treinando uma página do seu traçado,
levantamento de palavras que começam com
A e pintura do desenho de objetos com
nomes iniciados por A.
• Terça-feira: apresentação da vogal E, da mesma
forma que foi feita a apresentação do A. Cópia
do próprio nome, construção de maquete da
sala (1ª parte), desenho livre e brincadeira no
pátio.
• Quarta-feira: Trabalho com a vogal I, tal como
foi feito com o A e o E. Cópia do nome,
construção de maquete da sala (2ª parte) e
leitura de história.
• Quinta-feira: trabalho com a vogal O, tal como
com as anteriores. Colagem do nome com
papel crepom, jogos, criação de uma história,
oralmente, a partir de seqüências de gravuras
e canto de músicas infantis.
• Sexta-feira: trabalho com a vogal U, da mesma
forma que foi feito com as anteriores. Recorte,
colagem e apresentação de uma história em
vídeo.
Como se pode ver, essas atividades pouco
contribuem para que se possa conhecer quais são
os saberes que os alunos possuem quando chegam
à escola e não favorecem o alcance dos objetivos
de ensino e aprendizagem em Língua Portuguesa.
PROFA: Você diz que hoje faz um trabalho
diferente. O que provocou essa mudança?
Rosinalva: Sem dúvida o conhecimento teórico
que fui construindo ao longo do tempo. Eu
sempre fiz os cursos que a Secretaria de
Educação oferecia; aliás, tudo que sei é fruto das
oportunidades que tive e nunca deixei de
aproveitar. Uma das primeiras coisas que aprendi
nos cursos de formação em serviço é que os
alunos, mesmo os não-alfabetizados, têm
conhecimentos sobre a escrita. Lembro-me de
alunos que não usavam letras para escrever, mas
que sabiam que se escreve da esquerda para a
direita e faziam garatujas imitando escritas de
adultos – conhecimentos que para mim não
tinham o menor valor. Na verdade, o que fui
aprendendo sobre o que pensam os alunos a
respeito da escrita foi mudando o meu olhar e o
meu jeito de trabalhar: aprendi a enxergar não
mais o que eles não sabiam, mas quais saberes já
possuíam. Quando temos clareza disso, muda a
nossa relação com os alunos e o respeito
intelectual por eles passa a ser muito maior.
Considerar um aluno “fraquinho”, ou considerar
que ele tem pouco conhecimento sobre a escrita,
pode parecer a mesma coisa, mas não é. Essa
compreensão faz toda a diferença.
PROFA: Saber como os alunos aprendem é
suficiente para organizar uma prática
pedagógica de qualidade?
Rosinalva: Acreditei nisso durante alguns anos.
Com o tempo e muito estudo aprendi que não é
assim. É necessário ter domínio dos conteúdos que
ensinamos aos alunos. Todo professor que trabalha
com a área de Língua Portuguesa precisa ter certos
conhecimentos básicos, como, por exemplo: o que
é ler, o que caracteriza e o que diferencia a
linguagem oral e a escrita, para que serve a
gramática, o que é prioritário ensinar aos alunos…
entre muitos outros.
PROFA: Há outro tipo de conhecimento que o
professor precisa dispor para ensinar os alunos
a ler e escrever?
Rosinalva: Há sim. É o conhecimento didático, isto
é, de como se ensina. Saber como os alunos
aprendem e dominar os conteúdos do ensino não
basta: é necessário saber como ensinar
considerando os processos de aprendizagem e a
natureza dos conteúdos a serem aprendidos.
PROFA: Mas como ensinar não foi sempre a
preocupação central dos professores?
Rosinalva: É verdade. Só que nos preocupávamos
com o ensino sem considerar as formas de aprender
dos alunos. Hoje sabemos que o conhecimento
didático que nos pode ser útil se apóia nos
conhecimentos sobre o sujeito da aprendizagem (o
aluno) e sobre o que é objeto de seu conhecimento
(no caso da alfabetização, a Língua Portuguesa).
PROFA: Como esses conhecimentos a ajudaram
a rever seu trabalho no início do ano?
Rosinalva: Eu continuo sentando com os meus
colegas e planejando com eles o que faremos na
sala de aula. Temos um plano anual que é sempre
revisto antes de começar o ano letivo, desde a
linguagem até as propostas. Ele sofre alterações,
porque durante o ano anterior sempre aprendemos
muitas coisas novas, principalmente nas reuniões
coletivas da equipe escolar. E quanto mais nosso
conhecimento avança, mais nosso olhar se renova
e mais o nosso plano é aprimorado. Ele também é
modificado em função das turmas de alunos, que
são sempre diferentes.
PROFA: Então, ter um plano já definido é
fundamental para planejar os primeiros dias de
aula?
Rosinalva: Sem dúvida, mas o planejamento não é
fechado, ele sofre alterações. É fundamental que
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