![](bg45.jpg)
57
No caso da canção foco de nossa investigação, na busca por um perfil que pudesse ser
utilizado como elemento de comparação, solicitamos a três grandes arranjadores – Cristovão
Bastos, Leonardo Bruno e Rildo Hora
30
– que anotassem a linha melódica do “Ai, Ioiô” da
forma como se lembravam, sem referência ou consulta a gravações e partituras quaisquer que
fossem, simplesmente puxando por suas memórias. O resultado está nos anexos 1, 2 e 3. No
anexo 4 as três versões estão agrupadas, reduzidas a uma mesma tonalidade para fins de
comparação.
Alguns fatos podemos observar:
• Por toda a melodia sobressai a diferença de escrita entre quiáltera e síncope. Bastos
optou por uma escrita toda em síncopes, enquanto entre Bruno e Hora a escrita
alterna-se entre uma e outra representação. Os arranjadores são conscientes de que o
músico provavelmente executará algo entre estas duas fórmulas rítmicas, e dessa
forma dentro do ponto de vista da prática popular as duas grafias praticamente se
equivalem.
30
Cristovão da Silva Bastos Filho. Tecladista, arranjador e compositor. Assinou arranjos para shows e discos de
seus parceiros Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Aldir Blanc e Abel
Silva, além de Nana Caymmi, Edu Lobo e Gal Costa. Foi contemplado, como arranjador, com o Prêmio Sharp
pelos discos "Paulinho da Viola" e "Parceria", de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, na categoria Melhor
Arranjo de Samba; "Disfarça e chora", de Zé Nogueira, na categoria Melhor Arranjo Instrumental; "Tantos
caminhos", de Carmen Costa, e "Resposta ao tempo", de Nana Caymmi, na categoria Melhor Arranjo de MPB; e
"Agnaldo Rayol", na categoria Melhor Arranjo de Canção Popular". Constam da relação dos intérpretes de suas
canções Paulinho da Viola, Alaíde Costa, Nana Caymmi, Zé Nogueira, João Nogueira, Demônios da Garoa,
Raphael Rabello, Simone, Chico Buarque, Ney Matogrosso e Zezé Gonzaga, entre outros. Leonardo Bruno
Ferreira. Maestro, compositor, arranjador, violonista. Graduado em regência na UFRJ. Filho do clarinetista Abel
Ferreira. Estudou com Iberê Gomes Grosso, José Vieira Brandão, José Siqueira, entre outros. Freqüentou as
aulas de Olivier Messiaen e Roger Boutry no Conservatório de Paris. Na Alemanha recebeu orientação musical
de Cláudio Santoro. Maestro de Beth Carvalho, Alcione, Martinho da Vila, Agostinho dos Santos, Antônio
Carlos e Jocafi, Clara Nunes, Moacir Franco e Maria Creuza, foi detentor de vários prêmios publicitários.
Atividade como regente de grandes orquestras: Orquestra Sinfônica Estadual do Espírito Santo, Orquestra do
Teatro Nacional Cláudio Santoro, Orquestra Sinfônica Jovem de Brasília, Orquestra Sinfônica da Paraíba, entre
outras. Rildo Alexandre Barreto da Hora. Gaitista, violonista, cantor, compositor, arranjador e produtor.
Estudou composição com o maestro Guerra Peixe. Acompanhou as grandes estrelas da MPB até se tornar um
produtor de nomes como João Bosco, Martinho da Vila, Beth Carvalho, Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho,
entre outros. Discos em parceria com Romero Lubambo, Sivuca, Maria Teresa Madeira. Ganhou o Grammy-
latino na categoria "Melhor Álbum de Samba" como produtor do disco "Água da minha sede", de Zeca
Pagodinho. Em 2003, entre muitos discos, produziu o CD "Zeca Pagodinho Acústico MTV". (fonte: Dicionário
Cravo Albim da Música Brasileira, disponível em <
www.dicionariompb.com.br> consulta em 18/06/2007).