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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
AMBIENTE AGRÍCOLA E APTIDÃO DAS TERRAS DA SUB-BACIA
DO RIO DE JULIO, NO MUNICÍPIO DE MURITIBA-BA
LUZIA ANGÉLICA DA SILVA SOUZA
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA
MAIO – 2007
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AMBIENTE AGRÍCOLA E APTIDÃO DAS TERRAS DA SUB-BACIA
DO RIO DE JULIO, NO MUNICÍPIO DE MURITIBA-BA
LUZIA ANGÉLICA DA SILVA SOUZA
Licenciada em Geografia
Universidade do Estado da Bahia, 2002
Orientador: Prof. Dr. Washington Luiz Cotrim Duete
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CRUZ DAS ALMAS – BAHIA – 2007.
Dissertação submetida à Câmara de Ensino de
Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia como requisito
parcial para obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Agrárias. Área de Concentração:
Ciências do solo.
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FICHA CATALOGRÁFICA
S729 Souza, Luzia Angélica da Silva
Ambiente agrícola e aptidão das terras da sub-bacia do rio
de Júlio, no município de Muritiba-BA/ Luzia Angélica da
Silva Souza. - Cruz das Almas, BA, 2007.
-- f. : il., tab.
Orientador: Prof. Dr. Washington Luiz Cotrim Duete
Dissertação (Mestrado) Centro de Ciências Agrárias,
Ambientais e Biológicas, Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, 2007.
1. Solo aptidão agrícola. 2. Fertilidade do solo.
3.Solo – avaliação. I.Universidade Federal do Rencavo
da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e
Biológicas. II. Título.
4
COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________________
Prof. Dr. Washington Luiz Cotrim Duete
CCAAB- UFRB
(Orientador)
__________________________________
Prof. Dr. Anacleto Ranulfo dos Santos
CCAAB - UFRB
_______________________________________________
Profª. Drª. Paula Ângela Umbelino Guedes Alcoforado
CCAAB - UFRB
Dissertação homologada pelo Colegiado do Programa de Pós-graduação em
Ciências Agrárias em ................................................................................................
Conferindo o Grau de Mestre em Ciências Agrárias em ..........................................
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela paz nos momentos de angústia, pela alegria nos momentos
difíceis, pela força nos momentos de fraqueza, enfim por ter me dado tudo o que
precisava, no momento certo, na hora certa, na medida certa.
Aos meus pais Antonio e Helena, pela compreensão da ausência, pelas
presenças mesmo distantes, pelo companheirismo meu remédio nos momentos
mais difíceis e pelo amor incondicional, que me dedicam.
A meus irmãos Regilene, Júnior e Rosilene pelo apoio e incentivo
constante.
A meus sobrinhos Jessica, Jair, Neto e Laura pelos sorrisos que me
concedem.
A tia Maria por sempre torcer pelo meu sucesso além do apoio dado em
toda minha vida estudantil.
Ao professor, orientador e amigo Dr Washington Luiz Cotrim Duete, pelas
valiosas orientações e ensinamentos além da compreensão e incentivo
constantes e pela confiança em mim depositada.
A co-orientadora Rozilda Vieira Oliveira Sacramento pelas orientações e
dedicação com carinho a este trabalho.
Ao co-orientador Robson Rui Cotrim Duete pela contribuição e atenção na
realização desse trabalho.
A escolhida irmã Marly, pela ajuda na realização deste trabalho, a qual
serei eternamente grata, mas em especial pela fiel amizade a mim dedicada e a
sua família pelo carinho e apoio.
A todos os colegas de curso, mas em especial aos do grupo de solos
Luciano, Enoque, Rogenaldo, Vidal pela ajuda, amizade e maravilhosa
convivência.
Aos Professores Paula Ângela Umbelino Guedes Alcoforado e Anacleto
Ranulfo dos Santos, banca examinadora deste trabalho, pelas sugestões
apresentadas, as quais contribuiram para o enriquecimento do mesmo.
Ao Adriano pela especial dedicação na classificação dos solos.
Ao professor Odair pela disposição em ajudar na classificação dos solos.
Aos funcionários e amigos Clarice, Bastos, Ailton, Jorge, Raimundo,
Edinho, Isaelce e Maurício pela constante ajuda e amizade.
6
Aos diversos vigilantes pela atenção e carinho que sempre me foram
transmitidos.
A Isidória pelas valiosas ajudas.
A Lavine pelo seu empenho, sem dia e hora, com total dedicação a este
trabalho.
Aos amigos que fiz durante o curso, peças fundamentais no meu sucesso.
Aos meus amigos-irmãos Luiz, Darcy e Ramon por terem sido uma família
pra mim.
A família Luzoli, em nome de D. Alzira, Sr. e Neide pelo total apoio e
carinho.
Aos professores do mestrado, em especial aos professores Joelito e José
Fernandes por estarem sempre prontos a contribuir, além do carinho que sempre
me foi dado.
A Joseval e Dailton por ter acompanhado meu trabalho com carinho e
amimo;
A professora e diretora Carminha, a qual serei eternamente grata, pela
ajuda, apoio e compreensão no decorrer do curso.
Ao colega e amigo Jucélio o qual sempre me apoiou e ajudou durante a
minha permanência no mestrado.
A sociedade, através da UFRB, pela oportunidade do curso.
Aos produtores da sub-bacia do rio de Julio, por terem aberto as portas da
sua propriedade para realização dos trabalhos, por estarem sempre dispostos a
contribuir;
Sou grata a todos, aqui me refiro aos que me ofereceram ajuda, aos que
me ajudaram, aos que torceram por mim, enfim aqueles que contribuíram direta e
indiretamente para que eu realizasse mais um sonho, meus sinceros
agradecimentos.
7
Aos meus pais Antonio e Helena por
sonharem junto comigo, pelo exemplo de viver
com dignidade e pelo incentivo, confiança e
carinho constante.
DEDICO
A tia Maria, pelo constante apoio,
a Junior pela força,
a Regilene pelo incentivo,
aos produtores da sub-bacia do rio de
Julio pela ajuda na realização deste trabalho
com muita alegria, contribuindo com um sonho
que veio a ser, em parte, realizado.
OFEREÇO
8
SUMÁRIO
Página
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ...........................................................................................
01
Capítulo 1
AMBIENTE AGRÍCOLA DA SUB-BACIA DO RIO DE JULIO, NO
MUNICÍPIO DE MURITIBA – BA................................................................
07
Capítulo 2
APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS DA SUB-
BACIA DO RIO DE
JULIO, NO MUNICÍPIO DE MURITIBA – BA..............................................
65
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................
92
ANEXOS ....................................................................................................
94
APÊNDICES...............................................................................................
99
9
AMBIENTE AGRÍCOLA E APTIDÃO DAS TERRAS DA SUB-BACIA DO RIO DE
JULIO, NO MUNICÍPIO DE MURITIBA-BA
Autora: Luzia Angélica da Silva Souza
Orientador: Washington Luiz Cotrim Duete
RESUMO: O desenvolvimento desta pesquisa teve como objetivo proceder à
caracterização do ambiente agrícola e avaliação de aptidão das terras da sub-
bacia do rio de Julio, no município de Muritiba-BA. Foram identificadas as
principais unidades de solo, com abertura de oito trincheiras para coleta de
amostras e análises físicas de granulometria, porosidade e densidade do solo,
como também análises químicas de pH em água e em KCl, matéria orgânica,
fósforo disponível, potássio, cálcio, magnésio, alumínio trocáveis e acidez
potencial, calculando-se posteriormente os valores de S, T, V% e m%
(EMBRAPA, 1997). Utilizando-se técnicas de geoprocessamento elaborou-se
mapas de: altimetria, classe de relevo, classe de solo, uso atual, aptidão agrícola
e conflito de uso na escala de 1:28.000. As principais classes de solos
identificadas foram: o Cambissolos em relevo ondulado, Latossolo em relevo
plano, Neossolo em relevo plano a suave ondulado, Planossolo e Vertissolo em
relevo plano. Os solos estão sendo ocupados com diversas atividades,
predominando, a agricultura tradicional (cíclica, perene e mista) e pastagens,
realizadas com mão-de-obra familiar, com o Latossolo Amarelo distrocoeso
argissólico ocupado principalmente pela agricultura tradicional e o Neossolo pela
pastagem. As terras apresentam 10 sub-grupos de aptidão : 1abC, 1(ab)C, 2abc,
2(ab)c, 2ab(c), 2(b)c, 3(a), 3(abc), 3(bc) e 5N. Os principais fatores limitantes ao
uso agrícola dos solos foram: deficiência de nutrientes (N), susceptibilidade a
erosão (E) e impedimento a mecanização (M). As áreas com ausência de
conflitos e conflito de uso baixo representa 79,69% da área total da sub-bacia e
as áreas de conflito de uso alto dizem respeito às áreas de preservação
permanente.
Palavras-chave: fertilidade do solo, ambiente agrícola, aptidão das terras.
10
AGRICULTURAL ENVIRONMENT AND LAND AGRICULTURAL SUITABILITY
IN THE RIO DE JULIO SUB-BASIN, IN MURITIBA – BA
Author: Luzia Angélica da Silva Souza
Advisor: Washington Luiz Cotrim Duete
ABSTRACT: The development of this research aimed to characterize the
agricultural environment and the land agricultural suitability in the rio de Julio Sub-
Basin, in Muritiba BA. The major soil unities were identified through sampling
and analysis of soil samples collected from eight trenchs. Soil physical (texture,
porosity and density) and chemical (pH (H2O and KCl), organic matter content, K,
Ca, Mg, available P, exchangeable Al, potential acidity, S, T, V and m values)
properties were determined (EMBRAPA, 1997). Maps of altimetry, relief class, soil
class, current soil use, agricultural suitability and, conflict of use were drawn using
geo-referenced information systems, in 1:28.000 scales. The major soil classes
were identified as Cambisols (undulating relief), Latosols (flat relief), Neosols (flat
to slightly undulating relief), Planosol and Vertisol (flat relief). Those soils have
been used for a variety of activities, especially traditional agriculture (cyclic,
perennial cropping e mixed annual) in the Yellow Latosols and, pasture in the
Neosols. The activities are performed by familiar workforce. The Yellow
distrocohese argisolic Latosol domain is occupied mostly by traditional agriculture
while the Neosol domain is occupied by pasture. The land presented 10 suitability
sub-groups: 1abC, 1(ab)C, 2abc, 2(ab)c, 2ab(c), 2(b)c, 3(a), 3(abc), 3(bc) e 5N.
Nutrient deficiency (N), soil erosion susceptibility (E) and, mechanization
restriction (M) were the main limiting factors to the land-use. The areas of no-
conflict and those of low conflict represent 79,69% of the total Sub-basin area
while the areas of high conflict are related with permanent preservation areas.
Key-words: soil fertility, agricultural environment, land suitability.
11
INTRODUÇÃO
O ambiente agrícola surge quando o ser humano transforma o ecossistema
para suprir suas necessidades por alimentos, dando origem aos
agroecossistemas. Desta forma integra todos os fatores naturais: solo, clima,
relevo e vegetação os quais o modificados por ações antrópicas, variando o
grau de alteração de acordo com os aspectos cio-econômicos dos
manipuladores do ambiente.
Todos estes fatores citados se inter-relacionam, portanto as alterações em
qualquer ponto provocam reações em cadeia, alterando outros componentes do
sistema. Neste âmbito, Oliveira (2003) diz que a natureza reage diante de
qualquer operação que se instaure em suas estruturas criando novas dinâmicas.
Assim, o agricultor como operador de tais mudanças, é o mesmo que sofre as
conseqüências de sua manipulação, por isso a busca de um ambiente equilibrado
é fundamental para a conservação da sustentabilidade do sistema de produção.
Os impactos das interferências antrópicas sobre os recursos naturais são
bem perceptíveis nas unidades de bacias hidrográficas. Para Silva (1995) esta
unidade é definida como uma compartimentação geográfica natural delimitada por
divisores d’água, drenada superficialmente por um curso de água principal e seus
afluentes. Ranieri et al. (1998) referem-se à ocupação agrícola acima da
capacidade de suporte das terras como um dos principais fatores condicionantes
desses impactos, levando a sua contínua degradação. Desta forma, as bacias
hidrográficas apresentam-se ideais para estudo do comportamento dos solos
12
frente ao uso e manejo, pois possuem uma delimitação natural, e neste
compartimento geográfico estão as propriedades rurais, as comunidades e toda
uma organização social.
Convém ainda ressaltar que a água é um recurso que possui a propriedade
de atuar como substância indicadora dos resultados da manipulação da terra pelo
ser humano, pois o deflúvio de uma bacia hidrográfica resulta de fluxos líquidos
superficiais e subsuperficiais (RESENDE et al., 1995), podendo ser considerado
como o produto residual do ciclo hidrológico, o qual é influenciado pelo clima,
fisiografia e uso do solo. Desta forma, a qualidade da água de uma bacia
hidrográfica depende das suas interações no sistema, tanto no plano espacial
quanto temporal (SOUZA, 1996). Sendo assim, as práticas de manejo não devem
ser estudadas isoladamente, pois estes sistemas m que ser investigados de
forma integrada, acompanhada pelo agricultor, usuário da tecnologia gerada. A
visão holística do sistema de bacias hidrográficas é imprescindível para um
planejamento sustentável, como também, para uma avaliação correta dos
impactos ambientais, portanto o conhecimento de fatores sócio-culturais e o
envolvimento das comunidades no processo produtivo devem ter especial
atenção.
Situado no Estado da Bahia, o rio Capivari, afluente da margem direita do
rio Paraguaçu, possui sua área hidrográfica comprometida pelas ações humanas,
causando um intenso processo de degradação ambiental. Abrange os municípios
de Castros Alves, Cabaceiras do Paraguaçu, Sapeaçú, Governador Mangabeira,
Cruz das Almas, São Félix e Muritiba, neste, o rio Capivari recebe ás águas do rio
de Julio, afluente totalmente comprometido pelo elevado grau de antropização,
havendo fortes implicações socioeconômicas para as comunidades desta sub-
bacia. São em áreas como do rio de Julio que se inicia o melhor planejamento
para assegurar a manutenção do equilíbrio ambiental no sistema de bacias
hidrográficas, pois são áreas de nascentes responsáveis pela alimentação do
sistema.
O ambiente agrícola do rio de Julio, objeto de nosso estudo é ocupado, em
sua maioria, por pequenos produtores rurais com agricultura de subsistência e
exploração tradicional da terra sem nenhum planejamento, predominando a
criação de bovinos entre os grandes produtores e o extrativismo do rio com a
13
pesca, em períodos de cheia e em cativeiro. Além dessas práticas a retirada
da vegetação que margeia o rio para consumo próprio, como tamm o
extrativismo de areia e argila.
Em todo trecho do rio de Julio, é comum depararmos com o leito assoreado
devido às diversas atividades desenvolvidas sem nenhum planejamento de uso
da terra em sua área hidrográfica. Com o assoreamento, perda da quantidade
e qualidade da água e consequentemente um maior aproveitamento da área da
sub-bacia pelos pequenos agricultores que utilizam o leito do rio para a
agricultura.
A Serra de Itaporã é um dos divisores de água da sub-bacia em estudo, a
qual é limite entre os municípios de Muritiba e Cabaceiras do Paraguaçu. Nesse
importante ecossistema encontram-se nascentes do rio de Julio, em condições de
degradação devido à devastação da sua vegetação para estabelecimentos de
pastagens. O que se nas áreas drenadas por este rio e seus afluentes é um
total descaso com o meio ambiente que é à base do sustento da vida.
O ambiente agrícola na sub-bacia está totalmente comprometido pelas
atividades agrícolas com o uso intenso do solo, sem levar em consideração sua
capacidade de suporte e na ausência de prática conservacionista. A utilização
inadequada dos solos resulta em perdas econômicas para o uso e conservação
dos recursos naturais, provocando o assoreamento, reduzindo a quantidade de
água, estabelecendo assim uma estreita relação entre uso do solo e cursos
d’água que se verifica no sistema de bacias hidrográficas.
De acordo Tundisi (2003) nas regiões Sul e Sudeste do Brasil a
intensificação do uso do solo tem produzido perda considerável de 20 t ha
-1
ano
-1
do solo superficial, ocorrendo em São Paulo, segundo Bertolini et al. (1993)
perdas por erosão de 194 milhões de toneladas de terra por ano.
Percebe-se a fundamental importância da escolha do mais adequado
sistema de uso da terra que venha a garantir uma produção sustentada no tempo
e compatível com uma boa qualidade ambiental. O desenvolvimento agrícola
sustentado é definido pelo Conselho de Alimentos e Organização Agrícola das
Nações Unidas como gerenciamento e conservação da base dos recursos
naturais e a orientação da mudança tecnológica e institucional, assegurando a
realização e satisfação continuada das necessidades humanas para gerações
14
presentes e futuras, através da conservação dos recursos hídricos, genéticos
(vegetal e animal) da terra e não degradando o meio ambiente (MAALOUF, 2000).
Esta técnica visa garantir a diversidade biológica, tratando a problemática
ambiental de uma maneira que se utilizem proposições estratégicas, capazes de
superar os entraves que impedem a conservação dos recursos naturais, através
de mudanças das estruturas produtivas, do avanço tecnológico e do ordenamento
das atividades (CAR, 2000).
O uso sustentado da terra deve considerar a produção combinada com a
conservação dos recursos naturais, permitindo com isto a manutenção da
produtividade, uma vez que o solo tem relação direta ou indireta com todas as
formas de vida, seja animal ou vegetal, terrestre ou aquática, ele é considerado
um recurso natural dos mais importantes e que tende a se degradar rapidamente
se o seu equilíbrio natural for rompido (COSTA et al., 2003; DANIEL, 2000). Com
esta preocupação vários sistemas de aptidão agrícola têm sido propostos
respeitando o potencial produtivo de cada ambiente. Dentre estes se destaca o
Sistema de Aptidão Agrícola das Terras FAO/Brasileiro (RAMALHO FILHO e
BEEK, 1995) que leva em consideração níveis de manejo dependendo do capital
e tecnologia aplicada para o melhoramento e conservação do solo e das lavouras.
Dentro desse contexto, para planejamentos convenientes e adequados à
aptidão agrícola das terras, os estudos de levantamentos, classificação e
distribuição espacial dos solos são de elevada importância no concernente ao
planejamento racional e sustentado das atividades que dizem respeito ao setor
primário da economia (ARAÚJO et al., 2005). Além desta avaliação, explorações
responsáveis levam em consideração a Legislação Ambiental que é clara quanto
à preservação de matas ciliares e topos de morros (BRASIL, 1965).
Diante do exposto, se a utilização inadequada dos recursos naturais da
sub-bacia do rio Julio é conseqüência da intensa ação antrópica causando danos
ao ambiente e a própria comunidade, então, o conhecimento sobre o solo, uso
atual e aptidão agrícola dos mesmos são fundamentais para o planejamento
sustentável do agroecossistema.
Este trabalho teve como objetivo proceder à caracterização do ambiente
agrícola, quanto ao manejo dos solos da sub-bacia do rio de Julio, analisando as
15
potencialidades para um planejamento sustentável através da identificação das
principais unidades de solo e avaliação da aptidão agrícola.
LITERATURA CITADA
ARAÚJO, A. G.; ASSAD, M. L. L. Zoneamento pedoclimático por cultura a aprtir
de levantamento de solos de baixa intensidade. Revista Brasileira de Ciências
do Solo, Viçosa, v. 25, n.2, p.103-111, 2001.
BERTOLINI, D.; LOMBARDI NETO, F.; DRUGOWICH, M. I. Programa estadual
de bacias hidrográficas. Campinas, CATI, 1993. 17p. (Impresso especial)
Brasil, Lei Federal Nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Institui o Novo Código
Florestal Brasileiro).
COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AÇÃO REGIONAL. Perfil regional:
Recôncavo Sul, programa de desenvolvimento sustentável. Salvador, 2000. 174p.
COSTA, L. M. ET AL. Manejo, qualidade do solo e sustentabilidade do sistema.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO SOLO,29., 2003. Ribeirão
Preto. Resumo expandido. Ribeirão Preto: SBCS, 2003. p. 11.
1 CD-ROM.
CONAMA, Resolução Nº 303, de 20 de Março de 2002. Dispõem sobre
parâmetros, definições e limites das Áreas de Preservação Permanente.
FUJIHARA, A. K. Predição da erosão e capacidade de uso do solo numa
microbacia do oeste paulista com suporte de geoprocessamento. 2002. 118f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba.
16
MAALOUF, W. D. Recursos humanos e desenvolvimento agrícola
sustentado. São Paulo: Fundação Salim Farah Maluf, 2000. 47p.
OLIVEIRA, N. DE. Caracterização físico-ambiental da microbacia hidrográfica
do riacho Trapiá/Jacutinga, Recôncavo Sul, Ba. 2003. 75f.. Dissertação
(Mestrado em Agronomia) – Escola de Agronomia, Universidade Federal da
Bahia, Cruz das Almas.
RAMALHO FILHO, A.; BEEK, K. J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola
das terras. Rio de Janeiro: Embrapa/CNPS, 1995. 65p.
RANIERI, S. B. L. ET AL. Aplicação de índice comparativo na avaliação do risco
de degradação das terras. Revista Brasileira de Ciências do Solo, Viçosa, v.
22, n.2, p.751-760, 1998.
RESENDE, M. et al. Pedologia: base para a distribuição de ambientes. Viçosa:
NEPUT, 1995, 304p.
SILVA, A. M. Princípios básicos de hidrologia. Lavras: UFLA – Departamento
de Engenharia, 1995.
SOUZA, E. R. Alterações físico-químicas no deflúvio de três sub-bacias
hidrográficas decorrentes da atividade agrícola. 1996. 91f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Florestal/Manejo Ambiental) – Universidade Federal de
Lavras, Lavras.
17
CAPÍTULO 1
AMBIENTE AGRÍCOLA DA SUB-BACIA DO RIO DE JULIO, NO MUNICÍPIO DE
MURITIBA BA
1
1
Artigo a ser submetido ao Comitê da Revista Bragantia
18
AMBIENTE AGRÍCOLA DA SUB-BACIA DO RIO DE JULIO, NO MUNICÍPIO DE
MURITIBA BA.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi de caracterizar o ambiente agrícola da sub-bacia do
rio de Julio, afluente da margem esquerda do rio Capivari, situado no município de
Muritiba-BA, a partir da classificação e levantamento atual de uso dos solos. Os
domínios pedológicos foram definidos em função da paisagem e utilização de
tradagens realizadas em topossequência para definição de locais para abertura
de trincheiras com posterior descrição dos perfis. Foram realizadas análises
físicas de granulometria, porosidade e densidade do solo. Nas análises químicas
determinou-se pH em água e em KCl, matéria orgânica, fósforo disponível,
potássio, cálcio, magnésio, alumínio trocáveis e acidez potencial, calculando-se
posteriormente os valores de S, T, V% e m%. A identificação dos usos e formas
de manejos dos solos foram feitos à partir de entrevistas com os produtores da
região. Técnicas de geoprocessamento foram utilizadas para confecções e
cruzamentos de mapas de solos, relevo e uso na escala de 1:28.000. A área de
estudo compreende 797,16 ha, ocupada 42,00% por Latossolos em relevo plano,
15,94% por Cambissolo em relevo ondulado, 29,88% por Neossolo em relevo
plano a suave ondulado, 11,00% por Planossolo em relevo plano e 1,18% por
Vertissolo, também em relevo plano. Os solos estão sendo ocupados com
diversas atividades, predominando, a agricultura tradicional (cíclica, perene e
mista) e pastagens, realizadas com mão-de-obra familiar, sendo os principais
cultivos o limão, o fumo e a mandioca; os Latossolos Amarelos distrocoesos
argissólicos são ocupados principalmente pela agricultura tradicional e os
Neossolos pelas pastagens.
Palavras-chaves: sub-bacia hidrográfica, classificação do solo, uso do solo.
19
AGRICULTURAL ENVIRONMENT IN THE JULIO RIVER SUB-BASIN, IN
MURITIBA BA.
SUMMARY
The expansion of agriculture activities and the lack of suitable soil management
tecniques are the main factors of agroecossystems degradation. With this in mind,
the present study aimed to characterize the agricultural environment of the Julio
River Sub-basin, in Muritiba-BA, based on the soil classification, soil survey and
land-use capacity. The pedological domains were defined as a function of
landscape and soil toposequence sampling (auger method) and analysis in order
to identify potential locations to perform soil profile description. Soil physical
(texture, porosity and density) and chemical (pH (H2O and KCl), organic matter
content, K, Ca, Mg, available P, exchangeable Al, potential acidity, S, T, V and m
values) properties were determined (EMBRAPA, 1997). Land use and
management techniques were identified base on local farmers’ interview. Soil map
crossing, relief and land-use identification, in the 1:28.000 scales, were
performend using geo-referenced informations. The study area comprising
797,16 ha was occupied by Latosols (42,00%) with flat relief, Cambisols (15,94%)
with slightly undulating relief, Neosol (29,88%) with slightly undulating to flat relief,
Planosol (11,00%) and, Vertisols (1,18%) with flat relief as well. Those soils have
been used for a variety of activities, especially traditional agriculture (cyclic,
perennial cropping e mixed annual) in the Yellow Latosols and, pasture in the
Neosols. In those lands, the workforce is mostly familiar and the main crops are
lemon, tobacco and, cassava.
Key-words: watershed, soil classification, land use
20
INTRODUÇÃO
O sistema de produção envolve vários fatores, tais como, ambientais,
econômicos, sociais e culturais, estes por sua vez estão intrinsecamente
relacionados e refletem na paisagem.
As relações solo-paisagem podem dar mais informações, como unidade
básica, para determinar as mudanças na produtividade, como resultado da erosão
ao longo do tempo (CARDOSO, 2003). O uso de modelos de paisagem como
técnica auxiliar em levantamento de solo constitui uma evolução no entendimento
das relações solo-geomorfologia e, consequentemente, uma ferramenta
importante para identificar e mapear a distribuição das classes de solos. Assim
sendo, o estudo de vários modelos de paisagens permite entender as relações
entre as condições do solo e topografia. Um modelo que podemos destacar é
aquele baseado na curvatura do terreno, conforme estabelecido por Troeh (1965),
no qual as pedoformas podem variar desde as lineares a as ncavas,
passando pelas convexas, associando o perfil de curvatura da paisagem com o
grau de intemperismo e evolução do terreno (CAMPOS, 2006).
As informações sobre os solos dos tabuleiros, de grande expressão
geográfica, principalmente no Nordeste brasileiro, mostram que existe uma
relação muito clara entre solo, relevo e litologia. A parte plana da região apresenta
Latossolos onde ocorrem pequenas depressões fechadas, com diâmetro de 20 a
30 metros, localmente com escoamento centrípeto. Esse planalto se apresenta
bastante entalhado, dando origem a vertentes longas e, na maioria das vezes,
com fortes inclinações, permitindo o aparecimento de litologias diferenciadas
daquela que origina o Latossolo, ou seja, a formação Capim Grosso (RIBEIRO et
al., 1995). Considerando que as formas de relevo exercem papel decisivo no
tempo de exposição dos materiais, na intensidade e direção do fluxo da água no
perfil solo, e que regulam as variações nos processos pedogenéticos, a
observação e o estudo das diferentes formas da paisagem tornam-se premissas
básicas para a execução de levantamentos de solo em escalas compatíveis com
os objetivos (CAMPOS et al., 2006).
Siqueira (2006) estudando a influência da paisagem na variabilidade
espacial de atributos químicos na cultura do citros em um Latossolo Vermelho
21
distrófico observou que os atributos V%, pH e CTC do solo apresentam
comportamento dependente da curvatura do relevo, sendo assim zonas de
manejo podem ser facilmente mapeadas com base na relação solo-relevo.
A utilização do sistema de informações geográficas (SIG) na tomada de
decisões tem se tornado uma ferramenta importante para o planejamento do uso
do solo, devido os resultados mais pidos e significativos, permitindo a
espacialização das informações. Guttemberg e Barbosa (2002) utilizando o SIG
na Bacia do Alto rio Sucuru na Paraíba visando a diminuição dos riscos agrícolas,
demonstraram as vantagens desta ferramenta para armazenar, recuperar e
analisar mapas em ambiente computacional, com inclusão de diferentes tipos de
dados geográficos superpostos em forma digital, possibilitada pela maior
operacionalidade na realização de sobreposições de mapas (cruzamento de
dados), no cálculo de áreas, na geração de mapas temáticos e maior rapidez e
facilidade de atualização da base cartográfica.
Miranda et al. (1996) avaliando a sustentabilidade agrícola verificaram que
a caracterização da capacidade de uso das terras a partir do recurso SIG, é feito
de forma muito mais ampla em relação a tradicional. Os recursos utilizados
através de bancos de dados articulados a cada polígono do mapa, permitem
identificar espacialmente as áreas com situações críticas de sustentabilidade.
No Brasil apesar da existência de muitos levantamentos pedológicos
detalhados, sobretudo nas áreas de implementação dos perímetros irrigados, a
maior parte do conhecimento a respeito dos recursos de solos do país ainda
baseia-se em levantamentos generalizados: exploratórios na escala 1:1.000.000
elaborados pelo Radambrasil e, principalmente, de reconhecimento e
exploratórios nas escalas 1:500.000 a 1.000.000 produzidos pela Embrapa-Solos
(KER e NOVAIS, 2003).
Os Latossolos Amarelos constituem os solos mais representativos dos
Tabuleiros Costeiros do Brasil. Estes solos estão relacionados aos sedimentos
detríticos e terrígenos da Formação Barreiras, que ocorrem desde o Sudeste do
Brasil (Rio de Janeiro) a a Região Norte (Amazônia) (RIBEIRO, 1996).
Conforme levantamento de solos por Brasil (1981), na área em estudo, os solos
são classificados como Latossolos em toda a sua extensão ocupando as
superfícies mais elevadas em relação à paisagem circundante. Esta classe de
solo é constituída por solos minerais não hidromórficos com seqüência de
22
horizontes A, Bw e C; no horizonte latossólico possui na fração argila
essencialmente minerais secundários altamente intemperizados e por
conseguinte esta é de baixa atividade, expressa pela CTC inferior a 17 cmol
c
kg
-1
argila (sem correção para carbono), com predomínio de argilo-minerais do tipo 1:1
e de óxidos de ferro e alumínio (TURETTA, 2000). Apresentam condições físicas
ideais para o cultivo, pois o solos profundos e bem drenados, localizados em
terrenos, geralmente planos, porém possuem baixa fertilidade.
Considerando que o solo constitui a base para a produção de alimentos,
sua utilização vem aumentando gradativamente, tornando-se necessário esforços
para sua preservação. O equilíbrio ambiental e o aumento da produtividade
depende, entre outros fatores, do planejamento agrícola, cuja base está no
conhecimento da distribuição espacial das diversas classes de solos e,
consequentemente, de suas propriedades químicas, físicas e mineralógicas.
Neste aspecto, considerando o modelo econômico capitalista que nossa
sociedade se encontra, a palavra produção tem superado a palavra
sustentabilidade, que considera a capacidade de suporte dos agroecossistemas.
Ao nos referirmos aos pequenos produtores um agravante se torna palco das
principais agressões ambientais e prejzos sociais e econômicos, a falta de
conhecimentos e visão holística da produção sustentável. Segundo Franco et al.
(2004) uma avaliação geográfica da paisagem requer algumas considerações
preliminares, de modo que tal análise contemple uma interpretação
interrelacionada dos fatores físicos com os sócio-econômicos.
As relações dos fatores acima citados definem o tipo de exploração dos
recursos naturais. No caso da sub-bacia do rio de Julio, onde as condições
naturais favoreceram ao processo de ocupação devido a um relevo
predominantemente plano a suave ondulado, com morros de encostas pequenas
e não muito inclinadas, percebe-se o descaso com o meio ambiente devido à
baixa instrução dos agricultores os quais utilizam os recursos naturais sem a
preocupação com práticas conservacionistas, visando apenas a garantia do seu
sustento e renda. Desenvolve-se nesta unidade geográfica uma diversidade de
atividades como a agricultura, a pecuária, o extrativismo mineral, vegetal e
animal, além de práticas voltadas para o lazer.
No desenvolvimento das atividades agropecuárias realizadas na sub-bacia
do rio de Julio predominam práticas de manejo convencional com uma aração e
23
uma gradagem e adubação química N-P-K (10-10-10), a qual é realizada
frequentemente, sem prévia análise dos atributos químicos do solo, podendo
desta forma se sub ou superestimar as reais necessidades do ambiente agrícola.
Situação similar foi encontrada por Lima (2005) ao estudar o ambiente agrícola da
serra da Copioba no município de São Felipe-BA, no Recôncavo baiano.
Sacramento (2004) avaliando a fertilidade do solo e o estado nutricional dos
pomares tricos na região identificou sérios desequilíbrios nutricionais. Segundo
a autora, 41%, 38,2%, 59% e 44,1% dos pomares apresentaram altos teores
foliares de N, K, S e Mg, respectivamente, enquanto que 64,7% dos mesmos
apresentaram teores deficientes para Mn e Zn.
Para Albuquerque et al. (2001) uma das principais causas da degradação
em áreas cultivadas é a compactação do solo causada pelo intenso tráfego de
máquinas e implementos agrícolas e pelo pisoteio animal em áreas de integração
lavoura-pecuária. A compactação do solo reduz a infiltração de água, a aeração
do solo, aumentando a resistência à penetração das raízes, afetando
consequentemente a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
Para cultura da mandioca, por exemplo, o preparo convencional é muito
eficaz. Oliveira et al. (2001) estudando a influência de sistemas de preparo do
solo na produtividade da mandioca observaram que esta cultura é bastante
sensível à degradação física do solo. Ainda segundo os autores, a profundidade
de aração para manter elevadas produtividades não deverá ultrapassar 0,20 m e,
em comparação com o sistema de plantio direto, que oferece atributos desejáveis
na conservação dos solos, a produção de raízes de mandioca é
consequentemente menor, quando comparado com o preparo convencional
(AKOBUNDU, 1983).
Em outro trabalho, com um Latossolo submetido a diferentes sistemas de
produção de milho foi constatado que a degradação dos solos inicia-se com a
remoção da vegetação natural e acentua-se com os cultivos subseqüentes,
removendo matéria orgânica e nutrientes que não o repostos na mesma
proporção ao longo do tempo. Em dado momento, os teores de nutrientes podem-
se tornar tão baixos que inviabilizam a produção agrícola, caracterizando um
estágio avançado da degradação (SOUZA e MELO, 2003).
Para Alvarenga e Davide (1999) dentre os vários sistemas de usos
existentes, as maiores alterações ocorrem sob agricultura tradicional (com capital
24
e nível tecnológico mínimo) e o sistema agroquímico (com alto investimento de
capital). Ainda segundo estes autores a agricultura tradicional faz uso de baixo
nível de consumo de insumos externos à propriedade e, consequentemente,
depende pouco do aporte de energia externa, buscando adaptar-se o máximo
possível ao ambiente, de forma que, quanto mais heterogêneo for o meio, mais
diversificado será o sistema agrícola no tempo e no espaço.
Diante destas considerações, torna-se evidente que para a manutenção da
qualidade ambiental associado à produção é fundamental os reconhecimentos
dos solos, para levantamento de suas aptidões e limitações agrícolas. Para isto
tem-se a paisagem como unidade de referência, esta tem o produtor como
manipulador do sistema, portanto torna-se imprescindível a participação deste na
caracterização do ambiente agrícola, pois é quem manipula toda a tecnologia
gerada além de conhecer o ambiente e a interação de seus fatores a partir do
senso comum. Para Sousa et al. (1998) através do agricultor pode-se compor um
quadro de informações sobre o uso e manejo do solo, os quais ajudam a
identificar as limitações, caracterizar e interpretar os principais sistemas de
produção, fornecendo subsídio para a utilização dos ambientes agrícolas.
Portanto, o objetivo deste capítulo é a caracterização do ambiente agrícola
da sub-bacia do rio de Julio, no município de Muritiba, Bahia, a partir da
classificação e levantamento atual de uso dos solos.
MATERIAL E MÉTODOS
1. Localização e caracterização da área de estudo
O presente trabalho foi desenvolvido no município de Muritiba, no
Recôncavo Baiano (Figura 1). A bacia hidrográfica de estudo esta localizada entre
as latitudes 12° 35’ 23’’S e 12° 38’ 15,28’’S e longi tudes 39° 09’ 03,66’’W e 39° 11’
14,59’’W, ocupando uma área de, aproximadamente 797,16 ha, abrangendo os
povoados de São José do Itaporã, Pindobeira, Monte Alegre, Areal, Pé de Serra e
Sítio Pai João. Este município possui uma população rural de 12.74 habitantes,
segundo censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2007).
25
Figura 1. Localização da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba – BA.
26
O tipo climático do município de Muritiba, segundo a classificação de
Thornthwaite, é do tipo Sub-úmido a Semi-árido (SRH, 1996). As temperaturas
variam de 29,5ºC máxima a 20,9ºC mínima com pluviosidade variando entre
1400mm à 1100mm, o período chuvoso concentra-se entre os meses de maio a
julho (SEI, 2007).
A sub-bacia, originalmente, era ocupada por Florestas Estacional Decidual
e Floresta Estacional Semidecidual, relacionadas a uma estação chuvosa e outra
seca, com uma acentuada variação térmica. Atualmente a área está ocupada por
pastagens, citros, culturas anuais e de subsistência, e raros fragmentos de
capoeiras.
Quanto à geologia a região é constituída por Depósitos Eluvionares,
Coluvionares e Gnaisses Charnockíticos sob a formação Barreiras e a Formação
Capim Grosso. Esta última é constituída por um grupo conglomerático basal
descontinuo, de matriz areno-argilosa, capeada por sedimentos clásticos, areno-
argilosos, inconsolidados e mal selecionados, que por vezes constituem extensos
areais. Os sedimentos do Grupo Barreiras, de idade pliocênica, ocorrem sob a
forma de extensos tabuleiros ligeiramente inclinados em direção à costa. Eles
repousam discordantemente sobre as rochas das bacias sedimentares
mesozóicas e do embasamento cristalino (BRASIL, 1984). Estas condições
citadas acima originaram os domínios dos Tabuleiros Interioranos e Tabuleiros
Pré-litorâneos
2. Caracterização do sistema de produção
Para caracterizar o ambiente agrícola em relação ao uso e avaliar as
formas de manejo dos solos foram realizadas entrevistas com 37 produtores. A
maioria dos entrevistados eram pequenos produtores, os quais utilizam a mão-de-
obra familiar e a renda é destinada basicamente para manutenção das
necessidades básicas. Estes possuem pequenas propriedades, áreas que
segundo Código Florestal possuem até 30 hectares (BRASIL, 1965).
O questionário foi uma adaptação do modelo proposto pelo IBGE (1999) e
o método empregado para aplicação dos questionários foi em dar liberdade aos
27
entrevistados para falar sobre temas que embasavam a pesquisa. Após entrevista
os dados foram tabelados para uma avaliação geral das formas de manejo e perfil
do produtor, além de obter informações sobre o ambiente (UFV, 1979; BARUQUI,
1982; ERNESTO SOBRINHO et al., 1983). Como resultado, obteve-se um breve
histórico do uso do solo e problemas relacionados.
3. Elaboração dos mapas
3.1. Mapa altimétrico e classe de relevo
O mapa base para realização deste trabalho foi obtido a partir das imagens
SRTM, as quais, utilizando o software Arc Gis 8.2, permitiu a extração das curvas
de vel com eqüidistância vertical de 5 m e elaboração da grade triangular TIN
através da ferramenta 3D Analyst. A grade triangular TIN é uma representação
matemática da distribuição espacial de determinada característica vinculada a
superfície real, sendo utilizada para gerar mapas topográficos, mapas de
declividade e exposição, delimitação de áreas de preservação permanente (APP),
análise de variáveis geofísicas e geoquímicas, entre outras. A partir da grade
procedeu-se ao fatiamento das classes para elaboração do mapa altimétrico na
escala 1:28.000. As cotas altimétricas foram estabelecidas conforme as altitudes
encontradas na área de estudo.
Com base na grade TIN, elaborou-se o mapa de classe de relevo na escala
1:28.000 a partir dos percentuais de declividade, utilizando o comando surface
analysis, o qual posteriormente foi fatiado em seis classes de relevo de acordo
com Embrapa (1999): 0 a 3% - plano; 3 a 8% - suave ondulado; 8 a 20% -
ondulado e 20 a 45% - forte ondulado. Para cruzamento com outros temáticos,
procedeu-se a exportação desse mapa para o Sistema de Processamento de
Informações Georreferenciadas - SPRING 4.1 (INPE, 2004), sendo transformado
do formato vetorial para matricial com resolução de 5 x 5 m, gerando uma malha
de 500 linhas e 566 colunas, permitindo o cruzamento de tabelas com outros PIs
(Planos de Informação).
28
AMM (ha) = ( E
2
x 0,4) / 10
8
onde E = escala de publicação
3.2. Mapa de solos
O levantamento pedológico da área foi realizado à partir de caminhamentos
para observação e posterior delimitação das unidades de paisagem e
estabelecimento das classes de solos. Para auxiliar na delimitação destas
unidades foi utilizado um mapa base altimétrico na escala de 1:15.000, com
curvas de níveis eqüidistantes de 5 m. O levantamento de campo foi feito com a
realização de topossequências, que constitui em tradagens feitas no sentido da
cota mais alta do morro até a cota mais baixa em transceção. As tradagens foram
realizadas com trado holandês até a profundidade de 60 cm e em cada ponto
foram retiradas amostras em três profundidades (0 a 20, 20 a 40 e 40 a 60 cm),
um total de 72 pontos e 216 amostras. Essas amostras foram submetidas às
análises químicas e físicas. Os pontos das tradagens foram georreferenciados
para localização no mapa base, utilizando um aparelho GPS manual GARMIN, e
de posse dos resultados analíticos, traçou-se o limite preliminar dos solos,
definindo-se áreas para abertura das trincheiras. No total foram seis tricheiras e
dois barrancos analisados morfologicamente conforme Santos et al. (2005), com
coleta de amostras de solos deformadas e inderformadas por horizontes para
análises químicas e físicas. Com os resultados laboratoriais dos perfis, voltou-se a
campo para certificação dos limites dos solos através de tradagens. Os solos
foram classificados de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos
Solos (EMBRAPA, 2006) permitindo, desta forma a elaboração do mapa final com
uma escala de publicação de 1:28.000.
3.3. Mapa de uso atual
Para elaboração do mapa de uso atual, percorreu-se a área de estudo
identificando os agroecossistemas e ecossistemas naturais representativos com
área superior a área mínima mapeável (AMM) de 3,14 ha determinada para a
escala de publicação adotada de 1:28.000, levantamento semidetalhado,
conforme equação abaixo:
29
Após identificação das unidades, com o uso do GPS, obteve-se as
coordenadas geográficas em UTM Datum SAD 69, dos pontos limites de cada
agroecossistema e ecossistemas naturais. As coordenadas dos pontos limites
foram exportadas para o Arc Gis 8.2 procedendo-se à digitalização dos polígonos.
O mapa adquirido no formato vetorial foi convertido para o formato matricial numa
resolução 5 x 5 m, gerando uma malha de 500 linhas e 566 colunas, a fim de
possibilitar o cruzamento de tabelas com outros PIs (Planos de informação) e
obtenção dos cálculos de área com maior precisão, utilizando o SPRING.
As unidades de uso agrícola foram classificadas em AS Agricultura de
Subsistência; ATc Agricultura Tradicional com culturas cíclica, correspondente a
mandioca, feijão, milho e amendoim, com predomínio da primeira; ATp
Agricultura Tradicional com culturas permanentes, limão e laranja; ATpc
Agricultura Tradicional de cultivo misto; Pec Pecuária, correspondente as
pastagens plantadas com a espécie Brachiaria decumbens e a pastagem natural
localizada nas baixadas basicamente nas margens dos corpos d’ água; EA
Extrativismo Animal; AUM Terras Urbanas de uso misto; Mata área
preservada da Mata Atlântica e Cap Capoeira, vegetação secundária que se
formou naturalmente e que se desenvolveu em solos antes cultivados.
4. Determinões analíticas
As análises físicas e químicas das amostras de terra obtidas nas tradagens
e perfis foram realizadas, respectivamente nos laboratórios de Física e Química
do Solo do Centro de Cncias Agrárias, Biológicas e Ambientais da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia. As amostras foram postas para secar ao ar,
sendo posteriormente destorroadas e passadas em peneiras de malha com
2,0mm de diâmetro de abertura, obtendo-se para análise a terra fina seca ao ar
(TFSA).
As determinações químicas realizadas foram: pH em água e em KCl -
determinado em potenciômetro, com eletrodo de vidro, empregando-se a relação
terra solução 1: 2, 5; alumínio trocável (Al
3+
) - extraído com solução 1 mol L
-1
de
KCl e titulado com solução de 0,025 mol L
-1
de NaOH; acidez potencial (H
+
+ Al
3+
)
- extraídos com solução de acetato de cálcio 1 mol L
-1
, a pH 7,0 e titulação com
solução NaOH 0,025 mol L
-1
(RAIJ et al. 1987); matéria orgânica - determinada
30
pelo método de Walklay-Black; fósforo disponível - determinação utilizando-se o
extrator Mehlich-1; potássio e sódio trocáveis - determinação através de
fotometria de chama, utilizando-se como extrator Mehlich-1; cálcio e magnésio
trocáveis - determinação utilizando extrator KCl 1 mol L
-1
; carbonato de cálcio
extraído com solução de HCl 0,5 mol L
-1
e titulação com solução de NaOH 0,25
mol L
-1
e condutividade elétrica determinado em condutivímetro, segundo
método da Embrapa (1997).
Estas determinações analíticas permitiram cálculos de soma de bases
trocáveis (S) - soma dos teores de K, Ca, Mg e Na trocáveis; capacidade de troca
catiônica (t) - soma de S + Al
3+
; capacidade de troca catiônica a pH 7 (T) - soma
de S + ( H + Al
3+
); saturação por bases (V%) - percentagem das bases no
complexo sortivo do solo: V% = (S/T)*100 e saturação por alumínio (m%) –
percentagem de alumínio no complexo sortivo do solo: m% = [Al/(S + Al)]*100.
Determinações físicas: macro e micro porosidade e densidade do solo
determinações segundo o método da mesa de tensão; análise granulométrica
utilizou-se o método da pipeta com dispersão em NaOH 1 mol L
-1
e agitação
mecânica; argila dispersa em água - utilizou-se o método da pipeta com dispersão
em água destilada e agitação mecânica, permitindo determinação do grau de
floculação – calculado conforme fórmula:
GF = [(AT ADA)/AT]*10 onde, GF = grau de floculação, AT = argila total
dispersa em NaOH e ADA = argila total dispersa em água Embrapa (1997).
Para avaliação da fertilidade do solo, os atributos analisados foram
classificados segundo a Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas
Gerais CFSEMG (1999), considerando os primeiros horizontes quando o
somatório destes completam, aproximadamente, 20 cm de profundidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As unidades geomórficas predominantes na sub-bacia em estudo, são
representadas pelos Tabuleiros Interioranos e Tabuleiros Pré-Litorâneos, com
relevo retalhado em interflúvios pequenos, de modo geral convexizados (Figura
2). Os topos tabulares localizados entre 210 a 230 metros de altitude são quase
31
Figura 2. Mapa de relevo da sub
-
bacia do rio de Julio no municípi
o de Muritiba
-
BA.
32
sempre limitados por pequenas escarpas, predominando encostas côncavo-
convexas. Em certos trechos o material de cobertura corresponde aos depósitos
da Formação Barreiras, o qual foi removido da maior parte dos interflúvios. Os
vales são largos e tem fundos chatos, com presença de material arenoso
provenientes das encostas, principalmente em decorrência da retirada da mata
ciliar ao longo do curso do rio. A maior elevação da sub-bacia do rio de Julio é a
Serra do Itaporã (Figura 3) localizada na posição noroeste, onde encontra-se a
maior altitude da região, de 315 metros.
1. Caracterização das classes de solos
Foram identificadas a ocorrência de cinco classes de solos na sub-bacia
hidrográfica do rio Julio, pertencentes aos grupos dos Latossolos, Cambissolos,
Neossolos, Planossolos e Vertissolos, conforme Figura 4. No quadro 1 estão
representadas as classes taxonômicas de cada grupo de solos e as áreas
ocupadas pelos mesmos.
Quadro 1. Área ocupada pelas classes de solos da sub-
bacia do rio de
xxxJulio no município de Muritiba – BA.
Classes dos solos
Área Ocupada
ha %
Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico
325,05 42,00
Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico
123,34 15,94
Neossolo Flúvico psamítico típico
167,15 21,60
Neossolo Quartzarênico hidromórfico típicos
64,10 8,28
Planossolo Nátrico órtico salino
85,10 11,00
Vertissolo Ebânico sódico típico
9,13 1,18
Total
773,87 100,00
As características físicas e químicas dos perfis representantes de cada
unidade de solo são apresentados nos quadros 2 e 3, respectivamente. Conm
ressaltar que todos os perfis encontram-se em áreas de pastagens, com exceção
dos perfis 5, 6 e 7, os quais localizam -se em áreas de cultura anual, capoeira e
cultura perene, respectivamente. Esta informação torna-se importante devido a
33
Figura 3. Mapa de altimétria da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba-BA.
34
influência exercida pelo uso sobre as propriedades físicas e químicas do solo.
1.1. Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico.
São os solos mais representativos, ocupando 42,00% da área total da sub-
bacia do rio de Julio (Quadro 1), conforme representado no mapa de classes de
solos (Figura 4). Os dois perfis representativos desta classe de solos apresentam-
se muito profundos e bem drenados, com horizonte superficial A fraco, estando
69,48% desta classe distribuída em área de relevo plano (Quadro 2). Apresentam
matiz 10YR, valor entre 3 a 6, e croma entre 2 a 6. A estrutura do tipo de blocos
subangulares, fraca, sendo no perfil 04 com tamanho de pequena a média e no
perfil 07 muito pequena a pequena. Ao longo do perfil, a consistência é
ligeiramente dura a dura, friável a muito firme, ligeiramente pstica a plástica e
ligeiramente pegajosa a pegajosa, e as transições entre os horizontes são planas,
com contraste variando entre clara a gradual (Anexo 01).
Quadro 02. Distribuição das classes de solos em funç
ão das classes de
xxxrelevo da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba – BA.
Classes de
solos
Plano
Suave
ondulado Ondulado
Forte
ondulado
ha % ha % ha % ha %
LAdx
225,76
69,48 86,25 26,54
12,94 3,98 ---- ----
CXbd
7,99 6,47 40,29 32,62
75,23 60,91 ---- ----
RYg
97,84 58,53 35,85 21,45
33,46 20,02 ---- ----
RQg
12,31 19,20 32,04 49,97
19,76 30,83 ---- ----
SNo
72,21 84,90 12,84 15,09
0,01 0,01 ---- ----
VEn
5,73 62,63 2,72 29,79
0,69 7,58 ---- ----
LAdx Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico; CXbd Cambissolo Háplico Tb distrófico
latossólico; RYg Neossolo Flúvico psamítico típico; RQg Neossolo Quartizarênico
hidromórfico típico; SNo Planossolo Nátrico órtico salino; VEn Vertissolo Ebânico sódico
típico.
Nestes solos a textura é argilosa em todo o perfil, com dispersão de argila
em água elevada (Quadro 3), apresentando assim um baixo grau de estabilidade
dos agregados, o que não é comum para solos bastante intemperizados, onde se
35
Figura 4. Mapa de solos da sub
-
bacia do rio de
Julio no munic
ípio de Muriti
ba
BA.
- CXbd
- LAdx
- RYg
- SNo
- VEn
- RQg
36
espera um grau de floculação de 100% ou valores aproximados, conforme relata
a EMBRAPA (2006) para os Latossolos. Entretanto, em trabalhos desenvolvidos
na região tem sido comum encontrar alto grau de dispersão da argila em água
(COMISSÃO...1998; PAIVA et al. 2000; OLIVEIRA, 2003; RODRIGUES, 2003;
SOUZA, 2005; EMBRAPA, 2005).
A densidade do solo variou entre 1,45 a 1,64 g dm
-3
(Quadro 3), estando
dentro da faixa 0,8 a 1,8 g.dm
-3
considerada pela EMBRAPA (1982) para os solos
minerais brasileiros. Nascimento et al. (2005) analisou seis perfis de Latossolo
Amarelo no norte fluminense e observou variação na densidade do solo entre
1,19 a 1,36 g.dm
-3
e Lima (2005) encontrou valores para o município de São
Felipe- BA entre 1,35 a 1,37 g.dm
-3
, os valores de densidade são maiores para os
Latossolos da sub-bacia do rio de Julio, consequentemente observa-se uma
diminuição relativa da porosidade total, variando entre 29,65 a 38,87% (Quadro
3). Em relação aos resultados para este atributo encontrado por Lima (2005)
houve pequena variação nos diversos agroecossistemas, entre 41,70 a 42,55%.
Estes valores mais elevados de densidade e menores para porosidade podem ser
devido ao manejo dado a estes solos. Apesar dos valores mais baixos, a
porosidade total encontra se dentro da faixa de 30 a 60% verificada para a
maioria dos solos minerais, segundo Hillel (1970) e Kiehl (1979), apesar dos
valores apresentarem-se muito próximos ao limite inferior desta faixa.
Em relação às condições estruturais destes solos, percebe-se no perfil 04 a
presença da camada coesa entre 34 a 84 cm de profundidade, nos horizontes B1
e B2, e no perfil 07 entre 19 à 58 cm de profundidade, horizonte B1, com
conseqüente aumento da densidade em relação aos horizontes subjacentes e
redução da porosidade total. Estes resultados estão de acordo com os dados
apresentados por Jacomine (1996), estudando solos da região, onde relata a
presença geralmente da camada coesa na faixa de 20 a 60 cm, podendo atingir
maiores profundidades.
Ainda que empregado na subdivisão de Latossolos, o caráter coeso carece
de definição mais quantitativa e precisa, o que não é fácil de estabelecer pela sua
alteração constante com o teor de umidade. Refere-se a característica peculiar de
naturalmente dispersa em água, diminuição dos macroporos e da porosidade
total, havendo consequentemente aumento da densidade do solo, em relação aos
37
Quadro 3. Atributos físicos dos solos da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba – BA.
Horiz. Prof.
Areia Silte Argila A.D.A GF
Ds
ma mi Textura
Gossa Fina Total
cm
%
g.dm
-3
%
Perfil 04 - Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico
A 0 - 12 34,62 33,21 67,83 7,96 24,21 16,98 29,88
1,50 12,84 22,96 média
BA 12 - 34 33,95 30,33 64,28 8,66 27,06 24,17 10,70
1,50 15,09 21,10 média
Bw
1
34 - 57 23,08 29,95 53,03 7,39 39,58 34,94 11,74
1,56 10,55 23,25 argilosa
Bw
2
57 - 84 20,03 26,66 46,69 8,38 44,93 35,61 20,75
1,56 8,20 25,83 argilosa
Bw
3
84 - 128 18,94 24,80 43,74 8,39 47,86 36,73 23,25
1,54 10,00 24,60 argilosa
Bw
4
128 - 185+ 20,56 26,99 47,56 8,33 44,12 30,07 31,85
1,48 9,02 26,95 argilosa
Perfil 07 - Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico
A 0 - 19 40,35 30,26 70,61 6,15 23,24 19,62 15,58
1,50 17,43 18,50 arenosa
Bw
1
19 - 58 33,57 28,53 62,10 6,51 31,39 28,38 9,57
1,64 6,71 22,94 média
Bw
2
58 - 108 28,62 25,08 53,70 6,17 40,13 37,10 7,56
1,56 7,48 24,55 argilosa
Bw
3
108 - 175+ 31,40 17,40 48,79 9,73 41,48 27,13 34,58
1,45 14,92 23,95 argilosa
Perfil 03 - Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico
A 0 - 10 21,77 37,89 59,66 4,25 36,10 12,88 64,32
1,49 15,35 22,35 argilosa
BA 10 - 34 19,76 36,90 56,67 6,64 36,69 19,77 46,11
1,52 14,66 21,59 argilosa
Bi 34 - 67 14,65 25,53 40,19 6,50 53,32 33,18 37,77
1,50 9,13 26,56 argilosa
BC 67 -85 11,16 16,80 27,96 4,59 67,45 42,15 37,51
---- ---- ---- muito argilosa
C 85 - 160+ 8,85 14,24 23,08 8,90 68,02 65,93 3,06
---- ---- ---- muito argilosa
Perfil 06 - Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico
A 0 - 17 24,83 24,56 49,39 12,50 38,11 36,81 3,40
---- ---- ---- argilosa
2BA 17 - 33 18,24 21,43 39,66 14,05 46,28 38,09 17,71
---- ---- ---- argilosa
2Bi 33 - 66 16,43 16,03 32,46 20,52 47,02 39,17 16,70
1,38 9,27 31,25 argilosa
2C 66 - 105+ 12,91 21,60 34,51 27,64 37,85 29,17 22,94
1,38 11,04 28,12 argilosa
Horiz Horizontes; Prof Profundidade; A.D.A. Argila dispersa em água; AG Grau de floculação; Ds densidade do solo; ma macroporosidade; mi -
microporosidade
27
38
Quadro 3. Atributos físicos dos solos da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba-BA. (continuação).
Horiz. Prof.
Areia Silte Argila A.D.A GF
Ds
ma mi Textura
Gossa
Fina
Total
cm
%
g.dm
-
3
%
Perfil 05 - Neossolo Flúvico psatico típico
A 0 - 8 39,84 40,88 80,72 7,12 12,16 9,25 23,91
1,55 18,03 17,76 arenosa
CA 8 - 30 39,53 40,92 80,46 6,95 12,60 11,10 11,86
1,57 16,80 15,50 arenosa
C 30 - 80 41,22 39,22 80,44 7,83 11,74 11,78 -0,34
1,58 18,19 14,95 arenosa
2C 80 - 140 42,08 41,74 83,82 8,63 7,55 7,53 0,32
1,66 19,10 13,97 arenosa
3C 140 - 172 38,40 45,06 83,46 11,64 4,90 4,60 6,05
1,63 18,28 13,48 arenosa
4C 172 - 182 40,22 44,61 84,83
8,58
6,59 30,52 -363,06
1,69 16,09 13,32 arenosa
5C 182 - 190 44,77 40,78 85,54 10,13 4,33 4,36 -0,56
1,73 14,20 13,32 arenosa
6C 190 - 205+ 35,24 43,36 78,60 9,58 11,82 11,66 1,36
1,73 12,52 13,27 arenosa
Perfil 01 - Neossolo Quartzarênico hidromórfico típicos
A 0 - 9 28,85 49,23 78,08 14,35 7,57 3,66 51,65
1,53 13,32 23,04 arenosa
C
1
9 - 55 27,45 50,03 77,48 16,10 6,43 5,73 10,76
1,59 13,15 16,74 arenosa
C
2
55 - 101 34,31 44,93 79,24 17,35 3,41 3,42 -0,24
1,71 9,61 16,63 arenosa
C
3
101 - 140+ 38,45 43,71 82,16 14,45 3,39 3,45 -1,66
2,48 6,48 17,35 arenosa
Perfil 02 - Planossolo Nátrico órtico salino
A 1 - 4 32,98 41,25 74,23 14,05 11,72 3,12 73,39
1,51 12,91 23,86 arenosa
E 4 - 32 37,92 44,76 82,67 15,60 1,74 10,60 -511,11
1,56 18,80 14,16 arenosa
Bt 32 - 58 48,16 15,68 63,84 8,20 27,96 35,77 -27,92
---- ---- ---- média
C 58 - 95 46,69 17,79 64,48 20,12 15,39 25,45 -65,32
---- ---- ---- média
CR 95 - 100+ ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
---- ---- ---- ----
Perfil 08 - Vertissolo Ebânico sódico típico
A 0 - 20 4,33 1,28 5,61 19,52 74,87 48,31 35,47
1,00 5,01 53,51 muito argiloso
AB 20 - 37 1,96 3,17 5,13 21,09 73,78 52,38 29,00
1,07 3,99 48,81 muito argiloso
Biv
1
37 - 56 0,64 2,39 3,03 25,94 71,04 57,87 18,53
1,12 5,30 51,95 muito argiloso
Biv
2
56 - 85 0,39 3,57 3,96 24,99 71,05 56,28 20,78
1,23 3,95 47,82 muito argiloso
Biv
3
85 - 135+ 0,30 2,56 2,86 18,99 78,15 60,94 22,02
1,25 3,88 47,62 muito argiloso
Horiz Horizontes; Prof Profundidade; A.D.A. Argila dispersa em água; AG Grau de floculação; Ds densidade do solo; ma macroporosidade; mi -
microporosidade
28
39
horizontes AB e/ou BA e/ou parte do Bw desta classe, os quais quando secos são
muitos resistentes à penetração do martelo pedológico ou trado (KER e NOVAIS,
2003). Nesta parte endurecida e adensada ocorre um aumento de argila
horizontes situados abaixo e de mesma composição granulométrica (FONCECA
1986). Segundo o mesmo autor as características naturais deste solo induz o
baixo grau de floculação nesses horizontes, reafirmando considerações
anteriores.
Quanto às características químicas, esta classe de solo apresenta baixos
valores de saturação por base e por alumínio iguais a 46% e 23%,
respectivamente, o que indica caráter distrófico (Quadro 4). A soma de bases
desses solos variam de baixa a muita boa (1,78 a 7,09 cmol
c
dm
-3
), com
capacidade de troca de cátions média a boa (5,16 a 13,92 cmol
c
dm
-3
), e valores
de pH em água entre 4,69 a 6,04, apresentando reações de caráter fortemente a
moderadamente ácido. Como a acidez trocável desses solos apresentam-se
muito baixa a baixa (0,05 a 0,45 cmol
c
dm
-3
), atribui-se o caráter fortemente ácido
aos íons de H
+
provenientes das cargas permanentes, os quais conferiram a
estes solos uma acidez potencial média a alta (3,38 a 6,83 cmol
c
dm
-3
). Os
valores de sforo foram considerados muito baixos a baixos (0,47 mg dm
-3
a
11,35 mg dm
-3
). Possuem valores baixo a médio (14,31 a 35,34 g kg
-1
) para
matéria orgânica (Quadro 4). Os valores médios podem ser atribuídos ao manejo
destes solos, conforme Tognon et al. (1995) o acúmulo de nutrientes e matéria
orgânica na camada superficial do solo é explicado pela contínua aplicação de
fertilizantes, a uma pequena profundidade, vinculada à deposição dos resíduos
culturais sobre a superfície sem revolvimento do solo.
A ocorrência em baixas declividades favorece a mecanização e redução
dos processos erosivos, o que no caso do Latossolo em estudo é um fator de
suma importância devido a alta dispersabilidade natural da argila. A principal
limitação ao uso agrícola decorre da baixa fertilidade natural necessitando,
portanto, de correções de acidez e adubação para utilização agrícola intensa.
40
Quadro 4. Atributos químicos dos solos da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba – BA.
Horiz. Prof. cm pH
pH pH
P
Ca Mg K Na Al H + Al SB t T
V m Na
M.O.
KCl H
2
O
mg dm
-3
cmol
c
dm
-3
%
g kg
-1
Perfil 04 - Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico
A 0 - 12 4,65 6,04 -1,39
0,47
1,65
1,30
0,141 0,21
0,05
5,25 3,30
3,35 8,55
38,62 1,49 2,48
35,34
BA
12754 4,00 5,16 -1,16
0,47
1,75
5,20
0,025 0,12
0,05
6,83 7,09
7,14 13,92
50,96 0,70 0,83
28,79
Bw
1
34 - 57 4,00 5,13 -1,13
0,47
1,70
3,00
0,013 0,14
0,35
5,70 4,85
5,20 10,55
45,97 6,74 1,29
20,34
Bw
2
57 - 84 4,01 5,07 -1,06
0,47
1,60
1,25
0,002 0,14
0,25
4,13 2,99
3,24 7,11
42,01 7,72 1,91
15,00
Bw
3
84 - 128 3,99 4,98 -0,99
0,33
1,20
1,25
0,001 0,13
0,25
3,68 2,58
2,83 6,26
41,28 8,85 2,11
12,59
Bw
4
128 - 185+ 4,08 4,97 -0,90
0,29
1,05
0,90
0,002 0,13
0,25
2,78 2,08
2,33 4,86
42,84 10,74 2,64
3,62
Perfil 07 - Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico
A
0 - 19 3,82 4,69 -0,87
11,35
1,40
0,35
0,009 0,02
0,45
3,38 1,78
2,23 5,16
34,57 20,16 0,47
16,72
Bw
1
19 - 58 3,68 4,52 -0,84
1,58
0,65
0,05
0,003 0,03
1,10
3,53 0,73
1,83 4,26
17,18 60,08 0,66
14,31
Bw
2
58 - 108 3,83 4,70 -0,87
0,94
1,20
0,45
0,005 0,06
0,45
1,80 1,71
2,16 3,51
48,73 20,83 1,60
12,59
Bw
3
108 - 175+ 3,94 4,64 -0,70
0,53
0,75
0,80
0,001 0,05
0,25
0,60 1,60
1,85 2,20
72,72 13,53 2,18
11,38
Perfil 03 - Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico
A 0 - 10 3,91 5,04 -1,13
6,67
2,35
1,90
0,062 0,18
0,45
6,38 4,50
4,95 10,87
41,36 9,10 1,69
29,31
BA
12693 3,80 4,87 -1,07
0,66
1,70
2,65
0,025 0,15
0,75
6,60 4,53
5,28 11,13
40,69 14,21 1,37
25,17
Bi
34 - 67 3,77 4,93 -1,16
0,85
1,40
1,90
0,028 0,19
0,85
6,30 3,52
4,37 9,82
35,82 19,51 1,92
21,55
BC 67 -85 3,76 4,71 -0,95
0,85
1,00
1,65
0,061 0,23
0,85
5,18 2,94
3,79 8,11
36,22 22,64 2,81
14,31
C
85 - 160+ 3,94 4,89 -0,95
0,47
1,05
2,10
0,076 0,26
0,45
3,83 3,48
3,93 7,31
47,65 11,45 3,50
7,76
Perfil 06 - Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico
A
0 - 17 4,51 5,58 -1,08
4,19
3,70
2,45
0,098 0,48
0,10
7,28 6,73
6,83 14,00
48,05 1,47 3,43
58,62
2BA
17 - 33 3,79 4,94 -1,15
4,01
1,70
1,70
0,040 0,42
0,85
7,73 3,86
4,71 11,59
33,32 18,05 3,63
24,48
2Bi
33 - 66 3,88 4,99 -1,11
4,01
1,00
1,35
0,007 0,12
0,93
4,95 2,47
3,40 7,42
33,32 27,23 1,56
16,21
2C
66 - 105+ 4,03 4,96 -0,93
2,74
0,40
1,45
0,012 0,17
0,65
3,90 2,03
2,68 5,93
34,28 24,23 2,90
10,17
Horiz – horizontes; prof.- profundidade; M.O. – matéria orgânica; SB – soma de bases; t – CTC efetiva; T – CTC total; V% - saturação por base; m% - saturação por
alumínio
30
41
Quadro 4. Atributos químicos dos solos da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba – BA. (continuação).
Horiz. Prof. pH pH pH
P
Ca Mg K Na Al H + Al SB t T
V m Na
M.O.
cm KCl H
2
O
mg dm
-3
cmol
c
dm
-3
%
g kg
-1
Perfil 05 - Neossolo Flúvico psamítico típico
A
0 - 8 4,32 5,57 -1,26 5,69
1,60 1,30 0,072
0,11 0,13 5,25 3,08 3,21 8,33
37,01 3,89 1,34
26,89
CA
8 - 30 3,93 5,04 -1,11
5,22
1,25 0,40 0,032
0,10 0,30 5,18 1,78 2,08 6,95
25,57 14,44 1,38
19,14
C 30 - 80 3,69 4,43 -0,75
0,77
0,40 0,05 0,014
0,10 0,70 4,65 0,57 1,27 5,22
10,89 55,28 1,99
----
2C
80 - 140 3,76 4,54 -0,78
0,44
0,30 0,00 0,018
0,13 0,40 2,70 0,45 0,85 3,15
14,17 47,31 4,07
----
3C
140 - 172 4,03 4,87 -0,84
0,33
0,30 0,05 0,009
0,12 0,35 1,65 0,48 0,83 2,13
22,35 42,56 5,46
----
4C
172 - 182 3,95 4,48 -0,53
0,05
0,40 0,05 0,013
0,16 0,25 1,80 0,62 0,87 2,42
25,58 28,83 6,45
----
5C
182 - 190 4,04 4,61 -0,57
0,07
0,30 0,05 0,013
0,20 0,20 1,58 0,56 0,76 2,13
26,18 26,43 9,19
----
6C
190 - 205+ 3,78 2,79 0,99
0,01
0,55 0,15 0,016
0,26 0,35 2,33 0,97 1,32 3,30
29,48 26,48 7,77
----
Perfil 01 - Neossolo Quartzarênico hidromórfico típicos
A
0 - 9 4,65 5,73 -1,08 1,98
2,65 1,20 0,016
0,14 0,05 3,68 4,01 4,06 7,68
52,16 1,23 1,82
28,79
C
1
9 - 55 4,52 5,79 -1,27
1,60
1,80 1,00 0,007
0,12 0,05 2,63 2,93 2,98 5,56
52,75 1,68 2,23
14,31
C
2
55 - 101 5,11 6,41 -1,30
1,41
1,00 0,60 0,005
0,13 0,00 0,60 1,73 1,73 2,33
74,28 0,00 5,49
----
C
3
101 - 140+ 5,13 6,39 -1,26
1,22
0,85 0,55 0,011
0,22 0,00 0,68 1,63 1,63 2,31
70,73 0,00 9,54
----
Perfil 02 - Planossolo Nátrico órtico salino
A 1 - 4 4,55 5,48 -0,93
5,81
2,60 2,55 0,082
0,32 0,05 5,70 5,55 5,60 11,25
49,34 0,89 2,84
56,20
E
4 - 32 4,42 6,01 -1,59
4,56
0,90 1,25 0,016
0,34 0,05 2,25 2,51 2,56 4,76
52,74 1,95 7,23
14,31
Bt
32 - 58 4,64 6,55 -1,91
2,17
3,85 8,60 0,004
2,80 0,00 1,73 15,25 15,25 16,98
89,84 0,00 17,07
----
C
58 - 95 5,66 7,58 -1,92
1,97
6,50 13,90 0,004
2,30 0,00 0,53 22,70 22,70 23,23
97,74 0,00 9,90
----
CR
95 - 100+ ---- ---- ----
----
---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
---- ---- ----
----
Perfil 08 - Vertissolo Ebânico sódico típico
A
0 - 20 4,10 5,40 -1,31
2,21
4,90 5,85 0,072
4,40 0,15 8,25 15,22 15,37 23,47
64,85 0,98 21,23
95,68
AB
20 - 37 3,99 4,66 -0,67
2,21
5,60 2,75 0,048
5,40 1,15 6,08 13,80 14,95 19,87
69,43 7,69 30,26
17,93
Biv
1
37 - 56 3,44 5,36 -1,92
2,21
3,70 5,80 0,084
4,90 0,15 5,63 14,48 14,63 20,11
72,03 1,03 26,87
----
Biv
2
56 - 85 3,70 4,87 -1,17
2,21
3,25 4,15 0,066
5,80 0,45 4,73 13,27 13,72 17,99
73,74 3,28 35,33
----
Biv
3
85 - 135+ 3,43 4,56 -1,13
2,21
4,70 2,30 0,034
5,40 1,35 5,48 12,43 13,78 17,91
69,43 9,80 33,57
----
42
1.2. Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico
Esta unidade abrange 15,94% da área total de estudo (Quadro 1). São
solos profundos, moderadamente drenados com horizonte A fraco. Apresentam
coloração no matiz 10YR com valores 3 e 4, e croma variando entre 2 a 4,
variegados 10YR5/4, 5YR4/6, 5YR 6/8 e 2,5YR5/8. A estrutura é pequena a
média, de grau moderado em blocos subangulares. A consistência apresenta-se
ligeiramente dura e dura, friável, firme ou muito firme, ligeiramente plástica ou
plástica e ligeiramente pegajosa ou pegajosa (Anexo 1).
A textura é argilosa, os valores de densidade do solo (1,38 a 1,52 g dm
-3
) e
porosidade total (35,69 a 40,52%), que são visualizados no quadro 3, estão
dentro da faixa considerada ideal por Kiehl (1979) e EMBRAPA (1982). Nos
horizontes mais subsuperficiais do perfil 3 e superficiais do perfil 06, não houve
condições de coleta das amostras inderformadas para análise de porosidade e
densidade do solo, devido a existência de pedras.
Estes solos possuem valores para soma de bases boa a muito boa (3,86 a
6,73 cmol
c
dm
-3
), com capacidade de troca de cátions boa (10,87 a 14 cmol
c
dm
-3
),
apresentam saturação por base inferior a 48% e saturação por alumínio inferior a
27,23%, sendo este distrófico. O pH em água varia de 4,87 a 5,58, classificado
como moderadamente a fortemente ácido, com acidez trocável muito baixa a
média (0,10 a 0,85 cmol
c
dm
-3
) e com alta acidez potencial (6,38 a 7,73 cmol
c
dm
-
3
). Possuem valores para fósforo muito baixo a baixo (0,66 a 6,67 mg dm
-3
). Os
valores de matéria orgânica apresentam-se de médios a bom (24,48 a 58,62 g.
kg
-1
), sendo os valores mais elevados para este atributo no perfil 06 por estar sob
uma capoeira, sendo seu acúmulo maior em superfície (Quadro 4).
Encontram-se 60,91% em áreas de relevo ondulado (Quadro 2). Mattos
(1993) analisando as limitações pedológicas dos solos de Angra dos Reis
constatou também a predominância deste solo em áreas de ocorrência de relevo
ondulado, sendo a declividade juntamente com a presença de rochosidade fortes
limitações dessas unidades para efeito de ocupação.
Apresentam restrições ao uso agrícola, pois possuem elevada
erodibilidade, forte risco de degradação, limitação à trafegabilidade, à qual
é aumentada com a pedregosidade e afloramentos de rocha. São solos,
43
naturalmente pobres em nutrientes e ácidos, condição difícil de ser corrigida pelas
limitações apresentadas.
1.3. Neossolos
Os Neossolos são solos profundos, com horizonte superficial A moderado.
Na área de estudo foram encontrados duas derivações desta classe de solos, o
Neossolo Quartizarênico hidromórfico típico e o Neossolo Flúvico psamítico típico.
1.3.1. Neossolo Quartizarênico hidromórfico típico
Ocupam 8,28% da área total da sub-bacia (Quadro 1). Apresentam
coloração no matiz 2,5Y, com valores variando entre 3 a 6 e croma 1. São
imperfeitamente drenados e possui estrutura em blocos subangulares de tamanho
muito pequena, de grau fraco na camada superficial e nas camadas subjacentes
são de estrutura maciça. A consistência apresenta-se dura, muito friável, não
plástica e não pegajosa, com transição entre horizontes plana e difusa (Anexo 1).
Estão distribuídos 49,97% em áreas de relevo suave ondulado e 30,82% em
áreas de relevo ondulado (Quadro 2).
Estes solos são de textura arenosa em todo perfil e grau de floculação
negativo nas camadas mais profundas o que é explicado pelo caráter solódico
destes horizontes. Predominam os microporos, provavelmente devido a maior
proporção na fração grosseira de areia fina, que podem estar ocupando os
espaços entre a fração areia grossa, organizando as partículas de forma a
aumentar a microporosidade, favorecendo com isto, segundo Corrêa et al. (2003),
a retenção de umidade do solo. A densidade do solo aumenta com a
profundidade (1,53 a 2,48 g dm
-3
), sendo que o último horizonte esta acima da
faixa para solos minerais segundo EMBRAPA (1982). A porosidade total também
reduziu com a profundidade, variando entre 23,83 a 36,36% (Quadro 3) com
valores abaixo da faixa ideal proposta por Kiehl (1979) e Hillel (1970) condição
esta condizente para solos arenosos (BORGES, 1993).
Possui soma de bases boa (4,01 cmol
c
dm
-3
), a capacidade de troca de
cátions considerada média (7,68 cmol
c
dm
-3
), apresentam saturação por bases
44
superior a 52,16% e saturação por alumínio inferior a 1,68%, dando a estes solos
caráter eutrófico. O pH em água é 5,7, portanto considerado moderadamente
ácido, com acidez trocável baixa de 0,05 cmol
c
dm
-3
e acidez potencial média
(3,675 cmol
c
dm
-3
). Os teores de fósforo (Quadro 4) encontrados nestes solos o
considerados muito baixo (1,98 mg dm
-3
) e os teores de matéria orgânica médio
(28,79 g kg
-1
).
São solos que apesar de apresentar condições químicas favoráveis devido
a localização na paisagem, no sopé da serra (Figura 4), em área côncava,
concentrando todo material advindos desta, por meio do escoamento superficial,
apresentando caráter eutrófico, não dispõe de reservas nutricionais que possam
ser liberadas de forma gradual para as plantas, por apresentar textura arenosa.
1.3.2. Neossolo Flúvico psamítico típico
Constituem a segunda unidade de solos predominante na bacia,
correspondendo a 21,60% da área total (Quadro 1). Apresentam coloração no
matiz 2,5Y, com valores 4 e 5 e croma 2, com variegados nos horizontes mais
profundos de coloração 2,5YR 3/6. São acentuadamente drenados. A estrutura
em blocos subangulares o pequenas se desfazendo em grãos simples, de grau
fraco nas camadas mais superficiais e nas camadas subjacentes são de estrutura
maciça. A consistência é macia, muito friável, não plástica e não pegajosa,
apresentando transição plana e gradual entre horizontes (Anexo 1), com presença
de camadas estratificadas sem relação pedogenética entre si (Quadro 3).
Estes solos são de textura arenosa, com grau de floculação negativo em
alguns horizontes subsuperficiais (Quadro 3) devido o caráter solódico dos
mesmos, situação similar foi encontrada no município de Poço das Trincheiras em
Alagoas em um levantamento dos solos da UEP-Emprapa (CAVALCANTE e
SILVA, 2005). Segundo Nascimento et al. (2005) níveis elevados de sodicidade
representa limitações para agricultura nesses solos em camadas superficiais, no
caso do rio de Julio esse caráter foi encontrado a profundidades superiores a
1,72m não sendo um fator limitante ao desenvolvimento das culturas. Como
podemos visualizar no quadro 3 a densidade do solo (1,55 a 1,73 g.dm
-3
) esta
dentro da faixa considerada pela EMBRAPA (1982); porém a porosidade total
45
(25,79 a 35,79%) reduz com a profundidade em relação a faixa para solos
minerais de Hillel (1970) e Kiehl (1979).
A distribuição por classe de relevo, mostra 58,53% (Quadro 2) do mesmo
em áreas de relevo plano, caracterizam-se quimicamente por possuir soma de
bases baixa a média (1,78 a 3,08 cmol
c
dm
-3
) e capacidade de troca catiônica
média (6,95 a 8,33 cmol
c
dm
-3
), apresentando saturação por base inferior a
38,00% e saturação por alumínio, na maioria dos horizontes, inferior a 47,32%,
com caráter distrófico. O pH em água é 5,57, portanto considerado
moderadamente ácido, com acidez trocável muito baixa a baixa (0,13 a 0,3 cmol
c
dm
-3
) e acidez potencial alta (5,18 a 5,25 cmol
c
dm
-3
). Os valores de fósforo são
muito baixos (5,22 a 5,69 mg dm
-3
) e os teores de matéria orgânica são de baixo
a médio, com valores variando entre 19,14 a 26,89 g kg
-1
(Quadro 4). Estas
características constituem uma das principais limitações ao uso agrícola deste
solo, mas podem ser intensamente cultivados desde que se façam práticas de
calagem e adubação.
A incorporação de matéria orgânica constitui prática bastante
recomendável, tendo em vista, principalmente, aumentar a CTC e a capacidade
de retenção de umidade. Estes solos na sub-bacia do rio de Julio são cultivados
com citros, fumo, mandioca e culturas de subsistência. No Rio Grande do Sul, os
principais cultivos de abacaxi encontram-se nas áreas de ocorrência destes solos;
além dos cultivos de milho, mandioca, batata-doce e abóbora (UFSM, 2007).
1.4. Planossolo Nátrico órtico salino
Planossolo Nátrico órtico salino corresponde 11% do total da área da sub-
bacia (Quadro 1), compreendem solos minerais imperfeitamente drenados, com
horizonte subsuperficial eluvial, contrastando abruptamente com o horizonte B.
São solos pouco profundos, com horizonte superficial A fraco,
imperfeitamente drenado, estendendo 84,90% deste em áreas de relevo plano
(Quadro 2); apresentam coloração no matiz 2,5 Y com valor 3 e croma 2,
verificando a presença de variegados no horizonte diagnóstico de coloração
10 YR 3/6 e 5YR 6/8. Quanto a estrutura é em blocos angulares, médios a
46
grande de grau forte, a consistência é extremamente dura, extremamente firme,
plástica e pegajosa, com transição ondulada e clara (Anexo 1).
Solos de textura média com horizonte B argiloso, com grau de floculação
apresentando-se negativos, devido a solodicidade e salinidade dos horizontes
(Quadro 3). Como podemos visualizar no quadro 4 a soma de bases e a
capacidade de troca de cátions são consideradas média a boa com valores
respectivamente de 2,51 a 5,55 cmol
c
dm
-3
e 4,76 a 11,25 cmol
c
dm
-3
, com
saturação por base superior 52,16%, e saturação por alumínio inferior a 1,95%,
sendo eutróficos. Araújo e Assad (2001) consideram a CTC como o fator mais
limitante da fertilidade do solo, sendo inalterável a curto prazo por práticas
agrícolas, mas o fato do solo apresentar V% acima de 50% não garante que a
fertilidade seja alta, pois as culturas exigem teores mínimos dos diversos
nutrientes para produzir satisfatoriamente. O pH em água entre 5,48 a 6,01
apresentando reações de caráter moderadamente ácido, com acidez trocável
muito baixa (0,05 cmol
c
dm
-3
) e acidez potencial baixa a alta (2,25 a 5,7 cmol
c
dm
-3
). Os valores de fósforo são muito baixos (4,56 a 5,81 mg dm
-3
) e os teores
de matéria orgânica são classificados como bom no horizonte A (56,2 g kg
-1
) e
baixo no horizonte E (14,31 g kg
-1
), valores apresentados no quadro 4. Resultado
semelhante foi encontrado por Costa (1994) em Ribeira do Pombal BA, para um
Planossolo solódico, atribuindo este acúmulo em superfície a drenagem
deficiente.
Na área da classe do Planossolo é bastante comum os afloramentos
rochosos, com profundidades variando em torno de 1 m e presença de vegetação
xerófita. Na sub-bacia do rio de Julio esta unidade de solo esta numa área de
transição para um clima mais seco em relação ao restante da sub-bacia.Segundo
Resende et al. (1999) no nordeste subárido Planossolos bem rasos, quase
litólicos, alguns deles no conceito de leptossolos (FAO), em pequenas elevações
suaves.
Pela própria característica de hidromorfia, esse grupo tende a apresentar
topografia plana, em terrenos baixos ou terços inferiores de encostas pouco
declivosas. Entretanto, são muito susceptíveis a erosão, mesmo em áreas de
relevo suave ondulado. Os problemas de limitações agrícolas para este solo é a
falta d’água durante longo período seco, além disso, suas condições físicas são
desfavoráveis, com problemas de drenagem imperfeita que provoca um excesso
47
de água durante a época chuvosa. No período seco estes solos tornam-se muito
duros ou extremamente duros (sobretudo no horizonte Bt) e técnicas como a
irrigação se torna desfavorável devido aos problemas de manejo e ao
considerável teor de dio trocável, que podem acarretar a salinização desses
solos.
1.5. Vertissolo Ebânico sódico típico
Os Vertissolos são os solos menos representativos, correspondem a 1,18%
da área total da sub-bacia (Quadro 1). Compreendem solos constituídos por
material mineral apresentando horizonte vértico e pequena variação textural ao
longo do perfil.
Rodrigues (2003) analisando a dinâmica das paisagens naturais no
município de Cruz das Almas com ênfase aos solos, observou que os Vertissolos
estão relacionados com o processo de evolução quaternária de preenchimento de
calhas de drenagem do rio Capivari e de alguns dos seus afluentes por correntes
de material argiloso.
São solos profundos, mal drenados, com horizonte superficial A
chernozêmico e ocupam áreas de relevo plano, 62,63% desta classe (Quadro 2),
apresentam coloração do matiz 2,5 Y com valor 2,5 e croma 1. A estrutura é em
blocos angulares, grande/ muito grande de grau forte, com consistência
extremamente dura, extremamente firme, muito plástica e muito pegajosa, sendo
a transição entre os horizontes plana e clara (Anexo 01). Os valores para
densidade do solo (1,00 a 1,25 g dm
-3
) situam-se na faixa considerada pela
EMBRAPA (1982), e estão próximo do limite inferior daquele intervalo, podendo
estar relacionados aos teores elevados de matéria orgânica nestes horizontes,
que contribuem tamm para o aumento da porosidade, que possuem valores
(51,50 a 58,51%) dentro da faixa considerada por Kiehl (1979) e Hillel (1970) e
devido ao elevado teor de argila desses solos a microporosidade é muito superior
em relação a macroporosidade. A textura em todo perfil é muito argilosa, com o
grau de floculação baixo (Quadro 3).
As propriedades químicas apresentadas por este solo são favoráveis ao
48
uso agrícola, apresentando S (15,22 cmol
c
dm
-3
), CTC (23,47 cmol
c
dm
-3
), e V%
(64,85%) elevados, com saturação por alumínio inferior a 9,8%. O pH em água é
de 5,4 apresentando reações de caráter moderadamente ácido, com acidez
trocável baixa no horizonte superficial (0,15 cmol
c
dm
-3
), porém aumenta bastante
em profundidade chegando a valores de 1,35 cmol
c
dm
-3
em sub-horizonte
diagnóstico, o que é considerado, junto com valor de 8,25 cmol
c
dm
-3
para acidez
potencial, alta (Quadro 4). Estas características são típicas dessa classe de solo
que apresentam elevados teores de alumínio trocável que se associam a
elevados teores de cálcio e magnésio. Os teores de matéria orgânica são muito
bons no horizonte A (95,68 g kg
-1
) e baixo no AB (17,93 g kg
-1
) e os valores de
fósforo (Quadro 3) para estes solos foram classificados como muito baixos (2,21
mg dm
-3
).
Apesar das boas propriedades químicas, estes solos apresentam
limitações para uso agrícola em decorrência das propriedades físicas, sendo
imperfeitamente drenados e bastante susceptíveis a erosão devido a baixa
permeabilidade mesmo nas áreas de relevo suave ondulado. Devido ao elevado
teor de argila dificultam o uso de máquinas, pois são muito duros quando secos,
formando torrões compactos, e quando molhados são muito plásticos e muito
pegajosos, aderindo ao implemento agrícola.
2. Uso atual e manejo
O ambiente agrícola da sub-bacia do rio de Julio é caracterizado por
pequenas propriedades. A ocupação do solo é representada, basicamente pela
agricultura tradicional e pecuária (Figura 5). No mapeamento da área percebe-se
uma nítida separação da ocupação destas duas atividades, todo vale está
ocupado pelos pastos até a margem do rio, à medida que subimos as encostas
aparecem às áreas agrícolas. Apesar de existir um mero maior de produtores
nas atividades agrícolas, praticamente, metade das terras da bacia hidrográfica é
de propriedade dos pecuaristas. A agricultura tradicional desenvolvida consiste
nos cultivos perenes (ATp), cíclicos (ATc) e misto (ATpc), sendo a principal
cultura perene o limão e entre as culturas cíclicas destaca-se o fumo e a
mandioca.
49
- ATpc
Fi
gura 5. Mapa de uso atual dos solos da sub
-
bacia do rio de Julio no município de Muritiba
-
BA.
- ATc
- AS
- ATp
- AUM
- EAp
- PEc
50
Devido à descapitalização dos produtores as lavouras perenes tem
estimulado implantação de culturas em consórcio, visando auferir mais lucros, o
que explica o predomínio da ATpc na sub-bacia do rio de Julio. No quadro 5 estão
às informações obtidas nas entrevistas com os produtores da sub-bacia
evidenciando as principais culturas e práticas adotadas.
Em relação ao manejo verificou-se nas propriedades visitadas exploração
intensiva dos solos, ausência de práticas de pousio e outras técnicas
conservacionistas, isto se deve ao fato do predomínio de pequenas propriedades,
sendo estas, majoritariamente, a fonte de renda das famílias. A intensificação do
uso sem práticas conservacionistas ocasionam perdas não de solos, mas de
nutrientes das áreas de exploração, onde a principal forma de manejo, neste
sistema de agricultura tradicional consiste na aração e gradagem realizadas com
máquinas da Associação dos Trabalhadores Rurais ou contratando o serviço
através de locações do implemento.
A adubação mineral utilizada pelos pequenos produtores da sub-bacia do
rio de Julio, consiste basicamente da fórmula N-P-K (10-10-10) e torta de
mamona, fornecidas pelos armazéns de fumo para o cultivo do mesmo, onde os
agricultores aproveitam do efeito residual para as culturas de subsistência, como
também, se beneficiam quando cultivam o fumo nas entrelinhas das culturas
perenes, criando com isto uma relação de dependência entre o produtor e os
armazéns que comercializam o fumo.
Situação similar foi relatada por Moura (2001), onde o sistema de cultivo de
fumo em Agudo-RS assenta-se nos pacotes tecnológicos fornecidos pela indústria
fumageira e na exploração da mão-de-obra e da terra do agricultor. Neste sistema
as empresas fornecem os insumos e garantem o crédito rural, a assistência
técnica e a compra da produção de acordo com o seu sistema de classificação.
Dentro dos últimos cinco anos, espaço temporal abrangido na entrevista,
97,14% dos produtores rurais entrevistados utilizaram adubação de origem animal
pelo menos uma vez, não fazendo uso constante devido ao elevado preço deste
insumo.
2.1. Agricultura de Subsistência
Entre as atividades agrícolas, a voltada para a subsistência é a de menor
51
Quadro 5: Caracterização do sistema de produção da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba - BA
Agricul
tores
entrevistados
Mão
-
de
-
obra
familiar
(nº)
Tamanho da
propriedade
(ha)
Principal atividade
Práticas
Cultural Mêcanica Edáfica
Agricultura Pecuária
Corte
Pecuária
Leite
Pousio Prepero do solo Adubação
1 8 1,96 F, M, L, S Não Não - Tração mecânica Orgânica/ química
2 8 1,74 F Não Não - Tração mecânica Orgânica/ química
3 6 12,17 F Sim Não - Tração mecânica Orgânica/ química
4 5 4,35 F, M, S Não Sim - Tração mecânica Orgânica/ química
5 15 7,39 F, M, L, S o Não - Tração mecânica Orgânica/ química
6 6 1,74 F, S Não o - Tração mecânica Orgânica/ química
7 3 0,87 F, M, L, S Não Não - - Orgânica/ química
8 2 18,70 --- Sim Não - - -
9 3 0,87 F, M, S Não Não - Tração mecânica Orgânica/ química
10 5 0,87 Fe, V, Le Não Não - - -
11 4 1,09 F, A, S Não o - Tração mecânica Orgânica/ química
12 2 0,87 La, M, S Não Não - - Orgânica/ química
13 1 13,26 La, L, F, M, S Sim Não - Tração mecânica Orgânica/ química
14 4 1,09 F, L, S Não Não - - Orgânica/ química
15 4 1,74 La, L, F, M, S Não Sim - Tração mecânica Orgânica/ química
16 8 1,74 F, M, L, S o Não - Tração mecânica Orgânica/ química
17 1 9,13 S Sim Não - - Orgânica/ química
18 6 3,04 F, L, S Não Não - Tração mecânica Orgânica/ química
19 2 13,48 La, L, Mi, M, S Sim Não - Tração mecânica Orgânica/ química
20 --- 208,69 --- Sim Não - Tração mecânica Química
M= mandioca, F= fumo, La= laranja, L= limão, Am= amendoim, Fe= feijão, S= subsistência, Mi= milho, A= aipim
52
Quadro 5: Caracterização do sistema de produção da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba – BA
(continuação)
Agricultores
entrevistados
Mão
-
de
-
obra
familiar
(nº)
Tamanho da
propriedade
(ha)
Principal atividade
Práticas
Cultural Mêcanica Edáfica
Agricultura Pecuária
Corte
Pecuária
Leite
Pousio Prepero do solo Adubação
21 9 14,35 F, La, L, S Não Sim - Tração mecânica Orgânica/ química
22 1 21,74 L, S Sim Não - - Orgânica
23 5 3,91 F, La, L, S Não Não - Tração mecânica Orgânica/ química
24 3 1,30 F, M, L, S Não Não - Tração mecânica Orgânica/ química
25 6 1,09 F, L, Am, S Não Não - Tração mecânica Orgânica/ química
26 4 3,26 La, L, F, S Não Não - - Orgânica/ química
27 6 0,87 La, L, S Não Não - - Orgânica
28 4 1,74 F, M, La, L, S Não Sim - Tração mecânica Orgânica/ química
29 1 17,39 L Sim Não - Tração mecânica Orgânica
30 1 3,04 L Não Não - - Química
31 3 17,39 L, S Não Sim - Tração mecânica Orgânica
32 5
13,04
F, La, L, Am, S Não Não - - Orgânica/ química
33 2 9,56 F, L, Fe Não Sim - Tração mecânica Orgânica/ química
34 1 6,30 L Não Não - Tração mecânica Orgânica/ química
35 1 18,26 --- Sim Não - - -
36 1 13,69 F, La, L, S Sim Não - Tração mecânica Orgânica/ química
37 1 2,17 F, M, L Não Não - Tração mecânica Orgânica/ química
M= mandioca, F= fumo, La= laranja, L= limão, Am= amendoim
, Fe= feijão, S= subsistência, Mi= milho, A= aipim
53
representatividade na sub-bacia do rio de Julio (Figura 5), pois ocupa, apenas,
0,84% desta área (Quadro 6). É praticada por famílias que produzem para o
próprio consumo e vendem o excedente na feira local, com os recursos assim
obtidos adquirem outros bens necessários ao grupo familiar, mas não produzidos
no estabelecimento. Produzem, principalmente, hortaliças e algumas frutas como
banana, acerola e caju. Considerando as diferentes formas de uso atual dos solos
de acordo com as classes dos mesmos, observa-se no quadro 7 que 48,85% da
prática da agricultura de subsistência é realizada na área de Neossolos Flúvicos,
que 25,11% esta no espaço dos Latossolos e 24,81% na área ocupada por
Cambissolos; ocorrendo frequentemente, como podemos observar no quadro 8,
nas áreas de relevo ondulado (40,40%), sendo 31,43% nas áreas planas e
28,18% em solos com relevo suave ondulado.
Quadro 6. Uso atual dos solos da sub-bacia do rio de Julio no
xxxmunicípio de Muritiba – BA.
Uso dos solos
Área ocupada
ha %
Agricultura de Subsistência
6,72 0,84
Agricultura Tradicional cíclica
17,51 2,20
Agricultura Tradicional perene
66,20 8,30
Agricultura Tradicional mista
270,85 33,98
Pecuária
372,74 46,76
Extrativismo Animal
1,09 0,14
Mata
0,93 0,12
Capoeira
25,45 3,19
Lagoa
18,67 2,34
Área Urbana mista
16,99 2,13
Total 797,16 100,00
Na região de Irecê-BA, mais especificamente na bacias hidrográficas dos
Rios Verde e Jacaré, Silva (2005) encontrou como principal atividade econômica
a agricultura em áreas de Neossolos Flúvicos, sendo usados para cultivo de
subsistência tais como milho, feijão, mandioca, dentre outros, além de pastagens
e pecuária extensiva, fruticultura, pequenas culturas de mamona e alguma
olericultura (tomate e cebola, principalmente). A principal problemática do uso dos
Neossolos Flúvicos para agricultura de subsistência é o fato deste se encontrar na
sua maior parte em áreas de relevo ondulado, tornando o solo sujeito aos
54
Quadro 7. Área de uso do solo em função das classes de solo da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba – BA.
Uso dos
solos
Classes dos solos
LAdx
CXbd
RYg RQg SNo VEn Serra
ha % ha % ha % ha % ha % ha % ha %
AS 1,69 25,11 1,67 24,81 3,28 48,85 ---- ---- 0,07 1,04 0,01 0,19 ---- ----
ATc 10,65 60,22 3,93 22,20 3,11 17,58 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
ATp 35,64 54,08 15,71 23,84 13,68 20,75 ---- ---- 0,88 1,34 ---- ---- ---- ----
ATpc 199,61
73,72 45,83 16,93 23,05 8,51 ---- ---- 1,82 0,67 0,46 0,17 ---- ----
Pec 56,60 15,21 50,34 13,53 97,08 26,08 64,11 17,23 72,17 19,39 8,64 2,32 23,26 6,25
Eap ---- ---- ---- ---- 1,06 100,00
---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
Mata 1,67 99,82 0,00 0,18 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
Cap 2,17 8,53 5,89 23,12 17,39 68,26 ---- ---- ---- ---- 0,02 0,09 ---- ----
Lagoa ---- ---- ---- ---- 8,54 45,78 ---- ---- 10,12 54,22 ---- ---- ---- ----
AUM 17,01 100,00
---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
LAdx Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico; CXbd Cambissolo Háplico Tb distrófico latoslico; RYg Neossolo Flúvico psamítico típico;
RQg – Neossolo Quartizarênico hidromórfico típico; SNo – Planossolo Nátrico órtico salino; VEn – Vertissolo Ebânico sódico típico; AS – Agricultura
de subsistência; ATc – Agricultura tradicional cíclica; ATp – Agricultura tradicional perene; ATpc – Agricultura tradicional mista; Pec – Pecuária; Eap
– Extrativismo animal (peixes); Cap – Capoeira; AUM – Área urbana mista.
55
processos erosivos, favorecido pelas relações de declividade, textura e pequena
cobertura vegetal do solo.
2.2. Agricultura Tradicional
Quanto a agricultura tradicional, perfaz 44,48% da área, com destaque
para ATpc 33,98% seguido de ATp e ATc representando 8,30% e 2,20% do total
da área, respectivamente (Quadro 6), ocorrendo em todas as classes de solo
com exceção do Neossolo Quartizarênico, predominando nos Latossolos,
correspondendo o uso agrícola para esta classe de solo de 73,72%, 60,22% e
54,08% para ATpc, ATc e ATp, respectivamente (Quadro 7). Em algumas áreas
da sub-bacia as práticas agrícolas chegam a se estenderem ao fundo do vale,
inclusive, estabelecendo-se sobre o leito do rio assoreado.
Estas atividades agrícolas encontram-se, predominantemente em áreas de
relevo plano, a ATpc ocupa 59, 60% dos espaços nesta classe, enquanto ATp e
ATc ocupam, na devida ordem 50,91% e 42,49% das terras planas (Quadro 8).
Nas áreas de ATpc e ATp cultiva-se o citros. Uma das principais
problemáticas para esta cultura é sua presença no Neossolo Flúvico e
Cambissolo. No primeiro devido sua textura, que retém pouca umidade e são
solos com baixa capacidade de troca de cátions, mas a exemplo da região de
Irecê-BA, citado por Silva (2005), são áreas que podem ser cultivadas por culturas
perenes. No caso do Cambissolo o problema é a declividade que favorece as
perdas de solo, água e nutrientes através dos processos erosivos, devido
ausência de práticas conservacionistas, como por exemplo, plantio em curvas de
nível ou construção de terraço para contenção de água.
Koller (1994) estudando aquela cultura observou que relações mais
favoráveis encontram-se a valores de pH situados numa faixa de 6,0 a 7,0,
enquanto Quaggio (1995) considerou uma faixa ótima entre pH 5,0 a 6,0, isso
porque, nesses intervalos, maiores disponibilidades de P, Ca e Mg, situação
boa para o desenvolvimento do sistema radicular e absorção de nutrientes em
proporções satisfatórias para o crescimento e produções normais. O sétimo perfil
de solo, que representa estes agroecossistemas apresenta faixas de pH abaixo
das citadas, com valor igual a 4,69 (Quadro 4). Além da acidez observa-se a
baixa fertilidade natural do solo, pobre em matéria orgânica e média capacidade
56
de troca de cátions. Condição similar foi encontrada por Anjos et al. (2000)
estudando o comportamento de adubação verde na entrelinha dos citros de
tabuleiros costeiros.
Quanto aos teores de fósforo, são considerados baixos, apesar do
agroecossistema analisado ter sido adubado, o que demonstra a necessidade da
elevação dos níveis de adubação, para favorecer o aumento dos teores destes
nutrientes no solo. Em avaliação das propriedades químicas dos solos no pólo
agrícola do Pará, Brasil e Veloso (1999) encontraram teores muito baixos para
este elemento no solo e Magalhães (1987) refere-se aos baixos teores deste
elemento como o principal nutriente limitante aos Latossolos cultivados com citros
no município de Cruz das Almas - BA. Como podemos visualizar no quadro 4 os
valores de K encontrados estão próximos do mínimo necessário para a maioria
das culturas (< 0,001 cmol
c
dm
-3
) conforme Silva et al. (2005).
Um grande problema para culturas que possuem raízes profundas, como o
citros, nos Latossolos Amarelos dos Tabuleiros Costeiros é a presença da
camada coesa que dificulta a infiltração de água nas épocas chuvosas, promove a
perda desta de forma muito rápida em época seca, limitando o crescimento de
raízes e consequentemente o suprimento de nutrientes para planta (MOREAU
2006; EMBRAPA, 2005; SOUZA, 2004).
Quadro 8. Áreas de uso do solo em função das classes de relevo da sub-bacia do
xxxrio de Julio no município de Muritiba – BA.
Uso Relevo
dos
Plano Suave ondulado Ondulado Forte ondulado
solos
ha % ha % ha % ha %
AS 2,11 31,43 1,89 28,18 2,71 40,40 ---- ----
ATc 7,54 42,49 6,53 36,83 3,67 20,68 ---- ----
ATp 33,55 50,91 17,01 25,81 15,34 23,28 ---- ----
ATpc 161,38 59,60 77,65 28,68 31,76 11,73 ---- ----
Pec 176,19 47,34 97,04 26,08 81,15 21,81 17,78 4,78
Eap 1,06 100,00 ---- ---- ---- ---- ---- ----
Mata 1,09 65,41 0,43 25,43 0,15 9,16 ---- ----
Cap 6,42 25,19 7,28 28,59 11,77 46,23 ---- ----
Lagoa 18,66 100,00 ---- ---- ---- ---- ---- ----
AUM 14,52 85,34 2,49 14,61 0,01 0,06 ---- ----
AS = agricultura de subsistência; ATc= agricultura tradicional cíclica; ATp = agricultura tradicional
perene; ATpc = agricultura tradicional mista; Pec = pecuária; Eap = extrativismo (peixes); Cap =
capoeira e AUM = área urbana mista.
57
Diversos trabalhos demonstram que com o cultivo há uma tendência para o
aumento das bases trocáveis na superfície do solo (especialmente Ca, Mg, e K),
devido principalmente à aplicação de fertilizantes e corretivos. Borges (1993)
estudando as alterações das propriedades de um Latossolo Amarelo de Cruz das
Almas pelo cultivo com fruteiras perenes e mandioca observou que os teores de
Ca e Mg trocáveis na superfície dos solos cultivados com citros eram de
respectivamente 2,0 e 0.8 cmol
c
dm
-3
e na subsuperfície de 0,8 e 0,6 cmol
c
dm
-3
e
para a mandioca valores de 0,5 e 0,3 cmol
c
dm
-3
na superfície e 0,3 e 0,1 cmol
c
dm
-3
na subsuperfície, atribuindo este aumento superficial à prática de manejo
que não trabalham muito o solo ou ao retorno desses elementos ao solo através
da grande quantidade de resíduos vegetais. Estes maiores valores para o citros
relacionado ao manejo é explicado por Alvarenga e Davide (1999) ao comparar as
culturas anuais, estes agroecossistemas são os mais alterados devido ao
revolvimento do solo para o plantio das culturas resultando numa maior
degradação nas suas propriedades físicas, aumento da microporosidade e da
densidade do solo, am de provocar alterações no fluxo de água, no fluxo de
nutrientes, na atividade microbiana, atuando, consequentemente no
desenvolvimento das culturas e no processo erosivo, que se intensifica à medida
que a capacidade de infiltração diminui e o solo fica mais susceptível ao efeito do
impacto das gotas de chuva.
O cultivo da mandioca é favorável na bacia do rio de Julio, devido a
adaptação aos manejos adotados e aos tipos de solo existentes, pois é sabido
que esta cultura tem uma larga faixa de adaptação a várias condições químicas e
físicas do solo. A mandiocultura ocupa os domínios dos Latossolos, Cambissolos
e Neossolos Flúvicos e as classes de relevo plano a ondulado, sendo o cultivo em
áreas muito inclinadas desfavoráveis devido esta cultura não oferecer boa
proteção ao solo por apresentar pequena massa foliar e poucos resíduos
culturais. Mongolis e Campos Filho (1981) constataram perdas de solo
equivalentes a 11 t ha
-1
em áreas íngremes cultivadas com mandioca orientadas
no sentido do declive em Glória do Goitá-PE, e que plantio em contorno reduzia
os processos erosivos em 71%.
Segundo Souza e Souza (2000), para o cultivo da mandioca, as operações
de preparo do solo devem ser as mínimas possíveis, apenas o suficiente para a
instalação da cultura e para o bom desenvolvimento do sistema radicular, o que
58
encontra respaldo nos estudos de Gabriel Filho et al. (2000) que concluíram pela
substituição do preparo convencional pelo cultivo mínimo do solo. A capacidade
de se desenvolver e produzir relativamente bem em solos de baixa fertilidade,
talvez seja, conforme Carvalho et al. (2007), a principal característica dessa
planta que supera os problemas de baixos teores de fósforo, através de uma
eficiente associação micorrízicas. Em solos pobres em nutrientes, a planta reduz
seu tamanho, mantendo todavia a concentração de nutrientes em vel ótimo,
permitindo assim maior eficiência na utilização dos elementos nutritivos. Tolera
bem solos ácidos, porque suporta altos níveis de saturação por alumínio; de
acordo com Lorenzi et al. (2002), a faixa de pH para a mandiocultura situa-se
entre 5 e 6. Por tais aspectos, entre outros de natureza socioeconômica, o cultivo
da mandioca é largamente praticado pelos produtores da agricultura familiar.
As lavouras referentes a ATc estão, predominantemente, implantadas
sobre os Latossolos, à exemplo da cultura do fumo, que se beneficia do relevo
plano, ideal para fumicultura, porém a camada coesa é um fator limitante ao
desenvolvimento da planta. Aproximadamente 22,20% das áreas cultivadas com
fumo correspondem aos Cambissolos, sendo um dos principais problemas destas
áreas o relevo ondulado favorecendo a erosão, o que é agravado pela
necessidade maior de trabalho do solo, ficando este exposto por um determinado
período. Lal (2000) refere-se à redução na movimentação do solo e a manutenção
de resíduos culturais na superfície, como práticas necessárias para o controle da
erosão e para a redução da degradação do solo e do meio ambiente. Áreas de
relevo ondulado cultivado com fumo, mandioca, feijão, milho e batata-doce,
quando não cultivados de forma conservacionista, têm como principal limitação os
processos erosivos, situação similar encontrada no Parque Estadual do rio
Guarani, no Paraná, por Bresolin (2002). Além da erosão, o gradiente textural dos
Cambissolos influência no desenvolvimento da cultura, como foi observado por
Streck et al. (2006) ao analisarem as influências dos atributos físicos no
desenvolvimento do fumo, os mesmos constataram que o cultivo deste em
Neossolo favoreceu a cultura, pois as raízes puderam chegar a 60 cm de
profundidade.
59
2.3. Pecuária
No concernente a pecuária, é predominantemente de corte, desenvolvida
de forma extensiva, em pastagem nativa e plantada, sem nenhum manejo do
solo, quando este existe é em pastagem plantada e consiste basicamente em
uma aração e adubação química ou orgânica, neste último caso utilizando
resíduos produzidos na própria propriedade. O gado de leite existente em
algumas propriedades são apenas para abastecimento da família.
As pastagens correspondem a 46,76% da área de estudo (Quadro 6). Em
sua maioria os pastos estão estabelecidos sobre os Neossolos Flúvicos,
ocupando 26,08% desta classe, seguidos do Planossolo com 19,39% e o
Neossolo Quartizarênico com 17,23% (Quadro 7). Da área do Planossolo 84,85%
é ocupada pelas pastagens, sendo o cultivo ideal para este solo devido ao seu
caráter hidromórfico e solódico, pois o gênero Brachiaria é adaptável as mais
variadas condições de clima e solo, como observado por Rossi et al. (1997). Os
pastos se estendem sobre as quatro classes de relevo e ocupam, principalmente,
47,34% da classe de relevo plano (Quadro 8) situados, principalmente no fundo
do vale. São nestas áreas que se encontram o Neossolo Flúvico, diferente das
atividades agrícolas que se concentram em áreas planas dos Latossolos.
A maior problemática em relação às pastagens são as que se encontram
em relevo plano próximo ao fundo do vale, áreas que deveriam ser destinadas a
preservação da mata ciliar e as que se encontra em relevo suave ondulado ou
ondulado que não possuem práticas de controle da erosão, esta é minimizada,
pois as gramíneas proporcionam uma melhor cobertura do solo, protegendo-o
contra a ação da chuva, reduzindo os processos erosivos. Vale ressaltar que essa
proteção do solo poderia ser maior se os pastos estivessem em boas condições,
mas o que se observa são clareiras e plantas raquíticas. Em estudo sobre a
relação da cobertura vegetal e perdas de solo por erosão em diversos sistemas
de melhoramento de pastagens nativas, Bono et al. (1996) observaram que em
ambientes agrícolas instáveis, as gramíneas têm papel fundamental na formação
dos agregados do solo, devido à sua grande capacidade de regeneração,
produção de matéria seca, vasto sistema radicular, aumento da retenção de água
e redução da variação térmica.
Nas áreas com pastagens foram constatados baixos valores de fósforo,
60
sendo este, segundo Rossi et al. (1997) o nutriente mais limitante a produção de
forrageiras, devido a sua baixa concentração nos solos e pelo importante papel
que desempenha na nutrição das plantas. No perfil 07, os valores de P no
horizonte A foram, aproximadamente, 10 vezes maior que no horizonte AB, com
valores de 11,35 e 1,58 mg dm
-3
respectivamente. Em condição semelhante,
Aguiar Netto e Nacif (1988) observaram em um Latossolo Amarelo de Cruz das
Almas sob pastagem, teores de P no horizonte A oito vezes maior que o no
horizonte subjacente, com valores de 16 e 2 mg dm
-3
respectivamente. Atribui-se
este comportamento a baixa mobilidade deste elemento no solo, como também, a
menor solubilidade de seus compostos. Convém ainda ressaltar que, para a
CFSEMG (1999) o nível crítico deste elemento em solos com teores de argila de
15 a 35%, como no solo em estudo, seria de 20 mg dm
-3
, estando portando, o
valor de 11,35 mg dm
-3
encontrado, abaixo do recomendado. Entretanto, Corrêa
(1991) e Bomfim (1994) encontraram também para Latossolos sob pastagem
níveis críticos na ordem de 8,5 e 15,2 mg dm
-3
, respectivamente.
Em áreas onde ausência de revolvimento e manutenção dos resíduos
culturais na superfície do solo contribuem para o aumento dos teores P na
superfície, como foi constatado por Falleiro et al. (2003) em seu trabalho sobre a
influência dos sistemas de preparo nas propriedades químicas e físicas do solo.
O pH dos solos encontram-se na faixa considerada por Haag e Dechen
(1994) como ideal (5,0 a 6,5) para o fornecimento do nutriente a gramínea. As
gramíneas forrageiras são adaptadas às condições de acidez e tolerantes aos
níveis de Al do solo (ROSSI et al., 1997; RAMOS [19 --]), razão pela qual a prática
de calagem não é realizada com freqüência, vale ainda ressaltar que este
processo além de corrigir a acidez fornece Ca e Mg, elementos essenciais ao
desenvolvimento da espécie.
Os valores para matéria orgânica apresentaram-se médios no horizonte
superficial, com exceção do perfil 02 onde os valores se apresentaram bom e no
perfil 08 muito bom, isto se deve ao fato destas pastagens se encontrarem, em
áreas de relevo plano com maiores teores de argila que facilita o acúmulo de
carbono no solo, como foi constatado por Fontana et al. (2001) estudando a
matéria orgânica em solos de tabuleiros na região Norte Fluminense-RJ, onde o
teor de argila foi o que mais influenciou na transformação e manutenção da
matéria orgânica.
61
2.4. Extrativismo
O extrativismo na sub-bacia do rio de Julio ocorre em áreas onde o vale se
alarga e surgem os Vertissolos e o Neossolo Flúvico de relevo mais plano. O
extrativismo animal, com criação de peixes em cativeiro, corresponde a 0,14% da
área (Quadro 6), ocupando áreas dos Nessolos Flúvicos (Quadro 7), nesta classe
praticam-se também o extrativismo mineral com exploração de areia para as
casas de materiais de construção. Da mesma forma, encontra-se no Vertissolo
olarias comercializando tijolos e telhas. O extrativismo mineral é uma atividade
altamente degradante, principalmente pelo grande volume de material que ela
movimenta, em forma de minério e rejeito. Situação semelhante de degradação é
demonstrada por Souza Júnior (2004) avaliando a degradação da bacia do rio
Paraíba do Sul - MG quando relata os efeitos nefastos da extração da areia ao
meio ambiente acarretando conseqüências altamente prejudiciais ao ambiente
aquático e ribeirinho, e em muitas das vezes essas conseqüências são
irreversíveis; o mesmo autor chama também atenção para as olarias como outro
fator significativo de degradação, pois além da extração da argila induz uma
cadeia de impactos ambientais, pois esta depende da madeira para aquecimento
dos fornos, ajudando com isto a degradação da mata ciliar.
2.5 Mata e Capoeira
Devido o processo de desmatamento seguido de queimadas para
implantação de culturas e pastagens, juntamente com atividades de turismo
religioso e esportivo, a área da serra do Itaporã foi intensamente modificada. A
mata existente, remanescente da Mata Atlântica, o foi considerada como
floresta por ocupar uma área pequena de 0,12% da área estudada e a capoeira,
que seria uma área que já foi cultivada e após o abandono começa a se
regenerar sozinha, ocupa 3,19% (Quadro 6), esta maior porcentagem se explica
por terras que estão abandonadas por questões judiciais. É importante chamar a
atenção que 99,82% das áreas de mata estão localizadas na classe dos
Latossolos e 68,26% da Capoeira encontram-se sobre os Neossolo Flúvico
(Quadro 7). Sendo que 65,41% do espaço ocupado pela mata encontram-se em
áreas de relevo plano e a capoeira 46,23%, em relevo ondulado (Quadro 8). Os
62
valores de matéria orgânica no ecossistema de capoeira, representado pelo perfil
06, foram classificados como bom, isto devido ao acúmulo deste material em
superfície. A principal problemática destas áreas refere-se aos desmatamentos,
destinados ao abastecimento dos fornos domésticos ou das olarias.
2.6. Lagoa
As lagoas ocupam 2,34% (Quadro 6) da sub-bacia e abrangem 54,22% da
área do Planossolo (Quadro 7). Encontram-se bastante degradadas devido
principalmente ao assoreamento, o que levam os produtores utilizarem o leito do
rio para o cultivo. Em conseqüência do elevado grau de antropização da sub-
bacia hidrográfica, o rio de Julio é intermitente.
CONCLUSÕES
Os resultados encontrados permitiram as seguintes conclusões:
1. As classes de solo identificados na sub-bacia do rio de Julio foram:
Cambissolos Háplico Tb distrófico latossólico, Latossolos Amarelo
distrocoeso argissólico, Neossolos Fluvicos psamítico típico, Neossolos
Quartizarênico hidromórfico, Planossolos Nátrico órtico salino e Vertissolos
Ebânico sódico típico, sendo que o Latossolo Amarelo distrocoeso
argissólico foi o de maior abrangência, correspondendo a 42% da área
total.
2. Os solos estão sendo ocupados com diversas atividades, predominando, a
agricultura tradicional (cíclica, perene e mista) e pastagens, realizadas com
mão-de-obra familiar, sendo os principais cultivos o limão, o fumo e a
mandioca.
3. Os Latossolos Amarelos distrocoesos argissólicos são ocupados
principalmente pela agricultura tradicional e os Neossolos pelas pastagens.
63
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CAPÍTULO 2
APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS DA SUB-BACIA DO RIO DE JULIO, NO
MUNICÍPIO DE MURITIBA – BA
2
2
Artigo a ser submetido ao Comitê da Revista Bragantia
76
APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS DA SUB-BACIA DO RIO DE JULIO, NO
MUNICÍPIO DE MURITIBA – BA.
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo definir a aptidão agrícola dos solos da
sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba, Bahia, com base em técnicas
de geoprocessamento, permitindo avaliação do manejo mais adequado para os
solos desta área. Foi utilizada a metodologia do Sistema FAO/Brasileiro de
Avaliação de Aptidão Agrícola das Terras, permitindo avaliar cinco parâmetros
como: nutrientes, água, oxigênio, mecanização e erosão, para fins de uso
agrícola, pastoris e de preservação ambiental. Desta forma, as terras podem ser
classificadas como aptidão boa, regular, restrita ou inapta, levando em
consideração três níveis de manejo: baixo nível tecnológico (manejo A), nível
tecnológico médio (manejo B) e alto nível tecnológico (manejo C) para os
seguintes grupos de aptidão: 1, 2 e 3 indicando aptidão para lavoura; grupo 4
aptidão para pastagem plantada; grupo 5 aptidão para silvicultura e/ou pastagem
natural e o grupo 6 terras inaptas para uso agrícola. Para elaboração do mapa de
aptidão agrícola das terras utilizou-se mapas de solo e classe de relevo na escala
1:28.000. Para verificação da adequação do uso das terras da sub-bacia em
relação a sua aptidão elaborou-se uma mapa de conflito de uso, definindo-se as
áreas de maior risco de degradação ambiental, a partir do cruzamento entre os
mapas de aptidão agrícola e uso atual do solo. Com base nos resultados obtidos
verificou-se que: as terras da sub-bacia do rio de Julio, apresentam 10 sub-grupos
de aptidão : 1abC, 1(ab)C, 2abc, 2(ab)c, 2ab(c), 2(b)c, 3(a), 3(abc), 3(bc) e 5N; os
principais fatores limitantes ao uso agrícola dos solos foram: deficiência de
nutrientes (N), susceptibilidade a erosão (E) e impedimento a mecanização
(M); as áreas com ausência de conflitos e conflito de uso baixo representa
79,69% da área total da sub-bacia; as áreas de conflito de uso alto dizem respeito
às áreas de preservação permanente.
Palavras-chaves: manejo do solo, áreas de conflito, SIG.
77
LAND AGRICULTURAL SUITABILITY OF THE RIO DE JULIO SUB-BASIN, IN
MURITIBA BA.
SUMMARY
The present study aimed to determine the land agricultural suitability of the rio de
julio Sub-Basin in Muritiba, Bahia. The work was based on geo-referenced
information system which allowed an evaluation of the most suitable management
practice for the soils in that area. Five parameters (nutrient content, water
resource, oxygen, mechanization practices and, erosion) were evaluated for
agricultural use, pasture and, environmental preservation, according to the FAO
system /Brazilian Land Agricultural Suitability Evaluation. Accordingly, the lands
could be classified based on three technological management levels (good,
regular, restrict or unsuitable,: low (A), medium (B) e high (C)) and, considering
the suitability groups (1, 2 and, 3, for farming; 4, for cultivated pasture; 5, for
silviculture and/or natural pasture, and 6, unsuitable for agricultural use). The land
agricultural suitability map was built by using soil maps and relief class, in the
1:28.000 scales. In order to verify the land use fitness of the Sub-basin regarding
its agricultural suitability, a conflict use map was drawn. Areas of major
environmental degradation risks were pointed out by crossing agricultural
suitability maps with the soil current use maps. As a result, the lands in the Julio
River Sub-basin presented 10 suitability sub-grups: 1abC, 1(ab)C, 2abc, 2(ab)c,
2ab(c), 2(b)c, 3(a), 3(abc), 3(bc) e 5N. Nutrient deficiency (N), soil erosion
susceptibility (E) and, mechanization restriciton (M) were the main limiting
factors to the land-use. The areas of no-conflict and those of low conflict represent
79,69% of the total Sub-basin area while the areas of high conflict are related with
permanent preservation areas.
Key-words: agricultural suitability, conflict areas, GIS.
78
INTRODUÇÃO
É comum encontrarmos nos ambientes agrícolas de nosso país a prática
de uma agricultura que não se adapta a real aptidão agrícola dos nossos solos,
assim solos com grande potencial produtivo, devido ao manejo e uso
inadequados, podem estar sendo degradados.
Portanto, conhecer o solo é o primeiro passo para o estabelecimento de um
programa sustentável de exploração dos recursos naturais. Para Pavan e
Miyazawa (1997) este conhecimento se pela identificação dos componentes
associados à baixa produtividade, tais como acidez, elementos tóxicos, níveis
inadequados de elementos essenciais, degradação da matéria orgânica, erosão,
entre outros. Identificar e conhecer as causas e conseqüências desses problemas
é a base para a seleção da tecnologia apropriada para maximizar a produtividade,
mantendo a qualidade do meio ambiente. Um dos principais componentes que
degrada os agroecossistemas é o manejo inadequado do solo e estes processos
de degradação demandam um esforço técnico-financeiro para sua recuperação e
reabilitação.
Quanto aos impactos causados por essas discrepâncias, não são
conseqüências apenas da falta de conhecimento do produtor, mas pelas suas
necessidades, levando-o a um uso intensivo do solo, fator que se agrava quando
se trata de pequenas propriedades. Uma das grandes dificuldades na avaliação
de terras para fins agrícolas segundo Godoy e Assad (2002) diz respeito a
conciliação das demandas fisiológicas da cultura, as potencialidades do ambiente
e as condições sócio-econômicas do sistema de produção.
No Brasil para avaliar a aptidão agrícolas das terras são utilizados os
sistemas de classificação de capacidade de uso da terra (LEPSCH et al., 1991) e
o sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras (RAMALHO FILHO e BEEK,
1995), este último considera o produtor no que se refere às condições sócio-
econômicas que se reflete na tecnologia utilizada, sendo a base da abordagem
deste trabalho.
A aptidão agrícola das terras surge como uma classificação técnica que
visa identificar seu potencial de utilização, considerando as limitações do solo
(deficiência de fertilidade, água, oxigênio, susceptibilidade a erosão e
impedimentos à mecanização), sendo a maior dificuldade para a aplicação desse
79
Sistema, segundo Fuks et al. (1997), a falta de informações básicas de solos,
uma vez que os levantamentos disponíveis em âmbito nacional são, em sua
maioria, generalizados, em escalas menores que 1:500.000. Os sistemas de
manejos são diferenciados em três categorias de acordo com os níveis de
tecnologia empregados, podendo ser classificados em manejo A, B e C que,
considerando os graus de limitações e respectivas possibilidades de melhoria,
definirão as classes de aptidão agrícola das terras como boa, regular e restrita
para o uso com lavouras, pastagem plantada, silvicultura e pastagem natural e,
inapta destinadas à preservação.
A agricultura é uma atividade econômica que depende em grande parte do
meio físico. O aspecto ecológico confere fundamental importância ao processo de
produção agropecuária. Um país ou uma região apresenta várias sub-regiões com
distintas condições de solo, clima e, portanto, com distintas aptidões para produzir
diferentes bens agrícolas. Ainda que a tecnologia permita superar, em parte as
limitações derivadas do condicionamento ecológico, convém salientar que, a
imobilidade dos recursos naturais restringe o raio de manobra do planejamento e
condiciona parcialmente, as decisões relacionadas com o seu uso na produção
agrícola (MINISTÉRIO..., 1979) pensando nisto, o sistema proposto por Ramalho
Filho e Beek (1995) é adaptado as diversas regiões climáticas.
Em estudo sobre a aptidão do uso da terra como base para o planejamento
dos recursos naturais no município de São João do Polêsine RS, Pedron et al.
(2006) constatou que os principais problemas ambientais relacionam-se a
utilização inadequada dos mesmos, sem considerar a aptidão agrícola e a
Legislação Ambiental no processo de planejamento do uso do solo. Ainda
segundo os autores, as áreas que apresentam os principais conflitos de usos das
terras estão relacionadas com as matas ciliares, declividade acentuada e usos
agrícolas do solo sem aptidão.
O uso da terra depende de vários fatores e é possível que a utilização de
grandes áreas como reservas extrativistas e a agro-silvicultura, sejam, no
momento, as formas de utilização mais adequadas para não comprometer
demasiadamente um potencial de riqueza genética e ambiental únicos
(RESENDE et al., 1999). Assim, o solo deve ser usado de acordo com sua
aptidão agrícola e respeitando a Lei vigente, que é clara quanto à preservação da
80
mata ciliar, que tem dimensões fixadas por lei levando em consideração as
nascentes e a largura dos rios. De acordo com o artigo da Resolução
CONAMA/02, 303, deve considerar de preservação permanente, as florestas e
demais formas de vegetação natural situadas: i) Ao longo do rio ou de qualquer
curso d’água cuja a largura mínima seja: a) de 30 metros para os cursos de água
de menos de 10 metros de largura; b) de 50 metros para os cursos d’água que
tenham 10 a 50 metros de largura, ii) Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios
d’água naturais ou artificiais; iii) Nas nascentes, qualquer que seja a sua situação
topográfica, num raio mínimo de 50 m de largura.
Para Pinto et al. (2003) as áreas de preservação permanente localizadas
ao redor das nascentes e cursos d’água têm a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo
gênico da fauna e da flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das
populações humanas. Com o objetivo de avaliar a adequação o uso do solo em
áreas de preservação permanente na sub-bacia do Ribeirão Santa Cruz, os
autores verificaram que 58% do total da área encontra-se com uso conflitivo do
solo, sendo deste total 53,23% áreas de preservação ocupados por pastagens.
De acordo com o artigo da Resolução CONAMA/02, 303, em tais áreas
ocorrem, na maioria das vezes, as matas ciliares. Estas são geralmente férteis,
excelentes para agricultura, além de fornecer madeira para diversas atividades
humanas.
Na sub-bacia do rio de Julio, área deste estudo, não presença de matas
ciliares, as áreas de preservação permanentes estão todas degradadas por ações
antrópicas, inclusive a serra do Itaporã, o divisor de águas de maior elevação da
sub-bacia. Nas áreas do vale o uso e manejo do solo provocam acelerado
processo de assoreamento, comprovado pela redução do volume de água do rio e
sua intermitência, favorecendo a ocupação pelas pastagens. O uso dos solos
nestas áreas sem técnicas conservacionistas, uso intensivo em pequena
propriedade e baixa renda dos produtores de forma geral contribuem
significativamente para aceleração do processo de degradação ambiental advindo
da incompatibilidade entre o uso e o manejo.
Segundo Valério Filho (1995), com a coleta de informações de aptidão e
uso atual das terras é possível obter mapas atualizados que permitem uma
avaliação das discrepâncias entre a forma de ocupação mais adequada
81
(indicadas a partir de procedimentos de classificação da aptidão de uso das
terras) e aquelas efetivamente observadas. Vários estudos têm sido realizados
com resultados muito promissores utilizando o Sistema de Informações
Geográficas na avaliação da aptidão agrícola das terras (FORMAGGIO et al.,
1992; GOMES, et al., 1993; ASSAD, 1993). Acrescenta ainda o último autor que
esta ferramenta contribui facilitando o trabalho de representação gráfica das
classes e de atualização das informações além de minimizar a complexidade e o
grau de subjetividade de estimativas feitas a partir de cruzamentos realizados de
forma manual.
Barros et al. (2004) avaliando a adequação do uso do solo no município de
Maringá – PR, utilizando a metodologia proposta por Ramalho Filho e Beek
(1995), com técnicas de geoprocessamento, verificaram que da área total
ocupada por pastagem, 73,59% estão em terras de boa aptidão para lavoura,
sendo 17,27% com aptidão regular no nível de manejo A e boa no B e C e
56,32% com aptidão boa nos três níveis de manejo.
Visando determinar a aptidão agrícola das terras na microbacia do rrego
Mato Dentro em Leme – MG, Braga et al. (2005) observaram que o grupo
predominante na área é o 3(abc), ou seja, terras com aptidão restrita para lavoura
nos três níveis de manejo, onde se encontram o Cambissolo Háplico latossólico,
cabendo assim o real uso para pastagens. Por apresentar como principal fator
limitante a susceptibilidade à erosão, em virtude da declividade (entre 13 e 20%)
demandaria de práticas de conservação do solo, tipo plantio em curvas de nível,
para ser explorada por lavouras. Machado et al. (2000) ao determinar a aptidão
agrícola para pastagens em Cambissolo concluiu que, quando este solo
apresenta-se pouco profundos em relevo ondulado a forte ondulado, a
susceptibilidade a erosão varia de moderada a forte, por isso esta terra se
enquadrariam no grupo 5, recomendadas para a silvicultura ou pastagem natural.
Este mesmo solo sendo litólico, na mesma condição de relevo apresenta forte
susceptibilidade a erosão e impedimento a mecanização, enquadrando-se ao
grupo 6, sendo indicadas para áreas de preservação da fauna e da flora. Reatto
et al. (2002) avaliando a aptidão agrícola das terras da margem direita do córrego
da Divisa do rio São Bartolomeu DF, verificaram que os Latossolos desta área
apresentam aptidão para lavoura 2(b)c, restrito para o nível de manejo b e regular
82
para o nível c, apesar desta classificação estas áreas são destinadas a
preservação permanente.
Lima (2005) ao avaliar a aptidão agrícola dos solos da Serra da Copioba no
município de São Felipe BA, com a mesma metodologia citada anteriormente,
observou que os Cambissolos Háplicos Tb Eutróficos típicos, de relevo suave
ondulado e moderadamente ondulado, possuem aptidão 1aBc, apresentando
como limitação a deficiência de nutriente no manejo A e susceptibilidade a erosão
e impedimento à mecanização no manejo C. Ainda segundo a autora com a
implementação de práticas como: adubação verde, incorporação de esterco
bovino, adubação com NPK, rotação de culturas, correção do solo (calagem), este
solo poderá atingir a classe boa para lavoura no nível de manejo B.
O ser humano ao realizar a adaptação das terras para as explorações
agrícolas, modifica as características dos solos e não absorve os fatores
limitantes, favorecendo a agressão das mais variadas formas, tornando-os
deteriorados (DUARTE, 2004). Desta forma, a distribuição e a avaliação da
potencialidade dos recursos dos solos da área, segundo Amaral et al. (2000) são
bases físicas fundamentais para o estabelecimento de modelos de
desenvolvimento sustentável, considerando as qualidades e fatores limitantes das
terras, os quais interferem na elevação e manutenção da produtividade, sem
causar danos irrecuperáveis aos ecossistemas. Conforme Santos (2007) o
desenvolvimento sustentável não degrada o ambiente, é tecnicamente
apropriado, economicamente viável e socialmente aceitável.
Segundo Soares (2005) o grande desafio da agricultura moderna está na
busca da sustentabilidade socioeconômica da exploração agrícola, ou de uma
nova condição de equilíbrio do sistema de produção, o que envolve, dentre
outros, o manejo adequado do solo. A recuperação, conservação e exploração
sustentável dos recursos naturais exigem conhecimento das suas propriedades e
da situação em relação aos efeitos das atividades antrópicas. Nesse sentido, o
diagnóstico do recurso solo, juntamente com outros elementos ambientais, é uma
excelente ferramenta na determinação de problemas, como os conflitos de uso
das terras, os quais podem auxiliar no planejamento racional de todo o ambiente
em questão (RESENDE et al., 1999)
Diante do exposto tem-se como objetivo deste trabalho a avaliação da
aptidão agrícola das terras da sub-bacia do rio de Julio, no município de Muritiba
83
BA, utilizando técnicas de geoprocessamento, permitindo a recomendação do
manejo adequado dos solos desta área.
MATERIAL E METÓDOS
1. Localização e caracterização da área
A área de estudo compreende a bacia hidrográfica do rio de Julio, afluente
da margem esquerda do rio Capivari no município de Muritiba no Recôncavo
Baiano, compreendendo uma área de 797,15 hectares, situada entre as
coordenadas geográficas 12° 35’ 23’’S a 12° 38’ 15,28’’ S e 39° 09’ 03,66’’W a 39°
11’ 14,59’’W, (Figura 1). O clima, segundo a classificação de Thornthwaite é do
tipo Sub-úmido a Semi-árido (SRH, 1996), apresentando médias anuais de
temperatura e pluviosidade, respectivamente, de 23,6ºC e 1.174mm, com período
chuvoso concentrado entre os meses de maio a julho (SEI, 2007).
A geologia é constituída por Depósitos Eluvionares, Coluvionares e Gnaisses
Charnockíticos sob a Formação Barreiras e a Formação Capim Grosso,
ocorrendo sob a forma de Tabuleiros Interioranos e Tabuleiros Pré-litorâneos
(BRASIL, 1984).
Quanto a vegetação original da sub-bacia, era ocupada por Florestas
Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual (SEI, 2007), sendo
atualmente ocupada por pastagens, citros, culturas anuais e de subsistência, e
raros fragmentos de capoeiras e matas.
As classes de solos da área em estudo compreendem os Latossolo
Amarelo distrocoeso argissólico, Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico,
Neossolo Quartizarênico hidromórfico pico, Neossolo Flúvico psamítico típico,
Planossolo Natrico órtico salino e Vertissolo Ebânico sódico típico.
O ambiente agrícola é caracterizado por pequenas propriedades rurais,
destacando-se o cultivo de plantas perenes como o limão e entre as culturas
cíclicas o fumo seguido da mandioca. A mão-de-obra empregada é basicamente
familiar e o manejo do solo consiste em práticas tradicionais.
84
Figura 1. Localização da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba – BA.
85
2. Sistema de Avaliação de Aptidão Agrícola
Para avaliação da aptidão agrícola dos solos da sub-bacia do rio de Julio,
foi utilizado a metodologia do Sistema FAO/Brasileiro de Avaliação de Aptidão
Agrícola das Terras proposta por Ramalho Filho e Beek (1995). Esta metodologia
permite interpretar cinco parâmetros como: nutrientes, água, oxigênio,
mecanização e erosão, para fins de uso agrícola, pastoris e de preservação
ambiental. Graus de limitações são definidos para cada parâmetro, avaliado-os
como: N nulo, L ligeiro, M moderado, F forte e MF muito forte. Desta
forma as terras podem ser classificadas com aptidão boa, regular, restrita ou
inapta, levando em consideração três níveis de manejo: baixo nível tecnológico
(manejo A), nível tecnológico médio (manejo B) e alto nível tecnológico (manejo
C). Após definição dos graus de limitações estimam-se as viabilidades de
melhoramento de acordo com o nível de manejo considerado, confrontando-se os
resultados com um quadro-guia adequado para as regiões tropicais úmidas,
definindo-se a aptidão. As terras são classificadas em seis grupos, sendo os
grupos 1, 2 e 3 indicando aptidão para lavoura; grupo 4 apresentam aptidão para
pastagem plantada; grupo 5 aptidão para silvicultura e/ou pastagem natural e o
grupo 6 indicam terras inaptas para todos os usos citados anteriormente, assim
são destinadas a preservação da fauna e flora ou para recreação (Quadro 1).
Quadro 1: Simbologia correspondente às classes de aptidão agrícola da terras.
Classe
de
Aptidão
Agrícola
Tipo de utilização
Lavoura Pastagem
plantada
Silvicultura
Pastagem
natural
Nível de manejo Nível de
manejo B
Nível de
manejo B
Nível de
manejo A
A B C
Boa A B C P S N
Regular a b c p s n
Restrita (a) (b) (c) (p) (s) (n)
Inapta --- --- --- --- --- ---
86
2.1. Elaboração do Mapa de Aptidão Agrícola
Na elaboração do mapa de aptidão agrícola das terras a disponibilidade de
bases cartográficas confiáveis, ou pelo menos, espacialmente ajustadas, assume
caráter imprescindível. Para este trabalho, os documentos de bases foram os
mapas de solos e classe de relevo ambos na escala 1:28.000, dados numéricos
de 8 perfis de solo e análises química e física de amostras de solo obtidas nas
tradagens.
Inicialmente, procedeu-se a reclassificação do mapa de classe de relevo
em intervalos definidos para estudos de conservação de solos, conforme
metodologia proposta por Ramalho Filho & Beek (1995): plano - 0 a 3%; suave
ondulado - 3 a 8%; moderadamente ondulado - 8 a 13%; ondulado - 13 a 20% e
forte ondulado - 20 a 45%.
Posteriormente, efetuou-se o cruzamento do mapa de classes de relevo
com o mapa de solos, utilizando o comando “Intersect two layres” do Arc Gis 8.2,
obtendo-se várias associações de unidade de solo por classe de relevo, as quais
serviram de ponto de partida para a determinação das classes de aptidão
agrícola.
A partir das condições climáticas locais e da associação solo x classe de
relevo, juntamente com os resultados das análises físicas e químicas dos perfis
de solo e das amostras de tradagens, foi possível a estimativa dos graus de
limitações para os cinco parâmetros avaliados.
Após definido os graus de limitações para cada parâmetro, em função dos
manejos A, B e C, comparou-se com o quadro-guia para região tropical úmida,
encontrando assim a classe de aptidão em cada manejo. Nos níveis de manejo B
e C foi considerada tamm a viabilidade de melhoramento das condições
naturais das terras. Para definição da classe de aptidão aplicou-se o princípio de
que o uso não pode ser mais intensivo do que permite o parâmetro que está em
mínimo, optando-se sempre pela classe de aptidão indicada pelo grau de
limitação mais forte para cada manejo.
As Áreas de Preservação Permanente (APPs) foram delimitadas com base
na Resolução do CONAMA 303/2002 e no Código Florestal (Brasil, 1965). Para
realização deste procedimento aplicou-se um buffer com distância de 30 m para
87
as margens dos rios e 50 m ao redor das lagoas, para extração dos topos de
morros, utilizou-se as curvas de níveis.
De posse do mapa de aptidão agrícola, foram calculadas área de
abrangência de cada grupo.
2.2 - Elaboração do Mapa de Conflito de Uso
A elaboração do mapa de conflito permite avaliar a adequação de uso das
terras, fornecendo subsídios para execução de planos de ação que visem
identificar áreas com possíveis problemas de degradação necessitando de
medidas emergências para seu controle. Assim, definiu-se neste trabalho o mapa
de conflito de uso, a partir do cruzamento entre o mapa de classe de aptidão com
o mapa de uso atual, realizado no Arc Gis 8.2. Foram considerados os seguintes
níveis de conflito de uso, de acordo com Formaggio et al. (1992) com adaptações:
Ausência de conflito Alta taxa de adequação de uso (quando as terras
estavam sendo ocupadas por usos menos exigentes que o da classe de aptidão,
ou seja, sem riscos ou problemas de conservação);
Conflito de uso baixo - Moderada taxa de adequação de uso (quando as
terras estavam sendo ocupadas por usos moderadas ou satisfatoriamente
adequados às classes de aptidão, ou seja, os usos atuais podiam acarretar algum
risco ligado à conservação das terras);
Conflito de uso médio – Baixa taxa de adequação de uso (quando as terras
estavam sendo ocupadas por usos pouco adequados às classes de aptidão, ou
seja, quando os usos atuais apresentavam significativos riscos
conservacionistas);
Conflito de uso alto Uso atual inadequado (quando as terras estavam
sendo ocupadas por culturas cujas exigências agronômicas e de práticas de
conservação excediam as aptidões dos solos em questão, o uso continuado com
tais culturas poderá trazer sérios problemas conservacionistas a curto e a médio
prazo.
A partir do mapa de conflito de uso, foram feitas avaliações quantitativas
relativas à proporção das áreas adequada ou inadequadamente utilizadas. O
esquema das operações de manipulação dos planos de informação no SIG é
apresentado na Figura 2.
88
3. Métodos de amostragem e análises laboratoriais.
As análises físicas e químicas das amostras de solo dos perfis foram
realizadas respectivamente nos laboratórios de Física e Química do Solo do
Centro de Ciências Agrárias, Biológicas e Ambientais da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia. As amostras foram coletadas por horizontes e postas para
secar ao ar, sendo posteriormente destorroadas e passadas em peneiras de
malha com 2,0 mm de diâmetro de abertura, obtendo-se para análise a terra fina
seca ao ar (TFSA).
As determinações químicas realizadas foram: pH em água e em KCl -
determinado em potenciômetro, com eletrodo de vidro, empregando-se a relação
terra solução 1: 2, 5; Alumínio trocável (Al
3+
) - extraído com solução 1 mol L
-1
de
KCl e titulado com solução de 0,025 mol L
-1
de NaOH; Acidez Potencial (H
+
+ Al
3+
)
- extraídos com solução de acetato de cálcio 1 mol L
-1
, a pH 7,0 e titulação com
solução NaOH 0,025 mol L
-1
(RAIJ et al. 1987); Matéria Orgânica - determinada
pelo método de Walklay-Black; Fósforo disponível - determinação utilizando-se o
extrator Mehlich-1; Potássio e Sódio trocáveis - determinação através de
fotometria de chama, utilizando-se como extrator Mehlich-1; Cálcio e Magnésio
Figura 2 - Fluxograma de determinação da Classe de Aptidão Agrícola no SIG.
MAPA DE UNIDADES DE
SOLO
MAPA DE CLASSES DE
RELEVO
X
MAPA DE CLASSES
DE APTIDÃO
MAPA DE USO ATUAL
AVALIAÇÃO DE CONFLITOS
E TOMADA DE DECIO
X
Atributos físicos e químicos
dos solos
Viabilidades de melhoramentos
89
trocáveis - determinação utilizando extrator KCl 1 mol L
-1
; Carbonato de Cálcio
extraído com solução de HCl 0,5 mol L
-1
e titulação com solução de NaOH 0,25
mol L
-1
e Condutividade Elétrica determinado em condutivímetro, segundo
método da Embrapa (1997).
Estas determinações analíticas permitiram cálculos de soma de bases
trocáveis (S) - soma dos teores de K, Ca, Mg e Na trocáveis; capacidade de troca
catiônica (t) - soma de S + Al
3+
; capacidade de troca catiônica a pH 7 (T) - soma
de S + ( H + Al
3+
); Saturação por Bases (V%) - percentagem das bases no
complexo sortivo do solo: V% = (S/T)*100 e saturação por alumínio (m%) –
percentagem de alumínio no complexo sortivo do solo: m% = [Al/(S + Al)]*100.
Determinações físicas: macro e micro porosidade e densidade do solo
determinações segundo o método da mesa de tensão; análise granulométrica
utilizou-se o método da pipeta com dispersão em NaOH 1 mol L
-1
e agitação
mecânica; argila dispersa em água - utilizou-se o método da pipeta com dispersão
em água destilada e agitação mecânica, permitindo determinação do grau de
floculação – calculado conforme fórmula:
GF = [(AT – ADA)/AT]*100
onde, GF = grau de floculação, AT = argila total dispersa em NaOH e ADA = argila
total dispersa em água Embrapa (1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As terras da sub-bacia do rio de Julio apresentaram quatro grupos de
aptidão: lavoura, subdividida 1abC, 1(ab)C, 2abc, 2(ab)c, 2ab(c), 2(b)c, 3(a),
3(abc), 3(bc) e 5N. No mapa de aptidão agrícola das terras (Figura 3), observa-se
que alguns subgrupos apresentam uma linha sob o símbolo. Quando esta se
apresenta contínua significa que na unidade de mapeamento existem
associações de terras onde áreas em menor proporção que apresentam uma
melhor aptidão, se a linha apresenta-se interrompida significa áreas de solos com
pior aptidão agrícola. No quadro 2 encontram-se as aptidões agrícolas da área
indicando suas principais limitações em função das classes de solos e de relevo.
90
Figura 3. Mapa de aptidão agrícola dos solos da su
b
-
bacia do rio de Julio no município de
xx
Muritiba
-
BA.
91
O subgrupo de maior representatividade é 1(ab)C, ou seja, terras com
aptidão restrita para lavoura nos níveis de manejo A e B e boa no nível C,
correspondendo a 29,11% da área total de estudo (Quadro 2). São áreas de
ocorrência dos Latossolos Amarelos distrocoesos argissólicos, de relevo plano,
tendo como principal limitação a deficiência de nutrientes nos níveis de manejo A
e B, sem limitações para o nível C. Esta limitação é decisivo no nível de manejo
A, pois o uso da terra está na dependência da sua fertilidade natural, havendo
possibilidade de melhorias, apenas nos níveis B e C. O agricultor para viabilizar o
uso deste solo, no nível de manejo B, segundo Ramalho Filho e Beek (1995), é
necessário a adoção de práticas como: adubação verde, incorporação de esterco
e tortas diversas, correção do solo (calagem até 2 t ha
-1
), adubação com NPK (até
200 kg ha
-1
) e rotação de culturas. O nível de manejo C requer um alto
investimento de aplicação de capital em práticas de adubação com NPK mais
micronutrientes, adubação foliar, correção do solo (calagem com mais de 2 t ha) e
combinação das práticas com “mulching”, porém a realidade econômica dos
produtores da área em estudo não condizem com tal investimento, pois possuem
pequenas propriedades e utilizam mão-de-obra familiar.
Em seguida destaca-se os subgrupos 2(ab)c e 2(b)c, com áreas de
abrangência de 18,92% e 17,02%, respectivamente (Quadro 2). São terras com
aptidão restrita no nível de manejo B e regular no nível C, sendo que o primeiro
apresenta, também, restrições para o nível A. O subgrupo de aptidão 2(ab)c
ocorre nos Latossolos Amarelos distrocoesos argissólicos, de relevo suave e
moderadamente ondulado a ondulado, e nos Cambissolos Háplicos Tb distróficos
latossólicos, de relevo plano e suave ondulado, tendo como principais limitações
nos níveis de manejo A e B a deficiência de nutrientes, porém no nível de manejo
C, os Latossolos apresentaram susceptibilidade a erosão e impedimento a
mecanização, e os Cambissolos apresentaram apenas limitação quanto a
mecanização. Segundo Resck (1991), no caso particular dos Latossolos de
textura média nos horizontes superficiais, devido apresentarem elevada
erodibilidade, o manejo inadequado pode conduzir a formação de erosão em
sulcos e voçorocas. Para minimizar essas perdas por erosão o solo deve ter
preparo reduzido, deve-se cultivar em contorno, em faixa, enleirar os restos
culturais em nível, destinar áreas para o pousio, praticar a cobertura morta, porém
estas técnicas ainda restringem o uso do solo para lavoura, técnicas mais
92
Quadro 2. Principais limitações dos diferentes manejos e aptidão agrícola dos solos da sub-
bacia do rio de Julio no
xxxmunicípio de Muritiba-BA,
SÍMBOLO
CLASSES DE SOLO
PRINCIPAL LIMITÃO
CLASSIFICAÇÃO
DA APTIO
AGRÍCOLA
ÁREA
(ha)
ÁREA TOTAL
%
MANEJO
A
MANEJO
B
MANEJO
C
LAdx Latossolo Amarelo distrocoeso, relevo plano. N N - 1(ab)C
225,24 29,11
LAdx
Latossolo Amarelo distrocoes
o, relevo suave e
moderadamente ondulado e ondulado.
N N E e M 2(ab)c
99,81 12,90
CXbd
Cambissolo Háplico Tb Distrófico latossólico, relevo
plano e suave ondulado.
N N M 2(ab)c
46,60 6,02
CXbd
Cambissolo plico Tb Distrófico latossólico, relevo
moderada
mente ondulado e ondulado.
N N M 3(abc)
76,75 9,92
RQg
Neossolo Quartzarênico Hidromórfico típico, relevo
plano
N N - 1abC
12,63 1,63
RQg
Neossolo Quartzarênico Hidromórfico típico, relevo
suave ondulado
N N M 2abc
31,65 4,09
RQg
Neossolo Quartzarênico
Hidromórfico típico, relevo
moderadamente ondulado a forte ondulado
N e E N e E E e M 2ab(c)
19,82 2,56
RYg
Nesossolo Flúvico Psamítico típico plano e suave
ondulado
N N N e M 2(b)c
131,74 17,02
RYg
Neossolo Flúvico Psamítico típico, relevo
moderadame
nte ondulado a ondulado
N e E N e E N e M 3(bc)
35,40 4,58
SNo Planossolo Nátrico Ertico salino relevo plano a ondulado
N N e E N, E e M
3(a)
85,10 11,00
VEn
Vertissolo Ebánico Sódico típico relevo plano a
ondulado
N e O N, O e M
N e M 5N
9,13 1,18
N – deficiência de nutrientes; E – suscetibilidade à erosão; M – impedimentos à mecanização; O – deficiência de oxigênio; LAdx – Latossolo
Amarelo distrocoeso argissólico; CXbd – Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico; RYg – Neossolo Flúvico psamítico típico;
RQg – Neossolo Quartizarênico hidromórfico típico; SNo – Planossolo Nátrico órtico salino; VEn – Vertissolo Ebânico sódico típico.
93
eficazes como terraceamento, terraços em patamar, faixas de retenção
permanente e plantio direto melhoram o uso do solo no nível de manejo C, porém
sua aptidão ainda continua sendo de uso regular para lavouras.
As primeiras práticas citadas estão condizentes com a realidade econômica
dos produtores da sub-bacia do rio de Julio, entretanto o maior problema para
adoção destas referem-se a falta de informão e a questão cultural. Devendo-se
ainda considerar que mesmo com a aplicação de investimentos para a redução
das limitações estes solos ainda apresentam-se regular e restrito para o uso com
lavouras.
No que diz respeito ao subgrupo 2(b)c, estes atribuem-se ao Neossolos
Flúvicos, de relevo plano e suave ondulado, com deficiência nutricional nos três
níveis de manejo e impedimento a mecanização apenas no nível C. A baixa
fertilidade natural destes solos, apresentando saturação de bases inferior a 37%
em todo o perfil, impossibilita o uso agrícola no manejo A, tornando regular para
pastagem natural (5n), razão pela qual, ser esta a ocupação atualmente
predominante deste solo. Para redução do impedimento a mecanização podem
ser feitos nivelamentos do terreno, drenagem, construção de patamares, práticas
que exigem um investimento de capital que não condizem com o padrão de vida
do agricultor.
O subgrupo 3(abc) com aptidão restrita para lavoura nos três níveis de
manejo representa 9,92% da área, correspondendo ao Cambissolo Háplico Tb
Distrófico latossólico, em relevo moderadamente ondulado e ondulado (Quadro
2). Apresentam como limitação ao uso agrícola a deficiência de nutrientes nos
níveis de manejo A e B, e impedimento a mecanização no nível C, atribuindo esta
limitação a presença de afloramentos de rochas e pedregosidade, além do
declive. As melhorias para estas limitações já foram citadas anteriormente, porém
observa-se que, mesmo aplicando alta tecnologia para viabilizar a produção,
estas terras ainda apresentaram uso restrito para lavoura. Entretanto, os
produtores da sub-bacia do rio de Julio utilizam este solo para cultivo de plantas
cíclicas e perenes com baixo investimento tecnológico. Sendo freqüente tamm,
a utilização destas áreas com pastagens sem nenhum aporte de tecnologia.
O Planossolo trico órtico salino, de relevo plano a ondulado, apresentou
aptidão agrícola 3(a), ou seja, uso restrito para lavoura no nível de manejo A,
ocupando 11,00% da área total da sub-bacia (Quadro 2). A deficiência de
94
nutrientes e susceptibilidade a erosão foram os principais fatores limitantes nestes
solos no nível de manejo A e B. A susceptibilidade a erosão pode ser atribuída
além da declividade à mudança textural abrupta entre os horizontes superficiais A
e E de textura arenosa e o horizonte supsuperficial B de textura média. No nível C
de manejo além das deficiências citadas anteriormente, acrescenta-se o
impedimento a mecanização, devido principalmente ao encharcamento deste solo
no período chuvoso, característica favorável pela pouca profundidade do mesmo.
O investimento elevado de capital para redução destas limitações é inviável, pois
além das características citadas, a rochosidade é freqüente e os teores de
sódio o elevados, sendo mais viável o uso do solo com culturas de ciclo curto
e/ou adaptadas a estas condições, com técnica de manejo mais simples, ou
mesmo para utilização atual destes solos com pastagens.
Em menores proporções aparecem os subgrupos 1abC, 2abc, 2ab(c) com
aptidão regular no nível de manejo A e B, quanto ao nível de manejo C
apresentaram-se na devida ordem como bom, regular e restrito. Estes grupos
foram observados para o Neossolo Quartizarênico hidromórfico pico, com
situação de relevo plano, suave ondulado e moderadamente ondulado a forte
ondulado, respectivamente, ocupando na mesma ordem 1,63%, 4,09% e 2,56%
da área total da sub-bacia do rio de Julio (Quadro 2). Em todos os casos
apresentam deficiências de nutrientes para os níveis de manejo A e B, embora
estes solos apresentem saturação por bases acima de 50%, os valores de soma
de bases foram inferiores a 3 cmol
c
dm
-3
, o que lhe confere um grau de limitação
por deficiência de fertilidade de ligeiro a moderado no manejo A e ligeiro no
manejo B. Para o nível de manejo C as terras com aptidão 1abC não apresentam
nenhuma limitação, enquanto o subgrupo 2abc apresenta impedimento à
mecanização. As terras com aptidão 2ab(c) apresentam as mesmas limitações
que o subgrupo 2abc como tamm susceptibilidade a erosão nos três níveis de
manejo, devido a textura arenosa em relevo variando de moderado a forte
ondulado. Esta limitação pode ser reduzida com utilização de práticas como faixas
de retenção permanente, canais escoadouros e terraceamento.
Quanto ao subgrupo 3(bc) de ocorrência no Neossolo Flúvico, em relevo
moderadamente ondulado a ondulado (Quadro 2), apresentam restrições nos
níveis B e C e ocupam 4,58% da área total da sub-bacia. A principal limitação
para estes solos é a deficiência nutricional nos três níveis de manejo, exigindo
95
uma aplicação intensiva de capital para realização de práticas relacionadas
anteriormente que viabilizem a produção nestes solos. Apresentam também
susceptibilidade a erosão nos níveis A e B e impedimento a mecanização no nível
C, tornando-se inaptos para lavoura no nível de manejo A e aptos para pastagem
natural em classe regular, sendo esta a ocupação atual predominante neste solo.
Em menor intensidade de ocorrência, está o grupo 5N, indicando terras
com aptidão boa para pastagem natural, representando 1,18% da área total de
estudo (Quadro 2). Compreendem as áreas do Vertissolo Ebânico sódico típico,
de relevo plano a ondulado, com deficiência nutricional e de oxigênio no vel de
manejo A e B, com impedimentos a mecanização nos níveis de manejo B e C. O
impedimento a mecanização é atribuído ao elevado teor de argila do tipo 2:1 e a
curta faixa de friabilidade deste solo. Para melhorar as condições de arejamento
podem ser construídas valas, no entanto esta técnica exige ser bem planejada
para não causar o ressecamento excessivo das terras.
Os solos apresentaram incompatibilidade de uso, em relação a
metodologia de Ramalho Filho e Beek (1995), observa-se que muitas áreas que
estão sendo utilizadas para pastagens, possuem aptidão para usos mais
intensivos, como a agricultura. Barros et al. (2004) estudando a adequação do
uso do solo no município de Maringá-PR observaram que 73,59% das áreas
ocupadas pelas pastagens estão em áreas de boa aptidão para a lavoura, desse
total 56,32% apresenta aptidão 1ABC, ou seja, terras boas para lavouras nos três
níveis de manejo. Para Braga (2005) e Pedron et al. (2006) terras nestas
condições são sub-utilizadas.
Apesar de todos os solos apresentarem aptidão para alguma atividade
econômica, existem áreas, que são protegidas por lei. Estas localizam-se nas
margens do rio, das lagoas, entorno das nascentes e topos de morros, sendo
destinas a preservação ambiental (APP) pelo artigo da Resolução
CONAMA/02, 303. Nestas condições Pedron et al. (2006) observaram que
90,8% da área enquadrada como APP no município de São João do Polêsine-RS
apresentam algum tipo de aptidão agrícola, porém tem seu uso limitado pela
legislação No quadro 3 estão apresentadas as áreas de cada classe de
solodestinadas a preservação ambiental.
96
Quadro 3. Área destina a preservação permanente (APP) da serra do Itaporã
xxxe dos solos da sub-bacia do rio de Julio, no município de Muritiba-BA.
Classes de solos APP
ha %
Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico --- ---
Cambisolo Háplico Tb distrófico latossólico 2,49 3,31
Neossolo Quartizarênico hidromórfico típico --- ---
Neossolo Flúvico psamítico típico 35,77 47,59
Planossolo Nátrico órtico salino 8,66 11,53
Vertissolo Ebânico sódicos típicos 4,95 6,59
Serra 23,29 30,98
Total 75,16 100,00
Observa-se que da área total destinada a Preservação Permanente na
sub-bacia do rio de Julio, 47,59% encontra-se em área de Neossolo Flúvico
psamítico típico, 30,98% no topo da serra do Itaporã, 11,53% em área do
Planossolo Nátrico órtico salino e 3,31% nos Cambissolo Háplico Tb distrófico
latossólico (Figura 4). Estas áreas encontram alto conflito de uso pois não estão
sendo utilizadas para fins de preservação, encontram-se ocupadas por atividades
extrativistas, agrícola e pastoris e, corresponde a 9,2% da área total de estudo.
Lima (2005) avaliando o uso sustentável dos solos da serra da Copioba no
município de São Felipe-BA, verificou que 32,27% da área apresentava conflito de
uso alto em áreas destinadas a preservação ambiental, e concluiu que são nestas
áreas que ocorrem os conflitos mais críticos em relação ao ambiente agrícola.
Praticamente metade da sub-bacia, mais especificamente, 51,86%,
apresentam conflito de uso baixo e 27, 83% ausência de conflito, somando
79,69% da área total da sub-bacia do rio de Julio, indicando com isto que a
ocupação destas áreas estão adequadas com suas aptidões, apresentando riscos
baixos a conservação do solo em relação ao seu uso, sendo as discrepâncias
entre uso e aptidão corrigidas com técnicas simples de manejo.
Apesar de uma boa adequação dos solos da sub-bacia do rio de Julio em
relação a sua aptidão e uso atual agrícola, torna-se imprescindível um repensar
sobre as práticas de exploração agrícola desses solos, com a finalidade de evitar
97
Figura 4 : Mapa de conflito de uso dos solos da sub
-
bacia do rio de Julio no município de
xx
Muritiba
-
BA.
98
processos de degradação dos mesmos, que são muito mais onerosos sua
correção que a adoção de práticas conservacionistas coerentes com a aptidão.
CONCLUSÃO
Os resultados encontrados permitiram as seguintes conclusões:
1. As terras da sub-bacia do rio de Julio, apresentam 10 sub-grupos de
aptidão : 1abC, 1(ab)C, 2abc, 2(ab)c, 2ab(c), 2(b)c, 3(a), 3(abc), 3(bc) e
5N.
2. Os principais fatores limitantes ao uso agrícola dos solos foram: deficiência
de nutrientes (N), susceptibilidade a erosão (E) e impedimento a
mecanização (M).
3. As áreas com ausência de conflitos e conflito de uso baixo representam
79,686% da área total da sub-bacia.
4. As áreas de conflito de uso alto dizem respeito as áreas de preservação
permanente.
LITERATURA CITADA
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102
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas pequenas propriedades agrícolas, única fonte de renda do agricultor,
onde os recursos para investimentos na produção são escassos, a exploração
intensiva e indiscriminada dos recursos naturais é bastante comum. No ambiente
agrícola da sub-bacia do rio de Julio devido ao uso inadequado dos seus recursos
naturais, os agroecossistemas tem sua sustentabilidade comprometida, logo
percebe-se a necessidade de pesquisas que visem o conhecimento destas áreas
relacionando os usos e as aptidões dos solos, para seleção de práticas de
manejos sustentáveis.
Com a realização deste trabalho foi possível identificar cinco classes de
solos para a área de estudo, os Latossolos, seguido dos Neossolos, Cambissolos,
Planossolos e Vertissolos. Estes solos a depender da classe de relevo,
apresentaram 10 subgrupos de aptidão (1abC, 1(ab)C, 2abc, 2(ab)c, 2ab(c),
2(b)c, 3(a), 3(abc), 3(bc) e 5N). São intensamente utilizados com a agricultura
tradicional (cíclica e perene) e as pastagens, além da existência de atividades
extrativistas, estes usos contribuíram para a inexistência de florestas, existindo na
sub-bacia apenas pequenos fragmentos de mata e capoeira. Apresentam, em sua
maioria, fatores de limitação ao uso a susceptibilidade a erosão, impedimento a
mecanização e principalmente a deficiência de nutrientes, porém os produtores
não disponibilizam de capital para investir na redução destas limitações,
principalmente quando estas são mais exigentes. Contudo, a área de estudo
apresentou uma boa adequação do uso atual em relação a sua aptidão, sendo
que 79,69% da área total correspondem a terras com ausência de conflito e
conflito baixo.
No ambiente agrícola do rio de Julio verifica-se a necessidade de
investimentos para recuperação e manutenção dos recursos naturais,
revitalizando o rio com a recuperação das nascentes e revegetação da mata ciliar,
103
a partir do reconhecimento das Áreas de Preservação Permanente, identificadas
neste trabalho. Parcerias municipais podem ser estabelecidas com as
Associações de Agricultores, no sentido da redução do imposto territorial rural,
previsto por Lei, para aqueles agricultores que preservem estas áreas.
Programas de educação ambiental junto às comunidades visando a
conscientização quanto a preservação dos recursos naturais, deverão ser
implantados por órgão municipais competentes, buscando sempre suporte técnico
na região através das universidades, instituições de pesquisas e empresas de
desenvolvimento rural, objetivando a sustentabilidade destes ambientes agrícolas.
Ações como estas poderão contribuir na escolha de tecnologias apropriadas que
são economicamente viáveis e socialmente aceitáveis.
104
ANEXOS
105
Anexo 1. Morfologia dos perfis analisadas da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba-BA.
Horiz
Esp
Cor
Variegados
Estrutura
Consistência
Transição
Casc seca úmida
quant tam contr cor
grau tam tip
seca úmida plast pegaj
topog contr
Perfil 04 - Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico
A 12 10YR 4/2 10YR 3/2
---
---
---
---
fra peq
a méd
bl
subang.
lig
dura
friáv lig
plást
lig
peg
pla grad
---
BA 22 10YR 4/2 10YR 3/2
---
---
---
---
fra peq
a méd
bl
subang.
lig
dura
friáv lig
plást
lig
peg
pla grad
---
Bw
1
23 10YR 4/3 10YR 4/2
---
---
---
---
fra peq
a méd
bl
subang.
lig
dura
friáv plást peg
pla cla
---
Bw
2
27 10YR 5/3 10YR 4/3
---
---
---
---
fra peq
a méd
bl
subang.
mui
dura
firm plást peg
pla grad
---
Bw
3
44 10YR 5/4 10YR 4/4
---
---
---
---
fra peq
a méd
bl
subang.
dura firm plást peg
pla grad
---
Bw
4
57 10YR 5/6 10YR 4/4
---
---
---
---
fra peq
a méd
bl
subang.
dura friáv lig
plást
lig
peg
pla grad
---
Perfil 07 - Latossolo Amarelo distrocoeso argissólico
A 19 10YR 4/2 10YR 3/2
---
---
---
---
fra peq
a muit
peq
bl
subang.
lig
dura
friáv lig
plást
lig
peg
pla grad
---
Bw
1
39 10YR 4/2 10YR 3/2
---
---
---
---
fra peq
a muit
peq
bl
subang.
lig
dura
friáv lig
plást
lig
peg
pla cla
---
Bw
2
50 10YR 5/3 10YR 4/3
---
---
---
---
fra peq
a muit
peq
bl
subang.
lig
dura
friáv lig
plást
lig
peg
pla cla
---
Bw
3
67 10YR 6/6 10YR 5/6
---
---
---
---
fra peq
a muit
peq
bl
subang.
lig
dura
friáv lig
plást
lig
peg
pla cla
---
Horiz= horizonte; esp= espessura; quant= quantidade; tam= tamanho; contr= contraste; tip= tipo; plastc= plasticidade; pegaj= pegajosidade; topog= topografia; contr=
contraste;Fra= fraca; peq= pequena; méd= média; gran= grande; mui= muito; fra= fraca; bl= bloco; subang= subangular; ang= angular; lig= ligeiramente; friav= friável; firm= firme;
plast= plástico; peg= pegajoso; pla= plana; grad= gradual; cla= clara;
106
Anexo 1. Morfologia dos perfis analisadas da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba-BA (continuação).
Horiz
Esp Cor
Variegados
Estrutura
Consistência
Transição Casc
seca úmida
quant
tam contr cor
grau tam tip
seca úmida plastc pegaj
topog contr
Perfil 03 - Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico
A
10 10YR 4/2 10YR 3/2
---
---
---
---
fra
peq
a méd
bl
subang.
lig
dura friáv plást
lig
peg
pla dif
---
BA 24 10YR 4/2 10YR 3/2
---
---
---
---
fra
peq
a méd
bl
subang.
lig
dura friáv plást
lig
peg
pla cla
---
Bi 33
---
10YR 4/4
abund peq dif
10YR 5/4
mod
peq
a méd
bl
subang.
dura mui firm
lig
plást
lig
peg
pla cla
---
5YR 4/6
BC 18
---
7,5 YR 4/6
abund peq dist
5YR 4/6
mod peq
blocos
ang
dura firm
lig
plást peg
pla cla
pou
2,5YR
4/6
75+
---
---
abund peq dist
2,5R 4/8
mod peq
blocos
ang
dura fim
lig
plást peg
pla cla pou
7,5YR
5/6
10YR 5/6
u - 5YR
4/6
C
2,5YR
4/8
10YR 5/4
Perfil 06 - Cambissolo Háplico Tb distrófico latossólico
A 17 10YR 4/3 10YR 3/2
---
---
---
---
mod
peq
a méd
bl
subang.
dura firm
lig
plást peg
pla cla
---
2BA 16 10YR 4/3 10YR 3/3
---
---
---
---
mod
mui peq
e méd
bl
subang.
lig
friáv
lig
plást peg
pla cla
---
dura
2Bi
34 10YR 5/4 10YR 4/4
---
---
---
5YR 6/8
mod
mui peq
a peq
bl
subang.
dura firm plást peg
pla grad
---
2,5YR
5/8
2C1 38 10YR 7/8 10YR 6/8
---
---
---
---
---
--- mac
---
---
---
---
---
---
---
Horiz= horizonte; esp= espessura; quant= quantidade; tam= tamanho; contr= contraste; tip= tipo; plastc= plasticidade; pegaj= pegajosidade; topog= topografia; contr= contraste; fra=
fraca; peq= pequena; méd= média; gran= grande; mui= muito; abund= abundante;dif= difusa; dist= distinta; mod= moderada fra= fraca; bl= bloco; subang= subangular; ang= angular;
lig= ligeiramente; friav= friável; firm= firme; plast= plástico; peg= pegajoso; pla= plana; grad= gradual; cla= clara; pou= pouco; casc= cascalho.
96
107
Anexo 1. Morfologia dos perfis analisadas da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba-BA (continuação).
Horiz
Esp Cor
Variegados
Estrutura
Consistência
Transição Casc
seca úmida
quant
tam cont cor
grau
tamanho tipo
seco úmido
plástic pegaj
topog
contr
Perfil 05 - Neossolo Flúvico psamítico típico
A 8 2,5Y 5/2 2,5Y 4/2
---
---
---
---
fra
mui peq
a peq se desf em grãos
simp
bl
subang
macia
mui
friáv
não
plást
não
peg
pla grad
---
BA 22 2,5Y 5/2 2,5Y 4/2
---
---
---
---
fra
peq se
desf em grãos simp
bl
subang.
macia
mui
friáv
não
plást
não
peg
pla grad
---
B1 50 2,5Y 5/2 2,5Y 4/2
---
---
---
---
fra
peq se
desf em grãos simp
bl
subang.
macia
mui
friáv
não
plást
não
peg
pla grad
---
BC 60 2,5Y 6/2 2,5Y 4/2
---
---
---
---
fra
peq se
desf em grãos simp
bl
subang.
macia
mui
friáv
não
plást
não
peg
pla grad
---
2C1 32 2,5Y 7/2 2,5Y 5/2
--- --- --- ---
--- ---
mac
--- --- --- ---
--- --- ---
3C 10 2,5Y 5/2 2,5Y 4/2
--- --- --- ---
--- ---
mac
--- --- --- ---
--- --- ---
4C 8 2,5Y 6/2 2,5Y 5/2
--- --- --- ---
--- ---
mac
--- --- --- ---
--- --- ---
5C 15 2,5Y 5/2 2,5Y 4/2
--- --- --- ---
--- ---
mac
--- --- --- ---
--- --- ---
Perfil 01 - Neossolo Quartzarênico hidromórfico típicos
A 9 2,5Y 6/1 2,5Y 3/1
---
---
---
---
fra
mui peq
a peq
bl
subang.
dura
mui
friáv
não
plást
não
peg
pla dif
---
C1 46 2,5Y 6/1 2,5Y 6/1
---
---
---
---
---
---
---
dura
mui
friáv
não
plást
não
peg
pla dif
---
C2 46
---
2,5Y 4/1
pou peq dif
2,5YR
3/6
---
---
---
---
mui
friáv
não
plást
não
peg
pla dif
---
C3 39+
---
2,5Y 4/1
com peq dif
2,5YR
3/6
---
---
---
---
mui
friáv
não
plást
não
peg
pla dif
---
Horiz= horizonte; esp= espessura; quant= quantidade; tam= tamanho; contr= contraste; tip= tipo; plastc= plasticidade; pegaj= pegajosidade; topog= topografia; contr= contraste;
fra= fraca; peq= pequena; méd= média; gran= grande; desf= desfazendo; simp= simples; mui= muito; abund= abundante;dif= difusa; dist= distinta; mod= moderada fra= fraca;
bl= bloco; subang= subangular; ang= angular; lig= ligeiramente; friav= friável; firm= firme; plast= plástico; peg= pegajoso; pla= plana; grad= gradual; cla= clara; pou= pouco;
casc= cascalho.
108
Anexo 1. Morfologia dos perfis analisadas da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba-BA (continuação).
Horiz
Espes
Cor
Variegados
Estrutura
Consistência
Transição Casc
seca úmida
quant
tam
contr
cor
grau tamanho tipo
seco úmido Plástic.
Pegaj
topog contr
Perfil 02 - Planossolo Nátrico órtico salino
A 4 10YR 6/1 10YR 4/2
pou peq
dif 10YR 4/6
fra
peq
a méd
bl
subang.
lig
dura friáv
não
plást
não
peg
pla dif
---
E 28 2,5Y 5/2 2,5Y 3/2
--- --- --- ---
---
mac
---
lig
dura friáv
não
plást
não
peg
ond abrup
---
Bt 26 2YR 3/2 2YR 3/2
com peq
dif
10YR 4/6
5YR 6/8
fort
méd a
gran
blocos
ang
extr
dura
extr
fir plást peg
ond cla
---
C 37
10YR 3/4
10YR 4/6
2,5 5/4
10YR 4/3
10YR 3/6
---
---
---
---
---
mac
---
---
---
---
---
pla cla
mui
CR 5+
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Perfil 08 - Vertissolo Ebânico sódico típico
A 20
---
2,5Y
2,5/1
---
---
---
---
forte
gran/
mui gran
bl
ang
extr
dura
extr
fir plást peg
pla cla
---
AB 17 2,5Y 4/1
2,5Y
2,5/1
---
---
---
---
forte
gran/
mui gran
bl
ang
extr
dura
extr
fir
muit
plást
mui
peg
pla cla
---
Biv
1
19
2,5Y 5/1
2,5Y
2,5/1
---
---
---
---
forte
gran/
mui gran
bl
ang
extr
dura
extr
fir
muit
plást
mui
peg
pla
cla
---
B iv
2
29
2,5Y 6/1
2,5Y
2,5/1
---
---
---
---
forte
gran/
mui gran
bl
ang
extr
dura
extr
fir
muit
plást
mui
peg
pla
cla
---
B iv
3
50 2,5Y 5/1
2,5Y
2,5/1
---
---
---
---
forte
gran/
mui gran
blo
ang
extr
dura
extr
fir
muit
plást
mui
peg
pla cla
---
Horiz= horizonte; esp= espessura; quant= quantidade; tam= tamanho; contr= contraste; tip= tipo; plastc= plasticidade; pegaj= pegajosidade; topog= topografia; contr=
contraste; fra= fraca; peq= pequena; méd= média; gran= grande; desf= desfazendo; simp= simples; mui= muito; abund= abundante;dif= difusa; dist= distinta; mod=
moderada fra= fraca; bl= bloco; subang= subangular; ang= angular; lig= ligeiramente; estr= extremamente; friav= friável; firm= firme; plast= plástico; peg= pegajoso; pla=
plana; ond= ondulada; grad= gradual; cla= clara; pou= pouco; casc= cascalho.
98
109
APÊNDICES
110
APÊNDICE 1. Roteiro de entrevista para caracterização do sistema de produção
e xxformas de manejo da sub-bacia do rio de Julio no município de Muritiba – BA.
Caracterização da propriedade
1. Nome do proprietário:
2. É natural da região? Se não, de onde?
3. Quais os principais setores responsáveis pelo emprego de mão-de-obra?
4. Quantas famílias ou residências existem na propriedade?
5. Quantas pessoas da família trabalham na propriedade?
6. Qual o tamanho da propriedade?
7. Indicar as principais atividades extrativistas?
8. Qual a principal atividade de produção da propriedade?
Se pecuária – ( ) Leite ( ) Corte Tamanho do rebanho?
Se agricultura - Qual (is) produto(s) e qual a ÁREA?
9. A propriedade sempre foi utilizada para este fim?
10. Os produtos são vendidos?
Onde?
Qual a quantidade?
11. Há algum tipo de ajuda técnica na propriedade por parte de algum órgão?
12. Ainda tem mata na propriedade? Se sim, qual área?
Se não, desde quando?
Manejo dos solos
13. No preparo do solo usa máquinas agrícolas
Realiza aração? Quantas?
Realiza gradagem? _ Quantas?
14. Realiza queimadas?
15. E quanto as adubações:
111
Adubação mineral:
Adubação verde
Adubação verde
Anos
2003 2004 2005
2006
Espécie
Massa verde (t ha
-
1
)
16. Realiza calagem ou gessagem
Quantidade
Aplicação
Anos CaO%
MgO%
PRNT
(t ha
-
1
) Época Modo
2003
2004
2005
2006
17. E controle fitossanitário:
Doenças
Pragas
Anos Kg/ha
Fontes(*)
Aplicação
N P20S K20 Micronutrientes
Época Modo
2003
2004
2005
2006
(*) Indicar a fonte dos fertilizantes adotando o seguinte código: a- uréia; b-
amônio; c- Superfosfato Simples; d- Superfosfapo triplo; e- cloreto de potássio; f- outros
112
18. Realiza alguma destas práticas:
Praticas vegetativas
( ) Capinas alternadas
( ) Só roçagem do mato
( ) Redução de campinas nas chuvas
( ) Culturas intercalares
( ) Manutenção da vegetação o ano todo
Praticas mecânicas
( ) Herbicida pós - emergência
( ) Cobertura morta
( ) Plantio em nível terraço de base larga
19. Verificaram-se secas, enchentes ou chuvas violentas nos últimos dez anos no
município? Detalhar.
20. Comentar caso existam informações sobre conseqüências desses fenômenos
como perda de safras, etc.
21. Relacionar a existência na área de atividades prejudiciais ao ambiente?
22. Indicar se existe na área alguma atividade ou projeto voltado à recuperação
ambiental.
23. Informar se existe algum manancial contaminado? Por defensivos agrícolas,
esgotos, etc.
113
Apêndice 2. Perfil do Latossolo Amarelo distrocoeso
argissólico
Apêndice 3. Perfil do Cambissolo Háplico Tb distrófico
xxxxxxxlatossólico
114
Apêndice 4. Perfil do Neossolo Flúvico psamítico típico Apêndice 5. Perfil do Neossolo Quartzarênico hidromórfico
xxxxtípicos
115
Apêndice 6. Perfil do Planossolo Nátrico órtico salino Apêndice 7. Perfil do Vertissolo Ebânico sódico típico
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