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depois passava para outras letras. Nesse tempo já havia brincadeiras e
cantos também (professora Helena Pereira Mesquita, 2005).
Eu trabalhava com palavra chave, por exemplo, se eu ia dar o ba, be, bi, bo,
bu, eu apresentava a palavra Bola ou Boneca, aí eu trabalhava a formação
da família silábica, porque na bola, já tinha uma silaba desconhecida, é o lá,
na boneca, tinha silabas desconhecidas que eram o ne e o ca (...) depois
que eles conheciam, eu fazia joguinho de dominó para formar palavras (...)
boi, oba, baú, baba, bebe, bobo, bebê, antes eu já havia trabalhado as
vogais, as junções das vogais (...) aí não tem sílaba desconhecida, então eu
sempre trabalhei do conhecido para o desconhecido (...)
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(...) trabalhava uns dois dias, no outro dia eu mudava para outra palavra
chave, por exemplo, dava a palavra coco, aí eu já ia juntar cubo, caco, boca,
bico (...) formava palavras soltas (...) fazia ditado (...) passava de carteira em
carteira, mandava um por um na lousa, distribuía fichinhas com palavras (...)
o aluno que tem a palavra boi, a palavra bebê, a palavra babá, se eles
demoravam, a gente fazia brincadeirinhas, fulano achou poucas palavras, a
ninguém queria ficar para traz, (...) quando já tinham um grupo grande de
palavras, iam formar orações com elas e depois formavam pequenos textos
(...) (Professora Dilza Vanni Lima, 2005).
Os dados são muito significativos e reveladores, as professoras declaram que
achavam o método bom (Maria de Lourdes), ensinavam conforme aprenderam
(Helena), trabalhavam com “as vogais depois sílabas, depois palavras” (Maria de
Lourdes e Helena), indicativos da apropriação de uma forma de ensinar que já vinha
sendo exercida em outras épocas na escola primária diamantinense, uma vez que
estudaram nesse mesmo contexto.
É possível perceber que as professoras ainda utilizavam os princípios do
método sintético
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, que de acordo com Micotti (1970, p. 48-9) “refere-se ao
processo mental da criança de combinação dos componentes elementares da
linguagem: som das letras e das sílabas em unidades maiores, que podem ser
palavras, frases ou textos”.
Na base dos métodos tradicionais, todos partem do alfabeto. Segundo
Mialaret (1968, p. 26), no método sintético “a idéia é levar a criança a fixar um
número elevado de letras, sílabas e sons que nada significam, porque esses
elementos não são acompanhados de qualquer idéia que lhes dê suporte”. Para
esse autor, é o mesmo que querer fazê-la conhecer um objeto, no caso uma blusa,
mostrando-lhe separadamente, as mangas, os bolsos, os botões e não o conjunto.
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De acordo com o relatório da XII Conferência da UNESCO (1949, p. 25) o ensino pelo método
sintético inicia-se com os elementos da língua: as letras ou os sons, focalizados isoladamente ou
tomados como parte integrante das sílabas. Em seguida mostra-se ao aluno como realizar a síntese,
por meio de exercícios apropriados e sistemáticos, para a decifração e da leitura das palavras
inteiras, frases ou textos.