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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Marlene da Silva Soares
Ambientes Digitais Virtuais e Saúde:
alternativa para uma melhor qualidade de vida de
crianças hospitalizadas
Porto Alegre
2007
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Marlene da Silva Soares
Ambientes Digitais Virtuais e Saúde:
alternativa para uma melhor qualidade de vida de
crianças hospitalizadas
Tese apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Educão da Faculdade de
Educão da Universidade Federal do Rio Grande
Sul, como requisito parcial para obtenção do tulo
de Doutora em Educão.
Orientadora:
Profª D Lucila Maria Costi Santarosa
Porto Alegre
2007
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Marlene da Silva Soares
Ambientes Digitais Virtuais e Saúde:
alternativa para uma melhor qualidade de vida de
crianças hospitalizadas
Tese apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Educação da Faculdade de
Educão da Universidade Federal do Rio Grande
Sul, como requisito parcial para obtenção do tulo
de Doutora em Educão
Aprovada em ...
Profª D Lucila Maria Costi Santarosa
Professora Orientadora – PPGEDU/FACED/UFRGS
Prof. Dr. ...
Professor da (Nome da Instituição)
Prof. Dr. ...
Professor da (Nome da Instituição)
Prof. Dr. ...
Professor da (Nome da Instituição)
AGRADECIMENTOS
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É difícil expressar sentimentos com palavras, entretanto, tentarei pontuar os mais
significativos.
Com certeza tenho muito a agradecer a Deus que me proporcionou saúde e força e
a todos que de várias maneiras contribuíram para que essa trajetória ocorresse de uma
forma tranqüila e culminasse com a apresentação dessa Tese.
Em primeiro lugar agradeço à Universidade de Brasília que me concedeu
afastamento das atividades acadêmicas para realização do doutorado.
À Professora Lucila Maria Costi Santarosa, minha orientadora, pela amizade, dureza,
cobrança, por sua seriedade, paciência, competência e maestria; sempre pronta a ajudar
nas revisões, apontando direcionamentos mais adequados.
À Banca Examinadora constituída dos Professores Doutores, Ricardo Burg Ceccim,
Cláudio Baptista e Dinorá Fraga, que com ética e sabedoria apontaram sugestões para
melhorias no andamento da pesquisa.
À Fernanda, acadêmica do curso de Pedagogia, que acompanhou todas etapas da
pesquisa interagindo com as crianças com paciência e carinho, demonstrando equilíbrio
emocional, mesmo em situações que culminaram com a perda de algumas crianças. -
Nanda, fostes perfeita na contribuição que destes à realização deste trabalho.
À gerente administrativa e chefe do serviço de enfermagem do HCSA, Sra. Swetlana
Cuirkun, pela atenção e orientação dos procedimentos necessários para encaminhamento
do Projeto de Pesquisa.
À psicóloga Juliana Potter, responsável no Hospital pelo acompanhamento da
pesquisa, que me orientou nos passos iniciais e na identificação dos primeiros pacientes.
Á Élen, recreacionista do Hospital que sempre esteve disponível, atendendo
solicitações e disponibilizando a sala de recreação.
Às crianças que fizeram parte desta pesquisa. As quais, numa trajetória difícil, com
o sofrimento de uma doença grave - quando o medo, a dor, a incerteza, e solidão do
hospital eram seu cotidiano - podiam sorrir em frente ao computador, reclamando quando
tínhamos que finalizar e solicitando nosso retorno para o dia seguinte.
Aos pais e responsáveis pelas crianças, que aceitaram nosso trabalho e permitiram
filmar e fotografar seus filhos, para serem os mesmos citados em artigos apresentados em
Congressos.
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À equipe de enfermagem do quinto andar que com presteza demonstrou afeto e
carinho com as crianças ajudando-os por vezes a se locomoverem à sala onde
utilizávamos o computador, sempre prontas a atender nossas solicitações.
A equipe médica responsável pelo setor de oncologia, destacando em especial o Dr.
Felipe.Copetti, pela disponibilidade em encaminhar pacientes dando-nos informações e
orientações ao longo de todo o tempo da pesquisa, com muita atenção atendendo sempre
todas nossas solicitações.
Á direção, professores e funcionários do curso de Pós Graduação em Educação, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo acolhimento, camaradagem e pronto
atendimento em todas as situações vivenciadas ao longo do curso.
Mas, certamente tudo isto seria pouco se não houvesse o suporte afetivo e o apoio
incondicional de todos os meus familiares que estiveram sempre muito presentes em toda
essa trajetória.
Ao meu querido marido Ivan, companheiro de longos anos, pela paciência,
compreensão e carinho em todas as etapas desse trabalho. Nos momentos de desânimo
soube incentivar a continuidade para chegar a conclusão.
Às minhas amadas filhas, Gisa, Moni e Tathi, jóias preciosas que Deus me deu, pelo
incentivo e apoio incondicional, acompanhando e ajudando a transpor obstáculos,
valorizando os resultados alcançados e incentivando sempre a seqüência do trabalho.
Àos meus queridos netinhos, Alice e Rodrigo que com seus sorrisos encantadores
souberam trazer alento nos momentos difíceis de preocupações.
Aos meus genros Daltro e Paulo pelas palavras de incentivo nas situações em que
comentava as dificuldades.
Finalmente concluo, nunca é tarde para irmos em busca de nossos objetivos e
realizarmos nossos sonhos.
A trajetória pode ser longa e turbulenta, mas, os resultados alcançados trazem um
gosto de vitória indescritível.
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RESUMO
Este estudo configura-se como uma investigação qualitativa, descritiva através de “Estudo
de Caso integrado ao leque de pesquisas em desenvolvimento pelo NIEE, (Núcleo de
Informática na Educação Especial) Faculdade de Educação da UFRGS (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul), sob a coordenação da Professora Dra. Lucila Maria Costi
Santarosa.
Utilizando ambientes digitais virtuais, buscou-se oportunizar uma melhor qualidade de vida
para crianças hospitalizadas e identificar que mudanças ocorreram nas dimensões
sócio-afetivas.
O universo envolvido na pesquisa foi constituído de 12 crianças da oncologia na faixa etária
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de 07 à 15 anos, sendo 03 sexo feminino e 09 sexo masculino, todas em tratamento
quimioterápico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital da Criança Santo
Antonio, no Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia, de Porto Alegre RS,
Brasil.
O objetivo geral desse estudo consistiu em desenvolver e acompanhar o processo de
interação/colaboração virtual de crianças hospitalizadas, utilizando as tecnologias de
informação e comunicação (TICs), procurando identificar aspectos sócio afetivos
desencadeados neste percurso, em busca de melhor qualidade de vida.
O referencial teórico foi embasado na teoria de Vygotsky que de acordo com sua
fundamentação, a aprendizagem cria a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)
despertando os processos evolutivos internos que se desenvolvem quando a criança
interage com os outros. Através da mediação procurou-se frestas onde se pudesse
constatar quais mudanças ocorreram nas crianças hospitalizadas quando mediadas por
agentes computacionais.
Constatou-se que a dinâmica utilizando os ambientes digitais poderá impedir ou minimizar
a criação de hiato no desenvolvimento dessas crianças, devido a sua exclusão compulsória
do ambiente escolarizado, permitindo sua incluo num novo cenário, onde as
aprendizagens ocorrem de maneira lúdica e descontrda.
A debilidade física foi freqüente e tendeu a crescer no decorrer das interações, entretanto,
mesmo no contexto desfavorável, identificamos aspectos positivos como: a tendência
decrescente da desmotivação e a motivação em índices satisfatórios, além do bom humor,
da auto-estima da aparência, da auto-estima do conhecimento, e da iniciativa, identificados
durante todo o processo da pesquisa. Os resultados obtidos nos sugerem que os ambientes
digitais são um poderoso meio para potencializar melhor qualidade de vida, diminuindo o
isolamento, o estresse, a apatia, a timidez a baixa auto-estima, a intolerância, a raiva, a
tristeza, entre outros aspectos sócio afetivos, podendo -levar a constituição de pequenas
comunidades de aprendizagem, propiciando interação das crianças hospitalizadas com
crianças e outros atores do mundo externo.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Crianças Hospitalizadas. Oncologia. Aspectos
sócio-afetivos. Melhor qualidade de vida. Tecnologias de Informação e Comunicação.
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ABSTRACT
The present study is a qualitative investigation, descriptive when integrating case studies to
the myriad of researches carried on by the NIEE (Special Education Informatic Center),
Faculty of Education, UFRGS (Federal University of Rio Grande do Sul), under the
coordination of Dr.Lucila Maria Costi Santarosa.
This research aimed to enhance the quality of life of hospitalized children by using digital
virtual environments and further identifying the changes that would occur within their
social-affective sphere.
The universe involved in this research consisted of 12 children, ages ranging from 7 to 15
years old, being 3 of them females and the other 9, males. All of these children were doing
quimiotherapy covered by the public health care system (SUS) and were interned at the
Oncology Unity of St Anthony Child Hospital, at the Santa Casa de Misericórdia Hospital
Complex, in Porto Alegre, RS, Brazil.
The broad objective of this study was to develop and track the process of virtual
interaction/cooperation of hospitalized children through the usage of information and
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communication technologies (TICs) and further identify the social-affective aspects that were
triggered along the course with the aim to enhance their quality of life.
Vygotsky's theory was the technical reference employed in this research. It basically states
that the learning process creates a Proximal Developing Zone (ZDP), awakening inner
evolutive processes that are to be improved when the child interacts with others. We
searched, through mediation, signs that would indicate which changes have occurred within
children's behaviour and emotions when mediated by computational agents.
We verified that the dynamics using digital environments may prevent or minimize the
appearance of a gap in the development of these children because of their compulsory
exclusion from the schooling environment. Digital environments allow their inclusion in a new
scenario where learning processes occur in a ludic and informal way.
Physical frailty was a constant factor and tended to increase along the interactions. However,
even with such an adverse context, we identified, along the research course, positive aspects
such as: the reduction of motivational losses, inner motivation in satisfatory rates,
enhancement of good mood, self esteem, esteem for their appearance, esteem for their
knowledge and initiative.
These above mentioned results suggest us that digital environments are a powerful means to
enhance quality of life, banishing isolation, stress, apathy, shyness, low self esteem,
intolerance, anger, sadness amid other social-affective aspects. Such environments may lead
to the constitution of small learning communities, granting hospitalized children a stronger
interaction with other children and actors from the external world.
KEY-WORDS: Special education. Hospitalized children. Oncology. Social-affective aspects.
Enhanced quality of life. Information and Communication Technologies.
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LISTAS DE SIGLAS
ABRALE - Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
ITAI - Instituição Tribo Arco Íris.
LEC - Laboratório de Estudos Cognitivos.
MEC - Ministério de Educação e Cultura.
MSN - Microsoft Network Ferramenta que proporciona a interação virtual.
NDP - Nível de Desenvolvimento Potencial
NDR - Nível de Desenvolvimento Real.
NIED - Núcleo de Informática na Educação .
NIEE - cleo de Informática em Educação Especial.
NTEs - cleos de Tecnologias Educacional
NUREKR - Núcleo de Renascimento Elisabeth Kubler Ross
ONGs - Organizações não Governamentais.
ORKUT - Comunidade on-line que conecta pessoas através de uma rede.
PNEEs - Portadores de Necessidades Educativas Especias.
PNHAH - Plano Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar
PPS - Processos Psicológicos Superiores.
PROINESP - Programa de Informática em Educação Especial
SEESP - Secretaria de Educação Especial.
SUS - Sistema Único de Saúde.
TICs - Tecnologias da Informação e Comunicação.
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ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal.
ZDR - Zona de Desenvolvimento Real.
LISTA DE TABELAS
1 - Sujeito 01 ............................................................................................. 136
2 - Sujeito 04 ............................................................................................. 140
3 - Sujeito 09 ............................................................................................. 143
4 - Sujeito 11 ............................................................................................. 145
5 - Sujeito 02 ............................................................................................. 152
6 - Sujeito 03 ............................................................................................. 155
7 - Sujeito 06 ............................................................................................. 159
8 - Sujeito 08 ............................................................................................. 161
9 - Sujeito 05 ............................................................................................. 169
10 - Sujeito 07 ............................................................................................. 172
11 - Sujeito 10 ............................................................................................. 176
12 - Sujeito 12 ............................................................................................. 178
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LISTA DE GRÁFICOS
1 - Gráfico Geral do Grupo 01................................................................... 149
2 - Gráfico Geral do Grupo 02................................................................... 166
3 - Gráfico Geral do Grupo 03 .................................................................. 183
4 - Gráfico dos Resultados Finais ............................................................ 188
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LISTA DE QUADROS
1 - Aspectos cio Afetivos ...................................................................... 128
2 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 01................................................... 138
3 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 04................................................... 141
4 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 09 .................................................. 144
5 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 11 .................................................. 146
6 - Grupo 01.............................................................................................. 148
7 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 02 ................................................... 154
8 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 03 ................................................... 157
9 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 03 ................................................... 160
10 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 08 ................................................... 163
11 - Grupo 02 .............................................................................................. 165
12 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 05 ................................................... 171
13 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 07 ................................................... 174
14 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 10 ................................................... 177
15 - Aspectos cio Afetivos - Sujeito 12 ................................................... 180
16 - Grupo 03 .............................................................................................. 182
17 - Análise Comparativa dos Grupos ........................................................ 187
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SURIO
1 INTRODÃO ........................................................................................ 17
2 ONTEXTUALIZANDO A PESQUISA ..................................................... 23
3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................... 29
3.1 A EDUCÃO E A CRIANÇA HOSPITALIZADA ................................ 29
3.2 SAÚDE E DOENÇA ............................................................................. 33
3.3 CONHECENDO A CRIANÇA COM CÂNCER NA QUIMIOTERAPIA .. 35
3.4 QUALIDADE DE VIDA ......................................................................... 40
3.5 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICÃO .............. 44
3.6 CONHECENDO VIGOTSKY ................................................................ 54
3.6.1 Idéias Centrais da Teoria de Vygotsky .......................................... 56
3.6.2 O Papel do Outro na Constrão do Conhecimento ................... 59
3.6.3 A Zona de Desenvolvimento Proximal .......................................... 65
3.6.4 A Questão da Afetividade na Obra de Vygotsky .......................... 71
3.6.5 Ferramentas e Signos no Desenvolvimento Infantil .................... 73
3.7 ASPECTOS SÓCIO-AFETIVOS .......................................................... 78
3.7.1 Auto-Estima ..................................................................................... 88
3.7.2 Autonomia ........................................................................................ 91
3.7.3 Motivação ......................................................................................... 93
3.7.3 Humor ............................................................................................... 95
3.7.4 Timidez ............................................................................................. 96
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3.8 DIMENSÕES SÓCIO-AFETIVAS E ATITUDES DIANTE DA MORTE
E DO MORRER ...................................................................................
96
3.8.1 Negação e Isolamento .................................................................... 97
3.8.2 Raiva ................................................................................................ 98
3.8.3 Barganha .......................................................................................... 10
0
3.8.4 Depressão ........................................................................................ 10
0
3.8.4.1 Depressão e ansiedade: correlação entre elas .............................. 10
1
3.8.5 Aceitação .......................................................................................... 10
3
3.8.6 Esperança ........................................................................................
10
4
3.9 AMEAÇA DE MORTE .......................................................................... 10
5
3.9.1 Porque é Tão Difícil Pensar na Morte .......................................... 11
4
3.9.2 Dualidade e Apego ......................................................................... 11
7
4 O PROBLEMA ........................................................................................ 11
9
5 OBJETIVO GERAL ................................................................................. 12
0
5.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................ 12
0
6 METODOLOGIA ..................................................................................... 12
1
6.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ...................................................... 12
1
6.2 AMOSTRA DOS SUJEITOS ................................................................ 12
2
6.3 PROCEDIMENTOS ............................................................................. 12
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3
6.3.1 Coleta de Dados Para Estudos de Casos ..................................... 12
4
7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................... 12
6
7.1 ASPECTOS DAS CONDUTAS GERAIS ............................................. 12
8
7.2 ASPECTOS DA AUTO-ESTIMA ......................................................... 13
0
7.3 ASPECTOS DOS ESTADOS INVOLUNTÁRIOS ................................. 13
1
7.4 UNIVERSO DA PESQUISA ................................................................. 13
2
7.5 RESULTADOS ..................................................................................... 13
6
7.5.1 Grupo 01 ........................................................................................... 13
6
7.5.1.1 Análise do Grupo 01 ....................................................................... 14
7
7.5.2 Grupo 02 .......................................................................................... 15
2
7.5.2.1 Análise do Grupo 02 ....................................................................... 16
4
7.5.3 Grupo 03 ........................................................................................... 16
9
7.5.3.1 Análise do Grupo 03 ....................................................................... 18
1
7.5.4 Análise Geral ................................................................................... 18
6
7.5.4.1 Comparação entre os grupos ......................................................... 18
9
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 19
2
9 DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA ................................................... 19
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6
10 SÍNTESE ............................................................................................... 19
7
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 20
0
ANEXOS .................................................................................................... 21
1
1 INTRODÃO
A hospitalização infantil tem sido discutida por diferentes áreas do conhecimento, na
busca da qualidade de vida da criança hospitalizada. A Sociedade Brasileira de Pediatria
(1995) promulgou, através do Ministério da Justiça, os direitos das crianças e dos
adolescentes hospitalizados, entendendo que existe uma complexidade maior na
terapêutica desta clientela. O item 9 deste documento prevê o direito de desfrutar de
alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do
curculo escolar durante a sua permanência no hospital.
O impacto vivenciado pela criança e seus familiares no contexto hospitalar geram
uma sobrecarga de medo, tensão - preocupações e incertezas - passando ambos a
vivenciar um período de ansiedade constante que podem ocasionar à criança prejuízos ao
desenvolvimento.
A psiquiatria infantil, tem apontado de forma enfática os riscos sofridos por crianças
quando permanecem hospitalizadas, conforme escreveram: Spitz (1945), Bowlby (1969),
Ajuriaguerra (1975), Wiles (1979), Fassam (1982), Ceccim e Fonseca (1999), e
Angerami–Camon, 2001.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990)
resgata juridicamente a cidadania e a atenção universalizada a todas as crianças e
adolescentes e respeita as normativas internacionais. Crianças e adolescentes passam a
ser considerados cidadãos, com direitos pessoais e sociais garantidos, desafiando os
governos a implementarem políticas blicas dirigidas a esse segmento. (BRASIL, 1990a).
Na Educação, segundo a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994),
este compromisso está sendo assumido pela área de Educação Especial, através da
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Classe Hospitalar, com o objetivo de atender crianças e jovens hospitalizados, com
impossibilidade temporária de acompanhar o ensino regular.
Esse atendimento corresponde ao compromisso com a escolarização,
entendida como acesso ao desenvolvimento psíquico e cognitivo, e não apenas por motivos
de cidadania, mas pelo reconhecimento das necessidades especiais que devemos
assegurar.
Se atualmente esse atendimento à criança hospitalizada é realizado de maneira
global, falamos em necessidades médicas, de enfermagem e psicológicas, dentre outras
abordagens terapêuticas necessárias no ambiente hospitalar e por vezes esquecemos das
necessidade pedagógicas que devem também ser ofertadas, durante o período de
permanência no hospital.
Mesmo sabendo-se existir uma legislação específica sobre o atendimento das
necessidades destas crianças, as atividades desenvolvidas não possuem uma sistemática
organizacional objetiva.
Faltam definições sobre como deve ser realizado este atendimento nos hospitais, e
por quais profissionais. Com freqüência, esse atendimento ocorre por voluntários ou por
profissionais não qualificados para esse trabalho, por vezes com formação ampla, mas não
específicas às atividades em ambientes de assistência à saúde.
Temos uma Política Educacional frágil e um tanto omissa, pois não observa
plenamente as diretrizes de atendimento à criança hospitalizada e não há cobrança do
Ministério de Educação (MEC), junto aos hospitais para que a educação se faça presente
na trajetória de atendimento dessas crianças.
Considerando a clientela em questão e o pouco conhecimento na Academia da
Política Nacional implantada já há mais de uma década, verifica-se ainda, que não é
oportunizado ao acadêmico uma visão clara e objetiva e uma formação direcionada ao
contexto hospitalar, para que possa oferecer um atendimento que contemple as
necessidades dessa parcela de crianças e jovens que exigem um trabalho diferenciado.
A criança ao ser hospitalizada fica afastada da escola, ela poderá receber do
profissional da educação formas de não se desconectar do sistema educacional. Os
recursos que hoje podemos administrar como: escola na TV, no rádio, livros didáticos,
cadernos escolares, educação à distância, podem oferecer à criança hospitalizada uma
assistência pedagógica relevante.
O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) poderá ser um
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dispositivo exemplar no sentido de manter a criança participando do processo pedagógico,
e essa participação poderá trazer alento a solidão do hospital, ao medo do ficar afastado
dos demais.
Constata-se lacunas no exercício da cidadania, visto que, em virtude de recorrentes
ou extensas hospitalizações, a criança pode ficar afastada do sistema educacional, e por
vezes, com assistência deficitária. Se for oportunizado à criança durante o período de
permanência no hospital, uma assistência que busque contemplar o seu nível de
desenvolvimento, cognitivo, psicológico e social utilizando um conjunto de recursos de
proteção e cuidados, esse período poderá ser menos assustador, não remetendo-lhe
apenas à situações de sofrimento, medo, tensão e dor.
A assistência à criança hospitalizada não deve ser restrita apenas a terapêutica, mas
deve atender a criança como um todo, considerando as necessidades individuais e seu
desenvolvimento, buscando uma proteção contra os danos e prejuízos que a auncia da
escola podem ocasionar.
Assim entendendo, a assistência à criança hospitalizada pode ser também proposta
através de dispositivos que oportunizem situações felizes, descontraídas, leves, ao agrado
da criança, de acordo com seu desenvolvimento.
A criança irá propor o que deseja construir. O profissional da educação poderá
utilizando o computador como dispositivo básico oportunizar atividades na forma de
ludoterapia, que ofereça um conforto psico-afetivo, através das (TICs} buscando sempre
oferecer situações que levem a uma melhor qualidade de vida.
Nem sempre as crianças atendidas terão retorno à escola, alguns terão no hospital a
etapa final de vida, entretanto as interações poderão propiciar alívio de suas tenes,
medos e isolamentos em busca sempre de uma melhor qualidade de vida mesmo que seja
por tempo limitado.
Vivenciando por três semestres a coordenação de estágio em Classe Hospitalar, no
Hospital Universitário de Brasília /DF, começamos a buscar mais informações sobre a
dinâmica desse trabalho em nível local, regional e nacional, e constatamos um referencial
teórico escasso.
Foram ouvidos diversos profissionais da Saúde em Mesa Redonda apresentada na
Faculdade de Educação daquela Universidade. Assim, restou claro a importância desse
trabalho, através das observações realizadas e as declarações de médicos e enfermeiros
sobre os efeitos favoráveis constatados nas crianças atendidas pelos estagiários do Curso
de Pedagogia, afirmando que essas atividades deveriam continuar e ser extensivas a todos
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os hospitais.. É digno de nota a afirmativa do cirurgião responsável pelo Setor de Pediatria:
“[ . . . ] quando recebo no bloco crianças que estão sendo trabalhadas com os estagiários,
essas chegam menos estressadas e mais tranilas...”.
Ouvimos também, pacientes e familiares os quais solicitavam maior freqüência
desse trabalho e sua manutenção, visto considerarem uma grande ajuda no período de
permanência da criança no hospital propiciando motivação e interesse em algumas
atividades.
Nesse contexto, decidimos buscar mais informações através dessa pesquisa ora em
conclusão.
Embora prevista entre as modalidades de atendimento educacional especializado, a
classe hospitalar é pouco conhecida nos meios acadêmicos, nos meios escolares e nos
meios pediátricos (CECCIM; FONSECA, 1999). Conforme os autores acima citados, entre
as necessidades não afetas à terapêutica, as necessidades educativas especiais o as
mais desatendidas. Partindo deste quadro desalentador, surgem muitas dúvidas e
inquietações.
Estes autores consideram que a especialização em pediatria surgiu do
reconhecimento das necessidades especiais da criança para uma boa resposta
terapêutica, mas a hospitalização na infância gera outras necessidades especiais, como: à
proteção emocional, ao tempo para brincar e ao atendimento pedagógico.
Sem encontrarmos respostas claras e objetivas a estas questões, tudo fica diluído
num atendimento que pode até ser positivo, mas que também pode não atender as
necessidades das crianças, que esperam profissionais aptos a adequar o seu trabalho às
situações individuais. Para o exercio de tais atividades faz-se necessário farto
embasamento teórico, sensibilidade aguçada e equilíbrio emocional para administrar as
dificuldades decorrentes das oscilações de humor freqüentes, relacionadas a ansiedade
tensão e medo.
Não se obtém saúde somente lutando contra a doea, mas sim
ampliando-se as prioridades [ . . . ] desenvolvendo programas de saúde e
ensino que estimulem os profissionais da área a assumir uma visão mais
real, social e coerente com as necessidades da população.
(ANGERAMI–CAMON, 2001, p. 24)
Assim, buscamos, oportunizar recursos tecnológicos, relacionados aos ambientes
digitais virtuais, que poderão proporcionar conexão com seu contexto social e educacional
mantendo uma interatividade que minimize os aspectos de exclusão temporária durante
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suas permanências no âmbito hospitalar.
A educação, no contexto do novo milênio, não deverá ficar divorciada das
Tecnologias da Informação e Comunicação, as TICs, não sendo mais aceitável que crianças
e adolescentes hospitalizados deixem de usufruir essas possibilidades tecnológicas que
poderão contribuir favoravelmente contra os danos e prejuízos da ausência à escola, mesmo
sendo períodos de curta duração.
Vivemos um momento de transformações na sociedade. As Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs) permeiam cada vez mais todos os ramos das atividades
humanas, elevando-se como bem de consumo (OLIVEIRA; COSTA; MOREIRA, 2001).
De acordo com Godinho (1999), a utilização do computador e o acesso à Internet
abrem a possibilidade das crianças hospitalizadas se apropriarem de um conjunto imenso
de fontes de informação, estabelecerem contatos e trocarem informações, exercerem uma
atividade, encontrarem formas alternativas de lazer e de divertimento, aumentarem as suas
relações de amizade, em suma, constituírem uma vida com significado.
As colocações apontadas justificam um estudo mais pontual na busca de resultados
favoráveis, ou não, com o uso das tecnologias. Esse trabalho, se trouxer contribuições
positivas, poderá oportunizar à criança, maiores ganhos no período de hospitalização,
minimizando os prejuízos e perdas nos aspectos físicos, afetivos, cognitivos e sociais, e
agilizando a trajetória de recuperação e retorno ao lar e às atividades escolares.
Utilizando o computador e trabalhando com a criança individualmente ou em grupo,
com os dispositivos que o mesmo oferece, poderemos encontrar maior diversidade de
alternativas na busca de uma melhor qualidade de vida à criança hospitalizada.
A partir de um trabalho que propicie atividades ao agrado da criança utilizando
recursos digitais/virtuais que integrem sujeito e objeto, assim como ambientes de
aprendizagem, numa abordagem interacionista, espera-se alcançar resultados satisfatórios.
Busca-se avaliar junto à criança, os efeitos obtidos nessas novas experiências. É na
observação, na experimentação, na vivência e no contexto drio do atendimento que o
presente estudo buscará alternativas e respostas às vidas e indagações.
Busca-se observar possíveis mudanças na dimensão sócio-afetiva, através de estudo
de casos que poderão melhor demarcar nossos questionamentos e apontar
direcionamentos para que a criança hospitalizada em isolamento temporário, vivencie
momentos lúdicos e agradáveis com as tecnologias. Se bem trabalhados poderão ser
opções para definir ou buscar caminhos que minimizem a solidão do hospital, o afastamento
da escola, dos familiares e amigos, e o pouco atendimento pedagógico desenvolvido nos
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hospitais.
2 CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA
Na história dos cuidados à saúde, o hospital não é uma instituição recente, ao
contrário data da Idade Média. Entretanto, durante muitos séculos foi um estabelecimento de
caráter asilar, destinado mais a receber doentes terminais do que a curá-los.
Os enfermos eram predominantemente adultos. A criança nunca chegava ao
hospital; as doenças da infância eram com freqüência transmissíveis, agudas que, ou
curavam ou matavam rapidamente, em ambos os casos no domicílio.
Ilustra esse cenário o quadro existente na Tatue Gallery. Em Londres, pintado por Sir
Lucas Fildes no século 19. Mostra o interior de uma casa onde há uma criança doente. Os
pais estão no segundo plano, de pé. Sentado junto ao leito está o médico que certamente,
passou toda a noite ali. A lâmpada ainda está acesa, mas a madrugada começa a raiar.
Este era o contexto típico da enfermidade infantil.
A medicina progrediu vertiginosamente nas últimas décadas. A vacinação em massa
erradicou muitas doenças. O uso de antibióticos, contribuiu para que decrescesse o
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número de casos fatais de moléstias infecciosas. A educação e uma puericultura melhor
ocasionaram um baixo índice de doença e mortalidade infantil. (KUBLER,Ross 2000 , p.5 ).
Os pediatras lidam menos com situações críticas, que ameaçam a vida, aumenta o
número de pacientes com distúrbio psicossomáticos, com problemas de comportamento e
ajustamento. Mudou o perfil da mortalidade infantil, a diarréia infecciosa já não causa os
quadros dolorosos que os médicos costumavam ver. As doenças crônicas começam a
emergir como causa de mortalidade e o hospital passa a refletir este fenômeno.
Não é difícil imaginar, como os profissionais de saúde e de outras áreas correlatas
estão escassamente preparados para tal desafio.” (KUBLER, Ross, 2000 p.6)
necessidade de forte reflexão desse contexto e das mudanças evidenciadas, pois hoje
temos crianças hospitalizadas com internações longas e recorrentes.
Temos os transplantados, hepáticos, cardíacos, pulmonares, a oncologia, a fibrose
stica, a AIDS, a neurologia, a gasteroenterologia, a hematologia a cirurgia entre outros
problemas de gravidade e extensos tratamentos que exigem longas e repetidas internações.
Ricardo Burg Ceccim e Paulo Roberto Antonacci Carvalho organizadores do livro:
“Criança Hospitalizada Atenção Integral como Escuta à Vida apresentam uma reflexão
com rigor técnico e sensibilidade sobre a hospitalização de crianças e a tentativa de
constituir um referencial trico consistente, baseado nas experiências concretas de um
hospital universitário, propondo a intervenção multi-profissional na internação pediátrica
revelando ainda a diversidade real em que a prática cotidiana se realiza.
Promoveram a divulgação de experiências vividas e práticas refletidas entre
professores, estudantes e pesquisadores da área. Mostraram também como se sentem e o
que já nos ensinaram as crianças internadas em hospitais.
Obtém-se uma contribuição da assistência da saúde em tornar a experiência da
hospitalização, ainda que sempre indesejável, um acontecimento positivo ao crescimento e
desenvolvimento das crianças que necessitam da internação.
A educação de crianças com necessidades especiais vem recebendo grande
impulso na atualidade. Através de movimentos internacionais, a implantação de uma política
de inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino, tornou-se
um compromisso universal.
Assim sendo, o Ministério de Educação e Cultura, por meio da Secretaria de
educação Especial, (SEESP), em 2002, organizou uma equipe técnico-científica constituída
de professores representantes do Sistema de Educação e do Sistema de Sde,
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provenientes das Faculdades de Educação, Secretarias Municipais de Educação, e
Escolas de Saúdeblica, com a finalidade de produzirem um documento com orientações
para o atendimento pedagógico à crianças hospitalizadas.
Esse documento objetivava estruturar ações políticas de organização do sistema de
atendimento educacional em ambientes hospitalares e domiciliares de forma a assegurar a
atenção às necessidades especiais, promovendo o desenvolvimento e contribuindo para a
construção do conhecimento dessas crianças.
Foi então, publicado um Manual sobre Classes Hospitalares e Atendimento
Domiciliar (estratégias e orientações), entretanto as Universidades, os profissionais da
saúde e educadores ainda permanecem com reduzidas informações sobre a execução
dessa tarefa.
De acordo com a Constituição Federal Brasileira o direito à aprendizagem e a
escolarização traduzido prioritariamente pelo acesso à escola de educação básica é
conforme a lei obrigatório, e o não oferecimento desse ensino pelo Poder Público, ou sua
oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
O artigo 214 da Constituição Federal afirma que as ações do Poder blico devem
conduzir à universalização do atendimento escolar. A hospitalização de uma criança pode
impedir a freqüência escolar ainda que temporariamente, entretanto o atendimento
pedagógico nesse período deve ser ofertado no ambiente hospitalar da melhor maneira,
para atender as necessidades individuais.
O direito à saúde, segundo a Constituição Federal, (art.196), deve ser garantido
mediante políticas econômicas e sociais que visem ao acesso universal e igualitário a
ações e serviços, tanto para a sua promoção, quanto para a sua proteção e recuperação.
Na impossibilidade de freência à escola, durante o período sob tratamento de
saúde, as pessoas necessitam de formas alternativas de organização e oferta de ensino, de
modo a cumprir com os direitos à educação e a saúde, tal como definidos na Lei e
demandados pelo direito à vida em sociedade.
Esta atenção diz respeito ao processo de inclusão e contribui para com a
humanização da assistência hospitalar. A integralidade é uma das diretrizes de
organização do Sistema Único de Sde, (SUS), definido pela Lei (C.F,art197 e 198).
Entende-se que estas crianças devem ser vistas de modo integral e ter suas
necessidades e interesses atendidos objetivando diminuir as conseências do
afastamento escolar e social. Há preocupações de diferentes áreas buscando de forma
interdisciplinar oferecer melhor qualidade de vida, traduzindo uma nova abordagem na
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assistência à criança hospitalizada.
O tratamento de saúde não envolve apenas os aspectos biológicos da tradicional
assistência médica à enfermidade. A experiência de adoecimento e hospitalização
implicam mudar rotinas, separar-se de familiares, amigos e objetos significativos; sujeitar-se
a procedimentos invasivos e dolorosos e ainda, sofrer a solidão e o medo da morte, uma
realidade que ronda constantemente nos hospitais.
A doença faz parte da vida da criança e esta a sente de modo particular e sua família
a vive de maneira complexa. Neste contexto surgem dois personagens novos com os quais
ela vai estabelecer novas relações; o hospital e o médico.
A hospitalização de crianças pode provocar problemas importantes e desencadear
reações imediatas, gritos, choros, recusa de ficar no hospital ou reações que surgem após a
hospitalização como atitude de regressão, problemas alimentares entre outros.
Para certas crianças a hospitalização representa uma separação, para outras pode
criar novas formas de relação, conforme (G. Raimbault apud Ajuriaguerra, p.831, 1980) “a
hospitalização pode ter um efeito positivo em crianças que vivem numa relação de
dependência abusiva numa família super-protetora, ou para aquelas que encontram neste
local uma possibilidade e variedade de contatos sociais e culturais até então
desconhecidos.
É evidente que as reações emocionais dos pais à doença e à hospitalização da
criança são importantes na reação desta. O tipo de relação da criança e do meio à doença
dependerá do seu caráter agudo ou progressivo, da duração da mesma, da atitude da
família, do local de tratamento, do clima emocional em que se encontra a criança e seus
pais no momento da doença, do grau de evolução afetiva da criança e das fantasias e
medos reativados. Não se pode separar a doença do contexto familiar dinâmico na qual
esta se desenrola.
As reações da família são complexas e diferem não apenas de família a família, mas
no interior de uma mesma família, porque de fato, cada membro reage não somente à
doença da criança, mas também às reações dos outros membros em relação a esta
doença. Distingue-se três fases sucessivas nesta evolução, a saber: um período de choque
inicial, um período de luta contra a doença e finalmente um período prolongado de
reorganização e aceitação. (AJURIAGUERRA, 198O.)
Através de estudos realizados por Fonseca (1999), constatamos que crianças e
adolescentes hospitalizados têm seu desenvolvimento ameaçado e risco de reprovação e
evasão escolar, além de seqüelas nas áreas sócio-afetiva, cognitiva, motora, pensamento e
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linguagem.
De acordo com Vygotsky (1993) é imprescinvel não esquecer as conexões
inerentes entre os aspectos intelectuais e afetivos. As funções psicológicas emergem e se
consolidam no plano da ação entre pessoas e tornam-se internalizadas.O homem é um ser
ativo, que age sobre o mundo, sempre em relações sociais, e transforma essas ações para
que constituam o funcionamento de um plano interno”. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001,
p. 107)
Os profissionais da área da saúde devem ter noções claras de que a
doea é um ataque à criança como um todo, que a criança doente estará
afetada em sua integridade e que seu desenvolvimento emocional também
estará bastante comprometido. (ANGERAMI-CAMON, 2001, p. 26)
O trabalho junto a crianças hospitalizadas tem demonstrado que se deve lutar pela
humanização do atendimento hospitalar, que se deve proteger a criança e os jovens,
oferecendo um atendimento que supra ou minimize suas necessidades.
As tecnologias da informação e da comunicação –TICs - e, principalmente, os
ambientes digitais, têm sido destaque no cenário mundial, como excelentes recursos para
aproximar pessoas e aprimorar o processo interativo dos seres humanos.
Nesse direcionamento as TICs poderão oportunizar uma nova visão de mundo, uma
nova forma de comunicação que poderá proporcionar à criança hospitalizada um
extraordinário recurso para minimizar a solidão, o medo, a tensão, as preocupações e
incertezas, durante suas internações.
Esse novo instrumental tecnológico está provocando mudanças não apenas na
educação regular, mas também no trabalho direcionado às Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais PNEEs.
As TICs. possibilitam o rompimento de barreiras de tempo e espaço, surgindo assim
diferentes formas de interações com pessoas que estão fisicamente distantes.
A criança hospitalizada encontra-se em momento de expectativas em busca da cura.
Essas incertezas poderão desencadear fragilidades, momento em que necessitam suporte
especial para superar as adversidades, mesmo que ocorram por tempo limitado, quando
passam por internações ou intervenções.
Através de ambientes digitais virtuais, a criança poderá ter oportunidades de realizar
atividades interativas colaborativas, buscando minimizar os efeitos negativos desse
contexto.
O que se evidencia nesses pacientes quando se apropriam desses recursos?
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As TICs poderão ser dispositivos benéficos nesse período transitório de suas vidas,
auxiliando a melhor administrar o período de hospitalização?
o observáveis mudanças?
Essas são as questões centrais que a presente pesquisa busca investigar através de
estudos de casos de pacientes crianças/jovens em períodos de internações hospitalares.
Nesse direcionamento, desenvolveu-se em ambiente digital virtual atividades
colaborativas, interações comunicacionais em rede, através de chats de conversação, troca
de e-mails e outros que possibilitassem compartilhamento, comunicação, cooperação e
inclusão digital e social, observando as dimensões de aspectos sócio afetivos
evidenciados.
A pesquisa em tela não é direcionada em atividades pedagógicas formais, mas
pretende oferecer à criança interações que despertam interesse, entusiasmo motivação e
alegria, oportunizando uma vivencia agradável em busca de bem estar, ou seja, uma melhor
qualidade de vida nesse momento de transição em suas vidas.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 A EDUCÃO E A CRIANÇA HOSPITALIZADA
A Política Nacional de Educação Especial ( BRASIL, 1994) inclui em sua proposta a
Criança e o jovem hospitalizado, mesmo que temporariamente, pois o evento da
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hospitalização traz consigo limitações, exigindo cuidados especiais.
Repensar a realidade hospitalar leva-nos a questionar a idéia segundo a qual o
processo de cura de uma enfermidade sica não ameaça a saúde mental da criança. O
ambiente estranho e o tratamento muitas vezes doloroso pode lesar o curso de seu
desenvolvimento (BOWLBY, 1969, ROBERTSON, 1970, AJURIAGUERRA, 1975,
LINDQUIST, 1980, apud CECCIM; FONSECA, 1999).
Assim entendendo, os hospitais passaram a disponibilizar serviços de recreação,
incluíram a família no acompanhamento da criança durante a hospitalização e criaram as
enfermarias pediátricas, buscando oferecer um aparato mais adequado.
A Constituição Federal estabeleceu o direito de as pessoas com necessidades
especiais receberem educação preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL,
1988, art. 208, III). A diretriz atual é a da plena integração dessas pessoas em todas as
áreas da sociedade. Trata-se, portanto, de duas questões, o direito à educação comum a
todas as pessoas e o direito de receber essa educação sempre que possível junto com as
demais pessoas nas escolas “regulares.”. No período de internação hospitalar o paciente
fica temporariamente desconectado da escola e necessita acompanhamento.
A hospitalização não implica, necessariamente, qualquer limitação ao aprendizado
escolar. Ceccim afirma: “se e o relacionamento com a doença infantil, ou mesmo com a
criança enferma, é mediado pela emergência de atenção às demandas biológicas e
emocionais da criança, uma outra dimensão se destaca à escuta pedagógica do
desenvolvimento infantil: a dimensão vivencial. Essa dimensão nos conta das expectativas
de cura, sobrevida, qualidade de vida afetiva, retorno às atividades anteriores e
continuidade dos laços com o cotidiano (CECCIM, 1999, p. 42).
O autor acima citado entende que o acompanhamento pedagógico e escolar
favorece a construção subjetiva de uma estabilidade de vida não apenas como elaboração
psíquica da enfermidade e da hospitalização, mas principalmente, como segurança diante
dos laços sociais da aprendizagem.
A exigência do reconhecimento do direito à Educação Especial para as crianças e
adolescentes que em algum momento de sua escolaridade requeiram apoio adicional ou
recurso especial, de forma temporária ou connua, partiu de uma intensa luta política
internacional pelo reconhecimento do direito fundamental de toda à criança à educação e à
oportunidade tanto de atingir quanto de manter um nível adequado de aprendizagem, luta
essa que culminou na Declaração de Salamanca, sobre Prinpios, Política e Prática em
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Educação Especial. (COORDENADORIA NACIONAL PARA INTEGRÃO DA PESSOA
PORTADORA DE DEFICIÊNCIA, 1994).
Partiu da Sociedade Brasileira de Pediatria, uma das principais associações
científicas brasileiras na área da pediatria, a exigência do reconhecimento do direito à
educação nas enfermarias pediátricas, ganhando ampla repercussão nas organizações não
governamentais de luta pelos direitos da criança e do adolescente sendo matéria de
deliberação específica, a Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente
Hospitalizados, Resolução N. 41, de 13 de outubro de 1995, do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança a do Adolescente, com a chancela do Ministério da Justiça
(CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1995).
Esse documento dispõe que a criança ou adolescente hospitalizado deve receber amparo
psicológico, quando se fizer necessário, e deve desfrutar de alguma forma de recreação, de
programas de educação para a saúde e de acompanhamento do currículo escolar durante
sua permanência no hospital.
A documentação produzida pela Secretaria de Educação Especial -SEESP -do
Ministério de Educação e Cultura –MEC-- tem classificado as classes hospitalares entre as
modalidades “mais segregativas” de atendimento educacional especializado (CECCIM;
FONSECA, 1999).
Dispor de atendimento em classe hospitalar mesmo que por tempo nimo que talvez
pareça não significar muito para uma criança que vai à escola regular, tem caráter
importanssimo para a criança hospitalizada, uma vez que ela pode atualizar suas
necessidades, desvincular-se, mesmo que momentaneamente, das restrições que um
tratamento hospitalar impõe e adquirir conceitos importantes para sua vida escolar e
pessoal. A educação está presente em todos os momentos de nossas vidas, até mesmo
naqueles mais tensos e difíceis. (CECCIM et al., 1997).
Os espaços e tempos da aprendizagem para crianças ou adolescentes
hospitalizados seguem regularidade e intensidade diferentes da escola comum e atendem,
além das demandas intelectuais, às necessidades de pertencimento a uma comunidade
afetiva e de inclusão sócio-interativa. (CECCIM; FONSECA, 1999).
Considerando que os recursos das TICs são parceiros fundamentais para a melhoria
da qualidade do processo pedagógico, de ensino e aprendizagem, a UNESCO enfatiza
como um modo sistemático de conceber, aplicar e avaliar os processos de aprendizagem
sempre levando em consideração os recursos técnicos e humanos.
Sabemos que o advento do computador trouxe mudanças em todos os segmentos. A
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sociedade teve mudanças radicais nas últimas décadas e a “Globalização é a ordem do
dia. O único recurso verdadeiramente nacional será o povo, constituído por seus cidadãos,
e a capacitação de seu povo serão o recurso principal de cada nação. A importância de
uma nação será determinada pelo valor potencial daquilo que seus cidadãos podem
acrescentar à economia global.
Nesse contexto uma das expectativas da sociedade brasileira em relação ao papel
da escola é que proporcione oportunidades que permitam a incluo de crianças e jovens
no mundo da cultura, da ciência, da arte e do trabalho.
A escassez de políticas para o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e
Comunicação em todos os segmentos tem deixado no âmbito escolar blico ou privado
pouco incentivo para o fomento de pesquisas de um trabalho sistemático, visto que, as
pesquisas nessa direção instigam a formação e consolidação de uma massa crítica que
muito necessitamos.
Há um longo percurso a percorrer até que a utilização das TICs sejam
contextualizadas e utilizadas por professores na sala de aula e em outras situações
pedagógicas como forma de obter uma educação mais efetiva.
A inexistência de teorias ou estudos desta natureza geram tanto na área educacional
quanto na área da saúde, o desconhecimento às possíveis vantagens que essa modalidade
de ensino e integralização da atenção de saúde às crianças e jovens hospitalizados
(FONSECA, 1999).
No Sul do Brasil, temos grupos de estudos realizando pesquisas na busca de
possibilidades de criar novas alternativas para Educação Especial com o apoio das TICs,
relacionadas ao mundo virtual.
O Núcleo de Informática na Educação Especial (NIEE/UFRGS) vem desde longa data
desenvolvendo estudos focalizando preferencialmente o problema das dificuldades de
aprendizagem relacionados à cognição humana, como também às dimensões
sócio-afetivas, principalmente com os PNEEs.
Outro grupo que tem se destacado nas investigações sobre o uso das TICs, é o
Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC/UFRGS).
Em São Paulo, temos o Núcleo de Informática na Educação (NIED/ UNICAMP), nos
demais Estados temos notícias de trabalhos pontuais ou connuos que dão ênfase ao
estudo e a pesquisa buscando atingir um maior crescimento no uso das TICs, na educação
em geral.
Universidades públicas e privadas, Organizações não governamentais –ONGs, estão
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trabalhando em um desafio permanente para a incluo desse novo potencial de
dispositivos que poderão dar uma nova roupagem à Educação.
A Secretaria de Educação Especial SEESP - vem investindo em Informática na
Educação Especial, por meio do Projeto de Informática na Educação Especial -PROINESP-
com parcerias com o Programa de Informática do MEC - PROINFO - , visando a formação
em informática na Educação Especial de professores/ multiplicadores dos Núcleos de
Tecnologia Educacional (NTEs), que atuam especificamente no atendimento de alunos com
necessidades especiais e na preparação de outros professores para a mesma finalidade.
De acordo com Santarosa (2001, p. 7) “[ . . . ] o ambiente de aprendizagem
computacional deve constituir-se, fundamentalmente, de um espaço aberto à construção de
conhecimento. à construção cognitiva, sócio afetiva, da comunicação entre outros”. A
mesma autora, enfatiza que a Informática tem feito e está fazendo maior diferença, em suas
utilizações/aplicações, em pessoas com necessidades educacionais especiais.
Ainda Santarosa (2001, p. 8) afirma [ . . . ] com o potencial da Internet, associado a
acessibilidade à WEB, agora mais que nunca esses espaços virtuais ampliam as
possibilidades de desenvolvimento em todas as dimensões do ser humano.
Considerando os estudos realizados, o referencial teórico disponível, que aponta
elementos pontuais para começarmos expandir o uso das TICs extensiva às crianças
hospitalizadas. Estas também fazem parte da Educação Especial, mesmo que seja
temporariamente, e poderão também se beneficiar das vantagens que a modernidade
disponibiliza, através das tecnologias.
As crianças e jovens hospitalizados não poderão ficar na contra mão dessa dinâmica
de trabalho já oferecida em larga escala nas escolas públicas e privadas. É necessário que
se obtenha resultados de pesquisas que evidenciem a constatação do que o referencial
teórico já sinaliza.
O NIEE/UFRGS, sob a coordenação da Professora Dra. Lucila Costi Santarosa, tem
acreditado e investido nessa direção tendo nessa etapa alguns mestrandos e doutorandos
desenvolvendo projetos de pesquisa em hospitais de Porto Alegre, já tendo apresentado
resultados de pesquisas em andamento em eventos de nível nacional e internacional.
Nesse direcionamento, o presente estudo busca, trabalhando com crianças
hospitalizadas utilizando as TICs, observar as modificações sócio afetivas que possam
emergir ao longo das interações.
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3.2 SAÚDE E DOENÇA
Descartes em Le Traité de L'Homme, 1662, concebeu o corpo humano como uma
máquina, sendo o homem saudável comparado a um relógio em bom funcionamento e um
homem doente a um relógio estragado. Nesta visão cartesiana, somos levados a entender
o conceito de doença como a auncia de saúde e vice e versa. Porém, CECCIM (2000, p.
38), afirma que: “Saúde e doença não são conceitos definitivos, tampouco são conceitos em
oposição, mas ambos dizem respeito à sobrevivência, à qualidade de vida ou à própria
produção de vida”.
Ainda contrapondo Descartes, entende-se o homem doente, não como uma máquina
estragada, visão esta, estritramente biologicista, o ser humano debilitado, passa por um
processo de múltiplos aspectos causais, tais como fatores psicológicos, sociais e também
biológicos. Segundo Valdemar Angerami (2003, p. 42, em A psicologia no Hospital: O
conceito de saúde deve assumir um âmbito global determinado como um estado de bem
estar sico mental e social.”
A complexidade dos conceitos de saúde e doença tornam difíceis suas definições,
gerando assim uma multiplicidade de discursos a este respeito. Coexistem hoje, diferentes
abordagens sobre o tema, porém a maioria delas corrobora na idéia de que saúde e
doença não são condições estáveis, sendo conceitos de constante avaliação e mudança.
[ . . . ] é muito difícil definir o que é saúde e estabelecer os limites onde
coma a enfermidade. Porque saúde e enfermidade são dois estados
entre os quais flutua o indivíduo [durante] toda sua vida, duas condições
estreitamente ligadas por conees recíprocas. (ROJAS, 1974, p. 1).
Segundo Ávila Pires:
As definições mais comuns de saúde e de doea são circulares, isto é,
descreve-se uma condição como ausência da outra. A análise de
conceitos e a construção de definições não constituem exercício comum e
rotineiro. A maioria das pessoas contenta-se com uma idéia vaga a
respeito dos fenômenos, das coisas e dos termos e, quando solicitada a
sua opinião, responde, em geral, com um exemplo. (PIRES, 2000)
Contra isso, existe hoje forte corrente que defende o esclarecimento, a visão do
paciente como um ser que esta doente, mas mantêm suas possibiliades de evoluções,
neste sentido defende-se a integralidade do atendimento hospitalar.
Quanto a isso, Ceccim aponta que se a complexidade da saúde ou da doença não
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for levada em consideração, teremos uma [ . . . ] prática hospitalar que se mostra
tecnificada e impessoal, orientada pela doença e pelos quadros clínicos não se mostrando
como uma prática humanizada e personalizada, orientada pela saúde e pela produção de
vida” (CECCIM, 2001)
Para Nietzche (apud CECCIM, 1997, p. 28): “Ter uma grande saúde, não se trata de
não ter doenças, mas da capacidade de tirar proveito da própria doença. Para alguém
sadio, até mesmo a doença pode vir a se tornar um “energético estimulante” para a vida,
para o mais viver.
3.3 CONHECENDO A CRIANÇA COM CÂNCER NA QUIMIOTERAPIA
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o
crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo
espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas
células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de
tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas (INSTITUTO NACIONAL
DONCER, 2004).
O câncer infantil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a
proliferação descontrolada de lulas anormais e que pode ocorrer em qualquer local do
organismo. As neoplasias mais freqüentes na infância são as leucemias (glóbulos brancos),
tumores do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático). Também acometem
crianças o neuroblastoma (tumor de nglios simpáticos), tumor de Wilms (tumor renal),
retinoblastoma (tumor da retina do olho), tumor germinativo (tumor das células que vão dar
origem às gônadas), osteossarcoma (tumor ósseo), sarcomas (tumores de partes moles).
Diferentemente do câncer de adulto, o câncer da criança geralmente afeta as células
do sistema saníneo e os tecidos de sustentação, enquanto que o do adulto afeta as
células do epitélio, que recobre os diferentes órgãos (câncer de mama, câncer de pulmão).
Doenças malignas da infância, por serem predominantemente de natureza embrionária, são
constituídas de células indiferenciadas, porém respondem, em geral melhor aos métodos
terapêuticos atuais. (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2004)
A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leocócitos) de origem na
maioria das vezes desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de lulas
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jovens (blásticas) anormais na medula óssea, que substituem as células sanineas
normais. Os principais sintomas da leucemia decorrem do acúmulo dessas células na
medula óssea, prejudicando ou impedindo a produção dos glóbulos vermelhos, causando
anemia, dos glóbulos brancos ou infecções e das plaquetas causando hemorragias. Depois
de instalada, a doença progride rapidamente. (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER,
2004).
O tipo de leucemia mais freqüente nas crianças é a leucemia linfóide aguda ou
linfoblástica. A fadiga, palpitação e anemia aparecem pela redução da proteção dos
eritrócitos pela medula óssea. Infecções que podem levar ao óbito o causadas pela
redução dos leocócitos normais, responsáveis pela defesa do organismo (INSTITUTO
NACIONAL DONCER, 2004).
É muito importante estar atento a algumas formas de apresentação dos tumores da
infância.
Nas leucemias, pela invasão da medula óssea por células anormais, a criança se
torna suscetível a infecções, fica lida, tem sangramento e sente dor óssea.
No retinoblastoma, um sinal importante de manifestação é o chamado "reflexo do
olho do gato", embranquecimento da pupila quando exposta à luz. Pode se apresentar,
também, através de fotofobia ou estrabismo. Geralmente acomete crianças antes dos três
anos de idade.
Algumas vezes, os pais notam uma massa no abdome, podendo tratar-se nesse
caso, também, de um tumor de Wilms ou neuroblastoma.
• Tumores sólidos podem se manifestar pela formação de massa, podendo ser vivel
e causar dor nos membros, sintoma, por exemplo, freente no osteossarcoma (tumor no
osso em crescimento), mais comum em adolescentes.
Tumor de sistema nervoso central tem como sintomas dor de cabeça, vômitos,
alterações motoras, alterações cognitivas e paralisia de nervos
(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2004).
É importante que os pais estejam alertas para o fato de que a criança não inventa
sintomas e que ao sinal de alguma anormalidade, levem seus filhos ao pediatra para
avaliação. É igualmente relevante saber que, na maioria das vezes, esses sintomas estão
relacionados a doenças comuns na infância. Mas isto não deve ser motivo para que a visita
ao médico seja descartada.
Os diferentes tipos de ncer correspondem aos vários tipos de células do corpo.
Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de
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um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas, ele é
denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, sculo ou
cartilagem é chamado de sarcoma.
Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são: a
velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invasão de tecidos e órgãos
vizinhos ou distantes (metástases).
As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo,
estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e
aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são,
na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do
organismo de se defender das agressões externas.
o raros os casos de câncer que se devem exclusivamente a fatores hereditários,
familiares e étnicos, apesar de o fator genético exercer um importante papel na
oncogênese.
Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter um forte
componente familiar, embora não se possa afastar a hipótese de exposição dos membros
da família a uma causa comum. Determinados grupos étnicos parecem estar protegidos de
certos tipos de câncer: a leucemia linfocítica é rara em orientais, e o sarcoma de Ewing é
muito raro em crianças negras (INSTITUTO NACIONAL DONCER, 2004).
De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores
ambientais. Alguns deles o bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de pulmão, a
exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns vírus podem causar
leucemia. Outros estão em estudo, tais como alguns componentes os alimentos que
ingerimos, e muitos são ainda completamente desconhecidos (INSTITUTO NACIONAL DO
CÂNCER, 2004).
Os fatores de risco ambientais de câncer o denominados cancerígenos ou
carcinógenos. Esses fatores atuam alterando a estrutura genética (DNA) das células. O
surgimento do ncer depende da intensidade e duração da exposição das células aos
agentes causadores de ncer.
O câncer em crianças e adolescentes até cerca de duas décadas era considerado
uma doença aguda, com pouca possibilidade de cura. Atualmente esse quadro apresenta
uma perspectiva de cura de 70% quando diagnosticados precocemente (INSTITUTO
NACIONAL DONCER, 2004).
Pela sua complexidade, o tratamento deve ser efetuado em centro especializado, e
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compreende três modalidades principais (quimioterapia, cirurgia e radioterapia), sendo
aplicado de forma racional e individualizado para cada tumor específico e de acordo com a
extensão da doença.
O trabalho coordenado de vários especialistas também é fator determinante para o
êxito do tratamento (oncologistas pediatras, cirurgiões pediatras, radioterapeutas,
patologistas, radiologistas), assim como o de outros membros da equipe médica
(enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, nutricionistas, farmacêuticos).
(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2004)
Bonassa (1992) relata que a quimioterapia consiste no emprego de substâncias
químicas, com o objetivo de tratar as neoplasias malignas. São drogas que atuam em nível
celular interferindo no seu processo de crescimento e divisão. Quando aplicada ao câncer, a
quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplástica ou quimioterapia antiblástica.
A maioria dos agentes não destrói seletiva e exclusivamente as células tumorais. Os
efeitos colaterais surgem de acordo com a droga e a dose usada. Os mais freqüentes são:
cefaléia, vômitos, náuseas, diarréia, sangramento gengival, perda de peso, alopecia e
anemia.
O conhecimento prévio dos efeitos colaterais oportuniza maior compreensão dos
problemas apresentados pelos pacientes e intervenção mais rápida e adequada.
Com o aumento dos índices de cura e sobrevida dos portadores de câncer na
infância, surge preocupações com a qualidade de vida dessas crianças, considerando os
momentos dolorosos e devastadores que vivenciam. O tratamento vem alterar rapidamente
suas vidas as perspectivas e possibilidades de escolhas cotidiana é interrompida
bruscamente. Enfim, tem-se que habituar a uma vida estritamente ordenada, cheia de
restrições, submeter-se a procedimentos muitas vezes dolorosos, sair da rotina da casa
para a do hospital.
A doença física é acompanhada de manifestações na esfera psíquica, ocasionando
alterações no comportamento social, já que a doença provoca, precipita ou agrava
desequilíbrios quer no paciente quer na família. (CAMPOS, 1988)
Tão importante quanto o tratamento do câncer em si, é a atenção dada aos aspectos
sociais da doença, uma vez que a criança está inserida no contexto da família. A cura não
deve se basear somente na recuperação biológica, mas também no bem-estar e na
qualidade de vida do paciente. Neste sentido, não deve faltar a ele, desde o inio do
tratamento, o apoio psicossocial.
Há preocupação expressa pelo Ministério da Sde, através do Plano Nacional de
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Humanização da assistência Hospitalar (PNHAH), que a área da saúde esteja num
constante aprimoramento para atender as demandas dessa nova era.
Será que a incluo dos recursos das tecnologias disponibilizados aos pacientes
pediátricos ajudará a diminuir as tensões e medos, contribuindo com o processo de
humanização da assistência hospitalar?
Acredita-se que a incorporação destas tecnologias no ambiente hospitalar poderá
proporcionar muitos benefícios.
As TICs - poderão auxiliar no processo terapêutico, por meio de atividades que
envolvam a criança no seu ambiente, para que a mesma retome o controle de sua vida, de
seus hábitos, e atividades de rotina , apesar das limitações impostas pela doença e
tratamento agressivo. A Educação não estará desvinculada das atividades propostas e a
criança poderá minimizar os malefícios da exclusão temporária.
3.4 QUALIDADE DE VIDA
As opiniões dos médicos e pacientes, relacionadas à qualidade de vida, variam
bastante, como revelam várias pesquisas e ainda, o que dizem os especialistas.
Segundo Ferreira (1999), qualidade de vida refere-se ao bem-estar geral e cotidiano
das pessoas e pode ser dividido em três componentes principais: saúde sica, mental e
social. Tudo que contribui para criar condições favoráveis ao desenvolvimento do indivíduo.
A Organização Mundial da Saúde (1986) apresenta uma definição de saúde como
sendo o completo bem-estar biológico, psicológico e social e não apenas ausência de
enfermidade. Esse bem estar seria qualidade de vida?
Qualidade de vida é a resposta do indivíduo para suas circunstâncias de
vida, o equibrio entre estas circunstâncias e a habilidade para lidar com as
mesmas. Em outras palavras: a habilidade entre o que você é e que você
quer da vida. (COMCIÊNCIA, 2005)
“Qualidade de vida é o equilíbrio das variáveis positivas e negativas que influenciam
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a pessoa e seu ambiente.” (INTERNATIONAL STRESS MANAGEMENT ASSOCIATION NO
BRASIL, apud ROCHA, 2005, p. 11)
Qualidade de vida reside no equibrio do ser humano em suas dimensões
sica, psíquica, social e espiritual, que se reflete na auto-realização e no
prazer no relacionamento consigo mesmo, com o outro e com a totalidade.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUALIDADE DE VIDA, apud ROCHA,
2005, p. 11)
Desfrutar qualidade de vida pode significar ter satisfação na vida, estar realizado
como pessoa. Entretanto, para outros pode significar ter condições financeiras ótimas que
propiciem conforto material e acesso a bens de consumo. Pode significar também um
sentimento de bem estar pessoal ou simplesmente viver bem.
Rio (1991, apud MARQUES, 1996) aponta qualidade de vida como a valoração
que o indivíduo faz sobre vários aspectos que considera importante na sua vida atual e em
termos globais.
Segundo o autor, qualidade de vida pode ser considerada como um índice global
relacionado a vários aspectos ou dimensões.
A partir da concepção subjetiva que a pessoa tem sobre este tema, o autor afirma
que a estimativa de qualidade de vida tanto individual como coletiva baseada em
parâmetros objetivos, geralmente conduz a erros.
O alcance desse índice deve ser via subjetiva, entendendo qualidade de vida como
um construto que pode ser averiguado a partir da ótica e percepção verbalizada pelo
indivíduo. O autor ainda diferencia qualidade de vida de outros termos como bem estar,
satisfação, felicidade, saúde, etc..., entendendo que alguns aspectos são comuns entre eles
e a qualidade de vida não estaria resumida a um sentimento de satisfação ou bem estar
pessoal, mas é mais ampla, é uma avaliação que a pessoa faz desse aspecto e de outros
que considera importantes na sua vida atual e de forma global, de sua vida completa
(RIAÑO, apud MARQUES, 1991).
Essa avaliação subjetiva está presente numa pessoa que vive num determinado
contexto e tempo histórico, ela não existe por si só. Os sistemas pessoal e ambiental se
inter-relacionam e são associados a circunstâncias vitais, aos recursos sociais que se
dispõe afetando o funcionamento cognitivo e as respostas dadas sobre a saúde e o bem
estar psico-social.
Casas (1991, apud MARQUES, 1996) ressalta que as tentativas para medir
qualidade de vida começaram basicamente na economia com o conceito de renda per
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capta. Logo ficou evidente que o desenvolvimento social não poderia ser medido usando
indicadores econômicos. Surgiu então o conceito de nível de vida ou padrão de vida,
tentando integrar indicadores econômicos com os de desenvolvimento sócio-cultural.
Se para Casas (1991, apud MARQUES, 1996), a tentativa de medir a qualidade de
vida iniciou na economia, para Rio (1991, apud MARQUES, 1996) a origem do estudo
está na medicina, estendendo-se aos campos da Psicologia e Sociologia, ampliando seus
domínios na função da qualidade vida enquanto paliativa para o tratamento de enfermos
crônicos.
Rios (1994, apud MARQUES, 1996) aponta o estudo da qualidade de vida na
Psicologia como uma forma de configurar uma Psicologia Preventiva, promovendo saúde e
prevenindo o mal estar e o sofrimento humano. Para esse autor qualidade de vida
relaciona-se à bem estar em dimensões como: saúde, nível de educação, situação
econômica, relações sociais e familiares, atividades recreativas, auto-estima, crenças
religiosas, autonomia, domínio ambiental, metas na vida, grau de desenvolvimento
pessoal,etc... Entretanto, não é possível que alguém tenha alta satisfação em todos os níveis
apontados, o que não afasta como meta plauvel, e aponta algumas das necessidades
para a promoção da saúde:
· Relões interpessoais satisfatórias;
· Processos familiares normais;
· Ócio;
· Condições de vida e trabalho adequados;
· Independência e autonomia;
· Ausência de conseqüências somáticas e psíquicas da
enfermidade;
· Ausência de problemas econômicos;
· Participão em atividades e associações comunitárias;
· Qualidade de sde objetiva e subjetiva;
· Satisfação com a vida, a família, os amigos e vizinhos;
· Características adequadas de moradia;
Contexto ambiental próximo. (RIOS, 1994, apud MARQUES,
1996, p. 53-54)
Ter qualidade de vida é desfrutar de liberdade, desenvolver iniciativa,
cultivar habilmente as relações sociais, estar satisfeito, apresentar
escassas moléstias psicossomáticas, ingerir pouca medicão, o estar
doente, possuir uma boa profissão, ter um bom emprego [ . . . ]
(BRENGELMANN, apud MARQUES, 1996, p. 55).
Ferran e Power (1985, apud MARQUES, 1996, p. 52) ressaltam “[ . . . ] que se
apenas uma dimensão devesse ser escolhida no estudo da [qualidade de vida], a satisfação
com a vida seria o indicador mais importante.
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Na década de 70, surgiram termos como atender necessidades globais da
população e promover o bem estar geral. O bem estar social incluiria os conceitos de
equidade e distribuição social de oportunidades.
Buscando conceitos de qualidade de vida, constata-se que cada um de nós tem
visões diferentes sobre seus significados, embora com pontos que permitem
compartilhamento e comunicação.
Nossos condicionamentos históricos, sociais, culturais, espirituais, políticos e
econômicos tem muito a ver com o que balizamos como exincia nima satisfatória para
que uma vida possa ser classificada como qualitativamente adequada com qualidade de
vida.
Em respeito às necessidades da criança hospitalizada procura-se de modo
integrado articular as três dimensões da saúde: a sica, a mental e social acrescentando
ainda a espiritual. Todas atividades são idealizadas e desenvolvidas para atender esses
quatro aspectos, suprindo deficiências que possam prejudicar a meta de saúde integral,
buscando o bem estar num continuum.
As atividades de lazer e entretenimento para a criança hospitalizada constituem o
principal instrumento de atenção à saúde social entendendo que qualidade de vida é viver
bem no ambiente em que nos encontramos, nos adaptando e procurando ter hábitos
saudáveis. Cada pessoa deve encontrar o que é qualidade de vida para si.
A preocupação com a promoção da saúde tem suas raízes no movimento sanitário
do final do século XIX e tem integrado sucessivos compromissos internacionais, sejam os
especificamente relacionados à questão de saúde ou sejam os relacionados às questões
mais amplas de direitos sociais e desenvolvimento sustentável.
Qualidade de vida incluiria todos os conceitos anteriores somando as dimensões
subjetivas e pessoais. Não existe uma fórmula para encontrar a felicidade, também não
existe uma fórmula para alcançar um padrão de qualidade de vida considerado ideal para
todos.
Viver com saúde e saber aproveitá-la é o que todos desejam. Muitas vezes mesmo
na presença de alguma doença é possível buscar uma forma mais saudável de viver. Nessa
direção tentamos outras alternativas oferecendo dispositivos virtuais, buscando oportunizar
momentos prazerosos mesmo nos contextos adversos vivenciados no hospital.
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3.5 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICÃO
O futuro está cada vez mais presente; o presente é
cada vez mais futuro. (Vicenzo Riccio)
Vivemos num momento de transformações no qual as TICs permeiam todos os
ramos da atividade humana, conduzindo a informação à categoria de bem de consumo.
Nesse contexto, o elemento virtual representa um novo conceito de construção do meio
ambiente, onde ocorrem as trocas de saberes. Este meio não é concreto, mas é real,
construído a partir de elementos digitais (OLIVEIRA, C.C.; COSTA; MOREIRA, 2001).
Para tanto, faz-se necessário uma compreensão mais aprofundada sobre os
aspectos sociais e culturais dessa perspectiva que elimina as distâncias espaciais e
temporais, assim sendo, o processo de aprendizagem computacional oportuniza um
direcionamento de caráter social, não há mais distâncias geográficas, espaço e tempo
passam a ter outra dimensão.
O acesso às TICs é um fator importante a ser considerado, para viabilizar a incluo
social e digital de crianças com necessidades educacionais especiais mesmo que
temporárias, pois o ato de ensinar e aprender ganha novo suporte com o uso de diferentes
tipos de softwares educacionais, de pesquisas na Internet e de outras formas de trabalho
pedagógico com o computador, com uma nova dinâmica no processo de construção do
conhecimento.
No mundo contemporâneo, as TICs e em especial o computador, têm evidenciado
destaque como um dos mais promissores recursos para aproximar pessoas e desenvolver
o potencial cognitivo dos seres humanos.
A partir do uso destes dispositivos, “uma nova visão de mundo” passou a ser
oportunizada às sociedades: com as novas possibilidades de comunicação.
Hoje povos de diferentes culturas e níveis sócio-econômicos podem ampliar
gigantescamente seus conhecimentos, até então cerceados por barreiras geográficas. A
Internet e todas as tecnologias correlatas romperam as barreiras culturais e sociais
existentes difundindo uma nova proposta de conhecimento e percepção de mundo.
Os usos digitais permitem o acesso à informação atualizada, o acesso às pesquisas
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e aos conhecimentos produzidos por cientistas de qualquer parte do planeta, num espaço
de tempo cada vez mais reduzido, e ainda permite estabelecer uma
conversação/comunicação sincrônica (chat) com pessoas dispersas geograficamente.
De acordo com Santarosa (2001) a utilização da telemática concorre para a
democratização do acesso ao conhecimento e a possibilidade de interação entre
indivíduos, independente de onde estiverem. Com uma rede integrada de computadores e
os meios de comunicação, é possível transmissões polivalentes, utilizando textos, sons e
imagens. O resultado disso tudo é a ampliação dos horizontes de fluxo da informação em
dimensões sequer imagináveis.
Modifica-se o modelo cultural a partir do acesso ncrono e assíncrono de
informações: acesso de base de dados, bibliotecas virtuais, boletins, noticias, correio
eletrônico, conferências eletrônicas, listas de discussão, trabalhos cooperativos, entre outras
possibilidades. Assim, a telemática trata da manipulação e utilização da informação através
do uso combinado de computador e meios de telecomunicação.
O correio eletrônico que conjuga as vantagens do telefone com as do correio
tradicional, passou a permitir, via rede de computadores ligados por linha telefônica comum
(ou pela fibra ótica, ou pelo rádio, ou pelo satélite), a troca de informações via mensagens
entre pessoas dispersas em qualquer lugar.
O envio de mensagens por meio eletrônico é sem vida mais rápido e mais
econômico que pelo correio tradicional. Permite ainda as consultas das mensagens pelo
emissor ou pelo receptor sempre que necessário - o que não acontece com o telefone.
O e-mail possibilita enviar uma mensagem a vários destinatários ou a um grupo
identificado dentro do sistema de usuários, sem ter que reescrever ou duplicar a referida
mensagem. O destinatário e o receptor o avisados ao consultar o sistema, sobre a
existência de novas mensagens, podendo enviar resposta automática sem indicação do
destinatário, pois o sistema faz o devido endereçamento.
Os sistemas permitem a emissão de mensagens sob o formato de textos, ou outras
formas de codificação e compactação. As TICs, pelo seu desenvolvimento acelerado e o
grande potencial de aplicação apontam novas abordagens de sua utilização no processo de
aprendizagem computacional.
Até pouco tempo, livros, apostilas, jornais e revistas eram a principal fonte de
pesquisa, hoje, também se integram a esses recursos os CD-ROMs, as Páginas da
Internet, as áudio e vídeo-conferências, as pesquisas on-line nas bibliotecas virtuais, entre
outros (OLIVEIRA, C.C.; COSTA; MOREIRA, 2001).
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Assim, os ambientes digitais/virtuais tratam da manipulação e utilização da
informática através do uso combinado do computador e meios de telecomunicação. A
utilização do computador na Educação, principalmente na forma de ambientes de
aprendizagem, vem demonstrando ser um grande auxílio no processo de aprendizagem
(LUCENA, 1994). A informática deu passos de gigante nos últimos vinte anos.
A grandeza da informática não es na capacidade que ela tem de
aumentar o poder centralizado nem na sua força para isolar as pessoas
em torno da máquina. [ . . . ] A grandeza da informática encontra-se no
imenso campo que abre à cooperação. É uma porta para a amizade, para
a criação de atividades cooperativas, para a cumplicidade de cticas
solidárias aos governos e os poderes opressores ou injustos. Enfim, as
redes informatizadas propiciam a solidariedade e a criação e
desenvolvimento de projetos em parcerias. (ALMEIDA; FONSECA JUNIOR,
2000, p. 43)
Segundo Struchiner, Ricciardi e outros (1998), o indivíduo é agente ativo de seu
próprio conhecimento, ou seja, ele constrói significados e define suas próprias
representações da realidade de acordo com suas experiências e vivências em diferentes
contextos.
Também, Santarosa (2002) entende que o ambiente de aprendizagem computacional
deve constituir-se, fundamentalmente, de um espaço aberto à construção de conhecimento,
à construção cognitiva, sócio-afetiva da comunicação, entre outros. Em 2003, a mesma
autora enfatiza que os ambientes virtuais/digitais estão concretizando a transformação do
mundo numa aldeia global e mudando o próprio conceito de sociedade.
Ainda Santarosa (2002), afirma que caminhamos para novos conceitos e valores em
conotações que aparecem como: pses sem fronteiras, democratização da informação,
socialização do conhecimento, pela comunicação e acesso à informação que vem se
processando, o que passou a ser chamado de “cultura telemática”.
As experiências virtuais alargarão nosso campo cognitivo, as pessoas poderão
entrar em contato e experimentar sensações jamais vivenciadas, “[ . . . ] o problema não é
utilizar ou proibir as novas tecnologias, mas dar espaço a uma correta informação que
permita ao maior número de pessoas ter aceso a elas de maneira consciente” (FASCIANI,
apud PELUSO, 1998, p. 123).
Nessa direção, Fagundes afirma que a interação em um meio informatizado “[ . . .]
equivale a reconstruir um mundo comum que pensa diferentemente dentro de cada um de
nós [ . . . ] (FAGUNDES, 1997, p. 17). Ainda reforça a autora apontando que é na interação
cognitiva que cada um com reciprocidade, contribui para estabilizar, modificar ou
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reequilibrar a construção do conhecimento.
Jonassen (1996) destaca o conceito de ferramentas da mente (Mindtools) para
discutir como o computador pode oferecer recursos que contribuam para uma construção
crítica do conhecimento. Assim, quando discute a utilização do computador no ensino faz
uma distinção entre seu uso tradicional e a proposta das Mindtools, ou seja, enfatiza a
utilização do computador e/ou de suas ferramentas como potencializadores do pensamento
crítico, a partir da elaboração de informações, interpretação e organização pessoal do
conhecimento.
Constata-se que a construção social do conhecimento evidencia que tudo que a
pessoa faz e internaliza sofre a influência de suas interações interpessoais e que a
linguagem é fundamental na reorganização da compreensão e das estruturas de
conhecimento do indivíduo, já que possibilita negociação e troca, essenciais para que
indivíduos compartilhem significados. A teoria da atividade enfatiza a relação integrada
entre a consciência e a atividade humana (JONASSEN, 1991, NARDI 1996).
Levy, (1993) dizia que a informática nada mais era do que uma técnica, a exemplo da
escrita e da impressa. Para esse autor a informática compõe a ecologia cognitiva, que
refere-se à concepção do ambiente onde ocorre a aprendizagem. A busca de uma nova
ecologia cognitiva é o reconhecimento que o ambiente escolar atual é inadequado e a
construção de um novo ecossistema educacional é indispenvel.
Estamos inseridos nessa busca, partilhando da mesma trajetória tentando aplicar e
experimentar alternativas mais adequadas.
O papel dos instrumentos criados pelo homem para exercer a sua atividade no meio
constitui também uma das ênfases das teses vygotskianas: ao servirem de mediadores
para a atividade exercida no meio, os instrumentos potencializam o corpo e a mente. A
atividade do homem é mediada por instrumentos técnicos que favorecem a ampliam as
suas ações sobre os objetos.
No contexto hospitalar a possibilidade de atividades cooperativas, a busca de
amigos virtuais, as pesquisas na Web os jogos, enfim todas as possibilidades disponíveis
no mundo virtual, poderão viabilizar momentos prazerosos mesmo na fase em que a criança
está no isolamento de um quarto.
Busca-se, disponibilizar ambientes de aprendizagens colaborativas num trabalho
cooperativo, atendendo os interesses e condições individuais, contribuindo para estabilizar,
modificar ou reequilibrar a construção do conhecimento.
Segundo Castells (1999), ainda não se conhece o grau de sociabilidade existente
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nas redes eletrônicas nem quais os efeitos dessa nova forma de sociabilidade. A cultura é
mediada e determinada pela comunicação. O mesmo autor afirma:
O surgimento de um novo sistema eletrônico de comunicação
caracterizado pelo seu alcance global, integração de todos os meios de
comunicão e interatividade potencial es mudando e mudará para
sempre nossa cultura [ . . . ] essurgindo uma nova cultura: a cultura da
virtualidade real. (CASTELLS, 1999, p. 355)
Pelo que as TICs representam e potencializam do ponto de vista da construção do
conhecimento não é possível mais que os ambientes pediátricos hospitalares fiquem
desvinculados dessa nova realidade.
As atividades lúdicas, programas de apoio pedagógico, as interações sociais e a
introdução das TICs poderão contribuir de maneira diferenciada para oportunizar durante o
período de hospitalização melhor qualidade de vida aos pacientes e sua incluo em todos
os segmentos do mundo atual.
Nesta ótica é fundamental reconhecer a individualidade dos pacientes em todos os
seus aspectos. As nuances do quadro clínico, a ansiedade e a insegurança a tensão e o
medo que a doença traz, as dificuldades econômicas e sociais do tratamento, a importância
da presença constante da família e da coesão de toda a equipe do hospital. Esse contexto
deve estar harmonizado numa sintonia em que a criança se sinta confortável.
Como, atualmente, o Ministério da Sde preocupa-se na busca de um processo de
humanização na assistência hospitalar acredita-se que a incorporação destas tecnologias
poderão proporcionar benefícios.
Ainda temos uma trajetória longa a percorrer na experimentação e implementação
das TICs, na educação, nos ambientes hospitalares,no atendimento aos PNEEs enfim,
pesquisas já apontam para ganhos nesta direção.
A criança mesmo no ambiente hospitalar, no período de exclusão temporária poderá
através do uso das tecnologias minimizar o isolamento a que está submetida interagindo
com amigos virtuais, pesquisando na Web, utilizando softwares pedagógicos, escrevendo
e-mails, utilizando os dispositivos que poderão oferecer alento, minimizando seu
sofrimento.
A informática vem adquirindo cada vez mais relevância no cenário educacional. Sua
utilização como instrumento, sua ação no meio social vem aumentando de forma acelerada.
Nessa direção, a educação vem passando por mudanças significativas frente a essa nova
tecnologia, tornando-se um importante meio de estudo e pesquisa.
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Cada geração inventa, cria, inova e a educação tem seu processo também de
criação, invenção e inovação, principalmente no campo do conhecimento. E preciso evoluir
para se progredir, e aplicação da informática desenvolve os assuntos com metodologia
alternativa, o que muitas vezes auxilia o processo de aprendizagem. O computador é
apenas e tão somente um meio onde desenvolvemos, flexibilidade, criatividade e
inteligências mais críticas.
A informática é fundamental, tanto para aprendizes quanto para professores que
atuam como facilitador mediador da construção do conhecimento. Então, o computador
passa a ser o "aliado" do professor na aprendizagem, propiciando transformações no
ambiente de aprender e questionando as formas de ensinar.
Usando o computador, mesmo as tarefas mais simples, como desenhar na tela,
escrever um texto, etc, são suficientemente ricas e complexas, permitindo o
desenvolvimento de uma série de habilidades que poderão ajudar na solução de problemas,
levando a criança a aprender através de seus erros. Essa vivência poderá contribuir para o
desenvolvimento de sua auto confiança, oportunizando melhor capacidade da criança viver
em uma sociedade cada vez mais permeada pela tecnologia, crescendo com o sentido que
são elas que devem controlar as máquinas e não o inverso.
Trabalhar rompendo com as limitações, muito delas auto-impostas, do cotidiano,
convidando as crianças à reflexão sobre questões importantes da vida real, da sociedade
em que vivem, propiciando solidariedade, criação e cooperação .no processo de
construção e resolução de problemas, incentivando a reflexão e a crítica, permitindo que
identifiquem os próprios problemas.
Algumas teorias contribuem para a compreensão da aprendizagem em ambientes
digitais dentre elas a teoria cio-cultural baseada na intersubjetividade e na Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP) de Vygotsky (BAQUERO, 2001).
As teorias interacionistas crêem que o conhecimento que todos nós possuímos não é
"sobre" o mundo, mas uma parte "constitutiva" desse mundo. O conhecimento não é um
objeto fixo. Ele é construído pelo indivíduo com base na sua própria experiência desse
objeto. A aproximação do construtivismo à aprendizagem realça a necessidade de
desenvolvimento atividades estimulantes que envolvam alunos, professores, especialistas,
em comunidades de aprendizagem. O seu objetivo é criar comunidades de aprendizagem
que estejam o mais possível relacionadas com as práticas colaborativas do mundo real.
As TICs agem como elemento mediador entre o sujeito e o ambiente, atuando como
um suporte para as crianças hospitalizadas.
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Conforme Valente (1999a), a inovação pedagógica consiste com a implantação do
construtivismo sócio interacionista, ou seja, a construção do conhecimento pelo aluno
mediado pelo educador. Porém, se o educador dispuser dos recursos da informática, terá
muito mais chance de entender os processos mentais, os conceitos e as estratégias
utilizadas pelo aluno e, com essa informação poderá intervir e colaborar de modo mais
efetivo nesse processo de construção de conhecimento.
De acordo com Santarosa (2002), o uso do computador, devidamente orientado,
oportuniza o desenvolvimento e a organização do pensamento, trazendo vantagens ao
aluno, pertinentes ao seu processo de construção do conhecimento.
Ainda Santarosa (2002), enfatiza que as ferramentas computacionais abrem um
espaço de oportunidades, principalmente para as pessoas cujos padrões de aprendizagem
não seguem os quadros típicos de desenvolvimento.
A criança hospitalizada fragmenta seu processo de aprendizagem e desenvolvimento
visto ficar desconectada da escola em todos os segmentos, num contexto de excluo
temporária que por vezes deixa seelas significativas, podendo apresentar rupturas ou
perdas definitivas das habilidades da vida diária, entregando-se a um viver passivo e
dependente.
Diante da nova situação, é importante que o profissional da educação possa refletir
sobre essa nova realidade, repensar sua prática, formas de ação que permitam não só lidar
com essa nova realidade como também, construí-la.
O acesso à informática pode ser visto como um direito inalienável para todos
usufruírem e a criança hospitalizada não deverá ficar excluída. É uma questão de cidadania
a disponibilização desses recursos durante o período que a criança permanecer internada,
não permitindo que a mesma vivencie exclusão social e digital mesmo que temporária.
Oportunizar melhor qualidade de vida mesmo em condições hostis é o que se
pretende atingir utilizando os recursos das Tecnologias da Informação e Comunicação.
Dispositivos Computacionais e a Criança Hospitalizada
O computador está presente na vida da criança na modernidade, com um caráter
cada vez mais essencial. A ferramenta passou a fazer parte do cotidiano dos pequenos tal
qual na vida adulta.
Com conteúdo voltado especialmente para essa faixa etária, a internet com Blogs,
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fotologs, sites de relacionamento e jogos, além dos softwares educativos, softwares de
diversão e simuladores virtuais o computador, antes desenvolvido para facilitar o trabalho,
passou a cativar o mundo infantil.
Quando as criaas aprendem a usar o computador, elas não estão
apenas aprendendo uma técnica, e sim mudando suas próprias relações
com o mundo ao seu redor. A maneira como as informões são
acessadas, a maneira como são apresentadas, os modos pelos quais
podem ser manipuladas, todos alteram as percepções que as crianças
têm a respeito do saber e do fazer. (ARMSTRONG; CASEMENT, 2001, p.
22).
Nesta perspectiva, onde as crianças tem acesso ao dispositivo, a escola passou a
exigir pesquisas e elaboração de trabalhos escolares. Além disso o grupo social passou a
manter contato através de conversas mediadas pelo computador (orkut, msn, netmetting,
icq, blogs e fotologs) evidenciando a importância desta ferramenta na vida diária.
Quando a criança é internada, sofre a separação com seu cotidiano, escola, família e
amigos não o acessíveis e nem tem livre acesso ao hospital. Ressalta-se que o
computador, dispositivo portátil e de fácil manuseio pode, mesmo em contexto de
isolamento, traspassar as barreiras impostas e ser uma ligação com a realidade fora do
hospital.
Porque o Computador?
Gomes e Villardi destacam que:
A interação com o computador facilita, através da ativão de funções da
zona de desenvolvimento proximal, o alcance de veis mais elevados de
desenvolvimento real. Nunca substitui o adulto/educador ou o grupo, mas
multiplica as situações em que a ZDP é ativada. (GOMES; VILLARDI, 2002,
p. 68)
Ainda as autoras acima citadas, embasadas em Abigail Housen, propõem cinco
estágios, para a visão do computador pelos seres humanos:
a)
Descritivo, enumerativo, narrativo Existe uma curiosidade acentuada e uma
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exploração intensa do computador. A criança quer conhecer tudo, pergunta como funciona,
quer experimentar todas as possibilidades, sempre acentuando a feição lúdica do contato.
b)
Construtivo Aqui o computador passa a ter uma existência própria, é
incorporado à realidade e deixa de ser apenas um brinquedo, adquirindo nuances utilitárias
e funcionais.
c)
Classificativo Surge o interesse pela história do computador - como surgiu,
que modelos, marcas e que programas existem, quais são e os mais modernos e de maior
e menor preço.
d)
d)
Interpretativo A criança percebe que há variados enfoques e significações
em relação ao computador, já conseguindo discutir os aspectos positivos e negativos do
uso da máquina, assim como reconhecendo que o homem não deve “adorá-la”, mas
apropriar-se dela e dos seus benefícios.
e)
Recreativo Dá-se a incorporação plena e a utilização do computador em
suas várias funções. A criança apresenta preferências claras por atividades e softwares,
assim como o desejo de interferir de forma criativa, propondo situações de uso e atividades.
Auto-Estima e o Computador
Segundo Santarosa (1987), o uso das TICs ajudam a melhorar a auto-estima, a
aumentar a motivação e o interesse.
Tendo em vista que este trabalho é voltado para as crianças, consideramos que as
mesmas estão passando por uma etapa de significativa influencia na construção da
identidade, e suas experiências terão reflexos na auto-estima.
Em estudo, Belloni salienta que:
A interação das criaas e jovens com as TICs demonstrou que esses
recursos favorecem o aumento da auto-estima, o interesse de aprender
coisas novas, a colaboração entre os pares quando a proposta de atividade
é motivadora para eles e es desvinculada de atividades escolares
mal-sucedidas. (BELLONI, 2003, p. 3)
Sendo aplicada a informática na educação especial, Valente, (1991), pontua que o
computador pode ajudar a desenvolver habilidades importantes e essas habilidades têm
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provocado um impacto muito grande na vida das crianças, enriquecendo sua capacidade
intelectual, seu sentido de auto-estima e colocando-os em contato com sua capacidade de
aprender e de se desenvolver cognitiva e emocionalmente.
Além disso, o computador hoje, tomou proporção de objeto de consumo, sendo
considerado poderoso meio, e ser seu proprietário ou fazer uso dele, “[ . . . ] significa ter a
sensação que a potencia do computador se transfira para nós e nos pertença” (PELUSO,
1998, p. 155). O mesmo acontece quando, adquirimos um carro, uma moto: a aquisição
desta ou daquela marca, guiado pelos nossos profundos desejos e pelos esteriótipos
sócio-culturais” (PELUSO, 1998, p. 155)
3.6 CONHECENDO VIGOTSKY
Nem a mão desarmada, nem o intelecto abandonado a si próprio
são de muito valor: as coisas são levadas adiante com instrumentos
e meios. (Bacon)
Na busca de uma teoria sobre aprendizagem e desenvolvimento humano numa
abordagem educacional abarcando a realidade tecnológica e virtual que no presente
vivenciamos, encontramos em Vygotsky elementos significativos que serão pontuados,
objetivando analisar as dimensões sócio-afetivas de crianças hospitalizadas. Sabe-se que
atualmente seu trabalho vem sendo estudado e valorizado no mundo todo.
Primeiramente notas biográficas identificando sua obra e seu contexto,
posteriormente idéias centrais da teoria que constituio referencial teórico básico.
Lev Semenovich Vygotsky nasceu em Orsha, a 05 de novembro de 1896 e morreu
aos 37 anos, em 11 de junho de l934. Era filho de família judaica de posses, o que
constituiu uma fonte importante de estímulo para sua atividade cultural e intelectual. Foi um
homem de seu país e de seu tempo, foi professor e pesquisador e viveu na Rússia em plena
efervecência da Revolução Comunista. Foi um dos tricos que buscou uma alternativa
dentro do materialismo dialético para o conflito entre as concepções idealista e mecanicista
na Psicologia. Ao lado de Luria e Leontiev, construiu propostas teóricas inovadoras sobre
temas como relação pensamento e linguagem, natureza do processo de desenvolvimento
da criança e o papel da instrução no desenvolvimento. (BOCK; FURTADO;TEIXEIRA, 2001)
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Sua obra parece possuir uma vigência contínua e crescente, especificamente no
meio educativo e psico-educativo. Vygotsky [ . . . ] cruzou com uma fúria veloz a Psicologia
do nossoculo [ . . . ] pela agudeza de um intenso trabalho desenvolvido numa curta vida
(BAQUERO, 2001, p. 17). Seu pensamento costuma ser chamado de sócio-interacionista,
admitindo a interação do indivíduo com o meio como característica definidora da
constituição humana.
Inspirado nos prinpios do materialismo dialético, considerou o desenvolvimento da
estrutura humana como um processo de apropriação pelo homem da experiência
sócio-histórica. Segundo Vygotsky (1984), organismo e meio exercem influência recíproca,
portanto o biológico e o social não estão dissociados e o homem constitui-se como tal
através de suas interações sociais, portanto é visto como alguém que transforma e é
transformado nas relações produzidas em uma determinada cultura.
Procurou construir uma nova psicologia, com o objetivo de integrar, numa mesma
perspectiva, o homem enquanto corpo e mente, enquanto ser biológico e social, enquanto
membro da espécie humana e participante de um processo histórico (OLIVEIRA, M.K.,
1997). Preocupou-se com o estudo da gênese, formação e evolução dos processos
psíquicos superiores do ser humano. “O que ocorre não é o somatório entre fatores inatos e
adquiridos e sim uma interação dialética que se dá desde o nascimento, entre o ser humano
e o meio social e cultural que se insere.(REGO, 1997, p. 93)
Portanto: “A atividade mental é exclusivamente humana. É o resultado da
aprendizagem social, da interiorização de signos sociais e da interiorização da cultura e das
relações sociais. O desenvolvimento mental é, um processo sociogenético [ . . . ]
(BAIN,1983, BLANCK, 1977, apud MOLL, 1996, p. 43).
A essência do comportamento humano reside em sua mediação por instrumentos e
mbolos. “Os instrumentos orientam-se para fora, em direção à transformação da realidade
física e social. Os mbolos são orientados para dentro, em direção à auto regulação da
própria conduta” (MOLL, 1996, p. 44).
O desenvolvimento infantil é visto a partir de três aspectos: instrumental. cultural e
histórico. E é Luria que nos ajuda a compreendê-los.
· Aspecto instrumental refere-se à natureza basicamente mediadora
das fuões psicológicas complexas. Não apenas responde aos esmulos
apresentados no ambiente, mas os alteramos e usamos suas
modificações como um instrumento de nosso comportamento.
· Aspecto cultural da teoria envolve os meios socialmente
estruturados pelos quais a sociedade organiza os tipos de tarefa que a
criança em crescimento enfrenta e os tipos de instrumentos tanto mentais
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como sicos, de que a criança dise para dominar aquelas tarefas. Um
dos instrumentos básicos criados pela humanidade é a linguagem o que
Vygotsky ênfase em toda sua obra, à linguagem e sua relão com o
pensamento.
· O aspecto hisrico, como afirma Luria, funde-se com o cultural,
pois os instrumentos que o homem usa, para dominar seu ambiente e seu
próprio comportamento, foram criados e modificados ao longo da hisria
social da civilizão. Os instrumentos culturais expandiram os poderes do
homem e estruturaram seu pensamento, de maneira que, se não
tissemos desenvolvido a linguagem escrita e a aritmética, não
possuiríamos hoje a organizão dos processos superiores que
possmos. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 107)
Para Vygotsky, a história da sociedade e o desenvolvimento do homem caminham
juntos e estão de tal forma intrincados que um não seria o que é sem o outro, e foi nessa
perspectiva que foi estudado o desenvolvimento infantil.
As crianças desde o nascimento estão em interações com os adultos, que procuram
incorporá-las a suas relações e a sua cultura . É através da mediação dos adultos que os
processos psicológicos mais complexos tomam forma“. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
2001, p. 108.) O desenvolvimento está, pois alicerçado sobre o plano das interações.
3.6.1 Idéias Centrais da Teoria de Vygotsky
A questão de investigação proposta terá sua fundamentação teórica alicerçada na
linha vigotskiana, pois serão observadas nas dimensões sócio-afetivas como crianças
hospitalizadas reagem no processo de interação com ambientes digitais.
Como disse Jerôme Bruner (1987), Vygotsky fala-nos do futuro, entretanto, somente
agora o impacto de seu trabalho está começando a ser sentido na comunidade científica.
Sua teoria está oferecendo respostas a questões que pareciam insolúveis, demarcando um
caminho a seguir.
A teoria cio-histórica do psiquismo tem como objetivo central [ . . . ] caracterizar
os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como essas
características se formam ao longo da história humana e de como se desenvolvem durante a
vida de um indivíduo.” (VYGOTSKY, 1984, p. 21)
A teoria de Vygotsky apresenta um aspecto construtivista, na medida em que busca
explicar o aparecimento de inovações e mudanças no desenvolvimento a partir do
mecanismo de internalização. Essa teoria apresenta sugestões e caminhos, mas necessita
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de estudos e pesquisas que explicitem os mecanismos característicos dos processos de
desenvolvimento a partir do mecanismo de internalização.
Tentando sintetizar os aspectos centrais da Teoria Sócio–interacionista podemos
ressaltar algumas teses básicas de grande complexidade.
Referem-se ao caráter histórico e social dos Processos Psicológicos Superiores
(PPS) ao papel que os instrumentos de mediação protagonizam em sua execução e num
plano metodológico, à necessidade de um enfoque genético em Psicologia. Essa nova
abordagem para a Psicologia pode ser considerada como os ”pilares“ básicos do
pensamento de Vygotsky.
Conforme Baquero, as teses centrais são:
· A tese de que os Processos Psicológicos Superiores (PPS) têm uma
origem histórica e social.
· A tese de que os instrumentos de mediação (ferramentas e signos)
cumprem um papel central na constituição de tais PPS.
· A tese de que se devem abordar os PPS, segundo os processos de
sua constituição, quer dizer, a partir de uma perspectiva genética.
(BAQUERO, 2001, p. 25)
Os Processos Psicológicos Superiores (PPS), se originam na vida social, na
participação do sujeito em atividades compartilhadas com outros. Ou seja, o
desenvolvimento mental humano não é dado a priori, não é imutável e universal, não é
passivo, nem tão pouco independente do desenvolvimento histórico e das formas sociais da
vida humana. A cultura é parte constitutiva da natureza humana e as características
psicológicas se dão através da internalização dos modos historicamente determinados e
culturalmente organizados de operar com informações.
O estudo dos processos psicológicos à luz da abordagem sócio histórica permitiu a
definição de diversas linhas de pesquisa, tais como: [ . . . ] estudo do desenvolvimento de
uma criança, de um grupo cultural e da dissolução de processos psicológicos, uma vez que
as doenças e traumatismos desfazem aquilo que a evolução e a experiência cultural
ajudaram a construir [ . . . ] (REGO, 1997, p. 40).
Vygotsky se dedicou ao estudo das chamadas funções psicológicas superiores, que
consistem no modo de funcionamento psicológico tipicamente humano, tais como a
capacidade de planejamento, memória voluntária, imaginação, etc. Esses processos
mentais são considerados superiores, porque referem-se a mecanismos intencionais,
ações conscientemente controladas, processos voluntários que dão ao indivíduo a
possibilidade de independência em relação às características do momento e espaço
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presente.
Estes processos não são inatos e se originam nas relações entre indivíduos humanos
e se desenvolvem ao longo do processo de internalização de formas culturais de
comportamento. “Diferem dos processos psicológicos elementares, como reações
automáticas, ações reflexas e associações simples, que são de origem biológica [ . . . ]”
(REGO, 1997, p. 39).
Nessa direção, o desenvolvimento é concebido, como um processo culturalmente
organizado. A aprendizagem em contextos de ensino será um momento interno e
necessário. Os Processos Psicológicos Superiores (PPS) são especificamente humanos
enquanto histórica e socialmente constituídos.(BAQUERO, 2001, p. 26) É o resultado da
aprendizagem social, da interiorização de signos sociais, interiorização da cultura e das
relações sociais.
Para Vygotsky, as funções psicológicas emergem e se consolidam no plano da ação
entre pessoas e tornam-se internalizadas, isto é, transformam-se para constituir o
funcionamento interno que não pré existe, mas é constituído por este processo, fundado nas
ações, nas interações sociais e na linguagem. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001)
2 O Papel do Outro na Construção do Conhecimento
Segundo a teoria defendida por Vigotsky o indivíduo se constitui não somente devido
aos processos de maturação orgânica, mas principalmente através de suas interações
sociais, a partir das trocas estabelecidas com seus semelhantes.
A interação social fornece a matéria-prima para o desenvolvimento psicológico do
indivíduo. A cultura não é vista como algo pronto, um sistema estático ao qual o indivíduo se
submete, mas como uma espécie de “palco de negociações” em que seus membros estão
num constante movimento de recriação e re-interpretação de informações, conceitos e
significados.
As funções psíquicas humanas estão intimamente vinculadas ao
aprendizado, à aproprião do legado cultural de seu grupo. Esse
patrimônio, material e simbólico, consiste no conjunto de valores,
conhecimentos, sistemas de representão, construtos materiais,
técnicas, formas de pensar e de se comportar que a humanidade construiu
ao longo de sua história. (REGO, 1997, p. 109)
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Para que a criança possa dominar esses conhecimentos é de fundamental
importância à mediação do indivíduo, sobretudo dos mais experientes de seu grupo cultural
e para que exista apropriação é preciso também que exista internalização, que implica na
transformação dos processos externos em um processo intrapsicológico.
Nesta concepção, o desenvolvimento humano segue a direção do social para o
individual. Construir conhecimentos implica numa ação partilhada, pois é através dos outros
que as relações entre sujeito e objeto de conhecimento são estabelecidas.
A atividade espontânea e individual da criança, apesar de importante, não é
suficiente para apropriação dos conhecimentos acumulados pela humanidade. É importante
a intervenção do adulto e as trocas efetivadas entre as crianças que também contribuem
para os desenvolvimentos individuais (OLIVEIRA, M.K., 1997).
A heterogeneidade passa a ser vista como fator imprescinvel para as interações.
Os diferentes ritmos, comportamentos, experiências, trajetórias pessoais, contextos
familiares, valores e níveis de conhecimentos de cada criança imprimem a possibilidade de
trocas de repertórios, de visão de mundo, de confrontos, ajuda mútua e conseqüente
ampliação das capacidades individuais.
Há forte ligação entre o processo de desenvolvimento e a relão do
indiduo com seu ambiente sócio-cultural e com sua situação de
organismo que não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros
indiduos de sua espécie. (OLIVEIRA, M.K., 1997, p. 61)
Segundo Ratner (1995), um prinpio fundamental da Psicologia evolutiva de
Vygotsky é a transição dos processos inferiores a funções superiores. Os processos
psicobiológicos inferiores incluem os reflexos e os processos conscientes espontâneas e
rudimentares. As funções psicológicas conscientes superiores, incluem as funções mentais
desenvolvidas e voluntárias, a percepção de categorias, a atenção e os movimentos
voluntários.
Conforme Vygotsky (1988), todas as funções mentais superiores – FMS – são
processos mediados e surgem de formas coletivas de conduta.
A interação entre o sujeito e o ambiente se através do uso de dois tipos de
elementos mediadores, os instrumentos e os signos. O instrumento é um elemento
interposto entre o trabalhador e o objeto de seu trabalho, ampliando as possibilidades de
transformação da natureza. Ex.: o machado corta mais e melhor que a mão humana. O
instrumento tem sempre claro um objetivo, carregando a função para o qual foi criado. É,
pois, um objeto social e mediador da relação entre o indivíduo e o mundo.
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[ . . . ] a função do instrumento é servir como um condutor da influência
humana sobre o objeto da atividade; ele é orientado externamente, deve
necessariamente levar a mudança nos objetos. Constitui um meio pelo
qual a atividade humana externa é dirigida para o controle e domínio da
natureza. (VYGOTSKY, 1984, p. 62)
Signos podem ser definidos como elementos que representam ou expressam outros
objetos, eventos, situações. Ao longo de sua história, o homem tem utilizado signos como
instrumentos psicológicos em diversas direções. È uma marca externa que auxilia o homem
em tarefas que exigem memória ou atenção. Ex.: a utilização de varetas ou pedras para
registro e controle da contagem de cabeças de gado.
o interpretáveis como representação da realidade e podem referir-se a elementos
ausentes do espaço e do tempo presentes. “Constantemente recorremos à mediação de
vários tipos de signos para melhorar nossas possibilidades de armazenamento de
informações e de controle da ação psicológica [ . . . ](OLIVEIRA, M.K., 1997, p. 30-31).
Os signos são elementos mediadores internos, meios auxiliares para solucionar um
dado problema psicológico (ex.: lembrar, comparar, relatar, escolher, etc.) (VYGOTSKY,
1998).
Vygotsky nos remete à criação e ao uso de instrumentos e de signos externos como
mediadores da atividade humana. É o grupo cultural onde o indivíduo se desenvolve que lhe
fornece formas de perceber e organizar o real, as quais vão constituir os instrumentos
psicológicos que fazem a mediação entre o indivíduo e o mundo. A dimensão sócio-cultural
do desenvolvimento humano não se refere apenas a um amplo cenário, um pano de fundo
onde se desenrola a vida individual.
Quando Vygotsky fala em cultura não está se reportando apenas a fatores como país
onde o indivíduo vive, seu nível sócio-econômico, a profissão de seus pais, está falando sim,
”[ . . . ] do grupo cultural como fornecendo ao indivíduo um ambiente estruturado, onde todos
os elementos são carregados de significado. (OLIVEIRA, M.K., 1997, p. 37)
A interação desempenha um papel fundamental na construção do ser humano. É
através dessa relação interpessoal que a criança vai chegar a interiorizar as formas
culturalmente estabelecidas de funcionamento psicológico.
O processo pelo qual o indivíduo internaliza a matéria prima fornecida pela cultura
não é um processo de absorção passiva, mas de transformação, de ntese. É como se ao
longo de seu desenvolvimento, o indivíduo assumisse as formas de comportamento
fornecidas pela cultura, num processo em que as atividades externas e as funções
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interpessoais transformam-se em atividades internas, intrapsicológicas.
Muitos dos principais conceitos da psicologia vigotskiana, como a mediação, a
prática e a atividade, ou a natureza histórica dos processos psicológicos superiores foram
adaptados de idéias previamente desenvolvidas por Marx e Engels.
Para Vygotsky,
[ . . . ] os determinantes da evolução psíquica do homem o são nem a
maturação biológica, nem a adaptação biogica, nem a assimilão por
parte dos homens das iias do esrito universal, encarnadas nas
criações da cultura, nem tão pouco as relações de cooperação social, mas
o trabalho do homem com a ajuda de instrumentos. (LEONTIEV, 1992,
apud BAQUERO, 2001, p. 35)
A essência do comportamento humano reside em sua mediação por instrumentos e
mbolos. A relação do homem com o mundo não é uma relação direta, pois é mediada por
meios, que se constituem nas “ferramentas auxiliares” da atividade humana. A capacidade
de cria-las é exclusivamente da espécie humana.
[ . . . ] pressuposto da mediação é fundamental na perspectiva
sócio-hisrica, porque é através dos instrumentos e signos que os
processos de funcionamento psicológico são fornecidos pela cultura.
Vygotsky confere à linguagem um papel de destaque no processo de
pensamentos. (REGO, 1997, p. 42-43)
As características do funcionamento psicológico tipicamente humano não são
transmitidas por hereditariedade, nem são adquiridas passivamente pela pressão do
ambiente externo. Elas são construídas ao longo da vida do indivíduo, através de um
processo de interação do homem e seu meio sico e social, que possibilita a apropriação
da cultura elaborada pelas gerações precedentes. Como afirmou Leontiev:
Cada indiduo aprende a ser um homem. O que a natureza lhe quando
nasce não lhe basta para viver em sociedade [ . . . ] ainda preciso adquirir o
que foi alcançado no decurso do desenvolvimento hisrico da sociedade
humana. (LEONTIEV, 1978, apud BAQUERO, 2001, p. 35)
Vygotsky atribui enorme importância ao papel da interação social no desenvolvimento
do ser humano, entende que o desenvolvimento da criança depende de um processo de
maturação do organismo como um todo. Esta concepção se apóia na idéia de que[ . . . ] a
mente da criança contém todos os estágios do futuro desenvolvimento intelectual: eles
existem já na sua forma completa, esperando o momento adequado para emergir [ . . . ]”
(VYGOTSKY, 1984, p. 26).
Smolka e Góes (1993, p. 37) afirmam que [ . . . ] o que parece fundamental nessa
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interpretação da formação do sujeito é que o movimento de individualização se a partir
das experiências propiciadas pela cultura.”
Aquilo que é inato, não é suficiente para produzir o indivíduo humano, na ausência do
ambiente social.
As características individuais (modo de agir, de pensar, de sentir, valores,
conhecimentos, visão do mundo, etc...) dependem da interação do ser humano com o meio
físico e social. Para Vygotsky a maturação biológica é um fator secundário no
desenvolvimento das formas complexas do comportamento humano, pois essas dependem
da interação da criança, sua cultura e atribui especial importância ao fator humano presente
no ambiente.
Para se humanizar o indivíduo precisa crescer num ambiente social e interagir com
outras pessoas. Com a ajuda do adulto, as crianças assimilam habilidades que foram
construídas pela história social ao longo de milênios; ela aprende a sentar, a andar, a
controlar os esfíncteres, a falar a sentar-se à mesa, a comer com talheres, a tomar líquidos
em copos etc... Através das intervenções constantes dos adultos os processos psicológicos
mais complexos começam a se formar.
Nessa ótica, no processo da constituição humana é possível distinguir
[ . . . ] duas linhas qualitativamente diferentes de desenvolvimento, diferindo
quanto a sua origem: de um lado, os processos elementares, que são de
origem biológica; de outro, as funções psicogicas superiores de origem
sócio-cultural. A história do comportamento da criança nasce do
entrelaçamento dessas duas linhas. (VYGOTSKY, 1984, p. 52)
A interação que o indivíduo estabelece com o universo social em que se insere é
fundamental para a formação do comportamento e do pensamento humano, que se a
partir de constantes interações com o meio social em que vive, já que as formas
psicológicas mais sofisticadas emergem da vida social. Assim, o desenvolvimento do
psiquismo humano é sempre mediado pelo outro.
Por intermédio dessas mediações os membros imaturos da espécie humana vão
aos poucos se apropriando dos modos de funcionamento psicológico do comportamento e
da cultura, enfim do patrimônio da história da humanidade e de seu grupo cultural.
Desse modo, a atividade que antes precisou ser mediada, passou a constituir-se um
processo voluntário e independente.
Ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura, a criaa constrói
individualmente os modos de ão realizados externamente e aprende a
organizar os próprios processos mentais. O indivíduo deixa de se basear
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em signos externos e coma a se apoiar em recursos internalizados
(imagens, representões mentais, conceitos, etc...). (REGO, 1997, p. 62)
O desenvolvimento humano é compreendido não como a decorrência de fatores
isolados que amadurecem, nem tão pouco de fatores ambientais que agem sobre o
organismo controlando seu comportamento, mas sim, através de trocas recíprocas, que se
estabelecem durante toda a vida, entre indivíduo e meio, cada aspecto influindo sobre o
outro.
As origens da vida consciente e do pensamento abstrato deveriam ser procuradas na
interação do organismo com as condições de vida social e nas formas sócio-históricas de
vida da espécie humana. Sendo, portanto, necessário analisar o reflexo do mundo exterior
no mundo interior dos indivíduos a partir da interação destes com a realidade.
O referencial cio-histórico enfatiza a construção do conhecimento como uma
interação mediada por várias relações. Na troca com outros sujeitos e consigo próprio vão
se internalizando os conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a constituição
de conhecimentos e da própria consciência.
Conforme Wertsch (1991, apud BAQUERO, 2001, p. 42), “[ . . . ] as pesquisas
concretas desenvolvidas por Vygotsky e seus discípulos se centraram fundamentalmente
nos aspectos interpsicológicos que dão lugar à formação de processos mediados.
Nesse direcionamento os aspectos históricos, sociais e institucionais, cumprem um
papel decisivo no surgimento dos instrumentos de mediação e na promoção de cenários
concretos para o desenvolvimento de atividades interpsicológicas.
A relação do homem com o mundo não é uma relação direta, mas é uma relação
mediada sendo os sistemas simbólicos os elementos intermediários entre o sujeito e o
mundo. São os instrumentos técnicos e os sistemas de signos, construídos historicamente,
que fazem a mediação dos seres humanos entre si e deles com o mundo.
A mediação é um processo essencial para tornar possíveis processos ou funções
psicológicas tipicamente humanas, ou seja, voluntárias intencionais, controladas pelo
próprio sujeito.
O pressuposto da mediação é fundamental na perspectiva sócio histórica, porque é
através dos instrumentos e signos que os processos de funcionamento psicológico o
fornecidos pela cultura.
Vygotsky confere à linguagem um papel de destaque no processo de pensamentos
(REGO, 1997). A linguagem é um signo mediador por excelência, pois carrega em si os
conceitos generalizados e elaborados pela cultura humana.
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A criança hospitalizada deve receber um atendimento que propicie o seu
desenvolvimento numa abordagem de assistência humanizada, evitando os sentimentos de
solidão, pela oferta de situações de encorajamento que poderão ser desencadeadas pelo
uso das TICs, o que espera-se, favorecer as dimenes sócio afetivas, pois é pela
aprendizagem, na relação com os outros que os conhecimentos são construídos e até que a
interiorização ocorra, o sujeito deve ser acompanhado por um mediador.
3.6.3 A Zona de Desenvolvimento Proximal
Vygotsky considerou que processos psicológicos mais elevados têm uma origem
cultural. Com o objetivo de desenvolver este prinpio ele elaborou uma teoria de como o
indivíduo em desenvolvimento adquire tais processos a partir de sua cultura.
Partindo de uma revisão ctica de algumas das teorias evolutivas mais
relevantes da época Thorndike, Piaget, Kofka, Vygotsky estabeleceu um
caminho alternativo aos postulados por estes autores, colocando que, o
processo evolutivo o coincide com a aprendizagem; em vez disso ele
segue a aprendizagem. (VYGOTSKY, 1984, apud MOLL, 1996, p. 75)
Vygotsky estabeleceu a interação entre aprendizado e desenvolvimento o que
significou um grande ganho à Educação.
[ . . . ] aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado
adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em
movimento vários processos de desenvolvimento, que de outra forma,
seriam impossíveis de acontecer. (VYGOTSKY, 1984, p. 101)
O mesmo autor considerou que todas as teorias psicológicas do ensino não
satisfaziam a compreensão da relação entre aprendizado e desenvolvimento cognitivo o
qual progride desde o nascimento até o fim da adolescência através da internalização e
capacidades progressivas dentro da ZDP. A seu ver a solução desse problema deveria ser
vista sob dois aspectos: geral e particular. Primeiro seria necessário considerar que a
aprendizagem não começa na escola, porém vem desde o nascimento da criança. Logo,
aprendizado e desenvolvimento encontram-se interligados.
A diferença entre o ensino anterior e posterior à escola concentra-se na
sistematização e o desenvolvimento passa a se desenrolar em dois níveis: o real e o
potencial. O real é aquele em que a criança consegue resolver por si mesma os problemas
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que lhe são propostos, enquanto que o potencial só consegue alcançar uma resposta com a
ajuda de um mediador.
Entre esses dois patamares, haveria uma Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)
que indicaria até onde a criança pode chegar na sua etapa atual de crescimento.
A relação entre os dois processos toma forma na Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZDP), que é a distância entre o desenvolvimento efetivo” do indivíduo e seu
“desenvolvimento potencial.
A diferea entre o vel das tarefas que podem ser desempenhadas com
o auxílio de adultos e o vel das tarefas que podem ser resolvidas com a
atividade independente é que define a Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZDP) da criança. (VYGOTSKY, 1984, p. 75).
A Zona de Desenvolvimento Proximal, hoje, será o nível de desenvolvimento amanhã,
ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será capaz de fazer
sozinha amanhã (VYGOTSKY, 1984).
Na versão mais difundida na obra de Vygotsky, Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZDP) é referida como:
[ . . . ] a distância entre o vel real de desenvolvimento, determinado pela
capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um
problema sob a orientão de um adulto ou em colaboração com outro
companheiro mais capaz. (VYGOTSKY, 1988, apud BAQUERO, 2001, p.
97)
De acordo com Vygotsky, a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) corresponde
às funções que estão em maturação no indivíduo.
A Zona de Desenvolvimento Real (ZDR) no qual a criança faz suas
atividades com independência, retrata o amadurecimento consolidado,
enquanto as tarefas realizadas com a ajuda dos outros apontam para o
desenvolvimento mental que pode ser adquirido. (VYGOTSKY, 1984, p.
109)
A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) revelaria a dinâmica do processo de
desenvolvimento, prevendo o resultado a ser obtido quando o conhecimento for assimilado.
Ela revela o desenvolvimento real futuro, aquilo que uma criança será capaz de fazer
sozinha, depois de internalizar o aprendizado.
Ao observar a Zona de Desenvolvimento Proximal, o educador poderá orientar o
aprendizado no sentido de adiantar o desenvolvimento potencial de uma criança, tornando-o
real. O ambiente pode influenciar a internalização das atividades cognitivas na criança, de
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modo que, o aprendizado gere o desenvolvimento.
A teoria de Vygotsky sobre a aprendizagem enfatiza que a inteligência humana
provém de nossa sociedade ou cultura, e que ocorre em primeiro lugar através da interação
com o ambiente social. Outro aspecto dessa mesma teoria é de que o potencial para o
desenvolvimento cognitivo está limitado a uma zona determinada a qual identificou como
Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) (BAQUERO, 2001).
Para que uma Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) seja criada, deve existir uma
atividade conjunta que cria um contexto para a interação entre aprendizes e professores. O
trabalho de grupo poderá permitir o confronto e a integração de diferentes pontos de vista,
que não facilitam a coordenação progressiva dos esquemas cognitivos que as crianças
envolvidas possuem, mas também ativam a reestruturação dos mesmos.
A criança desenvolve-se e aprende naturalmente desde que interaja em contextos
minimamente estimulantes. Poderá, no entanto, desenvolver-se, aprender mais e melhor se
for ajudada pelo professor/mediador a analisar e refletir sobre o que fez.
Para Vygotsky (1984), a interação social é importante porque o professor pode
identificar a ZDP de uma criança e oferecer ajuda. Com isso, ir diminuindo o apoio até que
a criança possa realizar a tarefa sem ajuda.
A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) pode compor-se de diferentes níveis de
experiência individual (alunos e professores), e podem também incluir artefatos tais como
livros, programas para computadores e materiais de caráter científico, etc. A finalidade
principal da ZDP é a de suportar a aprendizagem intencional. A aproximação cio-cultural
de Vygotsky à aprendizagem e muito em particular o conceito de ZDP podem, com sucesso,
ser utilizadas no estudo da aprendizagem colaborativa assistida por computador.
Sobre a relação entre desenvolvimento e aprendizado, Vygotsky afirma que:
[ . . . ] o aprendizado o é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado
adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em
movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma,
seriam impossíveis acontecer. (VYGOTSKY, 1984, p. 101)
Assim, entendendo o educador assume o papel de mediador, oferecendo suporte
para o aprendiz na Zona de Desenvolvimento Proximal.
Pode-se concluir que o desenvolvimento mental pode realizar-se por intermédio do
aprendizado. O importante é conhecer como os processos de desenvolvimento podem ser
estimulados pelo ensino.
Com base na obra de Vygotsky pode-se afirmar que se trata de uma interação
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dinâmica e complexa entre os dois processos entendendo que o desenvolvimento mental
deve ser observado sob o aspecto global e pesquisas devem acontecer visando uma
análise das práticas educativas que favorecem a Zona de Desenvolvimento Proximal.
Baquero adverte que a iia central completa-se com outras cláusulas que indicam:
1. O que hoje se realiza com a assistência, ou com auxilia de uma
pessoa mais especializada, no futuro se realizará com autonomia, sem
necessidade de dita assistência.
2. Esta autonomia no desempenho se obtém, um tanto
paradoxalmente, como produto da assistência ou auxílio, o que forma uma
relação dinâmica entre aprendizagem e desenvolvimento.
3. O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal remete aos
processos de constituição dos Processos psicológicos Superiores.
4. O auxílio ou assistência dada pelo sujeito com maior domínio deve
reunir uma série de características, nem toda situão de interação entre
pessoas de competência desigual geram desenvolvimento. ‘A boa
aprendizagem é aquela que precede ao desenvolvimento e permite sua
reprodão.’ E segundo o autor a boa aprendizagem deveria operar sobre
os níveis superiores da Zona de Desenvolvimento Proximal, quer dizer
sobre aquelas conquistas de desenvolvimento ainda em aquisição e
somente conseguidas em colaboração com o outro. (BAQUERO, 2001, p.
97-98)
Nas palavras de Baquero, interpretando Vygotsky:
Estes exemplos ilustram uma lei evolutiva geral para as funções mentais
superiores que pode ser aplicada, em sua totalidade, aos processos de
aprendizagem nas crianças. Postulamos que o que cria a ZDP é um traço
essencial da aprendizagem, quer dizer a aprendizagem desperta uma série
de processos evolutivos internos, capazes de operar apenas quando a
criança es em interação com as pessoas de seu meio e em cooperação
com algum semelhante. Uma vez que esses processos tenham se
internalizado, torna-se parte das conquistas evolutivas independentes da
criança. (BAQUERO, 2001, p. 98)
O cérebro é a base biológica do funcionamento psicológico. O homem enquanto
espécie biológica possui uma existência material que define limites e possibilidades para o
seu desenvolvimento, não é um sistema de funções fixas, mas um sistema aberto, de grande
plasticidade cuja estrutura e modos de funcionamento o moldados ao longo da história,
da espécie e do desenvolvimento individual.
De acordo com Oliveira, M.K. (1997, p. 24): “A plasticidade e a grande flexibilidade é
essencial, mas supõe a presença de uma estrutura básica estabelecida ao longo da
evolução da espécie, que cada um traz consigo ao nascer.
O homem transforma-se de biológico em sócio histórico, num processo em que a
cultura é parte fundamental. O desenvolvimento psicológico não é um processo abstrato, e o
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funcionamento psicológico no que se refere aos Processos Psicológicas Superiores está
baseado fortemente nos modos culturalmente construídos de ordenar o real. Se originam na
vida social, ou seja, na participação do sujeito em atividades compartilhadas com outros
(OLIVEIRA, M.K., 1997).
Para Rivière, as idéias centrais da Teoria Sócio Histórica de Vygotsky estão contidas
nas afirmativas a seguir:
· A unidade de análise da Psicologia das funções mentais superiores é
a atividade instrumental;
· As funções superiores implicam a combinação de ferramentas e
signos na atividade psicológica.
· A transformão do instrumento em significativo é mediada e
permitida pela relão com os demais.
· Os signos são, em sua origem, mediões para regular a conduta
dos outros.
· O vetor fundamental de desenvolvimento das funções superiores
implica a internalizão dos processos de interação social.
· A origem destas funções não es no esrito, nem nas conexões
cerebrais, mas na hisria social.
· O desenvolvimento não consiste essencialmente na progressiva
socializão de um indiduo, mas na individualizão. (RIVIÈRE, 1988, p.
44)
Segundo Ratner (1995), as funções psicológicas superiores (FPS) estimulam o
desenvolvimento neuronal em direções particulares e criam suas próprias mediações
biológicas e não dependem de mecanismos biológicos especializados que as pré
determinem, o que coincide com a postura de (Vygotsky 1984), quando afirma que a
interação social é origem e motor da aprendizagem e do desenvolvimento intelectual. Todas
as funções no desenvolvimento do ser humano aparecem primeiro no nível social
(interpessoal) depois, no nível individual (intrapessoal).
Vygotsky identifica três estágios de desenvolvimento na criança:
· Nível de desenvolvimento real NDR - determinado pela capacidade
do indivíduo solucionar independentemente as atividades que lhe são
propostas.
· Nível de desenvolvimento potencial -NDP - determinado através da
solução de atividades realizadas sob a orientação ou cooperação de uma
outra pessoa mais capaz.
· Zona de desenvolvimento proximal - ZDP - considerada como um
vel intermediário entre o vel de desenvolvimento real e o vel de
desenvolvimento potencial (VYGOTSKY, 1989, p. 35)
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3.6.4 A Questão da Afetividade na Obra de Vygotsky
Os temas mais divulgados da sua obra estão relacionados mais diretamente à
dimensão cognitiva o que levam muitos a crer que ele tenha se dedicado somente ao estudo
do aspecto intelectual do indivíduo. Há dificuldade de acesso à totalidade de seus trabalhos
prejudicando e impedindo o conhecimento mais refinado e abrangente de seu pensamento.
Vygotsky procurou superar a tendência presente na Psicologia de sua época, de
contrapor e analisar separadamente o sentimento e a razão. Ao longo de seus escritos
pode-se perceber, sua profunda preocupação em integrar e analisar de modo dialético os
aspectos cognitivos e afetivos do funcionamento psicológico humano.
Escreveu vários textos onde abordou temas relacionados à afetividade, tais como: A
Base Biológica do Afeto”, O Problema do Desenvolvimento de Interesses”, “Estudo das
Emoções”, “Estudo das Emoções à Luz da Psiconeurologia Contemporânea”, “Duas
Direções na Compreensão da Natureza das Emoções na Psicologia Estrangeira, no Início
do Século XX”. A maior parte desses textos ainda não foram traduzidos do russo (REGO,
1997).
Vygotsky concebe o homem como um ser que pensa, raciocina, deduz e abstrai, mas
também como alguém que sente, se emociona, deseja, imagina e se sensibiliza (REGO,
1997).
o os desejos, necessidades, emoções, motivações, interesses, impulsos e
inclinações do indivíduo que dão origem ao pensamento e este por sua vez, exerce
influência sobre o aspecto afetivo-volitivo. “Cognição e afeto não se encontram dissociados
no ser humano ao contrário se inter-relacionam e exercem influências recíprocas ao longo
de toda a história do desenvolvimento do indivíduo.(REGO, 1997, p. 122)
Conforme colocava Marta Kohl de Oliveira, os postulados de Vygotsky, sobre a
questão da afetividade impressionam por sua atualidade, mesmo tendo esse autor
produzido sua obra nos anos 20 e 30 do século passado “[ . . . ] poderia ser atualmente
considerado como cognitivista, visto que propõe uma abordagem unificadora das
dimensões afetivas e cognitivas que muito se aproximam das tendências contemporâneas”
(OLIVEIRA, M.K., 1997, p. 83).
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Não há separação entre o intelecto e o afeto, mas a busca de uma abordagem
abrangente capaz de entender o sujeito como uma totalidade.
Vygotsky trabalha com a noção de que a relação homem com o mundo não é uma
relação direta, mas fundamentalmente, uma relação mediada, neste sentido afirma que:
[ . . . ] razões de sobra para supor que o desenvolvimento histórico da
conduta desde as formas primitivas até as formas mais complexas e
elevadas não se produzem como resultado da aparição de novas partes
do cérebro nem do crescimento de partes já existentes. (VYGOTSKY,
1988, p. 35)
As características humanas não estão presentes no indivíduo desde o nascimento e
nem são apenas resultado de pressões do meio externo, mas resultam da interação
dialética do homem e seu meio sócio-cultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano
transforma o seu meio para atender as suas necessidades básicas, transforma-se a si
mesmo, modifica o ambiente através do seu próprio comportamento, essa mesma
modificação vai influenciar o seu comportamento futuro.
O desenvolvimento humano está intimamente relacionado ao contexto sócio-cultural
em que a pessoa está inserida e se processa através de rupturas e desequilíbrios
provocadores de contínuas reorganizações por parte do indivíduo.
Segundo Ratner, as emoções compõem o quadro das funções psicológicas e
apresentam uma dimensão social determinante, sendo pois, um fenômeno psico-social, as
emoções dependem de uma consciência social fornecida pela cultura.
[ . . . ] embora algumas emões possuam correspondentes naturais, a
maior parte das emões, como a vergonha, a gratidão, o dever, a raiva, o
ódio, a piedade o remorso,a admiração, o desprezo a vingança, o amor e a
culpa, o possuem. A falta de correspondentes naturais para essas
emões torna mais evidente seu caráter social (RATNER, 1995, p. 68).
Segundo Vigotsky (1988), os fatores biológicos tem preponderância sobre os sociais
somente no início da vida da criança. Aos poucos as interações com seu grupo social e com
os objetos de sua cultura passam a governar o comportamento e o desenvolvimento de seu
pensamento.
Se comparado com as demais espécies animais, o bebê humano é o mais indefeso
e despreparado para lidar com os desafios de seu meio e sua sobrevivência depende dos
sujeitos mais experientes de seu grupo, que se responsabilizam pelo atendimento de suas
necessidades básicas, sendo longo o período de dependência dos adultos.
A interação que o indivíduo estabelece com o universo social em que se insere é
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fundamental para a formação do comportamento e do pensamento humano.
Para Vygotsky (1989), o desenvolvimento do sujeito humano se dá a partir de
constantes interações com o meio social em que vive, já que as formas psicológicas mais
sofisticadas emergem da vida social. Assim, o desenvolvimento do psiquismo humano é
sempre mediado pelo outro.
3.6.5 Ferramentas e Signos no Desenvolvimento Infantil
De acordo com M.G. Yaroshevsky (1999), os trabalhos de Vygotsky não devem ser
tomados como um sistema homogêneo e completo em si mesmo. O autor guiou-se,
propositalmente, por uma metodologia dialético-materialista cujos prinpios o auxiliaram a
determinar perspectivas gerais acerca da Psicologia. Mais do que qualquer outro
pesquisador de seu tempo, Vygotsky sensibilizou-se com os problemas apontados por
autores ocidentais sob a alcunha de “críticas da mente psicológica.
Vygotsky legou importantes contribuições ao desenvolvimento do
“auto-conhecimento” da Psicologia, ao entendimento da originalidade desse status
disciplinar e à sua dependência às práticas sociais.
Ainda Yaroshevsky (1999), enfatiza os resultados da intensa e produtiva jornada
metodológica e científico-concretista de Vygotsky, constam da obra “Ferramentas e signos
no desenvolvimento infantil”, que serve como evidência inconteste dos progressos da
Psicologia soviética nos anos 30, bem como sua supremacia cienfico-ideacional sobre
outras linhas de pesquisa do pensamento psicológico de então.
Os progressos da Psicologia genética (nos estudos dos comportamentos de
animais, de crianças de diversas faixas etárias, de povos oriundos de formações culturais
distintas, do desenvolvimento de anomalias devido à desintegração de funções superiores)
enriqueceu o conhecimento cienfico acerca da mente com poderosas camadas de material
empírico e adiantou uma série de problemas de fundamental importância para teorias da
Psicologia geral.
Nenhuma das maiores escolas de Psicologia (behaviorista, Freudiana, Gestaltista,
Psicologia francesa sociologicamente orientada) poderia desconsiderar o aparato
conceitual e a superioridade teórica da Psicologia soviética.
A convergência da psicologia infantil com a zoopsicologia contribuiu muito
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para o estabelecimento de uma base biológica aos estudos psicogicos.
Esta convergência, em verdade, levou ao estabelecimento de pontos
importantes, comuns tanto ao comportamento infantil quanto ao animal, no
que tange aos processos mentais mais elementares e primordiais.
Entretanto, recentemente atingimos um estágio paradoxal na psicologia
infantil um novo capítulo vem sendo escrito acerca do desenvolvimento
de processos intelectuais mais aprimorados, picos do ser humano,
consistindo numa continuação direta do capítulo correspondente junto à
zoopsicologia. É à luz da análise de formas análogas de comportamento
em animais superiores que se torna evidente o uso de signos e
ferramentas como a mais importante das funções do intelecto infantil.
(VYGOTSKY, 1984, p. 4, tradução nossa)
O problema da dependência de propriedades mentais do indivíduo às suas conexões
sociais foi mencionado por vários pesquisadores, especificamente P. Janet e J. Piaget,
cujas opiniões influenciaram Vygotsky. Ambos eram guiados por idéias de conversão do
“externo para o interno”, do interindividual (que dava-se na esfera das relações
microssociais) para o intraindividual (formando um plano interno de ação). Essa idéia,
entrando no jargão científico-psicológico como “interiorização”, tornou possível amainar as
dificuldades em se avaliar a psicologia da representação dualista da natureza das conexões
entre o ambiente externo, ações e contatos objetivamente observáveis do indivíduo com
outras pessoas, e as operações mentais internas, processos inviveis, considerados
abertos apenas ao “olhar interno” do sujeito que os experimenta.
Este foi considerado um novo método de análise determinista. Seu diferencial foi
entender fenômenos outrora considerados atividades espirituais do indivíduo, como
processos reais de interação do sujeito com o ambiente externo (social). A partir desses
processos passíveis de reprodução e controle objetivo, o investigador então penetrou na
“escuridão” da alma do outro. Tal possibilidade tornou-se viável pelo fato das ações então
investigadas darem-se num plano objetivo, com coordenadas espaço-temporais definidas.
As relações humanas o mediadas por dois vetores determinantes, independentes
da consciência individual, embora elementos constituintes da mesma: ferramentas e signos.
Ambos, sendo produtos do desenvolvimento histórico-cultural, transformaram as protoformas
da vida mental humana em formas verdadeiramente consistentes.
No entender de Vygotsky, a psicologia falha na missão de descobrir o papel
determinante dessas ferramentas e signos na ontogênese, na formação daquelas funções
cujas interconexões sistêmicas formam um nível superior de desenvolvimento mental.
Vygotsky via as condições terrenas da existência humana, mascaradas na atividade
simbólica da criança”, subseqüentemente organizada pelo adulto.
Inicialmente, essa atividade é uma “forma social de cooperação. Sendo a
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cooperação mediada, as conexões sociais são convertidas à partir de conexões que se
desenvolvem durante o contato externo direto com as camadas profundas da personalidade,
a qual, valendo-se de meios adquiridos através de atividades conexas, é então capaz de
voluntariamente controlar suas próprias ações mentais fora da atividade cooperativa.
Na interpretação de Vygotsky, este histórico de conversão dos meios de
comportamento social em ações individuais de organização psicológica é a principal via de
formação das funções mentais superiores.
Os trabalhos inacabados de Vygotsky no campo da psicofisiologia das emoções
deve ser considerado no contexto da busca conceitual geral do autor.
Seu sentido foi determinado pela missão de construir um novo paradigma acerca da
mente humana, doravante compreendida como essência integral e em constante
desenvolvimento, fundamental para plenitude da vida.
Vygotsky direcionou seus estudos de modo a congregar uma variedade de
manifestações mentais numa única peça, cuja fundamentação metodológica foi formada por
prinpios deterministas, desenvolvimento e qualidade sistêmica. Estes elementos guiaram
o saber psicológico por muito tempo, dando-lhe a dignidade e o porte de uma verdadeira
ciência. Entretanto, seu conteúdo modificou-se de uma época para outra, transformando
tanto a composição trica dos conceitos de atividade vital, quanto à investigação empírica.
Vygotsky considerou o agudo confronto entre duas tendências a causal e a
espiritualista como fator central na crise verificada nos estudos da Psicologia.
No modelo que desvinculava as duas psicologias”, algumas características do
desenvolvimento do saber mental tomaram um diferente aspecto.
Se os então chamados processos elementares (sensação, percepção, associação,
tempo de reação) foram incluídos com sucesso na órbita da análise determinista, outros
processos (pensamento, vontade) continuaram a não se sujeitar a ela.
Por fim, a atividade mental humana foi representada na forma de dois fenômenos
heterogêneos. A consciência parecia ser divivel em funções superiores e inferiores, em
essências que pertenciam a diferentes mundos e estavam sujeitas à investigação no âmbito
interno de suas conexões.
Vygotsky rejeitou o caminho das soluções simplistas, da união eclética dessas duas
psicologias. Para ele, todo sistema cienfico se subdivide ao se vincular a ramos de origem
distinta.
Descartes diz: A Natureza me ensina claramente que tenho um corpo que sofre
quando sinto dor e que requer comida e água quando tenho fome ou sede.
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Não posso duvidar do realismo dessas sensações. Meus afetos e instintos tornam
claro para mim que eu estou em meu próprio corpo, não como um nadador em um barco,
mas a ele conectado da forma mais íntima possível, como se a ele misturado estivesse e
formássemos um único ser.
De outro modo, devido a minha natureza espiritual, eu não sentiria dor quando meu
corpo estivesse machucado, mas apenas me daria conta de tais danos físicos como um
objeto de cognição, do mesmo modo que um armador repara quando seu navio foi
danificado. Quando o corpo requer comida e água, eu reconheço essas necessidades sem
valer-me das sensações vagas de fome ou sede. “Essas sensações são na verdade
representações originadas da união do espírito e do corpo. (DANIELS, 2003, p. 163)
O próprio Descartes é forçado a admitir que a natureza não nos ensina
nada o diligentemente quanto o fato de termos um corpo. o podemos
duvidar acerca da veracidade da dor, fome ou sede que experimentamos.
Nossos instintos deixam claro que somos um único ser, mente e corpo.
São as paixões que, especificamente, formam o fenômeno sico da
natureza humana. (DANIELS, 2003, p. 164, tradução nossa)
No entender de Vygotsky, o ramo que assegura o progresso para a psicologia é
talvez apenas a ciência natural, o estudo causal de fatos psicológicos dirigido às causas
reais escondidas da consciência (não importa quão invasiva seja a investigação, seja ela
vinculada à psicologia introspectiva tradicional ou fenomenológica).
No que tange à nova psicologia, capaz de levar a investigação de seu sujeito para
além das controvérsias, Vygotsky acreditou que a solução deste problema não significaria
que futuros pesquisadores devessem começar pelo prinpio, rejeitando como falácia os
esforços anteriores do livre pensar para o pleno desenvolvimento mental.
Por fim, cumpre ressaltar, dentre as principais características do pensamento de
Vygotsky, sua habilidade em considerar cada evento da psicologia como cristal mágico” da
nova metodologia que lhe permitiu determinar imediatamente um grande número de linhas
conceituais que conectam um evento à frente do movimento do conhecimento científico.
Ao afirmar os prinpios do sociodeterminismo, historicismo e caráter sistêmico,
Vygotsky foi o primeiro a compreender a dependência do progresso de tendências
aplicadas, especializadas em psicologia (e, deste modo, também compreendeu o potencial
das mesmas em servir diretamente às pessoas) na criação de uma psicologia geral como
uma metodologia do nível médio, a qual especificaria as categorias concretas através do
prisma no qual a realidade mental se tornaria distinguível como um sujeito científico especial
(distinto do conhecimento no nível de conceitos de uso diário), acessível ao estudo empírico,
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pesquisas de operações e controle instrumental direto.
Os conceitos de Vygotsky tiveram uma grande influência no destino da Psicologia
soviética. No que tange à percepção ocidental, há evidências concentradas na avaliação de
J. Bruner (2000, p. 9): “Todo psicólogo que tenha trabalhado no último quarto de século com
processos cognitivos e seu desenvolvimento, deve reconhecer a influência dos trabalhos de
Vygotsky.
6 ASPECTOS SÓCIO-AFETIVOS
É com o coração que se corretamente, o essencial é invivel aos olhos.
(ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY)
A raiz da palavra emoção vem do latim movere mover acrescida do prefixo “e”,
que antes denota afastar-se”, o que indica que em qualquer emoção está implícita uma
propensão para um agir imediato. Essa relação entre emoção e ação imediata fica bem
clara quando observamos animais ou crianças. Cada emoção desempenha uma função
específica.
Diante das novas tecnologias que permitem prescrutar o cérebro e o corpo
como um todo, os pesquisadores estão descobrindo detalhes fisiogicos
que permitem a verificão de como os diferentes tipos de emão
preparam o corpo para diferentes tipos de resposta. (GOLEMAN, 1995, p.
20-22)
A afetividade valoriza tudo em nossa vida, o que está fora de todos nós como fatos e
acontecimentos, com o aquilo que está dentro de nós como nossos medos, nossos conflitos,
nossos anseios, etc... Valoriza também os fatos e acontecimentos passados e nossas
perspectivas para o futuro.
Para entender a afetividade é necessário compreender alguns elementos do mundo
psíquico: as representações, as vivências, as reações vivenciais e os sentimentos.
Damasio e Clark apontam recentes avanços no campo da neurociência e a
psicologia cognitiva.
[. . .] abrem o caminho das transações mente/biologia/contexto social.
Damasio se interessa pelo papel dos sentimentos na compreensão que
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tem o ser humano da informão que o mundo social possibilita a seus
órgãos sensoriais. Oferece uma visão dinâmica da construção do ‘eu
autobiográfico’ que é o produto de um processo incessante de revisão e
troca. (DAMASIO, 1999, CLARK, 1996, 1998, apud DANIELS, 2003, p. 75,
tradução nossa)
Ainda Clark (1996, apud DANIELS, 2003, p. 75, tradução nossa) [ . . . ] destaca o
papel da linguagem como um instrumento que atua como um complemento do cérebro na
resolução de problemas [ . . . ]“.
De maneira similar, Dennett (1991) argumenta que as capacidades
cognitivas avançadas são as manifestações do hardware inato do cérebro,
são as maneiras que o material biológico se programa e reprograma
mediantes entradas procedentes de culturas específicas e do uso da
ngua. (DANIELS, 2003, p. 75, tradução nossa)
Até bem recentemente, tanto a neurociência como a ciência cognitiva, trataram a
emoção com grande desdém. Darwin realizou um vasto estudo sobre a expressão das
emoções em diferentes culturas e em diferentes espécies, embora julgasse que as
emoções humanas fossem vestígios de estágios anteriores da evolução.
Ele respeitou a importância do fenômeno. Freud descortinou gradativamente o
potencial patológico dos transtornos emocionais e apregoou sua importância com grande
veemência. Hughlings Jackson foi mais preciso: “Os sinais de emoções mais acessíveis
são as expressões faciais” (PINKER, 1999, p. 394).
Um sorriso social é executado por circuitos do córtex cerebral que estão
sob controle voluntário; um sorriso de prazer é executado por circuitos do
sistema mbico e outros sistemas cerebrais e é involuntário. Raiva, medo e
tristeza também mobilizam músculos que não podem ser controlados
voluntariamente. (PINKER, 1999, p. 436)
“As emoções são mecanismos que ajustam os objetivos de mais alto nível do
cérebro. Uma vez desencadeada por um momento propício, uma emoção desencadeia a
cascata de subjetivos que denominamos pensar e agir(PINKER, 1999, p. 394).
O mesmo autor coloca, por exemplo: O medo é desencadeado por um sinal de dano
iminente, como um predador, um abismo, ou uma ameaça falada. Ele aciona o objetivo de
curto prazo de fugir, subjugar ou desviar-se do perigo e atribui ao objetivo uma alta
prioridade, que vivenciamos como uma sensação de urgência. Aciona também os objetivos
de mais longo prazo de evitar o risco no futuro e lembrar como escapamos desta vez,
desencadeados pelo estado que experimentamos como alívio.
Cada emoção humana mobiliza a mente e o corpo para enfrentar um dos desafios de
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viver e reproduzir-se no nicho cognitivo. Alguns desafios o impostos por coisas físicas, e
as emoções que lidam com eles, como repulsa, medo e apreciação da beleza natural,
atuam de maneiras diretas. Outros são impostos por pessoas e elas podem revidar.
O medo provavelmente consiste em várias emoções e são computadas por circuitos
cerebrais diferentes. O Psiquiatra Isaac Marks (apud PINKER, 1999, p. 407) demonstrou “[ .
. . ] que as pessoas reagem de modos diferentes a coisas aterrorizantes, sendo cada
reação apropriada ao perigo. Ex.: um animal desencadeia o ímpeto de fugir, mas um
precipício faz a pessoa ficar petrificada, ameaças sociais conduzem à timidez. Há pessoas
que desmaiam ao ver sangue. A melhor evidência de que medos o adaptações e não
apenas bugs no sistema nervoso é que os animais que evoluíram em ilhas sem predadores
perdem o medo e o presas fáceis para qualquer invasor.
Os medos desenvolvem-se espontaneamente nas crianças. No primeiro ano de vida
os bebês temem os estranhos e a separação. Entre os 03 e 05 anos as crianças passam a
sentir medo de todos os objetos fóbicos clássicos: aranhas, escurio, águas profundas,
etc... temem o que vêem os pais temerem.
Conforme Pinker (1999), nossas emoções mais ardentes o evocadas por outras
pessoas como raiva ou como amor, simpatia e gratidão.
Conforme Damásio,
[ . . . ] sem excão, homens e mulheres de todas as idades, culturas e
veis de instrução e econômicos têm emões, atentam para as emões
dos outros, cultivam passatempos que manipulam suas emões e em
grande medida governam suas vidas buscando uma emão, a felicidade,
e procurando evitar emões desagradáveis. (DAMÁSIO, 2005, p. 55)
O mesmo autor enfatiza que durante a maior parte do século XX, a emoção não teve
espaço nos laboratórios. Dizia-se que era subjetiva demais. A emoção encontrava-se no
pólo oposto da razão, sendo esta de longe a mais refinada das capacidades humanas, e
presumia-se que a razão era totalmente independente da emoção. Situavam a emoção no
corpo e a razão no rebro. Em anos recentes, tanto a neurociência como a neurociência
cognitiva finalmente referendaram a emoção. Uma nova geração de cientistas elegeu a
emoção como tema de estudo. A presumida oposição entre emoção e razão não é aceita
sem questionamento.
Estudos mostraram que a emoção integra os processos de racionio e decisão, seja
isso bom ou mau.
Ainda Damásio (2005, p. 74), aponta as chamadas “[ . . . ] emoções primárias ou
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universais: alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa ou repugnância”. O mesmo autor ressalta
que existem muitos outros comportamentos como “[ . . . ] as chamadas emoções
secundárias ou sociais como embaraço, ciúme, culpa ou orgulho e também o que o autor
denomina de emoções de fundo, como bem estar ou mal estar, calma ou tensão.”
(DAMÁSIO, 2005, p. 74)
Conforme Damásio (2005), o rótulo “emoção“ também foi aplicado a impulsos e
motivações e a estados de dor ou prazer. As emoções de fundo, não são levados em conta
pelas discussões tradicionais sobre a emoção. Quando percebemos que uma pessoa está
tensa ou irritadiça, entusiasmada ou desanimada, abatida ou animada, sem que nenhuma
palavra tenha sido dita para traduzir qualquer um desses possíveis estados, o que
detectamos são emoções de fundo cujos indutores são geralmente internos e podem ter
como causa processos connuos de conflito mental, explícitos ou velados, na medida em
que esses processos acarretam a satisfação ou a inibição de impulsos e motivações.
Não se pode observar um sentimento em outra pessoa, embora se possa observar
um sentimento em si mesmo quando, como ser consciente, seus próprios estados
emocionais são percebidos. Ninguém pode observar os sentimentos que um outro vivencia,
mas alguns aspectos das emoções que originam esses sentimentos serão patentemente
observáveis por outras pessoas. Os mecanismos básicos à emoção não requerem a
consciência ainda que acabem por u-la; a cascata de processos que acarretam uma
manifestação emocional pode ser iniciada sem que se tenha consciência do indutor da
emoção e muito menos das etapas intermediárias que conduziram a ela (DAMÁSIO, 2005).
Ainda segundo Damásio, um núcleo biológico comum fundamenta todos esses
fenômenos e pode ser brevemente descrito da seguinte maneira:
Todas as emões usam o corpo como teatro, mas as emões também
afetam o modo de operação de inúmeros circuitos cerebrais; a variedade
de reões emocionais é responsável por mudanças profundas na
paisagem do corpo e do cérebro. O conjunto dessas mudaas constitui o
substrato para os padrões neurais que, em última instância, se tornam
sentimentos de emão. (DAMASIO, 2005, p. 75)
De acordo com Damásio (2005, p. 78),[ . . . ] as emoções são adaptações
singulares que integram o mecanismo com o qual os organismos regulam sua
sobrevivência”.
Não existe um único centro cerebral de processamento de emoções, e sim sistemas
distintos relacionados a padrões emocionais separados.
Emoções podem ser causadas pelo mesmo estímulo que origina a dor, porém
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ambas são resultados diferentes de uma mesma causa.
Podemos constatar que dor e emoção são estados biológicos distintos. Os
estímulos que causam a dor podem ser bloqueados por analgesia. A dor se associa a
emoções negativas como anstia, medo, tristeza e repugnância, cuja combinação constitui
o que se denomina sofrimento, o prazer está associado a gradações de felicidade, orgulho,
e emoções de fundo positivas.
Dor e prazer participam da estrutura biológica com propósitos adaptativos.
o estados fisiológicos diferentes e assimétricos que fundamentam qualidades
perceptivas distintas, destinadas a auxiliar na solução de problemas diversos.
A dor vincula-se a punição e a comportamentos como o de retirada ou
paralisão. O prazer vincula-se a recompensa e a comportamentos como
o de busca e aproximão. Assim, dor e prazer são partes de duas
genealogias diferentes da regulão da vida. (DAMÁSIO, 2005, p. 108)
O substrato para a representação de emões é um conjunto de
disposições neurais em várias regiões do cérebro, localizadas
principalmente nos núcleos subcorticais do tronco cerebral, no hipotálamo,
no prosencéfalo basal e na amígdala. (DAMÁSIO, 2005, p. 109)
Quando esses agrupamentos o ativados, várias o as conseqüências. O padrão
de ativação gera reações explícitas que modificam tanto o estado do corpo como o estado
de outras regiões do cérebro. Assim entendendo, as reações criam um estado emocional, e
nesse ponto um observador externo pode ver o organismo observado sendo acionado por
uma emoção.
Ainda conforme o mesmo autor, a representação de mudanças relacionadas ao
corpo é criada diretamente em mapas sensoriais do corpo, sob o controle de outros tios
neurais, como por exemplo, os córtices pré-frontais. É como se o corpo tivesse sido
mudado, sem que de fato isso tenha acontecido.
As mudanças relacionadas ao estado cognitivo ocorrem quando o processo da
emoção gera a secreção de certas substâncias químicas em núcleos do prosencéfalo basal,
do hipotálamo e do tronco cerebral, e a liberação subseqüente dessas substâncias em
outras regiões do cérebro que provocam alterações significativas na função cerebral. O
espectro completo das alterações ainda não estão totalmente elucidados, mas conforme
Damásio as mais importante são:
1) Indão de comportamentos específicos, como os destinados a gerar a
formão de laços afetivos, nutrição, exploração e jogo;
2) mudaa no processamento em curso de estados corporais, de modo
que os sinais corporais possam ser filtrados ou ter sua passagem
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liberada, ser seletivamente inibidos ou intensificados e ter sua qualidade
agradável ou desagradável modificada;
3) mudança no modo de processamento cognitivo, por exemplo; o ritmo da
prodão de imagens auditivas ou visuais possa ser alterado (de lento para
rápido ou vice–versa) ou o foco das imagens possa ser modificado (de
tido para vago) ; as mudanças no ritmo de produção ou no foco são parte
integrante de emões tão spares quanto a tristeza e a alegria.
(DAMÁSIO, 2005, p. 110-111)
De acordo com o autor citado, supondo que todas as estruturas apropriadas estejam
no seu lugar, os processos examinados permitem a um organismo ter uma emoção,
manifestá-la e transformá-la em imagem, ou seja, sentir a emoção. O estudo da consciência
humana requer perspectivas internas e externas.
Encefalogramas e imagens de ressonância magnética funcional retratam correlatos
da mente, porém esses correlatos não o a mente.
O fato das imagens mentais serem acessíveis somente ao organismo que as possui
não impede que elas sejam caracterizadas, não nega sua depenncia de um substrato
orgânico e não impede que gradualmente nos aproximemos das especificações desse
substrato.
Esse fato não deve impedir de tratar cientificamente os fenômenos subjetivos, pois
todos os contdos de nossa mente são subjetivos, e o poder da ciência provém de sua
capacidade para comprovar ou refutar objetivamente a consistência de muitas nuances
individuais. A consciência ocorre no interior de um organismo e não em blico, mas se
associa a várias manifestações públicas.(DAMÁSIO, 2005, p. 113)
O mesmo autor afirma que com base no que sabemos sobre mentes humanas e no
que podemos observar do comportamento humano é possível estabelecer uma ligação de
três vias entre:
1) Determinadas manifestações externas por exemplo, o estado de vigília,
as emões de fundo, a atenção, comportamentos específicos;
2) as manifestações internas correspondentes do ser humano que as es
apresentando, conforme elas são relatadas por esse ser humano;
3) as manifestações internas que nós, como observadores, podemos
verificar em nós mesmos quando em circunstâncias equivalentes às do
indiduo observado. (DAMÁSIO, 2005, p. 113)
Essa ligação autoriza-nos a fazer inferências sobre estados humanos privados a
partir do comportamento externo.
“Só sabemos que sentimos uma emoção quando percebemos que essa emoção é
sentida como algo que está acontecendo em nosso organismo” (DAMÁSIO, 2005, p. 353).
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Pode-se comparar a afetividade à um óculos através do qual vê-se o mundo. São
esses hipotéticos óculos que mostram nossas realidades maiores ou menores do que são,
mais coloridas ou mais cinzentas, mais distorcidas ou fora de foco. Tratar a afetividade
significa regular os óculos para visualizar o mundo de forma mais adequada.
Quem diz se somos grandes ou pequenos, fortes ou fracos, superiores ou inferiores,
espertos ou tolos, será sempre a afetividade que dá valor a tudo em nossa vida e dá o valor
de nós mesmos.
Uma afetividade alterada nos faz pensar como pequenos, fracos, inferiores e tolos e
assim agimos, sentindo muita ansiedade diante de tudo que a vida nos descortina.
Quando descobrimos de que somos feitos e como somos construídos, vislumbramos
um processo incessante de construção e demolição, e percebemos que a vida está à mer
desse processo ininterrupto. Como os castelos de areia que construíamos quando crianças,
ela pode desmoronar. (DAMÁSIO, 2005, p. 189)
A enfermidade provoca na criança algumas modificações; uma mudança na vivencia
de seu estado corporal, acompanhada ou não de dores, de febre que pode alterar seu nível
de consciência, de fadiga mais ou menos intensa, de um estado de angustia mais ou menos
consciente que pode ser provocado pela própria doença ou pela iia que a criança tem
desta e de elementos particulares ligados a uma perturbação subseqüente dos hábitos e ao
estabelecimento de um modo de relação novo no contexto dos contatos familiares ou
sociológicos. (AJURIAGUERRA, 1980)
O tipo de relação da criança e do meio a doença dependerá do seu caráter agudo ou
progressivo, da duração da mesma, da ajuda da família, do local de tratamento, em casa ou
no hospital, do clima emocional em que se encontram a criança e seus pais no momento da
doença, do grau de evolução afetiva da criança e das fantasias e medos relativos, pois
certos casos podem levar a distúrbios emocionais variados; ansiedade, terrores noturnos,
regressão ( Ajuriaguerra,p.832, 1980).
Reich (1992) em seus estudos e práticas clinicas descobriu que as experiências
emocionais o origem a certos padrões musculares que bloqueiam o fluxo energético do
corpo, tensões crônicas servem para bloquear o fluxo de energia subjacente às emoções
mais intensas, são as couraças, termo por ele criado. Explica que couraça é um
enrijecimento crônico dos sculos que bloqueia a energia corporal. A couraça visa
proteger o ser humano das experiências emocionais traumatizantes, funciona como um
mecanismo de defesa. As emoções deste modo bloqueadas, não o eliminadas, pois
jamais podem ser completamente expressas. Segundo Reich, um indivíduo se liberta de
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uma emoção bloqueada experienciando-a de forma plena.
Na terapia reichiana, em primeiro lugar é preciso lidar com as emoções negativas,
para que os sentimentos positivos que elas encobrem possam ser completamente
experienciados.
Reich se opunha a qualquer separação de intelecto, emoções e corpo. Ele afirmava
que o intelecto é, na verdade, uma função biológica, e que ele pode ter uma carga afetiva
tão forte quanto qualquer emoção. Argumentava que o desenvolvimento completo do
intelecto requer o desenvolvimento de uma verdadeira genialidade, via de regra, o intelecto
opera como mecanismo de defesa, de tal forma que a linguagem falada muitas vezes
funciona também como uma defesa. Para esse autor, o self é o núcleo biológico saudável
de cada indivíduo.
A maioria das pessoas não está em contato com o self por causa da couraça física e
das defesas psicológicas. Enquanto há a presença de bloqueios, o fluxo de energia e a
consciência são restritos, e a autopercepção é bastante diminuída e distorcida.
Baker (1982), um dos principais terapeutas reichianos nos Estados Unidos,
recomenda que nenhum terapeuta deveria tentar tratar pacientes que tenham problemas que
ele não foi capaz de solucionar em si mesmo, e nem deveria esperar que um paciente faça
coisas que ele não pode fazer e que não foi capaz de fazer.
Lowen e Lowen (1985, p. 57) ilustram essa idéia:Se uma pessoa está bloqueada na
sua habilidade de expressar sensações e sentimentos, estará amortecendo seu corpo e
reduzindo sua vitalidade. É comum vermos pessoas incapazes de chorar, que não podem
esbravejar, que tem medo de mostrar medo, que não podem pedir ajuda, que não ousam
protestar. Algumas podem chorar com facilidade, mas não mostrar raiva, com outras dá-se
o contrário.
Para Reich (1982, p. 49) “[ . . . ] o homem moderno é estranho a sua própria natureza,
ao cerne biológico de seu ser, e o sente como estranho e hostil.” Ele defende a idéia de
que a maneira como nos situamos na vida e a forma como utilizamos nossa energia,
determina o modo de experenciarmos os acontecimentos. O autor afirma que quando
suprimimos emoções, diminuímos a capacidade de perceber nosso corpo e nos
distanciamos dos sentimentos traumatizantes, mas também perdemos a capacidade de
vivenciar outros, que nos causam prazer, alegria, contentamento, ou seja não sentimos mais
a intensidade da vida em nossos corpos. Ficamos comprometidos em nossa capacidade
de sentir, congelando e enrijecendo nossa mente e dificultando os relacionamentos com
outras pessoas (MOYSES; LELIS, 2004).
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Para Wallon as emoções têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É
por meio delas que expressa-se desejos e vontades. As transformações fisiológicas de uma
criança revelam traços importantes de caráter e personalidade.
A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos caracos e até o
tônus muscular. Segundo Heloysa Dantas, da Universidade de São Paulo, a raiva, a alegria,
o medo, a tristeza e os sentimentos mais profundos ganham função relevante na relação da
criança com o meio.
As respostas emocionais preparam o organismo para enfrentar as situações
ameaçadoras. As experiências da infância determinam em grande parte como o homem
reagirá sob tensão.
Assim, as reações emocionais possuem correlação com as percepções
psicológicas. Crianças que crescem em um meio tenso, têm grandes possibilidades de
desenvolverem respostas semelhantes, tornando-se também estressados e medrosos.
Quanto mais nova a criança, menos respostas de medo ela apresenta (FUNKESTEIN,
1969).
Segundo a teoria de Wallon, as emoções dependem fundamentalmente da
organização dos espaços para se manifestarem, o autor atribui um papel fundamental às
emoções, considerando-as elemento básico no processo de formação do eu. Ele afirma
que é pela emoção que a criança inicia o seu desenvolvimento sócio-afetivo e cognitivo.
A seguir, citaremos alguns aspectos sócio-afetivos.
3.7.1 Auto-Estima
Quando se vive com qualidade de vida a auto-estima cresce. O auto-conceito se
desenvolve desde muito cedo na relação da criança com os outros.
A opinião que a criança tem de si mesma está intimamente relacionada com sua
capacidade para a aprendizagem e com seu rendimento. É importante elog-la e
incentivá-la quando procura fazer alguma coisa, fazendo-a perceber que é importante, que
pode aprender e que todos a querem bem e a respeitam.
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Oferecer oportunidades da criança se desenvolver sem pressão ou superproteção,
sem pressionar ou comparar com outras crianças, ajudará para que ela forme um conceito
positivo de si mesma.
É importante mostrar a criança, que ela pode fazer algumas coisas bem, entretanto,
pode ter dificuldades na realização de outras, o que em nada a diminui.
A valorização de si mesmo e o amor próprio são condições, que permitem ao sujeito
estar bem consigo próprio. Ninguém nasce independente, autônomo ou responsável por si
mesmo. Essa condição é resultante do desenvolvimento e representa uma conquista. Nos
tornamos indivíduos em “[ . . . ] decorrência de processos bem sucedidos de crescimento e
desenvolvimento. Nosso nascimento psicológico, no seu sentido pleno, acontece muito
tempo depois de nosso nascimento biológico [ . . . ](BRANDEN, 2000a, p. 22-23).
A auto-estima é formada pela imagem que cada pessoa tem de si mesma
(auto-imagem) somada ao auto-conceito, desenvolvido a partir de estímulos e informações
que recebe de seu contexto social. A sociedade atribui aos indivíduos conceitos
enaltecedores ou pejorativos, e estes valores refletem-se de maneira relevante. É importante
refletir sobre os estímulos que contribuem para a formação desses valores.
Os pais devem ter clareza da necessidade de apoiar seus filhos transmitindo um
referencial de sucesso, através de um estímulo constante para que aprendam a lutar por
seus ideais.
Quando apenas o lado negativo da conduta é realçado, a criança não se sente
amada pelo que é, o que se constitui o primeiro passo em direção a baixa auto-estima.
Com baixa auto-estima a criança enfrentará com maiores dificuldades os aspectos
mais desfavoráveis que se lhe ofereçam enquanto a auto-estima mantém uma estreita
relação com a motivação ou o interesse da criança.
Com baixa auto-estima a pessoa caminha pela vida com a sensação que não vai
agüentar certas frustrações, autopunindo-se por tudo que errado, subestimando sua
própria capacidade e com insegurança constante. Os fatores negativos têm sobre nós maior
poder do que os positivos.
Ao longo de seu desenvolvimento a criança vai tendo contato com as coisas, vai
descobrindo que é capaz. Nesse período, a atuação dos pais deve ser discreta, apoiando e
criando mecanismos que a protejam.
“Ter pais com que possa contar, ter confiança e ao mesmo tempo receber estímulo
positivo é fundamental para o desenvolvimento sadio da criança.(BRAGA, 2005, p. 1).
Auto-estima é a vivência de sermos apropriados à vida e às exigências que
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ela faz. Mais especificamente auto-estima é:
1. A confiança em nossa capacidade para pensar e enfrentar os
desafios da vida.
2. A confiança em nosso direito de ser feliz, a sensão de sermos
merecedores, dignos, qualificados para expressar nossas necessidades e
desejos e desfrutar os resultados de nossos esforços. (BRANDEM, 2000b,
p. 28)
A auto-estima é uma poderosa necessidade humana que contribui de maneira
essencial para o processo da vida, sendo indispensável para um desenvolvimento normal e
saudável, funciona como um sistema imunológico da consciência, fornecendo resistência,
força e capacidade de regeneração.
A auto-estima é um narcisismo positivo que age como protetor do self (si mesmo) e
permite ao indivíduo a espontaneidade, a aceitação das diferenças e também que o
indivíduo sinta que tem possibilidades não de contribuir para mudar o mundo como
também está aberto para receber coisas do mundo e ser modificado por elas. É um aspecto
fundamental para o sucesso em todos os segmentos da vida é algo que se adquiriu na
infância ou constrói-se paciente e demoradamente ao longo da vida.
O desenvolvimento emocional da criança é construído gradativamente com carinho,
proteção, suporte, compreensão, por um lado e pelo fornecimento de limites claros e
precisos, por outro.
Os pais colocam graves empecilhos ao desenvolvimento da auto-estima do filho
quando:
· Transmitem a noção de que a criaa não é “suficiente”.
· Dão sermões quando a criaa manifesta sentimentos “inaceitáveis”.
· Ridicularizam ou humilham a criança.
· Transmitem a noção de que os pensamentos e sentimentos da
criança não tem valor ou importância.
· Tentam controlar a criança pela vergonha e pela culpa.
· Superprotegem a criança e, por isso, retardam o processo normal de
aprendizagem e o aumento da auto-confiança.
· Criam o filho sem nenhuma escie de regra e, portanto, sem
nenhuma estrutura de apoio. Ou suas regras são contraditórias, confusas,
inflexíveis ou opressivas. Em ambos os casos, inibe-se o crescimento
normal.
· Negam a percepção de realidade da criança e implicitamente a
estimulam a duvidar de suas próprias percepções.
· Tratam fatos evidentes como se não fossem reais, abalando a noção
de racionalidade da criança. Por exemplo, quando o pai embriagado
tropeça a caminho da mesa de jantar, erra o assento da cadeira e cai no
chão, enquanto a mãe continua comendo ou falando, como se nada
houvesse acontecido.
· Aterrorizam a criança com violência física ou a ameaça de praticá-la,
incutindo desse modo um medo agudo como caractestica permanente do
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cerne da criança.
· Tratam a criança como objeto sexual.
· Ensinam que a criança não é digna de confiança, é má ou errada por
natureza. (BRANDEM, 2000b, p. 26-27)
Atualmente, homens e mulheres que passaram por essas experiências na infância
estão em busca de maneiras para curar suas feridas, pois ingressaram na vida adulta com
déficit em sua auto-estima, sofrendo de uma indefinível sensação de não serem suficientes,
de uma desconfiança generalizada em si mesmos e um sentimento difuso de auncia de
merecimento e valor.
A auto-estima fortalece, energia e motivação. Ela nos inspira a obter resultados e
nos permite sentir prazer e orgulho diante de nossas realizações.
Abre a possibilidade de sentir satisfação. Uma auto-estima elevada busca o estímulo
de metas desafiadoras.
[ . . . ] quanto maior a nossa auto-estima, mais ambiciosos tendemos a
ser, não necessariamente no sentido profissional ou financeiro, mas dentro
daquilo que esperamos viver durante nossa exisncia nos âmbitos
emocional,criativo e espiritual. Quanto mais baixa nossa auto-estima,
menos aspiramos fazer e é provável que menos realizemos. (BRANDEM,
2000b, p. 32-33)
Ainda o mesmo autor resume auto-estima numa definição formal afirmando:
“Auto-estima é à disposição da pessoa para se vivenciar como alguém competente para
enfrentar os desafios da vida e ser merecedor de felicidade (BRANDEM, 2000b, p. 37)
A auto-estima é um sentimento difícil de descrever. É uma possibilidade ou tenncia
humana, no sentido de modificar-se ou modificar o ambiente através do despertar de
habilidades e determinações que ainda são virtuais no indivíduo. É sentir que sempre
podemos contar com nossas próprias habilidades para solucionar problemas de maneira
satisfatória, mesmo que essas habilidades não tenham sido ainda conhecidas (QUILICI,
2005).
A auto-estima é um longo trabalho de vida, é uma condição interna, implica no uso
das características pessoais e mantém uma estreita relação com a motivação e o interesse
da criança, conduzindo a maior autonomia.
3.7.2 Autonomia
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O dicionário Novo Aurélio Século XXI (FERREIRA, 1999, p. 236) define autonomia
como [ . . . ] faculdade de se governar por si mesmo. Consta, também, a seguinte
definição:
[ . . . ] liberdade ou independência moral ou intelectual [ . . . ] propriedade
pela qual o homem pretende poder escolher as leis que regem sua conduta
[ . . . ] qualquer ato vital ou movimento que se realiza sem intervenção de
forças ou agentes externos. (FERREIRA, 1999, p. 236)
A autonomia pertence à auto-regulação: controle e direcionamento a partir
do íntimo da pessoa, em vez de ditados por alguma autoridade externa.
A autonomia se expressa por meio da capacidade de uma pessoa
sobreviver com indepenncia [ . . . ], pensar com independência (vendo o
mundo com seus próprios olhos) e julgar com independência (respeitando
seus sinais e valores internos). (BRANDEM, 2000a, p. 35)
Autonomia é a condição básica para conviver com os riscos, as incertezas e os
conflitos da sociedade atual.
Autonomia é definida como capacidade de decisão, comando, independência pela
capacidade de realizar algo com seus próprios meios. Autonomia refere-se, ainda, ao
estado de ser capaz de estabelecer e seguir suas próprias regras, construir seu próprio
caminho de vida.
A capacidade e a possibilidade do cidadão em suprir suas necessidades vitais,
especiais, culturais, políticas e sociais, sob as condições de respeito às idéias individuais e
coletivas, supondo uma relação com o mercado, onde parte das necessidades deve ser
adquirida, e com o Estado, responsável por assegurar outra parte das necessidades; a
possibilidade de exercio de sua liberdade, tendo reconhecida a sua dignidade, e a
possibilidade de representar blica e partidariamente os seus interesses, sem ser
obstaculizado por ações de violação dos direitos humanos e políticos ou pelo cerceamento
a sua expressão.
O campo da autonomia inclui não a capacidade do cidadão de se auto suprir,
desde o mínimo de sobrevivência até necessidades mais específicas, como a de usufruir da
segurança social e pessoal mesmo quando na situação de recluso ou apenado (SPOSATI,
2002).
Kant, “[. . . ] em 1785, propôs o Imperativo Categórico. [ . . . ] a autonomia não é
incondicional, mas passa por um critério de universalidade” (GOLDIM, 2004, p. 1).
A autonomia da vontade é constituída da vontade, pela qual ela é para si
mesma uma lei - independentemente de como forem constitdos os
objetos do querer. O princípio da autonomia é, pois, não escolher de outro
modo, mas sim deste; que as máximas da escolha, no próprio querer,
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sejam ao mesmo tempo incldas como lei universal. (KANT, 1785, apud
GOLDIM, 2004, p. 1)
Charlesworth introduz uma perspectiva social para autonomia do indivíduo, podendo
conduzir à própria noção de cidadania. Este autor afirma que:
Ninguém escapacitado para desenvolver a liberdade pessoal e sentir-se
autônomo se está angustiado pela pobreza, privado da educão básica ou
se vive desprovido da ordem blica. Da mesma forma, a assisncia à
saúde é uma condição para o exercício da autonomia. (CHARLESWORTH,
1996, p. 131)
“O contexto sócio cultural tem impacto importante no desenvolvimento da criança.
(STERNBERG, 2000, p. 41)
De todos os conceitos desenvolvidos por Vygotsky, o da Zona Proximal de
Desenvolvimento (ZDP) é o que mais influência tem exercido sobre a pesquisa e a prática
educacional. Ele tenta explicar, entre outros fenômenos, a aprendizagem de conceitos
científicos, como aqueles que as escolas se propõem a ensinar. O que a criança faz hoje em
conjunto com outros poderá fazer sozinha amanhã. Seu foco é a criança ativa, criadora de
objetivos, num contexto cio-histórico-cultural, sua ênfase é em como a interação social
com os adultos pode realizar o potencial de aprendizagem da criança.
A ZDP oferece também novas perspectivas para a área da "construção da
autonomia". A conseqüência pedagógica é clara: para construir autonomia, não basta dar
liberdade às crianças. É preciso pensar em formas de levá-las também a controlar a própria
atividade e com um tipo adequado de instrução elas podem realizá-la com sucesso. A
internalização e a zona de desenvolvimento proximal o de importância vital na teoria de
Vygotsky e trazem importantes implicações para educação.
3 Motivação
Entende-se a motivação como um processo estabelecido por condições internas,
relativamente duradouras, que determinam a conduta seletiva e direcional do indivíduo.
(TELFORD, C.W ; SAWREY, J.M, 1971.)
Para Vygotsky (1991, p. 101), [ . . . ] o pensamento propriamente dito é gerado pela
motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções.” O
autor (VYGOTSKY, 1998) ainda define motivação como sendo a razão da ação, impulsora
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de necessidades, interesses, desejos e atitudes.
Assim entendendo temos que considerar os aspectos afetivos, pois a motivação
continua sendo um complexo tema para a Psicologia e, particularmente, para as teorias de
aprendizagem e ensino, sendo responsável tanto para a facilidade quanto à dificuldade para
aprender. Atribuímos às condições motivadoras o sucesso ou fracasso ao tentar ensinar
algo. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001)
A motivação deve ser considerada com maior atenção pelas pessoas que mantêm
contato com as crianças. Deve-se considerar os fatores sociais do ambiente em que
estamos inseridos, pois nem sempre é possível trabalhar somente o que gera satisfação.
O incentivo motivacional deve estar em todas as ações, é energia para a
aprendizagem.
O convívio social, os afetos, a superação, a conquista, a defesa, o exercio das
capacidades gerais deve ter cuidado especial por parte dos pais, educadores e
especialistas que lidam com as crianças visando sempre o desenvolvimento da motivação.
A preocupação primeira deve ser a de criar condições tais que a criança fique a fim
de aprender, pois precisa haver uma necessidade ou desejo, e o objeto precisa surgir como
solução para a necessidade.
Quando se usa o poder da motivação é possível inventar as chances de ser feliz,
assumindo os riscos e indo em direção ao seus objetivos (MARTINS, 2005).
Para Williams & Burden (2002), a motivação depende do que a pessoa espera para
o futuro, e é composta de fatores diferentes como interesse, curiosidade, ou também desejo
de alcançar um objetivo.
Existem dois tipos de motivação, a intrínseca e a extrínseca, segundo Neves e
Carvalho (2006, p. ...): A motivação intnseca pode definir-se como a motivação que
procede do próprio indivíduo, que está sob o seu controle e tem capacidade para
auto-reforçar-se”. Como conseência, o indivíduo tende a procurar e a escolher situações
que lhe permitem fazer uso das suas capacidades, ainda que exijam um esforço acrescido.
Considera-se motivação intrínseca positiva quando se desfruta da execução de uma tarefa
devido à sua natureza interessante e gratificante. Oposta à motivação intrínseca positiva
tem-se a motivação intnseca negativa que conduz à não execução da tarefa, àquilo a que
se chama conduta de evitamento por estar associada a experiências negativas passadas. A
motivação extnseca é a que provém de fora e que conduz à execução da tarefa.
Prende-se com o valor atribuído às recompensas e ao reconhecimento social. Assume-se
que as emoções, relacionadas com resultados, têm influência na motivação extrínseca de
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tarefas “.
4 Humor
Rimos do que é cômico, como quando vemos algo que por sua inadequação,
natureza ou aparência estapafúrdia ou ridícula nos compele ao riso.
Freud atribui ao humor a capacidade de transformar o que poderia ser objeto de dor
em objeto de prazer. Segundo este autor (FREUD, 1973): O humor não é resignado, mas
rebelde. Significa não apenas o triunfo do ego, mas também o prinpio do prazer, que pode
aqui afirmar-se contra a crueldade das circunstâncias reais.
Existem dois principais contextos em usamos os estados espontâneos, sendo eles
as piadas de bom humor e as ironias.
O riso advindo das piadas resulta de propriedades linísticas existentes nesse tipo
de texto. Assim, para saber o que é uma piada, bastaria descobrir quais são os recursos
linísticos que estão presentes em todos os textos humorísticos, Gil (1994, p. 748),
As piadas ganham cunho humorístico não pelo que dizem literalmente, mas sim pelo
que expressam. Omico advindo da piada, não é explicado somente pela linística, mas
sim pelo contexto em que esta inserido. Indivíduos de uma mesma realidade tendem a
entender piadas locais” e atribuir-lhe graça, mesmo não tendo nenhum significado para
outros indivíduos de fora.
A ironia aqui faz o papel de acenar problemas sem o individuo
comprometer-se apontando a real questão por trás do humor. É um modo de expressão que
consiste muitas vezes em falar o contrário do que se quer dizer. Emprega-se então a ironia
quando as coisas estão confusas e difíceis de compreender, ela é a o estabelecimento de
não-relação entre o discurso e a mensagem.
5 Timidez
A inibição comportamental, definida como uma tendência para responder a novos
estímulos ou eventos com ativação simpática e retraimento comportamental excessivo
(cessação de atividade connua e de vocalização, esquiva, retirada, isolamento, latência
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aumentada para interagir com pessoas ou objetos novos e agarrar-se à mãe) (MICHELE;
MICK; TELCH, 1998)
Segundo Buss (1986), a timidez surge na primeira infância e caracteriza-se por
elevada ansiedade somática e inibição comportamental. Neste período da vida, a criança
tende a ter um comportamento “desconfiado” e inibido, evitando o novo, embora tenha
curiosidade de conhecê-lo.
3.8 DIMENSÕES SÓCIO-AFETIVAS E ATITUDES DIANTE DA MORTE E DO
MORRER
Esquecemos o que as pedras, as plantas e os animais ainda sabem.
Esquecemos como ser – ser calmos, ser s mesmos, estar onde a
vida está: Aqui e Agora. (ECKHART TOLLE)
Na pesquisa em tela considerou-se relevante um aprofundamento teórico focalizando
a morte e o morrer, visto este fato estar próximo ou possível no adoecimento mais grave,
entretanto o direcionamento da pesquisa objetiva oferecer situações prazerosas, utilizando
dispositivos digitais para que a criança enferma vivencie situações alegres e lhe seja
oportunizado uma melhor qualidade de vida, mesmo que seja por tempo limitado.
Elizabeth Kübler-Ross, psiquiatra nascida na Suíça, em sua obra On Death and
Dying (1969) trouxe a luz uma sistematização do processo de morrer.
O ser humano reage à morte e ao morrer de formas diferenciadas.
O que há de tão misterioso no momento da morte?
O que sentem e vêem as pessoas que já tiveram a experiência de quase morte?
Como lidar com a idéia da finitude da vida?
Como ajudar efetivamente as pessoas que estão morrendo?
Estes questionamentos entre outros nos encaminham a longas reflexões.
Segundo Kübler-Ross (2000), as atitudes do paciente diante da morte iminente
podem ser analisadas em cinco níveis ou estágios: 1) Negação e isolamento; 2) Raiva; 3)
Barganha; 4) Depressão; 5) Aceitação.
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3.8.1 Negação e Isolamento
o defesas temporárias à dor psíquica frente à morte.
Não, eu não, não pode ser verdade” – Esta negação inicial é constatada com muita
regularidade. Busca de opiniões de outros médicos na expectativa da não confirmação do
diagnóstico já evidente. Repetição de exames na busca de resultados contraditórios,
esperando sempre que a primeira conclusão fosse um erro.
Esta negação ansiosa proveniente da comunicão de um diagnóstico é
muito comum em pacientes que são informados abrupta ou
prematuramente por quem o os conhece bem ou por quem informa
levianamente, sem levar em consideração o preparo do paciente.
(KÜBLER-ROSS, 2000, p. 44)
Esses pacientes podem considerar a possibilidade da própria morte durante um
certo tempo, mas precisam superar tal pensamento para lutar pela vida.
Comumente, a negação é uma defesa temporária, sendo logo substituída por uma
aceitação parcial.
A negação é mais freqüente no começo de uma doença séria do que no fim da vida.
mais tarde o paciente lança mão mais do isolamento do que da negação.
Comumente a negação é uma defesa temporária, sendo logo substituída por uma
aceitação parcial. “Não, não, não pode ser comigo. Como somos todos imortais em nosso
inconsciente, é quase inconcebível reconhecermos que também temos de enfrentar a
morte. (KÜBLER-ROSS, 2000, p. 47)
Quando a negação é abandonada, aparece a raiva devido ao que está acontecendo,
e a tristeza pelo que está sendo perdido. Isso pode acontecer muitas vezes durante uma
doença longa.
A cada nova perda ou aumento na incapacidade, uma revolta e um
período de lamentações, até que seja feito o ajustamento às novas
limitações e sejam descobertas novas fontes de satisfação. Algumas
vezes os valores mudam de maneira criativa. (STEDEFORD, 1986, p. 84)
A compreensão de que um desejo nunca será alcançado vem junto não somente com
a tristeza, mas também, no estabelecimento dos objetivos mais limitados: ir para casa no
próximo fim de semana, ficar sentado na cadeira quando as visitas vêm.Em cada estágio a
tristeza pode ser misturada com o contentamento e até mesmo o prazer.(STEDEFORD,
1986, p. 85)
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2 Raiva
Quando não é mais possível manter firme o primeiro estágio de negação, ele é
substituído por sentimentos de raiva, de revolta, de inveja e de ressentimentos.
A raiva é quase sempre uma maneira de encobrir outros sentimentos.
O homem pode experimentar três emoções principais na raiva: raiva dirigida para
fora que equivale à cólera, raiva dirigida para si mesmo que equivale à depressão e a
ansiedade, ou medo.Os resultados de diversos instrumentos sugeriram que a raiva dirigida
para fora está associada à secreção de noradrenalina, enquanto a depressão e a
ansiedade associam-se à secreção de adrenalina.(FUNKESTEIN, 1969, p.209)
Na criança o desenvolvimento fisiogico é paralelo ao seu desenvolvimento
psicogico e a relação de noradrenalina para adrenalina é mais alta em
crianças mais novas nas mais velhas, que em geral sofrem mais
ameaças. Quanto mais nova a criaa, menos respostas de medo ela
apresenta. (FUNKESTEIN, 1969, p. 210)
Muitos pacientes, depois das reações iniciais de choque e incredulidade, reagem
com raiva à compreensão de que, em breve, eles podem morrer. “Por que eu? Essa raiva
pode se propagar em todas as direções e projetar-se no ambiente, muitas vezes sem razão
plauvel.” (KÜBLER-ROSS, 2000, p. 55)
Ocasionalmente, a raiva é intensa e prolongada. Pode ser também deslocada, ela é
expressada, contudo, o alvo é inadequado. [ . . . ] nada e ninguém faz por ele algo que lhe
pareça certo [ . . . ] (STEDEFORD, 1986, p. 63).
Nessa fase, os relacionamentos tornam-se conflitivos, todo o ambiente é atingido
pela revolta de quem sofre.
É muito dicil do ponto de vista da família e do pessoal hospitalar lidar com esse
estágio. As visitas dos familiares são recebidas com pouco entusiasmo e sem expectativas,
transformando-se em encontros difíceis. Quase sempre são os membros da família quem
suporta esses ataques de raiva.
A reação dos parentes é de choro e pesar, culpa ou humilhação aumentando no
paciente a mágoa e a raiva.
Poucos se colocam no lugar do paciente e perguntam de onde pode vir essa raiva.
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Certamente também ficaríamos com raiva se fossem interrompidas tão prematuramente as
atividades de nossa vida, se nossas construções tivessem que ficar inacabadas.
Por vezes, o motivo da raiva do paciente não é adequadamente analisado, nós a
assumimos em termos pessoais, quando nada ou pouco tem a ver com as pessoas em
quem é descarregada.
Temos que aprender a ouvir os pacientes e até por vezes suportar alguma raiva
irracional, entendendo que o alívio proveniente do fato de tê-la externado contribuirá para
melhor aceitar as horas finais.
Só poderemos fazer isso quando tivermos enfrentado o medo da morte, os
nossos desejos de destruição e nos tivermos compenetrado de nossas
próprias defesas, que podem interferir nos cuidados com o paciente.
(KÜBLER-ROSS, 2003, p. 58-59)
3.8.3 Barganha
O terceiro estágio, o da barganha, é o menos conhecido, mas igualmente útil ao
paciente, embora por um tempo muito curto.
Se Deus decidiu levar-me deste mundo e não atendeu a meus apelos
cheios de ira, talvez seja mais condescendente se eu apelar com calma.
A maioria das barganhas são feitas com Deus, são mantidas geralmente
em segredo, ditas nas entrelinhas ou no confessionário do capelão.
(KÜBLER-ROSS, 2000, p. 87-88)
A barganha na realidade é uma tentativa de adiamento, estabelece uma meta, e inclui
uma promessa implícita. Por exemplo, promessa de uma vida dedicada à igreja em troca de
maior tempo de vida.
3.8.4 Depressão
Quando o paciente não pode mais negar sua doença, quando a debilidade física já é
evidente, quando é forçado a submeter-se a mais uma cirurgia, ou apresentar novos
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sintomas, não pode mais esconder a doença, e não resolve fazer barganhas, sua revolta e
raiva cederão lugar a um sentimento de grande perda.
É o sofrimento psíquico de quem percebe a realidade como ela realmente se
apresenta, com todas as perdas e dificuldades inerentes aos momentos de separação.
Esta perda pode apresentar muitas facetas. A depressão inicial pode ser reativa
posteriormente uma depressão preparatória que leva em conta as perdas iminentes.
(KÜBLER-ROSS, 2000, p. 91-92)
Nossa primeira reação para com as pessoas que estão tristes é tentar animá-las.
Procuramos encorajá-las a olhar o lado bom da vida, as coisas positivas e coloridas que as
circundam. Geralmente isso é conseqüência de nossas próprias necessidades, de nossa
incapacidade de suportar por muito tempo uma fisionomia triste, infeliz.
Quando a depressão é um instrumento na preparação da perda iminente de todos os
objetos amados, para facilitar o estado de aceitação, o encorajamento e a confiança não
têm razão de ser.
O paciente não deve ser encorajado a olhar o lado risonho das coisas, pois isto
significaria que ele não deveria contemplar sua morte iminente. Dizer-lhe para não ficar triste
seria contraproducente, pois todos nós ficamos profundamente tristes quando perdemos um
ser amado. O paciente está prestes a perder tudo e todos a quem ama.
Se deixarmos que exteriorize seu pesar, aceitará mais facilmente a situação e ficará
agradecido aos que puderam estar com ele neste estado de depressão,sem repetir
constantemente que não fique triste (KÜBLER-ROSS, 2000).
Este tipo de depressão geralmente é silencioso, em contraposição a primeira fase
que requer muita conversa e até intervenções ativas por parte de outros .
No pesar preparatório há pouca necessidade de palavras. È mais um sentimento que
se exprime mutuamente, traduzido em geral, por um toque carinhoso de mão, um afago nos
cabelos, ou apenas por um silencioso sentar ao lado. A interferência excessiva de
visitantes que tentam animá-lo retarda sua preparação emocional, em vez de incentivá-la
(KÜBLER-ROSS, 2000).
Freqüentemente se admite que a depressão na doença terminal é pouco provável de
melhorar. É difícil fazer a diferença entre a tristeza e a depressão e alguma depressão e
ansiedade é inevitável nas pessoas que estão encarando a morte.
Ansiedade, conforme definição do dicionário Houaiss (2001, p. 228), “é um [ . . . ]
grande mal estar sico e psíquico [ . . . ] estado afetivo penoso, caracterizado pela
expectativa de algum perigo que se revela indeterminado e impreciso e, diante do qual o
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indivíduo se julga indefeso [ . . . ]”.
3.8.4.1 Depressão e ansiedade: correlação entre elas
Atualmente é muito enfatizada a teoria unitária para qual a depressão e a ansiedade
seriam duas modalidades sintomáticas da mesma afecção.
O dicionário Novo Aurélio Século XXI explica que a palavra ansiedade vem do latim
anxietate e significa “[ . . . ] sensação de receio e de apreensão, sem causa evidente, e a
que se agregam fenômenos somáticos como taquicardia, sudorese, etc.” (FERREIRA,
1999, p. 147).
O estudo de Strakaki e Vargo (1986) sugerem três tipos de abordagem da questão:
1) ansiedade e depressão diferem qualitativamente; 2) ansiedade e depressão diferem
quantitativamente; e 3) ansiedade se associa a depressão.
Monedero (1973), inclui na afetividade, com igual destaque, as reações vivenciais
anormais, depressão, mania e angústia. Considera a anstia como um temor de algo que
vai acontecer e a ansiedade como um temor atual, caracterizado pela procura e impaciência
apressada.
A ansiedade é um mecanismo mental cuja significação é subjetiva, ou seja, diferente
do medo, cuja reação é sempre proporcional ao perigo enfrentado e é objetivo. A ansiedade
é subjetiva e as reações são desproporcionais ao perigo que a desperta.
Há ainda autores que admitem a depressão como uma complicação freente dos
transtornos ansiosos ou que os sintomas ansiosos são comuns nas doenças depressivas
primárias (RODNEY, 1997). Causa ou conseqüência? Aceitam o fato de pacientes com
depressão primária apresentarem estados ansiosos graves (CUNNINGHAM, 1997). A
maioria dos autores, entretanto, afirmam que pacientes com pânico primário, com pânico
complicado pela depressão, com depressão primária complicada por pânico ou com
depressão primária, oferecem rias dificuldades clínicas para se delimitar nitidamente os
estados ansiosos e os depressivos.
Os sintomas mais comuns da ansiedade podem ser listados como abaixo e,
normalmente, costumam estar relacionados ao estresse ambiental crônico, têm um curso
flutuante, variável e tendência à cronificação.
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Sintomas Associados à Ansiedade Crônica
01 - Tremores ou sensão de fraqueza;
02 - tensão ou dor muscular;
03 - inquietação;
04 - fadiga fácil;
05 - falta de ar ou sensão delego curto;
06 - palpitações;
07 - sudorese, mãos frias e úmidas;
08 - boca seca;
09 - vertigens e tonturas;
10 - náuseas e diarréia;
11 - rubor ou calafrios;
12 - polaciuria (aumento de número de urinadas);
13 - bolo na garganta;
14 - impaciência;
15 - resposta exagerada à surpresa;
16 - dificuldade de concentração ou memória prejudicada;
17 - dificuldade em conciliar e manter o sono;
18 - irritabilidade. (BALLONE, 2002)
Os impulsos hostis reprimidos podem tornar-se uma fonte de ansiedade para o
indivíduo.
Do ponto de vista comportamental ou neuroquímico pouco sabemos sobre o estresse
e a ansiedade, menos ainda sobre os estímulos desencadeadores de reações orgânicas,
das atitudes, emoções, comportamentos, alterações químicas fisiológicas.
Ansiedade, Estresse e Esgotamento são termos de uso corrente entre as pessoas
participantes daquilo que se chama vida moderna.
3.8.5 Aceitação
Alcançar o estágio de aceitação em paz e com dignidade significa que o processo
até a morte pode ser experimentado em clima de compreensão e colaboração entre o
paciente e os que cuidam dele.
O paciente que tiver tido tempo necessário e tiver recebido ajudas para
superar os estágios anteriores atingirá um estágio em que não mais senti
depressão, nem raiva quanto a seu destino. Terá podido externar seus
sentimentos, sua inveja pelos vivos e sadios e sua raiva por aqueles que
não são obrigados a enfrentar a morte tão cedo. (KÜBLER-ROSS, 2003, p.
117)
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A medida em que o paciente às vésperas da morte, encontra uma certa paz e
aceitação seu circulo de interesse diminui, e deseja que o deixem só, ou pelo menos não o
perturbem com notícias do mundo exterior. O paciente já não sente vontade de conversar
com visitas e prefere visitas curtas.
Nossas conversas passam de verbais a não verbais. Um olhar, um recostar no
travesseiro, um aperto de mão, um toque no rosto ou no cabelo podem dizer mais do que
muitas palavras “proferidas”.
Há pacientes que lutam até o fim, que se debatem e se agarram à
esperança, tornando impossível atingir o esgio da aceitação. Quanto
mais se debatem para driblar a morte inevitável, quanto mais tentam
negá-la, mais dicil será alcançar o estágio final de aceitação com paz e
dignidade. (KUBLER-ROSS, 2000, p. 117-119)
Não se confunda aceitação com um estágio de felicidade. É quase uma fuga de
sentimentos.
É como se a dor tivesse esvaecido, a luta tivesse cessado e fosse chegado o
momento, o repouso derradeiro antes da longa viagem. É um momento em que a família
necessita de ajuda, compreensão e apoio (KÜBLER-ROSS, 2000).
3.8.6 Esperança
A esperança está presente em todos os estágios em que o ser humano passa,
mecanismos de defesa em termos psiquiátricos, mecanismos de luta, para enfrentar
situações extremamente difíceis.
Tais estágios terão duração variável, um substituio outro, ou se encontrarão às
vezes lado a lado. A única coisa presente geralmente em todos os estágios é a esperança.
3.9 AMEAÇA DE MORTE
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A dignidade que buscamos na morte deve ser encontrada na
dignidade com que vivemos nossas vidas. A arte de morrer é a arte
de viver. (B. SHERWIN NULAND)
A vida começa com uma chegada e termina com uma despedida. A chegada faz
parte da vida. A despedida também faz parte da vida.
Como o dia que coma com a madrugada e termina com o sol que se
põe. A madrugada é alegre, luzes e cores que chegam. O sol que se põe é
triste, luzes e cores que seo. Madrugada e crepúsculo, alegria e tristeza,
chegada e despedida. (ALVES, 2000, p. 120)
Tudo é parte da vida e tudo precisa ser cuidado. Preparamos com carinho, amor e
alegria a chegada de quem se ama. É necessário preparar também com carinho, amor e
tristeza a despedida.
Vida e Morte” estão intrinsecamente entrelaçados. É a morte que a vida seu
significado mais profundo e único. A morte é parte integrante da vida e o ser humano
começa a morrer desde que nasce, entretanto essa realidade desperta no homem muitas
indagações. “Quanto mais avançamos na ciência, mais parece que tememos e negamos a
realidade da morte” (KÜBLER- ROSS, 2000, p. 11).
A reflexão sobre a morte pressupõe confrontar-se com a finitude. Portanto, escrever
sobre a morte é uma tarefa complexa e perturbadora.
Sabemos, entretanto, que a morte faz parte da vida, e é o único caminho e desfecho
possíveis para o viver, contudo é difícil encará-la com tranilidade.
É uma presença física subjugando a vida, dispondo dela, extinguindo-a. Sim, pois por
contraditório que soe, morte e vida são uma unidade. A morte fática é singular e irremissível.
É ainda, inquestionavelmente onipresente. Como explicá-la?
A filosofia nos ensina que ambiidade é elemento de toda sentença. Conforme
Costa (1999), a interrogação subjaz à certeza, o silêncio pode conter as mais fecundas
digressões e o kósmos, à medida em que se movimenta e expande, produz morte, busca a
morte, torna-se morte, é um processo interminável, uma transição que jamais atinge seu
ápice.
Continuando, o mesmo autor coloca a morte como o rompimento de limites, como o
antônimo da vida, como o vazio, o não fazer-se tangível. É este distanciamento do caráter
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religioso da extinção da vida que lhe a devida dimensão metafísica. O ser, o ente,
ultrapassando suas fronteiras e imergindo em algo mais vasto, mais único, mais extenso e
coeso. São essas as contradições do morrer
Deparar-se com a morte de alguém desperta reações diversas, não em quem
perde um ente querido, mas também no profissional da saúde que lida com a morte no seu
dia a dia.
Não podemos imaginar como seria a vida se ela não tivesse um fim; como a
sentiríamos, como a viveríamos, que importância daríamos a ela? Assim, é a limitação da
vida que dá a ela a sua qualidade única e a nós o desejo de usufruir ao máximo cada um de
seus momentos.
Para Thomas (1991), todo ser vivo é em certo sentido, moribundo, uma vez que
desde o nascimento, está apto a morrer, pois o homem segue o padrão evolutivo previvel
em relação à morte. Ele nasce, amadurece, procria e vai perdendo a força vital até morrer.
Embora essa seja uma realidade integrante da vida cotidiana, a tendência do homem
é de não considerar a morte como um fato natural da vida, estabelecendo, com isso, um
antagonismo entre a vida e a morte o que, conforme Rivera (1999) empobrece ambas, pois
o reconhecimento de uma, marca a exclusão da outra.
O desenvolvimento da medicina do ponto de vista tecnológico, visa vencer a morte
prolongando a vida. A ciência está decifrando o código genético humano na expectativa
de oferecer vida mais longa, entretanto, a cada desafio vencido no sentido de prolongar a
vida, a morte se mostra mais plena de mistérios, sendo mesmo uma certeza. Conforme
afirma Zeferino (2000), embora seja uma entidade com presença diária em nossa vida, com
maior ou menor impacto, dependendo da proximidade, raras são as ocasiões de reflexão
sobre o significado da morte.
Sabemos que nada é mais inevitável previsível e universal do que a afirmativa de que
todos os seres vivos estão destinados a morrer. Todos deixarão de existir um dia, e essa
certeza primordial, acompanha todas as pessoas desde o nascimento.
Mesmo assim, a morte ainda é em nossa cultura um fenômeno aterrorizante, repulsivo
e desconhecido. Dor e medo são os sentimentos básicos predominantes nesta relação, há
um preconceito sobre o qual é proibido falar e até mesmo pensar, principalmente quando
nos confrontamos de forma consciente com sua aproximação, por acidente, doença ou
velhice, seja em nós mesmos ou em outros do nosso relacionamento.
O medo é a resposta psicológica mais comum diante da morte.O medo de morrer é
universal, e atinge todos os seres humano, independente da idade, sexo, nível sócio
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econômico, ou credo religioso. (KOVAES, apud HENNEZEL; LELOUP, 1999, p. 14)
O tanatólogo americano E. Mansell Pattison caracteriza a situação do paciente
terminal por uma série de medos como:
Medo da dor pela perda;
Medo da perda do corpo;
Medo da solio;
Medo da perda da família e dos amigos;
Medo da perda de autocontrole;
Medo do desconhecido;
Medo do sofrimento e da dor;
Medo da perda da identidade;
Medo da regressão. (PATTISON, apud PAPALÉO NETTO, 1999, p. 91)
Os sintomas mais comuns relacionados com o medo da morte podem ser;
insônia, preocupões excessivas com algum aspecto da vida como
família, trabalho, saúde, estado de ânimo depressivo, sintomas
psicossomáticos, entre outros. (KOVAES, apud HENNEZEL; LELOUP,
1999, p. 16)
Não se pode falar de medo sem falar em ansiedade, pois ambos podem ser geral ou
inespecífico, a pessoa tem medo de tudo mas nem sabe do que. Para entender o que é e
onde ocorre o medo temos que entender também o que é e onde ocorre a ansiedade, pois
eles caminham juntos. Pode-se distinguir duas dimensões:
· o objeto do medo é fácil de especificar, enquanto que o objeto da ansiedade
não é claro;
· a intensidade do medo é proporcional à magnitude do perigo. A intensidade
de uma ansiedade tem a probabilidade de ser maior do que o medo.
Um medo absurdo pode ser considerado fobia e esse quadro é acompanhado de
sintomas autossômicos (tontura, palpitações, sudorese, etc... ).
Outros sintomas podem ocorrer:
1. Alucinões; o é exclusivo de nenhuma patologia psíquica em
especial. É um sintoma que pode estar presente em muitos quadros, é
uma alteração do senso de percepção.
2. Ansiedade; pode ser definida como uma emão caracterizada por
sentimentos de previsão de perigo, tensão e aflição e pela vigilância do
sistema nervoso.
3. Delírio.
4. Desinteresse; es relacionado ao humor e ao afeto, é um problema
afetivo presente nos quadros.
5. Esgotamento; trata-se de uma situação cnica onde se esgota a
capacidade de adaptação.
6. Insegurança; para entender a insegurança temos que compreender a
ansiedade e a afetividade.
7. Irritabilidade; esse sintoma es associado à maioria das alterações
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emocionais. A irritabilidade com rebeldia pode ser um indício de depressão
infantil.
8. Mau humor.
9. Medo; trata-se de uma alteração do conteúdo do pensamento.
10. Timidez.
11.Tristeza; aparece como resposta emocional proporcional aos eventos
traumáticos e frustrantes da vida. (BALLONE, 2002)
Quando temos certeza de que sobreviveremos à doença e eventualmente seremos
curados, por maior que possa ser a dor, torna-se mais tolerável. A pior calamidade se torna
suportável se acreditarmos que seu fim está próximo e a pior agonia é minimizada quando
sabemos que o estado de anstia é reversível.
Apenas a morte é absoluta, irreversível, final. Por isso a ansiedade da morte,
quando não aliviada por uma firme crença em outra vida supera, em profundidade, todas as
outras ansiedades.
Durante toda vida todos temos lições a aprender. Por vezes, as pessoas aprendem
no final da vida, geralmente quando já é muito tarde para que apliquem esses
conhecimentos e nossas indagações mais essenciais questionam: Será que de fato investi
meu tempo para viver o mais plenamente possível?
Muitas pessoas vivem e gastam quantidade de energia não tomando conhecimento
de seus assuntos inacabados. A maioria de nós morre com uma grande quantidade de
questões apenas iniciadas. Há tantas lições a serem aprendidas na vida que é impossível
dominá-las em uma única existência. “[ . . . ] quanto mais lições aprendemos, mais assuntos
concluímos e mais plenamente vivemos [ . . . ] (KÜBLER-ROSS, 2004, p. 11-12).
Na busca de uma epistemologia para a compreensão dos fenômenos ligados à vida
e à morte, vários campos da práxis humana como a Psicologia, a Filosofia, a Antropologia e
a Medicina entre outras, têm focalizado esse tema.
Denomina-se Tanatologia o estudo dos fenômenos da morte e do morrer.
É uma palavra de origem grega: Tanato, o deus da morte e Logia, ciência. Cncia
da morte e do morrer, acrescenta a Dra. Kübler-Ross (1998) para aprender a bem viver.
Esta ciência diz respeito a todos os seres humanos, portanto deveríamos exercitá-la.
A Tanatologia e a Bioética são novas ciências que iniciaram seu aprofundamento na
década de 60 e, atualmente, constata-se uma expano mundial em diversos campos de
atuação. O objetivo maior é proporcionar a todos os seres humanos uma melhor qualidade
de vida, priorizando oportunizar ao paciente e familiares, caminhos que possibilitem
minimizar seu sofrimento. É exercido por médicos, psicólogos, assistentes sociais,
enfermeiros, educadores, religiosos, enfim, por profissionais que trabalham com as mais
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variadas situações de perdas, sofrimento e dor.
A Tanatologia iniciou-se cuidando das pessoas portadoras de enfermidades sem
possibilidades terapêuticas, (doentes terminais) objetivando oportunizar-lhes um final de
vida melhor. Contribui efetivamente para a humanização da medicina, ampliando sua
atuação aos familiares dos enfermos terminais, ajudando-os a lidar com a doença incurável
e sobreviver às perdas que dela decorrem, num trabalho solidário com a Bioética, que
sendo um ramo da Ética, se dedica ao estudo e à defesa da vida.
O NUREKR I - Núcleo de Renascimento Elisabeth Kübler–Ross I, é um
Convênio de Cooperação Técnico Científica entre a Universidade Federal
da Bahia, através da Escola de Enfermagem/DEMCAEe a ITAI - Instituição
Tribo Arco Íris, filantrópica, não governamental e sem fins lucrativos. O
objetivo principal deste Núcleo é integrar a assisncia, o ensino e a
pesquisa no que concerne à Tanatologia. (ALMEIDA, 2003, p. 1)
A filosofia é promover a dignidade na vida e na morte a todas as pessoas que assim
o quiserem, entendendo a dignidade como o respeito a si mesmo, ao outro e a todas as
formas de vida.
A principal meta do NUREKR é assegurar um atendimento humanizado despertando
uma mudança de atitude em relação à morte e ao processo de morrer, através da
assistência multidisciplinar, em âmbito domiciliar, ambulatorial e hospitalar, a pacientes com
expectativa de vida limitada, seguindo o modelo Hospice despertando uma mudança de
atitude em relação à morte e ao processo de morrer (ALMEIDA, 2003).
O atendimento aos doentes nos quais se esgotaram as possibilidades de
terapêutica curativa não é recente. Uma modalidade de assistência mais
humana que técnica, teve seu início nos tempos das cruzadas, quando em
hospedarias, denominadas hospices, os monges abrigavam peregrinos e
viajantes enfermos a caminho da Terra Santa. A maioria desses enfermos
diante da possibilidade de morte iminente e sem quaisquer esperança de
cura, recebiam prioritariamente o conforto necessário, como tentativa de
minorar o sofrimento. (PAPALÉO NETTO, 1999, p. 87)
O sentido atual de Hospice, como instituição dedicada ao atendimento de pacientes
terminais, surgiu em 1879, quando foi fundado, em Dublin, o Our Lady`s Hospice pela
Congregação das Irmãs Irlandesas da Caridade. Essa mesma congregação, em 1905
fundou St. Joseph`s Hospice em Londres. “Este tornou-se a raiz dos Hospices modernos
(PAPALÉO NETTO, 1999, p. 87-88).
Em decorrência implícita desta forma de pensar e agir, mudanças ocorrem
enfatizando a relevância à qualidade de vida em todas as fases da existência, mesmo
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quando a morte está próxima.
A partir dessas considerações, entende-se a relação entre tratamento paliativo,
qualidade de vida e Hospice.
Aceitamos que o desenvolvimento humano ocorre em quatro dimensões: física,
emocional, intelectual e espiritual (KÜBLER-ROSS, 1981). O homem é um ser
multidimensional e essas dimensões interagem entre si. É no desenvolvimento dessas
dimensões que se forma o medo visceral e irracional da morte.
A morte pertence à categoria que Sartre chama de irrealizáveis. Por esta
razão, embora reconhecendo a morte como natural, universal e inevitável,
o homem é paralelamente, incapaz de imaginar a sua própria morte.
Sempre, para cada um de s são os outros que morrem. A morte
representa o limite externo de nossas possibilidades e não de nossa
própria escolha. (TORRES, 1999, p. 55)
Nossas crenças sobre a vida e morte partem da premissa que elas o opostas, a
morte se constitui o oposto da vida, entretanto, esta é uma visão dualista, cartesiana,
atualmente, contestada e ampliada pela visão holográfica em que o homem vivencia a sua
morte em todas as dimensões. “A condição necessária para o alcance desta visão é
tornarmo-nos pessoas flexíveis aberta à natureza fluida da consciência de que nós todos
somos um com os outros e todas as coisas” (ALMEIDA, 2003).
Constata-se uma busca de um modelo mais adequado ao paradigma holográfico
abrindo espaço para uma mudança de atitude em relação à morte e o processo de morrer.
O enfoque holográfico da morte consiste em ampliar a consciência objetivando uma
mudança de atitude em relação à morte e ao processo de morrer em suas múltiplas
dimensões, buscando dessa forma uma maior dignidade na vida e na morte aos
profissionais, pacientes, seus familiares e todas as demais pessoas que assim desejarem.
Nessa direção, morte e vida são a mesma coisa, o que se constitui uma nova e
impressionante visão da realidade.
O paradigma holográfico demonstra como isso é possível. Os principais
representantes desse novo enfoque são os eminentes pensadores, o sico David Joseph
Bohm e o neuro-fisiologista Karl Pribram (ALMEIDA, 2003).
Na Psicologia Wilber afirma que:
[ . . . ] a personalidade humana é uma manifestação ou expressão em
múltiplos veis, de uma única conscncia, da mesma maneira como na
sica se considera o espectro eletromagnético como uma expressão de
múltiplas faixas de uma única onda eletromagnética característica.
(WILBER, apud ALMEIDA, 2003, p. 34)
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Os cinco principais níveis ou faixas da consciência são:
1) O NÍVEL DA MENTE:
É o que existe e tudo o que existe, ilimitado e portanto infinito. Nesse nível o
homem se identifica com o universo, o Todo – ou melhor, ele é o TODO.
Essa é a conscncia mais recôndida do homem, é intica a realidade
última do universo. É o vel da mente, da conscncia cósmica, suprema
identidade do homem.
2) AS FAIXAS TRANSPESSOAIS:
Representam a área supra individual do espectro, onde o homem não tem
conscncia de sua identidade com o TODO, não tem sua identidade
confinada aos limites do organismo individual
3) O NÍVEL EXISTENCIAL:
O homem identifica-se apenas com o seu organismo psicofísico total que
existe no espaço e no tempo, é o nível em que a linha entre o eu e o outro,
o organismo e o ambiente é firmemente traçado. É o vel em que os
processos de pensamento de pensamento racional do homem, bem como
sua vontade pessoal coma a se desenvolver.
4) O NÍVEL DO EGO:
O homem não se sente diretamente identificado com o seu organismo
psicossomático. Ele se identifica com o seu ego, com sua auto-imagem.
5) O NÍVEL DA SOMBRA:
O homem pode alienar vários aspectos da sua própria psique,
apresentando uma auto imagem empobrecida e imprecisa, enquanto o
resto de suas tendências psíquicas, consideradas muito dolorosas, ruins
ou indesejáveis, é alienado como conteúdo da Sombra. (ALMEIDA, 2003, p.
35)
Essas considerações nos levam a questionar a atual assistência de saúde prestada
aos pacientes terminais e seus familiares Qual a postura e que atitudes deve apresentar os
profissionais que o assistem?
se constata segmentos preocupados em oportunizar uma assistência
multidisciplinar de forma integrada no âmbito domiciliar, ambulatorial e hospitalar,
entretanto, são ainda direcionamentos isolados.
Esta é antes de tudo uma filosofia de trabalho que visa atender os múltiplos anseios
dos pacientes terminais e seus familiares, que tem como uma das mais importantes
prioridades a preparação gradual e incentivo para que encarem a morte como parte da vida.
A importância desse tipo de serviço ou programa de atendimento tem ampla
aceitação nos paises desenvolvidos. “Ignorar a inexorabilidade da morte e a dificuldade de
conviver com a realidade de sua existência são atitudes próprias das sociedades
contemporâneas.(PAPALÉO NETTO, 1999, p. 89)
O fato de saber que iremos morrer por si é causa de sofrimento, quando
retrocedemos no tempo e estudamos culturas e povos antigos, entendemos que o homem
sempre abominou a morte e certamente sempre a repelirá.
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Do ponto de vista psiquiátrico isto é bastante compreenvel, e talvez se explique
melhor pela noção sica de que em nosso inconsciente a morte nunca é possível quando
se trata de nós mesmos (KLÜBER-ROSS, 2000).
Quando crescemos morte começa a ser visualizada em outra ótica, o medo
permanece subjacente sendo fortemente percebido quando nos deparamos com a perda de
um ente querido.
Se por um momento tomarmos consciência de nossa finitude, aceitaremos com mais
facilidade que um dia morreremos. uma tendência da sociedade atual de considerar a
morte como algo que não faz parte da vida, entretanto, nascimento, vida e morte estão
indelevelmente ligados e é impossível tentar dissociá-los.
Refletir sobre o tema é fundamental para o profissional que lida com o ser humano. A
morte de um paciente não deveria ser vista como uma falha da medicina, mas antes levar os
profissionais a refletir sobre sua atuação e sua impotência. Na busca da cura o médico e a
equipe diante da morte podem se desestabilizar iniciando um processo de anstia e
depressão.
Para o doente terminal, a medicina e as outras ciências da saúde têm muito que fazer
para oferecer qualidade de vida. Nesse conjunto de cuidados, inclui-se o paciente e,
também, seus familiares. estão atuando equipes compostas de médicos, enfermeiros,
psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, psicopedagogos e outros, rompendo com a
abordagem eminentemente biológica da morte e adotando uma postura diferente. ”Essa
equipe está procurando dar mais dignidade à pessoa, mantê-la próxima dos familiares,
garantir-lhe melhor qualidade de vida e respeitar seus desejos. (ZEFERINO, 2000, p. 17)
Os olhares de anstia medo, incertezas podem ser vistos nos corredores dos
hospitais, no rosto de quem acompanha casos de risco de vida e morte iminente de um
familiar ou amigo próximo.
3.9.1 Porque é Tão Difícil Pensar na Morte
A maior dignidade a ser encontrada na morte é a
dignidade da vida que a precedeu.
(B. SHERWIN NULAND)
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Por que é tão difícil pensar na morte?
Todos nós sabemos que vamos morrer, mas não acreditamos. Se acreditássemos
mudaríamos nossos comportamentos, nossas prioridades, nossas maneiras de agir, nossos
objetivos mais próximos, enfim, agiamos de outras formas.
Seria importante saber que se vai morrer e preparar-se para receber a morte a
qualquer momento, pois assim certamente nos envolveríamos mais com a vida enquanto a
temos.
A maioria de nós não experimenta a vida na sua plenitude, porque vivemos
semi-adormecidos, praticando atos que achamos que precisamos praticar, mas quando
encaramos a morte tudo muda. Descarta-se muitas coisas que acumulamos e se concentra
no que é essencial.
Não temos tempo, a vida passa tão depressa, estamos absorvidos pelas
preocupações materiais ou por diversões... e, finalmente, a morte chega e
só em sua presença que tomamos conscncia de que a vida poderia ter
sido algo de imenso, de prodigioso, de criador. Mas é tarde demais... e a
vida só adquire todo o seu relevo no imenso desgosto de uma coisa
inacabada. (BETTELHEIM, 1989, p. 17-18)
Quando se descobre que se vai morrer, vê-se o mundo de maneira diferente, e
quando se aceita a iia de que pode morrer a qualquer momento, nossos sentimentos se
modificam, abrem-se espaços para coisas até então não pensadas, para coisas mais
espirituais, pois vivemos em um emaranhado de coisas materiais e essas coisas não nos
satisfazem.
As relações afetivas familiares por vezes são desprezíveis, ou nada valorizadas, mas
quando sentimos que a morte ronda e pode chegar a qualquer momento, valorizamos cada
sorriso, cada palavra, cada afago, cada olhar, como se quiséssemos perpetuar tudo.
Encontramos hoje reflexões de eminentes profissionais num estudo sobre a vida e a
morte cujo tom varia, da visão poética à psicológica, do enfoque antropológico ao filosófico,
social, clínico e religioso.
A filosofia já foi considerada no passado o aprendizado da morte. Filósofo era aquele
que sabia morrer, pois supunha-se que aquele que sabe morrer aprendeu a viver.
No culo XX, visualiza-se a fórmula da “finitude humana” o homem é o
“ser-para-a-morte”, isto significaria que entre as diversas possibilidades do homem há uma
que representa “a possibilidade da impossibilidade e quando essa ocorre as demais
possibilidades ficam excluídas.
Diante desse panorama, precisamos ter bem presente a dimensão global do
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paciente, procurando atender seus problemas físicos, psicológicos, sociais e espirituais,
assim como também o de seus familiares
Há uma série de medidas para minorar seus sofrimentos, possibilitando que vivam
mais confortavelmente, apesar da incurabilidade de suas doenças. Quando a cura da
doença já não é a meta principal a preocupação maior continua sendo proporcionar ao
paciente a melhor qualidade de vida possível.
Na fase terminal, quando a morte é um fato iminente, a maioria dos
pacientes pode apresentar confusão mental aguda ou delírio agitado. É
freqüente estar associada a crises severas de angústia, ansiedade e culpa.
A chave do tratamento é acalmar a fase aguda. (KOSEKI, 2000, p. 28)
Esses distúrbios podem ser aliviados com medicações, porém deve-se lembrar que
o paciente pode estar sofrendo de angústia espiritual ou emocional, que não podem ser
aliviados somente com drogas.
Motivos psicogicos, por si só, são capazes de somatizar-se, produzir
esmulo sensitivo e gerar dor, com idêntico sofrimento ao produzido por
causa orgânica primária. Fatores individuais e ambientais, incluindo-se
aspectos raciais, sociais, culturais, religiosos, filosóficos, experiências
pregressas e o estado mental de atenção/distração de cada pessoa,
podem exercer efeito amplificador ou atenuador da dor. (PAVANI, 2000, p.
34)
Nossos conhecimentos tecno-científicos não nos capacitam a lidar com a morte,
entretanto, o pensar a morte deve nos ensinar a amar a vida sem nos apegarmos a ela,
vivendo-a em plenitude, de forma autêntica e alegre.
A Tanatologia, ou seja, o estudo da morte, trás enorme contribuição neste sentido e
no trato de pacientes terminais. Faz-nos refletir sobre o apego desmedido que se tem às
pessoas, às posições e aos bens materiais, tudo isso, para no final, descobrirmos que nada
adiantou, pois a morte não se importa com nossas pretenes.
Temos que aprender a não negar a existência da morte e a aceitá-la com
naturalidade. Procurar viver essa realidade, admitindo a própria morte, aceitando-a quando
e como vier, vivendo bem o tempo que dispomos de nossa vida.
Dessa forma, certamente compreenderemos melhor os pacientes terminais e
teremos condições de assisti-los, isentos de nossas próprias anstias, de modo imparcial
e completo.
Saber comunicar-se, ouvir, transmitir empatia e estar preparados para o
enfrentamento das questões emocionais do paciente, como ansiedade, dor, abandono,
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medo e morte, deixando de lado o foco da doença e privilegiando seu maior conforto e
qualidade de vida é realmente uma tarefa complexa e difícil que precisamos estar bem
preparados para desempenhá-las de maneira eficaz.
As rotinas do trabalho ocultam a nossa verdade. Mas elas não podem
impedir nem que a tarde chegue, com suas cores de adeus, e nem que o
outono chegue Se prestarmos atenção e ouvirmos o que nos dizem,
ficaremos sábios. Porque sabedoria é isto: contemplar o Abismo, sem ser
destruído por ele. (ALVES, apud REZENDE, 2000, p. 70)
Não é esta a função última e primeira de toda a ciência: instigar-nos com suas
nuances e sombras?
De acordo com Tolle (2005, p. 103), [ . . . ] a morte não é o contrário da vida. A vida
não tem oposto. O oposto da morte é o nascimento. A VIDA É ETERNA.
3.9.2 Dualidade e Apego
O apego é a grande causa do sofrimento humano.
(ALMEIDA)
Sofremos porque perdemos coisas constantemente, perdemos um brinquedo, um
carro, um amigo, uma casa, nossas imagens e ilusões, pessoas queridas... Enfim,
perdemos, perdemos e perdemos... e sofremos e sofremos...
Entramos então em um rculo vicioso de perda e dor, por medo da entrega, nos
apegamos ao conflito da dualidade, que nos é conhecido, reforçamos o medo, reforçamos o
apego e reforçamos a dualidade...
Como aprendemos em nossa cultura, evitamos a dor, evitamos a perda e fugimos da
morte, ou apenas pensamos fugir dela, o que nos mantém presos ao rculo (BROMBERG,
1994, PIERRAKOS, 1990, apud ALMEIDA, 2003).
Conhecemos a dualidade pelos opostos. Conhecemos o salgado e o doce, o quente
e o frio, a coragem e o medo, a dor e o prazer, o amor e o ódio, o bem e o mal, e assim
infinitamente.
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Para entrar nesta dimensão dual a alma precisa se apegar ao corpo, o que nos traz
duas grandes realidades com as quais brigaremos grande parte da nossa existência: a
dualidade e o apego (JOHNSON, 1996, apud ALMEIDA, 2003).
Para solucionar este conflito projetamos e transferimos nossa dualidade primária
experienciada nos relacionamentos parentais em praticamente todas as nossas atitudes.
Quando escolhemos uma das polaridades de qualquer de nossas
dualidades internamente tentamos matar a outra e assim negamos parte
de s, que por não morrer e ter a necessidade de ser ouvida e vista, fica
minando nossas intenções na tentativa de ser vista e ouvida e,
conseqüentemente, fica dando-nos experiências cada vez mais sofridas e
dolorosas, obrigando-nos a vê-la. Em casos extremos, estas experiências
podem até nos levar à morte física. Fugimos destas nossas mortes diárias
pelo medo visceral da morte sica, o que nos impede de viver nossa vida
no momento presente. (MAY, 1988, apud ALMEIDA, 2003, p. 40)
Quando nos tornamos conscientes das nossas pequenas mortes diárias, em todas as
suas dimenes, seremos capazes de viver em plenitude a felicidade que o cotidiano nos
traz e caminhar com segurança para a nossa morte sica (KÜBLER-ROSS, 1978,
GLACER; STRAUSS, 1965, apud ALMEIDA, 2003)
“Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas.(MEDEIROS,
2006, p. 3)
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4 O PROBLEMA
Que mudanças se observam nas dimensões sócio-afetivas de crianças
hospitalizadas, no processo de interação com ambientes digitais?
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5 OBJETIVO GERAL
Acompanhar o processo de interação em ambientes digitais, observando aspectos
sócio-afetivos, com vistas à incluo social e melhor qualidade de vida de crianças
hospitalizadas.
5.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Oportunizar as crianças hospitalizadas interação com ambientes digitais.
2. Observar e acompanhar a evidência de dimenes sócio-afetivas no
processo de interação de crianças hospitalizadas com ambientes digitais.
3. Avaliar as dimenes sócio-afetivas de crianças hospitalizadas, evidenciadas
no processo de interação com ambientes digitais.
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6 METODOLOGIA
6.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
No plano metodológico a pesquisa seguia linha qualitativa, descritiva, através de
“Estudo de Caso” categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa
aprofundadamente.
No Estudo de Caso“ qualitativo, nem as hipóteses nem os esquemas de inquisição
estão aprioristicamente estabelecidos, a complexidade do exame aumenta à medida que
se aprofunda o assunto (SILVA TRIVIÑOS, 1987).
Nisbett e Watt (1978, apud ANDRÉ, 1984, p. 52) “[ . . . ] sugerem que o estudo de
Caso seja entendido como uma investigação sistemática de uma instância específica’.
Essa instância pode ser um evento, uma pessoa, um grupo, uma escola, uma instituição, um
programa, etc.”
Marli E.D.A. André enumera algumas características ou prinpios gerais que são
freqüentemente associados ao Estudo de Caso:
1. Os estudos de caso buscam a descoberta. O pesquisador estará
atento a elementos que podem emergir como importantes durante o
estudo, Enfatizam a interpretação em contexto’. Procuram representar os
diferentes e, as vezes, conflitantes pontos de vista presentes numa
situão social.
2. Os estudos de caso usam uma variedade de fontes de informão.
recorrendo para isso a uma variedade de dados, coletados em diferentes
momentos, em situões variadas e provenientes de diferentes
informantes.
3. Pode usar também diferentes métodos para checagem de um
aspecto, questão ou problema. Pode analisar os dados à luz de diferentes
pontos de vista teóricos.
4. O pesquisador procura descrever a experiência que ele está tendo no
decorrer do estudo de modo que os leitores possam fazer suas
‘generalizões
5. Os estudos de caso procuram retratar a situação de forma completa
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e profunda. Revelando a multiplicidade de dimensões contidas numa dada
situão
6 Os relatos de estudo de caso são elaborados numa linguagem e
numa forma mais acessível que os outros tipos de relatórios de pesquisa.
(AND, 1984, p. 53)
Assim os relatos do estudo de caso devem conter um volume de dados brutos
suficientemente ricos para admitir subseqüentes interpretações. Os métodos de trabalho
empregados e os processos de triangulação utilizados devem ser descritos para que seja
possível julgar a validade e os vieses da informação, possibilitando aos leitores
compreender a situação em sua complexidade e fazer julgamentos sobre as implicações do
estudo.
A pesquisa em tela realizou “Estudo de Caso” de pacientes pedtricos
hospitalizados no Complexo Hospitalar da Santa Casa em Porto Alegre/RS, em parceria
com NIEE/UFRGS.
6.2 AMOSTRA DOS SUJEITOS
Crianças internadas pelo SUS no Hospital da Criança Santo Antônio. Complexo
Hospitalar da Santa Casa em Porto Alegre/RS, Brasil.
Como critérios de inclusão foram pontuados os seguintes aspectos:
1. pacientes com enfermidades que necessitam longa hospitalização;
2. pacientes alfabetizados;
3. pacientes que demonstrem interesse no uso do computador;
4. pacientes que os responveis aceitem a participação na pesquisa;
5. pacientes que possam se deslocar no contexto hospitalar.
Foram selecionados casos de longas e repetidas internações, para observação,
registro e análise das condutas comportamentais antes, durante e após as atividades
utilizando dispositivos computacionais.
Nestas atividades para coleta de dados à pesquisa atingiu o atendimento de 20
sujeitos, em períodos intercalados, porém no decorrer do estudo, 8 sujeitos não retornaram
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ao âmbito hospitalar com a regularidade prevista. O pequeno número de interações
realizadas com tais sujeitos nos forneceu poucos subsídios, o que não consideramos no
presente estudo.
Portanto, o universo real da pesquisa, foi constituído de 12 sujeitos portadores da
mesma enfermidade.
Para facilitar a análise dos resultados subdividiu-se em 03 grupos, cada um
composto por 4 sujeitos em situação de tratamento similar.
6.3 PROCEDIMENTOS
Para realização da pesquisa iniciamos o processo através do encaminhamento de
um Projeto para o Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre, - CEP/ISCMPA em Março de 2005, reconhecido pela
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP/ Ministério da Saúde.
Após análise foi emitido o Parecer Consubstanciado n° 083/05 (em anexo) em 05 de
abril de 2005. Com a posse desse documento iniciou-se as atividades de observações e
contatos com as chefias da área médica e da enfermagem conforme orientações da
Psicóloga do Hospital, responsável pelo andamento da pesquisa na instituição.
Iniciamos as interações em junho de 2005, utilizando o computador disponível para as
crianças do 5° andar, na sala de recreação. Os horários utilizados eram: nos intervalos de
12 horas às 14 horas e a partir das 17 horas. Nesse período a sala ficava fechada para as
demais crianças e disponível para a clientela que participava da pesquisa.
Para o sujeito participar da pesquisa havia um contato prévio com a família,
oportunidade em que era assinado um Termo de Autorização pelo responvel e também
pelo paciente que aceitava ser fotografado ou filmado, e sendo objeto de estudo, fazer parte
de artigos a serem apresentados em eventos ou outras publicações.
As interações foram realizadas sempre com a atuação de dois profissionais, sendo
registrado os diálogos mantidos com os sujeitos durante as atividades desenvolvidas.
Na realização das primeiras interações consideramos que o computador disponível
no hospital, não atendia nossos objetivos, pois pela configuração ultrapassada nossas
possibilidades ficavam também muito limitadas. O computador travava, não abria os sites
solicitados e os sujeitos ficavam frustrados e reclamavam.
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Nesse contexto providenciamos a utilização de um laptop (de nossa propriedade),
com uso exclusivo para essa atividade. Para que pudéssemos utilizá-lo, nossa máquina
passou pela equipe de informática do Hospital que fazendo uma vistoria no equipamento
instalou no mesmo um potente antivírus, ficando sua manutenção sob controle do Hospital.
Somente após esses ajustes foi possível a obtenção de autorização do Hospital para
acessar a rede. Agora com nosso equipamento as interações tiveram maior amplitude.
Utilizamos o Sistema Operacional Microsoft Windows, navegador Microsoft Internet
Explorer, WebCam, câmera digital e impressora.
Os sujeitos rapidamente foram incentivados a conhecer os recursos da rede mundial
e fazer parte do mundo virtual criando um endereço eletrônico. De posse de seu e-mail a
comunicação com as pessoas fora do hospital tornou-se grande atrativo.
As dificuldades encontradas foram superadas pela mediação do facilitador que
incentivava sempre a utilização das ferramentas da internet a qual tornou-se rapidamente o
eixo das interações.
6.3.1 Coleta de Dados Para Estudos de Casos
As observações para os Estudos de Caso foram realizadas através de registros de
todas as interações desenvolvidas durante o período de junho de 2005 a setembro de 2006,
através de filmagens, fotografias e coleta de informações junto ao paciente e aos familiares.
Transcrevemos os diálogos em todas as situações individuais ou em grupos utilizando-se
de: Computador, laptop, kits multimídia, softwares educativos, jogos, impressora, conexão
com a Internet e câmera digital.
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7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Todas as emoções usam o corpo como teatro.
(DAMÁSIO)
O universo estudado envolveu 12 crianças na faixa etária de sete a quinze anos,
sendo 03 sexo feminino e 09 sexo masculino, atendidas no Hospital da Criança Santo
Antonio, em Porto Alegre, todas na área da oncologia e com atendimento pelo Sistema
Único de Saúde (SUS).
De acordo com o referencial teórico esta pesquisa buscou identificar na teoria e
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pensamento Vygotskiano, sob uma perspectiva de abordagem sócio-interacionista, frestas
por onde se pudesse constatar que mudanças ocorreram nas dimensões sócio-afetivas das
crianças hospitalizadas, quando mediadas por dispositivos computacionais.
Buscou-se ofertar um ambiente interativo, onde o domínio do conhecimento e as
tarefas propostas estivessem em consonância com o contexto sócio cultural da criança,
havendo liberdade para cada um aceitar e entender o outro como algo colaborativo, não
visualizando como coação ou invasão ao seu espaço, e o facilitador sugerindo atividades
adequadas à criança individualmente ou em grupo.
Observa-se que não houve preocupações em desenvolver currículos escolares.
Ancorado na afirmativa de Vygotsky, entende-se que os processos de desenvolvimento não
coincidem com os processos de aprendizagem, uma vez que [ . . . ] o desenvolvimento
progride de forma mais lenta, indo atrás do processo de aprendizagem. Isto ocorre de forma
seqüencial [ . . . ]“ (VYGOTSKY, 1991, p. 102).
Vygotsky (1991) afirma, ainda, que a interação social é origem e motor da
aprendizagem e do desenvolvimento intelectual. Todas as funções no desenvolvimento do
ser humano aparecem primeiro no nível social (interpessoal), depois no nível individual
(intrapessoal).
As interações foram desenvolvidas favorecendo a aprendizagem coletiva (nível social
ou interpessoal) e ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas (nível individual ou
intrapessoal).
A aprendizagem humana pressupõe uma natureza social específica e um processo
através do qual as pessoas penetram na vida intelectual daquelas que as cercam.
Oportunizamos a criança o contato com pessoas de fora do hospital, parentes,
amigos, professores, colegas de aula, enfim disponibilizando novas aprendizagens com as
TICs.
Navegando na internet, visitando sites de interesse próprio, pesquisando assuntos
variados, conversando no MSN, interagindo com programas televisivos, enfim, explorando
as atividades possíveis às novas aprendizagens.
A pesquisa analisou as mudanças que se observaram nas dimensões sócio afetivas
destes pacientes. Além disso, notamos que muitas ações e respostas contidas nas
interações eram similares.
Não encontramos nenhuma referência que abarcasse as nuances que estávamos
identificando no decorrer da pesquisa. Para melhor visualizar e analisar os aspectos sócio
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afetivos que se evidenciaram, construímos quadros que apontam os momentos positivos e
negativos de condutas que emergiram na seqüência das interações.
Organizamos então, 03 quadros onde pontuamos o número de ocorrências de
situações que sinalizavam condutas ou expressões corporais e gestuais que identificavam o
estado emocional, resultante de momentos vivenciados em situações de interações com os
recursos computacionais.
QUADRO 1 – Aspectos Sócio Afetivos
Condutas Gerais Motivação
Desmotivação
Iniciativa
Depenncia
Bom Humor
Mau Humor
Aspectos da
Auto-estima Positiva Aparência
Negativa Aparência
Positiva Conhecimento
Negativa Conhecimento
Positiva Social
Negativa Social
Estados Involuntários Euforia
Apatia
Desembaraço
Timidez
Disposição sica
Debilidade Física
Nesse quadro, pontuamos aspectos de condutas gerais, de auto-estima e estados
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involuntários, que apontam os aspectos sócio-afetivos destacados durante o processo das
interações.
Foram pontuados os aspectos sócio-afetivos que derivem dos fenômenos corporais
e mentais que geram uma atuação no mundo, ou seja, que dêem origem aos
comportamentos do sujeito, autocontrolados ou não.
Para melhor compreensão da análise apresentamos definições do que entendemos
de cada aspecto sócio afetivo enumerado. Assim temos:
7.1 ASPECTOS DAS CONDUTAS GERAIS
Consideramos aspectos das condutas gerais aqueles aspectos em que o
sujeito tem, mesmo que remotamente, a possibilidade de conduzir sua atenção em maior ou
menor grau, podendo até mesmo ignorar a existência daquilo que não lhe interessa.
“A consciência e a mente, vinculam-se estreitamente a comportamentos
externos e podem ser observados por terceiras pessoas.( DAMÁSIO, 2005, p. 29)
Motivação:
A motivação foi pontuada quando o sujeito apresentou um motivo espontâneo para
desempenhar determinada atividade, ou mesmo apresentou-se motivado para o uso dos
dispositivos e processos interativos.
Desmotivação:
Pontuamos desmotivação quando o sujeito apresentou a auncia de motivos
espontâneos para desempenhar atividades com o uso dos dispositivos.
Iniciativa:
Quando o sujeito dispensa o auxílio do facilitador e se autodetermina para atingir
seus objetivos.
Dependência:
Quando o sujeito necessita de suporte para atingir seus objetivos.
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Bom Humor:
Pontuamos as situações bem humoradas quando o sujeito age de forma
descontrda e graciosa frente a alguma situação vivenciada nas interações.
Mau Humor:
O mau humor é identificado quando o sujeito utilizando-se da linguagem social ou
corporal, expressa-seu descontentamento na situação apresentada.
7.2 ASPECTOS DA AUTO-ESTIMA
Segundo Coopersmith,
[ . . . ] a avaliação que o indivíduo faz, e que habitualmente mantém, em
relação a si mesmo, expressa uma atitude de aprovação ou desaprovão
e indica o grau em que o indivíduo se considera capaz, importante e
valioso. Em suma, a auto-estima é um juízo de valor que se expressa
mediante as atitudes que o indiduo mantém em face de si mesmo. É uma
experiência subjetiva que o indivíduo expõe aos outros por relatos verbais e
expressões públicas de comportamentos. (COOPERSMITH, 1967, p.
4-5)
Auto-Estima (Aparência):
Identificamos a auto-estima em relação à aparência quando o sujeito julga-se bem ou
bonito e aceita sua imagem, gostando da mesma e expressando o seu contentamento.
Baixa Auto-Estima (Aparência):
A baixa auto-estima em relação à aparência é identificada quando o sujeito avalia-se
feio e pouco atraente, e expressa isso através da fala ou gestual.
Auto-Estima (Conhecimento):
Identificamos a auto-estima em relação ao conhecimento, quando o sujeito expressa
confiança nas capacidades que detêm e julga-se capaz de desempenhar tarefas
relacionadas a este conhecimento.
Baixa Auto-Estima (Conhecimento):
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Identificamos a Baixa Auto-Estima em relação ao conhecimento, quando o sujeito
julga-se incapaz de desempenhar certa atividade por pensar que não detêm conhecimento
suficiente, ou mesmo por falhar no desempenho e a partir disso expressar seu
descontentamento.
Auto-Estima (Social):
Identificamos a auto-estima em relação ao grupo, quando o sujeito julga-se ao nível
dos demais ou até superior.
Baixa Auto-Estima (Social):
Identificamos a Baixa Auto-Estima em relação ao grupo, quando o sujeito julga-se
inferior aos demais participantes da atividade e se omite por isso.
3 ASPECTOS DOS ESTADOS INVOLUNTÁRIOS
Consideramos aspectos dos estados involuntários, aqueles aspectos dos quais o
sujeito não tem domínio racional, não podendo interferir na aparição ou na suspensão de
seus efeitos.
Euforia:
Por ser um estado de extrema subjetividade, pontuamos a euforia apenas quando os
sujeitos expressavam incredulidade, tamanha a importância do evento, e por isso, risos
ininterruptos e continuum.
Apatia:
Pontuamos apatia quando o sujeito mostra-se com falta de energia, em estado em
que a debilidade não permite que o sujeito se expresse.
Desembaraço:
O desembaraço é identificado pela auncia de inibição, quando os sujeitos falam
até de assuntos extremamente pessoais com naturalidade.
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Timidez:
Pontuamos a timidez quando o sujeito demonstra certo acanhamento ou
retração comportamental em interação com as facilitadoras ou demais sujeitos do
grupo.
Disposição Física:
Quando o sujeito, mesmo em tratamento se mostra ativo e disposto para
desempenhar as atividades com os dispositivos computacionais.
Debilidade Física:
Quando o sujeito acometido pelas adversidades advindas da própria doença ou até
mesmo em decorrência do tratamento desta, se mostra enfraquecido, prostrado e
desanimado.
7.4 UNIVERSO DA PESQUISA
Dividimos o universo da pesquisa em 03 grupos com igual número de sujeitos
buscando, nos mesmos, algumas situações de similaridades como:
O primeiro grupo constituído de 04 sujeitos, 01 do sexo feminino e 03 do sexo
masculino, na faixa etária de 07 a 14 anos, todos em fase inicial de tratamento, pouco
sabendo ainda de como iria decorrer o processo de quimioterapia, mas já tendo
conhecimento que seria por longo período e com repetidas internações.
O segundo grupo foi constituído de 04 sujeitos, todos do sexo masculino, na faixa
etária de 10 à 14 anos. Todos com diagnóstico de leucemia e numa etapa de mais de seis
meses de tratamento quimioterápico. Todos já perderam peso, perderam cabelo e
apresentavam um visual bastante debilitado, mas todos com muita vontade de interagir com
os dispositivos computacionais. As famílias enfatizavam muito a necessidade de oportunizar
a estes pacientes alguma atividade que representasse desafio, novidade, enfim algo
agradável.
O terceiro grupo foi constituído de 04 pacientes, 02 masculinos e 02 femininos na
faixa etária de 07 à 15 anos. Esse grupo representou os pacientes que vem lutando contra
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a enfermidade há maior tempo, já numa etapa de mais de um ano de tratamento, com
prognósticos nada favoráveis.
No contato com os sujeitos do 1º grupo constatamos ser este um período muito tenso
para família ainda administrando o impacto do diagnóstico. O medo e a tensão, a
expectativa dos acontecimentos que estarão por vir, é um momento complexo que gera
muitas incertezas.
Retomando (KÜBLER-ROSS, 2000) ao tomar conhecimento de um diagnóstico de
gravidade a primeira reação é negação e isolamento. “não, não pode ser verdade.” A
segunda é a raiva, o terceiro estágio é a barganha, o quarto estágio é a depressão, o quinto
estágio é a aceitação e finalmente a esperança da ocorrência de um milagre de cura. Estas
etapas não são pontuais e ocorrem em determinados momentos com precisão, em outros
muito imbricadas com vidas e incertezas. Tudo poderá acontecer. Por vezes todo esse
turbilhão de expectativas da família gera também na criança um estado de anstia.
A vivência no hospital é uma situação nova um tanto ameaçadora, os exames
invasivos as medicações, as rotinas hospitalares não antes vivenciadas passam a ser o dia
a dia destes novos pacientes.
O contato com outros pacientes na mesma trajetória pode, para alguns, já definir o
que os espera. É um momento que se faz necessário um acompanhamento psicológico à
família e ao paciente.
Nesse contexto de incertezas e vidas o trabalho proposto de utilização do
computador pela criança passou a ser algo muito bem vindo. A família aceita de bom grado
toda a possibilidade de algo que possa minimizar o momento hospitalar que se inicia, e que
certamente não será de curta duração, pois o processo de quimioterapia é sabidamente
longo.
No contato com os sujeitos do segundo grupo observamos situações diferenciadas.
As famílias já administram o problema com maior aceitação, o impacto do susto já foi
absorvido. Lutam em busca da possibilidade de cura. As expectativas do transcurso do
tratamento ainda estão muito presentes. conheceram e vivenciaram os efeitos
colaterais que as quimioterapias acarretam, entretanto não vislumbram outras
possibilidades.
Os sujeitos já apresentam um visual debilitado, já perderam peso, cabelo e com
freqüência mostravam-se desmotivados. Deste grupo apenas um sujeito ainda mantém
vínculo com a escola os demais foram afastados e já perderam o ano letivo.
Pelo fato de estar vivendo há algum tempo em um espaço que não lhe é familiar,
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alguns dos sujeitos hospitalizados passam a comportar-se de forma introspectiva, apática,
depressiva e instável, pois dividem o quarto com outros desconhecidos. Os horários o
definidos para todas as atividades, ficando restritos na sua liberdade de expressão e
movimentação.
Porém, outros indivíduos vivenciam o espaço hospitalar como algo já usual e por isso
se manejam de forma mais tranila, ficando por vezes sozinhos (sem a presença de um
responsável) e circulando pelos corredores em busca dos auxílios que por ventura
necessitem.
Nesta última situação constatamos que o sujeito leucêmico, segundo Ceccim e
Carvalho (1997) se expressa muitas vezes como “[ . . . ] alguém que entende e descreve sua
doença com total correção, detalhes, diagnósticos e prognósticos, sem, no entanto, parecer
estar sofrendo com isso.
O terceiro grupo foi constituído de sujeitos que já estavam numa etapa avançada da
enfermidade. Dois sujeitos desse grupo já apresentavam quadros de reincidência, um
sujeito aguardava transplante e outro com um tumor craniano se encontrava em estágio
terminal.
Esses sujeitos passavam mais tempo no hospital do que em suas casas e por isso
mantinham bons relacionamentos com a equipe de saúde. Além disso, observamos que
eram mais receptivos com os profissionais que apresentassem qualquer tipo de atividade
que pudesse ocupá-los.
Conforme Hagedorn (2003) crianças submetidas a longos períodos de internação e
tratamento podem apresentar rupturas ou perdas definitivas das habilidades da vida diária,
perda de interesse e vontade, entregando-se a um viver passivo e dependente.
Esses sujeitos já sabiam praticamente todos os procedimentos aos quais eram
submetidos e com freqüência relatavam sobre as “sabedorias adquiridas” no âmbito
hospitalar, quer seja sobre o número de defesas necessárias para ter alta ou mesmo sobre
os tipos de quimioterapias existentes. Vivenciavam a realidade como se suas vidas se
restringissem ao hospital.
As mães eram praticamente uma irmandade, que trocavam desde coisas pessoais
como sabonetes, xampus, cartões telefônicos, até conselhos de como agir em
determinadas situações que uma delas já tenha passado e que para uma outra estivesse
por vir.
Segundo Oliveira & Ângelo (2000), a hospitalização altera tanto a vida da criança
como a dinâmica familiar e além dos sentimentos de angústias, impotência, preocupação e
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incerteza, também há sofrimento por ambas as partes, devido à estreita ligação entre a
família e a criança.
O aspecto econômico familiar sofre alterações com os ajustes temporários
necessários em decorrência da ausência da mãe no lar, com outros filhos, trabalho, esposo,
casa, enfim, há uma total alteração da rotina diária gerando conflitos no núcleo familiar.
Neste sentido, Novaes (1998, p. 47) afirma: “Os pais de uma criança doente apresentam, de
forma universal, sentimentos de culpa, especialmente a mãe, pois julga-se responvel pelo
evento que o filho está sob seus cuidados de uma maneira mais direta ou mesmo
indiretamente”.
Por vezes tal situação, leva a criança a fantasiar que tudo está ocorrendo por sua
culpa; é merecedora de castigo, necessita de punição por algo que pensa ter feito. Tais
fantasias o universais e independem do nível sócio econômico ou cultural da família.
(NOVAES, 1998).
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Gibbons e Boren, (apud NOVAES, 1998, p. 47) enfatiza: que [ . . . ] os sentimentos
de ambivalência conduzem a família à situações extremas de negação da própria doença
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até a situação oposta, de procura incessante e a qualquer preço da recuperação da criança,
com mecanismos de proteção excessiva e inadequados a esse objetivo.
O aspecto terminal da doença se evidenciou neste grupo, e neste sentido
enfrentou-se dificuldades em estimular os sujeitos, pois a iia de morte já se tornava mais
presente. Segundo Santos et al. (2002): “As palavras parecem vazias e desprovidas de
conforto. No entanto não é preciso falar, se não formos capazes, basta a nossa presença
assídua.”
7.5 RESULTADOS
A seguir descrevemos os resultados de cada sujeito na seqüência dos três grupos
acima descritos. Apresentaremos os dados através de tabelas individuais e de tabelas e
gráficos de cada um dos três grupos.
Para que houvesse uma discriminação entre o período de adaptação e a seqüência
das interações, foi previamente definido que a fase inicial seria constituída das 3 primeiras
interações de cada sujeito, sendo as demais pertencentes a fase final. Salientamos que as
fases não serão comparadas entre si, considerando o números interações, pois serão
discrepantes. Serão sim, consideradas as médias de ocorrências dos aspectos analisados
em cada uma das fases.
Todos os sujeitos serão identificados, por sexo, idade, escolaridade e diagnóstico.
Observamos que os mesmos foram numerados em ordem alfabética a partir do nome real.
Apresentaremos a seguir um breve histórico, uma tabela com o número de ocorrências dos
aspectos sócio-afetivos que destacamos das interações realizadas. (Os textos que relatam
as interações estão em anexo com destaque dos diálogos selecionados para análise)
7.5.1 Grupo 01
TABELA 1 SUJEITO 01
Breve Histórico do Sujeito 01
Sexo feminino. Idade 07 anos.
Escolaridade: iniciando série. Diagnóstico: leucemia.
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Por estar iniciando a 1ª série tivemos certa resistência em incluir este sujeito na
pesquisa, visto que um dos requisitos para a participação era ser alfabetizado. Por grande
insistência da avó, que permanecia com a menina no quarto e ouvia comentários de nosso
trabalho com outros pacientes, decidimos oportunizar a primeira interação. A menina estava
motivada e nos afirmava que conhecia todas as letras e que a avó iria também lhe ensinar a
ler, mesmo que tivesse muitas faltas na escola em função da doença.
Nesse contexto iniciamos as atividades de forma despretenciosa, pois o sujeito
nunca havia tido contato com o computador e tudo seria lucro no momento que estaríamos
proporcionando atividades prazerosas à criança.
A atuação no computador foi realmente surpreendente. Na primeira interação já
procurava no teclado as letras necessárias para escrever os sites que iríamos visitar.
Trabalhamos inicialmente em um site em que apenas havia necessidade do uso do mouse
para fazer maquiagem em uma boneca, o que executava com facilidades.
Nas interações seguintes observamos um crescimento rápido em todas as propostas
oferecidas e muita rapidez nas aprendizagens. Visualizando o contexto geral, esse sujeito
apresentou motivação elevada e participação constante em pouco espaço de tempo, até
e-mails estava encaminhando e recebendo, o que lhe deixava muito orgulhosa.
Entrava sozinha em seu endereço eletrônico e escrevia pedindo poucos auxílios.
Ensinava colegas de idade bem superior a sua, como alguém que já dominava a situação.
Procurava sites e manipulava o mouse com muita habilidade e rapidez. A cada
retorno ao hospital, ligava avisando que estava internada e queria trabalhar no
computador. Não faltem hoje, estou esperando...!”.
Conforme relato da avó e da mãe o computador ajudou muito no processo de
alfabetização, pois a menina precisava escrever para utilizar a ferramenta.
Comunicava-se com o pai através da internet, pois separado da mãe, ele não fazia
parte de seu cotidiano.
Voltar ao hospital já não era tão traumático, pois sabia que teria disponível o
computador para aprender mais.
QUADRO 2 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 01
Alise do Sujeito Fase Inicial Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 11 14
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Condutas Gerais
Motivação 4 16 20
Desmotivação 0 0 0
Iniciativa 1 9 10
Depenncia 2 1 3
Bom Humor 5 14 19
Mau Humor 0 1 1
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 0 0
Negativa Apancia 0 0 0
Positiva Conhecimento 2 9 11
Negativa Conhecimento 0 0 0
Positiva Social 2 7 9
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 0 2 2
Apatia 0 0 0
Desembaraço 0 0 0
Timidez 2 0 2
Disposição sica 2 7 9
Debilidade Física 1 4 5
ANÁLISE DO SUJEITO 01
Analisando o quadro das condutas gerais identificamos que o sujeito não
apresentou desmotivação frente ao computador, inclusive houve uma tendência crescente
da motivação.
Seguindo a análise, observamos que a dependência tendeu a diminuir na fase final e
a iniciativa elevou-se. Este aspecto se evidencia no momento em que o sujeito internaliza os
conhecimentos, familiariza-se com os ambientes digitais e dispensa o auxilio do facilitador
para fazer uso do computador.
Este sujeito caracterizava-se pelas intervenções bem humoradas já na fase inicial,
não pontuando nenhuma situação de mau humor durante este período. Porém na fase final
houve um decréscimo de ocorrências do bom humor, considerando a média de evidencias
deste aspecto pelo número de interações em cada fase, além disso, houve o surgimento de
uma situação de mau humor. Acredita-se que a intensificação do tratamento e o aumento de
ocorrências da debilidade sica sejam responsáveis por tal comportamento.
Em relação aos aspectos da auto-estima, foram nulas as evidencias em relação à
aparência, pois este sujeito se manteve, em maior parte das interações com o visual
inalterado. Cabe ainda destacar que ele encontra-se em fase infantil, não apresentando
maiores preocupações com sua apresentação.
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A auto-estima do conhecimento deste sujeito esteve diretamente ligada à motivação
para a utilização dos ambientes digitais, pois a medida em que esteve mais motivado,
sentia necessidade de externar sua satisfação.
Durante as interações nunca se depreciou ou analisou-se pejorativamente, não
evidenciando auto-estima negativa do conhecimento.
A auto-estima social foi pontuado em maior número na fase inicial, porém cabe
ressaltar que houve um menor número de interações em grupo durante a fase final o que
acabou influenciando no resultado. Não foram evidenciadas ocorrências de auto-estima
negativa social neste sujeito.
Finalizamos analisando o quadro dos estados involuntários, onde a apatia não foi
observada, pois este sujeito encontrava-se em fase inicial de tratamento e ainda não havia
vivenciado os momentos de maiores dificuldades do percurso, apresentando até mesmo
situações de euforia já em fase final das interações.
A timidez foi identificada apenas na primeira fase, quando o sujeito ainda não
mantinha vinculo com os facilitadores, solicitando assim, a presença de familiares na
interação. O desembaraço não foi pontuado.
Antes de iniciar o tratamento este sujeito apenas sentia dores nas pernas, contudo,
no decorrer das quimioterapias uma série de efeitos colaterais surgiu, explicando assim a
tendência de uma menor disposição sica e uma maior debilidade durante o processo de
interações.
TABELA 2 Sujeito 04
Breve Histórico do Sujeito 04
Sexo masculino Idade 10 anos
Escolaridade: série Diagnóstico: leucemia.
Nível sócio econômico médio, pais separados, o menino morava com a mãe que
abandonou o emprego quando identificaram o problema de saúde e a necessidade de
longo tratamento e muitas baixas hospitalares O pai com freqüência estava presente no
hospital ficando longas horas com o menino. Ambos mantém bom relacionamento e há
constantemente a presença de um acompanhante com o sujeito, que demonstra aceitar bem
a situação dos pais.
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Esse sujeito não chegou a ter a indicação do médico para fazer parte da pesquisa,
mas estando presente na sala do computador e vendo outra criança receber atendimento
pediu se não poderia também fazer parte desse grupo junto ao computador.
Explicamos que era apenas um grupo já em andamento que faziam parte de uma
pesquisa, o sujeito insistiu pedindo para também fazer parte dessa pesquisa. Explicamos
que poderiam ser filmados, fotografados e fazer parte ainda de artigos a serem publicados
posteriormente, o que o sujeito achou muito interessante.
Começamos inicialmente dizendo que faríamos uma tentativa de incluí-lo também no
grupo e no primeiro contato no computador ele nos informou que uma prima tinha
computador e na escola também, ele queria muito aprender a usá-lo, mas ainda não sabia
nada.
Na primeira interação foi construído seu endereço eletrônico e ele já escreveu
e-mails, para a prima e para nós afirmando: “que bom que vocês gostaram de mim e me
aceitaram. Esse sujeito demonstrou facilidades em todas as propostas ofertadas e já
relativo domínio da máquina. È capaz de ajudar seus companheiros que apresentavam
ainda vidas e dificuldades para certas situações como: ligar e desligar o computador,
buscar novos sites, encaminhar e-mails entre outros.
rias vezes conversou com a prima utilizando o MSN o que o deixou muito feliz.
“Agora aqui no hospital a gente aprende coisas importantes. Eu gosto muito das atividades
no computador e posso me divertir.
Um fato notável ocorreu quando sabendo que teria alta após as 12 horas e seus pais
nesse momento não estavam presentes, foi até a sala do computador e escreveu um e-mail
para a prima com urgência, pedindo que o buscasse no hospital após as 12 horas, pois
estaria com alta. Essa situação ele nos contou como um grande feito.
Seu nível de autonomia na máquina é crescente. A cada interação ele pedia apenas
algumas dicas e navegava com muita habilidade. Quando encerrávamos seu tempo no
computador sempre ficava a reclamação que passou rápido demais.
É um sujeito discreto, e muito sedutor, tem um nível intelectual elevado aprendendo
todas as informações com muita rapidez. Sua evolução nas aprendizagens realizadas em
curto espaço de tempo foram muito elevadas, diferenciando-se dos demais.
QUADRO 3 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 04
Alise do Sujeito Fase Inicial Fase Final Total
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Número de Interações em cada fase 3 7 10
Condutas Gerais
Motivação 3 9 13
Desmotivação 0 0 0
Iniciativa 3 4 7
Depenncia 0 2 2
Bom Humor 1 3 4
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 0 0
Negativa Apancia 0 0 0
Positiva Conhecimento 0 2 2
Negativa Conhecimento 0 0 0
Positiva Social 1 0 1
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 0 1 1
Apatia 0 0 0
Desembaraço 0 0 0
Timidez 0 0 0
Disposição sica 2 5 7
Debilidade Física 1 2 3
ANÁLISE DO SUJEITO 04
Analisando o quadro das condutas gerais identificamos uma tendência crescente na
motivação para o uso das TICs neste sujeito, sendo nulas as ocorrências de desmotivação.
Mesmo não apresentando grandes conhecimentos, este sujeito não dependeu das
facilitadoras na fase inicial, vindo a solicitar auxílios em situações já em fase final. A
iniciativa tendeu a diminuir. Contudo, cabe salientar uma situação especifica em que o
sujeito estava sozinho no hospital, e havia recebido alta, pediu ajuda para um parente
através do e-mail e conseguiu ir embora. O sujeito passou a utilizar ferramentas de maior
complexidade.
Não evidenciou ocorrências de mau humor ao longo de todas as interações. Suas
intervenções bem humoradas foram cada vez mais freqüentes.
Os aspectos da auto-estima em relação a sua a aparência foram nulos, pois sua
fisionomia mantinha-se estável, e além disso a falta do cabelo não é tão valorizada nos
meninos desta faixa etária.
Este sujeito apresentou já em fase final, ocorrências de auto-estima do
conhecimento, pois foi nesta fase em que aprendeu sobre novas utilizações do computador
e envaideceu-se por isso. Nenhuma ocorrência de auto-estima negativa do conhecimento foi
pontuada.
A auto-estima social foi identificada apenas uma vez na fase inicial, não ocorrendo
interações em grupo na fase final o que pode ter influenciado no resultado. Não foram
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evidenciadas ocorrências de auto-estima negativa social neste sujeito.
Na seqüência, analisamos os aspectos dos estados involuntários, não havendo
ocorrências de apatias em nenhuma das fases, inferimos que este fato decorreu em função
de este sujeito estar ainda em inicio de tratamento.
Destacamos uma situação de euforia em fase final das interações, momento em que
utilizando o MSN, pode conversar com um familiar.
O desembaraço e timidez não foram identificados em nenhuma ocorrência. Supõe-se
que estas situações nulas derivam-se de traços da personalidade do sujeito e do curto
espaço de tempo em que interagimos.
A disponibilidade física tendeu a aumentar no decorrer das interações, sendo assim,
este sujeito apresentou menos situações de debilidade sica no final da pesquisa, pois
respondia bem ao tratamento.
TABELA 3 Sujeito 09
Breve Histórico do Sujeito 09
Sexo Masculino Idade: 13 anos
Escolaridade: Diagnóstico: Leucemia
Este menino pediu para participar da pesquisa, pois ficou sabendo de nosso trabalho
através de um amigo do contexto hospitalar.
De origem bastante humilde, por várias vezes ficou sozinho no hospital para que sua
mãe, que é quem lhe acompanha, trabalhasse como diarista.
O sujeito, antes de nossa pesquisa, desconhecia os dispositivos computacionais e
apresentou dificuldades nas aprendizagens no decorrer da mesma, entretanto se mostrou
motivado para dar continuidade.
No ínicio de nosso trabalho, o menino aparentou boas relações interpessoais, porém
com a chegada das complicações que acompanham o tratamento, ele passou a ser arredio
e bastante esquivado. Não aceitou alguns convites que fizemos para as interações, se
mostrando muito desconfortável com sua situação.
Estava numa fase complexa de sua trajetória, com previsão de longas internações
para realização tratamento quimioterápico.
Estava revoltado e com raiva de todos que o cercavam, permanecendo por longos
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períodos depressivo e apático, sem falar olhando para pontos fixos.
Nas últimas interações demonstrou claramente que suas condições físicas interferiam
diretamente na sua conduta, oscilando entre a vontade de participar e a desmotivação.
QUADRO 4 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 09
Alise do Sujeito
Fase
Inicial
Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 5 8
Condutas Gerais
Motivação 5 4 9
Desmotivação 0 3 3
Iniciativa 0 0 0
Depenncia 2 1 3
Bom Humor 0 0 0
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 0 0
Negativa Apancia 0 0 0
Positiva Conhecimento 0 0 0
Negativa Conhecimento 1 0 1
Positiva Social 0 0 0
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 0 0
0
Apatia 0 1 1
Desembaraço 0 0 0
Timidez 0 0 0
Disposição sica 3 2 5
Debilidade Fisica 0 3 3
ANÁLISE DO SUJEITO 09
Ao analisarmos o quadro das condutas gerais identificamos uma tendência
decrescente na motivação. Constatamos ainda, que houve situações de desmotivação em
fase final, comportamentos estes, que supomos derivados de uma piora em seu estado de
saúde. Muito abatido não mantinha motivação para realização de qualquer tarefa.
Dependeu das facilitadoras durante todo o processo de interações, não evidenciando
situações de iniciativa frente o computador. Portanto, a medida em que o sujeito
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desmotivou-se, após a fase de adaptação, não apresentou situações em que evidenciasse
a retenção do aprendizado.
Exceto a auto-estima negativa do conhecimento, evidenciada apenas uma vez na
fase inicial, conforme relato do sujeito em decorrência da exclusão escolar, não apresentou
outros aspectos que pudessem ser tabulados. Neste sentido, Angerani (1986), afirma que a
experiência mostra que devemos estar junto à criança, mas sempre respeitar seu tempo,
sua vontade, sua iniciativa e seus sentimentos. Sendo assim, respeitávamos a vontade
deste sujeito que preferia ficar no quarto, deitado, olhando para o vazio a participar de
nossas interações.
Analisando o quadro dos estados involuntários apenas identificamos uma ocorrência
de apatia já em fase final.
Sua disposição física decresceu na fase final das interações, o sujeito demonstrava
estar bastante abatido em função dos efeitos colaterais do tratamento e a não-resposta do
organismo à medicação, o que exigia doses cada vez maiores de quimioterapia,
aumentando sua debilidade.
TABELA 4 Sujeito 11
Breve Histórico do Sujeito 11
Sexo Masculino. Idade: 11 anos
Escolaridade: série Diagnóstico: Leucemia
Menino amável de extrema empatia se mostrou atencioso e motivado para o uso do
computador. Oriundo de Pelotas, interior do estado do Rio Grande do Sul, o sujeito,
acompanhado da mãe, passou por longas temporadas no hospital para dar continuidade no
tratamento quimioterápico. Sua cidade não disponibiliza o serviço e por isso, muitas vezes
debilitado, fez grande viagem para procurar atendimento, fato que deixou sua família
preocupada com possíveis situações emergenciais que necessitem rápida intervenção.
Mesmo tendo sido diagnosticado seu problema recentemente, a enfermidade já se
apresenta em estágio bastante avançado, já caminha com dificuldades utilizando muletas ou
cadeira de rodas, tomando muito cuidado com a perna afetada.
Tem na mãe sua companheira que abandonou o trabalho para poder acompanhá-lo
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em suas “idas e vindas” ao hospital.
Em nossas interações o menino aprendeu a utilizar o dispositivo computacional, o
qual desconhecia totalmente. Fez e-mail, que facilitava sua comunicação com os Padrinhos
de sua terra natal, e sua página no orkut, onde preencheu com graça todas as perguntas do
perfil.
QUADRO 5 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 11
Alise do Sujeito
Fase
Inicial
Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 3 6
Condutas Gerais
Motivação 2 7 9
Desmotivação 0 0 0
Iniciativa 0 0 0
Depenncia 1 2 3
Bom Humor 1 3 4
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 0 0
Negativa Apancia 0 0 0
Positiva Conhecimento 1 0 1
Negativa Conhecimento 1 0 1
Positiva Social 0 0 0
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 0 0
0
Apatia 0 0 0
Desembaraço 0 0 0
Timidez 0 0 0
Disposição sica 1 3 4
Debilidade Física 2 0 2
ANÁLISE DO SUJEITO 11
Este sujeito foi motivado desde a primeira interação, e a tenncia foi crescente, pois
sabia que o computador poderia “plu-lo” com seus parentes o que despertava-lhe grande
fascínio. Em nenhum momento apresentou desmotivação.
Por não possuir domínio algum sobre as ferramentas, o sujeito não apresentou
iniciativa durante as interações, sempre dependendo das facilitadoras para utilizar o
computador.
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Seu bom humor foi pontuado mesmo em situações em que reclamava muita dor.
Caracterizado por ser um sujeito bem humorado, não evidenciou situações de mau humor.
Avaliou-se como um usuário pouco capacitado, pois necessitava de um colega como
“professor, o que indicou uma baixa auto-estima de seu conhecimento. Em outra situação,
acreditava em seu potencial, dizendo-se inteligente e por isso pontua-se uma ocorrência de
auto-estima do conhecimento.
Os aspectos da auto-estima da aparência e social não foram pontuados em nenhuma
fase das interações.
Sua disposição sica tendeu a aumentar durante as interações, não havendo
debilidades sicas na fase final. Contudo, isto se deve ao fato de mão estar recebendo
quimioterapias, e assim sendo, não sofreu seus efeitos colaterais. O sujeito passava por
momento em que a equipe médica decidia novos procedimentos, pois seu tumor continuava
crescendo. Os aspectos restantes dos estados involuntários foram nulos
7.5.1.1 Análise do Grupo 01
A síntese dos aspectos sócio-afetivos pode ser observada no quadro que segue:
QUADRO 6 – Grupo 01
Alise do Grupo Fase Inicial Fase Final Total
Nº de Interações em cada fase 12 26 38
Condutas
Gerais
Motivação 14 36 50
Desmotivação 0 3 3
Iniciativa 4 13 17
Depenncia 5 6 11
Bom Humor 7 20 27
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Mau Humor 0 1 1
Aspectos
da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 0 0
Negativa Apancia 0 0 0
Positiva Conhecimento 3 11 14
Negativa Conhecimento 2 0 2
Positiva Social 3 7 10
Negativa Social 0 0 0
Estados
Involuntári
os
Euforia 0 3 3
Apatia 0 1 1
Desembaraço 0 0 0
Timidez 2 0 2
Disposição sica 8 17 25
Debilidade Física 4 9 13
GRÁFICO 1 - Gráfico Geral do Grupo 01
ANÁLISE GERAL DO GRUPO 01
Analisando os resultados deste grupo observamos que, em geral, as características
do grupo que se evidenciaram foram positivas. Talvez a explicação para este fato, seja o
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pouco desgaste que a doença ocasionou até então. Estes aspectos também podem derivar
de um contato ainda com a realidade habitual, pois por estarem em inicio do tratamento,
não interromperam suas atividades de lazer, familiares, e principalmente as atividades
escolares, mantendo assim um vinculo com seu mundo. Segundo Sara Paim (1988, p. 47):
“A impossibilidade da criança doente freqüentar a escola deixa num lugar de solidão sua
vida se restringe aos espaços família e hospital, a escola é para estas crianças, um espaço
de contato social de vida. É disto que as crianças necessitam
No desenvolvimento da pesquisa, um fator motivador para a participação dos sujeitos
foi a curiosidade, pois o computador representa atualmente uma série de significações,
desde a interação com um brinquedo sofisticado até a aquisição de status que tal
ferramenta empresta à seu usuário. Inferimos esse tipo de motivação neste grupo, pois três
dos quatro sujeitos pediram voluntariamente para participarem da pesquisa. Neste sentido,
para Oliveira & Fischer (1996, p.156) o computador trabalha com representações virtuais de
forma coerente e flexível, possibilitando, assim, a descoberta e a criação de novas relações,
sendo esta relação altamente motivadora. Ainda sobre a motivação, Santarosa (1987),
afirma que o uso das TICs ajudam a aumentar a motivação e o interesse.
A desmotivação evidenciada neste grupo deve-se apenas a um dos sujeitos que
passava por um estágio de maior debilidade. Não sendo este aspecto característica do
grupo.
A relação entre iniciativa e dependência foi positiva, pois a medida em que
adquiriram um maior domínio sobre os dispositivos, dispensavam as facilitadoras
aumentando a iniciativa frente aos ambientes digitais. Conforme a afirmativa de Baquero
(1998, p. 104): “A atividade se desenvolve colaborativamente tendo no início um controle
maior dela ou quase total, de suporte especializado, mas delegando-o gradualmente ao
novato.
Por propiciamos um ambiente prazeroso, considerando a realidade do sujeito, o bom
humor destacou-se como um dos aspectos com maior freqüência, sendo o seu oposto, o
mau humor, pontuado apenas uma vez durante o processo das interações. Conforme,
Angerani (1996), “conhecer a estrutura de personalidade da criança hospitalizada é tarefa
imprescindível para reconhecer e trabalhar psicologicamente os aspectos negativos
causados pela hospitalização.
Analisando o quadro da auto-estima, merece destaque à não ocorrência destes
aspectos em relação à aparência, tanto positiva quanto negativa. Infere-se que este fato
deve-se a permanência do visual habitual nesta fase do tratamento.
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Dando seqüência na análise, observamos que apenas um dos sujeitos já havia tido
pequeno contato com os ambientes digitais, sendo que os restantes nunca haviam
interagido com o computador. E por isso, em fase final surge uma tenncia no aumento da
auto-estima do conhecimento, quando os mesmo já se julgam aptos na utilização do
computador, chegando ao ponto de externar frases sobre o quanto dominam essas
ferramentas. De acordo com Fonseca (2004, p. 84): “Quando a criança tem êxito no que faz,
começa a confiar em suas capacidades e quanto mais acredita que pode fazer, mas
consegue”.
O computador era altamente disputado pelas crianças internadas, pois existia
apenas um disponível na sala de recreação que atendia todo andar, esta ferramenta
passou a ser objeto de desejo de todos os pacientes.
Nossa pesquisa oportunizava momentos em que somente os participantes poderiam
interagir no computador, pois a sala era aberta em horário especial. A nuance aqui
identificada é de que as crianças escolhidas para integrar a pesquisa ganhavam maior
tempo no uso dispositivo, em relação aos demais, gerando assim uma diferenciação,
agente motivador que pode também ter sido propulsor da auto-estima social, que demonstra
pequena elevação na fase final. Não houve evidencias de auto-estima negativa social neste
grupo.
Ao analisarmos o quadro dos estados involuntários, observamos que tanto a euforia
quanto a apatia foram nulos em fase inicial, vindo ocorrer apenas em situações pontuais na
fase final das interações.
Cabe ressaltar que a timidez, ocorrida em fase inicial, chegou a nulidade na fase
final. Acreditamos que esse decréscimo de ocorrências deveu-se a maior aproximação
entre os sujeitos e os facilitadores. Neste sentido, Amorim (2000), afirma que a construção
do vínculo afetivo entre a criança e a educadora responsável constitui um processo gradativo
e exerce um papel central na inserção da criança no novo ambiente.
Por último observamos que os sujeito deste grupo, de modo geral tenderam a um
agravamento do estado físico. Inferimos que o aumento de ocorrências de debilidade física
devem-se ao fato de que, quando iniciamos as atividades, os sujeitos ainda permaneciam
sem os efeitos colaterais do tratamento quimioterapico, como: náuseas, perda de peso,
fadiga, fraqueza e dependendo do tratamento, queda de cabelo. Porém a medida em que
se intensificavam as intervenções químicas, os sujeitos se apresentavam menos dispostos.
Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), o principal efeito
colateral que pode aparecer logo depois de algum ciclo de quimioterapia é o que os
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médicos chamam de leucopenia (ou queda no número de leucócitos). Os leucócitos são as
células responveis pela nossa defesa, e que funcionam mais ou menos como soldados de
um exército. Quando essas células estão em pequeno número, o nosso corpo passa a ficar
vulnerável a infecções dos mais variados tipos, causadas por bactérias, vírus, fungos ou
parasitas.
7.5.2 Grupo 02
TABELA 5 Sujeito 02
Breve Histórico do Sujeito 02
Sexo masculino Idade 10 anos
Escolaridade: Série. Diagnóstico: Tumor de Wilms
Por insistência de sua mãe, convidamos o menino para participar da pesquisa. Nos
primeiros momentos ele se mostrava muito mido e bastante desconfortável com nossa
presença. Sua voz era quase imperceptível, pois além do fato de estar inibido, usava
máscara (em função da pneumonia) que prejudicava ainda mais nossa comunicação.
A mãe demonstrava grande interesse em mantê-lo ocupado e sabendo de seu
fascínio por computadores, incentivava muito para que interagisse conosco, porém, muitas
vezes o menino deixava claro que estava participando mais para agradar a mãe do que por
vontade própria.
Pontuamos que o menino atingia picos de motivação, como no dia em que brigou
com a avó por ela ter chegado atrasada” com seu almoço, o que, portanto atrasaria sua
vinda ao computador. Justificou ainda, que era nosso aluno preferido e que não poderia se
atrasar. Porém, em função de seu estado de debilidade física passou por longo período em
que a apatia, a desmotivação e a indiferença foram suas características mais visíveis.
A pesquisa foi levada a diante com esse sujeito muito em função da sua facilidade na
apropriação das informações mediadas. Tinha grande vontade em aprender sobre
computadores, por interesse pessoal e, ainda mais depois que recebeu a promessa da
mãe, de ganhar um computador “potente”, caso se saísse bem nas atividades propostas.
Olhando a trajetória deste sujeito, chegamos a conclusão de que nem parece a
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mesma criança com a qual começamos a interagir. O menino franzino, mido e careca do
inicio, tornou-se agora um menino de peso regular, extrovertido e que em lugar da careca
usa um grande topete de estilo “moicano.
Em sua última interação, já através do computador, demonstrou autonomia e grande
intimidade com os dispositivos, informou com entusiasmo que “sabe quase tudo de
computador”, é inclusive dono de comunidades no orkut chamada: Eu amo meus cabelos.
QUADRO 7 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 02
Alise do Sujeito
Fase
Inicial
Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 7 10
Condutas Gerais
Motivação 6 5 11
Desmotivaçao 4 1 5
Iniciativa 1 3 4
Depenncia 2 0 2
Bom Humor 3 4 7
Mau Humor 0 1 1
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 3 3
Negativa Apancia 1 0 1
Positiva Conhecimento 1 1 2
Negativa Conhecimento 0 0 0
Positiva Social 0 0 0
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 0 0 0
Apatia 0 3 3
Desembaraço 0 0 0
Timidez 2 0 2
Disposição sica 2 3 5
Debilidade Física 1 4 5
ANÁLISE DO SUJEITO 02
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Analisando o quadro das condutas gerais notamos que este sujeito apresentou uma
tendência à diminuição das ocorrências de desmotivação, embora não tenha evidenciado
um aumento das ocorrências de motivação. Este sujeito alternou comportamentos, sendo
identificados os dois aspectos (positivo e negativo) na mesma interação, demonstrando
divergências entre a linguagem expressa e a ação. Inferimos que essa oscilação foi
decorrente do estado de debilidade física na etapa inicial.
Sua iniciativa tendeu a aumentar durante o processo de interações e, por apresentar
conhecimentos prévios sobre o uso do computador, chegou a anular as ocorrências de
dependência em fase final.
Seguindo na análise destaca-se que este sujeito passou por intenso tratamento
durante o período da pesquisa e seu humor oscilou muito neste processo. As intervenções
bem humoradas deste sujeito tenderam a diminuir, sendo ainda evidenciada uma situação
de mau humor em fase final.
Em relação aos aspectos da auto-estima, foi identificada uma tendência crescente
em relação à sua aparência, pois com a volta dos cabelos o menino já fazia penteados e
valorizava-se por isso.Apenas uma ocorrência de auto-estima negativa em relação a
aparência na fase inicial. Sobre seu conhecimento, o sujeito pouco falava, havendo apenas
uma ocorrência positiva em cada uma das fases. Não foi pontuada a auto-estima social.
Por fim, analisando os aspectos dos estados involuntários identificamos que não
foram evidenciadas ocorrências euforia e desembaraço. Apenas foram notadas a apatia,
que apresentava uma tendência crescente, em função do aumento de ocorrências de
debilidade física, e a timidez que ocorreu no inicio das atividades quando ainda não havia
vínculo entre o sujeito e as facilitadoras.
TABELA 6 –SUJEITO 03
Breve Histórico do Sujeito 03
Sexo masculino Idade 13 anos
Escolaridade: série Diagnóstico: Leucemia
No primeiro contato ainda no quarto em estado de desinteresse a tudo que o rodeava
mostrou-se indiferente ao convite que fazíamos para trabalharmos junto ao computador.
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Depois de alguns minutos de conversa nos disse que nada sabia de computador,
mas um amigo na rua onde morava tinha um computador e então talvez ele pudesse
também aprender alguma coisa no hospital.
Após informarmos a mãe e ao paciente que estaríamos realizando uma pesquisa e
poderíamos, fotografar, filmar ou escrever artigos sobre o trabalho realizado ambos
concordaram em participar e assinaram o documento específico autorizando.
A mãe estava ansiosa para que iniciássemos logo o trabalho, pois achava que seria
muito bom para ele se distrair. Nesse momento o menino já demonstrava mais interesse, já
queria ver jogos de luta futebol e corrida de carros.
No dia seguinte, quando iniciaríamos as atividades no computador conforme o
combinado anteriormente, encontramos um quadro que não permitia o deslocamento do
menino.
Conversamos com o médico sendo informadas que logo seria realizada uma
transfusão de sangue e o menino deveria ser mantido no leito, por mais algumas horas, mas
que seria conveniente envolvermos nessas atividades, pois seu prognóstico seria de longa
trajetória.
No quarto informamos o menino que estaríamos transferindo nossas atividades para
o dia seguinte, o que não agradou em nada, pois apesar de estar com um braço na tipóia e
outro com soro, e com sangramento no nariz, assim se expressou: eu posso mexer essa
mão e o sangue do nariz passou, então posso ir para o computador?. Apresentava um
visual muito debilitado, mesmo assim insistia que teria condições de sair da cama. O que
realmente não era possível. Nos despedimos prometendo retornar no próximo dia o que foi
aceito.
Na seqüência das interações o menino que nada sabia de computador tornou-se com
rapidez capaz de se manejar com facilidade na busca de sites, com jogos e sicas de seu
agrado. Agora está fascinado esperando com ansiedade o momento que pode ficar
conosco nas interações com o computador. A cada interação reclamava na hora de
encerrávamos, dizendo que o tempo passava rápido demais.
A mãe afirmou que o menino não reclamava mais suas internações, pois sabia que
iria aproveitar o tempo hospitalizado para aprender mais no uso do computador. possui
endereço eletrônico e já se correspondeu com a Banda Papas na ngua de quem ganhou
uma guitarra, sendo este um de seus desejos. Recebeu e-mail de resposta de um figurante
da Banda e isso o deixou muito feliz. Sorria e contava com orgulho a resposta de seu e-mail.
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O menino atualmente atingiu um nível de independência no uso do computador, capaz
de auxiliar outros pacientes em interações iniciais. Sua auto-estima cresceu, a cada
interação pode-se notar maior segurança, com um comportamento extrovertido, alegre,
contando piadas e sorrindo, o que não acontecia no inicio das interações, quando respondia
monossilabamente o que lhe era perguntado.
Atualmente o menino conversa descontraído e sente-se orgulhoso de tudo que já
aprendeu, contando na escola que no hospital aprendeu a trabalhar no computador.
Assim se expressou: “Perdi um ano na escola mas aprendi mais que meus colegas
que não sabem nem ligar um computador. Nessa afirmativa podia se observar que sua
auto-estima estava em alta, o fato de não estar mais na mesma turma não o incomodava.
QUADRO 8 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 03
Alise do Sujeito
Fase
Inicial
Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 15 18
Condutas Gerais
Motivação 2 22 24
Desmotivação 1 2 3
Iniciativa 0 10 10
Depenncia 2 0 2
Bom Humor 7 12 19
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 1 1
Negativa Apancia 0 1 1
Positiva Conhecimento 0 2 2
Negativa Conhecimento 0 0 0
Positiva Social 0 1 1
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 0 4 4
Apatia 0 1 1
Desembaraço 0 0 0
Timidez 2 1 3
Disposição sica 1 6 7
Debilidade Física 2 9 11
ANÁLISE DO SUJEITO 03
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Analisando o quadro das condutas gerais identificamos uma tendência crescente na
motivação deste sujeito. Inferimos que por estar afastado da escola e ver nas interações
uma forma de adquirir algum tipo de conhecimento, este sujeito mostrou-se altamente
motivado desde o inicio das interações, sendo identificadas evidencias pontuais de
desmotivação somente quando o sujeito recuperava de cirurgia.
A iniciativa deste sujeito rapidamente tendeu ao crescimento, apenas evidenciou
situações de dependência na fase inicial, quando ainda desconhecia os ambientes
computacionais.
Considerando que a segunda fase foi composta de um maior número de interações,
se comparada a primeira fase, identificamos uma queda na média de intervenções bem
humoradas deste sujeito. Por outro lado, nunca foram identificadas situações de mau humor.
Todos os aspectos positivos da auto-estima destacados (em relação à aparência, ao
conhecimento, e a social), tenderam a aumentar neste sujeito, sendo ainda identificada
apenas uma situação negativa, em relação a aparência já em fase final das interações.
Finalizamos analisando o quadro dos estados involuntários e identificamos que em
situações diferenciadas o computador proporcionou momentos eufóricos para este sujeito,
que por não conhecer as possibilidades do dispositivo deslumbrava-se com as
descobertas. Cabe ainda ressaltar que este sujeito evidenciou apenas uma situação de
apatia, quando se recuperava de complicada cirurgia.
Foi nulo o aspecto desembaraço, apresentando apenas timidez, que tendeu a
diminuir durante o processo das interações.
Em relação aos estados físicos deste sujeito, podemos considerar que se manteve
em mesmas proporções tanto a debilidade quanto a disposição durante as fases de
interações.
TABELA 7 SUJEITO 06
Breve Histórico do Sujeito 06
Sexo Masculino. Idade 14 anos.
Escolaridade: série. Diagnóstico: leucemia.
Este sujeito quis participar das interações dizendo-se apaixonado pelo computador,
mas não tinha acesso a ele fora do hospital. Sua família de 4 pessoas, é extremamente
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humilde e vive da aposentadoria de um salário nimo que o menino ganha por invalidez.
Seu pai, ex-caminhoneiro, não pode mais trabalhar por problemas de saúde. Por diversas
vezes abandonou a escola para acompanhar os pais em viagens, muitas delas se seguiam
até o nordeste para entrega de cargas.
Sua motivação para o uso do computador sempre foi visível durante as interações.
Tentava descobrir caminhos de solucionar problemas sozinho. Por várias vezes negava a
ajuda das facilitadoras, mesmo não sabendo desempenhar a tarefa, pois sentia
necessidade de mostrar que detinha o conhecimento.
Sempre disposto a participar das atividades que eram propostas, foi destaque na
festa de carnaval como rei momo, o que o fez sentir-se bonito e importante.
Relaciona-se bem com os demais, sendo gentil com os colegas em pior estado de
debilidade, certa vez pediu que sua parente colocasse uma máscara, pois estava gripada e
ficaria tomando conta dele durante a noite. Neste dia seu colega de quarto passava muito
mal e o menino, com medo de prejudicá-lo ordenou a colocação da barreira.
QUADRO 9 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 06
Alise do Sujeito
Fase
Inicial
Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 9 12
Condutas Gerais
Motivação 4 12 16
Desmotivação 0 0 0
Iniciativa 0 3 3
Depenncia 3 1 4
Bom Humor 1 1 2
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 1 1
Negativa Apancia 0 0 0
Positiva Conhecimento 2 2 4
Negativa Conhecimento 0 0 0
Positiva Social 0 0 0
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Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 0 0 0
Apatia 0 1 1
Desembaraço 0 0 0
Timidez 0 0 0
Disposição sica 2 5 7
Debilidade Física 1 4 5
ANÁLISE DO SUJEITO 06
Analisando o quadro das condutas gerais identificamos que este sujeito manteve-se
motivado em igual proporção durante as duas fases das interações, sendo que não
identificamos situações de desmotivação durante todo o processo. Notamos esse aspecto,
através das inúmeras ligações telefônicas que o sujeito realizava, pois fazia questão de
solicitar a presença das facilitadoras, mesmo em debilidade profunda.
Em relação ao uso do computador, este sujeito dependeu das facilitadoras nas
interações iniciais, em função do pouco domínio. Contudo, apresentou uma tendência
crescente na iniciativa.
Não se caracterizava como um sujeito bem humorado, apenas evidenciou situações
pontuais de bom humor que decresceram durante as fases das interações, no entanto não
pontuou situações de mau humor.
Seguindo a análise, identificamos a auto-estima em relação à aparência tendendo a
aumentar, pois nunca havia sido pontuada e já em fase final, em uma situação especifica, o
sujeito julgou-se como um menino bonito. Nunca houve situações de depreciação e por isso
não foram pontuadas situações de auto-estima negativa. Em relação ao seu conhecimento,
notamos uma tendência decrescente das situações em que o sujeito avaliava-se
positivamente, pois passou a notar que o conhecimento que supunha ter era insuficiente
para seu desempenho frente ao computador. Não foram pontuadas situações de
auto-estima social neste sujeito.
Por fim, analisando o quadro dos estados involuntários, observamos que foram nulos
o maior número de aspectos elencados: euforia, desembaraço e timidez. Apenas
evidenciando uma situação apática em decorrência de profunda debilidade física, quando
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se mantinha em isolamento.
Seu tratamento não vem demonstrando evoluções satisfatórias, sua disposição física
tendeu a diminuir na última fase das interações.
TABELA 8 SUJEITO 08
Breve Histórico do Sujeito 08
Sexo Masculino. Idade 13 anos.
Escolaridade: Série Diagnóstico: leucemia
Este adolescente veio fazer parte da pesquisa quando teve uma recaída na
luta contra a leucemia depois de mais de 2 anos de tratamento.
Mostrava-se sempre de forma calma, muito solicito e bastante doce, por várias vezes
destacou a importância de nosso trabalho, pois antes, segundo ele “não havia nada de bom
no hospital, e agora pelo menos tem o computador”.
Vindo de São Leopoldo, cidade próxima a Porto Alegre, recebia visitas de diversos
parentes, que em função da proximidade entre as cidades, podem freqüentemente se
deslocar até o hospital (o que não é o caso da maioria dos demais pacientes).
Já havia tido contato com o computador, mas se dizia “ruim” na prática, necessitando
de mediação na fase inicial, porém apresentando rápido crescimento nas interações.
Um fato agravante em seu quadro foi o abandono voluntário da escola, pois se dizia
discriminado pelos colegas por ser portador de uma doença grave:os “cara” olham o “cara”
com esse cabelo e começam a falar que o cara” tem Aids! Eles nem sabem o que eu
tenho... porque meu cabelo caiu!
Recentemente teve novas complicações e seus exames revelaram que o tratamento
não fez o efeito desejado e que a única possibilidade restante é o transplante de medula
óssea. Com esta notícia o garoto se mostrou muito abatido, demonstrando conhecer a
dimensão do seu estado de saúde.
Confidenciou que sua maior preocupação ainda é ter de submeter a irmã aos
dolorosos exames de compatibilidade de medula, pois ela é a pessoa mais provável para
ser doadora, entretanto sabia que essa é sua maior chance de não esperar por anos na fila
do transplante.
Veio a falecer em novembro de 2006.
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QUADRO 10 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 08
Alise do Sujeito Fase Inicial Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 7 10
Condutas Gerais
Motivação 4 8 12
Desmotivaçao 0 0 0
Iniciativa 0 5 5
Depenncia 3 0 3
Bom Humor 4 4 8
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 1 1
Negativa Apancia 0 1 1
Positiva Conhecimento 0 1 1
Negativa Conhecimento 1 0 1
Positiva Social 0 0 0
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 0 0 0
Apatia 0 1 1
Desembaraço 0 0 0
Timidez 1 0 1
Disposição sica 3 2 5
Debilidade Física 0 5 5
ANÁLISE DO SUJEITO 08
Analisando o quadro das condutas gerais, identificamos uma tendência decrescente
na motivação para o uso do computador. Porém mesmo em debilidade profunda, esta era a
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única atividade a que se dispunha realizar, sendo que para o restante mantinha-se sonolento
e prostrado. Foram nulas as situações de desmotivação.
A iniciativa frente aos dispositivos tendeu a crescer a medida em que o sujeito
internalizava os conhecimentos. Dependeu das facilitadoras apenas em fase inicial.
Intrinsecamente ligado à disposição sica, o humor desde sujeito seguiu a mesma
tendência de diminuição. A medida em que estava menos disposto, menos intervenções
bem humoradas externou.
Seguindo a análise, identificamos nos aspectos da auto-estima, que este sujeito
apresentou poucas evidencias. Sua auto-estima foi em igual número em relação à
aparência, tanto positiva quanto negativa, já em fase final. Sendo pontuada a auto-estima
do conhecimento positiva na fase final, quando já detinha algum conhecimento e negativo
ainda em fase inicial e julgava-se incapaz para realizar as atividades.
Para finalizar, analisamos o quadro dos estados involuntários, no qual identificamos
que o sujeito apenas evidenciou uma situação de timidez, em fase inicial, quando ainda não
mantinha vínculo com as facilitadoras, e uma situação de apatia quando tomou
conhecimento da gravidade de seu caso, pois só um transplante poderia salvá-lo.
Sua disposição sica tendeu a diminuir, vindo a falecer em novembro de 2006.
7.5.2.1 Análise do Grupo 02
A síntese dos aspectos sócio afetivos pode ser observada no quadro que segue:
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QUADRO 11 – GRUPO 02
Alise do Grupo Fase Inicial Fase Final Total
Nº de Interações em cada fase 12 38 50
Condutas
Gerais
Motivação 16 47 63
Desmotivação 5 3 8
Iniciativa 1 21 22
Dependencia 10 1 11
Bom Humor 15 21 36
Mau Humor 0 1 1
Aspectos
da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 6 6
Negativa Apancia 1 2 3
Positiva Conhecimento 3 6 9
Negativa Conhecimento 1 0 1
Positiva Social 0 1 1
Negativa Social 0 0 0
Estados
Involuntários
Euforia 0 4 4
Apatia 0 6 6
Desembaraço 0 0 0
Timidez 5 1 6
Disposição sica 8 16 24
Debilidade Fisica 4 22 26
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GRÁFICO 2 – Gráfico Geral do Grupo 02
ANÁLISE GERAL DO GRUPO 02
Considerando o número de interações em cada fase, e a média de ocorrências dos
aspectos elencados, inferimos que houve uma pequena tendência à diminuição da
motivação neste grupo. Tal fato acreditamos que origina-se na falta ou na diminuição da
disposição física dos sujeitos já em fase de tratamento intensivo. Segundo Delgado (1988),
nestes pacientes (da oncologia) a dor tende a ser contínua agravando-se na medida em que
há evolução da doença neoplásica, levando o paciente à exaustão física e mental.
Com a maioria de seus integrantes afastados da escola, para este grupo a
motivação, tornou-se uma forma de aquisição de novos conhecimentos, visto que nenhum
dos sujeitos solicitou o acompanhamento pedagógico que lhes é de direito, as interações
tornaram-se então, fonte de enriquecimento intelectual. Neste sentido Illera (1997, p. 79)
considera que “[ . . . ] os computadores são instrumentos privilegiados, de mediação entre
as atividades de ensino e a assimilação cognitiva.”
Cabe salientar, que em algumas situações os sujeitos deste grupo, por estarem em
longo período de luta contra a enfermidade, tiveram comportamentos desmotivados, que
tenderam a diminuir durante o processo de interações. Em nenhum momento, os sujeitos
que apresentaram momentaneamente essa característica, expressaram descontentamento
com o uso do computador em si, mas sim, um descontentamento geral com a vida que
estavam levando. Peluso (1998) pontua que: crianças e adolescentes nos momentos de
tensão e angustia dificilmente contida, interagem com o computador sobre o qual derramam
seus sentimentos. Sendo assim, podemos inferir que mesmo em debilidade física,
mantiveram-se interessados no uso das TICs.
A relação entre dependência e iniciativa esta diretamente relacionada à aquisição do
conhecimento. Dois integrantes deste grupo nunca haviam tido contato com os dispositivos,
outro deles havia tido contato apenas com o computador disponível no hospital, mas não
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detinha os conhecimentos, manuseava o mouse indefinidamente. O último dos sujeitos
dominava certos comandos do computador e dispensava maiores auxílios. A medida em
que o nível de dependência tendeu a diminuir a iniciativa aumentou. Neste sentido Vygotsky
(1989), afirma que: o desenvolvimento da criança num primeiro momento é mediado pelo
outro. Num segundo momento a criança se apropria do comportamento, da cultura e dos
modos de funcionamento psicológico do seu grupo cultural, internalizando-os.
Ainda, neste grupo houve uma tenncia crescente do mau humor e uma decrescente
do bom humor, inferimos que tal fato atrela-se ao estado físico dos sujeitos, e como neste
grupo os sujeitos apresentaram um decréscimo na disposição é aceitável que o bom humor
tenha sido menos freqüente. Neste sentido, o médico psiquiatra Chutorianscy (1999, p. 44)
afirma que: “O humor está ligado diretamente ao fator imunológico, porque aumenta a
produção leucocitária e este tipo de estímulo diminui a tensão.
Seguindo a análise, entendemos que por estarem em um estágio mais avançado no
tratamento, a aparência destes sujeitos demonstrava alguns abalos, e ocorrências de
auto-estima positiva e negativa em relação à aparência foram pontuadas. Comparando os
dois grupos, até então analisados, notamos que o grupo, por não ter sofrido perdas no
visual, ainda não avalia esse aspecto, porém neste grupo, surge da carência de uma
aparência sauvel, uma necessidade de pontuá-la, positiva ou negativamente. Para
Schachter e Singer, (1962, p. 395): “Quando e se, devido a um acidente ou doença, algo
ocorre que destrói ou modifica qualquer parte do nosso corpo nós necessitamos reorganizar
completamente a nossa própria imagem.
A auto-estima positiva do conhecimento neste grupo tendeu a diminuir, pois em
crescente estado de debilidade física, os sujeitos, de modo geral, se mostraram mais
introspectivos, não externando opiniões sobre seus conhecimentos. a auto-estima
negativa do conhecimento foi apenas pontuada uma vez em situação inicial das interações,
bem como a auto-estima social evidenciada apenas em um sujeito em fase inicial.
Analisando o quadro dos estados involuntários, notamos que houve uma tendência
crescente tanto para as ocorrências de euforia como para a apatia.
A euforia ocorreu pontualmente com um dos sujeitos que se deslumbrava com as
possibilidades que o computador lhe proporcionava, a medida em que aprendia sobre as
tecnologias. Pois segundo Turkle (1997), o computador oferece novos modelos de mente e
um meio novo de projetar iias e fantasias, no qual a tela atuaria como um espelho que
possibilita um novo espaço para aprender a viver em um mundo virtual. Entretanto a apatia
ocorreu pelo menos uma vez com cada um dos sujeitos pertencentes a este grupo, e entre
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uma fase e outra de forma crescente. Inferimos que a debilidade física e o tratamento
intensivo sob o qual estes sujeitos estavam sendo submetidos, interferiram diretamente da
tendência crescente deste aspecto.
Segurança, insegurança e desembaraço foram aspectos nulos neste grupo, restando
apenas a timidez que tendeu a decrescer entre as etapas de interações, a medida em que
os sujeitos e as facilitadoras adquiriam maior intimidade, considerando o aprofundamento
de seus conhecimentos, se mostraram mais desinibidos, neste sentido, Santarosa (2001)
pontua que o ambiente computacional motiva o aluno e "[ . . . ] favorece o desenvolvimento [ .
. . ] da autonomia e independência [ . . . ] da iniciativa [ . . . ] da desinibição".
Neste grupo ainda destacamos que a disposição sica tendeu a decair em 3 dos 4
sujeitos, sendo que o quarto manteve-se flutuante entre a disposição e a debilidade,
apresentando uma pequena tendência a favor da disposição.
7.5.3 Grupo 03
TABELA 9 –SUJEITO 05
Breve Histórico do Sujeito 05
Sexo feminino Idade 13 anos
Escolaridade: série Diagnóstico: leucemia
A primeira etapa da leucemia ocorreu aos 6 anos de idade, sendo submetida a
tratamento quimioterápico por longos anos, foi considerada curada. Agora aos 13 anos
apresentou fortes dores no abdômen, perda de peso e cansaço. Foi diagnosticado tumor no
abdômen e novamente leucemia.
Essa menina teve ao seu lado constantemente pai e mãe que não se afastavam do
hospital. Seu nível sócio econômico era muito baixo, pois ambos os pais estavam
desempregados.
Num primeiro contato essa menina apresentou um visual nada agradável. Não
falava, apática a tudo que se passava ao seu redor, respondia ao que se perguntava apenas
com um sinal com a cabeça. Os pais insistiam muito que a levasse até o computador, pois
segundo eles, ela precisava ter interesse em alguma coisa.
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Na primeira interação, o mau cheiro que exalava não permitia que a atividade se
prolongasse muito. Notamos que em interação com outro sujeito da pesquisa, que já detinha
algum conhecimento, a menina esboçou interesse. Apesar da diferença o outro sujeito, de
apenas 07 anos, conduzia o trabalho proposto e ambas interagiam no computador.
Gradativamente e muito lentamente a menina começou a interagir e a falar de sua
situação pessoal. Além disso, apresentou um visual melhor e passou a falar descontrda,
de sua situação pessoal, de seu contexto familiar, de suas expectativas frente à situação de
vida em casa e no hospital.
Com seu endereço eletrônico, já escreveu um e-mail para o Gugu Liberato pedindo
uma casa, onde contou que são tão pobres e que ela até gosta mais de ficar no hospital que
em sua casa.
Após a queda dos longos cabelos, pois caíram em função do tratamento, passou a
usar um chapéu rosa que ela achava muito elegante. Usava perfume e perguntava se
estávamos sentindo um cheiro bom. Conversava e interagia com outros pacientes no quarto
falando sempre que agora ela já sabia usar o computador. Esse fato a deixava com ar de
superioridade em relação aos que não faziam parte da pesquisa.
Seus pais valorizavam muito as interações realizadas, pois julgavam que foi a partir
dessas vivências que a menina passou a se mostrar mais extrovertida e feliz, superando a
fase de apatia e revolta, quando não falava com os que a rodeavam. A menina nos recebia
com sorriso e falava de maneira descontrda.
Veio a falecer ainda em período de coleta de dados, seu quadro era crítico com
prognóstico irreversível, pois era portadora de um tumor maligno no abdômen, além de
leucemia reincidente.
QUADRO 12 - Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 05
Alise do Sujeito Fase Inicial Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 7 10
Condutas Gerais
Motivação 4 11 15
Desmotivação 0 2 2
Iniciativa 0 2 2
Depenncia 1 4 5
Bom Humor 0 4 4
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 1 1
Negativa Apancia 0 0 0
Positiva Conhecimento 0 0 0
Negativa Conhecimento 0 1 1
Positiva Social 0 1 1
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Negativa Social 0 1
1
Estados
Involuntários
Euforia 0 0 0
Apatia 1 0 1
Desembaraço 0 1 1
Timidez 1 0 1
Disposição sica 1 2 3
Debilidade Fisica 2 5 7
ANÁLISE DO SUJEITO 05
Ao analisarmos o quadro das condutas gerais identificamos que este sujeito
manteve-se motivado durante as duas fases de interações, apresentando desmotivação
apenas em fase final quando se recuperava de profunda debilidade.
Neste sujeito salientamos uma situação até então não encontrada, tanto a
dependência quanto a iniciativa tenderam a aumentar na fase final, possivelmente por ter
interagido efetivamente no computador mais vezes durante a fase final.
Este sujeito não detinha prévios conhecimentos das possibilidades que o
computador oferecia, mas mesmo assim, mostrou-se motivada para o uso dos dispositivos
desde o primeiro momento. Contudo, em função do seu não conhecimento, dependeu das
facilitadoras por grande parte das interações. Além disso, afastada da escola desde a
série (não concluída), a menina apresentava grandes dificuldades na apropriação das
aprendizagens.
O bom humor foi pontuado apenas em fase final das interações, quando o sujeito já
se sentia à vontade para brincar com as situações que se apresentavam frente às
facilitadoras. Não foram pontuadas situações mal humoradas.
Em relação a auto-estima, sua aparência avaliou-se positivamente apenas uma vez
durante a fase final das interações. Cabe ressaltar que esse sujeito havia perdido os
cabelos durante nossa pesquisa, porém nunca pontuou sua importância não avaliando seu
visual negativamente em nenhuma situação.
Observa-se também que este sujeito apenas pontuou auto-estima do conhecimento
negativamente, quando se nomeou como burra por não ter conseguido desempenhar uma
tarefa recém lhe ensinada.
Já a auto-estima social foi evidenciada tanto positiva quanto negativamente somente
em fase final das interações quando interagiu com outros sujeitos.
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Seguindo a análise, observamos o quadro dos estados involuntários, no qual
encontramos ocorrências apenas da apatia, desembaraço e da timidez, anulando a euforia.
A ocorrência de apatia foi quando em retorno ao hospital a menina apresentava um quadro
de profunda debilidade.
A relação entre timidez e desembaraço esteve atrelada ao convívio com as
facilitadoras, pois este sujeito apresentou apenas uma ocorrência de timidez na 1ª interação
e a ocorrência de desembaraço já entre as interações finais.
O estado físico deste sujeito apresentou uma tendência crescente da debilidade,
culminando em seu falecimento ainda em fase de coleta de dados.
TABELA 10 – Sujeito 07
Breve Histórico do Sujeito 07
Sexo masculino Idade 07 anos
Escolaridade: série Diagnóstico: tumor encefálico maligno
Família com nível sócio econômico baixo, mas com a mãe sempre ao lado da criança
no hospital, muito afetiva e carinhosa. Em uma curta passagem deixou marcas que nos
levaram a sérias reflexões. Certa vez ao esperar sua vez para trabalhar no computador foi
convidado a fazer um desenho para nos dar de recordação.
Esse menino desenhou em uma folha branco tamanho A4, uma árvore, um tumulo, e
mais desenhos a volta desse tumulo que ele descreveu como, um zumbi, e um fantasma e
mais um corvo. Falou ainda que a árvore estava podre e iria morrer logo. Perguntou ainda:
Tu tens medo de cemitério? E ele mesmo respondeu, eu não tenho, lá é bem bonito.
Fez algumas interações, pois gostava muito de junto ao computador, desenhar,
cantar e jogar.
Nas primeiras interações sua atenção concentrada era prolongada, mas ao longo
dos encontros percebemos que o menino não se mantinha atento em nenhuma atividade e
solicitava mudanças constantes, nada mais o agradava por tempo prolongado, e
demonstrava irritação apesar de sorrir com facilidade e acariciar o rosto e cabelos da
facilitadora com muita freqüência.
Era uma criança meiga e carinhosa, entretanto nos últimos dias de vida observou-se
impaciência e desinteresse por tudo que o cercava. Sua última interação no computador foi
deslocar-se do quarto em cadeira de rodas até a sala do computador e, mesmo insistindo
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que queria trabalhar no computador frente à máquina, sua interação já não apresentava o
mesmo interesse das vezes anteriores. Nada o agradava e rapidamente ia mudando de
solicitações, querendo ver sites de jogos, mas não se interessava, querendo ouvir sicas e
cantarolar alguns pedaços, mas logo queria mudar, e o menino já apresentava muito
cansaço e irritação. Após 20 minutos pediu para voltar ao quarto, queria deitar.
Após esse fato não mais saiu do quarto sendo que a cada dia o visitávamos e
conversávamos atendendo suas solicitações como: canta para mim dormir? O que queres
que cante? Pode ser Mãezinha do u? Cantando para dormir o menino repetia as últimas
labas de cada estrofe até dormir mesmo...
Até a etapa final que se prolongou por uma semana mantivemos contato drio e
enquanto esteve consciente nos recebia com sorriso e pedia, fica comigo. O que fazíamos
por longos períodos. O forte relacionamento mantido durante as interações e a aproximação
com a mãe que estava sempre ao seu lado num sofrimento insano, sempre na expectativa
que um milagre pudesse acontecer.
Com o falecimento do menino a mãe telefonou aos prantos, uma hora após a
ocorrência, afirmando que ele gostava muito da nossa presença e do trabalho que
realizávamos. Acompanhamos o féretro que ocorreu em munipio distante de Porto Alegre.
QUADRO 13 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 07
Alise do Sujeito Fase Inicial Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 7 10
Condutas Gerais
Motivação 4 4 8
Desmotivação 4 2 6
Iniciativa 0 0 0
Depenncia 2 2 4
Bom Humor 2 3 5
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 0 0
Negativa Apancia 0 0 0
Positiva Conhecimento 0 0 0
Negativa Conhecimento 0 0 0
Positiva Social 0 0 0
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 1 0 1
Apatia 0 1 1
Desembaraço 0 0 0
Timidez 0 0 0
Disposição sica 0 0 0
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Debilidade Fisica 3 7 10
ANÁLISE DO SUJEITO 07
Este sujeito começou a interagir com o computador já sem muitas expectativas de
vida, isso fica visível quando analisamos seus índices de motivação em decréscimo, pois
para ele as atividades pouco significavam.
Sua desmotivação apresentou relativo decréscimo, o que seria positivo, porém
acreditamos que este fato deveu-se a indiferença com que vinha tratando todas as
atividades.
Por ter sua motricidade fina afetada em decorrência de várias cirurgias neurológicas,
o sujeito dependeu das facilitadoras durante todo o período de interações. Não
apresentando ocorrências de iniciativa.
Seu bom humor tendeu a diminuir durante a pesquisa, inferimos que este fato
deveu-se a debilidade crescente. Contudo, mesmo muito afetado pelo tratamento não foram
pontuadas ocorrências de mau humor.
Seguimos a analise, observando que não foram identificadas evidencias de qualquer
tipo de auto-estima deste sujeito, tanto positiva quanto negativa. Pelo fato de estar em um
estágio muito avançado da doença, onde a possibilidade de cura era remota, passava a
nítida impressão de que já estava alheio as diversas circunstancias.
Ao analisarmos o quadro dos estados involuntários, observamos que apenas pontuou
uma situação de euforia e outra de apatia, sendo nulos os outros aspectos.
A euforia ocorreu ainda em fase inicial, quando o sujeito solicitou frente ao
computador uma busca por um assunto que ainda lhe interessava, e reagiu de forma
extremamente alegre quando encontramos o que solicitou. Já a apatia ocorreu em situação
na fase final quando o sujeito já em ultima interação não apresentava condições físicas nem
de responder aos questionamentos.
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Seu estado físico manteve-se em debilidade durante todo o período de coleta de
dados, culminando em seu falecimento.
TABELA 11 – Sujeito 10
Breve Histórico do Sujeito 10
Sexo Masculino Idade 13 anos
Escolaridade: série Diagnóstico: leucemia.
De nível sócio-econômico médio, pais com nível de escolaridade superior, possuíam
computador em casa e possuíam razoável domínio no uso dos dispositivos eletrônicos.
Este sujeito teve diagnóstico tardio da leucemia, sendo identificada apenas já em etapa
avançada da enfermidade.
Quando convidado a participar da pesquisa e informado que poderia utilizar o
computador por maior espaço de tempo ficou muito feliz. Concordando em ser fotografado
ou filmado ou ainda ser objeto de artigos a serem produzidos após a conclusão da
pesquisa.
Após algumas interações, o menino pediu insistentemente que fossemos a noite,
seria o tempo para conversar com seus amigos da escola via computador usando MSN.
Aceitamos seu pedido e dois bados a noite, o menino conversou longamente com seus
amiguinhos o que seus familiares agradeceram muito, pois isso o fez muito feliz.
Fez sua página no Orkut, escreveu seu perfil no Eduquito, sentia-se feliz sendo
fotografado e usando o computador por espaço de tempo maior tendo alguém ao lado para
dissipar suas dúvidas.
Não cogitava a hipótese da morte, pelo contrario, dizia que estava passando por uma
fase difícil e que logo ficaria bom. Fazia planos para depois de seu tratamento concluir seus
estudos, casar-se e conhecer o mundo.
Lamentavelmente esse menino teve morte inesperada. Após uma quimioterapia, com
defesas muito baixas, transfusão de sangue e logo acidente vascular que o levou a coma e
morte cerebral em três dias, vindo a falecer.
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QUADRO 14 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 10
Alise do Sujeito Fase Inicial Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 3 6
Condutas Gerais
Motivação 7 7 14
Desmotivação 0 1 1
Iniciativa 2 2 4
Depenncia 0 1 1
Bom Humor 3 4 7
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 1 4 5
Negativa Apancia 0 0 0
Positiva Conhecimento 1 0 1
Negativa Conhecimento 0 0 0
Positiva Social 2 0 2
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 0 0 0
Apatia 0 0 0
Segurança 0 0 0
Insegurança 0 0 0
Desembaraço 0 1 1
Timidez 0 0 0
Disposição sica 3 2 5
Debilidade Fisica 0 1 1
ANÁLISE DO SUJEITO 10
Foi bastante motivado durante as duas fases de interação mantendo-se motivado em
mesma proporção durante todo o período. Apresentou apenas uma situação de
desmotivação em fato isolado.
Este sujeito demonstrava bom domínio dos dispositivos, pois dispunha de
computador em casa e na escola, ao longo da pesquisa, apresentou iniciativa, também em
mesma proporção durante as interações, porém dependeu das facilitadoras em uma
situação na fase final.
Suas intervenções bem humoradas tenderam a aumentar, não apresentando
situações de mau humor.
Seguindo a analise, sua auto-estima em relação à aparência foi identificada em um
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crescente número de ocorrências. Embora estivesse sem cabelos, não havia perdido peso
e mantinha um visual aparentemente saudável. Fazia questão de bater fotos e nelas se
autodenominava vitorioso. Não houve situações em que se evidenciassem ocorrências de
auto-estima negativa da aparência.
No decorrer das interações notamos que tanto a auto-estima do conhecimento,
quando a auto-estima social seguem uma tendência decrescente. Mesmo que não
pontuando nenhuma ocorrência destas auto-estimas negativas, o sujeito demonstra uma
falta de interesse em pontuá-las.
Analisando o quadro dos estados involuntários ressaltamos que o sujeito apenas
evidenciou uma situação de desembaraço, em fase final, quando já havia adquirido
considerável intimidade com as facilitadoras. Sendo os restantes aspectos nulos.
Sua disposição física tendeu a diminuir, afetando seus comportamentos. Tamanha
debilidade culminou em sua morte ainda em fase de coleta de dados.
TABELA 12 – Sujeito 12
Breve Histórico do Sujeito 12
Sexo feminino. Idade 15 anos.
Escolaridade: Ens Médio Diagnóstico: leucemia.
A equipe envolvida no andar organizou uma festa para comemorar seu
aniversário. Salão enfeitado com balões, uma farta mesa de doces e salgados, muitos
presentes.
Toda a família e todos os pacientes baixados que podiam se locomover fizeram parte
da comemoração. Muitas fotos e muita emoção. A menina chegou na sala em cadeira de
rodas, tal seu estado de debilidade física. No entusiasmo saiu da cadeira e ficou de
recebendo cumprimentos com largo sorriso.
Essa adolescente, já no 2° Grau, agora hospitalizada com prognóstico de longa
trajetória de tratamento apresentava um forte sentimento de depressão, raiva, tristeza e
muita vergonha por estar perdendo os cabelos e tendo já que usar um lenço na cabeça, para
melhorar seu visual. Nesse contexto iniciamos o trabalho com o uso do computador em
interações muito bem aproveitadas, visto que a adolescente, por possuir um bom nível
intelectual e estar motivada para realizar aprendizagens nessa área, pois na escola
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certamente não poderia acompanhar a turma, o que a deixava muito triste.
A paciente apreendeu rapidamente as primeiras informações sobre o uso dessa
máquina e convidada a fazer seu endereço eletrônico ficou muito satisfeita em poder agora
passar para amigos e pessoal do hospital seu telefone e mais o endereço eletrônico.
Escreveu alguns e-mails, recebeu respostas o que considerou muito relevante.
Agora ela estava até se sentindo mais importante e conforme informação da mãe ao
ter que retornar na baixa seguinte nem chorou ao sair de casa, certamente porque tinha
também alguma coisa boa no hospital, ou seja, o que estava aprendendo no uso do
computador valia muito. Valia o sacrifício de permanecer por dias no hospital, assim ela
mesma afirmava.
Mesmo sabendo que as chances de reversão da doença eram remotas, a morte de
S12 foi inesperada, pois estava em casa, em um período entre uma sessão de
quimioterapia e outra. Suas defesas chegaram a um limiar consideravelmente baixo, e
como morava em cidade distante de porto alegre, houve demora em sua remoção. Foi a
óbito depois de apenas duas horas na emergência do hospital.
QUADRO 15 – Aspectos Sócio Afetivos - Sujeito 12
Alise do Sujeito Fase Inicial Fase Final Total
Número de Interações em cada fase 3 3 6
Condutas Gerais
Motivação 5 5 11
Desmotivação 1 0 1
Iniciativa 0 1 1
Depenncia 1 2 3
Bom Humor 0 3 3
Mau Humor 0 0 0
Aspectos da Auto
Estima
Positiva Aparência 0 0 0
Negativa Apancia 2 1 3
Positiva Conhecimento 0 0 0
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Negativa Conhecimento 0 0 0
Positiva Social 0 0 0
Negativa Social 0 0
0
Estados
Involuntários
Euforia 1 0 1
Apatia 0 0 0
Desembaraço 0 0 0
Timidez 0 0 0
Disposição sica 1 2 3
Debilidade Física 2 1 3
ANÁLISE DO SUJEITO 12
Em primeiro momento este sujeito foi desmotivado, pois nada sabia de informática,
mas após uma grande explicação das possibilidades que essa ferramenta proporcionaria,
se mostrou motivado para o uso do computador mantendo-se assim ao longo das
interações. Considerava que suas internações passaram a ter um lado positivo, pois no
hospital poderia aprender a usar essa ferramenta.
Como não detinha conhecimento prévio sobre o uso do computador, dependeu das
facilitadoras ao longo das interações, porém em fase final destaca-se uma situação de
iniciativa.
As intervenções bem humoradas deste sujeito foram evidenciadas apenas em fase
final das interações, quando já havia maior entrosamento com as facilitadoras, não havendo
ocorrências de mau humor neste sujeito.
Em relação à auto-estima, foi apenas pontuada a auto-estima negativa da aparência,
quando ao solicitarmos uma foto o sujeito fez menção a falta de cabelos, denotando o
quanto isso lhe incomodava. As demais auto-estimas não foram evidenciadas neste sujeito.
Ao finalizarmos analisando o quadro dos estados involuntários observamos que
apenas foi evidenciada uma situação de euforia, quando o sujeito ganhou uma festa de
aniversario dentro do hospital, os demais aspectos não foram identificados.
Sua disposição física tendeu a aumentar durante as interações, porém em função de
uma complicação repentina veio a falecer.
7.5.3.1 Análise do Grupo 03
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A síntese dos aspectos sócio afetivos pode ser observada no quadro que segue:
QUADRO 16 – GRUPO 03
Alise do Grupo Fase Inicial Fase Final Total
Nº de Interações em cada fase 12 20 32
Condutas
Gerais
Motivação 21 26 47
Desmotivação 5 5 10
Iniciativa 2 5 7
Dependencia 4 9 13
Bom Humor 5 14 19
Mau Humor 0 0 0
Aspectos
da Auto
Estima
Positiva Aparência 1 5 6
Negativa Apancia 2 1 3
Positiva Conhecimento 1 0 1
Negativa Conhecimento 0 1 1
Positiva Social 2 1 3
Negativa Social 0 1 1
Estados
Involuntários
Euforia 2 0 2
Apatia 1 1 2
Desembaraço 0 2 2
Timidez 1 0 1
Disposição sica 5 6 11
Debilidade Fisica 7 14 21
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GRÁFIC0 3 – Gráfico Geral do Grupo 03
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ANÁLISE GERAL DO GRUPO 03
Ao analisarmos os aspectos das condutas gerais, observando a média de
ocorrências em cada uma das fases, inferimos que a motivação deste grupo tendeu a
diminuir. Porém cabe salientar que a desmotivação também seguiu esta tendência
decrescente. Este fato nos faz crer que a motivação desestabilizou-se a medida em que os
sujeitos, já em fase terminal, não mantinham condições de interagir com o computador. Por
outro lado, quando reconheciam as possibilidades que os ambientes digitais
proporcionavam, os índices de desmotivação decaiam. De acordo com Simonton e
Creighton:
A aceitão das mudanças de comportamentos e de atitudes geradas pelo
câncer é uma questão de vida ou morte que acabam se tornando
importante para o doente, pois pacientes relatam que um dos benecios da
doea é que não podem mais ignorar suas reais necessidades. A doença,
portanto, permitiu que os pacientes deixassem de lado o condicionamento
social e olhassem para si mesmos, podendo favorecer então o seu
crescimento enquanto seres humanos, expressando seus sentimentos e
satisfazendo suas necessidades de maneira franca e direta. (SIMONTON;
CREIGHTON, 1987, p. 200)
Portanto, inferimos que estes sujeitos apenas se submetem a atividades que
realmente desejam realizar e mesmo considerando a tenncia decrescente da motivação,
dadas às circunstâncias, consideramos que houve interesse.
Neste grupo o computador era visto como uma ferramenta capaz de preencher o
tempo ocioso no hospital, ou mesmo como uma novidade num âmbito monótono do qual já
faziam parte por longo período. Neste sentido Peluso, afirma que:
A criança trabalhando com o computador se sente sempre protagonista,
enquanto por exemplo ‘trabalhando’ com a televisão, seu papel é passivo [ .
. . ] com o computador a criaa sempre faz alguma coisa; inclusive
movendo um simples joystick, a criança se confronta, se desafia, verifica
aquilo que sabe fazer. (PELUSO, 1998, p. 155)
Para os sujeitos do Grupo 3, não houve tempo hábil para que adquirissem os
aprendizados necessários que possibilitassem a utilização do computador sem a ajuda das
facilitadoras. Sendo esta a explicação que inferimos para o fato de ser crescente a
tendência de ocorrências de dependência. Exceto com um dos sujeitos que apresentou
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domínio da ferramenta quando iniciamos a pesquisa. Os demais dependeram
constantemente do suporte das facilitadoras.
Embora tendendo ao crescimento, a iniciativa deste grupo foi crescente em apenas
02 dos 04 sujeitos, permanecendo em igual proporção no 3º e nula no .
O bom humor tendeu ao crescimento, pois devido ao fato de respeitarmos as
individualidades e propiciarmos momentos prazerosos junto ao computador, os sujeitos
sentiam-se à vontade para externar suas intervenções humoradas. Destacamos ainda, que
foram nulas as intevervenções mal humoradas neste grupo.
Em relação à auto-estima, houve uma tenncia no aumento de ocorrências da
auto-estima positiva em relação à aparência, grande parte em decorrência de um único
sujeito que, devido à manutenção de sua aparência física aparentemente “saudável”,
valorizava-se muito por isso.
a auto-estima negativa da aparência ocorreu tendendo a diminuição em apenas
um dos sujeitos, que por ser uma adolescente já valorizava muito a sua imagem. De acordo
com Tetelbom (1993), os adolescentes se preocupam com o quanto à doença os ameaça e
os afeta fisicamente tornando-os menos atraentes e o quanto isso afeta seus
relacionamentos interpessoais.
A auto-estima do conhecimento não foi relevante para este grupo, pontuando apenas
uma ocorrência em fase inicial (positiva) e outra na fase final (negativa)
A auto-estima positiva social tendeu a diminuir, em decorrência de que todos os
sujeitos passaram, em fase final, por isolamento ou impossibilidade de interagir com outras
crianças.
Por fim, analisando o quadro dos estados involuntários destacamos que as
ocorrências de euforia tenderam a diminuir. Elas foram destacadas em apenas dois sujeitos
em situações isoladas.
Cabe aqui ressaltar que os índices de apatia decaíram, pois 03 dos 04 sujeitos
morreram repentinamente, não caindo em estado de debilidade, apenas um deles veio a
falecer após um longo período de profundo abatimento. Acreditamos que conforme a
afirmativa de Angerami, (1992, p. 72): onde o [ . . . ] câncer pode roubar-lhe a ignorância
que uma vez o levou acreditar que o amanhã se estenderia para sempre. Cada dia é um
dom precioso para ser usado sabia e eternamente”, estes sujeitos já com poucas
expectativas de vida, em geral, mantinham uma conduta muito próxima a isto, mostrando-se
positivos e serenos.
As ocorrências de segurança e insegurança foram nulas para os sujeitos do grupo
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03.
Em relação ao desembaraço neste grupo, pontuamos uma tendência crescente deste
aspecto acompanhada de um decréscimo de ocorrências de timidez. Infere-se que tal fato
esteja atrelado ao convívio com as facilitadoras, em uma relação direta com o nível de
intimidade entre as partes.
Por fim, este grupo apresentou uma tendência crescente em debilidade sica,
culminando no falecimento dos 04 sujeitos.
7.5.4 Análise Geral
A síntese dos aspectos sócio afetivos pode ser observada no quadro que segue:
QUADRO 17 - Análise Comparativa dos Grupos
Alise Total Fase Inicial Fase Final Total
Nº de Interações em cada fase 36 84 120
Condutas
Gerais
Motivação 51 109 160
Desmotivação 10 11 21
Iniciativa 7 39 46
Depenncia 19 16 35
Bom Humor 27 55 82
Mau Humor 0 2 2
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Aspectos
da Auto
Estima
Positiva Aparência 1 11 12
Negativa Apancia 1 3 4
Positiva Conhecimento 7 17 24
Negativa Conhecimento 3 1 4
Positiva Social 5 9 14
Negativa Social 0 1 1
Estados
Involuntári
os
Euforia 2 7 9
Apatia 1 8 9
Desembaraço 0 2 2
Timidez 8 1 9
Disposição sica 21 39 60
Debilidade Física 15 45 60
GRÁFICO 4 – Gráfico dos Resultados Finais
7.5.4.1 Comparação entre os grupos
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Analisando o total das 120 interações realizadas com os 12 sujeitos, constatamos
que alguns aspectos tiveram um número de ocorrências mais elevado. Identificamos que a
motivação foi o aspecto de maior número de ocorrências no agrupamento dos dados, tendo
praticamente o dobro de identificações em comparação ao segundo aspectos de maior
freqüência. Estes dados nos levam a inferir que as TICs são dispositivos capazes de
despertar a curiosidade, o interesse, a atenção, o desejo e a disponibilidade, pois ao
citarmos o uso do computador, individuos que instantes anteriores negavam-se a outras
atividades, imediatamente se propunham para esta. Para Willians & Burden (2002), a
motivação é composta de fatores diferentes como interesse, curiosidade, ou também
desejo de alcançar um objetivo
Os sujeitos motivados com o uso do computador expressavam através da linguagem
seus desejos, seus medos, bem como eventos e aspectos significativos de suas vidas.
Solicitavam mais informações sobre o uso dos ambientes, compartilhavam com as
facilitadoras as informações novas que descobriam com suas buscas na web e em contato
com os pacientes que já detinham maiores conhecimentos.
Analisando as interações realizadas com os sujeitos dos três grupos constatamos
alguns aspectos que merecem destaque, pois mesmo tendo todos os sujeitos diagnósticos
similares, o estágio da doença foi bem demarcado em cada grupo.
Os sujeitos do grupo 01 estavam iniciando o tratamento e não apresentavam algumas
características evidenciadas nos demais, o que passaremos a discutir.
Entendemos que os mesmos ainda não conheciam os efeitos colaterais das
quimioterapias que gradativamente começaram a vivenciar. Ainda mantinham vínculo com a
escola e apresentavam um visual aparentemente saudável”. Contudo, observamos que no
segundo grupo apenas um sujeito mantinha vinculo escolar, sendo que os demais já não
freqüentavam o colégio há algum tempo. No terceiro grupo, todos os sujeitos eram
evadidos em função das constantes internações.
Estes aspectos levam-nos a inferir que o desempenho nas interações mais favorável,
no grupo 01, foi em decorrência destes fatos, resultando no aumento do número de
ocorrências dos aspectos como: motivação, iniciativa, bom humor, auto-estima do
conhecimento, auto-estima social, euforia, diminuindo a dependência, a insegurança e a
timidez.
O bom humor, derivado das situações prazerosas que foram oportunizadas durante
as interações, evidenciam o objetivo da pesquisa em possibilitar uma melhor qualidade de
vida aos pacientes, mesmo que momentânea. A forma como os sujeitos se expressavam,
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frente aos fatos, demonstrava como se sentiam naquele momento.
No grupo 01, o riso era ingrediente constante tendendo a aumentar o número de
ocorrências. Porém no grupo 02, por estarem em fase mais conturbada do tratamento, o
bom humor tendeu a decair, segundo Novaes (1998, p. 92),[ . . . ] este tipo de paciente está
sob constante suspense [ . . . ]e mantém-se a maioria do tempo inconstante. o bom humor
volta a ser ascendente no 03 grupo quando os sujeitos já encaram suas realidades e
limitações com maior aceitação. Segundo Kübler-Ross (1998, p. 57), o sujeito “[ . . . ] em
fase de aceitação já atingiu um estágio em que não sente depressão nem raiva contra o seu
destino”. manter o bom humor diante das dificuldades e do estresse provocado pelas
vicissitudes da vida é difícil, mas não impossível. os estudos sobre a relação do bom humor
e do riso com a saúde se tornaram mais freentes devido a iniciativas como as do Dr.
Hunter “Patch Adams, que, desde 1971, prega um tratamento mais humano através da
alegria.
Levando em consideração que a grande maioria dos sujeitos não possuía nenhum
conhecimento dos ambientes, o número de ocorrências de dependências justifica-se. Além
disso, observa-se que em fase final o número de dependências decresce em todos os
grupos, notamos então, que após adquirirem os conceitos básicos em fase inicial, passam
a utilizar o computador, de forma mais independente, dispensando assim as intervenções
das facilitadoras.
Além disso, observou-se que os sujeitos do segundo e do terceiro grupo
apresentavam perdas no visual em decorrência da agressividade do longo tratamento com
quimioterapias. A auto-estima da aparência, surgiu apenas nestes últimos grupos, tanto o
aspecto positivo quanto negativo. Identificamos que esta evidencia deriva das perdas
sofridas por estes sujeitos, pois somente quando começam a sofrer as conseências do
tratamento, passam a valorizar seu visual. Notávamos, durantes as interações que estes
sujeitos mantinham-se mais debilitados, lidos e magros se comparados aos sujeitos do
grupo 01.
a auto-estima em relação ao conhecimento, para o primeiro grupo está
diretamente ligada à aquisição dos ensinamentos, pois a medida em que estes sujeitos
internalizavam novas aprendizagens, faziam questão de demonstrar a satisfação e o orgulho
que sentiam. Contudo, nos grupos restantes este aspecto foi identificado poucas vezes e
tendendo a decrescer. Inferimos que por estarem afastados da escola, esta necessidade de
pontuar-se como sábio pouco importava, pois não havia competição entre colegas, até por
não estimulávamos este aspecto.
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A auto-estima social foi pontuada e crescente no primeiro e no segundo grupo,
havendo um decréscimo no terceiro grupo, pois estes sujeitos se mostravam menos
dispostos a interagirem com demais pacientes, ou mesmo por passarem longos períodos
em isolamento.
Analisando os aspectos dos estados involuntários, constatamos que a euforia a e
apatia tenderam a aumentar no primeiro e no segundo grupo, sendo estes dois aspectos
decrescentes no terceiro grupo. Por serem situações extremas, os primeiros grupos ainda
vivem com maior intensidade as emoções, sendo que no terceiro grupo, de modo geral, os
comportamentos tendem a ser mais comedidos chegando até mesmo a indiferença.
As ocorrências de timidez tenderam a decair em todos os grupos, sendo o
desembaraço apenas pontuado em fase final do terceiro grupo. Inferimos que estes sujeitos
apresentaram tal aspecto por não preocuparem-se com o julgamento dos demais, falando
sobre intimidades de forma descontraída.
Constatamos por fim, que a disposição física diminuiu e a debilidade física aumentou,
no primeiro grupo, pois os efeitos colaterais do processo quimioterápico começam também
a se evidenciar. Esta constatação, de um decréscimo nos estados sicos, foi identificada
também nos demais grupos, pois os sujeitos são submetidos a uma intensificação de
intervenções durante este período do tratamento.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer da pesquisa alguns obstáculos ou dificuldades foram intercalados, como
o estado de debilidade das crianças evidenciado durante as quimioterapias, o que diminuía
ou até interrompia a atuação das mesmas no computador.
A queda das defesas juntamente com a debilidade física, julgamos responsáveis por
boa parte dos aspectos sócio-afetivos constatados como: desmotivação, auto-estima
negativa, mau humor, e apatia. Nos sujeitos em que a situação de disposição física era mais
favorável, identificamos o oposto destes estados, evidenciando, a motivação, a auto-estima
positiva, bom humor, chegando até a situações de euforia.
Considerando os conceitos de saúde e doença já citados, verificamos que nossos
sujeitos, mesmo com um diagnóstico de uma doença grave, oscilaram entre a aparência de
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uma estabilidade”, mesmo que momentânea, e quedas bruscas eventuais no decorrer do
quadro da enfermidade.
Ao analisarmos nosso aporte trico e nossa vivência durante a pesquisa, chegamos
a conclusão de que nunca estamos 100% saudáveis, nem mesmo 100% doentes quando
debilitados.
Muitas vezes a doença impediu nossos sujeitos de participarem das interações,
porém houve dias em que a “estabilidade do momento” oportunizou um maior
aproveitamento, por isso pontuamos os estados sicos como fatores determinantes no
decorrer das interações.
Em algumas vezes, a criança encontrava-se no quarto, apática, triste, depressiva,
havendo até dificuldades em aceitar deslocar-se para a sala do computador, entretanto,
constatou-se que quando passavam a interagir num processo de apropriação dos recursos
do ambiente computacional virtual, seu estado de ânimo gradativamente melhorava. não
era difícil colocar a máscara, transportar o suporte da medicação da quimioterapia, e por
vezes até solicitar uma cadeira de rodas, tal o estado de debilidade.
Na medida em que os sujeitos interagiam com os ambientes digitais, apropriando-se
das ferramentas, os aspectos sócio-afetivos positivos eram freentemente identificados.
Constatamos que o computador disponível sem a figura do facilitador era pouco
producente ou até inócuo, porque a criança se não tiver auxílio para avançar na utilização
das ferramentas não conseguirá explorar as possibilidades a seu alcance.
Conforme Vygotsky (1984), o desenvolvimento do psiquismo humano é sempre
mediado pelo outro, logo a mediação é necessária para tornar possíveis os processos ou
funções psicológicas voluntárias e intencionais, controladas pelo próprio sujeito.
A mediação permitiu que cada criança interagisse com o computador buscando
aprender aquilo que mais lhe interessava. Fazer seu endereço eletrônico foi uma das
atividades mais solicitadas, o nível de satisfação era notório quando essa atividade se
efetivava.
Todos sem exceção solicitaram e realizaram a façanha, de escrever e receber
e-mails, para eles, atividade altamente significativa. Essa ferramenta permitia o contato com
amigos, familiares ausentes no hospital, dessa forma, já não estavam tão desconectados de
seu mundo, pois pesquisando na Web, utilizando softwares pedagógicos, e o MSN
vivenciavam no computador momentos prazerosos.
Assim, a figura do facilitador foi peça fundamental no decorrer das interações. O
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sucesso dessas atividades esteve diretamente vinculado aos procedimentos que o
facilitador utilizava e a relação amistosa que foi construída com os pacientes.
Sua intervenção adequada foi de fundamental valor para a promoção do
desenvolvimento e das aprendizagens destes sujeitos, sendo constantemente um
observador e avaliador. Sendo ele em cada situação regulador das intervenções de acordo
com o estágio que o sujeito se encontrava. O suporte ofertado ao paciente foi sempre
ajustável, de acordo com o nível de competência do sujeito menos especializado e dos
progressos que se produziam ao longo das interações, sempre respeitando as
individualidades.
Conforme Ceccin (1997, p. 80) as crianças estão doentes, mas em tudo continuam
crescendo.
Assim também entendemos e procuramos oportunizar a estas crianças atividades
com o computador que favorecessem o desenvolvimento a partir da etapa em que se
encontravam.
Frente ao computador assistimos cenas dramáticas, como: um sujeito com náuseas
intensas insistindo em permanecer na interação até o momento em que teve uma crise de
vômitos e mesmo nessa circunstância, após alguns minutos de atendimento pela equipe de
enfermagem, permaneceu trabalhando no computador, insistindo em dar seqüência à
atividade e não querendo parar e voltar para o quarto.
Outro sujeito frente ao computador não interrompeu sua interação para ir ao banheiro,
até não ter mais tempo para o deslocamento e se urinar na própria sala.
No decorrer das interações assistimos um processo de disputa pelo maior tempo de
permanência no uso do computador e muitas ligações telefônicas solicitando nossa ida ao
hospital para realização das interações.
Um sujeito retorna a escola após um longo período de tratamento e questionado
sobre como havia sido sua volta, respondeu que seus colegas de turma não são os
mesmos, já estão uma série na frente, mas que isso não importava porque o que ele havia
aprendido no computador nenhum outro sabia, dizendo que no hospital também se aprende,
coisas que a escola não ensina.
Outro sujeito relata a importância de se manter ocupada em tal tarefa, pois só assim
seu colega de quarto, do qual “gostava”, notaria que ela estava muito importante, pois
utilizava o computador.
Constatamos que a medida em que os sujeitos se apropriavam das TICs a
auto-estima do conhecimento também melhorava, pois socialmente essa aprendizagem
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confere um status mais elevado. A expressão de satisfação pelas aprendizagens realizadas
era notória.
Estas mudanças de estados sócio afetivos determinam um quadro mais otimista na
seqüência do tratamento, pois conforme afirmação de uma das mães, seu filho já não
chorava mais quando recebia a noticia de nova internação, pois já esperava encontrar-nos
para dar continuidade em seus aprendizados, e não mais ficartrancado em seu leito.
Constatou-se que as atividades que inicialmente foram mediadas, rapidamente
passaram a constituir-se um processo voluntário e independente. .
A criança hospitalizada deve receber um atendimento que favoreça o seu
desenvolvimento, numa abordagem de assistência humanizada. Neste sentido as TICs
poderão romper a barreira do isolamento e minimizar os sentimentos de solidão que os
períodos de permanência no hospital poderão desencadear.
Entendemos que os limites do cuidar são mais amplos do que o de curar. Sempre é
possível cuidar de uma pessoa doente, embora nem sempre possa chegar a cura. É nesta
etapa que surgem os cuidados paliativos como opção, talvez a única forma digna para
pacientes já sem possibilidades terapêuticas. Entretanto, ainda vivos, capazes de interagir e
realizar aprendizagens em momentos em que vivenciam situações de intolerância ao
hospital, quando as interações os transportam a situações agradáveis.
Consideramos que uma das grandes contribuições deste estudo foi evidenciar a
importância de colocar à disposição de crianças hospitalizadas, instrumentos que
possibilitassem a interação virtual com outras pessoas, que oportunizassem aprendizagens,
que favorecessem o seu desenvolvimento. Os aspectos cio-afetivos pontuados
evidenciam a importância e a necessidade da extensão desse atendimento no setor de
pediatria de todos os hospitais.
Entendemos que há necessidade de profissionais da educação para atuar como
facilitadores de maneira efetiva, conduzindo adequadamente as interações e incorporando
as TICs no contexto hospitalar, com objetivo maior de oportunizar melhor qualidade de vida
nos períodos de internação.
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9 DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA
Considerando o referencial teórico e os fatos vivenciados no decurso desta pesquisa,
acreditamos já possuir elementos para sinalizar a necessidade de colocar as TICs ao
alcance das crianças hospitalizadas. Estes sujeitos podem e devem se beneficiar das
vantagens que esse instrumental pode oferecer.
É uma questão de cidadania disponibilizar recursos computacionais a essas
crianças durante o período que as mesmas permanecerem internadas, não permitindo que
vivenciem exclusão social e digital, mesmo que temporária.
Sugere-se ainda que outros estudos aprofundem investigações de como oportunizar
melhor qualidade de vida às crianças no contexto hospitalar.
Observa-se a prioridade de realizar um atendimento humanizado e já temos pistas,
indicadores e reflexões evidenciadas através dos resultados desta pesquisa.
Acreditamos por dados apontados neste trabalho, que a incorporação das TICs no
setor pedtrico poderá proporcionar benefícios relevantes, principalmente nos aspectos
sócio afetivos.
Esse estudo não é o final de um trabalho, as considerações aqui pontuadas, não
devem ser vistas como aspectos conclusivos, mas sim como hipóteses para novas
investigações.
As reflexões que os resultados suscitam, e os indicadores pontuados sugerem a
necessidade de maior aprofundamento na busca de resultados de pesquisas que
evidenciem como as TICs poderão oportunizar à criança hospitalizada melhor qualidade de
vida. Consideramos ser essa uma tarefa urgente e necessária. A criança doente tem
pressa.
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10 SÍNTESE
Em suma, nos sujeitos do grupo 01 identificamos os seguintes aspectos:
- A motivação foi crescente e a desmotivação observada em apenas um dos
sujeitos.
- O maior domínio sobre as ferramentas do ambiente digital favoreceu o
aumento da iniciativa
- O bom humor destacou-se com alta freência no processo das interações
- Não houve observações de aspectos da auto-estima em relação a aparência.
- A auto-estima do conhecimento apresentou tendência de aumento.
- O maior tempo de uso dos equipamentos funcionou como agente motivador e
propulsor da auto-estima social.
- A euforia e a apatia ocorreram apenas em fase final.
- A timidez, ocorrida apenas em fase inicial, chegou a nulidade na fase final.
- A disposição sica destes sujeitos tendeu a diminuir em função dos efeitos
colaterais do tratamento, à medida que se intensificava.
nos sujeitos do grupo 02 identificamos os seguintes aspectos:
- Houve uma pequena tendência a diminuição da motivação destes sujeitos, que
já apresentavam os efeitos colaterais em decorrência do tratamento quimioterápico e que
estavam afastados, por período considerável, de seu contexto habitual.
- A desmotivação tendeu a diminuir durante o processo das interações, pois se
mantiveram interessados no uso das TICs.
- A dependência neste grupo tendeu a diminuir, enquanto a iniciativa foi
crescente.
- As intervenções mal humoradas neste grupo tenderam a aumentar e as de
bom humor foram decrescentes.
- Neste grupo as ocorrências de auto-estima da aparência, tanto positiva quanto
negativa foram pontuadas.
- As ocorrências de auto-estima do conhecimento tenderam a diminuir. Contudo
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a auto-estima negativa do conhecimento foi pontuada apenas uma vez em situação inicial.
- Euforia e apatia tenderam a aumentar durante o processo de interações.
- Segurança, insegurança e desembaraço foram nulos neste grupo.
- A timidez tendeu a decrescer na medida em que os sujeitos e facilitadores
adquiriram maior intimidade.
- A disposição física tendeu a decair em três dos quatro sujeitos pertencentes a
este grupo.
Por fim nos sujeitos do grupo 03, identificamos os seguintes aspectos:
- A motivação tendeu a diminuir, porém a desmotivação também seguiu esta
tendência, pois o computador era visto como uma ferramenta capaz de preencher o tempo
ocioso no hospital.
- A iniciativa neste grupo foi crescente em apenas 2 sujeitos, permanecendo em
igual proporção com a dependência no terceiro sujeito e nula no quarto.
-- O bom humor tendeu ao crescimento.
- Auto-estima positiva da aparência tendeu a aumentar, em função em grande
parte de um único sujeito que apresentava aspecto físico similar de uma criança sauvel”.
- A auto-estima negativa da aparência ocorreu tendendo a diminuição.
- Foi identificada apenas uma ocorrências de auto-estima em relação ao
conhecimento, não sendo relevante para este grupo este aspecto.
- As ocorrências de euforia tenderam a diminuir.
- A apatia tendeu a diminuir neste grupo, embora todos tenham falecido; apenas
um morreu após longo período no hospital, sendo que os outros vieram a óbito
repentinamente.
- Foram identificadas ocorrências de desembaraço neste grupo, de forma
crescente.
- A timidez decaiu durante o processo de interações.
- A debilidade foi crescente neste grupo, culminando no falecimento dos 4
sujeito.
Constatamos que os resultados de maneira geral foram positivos e agregaram
qualidade de vida à maioria dos sujeitos.
Mesmo em fase terminal, as crianças foram receptivas aos ambientes digitais.
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Porém, cabe salientar que o grupo 01 apresentou um melhor resultado, nos levando a inferir
que é recomendável que trabalhos posteriormente desenvolvidos acompanhem os sujeitos
desde suas primeiras internações, para que quando chegarem a um estágio mais avançado
da doença, tenham já adquirido conhecimento das potencialidades que os ambientes
podem proporcionar.
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ANEXOS
Cronograma de Atividades
Atividade
s 2005
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Defesa do
Projeto na
Universidade
X
Coleta de dados X X X
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Atividade
s 2006
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Coleta de dados X X X X X X X
Análise dos
dados
X X X
Conclusão da
Pesquisa
X X
Defesa da Tese X
Atividade
s 2007
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
P o s s í v e i s
Ajustes
X X X
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