas, universidades,
laboratório, entre outros. É responsabilidade da RNP gerenciar a infra-estrutura
básica de interconexão e informação nacional.
No ano de 1995 os Ministérios das Telecomunicações e da Ciência e
Tecnologia possibilitaram a abertura da Internet para a exploração comercial no
Brasil.
Não é possível estimar com precisão o número de usuários da Internet no
Brasil, segundo pesquisa do IBGE do ano de 2003 a cada 100 (cem) habitantes do
Brasil, 8 (oito) possuíam computador com acesso à Internet (IBGE, 2007).
16
16
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2003
/tabbrasil.shtm. Acesso em 14/06/2007.
58
3.3 ENTENDENDO SOBRE A INTERNET: AMBIENTE VIRTUAL QUE PROMOVE A
APRENDIZAGEM
Um ambiente virtual é uma simulação por computador que proporciona
informação a um ou vários de nossos sentidos (visão, tato, audição) com o propósito
de que o usuário sinta-se imerso em um mundo de reações e ações. Discorrer
sobre Ambientes Virtuais remete a Levy (1997, p.15) que afirma: "a palavra virtual
vem do latim medieval virtualis, derivado, por sua vez, de virtus, que significa força,
potencial. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto, à
concretização efetiva ou formal", ou seja, é algo que não existe na forma física. Um
Ambiente Virtual é tridimensional, dinâmico e muda de acordo com os movimentos
selecionados pelo sujeito que o usa; pode-se explorar e experimentar de acordo com
as situações geradas; as combinações e interações do mundo virtual leva, a quem o
utiliza, para ilimitados ambientes proporcionando inúmeras possibilidades de
pesquisa e de aprendizagem.
É por meio do ambiente virtual que se pode obter várias informações e
interagir com outras pessoas. O virtual é mediado ou potencializado pela tecnologia;
é o produto da externalização de construções mentais em espaços de interação
cibernéticos.
Magdalena & Costa (2003, p.62) afirmam que “a Internet abre a possibilidade
de publicar, de usar a via escrita para comunicar idéias, expor pontos de vista para
eventuais leitores que estão além dos muros escolares”.
Este ambiente virtual, mais conhecido como Internet, é uma revolução sem
precedentes no mundo da informática e das comunicações. Este ambiente
oportuniza a difusão de todos os inventos de comunicação: telégrafo, telefone, rádio
e televisão.
É um mecanismo de propagação da informação: um meio de colaboração e
interação entre indivíduos que podem estar em qualquer local do planeta.
O crescimento da Internet deve-se a alguns fatores:
A pouca intervenção regulatória devido ao caráter descentralizado e
hierárquico da Internet os governos têm intervido muito pouco. Castells (1999, p.83)
complementa afirmando que as diversas instituições assumiram responsabilidades
informais e técnicas da Internet.
59
Disponibilidade de meios de comunicação de alto desempenho as
comunicações estão cada vez mais velozes e os custos diminuem no decorrer no
tempo.
Baixo custo de computadores e software o computador se torna cada vez
mais acessível à população. Os hardware e os software estão cada vez mais
sofisticados e popularizados.
Ampliação de aplicativos: são criados sistemas aplicativos para a Internet
diariamente e disponibilizados aos usuários que, com pouco ou nenhum
conhecimento computacional, acessam aos recursos com facilidade.
Castells (2003, p.7) afirma que a Internet é o tecido de nossas vidas; é hoje o
que a eletricidade foi na Era Industrial; passou a ser a base tecnológica para a forma
organizacional da Era da Informação.
A rede Internet é um meio de comunicação que permite, pela primeira vez, a
comunicação de muitos computadores; que interagem freneticamente entre si,
organizando e aprimorando informações num momento escolhido e em escala
global. Harasim (2005, p.43) corrobora afirmando que a Internet:
consiste em computadores interligados por linhas de alta velocidade que
transportam sinais à velocidade da luz. A informação transmitida de uma
máquina a outra é dividida em “pacotes”; cada pacote tem um endereço de
origem e um endereço de destino, além de conteúdos. A mesma linha de
transmissão pode ser compartilhada por pacotes de informações de
centenas de milhares de usuários; e os computadores que funcionam como
de rede classificam os pacotes e distribuem-nos para as máquinas de
destino corretas.
A rede Internet interliga centenas de redes menores espalhadas pelo planeta;
essa vasta interligação de computadores constitui um conjunto extremamente rico
de recursos para profissionais de diferentes áreas.
Tajra (2001, p.144) contribui afirmando que a Internet rompe fronteiras dos
países e abre um grande leque de oportunidades jamais imaginadas. A qualquer
momento é possível comunicar-se com pessoas de diferentes países, passear por
museus, fazer compras, ler jornais, copiar e comprar programas, músicas e filmes;
tudo diante de uma tela de computador.
Com os computadores, conseguimos ir aonde parecia impossível, manipular o
que é intangível, ver o que é impossível enxergar.
60
Não dúvida acerca da utilidade e importância da Internet para o processo
de ensino-aprendizagem, porém, é importante salientar que o contato com o
concreto continua sendo fundamental.
Porém, não é difícil imaginar a potencialidade educacional que a rede Internet
proporciona. Esse espaço vem sendo construído especialmente nos últimos anos,
enriquecido a cada dia com informações constantemente produzidas e remodeladas,
garantindo o acervo cultural da humanidade para todos. Pode-se afirmar que se trata
do maior projeto de comunicação da humanidade, uma enciclopédia que vem sendo
construída, uma herança para as futuras gerações.
3.4 CONEXÕES PARA INTERNET
A sociedade encontra-se sob uma nova revolução: A revolução digital. O que
antes era escrito em pedras, madeiras, papiro, papel, hoje é transformado em
códigos binários, ou seja, bit. Negroponte (2003, p.175) afirma que a "superestrada
da informação é mais do que um atalho para o acervo de bibliotecas; esta
superestrada está criando um tecido social inteiramente novo e global".
A tecnologia binária vem provocando uma revolução planetária, capaz de
alcançar em curto espaço de tempo a captura de informações eqüidistantes.
Para navegar na Internet é necessário que seja escolhida uma conexão
apropriada para a utilização desta.
Existem várias formas de acessar a Internet. São elas:
Conexão por meio de modem este tipo de tecnologia usa um modem para
estabelecer conexão com a Internet. Para este tipo de conexão basta um
computador, um modem, uma linha telefônica e um provedor de acesso.
Conexões de alta velocidade neste caso o tráfego da informação pode se
dar pela própria linha telefônica, por cabos de TVs privadas ou por satélites. Estas
conexões podem ser:
Conexão Isdn (Integrated Services Digital Network) utiliza linhas digitais de
alta velocidade e de alta qualidade de telecomunicação, ao contrário de uma
61
conexão modem. Esta conexão possibilita uma expressiva capacidade de receber e
enviar dados.
Conexão xDSL (Digital Subscriber Line) usa transmissões de alta velocidade
por meio de linhas telefônicas. vários tipos diferentes de DSL: ADSL, o IDSL e o
SDSL.
Conexão Ethernet - usa o mesmo cabo coaxial que o cabo usado em
televisores para transmitir dados.
Conexão Wireless se refere a comunicação sem cabos ou fios e usa a mesma
tecnologia do celular como meio de propagação para estabelecer a comunicação
entre computadores.
As conexões de alta velocidade estão em constante crescimento; graças a
velocidade proporcionada por estas linhas de conexão as aplicações da Internet têm
crescido vertiginosamente.
3.5 SERVIÇOS DO AMBIENTE VIRTUAL FERRAMENTAS QUE PROMOVEM A
COMUNICAÇÃO
Segundo Castells (1999, p. 86) “muitas aplicações da Internet tiveram origem
em invenções inesperadas de seus usuários pioneiros, e levaram a costumes e a
uma trajetória tecnológica que se tornariam características essenciais da Internet”.
Ainda segundo este autor, o argumento usado para justificar a conexão era a
“possibilidade da partilha de tempo por meio das conexões remotas”.
Após décadas de esforço global, a rede Internet tornou-se capaz de
acomodar as informações do mundo real para o virtual; proporcionando um canal
mundial de comunicação que "fustiga toda a forma de censura" (NEGROPONTE,
2003, p.152).
Neste ambiente virtual insere-se diversas ferramentas, on-line, que ampliam o
campo de possibilidades de ensino e de aprendizagem. Silva (2001, p.11)
acrescenta que estes espaços ”permitem a participação, a intervenção, a
bidirecionalidade e a multiplicidade de conexões. Elas ampliam sensorialidade e
rompem com a linearidade e com a separação emissão/recepção”, oferecendo mais
uma opção de comunicação entre os diversos atores integrados à rede.
62
3.5.1 Correio Eletrônico – E-mail
O sistema de comunicação via e-mail é a forma mais antiga e popular de
comunicação pela Internet. Ele assemelha-se ao correio convencional, porém, é
muito mais rápido e barato que o correio. Tajra(2001, p.151) relata que o serviço
mais utilizado na Internet(...). O emissor envia a correspondência, no mesmo
momento o receptor poderá recebê-la independentemente do dia, hora e lugar".
Com o e-mail é possível enviar mensagens a um ou vários destinos, utilizar
listas de discussão, anexar às mensagens arquivos de som, imagens, pequenos
filmes, entre outros.
3.5.2 Endereço Eletrônico
É o nome dado ao código que representa sua caixa postal; sendo também
reconhecido como e-mail (Tajra, 2001, p.153). É composto por três partes básicas: o
nome que é escolhido pelo usuário, o nome do provedor e o sufixo do endereço, que
determina o tipo de instituição que lhe deu acesso à Internet.
3.5.3 File Transfer Protocol - FTP
File Transfer Protocol, mais conhecido como FTP é o Protocolo de
Transferência de Arquivos. Tajra (2001, p.147) acrescenta que por meio do FTP é
possível enviar, receber arquivos de tamanhos variados bem como copiar
programas disponibilizados na Internet.
63
3.5.4 World Wide Web - WWW
A web como é chamada pode ser definida como “uma grande teia que
interliga várias mídias – texto, imagens, animações, som e vídeo – simultaneamente,
formando um imenso hipertexto”(TARJA, 2005, p.145).
É a área mais promissora da Internet e certamente a região de maior
crescimento. Isso se deve a sua facilidade de uso.
A web representa uma forma de divulgar informações por meio de um sistema
multimídia de comunicação, isto é, pode interagir com o usuário por meio de
imagens, som, texto e animações; promovendo um ambiente intuitivo e agradável às
pessoas que a utilizam.
Segundo Soares (1995, p.416) a web “foi desenvolvida para permitir o acesso
a informações organizadas na forma de um hipertexto” e podem conter imagens,
som, animações e pequenos programas; além disso, as páginas recheadas de
hipertextos podem ser ligadas umas com as outras, formando o que se chama de
conjunto de hipertextos.
Uma página pode levar a outra gina que também esteja disponível na
rede, com a possibilidade de criar uma malha de informação em torno do planeta.
Assim, é possível que uma página de um trabalho de faculdade faça
referência direta a texto, animações e a outras páginas que serviram de base para o
estudo. Este enlace de informações é que deu origem ao nome World Wide Web:
“Teia de Alcance Mundial”.
3.6 INTERNET 2
A Internet 2 foi uma iniciativa de universidades e instituições americanas;
teve início em 1996 e em 1997 passou a ser parte de um projeto americano
denominado Next Generation Internet (NGI).
64
Inicialmente, o objetivo da Internet 2 é a pesquisa, voltada para o
desenvolvimento de tecnologias e aplicações avançadas de redes Internet para as
comunidades acadêmicas e de pesquisa.
O Brasil, por meio do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e da Rede
Nacional de Pesquisas (RNP), acertou sua participação no projeto durante a
visita do presidente Bill Clinton em 1997, lançando imediatamente um edital
para a criação de Redes Metropolitanas de Alta Velocidade (Remavs) em
diversas regiões do país. (RNP, 2001)
17
A iniciativa envolve mais de 200 universidades norte-americanas, além de
agências do governo e indústria e tem por missão desenvolver novas aplicações
como telemedicina controle e operação de equipamentos médicos à distância,
monitoração e diagnóstico de pacientes remotamente; bibliotecas digitais
possibilidade de reproduzir áudio, vídeo e imagens de alta qualidade em tempo real;
laboratórios virtuais desenvolvimento de trabalho colaborativo com alta
interatividade com recursos multimídia e realidade virtual, entre outras que não são
viáveis com a tecnologia Internet atual.
As tecnologias da Internet 2.0 começam a se incorporar em centros
acadêmicos e empresas devido a suas ferramentas que proporcionam uma maior
interatividade e colaboração de conhecimentos.
Terzian (2007, p.30) relata que os portais colaborativos
serão o primeiro passo rumo à gestão do conhecimento e das inovações,
transformando a web 2.0 no que o mercado tem chamado de arquitetura de
participação. Uma montanha de informações, idéias e conhecimentos
armazenados vai poder ser facilmente guardada, encontrada e
compartilhada.
A Internet 2.0 surgiu para facilitar a vida dos usuários da rede, permitindo uma
forte colaboração e relacionamento entre aqueles com objetivos em comum, que
alcançam, por meio do computador, uma maior interação para troca de informações.
Fortes et al.(2006, p. 44) afirma que “a web está virando uma plataforma: tudo roda
no browser”.
Uma nova geração de serviços e aplicativos está mudando radicalmente a
forma como as pessoas encaram a Internet, trabalham, estudam e se divertem. A
base da Internet 2.0 está no conteúdo produzido pelos próprios usuários e na
17
Fonte: http://www.rnp.br/noticias/imprensa/2001/not-imp-010810.html. Acesso em 30/04/2007.
65
integração cada vez mais forte de diferentes sites e serviços que vão se mesclando
como se fossem um só.
3.7 AMBIENTES VIRTUAIS A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO.
As tecnologias da informação e da comunicação estão gerando grandes
mudanças a nível educativo. A Internet encerra uma grande porção do
conhecimento humano que além de comportar informações científicas e culturais, é
um excelente ambiente para aprender, conversar e pesquisar.
A Internet abre portas onde se inventa e explora novos espaços de
aprendizagem. Estes novos ambientes possibilitam a criação de comunidades
virtuais e proporcionam um ambiente híbrido entre o que lhe rodeia e o intercâmbio
de experiências de comunidades ao redor do mundo.
A Internet propicia a disseminação da informação, colocando-a ao alcance de
todos. O professor deixou de ser o único detentor do conhecimento e precisa
adaptar-se a esta nova era tecnológica redefinindo práticas pedagógicas. Deve
inserir esta ferramenta em sua prática pedagógica e, consequentemente,
potencializar suas ações em sala de aula, afinal, no século XXI é impossível se
pensar em um ensino baseado unicamente na aula expositiva. Claxron (1990),
citado por González (2005, p. 2), afirma:
a maior parte dos conhecimentos escolares não nos ensinam a sobreviver
no mundo da informação e da tecnologia informacional. Em conseqüência, a
escola e as instituições educacionais em geral, só irão sobreviver se fizerem
um esforço para estar atualizada e dar ao aluno a formação necessária no
processo de adaptação à sociedade e a capacidade de transformá-la.
A educação deve utilizar-se de tecnologia e de metodologias que favoreçam a
interação entre os alunos, a interação social e a capacidade de comunicar-se, de
colaborar; a mudança de atitudes, o desenvolvimento do pensamento e,
consequentemente, o encontro do prazer de aprender.
Nesta nova forma de vislumbrar a educação surge a Internet 2.0,
caracterizada como uma grande rede que potencializa as aulas e agiliza a
66
comunicação; para tal, utiliza-se de ferramentas colaborativas que potencializam e
facilitam o trabalho de professor e pesquisadores na realidade da sala de aula.
A Internet, também denominada como ambiente virtual, “é um espaço
fecundo de significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem,
potencializando a construção de conhecimento” (SANTOS, 2005 p. 91).
Neste cenário virtual, professores e alunos interagem e passam a contar com
mais um aparato que aumenta o poder de comunicação, remodelando e
potencializando as velhas práticas pedagógicas, possibilitando a criação de novas
experiências.
Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) são “instrumentos de
colaboração e cooperação entre alunos e professores imbuídos de uma criação
interativa” (MAGDALENA & COSTA, 2003, p. 63).
Neste espaço comunidades interagem, colaboram, socializam e constroem
conhecimento.
3.8 AVA - MUITO ALÉM DA SALA DE AULA
Um ambiente virtual de aprendizagem pode ser um espaço virtual onde haja
interação social em torno de uma informação específica, um local onde exista a
intenção de aprender e compartilhar idéias.
Este ambiente deve ser entendido como um espaço virtual onde pessoas se
encontram por meio de tecnologia, um espaço inesgotável de significação onde
alunos e professores interagem e constroem conhecimento.
Barbosa (2005, p. 29) define este ambiente como uma "forma de ampliar os
espaços educacionais, proporcionando aos alunos o acesso à informação a
qualquer tempo, independente dos limites impostos pelo espaço geográfico".
Os AVA mudam as práticas pedagógicas, flexibilizam relacionamentos e
aumentam o poder de comunicação. Para Valentine (2005, p. 19) um AVA um
espaço social, constituído de interações conginitivo-sociais sobre ou em torno de um
objeto de conhecimento: um lugar na web, cenários onde as pessoas interagem,
67
mediadas pela linguagem da hipermídia, cujo fluxos de comunicação (...) são
possibilitados pela interface gráfica".
Um ambiente virtual é um sistema localizado na Internet que favorece o
aprendizado e a comunicação, este ambiente beneficia a interação entre
professor/aluno; aluno/aluno e aluno/espaço virtual.
Ambientes virtuais de aprendizagem integram e redimensionam uma
infinidade de mídias e interfaces. Nestes ambientes podem ser inseridos links para
jornais, revistas, textos, pequenos filmes, entre outros.
Segundo Harasim (2005, p. 28), um Ambiente Virtual de Aprendizagem é
composto por "programas on-line que ampliam o campo de possibilidade de ensino e
de aprendizagem, apresentando-se como mais uma opção na paleta oferecida pelos
programas presenciais ou de ensino a distância tradicional".
Este ambiente possibilita constituir comunidades virtuais que são organizadas
para fins bem específicos. Para Harasim (2005, p. 30) os AVA "se baseiam na
aprendizagem e no crescimento autodirigidos, obtidos por meio de informações,
técnicas e conhecimento". Esta ferramenta permite que várias fontes de informações
e conhecimentos possam ser criadas e socializadas por intermédio de conteúdos
apresentados de forma hipertextual agregada de recursos de som e imagem. Alunos
e professores, usuários do AVA, acessam este conteúdo digital e aprendem,
colaboram e interagem com os outros usuários do grupo.
Harasim (2005, p. 31) observa que "a interação através das redes ajuda a
romper barreiras de comunicação e inibições que freqüentemente asfixiam a troca
aberta de idéias nas salas de aula tradicionais". A interação num AVA ocorre de
forma Síncrona ou Assíncrona. Entende-se por síncrona todas as ferramentas que
possibilitam a comunicação do professor e do aluno no mesmo espaço de tempo.
Exemplos de recursos síncronos: Telefone, Chat, Vídeo Conferência, Web
conferência. Entende-se por assíncrona a possibilidade de uso de ferramentas em
diferente espaço de tempo, isto é, momentos onde professor e alunos não estão em
aula ao mesmo tempo. Exemplos de recursos assíncrono: e-mail e fórum.
Os usuários do AVA têm maior flexibilidade para determinar o horário e o dia
em que vão se dedicar em suas atividades virtuais, pois afinal, o ambiente estará
disponível 24 horas por dia, e, por isso, podem ser usados segundo a conveniência
de quem o utiliza.
68
O diferencial de um AVA consiste no conjunto de atividades, estratégias e
intervenções que ajudam usuários da ferramenta a construir e a transformar juntos a
aprendizagem. Magdalena & Costa (2003, p.63) corrobora afirmando o seguinte:
num AVA “cria-se um clima que favorece e provoca os grupos a estabelecerem
relações cooperativas, onde os esquemas de pensamento de cada um vão
tornando-se mais complexos”, afirma também que a rede de informações aumenta
“à medida em que o trabalho e o diálogo avançam”. Os sujeitos que interagem no
ambiente usufruem das informações disponíveis, podendo agregar mais informações
extraídos de outros ambientes, e em conseqüência, transformam suas experiências,
as quais ficarão disponíveis a todos os participantes interativos do mesmo ambiente,
propiciando a construção e reconstrução de conhecimentos por meio da interação
entre professores, alunos e meio virtual.
É importante salientar que o AVA não se restringe a apenas ao ensino à
distância. Este ambiente pode ser usado como uma ferramenta que potencializa as
aulas presenciais, aumentando o fluxo de comunicação entre os envolvidos no
processo educativo; aumentando as oportunidades dos alunos se relacionarem
confortavelmente com os colegas, e, além de estimular oportunidades de trabalho
em grupo, permite o acesso dos alunos a recursos on-line e a informações
relevantes (HARASIM, 2005, p. 33).
Os AVA são organizados de diversas formas: por professor, por disciplina ou
por sala; o que diferencia as salas do ambiente virtual são os usuários que inserem
informações e organizam este ambiente de acordo com suas vivências. Santos
(2005, p.91) corrobora afirmando que uma aprendizagem mediada por um AVA
possibilita, por meio dos recursos da digitalização, várias fontes de informação e
conhecimento, as quais podem ser criadas e socializadas por meio de conteúdos
apresentados de forma hipertextual, mixada, multimídia e com recursos de
simulações.
Numa sala de aula virtual os envolvidos (alunos e professor) expõem seus
pensamentos, propõe discussões, estabelecem novas conexões, enfim,
compartilham conhecimento. Todas estas ações ocorrem em diferentes horários e
espaços, sendo que todo o conhecimento produzido é disponibilizado a todos os
envolvidos participantes desta rede de conhecimento, em locais e horários distintos.
Neste ambiente, de conexões e conhecimentos, alunos e professores aprendem e
69
colaboram, ganhando novos conhecimentos conforme as contribuições vão sendo
inseridas.
A sala de aula virtual, quando bem aplicada, contribui para a qualidade da
educação, que permite ampliar conexões lingüísticas, geográficas e interpessoais.
Lingüística porque interage com muitos textos; geográfica porque pode ser acessada
em inúmeros espaços e pode acessar infinitos espaços geograficamente distantes; e
interpessoal porque tem o poder de comunicação com pessoas próximas e
distantes, que não precisam estar necessariamente conectadas em tempo real.
3.9 AVA: ALGUMAS FERRAMENTAS QUE POTENCIALIZAM A APRENDIZAGEM.
Muito se avançou desde o surgimento da Internet e agora “os avanços na
área da informação e da comunicação com a tecnologia digital permitem, mais uma
vez, ao homem, dar um novo salto de qualidade, agora do livro para o satélite”
(MATOS, 2003, p. 38).
Estes ambientes tecnológicos facilitam a comunicação e a organização do
conhecimento; possibilitam a cooperação, o aprendizado e a formação de
comunidades.
É crescente o número de organizações que vêm concebendo AVAs; se
diferenciam pela forma e pelo custo, que variam e se encaixam às necessidades de
cada ambiente.
70
Alguns exemplos de AVA disponíveis no mercado são:
AVA Endereço eletrônico
Asymetrix ToolBook http://home.click2learn.com
AulaNet http://guiaaulanet.eduweb.com.br
Authoware http://www.macromedia.com
Cose http://www.staffs.ac.uk/case
Docent http://www.docent.com/home.htm
Ecollego.com http://www.ecollege.com
EduSystems http://www.mtsystem.hu/edusystem
Eureka http://www.pucpr.br/eureka
Escuninha http://serv2.ceamecim.furg.br/escuninha/index2.html
Eurek@Kids http://www.lami.pucpr.br/eurekakids
Generation 21 http://www.gen21.com
IntraLearn http://www.intralearn.com
Knowledgesoft http://www.knowledgesoft.com
Learning Space http://www.lotus.com/LearningSpace
LearnLinc http://www.learnlinc.com
Moodle http://www.moodle.org
Teleduc http://www.hera.nied.unicamp.br/teleduc
Top Class http://www.wbtsystems.com
Web Course in a Box http://www.blackboard.com
WebCt http://webct.com
Quadro 1: Exemplos de AVA
Fonte: Ana Lucia Berno Bonassina
Cada AVA foi concebido depois de muitos estudos, sendo diferenciado pelas
suas interfaces. Estas por sua vez permitem o gerenciamento do banco de dados e
o controle das informações inseridas no ambiente.
Alguns AVA são concebidos a partir dos padrões das salas de aulas
presenciais, utilizando signos e símbolos característicos destas salas de aula
tradicionais. Outros procuram aprimorar suas interfaces adicionando elementos
simples que possibilitam fácil interpretação dos signos, em conseqüência uma
melhor navegação no ambiente.
O necessário nestes ambientes é a integração da comunidade que o utiliza.
Os ambientes por si são estáticos; o que os mantém são os professores e os
alunos. Os professores são os responsáveis pela distribuição das tarefas,
organização de exercícios e gerenciamento do ambiente. Os alunos colaboram
agregando informações, realimentando e reconstruindo o conhecimento dentro deste
ambiente.
71
3.10 REFLEXÕES SOBRE INTERATIVIDADE EM AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM
A Internet está cada vez mais interativa, isto é, cada vez mais pessoas usam
este ciberespaço para pesquisar, relacionar, trabalhar; interatividade é justamente
esta comunicação realizada entre emissão e recepção de informações. Segundo
Valentini (2005, p. 196)
a comunidade comunicacional que emerge com a cibercultura chama-se
interatividade (...). Não se trata meramente de um novo modismo. O termo
significa a comunicação que se faz entre emissão e recepção entendida
como co-criação da mensagem.
Neste cenário pode-se dizer que a comunicação torna-se a ação central de
todos os participantes do processo educacional. Para Barbosa (2005, p. 20) a
interação é vista como “um processo complexo de trocas e significações, por meio
do qual o sujeito modifica-se constituindo uma nova realidade”. As possibilidades
tornam-se bilaterais, isto é, o emissor oferece um leque de elementos e
probabilidades à manipulação da informação pelo receptor; a mensagem é um
mundo aberto, modificável na medida em que responde às solicitações daquele que
a consulta; e o receptor não é mais um ouvinte, agora é um convidado à livre criação
e a mensagem ganha sentido sob sua intervenção (MARCHAND, 1987 citado por
VALENTINI, 2005, p. 197).
Valentini (2005, p.197) afirma que:
aprender com o movimento da mídia digital supõe, antes de tudo, aprender
com a modalidade comunicacional interativa, ou seja, aprender que
comunicar não é simplesmente transmitir, mas proporcionar múltiplas
disposições à intervenção do interlocutor. A comunicação só se realiza
mediante sua participação.
Machado (2005) relata o seguinte: “estudos sugerem que ambientes
mediados por computador são capazes de suportar interação interpessoal efetiva,
nomeadamente em estudos que envolvem ambientes educativos”. Um AVA deve ter
uma interface que facilite as interações entre os sujeitos, devendo conter elementos
favoráveis a navegação dos que a usam. Deve ser fácil de manipular; deve ser
intuitivo, isto é, a ferramenta deve ser encarada apenas como um meio onde ocorre
72
a interação, os usuários não devem ficar presos a pequenos detalhes difíceis de
encontrar, os detalhes devem ser aparentes e de cil visualização e manipulação,
enfim, similar à estrutura do pensamento humano.
Em seu artigo Machado (2005) pontua sobre o tema esclarecendo:
Ao versar sobre o tema interação (...) está se falando de experiências onde
o que prevalece são as manifestações da cultura de seus envolvidos. Em
qualquer ambiente virtual os participantes sempre estarão impregnados
dessas manifestações que receberam nos seus processos de socialização,
sendo decorrente a vontade de estreitamento de vínculos de amizade nos
momentos em que os indivíduos passam a conviver com mais freqüência
nos ambientes, ainda mais se passarem a percebê-los como um lugar”. Os
propósitos que levam a interação no mundo ocorrem também nos AVA’s,
pois são propósitos imanentes da cultura de seus sujeitos. A realidade
empírica da construção humana do mundo é sempre social, assim, falar em
interações humanas, seja em qual ambiente for, estará sempre presente a
participação incondicional das “heranças socializantes”. E esta, por sinal,
resulta a complexidade da sociedade, fundando-a e estabelecendo-a.
Portanto, toda a produção humana só pode existir na e pela sociedade. A
sociedade se irradia na exteriorização do homem e se estabelece na sua
objetivação. Essa objetivação é o mundo humanamente constituído e atinge
o caráter de realidade objetiva.
Um AVA deve ser simples (intuitivo) e oferecer mecanismos de busca para
facilitar a localização da informação; estas podem ser localizadas por data, por
contexto, por aplicação, entre outros. Segundo Lee (2000) citado por Valentini (2005,
p. 181) “as interfaces dos AVA, por se constituírem meios para o diálogo entre o
usuário e o sistema, devem oferecer aos alunos os mecanismos de busca, através
de variadas opções de navegação e facilidades na localização das informações
procuradas”. A interface de um AVA deve ser projetada de forma que usuários usem
as ferramentas nela existentes da maneira mais intuitiva e translúcida possível.
Negroponte (2003, p.93) afirma que o segredo do projeto de uma interface
reside em fazer esta interface desaparecer.
Os diferentes sujeitos que irão interagir no ambiente precisam estar
preparados para manusear este espaço, segundo Barbosa (2005, p. 20) “as
interações interindividuais compreendem uma relação entre o sujeito envolvido e o
objeto de estudo, além do contato com a ferramenta virtual”. Faz-se necessário
observar o conhecimento dos envolvidos; caso os integrantes não estejam
preparados para interagir e relacionar-se, torna-se importante disponibilizar
informações básicas sobre o ambiente.
73
Existem ferramentas determinantes para proporcionar a interação. O chat
(sala de bate-papo), aparentemente uma ferramenta superficial, sem
aprofundamento de idéias ou conceitos, pode ser um bom utensílio no sentido de
fazer a interação entre os sujeitos envolvidos, apresentando a possibilidade de ser
usado também como um momento de Brainstorm, isto é, situações em que todos
concebem e dividem idéias.
Outros instrumentos de comunicação como murais e e-mails possibilitam o
aumento da participação dos integrantes, que possibilitam informar aos mesmos
sobre acontecimentos, troca de idéias, entre outros.
Estas são algumas das ferramentas encontradas em AVA, sendo que outras
existem e cada ambiente acomoda-as a sua maneira. O importante é ter
conhecimento de que o conjunto destas ferramentas possibilita o armazenamento de
informações entre os participantes e potencializa a comunicação entre parceiros na
construção do conhecimento.
Faz-se oportuna a colocação de Valentini (2005, p. 180), o qual alerta:
A interface que permite a comunicação entre os integrantes não a
garantia de que ocorram interações e aprendizagem, nem que exista a
utilização de uma nova abordagem educacional. Para isso é necessária
uma nova postura, uma mudança no professor que promova a busca de
uma metodologia com estratégias educacionais que possibilitam ao aluno
desenvolver sua autonomia e sua transformação na elaboração de novos
saberes.
A interatividade, afirma Teixeira (2003, p. 22), “é uma ação de reciprocidade
entre duas ou mais coisas, sejam elas pessoas ou não”; desta forma, passa a ser
encarada como um meio de comunicação entre aprendentes e orientadores, e estes
com o meio. Segundo Levy (1999, p. 79) “interatividade em geral ressalta a
participação ativa do benefício de uma transação de informação”. Partindo dessa
premissa, podemos considerar que um AVA proporciona interação entre:
Aprendiz/Orientador; Aprendiz/Conteúdo; Aprendiz/Aprendiz e Aprendiz/Ambiente.
Todos os envolvidos no ambiente relacionam-se, aprendem e ensinam.
74
3.11 O EUREKA
O Eureka foi idealizado pelo Laboratório de Mídias Interativas (LAMI) da
PUCPR e tinha como propósito conceber uma ferramenta baseada na Internet que
pudesse promover a aprendizagem cooperativa. Kozak (2000, p.2) afirma:
Com a necessidade cada vez maior de educação e treinamento
continuados, para públicos crescentes e geograficamente distribuídos, o
LAMI iniciou em julho de 1998 pesquisa na área de CSCL Computer
Supported Cooperative Learning; desenvolvendo o projeto Eureka, que se
constitui em um ambiente de aprendizagem cooperativa baseado no uso da
Internet, em particular da WWW - World Wide Web, com a finalidade de
apoiar o processo de educação à distância.
A finalidade era a de disponibilizar um lugar na Internet, proporcionando o
encontro de comunidades virtuais que poderiam usar esta ferramenta como suporte
a cursos e treinamentos, aulas estas tradicionalmente presenciais. Matos (2002,
p.24) disserta:
O Eureka foi desenvolvido no Laboratório de dias Interativas (LAMI) da
PUC-Paraná. Por meio de um acordo tecnológico com a Siemens -
Telecomunicações e da lei 8.248 de incentivo à informática do Ministério da
Ciência e Tecnologia. O convênio com a Siemens teve início em Outubro de
1998, e término em Outubro de 2001. Durante esse período o sistema foi
utilizado pelas duas empresas em treinamento a distância, para cursos de
extensão a distância, parcerias e para o apoio aos cursos de graduação
presenciais. Durante esse período o sistema foi utilizado tanto pela
Siemens, em treinamento a distância, quanto pela PUCPR, para cursos de
extensão a distância, parcerias e para o apoio aos cursos de graduação
presenciais. Com o término de convênio com a Siemens, ocorreu um
processo de institucionalização da ferramenta pela PUCPR.
Com propósito colaborativo, o Eureka, promove a busca de uma nova ação
docente; é um ambiente facilitador do processo de aprendizagem e de interação
entre professores e estudantes. Torres (2004) contribui:
Compõe-se de módulos para comunicação, administração e suporte de
conteúdo. Os módulos foram configurados para possibilitar interatividade
entre o grupo inserido na sala virtual, permitindo desta forma a construção
colaborativa do conhecimento.
75
O Ambiente Virtual Eureka disponibiliza aos participantes funções de grande
valia, são elas: Fórum de discussões, Chat, Conteúdo, Correio Eletrônico, Edital,
Estatísticas e Links.
O Eureka é potencialmente interativo, porém, a interatividade depende da
forma como o processo é conduzido (MATOS, 2003, p.42).
Torres (2004) discorre sobre o ambiente afirmando:
Este ambiente oferece interatividade e permite que ela seja ampliada
segundo as formas com as quais os processos são conduzidos. A
tecnologia em si não sustenta o aprendizado, mas com a participação ativa
de coordenação funciona como elemento catalisador de colaboração,
motivação e apreço pela atividade em desenvolvimento e define de forma
significativa e decisiva o fator de sucesso.
O Eureka possui grande capacidade interativa; isso possibilita a participação
intensa dos alunos; neste ambiente o aluno interage em tempo e local definido por
ele próprio. É uma opção tecnológica aos alunos para apoiar suas atividades de sala
de aula; é uma ferramenta que apresenta novas possibilidades de atividades e
experiências de apoio aos momentos presenciais em busca da aprendizagem
colaborativa (VARELLA, 2002, p. 5).
O Ambiente Eureka apóia-se em tecnologia da Internet e pode ser empregado
tanto no ensino à distância como na complementação das atividades de educação
presencial e treinamento de profissionais. Matos (2003, p. 87) discorre:
O Eureka agrega avanço de modernidade no uso de programas de
aprendizagem, com potencial inovador e flexível, pelas possibilidades de
adaptação, abrangência de uso, estímulo no ato de aprender, bem como
colabora para o desenvolvimento dinâmico na visão do mundo e profissional
do educando, considerando as rápidas transformações da sociedade.
O ambiente propicia ao aluno o desenvolvimento de suas habilidades
individuais em seu espaço de tempo. Explicando: O aluno pode dispor de muito
tempo ou pouco para fazer determinada atividade, dependerá de seu conhecimento
anterior.
O Eureka está organizado em dez áreas de navegação que se encontram na
parte interna das salas virtuais, são elas: edital, cronograma, info, chat, correio,
conteúdo, fórum, saw, links e avaliações. Estas funcionalidades subdividem-se em
76
demais páginas, conforme o perfil do usuário, podendo ser professor, aluno ou
administrador.
Anterior a estas funcionalidades está a tela de login e senha que contempla o
histórico, a ajuda, as dúvidas freqüentes, suporte, notícias técnicas, primeiros
passos e comunicados gerais.
O usuário, após cadastro e aprovação do mesmo, têm acesso a sala, aos
dados pessoais e às comunidades que pertence. É a partir desta parte que o usuário
acessa os ambientes virtuais dos quais faz parte.
Para a fase inicial do ambiente Eurek@Kids serão utilizadas duas
comunidades virtuais que serão concedidas permissões no ato do cadastramento.
São elas: Hospital e Sala de aula.
A partir de 2008 o Eureka passou por uma reformulação, onde foram
mudados o funcionamento de algumas ferramentas, a estética e os termos utilizados
no AVA. A mudança de maior impacto é a tela Início que além do Edital (já
conhecido), congrega a Agenda que servirá como mais um suporte para o aluno e
conterá todas as informações referentes às atividades na qual o aluno deve
executar.
Para implementar o Eurek@Kids foi usado o Eureka anterior à versão 2008.
Na seqüência serão apresentadas as telas do ambiente Eureka antes da
reformulação e as telas após a reformulação ocorrida no início de 2008, seguida de
descrições iniciais para posterior entendimento do ambiente Eurek@Kids.
77
3.11.1 Home
Figura 1: Tela de abertura do ambiente Eureka anterior a 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
É a porta de entrada do ambiente. Na home situa-se o histórico com
informações gerais. É nesta tela que o usuário faz seu cadastro.
Figura 2: Tela de abertura do ambiente Eureka versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
A tela de abertura do Eureka versão 2008 permanece com as mesmas
funcionalidades, mudando apenas a forma de apresentação das informações e as
cores.
78
3.11.2 Tela de apresentação das salas virtuais.
Figura 3: Salas virtuais do ambiente Eureka anterior a 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Este é o início de navegação no ambiente onde o aluno pode verificar os
dados pessoais e as salas em que está matriculado.
Figura 4: Salas virtuais do ambiente Eureka versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Para o Eureka versão 2008 houve uma reestruturação da tela de
apresentação das salas, porém, as funcionalidades permanecem as mesmas.
79
A nova versão propõe uma divisão em 5 (cinco) grandes áreas, são elas:
Arquivos, Comunicações, Estudos, Painel de Bordo e Configurações (sendo esta
última de propriedade exclusiva dos sujeitos cadastrados como professores).
Inseridos nestes itens, citados acima, estão as ferramentas que servirão de
apoio a professores e a alunos para a execução de atividades.
3.11.3 Módulo Edital
Figura 5: Tela Edital do ambiente Eureka – versão anterior a 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Destina-se à divulgação de eventos, como, por exemplo, uma sessão de chat,
marcação de testes, lançamento de notas, entre outras atividades.
Este módulo é visível a todos os participantes da sala específica; cabe,
porém, ao professor inserir novas informações. É um espaço de relacionamento
entre professor e aluno. É no Mural que o professor descreverá as atividades a
serem desenvolvidas, critérios de avaliações, normas, regras, datas importantes,
entre outros; cabe aos alunos acessar a ferramenta, visualizar as informações e
organizar sua agenda. Varella (2002, p. 12) relata em sua experiência de interação
neste ambiente afirmando que “Nesse módulo (edital) o professor qualifica suas
informações, uma vez que o edital pode ser considerado o - cartão de visita - da sala
80
virtual perante o grupo.” O autor relata que o relacionamento do professor com o
grupo “transparece numa certa medida pela linguagem que ele utiliza, pela maneira
como ele se posiciona perante o grupo: como autoridade ou como parceiro”
(VARELLA, 2002, p. 12), dependerá da forma que o professor disponibiliza as
mensagens. “uma vez que somente o professor pode disponibilizar mensagens que
poderão influenciar as dinâmicas relacionais” (VARELLA, 2002, p. 12).
Ainda segundo Varella (2002, p. 12), nesta ferramenta evidencia-se fortes
indícios de que o uso diferenciado do Edital promove uma participação mais
qualificada, do ponto de vista inter-relacional, entre os alunos, entre si e desses com
o tutor.
Figura 6: Tela Edital do ambiente Eureka – versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Figura 7: Tela Edital da Sala do ambiente Eureka – versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Para a versão 2008 foram adicionados o edital geral, onde é informado aos
alunos as avisos de todas as salas as quais está inserido e o edital interno da sala,
81
onde são informado aos alunos as avisos específicos da sala que foi escolhida. É
neste edital que o professor poderá inserir suas mensagens.
É possível visualizar o módulo agenda de duas formas: semanalmente e
mensalmente.
A alteração e a inserção das informações na ferramenta Agenda são de
responsabilidade do professor responsável pela Sala Virtual.
3.11.4 Módulo Fórum
Figura 8: Tela Fórum do ambiente Eureka anterior 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Possibilita o acesso a uma página contendo os tópicos em discussão,
reunindo pessoas com interesses semelhantes para troca de informações, materiais
e experiências; proporciona um canal de comunicação entre todos os participantes
no curso, por meio de troca de mensagens.
O fórum consiste numa ferramenta assíncrona onde alunos e professores
podem enviar perguntas, indagações; por sua vez podem interagir respondendo ou
acrescentando novos conhecimentos a estas discussões.
Varella (2002, p. 13) contribui afirmando que é um módulo que se destina a
discussões abertas; uma ferramenta que estabelece uma comunicação dinâmica
82
entre os integrantes da sala virtual, permitindo visualizar todas as contribuições
postadas pelos integrantes do grupo. Permite a inclusão de tópicos, com
organização em níveis, sobre assuntos a serem discutidos entre alunos e
professores.
Torres (2004, p. 106) expõe uma de suas experiências realizadas nesta
ferramenta: trata-se das atividades de questionar, responder e avaliar. A atividade
de questionar implica na elaboração de perguntas pertinentes ao assunto,
publicando-as no fórum, buscando sempre a superação da reprodução do
conhecimento. A de “responder aos questionamentos elaborados, implica no
exercício de responder perguntas, questões, elaboradas e publicadas na página por
alunos” (TORRES, 2004, p. 115) e a de “avaliar (...) implica no exercício de
desenvolver efetivamente uma avaliação com ênfase no processo” (TORRES, 2004,
p. 115).
As mensagens ficam armazenadas no fórum e os usuários devem acessar
para acompanhar o desenrolar dos diálogos e discussões. Os fóruns são restritos
aos participantes da sala.
Figura 9: Tela Fórum do ambiente Eureka versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Na nova versão a ferramenta fórum permanece com a mesma estrutura,
porém, localiza-se dentro da área de comunicação.
83
3.11.5 Módulo Link
Figura 10: Tela Links do ambiente Eureka
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Este módulo é utilizado para consultar e incluir links, segundo Varela (2002, p.
14) “é a criação de uma biblioteca com links de interesse correspondente aos
assuntos tratados na sala virtual”.
Os links são acompanhados de comentários que contém informações
relevantes aos assuntos tratados nas aulas; estes comentários permitem aos
participantes uma pré-impressão dos conteúdos abordados nas páginas específicas.
Matos (2003, p. 61) afirma que a seção de links vem sendo intensamente
utilizada todos os anos. O professor acredita que o aluno precisa saber pesquisar e
registrar corretamente os links e leituras disponíveis na Internet, em especial, dentro
do seu campo de atuação profissional. Os próprios alunos criam coletivamente a
biblioteca da disciplina dentro do Eureka.
A importância desta ferramenta se pela extensão da amplitude do assunto
para outros sites. Esta ferramenta contribui para a ampliação do conhecimento sobre
assuntos abordados em sala de aula, em fórum de discussões, entre outros.
84
Figura 11: Tela Webgrafia do ambiente Eureka versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Na versão 2008 do Eureka o link passa a ser conhecido como Webgrafia e
encontra-se na área de Estudos.
3.11.6 Módulo Info
Figura 12: Tela Info do ambiente Eureka
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Armazena o perfil de cada participante; é um espaço reservado às
informações particulares de cada participante. Estas informações estão disponíveis
a todos os participantes da sala.
85
Segundo Bortolozzi (2007, p. 122) “essa área é a apresentação pessoal de
todos os usuários do ambiente”. Esta autora acrescenta que nesta ferramenta está
“disponível para visualização aos alunos o sublink estatística, onde os usuários
podem acessar o grau de participação de cada aluno e do professor”
(BORTOLOZZI, 2007, p. 122).
Este mecanismo permite o acompanhamento, por meio de relatórios, das
interações feitas pelos alunos. Expõe as diversas contribuições que o aluno efetivou
nas ferramentas do ambiente durante o curso.
Acompanha a freqüência de acesso dos usuários ao curso. Matos e Gomes
(2003, p. 127) alertam que a freqüência é o melhor dos “indicadores para mensurar
o interesse do aluno no aprendizado”, já que proporcionam um feedback instantâneo
da sala de aula virtual.
A ferramenta Info é útil para apresentar-se aos colegas, informando a outros
participantes seu nome, sua idade, suas preferências, seus hobbies, o que espera
do curso, além de sua foto e informações que julgar relevantes.
Figura 13: Tela Contatos do ambiente Eureka 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
O termo Info foi substituído pelo termo Contatos. Nesta nova versão situa-se
dentro do módulo Comunicação.
86
3.11.7 Módulo Chat
Figura 14: Tela Chat do ambiente Eureka
Fonte: http://eureka.pucpr.br
O chat é sala de conversas virtual síncrona, onde todos os participantes
podem conversar enviando mensagens e visualizando todas as mensagens
remetidas pelos demais. Precisa ser previamente agendado e todos os
interlocutores devem estar conectados à Internet ao mesmo tempo.
Durante a conversa no chat, as mensagens que cada um envia são
visualizadas na tela de todos os outros participantes presentes. Desta forma, é
possível criar um ambiente onde as pessoas possam interagir em conjunto e ao
mesmo tempo. O chat é útil para gerar novas idéias.
Esta ferramenta permite a troca de idéias, o questionamento e a construção
de significados. Matos (2003, p. 179) afirma que
ao partilhar os comentários com os colegas, por meio da publicação em
chat, os alunos passam a ter sua equipe invadida por novos membros,
sofrem novas rupturas e recomeçam o processo de negociação de conflitos,
de gestão da pluralidade e reformulação da análise, da síntese e da tese
elaborada anteriormente.
Este confronto permite a cada participante re-elaborar seus conceitos e re-
pensar nos assuntos abordados, ressignificando-os.
87
Figura 15: Tela Chat do ambiente Eureka versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
O Chat continua com as mesmas funcionalidades do Eureka anterior e situa-
se na área Comunicação.
3.11.8 Módulo Correio
Figura 16: Tela Correio do ambiente Eureka
Fonte: http://eureka.pucpr.br
É um sistema de correio eletrônico interno do sistema. Neste correio é
possível visualizar todos os participantes da sala.
88
O Correio eletrônico do Eureka tem como principal objetivo a comunicação, o
envio e a recepção de mensagens entre os participantes do curso. (MATOS et. al,
2003, p. 19) Sua utilização é muito importante para que os participantes realizem
troca de informações entre si, tornando-se um recurso fundamental para o bom
andamento do curso. Todos os participantes devem acessar o Correio, visando uma
comunicação eficiente entre os mesmos.
O participante que acessar o Correio terá opção de ler, criar, responder,
encaminhar e excluir mensagens.
Figura 17: Tela Correio do ambiente Eureka versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
As funcionalidades do Correio permanecem as mesmas, porém, a localização
diferencia-se da versão anterior, passando a ser encontrada na área Comunicação.
89
3.11.9 Módulo Conteúdo
Figura 18: Tela Conteúdo do ambiente Eureka
Fonte: http://eureka.pucpr.br
Armazena textos, figuras, comentários e arquivos a serem utilizados ou
desenvolvidos durante o curso. Nesta ferramenta são encontrados todos os
conteúdos disponíveis no curso e que podem ser transferidos para o computador do
aluno.
Este módulo é usado também para entrega de trabalhos, que, quando
colocado no ambiente, o sistema emite um recibo eletrônico de entrega de material
com a possibilidade de impressão do mesmo.
Matos e Gomes (2003, p. 63) salientam a nova preocupação que surge entre
os alunos, os organizadores afirmam que “os alunos não querem publicar trabalhos
de baixa qualidade (...) os estudantes se empenham em apresentar trabalhos com
um grau mínimo de qualidade”
Um fator interessante e inovador, segundo Matos (2003, p. 62), é a de os
trabalhos ficarem disponíveis para o professor e toda a turma nesta sala virtual. Isto
propõe que o estudante venha a se empenhar em apresentar trabalhos com um grau
mínimo de qualidade, que o trabalho podeser visto e analisado por todos os
participantes da sala.
90
Figura 19: Tela Arquivos do ambiente Eureka versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
O módulo Conteúdo passou a ser denominado Arquivos e suas
funcionalidades permanecem as mesmas.
3.11.10 Módulo Cronograma
Figura 20: Tela Cronograma do ambiente Eureka
Fonte: http://eureka.pucpr.br
O Módulo cronograma é um mecanismo onde estão as aulas que foram
previamente planejadas pelo professor. Uma aula pode ter vários conteúdos, onde
91
conteúdo pode ser uma apresentação em Power Point, um texto no Word, um deo,
entre outros arquivos. Segundo Bortolozzi (2007, p.121) esta área é “responsável
por definir o conteúdo das aulas, o cronograma apresenta a descrição das atividades
propostas”. Para acessar as aulas do cronograma seleciona-se a aula
correspondente; o ambiente apresentará a lista de conteúdos da aula e os arquivos
relacionados a mesma.
Figura 21: Tela Plano de Trabalho do ambiente Eureka versão 2008
Fonte: http://eureka.pucpr.br
A ferramenta Cronograma passa a ser chamada de Plano de trabalho e pode
ser encontrada na área Estudos.
O Eurek@Kids, ambiente estudado a seguir, segue os padrões do Eureka
versão anterior a 2008. As funcionalidades apresentadas anteriormente serão as
ferramentas visíveis no novo AVA e servem para entender as características básicas
que serão adotadas na plataforma do AVA direcionado para os escolares
hospitalizados de séries iniciais.
3.12 UM NOVO ESPAÇO VIRTUAL LÚDICO – EUREK@KIDS
O Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids surgiu da necessidade de
unir o menor hospitalizado à escola, de forma a permitir que o menor possa dar
continuidade a suas atividades diárias. Desta forma, segundo Matos (2004, p.4),
92
começou-se o “desenvolvimento de um ambiente que pudesse fazer parte do dia-a
dia da criança hospitalizada e que ao mesmo tempo, permitisse seu vínculo com a
escola”, propondo-se criar um ambiente virtual capaz de mediar a comunicação
entre escola, hospital e aluno; complementa Matos (2004, p.4): “criando uma
metodologia que venha atender essas necessidades por meio de um processo
alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal da escola”.
Possibilitar a comunicação entre o menor hospitalizado e o professor significa
contribuir para a construção do conhecimento coletivo, propiciando ao menor
hospitalizado a vivência e a troca de experiência com seus colegas de classe de
aula tradicional, minimizando suas perdas diárias. Matos (2001, p.3) alerta que este
ambiente contribui para
ampliar significativamente os trabalhos que vem sendo desenvolvidos nos
hospitais, incorporando o uso das Tecnologias de Comunicação e
Informação, como ferramenta de base para dar suporte as atividades
desenvolvidas para o atendimento da criança; jovem doente, diminuindo
sensivelmente grandes percalços sociais, destacando-se a inclusão social,
a democratização tecnológica, a promoção humana, as novas formas de
comunicação e educação inclusiva.
Matos (2001, p.3) afirma ainda que este projeto visa flexibilizar e agilizar os
conteúdos do currículo escolar, sendo que, “tais conteúdos venham adaptar-se ao
estado biopsicológicos e sociais da criança-jovem, centrando-se única e
exclusivamente na situação emergencial do educando hospitalizado”.
O Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids foi organizado por uma
equipe interdisciplinar composta por pedagogos, web designers, programadores,
professores, alunos, escolas, hospitais, alunos bolsistas Pibic.
criar um ambiente virtual (salas de aulas virtuais) que seja capaz de fazer a
mediação entre escola-hospital-aluno-enfermo, por meio de uma
metodologia específica que venha atender tais necessidades. Cabe, assim,
o devido realce no sentido de que este projeto venha apontar novas
vertentes, que favoreçam tanto o escolar hospitalizado quanto a sua
respectiva escola (MATOS, 2006, p. 147).
A composição visual do ambiente é diretamente relacionada a estudos e
pesquisas dos usuários em ambiente hospitalar pedagógico.
93
A Equipe Eurek@Kids delineou suas telas pensando numa temática que
beneficiasse todos os alunos brasileiros, logo, optou por fazer lembrar nas mesmas
o Brasil: um lugar cercado de belezas naturais, grandes festas populares e inúmeras
reservas ambientais.
Os cenários do Eurek@Kids exaltam os lugares conhecidos do Brasil,
apresentando a riqueza que este país possui, valorizando espaços e raças que o
compõe.
O Eurek@Kids é um Ambiente Virtual de Aprendizagem que possibilita o
trabalho colaborativo, onde professores e alunos relacionam-se entre si, aprendem e
ensinam. Alcântara e Behrens (2001, p.49) esclarecem que
a aprendizagem colaborativa é um processo de reaculturação que ajuda os
estudantes a se tornarem membros de comunidades de conhecimento cuja
propriedade comum é diferente daquelas comunidades que já pertencem. O
acesso a uma comunidade depende da aquisição de características
especiais dos membros desta comunidade. A mais importante delas é a
fluência na linguagem que constitui a comunidade, a linguagem com a qual
os membros da comunidade constroem o conhecimento que é a sua
propriedade comum.
Este ambiente possibilita a criação de comunidades virtuais e proporciona um
ambiente híbrido, visto que promove o intercâmbio de experiências entre
professores/alunos e alunos/aluno.
O AVA integra funcionalidades que oportunizam interações síncronas e
assíncronas. Estas interações são gerenciadas pelos professores que disponibilizam
material no ambiente, promovem debates, criando espaços de troca de
conhecimento, entre outras atividades.
As interações são gerenciadas pelos professores que disponibilizam material
no ambiente virtual de aprendizagem. O aluno, por sua vez, realiza o trabalho em
grupos ou individualmente, estabelece contato com outros agentes envolvidos na
sala virtual, elabora conhecimentos e efetiva sua aprendizagem.
As ferramentas do Eurek@Kids são provenientes de seu antecessor, o
Eureka. Num primeiro protótipo a ferramenta possuirá ferramentas que servirão para
a perfeita comunicação entre professor e aluno hospitalizado. A Ferramenta Edital,
que é visível a todos os participantes da sala virtual, sendo um espaço de
relacionamento entre professor e aluno. O Mural possibilita descrição das atividades
a serem desenvolvidas, critérios de avaliações, normas, regras, datas importantes,
94
entre outros; cabe aos alunos acessar a ferramenta, visualizar as informações e
organizar sua agenda.
O fórum consiste numa ferramenta onde alunos e professores podem enviar
perguntas, indagações; por sua vez podem interagir respondendo ou acrescentando
novos conhecimentos a estas discussões.
O módulo Link terá por finalidade a consulta e a inclusão de links, “é a criação
de uma biblioteca com links de interesse correspondente aos assuntos tratados na
sala virtual” (VARELLA, 2002, p. 14). Os links são acompanhados de comentários
que contém informações relevantes aos assuntos tratados nas aulas; estes
comentários permitem aos participantes uma pré-impressão dos conteúdos
abordados nas páginas específicas.
A proposta da ferramenta Info é disponibilizar um espaço para cada
participante inserir informações individuais. Estas informações estão disponíveis a
todos os participantes da sala.
É uma ferramenta útil para apresentar-se aos colegas, informando a outros
participantes seu nome, sua idade, suas preferências, seus hobbies, o que espera
do ambiente, além de foto e informações que julgar relevantes.
O chat é sala de conversas virtual síncrona, todos os participantes podem
conversar enviando mensagens e visualizando todas as mensagens enviadas pelos
demais. Deve ser previamente agendado e todos os interlocutores devem estar
conectados à Internet ao mesmo tempo.
Durante a conversa no chat, as mensagens que cada um envia são
visualizadas na tela de todos os outros participantes presentes no chat. Desta forma,
é possível criar um ambiente onde as pessoas possam interagir em conjunto e ao
mesmo tempo. Esta ferramenta permite uma interação em tempo real, logo, o menor
hospitalizado ao interagir neste ambiente poderá sentir-se feliz.
O Correio eletrônico do Eurek@Kids tem como principal objetivo a
comunicação, o envio e a recepção de mensagens entre os participantes do
ambiente. Sua utilização é muito importante para que os participantes realizem troca
de informações entre si. Todos os participantes devem acessar o Correio, visando
uma comunicação eficiente entre os mesmos.
O participante que acessar o Correio terá opção de ler, criar, responder,
encaminhar e excluir mensagens.
95
A ferramenta Conteúdo armazena textos, figuras, comentários e arquivos a
serem utilizados ou desenvolvidos durante o curso. É nesta ferramenta que são
encontrados todos os conteúdos disponibilizados pelo seu professor e que podem
ser transferidos para o computador do aluno.
Este módulo é usado também para entrega de trabalhos, que, quando
colocado no ambiente, o sistema emite um recibo eletrônico de entrega de material
com a possibilidade de impressão do mesmo.
Neste ambiente escolares hospitalizados têm a oportunidade de aprender e
colaborar, segundo Negroponte (2003, p. 192), as crianças "vão ler e escrever para
se comunicar, e não apenas para completar alguns exercícios abstratos e artificiais".
Os escolares poderão colaborar com o ambiente e ajudar a aumentar a teia de
conhecimento humano.
96
4 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR
4.1 PARADIGMAS – CONCEITOS E EVOLUÇÃO
Para se refletir sobre a formação do professor, é necessário, primeiramente,
abordar os paradigmas e suas implicações pedagógicas.
Ao longo da História da Educação a sociedade ocidental foi sendo
influenciada por diversos modelos teóricos que se sucederam, estabelecendo
conceitos e diretrizes para a aprendizagem. Cientistas e educadores buscaram,
sucessivamente, respostas e alternativas que viessem atender às necessidades
educacionais de sua época.
De acordo com Behrens (2003, p. 26), ao se pensar e propor novos
paradigmas, deve-se entender que “não se trata de destruir, de derrubar, de anular,
pois a história está sustentada em pilares construídos um a um, num processo
contínuo e irreversível”.
Ao contrário, é preciso observar e compreender cada paradigma situado em
seu momento histórico, político e social.
A Educação, sendo um dos agentes da construção da sociedade, reflete o
modelo de indivíduo proposto por essa mesma sociedade. As ações educativas
estão voltadas para o cumprimento dos pressupostos teóricos e pedagógicos
vigentes nos diversos períodos históricos, com suas implicações culturais,
econômicas e políticas.
A prática educativa apresenta, ainda hoje, resquícios de diversos modelos
teóricos que foram se perpetuando através do fazer pedagógico ao longo do tempo.
Segundo Morin (2004, p. 12) “a educação deve-se dedicar, por conseguinte, à
identificação da origem de erros, ilusões e cegueiras”. Cada Paradigma ou Escola
trouxe consigo contribuições positivas e negativas na maneira de conceber o aluno,
o professor e a própria aprendizagem. Para não se correr o risco de uma citação
superficial, não serão citados aqui os diversos paradigmas que fizeram parte da
História da Educação Brasileira. Mais importante é a consciência de que todo o
conhecimento está relacionado entre si, é mutável e dinâmico.
97
Partindo-se do pressuposto de que “paradigma é uma constelação de crenças
e valores que determina o modo de pensar e agir do homem em uma determinada
época” (BEHRENS, 2003, p. 27), um novo modelo precisa ser aceito e reconhecido
para então ser adotado. Logo, reforça Behrens (2003, p. 26), afirmando que “a força
de um paradigma está constituída no consenso de determinada comunidade
científica durante uma certa época.”
A transição de um paradigma para outro surge lentamente, Behrens (2003, p.
28) acrescenta: “num processo que vai crescendo, se construindo e se legitimando”.
Os velhos paradigmas são desafiados e questionados contrapondo-se a novos
modelos emergentes. Cardoso (1995) citado por Behrens (2003, p. 28) discorre
sobre este assunto afirmando que “a formação de um novo paradigma ocorre nas
entranhas do anterior. E este, por sua vez, nunca desaparecerá totalmente”.
À medida que a sociedade evolui, as propostas políticas, sociais e
econômicas vão se modificando e as diversas instituições procuram se adaptar às
novas necessidades e modelos propostos.
Na Educação, cada momento histórico estabelece um novo paradigma. Mas a
superação de um modelo para o outro não é imediata, nem linear; ao contrário,
propõe Cardoso (1995) citado por Behrens (2003, p. 26).
no sentido dialético estabelecido por Hegel, para quem superar não é fazer
desaparecer, mas progredir qualitativamente, conservando o que há de
verdadeiro no momento anterior e levando-o a um complemento, segundo
as novas exigências históricas.
Esse processo de transposição é marcado por crise, resistência, crítica e
desconfiança diante do novo. Nesse sentido Moraes (1997, p. 55) comenta:
Um repensar sobre o assunto passa a ser requerido. Novos debates, novas
idéias, novas contribuições, novas buscas e novas reconstruções, com base
em novos fundamentos. Em conseqüência, inicia-se um processo de
mudança conceitual, surge uma forma de pensamento totalmente diferente,
uma transição de um modelo para outro, tudo isso decorrente da
insatisfação com modelos predominantes de explicação.
O conhecimento de teoria e prática adquiridos oferece uma sensação de
segurança, tornando-se difícil e desconfortável abrir mão daquilo que se conhece
para buscar o que não se sabe.
98
A chegada do século XXI trouxe consigo algumas certezas; dentre elas, a
mais importante e urgente: o ser humano precisa construir uma sociedade mais justa
e igualitária, e, ao mesmo tempo, aprender a conviver com as incertezas. Morin
(2004, p. 84) corrobora: Ӄ preciso aprender a enfrentar a incerteza, que vivemos
em uma época de mudanças em que os valores são ambivalentes, em que tudo é
ligado.”
O paradigma cartesiano que predominou no ocidente a partir do século XVII,
determinou o pensamento e o comportamento de cientistas, filósofos e educadores
deixando marcas até os dias de hoje. A separação sujeito e objeto levou a uma
dissociação tanto no ser humano quanto na ação sobre o planeta.
Mizukami (1986, p. 11) discorre: “trata-se, pois, da transmissão de idéias
selecionadas e organizadas logicamente. Este tipo de concepção de educação é
encontrado em vários momentos da história, permanecendo atualmente sob
diferentes formas”
A ciência influenciou a educação com um pensamento racional, fragmentado
e reducionista. Behrens (2005, p.19) acrescenta :
ao mesmo tempo que o mundo foi contemplado pela técnica, angariando
um avanço significativo no aspecto material, levou o homem a ver o mundo
de maneira compartimentalizada, separando a ciência da ética, a razão do
sentimento, a ciência da fé, e, em especial, separando mente e corpo.
Essa característica levou o homem a separar a ciência da ética, a razão do
sentimento, a mente da matéria. O conhecimento foi dividido em campos
especializados, na busca de maior compreensão.
O homem perdeu a referência do todo, investindo cada vez mais em
pesquisas isoladas, desarticuladas entre si, que por sua vez levaram à construção
de uma sociedade desigual e injusta onde o ter predomina sobre o ser. O
conhecimento, ao ser mostrado como racional e lógico, deixou de fora a
solidariedade, a sensibilidade, o afeto, enfim, a humanidade.
Em conseqüência desse paradigma o século XX foi marcado pela explosão
do conhecimento tecnológico. Behrens (2003, p. 29) discorre afirmando que “a
revolução tecnológica que atingiu o povo em geral não foi uma reestruturação da
comunidade científica, mas do universo como um todo”. O homem passou a
valorizar a máquina em detrimento da natureza, de si mesmo e do outro.
99
A busca da riqueza a qualquer preço, do conhecimento usado como forma de
poder e dominação fez com que o século XXI surgisse numa sociedade violenta,
desumana, marcada pela corrupção e pela desvalorização do ser humano.
O progresso dos últimos cinqüenta anos advindo da microeletrônica é
inegável e impulsionou a computação, as telecomunicações, a cibernética, a
robótica e as redes eletrônicas. Negroponte (2003, p. 119) corrobora afirmando que
estes artefatos criam digitalmente “uma telepresença humana em tempo real”. Os
satélites, aliados a microcomputadores e tecnologias de ponta, tornaram possível a
explosão de conhecimentos em todas as áreas, produzindo e levando informações
numa velocidade e volume nunca antes imagináveis.
Se por um lado, o avanço tecnológico trouxe qualidade de vida, recursos
eletrônicos, pesquisas de ponta, que, sem dúvida, tem beneficiado a humanidade,
por outro lado, trouxe também competitividade exacerbada, stress e poluição do
meio ambiente. De acordo com Behrens (2003, p. 29) “nesse processo, embevecido
pela tecnologia, o homem passou a destruir a Terra e, em especial, a si mesmo e
aos seus semelhantes”.
Nesse processo, o planeta chegou a tal ponto de destruição que hoje, a
comunidade científica e empresarial une esforços para, juntas, buscar soluções
econômica e politicamente viáveis. O desenvolvimento auto-sustentável é um dos
grandes desafios do novo século; ciência, tecnologia, economia e política são
chamadas a discutir e decidir ações que envolvem o destino não do meio
ambiente, como da preservação da espécie humana. Behrens (2003, p. 30)
acrescenta que “é uma crise de dimensões planetárias, advinda de um paradigma
que permitiu a separação, a divisão e a fragmentação, levando a uma visão
mecanicista do mundo”.
Teorias inovadoras vêm surgindo, levando a um processo de reflexão e
conscientização, influenciando profissionais de todas as áreas do conhecimento a
buscar novos caminhos nessa superação de paradigmas.
A sociedade, hoje, precisa construir novos paradigmas que venham de
encontro a suas necessidades e anseios. Segundo Morin, (2004, p. 26)
O paradigma desempenha um papel ao mesmo tempo subterrâneo e
soberano em qualquer teoria, doutrina ou ideologia. O paradigma é
inconsciente, mas irriga o pensamento consciente, controla-o e, neste
sentido, é também supraconsciente.
100
Este mesmo autor (2004, p. 30) acrescenta que o novo surge e surpreende
sem parar e, quando o inesperado se manifesta, é preciso ser capaz de rever teorias
e idéias.
Conhecer e compreender a complexidade deste momento histórico é, ao
mesmo tempo, difícil e doloroso, pois reflete a própria caminhada do ser humano; o
contexto econômico, político, social e ecológico é o resultado de uma educação
alienante e fragmentada que levou ao modelo de sociedade deste início de século.
Ter acesso a informações, articulá-las e organizá-las na busca de soluções é
a prioridade do ser humano do novo milênio.
Como enfatiza Morin (2004, p. 35) “Para articular e organizar os
conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os problemas do mundo é
necessário a reforma do pensamento. Entretanto, esta reforma é paradigmática e,
não, programática.”
Assim, não basta obter informações ou dados isolados; é preciso situá-los,
contextualizá-los dentro de uma perspectiva histórica, social, política e econômica,
para que adquiram sentido real; então serão relevantes e pertinentes podendo
servir de base para estudos e decisões.
Morin (2004, p. 39) afirma que “a educação deve promover a inteligência
geral, apta a referir-se ao complexo, ao contexto, de modo multidimensional e dentro
da concepção global”.
Para a promoção desta inteligência, o ser humano e a sociedade,
caracterizados como multidimensionais e complexos, devem apropriar-se do
conhecimento. Interligando-se como um grande fio condutor entre o todo e as
partes, com intuito de favorecer a construção de uma realidade mais justa e
harmoniosa.
4.2 PARADIGMAS PARA O SÉCULO XXI – CONCEITOS E PROPOSTAS
Muitos cientistas, pensadores e educadores têm se dedicado a formular
novas hipóteses e conceitos que levem à construção de novos paradigmas. Morin
(2004, p. 46) argumenta:
101
trata-se de entender o pensamento que separa e que reduz, no lugar do
pensamento que distingue e une. Não se trata de abandonar o
conhecimento das partes pelo conhecimento das totalidades, nem da
análise pela síntese; é preciso conjugá-las.
Para esse autor, “conhecer o humano é, antes de mais nada, situá-lo no
universo, e não separá-lo dele(2000, p. 47). Nesse sentido, a educação do futuro
deverá ser centrada na condição humana, reconhecendo a grande diversidade
cultural e, ao mesmo tempo, sua grande missão enquanto cidadão planetário.
Nessa proposta, ao promover a inteligência geral, a educação deve se utilizar
do conhecimento existente para superar as diferenças culturais e sociais e, ao
mesmo tempo, criar condições para o desenvolvimento pleno do ser humano.
Para Morin (2004, p. 52), “o homem somente se realiza plenamente como ser
humano pela cultura e na cultura”. Essa afirmação é importante na medida em que
define como fundamental a relação cérebro/mente/cultura, onde cada um dos termos
é necessário ao outro na mediação e superação dos conflitos humanos.
Descrevendo o compromisso do homem enquanto ser planetário e, portanto,
cultural, Morin (2004, p.61) ressalta que uma das vocações da educação do futuro
será a “tomada de conhecimento, por conseguinte, de consciência, da condição
comum a todos os humanos e da muito rica e necessária diversidade dos indivíduos,
dos povos, das culturas, sobre nosso enraizamento como cidadãos da Terra...”
A era da mundialização surge como um grande desafio: o de conhecer e
compreender o mundo como um todo inter-relacionado e contextualizado. Pensar
em globalidade é um exercício que precisa ser aprendido e vivenciado. “Na era das
telecomunicações, da informação, da Internet, estamos submersos na complexidade
do mundo, as incontáveis informações sobre o mundo sufocam nossas
possibilidades de inteligibilidade” (MORIN, 2000, p. 64).
Para o autor, o caminho para a mundialização a serviço do gênero humano
passa pela compreensão, a solidariedade intelectual e moral da humanidade. As
diferentes culturas devem aprender umas com as outras, pois, compreender é
também aprender e reaprender incessantemente” (MORIN, 2000, p. 102).
Assim, pensar em novos paradigmas significa pensar em compreensão como
meio e fim da comunicação humana, visando uma reforma planetária das
mentalidades em todos os níveis educativos.
102
Uma das características do século XX foi a consciência da importância da
educação no desenvolvimento pleno do ser humano, tanto como indivíduo como ser
social e político. Capra (1985, p. 72) complementa:
Em contraste com a percepção mecanicista cartesiana, a visão de mundo
que es surgindo a partir da física moderna pode caracterizar-se por
palavras como orgânica, holística e ecológica. Pode também ser
denominada visão sistêmica, no sentido da teoria geral dos sistemas. O
universo deixa de ser visto como uma máquina composta de uma infinidade
de objetos, para ser descrito como um todo dinâmico, indivisível, cujas
partes estão essencialmente inter-relacionadas e podem ser entendidas
como modelos de um processo cósmico.
Muito se tem refletido e debatido na busca de caminhos que levem a novos
paradigmas para a educação. Cientistas, pensadores e educadores defendem novos
conceitos que definam os componentes da educação do século XXI.
A literatura atual é vasta e diversificada apresentando contribuições de
autores das diversas áreas do conhecimento. Esse aspecto é, em si, um reflexo
deste momento histórico, suas relações e conseqüências.
Com o surgimento da dimensão planetária e da sociedade do conhecimento,
a humanidade se percebe reunida em um lugar comum a todos: o planeta terra. A
partir dessa constatação surgem novos conceitos e necessidades, que por sua vez
vão determinar modelos e metodologias emergentes.
Boff (1998), citado por Assmann (1998, p. 12), apresenta um novo conceito
de sociedade. Para este autor “a sociedade do conhecimento é uma sociedade
aprendente que, como a vida, se flexibiliza, se adapta, instaura redes de relações e
cria.” Acrescenta em seu discurso que “educar é fazer experiências de
aprendizagem pessoal e coletiva”.
Trocmé-Fabre (1997), mencionado por Assmann (1998, p. 15), faz uma
citação que expressa o conceito de aprendizagem para o novo milênio:
o termo - aprendizagem - deve ceder o lugar ao termo - aprendência - , que
traduz melhor, pela sua própria forma, este estado de estar-em-processo-
de-aprender, esta função do ato de aprender que constrói e se constrói, e
seu estatuto de ato existencial que caracteriza efetivamente o ato de
aprender, indissociável da dinâmica do vivo.
O conhecimento surge como o recurso humano, econômico e sócio-cultural,
que vai ser determinante no novo período histórico da humanidade. A sociedade
103
aprendente deverá estar em estado de aprendizagem constante e transformar-se
numa imensa rede cognitiva e interativa. Ainda segundo Assmann (1998, p. 13),
“aos poucos, nos vamos acostumando a pensar em forma de rede, mais coerentes
com a teia da vida.”
As principais características da era das redes, a hipertextualidade, a
conectividade e a transversalidade são promissoras e devem ser usadas em
proveito da educação. Nesse sentido, é preciso trabalhar pedagogicamente as
grandes diferenças de apropriação desse conhecimento; a educação para a
solidariedade e igualdade passa a ser um dos compromissos dos novos paradigmas.
Morin (2004, p. 104) acrescenta:
A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O
planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensões mútuas. Dada a
importância da educação para a compreensão, em todos os níveis
educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão
necessita da reforma planetária das mentalidades; esta deve ser a tarefa da
educação do futuro.
A criação da sensibilidade social necessária para reorientar a humanidade
deverá ser um dos objetivos da educação do novo milênio. A dinamização dos
espaços do conhecimento se tornou a tarefa emancipatória mais significativa do
ponto de vista político.
Saber conviver nas diferenças, construir uma sociedade onde caibam todos,
será possível num mundo onde caibam muitos mundos. Behrens (2003, p. 67)
complementa “as propriedades das partes podem ser entendidas apenas a partir da
organização do todo (...) no qual como uma teia, criam-se sistemas dentro de outros
sistemas, e todos estão interconectados”. Os novos paradigmas devem se revestir
com o desafio de tornar a criatividade e a ternura necessidades vivenciais e
elementos definidores dos sonhos de felicidade individual e social.
A aprendizagem é, antes de mais nada, um processo corporal, pois todo
conhecimento tem uma inscrição corporal; por isso, o ambiente pedagógico tem de
ser lugar de fascinação e inventividade (ASSMANN, 1998 p. 29).
A experiência de aprendizagem implica, além da instrução formativa, a
reinvenção e construção personalizada do conhecimento. A concepção dinâmica do
cérebro/mente aponta para uma pedagogia que aceite trabalhar com certeza e
104
incerteza. A constituição neural do cérebro/mente está predisposta para lidar com
vacilações e feita para a fruição do pensar.
Num paradigma emergente o “pensar próprio” é visto como uma experiência
humana prazerosa e indispensável no processo de aprendizagem. Assim, passa a
ser visto como um tema pedagógico fundamental.
Aprender não significa ir acumulando coisas numa espécie de processo
acumulativo; ao contrário, explica Assmann (1998, p. 40) “trata-se de uma rede ou
teia de interações neurais extremamente complexas e dinâmicas, que vão criando
estados gerais qualitativamente novos no cérebro humano.”
A tarefa básica da pedagogia é oportunizar que as experiências de
aprendizagem estejam abertas a um máximo de interfaces possíveis com os mais
variados campos do sentido. Para Assmann (1998, p. 26)
A pedagogia escolar deve estar ciente, por um lado, de que não é a única
instância educativa, mas, pelo outro, não pode renunciar a ser aquela
instância educacional que tem o papel peculiar de criar conscientemente
experiências de aprendizagem, reconhecíveis como tais pelos sujeitos
envolvidos. Para adquirir essa consciência deve estar atenta, sobretudo, ao
fato de que a corporeidade aprendente de seres vivos concretos é a sua
referência básica de critérios.
Um novo paradigma para a educação do terceiro milênio deve delinear
caminhos e pistas que fundamentem as bases para uma visão pedagógica
inovadora e que seja , ao mesmo tempo, capaz de gerar entusiasmo pela vocação
de educar.
4.3 A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
A sociedade do Conhecimento, ou da Informação, traduz o período histórico
atual em que o mundo globalizado está inserido.
Para entender melhor este novo modelo social das tecnologias digitais,
antropólogos e filósofos têm mostrado a evolução da própria inteligência e da cultura
humana. Alguns autores defendem que o mais importante não é discutir pormenores
105
do funcionamento tecnológico, mas sim buscar o significado da informação e do
conhecimento assim como suas conseqüências para o ser humano e o planeta.
Sacristán (2007, p.43) acrescenta:
A expressão sociedade da informação é uma das metáforas utilizadas para
caracterizar o que se considera uma condição nova da realidade social; é
como se fizesse alusão a seus traços sem esclarecer exatamente em que
consiste e de que maneira uma sociedade como a nossa é, na verdade, da
informação, em que sentido e para quem.
O conhecimento adquirido e transmitido geração a geração através da história
da humanidade foi e tem sido de extrema importância para o desenvolvimento
humano. Aprender a caçar, localizar alimento, distinguir uma planta venenosa de
outra medicinal, descobrir o fogo, inventar a roda, cultivar a terra, são alguns
exemplos de como o conhecimento garantiu a sobrevivência do homem na Terra.
Toda a história humana vem se somando e desenvolvendo através dos
séculos; o homem foi conquistando novas habilidades e técnicas que abriram
fronteiras e possibilidades em todas as áreas do conhecimento.
Neste início do século 21, a produção de informações atingiu uma dimensão
inimaginável apenas algumas décadas atrás. Behrens (2003, p.60) explica: “a
produção de conhecimento com autonomia, com criatividade, com criticidade e
espírito investigativo”.
Atualmente o homem depende muito mais do acesso ao conhecimento do
que no passado. No mundo globalizado, a sociedade está organizada de forma
interdependente e interativa, sendo inviável dispensar ou evitar a infocomunicação,
ou seja, os serviços prestados pelo computador, pelas telecomunicações, pelo
software, redes, satélites e fibras ópticas.
Sacristán (2007, p. 47) corrobora:
As novas tecnologias estão transformando todos os setores produtivos da
economia e constituem um setor cada vez mais importante da produção, da
pesquisa, da indústria e do comércio que experimenta um crescente ritmo
de desenvolvimento e emprega cada vez mais pessoas.
Essas tecnologias formam a infra-estrutura sica, onde a nova sociedade
organiza, armazena, codifica, decodifica, processa e transmite informações. O
conhecimento tornou-se necessidade básica, moeda de valor, fonte de poder.
106
Siqueira (2004, p.300-303) cita em seu livro Masuda, que pesquisa e avalia o
papel e o impacto das tecnologias da informação e da comunicação (TIC), sobre a
vida humana. Este autor questiona e justifica sobre o que vale mais: o ouro, o
diamante, o dinheiro, o petróleo, as propriedades ou o conhecimento. Afirma em
seguida que: “Não há dúvida: é o conhecimento, bem supremo da humanidade. Com
o conhecimento obtemos tudo o mais.”
Masuda citado por Siqueira (2004, p. 300-303) elaborou uma visão pessoal
desse universo do conhecimento, partindo do conceito de que “Arte é o
interrelacionamento de conhecimentos e experiências estéticas” e “cultura é o
conjunto das ciências e das artes, da mesma forma que civilização poderia ser o
conjunto de culturas, numa época ou região do mundo.”
Prosseguindo em sua reflexão, Masuda citado por Siqueira (2004, p. 300-303)
complementa: “Eu diria que, acima de qualquer civilização, está a sabedoria, que é o
conhecimento com ética, em seu estágio superior. É algo que nos aproxima de
Deus”.
A ética surge, no meio científico, como um pré-requisito indispensável ao se
pensar em novos paradigmas. O cenário mundial mostra uma realidade incoerente e
desumana caminhando lado a lado com um mundo virtual de alta tecnologia. As
desigualdades sociais se acentuam cada vez mais e, paradoxalmente, o
conhecimento, por ser utilizado sem ética, se torna o divisor, o elemento que exclui
ao invés de unir, que corrompe ao invés de construir.
Ser privado de instrumentos essenciais para a vida moderna, de
competências e de saberes necessários para participar de um mundo tecnológico,
onde o acesso ao conhecimento é um elemento essencial de transformação do
meio, faz com que pessoas sejam marginalizadas em relação a sua própria
sociedade, aos seus próprios pares, perdendo, desta forma, a oportunidade de agir
e interagir de maneira participativa na comunidade onde vivem.
Siqueira (2004, p. 253) acrescenta:
Com um pouco mais de reflexão, identificamos que essas novas
tecnologias, as ICTs, podem, sim, ajudar os cidadãos, os líderes, as
instituições, os governos e as nações a melhorar a qualidade de vida, a
difundir mais informações, a evitar doenças, a preservar o ambiente, a não
desperdiçar nada, a disseminar conceitos e conhecimentos de medicina
preventiva, a elevar cada dia mais o nível educacional da população. Essas
tecnologias constituem ferramentas que nos permitem, em última análise,
107
formar personalidades ou mudar a cabeça do cidadão, e, como
conseqüência, elevar a produtividade de todas as atividades econômicas.
Pesquisas indicam que as pessoas com níveis de conhecimento e de
competências que lhes permitam escolaridade e emprego, alcançam um bom
desenvolvimento econômico, social e político, enquanto que aquelas que não
conseguem atingir os mesmos níveis, ficam à margem do desenvolvimento, sem
emprego e com seus direitos sociais e políticos limitados.
Analisando a sociedade ocidental, Eckersley (1994) citado por Delors (2005,
p. 41-42) aponta uma perda de valores. Segundo ele, “o suicídio de jovens, o uso de
drogas e a delinqüência costumam ser explicados em termos pessoais, sociais e
econômicos: desemprego, pobreza, maus tratos, entre outros.” Para o autor, as
causas vão além desses aspectos específicos. A incapacidade de dar um sentido,
um sentimento de fazer parte e um objetivo à vida seria a causa mais profunda da
exclusão social. Eckersley (1994) citado por Delors (2005, p. 42) justifica sua
afirmação dizendo que “as pessoas precisam acreditar em alguma coisa, sentir que
pertencem a uma comunidade e que são membros estimados da sociedade.”
A natureza dos objetivos que uma sociedade expressa, de forma clara ou
velada, vai determinar o ser social que pretende desenvolver. Nesse sentido, as
políticas públicas, a aplicação de recursos, as prioridades dos governos, são
elementos fundamentais para se alcançar uma igualdade de direitos e deveres. A
educação, a saúde, a moradia, a alimentação, por serem direitos básicos e
constitucionais, são pré-requisitos para uma sociedade mais justa.
No âmbito local, assim como no mundial, constata-se a necessidade de um
amplo engajamento social em favor de sociedades que gerem, ao mesmo
tempo, harmonia e eqüidade. Em sociedades desse tipo, a educação pode
desempenhar um papel muito eficaz, mas, na ausência desse contexto, a
educação é apenas uma vantagem para aqueles que são favorecidos
(DELORS, 2005, p. 43).
No mundo globalizado, as divisões acentuam-se cada vez mais e vão se
tornando mais complexas e difíceis de serem resolvidas. De um lado estão os que
conseguem participar plenamente das ações produtivas, têm uma vida civil ativa e
vida pessoal satisfatória; de outro, aqueles que não puderam adquirir a capacidade
de fazer escolhas e que se tornam uma espécie de subclasse da sociedade.
Segundo Delors (2005, p. 43),
108
as realidades de nosso mundo interdependente são tais que essas
sociedades divididas, seja qual for o nível em que se situem, são
insustentáveis (...)é necessário proporcionar às comunidades locais, assim
como à comunidade mundial, condições de vida que sejam ao mesmo
tempo harmoniosas e produtivas.
Na busca por essa sociedade que gere ao mesmo tempo, harmonia,
igualdade e desenvolvimento, a educação surge como uma alternativa capaz de
proporcionar oportunidades iguais, acesso ao conhecimento, e, ao mesmo tempo,
resgatar valores sociais e morais que se perderam.
De acordo com Capra (1996, p.24) “o grande desafio é focalizar a criação de
comunidades sustentáveis isto é, ambientes sociais e culturais onde podemos
satisfazer as nossas necessidades e aspirações sem diminuir as chances das
gerações futuras”.
As tecnologias do conhecimento são instrumentos e mecanismos com
potencial para colaborar na transformação da realidade social que está ocorrendo no
mundo. A produção e rapidez das informações promovem a interatividade que, por
sua vez, levam à conexão, à teia de relações humanas onde o conhecimento surge
como o elemento de ligação.
Delors (2005, p. 218) argumenta que “O estado deve continuar a participar
dessa evolução, estabelecendo normas para a formação inicial dos professores e
colocando a sua disposição meios de educação permanente.”
A grande produção de conhecimento e de novos recursos tecnológicos
deveria ser um fator de qualidade na educação.
O que se percebe é uma disparidade entre a sociedade que está posta, a
qual é essencialmente informatizada, e o modelo de educação que é praticado nas
diversas instituições de ensino. O momento de transição entre paradigmas é visível.
Teóricos apontam novos caminhos fundamentados no modelo de sociedade
esperado para o culo XXI. As escolas procuram se adaptar às novas exigências
deste momento social e econômico. Educadores são vistos como parte do problema
e não como agentes de mudança.
A escola vem tentando incorporar ao seu cotidiano diversos elementos
tecnológicos no intuito de revitalizar sua prática; todavia o trabalho escolar ainda
está centrado na ação do professor e na execução de planejamentos que precisa
ser cumprida.
Sacristán alerta (2007, p. 42) que
109
As novas condições sociais também nos sugerem que nossos alunos estão
pré-escolarmente socializados nesse mundo, que conforma uma base
humana singular que não podemos ignorar e muito menos negar nas salas
de aulas.
A prática educativa na maioria das vezes ainda é expositiva, com repetição de
tarefas determinadas pelo professor. Recursos tecnológicos também costumam ser
utilizados, porém de forma mecânica e repetitiva e não como uma metodologia
inovadora.
É preciso mudar, segundo Morin (2004, p.81) “é preciso aprender a enfrentar
a incerteza, que vivemos em uma época de mudanças em que os valores são
ambivalentes, em que tudo é ligado”.
Na sociedade do conhecimento, a escola deixou de ser a única fonte de
informação para os alunos. Esta função é amplamente assumida pelos meios de
comunicação que se utilizam da TIC para produção e disseminação da informação.
A Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) surge como um dos
recursos tecnológicos capazes de proporcionar qualidade no ensino, possibilitando a
reestruturação do ambiente pedagógico e oportunizando, assim, a revitalização da
prática pedagógica.
A educação se apresenta como elemento fundamental no processo de
desenvolvimento de potencialidades que poderão contribuir para uma sociedade
mais justa e igualitária. Entretanto, ao longo das últimas décadas, os sistemas
educacionais foram administrados por políticas que desacreditaram os profissionais
da educação. Os novos desafios do desenvolvimento social e econômico
contribuíram para que a educação ficasse defasada e, muitas vezes, desacreditada
pela sociedade.
Superar essa realidade tornou-se um dos grandes desafios a serem vencidos
pela educação neste início de século. Delors (2005, p. 60) afirma: “superar o
ceticismo sobre as possibilidades de modificar o funcionamento das administrações
educacionais é um dos primeiros obstáculos a qualquer processo de reforma
educacional.”
Na busca de novos caminhos surge também a tendência a priorizar a
mudança educacional no aspecto institucional. O objetivo seria conscientizar as
instituições das necessidades da sociedade, levando-as a adotar ações mais
110
dinâmicas na gestão educacional, objetivando alcançar melhores resultados face às
novas demandas sociais, políticas e econômicas.
Assmann (1998, p. 23) ressalta a desmotivação de professores frente ao
panorama educacional brasileiro, que se apresenta desolador. Diante de
circunstâncias tão adversas torna-se necessário rever a função do professor e, ao
mesmo tempo, somar esforços para, segundo a proposta do autor, reencantar a
educação. Este seria o caminho para alcançar novamente a valorização desses
profissionais e, ao mesmo tempo, buscar a qualidade de ensino.
111
4.4 O PROFESSOR DO NOVO PARADIGMA
A realidade dos profissionais da educação mostra um descompasso muito
grande entre o grau de conhecimento que o homem alcançou e o conhecimento
ensinado nas escolas.
Para se caminhar rumo a um ensino de qualidade que integre todas as
dimensões do ser humano e que venha atender as necessidades dos novos
paradigmas, torna-se fundamental que o educador seja ele mesmo, adequado a
esse novo modelo de educação e de sociedade. Investir na formação do professor é
tão ou mais importante quanto estabelecer novas propostas teóricas ou equipar a
escola com tecnologia de ponta.
O professor deste novo paradigma precisa estar convicto de seu papel no
processo ensino-aprendizagem. Belloni (1999, p.86) destaca:
É importante ressaltar que, embora não ocupe sozinho o centro do palco,
o professor continua sendo essencial para o processo educativo em todos
os níveis, especialmente na escola primária e secundária, em que suas
funções ainda que multiplicadas e transformadas continuam
indispensáveis para o sucesso da aprendizagem.
Organismos internacionais têm se posicionado sobre a problemática da
educação mundial e, conforme registra o relatório da UNESCO
18
da Comissão
Internacional sobre a Educação para o século XXI,
é preciso, antes de mais nada, melhorar o recrutamento, a formação, o
estatuto social e as condições de trabalho dos professores, pois estes
poderão responder ao que deles se espera se possuírem os conhecimentos
e as competências, as qualidades pessoais, as possibilidades profissionais
e a motivação requeridas.
Por outro lado, Behrens (2003, p.16 e 17), destaca “as mudanças na
educação dependem, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual
e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e
dialogar.” Para a autora, o novo educador é confiante, mostra que sabe e está atento
ao que não sabe, ao novo. E complementa: “ensina, aprendendo a relativizar, a
valorizar a diferença, a aceitar o provisório.”
18
< http://www.unesco.org.br/areas/educacao/ areastematicas /formprof/index_html/mostra_documento>
112
Viver numa sociedade informatizada pressupõe o domínio do conhecimento
tecnológico, embora essa seja, às vezes, uma das grandes dificuldades do
professor. Nesse sentido, Trainotti (2002, p. 60) enfatiza: “O medo da tecnologia
ainda é uma realidade (...) muitos professores procuram ultrapassar barreiras auto-
impostas. Propiciar o contato e uso é uma das formas de superar tais barreiras.”
No novo paradigma a tecnologia aparece como um recurso didático natural,
devendo ser incluída na ação educativa do professor, pois, como destaca Trainotti
(2002, p.59):
o uso pedagógico das tecnologias se torna um pilar fundamental no sentido
de promover e desenvolver as potencialidades tanto do educando quanto do
educador, propiciando resultados de maior qualidade para o ensino e para a
aprendizagem.
A utilização dos recursos tecnológicos vai além de saber lidar
automaticamente com a máquina. Pressupõe um compromisso ético e responsável,
onde o conhecimento se torna ao mesmo tempo meio e fim, como destaca Trainotti
(2002, p. 59): “Porém incorporar as tecnologias implica, antes de tudo, compreender
as novas formas de acesso ao conhecimento, os benefícios que poderão advir delas
e isso, se professores e alunos souberem como, quando e com que objetivo utilizá-
las.”
Muitos professores têm uma formação deficitária em relação à tecnologia;
alguns porque não tiveram, eles mesmos, oportunidade de acesso a esse
conhecimento. Outros, por não se identificarem com esses recursos, os deixam de
lado; também aqueles que se acomodaram no conhecimento que já tinham e não
enfrentaram o novo. Enfim, são muitas as razões que explicam o despreparo da
maioria dos professores.
Entretanto, cabe ressaltar que hoje a criança e o jovem nascem numa
sociedade informatizada e, portanto, estão inseridos de fato no mundo tecnológico.
Lidar com esse conhecimento é questão de sobrevivência e de cidadania. A
educação tem entre seus princípios preparar o aluno para viver, agir e interagir na
sociedade em que vive.
O professor do novo milênio tem entre seus compromissos promover uma
educação igualitária. Para tanto precisa ele mesmo ter transparência e convicção de
seus princípios filosóficos e morais, que vão nortear todo o seu fazer pedagógico.
113
4.5 O PROFESSOR INSERIDO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
Muito se estudou sobre a formação de professores, mas agora não
dúvida que o futuro da educação estará cada vez mais imbricado de técnicas,
práticas, atitudes, modos de pensamento e valores que se desenvolvam juntamente
com o crescimento da tecnologia.
Para promover uma sociedade inclusiva aconteceu, em Genebra no ano de
2003, uma reunião de cúpula intitulada: Cúpula Mundial sobre a Sociedade da
Informação; neste evento enunciou-se, segundo Siqueira (2004, p. 255), os
princípios essenciais para uma Sociedade da Informação que prevê: o melhor
acesso à infra-estrutura de informática e comunicação, bem como à informação do
conhecimento; maior capacidade de acesso; maior confiança e maior segurança no
uso da tecnologia; incentivo e respeito à diversidade cultural; reconhecimento do
papel dos meios de comunicação; atenção às dimensões éticas da Sociedade da
Informação e incentivo à cooperação internacional e regional.
Estas premissas são exemplos dos desafios que despontam neste século,
fazendo-se necessário usar a tecnologia para promover o desenvolvimento, a
erradicação da exclusão digital, entre outros; e desenvolver parcerias globais para
se alcançar um mundo mais pacífico, justo e próspero (SIQUEIRA, 2004, p. 255).
Sancho (2006, p. 17) afirma que “torna-se difícil negar a influência das
tecnologias da informação e comunicação na configuração do mundo atual”,
acrescentando ainda que “diferentes organismos internacionais advertem sobre a
importância de educar os alunos para a Sociedade do Conhecimento, para que
possam pensar de forma crítica e autônoma”(SANCHO, 2006, p. 19).
Na Sociedade do Conhecimento mudaram os interesses, mudaram os jogos,
mudaram as formas de utilizar a moeda, mudaram a forma de comunicação, entre
outras tantas mudanças. Sacristán (2007, p. 74) corrobora afirmando “mudou o
cânone da cultura reconhecida como relevante, as formas de expressão cultural, os
públicos que acessam os diferentes veis do sistema escolar e a produção de
objetos culturais para consumir”. Nesta nova sociedade a TIC passa a ser uma
ferramenta que oferece possibilidades inovadoras, pois segundo Belloni (1999,
114
p.59), “permitem combinar a flexibilidade da interação humana (...) com a
independência no tempo e no espaço”.
A TIC passou ser o mais poderoso meio de transformação da sociedade em
âmbito mundial. E continuará a produzir mudanças econômicas, sociais, políticas e
culturais em todo o mundo. Siqueira ( 2004, p.17) acrescenta que “o grande
fenômeno tecnológico de nossos dias que marca as profundas transformações do
mundo em que vivemos é a convergência digital” caracterizada pelas redes de
comunicação que estão interconectadas, transformadas em uma teia de alcance
global.
As TIC já transformam o cotidiano das pessoas, afinal, todos os lugares estão
cercados de tecnologia, o banco possui terminais de auto-atendimento, os
transportes coletivos sinalizam o uso intensivo de tecnologia, as lojas iniciam sua
virtualização, como é o caso de lojas conceituadas como Submarino, Ebay, entre
outras, as bibliotecas despontam para uma nova modalidade de pesquisa virtual,
lojas e residências se beneficiam de computadores conectados a aparatos
tecnológicos e à Internet, escolas usam filmadoras para que pais possam observar
seus filhos em qualquer lugar do planeta, entre outros.
As pessoas desse novo milênio caracterizam-se por utilizar frequentemente
as tecnologias dos telefones celulares, smartphones, notebooks e palmtops para
acessar bibliotecas, comprar passagens de aviões, fazer deveres escolares,
participar de sociedades virtuais, entre outros tantos benefícios proporcionados por
estes equipamentos. Sacristán (2007, p.41) acrescenta que “são pessoas que vivem
realmente de uma ou outra maneira na sociedade (...) Essa sociedade caracteriza-
se por traços muito diversos: desde o freqüente uso de certas tecnologias como o
telefone móvel”. Neste contexto inovador Moran (2007, p. 145) corrobora afirmando
que “a aprendizagem será a essência da nova sociedade”, caracterizada por
“aprender a conhecer, a sentir, a comunicar-se, a equilibrar o individual e o social”.
Diante de todos os benefícios proporcionados à sociedade, Behrens (2006, p.
112) alerta que a introdução da tecnologia na educação deve estar orientada para a
melhoria da qualidade do ensino:
O professor precisa superar a ação docente conservadora que propõe a
reprodução do conhecimento, a cópia e a memorização. Para ultrapassar a
visão tradicional e subsidiar os professores para alicerçarem práticas
pedagógicas num paradigma inovador que levem a atender as exigências
da Sociedade do Conhecimento.
115
Na Sociedade do Conhecimento o professor precisa estar vinculado à gestão
dos processos educativos. De acordo com Behrens (2006, p. 27-30), os profissionais
desta área do conhecimento devem buscar uma visão integral da pessoa, em todas
as dimensões humanas; devem buscar novos caminhos para consolidar um
paradigma que propicie um ensino de qualidade e que privilegie a aprendizagem
efetiva para os alunos
As novas tecnologias estão tornando-se cada vez mais importantes na
produção, na pesquisa e no comércio, cabendo ao estado e aos estabelecimentos
de ensino concentrar esforços para oferecer estes aparatos tecnológicos; o
professor, por sua vez, deve estar preparado para a sociedade que desponta, com o
intuito de colaborar na criação de uma comunidade pronta para os desafios atuais e
os vindouros.
4.6 O PROFESSOR EM AMBIENTE HOSPITALAR
Os desafios deste início de século estão relacionados a um novo paradigma
denominado emergente. Têm como característica a integração, a interconexão do
homem e da natureza, o resgate do ser humano em sua totalidade (ALCÂNTARA,
BEHRENS, CARVALHO, 2001, p. 42).
Inserido a esta sociedade emergente estão muitos escolares que se
encontram hospitalizados, e para estes sujeitos as possibilidades de brincar e
aprender são reduzidas.
Para amenizar esta realidade surge um ramo da pedagogia tradicional: a
pedagogia hospitalar que, em conjunto com outros profissionais, têm por premissa a
busca da humanização hospitalar e da inclusão escolar dos menores que adoecem.
Para tanto é necessário “uma habilitação específica para este preparo docente e
esta prática de ensino que possibilite atender tal nível de exigência.” (MATOS, 2006,
p. 118). Para amenizar esta lacuna, muitas instituições superiores agregam a
disciplina de pedagogia hospitalar em seus currículos.
116
O objetivo da pedagogia hospitalar é integrar o escolar hospitalizado ao seu
novo modo de vida, promovendo experiências dentro do hospital que favoreçam o
seu desenvolvimento enquanto internado. Matos (2006, p. 68) acrescenta:
o objetivo é claro e definido, isto é, manter e potencializar os hábitos
próprios da educação intelectual e da aprendizagem de que necessitam as
crianças/adolescentes em idade escolar, mediante atividades desenvolvidas
por pedagogos em função docente.
Neste ínterim busca-se propiciar a continuidade da escolaridade formal,
promovendo o desenvolvimento e a aprendizagem bem como oportunizando
momentos de alegria e de prazer, resgatando a vitalidade e a autoconfiança. E, por
conseguinte, estimulando a continuidade dos estudos, “a fim de que não percam seu
curso e não se convertam em repetentes, ou venham a interromper o ritmo de
aprendizagem, assim dificultando, consequentemente, a recuperação de sua saúde
(MATOS, 2006, P.68).
O pedagogo hospitalar deve ser um professor que precisa estar “atento,
solícito e predisposto diante da instância de continuar preparando, desafiando e
estimulando o escolar a estudar e a vencer esta etapa de hospitalização” (MATOS,
2006, P.75).
O profissional envolvido neste contexto deve construir propostas criativas,
superando a visão fragmentada e tratando o escolar hospitalizado como um todo,
numa visão multidisciplinar, com uma abordagem denominada “da ciência” que,
segundo Alcântara e Behrens (2001, p.40), demanda olhares diferenciados sobre a
aprendizagem, onde educadores devem considerar alguns pressupostos essenciais
para suas práticas pedagógicas:
- visão de totalidade: considera-se que a prática pedagógica deve superar a
visão fragmentada, retomando as partes num todo significativo; .
- visão de rede, de teia, de conexão: considera-se que os fenômenos estão
interconectados havendo uma relação direta de interdependência entre os
seres humanos .
- visão de sistemas integrados: considera-se que todos os seres humanos
devem ter acesso ao mundo globalizado, aumentando assim as
oportunidades para construir uma sociedade mais justa, igualitária e
integrada.
- visão de relatividade e movimento: considerando-se que é essencial ter
uma percepção de que os conhecimentos são relativos (..) .
- visão de cidadania e ética: considera-se que a formação dos seres
humanos deve estar alicerçada na construção da cidadania como uma
postura ética, onde exista o respeito aos valores pessoais e sociais, espírito
de solidariedade, justiça e paz.
117
O pedagogo em âmbito hospitalar deve ser inovador e desfrutar das diversas
ferramentas que dinamizam a aprendizagem.
Deve superar a visão fragmentada e consolidar suas ações no resgate do
escolar hospitalizado em sua totalidade, levando este menor a dar continuidade a
sua formação.
O profissional da Educação que irá atuar junto a crianças e jovens
hospitalizados, deverá ter outras características além das já amplamente conhecidas
pela sociedade. Este educador seum elo de ligação entre o hospital, a escola e a
comunidade em geral; assim, será necessário um perfil diferente dos demais, pois
sua atuação será diferenciada em diversos aspectos. Ceccim citado por Sareh
(1997, p.2) ressalta que ao professor cabe “a tarefa de afirmar a vida, e sua melhor
qualidade, junto com essas crianças, ajudando-as a reagir, interagindo para que o
mundo de fora continue dentro do hospital e as acolha como um projeto de saúde”.
O trabalho deste educador será realizado em parceria com uma equipe
multidisciplinar e a permissão da família da criança; o espaço educativo precisará
ser adaptado a várias necessidades, circunstâncias, horários e ritmos individuais.
A realização do trabalho educativo na rede hospitalar será pautada na
construção de novos paradigmas, metodologias inovadoras e na superação de
desafios e obstáculos. Significa um caminho a ser percorrido, uma prática
pedagógica a ser criada, pois, não existem modelos prontos.
Considerando os desafios e as circunstâncias, o professor/pedagogo será
obrigatoriamente uma pessoa que goste do novo, que esteja disposto a aprender a
cada dia, que saiba viver e conviver com profissionais de outras áreas do
conhecimento. Sua atuação poderá abrir ou fechar portas para uma futura expansão
desta nova realidade educativa.
4.7 CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS: O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE À
TECNOLOGIA
O surgimento da Internet, da multimídia, do DVD, da televisão digital, dos
satélites e das fibras ópticas proporcionam ao professor deste milênio novas formas
de expor suas aulas, podendo contribuir para alterar significativamente a forma pela
118
qual são explanados os conteúdos acadêmicos. Delors (2005, p.217) acrescenta
que “a telemática abre novas possibilidades de educação”.
As novas possibilidades são caracterizadas pela TIC, que estão cada vez
mais rápidas e integradas, mudando o conceito de presença e distância e alterando
profundamente as formas de ensinar e aprender.
As TIC estão presentes em praticamente todos os ambientes de educação
formal e não-formal, e neste sentido o professor precisa estar capacitado a fazer uso
desses recursos como articulador de uma prática pedagógica diferenciada.
Cabe ao professor deste novo milênio estar preparado para abarcar os
conhecimentos necessários no sentido de caminhar junto com seus alunos na
construção do conhecimento significativo.
Para tanto, é preciso formar o novo professor. É preciso incutir em cada
professor “a visão das novas tecnologias, preparando-o para trabalhar corretamente
com elas, para produzir constantemente mais e melhores materiais didáticos,
sempre em equipe, objetivando usar de forma adequada até os produtos de
inteligência artificial” (SIQUEIRA, 2005, p.189).
As TIC, como forma de mediação, podem contribuir para melhorar a
aprendizagem dos alunos. Elas podem ser usadas para integrar conteúdos, ensinar,
revisar, corrigir e reforçar conteúdos. É caracterizada por inúmeras representações,
isto é, é revestida de movimento, cores, sons e emoções.
Ao aprender por meio da TIC, os alunos têm a possibilidade de examinar uma
mesma coisa de muitas perspectivas diferentes. Uma página da Internet, por
exemplo, pode tanto servir para ser estudada como um conjunto de instruções,
quanto como um texto concreto que foi planejado anteriormente por comandos
específicos de programação. Negroponte (2003, p.218) conclui: “o que as crianças
estão aprendendo muito rapidamente é conhecer um programa e conhecê-lo de
muitos pontos de vista, e não apenas de um único”.
É necessário procurar novas práticas, Behrens (2006, p.12) afirma que “a
busca de um novo paradigma demanda uma revisão na visão de mundo, de
sociedade e de homem”, na busca de uma aprendizagem significativa que passa a
ter foco na visão complexa do universo e na educação contínua.
Neste contexto é necessário que o professor aprenda a trabalhar com a TIC e
esteja aberto a aprender e a usar tanto tecnologias sofisticadas quanto tecnologias
simples (Internet banda larga e Internet discada, Teleconferência por meio da web,
119
uso de e-mails, fóruns, entre outros). O professor “não pode acomodar-se, porque a
todo o momento surgem soluções novas e que podem facilitar o trabalho pedagógico
com os alunos” (MORAN, 2006, p. 43).
Para que ocorra uma melhoria de qualidade na educação, Belloni (1999, p.
73) adverte que “é fundamental reconhecer a importância das TIC e a urgência de
criar conhecimentos e mecanismos que possibilitem sua integração a comunicação”.
É necessário também entender que a construção de ferramentas está no centro da
história do homem desde suas origens. Dieuzeide (1994) citada por Belloni (1999, p.
61) acrescenta afirmando que “o homem fabrica a ferramenta e em retorno a
ferramenta modela o homem”. Em outras palavras, o é o meio que cria o
conhecimento e sim o poder que o meio proporciona para se produzir o
conhecimento.
Entre todas as inovações tecnológicas, a de maior destaque é a Internet; é
organizada de forma descentralizada - todos podem inserir informações neste
ambiente.
Moran (2003) prevê que “em poucos anos dificilmente teremos um curso
totalmente presencial”, desta forma o autor alerta:
Todas as universidades e organizações educacionais, em todos os veis,
precisam experimentar como integrar o presencial e o virtual, garantindo a
aprendizagem significativa. Precisamos vivenciar uma nova pedagogia da
comunicação e gestão do presencial e do virtual.
O crescente aumento de serviços na Internet provoca uma instabilidade na
formação de professores, que a tecnologia não pára, está em constante
movimento, com novas descobertas e modos de trabalhar o conhecimento. É
importante que estes profissionais estejam preparados para absorver as novas
mudanças e desta forma estar em constante readaptação.
O profissional do novo milênio deve adquirir aptidões suficientes para a
comunicação, para o estudo e para a resolução de problemas, de forma a beneficiar-
se de uma educação permanente e contínua.
Segundo Belloni (1999, p. 87) os profissionais da educação terão de
desenvolver competências em quatro grandes áreas:
cultura técnica – domínio mínimo de técnicas ligadas ao audiovisual e à
informática, indispensáveis em situações educativas;
120
competência de comunicação o professor terá de sair de sua solidão
acadêmica e aprender a trabalhar em equipe;
capacidade de trabalhar com o método capacidade de sistematizar e
formalizar procedimentos e métodos;
capacidade de capitalizar apresentar seus saberes e experiências de modo
que outros possam aproveitá-los, e em retorno, saber aproveitar e adequar as suas
necessidades o saber dos outros formadores.
Para promover esta transformação deve-se observar que “a ênfase na
educação precisa recair na paixão pela investigação do conhecimento e na postura
ética que torne os alunos e professores envolvidos e comprometidos com os
destinos da humanidade(BEHRENS, 2006, p. 24). Aliado a esta postura encontra-
se também a paixão pela tecnologia que deve ser vista não como um modismo, e
sim como uma ferramenta que agrega novas formas de comunicação e
aprendizagem.
Nesta realidade o professor continua sendo essencial para o processo
educativo. Porém agora, suas atitudes devem ser centradas na busca da inovação
pedagógica, na produção do conhecimento e no ensino por meio da pesquisa.
As instituições de ensino poderão enfrentar os desafios deste século se
passarem a buscar uma visão holística. De acordo com Behrens (2006, p. 15) “o
maior desafio será restaurar a consciência da humanidade no sentido de agregar a
identidade individual e a identidade complexa dos seres humanos”.
Dessa forma, o grande desafio é o re-encantar dos professores, para que
contribuam na melhoria da sociedade, integrando as pessoas em todas as
dimensões humanas e atendendo as necessidades dos novos tempos.
121
5 METODOLOGIA DA PESQUISA
Neste capítulo serão apresentados e analisados os resultados da pesquisa
proposta na presente dissertação.
A metodologia de pesquisa utilizada neste estudo encontra-se no referencial
teórico da metodologia qualitativa e quantitativa de Flick (2004, p.28), que “é
orientada para análise de casos concretos em sua particularidade temporal e local,
partindo das expressões e atividades das pessoas e seus contextos locais.” Para
este estudo prevaleceu a observação e a descrição em dados qualitativos. dke
(1986, p.18) complementa afirmando que é uma metodologia rica em dados
descritivos, tendo um plano aberto e flexível, focalizando a realidade de forma
complexa e contextualizada.
Associado a esta metodologia será usado o estudo de caso, pois possibilita a
compreensão de um determinado evento, promovendo a análise do contexto e dos
processos envolvidos no fenômeno do estudo.
Um dos instrumentos escolhidos foi a entrevista, por viabilizar a captação
imediata e corrente das informações desejadas (LÜDKE, 1986, p.34), associada à
observação, que possibilita o acompanhamento in loco das experiências diárias do
sujeito estudado e contribui para detectar aspectos novos relacionados ao problema
(LÜDKE, 1986, p.26). Aos professores foi solicitado o preenchimento de questionário
Para o desenvolvimento dessa pesquisa optou-se por um estudo dividido em
quatro fases.
Na primeira fase realizou-se uma investigação do referencial teórico, por meio
de uma bibliografia pertinente que subsidiou essa pesquisa em relação ao escolar
hospitalizado, bem como aos diversos atores e ferramentas que estão direta ou
indiretamente ligados a esta realidade.
Na segunda fase foi organizada uma reunião com os professores envolvidos e
que exercem suas funções docentes em contexto hospitalar para apresentação do
AVA.
Na terceira fase foi organizada a entrevista com os escolares hospitalizados
(APÊNDICE B) e solicitado o preenchimento do questionário aos professores
hospitalares (APÊNDICE C). Fez-se o uso de cnicas de observação passiva
(Apêncide A), participativa e entrevistas semi-estruturadas, sistematizadas em um
122
questionário contendo uma série ordenada de questões pré-elaboradas e
seqüencialmente dispostas em itens, contemplando o tema da pesquisa.
Estes questionários foram apresentados aos sujeitos da pesquisa:
professores do hospital (APÊNDICE C), pais e crianças hospitalizadas (APÊNDICE
B).
Como instrumento de coleta de dados em pesquisa com seres humanos, foi
solicitado aos sujeitos participantes e, no caso dos menores, aos responsáveis, o
preenchimento do formulário de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO C),
conforme determina a Resolução 196/96 (BRASIL, 1996), que trata da normatização
da pesquisa com seres humanos e prevê o anonimato dos sujeitos pesquisados, o
sigilo dos dados coletados e o seu uso restrito para fins científicos.
Nessa fase foi investigada a aceitação do AVA Eurek@Kids frente aos
profissionais e menores hospitalizados, no intuito de investigar prós e contras que a
ferramenta Eurek@Kids apresentou.
Na quarta fase foi realizada a análise das contribuições e observações dos
sujeitos envolvidos na pesquisa, conferindo maior credibilidade à proposta sugerida,
acompanhada de dados recolhidos pelo levantamento estatístico apresentado.
5.1 A IMPLEMENTAÇÃO DO AVA – EUREK@KIDS
Para estudar a efetiva interação entre o escolar hospitalizado, o professor
hospitalar e o AVA foi necessário a criação de um protótipo do Eurek@Kids.
Para a criação deste ambiente ocorreu uma reunião em agosto de 2005.
Participaram desta reunião a coordenadora e vice-coordenadora do projeto, dois
alunos de mestrado, um aluno PIBIC da área de design e dois professores
colaboradores. Nesta reunião foram definidos funções e o cronograma para a
elaboração do ambiente.
Nesta reunião ficou definido o local em que ficaria o servidor do projeto
Eurek@Kids adquirido com recursos subsidiados pelo CNPq, uma sala onde os
bolsistas colaboradores e alunos de mestrado teriam acesso para a realização do
projeto nos horários estipulados pelas coordenações. Foi aberta uma sala virtual no
123
ambiente EUREKA da PUCPR, para a participação de todos os envolvidos. Esta
sala virtual serviria de base para discussões, argumentações e apresentação de
resultados na elaboração do Eurek@Kids.
A partir desta reunião definiu-se também que a primeira etapa do projeto seria
o reconhecimento do contexto hospitalar, dada a importância dos dados levantados
para o desenvolvimento do projeto, tanto na parte pedagógica como na área de
design.
Em reuniões subseqüentes foram discutido quais ferramentas do Eureka
seriam adaptadas ao Eurek@Kids. As ferramentas escolhidas foram:
O edital com o mascote dando boas-vindas e informando data e horário.
O cronograma - chamado de agenda - com os dias do mês expostos na
mesma página. Um calendário com datas comemorativas.
Inclusão de um diário virtual, espaço para o aluno fazer as anotações onde
somente o próprio aluno terá acesso.
O Info será utilizado com os participantes de uma mesma sala, utilizando os
dados dos colegas de classe e das outras crianças internadas no mesmo hospital.
O chat, o conteúdo, o fórum, a ferramenta links e o correio permanecem com
as mesmas funcionalidades.
Um espaço para jogos (lúdico), dúvidas dos alunos e reforço.
As avaliações permanecem com um espaço onde o professor irá inserir as
atividades e posteriormente receberá a devolutiva do profissional do hospital.
Ficou decidido que o AVA teria como tema principal ilustrações que
lembrassem as regiões do Brasil.
Estas decisões foram apresentadas a toda equipe do projeto para possíveis
modificações.
Foram pesquisados diversos ambientes virtuais de aprendizagem com o
objetivo de levantar dados para a construção do Eurek@Kids, levando em
consideração os elementos já pesquisados e as definições que já foram tomadas.
Para a primeira versão do protótipo ficou estabelecido que as ferramentas a
serem implementadas seriam: edital, info, chat, correio, conteúdo, fórum e links.
Após definições da estrutura base, tema, desenhos, gráficos e animação,
deu-se início à implementação deste material a fim de ser interpretado pela
linguagem binária, o byte. O byte é o conjunto de 8 bits, Negroponte (2003, p.19)
124
explica que “bit é o menor elemento atômico do DNA da informação”, o autor
acrescenta que estes elementos são “capazes de viajar à velocidade da luz”.
A implementação das telas do AVA Eurek@Kids (ANEXO A) foram
organizadas em etapas, realizado pela autora desta dissertação com base na
estrutura do Eureka atual. As etapas foram:
Etapa 1 - estudo do AVA Eureka nesta etapa o cuidado estava centrado na
estrutura da programação.
As linguagens usadas neste ambiente são PHP (Hypertext Preprocessor), que
consiste numa linguagem de programação de computadores interpretada, livre e
muito utilizada para gerar conteúdo dinâmico na Internet, e HTML (HyperText
Markup Language, que significa Linguagem de Marcação de Hipertexto) linguagem
esta de marcação utilizada para produzir páginas na Internet.
Estas linguagens têm farto material e são de domínio público.
Etapa 2 - estudo das telas desenvolvidas pela equipe.
Para unir as linhas de código de programação às telas elaboradas pela
equipe de web designer foi necessário estudar todos os procedimentos internos que
cada módulo do AVA Eureka executa.
Etapa 3 - Inserção das telas no ambiente.
É neste etapa que são ajustadas as informações. Quando ocorre uma
incompatibilidade da estrutura gráfica com a estrutura do sistema, uma
redefinição (feita pelo web designer e o programador) para que a tela possa ser
inserida no ambiente.
Etapa 4 - Testes do ambiente.
Para efetivar o processo de adaptação do AVA Eurek@Kids foram realizados
testes contínuos. Para tanto, usou-se vários computadores e diferentes browsers na
procura de possíveis defeitos da ferramenta.
Etapa 5 - Disponibilização do AVA para a comunidade hospitalar.
Após o cumprimento destas etapas foi estudado o ambiente e avaliado seu
potencial frente ao professor hospitalar e ao escolar hospitalizado.
125
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Para melhor compreensão do estudo serão apresentados as siglas adotadas
nesta pesquisa e os passos para aplicação dos instrumentos junto aos professores e
escolares hospitalizados.
5.2.1 Pesquisa com o escolar hospitalizado
O blico escolhido para essa pesquisa teve como característica estar
matriculado regularmente em escola do ensino fundamental e estar autorizado pelo
médico e pelo seu responsável para participar das atividades fora do leito hospitalar.
Os escolares serão caracterizados da seguinte maneira:
Escolar do Hospital A: EA1 (escolar 1 do hospital A) e EA2 (escolar 2 do
hospital A).
Escolar do Hospital B: EB1 (escolar 1 do hospital B), EB2 (escolar 2 do
hospital B), EB3 (escolar 3 do hospital B), EB4 (escolar 4 do hospital B) e EB5
(escolar 5 do hospital B).
Dentre os 7 menores hospitalizados 4 foram do sexo feminino e 3 do sexo
masculino, sendo 100% oriundos de escolas públicas. A idade variou entre 7 e 12
anos.
Aos escolares hospitalizados foi apresentado um questionário composto por
25 questões, este questionário foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa foi
perguntado sobre a rotina do escolar hospitalizado bem como características
pessoais do mesmo. Na segunda etapa, composta por 11 questões, foi organizada
perguntas sobre o AVA Eurek@Kids após o uso do mesmo.
Paralelo a este questionário foi elaborado um Roteiro de observação
(Apêndice A) que foi preenchido pela autora desta pesquisa.
Os escolares hospitalizados foram escolhidos pelo professor titular do
hospital, dentre os escolares internados durante o período de coleta dos dados que
se dispuseram em participar da pesquisa e que obtiveram autorização médica e de
126
seus responsáveis para sair do leito e participarem da pesquisa. Ficando assim
distribuídos:
Tabela 1 - Dados dos participantes
Opções de respostas Número de sujeitos
%
1ª. Série 1
14
2ª. Série 3
43
3ª. Série 1
15
4ª. Série 2
29
Fonte: Dados concedidos à autora.
Os dados coletados serão detalhados no item 5.3.2.
5.2.2 Pesquisa com o professor hospitalar
Além dos escolares foram convidadas professoras atuantes no ambiente
hospitalar que aceitaram participar desta pesquisa.
A pesquisa junto às professoras hospitalares seguiu as normas do Comitê de
Ética do Hospital Pequeno Príncipe. Para tal foi explicado às professoras o motivo
da pesquisa e pedido que as mesmas assinassem o termo de consentimento para
participar desta pesquisa (Anexo B).
Participaram deste estudo 2 (duas) professoras sendo uma graduada em
Pedagogia e outra especialista em artes.
Para caracterizar a compreensão desta análise, optou-se por distribuir as
professoras envolvidas da seguinte maneira:
Professora do Hospital A – Professora A;
Professora do Hospital B – Professora B;
Para melhor entender a realidade do AVA em ambiente hospitalar foi
elaborado um questionário (APÊNDICE C) e um roteiro de observação (APÊNDICE
A). Tal roteiro teve como objetivo analisar mais detalhadamente os acessos e as
dificuldades tanto da professora hospitalar quanto do menor hospitalizado.
127
Foi proposto a aplicação de um questionário que era dividido em duas etapas,
sendo a primeira composta por 11 questões de conhecimentos gerais sobre o AVA e
conhecimentos específicos para uso do computador, e a segunda etapa composta
por 11 questões que consistia em responder algumas perguntas pertinentes sobre o
AVA Eurek@Kids após o uso do mesmo.
Os documentos apresentados aos professores foram:
Apêndice B – Questionário – questões objetivas e dissertativas
Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
5.3. ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA
Tendo em vista o objetivo do trabalho, e a fim de contribuir para a formação
do escolar hospitalizado de forma significativa, esta análise será desmembrada em
duas vertentes: uma análise da interatividade do AVA frente ao professor hospitalar
e uma análise da interatividade do AVA frente ao escolar hospitalizado.
5.3.1 A preparação do Pedagogo Hospitalar e do AVA Eurek@Kids
Dentre os participantes da pesquisa, 100% dos professores foram do sexo
feminino. A idade variou entre 25 e 29 anos.
As profissionais analisadas utilizam o computador diariamente e consideram-
se usuárias medianas no que diz respeito à Internet. Afirmam que usam com
propriedade máquinas digitais fotográficas, elaboram e realizam pesquisas por meio
da rede, utilizando como ferramentas o e-mail e o chat. Além disso, instalam
software quando necessário. A professora B acrescentou que utiliza pen-drive e Cd-
Rom em seu cotidiano.
As professoras dos hospitais, conforme questionário preenchido, possuem
bom conhecimento quanto ao uso de tecnologias educacionais e as manejam
constantemente. Isso favorece o estudo, pois, para esta pesquisa, a necessidade de
128
um profissional com estas qualidades é vital, tendo em vista que as atividades
propostas no AVA dependem de conhecimentos acadêmicos específicos e do
conhecimento das TIC. Foi possível perceber que estas profissionais vêem o
computador e demais aparatos tecnológicos como uma ferramenta eficaz e
promotora da aprendizagem.
Porém, existem algumas diferenças entre as professoras, o que provoca
uma análise mais detalhada para que se possa entender, em muitas vezes, as
indagações que foram anotadas.
A Professora A - que trabalha no hospital mais de 2 (dois) anos - é uma
profissional que utilizou uma ferramenta de AVA em sua carreira. Foi esclarecido
que usou o AVA Eureka em sua graduação.
Manuseou o ambiente durante sua vida acadêmica no curso de Pedagogia.
Como aluna pode interagir com seus colegas de classe e professores, pôde também
estudar e observar diversas propostas de trabalho dentro deste AVA, visto que
vivenciou a didática de vários professores da instituição da qual fez parte.
A professora B, mesmo demonstrando bom conhecimento na Internet,
desconhecia a tecnologia de Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Logo, com o
escopo inicial de propor um ambiente receptivo aos professores hospitalares, foi
elaborado um mini-curso que consistia em expor o conceito de AVA e explicar os
diferenciais oferecidos pelo mesmo. Em seguida foi apresentado o AVA Eurek@Kids
e apontado suas funcionalidades.
Nesta ocasião verificou-se que a professora percebeu o potencial desta
ferramenta. Entretanto, como o contato é muito recente, pode-se perceber que a
Professora B usará com mais propriedade o AVA num futuro próximo.
Mesmo tendo pouco contato com a ferramenta, a Professora B obteve êxito
ao utilizar o AVA, mas com pequenas dificuldades, o que permitiu avaliar o ambiente
e delinear possíveis mudanças para futuras melhorias.
Após a preparação dos professores hospitalares iniciou-se as atividades do
AVA frente ao escolar hospitalizado e a professora. Foram inseridas algumas
atividades no ambiente, organizadas pela autora desta pesquisa. Estas atividades
tiveram como objetivo criar situações que propiciassem analisar a interatividade do
Eurek@Kids com os envolvidos no processo.
Para tanto, no hospital da Professora A, foi organizado uma atividade onde
devia-se preencher o cadastro inicial do AVA. Este foi preenchido pelo escolar
129
hospitalizado com o auxílio da professora hospitalar. Logo após, o escolar deveria
ler o Edital, que funciona como uma agenda para a realização das atividades ali
contidas. A atividade inserida no Edital consistia em entrar na ferramenta Conteúdo,
abrir a pasta filmes, escolher um dos filmes contidos na pasta e assisti-lo. Em
seguida dirigir-se a ferramenta Fórum e responder a indagação: Comente sobre o
filme que você assistiu.
Esta atividade foi realizada no laboratório de informática do Hospital da
Professora A. Este local é composto por 6 (seis) computadores que são usados
pelos alunos internados no hospital que possuem autorização médica para
freqüentar esse espaço. No hospital onde foi realizada esta atividade observou-se
que tanto os escolares quanto a professora estavam motivados a participar. Logo
que os escolares chegaram à sala de computadores foram informados sobre o
objetivo da pesquisa e na seqüência foram iniciadas as atividades. Todos os
participantes executaram as atividades e demonstraram um grande interesse pela
ferramenta. É válido salientar que a sala de computadores desta instituição é
reservada, tranqüila e preparada para receber os escolares. As indagações obtidas
neste hospital serão estudadas no decorrer deste capítulo.
Como a Professora B, conforme relato, desconhecia AVA, concordou-se que
esta se encarregaria de manusear o AVA previamente e explorá-lo de modo a poder
usá-lo com maior propriedade. Em contato posterior a professora relatou que houve
a tentativa de usar o AVA no leito hospitalar com o auxílio de um notebook. Todavia
não foi obtido sucesso no carregamento das imagens e informações devido à baixa
velocidade da Internet. Percebe-se nesta situação que a elaboração do AVA deve
levar em conta as conexões de baixa velocidade, isto é, os arquivos de imagens e
informações devem ser de fácil carregamento para evitar demoras e conseqüentes
desmotivações. É importante clarificar que a conexão utilizada para a atividade era
wireless.
A professora B voltou a usar o AVA no momento em que seria realizado a
observação por esta pesquisadora.
Para não interferir na rotina hospitalar, a atividade de observação aconteceu
numa sala de computadores denominada Laboratório. Esta sala possui 4 (quatro)
computadores que são utilizados pelos professores hospitalares e pelos alunos
hospitalizados. Os professores hospitalares preparam suas atividades nesta sala e
130
os escolares hospitalizados, liberados para usar este espaço, participam das
atividades organizadas por esses professores.
No hospital da professora B foi organizada uma atividade que consistia em
realizar o cadastro do escolar hospitalizado no Eurek@Kids. Após o cadastro, o
escolar deveria ler o Edital e executar o que era solicitado. A tarefa neste hospital
consistia em ir até a ferramenta Conteúdo, abrir o arquivo intitulado: Era uma vez um
ponto amarelo; completar a história: criando, arrumando e colorindo os objetos.
Entrar no Fórum e deixar uma mensagem sobre sua opinião a respeito da atividade
executada.
Neste hospital foram observadas diversas reações dos escolares, que serão
apresentadas no decorrer deste capítulo.
5.3.2 Resultados: Pedagogo Hospitalar
Após a validação do AVA as professoras hospitalares foram convidadas a
preencher um questionário conforme apresentado abaixo.
Questão 1: Você acha que o Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids em sua interface é de fácil entendimento?
A professora A afirmou que [...]“sim, muito” e acrescentou: [...] “julgo que foi
pensado e planejado especialmente para a criança, para tanto, automaticamente é
de fácil acesso”.
A professora B acredita que o AVA é de fácil entendimento [...] “algumas
vezes” e acrescenta:
[...] “algumas imagens não são de fácil identificação.
As crianças (imagem das crianças) olham entre si, mas pretendem passar a
mensagem ao usuário (personagem real)
Os balões de fala estão em letra cursiva (rabiscado). As crianças vão em
busca de interatividade, querem jogar. Percebi que além de o
compreenderem a proposta da metáfora viagem, elas foram em busca de
interatividade.
131
Estas indagações permitem identificar alguns problemas pertinentes na
interface do ambiente, estabelecendo um forte indicativo de que as telas precisam
ser aprimoradas. As telas devem propiciar melhor visualização das ferramentas,
possibilitando otimizar a comunicação entre o AVA e o usuário, no intuito de tornar
esta ferramenta mais interativa.
Questão 2: Na sua opinião o Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids pode favorecer ainda mais o processo ensino aprendizagem do
escolar hospitalizado?
A professora A respondeu [...] Sim, muito” e complementou: [...] “É uma
ferramenta a mais para auxiliar a criança que está hospitalizada”.
A professora B respondeu [...] “em algumas vezes”, acrescentou: [...]
“dependerá da professora responsável por alimentar o ambiente com atividades de
boa qualidade, estimulando a criticidade, a criatividade e a inclusão nos processos
de aprendizagem.”
Observa-se que as professoras perceberam o potencial que o AVA
proporciona. Afirmaram que é necessária a interação dos indivíduos envolvidos, em
especial do professor, para que a comunicação seja efetiva. Vygotsky (1990, p.160)
afirma que o papel do professor “passa a basear-se totalmente em seu papel de
organizador no meio social”. Assim, almejando ocorrer interação entre professor e
aluno, é preciso acrescer no ambiente atividades que permitam o verdadeiro
aprendizado. Imprescindível para tanto, acima de tudo, professores criativos e com
espírito pesquisador, imbuídos de conhecimentos acadêmicos específicos e
entendimento das TIC.
Questão 3: A qualidade geral do Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids sob o ponto de vista didático é:
A professora A respondeu: [...] “Muito bom.”
A professora B afirmou que [...] “Precisa melhorar” e acrescenta afirmando:
[...] “O ambiente Eurek@Kids propõe ações didáticas que se estabelecem
mediante o trabalho conjunto do professor com a criança.”
A Professora B comunga com Behrens (2005, p.92) que afirma: “a escola
precisa propiciar um ambiente em que professores e alunos sujeitos do processo
possam gestar projetos conjuntos”. Esta autora complementa sustentando que o
ambiente deve proporcionar “a produção do conhecimento”.
132
O professor atual deve estabelecer uma parceria com seu aluno, ser
pesquisador, criativo e conhecedor das TIC. O professor com estes conhecimentos e
atitudes será capaz de propor no AVA atividades que promovam o espírito
pesquisador e inovador de seus escolares.
Questão 4: A interface das informações no Ambiente Virtual de
Aprendizagem Eurek@Kids é adequada à idade do escolar na faixa etária de
07 a 10 anos?
A Professora A respondeu: [...] “Muito Bom” e a Professora B respondeu
[...]“Em algumas vezes” e acrescentou: [...] “As ilustrações, as cores e temática,
segundo minhas observações com as crianças, são mais apropriadas para a faixa
etária de 6 a 8 anos”.
Mediante esta afirmação é válido repensar na remodelagem das telas, que
hoje são consideradas infantis; seria conveniente a reestruturação das mesmas de
maneira a atender os vários escolares de diversas idades inseridos em contexto
hospitalar.
Na questão seguinte, foi investigado o grau de interação que o Eurek@Kids
promove, logo a questão formulada foi: Questão 5: Em sua opinião, o Ambiente
Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids pode favorecer a interação entre o
aluno, colegas, professor e conteúdo?
A Professora A acredita que o AVA pode favorecer a interação entre o aluno,
colegas, professores e conteúdo. A professora B acredita que [...] “favorece em
algumas vezes” e justifica sua resposta:
[...] O ambiente é uma ferramenta que dependerá do uso a ser feito por
esses participantes. O conteúdo escolar poderá ser o tema de discussão,
porém isso também dependerá da forma como alunos, colegas e
professores entendem a utilização desse ambiente”.
Diante deste depoimento constata-se a importância da presença do professor
no ambiente, haja vista ser ele o responsável pela alimentação dos dados e das
interações do aluno com o mesmo. “A interface do ambiente não pode,
isoladamente, funcionar ou atingir os objetivos de uma educação baseada em
preceitos inovadores” (BORTOLOZZI, 2007, p.202). O AVA neste caso é uma
133
“ponte” que liga escolares hospitalizados à realidade escolar, os quais, por um
determinado período, não podem estar presentes à realidade escolar.
Sendo assim, estabelece-se aqui a necessidade do professor inserir no
ambiente virtual de aprendizagem atividades que promovam um aprendizado
significativo e efetivo. Para isso deve ser levado em consideração o fato de que a
Internet e a cultura digital dependem da aceitação de todos os envolvidos, pois
reúnem pessoas de diferentes locais que compartilham, virtualmente, um espaço de
busca de interesses e objetivos.
Quando indagado: Questão 6: O Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids apresenta um ambiente lúdico e criativo, a Professora B respondeu:
[...] “Ele é lúdico. Porém a meu ver ele não estimula a criatividade, visto que
promove pouco o exercício do pensar e do fazer – ao seu modo . Todavia, a
metáfora viagem é interessante, mas fraca, visto que as crianças não
sacaram esta proposta.”
A Professora A respondeu que o ambiente propõe ludicidade e criatividade.
Diante das informações percebe-se que existem pontos que devem ser revistos e
aprimorados no AVA no intuito de deixar esta ferramenta mais atrativa e interativa.
Quando investigado Questão 7: O que mais gostou no Ambiente Virtual de
Aprendizagem Eurek@Kids, as respostas foram:
[...] “A idéia de viagem pelo Brasil” (PROFESSORA A).
[...] “As cores, desenhos, ambiente dos conteúdos e caminho para chegar
até ele. Porém a possibilidade de interação dependerá do professor que
inclua atividades interessantes” (PROFESSORA B).
Percebeu-se que os sujeitos da pesquisa apontaram que a ferramenta pode
vir a contribuir para a promoção do conhecimento. Entretanto, para o bom
andamento das interações e atividades do ambiente, vai exigir do professor maior
aprofundamento em assuntos a serem inseridos no mesmo, de forma a introduzir
atividades que contextualizem o conhecimento, que promovam a criatividade, o
raciocínio e desenvolvam a linguagem, inclusive a digital. Behrens (2005, p.80)
134
acrescenta que “exige a superação de metodologias reprodutivas e conservadoras”
a fim de possibilitar a continuidade no processo de aprendizagem.
A fim de investigar possíveis melhorias no AVA, a questão a seguir indaga:
Questão 8: Na sua opinião o que o Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids pode ajudar no ensino da criança hospitalizada?
As professoras replicaram:
[...] “É uma ferramenta a mais e de grande utilidade por seu ambiente virtual
lúdico, no auxílio da escolarização enquanto a criança está inserida no
contexto hospitalar” (PROFESSORA A).
[...] “Pode auxiliá-la a manter segura a relação entre colegas e professores
do seu ambiente escolar. Pode promover a construção do conhecimento
mediado pelo trabalho do professor do hospital e estabelecer assim a
garantia de inclusão dessa criança no sistema de educação”
(PROFESSORA B).
As afirmações acima viabilizam o interesse de aprimorar o AVA Eurek@Kids,
pois, as profissionais identificaram esta ferramenta como mais uma forma de
aprendizagem quando a impossibilidade de freqüência à escola está presente - “as
pessoas necessitam de formas alternativas de organização e oferta de ensino de
modo a cumprir com os direitos à educação e à saúde” (BRASIL, 2002, p.11). Os
Ambientes Virtuais de Aprendizagem precisam ser constantemente aprimorados a
partir da percepção de seus usuários e das necessidades que surgem quando
usados. Isto, com certeza, acontecerá com o Eurek@Kids.
Foi solicitado às professores hospitalares sugestões de possíveis melhorias
que possam ser acrescentados no Eurek@Kids, para tanto perguntou-se: Questão
9: O que vo acha que deve ser melhorado ou acrescentado no Ambiente
Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids?
Como proposta foi sugerida pela professora B: [...] “Mais interação, mais
dinamicidade e proposta que auxiliem na construção da autonomia da criança. A
criança necessita que o site auxilie-a a caminhar por conta própria em seu
ambiente.”
Estudar formatos de ajuda nas ferramentas existentes no interior do AVA de
forma a viabilizar a explicação e memorização das atividades propostas a fim de que
o escolar possa caminhar sozinho.
135
Questão 10: Como você se sentiu ajudando a criança a interagir no
Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids?
A Professora A afirmou que [...] “Foi uma ótima experiência” e a Professora B
sentiu-se como [...] “uma tradutora de códigos, signos, significantes e significados.
Tive que ler basicamente tudo para as crianças em fase de aquisição de leitura. Às
demais (mais velhas), tive que explicar o que o ambiente propunha.”
Estabelece aqui um forte indicativo de que os escolares não estão
familiarizados com a tecnologia de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e com
muitas das ferramentas e vocabulário específicos do mesmo. Harasim (2005, p.221)
complementa afirmando que “a comunicação mediada por computador oferece aos
educadores oportunidades e desafios únicos”. A Professora B, ao re-significar as
ferramentas do Eurek@Kids, proporcionou para seus escolares uma rica
oportunidade de aprendizado.
A fim de investigar se a ferramenta contribui para promover a educação
perguntou-se: Questão 11: Na sua opinião qual a importância do professor
como mediador entre a criança e o Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids?
Como resposta obteve-se:
[...] “Julgo o AVA interativo e de fácil compreensão” (PROFESSORA A).
[...] No primeiro momento, ele é o facilitador, mas aos poucos, a criança
pode exercer maior autonomia, isso dependerá de sua motivação
(PROFESSORA B).
De posse destas afirmações podemos observar que a ferramenta é capaz de
contribuir com a aprendizagem, sendo relevante e fundamental que o professor em
âmbito hospitalar tenha uma sólida formação acadêmica, preferencialmente
continuada e possua preparo e experiência como educador, que atua dentro de
metodologias inseridas em uma visão globalizada, transdisciplinar. Neste cenário
social em que vivemos, as tecnologias nos favorecem como se fossem próteses
humanas a auxiliar em situações adversas que não estamos acostumados. Contribui
para a nossa condição de vida, independente do contexto e momento em que nos
encontramos.
136
Moran; Masetto e Behrens (2006, p.32) afirmam que “É importante que cada
docente encontre sua maneira de (...) ajudar os alunos a aprender melhor. É
importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de avaliar”. É
importante preparar o aluno para o século XXI.
Siqueira (2005, p.197) alerta: “A tecnologia muda. A economia muda. A
indústria muda. As profissões mudam. O mercado de trabalho muda. A sociedade
muda.”
O professor necessita ter como meta preparar o aluno para estas realidades
em que as mudanças são constantes.
5.3.3 Cenários e Perfil dos Escolares Hospitalizados
Hospital da Professora A
A validação do Eurek@Kids no Hospital da Professora A ocorreu no dia
03/10/2007.
No Hospital da Professora A a validação aconteceu no período matutino, com
duas crianças que estavam internadas no mesmo. A sala utilizada era apropriada
para o bom andamento da validação, estando equipada com quatro computadores.
A professora do hospital se mostrou interessada e colaborou no processo.
As crianças exploraram o ambiente com a ajuda da professora e as mães dos
escolares observaram todo o procedimento, ajudando em alguns momentos. Ao
navegar no ambiente, as crianças exploraram e resolveram alguns exercícios,
acabando por demonstrar sua motivação e interesse em aprender.
Surgiram algumas dificuldades com termos específicos da internet e de
navegação no ambiente, que foram explicados pela professora aos alunos.
137
Escolar Hospitalizado EA1 – Menino
8 anos
2ª série
Estava hospitalizado devido a uma fratura no braço, encontrando-se na
enfermaria de trauma masculino, ala pediátrica. Seu braço direito encontrava-se
engessado.
Fomos à enfermaria convidar o menino para participar da validação do
projeto; ele e sua mãe foram muito receptivos, aceitando prontamente o convite.
Levamos o menino para sala onde estão os computadores; ele ficou jogando alguns
minutos.
Quando a validação foi iniciada, solicitou-se ao escolar que escolhesse um
apelido para ser reconhecido no AVA. A mãe do escolar, presente no momento da
validação, ajudou a inventar um apelido. A professora A colaborou na
complementação das demais informações.
O Escolar EA1 manuseou o computador com muita destreza; entrou no link
Conteúdo do AVA e assistiu ao vídeo três vezes; seguiu as informações da atividade
e foi até ao Fórum, deixando um comentário. Foi auxiliado pela Professora A, pois
estava com uma sonda em seu braço direito o que dificultava alguns movimentos no
mouse e no teclado.
Navegou pelo ambiente, foi ao chat e escreveu algumas palavras para testar
esta ferramenta. Comentou que a conhecia, haja vista tê-la utilizado no colégio
onde estuda.
Entrou no link e adicionou um site de jogos, a Professora A ajudou-o.
Conforme questionário preenchido pelo escolar, pode-se constatar que ele
não tem computador em casa, utiliza o da escola e gosta dos jogos. O que mais
apreciou no Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@kids foram os links, em
razão dos desenhos. Ao ser perguntado se, enquanto estivesse hospitalizado ele
gostaria de utilizar o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@kids, ele respondeu
que sim e acrescentou [...] “achei legal e ajudaria na escola para estudar”.
138
Escolar Hospitalizado EA2 - Menina
10 anos
4ª série
A escolar EA2, com sua mãe, foram convidadas a participar da validação do
projeto. A escolar estava no hospital 28 dias e manuseou à vontade o
computador, apesar de, no momento da observação, estar com uma cânula em seu
braço direito, o que incomodou um pouco no uso do mouse. Estava muito feliz e
relatou à Professora Hospitalar que acabara de ser informada de que iria ver seus
irmãos naquela semana.
As atividades tiveram início com a explicação, pela Professora A, do AVA.
Nesta ocasião a professora explicou o que era um AVA e o que eles iriam fazer no
mesmo.
Assim, a Escolar EA2 deu início às atividades, cadastrando suas informações
com a ajuda da professora. Não teve dificuldades para completar seus dados.
Findando esta etapa entrou efetivamente no ambiente; leu as informações do Edital;
foi ao link Conteúdo e assistiu ao vídeo duas vezes. Foi a o link Fórum e
respondeu à pergunta que estava nesta ferramenta. A pergunta era: comente um
pouco sobre o filme que você assistiu.
A aluna escreveu o texto pedido, com alguns erros ortográficos, que logo
foram corrigidos pela mesma com o auxílio da Professora.
Hospital da Professora B
A validação do Eurek@Kids no hospital da Professora B aconteceu no dia
05/12/2007.
A validação aconteceu no período da manhã, com cinco crianças que
estavam no ambulatório do hospital. A sala utilizada tinha três computadores mas
não foi apropriada para o bom andamento da validação, pois havia muita
movimentação e barulho de pessoas trabalhando no local. A professora do hospital
passou por um processo de formação do ambiente alguns dias antes da data de
139
validação e se mostrou interessada, colaborando no processo. As crianças
exploraram o ambiente com a ajuda da professora e 1 (uma) e observou o
procedimento. Ao navegar no ambiente, as crianças exploraram e resolveram alguns
exercícios, demonstrando sua motivação e interesse. Surgiram certas dificuldades
com termos específicos da internet e com determinados arquivos de exercícios do
ambiente, que foram logo explicados pela professora aos alunos.
Escolar Hospitalizado EB3 - Menina
8 anos
2ª série
Está no hospital como acompanhante para ajudar a tia, cuja filha encontrava-
se hospitalizada.
A escolar gosta de utilizar o computador para desenhar e considerou ótima a
idéia de estudar enquanto estava no hospital.
A tia não participou da pesquisa, pois assistia a filha pequena (1ano).
Para as atividades a escolar estava atenta, alegre e curiosa, participou dos
trabalhos propostos e quase nunca teve dificuldade no AVA. O visual motivou a
escolar a explorar a ferramenta, porém não conseguiu identificar as regiões do Brasil
no ambiente.
Apreciou muito as perguntas inseridas no AVA. Gostou das cores usadas, do
cenário, das dicas e lembretes, da disposição dos botões e dos personagens.
Algumas vezes teve dificuldade na utilização do Ambiente e em várias vezes
retornou ao edital para retomar os passos da atividade proposta. Deixou uma
mensagem no Fórum que foi, logo após, refeita pela mesma com a ajuda da
professora. Esta mensagem estava com alguns erros ortográficos. A escolar
aproveitou para centralizar a mensagem e escrever tudo em maiúsculo.
140
Escolar Hospitalizado EB4 – Menino
12 anos
2ª Serie
Este escolar disse que freqüenta o hospital semanalmente para fazer
hemodiálise. Relatou que tem computador e internet em sua residência, e o que
mais gosta de fazer é pesquisar na rede mundial de computadores. Não trouxe
tarefas escolares enquanto estava no hospital.
Para a atividade estava atento e alegre, demonstrando-se motivado com a
pesquisa. Entretanto, seu interesse pela ferramenta centrava-se na procura de sons
e jogos.
Fez o cadastro e teve problemas ao inserir a senha a senha digitada não
era correta. Precisou mudar algumas vezes até colocar a senha corretamente. A
partir deste momento a motivação e ansiedade demonstrada no início da atividade já
não era tão evidente. A criança mudou de assunto enquanto corrigia a senha. Falou
com a professora sobre uns desenhos que ela havia deixado na enfermaria.
O escolar concluiu parcialmente as atividades Percebeu-se que tinha certa
dificuldade na leitura, o que acarretou um cansaço inicial. Deu início à atividade e
logo pediu para que fosse interrompida, haja vista estar com uma consulta médica
agendada em horário próximo.
Explorou as telas do AVA à procura de desenhos, jogos e Papai Noel.
Algumas dicas no ambiente eram em letra cursiva, ocasionando lentidão e
desmotivação na leitura, pois o escolar havia sido alfabetizado em caixa alta.
Escolar Hospitalizado EB5 - Menina
Idade: 10
3ª série
A escolar EB5 demonstrou indiferença ao utilizar o AVA, porém participou
inicialmente das atividades propostas, manuseando o computador adequadamente e
com independência.
141
A escolar não possui computador em sua residência e não soube responder o
que gosta de produzir no mesmo. Não trouxe tarefa escolar para fazer,
demonstrando, entretanto, que gosta de freqüentar a escola.
Em algumas ocasiões apresentou dificuldades no manuseio do AVA e logo foi
auxiliada pela Professora Hospitalar.
Leu o Edital. Todavia, percebeu-se que a escolar não se recordava das
atividades a serem feitas, acabando por retornar várias vezes ao mencionado Edital.
Após a escolar abrir o arquivo pedido no Edital, não demonstrou motivação
para criar um texto. Disse que não queria fazer.
Nesta ocasião a Professora valorizou a leitura, a atividade de produção de
texto e a interpretação. A aluna o demonstrou interesse, mantendo-se passiva. A
Professora seguiu pedindo que deixasse um recado no fórum.
A aluna não quis deixar mensagem.
A Professora questionou o motivo, exclamando se não tinha achado
interessante. A aluna disse que não.
Escolar Hospitalizado EB6 - Menina
9 anos
4ª Série
Esta escolar possui computador em casa sem acesso à internet. Mesmo não
possuindo conexão à rede, tem e-mail. Utiliza o computador para jogar. Não trouxe
tarefa para fazer enquanto hospitalizada, esclarecendo que gosta muito de ir à
escola para [...] “ficar mais inteligente.”(EB6)
Esta escolar prestou atenção e participou da atividade manuseando o
computador adequadamente, tendo pouca dificuldade ao utilizar o AVA. A
professora procurou uma nova atividade no ambiente, abrindo um trabalho de
matemática que deveria ser impresso. Como não havia impressora conectada ao
computador decidiram retomar às atividades propostas. Retornaram ao Edital, leram-
no (escolar e professora) e executaram o que era pedido. Concluiu a atividade e
deixou uma opinião no Fórum.
142
Escolar Hospitalizado EB7 - Menino
8 anos
1ª série
O escolar EB7 não possui computador em sua casa, porém gosta muito de
pintar no equipamento da escola. Não trouxe atividade escolar para fazer no hospital
e afirmou que gosta muito de ir à escola.
Está no hospital realizando tratamento de tumor situado no pescoço.
De início demonstrou-se curioso e introvertido. Participou das atividades
propostas e manuseou com certa dificuldade o mouse. Foi orientado pela professora
para clicar no mouse rapidamente. Leu as informações, mas não interpretava o que
lia, conseqüentemente não entendendo as orientações da tela para prosseguir. A
professora auxiliou nas atividades.
A professora e o escolar EB7 abriram uma atividade diferente daquela
solicitada no edital, selecionando uma figura para pintar. A figura que apareceu era
muito grande o que dificultou o preenchimento da mesma. O escolar pintou-a,
terminando assim a atividade.
5.3.4 Resultados: Escolar Hospitalizado
Antes de explorar o AVA foram feitas algumas perguntas sobre a rotina dos
escolares hospitalizados, com o objetivo de delinear o perfil e conhecer a realidade a
que os cerca.
Para traçar um panorama da realidade destes menores iniciou-se a entrevista
com a seguinte pergunta: Por que você está no hospital?
Cada escolar hospitalizado tinha sua particularidade: braço fraturado,
tratamento de pneumonia, tratamento de tumor. As respostas nem sempre eram
claras. Algumas respostas foram: [...] “Estou com o braço quebrado” (EA1), [...]
143
“Estava com peneumonia” (EA2), [...] Vim consultar”(EB5), [...] “Vim fazer
exame.”(EB4) e [...] “Estou tratando o tumor no pescoço”(EB7).
As respostas acima são de escolares que estão internados no hospital e/ou
que freqüentam o hospital semanalmente ou mensalmente. Percebeu-se que todos
estão acostumados com as rotinas do hospital. Os escolares hospitalizados recebem
cuidados da professora hospitalar que os acolhe, incentivando-os a participar das
atividades pedagógicas.
Um aluno estava com sonda no braço, o que dificultou o manuseio do mouse
e teclado, enquanto os demais não tiveram problemas ao usar o equipamento.
Não se pretende analisar o motivo destas respostas, apenas demonstrar as
limitações do menor hospitalizado e a freqüência deste escolar no hospital.
Dos escolares abordados 2 (dois) têm computador em casa e destes, 1 (um)
têm acesso à Internet. Em sua maioria usam os computadores para pesquisar e
jogar.
Dos entrevistados que não possuem computador em casa 1(um) não o usa na
escola, por falta de acesso. Os demias têm acesso ao computador na escola e o
utilizam para pesquisas, jogos e pinturas.
Quando perguntado se o escolar trouxe alguma tarefa para fazer no hospital,
todos afirmaram que não trouxeram tarefa escolar.
Aos entrevistados foi perguntado se gostavam de ir à escola, sendo que
100% garantiram gostar muito de ir à escola. Freire (2000, p.80) destaca: “há uma
relação entre alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança
de que professor e alunos juntos podem aprender, ensinar, inquietarem-se, produzir
e juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria”. Partindo dessa
premissa podemos considerar que os escolares, em seu otimismo, estão resolvidos
a dar continuidade a seu desenvolvimento intelectual e criativo.
A Lei de diretrizes e bases da educação nacional sob n.º 9394/96 prevê em
seu art. 22. que: “A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e
fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.” Com base
nestas afirmações pode-se considerar que o Estado está possibilitando ao educando
uma formação sólida e aprazível, desta maneira contribuindo para o exercício da
cidadania e inclusão social. Perrenoud (2000, p.19) acrescenta que "O objetivo da
144
escola não deve ser passar conteúdos, mas preparar todos para a vida numa
sociedade moderna".
Dos escolares entrevistados 1 (um) tinha e-mail. Os demais afirmaram usar a
Internet para pesquisa e jogos.
A atenção dos entrevistados frente ao AVA era visível. O primeiro contato
com a ferramenta foi desafiador e a curiosidade era aparente já na tela de abertura.
Quando apresentado o Eurek@Kids aos alunos, estes observaram o AVA
como um software. Um motivo é claro para tal impressão: os alunos não conheciam
o que era um AVA, o que foi desmotivador no primeiro momento, haja vista
incentivaram-se para brincar com um software educativo. Outro aspecto relevante a
ser considerado consiste no fato de que os alunos usam o computador para jogar.
Para as crianças esta é a atividade principal do computador, atualmente.
Observou-se que muitos alunos apresentavam deficiência na leitura. Este
entrave foi desmotivador no uso do AVA. Alguns alunos cansaram de ler e pediram
para interromper a atividade, sendo que outros tentaram pedir ajuda à professora.
Percebeu-se que os alunos que leram com destreza executaram as
atividades e, em sua maioria, saíram satisfeitos com os resultados. O aluno EB5
deixou claro que este ambiente era infantil demais para ele.
Inicialmente todos os alunos participaram do cadastramento das informações.
Não sabiam ao certo o que iriam encontrar pela frente. Após cadastramento no AVA
o escolar deveria ler as informações contidas no edital e executar o que era pedido.
Todas as crianças precisaram do auxílio da professora hospitalar, indicando que
alguns dados não ficaram claros de início. Foi necessário a professora encaminhar o
processo e direcionar as ações do aluno.
Alguns alunos apresentaram dificuldade de leitura, dois alunos demonstraram
falta de conhecimento da letra cursiva, outros evidenciaram dificuldade na
compreensão e interpretação das sentenças propostas no AVA.
A professora aproveitou as interações que os personagens do AVA
apresentavam em forma de texto e explorou com os escolares a leitura e
interpretação.
No início houve a necessidade constante de interferência do docente,
principalmente para ajudar na navegação em áreas, abrir documentos, e acrescentar
informações. Supõe-se que, com o uso constante desta ferramenta, o auxílio não
será necessário com tanta freqüência.
145
Com o objetivo de verificar a receptividade do ambiente Eurek@Kids foi
apresentado a seguinte questão: Questão 1: O que você acha de estudar
enquanto hospitalizado, utilizando o Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids?
Tabela 2 – Utilização do AVA no hospital
Opções de respostas Número de sujeitos
%
Muito bom 4
57
Bom 3
43
Maios ou menos 0
0
Não gostei 0
0
Ruim 0
0
Fonte: Respostas concedidas à autora.
Gráfico 1: Utilização do AVA no hospital
Fonte: Respostas concedidas à autora
Dos 7 (sete) entrevistados, 4 (quatro) responderam que seria [...] “muito bom”
(EA2, EB3,EB6 e EB7) e 3 (três) [...] “bom”(EA1, EB4 e EB5). Nenhum dos
entrevistados disse que não gostaria de estudar com o auxílio do AVA enquanto
hospitalizado.
Com base nas respostas obtidas, constata-se a aceitação desta ferramenta
para colaborar na aprendizagem dos escolares hospitalizados.
146
Com o objetivo de verificar a interatividade desta ferramenta, foi apresentada
a seguinte questão: Questão 2: Você teve dificuldade ao utilizar o AVA
Eurek@Kids?
Tabela 3 - Dificuldade na utilização do AVA
Opções de respostas Número de sujeitos
%
Sim 2 28
Na maioria das vezes 0 0
Em algumas vezes 2 28
Quase nunca 2 28
Não tive 1 14
Fonte: Respostas concedidas à autora
Dos 7 (sete) entrevistados, 2 (dois) responderam [...]“sim”(EB5 e EB7), 2
(dois) [...] “em algumas vezes” (EB3 e EB5) ), 2 (dois) [...] “quase nunca” (EA1 e
EB6) e 1 (um) [...] “não tive” (EA2).
Com estas respostas percebe-se que os entrevistados tiveram dificuldade ao
manusear o AVA. Foi possível identificar algums pontos pertinentes que explicam
estas respostas:
1. este foi o primeiro contato do aluno com esta ferramenta para auxílio aos
estudos,
2. o aluno deparou-se com um novo vocabulário para suas atividades,
3. o escolar foi apresentado a uma nova metodologia de aprendizagem.
Algo bem visível consiste na visão que os entrevistados possuem do
computador: todos o usam como brinquedo, esperam do computador muitas cores,
personagens, animações, barulhos e propostas de diversão, jogos em especial.
Perguntou-se aos entrevistados: Questão 3: O que você mais gostou no
AVA Eurek@Kids?
As respostas foram: [...] “O colorido dos desenhos” (EB6), [...] “As atividades”
(EB7) e [...] “Jogos em link.” (EB5)
Diante destas afirmações constata-se que o ambiente foi agradável, porém
não instigou a curiosidade da exploração constante, não contribuindo para atrair a
atenção dos escolares.
147
Quando perguntado ao escolar: Questão 4: Você gostou das cores
usadas?
Todos os escolares responderam que [...] “Sim”.
Percebeu-se que o colorido foi motivador para os escolares. Quando eram
apresentadas as telas para os escolares notava-se que estes tinham vontade de
explorar o ambiente.
Questão 5: Você gostou do cenário?
Todos os escolares responderam que [...] “Sim”. Foi visível a curiosidade dos
escolares para saber o que os personagens faziam.
Questão 6: Você gostou das dicas e lembretes que aparecem no
ambiente?
A maioria dos escolares seis responderam [...] “Sim” (EA2, EB3, EB4,
EB5, EB6 e EB7). Um escolar relatou que não chegou a ler as informações que
estavam no AVA.
Questão 7: Você gostou da disposição dos botões e dos personagens?
Todos os escolares responderam que [...] “Sim”.
Esta afirmação demonstra que os botões e personagens poderão continuar
nas posições previstas para as próximas versões do AVA.
Questão 8: Você lembra do BILHETE que apareceu no começo do
ambiente? O que aconteceu com ele? Para onde você foi?
O escolar EB4 relatou que este bilhete servira para cadastrar as informações
pessoais, sendo que os demais escolares não se recordavam do mesmo.
Questão 9: Você acha importante ter o Ambiente Virtual de
Aprendizagem Eurek@Kids na sua escola?
Todos os escolares responderam que [...] “Sim”.
Tendo em vista as respostas dos escolares conclui-se que este ambiente
pode vir a ser efetivamente um recurso a mais para contribuir na aprendizagem do
escolar hospitalizado.
Questão 10: Enquanto você estiver no hospital, gostaria de utilizar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids novamente?
Todos os escolares responderam que [...] “Sim”. Alguns escolares
acrescentaram:
[...] “Achei legal, ajudaria na escola para estudar” (EA1), [...] “Para
estudar”(EA2).
148
Estas afirmações demonstram a vontade do escolar em dar continuidade aos
seus estudos, haja vista que este ambiente proporciona um vínculo com o meio
exterior. É uma forma de sair, virtualmente, do hospital e realizar atividades
escolares, além de se comunicar com o meio externo.
Questão 11: O que você gostaria de acrescentar no Ambiente Virtual de
Aprendizagem Eurek@Kids.
[...] “Que não tivesse login e senha” (EA1)
[...] “Muitas perguntas” (EB3)
[...] “Mais jogos, sons nos personagens e mais tarefas” (EB4)
[...] “Desenhos” (EB7)
No momento da pesquisa 2 (dois) escolares fizeram o seguinte
questionamento: [...] “Cadê os jogos.” (EB4 e EB7)
É importante clarificar que o AVA Eurek@Kids é um ambiente promotor de
comunicação entre vários sujeitos professor, escolar e professor hospitalar. Para
tanto, necessidade deste mecanismo ser alimentado por todos os envolvidos no
processo. O professor, como agente promotor do conhecimento, deve nutri-lo com
atividades. O professor hospitalar precisa auxiliar o aluno nas atividades promovidas
pela professora de classe, estabelecendo-se como um vínculo direto entre professor
e escolar. E o escolar hospitalizado como o sujeito principal que lê, interpreta,
responde, questiona, pesquisa e modifica constantemente seu conhecimento.
O papel do professor é partir do conhecimento do escolar, propondo novas
atividades que envolvam e permitam ao escolar elaborar o conhecimento dentro do
AVA.
Valentini e Soares (2005, p. 247) afirmam que “É preciso considerar o
ciberespaço como um lugar para se trocar idéias”. Afinal, é neste local que cada vez
mais as pessoas irão se comunicar, logo é imprescindível que o professor prepare o
aluno para a vida numa sociedade informatizada. Morin (2004) alerta que um dos
pilares para a comunicação dos novos tempos é a compreensão.
Para que efetivamente ocorra a preparação destes escolares, urgente se faz,
além dos conteúdos específicos da grade curricular, ensinar aos mesmos a
compreensão e o uso das diversas ferramentas tecnológicas existentes na
atualidade, bem como os novos vocabulários, novos softwares, entre outros.
Os elementos ilustrativos não foram suficientes para propor ao escolar
hospitalizado um ambiente de sala de aula virtual. Neste momento percebe-se que o
149
mediador neste caso o professor hospitalar foi importante, pois direcionou as
atividades e auxiliou os escolares nas dificuldades do ambiente e nas atividades
propostas.
Observou-se que os escolares hospitalizados não relacionaram as telas do
AVA com as regiões do Brasil. Assim, o professor que utiliza esta ferramenta terá a
oportunidade de apontar as regiões apresentadas e fazer referências culturais,
colaborando para agregar novos conhecimentos.
150
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Pedagogia Hospitalar, por ser uma proposta relativamente nova, precisa e
merece ser conhecida, divulgada e apoiada e tem o objetivo de garantir aos
escolares hospitalizados um ambiente propício a suas necessidades físicas, afetivas
e educativas.
Em contexto hospitalar o compromisso das equipes da saúde, de professores
hospitalares, da escola de origem e dos pais vai além do simples olhar a uma
criança que precisa de cuidado e está em idade escolar. O escolar, quando
hospitalizado, continua sendo um cidadão que tem sentimentos, que tem aspirações,
que tem sonhos e necessidades. É um ser humano que aspira dar continuidade em
sua vida.
O objetivo maior deste estudo foi implementar e estudar uma nova ferramenta
que poderá contribuir para que o escolar hospitalizado tenha a possibilidade de
usufruir seus legítimos e inegáveis direitos, aliando educação e saúde, contribuindo
efetivamente no processo de ensino/aprendizagem do educando, permitindo o
acesso à sala de aula e ao convívio de seus colegas e professores mesmo estando
no hospital, possibilitando o seu retorno efetivo à escola.
a necessidade de oportunizar uma comunicação mais intensa entre as
partes envolvidas.
Para tanto buscou-se colher subsídios teóricos e práticos que
proporcionassem uma abordagem mais concreta do trabalho que já vem sendo
realizado em alguns hospitais e que, ao mesmo tempo, viesse a contribuir para uma
prática pedagógica inclusiva, informatizada e interativa que envolvesse os alunos
hospitalizados e as instituições de ensino no processo ensino-aprendizagem.
Desta forma este trabalho foi estruturado a fim de cumprir os objetivos
específicos propostos nesta pesquisa que tinha como meta a busca de novas
contribuições para as discussões sobre a inserção do AVA em âmbito hospitalar.
Sendo assim, foi criado um ambiente virtual de aprendizagem para escolares
hospitalizados denominado Eurek@Kids. Para a implementação desse novo
ambiente foi utilizado a plataforma existente do Eureka da PUCPR e a esse novo
ambiente foram agregadas novas funções como: imagens, animações e cores.
151
Estas novas implementações tiveram a finalidade de tornar o ambiente mais
interativo dico e motivador. Foi adaptado à realidade do escolar hospitalizado dos
primeiros anos do ensino fundamental e veio acrescentar como mais um recurso
para a promoção da aprendizagem.
Por meio das observações in loco e dos questionários realizados com os
professores e os escolares hospitalizados foi possível fazer uma análise da
interação e da familiarização do AVA Eurek@Kids frente ao
professor/aluno/escola/hospital, conhecendo assim as convergências e as
divergências que esta ferramenta veio proporcionar.
A presença do professor hospitalar como suporte para o escolar durante a
realização das atividades revelou-se um importante requisito no processo de
aprendizagem mediado pelo AVA Eurek@Kids.
Ficou claro, nesta pesquisa, que para atender a estes escolares
hospitalizados são necessários conhecimentos específicos que ultrapassem a
simples prática de ensinar e constatou-se entre os professores hospitalares o desejo
de uma formação mais consistente em seus alunos de forma a preparar estes
escolares para enfrentar as adversidades futuras.
Em diversos momentos, percebeu-se o compromisso do professor em ensinar
e preparar o escolar para o retorno efetivo destes à sala de aula, de forma a
retomar suas atividades com pouco, de preferência nenhuma defasagem.
A proposta de se trabalhar com os alunos na utilização do AVA e demais
ferramentas teve como contribuição a inclusão dos escolares hospitalizados,
permitindo o início do desenvolvimento e da preparação de futuros cidadãos que
poderão se tornar agentes de transformação na Sociedade da Informação e do
Conhecimento.
Para o perfeito funcionamento, o AVA necessitou do compromisso do escolar
hospitalizado e do professor hospitalar, e somente com o envolvimento desses
sujeitos é que o Eurek@Kids se tornou de fato um agente de construção do
conhecimento.
Além do comprometimento dos sujeitos analisados nesta pesquisa foi
gratificante encontrar professores preparados para utilizar as TIC. Esta característica
foi fundamental para dinamizar as atividades e criar situações que envolvessem os
alunos na aprendizagem.
152
Utilizar o AVA Eurek@Kids implica ter login e senha. Por esse motivo, a
informação ficou privada ao professor e aos seus alunos, constituindo uma
comunidade de aprendizagem fechada, onde se pode partilhar dúvidas, descobertas
e elaborar reflexões garantindo a segurança na Internet. Privacidade e segurança
ficam resguardadas com este AVA. O professor, neste ambiente, gerenciou as
informações filtrando e possibilitando a inclusão de novos conhecimentos que foram
acessados apenas pelos alunos que têm permissão para entrar nesta área.
Os alunos puderam envolver-se na aprendizagem: partilhando o
conhecimento no fórum e no espaço aberto, descrevendo suas emoções em forma
digital, compartilhando um pouco de suas vidas na ferramenta info.
A simples presença da tecnologia no hospital e na escola não é garantia de
melhoria na ação pedagógica. Porém, os dados da pesquisa demonstraram que o
professor capacitado e pronto para utilizar o AVA com escolares hospitalizados
encontrou mais uma ferramenta de auxílio na elaboração do conhecimento.
O Eurek@Kids contribuiu para o exercício da cidadania quando possibilitou a
inclusão social e digital dos escolares hospitalizados, facilitou contatos, humanizou
um pouco mais o ambiente hospitalar.
necessidade de confrontar esses resultados com as experiências de
outros estudos similares para contar com mais subsídios acerca do assunto,
provocando ações que envolvam os órgãos responsáveis na possibilidade da
criação de leis específicas que servirão para amparar os escolares que estão no
estado transitório de hospitalização, na perspectiva de uma educação inclusiva que
busque a melhoria da educação em ambiente hospitalar.
No decorrer do estudo, as opiniões dos envolvidos permitiram conferir
credibilidade e respeito no AVA. Na certeza de que se deve investir mais em estudos
para colaborar na mudança desta ferramenta, possibilitando uma melhora
significativa que permitirá oferecer maior confiança a mesma.
O desafio, agora, consiste em pensar nas melhorias do AVA a fim de que esta
ferramenta promova a efetiva comunicação entre escola e escolar hospitalizado.
Muitos aspectos, analisados neste trabalho, podem servir de parâmetro para
promover a melhoria deste ambiente na intenção de torná-lo mais eficaz na
promoção do conhecimento entre os sujeitos.
153
Foram constatados alguns pontos relevantes quanto a aceitação do
Eurek@Kids, tanto por parte dos professores quanto pelos escolares e que precisam
ser re-estruturados para um melhor manuseio do ambiente.
Entre os pontos levantados na pesquisa sugere-se algumas mudanças como:
- Tornar a interface mais significativa;
- Diminuir o tamanho dos arquivos artísticos, pois se constatou uma lentidão
no carregamento das imagens, e conseqüentemente o desestímulo por parte dos
usuários;
- Diminuir o espaço artístico para aumentar o espaço onde são inseridas as
informações produzidas pelos alunos;
- Possibilitar a troca de cores das telas, temas e tamanho de fonte tornariam o
AVA mais agradável aos olhos dos alunos que o utilizam, permitindo inclusive o uso
desta ferramenta por diferentes faixas etárias bem como aos alunos portadores de
deficiências visuais;
- Substituir letra cursiva por caixa alta a fim de facilitar a leitura principalmente
por parte dos alunos das séries iniciais;
- Acrescentar áudios e vídeos nos botões de navegação permitindo uma
maior interação dos usuários, além de atender crianças com necessidades especiais
como deficiências auditivas e visuais.
Este estudo teve a intenção de se transformar em mais um instrumento de
auxílio aos profissionais envolvidos no trabalho da educação dos escolares
hospitalizados. À partir dos resultados da pesquisa por parte dos professores e
escolares hospitalizados, buscou-se apresentar idéias para a melhoria do AVA.
Nesta pesquisa, realizada em Hospitais pediátricos de grande porte da região
Sul do país foram obtidos resultados que indicam questões relevantes no que tange
o meio acadêmico: predominou a qualificação do pedagogo no campo da extensão.
Para a realização deste estudo os recursos bibliográficos foram de
fundamental importância para confirmar as idéias aqui colocadas e reforçar o
potencial dos AVA. Os autores citados ofereceram sustentação teórica e permitiram
a este estudo a sua continuidade para os que queiram enveredar nestes espaços
virtuais.
As idéias aqui não são colocadas como verdades e estão descritas para
provocarem a discussão, estimular a evolução do AVA, almejando promover uma
reconstrução significativa do Eurek@Kids.
154
As emoções e o compromisso para alcançar o objetivo proposto acercaram
para o sentimento de crescimento e realização pessoal.
155
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156
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VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
164
APÊNDICE
165
APÊNDICE A - ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO
O projeto EUREK@KIDS, é um projeto aprovado pelo CNPq, teve seu início em
junho de 2005, desde então, está sendo desenvolvido um ambiente virtual de
aprendizagem, pensado principalmente para o atendimento de crianças/ adolescente
hospitalizados que estejam cursando o ensino fundamental da educação básica.
........................................................................................................................................
Ana Lúcia B. Bonassina -
1- Limitações do escolar hospitalizado (efeito de medicação, aparelhos médicos,
gesso, etc.) :
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
2- Comportamento do escolar hospitalizado frente ao computador:
A ( ) distraído (a)
B ( ) atento (a)
C ( ) indiferente
D ( ) alegre
E ( ) curioso
F ( ) participativo
Comentário:
....................................................................................................................................
3- Desempenho nas atividades propostas:
A ( ) participou
B ( ) não participou
C ( ) participou com dificuldade
D ( ) participou com facilidade
Comentário:
....................................................................................................................................
4- ( ) O escolar hospitalizado manuseou o computador adequadamente.
Comentário:
....................................................................................................................................
5- ( ) O escolar hospitalizado manuseio o computador com independência.
166
Comentário:
....................................................................................................................................
6- Dificuldade ao utilizar o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)
Eurek@Kids?
A ( ) Sim
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Sem dificuldade
Comentário:
....................................................................................................................................
7- ( ) O visual motivou o escolar hospitalizado a explorar a ferramenta.
Comentário:
....................................................................................................................................
8- ( ) O escolar hospitalizado relacionou as telas do AVA com sua região.
Comentário:
....................................................................................................................................
9- Atuação do professor junto à criança:
A ( ) Orientou
B ( ) Não orientou
C ( ) Ficou presente durante a atividade
D ( ) Teve clareza na transmissão das orientações
E ( ) Direcionou a atividade
Comentário:
....................................................................................................................................
10- Atuação do professor frente ao AVA:
A ( ) Gostou e ficou à vontade frente a ferramenta
B ( ) Domina com tranqüilidade a ferramenta
C ( ) Apresentou algumas restrições
D ( ) Ficou indiferente
167
Comentário:
....................................................................................................................................
11- Conclusão nas atividades:
A ( ) concluiu as atividades propostas
B ( ) não concluiu as atividades propostas
C ( ) concluiu parcialmente
Comentário:
....................................................................................................................................
168
APÊNDICE B - Questionário destinado às crianças/adolescentes hospitalizados
O projeto EUREK@KIDS, é um projeto aprovado pelo CNPq, teve seu início em
junho de 2005, desde então, está sendo desenvolvido um ambiente virtual de
aprendizagem, pensado principalmente para o atendimento de crianças/ adolescente
hospitalizados que estejam cursando o ensino fundamental da educação básica.
Sua participação nesta pesquisa será muito importante.
Obrigada!
Ana Lúcia B. Bonassina - analuciabon[email protected] – 41 21050829
Perguntas antes da utilização
1- E-mail......................................................................................
2- Hospital...................................................................................
3- Enfermaria..............................................................................
4- Tempo de permanência no hospital......................................
5- Porque está no hospital?
.......................................................................................................................................
6- Sexo:
A ( ) Feminino
B ( ) Masculino
7- Idade.............
8- Escola....................................................................................
9- Série.................................................
10- Cidade............................................................... Estado..........
169
11- Você tem computador e internet em casa?
A ( ) Sim só computador
B ( ) Sim computador e internet
C ( ) Não possuo
12- O que gosta de fazer no computador?
........................................................................................................................................
13- Você trouxe tarefa da escola para fazer no hospital?
A ( ) Sim
B ( ) Não
Justifique:.......................................................................................................................
14- Você gosta de ir para escola?
A ( ) Sim, gosto muito
B ( ) Sim, gosto
C ( ) Às vezes
D ( ) Não gosto
E ( ) Não gosto nunca
170
Perguntas depois da utilização
1- O que você acha de estudar também enquanto hospitalizado, utilizando o
Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids?
A ( ) Muito Bom
B ( ) Bom
C ( ) Mais ou Menos
D ( ) Não Gostei
E ( ) Ruim
Justifique:................................................................................................................
2- Você teve dificuldade ao utilizar o Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids?
A ( ) Sim
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não tive
Justifique:................................................................................................................
3- O que você mais gostou no Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids?
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Por quê?.................................................................................................................
................................................................................................................................
4- Você gostou das cores usadas?
A ( ) Sim
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não tive
Por quê?.........................................................................................................................
171
5- Você gostou do cenário?
A ( ) Sim
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não tive
Por quê?.........................................................................................................................
6- Você gostou das dicas e lembretes que aparecem no ambiente?
A ( ) Sim
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não tive
Por quê?.........................................................................................................................
7- Você gostou da disposição dos botões e dos personagens?
A ( ) Sim
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não tive
Por quê?.........................................................................................................................
8- Você lembra do BILHETE que apareceu no começo do ambiente? O que
aconteceu com ele? Para onde você foi?
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................
Justifique:.......................................................................................................................
172
9- Você acha importante ter o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids na
sua escola?
A ( ) Sim, muito
B ( ) Sim
C ( ) Poderia ser interessante
D ( ) Tanto faz
E ( ) Não
Por quê?..................................................................................................................
................................................................................................................................
10- Enquanto você estiver no hospital, gostaria de utilizar o Ambiente Virtual de
Aprendizagem Eurek@Kids novamente?
A ( ) Sim, muito
B ( ) Sim
C ( ) Poderia ser interessante
D ( ) Tanto faz
E ( ) Não
Por quê?..................................................................................................................
................................................................................................................................
11- O que você gostaria de acrescentar no Ambiente Virtual de Aprendizagem
Eurek@Kids.
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
173
APÊNDICE C - Questionário destinado ao Professor do Hospital
O projeto EUREK@KIDS, é um projeto aprovado pelo CNPq, teve seu início em
junho de 2005, desde então, está sendo desenvolvido um ambiente virtual de
aprendizagem, pensado principalmente para o atendimento de crianças/ adolescente
hospitalizados que estejam cursando o ensino fundamental da educação básica.
Sua participação nesta pesquisa será muito importante.
Obrigada!
Ana Lúcia B. Bonassina - analuciabon[email protected] – 41 21050829
Perguntas antes da utilização
1- E-mail..........................................................................................
2- Hospital que atua:.........................................................................
3- Enfermaria(s)...............................................................................
4- Vínculo com o Hospital................................................................
5- Tempo de experiência em contexto hospitalar:
A ( ) - de 2 anos
B ( ) + de 2 de anos
C ( ) + de 5 anos
D ( ) + de 10 anos
6- Carga horária/ Dias trabalhados..............................................................................
7- Formação:
A ( ) Graduação
B ( ) Especialização
C ( ) Mestrado
D ( ) Doutorado
E ( ) Outro ...............................................................
174
8- Você utiliza o computador com qual freqüência?
A ( ) Diariamente
B ( ) Uma vez por semana
C ( ) Uma vez por mês
D ( ) Quase nunca
C ( ) Nunca
Justifique:......................................................................................................................
9- Considera-se um usuário de internet:
A ( ) Iniciante
B ( ) Médio
C ( ) Avançado
Justifique:......................................................................................................................
10- O que você sabe utilizar no computador?
A ( ) Compactar ou descompactar
B ( ) Instalar Software
C ( ) Pesquisar na internet
D ( ) Utilizar e-mail
E ( ) Utilizar chat na internet
F ( ) Utilizar webcam na internet
G ( ) Utilizar máquina fotográfica digital
H ( )Outros ...............................................................................
Justifique:......................................................................................................................
11- Já trabalhou com algum Ambiente Virtual de Aprendizagem:
A ( ) Eureka
B ( ) Moodle
C ( ) Blackborad
D ( ) Nunca utilizei
E ( ) Outros. .............................................................................................
Perguntas depois da utilização
175
1- Você acha que o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids em sua
interface é de fácil entendimento?
A ( ) Sim, muito
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
2- Na sua opinião o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids pode favorecer
ainda mais o processo ensino aprendizagem do escolar hospitalizado?
A ( ) Sim, muito
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
3- A qualidade geral do Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@aKids sob o
ponto de vista didático é:
A ( ) Muito Bom
B ( ) Bom
C ( ) Satisfatório
D ( ) Precisa melhorar
E ( ) Péssimo
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
4- A interface das informações no Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@aKids
é adequada à idade do escolar na faixa etária de 07 a 10 anos?
A ( ) Sim, muito
B ( ) Na maioria das vezes
176
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
5- Em sua opinião, o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@aKids pode
favorecer a interação entre o aluno, colegas, professor e conteúdo?
A ( ) Sim, muito
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
6- O Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@aKids apresenta um ambiente lúdico
e criativo?
A ( ) Sim, muito
B ( ) Na maioria das vezes
C ( ) Em algumas vezes
D ( ) Quase nunca
E ( ) Não
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
7- O que você mais gostou no Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids?
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
8- Na sua opinião o que o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids pode
ajudar no ensino da criança hospitalizada?
177
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
9- O que você acha que deve ser melhorado ou acrescentado no Ambiente Virtual
de Aprendizagem Eurek@Kids?
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
10- Como você se sentiu ajudando a criança a interagir no Ambiente Virtual de
Aprendizagem Eurek@Kids?
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
11- Na sua opinião qual a importância do professor como mediador entre a criança e
o Ambiente Virtual de Aprendizagem Eurek@Kids?
.....................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
Justifique:......................................................................................................................
......................................................................................................................................
178
ANEXO
179
ANEXO A – TELAS DO AVA EUREKAKIDS
Figura 22: Tela inicial do Eurek@Kids
Fonte: www.lami.com.br/eurekakids*
Figura 23: Salas do Eurek@Kids
Fonte: www.lami.com.br/eurekakids*
180
Figura 24: Edital do Eurek@Kids
Fonte: www.lami.com.br/eurekakids*
Figura 25: Informação dos integrantes do Eurek@Kids
Fonte: www.lami.com.br/eurekakids*
181
Figura 26: Bate Papo do Eurek@Kids
Fonte: www.lami.com.br/eurekakids*
Figura 27: Correio Eletrônico do Eurek@Kids
Fonte: www.lami.com.br/eurekakids*
182
Figura 28: Conteúdos do Eurek@Kids
Fonte: www.lami.com.br/eurekakids*
Figura 29: Fórum do Eurek@Kids
Fonte: www.lami.com.br/eurekakids*
183
Figura 30: Links do Eurek@Kids
Fonte: www.lami.com.br/eurekakids*
19
19
* Telas elaboradas por BORTOLOZZI, 2007
184
ANEXO B – DOCUMENTO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA DO
HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE
185
ANEXO C - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa de um estudo denominado:
“AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM UMA PROPOSTA PARA INCLUSÃO DE
ESCOLARES HOSPITALIZADOS”.
O pesquisador envolvido com o referido projeto é Ana Lucia Berno Bonassina com
quem poderei manter contato pelo telefone: 0000-0000 .
Para poder participar, é necessário que você leia este documento com atenção. Por favor,
peça aos responsáveis pelo estudo para explicar qualquer palavra ou procedimento que
você não entenda claramente.
O propósito deste documento é dar a você as informações sobre a pesquisa e, se assinado,
dará a sua permissão para participar no estudo. O documento descreve o objetivo,
procedimentos, benefícios e eventuais riscos ou desconfortos caso queira participar. Você
deve participar do estudo se você quiser. Você pode se recusar a participar ou se retirar
deste estudo a qualquer momento.
Os objetivos desse estudo são: validar o Ambiente Virtual de Aprendizagem EurekaKids com
professor e aluno / hospital e verificar a interação entre Ambiente Virtual de Aprendizagem e
seus protagonistas.
Trata-se de um trabalho de pesquisa para desenvolver a Dissertação. A entrevista será
individual, em local que assegure a sua privacidade e possa expressar suas idéias
livremente. Não haverá nenhum custo a você relacionado aos procedimentos previstos no
estudo. Sua participação é voluntária, portanto você não será pago por sua participação
neste estudo.
Será coletado informações sobre você. Em todos esses registros um código substituirá seu
nome. Todos os dados coletados serão mantidos de forma confidencial. Os dados coletados
serão usados para os fins deste estudo. Os dados também podem ser usados em
publicações científicas sobre o assunto pesquisado. Porém, sua identidade não será
revelada em qualquer circunstância.
Eu li e discuti com a equipe de investigadores pelo presente estudo os detalhes descritos
neste documento. Entendo que eu sou livre para aceitar ou recusar, e que eu posso
interromper minha participação a qualquer momento sem dar uma razão. Eu concordo em
realizar a entrevista, que meu depoimento seja gravado e que os dados coletados para o
estudo sejam usados somente para o propósito acima descrito.
Eu entendi a informação apresentada neste termo de consentimento. Eu tive a oportunidade
para fazer perguntas e todas as minhas perguntas foram respondidas.
NOME DO PARTICIPANTE
ASSINATURA
DATA
NOME DO INVESTIGADOR
ASSINATURA
DATA
186
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