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1
DARINKA FORTUNATO SUCKOW RIBEIRO
ALÇAMENTO DE VOGAIS POSTÔNICAS NÃO FINAIS NO
PORTUGUÊS DE BELO HORIZONTE – MINAS GERAIS: uma
abordagem difusionista
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Letras da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial à
obtenção do tulo de Mestre em Lingüística e
Língua Portuguesa.
Orientador: Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira.
Belo Horizonte
2007
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2
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais
Ribeiro, Darinka Fortunato Suckow
R482a Alçamento de vogais postônicas não finais no português de Belo
Horizonte – Minas Gerais: uma abordagem difusionista / Darinka
Fortunato Suckow Ribeiro. - Belo Horizonte, 2007.
274 f.
Orientador: Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, Faculdade de Letras.
Bibliografia.
1. Língua portuguesa – Belo Horizonte. 2. Vogais. I. Oliveira,
Marco Antônio. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Faculdade de Letras. III. Título.
CDU: 806.90-
441
Bibliotecária – Valéria Inês Mancini – CRB - 1682
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3
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação em Letras
Dissertação intitulada “Alçamento de Vogais Postônicas Não Finais no Português de Belo
Horizonte Minas Gerais: Uma Abordagem Difusionista” de autoria da mestranda Darinka
Fortunato Suckow Ribeiro, aprovada pela comissão examinadora constituída pelos seguintes
professores:
__________________________________________________________
Prof. Dr. Seung Hwa Lee – UFMG
__________________________________________________________
Prof. Dr. Mário Alberto Perini – PUC Minas
__________________________________________________________
Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira (Orientador) – PUC Minas
Prof. Dr. Hugo Mari
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras
PUC-MG
Belo Horizonte, ____ de ________________ de 2007.
Av. Dom José Gaspar, 500 – Belo Horizonte, MG – 30.535-610 – Brasil – tel.: (31) 3319-4336 – fax: (31) 3319-4369
4
A Deus,
Ao Rafael, meu amado esposo, pelo amor e eterna
paciência e compreensão.
Ao professor Marco Antônio de Oliveira, pela seriedade
profissional e compromisso com que conduziu esta
dissertação, e, sobretudo, por ter sido aquele que me
ensinou o que era fazer ciência.
5
AGRADECIMENTOS
À minha mãe amada, nia, pela oportunidade de poder concretizar não esta, como todas
as obras.
Às minhas irmãs Sthefânia e Silvia, grandes amigas, pela eterna “presença”, mesmo que à
distância.
À minha mais que tia Antônia e sua família, pela compreensão durante minhas longas
ausências.
À minha tia Walíria, sempre presente nos momentos mais importantes da minha vida.
Às minhas tias e tios, primas e primos, ao meu querido avô Wanney Fortunato, pelo carinho e
presença em toda a minha vida.
À Lucia Fulgêncio, pelos preciosos comentários e constante incentivo.
À Fernanda, pela ajuda com o programa GOLDVARB, tão temido à primeira vista, mas que
se revela um cordeiro na pele de um lobo.
Ao professor Hugo Mari, pelo carinho e paciência a mim dispensados, além das produtivas e,
por vezes, engraçadas conversas.
Aos meus amigos Bruno, Kariny, Renata, Silvia, Vanessa, Ana Teresa, Denise, Berenice,
Maria do Carmo, Rosilene, Letícia, Rosemeire, e tantos outros, companheiros desta jornada,
pelas lutas e sonhos compartilhados.
À amiga Zélia Savala Rezende Brandão e seu adorado irmão, por tudo o que representam para
mim.
A todos os amigos do GCR, Claudete, Rosângela, Adriana, Lucy, Cândida, Lúcia, Marta,
Maria da Conceição, Ester, Dirce, Maria José, Geraldo, Dr. Gustavo, Bernardo e Idalice,
Neila, Nilsa e Nilsinha, Ana Hilda, Dr. Paulo, Rosa, Diva, Geralda, Ana Dagmar, Flávia,
Justina, Josefina e todos os que estiveram ao meu lado, dando-me forças para que eu pudesse
passar por essa etapa da minha vida.
Aos meus informantes, pela paciência durante a realização dos testes.
À Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais FAPEMIG, pelo apoio financeiro
durante a realização desta pesquisa.
6
"Você tem o seu caminho. Eu tenho o meu caminho.
Quanto ao caminho exato, o caminho correto, e o
único caminho, isso não existe."
Friedrich Nietzsche
7
RESUMO
Investigou-se, nesta dissertação, o alçamento das vogais médias postônicas não finais
de itens lexicais nominais no dialeto do município de Belo Horizonte Minas Gerais. Como
um reflexo da posição silábica aqui focalizada, os itens tratados neste trabalho foram somente
os proparoxítonos. O fenômeno que se enfocou foi, então, aquele em que se eleva o traço de
altura da vogal média-alta anterior /e/ para a vogal alta anterior /i/ (de pêss[e]go para
pêss[i]go), e da vogal média-alta posterior /o/ para a vogal alta posterior /u/ (de árv[o]re para
árv[u]re). Esse fenômeno, medido de acordo com técnicas sociolingüísticas, foi investigado
pela ótica de duas grandes proposições: a concepção de mudança lingüística do modelo da
Difusão Lexical e a hipótese de que o comportamento lingüístico do indivíduo tende a ser
mais homogêneo que o da comunidade de fala e deve ser medido separadamente. Os
resultados indicam a viabilidade de ambas as proposições.
Palavras-chave: Difusão Lexical, Vogais Postônicas Não-Finais, Proparoxítonas.
8
ABSTRACT
This dissertation thesis investigates the raising phenomenon of postonic medial vowels
in non-final positions of nominal lexical items found in the dialect of the city of Belo
Horizonte - Minas Gerais. Due to the choice of syllable position under examination, this
dissertation focuses solely on the antepenultimate syllable (i.e. proparoxytone syllable) of
such lexical items. This thesis thus examines the phenomenon by which the mid front vowel
/e/ is raised to the position of the high front vowel /i/ (such as in “pêssego”, where pêss[e]go
becomes pêss[i]go); and the mid back vowel /o/ is raised to the high back vowel /u/ (thus
changing from árv[o]re to árv[u]re). The raising phenomenon analyzed in this dissertation was
measured according to sociolinguistic techniques, and it was investigated at the light of two
major linguistic propositions: a) the concept of linguistic change as proposed by the Lexical
Diffusion model; and b) the hypothesis by which an individual’s linguistic behavior tends to
be more homogeneous than that of the community s/he belongs to, a situation which requires
a separate analysis of the individual’s behavior. The results indicate that both propositions are
possible.
Keywords: Lexical Diffusion, Non-final postonic vowels, Antepenultimate/ Proparoxytone
syllables.
9
LISTA DE MAPAS
MAPA 1
:
Ocupação Populacional do Território Belo-Horizontino (1918-1995)................................
116
MAPA 2
:
O Município de Belo Horizonte e Região Metropolitana.................................................... 118
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
:
População de Belo Horizonte (1900-1950)......................................................................
114
TABELA 2: Estatística total
do alçamento de /e/............................................................................... 148
l
do alçamento de /o/.............................................................................. 148
TABELA 4: Formalidade
versus
Informalidade
e
Estilo
no processo de alçamento de /e/............ 150
TABELA 5:
Implicações do parâmetro
Velocidade de F
ala
no alçamento de /e/.............................. 150
TABELA 6: Formalidade
versus
Informalidade
e
Estilo
no processo de alçamento de /o/............. 150
TABELA 7:
Implicações do parâmetro
Velocidade de Fala
no alçamento de /o/.............................. 151
TABELA 8:
O
indivíduo
no processo de alçamento de /e/ (870 dados completos)............................ 152
TABELA 9:
O
indivíduo
no processo de alçamento de /o/ (953 dados completos)........................... 153
TABELA 10:
O
item lexical
no processo de alçamento de ambas as séries....................................... 154
TABELA 11:
O
item lexical
no processo de alçamento de ambas as séries - probabilidades............. 155
TABELA 12:
Implicações do parâmetro
Classe Social e Renda
no processo de alçamento de /e/.... 157
TABELA 13:
Implicações do parâmetro
Classe Social e Renda
no processo de alçamento de /o/.... 157
TABELA 14:
Implicações do parâmetro
Escolaridade
no processo de alçamento de /e/................... 157
TABELA 15:
Implicações do parâmetro
Escolaridade
no processo de alçamento de /o/.................. 157
TABELA 16:
Implicações do parâmetro
Sexo
no processo de alçamento de /e/................................. 158
TABELA 17:
Implicações do parâmetro
Sexo
no processo de alçamento de /o/.................................
158
TABELA 18:
Implicações do parâmetro
Faixa Etária
no alçamento de /e/....................................... 158
TABELA 19:
Implicações do parâmetro
Faixa Etária
no alçamento de /o/....................................... 158
TABELA 20
: Implicações do
seguimento precedente
no alçamento de /e/....................................... 159
TABELA 21:
Implicações do
seguimento seguinte
no alçamento de /e/............................................ 159
TABE
LA 22:
Implicações do
seguimento precedente
no alçamento de /o/....................................... 159
TABELA 23:
Implicações do
seguimento seguinte
no alçamento de /o/........................................... 160
TABELA 24:
Implicações do parâmetro
Grau de Altura da Vogal Tônica
no alçamento de /e/..... 160
TABELA 25:
Implicações do parâmetro
Grau de Altura da Vogal Tônica
no alçamento de /o/..... 160
11
TABELA 26:
Implicações
morfológicas
no alçamento de /e/............................................................. 160
TABELA 27:
Implicações
morfológicas
no alçamento de /o/.............................................................
161
12
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1
: Distribuição dos informantes da primeira faixa etária............................................. 133
QUADRO 2
: Distribuição dos informantes da segunda faixa etária..............................................
133
QUADRO 3
: Palavras Variáveis Analisadas pelo GOLDVARB.................................................. 144
QUAD
RO 4:
Escalas de Freqüência dos Itens Proferidos em Fala Espontânea............................
156
QUADRO 5:
Manutenção da Pronúncia Individual (Teste 2).......................................................
164
13
LISTA DE ABREVIATURAS
AG – Alinhamento Generalizado
CPM – Controlador do Plano Métrico
DL – Difusão Lexical
EX – Exemplo
HV – Harmonia Vocálica
NG – Neogramático
PB – Português do Brasil
TO – Teoria da Otimalidade
TRA – Teoria Restritiva do Acento
14
LISTA DE SIGLAS
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
15
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
..............................................................................................
18
2
A POSTÔNICA NÃO FINAL
.......................................................................
22
2.1
Introdução
.......................................................................................................
22
2.2
Definindo Posições e Realizações
..................................................................
22
2.3
Processos Fonológicos
....................................................................................
28
2.3.1
O Alçamento e a Harmonia Vocálica............................................................. 28
2.3.2
A Síncope: Reflexo de uma Antipatia Histórica............................................ 32
2.4
Revisão de Literatura
.....................................................................................
35
2.4.1
Análises Sincrônicas....................................................................................... 35
2.4.2
Abordagens Variacionistas............................................................................. 38
2.5
Considerações Finais
...................................................................................... 41
3
MODELOS DE MUDANÇA LINGÜÍSTICA
............................................. 43
3.1
Introdução
....................................................................................................... 43
3.2
Modelo
Neogramático
.................................................................................... 43
3.3
Difusão Lexical
............................................................................................... 48
3.3.1
Evidências de Difusão Lexical........................................................................ 54
3.4
Considerações Finais
...................................................................................... 58
4
MODELO FONOLÓGICO
...........................................................................
60
4.1
Introdução
....................................................................................................... 60
4.2
Justificativa de Escolha
..................................................................................
60
4.3
A Teoria da Otimalidade
Standard
: Estrutura e Funcionamento
.............
61
4.4
As Restrições na TO
....................................................................................... 64
4.4.1
Restrições: Natureza e Relações Intrínsecas.................................................. 65
4.5 O Tratamento do Acento em TO: Alinhamento Generalizado e Teoria
Restritiva do Acento.......................................................................................
67
16
4.5.1
Alinhamento Generalizado (MCCARTHY & PRINCE, 1993)..................... 67
4.5.2
Teoria Restritiva do Acento (HYDE, 2001).................................................... 67
4.5.2.1
A Restrição (Assimétrica) N
ON
F
INALITY...................
........................................ 74
4.6
Propostas de
Análises
Geridas pela TO
.......................................................
75
4.6.1
A Proposta de Magalhães (2004).................................................................... 75
4.6.1.1
Padrão Re
gular
...............................................................................................
83
4.6.1.1.1
Ranqueamento das Restrições (Padrão Regular)............................................. 84
4.6.1.2
Padrão Irregular
............................................................................................
92
4.6.1.2.1
Ranqueamento das Restrições (Padrão Irregular)............................................ 93
4.6.2
A Proposta de Oliveira & Lee (2006)..............................................................
100
4.6.3
A Proposta de Oliveira (2006).........................................................................
107
4.7
Considerações Finais
......................................................................................
111
5
O MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
................................................... 112
5.1
Introdução
.......................................................................................................
112
5.2
Caracterização Histórica
...............................................................................
112
5.3
Aspectos
Geográficos
e Sócio
-
Econômicos
…...............................................
117
5.3.1
Escolaridade...…….........................................................................................
119
5.3.2
Trabalho e Renda............................................................................................
120
5.5
Considerações Finais
......................................................................................
121
6
HIPÓTESES, OBJETIVOS E METODOLOGIA DE PESQUISA
...........
122
6.1
Hipóteses e Objetivos
.....................................................................................
122
6.2
Metodologia e Amostras
................................................................................
125
6.2.1
Critérios para a Seleção das Amostras e dos Informantes............................
125
6.2.2
Critérios para a Coleta das Amostras e o Contato com os Informantes.............
137
6.2.3
Critérios para o Tratamento das Amostras..........................................................
141
7
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
......................................
146
7.1
Realizações Fonético
-
Fonológicas
.................................................................
146
7.2
Descrição e Discussão dos Resultados
.........................................................
148
17
7.2.1
Grupos de Fatores Relevantes........................................................................
149
7.2.2
Grupos de Fatores Irrelevantes......................................................................
156
7.3
As Grandes Hipóteses e as Realizações Atestadas
.......................................
161
8
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
........................................ 166
REFERÊNCIAS
.............................................................................................
168
APÊNDICES
...................................................................................................
176
18
1 INTRODUÇÃO
A “lingüística tem por único e verdadeiro objeto a língua considerada em si mesma e
por si mesma”; essa é a frase que encerra a obra atribuída a Ferdinand de Saussure, Curso de
Lingüística Geral. A partir de Saussure, instituíram-se, na lingüística, várias dicotomias,
como a noção de sincrônico e diacrônico, por exemplo. Porém, uma das dicotomias mais
importantes é expressa pela frase acima e opõe o que é lingüístico (a língua) ao que não é
lingüístico (a fala), o caráter social da mesma. Antoine Meillet, que, segundo Calvet (2002),
se guia pelas proposições de Émile Durkheim, foi o primeiro a se opor duramente a essa visão
sectária de análise, definindo a língua como um fato social.
A divergência sobre a delimitação do objeto é uma discussão que acompanha não a
Ciência da Linguagem, cujo caráter científico é ainda incipiente, mas todas as ciências
naturais. Na lingüística, há, no que concerne à investigação do objeto (que deve pautar-se
preferencialmente pela relação dados x teoria), uma tendência a se adequar dados a teorias,
quando, na verdade, a relação entre ambos tinha de ser cíclica. Ou seja, observando-se os
dados, teorias são criadas e para se coletar os dados algumas concepções a priori fazem-se
necessárias, mesmo que partam de observações genéricas.
As hipóteses que guiam esta dissertação procuraram pautar-se por essa relação cíclica,
estabelecendo uma íntima correspondência com as proposições teóricas das propostas que
orientam a condução deste trabalho, proposições que, por sua vez, estão calcadas em
observações empíricas. Uma dessas observações é a que considera que a língua muda de
acordo com o que propõe o modelo de Difusão Lexical. E abordar o modelo difusionista
implica em discutir sobre o papel do léxico, e, em oposição, do som, como prevê seu maior
opositor, o modelo Neogramático, na implementação das mudanças sonoras. A outra
observação indica que indivíduos pertencentes a uma mesma comunidade de fala possuem
comportamentos lingüísticos por demais heterogêneos para serem amalgamados em um
construto de análise a comunidade de fala, como se todos os falantes que pertencessem a
esse construto pronunciassem a mesma variante para a mesma variável.
Essas hipóteses serão discutidas e apresentadas durante o desenrolar deste trabalho e
guiadas pelo objeto aqui investigado. Esse objeto é, enfim, o alçamento das vogais médias
altas anterior (/e/ /i/) e posterior (/o/ /u/) em posição postônica não final, como em
19
córrego córrigo e bi.ó.lo.go bi.ó.lu.go, um processo variável no dialeto de Belo
Horizonte Minas Gerais, onde esta pesquisa se realizou. Como um reflexo do objeto desta
dissertação, somente as palavras proparoxítonas serão analisadas, e, conseqüentemente, todas
as peculiaridades que as envolvem. Essas peculiaridades abarcam os mais variados aspectos e
vão desde a dificuldade em se coletar, no vernáculo, palavras proparoxítonas que possuem
vogal média alta em posição postônica não final (e, em virtude disso, as estratégias adotadas
para a sua apreensão), até o tratamento dado às mesmas.
Alguns objetivos específicos também necessitam ser demonstrados. Essa
especificidade passa pelo caminho natural de toda pesquisa de cunho fonológico e que adota
uma metodologia investigativa variacionista, como é o caso desta pesquisa. Objetivou-se,
assim:
a) Mostrar quais são os fonemas que, no dialeto de Belo Horizonte, estado de Minas
Gerais, onde esta pesquisa se realizou, ocorrem em posição postônica não final (e a
hipótese, não a explicação, é semelhante à de Vieira (1994), tem-se um subsistema
onde se realizam as vogais /a, e, i, o, u/);
b) Identificar quais são os contextos fonológicos (estruturais) neutros,
favorecedores e desfavorecedores envolvidos no alçamento das postônicas não
finais;
c) Verificar se a maior ocorrência de alçamento das vogais aqui em foco entre a
série posterior do que entre a série anterior (seguindo as pesquisas
sociolingüísticas de Vieira (1994, 2001), Amaral (1999, 2001) e Schmitt (1987),
espera-se encontrar um maior número do alçamento entre a série posterior - /o/
/u/);
d) Verificar se tratamos aqui de uma mudança em progresso ou de uma variação
estável. Isto porque embora a variação assinale a instabilidade do sistema, nem
toda variação indica necessariamente uma mudança em progresso, como apontam
Weinreich, Labov e Herzog, em seu terceiro postulado, “nem toda variabilidade e
heterogeneidade na estrutura lingüística implica mudança; mas toda mudança
implica variabilidade e heterogeneidade” (2006, p.126).
Para testar as hipóteses e cumprir os objetivos, esta dissertação se guiou por cinco
vertentes que trataram especificamente da alternância das vogais médias em posição postônica
não final, objeto desta dissertação: Teoria Estruturalista (CÂMARA JÚNIOR, 1970, 1987);
Teoria Gerativa (LÓPEZ, 1979); Teoria Autossegmental e Métrica (BISOL, 2003;
20
WETZELS, 1992); Teoria Sociolingüística (AMARAL, 1999, 2001; VIEIRA, 1994, 2001;
SCHMITT, 1987) e Teoria da Otimalidade (OLIVEIRA & LEE, 2006), todas, cada uma a seu
modo, tratando da variação dessas vogais.
Apesar de as duas últimas vertentes e suas respectivas propostas receberem um maior
destaque nos próximos capítulos, todas essas vertentes serão apresentadas nesta dissertação.
Assim, adota-se, nesta pesquisa, uma perspectiva abrangente, porém guiada por uma linha de
pensamento bem constituída.
Em busca da análise das premissas que guiam este trabalho, esta dissertação organiza-
se da seguinte forma: o segundo capítulo busca depreender não a natureza das vogais em
posição postônica não final como também a natureza dessa posição silábica. Assim, tece
considerações sobre os itens lexicais proparoxítonos, seu caráter e uso restrito, sobre os
processos fonológicos envolvidos, tanto o alçamento, acima delineado, como a síncope (ex.:
árvre). Neste capítulo, é feita, também, a revisão bibliográfica das principais propostas que
tratam do tema.
O terceiro capítulo se dedica aos modelos dos Neogramáticos e o da Difusão Lexical,
abordando os principais pressupostos de ambos, as diferenças entre eles e as contribuições
que trouxeram para a teoria da linguagem. As evidências constatadas nos principais trabalhos
de cunho difusionista realizados serão também apontadas, bem como os motivos pelo qual
acredito ser o modelo difusionista o indicado para se analisar o fenômeno em questão. Assim
como o capítulo anterior, e também o subseqüente, este capítulo fornece pressupostos teóricos
que servirão para a fundamentação da análise e interpretação dos resultados.
O quarto capítulo, por sua vez, é o responsável por inserir o problema no ponto de
vista de uma teoria fonológica, a Teoria da Otimalidade (PRINCE & SMOLENSKY, 1993).
Este capítulo, além de traçar os principais pressupostos da mesma, busca traçar os motivos
pelo qual esta teoria foi escolhida entre as demais teorias existentes. A extrametricidade e a
Janela Trissilábica do Acento, intimamente ligadas às palavras proparoxítonas, são também
discutidas, bem como o direcionamento de algumas propostas recentes (OLIVEIRA, 2006;
OLIVEIRA & LEE, 2006; MAGALHÃES, 2004) à questão da postônica não final.
No quinto capítulo, aponta-se o quadro social do município de Belo Horizonte, onde
esta pesquisa se realizou, e, também, os aspectos relativos à história e à geografia belo-
horizontina. Esse capítulo apresenta os dados estatísticos do município relativos à classe
social e renda, à escolaridade, à faixa etária e ao sexo, enfim, aos parâmetros não-estruturais
envolvidos na análise desta pesquisa, ocupam um papel de destaque neste capítulo.
21
O sexto capítulo destina-se à metodologia empregada na execução da pesquisa de
campo, bem como às justificativas para que os parâmetros estruturais e não-estruturais fossem
selecionados. Neste capítulo descreve-se, também, a maneira como os itens lexicais passíveis
de sofrer alçamento foram eleitos e a posterior seleção daqueles prováveis de aparecer no
vernáculo. A seleção dos informantes, a coleta de dados, a execução e condução das
entrevistas e a transcrição dos dados são etapas descritas na metodologia, assim como a
necessidade latente de se quantificar os dados coletados. Portanto, neste capítulo definimos os
procedimentos metodológicos adotados na coleta e no tratamento dos dados.
O sétimo capítulo abarca a fase quantitativa da pesquisa. Neste capítulo, pode-se
evidenciar um panorama geral sobre os dados coletados e todas as realizações apresentadas
pelas vogais médias altas, anterior e posterior, em posição postônica não final. Esquematizam-
se aqui as amostras constituídas e utilizadas na pesquisa e, também, a análise estatística dos
dados coletados, que foram submetidos ao programa computacional GOLDVARB 2001.
Apresentados os resultados de tal análise, passou-se à interpretação daquilo que esses
resultados demonstraram.
O oitavo capítulo retoma as hipóteses levantadas, corroborando-as (ou refutando-as),
além de tecer outras considerações sobre o tema e acrescentar conclusões alcançadas ao longo
da análise dos dados. Enfim, como um capítulo conclusivo, fez-se aqui uma retomada dos
pontos mais salientes discutidos anteriormente, correlacionando-os com os pressupostos
teóricos pertinentes.
22
2 A POSTÔNICA NÃO FINAL
2.1 Introdução
Este capítulo apresenta a natureza e os fenômenos que circundam as vogais médias
em posição postônica não final, específica aos proparoxítonos. Entre esses fenômenos
focaliza-se a síncope e, principalmente, o alçamento, nosso objeto de análise. É neste capítulo
que serão discutidas as principais propostas de estudos que tratam do tema. Para tal,
resenham-se, entre outras propostas (CRISTÓFARO-SILVA, 1999, WETZELS, 1992), as de
Câmara Jr. (1970, 1977) e López (1979) e as considerações e os confrontos de Bisol (2003)
com a análise mattosiana. As pesquisas sociolingüísticas de Schmitt (1987), Vieira (1994,
2001) e Amaral (1999, 2001), e suas relações com o objeto deste trabalho, serão também
abordadas. Assim, além de efetuar uma revisão da literatura existente, revisitando os
principais estudos e propostas precedentes que trataram do tema, busca-se, neste capítulo,
delimitar a estrutura das palavras que estarão sujeitas ao alçamento das vogais médias em
posição postônica não final, enfatizando, entre outros processos relevantes, o mecanismo de
ação do alçamento.
2.2 Definindo Posições e Realizações
Tradicionalmente, o Português Brasileiro (PB) é uma língua cuja acentuação silábica
recai, no máximo, na terceira sílaba a contar da direita. Teríamos, assim, um sistema
lingüístico onde espaço para itens lexicais oxítonos (com o acento principal na última
sílaba a primeira da direita como em o.bo.é); paroxítonos (penúltima sílaba e segunda da
direita car.ta) e proparoxítonos (acento na antepenúltima sílaba e terceira da direita
.mo.do), não havendo, aceita essa hipótese
1
, uma “quarta posição” silábica, digamos assim.
Contudo, quando se observam vocábulos do tipo k[i]nica, helicóp[i]tero ou
t[i]mico, por exemplo, pode-se atestar a existência dessa quarta posição silábica. Para Lee
1
E essa é uma hipótese amplamente difundida entre importantes fonólogos do PB. Para Wetzels (1992), por
exemplo, o acento primário do PB é limitado às últimas três sílabas da palavra. É a Restrição de Janela de Três
Sílabas a que Bisol (1992) se refere.
23
(1997), o acento que recai sobre essa posição pode ser descrito como “ante-proparoxítono na
forma fonética” (1997, p.28). Na forma fonética ou não, o fato é que realizações como essas
colocam a Língua Portuguesa falada no Brasil como uma língua em que se pode postular,
embora de forma limitada (são poucas as palavras que apresentam esse padrão), acentos ante-
proparoxítonos
2
, que emergem em função de um processo fonológico denominado epêntese.
Epêntese, que é o acréscimo de um fonema na produção silábica, apresenta-se como
uma estratégia de reparação da sílaba, onde o fonema inserido tem a função de simplificar a
produção oral dessa sílaba. Apontando que as “pautas prosódicas” de palavras como rapto e
rápido são idênticas, esse mesmo argumento é utilizado por Mattoso Câmara Jr., que em 1969
já havia atentado para o fato de vocábulos como os relacionados em (1) serem proparoxítonos.
Essa classificação deve-se ao fato de esses vocábulos possuírem, entre o suposto encontro
consonantal, a realização obrigatória de um /i/ postônico não final, que “existe apesar de
tudo”, inclusive na “pronúncia culta”, apesar de “tentar-se reduzir o mais possível em sua
emissão” (CÂMARA JR, [1969] 2002, p.27):
(1)
n
é
c
[i]
tar
invíc[i]to
intác[i]to
á
c
[i]
ne
pác[i]to
ráp[i]to
á
f
[i]
ta
impác[i]to
áp[i]to
m
ó
g
[i]n
o
rít[i]mo
dóg[i]ma
Aceitas as hipóteses de Lee (1997) e Câmara Jr. (1969), teríamos, no PB, um sistema
de acentuação silábica muito mais complexo que o tradicionalmente postulado. Essa
complexidade pode ser mais bem evidenciada em (2), que busca exemplificar, entre outras
possibilidades, as colocações expostas acima:
(2) (a) (b) (c) (d) (e) (f)
.k[i].ni.ca
he.li.
.p[i].te.ro
.t[i].mi.co
.g[i].no
.c[i].tar
.p[i].to
ó
.pe.ra
pró.po.lis
.sso.la
re.
vól
.ver
âm.bar
vér.me
o.bo.
é
a.mór
ja.
é
sím
Os vocábulos em (a), onde o acento “ante-proparoxítono”, como Lee (1997)
denomina, refletem uma realidade da ngua, e, de certa forma, constituem uma prova viva da
existência do acento recuado à quarta posição. Os exemplos em (b), pelo mesmo argumento,
apresentam realizações genuinamente proparoxítonas, mas que não são relevantes para este
2
Câmara Jr., em 1969, já advertia para o fato de que vocábulos como cnica e outros da espécie possuem na
realidade 3 sílabas depois da sílaba tônica” (CÂMARA JR., 2002, p.28).
24
trabalho. Essa irrelevância deve-se ao fato, prontamente observável, de revelarem palavras
com postônicas não finais já alçadas, por constituírem realizações que se tornam
proparoxítonas devido a um [i] (vogal alta) epentético.
Os exemplos em (c) são os que apresentam os casos clássicos de realização
proparoxítona, os que aqui nos interessam. É nos vocábulos de (c) que o alçamento [e][i] e
[o][u] (que comento na seção seguinte) encontra o ambiente ideal de ocorrência. Com o
acento tônico situado na terceira posição à direita, palavras como ó.pe.ra, pró.po.lis e
bú.sso.la, se alçadas, passariam à ó.pi.ra, pró.pu.lis e bú.ssu.la. Os exemplos em (d), palavras
paroxítonas, em (e), palavras com acento oxítono, e (f), monossílabos, não fazem parte deste
trabalho, que se dedica à postônica não final.
Os itens lexicais que se enquadrem na mesma configuração apresentada nos exemplos
em (e) e (f) são excluídos da análise devido à própria estrutura que exibem, que a tônica
ocupa a última posição silábica. Contudo, o porquê de vocábulos paroxítonos terminados em
consoante, o item lexical re.vól.ver, por exemplo, exposto em (d), e de algumas palavras
oxítonas como a.mór serem excluídas do escopo da análise merecem que algumas colocações,
aparentemente óbvias, sejam feitas. Uma primeira colocação passa pela definição do termo
postônica, uma segunda pelo estabelecimento dos limites da estrutura dos vocábulos que aqui
serão enfocados.
Postônica, por definição, é tudo o que se encontra após a tônica. Assim, quando o que
se focaliza são as vogais, é postônica a última vogal da paroxítona vér.me e, também, a última
vogal da paroxítona in.fa.lí.vel, por exemplo. E, de fato, a configuração postônica incorpora
uma série de realizações, distintas tanto em sua natureza quanto na caracterização dos
processos fonológicos que as envolvem. A postônica que nos ocupa, porém, é a postônica não
final, e, para defini-la é preciso, antes, delimitar em que nível se dá a congruência de
segmentos e sílabas nessa definição.
Antes de entrarmos nessa discussão, algumas noções sobre sílaba fazem-se
importantes, essas já descritas no século XVI, pelos gramáticos de Port-Royal, a saber, a
“vogal pode fazer uma sílaba individual” (au.ré.o.la, por exemplo), mas “consoantes não
podem sozinhas compor uma sílaba” (*au.ré.o.l.a), e, ainda, “uma sílaba nunca tem mais de
uma vogal” (*au.ré.ola) (ARNAULD & LANCELOT, 2001, p.16;17). Essas noções nos
permitem chegar a duas conclusões imediatas: (1) paroxítonas terminadas em ditongo
crescente [glide + vogal], como aquário, berçário, mais conhecidas como “proparoxítonas
eventuais” (cf. SCHMITT, 1987, entre outros autores), possuem vogal postônica não final e,
em contrapartida, (2) paroxítonas terminadas em consoante (revólver, caráter) o possuem
25
vogal postônica não final. E isso ocorre apesar de ambas terminadas em sílaba pesada (no PB,
sílaba com configuração CVV ou CVC), o que, de certa forma, as confere um caráter de não
finitude, se considerarmos o segmento como um “entrave estrutural”.
As considerações de Arnauld & Lancelot (2001) ajudam a esclarecer o porquê dessa
diferença. Para eles, vogais, ao contrário das consoantes, constituem em si uma sílaba, e essa
é uma das noções que até hoje não foi refutada, e, com certeza, é uma das poucas afirmações
que se pode fazer sobre a laba
3
. Entre outros aspectos, essa propriedade vocálica é capaz de
explicar a divisão silábica de uma palavra que contenha a configuração traçada em (1)
ber.çá.ri.o e de uma que se enquadre nos termos de (2) ca.rá.ter. Faz-se importante, contudo,
delimitar melhor a configuração estrutural das paroxítonas formadoras de proparoxítonas
eventuais, e, também, apontar algumas discussões que as envolvem.
Algumas dessas discussões passam pela polêmica levantada por Câmara Jr. (1994,
p.55), que questiona “se realmente temos ditongos em nossa língua”. Na verdade, o que
Câmara Jr. (1994, p.55) se pergunta é “se fonemicamente a seqüência, considerada em regra
ditongo, não pode ser interpretada sempre como hiato, ou seja, duas vogais silábicas
contíguas”, e esse questionamento está intimamente relacionado com a estrutura silábica das
proparoxítonas eventuais. Essas, por sua vez, terminam apenas em ditongo crescente e, por
isso, podem ser segmentadas como proparoxítonas, já que as palavras que terminam em
ditongo decrescente [vogal + glide] caso fossem assim segmentados deixariam um glide
sozinho na sílaba, e glides não são formadores de sílabas independentes.
Ao lado das proparoxítonas eventuais há, ainda, algumas palavras, como a.mên.do.a e
a.é.re.o, por exemplo, que apresentam configurações semelhantes e que, ao contrário das
eventuais, são passíveis ao alçamento. Essas palavras também apresentam as duas vogais
silábicas contíguas a que Câmara Jr. (1994) se refere. Cabe apontar, portanto, alguns dos
fatores que determinam se uma vogal pode ou não formar sílaba, um deles, como se pode
inferir das considerações acima, é o fato de a vogal ser formadora de ditongo quando alta (/i/ e
/u/) e formadoras de hiato quando média (/e/ e /o/). Proparoxítonas como me.dí.o.cre,
pe.rí.o.do, va.rí.o.la, por exemplo, são tradicionalmente segmentadas como tal pelo fato de
“um dos elementos vocálicos [ser] tônico” (CÂMARA JR., 1994, p.55), apresentando uma
vogal silábica. Note-se, porém, que o mesmo não acontece com a palavra boléia, que não
3
E tenho de concordar com Trask (2004, p.267), quando destaca as várias “tentativas de definir sílaba em termos
de praticamente tudo, desde as contrações musculares até àquilo que se percebe como picos de volume, mas até
o momento nenhuma definição se mostrou satisfatória”.
26
pode ser segmentada como *bo.lé.i.a, que uma semivogal sozinha não é formadora de
sílaba.
Enfim, o que deve ficar claro é o nível em que devemos tratar o problema, o silábico.
Sendo assim, a posição silábica que aqui se focaliza é a intermediária entre a sílaba tônica e a
última sílaba átona. Excluindo-se da análise o acento ante-proparoxítono, pois, nesses casos,
teríamos duas posições postônicas não finais, as que possuem voga alta, como rí.t[i].mi.co e
té.k[i].ni.ca, e, muito raramente, as que possuem vogal média alta, como a forma
he.li.có.p[i].te.ro
4
, a posição postônica não final a qual nos referimos é evidenciada em
palavras proparoxítonas como már.mo.re, mí.se.ro, e, ainda, palavras como áu.re.o,
a.mên.do.a (configurações semelhantes às das proparoxítonas eventuais) por exemplo. Com
exceção das palavras monossilábicas, resta à análise das pretônicas e das postônicas finais
todas as outras configurações, incluindo-se, na análise desta última, as proparoxítonas e
excluindo-se, obviamente, as oxítonas. Isso posto, focaliza-se, neste trabalho, as palavras
proparoxítonas e excluem-se as paroxítonas, e, conseqüentemente, todas as discussões que as
envolvem.
Faz-se importante ressaltar, então, algumas características dessas palavras, como as
que Schmitt (1987) destaca. Para ela, a penúltima sílaba das palavras proparoxítonas (a sílaba
alvo deste trabalho) não é pesada, ou seja, não é travada por uma consoante ou glide, pós ou
pré-vocálico. A autora aponta algumas palavras que contradizem sua afirmação, a saber,
séqüano e séqüito, as únicas encontradas por ela e que, específicas à língua erudita, não são
suficientes para invalidar essa generalização. Na mesma linha de pensamento, Couto (1997)
aponta que palavras proparoxítonas não terminam em sílaba pesada, o que inclui os ditongos
(vide, contudo, as “proparoxítonas eventuais”). Mais especificamente, o autor se refere à
impossibilidade de ocorrer, em posição de coda silábica, consoantes soantes (nasais e as
líquidas /r/ e /l/)
5
. Isso porque, como vários autores demonstram, sílabas pesadas atraem o
acento para si. Dessa forma, uma estrutura como (C)CV.CV.CV seria considerada como uma
proparoxítona ótima, que deixa o caminho livre para que o acento possa recuar até a
terceira sílaba da direita. A hipótese é que sílabas pesadas, imbuídas desse mecanismo de
atração do acento, barrariam esse recuo.
4
Note-se que esta forma e as que a ela se assemelhem, apesar de não serem o foco desta análise, preenchem os
requisitos para se enquadrar na configuração postônica não final.
5
Junto à sibilante /s/, as soantes líquidas lateral (/l/) e vibrante (/r/) são as únicas licenciadas pela fonotática da
língua para ocupar a posição de coda silábica. Maiores detalhes sobre a fonotática do PB serão abordados
adiante.
27
Couto (1997) cita os exemplos ca..ter e ca..ter, mas não .ra.ter e .te.ter, e,
ainda, ú.til, mas não í.nu.til. Destaca, contudo, que a “língua é um fenômeno de uma
complexidade tal que para cada uma de suas regras se podem opor contra-exemplos
(COUTO, 1997, p.134), não sendo diferente com as proparoxítonas, como apontam os contra-
exemplos apresentados por ele, ín.te.rim, com coda nasal, e ál.co.ol, próprio da língua erudita,
com a líquida lateral fechando a sílaba, há ainda os exemplos de Schmitt (1987), ômicron, e o
clássico Lúcifer, além de outros exemplos não apontados pelo autor e que podem reunir em si
as duas excepcionalidades, como É.mer.son. E, cabe lembrar que, mesmo assim, uma
realização como álc[oo]l pode ser, no nimo, considerada uma ‘proparoxítona virtual’,
que passa a álcol, na fala. Palavras terminadas em /s/, estruturas realizáveis no PB, o são
mencionadas por Couto (1997), como podemos visualizar nos exemplos pró.po.lis e
bró.co.lis, e até mesmo nas palavras gregas terminadas em /s/, “tratadas como formas
morfologicamente plurais” (SCHMITT, 1987, p.94), como sífilis, álcalis e Aristóteles, esta
com vogal média em posição postônica não final
6
.
Para Amaral (1999), a sílaba postônica não final, cuja estrutura pode subdividir-se em
CV (ár.vo.re, más.ca.ra) e CCV (fá.bri.ca, elé.tri.ca), obedece a duas condições de formação:
(1) o onset da sílaba pode ser simples (CV) ou complexo (CCV); (2) quando simples é
ocupado por qualquer consoante, quando complexo deve, obrigatoriamente, atender às
condições de boa formação do onset: a primeira consoante possui os traços [- cont.] ou [+
cont., + lab.] e a segunda é uma soante líquida (/r/ ou /l/). Dessa forma, a primeira consoante
é sempre uma das oclusivas (/t,d,p,b,k,g/) ou uma das fricativas labiais (/v/ ou /f/) unidas, no
caso de estrutura complexa, às soantes líquidas.
Enfim, um trabalho que se dedique às palavras proparoxítonas deve lidar, grosso
modo, com pelo menos cinco possibilidades de realização fonético-fonológica, de causas e
naturezas diferenciadas. A primeira, que espelha o fenômeno aqui abordado, diz respeito ao
alçamento da vogal postônica não final. Nessa possibilidade, como visto, o que está em foco
são as sílabas em posição postônica não final que apresentem vogal média alta, como nos
vocábulos pe.rí.o.do, ter.mô.me.tro, sín.dro.me, que, caso sofram o alçamento, passam a
pe.rí.u.do, ter.mô.mi.tro, sín.dru.me.
6
Como alguns estudos comprovam (entre eles, Mallmann, 2001, e Magalhães, 2004, e muitos outros
precedentes), o fato de a coda terminar em /s/ parece não influenciar no processo de alçamento, deixando que
esse ocorra livremente. Contudo, não foram encontradas palavras proparoxítonas cuja sílaba em posição
postônica não final tenha uma coda sibilante. Acredito que na hipótese de um neologismo como ár.pes.lesser
criado ou mesmo a hipotética e improvável ocorrência da forma pró.pos.lis na fala não encontrariam barreiras
para uma realização ár.pis.lis e pró.pus.lis.
28
A segunda possibilidade, ainda que remota, compõe o que aqui será chamado de
abaixamento, por razões diferentes das de Wetzels (1992), cuja análise será apresentada
adiante. Integram essa segunda classificação casos que percorrem o caminho inverso do que
acontece no alçamento, ou seja, palavras que possuem a vogal alta na posição postônica não
final são pronunciadas com a vogal média alta na referida posição. Dessa forma, um vocábulo
como nó.du.lo é pronunciado como nó.do.lo, ver.mí.fu.go como ver.mí.fo.go, e ainda
realizações do tipo fri.go.rí.fe.co para fri.go.rí.fi.co, todos casos de hipercorreção.
A terceira possibilidade expressa um fenômeno relatado por Amaral (2001) que ela
denomina de “outras alterações” (AMARAL, 2001, p.103). Percorrendo uma rota um pouco
mais extensa do que a aqui focalizada, esse fenômeno também se configura como um caso de
alçamento, e se concretiza nas realizações [‘pϯtula] para pétala, [‘vϯspura] para véspera e,
ainda, [‘la
m
peda] ~ [‘la
m
pida] para lâmpada. Aqui, percorre-se a rota [a] [u], no primeiro
caso, [e] [i] e uma posteriorização [u] (o que, de certa forma, nos daria uma quarta
possibilidade de alçamento), e, no último caso, [a] [e] [i]. A diferença básica desses
percursos para a que aqui enfocaremos é o fato de ele ser um pouco mais extenso, saindo dos
liames das vogais médias e atingindo a vogal baixa /a/.
A quinta, de extrema recorrência na Língua Portuguesa, é a queda efetiva da vogal
postônica não final, queda essa que corporifica o processo denominado na literatura como
síncope. Nos itens lexicais proparoxítonos, tal processo se traduz em realizações do tipo
ár.vre para ár.vo.re, abó.bra para a.bó.bo.ra, re.lâm.po para re.lâm.pa.go, entre muitas
outras. A primeira e a quinta possibilidade, que incorporam os processos fonológicos mais
recorrentes na língua, além de outros que fazem parte do fenômeno aqui focalizado, são
aprofundadas adiante.
2.3 Processos Fonológicos
2.3.1 O Alçamento e a Harmonia Vocálica
Como preconizado na seção anterior, o fenômeno do alçamento que aqui se focaliza é
aquele em que se eleva, na série anterior, o traço de altura da vogal média-alta /e/ para a vogal
29
alta /i/ (de hipót[e]se para hipót[i]se), e, na série posterior, da vogal média-alta /o/ para a
vogal alta /u/ (de pér[o]la para pér[u]la). Se variável, tem-se de admitir a realização de
alternâncias vocálicas do tipo hipót[e]se ~ hipót[i]se e pér[o]la ~ pér[u]la. Para melhor
compreendermos esse fenômeno, é importante ter em mente algumas noções relevantes que o
transcendem, e, de certa forma, o incorporam.
Uma dessas noções se refere ao quadro vocálico do português brasileiro. E, para isso,
deve-se, obrigatoriamente, recorrer à análise inaugural de Câmara Jr. ([1970], 1994), cuja
abordagem, de cunho estrutural, é a mais abrangente realizada sobre as vogais da Língua
Portuguesa falada no Brasil. Baseado na constatação de que é a partir da posição tônica que
classificamos os fonemas vocálicos, pois “daí se deduzem as vogais distintivas” (CÂMARA
JR.,1994, p.41), apresentou o seguinte esquema:
(3)
altas /u/ /i/
médias /ô/ /ê/ (2º grau)
médias /ò/ /è/ (1ª grau)
baixas /a/
Partindo desse quadro (cuja classificação é também defendida por Pottier et al (1973),
entre muitos outros autores), que apresenta os sete fonemas vocálicos orais, os que, de fato,
integram o quadro vocálico do PB, pode-se apontar alguns processos passíveis de envolver as
vogais quando em posição postônica não final, como a Harmonia Vocálica (HV) e o
alçamento.
Tanto a HV quanto o alçamento ocorrem devido a um processo fonológico
denominado neutralização
7
. Callou e Leite (2000, p.77) apontam que “quanto maior o grau
de atonicidade, maior a possibilidade de ocorrer neutralização” entre as vogais. É por essa
razão que a posição tônica é considerada uma posição forte, e, pela mesma razão, seríamos
tentados a dizer que vogais átonas finais são as mais suscetíveis à neutralização, estando as
pretônicas e postônicas não finais relativamente preservadas. Essa, contudo, não é a idéia de
7
E, aqui, faz-se importante diferenciar os processos de Harmonia Vocálica e Alçamento. Possuindo naturezas
muito diferentes, o primeiro determina a passagem de uma vogal média para alta ou de uma vogal alta para
média, de acordo com o timbre da vogal tônica” (CÂMARA JR., 2004, p.134), ocorrendo nas vogais de sílabas
contíguas à sílaba que contenha a vogal tônica, o segundo ocorre em todas as vogais (exceto a nica),
independente da relação de contigüidade. Em uma pronúncia hipotética como paralili
pípidu, por exemplo,
harmonia (que também é, de certa forma, um alçamento) nas vogais sublinhadas e alçamento apenas nas vogais
em negrito.
posteriores
central anteriores
30
Câmara Jr. (1977), que iguala ambas as postônicas, a final e a não final, em nível de
debilidade. Já Leite (1974) diz ser a penúltima sílaba das proparoxítonas (a laba alvo deste
trabalho) a que apresenta um maior caráter de debilidade, mais até que as vogais finais.
Dissensos à parte, o fato é que posições átonas oferecem condições favoráveis para que a
neutralização ocorra.
O processo de neutralização
8
é um “processo pelo qual dois ou mais fonemas que se
opõem em determinado contexto deixam de fazê-lo em outro” (CALLOU & LEITE, 2000,
p.76). Dessa forma, é pela neutralização que as vogais médias baixas (ou médias abertas) /ϯ/ e
/ѐ/ e as médias altas (ou médias fechadas) /e/ e /o/, que geram oposição de sentido em
algumas palavras, como s[ϯ]co, s[ѐ]co, s[e]co e s[o]co, deixam de gerá-la em outras, como
em prót[e]se e prót[ϯ]se e agríc[o]la e agríc[ѐ]la, palavras que também se neutralizam com
as vogais altas /i/ e /u/, produzindo prót[i]se e agríc[u]la.
E, nesse ponto da análise, é importante ressaltar que, no dialeto belo-horizontino, aqui
investigado, as vogais médias-baixas não se realizam em posição postônica não final. Não se
tem, por exemplo, as formas agríc[ѐ]la e prót[ϯ]se, típicas de alguns dialetos da região
nordeste. Essa não ocorrência desobriga esta pesquisa a considerar vogais médias baixas, na
análise do alçamento das vogais médias em posição postônica não final e, conseqüentemente,
os processos de harmonia vocálica que elas desencadeiam (pólv[o]ra pólv[ѐ]ra, por
exemplo).
Quanto à HV, é interessante perceber que o dialeto de Belo Horizonte diferencia o
comportamento das posições pretônica e postônica não final, ao menos no que diz respeito à
rota [vogal média alta] [vogal média baixa] ([e][ϯ], [o][ѐ]). As vogais belo-
horizontinas em posição postônica não final não se harmonizam à tônica, ou seja, não são, na
rota referida acima, suscetíveis à HV (*pólv[ѐ]ra, *prót[ϯ]se), diferente do que acontece com
as vogais pretônicas. Os exemplos de Oliveira (2006) m[ѐ]dérno e c[ѐ]légio, ambos retirados
de dados de fala espontânea coletados no dialeto de Belo Horizonte, confirmam a hipótese de
que casos de harmonia que percorrem tal rota, o que legitima esse processo para tratar do
alçamento das pretônicas.
8
Bisol (2003, p.273) destaca o ineditismo de Câmara Jr. (1970) ao incorporar aos estudos fonológicos o conceito
de neutralização (“perda do traço que distingue entre si dois fonemas”) oriundo da Escola de Praga para
tratar o problema do alçamento das vogais médias no Português do Brasil.
31
Contudo, um outro lado da questão que aqui necessita ser mais bem explicitado e
que passa por considerações como as de Houaiss (1959). Analisando a elevação das vogais
pretônicas, Houaiss (1959), que, investigando o dialeto carioca, realizou uma das primeiras
análises contemporâneas envolvendo a variação das vogais médias do PB, descreve dois
processos diferentes: (a) a regularização morfológica do alçamento, o que causaria o
impedimento do mesmo e (b) a harmonia vocálica, corporificada no alçamento das vogais
médias devido à presença, em sílaba seguinte, de uma vogal alta em relação de contigüidade
(v[e]ludo v[i]ludo, por exemplo).
Se considerarmos, com Crystal (1980), que, aproximando o processo de harmonia ao
de assimilação, define harmonia como o modo que a articulação de uma determinada unidade
fonológica é influenciada por (ou está “em harmonia com”) outra unidade, pode-se apontar
palavras proparoxítonas que sofreriam tal processo, como as palavras antíd[u]to, íd[u]lo,
fún[i]bre e, ainda, milím[i]tru. E, como aponta Cristófaro-Silva (1999), a qualidade da vogal
tônica implica na qualidade da vogal postônica não final. Todas essas formas estabelecem a
mesma relação de harmonia descrita por Houaiss (1959) para as pretônicas; há, lado a lado,
sílabas que, após harmonizarem-se, acabam por apresentar, em posição postônica não final, o
alçamento /o//u/ e /e//i/, condicionado pela vogal alta da sílaba tônica. Amaral (2001),
baseando-se em opiniões como a de Cristófaro-Silva (1999), não considera esse processo
como harmonia vocálica e sim como assimilação progressiva. A assimilação é progressiva
quando o “assimilado”, ou “fonema fraco”, segue o “assimilador”, ou “fonema forte”, nos
termos de Câmara Jr. (2002, p.62), como na elevação do /o/ postônico não final em
an.tí.du.to, e regressiva quando o assimilado precede o assimilador, em có.lé.gio, por
exemplo.
Mais importante que as divergências de enquadramento, como a descrita acima, está o
desafio em lidar, em um nível explicativo, com realizações em que o alçamento não ocorre ao
lado de outras com ambiente semelhante e que alçam. Essa aparente discrepância desaparece
quando se assume uma abordagem em que determinar exceções à regra perde todo o sentido,
como é o caso da Difusão Lexical, modelo apresentado no próximo capítulo, e que aqui
assumiremos.
32
2.3.2 A Síncope: Reflexo de uma Antipatia Histórica
Itens lexicais proparoxítonos não ocupam, no PB, uma posição de destaque no que
se refere à freqüência, já que são as paroxítonas os de “ampla maioria”, como destaca
Massini-Cagliari (1999, p.125), seguidas das oxítonas e, então, as proparoxítonas.
Contudo, das três classes, elas “constituem a menor e a mais especial” (AMARAL, 2001,
p.99). Fatores históricos são capazes de denunciar essa pouca freqüência, reflexo do que
Nunes (1989) descreve como uma antipatia que a língua possui frente às palavras
proparoxítonas.
A mesma antipatia narrada por Nunes (1989), Bisol (2003), em análise mais recente,
e guiada por outra perspectiva teórica, também delineia. Para ela, o conservadorismo dos itens
lexicais proparoxítonos reside no fato de serem termos técnicos que “tendem a preservar a
integridade de seus segmentos”, de uso homogêneo, são termos específicos a uma
determinada comunidade. Por esse motivo, teriam uma maior predisposição a se
salvaguardarem.
Para Nunes (1989), tal predisposição deve-se, além da tecnicidade a que Bisol
(2003) se refere, à influência literária, e destaca alguns exemplos: víbora, dízima, hóspede,
pêssego. Aos itens lexicais mais difundidos, aqueles de fala corrente e pouco protegidos pela
tradição literária, de proparoxítonos passaram a paroxítonos quando da evolução
9
da língua.
Fatores estruturais que condicionavam essa passagem são também apontados por Nunes
(1989, p.68-9): (1) o cancelamento da última vogal pego, bago, parvo, dantes, pegoo, bagoo,
parvoo, etc.”, (2) a queda da vogal postônica não final entre duas consoantes viride-,
verde; teneru-, tenro; lepore-, lebre”.
Assim, baseado no argumento de que há uma forte tendência a se evitar itens
lexicais proparoxítonos, Nunes (1989) atenta para o fato de a manutenção ou não da vogal
postônica poder ser encarada como um ‘termômetro’ que mede o maior ou menor grau de
arcaísmo. Na verdade, apesar de a referida antipatia ser uma constante inclusive na
contemporaneidade, como se evidencia nos processos de síncope da postônica não final,
(abóbora ~ abóbra (abobrinha), por exemplo), o PB conserva ainda muitas palavras
proparoxítonas, inclusive na transmissão popular.
9
Aqui a palavra “evolução” deve ser interpretada como progressão do tempo real. o assume, assim, nenhum
juízo de valor do tipo tornar-se melhor.
33
Como a maioria dos fenômenos não incipientes, a síncope possui raízes profundas na
história da língua. De origem no latim vulgar, acomete, principalmente, a fala popular. Como
lembra Amaral (1999), a preocupação do gramático do Appendix Probi em conter esse
fenômeno, por meio de observações retificadoras como speculum non speclum, comprova a
longa vivacidade desse processo, que perdura até a atualidade. Como destaca Nunes (1989,
p.66), “o povo, sempre que o vocábulo permite, passa-o de proparoxítono a paroxítono”,
transformando-as, assim, em palavras canônicas quanto à acentuação silábica.
Essa passagem, segundo Amaral (1976), em O Dialeto Caipira, dá-se não pela
supressão da vogal postônica não final como, às vezes, de toda a sílaba. Williams (1961)
apresenta alguns exemplos onde apenas a vogal em posição postônica é suprimida, são eles:
árvore, diálogo e ssego árvre, diáglo e sgo. Como se pode observar, a queda da vogal
postônica não final desencadeia outros processos fonológicos, como os demonstrados nos
trajetos música > sca > sga e, ainda, diálogo > diálgo > diáglo.
Amaral (2001, p.102) salienta que a “síncope em proparoxítonas é previsível, ou seja,
o falante tem consciência das regras fonotáticas da língua ao reduzir sílabas, apagar
segmentos ou inserir outros”. Trask (2004, p.118), ao definir o conceito de fonotática
(phonotactics), destaca que “nenhuma língua permite que seus fonemas ocorram em qualquer
seqüência. Ao contrário, cada língua impõe restrições às seqüências de fonemas que podem
ocorrer numa palavra, e essas restrições constituem sua fonotática (grifo do autor). Dessa
forma, a fonotática do PB licencia, em posição de coda silábica, apenas consoantes soantes
(líquidas e nasais) e a obstruinte /s/ ou /z/. Já o onset, limitado a dois elementos no máximo,
obedece à seqüência fricativas labiais/obstruinte + líquida (vibrante simples ou lateral),
permitindo, assim, apenas estruturas do tipo br, gr, cl, tl, vr, fl, entre outras. É essa
previsibilidade que Amaral (1999)
10
considera quando atesta o caminho natural de possíveis
supressões e as configurações silábicas resultantes dessas supressões. Destaca, assim, algumas
situações:
(5) (a) o ambiente que mais favorece o processo de síncope é aquele em que a
consoante oclusiva ou fricativa labial, após perder a vogal que a acompanha, fica à deriva,
aliando-se à sílaba seguinte, que deve possuir uma estrutura que favoreça essa união e sem
que nenhum segmento se interponha entre ambas, essa situação é expressa pelo exemplo
10
É ao português contemporâneo que Amaral (1999) se dedica, mais especificamente ao dialeto de São Jodo
Norte, que, apesar do nome, localiza-se entre a Laguna dos Patos e o Oceano Atlântico, uma cidade tipicamente
rural do extremo sul do Estado do Rio Grande do Sul. Guiada pela perspectiva variacionista laboviana, observou
não fatores lingüísticos como também sociais, dos quais apontou ser a escolaridade, ou falta dela, um fator
desencadeante da síncope.
34
chá.ca.ra > chá.c
.ra >chá.cra, sendo /kr/ uma seqüência permitida; (b) para a boa formação
do onset, consoantes oclusivas ou nasais são suprimidas junto às vogais postônicas não finais,
como na trajetória re.lâm.pa.go > re.lâm.p
.
o > re.lâm.po, aqui, caso a oclusiva /g/
permanecesse, a última sílaba da palavra seria .pgo, com a seqüência */pg/; (c) a consoante
precedente é uma fricativa, como a da trajetória prín.[s]i.pe > prín. [s]
.pe > prín[s].pe, e,
para não formar um onset */sp/, não licenciado pela fonotática da língua, a consoante
flutuante é forçada a migrar para a sílaba que a precede, formando uma sílaba lícita, com coda
terminada por sibilante; (d) a vocalização da lateral quando é esta que precede a vogal
suprimida, como exposto na trajetória pí.lu.la > pí.l
.la > w.la; (e) com a queda da vogal,
forma-se a seqüência nasal + lateral, câ.mra < câmara; Amaral (2001) justifica esse
agrupamento silábico dizendo que se “a nasal ficasse na coda (cam.ra), o tepe passaria a
vibrante forte (= genro), o que não acontece na fala”, daí a nasal formar um onset complexo e
não migrar para a coda, que seria sua posição natural e (f) há um processo de “perda
compensatória”; aqui, a perda da vogal é compensada, como o próprio termo indica, por uma
consoante homorgânica à consoante nasal labial que precedia a vogal suprimida, número >
numbro, tumulo > tumblu, entre outras.
Enfim, é possível indicar trabalhos atuais que, embasados em perspectivas fonológicas
variadas, se dedicaram às palavras proparoxítonas e suas mais variadas facetas, e a síncope é
uma delas. Alguns desses trabalhos concentram-se, inclusive, na temática central proposta: a
neutralização das vogais médias na posição aqui enfocada. Contudo, os teóricos que se
propuseram a discutir tal temática, o fizeram apenas de forma superficial, satisfazendo,
provavelmente, os gêneros aos quais seus trabalhos se destinavam (trechos em capítulos de
livro e tese; artigos, com mais ou menos enfoque à questão, teses em que o alçamento é
apenas um dos temas abordados). Entre eles estão os de Wetzels (1992), Bisol (2003), Câmara
Jr. (1970), Cristófaro-Silva (1999); López (1979), propostas apresentadas abaixo, e as
abordagens sociolingüísticas de Schmitt (1987), Vieira (1994, 2001) e Amaral (1999, 2001),
apresentadas na seqüência.
35
2.5 Revisão de Literatura
2.5.1 Análises Sincrônicas
Sem se deixar reduzir a um caráter de mera ilustração de análise teórica, pela
demasiada variação que exibe quando observado em seu uso, o alçamento de vogais médias
desencadeou, certamente pelo fato de ser o PB “uma língua que permite
variabilidade/alternância de vogais médias” (LEE, 2004, p.1315), inúmeras discussões
teóricas que envolveram e envolvem diversos e importantes teóricos.
Na literatura lingüística, contudo, a discussão centra-se na ocorrência do alçamento
das vogais em posição pretônica, conforme evidenciado em trabalhos de variadas naturezas
como os de Bisol (1981); Bortoni et al. (1992); Oliveira e Lee (2003); Lee (2004); Viegas
(1987, 2001), entre outros. Há, contudo, algumas análises, como as expostas a seguir, que se
dedicaram ao tema aqui em relevo. Entre essas análises estão a de López (1979) e Câmara Jr.
(1970).
Ambos os autores, ao analisarem o mesmo dialeto, o português carioca, convergem
para a mesma conclusão, apesar de fundamentados em metodologias e quadros teóricos
distintos, a primeira de orientação gerativa e o segundo estruturalista. Para eles, em se
tratando de vogais postônicas não finais, o que temos é a realização do processo fonológico de
neutralização entre as vogais posteriores (de /o/ para /u/), mas não entre as anteriores (de /e/
para /i/). O que nos daria um subsistema em posição postônica não final composto pelos
fonemas /a, e, i, u/. Esse subsistema contraria a tendência à simetria, pois carece da vogal
média posterior
11
.
López (1979), para fundamentar sua hipótese, argumenta ser possível relacionar
vogais preservadas (por derivação) a vogais neutralizadas. Apresenta como exemplo o
vocábulo pérola: perolar < pérula. Câmara Jr. (1994)
12
, recorre aos “melhores poetas
brasileiros” e salienta que é possível, em suas obras, encontrar o uso de rimas do tipo pérolas
11
Uma importante noção para se entender a falta de simetria aqui referida é a de representação triangular das
vogais, como a apresentada na seção 2.3.1. Em um triângulo de cabeça para baixo, o fonema /a/ está na ponta
extrema, enquanto os fonemas /i/ e /u/ estão no topo, à esquerda e direita, respectivamente. A assimetria está nas
vogais médias, pois há a anterior /e/ esquerda), mas não a posterior /o/ direita), o que deixa o triângulo
incompleto.
12
Para Câmara Jr. (1994, p. 43-44), a oposição entre os fonemas /o/ e /u/ é um reflexo da representação gráfica,
“mera convenção da língua escrita”.
36
e cérula e, ainda, estrídulo e ídolo, assim por diante (CÂMARA JR., 1994, apud CÂMARA,
1953, p.135-6). Essas rimas, quando relacionadas aos fonemas /e/ e /i/, seriam, do ponto de
vista da percepção auditiva, pouco aceitáveis. Como exemplo, Câmara Jr. (1994) destaca que
embora uma pronúncia do tipo */nu’miru/, para número, ou */té’pedu/, para tépido, possa ser
manifesta, é logo “rechaçada”.
Bisol (2003), apesar de contrária a concepções como as de Câmara Jr. (1970-77), e
por extensão, à proposta de López (1979), considera que uma análise centrada em um
subsistema vocálico assimétrico não é de todo ingênua, pois encontra fundamento na
fisiologia do aparelho fonador humano:
Basta lembrar o diagrama das vogais cardinais de Daniel Jones, que atribui menos
espaço bucal às posteriores. As vogais /o, u/ estão mais próximas uma da outra do
que as vogais /e, i/. Segundo Martinet (1964, p.139), dado um sistema com o
mesmo número de fonemas na série posterior e anterior, as margens de segurança
são mais estreitas na série posterior do que na série anterior, o que pode explicar em
parte a diferença de comportamento entre as duas séries (BISOL, 2003, p.278-279).
Segundo Bisol (2003), além da restrição articulatória exposta acima, a regra de
neutralização envolvendo somente a série posterior pode ser também explicada pelo efeito de
freqüência. Pode-se dizer, então, que o alçamento da vogal postônica, quando relacionado a
itens lexicais que contenham fonemas de séries posteriores (/o/ /u/), é mais freqüente que o
alçamento entre aqueles itens que contenham fonemas de séries não posteriores (/e/ /i/).
Desse modo, os primeiros, de largo uso, fósfuro e pérula, são mais susceptíveis a alçarem do
que os segundos, prótise e córrigo, menos freqüentes, mas que também alçam.
Contudo, é justamente na assimetria relacionada ao subsistema de vogais postônicas
não finais que Bisol (2003) situa o problema da análise mattosiana. Essa análise gera um
sistema assimétrico na série posterior e causa a não naturalidade da sentença, composta pelos
fonemas /a, u, e, i/. Para ela, utilizando perspectivas fonológicas atuais, as não lineares, as
vogais em posição postônica não final “flutuam”, como se estivessem atreladas a um pêndulo
em movimento, entre os subsistemas da átona final, composto por três vogais (/a, i, u/), e da
pretônica, composto por cinco vogais (/a, e, i, o, u/)
13
. Esse pressuposto a leva a concluir que,
no PB, têm-se duas regras de neutralização, uma responsável pelo alçamento das vogais
13
Câmara Jr. (1994, p.45), ao referir-se às vogais pretônicas, aponta que o “/i/ tende a substituir o /e/, e o /u/ o /o/
... Em outros termos, as vogais altas debordam num e noutro caso as vogais médias correspondentes”. E aqui
Viggo Bröndal (1943, 20-1), citado por Câmara Jr., diz ser esse “debordamento”, uma “cumulação”, “uma
variação, ou melhor, flutuação dentro do sistema, que atrofia ou hipertrofia elementos dele”. Bisol (2003)
estende essa noção às vogais postônicas não finais.
37
médias do subsistema da pretônica e outra que age no subsistema da postônica final e na
postônica não final, por extensão.
Cristófaro-Silva (1999), por sua vez, de um ponto de vista fonético
14
, trata a questão
em uma perspectiva que pretende alcançar o sistema de todo o PB. Sua análise, porém, é
superficial, e, na verdade, não se pretende profunda. Aponta a interferência de critérios não
estruturais como as situações de formalidade, nas quais não o alçamento, versus
informalidade, nas quais o alçamento ocorre (e essa é uma hipótese que merece ser
apreciada, já que a fala cuidada tende a apresentar menos variação). Dessa forma, para
Cristófaro-Silva (1999), realizações do tipo pér[o]la e êx[o]do, exemplos utilizados pela
autora, fariam parte de um estilo formal de fala de um dialeto cujo subsistema da postônica
não final fosse composto por cinco vogais, como parece ser o caso do dialeto belo-
horizontino. realizações alçadas, do tipo pér[u]la e êx[u]do, fariam parte de um estilo
informal de fala.
Usando pressupostos da Fonologia Autossegmental (na regra por ele proposta),
Fonologia Lexical (para explicar as exceções) e Fonologia Métrica (nos padrões prosódicos
envolvidos), Wetzels (1992), em um enfoque largamente diferente dos expostos acima,
propôs, em uma análise pioneira, uma regra por ele denominada Abaixamento Datílico (AD).
Essa regra proíbe que as vogais médias altas [e] e [o] ocorram em sílabas tônicas de palavras
proparoxítonas, posição silábica até então “virtually unexploited”, como a define. Assim,
palavras que possuem vogais médias (baixas ou altas) em posição tônica, como esqueleto e
dialéto, por exemplo, passam, pela ação do AD, à esquelético e dialético. Para ele, sufixos
como -ico e -logo, entre outros, impõem um padrão datílico e, dessa maneira, o AD se aplica
apenas às palavras derivadas, ou melhor, “apenas sobre as palavras formadas por sufixos
indutores de ritmo datílico” (MASSINI-CAGLIARI, 1994, p.133). Portanto, a regra de AD
sempre encontra ambiente em palavras derivadas, como esquelético (proparoxítona), que,
originando-se da palavra não derivada esqueleto (paroxítona), possui, por causa do AD, a
vogal média baixa [ϯ]. E, segundo Wetzels (1992), a excepcionalidade da posição
proparoxítona deve ser marcada pelo diacrítico lexical.
Contudo, apesar de as proparoxítonas derivadas serem de fato a grande maioria”
(MASSINI-CAGLIARI, 1994, p.133), pode-se apontar exceções, como as consideradas por
14
Acredito que uma abordagem fonética é a base, mas não o sustentáculo de um problema como o que aqui
pretendo analisar. Assumo, nessa ótica, a postura de mara Jr. (1970), influenciado, sobretudo, pela escola que
ficou conhecida como Círculo de Praga. Assim, em uma proposta que se pretenda fonológica, o que importa são
as “propriedades” ou “traços distintivos”. Esse é o pressuposto teórico que guia esta pesquisa: o fonológico.
38
Wetzels (1992), que as subdivide em três classes. A primeira alia-se às poucas palavras não-
derivadas proparoxítonas (em torno de 13) que não sofrem a ão do AD, entre elas estão:
f[o]lego, es[o]fago e [e]xodo. A segunda classe se refere aos nomes próprios como Hércules e
Penélope, nesses não ambiente para que o AD ocorra, que, entre outras razões expostas
por Wetzels (1992), nomes próprios não derivam. A terceira é composta pela categoria dos
verbos regulares, como nas formas: perd[e]ramos, perd[e]reis (1ª e pessoas do plural do
mais-que-perfeito do indicativo) e perd[e]ssemos, perd[e]sseis (1ª e pessoas do plural do
imperfeito do subjuntivo).
2.5.2 Abordagens Variacionistas
Igualando o quadro das postônicas, tanto as finais quanto as não finais, aos das
pretônicas, composto pelas vogais [a, e, i, o, u], Schmitt (1987) aponta que o português
gaúcho, com exceção da cidade de Porto Alegre e região metropolitana, onde a redução é
“uma regra quase categórica” (SCHMITT, 1987, p.11), varia o quadro vocálico de ambas as
posições postônicas em função da forte influência que esses dialetos sofrem da língua alemã,
da língua espanhola, a falada nos dialetos de fronteira, e da língua italiana, respectivamente,
ou seja, da forte influência do fator etnia.
O trabalho de Vieira (1994) se dirige à análise de toda a pauta postônica. Dessa forma,
as paroxítonas terminadas em sílaba pesada, as postônicas não finais e finais (sendo esta,
comparativamente, o foco das atenções) são as posições estudadas pela autora. Em sua análise
do processo de neutralização das vogais médias nessas posições, Vieira (1994) alia a Teoria
Variacionista laboviana, no intuito de descrever o quadro das vogais nessa posição, e o
modelo da Fonologia Autossegmental (sobretudo CLEMENTS & GOLDSMITH, 1976) e
Lexical (KYPARSKY 1982, 1985). Baseando-se no banco de dados Varsul, apresenta
evidências de vogais não alçadas em posição postônica (cf. MALLMANN, 2001; ROVEDO,
1998, entre outros), o que a leva a postular, para toda a pauta postônica, um subsistema
composto pelas vogais /a, e, i, o, u/. Essa posição contraria, primordialmente, a proposta de
39
Câmara Jr. (1970), que postula, para todo o PB, um subsistema ternário para a posição final
(/a, i, u/)
15
e quaternário para a não final (/a, i, e, u/).
Contudo, a ocorrência da neutralização de vogais médias em posição postônica o
pode ser desconsiderada, mesmo nos dialetos analisados por Vieira (1994), os da região sul
16
.
E é a alternância entre o subsistema /a, i, u/ e o subsistema por ela postulado /a, e, i, o, u/ que
a leva a atestar a conseqüente variabilidade da regra de neutralização. Assim, das sete vogais
em posição tônica, há uma regra de neutralização reduzindo o contraste entre as vogais
médias baixas e as médias altas (/ϯ/ = /e/, /ѐ/ = /o/), e outra regra, não categórica, reduzindo o
contraste entre as médias altas e altas (/e/ = /i/, /o/ = /u/).
Vieira (2001), dando um enfoque maior às postônicas não finais, analisa o que
considera um “comportamento variável”
17
(VIEIRA, 2001, p.128). Há, assim, formas como
cóc[o]ras e ânc[o]ra, onde a neutralização de /o/ pode não acontecer, co-ocorrendo com
abób[u]ra e fósf[u]ro, onde a neutralização sempre ocorre. Da mesma maneira, tem-se
núm[i]ro, prót[i]se e cóc[i]ga, neutralizadas, e vésp[e]ra, cát[e]dra e vért[e]bra, não
neutralizadas. Concordando com Vieira (1994), para Amaral (1999), regulando o processo de
alçamento da postônica não final, existe, no dialeto investigado por ela, “uma redução
variável ao invés da neutralização” (AMARAL, 1999, p.90). Relata a variação dos termos
fósf[o]ro ~ fósf[u]ro; abób[o]ra ~ abób[u]ra; árv[o]re ~ árv[u]re; e, entre as vogais /e/ e /i/,
nos termos pêss[e]go ~ pêss[i]go; alfând[e]ga ~ alfând[i]ga; fenôm[e]no ~ fenôm[i]no;
aponta, contudo, a preservação das palavras vésp[e]ra, úlc[e]ra e úb[e]re.
Não se pode negar que o contexto exerça aí uma forte influência, e a ele se dedicam os
próximos parágrafos. Por exemplo, consoantes labiais, de acordo com os resultados de Vieira
(1994, 2001), corroborados por Amaral (1999, 2001), tendem a aumentar significativamente o
alçamento de /o/, devido ao traço de labialidade que compartilham, e, em ambos os estudos,
“a elevação de [o] ocorre mais freqüentemente” (AMARAL, 1999, p.90). Porém, essa
variabilidade corre o risco de ser apenas aparente, isso se olharmos para o indivíduo e não
15
Cabe lembrar, contudo, a observação feita por mara Jr. (2002) quanto às postônicas finais: “Nesta última
posição, a pronuncia mais generalizada, e praticamente «padrão», é, como no Rio de Janeiro, a redução drástica
do quadro de vogais.” (CÂMARA JR., 2002, p.23). E “praticamente” não é uma expressão generalizadora.
16
As cidades que compuseram a mostra de Vieira foram “Curitiba, Londrina, Pato Branco e Irati no Paraná;
Florianópolis, Blumenau, Lages e Chapecó em Santa Catarina; Porto Alegre, Flores da Cunha, São Borja e
Panambi no Rio Grande do Sul.” (VIEIRA, 2001, p.128).
17
Porto Alegre, segundo Vieira (2001, p.158) é a “cidade que mais pratica a regra de elevação de /e/ e /o/”.
Conclui, assim, que, ao contrário das outras cidades, em Porto Alegre “já se poderia falar na existência da regra
de neutralização, uma vez que pouca variação ocorre em posição postônica não-final”.
40
para a comunidade (cf. OLIVEIRA, 1992) e, também, se considerarmos o item lexical e não o
contexto sonoro, como propõe o modelo de Difusão Lexical, aqui defendido.
O caráter difusionista vem de realizações sempre alçadas como abób[u]ra ao lado das
não alçadas, como vésp[e]ra, ambas cercadas por consoantes oclusivas bilabiais e a líquida
vibrante. a hipótese de Oliveira (1992) pode ser exemplificada por conclusões como a de
Vieira (1994). Em Vieira (1994), e não em Vieira (2001), o fator etnia foi o que mais
contribuiu para os casos em que as variantes /e/ e /o/ foram preservadas
18
. A etnia,
selecionada por serem os dialetos analisados pela autora amplamente influenciados pelos
idiomas italiano e alemão e, também, espanhol, foi considerada, na análise dos resultados, o
fator não estrutural de maior “importância para a aplicação da regra de elevação das vogais
médias” (VIEIRA, 1994, p.53). Vieira (1994, p.54) destaca que “os informantes da zona de
colonização italiana são os que mais preservam as vogais médias em posição postônica,
enquanto os metropolitanos, opositivamamente, são os que mais praticam a regra de
elevação”.
Fatos como esse nos levam a crer que indagações como a de Oliveira (2006) possam,
realmente, ter uma resposta afirmativa. Analisando a variação intra-individual na pronúncia
das vogais pretônicas, Oliveira (2006) deparou-se com dados empíricos que indicam que
indivíduos diferentes escolhem processos fonológicos específicos para itens lexicais
específicos (ou seja, o falante A harmoniza em módérno e alça em múdésto). Diante desse
fato, e de alguns outros, o autor se pergunta se “não seríamos levados a pensar que o
comportamento do indivíduo é mais homogêneo do que o comportamento da comunidade de
fala?” (OLIVEIRA, 2006, p.16). Vieira (1994), em sua conclusão, que pode ter sido
prejudicada por suas escolhas metodológicas, nos mostra que indivíduos apresentam um
comportamento mais homogêneo que a comunidade, e essa é uma hipótese aqui apreciada,
mais bem discutida adiante.
18
Vale lembrar que Vieira (2001) não pretende reanalisar os dados de Vieira (1994), não se estabelecendo,
assim, uma conexão direta entre ambas as propostas. Porém, uma mudança de perspectiva como essa merece que
algumas colocações sejam feitas e, na verdade, essa nova perspectiva pode estar relacionada a vários fatores. Um
desses fatores pode se referir a uma possível alteração nos dados analisados, o que, certamente, não provocaria
tal mudança, não em um espaço tão curto de tempo. Outro fator, o mais provável, pode se referir a uma alteração
na interpretação dos dados por parte da autora. O fato é que, em 1994, Vieira trata apenas superficialmente do
tema, e parece separar apenas superficialmente os diferentes dialetos das cidades investigadas, já em 2001 realiza
uma análise mais “cuidadosa”, separando os dados de estados e cidades, o que fez com que o fator variável
geográfica perdesse sua primazia.
41
2.6 Considerações Finais
Destacando as vogais médias em posição postônica não final, este capítulo foi,
basicamente, dividido em três partes principais: a primeira, que explicita a natureza e a
configuração das palavras-alvo desta pesquisa, as proparoxítonas; a segunda, que apresenta os
processos fonológicos concernentes a tais palavras e a terceira que traz, em variadas
perspectivas, as principais propostas que tratam da neutralização a que elas estão sujeitas.
Buscou-se, primordialmente, identificar a natureza e os processos envolvendo o fenômeno
que aqui se pretende investigar, e, como aponta Martinet (1971, p.52), “a identificação é,
evidentemente, a condição sine qua non do conhecimento.”
Viu-se que algumas das propostas aqui apresentadas divergem em vários pontos de
suas análises, seja em relação a quais fonemas compõem o subsistema da postônica não final
ou quanto às interpretações dadas ao fato de formas variáveis co-existirem com realizações
em que vogal é sempre preservada ou sempre alçada. A divergência está, também, na
interpretação da freqüência com que se realizam os processos fonológicos atuantes, mais
especificamente, a neutralização, como em prótise e antíduto, sendo esta última considerada
por alguns um caso de assimilação progressiva.
Apesar de ser possível apresentar medições de cunho sociolingüístico e propostas
que se propuseram a explicar o tema a que esta dissertação se dirige, pode-se dizer que, ao
menos comparativamente, a maioria das propostas voltadas para a variação das vogais médias
centralizam-se em outras posições silábicas que não a postônica não final. Entre elas, destaca-
se a posição pretônica, um dos problemas mais “espinhosos” da fonologia do PB, e, na Região
Sul, principalmente, os estudos que, inseridos em uma abordagem variacionista, investigam a
realização variável da postônica final. Em Belo Horizonte, contudo, não há medições e
trabalhos precedentes que tenham se dedicado diretamente ao tema aqui proposto.
Objetiva-se, assim, mostrar quais são os fonemas que, no município de Belo
Horizonte, Minas Gerais, onde esta pesquisa se realizou, ocorrem em posição postônica não
final (e a hipótese, não a explicação, é semelhante a de Vieira (1994), tem-se um subsistema
onde se realizam as vogais /a, e, i, o, u/); identificar quais são os contextos fonológicos
(estruturais) – neutros, favorecedores e desfavorecedores – envolvidos no alçamento das
postônicas não finais; verificar se há a maior ocorrência de alçamento das vogais aqui em foco
entre a série posterior do que entre a rie não posterior; investigar, caso se comprove, o
porquê dessa primazia; identificar a natureza dos fatores não-estruturais que possam
42
condicionar o processo de alçamento aqui em foco e, assim, verificar a que ponto esses
fatores interferem nesse processo e até mesmo na alternância (/e/ ~ /i/ e /o/ ~ /u/), caso ela
ocorra.
Pelo exposto até aqui e, inevitavelmente, alguns aspectos escapam aos limites desta
dissertação, pode-se concluir que ainda não se fez um estudo aprofundado sobre o processo de
alçamento das vogais médias em posição postônica não final do PB. Não se tem, por exemplo,
uma explicação plausível para o fato de haver, no mesmo dialeto, realizações variáveis ao
lado de realizações sempre alçadas e outras sempre preservadas. A postulação de um
comportamento variável para as regras de neutralização, como o proposto por Amaral (1999,
2001) e Vieira (1994, 2001), esta analisando os mais variados dialetos da região sul e aquela
se focando na síncope, não é, mesmo que se aproxime da “verdade” (ainda utópica), uma
opção de análise satisfatória. O nível explicativo parece ser alcançado quando observamos o
fenômeno por meio de uma abordagem que leve em consideração os preceitos da Difusão
Lexical (modelo exposto no próximo capítulo), como é o objetivo desta dissertação.
Apesar de ser possível apontar alguns autores que se dedicaram ao alçamento das
postônicas não finais, este trabalho, de certa forma, inova, que o encontra outros
precedentes, ao menos não da forma sistemática e na ótica pretendidas, que, em busca de um
potencial explicativo para o fenômeno, alia Difusão Lexical, Teoria da Variação e Teoria da
Otimalidade. Pode-se dizer, portanto, que pouco ainda se conhece sobre o fenômeno que aqui
nos propomos a investigar, sobretudo na ótica com que o abordaremos. Assim, altera-se o
o foco da discussão, que, em relação à maioria dos trabalhos envolvendo as vogais
médias, se desloca a temática no que se refere ao posicionamento da vogal átona no item
lexical, como também a maneira como o problema é discutido.
43
3 MODELOS DE MUDANÇA LINGÜÍSTICA
3.1 Introdução
Este capítulo aborda os pressupostos da Difusão Lexical e os do Modelo
Neogramático, seu principal opositor, a fim de destacar
as contribuições dessas propostas no
que concerne à compreensão do comportamento dos sistemas sonoros das nguas e, sobretudo, à
compreensão da mudança lingüística. Com as colocações feitas aqui, espera-se, ao final,
mostrar que a variação das vogais médias em posição postônica não final, objeto deste
trabalho, pode e deve ser prevista e explicada pelo modelo difusionista.
3.2 Modelo Neogramático
O dinamismo das línguas naturais e os processos de mudança a que se submetem
sempre instigaram aqueles que se dedicam aos fenômenos da linguagem. Já nos primórdios da
ciência lingüística, as evidências de mudança concluída ocuparam um espaço central nos
modelos teóricos que procuravam definir as leis que governariam tais processos. É com essa
preocupação em mente que surge, nas últimas décadas do século XIX, o Modelo
Neogramático (NG), inspirado pelo método experimental de Claude Bernard e o positivismo
filosófico de Auguste Comte.
Em busca de um caráter de cientificidade, os protagonistas dessa nova corrente teórica
teceram críticas severas aos antecessores diretos, os comparativistas, que, em tom derrisório,
os denominaram junggrammatiker (os jovens gramáticos ou novos gramáticos), codinome
que acabou dando nome ao modelo que então surgia. Entre outras personalidades, o modelo
NG reuniu e ainda reúne grandes nomes da lingüística, como Paul, Ascoli, Osthoff,
Brugmann, Leskien, Scherer e, também, contemporâneos como Labov e Kiparsky.
44
Hostis às concepções românticas do século que findava e contagiados pelo positivismo
comtiniano, a proposta neogramática ascende com pesadas críticas aos pressupostos
‘filosóficos’ e ‘metafísicos’ presentes nos trabalhos de seus predecessores imediatos
19
.
A mudança de concepção surgida com os neogramáticos se orientou por duas
diretrizes distintas. A primeira se refere ao objeto de investigação lingüística que antes, no
modelo comparativo, era a regularidade das correspondências e passa, neste modelo, para as
transformações fonéticas. A segunda à escolha do procedimento de análise, e, nessa diretriz,
podem-se apontar duas propriedades: (a) a análise lingüística não deve se limitar a descrever
ou constatar as mudanças ocorridas entre dois (ou vários) estados aparentados de língua; ela
deve igualmente produzir uma explicação positiva das causas que conduziram às mudanças
observadas; (b) por isso, o organicismo e o naturalismo cedem lugar aos métodos da
observação indutiva e dedutiva que caracterizam a perspectiva explicativa das ciências da
natureza. Para Coutinho (1969, p.37), foi a partir da teoria neogramática que a lingüística
pôde “pretender ao título de ciência, enfileirando-se, pela segurança dos seus processos, ao
lado da Física, da Biologia, etc.”.
Marcada pelo positivismo nascente, a perspectiva neogramática tem seu principal pilar
no primado das chamadas leis fonéticas, isto é, em sua universalidade (elas apresentam-se em
todos os idiomas) e em sua generalidade (elas são eficazes segundo certas regularidades em
cada idioma em particular). Assim, inseridos nesse clima de intensos debates teóricos, que
envolviam o próprio estatuto e o futuro da ciência lingüística, os jungrammatiker se pautavam
pelo princípio de que a língua é regulada por uma série de leis. Como aponta Bynon (1977), a
idéia básica era a de que a ngua, como atividade humana, é regulada por princípios que
deveriam, então, ser investigados “dentro das regras gerais que governam o comportamento
humano”
20
(BYNON, 1977, p.29, tradução nossa). Mudanças sonoras são, nessa ótica,
atribuídas somente às ações mecânicas (articulatórias), inteiramente necessárias, o que faz
com que a mudança explique-se, única e exclusivamente, por causas fisiológicas, sempre
guiadas pelas ‘implacáveis’ leis fonéticas. Osthoff e Brugmann (1878) definem o caráter
inicial dessas leis:
19
E é importante salientar que, apesar das muitas críticas, a pesquisa fonética neogramática soube manter a
exigência comparatista, incorporando, pouco a pouco, as formas do raciocínio mais abstrato, como coloca Paul
(1978, p.62): para “estabelecer as leis fonéticas, parte-se sempre de uma comparação. Relacionam-se os estados
de um dialeto com aqueles de um outro [...]. Isolam-se também, por abstração, comparando os diferentes estados
no interior do mesmo dialeto e da mesma época”
20
“within the general rules that govern human behavior”.
45
Todas as mudanças fonéticas, como processos mecânicos, têm lugar segundo leis
que não admitem exceções (ausnahmlose Lautgezetze), no interior do mesmo
dialeto, e o mesmo som realizar-se-á da mesma maneira num ambiente idêntico;
(OSTHOFF E BRUGMANN, 1878, citado por ROBINS, 1976, p.194).
No mesmo diapasão, aponta Coutinho (1969):
Exceções pròpriamente não as há. Os exemplos discordantes, que se notam neste
ponto, não passam de casos insulados, subtraídos à ação de uma lei, mas
perfeitamente explicáveis pela intercorrência de outra causa (COUTINHO, 1969,
p.134).
Segundo Coutinho (1969, p.134-37), os neogramáticos são os responsáveis pelo
“caráter de constância” conferido às leis fonéticas. Entendidas por muitos como “princípios
absolutos”, tem como propriedade a regularidade das transformações que provocam,
propriedade denominada por Hockett de hipótese (ou princípio) da regularidade, e a
conseqüente possibilidade de generalização das mesmas, ou seja, dada a regra A B / C__D,
em que A corresponde ao segmento que sofrerá a mudança; B ao segmento no qual A mutou-
se; C e D remetem-se ao ambiente fonológico onde a mudança ocorreu (lê-se: A torna-se B no
ambiente CD), todo A vai virar B no contexto C__D. Pertencente ao nível fonológico apenas,
a mudança sonora é guiada por esse princípio que, segundo Bynon (1977), aplica-se a
mudanças específicas em línguas particulares e segue duas direções. A primeira traça a
regularidade da mudança sonora no nível do indivíduo, ou seja, todos os membros de uma
comunidade determinada modificam seu comportamento de forma regular. A segunda traça a
regularidade da mudança no nível do som e, assim, determina que “os fonemas se alteram do
mesmo modo, sempre que se acham em idêntico meio e circunstância” (COUTINHO, 1969,
p.135), isto é, sempre que se acham no mesmo ambiente fonético
21
. Dessa maneira, a
mudança é “transparente”, assim denomina Oliveira (1992), ou seja, é condicionada por claros
contextos fonéticos.
O princípio de regularidade é bem colocado por Faraco (1998). Para o autor, a
“regularidade” e “generalidade” são princípios inerentes à evolução da mudança. Guiada pela
inflexibilidade das transformações que acarreta, a mudança como os neogramáticos a
21
A idéia era a de que se não houvesse regularidade no processo de mudança sonora as pessoas não se
entenderiam, como aponta Faraco (1998, p.29), “mudanças abruptas e repentinas são impossíveis, pois, se
ocorressem, destruiriam as próprias bases da interação socioverbal.” Essa, contudo, é uma concepção
inverossímel, no sentido em que a interação é mantida mesmo frente a alterações fonéticas não graduais, como as
que Oliveira (1991), entre outros teóricos, aponta, como cancelamentos, inserções e metáteses, processos que
“não podem ser graduais e devem ser concebidos como fenômenos discretos”.
46
concebem atinge sistematicamente o mesmo elemento, em idênticas ocorrências e condições
(mesmo ambiente fonético, mesmo período de tempo, mesma língua). Assim, mudanças
sonoras vão ocorrendo:
gradativamente, isto é, vão atingindo partes da língua e não seu conjunto; e mais, a
gradualidade do processo histórico se evidencia ainda pelo fato de que a
substituição de uma forma x por outra (y) passa sempre por fases intermediárias.
o momento (quase sempre longo) em que x e y coexistem como variantes;
depois o momento (também normalmente longo) da luta entre x e y seguida do
desaparecimento de x e da implementação hegemônica de y. (FARACO, 1998,
p.28)
Implementada a mudança, as infrações aparentes ao caráter necessário das leis
fonéticas eram explicadas ou por empréstimo ou por analogia, vistas como indícios de uma lei
a pesquisar (sob o modelo da exceção que confirma a regra). O empréstimo “viola” leis
fonéticas quando a língua ou dialeto incorpora um item lexical qualquer “depois da aplicação
da “lei”” (LYONS, 1979, p.30). O que implica dizer que o vocábulo emprestado não se
submete a uma lei que perdeu produtividade. E essa é uma perspectiva que preserva a
inviolabilidade da mesma. Com o mesmo intuito de preservação, age a analogia. Para os
neogramáticos, quando uma mudança sonora (que atua na regularidade e não
excepcionalidade de uma regra como A B/ C___D, considerando apenas o ambiente
fonético) afeta um elemento qualquer da língua e o resultado é a ruptura de padrões
gramaticais, há uma tendência a retificá-los via analogia. Dessa forma, ocorre um nivelamento
com base no padrão mais recorrente na língua, restaurando o equilíbrio entre forma e função,
perdido com a mudança lingüística.
Processos analógicos, quando concluídos, dariam a falsa impressão de que a lei
fonética não atuou; no entanto, o resultado dessa lei teria sido “retificado por interferência de
paradigmas gramaticais hegemônicos”. “Haveria, assim, uma espécie de paradoxo: a mudança
fônica, que é regular, pode gerar irregularidades gramaticais; e a analogia, que é irregular (isto
é, não se aplica em todos os casos em que poderia), gera regularidade.” (citações de
FARACO, 1998, p.30-2). Bloomfield ([1933] 1970, p.406, tradução nossa) dá, entre outros, o
seguinte exemplo: “o enunciado independente de uma forma como dreamed ao invés de
dreamt [dremt], poderia ser descrito pelo diagrama:
47
scream : screams : screaming : screamer : screamed
= dream : dreams : dreaming : dreamer : x”
22
Aqui, a realização da forma dreamed – representada pela variável x – só se fez
possível por analogia a padrões como o do verbo scream (um protótipo de uma classe). Cabe
lembrar que em casos como esses nem todas as formas irregulares do verbo passam, por
analogia, à regulares. E aí reside a irregularidade da analogia mencionada por Faraco (1998).
Enfim, mesmo cercando-se de fortes dispositivos teóricos que mantém o que Phillips
(1998) denomina de “tripartite division of change” mudança sonora, analogia e empréstimo
, o modelo NG não escapou das críticas, essas tecidas já em seus primórdios pelos
dialetologistas e especialistas em geografia lingüística. Essas críticas foram dirigidas
especialmente à regularidade das leis fonéticas, que, da forma como os autores acima
colocam, não admitem exceções em seu âmago. Paul (1978) reexamina o conceito de lei
fonética, a fim de estabelecer uma definição mais adequada, questionando seu caráter de
necessidade absoluta:
A noção «lei fonética» não deve compreender-se no sentido que damos à lei na
física ou na química [...]. A lei fonética não afirma o que deve repetir-se sempre sob
determinadas condições gerais, mas verifica apenas a regularidade dentro dum
grupo de determinados fenómenos históricos. (PAUL, 1978, p.74).
A conceituação de Paul (1978) isenta as leis fonéticas de seu caráter implacável e
irrestrito, dando, assim, maior ‘flexibilidade’ as mesmas. Aplicada ao português do Brasil,
essa flexibilidade poderia ser exemplificada pela interpretação dada à regra t tЀ/ __ i (tЀia,
patЀins, etc), isto é, /t/ palataliza-se quando a vogal que o precede é /i/, uma regra categórica
em muitos dialetos (e o dialeto belo-horizontino é um deles). Em uma interpretação como a de
Paul (1978), /t/ possuiu, com o passar do tempo, uma forte inclinação a palatalizar-se quando
diante de /i/, e, nesse caso, não há dúvidas que o fator articulatório facilitou o processo. Dessa
forma, ele retira as leis fonéticas do determinismo absoluto, o que dita que /t/ teria de
obrigatoriamente palatalizar-se naquele contexto (o que não ocorreu em todos os dialetos do
PB), e as confere o status de reprodutora de fortes tendências entre um estágio de língua e
22
“The independent utterance of a form like dreamed instead of dreamt [dremt], could be depicted by the
diagram: scream : screams : screaming : screamer : screamed
= dream : dreams : dreaming : dreamer : x
48
outro. Note-se que a alternância entre variantes distintas não é negada pelo modelo NG, o que
o difere do modelo de Difusão Lexical (DL) é, entre outras concepções, a explicação para essa
alternância.
Aderir ao modelo difusionista não implica negar o quanto um ambiente natural
propício é um agente facilitador da mudança lingüística, e, como coloca Oliveira (1991), esse
ambiente pode, ao longo do tempo, fazer ruir os empecilhos lexicais que a mudança enfrenta.
Enfim, apesar da remota interseção entre ambos os modelos, eles possuem visões antagônicas
tanto para a motivação da mudança lingüística quanto para a implementação dessa mudança.
A próxima seção mostra os principais pressupostos do modelo difusionista e sua visão do
problema.
3.3 Difusão Lexical
Ao se defender a proposta da DL, modelo originalmente proposto por Cheng & Wang
(1967), como aqui se pretende, tem-se de admitir a conseqüente participação do léxico nas
estratégias de implementação de mudanças lingüísticas
23
. Para os difusionistas, tais mudanças
são encaradas como “lexicalmente graduais e foneticamente abruptas”
24
(Oliveira, 1991,
p.93), e para tanto, há de se levar em consideração o “princípio”, como postulam Mollica &
Roncarati (2001, p.50), de que as regras são “paulatinamente encaixadas e/ou fixadas na
história e em processos de aquisição, espalhando-se pelo léxico, à medida que o repertório
lingüístico vai sendo ampliado ontogênica e historicamente”.
Essa concepção de mudança lingüística, como visto anteriormente, diverge da
defendida pelo modelo NG, de larga tradição nos estudos lingüísticos. Para esses, as
mudanças lingüísticas são “lexicalmente abruptas e foneticamente graduais”
25
(Oliveira, 1991,
p.93). Hockett (1958, p.444), citado por Labov (1981, p.273, tradução nossa), conclui que
“mudanças sonoras são muito lentas para serem observadas”
26
, e esse pensamento, acredito,
traduz a concepção neogramática de que as mudanças sonoras se difundam gradualmente
23
Como destaca Oliveira (1992, p.40): “ainda precisamos de muito trabalho no que se refere ao papel do léxico
na mudança sonora. As razões que levam um item lexical a ser mais, ou menos, vulnerável a uma inovação ainda
são obscuras”.
24
Grifos do autor.
25
Grifos do autor.
26
“sound change was too slow to be observed”.
49
pelos fones, isto é, sejam “imperceptíveis”, como colocam Bortoni, Gomes & Malvar (1992).
Propostas com diferentes pontos de vista e baseadas em dados diversos trataram dessa
divergência. Entre as aqui abordadas, uma atenção especial será dada as de Labov (1981) e
Oliveira (1991), por este estabelecer um diálogo direto com aquele.
Para Cristófaro Silva (2001, p.211), a proposta difusionista “constitui uma oposição
teórica direta a proposta neogramática”. O trabalho de Labov (1981), Resolving the
Neogrammarian Controversy
27
, pode ser considerado como um dos mais importantes (e
consistentes) trabalhos que se dedicaram a essa oposição. Essa importância não se deve
somente ao indiscutível prestígio de Labov, o que, com certeza, deu maior visibilidade ao
modelo difusionista, mas, sobretudo, aos argumentos em que se baseia. Expõe o que chama de
paradoxo envolvendo o modelo NG e o modelo da DL. Tal paradoxo é resumido na máxima:
“ambos estão certos, mas ambos não podem estar certos”
28
(LABOV, 1981, p.269, tradução
nossa). Ou seja, se ambos são mesmo modelos mutuamente excludentes, então, não poderiam
co-ocorrer. O fato é que esses modelos possuem respostas totalmente antagônicas para a
pergunta: “na evolução dos sistemas sonoros, a unidade básica da mudança é a palavra ou o
som?”
29
(LABOV, 1981, p.268, tradução nossa).
Os neogramáticos, segundo Labov (1981), não apresentam questões desatualizadas,
em função da própria posição que ocupam. E apesar de assumir, ao contrário de Oliveira
(1991), uma postura intermediária, ou cautelosa, entre ambos os modelos, ambos apontam,
acertadamente, que se deve respeitar a inteligência dos antecessores (entre eles Curtius,
Delbrück, Osthoff, Paul, Saussure, Bloomfield, Hockett), os neogramáticos. Para
Hoenigswald 1978 (citado por LABOV, 1981, p.272, tradução nossa), “a hipótese
neogramática não era uma declaração substantiva sobre a mudança sonora, mas um princípio
de trabalho que DEFINE mudança sonora”
30
. Princípio de trabalho ou não, para o modelo NG
a unidade básica de mudança é somente o som.
o modelo difusionista propõe que a mudança se difunde gradualmente pela palavra
e não pelo som, sendo então lexicalmente gradual (por isso, Difusão Lexical em não Difusão
Sonora). Dentre os expoentes desse modelo estão os lingüistas sinoamericanos Cheng, Wang,
27
Texto originalmente apresentado no Encontro Anual da Sociedade Lingüística da América, em Los Angeles.
Labov (1981) baseia-se em evidências extraídas de pesquisas anteriores, acrescidas aos trabalhos dos expoentes
dos modelos de DL e o NG.
28
“both are right, but both cannot be right”.
29
“In the evolution of sound systems, is the basic unit of change the word or the sound?”.
30
“the neogrammarian hypothesis was not a substantive statement about sound change, but a working principle
that DEFINED sound change”.
50
Chen, além dos linguistas Hsieh, Phillips, Krishnamurti, entre outros, sendo a análise de
Krishnamurti a que, para Labov (1981), apresentou os resultados mais convincentes: “os
resultados dele não deixam dúvidas de que essas mudanças sonoras se processam com a
palavra, não com o fonema, como a unidade básica”
31
(LABOV, 1981, p.271, tradução
nossa). Vale salientar o argumento, quase lúdico, de Wang e Cheng (1977) para justificar o
porquê de uma mudança não poder ser foneticamente gradual: eles apontam para os casos de
flip-flops, metáteses, epênteses, cancelamentos e mudanças no ponto de articulação, todas
mudanças fonéticas discretas. Na verdade, não importa muito se foneticamente a mudança
assume um caráter abrupto ou gradual; o que de fato diferencia ambos os modelos é a
concepção difusionista de que é a palavra a unidade básica de mudança.
Pode-se dizer que, no paradoxo da mudança sonora exposto por Labov (1981), os
termos abrupto e gradual são os centralizadores do próprio paradoxo, e se referem aos
diferentes modos de se encarar a mudança, ou melhor, como as diferentes teorias lingüísticas
as encaram. Ou seja, o que é abrupto e o que é gradual é algo quase inerente à mudança
lingüística, mas difusionistas e neogramáticos enxergam a mesma dinâmica de dois pontos
diferentes.
A mudança abrupta, na teoria Neogramática, indica mudança fonética, e ocorre no
nível fonético de forma simultânea, regular. Assim, todos os sons no mesmo ambiente são
simultaneamente afetados independentemente de qualquer outro fator (como o semântico, por
exemplo). Labov (1981), em um trabalho desenvolvido em 1968 (LYS LABOV,
YAEGER e STEINER) –, analisando o dialeto de Filadélfia (Estados Unidos), destaca que
muitas características trazidas pelos dados o levaram para longe de uma abordagem
difusionista, aproximando-o de uma neogramática. Para ele, três mudanças sonoras
neogramáticas “são proeminentes e óbvias para nossa investigação”
32
(LABOV, 1981, p.275-
6, tradução nossa):
1. Toda palavra em uma dada classe histórica é afetada. Ex.: o alçamento de /ohr/
(para a forma [u:ђ]) não envolve palavras como door, four, more, mas todo
item lexical nesta classe que encontramos na fala espontânea, não importa se
comum ou incomum, erudito ou vulgar. Labov diz ter encontrado evidências desse
31
“his results leave no doubt that these sound changes proceeded with the word, not the phoneme, as the basic
unit”.
32
“are prominent and obvious to our inspection”.
51
processo em palavras como born, forth, fort, horns, source. O que ele quer indicar
é a forte atuação do fator fonético na mudança, como aponta o modelo NG.
2. Essas mudanças parecem ser (foneticamente) graduais.
3. As mudanças em progresso mostram tipos detalhados de condicionamento
fonético, com a não indicação de restrições gramaticais.
Ou seja, todas as características acima apontadas convergem para o argumento
primordial do modelo NG (o único a assumir em trabalhos posteriores): a unidade básica de
mudança é o som. Por outro lado, “se a palavra é a unidade fundamental da mudança, é
porque algumas palavras sofrem a mudança por razões que não são fonéticas”
33
(LABOV,
1981, p.279, tradução nossa). E essa é uma concepção do modelo difusionista, no qual a
mudança é transmitida de palavra para palavra, disseminada gradualmente pelo léxico (CHEN
& WANG, 1975).
Bem, o paradoxo está, então, no fato de que Labov (1981) considera que alguns tipos
de mudanças se dêem de acordo com o modelo NG (como exposto acima) e outras ocorram
por DL, sem condicionamento fonológico. O exemplo difusionista que Labov (1981)
apresenta é a passagem do /a/ de [frouxo] para [tenso] (a cisão de short-a em (æh) e (æ) (/a/
[tenso] e [frouxo]), um problema espinhoso da fonologia americana. Aí, o que temos é uma
clara divisão no léxico. algumas palavras mudando e outras não. Labov (1981) apresenta
três tipos de evidências que demonstram tal padrão:
1. As distribuições são imprevisíveis, ou seja, é impossível prever se palavras como
“jazz” ou “wagon”, por exemplo, serão pronunciadas com /a/ [tenso] ou [frouxo].
2. A dificuldade de aquisição do “short a pattern”: não basta ser nascido na
Filadélfia, é preciso ter, também, pais nascidos na cidade.
34
3. Distinções categoriais das classes de “short a”, isto é, nem todos os itens lexicais
que contêm o “short a” apresentam variação.
No trabalho de Labov (1981), uma longa discussão sobre a mudança vocálica que
acaba por situar o paradoxo (o que aqui nos interessa) em dois tipos de mudanças que
33
“If the word is a fundamental unit of change, it is because some words undergo the change for reasons that are
not phonetic”.
34
“The only linguistic data which we must acquire from ours parents, and cannot get elsewhere are the first
dictionary entries. It seems reasonable to conclude that the short a pattern is such a set of dictionary entries. It
seems reasonable to conclude that Philadelphia children acquire mad with an underlying tense vowel, sad with
an underlying lax vowel.” (LABOV, 1981, p.289).
52
explicitam o âmago da diferença entre ambos os modelos. A primeira diz que a cisão de short-
a é claramente um caso clássico de DL
35
, a segunda que a mudança das vogais de Filadélfia é
um caso clássico de mudança sonora neogramática, acontecendo, assim, dentro dos
parâmetros determinados por este modelo.
O paradoxo deixa, porém, dois problemas principais para o entendimento dos
processos que envolvem a mudança sonora: (1) por que a mudança sonora se comporta de
diferentes maneiras? (2) que efeitos esses diferentes modos causam na estrutura que emerge?
Ambas as perguntas se relacionam intimamente com uma terceira pergunta, a que vem sendo
discutida aqui: (3) como ambas as teorias concebem a mudança?
Se tentarmos responder essas questões partindo do mesmo ponto de vista de Labov
(1981), o paradoxo ainda paira e nunca irá se dissipar, que neogramáticos postulam a não
susceptibilidade dos dados às exceções com relação às leis fonéticas (que, na verdade,
representam tendências muito ‘fortes’ de um estágio ABC para um estágio ADC), e, quando
essas ocorrem, são explicadas por analogia ou empréstimos. difusionistas, como Wang
(1969), por exemplo, que analisando dados do chinês (de difícil controle) atestam que o
caráter de regularidade não se sustenta, lidam com um modelo em que não faz muito sentido
falar de exceções. E, de fato, no âmbito da teoria difusionista, boa parte dos problemas
encontrados por Labov (1981) desaparece.
Enfim, a pergunta que Labov (1981) se faz é: se Wang e seus associados estão certos
sobre a DL, e os neogramáticos estavam certos sobre o que conheciam acerca da mudança
sonora, como podem ambos estar certos? Ele se propõe a resolver este paradoxo da seguinte
forma: “nós localizamos a regularidade neogramática nas regras de reajuste fonético [low-
level output rules], e a difusão lexical na redistribuição de classes de palavras abstratas em
outras classes abstratas”
36
(LABOV, 1981, p.304, tradução nossa).
Labov (1981) pretende, portanto, demonstrar que certos processos de mudança se dão
por DL, outros, ocorrem de acordo com as postulações neogramáticas. Assim, do ponto de
vista NG, há, para Labov (1981), uma lei fonética que atua no componente fonológico de uma
gramática gerativa, tal como a estabelecida por Chomsky (1965), ocasionando regras de
35
“All vowels followed by voiced stops are lax, except for mad, bad and glad which are always tense. The three
words involved are all common affective adjectives and so we might want to construct some kind of general rule
to account for them. But sad, another common affective adjective, is lax along with all other short a words
ending in /d/. This is massively regular for the entire Philadelphia speech community a clear case of lexical
diffusion arrested in mid-career at some point in the past.” (LABOV, 1981, p.286).
36
we have located Neogrammarian regularity in low-level output rules, and lexical diffusion in the
redistribution of an abstract word class into other abstract classes”.
53
reajuste fonético. As mudanças difusionistas se dão em um outro nível da gramática, o do
léxico – são as mudanças fonológicas abstratas a que Labov (1981) se refere.
Já Oliveira (1991) admitindo ser a sua postura “mais radical” do que a de expoentes do
modelo difusionista, como Chen & Wang, acredita que “não existem mudanças sonoras
neogramáticas”, apesar de, em longo prazo, existirem “resultados neogramáticos”. Assim, em
seu artigo The Neogrammarian Controversy Revisited, contrariou, além da hipótese
neogramática, importantes teóricos, como Labov (1981), a quem faz uma referência direta. A
proposta laboviana, como visto acima, assume uma postura “cautelosa” frente à questão,
intermediária entre o modelo de DL e o NG.
Oliveira (1991) vale-se do trabalho de Viegas (1987)
37
, que discute o alçamento de
vogais pretônicas no dialeto de Belo Horizonte, partindo de constatações empíricas para
assumir tal postura. Baseia-se em dados que apresentam tanto [o] quanto [u] categóricos,
como comício e cumida, tomada e tumate, pomar e pumada, e, ainda, [e] e [i] categóricos,
como mendigo e mintira, meninge e minino, semente e simestre, medita e midida, entre outros
exemplos. Todas essas são palavras diferentes, com comportamentos diferentes, em idênticos
ambientes fonéticos. De sua análise dos fatos, parte das máximas “a palavra, e não o som, é
que é a unidade básica de mudança” e “todas as mudanças sonoras são lexicalmente
implementadas” para concluir que a mudança lingüística pode ser explicada pelo modelo
de DL.
Apresenta quatro argumentos para embasar essa postura: (1) casos de mudanças
sonoras que não se explicam pelo modelo NG; (2) propostas guiadas por preceitos
neogramáticos, quando reanalisadas, mostraram-se, na verdade, difusionistas, mas não o
contrário; (3) os casos que atualmente possuem um status de regularidade, apresentavam, no
passado, condicionamento lexical; (4) como os neogramáticos analisavam o resultado final da
mudança, sem controle das variantes A e B na mudança A B/C__D, não se pode garantir
que essa transição não tenha se dado de palavra em palavra. E é este o fator que mais distancia
o autor de conclusões e proposições como a de Labov (1981).
Considerando que a implementação de uma mudança deve estar atrelada ao uso,
Oliveira (1991, p.7), em “um caráter apenas especulativo”, porém guiado por trabalhos
baseados em dados empíricos, destaca três fatores facilitadores e três inibidores de mudança
sonora. Facilitando a mudança estão, em uma mudança do tipo A B/C__D, por exemplo,
que para os difusionistas ocorre de palavra em palavra, os fatores que consideram (1) o
37
Segundo Oliveira (1991), Viegas (1987) chega a conclusões neogramáticas.
54
fonema A como pertencente a um nome comum, (2) A como parte de uma palavra própria de
situações informais de fala, e (3) C e D como ambiente natural para B. Em contrapartida, dois
dos fatores inibidores de mudança sonora são exatamente o inverso dos favorecedores, e,
portanto, um diz que A pertence a nomes próprios
38
e o outro que A é parte de uma palavra
própria de situações formais de fala. o terceiro fator, que não possui uma relação direta
com os fatores facilitadores, se refere a não aceitabilidade de uma mudança sonora por uma
classe social específica. O terceiro fator funciona, de fato, como um forte fator inibidor de
mudança e é embasado por pesquisas sociolingüísticas como as de Kroch (1978), entre muitos
outros, que constataram, entre muitas situações, o repudio das classes mais altas às variantes
originárias nas classes mais baixas. De qualquer forma, se a variante é bem aceita na
comunidade, ou seja, se ela não recebe estigmas, esse trânsito se de forma muito mais
“tranqüila”, o que acaba por fazer da aceitabilidade da mudança por uma parcela da
comunidade um fator facilitador de mudança. Teríamos, assim, um quarto fator facilitador.
Enfim, demonstraram-se nesta seção os principais preceitos do modelo difusionista,
aqui defendido, e os do modelo NG, seu opositor. A seção abaixo mostra alguns trabalhos que
constataram DL em algumas línguas do mundo e, assim, tem como objetivo dar uma amostra
do quanto o modelo difusionista se sustenta, e se comprova quando confrontado com dados
empíricos.
3.3.1 Evidências de Difusão Lexical
O trabalho de Krishnamurt (1978) que, segundo Labov (1981), apresenta argumentos
difusionistas incontestáveis, se dedica à investigação do deslocamento de apicais, uma
inovação das línguas dravídicas faladas no Centro-Sul da Ásia (Telugu, Gondi, Konda, Kui,
Kuvi, Pengo e Manda). Krishnamurt (1978) observou que a mudança não era implementada
da mesma maneira e, mesmo que o item lexical preenchesse as condições estruturais para que
essa mudança se efetivasse de fato, uns a sofriam e outros não. As palavras que mudaram
primeiro foram as relacionadas aos conceitos fundamentais para a comunicação e a cultura
38
Note-se que este é apenas um fator inibidor, o que não significa que o alçamento não ocorra. Tanto ocorre que
Bortoni, Gomes e Malvar (1992), investigando o dialeto de Brasília, apontam casos de alçamento em nomes
próprios, como Subrado, Suariz, Gunçalves, Lianor, Biatriz.
55
dos grupos tribais, como, por exemplo, lua, sacrifício, fogo, mês, dois, entrar
(KRISHNAMURT, 1978, p.16).
Aponta o fator temporal influindo na mudança lingüística, seguindo a mesma
inclinação de Wang (1969, p.10, tradução nossa), “muitos tipos de mudança [...] requerem
longos períodos de tempo para se difundirem através do tempo”
39
. Dessa forma, a mudança
foi se espraiando pelo léxico e áreas geográficas ao longo do tempo, indo, de pouco em pouco
(e não abruptamente, como prevêem os neogramáticos), abarcando mais itens lexicais e mais
espaço físico.
Leslau (1969), pesquisando línguas etíopes, pauta-se pela freqüência, e analisa o
porquê de determinadas mudanças fonéticas afetarem, primeiramente, as palavras mais
freqüentes e depois as menos freqüentes. Guiando-se pela intuição, o que, de certa forma,
fragiliza esse tipo de análise, baseia-se nos aspectos culturais para determinar a freqüência da
palavra. As palavras mais freqüentes dos dialetos etíopes, algumas de fundo religioso como
igreja e Deus além de verbos como dizer, saber, fazer, comer, vestir e poder, foram, segundo
Leslau (1969), as primeiras vítimas de mudanças fonéticas como aspiração, elisão,
assimilação, encurtamento de segmentos, entre outras.
Em Shen (1990) também se encontra a idéia de que a freqüência é uma das
determinantes da mudança sonora. Medindo a freqüência em um livro de freqüência de
palavras publicado pelo Instituto de Línguas de Beijing, ele mostra a atuação da DL na fusão
de vogais de Shanghai. A fragilidade do estudo de Shen (1990), apontada por ele mesmo, se
deve a dois fatores: (1) os dados são de língua escrita, ignorando, por completo, a
materialidade fonética e (2) o livro considera somente o Chinês Mandarim Padrão, as demais
variantes lingüísticas foram deixadas de lado.
Para Shen (1990), contudo, não se pode dizer que as palavras mais freqüentes tenham
sofrido a mudança primeiro, o que contradiz algumas análises (cf.: PHILLIPS, 1984 e
HOOPER, 1976). O autor acredita que a freqüência da palavra é diretamente proporcional à
porcentagem de falantes que utilizam formas que ainda não sofreram o processo de mudança.
Yaeger-Dror (1995), que analisou as vogais de Montreal, segue a mesma linha de
pensamento. Seus resultados revelam que a freqüência não é um fator determinante, pois as
39
“many types of change [...] require long spans of time to diffuse across the lexicon”.
56
palavras mais freqüentes, como coeurs (corações), por exemplo, tiveram uma mudança
tardia
40
.
Dirigindo-se ao português falado na cidade do Rio de Janeiro, a análise de Auler
(1992) descreve os casos de aspiração do s pós-vocálico, uma variação tipicamente carioca.
Específica a alguns itens lexicais, como mermo para mesmo e mar para mais, a variante
aspirada é estigmatizada pelos falantes, sendo, dessa forma, mais presente entre os falantes de
baixa escolaridade. Com entrevistas separadas por dois momentos distintos, a primeira em
1982 e a segunda em 1988, Auler (1992) atesta também a interferência do fator freqüência
nesse processo fonológico. Ao contrário dos menos freqüentes, até 20 ocorrências, os itens
lexicais mais freqüentes, ou seja, com mais de 40 ocorrências, segundo o padrão fixado por
ela, são os que mais apresentaram a variante aspirada, tanto em 1982 quanto em 1988.
Oliveira (1992) propõe que uma palavra que possua os traços [+Comum], [–
Elaborado] e [+Contexto Fonético Natural para Inovação] é afetada primeiro pela mudança
(note-se que as proparoxítonas não possuem esses traços, sendo, aceita essa hipótese, mais
protegidas). Para Oliveira (1992, p.40), não é o contexto fonético um condicionador de
inovações, ele é, antes, um “respaldo local para a fixação da inovação em determinados itens
lexicais”. Assim, mesmo mudanças que não possuam condicionamento fonético são
influenciadas pelo traço [+Comum]. Os exemplos dos quais Oliveira (1992) se utiliza dizem
respeito à monotongação ([ou] [o]). Em tese, independente do contexto em que o ditongo
ocorra, ele é passível de sofrer monotongação, ou seja, qualquer ditongo [ou] pode virar [o],
como rouco roco e ouvido ovido, entre muitos outros exemplos. Contudo, a mudança é
inibida por palavras [+Eruditas] e [+Especializadas], como grou, e também as que recebem o
traço [–Comum], como “Ourinhos, Rebouças, Moscou, Gouveia, Couto” (OLIVEIRA, 1992,
p.37).
Gonçalves (1992), analisando os fenômenos de prótese e aférese (acelofane por
celofone, dianta por adianta) no português falado no Rio de Janeiro, argumenta que fatores
como classe gramatical, formalidade e freqüência do item podem atuar no desencadeamento
da mudança. Quanto ao fator classe gramatical, o autor observa que “os verbos e adjetivos
abrem as portas para a mudança, seguidos pelos substantivos, preposições e advérbios, nesta
ordem” (GONÇALVES, 1992, p.71). Para analisar os dados, adotou alguns critérios de
40
Por discordâncias como essas pode-se visualizar o quanto ainda há para ser estudado sobre os mecanismos que
regem as mudanças lingüísticas, e a ordem em que as palavras são afetadas pela mudança é uma dessas questões
ainda obscuras.
57
organização do corpus, sobre o quesito formalidade; por exemplo, correlacionou
intuitivamente pares que se equivalem semanticamente, opostos pelos traços de formalidade,
[+formal] e [–formal], como, entre outros exemplos, as oposições suceder/acontecer,
findar/acabar, surgir/aparecer, itens respectivamente mais e menos formais.
A análise de Gonçalves (1992) demonstrou que os itens mais afetados por aférese são
os [+formais], enquanto que os menos afetados são os [–formais]. Essa oposição, contudo,
apresenta reais fragilidades. Calcada em critérios demasiados subjetivos, não se pode afirmar
que um determinado item receberá um traço ou outro, isso porque o limite que separa a
formalidade de uma oposição como surgir/aparecer, por exemplo, é muito tênue. A língua
como um organismo vivo, portanto indissociável do contexto (essa dissociação, que é por
vezes necessária, se apenas em caráter metodológico), nos oferece uma gama de situações
a todo o tempo, e essas situações é que são de difícil controle
41
.
Ampliando a teoria difusionista para o nível da sintaxe, Mollica (1992) investiga os
processos de queísmo e dequeísmo, ou seja, investiga as formas
que’ e ‘de que’, que,
conforme demonstrado em seu outro estudo (MOLLICA, 1989), se alternam em fronteiras de
sintagmas, interligando sentenças. Expostos a uma análise “multivariacional quantitativa”, o
queísmo foi mais propenso a ser utilizado por indivíduos de baixa escolarização e em
situações informais, enquanto o dequeísmo é mais afeito a indivíduos com mais escolarização
e “em situações de alto grau de tensão e formalidade discursiva(MOLLICA, 1992, p.81). O
interessante a se observar é que o processo de dequeísmo, recente na língua, é motivado pela
hipercorreção, e, curiosamente, contraria a norma gramatical. A autora aponta para “uma
“lógica” lexical” (MOLLICA, 1992, p.82) regulando ambos os processos, que alguns
itens lexicais são afetados. Os fatores formalidade e freqüência, que possuem uma íntima
relação mútua, interferem na distribuição desses processos. O processo de queísmo ocorreu
em palavras que receberam os traços [–formal] e [+freqüentes] e o dequeísmo junto a palavras
com traços [+formal] e, portanto, [–freqüentes].
Bortoni, Gomes & Malvar (1992), investigando o alçamento das vogais pretônicas
no dialeto “emergente” de Brasília, Distrito Federal, assumem uma postura intermediária
entre ambos os modelos. Partindo de uma análise sincrônica nos moldes da sociolingüística
41
O contexto situacional é, contudo, uma preocupação apenas de alguns níveis de gramática ou de algumas áreas
da lingüística, que seja, como a pragmática, a semântica, o discurso. Em uma pesquisa fonológica, por exemplo,
esse contexto é relevante quando se pretende medir o grau de formalidade ou informalidade em que a variante
foi produzida pelo falante. Caso contrário, ele é totalmente irrelevante. Enfim, o que estamos tentando dizer é
que esse ignorar não inviabiliza as pesquisas científicas como um todo. Em qualquer área da ciência deve-se
fazer um recorte metodológico do que se pretende analisar e, por vezes, o contexto não precisa ser levado em
consideração.
58
laboviana, e diacrônica, concluem que alguns dos casos analisados são possíveis evidências
de DL, tendo portanto condicionamento lexical, enquanto outros se enquadram nas
explicações neogramáticas.
Entre as evidências neogramáticas estão a regra que conduz os processos de
harmonização, o alçamento de /e/ e, também, a atuação analógica da morfologia derivacional
nos processos variacionistas envolvendo ambos os fenômenos. As evidências difusionistas
surgem de constatações apresentadas pelos dados, como a colocação feita pela autora, que diz
que embora haja “motivação fonética para a alternância e ~ i e o ~ u na posição pretônica, o
resultado final da mudança não é regular” (BORTONI, GOMES & MALVAR, 1992, p.26).
Assim, “ambientes semelhantes” apresentaram “resultados diferentes no processo”, como
prevê o modelo difusionista.
Em busca de um condicionamento lexical, as autoras comparam três momentos da
Língua Portuguesa, o latim, o português arcaico e contemporâneo falado no Brasil, e
identificam os diferentes caminhos percorridos pelas vogais médias pretônicas. Enquanto
umas mantiveram a variação vogal média ~ vogal alta, outras fixaram-se em [e] e [o] ou [i] e
[u] categóricos. Atestam ainda que “os dados parecem sugerir que a variação de vogais
pretônicas no português arcaico era motivada foneticamente, mas implementava-se
lexicalmente” (BORTONI, GOMES & MALVAR, 1992, p.26). Para elas, “aqueles itens que
impediram que a mudança atingisse a regularidade, situando todos os itens léxicos com os
mesmos ambientes na mesma classe, continuam obscuros (BORTONI, GOMES &
MALVAR, 1992, p.26).
3.4. Considerações Finais
Este capítulo foi, basicamente, dividido em três partes básicas. As duas primeiras
descreveram o dissenso entre os modelos DL (CHEN & WANG, 1975; WANG, 1969;
OLIVEIRA, 1991, 1992; PHILLIPS, 1984, 1998; KHRISHNAMURTI, 1978) e NG (PAUL,
1886; OSTHOFF & BRUGMANN, 1969, entre outros). Tal dissenso encontra, neste estudo, a
comprovação de uma das principais hipóteses que guiam este trabalho: a língua muda por DL.
Na segunda parte, descreveu-se a maneira como o modelo difusionista concebe a mudança
lingüística e, na primeira parte, a maneira como o modelo NG a concebe, por este se opor ao
modelo da DL, que, na verdade, pretende revê-lo.
59
A descrição da segunda parte centrou-se na oposição de duas opiniões diferentes, a de
Labov (1981) e a de Oliveira (1991). Apesar de ambas possuírem um caráter difusionista, a
proposta de Labov assume que ambos os modelos possam estar corretos, porém operando em
níveis diferentes, e, dessa forma, admite os preceitos difusionistas apenas em parte. Já para
Oliveira todas as mudanças se difundem pelo léxico de forma gradual, ou seja, se dão de
palavra em palavra, como prevê o modelo difusionista. Nessa perspectiva, a regularidade de
hoje é o resultado de uma mudança que já se difundiu pelo léxico, e que apenas cria uma falsa
aparência de que essa mudança se deu abruptamente. Calcados em fortes argumentos teóricos
e possuindo renomados adeptos até os dias de hoje, os fundadores do modelo NG, uma das
escolas que mais deu certo na lingüística, analisavam a mudança justamente quando havia
se difundido integralmente pelo léxico. Talvez em vista da inclinação teórica da época ou
talvez pela precariedade dos recursos tecnológicos então disponíveis, que os possibilitassem
uma alternativa melhor de análise. Na terceira parte deste capítulo, foram apresentados alguns
trabalhos (alguns utilizando modernos recursos) que, forneceram evidências de mudanças
implementadas no léxico de forma gradual, motivadas pela formalidade ou pela freqüência,
em sua maioria.
Enfim, abordou-se aqui uma parte da problemática envolvendo as concepções desses
modelos quanto à mudança lingüística, talvez a parte principal. A questão é saber se ambos os
modelos, que são de fato antagônicos, podem realmente ser conciliados, como propôs Labov
(1981), ou se apenas um está correto, e “não existem mudanças sonoras neogramáticas”
(OLIVEIRA, 1991, p.7), como propôs Oliveira (1991). Comentando a hipótese deste autor,
Bortoni, Gomes & Malvar (1992) apontam que “uma hipótese dessa amplitude merece ser
testada com outros fenômenos” (BORTONI, GOMES & MALVAR, 1992, p.27), estando à
espera de outros trabalhos que certamente virão”. (BORTONI, GOMES & MALVAR, 1992,
p.28). E testar essa hipótese é o que se pretende neste trabalho.
E mesmo que os resultados aqui encontrados confirmem a hipótese de Oliveira (1991),
nossas conclusões se darão apenas no nível da propagação da mudança; as causas que a
originam permanecem como um grande problema da ciência fonética (LABOV, 1980). Na
verdade, apesar dos grandes avanços da lingüística atual, em especial após os anos 60, com as
contribuições (complementares, apesar das divergências) de gerativistas e sociolingüistas, a
afirmação de Bloomfield ([1933] 1970, p.386, tradução nossa) ainda continua atual, “as
60
causas da mudança sonora são desconhecidas”
42
. O fato é que não restaria um lingüista sequer
se a língua nos propusesse o mesmo dilema da esfinge de Gisé, decifra-me ou devoro-te.
42
“the causes of sound change are unknown”.
61
4 MODELO FONOLÓGICO
4.1 Introdução
Neste capítulo, serão apresentadas, em um primeiro momento, as principais premissas
e os principais pilares nos quais se sustenta a teoria aqui eleita, a Teoria da Otimalidade
(PRINCE & SMOLENSKY, 1993/2002; MCCARTHY & PRINCE, 1993, 1995;
MCCARTHY, 2002). Essa apresentação é importante para que, num segundo momento, se
resenhe, mais detalhadamente, as propostas de Magalhães (2004), Oliveira & Lee (2006) e
Oliveira (2006), todas propostas nacionais e que, não por esse motivo, já suficientemente
forte, aqui merecerão destaque. As análises de Hyde (2001), Teoria Restritiva do Acento, e de
McCarthy & Prince (1993), Alinhamento Generalizado, serão também apresentadas. Ambas
constituem as bases da proposta de Magalhães (2004).
4.2 Justificativa de Escolha
Com o intuito de referir-se à gramática das línguas naturais e adotada, de imediato,
pelos fonólogos, a teoria utilizada nesta pesquisa será a Teoria da Otimalidade (TO), também
conhecida por Teoria da Otimidade ou, em menor escala, Optimalidade e Otimização. Esta
não é uma teoria puramente fonológica, mas antes aplicada aos diferentes níveis da gramática
(como o morfológico e o sintático) e áreas do estudo lingüístico (aquisição e processamento
de linguagem, por exemplo). No entanto, a escolha de uma teoria específica não implica a
completa renúncia de outras precedentes, também não lineares, que os preceitos de teorias
como a Fonologia Métrica e Autossegmental, por exemplo, imbricam-se por vezes à TO.
Cabe salientar que a Otimalidade é uma teoria nova, inicialmente proposta em 1993
por Prince & Smolensky e McCarthy & Prince, e, apesar de encontrar um grande volume
de trabalhos em rias línguas naturais e de adeptos que dela fazem uso, vem passando por
constantes reelaborações e reformulações. A TO fornece, contudo, uma aplicabilidade teórica
interessante, e por isso foi aqui eleita. Lapidada, ela é capaz de dar conta, até certo ponto, da
maioria dos fenômenos que envolvem variação lingüística, coisa que as teorias antecedentes
62
encontram grandes dificuldades em fazer. As variações intra-dialetais e intra-individuais ainda
constituem um desafio para qualquer teoria.
Para Cagliari (2002, p.133), a TO é um modelo extremamente “simples”, com poucas
restrições envolvidas, mas com enorme potencial aplicativo, “o que a torna, no final das
contas, um modelo extremamente complexo”. Tem como idéia central o que Kager (1999)
bem coloca: “surface forms of language reflect resolutions of conflicts between competing
demands or constraints”. Para melhor embasar a afirmação de Kager (1999), e apresentar, de
fato, a teoria, encontram-se a seguir os principais preceitos e mecanismos da TO Standard,
bem como considerações sobre a natureza das restrições e os impactos que essas restrições,
quando relacionadas, podem produzir na gramática das línguas. Essa apresentação é crucial
para que se possam compreender as análises subseqüentes, todas produzidas no Brasil e
dirigidas não só ao PB, todas fundamentadas na Otimalidade.
4.3 A Teoria da Otimalidade Standard: Estrutura e Funcionamento
Para a Fonologia Gerativa ou Teoria Derivacional (CHOMSKY & HALLE, 1968)
,
é a
partir da representação subjacente (compartilhada por todos os dialetos de uma mesma
língua), fonêmica por essência, que se chega, por meio de regras fonológicas ordenadas, à
forma de superfície de uma língua. Isso significa que para que uma palavra com uma
representação subjacente como manu, por exemplo, possa emergir como mão, é necessário
que se apliquem, em uma seqüência invariável, regras específicas que possam conduzir, passo
a passo, o item lexical do input ao output. E cabe lembrar que uma regra enquadrada em uma
abordagem gerativista assume um caráter taxativo quanto ao que postula, ou seja, não admite
variações em seu âmago; ela é o que dita ser.
Contrariando esse processo seqüenciado, o adotado pelas teorias derivacionais, a
Otimalidade, uma teoria centrada nas formas de superfície, se configura por ser uma teoria
baseada em restrições avaliadas em paralelo, não havendo, assim, regras fonológicas que
determinem a forma de superfície correta de uma representação subjacente qualquer. A
estrutura de superfície passa a ser, então, instituída por meio de restrições universais, porém
violáveis, que se organizam em uma hierarquia determinada. Dessa forma, o input deixa de
63
ser o protagonista, como previam as teorias derivacionais, passando o estandarte ao output e é
nele que as restrições se centram
43
.
A Otimalidade é, então, uma teoria voltada para o output, e é essa característica,
somada ao fato de que a TO não trabalha com a formulação de regras propriamente ditas, e
sim com restrições (já preconizadas por modelos fonológicos anteriores), que essencialmente
a diferencia de outras teorias fonológicas. Contudo, o fato de centrar-se no output não implica
o completo abandono dos inputs que, inerentes ao léxico, contido por “todas as propriedades
contrastivas de morfemas (raízes, desinências e afixos) da língua, incluindo as propriedades
fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas”
44
(KAGER, 1999, p.19, tradução nossa),
constituem, ao menos no nível representacional da teoria, o ponto de partida dos dois
mecanismos que, tendo em vista o mecanismo CON (constraint, conjunto de restrições que
compõe a gramática universal), nos levarão aos candidatos ótimos de uma língua específica.
O primeiro deles é o GEN (generator, gerador), que expõe um input determinado a
um mecanismo gerador de outputs em potencial. O GEN, que corporifica a intuição do
investigador, conhecedor de sua língua
45
, é responsável por gerar formas de outputs
logicamente possíveis de itens lexicais ou sentenças que concorrerão à posição de candidato
ótimo, que, na TO standard, é preenchida por um candidato. Para esse mecanismo, a
“Freedom of Analysis” é uma propriedade crucial e é a que lhe confere uma certa liberdade
para gerar candidatos a input
46
. Essa propriedade garante à teoria que restrições não ajam
sobre o input (o que a igualaria, de certa forma, às teorias derivacionais). Os candidatos
possíveis são, assim, eleitos, assim como os relativamente idiossincráticos; os totalmente
impossíveis são eliminados, pois a única exigência da “Freedom of Analysis” é que os
candidatos gerados sejam “elementos lícitos dos vocabulários universais das representações
43
Um dos avanços da TO em relação às abordagens que a antecedem é o fato de que, para essa teoria, ao
contrario dos modelos seriais, o output é atingido pela ação direta da hierarquia de restrições. Torna-se, assim,
dispensável a adoção de regras fonológicas que, muitas vezes, assumem um caráter tendencioso, conduzindo, de
forma nem sempre lícita, uma forma subjacente à forma de superfície não-marcada, provocando, em certas
ocasiões, uma super-geração de regras, o que sobrecarregou tais modelos.
44
“all contrastive properties of morphemes (roots, stems, and affixes) of a language, including phonological,
morphological, syntactic, and semantic properties”.
45
Uma das idéias que dão corpo ao mecanismo GEN é a que Perini (2006, p.14) bem coloca: “o falante de uma
língua conhece, ainda que implicitamente, os fatos dessa língua, e portanto tem autoridade para fazer
julgamentos de aceitabilidade.”
46
Neste modelo, não existe nenhuma restrição agindo sobre o input, o que expressa o princípio da Richness of
the Base”.
64
lingüísticas”
47
(KAGER, 1999, p. 20, tradução nossa). A seguir, o mecanismo GEN submete
os candidatos a um mecanismo de avaliação chamado EVAL (evaluator, avaliador).
Com a função de avaliar os candidatos selecionados pelo mecanismo GEN, tem-se o
mecanismo EVAL, que, de acordo com a ordem de exposição aqui adotada, se apresenta
como um segundo mecanismo da gramática ótima, essa considerada como “um mecanismo
input-output que emparelha uma forma de output com um a forma de input
48
(KAGER,
1999, p.18, tradução nossa). Ao confrontar-se com o conjunto de candidatos selecionados por
GEN, o mecanismo EVAL seleciona a forma de output ótima. Kager (1999, p.20, tradução
nossa) define EVAL como sendo “o componente central da gramática”
49
, pois cabe a ele
explicar “todas as regularidades observáveis das formas de superfície”
50
. Observada a
liberdade de geração exercida por GEN e tendo em vista o ranqueamento das restrições de
uma dada língua ou dialeto, cabe a EVAL produzir o output ótimo. Esse será o vencedor da
concorrência, o candidato mais harmônico, ou seja, é o que menos viola restrições,
observando-se o conjunto das restrições e, principalmente, a hierarquia dessas restrições.
Formulados por Prince & Smolensky (1993), entre os princípios que regulam os
mecanismos acima expostos (CON, GEN e EVAL) estão o da universalidade (universality)
restrições são universais, e este princípio se baseia no fato de o trato vocal dos seres
humanos, assim como o sistema cognitivo, ser o mesmo em essência; o da violabilidade
(violability) “todas as restrições gramaticais o violáveis”
51
(PRINCE & SMOLENSKY,
1993, p.191, tradução nossa), o que implica dizer que alguns candidatos podem satisfazer uma
restrição
X
, mas certamente violarão uma restrição
Y
em algum ponto; o do ranqueamento
(ranking) – levando-se em conta que restrições são hierarquicamente organizadas (a língua ou
dialeto fornece a hierarquia), viola-se uma restrição mais baixa (lower-ranked) para não violar
uma mais alta (higher-ranked); o da inclusividade (inclusiveness) não se pode incluir
estratégias de reparo a análise dos candidatos, compostos apenas de expressões lingüísticas,
é feita pelas condições de boa formação estrutural; e, enfim, o princípio do paralelismo
(parallelism) – os candidatos são avaliados em paralelo
52
.
47
“licit elements from the universal vocabularies of linguistics representation”.
48
“an input-output mechanism that pairs an output form to an input form”.
49
“the central component of the grammar”.
50
“all observable regularities of surface forms”.
51
“all grammatical constraints are violable”.
52
Este princípio é um dos que diferencia a TO da Fonologia Gerativa Clássica ou Transformacional, e exclui a
possibilidade, ou a necessidade, melhor dizendo, de se estabelecer representações derivadas para se chegar a uma
representação de superfície.
65
Assim, partindo de alguns desses princípios, o mecanismo EVAL seleciona o
candidato ótimo. Como dito anteriormente, o candidato ótimo será, então, o mais harmônico,
aquele que menos violar restrições, obedecendo ao princípio do ranqueamento, que diz que “a
gramática (cujo único objetivo é selecionar um output ótimo) deve se decidir por um
candidato que possui a violação da restrição ranqueada mais baixo [lower-ranked]”
53
(KAGER, 1999, p.16, tradução nossa). Ou seja, considerando que todas as restrições são
violáveis, viola-se uma restrição lower-ranked para não se violar uma higher-ranked. O que
tem de ficar claro é que “output candidatos perfeitos nunca ocorrerão em nenhum tableau”
54
(KAGER, 1999, p.16, tradução nossa).
Enfim, de acordo com o funcionamento proposto pela TO, considerando-se a
existência de um conjunto universal e inato de restrições violáveis (CON), temos para um
dado input lexical a função GEN, que, obedecendo a Riqueza da Base, é responsável por
gerar um número potencialmente infinito de possíveis candidatos a output, que serão
posteriormente analisados por EVAL, que produz a forma de output. Assim, o ordenamento
das restrições na gramática determinará o candidato a output vencedor em função do número
de violações menos sérias feitas por cada candidato.
4.4 As Restrições na TO
Um dos pontos-chave da TO, se não o ponto-chave, é como essa teoria concebe a
Gramática Universal (GU). Diferente da Teoria Derivacional, a GU representa, para a
Otimalidade, um conjunto universal de restrições que tem como meta expressar a exigência de
boa formação do output. A função CON corporifica o conjunto dessas restrições,
hipoteticamente inerente às gramáticas de todas as línguas.
Quando em conflito, essas restrições traduzem a gramática de uma língua específica,
cada qual com seu ordenamento. Então, se a gramática de uma língua
X
é determinada pelo
ranqueamento R1»R2»R3»R4, na língua
Y
a gramática pode ser determinada por uma
diferente ordem dessas mesmas restrições, por exemplo, R3»R1»R2»R4, R2»R4»R1»R3, ou
qualquer outra ordenação possível de se estabelecer.
53
“the grammar (whose only goal is selecting an optimal output) must settle for a candidate that has a violation
of a lower-ranked constraint”.
54
“perfect output candidates will never occur in any tableau”.
66
Assim, as várias restrições que integram um sistema lingüístico apresentam-se
ordenadas entre si. Esse ordenamento refletirá o que é mais fácil e mais natural de ser
produzido pelo falante em um determinado momento do seu desenvolvimento, refletirá o
padrão não marcado da língua. A gramática interna fará a escolha do melhor output,
considerando os inúmeros candidatos à forma de superfície, e a seleção ocorrerá em função
das posições que as restrições envolvidas na possibilidade de emergência de uma determinada
estrutura (forma fonológica) ocupam no ranqueamento do sistema em análise. Entre os
outputs concorrentes, será vencedora a forma que acarretar a violação menos custosa ou
mínima das restrições; isso se deve, como visto na seção anterior, à necessidade de
manutenção de um máximo de harmonia. Cada elemento do conjunto de candidatos a output é
avaliado (em paralelo) por todas as restrições que compõe a gramática, de forma que o
candidato que violar menos será escolhido como ótimo.
Restrições são, então, mais do que um importante instrumento, são os pilares da TO.
Elas são solicitações estruturais que podem ser satisfeitas ou violadas por uma dada forma de
output, mas que estão intrínseca e constantemente em conflito. Dessa forma, as rias
gramáticas particulares existentes, tanto entre os falantes de uma mesma língua (caso a
ordenação se refira a dialetos) quanto das diferentes línguas do mundo, seriam, como visto,
diferentes hierarquizações de um conjunto universal de restrições e o arranjo específico dessas
restrições caracteriza uma determinada gramática, representada pelo tableau.
O tableau é o vel representacional da teoria. Em uma tabela, os candidatos a output
encontram-se na vertical, e, na horizontal, estão as restrições, expostas em uma ordem
hierárquica determinada. O candidato ótimo, selecionado nos termos expostos acima, é
representado por um símbolo manual indicativo (), as restrições fatais são simbolizadas por
um ponto de exclamação seguido de um asterisco (!*), as não fatais apenas por um asterisco
(*).
4.4.1 Restrições: Natureza e Relações Intrínsecas
Entre os instrumentos propostos pela Otimalidade cabe destacar, enfim, aqueles que
dizem respeito à natureza das restrições (protagonistas deste modelo) e as relações entre elas.
Quanto à natureza das restrições, destacam-se, segundo Levelt (1996), três grandes blocos:
55
55
A quantidade, o nome, o tipo e a função das restrições utilizadas diferem entre os autores, sendo consistente,
no entanto, o uso das restrições de marcação e de fidelidade.
67
(1) (a) As Restrições de Alinhamento: são restrições que exigem simultaneidade
dos limites das categorias prosódicas, morfológicas ou fonológicas, como A
LING
(Labial, Esq,
PalPros, Esq), que significa a ocorrência do segmento labial mais à esquerda no limite
esquerdo da palavra prosódica.
(b) As Restrições de Fidelidade: exigem fidelidade entre input-output
56
. Restrições
deste tipo buscam, primordialmente, a identidade entre input e output. Esse grupo de
restrições serve a duas funções comunicativas básicas: a) preservação de contrastes lexicais e
b) diminuição das possibilidades de variação de forma, aproximando ao máximo o output do
input. São exemplos dessas restrições a que exige que cada segmento no input deva ter uma
correspondência no output, ou seja, proíbe apagamento (MAX-IO), e a que exige que
segmentos extras não devam ser inseridos, proibindo epêntese (DEP-IO).
(c) As Restrições de Marcação: cegas ao input, são restrições voltadas para o output
e exigem que o candidato seja o mais perfeito possível do ponto de vista estrutural e solicitam
estruturas fonologicamente não-marcadas no output. Restrições que evitam a presença de
certas estruturas, por exemplo, N
O
C
ODA
, ou as complexidades dessas, como N
OT
C
OMPLEX
(Onset), N
OT
C
OMPLEX
(Nucleus), N
OT
C
OMPLEX
(Coda), são exemplos de restrições de
marcação.
Quanto às relações possíveis entre as restrições estão:
(2) (a) A Relação de Estringência: quando uma restrição mais geral engloba outra
específica, sendo que violações à restrição mais geral sempre implicam violações à restrição
mais específica, mas não o contrário.
(b) A Limitação Harmônica (harmonic bounding): um “vencedor sem
concorrência” que limita todos os outros candidatos por sua perfeita harmonia. Aí, deve-se
levar em conta o que aponta McCarthy (2002): violações nunca podem ser gratuitas.
(c) A Relação de Transitividade (transitivity): a transitividade existe quando a
ausência de um argumento da ngua para o ranqueamento direto entre restrições do tipo R1 e
R3, não ranqueadas entre si. Ou seja, pode-se deduzir que R1»R2»R3 a partir de R2, que
R1»R2 e R2»R3 (o que não se sabe é se R1»R3).
56
casos, como os de opacidade, casos esses problemáticos para a TO, em que a fidelidade é requerida no
nível do output, ou seja, exige-se correspondência output-output. Mas esses não serão aqui abordados.
68
4.5 O Tratamento do Acento em TO: Alinhamento Generalizado e Teoria Restritiva do
Acento
4.5.1 Alinhamento Generalizado (MCCARTHY & PRINCE, 1993)
Entre as restrições utilizadas para explicar o sistema de acento das línguas, um
grupo de substancial importância introduzido pela teoria do Alinhamento Generalizado (AG)
de McCarthy & Prince (1993). O AG requer a coincidência entre bordas e constituintes
(especialmente o pé, a sílaba (σ), a mora (µ) e a palavra fonológica (ω))
57
. É como se o
sistema acentual das línguas tendesse ao equilíbrio dos constituintes entre o lado direito e o
esquerdo. Assim, as restrições de alinhamento exigem que toda parte deva possuir sua
contraparte (imagem espelho). Algumas restrições relativas ao e a palavra prosódica são
propostas pelo AG como em (3):
(3)
A
LIGN
-
R
:
Align (Ft, R, PrWd, R)
: Alinhe a borda
direita
de cada pé com a borda
direita de alguma palavra prosódica.
A
LIGN
-L: Align (Ft, L, PrWd, L): Alinhe a borda esquerda de cada com a borda
esquerda de alguma palavra prosódica.
A
LL
-F
OOT
-L
EFT
(ou A
LIGN
-L): todo pé deve estar à esquerda da palavra prosódica.
A
LL
-F
OOT
-R
IGHT
(ou A
LIGN
-R): todo pé deve estar à direita da palavra prosódica.
58
4.5.2 Teoria Restritiva do Acento (HYDE, 2001)
A Teoria Restritiva do Acento (TRA) de Hyde (2001) critica justamente essa simetria
requerida pelo AG. Para Hyde (2001), o modelo de McCarthy & Prince (1993) gera sistemas
não atestados na língua, pois há evidências empíricas de sistemas trocaicos alinhados à direita
e à esquerda (línguas Cavinena, Nengone, Warao e Yakan à direita e Pintupi à esquerda), de
sistemas iâmbicos alinhados à esquerda (Araucaniano e Wangkumara), mas não à direita.
57
De acordo com Nespor & Vogel (1986), temos a seguinte hierarquia (os constituintes prosódicos em negrito,
acrescidos da categoria mora, são os que importam, neste trabalho): Enunciado >> Frase Entonacional >> Frase
Fonológica >> Grupo Clítico >> Palavra Fonológica >> Pé >> Sílaba.
58
Meus Grifos.
69
Propondo uma teoria que conta apenas dos padrões acentuais lícitos da língua, a TRA se
propõe a utilizar condições e restrições que possam gerar tais padrões.
Para cumprir esse objetivo, Hyde (2001) estabelece condições, que assumem um papel
importante no funcionamento do modelo e, consequentemente, na restrição dos padrões
acentuais gerados pelo AG. As condições têm o objetivo de barrar o elemento lingüístico que
não se enquadre em suas exigências. Sendo invioláveis sobre GEN, nem todas as formas
possíveis da língua chegam a ser um candidato legítimo a output. Os candidatos de fato são,
portanto, os que satisfazem ao crivo dessas condições.
Implacáveis e irrestritas, as condições (e restrições) da TRA exigem que cinco medidas
básicas sejam tomadas: (a) afrouxar da relação um-a-um entre pés e acento; (b) obediência
total à hierarquia prosódica; (c) estabelecer uma direcionalidade de alinhamento diferente da
traçada pelo AG; (d) configurar tipos de pés independentes e (e) dar condições de o modelo
gerar apenas candidatos com configurações métricas prováveis.
A primeira das medidas que separa o modelo de Hyde (2001) do de McCarthy &
Prince (1993) é a negação da relação da correspondência um-a-um entre pés e o acento (cada
com seu acento). E negar essa correspondência implica o afrouxamento dessa relação, ou
seja, implica a interseção de pés, o que significa que pés podem compartilhar sílabas. Para
atender (a), Hyde (2001) abandona a representação por parênteses, especifica à relação um-
para-um entre e acento. Com isso, a marcação dos limites dos pés passa a ser feita pelos
símbolos | (indicando o cabeça) e as barras inclinadas indicando a proeminência à esquerda
(troqueu) ou à direita (iâmbico).
Para satisfazer (b), substitui-se P
ARSE
-σ
59
, restrição violável no AG, por uma
Condição de Sucessão Estrita. Essa condição implica uma espécie de ‘aglutinação’
hierárquica obrigatória entre os constituintes prosódicos. E é exposta por Hyde (2001) como
em (5):
(5)
S
TRICT
S
UCCESSION
C
ONDITION:
Cada
categoria prosódica de nível n (
do
nível
máximo) é imediatamente dominada por uma categoria prosódica de nível n + 1.
60
59
P
ARSE
-σ: toda sílaba deve ser escandida. Assim, essa restrição exige que toda sílaba deva fazer parte de um
pé, não sendo, então, ligada diretamente à palavra prosódica. Traduzido para o plano da representação, ao menos
nas propostas que utilizam símbolos para determinar o limite dos s, isso significa que toda sílaba venha
delimitada por parênteses.
60
Essa condição determina que a escansão da sílaba seja realizada de forma exaustiva, sempre iterativa.
70
Considerando os constituintes que integram o item lexical, tem-se, em ordem
crescente, a hierarquia moras sílabas pés palavras prosódicas. O que (5) determina é
que moras sejam constituintes de sílabas, sílabas constituintes de pés e pés constituintes de
palavra prosódica, e que o maior constituinte prosódico não é, obviamente, dominado por
ninguém. A Sucessão Estrita exclui, então, qualquer possibilidade de um item lexical ser
considerado candidato a output com uma de suas sílabas não escandidas (o que é permitido
pelo AG). O fato de sílabas sempre terem de pertencer a um deixa a teoria limitada a
apenas dois padrões de alinhamento, ao passo que para o AG há quatro padrões (diferença que
satisfaz (c)). Vejamos como essa diferença se configura:
(6)
(a) Sistema trocaico alinhado à direita (Warao):
x x x
σ (σ σ) (σ σ) (σ σ)
(b) Sistema trocaico alinhado à esquerda (Pintupi):
x x x
(σ σ) (σ σ) (σ σ) σ
(c) Sistema iâmbico alinhado à esquerda (Araucaniano):
x x x
(σ σ) (σ σ) (σ σ) σ
(d) Sistema iâmbico alinhado à direita (não atestado):
x x x
σ (σ σ) (σ σ) (σ σ)
Essas seriam as possíveis direcionalidades de alinhamento para o AG. Para a TRA,
contudo, as formas acima não seriam nem consideradas candidatas a output, pois ferem a
condição exposta em (5) por deixarem uma sílaba sem ser escandida. Os padrões de
alinhamento são, para Hyde (2001), os de extrema direita e os de extrema esquerda
61
, e, assim,
a TRA exclui a existência de um sistema trocaico alinhado à direita e um sistema iâmbico
alinhado à esquerda, como no exemplo abaixo:
61
Aqui, a posição dos cabeças dentro dos pés determina a direção do alinhamento, o que implica na substituição
de restrições tradicionais do AG, como ALIGN-FT-R/L, por restrições do tipo:
a - HDS-RIGHT ou ALIGN (FT-HD, R, PRWD, R): a borda direita de cada cabeça de é alinhada com a
borda direita de alguma palavra prosódica. (HYDE, 2001, p.20).
b - HDS-LEFT ou ALIGN (FT-HD, L, PRWD, L): a borda esquerda de cada cabeça de é alinhada com a
borda esquerda de alguma palavra prosódica. (HYDE, 2001, p.20).
71
(7)
(a) À esquerda (troqueu)
x x x
(σ σ) (σ σ) (σ σ)
x x x x
(σ) (σ σ) (σ σ) (σ σ)
(b) À direita (iâmbico)
x x x
(σ σ) (σ σ) (σ σ)
x x x x
(σ σ) (σ σ) (σ σ) (σ)
Para satisfazer a medida (d), e configurar tipos de pés independentes dos gerados pelo
AG, Hyde (2001) se vale da condição F
OOT
C
AP
. Agindo sobre os tipos de pés possíveis, a
condição F
OOT
C
AP
exclui a possibilidade de emergirem, como candidatas, formas que
contenham pés com mais de duas sílabas (como os ternários e ilimitados). Para o AG pés
podem ser ilimitados, para a teoria de Hyde (2001) s devem ser maximamente binários,
como exige (8):
(8)
F
OOT
C
APACITY
C
ONDITION
:
pés são maximamente dissilábicos.
62
O fato de essa condição não fazer alusão a um tamanho nimo possibilita, em tese,
que pés monomoraicos, trocaicos ou iâmbicos, sejam livremente gerados. Restrições
assimétricas como T
ROCHEE
e I
LENGTH
63
inibem, de certo modo, essa liberdade de geração.
Tais restrições são consideradas assimétricas por não terem uma contraparte, como as de
alinhamento. T
ROCHEE
é a restrição que cria um elemento descendente (ou seja, dependente à
direita) e se dirige à categoria sílaba dentro do pé. a restrição I
LENGTH
, mais específica,
exige que, dentro do domínio do pé, as moras se alternem e uma seja associada a uma marca
de grade e a outra não. T
ROCHEE
é definida por Hyde (2001) da seguinte forma:
(9)
T
ROCHEE
ou
N
ON
F
IN
(Ft
-
GM, Syll, Ft)
: cada marca de grade no nível do
tem uma categoria silábica descendente (sílaba desprovida de marca de grade à
direita de cada sílaba associada a uma marca de grade) dentro do domínio do pé
(HYDE, 2001, p.234).
Assimétrica por natureza, a restrição T
ROCHEE
fornece meios de se um produzir um
padrão trocaico sem a sua contraparte, ou seja, sem que haja uma restrição que produza pés
62
Essa condição exclui a necessidade de uma restrição como F
T
B
IN
.
63
Essas restrições são consideradas restrições assimétricas e N
ON
F
INALITY
.
72
iâmbicos. Configurações como as apresentadas em (10), por exemplo, por constituírem pés
troqueus, satisfazem essa restrição:
(10)
(a)
x
µ µ µ
σ σ
(b)
x
σ σ
Ao passo que as configurações em (11) a violam:
(11)
(a)
x
µ µ µ
σ σ
(b)
x
µ µ
σ σ
(c)
x
µ µ
σ
(d)
x
µ
σ
T
ROCHEE
, como definido pela TRA, exigirá que dentro do haja sempre uma sílaba
sem qualquer marca de grade à direita de outra sílaba associada a uma marca. Essa restrição
exige, então, que se tenha no uma categoria descendente direita), o que elimina pés
iâmbicos, tanto os canônicos, como o do exemplo (a), quanto os não-canônicos, como o do
exemplo (b). Por exigir a presença de duas sílabas na configuração métrica, essa restrição
garante, também, a minimalidade da palavra com respeito ao número de sílabas, haja vista a
eliminação de todos os pés monossilábicos (como se observa nos exemplos (c)
monossilábico composto por sílaba pesada e (d) monomoraico). Assim, os monossílabos
que chegarem a emergir como candidatos ótimos estarão ferindo T
ROCHEE
64
.
A restrição I
LENGTH,
por sua vez, também cria condições para que pés monomoraicos
não venham a emergir como ótimos. A ação dessa restrição inibe que marcas de grade sejam
atribuídas às sílabas finais leves, que, assim, o poderão receber acento. Essa restrição é
delineada como em (12):
64
Para Bisol, o Português do Brasil é uma língua que sofre da Síndrome da Palavra Mínima, o que implica dizer
que, nessa língua, a configuração mínima das palavras é CVC e não CV. Por exemplo, para o PB um vocábulo
monossílabo como pé viria seguido de uma consoante abstrata (C), e é o que permitiria que esse item, quando
derivado, fizesse emergir uma consoante entre a raiz e o sufixo, como em pedal.
73
(12)
I
LENGTH
ou
N
ON
F
IN
(Ft
-
GM, M
ora, Ft)
: toda marca de grade no nível do
tem uma categoria moraica descendente dentro do domínio do pé. (HYDE,
2001, p.335).
a medida (e) – que tem o intuito de dar condições de o modelo gerar apenas
candidatos com configurações métricas prováveis traz restrições e condições, não
independentes, obviamente, das condições expostas acima. Contudo, para gerar uma
configuração métrica que seja atestada na língua, a TRA, que propõe a escansão exaustiva dos
pés (ao invés da parcial do AG), deve criar condições para que tanto os pés dotados de acento
quanto os desprovidos venham à tona. Para permitir que pés sem acento possam emergir é
necessário tornar a relação entre pés e marcas de grade violável (um sem marca de grade é
um pé não acentuado). É o que faz a violação à restrição exposta em (13):
(13)
M
AP
G
RID
M
ARK
(F)
: uma marca de grade no nível do é realizada dentro do
domínio de cada pé (HYDE, 2001, p.24).
Contudo, essa restrição diz apenas que a marca de grade tem de estar dentro dos
limites da categoria prosódica pé. Ela não determina, portanto, o local exato em que a marca
de grade deve ocorrer. Para delimitar esse local, a condição G
RIDMARK
-
TO
-H
EAD
será
necessária:
(14)
G
RIDMARK
-
TO
-
H
EAD
C
ONDITION
: toda entrada na grade métrica ocorre
dentro do domínio de uma cabeça prosódica do nível apropriado. (HYDE,
2001, p.82).
O papel dessa condição é governar a relação entre as marcas de grade e as posições
prosódicas e, basicamente, diz que a marca de grade deve ser feita na cabeça do pé e não no
elemento descendente. A condição H
EADEDNESS
complementa, de certa forma, G
RIDMARK
-
TO
-H
EAD,
e exige que toda categoria prosódica, que não a mora (esta categoria ocupa a
posição mais baixa da hierarquia e, portanto, não domina nenhuma outra), tem uma categoria
prosódica imediatamente inferior, portanto, diretamente subordinada, que ocupa a posição
cabeça. No nível da categoria dominada, essa condição assegura que o constituinte cabeça
receba uma marca de grade mais alta que o não-cabeça. Dessa forma, a condição
H
EADEDNESS
, respeitando a Sucessão Estrita, determina que: (a) o cabeça de uma sílaba é a
mora proeminente desta sílaba; (b) o cabeça de um é a sílaba proeminente deste e (c) o
74
cabeça de uma palavra prosódica é o proeminente dentro da palavra prosódica, como
representado no esquema em (15):
(15)
(a)
x
µ µ µ
σ σ
(b)
x
σ σ
Ft
(c)
x
Ft Ft
ω
Além de assegurar que o item lexical tenha um cabeça obrigatório (papel
desempenhado pelas restrições expostas acima), a TRA deve dar condições que impeçam que,
em uma língua trocaica, por exemplo, uma estrutura tenha uma configuração como (16):
(16)
x x x
(
σ) (σ σ) (σ σ)
Tal estrutura, por gerar um choque acentual, não é uma configuração métrica
desejável. Assim, para impedir que (16) possa emergir no output como um candidato ótimo, a
restrição *C
LASH
se faz necessária. Ordenada em uma posição mais alta no ranking, essa
restrição (apresentada em (17) e exposta por Hyde (2001) com uma roupagem que não difere
em essência daquela confeccionada por McCarthy & Prince (1993)) geraria uma estrutura
como (18) – plenamente aceita:
(17)
*C
LASH
: para quaisquer duas marcas de grade do nível n (n 0), uma
entrada interveniente no nível n – 1. (HYDE, 2001, p.72).
(18) *C
LASH
>> M
AP
G
RID
M
ARK
(F)
x x
(
σ) (σ σ) (σ σ)
Assim, a restrição *C
LASH
evita o choque acentual (possível de ocorrer, e justamente
por isso representado por uma restrição e não por uma condição) e a condição L
APSE
65
, que
funciona de forma inversa, proíbe terminantemente que duas sílabas não-cabeças sejam
adjacentes. O que traz à teoria de Hyde (2001) mecanismos que possibilitam excluir padrões
não atestados nas línguas.
65
L
APSE
C
ONDITION
(ou H
EAD
G
AP
): para cada duas sílabas adjacentes, uma deve ser cabeça de pé (Hyde
2001; 2002).
75
4.5.2.1 A Restrição (Assimétrica) N
ON
F
INALITY
A restrição N
ON
F
INALITY
é um instrumento utilizado pela TRA para tratar a
extrametricidade. Atuando em uma extremidade específica, se configura, por esse motivo,
como uma restrição assimétrica, já que, por princípio, não está em busca do equilíbrio entre as
bordas da palavra, como estão as restrições tradicionais de alinhamento, por exemplo.
À extrametricidade cabe o mesmo papel tanto na Fonologia Métrica quanto na TO
standard. Para a TO standard, a restrição N
ON
F
INALITY
incide sobre a sílaba final não
acentuada da palavra prosódica; ou, para Kager (1999) (dentro da ótica standard), sobre o pé,
demandando que o cabeça não esteja localizado no final da palavra prosódica. Na proposta
de Hyde (2001), N
ON
F
INALITY
se aplica livremente aos constituintes finais (pés, labas e
moras) e aos domínios prosódicos (palavras prosódicas, pés e sílabas). Desse modo, o uso
dessa restrição é
,
para a TRA, muito mais amplo do que para a TO standard.
A amplitude de ação de N
ON
F
INALITY
se justifica, para Hyde (2001), no fato de
N
ON
F
INALITY
standard gerar resultados incorretos, sendo incapaz de dar conta dos fatos. Da
possibilidade plural que N
ON
F
INALITY
assume
na TRA, algumas restrições fazem-se necessárias:
(19)
(a)
ωN
ON
F
INAL
(F,ω)
:
nenhuma marca de grade no vel da palavra
prosódica ocorre sobre o pé final de uma palavra prosódica;
(b) FN
ON
F
INAL
(σ,ω): nenhuma marca de grade no nível do ocorre
sobre a sílaba final de uma palavra prosódica;
(c) µN
ON
F
INAL
(C,ω): nenhuma marca de grade no nível da mora ocorre
sobre a consoante final da palavra prosódica.
As configurações em (20) serão eliminadas pelas restrições em (19):
(20)
(a)
x
x x
x x x
σ σ σ σ σ σ
(b)
x
x x x
σ σ σ σ σ σ
(c)
x x
µ µ
C V C
76
Dessa forma, essas restrições delimitam o campo de atuação de
N
ON
F
INALITY,
preparando o terreno para que a extrametricidade possa ocorrer sobre o final de uma
palavra prosódica (ωN
ON
F
INAL
(F, ω)), sobre a sílaba final da palavra (FN
ON
F
INAL
(σ, ω)) e,
ainda, sobre a mora final (µN
ON
F
INAL
(C, ω)).
4.6 Propostas de Análises Geridas pela TO
4.6.1 A Proposta de Magalhães (2004)
66
A análise de Magalhães (2004) pode ser considerada uma alternativa para se tratar do
acento em línguas que, assim como o Português Brasileiro (PB), recorrem a mecanismos
como a extrametricidade (eleger categorias que não são evidenciadas pelas regras de
atribuição de acento) e, também, à janela trissilábica do acento (limitação do acento à
terceira sílaba a contar da direita
67
)
.
Centrada no padrão acentual dos não-verbos (ou nomes),
essa análise se configura, contudo, na exclusão da necessidade de se utilizar esses recursos e
preceitos. Busca-se, ao final, mostrar que ambos os fenômenos “não são, na verdade, nada
mais que “epifenômenos” gerados pela hierarquia de restrições” (MAGALHÃES, 2004,
p.79).
Não cabe aqui, contudo, apresentar uma análise exaustiva do trabalho de Magalhães
(2004). Portanto, apenas os principais pontos pelos quais guia sua tese em busca do objetivo
maior serão apresentados. O que está em foco, então, é o modo como o autor costura os
assuntos para sustentar sua proposta e como esses assuntos vão trilhando os caminhos que
proporcionaram alcançar esses objetivos.
66
Apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul no final de 2004, o trabalho de José Sueli de Magalhães, orientado por Leda Bisol, traz importantes
contribuições para os estudos fonológicos. Cumprindo seu compromisso com o ineditismo, tais contribuições se
dirigem não só ao Português Brasileiro, aqui focalizado, como também a “todos os estágios” que o antecederam,
“desde o Latim Clássico, passando pelo Latim Vulgar e Português Arcaico” (MAGALHÃES, 2004, p.206), além
de se dirigirem, também, a outras línguas com padrões prosódicos semelhantes.
67
Teríamos, assim, um sistema lingüístico onde só há espaço para itens lexicais oxítonos (com o acento principal
na última sílaba a primeira da direita como em oboé); paroxítonos (penúltima sílaba e segunda da direita
carta) e proparoxítonos (acento na antepenúltima sílaba e terceira da direita modo). Para a janela trissilábica
do acento, não haveria uma “quarta posição”, digamos assim.
77
O exposto nas seções anteriores imbrica-se, por vezes, às trajetórias traçadas por
Magalhães (2004). Assim, fazendo uso dos “novos aparatos teóricos” (MAGALHÃES, 2004,
p.206) fornecidos pela TO, o trabalho de Magalhães (2004), apesar de assumir um tom
retificador, não deixou de utilizar conceitos, pressupostos e mecanismos previstos e aplicados
pelas propostas apresentadas anteriormente. Essa reutilização (ou reafirmação) é
recomendável ou mesmo crucial no fazer científico, para que se evite, entre outras coisas, uma
pluralidade desnecessária de terminologias.
A proposta de Magalhães (2004) lida com
um inventário de restrições que enxergam
configurações moldadas em um plano multidimensional” (MAGALHÃES, 2004, p.36).
Esse plano é
inicialmente proposto como em (21):
(21)
Duas sílabas pesadas
e uma leve
*
* *
(* *) (* * *)
µ µ µ µ µ
σ σ σ
Ft
PrWD
proeminência cabeça (pé/palavra)
proeminência cabeça (mora/sílaba)
proeminência no nível da mora
pé de proeminência à esquerda
palavra de proeminência à direita
(MAGALHÃES, 2004, p.81 – esquema adaptado)
Aqui, cada mora é projetada sobre a grade por meio da restrição µ
µµ
µ-P
ROJECTION
, que
tem atribuições semelhantes à restrição M
AP
G
RID
M
ARK
(µ
µµ
µ)
68
da TRA. Com uma
representação como a de (21), Magalhães (2004, p.81) conclui, com razão, que “nenhuma
marca adicional necessita ser inserida para atingir o objetivo de fotografar no plano métrico a
estrutura do acento”. O plano multidimensional exposto acima nos uma ampla visão tanto
dos constituintes prosódicos envolvidos a palavra, o
69
(sempre troqueu), sílabas e moras
(representações do peso silábico) quanto da proeminência desses constituintes, refletidas,
68
M
AP
G
RID
M
ARK
(µ
µµ
µ): uma marca de grade no nível da mora ocorre sobre cada mora.
69
Note-se que a primeira sílaba em (21) não é escandida. A restrição P
ARSE
-σ
σσ
σ, responsável pela escansão dos
pés, ocupa uma posição baixa no ranking. E esse é um ponto em que Magalhães (2004) se diferencia de Hyde
(2001), que, por meio da condição de Sucessão Estrita, determina que a escansão das sílabas seja exaustiva.
78
em última instância, pelas marcas de grade, que determinam o que é ou não cabeça do
constituinte fonológico.
70
A multidimensionalidade é, então, antes uma facilitadora da leitura do acento que uma
complicadora. Posicionados na linha básica do plano estão os parênteses, abandonados por
Hyde (2001), e que, aqui, servem apenas para marcar as bordas dos pés, facilitando a leitura.
De Hyde (2001), Magalhães (2004) assume a marcação dos constituintes cabeça e
dependentes por meio de barras retas (cabeça) e inclinadas para a direita, indicando o
troqueu, ou para a esquerda, indicando o pé iâmbico, de proeminência à direita como a
palavra em (21).
Em busca da simplificação do modelo, estabelece alguns princípios reguladores que,
unidos à hierarquia das restrições (que para a TO traduzem a língua específica), regulam as
configurações métricas do acento e, conseqüentemente, o que pode ou não emergir como
candidato a output. Juntos, tais princípios formam o instrumento denominado Controlador do
Plano Métrico (CPM).
O CPM, além de extinguir a extrametricidade (σ
σσ
σ-P
ROJECTION
), regula o tamanho dos
pés na configuração métrica (T
ROCHEE
) e o número de marcas de grade que podem ser
atribuídas ao constituinte terminal (DTE). Por meio desses princípios, o CPM inibe a
verticalidade excessiva dos elementos projetados na grade, dando condições para que as
marcas de grade ocorram na linha básica do plano, sempre tomando o cuidado para não
desrespeitar H
EADEDNESS
(encabeçado), que garante a cada constituinte um elemento
cabeça
71
. A projeção de marcas de grade até a segunda linha torna-se, assim, suficiente para
se ler o acento primário no plano métrico. Vejamos, então, como os princípios são descritos e
como eles atuam de modo a gerar a configuração métrica requerida por Magalhães (2004):
(22)
Instrumento Controlador do Plano Métrico:
(a) σ
σσ
σ-P
ROJECTION
: toda sílaba (isto é, todo núcleo silábico) deve projetar
alguma posição na grade.
(b) T
ROCHEE:
dentro de um pé, os elementos devem obedecer à noção
Headedness (toda marca de grade deve ter um dependente à sua direita).
70
Diferente do que ocorria na TRA, marcas de grade e cabeça são, para Magalhães (2004), elementos que se não
se separam. O cabeça é a proeminência em si que ocorre em toda e qualquer emissão e a marca de grade é a
representação dessa proeminência no plano métrico.
71
H
EADEDNESS
, que no modelo de Hyde (2001) se apresenta como uma condição, possui, para Magalhães
(2004), a mesma força de lei, integrando o princípio T
ROCHEE
.
79
(c)
DTE:
somente o elemento designado terminal pode acumular marcas na
grade.
(MAGALHÃES, 2004, p.85)
O princípio em (a), σ
σσ
σ-P
ROJECTION
, influenciado por stress-bearing element
72
de Halle
& Vergnaud (1987), exclui a extrametricidade da Fonologia Métrica, a restrição
N
ON
F
INALITY
da TO. A exclusão de N
ON
F
INALITY
pelo princípio σ
σσ
σ-P
ROJECTION
deve-se ao
fato de não se poder tornar a sílaba final não visualizada pelas regras de atribuição de acento,
como a extrametricidade requer. Reinterpretado na ótica deste modelo, essa impossibilidade
traduz as exigências de σ
σσ
σ-P
ROJECTION.
Esse princípio determina que não se deixe um núcleo
silábico (ou uma laba, que para ser considerado sílaba a estrutura deve conter ao menos
um núcleo) sem projetar uma posição no plano métrico, mesmo que essa posição não seja
preenchida por uma marca (um precedente aberto pelo modelo)
73
. Uma estrutura como a de
(23), por exemplo, seria automaticamente excluída por este princípio, pois o núcleo da
segunda sílaba não projeta uma posição na grade:
(23)
( x )
µ µ µ
CVC.CV
O princípio em (b), T
ROCHEE
, inspirado na teoria paramétrica de Hayes (1995), forma
pés troqueus apenas. Respeitando H
EADEDNESS
, exige configuração (x ), um descendente
atrelado a um cabeça, e, com isso, não deixa espaço para que pés monomoraicos possam
emergir. De certa forma, esse princípio é também influenciado por Hyde (2001), e, segundo
Magalhães (2004), sua proposta difere da desse autor no que diz respeito às atribuições de
T
ROCHEE.
Nesta proposta, T
ROCHEE
é “um método simples para desencadear o requerido por
72
O princípio stress-bearing element, de Halle & Vergnaud (1987), determina que todo elemento seja passível
de portar acento. Para Magalhães (2004), assim como em Hayes (1995), esse elemento é sempre a sílaba.
73
Magalhães (2004), utilizando a proposta de Bisol (1992, 1994) como parâmetro, considera o peso silábico
como um fator que interfere na atribuição do acento primário no PB. Em conseqüência disso, moras que
representam, no plano métrico, o peso das sílabas estarão diretamente envolvidas em sua proposta. três
possibilidades quanto às moras e sua atuação nesse modelo: (1) o segmento projeta uma mora e esta projeta uma
posição na grade preenchida por uma marca; (2) o segmento projeta uma mora e a mora projeta uma posição no
plano métrico não preenchida por uma marca e (3) o segmento projeta uma mora, mas a mora não projeta
nenhuma posição na grade (em função de σ
σσ
σ-P
ROJECTION
, essa possibilidade se dirige somente a posição de
coda). E essas possibilidades são fundamentais no funcionamento do modelo de análise proposto por Magalhães
(2004), que busca, acima de tudo, a simplificação.
80
H
EADEDNESS
”, naquela representa uma restrição responsável porfazer a combinação de
restrições N
ON
F
INALITY
no nível da laba e da mora dentro do domínio do pé” (citações de
MAGALHÃES, 2004, p.87). Assim, como um método simples, esse princípio evita que “haja
dentro de um mesmo pé colunas idênticas adjacentes ou marcas de grade sem elemento
dependente” (MAGALHÃES, 2004, p.88). Seriam excluídas por T
ROCHEE
configurações
como as de (24), por exemplo, a primeira por não ter um descendente é monomoraica, a
segunda e terceira por deixarem lado a lado, no mesmo pé, duas colunas com a mesma
proeminência:
(24)
(a)
(x)
µ
CV
(b)
(x x )
µµ µ

CVC.CV
(MAGALHÃES, 2004, p.88)
(c)
(x )
µ µ µ

CV. CVC
Antes de passarmos adiante, faz-se necessário apontar a justificativa de Magalhães
(2004) para adotar T
ROCHEE
como um princípio. Para ele, “todo pé, qualquer que seja sua
estrutura canônica, possui universalmente um elemento dependente à direita, isto é, uma
subestrutura nos moldes de um troqueu” (MAGALHÃES, 2004, p.87). Lembra que a própria
estrutura canônica do iâmbico postulada por Hayes (1995) possui uma subestrutura
trocaica no nível da mora da segunda sílaba, que é pesada. Essa subestrutura é, assim como o
pé troqueu, composta de uma cabeça o núcleo silábico – e um pé descendente – a consoante
na coda, como visualizada no exemplo (25):
(25)
( x )
µ µ µ
σ σ
Por fim, o princípio em (c), DTE (Designated Terminal Element), de influência em
Liberman & Prince (1997), determina que o elemento designado terminal, que é
“maximamente proeminente, tem de estar posicionado sobre outro elemento também mais
proeminente; este, porém, um nível abaixo” (MAGALHÃES, 2004, p.84). Na prática, DTE
81
faz com que o acento principal receba, no modelo de Magalhães (2004), duas marcas de grade
no máximo (a marca de proeminência no nível da mora pela ação de Mora Projection e uma
acima). Assim, “apenas a mora cabeça de uma sílaba, que é a cabeça de um pé o qual é cabeça
da palavra pode projetar mais de uma marca na mesma coluna” (MAGALHÃES, 2004, p.88),
o que impediria uma representação como (a) em (26), e geraria uma como (b), que satisfaz
todos os princípios, inclusive DTE, por manter, na linha básica da grade, as posições que não
são terminais:
(26)
(a)
x
x x
(x x x )
µ µ µ µ

CV.CVC.CV
(MAGALHÃES, 2004, p.89)
(b) x
(x x )
µ µµ µ

CV.CVC.CV
Em resumo, o CPM tem a função de controlar o tamanho dos pés por meio de
T
ROCHEE;
inibir projeções excessivas na grade métrica por meio de DTE e extinguir a
extrametricidade pela ão de σ
σσ
σ-P
ROJECTION
. Vistas as principais atribuições dos princípios
que integram o CPM, uma representação como a de (21) é transposta em (27), conforme as
exigências desse modelo:
(27)
x
(x x )
µ µ µ µ µ
σ σ σ
Ft
PrWD
Adaptada aos dados dos não-verbos do PB, a configuração em (28) se encaixa (com
exceção da mora compartilhada na segunda sílaba o argumento para se compartilhar moras
será apresentado adiante) na descrição do vocábulo asfálto, por exemplo:
82
(28)
x
( x x )
µ µ µ µ

As fal to
Ft
PrWD
E aqui entra um fator interessante da proposta de Magalhães (2004) – a fácil leitura, no
plano métrico, da redução vocálica (interpretada pelo autor como perda do traço [ATR]
altura). No exemplo acima, as projeções na grade métrica revelam a redução vocálica, ou
neutralização, sofrida pela átona final, que resultaria na leitura /asfalt[u]/.
Por neutralização, teríamos, para Magalhães (2004), influenciado por Bisol, um
sistema que, de sete vogais em posição tônica (posição forte) – /a, e, ϯ, i, o, ѐ, u/, reduz-se
a cinco vogais em posição pretônica – /a, e, i, o, u/, alterna-se entre três e cinco vogais em
posição postônica não final dos itens proparoxítonos /a, i, u/ ~ /a, e, i, u/, e se
restringe a três vogais em posição final de palavra – /a, i, u/.
Integrando o quadro exposto acima há, também, a redução sofrida pelas vogais em
posição postônica não final dos itens paroxítonos terminados em sílaba travada por uma
consoante (os que integram o padrão irregular da língua): o alçamento da vogal [e], em
palavras como potes (pótis) e píres (píris), por exemplo. A redução vocálica nas
palavras com essa configuração atende a fatores estruturais como os que Magalhães (2004)
descreve. Para ele, o impedimento ou o licenciamento da redução vocálica corresponde,
diretamente, às características da coda consonantal. Assim, a redução da vogal média alta
anterior [e] é impedida quando o segmento é uma consoante soante, como o [r] de li.der, (ou
seja, lí.der não vir a lí.dir), e licenciada quando esse segmento é a obstruinte [s] (pí.res
pí.ris). As configurações em (29) captam essa variação no plano métrico:
83
(29)
(a)
(x )
µ µ
pi res
PrWD
(b)
(x )
µ µ
po te
PrWD
(c)
x
(x x)
µ µµ

lí der
PrWD
Os exemplos (a) e (b) possuem representações semelhantes, já que a obstruinte /s/
licencia a redução vocálica. E, aqui, licenciar a redução significa que /s/ não projeta nenhuma
posição na grade, fazendo com que as palavras terminadas em sílaba final pesada, como .res
e pó.tes, fó.tos, as pluralizadas, estejam sujeitas à redução assim como as terminadas por
sílaba leve, pó.te, pá.to, etc. Já as consoantes soantes, como a líquida do exemplo (c), quando
em posição de coda, impedem a redução vocálica e isso é traduzido, no plano métrico, pela
projeção dessa consoante na grade. Mesmo ocupando uma posição não preenchida, o fato de a
consoante soante projetar uma posição na grade faz com que a sílaba tenha um elemento
descendente e, para Magalhães (2004, p.121), “toda posição na grade que possua algum tipo
de dependente espelha o bloqueio da redução vocálica”.
Em relação à todas as posições vocálicas do vocábulo, três são os contextos que
Magalhães (2004) considera como determinantes para que a redução vocálica seja bloqueada,
exigida ou licenciada: (1) bloqueia-se a redução na presença de um elemento descendente,
dessa forma, o núcleo da segunda sílaba de uma palavra como lí.der, por exemplo, não sofre
redução (*ei); (2) exige-se redução quando a vogal projeta uma posição vazia
74
e
bloqueia-se quando é preenchida e (3) licencia-se a redução na marca de grade que não tenha
um elemento descendente, e labas finais leves são as mais vulneráveis ou prosodicamente
mais fracas.
A configuração no plano métrico é, enfim, um reflexo de todas essas relações
(qualidade da coda silábica, presença ou ausência de elementos dependentes) e, segundo
Magalhães (2004, p.121), “a motivação para esta ou aquela [configuração] deverá sempre
refletir a redução vocálica”. Para dar conta do padrão acentual que de fato ocorre na língua, o
autor propõe, aliadas aos princípios do CPM, restrições que, quando organizadas em uma
74
Para Magalhães (2004, p.118), “toda posição projetada, mas não preenchida na grade métrica reflete um
contexto que requer a redução vocálica sempre”.
84
determinada hierarquia, têm, então, a função maior de traduzir, no plano métrico, a redução
vocálica.
No intuito de controlar as projeções sobre o plano métrico (evitando marcas
desnecessárias) e possibilitar a redução vocálica, Magalhães (2004) elege restrições relativas
ao alinhamento (R
IGHTMOST
e P
ROSODIC
W
ORD
-R
IGHT
), à identidade input-output (MAX,
S
TRESS
F
AITHFULNESS
e DEP-µ
µµ
µ), ao modo de articulação do fonema (P
ROJECT
-S
ONORANT
e
P
ROJECT
-O
BSTRUENT
além de G
RID
S
ONORANT
e G
RID
O
BSTRUENT
, por extensão), à
obrigatoriedade da escansão da sílaba (P
ARSE
-σ
σσ
σ) e da projeção de (x) sobre a mora (µ
µµ
µ-
P
ROJECTION
) e, ainda, ao controle de onde essa projeção deve ocorrer (G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
) e à
quantidade de moras envolvidas (*S
HARED
-µ
µµ
µ e *S
HARED
-µ
µµ
µW
EAK
).
Com essas restrições em mãos, Magalhães (2004) apresenta os argumentos
(sustentados nos dados do PB) que o levam ao ranqueamento das mesmas. Sua proposta se
dirige às mais variadas configurações silábicas que, por tratarem do acento de forma distinta,
são divididas pelo autor entre as que integram o que chama de padrão regular e irregular do
acento. As seções seguintes demonstram a estrutura plena do acento de ambos os padrões e o
caminho traçado pelas restrições para se chegar ao ranqueamento dos não-verbos que
compõem a gramática do PB.
4.6.1.1 Padrão Regular
Na ótica do plano multidimensional do acento, que encara o PB como uma língua
sensível ao peso silábico, dois subgrupos se inserem no paradigma regular. O primeiro é o das
palavras cuja sílaba pesada final atrai o acento para si. Com estrutura silábica CVC.CVC,
CV.CVC e CVC, integram esse subgrupo palavras como mar (consoante soante na coda),
fre.gués (coda obstruinte), cor.téz (coda soante + coda obstruinte), cus.cúz (coda obstruinte +
coda obstruinte), cas.tór (coda obstruinte + coda soante), por.tál (coda soante + coda soante),
entre muitas outras. Juntas, essas combinações entre codas soantes e codas obstruintes
representam, para esse subgrupo, as possibilidades de ocorrência dos casos de acento regular.
O segundo subgrupo, que também diz respeito ao peso silábico, reflete o fato de que, se a
última sílaba for leve, o acento ocorrerá na segunda sílaba a contar da direita (a paroxítona), e
se dirige aos casos como os das palavras ca..co e chá.ve, com estrutura silábica
85
(CV)CV.CV, tratadas em de igualdade, e, também, às palavras com a estrutura CV.CV e
(CV)CVC.CV, como s.to e pa.lés.tra (coda obstruinte) e r.co e as.fál.to (coda soante).
Integrando o padrão regular, há, ainda, as estruturas silábicas CV.CVC e CVC, como
as palavras caféC e C, com uma consoante abstrata em posição de coda. Para Magalhães
(2004), que assume a hipótese de Bisol, o Português é uma ngua que, em atenção à
manutenção da regularidade, atende à Síndrome da Palavra Mínima e, assim, não pés
monomoraicos (com estrutura CV). A proposta de Magalhães (2004) também se dirige a esse
fenômeno. Vejamos como essas estruturas silábicas são descritas.
4.6.1.1.1 Ranqueamento das Restrições (Padrão Regular)
Esta seção se ocupa em apresentar alguns argumentos que Magalhães (2004) utiliza
para ranquear as restrições, acrescidos de outros não aventados por ele. Destaca-se, entre
outras questões, a natureza dessas restrições e, quando possível e necessário, as conseqüências
que um ranqueamento contrário ao proposto geraria no plano métrico e, também, no output
ótimo.
(I) P
ROSODIC
W
ORD
-R
IGHT
>> P
ARSE
-σ
σσ
σ
Tanto P
ARSE
-σ
σσ
σ quanto P
R
W
D
-R
IGHT
exercem um papel principal na gramática do PB,
pois “é a partir do conflito entre elas que o padrão regular da língua emergirá” (Magalhães,
2004, p.124). A primeira exige que todas as sílabas sejam escandidas, a segunda (uma
interpretação da Regra Final de LIBERMAN & PRINCE, 1977) determina que a borda
direita da palavra coincida com o cabeça de algum pé. Essa restrição é oriunda do fato de que
o acento primário, no PB, limita-se as três sílabas finais da palavra prosódica, posicionando-se
“tanto mais à direita quanto possível” (MAGALHÃES, 2004, p.106). Ambas as restrições são
expostas da seguinte maneira:
(30)
P
ARSE
-
σ
σσ
σ
: sílabas devem ser escandidas em algum pé.
(31)
P
ROSODIC
W
ORD
-
R
IGHT
ou
A
LIGN
(PrWd, R, Ft-Hd, R):
a borda direita de cada
palavra prosódica está alinhada com a borda direita do cabeça de algum
(HYDE, 2001, p.105).
86
Dessa forma, satisfazem as exigências de P
R
W
D
-R
IGHT
os candidatos que possuem o
acento principal na sílaba em posição final de palavra (como as oxítonas). A ação dessa
restrição sobre o padrão regular do PB é garantir que sílabas pesadas em final de palavra
puxem o acento para si. Assim, no tableau (A), o fato da restrição P
R
W
D
-R
IGHT
vir
ranqueada acima de P
ARSE
-σ
σσ
σ faz com que a sílaba fre possa vir diretamente anexada à palavra
prosódica e, com isso, a realização fre.gués possa emergir como candidato ótimo no output.
Caso contrário, ou seja, se o ranqueamento fosse P
ARSE
-σ
σσ
σ >> P
R
W
D
-R
IGHT
, teríamos, pela
exigência de se escandir sílabas, uma realização como fré.gues, não lícita na língua.
(A) /freցes/ ‘freguês’
x
/fre.ges/
P
R
W
D
-R
IGHT
P
ARSE
-σ
σσ
σ
(x)
µ µµ

a- fre.ges
*
( x )
µ µµ

b- fre . ges
*!
(MAGALHÃES, 2004, p.125)
Em (A), as restrições G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
e µ
µµ
µ-P
ROJECTION
(discutidas adiante) são violadas,
e, na representação do acento traduzida pelo tableau, apenas são apresentadas as restrições
relevantes para a análise. O candidato (b) é eliminado por violar P
R
W
D
-R
IGHT
, ranqueada
mais alto, pelas razões expostas acima, o candidato (a), que viola P
ARSE
-σ
σσ
σ, emerge no
output por respeitá-la.
(II) G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
>> P
ARSE
-σ
σσ
σ
O argumento de Magalhães (2004) para a ordem estabelecida em (II) advém do
princípio do ranqueamento, estabelecido pela TO. Esse princípio determina que se deva violar
uma restrição mais baixa para não violar uma mais alta. Dessa forma, obedecer P
ARSE
-σ
σσ
σ, a
restrição mais baixa no ranking, e escandir todas as sílabas “pode resultar em uma marca de
grade sobre uma mora não cabeça” (MAGALHÃES, 2004, p.125-6), o que feriria a restrição
mais alta – G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, definida como em (32):
87
(32)
G
RID
-
µ
µµ
µ
H
EAD
: uma marca de grade (x) deve ocupar a mora cabeça de algum pé.
Respeitando G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, a restrição dominante de (II), tem-se, então, marcas de
grade atribuídas somente à mora cabeça do pé. Um ranqueamento como P
ARSE
-σ
σσ
σ >> G
RID
-
µ
µµ
µH
EAD
acarretaria ao plano métrico, entre outras questões, uma verticalidade excessiva da
representação. Além do mais, esse ranqueamento geraria um resultado que não corresponde
aos dados da língua, na medida em que uma palavra como freguês teria como output ótimo a
forma frégues, que não se realiza na ngua. O tableau (B) apresenta o ranqueamento
adequado:
(B) /‘freguês’/
x
/fre.ges/
G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
P
ARSE
-σ
σσ
σ
(x)
µ µµ

a- fre.ges
*
x
( x x )
µ µµ

b- fre.ges
*!
(MAGALHÃES, 2004, p.126)
Aqui, o candidato (b) é eliminado por violar G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
apresentando uma marca de
grade sobre uma mora do descendente. Pelas razões expostas acima, o candidato (a), o
output ótimo, viola P
ARSE
-σ
σσ
σ para respeitar G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, ranqueada mais alto. Interessante,
também, é perceber que, devido à presença de um elemento descendente, a redução vocálica é
bloqueada, o que impede a realização de freguís, que, de fato, não corresponde aos dados da
língua. Por outro lado, a mesma representação, devido ao fato de se exigir a redução quando
uma vogal projeta posição vazia, gera o alçamento da pretônica, levando a palavra à
realização friguês, que ocorre de maneira variável. E da variação lingüística o modelo de
Magalhães (2004), que admite a saída de um output, parece não dar conta. E esse é um
ponto não resolvido em sua análise.
88
(III) G
RID
-µ
µµ
µH
EAD,
P
R
W
D
-R
IGHT
: Limitação Harmônica
Magalhães (2004) destaca que é através da relação ente as restrições P
R
W
D
-R
IGHT
e
G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
que o output ótimo das palavras terminadas em duas sílabas leves emerge, ou
seja, aquelas que possuem a configuração CV.CV, como a palavra ca..co, demonstrada no
tableau abaixo:
(C) /kazako/ ‘casaco’
X
/ca.sa.co/
G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
P
R
W
D
-R
IGHT
(x )
µ µ µ
a- ca.sa.co
*
x (x )
µ µ µ
b- ca.sa.co
*! *
(MAGALHÃES, 2004, p.126)
Em (C), o candidato (a), o vencedor, limita harmonicamente o candidato (b), ou seja,
(a) emerge no output sem que (b) tenha qualquer possibilidade de concorrência para com ele.
Ambos violam P
R
W
D
-R
IGHT
, por deslocarem o acento uma posição à esquerda a partir da
borda direita da palavra prosódica (σ.σ←σ##). O candidato (b), contudo, viola G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
,
por atribuir marca de grade à mora da sílaba não cabeça do pé.
Por tratarmos da configuração CV.CV.CV, a limitação harmônica ocorre em
obediência às próprias exigências das restrições envolvidas. A obediência à P
R
W
D
-R
IGHT
exigiria que uma palavra como peca, por exemplo, com o acento paroxítono, fosse
representada como pe.te., com acento oxítono, e caco, do tableau (C), como ca.sa., um
candidato não selecionado por GEN. Assim, tanto o candidato (a) quanto o (b) violam a
restrição de alinhamento, cabendo a EVAL, por meio da restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD,
a eliminação
de (b).
E cabe lembrar, aqui, que uma configuração como a do candidato (b) não é barrada
nem pelo princípio T
ROCHEE
, que gera (x ), nem pela restrição P
ARSE
-σ
σσ
σ, ranqueada baixo.
Ambos não conseguem impedir que uma marca de grade seja atribuída a uma sílaba não
escandida. Assim, a restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
tem, também, o papel de impedir, por exemplo,
89
que uma configuração como a do candidato (b), possa emergir no output como candidato
ótimo, o que geraria um C
LASH
: cá.sá.co.
(IV) G
RID
-µ
µµ
µH
EAD >>
*S
HARED
-µ
µµ
µ e P
ARSE
-σ
σσ
σ >> *S
HARED
-µ
µµ
µ
Neste ponto da análise, o que está em jogo é a relação da restrição *S
HARED
-µ
µµ
µ com as
demais. Essa restrição exige que moras sejam compartilhadas por segmentos de uma mesma
rima, uma configuração que, segundo Magalhães (2004, p.128), não é “estipulada ou
aleatória”
75
. As ordenações G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
>>
*S
HARED
-µ
µµ
µ e P
ARSE
-σ
σσ
σ >> *S
HARED
-µ
µµ
µ se
baseiam no argumento do ranqueamento. Portanto, atendendo à emergência no output do
padrão fonologicamente não-marcado (o que implica a ordenação Restrições de Fidelidade
>> Restrições de Marcação), *S
HARED
-µ
µµ
µ é violada a fim de que possam emergir os
candidatos que satisfazem, além dos princípios do CPM, as restrições G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, P
ARSE
-σ
σσ
σ
e µ
µµ
µ-P
ROJECTION
, ranqueadas mais alto.
Assim, o exigido por *S
HARED
-µ
µµ
µ surge como resultado da pressão de restrições
dominantes e apenas em contextos que permitem configurações mais marcadas”
(MAGALHÃES, 2004, p.128). Sílabas acentuadas são as únicas configurações que licenciam
o compartilhamento de moras, e, portanto, são elas que violam *S
HARED
-µ
µµ
µ, como exposta
abaixo, uma restrição mais geral. As sílabas átonas, por sua vez, não compartilham moras. Na
hipótese de que isso ocorra, a violação representada no tableau se pela restrição *S
HARED
-
µ
µµ
µW
EAK
, restrição mais específica. Assim, da relação geral-específica exposta em (33), pode-
se concluir que uma violação a *S
HARED
-µ
µµ
µW
EAK
implica em uma violação a *S
HARED
-µ
µµ
µ,
mas não o contrário; daí a relação de estringência entre ambas as restrições, que se
apresentam como:
(33)
(a)
*S
HARED
-
µ
µµ
µ
W
EAK
: proibido dois segmentos compartilhando uma mesma
mora em sílaba não acentuada.
(b)
*S
HARED
-
µ
µµ
µ
: cada segmento na rima deve projetar sua própria mora
(proibido mora compartilhada em qualquer sílaba).
75
Acredito que Magalhães (2004) deveria ter justificado melhor o porquê de se utilizar *S
HARED
-µ
µµ
µ. A
impressão que fica é que essa restrição é, sim, estipulativa, e entra em cena para garantir que as outras possam
ser satisfeitas, pois parece não haver argumentos claros na língua que demonstrem sua real validade.
90
Para Magalhães (2004), baseado nos trabalhos de Beckman (1998), Padgett (1995) e
Zoll (1997, 1998), entre outros, posições fortes, como a sílaba acentuada, possuem uma
“habilidade especial” para “licenciar fenômenos que não são permitidos em posições fracas”
(MAGALHÃES, 2004, p.111). Dessa forma, permite-se, nessa proposta, o compartilhamento
de moras na rima em uma sílaba acentuada (*S
HARED
-µ
µµ
µ é ranqueada baixo) e sua proibição
em sílabas átonas (*S
HARED
-µ
µµ
µW
EAK
é ranqueada alto)
76
. O tableau (D) demonstra a atuação
de *S
HARED
-µ
µµ
µ no que se refere ao padrão silábico requerido pelo acento regular.
(D) /pѐste/ ‘poste’
x
/pos..te/
G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
P
ARSE
-σ
σσ
σ *S
HARED
-µ
µµ
µ
(x )
µ µ
^
a- pos . te
*
(x)
µµ µ

b- pos . te
*!
x
(xx )
µµ µ

c- pos . te
*!
(MAGALHÃES, 2004, p.128)
Em (D), todos os candidatos, por serem paroxítonos, violam P
R
W
D
-R
IGHT.
O
candidato (c) viola fatalmente a restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, ranqueada alto, e por isso é
eliminado. O candidato (b) deixa a última sílaba sem escansão, ligando-a direto à palavra
prosódica, e, por isso, dada a ordenação em (D), é descartado pela ação de P
ARSE
-σ
σσ
σ. O
candidato (a) é o output ótimo devido a sua satisfação à G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
e P
ARSE
-σ
σσ
σ, violando
*S
HARED
-µ
µµ
µ, ranqueada baixo. Na hipótese de a ordenação exposta em (4) se inverter,
teríamos, em *S
HARED
-µ
µµ
µ >> P
ARSE
-σ
σσ
σ, o candidato (b) como output ótimo, e para *S
HARED
-µ
µµ
µ
>> P
ARSE
-σ
σσ
σ >> G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
o candidato (c) seria o ótimo. Todos os candidatos possuem a
mesma realização pós.ti, porém, esse ranqueamento é necessário para sustentar a
simplicidade do plano métrico multidimensional.
76
O tratamento da restrição se aplica ao acento irregular, e será discutida adiante.
91
(V) P
ROJ
-O
BSTRUENT >>
*S
HARED
-µ
µµ
µ e P
ROJ
-S
ONORANT >>
*S
HARED
-µ
µµ
µ (transitividade)
As restrições P
ROJECT
-S
ON
e P
ROJECT
-O
BST
77
obedecem à escala de sonoridade
universal, assim, o ranqueamento P
ROJECT
-S
ON
>> P
ROJECT
-O
BST
(apesar de não haver
argumentos na língua que determinem tal ordenação) é considerado fixo, que traduz uma
inclinação calcada em uma propriedade articulatória do aparelho fonador humano, portanto,
universal. Segundo Magalhães (2004), o argumento da transitividade já bastaria para se
postular a ordenação P
ROJ
-S
ONORANT >>
*S
HARED
-µ
µµ
µ e P
ROJECT
-O
BSTRUENT
>>
*S
HARED
-µ
µµ
µ,
que P
ROJECT
-S
ON
>> P
ROJECT
-O
BST
. Contudo, o argumento relativo ao ranqueamento
também é testado. As restrições de projeção exigem que:
(34)
P
ROJECT
-
S
ONORANT
: toda soante pertencente a algum pé deve projetar
uma posição na grade (por extensão uma mora)
P
ROJECT
-O
BSTRUENT
: toda obstruinte pertencente a algum pé deve
projetar uma posição na grade (por extensão uma mora)
Assim, tanto a restrição P
ROJECT
-S
ON
(relativa às soantes) quanto a restrição
P
ROJECT
-O
BS
(relativa às obstruintes) exigem que segmentos consonantais em posição de
coda devam ocupar uma posição na grade métrica. E, para ocupar uma posição na grade
métrica, a projeção de uma mora pelo fonema torna-se obrigatória, pois moras são os
constituintes intermediários entre as sílabas e o plano métrico. Assim, obedecer P
ROJECT
-S
ON
ou P
ROJECT
-O
BS
implica obedecer µ
µµ
µ-P
ROJECTION
sempre. Contudo, implica violar restrições
ranqueadas em posições mais baixas, como *S
HARED
-µ
µµ
µ. Os tableaux (E) e (F)
78
expõem a
relação entre essas restrições:
77
Por extensão, tem-se as restrições G
RID
S
ONORANT
(marcas na grade devem ocorrer sobre soantes) e
G
RID
O
BSTRUENT
(marcas na grade devem ocorrer sobre obstruintes), onde G
RID
S
ONORANT
>>
G
RID
O
BSTRUENT
.
78
Nos tableaux (E) e (F), as restrições G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
e P
ARSE
-σ
σσ
σ são satisfeitas, enquanto a P
R
W
D
-R
IGHT
é
violada, e, por isso, essas restrições não entram na análise.
92
(E) /pѐste/ ‘poste’
X
/pos..te/
P
ROJ
-O
BST
*S
HARED
-µ
µµ
µ
(x )
µ µ
^
a- pos . te
*
(x )
µ µ
b- pos . te
*!
(MAGALHÃES, 2004, p.129)
(F) /pѐrta/ ‘porta’
X
/pos..te/
P
ROJ
-S
ON
*S
HARED
-µ
µµ
µ
(x )
µ µ
^
a- por . ta
*
(x )
µ µ
b- por . ta
*!
(MAGALHÃES, 2004 p.130)
Em (E), o candidato (b) é eliminado por EVAL por violar P
ROJ
-O
BST
, ranqueada alto.
Para atender P
ROJ
-O
BST
, *S
HARED
-µ
µµ
µ é violada, o que faz com que o candidato (a) possa
emergir como ótimo no output. o tableau (F) segue a mesma ótica, porém a restrição
envolvida é P
ROJ
-S
ON
, que exige a projeção de elementos soantes na grade métrica. Note-se
que tanto no tableau (E) quanto no tableau (F), a realização é a mesma para os candidatos (a)
e (b) pós.ti e pór.ta, já que a redução vocálica é bloqueada pelo fato de a vogal projetar uma
posição preenchida na grade métrica. Então, o que faz de *S
HARED
-µ
µµ
µ uma restrição
necessária, ao menos no que diz respeito à sua interferência nos fatos da ngua? Na verdade,
a resposta a essa pergunta parece não apontar para os fatos da ngua e sim para a
representação requerida pelo modelo de Magalhães (2004). Caso *S
HARED
-µ
µµ
µ não compusesse
o inventário de restrições, representações como as de (35) que atenderiam as exigências de
P
ROJ
-S
ON
e P
ROJ
-O
BST
:
93
(35)
(a)
x
(x x )
µµ µ

pos te
PrWD
(b)
x
(x x )
µµ µ

por ta
PrWD
Contudo, tanto o exemplo em (a), configuração eliminada no tableau (D), quanto em
(b) violam a restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
. E, apesar de essa restrição dominar P
ROJ
-O
BST
,
permitindo a redução das sílabas terminadas por consoantes obstruintes, ela é dominada por
P
ROJ
-S
ON
, impedindo essa restrição. E é esse ranqueamento que garante a redução vocálica
das palavras com coda obstruinte (pó.tis, por exemplo) e impede nas que possuem a coda
soante, como ca.té.ter. Enfim, a restrição *S
HARED
-µ
µµ
µ não parece ter outra razão de existir a
não ser garantir, em alguns contextos, a obediência à outras restrições, como G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
,
P
ROJ
-O
BST
e P
ROJ
-S
ON
, e, também, de certa forma, possibilitar a economia do plano métrico.
4.6.1.2 Padrão Irregular
Três subgrupos integram o padrão irregular da língua: o das palavras proparoxítonas,
aqui focalizadas, com a estrutura silábica CV.CV.CV e CVC.CV.CV (fólego, pêssego e
árvore, plástico, etc.), o das palavras com a estrutura CV.CVC e CV.CVC.CVC (líder, píres
e revólver, repórter), cuja sílaba pesada final não atrai o acento como deveria e o das palavras
extremamente idiossincráticas quanto ao padrão acentual, como as estruturas silábicas
CV.CVC.CV (récorde, pénalti), CV.CV.CVC (Lúcifer, júnior).
79
As relações entre as
restrições expostas abaixo se dirigem a esse padrão.
79
Magalhães (2004) não se refere a uma estrutura silábica como a da proparoxítona Émerson (C)V.CVC.CVC,
por exemplo, que recua duas posições à esquerda, mesmo possuindo duas sílabas pesadas em final de palavra.
94
4.6.1.2.1 Ranqueamento das Restrições (Paradigma Irregular)
As palavras proparoxítonas e paroxítonas terminadas em sílaba pesada, as focalizadas
por Magalhães (2004)
80
, possuem o acento marcado lexicalmente, conforme as exigências de
S
TRESS
F
AITHFULNESS,
restrição que requer que “o acento no input permaneça na mesma
posição na estrutura de superfície” (MAGALHÃES, 2004, p.113).
(36)
S
TRESS
F
AITHFULNESS
: acento no input é mantido na mesma posição no output.
Essa restrição possui um papel crucial na determinação do padrão acentual irregular,
pois, no caso do acento proparoxítono, por exemplo, “se o acento subjacente se alojar sobre a
antepenúltima sílaba, ele virá à superfície nesta mesma posição” (MAGALHÃES, 2004,
p.149). O papel dessa e das outras restrições envolvidas na determinação do acento irregular
pode ser conferido nas ordenações abaixo, que vão de (VI) a (IX).
(VI) G
RID
-µ
µµ
µH
EAD >>
µ
µµ
µ-P
ROJECTION,
P
ROJ
-O
BST
As restrições envolvidas em (VI), de certa maneira, se interpenetram, no sentido em
que, para que as exigências de P
ROJ
-O
BST
sejam cumpridas, uma obstruinte deve ser
projetada e ocupar uma posição no plano métrico, o que, conseqüentemente, requer que as
moras projetadas sejam preenchidas, como exige µ
µµ
µ-P
ROJECTION
. A restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
,
por sua vez, determina o lugar que essa mora ocupa, a saber, sobre o pé cabeça da sílaba. O
argumento para que a restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
venha ranqueada sobre as demais pode ser
explicitado por meio dos dados que o tableau (G) apresenta:
80
O terceiro subgrupo inclui os dados “raros e excepcionais” e, por isso, estão “fora do escopo” da análise
(Magalhães, 2004, p.134).
95
(G) /pires/ ‘píres’
x
/pi..res/
G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
P
ROJ
-O
BST
µ
µµ
µ-P
ROJ
(x )
µ µ
a- pi . res
*
(x )
µ µµ
b- pi . res
*
*!
x
(x x)
µ µµ
c- pi . res
*!
(MAGALHÃES, 2004, p.136)
Todos os candidatos de (G) satisfazem as restrições P
ARSE
-σ
σσ
σ e S
TRESS
F
AITHFULNESS
e violam P
R
W
D
-R
IGHT
em uma posição. O candidato (c) é eliminado por G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
pelo
fato de atribuir marca de grade a uma mora do descendente, o candidato (b) perde a
concorrência devido a sua violação fatal à restrição µ
µµ
µ-P
ROJ
, não preenchendo a posição da
mora projetada, enquanto o candidato (a) limita harmonicamente (ver p.8) (b) e vence por
respeitar µ
µµ
µ-P
ROJ
(cujo ranqueamento em relação a P
ROJ
-O
BST
, violada por (a), não é
necessário
81
).
A ordenação do tableau (G) resulta, assim, em uma realização ótima como pirís, ao
passo que se a ordenação estabelecida fosse a inversa e, portanto, G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
fosse
ranqueada abaixo de P
ROJ
-O
BST
e µ
µµ
µ-P
ROJ
, o candidato ótimo que emergiria no output seria o
candidato (c), o que daria uma realização como píres, que a presença de um elemento
dependente bloqueia a redução vocálica. Contudo, essa realização não corresponde aos fatos
da língua, e esse é um argumento consistente para a ordenação estabelecida em (VI).
81
µ
µµ
µ-PROJECTION postula que toda mora deve projetar uma posição na grade. Sendo assim, Magalhães (2004,
p.135-6) destaca que “segmentos cuja mora não tenha sido projetada não violam µ
µµ
µ-PROJECTION, mas moras
projetadas e que não ocupem nenhum espaço na grade violam essa restrição”.
96
(VII) *S
HARED
-µ
µµ
µW, P
ROJ
-S
ON
>> G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
(H) /revѐlver/ ‘revólver’
x
/re..vol..ver/
*S
HARED
-µ
µµ
µW
P
ROJ
-S
ON
G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
x
(x x )
µ µ µµ

a- re . vol . ver
*
x
(xx )
µ µµ µ

b- re . vol . ver
*! *
(x )
µ µ µµ

c- re . vol . ver
*!
(MAGALHÃES, 2004, p.138)
É neste ponto da análise que P
ROJ
-S
ON
é ranqueada acima de G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, o que,
como já dito, impede a redução de vogais pertencentes à sílabas com codas soante. O
candidato (c) é eliminado por violar P
ROJ
-S
ON
, ranqueada mais alto, deixando a vogal final
com uma posição vazia na grade, o que causaria a sua redução e, conseqüentemente, a
realização revólv[i] que, segundo Magalhães (2004, p.138), “não ocorre na realidade da
língua”
82
. O candidato (b) é eliminado por violar *S
HARED
-µ
µµ
µW, ranqueada alto na hierarquia
do PB. Essa restrição proíbe que dois segmentos compartilhem a mesma mora em sílaba
átona. O candidato (a), enfim, emerge como output ótimo devido ao fato de violar apenas a
restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, a mais baixa da ordenação em (VII), atribuindo ao núcleo da sílaba
final uma marca de grade (que, acompanhada da projeção de /r/, bloqueia a redução da sílaba
final). Essa ordenação proporciona que a realização rivólver (pois o núcleo da primeira sílaba
não é preenchido) possa emergir no output
83
.
82
Essa é uma afirmação muito “forte”, digamos assim, que necessita de maior comprovação empírica. Acredito
que uma realização como revólvir ou revólvi é plenamente possível. Mais uma vez, o problema dessa proposta é
como lidar com a variação.
83
E, aqui, deve-se apontar até que ponto essa realização, que é possível, mas não é única, deve ser a ótima, e não
uma como revólver, por exemplo.
97
(VIII) S
TRESS
F
AITH,
*S
HARED
-µ
µµ
µW >> G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
Aqui, as duas ordenações em foco são importantes para este modelo. Por meio da
ordenação *S
HARED
-µ
µµ
µW >> G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
pode-se “impedir que a estrutura trocaica se
configure à custa do compartilhamento da mesma mora por dois segmentos em sílaba
acentuada” (MAGALHÃES, 2004, p.139)
84
. Já S
TRESS
F
AITH
>> G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
tem o papel de
impedir que, nas palavras com coda soante, o acento migre para a posição default (sílabas
pesadas em final de palavra atraem o acento; em uma palavra como líder, por exemplo, a
posição default seria lidér assim como a apresentada no input)
85
. A conseqüência de a
restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, que impede a projeção de marca de grade sobre uma mora não-cabeça
do pé, vir ranqueada abaixo de S
TRESS
F
AITH
pode ser mais bem visualizada pelo tableau (I):
(I) /lider/ ‘líder’
x
/li.der/
S
TRESS
F
AITH
*S
HARED
-µ
µµ
µW G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
x
(x x)
µ µµ

a- li . der
*!
(x)
µ µµ

b- li . der
*!
(x )
µ µ
c- li . der
*!
(MAGALHÃES, 2004, p.139)
Aqui, todos os candidatos respeitam P
ROJ
-S
ON
, o candidato (c) é eliminado por o
cumprir as exigências de *S
HARED
-µ
µµ
µW e (b), em atenção ao padrão default do PB, é
84
Dessa forma, essa ordenação atende ao princípio em TO chamado inclusividade, que impede que estratégias
de reparo sejam incluídas na análise. EVAL analisa as condições de boa formação estrutural.
85
Para Magalhães (2004), a posição default do acento é um dos candidatos eleitos pela língua. Assim, uma
palavra como der, vel, entre outras, teriam, como um dos candidatos selecionados por GEN, as configurações
lidér e nivél. Porém, apenas por hipótese, se essa não fosse uma forma eleita, e ele não oferece argumentos
consistentes para que seja, a ordenação S
TRESSFAITH
>> G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
perderia, então, a razão de ser. Acredito
que essa é uma hipótese que merece ser mais bem apreciada.
98
eliminado por não respeitar a restrição S
TRESS
F
AITH
, gerando a não correspondência entre o
acento no input e no output. O candidato (a), então, ganha a concorrência por violar apenas a
restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, ranqueada baixo. Na hipótese de o candidato (c) emergir como
candidato ótimo teríamos a realização *lídir, caso o candidato (b) emergisse teríamos *lidér, o
candidato (a), que faz emergir no output a forma der, é, assim, o que mais se aproxima dos
dados da língua.
(IX) R
IGHT
M
OST
>> G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
Enfim, esta é a ordenação que de fato exclui a extrametricidade (N
ON
F
INALITY
) no
PB, sendo, por isso, a que mais interessa a este trabalho. Os princípios do Instrumento
Controlador do Plano Métrico aliados à interação das restrições G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
e R
IGHT
M
OST
,
principalmente, possuem um importante papel nessa tarefa. A primeira dispensa
apresentações, a segunda é introduzida neste ponto da análise e atua de forma a garantir a
direção do acento principal. No PB, língua em que palavras proparoxítonas (acento na terceira
sílaba a contar da direita) são consideradas marcadas, essa direção é “tanto mais à direita
quanto possível” (MAGALHÃES, 2004, p.106):
(37)
R
IGHTMOST
ou
A
LIGN
(Hd-Ft, R, PrWd, R):
a borda direita do cabeça deve
estar alinhada com a borda direita da palavra prosódica (KAGER, 1999).
Contudo, satisfazem a essa restrição tanto pés troqueus como iâmbicos. O que de fato
importa para R
IGHTMOST
é que o a ser alinhado esteja na borda direita da palavra. Dessa
forma, como estamos lidando com pés binários, as configurações (a) e (b), em (38), atendem a
essa restrição e (c), em tese, a viola:
(38)
(a)
x
σ σ σ
(b)
x
σ σ σ
(c)
x
x x
σ σ σ
O tableau (J), apresentado abaixo, com o ranqueamento S
TRESS
F
AITH,
R
IGHTMOST
>>
G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, explicita como a restrição N
ON
F
INALITY
, a extrametricidade reinterpretada pela
99
TO e ampliada pela TRA, não precisa fazer parte de uma análise que se proponha a discutir o
padrão acentual das palavras proparoxítonas, tradicionalmente tratadas por meio desse
recurso. Vejamos como isso se realiza:
(J) /foleցo/ ‘fôlego’
x
/fo.le.go/
S
TRESS
F
AITH
R
IGHT
M
OST
G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
x
(x x )
µ µ µ
a- fo . le . go
ft
PRWD
*!
x
(x )
µ µ µ
b- fo . le . go
ft
PRWD
*!
x
(x )
µ µ µ
c- fo . le . go
ft
PRWD
*!
(MAGALHÃES, 2004, 141)
Em (J), o candidato (c) é excluído por violar S
TRESS
F
AITH
fatalmente, gerando uma
realização como fogo, que atende à posição default.
86
O candidato (b), contrariando o
padrão default, respeita S
TRESS
F
AITH
mantendo o acento marcado na posição em que ascende
do léxico. Contudo, (b) é eliminado por violar R
IGHT
M
OST
, em face de o cabeça estar
alinhado à esquerda. Com isso, (a) ganha a concorrência, que respeita as restrições mais
altas, ferindo, apenas, a restrição G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, ranqueada mais baixo.
86
O candidato que atende ao padrão default do PB, ou seja, o que se insere no padrão regular do acento, “emerge
naturalmente na hierarquia de restrições” (MAGALHÃES, 2004, p.207); assim, sua posição como concorrente
no tableau é certeira.
100
Note-se que tanto o candidato (a) quanto o candidato (b) mantêm o acento da mesma
forma como marcado no léxico, ou seja, mantêm o acento proparoxítono e “se o acento
subjacente se alojar sobre a antepenúltima sílaba, ele virá à superfície nesta mesma posição”
(MAGALHÃES, 2004, p.149). Contudo, o candidato (b), violando R
IGHT
M
OST
, acaba por
gerar um lapso (duas sílabas átonas adjacentes), ferindo a propriedade rítmica do acento
(PRINCE, 1983). Já o candidato (a), o que emerge como ótimo no output, respeita
R
IGHT
M
OST
e viola G
RID
-µ
µµ
µH
EAD
, eliminando, assim, o lapso.
87
Quanto à redução vocálica neste tipo de configuração, uma situação prevista por
Magalhães (2004), e que aqui merece ser abordada: a redução é licenciada quando uma marca
de grade que indica o cabeça de algum constituinte, por não possuir um elemento
descendente, fica suscetível à redução. Isso acontece nas palavras proparoxítonas com três
sílabas leves como fôlego, exposta acima, e, também, pêssego, entre muitas outras. A palavra
pêssego, por exemplo, possui como cabeça do pé a sílaba /pe/, com a mora que a consolida
como cabeça projetada um nível acima das demais. Enfim, o fato de essa mora não possuir
elementos dependentes licencia uma realização como pêssigu além da obrigatória pêssegu:
(39)
x
( x x )
µ µ µ
pê . sse . go
O interessante, aqui, é perceber que a proposta de Magalhães (2004), e ele não
clarifica essa questão, requer uma espécie de ternário, ao menos para tratar das
proparoxítonas com a configuração CV.CV.CV, já que temos três sílabas ligadas a um só pé.
A primeira vista, esta formação de pés (ternários), fere T
ROCHEE
incondicionalmente,
já que este princípio exige que, dentro do pé, toda marca de grade tenha um dependente à sua
direita, formando um Troqueu (x ), essencialmente binário. Todavia, o mesmo princípio
exige obediência à Headedness, incorporada da TRA, que demanda que o cabeça de uma
sílaba seja a mora proeminente da sílaba (o que é atendido tanto pela sílaba quanto sse, que
possuem cada uma sua marca de grade), o cabeça do seja a sílaba proeminente do e,
conseqüentemente, o cabeça da palavra prosódica seja o pé proeminente dessa palavra
87
O candidato (b), eliminado, exige redução nas duas sílabas finais fôligu, e o candidato (a) faz com que a forma
fôlegu possa emergir no output. Contudo, a variação fôligu ~ fôlegu é plena na língua. A proposta de Magalhães
(2004), por propor apenas uma saída, não consegue lidar com esse fato, que é uma realidade da língua.
101
(condições atendidas somente por ). Nesse sentido, a estrutura em (51), de certa maneira,
“atende” T
ROCHEE
. Porém, esse argumento é parcial e insatisfatório, e, com toda certeza, essa
é uma questão ‘obscura’ da proposta de Magalhães (2004).
4.6.2 A Proposta de Oliveira & Lee (2006)
A proposta de Oliveira & Lee (2006) está voltada para a variação lingüística. Os
autores oferecem “um esboço de modelo fonológico que possa lidar de modo mais atraente
com a variação lingüística” (OLIVEIRA & LEE, 2006, p.15). Esta proposta, ou melhor, este
modelo teórico, ainda em estagio preliminar, e que tem como base de aplicação os
mecanismos oferecidos pela Otimalidade, concilia e, conseqüentemente, se sustenta em dois
níveis diferentes: o da produção, nível que, já de longa data, é o foco de atenção dos lingüistas
(cf. COURTENAY citado por CÂMARA JR. 1965, JONES, 1932 e 1950, citados por
OLIVEIRA & LEE, 2006) e o nível da percepção lingüística, pouco discutido na literatura.
Produção e percepção que, aliadas a outros fatores, formam o objeto língua e constituem, na
verdade, faces de uma mesma “moeda”, mas que, nem sempre, ao menos metodologicamente,
caminham em conjunto.
Além de fornecer os meios para que uma análise via TO possa conceber a variação e
reunir, no mesmo mecanismo formal, percepção e produção, o mais interessante deste modelo
é, também, o fato de ele incorporar o modelo de DL. Dessa forma, Oliveira & Lee (2006)
concebem a mudança lingüística como um processo que se implementa lexicalmente, e
buscam, a partir dessa concepção, representar, neste modelo teórico, o fato de que “para
alguns falantes de uma mesma língua, algumas palavras completaram a migração enquanto
que, para outros falantes, estas mesmas palavras ainda permanecem em sua posição inicial”
(grifos dos autores – OLIVEIRA & LEE, 2006, p.17).
Voltado para a análise da variação das vogais pré-tônicas
88
, o modelo fonológico
proposto pelos autores gira em torno de uma pergunta maior – “se os falantes de uma língua X
não falam do mesmo modo, como é que eles se entendem?”(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.13).
Mascarada por muitas das propostas e modelos lingüísticos anteriores e de uma complexidade
maior do que uma primeira impressão possa causar, tal pergunta, além de refletir uma
realidade da língua, expressa em seu âmago o cerne deste modelo. No caso do Português do
88
As análises e princípios aqui postulados voltam-se para as vogais pré-tônicas, já pesquisadas pelos autores e
que há algum tempo vêm sendo o foco de suas atenções.
102
Brasil, pode ser exemplificada, grosso modo, no porquê de um vocábulo como câmera, por
exemplo, ser entendido como um elemento, tendo, assim, um conteúdo para todos os
falantes nativos, a do objeto {câmera}. Isso independente da realização fonética que o
vocábulo possa vir a assumir, se câmera, com total fidelidade ao input, ou, em uma
possibilidade mais remota, como câmira, sem prejuízo para o sentido. E vale lembrar que essa
liberdade se limita às vogais médias e altas, que se o mesmo vocábulo sofresse não um
processo de alçamento, mas de abaixamento, teríamos o item câmara, o que nos daria outro
elemento, e, conseqüentemente, outra representação mental compartilhada
89
.
Regulando essa mobilidade da língua, está, segundo os autores, envolvida uma série
de princípios, que são incorporados pelos falantes durante a fase de aquisição da linguagem.
Com essa hipótese em mente, Oliveira & Lee (2006) supõem, mesmo que em tons
afirmativos, que a aquisição de uma determinada língua, ao menos no que diz respeito ao
nível fonológico, está intimamente relacionada à aquisição de princípios gerais que permitem
aos falantes legitimar uma determinada expressão desta língua como sendo uma expressão A,
B ou C, ou seja, essas expressões veiculam significados diversos de acordo com os princípios
que obedecem. Isso posto, temos, no PB, dentre os vários princípios que se possam eleger, o
seguinte princípio:
(40)
P1:
O contraste (e a oposição entre conteúdos) de base vocálica é,
preferencialmente, estabelecido através de vogais acentuadas.
(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.15)
Esse princípio garante as diferenças semânticas em vocábulos cujo contraste se dá
apenas na tônica, como no tradicional exemplo saco, sêco, (eu) séco, sôco, (eu) sóco, suco e
sico”, a marca de algum produto, por exemplo. Quanto aos vocábulos em posição átona, o
que se tem são os princípios 2 e 3, P2 é apresentado da seguinte forma:
(41)
P2:
O contraste (e a oposição entre conteúdos) de base vocálica de vogais médias,
em posição não-acentuada, é, preferencialmente, estabelecido através da
anulação do traço [ATR].
(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.16)
89
Convém lembrar, entretanto, que, no dialeto belo-horizontino, é comum pronunciar-se câmara para câmera, a
diferenciação fica por conta do contexto.
103
A aquisição do P2 garante aos falantes diferenciar vocábulos como quebrar e cobrar,
apresentados pelos autores. O mesmo se entre os vocábulos que se opõem pela átona final
como cole, colo, e tantos outros, cujo contraste ocorre em sílaba não-acentuada, anulando-se o
traço [ATR]. o P3, responsável por responder a pergunta da página anterior, sustenta-se,
exclusivamente, no plano da percepção e a ele se dirige. Esse princípio é exposto do seguinte
modo:
(42)
P3:
Vogais médias, em posição pretônica, podem sofrer ajuste quanto ao traço
[Height], sem conseqüências para o conteúdo.
(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.16)
É a aquisição do P3 que garante aos falantes de uma língua X a compreensão
compartilhada de conteúdos, ou seja, esse princípio permite que os falantes do PB
reconheçam {colégio} independentemente de sua produção, se cólégio, colégio ou culégio,
ou, ainda, aplicado aos itens proparoxítonos, permite, por exemplo, a compreensão de
cócóras, cócoras e cócuras, ou épóca, época e épuca como {cócoras} e {época}, vocábulos
de X. E devido ao fato de as vogais pretônicas e postônicas terem comportamentos
semelhantes nesse aspecto, poderíamos transpor o princípio exposto em (42) como (43), sem
prejuízos para a análise dos autores e sem que seja necessário estabelecer outro princípio, ou
seja, sem que seja necessário um P4. Dessa forma, tem-se:
(43)
P3:
Vogais médias, em posição
postônica
, podem sofrer ajuste quanto ao traço
[Height], sem conseqüências para o conteúdo.
Dentre os princípios gerais que os falantes dominam, os expostos acima representam
apenas uma pequena parte dos que podem vir a ser postulados, postulações essas feitas de
acordo com os fatos apresentados pela língua, aqui, o Português falado no Brasil. Esses
princípios subordinam ou são subordinados a outros princípios, que, definidos como “nós” ou
“pontos” pelos autores, “ainda precisam ser determinados” (OLIVEIRA & LEE, 2006, p.16).
Nessa teia de dominados e dominantes, P3, por exemplo, um princípio menor (sem nenhum
juízo de valor embutido nessa denominação), se subordina ao P2. Isso significa que, em se
tratando de sílaba átona, caso a expressão não sofra oposição de significado (o que se daria
pela ação do P2), é o P3 que age, podendo ocasionar alterações na forma da expressão, mas
não na do significado.
104
Dessa forma, excluindo a possibilidade de a oposição se dar pela sílaba tônica, o que
ocorreria de acordo com o P1, e, também, a ação de P2, que, como visto, é responsável por
diferenciar a vogal pretônica dos vocábulos veão
90
de viação, por exemplo, é que se P3,
produzindo ajustes na forma sem, contudo, causar alteração de significado. Assim, pela ação
deste princípio, como esperamos já ter deixado claro, os falantes reconhecem {vértebra},
independente da forma como pronunciam, se vértébra, conforme a harmonia, vértibra,
reduzindo a vogal média à alta, ou mantendo a fidelidade ao input, vértebra.
Para melhor lidar com a variação lingüística o modelo de Oliveira & Lee (2006)
requer que princípios gerais, como P1, sejam adotados por todos os falantes, isso no nível da
percepção (o que propicia a compreensão e, conseqüentemente, a comunicação) e que, no
nível da produção, por serem funções dos princípios maiores, os chamados princípios
menores tenham sua aplicação condicionada ao indivíduo e ao item lexical por ele proferido.
Para operacionalizar esta idéia em termos de Otimalidade, Oliveira & Lee (2006)
assumem algumas premissas: (a) há, nos moldes da GU reinterpretada pela TO, uma
Gramática de Dupla Face, uma relativa à produção e outra à percepção; (b) para haver
comunicação, o falante nativo deve ser capaz de mapear as várias possibilidades de
alternância entre as vogais, embora a forma fonética seja diferente da por ele produzida; (c) a
gramática responsável pela percepção assume um “papel essencial para explicar a variação
lingüística”, já que, como veremos abaixo, “a variabilidade fonética é prevista pela gramática”
(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.19) e, enfim, (d) a gramática de produção, por razões diferentes
das de Magalhães (2004), permite apenas que um output venha a emergir como ótimo, e
representa, como dito, um indivíduo pronunciando um item léxico por vez. Nos tableaux
abaixo, pode-se perceber como essas premissas se comportam:
(L) Gramática de Percepção:
/modϯrno/
IDENTSTR., IDENT [+HIGH]
IDENT [+LOW]
AGREE *MID IDENT(HEIGHT) IDENT
(ATR)
a. modϯrno
* *
b. mѐdϯrno
* *
c. mudϯrno
* *
(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.21)
90
Definido por Houaiss (2001, p.2.835) como 1 caçada de animais ferozes ou de montaria 2 o conjunto dos
animais mortos na caçada 3 prato preparado com a carne dessa caça”.
105
Na gramática de percepção, todos os candidatos vencem que após Cut-Off o
mecanismo EVAL não ranqueia as restrições. A linha dupla representa o mecanismo Cut-Off,
originalmente proposto por Coetzee com o intuito de representar a ordenação entre candidatos
variáveis, e que aqui, no modelo de Oliveira & Lee (2006), separa restrições categóricas de
restrições alternantes. À esquerda de Cut-Off, garantindo o contraste nas sílabas tônicas e a
constante realização fonética de [a], [i] e [u] estão, respectivamente, a restrição I
DENT
S
TR
e as
restrições I
DENT
[+H
IGH
] e I
DENT
[+L
OW
], ao lado direito de Cut-Off não ranqueamento
entre as restrições, e é isso que representa, na gramática de percepção, a compreensão
compartilhada dos falantes, dando margens para que todas as formas sejam percebidas como
variações de um mesmo input.
As variações são exploradas em seu caráter máximo de alcance, ou seja, como o
exemplo (L) bem demonstra, todas as possibilidades de realização da palavra são selecionadas
por GEN. “a gramática de produção é um subconjunto da gramática de percepção”
(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.22) e, por conseguinte, ao menos quanto ao objeto aqui em foco,
a variação está no que se percebe e não na produção, que é categórica para cada item, e essa
constatação não é especulativa. Isso nos deixa com dois tipos de representação, a abstrata,
pertencente à percepção, e a forma fonética, relativa à produção. A gramática de produção é
representada conforme os tableaux expostos em (M):
(M) Gramática de Produção:
(a)
/modϯrno/
I
DENT
S
TR,
I
DENT
[+H
IGH
]
I
DENT
[+L
OW
]
I
DENT
(H
EIGHT
)
I
DENT
(A
TR
)
*M
ID
A
GREE
a. modϯrno
*
b. mѐdϯrno
*! *
c. mudϯrno
*! *
(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.21)
106
(b)
/modϯrno/
I
DENT
S
TR.,
I
DENT
[+H
IGH
]
I
DENT
[+L
OW
]
A
GREE
* M
ID
I
DENT
(H
EIGHT
)
I
DENT
(A
TR
)
a. modϯrno
*! *
b. mѐdϯrno
* *
c. mudϯrno
*! *
(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.21)
(c)
/modϯrno/
I
DENT
S
TR.,
I
DENT
[+H
IGH
]
I
DENT
[+L
OW
]
* M
ID
A
GREE
I
DENT
(H
EIGHT
) I
DENT
(A
TR
)
a. modϯrno
*! *
b. mѐdϯrno
*! *
c. mudϯrno
* *
(OLIVEIRA & LEE, 2006, p.22)
Aqui, cada candidato é eleito de acordo com a produção do falante e do item léxico
por ele pronunciado. Por exemplo, João fala mudérno, reduzindo a vogal pré-tônica, Maria
fala modérno, sendo fiel ao input, e Pedro módérno, harmonizando a vogal pré-tônica a
tônica. Logo a gramática de João para o item lexical /modérno/ é a representada no tableau
(c), a de Maria a do tableau (a) e a de Pedro a do tableau (b). Contudo, nada impede que a
produção de uma palavra como modésto, por exemplo, com o mesmo contexto da palavra
modérno, seja pronunciado por João como modésto e por Maria como mudésto, que
pronunciavam mudérno e modérno, respectivamente. Essa é uma ‘flexibilidade’ real da
língua, aceita pelo modelo da DL e também por este modelo, essencialmente difusionista e
baseado na Otimalidade.
Aplicando esse modelo às postônicas não-finais, mais especificamente a uma palavra
como víbora, por exemplo, teríamos, nos moldes apresentados acima, uma representação
como a exposta em (N):
107
(N)
Gramática de Percepção:
/víbora/
I
DENT
S
TR.,
I
DENT
[+H
IGH
]
I
DENT
[+L
OW
]
A
GREE
*Mid
I
DENT
(H
EIGHT
) I
DENT
(A
TR
)
a. víbora * *
b. víbѐra
* *
c. víbura * *
Gramática de Produção:
(a)
/víbora/
I
DENT
S
TR,
I
DENT
[+H
IGH
]
I
DENT
[+L
OW
]
I
DENT
(H
EIGHT
)
I
DENT
(A
TR
)
*M
ID
A
GREE
a. víbora *
b. víbѐra
*! *
c. víbura *! *
(b)
/víbora/
I
DENT
S
TR.,
I
DENT
[+H
IGH
]
I
DENT
[+L
OW
]
A
GREE
* M
ID
I
DENT
(H
EIGHT
)
I
DENT
(A
TR
)
a. víbora *! *
b. víbѐra
* *
c. víbura *! *
(c)
/víbora/
I
DENT
S
TR.,
I
DENT
[+H
IGH
]
I
DENT
[+L
OW
]
* M
ID
A
GREE
I
DENT
(H
EIGHT
) I
DENT
(A
TR
)
a. víbora *! *
b. víbѐra
*! *
c. víbura * *
108
Como os tableaux acima apontam, para que uma forma ótima que priorize a fidelidade
ao input seja eleita, as restrições de identidade (I
DENT
(H
EIGHT
) e I
DENT
(A
TR
)) são
ranqueadas acima das outras, como demonstra o tableau (a), dos exemplos (M) e (N). No
mesmo diapasão estão os outputs que elegem a redução vocálica, nos quais a gramática de
produção ranqueia em posição mais alta a restrição que exclui vogais médias na posição átona
(* M
ID
), tableaux (c), e os outputs que priorizam a harmonia vocálica, sendo higher-ranked a
restrição de concordância (A
GREE
), como expõem os tableaux dos exemplos (b).
Pode-se dizer, portanto, que não , para este modelo teórico, grandes diferenças, ao
menos quanto à representação em si, entre as vogais pré-tônicas e postônicas não finais,
objeto desta dissertação. Contudo, uma diferença importante quanto às postônicas não finais,
e que aqui merece ser apreciada, se quantos aos princípios estabelecidos pelos autores,
mais propriamente quanto ao P2. Segundo Oliveira & Lee (2006, p.20), o falante nativo do
PB não distingue entre as vogais médias abertas e as vogais médias fechadas nas posições
átonas não finais na sua percepção”, o que significa que vogais médias, tanto as fechadas
quanto as abertas, têm uma espécie de ‘trânsito livre’ nesta posição silábica. Ou seja, vogais
médias de itens lexicais proparoxítonos, quando em posição postônica não final, alternam-se
livremente, sem prejuízos para o sentido. Os vocábulos horóscópo e horóscopo para
{horóscopo}, por exemplo.
Evidencia-se, também, a mesma liberdade entre as vogais médias altas e altas na
referida posição, como nos exemplos citados câmera e câmira para {câmera}. Essa
alternância não apresenta qualquer diferença de conteúdo, a não ser quando saímos das vogais
médias e passamos à vogal baixa, o que nos daria outro item lexical, câmara, e, obviamente,
outro conteúdo. Entretanto, o mesmo não ocorre quando tratamos de vogais pré-tônicas e das
átonas finais (cf. os exemplos quebrar-cobrar e cole-colo, avô-avó). É o P3 o responsável por
permitir a redução das vogais médias altas para vogais altas na posição postônica não final,
fenômeno que, como apontado anteriormente, ocorre no dialeto belo-horizontino.
4.6.3. A Proposta de Oliveira (2006)
Embora existam algumas semelhanças entre as propostas de Oliveira & Lee (2006) e
Oliveira (2006), pode-se, num aparente paradoxo, apontar grandes diferenças entre elas. Entre
as importantes semelhanças estão a concepção de variação, a preocupação em aliar produção
109
à percepção lingüística, e, também, o fato de ambas considerarem que a implementação de
uma forma variante na fala é sensível ao par {indivíduo-item léxico}. (OLIVEIRA, 2006,
p.20).
Guiado por uma clara influência chomskyana, Oliveira (2006) não deixa de assumir a
linha mestra do pensamento desse autor, especialmente no que diz respeito às preocupações
que o impulsionaram à formulação do Programa Minimalista (uma reformulação da Teoria
Princípios e Parâmetros), quais sejam, simplificar análises, eliminar estipulações descritivas e
outras soluções de «engenharia lingüística», e abordar problemas perenes de frente, sem
rodeios. (CHOMSKY, 1999, p.24).
Oliveira (2006), que parece ser guiado por esse ideal de simplificação, propõe que a
variação seja vista como uma propriedade da Língua-I e, caso se manifeste na Língua-E, é
implementada lexicalmente e de acordo com cada indivíduo, como prevê o modelo
difusionista. Essa concepção implica em um input definido no nível do indivíduo e do item
lexical, e não um input único para toda a comunidade. É essa concepção que, de certa forma,
o leva a abandonar a necessidade de usar tableaux para representar a gramática.
Como previsto por Oliveira & Lee (2006), a variação lingüística, para Oliveira (2006),
também ocorre no vel abstrato. Contudo, apesar de baseados nos mesmos dados, a
justificativa para tal abstração é diferente nesta proposta. Para este autor a abstração deve-se
ao fato de a variação, persona non grata das teorias lingüísticas, ser licenciada pela
arquitetura interna da faculdade de linguagem, através de princípios que regulam o sistema
computacional. (OLIVEIRA, 2006, p.20).
Para Hauser, Chomsky & Fitch (2002), autores que dão subsídio à hipótese de Oliveira
(2006), um sistema sensório-motor, um conceitual-intensional e um computacional
formando a faculdade da linguagem. Para eles, os seres humanos têm, entre outras habilidades
mentais, as que os possibilitam discriminarem sons vocais, categorizarem esses sons em
classes prototípicas de fonemas e perceberem cada classe em sua individualidade. É o sistema
computacional, aliado aos outros sistemas descritos por Hauser, Chomsky & Fitch (2002),
ainda tão pouco explorados pela ciência moderna (não pela ciência lingüística como por
todas as outras), que possibilita, por exemplo, a compreensão das paroxítonas soco, sóco,
suco como palavras diferentes e das proparoxítonas método, métódo e métudo como variações
de uma mesma palavra. E convém frisar que em ambos os casos o indivíduo processa a
informação da mesma maneira: diferenciando os fonemas [o], [ѐ] e [u]. Nesses exemplos,
temos palavras que se separam apenas por esses fonemas vocálicos; porém, no primeiro
110
grupo, esses fonemas formam pares mínimos (soco, sóco, suco) e, no segundo grupo, os
mesmos são representantes de uma oposição fonológica neutralizada (método, métódo e
métudo). E essa diferenciação ou categorização é um dos inúmeros e inimagináveis
mecanismos que esses sistemas, que agem em conjunto e que são separados apenas
metodologicamente, são capazes de operar.
Essas operações, contudo, se dão na Língua-I, sendo, assim, uma preocupação do nível
da percepção lingüística. No que concerne à produção lingüística, Oliveira (2006) destaca que
o indivíduo compreende as várias formas variantes, mas pronuncia, quase sempre, apenas uma
delas. A variação intra-individual, que existe e não pode ser ignorada. (OLIVEIRA, 2006,
p.19), é, com base no corpus utilizado pelo autor, considerada uma situação marcada na
língua, pelo menos no que diz respeito aos processos fonológicos e à posição silábica que
analisa.
Essa idéia de variação pertencente ao nível individual deriva das premissas
difusionistas que o autor assume e, principalmente, de dados que a própria língua fornece.
Assim, voltada para o PB, mais especificamente para o alçamento das vogais pretônicas, a
proposta de Oliveira (2006) assume que (1) vogais médias em posição pretônica possuem três
variantes em potencial (que respeitam a fidelidade, a redução ou a harmonia); (2) dialetos
diferentes possuem maneiras diferentes de propagar os processos sonoros pelo léxico; (3)
apesar de utilizarem os mesmos mecanismos, a confecção da representação fonética varia de
indivíduo para indivíduo.
Essas hipóteses, que se apóiam, sobretudo, nos dados, apontam para duas realidades da
língua, uma relativa aos itens lexicais (enquanto alguns itens apresentam uma realização
categórica, outros apresentam variação de fato) e outra aos falantes (dos itens que apresentam
variação, alguns indivíduos possuem uma realização categórica de uma variante para um item
lexical específico enquanto outros possuem uma realização categórica de outra variante para o
mesmo item). A primeira hipótese se refere às realizações categóricas como as das palavras
semana (fidelidade), que não apresentou nenhuma ocorrência de simana (redução), e,
contrariamente, burracha (redução), com nenhuma ocorrência de borracha (fidelidade), por
exemplo, e, ainda, palavras variáveis como serviço e sirviço, que alternam entre fidelidade e
redução, e colégio, culégio e cólégio, que, além dos fenômenos anteriores, também
apresentam a harmonia vocálica. A segunda hipótese se refere ao fato de itens variáveis, como
os apresentados anteriormente, se realizarem categoricamente para falantes diferentes. Isto é,
dada a variação de colégio, cólégio e culégio, por exemplo, o falante A pronuncia sempre
colégio, o B cólégio e o C culégio.
111
Ao se considerar as palavras e não as vogais pertencentes ao ambiente em que tais
processos fonológicos ocorreram, tem-se de concordar com Oliveira (2006) quando coloca em
questão se realmente variação quando o que está em pauta são os casos de realização
individual categórica para palavras variantes. Duas perguntas principais emergem
naturalmente dessa constatação: (1ª) por que, dependendo do item lexical e do falante, elege-
se um ou outro processo fonológico? (2ª) se é isso que realmente ocorre, a variação não seria,
então, menor do que a prontamente verificável?
Contrariando a concepção da sociolingüística laboviana, e no intuito de responder a
essas questões, o autor problematiza o próprio conceito do que é ou não uma forma variável.
Baseado na existência de pronúncias individuais categóricas para palavras variantes no
dialeto, ele diz, assim como proposto em Oliveira (1992), ser o comportamento [lingüístico]
do indivíduo mais homogêneo que o comportamento da comunidade de fala. (OLIVEIRA,
2006, p.16). Aponta, ainda, que esses casos:
são problemáticos para qualquer abordagem fonológica que se baseie em alguma
versão da noção de opcionalidade, uma vez que outputs múltiplos, ou são
inexistentes, ou são reduzidos. E são problemáticos também para uma análise
sociolingüística tradicional, baseada em regras probabilísticas, e que teria como
base o comportamento do grupo (da comunidade de fala) e focalizaria os sons (e
não as palavras). (OLIVEIRA, 2006, p.16)
Assim, afirma ser muito difícil, senão impossível, prever por regra, seja ela opcional
ou probabilística, a ocorrência de RV [Redução Vocálica] no dialeto de BH (OLIVEIRA,
2006, p.15). Dessa forma, este modelo descarta as regras opcionais propostas pelo modelo
gerativo padrão e as regras probabilísticas da sociolingüística laboviana, ao menos para
explicar o objeto aqui focalizado – a variação das vogais médias.
Cabe ressaltar, por fim, como se a congruência desta proposta com a Otimalidade,
que parece ter ficado um pouco de lado. No que se refere à variação das vogais pretônicas,
Oliveira (2006) destaca que não ordenação entre os processos que conduzem o falante a
escolher a fidelidade (FAITH), a redução vocálica (RV) ou a harmonia vocálica (HV), e,
como os dados por ele analisado demonstram, os três processos são recorrentes no dialeto de
Belo Horizonte. Qualquer uma das realizações derivadas de tais processos pode vir a ser
escolhida, cabendo à comunidade abortar ou aceitar o candidato ótimo. Dessa forma, a
comunidade (ou sociedade) não determina se a mudança irá ou não ocorrer, ela apenas
controla a propagação dessa mudança.
112
4.7 Considerações Finais
Vistos os pressupostos básicos da TO, coube salientar como esta teoria se relaciona à
pesquisa, no intuito de discutir e reanalisar o processo aqui em foco sob a perspectiva ótima.
Considerando que essa é uma teoria que não se centra nas formas subjacentes, buscou-se
demonstrar as realizações fonéticas das vogais médias, em posição postônica não final, do
dialeto belo-horizontino, tendo a preocupação de: (a) analisar as alternâncias vocálicas entre
essas vogais em termos da TO; (b) discutir as restrições necessárias para dar conta do sistema
vocálico do dialeto belo-horizontino; (c) discutir a variação lingüística desse processo em
termos da TO.
Todas as propostas apresentadas nas seções anteriores têm seu valor, porém nenhuma
delas é totalmente imune. O modelo de Magalhães (2004) tem a grande vantagem de excluir a
extrametricidade, que, de fato, é um mecanismo ad hoc, mas não se enquadra às hipóteses
assumidas neste trabalho, essencialmente difusionistas e variacionistas. Isso porque permite,
por argumentos não muito convincentes, que somente um candidato possa emergir como
output ótimo, e, assim, não dá conta da variação lingüística.
Já a proposta de Oliveira & Lee (2006) tem a grande vantagem de assumir os preceitos
da DL, além de incorporar a variação em sua análise, sendo, especialmente por esses motivos,
plenamente aplicável a este trabalho. Contudo, os exemplos de variações pessoais persistem
como um incômodo contra-exemplo para a principal hipótese assumida neste modelo: a de
que a variação se dá em nível abstrato e não na produção.
Pelos “corajosos” pressupostos que açambarca, a proposta de Oliveira (2006) é, assim,
a mais ousada, sendo, quiçá, a que mais se aproxima do nível explicativo que toda teoria
almeja. Apesar de assumir a variação apenas no campo abstrato, assim como em Oliveira &
Lee (2006), essa proposta chega a permitir variações pessoais no dialeto, apesar de considerá-
las inexistentes ou reduzidas (vide OLIVEIRA, 2006, p.16). E, nesse ponto, a proposta de
Oliveira & Lee (2006) é menos flexível, pois não abre espaço para que essas variações
possam ocorrer. Todavia, todas essas propostas ainda precisam de maior comprovação
empírica, principalmente no que se refere à variação lingüística (o maior desafio da Ciência
da Linguagem). Nesta pesquisa, pretende-se acrescer as hipóteses de Oliveira (2006) com
dados empíricos que as comprovem ou as refutem.
113
5 O MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
5.1 Introdução
Neste capítulo, faz-se uma breve descrição do contexto histórico, socioeconômico e
geográfico do município de Belo Horizonte. A apresentação desse contexto é importante para
que se possa caracterizar a comunidade de fala onde esta pesquisa se realizou e,
conseqüentemente, apontar os fatores não estruturais (ou sociais) que se mostraram relevantes
para essa comunidade, e, também, o quão recente é a formação de um dialeto genuinamente
belo-horizontino.
5.2 Caracterização Histórica
Para Paula & Monte-Mór (n.d.), a história desse município pode ser dividida em três
momentos característicos. O primeiro momento, de 1897 a 1950, inicia-se na inauguração da
capital mineira, poucos anos depois da Proclamação da República (1889), quando, em
oposição ao regime monárquico, se consolidavam novos interesses políticos e econômicos no
país. Cidade planejada, a capital deveria estar sintonizada com os ideais positivistas de
renovação e progresso, substituindo a antiga capital Ouro Preto, expressão da velha ordem
imperial.
O antigo Arraial do Curral Del Rey, formado a partir do povoamento no entorno da
próspera Fazenda do Cercado, foi escolhido para abrigar a capital que viria a ser a síntese dos
novos tempos. A escolha do local para sediar a capital mineira levou em conta a proteção
contra os ventos frios e úmidos, garantida pelas serras do Curral e de Contagem, as qualidades
climáticas e topográficas, os mananciais de água de boa qualidade, suficientes para abastecer
sua futura população, entre outros aspectos da região. Dentro da mesma noção positivista de
progresso, o planejamento da capital estabelecia a separação entre as áreas rural, suburbana e
urbana, esta delimitada pela Avenida do Contorno.
Belo Horizonte foi, sob vários aspectos, uma espécie de vitrine do novo regime.
Inspirada em grandes capitais mundiais, como a francesa Paris e a americana Washington, e
114
planejada de acordo com uma nova concepção de estética urbana, as ruas largas e simétricas,
as avenidas arborizadas, as numerosas praças, os espaços públicos generosos, o grande parque
central da cidade, entre outros pontos marcantes, corporificavam uma nova proposta de vida
comunitária, acolhedora para seus futuros moradores.
Contudo, é importante salientar que este ideal republicano nunca foi inteiramente
democrático e carregou sempre certos traços de exclusão e autoritarismo, como se pode
perceber nas palavras do Padre Francisco Martins Dias sobre a conduta de Aarão Reis
(técnico responsável pelo planejamento e execução das obras na nova capital mineira).
Mais de uma vez ouvimo-lo dizer, é verdade, que não queria nenhum dos antigos
habitantes de Belo Horizonte dentro da área urbana ou suburbana traçada para a
nova cidade, e que tratasse o povo de ir se retirando, mas se, como efeito, eram
esses os planos e o desejo do Dr. Aarão, não se realizaram, porque foram
modificados e abandonados; e, como se viu e se ainda, grande parte dos
habitantes permanecem no arraial. (DIAS, 1897, p. 84 citado por PAULA &
MONTE-MÓR, n.d.).
Relativamente isolada e com um precário sistema de transportes, a cidade foi
construída em tempo recorde. Foi planejada para abrigar uma população de no máximo 200
mil habitantes e ser um centro político e administrativo. Era explícita no plano a determinação
que ditava que a capital não reivindicaria o status de pólo econômico. As atividades
econômicas, as estruturas produtivas, de comércio e serviços que viesse a abrigar seriam
aquelas necessárias ao atendimento das demandas por bens e serviços dos moradores, isto é, a
industrialização não estava em seu traçado.
Os planejadores entendiam que a simples presença da capital do estado em região
central do território induziria uma reconfiguração espacial das atividades econômicas, da
infra-estrutura viária, de transportes e comunicações, incentivando os movimentos migratórios
que redefiniriam a ocupação do espaço mineiro por meio de efetivo processo de integração e
rearticulação regional. Como aponta Wirth (1982), a capital mineira seria, em conseqüência
desta estratégia, o epicentro da tentativa de uma nova rearticulação regional, que buscaria
integrar um estado que por mais de um motivo era visto como um mosaico.
O fato é que Belo Horizonte contrariou, em vários aspectos, o plano original, seja pelo
crescimento demográfico, que rapidamente transcendeu o planejado, seja pela expansão das
atividades econômicas que, efetivamente, transformaram a cidade num pólo econômico com
significativos impactos sobre várias regiões do estado, destoando, no essencial, do plano que a
queria um pólo político-administrativo. A tabela 1 demonstra o crescimento demográfico do
município na primeira metade do século XX.
115
TABELA 1
População de Belo Horizonte (1900-1950)
Nº. de habitantes Taxa de crescimento médio anual
1900
1905
1910
1915
1920
1925
1930
1935
1940
1945
1950
13.472
18.662
33.245
45.741
56.914
81.396
116.981
167.712
214.307
272.910
352.724
7,70
15,62
7,50
4,88
8,67
8,67
8,67
5,55
5,46
7,11
Fonte: GIANNETTI, 1951; Prefeitura de Belo Horizonte, 1985.
Duas constatações podem ser feitas de imediato a partir dos números apresentados
acima: (1) em 1940 a cidade tinha ultrapassado a população máxima prevista no plano (200
mil habitantes); (2) esse crescimento demográfico deve ser visto como resultado de um
significativo processo de expansão econômica. O crescimento da população deve-se tanto à
migração (a cidade atraiu moradores de várias partes do estado) quanto à imigração (recebeu
levas de imigrantes, principalmente italianos e portugueses).
Dessa forma, a expansão sofrida por Belo Horizonte inicia-se ainda no primeiro
momento traçado por Paula e Monte-Mór (n.d.), mais precisamente nas décadas de 20, 30 e
40, que representaram um dos períodos áureos da industrialização da região, especialmente
pela propagação dos mercados e serviços e pela expansão do setor mínero-siderúrgico (que se
tornou grande fonte de geração de empregos). Esse setor tinha em Belo Horizonte sua
centralidade, seja como espaço de produção, seja, sobretudo, como sede dos serviços de
apoio. Ainda como um reflexo do grande impulso na indústria belo-horizontina, surgiu, em
1941, a Cidade Industrial, na localidade de Ferrugem, município de Betim, e a Cidade
Industrial de Contagem. As formações de distritos industriais como esses e, também, de
cidades-dormitório nos municípios vizinhos iriam constituir posteriormente a Região
Metropolitana de Belo Horizonte.
A expansão do setor industrial, incentivada pelo setor mínero-siderúrgico, terá seu
momento de consolidação, e de quase esgotamento de suas possibilidades de expansão, nas
décadas de 50 e 60. Assim, o segundo momento da história de Belo Horizonte (1950-1980)
inicia-se em um cenário em que os setores industriais e de serviços já se encontravam
consolidados. A partir dos anos 50, a cidade começa a sentir, de fato, os reflexos de um
intenso fluxo de migração interna, muitas pessoas vindas do interior do estado se
116
estabeleceram no município nessa época. A população dobra de tamanho, passando de cerca
de 350 mil para 700 mil habitantes. Nos anos 60, Belo Horizonte vivencia um processo
acelerado de crescimento urbano, o que gerou grandes impactos nas mais variadas áreas.
Entre elas está a própria estrutura da cidade, casas e áreas verdes foram demolidas e prédios
altos começaram a se erguer, em um processo de descaracterização da “Cidade-Jardim”.
Atendendo à gica do desenvolvimento, a verticalização ocorre de fato na década de 70,
comprometendo as características originais da cidade e o seu patrimônio arquitetônico. E é
nesse cenário que o segundo momento da história de Belo Horizonte se encerra, com a efetiva
consolidação da cidade como pólo econômico, tanto pela implantação de parque industrial
significativo quanto pela diversificação e expansão de sua estrutura de serviços, gerando,
como visto anteriormente, um grande crescimento populacional e urbano (vide MAPA 1,
próxima página).
O terceiro momento histórico traçado por Paula e Monte-Mór (n.d.) inicia-se a partir
dos anos 80 e perdura até os dias de hoje. Esse momento é caracterizado por um conjunto de
crises que paralisam a economia brasileira e acaba impactando, negativamente, a sociedade,
que tem experimentado expressivo empobrecimento. O aumento do desemprego e o
conseqüente aumento do trabalho informal, a redução da renda do trabalhador são alguns dos
fatores apontados pelos autores e que podem ser considerados geradores (ou resultantes) desse
empobrecimento.
Alguns avanços significativos ocorreram, resultando em certa melhoria nos
indicadores de desenvolvimento humano. Contudo, não se pode negar a veemência da crise
nas mais variadas áreas. A redução da mortalidade infantil, os aumentos da esperança de vida
da população e dos níveis de escolarização são, contudo, diretamente proporcionais à
diminuição dos postos de trabalho, à redução das oportunidades para se consegui-lo, à onda
de insegurança generalizada, entre outros fatores negativos, como a falta de infra-estrutura
adequada, reflexo de um crescimento urbano, portanto desordenado.
O
MAPA 1
, exposto na próxima página, faz uma clara ilustração da ocupação do
território belo-horizontino, desde 1918, praticamente os primeiros anos da cidades, até 1995,
o que já nos dá uma idéia de algumas das passagens expostas nesta seção. Deve-se considerar,
contudo, que nesses doze anos, de 1995 a 2007, a densidade demográfica do município é,
certamente, bem maior.
117
MAPA 1: Ocupação Populacional do Território Belo-Horizontino (1918-1995)
FONTE: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, 2000
118
5.3 Aspectos Geográficos e Socioeconômicos
Segundo o último Censo Demográfico Nacional, realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2000, a cidade de Belo Horizonte é a quarta maior capital
do Brasil em população, com 2,38 milhões de habitantes. A capital mineira perdeu alguns
anos a posição de terceira maior cidade do Brasil em população, segundo dados do próprio
IBGE, para Salvador, na Bahia. Na capital baiana, os pesquisadores do instituto
contabilizaram 2,67 milhões de pessoas residentes. A primeira posição do ranking nacional
continua com São Paulo, que apresentava na época da coleta dos dados, em 2000, cerca de
10,92 milhões de habitantes. Em seguida, aparece a cidade do Rio de Janeiro, capital
fluminense, com 6,09 milhões de pessoas.
Antes de avançar no detalhamento do perfil econômico, racial e educacional dos
moradores de Belo Horizonte é preciso destacar que o IBGE atualiza o Censo Demográfico a
cada dez anos, aproximadamente. Porém, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
(Pnad) é atualizada a cada ano, desde 2002, justamente para fornecer aos agentes econômicos
e sociais informações mais novas sobre o país. Essa pesquisa vai além do recolhimento de
informações feito pelo Censo (utilizado nesta pesquisa) e reúne informações sobre raça,
escolaridade, migração, trabalho e renda do Brasil, de suas unidades federativas e de todas as
regiões metropolitanas. Como esta dissertação focaliza o município de Belo Horizonte, as
informações colhidas e mais atualizadas da Pnad não serão usadas porque se referem à Região
Metropolitana de Belo Horizonte, composta por 36 municípios, além da capital mineira, como
demonstrado no
MAPA 2
, exposto na próxima página.
119
MAPA 2: O Município de Belo Horizonte e Região Metropolitana
FONTE: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, 2000
120
Dos dados que o IBGE expõe no último senso, cabe destacar aqui a distribuição da
população belo-horizontina quanto ao sexo, faixa etária, etnia, escolaridade e trabalho e renda
(os dois últimos apresentados em outras duas subseções). Conjugados, esses dados
caracterizam esta comunidade lingüística. Quanto ao sexo, a cidade tem sua população
distribuída de maneira semelhante à média nacional. Aproximadamente 52% dos residentes
no município são mulheres e 48% homens. Um dado relevante, segundo o instituto de
pesquisa, é que 100% dos moradores se encontravam na data da pesquisa vivendo em áreas
urbanas, que correspondem aos 331 quilômetros quadrados de área total da cidade.
Quanto à faixa etária, a maior parte da população de Belo Horizonte, 46,3% do total, é
composta por pessoas que possuem de 25 anos a 59 anos. Em seguida aparece o grupo de
jovens entre 18 anos e 24 anos, que correspondem a 14,7% dos habitantes. O terceiro grupo
em participação é o que reúne pessoas de 7 anos a 14 anos, sendo 13,1%. Crianças de zero a
seis anos representavam 11,2% no ano 2000. Acima de 60 anos estão 9,1% dos habitantes. A
faixa populacional de 15 anos a 17 anos corresponde a 5,6% do total.
Quanto à etnia, o Censo Demográfico mostra que 53,6% da população residente na
capital mineira se considerava branca, 8% preta, 37,2% parda, 0,2% amarela e 0,3% indígena,
uma distribuição que o foge muito à miscigenação característica do povo brasileiro. É
importante ressaltar que 61,6% da população residente em Belo Horizonte em 2000 era
natural do município, ou seja, nascido na capital. E uma distribuição como esta é o que torna
o fator etnia irrelevante para este trabalho. Ou seja, não temos, neste município, grandes
concentrações de uma população imigrante que possa estar, de alguma forma, influenciando o
dialeto belo-horizontino, como é o caso do Rio Grande do Sul, por exemplo, onde a
comprovada influência da língua italiana, alemã e espanhola, no caso das regiões fronteiriças,
faz a relevância da medição desse fator.
5.3.1 Escolaridade
No início de 2003, o INEP/MEC divulgou as taxas de analfabetismo no Brasil
baseadas nos dados do Censo Demográfico do IBGE do ano 2000. No município de Belo
Horizonte, a taxa de analfabetismo era de 4,6%, excluindo-se os indivíduos com menos de 15
anos. Belo Horizonte apareceu como a quinta capital com as menores taxas de analfabetismo
121
na população de 15 anos ou mais, atrás de Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis e Rio de
Janeiro, nessa ordem.
A pesquisa também mediu a taxa de escolarização de acordo com o grupo de idade.
Essa taxa corresponde à proporção de pessoas de determinado grupo que freqüentam a escola.
De zero aos seis anos, 40% estavam nas escolas. Dos sete anos aos 14 anos, a taxa atingia seu
mais alto índice, de 97,8%. Em seguida, no grupo de 15 anos a 17 anos, esse índice passava
para 86,8%. Entre os jovens de 18 anos e 24 anos, o índice passava para 42,3%. Acima dos 25
anos, a taxa de escolarização caia para o mais baixo patamar, de 5,7%. Assim, o índice de
escolarização no município começa a decair a partir dos 15 anos de idade ou mais, época em
que, em geral, termina-se o ensino fundamental.
Cruzando as informações de tempo de estudo da população com as faixas etárias, o
Censo Demográfico mostra que a medida de anos de estudo da população de 10 anos ou mais
de idade em Belo Horizonte era de 7,8 anos em 2000. As crianças com 10 anos de idade
tinham, em média, 2,6 anos de estudos. Os moradores com 11 anos de idade tinham 3,4 anos
de estudos. O grupo de 12 anos de idade tinha passado por 4,3 anos de estudos. A taxa ente os
habitantes com 13 anos de idade era 5,1 anos de escola e entre os de 14 anos de idade, 5,9
anos de estudo. As pessoas com 15 anos tinham, em média, 6,6 anos de estudo.
5.3.2 Trabalho e Renda
O Censo Demográfico também apurou números relativos à condição de renda da
população de Belo Horizonte. A conclusão foi de que a renda em 51% dos 628,3 mil
domicílios da capital era de, no máximo, dois salários mínimos. O valor do salário mínimo
vigente entre abril de 2006 e março de 2007 era de R$ 350. Os domicílios com renda de dois a
três salários mínimos correspondiam a 11,7% do total. A proporção de lares com renda acima
de três salários mínimos era de 37,2%.
No que se refere à ocupação dos habitantes, ou seja, o número de pessoas com alguma
atividade remuneratória na semana da entrevista do Censo Demográfico, o IBGE constatou
que 51,4% da população de 10 anos ou mais de idade tinha algum tipo de ocupação na
semana em que foi entrevistada. Entre as pessoas de 18 anos a 24 anos o índice sobe para
122
56,3% e para 69,1% entre os que tinham entre 25 anos e 59 anos na semana da entrevista.
Acima de 60 anos, o nível de ocupação caia para 18,8%.
5.5 Considerações Finais
Enfim, buscou-se, com este capítulo, fornecer uma visão geral da comunidade
lingüística em que esta pesquisa se realizou. As informações aqui fornecidas embasaram a
escolha dos fatores relevantes, os que se mostrariam representativos no contexto social dessa
comunidade, e, também, apontaram os não relevantes, como o fator etnia, por exemplo. Além
dessa caracterização, este capítulo pode explicar, por exemplo, o porquê de algumas das
dificuldades encontradas durante a realização desta pesquisa. Uma das dificuldades que pode
ser apontada, por exemplo, se baseia no intenso fluxo migratório sofrido pelo município, um
reflexo da história do mesmo. Essa dificuldade é, enfim, achar informantes com mais de 50
anos que sejam nascidos em Belo Horizonte e, ainda, achar informantes com mais de 50 anos
que possuam pais nascidos na cidade.
123
6 HIPÓTESES, OBJETIVOS E METODOLOGIA DE PESQUISA
6.1 Hipóteses e Objetivos
Dentre as hipóteses que poderiam vir a ser postuladas, duas são primordiais, e,
atreladas às outras hipóteses que a elas se aliam, mereceram aqui um maior destaque. A
primeira prevê que a língua muda por Difusão Lexical (DL), e, portanto, assume os principais
preceitos que essa teoria assume. E o maior desses preceitos, como visto, é o de que a
mudança se propaga pelo léxico de forma gradual. A segunda encontra nas idéias de Oliveira
(1992, p.39) a sua expressão: “o comportamento [lingüístico] do indivíduo é mais homogêneo
que o comportamento do grupo” e deve ser medido separadamente.
Entrelaçadas à primeira hipótese estão algumas outras, com alto grau de
previsibilidade, e que podem ser relacionadas ao alçamento das postônicas não finais. Essas
denunciam a insuficiência do modelo Neogramático (NG) para lidar com o objeto deste
trabalho, que da regularidade neogramática, cujas postulações tendem a enxergar o produto
da mudança e não o processo, conclui-se que uma regra fonológica do tipo A
B/ C___D
aplica-se de forma simultânea a todos os segmentos que possuam tal seqüência. Ou seja, todos
os segmentos CAD tornam-se, para os neogramáticos, CBD.
Contudo, tendo em vista o pressuposto de o alçamento das postônicas não finais estar
relacionado a segmentos específicos as vogais médias altas [e,o] em direção às vogais altas
[i,u], em um contexto no qual C e D correspondem a um segmento qualquer um modelo
como o NG, que admite as exceções como fruto de empréstimos e leis analógicas, não
conseguiria lidar com algumas hipóteses da língua que aqui merecem atenção especial. Tais
hipóteses relacionam-se aos itens lexicais sempre alçados, aos nunca alçados, mesmo que
possuam ambientes para tal, e aos que ora alçam ora não. Dessa forma, contrariam os
postulados neogramáticos, pois cogitam a possibilidade de haver, no léxico, veis de
ocorrência do alçamento.
A primeira hipótese que se pode aventar (e, de antemão, sabe-se que se trata de uma
conjectura de comprovação certeira) justifica, por si, a escolha do modelo difusionista. Já que,
para uma mesma regra A
B / C___D, postula que há, no mesmo item lexical, estruturas
CBD, onde houve mudança, que co-ocorrem com estruturas CAD, onde não houve mudança.
O que nos alternâncias do tipo pró[tez]e ~ pró[tiz]e, na série anterior, e, ainda, bió[log]o ~
124
bió[lug]o, na série posterior. Essas alternâncias constituem a flutuação fonética, que são “os
casos legítimos de variação” (Oliveira, 1992, p.37-8).
A segunda hipótese pressupõe a existência de fatos, aparentemente idiossincráticos,
envolvendo os itens lexicais que possuem contexto fonológico e, portanto, são passíveis de
sofrer o processo de alçamento, mas não o sofrem. Dessa maneira, sempre apresentam
estruturas CAD, as que corporificam o resíduo propriamente dito. Um exemplo dessa
hipótese parece ser a aparente não alternância entre as formas cé[שeb]ro ~ *cé[שib]ro, sendo a
primeira a residual
91
.
A terceira, a mais intrigante, se refere aos itens lexicais que não possuem contexto
para que sofram o processo de alçamento, e, no entanto, alçam. Tanto a primeira quanto as
segunda e terceira hipóteses entrelaçam-se ao modelo de DL de forma indissociável, ferindo
os pilares das sustentações teóricas de orientação neogramática, calcado na estabilidade e
regularidade lingüística.
De acordo com as hipóteses descritas acima, pode-se dizer que um importante ponto
desta análise se concentra na verificação do real funcionamento dos processos graduais e,
talvez, dos de regularidade
92
referentes ao alçamento das postônicas não finais. Esses
processos, variacionistas por natureza, se ligam, obrigatoriamente, aos fatores estruturais, e,
de forma igualmente importante, aos fatores sociais (ambos descritos e justificados na
próxima seção), que, assim como os anteriores, são inerentes a qualquer sistema lingüístico.
E, obviamente, qualquer discussão que envolva esses fatores, em qualquer língua natural, não
pode deixar de se referir ao indivíduo e, conseqüentemente, à comunidade em que estão
organizados. E é a relação indivíduo x comunidade que nos remete à segunda hipótese maior
aqui assumida, a que, seguindo Oliveira (1992), prediz que a homogeneidade do
comportamento lingüístico do indivíduo se sobrepõe à da comunidade em que ele habita.
Essa hipótese contradiz um grande pressuposto da Sociolingüística Variacionista. Para
esta a melhor forma de solucionar questões ligadas à mudança lingüística é identificar e
compreender os padrões de variação que caracterizam a comunidade de fala (considerada
mais homogênea) em um dado momento e os aspectos sociais correlacionados a ela. E, de
fato, a comunidade de fala exerce uma influência determinante sobre o falante. E qualquer
análise que encare a língua como um instrumento de prática social o pode e não deve
91
Os Neogramáticos enxergariam este resíduo como um item léxico que nada contra a corrente da mudança,
explicando sua realização ou por empréstimo ou por analogia.
92
Contudo, “não se pode perder de vista que os processos de mudança são extremamente complexos e que,
portanto, as regularidades observadas terão sempre um caráter relativo” (FARACO, 1998, p.34).
125
ignorar essa influência. Ao considerarmos que o comportamento lingüístico do indivíduo é
mais homogêneo não estamos negando a força que a comunidade exerce sobre esse
comportamento, e é importante que isso fique bem claro. Estamos sim adotando um critério
de análise, o de que “o comportamento individual seja checado para todos os itens lexicais”
(OLIVEIRA, 1992, p.40), e só então os indivíduos poderão ser agrupados.
Isso porque, segundo Oliveira (1992), a variação lingüística é consideravelmente
menor do que tem sido tratada na literatura (cf. também SANGSTER, 2002 e MARSHALL,
2004, entre outros). Essa constatação baseia-se em dados empíricos, como a variação do item
comigo – comigo ~ cumigo –, que, dos 6 informantes medidos, 4 apresentaram [u] categórico,
1 apresentou [o] categórico, e apenas 1 informante realmente variou, [o] ~ [u]. Duas
constatações emergem desse fato: (1) itens lexicais, que podem se apresentar variáveis quando
olhamos para toda a comunidade de fala, possuem pronúncias categóricas para cada indivíduo
(a variação intra-individual existente é mínima)
93
; e, em decorrência disso, (2) não se pode
computar como variáveis os itens que possuem pronúncias categóricas dentro da mesma
comunidade de fala (sendo “ou categoricamente atingidos ou categoricamente não atingidos”
(OLIVEIRA, p.38, 1992) pela inovação). Ainda há um terceiro fator que restringe o escopo de
variação com que trabalhamos; são os casos de (3) especialização semântica, que não podem
ser tratados como variáveis, eg.: porção (de batatas fritas, por exemplo) e purção (grande
quantidade de algo).
Assim, como um reflexo da segunda hipótese, a análise dos dados foi, na medida do
possível, individual. Apesar da grande complexidade de seleção, a variação que aqui se
perseguiu é aquela em que, dada a regra A
B / C___D, o mesmo item lexical ocorreu tanto
na forma CBD quanto CAD, para o mesmo indivíduo. Cabe salientar que essa hipótese é
incompatível com a postulação de regras variáveis como as propostas por Labov, já que regras
variáveis se dirigem a toda a comunidade de fala. Assim, assume-se neste trabalho que a
gramática, da qual a variação lingüística faz parte, “é regida por princípios gerais, e não por
regras às quais estão sujeitas as variáveis” (OLIVEIRA e LEE, 2006, p.22).
Contudo, a não necessidade de se postular regras variáveis não significa que tenhamos
de desconsiderar a Teoria Variacionista como um todo. Estandarte de um avanço inegável em
toda a história da lingüística, conferindo a essa o apogeu de sua cientificidade, regras
93
Sobre as variações individuais em fase de aquisição de escrita, Lamprecht (2004, p.25) ressalta que a
“construção do sistema fonológico dá-se, em linhas gerais, de maneira muito semelhante para todas as crianças, e
em etapas que podem ser consideradas iguais. Mas, ao mesmo tempo, verifica-se a existência de variações
individuais entre elas, constatando-se, inclusive, que a possibilidade e a abrangência dessas variações é bastante
ampla.”
126
variáveis representam apenas uma parte do todo produzido por Labov e os que se dedicaram
aos estudos sociolingüísticos. Como aponta Oliveira (2006), na investigação das variações
individuais, faz-se mister uma metodologia essencialmente variacionista.
6.2 Metodologia e Amostras
Nesta seção, explica-se, de forma clara e concisa, toda ação desenvolvida no método
(caminho) do trabalho de pesquisa. Assim, expõem-se, aqui, os critérios de seleção dos itens
lexicais possíveis de serem pronunciados e a indicação do modo, local e período em que as
amostras foram coletadas, dos fatores internos e externos relevantes, e, também, do
instrumental utilizado, ou seja, dos equipamentos e materiais necessários e do programa
computacional eleito. A exposição a seguir foi dividida em três subseções, uma relativa aos
critérios de seleção das amostras, outra aos critérios para a seleção dos informantes e o
contato com os mesmos e, também, à coleta das amostras e outra ao tratamento dado a essas
amostras.
6.2.1 Critérios para a Seleção das Amostras e dos Informantes
As proparoxítonas, como visto, se comparadas às paroxítonas e às oxítonas, o palavras
pouco freqüentes e, muitas vezes, ligadas a termos eruditos, às vezes excessivamente técnicos. A
etapa de seleção dos termos possíveis de aparecer na fala espontânea foi, devido a esse fato, a
primeira ação desenvolvida nesta pesquisa e obedeceu a três passos distintos. O primeiro foi o
levantamento de todas as palavras proparoxítonas (inclusive as proparoxítonas eventuais) do
dicionário, até mesmo os totalmente idiossincráticos e os que apresentavam vogal alta na posição
postônica não final. O segundo foi a seleção de todos os itens lexicais que apresentavam vogal
média alta na posição aqui estudada, para então, em um terceiro passo, selecionar dessa amostra
os itens lexicais que tinham alguma possibilidade, mesmo que remota, de aparecerem no
vernáculo e, também, de serem representados por meio de figuras. Visando a objetividade do
estudo, as palavras que integram as três listas (expostas em anexo) foram retiradas da edição
reduzida do Dicionário Houaiss.
127
Com os itens lexicais em mãos, tendo em vista que esta é uma pesquisa que exige
mecanismos variacionistas, a próxima ação foi determinar os fatores estruturais e não
estruturais envolvidos na análise. Por pesquisas sociolingüísticas realizadas, como a de
Schmitt (1987) e Vieira (2001), pôde-se extrair alguns desses fatores. Alguns se mostraram
relevantes apenas no contexto da pesquisa das autoras, ambas realizadas no estado do Rio
Grande do Sul, como o fator etnia, por exemplo. No âmbito da estruturalidade, alguns fatores
mostraram-se também irrelevantes, pois, entre outros aspectos, diferenças na configuração
prosódica do item lexical focalizado nas pesquisas das autoras e nesta pesquisa.
O trabalho de Schmitt (1987) (que utiliza basicamente os dados coletados por BISOL
em 1977 para BISOL, 1981), por exemplo, analisa tanto as proparoxítonas como as
paroxítonas e, também, não só o item lexical como o sintagma frasal (núcleo de sintagma:
menino bonito; periferia de sintagma: menino bonito; final de frase: ... menino–, ... bonito–).
A autora avalia o fator juntura, responsável por categorizar os diferentes contextos por ela
analisados, tanto os relativos às palavras como às frases. Esse fator expõe as situações em que
a vogal pertencente a cada um desses contextos pode estar sujeita ao processo de redução
vocálica.
Dessa forma, o trabalho de Schmitt (1987) focalizou a vogal final de palavra ou de
frase (leite, leite quente); a vogal final das palavras compostas (couve-flor) e a que antecede
os “sufixos especiais” –inho e –mente, meninozinho e conseqüentemente; a vogal resultante
do processo de sandhi interno, como no exemplo álcool álcol álcul (a hipótese é que
essas vogais são altamente passíveis à redução, que encontram uma fragilidade inerente
demonstrada pelo processo de degeminação); as vogais seguidas de morfema de plural
(quentes, meninos), e, enfim, as vogais que antecedem a última consoante das paroxítonas
(túnel, menos, torpor) e as vogais médias das proparoxítonas (pólvora, gênero), essas últimas
enquadradas na categoria sem juntura. E é essa pluralidade de foco que tornou o fator juntura
como um todo irrelevante para esta análise, que se centra apenas no item lexical
proparoxítono.
A mesma irrelevância, contudo, não se aplica aos fatores consoante precedente e
segmento seguinte, assim denominados e investigados pela autora, componentes
indispensáveis em qualquer investigação lingüística que focalize um objeto fonológico. Essa
indispensabilidade se aplica inclusive em uma investigação como esta, que segue preceitos
difusionistas. Isso porque para se verificar se a mudança lingüística (caso ela esteja ocorrendo
de fato) se difunde pelo léxico de maneira gradual, como postula o modelo de DL, tem-se de
analisar a atuação do ambiente fonético, mesmo que seja para negar seu primado. Caso a
128
mudança se item a item, o contexto fonético pode até atuar na mudança como um
“respaldo local”, nos termos de Oliveira (1992), mas não é só ele que determina se as palavras
serão ou não afetadas, como o terceiro capítulo dessa dissertação demonstra. Assim, faz-se
importante analisar o papel do ambiente fonético no alçamento das postônicas não-finais,
determinando a interferência desse ambiente no processo, isto é, determinando a interferência
de cada segmento precedente e de cada segmento seguinte.
No que concerne a esses fatores, o estudo de Schmitt (1987) selecionou, para o
alçamento da vogal média alta anterior (/e/ /i/), as consoantes precedentes obstruintes
palatais e velares (/k, g, Ѐ, Ћ, tЀ, dЋ, x/) como as mais prováveis de estarem condicionando tal
processo, seguidas das obstruintes labiais (/p, b, f, v/), da lateral alveolar (/ُ/), dos fonemas
que chamou de outras sonorantes (/n, m, ֊, ُ/), das obstruintes alveolares (/t, d, s, z/) e do
tepe (/ש/). Já para o fator segmento seguinte, foram selecionadas, em primeiro lugar, as
consoantes obstruintes alveolares (/t, d, s, z/) e as obstruintes palatais e velares (/k, g, Ѐ, Ћ, tЀ,
dЋ, x/), seguidas das obstruintes labiais (/p, b, f, v/), do que chamou de outros segmentos (que
são, na verdade, todos os outros segmentos que não esses), da lateral alveolar (/ُ/) e, por
último, do tepe (/ש/).
as consoantes precedentes que mais o favoreceram o alçamento /o/ /u/ foram as
obstruintes alveolares (/t, d, s, z/), em primeiro lugar, seguidas das obstruintes labiais (/p, b, f,
v/), do tepe (/ש/), das obstruintes palatais e velares (/k, g, Ѐ, Ћ, tЀ, dЋ, x/), da lateral alveolar
(/ُ/) e da classe outras sonorantes (/n, m, ֊, ُ/). Os segmentos seguintes mais freqüentes
foram lateral alveolar (/ُ/) e, em seguida, as obstruintes palatais e velares (/k, g, Ѐ, Ћ, tЀ, dЋ,
x/) e as obstruintes labiais (/p, b, f, v/), com a mesma porcentagem, as obstruintes alveolares
(/t, d, s, z/), os outros segmentos e, em último, novamente o tepe (/ש/).
O trabalho de Vieira (2001), por sua vez, tem um outro perfil e, em sua análise, a
autora agrupa as consoantes de forma diferente da exposta acima. Entre os fatores não
estruturais que Vieira (2001) avaliou estão a escolaridade, a faixa etária e, seguindo a natureza
de seu estudo (como o segundo capítulo desta dissertação demonstra), a cidade em que o
informante reside. Entre os estruturais estão o contexto precedente, o seguinte, o vocálico e a
posição da vogal na palavra.
129
No que diz respeito ao alçamento da vogal dia alta posterior (/o//u/), o mais
freqüente nas pesquisas de ambas as autoras, os fatores selecionados pelo pacote de
programas VARBRUL foram o contexto precedente, com as consoantes labiais favorecendo o
alçamento e as coronais e dorsais desfavorecendo; o contexto seguinte, e, novamente, labiais
favorecendo e coronais e dorsais desfavorecendo (por falta de dados, a relevância das
fricativas s/z não pôde ser atestada); a localização da postônica na palavra, quando a vogal /o/
integra a raiz da palavra esta tende a ser preservada, fora dela tende a ser alçada. Fatores não
estruturais, como a localização geográfica e, por último, a faixa etária, vieram em seguida,
com o alçamento de /o/ ocorrendo em maior número entre os falantes mais velhos.
No alçamento da vogal média alta anterior (/e//i/), apenas fatores estruturais foram
selecionados. O primeiro foi o contexto precedente, com as fricativas s/z favorecendo
significativamente a elevação de /e/, as labiais permanecendo neutras e as coronais
aparentemente desfavorecendo (não se pôde confirmar com exatidão esse desfavorecimento,
devido ao pequeno número de amostras empíricas). Dorsais não foram encontradas. O
segundo fator selecionado foi a presença de vogal alta na palavra como um contexto
favorecedor (síntise, infrutífira) e sua ausência como desfavorecedora (cérebro, véspera).
Para Vieira (2001), foi “surpreendente” o fato de nenhum fator extralingüístico ter sido
selecionado pelo programa para tratar o alçamento de /e/ em posição postônica não final,
que falsas expectativas se depositavam na variável geográfica, uma das mais cotadas a priori.
Vistos os fatores que influenciaram pesquisas precedentes, cabe apontar os que serão
relevantes nesta pesquisa. Em qualquer pesquisa de cunho sociolingüístico, estão envolvidas
variáveis dependentes, as que primeiro precisam ser determinadas, e, em seguida, as variáveis
independentes. Entre as variáveis independentes estão as estruturais e as não estruturais, como
as descritas pelas autoras. A primeira variável a ser medida aqui, então, foi a variável
dependente, que é, justamente, o cerne deste trabalho, isto é, é o que se deseja atestar, o
alçamento ou não das postônicas não finais, lembrando que as vogais postônicas média
anterior ou posterior entraram aqui apenas como um fator classificatório, como feito pelas
autoras. Enfim, a variável dependente se apresenta nos termos de (I):
(I) Alçamento da Vogal Postônica Não Final
Com Alçamento
Sem Alçamento
Fósfuru fósforo
Fôligu fôlegu
130
Alguns dos fatores estruturais eleitos por Schmitt (1987) e Vieira (2001), e que estão
envolvidos no alçamento das vogais médias em posição postônica o final, estão aqui
presentes. Entre esses fatores estão o segmento seguinte e o precedente, indispensáveis em
qualquer análise que se dedique a um objeto fonológico. Da primeira aderiu-se o estilo mais
fragmentado de análise, o que convém a uma primeira medição do fenômeno; da segunda
algumas hipóteses que não são consideradas por Schmitt (1987), como a representada pelo
fator (IV) descrito adiante e, também, a relevância de se medir em separado as fricativas /s/ e
/z/. Levando em conta os traços [dorsal], [labial] e [coronal], Vieira (2001) sustenta-se em
algumas análises, como a de Bisol (1981) e Batisti (1994), para separar das coronais as
sibilantes /s/ e /z/, isso porque, segundo essas autoras, a vogal /e/ apresentou um alto índice de
elevação quando seguida por essas consoantes. Guiada por esses preceitos, esta pesquisa, que
visou proporcionar uma clara visão da atuação de cada segmento (não só consonantal),
analisou cada um deles em sua especificidade articulatória, agrupando-os apenas quando o
que os distinguisse fosse o traço de sonoridade ou quando as diferentes categorias possuíssem
real proximidade. O exposto abaixo demonstra, enfim, a classificação aqui adotada e alguns
exemplos pertencentes a cada categoria:
(II) Segmentos Precedentes
/e/ /o/
Obstruintes velares e palatais
(/k/, /g/, /Ћ/, /dЋ/)
[k]ete,
cancerí[Ћ]eno
agrí[k]ola,
pentá[g]ono
Obstruintes labiais (/b/, /p/)
bero, hóspede parábola,
própolis
Obstruintes alveolares (/t/, /d/) útero, almôndega apóstolos,
antídoto
Fricativas alveolares (/s/, /z/) [s]egas, mí[z]ero [s]ola,
ê[z]odo
Fricativas labiodentais (/f/, /v/)
frutífera, **chávena, víveres e
ádvena
fósforo,
pólvora
Nasal bilabial e nasal alveolar
(/m/, /n/)
nebre, número fascínora,
moda
Lateral alveolar (/
ُ/)
lego psicólogo
131
Tepe (/ש/)
rebro rola
Vibrante alveolar (r)
rreo, córrego ____
(III) Segmentos Seguintes
/e/
/o/
Obstruintes velares e palatais
(/k/, /g/, /Ћ/, /dЋ/)
láte[kis], fôlego,
hóspe[dЋ]e,
época, biólogo,
____
Obstruintes labiais (/b/, /p/)
vértebra horóscopo
Obstruintes alveolares (/t/, /d/)
centímetro método
Fricativas alveolares (/s/, /z/)
parêntese ____
Fricativas lábio-dentais (/f/, /v/)
apóstrofe
Nasal bilabial e nasal alveolar
(/m/, /n/)
crisântemo, fenômeno hipódromo,
ícone
Lateral alveolar (/ُ/)
*isósceles apóstolos
Tepe (/ש/)
frutífero cânfora
Vogal óleo névoa
* Único exemplo encontrado
** Únicos exemplos encontrados
__ Nenhum exemplo encontrado
Três outros grupos de fatores estruturais também mereceram a nossa atenção. Um
deles pode ser denominado de grau de altura da vogal tônica. Esse grupo de fatores avalia a
natureza da vogal tônica e sua interferência no processo de harmonia vocálica. Assim, tem por
objetivo atestar se o fato de o vocábulo possuir, em posição postônica não final, a vogal média
baixa anterior ou posterior ou a vogal alta anterior ou posterior, desfavorece ou favorece
respectivamente tal processo, conforme alguns estudos demonstram. O grau de altura da vogal
tônica é, então, o grupo de fatores (IV):
132
Outro grupo de fatores se remete às possíveis implicações puramente morfológicas
envolvidas na redução vocálica, fator que Vieira (2001) denomina de posição da postônica na
palavra e que, em sua análise, mostrou-se relevante no alçamento da série posterior (/o/
/u/). Segundo os resultados encontrados por Vieira (2001), a vogal /o/ tende a ser preservada
quando integra a raiz da palavra e tende a ser alçada quando não. Aqui também mediremos a
interferência da posição dessa vogal nas duas séries, anterior e posterior, se integrante da raiz
da palavra ou não
94
. Assim, a posição da vogal na palavra é o quarto grupo de fatores
estrutural e será medido nos termos de (V):
(V) Posição da Vogal na Palavra
Na raiz
Fora da raiz
Câmera Termômetro
Própolis Psicólogo
O próximo grupo de fatores considerado foi a velocidade de fala, estudado em
muitas pesquisas. A necessidade de se postular esse grupo de fatores é um reflexo direto do
padrão de comportamento apresentado por muitos dos informantes desta pesquisa durante a
realização do teste de nomeação de figuras (mais bem apresentado na próxima seção). Alguns
dos informantes aceleravam a fala durante a realização do teste, mais especificamente no
meio deste, e apenas freando essa velocidade quando se deparavam com uma palavra
desconhecida ou quando não recordavam que palavra deveria ser dita (o teste foi aplicado três
vezes seguidas a cada informante e interpretado como teste de memória). Por vezes, essas
palavras desconhecidas ou pouco familiares eram pronunciadas pausadamente, em ritmo
silábico.
94
E cabe ressaltar que a vogal anterior /e/ e a posterior /o/ entram aqui não como uma variável, mas como um
fator classificatório, assim como nas pesquisas precedentes. Essa medida permite comparar mais claramente a
atuação das variáveis para as duas séries.
(IV) Grau de Altura da Vogal Tônica
Com vogal alta
Sem vogal alta
síntese célebre
bússola cócegas
133
Convém lembrar, contudo, que esse fator deve ser relativizado, isto é, o que é
acelerado para um informante pode não ser para outro e vive versa. Da mesma forma, o que é
normal para um não é para outro falante, que, naturalmente algumas pessoas falam mais
devagar e outras mais rápido. Diante disso, o padrão para estabelecer a velocidade deve ser a
fala espontânea. A hipótese, enfim, é que o item proparoxítono proferido mais rapidamente
seria mais alçado que aquele que tendesse a um ritmo mais pausado. Considerando que esse
grupo de fatores possa ter alguma interferência no alçamento das postônicas não finais, ele
será medido aqui de três formas:
(VI) Velocidade de Fala
Pausada
Normal
Acelerada
O último fator estrutural considerado (já que estrutural é tudo o que não ultrapassa as
barreiras da materialidade lingüística) foi o item léxico. A necessidade de medir esse fator
surge da orientação difusionista que guia este trabalho. Cabe ressaltar que, por razões
operacionais, foi possível medi-lo graças a esta ser uma pesquisa que não lida com grande
quantidades de dados. O item léxico é, então, o grupo de fatores (VII):
(VII) Item Léxico
Eleitos os grupos de fatores estruturais, passou-se à fase da determinação de quais
grupos de fatores não estruturais se mostrariam relevantes nesta pesquisa, e, sobretudo,
relevantes no contexto de uma cidade como Belo Horizonte. E, diferentemente da análise de
Schmitt (1987) e Vieira (2001), a amostra desta pesquisa, que compreendeu 18 informantes,
foi estratificada de acordo com os seguintes parâmetros:
(VIII) Indivíduo
(IX)
Sexo
(masculino e feminino)
(X)
Faixa Etária
(20 a 49 anos e mais de 50 anos)
(XI)
Escolarização
(até ensino médio, mais que o ensino médio).
(XII)
Classe Social (e Renda)
(baixa e média)
(XIII) Formalidade versus Informalidade
134
Para tornar a amostra representativa, separaram-se os informantes de modo mais
equânime possível. O cruzamento dos fatores expostos acima e a amostra final dos
informantes proporcionaram distribuições como às expostas nos quadros a seguir:
Faixa Etária
20 a 49 anos
Classe Social
(e Renda)
Baixa Média
Sexo
Homens Mulheres Homens Mulheres
Escolaridade
Até
Ensino
Médio
Mais
que o
Ensino
Médio
Até
Ensino
Médio
Mais
que o
Ensino
Médio
Até
Ensino
Médio
Mais
que o
Ensino
Médio
Até
Ensino
Médio
Mais
que o
Ensino
Médio
A B
C
D
E F G
H
I
J
L
QUADRO 1: Distribuição dos informantes da primeira faixa etária
FONTE: Pesquisa do Autor / 2007
Faixa Etária
Mais de 50 anos
Classe Social
(e Renda)
Baixa Média
Sexo
Homens Mulheres Homens Mulheres
Escolaridade
Até
Ensino
Médio
Mais
que o
Ensino
Médio
Até
Ensino
Médio
Mais
que o
Ensino
Médio
Até
Ensino
Médio
Mais
que o
Ensino
Médio
Até
Ensino
Médio
Mais
que o
Ensino
Médio
M
N
O
P Q
R
S
QUADRO 2: Distribuição dos informantes da segunda faixa etária
FONTE: Pesquisa do Autor / 2007
Cada qual desses fatores possui a sua especificidade. O grupo de fatores formalidade
versus informalidade se funde em muitos aspectos com o fator estilo. O fator informalidade,
com todas as ressalvas que se deve fazer ao estilo entrevista, se refere à fala espontânea,
coletada durante as entrevistas sociolingüísticas, que, por vezes, começavam de uma forma
tensa, mas, ao longo da entrevista, o informante ia se descontraindo, ao ponto de algumas
delas, as realizadas com as mulheres, terminarem em longas risadas. O fator formalidade se
refere ao estilo teste que, subdividido em dois testes diferentes, foi uma situação de tensão,
pois os informantes sentiam-se impelidos a lembrar toda a seqüência, principalmente na
segunda e terceira vez, que o teste era interpretado como um teste de memória. Com uma
mecânica diferente e contendo um maior número de palavras, essas desconhecidas e pouco
135
familiares para alguns dos informantes, o primeiro teste possuiu um grau a mais de
formalidade que o segundo, este composto de palavras mais simples. Por esse motivo, o grau
de formalidade foi subdividido em I (segundo teste), II (primeiro teste, sem que o informante
escutasse as opções do ícone de voz) e III (quando o informante escutava as opções do ícone
de voz e repetia em seguida). Essa é, contudo, uma subdivisão apenas metodológica, que o
informante, mesmo não escutando a opção do ícone de voz, acabava por moldar a sua
pronúncia de acordo com as outras opções escutadas.
O indivíduo é um reflexo da segunda hipótese maior aqui assumida, discutida e
apresentada na seção anterior. A classe social é, certamente, o grupo de fatores mais difícil de
controlar e deve, muitas vezes, ser conjugada a outros aspectos para que se possa chegar a um
consenso sobre a classe a qual o indivíduo pertence. Nesta pesquisa, a determinação da classe
do informante levou em conta fatores como a renda e a escolarização, eleitos aqui, e ainda
outras informações descritas na ficha social, preenchida por cada informante. Decidiu-se por
estratificar a classe social em baixa e média (parcela mais expressiva da população belo-
horizontina), pois o acesso à classe alta é bastante limitado, e a aplicação desta pesquisa à
classe muito baixa ou miserável tornar-se-ia inviável, devido à própria natureza deste trabalho
que, por utilizar um instrumental eletrônico, depende de uma estrutura adequada. A mesma
inviabilidade também se verificaria em uma possível divisão da classe média em média-baixa
e média-alta, que, caso ocorresse, se guiaria por parâmetros pouco confiáveis.
O fator sexo, por sua vez, tem grandes chances de se mostrar irrelevante para o
alçamento das postônicas não finais, assim como o foi para Vieira (2001), que o descarta em
sua análise por esse ter sido inexpressivo em seu estudo anterior, Vieira (1994). Contudo, é
necessário medi-lo, por ser esta uma pesquisa de base empírica, sendo a primeira vez que se
estuda esse fenômeno em Belo Horizonte. Porém, de todos os parâmetros não estruturais
eleitos para esta análise, cabe destacar a ação do fator faixa etária, especialmente por ser este
um dos meios de se postular se tratamos aqui de uma mudança em progresso ou de uma
variação estável.
O fator faixa etária liga-se, obrigatoriamente, a fatores conjugados como tempo
aparente (interpretado por LUCCHESI (2004, p.166) como um recurso utilizado por Labov
cujo objetivo é o de “procurar entrever a mudança em progresso na variação observada na
língua num determinado momento”) e tempo real, e ambos integram tanto a perspectiva
quantitativa quanto a qualitativa. A primeira por determinar critérios de seleção dos dados (a
idade), a segunda por não ser possível ignorar a variável tempo em um diagnóstico seguro
sobre as mudanças lingüísticas.
136
A conjugação desses fatores parte de um pressuposto da Sociolingüística
Variacionista, o de que movimentos de mudança possam ser apreendidos no seu curso de
implementação (LABOV, 1963). Mais conhecida como construto analítico do tempo aparente,
esse pressuposto se opõe à visão tradicional (instaurada pelo método comparativo) segundo a
qual a mudança envolve a comparação de dois pontos fixos no tempo, duas sincronias
caracterizadas por sistemas que dão uma falsa aparência de estabilidade.
Como destacam Paiva e Duarte (2003, p.14), o estudo da mudança no tempo aparente
se pauta pela idéia de que “diferenças lingüísticas entre gerações podem espelhar
desenvolvimentos diacrônicos, quando outros fatores se mantém constantes”. Ou seja, pelo
comportamento lingüístico da geração pode-se prever um determinado estado da língua. A
hipótese mais difundida é que os grupos etários mais jovens introduzem novas variantes que
vão, ao longo do tempo, substituindo as variantes específicas aos falantes mais idosos. Essa
hipótese requer que o processo de aquisição da forma vernacular do indivíduo, que, segundo
Labov (m.s.), pode ser a do dialeto de prestígio ou a do não padrão, seja adquirida “nos anos
pré-adolescentes”
95
(LABOV, m.s., p.5, tradução nossa). A aposta é que o vernáculo, apesar
de conter variação inerente, como destaca Labov (m.s.), estabiliza-se a partir desse momento
ou pelo menos não sofre modificações significativas posteriores, ao menos não no nível
fonológico (as aquisições lexicais são contínuas e específicas a cada estágio da vida do
falante). E, segundo Labov (m.s.), o caráter de alta regularidade do vernáculo a partir dessa
faixa etária, por volta dos dezesseis anos (LABOV, 1972), é uma observação empírica
96
.
Dessa forma, a fala de um indivíduo com 66 anos, no ano 2006, representaria um estado
lingüístico de cinqüenta anos atrás, ou seja, 1956.
Contudo, uma das fragilidades da metodologia que leva em conta o construto analítico
do tempo aparente é, como destacam Paiva e Duarte (2003), a dificuldade em distinguir, de
forma exata, uma distribuição etária que de fato caracterize mudança lingüística de uma
distribuição etária geracional, com os falantes mudando seu comportamento lingüístico
segundo sua faixa etária, o que, caso ocorresse, não acarretaria uma mudança de fato no
sistema lingüístico. Isso seria exemplificado pela seguinte situação, João, com 20 anos de
95
“in pre-adolescent years”.
96
A hipótese que conspira a favor da manutenção da estabilidade do sistema lingüístico do indivíduo por toda a
vida obedece mais ou menos às mesmas orientações da fisiologia humana, quando postula uma idade certa para
que o ser humano pare o seu crescimento corporal. E esse crescimento, a não ser nos casos patológicos, é,
indubitavelmente, interrompido em um determinado ponto do tempo. O fato é que uns indivíduos atingem uma
maior estatura que outros, e, logicamente, há muitos fatores genotípicos e fenotípicos envolvidos, mas todos têm
um limite mais ou menos padrão para que esse crescimento cesse, mesmo com esse padrão fixado em nível
individual.
137
idade, pronuncia a variante x para a variável y, e Joaquim, com 50 anos de idade, a variante z
para a mesma variável; contudo, com o passar dos anos, o mesmo João, ao atingir a idade de
seu conterrâneo, que, como destacam Gomes e Souza (2004, p.75), a variável lingüística
“deve estar circunscrita a uma mesma comunidade de fala”, pronunciará a mesma variante z.
E é essa situação que faz da variação x ~ z para y uma distribuição etária geracional e não uma
mudança propriamente dita.
Por essa e por outras razões, certamente, os estudos sociolingüísticos realizados
apontam evidências pró e contra a medição do tempo aparente, principalmente quando o que
está sendo pesquisado são fenômenos fonológicos variáveis, como o descrito acima. A
associação de evidências fornecidas por estudos em tempo real, ou seja, a observação através
do tempo, é a solução para se diferenciar uma mudança lingüística de fato de uma gradação
etária característica de todas as gerações. Como destaca Labov (1994, p.63), “esta
combinação de observações no tempo aparente e no tempo real é o método básico para o
estudo da mudança em progresso”.
Dessa forma, a observação do tempo real nos permite incluir alguns aspectos que o
são evidenciados quando se observa apenas o tempo aparente. É, então, a conjugação tempo
aparente tempo real que condições de o pesquisador distinguir mudanças sonoras
daquelas que podem caracterizar distribuição geracional, ou uma variação resultante de um
momento específico da vida do falante (como as variantes mercadológicas, por exemplo).
Contudo, respeitando os limites desta e de qualquer dissertação, torna-se inviável um estudo
que leve em conta o tempo real de longa duração, o que, conforme a natureza da hipótese aqui
assumida, incluiria a observação longitudinal do comportamento lingüístico do mesmo
indivíduo, permitindo essa distinção de maneira realmente confiável. Apesar de ser uma
apreciação mais precária, essa distinção pode ser também apreendida através do que Labov
(1994) denominou estudo de painel (panel study), efetuado em tempo real de curta duração.
O estudo de painel compara amostras de fala dos mesmos falantes em curtos espaços
de tempo, captando, assim, estabilidade ou instabilidade no comportamento lingüístico desses
falantes, podendo dar pistas (e não evidências) sobre se se trata de uma distribuição geracional
ou uma mudança no sistema lingüístico. A hipótese é que a manutenção do mesmo
comportamento lingüístico possa expressar um padrão estável para esse indivíduo, o que
refletiria, assim, a sua pronúncia
97
.
97
Ao lado do estudo de painel o estudo de tendência (trend study). Este estudo se direciona à medição,
também em curto espaço de tempo, de amostras de fala que, coletadas de modo a obedecer a aleatoriedade,
utilizam os mesmos fatores não estruturais, e, assim, representam toda a comunidade de fala. E, como destacam
138
Respeitada essa hipótese, o teste foi aplicado três vezes (e seguidamente) aos
informantes. Exposto mais detalhadamente na seção seguinte, e compondo o que aqui chamo,
a tulo de apresentação, de terceira parte da entrevista, esse teste teve como objetivo coletar
itens proparoxítonos que se enquadrassem em cada um dos fatores estruturais aqui eleitos. A
repetição desse teste, cujos resultados são apresentados no próximo capítulo, pretendeu
confirmar a hipótese da estabilidade do comportamento lingüístico do indivíduo. Contudo,
não se pode atestar, com base no estudo de painel, que o comportamento lingüístico de João
(20 anos), estável nas observações intercaladas por dois minutos, duas semanas, dois meses
ou dois anos, que seja, não se altere e venha a ser idêntico ao de Joaquim (50 anos) quando
atingir a sua idade.
6.2.2 Critérios para a Coleta das Amostras e o Contato com os Informantes
Eleitos os fatores estruturais e não estruturais relevantes,
remeteu-se, em seguida, à
fase
da coleta das amostras.
Os dados foram coletados entre outubro e dezembro de 2006. Por se
tratar de uma análise fonológica, portanto calcada em dados fonéticos, essa coleta constitui o
cerne de todo este trabalho. A validade de se coletar manifestações lingüísticas reside no fato
de que essas corporificam o que Tarallo (1986, p.18) chama de “acervo de informações para
fins de confirmação ou rejeição de hipóteses antigas sobre a língua”.
Esse acervo, proveniente de entrevistas gravadas com qualidade digital, realizadas em
diferentes pontos do município de Belo Horizonte, foi, na medida do possível, constituído
pelo vernáculo, definido por Tarallo (1986, p.19) como “veículo lingüístico de comunicação
usado em situações naturais de interação social, do tipo comunicação face a face”,
considerando, contudo, algumas limitações como as que Milroy (1987, p.26, tradução nossa)
destaca: “a entrevista direta, apesar do enfoque informal do trabalhador de campo, é um meio
incerto de ganhar acesso ao vernáculo”
98
e, ainda, “a interação entre a língua e a situação é
Paiva e Duarte (2003, p.17), “o resultado do estudo comparativo das amostras será, em termos estatísticos,
equivalente ao estudo de toda a comunidade”. Uma fragilidade do estudo de painel, descrita por Paiva e Duarte
(2003), é o fato de esse, ao regravar indivíduos que foram entrevistados em um momento anterior, não
oferecer resultados que possam ser considerados conclusivos no que diz respeito aos mesmos fenômenos na
comunidade de fala, já que, perdendo a aleatoriedade, esse estudo não representa a comunidade de fala como um
todo. Como um reflexo da segunda hipótese maior aqui assumida, essa representação não é aqui almejada, o que
fez do estudo de painel suficiente para esta pesquisa.
98
“direct interviewing, however informal the approach of the field worker, is an uncertain means of gaining
access to the vernacular”.
139
muito complexa e muito pouca entendida pelo entrevistador para ser capaz de ser manipulada
confiavelmente”
99
. Desse modo, levou-se em conta a fragilidade do gênero, que por si
impõe formalidade excessiva.
Ao coletar as amostras, foi preciso, contudo, tomar alguns cuidados, que passam,
necessariamente, pela idéia de controle. Segundo Cagliari (2002), técnicas que, ao
utilizarem preceitos sociolingüísticos, visam um levantamento controlado dos dados. Salienta
que se os dados não forem coletados de forma adequada, não é possível estabelecer uma
relação entre sons e seus usos pragmáticos ou sociais.
Visando, assim, tal controle, pretendeu-se aqui: (a) organizar e selecionar informantes;
(b) formular um questionário guia para melhor conduzir as entrevistas, uniformizando-as ao
máximo; (c) coletar a fala espontânea” e (d) conduzir o informante à narrativa de
experiências pessoais
100
, a “mina de ouro que o pesquisador-sociolingüista procura”. Essas
são algumas das orientações traçadas por Tarallo (1986) e que pretendi seguir, tanto na
organização quanto na condução das entrevistas.
As entrevistas foram, na maioria das vezes, marcadas com antecedência, havendo
dessa forma um contato prévio, ou foram realizadas no primeiro contato, quando este se dava
de forma amistosa e o informante concordava ou mesmo sugeria a realização da entrevista
naquele momento. Para obter material lingüístico onde predominasse principalmente a
espontaneidade do falante, as interferências da entrevistadora geralmente ocorreram para
estimular a continuação da fala, em gravações que variaram de 35 minutos até 1 hora e 55
minutos (devido à dificuldade em se coletar tais itens), realizadas mais de uma vez com
alguns dos informantes (devido a complexidade de se proferir os itens alvo desta pesquisa),
nas residências dos informantes, e, quando possível e necessário, no local de trabalho dos
mesmos.
As entrevistas foram divididas em duas partes principais. A primeira parte refere-se a uma
conversa informal entre o entrevistador e o entrevistado, que, por sua vez, baseou-se em um
questionário guia pré-estabelecido, como aponta o item (b) exposto acima. As perguntas, de um
modo geral, eram direcionadas aos hábitos e vivências das pessoas e, por isso, relacionavam-se às
experiências que mais as marcaram durante a vida e as do momento presente da entrevista, como
o casamento e, porventura, o divórcio ou o fato de nunca terem casado e abominarem o assunto;
99
“the interaction between language and situation is too complex and too little understood for an interviewer to
be able to manipulate it reliably”.
100
Por se envolver emocionalmente com o que está narrando, o informante se importa menos com o modo como
se expressa e mais com o que narra, com uma fala menos “cuidada”. (TARALLO, 1986, p.23).
140
ao bairro em que moram ou que moraram; sobre as experiências que mais marcaram a infância
(em geral, os informantes mais idosos se envolveram mais em assuntos nostálgicos); sobre os
hábitos diários, se gostam de assistir televisão, em que lugares mais gostam de ir ao sair de casa;
sobre a profissão e os assuntos a ela relacionados, entre outros assuntos, que surgiam de perguntas
dirigidas.
Essa direção dava-se da seguinte forma, perguntava-se, por exemplo, ao informante: “que
órgão você / o(a) senhor(a) acha mais importante no corpo, o pulmão ou o cérebro?” e toda
resposta tinha de ser justificada. Assim, se a resposta fosse cérebro, era perguntado o porquê, a
intenção era que, ao justificar-se, o informante repetisse o item mais vezes, se a resposta fosse
pulmão, era perguntado “e por que não o cérebro?”, a expectativa, então, era que o informante
proferisse o item cérebro, o almejado. Tais perguntas, contudo, eram inseridas no fluxo da
conversação e, assim, eram feitas se a entrevista fornecesse um momento oportuno (que às
vezes não surgia, mesmo que eu conduzisse a conversa na direção das proparoxítonas), pois, se
descontextualizadas, as mesmas gerariam estranhamento. Prevendo que essa parte da entrevista
forneceria um número muito escasso de itens lexicais proparoxítonos que contivessem vogal
média em posição postônica não final, passou-se à segunda parte da entrevista.
A segunda parte refere-se à nomeação de figuras, que consiste na identificação de
desenhos pelos informantes. Subdividida em dois testes diferentes, ambos foram interpretados
pelo falante como testes de memória. Para os informantes, o objetivo final tanto do primeiro teste
quanto do segundo, repetido 3 vezes a cada um dos informantes, era que conseguissem gravar as
palavras contidas no teste.
Para o primeiro deles elegeram-se 76 itens lexicais (35 com a vogal postônica não final /o/
e 41 com /e/), expostos por figuras que indicavam o item tanto de forma direta, como uma
abóbora para denominar abóbora, quanto indireta, onde a resposta poderia ser , como a foto de
homens retirando restos mortais para denominar catástrofe. Adotou-se uma estratégia lúdica, que
envolveu os informantes em uma espécie de desafio. As figuras, apresentadas aos informantes em
um computador portátil (Vaio, Sony) e expostas em uma apresentação confeccionada no
programa PowerPoint 2003, eram acompanhadas de frases que deixavam em suspenso o item
lexical proparoxítono a ser proferido. Um arquivo de voz dava três opções, às vezes não tão
lógicas, para se completar as frases. Esse ícone era utilizado apenas quando o informante não
conseguisse ou não pudesse captar a palavra focalizada. Para a palavra abóbora, por exemplo, a
frase era A ... é utilizada como enfeite no Dia das Bruxas e as opções eram pepino, abacaxi,
abóbora. Tomou-se o cuidado de intercalar as opções corretas entre as três posições possíveis, ou
seja, ora em primeiro lugar e em seguida em terceiro, depois em segundo e assim por diante.
141
Com um grau de formalidade exacerbado, alguns informantes, como era esperado,
em geral os que possuíam menos “segurança lingüística”, acabaram condicionando a sua fala
às opções do ícone de voz, pronunciavam abóbra na primeira vez, mas abóbura nas vezes
subseqüentes. Estabelecendo por vezes um paralelo com as opções que eram dadas com
aquele que é o seu input, como no exemplo córguro para córrego, (com a produção córguro,
córguro e córgo, na terceira vez, esta sem escutar as opções). Esse paralelo surge, portanto, de
uma intuição do falante de que a palavra deveria conter três sílabas. E, ainda, mármore e não
mármure, quando na fala havia aparecido, mais de uma vez, a segunda pronúncia, o que
mostra que também o alçamento foi condicionado, aparecendo não somente como um reflexo
do estilo de entrevista, mas sim como uma cópia dos informantes das palavras pronunciadas
no ícone de voz.
Já o segundo teste, elaborado e pensado depois da aplicação do primeiro, compreendeu
38 itens lexicais. Mais simples e mais rápido que o primeiro (de extrema dificuldade para
alguns dos informantes, com itens por vezes desconhecidos, como as produções catáchitre
para catástrofe, cãocerígeno, cancerisma para cancerígeno, autógromo para autódromo, entre
outros exemplos, denunciam), teve o objetivo de promover um ambiente em que os
informantes pudessem produzir os itens da forma mais natural possível, sem condicionarem
sua fala às opções do ícone de voz.
No primeiro teste, o ícone de voz com as opções era apertado sempre que o informante
não soubesse o item a ser proferido ou pronunciasse outro em seu lugar (como tifo e não
varíola ou gastrite e não úlcera, como foi a primeira opção de alguns dos informantes). Esse
procedimento permitiu que o informante não pronunciasse outras palavras que não as
almejadas. No segundo teste, essas dicas eram dadas oralmente, através de sinônimos e/ou
uma palavra que rimasse com o item almejado, ou ainda informando a utilidade do objeto que
ela representasse, e, a maioria das vezes, falando a sílaba inicial da palavra alvo, porém, sem
nunca pronunciar a palavra em si, para que a minha fala não influenciasse a do informante. A
mecânica de ambos os testes foi previamente explicada aos informantes de forma exaustiva,
cada uma a seu tempo, para que o resultado não fosse comprometido. O primeiro teste de
figuras foi aplicado logo após as últimas entrevistas orais feitas com cada informante. O
segundo teste foi aplicado entre dois a quatro meses depois do primeiro.
Enfim, o objetivo da segunda parte da entrevista foi o direcionamento da produção de
itens lexicais que possuem as vogais médias altas em posição postônica. Essa parte teve, assim,
uma importante função, que permitiu o levantamento de dados que dificilmente seriam
produzidos espontaneamente, como os itens lexicais paralelepípedo, hipódromo e bússola, por
142
exemplo. Além disso, é um modo melhor de se controlar e abarcar o fenômeno lingüístico a ser
estudado. O procedimento das entrevistas possibilitou, portanto, o levantamento de dados de
produção natural (menos numerosos), na primeira parte, e induzidos (mais numerosos), na
segunda parte.
Para que a amostra coletada fornecesse resultados fidedignos e confiáveis, foi necessário o
estabelecimento de critérios a serem seguidos antes e durante as entrevistas. Os informantes
deveriam ser obrigatoriamente nascidos em Belo Horizonte e, de preferência, terem pais belo-
horizontinos (cf.: LABOV, 1981). Em caso de afastamento da cidade, o prazo aceitável de
ausência foi de um ano. Eles foram controlados através de uma ficha social (exposta em anexo),
que continha informações sobre escolaridade, faixa de renda, hábitos culturais e de lazer. Aliados
ao ambiente em que as entrevistas foram feitas, do grau de intimidade entre entrevistado e
entrevistador, estão a comparação entre os itens proferidos na fala espontânea, onde o informante
se aproxima mais do vernáculo, e na nomeação de figuras, uma situação de fala mais controlada.
Conjugados, esses aspectos ajudaram a estabelecer o grau de formalidade ou informalidade e,
conseqüentemente, dar pistas (mesmo que precárias) se a formalidade versus informalidade é um
fator que de fato influencia o alçamento, como prevê Cristófaro-Silva (1999).
6.2.3 Critérios para o tratamento das amostras
A sociolingüística variacionista utiliza técnicas de análises quantitativas que
demonstram a importância dos contextos social e lingüístico na variação. Seu modelo teórico-
metodológico extrai as regularidades e tendências dos dados e resolvem muitas das
dificuldades de análises associadas aos julgamentos intuitivos utilizados em outras linhas da
Lingüística.
O método variacionista fornece a probabilidade de um elemento lingüístico específico
ocorrer em situações lingüísticas, extralingüísticas e contextuais específicas. Partindo da
freqüência dos dados, reunidos de um grupo de falantes estatisticamente representante da
comunidade que se quer pesquisar, um modelo teórico é criado para observar as
probabilidades com que certo fenômeno se manifesta quando esse conjunto de circunstâncias
é convergente. A estatística marca, então, a extensão em que as probabilidades calculadas
melhor explicam o fenômeno lingüístico em foco, e, segundo Labov (1994, p.25, tradução
nossa), que se pauta pela idéia de que a língua é regida por uma heterogeneidade ordenada, a
143
“teoria da probabilidade para os dados permite-nos extrair a mais alta ordem de regularidade
que governa a variação em uma comunidade”
101
.
Os programas mais difundidos e utilizados pelos pesquisadores da área, e que efetuam
cálculos dessa espécie, são o VARBRUL, para PC e Vax, e o GOLDVARB, para Windows e
Macintosh. Nesta pesquisa, o programa estatístico empregado foi o GOLDVARB 2001, de
Robinson, Lawrence & Tagliamonte (2001), que é, na verdade, uma versão do VARBRUL.
Programas dessa espécie, segundo Lamprecht (2004, p.22), fornecem “freqüências e
probabilidades sobre os fenômenos estudados” permitindo “o tratamento estatístico de dados
variáveis, realizado através de modelos matemáticos”.
Contudo, a utilização do GOLDVARB 2001 acaba por gerar um problema de ordem
metodológica, já que esse e os outros programas do gênero estão voltados para a instituição de
regras variáveis. Pautando-se por um critério essencial, o de que os dados lançados sejam
variáveis, o programa fornece probabilidades para a formulação de regras variáveis, e o
problema está na própria natureza de tais regras. Essas (e, como visto anteriormente, este
trabalho não tem compromisso com a proposição de uma regra variável) se opõem a uma das
grandes hipóteses assumidas neste trabalho, a de que o comportamento do indivíduo é mais
homogêneo que o da comunidade em que ele habita. Isso porque as regras variáveis, uma
proposição laboviana, consideram, por princípio, o comportamento de fala da comunidade
como mais homogêneo que o do indivíduo.
Tais programas, contudo, possuem uma plasticidade inerente e podem ser utilizados de
acordo com o que convém ao pesquisador, ou seja, de acordo com o que consideramos
relevante para a análise. Dessa forma, para que esse programa pudesse ser realmente utilizado
nesta pesquisa, procurou-se adequá-lo às hipóteses aqui assumidas. Essa utilização pautou-se
por duas linhas investigativas, uma essencialmente difusionista e outra essencialmente
neogramática. A perspectiva neogramática deve-se ao fato de o contexto precedente e o
seguinte à vogal média em posição postônica não final serem fatores também considerados (e
medir contexto precedente e seguinte é admitir que o som tenha papel significativo no
processo de mudança da palavra). A perspectiva difusionista pauta-se pela investigação do
comportamento do indivíduo e também do item léxico.
Para melhor esclarecermos como o GOLDVARB será utilizado nesta pesquisa, e sem
nos aprofundarmos em demasiado em questões técnicas, vejamos mais de perto como esse
101
“probability theory to the data allow us to extract higher-order regularities that govern variation in the
community”.
144
programa funciona. Primeiramente, atribui-se um código para cada fator eleito. Nesta
pesquisa, por exemplo, o grupo de fatores classe social e renda recebeu para o fator classe
baixa o código = e para o fator classe média o código *. A escolha do código é arbitrária.
Na codificação dos fatores há, contudo, alguns critérios que devem ser seguidos. Por
exemplo, o uso de ponto e vírgula e do parêntese esquerdo, que exercem funções de comando
no programa, devem ser evitados, bem como algumas figuras disponíveis no Word, mas que
não serão reconhecidas pelo GOLDVARB. Eleitos os códigos, deve-se lançá-lo no programa
de forma seqüenciada, mantendo a variável dependente sempre em primeiro. Uma seqüência
como (x123456789, por exemplo, forma um token. Essa seqüência nos diz que além da
variável dependente, expressa por x e y, por exemplo, mais nove fatores a serem medidos.
Depois de quantificada a relação de cada fator com a variável dependente, e formadas as
células (o agrupamento dos tokens), o programa irá, enfim, efetuar o cálculo das
probabilidades.
As células são o agrupamento dos tokens com a mesma característica. O programa
agrupa na mesma célula palavras como alfândega, almôndega, pândego, e todos que
apresentarem contextos comuns, no caso de uma avaliação que considere contextos. Como
analisa apenas dados variáveis, um fator que se apresente categórico não deve ser inserido no
programa, mesmo porque esse acusaria a presença da categoricidade (indicada por
KnockOut), barrando o cálculo das probabilidades. Nesta pesquisa, os indivíduos G e L
alçaram todas as vogais médias posteriores em todas as palavras proparoxítonas produzidas, e,
assim, foram excluídos na primeira rodada. Excluídas foram também algumas palavras,
como bússola e cômudo, por exemplo, sempre alçadas, e gênese e útero, nunca alçados, entre
outras palavras expostas no próximo capítulo. Nesses casos, a medição da probabilidade não
se faz necessária, já que o índice de seu alçamento é 100%.
Como o fator segmento precedente e seguinte é também uma variável desta pesquisa,
palavras que não se mostraram variáveis não foram inseridas no programa, que, como
apontam Robinson, Lawrence & Tagliamonte (2001, p.31), o “GOLDVARB 2001 rodará
quando você tiver obtido um conjunto de resultados com um valor de aplicação binário [...]
que possui variação em todos os fatores”
102
. Entre essas, estão as palavras em que a vogal
postônica não final é precedida ou seguida por uma vogal, como áu.re.o, né.vo.a, a.lí.ne.a,
ins.tan.tâ.ne.o, li.to.râ.ne.a, ó.le.o e também pe.rí.o.do, va.rí.o.la, ru.bé.o.la, au.ré.o.la. Essas
palavras não apresentaram variação, sendo completamente alçadas na língua.
102
GOLDVARB 2001 will run when you have achieved a set of results with a binary application value [...]
wich have variation in every factor”.
145
Dotadas de vogal média em posição postônica não final, sendo, por esse motivo,
passíveis ao alçamento, palavras como instantâneo, litorânea, óleo
103
, entre muitas outras
(apresentadas em anexo), apresentam comportamentos semelhantes aos das proparoxítonas
eventuais, sendo tratadas nesta pesquisa da mesma maneira, ou seja, como palavras
proparoxítonas. Proparoxítonas eventuais são aquelas terminadas em ditongo crescente –
semivogal + vogal –, ar.má.ri.o, a.nún.ci.o, an.fí.bi.o. Proparoxítonas “legítimas” são as
palavras pe.rí.o.do, au.ré.o.la, va.rí.o.la, ru.bé.o.la, todas palavras em que a vogal postônica
não final é precedida por vogal (tônica), e que também apresentam-se completamente alçadas
no dialeto belo-horizontino. Excluindo-se os casos em que não houve variação, sendo as
palavras sempre alçadas ou sempre mantidas, e também as que possuíram apenas uma entrada
na língua, as que realmente variavam podem ser visualizadas no quadro abaixo:
/e/ /o/
Almôndega Próspero Números Abóbora Cócoras Âncora
Centímetro Cérebro Símbolo Parábola Brócolis Carnívoro
Cócegas Fôlego Pêssego Cômoda Árvore Autódromo
Frutífera Helicóptero Velocímetro Fósforo Hipódromo Mármore
* Milímetro Parêntese Cancerígeno Psicólogo Catástrofe Gôndola
Taxímetro Indígena Córrego Horóscopo Pólvora Víbora
Vértebras Adúltero Úlcera Apóstolos Época Catálogo
Quilômetro Termômetro Velocípede Pentágono Astrônomo
Mamífero Hóspede Cícero Diálogo Autônumo Astrólogo
Pérola * Fonoaudióloga
* palavras que apareceram somente na fala espontânea.
QUADRO 3: Palavras Variáveis Analisadas pelo GOLDVARB
FONTE: Pesquisa do Autor / 2007
As entradas no programa variaram de acordo com os fatores selecionados na subseção
anterior. Foi atribuído um código específico para cada um dos fatores. Uma só palavra
recebeu várias entradas, variando de acordo com a velocidade em que foi pronunciada e com
o grau de formalidade do teste, que varia de acordo com cada um deles. uma codificação
para a palavra proferida em fala espontânea, outra para a mesma palavra proferida no Teste 1,
e essa se subdivide um duas outras, se o falante escutou a opção dos ícones de voz é um
103
Como se observa na listagem exposta em anexo, a grande maioria dessas palavras termina por –eo ou ea. As
únicas exceções foram: amêndoa, névoa, amêijoa, mágoa, nódoa e páscoa.
146
código se não escutou é outro, e outra codificação para essa palavra quando ela é proferida no
Teste 2. A necessidade de se estabelecer outra codificação para este teste surgiu de sua menor
complexidade e, principalmente, da reação dos informantes. Por terem tido contato com o
teste anterior, os falantes reagiram de forma menos tensa quando expostos ao Teste 2. Os
dados foram lançados quando o informante demonstrava conhecer o item, o que pode ser
facilmente apreendido, já que o teste foi aplicado 3 vezes para cada informante. Mesmo que
eles copiassem a opção do ícone de voz na primeira rodada, a hesitação em proferir o item
novamente nas rodadas posteriores era grande, não por esquecimento, mas por que não o
conheciam, como demonstram os casos de catáchitre para catástrofe, cancerisma para
cancerígeno, todos itens pronunciados após longa hesitação
104
.
Buscou-se, enfim, utilizar o GOLDVARB 2001 de acordo com a função que
Lamprecht (2004) destaca, ou seja, mostrando a relevância de cada fator selecionado no
fenômeno aqui pesquisado, apesar de termos encontrado outros fenômenos que, abordados no
próximo capítulo, não serão quantificados.
Os dados oriundos de ambas as partes da entrevista (expostos em anexo) foram
transcritos com base no sistema ortográfico convencional. Fez-se a análise auditiva dos dados,
através do teste de confiabilidade. Três foram os analistas participantes da escuta: a
pesquisadora, um jornalista e uma violinista, mestre em Música (UFMG). Convencionou-se
que só permaneceriam no corpus aquelas palavras com alçamentos confirmados pela oitiva de
todos os analistas.
Seguindo os critérios expostos nas subseções acima, o desafio foi, então, alimentar e
validar empiricamente esta pesquisa com dados quantitativos que, a posteriori, foram
analisados qualitativamente. O quesito qualitativo é o ponto em que toda pesquisa atinge seu
potencial explicativo e, como aponta Oliveira (1981, p.48), “os números obtidos na análise
quantitativa não são o resultado final da análise”, e sim uma primeira apreciação. Tais
números representam situações que devem ser interpretadas”. É tirar da quantidade a
qualidade. Desse modo, selecionou-se só o que de fato entrou em cena, para que, passada a
fase da seleção, chegássemos a dados probabilísticos mais seguros, expostos no próximo
capítulo.
104
Esses casos devem ser diferenciados daqueles em que o input do falante é diferente do padrão, como nos
casos de itens lexicais estigmatizados (aricópetro para helicóptero, por exemplo), esses foram computados na
análise.
147
7 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
7.1 Realizações Fonético-Fonológicas
No segundo capítulo, apresentaram-se algumas possibilidades de realizações
fonético-fonológicas que, resultantes de diferentes causas e naturezas, a sílaba postônica
estaria sujeita. Essas possibilidades foram traduzidas pelo processo de abaixamento, pelas
diferentes rotas de alçamento (corporificando duas possibilidades), pela queda da postônica
não final, a síncope das proparoxítonas, e pelo processo de alçamento, o que aqui se mediu.
Nesta etapa do trabalho, os resultados empíricos encontrados nos permitem descartar o status
de possibilidade e atribuir o status de realizações aos fenômenos que permeiam as vogais
médias em posição postônica não final no dialeto belo-horizontino.
Uma dessas realizações foi a aqui chamada de abaixamento, todos casos de
hipercorreção. Integraram o abaixamento casos em que as palavras que possuem a vogal alta
na posição postônica não final são pronunciadas com a vogal média alta na referida posição.
Dessa forma, um vocábulo como nó.du.lo é pronunciado como nó.do.lo, ver.mí.fu.go como
ver.mí.fo.go, e ainda realizações do tipo fri.go.rí.fe.co para fri.go.rí.fi.co. O único caso
encontrado que se assemelha a esse padrão, mas que não é hipercorreção foi aborígene para
aborígine, pronunciado três vezes pelo informante S. Apesar de a pronúncia mais comum ser
aborígine, tanto a alçada quanto a não alçada aborígene são aceitas e legitimadas pela língua,
sendo, inclusive, dicionarizadas das duas formas. Enquadrando-se nos casos de abaixamento,
há, também, os itens pólvara, semáfaro e catálago ([o] [a]) e, também, mamífaro e câmara
para câmera ([e] [a]).
Outra realização prevista compõe o que Amaral (2001) denominou “outras
alterações” (AMARAL, 2001, p.103). Com uma rota um pouco mais extensa do que a aqui
focalizada (parte da vogal baixa para as médias e daí para a alta), esse fenômeno pode ser
também considerado um caso de alçamento, e, pelos exemplos da autora, se concretiza nas
realizações [‘pΕtula] para pétala, [‘vΕspura] para véspera e, ainda, [‘la
m
peda] ~ [‘la
m
pida]
para lâmpada. Nesses exemplos, a rota percorrida é [a] [u], no primeiro caso, [e] [i] e
uma posteriorização [u], no segundo, e, no último, [a] [e] [i]. Nos dados coletados
neste trabalho, encontramos algumas realizações que se enquadram nesse padrão, algumas
dessas atestadas pela autora, como a variação [‘la
m
peda] ~ [‘la
m
pida] ([a] [e] e [a] [e]
148
[i]), e a pronúncia de pétula e véspura, e também outras realizações como psicóligo e diáligo.
Há, ainda, os casos em que a palavra sofre apenas a anteriorização, sem que haja o alçamento,
como no caso de fósfero, uma ocorrência bem freqüente entre os falantes da classe baixa, e
também os casos de pólvera ([o] [e]), frutífora e mamíforo ([e] [o]).
Outra realização prevista e atestada pelos dados dessa pesquisa é a síncope,
fenômeno em que se processa a queda efetiva da vogal postônica não final. Nos itens lexicais
proparoxítonos, tal processo se traduz em realizações do tipo ár.vre para ár.vo.re, entre
muitas outras, e segue restrições fonotáticas, como as apontadas no segundo capítulo.
Conforme o esperado, encontrou-se a síncope de palavras como abóbra para abóbora, córgo
para córrego, véspra para véspera, brócu para brócolis e auréla para auréola.
Das realizações descritas anteriormente, a síncope das postônicas é a única que leva
a palavra de proparoxítona à paroxítona. Há, contudo, outros fenômenos, atestados no dialeto
belo-horizontino, que também conduzem a essa transição. Nesses fenômenos, a vogal
postônica não final permanece, mas caem outras estruturas, como a sílaba final em cóqui
(có.co.ras có.co. có.ci), paralelepípi (pa.ra.le.le.pí.pe.do pa.ra.le.le.pí.pe
pa.ra.le.le.pí.pi) e velocípi (vê.lo.cí.pe.de ve.lo.cí.pe vê.lo.cí.pi) e a vogal final em
parêntis (pa.rên.te.ses pa.rên.tes pa.rên.tis).
Apesar de todas as realizações descritas acima estarem envolvidas nos processos que
permeiam as vogais médias em posição postônica não final, focalizamos nesta pesquisa o
alçamento das mesmas, um fenômeno também atestado aqui. Portanto, os dados a serem
apresentados a seguir se referem aos casos em que a variação /e/ ~ /i/ e /o/ ~ /u/ nas
palavras proparoxítonas, como em psicóloga ~ psicóluga, córrego ~ córrigo, pérola ~ pérula,
entre outras.
Convém lembrar que palavras proparoxítonas que contenham vogal média em sílaba
postônica não final são, como visto, palavras que dificilmente aparecem no vernáculo. Muito
técnicas e muitas vezes evitadas pelos falantes, possuem baixa freqüência na fala dos
indivíduos. Devido a esse fato, a seção seguinte, além de expor a quantificação das amostras
para cada vogal investigada, descreve também a freqüência com que os itens foram
pronunciados.
Quase todas as tabelas apresentadas na próxima seção devem ser lidas da seguinte
forma: na primeira coluna se expõem as possibilidades de realização para cada fator,
estrutural ou não estrutural; na segunda a quantidade de dados em que houve o alçamento da
vogal em relação ao total geral da categoria; na terceira a porcentagem do alçamento e da
149
manutenção da vogal e na quarta a probabilidade do alçamento da vogal de acordo com
aquele fator.
Na análise quantitativa, cada fator recebe um “peso” (“valor do fator” ou
“probabilidade”) um número entre zero e um que caracteriza o efeito deste sobre a regra
variável em questão. Guy (1988, p.31) orienta que, em uma rodada binária, o peso .50 é o
valor que indica neutralidade do fator observado, ao passo que índices superiores a esse valor
demonstram maior probabilidade de aplicação da regra e os inferiores indicam que o fator não
é favorável à aplicação da regra.
7.2 Descrição e Discussão dos Resultados
Submetidas ao programa de análise estatística GOLDVARB, as amostras, totalizadas
nos termos expostos no capítulo anterior, compreenderam 1823 dados (870 para /e/ ~ /i/ e 953
para /o/ ~/u/). Em virtude de se alcançar o melhor ajuste entre os dados, foram realizadas
muitas rodadas de stepping up e stepping down. Essas rodadas forneceram alguns resultados
que permitiram ao programa selecionar os grupos de fatores que favoreceram ou
desfavoreceram o alçamento. Antes de explicitá-los, porém, cabe aqui apresentar a estatística
total do alçamento das vogais médias postônicas não finais, a anterior /e/ e a posterior /o/:
TABELA 2
Estatística total do alçamento de /e/
Alçamento Dados obtidos %
Vogal Alçada – /i/ 327/870 37
Vogal Não Alçada – /e/ 543/870 62
FONTE: Dados da Pesquisa / 2007
TABELA 3
Estatística total do alçamento de /o/
Alçamento Dados obtidos %
Vogal Alçada – /u/ 756/953 79
Vogal Não Alçada – /o/ 197/953 20
FONTE: Dados da Pesquisa / 2007
Para o alçamento de /e/, o programa selecionou como desfavoráveis os grupos de
fatores sexo, faixa etária, escolaridade, classe social, contexto precedente e seguinte, grau de
150
altura da vogal tônica e posição da vogal na palavra, os grupos de fatores favoráveis
selecionados foram indivíduo, formalidade versus informalidade, velocidade de fala e item
lexical. Para o alçamento de /o/, que, seguindo as propostas anteriores, foi também mais
recorrente no dialeto belo-horizontino, o programa selecionou como relevantes os grupos de
fatores indivíduo, item lexical, e formalidade versus informalidade, e todos os outros foram
considerados irrelevantes.
7.2.1 Grupos de Fatores Relevantes
No que e refere à relevância dos fatores, indivíduo e item lexical são o ponto de
interseção do alçamento de ambas as séries, anterior (/e/ /i/) e posterior (/o/ /u/). Esse
resultado pode ser visto como um forte indício de que o alçamento das vogais médias
postônicas não finais é de fato um caso de DL. Porém, antes de essa questão ser mais bem
discutida, apresento os outros fatores favoráveis e alguns breves comentários sobre eles.
Entre os fatores relevantes para o alçamento de /e/ estão a velocidade de fala e
formalidade versus informalidade, medido aqui como um reflexo do estilo de entrevista a que
os falantes estavam expostos. A eleição desses grupos de fatores como relevante já era
esperada, que era perfeitamente perceptível o quanto os informantes controlavam a sua
pronúncia de acordo com o estilo de teste aplicado, desacelerando a velocidade com que as
palavras eram proferidas para não cometerem “erros” (em especial na primeira rodada) ou
acelerando essa velocidade quando julgavam conhecer toda a seqüência (segunda e/ou terceira
rodada).
O fator velocidade de fala foi, enfim, um reflexo dos testes aplicados aos falantes. A
velocidade de fala normal (e normalidade é um critério específico a cada indivíduo) se aplicou
ao estilo de fala espontâneo e à manutenção desse estilo durante a realização dos testes. O
fator velocidade de fala acelerada e pausada, com exceção do item alienígena, pronunciado de
forma pausada na fala espontânea do informante J, se aplicou somente aos testes, o que
justifica seu menor número.
A necessidade em se medir ambos os grupos de fatores surgiu, então, da reação dos
informantes frente aos testes e também de hipóteses como a de Cristófaro Silva (1999), que
predizem que a formalidade é um fator condicionante do não alçamento das vogais médias em
151
posição postônica não final. As tabelas abaixo demonstram os resultados estatísticos
encontrados para ambos os fatores:
TABELA 4
Formalidade versus Informalidade e Estilo no processo de alçamento de /e/
Formalidade versus
Informalidade e Estilo
Dados obtidos % Probabilidade
/e/ /i/ /e/ /i/
Informalidade
25/45 20/45 55 44 0,147
Formalidade Grau I
173/299 126/299 57 42 0,323
Formalidade Grau II
241/374 133/374 64 35 0,595
Formalidade Grau III
104/152 48/152 68 31 0,737
FONTE: Dados da Pesquisa /2007
TABELA 5
Implicações do parâmetro Velocidade de Fala no alçamento de /e/
Velocidade de Fala
Dados obtidos % Probabilidade
/e/ /i/ /e/ /i/
Pausada
51/74 23/74 68 31 0,741
Normal
423/690 267/690 61 38 0,469
Acelerada
69/106 37/106 65 34 0,517
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
O resultado crescente das probabilidades apresentadas na
TABELA 4
confirmam a
necessidade de se ter estabelecido graus diferentes para a formalidade. Curioso, contudo, é o
comportamento dos falantes frente ao mesmo grupo de fatores no que se refere ao alçamento
de /o/. Nesse caso, não se pode observar o mesmo padrão de favorecimento, como
demonstrado na tabela abaixo:
TABELA 6
Formalidade versus Informalidade e Estilo no processo de alçamento de /o/
Formalidade versus
Informalidade e Estilo
Dados obtidos % Probabilidade
/o/ /u/ /o/ /u/
Informalidade 15/61 46/61 24 75 0,459
Formalidade Grau I 69/337 268/337 20 79 0,437
Formalidade Grau II
64/387 323/387 16 83 0,644
Formalidade Grau III 49/168 119/168 29 70 0,312
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
152
Ao contrário do padrão apresentado pelo alçamento de /e/, o alçamento de /o/ encontra
no Teste 1 sua mais alta probabilidade e percentagem. Esse resultado pode ser interpretado
como um argumento contra a hipótese de que um maior grau de formalidade implica o não
alçamento da vogal, que a mais alta percentagem do alçamento deu-se em uma situação de
fala que não foi mais formal que a de Grau III, quando os falantes escutavam as opções do
ícone de voz. Porém, essa questão ainda permanece em aberto.
No que concerne às diferenças entre ambas as ries, é interessante perceber o fato de
o programa ter selecionado para o alçamento de /e/ os fatores formalidade versus
informalidade e velocidade de fala e para o alçamento de /o/ apenas o primeiro. Isso pode
também sugerir um menor controle do falante ao alçamento de /o/ para /u/, e, em
contrapartida, um maior controle ao alçamento de /e/ para /i/, uma diferença bem mais
perceptível. Aceita essa hipótese, não só há maior difusão na língua do processo de alçamento
de /o/ para /u/ como há menor controle do falante por parte desse processo, ambas são
reflexos do estreito espaço fonológico que divide as vogais /o/ e /u/ (MARTINET, 1964). Os
resultados do programa para a velocidade de fala no alçamento de /o/ podem ser visualizados
abaixo, e apesar de descartados pelo programa seguem a mesma escala de alçamento de /e/,
exposta aqui em ordem decrescente: pausada > acelerada > normal.
TABELA 7
Implicações do parâmetro Velocidade de Fala no alçamento de /o/
Velocidade de Fala
Dados obtidos %
/o/ /u/ /o/ /u/
Pausada 33/71 38/71 46 53
Normal 129/742 613/742 17 82
Acelerada 35/140 105/140 25 75
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
Cabe apontar que as opções do ícone de voz eram todas pronunciadas com a vogal
média alta. É interessante perceber que apesar de isso ter tido grande interferência nos
resultados, tendo provavelmente condicionado a eleição do fator formalidade versus
informalidade como relevante para o alçamento de ambas as séries
105
, essa interferência foi
105
E esse condicionamento pode ser explicado por duas diretrizes distintas. Ou a formalidade estava de fato
interferindo na manutenção da vogal ou os falantes estavam copiando as opções do ícone de voz. Acredito que a
segunda hipótese é a mais provável. Contudo, percebe-se que mesmo diante de uma situação tão extrema de
formalidade o falante tenha se comportado de maneira tal a manter a sua pronúncia. Prova disso é o fato de dois
desses informantes, F e M, terem alçado de /o/ para /u/ em todas as ocorrências.
153
bem maior no alçamento de /e/. Os outros dois fatores selecionados foram o indivíduo e o
item lexical, tanto para o alçamento de /o/ quanto para o alçamento de /e/.
A seleção do grupo de fatores indivíduo pode ser vista como um forte indício de que
tratamos aqui de uma mudança típica de DL. Esse grupo de fatores expressa uma diferença
não no comportamento dos falantes frente aos itens lexicais proferidos, como expresso no
quadro abaixo, como uma diferença no comportamento dos informantes no que se refere as
duas séries, a posterior e a anterior. Para o alçamento de /e/, o programa não eliminou nenhum
informante, e isso significa que todos os informantes variaram ao menos uma vez, para o
alçamento de /o/ dois informantes foram eliminados já na primeira rodada do programa, o que
significa que eles alçaram categoricamente.
TABELA 8
O indivíduo no processo de alçamento de /e/ (870 dados completos)
Alçamento da vogal média alta posterior (/e/)
Índivíduo
Dados obtidos % Probabilidade
/e/ /i/ /e/ /i/
L
35/52 17/52 67 32 0,648
P
41/56 15/56 73 26 0,618
S
38/53 15/53 71 28 0,600
N
42/60 16/60 70 30 0,580
D
34/51 17/51 66 33 0,571
R
38/55 17/55 69 30 0,570
A
23/31 8/31 74 25 0,547
H
32/48 16/48 66 33 0,546
J
27/41 14/41 65 34 0,516
Q
32/50 18/50 64 36 0,513
G
29/47 18/47 61 38 0,496
B
35/54 19/54 64 35 0,492
I
39/63 24/63 61 38 0,489
E
27/43 16/43 62 37 0,460
M
19/41 22/41 46 53 0,339
O
21/49 28/49 42 57 0,308
C
14/34 20/34 41 58 0,242
F
17/42 25/42 40 59 0,120
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
154
TABELA 9
O indivíduo no processo de alçamento de /o/ (953 dados completos).
Alçamento da vogal média alta posterior (/o/)
Índivíduo
Dados obtidos % Probabilidade
/o/ /u/ /o/ /u/
M
0/41 41/41 0 100 1,000
F
0/63 63/63 0 100 1,000
B
4/70 66/70 5 94 0,865
N
2/61 59/61 3 96 0,851
Q
5/74 69/74 6 93 0,818
C
3/38 35/38 7 92 0,657
O
7/43 36/43 16 83 0,585
E
11/61 50/61 18 81 0,553
L
10/63 53/63 15 84 0,542
H
13/63 50/63 20 79 0,507
S
10/68 58/68 14 85 0,503
A
8/38 30/38 21 78 0,474
R
11/54 43/54 20 79 0,471
G
10/57 47/57 17 82 0,461
D
11/57 46/57 19 80 0,458
J
8/49 41/49 16 83 0,438
P
17/63 46/63 26 73 0,366
I
67/94 27/94 71 28 0,027
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
A diferença no comportamento lingüístico dos indivíduos pode ser notada pelas
probabilidades e porcentagens expressas nas tabelas acima. Aliadas às probabilidades
superiores à .50, essas diferenças justificam por si a escolha desse grupo de fatores como um
favorecedor do alçamento de ambas as séries.
O mesmo se pode dizer do próximo grupo de fatores indicado pelo GOLDVARB, o
que engloba os itens lexicais. Como esse é um programa de análise multivariacional,
puderam ser medidos os itens que se apresentaram variáveis na amostra. O quadro abaixo
explicita os itens considerados pelo programa e também aqueles que, por não se apresentarem
variáveis, foram descartados na primeira rodada. Esse quadro expressa mais uma diferença,
nada sutil, de comportamento entre as séries. As palavras proparoxítonas com vogal média
alta anterior em posição postônica não final foram eliminadas do programa por o
apresentarem alçamento, enquanto as que possuíam vogal média alta posterior foram
excluídas por sempre se apresentarem alçadas, como demonstrado a seguir:
155
TABELA 10
O item lexical no processo de alçamento de ambas as séries – dados obtidos e porcentagens
Itens Lexicais
/e/ /o/
Itens
Dados %
Itens
Dados %
/e/ /i/ /e/ /i/ /o/ /u/ /o/ /u/
Cócegas 21/30 9/30 70 30 Cômoda 11/39 28/39 28 71
Frutífera 18/20 2/20 90 10 Fósforo 2/38 36/38 5 94
*Pálpebra Psicólogo/a (s) 5/52 47/52 9 90
Taxímetro 2/23 21/23 8 91 Horóscopo 1/26 25/26 3 96
*Vértebras Apóstolos 2/54 52/54 3 96
Quilômetro 1/53 52/53 1 98 *Ídolo
Centímetro 14/32 18/32 43 56 Diálogo 5/26 21/26 19 80
Mamífero 41/44 3/44 93 6 Pérola 11/46 35/46 23 76
Velocípede 37/53 16/53 69 30 *Bússola
Véspera 19/21 2/21 90 9 *Síndromes
Almôndega 38/47 9/47 80 19 *Cômodo
Fôlego 13/31 18/31 41 58 Árvore 3/49 46/49 6 93
Helicóptero 49/50 1/50 98 2 Hipódromo 9/25 16/25 36 64
Parêntese 15/19 4/19 78 21 Catástrofe 2/25 23/25 8 92
*Útero
Pólvora 14/36 22/36 38 61
*Adúltero Época 21/58 37/58 36 63
Termômetro 3/51 48/51 5 94 Pentágono 1/20 19/20 5 95
Hóspede 22/23 1/23 95 4 Autônumo 3/28 25/28 10 89
*Gênese Carnívoro 8/40 32/40 20 88
Indígena 12/49 37/49 24 75 *Símbolos
Cérebro 27/29 2/29 93 6 *Justinópolis
*Paralelepípedo Autódromo 2/16 14/16 12 87
Números 79/85 6/85 92 7 Mármore 6/52 46/52 11 88
Pêssego 49/59 10/59 83 16 Gôndola 13/20 7/20 65 35
Velocímetro 4/28 24/28 14 85 Víbora 3/32 29/32 9 90
*Crisântemo *Semáforo
Fenômeno 2/27 25/27 7 92 Catálogo 2/17 15/17 11 88
Cancerígeno 22/28 6/28 78 21 Astrônomo 3/45 42/45 6 93
Córrego 31/37 6/37 83 16 **Geólogo
*Câmera
Abóbora 5/47 42/47 10 89
**Alienígena Cócoras 21/23 2/23 91 8
Próspero 24/31 7/31 77 22 Âncora 15/51 36/51 29 70
*Ópera
Parábolas 1/26 25/26 3 96
**Sonífero Brócolis 27/56 29/56 48 51
* Itens nunca alçados.
** Itens que se apresentaram categóricos na pronúncia
de informante só, ou que apareceram uma vez para
esse informante.
**Heliópolis
Fonoaudióloga 1/2 1/2 50 50
**Própolis
*Itens sempre alçados.
** Itens que se apresentaram categóricos na
pronúncia de informante só, ou que apareceram uma
vez só para esse informante.
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
156
TABELA 11
O item lexical no processo de alçamento de ambas as séries - probabilidades
Itens Lexicais
/e/ /o/
Itens
Probabilidades
Itens
Probabilidades
Cócegas 0,405 Cômoda 0,223
Frutífera 0,791 Fósforo 0,815
*Pálpebra Psicólogo/a (s) 0,705
Taxímetro 0,015 Horóscopo 0,934
*Vértebras Apóstolos 0,898
Quilômetro 0,006 *Ídolo
Centímetro 0,183 Diálogo 0,485
Mamífero 0,895 Pérola 0,272
Velocípede 0,596 *Bússola
Véspera 0,893 *Síndromes
Almôndega 0,789 *Cômodo
Fôlego 0,158 Árvore 0,789
Helicóptero 0,981 Hipódromo 0,204
Parêntese 0,502 Catástrofe 0,799
*Útero
Pólvora 0,155
*Adúltero Época 0,174
Termômetro 0,020 Pentágono 0,934
Hóspede 0,916 Autônumo 0,644
*Gênese Carnívoro 0,418
Indígena 0,112 *Símbolos
Cérebro 0,985 *Justinópolis
*Paralelepípedo Autódromo 0,479
Números 0,941 Mármore 0,613
Pêssego 0,817 Gôndola 0,044
Velocímetro 0,033 Víbora 0,719
*Crisântemo *Semáforo
Fenômeno 0,052 Catálogo 0,707
Cancerígeno 0,479 Astrônomo 0,810
Córrego 0,840 **Geólogo
*Câmera
Abóbora 0,633
**Alienígena Cócoras 0,005
Próspero 0,508 Âncora 0,224
*Ópera
Parábolas 0,890
**Sonífero Brócolis 0,096
* Itens nunca alçados.
** Itens que se apresentaram categóricos na pronúncia
de informante só, ou que apareceram uma vez para
esse informante.
**Heliópolis
Fonoaudióloga 0,090
**Própolis
*Itens sempre alçados.
** Itens que se apresentaram categóricos na
pronúncia de informante só, ou que apareceram uma
vez só para esse informante.
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
157
Algumas das palavras excluídas pelo programa foram as que apareceram apenas uma
vez para um falante, ou que, apesar de aparecerem mais vezes para esse informante, não se
apresentaram variáveis. Essas palavras foram, por razões óbvias, as pertencentes à fala
espontânea e antes de passarmos à próxima seção cabe explicitar aqui a freqüência relativa
das palavras produzidas nesse estilo de fala.
Como um critério metodológico, para medir o número de vezes em que o item
apareceu no vernáculo durante as entrevistas, adotou-se a seguinte escala de freqüência: 01
vez, de 02 vezes até 05 vezes, de 06 até 10 vezes, de 11 até 20 vezes, de 21 até 35 vezes, de
36 até 50 vezes, mais de 51 vezes. Contudo, convém ressaltar que essa escala deve ser
relativizada, já que, a condução das entrevistas e o perfil de cada informante foi o que
determinou uma maior freqüência de um item e não outro.
Escalas de Freqüência
Primeira Escala
(1 ocorrência)
Heliópolis, epístola, bióloga, catálogo, velocípede, horóscopo,
áspero, própolis, *instantâneo, *férrea, *névoa, *aérea.
Segunda Escala
(de 2 a 5 ocorrências)
Alienígena, geólogo, sonífero, milímetro, parábolas, útero,
apóstolo, símbolo, cérebro, cancerígeno, fôlego, bússola,
gênese, almôndegas, frutíferas, gôndola, *petróleo, *litorânea,
*orquídea, *náusea, *pâncreas.
Terceira Escala
(de 6 a 15 ocorrências)
Justinópolis, fonoaudióloga, autônomo, quilômetro, pérola,
psicólogo-a(s), hóspede, pêssego, período, abóbora, *área,
*vídeo, *óleo, *gêmeas.
Quarta Escala
(de 16 a 30 ocorrências)
Número, brócolis, câmera, helicóptero, árvore, córrego.
Quinta Escala
(mais de 30 ocorrências)
Época (80)
QUADRO 4:
Escalas de Freqüência dos Itens Proferidos em Fala Espontânea.
FONTE: Dados da Pesquisa/2007.
7.2.2 Grupos de Fatores Irrelevantes
Labov (1981, p.296) prevê que fatores não estruturais não condicionam processos
fonológicos sujeitos à DL. O fato de o programa não ter selecionado essas variantes pode ser
apontado como outro forte indício de que a variação das vogais médias (redução vocálica ou
alçamento ~ manutenção da vogal média) é um processo fonológico difusionista. Nos dados
158
abaixo, percebe-se o quanto esses parâmetros se apresentaram de forma mais ou menos
equânime para cada um dos fatores que os compõe, mostrando pouca diferença entre eles:
TABELA 12
Implicações do parâmetro Classe Social e Renda no processo de alçamento de /e/
Classe social e renda
Dados obtidos %
/e/ /i/ /e/ /i/
Baixa 215/363
148/363
59 40
Média 328/507
179/507
64 35
FONTE: Dados da Pesquisa, 2007
TABELA 13
Implicações do parâmetro Classe Social e Renda no processo de alçamento de /o/
Classe social e renda
Dados obtidos %
/o/ /u/ /o/ /u/
Baixa 46/372 326/372
12 87
Média 151/581
430/581
25 74
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 14
Implicações do parâmetro Escolaridade no processo de alçamento de /e/
Escolaridade
Dados obtidos %
/e/ /i/ /e/ /i/
Até o Ensino Médio 347/571
224/571
60 39
Mais que o Ensino Médio 196/299
103/299
65 34
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 15
Implicações do parâmetro Escolaridade no processo de alçamento de /o/
Escolaridade
Dados obtidos %
/o/ /u/ /o/ /u/
Até o Ensino Médio 147/560
413/560
26 73
Mais que o Ensino Médio 50/393 343/393
12 87
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
159
TABELA 16
Implicações do parâmetro Sexo no processo de alçamento de /e/
Sexo
Dados obtidos %
/e/ /i/ /e/ /i/
Masculino 196/321 125/321 61 38
Feminino 347/529 202/549 63 36
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 17
Implicações do parâmetro Sexo no processo de alçamento de /o/
Sexo
Dados obtidos %
/o/ /u/ /o/ /u/
Masculino 44/304 260/304 14 85
Feminino 153/649 496/649 23 76
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 18
Implicações do parâmetro Faixa Etária no alçamento de /e/
Faixa Etária
Dados obtidos %
/e/ /i/ /e/ /i/
20 a 49 312/506 194/506 61 38
50 em diante 231/364 133/364 63 36
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 19
Implicações do parâmetro Faixa Etária no alçamento de /o/
Faixa Etária
Dados obtidos %
/o/ /u/ /o/ /u/
20 a 49 153/625 472/625 24 75
50 em diante 44/328 284/328 13 86
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
A não seleção do ambiente fonético e de outros fatores estruturais como um grupo de
fatores favorável pode ser considerada mais um indício de que realmente tratamos aqui de um
processo de cunho difusionista.
160
TABELA 20
Implicações do seguimento precedente no alçamento de /e/
Segmento precedente
Dados obtidos %
/e/ /i/ /e/ /i/
Nasal bilabial e alveolar
108/310 202/310 34 65
Obstruintes velares e
Obstruinte palatal
34/78 44/78 43 56
Lateral alveolar
25/43 18/43 58 41
Fricativas alveolares
70/89 19/89 78 21
Obstruintes labiais
107/132 25/132 81 18
Vibrante alveolar
31/37 6/37 83 16
Tepe
15/17 2/17 88 11
Fricativas labiodentais
59/64 5/64 92 7
Obstruintes alveolares
94/100 6/100 94 6
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 21
Implicações do seguimento seguinte no alçamento de /e/
Segmento seguinte
Dados obtidos %
/e/ /i/ /e/ /i/
Obstruintes alveolares
26/190 164/190 13 86
Nasal bilabial e alveolar
36/104 68/104 34 65
Obstruintes velares e palatais
211/280 69/280 75 24
Fricativas alveolares
15/19 4/19 78 21
Tepe
228/248 20/48 91 8
Obstruintes labiais
27/29 2/29 93 6
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 22
Implicações do seguimento precedente no alçamento de /o/
Segmento precedente
Dados obtidos %
/o/ /u/ /o/ /u/
Lateral alveolar
13/97 84/97 13 86
Nasal bilabial e alveolar
23/165 142/165 13 86
Obstruintes labiais
31/183 152/183 16 83
Fricativas labiodentais
27/163 136/163 16 83
Obstruintes alveolares
17/75 60/75 20 80
Tepe
24/112 88/112 21 78
Obstruintes velares e
obstruinte palatal
64/158 94/158 40 59
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
161
TABELA 23
Implicações do seguimento seguinte no alçamento de /o/
Segmento seguinte
Dados obtidos %
/o/ /u/ /o/ /u/
Obstruintes labiais
1/26 25/26 3 96
Fricativas labiodentais
2/25 23/25 8 92
Nasal bilabial e alveolar
18/133 115/133 13 86
Tepe
76/367 291/367 20 79
Obstruintes velares e palatais
34/156 122/156 21 78
Lateral alveolar
55/207 152/207 26 73
Obstruintes alveolares
11/39 28/39 28 71
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 24
Implicações do parâmetro Grau de Altura da Vogal Tônica no alçamento de /e/
Grau de altura da vogal
tônica
Dados obtidos %
/e/ /i/ /e/ /i/
Com vogal alta 229/362
133/362
63 36
Sem vogal alta 314/508
194/508
61 38
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 25
Implicações do parâmetro Grau de Altura da Vogal Tônica no alçamento de /o/
Grau de altura da vogal
tônica
Dados obtidos %
/o/ /u/ /o/ /u/
Com vogal alta 11/73 62/73 15 84
Sem vogal alta 186/880 694/880 21 78
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
TABELA 26
Implicações morfológicas no alçamento de /e/
Posição da vogal na palavra
Dados obtidos %
/e/ /i/ /e/ /i/
Na raiz 408/489 81/489 83 16
Fora da Raiz 135/381 246/381 35 64
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
162
TABELA 27
Implicações morfológicas no alçamento de /o/
Posição da vogal na palavra
Dados obtidos %
/o/ /u/ /o/ /u/
Na raiz 176/765 589/765 23 76
Fora da Raiz 21/188 167/188 11 88
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
7.3 As Grandes Hipóteses e as Realizações Atestadas
As realizações variáveis que envolvem as vogais médias altas e altas em posição
postônica não final são aqui analisadas conforme as hipóteses maiores assumidas, ambas
expostas em detalhes no capítulo precedente. Nos corpus coletado neste trabalho, é possível
apontar alguns dados que ilustram e demonstram a validade tanto da primeira hipótese quanto
da segunda, brevemente recapituladas a seguir.
A primeira refere-se à natureza difusionista do fenômeno em foco. No capítulo
precedente levantaram-se três situações que indicam DL na língua. A primeira postula que,
dada uma mesma regra A
B / C___D, há, no mesmo item lexical, estruturas CBD co-
ocorrendo com estruturas CAD. A segunda envolve os itens lexicais que possuem contexto
fonológico para que alcem, mas não alçam, e, assim, sempre apresentam estruturas CAD, o
resíduo. A terceira, a mais intrigante, mas que de fato não ocorre (pois exige um ambiente em
que C e D sejam segmentos específicos), se refere aos itens lexicais que não apresentam
contexto para que sofram o processo de alçamento, mas alçam mesmo assim.
A segunda hipótese assume que: (1) itens lexicais, que podem se apresentar variáveis
quando olhamos para toda a comunidade de fala, possuem pronúncias categóricas para cada
indivíduo (a variação intra-indivdual existente é mínima); e, em decorrência disso, (2) não se
pode computar como variáveis os itens que possuem pronúncias categóricas dentro da mesma
comunidade de fala.
Para a comprovação da primeira hipótese faz-se necessário que algumas considerações
sejam feitas e/ou retomadas aqui, especialmente as que envolvem o papel do contexto
estrutural nas mudanças. Para os NGs, a mudança sonora afeta todas as palavras que
satisfazem as condições estruturais que regem a implementação dessa mudança. Essas
condições estruturais são, na verdade, o ambiente fonético, o que, nessa perspectiva de
163
análise, condiciona uma mudança sonora específica. Assim, a vogal [e] postônica não final
das proparoxítonas muda para [i] em um determinado contexto. Então toda e qualquer palavra
que tenha [e] postônico não final nesse contexto sofrerá uma mudança e passará a ter [i].
Longe de ser uma proposta ingênua, os NGs, obviamente, enxergavam as mudanças sonoras
dentro de um continuum, ocorrendo e sendo implementadas durante um período de tempo,
fixando-se uma das formas que estavam em concorrência.
Para os que seguem essa orientação, a mudança é implacável, como de fato uma
mudança é, e quando chega a ser percebida na língua se espraiou por todas as palavras que
possuem as condições estruturais específicas, sendo, assim, irrestrita. As exceções são frutos
do empréstimo ou da analogia. O principal ponto de discordância entre ambas as teorias dá-se
aí, neogramáticos pregam pela irrestritabilidade da mudança, que se propaga por todo o
contexto fonético de maneira instantânea, e difusionistas pregam que ela é propagada pelo
léxico de maneira gradual, difundindo-se de palavra em palavra. A diferença principal dessa
proposta com a dos difusionistas fixa-se, então, no nível da propagação da mudança.
Dessa forma, na perspectiva difusionista, a mudança ocorre inicialmente em algumas
palavras e propaga-se para outras palavras com estrutura sonora semelhante. Em alguns casos,
a difusão lexical deixa algumas palavras permanentemente sem alteração sonora. Em outros
casos a mudança atinge a todas as palavras da língua que potencialmente poderiam sofrer a
mudança sonora. Diante disso, não se pode dizer que o ambiente fonético é desconsiderado
pela DL, ele pode ser visto como um “assimilador a posteriori, e não como um condicionador
a priori de uma inovação” (OLIVEIRA, 1992, p.35). Ou seja, não é que o contexto não tenha
nenhuma interferência, prova disso é o fato de o caminho natural da mudança de [e] é o
alçamento para [i] e não a oclusiva [k], por exemplo, mas, para difusionistas, não é o contexto
que vai licenciar a mudança, sendo esse papel exercido pelo léxico. O fato de o programa
GOLDVARB ter apontado o contexto precedente e o contexto seguinte como
desfavorecedores, e também os outros fatores estruturais, parece corroborar com essa
hipótese.
O que deve ficar claro é que o fato de a língua apresentar variação no mesmo contexto
não implica necessariamente DL. A explicação para essa variação é que vai diferenciar uma
proposta difusionista de uma proposta neogramática. Difusionistas não enxergam as
realizações do tipo cócuras para cócoras ou mesmo variações do tipo âncura ~ cócoras como
exceções a uma regra implementada na língua, mas sim como uma propagação lexical
dessa regra. Já neogramáticos, guiando-se pelo princípio da exceptioness, explicariam as
“exceções” (não existentes na teoria difusionistas) por empréstimo ou analogia.
164
Uma maneira de se comprovar que não tratamos aqui de um fenômeno que pode ser
visto como neogramático seria através de um estudo etimológico, a data de entrada do
“resíduo” e do item que sofreu a mudança. Porém, se isso fosse feito, extrapolaríamos os
limites desta dissertação. Outro argumento é mostrar que se deve à analogia (um mecanismo
pouco estudado nas propostas lingüísticas, mas bem defendido por grandes lingüistas como
Kiparsky) o fato de haver variações do tipo cômoda ~ cômuda, pólvora ~ pólvura e córrego ~
córrigo, fôlego ~ fôligo. A explicação de maneira realmente convincente do porquê de a
analogia não ser capaz de explicar essas variações renderia discussões suficientes para se
formular outra pesquisa. Por ora, fica apenas o questionamento será que, para as vogais
postônicas não finas, há de fato um padrão a ser restabelecido. Na hipótese de haver, baseados
em que critérios poderíamos fixar a direção dessa reestruturação, se /o/ /u/ ou /u/ /o/.
Essas questões indicam algumas das grandes armadilhas que os trabalhos de inclinação
neogramática teriam de enfrentar.
Neste trabalho, encontraram-se realizações indicativas de DL. Essas são todas as
variações apresentadas na TABELA 10, isso se enxergarmos a questão de um ponto de vista
difusionista. Outras indicações de que as vogais da posição aqui investigadas são passíveis
aos processos difusionistas podem ser expressas pelo comportamento peculiar de algumas
palavras aqui pesquisadas. A palavra véspera, por exemplo, uma palavra pouco freqüente, foi
pronunciada como véspura por muitos falantes com menor escolaridade e pertencentes à
classe social mais baixa; a palavra próspero, contudo, que possui o mesmo contexto não vira
próspuro em nenhuma das ocorrências. A mesma diferença de comportamento acontece com
as palavras cômoda e cômodo, porém, com outros processos fonológicos envolvidos. O
mesmo falante que pronuncia cômbada para cômoda, fala que construiu um [komudu] na
frente de casa, e não um cômbadu ou mesmo cômbudu. Diferenças dessa espécie apontam
para a hipótese da DL e acabam por situar a investigação dos fenômenos fonológicos no par
item léxicoindivíduo.
E é no indivíduo que se centra a segunda hipótese maior aqui defendida. Apesar de os
falantes terem apresentado variação intra-individual, especialmente durante a realização do
Teste 1 (e esse é o que mais levou os falantes a alternarem), essa variação pode ser
considerada uma situação marcada na língua, conforme postulou Oliveira (2006). Nos dados
coletados nesta pesquisa, pode-se apontar alguns exemplos que condizem com essa hipótese,
tanto na fala espontânea quanto nos testes, inclusive no Teste 1, uma situação de extrema
formalidade.
165
O item córrego, por exemplo, que é variável se o que focalizamos é a comunidade de
fala, mostrou-se categórico na pronúncia individual espontânea. Neste estilo de fala, 5 falantes
pronunciaram córr[i]go categoricamente e 4 pronunciaram córr[e]go categoricamente. O
mesmo aconteceu com o item pêss[e]go e pêss[i]go, 4 informantes pronunciaram pêss[e]go
categoricamente e 5 pronunciaram pêss[i]go categoricamente. Os poucos casos de variação
intra-individual apresentados na fala espontânea ou foram de fato variação individual ou foi
uma atitude clara de controle por parte do informante, como na seqüência árvure ~ árvre ~
árvore, pronunciada pelo mesmo informante e na mesma frase.
nos dados do Teste 2, que demonstraram grande manutenção da pronúncia
individual, as pouquíssimas variações intra-individuais ocorreram, em geral, com as palavras
desconhecidas pelos falantes, ou quando eles controlavam sua pronúncia (G e L, por exemplo)
e ainda com aquelas cujas figuras envolviam leitura, como época e catálogo.
Pronúncia Individual
Informante C velocípido
~ velocípedo
~ velocípídi
(
input
-
velotrol
)
Informante D velocípede ~ velocípide
Informante E pólvora ~ pólvura, épuca ~ época e catálogo ~ catálugo
Informante G cômuda ~ cômada, época ~ épuca
Informante L véspura ~ véspera, época ~ épuca
Informante O época ~ épuca, ? fenônamo ~ fenônimo
QUADRO 5:
Manutenção da Pronúncia Individual (Teste 2)
FONTE: Dados da Pesquisa/2007
Considerar essa hipótese como um fato da língua passa, porém, por algumas questões
antigas na lingüística e que são amplamente discutidas por importantes teóricos, como
Weinreich, Labov & Herzog, no texto clássico de 1968. Ao formularem os fundamentos
empíricos para uma teoria da mudança lingüística, esses autores combateram a abordagem do
indivíduo como agente da mudança, quando reservaram uma parte considerável de suas
argumentações à proposta de substituir o dialeto do indivíduo (idioleto) pelo do grupo social
como lócus para o estudo da linguagem.
A questão do idioleto foi, anteriormente a Weinreich, Labov & Herzog (1968),
defendida pelo neogramático Hermann Paul (1880). Segundo Paul, o verdadeiro objeto do
lingüista é a amplitude das manifestações da atividade de fala em todos os indivíduos em sua
166
interação mútua, devendo-se distinguir tantas línguas quantos indivíduos houver. Paul, um
expoente da corrente neogramática, isolou o indivíduo e tentou criar uma ponte entre a
lingüística e a psicologia. O preço desse isolamento foi, contudo, a criação de uma oposição
irreconciliável entre indivíduo e sociedade, pois o autor considera que as nguas variam de
acordo com o indivíduo (idioleto) e não em conformidade com um grupo de falantes.
Weinreich, Labov & Herzog (1968), ao contrário de Paul, propõem que a mudança
lingüística deva ser tratada além dos limites do indivíduo, pois ela está intimamente ligada à
maneira pela qual a estrutura lingüística de uma comunidade complexa se transforma no
decorrer do tempo. Os autores postulam ainda que as gramáticas nas quais a mudança
lingüística ocorre são gramáticas da comunidade de fala.
Não é que o indivíduo não tenha nenhum papel nessa teoria; o que eles argumentam é
que esse papel é secundário em relação ao exercido pela comunidade de fala. Para Labov
(2000, p. 34), o indivíduo “pode apenas ser entendido como produto de uma história social
singular e como a interseção dos padrões lingüísticos de todos os grupos sociais e categorias
que definem aquele indivíduo”. E, uma vez que os atos de comunicação não se sustentam em
realizações individuais, ele considera que “o indivíduo não existe como objeto lingüístico”.
Segundo Severo (2004, p. 59),
O indivíduo que a teoria [de W.L.H.] trata é aquele que pode ser
caracterizado mediante escolaridade, idade, gênero, profissão… e cuja fala
retrata duas realidades interdependentes: a social e a lingüística, essa última
no que diz respeito ao processo de mudança. A fala do indivíduo é a fala do
grupo, da comunidade a que pertence.
A relação indivíduo x comunidade de fala é, contudo, extremamente polêmica e foi
interpretada de várias maneiras pelos mais diversos teóricos. Mais uma vez nos deparamos
aqui com a questão do objeto o que analisar, indivíduos ou a comunidade de fala? O que
deve ficar claro é que eles não estão em oposição direta nesta pesquisa e a defesa de que o
comportamento do indivíduo deve ser medido em separado é um reflexo da materialidade
lingüística refletida pelos dados empíricos coletados, e não a negação da influência do meio
social sobre esse comportamento.
No atual estágio das pesquisas lingüísticas, em especial as geridas pela
sociolingüística, o afastamento do indivíduo do contexto social beiraria a incoerência. A não
ser que esse fosse o propósito, se estivéssemos guiados por proposições biológicas, por
exemplo, assim como estão os trabalhos de orientação gerativa. Nestes casos, como um
reflexo do objeto que se pretende investigar, esse isolamento seria recomendável.
167
8 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desta dissertação, analisamos o alçamento das vogais médias em posição
postônica não final dos itens lexicais nominais proparoxítonos a partir de duas diretrizes, uma
que se guiou pelos pressupostos teóricos do modelo de Difusão Lexical e outra pela
constatação de que o comportamento do indivíduo tende à categoricidade. Neste capítulo,
procedemos a uma revisão dos pontos resenhados mais pertinentes e dos resultados obtidos,
destacando as conclusões alcançadas através da correlação entre ambos, como exposto
abaixo:
1)
Diferente de Câmara Jr. (1970) e López (1979), que analisaram o dialeto carioca, o
quadro das vogais postônicas não finais é, no dialeto belo-horizontino, composto pelas
vogais /a, e, i, o, u/, conforme o que postulou Vieira (1994), entre outros autores e
trabalhos. Essa constatação surge da plena realização de todos esses fonemas no
subsistema da postônica não final. A vogal baixa, presença incontestável, pode ser
evidenciada em muitos vocábulos, como lâm.pa.da e re.lâm.pa.go. As vogais médias
altas e altas anteriores foram evidenciadas em realizações variáveis como fô.le.go ~
fô.li.go, có.rre.go ~ có.rri.go. As vogais médias altas e altas posteriores foram
evidenciadas em realizações de fala espontânea, inclusive, como rola ~ pérula,
brócolis ~ bróculis. Realizações variáveis como essas levaram Bisol (2003) a postular
o debordamento do subsistema da postônica não final entre /a, i, u/ e /a, e, i, o, u/. Essa
é, contudo, uma opção de análise da autora, que aqui não será aprofundada ou
questionada.
2) O alçamento das vogais médias altas posteriores (/o/ /u/) é bem mais freqüente
que o alçamento das vogais médias altas anteriores (/e/ /i/). E, apesar de variável,
pode-se dar razão, até certo ponto, a Câmara Jr. (1970) e López (1979), quando
postulam a não existência da vogal /o/ entre as postônicas não finais. Mesmo essa não
sendo a realidade do dialeto belo-horizontino, caminhamos para lá.
3) Observa-se que as palavras que possuem configurações semelhantes às chamadas
proparoxítonas eventuais, como névoa, área, óleo, realizam-se sempre com vogais
altas, para todos os informantes em todos os itens lexicais pronunciados.
4) Apesar de ser possível observarmos realizações como útero e Cícero, palavras
nunca alçadas, o que, em uma abordagem neogramática, pode sugerir que o som está
168
condicionando ou barrando a mudança, podem-se apontar, pelas razões expostas no
capítulo precedente, o caráter difusionista do fenômeno aqui focalizado.
5) Com exceção do Teste 1, onde o grau de formalidade foi extremo, com muitos dos
informantes copiando a pronúncia do ícone de voz (o que era esperado), houve uma
forte manutenção da pronúncia individual, com pouquíssimos casos de variação intra-
individual legítima, e outros decorrentes de outros fatores, como auto-correção, devido
ao estilo entrevista ou teste.
Não considero que os dados coletados nessa dissertação tenham sanado por completo
nem a primeira e nem a segunda hipótese maior aqui assumida; eles apenas forneceram fortes
indícios empíricos de que elas podem ser realidades expressas na língua. Agora, nos mais
variados campos da ciência, as “verdades”, por vezes refutáveis, devem ser testadas e
investigadas pelos mais diferentes métodos e matizes teóricos.
169
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177
APÊNDICES
178
APÊNDICE A – Resumo das variáveis consideradas na análise
(com os símbolos utilizados na codificação dos respectivos fatores)
Variáveis Estruturais Variáveis Não-Estruturais
(I) Alçamento da Vogal Postônica Não Final (VII) Indivíduo
x Vogal Alçada & Informante A
y Vogal Não Alçada B Informante B
C Informante C
(II) Segmentos Precedentes:
D Informante D
E Informante E
p Obstruintes velares e obstruinte palatal 6 Informante F
s Obstruintes labiais G Informante G
u Obstruintes alveolares H Informante H
a Fricativas alveolares I Informante I
f Fricativas labiodentais J Informante J
n Nasal bilabial e alveolar $ Informante L
l Lateral alveolar M Informante M
t Tepe 3 Informante N
v Vibrante alveolar 4 Informante O
5 Informante P
Q Informante Q
R Informante R
8 Informante S
(III) Segmentos Seguintes:
(VIII) Sexo
P Obstruintes velares e obstruinte palatal
S Obstruintes labiais h Masculino
U Obstruintes alveolares m Feminino
A Fricativas alveolares
F Fricativas labiodentais
(IX) Faixa Etária
N Nasal bilabial e alveolar
L Lateral alveolar - 20 a 49 anos
T Tepe + 50 anos
V Vibrante alveolar
(X) Escolarização
(IV) Grau de altura da vogal tônica
1 Até ensino médio
2 Mais que o ensino médio
c Com vogal alta
w Sem vogal alta
(XI) Classe Social (e renda)
(V) Posição da vogal na palavra
= Baixa
* Média
i Na raiz
o Fora da raiz
(XII) Formalidade versus Informalidade
^ Informalidade
(VI) Velocidade de fala
~ Formalidade Grau I (Teste 2)
% Formalidade Grau II (Teste 1)
(informante não escutou o ícone de voz)
> Pausada
µ
Formalidade Grau III (Teste 1)
z Normal (informante escutou o ícone de voz)
< Acelerada
179
Itens Lexicais
/e/ /o/
X Cócegas X Cômoda
¿
Frutífera
¿
Fósforo
[ Pálpebras
¦
Psicólogo/a (s)
] Taxímetro ] Horóscopo
{ Vértebras { Apóstolos
} Quilômetro } Ídolo
¢
Centímetro
Y
Diálogo
# Mamífero # Pérola
! Velocípede ! Bússola
£ Véspera £ Síndromes
¦
Almôndega
[
Cômodo
ª Fôlego ª Árvore
º Helicóptero º Hipódromo
7 Parêntese 7 Catástrofe
9 Útero 9 Pólvora
0 Adúltero 0 Época
b Termômetro b Pentágono
d Hóspede d Autônumo
e Gênese e Carnívoro
g Indígena g Símbolos
±
Cérebro
´
Justinópolis
j Paralelepípedo ® Autódromo
q Números q Mármore
r Pêssego r Gôndola
? Velocímetro ? Víbora
_ Crisântemos _ Semáforo
: Fenômeno : Catálogo
© Cancerígeno © Astrônomo
® Córrego
j
Geólogo
, Câmera H Abóbora
÷ Alienígena ÷ Cócoras
h Próspero , Âncora
¨ Ópera ¨ Parábolas
±
Brócolis
Z
Heliópolis
W
Fonoaudióloga
/
Própolis
OBS.: O uso dos mesmos códigos para palavras diferentes foi viabilizado pelo fato de os arquivos das palavras
que contém /o/ e /e/ em posição postônica não final estarem separados.
180
APÊNDICE B – Roteiro de Entrevista
(As perguntas variavam de acordo com o gênero, grau de proximidade, perfil do informante, fluência
do assunto, entre outros aspectos)
1. Sobre a vida pessoal (Perguntas que geralmente iniciam a conversa):
Como conheceu seu marido/namorado?
Seu filho/marido/namorado nasceu em Belo Horizonte também? Então ele é seu
conterrâneo?
Tem caso de gêmeos na família? Você gostaria de ter tido filhos gêmeos?
As crianças gostam de andar de velocípede?
As crianças já vacinaram esse ano? E contra varíola?
Como era o bairro antigamente? Quando mudou para cá?
Como era o bairro onde nasceu?
2. Sobre os gostos e hábitos pessoais:
Você acredita em horóscopo?
Gosta de flores? E a orquídea? O crisântemo? (Este desconhecido para muitos)
Qual seu feriado preferido? E a páscoa?
Tem um ídolo?
Qual seu número da sorte?
Você é fumante? (fósforo, cancerígeno)
Qual foi a cidade mais longe que já foi? Fica a quantos quilômetros daqui?
Já ficou perdido em algum lugar? Essa hora uma bússola salvaria, não acha...
Já correu algum perigo de vida?
3. Sobre culinária:
Gosta de doce? ... E doce de abóbora? Sabe fazer...
Gosta de comer macarrão instantâneo, o miojo?
Gosta de comer verduras? Brócolis, essas coisas?
181
4. Sobre a saúde:
Qual órgão do corpo você acha mais importante, o cérebro ou o pulmão?
Você já fez alguma cirurgia? Onde?
Já teve algum problema de estômago? Úlcera, essas coisas?
182
APÊNDICE C Ficha Social
Ficha Social
Endereço:
Cidade: Estado:
Telefone Residencial: Celular:
Cidade em que nasceu:
Cidade em que seu pai nasceu:
Cidade em que sua mãe nasceu:
O que faz para se divertir?
Freqüenta restaurantes? ( ) sim ( ) não
Vai ao cinema? ( ) sim ( ) não
Vai ao teatro? ( ) sim ( ) não
Freqüenta shows? ( ) sim ( ) não
Quando vai ao shopping, não resiste e sempre compra alguma coisa? ( ) sim ( ) não
É sócio de algum clube? ( ) sim ( ) não
Qual?
O que costuma fazer em suas férias?
Que cidade conheceria se pudesse escolher algum lugar para conhecer? Por quê?
183
APÊNDICE D – Figuras dos Testes 1 e 2
Teste 1
184
185
186
187
Teste 2
Algumas das figuras do teste anterior e mais as figuras abaixo:
188
APÊNDICE E Fala Espontânea
A
Justinóp[u]lis
Núm[e]ro (2 vezes)
Abóbra (3 vezes)
Bróc[u]lis
Câm[e]ra
Próp[u]lis
Quilôm[i]tro
B
Petról[i]o (3 vezes)
Ár[i]a (4 vezes)
Geól[u]go (4 vezes)
Helicópt[e]ro
Bróc[o]lis
Litorân[i]a (2 vezes)
Cér[e]bro (2 vezes)
C
milím[i]tro (2)
árv[u]re ~ árvre ~ árv[o]re (se corrigindo)
abóbra (4 vezes)
bróc[o]lis (2 vezes)
pér[u]la (2 vezes)
psicól[u]go
D
Paráb[u]las (2 vezes)
Ép[u]ca
Pér[o]la (2 vezes)
Abóbra (2 vezes)
Bróc[o]lis (2 vezes)
Orquíd[i]a (2 vezes)
Pêss[e]go (3 vezes)
Út[e]ro
Apóst[u]lo
Côm[u]do (5 vezes)
Psicól[u]gos (2 vezes)
Varí[u]la
Instntân[i]o
Abób[u]ra
Bróc[o]lis
E
Núm[e]ro (8 vezes)
Perí[u]do (7 vezes)
Ép[u]ca (2 vezes)
Psicól[u]ga (2 vezes)
Psicól[u]gas
Psicól[u]go
Síndr[u]mes (8 vezes)
Fonoaudiól[o]ga
Fonoaudiól[u]ga (6 vezes)
Símb[u]los (3 vezes)
Cél[e]bro (2 vezes)
Árv[u]res (6 vezes)
Abób[u]ra (3 vezes)
Víd[i]o (4 vezes)
Náus[i]a
Helicópt[e]ro
Pêss[e]go
Bróc[o]lis (2 vezes)
Ól[i]o (2 vezes)
F
Ép[u]ca (44 vezes)
Num[e]ro
Justinóp[u]lis (5 vezes)
Córr[e]go (9 vezes)
Autôn[u]mo (5 vezes)
Quilôm[i]tro
Instatân[i]o
Abób[u]ra (2 vezes)
Litorân[i]a
Gêm[i]as (3 vezes)
Gêm[i]os (3 vezes)
G
Ép[u]ca (5 vezes)
Víd[i]o
Árv[u]re
Córr[i]go (4 vezes)
Justinóp[u]lis (3 vezes)
Ár[i]a
Instantân[i]o
Pêss[i]go
189
H
Córr[e]go
Litorân[i]a
Bróc[o]lis
Cér[e]bro (3 vezes)
Psicól[u]ga
Hósp[i]de (8 vezes)
Pér[u]la
Gêm[i]os
Autôn[u]mo (2 vezes)
I
Gêm[i]os (4 vezes)
Helióp[o]lis
Córr[e]go (5 vezes)
Ép[u]ca
Cér[e]bro
Psicól[o]ga
Bróc[o]lis
Árv[u]re (4 vezes)
Árv[u]res (3 vezes)
Horósc[u]po
J
Árv[u]re (2 vezes)
Ép[u]ca (7 vezes)
Víd[i]o
Abób[u]ra
Ól[i]o
Bróc[u]lis
Gêm[i]os (7 vezes)
Córr[i]go (2 vezes)
Perí[u]do
Cér[e]bro
Autôn[o]ma
Alieníg[e]na (4 vezes)
Helicópt[e]ro (4 vezes)
Câm[e]ra (5 vezes)
Soníf[e]ro (2 vezes)
Psicól[o]ga (4 vezes)
L
Abób[u]ra (2 vezes)
Pêss[i]go (4 vezes)
Perí[u]do
Núm[i]ro (2 vezes)
Ép[u]ca (4 vezes)
Víd[i]o (5 vezes)
Broc[u]lis (3 vezes)
Indíg[i]na (4 vezes)
Canceríg[e]no (2 vezes)
M
Córr[i]go (2 vezes)
Abóbra
Árv[u]re (7 vezes)
Férr[i]a
Quilôm[i]tro (6 vezes)
Név[u]a
Fôl[i]gu (2 vezes)
Ép[u]ca (2 vezes)
Almônigas (2 vezes)
N
Côm[u]do
Árv[u]res
Fritíf[e]ras (3 vezes)
Abób[u]ra ~ Abóbra (se corrigindo)
Út[e]ro (4 vezes)
Cér[e]bro (5 vezes)
O
Córr[i]go
Ép[u]ca (5 vezes)
Pêss[e]go (2 vezes)
Brócos
Náus[i]a
Síndr[u]me
Pér[u]la
190
P
Córr[i]go
Câm[e]ra (22 vezes)
Catál[u]go
Helicópt[e]ro (21 vezes)
Aér[i]a
Ép[u]ca
Quilôm[i]tros (3 vezes)
Q
Córr[e]go (2 vezes)
Ép[u]ca (7 vezes)
Márm[u]re (4 vezes)
Perí[u]do (3 vezes)
Árv[u]res
Ól[i]o
Pêss[e]go
R
Pér[u]la (5 vezes)
Carnív[u]ra (2 vezes)
Litorân[i]a
Quilôm[i]tro (2 vezes)
Vért[e]bra (5 vezes)
Bróc[o]lis (2 vezes)
Velocíp[i]de
Córr[e]go (2 vezes)
Gêm[i]os
Pâncr[i]as (2 vezes)
Indíg[i]na
Núm[e]ro (2 vezes)
Ásp[e]ro
Autôn[o]mo (2 vezes)
S
Árv[u]re (3 vezes)
Núm[e]ro (2 vezes)
Búss[u]la (2 vezes)
Paráb[u]las (2 vezes)
Apóst[u]los (3 vezes)
Gên[e]se (2 vezes)
Ár[i]a (2 vezes)
Epíst[u]la
Catástr[u]fes (2 vezes)
Biól[u]ga
Psicól[u]ga
Indíg[i]na
Aboríg[e]ne (3 vezes)
Náus[i]a
Gônd[o]la (2 vezes)
Ép[u]ca
Ól[i]o (2 vezes)
Velocípi
191
APÊNDICE F – Transcrição Ortográfica do Teste 1
A
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ras * Cóc[o]ras * Cóc[o]ras *
Ânc[o]ra * Ânc[u]ra * Ânc[o]ra *
? Paráb[u]las * ? Paráb[u]las * ? Paráb[u]las *
Almônd[e]gas Almônd[e]gas Almônd[e]gas
Símb[u]lo * Símb[u]lo Símb[u]lo
? Prósp[e]ro * ? Prósp[e]ro * ? Prósp[e]ro *
Bróc[o]lis * Bróc[u]lis Bróc[o]lis *
? Auré[u]la * ? Auré[u]la * ? Auré[u]la *
Púss[u]la * ? Púss[u]la * ? Púss[u]la
Câm[e]ra * Câm[e]ra Câm[e]ra *
Centím[e]tro Centím[e]tro Centím[i]tro
Cômbada Cômbada Cômbada
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Cóc[e]ga * Cóc[e]ga * Cóc[e]ga
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go * Fôl[i]go Fôl[i]go
Fósf[e]ro Fósf[e]ro Fósf[e]ro
? Frutíf[o]la * ? Frutíf[e]ra * ? Frutíf[o]la
Hipródr[o]mo * Hipódr[o]mo * Hipódr[o]mo *
Márm[u]re * Márm[u]re Márm[u]re *
Helicópt[e]ro * Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro *
Núm[i]ros * Núm[e]ros Núm[e]ros *
? Póp[e]bras * ? Pálp[e]bras * ? Pólt[e]brás *
? Parênt[e]sis * Parênt[i]s Parênt[i]s
Psicól[u]go * Psicól[i]go Psicól[i]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
? Taxím[i]tro * ? Velocím[i]tro ? Taxím[e]tro
Út[e]ro * Út[e]ro Út[e]ro
? Ternôm[i]tro * ? Tenôm[i]tros ? Ternôm[i]tro
Velocím[i]tro Velocím[i]tro Velocím[e]tro
? Vért[e]bra * ? Vért[e]bra * ? Vért[e]bras *
? Adúlt[e]ro * ? Adúlt[e]ro * ? Adúlt[e]ro *
? Autródr[o]mo * ? Autógr[o]mo * ? Autódr[o]mo *
? Catástri * ? Catástri * ? Catáchitre *
? Crisânt[e]mo * ? Crisânt[e]mo * ? Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no Fenôn[i]mo Fenôn[i]mo
? Gând[u]la * ? Gônd[u]la ? Gônd[u]la *
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]de Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
192
Pólv[o]ra * Pólv[o]ra * Pólv[o]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra * Víb[o]ra *
? Cãoceríg[e]no * ? Cancegeira ? Canceriano
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los Apóst[u]los *
Mamíf[e]ro * Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralelepíp[e]do * Paralepíp[e]dos Paralepíp[e]do
Semáf[e]ro * Semáf[e]ros Semáf[e]ro
? Velocípi (velotrol)
? Velocíp[i]de ? Velocípi
Córr[e]go Córr[e]go Córr[e]go
? Indíg[i]na * ? (Indiano) depois
Indíg[i]na *
? (Indigeno) depois
Indíg[i]na *
Íd[u]lo * Íd[u]lo * Íd[u]lo
Pentág[u]no * Pentág[u]no Pentág[u]no *
Catál[a]go Catál[a]go Catál[u]go
Diál[u]go * Diál[u]go * Diál[u]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
? Astrôn[u]mo * ? Astrôn[u]mo * ? Astrôn[u]mo
? Pér[u]las ? Pér[u]la ? Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro * Cíc[e]ro *
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra Úlc[e]ra *
? Carníf[e]ro ? Carníf[e]ro ? Carníf[e]ro
Perí[u]do * Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la * Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o * Terráqu[i]o * Terráqu[i]o *
Amênd[u]a * Amênd[u]a * Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o * Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a * Litorân[i]a *
Náus[i]a * Náus[i]a * Náus[i]a *
Pâncr[i]as * Pâncr[i]as Pâncr[i]as
* – Informante escutou as opções do ícone de voz.
? Informante desconhecia a palavra a ser proferida, copiando a opção do ícone de voz
e demonstrando, geralmente, grande hesitação.
193
B
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[u]ra * Cóc[u]ra Cóc[u]ra
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]la * Paráb[u]la Paráb[u]la
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[i]ro Prósp[e]ro Prósp[e]ro
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Auré[u]la * Auré[u]la Auré[u]la
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[e]tro Centím[e]tro Centím[e]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Cóc[i]gas * Cóc[e]gas Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go * Fôl[i]go Fôl[i]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ro Núm[e]ros
Pálp[e]bras Pálp[e]bras Pálp[e]brás
Parênt[e]se Parênt[e]ses Parênt[e]se
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bras * Vért[e]bras Vért[e]bra
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro
Autódr[u]mo * Autódr[u]mo Autódr[u]mo
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe Catástr[u]fe
Crisânt[e]mos * Crisânt[e]mo * Crisânt[e]mo *
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Gônd[o]la * Gônd[o]la Gônd[o]la
Horósc[u]po * Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]de Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
Canceríg[e]no * Canceríg[e]no Canceríg[e]no
194
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los Apóst[u]lo
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralelepíp[e]do * Paralelepíp[e]do Paralelepíp[e]do
Semáf[u]ro (Sinal) * Semáf[u]ro Semáf[u]ro
Velocíp[e]de *
(Velotrol)
Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go * Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[e]na * Indíg[e]na Indíg[e]na
Íd[u]lo Íd[u]lo Íd[u]lo
Pentág[u]no * Pentág[u]no Pentág[u]no
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Diál[u]go * Diál[u]go Diál[u]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro Cíc[e]ro
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra Úlc[e]ra
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do * Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a * Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a * Náus[i]a * Náus[i]a *
Pâncr[i]as * Pâncr[i]as Pâncr[i]as
195
C
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abóbra Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóqui Cóqui Cóqui
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]las * Paráb[u]la * Paráb[u]la
Almônd[e]ga * Almôn[i]gas Almôn[i]gas
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[i]ro Prósp[i]ro
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
? Auréla ? Auréla ? Olréla
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro *
(Fita Métrica)
Centím[i]tro * Centím[e]tro
Côm[o]da m[u]da Cômbada
Cér[i]bro Cér[i]bro Cér[e]bro
Cóc[i]ga Cóc[i]gas Cóc[i]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go Fôl[i]go Fôl[i]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
? Frutíf[o]ra ? Frutíf[o]ra ? Frutíf[o]ra
? Hipódr[u]mo * ? Histógr[u]mo ? Hipódr[u]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicóp[e]ro Helicóp[e]ro Helicóp[i]o
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ros
? Pálp[e]bra * ? Pálp[o]bra * ? Pálp[e]bra
Parent[i]s * Parênt[i]s Parênt[i]s
Psicól[u]go Pesicól[u]go Pesicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
? Taxím[e]tro * ? Velocím[i]tro ? Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Ternôm[e]tro * Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro
Velocím[e]tro * Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bras * Vért[e]bra Vért[e]bra
Adút[e]ro * Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro *
? Autógr[o]mo * ? Autógr[u]mo * ? Autógr[u]mo *
? Catáfr[u]de * ? Catásfr[u]de ? Catásfr[u]de
? Crisânt[e]mo * ? Risâm[e]tro * ? Crisâm[e]tro
Fenôm[i]no Fenôm[i]ni Fenôm[i]no
? Gônd[o]la * ? Gând[o]la * ? Kônd[u]la
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[i] Hósp[i] Hósp[i]
Óp[e]ra * Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
196
? Canceríg[e]no * ? Cancerismo ? Cancerismo
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[a]ro Mamíf[a]ro Mamíf[a]ro
Paralelepíp[e]do * Paralelepipi Paralelepíp[e]do *
Semáf[e]ro * Simáf[u]ro Semáf[i]ro
? Velocíp[i]de *
(Velotrol)
? Velocíp[i]de ? Velocíp[i]de
Córg[u]ro * Córg[u]ro Córgo
? Indíg[i]na * ? Indigina * ? Indigena *
Íd[u]lo * Id[u]lo Íd[u]lo
? Pentág[u]lo * ? Penták[u]lo ? Penták[o]lo
Catál[u]go * Catál[u]go Catál[u]go
? Deál[u]go * ? Diál[a]go ? Diál[a]go
? Autôn[u]mo * ? Autôn[u]mo ? Autôn[u]mo
Genése Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo * Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pél[u]la Pél[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro * Cíc[e]ro
? Úls[o]la * Úlc[e]ra * Úlc[e]ra *
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do * Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a * Náus[i]a Náus[i]a
Pâncr[i]as * Pâncr[i]as Pâncr[i]as
197
D
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ras * Cóc[o]ras Cóc[o]ras
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]las * Paráb[u]la Paráb[u]la
Almônd[e]ga * Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro Prósp[e]ro
Bróc[o]lis * Bróc[o]lis Bróc[o]lis
Auré[u]la * Auré[u]la Auré[u]la *
Búss[u]la * Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[e]tro * Centím[e]tro Centím[e]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Cóc[e]gas * Cóc[e]gas * Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go * Fôl[e]go Fôl[e]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra * Frutíf[e]ra * Frutíf[e]ra
Hipódr[u]mo * Hipódr[u]mo * Hipódr[u]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[i]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Pálp[e]bra * Pálp[e]bras Pálp[e]bras
Parênt[e]sis * Parênt[e]sis Parênt[e]sis
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[e]tro * Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro * Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro * Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro * Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bra * Vért[e]bra Vért[e]bra
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro
? Autógr[a]mo * ? Autódr[u]mo * ? Autódr[u]mo
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe Catástr[u]fe
Crisânt[e]mo * Crisânt[e]mo Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
? Gônd[u]la * ? Kông[u]la * ? Gông[u]la
Horósc[u]po * Horósc[o]po * Horósc[u]po
Hósp[e]de Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra * Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
Canceríg[e]no * Canceríg[e]no Canceríg[e]no
198
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[e]ro * Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralepíp[e]dos * Paralepíp[e]dos Paralepíp[e]dos
Semáf[u]ro * Semáf[u]ro Semáf[u]ro
Velocíp[e]de * Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go * Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[i]na * Indíg[i]na Indíg[i]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo Íd[u]lo
? Pentág[u]no * Pentág[u]no Pentág[u]no *
Catál[a]go Catál[u]go Catál[u]go
Diál[u]go * Diál[u]go Diál[u]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo * Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[o]la Pér[o]la Pér[o]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro Cíc[e]ro
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra * Úlc[e]ra
Carnív[o]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la * Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a * Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a * Náus[i]a * Náus[i]a
Pâncr[i]as * Pâncr[i]as Pâncr[i]as
199
E
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra * Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ras Cóc[o]ras Cóc[o]ras
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]las Paráb[u]las Paráb[u]las
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro Prósp[e]ro
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Auré[u]las Auré[u]las Auré[u]las
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro Centím[i]tro Centím[i]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cér[i]bro Cér[i]bro Cér[i]bro
Cóc[e]gas Cóc[e]gas Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[e]go * Fôl[i]go Fôl[e]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[u]mo * Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo
Márm[u]re * Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ros
Pálp[e]bra Pálp[e]bra Pálp[e]bra
Parênt[e]sis Parênt[e]sis Parênt[e]sis
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro * Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro * Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro * Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bra * Vért[e]bra Vért[e]bra
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro
Autódr[u]mo * Autódr[u]mo Autódr[u]mo
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe Catástr[u]fe
? Crisânt[e]mo * ? Crisânt[e]mo ? Crisânt[e]mo
Fenôm[e]no * Fenôm[e]no Fenôm[e]no
Gônd[o]la * Gônd[u]la Gônd[u]la
Horósc[u]po * Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]de * Hósp[e]des Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra * Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
Canceríg[e]no * Canceríg[e]no Canceríg[e]no
200
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los * Apóst[u]los
Mamíf[e]ro * Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralelepíp[e]do * Paralelepíp[e]do Paralelepíp[e]do
Semáf[u]ro Semáf[u]ro Semáf[u]ro
Velocíp[i] Velocíp[i] Velocíp[i]
Córr[e]go * Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[e]na Indíg[e]na Indíg[e]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo Íd[u]lo
Pentág[u]no * Pentág[u]no Pentág[u]no
Catál[o]go Catál[o]go Catál[o]go
Diál[o]go * Diál[o]go Diál[o]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro Cíc[e]ro
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra Úlc[e]ra
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[e]ro
Perí[u]do Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la * Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o * Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os * Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a * Náus[i]a * Náus[i]a
Pâncr[i]as Pâncr[i]as Pâncr[i]as
201
F
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
? Córc[u]ras * ? Córc[u]ras * ? Córc[u]ras
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
? Paráb[u]las * ? Paráb[u]las * ? Paráb[u]las
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[i]ro * Prósp[i]ro * Prósp[i]ro
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
? Auréa * ? Auréa ? Auréa
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[a]ra Câm[a]ra Câm[a]ra
Centím[i]tro Centím[i]tro Centím[i]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Cóc[i]gas * Cóc[i]gas Cóc[i]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go Fôl[i]go Fôl[i]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[o]ra * Frutíf[e]ra Frutíf[o]ra
Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[i]ros
Pálp[e]bra * Pálp[e]bra Pálp[e]bra
Parênt[e]si * Parênt[e]si Parênt[e]si
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[i]go Pêss[i]go Pêss[i]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro * Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro * Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bra Vért[e]bra * Vért[e]bra
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro
Autódr[u]mo * Autódr[u]mo * Autódr[u]mo
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe Catástr[u]fe
? Crisânt[e]mo * Crisânt[e]mo * Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
? Gônd[u]la * ? Gônd[u]la * ? kông[u]la
Horósc[u]po * Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]de Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra * Víb[u]ra
Canceríg[i]no * Canceríg[i]no Canceríg[i]no
202
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paparepíp[e]do * Paralepíp[e]do * Paralepíp[e]do
Semáf[u]ro Semáf[u]ro Semáf[u]ro
Velocíp[i]de Velocíp[i]de Velocíp[i]de
Córr[i]go * Córr[i]go Córr[i]go
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo * Íd[u]lo
Pentág[u]no Pentág[u]no Pentág[u]no
Catál[a]go Catál[a]go Catál[a]go
Diál[u]go Diál[u]go Diál[u]go
Autôn[u]mo Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Genése Genése Genése
Astrôn[u]mo * Astrôn[u]mo * Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro * Cíc[e]ro
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra * Úlc[e]ra
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do * Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o * Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a * Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a Náus[i]a Náus[i]a
Pâncr[j]as Pâncr[j]as Pâncr[j]as
203
G
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
? Cóc[u]ras ? Cóc[u]ras ? Cóc[a]ras
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
? Paráb[u]la Paráb[u]la Paráb[u]la
Almôn[e]ga Almôn[e]ga Almôn[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro Prósp[e]ro Prósp[e]ro
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Auré[u]la Auré[u]la Auré[u]la
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro Centím[i]tro Centím[i]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Cóc[e]gas Cóc[e]gas Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go Fôl[i]go Fôl[i]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
? Hipódr[u]mo ? Hipódr[u]mo ? Hipódr[u]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Pálp[e]bra Pálp[e]bra Pálp[e]bra
Parênt[e]sis Parênt[e]sis Parênt[e]sis
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bra Vért[e]bra Vért[e]bra
Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro
Autódr[u]mo Autódr[u]mo Autódr[u]mo
Catástr[u]fe Catástr[u]fe Catástr[u]fe
? Crisânt[e]mo ? Crisânt[e]mo ? Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
? Gônd[u]la ? Gônd[u]la ? Gônd[u]la
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]de Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[o]ra
Víb[u]ra Víb[u]ra Víb[u]ra
Canceríg[e]no Canceríg[e]no Canceríg[e]no
204
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]lo Apóst[u]lo Apóst[u]lo
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralelepíp[e]do Paralelepíp[e]do Paralelepíp[e]do
Semáf[u]ro Semáf[u]ro Semáf[u]ro
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[e]na Indíg[e]na Indíg[e]na
Íd[u]lo Íd[u]lo Íd[u]lo
Pentág[u]no Pentág[u]no Pentág[u]no
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Diál[u]go Diál[u]go Diál[u]go
Autôn[u]mo Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro Cíc[e]ro c[e]ro
Úlc[e]ra Úlc[e]ra Úlc[e]ra
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a Náus[i]a Náus[i]a
Pâncr[i]as Pâncr[i]as Pâncr[i]as
Obs.: Por problemas operacionais, o ícone de voz não foi utilizado durante a
realização do teste com esse informante. Seguiu-se uma mecânica semelhante à
aplicada no Teste 2.
205
H
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[o]ra Abób[o]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ras * Cóc[o]ras Cóc[o]ras
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]la * Paráb[u]la * Paráb[u]la *
Almôn[e]ga Almôn[e]ga Almôn[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro Prósp[e]ro
Bróc[o]lis * Bróc[o]lis Bróc[u]lis
Auréla * Auréla Auréla
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra * Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro Centím[i]tro Centím[i]tro
Côm[o]da m[o]da Côm[o]da
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Cóc[e]gas * Cóc[e]gas Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[e]go * Fôl[e]go Fôl[e]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[u]mo * Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo
Márm[u]re * Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros * Núm[e]ros Núm[e]ros
Pálp[e]bra * Pálp[e]bra Pálp[e]bra
Parênt[e]si Parênt[e]sis Parênt[e]sis
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro * Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro * Velocím[i]tro Velocím[i]tro *
Vért[e]bra * Vért[e]bras Vért[e]brás
Adút[e]ro * Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro
Autódr[u]mo * Autódr[u]mo * Autódr[u]mo
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe * Catástr[u]fe
Crisânt[e]mo * Crisânt[e]mo Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Gônd[o]la * Gônd[o]la Gônd[u]la
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]des Hósp[e]des Hósp[e]des
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[o]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra * Víb[u]ra *
Canceríg[i]no * Canceríg[i]no * Canceríg[i]no
206
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los * Apóst[u]los
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralelepíp[e]do * Paralelepíp[e]dos Paralepíp[e]do
Semáf[u]ro * Semáf[u]lo Semáf[u]lo
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[e]na Indíg[e]na Indíg[e]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo Íd[u]lo
Pentág[u]no Pentág[u]no Pentág[u]no
Catál[u]go * Catál[a]go Catál[a]go
Diál[u]go Diál[u]go Diál[u]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[o]la Pér[o]las Pér[o]las
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro Cíc[e]ro
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra * Úc[e]ra *
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do * Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la * Varí[u]la *
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a Amênd[u]as Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a * Náus[i]a Náus[i]a
Pâncr[i]a * Pâncr[i]a Pâncr[e]a
207
I
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[o]ra Abób[o]ra
Cóc[o]ras * Cóc[o]ras Cóc[o]ras
Ânc[u]ra Ânc[o]ra Ânc[o]ra
Paráb[u]las * Paráb[u]las * Paráb[o]la
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro * Prósp[e]ro
Bróc[o]lis * Bróc[o]lis Bróc[o]lis
Auré[u]las * Auré[u]las Auré[u]la
Búss[u]la Búss[u]la Búss[o]la
Câm[e]ra * Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro Centím[i]tro Centím[i]tro
Côm[o]da * Côm[o]da Côm[o]da
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Cóc[e]gas * Cóc[e]gas Cóc[e]gas
Árv[u]re * Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[e]go Fôl[e]go Fôl[e]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[o]mo * Hipódr[o]mo * Hipódr[o]mo
Márm[o]re * Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ros
Pálp[e]bras * Pálp[e]bra Pálp[e]bra
Parênt[e]sis * Parênt[e]sis Parênt[e]sis
Psicól[o]go * Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go * Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro * Quilôm[i]tro * Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro * Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro * Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[e]tro * Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[e]tro * Velocím[e]tro * Velocím[e]tro
Vért[e]bra * Vért[e]bras Vért[e]bras
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro
? Autódr[o]mo * ? Aupódr[o]mo * ? Autópr[o]mo
Catástr[o]fe * Catástr[o]fe * Catástr[u]fe *
Crisânt[e]mo * Crisânt[e]mo Crisânt[e]mo
Fenôm[e]no * Fenôm[e]no Fenôm[e]no
Gônd[o]la * Gônd[o]la * Gônd[o]la
Horósc[o]po * Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]de Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[u]ra
Víb[o]ra * Víb[o]ra Víb[u]ra
Canceríg[e]no * Canceríg[e]no Canceríg[e]no
208
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]lo Apóst[u]los
Mamíf[e]ros * Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralelepíp[e]do * Paralelepíp[e]do * Paralelepíp[e]do
Semáf[u]ro * Semáf[u]ro Semáf[u]ro
Velocíp[e]de * Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[e]na Indíg[e]na Indíg[e]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo * Íd[u]lo
Pentág[u]no * Pentág[o]no * Pentág[u]no
Catál[o]go Catál[o]go Catál[u]go
Diál[o]go * Diál[o]go Diál[u]go
Autôn[o]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[o]mo * Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[o]la * Pér[o]la Pér[o]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro Cíc[e]ro
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra Úlc[e]ra
Carnív[o]ro * Carnív[u]ro Carnív[o]ro
Perí[u]do Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o * Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]as * Náus[i]as * Náus[i]as
Pâncr[i]as * Pâncr[i]as Pâncr[i]as
209
J
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ras Cóc[o]ras Cóc[o]ras
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]las * Paráb[u]la Paráb[u]la
Almôn[e]gas Almôn[e]ga Almôn[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro * Prósp[e]ro
Bróc[o]lis Bróc[o]lis Bróc[o]lis
Auré[u]la * Auré[u]lia Auré[u]lia
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[a]ra * Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro Centím[i]tro Centím[i]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Cóc[e]gas * Cóc[e]gas Cóc[e]gas *
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go Fôl[i]go Fôl[i]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ros
Pálp[e]bras Pálp[e]bra Pálp[e]bra
Parênt[e]sis Parênt[e]sis Parênt[e]sis
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[i]go Pêss[i]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro Taxím[i]tro * Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bra Vért[e]bra Vért[e]bra
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro
Autódr[u]mo * Autódr[u]mo Autódr[u]mo
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe * Catástr[u]fe
Crisânt[e]mo * Crisânt[e]no Crisânt[e]no
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Gônd[u]la Gônd[u]la Gônd[u]la
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]des Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[a]ra Pólv[a]ra Pólv[a]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
Canceríg[e]na * Canceríg[e]na Canceríg[e]na
210
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralepíp[e]do * Paralepíp[e]dos Paralepíp[e]dos
Semáf[a]ro Semáf[a]ro Semáf[a]ro
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go * Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo Íd[u]lo
Pentág[u]lo * Pentág[u]lo Pentág[u]lo
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Diál[u]go * Diál[u]go Diál[u]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro Cíc[e]ro
Úlc[e]ra Úlc[e]ra Úlc[e]ra
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o * Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a * Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a Náus[i]a Náus[i]a
Pâncr[i]as Pâncr[j]as Pâncr[j]as
211
L
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ra * Cóc[o]ra * Cóc[o]ra
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]la * Paráb[u]la Paráb[u]la
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro Prósp[e]ro Prósp[e]ro
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Auré[u]la Auré[u]la Auré[u]la
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro Centím[e]tro Centím[e]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Cóc[e]gas Cóc[e]gas Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[e]go Fôl[e]go Fôl[e]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[o]ra Frutíf[o]ra Frutíf[o]ra
Hipódr[u]mo * Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ros
Pálp[e]bra Pálp[e]bras Pálp[e]bras
Parênt[e]si Parênt[e]si * Parênt[e]sis
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tros
Taxím[i]tro Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bra Vért[e]bra Vért[e]bra
Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro
Autódr[u]mo * Autódr[u]mo * Autódr[u]mo *
Catástr[u]fe Catástr[u]fe Catástr[u]fe
? Trisânt[e]mo * ? Trisântr[e]mo ? Trisântr[e]mo *
Fenôm[i]no * Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Gând[u]la * ? Gând[u]la * ? Gông[u]las *
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]de Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[o]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
212
Canceríg[e]no * Canceríg[e]no Canceríg[e]no
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
? Paparelepíp[e]do * Paparelepíp[e]do * Paralelepíp[ ]do
Semáf[e]ro Semáf[e]ro Semáf[e]ro
Velocíp[e]de * Velocíp[e]de * Velocíp[e]de *
Córr[e]go Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Íd[u]lo Íd[u]lo Íd[u]lo
Pentág[u]no Pentág[u]no Pentág[u]no
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Diál[u]go Diál[u]go Diál[u]go
? Autôn[u]mo * ? Autôn[u]mo * ? Autôn[u]mo *
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro Cíc[e]ro c[e]ro
Úlc[e]ra Úlc[e]ra Úlc[e]ra
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la Varí[u]la * Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]as Amênd[u]as Amênd[u]a
Lênd[i]a Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]as Náus[i]as * Náus[i]a
Pâncr[i]as Pâncr[i]as Pâncr[i]as
Obs.: A informante havia feito a entrevista uma vez, porém a gravação falhou,
por isso algumas palavras ja eram conhecidas.
213
M
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abóbra * Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[u]ra * Cóc[u]ra Cóc[u]ra
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
? Paráb[u]la * ? Paráb[u]la * ? Paráb[u]las *
Almôn[i]ga Almôn[i]ga Almôn[i]ga
Símb[u]lo * Símb[u]lo Símb[u]lo *
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro * Prósp[i]ro *
Bróc[u]lis * Bróc[u]lis Bróc[u]lis
? Aurélia * ? Auréla * ? Áurea *
Búss[u]la * Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra * Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro * Centím[i]tro Centím[i]tro
Côm[u]da * Côm[u]da Côm[u]da
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
? Cóquita * ? Cóquita ? Cósiga
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go * Fôl[i]go * Fôl[i]go
Fósf[u]ro * Fósf[u]ro Fósf[u]ro
? (enfeitada de fruta)
Frutíf[e]ra *
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[o]mo * Hipódr[e]mo Hipódr[e]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicóp[e]ro Helicóp[e]ro Helicóp[e]ro
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
? (Pálpebra) Cócrias * ? Cóquita * ? Cóquita *
Parênt[i]s * Parênt[i]s * Parênt[i]s
Psicól[i]go * Psicól[i]go * Psicól[i]go *
Figo * Pêss[i]go Pêss[i]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro * Taxím[i]tro * Taxím[i]tro
Út[e]ro * Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro * Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro * Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bra * Vért[e]bra Vért[e]bra
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro *
? (Autódromo) *
Hipódr[e]mo
? Hipódr[e]mo ? Hipódr[e]mo
? Catástr[u]fe * ? Castrástr[u]fe * ? Catástr[u]fe
(Crisântemo) Rosa * Rosa Flores
Fenôm[i]no * Fenôm[i]no Fenôm[i]no
? Gând[e]la * ? Gând[e]la ? Gônd[u]la
Horósc[u]po * Horósc[u]po * Horósc[u]po *
Hósp[e]di * Homem * Hósp[e]de *
Óp[e]ra * Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
214
Víb[u]ra * Víb[u]ra * Víb[u]ra *
? (Cancerígeno) *
Cancerismo
? Cancerisma * ? Cancerisma
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]lo * Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ros Mamíf[o]ro
Paralelepíp[i]do * Paralepíp[i]do Paralepíp[e]do
Semáf[u]ro * Simáf[u]ro Simáf[u]ro
Velocíp[e]de * Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go * Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Íd[u]lo * Íd[u]la Íd[u]la
? Pedág[u]no * ? Pendág[u]no * ? Penták[u]lo
? Catáglu * ? Catál[e]go ? Catál[e]go
Diál[e]go * Diál[e]go Diál[e]go
Autôn[i]mo * Autôn[i]mo Autôn[i]mo
Genése Gên[e]se Gên[e]se
? Astrólegu * ? Astrólegu * ? Astrólegu
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro * Cíc[e]ro
? Úc[e]ra * ? Úc[e]ra ? Úc[e]ra
? Carníf[u]ro * ? Carníf[u]ro ? Carníf[u]ro
Perí[u]do * Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o * Terráqu[i]o * Terráqu[i]o
Amênd[u]a Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o * Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náug[i]a * Náug[i]a Náug[i]a
Pâncr[i]a * Pâncr[i]a Pâncr[i]a
215
N
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
? Cóc[u]ras ? Córc[u]ra ? Córc[u]ra
Ânc[u]ra * Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]la * Paráb[u]la Paráb[u]lãs
Almônd[e]gas Almônd[e]ga Almônd[e]gas
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[i]ro * Prósp[e]ro Prósp[e]ro
Bróc[o]lis * Bróc[o]lis Bróc[o]lis
Aurélas Aurélas Auré[u]la
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra * Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[e]tro * Centím[e]tro Centím[e]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Cóc[i]ga Cóc[i]gas Cóc[i]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go Fôl[i]go Fôl[i]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo
Márm[u]re * Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros * Núm[e]ros Núm[e]ros
? Pálp[e]dra * ? Pálp[e]dra ? Pálp[e]dra
Parênt[e]sis * Parênt[i]s Parênt[i]s
Psicól[u]go * Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go * Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tros * Quilôm[i]tros Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro * Taxím[i]tro Taxím[e]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
? Ternôm[i]tro * ? Termôm[i]tro ? Ternôm[i]tro
Velocím[i]tro * Velocím[i]tro Velocím[i]tro
? Vért[e]bra * ? Vért[e]bras ? Vért[e]bras
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro
? Autródr[o]mo * ? Autógr[a]mo * ? Autód[u]mo
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe Catástr[u]fe
Crisânt[e]mos * Crisânt[e]mo Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no * Fenôm[i]no Fenôn[i]mo
? Gônd[u]la * ? Gând[u]la ? Kând[u]la
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]de Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra * Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
Canceríg[e]no * Canceríg[e]no Canceríg[e]no
216
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[e]ro * Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralelepíp[e]do * Paralelepíp[e]do Paralelepíp[e]dos *
Semáf[a]ro Semáf[a]ro Semáf[a]ro
Velocíp[e]de * Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go * Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo Íd[u]lo
? Pentág[u]no * ? Pendág[u]no ? Pentág[u]no
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Diál[u]go * Diál[u]go Diál[u]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro Cíc[e]ro
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra Úlc[e]ra
Carníf[o]ro Carníf[o]ro Carnív[o]ro
Perí[u]do * Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a * Náus[i]a Náus[i]as
Pâncr[i]as Pâncr[i]as Pâncr[i]as
217
O
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abóbra Abóbra Abóbra
? Cóc[u]ra * ? Cóc[u]ra * ? Cóc[u]ra *
Ânc[u]ra * Ânc[u]ra Ânc[u]ra
? Paráb[u]las * ? Parabós * ? Paráb[u]la *
Almôn[i]ga Almôn[i]ga Almôn[i]ga
Símb[u]lo * Símb[u]lo * Símb[u]lo *
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro * Prósp[e]ro *
? Bróc[o]lis * ? Bróc[u] ? Bróc[u]
? Aureon * ? Azé[u]la * ? Aureon *
Búss[u]la * Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra * Câm[a]ra Câm[a]ra
Centím[e]tro * Centím[i]tro * Centím[i]tro
Côm[a]da * Côm[a]da Côm[e]da
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Cóc[i]ga * Cóc[i]ga * Cóc[i]ga
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[i]go * Fôl[i]go Fôl[i]go
Fósf[u]ro * Fósf[u]ro Fósf[e]ro
Frutíf[i]ra * Frutív[e]ra Frutíf[i]ra
? Hipódr[e]mo * ? Hipódr[u]mo * ? Hipódr[u]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Aricóp[i]tro Aricóp[i]tro Aricóp[i]tro
Núm[e]ros * Núm[e]ros Núm[e]ros
? Póp[e]ras * ? Páp[e]bra ? Páp[e]bra
? Parênt[e]sis * ? Parênt[e]s * ? Parênt[e]sis *
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go * Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
? Taxím[i]tro * ? Taxím[i]tro * ? Taxím[i]tro *
Út[e]ro * Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro * Termôm[i]tro Termôm[i]tro *
Velocím[i]tro * Velocím[i]tro * Velocím[i]tro
? Vért[e]bras * ? Vért[e]bra * ? Vért[u]la
? Adúlt[e]ro * ? Adúlt[e]ro * ? Adúlt[e]ro *
? (Autódromo) *
Hipódr[u]mo
? Hipódr[u]mo * ? Hipódr[u]mo *
? Cadástr[u]fe * ? Cadásdr[u]fe * ? Cadásdr[u]fe
? Crisânt[e]mo * ? Crisâm[e]tro ? Crisâm[e]tro
Fenôn[i]mo * Fenôn[i]mo Fenôn[i]mo
Gônd[u]la * Gônd[o]la * Gônd[o]la *
Horósc[u]po * Horósc[u]po * Horósc[u]po
Hósp[e]des * Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra * Óp[e]ra * Óp[e]ra
Pólv[e]ra * Pólv[e]ra * Pólv[e]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra * Víb[u]ra
218
? Caiteríg[i]no * ? Caiteríg[i]mo * ? Cancer[i]na
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]lo Apóst[u]lo
? Maníf[e]ro * ? Maníf[a]ro * ? Maníf[a]ro
? Paralepíp[e]do * ? Paparelepíp[e]do ? Paralepíp[e]do
? Senák[u]lo * ? Senák[u]lo * ? Senák[u]lo *
Velocíp[e]de * Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go * Córr[e]go * Córgo
? Indíg[e]na * ? Indíg[i]na ? Indig[i]no
Id[u]lo * Íd[u]lo * Íd[u]lo *
? Pentág[u]no * ? Tentág[u]no * ? Tentág[u]no *
Catál[i]go Catál[i]go Catál[i]go
Diál[u]go * Diál[u]go * Diál[i]go *
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo * Autôn[u]mo *
Genése Genése Genése
(Astrônomo)
Astról[u]go *
Astról[u]go * Astról[u]go
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro * Cíc[e]ro
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra * Úlc[e]ra
? Carníf[a]ro * ? Carníf[a]ro * ? Carníf[a]ro
Perí[u]do * Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
? Terrá[si]o * ? Terrá[si]o * ? Terráqu[i]o *
Amênd[u]as * Amênd[u]as * Amênd[u]as
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o * Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o * Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a * Litorân[i]a
Náus[i]as * Náus[i]as * Náug[i]as
Pâncr[i]a * Pâncr[i]as Pâncr[i]as
219
P
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abóbra Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ras * Cóc[o]ras Cóc[o]ras
Ânc[o]ra * Ânc[o]ra Ânc[o]ra
? Paráb[u]las * ? Paráb[u]la * ? Paráb[u]la
Almônd[e]gas Almôn[e]ga Almôn[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro * Prósp[e]ro
Bróc[o]lis * Bróc[o]lis Bróc[o]lis *
? Auré[u]la ? Auré[u]la ? Auré[u]la
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra * Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[e]tro * Centím[e]tro Centím[e]tro
Côm[o]da * Côm[u]da Côm[u]da
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Cóc[e]gas Cóc[e]gas Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[e]go Fôl[e]go Fôl[e]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[o]mo * Hipódr[o]mo Hipódr[o]mo
Márm[u]re * Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros * Núm[e]ros Núm[e]ros
Pálp[e]bra Pálp[e]bras Pálp[e]brás
Parênt[e]sis * Parênt[e]si Parênt[e]si
Psicól[u]go * Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go * Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro * Quilôm[i]tros Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro * Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro * Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro * Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bra * Vért[e]bra Vért[e]bra
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro *
Autódr[o]mo * Autódr[o]mo * Autódr[o]mo *
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe Catástr[u]fe *
Crisânt[e]mos * Crisânt[e]mos Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Gônd[u]la * Gând[u]la Gând[u]la
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]des Hósp[e]de Hósp[e]des
Óp[e]ra * Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
Canceríg[e]no * Canceríg[e]no Canceríg[e]no
220
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[e]ro * Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralepip[e]do * Paralepíp[e]do Paralepíp[e]dos
Semáf[u]ro Semáf[u]ro Semáf[u]ro
Velocíp[e]de * Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go * Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[i]na Indíg[e]na Indíg[e]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo Íd[u]lo
Pentág[u]no * Pentág[u]no Pentág[u]no
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Diál[o]go * Diál[u]go * Diál[u]go
Autôn[o]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo * Astrôn[u]mo * Astrôn[u]mo *
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro * Cíc[e]ro
Úrc[e]ra * Úlc[e]ra Úlc[e]ra
Carnív[u]ro * Carnív[u]ro Carnív[o]ro
Perí[u]do Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]as * Amênd[u]as * Amênd[u]as
Lênd[i]as Lênd[i]as Lênd[i]as
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]as * Náus[i]as Náus[i]as
Pâncr[i]as * Pâncr[i]as Pâncr[i]as
221
Q
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ras Cóc[o]ras Cóc[o]ras
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]las * Paráb[u]las Paráb[u]las
Almônd[e]gas Almônd[e]gas Almônd[e]gas
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro Prósp[e]ro
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Auré[u]las Auré[u]las Auré[u]la
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra * Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro Centím[i]tro Centím[i]tro
Côm[a]da Côm[u]da Côm[u]da
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Cóc[e]gas Cóc[e]gas Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[e]go Fôl[e]go Fôl[e]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[u]mo * Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo *
Márm[u]re * Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ro
Pálp[e]bra Pálp[e]bras Pálp[e]bras
Parênt[e]sis Parênt[e]sis Parênt[e]sis
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro Taxím[i]tro Taxím[e]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bras Vért[e]bras Vért[e]bra
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro
Autódr[u]mo * Autódr[u]mo Autódr[u]mo
Catástr[o]fe * Catástr[u]fe Catástr[u]fe
? Crisând[e]mos * ? Crisânt[e]mo * ? Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no * Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Gônd[o]la Gând[u]la Gând[u]la
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]des Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[e]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra * Víb[u]ra
Canceríg[i]no * Canceríg[i]no Canceríg[i]no
222
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Apóst[u]lo Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralelepíp[e]do * Paralelepíp[e]do * Paralelepíp[e]do
Semáf[u]ro Semáf[u]ro Semáf[u]ro
Velocíp[i]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[i]go Córr[i]go Córr[i]go
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo * Íd[u]lo
Pentág[u]no * Pentág[u]no Pentág[u]no
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Diál[u]go * Diál[u]go Diál[u]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro * Cíc[e]ro *
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra * Úlc[e]ra *
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a * Náus[i]a Náus[i]a
Pâncr[e]as Pâncr[e]as Pâncr[e]as
223
R
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ras * Cóc[o]ras Cóc[o]ras
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]las * Paráb[u]las * Paráb[u]las
Almônd[e]ga * Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro * Prósp[e]ro *
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Auré[u]la * Auré[u]la Auré[u]la
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra * Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[i]tro Centím[e]tro Centím[e]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cér[e]bro * Cél[e]bro Cél[e]bro
Cóc[e]gas * Cóc[e]ga Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[e]go * Fôl[e]go Fôl[e]go
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra * Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[o]mo * Hipódr[o]mo Hipódr[o]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros * Núm[e]ros Núm[e]ros
Pálp[e]bras * Pálp[e]bras Pálp[e]bras
Parênt[e]sis * Parênt[e]sis Parênt[e]sis
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go * Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tros Quilôm[i]tros Quilôm[i]tros
Taxím[e]tro * Taxím[e]tro Taxím[e]tro *
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[e]tro * Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bras * Vért[e]bras Vért[e]bras
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro
? Autódr[o]mo * ? Hipódr[o]mo
(p/ Autódromo)
? Hipódr[o]mo
(p/ Autódromo)
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe Catástr[u]fe
Crisânt[e]mo * Crisânt[e]mo Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Gônd[o]la * Gônd[o]la Gônd[u]la
Horósc[u]po Horósc[u]po Horósc[u]po
Hósp[e]de * Hósp[e]de Hósp[e]de
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
224
Canceríg[e]no * Canceríg[e]no Canceríg[e]no
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Apóst[u]los * Apóst[u]los Apóst[u]los
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralélepip[e]do * Paralélepíp[e]do Paralelépip[e]do
Semáf[e]ro * Semáf[a]ro * Semáf[a]ro
Velocíp[i]de * Velocíp[i]de Velocíp[i]de
Córr[e]go * Córr[e]go * Córr[e]go
Indíg[i]na * Indíg[e]na Indíg[i]na
Íd[u]lo * Íd[u]lo Íd[u]lo
? Pentág[u]no * ? Tentág[u]no ? Tentág[u]no
Catál[a]go Catál[a]go Catál[a]go
Diál[a]go * Diál[a]go Diál[a]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro * Cíc[e]ro *
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra * Úlc[e]ra *
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a * Náus[i]a Náus[i]a *
Pâncr[i]as * Pâncr[i]as Pâncr[i]as
225
S
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Abób[u]ra Abób[o]ra Abób[u]ra
Cóc[o]ra Cóc[o]ra Cóc[o]ra
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Paráb[u]la * Paráb[u]la Paráb[u]la
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Prósp[e]ro * Prósp[e]ro Prósp[e]ro
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Auré[u]la Auré[u]la Auré[u]la
Búss[u]la Búss[u]la Búss[u]la
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Centím[e]tro Centím[i]tro Centím[i]tro
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Cóc[e]gas * Cóc[e]gas Cóc[e]gas
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Fôl[e]go * Fôl[e]go * Fôl[e]go *
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra Frutíf[e]ra
Hipódr[u]mo * Hipódr[u]mo Hipódr[u]mo
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ros
Pálp[e]bra Pálp[e]bra Pálp[e]bra
Parênt[e]sis Parênt[e]si Parênt[e]sis
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Taxím[i]tro Taxím[i]tro Taxím[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Velocím[i]tro Velocím[i]tro Velocím[i]tro
Vért[e]bra * Vért[e]bra Vért[e]bras
Adúlt[e]ro * Adúlt[e]ro Adúlt[e]ro
Autódr[u]mo * Autódr[u]mo Autódr[u]mo
Catástr[u]fe * Catástr[u]fe Catástr[u]fe
Crisânt[e]mo * Crisânt[e]mo * Crisânt[e]mo
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Gônd[o]la Gônd[o]la Gônd[o]la
Horósc[u]po Horósc[u]po * Horósc[u]po
Hósp[e]de Hósp[e]de Hósp[e]des
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[o]ra
Víb[u]ra * Víb[u]ra Víb[u]ra
Canceríg[e]no * Canceríg[e]no Canceríg[e]no
226
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]lo
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Paralelepíp[e]do * Paralepíp[e]do Paralelepíp[e]do
Semáf[u]ro Semáf[u]ro Semáf[u]ro
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Córr[e]go * Córr[e]go Córr[e]go
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[e]na
Íd[u]lo Íd[u]lo Íd[u]lo
Pentág[u]no * Pentág[u]no Pentág[u]no
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Diál[u]go * Diál[u]go Diál[u]go
Autôn[u]mo * Autôn[u]mo Autôn[u]mo
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Cíc[e]ro * Cíc[e]ro Cíc[e]ro
Úlc[e]ra * Úlc[e]ra Úlc[e]ra
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Perí[u]do * Perí[u]do Perí[u]do
Varí[u]la * Varí[u]la Varí[u]la
Pásc[u]a Pásc[u]a Pásc[u]a
Terráqu[i]o Terráqu[i]o Terráqu[i]o
Amênd[u]a * Amênd[u]a Amênd[u]a
Lênd[i]a * Lênd[i]a Lênd[i]a
Petról[i]o Petról[i]o Petról[i]o
Gêm[i]os Gêm[i]os Gêm[i]os
Instantân[i]o Instantân[i]o Instantân[i]o
Litorân[i]a * Litorân[i]a Litorân[i]a
Náus[i]a * Náus[i]a Náus[i]a
Pâncr[i]as Pâncr[i]as Pâncr[i]as
227
APÊNDICE G – Transcrição Ortográfica do Teste 2
A
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[e]ro Fósf[e]ro Fósf[e]ro
? Ânc[o]la ? Ânc[o]ra ? Ânc[o]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
? Bróc[u]lis ? Bróc[u]lis ? Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Cômbada Cômbada Cômbada
Vésp[u]ra sp[u]ra Vésp[u]ra
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cel[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ro Núm[e]ro Num[e]ro
Psicól[i]go Psicól[i]go Psicól[i]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Ut[e]ro
Fenôn[i]mo Fenôn[i]mo Fenôn[i]mo
Óp[e]ra Óp[e]ra Op[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
? Apóst[u]los ? Apóst[u]los ? Apóst[u]los
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[a]go Catál[a]go Catál[a]go
Velocípi Velocípi Velocípi
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
? Indíg[e]ano ? Indíg[e]ano ? Indíg[e]ano
? Astrôn[u]mo ? Astrôn[u]mo ? Astrôn[u]mo
Pét[u]la Pét[u]la Pét[u]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
? Carníf[a]ro ? Carníf[a]ro ? Carníf[a]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
228
B
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[i]go Pêss[i]go Pêss[i]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[a]la Pét[a]la Pét[a]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
229
C
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[o]ra Ânc[o]ra Ânc[o]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Cômbada Cômbada Cômbada
Véspra spra spra
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almôn[i]ga Almôn[i]ga Almôn[i]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Hericóp[i]o Hericóp[i]o Hericóp[i]o
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Psicól[u]go Psicól[u]go Pesicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Mamíf[a]ro Mamíf[a]ro Mamíf[a]ro
Catál[i]go Catál[i]go Catál[i]go
? Velocípido ? Velocípedo ? Velocíp[i]di
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gen[e]se Gen[e]se Gen[e]se
? Indíg[i]na ? Indíg[i]na ? Indíg[i]na
? Astrôn[u]mo ? Astrôn[u]mo ? Astrôn[u]mo
Pét[u]la Pét[u]la Pét[u]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
230
D
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[o]ra Ânc[o]ra Ânc[o]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[o]lis Bróc[o]lis Bróc[o]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Num[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[o]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Velocíp[i]de Velocíp[e]de Velocíp[i]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
? Astrôn[u]mo ? Astrôn[u]mo ? Austrôn[u]mo
Pét[a]la Pét[a]la Pét[a]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
231
E
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[o]re Márm[o]re Márm[o]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Num[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tros Quilôm[i]tros Quilôm[i]tros
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[o]ra Pólv[o]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[o]go Catál[u]go
Velocípi Velocípi Velocípi
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[a]la Pét[a]la Pét[a]la
Pér[o]la Pér[o]la Pér[o]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]gos
232
F
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[a]ra Câm[a]ra Câm[a]ra
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Vésp[a]ra Vésp[a]ra Vésp[a]ra
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[a]go Catál[a]go Catál[a]go
Velocípi Velocípi Velocípi
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
? Indíg[i]na ? Indíg[i]na ? Indíg[i]na
? Astrôn[u]mo ? Astrôn[u]mo ? Astrôn[u]mo
Pét[u]la Pét[u]la Pét[u]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[e]go Relâmp[e]go Relâmp[e]go
233
G
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Num[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[u]da m[a]da Côm[u]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[o]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almôn[e]ga Almôn[e]ga Almôn[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Num[e]ro Núm[e]ro Num[e]ro
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tros Quilôm[i]tros Quilôm[i]tros
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Op[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[o]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Velocíp[i]de Velocíp[i]de Velocíp[i]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
? Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[u]la Pét[u]la Pét[u]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]gos Relâmp[a]go Relâmp[a]go
234
H
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[o]da m[o]da Côm[o]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cér[e]bro Cér[e]bro Cer[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Num[e]ros Num[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Ut[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Velocíp[i]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gen[e]se Gen[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[a]la Pét[a]la Pét[a]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
235
I
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[o]ro Fósf[o]ro Fósf[o]ro
Ânc[o]ra Ânc[o]ra Ânc[o]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[o]lis Bróc[o]lis Bróc[o]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[o]da m[o]da Côm[o]da
Vésp[i]ra Vésp[i]ra Vésp[i]ra
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Árv[o]re Árv[o]re Árv[o]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[o]re Márm[o]re Márm[o]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Psicól[o]go Psicól[o]go Psicól[o]go
Pêss[i]go Pêss[i]go Pêss[i]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[o]ra
Apóst[o]los Apóst[o]los Apóst[o]los
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Mamíf[i]ro Mamíf[i]ro Mamíf[i]ro
Catál[o]go Catál[o]go Catál[o]go
Velocíp[i]de Velocíp[i]de Velocíp[i]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[o]mo Astrôn[o]mo Astrôn[o]mo
Pét[a]la Pét[a]la Pét[a]la
Pér[o]la Pér[o]la Pér[o]la
Carnív[o]ro Carnív[o]ro Carnív[o]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
236
J
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[o]ra Ânc[o]ra Ânc[o]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[o]lis Bróc[o]lis Bróc[o]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[a]ra Câm[a]ra Câm[a]ra
Côm[a]da Côm[a]da Côm[a]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Aelicópt[e]ro Aelicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termnôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Ut[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[a]ra Pólv[a]ra Pólv[a]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[a]go Catál[a]go Catál[a]go
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[a]la Pét[a]la Pét[a]la
Pér[o]la Pér[o]la Pér[o]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
237
L
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[o]ra Ânc[o]ra Ânc[o]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[o]lis Bróc[o]lis Bróc[o]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Num[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Vésp[e]ra Vésp[u]ra Vésp[e]ra
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Num[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[o]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[u]la Pét[u]la Pét[u]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Carnív[o]ro Carnív[o]ro Carnív[o]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
238
M
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[e]ro Fósf[e]ro Fósf[e]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cel[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almôn[i]ga Almôn[i]ga Almôn[i]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicóp[e]ro Helicóp[e]ro Helicóp[e]ro
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Psicól[i]go Psicól[i]go Psicól[i]go
Pêss[i]go Pêss[i]go Pêss[i]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tros Quilôm[i]tros
Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Apóst[u]lo Apóst[u]lo Apóst[u]lo
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[i]go Catál[i]go Catál[i]go
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
? Indíg[i]na ? Indíg[i]na ? Indíg[i]na
? Astrôn[u]mo ? Astrôn[u]mo ? Astrôn[u]mo
Pét[u]la Pét[u]la Pét[u]la
Pér[u]la Pér[u]la Per[u]la
Carníf[a]ro Carníf[a]ro Carníf[a]ro
Relâmp[i]go Relâmp[i]gos Relâmp[i]go
239
N
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[a]da Côm[a]da Côm[a]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ro Núm[e]ros Núm[e]ro
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[a]ra Pólv[a]ra Pólv[a]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
? Indíg[e]na ? Indíg[e]na ? Indíg[e]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[a]la Pét[a]la Pét[a]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Carníf[u]ro Carníf[u]ro Carníf[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
240
O
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Brócos Brócolos Brócolos
Núm[e]ro Núm[e]ros Núm[e]ro
Câm[a]ra Câm[a]ra Câm[a]ra
Côm[a]da Côm[a]da Côm[a]da
Vésp[a]ra Vésp[a]ra Vésp[a]ra
Ép[o]ca Ép[u]ca Ép[o]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cel[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abóbra Abóbra Abóbra
Almôn[i]ga Almôn[i]ga Almôn[i]gas
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Aricóp[e]tro Aricóp[e]tro Aricóp[e]tro
Núm[e]ros Núm[e]ros Núm[e]ros
Psicól[u]go Pesicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro Ternôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôn[i]mo ? Fenôn[a]mo ? Fenôn[i]mo
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[o]ra Pólv[o]ra Pólv[o]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[o]ca Ép[u]ca
? Mamíf[a]ro ? Maníf[a]ro Mamíf[a]ro
Catál[i]go Catál[i]go Catál[i]go
? Velocíp[i]do ? Velocíp[i]do ? Velocíp[i]do
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Genése Genése Genése
? Indíg[i]na ? Indíg[i]na ? Indigíno
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[u]la Pét[u]la Pét[u]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]las
Carníf[a]ro Carníf[a]ro Carníf[a]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
241
P
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Num[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[o]da m[o]da Côm[o]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Cér[e]bro Cel[e]bro Cér[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ro Num[e]ro Num[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Ternôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[a]la Pét[a]la Pét[a]la
Pér[u]la Pér[u]la Per[u]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]gos Relâmp[a]gos Relâmp[a]gos
242
Q
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ro Núm[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tros Quilôm[i]tro Quilôm[i]tros
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Apóst[u]los Apóst[u]lo Apóst[u]lo
Ép[u]ca Ép[u]ca Ép[u]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]ses n[e]ses Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[u]la Pét[u]la Pét[u]la
Pér[u]la Pér[u]la Pér[u]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
243
R
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[o]ra Ânc[o]ra Ânc[o]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]lis Bróc[u]lis Bróc[u]lis
Núm[e]ro Núm[e]ro Num[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[u]da m[u]da Côm[u]da
Vésp[u]ra sp[u]ra Vésp[u]ra
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Cél[e]bro Cél[e]bro Cél[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ros Núm[e]ros Num[e]ros
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tros Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[u]ra Pólv[u]ra Pólv[u]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[u]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[u]go Catál[u]go Catál[u]go
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[u]la Pét[u]la Pét[u]la
Pér[u]la Per[u]la Pér[u]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
244
S
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
Fósf[u]ro Fósf[u]ro Fósf[u]ro
Ânc[u]ra Ânc[u]ra Ânc[u]ra
Símb[u]lo mb[u]lo Símb[u]lo
Bróc[u]li Bróc[u]li Bróc[u]li
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Câm[e]ra Câm[e]ra Câm[e]ra
Côm[a]da Côm[a]da Côm[a]da
Vésp[e]ra Vésp[e]ra Vésp[e]ra
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Cér[e]bro Cér[e]bro Cér[e]bro
Árv[u]re Árv[u]re Árv[u]re
Abób[u]ra Abób[u]ra Abób[u]ra
Almônd[e]ga Almônd[e]ga Almônd[e]ga
Márm[u]re Márm[u]re Márm[u]re
Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro Helicópt[e]ro
Núm[e]ro Núm[e]ro Núm[e]ro
Psicól[u]go Psicól[u]go Psicól[u]go
Pêss[e]go Pêss[e]go Pêss[e]go
Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro Quilôm[i]tro
Termôm[i]tro Termôm[i]tro Termôm[i]tro
Út[e]ro Út[e]ro Út[e]ro
Fenôm[i]no Fenôm[i]no Fenôm[i]no
Óp[e]ra Óp[e]ra Óp[e]ra
Pólv[a]ra Pólv[a]ra Pólv[a]ra
Apóst[u]los Apóst[u]los Apóst[u]los
Ép[o]ca Ép[o]ca Ép[o]ca
Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro Mamíf[e]ro
Catál[a]go Catál[a]go Catál[a]go
Velocíp[e]de Velocíp[e]de Velocíp[e]de
Lâmp[a]da Lâmp[a]da Lâmp[a]da
Gên[e]se Gên[e]se Gên[e]se
Indíg[i]na Indíg[i]na Indíg[i]na
Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo Astrôn[u]mo
Pét[a]la Pét[a]la Pét[a]la
Per[o]la Per[o]la Per[o]la
Carnív[u]ro Carnív[u]ro Carnív[u]ro
Relâmp[a]go Relâmp[a]go Relâmp[a]go
245
APÊNDICE H
Proparoxítonas
A
Ábaco
Abóbada
Abóbora
Aborígine ou Aborígene
Abscôndito
Acadêmico
Ácaro
Acéfalo
Acérrimo
Acetilsalisílico
Ácido
Acídulo
Acólito
Acréscimo
Acrílico
Acrobático
Acrófobo
Acromático
Acrônimo
Acrópole
Acróstico
Acúmulo
Acústica
Acutângulo
Acutíssimo
Adriático
Adúltero
Ádvena
Aerícola
Aeróbica
Aeróbio
Aerodinâmica
Aerógrafo
Aerólito
Aeronáutica
Aeronáutica
Aerostática (o)
Aeróstato
Aético
Afásico
Aférese
Afônico
Afrodisíaco
Ágape
Ágata
Agnóstico
Ágora
Agrícola
Agrônomo
Agrônomo
Agrotóxico
Agrotóxico
Aidético
Aistórico
Álacre
Álcali
Alcoólatra
Alcoólico
Alérgico
Alfabético
Alfândega
Alfanumérico
Álgebra
Álgido
Algorit[i]mo
Álibi
Alienígena
Alíquota
Almôndega
Alóc[i]tone
Alópata
Alopático
Alopícico
Altímetro
Alucinógeno
Alvéolo
Âmago
Amálgama
Amarílico
Amaríssimo
Amazônico
Amazônida
Amebíase
Amídala
Aminoácido
Amnésico
Amoníaco
Anacrônico
Anafilático
Anafrodisíaco
Analgésico
Análise
Analítico
Analógico
Análogo
Anástrofe
Anátema
Ancilostomíase
Ancilóstomo
Âncora
Andrógino
Anêmico
Anemômetro
Anêmona
Anestésico
Anestésico
Anético
Ânfora
Ângelus
Ângulo
Anímico
Ânimo
Anistórico
Anódino
Anônimo
Anorético
Anoréxico
Ansiolítico
Antagônico
Antártico
Antecâmara
Antepenúltimo
Antevéspera
Antiácido
Antiaéreo
Antialcoólico
Antialérgico
Antibiótico
Antibiótico
Antiblenorrágico
Anticancerígeno
Antidemocrático
Antidiftérico
Antidogmático
Antídoto
Antieconômico
Antiepidêmico
Antiepilép[i]tico
Antiescorbútico
Antiespasmódico ou
Antispasmódico
Antiestático
Antiestético
Antiético
Antiflogístico
Antífona
Antífrase
Antifúngico
Antígeno
Antiginástica
Anti-helmíntico
Anti-hidrofófico
Anti-higiênico
Anti-hipnótico
Anti-histamínico
Anti-histérico
Anti-histórico
246
Agorafóbico
Agoráfobo
Antiictérico
Antijurídico
Antilógico
Antílope
Antimagnético
Antimalárico
Antimicótico
Antimonárquico
Antinefrítico
Antinevrálgico
Antiodác[i]tilo
Antiofídico
Antipartícula
Antipático
Antipatriótico
Antipedagógico
Antipirético
Antípoda
Antiqüíssimo
Anti-rábico
Anti-raquítico
Anti-rép[i]tico
Anti-reumático
Anti-sifilítico
Antispástico
Antitérmico
Antítese
Antitetânica
Antitóxico
Antitússico
Antitussígeno
Antivariólico
Antônimo
Antropocêntrico
Antropófago
Antropólogo
Antropônimo
Apático
Apátrida
Apêndice
Ápice
Apócope
Apócrifo
Ápode
Apófise
Apólice
Apolítico
Apólogo
Apoplético
Apóstata
Apóstolo
Apóstrofe
Apóstrofo
Apótema
Aquariófilo
Aquático
Aqüífero
Árabe
Arábico
Árbitro
Arborícola
Árcade
Aréola
Árido
Aríete
Aristotélico
Arit[i]mética
Aromático
Arqueólogo
Arquétipo
Arquipélago
Arrizotônico
Arsênico
Ártico
Artífice
Artístico
Artrítico
Artrópode
Árvore
Ascético
Ascórbico
Asiático
Asmático
Áspero
Aspérrimo
Áspide
Asséptico
Assíncrono
Assintomático
Astênico
Astigmático
Astrágalo
Astrofísica (o)
Astrólogo
Astronáutica
Astronômico
Astrônomo
Aterosclerótico
Átimo
Atípico
Atlântico
Atlântico
Átomo
Atônito
Átono
Atóxico
Atrocíssimo
Audiólogo
Audiômetro
Áugure
Áulico
Auréola
Aurícula
Aurífero
Autêntico
Autocrítica (o)
Autóctone
Autodidática
Autódromo
Autogênese
Autógeno
Autógrafo
Automático
Autômato
Autônomo
Autóp[i]sia
Ávido
Azáfama
Azêmola
Ázimo
B
Babilônico ou Babilônio
Bacteriólogo
Bacterióstase ou Bacteriostase
Báculo
Bafômetro
Balística
Balsâmico
Bálsamo
Bárbaro
Bárbaro
Barbitúrico
Barítono
Barômetro
Báscula
Básico
Basílica
Bátega
Bávaro
Bêbado
Bêbedo
Bélico
Beneficentíssimo
Benéfico
Benemérito
Beneplácito
Benévolo
Bestialógico
247
Bíblia
Bibliófilo
Bibliotecônomo
Bicôncavo
Bicúspide
Bifásico
Bifásico
Bígamo
Bígamo
Bilionésimo
Binóculo
Bioética
Biogênese
Biógrafo
Biólogo
Biomédico
Biônico
Bióp[i]sia
Bioquímica (o)
Bior[i]timo
Biotéc[i]nica
Biótipo ou biotipo
Bípede
Bólido (e)
Bombástico
Bórico
Botânico (a)
Brâmane ou brâmine
Brasílico
Britânico
Brócolis (os)
Bucólico
Búfalo
Burocrático
Bússola
C
Cabalístico
Cábula
Cacófato
Cád[i]mio
Cadavérico
Cadidíase
Cáf[i]tem
Cáfila
Cágado
Calêndula
Cálice
Cálido
Calígrafo
Calórico
Câmara
Câmera
Campânula
Canalículo
Cancerígeno
Cândida (o)
Cânfora
Canícula
Canônico
Cântaro
Cântico
Cânula
Caótico
Cáp[i]sula
Capítulo
Caquético
Característica (o)
Carbonífero
Cárcere
Carcinógeno
Cardíaco
Cardiógrafo
Carismática (o)
Carnívoro
Carótida
Carpófago
Cartófilo
Cartógrafo
Cáspite
Catálise
Catálogo
Catástrofe
Catastrófico
Catecúmeno
Cátedra
Catedrático
Categórico
Catênula
Cátodo ou catódio
Católico
Caudatário
Causídico
Cáustico
Cédula
Cefálico
Cefalópode
Celebérrimo
Célebre
Célere
Célula
Cenáculo
Cênico
Cenógrafo
Cenotéc[i]nica
Centenário
Centésimo
Centígrado
Centímetro
Cêntimo
Centrífuga (o)
Centrípeto
Cêntuplo
Cerâmica
Cerealífero
Cérebro
Cerífero
Ceroplástica
Cético ou Cép[i]tico
Chácara
Chaníssimo
Chávena
Ciática (o)
Cibernética
Cícero
Ciclópico
Científico
Cilíndrico
Címbalo
Cinemática
Cinematográfico
Cinematógrafo
Cinética
Cínico
Círculo
Cítara
Cítrico
Cívico
Clássico
Cláusula
Clavícula
Clávula
Clérigo
Clínica (o)
Clorídrico
Coágulo
Cocainômano
Cócegas
Cócoras
Código
Colágeno
Cólera
Colérico
Cólica
Cômico
Cômoda (o)
Cômputo
Côncavo
Concêntrico
Condômino
Cônego
248
Calorífero
Congênere
Congênito
Cônico
Conífera
Cônjuge
Contrác[i]til ou contrátil
Cópula
Coreógrafo
Cornífero ou cornígero
Corpúsculo
Córrego
Cosmética (o)
Cosmonáutica
Cotilédone
Crápula
Crédito
Crédulo
Crepúsculo
Criogênico
Críquete
Crisálida
Crisântemo
Critério
Crítica (o)
Cromático
Crônica (o)
Cronômetro
Cúbico
Cubículo
Cúbito
Cúmplice
Cúmulo
Cúpido
Cúprico
Cúpula
Currículo
Cutícula
D
Dádiva
Dálmata
Daltônico
Datilógrafo
Debênture
Débito
Década
Decágono
Decálogo
Decímetro
Décimo
Decrépito
Decréscimo
Decúbito
Décuplo
Déficit[i]
Demérito
Democrático
Depósito
Desânimo
Descrédito
Desértico
Desíg[i]nio
Déspota
Despropósito
Detrítico
Diabético
Diabólico
Diácono
Diacrítico
Diacrônico
Diáfano
Diafragmático
Diagnóstico ou diagnose
Dialética
Diálise
Dialógico
Diálogo
Diamantífero
Diâmetro
Diáspora
Diástole
Dicotômico
Dicromático
Didática (o)
Diédrico
Dielétrico
Diencéfalo
Diérese
Dierético
Dietética (o)
Diftérico
Dígrafo
Dilemático
Dinâmica (o)
Dínamo
Dióxido
Díp[i]tero
Discípulo
Disentérico
Dispép[i]tico
Disrít[i]mico
Dissílabo
Dístico
Distônico
Distrófico
Diurético
Divertículo
Dízima (o)
Dodecágono
Dog[i]mático
Doméstico
Dramático
Drástico
Druídico
Dúb[i]nio
Dúc[i]til
Duc[i]to
Duc[i]to
Ducentésimo
Duelístico
Duodécimo
Dúplice
Dúvida
E
Ébano
Eclâmp[i]tico
Eclesiástico
Eclético
Eclíp[i]tico
Écloga ou égloga
Ecológico
Ecólogo
Econômico
Ecossistêmico
Ectoplasmático
Ecumênico
Ecúmeno
Edemático
Edênico
Edílico
Efeméride
Efêmero
Égide
Egiptológico
Egiptólogo
Egocêntrico
Elástico
Elefantíase
Elefântico
Elegíaco
Elétrico
Eletroacústica (o)
Eletroacústica (o)
Eletrocardiográfico
Eletrocardiógrafo
249
Elétrodo ou eletrodo
Eletrodoméstico
Eletroencefalográfico
Eletrólise
Eletrolítico
Eletrólito
Eletromagnético
Eletrônica (o)
Eletrostática (o)
Eletrotéc[i]nico
Elíptico ou elítico
Emblemático
Êmbolo
Embriológico
Embriólogo
Emérito
Emético
Empático
Empírico
Empréstimo
Encefálico
Encéfalo
Encíclica
Enciclopédico
Ênclise
Enclítico
Endócrino
Endógamo
Endógeno
Eneágono
Energética
Enérgico
Energúmeno
Enésimo ou Enegésimo
Ênfase
Entomológico
Entomólogo
Eólico
Epicêntrico
Épico
Epidídimo
Epígeno ou Epígino
Epígono
Epígrafe
Epilético
Epílogo
Episódico
Epístola
Epíteto
Epítome
Época
Equânime
Eqüilátero
Equívoco
Eréc[i]til
Ergômetro
Eritrócito
Erógeno
Erótico
Escâncara
Escândalo
Escápula
Esclerótica
Escolástica
Escorpiônico
Escrúpulo
Esdrúxulo
Esférico
Esferográfica
Esferômetro
Esfínc[i]ter
Esfíngico ou esfingético
Esofágico
Esôfago
Esotérico
Espasmódico
Espátula
Específico
Espécime
Espectrógrafo
Espéculo
Espeleológico
Espeleólogo
Espermático
Espetáculo
Espírita (o)
Espirógrafo
Espirômetro
Espiroquético
Esplêndido
Esplênico
Esporádico
Esquálido
Esquelético
Esquitossomíase
Estábulo
Estática (o)
Estatística (o)
Estenográfico
Estenógrafo
Estereofônico
Estereótipo
Estética (o)
Estilística
Estímulo
Estômago
Estrábico
Estrambótico
Estratégico
Estrépito
Eletrodinâmica (o)
Estrídulo
Estúpido
Ét[i]nico
Ética (o)
Etílico
Étimo
Etimológico
Etimólogo
Etiológico
Eufórico
Evangélico
Exânime
Excêntrico
Exegética
Exército
Exigência
Êxito
Êxodo
Exógeno
Exotérico
Exótico
Explícito
Êxtase
Extático
Extragaláctica (o)
Extra-sístole
Extrínseco
F
Fábrica
Fábula
Facínora
Fac-símile
Famélico
Fanático
Fantasmagórico
Fantástico
Farândola
Faraônico
Farmacêutico
Fármaco
Farmacológico
Farmacólogo
Fascículo
Fatídico
Febrífugo
Fécula
Feérico
Fenômeno
Fenótipo
250
Féretro
Férvido
Fétido
Fígado
Filarmônica
Finalíssima
Física (o)
Fístula
Fitoplânc[i]ton
Flácido
Flâmula
Flóculo
Flórido
Florífero
Flutíssono
Fóbico
Folclórico
Fôlego
Fólico
Fólico
Folículo
Folíolo
Fonética (o)
Fônico
Fonoaudiólogo
Fonográfico
Fonógrafo
Fonológico
Fonólogo
Fórcep[i]s
Fórmica
Fórmula
Formulário
Fosfórico
Fósforo
Fotoelétrico
Fotofóbico
Fotófobo
Fotogênico
Fotográfico
Fotógrafo
Fotossíntese
Fotossintético
Fototerápico
Fototrópico
Freático
Frêmito
Frenético
Frígido
Frigorífico
Frívolo
Frugívoro ou Frutívoro
Frutífero
Fúc[i]sia
Funâmbulo
Fúnebre
Furúnculo
G
Ga.lá.[ki.s]ia
Gaélico
Galác[i]tico
Gamético
Gangético
Gárgula
Gasômetro
Gástrico
Gastronômico
Gastrônomo
Gélido
Genealógico
Generalíssimo
Genérico
Gênero
Gênese
Genética (o)
Genótipo
Genótipo
Gentílico
Geocêntrico
Geoclésico
Geodésico
Geófago
Geofísica (o)
Geográfica (o)
Geógrafo
Geológico
Geólogo
Geômetra
Geométrico
Geopolítica (o)
Geotrópico
Geriátrico
Germânico
Gerontocrático
Gerontológico
Ginástica (o)
Ginecológico
Gíp[i]seo
Girândola
Glândula
Glóbulo
Glótico
Goma-arábica
Goma-elástica
Gônada
Gôndola
Gongórico
Gótico
Gotícula
Gráfica (o)
Grafólogo
Gramática (o)
Grandíloco ou Grandíloquo
Granítico
Granívoro
Grânulo
Gutífero
H
Hábito
Háf[i]nio
Hagiográfico
Hagiógrafo
Hálito
Halogênico
Hanseníase
Harmônica
Hegemônica (o)
Hégira
Helênico
Helicóp[i]tero
Heliocêntrico
Hemácito
Hematófago
Hemisférico
Hemodiálise
Hemodinâmica
Hemofílico
Hemorrágico
Hepático
Heráldica (o)
Herbívoro
Hércules
Herético
Hermenêutica (o)
Hermético
Herpético
Heterófono
Heterônimo
Heurística
Hexágono
Híbrido
Hidramática (o)
Hidráulica (o)
Hidroelétrica ou hidrelétrica (o)
Hidrófilo
251
Hidrólise
Hidrométrico
Hidrômetro
Hidropônica
Hidroterapêutico ou
Hidroterápico
Hidróxido
Hierárquico
Hieróglifo ou hieroglifo
Higiênico
Hiperbárico
Hipérbato
Hipérbole
Hipertrófico
Hípico
Hipnótico
Hipoalergênico
Hipoalérgico
Hipocalórico
Hipocondríaco
Hipócrita
Hipodérmico
Hipódromo
Hipófise
Hipopótamo
Hipotálamo
Hipótese
Hipotético
Hispânico
Histérico
Histórico
Historiógrafo
Holística (o)
Homeopático
Homérico
Homófono
Homógrafo
Homonímico
Homônimo
Honorífico
Hormônio
Horóscopo
Hóspede
Hulhífero
Húngaro
I
Ibérico
Ícone
Idêntico
Idílico
Idiomático
Ídolo
Ilegítimo
Ilíaco
Ilícito
Ilógico
Ilustríssimo
Impatriótico
Impávido
Ímpeto
Implícito
Impúbere
Incóg[i]nita
Incólume
Incômodo
Incrédulo
Indébito
Indecência
Índice
Indígena
Índigo
Índole
Indômito
Inédito
Inép[i]cia
Inequívoco
Ínfimo
Informática
Infrutífero
Íngreme
Inorgânico
Inóspito
Inquérito
Insetívoro
Insípido
Insólito
Íntegro
Ínterim
Intérprete
Íntimo
Intrépido
Intrínseco
Inúmero
Inválido
Invólucro
Iódico
Iônico
Iônio
Irônico
Islâmico
Isósceles
Isótopo
Isquêmico
Itálico
J
Japônico
Jiu-jít[i]su
Jônico
Jornalístico
Júbilo
Júpiter
Jurássico
Jurídico
L
Lábaro
Labiríntico
Lác[i]teo
Lacônico
Lactífero
Lágrima
Lâmina
Lâmpada
Lânguido
Lanífero ou lanígero
Lap[i]so
Lápide
Lástima
Láte[kis]
Látego
Láudano
Lázaro
Legítima (o)
Lépido
Lepidóp[i]tero
Lésbica
Letárgico
Leucêmico
Leucócito
Lêvedo ou levedo
Léxico
Libélula
Líbero
Lícito
Lídimo
Líg[i]neo
Limítrofe
Linfático
Linfócito
Lingüística (o)
Linotípico
Líquido
Lírica (o)
Lisérgico
252
Lítico
Litúrgico
Lívido
Lôbrego
Lóbulo
Logarít[i]mico
Logarít[i]mo
Lógica (o)
Logística
Logotípico
Losângico
Lotérica (o)
Lúbrico
Lúcido
Lúcifer
Lúdico
Lúgubre
Lumbágico
Lunático
Lúpulo
Lúrido
Lusíada
M
Macarrônico
Macérrimo ou magérrimo
Maçônico
Macrobiótica (o)
Macrocefálico
Macrocéfalo
Macrocósmico
Macrocóspico
Macroeconômico
Mácula
Madrepérola
Mágica (o)
Magmático
Magnânimo
Magnético
Magnífico
Maiêutica
Maiúscula
Majestático
Maléfico
Maléolo
Malévolo
Mamífero
Manápula
Mandíbula
Manícula
Manométrico
Manômetro
Máquina
Marítimo
Mármore
Máscara
Másculo
Mastodôntico
Matemática
Matrícula
Máxima (o,e)
Mecânica (o)
Médica (o)
Medíocre
Mefistofélico
Megalítico
Megálito
Megalópole
Mentecap[i]to
Meretíssimo
Mérito
Mesencéfalo
Mesóclise
Mesopotâmico
Metabólico
Metafísica (o)
Metáfora
Metálico
Metástase
Metátese
Metílico
Metódico
Método
Métrica
Metrônomo
Metrópole
Miasmático
Microcósmico
Microeletrônica
Micrômetro
Microônibus
Micrótomo
Milésimo
Milímetro
Milionésimo
Mimeógrafo
Mímica
Mínima (o)
Minúscula (o)
Miríade (a)
Miriápode
Mísero
Misógamo
Mística
Mitológico
Mitólogo
Mitônimo
Mnemônica (o)
Móbile
Módico
Módulo
Molécula
Molície (a)
Monástico
Monocotilédone ou
monocotiledônea
Monocromático
Monóculo
Monólito
Monólogo
Monossílabo
Monóxido
Mórbido
Mortífero
Motonáutica
Multíplice
Múltiplo
Munícipe
Muriático
Músculo
Música (o)
Mutagênese
N
Nádega
Napoleônico
Narcótico
Narcotráfico
Náufrago
Náutica
Néc[i]tar
Necrófago
Necróp[i]sia
Necrópole
Neófito
Neolítico
Neolítico
Nêspera
Nevrálgico
Nicótico
Nipônico
Nítido
Nítrico
Noctâmbulo
Nódulo
Nômade
Nonagésimo
253
Nongentésimo ou
Noningentésimo
Nônuplo
Nórdico
Notívago
Número
Numismática
Núp[i]cias
O
Ób[i]vio
Óbice
Óbito
Óbolo
Obstáculo
Obstétrico ou obstetrício
Oceanográfico
Oceanógrafo
Octingentésimo
Octogésimo
Octógono
Óctuplo
Óculo
Odontólogo
Odorífero ou odorífico
Oftálmico
Oitocentésimo
Oligárquico
Oligofrênico
Olimpíada
Olímpico
Ômega
Oncológico
Ônibus
Onírico
Onívoro
Onomástico (a)
Ontológico
Ópera
Opiniático ou Opinoso
Opíparo
Óptica (o)
Opúsculo
Oráculo
Órbita
Orégano
Orgânico
Ornitólogo
Ortógrafo
Ortopédico
Ósculo
Ótico
Ótimo
Ovíparo ou Ovivíparo
Óvulo
Óxido
Oxítono
P
Pacífico
Página
Paisagística (o)
Paleográfico
Paleógrafo
Paleolítico
Paleólogo
Paleontológico
Pálido
Palmípede
Pálpebra
Pancreático
Pândega (o)
Pandêmico
Panegírico
Panorâmica (o)
Pantagruélico
Pântano
Pantomímico
Páprica
Parábola
Parabólico
Paradidático
Paradisíaco
Paráfrase
Parágrafo
Paralelepípedo
Paralítico
Paramédico
Parâmetro
Páramo
Paraplégico
Parapsicológico
Parapsicólogo
Parassíntese
Parêntese (sis)
Pároco
Parônimo
Parótico
Parótida ou parótide
Paroxítono
Parquímetro
Parricídio
Patológico
Patriótico
Patronímico
Paupérrimo
Pávido
Pedagógico
Pelágico ou pelágio
Pélago
Película
Pênalti
Pêndulo
Península
Pentágono
Penúltimo
Pép[i]tico
Pérfido
Periférico
Perífrase
Perímetro
Periódico
Período
Peripatético
Périplo
Perissodác[i]tilo
Pernóstico
Pérola
Pêsame
Pêssego
Péssimo
Pestífero
Pétala
Petrolífero
Petrológico
Petrólogo
Petroquímica (o)
Pianíssimo
Pianística
Pícaro
Pictórico
Pífaro
Pilórico
Pílula
Pináculo
Píncaro
Piogênese
Pirâmide
Pirético
Pírico
Pirófobo
Piromaníaco
Pirômetro
Pirotécnico
Plácido
Planisférico
Plástica (o)
254
Plátano
Platônico
Pluviômetro
Pneumático
Poética
Polêmica
Policlínica
Polígono
Polígrafo
Polímero
Pólipo
Polissílabo
Politéc[i]nica
Política (o)
Polivinílico
Pólvora
Pômulo
Pontífice
Pórtico
Póstero
Póstuma (o)
Pragmática (o)
Prática (o)
Preâmbulo
Prédica
Presbítero
Prestímano
Préstimo
Préstito
Pretérito
Primogênito
Príncipe
Prístino ou prisco
Problemático (a)
Procedência
Próclise
Pródigo
Pródromo
Profilático
Profilático
Prófugo
Próg[i]nato
Prognóstico
Prolífero
Prolífico
Prólogo
Proparoxítono
Propedêutico
Própolis (le)
Propósito
Prosélito
Prosódico
Próspero
Robótica
Românico
Partenogênese
Partícula
Pássaro
Patético
Patíbulo
Pátina
Patogênico
Próstata
Prostíbulo
Prótese
Protético
Protoplasmático ou protoplásmico
Protótipo
Próvido (providente)
Próximo
Pseudônimo
Psicanálise
Psicanalítico
Psicoanalép[i]tico
Psicodélico
Psicógrafo
Psicológico
Psicólogo
Psicossociológico
Psicossomático
Psicotéc[i]nica
Psicótico
Psicotrópico
Psiquiátrico
Psíquico
Psoríase
Pterodác[i]tilo ou Pterodátilo
Púbico ou pubiano
Pública (o)
Puérpera ou puerpera
Púlpito
Púnico
Púrpura
Pusilânime
Pústula
Pútrido
Q
Quadragésimo
Quadrícep[i]s
Quadrícula (o)
Quadrilátero
Quadriplégico
Quadrúmano
Quadrúpede
Quádruplo
Quart[i]zo
Quilômetro
Quimérico
Química (o)
Quimioterápico
Qüinquagésimo
Quíntuplo
Quiróp[i]tero
Quiroprática
R
Rábano
Rábico
Rábido
Rabínico
Rábula
Radícula
Radielétrico ou radioelétrico
Radiofônico
Radiofotográfico
Radiográfico
Radiológico
Radioscópico
Radiotéc[i]nica
Radiotelefônico
Radiotelegráfico
Radioterápico ou
Radioterapêutico
Ranúnculo
Rápido
Rapsódico
Raquítico
Receptáculo
Recíproco
Récita
Recôncavo
Recôndito
Rédito
Régulo
Relâmpago
Reóstato ou reostato
Rép[i]til
Réplica
Réprobo
República
Réquiem
Retábulo
Retângulo
Retícula (o)
Retífica
Retórica (o)
Retrógrado
Reumático
255
Revérbero
Reverendíssimo
Rícino
Ridículo
Rígido
Ripícola
Ríspido
Rizófago
Rizotônico
Rótula (o)
Rúcula
Rupícola
Rurícola
Rústico
Rútilo
S
Sábado
Sabático
Sacrílego
Sacroilíaco
Sádico
Salicílico
Sálmico
Salomônico
Sândalo
Sânscrito
Santíssimo
Sápido
Saprófito
Sarcástico
Sarcófago
Sardônico
Satânico
Satélite
Sátira (o)
Satírico
Século
Selênico
Selvático
Selvícola ou Silvícola
Semáforo
Semântica (o)
Semi-árido
Semi-automático
Semicírculo
Semínima
Semiológico
Semiótica
Semítico
Sêmola
Sensitômetro
Sép[i]tico
Sépala
Septicêmico
Septuagésimo
Séqüito ou séquito
Seráfico
Sétimo
Setissílabo
Sétuplo
Sexagésimo
Sexólogo
Sêxtuplo
Sicômoro
Sífilis
Sílaba
Sílfide
Sílica
Símbolo
Símile
Simpático
Síncope
Sindético
Síndico
Síndrome
Sinédoque
Sinódico
Sínodo
Sinônimo
Sintático
Síntese
Sintético
Sismógrafo
Sistemático
Sistêmico
Sístole
Sitômetro
Socioeconômico
Socrático
Sôfrego
Solícito
Sólido
Somático
Somítico
Sonâmbulo
Sônico
Sonífero
Sonógrafo
Soporífero ou soporífico
Sórdido
Sorumbático
Soviético
Suástica
Subaquático
Subdesértico
Súbito
Submúltiplo
Subtítulo
Súdito
Sudorífero
Sudoríparo
Súmula
Supérstite
Súplica
Súplice
Sustentáculo
T
Tabernáculo
Tac[i]til ou tátil
Tácito
Tacômetro
Talássico
Talassofóbico
Talassófobo
Talmúdico
Tâmara
Tanatológico
Tantálico
Tântalo
Taquicardíaco
Taquicárdico
Taquigráfico
Taquígrafo
Tarântula
Tártaro
Tática (o)
Taumatúrgico
Tautológico
Taxidérmico
Taxímetro
Teatrólogo
Téc[i]nica (o)
Tecnocrático
Tecnofóbico
Tecnófobo
Tecnológico
Tecnólogo
Tectônica ou tetônica
Telediagnóstico
Teleférico
Telefônico
Telegráfico
Telégrafo
Teleinformática
Telepático
256
Telescópico
Telúrico
Temática (o)
Têmpera
Têmpora
Teníase
Tentáculo
Teocrático
Teológico
Teólogo
Teórico
Tépido
Terapêutica (o)
Térmico
Término
Terminológico (a)
Termodinâmico (a)
Termométrico
Termômetro
Termoplástico
Terrífico
Testículo
Tetânico
Tétano
Tetraédrico
Tetrágono
Tetraplégico
Tetrassilábico
Tetrassílabo
Tétrico
Teutônico
Tífico
Tílburi
Tímido
Timpânico
Tímpano
Típico
Tipográfico
Tipógrafo
Tíquete
Tirânico
Tísica (o)
Titânico
Títere
Titulo
Tocológico
Tocólogo
Tômbola
Tomográfico
Tomógrafo
Tônica (o)
Tópico
Topográfico
Topógrafo
Topológico
Topônimo
Tóra[kis]
Torácico
Tórrido
Tóxico
Toxicomaníaco
Toxicômano
Tráfego
Tráfico
Trágico
Tragicômico
Trâmite
Transatlântico
Trânsfuga
Transgênico
Trânsito
Translúcido
Transoceânico
Trecentésimo ou tricentésimo
Trêfego
Trêmulo
Trépano
Tréplica
Tríade ou tríada
Triádico
Triângulo
Triásico
Tricentenário
Trícep[i]s
Trifásico
Trigésimo
Trigonométrico
Trilógico
Tríp[i]tico
Tríplice
Trissilábico
Trissílabo
Triúnviro
Troglodítico
Trólebus
Trombótico
Trôpego
Trópico
Troposférico
Tubérculo
Túmido
Túmulo
Túnica
Túrbido
Túrgido
Turíbulo
Turmalínico
U
Úbere ou ubre
Úlcera
Último
Umbrífero
Úmero
Úmido
Unânime
Undécimo
Ungüífero
Único
Unigênito
Uníparo
Uníssono
Unívoco
Urético
Úrico
Útero
Úvula
V
Válido
Válvula
Vândalo
Varíola
Veículo
Velocímetro
Velocípede
Velódromo
Ventrículo
Ventríloquo
Verídico
Vermífugo
Vernáculo
Verônica
Versículo
Vértebra
Vértice
Vesícula
Véspera
Vestíbulo
Víbora
Vigésimo
Vínculo
Vírgula
Virótico
Virtuosíssimo
Víscera
Víspora
Vitamínico
257
Vítima
Víveres
Vívido
Vivíparo
Vocábulo
Vocálico
Voltímetro
Volumétrico
Vômico
Vômito
Vórtice
X
Xácara
Xenófilo
Xenófobo
Xícara
Xifópago
Z
Zéfiro
Zênite
Zíngaro
Zodíaco
Zoófago
Zoólatra
Zoólite
Zoológico
Zoólogo
Zooplânc[i]ton
258
Proparoxítonas
(VOGAIS MÉDIAS)
A
Abóbora
Aborígene
Acrófobo
Acrópole
Adúltero
Ádvena
Aerícola
Aférese
Ágora
Agoráfobo
Agrícola
Agrônomo
Agrônomo
Alfândega
Álgebra
Alienígena
Alíquota
Almôndega
Alóc[i]tone
Altímetro
Alucinógeno
Alvéolo
Análogo
Anástrofe
Anátema
Ancilóstomo
Âncora
Anemômetro
Anêmona
Ânfora
Antevéspera
Antiaéreo
Anticancerígeno
Antídoto
Antífona
Antígeno
Antílope
Antípoda
Antítese
Antitussígeno
Antropólogo
Apócope
Ápode
Apólogo
Apóstolo
Apóstrofe
Apóstrofo
Apótema
Aqüífero
Arborícola
Aréola
Aríete
Arqueólogo
Artrópode
Árvore
Áspero
Assíncrono
Astrólogo
Astrônomo
Átomo
Átono
Audiólogo
Audiômetro
Auréola
Aurífero
Autóctone
Autódromo
Autogênese
Autógeno
Autônomo
Azêmola
B
Bacteriólogo
Bafômetro
Barítono
Barômetro
Bátega
Bêbedo
Benévolo
Bibliotecônomo
Biogênese
Biólogo
Bípede
Brócolis (os)
Bússola
C
Calorífero
Câmera
Cancerígeno
Cânfora
Carbonífero
Cárcere
Carcinógeno
Carnívoro
Catálogo
Catástrofe
Catecúmeno
Cátedra
Cátodo
Cefalópode
Célebre
Célere
Centímetro
Centrípeto
Cerealífero
Cérebro
Cerífero
Chávena
Cícero
Cócegas
Cócoras
Colágeno
Cólera
Cômoda (o)
Cônego
Congênere
Conífera
Cornífero ou cornígero
Córrego
Cotilédone
Críquete
Crisântemo
Cronômetro
D
Decágono
Decálogo
Decímetro
Déspota
Diácono
Diálogo
Diamantífero
Diâmetro
Diáspora
Diástole
Diérese
Díp[i]tero
Dodecágono
E
Écloga ou égloga
Ecólogo
Ecúmeno
Efêmero
Egiptólogo
Elétrodo ou eletrodo
Êmbolo
259
Embriólogo
Endógeno
Eneágono
Energúmeno
Entomólogo
Epígeno
Epígono
Epílogo
Epístola
Epíteto
Epítome
Época
Eqüilátero
Equívoco
Ergômetro
Erógeno
Esferômetro
Espeleólogo
Etimólogo
Êxodo
Exógeno
Extra-sístole
Extrínseco
F
Facínora
Farândola
Farmacólogo
Fenômeno
Féretro
Florífero
Flutíssono
Fôlego
Folíolo
Fonoaudiólogo
Fonólogo
Fósforo
Fotófobo
Fotossíntese
Frívolo
Frugívoro ou Frutívoro
Frutífero
Fúnebre
G
Gasômetro
Gastrônomo
Gênero
Gênese
Geólogo
Geômetra
Gíp[i]seo
Girândola
Gôndola
Grafólogo
Grandíloco ou Grandíloquo
Granívoro
Gutífero
H
Helicóp[i]tero
Herbívoro
Heterófono
Hexágono
Hidrômetro
Hipérbole
Hipódromo
Hipótese
Homófono
Horóscopo
Hóspede
Hulhífero
I
Ícone
Ídolo
Ímpeto
Impúbere
Incômodo
Indígena
Índole
Inequívoco
Infrutífero
Íngreme
Insetívoro
Íntegro
Intérprete
Intrínseco
Inúmero
Isósceles
Isótopo
L
Lábaro
Labiríntico
Lác[i]teo
Lacônico
Lactífero
Lanífero ou lanígero
Late[kis]
Látego
Lepidóp[i]tero
Lêvedo
Líbero
Líg[i]neo
Limítrofe
Lôbrego
M
Madrepérola
Maléolo
Malévolo
Mamífero
Manômetro
Mármore
Medíocre
Megalópole
Metáfora
Metátese
Método
Metrônomo
Metrópole
Micrômetro
Micrótomo
Milímetro
Miriápode
Mísero
Mitólogo
Monocotilédone ou
monocotiledônea
Monólogo
Mortífero
Mutagênese
N
Nádega
Necrópole
Nêspera
Número
O
Óbolo
Octógono
Odontólogo
Odorífero ou odorífico
Ômega
260
Onívoro
Ópera
Ornitólogo
Oxítono
P
Paleólogo
Palmípede
Pálpebra
Pândega (o)
Pantagruélico
Parábola
Paralelepípedo
Parâmetro
Parapsicólogo
Parassíntese
Parêntese (sis)
Pároco
Paroxítono
Parquímetro
Partenogênese
Pentágono
Perímetro
Período
Pérola
Pêssego
Pestífero
Petrolífero
Petrólogo
Piogênese
Pirófobo
Pirômetro
Pluviômetro
Polígono
Polímero
Pólvora
Póstero
Presbítero
Pródromo
Prolífero
Prólogo
Proparoxítono
Própolis (le)
Próspero
Prótese
Psicólogo
Puérpera
Q
Quadrilátero
Quadrúpede
Quilômetro
Quiróp[i]tero
R
Recíproco
Réprobo
Revérbero
Ripícola
Rupícola
Rurícola
S
Sacrílego
Selvícola ou Silvícola
Semáforo
Sêmola
Sensitômetro
Sexólogo
Sicômoro
Símbolo
Síncope
Síndrome
Sinédoque
Sínodo
Síntese
Sístole
Sitômetro
Sôfrego
Sonífero
Soporífero ou soporífico
Sudorífero
T
Tacômetro
Talassófobo
Taxímetro
Teatrólogo
Tecnófobo
Tecnólogo
Têmpera
Têmpora
Teólogo
Termômetro
Tetrágono
Tíquete
Títere
Tocólogo
Tômbola
Tráfego
Trêfego
Trícep[i]s
Trólebus
Trôpego
U
Úbere ou ubre
Úlcera
Umbrífero
Úmero
Ungüífero
Uníssono
Unívoco
Útero
V
Varíola
Velocímetro
Velocípede
Velódromo
Ventríloquo
Vértebra
Véspera
Víbora
Víscera
Víspora
Víveres
Voltímetro
X
Xenófobo
Z
Zoólogo
261
Proparoxítonas
106
(PALAVRAS MAIS COMUNS)
A
Abóbora
Aborígene
Adúltero
Agrícola
Agrônomo
Agrônomo
Alfândega
Álgebra
Alienígena
Alíquota
Almôndega
Alucinógeno
Alvéolo
Análogo
Âncora
Antiaéreo
Anticancerígeno
Antídoto
Antígeno
Antropólogo
Apóstolo
Apóstrofe
Apóstrofo
Arqueólogo
Árvore
Áspero
Astrólogo
Astrônomo
Átomo
Auréola
Autódromo
Autônomo
B
Bafômetro
Benévolo
Biólogo
Brócolis (os)
Bússola
C
Câmera
Cancerígeno
Cânfora
Cárcere
Carnívoro
Catálogo
Catástrofe
Cátedra
Célebre
Centímetro
Cérebro
Cícero
Cócegas
Cócoras
Colágeno
Cólera
Cômoda (o)
Córrego
Críquete
Crisântemo
Cronômetro
D
Decímetro
Diálogo
Diâmetro
E
Ecólogo
Efêmero
Egiptólogo
Eneágono
Época
Eqüilátero
Equívoco
Erógeno
Êxodo
F
Facínora
Farmacólogo
Fenômeno
Florífero
Fôlego
Fonoaudiólogo
Fonólogo
Fósforo
Fotossíntese
Frívolo
Frutífero
Fúnebre
G
Gênero
Gênese
Geólogo
Gôndola
H
Helicóp[i]tero
Hexágono
Hidrômetro
Hipérbole
Hipódromo
Hipótese
Horóscopo
Hóspede
I
Ícone
Ídolo
Ímpeto
Incômodo
Indígena
Índole
Inequívoco
Infrutífero
Íngreme
Íntegro
Intérprete
Inúmero
L
Láte[kis]
Lêvedo
106
Esta e a próxima listagem expõem as palavras que possuem alguma possibilidade de aparecerem na fala e, também,
aquelas que podem ser representadas por meio de figuras.
262
M
Madrepérola
Maléolo
Malévolo
Mamífero
Mármore
Medíocre
Metáfora
Método
Metrópole
Milímetro
Mísero
Monólogo
Mortífero
N
Nádega
Nêspera
Número
O
Odontólogo
Ômega
Ópera
P
Pálpebra
Parábola
Paralelepípedo
Parâmetro
Parapsicólogo
Parêntese (sis)
Parquímetro
Pentágono
Perímetro
Período
Pérola
Pêssego
Pluviômetro
Polígono
Pólvora
Própolis (le)
Próspero
Prótese
Psicólogo
Q
Quadrilátero
Quadrúpede
Quilômetro
R
Recíproco
S
Semáforo
Sêmola
Sexólogo
Símbolo
Síncope
Síndrome
Síntese
Sonífero
T
Taxímetro
Teatrólogo
Tecnólogo
Têmpora
Teólogo
Termômetro
Tíquete
Tráfego
U
Úlcera
Útero
V
Varíola
Velocímetro
Velocípede
Vértebra
Véspera
Víbora
Víscera
263
Proparoxítonas Eventuais e Configurações Semelhantes
A
Abecedário
Abissínio
Abstêmio
Abstinência
Abundância
Acácia
Academia
Acessório
Acomodatício
Acrimônia
Actínia (o)
Acúleo
Adágio
Adjudicatário
Admonitório
Adolescência
Adultério
Adventício
Aéreo
Aerofólio
Aeroviário
Agência
Ágio
Agroindústria
Agropecuária
Ajutório
Aleatório
Alfandegário
Alfarrábio
Alheatório
Alienatório
Alimária
Alimentário
Alimentício
Alínea
Alísio
Alívio
Alternância
Alumínio
Álveo
Amásio
Ambiência
Ambulância
Ambulatório
Amêijoa
Amêndoa
Amenorréia
Amerício
Ameríndio
Amiláceo
Amnésia
Âmnio
Amônia
Anaeróbio
Anedotário
Anelídeo
Anfíbio
Angústia
Aniversário
Anóxia
Antecedência
Anti-horário
Anti-humanitário
Antiinflamatório
Antimatéria
Antimônio
Antiovulatório
Antiparasitário
Antipólio
Antiquário
Antonímia
Antonomásia
Antroponímia
Antúrio
Anuário
Anuência
Anúncio
Apanágio
Aparência
Apartidário
Apetência
Apiário
Apolíneo
Apotício
Aquário
Arábia
Aracnídeo
Araucária
Arbitrário
Arbítrio
Arcádia
Ardósia
Árduo
Área
Argênteo
Argônio
Argúcia
Áries
Armário
Armistício
Arquimilionário
Arrendatário
Arrogância
Artifício
Ascendência
Aspersório
Assassínio
Assédio
Assembléia
Assessório
Assíduo
Assírio
Assistência
Assonância
Astatínio
Astrolábio
Astúcia
Atentatório
Atrabiliário
Átrio
Atuário
Audácia
Audiência
Áudio
Auditório
Augúrio
Áureo
Ausência
Auspício
Autoritário
Aviário
Azálea ou Azaléia
B
Bactéria
Balázio
Balbúrdia
Balneário
Bambúrrio
Bancário
Barbárie
Batistério
Batráquio
Bazófia
Begônia
Beneficência
Beneficiário
Benefício
Benevolência
264
Beócio
Berçário
Berílio
Berkélio
Bibliotecário
Bicentenário
Biênio
Biliardário
Bilionário
Binário
Binômio
Biociência
Bivalência
Blandícia ou blandície
Blasfêmia
Boêmia (o)
Bovídeo
Breviário
Buganvília
Bulício
Búzio
C
Cactácea
Cadência
Calcâneo
Calcário
Cálcio
Caldário
Calendário
Calidoscópio ou caleidoscópio
Califórnia (o)
Calúnia
Calvário
Cambiário
Câmbio
Camélia
Campanário
Canário
Canície
Capadócio
Capitânia
Capitólio
Capricórnio
Cardápio
Cárdia
Cardinalício
Carência
Carícia
Cárie
Carolíngio ou Carlovíngio
Cartapácio
Cartório
Casório
Catilinária
Celibatário
Cemitério
Cenário
Cenóbio
Cenotáfio
Centúria
Cerimônia
Cério
Cerúleo
Césio
Cetáceo
Chicória
Ciência
Cilício
Cinerária (o)
Cinéreo
Circunferência
Circunstância
Cizânia
Clemência
Climatério
Clorofórmio
Coerência
Coincidência
Colégio
Coletânea
Colírio
Colônia
Columbíneo ou columbino
Comédia
Comentário
Comerciário
Comércio
Comício
Comissário
Compêndio
Compensatório
Competência
Complacência
Comprobatório
Compulsória (o)
Comunitário
Concílio
Concórdia
Concorrência
Concupiscência
Condolência
Condomínio
Condutância
Conferência
Confessionário
Confluência
Congratulatório
Congruência
Conivência
Consangüíneo
Consciência
Cônscio
Conseqüência
Conservatório
Consignatário
Consistência
Consonância
Consórcio
Conspícuo
Constância
Consuetudinário
Consultório
Contágio
Contemporâneo
Conterrâneo
Contestatório
Continência
Contingência
Contínuo
Contraditório
Contrário
Controvérsia
Contumácia
Convênio
Convergência
Convivência
Convívio
Copázio
Coriáceo
Córnea
Cornucópia
Corolário
Coronária
Correligionário
Correspondência
Corsário
Crânio
Crediário
Crematório
Cretáceo
Criatório
Criptônio
Cruciferário
Crustáceo
Culinária
Curvilíneo
Custódia (o)
Cutânea
265
D
Dábliu ou dáblio
Decadência
Decência
Decênio
Decíduo
Decisório
Declínio
Decorrência
Dedicatória
Deferência
Deficiência
Deletério
Delícia
Delírio
Demência
Demissionário
Demônio
Dentifrício
Denúncia
Dependência
Depilatório
Depositário
Deságio
Descendência
Descontínuo
Desídia
Desinência
Desinteligência
Desistência
Desobediência
Despautério
Desperdício
Desprestígio
Destampatório
Destinatário
Diária (o)
Dicionário
Dicotiledônea
Dictério
Difamatório
Dignatário
Diligência
Dilúvio
Diretório
Discordância
Discórdia
Discotecário
Discrepância
Discricionário
Dispêndio
Dispensário
Displicência
Disprósio
Disprósio
Dissidência
Dissídio
Dissonância
Distanásia
Distância
Distúrbio
Divergência
Divinatório
Divisionário
Divisória
Divórcio
Docência
Documentário
Dolência
Domicílio
Dominância
Donatário
Dormência
Dormitório
Doutrinário
Drágea
Dromedário
Dúbio
Duralumínio
E
Ébrio
Ebúrneo
Ecocídio
Edifício
Educandário
Efervescência
Eficácia
Eficiência
Efígie
Eflorescência
Efluência
Eflúvio
Egrégio
Ejaculatório
Elegância
Elevatório
Eliminatória (o)
Eloqüência
Elucidário
Embrionário
Ementário
Emergência
Eminência
Emissário
Empáfia
Empíreo
Empório
Empregatício
Empresário
Encômio
Enciclopédia
Endívia
Endocárdio
Endométrio
Endoscópio
Envoltório
Epigástrico
Epinício
Episódio
Epitáfio
Epitélio
Eqüídeo
Eqüidistância
Equilíbrio
Equinócio
Equivalência
Erário
Érbio
Eremitério
Ervanário ou ervário
Esbórnia
Escândio
Escapulário
Escória
Escorrência
Escrínio
Escritório
Escriturário
Escrutínio
Esculápio
Espáduo
Espécie
Espólio
Espontâneo
Espúrio
Essência
Estacionário
Estádio
Estágio
Estância
Estapafúrdio
Estátua
Estatuária (o)
Estelionatário
Estetoscópio
Estévia
Estíbio
Estipêndio
Estória
266
Estratégia
Estrênuo
Estroboscópio
Estrogênio
Estrôncio
Estropício ou estrupício
Estuário
Estúdio
Etário
Etéreo
Európio
Eutanásia
Evidência
Evocatório
Excelência
Excelentíssimo
Excêntrico
Exclamatório
Excrescência
Execratório
Exemplário
Exercício
Exílio
Exímio
Existência
Exorbitância
Exórdio
Expedicionário
Experiência
Expiatório
Expiratório
Explanatório
Exploratório
Extemporâneo
Extermínio
Extragalác[i]tico
Extraordinário
Extravagância
Exuberância
F
Fabulário
Facúndia
Fadário
Falácia
Falatório
Falência
Falésia
Falsário
Família
Farináceo
Fascínio
Fastígio
Fátuo
Fazendário
Felídeo
Fêmea
Fenício
Féria
Férmio
Ferormônio ou feromônio
Férreo
Ferroviário
Feudatário
Fichário
Fictício
Fidúcia
Filária
Finório
Flatulência
Fluorescência
Foguetório
Foliáceo
Fosforescência
Fotocópia
Fracionário
Fragmentário
Fragrância
Frascário
Fratricídio
Fraudatório
Freqüência
Frigidário
Frontispício
Funcionário
Fundiário
Funerária (o)
Funéreo
Fúria
G
Gadolínio
Galináceo
Gálio
Ganância
Gânglio
Gardênia
Gasogênio
Gaticídio
Gáudio
Gávea
Gêmeo
Generalício
Gênio
Genitália
Genocídio
Genuflexório
Geodésia ou geodesia
Gerânio
Gerência
Germânio
Gerúndio
Gestatório
Ginásio
Giratório
Giroscópio
Glaciário
Gládio
Glúteo
Gramínea (o)
Grandiloqüência
Gregário
Grêmio
H
Halogênio
Harmônio
Hebdomadário
Hélio
Hemácia
Hemisfério
Hemorroidário
Herbáceo
Herbanário
Herbário
Hercúleo
Hérnia
Heterogêneo
Heteronímia
Hidrogênio
Hidroviário
Hilário
Hiperinflacionário
Hipermídia
Hipotecário
História
Hólmio
Homicídio
Hominídeo
Homogêneo
Homonímia
Honorário
Horário
Hortênsia
Hospício
Hóstia
Hostiário
Humanitário
267
I
Icterícia
Idílio
Idôneo
Ígneo
Ignomínia
Ignorância
Igualitário
Ilusório
Imaginário
Imobiliária (o)
Imodéstia
Impaciência
Impenitência
Imperícia
Império
Impertinência
Ímpio
Implicância
Imponência
Importância
Impotência
Imprevidência
Improcedência
Improfícuo
Impropério
Impróprio
Improvidência
Imprudência
Impudência ou impudor
Impudicícia ou impudícia
Impugnatório ou impugnativo
Imundície, imundícia ou
imundice
Imunodeficiência
Inadimplência
Inadvertência
Inapetência
Incandescência
Incendiário
Incêndio
Incensário ou incensório
Incidência
Incipiência
Incisório
Inclemência
Incoerência
Incompetência
Inconfidência
Incongruência
Inconsciência
Inconsistência
Inconspícuo
Inconstância
Incontinência
Inconveniência
Incorpóreo
Incumbência
Incúria
Indagatório
Indébito
Independência
Indício
Indigência
Índio
Indivíduo
Indolência
Indonésio
Indulgência
Indultário
Indumentária (o)
Indústria
Industriário
Ineficácia
Ineficiência
Inércia
Inexistência
Inexperiência
Infâmia
Infância
Infanticídio
Inferência
Inflorescência
Influência
Infortúnio
Infrutescência
Ingênuo
Ingerência
Inglório
Início
Inidôneo
Injúria
Inobservância
Inocência
Inócuo
Insânia ou Insanidade
Insatisfatório
Insciência
Insídia
Insígnia
Insignificância
Insistência
Insolência
Insônia
Instância
Instantâneo
Insuficiência
Insurgência
Inteligência
Intempérie
Intendência
Intercâmbio
Intercorrência
Interdependência
Interferência
Interlúdio
Intermediário
Intermédio
Intermitência
Interplanetário
Interstício
Intolerância
Intransigência
Introdutório
Intumescência
Inturgescência
Inventário
Ínvio
Involuntário
Irídio
Irrelevância
Irreverência
Irrisório
Itérbio
Itinerário
J
Jactância
Jaculatória
Jordânio ou jordaniano
Judiciário
Jurisprudência
L
Lábia (o)
Laboratório
Lampadário
Lamúria
Lanifício
Lantânio
Lapidária (o)
Larápio
Larvário
Lascívia
Láteo
Laticínio
Latifundiário
Latifúndio
268
Latrocínio
Laudatório
Láurea
Laurêncio
Lavatório
Legatário
Legendário
Legionário
Legítima
Lendário
Lêndea
Lenocínio
Leprosário
Libertário
Líneo
Linifício
Linóleo
Lipídio
Lírio
Litisconsórcio
Litorâneo
Lixívia
Locatário
Longilíneo
Luminária
Luminescência
Lunário
Lutécio
Lutulência
M
Macedônio
Macróbio
Magnésia (o)
Magniloqüência
Magnólia
Mágoa
Majoritário
Malária
Malásio
Maledicência
Malefício
Malícia
Mamário
Mandatário
Manicômio
Marsúpio
Mastozoário
Matemático
Matéria
Matricídio
Mátrio
Mecônio
Média
Média (o)
Mediterrâneo
Melanésio
Memória
Mendelévio
Meníngeo
Mensário
Mercenário
Mercúrio
Merencório
Meretrício
Meritório
Mesário
Metonímia
Metozoário
Metroviário
Micróbio
Micronésio
Microscópio
Microzoário
Mictório
Milênio
Milícia
Milionário
Mimedência
Minério
Minifúndio
Ministério
Minúcia
Miocárdio
Miscelânea
Miséria
Misericórdia
Misógamo
Missionário
Mistério
Mixórdia
Mobília
Modéstia
Moléstia
Molibdênio
Momentâneo
Monastério
Monetário
Monitória (o)
Monocórdio
Monopólio
Moratória (o)
Morticínio
Mortuário
Mostruário
Multifário
Múmia
Mundície
Município
Murmúrio
Mutuário
Mútuo
N
Natalício
Naufrágio
Náusea
Necessário
Necrológio
Necrotério
Negligência
Negócio
Nematódeo
Néscio
Netúnio
Neurônio
Névoa
Nióbio
Nitrogênio
Níveo
Nobélio
Nobiliário
Nódoa
Nonagenário
Nosocômio
Notário
Notícia
Noticiário
Notório
Novenário
Novênio
Novilúnio
Núcleo
Numerário
Núncio
O
Obediência
Obituário
Obrigatório
Obséquio
Observância
Observatório
Occipício
Ócio
Ocorrência
Octogenário
Ofertório
Ofício
269
Ofidiário
Ofídio
Oftálmico
Oligopólio
Oliváceo
Opalescência
Operário
Operatório
Opiáceo
Opróbrio
Opulência
Oratória (o)
Orbitário
Orçamentário
Ordinário
Orifício
Originário
Orquidário
Orquídea
Ortoépia ou ortoepia
Oscilatório
Osciloscópio
Ósmio
Ósseo
Ossuário
Ostensório
Otário
Ovário
Oxigênio
Ozônio
P
Paciência
Pacóvio
Pactício ou pactual
Pactuário
Palácio
Paládio
Palavrório
Pálio
Palmatória
Panarício
Pâncreas
Pandemônio
Panfletário
Parafernália
Parasitário
Parcimônia
Páreo
Pária
Paródia
Paronímia
Paróquia
Parricídio
Particípio
Partidário
Páscoa
Pastifício
Patrício
Patrimônio
Pátrio
Patrocínio
Pecuária
Pecúnia
Pecuniário
Pedágio
Pelúcia
Pendência
Penitência
Penitenciária
Penúria
Perdulário
Peremptório
Perfunctório
Pericárdio
Periélio
Períneo
Peripécia
Periscópio
Peritônio
Permanência
Perônio
Perpétua (o)
Persistência
Perspícuo
Pertinência
Pestilência
Pétreo
Petróleo
Petulância
Petúnia
Pífio
Pilhéria
Pituitária
Plágio
Planetária
Plangência
Planície
Planisfério
Plasmódio
Plenário
Plenilúnio
Plenipotência
Plúmbeo
Plutônio
Pódio
Polícia
Polinésia (o)
Polinômio
Pólio
Polônio
Portuário
Poscênio
Posfácio
Potássio
Potência
Praseodímio
Precário
Precatório
Precedência
Preceituário
Precipício
Precípuo
Predatório
Prédio
Predomínio
Prefácio
Preferência
Prélio
Prelúdio
Premência
Prêmio
Prenúncio
Preparatório
Prepotência
Prepúcio
Presbitério
Presciência
Presépio
Presidência
Presídio
Presságio
Prestígio
Prévia (o)
Previdência
Previdenciário
Primário
Primícias
Primórdio
Princípio
Prioritário
Privilégio
Probatório
Procedência
Prodígio
Proeminência
Proêmio
Profícuo
Progênie ou progenitura
Proibitório
Proletário
Prolóquio
270
Promécio
Promíscuo
Promissória (o)
Promontório
Prontuário
Pronúncia
Propício
Próprio
Prosápia
Prosódia
Protactínio
Protozoário
Protuberância
Proveniência
Provérbio
Providência
Província
Provisório
Prudência
Publicitário
Pudicícia
Puerícia
Puerpério
Purgatório
Q
Quadragenário
Quadriênio ou quatriênio
Quadrigêmeo
Quadrinômio
Quaternário
Quatriênio
Quelônio
Quelônio
Querência
Querência
Quinqüagenário
Quintessência
Quizília
R
Raciocínio
Rádio
Radônio
Ráfia
Rapsódia
Reacionário
Receituário
Reclinatório
Reconciliatório
Recorrência
Recriminatório
Récua
Rédea
Redundância
Reentrância
Refeitório
Referência
Reflorescência
Reformatório
Refratário
Refrigério
Refúgio
Refutatório
Regência
Regicídio
Régio
Reinício
Relatório
Relevância
Relicário
Relíquia
Relógio
Remédio
Reminiscência
Remuneratório
Repertório
Reptário
Repúdio
Repugnância
Requisitório
Rescisório
Reservatório
Residência
Resíduo
Resiliência
Resistência
Respiratório
Resquício
Ressonância
Réstia
Retardatário
Reticência
Retilíneo
Reverência
Revolucionário
Ródio
Rodízio
Rodoviária (o)
Rosácea
Rosário
Rotatório
Rutênio
S
Sacerdócio
Sacrário
Sacrifício
Sacrilégio
Sagitário
Salafrário
Salário
Saliência
Sálvia
Samário
Sanatório
Sandália
Sanguinário
Sangüíneo
Sanguinolência
Sânie
Sanitário
Santuário
Sapiência
Saponáceo
Sartório
Satisfatório
Sáxeo
Saxônio
Sebáceo
Secretária (o)
Sectário
Secundário
Securitário
Sedentário
Segmentário
Semanário
Semicircunferência
Semiconsciência
Seminário
Senatória ou senatoria
Sensório
Sépia
Septuagenário
Seqüência
Série
Sério
Serôdio
Serpentário
Serventuário
Sesquicentenário
Setenário
Setênio
Sevícia
Sexagenário
Sexagésimo
Sexênio
271
Sicário
Sidéreo
Sigmoidoscópio
Signatário
Silêncio
Silício
Simplório
Simpósio
Simultâneo
Sinédrio
Sinonímia
Sírio
Sítio
Sóbrio
Societário
Sócio
Sódio
Solário
Solidário
Solitária (o)
Solstício
Somatório
Sonolência
Sortilégio
Sósia
Subcutâneo
Sublocatário
Sub-reptício
Subseqüência
Subserviência
Subsidiária
Subsidiário
Subsídio
Subsistência
Substância
Subterfúgio
Subterrâneo
Subúrbio
Sucedâneo
Súcia
Sudário
Suficiência
Sufrágio
Suicídio
Sumário
Sumério
Suntuário
Superabundância
Superbactéria
Supercílio
Superexigência
Superfície
Supérfluo
Superintendência
Supersônico
Suplício
Supositório
Suprapartidário
Suspensórios
Sustância
T
Tábua
Tálio
Talonário
Tangência
Tarifário
Tecnécio
Tédio
Tegumentário
Teleconferência
Telescópio
Telúrico
Temário
Temerário
Temporário
Tendência
Tenência
Tênue
Tepidário
Térbio
Terciário
Ternário
Terráqueo
Térreo
Território
Tertúlia
Testamentário
Tíbia
Tilápia
Tília
Tirocínio
Tolerância
Topázio
Toponímia
Tormentório
Tragédia
Tragicomédia
Trajetória
Transferência
Transgênico
Transigência
Transitório
Transparência
Transumância
Trapézio
Tratório
Tribunício
Tributário
Tricórnio
Tríduo
Triênio
Trifólio
Trigêmeo
Triglicerídeo ou triglicerídio
Trinitário
Trinômio
Trivalência
Truculência
Tubáceo
Tubário
Tugúrio
Tulipáceo
Tungstênio
U
Unicórnio
Unitário
Universitário
Urânio
Urgência
Uropígio
Urticária
Usuário
Usuário
Usufrutuário
Utensílio
Utilitário
V
Vacância
Vácuo
Valência
Vanádio
Vanglória
Vário
Várzea
Vaticínio
Velório
Venéreo (a)
Vênia
Vestiário
Vestígio
Vestuário
Veterinária (o)
Viário
Vibratório
Vicário
272
Vicênio
Vício
Vidência
Vídeo
Videoconferência
Vigário
Vigência
Vigilância
Vilipêndio
Violáceo
Violência
Visionário
Vitalício
Vitória
Vítreo
Vitupério
Vivência
Vocabulário
Voluntário
Vomitório ou vomitivo
X
Xenônio
Xerocópia
Xifóideo ou Xifóide
Z
Zimbório
Zircônio
273
Proparoxítonas Eventuais e Configurações Semelhantes
(VOGAIS MÉDIAS)
A
Acúleo
Aéreo
Alínea
Álveo
Amêijoa
Amêndoa
Amiláceo
Anelídeo
Apolíneo
Aracnídeo
Área
Argênteo
Áureo
Azálea
B
Bovídeo
C
Cactácea
Calcâneo
Cerúleo
Cetáceo
Cinéreo
Coletânea
Columbíneo
Consangüíneo
Contemporâneo
Conterrâneo
Coriáceo
Córnea
Cretáceo
Crustáceo
Curvilíneo
Cutânea
D
Dicotiledônea
Drágea
E
Ebúrneo
Empíreo
Eqüídeo
Espontâneo
Etéreo
Extemporâneo
F
Farináceo
Felídeo
Fêmea
Férreo
Foliáceo
Funéreo
G
Galináceo
Gávea
Gêmeo
Glúteo
Gramínea (o)
H
Herbáceo
Hercúleo
Heterogêneo
Hominídeo
Homogêneo
I
Idôneo
Ígneo
Incorpóreo
Inidôneo
Instantâneo
L
Láteo
Láurea
Lêndea
Líneo
Linóleo
Litorâneo
Longilíneo
M
Mágoa
Mediterrâneo
Meníngeo
Miscelânea
Momentâneo
N
Náusea
Nematódeo
Névoa
Níveo
Nódoa
Núcleo
O
Oliváceo
Opiáceo
Orquídea
Ósseo
P
Pâncreas
Páreo
Páscoa
Períneo
Pétreo
Petróleo
Plúmbeo
274
Q
Quadrigêmeo
R
Rédea
Retilíneo
Rosácea
S
Sangüíneo
Saponáceo
Sáxeo
Sebáceo
Sidéreo
Simultâneo
Subcutâneo
Subterrâneo
Sucedâneo
T
Terráqueo
Térreo
Trigêmeo
Triglicerídeo
Tubáceo
Tulipáceo
V
Várzea
Venéreo (a)
Vídeo
Violáceo
Vítreo
X
Xifóideo
275
Proparoxítonas Eventuais e Configurações Semelhantes
(
PALAVRAS UM POUCO MAIS COMUNS
)
A
Aéreo
Alínea
Amêndoa
Aracnídeo
Área
Áries
Áureo
C
Calcâneo
Coletânea
Consangüíneo
Contemporâneo
Conterrâneo
Córnea
Curvilíneo
Cutânea
D
Drágea
E
Espontâneo
Etéreo
F
Fêmea
Férreo
G
Gêmeo
Glúteo
H
Heterogêneo
Homogêneo
I
Idôneo
Instantâneo
L
Lêndea
Litorâneo
M
Mágoa
Mediterrâneo
Miscelânea
Momentâneo
N
Náusea
Névoa
Nódoa
Núcleo
O
Orquídea
Ósseo
P
Pâncreas
Páscoa
Períneo
Petróleo
Q
Quadrigêmeo
R
Rédea
S
Sangüíneo
Simultâneo
Subterrâneo
T
Terráqueo
Térreo
Trigêmeo
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