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Juliane Adne Mesa Corradi
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Marília - SP
2007
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Juliane Adne Mesa Corradi
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Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Informação da Faculdade de Filosofia e
Ciências da Universidade Estadual Paulista, UNESP –
Campus de Marília, como requisito parcial para obtenção do
título de mestre em Ciência da Informação.
Área de concentração: Informação, Tecnologia e
Conhecimento.
Linha de pesquisa: Informação e Tecnologia.
Orientadora: Dra. Silvana Aparecida Borsetti Gregorio
Vidotti.
Marília - SP
2007
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Corradi, Juliane Adne Mesa.
C823a Ambientes informacionais digitais e usuários surdos:
questões de acessibilidade. / Juliane Adne Mesa Corradi. –
Marília, 2007.
214 f.; 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) –
Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual
Paulista, 2007.
Bibliografia: f. 193-200.
Orientadora: Dra. Silvana Aparecida Borsetti Gregorio
Vidotti.
1. Tecnologia de informação e comunicação. 2. Inclusão
digital. 3. Surdos. 4. Acessibilidade. 5. Ciência da
Informação. I. Autor. II. Título.
CDD 029.7
Juliane Adne Mesa Corradi
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BANCA EXAMINADORA
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Dra.Fernanda Maria Pereira Freire
UNICAMP/NIED
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Dra. Plácida Leopoldina Ventura Amorin
da Costa Santos – UNESP/ FFC/ Marília
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Dra. Silvana Aparecida Borsetti
Gregorio Vidotti - UNESP/ FFC/ Marília
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Local: Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Filosofia e Ciências
UNESP – Campus de Marília
Data de Defesa: 30/05/2007
Dedico esta dissertação aos meus pais Paulo Roberto Corradi e
Elizabete Fátima Mesa Corradi pelo amor e dedicação incondicionais.
Às minhas irmãs Ariane Agnes Corradi e Anna Paula Corradi pelo
exemplo que imprimem, pelo orgulho e privilégio de serem minhas
amigas, colaboradoras e companheiras mesmo que à distância.
À minha avó Maria do Céo Oliveira Mesa pela sabedoria e vida que
irradia... Meu ombro, meu ânimo e minha motivação para continuar.
Ao meu avó Manoel Mesa Nogueira (in memorian) pelo aprendizado
do significado das palavras “simplicidade”, “sabedoria” e “luta”.
A meu tio Adilson Antonio Mesa pelo exemplo de superação,
criatividade e alegria... Por tornar o que parece impossível possível!
Aos Surdos que muito me ensinaram com suas “vozes”.
Agradecimentos
Muitas pessoas me acompanharam e contribuíram para que esta trajetória se concretizasse.
Deixo aqui a todos meus sinceros agradecimentos.
Aos meus pais, às minhas irmãs pelo apoio, compreensão e incentivo.
Às famílias Mesa e Corradi pelo carinho impresso mesmo que à distância.
À Solange, Dona Irene e familiares por compartilharem comigo parte desta jornada, por
serem um pouco de minha família também.
À família Gregório Vidotti pelo apoio nas horas difíceis, pela hospitalidade e amizade.
À Dra. Silvana Aparecida Borsetti Gregorio Vidotti pelo desafio da pesquisa, intensas e
extensas orientações, pelos momentos de ensino e aprendizado compartilhados.
À Dra. Fernanda Maria Pereira Freire pelas contribuições durante o processo de qualificação
e defesa, riqueza de detalhes na leitura e argüição.
À Dra. Plácida Leopoldina Ventura Amorin da Costa Santos pelas contribuições durante o
curso de Pós-Graduação como coordenadora de linha, docente e banca de qualificação e
defesa.
À Dra. Mariângela Braga Norte pela dedicação inicial e por acreditar nas possibilidades de
meu ideal de pesquisa.
À Dra. Maria Cândida Soares Del Masso pelo incentivo, disponibilidade e credibilidade.
Aos docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação pelos
momentos de aprendizado compartilhados.
Ao Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação da UNESP (Eduardo, Miguel,
Aldinar, Maria José, Raquel, Regina, Liriane e Fabiano) e ao Grupo de Estudos Surdos da
UNICAMP (Regina Maria de Souza, Andréa Rosa, Carmem Sanches, Raquel, Marina,
Heloísa, Lílian).
Aos membros do Projeto Amigos da Leitura pela possibilidade de trabalhar com crianças
hospitalizadas, algo que sempre quis fazer. Um sonho realizado!
Ao CEPRE/UNICAMP pela oportunidade de crescimento profissional e pessoal.
À amiga Zilda Maria Gesueli por me ensinar o significado de “ser flexível”, por acreditar em
meu trabalho, pela disponibilidade e pelo privilégio de ainda trabalharmos juntas.
À Priscila e Eduardo Amorin pela motivação, atenção, compreensão e companheirismo
“virtual”. Meus grandes amigos!
À República Caverna do Adulão de Campinas, à República Mansão Amarela e à República
AMIGAS de Marília pelos momentos de alegrias e superação vividos.
À Cláudia, Carlos, Debinha, Carol e Juliano pela colaboração durante o processo seletivo
para o mestrado em Ciência da Informação com material e transporte.
Ao Merlin pelas mensagens de incentivo nos momentos decisivos, por tornar possível a
aquisição dos equipamentos necessários ao desenvolvimento deste trabalho, pela amizade.
Ao André Coneglian pela colaboração durante o processo de coleta de dados, por auxiliar
na interpretação em LIBRAS na defesa e pelas trocas de idéias. Em suas próprias palavras:
”O que vale são as pessoas, os vínculos criados, a lista de amigos aumentada, o título é
conseqüência deste processo, regado com esforço e dedicação, contando sempre com a
colaboração de ombros amigos mais chegados que irmãos.”
Ao Fabiano Ferreira de Castro pela companhia incondicional e amizade cativada.
À Liriane S. de A. de Camargo pelo apoio e motivação.
À Aldinar Bittencourt pela disponibilidade, hospitalidade, motivação e colaboração.
À Deise Maria Antonio pela companhia constante, por me ceder os ouvidos e pela
confiança.
À Claudia Cabral pelo companheirismo durante esta trajetória (“valeu a pena!!!!!”).
À Andréa da Silva Rosa pelas palavras de motivação e apoio “virtual” constante.
Aos professores da UNESP/FCLAr de Araraquara pelo espaço de aprendizagem, em
especial a Maria Julia Dall’acqua, Leandro Zaniollo, Luci Manzolli e Roseli Parizzi.
Aos alunos de Biblioteconomia que cursaram a disciplina “Acessibilidade digital em
websites” pela oportunidade de pensarmos juntos.
Aos funcionários da FFC por zelarem por este espaço e por sempre estarem disponíveis ao
atendimento da comunidade acadêmica.
Ao STI por tornarem possível a transmissão da qualificação por meio de vídeo conferência e
por recuperarem meu arquivo final de defesa corrompido!
Aos amigos de Marília por tornarem meus dias mais divertidos: Rogério, Ângela, Vera,
Miguel, Eduardo, Bruno, Carol, Rodrigo, Suzaninha, Rodrigo Garcia, Rodrigo Rabelo,
Larissa, Valter, Luciana, Luana, Carlos, Luzinete, Gabriela, Raphael, Iuri, Daniela, Débora,
Milena, Andressa, Camila, Marli.
Aos amigos que partilharam este percurso comigo fora dos muros acadêmicos: Laura,
Graciella, Denilson, Toninho, Fábio, Rodrigo (in memorian), Karina, Henderson, Lilia,
Olizandra, César, Gabriela, André e Rosa Helena, Andréa.
Ao Julio Cappelato e Valter Camargo pelos abstracts.
Ao Centro Municipal de Ensino Especial para Surdos “Edra Cristianne Chiozzini” e à Escola
Municipal Adelino Bordignon de Matão-SP pelo espaço cedido a pesquisa, pela prontidão e
dedicação ao trabalho com os Surdos.
Aos membros das comunidades surdas que contribuíram com este trabalho tornando-o
possível e extremamente agradável de ser concretizado.
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pelo incentivo
financeiro.
À Deus por me presentear com a vida repleta de desafios e conquistas, oportunidades,
amizades e inigualável família!!
Com a descoberta de minha língua, encontrei a grande chave que me
abre a grande porta que me separava do mundo. Posso compreender o
mundo dos Surdos, e também o mundo dos ouvintes. [...] Tinha
construído uma reflexão própria. Necessidade de falar, de dizer tudo, de
contar tudo, de compreender tudo.
Para mim, a Língua de Sinais corresponde à minha voz, meus olhos são
meus ouvidos. Sinceramente, nada me falta. [...] Olho do mesmo modo
com que poderia escutar. Meus olhos são meus ouvidos. Escrevo do
mesmo modo que me exprimo por sinais. Minhas mãos são bilíngües.
Ofereço-lhes minha diferença. Meu coração não é Surdo a nada deste
duplo mundo.
O Surdo tem uma qualidade de vida. Uma adaptação a essa vida. Ele
desabrochou com a Língua de Sinais. Consegue falar, escrever, criar
conceitos com a ajuda de duas línguas diferentes.
LABORIT, E. O vôo da gaivota. São Paulo: Círculo do Livro, 1994.
(Primeira atriz surda a ganhar o prêmio Moliére na França).
CORRADI, Juliane Adne Mesa. Ambientes informacionais digitais e usuários
Surdos: questões de acessibilidade. 214 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da
Informação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista -
UNESP, Marília, 2007.
RESUMO
O campo da Ciência da Informação no âmbito das tecnologias de informação e
comunicação tem contribuído para o desenvolvimento de interfaces acessíveis, que
atendam diferentes comunidades de usuários e suas necessidades informacionais. Neste
sentido, os processos de geração, tratamento e disseminação da informação devem focar o
usuário e os sistemas que permitem a criação de interfaces favoráveis ao acesso e ao uso
de conteúdos informacionais digitais. Com ênfase na perspectiva bilíngüe da surdez e nos
Estudos Surdos, destaca-se o processo de inclusão digital e social de minorias lingüísticas.
Estes usuários Surdos utilizam preferencialmente a Língua de Sinais em suas interações
comunicativas e informacionais. Assim, objetiva-se destacar as potencialidades das
tecnologias de informação e comunicação na construção de ambientes informacionais
digitais inclusivos, com destaque a possibilidade de promover a acessibilidade digital para
usuários com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras, em especial para
Surdos sinalizadores. A pesquisa caracteriza-se como uma análise exploratória e descritiva
do tema, com revisão de literatura e análise de ambientes digitais. Os dados empíricos e as
percepções dos Surdos, principais usuários da pesquisa, sobre acessibilidade foram
coletados por meio de questionário, no qual suas “vozes” declararam a necessidade de
melhorias em interfaces digitais. Com isso, desenvolveu-se o Modelo para Análise e
Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais Inclusivos (MADAIDI), com o intuito
de orientar o planejamento e a implantação de ambientes informacionais inclusivos e
acessíveis, considerando as peculiaridades de públicos-alvos com diferentes condições
sensoriais, lingüísticas e motoras, em especial a comunidade de Surdos. O planejamento de
uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva focada na acessibilidade, na usabilidade,
nas tecnologias de informação e comunicação pode viabilizar a inclusão digital e social de
usuários em ambientes informacionais digitais.
Palavras-chave: Acessibilidade. Ambiente informacional digital. Estudos Surdos.
Tecnologias de Informação e Comunicação. Arquitetura da Informação Digital Inclusiva.
Modelo para Análise e Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais Inclusivos -
MADAIDI.
Digital information environments and deaf user: accessibility’s issues
ABSTRACT
The Information Science field, under the scope of technology of information and
communication, has contributed to develop accessible interfaces that attend different user
communities and their informational needs. In this direction, generation, treatment and
dissemination processes of information must focus on the users and on the systems that
allow the creation of adequate interfaces to the access and to the utilization of digital
information contents. With emphasis on the bilingual perspective of deafness and also on
Deaf Studies, this work aims to focus the digital and social inclusion processes of deaf users.
These users use mainly the sign language in their informational and communicative
interactions. Thus, this study presents the strongest points of information and communication
technologies to build digital environments that include deaf users, emphasizing the possibility
to promote digital accessibility to deafs under different sensorial, linguistic and motor
conditions, especially Sign Language users ones. The research has an exploratory and
descriptive approach, with literature revision and analysis of digital environments. Empirical
data and the perception of the deaf users about accessibility were collected by means of
questionnaires, in which their “voices” asked for better digital interfaces. Therefore, from the
principles of Inclusive Digital Information Architecture, we developed a Model for Analysis
and Development of Inclusive Digital Information Environments (MADAIDI), aiming to
conduct the planning and implementation of inclusive digital information environments, with
regard to peculiarities of diverse target publics, futhermost the deaf community. Researcher
believes that the planning of an Inclusive Digital Information Architecture focused on
universal design, usability, digital technologies and assistive technologies may allow the
digital and social inclusion of deaf users which nowadays are far from digital information
environments.
Keywords:
Accessibility. Digital information environments. Deaf Studies. Information and
Communication Technology. Inclusive Digital Information Architecture. Model for Analysis
and Development of Inclusive Digital Information Environments.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Exemplos do sinal de árvore em LIBRAS e em LSC .............................................. 40
Figura 2 Exemplos de iconicidade e arbitrariedade em LIBRAS........................................... 41
Figura 3 Grupos de símbolos para as mãos.......................................................................... 43
Figura 4 Exemplos de configurações de mão no sistema SignWriting básico...................... 43
Figura 5 Exemplos de símbolos de movimentos em SignWriting.......................................... 43
Figura 6 Símbolos para contato do sistema SignWriting....................................................... 44
Figura 7 Expressões faciais em SignWriting......................................................................... 44
Figura 8 Aplicação do SignWriting......................................................................................... 45
Figura 9 Elementos da arquitetura da informação................................................................. 51
Figura 10 Relacionamento entre os recursos de desenvolvimento de acessibilidade digital 55
Figura 11 Diferentes componentes para os guias de acessibilidade digital.......................... 58
Figura 12 Esquema de Arquitetura da Informação Digital Inclusiva...................................... 68
Figura 13 Dicionário LIBRAS.com......................................................................................... 73
Figura 14 Sistema de busca e recuperação - Dicionário Digital Bilíngüe.............................. 75
Figura 15 Sistema de busca pela configuração de mão - Dicionário Digital Bilíngüe ........... 75
Figura 16 Interface do Dicionário LIBRAS Ilustrado.............................................................. 77
Figura 17 Tela principal do SIGNDIC – ordenação por grupos de mão............................... 78
Figura 18 Tela principal do SIGNDIC – ordenação por letras............................................... 79
Figura 19 Ambiente virtual X-LIBRAS ................................................................................... 80
Figura 20 Interface de “Alice no país das Maravilhas” .......................................................... 82
Figura 21 Interface de “Iracema”........................................................................................... 83
Figura 22 Apresentação da história “As aventuras de Pinóquio” .......................................... 84
Figura 23 Sistema SignStream.............................................................................................. 86
Figura 24 Ferramentas de controle do SignStream............................................................... 87
Figura 25 Funcionalidades das ferramentas do SignStream................................................. 87
Figura 26 Interface do iCommunicator .................................................................................. 88
Figura 27 Funcionalidades dos botões da interface do editor 3D ......................................... 90
Figura 28 Módulo da escrita da língua oral-auditiva.............................................................. 91
Figura 29 Tela principal do SIGNTALK ................................................................................ 92
Figura 30 Modos de consulta no Dicionário de LIBRAS........................................................ 94
Figura 31 Interface do SWEDIT............................................................................................. 95
Figura 32 Player AGA com animação do sinal “mostrar” ...................................................... 96
Figura 33 Descrição técnica do Torpedo Rybená ................................................................. 98
Figura 34 Player Rybená em funcionamento ........................................................................ 99
Figura 35 Mapa do site - INES ............................................................................................ 119
Figura 36 Ambiente web internacional – Deaf.com............................................................. 120
Figura 37 Homepage Surdosol............................................................................................ 122
Figura 38 Homepage Surdo.com......................................................................................... 123
Figura 39 Homepage da FENEIS........................................................................................ 132
Figura 40 Novo layout do website da FENEIS .................................................................... 133
Figura 41 Língua de Sinais em interface digital................................................................... 134
Figura 42 Homepage do Diário do Surdo............................................................................ 135
Figura 43 Modelo para Análise e Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais
Inclusivos - MADAIDI...................................................................................................
143
Figura 44 Exemplos de links com animação dinâmica em Língua de Sinais..................... 145
Figura 45 Teclas de atalho site Acessibilidade Brasil.......................................................... 146
Figura 46 Teclas de atalho para barra de navegação - Senado Federal............................ 147
Figura 47 Elementos de acessibilidade de interface – Ministério Público do Trabaho........ 151
Figura 48 Comparação entre alterações de tamanho da fonte - MPT ................................ 151
Figura 49 Exemplos de rótulos em LIBRAS e em SignWriting............................................ 155
Figura 50 Exemplo de conteúdo hipermídia em vídeo e áudo – TeleLibras ....................... 158
Figura 51 Interface em LIBRAS........................................................................................... 162
Figura 52 Homepage do primeiro site brasileiro para Surdos............................................. 163
Figura 53 Apresentação do conteúdo.................................................................................. 164
Figura 54 Interface do website do Curso Letras-Libras - UFSC.......................................... 166
Figura 55 Tipos de documentos de apresentação do conteúdo - Curso EAD/UFSC.......... 167
Figura 56 Tipos de documentos de apresentação do conteúdo – PROLIBRAS................. 167
Figura 57 Homepage do website do NEPES....................................................................... 169
Figura 58 Homepage BibVirt - Interface nova .................................................................... 171
Figura 59 Elementos de Acessibilidade Digital - BibVirt (interface anterior e atual)............ 172
Figura 60 Narrativa da história em Libras – BibVirt............................................................. 173
Figura 61 Homepage Biblioteca de Signos ......................................................................... 174
Figura 62 Apresentação do portal em Língua de Sinais...................................................... 175
Figura 63 Elemento de acessibilidade digital – Biblioteca de Signos.................................. 176
Figura 64 Aplicação de recurso hipermídia em conteúdo digital – Biblioteca de Signos .... 176
Figura 65 Alternativas de acesso por modem – Biblioteca de Signos................................. 177
Figura 66 Teclas de atalho – Biblioteca de Signos.............................................................. 177
Figura 67 Homepage Diário Signo - Espanha..................................................................... 179
Figura 68 Homepage do Word Deaf Congress ................................................................... 180
Figura 69 Animações em Língua de Sinais Espanhola....................................................... 180
Figura 70 Alternativas de acesso ao conteúdo digital......................................................... 181
Figura 71 Tipos de documentos de apresentação do conteúdo digital............................... 182
Figura 72 Homepage de website francês............................................................................ 183
Figura 73 Acessibilidade digtal do Web Sourd.................................................................... 183
Figura 74 Homepage do website Sign Community ............................................................. 184
Figura 75 Alternativas de acesso ao website...................................................................... 185
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Perfil dos participantes Surdos............................................................................. 104
Tabela 2 Perfil sócio-econômico dos participantes Surdos................................................. 105
Tabela 3 Caracterização da surdez e dos participantes...................................................... 108
Tabela 4 Perfil dos Surdos em relação a Internet ............................................................... 111
Tabela 5 Ambientes digitais utilizados pelos Surdos........................................................... 112
Tabela 6 Tópicos de interesse informacional dos Surdos................................................... 114
Tabela 7 Websites indicados pelos Surdos......................................................................... 116
Tabela 8 Relevância dos elementos de acessibilidade....................................................... 126
Tabela 9 Freqüência de conteúdos em websites relacionados a surdez............................ 129
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIDI - Arquitetura da Informação Digital Inclusiva
ALS - Língua de Sinais Americana
ASSP - Associação de Surdos de São Paulo.
ATAG - Authoring Tool Accessibility Guidelines
AVI - Audio Video Interleaved
COPERVE - Comissão Permanente do Vestibular
CSS - Cascading Style Sheets
CVI - Centro de Vida Independente
FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
GES - Grupo de Estudos Surdos de Santa Catarina
GIF - Graphic Interchange Format
HTML - HyperText Markup Language
HTTP - Hypertext Transfer Protocol
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
LSC - Língua de Sinais Chinesa
LSE - Língua de Sinais Espanhola
LSF - Língua de Sinais Francesa
MADAIDI - Modelo para Análise e Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais
Inclusivos
MEC - Ministério da Educação e Cultura
MPT - Ministério Público do Trabalho
NEPES - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos
OAI - Open Archive Initiative
ONG - Organização Não-Governamental
PDF - Portable Document Format
RTF - Rich Test Format
SEESP - Secretaria de Educação Especial do Estado de São Paulo
SGML - Standart Generalized Markup Language
SMIL - Synchronized Multimedia Integration Language
SVG - Scalable Vector Graphics
SWF - Shock Wave Flash
UAAG - User Agent Accessibility Guidelines
URL - Uniform Resource Locator.
W3C - World Wide Web Consortium
WAI - Web Accessibility Initiative
WCAG - Web Content Accessibility Guidelines
WWW - World Wide Web
XML - Extensible Markup Language
SUMÁRIO
1 Introdução ..............................................................................................................17
1.1 Caminhar ouvinte rumo aos Estudos Surdos .............................................................. 17
1.2 Definição do problema................................................................................................. 19
1.3 Justificativa.................................................................................................................. 23
1.4 Proposta da pesquisa.................................................................................................. 24
1.5 Objetivo........................................................................................................................ 24
1.6 Metodologia................................................................................................................. 25
2 Ciência da Informação, Estudos Surdos e Bilingüismo..........................................30
2.1 Informação no contexto da Ciência da Informação ..................................................... 30
2.2 Estudos Surdos: comunidades, culturas e identidades surdas................................... 34
2.3 Língua de Sinais.......................................................................................................... 39
2.4 Signwriting................................................................................................................... 42
2.5 Bilingüismo na surdez.................................................................................................. 45
3 Princípios da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva ......................................48
3.1 Arquitetura da informação digital................................................................................. 48
3.2 Acessibilidade Digital................................................................................................... 52
3.2.1 Guias de acessibilidade web ................................................................................ 54
3.2.2 Acessibilidade do Governo Eletrônico Brasileiro – e-Gov .................................... 58
3.3 Usabilidade digital........................................................................................................ 61
3.4 Desenho universal....................................................................................................... 64
3.5 Tecnologias assistivas................................................................................................. 65
3.6 Tecnologias digitais..................................................................................................... 66
3.7 Esquema da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva (AIDI).................................. 67
4 Aplicatios Digitais para Surdos...............................................................................72
4.1 Dicionários digitais de Língua de Sinais...................................................................... 72
4.1.1 Dicionário LIBRAS.com ........................................................................................ 72
4.1.2 Dicionário Digital Bilíngüe da LIBRAS.................................................................. 74
4.1.3 Dicionário LIBRAS Ilustrado ................................................................................. 76
4.1.4 SIGN DIC.............................................................................................................. 78
4.1.5 X-LIBRAS ............................................................................................................ 79
4.2 Coleção Clássicos da Literatura em LIBRAS/Português em CD-ROM....................... 81
4.3 SignStream................................................................................................................. 86
4.4 iCommunicator............................................................................................................. 88
4.5 Signwriting no ambiente digital.................................................................................... 89
4.5.1 SIGNED................................................................................................................ 89
4.5.2 SIGNSIM............................................................................................................... 90
4.5.3 SIGNHTML ........................................................................................................... 91
4.5.4 SIGNTALK............................................................................................................ 92
4.5.5 SIGNMAIL............................................................................................................. 93
4.5.6 SIGN WEBMESSAGE.......................................................................................... 93
4.5.7 SWEDIT................................................................................................................ 94
4.5.8 AGA-Sign............................................................................................................. 95
4.6 Rybená ....................................................................................................................... 97
5 As “vozes” dos Surdos .........................................................................................102
5.1 Os participantes......................................................................................................... 102
5.1.1 Perfil sócio-econômico........................................................................................ 103
5.2 Os Surdos e a surdez: caracterização dos participantes .......................................... 107
5.3 A web e os Surdos: assuntos, interesses e ambientes ............................................. 110
5.3.1 Interesses e ambientes informacionais dos Surdos ........................................... 114
5.3.2 Subcategorias de websites para os Surdos ou com ênfase na surdez.............. 119
5.4 Elementos de acessibilidade digital........................................................................... 124
5.5 Conteúdo informacional digital sobre a comunidade surda....................................... 128
5.6 Análise de elementos de usabilidade........................................................................ 131
5.6.1 FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos............. 131
5.6.2 Diário do Surdo................................................................................................... 135
6 Modelo para Análise e Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais
Inclusivos - MADAIDI ..............................................................................................139
6.1 Viabilidade do MADAIDI em websites indicados pelos Surdos................................. 161
6.1.1 Primeiro site brasileiro em LIBRAS..................................................................... 161
6.1.2 Interface web institucional UFSC........................................................................ 165
6.1.3 Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos................................. 168
6.2 Bibliotecas digitais..................................................................................................... 170
6.2.1 Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa....................................... 170
6.2.2 Biblioteca de Signos ........................................................................................... 173
6.3 Websites internacionais acessíveis a Surdos............................................................ 178
6.3.1 Diário Signo ........................................................................................................ 178
6.3.2 World Deaf Congress.......................................................................................... 179
6.3.3 Web Visual.......................................................................................................... 181
6.3.4 Web Sourd.......................................................................................................... 182
6.3.5 Sign Community ................................................................................................. 184
7 Considerações Finais...........................................................................................188
Referências..............................................................................................................193
Anexos………………………………………………..……………………………………202
Las cifras de la mano
1
Francisco José de Goya
2
(1812)
Instituto de Valencia Don Juan, Madri
1 INTRODUÇÃO
1
Fonte: <http://www.sordos.com.uy/historias/goya.htm>
2
Francisco José de Goya foi o pintor Surdo que impulsionou o regente Godoy, na Espanha, a criação da primeira aula para
Surdos naquele país. O alfabeto manual criado por Goya permitiu reconstruir a evolução da língua dos Surdos na Espanha.
17
1
INTRODUÇÃO
Na presente introdução apresenta-se o percurso da autora desde o ano de 1996
no seu envolvimento com aspectos relacionados à surdez no âmbito lingüístico, cognitivo,
social e digital. As explanações das vivências que delinearam a proposta de estudo são
brevemente descritas como problema de pesquisa e justificativa. Os objetivos gerais e
específicos, a metodologia de pesquisa e a organização da dissertação apresentam-se no
decorrer deste capítulo.
1.1 CAMINHAR OUVINTE RUMO AOS ESTUDOS SURDOS
Desde 1996 a autora tem se questionado sobre aspectos relacionados à surdez,
no que consiste às questões lingüísticas, cognitivas e sociais que envolvem a autonomia e
independência
3
de Surdos
4
na efetiva participação na sociedade. No curso de Pedagogia,
com eixo de formação em Educação Especial, teve a oportunidade de avançar seus
conhecimentos acadêmicos quanto às possibilidades e limitações educacionais, cognitivas,
lingüísticas e sociais que envolvem a diferença. Em 2003 realizou seu primeiro curso de
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) promovido pela Associação Araraquarense Pró-Surdos
(AAPS) em pareceria com a UNESP – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências e Letras, Campus de Araraquara-SP.
Ao ingressar, no ano de 2004, no Programa de Aprimoramento Profissional
(PAP) – “Programa Infantil: Linguagem e Surdez” sob supervisão da Profa. Dra. Zilda Maria
3
Neste trabalho acrescentou-se termos aos conceitos de autonomia e independência de Sassaki (1997, p. 35 - 36). Para
tanto, os termos em itálico representam a idéia do autor e os grifados marcam os itens adicionados aos conceitos. Assim,
considera-se autonomia a condição de domínio no ambiente físico, social e digital
, preservando ao máximo a privacidade, a
dignidade, a língua, as culturas e as identidades
das pessoas que a exercem. Associado a este conceito a independência é
a faculdade de decidir sem depender de outras pessoas, o que requer a criação/adaptação de espaços lingüísticos,
cognitivos, sociais e digitais
ampliados a diversidade de cidadãos.
4
De acordo com Sacks (1998, p. 17 - 21) ao considerar o termo “Surdo” deve-se abranger os diferentes graus de surdez
(dificuldades para ouvir, seriamente Surdos, profundamente Surdos ou totalmente Surdos), a idade ou o estágio do
diagnóstico. Desta forma, na surdez pós-lingüística a pessoa já teve uma experiência auditiva no passado, enquanto na
surdez pré-lingüística não houve uma experiência ou imagens auditivas mentais a que se possa recorrer. Portanto, para o
autor os natissurdos, ou seja, as pessoas que nascem surdas – surdez pré-lingüística possuem sua experiência
“inteiramente visual”, embora as palavras não sejam “faladas” de modo auditivo, “eles vêem a ‘voz’das palavras”. Os Surdos
“não vivenciam o ‘silêncio’ nem se queixam dele”, sendo sensíveis a vibrações (sentido acessório), podendo interagir com o
mundo por meio de leitura labial, Línguas de Sinais e pela percepção vibratória. Neste estudo participaram natisSurdos e
pessoas que ficaram surdas na primeira infância com uma experiência auditiva precária.
1 INTRODUÇÃO
18
Gesueli no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Prof. Dr. Gabriel de O. S.
Porto” (CEPRE), instituição sediada no Campus da Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP, vinculada à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) ampliou seus horizontes no
campo da surdez.
Na atuação como pedagoga no “Programa Infantil: Linguagem e Surdez” e como
observadora no “Programa Escolaridade e Surdez” vivenciou a realidade de crianças (de 4 a
7 anos) e adolescentes Surdos
5
, assim como as experiências de pais ouvintes diante do
diagnóstico da surdez. O desenvolvimento efetivo de pesquisas relacionadas à surdez
deveu-se ao contato direto com membros das comunidades surdas, possibilitando maior
interação com seus hábitos, costumes e realidades mediadas pela LIBRAS e na relação
com o português oral e escrito.
O uso do computador e a conexão com a Internet estiveram presentes em
diversos atendimentos pedagógicos: ora na pesquisa de imagens e informações web, ora na
utilização de softwares (PowerPoint e Word na projeção de imagens e textos na tela, no
processo de aquisição da Língua Portuguesa escrita, com o apoio da fonte LIBRAS2002). O
aplicativo HagáQuê (história em quadrinho eletrônica), software educacional desenvolvido
pelo Instituto de Computação da UNICAMP (software livre disponível pelo site
<http:/pan.nied.unicamp.br/~hagaque>), propiciou momentos de produção de textos e
narrativas em LIBRAS por crianças em fase de alfabetização e adolescentes inseridos no
ensino regular, como elemento motivador para o processo de aquisição criativa da
linguagem, de leitura-escrita e da função social da escrita.
Os adolescentes utilizavam a web para encontrar e fazer novos amigos Surdos
6
na rede, na ampliação de seus laços afetivos, troca de informações sobre as comunidades
surdas, diversões, mercado de trabalho, jogos, atores e programas de televisão entre
outras. Àqueles que se interessaram, foram auxiliados pela autora na criação de e-mails
particulares para manutenção de contatos on-line constantes.
Com isso, a autora se inseriu no contexto dos Estudos Surdos, de forma teórica
e prática, em busca de maiores conhecimentos relacionados à comunidade, à cultura, à
identidade, à educação e aos processos lingüísticos, cognitivos e sociais que envolvem o
processo de comunicação, interação e acesso à informação pelos Surdos.
5
O censo demográfico de 2000 aponta que 14,6% da população brasileira, aproximadamente 24.537.984, apresentam
alguma necessidade especial. Estima-se que, deste percentual, 5.750.809 tem algum problema auditivo: incapacidade de
ouvir, grande dificuldade permanente de ouvir e/ou algumas dificuldades permanentes de ouvir (IBGE, 2005).
6
No decorrer do texto a expressão Surdo com “s” se refere a condição audiológica definida pela medicina, enquanto Surdos
com “S” refere-se aos membros de uma comunidade, uma entidade lingüística com identidade cultural. Esta diferenciação
entre o uso dos termos foi proposta na década de 1970 pelo sociolingüista James Woodward (SACKS, 1998; LULKIN,
2000).
19
As vivências brevemente descritas motivaram a idealização do projeto de
mestrado acadêmico no âmbito da Ciência da Informação. A busca por informações na web
pelos adolescentes, o interesse no aprendizado de caminhos que os direcionassem a
informação digital disponível, principalmente em websites que visam a inclusão da
comunidade surda, tornaram-se aspectos relevantes ao desenvolvimento do presente
dissertação.
Com o fenômeno web da Internet surgiram preocupações quanto à investigação
sobre a acessibilidade
7
digital para membros das comunidades surdas, usuários
preferenciais da Língua de Sinais, no âmbito da filosofia bilíngüe da surdez. Na perspectiva
bilíngüe a Língua de Sinais é constitutiva do Surdo, uma forma de comunicação e interação
essencial na apropriação de idéias e conceitos do universo.
Com isso, este contexto requer o desenvolvimento de pesquisas quanto a
estruturação de ambientes informacionais digitais que visam a inclusão de usuários com
diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras, em especial de usuários Surdos, por
meio de elementos de acessibilidade e das tecnologias de informação e comunicação que
visam promover interfaces
8
acessíveis.
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Os ambientes informacionais digitais acessíveis que visam condições de acesso
a diferentes tipos de usuários, em especial aos Surdos, devem se fundamentar em aspectos
lingüísticos-cognitivos, uma vez que a maioria destes usuários estão inseridos em
ambientes orais-auditivos
9
. Desta forma, as interfaces digitais podem possibilitar ou limitar a
interação entre usuário Surdo e sistema informacional, de acordo com as características do
usuário e contextos de interação.
Para Freire (2003) o acesso dos Surdos à informação digital é possível desde
que este domine, mesmo que parcialmente, o português escrito. Entretanto a incidência de
7
Acessibilidade, em conformidade com Dias (2003, p. 109 - 111), é definida em relação “à capacidade de produtos e
ambientes serem usados pelas pessoas” e, no contexto da informática, está associada “à capacidade de um software
padrão ser acessado e usado por pessoas com necessidades especiais, mesmo que a forma de uso não seja idêntica para
todos.”
8
Nesta dissertação considera-se interface como “uma superfície de contato, de tradução, de articulação entre dois espaços,
duas espécies, duas ordens de realidade diferentes: de um código para outro, do analógico para o digital, do mecânico para
o humano... Tudo aquilo que é tradução, transformação, passagem, é da ordem da interface.” (LÉVY, 1993, p.181).
9
Vale destacar que a surdez atinge 90% das crianças filhas de pais ouvintes e apenas 10% são filhos de pais Surdos
(MARCHESI et al., 1995; SACKS, 1998; DIAS et al., 2002). Estes percentuais são extremamente relevantes para se refletir
sobre o desenvolvimento global do surdo, o acesso às informações e a constituição de sua identidade. Um surdo inserido
em um ambiente oral-auditivo, por exemplo, é privado de informações corriqueiras, perceptíveis pelas vias auditivas.
20
Surdos que o dominam é reduzida
10
e as interfaces de softwares não contribuem para o uso
autônomo, independente e produtivo destes sistemas.
No contexto da língua escrita para os Surdos, pesquisas têm avançado em
relação ao SignWriting como sistema de escrita da Língua de Sinais (CAMPOS, 2002;
SUTTON, 2006 entre outros). Este sistema de escrita surge como uma forma de viabilizar o
acesso às informações por meio da grafia impressa da língua visual-espacial, que é utilizada
por membros das comunidades surdas. Todavia, por ser um sistema que não nasceu
espontaneamente no contexto das comunidades surdas, pois foi criado por uma coreógrafa
norte-americana ouvinte, existem muitas controvérsias quanto ao seu aprendizado e
aplicação. No Brasil a divulgação do SignWriting não é amplamente difundida entre os
Surdos. Em algumas regiões do país o sistema é mais utilizado do que em outras pelos
próprios Surdos.
Questiona-se, portanto, como os Surdos estão interagindo com os ambientes
digitais. As interfaces que visam incluir este público-alvo têm promovido à acessibilidade
digital? Os natissurdos encontram ambientes digitais que atendam as suas necessidades
informacionais?
A problemática da participação social, inclusiva e digital dos Surdos requer
questionamentos e tomadas de atitude diante das possibilidades de aplicação de elementos
de acessibilidade no ambiente digital. A maioria dos surdos inseridos em ambientes oral-
auditivos tornam-se restritos às informações decorrentes das relações e inter-relações
sociais, cognitivas e culturais deste universo. Portanto, indaga-se sobre a sua efetiva
participação inclusiva, independente e autônoma, no ambiente digital inserindo-os na
sociedade de forma ampliada.
As informações disponíveis na web, como um ambiente digital, estão registradas
em textos escritos de variadas línguas e contextos sócio-culturais. Almeida (2003) aponta
que em diversos estudos o predomínio da língua inglesa varia de 70 a 85% na Internet. A
Língua Portuguesa atinge o índice de 1 a 4% e o idioma chinês, embora falado por mais de
10
De acordo com o Censo Escolar de 2005 (MEC, 2006) existem mais de 640 mil alunos incluídos no ensino regular das
escolas brasileiras. Deste contingente 65,4% encontra-se no ensino fundamental, 17,6% na educação infantil, 7,8% na
educação de jovens e adultos, 1,7% no ensino médio e 0,35% na educação profissional. Sabe-se que, independente do
nível de escolaridade, existem 10,5% deficiências múltiplas, 3% deficiência auditiva, 7,2% surdez, 0,17% Surdocegueira
entre outros. Aqui foram incluídas a surdez nas deficiências múltipas e Surdocegueira. Existe uma diferenciação conceitual
diante das terminologias “deficiência auditiva”, que consiste em limiares de surdez leve e moderada e que possuem o uso
da audição dificultado parcialmente, enquanto a “surdez” refere-se a limiares auditivos de severa e profunda, que dificultam
totalmente a audição do indivíduo.
O último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que no Brasil existem mais de 5,7 milhões de
pessoas com problemas relacionados à surdez, entre os quais 166 mil são incapazes de ouvir e desses, apenas 15%
entendem o português. Disponível em: <http://www.vezdavoz.com.br/telelibras/>. Acesso em: 20 jan. 2007.
21
um bilhão de pessoas, tem um número reduzido de páginas. Para o autor a grande
quantidade de informação na Internet, além de causar ansiedade nos usuários, tem
acarretado a culpa por desconhecer o idioma inglês, afastando-os do alcance de grande
parte desse universo informacional.
Da mesma forma, no caso da surdez, a língua oral-auditiva pode representar
uma barreira de comunicação e informacional ao Surdo que não a domine principalmente na
leitura e escrita. O domínio parcial da língua oral-auditiva, sob influência da privação auditiva
e da preferência pela Língua de Sinais
11
, pode distanciar ou limitar o Surdo sinalizador
12
do
universo informacional. Portanto, pode-se considerar a presença da Língua de Sinais, em
ambientes informacionais digitais, como um elemento de acessibilidade digital capaz de
promover condições ampliadas de acesso ao conteúdo, de forma autônoma e independente,
a membros de comunidades surdas. A presença da Língua de Sinais não exclui a
necessidade e a importância do português
13
, oral e escrito, em ambientes informacionais
digitais. Enfatiza-se a inclusão, na estrutura do ambiente informacional, de elementos de
acessibilidade na perspectiva bilíngüe da surdez e baseada no desenho universal.
Desta forma reflete-se sobre a atuação dos desenvolvedores de ambientes
digitais quanto à preocupação com a diversidade do público-alvo na implantação de
ambientes informacionais digitais.
Neste contexto, reflete-se: os websites que objetivam a inclusão da comunidade
surda favorecem o acesso às informações de maneira adequada aos surdos e aos demais
usuários? Os Surdos estão satisfeitos com os ambientes digitais criados preferencialmente
para a comunidade surda? Os usuários da Língua de Sinais estão satisfeitos com os
ambientes informacionais digitais que utilizam esse recurso de comunicação?
O ambiente digital, com características bidimensionais ou tridimensionais, com
recursos hipermídia acessíveis pode favorecer a recuperação, o acesso e o uso de
informações por parte dos usuários. Assim, por meio da adição de elementos de
acessibilidade como, por exemplo, a Língua de Sinais, o SignWriting e as legendas em
português os ambientes digitais fornecem condições ampliadas de uso aos Surdos, que
11
No decorrer do texto os termos Língua de Sinais (LS) e Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) apareceram como referência
lingüística utilizada pelos Surdos em suas interações com o mundo. A Língua de Sinais, de modo geral, refere-se língua
visual-espacial. No Brasil, alguns Surdos utilizam a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS ou Língua de Sinais Brasileira –
LSB em suas interações sociais e comunicativas, nos Estados Unidos utilizam a Língua de Sinais Americana (ASL), na
França a Língua de Sinais Francesa (LSF), na China a Língua de Sinais Chinesa entre outras.
12
Surdos sinalizadores são aqueles que utilizam preferencialmente a Língua de Sinais em suas interações comunicativas e
sociais.
13
Lei de LIBRAS – Lei n. 10.436, publicada em 25 de abril de 2002, dispõe sobre o reconhecimento da Língua Brasileira de
Sinais (LIBRAS) como forma de comunicação e expressão, constituída como um sistema lingüístico de transmissão de
idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. A garantia e difusão da LIBRAS como meio de
comunicação objetiva e de uso corrente deve ser promovida pelo poder público em geral. A LIBRAS não substitui a escrita
da Língua Portuguesa (BRASIL, 2002).
22
podem utilizá-los com maior autonomia e independência de acesso ao conteúdo
informacional disponível.
A acessibilidade, como promotora da inclusão digital e social de minorias
lingüísticas, tem representação acadêmica e científica em Ciência da Informação com o
lançamento da revista semestral Inclusão Social, em 2005, pelo Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).
Emir José Suaiden, atual diretor do IBICT, apresenta como preocupações que
nortearam o lançamento da revista: a) interiorizar as tecnologias de informação e
comunicação na sociedade e na cultura local por ações intencionais e universalizadoras; b)
acrescentar como condição de cidadania a acessibilidade e a apropriação das tecnologias e
linguagens digitais que efetivem o direito à autonomia tecnológica e informacional; c)
articular procedimentos interativos das primeiras agências de inclusão com as
potencialidades comunicativas e procedimentais das tecnologias genéricas de informação e
comunicação, para uma reformulação reflexiva de funções e metodologias dos atores e
atividades envolvidos no processo inclusivista. O diretor do IBICT afirma que parte
significativa dos processos de inclusão social deve passar não só pela inclusão digital, mas
também por uma revisão ética e política das metas científicas e tecnológicas do
desenvolvimento sustentável no contexto da democracia (SUAIDEN, 2005).
O “VI Prêmio Biblioteconomia Paulista Laura Russo” em 2006, certificou
instituições, professores e alunos que desenvolveram trabalhos e ações voltadas às
pessoas com problemas visuais e auditivos, de modo geral. Dentre os trabalhos de
conclusão de curso selecionados, destaca-se o de Ana Maria Araújo Lima et al., intitulado
“Acessibilidade: inclusão sociocultural da comunidade surda”, orientado por Fernando
Durand Alves (CONSELHO REGIONAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2006) como exemplo de
visibilidade acadêmica sobre a temática da surdez em Ciência da Informação.
Neste contexto, em Ciência da Informação questões relacionadas ao tratamento,
a recuperação, ao acesso e ao uso das informações em ambientes informacionais digitais,
por uma ampla variedade de usuários, necessitam estudos aprofundados. A participação
inclusiva de minorias lingüísticas apresenta-se motivada por políticas públicas e movimentos
Surdos, que requerem o direito de acesso e uso às informações hipermídia e multilíngüe,
valendo-se da acessibilidade na interação homem-computador, no planejamento de uma
Arquitetura da Informação Digital Inclusiva (AIDI) para o ambiente digital.
23
1.3 JUSTIFICATIVA
Devido a crescente demanda de Surdos exigentes e interativos
14
, com suportes
legais (BRASIL, 2002, 2004) que visam garantir sua participação inclusiva na sociedade,
consideram-se as medidas de acessibilidade fundamentais à inclusão digital e social de
usuários Surdos, em especial.
Muitos estudiosos e pesquisadores têm tratado da acessibilidade, todavia, com a
globalização, os avanços tecnológicos e a Internet, o conceito de “acessibilidade” sofreu
alterações que ultrapassaram as rampas das construções, os obstáculos edificados e
permitiu a adição do ambiente digital, graças às tecnologias de informação e comunicação.
Neste sentido, embora ainda incipiente, tornam-se essenciais pesquisas quanto
à acessibilidade que contemple a perspectiva bilíngüe da surdez, o desenho universal e as
tecnologias de informação e comunicação no planejamento de uma Arquitetura da
Informação Digital Inclusiva que melhore a interface de acesso e uso de ambientes
informacionais digitais inclusivos.
A inclusão digital e social de Surdos com autonomia e independência, requer a
aplicação de elementos de acessibilidade na estruturação da arquitetura da informação que
visam a inclusão de usuários específicos, sejam eles sinalizadores em Línguas de Sinais,
leitores em SignWriting e/ou em português escrito como segunda língua no atendimento de
suas necessidades informacionais.
Com isso, consideram-se os ambientes hipermídia digitais com potencial
inclusivo, relacionado aos aspectos lingüísticos, cognitivos e sociais que envolvem a
especificidade de diferentes públicos-alvo. Assim, a elaboração de um Modelo para Análise
e Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais Inclusivos (MADAIDI), torna-se
relevante para o planejamento de uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva.
No âmbito da Ciência da Informação este estudo encontra os subsídios
necessários nos processos de tratamento, recuperação, acesso, distribuição, disseminação
e uso de informações digitais em proporção ampla e heterogênea aos usuários, com
procedimentos focados principalmente na participação inclusiva de Surdos em ambientes
informacionais digitais. Assim, o foco se insere no planejamento de ambientes digitais para
14
Estudo realizado pela Revista Nacional de Reabilitação durante a ReaTech’2006 – V Feira Internacional de Tecnologias
em Reabilitação e Inclusão, que contou com mais de 30 mil visitantes, coletou 3.178 pesquisas com pessoas de diversas
idades, regiões do Brasil e diferenças sensoriais e lingüísticas. O resultado desta pesquisa apresentou, pela primeira vez no
país, o perfil sócio-econômico desta população. Assim, a partir da amostragem inicial, no caso específico da surdez, a
pesquisa divulgou uma amostragem representada por 65% de Surdos do sexo masculino, a maioria entre 25 e 50 anos
(46,5%), com 58% inseridos no ensino médio e 55% trabalhando. Quanto ao uso de tecnologias digitais, o estudo aponta
que 86% dos Surdos têm telefone celular e 77% têm acesso à informática e/ou Internet.
24
o atendimento das necessidades informacionais de diferentes usuários, independente de
suas condições sensoriais, lingüísticas e motoras.
1.4 PROPOSTA DA PESQUISA
A proposta desta pesquisa é de identificar os elementos de acessibilidade digital,
assim como as tecnologias assistivas
15
e digitais
16
disponíveis e aplicáveis à estruturação de
uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva para usuários Surdos, com o intuito de
elaborar um Modelo para Análise e Desenvolvimento de Ambientes Digitais Inclusivos -
MADAIDI.
Vale destacar que os elementos do MADAIDI podem atender as necessidades
de estruturação de ambientes informacionais que visam, além de incluir usuários Surdos
sinalizadores, a inclusão de outros usuários com diferentes condições sensoriais e motoras.
Porém o foco principal é a inclusão da comunidade surda.
1.5 OBJETIVO
Como um trabalho interdisciplinar, o objetivo desta dissertação é de destacar as
potencialidades das tecnologias de informação e comunicação, em específico de ambientes
informacionais digitais, para atendimento de usuários com diferentes condições sensoriais,
lingüísticas e motoras, preferencialmente usuários Surdos sinalizadores.
Focados no campo científico da Ciência da Informação pretende-se contribuir
com os processos de organização, tratamento, recuperação, acesso, disseminação e uso da
informação. Para isso apresenta-se o MADAIDI como forma de ampliar o atendimento às
necessidades informacionais de usuários específicos de forma inclusiva, não exclusiva e
tampouco excludente, baseado em uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva.
15
As tecnologias assistivas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), referem-se a produtos, instrumentos,
estratégias, serviços e práticas, especialmente produzidos ou geralmente disponíveis para prevenir, compensar, aliviar ou
neutralizar uma deficiência, incapacidade ou desvantagem, para melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos
indivíduos. Pode-se encontrar o termo “ajudas técnicas” com o mesmo valor conceitual das tecnologias assistivas, conforme
destaque no Decreto n. 5.296, de 3 de dezembro de 2004, que considera softwares ou hardwares concebidos para ajudar
as pessoas a executarem atividades do cotidiano de forma agradável, bem sucedida, com independência em suas
capacidades funcionais. Neste trabalho será utilizado o termo tecnologia assistiva para se referir aos softwares criados
especialmente para melhorar a qualidade de vida, com autonomia e independência de minorias lingüísticas surdas.
16
Em conformidade com Pierre Lévy (1999, p. 32) “[...] as tecnologias digitais surgiram, então, como a infra-estrutura do
ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também novo mercado
da informação e do conhecimento.”
25
Na Biblioteconomia e na Ciência da Informação a interdisciplinaridade desta
dissertação pode contribuir com disciplinas acadêmicas que tratem da organização,
tratamento, recuperação, acesso e uso da informação, estudo de usuário, público-alvo
específico de unidades de informação, ambientes informacionais digitais de websites e de
bibliotecas digitais inclusivas acessíveis à diversidade de usuários.
Na Educação esta pesquisa contribui na reflexão sobre as tecnologias de
informação e comunicação como ferramentas pedagógicas viáveis ao processo ensino-
aprendizagem principalmente de Surdos. Da mesma forma, a crescente abordagem do
Ensino a Distância se beneficia desta dissertação, em sua característica hipermídia,
multicultural e multilíngüe na criação de ambientes digitais inclusivos para Surdos ou
ouvintes interessados no aprendizado da LIBRAS em especial.
Para tanto, consideram-se como objetivos específicos:
a) Pontuar aspectos teóricos da acessibilidade no âmbito digital, em especial para
Surdos;
b) Identificar os elementos de acessibilidade e as tecnologias de informação e
comunicação que podem ampliar o acesso de usuários Surdos ao ambiente digital;
c) Verificar as percepções dos Surdos, usuários preferenciais da LIBRAS, sobre a
aplicabilidade dos elementos de acessibilidade e das tecnologias digitais,
identificadas na pesquisa;
d) Apresentar um Modelo para Análise e Desenvolvimento de Ambientes Informacionais
Digitais Inclusivos – MADAIDI, que possibilite o planejamento de ambientes digitais
que visam a inclusão de usuários com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e
motoras, especificamente usuários Surdos.
1.6 METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva, com
levantamento e análise documental sobre o tema, análise de interfaces de ambientes
digitais (websites) e com coleta de dados realizada por meio de aplicação de questionário a
usuários Surdos.
O levantamento bibliográfico baseou-se na literatura registrada em livros, artigos,
teses, dissertações e websites capazes de abarcar a temática desenvolvida. Os termos
utilizados na busca bibliográfica enfocaram as palavras-chave Acessibilidade, Tecnologia
Assistiva ou Ajuda Técnica, Tecnologias de Informação e Comunicação, Arquitetura da
Informação, Surdez, Bilingüismo, Língua de Sinais, LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais,
SignWriting e Ciência da Informação. As informações foram recuperadas em diversas fontes
26
das áreas de Ciência da Informação, Ciência da Computação e Educação com publicações
em português, francês, inglês e espanhol a partir do período de 1990.
A identificação dos elementos de acessibilidade (W3C, 1999, 2006 – WCAG 1.0
e 2.0; BRASIL, 2004, 2005a, 2005b, 2005c - e-Gov
17
), as tecnologias de informação e
comunicação com enfoque aos aplicativos digitais para Surdos (MACEDO, 1999; CAMPOS,
2002; SOUZA; PINTO, 2002; TORCHELSEN et al., 2003; FUSCO, 2004 entre outros) e
estudos sobre arquitetura da informação (ROSENFELD; MORVILLE, 1998; STRAIOTO,
2002; CAMARGO, 2004) subsidiaram o levantamento documental na formulação de uma
base teórica sólida para o andamento da pesquisa.
Com uma base teórica sedimentada foi elaborado o questionário de coleta de
dados (Anexo 1) para traçar o perfil dos usuários Surdos e verificar suas percepções em
relação à interface digital, focados na acessibilidade. O questionário foi dividido em duas
partes:
a) Dados pessoais: controle e delineamento do perfil dos participantes;
b) Acessibilidade Digital: verificação da percepção de usuários Surdos, em
específico, que utilizam a LIBRAS e ambientes web quanto à aplicação de elementos de
acessibilidade digital.
Além do questionário foi proposto um formulário de usabilidade (Anexo 2) para
verificar a satisfação dos Surdos em relação às interfaces de websites.
A elaboração do questionário teve as seguintes etapas:
a) Entrevista e questionário: foi realizada uma entrevista em grupo com os
Surdos, a qual foi baseada em um roteiro estruturado sobre a temática da acessibilidade
digital. Nesta entrevista foi verificado o vocabulário adequado para elaboração do
questionário de coleta de dados, que foi confeccionado com questões abertas e fechadas;
b) Pré-teste 1: verificação dos problemas encontrados no preenchimento do
questionário pelos participantes da pesquisa. Realização das adequações necessárias no
vocabulário e sugestões dos participantes quanto ao conteúdo;
c) Pré-teste 2: observação do usuário no preenchimento do questionário e envio
do mesmo via e-mail a alguns Surdos indicados por intérpretes em LIBRAS;
d) Pré-teste 3: finalização dos ajustes e sugestões dos participantes (presenciais
e virtuais) quanto à quantidade de perguntas, complexidade e tempo necessário para o
preenchimento do questionário;
17
A acessibilidade do Governo Eletrônico, neste contexto de trabalho, envolve o relatório consolidado dos comitês técnicos
das Oficinas de Planejamento Estratégico (2004); ao eMAG, Acessibilidade de Governo Eletrônico: Cartilha Técnica
(2005a); ao eMAG, Acessibilidade de Governo Eletrônico: Modelo de Acessibilidade em ambientes web (2005b) e ao
Manual de Acessibilidade para Ambientes Web (2005c). Disponíveis em: <http://www.governoeletrônico.gov.br>. Acesso
em: 3 mar. 2007.
27
e) Questionário final: participação voluntária de Surdos inseridos em diversos
ambientes, como instituições de ensino especializado, faculdades ou listas de discussão da
Internet. Estes participantes encontram-se nos Estados de São Paulo, Ceará, Minas Gerais
e Santa Catarina.
A aplicação do questionário ocorreu de forma presencial e a distância por meio
de Messenger. Os participantes, diante de dúvidas ou dificuldades no preenchimento dos
formulários obtiveram auxílio da pesquisadora na interpretação em LIBRAS e no
esclarecimento de dúvidas. Os contatos ora ocorriam de forma simultânea por meio do
Messenger ora por e-mail. Todos os contatos on-line foram gravados, compondo as
anotações de campo da pesquisa empírica.
O procedimento de análise dos dados coletados ocorreu de forma descritiva,
quantitativa e qualitativa. O mapeamento dos elementos de acessibilidade e os principais
tópicos/assuntos indicados pelos usuários Surdos permitiram a formulação do MADAIDI.
O MADAIDI baseou-se no levantamento bibliográfico realizado, nas percepções
dos Surdos por meio de aplicação de questionário, na análise de ambientes digitais
indicados pelos Surdos com acréscimo de elementos de acessibilidade identificados, no
desenvolvimento da pesquisa pela autora, em outros ambientes digitais da web. Destaca-se
que os elementos que compõem o MADAIDI podem ser implantados em conjunto ou
separadamente, de acordo com as necessidades informacionais dos usuários e dos
objetivos que se pretendem atingir com o desenvolvimento do ambiente digital.
Os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento da pesquisa
foram submetidos ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual
Paulista (UNESP), Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) em 21 de agosto de 2006
(protocolo n. 2453/2006), com parecer aprovado (conforme dispositivos da resolução 196/96
e complementares) em 20 de setembro de 2006. A pesquisa foi considerada com
procedimentos metodológicos simples e não invasivos a integridade dos participantes
(Anexo 3).
A dissertação está organizada em sete capítulos, entre os quais se inclui o
introdutório (Capítulo 1) no qual é apresentado o tema e o problema de pesquisa, proposta
e objetivos, metodologia e justificativa do trabalho desenvolvido no âmbito da Ciência da
Informação.
No Capítulo 2 são apresentados aspectos relacionados aos campos da Ciência
da Informação, Estudos Surdos, Surdez e Bilingüismo focados quanto ao acesso às
informações, interface entre usuário e sistema informacional, bilingüismo e acessibilidade
digital na ressignificação do estereótipo da surdez como deficiência. A surdez nesta
dissertação é considerada como diferença, uma experiência visual marcada pela Língua de
28
Sinais, comumente utilizada em comunidades surdas, caracterizando-as como grupos
lingüísticos minoritários.
A acessibilidade e a usabilidade digital, a arquitetura da informação, o desenho
universal, as tecnologias assistivas e as digitais são apresentadas no Capítulo 3 em seus
aspectos conceituais. Estes conceitos tornam-se fundamentais para a construção de um
esquema da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva (AIDI) com o objetivo de possibilitar
a inclusão digital e social de diferentes tipos de usuários, independente de suas condições
sensoriais, lingüísticas e motoras, em especial os Surdos, em ambiente digitais diversos,
inclusive na web.
No Capítulo 4 são descritos aplicativos digitais para Surdos de acesso livre ou
proprietário, comercializável ou distribuído gratuitamente, assim como os protótipos de
softwares desenvolvidos para melhorar a qualidade de vida digital de comunidades surdas
interativas.
As “vozes” dos participantes da pesquisa foram ouvidas no Capítulo 5, que
apresenta o perfil sócio-econômico dos Surdos, suas características quanto à surdez e
interação com o mundo. Os interesses e ambientes digitais, elementos de acessibilidade
específicos para Surdos interativos, conteúdos informacionais e avaliação de usabilidade
web sob a perspectiva dos próprios Surdos são tratadas nesta seção.
Com isso, no Capítulo 6 é apresentado o Modelo para Análise e
Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais Inclusivos - MADAIDI, com destaque
aos elementos de acessibilidade digital, gerais e específicos, para usuários web capazes de
promover a ampliação das formas de acesso e uso de ambientes digitais. O modelo foi
elaborado em conformidade com o referencial teórico da pesquisa, percepções dos Surdos
em relação à web e análise de ambientes hipermídia.
Por fim, na última seção (Capítulo 7) são apresentadas as considerações finais
pontuando os principais aspectos da pesquisa em relação aos resultados obtidos e objetivos
traçados, com destaque a sua aplicação social, acadêmica e para a interdisciplinaridade no
campo da Ciência da Informação.
As referências bibliográficas e os anexos são apresentados na seqüência.
Autorretrato en el taller
18
Francisco José de Goya (1790-1795)
Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, Madrid
2 CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO,
ESTUDOS SURDOS E BILINGÜISMO
18
Fonte: <http://www.usc.edu/schools/annenberg/asc/projects/comm544/library/images/107bg.jpg>
30
2
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, ESTUDOS SURDOS E BILINGÜISMO
Neste capítulo apresentam-se aspectos relacionados ao campo da Ciência da
Informação, Estudos Surdos, Surdez e Bilingüismo com o objetivo de refletir sobre
condições lingüísticas, cognitivas e sociais que fortalecem a discussão sobre o acesso às
informações por usuários com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras, em
especial os Surdos sinalizadores.
2.1 INFORMAÇÃO NO CONTEXTO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
A Ciência da Informação tem como objeto de estudo a informação em distintos
ambientes. Para Messias (2005) os estudos em Ciência da Informação direcionam-se aos
processos de geração, coleta, transmissão, assimilação e uso da informação. Para a autora
estes processos criam mecanismos capazes de otimizar o gerenciamento de informações,
por meio da utilização de novas tecnologias no estabelecimento de interfaces com diferentes
disciplinas científicas. Com isso, em conformidade com Wolfram (2000), os estudos em
Ciência da Informação devem focar o usuário, os sistemas que permitem o acesso à
informação e a interface entre os dois.
Saracevic (1995, 1996) e Le Coadic (1996) apresentam três características
principais quanto à existência e evolução da Ciência da Informação:
a) Natureza interdisciplinar: introduzida pelas diferentes experiências dos
pesquisadores e suas áreas de atuação na busca por soluções para problemas relacionados
à informação e a comunicação. Saracevic (1995, 1996) enfatiza que as relações
interdisciplinares envolvem as manifestações e os efeitos do comportamento humano e da
necessidade de tornar acessível o “mundo do conhecimento”, assim como das iniciativas de
criação de soluções tecnológicas que não podem ser resolvidas em uma única disciplina. O
autor concentra-se nas relações interdisciplinares da Biblioteconomia, Ciência da
Computação, Ciência Cognitiva e Comunicação. Por outro lado, Le Coadic (1996) destaca a
Ciência da Informação como uma nova disciplina, um novo campo de conhecimento que
colaboram entre si Psicologia, Lingüística, Sociologia, Informática, Matemática, Lógica,
Estatística, Eletrônica, Economia, Direito, Filosofia, Política e Telecomunicações.
2 CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, ESTUDOS
SURDOS E BILINGÜISMO
31
b) Inexoravelmente ligada à Tecnologia da Informação: refere-se à indústria da
informação com o surgimento das tecnologias eletrônicas e fotônicas
19
(LE COADIC, 1996)
e na relação entre Ciência da Informação e Ciência da Computação quanto ao uso de
computadores e da computação, serviços e produtos, redes e bibliotecas digitais como um
imperativo tecnológico que força e limita a evolução desta área (SARACEVIC, 1995, 1996).
As modernas tecnologias em informação apresentam como vantagens evolutivas da Ciência
da Informação, de acordo com Saracevic (1996), questões científicas relacionadas à prática
profissional voltadas para os problemas da comunicação e do conhecimento, seus registros
entre os seres humanos e as necessidades de informação.
c) Participante na evolução da sociedade da informação: juntamente com outros
campos, a Ciência da Informação tem uma forte dimensão social e humana que ultrapassa
os valores agregados às tecnologias (SARACEVIC, 1995, 1996). De acordo com Takahashi
(2000) a construção de uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no
aprendizado tem como elemento-chave a Educação, que, neste contexto, refere-se à
desigualdade de oportunidades quanto ao desenvolvimento da capacidade de aprender e
concretizar inovações. Para o autor, educar na sociedade da informação requer
competências amplas para atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomadas de
decisões fundamentadas no conhecimento, fluência na operação dos meios e ferramentas
de trabalho, criatividade nas novas mídias. Além disto, requer a formação de indivíduos para
“aprender a aprender” com capacidade para lidar positivamente com a contínua e acelerada
transformação das bases tecnológicas. Portanto, a sociedade da informação pode ser
considerada um espaço de acesso aos conteúdos informacionais e de estoques de
documentos para determinada realidade que proclama “ser a informação a todos acessível
[como] o único caminho para uma sociedade livre” e democrática (ROBREDO, 2003, p.
166).
Neste sentido, Barreto (2002, p. 71) divide a Ciência da Informação em três
tempos históricos quanto ao seu desenvolvimento como instituição mediadora da relação
informação e conhecimento: a) Tempo da gerência da informação (1945-1980); b) Tempo da
relação informação e conhecimento (1980-1995) e c) Tempo do conhecimento interativo
(1995 até os dias atuais)
20
. De acordo com o autor, as tecnologias de informação e
19
As tecnologias eletrônicas podem ser analógicas ou digitais, utilizam técnicas de fluxos de elétrons, enquanto as
tecnologias fotônicas (microcomputadores, telas de monitor sensível a toque, discos laser, fibras ópticas, hipermídias entre
outros) que utilizam fluxos de fótons, ou seja, partículas de luz.
20
As marcações temporais dos tempos da Ciência da Informação visam assinalar tendências conforme o pensar de
determinada época e não exclui o período anterior. Atualmente, vivencia-se o período do conhecimento interativo,
caracterizado pelo novo status do conhecimento após o surgimento da Internet e da web.
32
comunicação influenciaram a qualificação de tempo e espaço entre os emissores, os
estoques e os receptores da informação.
A concretização da Ciência da Informação encontra as condições necessárias no
século XXI, afirma Marchiori (2002). Isto se justifica pela preocupação com públicos
diferenciados e pelas competências profissionais que definem a sociedade voltada à
informação
21
.
Le Coadic (1996, p. 5) considera a “informação [...] um conhecimento inscrito
(gravado) sob a forma escrita (impressa ou numérica), oral ou audiovisual”, como “um
significado transmitido a um ser consciente por meio de mensagem inscrita em um suporte
espacial-temporal [...]”. Esta inscrição é feita por um sistema de signos que associa um
significante a um significado. Neste sentido, o objetivo da informação é a apreensão de
sentidos ou seres em sua significação – o conhecimento.
Com isso, torna-se necessário refletir sobre o acesso às informações por
usuários com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras, em especial os
Surdos. No ambiente informacional, especialmente da web, como as informações estão
organizadas para atender a especificidade dos usuários Surdos? A Língua de Sinais
apresenta-se de forma satisfatória para os usuários Surdos sinalizadores em ambientes
informacionais digitais?
Morin (2004, p. 12) afirma que o desenvolvimento dos meios de comunicação
afeta a compreensão entre as pessoas. Refere-se à compreensão como não relacionada à
materialidade da comunicação, mas ao social, político, existencial, o que remete as
reflexões a um problema filosófico. Para o autor “a compreensão, mais do que a
comunicação, ou em conseqüência desta, é o grande problema atual da humanidade.”
As informações divulgadas devem ser tratadas e disseminadas para atingir o
máximo de acesso e uso pelos diferentes usuários. Com a informação tratada, organizada e
disseminada adequadamente a probabilidade de acesso e de uso pelo receptor aumenta, o
que pode contribuir para a construção do conhecimento, como um processo de aprendizado
interativo e dinâmico.
Desta forma, é importante destacar que a essência do fenômeno da informação
se efetiva entre o emissor e o receptor como possibilidade de geração de conhecimento,
conforme afirma Barreto (2005). Neste sentido, considera-se que
21
A web disponibiliza aproximadamente uma página a cada 15 segundos por empresas comerciais, organizações sem fins
lucrativos, governos e indivíduos (DAVENPORT, 1998). Esse aspecto, associado à interatividade marcante no ambiente
web, acarreta mudanças em muitos aspectos da vida humana, o que consiste o processo de aquisição qualitativa e
quantitativa de informações.
33
[...] o acesso à informação leva a sua disponibilização de acordo com as
necessidades do usuário; essa disponibilização poderá fortalecer os ideais
da democracia; a acessibilidade da informação passa pela sua organização
e gerência; é fundamental a consciência de que a complexidade da
informação, proveniente de múltiplas fontes, é fator preponderante para os
processos de tomadas de decisão e finalmente, o domínio e o
gerenciamento da informação estão cada vez mais ligados aos desafios das
novas tecnologias (MORAES; BELLUZZO, 2004, p. 78).
Para Vidotti (2001, p. 40) a hipermídia possibilita diferentes maneiras de
individualizar a aprendizagem, que permite a presença da interatividade e do realismo
apresentado por meio do uso de sons, imagens, textos e gráficos. Com isso, o ambiente
hipermídia “possibilitaria encontrar inúmeras formas paralelas de aquisição de conhecimento
para uma aprendizagem dinâmica e criativa, pela determinação da própria seqüência de
recuperação de informações.”
Afirmam Sant’Ana e Santos (2004) que o contexto do receptor é fundamental
para a assimilação do conhecimento que está sendo acessado. Da mesma forma, Moraes e
Belluzzo (2004, p. 79) pontuam que “a informação se transforma em conhecimento quando
o seu conteúdo é assimilado pelo indivíduo, sendo incorporado ao rol de experiências que
fazem parte de sua memória e é utilizado para a busca de solução de problema, criação de
idéias e tomada de decisões.”
Para Lévy (1998, p. 105) a linguagem humana apareceu de forma simultânea
sob diversas formas (oral, gestual, musical, icônica, plástica), sendo que:
[...] cada expressão singular ativando esta ou aquela zona de um continuum
semiótico, repercutindo de uma língua a outra, de um sentido a outro,
seguindo os rizomas da significação, atingindo tanto mais as potências do
espírito por atravessar os corpos e os afetos. Os sistemas de dominação
que se fundaram sobre a escrita isolaram a língua, tornaram-na dona de um
território semiótico doravante cortado, parcelado, julgado segundo as
exigências de um logos soberano. Ora, o surgimento das hipermídias
desenha em pontilhado um possível interessante (entre outros que o são
menos): o de uma volta ao que havia antes do caminho aberto pela escrita,
aquém do logocentrismo triunfante, em direção à reabertura de um plano
semiótico desterritorializado, mas uma volta rica de todas as potências do
texto, um retorno armado de instrumentos desconhecidos no paleolítico,
suscetíveis de dar vida aos signos. Em vez de se encerrar na oposição fácil
entre o texto razoável e a imagem fascinante, não melhor tentar explorar as
possibilidades mais ricas, mais sutis, mais refinadas de pensamento e de
expressão abertas pelos mundos virtuais, pelas simulações multimodais,
pelos suportes de escrita dinâmica?
Em “O que é virtual?”, Lévy (1996) atribui a língua uma valoração na expressão
de questões, narrativas de histórias como intensificação da existência dos seres humanos.
O autor destaca que os signos possibilitam ao ser humano se desligar parcialmente da
experiência corrente e recordar, evocar, imaginar, jogar e simular. Destaca, ainda, que
34
[...] Não devemos esses poderes apenas às línguas, como o francês, o
inglês ou o wolof, mas igualmente às linguagens plásticas, visuais, musicais,
matemáticas etc. Quanto mais as linguagens se enriquecem e se estendem,
maiores são as possibilidades de simular, imaginar, fazer imaginar um
alhures ou uma alteridade. (LÉVY, 1996, p. 72)
Com isso, pesquisadores em Ciência da Informação têm se dedicado a estudos
quanto aos conteúdos informacionais que utilizam os recursos tecnológicos como meio de
armazenamento, tratamento, organização, recuperação, preservação e disseminação de
informações a diferentes usuários.
Freire (2003, p. 195) menciona a crescente preocupação com o design de
interfaces entre os pesquisadores interessados na democratização e não-exclusão digital e
social de minorias que usam as tecnologias de informação e comunicação com fins
educacionais, domésticos ou profissionais. Para a autora, este sistema de exclusão é
reforçado por livros, edições, bibliotecas, laboratórios científicos e pelas próprias tecnologias
de informação e comunicação. No entanto, a exclusão pode ser atenuada pela interferência
das tecnologias, com “o desenvolvimento de interfaces condizentes com a especificidade de
grupos sociais minoritários visando o acesso ao computador e seu conseqüente uso
profissional, educacional e doméstico”.
A escolha dos tipos de documentos do conteúdo informacional a ser
disponibilizado em ambientes digitais relaciona-se com o planejamento de uma arquitetura
da informação, assim como com o design da interface que visa atender aos requisitos de
implantação do sistema informacional, os objetivos propostos, o público-alvo a que se
destina e suas necessidades informacionais.
No contexto da surdez, a implantação de tecnologias digitais e elementos de
acessibilidade em ambientes informacionais, com a presença de Língua de Sinais em
recursos hipermídia podem viabilizar o acesso de usuários Surdos, de forma autônoma e
independente. Portanto, embasados nos Estudos Surdos, busca-se com esta dissertação
possibilitar maiores condições multilíngües e hipermídia, com acessibilidade digital que
valorize a surdez como diferença, com enfoque cultural e nas identidades surdas na
ampliação dos espaços de atuação e interação de comunidades surdas exigentes e
interativas no âmbito digital.
2.2 ESTUDOS SURDOS: COMUNIDADES, CULTURAS E IDENTIDADES SURDAS
A surdez pode ser considerada algo além de um fenômeno físico, como uma
construção cultural. De modo geral, a relação entre Surdo e ouvinte ocorre na sociedade por
35
meio da comunicação, da linguagem, das Línguas de Sinais (oral e escrita)
22
e do português
(oral ou escrito)
23
.
Esta construção cultural da surdez envolve o multiculturalismo na concepção
crítica (SKLIAR, 1998; SÁ, 2006), que exige um olhar sobre as várias culturas, imbricadas
umas nas outras, na formação da sociedade. Desta forma, podem-se considerar envolvidos
nas comunidades surdas os negros, brancos, índios e demais etnias, gênero, nacionalidade,
condições físicas, cognitivas e sociais.
A cultura surda, em sua abrangência, envolve a individualidade de seus
membros na composição de um grupo social legítimo com historicidade conceitual
carregada de lutas e conquistas pelos Surdos. Isso vem alterar os sentidos e perspectivas
teóricas, políticas e contextos sociais que envolvem a naturalidade sócio-histórica da surdez
na contemporaneidade.
A forma com que os sentidos sobre a surdez e sobre os Surdos são construídos,
em diferentes momentos históricos, através de condutas, formas de pensar, literaturas,
imagens, práticas educacionais, avanços tecnológicos, participação social, espaços de
atuação política e social que imprimem características históricas e representações sociais
destes grupos lingüísticos minoritários.
Assim, em “O silêncio disciplinado: a invenção dos surdos a partir de
representações ouvintes”, dissertação de mestrado de Lulkin (2000) são apresentados
aspectos sobre a surdez desde o século XVIII, considerando-os em algumas categorias
propostas por Wrigley (1996), que se referem aos surdos constituídos como “objetos de
salvação cristã” e como “objetos de investigação científica”.
No decorrer de sua dissertação, Lulkin (2000) representa os Surdos e a surdez
construídas nos discursos religiosos, médicos, filosóficos, antropológicos e pedagógicos que
marcaram a educação e a sociedade, na qual estavam inseridas estas pessoas desde o
século XVIII até o final do século XIX.
22
Considera-se a Língua de Sinais de forma oral em seu uso visual-espacial e visível pelo receptor da informação. O uso
escrito da Língua de Sinais, embora ainda muito controverso, refere-se ao sistema de escrita em SignWriting, que será
detalhado no decorrer deste trabalho.
23
O português oral, neste contexto, pode ser considerado como a verbalização e/ou oralização pelos Surdos e a leitura
labial realizada por estes na interação com um ouvinte falante. É importante destacar que não são todos os Surdos que
possuem habilidade na leitura labial e na oralização. Estes aspectos orais dependem de características e habilidades
individuais dos Surdos. O português escrito, por outro lado, pode ser considerado a expressão via escrita entre Surdos e
ouvintes, sabendo-se da influência da LIBRAS na formulação de frases por usuários desta língua visual-espacial de forma
efetiva.
36
Fundamentado nos Estudos Surdos e nos Estudos Culturais
24
britânicos o autor
aponta as “mostras públicas” como roteiro visual de práticas sistemáticas refinadas ao longo
dos séculos, revelando algumas atividades artísticas escolares atuais concebidas pela
poética e pela política sob controle de pessoas ouvintes. Descreve alguns procedimentos no
ensino de pessoas surdas com destaque a importância do conhecimento religioso para
obtenção de uma posição jurídica, econômica e social. Tal posição era mediada por um
mestre que aprovava o aluno Surdo diante da comunidade de ouvintes a fim de garantir a
manifestação de sua alma perante Deus – “objetos de salvação cristã”.
Como “objeto de investigação científica” pontua os discursos sobre a educação
dos Surdos, ilustrado por meio de imagens e textos a fim de visualizar as salas de aula e os
procedimentos pedagógicos que submetem os Surdos ao treinamento da fala e ao
silenciamento da Língua de Sinais. Por fim apresenta as idéias e as propostas de criação do
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) no Brasil do século XIX.
Lulkin (2000, p. 18) questiona sua posição de ouvinte e pesquisador diante das
questões da surdez, capaz de inventar o outro por não pertencer a esta comunidade de
forma efetiva. O autor menciona,
[...] não ignoro que a minha condição de pesquisador ouvinte tampouco
“escapa” de uma posição de poder que me permite, no espaço acadêmico,
inventar o outro, ao falar desde a minha perspectiva, como mais uma
possível “verdade” sobre uma comunidade a qual não pertenço. Os
dispositivos utilizados para falar do outro – neste caso, os surdos – criam
uma imagem feita pelas pessoas “normais” - neste caso, os ouvintes – que
são as que definem o que é normalidade e anormalidade [...].
Neste sentido, sua preocupação ilustra a situação de muitos pesquisadores
ouvintes que, no âmbito dos Estudos Surdos, têm refletido sobre as questões da surdez em
diversos campos do conhecimento. A posição de Lulkin (2000) expressa uma representação
ouvinte do Surdo, assim como se torna um encontro privilegiado de poder ao representar o
Surdo e ao mesmo tempo, propor um descentramento das representações que a história
cristalizou.
Para Silva (2005, p. 48) o respeito pelas minorias envolve o aprendizado do
“‘ouvir, ver e compreender’ o som de muitas línguas ao descobrir o som do silêncio”. Assim,
Kelman (2005, p. 102) destaca que a consciência da diferença fortalece a contra-hegemonia
dentro da própria cultura dos Surdos, sendo necessário valorizar o pensamento divergente
como fenômeno social dentro de um contexto social. A autora critica o estigma e a
inferioridade de determinados grupos sociais e enfatiza que a promoção de uma sociedade
24
Os Estudos Culturais surgiram na Inglaterra, na segunda metade do século XX em contestação às concepções de Arnold
Mathew sobre a tradição da cultura e da civilização. Atualmente os Estudos Culturais têm contribuído para apontar a
arbitrariedade de inúmeras demarcações historicamente consagradas.
37
inclusiva, com respeito ao multiculturalismo deve buscar atender aos interesses das
pessoas surdas.
De acordo com as pesquisadoras surdas Rangel e Stumpf (2004), o estereótipo
da surdez exige uma ressignificação a partir dos Estudos Culturais, que transformam a
concepção de culturas e identidades surdas. Esta ressignificação da surdez, como
representação de uma diferença cultural, possibilita ao surdo o sentimento de pertencer e
estar inserido no social, como parte de um grupo naturalmente definido de pessoas, práticas
e instituições sociais.
Portanto, a preocupação em dar “voz” aos Surdos prevaleceu neste trabalho, o
que possibilitou “vê-los” e “ouvi-los” enquanto representantes de comunidades surdas
política, cultural e socialmente legitimadas. Distantes da posição de objeto de investigação
científica, os Surdos participantes da pesquisa assumiram o papel de protagonistas sociais e
representantes da heterogeneidade
25
de membros que compõem as comunidades surdas
interativas.
Klein e Lunardi (2006, p. 17 - 19) afirmam que as “culturas surdas” devem ser
compreendidas a partir da percepção enquanto “elementos que se deslocam, se fragilizam e
se hibridizam no contato com o outro, seja ele surdo ou ouvinte; é interpretá-las a partir da
alteridade e da diferença.” As autoras consideram as culturas surdas como híbridas, de
fronteiras, constituídas por diferentes subjetividades, que atravessam “a ‘suposta’ cultura
ouvinte por onde transitam os sujeitos surdos em suas relações sociais”.
Com base nos conceitos propostos por Hall (1997), a pesquisadora surda Perlin
(1998) propõe o conceito de identidade sob diferentes interpretações, considerando três
momentos: o iluminista (tende a perfeição do ser humano), o sociológico (as identidades se
moldam nas representações sociais) e o da modernidade tardia (as identidades são
fragmentadas). Com isso, a partir da interpretação relacionada à modernidade tardia, a
autora conceitua as identidades pós-modernas como plurais, múltiplas, que se transformam,
que podem ser contraditórias, que estão em construção, empurrando o sujeito para
diferentes posições.
25
A heterogeneidade de usuários Surdos, nesta dissertação, é considerada pelas diferentes comunidades, culturas e
identidades que os caracterizam enquanto indivíduos, seres sociais e membros de grupos lingüísticos minoritários. Dentre
esta heterogeneidade destacam-se os surdos filhos de pais ouvintes que adquiriram a Língua de Sinais com língua
materna, os surdos filhos de pais ouvintes que nunca conseguiram se oralizar e só usam a Língua de Sinais, os surdos
filhos de pais surdos que utilizam a Língua de Sinais, os surdos filhos de pais surdos/ouvintes que não atingiram níveis
satisfatórios de escolarização, oralidade, leitura e escrita entre outros.
38
Entre os Surdos e suas múltiplas identidades existem situações de “necessidade
diante da identidade surda” dada pela não diluição total dessas identidades nos encontros
sócio-culturais com os ouvintes e com o ouvintismo
26
como forma de poder.
Desta forma, Perlin (1998) categoriza as identidades surdas em cinco grupos
para mostrar a heterogeneidade das facetas constituintes da identidade:
Identidades surdas: presente nos grupos onde entram os surdos que
vivenciam a experiência visual, propriamente dita, pela comunicação
visual-espacial, caracterizando o grupo no centro do específico surdo.
Desta pode surgir a identidade política surda construída no envolvimento
com os movimentos surdos, que se sobressaem na militância pelo
específico Surdo;
Identidades surdas híbridas: surdos que nascem ouvintes e, que com o
tempo, se tornaram surdos, ou seja, estes sujeitos conhecem a estrutura
do português falado e o usam como língua. A comunicação de forma visual
é capturada do exterior e transferida para a língua que adquiriram
inicialmente, depois transfere para os sinais. O surdo aqui possui duas
línguas, mas sua identidade vai ao encontro da identidade surda;
Identidades surdas de transição: identificadas em surdos que passam da
hegemônica experiência ouvinte com representação da identidade ouvinte
para a identidade surda de experiência visual, marcada por seqüelas de
representação evidenciadas em sua identidade em reconstrução nas
diferentes etapas da vida;
Identidades surdas incompletas: apresentada por surdos que vivem sob
uma ideologia ouvintista latente e que valoriza a socialização de surdos em
compatibilidade com a cultura dominante. A negação da surdez pelo surdo
representa uma outra identidade inclusa nesta, dada pelo estereótipo da
surdez ou pelo isolamento da comunidade surda; e
Identidades surdas flutuantes: presentes onde os Surdos vivem e se
manifestam a partir da hegemonia dos ouvintes, permitindo ver a
consciência do ser surdo vítima da ideologia ouvintista que determina seus
comportamentos e aprendizado.
As construções das identidades dos Surdos envolvem as suas experiências e
ambientes sociais de interação com o mundo, assim como as possibilidades e as privações
comunicativas relacionadas a sua socialização. Os surdos filhos de pais Surdos, conforme
26
O ouvintismo refere-se a um conjunto de políticas que exercem pressões lingüísticas, identitárias e corporais dos surdos e
sobre a surdez. Estas políticas são traduzidas por Skliar (2001) como práticas colonialistas, “a partir das quais os surdos
são narrados pelos ouvintes e estão obrigados a olhar-se e a narrar-se como se fossem ouvintes.”
39
afirma Perlin (1998, p. 63), “[...] são criados para conviver com o virtual do ser surdo sem
que isso seja uma realidade particularmente perturbadora como o é para os filhos surdos de
pais ouvintes.”
Neste sentido, Rangel e Stumpf (2004, p. 86) destacam que a identidade surda
tem sido construída no cotidiano e representa o resgate do sujeito Surdo do papel de
subordinação, inserindo-o no centro de problemáticas mais complexas e repletas de
interrogações sem respostas formuladas.
A ênfase no respeito às diferenças como forma de inclusão social de minorias
lingüísticas é um dos fatores destacados nesta dissertação e pontuados por Perlin (1998, p.
72) como aspecto de construção de identidades. Assim, com relevância na construção da
identidade política do surdo e no multiculturalismo, com estratégia de reversão da posição
de subordinação do surdo, se sobressai o “respeito aos direitos universais para as
condições de desenvolvimento cultural e de justiça.”
Contudo verifica-se o interesse dos próprios Surdos pelo respeito e garantia de
direitos tornando-se necessário promover a acessibilidade para membros das comunidades
surdas em diversos espaços e manifestações sociais, ampliando suas participações sociais
inclusive em ambientes informacionais digitais.
2.3 LÍNGUA DE SINAIS
As Línguas de Sinais foram desvalorizadas por muito tempo, conforme destacou
Lulkin (2000), devido à intolerância com as práticas lingüísticas de minorias e com a
excessiva preocupação pelo ensino da fala para os surdos. Este aspecto marcou a
educação dos Surdos pela filosofia oralista, que propunha a superação da surdez e
aceitação social do Surdo por meio da oralização, excluindo a Língua de Sinais dos modelos
educacionais. No entanto, no período de 1960 a 1990 com os avanços metodológicos e
tecnológicos assiste-se a decadência do oralismo e surge a comunicação total. Nesta
abordagem se propõe a utilização de múltiplas formas de comunicação por meio de
recursos lingüísticos e não lingüísticos conjuntamente. Somente na década de 1990 é que o
bilingüismo ganha visibilidade, propondo a convivência da língua falada, principalmente no
que consiste em sua aquisição escrita, e da Língua de Sinais lado a lado, mas não
simultaneamente (SACKS, 1998; LULKIN, 2000; DIAS; PEDROSO, 2002 entre outros).
No entanto, o reconhecimento da Língua de Sinais enquanto língua ocorreu em
1960, com a publicação do Dicionário de Língua de Sinais Americana, trabalho pioneiro
realizado por Stokoe (SACKS, 1998; QUADROS; KARNOPP, 2004). Este trabalho
impulsionou a publicação de dicionários similares por todo o mundo. No Brasil Capovilla e
40
Raphael (2001) lançaram o “Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais
Brasileira”, que contribui para o enriquecimento cultural de Surdos e de ouvintes. Assim,
pode-se considerar que nos últimos 40 anos as Línguas de Sinais passaram a ser
reconhecidas por lingüistas, professores e pelos próprios Surdos.
Considera-se a Língua de Sinais dotada de complexidade e utilidade com
gramática própria (BRITO, 1995), não é universal e uniforme. Existem centenas de Línguas
de Sinais diferentes que surgiram de maneira independente diante do número significativo
de pessoas surdas em contato umas com as outras (SACKS, 1998). Utiliza-se do canal
visual-espacial para expressar gestos que representam um conjunto de elementos
lingüísticos manuais, corporais e faciais na articulação significativa dos sinais (GÓES, 1996).
O emissor constrói uma sentença e o receptor utiliza a percepção visual para entender o
que é comunicado.
Apresenta-se na Figura 1 o sinal de “árvore”. Em LIBRAS é representada pelo
tronco da árvore através do antebraço e os galhos e as folhas através da mão aberta e do
movimento interno dos seus dedos. Por outro lado, devido a não universalidade das Línguas
de Sinais o sinal do mesmo conceito em Língua de Sinais Chinesa (LSC) representa apenas
o tronco com as duas mãos semiabertas e os dedos dobrados de forma circular (PARANÁ,
1998).
Figura 1 Exemplos do sinal de árvore em LIBRAS e em LSC
Fonte: Paraná (1998)
As dimensões espaciais das Línguas de Sinais apresentam-se de formas
icônicas (alguns sinais que fazem alusão à imagem do seu significado) e arbitrárias
(relaciona-se a forma e significado, uma vez que as palavras e os sinais não apresentam
nenhuma semelhança com o dado da realidade que representam), conforme ilustra a Figura
2.
Sinal de árvore em
LIBRAS
Sinal de árvore em
LSC
41
Figura 2 Exemplos de iconicidade e arbitrariedade em LIBRAS
Fonte: Favalli (2000)
Em LIBRAS apresenta-se como exemplo de iconicidade os sinais das palavras
“telefone” e “telefonar”. Embora icônicos por representar o ato de telefonar, em outras
Línguas de Sinais pode não ter necessariamente os mesmos aspectos dos referentes
“telefone” e “ato de telefonar” como motivação de sua forma. Destaca-se como exemplo de
arbitrariedade o sinal de “queijo”, que não apresenta relação entre forma e significado, assim
como se distancia da semelhança com a realidade representada.
Por meio de princípios básicos organizacionais (aspectos fonológicos,
morfológicos, sintáticos e semânticos) e estruturais (configuração de mão – CM, movimento
– M, ponto de articulação – PA ou localização – L como primários, orientação das mãos –
Or, disposição das mãos, região de contato e expressões não manuais – ENM como
secundários) próprios da língua visual-espacial podem-se expressar idéias, sentimentos,
emoções, metáforas (BRITO, 1995; QUADROS; KARNOPP, 2004). A geração de estruturas
lingüísticas, de forma produtiva, possibilita a produção de um número infinito de construções
a partir de um número finito de regras (BRITO, 1995).
No Brasil, existem duas línguas de sinais: a Língua Brasileira de Sinais Kaapor –
LSKB, utilizada pelos índios da tribo Kaapor que se caracterizam pela surdez hereditária; e a
Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS utilizada principalmente nos centros urbanos.
Discussões sobre a escrita dos Surdos repercutem em pesquisas principalmente
no campo da Educação e da Lingüística, que refletem aspectos da língua visual-espacial e
sua influência na expressão textual do português. Desta forma, embora muitos considerem
as Línguas de Sinais ágrafas, existem tentativas que envolvem a grafia das línguas visuais-
espaciais por meio do SignWriting, na intenção de possibilitar uma escrita desta língua.
Exemplo de iconicidade em LIBRAS
sinal de telefone e telefonar
Exemplo de arbitrariedade em LIBRAS
sinal de
q
uei
j
o
42
2.4 SIGNWRITING
O SignWriting é um sistema de escrita das Línguas de Sinais, criado por Valerie
Sutton em 1974, nos Estados Unidos da América e iniciado seu uso na Dinamarca. Este
sistema de escrita originou-se na descrição das danças da coreógrafa e despertou a
curiosidade de pesquisadores da Língua de Sinais Dinamarquesa que procuravam uma
forma de escrever os sinais. De acordo com Quadros (2006), a década de 70 caracterizou-
se como o período de transição do DanceWriting (escrita de danças) para o SignWriting
(escrita das Línguas de Sinais) isto é, da escrita de danças para a escrita de sinais das
Línguas de Sinais.
Assim, este sistema de escrita das Línguas de Sinais permite que os Surdos
escrevam sua própria língua – a Língua de Sinais, se expressando de forma diferenciada
em relação à escrita do português, como segunda língua. Além disso, pode possibilitar a
comunicação em Língua de Sinais pelos Surdos, em qualquer Língua de Sinais do mundo;
escrever e ler os sinais da LIBRAS, no caso da Língua Brasileira de Sinais; edificar a história
como produção cultural e literária na língua materna da comunidade surda, por meio do
registro desta língua visual-espacial.
No Brasil, a publicação do “Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilingüe da Língua
de Sinais Brasileira” possibilitou, pela primeira vez no país, a documentação extensa da
LIBRAS e a explicação das diretrizes gerais do sistema de escrita da Língua de Sinais -
SignWriting em um mesmo material. A aplicação deste sistema ganha maior espaço devido
ao fortalecimento da comunidade surda, principalmente após o reconhecimento da Língua
de Sinais como meio preferencial de comunicação de pessoas surdas (CAPOVILLA;
RAPHAEL, 2001).
A partir da década de 1980, com a divulgação do SignWriting e os avanços
tecnológicos, o sistema começou a popularizar-se nos Estados Unidos da América e,
atualmente, adquiriu novos formatos. Foi em 1996, de acordo com Quadros (2006), que
esse sistema começou ser utilizado no Brasil enquanto sistema escrito de sinais usado por
meio do computador, pelo do Dr. Antonio Rocha Costa (PUC-RS) em Porto Alegre-RS.
Para Campos (2002) o sistema SignWriting é uma forma de escrever os sinais
utilizando um conjunto de regras, constituindo-se na reprodução escrita do sinal que está
sendo feito em Língua de Sinais. Portanto, o sistema é definido por estruturas básicas que
se referem às configurações de mãos, movimentos, contatos e expressões faciais.
De acordo com Sutton (2006), em Língua de Sinais Americana existem dez
grupos de símbolos para as mãos que são agrupados conforme os dedos usados,
apresentados na Figura 3, a seguir.
43
Figura 3 Grupos de símbolos para as mãos
Fonte: Sutton (2006)
Destes dez grupos, na Figura 4 é apresentada as configurações de mão:
circular, aberta e fechada em suas representações escritas em SignWriting.
Figura 4 Exemplos de configurações de mão no sistema SignWriting básico
Fonte: Sutton (2006)
Os movimentos classificam-se em: movimentos de mãos e de dedos (Figura 5).
Figura 5 Exemplos de símbolos de movimentos em SignWriting
Fonte: Sutton (2006)
44
As formas de contato são representas por seis formas de elementos que
compõem o sinal com mão, mão com corpo ou mão com cabeça, conforme ilustrado na
Figura 6 a seguir.
Figura 6 Símbolos para contato do sistema SignWriting
Fonte: Sutton (2006)
As expressões faciais em SignWriting baseiam-se no símbolo intitulado “face”
com diversas variações divididas também em dez grupos: testa, sobrancelhas, olhos, olhar,
bochecha, nariz, boca, língua, dentes e outros. Na Figura 7 são ilustradas duas dessas
divisões.
Figura 7 Expressões faciais em SignWriting
Fonte: Sutton (2006)
Considerando toda a estrutura constituinte da representação gráfica da Língua
de Sinais, apresenta-se a seguir, na Figura 8, um exemplo da aplicação do SignWriting por
meio do livro digitalizado “Cachos Dourados” escrito em LIBRAS por Marianne Rossi Stumpf
(2003).
Tocar em outra parte do corpo
Pegar em alguma parte do corpo ou roupa.
Tocar entre duas partes do corpo, geralmente entre dois dedos.
Bater em alguma parte do corpo.
Raspar em alguma parte do corpo saindo da superfície.
Esfregar em alguma parte do corpo.
FACE
Olhos abertos
Olhos espremidos
OLHOS
Testa
Testa franzida
TESTA
45
Figura 8 Aplicação do SignWriting
Fonte: Stumpf (2003)
A elaboração deste livro é fruto, entre outros, do grupo de trabalho do Dr.
Antonio Rocha Costa, que envolve especialmente a Profa. Marianne Rossi Stumpf (surda,
professora na área de computação na Escola Especial Concórdia) e a Profa. Márcia Borba
Campos (pesquisadora na área da computação).
As possibilidades de escrita das Línguas de Sinais, embora ainda em discussão
e com controvérsias, são consideradas recursos de acessibilidade aos Surdos. Com isso, o
SignWriting representa uma alternativa de recuperação das informações registradas aos
usuários Surdos. As informações em diferentes formatos permitem a inclusão digital destes
usuários específicos e podem viabilizar melhorias na qualidade de uso de sistemas
informacionais por estes membros de comunidades surdas interativas.
2.5 BILINGÜISMO NA SURDEZ
Dentre as possíveis definições de bilingüismo, pode-se considerá-lo como o uso
que as pessoas fazem de diferentes línguas em diferentes contextos sociais (QUADROS,
2005). O bilingüismo na surdez, no entanto, caracteriza-se pela valorização da Língua de
Sinais (L1) como natural ao Surdo e a Língua Portuguesa como segunda língua (L2) de
apropriação e mediação social e cognitiva.
46
Na semiótica, Fernandes e Correia (2005, p. 23) consideram que a Língua de
Sinais deve ser vista por sua “natureza e peculiaridades de estruturação e representação
que são próprias de um sistema significante distinto da linguagem verbal articulada.”
Considerando-se o bilingüismo na surdez, o aprendizado do português pelos
Surdos é considerado um processo similar ao de uma língua estrangeira. Algumas
sensações vivenciadas na aquisição de uma língua estrangeira consideram-se reforçadas
no aprendizado do português pelos Surdos. Este processo de ensino-aprendizagem do
português pelo Surdo exige metodologias próprias, um ambiente sistematizado.
Os atuais fracassos presenciados na educação dos Surdos, dentre outros
fatores, ocorrem devido a ambientes inadequados ao seu desenvolvimento lingüístico-
cognitivo, que devem ser baseados em processos essencialmente visuais distantes do oral-
auditivo dos ouvintes. Com isso, considera-se a Língua de Sinais capaz de permitir o acesso
à linguagem de forma natural, ou seja, sem impedimentos para sua aquisição pelos Surdos.
A naturalidade das Línguas de Sinais relaciona-se ao seu aprendizado
semelhante ao contato dos ouvintes com a língua oral-auditiva, com um processo de
aprendizagem que ocorre nas diferentes situações de interação entre os membros das
comunidades surdas e os usuários da língua visual-espacial.
Assim, neste capítulo, a proposta bilíngüe da surdez, baseada nos Estudos
Surdos, valoriza a constituição das comunidades, culturas e identidades surdas no
planejamento e construção de ambientes informacionais digitais acessíveis. A presença da
Língua de Sinais marca o avanço no campo das lutas políticas na área da surdez, no acesso
e uso das informações, na democratização do conhecimento e na participação inclusiva de
Surdos na atual cultura digita,l entre outros elementos e fatores associados a condição da
surdez.
No âmbito da Ciência da Informação os ambientes informacionais digitais,
devem focar as necessidades dos usuários e as interfaces que permitem a acessibilidade
por parte de diferentes usuários potenciais, independente de suas condições sensoriais,
lingüistas e motoras, incluindo-se os Surdos, em específico.
Considera-se no contexto desta pesquisa a presença, por exemplo, da Língua de
Sinais, do SignWriting, das legendas de vídeos em português, da alteração do tamanho da
fonte do texto e de contrastes de cores, dentre outros elementos de acessibilidade como
opções para inclusão de diferentes usuários em ambientes informacionais digitais. Aspectos
relacionados aos princípios constituintes da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva serão
detalhados no capitulo que segue em seus aspectos teóricos e conceituais.
The Third of May
27
Francisco José de Goya (1814)
Museo del Prado, Madri
3 PRINCÍPIOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO
D
IGITAL INCLUSIVA
27
Fonte: <http://www.mtas.es/Insht/ergaonline/galeriaS19.htm>
48
3
PRINCÍPIOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO DIGITAL
INCLUSIVA
Neste capítulo são tratados os aspectos conceituais relacionados à arquitetura
da informação digital, acessibilidade e usabilidade digital, desenho universal, tecnologias
assistivas e tecnologias digitais na construção e apresentação do Esquema de Arquitetura
da Informação Digital Inclusiva para o planejamento de ambientes informacionais digitais
inclusivos.
3.1 ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO DIGITAL
A preocupação com a arquitetura da informação
28
de websites apresenta-se
como fator determinante na estruturação de interfaces digitais: design da página, design do
conteúdo, design do site, acessibilidade e usabilidade deste ambiente informacional digital.
Neste sentido, a arquitetura da informação surge como base conceitual e tecnológica capaz
de apresentar elementos eficazes ao acesso autônomo e independente de usuários
potenciais em ambientes digitais
29
.
Para Straioto (2002, p. 20)
A arquitetura da informação refere-se ao desenho das informações: como
textos, imagens e sons são apresentados na tela do computador, a
classificação dessas informações em agrupamentos de acordo com os
objetivos do site e das necessidades do usuário, bem como a construção de
estrutura de navegação e de busca de informações, isto é, os caminhos que
o usuário poderá percorrer para chegar até a informação.
Neste sentido, Nielsen (2000) considera que a arquitetura da informação de um
site deve ser estruturada para espelhar as tarefas e as visões do espaço de informação ao
usuário. Assim, o principal objetivo dos projetos de ambientes web deve ser facilitar o
28
A expressão “Arquitetura da Informação” foi utilizada pela primeira vez pelo desenhista gráfico e arquiteto Richard Saul
Wurman na década de 1960, que a definiu como uma estrutura ou mapa de informação, permitindo que os usuários
encontrarem seus caminhos pessoais para o conhecimento. Formado em Arquitetura de Edificações, Wurman foi
considerado o primeiro arquiteto de informações dos Estados Unidos da América (WURMAN, 1991; STRAIOTO, 2002;
SARMENTO SOUZA, 2002). O interesse de Wurman pela organização, reunião e apresentação das informações no
ambiente urbano culminou na ampliação do termo, apresentando-o como uma ciência e arte de criar espaços organizados.
29
Os elementos da arquitetura da informação digital aplicam-se em diferentes ambientes digitais, tais como websites e
sistemas ou aplicativos hipermídia em suportes de CD ou DVD.
3 PRINCÍPIOS DA ARQUITETURA DA
INFORMAÇÃO DIGITAL INCLUSIVA
49
desempenho dos usuários em suas tarefas, pois um site mal projetado pode dificultar a
interação do usuário como o sistema informacional, que possui uma quantidade
esmagadora de opções e de facilidades.
De acordo com o autor, em geral, os usuários web são impacientes e se não
conseguirem descobrir como usar um website, em aproximadamente um minuto, desistem
da navegação por concluírem que não vale a pena desperdiçar seu tempo naquela interface.
O planejamento prévio de website, assim como de qualquer ambiente
informacional digital, torna-se fundamental na criação de ambientes acessíveis. Muitos sites
são criados por meio de linguagem HyperText Markup Language (HTML), sendo primordial
seu mapeamento quanto a área de uso, tipos de documento (textos, imagens, vídeos, sons),
distribuição das informações na página (frames), conteúdo significativo para o público-alvo a
que se destina.
Para Rosenfeld e Morville (1998, p.11, tradução nossa), o planejamento de um
website deve:
Esclarecer qual a missão e a visão para o site, equilibrando as
necessidades de sua organização patrocinadora e as necessidades de
suas audiências.
Determinar que conteúdo e funcionalidade o site conterá.
Especificar como os usuários encontrarão informações no site definindo
sua organização, navegação, classificação e sistemas de busca.
Mapas de como o site acomodará mudança e crescimento com o
passar do tempo.
Lara Filho (2003, p. 6 - 7) define a arquitetura da informação como “um conjunto
de procedimentos metodológicos (e ecológicos) que permitem criar ordens num hipertexto
visando abrir possibilidades de leituras para um conjunto de documentos”. Para o autor
diante da complexidade do hipertexto na web torna-se necessário planejar e estruturar as
informações para que estas tenham sua acessibilidade garantida aos usuários, afirmando
que a “arquitetura da informação procura mapear o labirinto imprimindo certo grau de ordem
ao hipertexto”.
Para Camargo (2004) a arquitetura da informação apresenta elementos
informacionais e tecnológicos que podem auxiliar o desenvolvedor e o usuário a
organizarem e estruturarem grandes quantidades de informações. A autora considera a
arquitetura da informação como um dos fatores importantes em uma biblioteca digital, assim
como em qualquer tipo de website, determinando o design, a disposição do conteúdo e a
estratégia de navegação do usuário. A autora alerta, ainda, que na elaboração de uma
interface o desenvolvedor deve se preocupar com o conteúdo que será inserido e como isso
será adicionado à página. Tais aspectos envolvem o atendimento às necessidades
informacionais de seus usuários na interação homem-computador.
50
Rosenfeld e Morville (1998) apresentam como elementos da arquitetura da
informação a combinação entre esquemas de organização, rotulagem, navegação e busca
em um sistema de informação:
Sistema de organização: refere-se a uma maneira lógica de classificação
informacional, definindo os tipos de relacionamento entre itens de
conteúdos e grupos. Compõe-se pelos esquemas de organização
(divisão de itens característicos) e pelas estruturas de organização
(define os tipos de relacionamentos entre itens de conteúdos e grupos);
Sistema de navegação: apresenta a trajetória que o usuário terá
disponível no website para acessar cada página com a distribuição de
links. Um website com sistema de navegação bem definido e organizado
permite ao usuário navegar de um ponto a outro pelo melhor caminho ou
pelo caminho de seu interesse, aproveitando melhor seu tempo de
acesso e uso às informações;
Sistema de rotulagem: representa o acesso aos conteúdos, geralmente
encontrados em menus e nas barras de navegação. Por meio dos
rótulos, os usuários podem decidir qual caminho seguir para chegar às
informações desejadas. Assim, o sistema de rotulagem está relacionado
ao sistema de organização e navegação de websites;
Sistema de busca: auxilia na localização e no acesso rápido a
informações armazenadas no website. Para recuperar informação torna-
se necessária uma boa descrição, indexação e layout das formas,
observando-se como os usuários realizam as buscas antes de
implementar o sistema. A relação usuário-necessidade-sistema é que
leva ao desenvolvimento de sistemas de busca simplificados ou
avançados.
Nesta perspectiva, como resultado de sua pesquisa de mestrado Straioto (2002)
apresentou alguns elementos adicionais a arquitetura da informação de Rosenfeld e Morville
(1998). Os elementos incluídos foram: conteúdo das informações (RODRIGUES, 1998);
usabilidade do site (NIELSEN, 1998; GAFFNEY, 2001) e tipos de documentos
(CLEVELAND, 1999), apresentados na Figura 9 a seguir.
Para Straioto (2002) os tipos de documentos surgiram pela quantidade cada vez
maior de informações disponíveis no ambiente web ou digitais em geral. Este crescimento
impulsionou a variedade de formatos para apresentação de conteúdos informacionais.
51
Sistemas de organização
Sistemas de navegação
Sistemas de rotulagem
Sistemas de busca
Elementos adicionais
Figura 9 Elementos da arquitetura da informação
Fonte: Straioto (2002, p. 56)
A arquitetura da informação é considerada por Nielsen (2000) como um grande
avanço, necessário para a projeção de espaços navegacionais de forma estruturada. O
autor enfatiza que os sites precisam se basear na arquitetura de informação e nas
necessidades dos usuários.
Nesta dissertação, considera-se a arquitetura da informação como o
planejamento estratégico de ambientes informacionais digitais acessíveis para o
atendimento das necessidades informacionais de públicos-alvo gerais e específicos, em
conformidade com os objetivos do ambiente. Um planejamento de ambientes informacionais
digitais envolve sistemas de organização, navegação, rotulagem e busca consistentes e
flexíveis a aplicação do princípio de acessibilidade, documentos em diferentes formatos,
52
aplicações de recursos hipermídia e compatibilidade de hardware e software entre sistema e
usuário.
A acessibilidade e a navegabilidade em ambientes digitais, que atendam a
especificidade de usuários diversos, inclusive os Surdos, requerem a implantação de
tecnologias de informação e comunicação adequadas em seu planejamento. A
compatibilidade de hardware e software entre sistema e usuário no ambiente digital é
destacada por Straioto (2002) como fundamental na criação de interfaces acessível.
Assim, torna-se evidente a necessidade de estudos que culminem na
preocupação com a acessibilidade digital no planejamento de uma arquitetura da
informação, baseada no desenho universal com o objetivo de melhorar as condições de
acesso e uso em ambientes informacionais digitais.
3.2 ACESSIBILIDADE DIGITAL
As iniciativas preliminares referentes à acessibilidade surgiram no período
posterior à Guerra do Vietnã, nos Estados Unidos da América. Nesta época os soldados,
heróis da guerra, voltavam para casa mutilados ou com alguma deficiência adquirida como
resultado dos confrontos, situação que resultou na criação de condições para que essas
pessoas pudessem ter uma vida digna e independente.
A criação do Centro de Vida Independente (CVI) teve como objetivo melhorar a
qualidade de vida dessas pessoas que haviam adquirido alguma deficiência na guerra e
proporcionar sua inclusão social. Essa Organização Não Governamental (ONG) direcionou
seu trabalho para a autoconfiança, acessibilidade ambiental e o desenvolvimento da
cidadania (OLIVEIRA, 2003).
Com isso, questões relacionadas à acessibilidade ampliaram o espaço físico,
sendo incluída também no ambiente digital. Para Torres; Mazzoni e Alves (2002) a
acessibilidade é um processo dinâmico, que se associa ao desenvolvimento da tecnologia e
da sociedade em estágios distintos, variando de uma sociedade para outra, conforme a
atenção dispensada à diversidade humana e à época em que se encontra. Para os autores
a acessibilidade relaciona-se a apresentação, de maneira integral, de conteúdos
informacionais combinados de formas múltiplas de visualização: redundância, sistema
automático de transcrição de mídia, uso de tecnologias assistivas (leitores de tela, sistemas
de reconhecimento de voz, simuladores de teclado) que possam maximizar as habilidades
dos usuários.
Acrescenta Dias (2003), que a acessibilidade na web significa que qualquer
pessoa, com qualquer tipo de tecnologia de navegação (gráficos, textuais, especiais para
53
cegos ou para sistemas de computação móvel) seja capaz de interagir com qualquer site, e
compreenda inteiramente as informações nele apresentadas.
Nesta pesquisa, a acessibilidade digital é compreendida como a condição de
acesso e uso, com autonomia e independência, de sistemas computacionais, ambientes
informacionais e meios de comunicação, independente das condições sensoriais,
lingüísticas e motoras dos usuários. Considera-se, portanto, que as barreiras ou obstáculos
que dificultem ou impeçam o acesso à informação e a comunicação estejam diretamente
relacionadas à ausência de elementos de acessibilidade, tratamento inadequado das
informações e/ou inconsistência na interface. A integralidade da informação de forma
redundante e consistente, estruturada de forma flexível em ambientes digitais e com
designers de interfaces adequados podem viabilizar o acesso à diversidade de usuários
potenciais, relacionando-se a uma das essências do princípio de acessibilidade digital.
Portanto, no decorrer desta dissertação, serão apresentados os elementos de
acessibilidade digital, preferencialmente para usuários Surdos, com o objetivo de melhorar a
qualidade de ambientes informacionais e promover a inclusão digital e social de minorias
lingüísticas que compõem a comunidade surda.
Em sua aplicação social e tecnológica, Nielsen (2000) afirma que tornar a web
mais acessível aos usuários resume-se a, até certo ponto, usar o HTML da forma pretendida
para codificar significado em vez de aparência. As informações on-line oferecem benefícios
a usuários com diferentes condições sensoriais, que estimulados pelos computadores,
realizam tarefas que seriam difíceis com a tecnologia tradicional. Para o autor é necessário
priorizar a concessão de padrão em sites grandes e planejar uma exposição em estágios da
acessibilidade, pois mesmo que não seja possível criar um site totalmente acessível, deve-
se ter a responsabilidade de incluir o maior número de recursos de acessibilidade na página.
Para Dias (2003) tornar um portal web acessível possibilita a sua indexação de
forma mais rápida e precisa pelos mecanismos de busca, fazendo com que os usuários
consigam encontrá-lo mais facilmente.
De modo geral, verifica-se a preocupação com a acessibilidade abrangendo
políticas públicas, ações governamentais federais e estaduais na implementação e
financiamento de ações que removam barreiras que impeçam o acesso e uso das
tecnologias de informação e comunicação. A eliminação de barreiras digitais podem
possibilitar a infoinclusão de comunidades infoexcluídas de ambientes informacionais
digitais, viabilizando a participação de seus membros em atividades do cotidiano mediadas
pelas tecnologias de informação e comunicação com o uso de serviços, produtos e
informação.
54
3.2.1 GUIAS DE ACESSIBILIDADE WEB
Para estabelecer normas e padrões sobre conteúdos digitais foram elaborados
diversos guias para o desenvolvimento de interfaces acessíveis. Uma das maiores
iniciativas para a promoção de acessibilidade na Internet é a Iniciativa de Acessibilidade
Web (Web Accessibility Initiative - WAI) da World Wide Web Consortium (W3C), organização
que estabelece inúmeros padrões para a Internet, como o protocolo Hypertext Transfer
Protocol (HTTP) e a linguagem de marcação HTML.
O crescimento da web, como importante fonte de informação - educação,
emprego, governo, comércio, saúde, recreação, entre outros - requer como fator essencial,
a acessibilidade digital como possibilidade de promoção eqüitativa de acesso e
oportunidade para os usuários. A acessibilidade web significa que qualquer pessoa pode
navegar e interagir, assim como contribuir com este ambiente digital, independente de suas
condições sensoriais, lingüísticas e motoras. Da mesma forma, as tecnologias digitais
empregadas nestes ambientes possibilitam a eliminação de algumas barreiras de
acessibilidade (W3C, 2005a).
De acordo com as terminologias do W3C (2005a), consideram-se como
conteúdo web informações em páginas ou aplicações que incluem textos, imagens, formas,
sons e outros. Os softwares web referem-se a web browsers (media players e outros
agentes do usuário), authoring tools (ferramentas para criação de websites), evaluation tools
(ferramentas de validação de acessibilidade web de acordo com os padrões e guias do
W3C/WAI).
Os recursos de desenvolvimento e interação que permitem a acessibilidade na
web são (W3C, 2006a): conteúdo (páginas e aplicações web) que incluem linguagem natural
(imagem, texto e som) e códigos ou marcações que definem estrutura, apresentação entre
outros; web browsers, media players e agentes do usuário – tecnologias digitais; tecnologias
assistivas; conhecimento dos usuários, experiência, estratégias de adaptação usando a
web; desenvolvedores; ferramentas de autoria; ferramentas de avaliação de acessibilidade
web.
A Figura 10 apresenta o relacionamento entre os recursos necessários para o
desenvolvimento de conteúdos web. Os desenvolvedores precisam de ferramentas de
autoria e avaliação de acessibilidade digital e os usuários de tecnologias assistivas e digitais
(browsers, media players) para usufruírem da acessibilidade em ambientes informacionais
digitais, com destaque para a web.
55
Figura 10 Relacionamento entre os recursos de desenvolvimento de acessibilidade digital
Fonte: W3C (2006a, p.2)
O W3C/WAI apresenta três guias essenciais para a composição da
acessibilidade web: o Guia de Acessibilidade para o Conteúdo Web (Web Content
Accessibility Guidelines - WCAG), o Guia de Acessibilidade para Ferramentas de Autoria
(Authoring Tool Accessibility Guidelines - ATAG) e o Guia de Acessibilidade para Agentes
do Usuário
30
(User Agent Accessibility Guidelines (UAAG).
De acordo com o W3C/WAI, acessibilidade significa alcançar uma ampla
proporção de pessoas com diferentes condições sensoriais, incluindo cegueira e baixa
visão, surdez, dificuldades de aprendizagem, fotosensibilidade entre outros.
3.2.1.1 GUIA DE ACESSIBILIDADE PARA O CONTEÚDO WEB
O Guia de Acessibilidade para o Conteúdo Web (Web Content Accessibility
Guidelines - WCAG) é um documento que explica como tornar o conteúdo web acessível
para pessoas com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras, como por
30
Software para acessar conteúdo web e que inclui navegadores gráficos para estações de trabalho, navegadores de texto,
de voz, de telefones celulares, assim como leitores de hipermídia, suplementos para os navegadores e software de
tecnologia de apoio utilizado em conjunto com os navegadores como, por exemplo, os leitores de tela e os programas de
reconhecimento de voz. Disponível em: <http://www.geocities.com/claudiaad/acessibilidade_web.html>. Acesso em: 12 jan.
2007.
56
exemplo, os Surdos usuários da Língua de Sinais. O conteúdo web refere-se às informações
nas páginas ou inscrições na web, que incluem textos, imagens, formas, sons entre outros.
(W3C, 2005d).
A primeira versão do guia – o WCAG 1.0
31
foi publicada em 1999,
caracterizando-se como um documento de referência mundial para a acessibilidade na
Internet. O documento é apresentado como uma ferramenta para que os criadores de
websites saibam como tornar as páginas web acessíveis à diversidade de usuários que
acessam conteúdos web. O WCAG 1.0 é composto por 14 normas abordando dois temas
gerais: assegurar uma transformação harmoniosa, descrita nas 12 primeiras regras, e tornar
o conteúdo compreensível e navegável, tema tratado nas duas últimas normas (W3C, 1999).
No entanto, em 27 de abril de 2006, o W3C/WAI lançou o WCAG 2.0
32
, que
contém princípios, guias e critérios que definem e explicam como tornar as informações web
e softwares mais acessíveis. A segunda versão do WCAG foi desenvolvida para aplicar
diferentes tecnologias na web (W3C, 2006b).
O objetivo do WCAG 2.0 é atender a maioria de usuários, inclusive idosos,
proporcionando acesso ao conteúdo web por meio de diversos dispositivos, os quais
envolvem uma ampla variedade de tecnologias assistivas. A nova versão do W3C/WAI –
WCAG 2.0 foi desenvolvida para aplicação em diferentes tecnologias da web, para tornar o
ambiente mais fácil de entender e de usar baseado em 4 princípios e 13 guias de
acessibilidade.
3.2.1.2 GUIA DE ACESSIBILIDADE PARA FERRAMENTAS DE AUTORIA
O Guia de Acessibilidade para Ferramentas de Autoria (Authoring Tool
Accessibillity Guidelines - ATAG) apresenta softwares e serviços utilizados pelos
desenvolvedores de páginas e conteúdos web. O ATAG é composto por ferramentas de
autoria que auxiliam os desenvolvedores de websites a produzirem conteúdos web
acessíveis e em conformidade com o WCAG.
Existem disponíveis as seguintes ferramentas de autoria web: ferramentas de
edição especialmente designada para os produtores de conteúdos web (HTML, Extensible
Markup Language - XML); ferramentas que oferecem opções de como salvar o conteúdo no
formato web; ferramentas que transformam documentos no formato web (HTML);
ferramentas que produzem hipermídia para a web; ferramentas para gestão ou publicação
de sites; ferramentas para gestão de layout; websites que os usuários adicionam conteúdos.
31
Disponível em: <http://www.w3.org/TR/WAI-WEBCONTENT/>. Acesso em: 09 mar. 2007.
32
Disponível em: <http://www.w3.org/TR/WCAG20/>. Acesso em 10 mar. 2007.
57
O ATAG tem duas versões: a versão 1.0, publicada em fevereiro de 2000, e a
versão 2.0, publicada em dezembro de 2006, desenvolvida para ser compatível com o
WCAG 2.0 (W3C, 2007).
3.2.1.3 GUIA DE ACESSIBILIDADE PARA AGENTE DO USUÁRIO
O Guia de Acessibilidade para Agente do Usuário (User Agent Accessibility
Guidelines - UAAG) explica como tornar o documento acessível a agentes do usuário para
pessoas com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras para aumentar a
acessibilidade ao conteúdo web. Os agentes do usuário incluem: browsers web, media
players, tecnologias assistivas, softwares que alguns usuários usam para interagir com o
computador.
O UAAG 1.0, publicado em dezembro de 2002, contém como pontos de
verificação: o acesso a todo o conteúdo; o controle do usuário em como o conteúdo é
interpretado; o controle do usuário em relação à interface; e os padrões para a criação de
interface que permitam a interação com tecnologias assistivas (W3C, 2005b). Em fevereiro
de 2007 foi lançada uma nova versão deste guia, o UAAG 2.0
Contudo, relacionados aos recursos necessários para o desenvolvimento de
conteúdos web, os três guias de acessibilidade web apresentados (WCAG, ATAG e UAAG)
desenvolvidos pelo W3C/WAI são representados na Figura 11 a seguir. Destacam-se nesta
figura as especificações técnicas dos guias de acessibilidade: HTML, XML, CSS, SVG,
SMIL
33
e etc. em relação aos desenvolvedores e aos usuários dos sistemas informacionais.
Em conformidade com o W3C/WAI (2006a) a falta de suporte para acessibilidade
em um componente não pode ser compensado por outro, o que resulta em ausência de
acessibilidade no website quanto ao atendimento das necessidades informacionais dos
usuários. Estudo realizado por Parmanto e Zeng (2005) apontaram que apenas 8, 81% dos
websites estão em conformidade com as prioridades do WCAG 1.0.
33
HTML – HyperText Markup Language; XML – Extensible Markup Language; CSS - Cascading Style Sheets; SVG -
Scalable Vector Graphics; SMIL - Synchronized Multimedia Integration Language.
58
Figura 11 Diferentes componentes para os guias de acessibilidade digital
Fonte: W3C (2006a, p. 5)
Os componentes para os guias de acessibilidade digital devem ser
implementados de forma paralela para obter ganhos para o usuário. A Figura 11 representa
as especificações técnicas que viabilizam a aplicação dos guias de acessibilidade para o
conteúdo, de criação e de avaliação web para que desenvolvedores possam disponibilizar
conteúdos informacionais digitais acessíveis à diversidade de usuários interativos.
3.2.2 ACESSIBILIDADE DO GOVERNO ELETRÔNICO BRASILEIRO E-GOV
As iniciativas de acessibilidade do Governo Eletrônico se fortalecem pelos
contrastes sociais, culturais e tecnológicos com o objetivo de reduzir as diferenças com
melhorias na qualidade dos serviços oferecidos por vias eletrônicas. Associado a este
projeto, de acordo com o Relatório de Planejamento Estratégico (BRASIL, 2004b), este
projeto deve estar vinculado aos programas de combate à fome, à erradicação da pobreza,
à violência, e de incentivo à cultura popular como uma ferramenta moderna de resgate da
cidadania perdida.
Os Comitês Técnicos, no âmbito do Comitê Executivo do Governo Eletrônico
(CEGE) têm como finalidade coordenar e articular o planejamento de projetos e ações nas
59
áreas de implementação do Software livre; Inclusão digital; Integração de sistemas;
Sistemas legados e licenças de software; Gestão de sites e serviços on-line; Infra-estrutura
de rede; Gestão de conhecimento e informação estratégica. Estas metas estão descritas no
Relatório de Planejamento Estratégico do Governo do Estado de São Paulo (2004) como
resultado do processo de planejamento realizado pelos Comitês Técnicos para a condução
das ações do governo eletrônico.
A inclusão digital, neste relatório publicado em 2004, é considerada como
elemento constituinte da política do governo eletrônico. A inclusão digital é compreendida
como o “direito de cidadania e, portanto, objeto de políticas públicas para sua promoção” e
está relacionada à utilização “de tecnologia da informação pelas organizações da sociedade
civil em suas interações com os governos, o que evidencia o papel relevante da
transformação dessas mesmas organizações pelo uso de recursos tecnológicos” (BRASIL,
2004b, p. 12 -14).
O governo eletrônico orienta-se por diversos preceitos que envolvem a
construção de uma infra-estrutura de inclusão digital, com modelos e diretrizes inclusivas,
com políticas e materialização de ações em nível de Governo Federal para garantir a
acessibilidade universal, com a construção de uma infra-estrutura apropriada para a redução
das desigualdades (BRASIL, 2005b).
O sucesso da iniciativa do e-Gov depende da definição de publicações, políticas,
sistemas, padrões, normas e métodos que sustentem as ações e implementações
planejadas. Para este desafio o e-Gov definiu normas e padrões para a infra-estrutura;
estabeleceu padrões de interoperabilidade e de desenvolvimento de novos sistemas;
elaborou integralmente o conjunto de políticas correlacionadas ao governo eletrônico para
promover a integração de sites e serviços on-line.
Com isso, surgiu o Manual para Acessibilidade em Ambientes Web (2005c)
34
,
que apresenta as recomendações de acessibilidade para os serviços e-Gov com o objetivo
de estabelecer um conjunto de requisitos mínimos para compor o padrão e-poupatempo de
acessibilidade em páginas web.
As recomendações de acessibilidade deste manual pretendem estabelecer um
padrão comum de qualidade quanto à acessibilidade web, o que requer o trabalho
associado, desde a fase inicial do projeto do site, no processo de revisão, criação de
protótipos e realização de testes com usuários para que se possa atingir as metas
determinadas.
34
O manual foi elaborado em conjunto com a Casa Civil, da FUNDAP – Fundação do Desenvolvimento Administrativo, da
PRODESP, por meio da Superintendência Poupatempo e da Rede SACI – CECAE/Universidade de São Paulo projeto que
visa estimular a inclusão social e digital, a melhoria da qualidade de vida e o exercício da cidadania de pessoas com
diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras.
60
De acordo com o manual do e-Gov as dificuldades encontradas por minorias
lingüísticas surdas, em específico, envolvem a necessidade de representação visual das
informações sonoras apresentadas no site. Com isso, oferece como recurso a esses
usuários as legendas (closed caption) e mensagens de erro piscantes ao invés de sonoras,
as quais são descritas de forma técnica no decorrer do documento aos desenvolvedores de
ambientes digitais.
Para verificar a acessibilidade nos websites, o documento recomenda os
softwares que analisam as páginas web e indicam todos os pontos em desacordo com as
especificações determinadas. O avaliador de acessibilidade em âmbito nacional indicado é o
Da Silva
35
e o internacional o Bobby Approved
36
.
Em dezembro de 2005, o Departamento do Governo Eletrônico, em parceria com
a ONG Acessibilidade Brasil
37
, publicou as Recomendações de Acessibilidade para a
Construção e Adaptação de Conteúdos do Governo Brasileiro na Internet, o “eMAG,
Acessibilidade de Governo Eletrônico – Cartilha Técnica
38
” (BRASIL, 2005a).
Esta iniciativa conta com um modelo baseado no conjunto de recomendações do
W3C, para tornar acessíveis os conteúdos do governo brasileiro publicados na Internet.
Todavia, o modelo tem uma visão própria e singular, com indicações simples e prioridades
adaptadas à realidade nacional.
A garantia de acessibilidade e a atribuição do selo de aprovação pelo validador
de websites dependem do atendimento das conformidades do eMAG, associada ao Decreto
de Acessibilidade
39
(BRASIL, 2004a). Além disso, as recomendações do Governo Eletrônico
requerem informações sobre a acessibilidade do site, com endereço de correio eletrônico do
responsável pela sua concepção do site para contato em caso de dificuldades de acesso.
35
Disponível em: <http://www.dasilva.org.br/>. Acesso em: 5 mar. 2007.
36
Disponível em: <http://bobby.watchfire.com/bobby/html/en/index.jsp>. Acesso em: 5 mar. 2007.
37
Disponível em: <http://www.acessobrasil.org.br/>. Acesso em: 1 mar. 2007.
38
Disponível em: <http://www.inclusaodigital.gov.br/.../emag-acessibilidade-de-governo-eletronico-cartilha-tecnica-
v20.pdf/view>. Acesso em: 11 dez. 2006.
39
O Decreto n. 5.296, de 02 de dezembro de 2004, regulamenta as Leis n. 10.048/00 e n. 10.098/00. Este arcabouço legal,
constituído de nove capítulo e setenta e dois artigos, disciplina o assunto da acessibilidade em diversos ambientes. Todavia,
no Capítulo VI destinado ao acesso à informação e comunicação encontram-se treze artigos, entre os quais apenas o Art.
47 refere-se à acessibilidade web, com destaque aos portais e sites eletrônicos da administração pública na rede mundial
de computadores, para o uso das pessoas com problemas visuais. No que consiste a acessibilidade na surdez, encontra-se
regulamentação para o acesso ao serviço de telefonia e legendas ocultas na televisão, de forma específica e restrita.
61
A validação da acessibilidade pode ser realizada por meio da revisão humana e
por ferramentas automáticas/softwares
40
. Os métodos automáticos são rápidos, mas
incapazes de identificar todas as facetas da acessibilidade, que podem ser revisadas pela
avaliação humana, no intuito de ajudar a garantir a clareza da linguagem e a facilidade da
navegação.
As ferramentas de validação automática de acessibilidade verificam o código de
páginas web em relação aos padrões HTML e CSS e às recomendações do próprio W3C
para essas técnicas. A validação de códigos é importante em uma avaliação de
acessibilidade, pois as tecnologias assistivas se baseiam em codificação válida para
interpretar e traduzir corretamente as páginas. O W3C Validators
41
é o avaliador automático
do W3C, sendo o Bobby Approved o primeiro que surgiu para avaliação de ambientes web e
o Da Silva pioneiro na validação de acessibilidade em português do Brasil, funcionando
também em inglês e no português de Portugal. O Da Silva foi desenvolvido pela
Acessibilidade Brasil para disseminar os princípios de acessibilidade do W3C/WAI em
websites da Internet.
3.3 USABILIDADE DIGITAL
A expressão usabilidade começou ser utilizada no início da década de 1980,
principalmente nas áreas de Psicologia e Ergonomia, em substituição ao termo vago e
subjetivo em inglês “user-friendly” (traduzido para o português como “amigável”). A primeira
norma que definiu o termo foi a ISO/IEC 9126 (1991), sobre as qualidades do software, que
possibilitou que a expressão fizesse parte do vocabulário técnico de áreas como a
Tecnologia da Informação e Interação Homem-Computador. Todavia, somente em 1998 o
conceito foi redefinido na norma ISO/IEC Final Committee Draft (FCD) 9126-1. Nesta
ocasião, foram incluídas as necessidades do usuário e definidas as características de
qualidade de software (funcionalidade, confiabilidade, eficiência, possibilidade de
manutenção e portabilidade).
40
Os selos de validadores de acessibilidade em websites são atribuídos conforme os níveis de prioridade atendidos no
ambiente avaliado. Para receber o selo de validação o ambiente deve passar por uma avaliação automática. A atribuição
dos selos de acessibilidade está relacionada ao atendimento das recomendações do padrão WCAG do W3C/WAI. Os selos
podem ser A, Duplo A ou Triplo A, conforme níveis de prioridade atendidos na descrição das recomendações do WCAG ou
nele inspirado. Existem outros selos atribuídos de acordo com a validação da linguagem de marcação e das folhas de estilo
do sistema avaliado. A maioria desses recursos automáticos encontram-se disponíveis gratuitamente na Internet. Outros
validadores e ferramentas estão disponíveis em <http://www.w3.org/WAI/ER/existingtools.html>. Acesso em: 10 jan. 2007.
41
Disponível em: <http://validator.w3.org>. Acesso em: 22 set. 2006.
62
Assim, a norma ISO 9.999 define “usabilidade em função da eficiência, eficácia e
satisfação
42
com a qual os usuários podem alcançar seus objetivos em ambientes
específicos, quando utilizam determinado produto ou serviço” (TORRES; MAZZONI, 2004).
A usabilidade representa o grau de facilidade de uso de um produto para um
usuário que ainda não esteja familiarizado com ele e requer a satisfação de um público
específico, em conformidade com Torres e Mazzoni (2004). Dias (2003) complementa que o
mesmo sistema pode ser excelente para alguns usuários e inadequado para outros.
Portanto, a qualidade de interação entre usuário e sistema depende tanto das
características do sistema quanto do usuário (DIAS, 2003; TORRES; MAZZONI, 2004).
Neste sentido, a usabilidade visa garantir o funcionamento de um sistema de
forma adequada, provendo os meios e as funcionalidades necessárias para garantir seu uso
por parte do usuário.
No âmbito web, os usuários experimentam a usabilidade de um site antes de se
comprometerem a usá-lo e antes de gastarem dinheiro em possíveis aquisições. Isso deixa
clara a importância da usabilidade como preocupação para o webdesign (NIELSEN, 2000).
Nesta dissertação a usabilidade é apresentada como a qualidade de uso em
relação ao grau de satisfação, eficácia e eficiência atestada por diversos usuários na
interação com o design de interface com implantação de elementos de acessibilidade. A
qualidade de uso pode ser verificada pelo comportamento do usuário diante da interface e
por meio de sua percepção na navegação, com autonomia e independência na recuperação
e busca por informações no ambiente informacional digital.
Nielsen (1993) apud Dias (2003, p. 29-38) descreve cinco atributos da
usabilidade:
Facilidade de aprendizado - o sistema deve ser fácil de aprender de tal
forma que o usuário consiga rapidamente explorá-lo e realizar suas
tarefas com ele;
Eficiência de uso - o sistema deve ser eficiente a tal ponto de permitir
que o usuário, tendo aprendido a interagir com ele, atinja níveis altos de
produtividade na realização de suas tarefas;
Facilidade de memorização - após um certo período sem utilizá-lo, o
usuário não freqüente é capaz de retornar ao sistema e realizar suas
tarefas sem a necessidade de reaprender como interagir com ele;
Baixa taxa de erros - em um sistema com baixa taxa de erros, o usuário
é capaz de realizar tarefas sem maiores transtornos, recuperando erros,
caso ocorram;
Satisfação subjetiva - o usuário considera agradável a interação com o
sistema e se sente subjetivamente satisfeito com ele.
42
Para Dias (2003) na interatividade com um sistema a eficácia é a principal motivação de uso pelo usuário, pois se este é
fácil de aprender e usar torna-se agradável ao usuário. A eficiência define-se pela quantidade de tempo de resposta do
sistema, tempo total para realizar uma tarefa específica ou a quantidade de erros ocorridos. A satisfação do usuário está
relacionada às percepções, aos sentimentos e as opiniões a respeito do sistema, que podem ser mapeadas a partir de
questionamentos escritos ou orais feitos aos próprios usuários.
63
A autora acrescenta dois novos atributos de usabilidade:
Consistência – tarefas similares requerem seqüências de ações
similares, assim como ações iguais devem acarretar efeitos iguais. Usar
terminologia, layout gráfico, conjunto de cores e fontes padronizados
também são medidas de consistência;
Flexibilidade – refere-se a variedades de formas com que o usuário e o
sistema trocam informações (DIAS, 2003, p.36-37).
Os atributos de usabilidade representam aspectos fundamentais a serem
considerados na construção de ambientes informacionais digitais. O usuário, diante de
interfaces de websites que não consegue utilizar, desiste e busca as informações desejas
em outra página. Nielsen (2000) considera duas regras importantes para o site: ter uma
estrutura e fazer com que ela reflita a visão de seus principais usuários, suas informações e
seus serviços.
Straioto (2002) considera como usabilidade do site a capacidade de uso de
maneira eficiente e o aceite pelo usuário, afirmando que é essencial a criação de uma
interface que o usuário possa navegar com funcionalidade do sistema, com controle e
liberdade na interação de forma compreensível. Entretanto, deve existir um sistema de ajuda
ou de suporte para auxiliar o usuário quanto às dúvidas e as dificuldades que possam surgir
na navegação, assim como o processo de feedback, consistência e clareza visual das
informações. Estes aspectos tendem a aumentar a produtividade do usuário no uso das
informações, reduzir o tempo de navegação e treinamento deste para encontrar o que
necessita no website.
A avaliação do contexto é fator essencial na criação de um ambiente
informacional digital. Para Dias (2003, p. 43) o “levantamento de informações a respeito dos
usuários (potenciais e reais) do sistema, das tarefas que eles realizam e do ambiente onde
ocorre a interação entre usuário e sistema” são condições necessárias para se avaliar a
usabilidade digital.
Nielsen (2000, p.18) pontua diversos aspectos que viabilizam a criação de um
ambiente web com qualidade de uso (usabilidade), entre os quais se destacam o design da
página, o design do conteúdo, o design do site e a acessibilidade para usuários com
diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras. Entre os quais o autor destaca que,
O design do site, contudo, é muitas vezes mais importante para a
usabilidade, pois os usuários nunca chegarão perto de páginas corretas, a
menos que o site seja estruturado de acordo com as necessidades do
usuário e contenha um esquema de navegação que permita às pessoas
descobrirem o que desejam.
Avaliar a usabilidade de um site ou sistema interativo consiste na verificação do
“desempenho (eficácia e eficiência) da interação homem-computador e obter indícios do
64
nível de satisfação do usuário, identificando problemas de usabilidade durante a realização
de tarefas específicas em seu contexto de uso.” (DIAS, 2003, p. 42).
Contudo, aspectos relacionados à usabilidade digital requerem a verificação das
características dos usuários e dos sistemas informacionais. Portanto, no caso da surdez a
avaliação da qualidade de uso dependerá do ambiente digital, seu objetivo e missão, assim
como o público-alvo que pretende atingir e o design do site, com a aplicação de elementos
de acessibilidade para o atendimento das necessidades específicas de seus usuários
potenciais.
3.4 DESENHO UNIVERSAL
O desenho universal (Design for all, Universal Design, Desenho para todos)
constitui-se como “o processo de criar produtos, comercialmente viáveis, que possam ser
usados por pessoas com as mais variadas habilidades, operando em situações (ambientes,
condições e circunstâncias) as mais amplas possíveis” (DIAS, 2003, p. 104). Incorpora-se a
este conceito os espaços, artefatos e produtos que visam atender todas as pessoas
simultaneamente, com diferentes características antropométricas e sensoriais, com
autonomia, segurança e conforto, que se constitui nos elementos ou soluções que compõem
a acessibilidade (BRASIL, 2004a).
Considera-se um projeto baseado no desenho universal como um benefício aos
usuários, que tem sete princípios norteadores, de acordo com o Centro de Design Universal,
da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA) (DIAS, 2003; BRASIL, 2007):
1. Uso eqüitativo: o design é passível de utilização por qualquer grupo de usuários e
oferece as mesmas condições de uso a todos;
2. Flexibilidade no uso: o design atende a uma ampla variedade de usuários,
preferências, habilidades e oferece mais de uma opção de uso;
3. Uso simples e intuitivo: o uso do design é de fácil compreensão, independente da
experiência, conhecimento ou habilidade do usuário;
4. Informação perceptível: o design comunica eficazmente a informação necessária ao
usuário, independente das condições ambientais e habilidades do usuário;
5. Tolerância à falhas: o design minimiza o risco e as conseqüências adversas de
ações involuntárias ou imprevistas;
6. Baixo esforço físico: o design pode ser utilizado de forma eficiente e confortável, sem
gerar fadiga, tarefas repetitivas, manipulações complexas e proposições
desconfortáveis;
65
7. Dimensão e espaço para uso e interação: o design oferece espaços e dimensões
apropriados para interação, alcance, manipulação e uso, independente da
mobilidade, postura e tamanho do corpo do usuário.
Para Dias (2003), além destes princípios, um bom design depende da estética,
custo, segurança, adequação cultural e de gênero, como fatores essenciais no
desenvolvimento de um ambiente baseado no desenho universal.
Nesta dissertação o desenho universal é considerado um princípio que favorece
as condições de acesso às informações digitais. Fator simplificador a ser considerado nos
sistemas de navegação, recuperação e busca por usuários com diferentes condições
sensoriais, lingüísticas e motoras. O desenho universal, em ambiente informacional digital,
requer o planejamento e estruturação da arquitetura da informação digital, com elementos
de acessibilidade e usabilidade aplicados ao atendimento de uma ampla variedade de
usuários potenciais.
O MADAIDI proposto no capítulo 6 desta dissertação visa atender ao desenho
universal na apropriação de elementos de acessibilidade que possibilitem as condições de
acesso e uso a usuários pertencentes a comunidades surdas exigentes e interativas em
especial, embora possa atender a usuários com diferentes condições sensoriais e motoras.
3.5 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS
As tecnologias assistivas (também denominada de Adaptativa ou Ajuda Técnica)
constituem-se em todo recurso tecnológico desenvolvido para permitir o aumento da
autonomia e independência nas atividades domésticas ou ocupacionais de vida diária das
pessoas.
Tecnologias assistivas são os produtos, os instrumentos, os equipamentos e as
tecnologias adaptadas ou projetadas para melhorar a funcionalidade das pessoas,
independente de suas condições sensoriais, mobilidade reduzida ou idade, que deve
favorecer a autonomia pessoal, total ou assistida (BRASIL, 2004a).
A aplicação de tecnologias assistivas envolve uma série de possibilidades do
desempenho humano, como tarefas de autocuidado e atividades de lazer e de trabalho
(NETO; ROLLEMBERG, 2005).
Os autores afirmam que o uso de tecnologias assistivas no Brasil é restrito pelos
seguintes motivos: falta de conhecimento do público usuário a respeito das tecnologias
disponíveis; falta de orientação aos usuários pelos profissionais da área de reabilitação; alto
custo; carência de produtos no mercado; falta de financiamento para pesquisa; ausência de
políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento de tecnologias assistivas, dentre outros.
66
No contexto desta dissertação consideram-se tecnologias assistivas os
softwares pensados, criados e disponibilizados para facilitar a vida das pessoas comd
diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras, em especial minorias lingüísticas,
que valorize a perspectiva bilíngüe da surdez e as formas de representação da Língua de
Sinais como uma língua visual-espacial. Estes softwares, como sistemas computacionais,
visam propiciar aos usuários Surdos, em específico, uma vida independente, produtiva e
autônoma. Os softwares internacionais SignStream e iCommunicator são alguns exemplos
de tecnologias assistivas disponíveis para usuários com problemas auditivos. Para os
demais usuários com problemas visuais existem, por exemplo, softwares leitores de tela, e
para aqueles com mobilidade reduzida softwares que acionam ambientes digitais por meio
do sopro, por exemplo.
3.6 TECNOLOGIAS DIGITAIS
Para Silva (2004) as tecnologias digitais possibilitam a distribuição instantânea e
global de idéias, que envolve mudanças sociais advindas de seus impactos como
desenvolvimento de novas formas de cultura.
No âmbito web, as tecnologias digitais são representadas por softwares web
browsers (agentes do usuário), ferramentas para criação de websites e ferramentas de
validação de acessibilidade web (conformidade com os padrões e guias do W3C/WAI)
(W3C, 2005a).
Portanto, nesta dissertação, as tecnologias digitais representam a infra-estrutura
de sistemas informacionais, preparados para a implantação, alteração e substituição de
recursos de acessibilidade. As tecnologias digitais, em um ambiente projetado no intuito de
atender aos princípios do desenho universal, são recursos tecnológicos e informacionais,
com protocolos de transferência que garantam a interoperabilidade entre sistemas de
informação, além de possibilitar a compatibilidade de softwares e hardwares entre
ambientes informacionais digitais e usuários potenciais.
No ambiente digital, as tecnologias digitais constituem aspectos fundamentais no
tratamento, distribuição, disseminação, acesso e uso de informações. Davenport (1998, p.
218) considera que os domínios das tecnologias de informação possam se expandir e
oferecer opções viáveis aos usuários, tendo como elemento tecnológico-chave o padrão. O
autor considera a arquitetura tecnológica como “padrões [que] asseguram que
computadores e redes possam conectar-se e comunicar-se”. A arquitetura informacional
permite um “amplo acesso à informação e fácil interpretação e uso”. Todavia, “um dos
padrões mais importantes da arquitetura da informação envolve documentos”.
67
Considera-se a aplicação adequada das tecnologias digitais como requisitos
para a criação de ambientes digitais que visam a participação inclusiva, autônoma e
independente de usuários com diferentes condições sensoriais e motoras, em especial de
Surdos. Estas tecnologias compõem a infra-estrutura de um ambiente informacional digital
na organização e disseminação de informações com qualidade de uso.
3.7 ESQUEMA DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO DIGITAL INCLUSIVA (AIDI)
No âmbito da arquitetura da informação, neste capítulo foram considerados os
apontamentos de Rosenfeld e Morville (1998), Nielsen (2000), Straioto (2002) e Camargo
(2004) para o planejamento de um ambiente informacional digital. Para os princípios de
acessibilidade e usabilidade foram estudados Nielsen (2000, 2002), Torres; Mazzoni e
Alves (2002), Dias (2003) e Torres e Mazzoni (2004). Quanto ao desenho universal
considerou-se Dias (2003) e Brasil (2004a, 2007), relacionado às tecnologias assistivas
estudou-se Brasil (2004a), Neto e Rollemberg (2005) e quanto às tecnologias digitais
considerou-se Davenport (1998), Lévy (1999) e Silva (2004).
Os valores conceituais dos termos arquitetura da informação, acessibilidade,
usabilidade, tecnologias assistivas e digitais e desenho universal entrelaçados no
planejamento e estruturação de ambientes digitais visam promover espaços inclusivos.
Assim, na Figura 12 apresenta-se o Esquema da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva
que tem como objetivo apresentar os enlaces entre os princípios que podem promover
ambientes digitais que possibilitem a inclusão digital e social de diferentes tipos de usuários,
em especial de Surdos na perspectiva bilíngüe da surdez.
A acessibilidade, a usabilidade, as tecnologias assistivas ou as digitais
disponíveis, aplicadas no planejamento de uma arquitetura da informação digital,
estruturada em conformidade com o desenho universal são capazes de compor um
ambiente informacional digital inclusivo. Estes elementos e princípios associados, aplicados
e implementados em ambientes informacionais envolvem a estruturação de uma Arquitetura
da Informação Digital Inclusiva.
Com isso, para fins desta dissertação considera-se a Arquitetura da Informação
Digital Inclusiva como o planejamento de ambientes digitais a fim de cumprir missões e
objetivos informacionais e tecnológicos específicos, tendo em vista o atendimento de
usuários potenciais exigentes e interativos, independente de suas condições sensoriais,
lingüísticas e motoras. Esta arquitetura deve mapear e estruturar ambientes informacionais
e tecnológicos com base nos princípios do desenho universal, da acessibilidade, da
usabilidade, de tecnologias assistivas e digitais.
68
Figura 12 Esquema de Arquitetura da Informação Digital Inclusiva
Fonte: Elaborado pela autora
USUÁRIO
ACESSIBILIDADE
DIGITAL
DESENVOLVEDOR
AMBIENTE
INFORMACIONAL
DIGITAL
ARQUITETURA
DA INFORMAÇÃO DIGITAL
INCLUSIVA
USABILIDADE
DIGITAL
PRINCÍPIOS DO
DESENHO
UNIVERSAL
ESTRUTURA DO AMBIENTE
(TECNOLOGIAS ASSISTIVAS
E/OU DIGITAIS)
INCLUSÃO DIGITAL
INCLUSÃO SOCIAL
69
O esquema de Arquitetura da Informação Digital Inclusiva é formado por
princípios fundamentais para a construção de ambientes que promovam as condições de
acesso e uso a diversidade de usuários ao ambiente digital. A apresentação do esquema se
fundamenta nos valores conceituais e elementos capazes de sedimentar a idéia de
participação inclusiva de usuários potenciais em ambientes web, em específico e em
ambientes digitais, em geral.
Neste processo inclusivo, tanto os usuários quanto os desenvolvedores devem
estar envolvidos no processo de desenvolvimento de ambientes informacionais digitais. A
participação de usuários específicos no processo de desenvolvimento de ambientes digitais
torna-se fundamental, considerando-se suas percepções quanto aos elementos de
acessibilidade significativos para a melhoria da usabilidade de sistemas informacionais.
Portanto, os desenvolvedores, ao possibilitarem a participação dos usuários no processo de
estruturação de ambientes digitais possibilitam a criação de interfaces acessíveis e
democráticas, com aplicação de elementos de acessibilidade condizentes com a realidade e
necessidade informacional do público-alvo a que se destina.
Verifica-se, portanto, que a partir do planejamento adequado de uma Arquitetura
da Informação Digital Inclusiva maiores probabilidades de se atingir a diversidade de
usuários potenciais destes ambientes, assim como a possibilidade de promover melhorias
significativas nestes espaços para os usuários interativos reais.
De acordo com Lazarte (2000, p.51):
Inclusão significa acesso físico à infra-estrutura, conexão em rede e
computadores, significa capacitação para utilizar estes meios e significa,
principalmente, a possibilidade de uma incorporação ativa no processo todo
de produção, compartilhamento e criação cultural, os chamados
"conteúdos".
Desta forma, a compreensão, planejamento, aplicação e implementação
conceitual e prática desses elementos e princípios visam promover as condições de acesso
às informações e ao conhecimento registrado a minorias lingüísticas, no caso específico
desta dissertação, via ambientes digitais acessíveis e inclusivos. A inclusão social do sujeito
estigmatizado da Sociedade da Informação tende a efetivar-se por meio da inclusão digital.
Neste capítulo foram destacados aspectos conceituais relacionados à arquitetura
da informação digital com destaque aos sistemas de organização, navegação, rotulagem,
busca, conteúdos informacionais, tipos de documentos e usabilidade digital como a base
para a criação de um ambiente digital acessível. A acessibilidade surge, neste contexto,
como um conjunto de elementos e processos que permitem ampliar as possibilidades e
potencialidades de acesso a usuários de ambientes informacionais digitais, incluindo-se
neste grupo as minorias lingüísticas surdas usuárias das Línguas de Sinais.
70
Com isso, a usabilidade é apresentada como um conceito entrelaçado a
acessibilidade na promoção da qualidade de uso de ambientes informacionais digitais. O
desenho universal associado aos demais conceitos mencionados surge aplicado à criação
de ambientes informacionais digitais para uma ampla proporção de usuários, com um
planejamento direcionado a públicos gerais e específicos, com a implantação de elementos
de acessibilidade adequados às necessidades do usuário e objetivos do ambiente.
Contudo, estes conceitos aplicados à construção de ambientes digitais
promovem o planejamento de uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva, que pode
possibilitar a inclusão digital e social de usuários em ambientes informacionais digitais de
forma autônoma, independente e democrática.
No planejamento e desenvolvimento de um ambiente digital inclusivo devem ser
considerados os aplicativos digitais específicos e disponíveis para o público-alvo almejado.
No Capítulo 4 são apresentados os aplicativos digitais para surdos que podem ser
incorporados ao ambiente informacional digital como opções de ampliação de acesso.
El comercio
43
Francisco José de Goya (1805)
Museo del Prado, Madri
4 APLICATIVOS DIGITAIS PARA SURDOS
43
Fonte: <http://www.mtas.es/Insht/ergaonline/galeriaS19.htm>
72
4 APLICATIOS DIGITAIS PARA SURDOS
Considera-se o ambiente digital como favorável para a implantação de
tecnologias capazes de proporcionar uma melhor acessibilidade a minorias lingüísticas
surdas. Neste contexto, apresentam-se no presente capítulo alguns aplicativos digitais
disponíveis que podem potencializar o acesso e o uso do ambiente informacional digital por
parte de usuários Surdos, em específico.
4.1 DICIONÁRIOS DIGITAIS DE LÍNGUA DE SINAIS
Para Capovilla e Raphael (2001) os dicionários digitais de Línguas de Sinais
possuem uma larga divulgação desta língua visual-espacial, independente do país e da
nacionalidade de seu usuário. Atualmente existem vários dicionários digitais disponíveis em
CD-ROM ou na rede de computadores de acesso livre on-line. Os destaques às interfaces
de dois dicionários de LIBRAS on-line e um em CD-ROM, visam apresentar as
possibilidades de aplicação de tecnologias hipermídia em conteúdos disponíveis em
interfaces para Surdos e ouvintes aspirantes ao aprendizado da LIBRAS.
4.1.1 DICIONÁRIO LIBRAS.COM
44
O Dicionário LIBRAS.com, disponível gratuitamente pela Internet, possui sistema
de busca organizado em ordem alfabética e por categorias. A recuperação da informação
ocorre por meio da visualização do vídeo do sinal selecionado pela palavra em português
escrito. Em algumas telas, abaixo da sinalização em vídeo há a descrição do sinal em
SignWriting e acepção da palavra. O resultado da busca aparece no centro da tela,
conforme Figura 13.
44
O Dicionário de LIBRAS.com tem como objetivo a divulgação em larga escala da LIBRAS, assim como o desenvolvimento
de material didático lúdico e a sua utilização on-line. Além disso, pretende atingir, por meio da Internet, todos os pontos do
Brasil por mais distantes e inacessíveis que sejam na divulgação da Língua de Sinais. Os criadores da interface compõem
uma equipe multidisciplinar nacional que coopera entre si e centraliza as informações no próprio website. A primeira etapa
do trabalho enfatizou o desenvolvimento de material educativo com a forte presença da LIBRAS. A Federação Nacional
para Educação e Integração de Surdos (FENEIS) foi um dos colaboradores incondicionais deste projeto. Disponível em:
<http://www.dicionariolibras.com.br/>. Acesso em: 20 ago. 2006.
4 APLICATIVOS DIGITAIS PARA SURDOS
73
Figura 13 Dicionário LIBRAS.com
Fonte: <http://www.dicionariolibras.com.br/website/dicionariolibras/dicionario.asp?cod=124>.
Acesso em: 20 ago. 2006.
Cada categoria representada na Figura 13 apresenta o número de palavras
sinalizadas em LIBRAS disponíveis em seu banco de dados. Desta forma, encontram-se
disponíveis um total de 58 categorias e 1927 sinais no vocabulário. Observa-se que, a partir
da comparação com o levantamento de Fusco (2004), houve uma ampliação relevante no
vocabulário e nas categorias do dicionário. Em 2004 existiam apenas 15 categorias de
opções de busca ao usuário.
Todavia, a visualização do sinal em LIBRAS torna-se prejudicada pelo espaço
disponível pelo instrutor em sua apresentação. O sinal é cortado na projeção do vídeo por
não haver um espaço de visualização da filmagem apropriado para a realização do
movimento completo. Este aspecto pode ser caracterizado como um problema, uma vez que
o usuário se perde na realização do movimento no aprendizado do sinal em LIBRAS. Torna-
se necessário ampliar o espaço de visualização da filmagem do sinal para que este
problema não prevaleça e continue prejudicando a usabilidade do sistema.
Além disso, o sinal apresentado em vídeo repete inúmeras vezes ao usuário,
sem que este tenha controle sobre a apresentação, o que se torna um outro problema a ser
destacado. O usuário que está aprendendo a LIBRAS perde-se, uma vez que não identifica
com clareza se é necessário repetir o movimento para representar o sinal desejado. Assim,
considera-se fundamental haver ferramentas do sistema capazes de promover o controle do
vídeo pelo usuário, a fim deste manipular seu espaço-tempo de aprendizagem e
visualização completa do movimento em LIBRAS, considerado um recurso de acessibilidade
a ser adicionado nesta interface.
Outro problema identificado refere-se à incompatibilidade entre hardware e
software na não visualização do SignWriting na interface, mediante o uso de tecnologia
74
recente, conforme apresentado na Figura 13. Da mesma forma, não são todas as palavras
que apresentam a sua acepção descrita. Estes são problemas relevantes que precisam ser
revistos pelos criadores deste ambiente digital. Portanto, considera-se necessário utilizar
tecnologias de desenvolvimento adequadas e flexíveis para a criação de ambientes digitais
acessíveis. Assim, usuários com hardwares e softwares antigos e recentes podem acessar o
ambiente adequadamente, não prejudicando a acessibilidade e usabilidade do dicionário.
4.1.2 DICIONÁRIO DIGITAL BILÍNGÜE DA LIBRAS
45
O Dicionário Digital Bilíngüe da Língua Brasileira de Sinais encontra-se
disponível na Internet, de livre acesso e também em CD-ROM. O desenvolvimento deste
ambiente contou com o apoio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE
– MEC) e da Secretaria de Educação Especial (SEESP) do Ministério da Educação e
Cultura (MEC) e teve a primeira versão concluída em março de 2001.
Na Figura 14 visualiza-se a tela do Dicionário Digital Bilíngüe da LIBRAS com
destaque aos sistemas de busca e a recuperação da informação solicitada. Vale destacar
que o ajuste no tamanho da tela pelo usuário pode ser considerado um elemento de
acessibilidade, de acordo com as condições sensoriais do usuário. Na margem inferior da
tela encontram-se os créditos, concepção, metodologia e orientações de como adquirir o
conteúdo do dicionário em CD-ROM (“LIBRAS em cd”).
45
O projeto do Dicionário Digital da Língua Brasileira de Sinais teve inicio em agosto de 1997 durante a observação de
alunos Surdos do INES (projeto - "O Surdo e o Mundo") na utilização da Internet em ambientes virtuais de conversação
(Chats) disponibilizadas na rede interna do instituto. Com a observação dessas conversas verificou-se que os alunos
Surdos possuíam facilidade e aderência às novas tecnologias de informação e comunicação, mas possuíam uma grande
defasagem na aquisição da Língua Portuguesa. Esta defasagem lingüística limitava o acesso dos alunos e a interatividade
pela Internet no que consistia a troca de informações. Desta forma, inspirados por uma experiência canadense, os
idelaizadores do projeto de construção do dicionário, começaram a implementar o projeto Português x LIBRAS. Os
idealizadores do dicionário se preocuparam em formar uma equipe multidisciplinar de especialistas nas áreas de lingüística
com conhecimento da LIBRAS, lexicografia, informática; Surdos que tivessem um ótimo domínio em LIBRAS e
conhecessem bem a Língua Portuguesa, que já tivessem participado de pesquisa ou estivessem envolvidos com a
educação de Surdos para a implementação do projeto (LIRA; FELIPE, 2006). Disponível em:
<http://www.acessobrasil.org.br/libras/>. Acesso em: 20 ago. 2006.
75
Figura 14 Sistema de busca e recuperação - Dicionário Digital Bilíngüe
Fonte: <http://www.acessobrasil.org.br/libras/>. Acesso em: 20 ago. 2006
As opções de busca pelo vocabulário em LIBRAS apresentam-se por ordem
alfabética, por assunto, pela configuração de mão e por meio de palavras-chave. Observa-
se na margem superior da figura anterior o alfabeto em Língua Portuguesa para orientar o
usuário na busca alfabética. Na busca por assunto o usuário tem uma lista de opções que
aparece no campo “assunto”. A busca por palavra-chave pode ser refinada, localizando-a
individualmente, por acepção, exemplo ou assunto, com campo específico para busca, além
de mostrar o número de ocorrências disponíveis. A busca por configuração de mão ocorre
em outra tela do sistema, em destaque na Figura 15.
Figura 15 Sistema de busca pela configuração de mão - Dicionário Digital Bilíngüe
Fonte: <http://www.acessobrasil.org.br/libras/>. Acesso em: 20 ago. 2006
76
O resultado da busca, independente do mecanismo utilizado, apresenta o sinal
em vídeo, que pode ser visualizado pelo usuário quantas vezes desejar. A tela é divida em
quatro partes (frames): da esquerda para a direita da tela visualiza-se o assunto (contém
informações diante da busca por assunto no sistema); palavras e exemplo (apresenta a lista
de vocabulários do banco de dados e um exemplo em português); acepção e exemplo em
LIBRAS (mostra o sentido do termo em sua significação e um exemplo em português escrito
da palavra estruturado em LIBRAS); vídeo, classe gramatical, origem e mão (simulação do
sinal recuperado na busca, classe gramatical a que pertence, origem da palavra e a
configuração de mão predominante na execução do sinal). Em toda recuperação e busca, a
palavra escolhida aparece em destaque na tela principal (Figura 14).
A interface do Dicionário Digital da Língua Brasileira de Sinais apresenta-se com
mais elementos e recursos de navegação que o dicionário LIBRAS.com. Todavia, neste
ambiente destaca-se como problema de arquitetura da informação, a organização e
rotulagem do sistema de busca, capaz de prejudicar a acessibilidade e usabilidade do
dicionário. Embora envolva um repertório amplo para o usuário, verificou-se pouca clareza
na rotulagem e na organização visual na interface. O usuário precisa explorar várias vezes o
sistema para descobrir qual opção atenderá melhor suas necessidades. O rótulo “Mão” para
o usuário inexperiente torna-se pouco significativo, sendo ideal e mais apropriada a
rotulagem “Configuração de Mão”. Da mesma forma, a palavra “Busca” surpreende o
usuário ao aparecer um frame adicional na tela, subtende-se que os demais sistemas não
compõem a busca, quando na realidade esta rotulagem apresenta ao usuário mais uma
opção de pesquisa, que poderia ser intitulada como “Busca Avançada”, por exemplo.
4.1.3 DICIONÁRIO LIBRAS ILUSTRADO
O Dicionário LIBRAS Ilustrado do Governo do Estado de São Paulo, lançado em
2002 e distribuído gratuitamente por solicitação via e-mail <[email protected]>. O dicionário
foi elaborado por meio do Programa Acessa São Paulo e tem como objetivo diminuir ao
máximo a exclusão digital. Produzido em CD-ROM, o dicionário tem 43.606 verbetes, 3 mil
vídeos, 4,5 mil sinônimos e cerca de 3,5 mil imagens.
O sistema de busca do vocabulário em LIBRAS pode ser realizada por palavra,
categoria e uma lista geral de termos. Há disponíveis aos usuários explicações sobre os
tempos verbais e as conjugações dos verbos pesquisados. O resultado da busca apresenta-
se em vídeo, com ferramentas do sistema para controle do usuário na visualização do sinal
em LIBRAS, significado da palavra recuperada, ilustração (imagem) e sinônimos do termo. A
77
palavra recuperada apresenta-se em destaque no centro da tela para melhor visualização
do usuário (Figura 16).
Figura 16 Interface do Dicionário LIBRAS Ilustrado
Fonte: São Paulo (2005)
O dicionário apresenta recursos adicionais ao usuário, em comparação aos
ambientes dos dicionários digitais analisados anteriormente, entre os quais destacam-se:
Tempos Verbais, Pesquisa por Aproximação ou Exata, Imagem e Sinônimos. Estes recursos
permitem ampliar ao usuário as possibilidades de aprendizado sobre o português escrito e
contexto de uso de determinados termos em LIBRAS.
No entanto, identificou-se um problema de acessibilidade e usabilidade no
dicionário. Na busca exata pela palavra “acesso”, o sistema destaca o termo na “lista geral”
e apresenta ao usuário outro vídeo e imagem, neste caso “admissão”. Os sinônimos
apresentados (“acesso” e “ingresso”) referem-se ao termo “admissão” e não ao termo de
pesquisa descrito pelo usuário, conforme se constata na Figura 16. Qualquer palavra dada
como sinônimo nesta tela apresenta o mesmo significado, vídeo e imagem do termo
“admissão”. Assim, considera-se este um aspecto que pode comprometer a acessibilidade,
a usabilidade e a pesquisa pelo usuário, que busca um termo e recupera outro, tanto em
relação ao sinal em LIBRAS quanto ao significado do termo, sinônimos possíveis e
representação em imagem.
Sugere-se que os responsáveis pelo CD-ROM revejam os recursos que
compõem o dicionário para melhor atender as necessidades informacionais de seus
usuários, com informações consistentes. Vale destacar a necessidade de flexibilizar ajustes
de conteúdo a diferentes tamanhos e configurações de tela, para melhorar a visualização da
interface do sistema pelo usuário.
78
4.1.4 SIGN DIC
O SIGN DIC é o protótipo
46
de ferramenta computacional com recursos
hipermídia para geração de dicionários bilíngües. O objetivo principal do sistema é oferecer
aos usuários Surdos uma ferramenta facilitadora do processo ensino-aprendizagem da
própria Língua de Sinais e da língua escrita, além de estimular usuários ouvintes ao
aprendizado da Língua de Sinais.
A ferramenta foi desenvolvida no mestrado em Computação por Macedo (1999),
motivada pela inexistência de dicionários e pela escassez de softwares educacionais
apropriados a pessoas Surdas. O SIGN DIC apresenta-se como um sistema de uso geral
que possibilita construir dicionários aplicáveis a qualquer Língua de Sinais e língua oral-
auditiva. Este aspecto caracteriza o sistema como aberto, de forma a respeitar as influências
e diferenças culturais e regionais de determinada comunidade de Surdos refletidas em sua
própria língua.
Figura 17 Tela principal do SIGNDIC – ordenação por grupos de mão
Fonte: Macedo (1999)
Os dicionários gerados pelo SIGN DIC podem ser organizados de acordo com as
suas características gestuais, através da descrição de suas estruturas internas ou de acordo
com a ordenação alfabética dos seus respectivos significados na língua oral-auditiva, como
visualizado nas Figuras 17 e 18. Assim, a consulta de sinais nos dicionários pode ser feita
46
Protótipo é um produto que ainda não foi comercializado, mas está em fase de testes ou de planejamento. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Prot%C3%B3tipo>. Acesso em: 20 mar. 2007.
79
através da língua oral-auditiva ou da Língua de Sinais. O sistema de escrita SignWriting
oferece uma notação gráfica para os sinais e foi utilizada para representar os sinais nos
dicionários. Por suas representações serem estruturas computacionais geram imagens
facilmente editadas, alteradas e reaproveitadas.
A interface do sistema apresenta recursos hipermídia que podem ser utilizados
de forma interativa, onde o usuário torna-se parte integrante do sistema, influenciando
diretamente no seu rendimento.
Figura 18 Tela principal do SIGNDIC – ordenação por letras
Fonte: Macedo (1999)
O SIGN DIC visa estimular a aquisição da escrita pelos Surdos, de maneira a
facilitar o acesso à informação, à cultura, ao intercâmbio e ao trabalho. Além disso, o uso do
computador pelo Surdo não somente desmistifica estereótipos, como fortalece sua
autoconfiança e autonomia, de acordo com Macedo (1999). O desenvolvimento de
softwares apropriados aos Surdos permite que eles possam se desenvolver inseridos em
experiências enriquecedoras no processo de informatização da sociedade.
4.1.5 X-LIBRAS
Diante da diversidade de recursos tecnológicos utilizados para melhorar a
comunicação entre as pessoas, a realidade virtual surge, na tridimensionalidade das
Línguas de Sinais, como recursos avançados de interface, como um ambiente que
possibilita um realismo virtual de interação dos sentidos humanos.
80
Para Fusco (2004) um ambiente virtual possui vantagens sobre a interação
homem-computador a partir de qualquer ângulo com as alterações em tempo real. Os
ambientes virtuais podem facilitar o entendimento, aprendizado e a comunicação entre os
usuários da Língua de Sinais, com estrutura lingüística marcada pelo tridimensional.
O mestrado de Fusco (2004) apresenta o protótipo de uma tecnologia de
armazenamento e intercâmbio de informações dos sinais da LIBRAS por meio do
vocabulário X-LIBRAS, que visa facilitar o desenvolvimento de novas ferramentas e
aplicações computacionais na área de comunicação visual-espacial. O vocabulário referido
pelo autor pode se adaptar às mudanças naturais que ocorrem na LIBRAS, sendo tal
recurso facilitado pela tecnologia XML em sua natureza auto-descritiva flexível a alterações
necessárias nos vocabulários.
Figura 19 Ambiente virtual X-LIBRAS
Fonte: Fusco (2004)
O desenvolvimento do protótipo do ambiente virtual por Fusco (2004), ilustrado
na Figura 19, objetivou apresentar aos pesquisadores, usuários e qualquer pessoa a
natureza dos sinais da LIBRAS, assim como encontrar um meio amigável e eficiente de
interface homem-computador. Para o autor, a implementação do protótipo atendeu aos
principais aspectos de um sistema de realidade virtual: sintético, com a geração do sinal em
tempo real por um computador e no realismo, no qual o avatar atendeu às necessidades de
realização do sinal, identificando o sinal como se uma pessoa real estivesse realizando-o
graças à tecnologia pesquisada e o padrão H-Anim na implementação das rotinas de
animação no avatar.
81
4.2 COLEÇÃO CLÁSSICOS DA LITERATURA EM LIBRAS/PORTUGUÊS EM CD-ROM
47
A “Coleção Clássicos da Literatura em LIBRAS/Português em CD-ROM”,
comercializável pela Editora Arara Azul, visa apresentar às crianças e aos jovens Surdos
uma coletânea de clássicos da literatura universal. O trabalho é fruto de pesquisa de
doutorado desenvolvida por Clélia Regina Ramos, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), juntamente com representantes da comunidade surda e dos mais
importantes centros de pesquisa sobre educação de Surdos. A iniciativa deste projeto é
pioneira no mundo, no que consiste a textos clássicos da literatura em CD-ROM
interpretados em LIBRAS.
A coleção encontra-se disponível no site da Editora Arara Azul
48
para que o
usuário efetue a compra do produto, que atualmente tem dez volumes: I – Alice no País das
Maravilhas, de Lewis Carroll; II – Iracema, de José de Alencar; III – As Aventuras de
Pinóquio, de Carlo Collodi (1883), roteiro adaptado por Luiz Carlos Freitas; IV – A História
de Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, roteiro adaptado por Luiz Carlos Freitas; V – O Velho
da Horta, de Gil Vicente; VI – O Alienista, de Machado de Assis; VII – O Caso da Vara, de
Machado de Assis; VIII – A Missa do Galo, de Machado de Assis; IX – A Cartomante, de
Machado de Assis; X – O Relógio de Ouro, de Machado de Assis.
Para ilustrar as interfaces desses ambientes hipermídia informacionais são
apresentadas algumas telas dos CDs-ROM Alice no País das Maravilhas, Iracema e As
Aventuras de Pinóquio para visualizar o formato da apresentação e acesso ao conteúdo
literário disponível.
47
A “Coleção Clássicos da Literatura em LIBRAS/Português em CD-ROM” foi publicada em 2003 pela Editora Arara Azul
em parceria com a Internacional Business Machines Corporation (IBM) e com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de
Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (FAJERJ) e do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Existem
trabalhos de narração de histórias infantis em vídeo realizadas pelo INES e pela LSB Vídeo, mas em CD-ROM hiperimídia é
pioneiro. Os desenvolvedores da coleção declaram que o trabalho realizado destina-se basicamente ao público Surdo, não
tendo a intenção do aprendizado da LIBRAS por ouvintes ou por Surdos, sendo esta uma proposta para outro material.
48
Disponível em: <http://www.editora-arara-azul.com.br>. O custo de cada CD-ROM está em torno de R$ 19,00 mais R$
7,00 de frete. O projeto contou com parcerias e financiamentos que possibilitaram a distribuição limitada e gratuita de seus
volumes a instituições que atendam ou pessoas, mediante solicitação, envolvidas com a educação de Surdos.
82
Apresentação da história
Sumário da história
Figura 20 Interface de “Alice no país das Maravilhas”
Fonte: Carroll (2003)
A Figura 20 mostra a interface de uma tela intermediária do sistema, que
apresenta o sumário da história “Alice no País das Maravilhas” dividido em doze capítulos.
Para sair desta página o usuário tem ferramenta do sistema disponível na margem superior
esquerda da tela. O conteúdo da história é narrado em LIBRAS e é direcionado a um
público-alvo infanto-juvenil, que requer do usuário um contato mais amplo com a LIBRAS e
com algumas expressões específicas trabalhadas no contexto lingüístico da história. Ainda
nesta figura visualiza-se o vídeo de narrativa em Língua de Sinais, que o usuário controla
por meio de ferramentas do sistema (parar, pausar, adiantar, retroceder e iniciar) na
interação com a interface. No lado direito o usuário tem acesso ao conteúdo da história em
texto escrito em português.
83
Figura 21 Interface de “Iracema”
Fonte: Alencar (2003
)
Antes de iniciar a narrativa da história, o usuário pode se familiarizar com os
sinais específicos do contexto narrado. Na Figura 21 é mostrado o ambiente digital de
apresentação dos personagens e lugares que compõem o contexto de “Iracema”. A
apresentação em vídeo possibilita ao usuário visualizar a palavra e o seu sinal
correspondente de forma dinâmica. Embora com layout diferenciado da Figura 20,
apresenta ferramentas de controle de tempo de interação entre usuário e sistema. Para
acessar o conteúdo da história o usuário deve clicar com o mouse na palavra “Iracema”
localizada na margem superior esquerda da tela.
A narrativa da história “Iracema” apresenta-se em LIBRAS ao usuário e em texto
escrito em Língua Portuguesa. O usuário pode controlar a interação com o sistema de forma
hipertextual pelos trinta e dois capítulos que compõem o conteúdo completo da história,
conforme apresentado na Figura 21. Na margem superior esquerda encontra-se o link de
acesso aos capítulos da história e ao glossário de cada um deles. Para sair do sistema o
Apresentação em
vídeos dos
personagens e lugares
Narrativa da história
em Língua de Sinais
84
usuário deve clicar na folha localizada na margem inferior direita da tela, recurso não
visualizado de forma clara no ambiente digital.
“As aventuras de Pinóquio” é um clássico da literatura direcionado ao público-
alvo infantil. O CD-ROM tem diversos recursos para o trabalho pedagógico, jogos, glossário,
história para impressão e visualização em LIBRAS.
Figura 22 Apresentação da história “As aventuras de Pinóquio”
Fonte: Collodi (2003)
Assim como em todos os CDs da coleção, a narrativa da história ocorre em
LIBRAS e é disponibilizado ao usuário o texto escrito em português (Figura 22). A história
apresenta-se dividida em oito capítulos, acessados de forma hipertextual, com diferentes
recursos visuais ilustrativos a cada seção. O sistema disponibiliza ferramentas de controle
para o usuário interagir livremente com o conteúdo. Em todas as telas visualizam-se links de
acesso a jogos, menu principal e saída do sistema.
Todos os CDs-ROM da coleção possuem histórias narradas em LIBRAS por
meio de vídeos dinâmicos com texto escrito em português. Por meio deste material, os
Surdos têm oportunidade de conhecer e desfrutar de textos produzidos por autores
clássicos nas duas línguas: LIBRAS e português escrito, com as quais interagem e se
deparam cotidianamente na perspectiva bilíngüe.
Narrativa da história
em Língua de Sinais
Conteúdos dos CD-ROM
85
Os responsáveis pelo projeto destacam que a tradução cultural dos textos têm o
objetivo de apresentar para os Surdos uma possibilidade de acesso a literatura de maneira
compreensível em LIBRAS. As diferenças da língua oral-auditiva e da Língua de Sinais
dificultam a tentativa de tradução “literal” de um texto. Desta forma, pretenderam realizar a
interpretação dos textos em LIBRAS o mais fiel possível ao original escrito.
Este material é muito importante no processo de inclusão digital, social e escolar
dos Surdos, pois possibilita sua participação inclusiva na sociedade por meio do acesso à
literatura clássica com independência e autonomia. Por outro lado, foram identificados
alguns problemas de arquitetura da informação capazes de comprometer a acessibilidade e
usabilidade do material.
No CD-ROM “Alice no país das Maravilhas” o sistema de saída da interface não
está visível ao usuário e a apresentação do vídeo pode explorar mais espaço no ambiente.
Em “Iracema” há dificuldade em transitar de uma tela para outra, o usuário não
visualiza de forma clara o procedimento que o levará ao conteúdo da história (clique no título
da história). Este aspecto pode ser considerado um problema de acessibilidade
caracterizado pela rotulagem inadequada de um link que compõe a arquitetura da
informação. O mesmo problema ocorre no sistema de saída da interface, o usuário precisa
explorar todo o ambiente para perceber que embaixo da folha no canto direito inferior da tela
está o link de saída (Figura 21).
Na história “As aventuras de Pinóquio” identificou-se como problema relevante a
forma de apresentação de cada capítulo, conforme Figura 22 As letras que formam a
palavra “Capítulo” surgem da direita para a esquerda na tela, quando a norma da escrita
portuguesa requer que seja escrito da esquerda para a direita. Considera-se este efeito um
problema de planejamento na arquitetura da informação, pois este elemento de interface
pode dificultar ou confundir a criança Surda, devido a sua faixa etária, fase de escolarização
e as dificuldades de aquisição da língua escrita.
Um aspecto geral a ser pensado refere-se à implantação de recursos hipermídia
com áudio ao sistema. O vídeo em LIBRAS e o texto escrito em português configuram um
grande avanço no que consiste a acessibilidade digital para Surdos, entretanto a adição do
áudio na interface compõe um elemento inclusivo, que visa ampliar a proporção de usuários
destes ambientes literários digitais.
86
4.3 SIGNSTREAM
49
O SignStream é uma ferramenta desenvolvida por Neidle et al. (2002), como
parte do American Sign Language Linguistic Research Project com o apoio da National
Science Foundation.
A ferramenta tem como objetivo ampliar a base de dados do código da Língua
de Sinais Americana (American Sign Language – ASL) para estudantes Surdos e ouvintes,
professores e lingüistas que precisem de tradução em Língua de Sinais. Com código aberto,
o SignStream faz uma análise de dados lingüísticos capturados em vídeo, divide-os em
diversos segmentos e traduz cada um desses para a Língua de Sinais Americana de acordo
com o contexto (Figura 23).
Figura 23 Sistema SignStream
Fonte: <http://www.bu.edu/asllrp/SignStream/>. Acesso em: 17 mar. 2007
O sistema pode ser utilizado para o estudo de outras Línguas de Sinais e de
componentes gestuais de línguas faladas. Por meio do SingStream o usuário pode alterar o
tamanho da tela e realizar outras configurações. Essa ferramenta permite que múltiplos
usuários realizem de forma simultânea e assíncrona a tradução de um mesmo vídeo de
forma detalhada (Figura 24).
49
Disponível em: <http://www.bu.edu/asllrp/SignStream/>. Acesso em: 17 mar. 2007.
87
Figura 24 Ferramentas de controle do SignStream
Fonte: MacLaughlin et al. (2000, p. 7-10)
Na Figura 24 são destacados o controle da mídia e a visualização do vídeo pelo
sistema. O usuário configura o sistema, manipulando a mídia de acordo com o discurso e
suas necessidades, tendo como opções a divisão em três partes baseadas em suas
funcionalidades. No vídeo o usuário tem quatro possibilidades de arquivos que podem ser
associados ao discurso e visualizados de forma sincronizada e configurados pelo usuário,
conforme ilustrado à direita da figura anterior.
Figura 25 Funcionalidades das ferramentas do SignStream
Fonte: MacLaughlin et al. (2000, p. 13)
Além destas ferramentas, a transcrição do discurso pelo sistema pode ser
manipulada pela janela de informações com suas respectivas ferramentas, conforme
ilustrado na Figura 25.
Como SignStream tem um suporte de código de dados associado com as
diferentes narrativas, trabalha com múltiplos participantes, em um plano de transparência
controlado por ferramentas específicas do sistema, identificadas na parte inferior da Figura
23. A base de dados dos sinais correspondentes às palavras das histórias não permitem a
adição de sinais ao sistema.
88
O SignStream simplifica o processo de transcrição e aumenta a exatidão das
transcrições, devido à ligação de eventos lingüísticos com as divisões dos vídeos, que
realçam as habilidades do investigador na execução de análises lingüísticas diversas.
4.4 ICOMMUNICATOR
50
O iCommunicator é um software proprietário americano que promove a
comunicação independente de pessoas Surdas. É considerado motivador ao crescimento da
alfabetização entre os Surdos, pelas possibilidades de tradução em tempo real para o
Inglês: da fala para o texto, da fala/texto para vídeo em Língua de Sinais e da fala/texto para
voz gerada no computador, de acordo com Figura 26.
Figura 26 Interface do iCommunicator
Fonte: <http://
www.sforh.com/communication/icommunicator.html >. Acesso em: 05 abr. 2006
Em conformidade com informações descritas no website do produto, o software
é eficiente na comunicação, promove igualdade de acesso às informações, possibilita
acesso a Língua de Sinais, expande as oportunidades de sucesso na educação e no
trabalho, melhora a independência e auto-confiança do Surdo, fornece qualidade de vida.
Entretanto, o maior benefício que o programa oferece relaciona-se a acessibilidade e
independência dos usuários em diversos ambientes por meio de sua revolucionária
tecnologia.
Este sistema foi desenvolvido para remover barreiras de comunicação, promover
o desenvolvimento da pessoa Surda por meio do uso livre da Língua de Sinais Americana
no cultivo do enlace entre escrita, fala e sinais, além de se caracterizar com uma tecnologia
apropriada para Surdos entre outros usuários.
50
Disponível em: <http://www.icommunicator.com/>. Acesso em: 30 abr. 2006.
89
4.5 SIGNWRITING NO AMBIENTE DIGITAL
A aplicação da escrita dos sinais tem conquistado espaços mais amplos e
apresenta-se no âmbito digital, por meio da criação de softwares capazes de criar e usar a
escrita de uma língua visual-espacial, em diversos ambiente da Internet (páginas web, bate-
papo, e-mail, apresentação de conteúdos digitais).
Em 2004, acorreu o Workshop on the representation and processing of Sign
Languages from SignWriting to image processing em Lisboa, Portugal. Neste evento foram
divulgados diversos softwares que foram pensados, projetados e desenvolvidos
privilegiando o SignWriting
51
. Dentre os softwares apresentados neste workshop
destacaram-se: SignText (para criação de documentos), SignPuddle (criação de
dicionários), SignBank (criação de bases de dados), IMWA (Alfabeto em SignWriting em
movimento), SWML (SignWriting Markup Lang) entre outros, incluindo-se produtos
nacionais.
Campos (2002) analisou e orientou o desenvolvimento de alguns softwares
como possibilidades de uso do Signwriting no ensino e aprendizagem da Língua de Sinais e
da escrita por Surdos e ouvintes, entre os quais se destaca o Pacote SIGN
52
com os
seguintes produtos: SIGNED, SIGNSIM, SIGNHTML, SIGNTALK, SIGNMAIL, que serão
detalhados a seguir.
4.5.1 SIGNED
O SIGNED é um editor de Língua de Sinais que permite a escrita através do
alfabeto manual, bem como a edição de um sinal novo informando as configurações e os
elementos envolvidos: dedos, mãos, braços, pulsos e expressão facial e sua seqüência para
formar o sinal, conforme ilustra a Figura 27.
51
Em artigo disponível em <http://www.signwriting.org/.../archive/softarc12.html> encontram-se vinte e sete destes
programas com suas sinopses, razões que levaram ao seu desenvolvimento, resumos e opiniões. Acesso em: 03 jul. 2007.
52
Conta com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Disponível em: <http://gies.inf.pucrs.br/index.php?pg=creditos_m>.
Acesso em: 25 nov. 2006.
90
Figura 27 Funcionalidades dos botões da interface do editor 3D
Fonte: <http://
gies.inf.pucrs.br/index.php?pg=creditos_m>. Acesso em: 21 nov. 2006
O editor para escrita de sinais contribui para a padronização da escrita da Língua
de Sinais por se configurar como uma ferramenta favorável para educadores e lingüistas na
análise da apropriação da Língua de Sinais dos Surdos. A ferramenta contribui para a
produção de literatura escrita por possibilitar a gravação e impressão de textos em Língua
de Sinais.
4.5.2 SIGNSIM
O SIGNSIM é uma ferramenta para a tradução da LIBRAS para a Língua
Portuguesa e vice-e-versa. O diferencial desta ferramenta em relação a outros tradutores é
que o usuário pode criar o sinal e editá-lo em animação 3D.
A ferramenta em destaque na Figura 28 tem duas opções de módulos de
trabalho. A primeira refere-se a escrita da língua oral-auditiva, que o usuário escreve a
palavra a fim de obter sua tradução. A segunda trata da escrita da Língua de Sinais, que o
usuário poderá pesquisar um sinal na base de dados e se não encontrar o sinal desejado
poderá criá-lo para depois traduzi-lo para a escrita.
91
Figura 28 Módulo da escrita da língua oral-auditiva
Fonte: <http://
gies.inf.pucrs.br/index.php?pg=creditos_m>. Acesso em: 21 nov. 2006
O sistema funciona como um tradutor semi-automático ou assistido, devido às
ambigüidades léxico-morfológicas da língua, que dependem da intervenção do usuário.
Estas ambigüidades podem ocorrer durante o processo de tradução diante de mais de um
sinal para uma mesma palavra, mais de uma palavra para um mesmo sinal, nenhum sinal
para uma palavra, ou nenhuma palavra para um determinado sinal.
4.5.3 SIGNHTML
O SIGNHTML é um editor HTML para construção de sites com suporte à escrita
de Língua de Sinais. Este editor HTML funciona tanto para a criação quanto para edição de
uma página já existente. Ao abrir a janela do editor HTML encontram-se as funcionalidades
do SIGNHTML comuns a outros editores de arquivos HTML.
O editor para construção de documentos em HTML, permite a interação e a
construção de materiais tanto na Língua Portuguesa quanto em LIBRAS. Apresentam-se
como público-alvo deste editor as pessoas que queiram desenvolver páginas na web
utilizando a escrita de sinais. Não há necessidade de conhecer a LIBRAS para utilizar o
sistema, pois o SIGNHTML tem uma base bilíngüe de sinais em LIBRAS e de palavras em
português.
92
4.5.4 SIGNTALK
O SIGNTALK viabiliza o processo de comunicação a distância com
funcionalidades e interface que visam atender às necessidades específicas de usuários
Surdos. Caracteriza-se como uma ferramenta de bate-papo on-line que possibilita a
comunicação à distância entre seus usuários, com similaridade a uma ferramenta de chat,
embora apresente como diferencial o suporte à utilização de Língua de Sinais nas
interações.
Figura 29 Tela principal do SIGNTALK
Fonte: <http://
gies.inf.pucrs.br/index.php?pg=creditos_m>. Acesso em: 21 nov. 2006
Ao entra em uma sala do SIGNTALK o usuário poderá participar imediatamente
da conversa, por meio da interface do sistema ilustrada na Figura 29. Nesta figura
visualizam-se: a barra de menu principal e de ferramentas de edição de mensagem,
usuários conectados na sala, áreas de bate-papo e de edição da mensagem.
A ferramenta de chat pretende possibilitar aos usuários a reflexão sobre seus
conhecimentos, confrontá-los e modificá-los em atividades de grupo. Para tanto, busca-se
possibilitar ao usuário o aprendizado com outro usuário, por meio de trocas e conflitos sócio-
cognitivos em ambiente propício para a construção de conhecimentos e acesso às
informações. Esta ferramenta pode ser utilizada como recurso para o aprendizado da
LIBRAS e do português escrito, para troca de informações e intercâmbio cultural entre a
comunidade surda e a ouvinte.
93
4.5.5 SIGNMAIL
O SIGNMAIL é uma ferramenta para envio de e-mail com suporte à escrita de
Língua de Sinais. O usuário pode ver os e-mails recebidos por qualquer ferramenta de
correio eletrônico, entretanto, toda mensagem enviada por meio do SIGNMAIL é destaca
pela frase padrão: “Este email foi enviado através do software SIGNMAIL desenvolvido na
PUCRS em 2003 – v.0.3.2” e um anexo em formato Format Rich Test (RTF).
A tela principal do sistema, que foi elaborado como uma aplicação independente,
embora integrada à ferramenta SIGNTALK proporciona ao usuário do chat a possibilidade
de envio por e-mail de seu diálogo, de forma simples e rápida, para troca de informações e
intercâmbio cultural entre a comunidade surda e a ouvinte.
Campos (2002) ressalta que o SIGNED, o SIGNSIM e o SIGNHTML foram
desenvolvidos para apoiar atividades assíncronas. Já o SIGNTALK visa proporcionar um
ambiente apropriado para a interação social, comunicativa e lingüística onde os usuários
possam compartilhar experiências, trocar idéias, interagir e desenvolver trabalhos conjuntos,
de forma síncrona.
Além dos sistemas do Pacote Sign existem outras iniciativas relacionadas ao
SignWriting em ambientes digitais, entre as quais destacam-se o SIGN WEBMESSAGE
(SOUZA; PINTO, 2002), o SWEDIT (TORCHELSEN et al., 2003) e o AGA-Sign (DENARDI
et al., 2005).
4.5.6 SIGN WEBMESSAGE
O SIGN WEBMESSAGE refere-se ao protótipo do software de Souza e Pinto
(2002) que utiliza o SignWriting para comunicação assíncrona na web com o uso tanto da
escrita da Língua Portuguesa quanto da escrita em LIBRAS. Os idealizadores do projeto
consideram a ferramenta para uso potencial e ampliado via web a ser integrada a ambientes
de educação à distância que atendam Surdos.
A ferramenta tem como objetivo principal minimizar as dificuldades de
comunicação escrita entre Surdos e entre Surdos e ouvintes, pois permite a interação de
seus usuários por meio de um sistema bilíngüe de comunicação.
O protótipo foi implementado em três módulos: módulo principal, onde estão as
funções comuns relacionadas à ferramenta de correio (recebimento, envio, leitura de e-mails
etc); módulo de consulta, para consultar ao dicionário de sinais e posterior inserção na
mensagem; e módulo de criação, correspondente a necessidade de edição de novos sinais
(Figura 30)
94
Figura 30 Modos de consulta no Dicionário de LIBRAS
Fonte: Souza; Pinto (2002)
Para Souza e Pinto (2002) a ferramenta pode ser considerada capaz de
proporcionar à comunidade surda maior acesso à informação e possibilidades de
comunicação. Estes são fatores básicos necessários para um crescente desenvolvimento
social, principalmente à medida que mudanças sociais vêm ocorrendo provocadas com o
avanço tecnológico, a popularização da Internet e do correio eletrônico, que torna o
computador ferramenta essencial neste processo.
4.5.7 SWEDIT
O SWEDIT consiste no desenvolvimento de um sistema para auxiliar o usuário
Surdo na criação de textos em Língua de Sinais, baseados no sistema de representação de
sinais SignWriting. Torchelsen et al. (2003) afirmam que o sistema consiste de um editor, o
SWEDIT, para criação dos textos propriamente ditos, e da ferramenta ALFAEDIT, para
auxiliar na atualização dos conjuntos de símbolos utilizados no editor. Ambos foram
desenvolvidos especialmente para os Surdos, com interfaces que exploram suas
capacidades de interpretação visual, por meio do uso de figuras onde normalmente seriam
utilizados textos.
95
Figura 31 Interface do SWEDIT
Fonte: Torchelsen et al. (2003)
A interface do editor SWEDIT apresentada na Figura 31 tem como
características: conjuntos de símbolos; área de edição de sinal; área de edição do
documento; célula com exemplos de símbolos; exemplo de inserção de texto da língua oral-
auditiva; exemplo de inserção de uma figura; menu sensível ao contexto; combox contendo
os dicionários disponíveis.
4.5.8 AGA-SIGN
AGA-Sign é um sistema animador de gestos aplicado à Língua de Sinais, que foi
desenvolvido para aplicações voltadas à educação de Surdos com o uso do SignWriting. No
trabalho desenvolvido por Denardi et al. (2005) foram considerados os sinais em LIBRAS,
embora o sistema seja aplicável a qualquer Língua de Sinais.
96
Figura 32 Player AGA com animação do sinal “mostrar”
Fonte: Denardi et al. (2005)
A Figura 32 apresenta a animação do sistema AGA-Sign. As animações geradas
se utilizam do modelo de animações para Web, baseado na Teoria dos Autômatos (AGA -
Animação Gráfica baseada em Autômatos Finitos). De acordo com as autoras, o AGA foi
escolhido devido as características que favorecem sua aplicação na especificação e controle
de animações para a Web, entre as quais se destacam: espaço de armazenamento, suporte
a recuperação de informação e manutenção do conteúdo das animações.
Este trabalho está inserido no contexto de Processamento de Línguas Naturais
(PLN)
53
, partindo do sistema SignWriting devido a sua aceitação por parte das comunidades
surdas locais. Com isso, as animações por meio do modelo AGA podem contribuir com os
avanços de pesquisas nesta área e para a inserção de Surdos no mundo das tecnologias da
informação e comunicação, inclusive na Internet.
53
O Processamento de Linguagem Natural é o conjunto de métodos formais para analisar textos e gerar frases escritas em
um idioma humano. Os computadores estão aptos a compreender instruções escritas em linguagens de computação, mas
possuem dificuldades em entender comandos em uma linguagem humana, pois as linguagens de computação são precisas
e a linguagem humana contém ambigüidades e interpretações que dependem do contexto, do conhecimento do mundo, de
regras gramaticais, culturais e de conceitos abstratos. O objetivo do Processamento de Linguagem Natural é fornecer aos
computadores a capacidade de entender e compor textos, no sentido de reconhecer o contexto, fazer análise sintática,
semântica, léxica e morfológica, criar resumos, extrair informação, interpretar e até aprender conceitos com os textos
processados.
97
4.6 RYBENÁ
54
A solução Rybená tem como objetivo a concepção e o desenvolvimento de
tecnologias para a construção de sistemas que permitam a inclusão digital de comunidades
infoexcluídas a serviços e ambientes de interação lingüística. Assim, os produtos deste
projeto inserem-se na proposta de soluções de acessibilidade digital, com destaque para:
acessibilidade web, acessibilidade visual, acessibilidade auditiva. Nesta dissertação serão
detalhadas a acessibilidade web e a acessibilidade auditiva, conforme segue:
A. Acessibilidade web
: Sempre atento e Valida web.
O
Sempre Atento
tem como objetivo permitir à organização, testar e monitorar
de forma contínua a aderência aos padrões de acessibilidade definidos pelo W3C. O
Sempre
Atento é uma a ferramenta que simplifica o processo de produção de
websites
,
automatiza tarefas, gera relatórios de não conformidade e auxilia os
webdesigners
a tornar
os
sites
acessíveis. A atualização de um
website
por esta solução
informa aos responsáveis
pelo conteúdo se houve erro na alteração, aponta-os e oferece exemplos para correção.
O
Valida
Web
é uma ferramenta que auxilia no desenvolvimento de
websites
que priorizam a acessibilidade das páginas. Auxilia os desenvolvedores na adaptação das
regras internacionais de acessibilidade, gera relatórios completos de erro e auxilia em suas
correções. A ferramenta é disponibilizada gratuitamente na Internet e realiza uma análise
completa de acessibilidade, atendendo a todas as regras de acessibilidade sugeridas pela
W3C.
B. Acessibilidade auditiva
: Atende, Torpedo Rybená e Player Rybená
O
Atendimento Assistido Rybená - Atende
viabiliza a comunicação de
qualquer pessoa com um usuário Surdo por meio da LIBRAS. A comunicação ocorre por
meio de roteiros pré-configurados, que contêm as informações mais relevantes da sua
54
A solução Rybená nasceu da troca de experiência com as pessoas com diferentes condições sensoriais nos trabalhos
realizados pelo DFJUG - Brasília Java Users Group no Programa JavaS, desde 2001. Por meio deste contato os membros
do DFJUG descobriram um mundo segregado e tomaram ciência da situação de isolamento e dependência a que são
expostos os Surdos e os cegos, principalmente. Neste contexto, surgiu a proposta de criar um sistema que permitisse a
comunicação entre as comunidades de Surdos e cegos, por meio do uso de aparelhos telefônicos portáteis (celulares),
baseados em LIBRAS e com reconhecimento e síntese de voz. Rybebá foi nome originalmente brasileiro dado ao projeto de
inclusão digital que significa Comunicação da língua indígena Xavante.
O projeto Rybená é parcialmente financiado pelo Centro de Pesquisa em Desenvolvimento em Tecnologia de Software
(CTS) do Banco do Brasil, pela Universidade Católica de Brasília, através do projeto Avaliação de Ambientes Educacionais
Corporativos Baseados em EAD (Educação a Distância), coordenado pelo Prof. Edilson Ferneda, e pelo projeto MUSA,
firmado entre UnB, Banco do Brasil, IBM e Solectron. Disponível em: <http://www.rybená.com.br>. Acesso em: 12 jan. 2007.
98
organização. Os roteiros contêm uma série de informações organizadas em tópicos, que são
interpretadas e apresentadas em LIBRAS. No modo apresentação o roteiro é sinalizado na
íntegra e de forma contínua.
O
Torpedo Rybená
é um serviço de telefonia móvel que permite receber e
enviar mensagens de texto em LIBRAS. Desta forma, pessoas Surdas se comunicam em
LIBRAS e visualizam as mensagens recebidas em texto, por meio de animação de imagens
no celular. Os ouvintes podem enviar Torpedos Rybená convertidos para a LIBRAS, que
viabilizam a comunicação por meio do uso de duas línguas (Português x LIBRAS), conforme
ilustração da Figura 33.
Figura 33 Descrição técnica do Torpedo Rybená
Fonte: <http://www.rybena.com.br>. Acesso em: 02 nov. 2006
O
Player Rybená
permite tornar os
sites
da Internet acessíveis para a
comunidade surda. O sistema é capaz de converter qualquer página da Internet ou texto
escrito em português para a LIBRAS. O funcionamento do
software
é simples, bastando
apenas selecionar o texto com o
mouse
e clicar no selo de acessibilidade Player Rybená
para acionar uma janela com tradução da mensagem em LIBRAS (Figura 34).
O Portal Nacional de Tecnologia Assistiva, Senado Federal, Revista Sentidos,
Ministério Público do Trabalho, Ministério da Educação e Cultura e o próprio Rybená podem
ser acessados por meio deste aplicativo, considerado um elemento de acessibilidade digital
para Surdos.
Entretanto, em seu funcionamento observa-se que a tradução ocorre na
seqüência de português sinalizado, obedecendo a uma estrutura lingüística diferenciada da
LIBRAS em sua gramática própria. Diante de palavras que não constam em seu banco de
dados, o sistema utiliza-se do alfabeto manual na transmissão do conteúdo, ou seja, soletra
a palavra letra por letra, conforme exemplificado na Figura 34.
99
Figura 34 Player Rybená em funcionamento
Fonte: <http://www.rybena.com.br/>. Acesso em: 3 dez. 2006
Desta forma, o funcionamento do aplicativo pode ocasionar problemas de
usabilidade no acesso ao conteúdo disponível. Sabe-se que a conversão do português
escrito para a LIBRAS, por meio de sistema computacional automático é um grande desafio
que ainda precisa ser aprimorado.
Por outro lado, o aplicativo pode ser controlado pelo usuário por meio de
ferramentas disponíveis no próprio sistema. O usuário pode optar pela velocidade de
sinalização da informação (teclas mais e menos em destaque na figura à esquerda) e ativar,
pausar ou parar o aplicativo (teclas em destaque na figura à direita) de acordo com sua
necessidade.
Identificou-se como um problema de funcionamento do aplicativo a
impossibilidade de ajuste no tamanho da tela de tradução para a LIBRAS, embora o usuário
possa movimentá-la livremente pela interface. O ajuste do tamanho da fonte na legenda do
aplicativo também poderia ser um elemento a ser implantado para a adaptação do usuário
às suas necessidades. Com isso, considera-se relevante a flexibilidade no ajuste do
tamanho da tela à página do aplicativo Player Rybená. Desta forma amplia-se a área
disponível no monitor e a usabilidade do sistema pelos usuários Surdos.
Neste capítulo foram apresentados diversos aplicativos digitais para os Surdos.
Os dicionários (on-line, CD-ROM e protótipos de desenvolvimento), literatura clássica em
CD-ROM, ferramentas para análise de dados lingüístico capturados em vídeo, tradutores
simultâneos das línguas visuais-espaciais para a língua oral-auditiva ou escrita marcam a
presença da Língua de Sinais ampliando seus espaços de aplicação.
100
O pacote Sign e demais protótipos desenvolvidos utilizando o SignWriting
permitem ao usuário ler os sinais das Línguas de Sinais, exceto no AGA-Sign, que
apresenta uma animação dinâmica da representação gráfica desta língua. O Rybená, como
um aplicativo, utiliza-se de recursos computacionais para transmitir a informação,
apresentando-se como uma iniciativa relevante, mas que necessita de inúmeros ajustes,
principalmente na tradução do português escrito para a LIBRAS.
O SignStream e o iCommnucator, ambos produtos americanos, sendo o
primeiro de código aberto e o segundo proprietário, são considerados como as tecnologias
digitais que permitem a utilização da língua visual-espacial com maior legitimidade. Os
recursos em SignWriting têm um crescente potencial, considerando-se que os símbolos que
marcam estes sistemas de escrita são universais e adaptáveis a diferentes Línguas de
Sinais. De outra forma, as línguas visuais-espaciais diferenciam-se entre nações e regiões,
imprimindo a cultura e a identidade de determinada comunidade em relação a sua
localização geográfica, hábitos e costumes.
De qualquer forma, os protótipos, softwares e ambientes destacados neste
capítulo ilustram as inúmeras possibilidades de aplicação das tecnologias de informação e
comunicação na melhoria da qualidade de uso e de interação dos Surdos, sejam
sinalizadores, usuários do SignWriting e conhecedores do português escrito em diferentes
níveis. Assim, a implantação de algumas dessas tecnologias em ambientes digitais para
Surdos podem viabilizar a participação inclusiva de membros da comunidade de usuários
interativos, além de valorizar suas diferenças lingüísticas e culturais.
Assim, pontuadas algumas das tecnologias existentes consideradas como
auxiliares na construção de ambientes digitais inclusivos para usuários Surdos, em especial,
constata-se no Capítulo 5 as percepções dos participantes Surdos que contribuíram para o
desenvolvimento desta pesquisa. Neste capítulo verificam-se os perfis dos Surdos
interativos, suas áreas de interesse, ambientes digitais que utilizam, sites que visitam entre
outros pontos que incluem a acessibilidade e usabilidade digital.
La vendimia o el otoño
55
Francisco José de Goya (1786-87)
Museo el Prado, Madrid
5 AS VOZES DOS SURDOS
55
Fonte:<http://www.mtas.es/insht/ergaonline/galeriaS18.htm>
102
5
AS VOZES DOS SURDOS
Neste capítulo são apresentadas as percepções dos Surdos que contribuíram
com o preenchimento do questionário de pesquisa. Os perfis, áreas de interesse, ambientes
digitais que utilizam, tempo de uso da Internet, websites que utilizam entre outros aspectos
são delineados nesta seção, assim como os elementos de acessibilidade digital, os
conteúdos de interesse e a usabilidade destes sistemas informacionais.
5.1 OS PARTICIPANTES
Participaram da pesquisa, em caráter voluntário, nove Surdos, entre eles seis do
Estado de São Paulo, uma de Santa Catarina, uma de Minas Gerais e um do Ceará. Os
contatos com os participantes ocorreram via e-mail, Messenger e/ou presencial.
Foram enviados convites via e-mail para Surdos indicados por intérpretes em
LIBRAS e para Surdos membros de grupos de discussão da Internet participarem da
pesquisa. Após o aceite deste convite foram enviados dezesseis questionários via e-mail,
sendo que apenas seis dos participantes Surdos retornaram com os formulários
preenchidos. Para estes seis respondentes foi oferecido suporte on-line via Messenger e/ou
e-mail para esclarecimentos de dúvidas durante o preenchimento do questionário.
Já os contatos presenciais com Surdos ocorreram em três momentos: no Centro
Municipal de Ensino Especial para Surdos do município de Matão-SP “Edra Cristianne
Chiozzini”, na Escola Municipal Adelino Bordignon de Matão-SP e na Universidade Estadual
Paulista – Faculdade de Filosofia e Ciências do município de Marília – SP. Os participantes
foram indicados pelas responsáveis das instituições e/ou por intérpretes em LIBRAS dos
municípios mencionados. Para os respondentes presenciais foi oferecido suporte da
pesquisadora diante de dúvidas no preenchimento do questionário, ocorrendo, inclusive, a
interpretação em LIBRAS do conteúdo do mesmo. Neste sentido, a pesquisa contou com o
total de nove participantes Surdos voluntários: seis on-line e três presenciais.
Destes nove participantes quatro não responderam o questionário completo.
Desta forma, nas considerações relacionadas aos “Elementos de acessibilidade digital”
serão analisadas apenas as respostas de seis participantes, enquanto no subitem
“Conteúdo informacional digital sobre a comunidade surda” foram obtidos cinco
questionários, totalizando os respondentes que participaram de todas as etapas da
pesquisa.
5 AS VOZES DOS SURDOS
103
O critério de seleção dos participantes envolveu os seguintes itens:
ser surdo preferencialmente profundo;
ser usuário da LIBRAS;
ser usuário web; e
conhecer o português escrito.
Assim, os critérios que delinearam o perfil dos participantes independeram do
grau de fluência em LIBRAS, no português escrito e na experiência do usuário com
ambientes informacionais digitais, em específico com a web. Considerou-se relevante a
associação destes quatro critérios na representação de comunidades surdas interativas, por
meio de seus membros Surdos, como protagonistas sociais e digitais.
Todavia, embora os voluntários representem uma camada privilegiada da
sociedade, a qual emerge de um contingente com nível de escolaridade médio, superior e
de pós-graduação, considera-se fundamental a divulgação e propagação das tecnologias de
informação e comunicação acessíveis a usuários Surdos. Tais tecnologias podem evocar a
participação social, política e democrática destes grupos sociais a ser atingida com
eqüidade em larga escala em um futuro próximo, sendo esta uma amostra daqueles que
estão contribuindo para o desenvolvimento e ampliação do acesso e uso de ambientes
informacionais digitais pela comunidade de Surdos, em especial.
5.1.1 PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO
A análise do perfil sócio-econômico dos participantes da pesquisa apresenta
como variáveis: o estado de origem, o sexo, a idade, o estado civil, o nível de escolaridade,
o curso de formação, a profissão atual, o idioma estrangeiro e a renda familiar do
respondente.
Desta forma, em conformidade com a Tabela 1, verificou-se que seis dos
participantes residem no Estado de São Paulo, são solteiros, do sexo feminino e estão na
faixa etária de 21 a 27 anos. Outros três respondentes são de outros Estados do país, entre
eles Minas Gerais, Ceará e Santa Catarina, são do sexo masculino, encontram-se com
idades variáveis entre 17, 36 e 47 anos, com estados civis casado e divorciado.
104
PERFIL DOS PARTICIPANTES SURDOS
Participante Estado do país Sexo Idade Estado Civil
1
RM SP M 26 Solteiro
2
DR SP F 20 Solteira
3
AS SP F 47 Casada
4
FL SP F 17 Solteira
5
AS SP M 26 Solteiro
6
RS SP F 36 Divorciada
7
LG MG F 22 Solteira
8
MA CE M 21 Solteiro
9
SB SC F 27 Casada
Tabela 1 Perfil dos participantes Surdos
As análises dos dados coletados por meio de questionário caracterizaram seis
dos participantes com nível de escolaridade superior completo, incompleto e pós-graduação,
que trabalham e conhecem idiomas estrangeiros, como o Inglês, o Francês, o Espanhol e a
Língua de Sinais Americana. Outros três respondentes são estudantes de nível médio
completo ou incompleto e não conhecem idiomas estrangeiros, conforme é destacado na
Tabela 2.
Os participantes graduandos ou formados cursam ou cursaram áreas
relacionadas à computação (Ciência da Computação e Sistema de Informação) e à
Educação (graduação em Pedagogia e pós-graduação em Educação). Já com nível médio
de ensino encontram-se os demais três respondentes, que cursam o 3º colegial, concluíram
o ensino médio e que não deram continuidade a escolarização. Participam do curso Letras-
LIBRAS a distância da UFSC duas Surdas, sendo que uma delas terminou a graduação em
Ciência da Computação e a outra é pós-graduada em Educação.
Os participantes que trabalhavam na época do preenchimento do questionário
exerciam as seguintes funções: webdesigner e programador de sistema de informação,
auxiliar de operações em empresa de telefonia, estagiário na área computacional, professor,
instrutor e monitor em LIBRAS.
Quanto à renda familiar, dois dos respondentes declararam rendimentos que
ultrapassam R$ 2.500,00; mais dois participantes encontram-se na faixa de R$ 1301,00 a
R$ 1600,00; e outros dois indicaram valores abaixo de R$ 400,00. Na faixa salarial de R$
701,00 a R$ 1000,00 encontra-se apenas um dos participantes e com rendimentos entre R$
1001,00 a R$ 1300,00 outro. Apenas uma participante desconhece a renda familiar.
105
PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DOS PARTICIPANTES SURDOS
Participante Nível de
escolaridade
Curso
anterior/ atual
Profissão Idioma
estrangeiro
Renda
Familiar
1
RM Ensino superior
completo
Ciência da
Computação
Webdesigner e
Programador
de Sistema de
Informática
Inglês Acima
R$ 2.500,00
2
DR Ensino superior
incompleto
Pedagogia Estudante Francês Acima
R$ 2.500,00
3
SA Ensino Médio
completo
- Auxiliar de
Operações
- Entre R$
1301,00 e R$
1600,00
4
FL Ensino Médio
incompleto
3º Colegial Estudante - Não sabe
5
AS Ensino superior
incompleto
Sistema de
Informação
Estagiário Inglês Menos de R$
400,00
6
RS Pós-Graduação
completo
Mestrado em
Educação/
Letras-LIBRAS
Professora ASL*
Língua de
Sinais
Estrangeiras
Inglês
Entre R$
1301,00 e R$
1600,00
7
LG Ensino superior
completo
Ciência da
Computação/
Letras-LIBRAS
Estudante Inglês Entre R$
701,00 e R$
1000,00
8
MA Ensino Médio
completo
Metodologia de
LIBRAS –
FENEIS
Instrutor e
monitor de
LIBRAS –
FENEIS
- Menos de R$
400,00
9
SB Pós-Graduação
incompleto
Mestrado em
Educação
Professora Espanhol
ASL*
Inglês
Entre R$
1301,00 e R$
1600,00
* ASL – American Sign Language ou Língua de Sinais Americana
Tabela 2 Perfil sócio-econômico dos participantes Surdos
O inglês mencionado por cinco respondentes compôs a lista de idiomas
estrangeiros, juntamente com o francês e o espanhol, destacados por dois participantes.
Alguns dos Surdos pontuaram mais de um idioma estrangeiro de seu conhecimento, desta
forma, SB conhece o inglês, o espanhol e a Língua de Sinais Americana (ASL - American
Sign Language). Da mesma forma, RS mencionou o Inglês e a Língua de Sinais Americana
entre outras Línguas de Sinais estrangeiras.
Durante a pesquisa empírica observou-se que alguns dos Surdos participantes
ou que participaram de alguma das etapas deste trabalho perguntaram ou mencionaram a
LIBRAS como idioma estrangeiro. Este aspecto é interessante e requer estudos sobre a
construção da identidade do Surdo. Pode-se considerar, entretanto, que estes respondentes
tenham sido iniciados em português antes da Língua de Sinais.
106
Em conformidade com Perlin (1998) a identidade é algo em construção que pode
com freqüência ser transformada ou estar em movimento, que empurra o sujeito em
diferentes posições. Assim, para a autora a construção da identidade surda sempre está em
proximidade com a situação de necessidade com o outro igual. As formas multifacetadas
que assumem as identidades surdas relacionam-se ao poder “ouvintista” que impõem regras
e estereótipos relacionados à negação da representação da identidade surda ao sujeito
Surdo.
Relacionado ao estereótipo, Perlin (1998, p. 54) afirma que
[...] o estereótipo sobre o Surdo jamais acolhe o ser Surdo, pois imobiliza-o
a uma representação contraditória, a uma representação que não conduz a
uma política da identidade. O estereótipo faz com que as pessoas se
oponham, às vezes disfarçadamente, e evitem a construção da identidade
surda, cuja representação é o estereótipo da sua composição distorcida e
inadequada.
A surdez, como uma experiência visual e não uma deficiência auditiva está
relacionada à Língua de Sinais, uma língua visual-espacial constituinte de uma outra cultura,
identidade e comunidade lingüística. Com isso o multiculturalismo surge como um
movimento político que luta contra o estigma, o estereótipo, o preconceito, a surdez como
deficiência e o poder do ouvintismo.
Com isso, verificam-se as questões das minorias inseridas no contexto das
sociedades majoritárias. Nesta dissertação, os Surdos, enquanto minorias lingüísticas
caracterizam-se com diferentes identidades surdas, pois a maioria dos participantes
nasceram Surdos ou assim se tornaram em tenra idade, convivem e identificam-se com
ouvintes em um envolvimento imbricado no multiculturalismo entre uma comunidade e outra
na constituição de suas identidades individuais.
A presença da Língua de Sinais Americana como idioma estrangeiro e as
dúvidas sobre a LIBRAS enquanto língua natural ao Surdo envolvem as discussões
iniciadas no Capítulo 2 sobre o multiculturalismo, as culturas e identidades surdas que
compõem as comunidades surdas.
Nenhum dos respondentes apontou a Língua Portuguesa como idioma
estrangeiro, uma vez que já estão socialmente envolvidos em suas atividades cotidianas
com o português, seja oral ou escrito, em sua função social e dificuldades de aquisição e
uso. Embora pontuem, em grande maioria, a preferência pela LIBRAS em suas interações
sociais, apresentaram dúvida sobre a Língua de Sinais como estrangeira ou natural.
Para ilustrar este aspecto destacam-se as palavras da participante RS:
Então prefiro é bilinguismo. Pois eu prefiro LIBRAS. Posso usar oral como
segunda lingua oral e ou escrita. Quando precisa. (anterior da minha vida
era oralismo. O oralismo é proibido de Lingua de Sinais. Outra coisa sobre
107
Comunicação Total é 80% porque tem incluindo de Sinalizada Portuguesa.
Sinalizada Portuguesa não é igual de Lingua de Sinais [....] Outra coisa
sobre escrita... Tenho duas escritas... Eu escrevo de lingua de sinais mas as
palavras são portugues (mas não é escrita de lingua de portugues...como
estrutura de escrita de lingua de sinais - natural) e outro escrevo escrita de
lingua de portugues como escrita... Entendeu? (RS, 36 anos, professora).
Com isso, observam-se questões relacionadas ao bilingüismo na surdez e ao
uso do português como barreira e, simultaneamente, possibilidade de acesso às
informações e meio de comunicação. Na percepção de RS identificam-se as filosofias
educacionais que permearam seu processo de escolarização e aquisição de linguagem.
Aspectos estruturais da LIBRAS e sua interferência na escrita em português do Surdo
sinalizador são mencionadas e vivenciadas na leitura do texto da respondente, marcando o
português como segunda língua na perspectiva bilíngüe da surdez.
Em Ciência da Informação este aspecto lingüístico pode ser considerado
essencial quanto ao atendimento às necessidades informacionais de usuários específicos,
com aplicação de tecnologias de informação e comunicação adequadas ao acesso e uso de
conteúdos informacionais digitais. Pode-se considerar o tratamento e recuperação de
informações como processos a serem considerados diante da distribuição e disseminação
de informações em ambientes digitais, as quais possam permitir o acesso e o uso de forma
ampliada dos conteúdos disponíveis por usuários com diferentes condições sensoriais,
lingüísticas e motoras, em especial os Surdos.
5.2 OS SURDOS E A SURDEZ: CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES
A caracterização da surdez e as preferências comunicativas dos Surdos
destacam-se na Tabela 3. Assim, pontuam-se sete dos participantes com surdez profunda,
um Surdo severo e um moderado. Com isso, caracterizam-se como Surdos pré-lingüísticos
seis respondentes, os quais nasceram Surdos. Apenas uma surdez pós-lingüística
56
foi
identificada, a de SB aos 6 anos de idade. Os outros dois participantes tornaram-se Surdos
precocemente, sendo o contato com a língua oral-auditiva precário.
Quanto à comunicação, os respondentes pontuaram a LIBRAS como preferência
nas interações comunicativas e informacionais, com quatro participantes que privilegiaram
somente a LIBRAS; três a LIBRAS e a Língua Portuguesa (oral ou escrita) com destaque a
56
A surdez pré-lingüística refere-se à surdez adquirida antes do indivíduo ter um contato com a língua oral-auditiva ou
quando este contato foi reduzido na infância da criança até o momento do diagnóstico da surdez. A surdez pós-lingüística
refere-se ao diagnóstico posterior a um contato maior com a língua oral-auditiva, na qual o Surdo teve oportunidade de
conhecer, de ter contato e usar esta língua.
108
perspectiva bilíngüe da surdez; e dois que destacaram a verbalização/oralização/leitura
labial e a LIBRAS como preferências.
CARACTERIZAÇÃO DA SURDEZ DOS PARTICIPANTES
Participante Nível de
surdez
57
Perda auditiva Familiares
Surdos
Preferência na
comunicação
1
RM Profunda 2 anos e 6
meses de vida
Não Pela oralização/leitura
labial e pela LIBRAS
2
DR Profunda 7 meses de
gestação da
mãe
Não Pela oralização/leitura
labial e pela LIBRAS
3
SA Profunda 1 ano e 6
meses de vida
Não Somente pela LIBRAS
4
FL Severa Nasceu surda Não LIBRAS e Língua
Portuguesa (oral e escrita)
5
AS Profunda Nasceu Surdo Não Somente pela LIBRAS
6
RS Profunda Nasceu surda Não LIBRAS e Língua
Portuguesa (oral e escrita)
7
LG Profunda 39 dias de vida Não LIBRAS e Língua
Portuguesa (oral e escrita)
8
MA Moderada Nasceu Surdo Não Somente pela LIBRAS
9
SB Profunda 6 anos de vida Não Somente pela LIBRAS
Tabela 3 Caracterização da surdez e dos participantes
Verificam-se nestes índices que a Língua de Sinais pode ser considerada
essencial para os participantes da pesquisa em suas relações sociais e cognitivas, assim
como no acesso e na transmissão de informações. Entretanto, todos os respondentes
declararam não ter familiares surdos. Este aspecto reforça a preocupação de Sacks (1998,
p. 41) com a presença da Língua de Sinais na vida da criança surda. O autor considera a
surdez congênita
58
como “privação de informações” aos sujeitos, que são menos expostos
ao aprendizado incidental que se dá na escola, no meio familiar e social de forma global; os
conteúdos informacionais são pobres em comparação a experiência ouvinte; se gasta muito
tempo ensinando as crianças surdas a falarem (entre cinco e oito anos em ensino individual
intensivo) restando pouco espaço temporal para transmitir informações, cultura, habilidades
complexas ou qualquer outra coisa.
57
De acordo com a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação no Brasil, a deficiência auditiva pode ser
referenciada diante da perda total ou parcial, congênita ou adquirida. Esta perda refere-se à capacidade de compreender a
fala, podendo manifesta-se como surdez leve/moderada (perda auditiva de até 70 decibéis que dificulta o individuo de se
expressar oralmente e de perceber a voz humana) e surdez severa/profunda (perda auditiva acima de 70 decibéis que
impede o individuo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana e de adquirir de forma natural o código da
língua oral-auditiva).
58
Refere-se ao sujeito que nasce Surdo, ao natissurdo.
109
Evidenciou-se o incômodo de alguns dos participantes pelo desconhecimento da
LIBRAS com fluência; outros indagaram como poderiam melhorar, aprender mais sobre a
Língua de Sinais; outros ainda a consideraram difícil, mas fundamental para sua
socialização e interação com o mundo, relacionando-se as questões de construção da
identidade surda.
Da mesma forma, o português escrito foi considerado difícil de ser aprendido,
mas essencial para a apropriação de informações, conhecimentos e conteúdos diversos. O
português oral foi destacado por um dos participantes (RM) como independente da surdez,
entretanto, destaca em seu discurso que se o ouvinte falar muito rápido ou houver muita
informação para ser transmitida não consegue acompanhar o contexto pela leitura labial,
assim como nem sempre ser faz entender pela verbalização de algumas palavras. Com
isso, o respondente afirma que a Língua de Sinais associada à articulação labial torna-se
facilitadora do processo comunicativo. Vale destacar que este respondente passou pelo
processo de oralização em atendimentos fonoaudiológicos e intensificou seus contatos com
a comunidade surda aos 20 anos (portanto, 6 anos atrás).
A respondente DR afirma que prefere se comunicar pelo oral e pela LIBRAS,
entretanto considera a presença do intérprete fundamental para que possa assimilar os
conteúdos acadêmicos transmitidos na faculdade pela própria dinâmica educacional. Assim,
a participante possui duas formas de interação com o mundo, pelo oral e pela LIBRAS, além
das vibrações perceptíveis pelos seus sentidos. A participante menciona que tem pouca
facilidade na compreensão de alguns tipos específicos de textos (como por exemplo,
religiosos, escolares, histórias e poesias), embora destaque que os conteúdos de jornais,
revistas e notícias da Internet sejam assimilados facilmente.
Neste sentido, considera-se o ambiente digital como potencializador da
aplicação de elementos de acessibilidade para usuários Surdos, em especial, principalmente
no tratamento e distribuição de conteúdos informacionais que valorizem as Línguas de
Sinais, assim como as legendas em conteúdos audiovisuais. Para Quadros (2005) as
investigações de várias Línguas de Sinais oferecem evidências sobre todos os níveis de
análise das teorias lingüísticas e legitimidade destas línguas visuais-espaciais. Assim, as
Línguas de Sinais, em específico a LIBRAS, são legítimas no processo de apropriação de
idéias, conceitos e informações em diferentes suportes e contextos informacionais.
Embora o trabalho de Quadros (2005) enfatize os movimentos de resistência
com fundações e organizações administrativas constituídas essencialmente por Surdos, que
requerem por uma coletividade surda com regras, princípios e confronto de poderes, os
Surdos participantes desta pesquisa caracterizam-se no multiculturalismo, no bilingüismo da
surdez em suas constituições identitárias e culturais. Para a autora o movimento de
pesquisadores, em especial os Surdos, apresenta vieses dos próprios Surdos definindo a
110
surdez em uma outra dimensão, em meio a uma cultura multifacetada com características
específicas que se traduzem de forma visual, constituída a partir dos próprios Surdos que
garantiram seu espaço sócio-culturalmente.
5.3 A WEB E OS SURDOS: ASSUNTOS, INTERESSES E AMBIENTES
A web surge como mais um ambiente digital que pode ampliar as oportunidades
de acesso aos conteúdos informacionais; intensificar o contato de Surdos e ouvintes por
meio da Língua de Sinais, com diferentes culturas surdas e ouvintes; democratizar o acesso
às informações registradas e disponibilizadas; preservar e disseminar as culturas surdas, as
literaturas, o teatro e o cinema dentre outras manifestações, por meio de documentos em
diferentes formatos hipermídia.
Quanto ao uso da Internet na Tabela 4 é ilustrado o perfil dos usuários Surdos
participantes da pesquisa. Todos têm experiência com o ambiente web há mais de um ano,
sendo que oito usuários permanecem mais de 10 horas na semana conectados e apenas
um deles de 5 a 10 horas semanais. Quanto à freqüência de acesso, cinco respondentes
declararam acessar a web diariamente, dois dos participantes afirmaram utilizar a web seis
vezes por semana, um deles uma vez por semana e outro algumas vezes apenas. Estes
índices identificam os tipos de usuários dos ambientes informacionais digitais (novatos,
experientes, ocasionais e freqüentes) destacados nos trabalhos de Dias (2003) e Camargo
(2004).
O local de acesso a Internet foi assinalado em mais de um campo. Portanto, três
dos Surdos participantes têm a oportunidade de acessar a Internet em casa, na faculdade e
no trabalho. Com disponibilidade de acesso em casa e na escola/faculdade apresentam-se
dois respondentes. Os demais, três respondentes utilizam a Internet em casa de parentes;
em casa, no trabalho e cybercafé ou em Lan House; na casa de amigos, no trabalho, curso
de informática, cybercafé.
Conclui-se, a partir da análise destes dados, que três dos Surdos participantes
da pesquisa não possuem acesso a Internet em suas residências, utilizando-a em outros
locais que freqüentam como casa de parentes, amigos, faculdade e trabalho. Apenas dois
respondentes assinalaram utilizar cybercafés e Lan Houses para acessar a Internet.
111
PERFIL DOS SURDOS EM RELAÇÃO À INTERNET
Participante Experiência
com a Internet
Local de acesso a
Internet
Tempo de uso
da Internet
Freqüência
1
RM Mais de 1 ano Casa/ Faculdade
Trabalho
Mais de 10 horas
na semana
6 vezes por
semana
2
DR Mais de 1 ano Casa/ Faculdade
Mais de 10 horas
na semana
6 vezes por
semana
3
SA Mais de 1 ano Casa/ Trabalho
Cybercafé/Lan House
Mais de 10 horas
na semana
Diariamente
4
FL Mais de 1 ano Casa de um tio
De 5 a 10 horas
na semana
Algumas
vezes
5
AS Mais de 1 ano Casa/ Faculdade
Trabalho
Mais de 10 horas
na semana
1 vez por
semana
6
RS Mais de 1 ano Casa de amigos
Trabalho
Mais de 10 horas
na semana
Diariamente
7
LG Mais de 1 ano Casa/ Faculdade
Casa de amigos
Mais de 10 horas
na semana
Diariamente
8
MA Mais de 1 ano Casa de amigos
Curso de informática
Trabalho/ Cybercafé
Mais de 10 horas
na semana
Diariamente
9
SB Mais de 1 ano Casa/ Faculdade
Trabalho
Mais de 10 horas
na semana
Diariamente
Tabela 4 Perfil dos Surdos em relação a Internet
Relacionado aos ambientes digitais utilizados pelos Surdos
59
, oito participantes
declararam serem usuários de endereço eletrônico (e-mail) e de ambientes de bate-papo
(Messenger, Skype ou Chat), sete compõem redes sociais (Orkut e Gazzag), visitam sites
de escolas/faculdades e sites para Surdos, cinco participam de listas de discussão, quatro
utilizam bibliotecas digitais, três usam o CamFrog
60
, visitam sites de revistas e sites
estrangeiros, dois navegam por outros ambientes (Globo, bancos, telefônica, luz) e apenas
um acessa sites de jornais, entre diversos outros não especificados, conforme destaque na
Tabela 5.
59
Os participantes poderiam assinalar mais de um item da listagem disponível no questionário, assim como adicionar outros
ambientes por meio do item “Outros”.
60
O CamFrog Video Chat é um software simples para adicionar múltiplos usuários em videoconferência em alguns websites
(Disponível em: <www.camfrog.com>. Acesso em: 01 mar. 2007), uma maneira de conhecer gente de todo o mundo, fazer
novos amigos ou manter contato a distância com amigos ou família. O software tem um design atraente similar ao
Messenger. Na janela principal tem a lista de contatos e a conversa ocorre de forma independente, com uma janela
individual para cada contato. A novidade principal deste sistema é o uso de webcam com som incluído, algo que torna as
conversas mais interessantes e divertidas. O CamFrog possibilita melhorias no carregamento da lista de contatos, tornando-
o mais rápido; a resolução padrão dos vídeos é menor para uma melhor qualidade de imagem entre outras mudanças. Para
os usuários Surdos o destaque a qualidade do vídeo prevalece no uso deste software. (Disponível em:
<http://terrabrasil.softonic.com/ie/30005>. Acesso em: 25 mar. 2007).
112
AMBIENTES DIGITAIS UTILIZADOS PELOS SURDOS
Participante/Usuários Ocorrências Ambiente digital que utiliza
RM, DR, SA, AS, SB, LG, MA e RS 8 Endereço eletrônico (e-mail)
RM, DR, SA, AS, SB, LG, MA e RS 8 bate-papo (Messenger, Skype ou Chat)
RM, DR, SA, AS, SB, MA e RS 7 redes sociais (Orkut e Gazzag)
RM, DR, AS, AS, SB, LG e RS 7 sites para Surdos
RM, DR, AS, AS, SB, LG e RS 7 sites de escolas/faculdades
RM, SB, LG, MA e RS 5 Listas de discussão
SB, LG, MA e RS 4 bibliotecas digitais
RM, AS e RS 3 CamFrog
LG, MA e RS 3 sites de revistas
RM, MA e RS 3 Sites estrangeiros,.
FL, AS 2 Outros: Globo – novelas, bancos,
emprego, telefônica, luz
LG 1 sites de jornais
Tabela 5 Ambientes digitais utilizados pelos Surdos
Assim, verifica-se que os participantes desta pesquisa utilizam a Internet como
forma de comunicação e de acesso às informações. Os ambientes mais citados pelos
respondentes foram e-mail e bate-papo, o que torna visível a importância das tecnologias de
informação e comunicação na vida destes usuários e seu impacto social, ocasionando
mudanças no comportamento dos Surdos, com destaque ao papel social da escrita nas
relações sociais on-line, o uso de hardwares e softwares específicos e de webcam para o
despertar das novas formas de interação e tecnologias aplicáveis a ambientes digitais.
Em Ciência da Informação o destaque as tecnologias de informação e
comunicação podem ampliar as condições de acesso e uso de ambientes informacionais
digitais por usuários com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras, em
especial os Surdos, conforme destaque de softwares, aplicativos e protótipos mencionados
no Capítulo 4.
Os sites para Surdos e de escolas ou faculdades equiparam-se no ranking de
ambientes digitais utilizados. Estes ambientes, no entanto, de acordo com os websites
indicados pelos próprios participantes necessitam de melhorias na interface para o
atendimento as necessidades informacionais de seus usuários. De qualquer forma, os
respondentes consideram websites para Surdos importantes para as comunidades surdas
com maior destaque aos intercâmbios culturais, contatos sociais entre grupos de afinidade,
informações relevantes para as comunidades surdas e ouvintes e a presença da Língua de
Sinais como condição de acesso ao ambiente.
113
Os demais ambientes digitais utilizados pelos Surdos, como listas de discussão,
bibliotecas digitais, sites de revistas, estrangeiros e de jornais referem-se ao acesso a
conteúdos informacionais digitais diversos. Todos estes ambientes informacionais possuem
potencial inclusivo a partir da aplicação dos elementos de acessibilidade, com destaque a
apresentação do conteúdo em diferentes formatos (áudio, vídeo e texto) ou por meio de
recurso hipermídia.
Nas vozes dos próprios Surdos
61
as percepções sobre os websites seguem:
Acho que o site próprio para Surdos deveria ter mais espaço visual com
desenhos para facilitar a localização e também colocar desenhos de
LIBRAS (DR, 20 anos, estudante universitária).
Gostaria que fosse mais visual com Língua de Sinais e menos português
possível. Acesso rápido ao bate papo. Arquivos sobre a história dos Surdos,
políticas de educação e trabalho que envolvam Surdos, livros antigos... tudo
em imagens escaneados, uma área só de novidades. Comunicar quando
houver mudanças no site (SB, 27 anos, estudante de pós-graduação).
Eu gostaria que o website abre mais as informações claramente para os
Surdos, mais facilidade, pois Surdos podem receber atualidade o que
aconteceu no mundo, também receber notícias e manter contato com outros
Surdos e ouvintes de fora, por exemplo. Minha opinião que a Internet é
muito importante para Surdos, se Surdos passam dificuldade para acessar a
Internet, procurar uma pessoa para ajudar (LG, 22 anos, cientista da
computação).
Nas declarações das participantes destacam-se a presença da Língua de Sinais
e do SignWriting (“desenho de LIBRAS”), assim como os conteúdos específicos
relacionados a surdez, bate-papo, organização, tratamento e qualidade da informação
disponibilizada. Observa-se o destaque a ambientes específicos para Surdos, entretanto,
seus interesses envolvem outros tópicos informacionais, conforme será descrito na próxima
seção, o que pode ser redirecionado a perspectiva inclusiva em ambientes digitais
planejados com base no desenho universal e enfatizado por LG ao mencionar “notícias e
manter contato com outros Surdos e ouvintes de fora”.
As percepções dos Surdos e a necessidade de melhorias em interfaces digitais
para estes usuários específicos apontam a reivindicação por aplicações de elementos de
acessibilidade que serão tratados no decorrer deste capítulo e aprofundados no capítulo
seguinte.
61
As respostas dos Surdos participantes da pesquisa foram inseridas neste trabalho de forma integral, exatamente como
escreveram nos questionários de pesquisa. As demais informações e interpretações descritas foram adquiridas por meio da
LIBRAS no diálogo entre pesquisadora e participante.
114
5.3.1 INTERESSES E AMBIENTES INFORMACIONAIS DOS SURDOS
Diante das alternativas de ambientes digitais pontuados no questionário, os
participantes Surdos
62
escolheram: Educação e Trabalho; Surdez e Atualidades; Tecnologia
e Relacionamentos; Cinema, Cultura, Saúde e História; Esporte e Lazer; Moda e Arte.
Acrescentaram na opção “outros” os tópicos livres: novela, telefonia, luz, INSS, turismo e
genealogia. Na Tabela 6 são apresentados os tópicos mais citados.
TÓPICOS DE INTERESSE INFORMACIONAL DOS SURDOS
Participante/Usuários Ocorrências Tópicos citados
RM, DR, AS, SB, LG, MA e RS 7 Educação
RM, SA, AS, SB, LG, MA e RS 7 Trabalho
SA, AS, SB, LG, MA e RS 6 Surdez
DR, RM, SB, LG, MA e RS 6 Atualidades
RM, SB, LG, MA e RS 5 Tecnologia
DR, LG, MA e RS 4 Relacionamentos
Tabela 6 Tópicos de interesse informacional dos Surdos
Delineado o perfil dos participantes verifica-se que os tópicos selecionados
possuem relação com seus processos de formação profissional e busca por oportunidades
de atuação no mercado de trabalho. A surdez, neste contexto, representa a busca por
maiores informações sobre as atividades sociais em que os Surdos se encontram. Aspectos
relacionados à etiologia e causas da surdez não foram mencionados por nenhum dos
participantes.
Com isso, alguns dos respondentes enfatizaram as possibilidades de melhorar a
fluência em LIBRAS por meio de recursos e conteúdos digitais, conforme destacam:
Meus amigos Surdos conversam website dos Surdos à Internet melhor.
Sabe mais LIBRAS bem (AS, 26 anos, estudante universitário).
Quero aprender sinais para Surdos (FL, 16 anos, estudante).
Para AS, websites direcionados aos Surdos são importantes para fazer
amizades com Surdos, ter contato com culturas surdas diferenciadas, novas pessoas, saber
62
Os participantes assinalaram mais de um item das opções disponível no questionário, assim como adicionaram “outros”
ambientes não listados.
115
dos acontecimentos do mundo, aprender a LIBRAS e melhorar a fluência na língua visual-
espacial por meio do contato com outros Surdos
63
.
A participante FL foi convidada pela instituição que freqüenta a ser instrutora
surda
64
, oportunidade que exige maior fluência em LIBRAS. Assim, seu interesse em
melhorias em ambientes digitais está relacionado a esta oportunidade de trabalho. A
respondente fará um curso na FENEIS de São Paulo para poder iniciar a docência da
LIBRAS, pois considera “difícil sinais alguma palavra”. Para FL o ambiente digital pode
viabilizar seu contato com outros Surdos sinalizadores e com a LIBRAS presente em
conteúdos informacionais, melhorando sua fluência nesta língua visual-espacial e sua
atuação como instrutora surda de forma autônoma. Portanto, o fato de usar uma
determinada língua não garante a fluência estrutural necessária para seu ensino,
necessitando de preparo e qualificação profissional para instruir seu aprendizado.
O ambiente web tem missão e objetivos a serem atendidos com relação ao
público-alvo potencial que busca atender as suas necessidades informacionais. Assim,
verificados alguns dos principais assuntos/tópicos destacados pelos participantes, solicitou-
se aos respondentes a indicação de websites que eles costumavam utilizar, inclusive
ambientes web relacionados a surdez. Apenas um dos participantes nunca se interessou em
navegar por interfaces de websites específicos para Surdos e relacionados à surdez.
A seguir, na Tabela 7, verificam-se os principais websites indicados pelos
Surdos. Devido a quantidade de ambientes listados pelos Surdos tornou-se necessário
categorizá-los, conforme segue:
Portais comerciais gerais,
Websites de busca,
Websites de redes sociais,
Portais de Universidades, e
Websites desenvolvidos para os Surdos ou que enfocam a surdez.
Os websites indicados que estão relacionados a surdez foram subdivididos em:
Institucionais de Ensino e Pesquisa,
Internacionais, e
Nacionais.
63
Estas informações foram adicionadas pelo participante por meio da LIBRAS ao explicar sua resposta expressa no
formulário da pesquisa em português escrito.
64
O papel de instrutora surda consiste na docência da LIBRAS a membros da comunidade surda e ouvinte. O instrutor
Surdo não possui formação acadêmica e é assim intitulado aquele que, fluente na LIBRAS, atua em seu ensino e
propagação desta língua visual-espacial. O INES e a FENEIS oferecem cursos de aperfeiçoamento para que membros das
comunidades surdas possam atuar como instrutores em LIBRAS. Ouvintes fluentes em LIBRAS são intitulados intérpretes
em Língua de Sinais.
116
WEBSITES INDICADOS PELOS SURDOS
Categorias Subcategorias URL
65
Nome do site Ocorrências
Portais comerciais
gerais
-
www.yahoo.com.br
www.hotmail.com
www.msn.com.br
www.gmail.com
www.globo.com
www.uol.com.br
www.terra.com.br
www.concursos.com.br
www.novaescola.com.br
66
www.folhasp.com.br
www.flogao.com.br
www.estadao.com.br
www.diariocatarinense.com.br
www.campinas.sp.gov.br
www.darkside.com.br
Yahoo
Hotmail
MSN
Gmail
Globo
Uol
Terra
Concursos
Nova Escola
Folha de SP
Flogão
Estadão
Diário Catarinense
Campinas
Darkside
4
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Websites de
busca
-
www.google.com.br
www.cade.com.br
www.altavista.com.br
www.youtube.com
Google
Cadê
Altavista
Youtube
5
1
1
1
Websites de
redes sociais
- www.orkut.com
www.gazzag.com
Orkut
Gazzag
3
1
Portais de
Universidades
67
-
www.ufrgs.br
www.ufsc.br
www.usp.br
www.unesp.br
UFRGS
UFSC
USP
UNESP
1
1
1
1
Instituições de
Ensino e Pesquisa
www.ines.org.br
www.feneis.org.br
www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes
www.ges.ced.ufsc.br/
www.ead.ufsc.br/hiperlab/avali
bras/moodle/prelogin
www.prolibras.ufsc.br
INES
FENEIS
NEPES
GES
Letras-Libras EAD
PROLIBRAS
4
3
1
1
1
1
Internacionais
www.deaf.com
www.gallaudet.edu
Deaf
Gallaudet
2
1
Website
desenvolvidos
para os Surdos ou
que enfocam a
surdez
68
Nacionais
www.Surdosol.com.br
www.diariodoSurdo.com.br
www.Surdo.com.br
www.ok.pro.br
www.assp.com.br/
www.Surdos-ce.org.br
www.dicionariolibras.com.br
www.niams.com.br
Surdosol
Diário do Surdo
Surdo.com
Ok.pro
ASSP
Surdos-ce
Dicionário de libras
Niams
6
3
3
1
1
1
1
1
Tabela 7 Websites indicados pelos Surdos
65
URL: Uniform Resource Locator.
66
Acessível para usuários cegos que utilizam o software DOSVOX – leitor de tela.
67
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina; USP –
Universidade de São Paulo; UNESP – Universidade Estadual Paulista;
68
INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos; FENEIS – Federação Nacional de Educação de Surdos, NEPES –
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos (São José/SC); GES – Grupo de Estudos Surdos de Santa
Catarina; ASSP – Associação de Surdos de São Paulo.
117
Dos portais comerciais gerais os mais citados foram o Yahoo e Hotmail. Alguns
dos portais mencionados referem-se aos e-mails dos participantes e/ou a notícias e
informações diversas (Uol, Terra, MSN, Gmail). Outros representam interesses específicos,
como por exemplo o ambiente digital da Folha de São Paulo, do Estadão e do Diário
Catarinense na busca por notícias sobre o Brasil, sua região e sobre o mundo. A Nova
Escola e o Darkside são ambientes digitais que possuem conteúdos informacionais
específicos e relacionados com a atuação profissional dos Surdos: SB – professora e RM –
programador e webdesigner, que também trabalha com realidade virtual. O site de
Campinas tem relação com a localização geográfica dos familiares de DR.
O Google foi o website de busca mais citado entre os respondentes, enquanto
que os demais ambientes como o Cadê, Altavista e Youtube foram mencionados pelos
Surdos de forma esporádica. Vale destacar que a participante SA utiliza o Cadê para
encontrar ambientes digitais e Surdos na Internet, tendo explicado a pesquisadora como
utilizá-lo para encontrá-los:
Tem muitos sites dos Surdos usam, tendeu e facil voce procura
www.cade.com buscar Surdo [...] e tem muitos sites, somente você usa
buscar o Surdo e pegar qual voce escolhe, tendeu? (SA, 47 anos, auxiliar
de operações).
Observa-se no trecho destacado acima a estratégia de busca utilizada pela
participante para localizar informações e ambientes por meio do Cadê. A sua preocupação
em fazer-se compreender por meio da escrita do português (“tendeu”, ou seja, “entendeu?”)
marcam aspectos lingüísticos orais, escritos e em LIBRAS na estruturação da frase e grafia
das palavras.
Os portais de universidades representam os ambientes relacionados às áreas de
formação profissional de 3 participantes. Uma participante enfatizou que a UFRGS foi
indicada pela sua mãe como a melhor na formação profissional de nível superior em relação
à educação de Surdos. Desta forma, sua navegação por este ambiente refere-se a busca
por informações sobre a formação de professor, grupos de estudos Surdos e demais temas
educacionais.
O ambiente web de redes sociais, com destaque ao Orkut
69
citado pelos
participantes Surdos foi considerado por Garcêz (2006, p. 2) “como uma nova arena política
de luta por reconhecimento de identidades estigmatizadas”. Embora o ambiente se
caracterize como ponto de encontro entre amigos e grupos de afinidade, constatou-se que
as
69
O Orkut, filiado e mantido pelo Google, é uma rede social virtual criada em janeiro de 2004, com versão em português
disponibilizada no início de 2005, tem um número crescente de usuários. Garcêz (2006) afirma que, até outubro de 2006, o
ambiente possuía cerca de 30 milhões de usuários. Até abril de 2007 foram encontrados mais de 49 milhões de usuários do
ambiente, o que apresenta o aumento de membros cadastrados.
118
conversações informais que se estabelecem na rede [entre os Surdos]
geram verdadeiros debates acerca da identidade surda, do ‘ser Surdo’ no
mundo e da aceitação da Língua Brasileira de Sinais como delineadora
dessa identidade (GARCÊZ, 2006, p. 1).
A autora confere ao Orkut um espaço de discussão com status político
(compreendido como atividade constituinte dos sujeitos), que prioriza o processo de
conversa na desestabilização de preconceitos. Todavia, em seu trabalho considera a
impossibilidade de substituir as atuais arenas e fóruns públicos (assembléias, associações,
orçamentos participativos e debates mediados) por esse espaço público virtual, mas
enfatiza-o como frutífero, na medida em que facilita a comunicação entre Surdos e ouvintes
que não dominam a Língua de Sinais.
Neste aspecto, verifica-se as possibilidade de ampliação de acesso e uso de
ambientes informacionais por meio do planejamento da Arquitetura da Informação Digital
Inclusiva, assim como da aplicação de elementos gerais e específicos de acessibilidade
como favoráveis a inclusão da diversidade de usuários potenciais em ambientes
informacionais digitais.
Portanto, no contexto dessa dissertação, as análises de Garcêz (2006)
enriquecem as questões relacionadas à acessibilidade web na proposta bilíngüe da surdez.
Considera-se o ambiente digital como um espaço cada vez mais importante e com
visibilidade pelos grupos sociais minoritários que possuem as “vozes” silenciadas e os
corpos invisíveis, assim como seus direitos e reivindicações. Daí a importância do
bilingüismo e da acessibilidade para os Surdos, usuários preferenciais da LIBRAS, como
forma de expressão e comunicação possíveis, visíveis e perceptíveis por diferentes grupos
sociais, compostos por Surdos e ouvintes.
Garcêz (2006, p. 12-13) afirma que “as questões sobre a luta por
reconhecimento dos Surdos e a emergência de um novo espaço midiático” visualiza a
discussão com características políticas e democráticas, que alteram a dinâmica do debate
público, sem torná-lo menos relevante. O debate público “[...] continua a funcionar com
vistas à alteração de entendimentos cristalizados e à ressignificação de temas”.
A partir deste enfoque, os websites desenvolvidos para os Surdos ou que
enfocam a surdez, destacados pelos participantes foram divididos em subcategorias. Desta
forma, as observações que seguem visam apresentar estes ambientes informacionais
digitais com destaque ao seu objetivo, missão e elementos de acessibilidade digital.
119
5.3.2 SUBCATEGORIAS DE WEBSITES PARA OS SURDOS OU COM ÊNFASE NA SURDEZ
Diante das subcategorias dos ambientes digitais para Surdos, destacam-se os
sites do INES e da FENEIS no ranking das Instituições de Ensino e Pesquisa. Neste capítulo
destaca-se o site do INES e o da FENEIS será apresentado na seção “Análise de elementos
de usabilidade” no decorrer deste capítulo.
O INES é um órgão do Ministério da Educação e Cultura (MEC) que tem como
missão institucional a produção, o desenvolvimento e a divulgação de conhecimentos
científicos e tecnológicos na área da surdez, em todo o território nacional. Subsidia a Política
Nacional de Educação, na perspectiva de promover e assegurar o desenvolvimento global
da pessoa surda, sua plena socialização e o respeito as suas diferenças. O instituto tem
cursos diversos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.
O website do INES tem diversos serviços para atender às necessidades
informacionais dos Surdos. De forma geral, os conteúdos são curtos, objetivos e
apresentam-se em português escrito. Na Figura 35 visualizam-se os conteúdos disponíveis
no ambiente por meio do mapa do site.
Figura 35 Mapa do site - INES
Fonte: <http://www.ines.org.br/Paginas/mapa.html>. Acesso em 12 jul. 2006.
O website do INES disponibiliza o dicionário de LIBRAS (“vocabulário de
LIBRAS”) como o único conteúdo apresentado em Língua de Sinais, cuja função é a
aquisição e/ou consulta de vocabulário, principalmente para ouvintes ou Surdos aprendizes
da LIBRAS.
120
Considera-se que este ambiente informacional digital, pela sua
representatividade, poderia inserir alguns elementos de acessibilidade em sua interface para
ampliar as possibilidades de acesso e uso, permitindo que Surdos não usuários do
português escrito também possam usufruir do sistema. As aplicações de elementos de
acessibilidade surgem como condições de acesso aos Surdos no ambiente digital do INES,
no contexto de ressignificação identitária, democrática e política da surdez enquanto
diferença. Da mesma forma, a acessibilidade pode ampliar as condições de acesso
informacional digital para outros tipos de usuários, independente de suas condições
sensoriais, lingüísticas e motoras.
Na subcategoria Internacionais o website intitulado Deaf.com foi o mais citado
pelos participantes, conforme interface em destaque na Figura 36. O Deaf.com tem como
proposta fornecer fontes de informações sobre a comunidade surda, sua forma de vida,
suas perspectivas e tópicos sobre linguagem, educação, vida familiar entre outros.
Moore (2007), Surdo de nascença e presidente da Deaf.com afirma que deseja
tornar este ambiente web o melhor, mais atrativo, compreensível e agradável da Internet. O
lema da companhia de Moore é “Making the world a better place for the next Deaf
generation and for Deaf people now", procurando oferecer um site útil e informativo sobre
algumas facetas da comunidade surda, além de divertido e com facilidade de uso pelos
usuários Surdos.
Figura 36 Ambiente web internacional – Deaf.com
Fonte: <http://www.deaf.com/>. Acesso em 12 abr. 2007
121
O website tem link para bate-papo (deafchat); grupo de discussão (deafnotes);
notícias e atualidades (deafnews); loja (deafstore); amigos de Surdos, pesquisadores e
pessoas surdas que contribuíram para a melhoria na qualidade de vida da comunidade
surda, com apresentação de uma breve biografia (deafpeople); conferências e eventos
relacionados à surdez e aos Surdos (deafconf).
Dentre os diversos tópicos apresentados no ambiente informacional do Deaf.com
destacam-se: personalidades surdas e ouvintes que contribuíram com a história da
comunidade surda; informações sobre o Gallaudet – Universidade para Surdos; vida do
Surdo; mercado de trabalho; destaque do mês com personalidades da história; conferência
e evento; definições e discussões sobre o que é a “cultura surda”; implante coclear; igreja
para Surdos, entre outros assuntos. Além destes conteúdos, o ambiente digital abre espaço
para emissão de opinião pública pelos Surdos com votação sobre tópicos específicos
relacionados à surdez.
Apesar do ambiente não apresentar recursos de acessibilidade digital com a
presença da Língua de Sinais, SignWriting, vídeos (com ou sem legenda) ou recursos
hipermídia, o conteúdo informacional disponível apresenta tópicos relevantes e de interesse
por membros das comunidades surdas.
Dentre os sites citados na subcategoria Nacionais o Surdosol foi mencionado por
seis participantes, por outro lado o Diário do Surdo e o Surdo.com por apenas três
respondentes. Os ambientes do Surdosol e do Surdo.com serão detalhados a seguir,
enquanto o Diário do Surdo será pontuado na seção “Análise de elementos de usabilidade”.
O Surdosol (Surdos on-line) tem como objetivo disponibilizar conteúdos
informacionais, eventos, lazer entre outros assuntos relacionados aos Surdos e a surdez. De
acordo com os idealizadores do ambiente, os Surdos sinalizavam o website de “Surdo+sol”,
no entanto, atualmente o website tem um sinal oficial
70
.
A Figura 37 ilustra a interface do ambiente do Surdosol com destaque para o
layout e conteúdos informacionais digitais. Este ambiente informacional digital apresenta
informações sobre associações, igrejas e eventos de diversas regiões do Brasil. O website
não é patrocinado, mantendo-se com o auxílio financeiro dos próprios usuários.
O website apresenta conteúdos sobre a comunidade surda (alfabeto,
associação, camisas, dúvidas, emprego, eventos, história da educação dos Surdos);
diversão (bate-papo, desenhos dos Surdos de diversas partes do país, fotolog/blog, fotos
on-line, livro de visitas, MSN, SurdeX Script – um programa de bate-papo conhecido como
mIRC, wallpapers); e Surdos on-line (sinal, símbolo e formulário de contato).
70
Para visualizar o sinal do Surdosol em imagem dinâmica acesse:
<http://www.surdosol.com.br/index.php?duvidas=Surdosol>. Acesso em: 12 fev. 2007.
122
Figura 37 Homepage Surdosol
Fonte: <http://www.surdosol.com.br/>. Acesso em 22 jan. 2006
O ambiente digital do Surdosol, assim como o website Deaf.com, não apresenta
recursos de acessibilidade digital como presença da Língua de Sinais, SignWriting ou vídeos
(com ou sem legenda). Somente a visualização do sinal do website apresenta-se em
formato de imagem dinâmica.
Outro aspecto relevante a ser apontado é a liberdade do usuário Surdo na
inserção de arquivos no ambiente, como por exemplo, no link “Desenhos”. Os conteúdos
informacionais disponíveis apresentam-se em nível nacional, com eventos, igrejas e
associações espalhadas pelo Brasil. Verifica-se que a preocupação com a comunicação via
bate-papo torna-se marcante, via softwares específicos (SurdeX, MSN, mIRC, CamFrog). A
relação de livros sobre surdez visa apenas orientar o usuário sobre a literatura disponível,
não havendo interesse e possibilidade de compra destes produtos por meio do sistema.
A Lei de LIBRAS em destaque no ambiente refere-se ao Decreto n. 5.626, 22 de
dez. de 2005, que regulamenta a Lei n. 10.436/2002 e o art. 18 da Lei n. 10.098/2000 sobre
a interação da pessoa surda com o mundo por meio de experiências visuais com
manifestações culturais próprias, principalmente com o uso da Língua Brasileira de Sinais
(BRASIL. 2005e). No link “Empregos” o empregador disponibiliza aos Surdos vagas de
trabalho para que estes possam entrar em contato. No período de análise do website não foi
encontrada nenhuma vaga de trabalho disponível no ambiente.
Com isso, devido à relevância do ambiente destacado pelos participantes da
pesquisa e à qualidade informacional representada, sugere-se que sejam aplicados
elementos de acessibilidade digital no website para melhoria e ampliação de usuários
123
Surdos, em especial, assim como demais usuários, independente de suas condições
sensoriais, lingüísticas e motoras em ambientes digitais.
O website Surdo.com tem diversos conteúdos informacionais para usuários
Surdos, com destaque a Serviços, Notícias, Leis, Surdos, Em ação, Dicas culturais,
Qualidade de vida, Colunista, Entrevistas, Classificados, Talentos e Links, em conformidade
com a Figura 38 a seguir.
Figura 38 Homepage Surdo.com
Fonte: <http://www.surdo.com.br/home/default.asp>. Acesso em 2 fev. 2007
As buscas por informações pelos serviços oferecidos no website ocorrem por
meio de tópicos e localizações geográficas. O usuário verifica o tópico que busca e escolhe
o Estado do país que deseja encontrar a informação. A base de dados do sistema está em
construção e os responsáveis pelo website disponibilizaram um espaço para inserção de
novas informações. Vários serviços encontram-se indisponíveis ou sem nenhum resultado
no procedimento de busca realizado. Os tópicos Surdos, Em ação, Dicas culturais,
Qualidade de vida, Classificados, Talentos e Links encontram-se indisponíveis, em fase de
teste, sem nenhum conteúdo informacional disponível. Exceto Dicas Culturais, que
apresenta conteúdo sobre uma exposição, embora a informação esteja desatualizada.
Constatou-se que o Surdo.com não apresenta elementos de acessibilidade
digital para usuários Surdos e diversos problemas que podem ocasionar baixa usabilidade
do site, como por exemplo a enorme quantidade de páginas em teste. Com isso, o usuário
perde tempo navegando por páginas sem conteúdo e podem desistir de acessar este
ambiente informacional digital. Sugere-se, portanto, que seja (re) planejado o ambiente web
124
do Surdo.com com a aplicação de elementos de acessibilidade digital e que sejam
disponibilizadas apenas as páginas que contém conteúdo navegável pelo usuário, com
flexibilidade capaz de permitir a adição de novos conteúdos informacionais quando
necessário.
Nos ambientes digitais apresentados nesta seção foram identificados problemas
de usabilidade e navegação, assim como a ausência de elementos de acessibilidade digital
para usuários Surdos, em especial. Assim, torna-se fundamental visualizar a acessibilidade
web para diferentes tipos de usuários, inclusive os Surdos, o público-alvo destes ambientes,
assim como aos ouvintes interessados na temática da surdez. Para tanto se torna legítimo
aplicar a acessibilidade associada ao desenho universal no intuito de planejar uma
Arquitetura da Informação Digital Inclusiva no sentido de ampliar os espaços informacionais
para a comunidade Surda, quanto à ressignificação da surdez, com qualidade de uso e
flexibilidade no atendimento as necessidades informacionais dos usuários.
5.4 ELEMENTOS DE ACESSIBILIDADE DIGITAL
O questionário referente à acessibilidade digital contou com a colaboração de
seis Surdos participantes da pesquisa dentre os nove respondentes iniciais. Assim,
baseados nos ambientes indicados pelos próprios Surdos e na literatura sobre
acessibilidade e usabilidade digital, apresentam-se na Tabela 8 os elementos de
acessibilidade e a relevância de aplicações em ambientes digitais pontuadas pelos
participantes no âmbito qualitativo e quantitativo.
Com isso, consideraram-se totalmente relevantes ou relevantes, de maneira
indistinta pelos respondentes, os seguintes elementos:
Presença de legendas (closed caption) em português para vídeos; e
Presença da Língua de Sinais/ LIBRAS em ambientes digitais.
Já os elementos que seguem foram assim considerados por três ou mais
respondentes:
Apresentação de conteúdo em imagens, fotografias e sons disponíveis
também em formato de texto em português;
Apresentação de textos em português disponíveis também em vídeos
dinâmicos em LIBRAS;
Vídeos em LIBRAS com legendas em português;
Apresentação de contéudos digitais em diferentes formatos (texto, imagem,
vídeo e som) e em hipermídia;
Diferenciação de cores entre os conteúdos e links consultados;
125
Alternativas de mudanças de cor, tamanho da fonte, tamanho da tela, e
ajustes de som;
Presença do SignWriting (escrita da Língua de Sinais) em ambientes
digitais;
Controle do usuário sobre as apresentações das informações (voltar,
adiantar, parar, começar); e
Disponibilizar dicionários digitais da LIBRAS para consulta.
Foram considerados irrelevantes ou indiferentes na aplicação de ambientes
digitais, pela maioria dos respondentes:
Mecanismos de ajuda que auxiliem o usuário diante de suas dificuldades de
navegação e fornecimento de respostas (feedback) às suas dúvidas por
meio digital (e-mail); e
Disponibilizar o Player Rybená para acessar o conteúdo informacional
digital.
Em relação à indiferença quanto a aplicação de mecanismos de ajuda para o
usuário, observou-se que os Surdos evitam o uso da escrita em português. As
comunicações entre Surdos e ouvintes por meio da escrita possuem diferenças gramaticais,
influenciadas pelo uso da LIBRAS em sua estrutura própria. As dificuldades e insegurança
relacionadas ao português podem ser destacadas pela participante SA:
Eu gostaria muito de web sobre Surdos, mas infelizmente por causa da
matéria “português – (por exemplo: - verbo, mais as palavras não conheço),
mas eu pedi alguma pessoa me explica e eu entendo ou procura o
dicionário para saber (SA, 47 anos, auxiliar de operações).
Para SA o português, em sua estrutura e vocabulário, torna-se fator que dificulta
o acesso à informação, sendo necessário recorrer ao auxílio de terceiros na interpretação do
texto para a LIBRAS e ao dicionário para ampliação de vocabulário e significado de palavras
desconhecidas.
Outro aspecto relevante a ser destacado no decorrer da pesquisa empírica
envolve a preocupação de RM em frisar sua habilidade na leitura labial e na
oralidade/verbalização do português, mesmo sendo Surdo profundo congênito, embora
tenha destacado que a interpretação em LIBRAS seja fundamental em seu contato com o
mundo. Destaca ainda que o português é difícil, mas que consegue entender razoavelmente
bem o que lê e escreve com dificuldade. Observa-se neste caso específico que o
participante utiliza os recursos disponíveis para se comunicar e ter acesso às informações
que necessita em seu dia-a-dia: LIBRAS, escrita, leitura labial e oralidade/verbalização.
126
Tabela 8 Relevância dos elementos de acessibilidade
Dentre os elementos apresentados encontram-se os específicos direcionados a
viabilizar as condições de acesso aos usuários Surdos: as legendas em vídeos, os recursos
hipermídia, a presença da LIBRAS e do SignWriting em ambientes informacionais digitais.
Por outro lado, consideram-se elementos de acessibilidade digital gerais: alternativas de
mudança no layout, controle do usuário, contrastes de cores, ajustes de som e tamanho de
fonte.
O SignWriting apresenta-se como um elemento plausível de discussões, pois
muitos dos participantes, principalmente os localizados no Estado de São Paulo
desconheciam previamente a escrita em Língua de Sinais. Observou-se que para a maioria
dos respondentes a escrita convencional das línguas oral-auditivas era a única forma de
RELEVÂNCIA DOS ELEMENTOS DE ACESSIBILIDADE
Níveis de relevância
Elemento de acessibilidade
Totalmente
relevante
Indiferente Relevante Irrelevante Totalmente
irrelevante
Imagens, fotografias e sons
disponíveis também em textos
escritos em português.
FL SB
RM, DR,
RS
AS -
Textos em português disponíveis
também em vídeos dinâmico em
LIBRAS.
DR, FL,
SB
AS RM, RS -
Vídeos em LIBRAS com legenda
em português.
DR
RM, FL,
RS
AS, SB - -
Contéudos digitais em diferentes
formatos e em hipermídia.
FL, SB RM DR, RS AS -
Diferenciação de cores entre os
conteúdos e links já consultados.
AS, SB RM, FL DR, RS - -
Alternativas de mudanças de cor,
tamanho da fonte, tamanho da
tela, ajuste de som.
SB FL, AS
RM, DR,
RS
- -
Presença de legendas em
português para vídeos.
DR, FL,
AS, RS,
SB
- RM - -
Presença da LIBRAS em
ambientes digitais.
RM, DR,
FL, AS,
SB
- Re - -
Presença do SignWriting (escrita
da Língua de Sinais) em
ambientes digitais.
DR, FL,
SB
AS, RS - RM -
Controle do usuário sobre as
apresentações das informações
(voltar, adiantar, parar, começar).
SB
DR, FL,
AS
RM, RS - -
Mecanismos de ajuda e respostas
ao usuários via e-mail.
SB
RM, DR,
FL
RS AS -
Presença de dicionários digitais
em LIBRAS para consulta.
FL, AS,
SB
DR RM, RS - -
Presença do Player Rybená para
acesso ao conteúdo disponível.
RS
FL, RS,
SB
- AS DR
127
expressão textual. Nesta pesquisa, portanto, considera-se o SignWriting como um elemento
de acessibilidade digital, por atender às necessidades informacionais de alguns dos
usuários Surdos potenciais de ambientes digitais, independente de sua localização
geográfica. Este aspecto pode ser aprofundado em estudos futuros, de acordo com a
evolução e popularização da escrita das Línguas de Sinais e sua relevância na qualidade de
vida dos Surdos.
Os dicionários digitais foram considerados significativos (totalmente relevantes e
relevantes) para a maioria dos participantes. Todavia, verificou-se que a ênfase nestes
dicionários digitais em LIBRAS foi destacada pelo participante RM relacionada ao processo
de aquisição de vocabulário em Língua de Sinais pelos ouvintes, mais do que pelos próprios
Surdos. Este aspecto torna-se relevante devido à construção da identidade surda pelos
respondentes e aos depoimentos quanto à necessidade e desejo de ampliar a divulgação da
LIBRAS. Neste contexto, portanto, os dicionários em LIBRAS beneficiariam tanto os
ouvintes quanto os Surdos na aquisição de vocabulário e consultas referentes a esta língua
visual-espacial.
Atualmente os dicionários contribuem na assimilação de novos vocabulários e
apenas apresentam exemplos escritos para orientar o aprendiz, o que precisa ser ampliado
no contexto digital com o favorecimento de tecnologias de informação e comunicação e dos
avanços no campo da realidade virtual. Em analogia aos dicionários em Língua Portuguesa
os dicionários digitais poderiam apresentar em LIBRAS a explicação semântica dos
vocábulos, por exemplo, ou apresentar as aplicações de determinados termos em diferentes
contextos como “laranja” – a cor laranja ou a fruta laranja? ou seria sábado? Todos estes
vocábulos possuem o mesmo sinal, com a mesma configuração de mão, na mesma
localização espacial, com o mesmo movimento, embora com significados diferentes em
conformidade com o contexto de uso.
O Player Rybená seria uma importante tecnologia digital a ser disseminada. Os
Surdos consideraram o aplicativo irrelevante ou indiferente por não estar presente em
nenhum dos ambientes informacionais digitais mencionados, o que representa o
desconhecimento dos Surdos quanto à existência desta tecnologia e a pouca aplicação da
mesma em diversas ambiências. Dos nove participantes da pesquisa cinco declararam
conhecer o aplicativo, embora não o utilizem para acessar as informações disponíveis em
ambientes digitais.
Apesar dos problemas mencionados no Capítulo 4 sobre o funcionamento do
Player Rybená considera-se esta tecnologia um avanço no contexto da acessibilidade
digital, a qual precisa de um refinamento e ajustes técnicos para promover melhores
condições de uso em ambientes informacionais digitais para usuários Surdos, em especial.
128
5.5 CONTEÚDO INFORMACIONAL DIGITAL SOBRE A COMUNIDADE SURDA
Dos nove participantes da pesquisa, apenas cinco contribuíram com o
questionário completo, o que inclui a presente seção relacionada ao conteúdo digital
disponível ao atendimento das necessidades informacionais de usuários Surdos, em
específico.
Os itens que compõem o questionário apresentam questões específicas quanto
ao conteúdo e seus formatos de apresentação das informações, objetivando-se verificar as
percepções dos Surdos associadas aos ambientes informacionais digitais relacionados à
surdez. Considerou-se os ambientes específicos para atender as necessidades
informacionais de usuários Surdos como um ponto de partida para melhorias tanto nestes
quanto em ambientes informacionais digitais gerais.
Desta forma, a freqüência de apresentação destes conteúdos podem variar de
um website para outro, em conformidade com os objetivos e missão do ambiente. Todavia, é
importante destacar que os contéudos e seus formatos de apresentação foram em grande
maioria encontrados algumas vezes (28) ou muitas vezes (18) pelos respondentes. Poucas
foram as ocorrências daqueles que nunca (7) encontraram os conteúdos e formatos de
documentos sugeridos no questionário de pesquisa. Alguns dos ambientes utilizados pelos
respondentes possibilitaram a recuperação de determinados conteúdos e formatos
raramente (17) ou sempre (14). Apenas uma participante não assinalou um dos intens
sugeridos, conforme é ilustrado na Tabela 9.
Assim, os conteúdos disponíveis em ambientes digitais para Surdos encontrados
sempre e/ou muitas vezes pelos participantes foram:
Informações sobre a cultura surda (piadas, histórias, contos, poesias);
Rede de Surdos conectados à Internet;
Mercado de trabalho para os surdos;
Tecnologias criadas para facilitar o acesso dos surdos em ambientes digitais;
Informações históricas sobre a Língua de Sinais e os surdos; e
Facilidade em encontrar informações sobre a comunidade e cultura surda em
websites para Surdos.
129
Tabela 9 Freqüência de conteúdos em websites relacionados a surdez
FREQÜÊNCIA DE CONTEÚDOS EM WEBSITES RELACIONADOS A SURDEZ
Níveis de freqüência
Conteúdos e formatos de
documentos disponíveis
Às vezes
Muitas
vezes
Raramente Sempre Nunca
Não
respondeu
Relato de pais ouvintes com
filhos Surdos.
LG - DR, SB AS RM -
Relato de pais Surdos com
filhos Surdos.
RM LG DR - AS, SB -
Apresentação de conteúdos
textuais, escritos e orais, com
interpretação para a LIBRAS.
RM AS, LG DR, SB - - -
Informações em vídeo com
legenda de texto.
- RM DR, SB AS - LG
Informações sobre a cultura
surda (piadas, histórias,
contos, poesias).
RM, DR SB, LG - AS - -
Informações sobre produtos
para facilitar a vida do Surdo
(babá eletrônica, campanhia,
celular, entre outros).
LG AS, SB RM - DR -
Informações sobre o
SignWriting: como surgiu, qual
sua função para os Surdos.
AS, SB - RM, DR, LG - - -
Literatura para Surdos
(SignWriting ou interpretação
para a LIBRAS).
RM, SB - DR, AS, LG - - -
Informação sobre educação,
lazer e saúde para Surdos.
RM, DR,
SB
- - AS, LG - -
Rede de Surdos conectados à
Internet.
-
DR, SB,
LG
RM AS - -
Profissionais Surdos bem
sucedidos e Surdos famosos
da história.
DR, SB,
LG
- - - RM, AS -
Mercado de trabalho para os
Surdos.
SB, LG DR - RM, AS - -
Informações históricas sobre a
Língua de Sinais e sua
importância para os Surdos.
DR, LG RM - AS, SB - -
Perspectivas de ensino para
Surdos: oralismo, comunicação
total e bilingüismo.
DR - RM AS, SB LG -
Tecnologias criadas para
facilitar o acesso do Surdo no
ambiente digital.
LG
RM, DR,
AS
SB - - -
Website para Surdos apresenta
conteúdo relevante para seus
usuários sobre a surdez.
RM, DR,
SB, LG
- - AS - -
Facilidade em encontrar
informações sobre a
comunidade e cultura surda em
websites para Surdos.
SB, LG RM, DR - AS - -
130
Em contrapartida, três ou mais respondentes declararam encontrar algumas
vezes os seguintes conteúdos:
Informação sobre educação, lazer e saúde para surdos;
Profissionais surdos bem sucedidos e surdos famosos da história; e
Relevância em conteúdos sobre a surdez disponíveis em websites para
usuários Surdos.
Destacaram-se como conteúdos encontrados raramente e/ou nunca em
ambientes digitais para Surdos:
Relatos de pais ouvintes/surdos com filhos surdos;
Informações sobre o SignWriting; e
Literaturas para surdos em formatos específicos (Signwriting e LIBRAS).
Alguns dos ambientes utilizados pelos participantes promoveram empate entre
as opiniões expressas no questionário. Desta forma, alguns conteúdos informacionais
divergiram entre as freqüências de disponibilidade, apresentando índices iguais quanto a
alta (muitas vezes e/ou sempre) e baixa (nunca e/ou raramente) incidência em websites. Os
conteúdos destacados nestes contextos referem-se as:
Apresentações de conteúdos textuais, escritos e orais, com interpretação
para a LIBRAS;
Informações em vídeo com legenda de texto;
Informações sobre produtos para facilitar a vida do surdo (babá eletrônica,
campainha luminosa, celular, entre outros); e
Perspectivas de ensino para Surdos: oralismo, comunicação total e
bilingüismo.
Apesar dos participantes RM e DR considerarem aspectos relevantes a
facilidade na recuperação de informações sobre a comunidade e a cultura surda em
websites, eles assinalaram que nem sempre encontram conteúdos sobre a surdez
relevantes para os usuários. Este aspecto caracteriza a necessidade de inserção de
conteúdos abrangentes e significativos aos usuários Surdos nestes ambientes específicos,
assim como planejar ambiências genéricas que possam atender as necessidades
informacionais deste público-alvo, em especial.
As questões relacionadas à surdez que compõem o questionário consideram
aspectos específicos de acessibilidade em ambientes informacionais digitais. Se os
desenvolvedores de websites direcionados para o público-alvo Surdo, em especial, aplicam
de forma escassa elementos de acessibilidade, a idéia de criar ambientes informacionais
acessíveis baseados no desenho universal pode torna-se um desafio ainda mais abrangente
relacionado às condições de acesso aos Surdos.
131
5.6 ANÁLISE DE ELEMENTOS DE USABILIDADE
Com a diversidade de ambientes e interesses pontuados pelos participantes,
assim como os elementos de acessibilidade digital assinalados tornou-se fundamental
verificar a usabilidade de alguns websites indicados pelos Surdos quanto à satisfação do
usuário Surdo. Para tanto, diante dos websites nacionais para Surdos ou relacionados à
surdez indicados pelos participantes da pesquisa realizou-se o ranking dos ambientes que
seguem:
www.surdosol.com.br (6)
www.ines.org.br (4)
www.diariodosurdo.com.br (3)
www.surdo.com.br (3)
www.feneis.org.br (3)
www.ok.pro.br (1)
Para verificar a usabilidade dos websites os Surdos participantes da pesquisa
foram convidados a escolher um destes ambientes e preencher um formulário fechado
(Anexo 2) composto por dezesseis itens quanto à satisfação do usuário em relação ao
conteúdo, interface e tipos de documentos apresentados neste ambiente digital.
Os ambientes avaliados foram de livre escolha dos participantes, diante das
alternativas pontuadas no ranking de sites nacionais indicados. O último ambiente
(www.ok.pro.br), citado por apenas um dos participantes, considerou-se como alternativa
para análise dos respondentes Surdos sinalizadores, principalmente.
Participaram da avaliação de usabilidade dois respondentes (SB e DR) com dois
websites direcionados aos Surdos e a surdez diferenciados: o da FENEIS e o do Diário do
Surdo. A participante SB avaliou o ambiente informacional da FENEIS, com a devolutiva do
formulário datada de 11 de janeiro de 2007. A participante DR verificou sua satisfação de
usabilidade no ambiente do Diário do Surdo e retornou com o formulário em 03 de fevereiro
de 2007.
5.6.1 FENEIS FEDERAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS SURDOS
A FENEIS é uma entidade filantrópica que trabalha para representar as pessoas
surdas, com caráter educacional, assistencial e sociocultural no que consiste no
reconhecimento das culturas surdas na sociedade. A entidade representa os Surdos em
132
organizações mundiais como a ONU, UNESCO, OEA, OIT
71
para garantir os direitos
culturais, sociais e lingüísticos da comunidade surda mundial. Por meio deste intercâmbio os
Surdos do mundo todo podem se relacionar, conhecer a luta de cada um e formar uma rede
democrática de direito universal à cidadania.
Quanto à usabilidade do ambiente, a participante SB apontou estar totalmente
satisfeita com a homepage do sistema (Figura 39), que apresenta o objetivo do site de forma
rápida e clara, identificando o público-alvo a que se destina o ambiente informacional digital.
Declarou estar satisfeita com a clareza dos textos escritos em português, a
utilidade do conteúdo disponível para os Surdos e com o atendimento às necessidades
informacionais do público-alvo a que se destina.
As insatisfações da participante focaram questões de acessibilidade para
usuários Surdos em destaque nesta dissertação. Desta forma, em conformidade com o
formulário de usabilidade, SB apresentou-se insatisfeita, por exemplo, com a ausência de
ícones em Língua de Sinais e com o sistema de busca por informações pelo site. Da mesma
forma, apresentou-se totalmente insatisfeita com o uso de legendas escritas em português
na apresentação das informações em vídeos.
Figura 39 Homepage da FENEIS
Fonte: <http://www.feneis.org.br>. Acesso em: 14 jan. 2007
71
ONU – Organização das Nações Unidas; UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura; OEA - Organização dos Estados Americanos e OIT - Organização Internacional do Trabalho, respectivamente.
133
A usuária não identificou no website da FENEIS alternativas de ajustes no
tamanho da fonte, cores da página ou contraste, tamanho da tela e ferramentas de controle
do usuário na interação com as informações. Considerados como elementos de
acessibilidade específicos para usuários Surdos não foram identificados o aplicativo Player
Rybená e informações traduzidas para a LIBRAS neste ambiente informacional digital.
Verifica-se que este ambiente, embora seja da Federação Nacional de Educação
e Integração de Surdos não apresenta em sua interface diversos elementos de
acessibilidade digital apontados nesta pesquisa para os Surdos, em especial, como público-
alvo principal que deveria atender com seu conteúdo informacional. Contudo, a usuária SB
enfatizou estar satisfeita com os conteúdos disponíveis neste ambiente para o atendimento
das necessidades informacionais dos próprios Surdos.
Em conformidade com as percepções da participante SB sugerem-se melhorias
baseadas no planejamento da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva para a interface do
ambiente informacional da FENEIS. Entretanto, após as percepções emitidas para
respondente, modificações foram visualizadas neste ambiente, que se apresenta
reestruturado, com novo layout e design de interface, conforme ilustrado na Figura 40.
Figura 40 Novo layout do website da FENEIS
Fonte: <http://www.feneis.org.br/page/index.asp>. Acesso em: 02 mar. 2007
Partindo-se de algumas das insatisfações da participante SB quanto à
acessibilidade, a nova interface apresenta a Língua de Sinais (Figura 41), visibilidade dos
conteúdos disponíveis com clareza, melhoria na recuperação das informações, mecanismo
de busca na homepage e sistema de rotulagem objetivo, facilitando a navegabilidade pelo
ambiente.
134
Figura 41 Língua de Sinais em interface digital
Fonte: <http://www.feneis.org.br/page/novidades.asp>. Acesso em: 02 mar. 2007
Na apresentação em Língua de Sinais a informação transmitida refere-se às
mudanças no website, solicitando do usuário que responda à enquete disponível na lateral
esquerda da tela sobre o novo layout web da FENEIS. Na Figura 41 enfatiza-se o controle
do usuário na visualização do vídeo em LIBRAS, assim como a barra de navegação do
ambiente, com os itens que compõem o tópico “Infosurdo”.
No entanto, apesar das relevantes melhorias identificadas no website da
FENEIS, sugere-se ainda a aplicação dos elementos de acessibilidade digital pontuados
pelos Surdos e destacados no MADAIDI no capítulo a seguir (Capítulo 6).
Considera-se como melhoria na qualidade da apresentação das informações o
uso de recursos hipermídia, presença da LIBRAS e um espaço amplo para os Surdos
atuarem como protagonistas neste processo inclusivo. A enquete disponível na nova
interface da FENEIS é uma alternativa significativa para verificar o impacto do novo pelos
usuários do ambiente.
Com isso, enfatiza-se que a associação de elementos de acessibilidade com
atuação de usuários Surdos envolve o processo de inclusão digital e social dos membros
das comunidades surdas que vêem o website da FENEIS como um ambiente rico em
informações para os Surdos, assim como para os ouvintes interessados na temática da
surdez. O discurso ideológico e participativo deve ser vivenciado pelos usuários deste
website, não apenas em sua representatividade, mas na aplicação de direitos lingüísticos,
sociais e culturais dos Surdos, assim como na visualização de suas reivindicações por
melhorias em interfaces digitais apresentadas nesta dissertação, na democratização da
informação e na acessibilidade digital.
135
5.6.2 DIÁRIO DO SURDO
O Diário do Surdo iniciou-se em 2004, primeiramente pelo estudante Aldo Neto
(idealizador do <http://
www.planetadossurdos.kit.net> com vários assuntos relacionados à
surdez: tecnologias, serviços, fotos, fórum, loja virtual, escolas e faculdades, bate-papo) e
em parceria com Denis Repullo Abreu (idealizador de outro ambiente web para Surdos, o
<http://www.surfsurdo.hpg.ig.com.br>, que visava agregar o número de fãs do ICQ
72
) que
juntos criaram este ambiente informacional digital para os Surdos.
A usabilidade do website Diário do Surdo foi avaliada por DR, que apresentou-se
satisfeita com a homepage (Figura 42) do sistema quanto a identificação do público-alvo a
que se destina. Pontuou sua satisfação quanto a utilidade dos conteúdos, a facilidade no
uso de serviços de busca por informações no ambiente e a disponibilidade de informações
que atendam às necessidades do Surdo.
Por outro lado, a participante mencionou insatisfação com a homepage em
relação à apresentação do objetivo do site de forma clara e rápida, a ausência da LIBRAS,
de ícones em Língua de Sinais e português escrito simultaneamente, o uso de legendas em
português na apresentação de conteúdos em vídeos, alternativas de ajustes de contrastes
de cores e tamanho da fonte do textos.
Figura 42 Homepage do Diário do Surdo
Fonte: <http://www.diariodoSurdo.com.br/>. Acesso em: 06 jan. 2007
72
ICQ (acrónimo das letras em Inglês I Seek You) é um programa de comunicação instantânea pela Internet que se
popularizou durante alguns anos. O ICQ foi o pioneiro nesta tecnologia, com a primeira versão lançada em 1997 pela
empresa israelita Mirabilis. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ICQ>. Acesso em: 12 fev. 2007.
136
A respondente apresentou-se indiferente quanto à satisfação com a clareza dos
textos escritos em português, à facilidade no retorno a página principal, o ajuste no tamanho
da tela e as ferramentas de controle de tempo de interação com a informação. Em sua
avaliação de usabilidade a participante não identificou no website Diário do Surdo o
aplicativo Player Rybená e a presença do SignWriting em contéudos e ícones.
Dos diversos itens sugeridos no formulário a insatisfação da participante se
apresentou em uma quantidade reduzida de elementos, que baseiam-se na organização das
informações no ambiente digital e na ausência de elementos de acessiblidade aplicados a
interface.
Portanto, sugere-se, a partir desta avaliação de usabilidade que o ambiente
informacional digital do Diário do Surdo seja (re)planejado com base na Arquitetura da
Informação Digital Inclusiva e no MADAIDI apresentado no Capítulo 6, em conformidade
com as reivindicações feitas pelos próprios Surdos que contribuíram com a pesquisa, na
ressignificação da surdez, assim como em sua inclusão digital e social na Sociedade da
Informação.
Contudo, neste capítulo foram traçados os perfis dos participantes em sua
constituição enquanto Surdos interativos. As percepções e depoimentos dos participantes
da pesquisa forneceram subsídios para pontuar os elementos de acessibilidade, os
conteúdos informacionais e, de forma preliminar, os aspectos de usabilidade fundamentais
para a construção de ambientes digitais que possam atender as necessidades de minorias
lingüísticas surdas, em especial, assim como diferentes usuários, independente de suas
condições sensoriais e motoras.
As “vozes” dos Surdos envolvidos nesta pesquisa requerem ambientes
inclusivos, com presença da Libras, recursos e elementos de acessibilidade capazes de
melhorar a interface de ambientes informacionais para usuários específicos.
Nos depoimentos dos próprios Surdos encontra-se a importância desta
dissertação e da elaboração do MADAIDI para orientar desenvolvedores e analistas de
interfaces digitais, conforme segue:
Muito interessante pois a pesquisa ajuda a melhorar o site para Surdos e
assim o Surdo fica mais “atentado” com as informações (DR, 20 anos,
estudante universitária).
Preciso website os Surdos no mundo. Conserva escrito e LIBRAS em
webcam de vídeo boa (AS, 26 anos, estudante).
A ênfase na melhoria de interfaces digitais e as expectativas quanto aos
resultados e visibilidade desta pesquisa podem ser ilustradas a seguir:
137
Espero que vcs consigam despertar a criatividade daqueles que fazem
websites. Boa sorte na pesquisa, com certeza ela vai contribuir muito (SB,
27 anos, professora).
Este questionário é muito importante para ouvintes e também para Surdos
como entendermos nossa situação, nosso relacionamento para melhorar e
aperfeiçoar sua experiência sobre surdez. Adorei muito deste. É muito bom
de acompanhar seu apóio cada vez mais superando pra gente! (RM, 26
anos, webdesigner).
Os depoimentos dos Surdos participantes da pesquisa destacam tanto a
importância do desenvolvimento desta dissertação, quanto se apresentam motivadores e
estimulantes a continuidade deste trabalho. Verifica-se uma expectativa quanto as possíveis
melhorias em ambientes informacionais digitais por parte dos respondentes, que querem
estar “atentados”, ou seja, antenados diante das informações disponíveis no âmbito digital,
em geral, em websites, em específico.
Assim, as percepções dos usuários Surdos em relação à acessibilidade, à
usabilidade e aos conteúdos informacionais digitais enriqueceram a elaboração do MADAIDI
com elementos para desenvolvimento e análise de interfaces digitais, conforme será
apresentado no Capítulo 6, a seguir.
Santa Isabel de Portugal assistindo uma doente
73
Francisco José de Goya (1798/1800)
Museu Lázaro Galdiano, Madrid, Espanha
6 MODELO PARA ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE AMBIENTES
INFORMACIONAIS DIGITAIS INCLUSIVOS MADAIDI
73
Fonte: http://www.arqnet.pt/portal/imagemsemanal/outubro0202.html
139
6
MODELO PARA ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE AMBIENTES
INFORMACIONAIS DIGITAIS INCLUSIVOS - MADAIDI
Neste capítulo é proposto o Modelo para Análise e Desenvolvimento de
Ambientes Informacionais Digitais Inclusivos – MADAIDI no intuito de viabilizar o
planejamento e implantação de ambientes informacionais acessíveis, considerando as
peculiaridades de públicos-alvo com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras,
em especial a comunidade de Surdos. A ressignificação da surdez enquanto diferença, a
valorização do bilingüismo na construção de ambientes digitais visa o planejamento e a
implantação de ambientes informacionais digitais em uma perspectiva inclusiva, com
condições de acesso baseadas na Arquitetura da Informação Digital Inclusiva e no desenho
universal.
A proposta de construção do MADAIDI visa pontuar elementos fundamentais de
aplicação aos princípios estruturais da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva para
atendimento das necessidades informacionais, principalmente, de minorias lingüísticas
surdas e usuárias preferenciais da Língua de Sinais .
O desenvolvimento do modelo fundamentou-se na literatura disponível sobre a
temática, entre as quais destacam-se Rosenfeld e Morville (1998), Dias (2003), Nielsen
(2000, 2002), Straioto (2002), Camargo (2004), W3C/WAI (1999, 2005a, 2005b, 2005c,
2005d, 2006a, 2006b, 2007), e-Gov (BRASIL, 2004b, 2005a, 2005b, 2005c), aplicativos
digitais desenvolvidos para melhorar a qualidade de vida digital dos Surdos, análise de
ambientes digitais e reivindicações de membros das comunidades surdas interativas e
exigentes.
Assim, com estes subsídios verificou-se a necessidade de desenvolver o
MADAIDI, em destaque na Figura 43, que apresenta elementos gerais e específicos de
estrutura informacional e tecnológica, no intuito de fornecer elementos para criadores e
analistas de interfaces digitais implantarem ou planejarem espaços digitais inclusivos,
baseados nos princípios da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva. Vale destacar que
seus elementos deverão ser analisados e selecionados conforme planejamento do ambiente
informacional digital a ser desenvolvido.
6 MODELO PARA ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE
AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS INCLUSIVOS -
MADAIDI
140
Modelo para Análise e Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais Inclusivos
– MADAIDI
74
Ambiente informacional digital:_________________________________________________
URL: _____________________________________________________________________
Instituição responsável: ______________________________________________________
Data: ____/____/____
Avaliador: _________________________________________________________________
Desenvolvedor: _____________________________________________________________
1 Pré-requisitos
1.1 Objetivo do ambiente digital
1.2 Público-alvo a ser atingido
Tipos de usuários Surdos: novatos, experientes, ocasionais, freqüentes
Faixa etária, sexo, escolaridade, região geográfica
Habilidades técnicas: experiência com o sistema, com computadores, com interfaces gráficas,
com tarefas específicas
2 Elementos de Acessibilidade
2.1 Interface
*Links com animação dinâmica em Língua de Sinais
*Links de navegação em SignWriting
Acessível via teclas de atalho e/ou teclado
Estrutura e esquema de organização acessíveis
*Aplicação de tecnologias de acessibilidade
*Mensagens de erros piscante
Mensagens de erros sonoras
Elementos integrados de navegação adequados
Consistência nas ações
2.2 Conteúdos
Alternativas de acesso por tipos de documentos hipermídia
*Disponíveis em Língua de Sinais
*Escritos em Língua de Sinais – SignWriting
*Simultaneidade na apresentação hipermídia com tradução para a Língua de Sinais
*Vídeos com legendas em Língua Portuguesa ou box de tradução em Língua de Sinais
*Glossário de palavras e sinalização em Língua de Sinais
*Acesso a dicionários de LIBRAS/Língua de Sinais
Acessíveis via teclas de atalho e/ou teclado
*Acessíveis via softwares de tradução para a Língua de Sinais
3 *Qualidade do conteúdo
3.1 *Navegável por usuário Surdo
3.2 *Informações úteis e acessíveis à comunidade surda e ouvinte
3.3 *Atendimento as necessidades informacionais também de usuários Surdos
4 Recuperação da informação
4.1 Estratégias de busca simples e/ou avançada
4.2 *Recuperação da informação de forma clara e objetiva: listas ordenadas, tabelas, Língua de
Sinais, SignWriting
4.3 Tipos de documentos disponíveis: textos, imagens e sons
4.4 Alternativa para recurso hipermídia
74
Os elementos inseridos no MADAIDI podem ser implementados em conjunto ou separadamente, em conformidade com
as necessidades informacionais dos usuários e com os objetivos que os desenvolvedores de ambientes informacionais
digitais desejam atingir.
141
5 Elementos de Usabilidade
5.1 Interface navegável ao usuário
5.2 *Navegabilidade por meio de links com rótulos animados em Língua de Sinais
5.3 *Navegabilidade por meio de rótulos em SignWriting
5.4 Suporte ao usuário: ajuda e feedback
5.5 Conteúdos objetivos e visíveis ao usuário
5.6 Apresentação do conteúdo em diferentes tipos de documentos
5.7 *Conteúdos textuais traduzidos para Língua de Sinais
5.8 *Rótulos e conteúdos digitais em Língua de Sinais e Língua Portuguesa simultâneos
5.9 Conteúdo passível de controle pelo usuário: parar, continuar, voltar, pausar
5.10 Navegação por meio de teclas atalho e/ou via teclado
6 Tecnologias assistivas
6.1 Tecnologias para edição de textos (ex.: SIGNED, SWEDIT, SIGN WRITER)
6.2 Tecnologias de tradução (ex.: SINGSIM, SignStream , iCommunicator)
6.3 Tecnologias de comunicação (ex.: (SIGNTALK, SIGNMAIL, SIGN WEBMESSAGE)
6.4 Tecnologias de criação de páginas web (ex.: SIGNHTML)
6. 5 Características gerais das tecnologias assistivas
Visíveis e objetivas ao usuário
Aplicáveis a hardwares e softwares mais simples
Flexíveis a ajustes necessários ao usuário: tamanho de tela de exibição, ajuste de som e
tamanho da fonte
Passível de controle pelo usuário: parar, continuar, voltar, pausar
7 Personalização
7.1 Ajuste tamanho da fonte
7.2 Ajuste de som pelo usuário
7.3 Mudança de contraste de cores
7.4. *Acessível em Língua de Sinais e/ou em SignWriting
8 Sistema de organização
8.1 Esquemas
Exatos: alfabético, cronológico, geográfico
Ambíguos: tópicos, orientados a tarefas, específicos a um público
Híbridos
8.2 Estruturas
Hierárquicas
Hipertextuais
Base relacional
9 Sistema de navegação
9.1 Hierárquico
9.2 Global
9.3 Local
9.4 Ad Hoc
9.5 Elementos integrados
9.5.1 Barra de navegação
Gráfica
Textual
9.5.2 Frames
Estado real da tela
Modelo da página
Velocidade da tela
Projeto complexo
9.5.3 Menus
Pull-down
Pop-up
*SignWriting
*Animação em vídeo sinalizado em Língua de Sinais
9.6 Elementos remotos ou suplementares
9.6.1 Tabela de conteúdos
9.6.2 Index – índice
9.6.3 Mapa do site
9.7.4 *Língua de Sinais
142
10 Sistema de rotulagem
10.1 Textual
Navegação - links
Termos de indexação
Cabeçalhos
10.2 Iconográfico
Navegação
Cabeçalhos
10.3 *Língua de Sinais dinâmico – vídeo ou imagem em movimento
*Navegação
*Termos de indexação
*Cabeçalhos
10.4 *SignWriting
*Navegação
*Termos de indexação
*Cabeçalhos
11 Sistema de busca
11.1 Tipos de busca
Busca por item conhecido
Busca por idéias abstratas
Busca exploratória
Busca compreensiva/avançada
11.2 Recursos de busca
Lógica booleana (AND, OR e NOT)
Linguagem natural
Tipos específicos de itens
Operadores de proximidade
Operadores especiais
11.3 Recursos de visualização
Listagens (ordenadas)
Relevância
Refinamento de busca
Contexto
Rede de informação ou rede contextual
11 Conteúdo das informações
12.1 Objetividade
12.2 Navegabilidade
12.3 Visibilidade
13 Usabilidade do site
13.1 Interface de fácil compreensão e uso
13.2 Navegabilidade
13.3 Funcionalidade
13.4 Ajuda (suporte)
13.5 Feedback
14. Tipos de documentos:
14.1 Textos: HTML, SGML, XML, DOC, RTF, DOC, RTF, PDF, OS (Post Script), outros
14.2 Imagens: estáticas (JPG, GIF), dinâmicas em animação (SWF, GIF) e em vídeos (AVI, MPEG,
RAM), outras
14.3 Sons: MP3, MIDI, WAV, outros
14.4 *SignWriting
14.5 Outros
15. *Informações específicas para a comunidade surda
15.1 *Informações variadas sobre a história dos Surdos
15.2 *Mercado de trabalho
15.3 *Formação profissional
15.4 *Educação
15.5 *Saúde
15.6 *Direitos e deveres
15.7 *Arte e cultura
15.8 *Ambientes digitais acessíveis
143
15.9 *Associações e redes sociais
16. Aspectos éticos e legais
16.1. Padrão de Acessibilidade: W3C/WAI – ATAG, WCAG e UAAG, e-Gov, outros.
16.2. Direitos autorais
16.3. Segurança e preservação das informações
16.4. Software livre ou proprietário
16.5. Política de acesso: Open Access
16.6. Política de arquivo aberto: Open Archives para interoperabilidade
* Elementos específicos adicionados ao MADAIDI a fim de viabilizar melhores
condições de acesso e uso a usuários Surdos em ambientes informacionais digitais.
Figura 43 Modelo para Análise e Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais Inclusivos - MADAIDI
Fonte: Elaborado pela autora
O MADAIDI está dividido em dezesseis itens com seus respectivos subitens,
estruturado da seguinte forma: informações sobre o ambiente, avaliador ou desenvolvedor;
pré-requisitos; elementos de acessibilidade; qualidade do conteúdo; recuperação da
informação; elementos de usabilidade; tecnologias assistivas; personalização; sistema de
organização; sistema de navegação; sistema de rotulagem; sistema de busca; conteúdo das
informações; usabilidade do site; tipos de documentos; informações específicas para a
comunidade surda; aspectos éticos e legais que serão detalhados a seguir.
Identificação
De acordo com Nielsen (2002) os websites comerciais devem oferecer um
método objetivo para procurar informações sobre a empresa ou responsáveis pelo site aos
usuários. Portanto, o autor recomenda links “Sobre Nós” e “Fale Conosco” para o usuário
obter uma visão geral sobre a empresa ou criador(es) do ambiente como uma forma de
contato entre desenvolvedores e usuários.
Assim, as Informações sobre o ambiente informacional digital, a URL, a
instituição responsável, a identificação do avaliador ou o desenvolvedor e a data são
fundamentais na caracterização do analista ou criador do website, ou de qualquer outro
ambiente digital. Estas informações legitimam a natureza do ambiente digital. A data é
essencial para a identificação da criação e análise do ambiente, considerando-se que os
websites são atualizados, alteram sua interface e layout com freqüência.
144
Pré-requisitos
O modelo proposto, baseado no desenho universal, preocupou-se com o
planejamento e criação de ambientes informacionais digitais inclusivos que atendessem as
necessidades de usuários com diferentes condições sensoriais lingüísticas e motoras,
embora contenha elementos específicos a atendimento de Surdos interativos, independente
de sua experiência com o computador e navegação em websites ou qualquer outro
ambiente informacional digital.
Quanto aos tipos de usuários, o ambiente deve ser planejado de forma clara e
objetiva para que possa atender desde os usuários novatos até os experientes,
independente de suas habilidades técnicas. Entretanto, tais habilidades devem ser
inspecionadas no delineamento dos perfis de usuários do sistema, o que pode ser realizado
por meio de entrevistas ou aplicação de questionários (DIAS, 2003; VALENTIN, 2005),
conforme aplicação de coleta de dados desta pesquisa (Anexo 1), por exemplo.
Camargo (2004) afirma que o levantamento de requisitos sobre o público-alvo
(tipos e características), seus interesses e os objetivos do ambiente digital devem ser
definidos antes da construção de todo e qualquer tipo de site. Assim, o planejamento de um
ambiente informacional digital deve definir a missão, o objetivo e a visão adotados como
requisitos de implantação do sistema no atendimento aos critérios dos idealizadores ou
instituição desenvolvedora e das necessidades do público-alvo a que se destina.
As categorias de usuários foram definidas por Rowley (2002, p. 182) como:
novatos (nunca utilizaram um determinado sistema e precisam aprender a executar as
tarefas de recuperação de informação, com rapidez e facilidade); experientes (utilizam
determinados sistemas regularmente e encontram-se familiarizados com algumas de suas
funções, podendo solucionar os problemas que aparecerem); ocasionais (assemelham-se
aos usuários novatos por utilizarem o sistema esporadicamente e quando o fazem
necessitam reaprender a usá-lo); freqüentes (assemelham-se aos experientes e alguns se
limitam quanto à variedade de funções que utilizam, portanto acabam nunca se tornando
experientes); e com necessidades especiais (refere-se às condições sensoriais e
lingüísticas, a mobilidade e distúrbios de aprendizagem). No contexto desta dissertação
focam-se os usuários Surdos enquanto minoria lingüística que utiliza, preferencialmente, a
Língua de Sinais.
A faixa etária, sexo, escolaridade e região geográfica (CAMARGO, 2004) visam
caracterizar o perfil dos usuários a serem atendidos pelo website, que implicará em
disponibilizar conteúdos informacionais e de formatos de arquivos específicos.
145
Elementos de acessibilidade
Os elementos de acessibilidade pontuados no MADAIDI envolvem a interface e
os tipos de conteúdos digitais. Desta forma, baseados no levantamento bibliográfico
realizado, nos depoimentos dos Surdos, nas análises de websites gerais e websites
específicos relacionados à surdez, e em aplicativos direcionados a membros das
comunidades surdas nacionais e internacionais, foram propostos diversos elementos de
acessibilidade digital.
Dentre os elementos de acessibilidade digital destacam-se a presença da Língua
de Sinais, do SignWriting, e de legendas (closed caption) em português escrito de modo
específico ao atendimento das comunidades surdas virtuais aplicadas em interfaces e em
conteúdos. A seguir, Figura 44, apresenta-se um ambiente web no qual se destaca uma
interface com a presença da LIBRAS em vídeo e do texto escrito em português.
Figura 44 Exemplos de links com animação dinâmica em Língua de Sinais
Fonte: <http://www.acessasp.sp.gov.br/html/modules/xt_conteudo/index.php?id=8>. Acesso em: 17 jun. 2006
As alternativas hipermídia (texto, imagens e sons) caracterizam-se como
elementos de acessibilidade, podendo atender a uma ampla variedade de usuários. No caso
da surdez, a interpretação em Língua de Sinais, ajuste de som e/ou legenda em texto escrito
para recursos audiovisuais podem ser elementos favoráveis ao acesso de diferentes tipos
de usuários com problemas auditivos (surdez leve, moderada, severa e profunda).
Mensagens de erros piscantes podem contribuir para melhorar a usabilidade de
ambientes informacionais digitais, alertando os usuários quanto aos possíveis problemas de
navegação. Por outro lado, as mensagens sonoras podem viabilizar uma melhor qualidade
146
de uso por usuários com problemas visuais, nos quais o estímulo auditivo torna-se um
sistema de alerta essencial.
O glossário, a exemplo dos CDs da Coleção Clássicos da Literatura em
LIBRAS/Português, oferece ao usuário, com antecedência, o sinal correspondente a
determinados termos narrados em LIBRAS no contexto dos conteúdos informacionais
disponíveis, podendo ser um elemento de acessibilidade a ser aplicado a interface.
Os dicionários em LIBRAS/Línguas de Sinais podem ter enlaces com websites
nos quais já estejam disponibilizados (site do INES e do Acesso Brasil, por exemplo) ou
podem utilizar softwares de criação de vocabulário. Embora ainda sejam protótipos, os
softwares para criação de dicionários destacados são o SIGN DIC e o X-LIBRAS. O SIGN
DIC é capaz de criar sinais de acordo com as suas características gestuais ou por ordem
alfabética na língua oral-auditiva, disponibilizando a interface com recurso hipermídia e em
SignWriting. Já o X-LIBRAS oferece um ambiente em realidade virtual para intercâmbio e
armazenamento de informações em LIBRAS por meio de vocabulário visual-espacial.
Na Figura 45 são apresentadas algumas das teclas de atalho que possibilitam a
navegabilidade pela interface digital sem o uso do mouse, elemento de acessibilidade que
pode beneficiar usuários com mobilidade reduzida.
Figura 45 Teclas de atalho site Acessibilidade Brasil
Fonte: <http://www.acessibilidadebrasil.org.br/>. Acesso em: 15 abr. 2007
As teclas de atalho podem estar visíveis ao usuário, Figura 45, ou ocultas, em
conformidade com a ilustração da Figura 46. Usuários experientes podem navegar pela
interface utilizando as teclas de atalho mesmo o sistema não as tornando visíveis. No
147
entanto, para atender a usuários novatos torna-se necessário a equiparação nas
possibilidades de uso, com flexibilidade no uso e o mínimo de esforço físico.
Figura 46 Teclas de atalho para barra de navegação - Senado Federal
Fonte: <http://www.senado.gov.br/sf/senado/senado.asp?>. Acesso em: 18 jan. 2007
Na Figura 46 são destacados os ícones de acessibilidade e/ou personalização
do sistema informacional e o aplicativo Player Rybená. O ícone de tradução para a LIBRAS
aciona o aplicativo Player Rybená para o acesso ao conteúdo informacional em formato de
animação em LIBRAS. A interface do aplicativo no website do Senado Federal é
personalizada apresentando-se em um espaço maior da tela. Entretanto, o ajuste do
tamanho de exibição da animação permanece fixo.
De modo geral, a navegação via teclado, as tecnologias digitais de
acessibilidade ou softwares de transcrição para a LIBRAS (por exemplo o Player Rybená ou
programas do Pacote Sign), a consistência nas ações (ações iguais não podem apresentar
efeitos diferentes), as estruturas e esquemas acessíveis (que não direcionem o usuário a
páginas vazias, em construção ou que ocasionem em obstáculos a navegação ao usuário),
os elementos integrados de navegação adequados (possibilidade de construção de barras
de navegação textuais, iconográficas, em Língua de Sinais, em SignWriting com associação
de um ou mais elementos integrados) compõem tipologias de elementos de acessibilidade
que podem ser capazes ampliar as condições de acesso e melhorar a qualidade de uso de
interfaces digitais.
Qualidade do conteúdo
A qualidade do conteúdo digital está associada também à implantação dos
elementos de acessibilidade. Considera-se que o planejamento de uma Arquitetura da
Informação Digital Inclusiva promova a navegabilidade, a utilidade e o acesso às
informações, objetivando o atendimento as necessidades informacionais de diferentes tipos
de usuários.
148
No caso de usuários Surdos, preferencialmente sinalizadores e natissurdos,
algumas tecnologias que utilizam o SignWriting podem contribuir na construção de
ambientes informacionais com qualidade de acesso, como por exemplo as ferramentas de
edição de textos (SIGNED, SWEDIT, SIGN WRITER), de tradução (SINGSIM), de
comunicação (SIGNTALK, SIGNMAIL, SIGN WEBMESSAGE) e de criação de páginas web
em HTML (SIGNHTML) com suporte à escrita da Língua de Sinais.
Em Língua de Sinais podem ser utilizadas tecnologias assistivas com
funcionalidades similares a do SignStream e do iCommunicator, que realizam tradução
simultânea da informação impressa ou oral para a Língua de Sinais. Embora sejam
softwares que promovam a acessibilidade em Língua de Sinais Americana, esses sistemas
podem servir como exemplo a criação de programas nacionais com funcionalidades
similares, possibilitando a tradução simultânea para a LIBRAS em ambientes diversos.
Em português encontra-se disponível o Player Rybená, uma forma de tradução
bidimensional da LIBRAS, considerada uma iniciativa relevante, mas que precisa de alguns
ajustes em seu funcionamento para tornar-se um aplicativo mais produtivo e aplicável.
Recuperação da Informação
As estratégias de busca podem ser simples ou avançadas, ou seja, por meio de
um campo simples o usuário utiliza-se de palavras-chaves ou termos específicos. Por meio
da pesquisa avançada pode utilizar mais um termo em diversos campos (autor, palavra-
chave, resumo, texto completo, título, ano entre outros).
A interface dos resultados do processo de recuperação de informações pode
conter o resultado em listas por ordem alfabética ou de relevância, em tabelas, em Língua
de Sinais e em SignWriting, por exemplo.
As alternativas hipermídia favorecem diversos tipos de usuários no processo de
apresentação, acesso e disseminação de informações. Os tipos de documentos podem ser
textos (PDF, HTML, DOC, por exemplo), imagens (dinâmicas, estáticas, vídeos, realidade
virtual) e sons.
Alguns aplicativos descritos no Capítulo 4 podem contribuir com as diferentes
formas de recuperação das informações por meio de edição de textos em SignWriting
(SIGNED, SWEDIT, SIGN WRITER), de tradução na escrita das línguas visuais-espaciais
(SINGSIM), com tradução simultânea em Língua de Sinais Americana (SignStream e
iCommuncator) e com o uso do aplicativo Player Rybená para visualização do conteúdo em
formato bidimensional da Língua Brasileira de Sinais. O AGA-Sing é considerado uma das
formas de recuperação da informação com a presença do SignWriting associado a
149
animação em Língua de Sinais que possibilita a visualização da informação em formato de
animação dinâmica.
Elementos de usabilidade
A usabilidade de um sistema corresponde à qualidade de uso pelos usuários.
Straioto (2002) afirma que a garantia de usabilidade de um sistema torna-se essencial para
a criação de interfaces navegáveis e funcionais, com controle e liberdade na interação entre
o sistema e o usuário.
Assim, alguns elementos de usabilidade podem viabilizar a melhoria das
interfaces digitais para o atendimento as necessidades da diversidade de públicos-alvo a
que se destina. De forma específica para usuários Surdos sinalizadores, considera-se
importante a presença de links, rótulos e conteúdos informacionais digitais em Língua de
Sinais e SignWriting, conforme será apresentado na seção seguinte.
Nielsen (2002) e Straioto (2002) enfatizam a necessidade de suportes de ajuda
ou feedback ao usuário como formas de interação quanto às dúvidas e dificuldades que
possam surgir na navegação. Estes elementos podem aumentar a produtividade do usuário
no uso das informações e reduzir seu tempo de navegação para encontrar o que busca no
website ou em qualquer outro ambiente informacional digital.
Os softwares que enfatizam o SignWriting e as tecnologias de tradução para as
Línguas de Sinais podem ser ferramentas auxiliares quanto à usabilidade em ambientes
informacionais digitais para Surdos, em especial.
De forma geral, interfaces navegáveis, conteúdos objetivos e visíveis, em
diferentes formatos de documentos, controle do usuário na interação com a informação e
navegação via teclado baseiam-se no desenho universal e podem possibilitar o acesso às
informações independente das condições sensoriais e motoras do usuário (tais condições
podem ser temporárias ou permanentes, como por exemplo um braço quebrado).
Tecnologias assistivas
As tecnologias destacadas no Capítulo 4 podem ser consideradas assistivas ao
aos usuários com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras, em especial a
promoção do acesso aos Surdos em ambientes informacionais digitais. Neste contexto,
destacam-se as tecnologias disponíveis que usam o SignWriting como ferramentas de
edição de textos (SIGNED, SWEDIT, SIGN WRITER), de tradução (SINGSIM), de
comunicação (SIGNTALK, SIGNMAIL, SIGN WEBMESSAGE) e de criação de páginas web
150
em HTML (SIGNHTML) para construção de ambientes web com suporte à escrita da Língua
de Sinais.
Dentre as tecnologias que usam a tradução para a Língua de Sinais destacam-
se os softwares em Língua de Sinais Americana que realizam tradução simultânea da
informação impressa ou oral para a Língua de Sinais - o SignStream e o iCommunicator. O
aplicativo Player Rybená: realiza a transcrição do texto escrito para o português sinalizado
com o uso de sinais da LIBRAS em formato de animação dinâmica.
A utilização e a aplicação de tecnologias assistivas que envolvem o SignWriting
e que realizam a tradução da informação impressa ou oral para a Língua de Sinais entre
outras podem ser consideradas significativas no contexto de inclusão digital de usuários
Surdos, foco principal desta pesquisa.
As tecnologias assistivas devem estar visíveis ao usuário para que ele não
desista da navegação no website. Os criadores de websites precisam se preocupar com as
tecnologias de autoria utilizadas no desenvolvimento de ambientes digitais, pois estas
devem ser aplicáveis a hardwares e softwares do usuário, que podem ser tanto de última
geração quanto mais simples.
Neste aspecto, Straioto (2002) alerta os desenvolvedores de websites quanto ao
cuidado na implantação de tecnologias. Diante da incompatibilidade de hardware e software
entre sistema e usuário o ambiente torna-se inviável e não acessível, corrompendo a
qualidade de uso do ambiente informacional digital.
A flexibilidade de ajuste de tamanho de tela, fonte, som e o controle do usuário
na interação com o sistema permitem a adequação do ambiente as necessidades
sensoriais, permanentes ou temporárias, do usuário capaz de possibilitar uma melhor
usabilidade do sistema.
Personalização
As flexibilidades de ajustes e alterações, de acordo com o ambiente e os tipos de
usuários, podem se caracterizar como elementos de acessibilidade, tecnologias assistivas
ou personalização do sistema. Nas figuras a seguir apresentam-se alguns exemplos de suas
aplicações.
Na Figura 47 destaca-se o exemplo de personalização com rotulagem
iconográfica que acionam os recursos de ajustes da interface, tecla de atalho e de
navegação pelo ambiente informacional digital. A rotulagem dos recursos de personalização
podem ser encontrados em formatos textuais também.
151
Figura 47 Elementos de acessibilidade de interface – Ministério Público do Trabaho (MPT)
Fonte: <http://www.pgt.mpt.gov.br/pgtgc/>. Acesso em: 03 fev. 2007
As possibilidades de alteração da aparência do site, em destaque nas figuras
anteriores permitem ao usuário adequar à interface conforme suas necessidades, sendo
elementos de acessibilidade que podem favorecer usuários com problemas visuais.
Figura 48 Comparação entre alterações de tamanho da fonte - MPT
Fonte: <http://www.senado.gov.br/sf/senado/senado.asp>. Acesso em: 03 fev. 2007
Entretanto, na Figura 48, comparando as possibilidades de ajustes de tamanho
de fonte do website do Senado Federal constata-se a necessidade de limitar este tipo de
ajuste. Observa-se na ilustração anterior que os ajustes de redução e ampliação do
tamanho da fonte possuem uma extensa flexibilidade, que ocasionam problemas de
usabilidade: os ajustes muito reduzidos ou ampliados da fonte podem impossibilitar a leitura
pelo usuário.
As alterações de contrastes de cores podem ser visualizadas neste mesmo
ambiente informacional digital e de forma comparativa: auto contraste, contraste padrão e
monocromático. No auto contraste o usuário visualiza uma tela com fundo preto e fonte
Fonte padrão
Fonte ampliada
Fonte reduzida
152
branca. No monocromático a interface apresenta-se em vários tons de uma única cor, no
caso específico do website do MPT em tons de cinza. O padrão de contraste de cores do
website apresenta-se colorido com tons mais claros e escuros no destaque de alguns links
(Figura 48).
Para Camargo (2004), a personalização e a filtragem de informações possuem
uma perspectiva de crescimento da usabilidade das informações. Assim, a acessibilidade
em Língua de Sinais e o SignWriting como personalizações podem promover ambientes
diferenciados ao atendimento das necessidades do usuário Surdo, em especial, e/ou ouvinte
que deseja acessá-lo de forma personalizada por meio da língua visual-espacial.
Sistema de organização
O sistema de organização de ambientes informacionais digitais deve ser
projetado para que os usuários utilizem o ambiente de forma rápida e fácil, por meio de uma
estrutura que permita múltiplas formas de acesso à informação. Para isso, de acordo com
Rosenfeld e Morville (1998), o sistema de organização é composto de esquemas e
estruturas.
Os esquemas de organização exatos dividem as informações de forma bem
definida, podendo ser:
Alfabético: organiza as informações em ordem alfabética (lista de
resultados de concursos, vestibulares);
Cronológico: organiza as informações de acordo com as datas
(fascículos de revistas, últimas notícias); e
Geográfico: caracteriza-se pela organização da informação de acordo
com a localização geográfica (universidades com unidades em diversas
localidades, como no website da UNESP).
Os esquemas de organização ambíguos dividem as informações em categorias,
como as que seguem:
Tópicos: geralmente as informações estão organizadas por assunto;
Orientados a tarefas: permite a interação do usuário com o sistema por
meio de determinadas tarefas;
Específicos a um público: utilizado quando se tem usuários definidos do
ambiente; e
Dirigidos a metáforas: usam metáforas conhecidas pelos usuários para
representar as informações navegáveis.
153
Com isso, os esquemas híbridos utilizam elementos dos sistemas de
organização exatos e ambíguos, sendo comum na web para facilitar o acesso à diversidade
de informações exibidas pelos portais (ROSENFELD; MORVILLE, 1998; STRAIOTO, 2002).
As estruturas de organização definem os caminhos navegáveis pelo usuário e
podem ser caracterizadas como:
Hierárquica: é definida a área de conteúdo mais abrangente inicialmente
e depois são distribuídos os subitens;
Hipertexto: organiza as informações de forma não linear, embora as
interligando por meio de links; e
Bases de dados relacionais: as informações são estruturadas em
registros que podem ser pesquisadas de acordo com o conteúdo
específico da busca.
A navegabilidade do usuário pelo ambiente digital depende de uma boa
organização do sistema. Portanto, a escolha e adequada aplicação dos sistemas de
organização podem tornar o ambiente com melhor qualidade de uso, além de satisfazer as
necessidades dos diversos tipos de usuário do ambiente.
Sistema de navegação
O sistema de navegação constitui-se de elementos capazes de apresentar a
trajetória do usuário pelo website. Este sistema pode ser dividido em:
Hierárquico: parte da página principal para as opções secundárias e
suas subdivisões;
Global: pode ser um complemento ao sistema hierárquico, possibilitando
maior movimentação no site;
Local: são específicos e permanecem na tela enquanto o conteúdo a
que se refere estiver sendo abordado; e
Ad-Hoc: permite estabelecer relacionamentos entre os conteúdos
inapropriados para serem inseridos nos sistemas de navegação
principal.
Os elementos integrados auxiliam na navegação pelo ambiente informacional
digital, da seguinte forma:
Barra de navegação: são conjuntos de links de hipertexto agrupados no
ambiente informacional, que podem ser aplicadas em sistemas de
navegação hierárquica, global e local. Apresentam-se em formatos
gráficos e textuais e se utilizam de ícones e rótulos de textos
simultaneamente e/ou de forma complementar;
154
Frames: são as janelas de exibição do browser na qual se visualizam as
informações, sendo independentes entre si. Os frames devem ser
planejados em conformidade como espaço a ser utilizado na tela,
considerando-se a quantidade de divisões, largura, altura e conteúdo
apresentado em cada um deles. Assim, podem ser usados para separar
o sistema de navegação do conteúdo do site entre outras formas de
apresentação e organização da informação no ambiente, como no
estado real da tela, modelo da página, velocidade da tela ou exibição e
design ou projeto complexo; e
Menus: são opções de conteúdos disponíveis ao usuário que aproveitam
o espaço de exibição da tela. Podem se apresentar nos formatos Pull-
down que se expande na tela automaticamente mediante o clique do
mouse, apresentando as opções de navegação ao usuário e o Pop-up
que se expande pelo movimento do cursor em determinada área de tela
ou elemento de interface.
Foram adicionados a estas opções de menu de Rosenfeld e Morville (1998) o
SignWriting, que apresenta ao usuário as opções de navegação por meio da escrita da
Língua de Sinais e as animações em vídeos sinalizados em Língua de Sinais.
Além destes aspectos encontram-se os elementos de navegação remotos, que
são alternativas de visualização do conteúdo do site em sua totalidade, conforme segue:
Tabela de conteúdo: apresenta uma tabela com os conteúdos
disponíveis;
Índice: relação de palavras-chave ou frases de todos os assuntos
apresentados no website de forma alfabética e não hierárquica;
Mapa do site: representa o fluxograma de navegação pelo website,
possibilitando o acesso direto do usuário a todas as páginas do sistema;
Língua de Sinais: elemento fruto desta pesquisa e consiste em
apresentar as listas, índices, mapa do site em Língua de Sinais em
vídeo, animação e/ou escrita em SignWriting.
O planejamento de um sistema de navegação, na composição de uma
Arquitetura da Informação Digital Inclusiva, torna-se essencial para a apresentação
contextualizada da informação, auxiliando o usuário em suas buscas de forma dinâmica e
flexível com autonomia e independência em sua movimentação pelo ambiente.
155
Sistema de rotulagem
O sistema de rotulagem compreende uma forma de representação das
informações por palavras ou ícones, que permite ao usuário decidir os caminhos de sua
navegação pelo site. Os rótulos, em conjunto com os sistemas de organização e navegação,
podem se apresentar em dois formatos, de acordo com Rosenfeld e Morville (1998):
Textual: apresentação dos títulos dos links de navegação, termos de
indexação e cabeçalhos escritos no idioma do website; e
Iconográfico: da mesma forma que os textos, oferecem links de
navegação e cabeçalhos com ações representadas por figuras, ícones
e/ou imagens representativas.
Adicionados a estes formatos, o MADAIDI considera como rotulagens que
compõem uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva para usuários Surdos, em
especial, os seguintes sistemas:
Língua de Sinais: rótulos de links de navegação, termos de indexação e
cabeçalhos apresentados em Línguas de Sinais em formato de vídeos
ou animações dinâmicas; e
SignWriting: títulos de links de navegação, termos de indexação e
cabeçalhos representados pela escrita em Línguas de Sinais.
Figura 49 Exemplos de rótulos em LIBRAS e em SignWriting
Na Figura 49 são apresentados exemplos de sistemas de rotulagem textual
associada a LIBRAS em vídeos dinâmicos e em SignWriting como iniciativas de
acessibilidade na perspectiva bilíngüe da surdez.
A rotulagem em websites ou qualquer outro ambiente informacional digital deve
ser planejada para viabilizar a acessibilidade e a usabilidade destes sistemas, sem perda de
Rótulos em LIBRAS e textuais
Rótulos em Si
g
nWritin
g
e textuais
156
tempo e com facilidade no aprendizado pelo usuário na navegação. O planejamento
adequado do sistema de rotulagem possibilita uma melhor indexação do website pelas
ferramentas de busca, o que pode possibilitar ao usuário a busca de informações de
maneira mais adequada por ambientes informacionais digitais.
Sistema de busca
O sistema de busca permite a localização de informações armazenadas nos
diversos computadores conectados à Internet. Entretanto, a busca por informações pode
ocorrer no próprio site – sistema de busca interna, ou em sites externos – sistema de busca
externa. Este sistema é composto pelos seguintes processos:
Tipos de busca: variam de acordo com as expectativas dos usuários,
podendo ser por itens conhecidos (algumas necessidades de informação
dos usuários são definidas com clareza, o que requer uma resposta
simples), por idéias abstratas (o usuário sabe qual é a informação que
deseja recuperar, mas tem dificuldade em descrever o termo de busca),
exploratória (o usuário sabe expressar seu termo de busca, mas não
sabe o que encontrará como resposta, explorando informações para
ampliar seu aprendizado), compreensiva ou avançada (o usuário quer
todas as informações disponíveis sobre determinado assunto);
Recursos de busca: o usuário pode realizar suas buscas utilizando
diversos recursos auxiliares, como a lógica booleana (pesquisa entre um
ou mais termos de busca, relacionando-os entre si de acordo com a
necessidade informacional do usuário, com uso dos operadores
“E”/“AND”, “OU”/“OR” ou “NÃO”/“NOT”; linguagem natural (uso de
termos conhecidos, familiares ao usuário, em geral com composição de
uma frase); tipos específicos de itens (utilização de termos gerais);
operadores de proximidade (possibilidade de utilizar e localizar termos
que estão próximos em uma frase); e operadores especiais (possibilita
ao usuário realizar opções de busca, como por exemplo em URLs,
localizar arquivos em vídeo, em PDF entre outros);
Recursos de visualização: a visualização das informações recuperadas
pelos sistemas de busca podem ser encontradas em listagens por
relevância (maior ou menor precisão de resultados com a palavra
pesquisada identificada através do uso de índices percentuais),
refinamento de busca (utiliza o conteúdo recuperado para uma nova
busca e exibição de informações); contexto (o usuário visualiza as
157
informações de acordo com o contexto desejado); rede de informações
ou rede de contexto (as informações são visualizadas de acordo com
similaridades de contextos informacionais).
O planejamento do sistema de busca deve considerar, de acordo com Rosenfeld
e Morville (1998), a experiência do usuário com interfaces digitais, a utilização dos
operadores e demais recursos, os tipos de informações que desejam recuperar e o
detalhamento na visualização da informação (simples, detalhado, ordem cronológica,
alfabética, relevância).
Conteúdos das informações
Os conteúdos informacionais devem ser objetivos, navegáveis e visíveis aos
usuários. Para Straioto (2002) a utilização de uma linguagem objetiva auxilia o usuário no
acesso rápido e eficiente às informações (objetividade), por meio da visualização de tópicos
extensos com maior facilidade e rapidez. Relacionada à rapidez encontra-se a
navegabilidade, que visa tornar o ambiente mais visível ao usuário, com destaque às
determinadas informações. Com isso pretende-se melhorar a usabilidade de ambientes
informacionais gerais e específicos.
Usabilidade do site
A usabilidade do site, em conformidade com aspectos detalhados anteriormente,
promove interfaces navegáveis e funcionais, com auxílio técnico e feedback ao usuário.
Para viabilizar a usabilidade de ambientes digitais, Nielsen (2000) enfatiza a necessidade de
planejar uma arquitetura da informação que envolva as necessidades do usuário e os
objetivos e a missão do site. Da mesma forma, Straioto (2002) relaciona a usabilidade em
websites como o planejamento, análise e compreensão do usuário quanto às tarefas e os
usos do sistema, que visam avaliá-lo com a ajuda de alguns de seus usuários.
Tipos de documentos
De acordo com Straioto (2002) os tipos de documentos emergiram pela
quantidade cada vez maior de informações disponíveis no ambiente web. Este crescimento
possibilitou a apresentação dos conteúdos informacionais em diversos formatos, com
destaque aos textos (TXT, DOC, PDF, SGML, HTML, XML entre outros), imagens estáticas
(JPG e GIF) e dinâmicas (SWF, GIF – animações e AVI, MPEG e RAM – vídeos) e som
158
(MP3, MIDI e WAV) destacados pela autora em sua dissertação de mestrado. Vale lembrar
que com o avanço das tecnologias de informação e comunicação novos formatos para
textos, imagens e sons foram e estão sendo desenvolvidos.
Como exemplo de tipo de documento em Língua de Sinais pode-se mencionar o
conteúdo do TeleLibras
75
(Figura 50) desenvolvido com o objetivo de promover o acesso da
pessoa surda às informações jornalísticas e de construir uma mídia democrática e inclusiva,
onde todos tenham direito à informação, independente de suas diferenças. O espaço
informacional é dividido entre apresentadores e um intérprete na tela do vídeo, que
disponibiliza ao usuário informações com tradução para LIBRAS e áudio em português.
Figura 50 Exemplo de conteúdo hipermídia em vídeo e áudo – TeleLibras
Fonte: <http://www.vezdavoz.com.br/telelibras/>. Acesso em: 22 jan. 2007
Nesta dissertação, portanto, considerou-se os textos escritos em SignWriting, as
imagens estáticas ou dinâmicas (AGA-Sing) do SignWriting ou da Língua de Sinais, as
imagens dinâmicas em animação (Player Rybená), aplicações em realidade virtual (X-
LIBRAS) e em vídeos (TeleLibras) em Língua de Sinais como tipos de documentos
75
O TeleLibras foi desenvolvido pela Organização não governamental (ONG) Vez da Voz a da interação com minorias
lingüísticas Surdas. O projeto apresenta-se como o primeiro telejornal inclusivo e inédito na Internet que transmite
informações sobre o que acontece no Brasil e no mundo, sendo voltado às pessoas Surdas ou interessadas em aprender a
LIBRAS. Além disso, com o ambiente digital pretende-se garantir o direito à informação e à comunicação, essenciais para o
exercício da cidadania. A equipe do ambiente é constituída por produtores de textos – jornalistas (Roberto Pellim, Paloma
Cotes, Roberta Lage e Andreia Marques), apresentadores (Rogério Souza, Cláudia Cotes, Andréia Marques e Roberta
Lage), interpretação em LIBRAS (Fabiano Campos), assessoria fonoaudiológica (Cláudia Cotes), assessoria com Surdo
(Paullo Vieira), edição (Rogério Souza) e responsável pelos vídeos no site (Valdir Marques). Disponível em:
<http://www.vezdavoz.com.br/telelibras/>. Acesso em: 22 jan. 2007.
159
favoráveis a estruturação de uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva com foco a
qualidade de acesso e uso a usuários Surdos sinalizadores.
Informações específicas para a comunidade surda
Em ambientes digitais que visam atender às necessidades informacionais de
usuários Surdos as informações relacionadas à surdez e aos Surdos tornam-se essenciais
no planejamento da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva. No entanto, alguns
conteúdos de interesse dos Surdos podem ser disponibilizados em ambientes gerais, de
acordo com a missão, o objetivo e a visão do site. Um ambiente informacional digital de
empregos pode divulgar vagas para Surdos com a aplicação dos elementos de
acessibilidade específicos (Língua de Sinais ou SignWrinting), por exemplo.
Aspectos éticos e legais
Os aspectos éticos e legais do website devem ser visíveis aos usuários e
analistas do ambiente digital. Existem diversos padrões de acessibilidade web, entre os
quais destacam-se o W3C/WAI (ATAG, WCAG e UAAG) em nível internacional e o e-Gov
no nacional.
Considera-se relevante destacar que no ambiente digital os direitos autorais
lidam com a imaterialidade com foco principal na propriedade intelectual dos documentos,
presentes nas produções artísticas, culturais, científicas entre outras. As questões de
direitos autorais e propriedade intelectual na Internet têm repercutido em debates diversos
no âmbito acadêmico. Neste contexto, consideram-se como algumas das medidas de
preservação dos direitos autorais o tratamento do conteúdo informacional em formato PDF e
em vídeos ou animações protegidas contra cópias, por exemplo. Entretanto, vale destacar
que determinados softwares leitores de tela utilizados pelos usuários com problemas visuais
não permitem a leitura de documentos em determinados formatos. Com isso, torna-se
essencial verificar a flexibilidade do ambiente para que este possa ser acessível a uma
ampla proporção de usuários, independente de suas condições sensoriais, lingüísticas e
motoras.
Quanto à segurança da informação consideram-se as diversas medidas para
protegê-la e preservá-la. A integridade, disponibilidade, autenticidade, confidencialidade,
não repúdio e controle de acesso compõem os pilares que constituem a segurança da
informação. Tais pilares são essenciais na atualidade mesclada de ambientes públicos e
privados conectados em rede (MACHADO et al., 2000).
160
Sottwares livres são programas disponíveis para uso, cópia e distribuição,
original ou modificações, gratuita ou com custo. Os códigos fonte destes programas são
disponibilizados para que possam ser livremente utilizados e modificados
76
. Por outro lado, o
software proprietário tem um custo e o código fonte não é aberto para cópia, redistribuição
ou modificação, como por exemplo o RealPlayer utilizado em diversos ambientes digitais.
O Open Acess refere-se ao livre acesso a documentos digitais por cientistas,
estudantes, professores, universitários, editores e professores e demais interessados. Esta
iniciativa de acesso aberto visa remover barreiras no acesso à literatura e acelerar
pesquisas, enriquecer a educação, compartilhar conhecimentos, tornar público resultados de
pesquisa e literaturas para viabilizar intercâmbios intelectuais comuns a determinados
grupos de interesse. O acesso aberto pode envolver o auto-arquivamento de documentos,
que necessita de metas, de políticas relacionadas à avaliação, legitimidade e preservação
entre outros aspectos dos documentos.
A política de arquivo aberto (Open Archive Initiative - OAI) é uma iniciativa que
contribui para a transformação da comunicação científica, de maneira que se propõe a
definir aspectos técnicos e organizacionais de uma estrutura para publicações científicas.
Focada na interoperabilidade, o OAI estabeleceu um conjunto de padrões e protocolos como
o mecanismo para interoperar os vários provedores de dados e os provedores de serviços
(KURAMOTO, 2005).
Finalizando, o detalhamento dos itens propostos no Modelo para Análise e
Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais Inclusivos (MADAIDI) detalhados
neste capítulo podem permitir que desenvolvedores e avaliadores de websites e outros
ambientes informacionais digitais identifiquem os elementos capazes de promover as
condições de acesso e uso de ambientes informacionais digitais.
Destaca-se, portanto, que os elementos apresentados no MADAIDI podem ser
implementados em conjunto ou separadamente. Por exemplo, o desenvolvedor pode criar
links com rótulos em Língua de Sinais, em português escrito, em SignWriting conjuntamente.
Os arquivos de documentos podem ser disponibilizados por recursos hipermídia ou por tipos
de documentos para livre escolha do usuário, como por exemplo o áudio, o vídeo, o texto, a
animação entre outros.
Para exemplificar algumas das aplicações, gerais e específicas, realizou-se a
análise de ambientes web indicados pelos Surdos participantes da pesquisa via
questionário. As análises se basearam no MADAIDI e os ambientes foram selecionados em
conformidade com a identificação de elementos do modelo aplicados à interface. Além dos
76
Disponível em: <http://www.softwarelivre.gov.br/SwLivre/>. Acesso em 27 fev. 2007.
161
ambientes indicados pelos Surdos serão destacadas na subseção seguinte as bibliotecas
digitais e websites internacionais acessíveis a Surdos.
6.1 VIABILIDADE DO MADAIDI EM WEBSITES INDICADOS PELOS SURDOS
O MADAIDI tem alguns de seus itens e critérios implantados em interfaces web
para Surdos. Desta forma, pretende-se demonstrar as possibilidades de implantação do
modelo como motivador a desenvolvedores de ambientes digitais, assim como orientar os
analistas de interfaces quanto à viabilidade inclusiva da proposta desta dissertação, com
destaque aos usuários Surdos, possibilitando sua autonomia, independência e direitos civis.
Os cenários utilizados nesta análise foram capturados de ambientes web
relacionados à surdez indicados pelos participantes da pesquisa. Os websites foram
analisados com ênfase na identificação de elementos do MADAIDI integrados a Arquitetura
da Informação Digital Inclusiva de forma funcional, visível e navegável na promoção de um
ambiente digital inclusivo e bilíngüe.
6.1.1 PRIMEIRO SITE BRASILEIRO EM LIBRAS
77
O Primeiro site brasileiro em LIBRAS apresenta-se com uma arquitetura da
informação para o atendimento dos Surdos usuários da Língua de Sinais. Desenvolvido
entre 2005 e 2006, o sistema visa beneficiar os Surdos, intérpretes ou pessoas ouvintes que
dominam esta língua visual-espacial. Os criadores compõem uma equipe de trabalho, em
grande maioria de Surdos, e consideram-se em conformidade com a Lei n. 10.436/2002
78
e
com o Decreto n. 5.626/2005
79
.
Considerando-se os elementos que compõem a arquitetura da informação
digital, este website tem a presença da LIBRAS marcada nos sistema de organização,
rotulagem, navegação e na recuperação de informações: links, elementos de interface, tipos
77
Disponível em: <http://www.ok.pro.br/>. Acesso em: 20 mar. 2007.
78
A Lei n. 10.436, publicada em 24 de abril de 2002, dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), instituindo-a como
meio legal de comunicação e expressão oriunda de comunidades surdas do Brasil, não substituindo a modalidade escrita da
Língua Portuguesa (BRASIL, 2002).
78
O Decreto n. 5626, publicado em 22 de dezembro de 2005, regulamenta a Lei n. 10.436/2002 e o art. 18 da Lei n. 10.098/2000,
regulamentando a inserção da LIBRAS como disciplinar curricular nos cursos de licenciatura, formado professores e profissionais
para atuar na educação, além de difundir o uso desta língua visual-espacial e da Língua Portuguesa. Enfatiza o decreto a garantia
de direito educacional e na saúde como papel do poder público. (BRASIL, 2005).
162
de documentos digitais. O ambiente apresenta rótulos em LIBRAS, com estrutura e
esquema de organização acessíveis aos usuários Surdos sinalizadores em LIBRAS.
Entretanto, a interface encontra-se disponível principalmente por meio da
tradução em LIBRAS (Figura 51), o que torna o ambiente restrito aos usuários Surdos
sinalizadores fluentes em Língua de Sinais e excludentes para outros usuários que dominam
parcialmente a LIBRAS ou que prefiram acessar o conteúdo em outros formatos digitais.
Figura 51 Interface em LIBRAS
Fonte: <http://www.ok.pro.br/NoticiaNaMao/Noticia.htm#>. Acesso em: 13 jan. 2007
A ferramenta de controle do usuário, como um elemento de acessibilidade
essencial nesta ambiência, promove a autonomia e independência do Surdo sinalizador ou
aprendiz da LIBRAS surdo e/ou ouvinte na interação com o sistema.
Outro aspecto destacado na Figura 51 é a marcação do item acessado que
permite ao usuário orientar-se na navegação e visualizar claramente sua localização no
ambiente informacional digital. As informações nesta interface estão organizadas em
esquema exato cronológico, de acordo com os sistemas que compõem a arquitetura da
informação (ROSENFELD; MORVILLE, 1998).
No que consiste a qualidade do conteúdo informacional do website pode-se
considerar que a variedade temática projeta-se na preservação da cultura, identidade e
comunidade surda, assim como no acesso a informações gerais.
A Figura 52 apresenta os principais temas disponíveis no website: Notícias na
mão, Princípios CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), Artes plásticas, INES (Instituto
Nacional de Educação de Surdos), Piadas em LIBRAS, Cursos de LIBRAS (empresa,
163
público), Emprego especial, Livro de LIBRAS, Estados do Brasil, Quem somos?, Apoio ao
Surdo – FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos), Alfabeto
manual, Numerais, Legislação, sendo vários destes links externos ao website.
Figura 52 Homepage do primeiro site brasileiro para Surdos
Fonte: <http://www.ok.pro.br/>. Acesso em: 13 jan. 2007
O website apresenta-se com interfaces acessíveis aos usuários Surdos
sinalizadores em LIBRAS (Figura 51) em específico e em outras páginas do ambiente os
conteúdos estão em formato de texto em português escrito exclusivamente (Figura 53). Este
aspecto permite a reflexão quanto a perspectiva bilíngüe da surdez relacionada a
acessibilidade digital, ao objetivo do site e ao público que pretende atingir: o usuário Surdo
sinalizador teria facilidade para acessar o conteúdo escrito? Por que há ênfase maciça na
LIBRAS em algumas interfaces e em outras não há nenhuma tradução do conteúdo para
esta língua visual-espacial? Que público efetivamente o ambiente pretende atingir?
Neste sentido, a proposta de construção de um ambiente informacional digital
inclusivo, com aplicação de elementos de acessibilidade digital no planejamento da
arquitetura da informação pode viabilizar a efetiva aplicação da perspectiva bilíngüe no
ambiente web, conforme abordado no decorrer desta dissertação.
164
Figura 53 Apresentação do conteúdo
Fonte: <http://www.ok.pro.br/ArtesPlasticas/ArtesPlasticas.htm>. Acesso em: 13 jan. 2007
Apresenta-se como funcionalidade bilíngüe alguns elementos de interface
hipermídia, como os rótulos destacados na Figura 52. Vale enfatizar que a presença da
LIBRAS no ambiente digital é considerada uma condição de acesso a usuários Surdos
sinalizadores. Todavia, na perspectiva bilíngüe da surdez há a valorização da Língua de
Sinais como natural ao Surdo e o português (oral ou escrito) como segunda língua, aspectos
que devem ser mensurados no desenvolvimento de ambientes digitais inclusivos. Os Surdos
que compõem as comunidades surdas requerem a criação de ambientes informacionais
digitais baseados no desenho universal, não exclusivos e excludentes.
Os criadores deste website apresentam-se em LIBRAS no link “Quem somos?” e
disponibilizam na homepage endereço de e-mail para sugestões, dúvidas, críticas ou
elogios. Entretanto, a pesquisadora enviou uma mensagem para o endereço mencionado e
não recebeu nenhuma resposta, o que representa um problema a ser solucionado. O
usuário deste ambiente não tem feedback dos desenvolvedores do sistema, embora seja
oferecido o serviço. Assim, há um comprometimento na interatividade, na confiabilidade e na
consistência entre usuário e desenvolvedor do sistema informacional. As tecnologias
identificadas nesta ambiência, como recursos do próprio sistema e não do usuário,
caracterizam-se como elementos de acessibilidade que podem promover a melhoria na
qualidade de vida, autonomia e independência do usuário, em especial do usuário Surdo.
Contudo, considera-se este ambiente relevante para as análises em
acessibilidade digital, embora algumas alterações e revisões em seu planejamento precisem
ser realizadas, no que consiste a perspectiva bilíngüe, ao desenho universal e as condições
de acesso e uso na estruturação de uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva, em
especial para usuários Surdos.
165
6.1.2 INTERFACE WEB INSTITUCIONAL UFSC
80
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) atua em diversos setores da
sociedade no planejamento cursos com objetivos de ensino-aprendizagem definidos,
qualidade do conteúdo, condições de acesso tecnológico aos ambientes de recepção e
verificação do histórico de aprendizagem das pessoas a serem qualificadas. Com o objetivo
de fazer educação de qualidade com competência, a equipe de trabalho da UFSC iniciou,
em 1995, o uso do ensino a distância na pesquisa e na formação de pessoas através de
projetos de extensão. Em 2005 implantou o desafio, oferecendo o ensino de graduação
público a distância com o objetivo de ampliar a atuação da Universidade no interior do
Estado.
Dentre as iniciativas e ambientes relacionados ao ensino a distância da UFSC
serão apresentados, nesta análise, os ambientes digitais do Curso Letras-LIBRAS a
distância
81
e do Exame Nacional de Proficiência em Língua Brasileira de Sinais –
PROLIBRAS
82
, que apresentam interfaces propícias para o acesso de usuários Surdos,
assim como priorizam a participação da comunidade surda no curso de graduação e no
exame de proficiência, juntamente com ouvintes.
A interface do Curso Letras-Libras a distância está organizado em esquema
ambíguo por tópicos e específico a um público, com interfaces abertas e fechadas
(necessita do cadastro prévio do usuário) e com estrutura hipertextual de navegação. O
sistema de navegação caracteriza-se como local, com rotulagem de links textuais em
português escrito e em SignWriting, que permitem a busca exploratória por informações
disponíveis no ambiente.
Este ambiente apresenta interface objetiva, navegável e visível ao usuário Surdo
sinalizador, principalmente pela aplicação de recurso hipermídia no acesso ao conteúdo
informacional digital. O SignWriting e a LIBRAS, considerados elementos de acessibilidade
(Figura 54), podem atender as necessidades de determinados usuários Surdos e de outros
não, devido as diferenças existentes nas comunidades surdas, assim como em outros
grupos lingüísticos e sociais. Todavia, a aplicação do recurso tem o objetivo de ampliar as
80
Disponível em: <http://www.ead.ufsc.br/portal/index.php?section=10>. Acesso em: 15 mar. 2007.
81
O curso é uma iniciativa da UFSC, com o objetivo de formar professores para atuar no ensino da Língua de Sinais. Foi
desenvolvido na modalidade a distância em rede nacional e tem como públicos-alvo instrutores Surdos e Surdos fluentes
em LIBRAS, assim como ouvintes fluentes em Língua de Sinais que tenham concluído o ensino médio.
82
No final do segundo semestre de 2006, a UFSC e a COPERVE abriram as inscrições para o Exame Nacional de
Certificação de Proficiência em Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e ao Exame Nacional de Certificação de Proficiência
em Tradução e Interpretação da LIBRAS/Língua Portuguesa, intitulado PROLIBRAS. O website do exame tem recurso
hipermídia no acesso ao conteúdo informacional, que o torna acessível a usuários Surdos na perspectiva bilíngüe da
surdez.
166
possibilidades de acesso e valorização da cultura e identidade surda na perspectiva
bilíngüe.
Figura 54 Interface do website do Curso Letras-Libras - UFSC
Fonte: <http://www.ead.ufsc.br/~hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/>. Acesso em: 17 dez. 2007.
De forma simultânea, o usuário escolhe o link de acesso em SignWriting e em
português escrito, visualiza o conteúdo por meio da LIBRAS em vídeo e na Língua
Portuguesa escrita, conforme destaque na Figura 54.
Com isso, os principais elementos de acessibilidade encontrados no website do
Curso Letras-Libras a distância promovem um ambiente informacional digital acessível a
comunidade surda: fluentes em LIBRAS; domínio, mesmo que parcial, do português escrito;
que conheçam a escrita em SignWriting.
Outros elementos de acessibilidade foram identificados nesta interface, entre os
quais se enfatiza o controle do usuário na visualização do vídeo: interromper e ativar de
acordo com sua necessidade. O retornar a página principal por meio do íconeHome
(recurso do próprio sistema) e marcação do link de navegação por meio de alteração de cor.
Estes elementos visam tornar a navegabilidade pelo ambiente mais agradável e objetiva ao
usuário. Observa-se na Figura 54 o link para o CamFrog na parte superior direita da tela.
Estes elementos integrados a arquitetura da informação digital inclusiva pode
possibilitar ao usuário Surdo a autonomia e independência na interação com o ambiente
digital, assim como favorecer o acesso de outros tipos de usuários à informação digital.
167
Apesar do Curso Letras-Libras ter um ambiente digital específico, a UFSC, por
meio da Comissão Permanente do Vestibular - COPERVE realizou a divulgação do
processo seletivo no ambiente web. O website da COPERVE também se destaca por
apresentar alternativas para diferentes formatos de documentos no acesso ao conteúdo
informacional.
Na Figura 55, destacam-se os tipos de documentos que o usuário encontra para
acessar o conteúdo informacional digital. Verifica-se o acesso ao conteúdo em formatos de
textos (DOC e HTML) e de vídeo (WMV).
Figura 55 Tipos de documentos de apresentação do conteúdo - Curso EAD/UFSC
Fonte: <http://www.coperve.ufsc.br/ead2006/libras/provasegabaritos.html>. Acesso em: 12 jan. 2007
A estrutura da arquitetura da informação desta interface digital permite ao
usuário Surdo acessar a informação disponível por meio de diferentes tipos de documentos,
conforme visualizado na Figura 56. Vale destacar que o vídeo tem ajuste no tamanho da tela
para melhor interação do usuário com o sistema informacional.
Figura 56 Tipos de documentos de apresentação do conteúdo – PROLIBRAS
Fonte: <http://
www.prolibras.ufsc.br/edital.html>. Acesso em: 29 jan. 2007
168
Da mesma forma, no ambiente digital do website PROLIBRAS
83
apresenta
diversos elementos para atender a comunidade surda, com conteúdos em diferentes tipos
de documentos acessíveis a públicos-alvo específicos e gerais.
A Figura 56 apresenta os tipos de documentos disponíveis ao usuário no acesso
ao conteúdo informacional das provas e gabaritos do processo seletivo. Em formato de texto
encontram-se documentos do tipo DOC e PDF relacionados ao edital do exame e
informações complementares. O edital do exame e a prova encontram-se disponíveis em
vídeos traduzidos para a LIBRAS, com ajuste no tamanho da tela e controle do usuário,
considerados como elementos que podem viabilizar as condições de acesso ao conteúdo
informacional digital.
Os ambientes digitais do curso e exame da UFSC apresentam-se com interfaces
adequadas aos usuários Surdos, em especial. Com foco na perspectiva bilíngüe da surdez e
na acessibilidade digital considera-se que estes ambientes possam ser aprimorados na
apresentação de conteúdos digitais com a utilização de recursos hipermídia. No exemplo da
interface do Curso Letras-Libras este elemento de acessibilidade pode ser aprimorado no
ambiente, com melhor visualização do texto em português escrito e até com a implantação
de áudio como opção livre para o usuário.
6.1.3 NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO DE SURDOS
84
O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos (NEPES) apresenta
perspectivas históricas, políticas e culturais que destacam um processo de revisão dos
próprios princípios organizadores do trabalho realizado pelo núcleo. O NEPES apresenta um
estreito trabalho em relação à identidade, a história e à cultura surda, tendo como imperativo
deslocar paradigmas estabelecidos quanto à língua (a Língua Portuguesa passou a ser
concebida como segunda língua), à formação (compreensão do processo histórico e social
de exclusão dos Surdos), e às relações assimétricas de poder e saber entre Surdos e
ouvintes (quem detém o conhecimento sobre a cultura surda é ela própria).
Tendo em vista a proposta do NEPES, seu ambiente digital apresenta como
elemento de acessibilidade digital da arquitetura da informação a presença do SignWriting.
A Figura 57 apresenta a homepage do website com sistema de navegação com rótulos
textuais em português e em SignWriting.
83
Disponível em: <http://www.prolibras.ufsc.br/>. Acesso em: 29 jan. 2007.
84
Disponível em: <http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/> Acesso em: 10 mar. 2007.
169
Figura 57 Homepage do website do NEPES
Fonte: <http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/>. Acesso em 10 mar. 2007
A presença do SignWriting na interface do ambiente digital, conforme
mencionado anteriormente, pode ser um elemento de acessibilidade para alguns Surdos e
para outros não. A vivência com os Surdos durante a coleta de dados demonstrou-se
extremamente enriquecedora neste aspecto. Muitos dos participantes não conhecem a
escrita da Língua de Sinais – o SignWriting, um deles chegou a confundi-la com o sistema
de leitura para cegos (o Braille). Por outro lado, outros participantes conhecem, usam e
consideram este sistema de escrita um elemento que deve ser implantado em ambientes
informacionais digitais.
Com isso, ressalta-se a importância da inclusão de tecnologias de informação e
comunicação acessíveis na estruturação de uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva
que possa promover condições de acesso e qualidade de uso quanto as necessidades
informacionais de diferentes tipos de usuários, em especial dos Surdos, para que possam
interagir e acessar os conteúdos informacionais com autonomia e independência.
Neste sentido, alguns ambientes de bibliotecas digitais caracterizaram-se como
relevantes na demonstração da viabilidade de alguns dos elementos do MADAIDI. No
capítulo 5 desta dissertação as bibliotecas digitais foram assinaladas pelos participantes
Surdos como ambientes que utilizam, embora não tenham mencionado o link de acesso a
nenhuma delas nos questionários. Portanto, no intuito de ilustrar ambientes de bibliotecas
digitais acessíveis, embora não tenham sido indicados pelos participantes Surdos,
apresentam-se a seguir as análises dos ambientes digitais da Biblioteca Virtual do
Estudante Brasileiro e da Biblioteca de Signos.
170
6.2 BIBLIOTECAS DIGITAIS
As bibliotecas digitais como ambientes informacionais e tecnológicos no
acompanhamento dos avanços da ciência e da tecnologia, têm realizado adaptações em
suas interfaces e serviços para o atendimento de diferentes comunidades virtuais. Assim,
vêm passando por transformações que possibilitam o acesso aos seus acervos, desde o
catálogo até a coleção digital de materiais diversos.
O desenvolvimento de uma biblioteca digital exige o estudo sobre suas
funcionalidades, características e serviços oferecidos, políticas de desenvolvimento de
coleções baseadas em tipos documentais, política de preservação, conteúdos
informacionais e públicos-alvo – o planejamento da estrutura digital de websites (VIDOTTI;
SANT’ANA, 2005).
Portanto, a construção de uma biblioteca digital inclusiva em ambiente web
envolve critérios de seleção da coleção de documentos digitais em formatos hipermídia
operáveis e visíveis por diferentes comunidades de usuários no atendimento de suas
necessidades informacionais peculiares.
Assim, apresentam-se algumas aplicações dos elementos de acessibilidade
digital na estruturação da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva em ambientes
específicos.
6.2.1 BIBLIOTECA VIRTUAL DO ESTUDANTE DE LÍNGUA PORTUGUESA
85
A Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa (BibVirt), apresentada na
Figura 59, oferece recursos educacionais úteis para estudantes e professores desde o
ensino infantil até o universitário, no intuito de ajudar a suprir a carência de bibliotecas
escolares no país e de materiais de qualidade em Língua Portuguesa na Internet, além de
estimular o interesse pela leitura.
A biblioteca tem como objetivo disponibilizar gratuitamente vasta quantidade de
informação atualizada e facilmente acessível; oferecer um ambiente dinâmico, interativo e
motivador e o aperfeiçoamento das habilidades de busca por informação pelos estudantes,
com respeito e estímulo a liberdade de investigação de todos os pontos de vista; acelerar a
modernização da educação brasileira, ajudar a reduzir o isolamento das áreas rurais e de
pequenas comunidades brasileiras; e facilitar o desenvolvimento de recursos humanos para
a Era da Informação, capacitando-os para o uso das novas tecnologias de informação e
comunicação.
85
Disponível em: < http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.php>. Acesso em: 10 mar. 2007.
171
Figura 58 Homepage BibVirt - Interface nova
Fonte: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.php>. Acesso em: 2 mar. 2007
O website da BibVirt apresenta-se organizado em esquema híbrido (esquema
ambíguo em tópicos e específico a um público, esquema exato alfabético) e estrutura
hipertextual. O sistema de navegação caracteriza-se como Ad Hoc, hierárquico global ou
local, com barras de navegação e mapa do site com rotulagens textuais objetivas que
possibilitam a busca exploratória por conteúdos disponíveis no ambiente digital.
De forma geral, a BibVirt apresenta-se com conteúdo informacional hipermídia
(áudio, vídeo e texto) objetivo, navegável e visível ao usuário. Neste sentido, vale destacar a
acessibilidade a livros falados destinado a usuários com problemas visuais e a conteúdos
em Língua de Sinais no atendimento aos Surdos sinalizadores.
O ambiente digital BibVirt recebeu nova interface. Com isso, na interface anterior
a história “Chapeuzinho Vermelho – a Surda”
86
, acessível em LIBRAS, estava inserida no
link “Especiais”. Na nova versão encontra-se disponível no link “Vídeos”, conforme ilustra a
Figura 60.
86
“Chapeuzinho Vermelho – a Surda” é fruto do trabalho de graduação da Escola de Comunicações e Artes da USP,
desenvolvido por Andréa Iguma, sob orientação de Leland McCleary (Dep. de Letras Modernas – FFLCH/USP), Marcello
Tassara (Dep. de Cinema, Rádio e TV – ECA/USP) e Roberto Moreira (Dep. de Cinema, Rádio e TV – ECA/USP).
Desenvolvido junto ao Projeto de Integração das Tecnologias de Comunicação ao Processo de Letramento do Surdo, o
trabalho contou com a parceria da Escola do Futuro (USP) e a Escola Municipal de Educação Especial (EMEE) Anne
Sullivan, com a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal do Estado de São Paulo, através do programa de
ensino Público da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). A realização do vídeo contou com
o apoio da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS – SP).
172
Figura 59 Elementos de Acessibilidade Digital - BibVirt (interface anterior e atual)
Fonte: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br/videos/chapeuzinho_vermelho_a_surda>. Acesso em: 21 mar. 2007
Na Figura 59 destaca-se a interface atual da BibVirt com a identificação do
software necessário para acessar a informação de forma clara pelo usuário e as alternativas
de conexão (modem banda larga ou disc ada) para melhor visualização do conteúdo. A
preocupação com a compatibilidade entre hardware e software, entre usuário e sistema
tornam-se fundamentais no acesso e uso da informação. O tempo de duração do vídeo
permite que o usuário verifique suas possibilidades e se organize para acessar o conteúdo.
Interface antiga
Interface atual
173
Figura 60 Narrativa da história em Libras – BibVirt
Fonte: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br/videos/chapeuzinho_vermelho_a_surda>. Acesso em: 21 mar. 2007
Visualiza-se na Figura 60 a narrativa da história “Chapeuzinho Vermelho – a
Surda”. Os personagens e o cenário são de papel e manipulados com arame. Juntamente
com o cenário está o narrador onisciente que sinaliza a história. A narrativa da história é
intercalada pelas imagens (dinâmicas e estáticas) e pela sinalização da história. O vídeo é
totalmente sem som para que os ouvintes vivenciem a experiência do mundo Surdo.
O recurso do RealOne Player possibilita ao usuário ampliar a tela do vídeo,
permitindo o ajuste necessário e agradável a sua visualização. Além deste recurso de
acessibilidade, o usuário pode controlar o vídeo por meio de ferramenta de controle do
sistema. É visível ao usuário o tempo de duração do vídeo e quanto tempo já passou de
reprodução do conteúdo da história.
Apesar de estar destacada a vivência com a surdez pelos ouvintes, considera-se
o recurso de áudio um elemento de acessibilidade relevante a ser aplicado neste contexto
da história “Chapeuzinho Vermelho – a Surda”, capaz de ampliar o leque de usuários ao
sistema.
6.2.2
BIBLIOTECA DE SIGNOS
87
A Biblioteca de Signos inclui material bibliográfico, resumos e textos completos
em Língua de Sinais, da história da educação de pessoas surdas na Espanha (biblioteca de
autores espanhóis), da investigação moderna em lingüística das línguas de sinais e
educação bilíngüe. Disponibiliza o Dicionário Histórico da Língua de Sinais Espanhola
87
A “Biblioteca de Signos” link da Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes põe a disposição de todos os usuários de Língua
de Sinais Espanhola (LSE), dos profissionais e pesquisadores desta língua um projeto pioneiro no mundo: a primeira
biblioteca geral de uma Língua de Sinais. Disponível em: <http://www.cervantesvirtual.com/seccion/signos/>. Acesso em:
18 mar. 2006.
174
(LSE), da Gramática visual e do Sistema de Escrita Alfabética em LSE. Na seção de
literatura encontram-se poesias e contos sinalizados, assim como amplo acervo de obras
literárias completas.
Figura 61 Homepage Biblioteca de Signos
Fonte: <http://www.cervantesvirtual.com/seccion/signos/>. Acesso em: 18 jul. 2006
Verifica-se na Figura 61 a homepage do website da Biblioteca de Signos como
um ambiente digital acessível aos usuários Surdos que utilizam a Língua de Sinais
Espanhola, no qual a LSE está presente como elementos de interface e na recuperação de
informações.
A apresentação da página pode ser visualizada em Língua de Sinais Espanhola
pelo usuário acionando-se o link “Ver em LSE”, em conformidade com o destaque da Figura
62.
Identificam-se na interface da Biblioteca de Signos diversos elementos de
acessibilidade digital específicos a usuários Surdos, com uma Arquitetura da Informação
Digital Inclusiva planejada para atender as necessidades informacionais deste público-alvo
espanhol. Os conteúdos e interfaces apresentam-se em LSE e em espanhol, em
conformidade com a perspectiva bilíngüe da surdez.
175
Figura 62 Apresentação do portal em Língua de Sinais
Fonte: <http://
www.cervantesvirtual.com/portal/signos/presentacion_portal/index.formato?%20flash=parte1
&video=presentacion&linea=250&menu=menu1>. Acesso em: 18 jul. 2006
A Biblioteca de Signos espanhola está organizada em esquema híbrido
(esquema ambíguo em tópicos e específico a um público, esquema exato alfabético) e
estrutura hierárquica e hipertextual. Com sistema de rotulagem textual e iconográfico, com
vídeos dinâmicos em LSE e apoio do alfabeto manual espanhol
88
. Encontra-se neste
ambiente o sistema de navegação hierárquico global ou local, por meio de barras de
navegação e mapa do site. As pesquisas pelo sistema podem ser realizadas em catálogos,
textos, sumários de revistas, número de registros. Os recursos de busca podem ocorrer por
meio de palavra-chave ou frase, pela lógica booleana e tipos específicos de itens. O
resultado da busca aparece por ordem de relevância e pode ser refinado pelo usuário, de
acordo com suas preferências.
No link “Accessibilidad” encontram-se informações sobre os critérios de
acessibilidade digital implementados no ambiente, que se baseiam no cumprimento das
diretrizes do W3C/WAI
89
e no desenho universal, possibilitando que o website seja acessado
por diversos usuários, independente de suas condições sensoriais, lingüísticas e motoras.
Com ambiente informacional objetivo e navegável ao usuário Surdo, a Biblioteca
de Signos apresenta uma interface em formato hipermídia, por meio de imagens estáticas e
dinâmicas, textos e sons.
88
Representação das letras do alfabeto pela configuração de mão do emissor para o receptor.
89
O site da biblioteca foi validado pelo W3C/WAI e pelo TAW 3 (Web Accessibility Test. Disponível em:
<http://www.tawdis.net/taw3/cms/en>. Acesso em: 10 jan. 2006) com os seguintes selos atribuídos: Duplo A (conformidade
com as diretivas de acessibilidade do W3C/WAI em nível de prioridade 1 e 2); uso correto da linguagem XHTML versão 1.0;
uso correto da sintaxe das folhas de estilo e de aprovação pelo TAW 3.
176
Figura 63 Elemento de acessibilidade digital – Biblioteca de Signos
Fonte: <http://www.cervantesvirtual.com/seccion/signos/>. Acesso em: 18 jul. 2006
A marcação do primeiro plano para o segundo com o uso do alfabeto manual,
rótulos de links em vídeo com tradução para Língua de Sinais Espanhola (Figura 63) e
formatos de documentos em LSE (Figura 64) constituem-se como condições de acesso para
usuários Surdos sinalizadores.
Figura 64 Aplicação de recurso hipermídia em conteúdo digital – Biblioteca de Signos
Fonte: <
http://www.cervantesvirtual.com./portal/signos/literatura/cuentos/caperucita_roja/index.
formato?video=caperucitaroja&linea=250&flash=theflash&ref=21183>. Acesso em: 18 jul. 2006
Vale enfatizar, na área de vídeo, a presença privilegiada da Língua de Sinais na
narrativa da história aos usuários Surdos sinalizadores que acessam o website. Destacam-
se, ainda, na Figura 64, a organização da informação hipermídia como recurso do próprio
sistema no ambiente digital e o efeito computacional aplicado ao folhear da página de um
livro na tela, que representa uma realidade cotidiana.
Consideram-se como elementos de acessibilidade neste ambiente, além da
presença marcante da Língua de Sinais, o ajuste no volume do áudio e o controle do usuário
no acesso à informação com o manuseio de ferramentas do sistema.
177
No que consiste a navegabilidade, o usuário verifica a compatibilidade entre
sistema, hardware e software pelas alternativas de conexão de modem no acesso a
informação. Os itens recentes do acervo aparecem em destaque (“Nuevo”), elemento de
acessibilidade que possibilita ao usuário a rápida localização da informação adicionada ao
ambiente digital, conforme visualizado na Figura 65.
Figura 65 Alternativas de acesso por modem – Biblioteca de Signos
Fonte: <http://
www.cervantesvirtual.com./seccion/signos/psegundonivel.jsp?seccion=signos&
contenliteratura&pagina=cuentos&tit3=Cuentos+infantiles>. Acesso em: 18 jul. 2006
As teclas de atalho para navegação apresentam-se na Figura 66 como
elementos de acessibilidade viáveis a melhor qualidade de uso do sistema por usuário com
mobilidade reduzida. Entretanto, para que as teclas funcionem adequadamente deve haver
compatibilidade entre sistema e software navegador do usuário.
Figura 66 Teclas de atalho – Biblioteca de Signos
Fonte: <http://www.cervantesvirtual.com/seccion/signos/psegundonivel.jsp?conten=accesibilidad&nombre
%20%20=Biblioteca+de+Signos&nivel=aa&html=xhtml10&css=1&taw=taw3>. Acesso em: 18 jul. 2006
Os idealizadores do projeto pretendem tornar toda a página acessível em um
breve espaço de tempo. Uma vez que as seções de Videoteca e Fonoteca não
proporcionam uma descrição em áudio e em texto dos materiais.
178
Entretanto, vale destacar alguns problemas de acessibilidade encontrados neste
ambiente digital. O conteúdo total da tela, apresentada na Figura 66, não é visualizado na
resolução 800 x 600 pixels, caracterizando-se como um possível problema de acessibilidade
que pode prejudicar a qualidade de uso do sistema pelo usuários. Nesta resolução de vídeo
o usuário precisa utilizar as barras de rolagem horizontal e vertical para acompanhar o
conteúdo textual, além de perder os efeitos computacionais do folhear do livro. Desta forma,
os criadores do ambiente devem promover a flexibilidade de ajuste do conteúdo a
resoluções diversas de monitores, inclusive PDAs, que estão em uso por uma ampla
proporção de usuários de tecnologias digitais.
Contudo os ambientes de bibliotecas digitais, embora se apresentem com
elementos de acessibilidade digital, possuem diversos problemas de usabilidade que podem
ser amenizados com a aplicação de alguns elementos apresentados no MADAIDI, assim
como (re) planejados ou adaptados de acordo com os conceitos e princípios que envolvem a
Arquitetura da Informação Digital Inclusiva.
Vale destacar que a inclusão de elementos de acessibilidade deve ser pensada
no contexto do planejamento do ambiente informacional, considerando objetivo, público-
alvo, recursos tecnológicos disponíveis, e a relação custo x benefício do contexto
tecnológico de acesso ao ambiente informacional por parte dos usuários.
Neste contexto, com o objetivo de ilustrar outras possíveis validações do
MADAIDI em ambiente digital, apresentam-se na próxima seção algumas interfaces de
websites internacionais compatíveis com o modelo desenvolvido. Estes ambientes foram
localizados no decorrer da pesquisa e não foram mencionados pelos Surdos respondentes
dos questionários.
6.3 WEBSITES INTERNACIONAIS ACESSÍVEIS A SURDOS
Nesta seção serão destacadas algumas telas capturadas de ambientes web
diversos para contribuíram para fundamentar a viabilidade do MADAIDI, assim como para
apresentar iniciativas já implementadas em outros países quanto à inclusão digital e social
de Surdos por meio da acessibilidade aplicada à web.
6.3.1 DIÁRIO SIGNO
O Diário Signo é um ambiente digital espanhol que apresenta links, rótulos e
conteúdos informacionais em Língua de Sinais Espanhola (LSE), conforme ilustra a Figura
179
67. O usuário pode acessar o conteúdo em LSE e em texto escrito em espanhol, como
diferentes alternativas de línguas de acesso ao conteúdo informacional digital.
Figura 67 Homepage Diário Signo - Espanha
Fonte:<http://
www.diariosigno.com/>. Acesso em: 3 abr. 2007
Identificam-se nesta figura os tópicos de conteúdos disponíveis aos usuários do
ambiente, as principais notícias e as alternativas de acesso a informação, banners
informativos, congressos, eventos, comunidade surda entre outras.
Este ambiente web inclusivo apresenta-se acessível a usuários Surdos, com a
presença da escrita em espanhol e da Língua de Sinais como alternativas de acesso ao
conteúdo informacional digital, caracterizando-o como um ambiente bilíngüe e acessível a
diferentes tipos de usuários, em especial aos Surdos sinalizadores espanhóis. Destaca-se
que os rótulos em Língua de Sinais são dinâmicos, movimentando-se pelo movimento do
cursor.
6.3.2 WORLD DEAF CONGRESS
O ambiente digital de divulgação do XV Congreso Mundial de la Federacion
Mundial de Personas Sordas a realizar-se na Espanha em junho de 2007, apresenta alguns
de seus conteúdos traduzidos para a Língua de Sinais em animações tridimensionais e em
vídeos (Figura 68).
180
,
Figura 68 Homepage do Word Deaf Congress
Fonte: <http://
www.wfdcongress.org/esp/version_texto.php>. Acesso em: 9 fev. 2006
Na Figura 69 são visualizadas animações em LSE tanto em vídeos
tridimensionais como em bidimensionais. Em relação à tridimensionalidade as
apresentações do conteúdo ocorrem em formato hipermídia, com áudio, com imagem e com
texto (legenda do vídeo). Os conteúdos visualizados em formatos de vídeos bidimensionais
em LSE apresentam as informações em LSE com áudio, sem legenda. As informações
podem ser acessadas em inglês e em espanhol, de acordo com as preferências do usuário.
Figura 69 Animações em Língua de Sinais Espanhola
Fonte: <http://www.wfdcongress.org/esp/version_texto.php?categoria=Comisiones>. Acesso em: 9 fev. 2006
Além de apresentar a informação em vídeo com conteúdo traduzido para a
Língua de Sinais, visualiza-se na homepage do website a barra de navegação com
181
destaque para as novidades inseridas no ambiente para facilitar o acesso dos usuários as
atualizações. Os vídeos e animações possuem controle do usuário na interação com o
sistema.
Contudo, este website apresenta-se com elementos específicos de
acessibilidade digital para o atendimento das necessidades informacionais de usuários da
Língua de Sinais, com a aplicação de animação tridimensional como um aspecto inclusivo
inovador no âmbito da inclusão digital e social de minorias lingüísticas surdas. Este
ambiente pode ser acessado por diferentes tipos de usuários, apresentando conteúdos
informacionais digitais em áudio, vídeo em Língua de Sinais e texto.
6.3.3 WEB VISUAL
O Web Visual é um ambiente digital espanhol que disponibiliza conteúdos
informacionais em duas alternativas de acesso aos usuários: formato de texto e de vídeo em
Língua de Sinais Espanhola (Figura 70).
Figura 70 Alternativas de acesso ao conteúdo digital
Fonte: <http://
www.webvisual.tv/contenido/entreteniment.php>. Acesso em: 15 abr. 2007
Verifica-se na figura anterior os ícones para acesso aos tipos de documentos em
diferentes formatos aleatórios: texto e vídeo em Língua de Sinais. Nas laterais da telas estão
182
disponíveis os links de navegação com imagens dinâmicas e textuais. O rótulo textual é
visualizado com a movimentação do cursor na tela.
Figura 71 Tipos de documentos de apresentação do conteúdo digital
Fonte: <http://
www.webvisual.tv/contenido/entreteniment.php>. Acesso em: 15 fev. 2006
Na Figura 71 são exemplificadas algumas dos formatos de apresentação do
conteúdo informacional digital. Os vídeos podem ser acessados por tecnologias digitais
instaladas no computador (Windown Media Player - WMP) ou inseridos na própria interface.
Os textos são visualizados em páginas separadas da interface do ícone acessado.
A interface do Web Visual apresenta-se na perspectiva bilíngüe da surdez, com
elementos de acessibilidade previstos no MADAIDI para acesso e uso dos conteúdos
informacionais. As diferentes opções de formatos de acesso à informação oferecem
condições de acessibilidade a diferentes tipos de usuários, em conformidade com suas
necessidades e interesses.
6.3.4 WEB SOURD
Web Sourd é um ambiente informacional digital francês com presença marcante
da Língua de Sinais Francesa (LSF) na apresentação dos conteúdos informacionais (Figura
72). Com layout colorido e animado o usuário tem acesso às informações em texto escrito
em francês e em LSF em formato de vídeo associado à interface do sistema.
183
Figura 72 Homepage de website francês
Fonte: <http://
www.websourd.org>. Acesso em: 10 mar. 2007
Na Figura 72 destaca-se a homepage do website francês com os links de
navegação com rotulagem textual e iconográfico, com informação disponível também em
vídeo traduzido para a LSF. Na Figura 73 são visualizadas duas das páginas internas do
ambiente digital para exemplificar a animação do layout dos ambientes, destacando o
design da interface.
Figura 73 Acessibilidade digtal do Web Sourd
Fonte: <http://
www.websourd.org>. Acesso em: 10 mar. 2007
184
Além do layout criativo, a figura anterior exemplifica a apresentação do conteúdo
em Língua de Sinais Francesa ao usuário por meio de apresentação em formato de vídeo. O
usuário controla sua interação com o sistema por meio de ferramentas específicas.
O Web Sourd apresenta elementos de acessibilidade em seus conteúdos
textuais e na apresentação dos links de navegação, compondo um ambiente bilíngüe para
usuários Surdos. Cada personagem exerce uma função na narrativa do conteúdo: um
apresenta os links enquanto outro o conteúdo informacional.
6.3.5 SIGN COMMUNITY
O Sign Community é um website disponível na língua inglesa com duas opções
de acesso: texto escrito e em Língua de Sinais Britânica. Na homepage (Figura 74) o
usuário escolhe qual dos ambientes deseja acessar.
Figura 74 Homepage do website Sign Community
Fonte: <http://www.signcommunity.org.uk>. Acesso em: 7 jan. 2007
Diferentemente dos ambientes anteriores, nos quais haviam alternativas de
acesso ao conteúdo em diferentes formatos em uma mesma interface, no Sign Community
existe as opções de acesso ao ambiente em Língua de Sinais Britânica ou ao ambiente em
Inglês escrito, oferecendo aos usuários alternativas de acesso ao mesmo conteúdo
informacional em diferentes línguas acessíveis e em diferentes interfaces, atendendo assim
às necessidades informacionais de diferentes usuários. O planejamento do ambiente
inclusivo envolveu diferentes designs de interface, caracterizando-se como um ambiente
bilíngüe relacionado a usuários Surdos sinalizadores.
185
Figura 75 Alternativas de acesso ao website
Fonte: <http://www.signcommunity.org.uk>. Acesso em: 7 jan. 2007
Destaca-se na Figura 75 à direita que os rótulos dos links estão apresentados
em Língua de Sinais e em texto simultaneamente. Os rótulos em Língua de Sinais são
dinâmicos diante do movimento do mouse pela interface. No centro da tela as informações
são apresentadas acionando-se as ferramentas de controle do usuário disponíveis no
sistema. Tanto a apresentação dos links quanto dos conteúdos são visualizados por meio da
Língua de Sinais Britânica.
Dentre os ambientes apresentados neste capítulo encontram-se diversas
interfaces com aplicações de elementos de acessibilidade que favorecem o acesso aos
usuários com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motoras, e em especial aos
Surdos.
Destacaram-se ambientes web que podem ser considerados exclusivos para
determinados tipos de usuários, como por exemplo, algumas páginas do Primeiro site em
LIBRAS encontram-se somente em Língua de Sinais. Da mesma forma, na BibVirt o usuário
tem disponível o conteúdo da história de “Chapeuzinho Vermelho – a Surda” em vídeo
dinâmico traduzido para a LIBRAS sem a presença de áudio e texto escrito disponíveis. Por
outro lado, neste mesmo ambiente encontram-se livros falados por meio do link “Sons”. O
ambiente da Biblioteca de Signos espanhola caracteriza-se com recursos hipermídia com
presença marcante da LSE, evidenciando o interesse no atendimento ao público-alvo Surdo
da Espanha, podendo ser acessado por outros usuários pois apresenta aplicações em
186
áudio, vídeo em LSE e texto da língua espanho, assim como navegação via teclado para
usuários com mobilidade reduzida.
No curso Letras-Libras identificou-se a presença do SignWriting, da LIBRAS e do
português em uma única interface, caracterizando-se como um ambiente acessível com
aplicações de elementos contidos no MADAIDI. Da mesma forma, no sistema de rotulagem
do NEPES visualizou-se o SignWriting e o português escrito. Ainda com destaque a
aplicações de elementos do MADAIDI, no ambiente do PROLIBRAS o usuário pode acessar
o conteúdo em diferentes formatos de documentos (DOC, PDF e em vídeo em LIBRAS), em
conformidade com seu interesse informacional e habilidade lingüística, projetado de acordo
com o princípio do desenho universal.
Dos ambientes internacionais, de forma geral, evidenciam-se alternativas de
acesso ao conteúdo informacional escrito ou em Língua de Sinais de sua respectiva origem
(LSF, LSE, LSB). Alguns destes ambientes apresentam links dinâmicos em Língua de
Sinais, como o Diario Signo e o Web Sourd, outros vídeos bidimensionais ou tridimensionais
da Língua de Sinais, como o World Deaf Congress e o Web Visual. O ambiente do Sign
Community, diferentemente dos ambientes anteriores, apresentou-se em dois formatos:
Língua de Sinais Britânica e inglês britânico, marcando duas alternativas de acesso no
âmbito lingüístico, caracterizando a língua visual-espacial de forma efetiva na perspectiva
bilíngüe da surdez.
Contudo, neste capítulo foram tratados aspectos relevantes para o planejamento
de uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva, tendo o MADAIDI como instrumento
para análise e decisão de planejamento de ambiente informacional digital inclusivo.
Diante das análises apresentadas, reforça-se a necessidade do planejamento de
uma Arquitetura da Informação Digital Inclusiva, a qual promova condições de aceso e
qualidade de uso em ambientes informacionais digitais inclusivos.
No capítulo seguinte apresentam-se as considerações finais referentes ao
trabalho de pesquisa desenvolvido, pontuando as implicações e a relevância deste trabalho
para a área de Ciência da Informação, para os Estudos Surdos, para a academia científica e
para a sociedade que tem se preocupado com a inclusão social e digital de seus cidadãos.
Las lavanderas
90
Francisco José de Goya (1780)
Colección Reinhart (Winterthur, Suiza)
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
90
Fonte: <http://goya.unizar.es/InfoGoya/Obrasjpg/Pintura/67.jpg>
188
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento desta dissertação baseou-se em um referencial teórico no
campo da Ciência da Informação e seu caráter interdisciplinar entrelaçado aos aspectos de
inclusão digital de usuários com diferentes condições sensoriais, lingüísticas e motora, em
especial de Surdos na perspectiva dos Estudos Surdos e do Bilingüismo. A acessibilidade e
a usabilidade digital, com aplicação de tecnologias de informação e comunicação
adequadas surgiram como princípios fundamentais na estruturação de ambientes
informacionais digitais inclusivos.
Neste sentido, apresentou-se a Arquitetura da Informação Digital Inclusiva como
capaz de possibilitar a inclusão digital e social de grupos infoexcluídos da Sociedade da
Informação. A arquitetura baseia-se em quatro princípios: acessibilidade, usabilidade,
princípios do desenho universal e estrutura do ambiente digital (tecnologias digitais e
assistivas). Com isso, espera-se que os desenvolvedores de ambientes informacionais
digitais, e em específico de websites, analisem o contexto de implantação destes ambientes
para promover a inclusão de diversos tipos de usuários e suas heterogeneidades diante das
comunidades nas quais se inserem.
No caso desta dissertação, os principais usuários envolvidos no processo
inclusivo fazem parte das minorias lingüísticas surdas sinalizadoras. Assim, a pesquisa teve
como colaboradores, usuários de ambientes informacionais digitais, Surdos que utilizam de
forma preferencial a LIBRAS, que navegam em websites da Internet e que conhecem o
português oral ou escrito. Os níveis de fluência na língua oral-auditiva (oral e escrita) e na
Língua de Sinais, os conhecimentos e experiência na interação com ambientes web não
foram considerados relevantes neste trabalho. Estes aspectos delinearam o perfil dos
participantes enquanto representantes das comunidades surdas em relação às ambiências
informacionais digitais.
Os websites foram considerados ambientes informacionais viáveis ao
desenvolvimento da pesquisa empírica, considerando-se o acesso à variedade de
informações, ambientes, arquitetura da informação e tecnologias de informação e
comunicação capazes de incluir diferentes usuários, em especial usuários Surdos.
No contexto de ressignificação da surdez enquanto diferença e da valorização da
Língua de Sinais aos Surdos sinalizadores, foi possibilitado aos representantes de
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
189
comunidades surdas de São Paulo, Santa Catarina, Ceará e Minas Gerais registrarem suas
percepções relacionadas à acessibilidade digital.
A preocupação desta dissertação foi a de dar visibilidade aos desejos e
percepções dos usuários Surdos em relação aos ambientes digitais, dando “voz” aqueles
que foram “silenciados”, vítimas do ouvintismo, de estereótipos e estigmas sociais. Assim,
esta pesquisa tem como protagonistas sociais e digitais os próprios usuários Surdos,
representantes de diferentes comunidades surdas espalhadas pelas regiões geográficas do
Brasil.
O “ver” e “ouvir” dos Surdos sobre os ambientes digitais possibilitou aprimorar as
percepções e depoimentos que destacam o interesse por uma inclusão digital e social.
Alguns depoimentos enfatizaram o despertar criativo de desenvolvedores de websites, na
promoção de ambientes com condições de acesso por meio da Língua de Sinais, conteúdos
informacionais relacionados aos Surdos e a surdez. Outros querem ampliar seus
conhecimentos sobre a Língua de Sinais, fazer amigos, recuperar informações. Os
interesses, ambientes e anseios são diferenciados e abrangentes, o que reforça a
necessidade de construção de ambientes digitais baseados no desenho universal.
A participação efetiva da comunidade surda no desenvolvimento desta
dissertação proporcionou um amplo leque de questionamentos, possibilidades e desejos
inimagináveis na estruturação do projeto de pesquisa inicial.
Com isso, a partir do referencial sobre a Ciência da Informação, arquitetura da
informação, usabilidade, acessibiliade, Estudos Surdos e Bilingüismo, recomendações e
guias de acessibilidade, iniciativas políticas nacionais relacionadas a infoinclusão,
tecnologias assistivas, análise de ambientes digitais e websites específicos, tecnologias de
informação e comunicação, depoimentos e percepções de voluntários Surdos tornou-se
possível elencar elementos essenciais a constituição do Modelo para Análise e
Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais Inclusivos (MADAIDI).
Apesar dos participantes mencionarem ampla variedade de ambientes, estes
apresentaram poucos recursos de acessibilidade. Observa-se que, pelo perfil dos
respondentes – Surdos preferencialmente sinalizadores, tais ambientes não são impeditivos
aos Surdos, embora o destaque as dificuldades com a Língua Portuguesa tenham sido
destacadas. No entanto, em suas pecepções focam-se alguns recursos de acessibilidade
que se adicionados ao ambiente podem vir a melhorar as condições de acesso tanto de
usuários Surdos quanto dos demais, independente de suas condições sensoriais,
lingüísticas e motoras.
As percepções dos Surdos foram essenciais e enriqueceram a construção do
MADAIDI, com a adição de elementos específicos para atendimento da comunidade surda,
em especial. Tais percepções da comunidade surda bilíngüe apontam a fundamentação
190
social desta dissertação devido a necessidade de implantação de tecnologias de informação
e comunicação adequadas em ambientes informacionais digitais em relação a grande
quantidade recursos existentes.
O Modelo para Análise e Desenvolvimento de Ambientes Informacionais Digitais
Inclusivos (MADAIDI) foi desenvolvido com o intuito de orientar o planejamento e
implantação de ambientes informacionais digitais inclusivos e acessíveis, considerando as
peculiaridades de públicos-alvo com problemas visuais, auditivos e motores, em especial a
comunidade de Surdos.
Para o desenvolvimento de uma ambiente informacional digital inclusivo, os
elementos do MADAIDI deverão ser selecionados no contexto do planejamento da
ambiência, considerando-se o objetivo, os públicos-alvo e os recursos tecnológicos e
informacionais disponíveis, em uma relação custo x benefício viável.
Para tanto, destaca-se que os elementos inseridos no MADAIDI podem ser
implantados em conjunto ou separadamente, de acordo com as necessidades
informacionais do público-alvo a ser atendido, assim como os objetivos a serem atingidos
pelos seus desenvolvedores. A coerência na escolha da associação de elementos e
implantação dos mesmos no design de interfaces digitais deve ser fator essencial para
viabilizar a qualidade de acesso e uso do ambiente informacional digital.
Validar aplicações do MADAIDI em websites indicados pelos usuários Surdos,
em ambientes de bibliotecas digitais e em ambientes digitais internacionais puderam dar
visibilidade a alguns aspectos de sua implantação. Associado aos depoimentos dos Surdos
quanto a necessidade de melhorias nas interfaces digitais, as aplicações do MADAIDI
podem apresentar elementos capazes de possibilitar o desenvolvimento e a análise de
ambientes digiais inclusivos bilingües, multiculturais, acessíveis e universais.
Espera-se que a aplicação/implantação dos elementos do MADAIDI, associada
as políticas de inclusão digital possam ampliar as possibilidades de acesso e uso às
informações disponíveis no âmbito digital em geral e na web em específico. A aplicação
destes elementos visam contribuir para a promoção da acessibilidade digital de diferentes
comunidades, inclusive de membros das comunidades surdas sinalizadoras em ambientes
hipermídia informacionais.
A participação inclusiva dos Surdos na Sociedade da Informação deve ser
efetivada de forma autônoma e independente com condições ampliadas de acesso e uso ao
ambiente informacional, assim como dos demais usuários potenciais que podem atender,
independente de suas condições sensoriais e motoras.
Os profissionais da informação, arquitetos da informação e demais envolvidos no
campo da Ciência da Informação possuem um repertório de questionamentos sobre
inclusão e acessibilidade que necessitam de pesquisas para o fortalecimento científico da
191
área. Isso envolve não somente a inclusão de usuários com diferentes condições sensoriais,
lingüísticas e motoras em ambientes digitais, mas também em ambientes tradicionais de
bibliotecas, arquivos, museus, que se apresentam cristalizados a um público homogêneo
vidente, ouvinte e com autonomia motora.
No caso da comunidade de surdos destacada nesta dissertação, evidencia-se
uma mudança latente no contexto social e acadêmico rumo a uma visão sócio-cultural da
Surdez, ressignificada, visível diante do invisível, que invade diversas ambiências.
A Ciência da Informação e as diversas temáticas que envolvem este campo
científico poderiam se apropriar das possibilidades de inserção de pesquisas referentes à
acessibilidade na Sociedade da Informação, a fim de ampliar espaços e ambientes
inclusivos. Este campo do conhecimento deve focar as necessidades dos usuários e os
sistemas que possibilitem o acesso à informação, considerando-se a diversidade de
usuários potenciais que podem atingir.
Relacionado aos Estudos Surdos, considera-se relevante o produto desta
dissertação no que consiste a ressignificação da surdez e ampliação de atuação social e
política de membros da comunidade surda. Reflexões quanto ao bilingüismo na surdez
surgem como discussão emergente relacionada às tecnologias de informação e
comunicação disponíveis no processo de inclusão digital e social de Surdos bilíngües.
O interesse e compromisso assumido pelos participantes da pesquisa em
sempre esclarecer seus textos em LIBRAS ou adicionar informações e explicações ao
conteúdo registrado no questionário evidencia a importância de discussões relacionadas ao
bilingüismo na surdez e a melhorias nas condições de acesso aos ambientes informacionais
digitais.
Contudo, sugere-se como estudos futuros aprofundar questões de usabilidade
digital com usuários Surdos a partir da Arquitetura da Informação Digital Inclusiva e do
MADAIDI, aspecto introduzido nesta dissertação e que necessita de aprofundamento no
campo científico da Ciência da Informação. Pretende-se que estes avanços científicos
contribuam com disciplinas que envolvem estudo de usuário em ambientes informacionais
digitais, disseminação seletiva da informação e inclusão digital.
Acredita-se que o MADAIDI possa fazer com que os desenvolvedores reflitam
sobre quais elementos podem ser implantados em ambientes digitais que visam ampliar a
autonomia e independência de diferentes tipos de usuários. Ampliar seu espaço
informacional, interativo, político e social com o uso de tecnologias de informação e
comunicação adequadas e que promovam condições de acesso aos conteúdos disponíveis
com qualidade de uso aos usuários torna-se essencial na Era da Informação.
La Duqueza de Alba
91
Francisco José de Goya (1795)
R
EFERÊNCIAS
91
Fonte: <http://casl.umd.umich.edu/hum/spanishco/15.Fabrica_Tapices_y_Goya/images/110Goya.DuquesaAlba.51265c.jpg>
193
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El cacharrero
92
Francisco José de Goya (1778 - 1779)
Museo del Prado, Madrid
A
NEXOS
92
Fonte: <http:// www.mtas.es/insht/ergaonline/erg_on_36.htm>
202
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O ambiente web da Internet tem motivado pesquisas relacionadas ao
desenvolvimento de interfaces acessíveis voltadas para usuários mais exigentes e
interativos.
Esta pesquisa está investigando como as pessoas surdas estão inseridas no
ambiente web da Internet. Por isso, queremos
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A sua participação irá contribuir para a melhoria nas
condições de uso em ambientes informacionais digitais para usuários Surdos, em
especial.
O questionário está dividido em duas partes:
1) Dados Pessoais e
2) Acessibilidade ao conteúdo digital.
Não há respostas certas ou erradas para o questionário. Por isso você deverá
marcar cada alternativa com X no que mais se relaciona com a sua experiência
relacionada a interação com ambientes informacionais digitais.
Suas respostas são confidenciais e serão analisadas junto com outras respostas no
delineamento do perfil dos participantes.
É muito importante que você responda a todas as questões.
JULIANE ADNE MESA CORRADI
Pesquisadora
SILVANA A. B. G. VIDOTTI
Orientadora
Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação
Universidade Estadual Paulista/ Faculdade de Filosofia e Ciências
Campus de Marília-SP
ANEXO 1
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Para conhecê-lo(a) melhor precisamos de algumas informações pessoais, que serão mantidas em sigilo e
analisadas em grupo com vários outros questionários.
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Complete a sua idade: [______] anos
3. Faça um X no seu estado civil:
( ) Solteiro ( ) Viúvo
( ) Casado ( ) Divorciado ou separado
4. Marque com X o quanto você já estudou:
( ) Fez Supletivo ( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo ( ) Ensino superior incompleto
( ) Ensino superior completo ( ) Pós-graduação incompleto
( ) Pós-graduação completo
5. Você continua estudando? ( ) Sim ( ) Não
6. Curso: _______________________________________________________________
7. Profissão: ____________________________________________________________
8. Marque com X as informações sobre sua surdez:
8.1. Qual o nível de sua surdez?
( ) Leve ( ) Moderada
( ) Severa ( ) Profunda
8.2. Quando você perdeu a audição?
Perdeu a audição com [_______] dias de vida.
Perdeu a audição com [_______] meses de vida.
Perdeu a audição com [_______] anos de vida.
Perdeu a audição com [_______] anos e [_______] meses de vida.
8.3. Em sua família há outras pessoas surdas, exceto você?
( ) Sim ( ) Não
Indique o grau de parentesco: _____________________________________________
8.4. Como prefere se comunicar?
( ) Somente pela Libras
( ) Somente pela verbalização/oralização e leitura labial
( ) Pela verbalização/oralização/leitura labial e pela LIBRAS
( ) Pela LIBRAS e pela Língua Portuguesa
204
8.5. Você conhece algum idioma estrangeiro?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja afirmativa, indique abaixo qual é esse idioma.
_________________________________________________________________________
9. Marque com X: Qual a renda mensal de sua família?
(Considere somente os que moram na mesma casa que você).
( ) menos que R$ 400,00 ( ) entre R$ 1301,00 e 1600,00
( ) entre R$ 400,00 e 700,00 ( ) entre R$ 1601,00 e 1900,00
( ) entre R$ 701,00 e 1000,00 ( ) entre R$ 1901,00 e 2200,00
( ) entre R$ 1001,00 e 1300,00 ( ) acima de R$ 2500,00
9. 1. Profissão do pai: ________________________________________________________
9.2. Profissão do mãe: _______________________________________________________
10 Uso da Internet.
10.1. Qual sua experiência com a Internet:
( ) até 6 meses ( ) de 6 meses a 1 ano ( ) mais de 1 ano
10.2. Onde acessa a Internet?
( ) Em casa ( ) No trabalho
( ) Na escola/ faculdade ( ) No curso de informática
( ) Na casa de amigos ( ) Cibercafé ou Lan House
( ) Telecentro
( ) Outros _________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
10.3. Quanto tempo você fica na Internet? (horas/semana)
( ) até 5 horas na semana ( ) de 5 a 10 horas na semana
( ) mais de 10 horas na semana
10.4. Com que freqüência você acessa a Internet?
( ) Diariamente ( ) 5 vezes por semana
( ) 1 vez por semana ( ) 6 vezes por semana
( ) 2 vezes por semana ( ) Só nos finais de semana
( ) 3 vezes por semana ( ) Algumas vezes
( ) 4 vezes por semana ( ) Raramente
10.5. Qual ambiente digital você utiliza?
( ) Endereço eletrônico (e-mail) ( ) Skype, Messenger, Chat
( ) Orkut, Gazzag e outros ( ) Sites de Surdos
( ) Listas de discussão ( ) Sites de escolas/ faculdades
( ) Sites estrangeiros ( ) Sites de bibliotecas digitais
( ) Sites de revistas ( ) Sites comerciais
( ) Sites de jornais ( ) CamFrog
( ) Outros _________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
205
10.6. Quais informações você busca em websites?
(Assinale mais de um item, se necessário)
( ) Educação ( ) Trabalho ( ) Relacionamento
( ) Tecnologia ( ) Atualidade ( ) Música
( ) Cinema ( ) Esporte ( ) Sexo
( ) Lazer ( ) Saúde ( ) Surdez
( ) Moda ( ) Cultura ( ) Arte
( ) Teatro ( ) Novidades ( ) História
( ) Outros _________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
11. Você conhece o Player Rybená? ( ) Sim ( ) Não
11.1. Você usa o Player Rybená para acessar os contéudos web?
( ) Sim ( ) Não
12. Cite alguns websites que você costuma visitar?
Inclua aqui os websites relacionados aos Surdos e a surdez.
206
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Para melhorar a qualidade dos ambientes informacionais digitais para ampla variedade de
usuários, inclusive os Surdos, precisamos de sua opinião sobre os elementos de acessibillidade
que julgue fundamentais na composição destes ambientes.
O questionário abaixo envolve questões específicas sobre sua interação com a interface e
conteúdo web da Internet. As respostas assinaladas visam verificar a importância de determinados
elementos na construção de ambientes informacionais digitais que atendam as necessidades dos
usuários.
A questão 15 refere-se a sua livre sugestão para construção de um site acessível a usuários
Surdos. Indique quais elementos (Língua de Sinais, vídeos, SignWriting, texto em português
escrito, tipos de informações) ele deve possuir e como você gostaria que fosse um site que
atendesse as necessidades de usuários Surdos, em especial.
Caso encontre alguma dúvida no preenchimento do questionário solicite auxílio da pesquisadora.
Se julgar necessário peça a interpretação em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.
É muito importante que você responda a todas as questões.
13. Marque CADA FRASE com um X no número que indica a relevância (importância) dos
elementos descritos para o acesso de usuários Surdos ao ambiente web:
TOTALMENTE
IRRELEVANTE
IRRELEVANTE
INDIFERENTE
RELEVANTE
TOTALMENTE
RELEVANTE
Apresentação do conteúdo de imagens, fotografias e sons disponíveis
também em formato de texto escrito em português.
1 2 3 4 5
Apresentação de conteúdos em textos escritos em português disponíveis
também por meio de vídeos dinâmicos em LIBRAS.
1 2 3 4 5
Vídeos em LIBRAS com legendas em português. 1 2 3 4 5
Apresentação de contéudos digitais em diferentes formatos (texto, imagem,
vídeo e som) e em hipermídia.
1 2 3 4 5
Diferenciação de cores entre os conteúdos ou links já consultados. 1 2 3 4 5
Alternativas de mudanças de cor, tamanho da fonte, tamanho da tela na web,
som.
1 2 3 4 5
Presença de legendas (closed caption) em português escrito para vídeos. 1 2 3 4 5
Presença da Língua de Sinais/ LIBRAS em ambientes digitais. 1 2 3 4 5
Presença do SignWriting em ambientes digitais. 1 2 3 4 5
Controle do usuário sobre as apresentações das informações (voltar,
adiantar, parar, começar)
1 2 3 4 5
Mecanismos de ajuda ao usuário para auxiliar em suas dificuldades de
navegação e fornecer respostas às suas dúvidas por meio digital (e-mail).
1 2 3 4 5
Disponibilizar dicionários digitais em LIBRAS para consulta do usuário. 1 2 3 4 5
Disponibilizar o Player Rybená para acessar conteúdos digital. 1 2 3 4 5
207
14. Marque CADA FRASE com um X no que indica a freqüência de apresentação de
contéudos informacionais sobre a comunidade, cultura e identidade surda disponíveis em
websites que você costuma acessar:
NUNCA
RARAMENTE
ÀS VEZES
MUITAS
VEZES
SEMPRE
Relato de pais ouvintes com filhos surdos. 1 2 3 4 5
Relato de pais Surdos com filhos surdos. 1 2 3 4 5
Apresentação de conteúdos textuais, escritos e falados, com interpretação
em LIBRAS.
1 2 3 4 5
Informações em vídeo com legenda de texto. 1 2 3 4 5
Informações sobre a cultura surda (piadas, histórias, contos, poesias). 1 2 3 4 5
Informações sobre produtos para facilitar a vida do Surdo (babá eletrônica,
campanhia, celular, entre outros).
1 2 3 4 5
Informações sobre o SignWriting: como surgiu, qual sua função. 1 2 3 4 5
Literatura para Surdos (SignWriting ou interpretação em LIBRAS). 1 2 3 4 5
Informação sobre educação, lazer e saúde para Surdos. 1 2 3 4 5
Rede de Surdos conectados à Internet. 1 2 3 4 5
Profissionais surdos bem sucedidos e surdos famosos da história. 1 2 3 4 5
Mercado de trabalho para os surdos. 1 2 3 4 5
Informações históricas sobre a Língua de Sinais e sua importância. 1 2 3 4 5
Perspectivas de ensino para surdos: oralismo, comunicação total e
bilingüismo.
1 2 3 4 5
Tecnologias criadas para facilitar o acesso do surdo no ambiente digital. 1 2 3 4 5
Website relacionados a surdez apresentam conteúdo relevante para
usuários Surdos.
1 2 3 4 5
Encontra-se com facilidade informações sobre a comunidade, cultura e
identidade surda disponíveis em websites relacionados a surdez.
1 2 3 4 5
15. Comente o que você acha que contribuiria para tornar um site acessível também para
Surdos:
208
16. Deixe aqui suas sugestões e comentários sobre este questionário:
Obrigada por sua participação!
JULIANE ADNE MESA CORRADI
Pesquisadora
SILVANA A. B. G. VIDOTTI
Orientadora
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Departamento de Ciência da Informação
Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Filosofia e Ciências
Campus de Marília - SP
_______________________________________________________
Dúvidas e comentários podem ser enviados para:
Endereço postal: UNESP - Universidade Estadual Paulista
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Av. Hygino Muzzi Filho, 737 – Campus Universitário
CEP 17.525-900, Marília – SP
A/C Juliane Adne Mesa Corradi
Endereço eletrônico: [email protected]nesp.br
Celular: (16) 9606-9438.
209
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Sua colaboração no preenchimento do questionário sobre acessibilidade digital
contribuiu muito com nossa pesquisa. Agora você participará preenchendo o
formulário sobre usabilidade.
Para aprofundar nosso trabalho quanto as percepções em relação aos ambientes
informacionais digitais estamos desenvolvendo esta pesquisa sobre a
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Não há respostas certas ou erradas para este formulário. Por isso você deverá
marcar cada alternativa com X no que mais se relaciona com a sua experiência no
uso da Internet quanto ao acesso a sites relacionados aos surdos e a surdez.
Suas respostas são confidenciais e serão analisadas junto com outras respostas. As
opiniões quanto a acessiblidade e a usabilidade em ambientes web visam contribuir
para melhorias nas condições de acesso e uso por usuários Surdos, em especial,
em ambiêcias digitais inclusivas.
É muito importante que você responda a todas as questões.
JULIANE ADNE MESA CORRADI
Pesquisadora
SILVANA A. B. G. VIDOTTI
Orientadora
Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação
Universidade Estadual Paulista/ Faculdade de Filosofia e Ciências
Campus de Marília-SP
ANEXO 2
210
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Com a finalidade de melhorar a qualidade de ambientes digitais para usuários Surdos, em
especial, precisamos de sua opinião sobre a usabilidade digital. As suas percepções
envolverão determinados aspectos relacionados a satisfação de uso durante a interação
com sistemas informacionais específicos.
O questionário a seguir envolve questões específicas sobre sua interação com a interface
e conteúdo web da Internet. As respostas assinaladas visam verificar sua experiência,
percepção e satisfação quanto ao conteúdo e acesso às informações digitais no ambiente
web da Internet.
Antes de iniciar o preenchimento do formulário você deve indicar qual dos
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a seguir irá utilizar como referência para suas
observações assinalando com um X:
www.surdosol.com.br
www.ines.org.br
www.diariodosurdo.com.br
www.surdo.com.br (
www.feneis.org.br
www.ok.pro.br
No formuário a seguir você deve assinalar a alternativa que corresponde a sua percepção
e interação com o website, indicando a alternativa com X. A alternativa NÃO APLICÁVEL
deve ser assinalada quando o elemento descrito não for encontrado na página analisada.
Na questão 2 você tem um espaço aberto para escrever suas sugestões e comentários
sobre este questionário.
Caso encontre alguma dúvida no preenchimento do questionário solicite auxílio da
pesquisadora. Se julgar necessário peça a interpretação em Língua Brasileira de Sinais –
LIBRAS.
É muito importante que você responda a todas as questões.
211
1. Marque CADA FRASE com um X no número que indica o quanto você está satisfeito com
o website relacionado aos Surdos e/ou a surdez indicado:
TOTALMENTE
INSATISFEITO
INSATISFEITO
INDIFERENTE
SATISFEITO
TOTALMENTE
SATISFEITO
NÃO
APLICÁVEL
A página inicial apresenta o objetivo do site de forma clara e rápida. 1 2 3 4 5 6
Pela primeira página identifico que o site é para surdos e/ou refere-
se a surdez.
1 2 3 4 5 6
Apresentação dos ícones em Língua de Sinais e português escrito
juntos.
1 2 3 4 5 6
O uso legendas em português escrito na apresentação de
conteúdos em vídeos.
1 2 3 4 5 6
A alternativa para escolher o tamanho da fonte/letra do texto
escrito.
1 2 3 4 5 6
A alternativa para alterar as cores/contrastes de cores da página. 1 2 3 4 5 6
A clareza dos textos escritos para surdo. 1 2 3 4 5 6
Conteúdos úteis aos surdos. 1 2 3 4 5 6
Facilidade de retorno a página principal. 1 2 3 4 5 6
Player Rybená no auxílio a leitura dos textos escritos por meio da
LIBRAS.
1 2 3 4 5 6
Ajuste do tamanho da tela para visualizar os conteúdos. 1 2 3 4 5 6
Ferramentas de controle de tempo das apresentação da informação
(parar, voltar etc).
1 2 3 4 5 6
As informações encontradas no site atendem as suas
necessidades.
1 2 3 4 5 6
A facilidade no uso de serviço de busca por informações no site. 1 2 3 4 5 6
Apresentação das informações em Libras. 1 2 3 4 5 6
Presença do SignWriting na apresentação do contéudo e ícones. 1 2 3 4 5 6
212
2. Deixe aqui suas sugestões e comentários sobre este questionário:
Obrigada por sua participação!
JULIANE ADNE MESA CORRADI
Pesquisadora
SILVANA A. B. G. VIDOTTI
Orientadora
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Departamento de Ciência da Informação
Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Filosofia e Ciências
Campus de Marília - SP
_______________________________________________________
Dúvidas e comentários podem ser enviados para:
Endereço postal: UNESP - Universidade Estadual Paulista
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Av. Hygino Muzzi Filho, 737 – Campus Universitário
CEP 17.525-900, Marília – SP
A/C Juliane Adne Mesa Corradi
Endereço eletrônico: [email protected]nesp.br
Celular: (16) 9606-9438.
213
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Acessibilidade em ambientes informacionais digitais inclusivos
Dissertação de mestrado – Universidade Estadual Paulista – Marília/ SP
Juliane Adne Mesa Corradi; Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação / UNESP/ FFC – Marília - SP
Com foco na filosofia bilíngüe da surdez pretende-se com esta pesquisa identificar os
elementos de acessibilidade digital que possam promover condições de acesso a minorias
surdas em ambientes digitais. Espera-se que os frutos deste trabalho contribuam para a
inserção de usuários surdos, em especial, de forma autônoma e independente, ao
ambientes digitais por meio de interfaces acessíveis a diversidade de usuários.
Para atingirmos nosso objetivo, precisamos de sua participação no preenchimento de
questionários, que contém elementos importantes para a investigação sobre acessibilidade
e usabilidade em ambientes web.
Participar desta pesquisa é uma opção totalmente voluntária, o que implica em sua
liberdade para participar ou não, podendo desistir a qualquer momento. Se o participante for
menor, o responsável deverá ser esclarecido sobre os procedimentos éticos da pesquisa. A
autorização para a participação do mesmo se efetivará mediante assinatura do presente
termo pelo responsável.
Destacamos que os resultados da pesquisa serão divulgados em eventos acadêmicos e na
publicação da dissertação de mestrado em Ciência da Informação. Diante do uso de
imagens dos participantes não haverá identificação dos mesmos. O questionário não terá
identificação de nome e endereço do participante, na pretensão de preservar sua identidade
e anonimato. Todas as respostas cedidas não estarão diretamente relacionadas à sua
integridade pessoal.
Certos de poder contar com sua colaboração colocamo-nos à disposição para
esclarecimentos e maiores informações que precisar. O participante poderá entrar em
contato com a autora/pesquisadora, Juliane, na Universidade Estadual Paulista, Faculdade
de Filosofia e Ciências, enviando mensagem para o celular (16) 9606-9438 ou por e-mail
para o endereço [email protected].
Compreendo o que foi explicado e concordo em participar.
____________________, ___ de _____________ de 200__.
Assinatura responsável Assinatura participante
Nome do responsável: _______________________________________________ RG: ____________________
Nome do participante: _________________________________________ DN: __________________
ANEXO 3
Livros Grátis
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