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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC
UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UNOPAR
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
WOQUITON LIMA FERNANDES
AGROREDE
ESTUDO EXPLORATÓRIO ACERCA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA
REDE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA
ENVOLVENDO AS ESCOLAS AGROTÉCNICAS FEDERAIS
Salvador, BA - Brasil
2007
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12
WOQUITON LIMA FERNANDES
AGROREDE
ESTUDO EXPLORATÓRIO ACERCA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA
REDE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA
ENVOLVENDO AS ESCOLAS AGROTÉCNICAS FEDERAIS
Dissertação apresentada por Woquiton Lima Fernandes,
à Universidade Federal do Ceará - UFC e Universidade
Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Tecnologia da
Informação e Comunicação na Formação em Educação
a Distância.
Orientador:
Prof. Dr. Gilberto Lacerda dos Santos
Salvador, BA - Brasil
2007
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13
WOQUITON LIMA FERNANDES
AGROREDE
ESTUDO EXPLORATÓRIO ACERCA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA
REDE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA
ENVOLVENDO AS ESCOLAS AGROTÉCNICAS FEDERAIS
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, apresentado à UFC Universidade
Federal do Ceará e UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em Tecnologia da Informação e
Comunicação na Formação em Educação a Distância, conferida pela Banca
Examinadora formada pelos professores:
Prof. Dr. Gilberto Lacerda dos Santos
Universidade de Brasília
Professor Orientador
Prof. Dr. Lúcio França Teles
Universidade de Brasília
Examinador Externo
Prof. Dr. Mauro Cavalcante Pequeno
Universidade Federal do Ceará
Examinador
Profa. Dra. Ymiracy Nascimento de Souza Polak
Universidade Norte do Paraná
Examinadora suplente
Salvador, 21 de setembro de 2007.
14
Dedico este trabalho
A Deus ...
A minha família, que apesar das dificuldades,
oportunizaram-me estudar.
A Ana Carolina, minha amada, pela sua
abnegação.
15
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Gilberto Lacerda, com o qual sou muito grato
pelos ensinamentos e amizade.
A Universidade Federal do Ceará representada aqui pelo
Coordenador do Mestrado Professor Mauro Pequeno.
A Universidade Norte do Paraná, na pessoa da querida amiga
Professora Elisa Assis.
Aos professores do mestrado: Ymiracy Polak e José Aires, pelo
apoio e carinho revelado durante essa jornada.
A todos os colegas do curso, pelas experiências de colaboração.
A Escola Agrotécnica Federal de Guanambi – BA, pelo apoio.
Aos professores das Escolas Agrotécnicas Federais, partícipes da
pesquisa, representados aqui na pessoa do Professor Ariomar dos Santos.
Aos colegas e profissionais de informática, que puderam analisar o
piloto da rede virtual com muita paciência.
A Faculdade de Guanambi, na pessoa da Professora Edilma Cotrim.
E a todos que acreditam na educação apoiada aos recursos das
tecnologias da informação e comunicação como elemento eficaz e fundamental para
a transformação social que tanto precisamos.
16
Por que me impões o que sabes se eu quero
aprender o desconhecido e ser fonte em minha
própria descoberta?
Não quero a verdade.
Dá-me o desconhecido.
Como estar no novo sem abandonar o
presente?
Deixa que o novo seja o novo
e que o trânsito seja a negação do presente;
deixa que o conhecido seja minha libertação
não minha escravidão.
(H. Maturana. El sentido de lo humano, 1996.)
17
FERNANDES, Woquiton Lima. AGROREDE: Estudo exploratório acerca da
implementação de uma Rede Virtual de Aprendizagem Colaborativa
envolvendo as Escolas Agrotécnicas Federais. 90 folhas. Dissertação (Mestrado
em Tecnologia da Informação e Comunicação na Formação em EaD)
Universidade Federal do Ceará e Universidade Norte do Paraná. Orientador: Prof.
Dr. Gilberto Lacerda dos Santos. Salvador. 2007.
RESUMO
As Novas Tecnologias da Informação e Comunicação têm desempenhado um papel
fundamental na busca de uma educação cada vez mais democrática. Neste intuito,
este trabalho consiste num estudo exploratório para implementação de uma
proposta de uma rede virtual de aprendizagem colaborativa entre as Escolas
Agrotécnicas Federais (Agrorede), subsidiando assim a realização de atividades on-
line umas com as outras e ampliando seus horizontes educacionais por meio de
espaços virtuais atemporais. Nesta direção, a investigação buscou preliminarmente
delinear o cenário atual das escolas agrotécnicas federais junto aos seus
coordenadores de ensino, no intuito de explicitar suas possibilidades e limites no que
se refere à implantação da rede virtual. Em seguida, a fim de permitir a
concretização da idéia de rede virtual, foi montado um modelo funcional da referida
rede, AVA Moodle, que foi submetido à apreciação dos profissionais responsáveis
pela área de informática das escolas agrotécnicas federais de todo o país. Por fim,
as conclusões que emergiram dos relatos indicaram a existência de uma expectativa
positiva para uma tal proposta de implantação de uma comunidade de
aprendizagem por meio de uma rede virtual, além de posicionamentos positivos com
relação ao uso da informática como fator de melhoria da qualidade da educação
oferecida pelas escolas da rede.
Palavras-chave: Rede Federal de Escolas Agrotécnicas. Rede Virtual de
Aprendizagem Colaborativa. AVA Moodle.
18
FERNANDES, Woquiton Lima. Agrorede: Exploratory study concerning the
implementation of a Virtual Net of Collaborative Learning involving the Federal
Agrotécnicas Schools. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Informação e
Comunicação na Formação em EaD) – Universidade Federal do Ceará e
Universidade Norte do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Gilberto Lacerda dos Santos.
Salvador. 2007.
ABSTRACT
The New Technologies of Information and Communication have played a basic role
in the search of a more and more democratic education. In this perspective, this work
consists on an exploratory study for implementation of a virtual net of collaborative
learning proposal between the Federal Agrotécnicas Schools (Agrorede), thus,
subsidizing the accomplishment of activities on-line among them and extending its
educational horizons through virtual out of time spaces. In this direction, the inquiry
preliminarily searched to outline the current scene of the federal agrotécnicas
schools together with its education coordinators, in the intention of setting its
possibilities and limits referring to virtual net implantation. After that, in order to allow
the realization of the virtual net idea there was created a functional model of the
above-mentioned net, AVA Moodle, which was submitted to the appreciation of
responsible professionals from the computer science area of the federal agrotécnicas
schools of the whole country. Finally, the conclusions that emerged from the reports
indicated the existence of a positive expectation for such a proposal of a community
of learning implantation through a virtual net, besides positive positionings regarding
the use of computer science as mean of improvement to the quality of the education
offered for the net schools.
Key-words: Federal Net of Agrotécnicas Schools. Virtual Net of Colaborative
Learning. AVA Moodle.
19
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: MAPA CONCEITUAL - SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO (TAROUCO)
........................................................................................................................ 24@~
FIGURA 2: INTERAÇÃO NO “ESTAR JUNTO” VIA INTERNET......................... 13@~
FIGURA 3: VISUALIZAÇÃO GRÁFICA DE VÁRIAS ROTAS EM UMA PORÇÃO DA
INTERNET MOSTRANDO A ESCALABILIDADE DA REDE.......................... 16@~
FIGURA 4: ESTRUTURA PARA A APRENDIZAGEM A DISTÂNCIA PALLOFF E
PRATT (2002, P. 102)..................................................................................... 20@~
FIGURA 5: ILUSTRAÇÃO DA INTERATIVIDADE E COLABORAÇÃO À DISTÂNCIA
........................................................................................................................ 26@~
FIGURA 6: LOCALIZAÇÃO / DISTRIBUIÇÃO DAS ESCOLAS AGROTÉCNICAS
FEDERAIS NO BRASIL.................................................................................. 28@~
FIGURA 7: PROCEDIMENTOS PARA INVESTIGAÇÃO.................................... 33@~
FIGURA 8: TELA DE APRESENTAÇÃO DO PROJETO..................................... 54@~
FIGURA 9: TELA DO QUESTIONÁRIO ON-LINE............................................... 54@~
20
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: RESULTADO DA PESQUISA – PERFIL DA ESCOLA...................38@~
GRÁFICO 2: RESULTADO DA PESQUISA INFRA-ESTRUTURA DE
COMPUTADORES PARA PROFESSORES E ALUNOS............................... 43@~
GRÁFICO 3: RESULTADO DA PESQUISA DOMÍNIO DOS PROFESSORES NO
USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMÁTICA............................................. 44@~
GRÁFICO 4: RESULTADO DA PESQUISA DOMÍNIO DOS ALUNOS NO USO
DAS TECNOLOGIAS DA INFORMÁTICA...................................................... 45@~
GRÁFICO 5: RESULTADO DA PESQUISA – PRÁTICAS DO PROFESSOR NO USO
DO COMPUTADOR........................................................................................ 47@~
GRÁFICO 6: RESULTADO DA PESQUISA PERCEPÇÕES DE UTILIZAÇÃO E
APRENDIZAGEM........................................................................................... 55@~
GRÁFICO 7: RESULTADO DA PESQUISA RELAÇÃO USUÁRIO X AMBIENTE
........................................................................................................................ 56@~
GRÁFICO 8: RESULTADO DA PESQUISA PERMISSÃO DE ADAPTABILIDADE
PELO USUÁRIO............................................................................................. 57@~
GRÁFICO 9: RESULTADO DA PESQUISA FERRAMENTAS PARA DISPOSIÇÃO
DE MATERIAIS DIDÁTICOS.......................................................................... 60@~
21
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 22
2 CONCEITUANDO REDE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA....... 12
3 A PESQUISA.......................................................................................................... 27
3.1 Apresentação do Problema de Pesquisa............................................................. 27
3.2 Metodologia: um estudo exploratório................................................................... 32
4 INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR ACERCA DO CENÁRIO PARA IMPLANTAÇÃO
DE UMA REDE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM................................................. 35
4.1 PONTOS DE INVESTIGAÇÃO – CENÁRIO ATUAL........................................... 35
4.2 DELINEAR DE UM CENÁRIO: RESULTADOS E DISCUSSÃO......................... 37
4.3 UM CENÁRIO DELINEADO E O NASCER DE UMA NOVA PROBLEMÁTICA.. 48
5 MODELAGEM E AVALIAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE UMA REDE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM COLABORATIVA: AGROREDE.............................................. 49
5.1 ambiente virtual: delineando os principais aspectos para um bom formato.........49
5.2 Principiar de um espaço virtual............................................................................ 51
5.3 Avaliação e resultados: delineando uma solução ............................................... 53
6 CONCLUSÃO......................................................................................................... 64
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 67
APÊNDICES.............................................................................................................. 71
Apêndice A Detalhes da Construção de um ambiente baseado no AVA Moodle
............................................................................................................................... 72
Apêndice B – Exemplo de um Projeto de Implantação da AGROREDE............... 79
ANEXOS.................................................................................................................... 82
ANEXO A Roteiro de Entrevista: Visão Geral das Escolas - Aspectos
pedagógicos e tecnológicos. Aplicado junto aos coordenadores de ensino..........83
ANEXO B – Questionário On-Line: Aspectos significativos da ferramenta,
referenciando o “protótipo”. Aplicado junto aos responsáveis pelo setor de
informática............................................................................................................. 85
22
1 INTRODUÇÃO
Uma longa caminhada começa sempre com o primeiro
passo. (Provérbio Chinês)
Toda pesquisa volta-se em um olhar para o passado, almejando
compreender e dar respostas a questões que afetam o presente e podem, pelo bem
ou pelo mal, intervir no futuro. Assim se constitui o bojo deste trabalho. Caracteriza-
se pela busca de novos passos com intuito de contribuir de forma madura com a
Rede Federal de Escolas Agrotécnicas, respeitando limites e possibilidades. Tudo
isto através de um estudo exploratório para concepção de uma proposta viável e
benéfica.
A história da técnica e da tecnologia envolve concepções que
precisam ser revistas através de reflexão e criticidade. Uma vez que desde os
primórdios da evolução humana, com o advento do machado de pedra, o homem
junto à tecnologia, e por causa dela, vem sofrendo transformações que interferem na
sociedade, na cultura, nas ciências e na vida como um todo. Burke e Ornstein (1998,
p. 31) destacam que “à medida que os fazedores de machado
1
mudavam o mundo e
nos mudavam com os seus instrumentos, alteravam também radicalmente nossa
percepção deste mesmo mundo”.
Nesta direção, observa-se a evolução de muitas áreas. As
experiências adquiridas e os estudos sistematizados contribuíram para que as
ciências dessem sempre um novo passo, como os mbolos, o alfabeto, a prensa, a
medicina, entre outros. Olhando para o presente, identifica-se que uma pequena e
nova geração de educadores, assim como os fazedores de machado, se encontra
imbuída de um desejo comum de democratizar a educação. Muitas vezes, estes
desejos ocorrem através de redes virtuais que além de romperem com a dimensão
espaço-temporal possibilitam a construção de conexões sociais sob a luz da
“inteligência coletiva
2
para troca de saberes e formação de uma verdadeira
comunidade de aprendizagem.
1
Os Fazedores de Machado para os autores são aqueles que descobrem a tecnologia (Homo Hábilis)
e evoluem a partir daí.
2
Inteligência coletiva é um conceito surgido a partir dos debates promovidos por Pierre Lévy sobre as
tecnologias da inteligência, caracterizado por um novo tipo pensamento sustentado por conexões
sociais que são viáveis através da utilização das redes abertas de computação da Internet.
(Wikipédia).
23
Este intento pode ser desenvolvido mediante o uso consciente da
tecnologia como recurso democrático de informação e comunicação. Por meio dela
é possível contribuir para o desenvolvimento de uma educação nova, que forme
cidadãos conscientes, com poder de reflexão diante das adversidades da vida e,
voltada para um mundo mais justo e com pensamento no coletivo. Paulo Freire
acentuava a necessidade de “sermos homens e mulheres de nosso tempo que
empregam todos os recursos disponíveis para dar o grande salto que nossa
educação exige”. (ALMEIDA, 2000)
Nesta constante evolução chega-se à contemporaneidade,
conhecida popularmente como o período da “sociedade da informação
3
”, na qual
novos papéis são definidos para docentes e discentes, novas formas de se aprender
e ensinar surgem, e nesse sentido, as novas tecnologias da informação e
comunicação desempenham um papel fundamental. Acompanhando-se o mapa
conceitual proposto por Liane Tarouco
4
(figura 1), é possível observar o
desdobramento dessa sociedade da informação e como a sociedade se situa nela.
Sendo possível ainda, destacar a necessidade de mudanças na forma de agir, de
pensar no uso da informação e principalmente na busca pela produção do
conhecimento e pela democratização do saber.
Junto à crença da possibilidade que a tecnologia oferece vem a
devida reflexão crítica em uma sociedade inundada pela informação. Em
conseqüência das tecnologias da informação e da comunicação pode-se correr o
risco de desenvolver práticas educativas voltadas mais para a informação do que
para o conhecimento. Deve-se estar atento às práticas de ensino que possam
viabilizar a transformação da informação em conhecimento. Esta premissa vem
sendo muito discutida pelos educadores algum tempo, mesmo antes de se
3
A sociedade da informação é a conseqüência da explosão informacional, caracterizada sobretudo
pela aceleração dos processos de produção e de disseminação da informação e do conhecimento.
Esta sociedade caracteriza-se pelo elevado número de atividades produtivas que dependem da
gestão de fluxos informacionais, aliado ao uso intenso das novas tecnologias de informação e
comunicação. (Wikipédia).
4
TAROUCO, Liane. Mapa conceitual: Conhecimento na Sociedade de Informação. CINTED/UFRGS.
Disponível em http://lua.pop-rs.rnp.br:8001/. Acessado em 10 de junho de 2007.
24
pensar o ensino virtual, hoje ela se configura como uma questão essencial para a
contribuição e aperfeiçoamento da profissão de docente. Contudo, como tratar o
conhecimento na escola na perspectiva que hoje se impõe: a da interatividade, a da
não linearidade e a da inclusão? Como conceber o ensinar e o aprender nessa
perspectiva? Tentar vivenciar o discurso pedagógico posto para o aluno e em
ambiente - ambiente virtual - foi (é) altamente instigador. (VALENTE; PRADO;
ALMEIDA, 2003)
Figura 1: Mapa Conceitual - Sociedade da Informação (TAROUCO)
Tais questionamentos remetem à internet e suas vastas
possibilidades de uso em educação, na qual é possível trabalhar conteúdos apenas
de forma tutorial, sem interatividade, através de exercícios de estímulo-resposta e
hipertextos
5
. Trabalhar com ferramentas interativas síncronas e assíncronas, como
chat, fórum, listas de grupos por e-mail e desenvolvimento cooperativo através de
wikis
6
, ou até mesmo recursos informais como softwares de mensagens
instantâneas (MSN Messenger, ICQ, IRC, etc) e comunidades sociais. Litwin (2003
5
A internet inicia uma prática discursiva que, como a narrativa histórico-contemporânea, possibilita o
desenvolvimento de outros textos e permite ao sujeito dissolver nela. [...] Enquanto o leitor percorre o
hipertexto, despreza permanentemente o centro e princípio organizador da experiência cognitiva; ao
navegar pela descontinuidade, ele descobre e explora, redefinindo a relação texto-contexto. Gómez
(2004 p. 43)
6
Mais informações sobre wiki: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wiki
25
p.10) destaca que agora a internet é o veículo que permite o foro, a reunião e o
debate entre os alunos.
Por meio de dois momentos de investigações este estudo busca
elaborar uma proposta de rede virtual de aprendizagem, a qual permita a
colaboração, a interatividade, a comunicação, a busca pelo “aprender a aprender”,
pela motivação, pela “inteligência coletiva”, pela possibilidade de colocar as Escolas
Agrotécnicas Federais num ambiente de comunhão do saber.
A sigla AGROREDE constitui-se da fusão das palavras Agrotécnicas
e Rede, que destaca a idéia da proposta de interconexão focada em diversas
possibilidades educativas sustentadas pelo meio virtual. Com esse intuito, o objetivo
deste trabalho é investigar o cenário em que as Escolas Agrotécnicas Federais se
apresentam e por conseguinte, realizar uma pesquisa do formato de uma Rede
Virtual de Aprendizagem Colaborativa, na qual toma-se para isto o modelo do
Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle. Verifica-se a capacidade de subsidiar
uma rede virtual de aprendizagem colaborativa; Estes serão explicados em seis
capítulos, dois apêndices e dois anexos.
O primeiro capitulo descreve uma pequena introdução ao tema e os
objetivos da pesquisa. No capítulo dois é apresentado o problema de pesquisa e
suas justificativas. No capítulo seguinte realiza-se uma investigação preliminar para
constituir o cenário atual em que se apresentam as Escolas Agrotécnicas. No
capítulo quatro é feito um estudo bibliográfico, apresentando-se um quadro teórico,
para conceituação de Rede Virtual de Aprendizagem Colaborativa. No quinto é
elaborada uma modelagem baseada no AVA Moodle (piloto da proposta) e colocada
a avaliação junto a rede de escolas. Por fim, o último capítulo trás as conclusões
finais acerca da proposta da Agrorede.
2 CONCEITUANDO REDE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA
Este capítulo aborda, com mais detalhes no campo teórico, o
funcionamento e arquitetura de uma rede virtual de aprendizagem colaborativa, com
foco nas comunidades virtuais de aprendizagem e nos cursos on-line, assim como
aspectos técnicos e o papel do professor e do aluno neste universo do ciberespaço.
A metáfora da rede pode ser observada no elemento que simboliza o
elo: o nó, a amarra, o elemento que liga e une todos. A rede no contexto da
aprendizagem, para Harasim et. al. (2005, p.19) é assim conceituada:
[...] uma palavra que descreve os espaços compartilhados formados por
computadores interligados em todo o mundo por sinais de telefone e de
satélite. Com o auxílio das redes, os educadores podem criar ambientes de
aprendizagem eficazes, nos quais os professores e alunos em locais
diferentes constroem juntos o entendimento e as competências
relacionadas a um assunto particular.
Harasim et. al. (2005, p. 21) resume ainda redes de aprendizagem
como grupos de pessoas que utilizam a comunicação através do computador de
forma a aprenderem juntos, o que considera mais atraente e eficaz do que aprender
sozinho, sendo horário, local e ritmo inerentes a cada um e a cada tarefa em
questão.
Contudo, o que seria uma aprendizagem “de forma” colaborativa?
Fiorentini (2004) apresenta o conceito de colaboração ao diferenciá-lo de
cooperação, realizando para isto um resgate etimológico acerca das palavras,
conforme destaca:
[...] co significa ação conjunta; operare, operar, executar, fazer funcionar; e
laborare, trabalhar ou produzir em vista de um determinado fim. Na
cooperação os membros de um grupo executam tarefas que não resultam
de uma negociação conjunta do coletivo, podendo haver subserviência de
uns em relação a outro, e relações desiguais e hierárquicas, enquanto que
na colaboração todos trabalham conjuntamente e se apóiam mutuamente,
tendendo, dessa forma, a um relacionamento não hierárquico. (FIORENTINI
2004 apud BATISTA 2004)
Uma rede virtual de aprendizagem colaborativa significa a que os
trabalhos virtuais se dão em conjunto, na união de objetivos fins, ou seja, não é
meramente a transposição de uma informação, mas o aprender e ensinar juntos, de
“todos para todos” (figura 4). A esse respeito Lopes complementa:
12
A aprendizagem colaborativa é interativa, o processo dialógico será o
elemento fundamental para o sucesso de uma atividade colaborativa
realizada em sala de aula ou em um curso a distância. As vantagens que
existem na aprendizagem colaborativa, na qual a troca de informações entre
os participantes enriquece a aquisição de conhecimento e a produção
coletiva, viabilizam a comunicação entre os participantes. A interatividade
permitida pelo diálogo contribui com o compartilhamento, a compreensão
dos problemas, questionamentos e a exposição de contribuições. A
qualidade deste diálogo garante a confiança de seus participantes, a
transmissão da cultura do grupo e o respeito à vivência pessoal inserida na
atividade de aprendizagem colaborativa. (LOPES, 2007 p. 39)
Figura 2: Interação no “estar junto” via internet
Por outro lado, este conceito pode ser tomado para a atual
conjuntura tecnológica, no patamar em que se encontram as redes de
aprendizagem. Observa-se ao longo do desenvolvimento da tecnologia de
informação e comunicação também o desenrolar do uso das mesmas na educação.
Harasim et. al. (2005) descreve alguns momentos históricos:
1960 Através de mainframe centralizado e terminais burros,
as pessoas trocavam informações, utilizavam linhas telefônicas
discadas (locais e interurbanas);
1969 O Governo Americano desenvolve a ARPANET
(Advanced Research Projects Agency Network), uma Rede de
Agência de Projetos e Pesquisa Avançada, de cunho militar. Tal
rede deveria interligar pesquisadores com a finalidade de
compartilhar recursos de hardware e software, como espaço em
disco, mas logo em seguida os usuários começaram a utilizar para
trocar mensagens sobre o andamento dos projetos;
1970 Foi incorporado a ARPANET o serviço de correio
eletrônico (e-mail) que rapidamente se tornou o serviço mais
13
utilizado na rede. Logo em seguida foram implementadas as listas
de e-mail de distribuição, nas quais os usuários enviavam
mensagens não mais para pessoas específicas, mas para grupos;
1980 Surgem a Because It’s Time Network (Bitnet) e a
Computer Science Network (CSNET) com a finalidade de
proporcionar uma rede nacional aos acadêmicos e pesquisadores;
1983 A ARPANET se divide em duas: Arpanet e MILNet
(uma rede militar ostensiva), mas a comunicação entre as duas
continuou; sua ligação e interconexão construíram a base da intenet;
1986 Foi criada a Rede da Fundação Nacional de Ciência
dos Estados Unidos (NFSNet), com o objetivo de interligar
pesquisadores e acadêmicos de todos os Estados Unidos por meio
de cinco centros de supercomputadores. A NFSNet passou a
substituir a Arpanet, que foi desmantelada em 1990, e a CSNET,
que encerrou as operações em 1991. Tem-se então a internet até os
dias atuais.
As redes de aprendizagem têm modificado o perfil da educação, não
apenas a distância, mas também a presencial, conforme Moran (2005) destaca:
As redes, principalmente a Internet, estão começando a provocar mudanças
profundas na educação presencial e a distância. Na presencial,
desenraizam o conceito de ensino-aprendizagem localizado e
temporalizado. Podemos aprender desde vários lugares, ao mesmo tempo,
on e off-line, juntos e separados. Como nos bancos, temos nossa agência
(escola), que é nosso ponto de referência; que agora não precisamos ir
até lá o tempo todo para poder aprender.
Tal observação se faz necessária por ser significativo enfatizar que
essas modificações ocorrem também na educação presencial, modalidade aplicada
pelas Escolas Agrotécnicas Federais. Mas como as escolas presenciais podem se
beneficiar com o uso das redes de aprendizagem? Moran (2005) apropriadamente
descreve:
A escola, com as redes eletrônicas, se abre para o mundo, o aluno e o
professor se expõem, divulgam seus projetos e pesquisas, são avaliados
por terceiros, positiva e negativamente. A escola contribui para divulgar as
melhores práticas, ajudando outras escolas a encontrar seus caminhos. A
divulgação hoje faz com que o conhecimento compartilhado acelere as
mudanças necessárias, agilize as trocas entre alunos, professores,
14
instituições. A escola sai do seu casulo, do seu mundinho e se torna uma
instituição onde a comunidade pode aprender contínua e flexivelmente.
Acentua ainda:
Alunos, professores, a escola e a comunidade se beneficiam. Atualmente, a
maior parte das teses e dos artigos apresentados em congressos estão
publicados na Internet. O estar no virtual não é garantia de qualidade (esse
é um problema que dificulta a escolha), mas amplia imensamente as
condições de aprender, de acesso, de intercâmbio, de atualização. Tanta
informação trabalho e nos deixa ansiosos e confusos. Mas é muito
melhor do que acontecia antes da Internet, quando uns poucos
privilegiados podiam viajar para o exterior e pesquisar nas grandes
bibliotecas especializadas das melhores universidades. Hoje podemos fazer
praticamente o mesmo sem sair de casa.
De acordo com Simião Neto (2002), uma rede de aprendizagem
colaborativa pode seguir os desenhos centralizadores e hierarquizados ou modelar-
se segundo o princípio do rizoma e da transconectividade.
Deleuze e Guattari apud Simião Neto (2002) esclarecem acerca do
princípio do rizoma, conceituando as novas redes da era internet como redes
rizomáticas, nas quais o tronco central ou ponto de convergência total, mas
sim interconexões fluidas e mutáveis em torno de “nós” menores que se
reconfiguram a partir de estímulos e motivações variáveis. Neste tipo de rede as
palavras-chaves são heterogeneidade
7
, multiplicidade
8
, adaptabilidade. Conforme
ilustrado pela figura 5, é possível visualizar o “universo” da internet, que “é a maior
rede de computadores do mundo. É atualmente uma rede global, de total integração
de centenas e milhares de outras redes locais, regionais e nacionais” (LAUDON &
LAUDON, 1998). Acerca deste desenho, Gomez aborda muito propriamente:
No espaço hipertextual, qualquer ou conexão, quando analisado, pode
revelar-se como sendo composto por uma rede. A relevância do
ciberespaço está no uso da recursividade, das formas geométricas
complexas geradas pelo computador e que dão origem à arte fractal . As
figuras geométricas geradas [...] são similares às encontradas nas folhas de
samambaias, no sistema circulatório... (Gomez, 2002 apud Gomez 2004)
7
Dicionário Eletrônico Houaiss: Qualidade do que é heterogêneo - constituído por elementos
variados.
8
Dicionário Eletrônico Houaiss: O que apresenta grande número ou variedade de (algo); diversidade,
complexidade, variedade.
15
Figura 3: Visualização gráfica de várias rotas em uma porção da Internet mostrando a
escalabilidade da rede
9
.
Simião Neto (2002) complementa, observando que para uma
aprendizagem aberta e cooperada, talvez a segunda opção seja a mais desejável
(princípio do rizoma e da trans-conectividade). Contudo, a grande dificuldade não
é a construção do arcabouço tecnológico de suporte a esse tipo de rede, mas
sim a constituição das relações humanas neste ambiente, com a mudança
maior que afeta a relação professor/aluno/conhecimento.
Ao reinventar a prática num mundo globalizado, o educador liberta-
se do ostracismo ao explorar e migrar para o ciberespaço, reintegrando a sua
produção na rede. O educador, ao colocar-se em movimento e estabelecer o
9
Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Internet
16
máximo de conexões com os outros, gera uma comunidade por ele não percebida
até então. (Gómez, 2004). Além das redes rizomáticas, Gomez (2004) relata a
existência também de redes hierárquicas, sistêmicas e híbridas.
São diversas as redes de aprendizagem espalhadas pelo mundo, a
maioria delas possui como sua principal característica o foco no aluno, ou seja, na
discussão, na interatividade e colaboração entre eles.
Harasim et. al (2005) exemplifica algumas, a saber:
Rede de Aprendizagem AT&T serviço comercial que mantém
atividades curriculares a partir da segunda série do ensino
fundamental até o fim do ensino médio em vários países;
Projeto de Telecomunicações do Interior Sul – Em 1990
organizou-se um consórcio de escolas do interior do sul da
Colúmbia Britânica e Canadá. Cerca de 3.000 alunos, 300
professores, bibliotecários e mais de 100 escolas de ensino
fundamental e médio estavam envolvidos;
Rede Infantil da Sociedade Geográfica Nacional rede
internacional projetada para dar apoio aos currículos de ciências,
estudos sociais e geografia, da educação infantil ao ensino
médio. O objetivo da rede é fomentar o espírito de descoberta e
estimular os alunos a investigar idéias novas, realizando
pesquisas originais em questões de importância científica;
Rede de Escritores em Residência Eletrônica Interliga alunos
de língua e redação do Canadá com escritores, professores e
outros alunos, que trocam textos e comentários originais;
SchoolNet Rede nacional do governo canadense, com o
objetivo de intensificar as oportunidades e as conquistas
educacionais nos ensinos fundamental e médio. Interliga as
escolas e torna disponível a professores e alunos recursos
nacionais e internacionais;
Rede de Educação Pública da Virgínia desenvolve e promove a
inovação e a excelência no ensino público da Virgínia, ajudando
na colaboração e troca de informações entre as escolas;
Rede de Educação do Texas rede educacional que oferece
17
correio eletrônico e bulletin boards a aproximadamente 650
distritos escolares do Texas;
PSInet – Pleople Sharing Information Network – rede de
telecomunicações para educadores da área científica construída
e disponibilizada pela IBM;
Rede de Recurso de Informação da Flórida conecta
universidades e escolas públicas da Flórida. Mais de 3 mil
professores e administradores têm contas gratuitas de e-mail,
além de acesso a banco e dados e bibliotecas de todo o estado;
Rede Livre de Correspondência Educacional rede de
telecomunicações informal que auxilia professores e alunos a
trocar informações de forma livre e simples;
Entre outras.
Assim apresentam-se as redes com foco na educação, algumas
fechadas institucionalmente e outras abertas à comunidade externa (públicas). Um
dos trabalhos realizados no Brasil nesta área é através do ProInfo Programa
Nacional de Informática na Educação da SEED Secretaria de Educação a
Distância, que Valente, Prado e Almeida (2003, p. 27) descreve como:
[...] um programa que abrange todo o território nacional, apoiando as
Secretaria de Educação dos Estados e de alguns municípios na implantação
da informática nas respectivas redes de ensino. Ele foi criado em 1997 e
visa à introdução das TICs na escola pública como ferramenta de apoio aos
processo de ensino-aprendizagem. Para tanto, o ProInfo desenvolve duas
ações que acontecem simultaneamente: a implantação de laboratórios de
informáticas nas escolas e a formação de professores de todas as áreas
disciplinares para que possam utilizar esse equipamento como recurso
estritamente pedagógico e integrado às atividades de sala de aula.
O ProInfo possui um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem
chamado e-ProInfo
10
para que pessoas credenciadas em entidades conveniadas
desenvolvam, ofereçam, administrem e ministrem cursos à distância e diversas
outras ações de apoio à distância.
Destacam-se também redes de iniciativa privada, como é o caso da
Educarede
11
, desenvolvida pela Fundação Telefônica na Espanha e na América
10
Site do e-ProInfo na Internet http://www.eproinfo.mec.gov.br
11
Site da Educarede na Internet http://www.educarede.org.br
18
Latina, com um portal educativo dirigido a educadores e alunos do ensino
fundamental e ensino médio, totalmente gratuito e aberto, da rede pública e a outras
instituições educativas.
Diversas universidades igualmente implantaram para o uso de suas
atividades totalmente on-line, híbridas e auxiliares. É o caso do ambiente Aprender
12
da UNB Universidade de Brasília, em que diversos cursos e comunidades são
explorados através do Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA Moodle (open
source), articulando a aprendizagem e construção coletiva do conhecimento.
As redes virtuais de aprendizagem colaborativa, coletiva como
propõe Lévy, são dinamizadas por cursos, projetos e principalmente por
comunidades virtuais de aprendizagem, nas quais participam pessoas com idéias
e tarefas semelhantes. Neste sentido Palloff e Pratt (2002) definem a estrutura das
comunidades virtuais de aprendizagem (figura 6), na qual observa aspectos
tecnológicos, pedagógicos e papéis para os docentes e discentes.
Figura 4: Estrutura para a aprendizagem a distância Palloff e Pratt (2002, p. 102)
Comunidade pode ser entendida como um conjunto de seres vivos
inter-relacionados que habita um mesmo lugar
13
, ou seja, existem comunidades dos
mais diversos tipos: de animais, seitas, religiões, políticas, sociais, educacionais,
entre outras.
Com advento das tecnologias da informação e comunicação chega-
12
Site do ambiente aprender na Internet http://www.aprender.unb.br/
13
Definição extraída da Wikipedia (http://pt.wikipedia.org)
19
se então às comunidades virtuais, que remete a questão: o que é o virtual? Definida
por Lévy :
O virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível,
estático e constituído, o virtual é como o complexo problemático, o de
tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento,
um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de
resolução: a atualização. (LÉVY, 1996, p.16)
Assim, deve-se entender o virtual não como algo “dês-real”, ou seja,
ainda que o virtual não “viva” de forma física, sua existência virtual o torna real. A
virtualidade é uma característica gerada pelo uso da comunicação através de
computadores, possibilitando neste caso a formação de comunidades no
ciberespaço, na internet.
Uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de
interesses, de conhecimentos e sobre projetos mútuos, em um processo de
cooperação ou de troca, tudo isto independentemente das proximidades geográficas
e das filiações institucionais (Lévy, 1999 p. 27).
Estas comunidades virtuais são significativas em sua abordagem
uma vez que são compostas por pessoas de interesses comuns. Desta forma, hoje
qualquer pessoa pode participar de comunidades virtuais que discutem arte, música,
técnicas, educação, ciências e tantos outros assuntos disponíveis na internet.
O que faz remeter-se ao princípio do coletivo, no qual por meio da
internet, seres humanos, escolas isoladas e regiões isoladas podem se comunicar e
trocar informações ora como emissor, ora como receptor.
Howard Rheingold já em 1992 escreveu que:
[...] os computadores, modens e redes de comunicação fornecem-nos a
infra-estrutura tecnológica da comunicação por computador (CMC); o
ciberespaço é o espaço conceitual em que palavras, relacionamento
humanos, dados, riqueza e poder são manifestados pelas pessoas que
usam essa infra-estrutura tecnológica; as comunidades virtuais são
agregações culturais que emergem quando um número suficiente de
pessoas encontra-se no ciberespaço. Howard Rheingold, 1992 apud Palloff
& Pratt, 2004 p. 45.
A partir desta possibilidade de se encontrarem, respeitando tempo,
espaço e ritmos, para que “a comunidade seja funcional e tenha determinada
durabilidade, é necessário que tal união se dê ao longo do tempo”. (Palloff & Pratt,
2004 p. 47)
20
Os trabalhos em comunidades virtuais na educação são ainda mais
fáceis, conforme relata ainda Palloff e Pratt (2004):
Comunidades educacionais podem ser mais estimulantes e interessantes
para quem trabalha com educação, por que elas unem pessoas que
possuem interesses e objetivos similares, ou seja, pessoas que não estão
conectadas por acaso, como se verifica em outras áreas do ciberespaço.
Nossos seminários a são um exemplo perfeito de como as pessoas
geograficamente desconectadas tornam-se “conectadas” em uma
comunidade cujos propósitos são vários, mas que possui um interesse
comum. Como estavam conectados professores e alunos? Em essência,
conversamos de uma forma que jamais havíamos conversado. Enquanto
professores, interagimos como colegas, trocando mais informações de
cunho pessoal do que em uma sala de aula presencial. Nossos alunos
tiveram liberdade para discutir assuntos relativo às suas vidas, como
dificuldades do trabalho e relacionamento, nascimento e morte. Não tivemos
de nos preocupar com nossa aparência. Conectamo-nos, mesmo assim, por
nossos interesses comuns e por um curso comum, em que trabalhos juntos.
Neste delinear, apresenta-se uma das mais interessantes
características da Educação à Distância: a sua capacidade de reunir alunos e
professores que não ocupam o mesmo espaço físico, possuem interesses comuns,
todavia culturas diferentes e experiências particulares. Assim, existe um fascínio nas
comunidades virtuais, que reúnem pessoas de várias regiões e diferentes entre si,
principalmente no Brasil, com sua grande diversidade.
Outro aspecto importante acerca das comunidades virtuais são as
possibilidades de conflito entre participantes, por possuírem opiniões diferentes.
Contudo, estes também podem ser vistos sob um ponto positivo. Palloff e Pratt
afirmam que “o conflito não contribui para a coesão do grupo, como também na
ajuda na qualidade do resultado do processo de aprendizagem”, o que vale ressaltar
a necessidade do professor-mediador em agir, realizando as intervenções corretas.
Por outro lado, surgem algumas questões: O uso das comunidades
virtuais garante que todos os alunos serão mais interessados? Garante que todos os
professores irão desempenhar um papel de mediador da aprendizagem? Garante
uma aprendizagem colaborativa?
Não existe garantia, contudo quando planejada e aplicada, desde
que aspectos do cenário educativo sejam levados em consideração, ampliam-se as
possibilidades de sucesso.
Os cursos on-line não se diferem muito de uma comunidade virtual
de aprendizagem. No entanto sabe-se que existem diversas características próprias,
como o tempo planejado de sua duração, diferente da comunidade, caracterizada
21
por permanência contínua.
Moran (2005) relata hoje uma grande variedade de cursos on-line,
sendo com ou sem professor, para poucos ou muitos alunos, com muita ou pouca
interação, cursos centrados no professor e centrados no aluno, cursos
unitecnológicos e outros com múltiplas tecnologias usadas. Estes ainda podem ser
presenciais ou totalmente à distância, de formação ou atualização. Cada curso
possui suas peculiaridades e conseqüentemente planejamentos pedagógicos e
estratégias de ensino-aprendizagem específicas. Assim, encontram-se hoje diversas
práticas: muitas vezes cursos presenciais apenas utilizam recursos virtuais de forma
auxiliar, sem perda de carga horária em sala de aula; em outros momentos o
professor utiliza atividades on-line e presenciais (híbrido ou semi-presencial); ou
ainda totalmente on-line, no qual todas as atividades, testes, avaliações, trabalhos
em grupo são desenvolvidos à distância.
Portanto, com as novas tecnologias, os cursos se tornam muito mais
atrativos quando incorporam os recursos on-line. Os alunos podem acessar de
qualquer local, de regiões diferentes, trocando experiências com outros de
interesses comuns e podem dedicar mais tempo para sua vida pessoal. Isso se
aplica também a regiões mais descentralizadas, que ficam a mercê de
deslocamentos às capitais para encontrar bons cursos, o que não ocorre em cursos
on-line.
Neste processo educativo o professor é chave vital para o sucesso
de um curso on-line, principalmente no que foca o aluno e que busca redefinir o
conceito da geografia da sala de aula, ampliando sua atuação através do
ciberespaço. A este respeito Moran (2002) destaca que a Internet pode ajudar o
professor a preparar melhor a sua aula, a ampliar as formas de lecionar, a modificar
o processo de avaliação e de comunicação com o aluno e com os seus colegas.
Estes professores normalmente vêm com experiências e formação
para cursos na modalidade presencial, o que pode ser um problema a medida que o
professor tenta transpor suas atuações presenciais em cursos a distância. Gatti
(2005 p. 144) destaca que educar e educar-se a distância requer condições muito
diferentes da escolarização presencial. Entende-se então como uma destas
condições a necessidade de formação do professor.
Na educação on-line o professor deve estimular a dinâmica
interlocutiva na rede, trabalhar a informação e motivar os alunos a construir seu
22
próprio conhecimento. Assim, tem-se a mediação (mediatização professor e aluno)
como um dos principais destaques, que Litwin (2001) grifa como o traço distintivo
entre as modalidades. Masetto (2000) apud Valente, Prado e Almeida (2003)
definem mediação no ambiente virtual como uma prática reflexiva que enfrenta o
desafio de criar situações propícias a presença virtual por meio de
acompanhamentos, interações e orientações que aproximam professores e alunos,
fazendo com que os alunos assumam o papel de mediadores dos próprios colegas e
desenvolvendo a auto-aprendizagem e a interaprendizagem.
Essa aproximação do aluno é um dos focos da educação a
distância. Kátia Tavares observa em seu ensaio: “O papel do professor: do contexto
presencial para o ambiente on-line e vice-versa”, que pesquisas sugerem ser o
processo de transição para o ensino on-line mais fácil para professores
filosoficamente orientados para o ensino centrado no aluno, por estarem mais
acostumados a discussão e à interação. “O grande educador atrai não só pelas suas
idéias, mas pelo seu contato pessoal”. (MORAN, 2005)
Assim, o professor virtual deve tomar cuidado com sua linguagem,
aprender a trabalhar com multimídia e equipamentos especiais e desenvolver melhor
sua interlocução, criando uma nova sensibilidade para perceber o desenvolvimento
dos alunos (Gatti, 2005). Acrescenta-se ainda a fala de Gatti, o professor não deve
temer as novas tecnologias, nem sua atuação de forma on-line, enfatizando com
isso a necessidade de unir a sua experiência às novas ações pedagógicas,
principalmente para os campos do ciberespaço.
Uma outra entidade neste fluxo de aprendizagem é o aluno virtual e
seu papel nesse contexto, no qual estudar à distância é tomar como base a
autonomia (aprender a aprender) e a motivação, qualidade que se encontra em
alunos mais maduros. Entretanto, existem indicações de uma popularidade
crescente dos cursos virtuais de ensino médio.
Outro aspecto relevante é que a sociedade do conhecimento possui
praticamente em todas as áreas o uso do computador na mediação de suas
atividades, ou seja, ao mesmo tempo em que o aluno aprende o conteúdo proposto,
ele passa por um processo de experiência e muitas das vezes de inclusão, em
casos iniciais, do uso das tecnologias digitais. Neste contexto, a maioria das redes
de computador, em atividades virtuais, trabalha com recursos assíncronos, uma
característica que segundo Harasim et. al. (2005, p. 20) permite a cada participante
23
trabalhar seguindo o próprio ritmo, levando o tempo que for necessário para ler,
refletir, escrever e revisar antes de compartilhar perguntas, insights e informações
com os outros.
Vale ressaltar a importância do professor neste processo, no sentido
de observar aqueles alunos mais propensos a cursos on-line ou presenciais,
orientando sempre que necessário. A este respeito Valente (2002) ressalta:
Na escolha de uma modalidade de trabalho pedagógico deve-se considerar
a intencionalidade do ato educativo, as características e singularidades dos
aprendizes, os recursos existentes ou que podem ser providenciados e
outros fatores que possam interferir no trabalho, restringindo-o ou abrindo-
lhe novas possibilidades. Dessa forma, uma modalidade não pode ser
considerada melhor do que a outra em si mesma nem se apresentar como a
única solução para todo o trabalho educacional; a pertinência pela escolha
de certa modalidade depende das condições contextuais e dos objetivos
pedagógicos. (Valente, 2002 apud Valente, Prado e Almeida, 2003)
Para o aluno virtual, lidar bem com suas atividades on-line, diante
desta realidade exposta na sociedade, necessita de seu desenvolvimento na
aprendizagem à distância. Quando a possui, está mais propenso a cursos on-line.
Caso contrário, estas atividades do meio virtual podem contribuir para desenvolvê-
las. Moran em 2002 “previa” uma configuração nos dias atuais:
Os alunos estão prontos para a Internet. Quando podem acessá-la vão
longe. O professor vai percebendo que, aos poucos, a Internet está
passando de uma palavra da moda a realidade em alguns colégios e nas
suas famílias. Nestes próximos anos viveremos a interligação da Internet,
com o cabo, com a televisão. Imagem, som, texto e dados se integrarão em
um vasto conjunto de possibilidades. Ver-se e ouvir-se à distância se
tornará corriqueiro. Pedir a um colega que aula comigo, mesmo que
esteja em outra cidade ou país, ao vivo, será plenamente viável. As
possibilidades da Internet no ensino estão apenas começando. (MORAN,
2002)
Além de preocupações pedagógicas acerca da aprendizagem no
meio virtual, é preciso também conceber sobre os aspectos técnicos que mantém a
rede em funcionamento. Um AVA (centralizador da rede) funciona sob um servidor
de páginas web (HTTP), capaz de interpretar a linguagem de programação sob o
qual foi desenvolvido e um sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD),
capaz de armazenar todos os dados necessários para funcionamento dos recursos.
Evidente que de acordo com o número de acessos, fluxo de
mensagens, número de ferramentas que possui e serviços atrelados como envio de
e-mail, um AVA consumirá mais ou menos infra-estrutura de servidor físico e rede de
24
conexão. O que deve ser uma preocupação constante para que se mantenha um
bom desempenho das atividades.
Conforme se pode visualizar na figura 7, a dimensão do uso e
interatividade através de uma rede de aprendizagem não é pequena. Através dela
são realizadas atividades síncronas e assíncronas, disponibilização e acesso a
materiais didáticos, discussões em longos fóruns, entre outros.
Figura 5: Ilustração da interatividade e colaboração à distância
14
Neste sentido, destaca-se que para um bom desempenho da
aprendizagem on-line, os aspectos técnicos de um AVA devem estar em sintonia e
em bom funcionamento. Uma vez que pode interromper o fluxo de informações e
troca coletiva, rompendo com o ritmo em que vinha sendo empregado e gerando
reflexos negativos tanto no corpo docente quanto discente.
Assim, as redes virtuais são capazes de reunir num mesmo espaço
oportunidades de aprendizagem envolvendo uma mesma instituição ou entidades
diferentes projetos, cursos, atividades interdisciplinares, tarefas on-line, conferências
ou novas idéias. Como foco desta pesquisa, visualiza-se as distâncias entre as
Escolas Agrotécnicas Federais e o desenvolvimento de uma rede virtual de
aprendizagem que aproxime potencialmente suas capacidades, o que remete a
concedê-la um formato, no qual suas características devam ser analisadas,
avaliadas e aprovadas, constituindo uma proposta real.
14
Fonte da imagem: http://www.distance.uvic.ca/assets/images/course-chart.jpg
25
3 A PESQUISA
3.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
A Rede Federal de Escolas Agrotécnicas têm desempenhado um
papel fundamental no desenvolvimento educacional do Brasil, atendendo um nicho
de mercado diferenciado, como o próprio nome assinala. o 36 autarquias
federais que atuam prioritariamente na área agropecuária, oferecendo habilitações
de nível técnico, além de diversos cursos de nível básico, ensino médio e
recentemente cursos superiores de tecnologia. Distribuídas pelos seguintes estados
e cidades brasileiras: Alagoas: Satuba; Amazonas: Manaus, São Gabriel da
Cachoeira; Bahia: Catu, Guanambi, Santa Inês, Senhor do Bonfim; Ceará: Crato,
Iguatú; Espírito Santo: Alegre, Colatina, Santa Teresa; Goiás: Ceres; Maranhão:
Codó, São Luís; Minas Gerais: Barbacena, Inconfidentes, Machado,
Muzambinho, Salinas, São João Evangelista, Uberlândia; Mato Grosso: Cáceres;
Pará: Castanhal; Paraíba: Sousa; Pernambuco: Barreiros, Belo Jardim, Santo
Antão; Rondônia: Colorado do Oeste; Rio Grande do Sul: Alegrete, Sertão; Santa
Catarina: Concórdia, Rio do Sul, Sombrio; Sergipe: São Cristóvão e Tocantins:
Araguatins.
Conforme ilustrado pela figura 2, existe uma grande distância física
entre as cidades. Sendo assim o translado de professores e de alunos é limitado e
de custos elevados, o qual compromete o processo de comunicação, interatividade,
cooperação, colaboração e confronta-se com essa “nova educação” que semeia
uma aprendizagem de forma mais significativa e coletiva.
No campo do ciberespaço tais limites são vencidos, pois neste existe
a capacidade (ou possibilidade) de transpor espaço e tempo, dando uma nova
geografia para a sala de aula, para os professores, alunos e escola como um todo. A
este respeito Moran assinala:
26
A educação será mais complexa porque cada vez sai mais do espaço físico
da sala de aula para ocupar muitos espaços presenciais, virtuais e
profissionais; porque sai da figura do professor como centro da informação
para incorporar novos papéis como os de mediador, de facilitador, de
gestor, de mobilizador. Sai do aluno individual para incorporar o conceito de
aprendizagem colaborativa, de que aprendemos também juntos, de que
participamos e contribuímos para uma inteligência cada vez mais coletiva.
(Moran, 2005)
Figura 6: Localização / Distribuição das Escolas Agrotécnicas Federais no Brasil
15
Outro aspecto a respeito da aprendizagem além do meio físico, parte
da idéia de ubiqüidade
16
. Nesta sociedade da informação (contemporânea),
diariamente muitos problemas são resolvidos conectados à internet ou ao celular,
rompendo o endereço e telefone fixo. Neste cenário, o conceito de presença se
amplia através da onipresença proporcionada pelo mundo virtual; é possível em todo
lugar: trocar, comunicar, interagir de forma síncrona ou assíncrona, ora ensinando,
ora aprendendo.
15
Extraído do sítio do MEC – SETEC (http://portal.mec.gov.br/setec) e alterado pelo autor.
16
Propriedade ou estado de ubíquo ou onipresente; ubiquação, unipresença - (NOVO AURÉLIO,
2007)
27
Isto posto, a educação na rede do ciberespaço é real numa
modalidade diferente, exigindo o saber lidar com formas diferentes daquelas da
educação presencial. Para Moran:
Ensinar e aprender exige hoje muito mais flexibilidade espaço-temporal,
pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de
pesquisa e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a
extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com
aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos
engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais
são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da nossa mente e
da nossa vida. A aquisição da informação, dos dados, dependerá cada vez
menos do professor. A tecnologia pode trazer hoje dados, imagens,
resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor o papel
principal é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a
contextualizá-los. (MORAN, 1997 apud GÓMEZ 2004, p. 47)
Ainda nessa concepção, Moran (2002) afirma que:
Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às
necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o
inesperado, se conseguirmos transformar o curso em uma comunidade viva
de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação. Com a
Flexibilidade, procuramos a adaptarmos as diferenças individuais, respeitar
os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os
contextos culturais.
Uma alternativa capaz de romper espaços e tempo, que parece
viável entre as Escolas Agrotécnicas Federais EAF’s e que possibilita a
transposição das culturas regionais é o uso das concepções educativas postas nos
estudos da Educação à Distância / Educação via internet.
A Educação à Distância coloca-se hoje como uma alternativa. Esta
modalidade que possui como traços fortes, distintos e centrais a capacidade de se
organizar para melhor viabilizar ao aprendiz a capacidade a construção de sua
autoformação, de sua autonomia enquanto aprende. (PRETI, 2000)
Fala-se muito hoje sobre educação continuada, em “aprender a
aprender”. Tanto o corpo docente quanto o corpo discente anseiam pelo caminho da
autonomia para construir seu conhecimento e articular o saber de forma significativa.
A Educação à Distância é uma modalidade que estimula o aluno neste sentido,
instiga à reflexão, ao raciocínio e ao pensamento crítico.
Entretanto, diversos fatores devem estar em harmonia para que isto
aconteça. Moran aponta como ingredientes para qualidade, tanto para cursos
presenciais quanto à distância, educadores maduros intelectual e emocionalmente,
28
pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas e que saibam motivar e dialogar; alunos
curiosos e motivados; administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que
entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico e
finalmente, ambientes ricos de aprendizagem, de boa infra-estrutura física. (Moran,
2005)
A Educação à Distância pode utilizar vários recursos de informação
e comunicação, parte destes é mediada através da internet. Palloff e Pratt (2002)
observam que as instituições de ensino estão cada vez mais se voltando ao uso da
internet para ministrar cursos à distância, com o intuito de ampliar os programas
educacionais oferecidos em seus campos. A razão deste crescente uso da internet
se dá devido a pressões acadêmicas, administrativas e, principalmente, econômicas.
A crescente aceitação do uso das tecnologias pode ser verificada
também pelas pesquisas anuais, nas quais o mero de alunos em cursos à
distância, credenciados em âmbito federal ou estadual aumentou 62,6% entre 2004
e 2005, aponta o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância
ABRAEAD, 2006.
Esta Educação on-line mediada pela internet, capaz de tornar real a
aprendizagem nos campos do virtual, possui uma crescente e significativa forma de
reunir realidades, culturas, visões e opiniões diferentes, através de comunidades
virtuais de aprendizagem. Shaffer e Anundsen apud Paiva (2005) afirmam a este
respeito:
A comunidade é um todo dinâmico que emerge quando um grupo de
pessoas compartilham práticas comuns, são independentes, tomam
decisões em conjunto; se identificam com algo maior que a soma de suas
relações individuais, e fazem um compromisso de longo prazo com o bem
estar (seu próprio, um do outro, e do grupo).
Outro aspecto relevante que tem gerado reclamações generalizadas
das escolas e universidades é que os alunos não agüentam mais nossa forma de
ministrar aulas. Os alunos reclamam do tédio de ficar ouvindo um professor a falar
por horas, da rigidez dos horários e da distância entre o conteúdo das aulas e a vida.
(MORAN, 2004)
Diante do exposto, fica visível que é preciso acompanhar o
desenvolvimento pedagógico e tecnológico em que se apresenta a educação,
desenvolver nos alunos a autonomia, a reflexão e criticidade, unindo teoria, prática e
29
o meio sócio-cultural em que cada um vive. Sabe-se que a tecnologia é apenas o
apoio, mas através dela podem-se realizar tarefas e atividades de formas diferentes,
como muitas universidades e escolas já vêm atuando.
As Escolas Agrotécnicas Federais possuem em seu bojo
essencialmente o ensino agropecuário, ou seja, nas áreas da agricultura e
zootecnia. Neste contexto estão espalhadas pelos estados brasileiros e possuem
também características de formação diferenciadas, estando diretamente
relacionadas, não apenas a uma cultura social distinta, mas também ao clima, ao
solo, à produção animal e vegetal específicas de cada uma delas. Algumas se
destacam na produção de grãos, frutas, bovinos, suínos ou em cachaça, como é o
caso da especialista Escola Agrotécnica de Salinas-MG.
Por meio de uma rede virtual de aprendizagem colaborativa,
diversas podem ser as aplicabilidades que ampliam o universo educacional das
escolas, por exemplo:
A Secretaria Tecnológica de Educação SETEC
17
MEC,
pode desenvolver cursos, comunidades ou projetos de seu
interesse, com custo reduzido, envolvendo diferentes interlocutores;
Comunidades Virtuais de professores cursos de forma
conjunta;
Cursos ofertados à comunidade externa;
Cursos e comunidades locais, de cada escola, de forma a
desenvolver internamente um grupo de estudantes acerca de algum
assunto;
Cursos e Comunidades regionais ou nacionais numa
concepção coletiva de aprendizagem;
Agentes externos, ou seja, convidados e participantes de
outras instituições, podem participar de cursos ou comunidades sem
necessidade de locomoção;
Atividades na rede que substituam trabalhos impressos;
Dentre outras.
Tem-se apresentado algumas vantagens que justificam por si o
17
Órgão do Governo que as escolas respondem hierarquicamente.
30
uso do meio on-line, contudo, nunca foi trabalhado um projeto dessa dimensão em
Escolas com o perfil das Escolas Agrotécnicas Federais. Assim, o objetivo deste
trabalho é realizar um estudo exploratório, na busca de implementação (de uma
proposta) de uma Rede Virtual de Aprendizagem Colaborativa.
3.2 METODOLOGIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
A partir da proposta de natureza aplicada e do perfil em que se
situa este trabalho, sob o ponto de vista do problema, a abordagem que se parece
ideal se configura como uma pesquisa qualitativa. Silva (2001 p. 20) considera que:
[...] uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um
vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que
não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a
atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.
Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a
fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É
descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente.
O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
Do ponto de vista dos objetivos deste trabalho, remete-se então a
uma Pesquisa Exploratória, a qual visa proporcionar maior familiaridade com o
problema e torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. (Gil,
1991 apud Silva, 2001 p. 21).
A este respeito, Marconi e Lakatos (2006 p. 85) acrescentam:
[...] Empregam-se geralmente procedimentos sistemáticos ou para a
obtenção de observações empíricas ou para as análises de dados (ou
ambas, simultaneamente). Obtêm-se frequentemente descrições tanto
quantitativas quanto qualitativas do objeto de estudo, e o investigador
deve conceituar as inter-relações entre as propriedades do fenômeno, fato
ou ambiente observado. Uma variedade de procedimentos de coleta de
dados pode ser utilizada, como entrevista, observação participante, análise
de conteúdo etc., para estudo relativamente intensivo de um pequeno
número de unidades, mas geralmente sem o emprego de técnicas
probabilísticas de amostragem. Muitas vezes ocorre a manipulação de uma
variável independente com a finalidade de descobrir seus efeitos potenciais.
31
A partir destas orientações metodológicas e especialmente
considerando a limitação de tempo, recursos financeiros e pessoas
necessárias, este trabalho delineia o estudo exploratório sob o seguinte
procedimento (figura 3):
Figura 7: Procedimentos para Investigação
Sob os conceitos destacados por Silva (2001, p. 32), o qual afirma
que população (ou universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que possuem
as mesmas características definidas para um determinado estudo e amostra é parte
desta população ou do universo, selecionada de acordo com uma regra ou plano.
Delineiam-se assim sujeitos e todos de pesquisa diferentes (entrevista e
questionário), que para melhor compreensão, serão mais bem fundamentados em
cada um dos momentos da investigação.
Portanto, tendo em vista um universo de 36 Escolas Agrotécnicas
Federais, isoladas entre si, e os benefícios que podem ser proporcionados por meio
de uma Rede Virtual de Aprendizagem Colaborativa, faz surgir inicialmente dúvidas
quanto às características atuais das mesmas para que sustentem a implantação de
tal rede e, assim: Qual é o cenário atual das escolas para acolher tal rede? Qual
é sua base tecnológica atual? Qual é o perfil geral do corpo docente com
relação ao uso do computador na educação e com relação ao advento da
Sociedade da Informação? Qual é o nível de familiaridade dos alunos com a
tecnologia da informação em geral? Quais são os modos de uso pedagógico
do computador nas escolas da rede?
1 - Estudo preliminar do cenário em
que se apresentam as Escolas.
Pesquisa
Bibliográfica /
Fundamentação
Teórica
2 - Estudo do formato de um modelo
(piloto) para subsidiar um espaço
virtual.
32
Este questionamento é o primeiro passo importante dentro das
ambições educativas deste trabalho, sob a ótica de descobrir cedo quais caminhos
seguir. Sendo assim, a concepção e implementação de uma rede nessa dimensão,
buscou se firmar em intenções concretas, que realmente possam ao seu final,
constituir com uma proposta de implantação válida e possível. Uma vez que o
próprio isolamento destas autarquias federais impõe limites de investigação.
33
4 INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR ACERCA DO CENÁRIO PARA IMPLANTAÇÃO
DE UMA REDE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM
Este capítulo tem como objetivo responder a questão anterior acerca
do cenário atual em que se apresentam as Escolas Agrotécnicas do Brasil. Para isso
delineiam-se os pontos a serem investigados, definindo-se os sujeitos da pesquisa e
o método de coleta de dados. O que conduziu aos 36 (trinta e seis) servidores
ocupantes das funções de coordenação ou direção de ensino, conhecedores dos
aspectos aqui postos.
O método de coleta de dados utilizado foi a entrevista, que de
acordo com Gil (1999) é bastante adequada para a obtenção de informações sobre
o que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer,
fazem ou fizeram, bem como, sobre as suas explicações ou razões a respeito das
coisas precedentes. (SELLTIZ apud GIL, 1999)
Por fim, foi elaborado e aplicado um roteiro de entrevista, no qual as
questões foram elaboradas respeitando a margem de liberdade na opinião dos
coordenadores e ganhando vida através de um diálogo, conforme propõe dke e
André (1986).
4.1 PONTOS DE INVESTIGAÇÃO – CENÁRIO ATUAL
Para definição do presente cenário este trabalho preocupou-se com
os principais aspectos que incidem de alguma forma com a construção, qualidade e
sobrevivência de uma rede virtual de aprendizagem, suas capacidades e suas
limitações, culminando no roteiro de entrevistas (ANEXO A).
Nesse sentido, orientou-se em destacar e fundamentar tais pontos, a
saber:
Quanto ao Perfil da Escola
A escola precisa deixar de ser meramente uma agência
transmissora de informação e transformar-se num lugar de análises críticas e
produção de informação, onde o conhecimento possibilita a atribuição de significado
à informação. (LIBÂNEO 2006, p. 26)
34
Neste contexto o perfil da escola interfere na elaboração de tal rede.
Esta informação delineia as futuras práticas educativas, assim como começa a
identificar como seu público lida com a informação, como se caracterizam em suas
atividades e tarefas.
Quanto ao Perfil do Professor
O professor deve assumir o ensino como mediação: aprendizagem
ativa do aluno com a ajuda pedagógica do professor (LIBÂNEO 2006, p. 29);
A este respeito SOUZA, num estudo aprofundado do princípio de
mediação na educação, afirma:
A aprendizagem mediada é o caminho pelo qual os estímulos são
transformados pelo mediador, guiado por suas intenções, intuições,
emoções e cultura. O mediador seleciona os estímulos mais apropriados,
filtra-os, elabora esquemas, amplia alguns, ignora outros. É por meio desse
processo de mediação que a estrutura cognitiva da criança adquire padrões
de comportamento que determinarão sua capacidade de ser modificada.
(SOUZA et al., 2004, p. 41)
Assim, este novo papel do professor, de ações não mais
tradicionais, destaca-se como importante para um bom desempenho da rede.
Quanto ao uso das novas tecnologias e habilidades em
informática
Este aspecto incide diretamente no desempenho de uma rede
virtual, uma vez que docentes e discentes devem reconhecer o uso das novas
tecnologias e possuir habilidades suficientes para o bom uso das ferramentas
básicas do computador, assim como desenvolver práticas escolares das quais
envolvam o uso dos recursos tecnológicos.
Quanto a Infra-Estrutura (em especial a tecnológica)
As Escolas Agrotécnicas Federais por serem descentralizadas,
localizadas no interior dos estados, muitas vezes na zona rural, podem encontrar
35
dificuldades quanto a sua infra-estrutura, principalmente no acesso à internet. Então,
quais benefícios poderiam ser usufruídos em um ambiente virtual se não possuírem
tecnologia para utilizá-lo? Nenhum.
Nesta direção fica clara a necessidade de conhecer as
possibilidades de acessibilidade das escolas, como destaca Moran (2002), a escola
deve possuir ambientes ricos em aprendizagem, de boa infra-estrutura físicas: salas,
tecnologia, bibliotecas, etc.
4.2 DELINEAR DE UM CENÁRIO: RESULTADOS E DISCUSSÃO
O roteiro de entrevista em anexo foi respondido por 30
coordenadores/diretores de ensino das Escolas, mais de 83% (oitenta e três por
cento) de participação. Foi possível delinear o cenário em que as escolas
apresentam-se atualmente:
Perfil da Escola: Entre o estímulo, a produção de
conhecimento e a transmissão de informação
Se a sociedade não é mais a mesma. Se a educação e o
conhecimento foram cientificamente repensados, entende-se que o perfil da
escola, não deve ser mais o mesmo. Ao contrário do que algumas pessoas pensam,
existe lugar para a escola na sociedade da tecnologia e da informação, porque ela
tem um papel que nenhuma outra instância cumpre. Sim, a escola precisa ser
repensada. E um dos aspectos mais importantes a se considerar é de que a escola
não detém o monopólio do saber. (LIBÂNEO, 2006 p.26)
A educação atual pode nos remeter à reflexão e criticidade, ou seja,
a alunos mais pensantes, mais cientistas. O ambiente acadêmico das escolas deve
incentivar a iniciação científica, a produção de informação, assim como transmissão
de conteúdos e inter-relações.
36
Ponto de Investigação: Perfil da Escola
Transmite
40%
Produz
20%
Transmite e Produz
40%
Gráfico 1: Resultado da pesquisa – Perfil da Escola
Sob este ponto de vista, conforme se pode observar pelo gráfico 1,
dentre as 36 escolas, a maioria delas ainda transmite ou transmite e produz alguma
informação. É possível identificar que as escolas começam a caminhar para a
produção de conhecimento, não apenas em pequenos projetos, mas em contínuas
buscas e atividades práticas.
Algumas justificativas e observações importantes durante a
entrevista merecem destaque, a saber:
“No momento hoje, nós estamos mais transmitindo informação do
que produzindo. Eu penso que o nosso aluno é pouco crítico, ele está mais ouvindo
do que participando efetivamente”. (Participante 8)
“A nossa escola, dentro do nosso perfil, ainda é uma escola que
transmite informações, embora em parte faça alguns trabalhos voltados para a
análise crítica [...] através da interdisciplinaridade e eventos”. (Participante 16)
“As duas coisas, tanto transmite quanto produz. [...] A produção é de
forma de projeto, orientando, acompanhando, permitindo que ele chegue às
conclusões”. (Participante 17)
“Nossa escola é uma escola apesar de ser agrotécnica ela trabalha
37
com quase 95% dos nossos alunos, são indígenas, as necessidades nossas são
diferentes das outras escolas, então nós temos alguns projetos nas comunidades,
nas tribos por assim dizer, a gente tem produzido muito material juntamente com
alunos. Temos cursos de técnico em agropecuária, recursos pesqueiros, informática,
secretariado, administração e contabilidade na modalidade EJA Educação de
Jovens e Adultos”. (Participante 23)
Neste contexto encontra-se um perfil no qual uma rede de
aprendizagem teria muito a contribuir, pois no ambiente o aluno aprende a ser mais
autônomo, de forma significativa e principalmente não deixa suas produções
particularizadas: numa concepção coletiva distribui e recebe críticas e elogios.
Perfil do Professor: Entre o tradicional e o Mediador do
Conhecimento
Traçar o perfil de um grupo de professores não é tarefa fácil, o que
torna complexo aos partícipes da investigação defini-los. Neste sentido, através do
diálogo da entrevista, se pode destacar algumas observações comuns, a saber:
“O nosso professor é mais um transmissor do que um mediador.
Com exceções é claro, contudo ainda somos professores tradicionais”. (Participante
9)
“A maioria de nossos professores se caracteriza como tecnicista e
tradicional ainda, com algumas variações, mas no geral é isso, mais tradicional.
Existe um investimento em cursos de mestrado e doutorado, na tentativa de quebrar
este tradicionalismo”. (Participante 16)
“Eu acho que os nossos professores têm procurado se aperfeiçoar,
renovando o seu jeito. Acho que existe muita essa preocupação aqui na escola, os
professores repensarem sempre se aquilo que estão ensinando está sendo válido,
se é o que o aluno precisa e sem vida nenhuma uma nova visão do que
ensinar para esse menino, buscando sempre direcionar o conteúdo para aquilo que
realmente ele vai usar na vida dele. Eu acho que valoriza mais outros aspectos que
38
o aluno tem como característica e qualidade”. (Participante 17)
“Eu diria que este professor está saindo do tradicional, eu tenho
usado o termo transição, a gente ta saindo de um perfil tradicional digamos para um
perfil mais atualizado, mais contextualizado, acredito que a busca da capacitação,
da atualização profissional, constante dos nossos docentes aqui da escola, tem sido
um caminho para essa busca de a gente chegar a um estágio de um professor mais
contextualizado, menos tradicional e sobretudo mais crítico”. (Participante 30)
Lidar com as novas tecnologias de forma adequada, principalmente
de ambientes virtuais, faz do professor muito mais que transmissor de conteúdo.
Muitas das vezes “psicólogo”, outras “comandante”, ou se confunde meio aos
alunos, é “parceiro”, é “colega” e até “técnico” (como os de futebol). É chamado de
facilitador de conhecimento por problematizar conteúdos. Ser professor, ou melhor,
mediador, nos tempos de hoje, não é tarefa fácil. Conforme Libâneo (2006) sobre o
processo de mediação:
O ensino exclusivamente verbalista, a mera transição de informações, a
aprendizagem entendida somente como acumulação de conhecimentos,
não subsistem mais. Isso não quer dizer abandono dos conhecimentos
sistematizados da disciplina nem da exposição do assunto. O que se afirma
é que o professor medeia a relação ativa do aluno com a matéria, inclusive
com os conteúdos próprios de sua disciplina, mas considerando os
conhecimentos, a experiência e os significados que os alunos trazem à sala
de aula, seu potencial cognitivo, suas capacidades e interesses, seus
procedimentos de pensar, seu modo de trabalhar. Ao mesmo tempo, o
professor ajuda no questionamento dessas experiências e significados,
provê condições e meios cognitivos para sua modificação por parte dos
alunos e orienta-os, intencionalmente, para objetivos educativos. Está
embutida aí a ajuda do professor para o desenvolvimento das competências
do pensar, em função do que coloca problemas, pergunta, dialoga, ouve os
alunos, ensina-os a argumentar, abre espaço para expressarem seus
pensamentos, sentimentos, desejos, de modo que tragam para a aula sua
realidade vivida. É nisso que consiste a ajuda pedagógica ou mediação
pedagógica.
Neste contexto pode-se destacar um tradicionalismo do professor
em suas atividades pedagógicas, assim como observações acerca do processo de
transição, como destacou o participante 30. Ser professor é viver pronto para
mudança, uma vez que a educação é reflexo de uma sociedade que vive em
constantes alterações. Para Prado (1996):
39
O professor precisa estar aberto a mudar, mas isto não basta. Além das
amarras pessoais, existem as amarras institucionais. Os aspectos
constituintes da realidade da escola: a organização de tempo, espaço,
currículo, entre outros, podem dificultar o desenvolvimento de uma nova
prática pedagógica. No processo de ultrapassar o conhecido em busca do
novo, existem muitas idas e vindas. (Prado, 1996 apud Valente, 2003).
É preciso compreender que não apenas o professor em si deve estar
apto a mudanças, como também a realidade pedagógica institucional. O professor
precisa incorporar em suas ações a vontade de mudar a sociedade, torná-la mais
ética, transmitindo conhecimento e também se preocupando em formar cidadãos
críticos e politizados. Neste sentido, com muita propriedade, Rubem Alves expõe no
fragmento:
Que aconteceu aos tropeiros? Meu pai se consolou dizendo que, naquele
tempo, tropeiro era dono de empresa de transportes. O fato, entretanto, é
que o tropeiro desapareceu ou se meteu para além da correria do mundo
civilizado, onde a vida anda ao passo lento e tranqüilizante das batidas
quaternárias dos cascos no chão...
E comecei a pensar sobre o destino de outras profissões que foram
sumindo devagarinho. Nada parecido com aqueles que morrem de enfarte,
assustando todo mundo. Aconteceu com elas o que acontece com aqueles
velhinhos de quem a morte se esqueceu; e que vão aparecendo cada vez
menos na rua, e vão encolhendo, mirrando, sumindo, lembrados de quando
em vez pelos poucos amigos que lhes restam, a que todos morrem e o
velhinho fica, esquecido de todos.. .E quando morre e o enterro passa, cada
um olha para o outro e pergunta: "Mas quem era este?". Não foi assim que
aconteceu com aqueles médicos de antigamente, sem especialização, que
montavam a cavalo, atendiam parto, erisipela, prisão de ventre, pneumonia,
se assentavam para o almoço, quando não ficavam para pernoitar, e depois
eram padrinhos dos meninos e não tinham vergonha de acompanhar o
enterro? Também o boticário, um dos homens mais ilustres e lidos da
cidade, presença cívica certa ao lado do prefeito e do padre, pronto a
discursar quando o bacharel faltava, tendo sempre uma frase em latim para
ser citada na hora certa... E o boticário fazia suas poções, e a gente lavava,
em água quente, os vidros vazios em que ele iria pôr os seus remédios. E
me lembro também do tocador de realejo que desapareceu, eu penso,
porque com o barulho que se faz nas cidades, não há ninguém que ouça as
canções napolitanas que a maquineta tocava. E me lembro também do
destino triste do caixeiro-viajante, cujo progressivo crepúsculo e
irremediável solidão foram descritos por Arthur Miller, em A morte do
caixeiro-viajante.
Foi o tema que me deram "a formação do educador", que me fez passar de
tropeiros a caixeiros. Todas, profissões extintas ou em extinção.
Educadores, onde estarão? Em que covas terão se escondido?
Professores, aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que se
define por dentro, por amor: Educador, ao contrário, o é profissão; é
vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande
esperança.
Profissões e vocações são como plantas. Vicejam e florescem em nichos
ecológicos, naquele conjunto precário de situações que as tornam possíveis
e - quem sabe? - necessárias. Destruído esse habitat, a vida vai se
encolhendo, murchando, fica triste, mirra, entra para o fundo da terra, até
sumir. (Alves, 1981)
40
Posto isto, seja numa modalidade de ensino presencial ou a
distância, seja via internet ou quadro de giz, a educação efetivamente acontece por
meio dos professores-educadores, o que remete ao desejo de se enxergar a
educação necessariamente como prioritária. Como destaca Paulo Freire: “que
emprega todos os recursos disponíveis para dar o grande salto que a nossa
educação exige”. (ALMEIDA, 2000).
Avaliação da Infra-Estrutura de Computadores
As escolas devem possuir recursos suficientes e capacidade de
manutenção de uma infra-estrutura de computadores para professores e
principalmente alunos, pois muitos destes ainda dependem da escola para se
sentirem inclusos digitalmente.
Conforme se observa no gráfico 2, a infra-estrutura da maioria das
escolas está avaliada de boa a muito boa, o que não cria impedimentos técnicos
para a implantação de atividades on-line. Conforme afirma o Participante 19:
“A nossa escola trabalha com regime de laboratórios, aqui o aluno
que não tem troca de sala, então é um laboratório para cada disciplina. E dentro de
cada laboratório tem um computador conectado a TV com internet. Na sala de
professores tem mais quatro máquinas ligadas a internet. Laboratórios de
Informática”.
Vale destacar o apoio de organizações como a Vitae
18
, sem fins
lucrativos, que em parceria com as próprias escolas, financiaram a ampliação de seu
parque tecnológico.
Poucas escolas, principalmente por serem afastadas das cidades
(rurais), possuem alguns problemas com acesso à internet. Entretanto, todas estão
em fase de implantação dos links de acesso da RNP
19
Rede Nacional de Ensino e
Pesquisa, que manterá o acesso de qualidade.
18
Site da Organização Vitae na internet: http://www.vitae.org.br/
19
Site da RNP na internet: http://www.rnp.br
41
Ponto de Investigação: Avaliação acerca da infra-estrutura de
computadores para professores e alunos
Gráfico 2: Resultado da pesquisa – Infra-estrutura de computadores para professores e alunos
Da minoria de escolas, com a infra-estrutura defasada, destacam-se
iniciativas para colocá-las habilitadas com a informática, principalmente por estarem
na zona rural. Deixar a estrutura das escolas bem atendida não é tarefa fácil. Como
nos descreve o Participante 25:
“Para se ter idéia, aqui em nosso setor, a gente não tem um
computador que tem internet. Tem um projeto aqui, está no terceiro ano,
implantando, implantando, e agora, este ano, em fevereiro, estamos em
instalação dos cabos. Isso em fevereiro, estamos em abril e não conseguimos
ainda. pra abrir alguma coisa, o setor pedagógico é distante do setor
administrativo, eu tenho que me deslocar e eu não posso ficar me deslocando, então
tem que ficar vendo as coisas em casa, pra fazer alguma coisa pela internet”.
Diante do exposto, as escolas e os alunos estão consideravelmente
bem equipados de recursos digitais se comparados à grande maioria do país. O que
demonstra um campo fértil para semear as vantagens da educação via internet.
Nível dos Professores no uso das tecnologias da
informática
(Os alunos) aprendem em múltiplas e variadas situações. Eles
chegam à escola sabendo muitas coisas, que absorvem em rádio, televisão,
42
outdoors e tantos outros meios. Eles estão acostumados a aprender através dos
sons, das cores, das imagens, vídeos, filmes, programas. (Kenski 1996 apud
Libâneo 2006). Observa-se que essa afirmação de Kenski se em 1996, o que
permite acrescentar a ela os computadores e a internet, que além de oferecerem
todas as outras juntas, permitem interatividade e colaboração.
Neste sentido, o professor não deve ficar de fora. “É preciso que os
professores modifiquem suas atitudes diante dos meios de comunicação, sob o risco
de serem engolidos por eles” (Rezende e Fusari, 1994 apud Libâneo 2006).
Ponto de Investigação: Nível de domínio dos professores no
uso das tecnologias da informática
Gráfico 3: Resultado da pesquisa Domínio dos professores no uso das tecnologias da
informática
A Rede Federal de Escolas Agrotécnicas apresentam hoje, conforme
o gráfico 3, professores dispondo de bom domínio de suas atividades
computacionais, tendo como principais motivos a exigência/necessidade dos cursos
de mestrado e doutorado. Assim, salientam-se os trechos de entrevista abaixo:
“Muito bom, eu creio, por que todos assim são mestres e tem cada
um se especializado dentro da área de trabalho e no momento as avaliações
apresentadas em conselho de classe tem sempre indicado pra isso”. (Participante 1)
“Nós temos duas categorias, s temos o pessoal novo que
recentemente entrou na escola, que hoje é mais ou menos a metade. Eu diria de
bom pra frente, por que a turma ta chegando do mestrado, e tem toda aquela
necessidade de informática durante o processo de construção do curso. Temos uma
43
equipe de professores do setor de informática e temos os professores na fase de
aposentadoria que tem mais dificuldade. Inclusive atualmente estamos trabalhando
cursos de informática para professores e servidores da escola, estamos tendo duas
turmas formadas por professores e servidores, que trabalhamos a capacitação.
Começou desde o mês passado e o pessoal está achando muito bom”. (Participante
5)
Nível dos Alunos no uso das tecnologias da informática
Ponto de Investigação:vel de domínio dos alunos no uso
das tecnologias da informática
Gráfico 4: Resultado da pesquisa – Domínio dos alunos no uso das tecnologias da informática
Acerca deste domínio, os alunos apresentam-se um pouco abaixo
dos professores no uso das tecnologias da informática, conforme é possível
observar pelo gráfico 4. Entretanto, destaca-se também a facilidade destes mesmos
alunos na aprendizagem do uso dos recursos digitais, em razão da
contemporaneidade.
No contexto escolar, entende-se que o aluno deve ser o eixo
principal dos esforços de aprendizagem da escola, oferecendo uma aprendizagem
atual possível, o que leva à informática. Paulo Freire afirma que “devemos ser
homens e mulheres de nosso tempo” (Almeida, 2000). Assim, destaca-se a
expressão do participante 24:
“O aluno é bom demais, tem aluno que dá show em nós aqui
professores, eles tem contato desde o primeiro dia que chega aqui na escola até o
44
dia que sai, inclusive está sendo uma vantagem nossa em relação ao aluno na hora
de arrumar emprego. Para se der idéia o diferencial nosso, nós estamos até
reunindo com um professor aqui, que é especialista em auto-cad. Então isso é
uma coisa mais extra-curricular, é lógico que o pessoal que faz o curso tem essa
disciplina em sua matriz curricular, nos outros cursos não tem o auto-cad, então nos
oferecemos isso aí, cursos extra-curriculares. Mas a gente tem que rever, por que
esse diferencial destes meninos saírem sabendo fazendo um desenho no auto-cad,
faz uma medição, apresenta uma planta para o produtor, é um grande diferencial,
tem meninos arrumando emprego aqui por causa disso”.
Uso do computador nas práticas escolares
Este aspecto está diretamente relacionado aos três pontos de
investigação: infra-estrutura de computadores, domínio dos professores e domínio
dos alunos.
É identificado, conforme gráfico 5, que os professores utilizam o
computador em larga escala em suas práticas escolares. Pode-se destacar como
principais, o uso de apresentações em data-show e internet para pesquisa. Em
alguns poucos casos também se utilizam softwares específicos em laboratório de
informática de acordo com as entrevistas que seguem; que “falam” por si só:
Ponto de Investigação: Uso do computador pelo professor em
suas práticas escolares
Sim
97%
Não
3%
Gráfico 5: Resultado da pesquisa – Práticas do professor no uso do computador
“Os professores montam apresentações, muitas aulas eles utilizam o
45
data-show com apresentações animadas para se tornar mais chamativo, em geral é
isso. No laboratório programas especiais, por exemplo, na área técnica de
agropecuária. Os professores mandam instalar programas específicos, para
trabalhar por exemplo com balanceamento de ração, desenho técnico, etc. Os
próprios alunos muitas vezes montam, nos seminários que os professores realizam,
disponibilizamos este material também para os alunos, então eles também montam
apresentações por meio do data-show”. (Participante 29)
“Sim, utilizam com bastante freqüência, para pesquisa na internet ou
para apresentações em data-show”. (Participante 1)
“Fazem sim, bastante. Voltados para esta questão da informática
aplicada, então os professores da área de informática, trabalham em conjunto com
os professores, voltados para estes softwares aplicados para diversas áreas. Usam
também em apresentações, inclusive a escola está hoje com três data-show e está
adquirindo mais exatamente por esta questão, da disputa do pessoal em sempre ter
que marcar com antecedência, por que os três nas estão dando conta”. (Participante
5)
“Isso é muito limitado pra gente também, nós temos a interação de
enxergar a máquina como objeto de estudo, o acho que devia ser assim. Mas a
gente tem por exemplo disciplinas de informática e tem o computador como objeto
de estudo, a gente ta tentando a avançar em ter o computador como ferramenta
pra estudo e não como ferramenta de estudo. É você estudar a máquina ou você
usar a máquina pra aprender”. (Participante 11)
Constata-se uma prática de atividades no uso das tecnologias da
informática, contudo ainda são utilizadas na maioria como ferramenta de auxílio nas
tarefas cotidianas e não como meio de aprendizagem. Esta questão remete a
necessidade de enriquecer o uso dos computadores como mecanismo de
interatividade e colaboração educacional. Assim como construir uma proposta para
formatação de uma rede virtual.
46
4.3 UM CENÁRIO DELINEADO E O NASCER DE UMA NOVA PROBLEMÁTICA
Ao longo das entrevistas foi possível constatar uma estrutura
tecnológica, tanto acerca de computadores e internet, quanto do domínio dos
professores e alunos, como positiva. Observou-se também um grande campo para a
realização de projetos e atividades entre as escolas em rede, no uso da tecnologia
como meio de aprendizagem e não como fim. Contudo não houve menções de
quaisquer atividades ou experiências em educação a distância, delineando-se uma
nova necessidade, de concepção de uma proposta.
As escolas não devem ficar isoladas regionalmente: devem se
mostrar umas para as outras, agindo sobre as dificuldades pedagógicas de ensino e
aprendizagem e utilizando todos os recursos necessários para isto. que o cenário
que se apresenta, mostra-se favorável à implantação de uma rede virtual de
aprendizagem.
Contudo, qual seria a formatação de tal rede virtual? Seu
modelo funcional parece viável?
47
5 MODELAGEM E AVALIAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE UMA REDE VIRTUAL
DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA: AGROREDE
Este capítulo busca conceber um formato para rede virtual de
aprendizagem colaborativa nas Escolas Agrotécnicas Federais, uma vez que seu
cenário apresenta-se com capacidades e limites. Para isso preocupou-se em definir,
estruturar e configurar um Ambiente Virtual de Aprendizagem e avaliar seu formato
junto à comunidade, constituindo assim um modelo, uma proposta, viável ou não.
Na comunidade, definiram-se como os sujeitos da pesquisa, mais
aptos a responder acerca deste assunto, os chefes / técnicos / analistas,
profissionais responsáveis pela área da informática das Escolas Agrotécnicas em
todo Brasil. A coleta de dados segue a proposta de Rudio (1989), através da
utilização de um formulário com características de questionário, neste caso, de
forma on-line.
Para a constituição deste questionário e avaliação do AVA buscou-
se delinear os principais aspectos que o caracterizam e o qualificam interferindo de
alguma forma na viabilidade para implantação da Agrorede.
5.1 AMBIENTE VIRTUAL: DELINEANDO OS PRINCIPAIS ASPECTOS PARA UM
BOM FORMATO
Antes mesmo da concepção, estruturação e configuração de uma
rede virtual de aprendizagem colaborativa que represente a proposta da Agrorede,
destacam-se alguns aspectos que buscam avaliar o formato da solução
implementada, culminando em seu questionário (ANEXO B).
Partindo destes pressupostos, destacam-se seguintes pontos:
Complexidade, usabilidade, navegabilidade e
funcionalidade
De acordo com Palloff & Pratt (2004) o problema é que, apesar dos
softwares possuírem excelente qualidade, serão realmente bons se seus
participantes puderem utilizá-los. Quando muito complexos podem causar frustração
ao usuário e ao processo de aprendizagem. A ferramenta deve ser:
48
a) funcional (deve ser fácil enviar o material do curso e criar fóruns
de discussão);
b) de simples operação para o aluno e para o professor;
c) amigável, visualmente atraente e de fácil navegação.
Facilidade de uso
O software utilizado no curso deve ser transparente. O participante
não deve perder tempo com o envio de uma mensagem ou com o prosseguimento
de uma discussão. (Palloff e Pratt, 2004, p. 92);
Atrativo Visual
Saber criar um site que tenha atrativos visuais realmente aumenta o
interesse dos participantes. Além disto, a possibilidade deles se representarem
visualmente no site do curso permite que expressem suas personalidades, suas
idéias, seus ideais. (Palloff e Pratt 2004, p. 93);
Suporte
O suporte técnico deve estar disponível a ajudar os alunos a se
conectarem, a usar o software, a enviar e baixar arquivos, etc. (Palloff e Pratt 2004,
p 95);
Colaboração
Ferramentas de interatividade devem estar disponibilizadas aos
alunos. “Os alunos com interesses similares devem ser estimulados a ‘se
encontrarem’ e a trabalharem juntos.” (Palloff e Pratt 2004, p. 42);
Adaptabilidade
49
De acordo (Rocha et. al. 2001, p. 125) a adaptabilidade é o conjunto
de atributos que evidenciam a capacidade do software se adaptar às necessidades e
preferências do usuário e ao ambiente educacional.
Posto isto, foi desenvolvido o questionário (ANEXO B), no qual
buscou-se um espaço virtual para subsidiar modelo que possa ser colocado em
julgamento acerca dos pontos de qualidade destacados.
5.2 PRINCIPIAR DE UM ESPAÇO VIRTUAL
Ambientes Virtuais de Aprendizagem são sistemas informatizados,
que permitem a concepção, implantação e operacionalização de uma infra-estrutura
completa para criação, condução e administração de atividades de aprendizagem
através da Internet. (VAVASSORI e RAABE, 2003 apud LACERDA e CORRÊA,
2006). O papel do AVA é fundamental dentro da elaboração de uma rede virtual de
aprendizagem, é a parte centralizadora dos fluxos e processos da aprendizagem. O
ir e vir das informações perpassa por ele e sua estrutura garante ou não o bom
desempenho das atividades educativas. Nesta direção, para viabilização desta
proposta, é preciso constituir um ambiente tal qual possua um formato, próprio ou
não, capaz as potencialidades da Rede Federal de Escolas Agrotécnicas, sob a luz
do cenário em que se apresentam.
Assim como oferece muitos benefícios ao processo de
aprendizagem, em razão de sua dimensão, também possui dificuldades, as quais
serviram para definir qual caminho seguir na implementação desta proposta.
Destacam-se algumas destas, a saber:
Alto custo de desenvolvimento;
Manutenção e correção de erros;
Continuidade e atualização de novas versões;
Burocracia e demora pública para realização;
Suporte para manutenção.
Acerca destes obstáculos, chega-se aos AVAs existentes do
mercado, soluções prontas e gratuitas / livres. Um destes, distribuído em diversos
idiomas, com mais de 25.000 instituições com seu uso cadastrado, inclusive no
50
Brasil. É o Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle
20
- Modular Object Oriented
Dynamic Learning Evironment. Nascimento e Leifheit o descrevem como:
. [...] um software baseado em ambiente de Internet desenvolvido para
produzir, hospedar e gerir cursos baseados em Internet e formação de
comunidades virtuais. Trata-se de uma plataforma que pertence a um
projeto de contínuo desenvolvimento e que serve para apoiar projetos de
educação a distância baseados na filosofia construtivista. Moodle é um
sistema distribuído livremente como software de código fonte aberta (que
roda sobre uma Licença Pública de GNU/Linux) e que após devidamente
instalado em servidor conectado à Internet, pode ser acessado por qualquer
Browser que entenda a linguagem PHP e pode suportar vários tipos de
banco de dados. Moodle é um sistema registrado, mas que permite
liberdades adicionais típicas de um sistema desenvolvido em free software,
tais como: copiar, usar e modificar seus códigos, contanto que a fonte do
sistema e seu autor sejam sempre disponíveis aos usuários interessados.
Esta plataforma de Educação a Distância opera em mais de [...] 74 países,
sendo que é totalmente compatível com navegadores de Internet (browsers)
como Internet Explorer, Mozilla e Netscape. O suporte do sistema é feito por
uma comunidade internacional com excelente tempo de resposta, o que
garante o funcionamento e a customização desta ferramenta para diversas
necessidades e aplicações. (Nascimento e Leifheit, 2004 p. 4)
Acerca desta afirmação frisa-se que o Moodle possui uma Licença
Pública (GNU), podendo ser copiado, usado e modificado, o que mantém seus
códigos sempre atualizados e o desenvolvimento de novos recursos e adaptações.
Lacerda e Corrêa (2006 p. 5) destacam seu modo de se pensar educação conhecida
como “pedagogia do social-construtivismo”. Os autores descrevem ainda acerca
desta filosofia em 4 (quatro) conceitos principais:
Construtivismo de acordo com este conceito, as pessoas
constroem conhecimentos ativamente quando interagem com
o ambiente;
Construcionismo segundo esta teoria, a aprendizagem é
particularmente efetiva quando se constrói algo para outros
experimentarem;
Sócio-construtivismo Estende as teorias anteriores em um
grupo social que constrói coisas para outro,
colaborativamente, criando uma micro-cultura de artefatos
compartilhados com significados compartilhados. Quando a
pessoa é imersa dentro de uma cultura assim, a pessoa está
aprendendo o tempo todo a como ser uma parte daquela
cultura, em muitos níveis;
20
Site na internet http://moodle.org/
51
Conectado e Isolado teoria que parece mais profunda nas
motivações dos indivíduos dentro de uma discussão. Temos o
comportamento isolado quando alguém tenta permanecer
“objetivo” e “efetivo”, defendendo suas idéias, usando a lógica
para encontrar falhas nas idéias do oponente, o
comportamento conectado, aproximação do significado de
empatia e que se liga também ao conceito de inter-
subjetividade e o comportamento construído, quando uma
pessoa é sensível a essas duas aproximações, podendo
escolher qualquer uma delas como apropriada para uma
determinada situação.
Deste modo, o AVA Moodle possui em seu bojo aspectos que
superam os obstáculos destacados, tanto técnicos e pedagógicos quanto
burocráticos. Contudo, apenas implantá-lo não garante seu uso adequado e também
não constitui para a proposta de uma rede virtual. Assim, utilizando de seus recursos
buscou-se por desenvolver um formato que represente a proposta da Agrorede.
Para instalação, configuração e estruturação do AVA Moodle,
desenhando o formato para uma Rede Virtual de Aprendizagem, este trabalho
preocupou-se em utilizar os próprios recursos da ferramenta sob uma plataforma de
software livres. Sua interface foi configurada de modo a representar a proposta, sem
uso de recursos que induzissem as respostas. Os detalhes de sua estrutura podem
ser mais bem analisados no Apêndice A.
52
5.3 AVALIAÇÃO E RESULTADOS: DELINEANDO UMA SOLUÇÃO
A metodologia utilizada para investigação do AVA Moodle (piloto),
preocupa-se com a possibilidade de erro como: a duplicidade de participações,
partícipes “falsos” ou descontrole na escolha das alternativas. Foi desenvolvida uma
tela explicativa inicial (figura 8), com todas as informações acerca do projeto e do
que se tratava a pesquisa. Depois de analisado e avaliado, o usuário se volta para o
questionário on-line (figura 9), optando pelas alternativas disponibilizadas. As
informações ficam salvas num banco de dados, registra data, hora, nome de
máquina-servidor, IP Internet Protocol, nome do partícipe, nome e telefone da
escola, na busca por informações mais seguras / reais.
Figura 8: Tela de apresentação do projeto
53
Figura 9: Tela do Questionário on-line
Das 36 (trinta e seis) Escolas Agrotécnicas da Rede Federal 24
(vinte e quatro), ou seja, 67% (sessenta e sete por cento), acessaram, analisaram e
responderam as questões acerca dos pontos de investigação sobre o formato do
AVA proposto. Foram tabulados através do questionário, com os seguintes
resultados:
Percepções acerca da utilização e aprendizagem
Os pontos aqui observados buscam fundamentar junto aos
profissionais de informática, com sua experiência, o atendimento ou não da
realidade da sua escola, como é possível acompanhar nos resultados ilustrados no
gráfico 6.
Inicialmente observa-se que 75% (setenta e cinco por cento ) dos
partícipes não conheciam este tipo de instrumento; contribuindo para pesquisa por
passarem a conhecer e enxergar com mais crítica, sem amarras, sem indução, a
este tipo de ambiente e seus recursos.
54
Ponto de Investigação: Percepções de Utilização e Aprendizagem
25%
96%
92%
92%
71%
50%
75%
0%
0%
0%
0%
25%
0%
4%
8%
8%
29%
25%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Conhecia tal
instrumento?
Possibilita novas
aprendizagens?
Pode aproximar as
escolas?
Permite ilustrar
atividades?
Demonstra romper
barreiras físicas?
Controla melhor a
utilização da internet?
Sim Não Talvez
Gráfico 6: Resultado da pesquisa – Percepções de Utilização e Aprendizagem
Diante do gráfico, um resultado demonstra crença na proposta, uma
vez que após análise do ambiente, os partícipes puderam vê-lo como capaz de
romper as barreiras das salas de aula e possibilitar novas experiências para a
aprendizagem, ilustrando, por exemplo, as atividades e principalmente de forma
cooperativa entre todas as escolas da rede nacional de agrotécnicas.
Outro aspecto importante, e com resultado dividido, seria acerca da
capacidade do ambiente controlar melhor o uso da internet, podendo direcionar o
aluno no uso da rede. Contudo, entende-se que a rede de aprendizagem não
garante um uso consciente da internet, mas a mesma contribui significativamente
para que o corpo discente e docente encontrem meios voltados para a
aprendizagem e colaboração, através do ciberespaço.
Percepções acerca da relação Usuário X Ambiente
A abordagem relação usuário - ambiente da proposta desenvolvida
sob o AVA Moodle, buscou investigar pontos de um ambiente virtual de
aprendizagem, conforme ilustrado no gráfico 7, que garantam o mínimo de
satisfação do usuário para uma boa navegação e consequentemente para a sua
aprendizagem.
Acerca da complexidade no uso, entende-se que principalmente em
ambientes virtuais utilizados para fins educativos e atendendo públicos com níveis
de formação diferenciados, não deve ser complicado de manusear. A grande maioria
55
dos partícipes definiu o ambiente como o complexo, de formato atrativo, amigável
e de fácil navegação (valendo ressaltar que 75%, setenta e cinco por cento, destes
não conheciam tal AVA).
Ponto de Investigação: Ergonomia
8%
92%
100%
75%
83%
96%
88%
0%
0%
8%
4%
0%
4%
8%
0%
17%
13%
4%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Parece complexo de
utilizar?
Possui formato
atrativo e amigável?
É de fácil navegação? O Acesso é rápido? Possui fácil acesso a
recursos de suporte?
Possui recursos fácil
para interatividade?
Sim Não Talvez
Gráfico 7: Resultado da Pesquisa – Relação Usuário X Ambiente
Outro aspecto importante é que se mostrou de fácil acesso a
recursos de suporte, sendo que apenas foi disponibilizado um e-mail, contato no
MSN Messenger e a interatividade do próprio ambiente como exemplos para tal.
Diversos outros tipos de suporte diretos podem ser oferecidos, como o contato
telefônico.
Apesar do acesso ao ambiente ser considerado rápido, a questão de
infra-estrutura é de fundamental importância. Na verdade, para um resultado mais
fiel, seria necessária a concorrência pelo serviço, ou seja, o acesso por várias
pessoas “ao mesmo tempo”, dispondo preocupações mais específicas como
hardware (servidor), link de conexão, banco de dados, entre outros agentes.
Adaptabilidade do Ambiente
Um ambiente para ser adaptável ou não, significa possuir as
características de cor, fonte, organização da estrutura definida a gosto do usuário
(estudante). Assim, ele pode deixar a interface da forma em que se sinta mais
satisfeito, envolvido e até motivado.
A grande maioria dos participantes, conforme ilustrado no gráfico 8,
entendeu que é uma função necessária. Apresenta-se a seguir algumas justificativas
Ponto de Investigação: Relação Usuário X Ambiente
56
para a disponibilização deste recurso:
Ponto de Investigação: Adaptabilidade pelo usuário
Necessária
83%
Desnecessária
17%
Gráfico 8: Resultado da pesquisa – Permissão de Adaptabilidade pelo usuário
“Facilita a personalização”. (Participante 5)
“Não vejo a necessidade de adaptar o ambiente. Creio que pode ser
padrão para todos. Isso até mesmo diminuiria a adaptação e aumentaria a
colaboração entre os usuários”. (Participante 6)
“Permite o usuário tornar seu ambiente confortável e prático de
acordo com suas necessidades.” (Participante 7)
“Porque permite que cada usuário tenha um perfil que se adeqüe a
sua necessidade”. (Participante 9)
“O aluno adapta o ambiente para que o mesmo se torne mais
agradável a suas necessidades”. (Participante 12)
“Penso no caso de deficientes visuais”. (Participante 13)
“Oportuniza a personalização da interação, o que privilegia a
aprendizagem”. (Participante 14)
57
“Cada pessoa usa uma configuração diferente da outro, seria
interessante ter este recurso, pode ser um incentivo a mais para o aprendizado”.
(Participante 16)
“A adaptabilidade é fundamental a fim de que o usuário (professor e
aprendiz) possa ter um ambiente de trabalho personalizado e adaptado às suas
necessidades”. (Participante 21)
O participante três remete a uma reflexão importante na
adaptabilidade, que é a acessibilidade
21
. De acordo com CAPLAN (2002 apud Sonza
& Santarosa, 2005), entende-se por acessibilidade à rede a possibilidade de
qualquer indivíduo, utilizando qualquer navegador ou qualquer tecnologia para
navegar na Web, poder visitar qualquer sítio e obter um total e completo
entendimento da informação contida nele, além de ter total e completa habilidade de
interação.
Neste sentido, em uma proposta de inclusão, deve-se levar em
conta que pessoas com necessidades especiais também fazem uso da rede. Então,
é preciso considerar e ratificar a importância de se pensar nesta questão, num
momento de desenvolvimento e implantação de uma proposta como esta.
existem ferramentas para acesso de deficientes visuais e estudos junto ao Moodle,
contudo, não abordamos como foco deste trabalho, uma vez que merece destaque
específico.
Acompanhar os acessos, participações e colaborações dos
alunos nas atividades e materiais disponibilizados pelo professor
Todos os participantes da pesquisa nessa categoria entenderam
como necessário acompanhar de perto a vida do aluno no ambiente, mediando
sempre que necessário, o processo de colaboração com o aluno. A este respeito,
destacam-se algumas justificativas da importância deste recurso:
21
Acerca deste assunto merece destaque o trabalho: REZENDE, André Luiz Andrade. Do Ábaco ao
Easy: Mediando Novas Formas de Aprendizado do Deficiente Visual. Dissertação (Mestrado)
Centro de Pós-Graduação e Pesquisa Visconde De Cairu Ceppev - Mestrado Interdisciplinar Em
Modelagem Computacional – Salvador/BA. Dez/2005.
58
“Porque permite ao instrutor avaliar a participação e o aprendizado
dos alunos”. (Participante 9)
“O professor, se mostrando presente e consciente do andamento e
dos resultados, estimula o aluno a participar e interagir”. (Participante 10)
“Obter resultado mais imediato do nível de interação dos alunos com
o projeto”. (Participante 14)
“Apesar de autonomia ser um pré-requisito e/ou um empenho
constante do aluno quando faz um curso ou realiza uma atividade utilizando uma
ferramenta em EaD, é importante e imprescindível o acompanhamento do tutor ou
professor a respeito da participação do aluno no curso, a fim de evitar dispersões,
atrair o aprendiz para o estudo, observar seu desempenho seja através das
participações nos fóruns, bate-papos (quando houver) e videoconferência (se
houver), seja através da realização de atividades propostas pelo professor. Enfim, o
professor precisa acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, para isso é
preciso que o trabalho utilizando o ambiente virtual tenha uma concepção
pedagógica construtivista”. (Participante 21)
Portanto, para que o professor no processo de mediação do
conhecimento seja capaz de gerar ações de feedback, e também durante o
processo avaliativo, possuir informações das atividades dos alunos, o ambiente deve
possibilitar a geração de relatórios, a qualquer momento, trazendo todos dados
necessários, sempre que o professor solicitar.
Ferramentas para disponibilizar materiais didáticos, como
artigos, textos, apostilas, apresentações e vídeos
59
Ponto de Investigação: Ferramentas de
disponibilização de Materiais Didáticos
Necessária
96%
Desnecessária
4%
Gráfico 9: Resultado da pesquisa – Ferramentas para disposição de materiais didáticos
Normalmente, a interatividade em ambientes virtuais está
direcionada a um conteúdo a ser trabalhado, um material didático. Nesfte sentido,
esta ferramenta é vital para o bom resultado do curso que utiliza o ambiente.
O ambiente, que foi baseado no moodle 1.7, dispõem de diversos
recursos, que foram exemplificados e disponibilizados para testes, de forma que os
partícipes puderam analisar sua necessidade, chegando a conclusão disposta no
gráfico 9. A este respeito o participante 14 destaca:
“Enriquece o conteúdo, existe muito ‘lixo’ na internet e associa
outros meios de aprendizagem”.
Esta observação relembra a preocupação que deve existir sobre os
conteúdos existentes na internet. Muitos destes estão desatualizados, errados ou
não científicos. O aluno precisa ter sua autonomia na pesquisa, contudo o processo
de mediação prevê uma orientação próxima ao professor, o qual acompanha,
sempre que necessário, na busca de materiais didáticos fiéis para com a ciência de
cada área.
Multiplicador do Ambiente
Quando uma rede do porte da proposta deste trabalho é implantada,
60
encontram-se situações diferentes para o uso dos recursos e dificuldades diversas
pelas escolas por todo Brasil. Sendo assim, a própria rede deve ser capaz de dar
suporte às dificuldades de utilização dela. Para isto pode desenvolver cursos e
comunidades de discussão sobre a utilização da ferramenta, criar canais de contato,
página de perguntas mais freqüentes, e-mail e telefone de suporte. Mas como dar
suporte local?
Satisfatoriamente, todos os profissionais que participaram da
pesquisa entendem a necessidade e aceitam ser multiplicadores da rede. Nesta
direção, a classe mostra-se envolvida e interessada em colaborar localmente com
sua instituição, no sentido de dar o suporte necessário no uso dos recursos do
ambiente.
Além dos pontos observados, foi aberta aos participantes a liberdade
de criticar, sugerir e destacar o que acha mais interessante para o desenvolvimento
de um ambiente virtual para uma rede de aprendizagem entre as escolas
agrotécnicas. Destacaram-se algumas observações descritas pelos participantes, a
saber:
“A troca de experiências e/ou conhecimentos é sempre importante.
Uma rede que permita essa integração é, sem dúvida, muito bem praticada.
(Participante 1)
“O conhecimento e ou/potencial humano de cada Instituição se fará
necessário para a troca entre as escolas coirmãs. Pois, os problemas que uma
passou a outra poderá dar um passo a frente e resolver seus problemas com menor
tempo possível, evitando desta forma o desperdício de tempo e recursos físicos”.
(Participante 5)
“Seria muito importante um espaço para que cada escola pudesse
mostrar o seu trabalho e com isso trocar experiências com as demais EAF´s”.
(Participante 8)
“Desenvolver cursos de conteúdo que seja de interesse comum;
disponibilizar para as outras instituições informações, sistemas e conhecimento que
os técnicos e professores de sua instituição possui (compartilhar experiências)”.
(Participante 10)
61
“Uma proposta pedagógica construtivista que permita a comunidade
participar da construção do curso pesquisando na Internet”. (Participante 18)
"A proposta da Agrorede é muito interessante e bem
contemporânea, é necessária e imprescindível uma ferramenta virtual própria e
adaptável às necessidades das Escolas Agrotécnicas no que diz respeito à
comunicação para a troca de experiências e aprendizagem. Seria muito interessante
que a proposta pedagógica, fosse construtivista e humanista, para que possamos,
além de trocar experiências e aprender, compartilhar também as dificuldades e
vitórias". (Participante 21)
“1. Questão da interatividade (professor, aluno) entre as escolas; 2.
Compartilhamento de materiais, trabalhos, artigos; 3. Possibilidade de conhecer,
virtualmente, a realidade de cada escola, suas culturas, diversos cursos e etc.; 4.
Contribuição para uma escola cada vez mais competente”. (Participante 22)
Diante aos depoimentos, destacou-se com o que cada participante
mais se identificou, aquilo que considerou/considera mais importante, mais
necessário; o que enriquece consideravelmente a proposta.
Vale ressaltar que um curso ou comunidade pode ser híbrido, ou
seja, atuar tanto nos recursos da modalidade presencial quanto à distância. Assim,
encontros presenciais podem e devem existir em alguns casos. O importante neste
ponto é planejar e estruturar todos os momentos, virtuais ou não.
Outro ponto que merece destaque por ser de caráter primordial é a
necessidade de envolvimento das escolas na rede. Entende-se que cada escola ou
entidade autárquica possua seus interesses locais e peculiaridades, entretanto é
extremamente necessária para o processo de coletividade a participação de todas,
pois cada uma possui algo a oferecer e receber.
62
6 CONCLUSÃO
“Para mim a questão não é acabar com ela (a escola), mas é mudá-la
completamente.
É radicalmente fazer que nasça dela, dum corpo que não corresponde mais
a verdade tecnológica do mundo, um novo ser tão atual quanto a tecnologia.
Eu continuo lutando em pôr a escola à altura de seu tempo.
[...] e pôr a escola a altura de seu tempo não é sepultá-la.
E sim refazê-la.
(Paulo Freire em vídeo: O futuro da Escola)
As maneiras como as pessoas realizam suas atividades cotidianas,
profissionais e pessoais, principalmente as relacionadas às formas de estudar, são
constantemente modificadas pelos recursos disponíveis pelas novas tecnologias da
informação e comunicação, especialmente a internet, capaz de interligar pontos
distantes numa rede.
Se a escola não inclui a Internet na educação das novas gerações,
ela está na contramão da história, alheia ao espírito do tempo e, criminosamente,
produzindo exclusão social ou exclusão da cibercultura. Quando o professor convida
o aprendiz a um site, ele não apenas lança mão da nova mídia para potencializar a
aprendizagem de um conteúdo curricular, mas contribui pedagogicamente para a
inclusão deste aprendiz. (SILVA, 2005)
A educação está em constante modificação, tanto na sua estrutura
quanto no seu aspecto pedagógico. Mas recentemente, essas mudanças ganharam
maior dimensão, pois o conceito de sala de aula está rompendo com fronteiras
curriculares, lineares e delimitadas a um espaço geográfico. Moran acredita que as
modalidades dos cursos serão extremamente variadas, flexíveis e “customizadas”,
adaptadas ao perfil e momento de cada aluno. Acredita que entre dez e quinze anos
não se falará em cursos presenciais ou à distância; os cursos serão flexíveis no
tempo, no espaço, na metodologia, na gestão de tecnologias e na avaliação.
(MORAN, 2006 p. 2)
Encontram-se inúmeras vantagens para o processo educativo, uma
vez que os problemas e dificuldades se dividem em coletivo; os projetos se
interligam; a iniciação científica é realizada, acompanhada e divulgada; o professor
não é mais condutor, e sim um mediador do conhecimento; o aluno aprende a
aprender de forma significativa; as instituições escolares reduzem custos e atendem
em maior número sua comunidade.
63
Por outro lado, pode-se compreender a série de dúvidas que existem
relativas à veracidade de tais vantagens e sua correspondência com a realidade,
principalmente quando ainda situados em grupos tradicionais de ensino. Entende-se,
então, que o uso destas novas propostas deva ser consciente. Assim, esta pesquisa,
conscientizada de seu público, buscou constituir, a partir de um estudo exploratório,
uma proposta de rede virtual de aprendizagem colaborativa.
A problemática deste trabalho se confirmou pela própria dificuldade
na realização das entrevistas e contatos para análises do formato proposto no AVA
Moodle. Algumas ficam completamente isoladas com linhas telefônicas
congestionadas ou ocupadas, ocasionando quedas.
Outro aspecto que também se revelou verdadeiro é acerca das
potencialidades de cada escola, com suas culturas regionais e conhecimentos. É
possível identificar a aplicação de projetos em suas comunidades locais,
principalmente nas áreas afins da agropecuária. Contudo, não coletivizadas.
Neste sentido o cenário da escola se apresentou rico sob dois
aspectos, tanto já possui uma boa infra-estrutura tecnológica (subsídio para uma
rede virtual) quanto se mostrou limitado nas atividades colaborativas via internet, ou
seja, campo fértil para implantação e colheita dos benefícios de uma rede virtual de
aprendizagem. Chama atenção o fato do professor apesar de dominar o
computador, em sua maioria o utiliza como ferramenta de apoio e não como meio
para cultivar a aprendizagem. Sendo assim, para um bom desempenho de uma
rede, mostra-se necessária à formação dos professores sobre as atividades na
modalidade à distância.
A avaliação do ambiente da rede virtual sob o AVA Moodle é
satisfatória pela comunidade, o que o caracteriza como capaz de suprir o formato
para Agrorede. Observa-se ainda, que 75% (setenta e cinco por cento) não
conheciam o ambiente e ainda assim após sua análise constataram como de fácil
utilização e capaz de ampliar as possibilidades de aprendizagem pelo meio on-line.
Destaca-se também que a relação usuário - ambiente apresentou-se
como positiva em todos os pontos analisados, como: o complexo, de formato
atrativo e amigável, fácil navegação, recursos de interatividade, entre outros.
Chegou-se à conclusão de que a investigação casada com os
princípios teóricos de uma rede virtual de aprendizagem e colaborativa foram
comprovadas para constituição da proposta, o que sugere neste culminar um projeto
64
de implantação (APÊNDICE B).
Admite-se como principais contribuições desta pesquisa:
- A composição de um documento que apresenta o cenário das
Escolas Agrotécnicas com suas possibilidades, limites e possíveis benefícios sob a
luz da tecnologia na educação;
- A elaboração de um modelo de rede virtual de fácil instalação,
manutenção, atualização continuada, não-burocrática e barata;
- Criação de novas condições para ampliação da Rede Federal das
Escolas Agrotécnicas junto à sua comunidade levando para o cenário local, regional
e nacional;
Com enfoque no futuro, vale ressaltar que este trabalho se aplica
também a quaisquer redes de escolas federais, principalmente agora que o governo,
através da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, amplia as suas
unidades por meio dos IFETs Institutos Federais de Educação Profissional e
Tecnológica (Decreto No - 6.095, de 24 de abril de 2007), enriquecendo ainda mais
a implantação de uma rede virtual de aprendizagem ante esta nova realidade.
A composição desta proposta é apenas o primeiro passo que
constitui algo inovador dentro da rede, mas de suma importância. Ao efetivar a
proposta, recomenda-se a realização de trabalhos futuros, outras investigações e
estudos de caso dentro da AGROREDE, em busca de responder novas questões,
como: A AGROREDE atende às novas atividades pedagógicas? Qual a satisfação
dos usuários com o seu uso? A AGROREDE pode oferecer acessibilidade aos
portadores de deficiência?
65
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http://www.niee.ufrgs.br/ciiee2005/dia_21/015.doc. Acessado em 04 de junho de
2007.
TAVARES, Kátia. O papel do professor: Do contexto presencial para o ambiente
on-line e vice-versa. Conexta – Revista on-line de Educação a Distância. Disponível
em http://revistaconecta.com/conectados/katia_papel.htm. Acessado em 30 de maio
de 2007.
VALENTE, José Armando. PRADO, Maria Elisabette B. Brito. ALMEIDA, Maria
Elizabeth Bianconcini de (Orgs.). Educação a Distância Via Internet. Formação de
Educadores. São Paulo, Avercamp, 2003.
69
APÊNDICES
70
Apêndice A – Detalhes da Construção de um ambiente baseado no AVA Moodle
A construção desse ambiente preocupou-se em utilizar softwares
legais e estáveis, assim sua solução ficou estruturada conforme a figura 1, baseada
em tecnologias livres conceituadas. O que reduz muitos custos e permite
adaptações próprias, estimulando sua adoção.
Figura 1: Solução Tecnológica utilizada para desenvolvimento da solução-proposta
Assim, utilizou-se a versão do Moodle 1.7 (mais atual e estável na
época), fazendo sua hospedagem (instalação) num microcomputador de
configuração relativamente simples, comum ao mercado de hardware: Processador
ADM Sempron 1.6 Ghz, 1 Gb de memória RAM e Hard Disk de 80 Gb.
Neste servidor, foi instalado o Sistema Operacional Linux Ubuntu
22
Server Edition 7.04 (figura 2) e junto a este, para o funcionamento adequado do
ambiente Moddle, foi instalado também:
22
Site na internet http://www.ubuntu.com/
Servidor Agrorede
71
Figura 2: Momento de Instalação da Estrutura de Servidor
- servidor de banco de dados mysql
23
;
O MySQL é um sistema de gerenciamento de banco de dados
(SGBD), que utiliza a linguagem SQL (Structured Query Language - Linguagem de
Consulta Estruturada) como interface. É atualmente um dos bancos de dados mais
populares, com mais de 4 milhões de instalações pelo mundo. (Wikipédia)
- servidor de páginas apache
24
versão 2;
É o mais bem sucedido servidor web livre. Numa pesquisa
25
realizada em dezembro de 2005, foi constatado que a utilização do Apache supera
60% nos servidores ativos no mundo. (Wikipédia)
- servidor de e-mail postfix
26
.
É um agente de transferência de emails, um software livre para
envio e entrega de emails, Rápido, fácil de administrar e uma alternativa segura.
(Wikipédia)
O mesmo passou a funcionar sob o domínio
http://www.agrorede.net, adquirido temporariamente, de simples memorização, para
efeitos de divulgação junto à comunidade (sujeitos da pesquisa). Podendo agora
desenvolver o seu design interativo (figura 3), as telas e apresentação de suas
funcionalidades.
23
Site na internet http://www.mysql.org/
24
Site na internet http://www.apache.org/
25
Pesquisa realizada pela NetGraft:
http://news.netcraft.com/archives/2005/12/02/december_2005_web_server_survey.html
26
Site na internet http://www.postfix.org/
Configuração e Design
72
Figura 3: Momento do desenvolvimento do design interativo
Interface do ambiente
Para desenvolvimento da interação usuário versus
máquina/ambiente virtual, utilizou-se inteiramente os recursos de customização
disponíveis no próprio AVA Moodle, ou seja, sem a manipulação de ferramentas
externas. Detalhados passo a passo os recursos disponibilizados.
Inicialmente desenvolvemos a Página Inicial do site (figura 4),
destacando:
- informações sobre o ambiente “protótipo”;
- como se fazer o cadastro pela primeira vez;
- lista de cursos, textos e vídeos explicativos;
- contato para suporte;
- exemplos;
- guia de funcionalidades;
Para efeitos estéticos, a proposta do universo de colaboração em
rede, foi desenvolvida uma logomarca, figura 5, representando as escolas
espalhadas pelo país e sua interconexão através de computadores
descentralizados.
73
Figura 4: Página Inicial da Agrorede
Figura 5: Logomarca ilustrativa da Agrorede
Além da logomarca desenvolvida o ambiente trazia o nome das
escolas como categorias de curso, representando a possível dimensão de cursos e
comunidades, deixando a idéia de Rede Virtual de Aprendizagem Colaborativa
ilustrada conforme figura 6.
O AVA Moodle oferece à disposição a capacidade de edição de toda
74
a página inicial, inserindo, editando e removendo caixas (box). Além destes, oferece
a opção de definição da estrutura do site a partir de um variado tipo de temas
(themes). Para esta proposta, escolhemos um tema suave, sem cores cansativas.
A este respeito Nascimento (2005) destaca que “o design da
interface de um produto multimídia deve ser consistente e agradável do ponto de
vista estético, a fim de orientar e ganhar a atenção do estudante”.
Figura 6: Página Inicial – Ilustrando Categorias
Para proporcionar o conhecimento acerca da estrutura
organizacional, funcionalidades, recursos e atividades para cursos ou comunidades,
desenvolvemos duas formas do partícipe da pesquisa para conhecer melhor o
ambiente.
Foi disponibilizado usuário e senha aos partícipes da pesquisa, num
curso exemplo desenvolvido, com perfil de professor, permitindo edição total do
mesmo, conforme ilustrado na figura 7. Os usuários podiam entrar e destrinchar sua
curiosidade através de inserção e remoção de fóruns, chats, textos, vídeos, entre
outros.
Além deste, utilizamos um recurso pronto, em português, de uma
versão anterior deste AVA, com a maioria de seus recursos, chamado Guia de
75
Funcionalidades do Moodle, em que passo a passo, cada recurso é exemplificado e
explicado, conforme a figura 8. Podemos observar aqui mais uma funcionalidade
deste ambiente, pois cursos ou comunidades podem ser salvas (backup) e
incorporadas novamente, restauradas em qualquer nova versão.
Figura 7: Curso Exemplo em opção de edição ativada
O piloto (protótipo) buscou levar ao usuário não apenas as
funcionalidades do ambiente, mas principalmente o entendimento da proposta da
rede de aprendizagem colaborativa entre as Escolas Agrotécnicas Federais.
Para efeitos de visualização, disponibilizamos também vídeos
desenvolvidos pela UFBA
27
Universidade Federal da Bahia, que ensinam o uso de
alguns recursos tanto para o perfil de aluno quanto para o perfil de professor, além
de servir para demonstrar também a capacidade de armazenamento de arquivos,
inclusive vídeo.
27
Site do AVA Moodle da UFBA http://www.moodle.ufba.br/
76
Figura 13: Guia de Referencias das Funcionalidades Moodle
Assim, de forma simples e direta, toda a estrutura montada
(desenhada), buscou tornar clara a idéia da Agrorede. O que nos remete então a
sua apreciação junto à comunidade.
77
Apêndice B – Exemplo de um Projeto de Implantação da AGROREDE
PROJETO BÁSICO PARA IMPLANTAÇÃO DA AGROREDE:
REDE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA
1. DADOS GERAIS
1.1. Proponente
(Sugere-se um proponente no organograma acima das Escolas, como a
SETEC – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica).
1.2. Unidade Executora
(A unidade executora do projeto deve ser ligada ao setor de TI Tecnologia
da Informação).
1.3. Coordenador do Projeto
(Membro Unidade Executora)
2. PROJETO
2.1. Título do Projeto
Implantação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle para constituir o
ponto central de uma Rede Virtual de Aprendizagem Colaborativa para as Escolas
Agrotécnicas Federais.
2.2. Resumo
A partir de um estudo exploratório foi possível constatar um cenário favorável tanto
técnico quanto pedagógico da Rede Federal de Escolas Agrotécnicas para
implantação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem, baseado no formato do
Moodle, implantando assim um espaço virtual centralizador da Agrorede.
78
2.3. Palavras-Chave
Agrorede. Escolas Agrotécnicas Federais. Moodle.
2.4. Justificativa do Projeto
Com advento das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação a Educação
tem se modificado, novas formas de se aprender e ensinar tem surgido ou se
modificado. Uma modalidade sob estas percepções é a Educação a Distância, na
qual possuem em seu bojo concepções pedagógicas tais quais permitem novas
oportunidades de aprendizagem, diferentes do ensino presencial.
Nessa direção, as Escolas Agrotécnicas Federais estão espalhas pelo território
nacional, isoladas umas das outras, comprometendo a comunicação, interatividade
e colaboração entre si. Contudo, baseada nas premissas da Educação a Distância,
após um estudo explanatório foi possível constatar uma possibilidade de enriquecer
suas atividades através da construção de uma Rede Virtual de Aprendizagem,
originando este projeto.
2.5. OBJETIVOS, ESTRATÉGIAS E METAS DO PROJETO
Implantar uma solução baseada na plataforma Moodle;
Capacitar, por meio do ambiente, todos os professores das escolas para uso
dos recursos do AVA e preceitos da Educação a Distância;
Formação de Multiplicadores.
3. METODOLOGIA DO PROJETO
Para o sucesso na implantação deste projeto, uma vez que transpõe aspectos
meramente técnicos, após definida a equipe, torna-se apropriado:
79
A curto prazo: Considerando que exista a infra-estrutura de rede (link,
domínio, etc), a aquisição de equipamento necessário para hospedar a
solução;
A médio prazo: a instalação, configuração e estruturação da agrorede (AVA
Moodle) e Curso preparatório.
A longo prazo: cursos de capacitação e aperfeiçoamento no uso da rede.
4. SUPORTE TEÓRICO
FERNANDES, Woquiton Lima. AGROREDE: Estudo exploratório acerca da
implementação de uma Rede Virtual de Aprendizagem Colaborativa
envolvendo as Escolas Agrotécnicas Federais. Dissertação de Mestrado.
UFC/UNOPAR, 2007.
5. PROPOSTA DE ESTUDO
Um ambiente que possa gradativamente inserir as Escolas Agrotécnicas Federais
num espaço virtual síncrono e assíncrono de aprendizagem. Estimulando atividades
on-line, projetos interdisciplinares, cursos híbridos, entre outras.
6. ORÇAMENTO
Seq. Descrição do Serviço ou Produto Valor Aproximado
1
COMPUTADOR – SERVIDOR (Hospedagem do Ambiente)
Gabinete Server com fonte compatível 2 processadores
Opteron 885 2600 Mhz PGA 940 2MB Dual-Core 09m,
Mother Board Asus K8N-DL PGA 940 2 Memória DDR 1 GB
PC 3200 com ECC REG.
2 HD Sata 400 GB 7200 RPM ou superior. Drive de CD-
ROM 52 X ou superior Drive 1.44 VGA PCI 128 MB ou
compatível ou superior. Teclado e mouse. (ou superior)
9.499,00
80
ANEXOS
81
ANEXO A – Roteiro de Entrevista: Visão Geral das Escolas - Aspectos pedagógicos
e tecnológicos. Aplicado junto aos coordenadores de ensino.
1 Observamos que a educação está em constante modificação, nesse sentido,
você considera o perfil de sua escola como aquela que:
transmite informação ou
ou que produz informação através de análises críticas?
Por quê? ____________________________________________________________
___________________________________________________________________
2 Assim como a educação o perfil do professor também tem se modificado. Como
você descreveria o perfil dos professores de sua Escola?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3 – Sua escola faz práticas interdisciplinares?
Sim. De que forma? _________________________________________________
___________________________________________________________________
Não. Por que não? __________________________________________________
___________________________________________________________________
4 Sua avaliação acerca da infra-estrutura de computadores para professores e
alunos, você considera:
Muito Ruim Ruim Regular Bom Muito Bom
5 Para você qual o nível de domínio de seus professores no uso das tecnologias
da informática?
Muito Ruim Ruim Regular Bom Muito Bom
6 Para você qual o nível de domínio de seus alunos no uso das tecnologias da
informática?
Muito Ruim Ruim Regular Bom Muito Bom
82
7 Os professores utilizam os recursos do computador nas práticas escolares? De
que forma?
Sim. De que forma? _________________________________________________
___________________________________________________________________
Não. Por que não? __________________________________________________
___________________________________________________________________
8 Para você, em sua Escola, qual o nível de autonomia, de maturidade nos
estudos do aluno?
Muito Ruim Ruim Regular Bom Muito Bom
Como você observa isso? ______________________________________________
___________________________________________________________________
9 – Você considera a interatividade professor-aluno em sua escola?
Muito Ruim Ruim Regular Boa Muito Boa
10 – Qual o nível de motivação de seus alunos?
Muito Ruim Ruim Regular Bom Muito Bom
83
ANEXO B – Questionário On-Line: Aspectos significativos da ferramenta,
referenciando o “protótipo”. Aplicado junto aos responsáveis pelo setor de
informática.
1 – Você encontrou problemas para acessar?
( ) Sim ( ) Não
Qual?_______________________________________________________________
2 Quanto a percepções para utilização e
aprendizagem
Sim Não Às vezes
A
.
Já conhecia tal instrumento
B
.
Acredita que pode possibilitar novas
experiências para aprendizagem
C
.
Acredita que pode aproximar as Escolas no
desenvolvimento de projetos e atividades
D
.
Acredita que pode permitir ilustrar as
atividades
E
.
Demonstra romper com as barreiras físicas
da sala de aula
F
.
Acredita controlar melhor a utilização da
internet
3 Quanto à ergonomia do “protótipo Sim Não Às vezes
A Parece ser complexo de utilizar
B Possui um formato atrativo e amigável
C É de fácil navegação
D O acesso é rápido
E Possui fácil acesso aos recursos de suporte
F Possui recursos fáceis e bons recursos para
interatividade professor-aluno, aluno-aluno
4 A função adaptabilidade, que torna possível cada usuário configurar o ambiente
como deseja é:
( ) – Necessária ( ) – Desnecessária
Por que?____________________________________________________________
84
5 – Ferramenta de Vídeo Conferência entre as Escolas, parece:
( ) – Necessária ( ) – Desnecessária
Por que?____________________________________________________________
6 – Acompanhar os acessos, participações e colaborações do aluno nas atividades e
materiais disponibilizados pelo professor é:
( ) – Necessária ( ) – Desnecessária
Por que?____________________________________________________________
7 Ferramentas para disponibilizar materiais didáticos, como artigos, textos,
apostilas, apresentações, vídeos, entre outros, é:
( ) – Necessária ( ) – Desnecessária
Por que?____________________________________________________________
8 Faça, no espaço abaixo, observações acerca do que você considera importante
para o desenvolvimento de uma Rede de Aprendizagem entre as Escolas
Agrotécnicas:
9 Você acredita que seria possível se tornar um multiplicador, ensinando e dando
o suporte necessário, em sua escola para o uso de um ambiente como a proposta
da agrorede?
( ) Sim ( ) Não
10 – Utilize este espaço para observações, considerações, sugestões ou críticas:
85
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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