Download PDF
ads:
Universidade de S˜ao Paulo
Instituto de Astronomia, Geof´ısica e Ciˆencias Atmosf´ericas
Departamento de Astronomia
Aglomerados Globulares Ricos em Metais:
Tra¸cadores da Evolu¸c˜ao Qu´ımica da Gal´axia
Alan Alves Brito
Supervisora: Professora Doutora Beatriz Barbuy
Tese de Doutorado submetida ao Instituto de Astronomia,
Geof´ısica e Ciˆencias Atmosf´ericas da Universidade de ao
Paulo, como requisito parcial `a obten¸ao do t´ıtulo de Doutor
em Ciˆencias. Sub-´area de concentra¸ao: Astrof´ısica Estelar.
ao Paulo, 7 de Abril de 2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ficha catalogr´afica elaborada pelo Servi¸co de Biblioteca e Documenta¸ao do IAG-USP
Alves-Brito, Alan
Aglomerados globulares ricos em metais: tra¸cadores da evolu¸ao qu´ımica da
Gal´axia/Alan Alves-Brito. – S˜ao Paulo: [s.n.], 2008.
226f.
Tese (doutorado) - Universidade de ao Paulo, Instituto de Astronomia, Geof´ısica
e Ciˆencias Atmosf´ericas
Orientador: Beatriz Leonor Silveira Barbuy
1. Abundˆancia estelar 2. Atmosferas estelares 3. Evolu¸ao estelar 4. Gal´axias 5.
S´ıntese espectral I. T´ıtulo
ads:
Dedico esta Tese de Doutorado a Painho e a Mainha,
retirantes nordestinos em S~ao Paulo em 1982 e
meus dois maiores exemplos de disciplina,
trabalho, determina¸c~ao e sucesso na vida.
Agradecimentos
Ao concluir uma etapa importante da minha carreira cient´ıfica, eu gostaria de agradecer
a muitas pessoas e institui¸oes que me ajudaram a implementar este importante Projeto
de Vida. Certamente ao foi acil chegar at´e aqui, mas como a dizia o fil´osofo e escritor
Albert Camus, na profundeza do inverno, finalmente aprendi que dentro de mim repousava
um ver˜ao invenc´ıvel.
A Professora Dra. Beatriz Barbuy, pela orienta¸ao deste trabalho, pelas palavras de
incentivo e pelas arias cr´ıticas ao longo destes anos. Muito obrigado por todos os de-
safios propostos, pelas oportunidades e situa¸oes ´ımpares que foram cruciais para o meu
amadurecimento na vida cient´ıfica. Foram anos de muito aprendizado.
A Dra. Dinah Moreira Allen, pela paciˆencia, pelo suporte, pelos ouvidos atentos, pelo
respeito. Eu nunca terei como agradecˆe-la pela dedica¸ao e amizade. Vocˆe foi fundamental
para que eu conseguisse chegar at´e aqui. Muito obrigado, Dinah!
Eu gostaria de especialmente agradecer ao Dr. Jorge Mel´endez pela ajuda incondicional
durante todo o meu programa de os-gradua¸ao [mestrado e doutorado] e pelo suporte du-
rante meu Doutorado Sandu´ıche na Australian National University. Dr. Jorge Mel´endez
´e um exemplo a ser seguido e uma das minhas mais claras referˆencias cient´ıficas.
I would like to express my sincere gratitude to Dr. Manuela Zoccali, Professor Dante Min-
niti and Professor Martin Asplund for their personableness, support, advice and guidance.
I would like to thank them for the valuable assistance they provided to me and their strong
moral support that assisted my achievements with this work.
Mis mas sinceros agradecimientos a todas las personas del Departamento de Astronom´ıa
y Astrof´ısica de la Pontificia Universidad Cat´olica de Chile por la acogida que me dieron
en las dos oportunidades que estube all´a. Muchas gracias!
I am also grateful to all the people from the Research School of Astronomy and Astro-
physics [RSAA] at the Australian National University [ANU, Australia] and from the
Department of Astronomy at the University of Virginia [USA] for making me feel very
welcome when I was undertaking a period of doctoral studies there.
Meus agradecimentos aos colegas do Grupo de Popula¸oes Estelares do IAG/USP, aos
que ainda aqui est˜ao e os que j´a se foram: M.Sc. Rodolfo Smiljanic, Dra. Paula Coelho,
Dr. Bruno Castilho e Dr. Ricardo Schiavon.
Aos Professores do IAG com os quais convivi ao longo de todos estes anos e tanto aprendi.
Em especial aos meus professores em cursos de os-Gradua¸ao: Amˆancio Fria¸ca, Anonio
ario Magalh˜aes, Gast˜ao Lima Neto, Ronaldo Eust´aquio, Walter Maciel e Zulema Abra-
ham. Meus cumprimentos especiais `as professoras Cla´udia Mendes [pela ajuda e suporte
em todos os momentos], Silvia Rossi [valeu por tudo!] e Tha´ıs Idiart [minha relatora
durante o mestrado].
A Painho [Daniel da Silva Brito], Mainha [Janice Alves Brito] e aos meus irm˜aos [Adriano,
Aline e Alison] pelo amor e amizade e por compreenderem a minha ausˆencia. Eu os amo
muito.
I would like to specially thank Mr. Michael Mowat for his company and friendship while
I was studing at the RSAA/ANU in Australia [Oz]. Canberra will forever be in my mind
and in my heart now. Thank you very much, Michael [BAA], for being with me during
all great and unforgettable moments in Oz. [LCBFF]. :)
Aos meus amigos de a, da minha Bahia: Luciana de Matos [minha irm˜a, minha grande
amiga, minha colega de profiss˜ao; sonhamos juntos], Iraildes Sales [amiga, corajosa, de-
terminada, inteligente — uma pequena grande not´avel], Dissinho, Leide, Marcio Santana
e Marcelo Santana. A Ozana Barreto, Paula ubia, Gal e Bel, quatro mulheres ex-
traordin´arias!
Aos meus amigos de a, da cidade que me fez olhar a vida por um outro prisma: Claudio
Melioli [meu grande amigo, desde o primeiro instante. Como esquecˆe-lo?] e Rhowena Jane
[eu quero uma casa no campus]. A Manuelle [Manu] e Eduardo [Edu] minhas lembran¸cas
di´arias da Bahia.
Aos Drs. Denise Gon¸calves, Isaura Fuentes e Ign´acio de la Rosa por momentos agrad´aveis
em Sampa e por v´arias discuss˜oes cient´ıficas, seja atrav´es de propostas de observao em
astrof´ısica, seja no Folhetim.
Aos meus colegas de Departamento: a Tatiana Lagan´a [unidos para destruir o exame
de qualifica¸ao ”com farinha”] e a ergio Scarano e amela Piovezan pelas discuss˜oes
cient´ıficas em torno dos dados GMOS@GEMINI.
A Professora Dra. Vera Aparecida Fernandes Martin, minha orientadora de IC por 3 anos
atrav´es do Programa PIBIC/CNPq. Muito obrigado por iniciar-me no mundo da ciˆencia
profissional.
Aos Drs. Paulo Poppe, Selma Rozane e Roc´ıo Melgarejo. Voes foram fundamentais em
momentos importantes da minha trajet´oria acadˆemica. Muito obrigado!
A Marco, Ulysses, Patr´ıcia e Luiz pelas v´arias ajudas e suporte nos momentos de pˆanico
com este admir´avel mundo novo da informa¸ao.
Ao pessoal da secretaria do Departamento de Astronomia, da secretaria de os-Gradua¸ao
e da gr´afica do IAG/USP: Marina, Concei¸ao, Rose, Andr´e, Marcel, L´elis e Lucimara.
Ao povo Brasileiro e ao povo do Mundo afora que atrav´es da Funda¸ao de Amparo `a
Pesquisa do Estado de ao Paulo [FAPESP], da Coordena¸ao de Aperfei¸coamento de
Pessoal de N´ıvel Superior [CAPES], do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvi-
mento Cient´ıfico e Tecnol´ogico [CNPq] e pelo Latin-American European Network for
Astrophysics [Alfa/LENAC] financiaram os meus estudos em n´ıvel de gradua¸ao e os-
gradua¸ao ao longo destes anos.
Muito obrigado aos cientistas e cidad˜aos comuns da Bahia [Feira de Santana], de ao Paulo
e do mundo que n˜ao est˜ao listados acima, mas que individualmente sabem o quanto con-
tribuiram para a minha forma¸ao, n˜ao apenas como cientista mas tamb´em como cidad˜ao
brasileiro e do mundo.
A Deus, t˜ao presente em minha vida, com o melhor de mim e com o que h´a de melhor no
outro.
—————————–
O presente trabalho de pesquisa fez uso das seguintes fontes, softwares e/ou banco de
dados em Astrof´ısica:
NASA’s Astrophysical Data System Bibliographic Services (ADS)
Very Large Telescope
Gemini North Observatory
2MASS - Two Micron All Sky Survey
IRAF, DAOSPEC, Skycat, DAOImage DS9, Supermongo, Latex 2
O senhor escute meu cora¸c~ao, pegue no meu pulso.
O senhor avista meus cabelos brancos...
Viver - n~ao ´e? - ´e muito perigoso.
Porque ainda n~ao se sabe. Porque aprender-a-viver ´e que ´e o viver, mesmo.
O sert˜ao me produz, depois me engoliu, depois me cuspiu do quente da boca...
O senhor cr^e minha narra¸c~ao?
Jos´e Guimar~aes Rosa (1908-1967) em Grande Sert˜ao: Veredas.
Sum´ario
Lista de Siglas e Abreviaturas xv
Grandezas F´ısicas Usadas xviii
Resumo xxi
Abstract xxiii
1 Introdu¸ao Geral 1
1.1 O sistema de aglomerados globulares da Gal´axia . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.1 Sobre a origem dos aglomerados globulares . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.2 Abundˆancias qu´ımicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1.3 Aglomerados globulares ricos em metais da Gal´axia: halo interno,
bojo ou disco espesso? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2 Escopo da tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2 Observoes e redu¸ao de dados 12
2.1 NGC 6553: amostra UVES@VLT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1.1 Fotometria e identifica¸ao das estrelas . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1.2 Espectroscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2 NGC 6553 : amostra FLAMES@VLT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.1 Espectroscopia e fotometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.2 Delimita¸ao da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
i
2.3 M71 GMOS@GEMINI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3.1 Fotometria e identifica¸ao das estrelas . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3.2 Espectroscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3.3 Redu¸ao de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3 NGC 6553: aglomerado globular tra¸cador do bojo da Gal´axia 40
3.1 Introdu¸ao — o bojo Gal´actico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2 Parˆametros estelares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2.1 Velocidades radiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2.2 Larguras equivalentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.3 Parˆametros atmosf´ericos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.3.1 Velocidade de microturbulˆencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.3.2 Temperaturas efetivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.3.3 As gravidades superficiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.3.4 Metalicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.3.5 Incertezas na metalicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.3.6 ETL versus ao-ETL para a amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e interpreta¸ao 63
3.4.1 S´ıntese espectral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.4.2 Lista de linhas e abundˆancia solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.4.3 Metalicidade: [Fe/H] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.4.4 Elementos α: [O/Fe], [Mg/Fe], [Si/Fe], [Ca/Fe], [Ti/Fe] . . . . . . . 74
3.4.5 Elementos Z-´ımpar: [Na/Fe], [Al/Fe] . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.4.6 Elementos do pico do ferro: [Mn/Fe], [Cu/Fe], [Zn/Fe] . . . . . . . 85
3.4.7 Elementos pesados: [Zr/Fe], [Ba/Fe], [La/Fe], [Eu/Fe] . . . . . . . . 92
3.4.8 Incertezas nas abundˆancias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados globu-
lares ricos em metais da Gal´axia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
ii
4 Espectro combinado de alta raz˜ao sinal-ru´ıdo de NGC 6553 104
4.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
4.2 Velocidades radiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.3 Espectro combinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.3.1 alculo das W
λ
e normaliza¸ao do cont´ınuo . . . . . . . . . . . . . 111
4.3.2 A raz˜ao sinal-ru´ıdo dos espectros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.4 Parˆametros atmosf´ericos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
4.5 S´ıntese espectral e resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
4.5.1 Elementos α . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
4.5.2 Elementos de Z-´ımpar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.5.3 Elementos pesados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
4.6 Incertezas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
4.7 Interpreta¸ao dos resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
5 Anomalias qu´ımicas em M71 131
5.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
5.2 An´alise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
5.2.1 Velocidades radiais observadas e heliocˆentricas . . . . . . . . . . . . 135
5.2.2 Temperaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
5.2.3 Gravidades superficiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5.2.4
´
Indices espectrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
5.3 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
5.3.1 CN e CH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
5.3.2
´
Indices de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
5.3.3 Ca4227 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
5.3.4 H
β
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
5.3.5 NaD e Al3953 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
iii
5.3.6 Fitting functions ou fun¸oes de ajuste . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
5.3.7 S´ıntese espectral de CN e CH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
5.4 Discuss˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
6 Conclus˜oes e perspectivas 166
6.1 Sinopse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
6.2 Perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
A S´ıntese espectral 171
A.1 Linhas atˆomicas e moleculares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
A.2 Modelos de atmosferas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
A.3 Opacidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
A.4 Constante de alargamento colisional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
A.5 Estrutura hiperfina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
B
´
Indices espectrais medidos 176
Referˆencias 183
iv
Lista de Figuras
2.1 Proje¸ao de Aittof em coordenadas gal´acticas (l,b) dos 150 aglomerados
globulares da Gal´axia catalogados em Harris (1996). C´ırculos cheios: aglo-
merados globulares pobres em metais com [Fe/H] < -1.00. C´ırculos abertos:
aglomerados globulares ricos em metais com [Fe/H] -1.00. Os aglomera-
dos globulares ricos em metais NGC 6553 [l = +5
.25; b = 3
.03], NGC
6838 (M71)[l = 56
.74; b = 4
.56], NGC 6528 [l = +1
.14; b = 4
.17] e
47 Tucanae [l = 305
.90; b = 44
.89] est˜ao identificados na figura. . . . . 13
2.2 Superior: Identifica¸ao das estrelas observadas no campo WFI de NGC
6553 UVES@VLT. Inferior: Mapa de identificao das observoes com a
grade de coordenadas equatoriais. Os eixos Norte, Sul, Leste e Oeste de
orienta¸ao do campo s˜ao mostrados nas imagens. . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Superior: espectros das estrelas de NGC 6553 UVES@VLT analisadas com
as suas respectivas velocidades radiais helioentricas deteminadas. Infe-
rior: diagrama cor-magnitude (V:V I) de NGC 6553 com fotometria de
Ortolani et al. (1995), mostrando os est´agios evolutivos das estrelas em
estudo (triˆangulos azuis). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4 (a) Diagrama [Fe/H]-v
r
para o n´umero total de estrelas (N 200, c´ırculos
abertos) e para as estrelas selecionadas da amostra (N = 22, c´ırculos fecha-
dos) com 0.25 [Fe/H] 0.05 e 15 v
h
r
+15 kms
1
. Os pain´eis
(b) e (c) apresentam, respectivamente, as distribui¸oes de [Fe/H] e v
r
para
o total de estrelas. (d) Mesmo que painel (a), numa escala ampliada. . . . 19
2.5 Mapas de identificao para a amostra M71 mostrando a parte superior
do campo original de 5’ x 5’ de arco. Os eixos vetoriais Norte e Leste em
cada mapa de identificao est˜ao, respectivamente, `a direita e no sentido
para cima nas figuras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
v
2.6 Mapas de identificao para a amostra M71 mostrando a parte inferior do
campo original de 5’ x 5’. Os eixos vetoriais Norte e Leste em cada mapa
de identificao est˜ao, respectivamente, `a direita e no sentido para cima
nas figuras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.7 Diagrama cor-magnitude (V,B-V)
0
de M71. (a): pontos pequenos: fotome-
tria de Cudworth (1985) e atualiza¸ao; pontos grandes: estrelas do pro-
grama; quadrados abertos: estrelas do programa identificadas em Geffert &
Maintz (2000). (b): apenas as estrelas com probabilidade P de pertinˆencia
80%. Os s´ımbolos ao como dados acima. Os parˆametros da is´ocrona
Yonsei-Yale ajustada aos dados est˜ao indicados na figura. . . . . . . . . . . 25
2.8 Imagem de calibra¸ao de bias nos trˆes diferentes CCDs adotada para cor-
rigir as imagens cient´ıficas (superior) e a estrela padr˜ao (inferior). . . . . . 32
2.9 (a): flat-field normalizado e (b): flat-field combinado, na ascara 2 do
programa observacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.10 Imagem cient´ıfica de M71 na ascara 2. Pode-se notar as separa¸oes ou
gaps entre os trˆes CCDs (linhas escuras verticais na imagem). Mais detalhes
ao explicados no corpo do texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.11 Exemplo de uma imagem de lˆampada usada para calibrar os espectros em
comprimento de onda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.12 Exemplo de uma imagem subtra´ıda de c´eu para uma das ascaras de
M71. Nota-se que a ainda alguns res´ıduos de c´eu, sobretudo as linhas
mais intensas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.13 Fun¸ao de sensibilidade obtida para a estrela EG 131 aplicada a todos os
espectros de M71. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.14 Exemplo de espectros calibrados em fluxo. Superior: espectro da estrela
padr˜ao EG 131. Inferior: espectro da estrela 484 (1-55, V = 14.26) obser-
vada com a ascara 2. Nota-se alguns ´ındices espectrais de interesse e os
gaps devido `a separa¸ao dos 3 CCDS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1 NGC 6553 267092 (a) Espectro observado. (b) Polinˆomio de Legendre
usado na normaliza¸ao do continuum. (c) Espectro dos res´ıduos. (d) Uma
pequena regi˜ao espectral (5852 λ 5864
˚
A) do espectro observado com
algumas linhas em absor¸ao identificadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
vi
3.2 Demonstra¸ao da obten¸ao da temperatura efetiva, gravidade superficial,
velocidade de microturbulˆencia e metalicidade para a estrela NGC6553
II-64 com dados obtidos por fotometria (esquerda) e por espectroscopia
(direita). Na figura, a constante a refere-se ao coeficiente angular do ajuste
linear aos dados. Alto: FeI vs. χ. Meio: FeI vs. W
λ
. Baixo: Fe I (c´ırculos)
e Fe II (quadrados) vs. W
λ
. As linhas tracejadas correspondem aos valores
m´edios encontrados usando somente as medidas dentro de 1σ do valor edio. 61
3.3 Ajustes de HFS para linhas de Mn no Sol e em Arcturus: espectro obser-
vado (linha olida); espectro sint´etico (linha pontilhada); espectro sint´etico
usando o loggf total de VALD para a linha 6016
˚
A (linha tracejada). . . . . 65
3.4 Diferentes valores de metalicidade encontrados na literatura para NGC
6553 atrav´es dos anos. Os quadrados abertos ao para os trabalhos real-
izados utilizando fotometria, enquanto que os quadrados fechados ao para
aqueles baseados em espectroscopia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.5 Espectro da estrela gigante II-85: compara¸ao entre o espectro estudado
em Barbuy et al. (1999b), obtido com telesc´opio de 3.6m e espectr´ografo
CASPEC de R 20000 (a) e o do presente estudo obtido com o VLT de
8.2m e espectr´ografo UVES de R55000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.6 Diagrama de diagn´ostico qu´ımico: varia¸ao da abundˆancia dos elementos-α
com a metalicidade com base na figura 1 de McWilliam (1997). . . . . . . . 75
3.7 Painel superior: S´ıntese espectral do tripleto de magn´esio em 6318.7
˚
A,
6319.2
˚
A, 6319.4
˚
A na estrela II-85, calculada com [Mg/Fe] = +0.27 (linha
pontilhada, melhor ajuste), [Mg/Fe] = +0.37 (linha curta tracejada) e
[Mg/Fe] = +0.17 (linha longa tracejada). Painel inferior: S´ıntese espec-
tral da linha de sil´ıcio 5948.548
˚
A na estrela II-85 calculada com [Si/Fe]
= +0.20 (linha pontilhada, melhor ajuste), [Si/Fe] = +0.30 (linha curta
tracejada) e [Si/Fe] = +0.10 (linha longa tracejada). . . . . . . . . . . . . . 78
3.8 Raz˜oes [Ca/Fe] em aglomerados globulares do bojo (c´ırculos fechados)
comparadas com estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) e estre-
las de campo do disco espesso (quadrados). Na nota¸ao espec´ıfica para
NGC6528, NGC6528:G1 corresponde a an´alise feita por Zoccali et al. (2004)
e NGC6528:G2 em Origlia et al. (2005a). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
vii
3.9 Padr˜ao de abundˆancia dos elementos α em NGC 6553: (i) edia para
4 estrelas deste trabalho e adotando oxigˆenio de Mel´endez et al. (2003)
(estrelas) e (ii) abundˆancias m´edias com base em 4 estrelas de Cohen et al.
(1999) (quadrados). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.10 Padr˜ao [α/Fe] de abundˆancias nas quatro estrelas de NGC 6553 (c´ırculos
fechados) comparado com as estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos)
de Lecureur et al. (2007) e em estrelas de campo do disco espesso (cruzes)
de Reddy et al. (2006). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.11 Painel superior: Raz˜ao [O/Fe] para gigantes do bojo (triˆangulos em ver-
melho), do disco espesso (c´ırculos cheios em azul), do disco fino (c´ırculos
abertos em verde) e do halo (estrelas). Painel inferior: Raz˜ao [(C+N)/Fe]
de abundˆancia para gigantes do bojo (triˆangulos em vermelho), do disco
espesso (c´ırculos cheios em azul), do disco fino (c´ırculos abertos em verde)
e do halo (estrelas). Barras t´ıpicas de erro s˜ao apresentadas na figura. . . . 84
3.12 [Mn/Fe] versus [Fe/H] para diferentes amostras de estrelas: (i) abundˆancia
m´edia para os aglomerados globulares ricos em metais neste trabalho e em
M71 com dados de Ram´ırez & Cohen (2002) (c´ırculos fechados). As barras
de erro correspondem `a dispers˜ao dos dados. (ii) Aglomerados abertos
analisados por Carretta et al. (2005) e Bragaglia et al. (2006) (c´ırculos
abertos). (iii) Estrelas de campo do disco com dados de Reddy et al. (2003,
2006) (cruzes). (iv) Gal´axia an˜a Sagittarius com dados de Bonifacio et
al. (2000) (pent´agonos) e McWilliam et al. (2003a,b) (quadrados), e (v)
estrelas de campo do bojo de McWilliam et al. (2003a,b) (triˆangulos). A
linha pontilhada na figura corresponde ao comportamento esperado para a
vizinhan¸ca solar, equanto que a linha cheia corresponde ao que se espera
para o bojo da Gal´axia. Ambas previs˜oes te´oricas foram fornecidas pela
Dra. Gabriele Cescutti. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.13 [Cu/Fe] versus [Fe/H]. Exceto para Sagittarius, cujas raz˜oes foram obtidas
por McWilliam et al. (2005), os s´ımbolos e referˆencias ao como dados na
figura 3.12. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
3.14 [Zn/Fe] em fun¸ao da metalicidade [Fe/H]. S´ımbolos e referˆencias ao como
dados na figura 3.12. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
viii
3.15 Raz˜oes m´edias de [O/Fe] (painel a) para NGC 6553, HP-1, NGC 6558,
47 Tucanae e NGC 6528 (c´ırculos fechados) comparadas ao padr˜ao de
abundˆancias qu´ımicas das estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos)
de Lecureur et al. (2007) e estrelas de campo do disco espesso (cruzes) de
Reddy et al. (2006) com base em linhas de alto potencial de excita¸ao OI
em 7771
˚
A. As raz˜oes [Mg/Fe], [Na/Fe] e [Al/Fe] ao apresentadas nos
pain´eis (b), (c) e (d), respectivamente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
3.16 Raz˜oes edias de [Ba/Fe] (painel a), [Eu/Fe] (painel b) e [Ba/Eu] (painel
c) para NGC 6553, HP-1, NGC 6558, 47 Tucanae e NGC 6528 (c´ırculos
fechados) comparadas ao padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas das estrelas de
campo do disco espesso (cruzes) de Reddy et al. (2006). No painel c a linha
cheia marca a raz˜ao [Ba/Eu] = 0.70, onde a contribui¸ao na produ¸ao
dos elementos pesados seria apenas pelo processo r. . . . . . . . . . . . . . 101
4.1 Histograma mostrando a distribui¸ao das velocidades radiais observadas
nas 22 estrelas selecionadas de NGC 6553@FLAMES nas 3 redes de difra¸ao:
HR11 (linha cheia em azul), HR13 (regi˜ao sombreada, linha pontilhada em
verde) e HR15 (linha tracejada em vermelho). . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.2 Compara¸ao entre os espectros individuais (linha cheia) e o espectro com-
binado (linha pontilhada) de NGC 6553 FLAMES@VLT. As temperaturas
efetivas das estrelas individuais crescem na figura do painel (a)-(e) variando
de 4350 T
eff
4900 K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
4.3 Espectro combinado nas trˆes diferentes redes usadas: (a) HR11, (b) HR13 e
(c) HR15. No painel (d) apresentamos uma por¸ao do espectro combinado
da ordem HR13 na regi˜ao [OI] 6300
˚
A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.4 Espectro combinado e normalizado de NGC 6553 na ordem HR13, com
linhas atˆomicas (superior) e moleculares (inferior) identificadas na regi˜ao.
O espectro equivale a cerca de 22 horas de observao no VLT. . . . . . . . 118
4.5 Determina¸ao dos parˆametros atmosf´ericos espectrosc´opicos usando o Abonj:
(a) [FeI/H] vs χ; (b) [FeI/H] vs W
λ
; (c) [FeII/H] vs χ e (d) [FeII/H] vs W
λ
. 120
4.6 S´ıntese espectral do magn´esio. (a): Linha de MgI 5711.080
˚
A. (b): Regi˜ao
sintetizada do tripleto de magn´esio. Os valores e s´ımbolos ao explicados
na figura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
ix
4.7 Espectro combinado (linha cheia) e espectro sint´etico (linha pontilhada)
para linhas de SiI, CaI e NaI, cujos comprimentos de onda e valores de
abundˆancias obtidos s˜ao apresentados na figura. . . . . . . . . . . . . . . . 122
4.8 Exemplo da s´ıntese espectral (linha pontilhada) para a linha Ti I 6336
˚
A comparada ao espectro combinado (linha cheia). Obtivemos para esta
linha uma sobreabundˆancia [Ti/Fe] = +0.38. A linha mais grossa no canto
esquerdo inferior da figura marca a presen¸ca de linhas moleculares no espectro.123
4.9 Exemplo de s´ıntese espectral para a linha de BaII 6141.700
˚
A, da qual
obtemos [Ba/Fe] = 0.38. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
4.10 Padr˜ao de abundˆancias de NGC 6553 obtido com espectros individuais
UVES@VLT (triˆangulos) e no espectro combinado com espectros FLAMES@VLT
(c´ırculos). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
4.11 [O/Mg] em fun¸ao da metalicidade para NGC 6553 e para aglomerados
globulares pobres e ricos em metais estudados em nosso Grupo de Pesquisa
(c´ırculos cheios) e em estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) de
Lecureur et al. (2007). Barras de erro t´ıpicas ao apresentadas na figura. . 128
4.12 [Na/O] em fun¸ao da raz˜ao [Fe/H] para NGC 6553 e para aglomerados
globulares pobres e ricos em metais estudados em nosso Grupo de Pesquisa
(c´ırculos cheios) e em estrelas de campo (c´ırculos abertos) de Lecureur et
al. (2007). As barras de erro t´ıpicas s˜ao apresentadas na figura. . . . . . . 129
4.13 Compara¸ao entre os espectros observados combinados de NGC 6553 (linha
cheia) e para o campo Blanco -6
(linha pontilhada) na regi˜ao 6350-6370
˚
A. 130
5.1 Rea¸oes nucleares envolvidas no ciclo CNO. Figura apresentada em Arnould
et al. (1999). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
5.2 Rea¸oes nucleares envolvidas nos ciclos Ne:Na e Mg:Al. Figura apresentada
em Arnould et al. (1999). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
5.3 Distribui¸ao das velocidades radiais heliocˆentricas de M71 obtidas atrav´es
do m´etodo de correla¸ao cruzada de Fourier. . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
5.4 Calibra¸oes de temperatura para estrelas gigantes (Alonso et al. 1999, 2001,
c´ırculos e quadrados) e para estrelas an˜as (Alonso et al. 1996, triˆangulos)
entre 0 (B-V)
o
1.5 e [Fe/H] = 0.73. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
x
5.5 Painel superior: espectro de M71 com ´ındices identificados. Painel in-
ferior: demonstra¸ao de como ´e feito o alculo de um ´ındice espectral
usando o ´ındice de H
β
para um dos espectros de M71. A banda central
(regi˜ao sombreada em verde com linhas horizontais) e os pseudo-cont´ınuos
no azul (regi˜ao sombreada em azul com linhas inclinadas) e no vermelho
(regi˜ao sombreada em vermelho com linhas inclinadas) ao apresentados. O
fluxo m´edio em cada pseudo-cont´ınuo ´e usado para linearmente interpolar
o pseudo-cont´ınuo atrav´es da banda central. O ´ındice ´e calculado atrav´es
da raz˜ao de fluxos no cont´ınuo (F
c
) e na banda central (F
ind
) integrados
entre λ
1
e λ
2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
5.6 (a): CN
1
versus magnitude V e (b) CN
1
versus (B-V)
0
para a amostra de
M71, destacando o locus CN-forte (c´ırculos cheios) e CN-fraco (c´ırculos
abertos). As barras de erro correspondem ao desvio padr˜ao das medidas. . 148
5.7 Diagrama cor-magnitude (V,B-V) de M71 mostrando o grupo CN-forte
(estrelas) e CN-fraco (c´ırculos cheios). As estrelas an˜as e subgigantes apre-
sentadas (quadrados cheios) ao permitem qualifica¸ao de grupo com base
em suas respectivas intensidades de CN. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
5.8
´
Indice CN
1
em fun¸ao da gravidade superficial. V´e-se que, em decorrˆencia
da baixa raz˜ao S/N, as estrelas com V > 15.5 (logg 2.4) ao apresen-
tam uma clara separa¸ao CN-forte:CN-fraco. As barras de erro ao como
discutidas no texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
5.9 Banda G4300 em fun¸ao da magnitude, onde os grupos CN-forte (c´ırculos
cheios) e CN-fraco (c´ırculos abertos) est˜ao apresentados separadamente.
As barras de erro ao como discutidas no texto. . . . . . . . . . . . . . . . 151
5.10 Estrelas 390 (linha cheia, CN-forte) e 399 (linha pontilhada, CN-fraco) de
M71 mostrando a regi˜ao das bandas moleculares de CN e CH. . . . . . . . 152
5.11 Painel superior: ´ındice Mg
2
versus CN
1
. Painel inferior: ´ındice Mg
2
versus
T
eff
. As barras de erro s˜ao como discutidas no texto. . . . . . . . . . . . . 153
5.12
´
Indice de Ca4227 como uma fun¸ao da tempertaura efetiva. As barras de
erro s˜ao como discutidas no texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
5.13 Painel superior: Ca4227 versus <Fe>, com Fe = (Fe4383 + Fe5270 +
Fe5335 + Fe5406)/4. Painel inferior: Ca4227 versus Mg
2
. As barras de
erro s˜ao como discutidas no texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
xi
5.14 (a):
´
Indice H
β
em fun¸ao da magnitude V e (b): H
β
versus T
eff
. As barras
de erro s˜ao como discutidas no texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
5.15 Painel superior: NaD versus CN
1
. Painel inferior: Al3953 versus CN
1
. As
barras de erro apresentadas nas figuras ao como explicadas ao longo do
texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
5.16 Painel superior: Al3953 versus NaD. Painel inferior: Mg
2
versus Al3953.
As barras de erro apresentadas nas figuras ao como explicadas no texto. . 159
5.17 Espectro observado (linha pontilhada) e espectro sint´etico (linha olida)
na regi˜ao das bandas moleculares de CN e CH. Superior: Estrela 390
(CN-forte): (T
eff
, logg, v
t
) = (4434 K, 1.54, 1.5 kms
1
) com alculo para
[C/Fe]=0.0 e [N/Fe]=+1.0; Inferior: Estrela 399 (CN-fraco): (4419 K, 1.8,
1.5 kms
1
) com c´alculo realizado para [C/Fe]=0.0 e [N/Fe]=+0.50. . . . . 162
xii
Lista de Tabelas
2.1 Jornal das observoes NGC 6553 UVES@VLT. . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2 Jornal das observoes NGC 6553 FLAMES@VLT. . . . . . . . . . . . . . 20
2.3 Estrelas do programa M71 GMOS@GEMINI: identifica¸ao das estrelas (1,
como dada nas ascaras GMOS e em Cudworth (1985)), coordenadas equa-
toriais (2)-(3), velocidade radial [km/s] (4), probabilidade P de pertinˆencia
(5, como dada em Cudworth (1985) e em comunicao privada de 2006),
magnitude V (6), cores (7)-(8). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4 Descri¸ao dos dados M71 GEMINI-GMOS, sob Projeto GN2002B-Q42. . . 31
3.1 Larguras equivalentes medidas e respectivas incertezas: W
λ
± σ
W
λ
[m
˚
A].
Os valores de loggf adotados na coluna (4) ao do NIST (Martin et al.
2002; Fuhr & Wiese 2006)para as linhas de Fe I e de Mel´endez & Barbuy
(2008) para as linhas de Fe II. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.2 Temperaturas fotom´etricas T
eff
derivadas usando V I, V K e J K com
base nas rela¸oes de AAM99. Abaixo, (V I)
C
0
e (V I)
J
0
faz referˆencia
`as cores a corrigidas da extin¸ao interestelar nos sistemas fotom´etricos
Johnson e Cousins, respectivamente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.3 Parˆametros estelares e atmosf´ericos finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.4 Lista de linhas atˆomicas usada para a s´ıntese espectral: (1) esp´ecie atˆomica,
(2) comprimento de onda, (3) potencial de excita¸ao, (4) constante de
amortecimento C6 e (5) loggf. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.5 HFS para linhas de Mn I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.6 HFS para linhas de Cu I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.7 Compara¸ao das W
λ
das linhas de FeI usadas neste trabalho em comum
com o trabalho de Barbuy et al. (1999b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
xiii
3.8 Compara¸ao dos valores de abundˆancia solar e raz˜oes de abundˆancia obti-
das para NGC 6553 entre o presente trabalho e Cohen et al. (1999). . . . . 79
3.9 Raz˜oes de abundˆancia m´edia para Mn, Cu, e Zn para estrelas em NGC
6553, 47 Tuc e NGC 6528. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
3.10 Abundˆancias m´edias obtidas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
3.11 Erros estimados sobre as abundˆancias variando ∆T
eff
= ±100 K, ∆log g
= ±+0.3 e ∆v
t
= ±0.2 km s
1
. O erro total ´e dado na ´ultima coluna. . . . 97
3.12 Raz˜oes m´edias de abundˆancias nos aglomerados globulares ricos em metais
analisados pelo Grupo de Popula¸oes Estelares do IAG/USP. . . . . . . . . 98
4.1 Velocidades radiais observadas em cada rede de difra¸ao com respectivas
FWHM [p´ıxel] calculadas. A velocidade radial heliocˆentrica ´e dada na
´ultima coluna. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.2 Parˆametros atmosf´ericos para as 22 estrelas individuais de NGC 6553 . . . 109
4.3 Lista de linhas e larguras equivalentes medidas com respectivas incertezas. 112
5.1 Magnitude, cores e parˆametros atmosf´ericos para as estrelas do programa:
identifica¸ao das estrelas (1, como dado em Cudworth (1985)), coordenadas
das estrelas J2000 (2)-(3), magnitude V (4), cores das estrelas (5)-(6), mag-
nitude bolom´etrica (7), gravidades superficiais [dex] (8) e temperaturas [K]
(9). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5.2 Defini¸ao dos ´ındices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
5.3 Compila¸ao dos valores de metalicidade para M71 . . . . . . . . . . . . . . 161
B.1
´
Indices espectrais medidos e respectivas incertezas associadas. . . . . . . . 176
B.2
´
Indices espectrais medidos e respectivas incertezas associadas. . . . . . . . 179
B.3
´
Indices espectrais medidos e respectivas incertezas associadas. . . . . . . . 181
xiv
Lista de Siglas e Abreviaturas
2MASS Two Micron All Sky Survey
AAM99 Alonso et al. 1999, 2001
AGB Asymptotic Giant Branch
BSS Blue Stragglers
CCD Charge Coupled Device
CDM Cold Dark Matter
CIT California Institute of Technology
DAOSPEC Dunlop Astrophysical Observatory Spectroscopy
DCM Diagrama Cor-Magnitude
DN Data Number
ELS62 Eggen, Lynden-Bell & Sandage (1962)
ELT Extremely Large Telescope
ESO European Southern Observatory
ETL Equil´ıbrio Termodin^amico Local
FITS Flexible Image Transport System
FWHM Full Width at Half Maximum
FLAMES Fibre Large Array Multi Element Spectrograph
FORS2 FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph
FORTRAN FORmula TRANslation
GLIMPSE Galactic Legacy Infrared Mid-Plane Survey Extraordinaire
GMOS Gemini Multi-Object Spectrograph
xv
HB Horizontal Branch
HFS Hyperfine Structure
HST Hubble Space Telescope
HR Hertzsprung-Russell
IMF Initial Mass Function
IRAF Image Reduction Analysis Facility
MACHO Massive Compact Halo Objects
MARCS Model Atmosphere in a Radiative Convective Scheme
MDF Metallicity Distribution Function
MIDAS Munich Image Data Analysis Systems
MFIV etodo do Fluxo do Infravermelho
MS Main Sequence
NIST National Institute of Standards & Technology
RGB Red Giant Branch
SDSS Sloan Digital Sky Survey
SFR Star Formation Rate
SNs Supernovas
SSP Simple Stellar Populations
SGB Subgiant Branch
SZ78 Searle & Zinn (1978)
TCS Telesc´opio Carlos S´anchez
UT Universal Time
UVES Ultraviolet Visual Echelle Spectrograph
VALD Vienna Atomic Line Database
VLT Very Large Telescope
WFI Wide-Field Imager
WMAP Wilkinson Microwave Anisotropy Probe
xvi
WCS World Coodinate System
W
λ
Largura(s) Equivalente(s)
xvii
Grandezas F´ısicas Usadas
Nesta se¸ao algumas das vari´aveis usadas na tese, bem como suas respectivas unidades
(`as vezes dadas no Sistema Internacional e outras vezes no sistema CGS), ao listadas.
Para mais detalhes recomenda-se ao leitor uma busca na literatura cient´ıfica especializada.
1. Quantidades Cinem´aticas, Espaciais, Temporais, Dinˆamicas e Adimension-
ais:
α
J2000
,δ
J2000
: coordenadas equatoriais [hora,minuto,segundo].
l,b: coordenadas gal´acticas [grau]. 1grau = 3600 de arco.
h: altura [m]
v
r
: velocidade radial observada [kms
1
].
v
h
r
: velocidade radial helioc^entrica [kms
1
].
z: redshift (z > 0) ou blueshift (z <0).
c: velocidade da luz. c = 2.99792458 x 10
5
kms
1
.
(m-M)
V
: odulo de dist^ancia.
t
ql
: tempo de queda livre.
t
din
: tempo din^amico.
R
gal
: raio galactoc^entrico [kpc]. 1pc = 3.086 × 10
13
km.
UA: unidade astron^omica. 1UA = 1.496×10
11
m.
X, Y, Z: coordenadas gal´acticas retangulares [kpc].
c: par^ametro de concentra¸c~ao de um aglomerado globular.
xviii
r
h
: raio de meia massa. [arcmin]
R: poder resolutor. R = λ/λ.
2. Quantidades Fotom´etricas:
B,V: magnitudes ´opticas nas bandas B e V.
J, H, K
S
: bandas J,H,K
S
2MASS no infravermelho.
(B-V)
o
: cor intr´ınseca.
E(B-V)
o
: extin¸c~ao interestelar.
BC: corre¸c~ao bolom´etrica.
M
V
: magnitude visual da estrela.
M
bol,
: magnitude bolom´etrica do Sol. M
bol,
= 4.75.
M
bol
: magnitude bolom´etrica da estrela.
L
: luminosidade do Sol. L
= 3.8515 x 10
26
Js
1
.
L: luminosidade da estrela.
F
λ
: fluxo de uma estrela.
F
c
: fluxo definido pelo pseudo-cont´ınuo.
3. Quantidades F´ısicas Estelares:
logg : gravidade superficial g [cms
2
] parametrizada [dex].
logg
: gravidade superficial do Sol [dex]. logg
= 4.44 dex.
v
t
: velocidade de microturbul^encia [kms
1
].
M
: massa do Sol [SI,CGS]. 1M
= 1.99 × 10
30
kg.
M: massa da estrela [SI,CGS].
T
eff
: temperatura efetiva da estrela [K].
xix
T
eff,
: temperatura efetiva do Sol [K]. T
eff,
= 5800K.
θ: inverso da temperatura efetiva. θ = 5040/T
eff
.
W
λ
: largura(s) equivalente(s) [m
˚
A]. 1
˚
A = 10
10
m.
4. Quantidades Atˆomicas e Moleculares:
λ: comprimento de onda da radia¸c~ao eletromagn´etica [
˚
A].
χ: potencial de excita¸c~ao de uma transi¸c~ao at^omica-molecular [eV].
loggf: for¸ca de oscilador.
C6: constante de amortecimento.
A: massa at^omica.
Z: n´umero at^omico.
5. Quantidades Estat´ısticas:
P: probabilidade P de pertin^encia das estrelas individuais de um aglomerado.
S/N: raz~ao sinal-ru´ıdo dos espectros [pixel
1
].
N: n´umero total de uma certa medida.
σ: desvio padr~ao das medidas.
σ
w
λ
: incerteza sobre as larguras equivalentes.
xx
Resumo
Aglomerados globulares ricos em metais desenvolvem papel fundamental como tra¸cadores
do hist´orico de forma¸ao estelar e enriquecimento qu´ımico da Gal´axia. Abundˆancias
qu´ımicas de elementos chave nestes objetos nos permite inferir sobre as escalas de tempo
de forma¸ao do disco espesso e do bojo onde muito deles s˜ao encontrados.
O objetivo do presente trabalho ´e determinar a metalicidade ([Fe/H]) e raz˜oes elementais
de abundˆancias (elementos α, Z-´ımpar, pico do ferro, processos s e r) em estrelas indivi-
duais de NGC 6553, aglomerado globular rico em metais do bojo da Gal´axia, elementos
do pico do ferro (Mn, Cu e Zn) em NGC 6528 e 47 Tucanae, al´em de ´ındices espectrais
(CN, CH, Na, Fe, Mg e Al) de 89 estrelas em M71, aglomerado globular considerado
referˆencia no estudo de popula¸oes ricas em metais. Nossos resultados trazem v´ınculos
observacionais importantes sobre o hist´orico de forma¸ao estelar e enriquecimento qu´ımico
no regime de mais alta metalicidade de nossa Gal´axia, al´em de ajudar a entender a origem
nucleossint´etica dos v´arios elementos estudados.
Os espectros ´opticos de estrelas gigantes de NGC 6553, NGC 6528 e 47 Tucanae foram
obtidos atrav´es dos espectr´ografos UVES e FLAMES do Very Large Telescope. A an´alise
destes espectros baseia-se nos modelos MARCS de atmosferas estelares usando um con-
junto de parˆametros estelares obtidos por fotometria e por espectroscopia. As abundˆancias
qu´ımicas foram obtidas por s´ıntese espectral de linhas individuais. No que tange M71,
foram observadas estrelas do Turn-off ao topo do Ramo das Gigantes (0.87 < log g <
4.65) do aglomerado, usando o espectr´ografo multi-objeto GMOS do Observat´orio Gem-
ini Norte. Foram obtidas velocidades radiais, cores, temperaturas efetivas, gravidades
superficiais e ´ındices espectrais para a amostra.
Obtivemos metalicidade [Fe/H]= 0.20 para NGC 6553, al´em de sobreabundˆancia nos
elementos α de Mg e Si ([Mg/Fe]=+0.28, [Si/Fe]=+0.21), abundˆancia solar de Ca e
Ti ([Ca/Fe]=+0.05, [Ti/Fe]=0.01) e sobreabundˆancia moderada para o elemento Eu
do processo r, com [Eu/Fe] = +0.10. Os elementos do pico do ferro nas amostras de
NGC 6553, NGC 6528 e 47 Tucanae apresentam valores m´edios de 0.44 [Mn/Fe]
0.35, 0.10 [Cu/Fe] +0.00 e 0.05 [Zn/Fe] +0.18. Apresentamos ainda
xxi
um espectro de alt´ıssima raz˜ao S/N e alta resolu¸ao de NGC 6553 que foi combinado
a partir de 22 espectros de estrelas gigantes do aglomerado. Confirmamos resultados
anteriores no que concerne a bimodalidade de CN e anticorrela¸ao CN-CH em estrelas
de M71. Encontramos uma correla¸ao CN-Na e Al-Na, al´em de uma anticorrela¸ao Mg-
Al. Fizemos uma compara¸ao de nossos resultados de abundˆancias com os dispon´ıveis
na literatura, ao apenas para estrelas de aglomerados globulares ricos em metais, mas
tamb´em para estrelas de campo.
As raz˜oes elementais de abundˆancias em NGC 6553 parecem muito similar `as raz˜oes
elementais de NGC 6528. O padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas de NGC 6553 fortalece a
id´eia de que este aglomerado pertence de fato ao bojo da Gal´axia e pode ainda indicar um
hist´orico apido de evolu¸ao qu´ımica no bojo da Gal´axia dominado por SNs do Tipo II.
No caso de M71, uma combina¸ao do mixing convectivo e polui¸ao primordial por estrelas
AGBs ou massivas nos est´agios iniciais do aglomerado ao requisitados para explicar as
observoes. Encontramos evidˆencias de que os aglomerados globulares ricos em metais
foram formados a partir de um material pr´e-enriquecido em metais.
xxii
Abstract
Metal-rich globular clusters play an important role as tracers of the history of star forma-
tion and chemical enrichment of the Galaxy. Abundances of key elements in these objects
allow us to constrain the formation timescale of the Galactic thick disk and bulge, where
many of them are found.
The purpose of this study is to determine the metallicity ([Fe/H]) and elemental ratios
(α-, odd-Z, iron-peak, s- and r-process elements) in individual stars of the metal-rich bulge
globular cluster NGC 6553, the iron peak-elements (Mn, Cu and Zn) in NGC 6528 and
47 Tucanae, as well as CN, CH, Na, Fe, Mg and Al indices in spectra of 89 stars of the
template metal-rich globular cluster M71. Our results will draw important information
about the star formation and chemical enrichment of our Galaxy in the highest metallicity
regime, besides constraining the nucleosynthetic origin of all elements studied.
Optical spectra of giant stars in NGC 6553, NGC 6528 and 47 Tucanae are recorded by
using the high-resolution UVES and FLAMES spectrographs on the Very Large Tele-
scope. The analysis is based upon one-dimension, MARCS’s local thermal equilibrium
(LTE) model atmospheres using a set of photometric and spectroscopic stellar parameters.
The chemical abundances are derived by spectral synthesis of individual lines. Concern-
ing M71, stars from the Turn-off up to the Red Giant Branch (0.87 < log g < 4.65)
observed with the GMOS multi-object spectrograph at the Gemini-North telescope are
analyzed. Radial velocities, colours, effective temperatures, gravities and spectral indices
are determined for the sample.
A metallicity [Fe/H]= 0.20 dex is derived for NGC 6553, together with α-element en-
hancement of Mg and Si ([Mg/Fe]=+0.28, [Si/Fe]=+0.21), solar Ca and Ti ([Ca/Fe]=+0.05,
[Ti/Fe]=0.01), and a mild enhancement of the r-process element Eu with [Eu/Fe] =
+0.10. The sample stars of three metal-rich globular clusters (NGC 6553, NGC 6528 and
47 Tucanae) show mean values of 0.44 [Mn/Fe] 0.35, 0.10 [Cu/Fe] +0.00,
and 0.05 [Zn/Fe] +0.18. We present a very high S/N and high-resolution com-
posite spectrum of NGC 6553 by coadding 22 spectra of red giant stars in this cluster.
Previous findings related to the CN bimodality and CN-CH anticorrelation in stars of
xxiii
M71 are confirmed. We also find a CN-Na correlation, and Al-Na, as well as a Mg
2
-Al
anticorrelation. A comparison of our abundances with those available in the literature
not only for stars in metal-rich globular clusters but also for field stars is done.
NGC 6553 appears to be very similar in its element abundance ratios to NGC 6528. The
chemical abundance pattern of NGC 6553 supports the idea that this cluster belongs to
the Galactic bulge and might indicate a rapid chemical evolution history dominated by
Type II Supernovae in the Galactic bulge. A combination of convective mixing and a
primordial pollution by AGB or massive stars in the early stages of the globular cluster
formation is required to explain the M71 observations. We find evidence that the metal-
rich globular clusters were formed from a pre-enrichment material.
xxiv
Cap´ıtulo 1
Introdu¸ao Geral
Desde o trabalho cl´assico do astrˆonomo E. Hubble sobre a sistematiza¸ao de 400 nebulosas
extragal´acticas (Hubble 1926), tentar entender como as gal´axias se formam tem sido uma
das quest˜oes fundamentais da astrof´ısica e, neste s´eculo XXI, da cosmologia observacional.
Embora a nossa compreens˜ao geral sobre a forma¸ao das gal´axias no universo tenha ex-
perimentado avan¸cos significativos nos ´ultimos anos, devido principalmente `a constru¸ao
de grandes telesc´opios (8-10 metros) e ao desenvolvimento de novas t´ecnicas de detec¸ao
e an´alise de dados observacionais, n˜ao h´a ainda um modelo ´unico capaz de descrever, em
detalhes, como se deu a forma¸ao e evolu¸ao das gal´axias.
Neste sentido, a astrof´ısica contemporˆanea tem procurado interpretar resultados obser-
vacionais `a luz da teoria f´ısica para compreender a forma¸ao e as interconex˜oes entre as
principais componentes gal´acticas. Para a gal´axia melhor estudada a nossa pr´opria,
a Via actea—, seguindo o conceito de popula¸oes estelares de Baade (1944), isso tem
sido implementado atrav´es da determina¸ao da idade e das propriedades cinem´aticas,
dinˆamicas e qu´ımicas das popula¸oes estelares de suas quatro sub-estruturas: o halo, o
bojo e os discos fino e espesso (Majewski 1993; Freeman & Bland-Hawthorn 2002, para
uma revis˜ao).
Ao buscar responder algumas das muitas perguntas asicas sobre o que determina a
taxonomia (tipos), a morfologia, o ambiente e a evolu¸ao das gal´axias, al´em de como se
deu a distribui¸ao e a forma¸ao das estrelas e por que as estrelas tendem a concentrar-se
em aglomerados, Eggen et al. (1962, ELS62) e Searle & Zinn (1978, SZ78) propuseram os
modelos cl´assicos mais discutidos na literatura sobre a forma¸ao da Gal´axia.
No modelo do colapso monol´ıtico de ELS62 a forma¸ao da Gal´axia de deu de forma apida
e ordenada, com o tempo de colapso da nuvem protogal´actica (M 10
8
M
) da ordem do
2
tempo de queda-livre
1
. Neste cen´ario, durante o colapso apido, as condensa¸oes origina-
das e a energia irradiada do as quente (processo dissipativo) foram suficientes para gerar
os aglomerados globulares e as estrelas pobres em metais do halo da Gal´axia. O modelo
de ELS62 foi proposto a partir das observoes de 221 estrelas an˜as de campo do halo.
Eles notaram que o aumento do excesso de cor no ultravioleta das estrelas, interpretado
como a assinatura para baixas abundˆancias met´alicas, era acompanhado por um aumento
na energia, ou seja, na excentricidade da ´orbita destas estrelas e por uma diminui¸ao no
momento angular orbital. No cen´ario ELS62, a escala de tempo para transformar o as da
nuvem em estrelas e o momento angular da nuvem protogal´actica ao os dois parˆametros
principais que controlam a morfologia da gal´axia resultante (Lynden-Bell 1967). Segundo
ELS62, no regime de alto momento angular, se a escala de tempo de transforma¸ao do
as em estrelas for superior a escala de tempo dinˆamico (t
din
> 10
8
anos) da nuvem, as
gal´axias resultantes ser˜ao preferencialmente tipo disco e processos dissipativos continuar˜ao
aquecendo o disco para formar outras gera¸oes de estrelas. Por outro lado, se a forma¸ao
da gal´axia for acompanhada por uma baixa taxa de momento angular em escalas de tempo
inferiores `a escala de tempo dinˆamico, necessariamente as gal´axias resultantes do processo
ser˜ao do tipo esferoidais. Numa interpreta¸ao deste cen´ario, as estrelas de gal´axias early
type formam-se muito cedo, a redshift z 2, o que corresponde a uma idade do universo de
cerca de 1.3 bilh˜oes de anos, sendo que as estruturas mais massivas formam-se primeiro.
Do ponto de vista das abundˆancias qu´ımicas, espera-se no cen´ario ELS62 que os sistemas
estelares de uma gal´axia apresentem, por exemplo, excesso de elementos α e um gradiente
de abundˆancias.
Todavia, ao analisarem uma amostra de 177 gigantes vermelhas de 19 aglomerados glo-
bulares do halo da Via-L´actea, Searle & Zinn (1978) conclu´ıram ao existir quaisquer
gradientes de abundˆancias no halo da Gal´axia, o que era inconsistente com o cen´ario do
colapso apido e ordenado de ELS62. SZ78 relataram ainda a existˆencia de uma dis-
crepˆancia idade-metalicidade nos aglomerados globulares. Desta forma, como alternativa,
SZ78 sugeriram que a forma¸ao do halo deu-se por fragmenta¸ao da nuvem protogal´actica,
onde cada fragmento individualmente poderia dar origem a outros objetos num tempo
superior `aquele do modelo de ELS62. A inexistˆencia de gradientes qu´ımicos mais as dis-
crepˆancias na rela¸ao idade-metalicidade nos objetos estudados explicariam a forma¸ao
da Gal´axia num processo lento e ca´otico pelo acr´escimo hier´arquico destes fragmentos da
nuvem primordial.
1
Fisicamente, o tempo de queda-livre (t
ql
10
8
anos) est´a associado ao intervalo
de tempo necess´ario para que aconte¸ca o colapso de um sistema sem a contribui¸c~ao da
press~ao de radia¸c~ao, sendo inversamente proporcional `a raiz quadrada do umero de
part´ıculas que comp~oem o sistema ısico.
3
Do ponto de vista observacional o modelo SZ78 ganhou ´ımpeto com a descoberta da
gal´axia an˜a esferoidal Sagittarius no centro da nossa Gal´axia (Ibata et al. 1994). Dentro
das id´eias apresentadas por SZ78, a intera¸ao (merging) observada entre a Via-L´actea e
a gal´axia an˜a Sagittarius, bem como seu pr´oprio sistema de aglomerados globulares
Terzan 7, Terzan 8, Arp 2 e M54—, ´e um ind´ıcio de que a gal´axia an˜a Sagittarius pode
ter sido formada a partir de um dos fragmentos da nuvem primordial que deu origem `a
Gal´axia.
No final do s´eculo XX, devido principalmente ao surgimento dos primeiros modelos de
forma¸ao de estruturas no universo com a inclus˜ao da mat´eria escura fria (CDM, Cold
Dark Matter) e da observao de gal´axias em altos redshifts, os cen´arios cl´assicos de
forma¸ao de gal´axias passaram a ser desafiados. Muitas das propriedades gal´acticas des-
critas com os novos modelos semi-anal´ıticos (por exemplo, White & Rees 1978; White &
Frenk 1991; Kauffmann et al. 1993) bem como observadas nos grandes surveys de gal´axias
(por exemplo, The Hubble Deep Field) ao podem mais ser explicadas apenas no contexto
dos modelos cl´assicos.
Sendo assim, no cen´ario hier´arquico as gal´axias early-type ao formadas a partir de eventos
de fus˜ao (mergings) ou acres¸ao de pequenas estruturas numa escala de tempo da ordem da
idade do universo. Neste cen´ario as primeiras estruturas a se formar ao os halos de baixa
massa, constitu´ıdos basicamente de mat´eria escura dinamicamente fria tipo de mat´eria
que n˜ao absorve nem emite radia¸ao e que ´e constitu´ıda por part´ıculas n˜ao-relativ´ısticas
(v << c)—, e de arions (pr´otons e nˆeutrons). Neste cen´ario, a morfologia da gal´axia
resultante ser´a ent˜ao determinada pelo nu ´mero de eventos de fus˜ao/acres¸ao ocorrendo
nos halos de mat´eria escura: um ou mais eventos de fus˜ao de halos de mat´eria escura
resultar˜ao na forma¸ao de gal´axias esferoidais em seu centro; os halos mais massivos de
mat´eria escura ir˜ao gerar as gal´axias el´ıpticas gigantes, enquanto que as gal´axias tipo disco
ser˜ao formadas a partir de processos mais lentos de fus˜ao onde o as da intera¸ao ter´a
tempo de se resfriar e se condensar no disco. As observoes atuais da fus˜ao da gal´axia
Antennae (Whitmore & Schweizer 1995) e da acres¸ao da gal´axia an˜a esferoidal Sagittarius
pela Via-L´actea (Ibata et al. 1994) ao evidˆencias observacionais em favor do cen´ario
hier´arquico de forma¸ao das gal´axias. No entanto, embora constitua o paradigma atual
mais aceito para explicar a forma¸ao das gal´axias, o modelo hier´arquico ainda enfrenta
problemas em explicar o alto n´umero de gal´axias sat´elites previstas para as gal´axias tipo
disco, a observao de um grande n´umero de gal´axias massivas em redshifts 1 z 3,
bem como a alta taxa de momento angular prevista para as gal´axias espirais e, do ponto
de vista qu´ımico, a baixa raz˜ao [α/Fe] prevista para gal´axias el´ıpticas massivas.
Simula¸oes num´ericas (por exemplo, Moore et al. 1999) auxiliadas pelos resultados re-
1.1 O sistema de aglomerados globulares da Gal´axia 4
centes da cosmologia, sugerem que a forma¸ao da Gal´axia se a de forma hier´arquica
a partir da intera¸ao de pequenas estruturas cuja contrapartida observacional seriam as
gal´axias an˜as. Em outras palavras, as gal´axias an˜as funcionam como os tijolos funda-
mentais de forma¸ao das gal´axias no Universo. Desde que os aglomerados globulares da
nossa Gal´axia est˜ao entre os objetos mais velhos do universo, estudar a conex˜ao entre as
gal´axias an˜as e aglomerados globulares ser´a certamente um dos campos mais excitantes
da Astrof´ısica das pr´oximas d´ecadas.
1.1 O sistema de aglomerados globulares da Gal´axia
Dentro do conceito de popula¸oes estelares de Baade (1944), os aglomerados globulares
ao representativos da popula¸ao II onde as estrelas gigantes vermelhas dominam a luz
integrada do espectro. Eles ao caracterizados por estrelas da sequˆencia principal (MS,
Main Sequence), pelas estrelas do ramo das subgigantes (SGB, Subgiant Branch), pelo
ramo horizontal (HB, Horizontal Branch), pelas estrelas do ramo das gigantes vermelhas
(RGB, Red Giant Branch) e do ramo assint´otico das gigantes (AGB, Asymptotic Giant
Branch) e pelas blue stragglers (BSS). Estas caracter´ısticas morfol´ogicas correspondem
a alculos de evolu¸ao estelar para idades acima de 8 bilh˜oes de anos (por exemplo,
Chiosi et al. 1992) e identificam os aglomerados globulares como as estruturas mais velhas
do universo e, consequentemente, fundamentais do ponto de vista qu´ımico e cosmol´ogico.
O conjunto de aglomerados globulares de uma gal´axia constitui um sistema de N corpos
com cerca de 10
4
a 10
7
estrelas fortemente ligadas gravitacionalmente e com massa M
10
5
M
. Embora represente uma fra¸ao desprez´ıvel da massa de uma gal´axia, os aglome-
rados globulares ao objetos ideais para estudar a hist´oria de forma¸ao e evolu¸ao estelar.
Isso se deve basicamente ao fato de que os aglomerados globulares s˜ao o melhor exemplo
do que se denomina em astrof´ısica popula¸ao estelar simples (SSP, Simple Stellar Popu-
lations), ou seja, todas as suas estrelas, em primeira aproxima¸ao, apresentam a mesma
idade, mesma composi¸ao qu´ımica e est˜ao localizadas `a mesma distˆancia do referencial do
observador. O estudo dos aglomerados globulares constitui-se, assim, como uma das mais
poderosas ferramentas para tra¸car as propriedades qu´ımio-dinˆamicas das gal´axias que os
hospedam. Vale ainda lembrar que os aglomerados globulares podem ser encontrados em
todas as gal´axias do tipo de Hubble, desde as irregulares at´e as an˜as e el´ıpticas gigantes
(Harris 1991; Brodie & Strader 2006).
Evidˆencias observacionais e te´oricas (ver Krauss & Chaboyer 2003, para uma revis˜ao
extensa da literatura) demonstram que os aglomerados globulares da Gal´axia possuem
uma idade m´edia de 13 ± 2.5 bilh˜oes de anos, quando resultados do WMAP (Wilkinson
1.1 O sistema de aglomerados globulares da Gal´axia 5
Microwave Anisotropy Probe) fixam uma idade de 13.7 ± 0.2 bilh˜oes de anos para o
universo (Spergel et al. 2003). Este acordo na idade dos aglomerados quando comparada
aos resultados WMAP destaca a importˆancia cosmol´ogica dos aglomerados globulares.
Como os aglomerados globulares da Gal´axia est˜ao distribu´ıdos num raio galactocˆentrico
de 0.6 < R
gal
< 123.2 kpc, os estudos concernentes `as an´alises qu´ımicas est˜ao principal-
mente focados nas estrelas mais brilhantes, ou seja, nas estrelas do RGB do diagrama
Hertzprung-Russell (HR) ou diagrama cor-magnitude (DCM) destes objetos. Estas es-
trelas s˜ao tipicamente de baixa massa (M 1M
), frias e na fase evolutiva da sequˆencia
principal elas apresentam um n´ucleo radiativo onde acontece a fus˜ao do hidrogˆenio em
h´elio atrav´es das rea¸oes da cadeia p p e pelo ciclo carbono-nitrogˆenio-oxigˆenio (CNO)
(ver Salaris et al. 2002, e referˆencias listadas, para uma discuss˜ao detalhada sobre estrelas
no RGB).
Estimativas prevˆeem a existˆencia de aproximadamente 200 aglomerados globulares para
a nossa Gal´axia, mas apenas 160 foram observados at´e o momento. Na compila¸ao de
Harris (1996) e posterior atualiza¸ao
2
a 150 aglomerados catalogados. Hurt et al. (2000)
identificaram 2MASS-GC01 e 2MASS-GC02 como mais dois novos aglomerados globula-
res da Gal´axia. Bica et al. (2006) fizeram uma revis˜ao das propriedades dos aglomera-
dos globulares listados em Harris (1996) e incluiram 3 outros recentemente descobertos:
GLIMPSE-CO1 (Kobulnicky et al. 2005), Whiting 1 (Carraro 2005) e SDSSJ1049+5103
(Willman et al. 2005). Sakamoto & Hasegawa (2006) descobriram o aglomerado globu-
lar SDSSJ1257+3419, enquanto que Ortolani et al. (2006) descobriram AL3, classificado
como um aglomerado globular do bojo da Gal´axia. Froebrich et al. (2007) descobriram
FSR 1735 na regi˜ao mais interna da Gal´axia, Bica et al. (2007) identificaram o objeto
FSR 584 no cat´alogo de Froebrich et al. (2007) como sendo o 159
o
aglomerado globular da
Gal´axia, enquanto que Bonatto et al. (2007) identificaram o aglomerado FSR 1767 como
sendo o 160
o
aglomerado globular da Gal´axia. Apenas para compara¸ao, a gal´axia mais
pr´oxima `a nossa M31 (Andrˆomeda)—, apresenta cerca de 300 aglomerados globula-
res enquanto que gal´axias el´ıpticas gigantes podem conter at´e milhares de aglomerados
(Brodie & Strader 2006). Presume-se que muitos dos aglomerados da Gal´axia ainda n˜ao
catalogados estejam misturados `a poeira nas regi˜oes de baixa latitute da Gal´axia, na
denominada zona de avoidance (Kraan-Korteweg & Lahav 2000).
2
http://physun.physics.mcmaster.ca/Globular.html
1.1 O sistema de aglomerados globulares da Gal´axia 6
1.1.1 Sobre a origem dos aglomerados globulares
Como os aglomerados globulares caracterizam-se como as estruturas mais velhas do uni-
verso, investigar as suas propriedades globais, origem e evolu¸ao ´e uma quest˜ao funda-
mental no estabelecimento de v´ınculos observacionais e te´oricos aos modelos de forma¸ao
de gal´axias.
As id´eias gerais acerca da enese dos aglomerados globulares contemplam quatro linhas
principais:
(i) Processos de forma¸ao prim´aria: nestas id´eias os aglomerados globulares formam-
se imediatamente ap´os a recombina¸ao do universo, antes do colapso da nuvem proto-
gal´actica. Peebles & Dicke (1968) argumentam que os aglomerados originam-se a partir
de nuvens de as gravitacionalmente ligadas, cujas massas correspondem `a massa de Jeans,
antes da forma¸ao da Gal´axia. Todavia, a alguns problemas pr´aticos nos modelos que
se baseiam na forma¸ao dos aglomerados globulares anterior ao colapso de protogal´axias.
Primeiro, ao a em gal´axias muitos objetos com massas acima de M 10
6
M
, o que
evidencia que os objetos mais massivos ou menos densos foram destru´ıdos por fenˆomenos
dinˆamicos. Segundo, os aglomerados tendem a concentrar-se mais no centro das gal´axias
em detrimento dos halos.
(ii) Processos de forma¸ao secund´aria ou de acres¸ao: os aglomerados globulares formam-
se durante o colapso da nuvem protogal´actica. Searle & Zinn (1978) e Zinn (1985) desta-
cam que esta seria a explica¸ao mais plaus´ıvel para o sistema de aglomerados globulares
devido a algumas das propriedades em comum observadas entre as estrelas individuais
e aglomerados globulares de componentes esferoidais de gal´axias. Fall & Rees (1985)
discutem um modelo que se baseia na instabilidade ermica. Eles argumentam que os
aglomerados formam-se a partir do as de uma nuvem protogal´actica em colapso sendo
capaz de resfriar no tempo de queda-livre. Harris & Pudritz (1994) acentuam que o
modelo da masssa de Jeans ao prevˆe uma fun¸ao de massa em lei de potˆencia e que
o modelo de instabilidade t´ermica exige fontes sutis de calor. Eles prop˜oem um cen´ario
onde os aglomerados seriam produzidos na fragmenta¸ao de nuvens moleculares gigantes
e altamente densas.
(iii) Processos de forma¸ao terci´aria ou fus˜ao: os aglomerados globulares formam-se
ap´os o colapso da nuvem protogal´actica ainda nos primeiros est´agios de forma¸ao da
gal´axia. Dentro desta id´eia destaca-se o trabalho de Ashman & Zepf (1992), que prevˆe a
forma¸ao dos aglomerados a partir do merging de gal´axias tipo disco.
(iv) Processos de forma¸ao hier´arquica: os aglomerados globulares formam-se no con-
texto da forma¸ao hier´arquica de estruturas no universo. Eles representam a material-
1.1 O sistema de aglomerados globulares da Gal´axia 7
iza¸ao dos cen´arios de fus˜ao e acres¸ao para a forma¸ao dos aglomerados (por exemplo,
em Beasley et al. 2002; Bekki 2005).
No caso do sistema de aglomerados globulares da Gal´axia, as determina¸oes de idade, al´em
de evidˆencias cinem´aticas, dinˆamicas e qu´ımicas parecem evienciar que os aglomerados
globulares do halo externo (R
gal
> 8 kpc) seriam formados durante a fragmenta¸ao da
nuvem protogal´actica (Searle & Zinn 1978), enquanto que os aglomerados globulares do
halo interno (R
gal
8 kpc) e do bojo estariam associados ao processos f´ısicos durante
o colapso dissipativo da nuvem primordial (Eggen et al. 1962; Mackey & van den Bergh
2005).
1.1.2 Abundˆancias qu´ımicas
Em 1957, F. Hoyle, E. Margaret, G. Burbidge, W. Fowler e, num estudo paralelo e in-
dependente, A.G. Cameron, mostraram que praticamente todos os elementos qu´ımicos
da Tabela Peri´odica acima do
4
He podem ser produzidos em estrelas (Burbidge et al.
1957; Cameron 1957). Mais de meio s´eculo depois, devido principalmente aos eficientes
espectr´ografos da atualidade, como por exemplo o UVES (Ultraviolet Visual Echelle Spec-
trograph) e FLAMES (Fibre Large Array Multi Element Spectrograph) no Very Large
Telescope (VLT), MIKE no MAGELLAN, HIRES no KECK e PHOENIX no GEMINI
e, no campo te´orico, aos progressos na teoria de evolu¸ao estelar em diferentes interva-
los de massa e metalicidade (ver, por exemplo, Woosley & Weaver 1995; van den Hoek
& Groenewegen 1997; Iwamoto et al. 1999; Umeda & Nomoto 2002), tornou-se poss´ıvel
obter, analisar e interpretar espectros de estrelas de aglomerados globulares usando dados
de alta resolu¸ao e alta raz˜ao sinal-ru´ıdo (S/N) com o intuito de tra¸car o hist´orico da
evolu¸ao qu´ımica da Gal´axia.
Do ponto de vista qu´ımico os aglomerados globulares ao considerados laborat´orios as-
trof´ısicos para testar e calibrar a teoria de evolu¸ao estelar e tamb´em para intepretar
a trajet´oria qu´ımica e dinˆamica de gal´axias a diferentes redshifts (por exemplo, Searle
& Zinn 1978; Harris 1991) e, neste sentido, os aglomerados globulares ricos em metais
desenvolvem papel fundamental, pois s˜ao considerados tra¸cadores de popula¸oes do halo
interno, bojo e do disco espesso da Gal´axia.
Algumas das quest˜oes asicas que envolvem os estudos de abundˆancias qu´ımicas no sis-
tema de aglomerados globulares da Gal´axia s˜ao resumidas a seguir.
(i) As escalas de metalicidade [Fe/H] de aglomerados globulares da Gal´axia estabelecem
que estes objetos ao cerca de duas vezes mais ricos em metais do que as estrelas mais
pobres em metais do halo, ou seja, os aglomerados da Gal´axia distribuem-se de 2.40
1.1 O sistema de aglomerados globulares da Gal´axia 8
[Fe/H] 0.00 (Zinn & West 1984; Rutledge et al. 1997; Kraft & Ivans 2003).
(ii) Exceto para ω Centauri e NGC 6522 o sistema de aglomerados globulares da Gal´axia
´e quimicamente homogˆeneo em metalicidade [Fe/H].
(iii) Abundˆancias qu´ımicas de Li e Be, elementos tamb´em importantes do ponto de
vista cosmol´ogico, em sido usadas como cronˆometros qu´ımicos com o intuito de inferir
sobre a ´epoca de forma¸ao de aglomerados globulares (por exemplo, Castilho et al. 2000;
Pasquini et al. 2007).
(iv) Em geral, as estrelas de aglomerados globulares apresentam raz˜oes [α/Fe] similar `as
estrelas de campo do halo e do bojo.
(v) Elementos do pico do ferro, sobretudo nos aglomerados globulares ricos em metais,
ainda n˜ao foram estudados em detalhes.
(vi) Varia¸oes de abundˆancias de elementos leves como Li, C, N, O, Na, Mg e Al ao
encontradas em aglomerados. Estrelas an˜as e gigantes de aglomerados com temperaturas
efetivas e gravidades superficiais similares apresentam diferentes abundˆancias de carbono
e nitrogˆenio, enquanto que as bandas moleculares de CN e CH ao anti-correlacionadas.
As estrelas de campo, por sua vez, ao apresentam comportamento similar e ao a
um cen´ario ´uncio capaz de explicar as anomalias qu´ımicas (correla¸oes e anticorrela¸oes)
observadas em estrelas an˜as e gigantes de aglomerados globulares (Kraft 1994; Smith
1987; Gratton et al. 2004).
(vii) a poucas determina¸oes de abundˆancias de elementos dos processos s e r em
estrelas de aglomerados globulares, sobretudo no regime de mais alta metalicidade.
Consequentemente, ao h´a ainda modelos de evolu¸ao qu´ımica detalhados que busquem
reproduzir o padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas do sistema de aglomerados globulares da
Gal´axia.
1.1.3 Aglomerados globulares ricos em metais da Gal´axia: halo
interno, bojo ou disco espesso?
Por representar a convolu¸ao entre uma poss´ıvel rela¸ao idade-metalicidade e a hist´oria de
forma¸ao estelar de um dado sistema, a fun¸ao distribui¸ao de metalicidade (MDF, Metal-
licity Distribution Function) ´e considerada um dos mais fortes v´ınculos observacionais aos
modelos de evolu¸ao qu´ımica de gal´axias. Para os aglomerados globulares da Gal´axia a
figura 2.1 mostra que a distribui¸ao de metalicidades ´e bimodal. Esta bimodalidade na
raz˜ao [Fe/H] ´e tamem acompanhada por uma bimodalidade nas cores destes objetos, no
1.2 Escopo da tese 9
sentido de que os aglomerados globulares ricos em metais ao fotometricamente vermelhos
enquanto que os pobres em metais ao azuis. A primeira interpreta¸ao para uma dis-
tribui¸ao bimodal em metalicidade e cor seria a premissa de que no m´ınimo dois epis´odios
distintos de forma¸ao seriam os respons´aveis pela origem destas estruturas. Al´em disso,
trabalhos recentes em mostrado que mesmo em aglomerados globulares extragal´acticos a
distribui¸ao de metalicidade e de cores ´e bimodal, o que sugere um mecanismo universal
para explicar tais comportamentos (Brodie & Strader 2006).
Para a nossa Gal´axia e, consequentemente, gal´axias similares, Zinn (1985) propˆos que os
aglomerados globulares com picos em [Fe/H] = 1.5 estariam quimicamente e cinemati-
camente associados ao halo, enquanto que aqueles com [Fe/H] = 0.5 estariam qu´ımica e
cinematicamente associados ao disco. Em outras palavras, os aglomerados globulares ver-
melhos apresentariam alta velocidade rotacional e pequena dispers˜ao de velocidades, en-
quanto que os aglomerados globulares azuis exibiriam uma pequena velocidade de rota¸ao
e alta dispers˜ao de velocidades. Por outro lado, Minniti (1995) seguido dos trabalhos par-
alelos de ot´e (1999) e Barbuy et al. (1999a), chamam a aten¸ao para o fato de que os
aglomerados globulares ricos em metais estejam preferencialmente associados ao bojo da
Gal´axia.
Desta forma, em conjunto a m´etodos cinem´aticos (usando velocidades radiais, por ex-
emplo) e dinˆamicos (atrav´es das massas), a determina¸ao das abundˆancias qu´ımicas em
estrelas an˜as e gigantes de campo e em aglomerados globulares da Gal´axia, sobretudo
no regime de mais alta metalicidade, configura-se como um dos melhores etodos para
decidir sobre a qual estrutura da Gal´axia pertenceriam os aglomerados globulares e, par-
ticularmente, os ricos em metais.
1.2 Escopo da tese
Os resultados de an´alises qu´ımicas detalhadas com base em dados de alta resolu¸ao e alta
raz˜ao sinal-ru´ıdo (R 20000 : S/N > 50), bem como a medida e a an´alise de ´ındices
espectrais em dados de baixa resolu¸ao (R 8000) tanto em estrelas pertencentes a
aglomerados globulares quanto estrelas de campo, permitem uma interpreta¸ao realista
dos processos nucleossint´eticos ocorridos ap´os o cen´ario padr˜ao do Big Bang (Gamow
1948) e fornecem ainda informa¸oes relevantes sobre quais processos contribu´ıram para a
forma¸ao dos aglomerados globulares e da gal´axia hospedeira, ao que Freeman & Bland-
Hawthorn (2002) referem-se como cosmologia de campo pr´oximo.
No ´optico, uma vez superados problemas de alta extin¸ao e problemas de ac´umulo de
1.2 Escopo da tese 10
estrelas numa certa regi˜ao (crowding), o bojo da nossa Gal´axia, o qual compreende uma
regi˜ao em latitude gal´actica de cerca de 0
|b| 20
, ´e uma das regi˜oes mais importantes
e interessantes para o estudo da forma¸ao e evolu¸ao de gal´axias no Universo.
Sendo assim, o principal objetivo deste trabalho ´e aprimorar o padr˜ao de abundˆancias
qu´ımicas para o bojo e para o halo interno da Gal´axia usando espectros estelares de
alta qualidade de NGC 6553 e NGC 6838 (M71), dois aglomerados globulares ricos em
metais tra¸cadores da evolu¸ao qu´ımica da Gal´axia. Estes aglomerados ao referˆencia e
calibradores no estudo de popula¸oes estelares velhas e ricas e desenvolvem papel funda-
mental na interpreta¸ao e na s´ıntese de gal´axias el´ıpticas distantes e bojos de gal´axias
espirais. As novas escalas de abundˆancia para NGC 6553, bem como os resultados em
torno das anomalias qu´ımicas de M71 ao v´ınculos observacionais importantes para o
estabelecimento de modelos de evolu¸ao qu´ımica das subcomponentes da Gal´axia, dos
processos f´ısicos respons´aveis pela forma¸ao do seu sistema de aglomerados globulares e
da forma¸ao dos elementos qu´ımicos individuais estudados.
Para tanto, contamos com trˆes diferentes amostras de dados:
4 espectros de estrelas gigantes de alta resolu¸ao e alta raz˜ao S/N de NGC 6553
obtidos com o espectr´ografo UVES do VLT (R = 55000, NGC 6553 UVES@VLT).
ao os melhores dados de estrelas individuais dispon´ıveis para este aglomerado na
atualidade.
22 espectros de estrelas gigantes de NGC 6553 obtidos com o espectr´ografo FLAMES
do VLT (R= 22000, NGC 6553 FLAMES@VLT).
145 estrelas, entre an˜as e gigantes, obtidas com o espectr´ografo GMOS do Obser-
vat´orio Gemini-Norte (R = 2000, M71 GMOS@GEMINI).
No cap´ıtulo 2 caracterizamos cada amostra e explicamos em detalhes o processo de redu¸ao
dos dados da amostra M71 GMOS@GEMINI.
No cap´ıtulo 3 apresentamos para NGC 6553 a mais nova escala de metalicidade [Fe/H]
3
e
raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas de elementos α (Mg, Ca, Si, Ti), elementos origin´arios de
processos ligados `a captura de pr´otons (Na, Al), elementos do pico do ferro (Mn, Cu, Zn)
3
Numa escala absoluta a abundˆancia de um elemento A est´a relacionada `a abundˆancia de hidrogˆenio
por (A) = log(N
A
/N
H
) + 12. Isso implica que dentro de um mesmo elemento de volume podem ser
encontrados N
A
´atomos do elemento A por N
H
= 10
12
´atomos de hidrogˆenio. Desta forma, numa escala
relativa ao Sol (), [A/B] = log(N
A
/N
B
)
log(N
A
/N
B
)
. Analogamente, [Fe/H] = log(N
F e
/N
H
)
log(N
F e
/N
H
)
. Isso quer dizer que uma estrela com [Fe/H] = 5 ser´a 100000 vezes mais deficiente em
metais do que o Sol.
1.2 Escopo da tese 11
e de elementos dos processos s (Zr, La, Ba) e r (Eu). Fazemos ainda uma compara¸ao dos
nossos resultados de abundˆancias qu´ımicas com os obtidos para outros aglomerados glo-
bulares ricos em metais da Gal´axia analisados pelo nosso Grupo de Popula¸oes Estelares,
bem como para estrelas de campo do disco espesso e do bojo da Gal´axia da literatura.
No cap´ıtulo 4 apresentamos, pela primeira vez, a determina¸ao de metalicidade e raz˜oes
de abundˆancias qu´ımicas de elementos α, elementos de Z-´ımpar e elementos pesados para
um espectro combinado de alt´ıssima raz˜ao S/N (S/N 800) de NGC 6553 resultante da
soma estat´ıstica de 22 espectros individuais neste aglomerado.
No cap´ıtulo 5 estudamos as varia¸oes de abundˆancias qu´ımicas usando 14 ´ındices espec-
trais (CN
1
, CN
2
, Ca4227, G4300, Fe4383, H
β
, Fe5015, Mg
1
, Mg
2
, Mgb, Fe5270, Fe5335,
Fe5406, NaD e Al3953) em 89 estrelas de M71. E, finalmente, apresentamos no cap´ıtulo
6 as conclus˜oes e perspectivas do trabalho.
Cap´ıtulo 2
Observoes e redu¸c˜ao de dados
Neste cap´ıtulo descrevemos as amostras de dados estudadas e os detalhes do processo
de redu¸ao dos espectros de M71. A figura 2.1 apresenta, numa proje¸ao de Aitoff, a
distribui¸ao em coordenadas gal´acticas dos 150 aglomerados globulares catalogados em
Harris (1996). Deste total, 45 (30%) ao classificados como ricos em metais ([Fe/H]
1.00), enquanto que 105 (70%) ao denominados pobres em metais ([Fe/H] < 1.00).
2.1 NGC 6553: amostra UVES@VLT
2.1.1 Fotometria e identifica¸ao das estrelas
As observoes nas bandas BVI de NGC 6553 foram realizadas em Junho de 2002 no
telesc´opio ESO-MPI de 2.2 m localizado em La Silla, no Chile. Os dados foram obtidos
dentro do programa dedicado ao mapeamento de aglomerados globulares da Gal´axia com
o Wide Field Image (WFI) (Zoccali et al. 2001). Exceto para duas estrelas da amostra,
II-64 e 267092, as magnitudes JHK
S
foram obtidas da miss˜ao espacial Two Micron All
Space Survey (2MASS)
1
(Skrutskie et al. 2006). As magnitudes em bandas variadas ao
fundamentais para a determina¸ao fotom´etrica dos parˆametros atmosf´ericos.
A figura 2.2 apresenta a identifica¸ao (mapa de identificao) das quatro estrelas de NGC
6553 da amostra UVES@VLT no campo ´optico do WFI/ESO. No painel superior da figura
o c´ırculo representa aproximadamente o raio de cerca de 1 minuto de arco do mapa de
identificao apresentado em Hartwick (1975), usado para a escolha das estrelas. Os eixos
1
http://ipac.caltech.edu./2mass/releases/allsky/
2.1 NGC 6553: amostra UVES@VLT 13
Figura 2.1: Proje¸ao de Aittof em coordenadas gal´acticas (l,b) dos 150 aglomerados glo-
bulares da Gal´axia catalogados em Harris (1996). C´ırculos cheios: aglomerados globulares
pobres em metais com [Fe/H] < -1.00. C´ırculos abertos: aglomerados globulares ricos em
metais com [Fe/H] -1.00. Os aglomerados globulares ricos em metais NGC 6553 [l =
+5
.25; b = 3
.03], NGC 6838 (M71)[l = 56
.74; b = 4
.56], NGC 6528 [l = +1
.14;
b = 4
.17] e 47 Tucanae [l = 305
.90; b = 44
.89] est˜ao identificados na figura.
2.1 NGC 6553: amostra UVES@VLT 14
Figura 2.2: Superior: Identifica¸ao das estrelas observadas no campo WFI de NGC 6553
UVES@VLT. Inferior: Mapa de identificao das observoes com a grade de coordenadas
equatoriais. Os eixos Norte, Sul, Leste e Oeste de orienta¸ao do campo ao mostrados
nas imagens.
Norte (N), Sul (S), Leste (L) e Oeste (O) est˜ao marcados na figura. No painel inferior
mostramos o mapa de identificao de NGC 6553, onde uma grade de posi¸ao define as
coordenadas equatoriais (α,δ, J2000) das estrelas.
2.1.2 Espectroscopia
Os dados espectrosc´opicos foram obtidos junto ao telesc´opio Kueyen de 8.2 m do con-
junto VLT do ESO, no Cerro Paranal [70
24
11

W; 24
37
31

S; h = 2635 m], durante
2.1 NGC 6553: amostra UVES@VLT 15
as noites dos dias 26 e 27 de junho de 2000. Os espectros foram obtidos por interm´edio
do espectr´ografo UVES, acoplado ao telesc´opio Kueyen do VLT e descrito em detalhes
em Kaufer et al. (2003), tendo a Professora Dra. Beatriz Barbuy (supervisora), o Pro-
fessor Dr. Eduardo Bica (UFRGS) e a Dra. Vanessa Hill (Observat´orio de Paris) como
observadores.
Foi utilizado um detector CCD (Charge Coupled Device) Tek de 2048 x 4096 p´ıxeis, cada
p´ıxel com uma dimens˜ao de 15µm x 15µm. A rede de difra¸ao echelle usada tinha uma
densidade de ranhuras de 31.6 l/mm. A regi˜ao espectral coberta foi de 4800
˚
A a 6800
˚
A, com boas condi¸oes de seeing, numa varia¸ao de 0

.61 a 0

.87 e massa de ar de 1.5.
Em 5800
˚
A e com uma fenda de 1”de arco a resolu¸ao ´e R 50000, enquanto que com
uma fenda de 0.8”de arco a resolu¸ao alcan¸cada ´e R 60000. A dispers˜ao da rede ´e de
0.0147
˚
A/p´ıxel. A raz˜ao sinal-ru´ıdo (S/N) foi obtida atrav´es da m´edia dos arios valores
de S/N obtidos em diferentes regi˜oes de cont´ınuo (regi˜oes livres de linhas) ao longo dos
espectros observados. Para a determina¸ao da raz˜ao S/N usamos a odigo splot do
Image Reduction Analysis Facility (IRAF
2
), um pacote de odigos computacionais para
a redu¸ao e an´alise de imagens astronˆomicas.
As redu¸oes foram realizadas utilizando as rotinas para os espectros echelle no contexto do
pacote Munich Image Data Analysis Systems (MIDAS). As redu¸oes autom´aticas pipeline
para o UVES realizam corre¸oes para subtra¸ao de bias, subtra¸ao de fundo inter-ordem,
flat-field, extra¸ao da ordem, subtra¸ao do eu e calibra¸ao em comprimento de onda
usando imagem da lˆampada de t´orio (Th).
A tabela 2.1 traz o jornal das observoes para as quatro estrelas em an´alise. A identi-
fica¸ao das estrelas (coluna 1) ´e dada segundo Hartwick (1975) e a denomina¸ao usada
no programa de observao realizado com o WFI do ESO. Al´em disso apresentamos as
coordenadas equatoriais das estrelas no equin´ocio J2000 (colunas 2 e 3), seguidas da data
de observao (coluna 4), tempo universal (UT, coluna 5), tempo de integra¸ao em se-
gundos (coluna 6) e a raz˜ao S/N por elemento de resolu¸ao dos espectros (coluna 7). A
raz˜ao (S/N) por p´ıxel pode ser obtida pela divis˜ao dos valores da coluna 7 da tabela pelo
fator 2.8.
Na figura 2.3 pode-se notar a qualidade dos espectros observados, bem como a local-
iza¸ao das estrelas do pograma no diagrama cor-magnitude de NGC 6553 usando dados
fotom´etricos do Hubble Space Telescope (HST) de Ortolani et al. (1995). Vˆe-se que a
amostra em an´alise ´e composta por 3 estrelas gigantes no n´ıvel do ramo horizontal e 1
estrela no topo do ramo das gigantes.
2
http://iraf.noao.edu/
2.1 NGC 6553: amostra UVES@VLT 16
6140 6145 6150 6155
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Zr I
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
Ba II Fe I Na I
6140 6145 6150 6155 6160
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Na I
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
Fe I
II-85 (266938)
III-8 (265717)
II-64 (267122)
267092
1 1.5 2 2.5 3 3.5
22
20
18
16
Figura 2.3: Superior: espectros das estrelas de NGC 6553 UVES@VLT analisadas com as
suas respectivas velocidades radiais heliocˆentricas deteminadas. Inferior: diagrama cor-
magnitude (V:V I) de NGC 6553 com fotometria de Ortolani et al. (1995), mostrando
os est´agios evolutivos das estrelas em estudo (triˆangulos azuis).
2.2 NGC 6553 : amostra FLAMES@VLT 17
Tabela 2.1: Jornal das observoes NGC 6553 UVES@VLT.
Estrela α
J2000
δ
J2000
Data UT Exp (S/N)/resolu¸ao
[h m s] [g m s] [s]
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)
II-64 267122 18:09:18.31 -25:55:01.15 26/06/2000 14:21:25.00 2x3600 110
II-85 266938 18:09:17.96 -25:55:04.89 26/06/2000 14:21:25.00 2x3600 200
III-8 265717 18:09:13.05 -25:55:30.00 27/06/2000 17:37:49.00 2x3600 170
267092 18:09:13.42 -25:55:01.85 27/06/2000 17:37:49.00 2x3600 110
2.2 NGC 6553 : amostra FLAMES@VLT
2.2.1 Espectroscopia e fotometria
Para esta parte do trabalho contamos com uma amostra de 22 estrelas de NGC 6553
observada nos meses de maio e junho de 2004 com o VLT, usando o FLAMES no modo
GIRAFFE (Pasquini et al. 2002). Estes dados fazem parte de um survey, tendo o Professor
Dr. Alv´ıo Renzini (European Southern Observatory) como Principal Investigador, cujo
principal objetivo ´e a observao, an´alise e interpreta¸ao de uma grande amostra de
estrelas ( 1000) espalhadas em quatro campos do bojo da Gal´axia: janela de Baade
3
(l
= 1
, b = 4
), Blanco 6
(l = 0
, b = 6
), Blanco 12
(l = 0
, b = 12
) e janela
NGC6553
4
(l = 5
, b = 3
), nos quais estrelas de aglomerados globulares foram tamb´em
inclu´ıdas. Todas as estrelas em magnitudes VI obtidas do ESO Imaging Survey com o
FLAMES. As magnitudes foram obtidas usando o telesc´opio ESO-MPI em La Silla, Chile.
As observoes foram feitas no modo fila e os dados foram reduzidos pela Dra. Manuela
Zoccali (PUC/Chile).
O GIRAFFE alcan¸ca uma resolu¸ao R = 22000 cobrindo diferentes intervalos em com-
primento de onda. Para a amostra NGC 6553 FLAMES@VLT, foram usadas 3 redes de
difra¸ao: HR11 (5600-5870
˚
A), HR13 (6120-6400
˚
A) e HR15 (6660-6860
˚
A). Os espectros
foram automaticamente reduzidos (corre¸ao de bias, flat-field, extra¸ao, calibra¸ao em
comprimento de onda) usando um software
5
especialmente desenvolvido para reduzir os
dados GIRAFFE.
3
Uma das regi~oes do bojo Gal´actico com relativamente baixo valor de extin¸c~ao e alta
metalicidade.
4
Perceber a diferen¸ca sutil na nota¸c~ao: NGC6553 refere-se as estrelas do campo l =
5
e b = 3
; NGC 6553 refere-se ao aglomerado globular.
5
http://girbldrs.sourceforge.net
2.3 M71 GMOS@GEMINI 18
2.2.2 Delimita¸ao da amostra
Para delimitar a amostra final do programa de estrelas usamos quatro crit´erios:
Metalicidade: numa primeira determina¸ao espectrosc´opica de [Fe/H] para cerca de
200 estrelas do campo NGC6553 separamos apenas as estrelas que apresentavam
metalicidades variando de 0.25 [Fe/H] 0.05 dex. Este intervalo em [Fe/H]
foi adotado seguindo a determina¸ao recente de metalicidade para NGC 6553 de
Alves-Brito et al. (2006), como descrito no cap´ıtulo 3 deste trabalho.
Velocidade radial helioentrica: junto com o crit´erio de metalicidade selecionamos
as estrelas com velocidades radiais heliocˆentricas entre 15 v
h
r
+15 kms
1
.
Cores: nesta etapa, com uma amostra limitada pelos crit´erios de [Fe/H] e v
h
r
dos
´ıtens acima, as estrelas foram novamente inspecionadas com base em sua disposi¸ao
no diagrama cor-magnitude (V:V-I), onde descartamos as estrelas com (V-I) > 2.5
mag.
Qualidade dos espectros: como ´ultimo crit´erio, os espectros foram inspecionados
quanto `as contagens. Neste crit´erio, 3 estrelas foram eliminadas por apresentarem
contagens muito baixas (< 800). A amostra final de NGC 6553 consta de 22 estrelas
com alta probabilidade de pertinˆencia ao aglomerado seguindo crit´erios consistentes
e complementares de composi¸ao qu´ımica (metalicidade), cinem´atica (velocidade
radial) e fotometria (cor).
A figura 2.4a exibe o diagrama [Fe/H]-v
h
r
para o total de 200 estrelas (c´ırculos abertos),
com as 22 estrelas selecionadas (c´ırculos fechados) seguindo os 4 crit´erios descritos acima.
Os valores edios de metalicidade e velocidade radial est˜ao indicados. As figuras 2.4b,c
mostram, respectivamente, a distribui¸ao de metalicidade e velocidade radial para o total
de estrelas. A tabela 2.2 apresenta informa¸oes asicas sobre o programa de observao
da amostra FLAMES@VLT. As estrelas est˜ao divididas no grupo das brilhantes (V
16.7) e no grupo das fracas (V>16.7).
2.3 M71 GMOS@GEMINI
Do ponto de vista observacional, M71 ´e frequentemente citado na literatura como um
aglomerado de referˆencia nos estudos de popula¸oes ricas em metais no Hemisf´erio Norte,
tal qual 47 Tucanae no Hemisf´erio Sul. M71 est´a localizado a baixa latitude gal´actica
2.3 M71 GMOS@GEMINI 19
-1 -0.5 0 0.5
-200
-100
0
100
200
[Fe/H]
a]
-1 -0.5 0 0.5
0
10
20
30
40
50
[Fe/H]
b]
-200 -100 0 100 200
0
5
10
15
20
25
c]
d]
-1 -0.5 0 0.5
-200
-100
0
100
200
Figura 2.4: (a) Diagrama [Fe/H]-v
r
para o n´umero total de estrelas (N 200, c´ırculos
abertos) e para as estrelas selecionadas da amostra (N = 22, c´ırculos fechados) com 0.25
[Fe/H] 0.05 e 15 v
h
r
+15 kms
1
. Os pain´eis (b) e (c) apresentam, respectiva-
mente, as distribui¸oes de [Fe/H] e v
r
para o total de estrelas. (d) Mesmo que painel (a),
numa escala ampliada.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 20
Tabela 2.2: Jornal das observoes NGC 6553 FLAMES@VLT.
Identifica¸ao α
J2000
δ
J2000
Data UT V V-I
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)
Brilhantes
n6553bri013 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.68 2.39
n6553bri041 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.60 2.24
n6553bri048 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.51 2.13
n6553bri050 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.43 2.07
n6553bri053 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.42 2.03
n6553bri055 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.51 2.16
n6553bri058 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.36 2.24
n6553bri059 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.40 2.09
n6553bri060 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.64 2.34
n6553bri061 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.41 2.17
n6553bri062 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.58 2.34
n6553bri064 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.63 2.21
n6553bri066 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.41 2.14
n6553bri069 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.41 2.33
n6553bri071 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.54 2.38
n6553bri072 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.69 2.31
n6553bri085 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.51 2.14
n6553bri090 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.57 2.25
n6553bri116 272.19317 25.84043 18/06/2004 06 : 23 : 35 16.49 2.13
Fracas
n6553fai012 272.19341 25.84039 01/05/2004 08 : 18 : 07 16.74 2.34
n6553fai055 272.19341 25.84039 01/05/2004 08 : 18 : 07 16.76 2.34
n6553fai072 272.19341 25.84039 01/05/2004 08 : 18 : 07 16.72 2.28
2.3 M71 GMOS@GEMINI 21
(l = 56
.74; b = 4
.56), apresenta avermelhamento E(B-V) = 0.27 ± 0.05 e odulo
de distˆancia aparente (m-M)
V
= 13.60 ± 0.10 (Geffert & Maintz 2000). Ele exibe alta
metalicidade m´edia, [Fe/H] = 0.73 (Harris 1996), e idade entre 10 a 12 bilh˜oes de anos
(Grundahl 2002; Meissner & Weiss 2006). Dinescu et al. (1999) obtiveram as componentes
espaciais de velocidade (U, V, W) = (77 ± 14, 58 ± 10, 2 ± 14) kms
1
e uma baixa
excentricidade da ´orbita para M71, caracterizando-o como um t´ıpico aglomerado globular
do disco espesso da Gal´axia.
2.3.1 Fotometria e identifica¸ao das estrelas
O imageamento do campo de M71 e as observoes espectrosc´opicas das 145 estrelas da
amostra foram obtidas utilizando o telesc´opio Frederick C. Gillett (Gemini Norte, 8m)
situado no Mauna Kea, Hawaii, Estados Unidos da Am´erica.
As pr´e-imagens do campo de M71 para a elabora¸ao das quatro ascaras de observao
foram obtidas dia 18 de julho de 2002, com uma massa de ar m´edia de 1.157. Elas foram
obtidas no filtro r
G0303, com comprimento de onda efetivo de 6300
˚
A. Foram feitas 4
exposi¸oes de 180 segundos com o CCD operando a 4e
/DN (el´etrons por n´umero de
dados, DN = data number) e ru´ıdo de leitura de 6.6e
. O campo coberto foi de 5 x 5
minutos de arco.
Como reportado pela equipe do GEMINI/GMOS
6
, devido a um problema no WCS (World
Coodinate System) do GMOS todas as observoes realizadas at´e o dia 12 de setembro de
2006 no Gemini Norte foram afetadas por um deslocamento de 5” de arco nas posi¸oes
´opticas (α,δ) das estrelas. Para corrigir deste efeito e corretamente determinar a fotome-
tria das estrelas, um odigo escrito em linguagem de programa¸ao FORTRAN (FORmula
TRANslation) foi usado para deslocar de cerca de 5” de arco as coordenadas α,δ de di-
ferentes bases de dados fotom´etricos de M71 da literatura. Abaixo descrevemos, passo
a passo, os procedimentos adotados para a obten¸ao das magnitudes das estrelas em
diferentes bases de dados.
1. Usando a ferramenta astronˆomica SkyCat plotamos as 145 estrelas da amostra sobre
a pr´e-imagem de M71 observada no Gemini Norte. Criamos, assim, nosso pr´oprio
mapa de identificao (ver figuras 2.5 e 2.6) da observao seguindo as identifica¸oes
α,δ como originalmente dadas nas m´ascaras GMOS.
2. Escolhemos duas bases de dados fotom´etricos CCD de M71 no ´optico: Cudworth
(1985) e comunicao privada em 2006 e Geffert & Maintz (2000). Al´em de compor
6
http://www.gemini.edu/sciops/instruments/gmos/gmosIndex.html
2.3 M71 GMOS@GEMINI 22
os melhores dados fotom´etricos BV de M71, estes trabalhos foram preferencialmente
selecionados por fornecerem informa¸oes relevantes para a amostra como completeza
e/ou a probabilidade de pertinˆencia das estrelas ao aglomerado com base em estudos
de movimento pr´oprio.
Cudworth (1985) apresenta movimentos pr´oprios e fotometria visual para 350 estre-
las de M71 limitadas `a magnitude V = 16. Al´em disso, uma vers˜ao atualizada deste
trabalho foi-nos gentilmente cedida pelo Professor Ken Cudworth (comunicao pri-
vada, 2006), onde ele determinou novos movimentos pr´oprios e realizou fotometria
BV para estrelas mais fracas (V > 16), somando 1522 estrelas
Por outro lado, Geffert & Maintz (2000) apresentam fotometria CCD BV para
4450 estrelas limitadas `a magnitude V = 18.5 e cobrindo um campo de 20 x 20
minutos de arco. Eles tamb´em nos enviaram (comunicao privada, 2002) uma
pequena amostra de 318 estrelas, para as quais foi estimada uma probabilidade P
de pertinˆencia ao aglomerado superior a 60%.
3. Levando em conta os resultados do odigo escrito em FORTRAN plotamos sepa-
radamente sobre a pr´e-imagem de M71 os dois conjuntos de dados fotom´etricos
listados acima. Tentamos desta forma criar dois outros mapas de identificao para
M71, um para a fotometria Cudworth (1985) e outro para Geffert & Maintz (2000).
Usando as ferramentas SkyCat, SAOImage DS9 e o nosso pr´oprio mapa de identi-
ficao (item 1 acima), cada estrela da nossa amostra foi manualmente identificada
nos outros dois mapas de identificao constru´ıdos. Como ser´a apresentado ao
longo deste trabalho, as estrelas mais fracas da amostra ao foram identificadas nos
dois conjuntos de dados fotom´etricos para M71.
Ap´os arias an´alises e compara¸oes adotamos a fotometria Cudworth (1985) e atualiza¸ao
de 2006 para a amostra. Na figura 2.7 apresentamos o diagrama cor-magnitude de M71
usando fotometria do Cudworth (1985). Vˆe-se que uma is´ocrona Yonsei-Yale (Kim et al.
2002), com [Fe/H] = 0.68, [α/Fe] = 0.00, de 12 bilh˜oes de anos, deslocada por (m-M)
V
=
13.60 mag e E(B-V) = 0.27 mag (Geffert & Maintz 2000), ajusta-se de forma satisfat´oria
ao diagrama cor-magnitude de M71.
2.3.2 Espectroscopia
Os dados M71 GMOS@GEMINI fazem parte do Projeto Observacional GN-2002B-Q-42,
tendo Dr. Bruno Castilho (LNA), Dr. Ricardo Schiavon (Observat´orio Gemini Norte) e
a Professora Dra. Beatriz Barbuy (supervisora) como idealizadores.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 23
Figura 2.5: Mapas de identificao para a amostra M71 mostrando a parte superior do
campo original de 5’ x 5’ de arco. Os eixos vetoriais Norte e Leste em cada mapa de
identificao est˜ao, respectivamente, `a direita e no sentido para cima nas figuras.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 24
Figura 2.6: Mapas de identificao para a amostra M71 mostrando a parte inferior do
campo original de 5’ x 5’. Os eixos vetoriais Norte e Leste em cada mapa de identificao
est˜ao, respectivamente, `a direita e no sentido para cima nas figuras.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 25
Figura 2.7: Diagrama cor-magnitude (V,B-V)
0
de M71. (a): pontos pequenos: fotome-
tria de Cudworth (1985) e atualiza¸ao; pontos grandes: estrelas do programa; quadrados
abertos: estrelas do programa identificadas em Geffert & Maintz (2000). (b): apenas as
estrelas com probabilidade P de pertinˆencia 80%. Os s´ımbolos ao como dados acima.
Os parˆametros da is´ocrona Yonsei-Yale ajustada aos dados est˜ao indicados na figura.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 26
Os dados espectrosc´opicos foram obtidos dia 5 de agosto de 2002, com 2 exposi¸oes de
450 segundos em cada ascara. O tempo total de integra¸ao foi calculado com base nas
estrelas mais brilhantes do aglomerado e levando em conta o limite de satura¸ao para as
estrelas da sequˆencia principal presentes na amostra. Utilizou-se espectroscopia no modo
multi-objeto, a qual possibilita a detec¸ao de centenas de estrelas de uma o vez, usando o
Gemini Multi-Object Spectrograph (GMOS) descrito em detalhes em Hook et al. (2004).
Usou-se uma rede B600 (600 linhas/mm) com um comprimento de onda central em 5100
˚
A e fendas de 1 segundo de arco com uma binagem 2
x 2
ao longo da dire¸ao espacial
e do eixo de dispers˜ao. Esta configura¸ao resultou em espectros com uma resolu¸ao R
= 2000 (∆λ 3
˚
A), com uma dispers˜ao de 0.09 nm/p´ıxel. Vale salientar, por´em, que
devido as diferentes distˆancias das fendas ao bisector das ascaras na dire¸ao Norte-Sul, os
espectros apresentam diferentes coberturas em comprimento de onda. Outra caracter´ıstica
dos espectros GMOS ´e a presen¸ca de duas descontinuidades (gaps) devido `a separa¸ao de
cerca de 0.5 mm entre os trˆes detectores CCDs usados. Os espectros cobrem uma ampla
faixa do vis´ıvel, estendem-se de 3700 a 6400
˚
A. Este intervalo espectral foi escolhido pois
a regi˜ao do azul tem uma aplica¸ao direta no estudo das gal´axias em alto redshifts, onde
a regi˜ao mais vermelha do espectro fica comprometida devido principalmente `a emiss˜ao
e absor¸ao de linhas tel´uricas. Outra vantagem ´e que o crowding de linhas atˆomicas
e moleculares de diferentes esp´ecies e a conhecida varia¸ao na raz˜ao de abundˆancias em
aglomerados globulares e em gal´axias dificultam a modelagem da regi˜ao azul de popula¸oes
simples e, sendo assim, esta regi˜ao precisa ser melhor estudada. No conjunto de dados de
calibra¸ao, observou-se a estrela padr˜ao espectro-fotom´etrica EG 131. A raz˜ao S/N por
p´ıxel dos espectros varia de 10 a 70 na regi˜ao da banda G em 4300
˚
A. As tabelas 2.3 e 2.4
trazem, respectivamente, o jornal das observoes e uma descri¸ao das imagens obtidas.
Tabela 2.3: Estrelas do programa M71 GMOS@GEMINI:
identifica¸ao das estrelas (1, como dada nas ascaras
GMOS e em Cudworth (1985)), coordenadas equatori-
ais (2)-(3), velocidade radial [km/s] (4), probabilidade P
de pertinˆencia (5, como dada em Cudworth (1985) e em
comunicao privada de 2006), magnitude V (6), cores
(7)-(8).
ID α
J2000
δ
J2000
v
r
P V B-V (B-V)
o
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
155 : KC-141 298.4016 +18.75612 16.13 91 15.34 1.23 0.960
138 : KC-127 298.3995 +18.79042 -8.10 90 14.44 1.07 0.800
114 : KC-136 298.3962 +18.76293 16.62 93 14.80 1.22 0.950
253 : KC-119 298.4147 +18.81320 123.03 95 14.52 1.11 0.840
2.3 M71 GMOS@GEMINI 27
Tabela 2.3 – continua¸ao
ID α
J2000
δ
J2000
v
r
P V B-V (B-V)
o
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
1468
: ... 298.4188 +18.77991 -4.63 80 17.30 0.81 0.540
367 : KC-343 298.4335 +18.79543 10.66 8 16.33 0.63 0.360
327 : 1-73 298.4268 +18.78301 -31.76 96 14.79 1.20 0.930
346 : KC-215 298.4298 +18.79586 37.87 93 15.30 0.97 0.700
356 : 1-71 298.4318 +18.79003 -22.45 96 13.54 1.44 1.170
221 : 1-109 298.4103 +18.77245 23.54 96 14.87 1.24 0.970
207 : 1639 298.4085 +18.79252 -4.87 95 17.00 0.75 0.480
291 : 1-95 298.4206 +18.76555 16.01 96 13.30 1.29 1.020
306 : 1-75 298.4229 +18.79264 58.09 96 14.85 1.29 1.020
751 : 1289 298.4129 +18.78219 -1.69 90 17.83 0.84 0.570
3791
: ... 298.4245 +18.79684 32.12 80 16.83 1.07 0.800
1936 : 1280 298.4169 +18.77425 1.80 95 17.45 0.95 0.680
390 : 1-66 298.4382 +18.77940 -14.50 81 13.01 1.40 1.130
1511 : 1-113 298.4403 +18.79596 -11.98 95 12.43 1.80 1.530
1124 : 1-88 298.4363 +18.76084 5.84 90 14.26 0.99 0.720
69 : KC-202 298.4608 +18.81061 43.91 94 15.17 1.12 0.850
7677 : 1346 298.4740 +18.79896 87.14 84 18.14 0.86 0.590
51
: ... 298.4469 +18.77311 -6.75 80 17.30 0.71 0.440
488
: ... 298.4532 +18.78136 -1.78 80 16.83 0.76 0.490
7277 : KC-336 298.4665 +18.79440 17.59 ... ... ... ...
1351 : 1-45 298.4507 +18.79796 39.18 94 12.36 1.76 1.490
573 : KC-196 298.4697 +18.79116 23.10 69 15.60 1.17 0.900
505 : 1-34 298.4574 +18.78078 -107.0 95 14.45 1.05 0.780
1556 : 1-46 298.4642 +18.79901 75.48 93 12.29 1.75 1.480
7498 : A4 298.4715 +18.77711 29.98 94 12.20 1.69 1.420
917 : KC-200 298.4624 +18.80419 62.65 86 15.53 1.30 1.030
1796 : 1134 298.4556 +18.80151 86.97 91 18.69 0.83 0.560
458 : 1-43 298.4485 +18.79111 27.59 94 14.26 1.06 0.790
6761 : ... 298.4591 +18.77784 31.48 ... ... ... ...
566 : KC-363 298.4681 +18.77355 -74.33 0 16.36 1.43 1.160
439 : ... 298.4450 +18.77383 17.75 ... ... ... ...
619 : 1355 298.4770 +18.79714 12.77 97 17.94 0.80 0.530
1235 : 1670 298.4834 +18.79839 93.59 0 16.77 0.86 0.590
640 : 1-48 298.4814 +18.79968 62.93 94 14.39 1.07 0.800
122 : KC-303 298.3969 +18.77009 -30.64 0 16.01 0.81 0.540
1035 : 1600 298.3999 +18.77520 -17.97 97 17.57 0.95 0.680
787 : 1-59 298.4237 +18.80803 48.60 89 14.63 1.30 1.030
292 : X 298.4207 +18.73372 -46.00 90 14.40 1.07 0.800
258 : KC-152 298.4158 +18.73698 -2.72 85 15.03 1.26 0.990
2984
: ... 298.4104 +18.77345 -7.12 80 17.02 0.84 0.570
2.3 M71 GMOS@GEMINI 28
Tabela 2.3 – continua¸ao
ID α
J2000
δ
J2000
v
r
P V B-V (B-V)
o
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
328
: ... 298.4270 +18.75018 -53.12 80 16.52 0.70 0.430
1060 : ... 298.4140 +18.77067 -2.37 80 ... ... ...
1294 : ... 298.4180 +18.78680 -5.85 ... ... ... ...
792
: ... 298.4254 +18.79479 -24.60 80 16.64 1.03 0.760
13 : 1-79 298.4087 +18.77783 34.37 51 13.99 1.43 1.160
232
: ... 298.4123 +18.77188 -11.50 80 16.84 1.06 0.790
402 : 1-87 298.4396 +18.76128 -12.73 95 14.37 1.05 0.780
4126 : ... 298.4290 +18.77043 -21.62 ... ... ... ...
1633 : KC-374 298.4338 +18.78996 2.45 0 16.27 1.23 0.960
2001 : 1-103 298.4317 +18.76827 -20.97 89 14.33 0.87 0.600
1873 : ... 298.4356 +18.78181 -31.61 ... ... ... ...
10387 : KC-267 298.4380 +18.77221 -34.8 39 15.69 0.44 0.170
1958 : ... 298.4417 +18.77365 -24.38 ... ... ... ...
921
: ... 298.4650 +18.77283 -4.46 80 16.53 0.72 0.450
526 : 1-53 298.4607 +18.81613 40.67 95 12.97 1.61 1.340
484 : 1-55 298.4526 +18.80644 48.75 92 14.26 1.10 0.830
6548 : 2071 298.4558 +18.80534 -5.19 90 19.85 1.05 0.780
1181 : 1058 298.4628 +18.79180 -22.38 93 17.79 0.80 0.530
1785 : 1-36 298.4463 +18.77901 -28.97 64 12.79 1.25 0.980
11860 : ... 298.4575 +18.80072 30.41 ... ... ... ...
5871 : ... 298.4479 +18.79313 -57.30 ... ... ... ...
6079 : ... 298.4502 +18.77050 -55.70 ... ... ... ...
7299 : ... 298.4678 +18.80609 -63.31 ... ... ... ...
7453 : ... 298.4694 +18.80521 36.21 ... ... ... ...
1214 : 2084 298.4746 +18.80516 32.43 60 19.00 0.91 0.640
951 : 2080 298.4727 +18.80355 48.11 82 18.08 0.77 0.500
2154 : ... 298.4710 +18.78277 -6.90 ... ... ... ...
1219 : 1356 298.4765 +18.79601 61.95 0 17.92 0.98 0.710
1716 : ... 298.4827 +18.79184 -29.50 ... ... ... ...
8009 : ... 298.4805 +18.79990 -139.8 ... ... ... ...
654 : 1669 298.4843 +18.80037 52.82 0 17.26 1.28 1.010
1926 : 1633 298.4001 +18.78803 -22.54 97 17.28 1.01 0.740
3 : 1995 298.3983 +18.77371 3.43 98 16.92 1.11 0.840
338 : 1-107 298.4283 +18.77441 0.02 90 13.70 1.13 0.860
391 : KC-234 298.4385 +18.76578 18.32 81 15.59 0.12 0.150
223 : KC-300 298.4105 +18.77746 5.90 26 16.11 1.12 0.850
314 : ... 298.4240 +18.79783 113.38 ... ... ... ...
1325 : 1-70 298.4343 +18.78580 18.25 92 14.43 1.09 0.820
294 : 1308 298.4210 +18.79190 37.53 0 16.31 0.83 0.560
4448 : ... 298.4327 +18.78299 0.11 ... ... ... ...
2.3 M71 GMOS@GEMINI 29
Tabela 2.3 – continua¸ao
ID α
J2000
δ
J2000
v
r
P V B-V (B-V)
o
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
10218 : ... 298.4360 +18.78151 -10.03 ... ... ... ...
3915 : ... 298.4260 +18.78303 29.04 ... ... ... ...
813 : ... 298.4306 +18.77201 5.21 ... ... ... ...
266 : KC-223 298.4171 +18.77581 63.33 0 15.54 0.96 0.690
256 : KC-224 298.4154 +18.76982 61.72 0 15.13 0.63 0.360
1934 : ... 298.4136 +18.78399 7.47 ... ... ... ...
206 : 1604 298.4084 +18.77378 48.45 83 16.83 0.87 0.600
407 : 1-65 298.4402 +18.78101 4.68 80 14.20 1.31 1.040
1693 : ... 298.4683 +18.80594 51.17 ... ... ... ...
1818 : ... 298.4662 +18.80561 81.33 ... ... ... ...
6868 : ... 298.4617 +18.80363 84.90 ... ... ... ...
1210 : 1342 298.4741 +18.80269 72.68 92 18.50 0.83 0.560
2013 : ... 298.4565 +18.80247 120.85 ... ... ... ...
1161 : ... 298.4523 +18.80226 72.23 ... ... ... ...
6786 : ... 298.4601 +18.73407 -11.68 ... ... ... ...
12299 : ... 298.4637 +18.78218 12.36 ... ... ... ...
888
: ... 298.4543 +18.78301 3.27 80 17.39 1.37 1.100
7505 : ... 298.4702 +18.79745 60.95 ... ... ... ...
7573 : ... 298.4724 +18.79126 93.07 ... ... ... ...
452 : 1-21 298.4475 +18.76873 4.58 95 13.02 1.49 1.220
10927 : ... 298.4456 +18.77864 219.80 ... ... ... ...
5964 : ... 298.4495 +18.77822 11.88 ... ... ... ...
1897 : ... 298.4584 +18.77371 -2.35 ... ... ... ...
613 : 1378 298.4761 +18.78647 27.41 97 17.57 0.89 0.620
641 : KC-191 298.4816 +18.79488 25.35 85 15.01 1.20 0.930
651 : KC-170 298.4838 +18.75471 -15.25 92 15.57 1.14 0.870
720 : KC-125 298.4006 +18.79778 57.44 38 15.32 1.12 0.850
4 : 2021 298.3983 +18.78664 -31.06 99 17.59 0.96 0.690
399 : 1-81 298.4392 +18.77778 -0.78 95 13.69 1.41 1.140
1282 : KC-298 298.4108 +18.79258 -20.66 8 16.15 1.22 0.950
1081 : ... 298.4221 +18.77992 -2.77 ... ... ... ...
829 : KC-265 298.4352 +18.77724 -7.32 70 15.50 1.25 0.980
4482 : ... 298.4329 +18.79019 -21.82 ... ... ... ...
1486 : ... 298.4293 +18.77786 -16.28 ... ... ... ...
3909 : ... 298.4273 +18.78753 -17.13 ... ... ... ...
1087 : ... 298.4247 +18.77539 -7.65 ... ... ... ...
387 : ... 298.4374 +18.79451 -9.97 ... ... ... ...
778 : ... 298.4201 +18.78474 -22.07 ... ... ... ...
2045 : ... 298.4178 +18.78361 -26.96 ... ... ... ...
1292
: ... 298.4159 +18.77535 -10.03 80 17.31 1.19 0.920
2.3 M71 GMOS@GEMINI 30
Tabela 2.3 – continua¸ao
ID α
J2000
δ
J2000
v
r
P V B-V (B-V)
o
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
242 : 1281 298.4135 +18.77435 21.63 94 17.56 0.99 0.720
212 : KC-128 298.4089 +18.78764 -21.42 0 15.19 1.37 1.100
5412 : ... 298.4417 +18.78268 -11.30 ... ... ... ...
574 : ... 298.4698 +18.80458 66.35 ... ... ... ...
78 : 1341 298.4731 +18.80265 51.13 96 18.08 0.79 0.520
1561 : ... 298.4658 +18.80221 55.75 ... ... ... ...
1894 : ... 298.4537 +18.80117 81.02 ... ... ... ...
881 : KC-252 298.4516 +18.78288 -19.77 0 15.38 0.69 0.420
7014 : ... 298.4625 +18.78173 -22.03 ... ... ... ...
11907 : ... 298.4568 +18.79274 -34.30 ... ... ... ...
523 : ... 298.4605 +18.78475 -11.23 ... ... ... ...
2229 : ... 298.4750 +18.78421 14.80 ... ... ... ...
2153 : ... 298.4674 +18.79044 1.29 ... ... ... ...
513 : 1-11 298.4587 +18.76193 1.72 87 14.81 1.19 0.920
5843 : 1-42 298.4474 +18.78542 -236.7 94 14.22 1.02 0.750
11331 : ... 298.4495 +18.77523 -18.35 ... ... ... ...
1144 : ... 298.4455 +18.78746 -6.37 ... ... ... ...
1815 : ... 298.4642 +18.77378 -12.25 ... ... ... ...
616 : 1158 298.4767 +18.77737 -4.03 99 17.50 0.89 0.620
8076 : ... 298.4831 +18.79152 -8.45 ... ... ... ...
1409 : ... 298.4810 +18.79049 -5.78 ... ... ... ...
2.3.3 Redu¸ao de dados
A redu¸ao de dados em Astronomia constitui-se como uma das etapas fundamentais do
trabalho cient´ıfico final, uma vez que ´e pelo processo de redu¸ao que removemos dos dados
brutos as assinaturas instrumentais para subsistir apenas as caracter´ısticas inerentes dos
objetos de estudo.
Os dados de M71 foram reduzidos usando os odigos especialmente desenvolvidos para
tratar espectros GMOS@GEMINI na vers˜ao atualizada do pacote IRAF. Foram feitas
corre¸oes de bias, flat-field, raios osmicos, linhas de eu, calibra¸ao em comprimento de
onda usando a imagem da ampada de cobre-argˆonio e calibra¸ao em fluxo dos espectros.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 31
Tabela 2.4: Descri¸ao dos dados M71 GEMINI-GMOS, sob Projeto GN2002B-Q42.
Identifica¸ao Descri¸ao Data de observao
ascara 1: GN2002B-Q42-1
N20020802S0020.fits Imagem de lˆampada CuAr 02/08/2002
N20020805S0071.fits Imagem de Calibra¸ao : Flat-Field 05/08/2002
N20020805S0072.fits Imagem de Calibra¸ao : Flat-Field 05/08/2002
N20020805S0073.fits Imagem Cient´ıfica : M71 05/08/2002
N20020805S0074.fits Imagem Cient´ıfica : M71 05/08/2002
ascara 2: GN2002B-Q42-2
N20020802S0021.fits Imagem de lˆampada CuAr 02/08/2002
N20020805S0078.fits Imagem de Calibra¸ao : Flat-Field 05/08/2002
N20020805S0076.fits Imagem Cient´ıfica : M71 05/08/2002
N20020805S0077.fits Imagem Cient´ıfica : M71 05/08/2002
ascara 3: GN2002B-Q42-3
N20020802S0022.fits Imagem de lˆampada CuAr 02/08/2002
N20020805S0082.fits Imagem de Calibra¸ao : Flat-Field 05/08/2002
N20020805S0080.fits Imagem Cient´ıfica : M71 05/08/2002
N20020805S0081.fits Imagem Cient´ıfica : M71 05/08/2002
ascara 4: GN2002B-Q42-4
N20020802S0023.fits Imagem de lˆampada CuAr 02/08/2002
N20020805S0086.fits Imagem de Calibra¸ao : Flat-Field 05/08/2002
N20020805S0084.fits Imagem Cient´ıfica : M71 05/08/2002
N20020805S0085.fits Imagem Cient´ıfica : M71 05/08/2002
Outras calibra¸oes
N20020805S0023.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 05/08/2002
N20020805S0024.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 05/08/2002
N20020805S0025.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 05/08/2002
N20020805S0026.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 05/08/2002
N20020805S0027.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 05/08/2002
N20020806S0048.fits Estrela Padr˜ao 06/08/2002
N20020806S0049.fits Imagem de Calibra¸ao : Flat-Field 06/08/2002
N20020807S0021.fits Imagem de lˆampada CuAr 07/08/2002
N20020810S0071.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 10/08/2002
N20020810S0072.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 10/08/2002
N20020810S0073.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 10/08/2002
N20020810S0074.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 10/08/2002
N20020810S0075.fits Imagem de Calibra¸ao : Bias 10/08/2002
2.3 M71 GMOS@GEMINI 32
Figura 2.8: Imagem de calibra¸ao de bias nos trˆes diferentes CCDs adotada para corrigir
as imagens cient´ıficas (superior) e a estrela padr˜ao (inferior).
Subtra¸ao de bias pelo c´odigo gbias
O bias corresponde a um ru´ıdo adicional aos dados cient´ıficos no momento da leitura
dos CCDs, desta forma subtrair de bias significa corrigir as imagens destas interferˆencias.
Processamos imagens de bias tanto para as imagens cient´ıficas quanto para a estrela
padr˜ao. A figura 2.8 mostra um exemplo de imagem de bias para as observoes GMOS
da amostra, onde se pode ver detalhes da estrutura espacial da imagem de bias. Os
n´ıveis de contagens alcan¸cados s˜ao de 740 ADU/p´ıxel, 630 ADU/p´ıxel e 365 ADU/p´ıxel,
respectivamente, para os trˆes detectores.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 33
Figura 2.9: (a): flat-field normalizado e (b): flat-field combinado, na ascara 2 do pro-
grama observacional.
Subtra¸ao de flat-field atraes do c´odigo gsflat
Todos os CCDs apresentam varia¸oes na eficiˆencia quˆantica em todas as escalas, ou seja, os
detectores oferecem diferentes respostas em diferentes comprimentos de onda. Varia¸oes
p´ıxel-a-p´ıxel ao pequenas, todavia a contribui¸ao em escalas maiores precisa ser levada em
conta. Sendo assim, a finalidade do flat-fielding ´e corrigir, p´ıxel-a-p´ıxel, as imogeneidades
dos detectores.
Ap´os arias itera¸oes, o odigo gsflat produz uma imagem de flat-field normalizada e
outra combinada. Uma vez que os efeitos do flat field ao multiplicativos, dividimos as
imagens dos objetos cient´ıficos pela imagem normalizada de flat-field. A imagem combi-
nada, por sua vez, ´e adotada para a identifica¸ao autom´atica das fendas para espectros
GMOS com base na exposi¸ao da lˆampada GCAL.
O odigo gsflat gerencia outros trˆes programas e entre eles est´a o odigo gscut que auto-
maticamente localiza e corta os espectros bidimensionais e gera um arquivo mutli-extens˜ao
onde cada extens˜ao corresponde a uma fenda da m´ascara. As imagens geradas em todas
as etapas do processo de redu¸ao foram cuidadosamente verificadas usando a ferramenta
SAOImage DS9 para evitar propaga¸ao de erros no resultado final e nesta fase verificamos a
2.3 M71 GMOS@GEMINI 34
Figura 2.10: Imagem cient´ıfica de M71 na ascara 2. Pode-se notar as separa¸oes ou gaps
entre os trˆes CCDs (linhas escuras verticais na imagem). Mais detalhes ao explicados no
corpo do texto.
normaliza¸ao do flat-field (figura 2.9) e, sobretudo, a identifica¸ao autom´atica das fendas.
Corre¸ao de raios c´osmicos pelo c´odigo gscrrej
A figura 2.10 apresenta uma imagem cient´ıfica de M71 na m´ascara 2. Podemos notar, ao
longo de cada CCD, os espectros (faixas brancas ao centro e paralelas `a abscissa x), as
linhas de eu (faixas brancas retangulares e paralelas `a ordenada y) e os raios osmicos
(alguns pontos brancos espalhados sobre a imagem). Os raios osmicos foram removidos
das imagens atrav´es da odigo gscrrej, fixando uma resolu¸ao instrumental de 7 p´ıxeis
com base na largura `a meia altura de linhas de c´eu.
Calibra¸ao em comprimento de onda atraes do c´odigo gswavelength
Calibrar em comprimento de onda significa converter a escala dos espectros de unidade
de imagem [p´ıxel] em escala de comprimento de onda [
˚
A, por exemplo]. A calibra¸ao em
comprimento de onda ´e feita usando espectros de compara¸ao, que no nosso caso foi o es-
pectro de arco de uma lˆampada cobre-argˆonio (CuAr) obtida com a mesma configura¸ao
espectrosc´opica que as imagens cient´ıficas (os espectros de ciˆencia de M71). Como os
comprimentos de onda de laborat´orio de linhas espectrais de CuAr ao bem conhecidos,
torna-se poss´ıvel tra¸car uma rela¸ao entre o comprimento de onda e a unidade de in-
forma¸ao do CCD [p´ıxel] usando o espectro CuAr. Na redu¸ao de dados o processo de
2.3 M71 GMOS@GEMINI 35
Figura 2.11: Exemplo de uma imagem de ampada usada para calibrar os espectros em
comprimento de onda.
calibra¸ao em comprimento de onda requer muitas intera¸oes para garantir a qualidade
no resultado final, principalmente quando se trabalha no modo multi-objeto.
Desta forma, em linhas gerais, o c´odigo gswavelength faz um ajuste em duas dimens˜oes
[x,y] para cada fenda. No nosso escolhemos polinˆomios de Chebyshev com ordem variando
de 4 a 6. A id´eia principal nesta etapa do procedimento ´e retirar os pontos mais distantes
da curva do ajuste, ou seja, as linhas espectrais que ao foram corretamente identificadas.
Dado o conjunto total de pontos e a resolu¸ao dos espectros, adotamos uma dispers˜ao de
corte de 0.30
˚
A. Obtivemos, ao final, um padr˜ao aleat´orio de res´ıduos. Caso a calibra¸ao
ao tivesse sido satisfatoriamente efetuada ver´ıamos uma tendˆencia senoidal dos res´ıduos.
A figura 2.11 mostra o exemplo de uma imagem CuAr usada para a identifica¸ao das
linhas e calibra¸ao em comprimento de onda.
Combinando espectros pelo c´odigo gemcombine
O passo seguinte `a calibra¸ao em comprimento de onda dos espectros foi combin´a-los
usando o odigo gemcombine. A combina¸ao de mais de uma imagem de um mesmo
espectro ´e importante pois aumenta a raz˜ao sinal-ru´ıdo do espectro final. No entanto,
para combinar as imagens, ou espectros bidimensionais, deve-se antes verificar se as linhas
de eu e as fendas est˜ao na mesma posi¸ao para todas as imagens e tamb´em se ao a
grandes diferen¸cas nas intensidades. Estes aspectos foram verificados em cada imagem
2.3 M71 GMOS@GEMINI 36
Figura 2.12: Exemplo de uma imagem subtra´ıda de c´eu para uma das m´ascaras de M71.
Nota-se que h´a ainda alguns res´ıduos de c´eu, sobretudo as linhas mais intensas.
via o SAOImage DS9.
Subtra¸ao do eu atrav´es do c´odigo gsskysub
Para a subtra¸ao do eu utilizamos o odigo gsskysub. Esta etapa tamb´em demanda
aten¸ao especial no processo de redu¸ao de dados, principalmente quando se trabalha com
espectros de baixa resolu¸ao, pois consiste em marcar a regi˜ao do espectro que equivale `a
contribui¸ao do eu. As regi˜oes correspondentes ao eu foram marcadas visualizando-se
cada espectro bidimensional no SAOImage DS9. A regi˜ao em p´ıxel marcada foi escolhida
de forma a evitar as linhas de eu, pois caso contr´ario a intensidade das linhas ficaria
deslocada de uma certa constante e a raz˜ao sinal-ru´ıdo diminuiria (ver figura 2.12).
Extra¸ao dos espectros pelo odigo gsextract
Os espectros unidimensionais foram extra´ıdos atrav´es do odigo gsextract, definindo
interativamente a abertura para cada espectro. Para maximizar a raz˜ao sinal-ru´ıdo ´e
recomendado pela equipe GEMINI-GMOS a utiliza¸ao de uma abertura correspondente a
cerca de 1.2 da largura `a meia altura do perfil do sinal. As fun¸oes polinomiais aos pontos
ao escolhidas de tal forma a ajustarem-se muito bem `as extremidades dos espectros e a
garantirem uma baixa dispers˜ao dos pontos.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 37
Calibra¸ao em fluxo
Calibrar os espectros em fluxo envolve diferentes informa¸oes sobre os espectros, condi¸oes
de observao e ainda a redu¸ao da estrela padr˜ao.
Redu¸ao da estrela padr˜ao
Com o intuito de calibrar os espectros de M71 em fluxo observou-se a estrela padr˜ao
EG 131 com a mesma rede de difra¸ao, com o mesmo comprimento de onda central,
massa de ar e binning das imagens cient´ıficas. Todos os procedimentos descritos
acima para a redu¸ao dos espectros de M71 foram aplicados na redu¸ao da estrela
padr˜ao. A ´unica diferen¸ca no processo ´e que a redu¸ao da padr˜ao faz-se ao modo
long-slit do GMOS, com suas pr´oprias imagens de bias e flat-fields.
Com a redu¸ao e calibra¸ao da estrela pad˜ao obtivemos a fun¸ao de sensibilidade que
representa a resposta dos instrumentos utilizados na aquisi¸ao dos dados. Atraes
do c´odigo sensfunc obtem-se a fun¸ao de sensibilidade pela compara¸ao do espec-
tro observado da estrela padr˜ao a um banco de dados do GEMINI-GMOS contendo
informa¸oes sobre a estrela.
Em resumo, o que o odigo gstandard faz ao calibrar a estrela padr˜ao ´e (i) proces-
sar, a partir de um banco de dados, a distribui¸ao de energia para a estrela padr˜ao
observada; (ii) corrigir a distribui¸ao de energia pela extin¸ao atmosf´erica para o
s´ıtio de observao; (iii) comparar esta distribui¸ao de energia corrigida com a do
espectro padr˜ao observado e, por ´ultimo, iv) derivar a fun¸ao de sensibilidade (ver
figura 2.13) que fornece a resposta total do sistema.
Calibra¸ao em fluxo pelo c´odigo gscalibrate
Nesta ´ultima etapa, atentando-se para a massa de ar e extin¸ao atmosf´erica para
Mauna Kea, o odigo gscalibrate aplica a fun¸ao de sensibilidade a cada espectro
observado. Como resultado do processo obtivemos os 145 espectros do aglomerado
globular rico em metais M71 extra´ıdos e calibrados em fluxo, como mostra a figura
2.14.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 38
Figura 2.13: Fun¸ao de sensibilidade obtida para a estrela EG 131 aplicada a todos os
espectros de M71.
2.3 M71 GMOS@GEMINI 39
Figura 2.14: Exemplo de espectros calibrados em fluxo. Superior: espectro da estrela
padr˜ao EG 131. Inferior: espectro da estrela 484 (1-55, V = 14.26) observada com a
ascara 2. Nota-se alguns ´ındices espectrais de interesse e os gaps devido `a separa¸ao dos
3 CCDS.
Cap´ıtulo 3
NGC 6553: aglomerado globular
tra¸cador do bojo da Gal´axia
Neste cap´ıtulo faremos uma breve revis˜ao de alguns dos trabalhos focados na an´alise
qu´ımica de popula¸oes estelares do bojo da Gal´axia e, particularmente, em NGC 6553,
e sobre os cen´arios que buscam explicar a forma¸ao do bojo Gal´actico. Em seguida apre-
sentamos a an´alise, resultados e interpreta¸ao da investiga¸ao qu´ımica detalhada realizada
para a amostra NGC 6553 UVES@VLT.
3.1 Introdu¸ao — o bojo Gal´actico
Embora os bojos de gal´axias estejam associados `as regi˜oes de intensa forma¸ao estelar e,
por isso mesmo, sejam considerados uma das componentes mais importantes e interes-
santes para o estudo da forma¸ao e evolu¸ao de gal´axias no universo, o bojo da Via-L´actea
ao foi ainda satisfatoriamente estudado e se configura como a estrutura menos explorada
da Gal´axia, sobretudo do ponto de vista das abundˆancias qu´ımicas. A raz˜ao principal ´e o
alto valor de extin¸ao interestelar do bojo, adicionados `a problemas de ac´umulo de estrelas
numa certa regi˜ao (crowding) e `as grandes distˆancias envolvidas, o que dificulta a real-
iza¸ao de trabalhos de alta-resolu¸ao espectral envolvendo an´alises qu´ımicas detalhadas
mesmo em ´epoca dos grandes telesc´opios e espectr´ografos.
Como mostra Dwek et al. (1995), o bojo da nossa Gal´axia cobre uma regi˜ao de cerca de
0
|b| 20
em latitude gal´actica e apresenta uma estrutura triaxial que lembra uma
barra com raz˜oes de eixo dadas por 1:0.33 ± 0.11:0.23 ± 0.08. Esta estrutura classifica a
Via-L´actea como sendo o prot´otipo de uma gal´axia espiral barrada.
Em termos de luminosidade, cuja contribui¸ao deve-se principalmente `as estrelas do tipo
3.1 Introdu¸ao — o bojo Gal´actico 41
K e M, o bojo alcan¸ca uma luminosidade integrada da ordem de 10
9
L
e comp˜oe uma
fra¸ao importante da massa da Gal´axia (M 1.3 x 10
10
M
). Cinematicamente o bojo
´e uma componente intermedi´aria entre a popula¸ao dinamicamente quente do disco e a
popula¸ao dinamicamente fria do halo da Gal´axia (Kormendy & Kennicutt 2004).
a quase 50 anos, quando surgiram os primeiros modelos tentando explicar o processo
de forma¸ao da Gal´axia (ver cap´ıtulo 1), os resultados observacionais focavam apenas
nas popula¸oes estelares do disco e do halo, uma consequˆencia natural das limita¸oes
observacionais da ´epoca. Desta forma, estes primeiros modelos ao incluiam o bojo da
Gal´axia como uma estrutura independente e com suas pr´oprias caracter´ısticas.
Agora, com a constru¸ao de telesc´opios de grande porte e melhorias nas t´ecnicas de
observao, as popula¸oes estelares do bojo da Gal´axia tˆem sido alvo de arios estudos
qu´ımicos detalhados buscando responder quest˜oes fundamentais sobre a origem e evolu¸ao
do bojo e da pr´opria Gal´axia. Abaixo destacamos os principais trabalhos realizados
envolvendo muitas destas popula¸oes estelares do bojo da Gal´axia.
Estrelas gigantes de campo de tipos K e M
McWilliam & Rich (1994) fizeram a primeira an´alise qu´ımica detalhada para 11 estrelas
gigantes de tipo K na janela de Baade (l = 1
, b = 4
). Neste trabalho cl´assico,
usando um telesc´opio de 4 m e espectros de R = 17000 e S/N = 50, eles caracterizaram
espectroscopicamente a MDF do bojo (1 [Fe/H] 0.45) e obtiveram as abundˆancias
qu´ımicas de outras esp´ecies atˆomicas desde o l´ıtio at´e o eur´opio.
Desde ent˜ao muitos trabalhos em procurado caracterizar o padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas
de estrelas gigantes de tipos K e M do bojo Gal´actico usando dados de alta qualidade
no ´optico (Castro et al. 1996; Fulbright et al. 2006; Zoccali et al. 2006; Lecureur et al.
2007; Fulbright et al. 2007) e no infravermelho (Ram´ırez et al. 2000; Rich & Origlia 2005;
Cunha & Smith 2006; Rich et al. 2007; Mel´endez et al. 2008).
Estrelas an˜as e gigantes via microlentes gravitacionais
Fisicamente, um evento microlente gravitacional est´a relacionado ao efeito lentes grav-
itacionais descrito em Zwicky (1937) sendo que em eventos de microlentes os objetos de
pequenas massas como planetas ou estrelas comp˜oem a lente e, neste caso, embora o
desvio da luz seja impercept´ıvel, o brilho aparente da fonte varia drasticamente, o que
permite que o evento seja monitorado. Devido ao crowding observado no bojo da Gal´axia,
eventos de microlente gravitacionais ao frequentes e ´uteis para tra¸car a forma¸ao desta
componente Gal´actica.
Nos ´ultimos 10 anos, eventos de microlente gravitacional em sido usados para determinar
3.1 Introdu¸ao — o bojo Gal´actico 42
as abundˆancias qu´ımicas de objetos fracos, em particular estrelas an˜as do bojo da Gal´axia.
Minniti et al. (1998) determinaram a abundˆancia de l´ıtio para 97 BLG 45, uma estrela da
sequˆencia principal no bojo da Gal´axia, cuja amplifica¸ao foi detectada dentro do projeto
MACHO (Massive Compact Halo Objects). Quatro anos depois, Minniti et al. (2002)
observaram o evento GSC2.2-S222123214159 de microlente gravitacional e determinaram a
metalicidade e a abundˆancia de oxigˆenio para uma estrela gigante. Recentemente, 3 outras
estrelas an˜as tipo espectral G — OGLE-2006-BLG-265, MOA-2006-BLG-099S e OGLE-
2007
BLG-349S —, tiveram as suas abundˆancias calculadas em eventos de microlentes
gravitacionais (Johnson et al. 2007, 2008; Cohen et al. 2008).
Nebulosas planet´arias
As nebulosas planet´arias, est´agios finais da evolu¸ao de uma estrela tipo Sol, ao tamb´em
ut´eis para desvendar a hist´oria de enriquecimento qu´ımico de gal´axias, principalmente em
regi˜oes de alto avermelhamento e que envolvem grandes escalas de distˆancia como o bojo
da Gal´axia. Al´em disso, muitas das transi¸oes atˆomicas que ao facilmente detectadas
nestes objetos dificilmente ser˜ao medidas em estrelas. Consequentemente, as abundˆancias
qu´ımicas das nebulosas planet´arias refletem as condi¸oes da nuvem interestelar `a ´epoca
de forma¸ao destes objetos, o que traz v´ınculos observacionais interessantes para estudar
os processos nucleares e de mistura que aconteceram na estrela progenitora.
a na literatura determina¸ao de abundˆancias para o oxigˆenio, nitrogˆenio, enxofre, argˆonio
al´em de outras linhas espectrais importantes para nebulosas planet´arias do bojo da
Gal´axia (Ratag et al. 1997; Cuisinier 2000; Escudero & Costa 2001; Zhang & Liu 2003;
Wang & Liu 2007; Maciel et al. 2007).
Aglomerados globulares
Analisando o diagrama cor-magnitude de aglomerados globulares, Ortolani et al. (1995)
foram os primeiros a demonstrar que efetivamente o bojo enriquecido em metais da
Gal´axia ´e velho ( 10 Ganos), contrariamente ao que se pensava at´e enao uma vez
que o bojo era comparado `a popula¸ao pobre e velha do halo.
Barbuy et al. (1998) apresentaram os parˆametros fundamentais para 16 aglomerados glo-
bulares dentro de 5
do centro da Gal´axia e apresentaram seus parˆametos asicos: E(B-V),
distˆanica e metalicidade [Fe/H].
Com dados de alta resolu¸ao e alta raz˜ao S/N, NGC 6553 e outros aglomerados globulares
pobres e ricos em metais do bojo tˆem sido quimicamente explorados: Terzan 4 ([Fe/H]=
1.60, Origlia & Rich (2004)); HP-1 ([Fe/H]= 1.00, Barbuy et al. (2006)); NGC 6558
([Fe/H]= 0.97, Barbuy et al. (2007)); UKS 1 ([Fe/H]= 0.78, Origlia et al. (2005b));
NGC 6539 ([Fe/H]= 0.76, Origlia et al. (2005b)); NGC 6342 ([Fe/H]= 0.60, Origlia
3.1 Introdu¸ao — o bojo Gal´actico 43
et al. (2005a)); NGC 6388 ([Fe/H]=0.44, Carretta et al. (2007)); NGC 6441 ([Fe/H]=
0.39, Gratton et al. (2006)); Liller 1 ([Fe/H] = 0.30, Origlia et al. (2002)); Terzan
5 ([Fe/H]= 0.21, Origlia & Rich (2004)) e NGC 6528 ([Fe/H]= 0.11, Carretta et al.
(2001); Zoccali et al. (2004); Origlia et al. (2005a)).
No caso particular de NGC 6553, embora observacionalmente localizado em baixa latitude
gal´actica (l = +5
.25; b = 3
.03) e projetado na dire¸ao do centro gal´actico (ver figura
2.1), seu valor de extin¸ao interestelar E
BV
= 0.63 mag ´e considerado baixo quando
comparado a outros aglomerados globulares ricos em metais num raio R
gal
< 3 kpc do
centro da Gal´axia. Ademais, sua alta luminosidade M
V
= 0.77 mag (Harris 1996)
contribui para que NGC 6553 esteja entre os mais bem estudados aglomerados do bojo.
Ainda assim, poucas estrelas (N < 15) de NGC 6553 foram estudadas com dados de
alta qualidade: (i) Barbuy et al. (1992) analisaram 1 estrela gigante usando observoes
CCD com R 20000; (ii) Barbuy et al. (1999b), utilizando uma resolu¸ao R 20000,
analisaram 2 estrelas gigantes; (iii) Cohen et al. (1999), com R 34000, analisaram 5
estrelas do ramo horizontal; (iv) usando a banda H do infravermelho pr´oximo e resolu¸ao
R 25000, Origlia et al. (2002) estudaram 2 estrelas, enquanto que (v) Mel´endez et al.
(2003), tamb´em usando dados no infravermelho, analisaram 5 estrelas gigantes a uma
resolu¸ao R 50000.
As propriedades inerentes de idade, cinem´atica, dinˆamica e abundˆancias qu´ımicas no
´optico e no infravermelho das popula¸oes sumariamente citadas acima, mais aspectos
morfol´ogicos do bojo da Gal´axia, revelam que esta compontente ´e velha e enriquecida
em metais, com propriedades similares a de outras componentes esferoidas no universo
como as gal´axias el´ıpticas (Renzini 2006). Estas caracter´ısticas intr´ınsecas contemplam
dois cen´arios b´asicos que tentam explicar a forma¸ao do bojo de gal´axias espirais como a
nossa pr´opria (ver Kormendy & Kennicutt 2004, para uma discuss˜ao detalhada).
O primeiro cen´ario, ou bojo cl´assico, baseia-se na id´eia de forma¸ao monol´ıtica da Gal´axia.
O bojo seria formado durante o colapso da nuvem protogal´actica onde a taxa de forma¸ao
estelar no centro cresce bastante devido a alta densidade do as na regi˜ao. Dentro do
contexto da cosmologia moderna o bojo seria fruto de subsequentes fus˜oes (mergings)
ap´os o colapso da nuvem primordial (Kauffmann 1996).
Por outro lado, amparado por simula¸oes num´ericas, no segundo cen´ario, ou pseudo-bojo,
a forma¸ao ocorre a partir de instabilidades dinˆamicas (como por exemplo bra¸cos espirais
e barras) no disco destas gal´axias. Neste cen´ario de evolu¸ao secular o bojo forma-se
numa escala de tempo superior ao tempo dinˆamico de gal´axias.
Voltaremos, ao longo deste trabalho, a muitos dos aspectos particulares — pr´os e contra
3.2 Parˆametros estelares 44
de cada cen´ario proposto para a forma¸ao do bojo e/ou aglomerados globulares da
Gal´axia. Segue abaixo a descri¸ao detalhada da an´alise e obten¸ao das abundˆancias
qu´ımicas para a amostra NGC 6553 UVES@VLT.
3.2 Parˆametros estelares
3.2.1 Velocidades radiais
Estatisticamente, medidas de velocidades radiais com alta precis˜ao em estrelas de aglo-
merados globulares ao usadas para estudar a simetria e a complexidade da evolu¸ao
dos aglomerados globulares, como por exemplo efeitos dinˆamicos internos e externos e
efeitos de rota¸ao. Do ponto de vista cinem´atico, a determina¸ao de velocidades radi-
ais observadas (v
r
) em espectros de alta-resolu¸ao de aglomerados globulares constitui-se
como um dos crit´erios seletivos para ratificar a probabilidade de pertinˆencia das estrelas
ao aglomerado. Al´em disso, este parˆametro possibilita o estudo de poss´ıveis misturas
(blends) de linhas tel´uricas na regi˜ao de linhas espectrais importantes em absor¸ao como,
por exemplo, a regi˜ao da linha proibida de oxigˆenio [OI] 6300
˚
A.
As velocidades radiais da amostra NGC 6553 UVES@VLT foram obtidas atrav´es odigo
autom´atico DAOSPEC (Dunlop Astrophysical Observatory Spectroscopy) escrito em FOR-
TRAN pelo pesquisador P. Stetson do Dominion Astrophysical Observatory do Herzberg
Institute of Astrophysics, Canad´a.
Em linhas gerais, usando imagens FITS (Flexible Image Transport System) ou IRAF
(*.imh), o odigo funciona da seguinte maneira : dada uma lista de linhas atˆomicas e
parˆametros espec´ıficos para o ajuste do espectro observado, como por exemplo a largura
a meia altura dos espectros (FWHM, Full Width at Half Maximum) e a cobertura em
comprimento de onda λ, DAOSPEC (i) encontra automaticamente o m´aximo poss´ıvel das
linhas em absor¸ao definidas na lista, (ii) ajusta o continuum usando um polinˆomio
de Legendre com ordem previamente especificada, (iii) mede as larguras equivalentes
admitindo que as linhas em perfil gaussiano e (iv) determina a velocidade radial observada
(v
r
) de cada estrela utilizando a equa¸ao cl´assica do desvio Doppler z
1
, que relaciona os
comprimentos de onda das linhas como observadas nos espectros (λ
obs
) e como dada em
laborat´orio (λ
lab
) com a velocidade radial. Na figura 3.1 n´os apresentamos para a estrela
NGC 6553 267092, um exemplo dos espectros de sa´ıda do DAOSPEC.
Em seguida, usando o c´odigo rvcorrect do IRAF, obtivemos a corre¸ao das velocidades
1
z = (λ
obs
- λ
lab
)/(λ
lab
) e v
r
= z*c, onde c ´e a velocidade da luz. Redshift: z > 0;
blueshift: z < 0.
3.2 Parˆametros estelares 45
Figura 3.1: NGC 6553 267092 (a) Espectro observado. (b) Polinˆomio de Legendre usado
na normaliza¸ao do continuum. (c) Espectro dos res´ıduos. (d) Uma pequena regi˜ao
espectral (5852 λ 5864
˚
A) do espectro observado com algumas linhas em absor¸ao
identificadas.
3.2 Parˆametros estelares 46
radiais observadas ou corre¸ao heliocˆentrica para as componentes do movimento do obser-
vador na dire¸ao da observao. Desta forma, atentando-se para as coordenadas equatori-
ais, data e ´epoca de observao, tempo universal dos objetos, al´em de informa¸oes sobre o
observat´orio como a altura, latitude e longitude, a corre¸ao ´e feita para as componentes da
velocidade diurnal (rota¸ao da Terra), da velocidade lunar (movimento do centro da Terra
sobre o baricentro Terra-Lua), da velocidade anual (movimento do baricentro Terra-Lua
sobre o centro do Sol) e da velocidade solar (movimento do Sol relativo ao sistema local de
referˆencia). A corre¸ao helioentrica somada aos valores das velocidades radiais Doppler
observadas, permite a obten¸ao das velocidades radiais heliocˆentricas (v
h
r
).
Encontramos uma v
h
r
m´edia de 0.27 ± 1.99 (σ = 3.98, 4 estrelas) kms
1
para a amostra.
Este resultado est´a em bom acordo com os encontrado na literatura. Na compila¸ao
de Harris (1996), NGC 6553 apresenta uma velocidade radial m´edia de v
r
= 6.5 ± 2.7
kms
1
. Rutledge et al. (1997) determinaram um valor de 8.4 (σ = 8.4, 21 estrelas) kms
1
,
enquanto que Coelho et al. (2001) determinaram a velocidade radial m´edia de NGC 6553
com base em diferentes m´etodos e encontraram um valor m´edio de 1 kms
1
. Numa
an´alise recente, com base em 5 estrelas gigantes deste aglomerado e com observoes feitas
no infravermelho usando o PHOENIX@GEMINI, Mel´endez et al. (2003) determinaram
uma velocidade radial helioentrica edia de v
h
r
= +1.6 (σ = 6) kms
1
. Dado que os nossos
espectros apresentam um poder resolutor R
2
de aproximadamente 55000, estimamos uma
resolu¸ao em velocidade da ordem de 5.45 kms
1
para os nossos espectros.
Com a finalidade de criarmos imagens corrigidas pelo desvio Doppler usamos o odigo
dopcor do pacote onedspec do IRAF. Conhecendo-se a v
r
ou equivalentemente o desvio
z, o odigo desloca os espectros para seus respectivos comprimentos de onda de laborat´orio.
A principal vantagem em deslocar os espectros ´e a identifica¸ao precisa das linhas para o
alculo manual das larguras equivalentes e/ou compara¸ao dos espectros observados com
os espectros sint´eticos.
3.2.2 Larguras equivalentes
Os estudos detalhados de abundˆancias de elementos qu´ımicos em estrelas de aglomerados
globulares servem como v´ınculos observacionais importantes ao somente aos cen´arios de
forma¸ao destes objetos, mas tamb´em da pr´opria gal´axia hospedeira. Sendo assim, com
o intuito de aumentar a acur´acia dos resultados numa an´alise fina de linhas individuais,
faz-se necess´ario que as larguras equivalentes (W
λ
) estejam bem medidas. Necessita-se
tamb´em de boa precis˜ao nos parˆametros atˆomicos (fun¸ao de parti¸ao, for¸ca de oscilador,
2
R = λ/λ, onde λ FWHM.
3.2 Parˆametros estelares 47
coeficientes de alargamento das linhas) e um adequado modelo de atmosferas estelares.
As W
λ
descrevem a ´area sob o perfil da linha limitada pelo continuum, o que faz com que
estas dependam da largura (FWHM) das linhas. Por serem diretamente proporcionais
ao n´umero de ´atomos absorvedores as W
λ
funcionam como indicadores da absor¸ao (ou
emiss˜ao) das linhas espectrais. Fisicamente, as W
λ
constituem uma medida global da
intensidade das linhas, o que favorece as compara¸oes entre medidas realizadas por di-
ferentes m´etodos e instrumentos. As W
λ
das estrelas do programa, como dito na se¸ao
anterior, foram medidas automaticamente pelo c´odigo DAOSPEC assumindo perfil gaus-
siano para as linhas. Como discutido em Alves-Brito (2004) a partir de compara¸oes
manuais de W
λ
obtidas com o IRAF, um ajuste gaussiano ´e uma aproxima¸ao plaus´ıvel
para a maioria dos perfis de linhas que nos interessam em espectros de estrelas gigantes
frias com dados de qualidade, ou seja, as linhas moderadas cujas larguras equivalentes
variam de 10 < W
λ
< 150 m
˚
A.
Na tabela 3.1 os mostramos as W
λ
e respectivas medidas de incertezas (colunas de 5-8)
como calculadas por DAOSPEC para diversas linhas de Fe I e Fe II nas quatro estrelas
analisadas de NGC 6553. A coluna 3 da tabela refere-se ao potencial de excita¸ao do
n´ıvel mais baixo da transi¸ao dada em eletron volts [eV]. Os valores parametrizados da
for¸ca de oscilador (loggf, coluna 4) para as linhas de Fe I foram adotados da base NIST
(National Institute of Standards & Technology) de dados atˆomicos (Martin et al. 2002;
Fuhr & Wiese 2006), enquanto que para as linhas de Fe II foram adotados os valores
normalizados de Mel´endez & Barbuy (2008). Naturalmente que nem todas as linhas de
ferro foram utilizadas para a determina¸ao de metalicidade. Mais detalhes ser˜ao dados
na se¸ao relativa `a obten¸ao das metalicidades.
Assumindo ainda que os espectros estejam livres de quaisquer efeitos instrumentais, que
o continuum local seja constante e que o perfil das linhas seja de fato gaussiano, Cayrel
(1988) desenvolveu uma equa¸ao matem´atica capaz de verificar as incertezas sobre W
λ
em dados de alta qualidade como os que estamos analisando:
σ
W
λ
=
1.5
S/N
ωδx (3.1)
onde σ
W
λ
´e a incerteza em W
λ
, S/N [pix
1
] ´e a raz˜ao sinal-ru´ıdo, ω [
˚
A] ´e a largura total
`a meia altura da linha espectral ou FHWM e δx [
˚
Apix
1
] ´e a dispers˜ao.
Para valores t´ıpicos deste trabalho (S/N = 110, w 0.15
˚
A e δx = 0.0147
˚
Apix
1
estimamos uma incerteza σ
W
λ
= 0.6 m
˚
A. Isto representa uma incerteza de 4% para
medidas de linhas fracas (W
λ
= 15 m
˚
A) e menor que 1% para linhas mais intensas (W
λ
3.2 Parˆametros estelares 48
= 150 m
˚
A). Como a equa¸ao 3.1 ´e altamente dependente de S/N e ao leva em conta
incertezas devido `a localiza¸ao precisa do continuum, o valor de σ
W
λ
´e subestimado.
Como disp´unhamos de espectros de alta resolu¸ao e alta raz˜ao S/N, estas incertezas ao
estatisticamente desprez´ıveis sobre os resultados das abundˆancias de ferro.
Tabela 3.1: Larguras equivalentes medidas e respectivas incertezas:
W
λ
± σ
W
λ
[m
˚
A]. Os valores de loggf adotados na coluna (4) ao
do NIST (Martin et al. 2002; Fuhr & Wiese 2006)para as linhas de
Fe I e de Mel´endez & Barbuy (2008) para as linhas de Fe II.
DAOSPEC
λ [
˚
A]
´
Ion χ
exc
[eV] loggf II-85 II-64 III-8 267092
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
4788.751 Fe I 3.237 -1.805 116.3 ± 5.76 108.5 ± 6.22 99.9 ± 4.35 96.5 ± 3.94
4794.355 Fe I 2.424 -4.051 79.1 ± 6.35 52.2 ± 5.33 39.3 ± 3.90 46.1 ± 3.41
4798.265 Fe I 4.186 -1.537 70.9 ± 3.94 63.6 ± 3.89 74.1 ± 2.82 63.3 ± 3.22
4798.731 Fe I 1.608 -4.244 109.7 ± 5.20 95.4 ± 7.12 92.5 ± 3.31 94.9 ± 3.58
4808.147 Fe I 3.251 -2.789 65.3 ± 5.67 72.8 ± 4.00 64.1 ± 3.19 60.2 ± 2.45
4809.940 Fe I 3.573 -2.719 48.7 ± 3.63 42.6 ± 5.48 44.7 ± 4.23 39.4 ± 2.20
4859.741 Fe I 2.876 -0.860 198.5 ± 7.65 185.3 ± 7.38 172.1 ± 5.73 173.2 ± 6.17
4867.528 Fe I 1.608 -4.701 81.7 ± 4.81 55.3 ± 7.65 58.4 ± 3.56 49.3 ± 3.65
4873.752 Fe I 3.301 -3.059 42.3 ± 2.52 42.3 ± 5.65 36.3 ± 3.20 15.3 ± 3.98
4875.875 Fe I 3.332 -2.016 97.9 ± 4.18 101.9 ± 4.34 92.8 ± 3.43 87.2 ± 2.74
4924.770 Fe I 2.279 -2.222 166.3 ± 9.86 153.8 ± 6.55 158.2 ± 4.65 141.9 ± 4.25
4939.686 Fe I 0.859 -3.339 221.1 ± 3.35 186.6 ± 6.35 174.5 ± 4.42 169.2 ± 4.89
4946.385 Fe I 3.368 -1.180 146.6 ± 4.11 134.9 ± 5.22 120.3 ± 4.01 126.2 ± 2.79
4950.104 Fe I 3.417 -1.665 101.3 ± 7.60 112.0 ± 4.47 102.5 ± 3.37 109.2 ± 3.41
4961.915 Fe I 3.634 -2.277 83.5 ± 2.82 67.6 ± 3.69 64.5 ± 3.66 66.6 ± 2.85
4962.565 Fe I 4.178 -1.277 76.6 ± 2.78 74.0 ± 3.96 76.7 ± 3.58 72.5 ± 2.23
4969.916 Fe I 4.217 -0.699 105.9 ± 7.28 103.6 ± 5.60 101.8 ± 3.55 96.8 ± 2.97
4993.358 Fe II 2.806 -3.660 52.7 ± 2.92 51.8 ± 4.21 48.7 ± 2.51 51.1 ± 3.06
4994.129 Fe I 0.915 -3.079 213.0 ± 3.76 184.6 ± 3.75 164.9 ± 4.98 158.8 ± 4.78
4999.114 Fe I 4.186 -1.742 68.0 ± 6.13 56.3 ± 4.16 47.0 ± 12.06 55.6 ± 2.50
5000.743 Fe II 2.778 -4.540 17.1 ± 2.92 21.8 ± 2.79 19.7 ± 3.25
5016.476 Fe I 4.256 -1.683 54.7 ± 3.39 60.5 ± 2.87 48.5 ± 3.08 49.2 ± 2.72
5054.642 Fe I 3.640 -2.140 82.6 ± 4.73 73.2 ± 3.08 66.1 ± 4.75 64.9 ± 2.33
5058.496 Fe I 3.642 -2.830 30.6 ± 6.86 32.0 ± 4.01 27.5 ± 2.46 28.0 ± 3.29
5068.765 Fe I 2.940 -1.227 143.4 ± 3.43 151.4 ± 4.33 150.5 ± 3.54 140.9 ± 3.62
5074.748 Fe I 4.220 -0.196 106.6 ± 5.28 130.7 ± 4.72 124.5 ± 4.11 121.1 ± 3.01
5090.767 Fe I 4.256 -0.410 138.4 ± 5.31 107.4 ± 3.75 116.8 ± 3.40 105.1 ± 4.10
5141.739 Fe I 2.424 -2.146 138.4 ± 0.53 131.7 ± 4.34 128.8 ± 7.92 122.0 ± 3.15
5151.910 Fe I 1.011 -3.323 234.6 ± 4.14 186.3 ± 4.72 149.7 ± 6.84 158.1 ± 3.13
5162.292 Fe I 4.178 0.023 119.9 ± 6.18 153.1 ± 4.36 158.9 ± 6.39 161.6 ± 4.62
5194.941 Fe I 1.557 -2.090 261.6 ± 7.51 188.6 ± 5.23 186.0 ± 4.99 175.2 ± 5.58
5197.577 Fe II 3.230 -2.170 53.2 ± 6.76 71.1 ± 3.95 80.5 ± 3.20 85.7 ± 2.61
5197.929 Fe I 4.301 -1.636 47.4 ± 6.00 51.6 ± 4.15 49.3 ± 4.29 48.6 ± 4.43
5223.187 Fe I 3.635 -2.388 63.9 ± 4.91 55.5 ± 3.84 58.7 ± 4.57 50.1 ± 3.05
5228.403 Fe I 4.220 -1.287 88.2 ± 6.48 82.1 ± 3.18 86.9 ± 2.73 85.0 ± 2.88
5232.939 Fe I 2.940 -0.199 245.9 ± 8.30 190.2 ± 14.13 159.7 ± 15.67 221.9 ± 4.40
5234.625 Fe II 3.221 -2.180 47.8 ± 7.32 88.2 ± 3.24 89.9 ± 2.06 94.0 ± 2.62
5236.205 Fe I 4.186 -1.733 41.5 ± 3.92 42.7 ± 4.49 48.8 ± 5.34 58.3 ± 4.03
5242.491 Fe I 3.634 -0.838 103.9 ± 4.79 121.5 ± 3.82 115.2 ± 4.25 110.5 ± 3.85
3.2 Parˆametros estelares 49
Tabela 3.1 – continua¸ao
DAOSPEC
λ [
˚
A]
´
Ion χ
exc
[eV] loggf II-85 II-64 III-8 267092
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
5253.023 Fe I 2.279 -3.937 78.5 ± 6.01 68.1 ± 3.05 64.7 ± 2.87 61.4 ± 3.05
5253.461 Fe I 3.283 -1.675 104.7 ± 6.01 107.6 ± 3.66 106.8 ± 3.19 99.6 ± 3.69
5264.812 Fe II 3.230 -3.188 28.3 ± 1.99 54.4 ± 2.44 49.8 ± 2.11 60.2 ± 1.93
5281.790 Fe I 3.038 -1.015 188.7 ± 5.89 160.3 ± 9.92 143.2 ± 10.37 177.6 ± 4.70
5284.109 Fe II 2.891 -3.100 46.9 ± 2.74 71.2 ± 4.02 72.0 ± 2.90 77.0 ± 4.53
5295.299 Fe I 4.415 -1.692 45.8 ± 4.42 49.6 ± 3.10 47.8 ± 2.51 49.2 ± 1.68
5302.299 Fe I 3.283 -0.877 154.4 ± 3.48 155.0 ± 5.60 151.0 ± 3.69 156.3 ± 3.89
5307.360 Fe I 1.608 -2.986 174.6 ± 2.49 152.2 ± 4.46 158.8 ± 3.22 140.8 ± 2.88
5320.039 Fe I 3.642 -2.527 66.4 ± 2.54 50.2 ± 2.51 50.8 ± 2.21 55.0 ± 2.23
5322.041 Fe I 2.279 -3.035 133.6 ± 2.26 119.5 ± 2.79 114.8 ± 2.99 111.2 ± 2.56
5325.553 Fe II 3.221 -3.160 31.3 ± 1.63 60.1 ± 3.61 63.6 ± 2.01 55.9 ± 1.90
5364.858 Fe I 4.446 0.221 127.1 ± 3.15 137.4 ± 3.14 136.4 ± 2.60 130.1 ± 4.28
5379.574 Fe I 3.695 -1.476 91.4 ± 4.03 92.0 ± 3.68 98.4 ± 2.83 87.2 ± 3.26
5386.335 Fe I 4.154 -1.770 51.3 ± 4.25 53.5 ± 2.24 59.4 ± 2.93 50.3 ± 1.67
5398.277 Fe I 4.446 -0.669 84.3 ± 2.65 101.7 ± 3.62 98.9 ± 2.64 91.6 ± 2.41
5406.770 Fe I 4.371 -1.721 62.4 ± 2.07 62.6 ± 3.07 61.2 ± 2.26 59.6 ± 1.46
5415.192 Fe I 4.386 0.505 164.0 ± 2.35 156.0 ± 3.75 161.1 ± 3.42 148.6 ± 5.66
5424.069 Fe I 4.320 0.520 164.7 ± 3.98 175.5 ± 5.01 174.8 ± 3.66 172.7 ± 4.08
5425.257 Fe II 3.199 -3.220 21.2 ± 3.97 44.6 ± 3.12 43.8 ± 2.42 42.3 ± 2.08
5432.946 Fe I 4.446 -1.042 81.2 ± 3.10 83.8 ± 2.65 86.1 ± 2.70 88.7 ± 1.70
5436.297 Fe I 4.386 -1.542 52.2 ± 4.60 67.7 ± 3.00 54.9 ± 2.65 59.5 ± 1.82
5441.354 Fe I 4.312 -1.726 45.4 ± 4.62 55.2 ± 2.70 62.0 ± 1.84 52.1 ± 3.14
5460.871 Fe I 3.071 -3.571 72.6 ± 3.18 40.3 ± 2.50 33.0 ± 1.41 26.9 ± 1.80
5470.092 Fe I 4.446 -1.792 64.6 ± 3.49 49.5 ± 3.18 46.8 ± 1.98 44.2 ± 2.15
5501.464 Fe I 0.958 -2.957 256.6 ± 5.46 202.4 ± 4.79 196.4 ± 4.22 181.8 ± 3.18
5506.778 Fe I 0.990 -2.797 255.3 ± 3.53 208.8 ± 3.51 198.7 ± 2.89 196.2 ± 4.70
5522.447 Fe I 4.209 -1.561 58.6 ± 2.70 71.8 ± 2.56 64.0 ± 2.90 69.0 ± 2.69
5536.583 Fe I 2.832 -3.812 46.7 ± 2.75 37.1 ± 2.30 34.3 ± 1.31 28.3 ± 2.31
5543.937 Fe I 4.218 -1.146 83.4 ± 2.92 93.0 ± 1.91 88.9 ± 2.25 89.4 ± 1.64
5549.948 Fe I 3.695 -2.904 40.1 ± 2.97 33.6 ± 1.68 28.6 ± 1.74 27.7 ± 2.14
5560.207 Fe I 4.435 -1.188 65.3 ± 3.20 77.1 ± 2.66 74.8 ± 2.34 77.0 ± 2.28
5576.090 Fe I 3.430 -1.009 130.7 ± 2.68 133.7 ± 2.90 143.0 ± 2.14 136.2 ± 3.22
5579.336 Fe I 4.231 -2.406 42.5 ± 3.79 25.3 ± 1.62 23.2 ± 1.80 23.3 ± 1.74
5584.764 Fe I 3.573 -2.334 77.3 ± 2.89 76.4 ± 3.24 67.0 ± 2.18 67.5 ± 2.24
5586.756 Fe I 3.368 -0.206 168.0 ± 11.53 137.9 ± 12.22 134.9 ± 13.29 185.2 ± 5.26
5587.573 Fe I 4.143 -1.844 60.4 ± 2.65 73.4 ± 3.02 66.9 ± 1.79 60.4 ± 1.60
5607.664 Fe I 4.154 -2.258 41.6 ± 2.40 44.8 ± 1.98 36.5 ± 7.13 35.4 ± 1.38
5608.974 Fe I 4.209 -2.402 50.5 ± 3.39 35.5 ± 2.41 37.1 ± 1.94 28.7 ± 2.05
5615.644 Fe I 3.332 -0.140 156.4 ± 11.54 225.6 ± 7.50 219.9 ± 4.29 216.4 ± 3.88
5618.631 Fe I 4.209 -1.370 72.9 ± 2.35 79.4 ± 2.31 69.6 ± 2.24 78.7 ± 1.83
5633.970 Fe I 4.991 -0.269 79.2 ± 1.39 84.2 ± 2.21 85.0 ± 1.84 79.9 ± 2.19
5635.824 Fe I 4.256 -1.891 67.5 ± 2.09 61.4 ± 2.34 68.3 ± 3.08 57.0 ± 1.91
5636.696 Fe I 3.640 -2.608 50.3 ± 2.90 49.6 ± 3.02 46.2 ± 2.49 51.8 ± 2.07
5638.262 Fe I 4.220 -0.874 103.1 ± 1.53 103.2 ± 2.46 105.5 ± 2.12 76.2 ± 3.74
5652.320 Fe I 4.260 -1.948 52.3 ± 1.63 60.8 ± 1.71 57.7 ± 1.66 52.2 ± 1.80
5653.890 Fe I 4.386 -1.644 58.9 ± 3.11 62.3 ± 2.11 68.8 ± 2.35 64.1 ± 1.32
5679.020 Fe I 4.652 -0.914 61.4 ± 2.29 75.7 ± 3.54 78.6 ± 1.69 67.7 ± 2.73
5691.500 Fe I 4.301 -1.521 63.1 ± 3.46 71.2 ± 3.57 65.8 ± 2.00 65.5 ± 1.95
3.2 Parˆametros estelares 50
Tabela 3.1 – continua¸ao
DAOSPEC
λ [
˚
A]
´
Ion χ
exc
[eV] loggf II-85 II-64 III-8 267092
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
5701.545 Fe I 2.559 -2.216 168.2 ± 4.13 149.4 ± 3.48 145.7 ± 2.64 129.0 ± 1.89
5705.466 Fe I 4.301 -1.604 75.1 ± 2.31 70.4 ± 2.72 78.8 ± 1.76 70.3 ± 1.66
5731.762 Fe I 4.256 -1.286 83.9 ± 1.83 96.2 ± 2.34 94.9 ± 2.44 82.7 ± 1.86
5753.121 Fe I 4.260 -0.760 94.1 ± 3.14 99.3 ± 3.74 106.9 ± 3.36 94.0 ± 3.06
5853.149 Fe I 1.485 -5.268 88.3 ± 2.10 60.1 ± 3.86 44.8 ± 3.55 48.0 ± 2.47
5855.090 Fe I 4.608 -1.755 47.6 ± 1.25 39.9 ± 4.62 41.6 ± 2.49 38.6 ± 2.69
5856.080 Fe I 4.294 -1.640 66.7 ± 5.28 62.0 ± 2.44 57.3 ± 2.48 62.0 ± 2.35
5858.779 Fe I 4.220 -2.260 36.6 ± 2.25 29.6 ± 3.17 28.8 ± 1.87 28.9 ± 2.14
5883.813 Fe I 3.960 -1.355 85.2 ± 4.15 94.4 ± 3.45 95.3 ± 2.26 90.2 ± 2.14
5905.690 Fe I 4.652 -0.725 67.4 ± 1.23 74.6 ± 2.89 78.3 ± 2.88 74.3 ± 3.19
5916.249 Fe I 2.453 -2.993 114.7 ± 2.48 108.1 ± 2.54 103.2 ± 1.53
5927.786 Fe I 4.652 -1.093 65.1 ± 1.09 64.8 ± 2.02 67.8 ± 1.88 65.5 ± 2.03
5934.653 Fe I 3.929 -1.177 106.0 ± 7.00 111.4 ± 3.35 106.9 ± 2.77 108.5 ± 2.69
5952.716 Fe I 3.984 -1.429 82.0 ± 2.94 97.5 ± 2.98 91.0 ± 3.56 94.6 ± 2.47
5956.692 Fe I 0.859 -4.604 173.9 ± 3.62 137.8 ± 3.72 126.1 ± 3.81 120.5 ± 2.80
5991.376 Fe II 3.153 -3.510 26.0 ± 1.46 48.1 ± 2.83 43.4 ± 1.84 41.5 ± 3.05
6024.05 Fe I 4.548 -0.109 107.7 ± 2.28 124.9 ± 3.30 121.0 ± 2.43 119.0 ± 2.46
6027.050 Fe I 4.076 -1.222 87.5 ± 1.69 98.4 ± 2.21 79.1 ± 5.41 95.4 ± 2.72
6065.482 Fe I 2.609 -1.530 219.1 ± 5.09 174.4 ± 3.60 169.4 ± 3.26 174.0 ± 2.75
6079.000 Fe I 4.652 -1.126 64.5 ± 2.55 68.0 ± 2.19 66.3 ± 1.59 68.6 ± 2.10
6084.111 Fe II 3.199 -3.760 17.8 ± 1.21 31.3 ± 1.97 31.7 ± 2.27 31.9 ± 1.71
6093.670 Fe I 4.608 -1.514 49.8 ± 1.24 53.1 ± 1.51 53.0 ± 4.83 48.7 ± 1.78
6094.360 Fe I 4.652 -1.938 35.9 ± 0.78 37.6 ± 1.80 35.2 ± 1.58 34.1 ± 1.74
6096.662 Fe I 3.984 -1.931 70.1 ± 1.78 68.6 ± 2.21 67.2 ± 2.08 66.1 ± 1.88
6098.280 Fe I 4.559 -1.877 46.5 ± 1.21 33.2 ± 1.75 39.1 ± 1.86 36.9 ± 2.22
6136.615 Fe I 2.453 -1.399 214.0 ± 3.35 203.6 ± 4.28 184.3 ± 5.05 157.0 ± 3.67
6136.993 Fe I 2.198 -2.950 149.0 ± 3.99 140.8 ± 4.58 126.1 ± 3.10 127.4 ± 3.58
6145.408 Fe I 3.368 -3.703 7.3 ± 3.05 19.9 ± 4.86 8.0 ± 2.24 6.9 ± 2.59
6149.258 Fe II 3.889 -2.700 22.7 ± 1.22 42.0 ± 2.23 51.4 ± 2.42 38.3 ± 1.65
6151.617 Fe I 2.176 -3.299 127.7 ± 4.58 118.1 ± 2.53 102.4 ± 2.96 110.1 ± 2.72
6157.725 Fe I 4.076 -1.249 108.7 ± 1.92 106.6 ± 2.86 98.2 ± 2.02 96.4 ± 4.79
6159.370 Fe I 4.608 -1.968 55.2 ± 2.68 33.0 ± 2.04 37.0 ± 1.24 29.8 ± 1.69
6165.361 Fe I 4.143 -1.549 85.6 ± 5.24 77.2 ± 2.02 80.1 ± 2.10 84.8 ± 2.40
6173.340 Fe I 2.223 -2.879 152.1 ± 2.55 141.0 ± 4.26 134.6 ± 3.10 132.5 ± 3.28
6180.203 Fe I 2.728 -2.784 113.8 ± 2.18 117.2 ± 4.07 111.6 ± 2.98 109.3 ± 2.48
6187.987 Fe I 3.943 -1.718 89.6 ± 3.20 92.3 ± 2.38 85.6 ± 2.05 82.3 ± 1.98
6200.314 Fe I 2.609 -2.437 122.5 ± 3.77 129.5 ± 2.82 123.5 ± 2.34 132.3 ± 4.41
6213.429 Fe I 2.223 -2.646 142.2 ± 3.14 147.5 ± 3.97 141.4 ± 3.50 138.6 ± 2.88
6219.279 Fe I 2.198 -2.434 169.5 ± 4.27 154.1 ± 2.94 148.7 ± 2.65 231.2 ± 9.10
6226.730 Fe I 3.884 -2.202 73.4 ± 3.11 58.4 ± 2.77 57.7 ± 2.84 53.6 ± 3.67
6240.645 Fe I 2.223 -3.388 118.7 ± 5.27 110.5 ± 4.38 103.2 ± 3.31 98.4 ± 3.13
6246.317 Fe I 3.602 -0.956 126.7 ± 2.23 142.5 ± 3.18 142.8 ± 2.58 137.7 ± 2.45
6247.557 Fe II 3.892 -2.310 20.9 ± 1.86 46.3 ± 5.99 50.7 ± 2.12 54.6 ± 1.73
6252.554 Fe I 2.404 -1.687 179.2 ± 1.79 182.9 ± 3.27 172.1 ± 2.47 171.1 ± 3.04
6265.131 Fe I 2.176 -2.550 161.3 ± 2.30 160.7 ± 2.95 151.8 ± 3.47 148.1 ± 2.25
6270.222 Fe I 2.858 -2.711 102.0 ± 5.77 109.1 ± 3.88 105.8 ± 3.08 100.6 ± 3.02
6271.276 Fe I 3.332 -2.957 61.2 ± 1.48 62.3 ± 2.37 56.5 ± 1.96 59.4 ± 1.62
6290.545 Fe I 2.588 -4.340 40.0 ± 1.61 33.2 ± 1.66 19.2 ± 8.93 27.5 ± 1.78
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 51
Tabela 3.1 – continua¸ao
DAOSPEC
λ [
˚
A]
´
Ion χ
exc
[eV] loggf II-85 II-64 III-8 267092
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
6297.792 Fe I 2.223 -2.740 154.8 ± 6.04 146.8 ± 3.53 134.8 ± 3.11 137.9 ± 2.78
6315.809 Fe I 4.076 -1.712 63.0 ± 2.72 79.6 ± 2.23 74.5 ± 2.48 73.6 ± 1.53
6322.690 Fe I 2.588 -2.426 129.5 ± 3.01 132.0 ± 3.28 121.3 ± 2.83 123.0 ± 2.40
6335.328 Fe I 2.198 -2.229 183.3 ± 2.77 167.2 ± 3.29 155.3 ± 2.54 151.6 ± 2.76
6336.823 Fe I 3.686 -1.053 121.6 ± 2.30 139.2 ± 2.81 130.7 ± 2.73 129.6 ± 2.82
6369.462 Fe II 2.891 -4.150 24.9 ± 1.25 28.3 ± 1.94 30.1 ± 1.77 28.5 ± 1.17
6392.538 Fe I 2.279 -4.028 153.6 ± 12.94 71.7 ± 2.79 56.9 ± 2.45 57.0 ± 2.44
6393.602 Fe I 2.432 -1.615 227.4 ± 11.34 195.0 ± 3.72 185.8 ± 3.40 182.0 ± 2.99
6411.647 Fe I 3.653 -0.821 146.5 ± 2.21 153.2 ± 3.44 130.5 ± 5.96 147.5 ± 1.88
6419.940 Fe I 4.733 -0.250 97.8 ± 1.79 107.5 ± 2.43 101.5 ± 2.47 105.0 ± 1.94
6430.844 Fe I 2.176 -2.005 224.6 ± 4.56 192.6 ± 4.09 180.7 ± 2.50 177.0 ± 2.51
6432.680 Fe II 2.891 -3.610 29.1 ± 1.12 52.7 ± 2.12 53.8 ± 1.39 55.8 ± 1.10
6456.383 Fe II 3.903 -2.060 33.5 ± 0.94 69.4 ± 2.38 72.2 ± 1.94 64.4 ± 2.37
6496.469 Fe I 4.795 -0.570 88.3 ± 3.58 89.7 ± 1.91 88.4 ± 1.96 84.1 ± 1.96
6498.937 Fe I 0.958 -4.699 185.1 ± 5.02 140.6 ± 4.51 124.6 ± 2.92 126.5 ± 2.81
6518.365 Fe I 2.832 -2.748 120.1 ± 2.56 105.1 ± 2.96 102.8 ± 2.86 105.7 ± 2.82
6546.239 Fe I 2.758 -1.648 195.2 ± 2.67 166.2 ± 3.09 154.7 ± 2.84 152.0 ± 2.20
6574.225 Fe I 0.990 -5.042 149.3 ± 3.07 114.3 ± 3.55 102.3 ± 2.70 98.4 ± 2.78
6592.913 Fe I 2.727 -1.600 180.9 ± 2.73 176.2 ± 2.71 166.2 ± 3.27 162.0 ± 2.80
6593.871 Fe I 2.433 -2.422 168.8 ± 3.78 152.9 ± 3.88 142.2 ± 2.39 148.3 ± 3.13
6597.557 Fe I 4.795 -1.061 60.3 ± 2.13 64.4 ± 5.59 62.1 ± 1.54 69.5 ± 1.67
6608.024 Fe I 2.279 -4.038 106.8 ± 7.00 70.6 ± 2.54 59.7 ± 2.07 56.5 ± 1.74
6677.989 Fe I 2.692 -1.472 191.9 ± 4.05 188.8 ± 3.82 174.8 ± 3.09 149.2 ± 6.43
6703.568 Fe I 2.759 -3.150 96.5 ± 2.38 93.4 ± 2.83 82.6 ± 2.48 84.4 ± 2.05
6713.770 Fe I 4.795 -1.602 33.1 ± 1.54 40.0 ± 1.52 36.7 ± 1.25 37.9 ± 1.36
6733.150 Fe I 4.638 -1.576 54.6 ± 2.20 48.7 ± 2.57 52.8 ± 1.61 50.4 ± 1.93
6739.520 Fe I 1.557 -4.941 98.4 ± 2.75 72.3 ± 2.15 64.0 ± 3.72 57.2 ± 2.06
6750.150 Fe I 2.424 -2.620 152.1 ± 3.87 150.7 ± 2.56 133.2 ± 2.44 125.0 ± 2.02
6786.856 Fe I 4.191 -2.060 57.9 ± 1.65 54.0 ± 2.29 50.7 ± 1.53 48.9 ± 1.41
6793.252 Fe I 4.076 -2.473 57.2 ± 2.06 36.6 ± 2.05 35.4 ± 1.80 32.6 ± 0.90
6806.847 Fe I 2.728 -3.208 101.8 ± 3.09 89.1 ± 3.41 88.3 ± 1.88 86.4 ± 2.14
3.3 Parˆametros atmosf´ericos
Na an´alise de abundˆancias qu´ımicas os parˆametros atmosf´ericos das estrelas tempe-
ratura efetiva, gravidade superficial g (ou logg), velocidade de microturbulˆencia e met-
alicidade, aliados a um modelo te´orico de atmosferas, ao parˆametros essenciais para
reproduzir as condi¸oes f´ısicas reinantes nas atmosferas estelares. Sendo assim, nesta
subse¸ao, segue uma descri¸ao de como obtivemos os parˆametros atmosf´ericos para as
estrelas do programa, tanto por fotometria com base nas cores das estrelas, quanto por
espectroscopia usando as larguras equivalentes das linhas de FeI e FeII.
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 52
3.3.1 Velocidade de microturbulˆencia
Daqui em diante os parˆametros atmosf´ericos de temperatura efetiva, microturbulˆencia,
gravidade superfical e metalicidade (T
eff
, v
t
, logg, [Fe/H]) obtidos com base nas linhas de
Fe I e Fe II ser˜ao denominados parˆametros atmosf´ericos espectrosc´opicos.
Fisicamente, a velocidade de microturbulˆencia (v
t
) ´e um parˆametro livre isotr´opico definido
como uma velocidade oriunda de uma distribui¸ao gaussiana associada a movimentos em
pequena escala em elementos de volumes da atmosfera estelar e que ao muito menores
que o livre caminho m´edio dos otons. Este parˆametro ´e utilizado para explicar o acen-
tuado alargamento observado no perfil de linhas espectrais intensas dentro dos modelos
cl´assicos de atmosferas estelares em 1-dimens˜ao (1D) (Gray 1988). Contudo, no contexto
dos novos modelos de atmosferas estelares hidrodinˆamicos, tridimensionais e depen-
dentes do tempo —, a v
t
deixa de ser um parˆametro livre. Nestes novos modelos as W
λ
de linhas saturadas observadas em estrelas ao s˜ao maiores que as previstas teoricamente
quando apenas os alargamentos t´ermico Doppler e colisional ao levados em conta no
alculo (Asplund 2005).
Como a velocidade de microturbulˆencia est´a diretamente relacionada `a intesidade das lin-
has, o procedimento adotado para a obten¸ao espectrosc´opica da v
t
´e observar o compor-
tamento de um conjunto de linhas de um mesmo elemento qu´ımico e est´agio de ioniza¸ao,
por´em com diferentes W
λ
, e exigir que as abundˆancias deste elemento em fun¸ao da raz˜ao
W
λ
/λ sejam independentes. Em outras palavras, deve-se impor que o coeficiente angular
da regress˜ao linear ajustada aos dados seja aproximadamente nulo. Para garantir robustez
na determina¸ao de v
t
usamos linhas de Fe I, uma vez que esta ´e a ´unica esp´ecie atˆomica
com um n´umero expressivo de linhas ao longo dos espectros observados no ´optico.
Dado um conjunto de W
λ
e um modelo de atmosferas obtivemos as abundˆancias de
Fe I atrav´es do odigo Abonj (Spite 1967) desenvolvido pela Professora Dra. Monique
Spite. Para cada estrela foram realizadas v´arias itera¸oes com diferentes valores de v
t
no
programa Abonj at´e que a condi¸ao de independˆencia fosse satisfeita.
Para estimarmos as incertezas internas variamos as velocidade de microturbulˆencia de
certas quantidades, come¸cando com ∆v
t
= ±0.05 kms
1
, e recalculamos as abundˆancias
de FeI a cada passo. Ao final de cada itera¸ao, as abundˆancias de ferro foram novamente
analisadas no diagrama [FeI/H] versus W
λ
, sendo que uma diferen¸ca de ± 0.2 kms
1
foi
suficiente para variar drasticamente o aspecto do diagrama e este valor foi interpretado
como sendo o nosso valor de incerteza em v
t
.
Erros sistem´aticos sobre W
λ
podem superestimar ou subestimar os valores das velocidade
de microturbulˆencia e as incertezas em seus valores afetam, no contexto dos modelos 1D
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 53
de atmosferas, principalmente as abundˆancias determinadas a partir de linhas fortes (alto
valor de W
λ
) como as de b´ario e c´alcio (Magain 1984).
3.3.2 Temperaturas efetivas
Em Astrof´ısica definimos temperatura efetiva de uma estrela como sendo a temperatura
equivalente de um corpo negro que irradia em todas as frequˆencias. Desta forma, a
temperatura efetiva est´a associada ao F
λ
medido da estrela:
F
λ
= σ
B
T
4
eff
, (3.2)
onde σ
B
´e a constante de Stefan-Boltzmann.
a v´arios m´etodos que podem ser utilizados em Astrof´ısica para a obten¸ao da tempera-
tura efetiva de uma estrela. Cada m´etodo, por´em, com suas vantagens e limita¸oes.
Temperaturas fotom´etricas
Para a determina¸ao das temperaturas efetivas fotom´etricas usamos as transforma¸oes
emp´ıricas de Alonso et al. (1999, 2001, AAM99 daqui em diante) que se baseiam no
M´etodo do Fluxo do Infravermelho (MFIV). Em essˆencia o m´etodo mede a emissividade
das superf´ıcies estelares com base na raz˜ao entre o fluxo integrado (proporcional a T
4
) e
o fluxo monocrom´atico (proporcional a T) com comprimento de onda λ no infravermelho,
onde os efeitos de blanketing ao menos dominantes quando comparados `a regi˜ao mais azul
do espectro. O objetivo principal do MFIV ´e derivar a temperatura efetiva e os diˆametros
estelares (Blackwell et al. 1980, 1991).
Adotando um avermelhamento E
BV
= 0.70 para NGC 6553 (Guarnieri et al. 1998;
Mel´endez et al. 2003) e leis de avermelhamento de E
V I
/E
BV
=1.33 (Dean, Warpen
& Cousins 1978), E
V K
/E
BV
=2.744 e E
JK
/E
BV
=0.52 (Rieke & Lebofsky 1985), ob-
tivemos cores corrigidas da extin¸ao interestelar em diferentes sistemas fotom´etricos, as
quais foram usadas para derivar as temperaturas fotom´etricas.
A transforma¸ao das cores (V - I)
C
do sistema fotom´etrico Cousins para cores (V - I)
J
no
sistema fotom´etrico Johnson foi feita utilizando as rela¸oes de Bessell (1979):
(V I)
J
=
(V I)
C
0.713
, se (V I)
C
< 0 (3.3)
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 54
(V I)
J
=
(V I)
C
0.778
, se 0 < (V I)
C
< 2 (3.4)
(V I)
J
=
(V I)
C
+ 0.13
0.835
, se 2 < (V I)
C
< 3 (3.5)
As cores envolvendo as magnitudes JHK
s
no sistema fotom´etrico 2MASS foram conver-
tidas para o sistema fotom´etrico CIT (California Institute of Technology) e deste para o
sistema TCS (Telesc´opio Carlos anchez) por interm´edio das rela¸oes estabelecidas em
Alonso et al. (1998) e Carpenter (2001). Abaixo listamos as principais equa¸oes:
K
S
= K
CIT
0.024 (3.6)
(J K)
CIT
=
(J K
S
)
2MASS
+ 0.013
1.056
(3.7)
K
TCS
= K
s
+ 0.006(J K)
CIT
+ 0.002 (3.8)
K
TCS
= K
s
+ 0.006(J K
S
)
2MASS
+ 0.002 (3.9)
(J K)
TCS
= 0.960(J K
S
)
2MASS
0.002 (3.10)
As calibra¸oes AAM99 ao rela¸oes emp´ıricas que relacionam temperatura, cor e corre¸ao
bolom´etrica na banda V (CB) para estrelas gigantes a diferentes valores de metalicidade.
Nestas calibra¸oes, polinˆomios gerais do tipo:
Ψ = Ψ(T, cor, CB, [Fe/H]), (3.11)
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 55
fazem a transforma¸ao de cores intr´ınsecas em temperaturas efetivas e corre¸oes bolom´etricas.
Para estrelas gigantes com (V - I)
0
(Johnson), (V - K)
0
e (J - K)
0
(TCS) temos que:
θ
eff,VI
= 0.5379 + 0.3981(V I)
0
+ 4.432 × 10
2
(V I)
2
0
2.693 × 10
2
(V I)
3
0
(3.12)
θ
eff,V K
= 0.3770 + 0.3660(V K)
0
3.170 × 10
2
(V K)
2
0
3.074 × 10
3
(V K)
0
F e
H
2.765 × 10
3
F e
H
2.973 × 10
3
Fe
H
2
(3.13)
θ
eff,JK
= 0.5816 + 0.9134(J K)
0
0.1443(J K)
2
0
, (3.14)
onde nas equa¸oes acima θ
eff
´e a fun¸ao rec´ıproca da temperatura:
θ
eff
=
5040.
T
eff
(3.15)
A magnitude bolom´etrica (luminosidade integrada das estrelas) ´e escrita analiticamente
como:
M
bol
= V
0
+ CB(V) (m M)
0
(3.16)
Na express˜ao 3.16, V
0
e (m - M)
0
dependem do avermelhamento interestelar, ao passo que
CB, de forma an´aloga `a rela¸ao cor-temperatura, ´e calculada usando as duas express˜oes
abaixo de AAM99:
CB(V) =
5.531 × 10
2
X
0.6177 + 4.420X 2.669X
2
+0.6943X
Fe
H
0.1071
Fe
H
8.612 × 10
3
Fe
H
2
(3.17)
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 56
CB(V) =
9.930 × 10
2
X
+ 2.887 × 10
2
+ 2.275X 4.425X
2
+0.3505X
Fe
H
5.558 × 10
2
Fe
H
5.375 × 10
3
Fe
H
2
(3.18)
Adotamos [Fe/H] = 0.20 (Mel´endez et al. 2003) como o valor inicial de metalicidade,
o que estabelece 3.56 log(T
eff
) 3.67 e 3.65 log(T
eff
) 3.83 como intervalos
permitidos de temperatura para as equa¸oes 3.17 e 3.18, respectivamente. A vari´avel X ´e
uma fun¸ao da temperatura escrita como:
X = log T
eff
3.52. (3.19)
Na calibra¸ao de AAM99 a varia¸ao m´edia das cores com a temperatura ao ´e alta.
Para as cores (V - I)
0
, (V - K)
0
e (J - K)
0
a varia¸ao esperada ´e de T
eff
/∆(V I) =
10/0.01 K mag
1
, T
eff
/∆(V K) = 5/0.01 K mag
1
e T
eff
/∆(J K) = 23/0.01
K mag
1
. A diferen¸ca (V - K) de magnitudes ´e considerada a melhor cor para o c´alculo
da temperatura efetiva fotom´etrica tendo em vista sua relativa independˆencia com a
metalicidade e pequena varia¸ao m´edia da temperatura com a cor, que ao resultado de
uma larga base (V-K) em comprimento de onda.
A tabela 3.2 mostra as magnitudes em cada banda, as cores obtidas e as temperaturas
fotom´etricas efetivas utilizando as calibra¸oes de AAM99. Como teste, derivamos tamb´em
temperaturas fotom´etricas usando outras duas calibra¸oes da literatura Houdashelt et
al. (2000) e Montegriffo et al. (1998) – mas as diferen¸cas encontradas foram inferiores `as
incertezas estimadas. Levando em conta as incertezas de 1σ fornecidas pelas calibra¸oes
de AAM99 para V I (σ
V I
= 125 K), V K (σ
V K
= 40:25 K), e J K (σ
JK
= 125
K), podemos estimar uma incerteza da ordem de 130 K nas temperaturas fotom´etricas.
Temperaturas espectrosc´opicas
Em condi¸oes de Equil´ıbrio Termodinˆamico Local (ETL), a distribui¸ao de Boltzmann
descreve o comportamento da popula¸ao de ´atomos e mol´eculas em estados excitados. De
uma forma geral podemos escrever que a popula¸ao η do j-´esimo n´ıvel ser´a enao dada
por:
η
j
η
=
g
j
φ(T)
exp(
χ
j
kT
), (3.20)
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 57
Tabela 3.2: Temperaturas fotom´etricas T
eff
derivadas usando V I, V K e J K
com base nas rela¸oes de AAM99. Abaixo, (V I)
C
0
e (V I)
J
0
faz referˆencia `as cores j´a
corrigidas da extin¸ao interestelar nos sistemas fotom´etricos Johnson e Cousins, respecti-
vamente.
Parˆametro II-64 II-85 III-8 267092
Magnitudes e Cores
V [mag] 16.492 15.339 16.297 16.608
I [mag] 14.418 12.724 14.285 14.663
J [mag] 10.979 12.798
H [mag] 9.975 11.983
K
S
[mag] 9.647 11.749
(V I)
C
0
1.143 1.684 1.081 1.014
(V I)
J
0
1.469 2.172 1.389 1.303
Temperaturas fotom´etricas
T
VI
[K] 4448 3773 4564 4700
T
VK
[K] 3853 4500
T
JK
[K] 3901 4564
T
media
[K] 4448 3842 4543 4700
onde:
g
j
: ´e o peso estat´ıstico do jesimo n´ıvel;
φ(T ): ´e a fun¸ao de parti¸ao dos elementos considerados dentro do jesimo n´ıvel, sendo
que φ(T ) =
j=0
g
j
exp(
χ
j
kT
);
χ
j
: ´e o potencial de excita¸ao do j-´esimo n´ıvel;
k: constante de Boltzmann;
T: temperatura.
Desta forma, ao linearizarmos a equa¸ao acima em fun¸ao da energia (χ
j
), a fun¸ao resul-
tante ser´a de primeira ordem tendo o fator (1/kT) como coeficiente angular da regress˜ao.
Sendo assim, na pr´atica, a temperatura espectrosc´opica ´e obtida analisando Diagramas de
Boltzmann, ou seja, num plano abundˆancia qu´ımica ( `a popula¸ao η
j
) versus a energia
(χ
j
) admite-se o equil´ıbrio de excita¸ao quando o coeficiente angular ( 1/T) do ajuste
linear aos dados for aproximadamente zero.
Para a determina¸ao das temperaturas efetivas espectrosc´opicas deste trabalho usamos as
abundˆancias de linhas de FeI, tendo em vista que ao bastante numerosas e cobrem uma
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 58
extensa base em comprimento de onda e valores do potencial de excita¸ao. As abundˆancias
foram obtidas atrav´es do odigo Abonj, o qual determina as larguras equivalentes das
linhas utilizando modelos de atmosferas.
Embora a temperatura de excita¸ao ou espectrosc´opica seja robusta no sentido de que ao
depende da extin¸ao interestelar ou das incertezas na determina¸ao da distˆancia de NGC
6553, h´a outras fontes de incertezas associadas como os parˆametros atˆomicos das linhas.
Mesmo assim o acordo entre as temperaturas obtidas nos dois m´etodos ´e satisfat´orio. os
encontramos uma diferen¸ca edia de temperatura (espectrosc´opica menos a fotom´etrica)
da ordem de 25 ± 48 (σ = 96, 4 estrelas), ou seja, o valor m´edio obtido por fotometria ´e
25 K mais baixo que o encontrado por espectroscopia.
Uma varia¸ao de 100K no valor da temperatura de excita¸ao para cada estrela provoca
uma consider´avel varia¸ao no comportamento das abundˆancias de Fe I em fun¸ao dos
respectivos potenciais de excita¸ao, de tal forma que este valor foi adotado como estimativa
de incerteza nos valores de temperatura obtidos por equil´ıbrio de excita¸ao.
3.3.3 As gravidades superficiais
Diferentes m´etodos podem tamb´em ser empregados para o alculo da gravidade superficial
de uma estrela. Os nossos valores parametrizados de gravidade superficial (logg) foram
obtidos por fotometria e por espectroscopia.
Gravidade superficial fotom´etrica
Das equa¸oes cl´assicas de estrutura e evolu¸ao estelar, pode-se demonstrar que a forma
parametrizada da gravidade superficial, em unidades solares, pode ser escrita em fun¸ao
da temperatura, da magnitude bolom´etrica e da massa da estrela da seguinte forma:
log(
g
g
) = +4 log(
T
T
) + 0.4(M
bol
M
bol
) + log(
M
M
), (3.21)
onde adotamos T
= 5780 K, M
bol
= 4.75 mag, log g
= 4.44 dex, seguindo as re-
comenda¸oes da Uni˜ao Astronˆomica Internacional, e M
= 0.80 M
(VandenBerg 2000).
A magnitude visual M
V
e a M
bol
foram determinadas adotando odulo de distˆancia de
(m M)
0
= 13.60 mag e um avermelhamento E(B V ) = 0.70 mag (Guarnieri et al.
1998), junto com um A
V
= 2.17 e corre¸oes bolom´etricas BC
V
calculadas das rela¸oes
dispon´ıveis em AAM99.
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 59
Pela teoria de propaga¸ao de erros
3
podemos estimar incertezas internas sobre logg como
sendo:
σ
2
logg
=
σ
g
ln(10)g
2
+
σ M
M
ln(10)
M
M
2
+ 16
σ
T
ln(10)T
2
+ 16
σ
T
ln(10)T
2
+ 0.16
σ
2
V
0
+
+0.16
σ
2
CB
+ 4
σ
d
ln(10)d
2
, (3.22)
onde:
σ
2
V
0
= σ
2
V
+ σ
2
A
V
(3.23)
os estimamos incertezas da ordem de ±0.20 dex sobre os valores de logg propagando
erros na temperatura fotom´etrica (σ
T
eff
= 130 K), na massa da estrela (σ
M
= 0.2M
),
e na magnitude bolom´etrica (σ
M
bol
0.2 mag). Como o significado f´ısico das gravidades
superficiais est´a relacionado ao estabelecimento de gradientes de press˜ao na atmosfera
estelar e nos ambientes prop´ıcios `a forma¸ao das linhas espectrais, os erros no valor de logg
ao afetam em propor¸oes consider´aveis as abundˆancias derivadas de linhas de elementos
neutros, tendo em vista que estas linhas ao pouco sens´ıveis `a press˜ao. Por outro lado,
as linhas ionizadas, linhas proibidas e as asas das linhas mais intensas ao fortemente
dependentes de incertezas sobre as gravidades superficiais.
Gravidade superficial espectrosc´opica
As gravidades superficiais espectrosc´opicas foram tamb´em obtidas via m´etodo iterativo
com o Abonj exigindo equil´ıbrio de ioniza¸ao (Lei de Saha) entre um variado n´umero
de linhas de mesma esp´ecie e em diferentes est´agios de ioniza¸ao nos espectros linhas
de Fe I e Fe II neste trabalho. Isto implica que na condi¸ao de equ´ılibrio ambas esp´ecies
atˆomicas resultam no mesmo (ou aproximadamente) valor de abundˆancia, ou seja, [FeI/H]
[FeII/H], uma vez obtidas as velocidades de microturbulˆencia e as temperaturas de
excita¸ao.
3
Uma vez que uma grandeza ψ seja dada em fun¸c~ao de vari´aveis experimentais x
1
,
x
2
, x
3
,... e sobre estas vari´aveis estejam associados erros padr~oes completamente
independentes entre si, o erro padr~ao sobre ψ pode ser obtido genericamente por σ
2
ψ
=
n
i=1
(
ψ
x
i
)
2
σ
2
x
i
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 60
Encontramos uma diferen¸ca edia log g (espectroscopia - fotometria) = +0.17 ± 0.08
dex (σ = +0.17, 4 estrelas) para a nossa amostra, o que implica que na m´edia as gravidades
superficiais espectrosc´opicas ao maiores do que as obtidas pela equa¸ao cl´assica.
Como ´e esperado, as gravidades espectrosc´opicas s˜ao tamb´em afetadas por incertezas nos
parˆametros atˆomicos das linhas e nas medidas de W
λ
. Estimamos que +0.30 dex seja um
valor t´ıpico de incerteza sobre os valores de logg obtidos espectroscopicamente, uma vez
que ∆logg = 0.30 dex corresponde a uma diferen¸ca maior que 1σ no valor de [FeII/H] na
condi¸ao de equil´ıbrio.
O processo de obten¸ao dos parˆametros atmosf´ericos por espectroscopia ´e iterativo at´e
que seja obtido um conjunto de parˆametros que satisfa¸ca as condi¸oes de equil´ıbrio de
excita¸ao e ioniza¸ao descritas acima. A figura 3.2 mostra um exemplo de determina¸ao
dos parˆametros atmosf´ericos para a estrela NGC 6553 II-64.
3.3.4 Metalicidade
Para determina¸ao das metalicidades selecionamos linhas de Fe I e Fe II com larguras
equivalentes entre 15 < W
λ
< 150 m
˚
A, com o objetivo de evitar linhas muito fracas ou
muito intensas, e linhas com comprimentos de onda λ > 5800
˚
A, com o objetivo de evitar
linhas do azul. Utilizamos os modelos MARCS de atmosferas estelares em uma dimens˜ao
(1D) para estrelas gigantes Plez et al. (1992, e posteriores atualiza¸oes), os quais foram
originalmente desenvolvidos por Gustafsson et al. (1975). As metalicidades foram obtidas
tanto para o conjunto de parˆametros atmosf´ericos com base na fotometria quanto na
espectroscopia.
A depender dos valores de loggf, dos modelos de atmosferas ou da s´ıntese espectral o valor
da abundˆancia solar de ferro na literatura pode variar de at´e 0.2 dex (7.44 (Fe)
7.64). Para este trabalho adotamos (Fe)
= 7.50 (Grevesse & Sauval 1998).
Ao longo do processo iterativo de obten¸ao das metalicidades as linhas que apresen-
taram discrepˆancias superiores a 1σ do valor m´edio foram automaticamente rejeitadas do
omputo m´edio final. Ao final, ao encontramos qualquer tendˆencia das diferen¸cas de
metalicidade com a temperatura, o que evidencia as condi¸oes de equil´ıbrio impostas. Os
parˆametros atmosf´ericos obtidos por espectroscopia foram adotados na an´alise qu´ımica
detalhada das estrelas.
Na tabela 3.3 apresentamos o conjunto final de parˆametros atmosf´ericos para a amostra
NGC 6553 UVES@VLT. Vˆe-se que o conjunto de parˆametros atmosf´ericos fotom´etricos
convertem-se numa metalicidade m´edia [FeI/H] = 0.21 ± 0.02 (σ = 0.01) e [FeII/H]
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 61
Figura 3.2: Demonstra¸ao da obten¸ao da temperatura efetiva, gravidade superficial,
velocidade de microturbulˆencia e metalicidade para a estrela NGC6553 II-64 com dados
obtidos por fotometria (esquerda) e por espectroscopia (direita). Na figura, a constante
a refere-se ao coeficiente angular do ajuste linear aos dados. Alto: FeI vs. χ. Meio:
FeI vs. W
λ
. Baixo: Fe I (c´ırculos) e Fe II (quadrados) vs. W
λ
. As linhas tracejadas
correspondem aos valores m´edios encontrados usando somente as medidas dentro de 1σ
do valor m´edio.
3.3 Parˆametros atmosf´ericos 62
Tabela 3.3: Parˆametros estelares e atmosf´ericos finais
Star M
bol
T
eff
v
t
logg [FeI/H] [FeII/H]
mag K km s
1
dex dex dex
Fotometria
II-64 267122 +0.1987 4448 1.45 2.07 0.23 ± 0.15 0.10 ± 0.03
II-85 266938 1.6190 3842 1.38 1.08 0.23 ± 0.15 0.29 ± 0.09
III-8 265717 +0.0653 4543 1.32 2.05 0.21 ± 0.16 0.23 ± 0.09
267092 +0.4672 4700 1.50 2.27 0.19 ± 0.11 0.46 ± 0.06
Espectroscopia
II-64 267122 4500 1.45 2.20 0.20 ± 0.15 0.20 ± 0.01
II-85 266938 3800 1.38 1.10 0.23 ± 0.15 0.29 ± 0.09
III-8 265717 4600 1.40 2.40 0.17 ± 0.15 0.17 ± 0.04
267092 4600 1.50 2.50 0.21 ± 0.12 0.22 ± 0.06
= 0.27 ± 0.15 (σ = 0.07), o que resulta numa diferen¸ca m´edia ∆Fe = [FeII/H] - [FeI/H]
= 0.06 ± 0.16 dex (σ = 0.08) para as 4 estrelas. Por outro lado, com base nos parˆametros
espectrosc´opicos, obtivemos [FeI/H] = 0.20 ± 0.02 (σ = 0.01) e [FeII/H] = 0.22 ±
0.05 (σ = 0.01), o que resulta numa diferen¸ca m´edia ∆Fe = [FeII/H] - [FeI/H] = 0.02
± 0.06 dex (σ = 0.02) para as 4 estrelas.
3.3.5 Incertezas na metalicidade
As incertezas apresentadas na tabela 3.3 s˜ao o desvio padr˜ao da m´edia das abundˆancias
das N linhas medidas em cada estrela. Estas estimativas ao levam em conta os efeitos
das incertezas sobre os parˆametros atmosf´ericos que podem subestimar ou superestimar as
medidas. Sendo assim, variamos os parˆametros atmosf´ericos espectrosc´opicos (T:logg:v
t
)
de uma estrela da amostra (II-64) de incertezas t´ıpicas a discutidas nas se¸oes acima
e estimamos os efeitos sobre a abundˆancia de ferro. Uma varia¸ao ∆T
eff
= ± 100K
resulta numa ∆[FeI/H] = 0.03 dex e ∆[FeII/H] = 0.12 dex; ∆logg = ± 0.30 dex resulta
em ∆[FeI/H] = 0.04 dex e ∆[FeII/H] = 0.11 dex; finalmente, uma varia¸ao ∆v
t
= ± 0.20 kms
1
acarreta ∆[FeI/H] = 0.07 dex e ∆[FeII/H] = 0.06 dex. Como era
esperado, as abundˆancias de [FeI/H] ao mais dependentes das varia¸oes na velocidade de
microturbulˆencia, enquanto que as abundˆancias de [FeII/H] ao mais suscet´ıveis a erros
nas gravidades superficiais.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 63
3.3.6 ETL versus ao-ETL para a amostra
Th´evenin & Idiart (1999) estudaram em detalhes o problema da sobreioniza¸ao do ferro
nas atmosferas de estrelas an˜as pobres em metais e mostraram que an´alises de abundˆancia
no equil´ıbrio termodinˆamico local levam a uma subestimativa de [Fe/H] quando normal-
izadas `as linhas de Fe I nestas atmosferas. Eles sugerem um fator de corre¸ao de +0.30
dex nas estimativas de [FeI/H] para estrelas com [Fe/H] = 3.00 e um fator +0.10 dex a
metalicidades [Fe/H] = 1.00.
Neste trabalho, eles destacam que a qualquer profundidade ´optica na atmosfera de baixa
opacidade das estrelas an˜as pobres em metais as popula¸oes dos n´ıveis atˆomicos do Fe I
ao modificadas pelo escapamento dos otons ultravioleta. Consequentemente, como todo
o Fe na atmosfera destas estrelas encontra-se ionizado, a metalicidade derivada das linhas
de Fe II ao preferencialmente adotadas como estimativa de [Fe/H] uma vez que estas
esp´ecies atˆomicas ao menos sens´ıveis por desvios de ETL.
Th´evenin & Idiart (1999) mostram tamem que a gravidade superficial ´e afetada no
sentido que o fluxo dos otons ultravioleta para a superf´ıcie torna-se maior a densidades
atmosf´ericas mais baixas a uma dada T
eff
o que explica o fato que os logg obtidos no
equil´ıbrio de ioniza¸ao ao inferiores aos obtidos a partir da equa¸ao cl´assica com distˆancias
determinadas pelos dados do sat´elite HIPPARCOS em estrelas pobres em metais.
Para as estrelas gigantes e supergigantes ricas em metais e de baixo valor de logg seria
necess´ario fazer uma an´alise mais cuidadosa com modelos de atmosferas mais complexos
(Idiart, comunicao privada em 2004). De qualquer forma a diferen¸ca edia entre as
abundˆancias de ferro obtidas pelas linhas de Fe I e Fe II por espectroscopia neste trabalho
´e muito pequena, o que sugere que as nossas medidas de metalicidade ao insens´ıveis `a
varia¸oes da condi¸ao de ETL.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, com-
para¸oes e interpreta¸ao
3.4.1 S´ıntese espectral
A s´ıntese espectral ´e um dos m´etodos astrof´ısicos usados na determina¸ao das abundˆancias
qu´ımicas de esp´ecies atˆomicas e moleculares atrav´es da cria¸ao de espectros sint´eticos, ou
seja, simula¸ao em laborat´orio dos espectros observados. O etodo de s´ıntese espectral
possibilita o alculo do fluxo te´orico que emerge da fotosfera estelar atrav´es da solu¸ao
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 64
das equa¸oes asicas da teoria de transporte radiativo. O sucesso do etodo depender´a
da qualidade dos parˆametros inerentes `as linhas atˆomicas, como comprimento de onda
da transi¸ao, potencial de excita¸ao (χ), for¸ca de oscilador (ou loggf), constantes de
amortecimento radiativas e colisionais e estrutura hiperfina, al´em das linhas moleculares
e da f´ısica dos modelos de atmosferas usados.
Exceto para o ferro, as abundˆancias qu´ımicas deste trabalho foram obtidas usando o
odigo Pfant de s´ıntese espectral (Spite 1967; Cayrel et al. 1991; Barbuy et al. 2003), ao
qual Barbuy (1982) incluiu a s´ıntese de linhas moleculares. Mais detalhes da f´ısica do
m´etodo de s´ıntese espectral, bem como da lista de linhas implementada ao c´odigo Pfant,
modelos de atmosferas, opacidades, a f´ısica das constantes de amortecimento e estrutura
hiperfina podem ser vistos no apˆendice A.
3.4.2 Lista de linhas e abundˆancia solar
Obtivemos as abundˆancias qu´ımicas para linhas de Na, Mg, Al, Si, Ca, Ti, Mn, Cu, Zn,
Zr, Ba, La e Eu. Os valores de loggf usados para os elementos-α e elementos oriundos da
captura de pr´oton s˜ao como dados em Barbuy et al. (2006).
Para o tripleto de Mn em 6000
˚
A, c´alculos de HFS foram levados em conta usando dados
atˆomicos de Brodzinski et al. (1987) e Walther (1962). Adotamos spin nuclear I=2.5
para
55
Mn, ´unico nucl´ıdeo que contribui para a abundˆancia do manganˆes (Woodgate &
Martin 1957). Para a linha de MnI 6016
˚
A, o valor loggf = 0.216, dispon´ıvel no Vienna
Atomic Line Database (VALD, Piskunov et al. 1995), fornece abundˆancias mais baixas de
manganˆes. Usando o loggf do VALD, o espectro sint´etico da linha ´e muito mais forte do
que as respectivas linhas observadas no Sol e em Arcturus, como mostra a figura 3.3. Por
esta raz˜ao, determinamos o loggf astrof´ısico para esta linha usando o atlas solar (Kur´ucz
et al. 1984) e o atlas de Arcturus (Hinkle et al. 2000) buscando encontrar um novo valor de
loggf que fosse compat´ıvel com as abundˆancias destas estrelas como dadas na literatura.
As abundˆancias de cobre foram obtidas a partir das linhas Cu I 5105
˚
A, 5218
˚
A e 5782
˚
A.
A HFS foi calculada usando dados de Bielski (1975), com uma fra¸ao isot´opica de 0.69
para
63
Cu e 0.31 para
65
Cu.
A abundˆanica de zinco foi calculada usando a linha de Zn I em 4810
˚
A com parˆametros
χ = 4.08 eV e loggf = 0.170 adotados de Bi´emont & Godefroid (1980).
Para as linhas de BaII 6141
˚
A e 6496
˚
A, LaII 6390
˚
A e Eu II 6645 os alculos de HFS
foram implementados usando os dados atˆomicos de Biehl (1976) e Lawler et al. (2001).
Para o c´alculo relativo das abundˆancias, adotamos as abundˆancias solares de Grevesse &
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 65
Figura 3.3: Ajustes de HFS para linhas de Mn no Sol e em Arcturus: espectro observado
(linha olida); espectro sint´etico (linha pontilhada); espectro sint´etico usando o loggf total
de VALD para a linha 6016
˚
A (linha tracejada).
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 66
Sauval (1998), que para os elementos do pico do ferro ao (Mn)
=5.39, (Cu)
=4.21 e
(Zn)
=4.60.
Entre os elementos do pico do ferro estudados, Mn ´e o ´unico cuja abundˆancia solar fo-
tosf´erica difere por at´e ±0.14 dex do valor meteor´ıtico. Duas raz˜oes principais poderiam
explicar esta discrepˆancia. Primeiro, o valor meteor´ıtico est´a errado: isso, em princ´ıpio
ao ´e plaus´ıvel dado que o Mn ´e muito bem analisado quimicamente em meteoritos atrav´es
de processos de ativao de eutrons e as incertezas sobre os valores medidos ao muito
pequenas. Segundo, o valor fotosf´erico est´a errado: esta premissa seria mais plaus´ıvel para
explicar a diferen¸ca observada, uma vez que os ´ultimos alculos da abundˆancia fotosf´erica
de Mn foram realizados por Booth et al. (1984).
Por outro lado, numa compila¸ao de v´arios valores da abundˆancia solar de Mn da litera-
tura, Asplund (2005) mostra que a discrepˆancia na abundˆancia solar do Mn ´e da ordem
de 0.08 dex, embora com barras de erro superiores aos valores edios de cada medida.
Faz-se necess´ario, por´em, uma an´alise cuidadosa das probabilidades de transi¸ao e tempos
de vida envolvendo o Mn, al´em de an´alises com os novos modelos de atmosferas em 3D e
fora das condi¸oes LTE para poder melhor entender tais discrepˆancias.
As tabelas 3.4, 3.5 e 3.6 apresentam, respectivamente, o conjunto de todas as linhas
que foram utilizadas na s´ıntese espectral dos elementos-α, elementos Z-´ımpar, elementos
pesados e elementos do pico do ferro (Mn e Cu). Cada tabela identifica a esp´ecie atˆomica,
os potenciais de excita¸ao χ, constantes de amortecimento C6, loggf e HFS quando for o
caso.
Tabela 3.4: Lista de linhas atˆomicas usada para a s´ıntese
espectral: (1) esp´ecie atˆomica, (2) comprimento de onda,
(3) potencial de excita¸ao, (4) constante de amorteci-
mento C6 e (5) loggf.
Esp´ecie λ(
˚
A) χ(eV) C6 loggf
(1) (2) (3) (4) (5)
Elementos α
Mg I 6318.720 5.110 0.30E31 2.100
Mg I 6319.242 5.110 0.30E31 2.360
Mg I 6319.490 5.110 0.30E31 2.900
Si I 5948.548 5.082 2.19E-30 1.170
Si I 6142.490 5.620 0.30E31 1.580
Si I 6145.020 5.610 0.30E31 1.500
Si I 6155.020 5.620 0.30E30 0.850
Si I 6243.823 5.610 0.30E32 1.300
Si I 6244.480 5.610 0.30E31 1.270
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 67
Tabela 3.4 – continua¸ao
Esp´ecie λ(
˚
A) χ(eV) C6 loggf
(1) (2) (3) (4) (5)
Si I 6414.987 5.870 0.30E30 1.128
Ca I 6102.723 1.879 4.54E31 0.930
Ca I 6156.030 2.521 4.00E31 2.590
Ca I 6161.297 2.523 4.00E31 1.420
Ca I 6162.173 2.523 3.00E31 0.090
Ca I 6166.439 2.521 3.97E31 1.156
Ca I 6169.042 2.523 3.97E31 0.900
Ca I 6169.563 2.526 4.00E31 0.630
Ca I 6439.075 2.526 3.40E32 +0.300
Ca I 6455.598 2.523 3.39E32 1.550
Ca I 6464.679 2.520 3.40E32 2.480
Ca I 6471.662 2.526 3.39E32 0.800
Ca I 6493.788 2.526 3.37E32 +0.000
Ca I 6499.654 2.526 3.37E32 0.850
Ca I 6508.850 2.526 3.37E32 2.510
Ca I 6572.778 0.000 1.75E32 4.320
Ti I 5866.452 1.067 2.16E32 0.840
Ti I 5965.828 1.879 2.14E32 0.409
Ti I 5978.543 1.873 2.14E32 0.496
Ti I 6064.629 1.046 2.06E32 1.944
Ti I 6091.174 2.267 3.89E32 0.423
Ti I 6126.217 1.067 2.06E32 1.424
Ti I 6258.110 1.440 4.75E32 0.360
Ti I 6303.756 1.443 1.53E32 1.566
Ti I 6312.237 1.460 4.75E32 1.552
Ti I 6336.102 1.443 0.30E31 1.742
Ti I 6508.153 1.430 1.46E32 2.050
Ti I 6554.224 1.443 2.72E32 1.219
Ti I 6556.062 1.460 2.74E32 1.075
Ti I 6599.130 0.900 2.94E32 2.085
Ti I 6743.124 0.900 0.30E31 1.628
Ti II 6491.582 2.060 0.30E31 2.100
Ti II 6559.576 2.050 0.30E31 2.480
Elementos Z-´ımpar
Na I 5682.647 2.102 0.30E30 0.700
Na I 5688.217 2.102 0.30E30 0.457
Na I 6154.225 2.102 0.90E31 1.570
Na I 6160.753 2.104 0.30E31 1.270
Al I 6696.032 3.143 0.30E31 1.481
Al I 6698.667 3.143 0.30E31 1.782
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 68
Tabela 3.4 – continua¸ao
Esp´ecie λ(
˚
A) χ(eV) C6 loggf
(1) (2) (3) (4) (5)
Elementos pesados
Zr I 6143.216 0.070 0.30E31 1.100
Ba II 6141.728 0.704 0.070 0.08
Ba II 6496.900 0.604 0.380 0.08
La II 6390.483 0.320 1.410 +0.01
Eu II 6645.127 1.380 +0.120 +0.09
3.4.3 Metalicidade: [Fe/H]
Determinar e interpretar a fun¸ao distribui¸ao de metalicidade (MDF) do bojo da nossa
Gal´axia ´e fundamental para investigar o hist´orico de forma¸ao do bojo e da Via-L´actea.
Neste sentido, aglomerados globulares ricos em metais, devido principalmente `as suas
similaridades qu´ımicas com popula¸oes de campo do bojo (Ortolani et al. 1995; Zoccali
et al. 2003), podem ser utilizados como objetos de referˆencia no estudo da metalicidade
de popula¸oes ricas em metais na regi˜ao interna `a Gal´axia.
Particularmente no caso de NGC 6553 o seu valor de metalicidade tem sido amplamente
debatido na literatura no decorrer dos ´ultimos anos, como apresentado na figura 3.4. Vˆe-se
que at´e 1992, para as an´alises que se baseiam em m´etodos fotom´etricos ou espectrosc´opicos
de baixa resolu¸ao, a um amplo intervalo de valores poss´ıveis que varia de [Fe/H] = +0.47
dex (Bica & Pastoriza 1983) a [Fe/H] = 0.70 dex (Pilachowski 1984), ou seja, um fator
15 em [Fe/H]. A partir de 1992, a usando dados espectrosc´opicos de melhor qualidade,
exceto para o valor m´edio obtido por Coelho et al. (2001) que ainda se baseia em dados
de baixa resolu¸ao, a um vis´ıvel decr´escimo na dispers˜ao dos resultados. Ainda assim,
a varia¸ao de metalicidade atinge ∆[Fe/H] = 0.49 dex (0.55 < [Fe/H] < 0.06), ou
seja, uma diferen¸ca superior a um fator 3 em [Fe/H] que, em princ´ıpio, ´e a raz˜ao de
abundˆancia mais facilmente obtida devido principalmente ao elevado n´umero de linhas de
FeI dispon´ıveis nos espectros observados e a relativa qualidade dos dados atˆomicos para
estas linhas quando comparadas `as outras esp´ecies.
Como detalhado em se¸oes anteriores, obtivemos um valor m´edio de metalicidade [Fe/H]=
0.20. Este resultado est´a compat´ıvel com resultados anteriores da literatura usando
dados de qualidade no ´optico e no infravermelho (Cohen et al. 1999; Mel´endez et al.
2003).
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 69
Tabela 3.5: HFS para linhas de Mn I.
6013.488
˚
A; χ=3.072 eV 6016.673
˚
A; χ=3.073 eV
loggf(total) = 0.252
a
log gf(total) = 0.216
c
λ (
˚
A) loggf λ (
˚
A) loggf
6013.447 0.7669 6016.613 1.5760
6013.468 0.9790 6016.640 0.7979
6013.487 1.2520 6016.640 1.4133
6013.496 1.4561 6016.661 1.4079
6013.502 1.6622 6016.662 1.0611
6013.507 1.3100 6016.678 1.5102
6013.516 1.3312 6016.679 1.3921
6013.522 1.4861 6016.689 1.5760
6013.532 1.8083 6016.690 1.8392
6013.535 1.8541 6016.691 1.7723
6013.535 2.4104 6016.697 2.5382
6013.536 2.0302 6016.701 1.4133
6016.707 1.7723
6016.708 1.4079
6016.709 1.5102
6016.673
˚
A; χ=3.073 eV 6021.792
˚
A; χ=3.075 eV
loggf(total) = 0.516
b
loggf(total) = 0.035
a
λ (
˚
A) loggf λ (
˚
A) loggf
6016.613 1.8760 6021.716 2.6674
6016.640 1.0979 6021.742 1.4499
6016.640 1.7133 6021.745 2.3152
6016.661 1.7079 6021.765 1.2739
6016.662 1.3611 6021.770 2.1903
6016.678 1.8102 6021.775 0.5323
6016.679 1.6921 6021.784 1.2483
6016.689 1.8760 6021.790 2.2695
6016.690 2.1392 6021.792 0.6718
6016.691 2.0723 6021.799 1.3152
6016.697 2.8382 6021.804 0.8302
6016.701 1.7133 6021.809 1.4913
6016.707 2.0723 6021.813 1.0142
6016.708 1.7079 6021.818 1.2361
6016.709 1.8102 6021.819 1.5213
Fontes para os valores de loggf:
(a) NIST; (b) ajuste sobre os espectros do Sol e Arcturus; (c) VALD
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 70
Tabela 3.6: HFS para linhas de Cu I.
5105.50
˚
A; χ=1.39 eV 5218.21
˚
A; χ=3.82 eV
loggf(total) = 1.520
b
loggf(total) = +0.264
a
λ (
˚
A) loggf λ (
˚
A) loggf
5105.497 4.2291 5218.201 1.4123
5105.501 3.2774 5218.203 0.9367
5105.503 3.2314 5218.205 1.0665
5105.504 4.4202 5218.207 0.3466
5105.510 3.1656 5218.211 0.5575
5105.514 2.9097 5218.213 0.5685
5105.519 3.8761 5218.216 0.2226
5105.523 2.9318
5105.525 2.7319 5782.14
˚
A; χ=1.64 eV
5105.526 4.0655 loggf(total) = 1.720
b
5105.530 2.6600 5782.032 3.4320
5105.531 2.8199 5782.042 3.7349
5105.534 2.5629 5782.054 3.0340
5105.545 2.9140 5782.064 3.0850
5105.550 2.3138 5782.073 3.3890
5105.554 2.4538 5782.084 2.6880
5105.572 2.1079 5782.086 3.0340
5782.098 3.0340
5782.113 2.6880
5782.124 2.6880
5782.153 2.5870
5782.173 2.2410
Fontes para o loggf: (a) NIST; (b) Bielski (1975)
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 71
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
1980 1985 1990 1995 2000 2005
-2
-1
0
1
2
3
1: Zinn (1980)
2: Bica & Pastoriza (1983)
3: Cohen (1983)
4: Zinn & West (1984)
5: Pilachowski (1984)
6: Webbink (1985)
7: Bica & Alloin (1986)
8: Barbuy et al. (1992)
9: Harris (1996)
10: Origlia et al. (1997)
11: Cohen et al. (1999)
12: Barbuy et al. (1999)
13: Coelho et al. (2001)
14: Carretta et al. (2001)
15: Melendez et al. (2003)
16: This Work
Figura 3.4: Diferentes valores de metalicidade encontrados na literatura para NGC 6553
atrav´es dos anos. Os quadrados abertos ao para os trabalhos realizados utilizando fotome-
tria, enquanto que os quadrados fechados ao para aqueles baseados em espectroscopia.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 72
Barbuy et al. (1999b) analisaram espectros CASPEC (R 20000) de duas estrelas gi-
gantes frias de NGC 6553 e obtiveram metalicidade m´edia [Fe/H] = 0.55, um fator 2.23
mais baixo que o valor encontrado no presente trabalho. Como a atual amostra cont´em
uma estrela em comum (a estrela II-85) `a amostra de Barbuy et al. (1999b), revimos em
detalhes os espectros das estrelas nos dois diferentes conjuntos de dado com o intuito de
tentar entender a diferen¸ca encontrada. Verificamos a determina¸ao dos parˆametros at-
mosf´ericos e atentamos para similaridades e dissimilaridades nos parˆametros atˆomicos de
cada linha de ferro, al´em de poss´ıveis diferen¸cas nas medidas de W
λ
, bem como diferen¸cas
entre os m´etodos de an´alise nos diferentes trabalhos. Encontramos trˆes poss´ıveis fontes de
incertezas que poderiam explicar as discrepˆancias em metalicidade entre os dois trabalhos:
(i): Temperatura efetiva: usando cores HST e adotando um E(B-V)=0.70, Barbuy et al.
(1999b) derivaram uma temperatura efetiva de 4000 K para a estrela II-85, enquanto que
o valor atual ´e de 3842 K, obtido de forma espectrosc´opica. No entanto, como discutido na
se¸ao 3.3.5, uma diferen¸ca de ∆T = +100K leva a uma diferen¸ca ∆[Fe/H] = 0.03 dex,
o que significa que uma varia¸ao de cerca de 200K na temperatura ainda n˜ao explicaria a
∆[Fe/H] entre os dois trabalhos.
(ii): Gravidade superficial: Barbuy et al. (1999b) obtiveram logg = 1.26 dex, mas o
valor espectrosc´opico foi corrigido de 0.6 dex, ou seja, o valor logg = 0.70 foi adotado.
Numa simula¸ao com as larguras equivalentes de II-85, uma ∆logg = ±0.6 dex acarreta
numa ∆[Fe/H]=±0.3 dex, o que explicaria grande parte da discrepˆancia entre os dois
conjuntos de dados.
(iii): W
λ
: as medidas de larguras equivalentes de linhas em comum da estrela II-85
nas duas amostras ao apresentadas na tabela 3.7. Em linhas gerais, embora apenas com
poucas linhas em comum, as larguras equivalentes das linhas mais intensas apresentadas
em Barbuy et al. (1999b) parecem sistematicamente mais baixas ( 20 m
˚
A) do que as da
presente amostra. Em simula¸oes com o Abonj esta diferen¸ca em W
λ
prevˆe uma ∆[Fe/H]
0.1 dex. A principal raz˜ao para as diferen¸cas observadas nas W
λ
de II-85 nos dois
conjuntos de dados parece estar associada a baixa qualidade dos espectros CASPEC,
tanto em resolu¸ao quanto na raz˜ao S/N, quando comparados aos espectros UVES do
presente estudo como mostra a figura 3.5 para a estrela II-85. Isso dificulta a localiza¸ao
do continuum para o c´alculo das larguras equivalentes.
Com base nisso, os nossos resultados fixam, preferencialmente, uma metalicidade [Fe/H]=
0.2 para NGC 6553. Este resultado ´e compat´ıvel ao apenas com medidas de metal-
icidade com dados de alta qualidade no infravermelho para NGC 6553 (Mel´endez et al.
2003), mas tamb´em com a metalicidade m´edia das estrelas de campo do bojo (Fulbright
et al. 2006; Lecureur et al. 2007) e para estrelas de NGC 6528 (Zoccali et al. 2004), o qual
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 73
Tabela 3.7: Compara¸ao das W
λ
das linhas de FeI usadas neste trabalho em comum com
o trabalho de Barbuy et al. (1999b).
λ(
˚
A) χ
ex
(eV) loggf Este trabalho Barbuy et al. (1999b)
W
λ
[m
˚
A] W
λ
[m
˚
A]
5861.110 4.280 2.450 24.9 25.
6082.710 2.220 3.570 131.1 102.
6096.660 3.980 1.930 70.1 74.
6120.250 0.910 5.950 96.4 69.
6475.620 2.560 2.940 127.5 118.
6481.870 2.280 2.980 148.5 117.
6574.230 0.990 5.040 149.3 130.
6739.520 1.560 4.940 98.4 49.
Figura 3.5: Espectro da estrela gigante II-85: compara¸ao entre o espectro estudado em
Barbuy et al. (1999b), obtido com telesc´opio de 3.6m e espectr´ografo CASPEC de R
20000 (a) e o do presente estudo obtido com o VLT de 8.2m e espectr´ografo UVES de
R55000.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 74
´e muito similar a NGC 6553.
3.4.4 Elementos α: [O/Fe], [Mg/Fe], [Si/Fe], [Ca/Fe], [Ti/Fe]
Com o trabalho cl´assico de Tinsley (1980) e as primeiras determina¸oes de oxigˆenio
para estrelas pobre em metais da Gal´axia (por exemplo, Barbuy 1988), a abundˆancia
de elementos-α passou a ser interpretada como crucial no entendimento de quantidades
importantes como a SFR e a IMF.
Para interpretar a hist´oria de evolu¸ao qu´ımica da Gal´axia faz-se necess´ario entender a
complexa intera¸ao entre as estrelas e o meio interestelar. O enriquecimento qu´ımico da
Gal´axia atrav´es dos elementos pesados, ou seja, os elementos da tabela peri´odica com
n´umero atˆomico Z entre 6 Z 110, ´e controlado pelos processos de nucleoss´ıntese
estelar, onde a f´ısica das explos˜oes de supernovas (SNs) Tipo II e Tipo Ia ´e fundamental
para o entendimento da evolu¸ao qu´ımica.
De acordo com a teoria padr˜ao os elementos α (O, Mg, Si, Ca, Ti) ao essencialmente
sintetizados por estrelas massivas (M 8M
) e, portanto, com um curto tempo de vida
(10
6
-10
7
anos, compat´ıvel com o tempo de colapso do halo da Gal´axia) e que apresentam
linhas marcantes de hidrogˆenio em seus espectros no ´optico. Os elementos α ao ejetados
no meio-interestelar durante as explos˜oes de SNs Tipo II que ao o est´agio final da vida
das estrelas massivas. Os elementos do pico do Fe (V, Cr, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn), por
sua vez, seriam produto principalmente da explos˜ao termonuclear de SNs Tipo Ia, cuja
estrela progenitora seria uma estrela an˜a branca de C-O em sistemas bin´arios envolvendo
escalas de tempo de 1 a 2 bilh˜oes de anos (ver por exemplo os yields de Woosley & Weaver
1995; Iwamoto et al. 1999).
Desta forma, observacionalmente, como mostra esquematicamente a figura 3.6 adaptada
de McWilliam (1997), os elementos-α ao sobreabundantes por um fator +0.3 ± 0.2 dex
no regime [Fe/H] 1.00 e, para [Fe/H] 1.00, a raz˜ao [α/Fe] decresce progressiva-
mente alcan¸cando valores da abundˆancia solar em [Fe/H] = 0. Sendo assim, uma medida
sobreabundante de [α/Fe] indica o dom´ınio de processos por SNs Tipo II, equanto que
uma subabundˆancia ´e interpretada como o aumento de contribui¸oes por SNs de Tipo Ia.
Os diagramas de diagn´ostico qu´ımico para diferentes popula¸oes estelares permitem-nos,
assim, interpretar a IMF e a SFR, dois ingredientes essenciais para tra¸car a evolu¸ao
qu´ımica de popula¸oes estelares. Em outras palavras, a raz˜ao [α/Fe] informa-nos sobre
a relativa contribui¸ao das SNs Tipo II em rela¸ao as SNs Ia ao enriquecimento qu´ımico
do meio-interestelar numa ´epoca anterior a forma¸ao das estrelas (Matteucci & Greggio
1986).
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 75
..
Figura 3.6: Diagrama de diagn´ostico qu´ımico: varia¸ao da abundˆancia dos elementos-α
com a metalicidade com base na figura 1 de McWilliam (1997).
O oxigˆenio ´e o terceiro mais abundante elemento qu´ımico do Universo e, consequente-
mente, a determina¸ao de sua abundˆancia em estrelas de distintos est´agios evolutivos e
metalicidades ´e muito importante para o estudo da evolu¸ao qu´ımica da Gal´axia e mesmo
da estrutura e evolu¸ao de estrelas de baixa massa. A abundˆancia de oxigˆenio nessas
estrelas afeta a opacidade e consequentemente as caracter´ısticas morfol´ogicos dos diagra-
mas cor-magnitude de aglomerados globulares e a determina¸ao das idades destes objetos.
Todavia, devido a baixa velocidade radial helioentrica de NGC 6553 (v
h
r
= 0.27 ± 1.99
kms
1
), ao foi poss´ıvel obter diretamente a abundˆancia de oxigˆenio usando o dubleto
proibido de [OI] 6300
˚
A, 6363
˚
A nos espectros. As linhas proibidas de oxigˆenio foram
completamente destru´ıdas pela numerosa quantidade de linhas tel´uricas na regi˜ao. Esco-
lhemos adotar a raz˜ao de abundˆancia [O/Fe]= +0.25 para NGC 6553 que foi anteriormente
obtida pelo nosso grupo de pesquisa usando linhas OH do infravermelho com dados de
alta-resolu¸ao, bem como raz˜oes de [C/Fe]=0.7 e [N/Fe]= +1.30 obtidas atrav´es de
mol´eculas de CN (Mel´endez et al. 2003).
Para as quatro estrelas estudadas encontramos que os elementos α comportam-se de
maneira anˆomola, com magn´esio e sil´ıcio sobreabundantes ([Mg/Fe] = +0.28 ± 0.04 :
[Si/Fe] = +0.21 ± 0.05), enquanto que alcio e titˆanio mostram abundˆancia m´edia tipi-
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 76
camente solar ([Ca/Fe] = +0.05 ± 0.09 : [TiI/Fe] = 0.01 ± 0.14 : [TiII/Fe] = 0.02 ±
0.06). A figura 3.7 apresenta exemplo da s´ıntese espectral realizada para a estrela II-85 na
regi˜ao do tripleto de magn´esio em 6318
˚
A e para a linha de Si 5948.548
˚
A, respectivamente.
Na figura 3.8 apresentamos as raz˜oes de abundˆancia [Ca/Fe] em aglomerados globulares
do bojo da Gal´axia (c´ırculos cheios) comparadas `as raz˜oes obtidas em estrelas de campo
do bojo (c´ırculos abertos) na an´alise de Fulbright et al. (2007) e do disco espesso (cruzes)
na an´alise de Reddy et al. (2006). Em rela¸ao `as estrelas de campo, vˆe-se que a uma
separa¸ao forte no comportamento [Ca/Fe] no bojo e no disco espesso que pode ser facil-
mente explicada no contexto da contribui¸ao (SNs Tipo II)/(SNs Tipo Ia) no bojo/disco
da Gal´axia.
A raz˜ao [Ca/Fe] 0 que reportamos neste trabalho segue muito mais o padr˜ao do disco
espesso, embora a raz˜ao [Ca/Fe]
NGC6553
dentro de +1σ esteja na regi˜ao lim´ıtrofe entre as
duas popula¸oes. Estimativas de [Ca/Fe] obtidas pelo nosso Grupo de Pesquisa para NGC
6558 e HP-1, dois aglomerados pobres em metais do bojo, tamb´em estabelecem [Ca/Fe]
solar. Al´em disso, medidas muito recentes para outros dois aglomerados globulares do
bojo com [Fe/H] > 0.45 (NGC 6388 e NGC 6441) e de grupos de pesquisa diferentes
ao nosso tamb´em reportam uma abundˆancia solar para o alcio (Gratton et al. 2006;
Carretta et al. 2007).
Desta forma, o comportamento [Ca/Fe] em aglomerados globulares do bojo ´e controverso:
as raz˜oes [Ca/Fe] obtidas com base em dados do infravermelho tendem a ser maiores
([Ca/Fe] 0.30) do que as estimativas obtidas com espectros no ´optico ([Ca/Fe] < 0.10).
No caso de NGC 6528, quimicamente similar a NGC 6553, as diferen¸cas [Ca/Fe] obtidas
na literatura ao de aproximadamente 0.8 dex, ou seja, uma diferen¸ca superior a um fator
6 na abundˆancia de c´alcio. Estas discrepˆancias precisam ser melhor investigadas.
Seguindo as id´eias da f´ısica das explos˜oes de SNs, as anomalias Ca:Ti podem ser inter-
pretadas como consequˆencia natural dos yields
4
envolvidos, no sentido de que as baixas
raz˜oes [(Ca,Ti)/Fe] sugerem uma deficiˆencia de SNs Tipo II de baixa massa. Os yields
ao ainda fortemente dependentes da metalicidade uma vez que a perda de massa das
estrelas depende da metalicidade das mesmas, de tal forma que alcio e titˆanio ao forma-
dos em ambientes astrof´ısicos diferenciados dos outros elementos α. Interessantemente,
uma vez que o bojo de gal´axias espirais como a nossa em caracter´ısticas similares `as
gal´axias el´ıpticas (Renzini 2006), modelos de popula¸oes estelares tˆem previsto baixas
raz˜oes de alcio nestas gal´axias (Coelho et al. 2007, e referˆencias citadas), no entanto, a
subabundˆancia de alcio em popula¸oes velhas e ricas ´e ainda controverso (Prochaska et
4
Fra¸c~ao f da massa de uma estrela de massa M que ´e convertida em metais e ejetada no
meio interestelar.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 77
al. 2005).
Na figura 3.9, n´os comparamos o padr˜ao de abundˆancia dos elementos α estudados neste
trabalho (exceto para o oxigˆenio como explicado acima) com os resultados de NGC 6553
encontrados por Cohen et al. (1999). No geral, os padr˜oes est˜ao compat´ıveis dentro de
pouco mais que 1σ para O, Mg, Ca e Ti e menor que 1σ para o Si.
Sabe-se que embora as an´alises detalhadas de oxigˆenio em estrelas frias possam ser real-
izadas usando linhas variadas linhas de OH no ultravioleta e no infravermelho, pelo
dubleto proibido [O I] 6300
˚
A e 6363
˚
A e tamem atrav´es do tripleto permitido O I 7771
˚
A, 7774
˚
A e 7775
˚
A —, estas diferentes linhas tendem a dar diferentes valores. Como
exemplo, as linhas OI 7771-7
˚
A fornecem, sistematicamente, abundˆancias mais altas que
as derivadas via linhas de OH (Kiselman & Nordlund 1995) e este fator deve explicar
parte da diferen¸ca em [O/Fe] apresentada na figura 3.9 uma vez que Cohen et al. (1999)
calcularam a raz˜ao de abundˆancia com base no tripleto de OI 7771-7
˚
A, enquanto que o
nosso valor baseia-se em linhas de OH no infravermelho. Outro fator a ser levado em conta
´e que a uma diferen¸ca de ∆[O/Fe]=0.09 dex na abundˆancia solar de oxigˆenio adotada
nos dois trabalhos.
Em rela¸ao aos outros elementos α, a uma discrepˆancia de ∆[Mg/Fe] = 0.13 dex entre
os nossos valores e Cohen et al. (1999), sendo que a diferen¸ca edia ´e da ordem de 3σ
na raz˜ao [Mg/Fe]. Para o alcio, a diferen¸ca ∆[Ca/Fe] = +0.2 dex pode ser explicada
principalmente pela diferen¸ca no valor solar de abundˆancia adotado entre os dois tra-
balhos, como mostra a tabela 3.8, com nenhuma diferen¸ca significativa nos valores de
loggf. E, finalmente, para o Ti, ao foi poss´ıvel fazer uma compara¸ao direta entre os
dois trabalhos pois ao a linhas em comum nas duas amostras. No entanto, nota-se uma
diferen¸ca ∆[Ti/Fe]=0.05 dex na abundˆancia solar. Os nossos valores de abundˆancia para
o Ti est˜ao compat´ıveis com os apresentados em Zoccali et al. (2004) para NGC 6528,
analisado usando as mesmas linhas e parˆametros atˆomicos. Poss´ıveis diferen¸cas devido
aos diferentes valores nas constantes de amortecimento (importante principalmente para
as linhas de alcio) n˜ao foram verificadas pois Cohen et al. (1999) n˜ao disponibilizam os
valores da constante de amortecimento C6 usados.
Desta forma, encontramos uma raz˜ao [(Mg,Si,Ca,Ti)/Fe] = 0.13 dex para a amostra
NGC 6553 UVES@VLT. Para compara¸ao, numa an´alise qu´ımica de 2 estrelas gigantes
de NGC 6553 com dados no infravermelho e parˆametros atmosf´ericos edios de T
eff
=
4000 K, logg = 1 dex, v
t
= 2kms
1
e [Fe/H] = 0.30, Origlia et al. (2002) obtiveram
um platˆo de [α/Fe]= 0.30 dex, o que demonstra a discrepˆancia nos resultados do ´optico
comparados a dados do infravermelho.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 78
6317.5 6318 6318.5 6319 6319.5 6320
0.4
0.6
0.8
1
Star II-85
Teff = 3800 K : logg= 1.10 dex : [Fe/H]= -0.23 dex
Mg I Mg I
5948 5948.5 5949
0.6
0.8
1
Figura 3.7: Painel superior: S´ıntese espectral do tripleto de magn´esio em 6318.7
˚
A,
6319.2
˚
A, 6319.4
˚
A na estrela II-85, calculada com [Mg/Fe] = +0.27 (linha pontilhada,
melhor ajuste), [Mg/Fe] = +0.37 (linha curta tracejada) e [Mg/Fe] = +0.17 (linha longa
tracejada). Painel inferior: S´ıntese espectral da linha de sil´ıcio 5948.548
˚
A na estrela
II-85 calculada com [Si/Fe] = +0.20 (linha pontilhada, melhor ajuste), [Si/Fe] = +0.30
(linha curta tracejada) e [Si/Fe] = +0.10 (linha longa tracejada).
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 79
Figura 3.8: Raz˜oes [Ca/Fe] em aglomerados globulares do bojo (c´ırculos fechados) com-
paradas com estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) e estrelas de campo do disco
espesso (quadrados). Na nota¸ao espec´ıfica para NGC6528, NGC6528:G1 corresponde a
an´alise feita por Zoccali et al. (2004) e NGC6528:G2 em Origlia et al. (2005a).
Tabela 3.8: Compara¸ao dos valores de abundˆancia solar e raz˜oes de abundˆancia obtidas
para NGC 6553 entre o presente trabalho e Cohen et al. (1999).
Este trabalho Cohen et al. (1999)
Elemento
(X) [X/Fe]
(X) [X/Fe]
O 8.77 +0.2 8.68 +0.50
Mg 7.58 +0.28 7.54 +0.41
Si 7.55 +0.21 7.54 +0.14
Ca 6.36 +0.05 6.16 +0.26
Ti 5.02 -0.01 4.98 +0.19
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 80
Cohen et al. (1999)
Present work & Melendez et. al (2003)
Figura 3.9: Padr˜ao de abundˆancia dos elementos α em NGC 6553: (i) m´edia para 4
estrelas deste trabalho e adotando oxigˆenio de Mel´endez et al. (2003) (estrelas) e (ii)
abundˆancias edias com base em 4 estrelas de Cohen et al. (1999) (quadrados).
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 81
Estruturalmente, NGC 6553, por estar localizado a uma distˆancia inferior a 3 kpc do
centro da Gal´axia, classifica-se como um aglomerado globular do bojo da Gal´axia. No
entanto, Zoccali et al. (2001, 2003) determinaram o movimento pr´oprio de NGC 6553 e
conclu´ıram que este aglomerado segue a rota¸ao edia tanto do bojo como do disco da
Gal´axia. Este resultado foi tamb´em confirmado por Dinescu et al. (2003), que com base
em velocidade de rota¸ao, velocidades radiais e movimentos pr´oprios para o aglomerado,
conclu´ıram que NGC 6553 pertence ao disco espesso. Pritzl et al. (2005) recalcularam
os parˆametros orbiatis de NGC 6553 e o classificaram como um aglomerado globular do
disco fino dada a ´orbita circular encontrada.
Comparar o padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas de estrelas de aglomerados com os de es-
trelas de campo ´e fundamental na interpreta¸ao f´ısica dos processos dominantes em cada
ambiente, principalmente no caso do bojo da Gal´axia onde as condi¸oes de observao ao
ainda adversas. No entanto, compara¸oes deste tipo exigem cuidados especiais para evitar
que incertezas sistem´aticas levem a interpreta¸oes errˆoneas dos resultados. Sendo assim,
escolhemos preferencialmente trabalhar com a amosta do campo do bojo de Lecureur et
al. (2007), uma vez que as linhas, modelos de atmosferas, c´odigos de s´ıntese e m´etodo de
an´alise em si ao similares aos do presente trabalho. Na figura 3.10 comparamos as raz˜oes
[(α:Z-´ımpar)/Fe] do presente trabalho com os de estrelas gigantes do bojo da Gal´axia
determinadas por Lecureur et al. (2007) e com estrelas an˜as do disco espesso obtidas por
Reddy et al. (2006).
Da figura 3.10 nota-se a perfeita similaridade entre a metalicidade m´edia de NGC 6553
e as estrelas de campo do bojo. Embora a metalicidade de NGC 6553 coincida, aprox-
imadamente, com o final da distribui¸ao das estrelas do disco espesso apresentadas na
figura, [(O:Mg)/Fe] de NGC 6553 seguem, na m´edia, o padr˜ao das estrelas de campo do
bojo.
Nossos resultados sugerem que NGC 6553 esteja de fato associado `a componente do bojo
Gal´actico. Al´em disso, com base na sua idade (Ortolani et al. 1995), dificilmente NGC
6553 pertenceria ao disco fino da Gal´axia como prop˜oem Pritzl et al. (2005). Os resultados
de abundˆancias para os elementos α (O, Mg, Si, Ca, Ti) sugerem, ainda, que a forma¸ao
do bojo aconteceu de forma apida num ambiente dominado por estrelas de mais alta
massa (SNs Tipo II), com pouca contribui¸ao das estrelas menos massivas (SNs Tipo Ia)
dentro da id´eia da forma¸ao do bojo cl´assico (se¸ao 1 deste cap´ıtulo) ou forma¸ao dos
aglomerados globulares ricos em metais atrav´es de processos de coalescˆencia ou mergings
na parte mais central da Gal´axia (Ashman & Zepf 1992; Beasley et al. 2002).
Vale destacar, por´em, que num trabalho recente com 19 espectros de alta resolu¸ao (R=
50000) e alta raz˜ao S/N do bojo da Gal´axia e 49 estrelas gigantes de compara¸ao do
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 82
0
0.5
1
a]
0
0.5
1
b]
0
0.5
1
c]
-1 -0.5 0 0.5
0
0.5
1
d]
Figura 3.10: Padr˜ao [α/Fe] de abundˆancias nas quatro estrelas de NGC 6553 (c´ırculos
fechados) comparado com as estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) de Lecureur et
al. (2007) e em estrelas de campo do disco espesso (cruzes) de Reddy et al. (2006).
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 83
disco fino, do disco espesso e do halo, ambos obtidos com o espectr´ografo PHOENIX do
Gemini Sul, obtivemos raz˜oes [(C:N:O)/Fe] para as amostras e os nossos resultados de
[O/Fe] confirmam que o disco espesso e o disco fino da Gal´axia apresentam hist´oricos
diferentes de forma¸ao uma vez que as suas raz˜oes [O/Fe] s˜ao distintas (figura 3.11). No
entanto, pela primeira vez, Mel´endez et al. (2008) mostraram que as raz˜oes [O/Fe] de
estrelas gigantes do disco espesso e do bojo da Gal´axia, analisadas de forma homogˆenea
e sistem´atica apresentam a mesma raz˜ao [O/Fe] at´e [Fe/H] = 0.2, ou seja, no regime
de metalicidade onde o disco espesso ´e identificado. Este nosso trabalho sugere que
ao a distin¸ao qu´ımica entre o bojo e o disco espesso e que ambas sub-componentes
experimentaram taxas de forma¸ao similares, contrariamente aos resultados encontrados
em estudos anteriores (Zoccali et al. 2006; Fulbright et al. 2007; Lecureur et al. 2007).
Desta forma, as raz˜oes [O/Fe] das 19 estrelas analisadas sugerem que ambas popula¸oes
(disco espesso e bojo) experimentaram escalas de tempo de forma¸ao, taxas de forma¸ao
estelar e IMFs similares. A quest˜ao de distin¸ao entre bojo e o disco espesso est´a portanto
em aberto.
3.4.5 Elementos Z-´ımpar: [Na/Fe], [Al/Fe]
Os processos f´ısicos envolvidos na produ¸ao do Na e do Al ao relativamente bem conheci-
dos, por´em h´a ainda uma discuss˜ao sobre os ambientes astrof´ısicos prop´ıcios `a produ¸ao
destes elementos. Os resultados de abundˆancias qu´ımicas levam ao estabelecimento de
trˆes diferentes ambientes onde os elementos Na e Al seriam sintetizados: nas estrelas mas-
sivas (M 8M
), nas estrelas de massa intermedi´aria (3 M 8 M
) e nas estrelas de
baixa massa (M 2M
).
Nas estrelas massivas, a produ¸ao do odio est´a diretamente ligada `a fase de queima
hidrost´atica do carbono. Neste caso, devido a forte dependˆencia com o excesso de eutrons
no n´ucleo atˆomico, os produtos resultantes ao linearmente dependentes da metalicidade
(Woosley & Weaver 1995). No caso das estrelas de massa intermedi´aria, a produ¸ao
do odio estaria associada `as capturas de pr´otons atrav´es do ciclo Ne-Na na base do
envelope convectivo de estrelas no ramo assimpt´otico das gigantes (AGB, Asymptotic
Giant Branch), enquanto que o alum´ınio seria produzido pelo mesmo processo de captura,
por´em em temperaturas mais elevadas atrav´es do ciclo Mg-Al (por exemplo, Langer et al.
1993). a nas estrelas de baixa massa, ambos elementos seriam produzidos nas camadas
mais internas do envelope da estrela durante a queima hidrost´atica do hidrogˆenio e efeitos
de dragagem (mixing) conduziriam os produtos resultantes da queima para a atmosfera
das estrelas (Weiss et al. 2000).
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 84
Figura 3.11: Painel superior: Raz˜ao [O/Fe] para gigantes do bojo (triˆangulos em ver-
melho), do disco espesso (c´ırculos cheios em azul), do disco fino (c´ırculos abertos em
verde) e do halo (estrelas). Painel inferior: Raz˜ao [(C+N)/Fe] de abundˆancia para gi-
gantes do bojo (triˆangulos em vermelho), do disco espesso (c´ırculos cheios em azul), do
disco fino (c´ırculos abertos em verde) e do halo (estrelas). Barras t´ıpicas de erro ao
apresentadas na figura.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 85
Para o odio e o alum´ınio obtivemos [Na/Fe] = +0.16 ± 0.23 e [Al/Fe] = +0.18 ± 0.06
como valores m´edios. ao foram efetuadas quaisquer corre¸oes para poss´ıveis desvios do
ETL nas linhas de Na e Al estudadas. A alta dispers˜ao no valor edio do odio deve-se ao
fato de que a estrela II-85 da amostra apresenta alto valor na abundˆancia, [Na/Fe]=+0.34,
enquanto que as outras trˆes estrelas apresentam abundˆancia solar. Dada a localiza¸ao das
estrelas no diagrama cor-magnitude, este resultado ´e compat´ıvel com o mixing ocorrendo
ao longo do RGB (Gratton et al. 2004) e, para verificar este aspecto, seria interessante
derivar as abundˆancias de nitrogˆenio para a amostra. Outro aspecto interessante seria
investigar a rela¸ao Na:Al para esta estrela, mas as linhas de Al em NGC 6553 II-85 eram
inutiliz´aveis. Em NGC 6528, Zoccali et al. (2004) encontraram sobreabundˆancia de s´odio
nas duas estrelas analisadas.
Os resultados [Na/Fe] para as estrelas de campo do bojo de Lecureur et al. (2007) com
[Fe/H] entre 0.25 [Fe/H] 0.15 ao bem espalhados e, interessantemente, as estrelas
de NGC 6553 tendem a apresentar espalhamento similar (ver figura 3.10). Por outro lado,
as raz˜oes [Al/Fe] das estrelas de campo do bojo em [Fe/H] 0.2 s˜ao maiores do que as
estrelas de NGC 6553, que seguem o padr˜ao do disco espesso.
3.4.6 Elementos do pico do ferro: [Mn/Fe], [Cu/Fe], [Zn/Fe]
Com raras exce¸oes, as abundˆancias dos denominados elementos do pico do ferro em sido
negligenciadas no estudo da evolu¸ao qu´ımica da Gal´axia, sobretudo nas popula¸oes ricas
em metais. Para estrelas de campo do bojo, por exemplo, a ´unica an´alise concernente
ao Mn, Cu e Zn ao os trabalhos de McWilliam et al. (2003a,b) (Mn) e as recentes
determina¸oes de Cohen et al. (2008) (Mn, Cu e Zn) para uma estrela an˜a em eventos
de microlentes gravitacionais. As abundˆancias de Cu para estrelas de campo do bojo s˜ao
completamente desconhecidas at´e o momento.
Esta lacuna deve-se a fatores te´oricos e observacionais. Primeiro, a uma carˆencia na
determina¸ao precisa da for¸ca de oscilador das linhas atˆomicas destas esp´ecies e c´alculos
de HFS para o Mn e Cu precisam ser levados em conta, ou seja, necessita-se de medidas
de laborat´orio precisas das constantes A e B de HFS destas esp´ecies. Segundo, muitas das
estrelas estudadas ao brilhantes e frias, o que dificulta a an´alise das abundˆancias destes
elementos no ´optico.
Nesta parte do trabalho, obtivemos as raz˜oes de abundˆancia para Mn, Cu e Zn em nossa
amostra de NGC 6553 e, para efeito de compara¸ao, em estrelas de 47 Tucanae e NGC
6528, dois outros aglomerados globulares ricos em metais a estudados pelo grupo (Zoc-
cali et al. 2004; Alves-Brito et al. 2005). Estas raz˜oes de abundˆancias funcionam como
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 86
Tabela 3.9: Raz˜oes de abundˆancia m´edia para Mn, Cu, e Zn para estrelas em NGC 6553,
47 Tuc e NGC 6528.
Estrela [Fe/H] N [Mn/Fe] N [Cu/Fe] N [Zn/Fe] N
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
47 Tucanae
M8 0.62 ± 0.11 122 0.34 ± 0.06 2 +0.09 ± 0.07 2 0.00 1
M11 0.62 ± 0.11 113 0.32 ± 0.10 2 +0.01 ± 0.10 2 0.00 1
M12 0.63 ± 0.11 119 0.32 ± 0.13 2 +0.09 ± 0.07 2 0.00 1
M21 0.77 ± 0.11 124 0.42 2 0.06 1 0.25 1
M25 0.64 ± 0.11 130 0.54 2 0.13 ± 0.11 2 0.10 1
M´edia 0.66 ± 0.07 5 0.39 ± 0.09 5 0.00 ± 0.09 5 +0.03 ± 0.13 5
NGC 6553
II-64 0.20 ± 0.15 56 0.25 3 0.30 1 +0.20 1
II-85 0.23 ± 0.15 52 0.25 2 +0.02 1 +0.22 1
III-8 0.17 ± 0.15 59 0.35 2 0.20 1 +0.15 1
267092 0.21 ± 0.12 57 0.35 2 0.10 3 +0.15 1
M´edia 0.20 ± 0.02 4 0.35 ± 0.06 4 0.10 ± 0.14 4 +0.18 ± 0.04 4
NGC 6528
I-18 0.05 50 0.39 2 0.21 1 +0.10 1
I-36 0.13 50 0.59 2 +0.10 1 0.20 1
I-42 0.14 50 0.34 ± 0.07 2
M´edia 0.11 ± 0.05 3 0.44 ± 0.13 3 0.05 ± 0.22 2 0.05 ± 0.22 2
importantes v´ınculos observacionais para entender a SFR em regimes de alta metalicidade
da Gal´axia, al´em de trazer v´ınculos importantes sobre a forma¸ao destes elementos.
Os nossos principais resultados ao que exceto para MnI os outros elementos do pico do
ferro estudados apresentam abundˆancias edias variando de valores subsolar at´e ± 0.18
dex. Encontramos valores edios de [Mn/Fe] = 0.39 ± 0.09, 0.35 ± 0.06 e 0.44
± 0.13; [Cu/Fe] = +0.00 ± 0.09, 0.10 ± 0.14 e 0.05 ± 0.22; [Zn/Fe] = +0.03 ±
0.13, +0.18 ± 0.04 e 0.05 ± 0.22 para 47 Tucanae (5 estrelas), NGC 6553 (4 estrelas) e
NGC 6528 (2 estrelas), respectivamente. Os resultados est˜ao resumidos na tabela 3.9.
Embora saibamos da teoria de evolu¸ao estelar que no final da vida de uma estrela mas-
siva o ferro e os elementos do pico ferro ser˜ao produzidos em grande quantidade, ao as
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 87
estrelas menos massivas e em sistemas bin´arios (progenitoras das explos˜oes de SNs Tipo
Ia) as principais respons´aveis pelo enriquecimento qu´ımico do meio interestelar em ferro
e elementos do pico do ferro. A principal explica¸ao ´e que nos eventos de SNs Tipo II
a intensidade do campo gravitacional da estrela bem como a estrela de nˆeutron formada
retˆem grande quantidade do material qu´ımico produzido. Sendo assim, de maneira geral,
os elementos do pico do ferro podem tamb´em ser produzidos num variado intervalo de
massas estelares. Entretanto, os principais ambientes astrof´ısicos para s´ıntese de elemen-
tos particulares do pico do ferro— se estrelas de alta massa, massa intermedi´aria ou baixa
massa —, ainda ´e motivo de debate na literatura (por exemplo, Arnett et al. 1971; Woosley
& Weaver 1995; Iwamoto et al. 1999; Umeda & Nomoto 2002), o que torna imprescind´ıvel
que suas abundˆancias qu´ımicas sejam obtidas em diferentes regimes de metalicidade e
tipos estelares. Com o objetivo de tra¸car a hist´oria de evolu¸ao qu´ımica destes elemen-
tos na cauda de mais alta metalicidade da MDF comparamos os nossos resultados com
trabalhos pr´evios focados nos elementos do pico do ferro a mais alta metalicidade:
Aglomerados globulares: usamos os valores edios para o aglomerado globular rico em
metais M71 ([Fe/H] = 0.70), o qual foi analisado por Ram´ırez & Cohen (2002).
Aglomerados abertos: adotamos os resultados recentes com base em dados de alta res-
olu¸ao de Carretta et al. (2005) em Collinder 261 ([Fe/H] = 0.03), que est´a entre os
mais velhos dos aglomerados abertos e em NGC 3960 ([Fe/H]= 0.12), um aglomerado
aberto de idade intermedi´aria, numa an´alise realizada por Bragaglia et al. (2006).
Estrelas de campo do disco: usamos dados de Reddy et al. (2003, 2006). O primeiro
trabalho refere-se a uma an´alise detalhada para 27 elementos em 181 estrelas tipos F e
G tipicamente do disco fino, com metalicidades variando de 0.69 [Fe/H] +0.00 e o
segundo trabalho refere-se a uma an´alise de abundˆancias em estrelas tipos F e G do disco
espesso.
Estrelas de campo do bojo: os comparamos as raz˜oes de abundˆancias da nossa amostra
com as obtidas por McWilliam et al. (2003a,b) para 7 estrelas do bojo (1.28 [Fe/H]
+0.35).
Gal´axia an˜a esferoidal Sagittarius (dSph, dwarf spheroidal): usamos resultados de duas
diferentes an´alises em estrelas individuais (1.58 [Fe/H] +0.03) para duas estre-
las analisadas em Bonifacio et al. (2000) e 14 estrelas gigantes vermelhas analisadas por
McWilliam et al. (2003a,b) e McWilliam et al. (2005).
Manganˆes
A figura 3.12 apresenta as raz˜oes de abundˆancias em fun¸ao da metalicidade para as
diferentes amostras acima. Nota-se, em linhas gerais, que a raz˜ao [Mn/Fe] tende a depen-
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 88
der da metalicidade no sentido de que a raz˜ao [Mn/Fe] ´e maior no regime de mais alta
metalicidade.
Os valores m´edios de [Mn/Fe] para NGC 6553 e NGC 6528, os dois aglomerados globula-
res do bojo, seguem o comportamento das estrelas enriquecidas em metais da gal´axia
an˜a Sagittarius como analisadas por McWilliam et al. (2003a,b). Vale notar que as
abundˆancias de manganˆes nestes aglomerados s˜ao discrepantes com as estrelas de campo
do bojo dentro de 1 a 2σ, enquanto que as metalicidades entre os aglomerados do bojo e a
m´edia das estrelas de campo ao compat´ıveis. Vale salientar, no entanto, que os resultados
de Bonifacio et al. (2000) para Sagittarius est˜ao em perfeito acordo com o comportamento
para as estrelas de campo do bojo e, consequentemente, em desacordo com os resultados
obtidos para as estrelas de Sagittarius em McWilliam et al. (2005).
Supondo que as medidas de [Mn/Fe] para as 7 estrelas de campo est˜ao corretas e, em
princ´ıpio est˜ao, pois c´alculos de HFS foram levados em considera¸ao na determina¸ao da
raz˜ao [Mn/Fe], uma primeira interpreta¸ao para a discrepˆancia entre as abundˆancias de
manganˆes nos aglomerados globulares ricos em metais e as estrelas de campo do bojo seria
que a forma¸ao dos aglomerados deu-se a partir de processos completamente diferentes
das estrelas de campo. No entanto, este ao parece ser o caso pois as raz˜oes [α/Fe] dos
aglomerados globulares ricoes em metais e do campo do bojo s˜ao similares, enquanto que
as gal´axias an˜as apresentam raz˜ao [α/Fe] bem distinta das duas popula¸oes acima citadas.
Outro aspecto interessante ´e que a raz˜ao [Mn/Fe] em Terzan 7 ([Fe/H]= 0.61 e [Mn/H]
= 0.61), um aglomerado globular que foi provavelmente acretado pela gal´axia an˜a Sagit-
tarius, ´e completamente distinta da raz˜ao [Mn/Fe] da sua gal´axia hospedeira (Tautvaisiene
et al. 2004). Isso nos revela a complexidade em interpretar a hist´oria de evolu¸ao qu´ımica
da Gal´axia em termos da IMF ou da SFR e, claramente, mais an´alises qu´ımicas de forma
homogˆenea para grandes amostras de estrelas de campo e em aglomerados ricos em metais
ao ainda necess´arias.
Dentro das incertezas dos resultados, 47 Tucanae e M71, por sua vez, seguem o padr˜ao
[Mn/Fe] das estrelas de campo do disco, do bojo e dos aglomerados abertos.
Na figura 3.12 s˜ao ainda mostradas as previs˜oes te´oricas de modelos de evolu¸ao qu´ımica
descrevendo o comportamento [Mn/Fe] em fun¸ao de [Fe/H] para a vizinhan¸ca solar (linha
pontilhada) e para o bojo da Gal´axia (linha cheia). Os modelos foram constru´ıdos pela
Dra. Gabriele Cescutti do INAF (Instituto Nazionale di Astrofisica) na It´alia. Os yields de
Mn e Fe foram os mesmos adotados em Fran¸cois et al. (2004) que se baseiam nos produtos
de Woosley & Weaver (1995) e Iwamoto et al. (1999). Vˆe-se claramente da figura que
para [Fe/H] 1.5 o modelo de evolu¸ao qu´ımica para o comportamento [Mn/Fe]:[Fe/H]
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 89
para o bojo da Gal´axia prevˆe raz˜oes [Mn/Fe] mais baixas do que as mesmas raz˜oes na
vizinhan¸ca solar , sendo que o acordo entre os resultados para os dois aglomerados do bojo
analisados e o modelo te´orico para o bojo ´e muito bom. As estrelas de campo do bojo
analisadas por McWilliam et al. (2003a,b) seguem o padr˜ao da vizinhan¸ca solar. Este
comportamento poderia ser pacialmente explicado pelo fato de ambas curvas te´oricas
terem sido constru´ıdas admitindo yields independentes da metalicidade. No entanto,
mesmo que os resultados te´oricos fossem melhorados admitindo yields dependentes da
metalicidade, ainda assim nossos resultados para NGC 6553 e NGC 6528 estariam de
acordo com as previs˜oes te´oricas.
Cobre
Entre os elementos dos pico do ferro, cobre e manganˆes ao os dois elementos que apresen-
tam os valores mais baixos de abundˆancia qu´ımica. Na figura 3.13, com s´ımbolos similares
aos apresentados na figura 3.12, apresentamos as nossas abundˆancias comparadas a outros
resultados da literatura. Nota-se que as medidas de [Cu/Fe] em NGC 6553 e NGC 6528
seguem o comportamento dos outros objetos ricos e `a mesma metalicidade e, contraria-
mente ao caso do [Mn/Fe], as raz˜oes de abundˆancia [Cu/Fe] entre os aglomerados do bojo
e as estrelas de Sagittarius diferem por at´e 0.50 dex. Uma subabundˆancia de cobre a altas
metalicidades indica enriquecimento qu´ımico pelas SNs Tipo Ia.
Seria interessante comparar as raz˜oes [Cu/Fe] em estrelas de campo do bojo com as obtidas
no presente trabalho para NGC 6553 e NGC 6528, mas ao a at´e o momento medidas de
cobre para estrelas de campo do bojo. Por outro lado, uma vez demonstrado que [Cu/Fe]
em estrelas de campo do bojo, do disco e de aglomerados globulares da Gal´axia comporta-
se de fato diferente das estrelas de gal´axias an˜as, [Cu/Fe] poder´a ser usado como um
indicador de objetos extragal´acticos que foram acretados durante os est´agios de evolu¸ao
destes objetos. No entanto, as abundˆancias de cobre tamb´em dependem fortemente dos
alculos de HFS e poss´ıveis erros sistem´aticos devem ser previamente levados em conta.
Zinco
Do ponto de vista observacional a raz˜ao [Zn/Fe] ´e usada como tra¸cadora de metalicidade
tanto na Gal´axia quanto em sistemas Lyman-α (Pettini 2004; Wolfe et al. 2005), tornando-
se portanto essencial no entendimento da rela¸ao idade-metalicidade no universo.
Pela figura 3.14 notamos que as medidas de [Zn/Fe] para NGC 6553, NGC 6528 e 47
Tucanae seguem o comportamento das estrelas do disco e tendem a apresentar valores
solares ou pouco abaixo da abundˆancia solar. O alto valor da raz˜ao [Zn/Fe] em M71,
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 90
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5
-1
-0.5
0
0.5
globular clusters
open clusters
thin- and thick-disk
dwarf spheroidal galaxies
bulge
Figura 3.12: [Mn/Fe] versus [Fe/H] para diferentes amostras de estrelas: (i) abundˆancia
m´edia para os aglomerados globulares ricos em metais neste trabalho e em M71 com
dados de Ram´ırez & Cohen (2002) (c´ırculos fechados). As barras de erro correspondem
`a dispers˜ao dos dados. (ii) Aglomerados abertos analisados por Carretta et al. (2005) e
Bragaglia et al. (2006) (c´ırculos abertos). (iii) Estrelas de campo do disco com dados de
Reddy et al. (2003, 2006) (cruzes). (iv) Gal´axia an˜a Sagittarius com dados de Bonifacio
et al. (2000) (pent´agonos) e McWilliam et al. (2003a,b) (quadrados), e (v) estrelas de
campo do bojo de McWilliam et al. (2003a,b) (triˆangulos). A linha pontilhada na figura
corresponde ao comportamento esperado para a vizinhan¸ca solar, equanto que a linha
cheia corresponde ao que se espera para o bojo da Gal´axia. Ambas previs˜oes te´oricas
foram fornecidas pela Dra. Gabriele Cescutti.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 91
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
Figura 3.13: [Cu/Fe] versus [Fe/H]. Exceto para Sagittarius, cujas raz˜oes foram obtidas
por McWilliam et al. (2005), os s´ımbolos e referˆencias s˜ao como dados na figura 3.12.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 92
-1 -0.5 0
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
Figura 3.14: [Zn/Fe] em fun¸ao da metalicidade [Fe/H]. S´ımbolos e referˆencias ao como
dados na figura 3.12.
maior em mais de 2σ quando comparado `a m´edia da raz˜ao [Zn/Fe] dos aglomerados deste
trabalho, deve-se, provavelmente, ao fato de Ram´ırez & Cohen (2002) terem usado a linha
ZnI 6362
˚
A, que apresenta blends com uma linha de FeI e ´e alargada pela autoinoiza¸ao
do alcio na regi˜ao. Dada as similaridades em [Fe/H] e idade entre M71 e 47 Tucanae, n˜ao
esper´avamos tamanha discrepˆancia entre as nossas medidas de [Zn/Fe] para 47 Tucanae
com as medidas de Ram´ırez & Cohen (2002) para M71. Este exemplo ilustra como os di-
ferentes etodos na an´alise das estrelas em diferentes objetos podem causar discrepˆancias
consider´aveis nos valores finais de abundˆancia.
Cohen et al. (2008) determinaram uma raz˜ao [Zn/Fe] 0.1 para uma estrela an˜a do
bojo no evento de microlente gravitacional OGLE-2007
BLG-349S, o que representa a
primeira medida de zinco em estrelas de campo do bojo. Este resultado, dentro das
incertezas, est´a compat´ıvel com o valor m´edio obtido para NGC 6528, mas muito abaixo
da raz˜ao de 0.18 dex obtida para NGC 6553. Mais medidas de [Zn/Fe] em diferentes
amostras de estrelas no regime de alta metalicidade e, sobretudo, em estrelas de campo
do bojo, ajudar˜ao a revelar o ambiente astrof´ısico predominante na forma¸ao de zinco,
por exemplo, se o zinco seria formado pela captura de nˆeutron nos processos s e r como
sugerem Heger & Woosley (2002).
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 93
3.4.7 Elementos pesados: [Zr/Fe], [Ba/Fe], [La/Fe], [Eu/Fe]
Zircˆonio (Z = 40), ario (Z = 56), lananio (Z = 57) e eur´opio (Z = 63), bem como
todos os outros elementos qu´ımicos mais pesados que os elementos do pico do ferro da
tabela peri´odica, n˜ao ao eficientemente produzidos pela intera¸ao carga-part´ıcula devido
a intensa repuls˜ao coulombiana instaurada no n´ucleo estelar. Eles s˜ao produzidos atrav´es
de rea¸oes de captura de nˆeutrons as quais ao seguidas por decaimentos de el´etrons ou
decaimento β (Meyer 1994).
Os processos de captura de eutrons dividem-se em apidos (r, rapid) e lentos (s, slow).
No primeiro, a densidade de nˆeutrons em um dado ambiente astrof´ısico ´e alta, alcan¸cando
n
neutrons
> 10
20
part´ıculas por cm
3
de forma que o n´ucleo ao tem tempo para quaisquer
decaimentos β antes que outro processo de captura ocorra. No segundo, a densidade de
nˆeutrons ´e baixa, atingindo n
neutrons
10
10
part´ıculas por cm
3
de forma que a escala de
tempo para as sucessivas capturas de nˆeutrons ´e menor que o tempo de decaimento β.
A f´ısica que controla os processos de captura de eutrons ´e bem estabelecida, mas a
ainda um intenso debate na literatura sobre os ambientes prop´ıcios `a s´ıntese dos elementos
do processo r. Os ambientes astrof´ısicos onde estes processos ocorrem ao importantes
laborat´orios para descrever em detalhes os mecanismos de nucleoss´ıntese destes elementos.
Os elementos do processo s com massa atˆomica A 90 (componente fraca) ao sintetizados
no n´ucleo de estrelas massivas em fase de queima nuclear de He, onde a principal fonte
de captura de nˆeutrons dar-se pela rea¸ao
22
Ne(α,n)
25
Mg (Cameron 1960). As outras
duas componentes do processo s, componente principal e componente forte, dominam a
forma¸ao dos elementos da Tabela Peri´odica com massas atˆomicas entre 90 A 208.
Estes elementos ao sintetizados durante a fase de pulsos ermicos nas camadas de He
de estrelas de baixa massa e de massa intermedi´aria do ramo assimpt´otico das gigantes
em ambiente prop´ıcio para a rea¸ao fonte
13
C(α,n)
16
O dominar (para uma revis˜ao ver
Woosley & Weaver 1995; Wallerstein et al. 1997; Nomoto et al. 1997; Busso et al. 1999;
Truran et al. 2002, e referˆencias listadas).
Para o zircˆonio (A = 91), oriundo do primeiro pico de nˆeutrons no n´umero agico N
= 50, encontramos uma raz˜ao m´edia de [Zr/Fe] = 0.67 ± 0.05. Para o ario (A =
137), elemento mais pesado que o Zr e oriundo do segundo pico de eutrons no n´umero
agico N = 82, encontramos uma subabundˆancia de [Ba/Fe] = 0.28 ± 0.18 para NGC
6553, em contraste com um alto valor para 47 Tucanae (Alves-Brito et al. 2005), valor
moderado na an´alise para estrelas de campo do bojo (McWilliam & Rich 1994) e valor
solar em NGC 6528 (Zoccali et al. 2004), aglomerado globular rico em metais do bojo
similar a NGC 6553. Para o lantˆanio (A = 139), tamb´em formado no segundo pico de
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 94
nˆeutrons, encontramos uma subabundˆancia de [La/Fe] = 0.11 ± 0.16. Subabundˆancias
de elementos do processo s em aglomerados globulares da Gal´axia podem ser interpretadas
como indicador da idade velha destes objetos, o que confirma resultados oriundos de
fotometria analisando os diagramas cor-magnitude dos aglomerados (Ortolani et al. 1995).
Os s´ıtios astrof´ısicos onde ocorreriam os processos de captura apida de nˆeutron ao ainda
motivo de debate e controersia na literatura (Magain 1995; Cowan et al. 1999), contudo,
devido ao alto fluxo de eutron, a s´ıntese de elementos do processo r parece estar associada
a eventos explosivos como as SNs do Tipo II. No caso do eur´opio, os econtramos uma
abundˆancia m´edia moderada de [Eu/Fe] = +0.10 ± 0.02 dex, que ´e compat´ıvel com os
valores de abundˆancia para outros elementos α da amostra. Isso sugere uma conex˜ao
entre os ambientes astrof´ısicos de forma¸ao de ambas classes de elementos. Os nossos
resultados refor¸cam a id´eia de que os elementos α e os elementos do processo r teriam
uma origem similar associada a eventos explosivos de SNs Tipo II.
3.4.8 Incertezas nas abundˆancias
Na tabela 3.10 apresentamos as abundˆancias edias das N linhas de cada esp´ecie e na
´ultima coluna da tabela as abundˆancias m´edias de cada esp´ecie atˆomica para todas as N
estrelas analisadas.
3.4 Raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas: resultados, compara¸oes e
interpreta¸ao 95
Tabela 3.10: Abundˆancias m´edias obtidas.
II-64 II-85 III-8 267092 M´edia
Esp´ecie
(X)
a
N [X/Fe] N [X/Fe] N [X/Fe] N [X/Fe] [X/Fe]
Elementos α
Mg I 7.58 3 +0.32 ± 0.09 3 +0.27 3 +0.29 ± 0.03 3 +0.22 ± 0.09 +0.28 ± 0.04
Si I 7.55 6 +0.27 ± 0.09 4 +0.22 ± 0.08 6 +0.17 ± 0.07 6 +0.17 ± 0.03 +0.21 ± 0.05
Ca I 6.36 15 +0.11 ± 0.12 14 +0.12 ± 0.09 15 +0.05 ± 0.14 15 0.07 ± 0.13 +0.05 ± 0.09
Ti I 5.02 15 +0.04 ± 0.08 15 +0.15 ± 0.11 15 0.05 ± 0.10 15 0.17 ± 0.15 0.01 ± 0.14
Ti II 5.02 2 +0.06 ± 0.04 2 +0.01 ± 0.11 2 0.04 ± 0.04 2 0.07 0.02 ± 0.06
Elementos Z-´ımpar
Na I 6.33 2 +0.12 3 +0.34 2 0.08 2 +0.12 +0.16 ± 0.23
Al I 6.47 2 +0.25 ± 0.03 2 +0.15 ± 0.17 2 +0.13 +0.18 ± 0.06
Elementos pesados
Zr I 2.60 1 0.74 1 0.64 1 0.64 1 0.64 0.67 ± 0.05
Ba II 2.13 2 0.08 2 0.18 ± 0.14 2 0.48 ± 0.14 2 0.38 0.28 ± 0.18
La II 1.17 1 +0.01 1 0.22 0.11 ± 0.16
Eu II 0.51 1 +0.09 1 +0.09 1 +0.10 1 +0.14 +0.10 ± 0.02
[Fe/H]
Fe I 7.50 56 0.20 ± 0.15 52 0.23 ± 0.15 59 0.17 ± 0.15 57 0.21 ± 0.12 0.20 ± 0.02
Fe II 7.50 4 0.20 ± 0.01 2 0.29 ± 0.09 3 0.17 ± 0.04 4 0.22 ± 0.06 0.22 ± 0.05
a
Padr˜ao de abundˆancia solar: Grevesse & Sauval (1998).
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados
globulares ricos em metais da Gal´axia 96
As incertezas apresentadas nas tabelas 3.10 e 3.11 correspondem ao desvio padr˜ao das me-
didas levando em conta o n´umero de linhas usado em cada esp´ecie. No entanto, a acur´acia
das an´alises detalhadas dependem das incertezas sobre os parˆametros atmosf´ericos, dos
modelos de atmosferas e dos parˆametros atˆomicos. Estas duas ´ultimas fontes de erros
ao as incertezas sistem´aticas sobre os resultados finais e dependem de incertezas so-
bre os loggf, sobre o ajuste no espectro sint´etico, mistura com outras linhas e ajuste do
continuum.
Para estimarmos a dependˆencia dos nossos resultados com os parˆametros atmosf´ericos
para os elementos α, Z-´ımpar e pesados, escolhemos a estrela II-64 da amostra para
variar os seus parˆametros atmosf´ericos de ∆T = ± 100 K, ∆logg = ± 0.30 e ∆v
t
=
± 0.20 kms
1
, que foram os valores t´ıpicos de incertezas estimadas na subse¸ao 3.3.
Variando cada parˆametro por vez e fixando os demais, novos espectros sint´eticos foram
calculados e a diferen¸ca em abundˆancia para cada esp´ecie adotando o novo valor do
parˆametro atmosf´erico foi interpretada como a incerteza associada da medida. A tabela
3.11 apresenta os resultados.
Para avaliar as incertezas sobre os elementos do pico do ferro adotamos procedimento
similar ao explicado acima e, cada estrela escolhida nos diferentes aglomerados, bem
como as respectivas varia¸oes na abundˆancia, ao tamb´em apresentadas na tabela 3.11.
O erro total apresentado na ´ultima coluna das tabela 3.11 corresponde `a quadratura das
incertezas individuais. Da tabela 3.11 constatamos que exceto para as raz˜oes [Cu:Zn/Fe]
em NGC 6528, principalmente devido ao n´umero limitado de linhas e estrelas, nossas
medidas de abundˆancia para os elementos do pico do ferro apresentam relativamente
pequeno espalhamento (σ 0.14) e pequena varia¸ao intra-aglomerado.
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC
6553 e aglomerados globulares ricos em metais
da Gal´axia
Nesta se¸ao comparamos algumas das raz˜oes m´edias de abundˆancias obtidas neste tra-
balho para NGC 6553 com o padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas em 4 outros aglomerados
globulares ricos em metais estudados em nosso Grupo de Pesquisa HP-1, NGC 6558,
47 Tucanae e NGC 6528 —, bem como com o padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas recente-
mente obtido por Lecureur et al. (2007) para estrelas de campo no bojo da Gal´axia e para
estrelas de campo do disco espesso obtidos por Reddy et al. (2006).
A tabela 3.12 apresenta as raz˜oes m´edias de abundˆancias qu´ımicas obtidas para uma
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados
globulares ricos em metais da Gal´axia 97
Tabela 3.11: Erros estimados sobre as abundˆancias variando ∆T
eff
= ±100 K, ∆log g =
±+0.3 e ∆v
t
= ±0.2 km s
1
. O erro total ´e dado na ´ultima coluna.
Esp´ecie ∆T ∆log g ∆v
t
(
x
2
)
1/2
(1) (2) (3) (4) (5)
NGC 6553 : II-64
[NaI/Fe] +0.08 +0.02 0.02 +0.08
[MgI/Fe] 0.01 0.02 +0.01 +0.02
[AlI/Fe] + 0.10 +0.00 +0.01 +0.10
[SiI/Fe] 0.10 0.01 0.05 +0.11
[CaI/Fe] +0.05 +0.01 0.15 +0.16
[TiI/Fe] +0.10 +0.03 0.10 +0.14
[TiII/Fe] +0.05 +0.20 +0.05 +0.21
[ZrI/Fe] +0.20 +0.01 +0.01 +0.20
[BaII/Fe] +0.01 +0.05 0.20 +0.21
[LaII/Fe] +0.01 +0.05 +0.02 +0.05
[EuII/Fe] +0.01 +0.06 +0.01 +0.06
[FeI/H] 0.03 0.04 +0.07 +0.09
[FeII/H] +0.12 0.11 +0.06 +0.17
47 Tucanae : M11
[MnI/Fe] +0.01 +0.02 0.05 0.05
[CuI/Fe] +0.05 +0.04 0.08 0.10
[ZnI/Fe] 0.10 +0.03 0.10 0.14
NGC 6553 : II-85
[MnI/Fe] +0.04 +0.03 0.03 +0.06
[CuI/Fe] +0.03 +0.04 0.06 +0.08
[ZnI/Fe] 0.04 +0.05 0.10 +0.12
NGC 6528 : I-36
[MnI/Fe] +0.05 +0.01 0.01 +0.05
[CuI/Fe] +0.04 +0.03 0.07 +0.09
[ZnI/Fe] 0.05 +0.04 0.10 +0.12
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados
globulares ricos em metais da Gal´axia 98
Tabela 3.12: Raz˜oes m´edias de abundˆancias nos aglomerados globulares ricos em metais
analisados pelo Grupo de Popula¸oes Estelares do IAG/USP.
Esp´ecie HP-1 NGC 6558 47 Tuc NGC 6553 NGC 6528
(1) (2) (3) (4) (5)
[Fe/H]
Fe I 1.00 0.97 ± 0.15 0.64 ± 0.11 0.20 ± 0.1102 0.11 ± 0.20
Fe II 0.98 ... 0.67 ± 0.15 0.22 ± 0.05 ...
[X/Fe]
C ... ... ... 0.60 ± 0.12 0.00
N ... ... ... +1.30 ± 0.22 +0.60
O +0.40 +0.38 ± 0.17 +0.35 +0.20 ± 0.30 +0.15
Na +0.00 0.09 ± 0.05 0.07 ± 0.03 +0.16 ± 0.23 +0.43
Mg +0.10 +0.24 ± 0.05 +0.27 ± 0.05 +0.28 ± 0.04 +0.07
Al ... +0.02 ± 0.05 +0.22 ± 0.04 +0.18 ± 0.06 ...
Si +0.30 +0.23 ± 0.03 +0.23 ± 0.08 +0.21 ± 0.05 +0.08
Ca +0.03 +0.05 ± 0.05 0.05 ± 0.10 +0.05 ± 0.09 0.40
Ti +0.07 +0.06 ± 0.04 +0.10 ± 0.14 0.01 ± 0.14 0.11
Mn
... ... 0.39 ± 0.09 0.35 ± 0.06 0.44± 0.13
Cu
... ... +0.00 ± 0.09 0.10 ± 0.14 0.05± 0.22
Zn
... ... +0.03 ± 0.13 +0.18 ± 0.04 0.05± 0.22
Zr ... ... 0.30 0.67 ± 0.05 ...
Ba 0.15 +0.13 ± 0.05 +0.23 ± 0.11 0.28 ± 0.18 +0.03 ± 0.14
La +0.00 0.00 +0.12 0.11 ± 0.16 0.15 ± 0.15
Eu +0.15 +0.36 ± 0.06 +0.35 +0.10 ± 0.02 +0.15
Referˆencias - 1: Barbuy et al. (2006) 2: Barbuy et al. (2007); 3: Alves-Brito et al.
(2005); 4: Este trabalho (Alves-Brito et al. 2006); CNO de Mel´endez et al. (2003)
5: Zoccali et al. (2004).
*As raz˜oes [(Mn,Cu,Zn)/Fe] ao como dadas em Alves-Brito et al. (2008c).
variedade de elementos (3 Z 63) em todos os aglomerados globulares com metalicidade
entre 1 [Fe/H] 0.11 analisados pelo Grupo de Popula¸oes Estelares do IAG/USP
usando espectros de alta resolu¸ao e alta raz˜ao sinal-ru´ıdo obtidos com os espectr´ografos
UVES e FLAMES do Very Large Telescope.
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados
globulares ricos em metais da Gal´axia 99
Oxigˆenio, magn´esio, odio e alum´ınio
Da figura 3.15a, nota-se que a raz˜ao [O/Fe] em NGC 6553 e nos outros aglomerados glo-
bulares estudados em nosso Grupo de Pesquisa segue o comportamento geral das estrelas
de campo do bojo com o decr´escimo da raz˜ao [O/Fe] a mais altas metalicidades. Como
anteriormente explicado, este comportamento ´e esperado no contexto da contribui¸ao dos
produtos da raz˜ao (SNs de Tipo II)/(SNs de Tipo Ia) ao meio interestelar da Gal´axia.
No caso do magn´esio (figura 3.15b) vˆe-se que a raz˜ao m´edia de [Mg/Fe] para NGC 6553,
NGC 6558 e 47 Tucanae ´e praticamente constante ([Mg/Fe] +0.26), assim como as
medidas de [Mg/Fe] nas estrelas de campo do bojo e do disco espesso. No entanto, para
[Fe/H] 0.3, as raz˜oes [Mg/Fe] nas estrelas de campo do bojo tendem a ser mais altas
do que as estrelas do disco espesso, enquanto que para [Fe/H] 0.3 as medidas de
[Mg/Fe] para as estrelas de campo do bojo apresentam alta dispers˜ao. HP-1 e NGC 6528,
o mais pobre e o mais rico aglomerado globular, respectivamente, entre os aglomerados
globulares estudados no nosso grupo, apresentam as mais baixas raz˜oes m´edias de [Mg/Fe]
nas subcomponentes estelares comparadas.
Na figura 3.15c nota-se ainda que os valores m´edios de [Na/Fe] de NGC 6553 e NGC
6528 seguem os valores das estrelas de campo do bojo em seus respectivos valores de
metalicidade, enquanto que o comportamento geral da raz˜ao [Al/Fe] (figura 3.15d) ´e
similar ao da raz˜ao de [Mg/Fe]. Portanto, n˜ao ´e claro das figuras 3.15b,d a existˆencia de
uma anticorrela¸ao [Mg/Al] em fun¸ao de [Fe/H] para os aglomerados ricos em metais
estudados como esperado nos modelos de mixing profundo de Langer & Hoffman (1995),
onde um consider´avel aumento na abundˆancia de Al e Na ´e esperado `as expensas de
25,26
Mg e
22
Ne, respectivamente. Langer & Hoffman (1995) prevˆeem ainda que uma
subabundˆancia de oxigˆenio por um fator 2.5 e 3 nas atmosferas estelares leva a um aumento
na abundˆancia de odio por um fator de 4 ou 5, respectivamente. Faz-se assim necess´ario
a obten¸ao de mais medidas de [(Mg:Al)/Fe] e [(Na:O)/Fe] para um maior n´umero de
estrelas em aglomerados globulares mais ricos que [Fe/H] 0.70 para averiguar se
realmente a assinaturas dos processos de captura de pr´otons por interm´edio dos ciclos
CNO, Ne:Na e Mg:Al em aglomerados globulares no regime de mais alta metalicidade,
como j´a verificado em aglomerados pobres em metais da Gal´axia (Gratton et al. 2004).
ario, lananio e eur´opio
Na figura 3.16 apresentamos a compara¸ao das raz˜oes [Ba/Fe] (figura 3.16a), [Eu/Fe]
(figura 3.16b) e [Ba/Eu] (figura 3.16c) para NGC 6553, NGC 6528, HP-1, 47 Tucanae e
NGC 6558. Como at´e o momento n˜ao foram obtidas raz˜oes de abundˆancias de elementos
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados
globulares ricos em metais da Gal´axia 100
0
0.5
1
a]
0
0.5
1
b]
0
0.5
1
c]
-1 -0.5 0 0.5
0
0.5
1
d]
Figura 3.15: Raz˜oes m´edias de [O/Fe] (painel a) para NGC 6553, HP-1, NGC 6558, 47
Tucanae e NGC 6528 (c´ırculos fechados) comparadas ao padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas
das estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) de Lecureur et al. (2007) e estrelas de
campo do disco espesso (cruzes) de Reddy et al. (2006) com base em linhas de alto poten-
cial de excita¸ao OI em 7771
˚
A. As raz˜oes [Mg/Fe], [Na/Fe] e [Al/Fe] ao apresentadas
nos pain´eis (b), (c) e (d), respectivamente.
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados
globulares ricos em metais da Gal´axia 101
-1
-0.5
0
0.5
1
a]
-1
-0.5
0
0.5
1
b]
-1 -0.5 0 0.5
-1
-0.5
0
0.5
1
c]
Figura 3.16: Raz˜oes m´edias de [Ba/Fe] (painel a), [Eu/Fe] (painel b) e [Ba/Eu] (painel c)
para NGC 6553, HP-1, NGC 6558, 47 Tucanae e NGC 6528 (c´ırculos fechados) compara-
das ao padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas das estrelas de campo do disco espesso (cruzes)
de Reddy et al. (2006). No painel c a linha cheia marca a raz˜ao [Ba/Eu] = 0.70, onde
a contribui¸ao na produ¸ao dos elementos pesados seria apenas pelo processo r.
pesados em estrelas individuais (tipos espectrais K e M) de campo no bojo da Gal´axia,
ao foi poss´ıvel fazer uma compara¸ao direta entre as medidas no campo com as nossas
medidas de [(elementos dos processos s e r)/Fe] em NGC 6553 e nos outros 4 aglomerados
globulares estudados por nosso Grupo de Pesquisa. Sendo assim, comparamos os nossos
resultados com as medidas [(Eu:Ba)/Fe] obtidas para estrelas de campo do disco espesso
(Reddy et al. 2006).
Vˆe-se da figura 3.16a que exceto para NGC 6553 todos os outros aglomerados globulares
ricos em metais apresentam [Ba/Fe] 0, enquanto que as estrelas de campo do disco
apresentam em geral [Ba/Fe] < 0 e com apenas poucas estrelas apresentando raz˜oes de
[Ba/Fe] acima da abundˆancia solar. As raz˜oes de abundˆancias qu´ımicas de [Ba/Fe]
0 para os aglomerados globulares ricos em metais podem ser interpretadas como uma
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados
globulares ricos em metais da Gal´axia 102
assinatura do enriquecimento qu´ımico pelo processo s na nuvem que deu origem a estas
estrelas de baixa massa dos aglomerados. Isso significa que houve tempo (longo per´ıodo
de forma¸ao estelar e perda de massa) para que as estrelas AGBs (3 M/M
8)
enriquecessem o meio interestelar destes aglomerados.
Da figura 3.16b nota-se que a raz˜ao [Eu/Fe] dos aglomerados globulares sobrep˜oe-se `as
medidas de [Eu/Fe] das estrelas de campo do disco espesso. Verifica-se ainda que a raz˜ao
[Eu/Fe] de NGC 6553 e NGC 6528 parece seguir a queda [Eu/Fe] com a metalicidade,
comportamento reminiscente da rela¸ao [O/Fe] em fun¸ao de [Fe/H] para estes objetos
(ver figura 3.15a), o que reflete a contribui¸ao das SNs do Tipo Ia no regime de mais alta
metalicidade e tamb´em sugere uma forte rela¸ao entre os s´ıtios astrof´ısicos de forma¸ao
dos elementos α e do eur´opio.
Usando modelos estelares de AGBs de baixa massa (1.5 M/M
3) e com metalici-
dade global Z = Z
/2, Arlandini (1999) obtiveram a contibui¸ao dos processos s e r na
abundˆancia solar de elementos pesados. Segundo eles, as contribui¸oes dos processos s
e r para a abundˆancia solar de ario consiste de 81% e 19%, respectivamente. Nestes
alculos, o eur´opio seria produzido predominantemente no processo r, com uma con-
tribui¸ao de 94%. Desta forma, atrav´es das abundˆancias de cada is´otopo de b´ario (
134
Ba,
135
Ba,
136
Ba,
137
Ba e
138
Ba) e de eur´opio (
151
Eu,
153
Eu) apresentadas na tabela 2 de Ar-
landini (1999) para as diferentes componentes e admitindo abundˆancia solar log(Ba)
=
2.13 e log(Eu)
= 0.51 (Grevesse & Sauval 1998), obtivemos a raz˜ao [Ba/Eu]
r
= 0.70
(linha cheia na figura 3.16c), ou seja, a contribui¸ao pelo processo r `a raz˜ao [Ba/Eu]
de abundˆancia solar relativa `a abundˆancia total. Da figura 3.16c conclui-se que todos
os aglomerados globulares ricos em metais estudados em nosso grupo apresentam uma
hist´oria de enriquecimento qu´ımico incompat´ıvel com a id´eia de que apenas o processo r
contribuiu para a s´ıntese de elementos pesados (Z > 26) da Tabela Peri´odica e que, al´em
disso, a efic´acia dos processos s e r nos aglomerados globulares ricos em metais ´e diferente
para as estrelas de campo do disco espesso.
No modelo cl´assico de auto-enriquecimento qu´ımico em aglomerados (por exemplo, Cayrel
1986), os aglomerados se formam de uma nuvem gigante molecular primordial (metali-
cidade global Z = 0) em colapso, onde as estrelas que se formam nas nuvens gigantes
ao as principais respons´aveis pela cria¸ao de elementos leves e pesados. Neste cen´ario,
distinguem-se basicamente 3 gera¸oes estelares: a primeira gera¸ao ´e constitu´ıda de es-
trelas massivas (M 10M
e t
ql
10
8
anos) que s˜ao as progenitoras das SNs do Tipo II
e respons´aveis pelo enriquecimento do as intra-aglomerado em elementos α, ferro e ele-
mentos pesados. Na explos˜ao, ondas de choque se propagam na nuvem e levam a cria¸ao
de um aglomerado denso nas regi˜oes mais densas da nuvem. Sendo assim, esta primeira
3.5 Hist´orico de enriquecimento qu´ımico em NGC 6553 e aglomerados
globulares ricos em metais da Gal´axia 103
gera¸ao de estrelas ao participa da s´ıntese de elementos do processo s e, neste con-
texto, a raz˜ao [Ba/Eu] neste cen´ario deveria ser uma assinatura qu´ımica da contribui¸ao
`a s´ıntese dos elementos pesados puramente pelo processo r. A segunda gera¸ao de es-
trelas, por sua vez, forma-se do material a enriquecido pela gera¸ao anterior sendo que
as estrelas desta segunda gera¸ao contribuir˜ao basicamente com os produtos da queima
hidrost´atica do hidrogˆenio. Finalmente, as estrelas de baixa massa observadas atual-
mente nos agloemrados globulares constituiriam a terceira gera¸ao de estrelas no cen´ario
de auto-enriquecimento qu´ımico. Elas a seriam formadas em um ambiente enriquecido
em elementos α e elementos acima do pico do ferro e apresentariam alta dispers˜ao na
abundˆancia dos elementos leves.
Por outro lado, o cen´ario cl´assico de pr´e-enriquecimento qu´ımico (por exemplo, Harris &
Pudritz 1994), postula que os aglomerados globulares foram formados a com o padr˜ao
de elementos pesados observados hoje em dia, ou seja, que uma primeira gera¸ao de es-
trelas seria a respons´avel pela forma¸ao dos elementos leves enquanto que uma posterior
contamina¸ao do g´as daria origem a pr´oxima gera¸ao de estrelas. Desta forma, os nossos
resultados de abudˆancias qu´ımicas de elementos pesados em estrelas gigantes dos aglome-
rados globulares ricos em metais da Gal´axia suportam o cen´ario de pr´e-enriquecimento
qu´ımico, uma vez que ao encontramos ind´ıcios de que a raz˜ao [Ba/Eu] deva-se ape-
nas pelo processo r, aliado ao fato de que encontramos uma forte homogeneidade nos
resultados de [Eu/Fe] das amostras estudadas.
Cap´ıtulo 4
Espectro combinado de alta raz˜ao
sinal-ru´ıdo de NGC 6553
Neste cap´ıtulo apresentamos um procedimento experimental com o intuito de explorar
o uso potencial do Very Large Telescope como um Extremely Large Telescope na an´alise
qu´ımica detalhada de um espectro combinado
1
de estrelas individuais de NGC 6553 obti-
das com o FLAMES@VLT.
4.1 Introdu¸ao
Hoje em dia, gra¸cas `a classe de telesc´opios de 8-10 m e aos espectr´ografos de alta resolu¸ao
(20000 R 60000) ´e poss´ıvel obter espectros de estrelas gigantes do campo e em
aglomerados globulares do bojo da Gal´axia onde as condi¸oes extremas de observao,
como o alto valor da extin¸ao interestelar, dificultam a caracteriza¸ao desta componente
Gal´actica. ao obstante, os espectros de estrelas gigantes vermelhas no bojo da Gal´axia
tˆem sido limitados a uma raz˜ao S/N por p´ıxel variando entre 50 S/N 150, com tempo
de integra¸ao de at´e algumas horas.
a basicamente duas formas de remediar a limita¸ao observacional no bojo da Gal´axia no
que diz respeito ao aumento da acur´acia nos resultados de abundˆancias qu´ımicas: obter
espectros com a nova gera¸ao de grandes telesc´opios (ELT, Extremely Large Telescope)
previstos para entrar em opera¸ao dentro de 10 anos ou usar as microlentes gravita-
cionais (ver se¸ao 1 do cap´ıtulo anterior), cujos eventos ao aleat´orios, ao permitindo
sele¸ao pr´evia de amostras.
1
O conceito de espectro combinado que apresentamos neste trabalho n~ao tem qualquer
rela¸c~ao com a id´eia de espectro integrado usado em s´ıntese de popula¸c~oes estelares.
4.1 Introdu¸ao 105
Sabemos, por´em, que ao somarmos estatisticamente espectros de uma mesma estrela, a
raz˜ao S/N do espectro resultante ser´a superior `a dos espectros individuais. Partindo deste
princ´ıpio, o nosso grupo prop˜oe um novo procedimento de an´alise qu´ımica detalhada em
espectros combinados de estrelas individuais em um mesmo est´agio evolutivo no diagrama
HR e, portanto, com parˆametros atmosf´ericos similares. Neste novo etodo, usando
observoes do Very Large Telescope construimos, assim, um espectro equivalente ao
observado por um telesc´opio da classe de 30m.
Usando o espectr´ografo FLAMES acoplado ao Very Large Telescope (Zoccali et al. 2008),
apresenta a observao de cerca de 1000 estrelas (entre campo e aglomerados) do bojo
Gal´actico. A amostra selecionada cont´em estrelas de 1 magnitude acima do ramo hori-
zontal no diagrama cor-magnitude dos objetos, com o intuito de evitar blends com bandas
moleculares de TiO nas estrelas mais frias. Foram observadas estrelas gigantes em quatro
campos do bojo Gal´actico na janela de Baade (l = 1
, b = 4
), Blanco 6
(l =
0
, b = 6
), Blanco 12
(l = 0
, b = 12
) e janela NGC6553 (l = 5
, b = 3
). O
principal objetivo deste projeto ´e caracterizar quimicamente o bojo da Gal´axia atrav´es
das raz˜oes [X/Fe] de abundˆancias qu´ımicas e definir a fun¸ao distribui¸ao de metalicidade
para o bojo (Zoccali et al. 2006; Lecureur et al. 2007; Barbuy et al. 2007; Zoccali et al.
2008). A grande vantagem da amostra ´e o grande n´umero de estrelas gigantes analisadas
no bojo Gal´actico, a qual constitui a maior amostra em alta resolu¸ao espectral existente.
Como detalhado em Minniti et al. (2008) aplicamos com sucesso o novo m´etodo de com-
binar espectros individuais `as estrelas gigantes dos quatro campos do bojo citados acima.
Estes campos foram observados em quatro ordens do espectr´ografo FLAMES HR11
(5600-5870
˚
A), HR13 (6120-6400
˚
A), HR14 [6380-6620
˚
A] e HR15 (6660-6860
˚
A). Foram
combinadas cerca 200 estrelas gigantes vermelhas por campo totalizando aproximada-
mente 810 estrelas. Os espectros combinados ao representativos de gigantes ricas em
metais do bojo da Gal´axia com magnitude visual V 16 e com parˆametros atmosf´ericos
m´edios de T
eff
= 4600 K, logg = 2.00, [Fe/H] = 0.00 e [α/Fe] = 0.30. O espectro
combinado resultante da soma de cerca de 810 estrelas apresenta alta raz˜ao sinal-ru´ıdo
por p´ıxel, variando entre 900 S/N 2100, o que equivale a espectros obtidos com cerca
de 800 horas de exposi¸ao no VLT de 8 m ou 30 horas de exposi¸ao com um ELT de 42 m.
Comparando os espectros combinados de cada campo do bojo foi confirmado que de fato
a um gradiente de metalicidade no bojo da Gal´axia como proposto por Minniti (1995).
A metalicidade m´edia dos espectros combinados diminui com o aumento da distˆancia
galactocˆentrica (12
b 3
). Um gradiente de metalicidade no bojo da Gal´axia ´e
uma forte evidˆencia observacional a favor da forma¸ao da Gal´axia no contexto do cen´ario
bojo cl´assico (Eggen et al. 1962; Kormendy & Kennicutt 2004).
4.2 Velocidades radiais 106
Com estes trabalhos (Minniti et al. 2008; Alves-Brito et al. 2008b), al´em de propormos
um novo etodo de an´alise qu´ımica em espectroscopia multi-objeto de alta resolu¸ao,
disponibilizaremos na literatura cient´ıfica espectros combinados de estrelas de campo e em
aglomerados que ser˜ao referˆencia no estudo de popula¸oes ricas em metais. As implica¸oes
e aplica¸oes cient´ıficas deste novo m´etodo `as estrelas de campo, NGC 6553, bem como
outros aglomerados globulares ricos em metais s˜ao in´umeras:
(i) Um espectro combinado com alta raz˜ao S/N ´e ´util para a identifica¸ao e medida de
linhas fracas (W
λ
= 1m
˚
A) e de blends ao longo do espectro, aumentando a acur´acia na
determina¸ao de abundˆancias qu´ımicas.
(ii) Espectros combinados podem ainda ser aplicados na identifica¸ao de linhas atˆomicas
para c´alculo de velocidades radiais.
(iii) Espectros de alta raz˜ao S/N podem ser amplamente usados na defini¸ao de novos
´ındices espectrais ´uteis na an´alise de espectros de baixa resolu¸ao e baixa raz˜ao S/N.
(iv) Espectros combinados ao fundamentais na determina¸ao do pseudo-cont´ınuo de
objetos ricos em metais e de baixa raz˜ao S/N.
(v) Espectros combinados podem ainda ser ´uteis na identifica¸ao de grupos estelares de
campo com caracter´ısticas cinem´aticas similares.
(vi) Este novo etodo sinaliza para a possibilidade de estudar estrelas an˜as de campo
do bojo da Gal´axia atrav´es do FLAMES@VLT.
Desta forma, apresentamos neste cap´ıtulo uma aplica¸ao do m´etodo de combinar espectros
ao aglomerado globular rico em metais NGC 6553 e comparamos o espectro resultante
com o espectro combinado para um dos campos do bojo. Em seguida ´e feita uma com-
para¸ao dos resultados de abundˆancias qu´ımicas de estrelas individuais em NGC 6553
com base em espectros UVES@VLT de alta resolu¸ao e alta raz˜ao S/N com as obtidas no
espectro combinado de NGC 6553. As observoes e metodologia de sele¸ao das estrelas
pertencentes a NGC 6553 foram descritas no cap´ıtulo 2.
4.2 Velocidades radiais
A cria¸ao de um espectro combinado a partir de espectros individuais requer acur´acia
na estimativa do desvio Doppler e velocidades radiais observadas. Como explicado no
cap´ıtulo 2 as observoes FLAMES@VLT foram realizadas no modo GIRAFFE usando
trˆes diferentes redes de difra¸ao: HR11 (5600-5870
˚
A), HR13 (6120-6400
˚
A) e HR15
(6660-6860
˚
A). Usando o odigo DAOSPEC e procedimento similar explicado na se¸ao
4.2 Velocidades radiais 107
-20 -10 0 10
0
5
10
HR11
HR13
HR15
Figura 4.1: Histograma mostrando a distribui¸ao das velocidades radiais observadas nas 22
estrelas selecionadas de NGC 6553@FLAMES nas 3 redes de difra¸ao: HR11 (linha cheia
em azul), HR13 (regi˜ao sombreada, linha pontilhada em verde) e HR15 (linha tracejada
em vermelho).
3.2.1 as velocidades radiais de cada espectro foram obtidas em cada rede e o valor m´edio
dos resultados de cada estrela foi adotado como sendo o valor final de velocidade radial.
O valor edio de v
r
foi tamb´em usado como um dos crit´erios seletivos para ratificar a
probabilidade de pertinˆencia das estrelas localizadas na dire¸ao do campo NGC6553 ao
aglomerado globular NGC 6553 (cap´ıtulo 2).
A figura 4.1 apresenta a distribui¸ao das velocidades radiais observadas para as 22 estre-
las selecionadas de NGC 6553 em cada rede de difra¸ao usada. Para a ordem HR11 foi
obtida uma v
HR11
r
= 6.70 ± 7.84 kms
1
, enquanto que para HR13 e HR15 foram obti-
das, respectivamente, v
HR13
r
= 4.75 ± 5.03 kms
1
e v
HR11
r
= 7.92 ± 5.60 kms
1
. As
diferen¸cas em velocidade radial para cada estrela nas diferentes redes est˜ao dentro das in-
certezas esperadas quanto a poss´ıveis varia¸oes no processo de calibra¸ao em comprimento
de onda dos espectros.
Em seguida, usando o c´odigo rvcorrect do IRAF, obtivemos a corre¸ao das velocidades
radiais observadas ou corre¸ao heliocˆentrica para as componentes do movimento do ob-
servador na dire¸ao da observao e calculamos as velocidades radiais heliocˆentricas. Na
4.3 Espectro combinado 108
Tabela 4.1: Velocidades radiais observadas em cada rede de difra¸ao com respectivas
FWHM [p´ıxel] calculadas. A velocidade radial heliocˆentrica ´e dada na ´ultima coluna.
Estrela v
HR11
r
FWHM v
HR13
r
FWHM v
HR15
r
FWHM v
h
r
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
Brilhantes
n6553bri013 9.267 ± 1.591 5.665 10.542 ± 1.317 6.620 12.106 ± 2.129 8.423 7.14 ± 2.10
n6553bri041 0.611 ± 0.889 5.631 0.381 ± 1.152 6.549 2.113 ± 1.618 8.323 2.87 ± 1.54
n6553bri048 3.059 ± 0.892 5.670 3.445 ± 0.910 6.459 5.388 ± 2.011 8.415 0.47 ± 1.68
n6553bri050 1.281 ± 0.581 5.819 1.925 ± 0.689 6.530 3.981 ± 1.512 8.319 1.1 ± 1.24
n6553bri053 6.189 ± 0.850 5.747 6.686 ± 0.810 6.497 8.960 ± 1.996 8.359 3.78 ± 1.64
n6553bri055 2.838 ± 1.020 5.893 1.172 ± 1.090 6.490 0.646 ± 1.516 8.204 4.62 ± 1.50
n6553bri058 2.627 ± 1.342 6.416 3.787 ± 0.945 6.744 5.822 ± 1.595 8.950 0.58 ± 1.62
n6553bri059 4.874 ± 0.732 5.814 6.269 ± 1.304 6.568 8.568 ± 1.890 8.198 3.07 ± 1.70
n6553bri060 5.745 ± 0.851 5.760 7.043 ± 1.122 6.362 9.577 ± 1.827 8.273 3.96 ± 1.63
n6553bri061 5.063 ± 0.815 5.651 6.779 ± 1.197 6.359 8.100 ± 1.195 8.079 3.15 ± 1.33
n6553bri062 3.995 ± 1.274 5.803 5.067 ± 1.442 6.762 7.284 ± 1.588 8.407 1.95 ± 1.76
n6553bri064 16.148 ± 0.564 5.508 16.569 ± 1.428 6.525 18.77 ± 2.203 8.164 13.67 ± 1.90
n6553bri066 4.624 ± 0.951 5.493 5.458 ± 1.274 6.429 7.395 ± 1.289 8.451 2.33 ± 1.45
n6553bri069 12.389 ± 1.325 5.742 13.717 ± 1.597 6.505 15.207 ± 1.811 8.439 10.27 ± 1.95
n6553bri071 1.577 ± 1.459 5.529 2.520 ± 1.549 6.455 4.241 ± 1.817 8.316 0.72 ± 1.98
n6553bri072 8.791 ± 0.987 5.719 7.296 ± 1.684 6.710 5.578 ± 1.235 8.612 10.72 ± 1.63
n6553bri085 9.965 ± 2.079 6.343 2.382 ± 1.153 6.262 5.299 ± 1.676 8.215 2.38 ± 2.06
n6553bri090 3.699 ± 0.515 5.898 3.203 ± 1.112 6.374 5.299 ± 1.676 8.215 0.57 ± 1.47
n6553bri116 5.849 ± 0.591 5.591 5.884 ± 1.069 6.218 7.776 ± 1.457 8.107 3 ± 1.34
Fracas
n6553fai012 23.539 ± 1.089 5.454 6.302 ± 1.344 6.346 16.276 ± 1.399 8.275 0.5 ± 1.57
n6553fai055 16.260 ± 1.578 6.763 0.766 ± 1.347 7.812 11.159 ± 2.271 10.334 5.99 ± 2.18
n6553fai072 23.432 ± 0.904 5.686 5.843 ± 1.345 6.542 15.960 ± 1.645 8.382 0.21 ± 1.63
tabela 4.1 apresentamos, para cada ordem, as velocidades radiais observadas com as re-
spectivas FWHM [p´ıxel] calculadas. Como esperado, a FWHM dos espectros aumenta
ao longo do comprimento de onda (FWHM
HR11
< FWHM
HR15
). Na ´ultima coluna da
tabela apresentamos a velocidade radial heliocˆentrica para cada estrela com respectivas
incertezas. Para as 22 estrelas selecionadas estimamos uma v
h
r
= +1.68 ± 0.26 kms
1
,
o que est´a de acordo com a acur´acia te´orica esperada em v
h
r
, ou seja, σ 1.35 kms
1
para
espectros FLAMES com R = 22000.
4.3 Espectro combinado
Uma vez obtidas as velocidades radiais observadas, as imagens foram corrigidas do desvio
Doppler usando o odigo dopcor do pacote onedspec do IRAF. Conhecendo-se a v
r
ou
equivalentemente o desvio z, o odigo desloca os espectros para seus respectivos compri-
mentos de onda de laborat´orio. Al´em de ser imprescind´ıvel para a cria¸ao do espectro
combinado, a principal vantagem no deslocamento dos espectros ´e a identifica¸ao precisa
4.3 Espectro combinado 109
Tabela 4.2: Parˆametros atmosf´ericos para as 22 estrelas individuais de NGC 6553
Estrela V (V-I) T
eff
[K] logg [dex] v
t
[km/s] T
eff
[K] [Fe/H]
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
n6553bri013 16.68 2.39 4212 2.00 1.5 4750 0.14
n6553bri041 16.60 2.24 4239 1.78 1.5 4450 0.19
n6553bri048 16.51 2.13 4291 1.84 1.5 4600 0.18
n6553bri050 16.43 2.07 4319 1.98 1.5 4900 0.09
n6553bri053 16.42 2.03 4541 1.89 1.5 4750 0.13
n6553bri055 16.51 2.16 4266 1.87 1.3 4650 0.21
n6553bri058 16.36 2.24 4332 1.78 1.3 4600 0.25
n6553bri059 16.40 2.09 4207 1.79 1.5 4600 0.14
n6553bri060 16.64 2.34 4275 1.89 1.3 4600 0.09
n6553bri061 16.41 2.17 4322 1.80 1.3 4600 0.14
n6553bri062 16.58 2.34 4288 1.87 1.3 4600 0.19
n6553bri064 16.63 2.21 4259 1.86 1.3 4550 0.19
n6553bri066 16.41 2.14 4304 1.74 1.4 4500 0.22
n6553bri069 16.41 2.33 4239 1.80 1.3 4600 0.24
n6553bri071 16.54 2.38 4231 1.69 1.3 4350 0.18
n6553bri072 16.69 2.31 4311 1.85 1.2 4500 0.14
n6553bri085 16.51 2.14 4192 1.71 1.0 4400 0.12
n6553bri090 16.57 2.25 4221 1.86 1.4 4600 0.19
n6553bri116 16.49 2.13 4200 1.77 1.2 4500 0.10
n6553fai012 16.74 2.34 4254 1.87 1.3 4500 0.12
n6553fai055 16.76 2.34 4241 2.11 1.0 4900 0.14
n6553fai072 16.72 2.28 4247 1.98 1.4 4700 0.24
das linhas para o alculo manual das larguras equivalentes e compara¸ao dos espectros
observados com os espectros sint´eticos.
Ap´os corrigir a amostra do desvio Doppler, usamos o odigo scopy do IRAF para colo-
car os espectros individuais numa mesma escala de comprimento de onda. Adotamos a
seguinte escala por ordem: HR11 (λ
1
= 5595
˚
A : λ
2
= 5829.95
˚
A), HR13 (λ
1
= 6123
˚
A :
λ
2
= 6389.95
˚
A) e HR15 (λ
1
= 6613
˚
A : λ
2
= 6855.95
˚
A).
Em seguida, para cada ordem, combinamos 22 espectros de estrelas gigantes de NGC
6553 que apresentam basicamente os mesmos parˆametros atmosf´ericos (ver tabela 4.2).
Os parˆametros atmosf´ericos das 22 estrelas foram obtidos seguindo m´etodo padr˜ao neste
trabalho (ver cap´ıtulo 3). As estrelas apresentam temperatura e logg fotom´etricos m´edios
de Teff = 4272 ± 73 K e logg =1.85 ± 0.10 dex e com os parˆametros atmosf´ericos
espectrosc´opicos m´edios de Teff = 4600 ± 138 K, v
t
=1.33 ± kms
1
e [Fe/H] =
0.16 ± 0.05 dex.
Os espectros foram combinados usando o c´odigo scombine do pacote onedspec do IRAF
no modo average, admitindo peso 1 para cada imagem e rejei¸ao de p´ıxeis pela estat´ıstica
4.3 Espectro combinado 110
b]
6256 6258 6260 6262
c]
d]
6256 6258 6260 6262
e]
Figura 4.2: Compara¸ao entre os espectros individuais (linha cheia) e o espectro com-
binado (linha pontilhada) de NGC 6553 FLAMES@VLT. As temperaturas efetivas das
estrelas individuais crescem na figura do painel (a)-(e) variando de 4350 T
eff
4900 K.
minmax do odigo que al´em dos raios osmicos rejeita qualquer fra¸ao espec´ıfica dos
p´ıxeis mais altos e mais baixos ao longo dos espectros combinados. Antes de combinar os
espectros o odigo scombine verifica automaticamente o binning dos mesmos e, ao final
do processo, todas as imagens criadas em cada rede de difra¸ao apresentaram a mesma
escala de comprimento de onda (dλ = 0.05
˚
A). O espectro combinado apresentou largura
a meia altura variando de 0.29 FWHM 0.33
˚
A ao longo do comprimento de onda,
que ao resultados satisfat´orios para espectros FLAMES com R 22000. O fato de que
os espectros das 22 estrelas individuais de NGC 6553 apresentam valores similares de
FWHM ´e uma forte evidˆencia da efic´acia do etodo de combinar espectros individuais
sem a degrada¸ao do espectro final. Na figura 4.2 apresentamos uma compara¸ao direta
entre os 22 espectros individuais de NGC 6553 com o espectro combinado. Do painel
(a) ao painel (e) as estrelas est˜ao dispostas em ordem crescente de temperatura (4350
T
eff
4900 K) na figura. Constata-se que o espectro combinado ´e muito similar aos
espectros individuais, o que ´e esperado uma vez que combinamos espectros de mesmo
est´agio evolutivo e, portanto, com parˆametros atmosf´ericos semelhantes.
4.3 Espectro combinado 111
5600 5650 5700 5750 5800
0.4
0.6
0.8
1
1.2
HR11
a]
6200 6300 6400
0.4
0.6
0.8
1
1.2
HR13
b]
6650 6700 6750 6800 6850
0.4
0.6
0.8
1
1.2
HR15
c]
6296 6298 6300 6302 6304
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
d]
VI/TiI
[OI]
FeI
TiI
Figura 4.3: Espectro combinado nas trˆes diferentes redes usadas: (a) HR11, (b) HR13
e (c) HR15. No painel (d) apresentamos uma por¸ao do espectro combinado da ordem
HR13 na regi˜ao [OI] 6300
˚
A.
4.3.1 alculo das W
λ
e normaliza¸ao do cont´ınuo
Para realizar a normaliza¸ao do cont´ınuo e alculo autom´atico das W
λ
do espectro combi-
nado usamos o odigo DAOSPEC. Como teste, o cont´ınuo foi tamb´em normalizado manual-
mente atrav´es do odigo cont´ınuo do IRAF e ao foram econtradas diferen¸cas significati-
vas entre os dois etodos. Basicamente a principal diferen¸ca entre eles ´e o tipo e a ordem
do polinˆomio usado para efetuar a normaliza¸ao do espectro. A figura 4.3 apresenta o
espectro combinado e normalizado em cada rede de difra¸ao.
Para o alculo das W
λ
(tabela 4.3) procuramos incluir o maior n´umero poss´ıvel de linhas
previamente usadas na amostra NGC 6553 UVES@VLT (Alves-Brito et al. 2006). Do
ponto de vista das incertezas sistem´aticas, esta escolha possibilita-nos uma compara¸ao
direta dos resultados em ambos trabalhos.
4.3 Espectro combinado 112
Tabela 4.3: Lista de linhas e larguras equivalentes medi-
das com respectivas incertezas.
λ [
˚
A]
´
Ion χ [eV] loggf C6 W
λ
[m
˚
A] σW
λ
[m
˚
A]
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)
5601.28 CaI 2.53 0.24 0.227E31 171.3 2.64
5618.63 FeI 4.21 1.58 2.900E31 73.0 3.68
5628.62 CrI 3.42 0.74 0.465E31 34.9 2.69
5633.94 FeI 4.99 0.31 2.030E31 75.8 1.44
5636.71 FeI 3.64 2.74 5.190E32 49.6 2.72
5641.46 FeI 4.26 0.87 2.970E31 96.4 0.70
5643.07 NiI 4.16 1.25 0.379E30 25.1 2.05
5646.70 FeI 4.26 2.53 0.107E31 12.6 3.62
5647.23 CoI 2.28 1.56 0.414E31 64.7 4.13
5648.56 TiI 2.49 0.25 0.522E30 62.2 2.48
5650.01 FeI 5.10 0.87 4.830E31 47.6 2.37
5651.46 FeI 4.47 1.98 0.100E30 31.0 2.22
5652.32 FeI 4.26 1.95 3.120E31 42.6 1.28
5661.36 FeI 4.28 1.76 3.240E31 49.9 2.85
5679.02 FeI 4.65 0.97 8.130E31 67.3 1.88
5682.64 NaI 2.10 0.700 0.300E30 165.1 1.97
5688.20 NaI 2.10 0.457 0.300E31 162.5 3.84
5701.10 SiI 4.93 1.95 0.300E31 53.1 0.96
5701.54 FeI 2.56 2.11 4.950E32 146.0 4.86
5705.48 FeI 4.30 1.58 1.730E31 74.5 3.40
5711.08 MgI 4.34 1.729 0.300E30 147.3 3.97
5717.85 FeI 4.28 1.10 5.030E31 87.3 0.92
5719.81 CrI 3.01 1.58 0.600E31 25.3 1.09
5720.89 FeI 4.55 1.81 5.600E31 32.8 1.09
5724.45 FeI 4.28 2.66 5.050E31 9.5 1.23
5731.76 FeI 4.25 1.11 2.850E31 81.2 1.10
5732.29 FeI 4.99 1.50 1.860E31 20.9 0.71
5739.46 TiI 2.24 0.60 0.386E31 51.8 1.97
5741.86 FeI 4.26 1.81 2.830E31 56.8 0.71
5752.01 FeI 4.55 1.19 3.000E31 66.8 1.21
5760.35 FeI 3.64 2.61 5.850E32 57.8 1.04
5762.99 FeI 4.21 0.21 2.750E31 147.7 2.17
5775.08 FeI 4.22 1.32 3.000E31 87.8 1.71
5778.45 FeI 2.58 3.56 4.950E32 84.1 4.52
5782.11 CuI 1.64 1.72 0.300E30 204.8 5.58
5793.93 FeI 4.22 1.76 2.720E31 63.0 1.94
5806.73 FeI 4.61 0.84 1.910E31 73.1 1.74
5809.25 FeI 3.88 1.50 5.650E31 87.8 2.98
5814.80 FeI 4.28 1.94 2.820E31 42.6 1.62
4.3 Espectro combinado 113
Tabela 4.3 −− continua¸ao
λ [
˚
A]
´
Ion χ [eV] loggf C6 W
λ
[m
˚
A] σW
λ
[m
˚
A]
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)
6126.21 TiI 1.06 1.42 2.060E32 107.0 1.78
6127.47 ZrI 0.15 1.06 0.300E31 45.5 0.90
6130.13 NiI 4.26 0.96 0.391E30 30.5 0.99
6134.58 ZrI 0.00 1.28 0.300E31 36.6 2.14
6141.71 BaII 0.70 0.08 0.530E31 160.4 2.00
6142.49 SiI 5.61 1.58 0.300E31 28.0 1.54
6143.25 ZrI 0.07 1.10 0.300E31 40.3 3.24
6145.02 SiI 5.61 1.5 0.300E31 33.9 1.25
6149.24 FeII 3.89 2.90 0.300E31 25.5 0.44
6154.22 NaI 2.10 1.57 0.90E31 91.2 1.18
6155.14 SiI 5.62 0.85 0.30E31 70.4 1.04
6156.02 CaI 2.52 2.59 4.000E31 39.4 0.92
6159.38 FeI 4.61 1.97 0.674E30 27.5 2.42
6160.74 NaI 2.10 1.27 0.30E31 114.2 1.02
6161.30 CaI 2.51 1.42 4.000E31 127.7 4.23
6162.17 CaI 2.51 0.09 3.000E31 283.9 10.20
6165.36 FeI 4.14 1.55 0.765E31 71.9 0.71
6166.43 CaI 2.52 1.15 3.97E31 116.2 1.46
6169.04 CaI 2.52 0.90 3.97E31 147.8 1.75
6169.56 CaI 2.52 0.63 4E31 159.0 3.04
6173.33 FeI 2.22 2.88 0.265E31 132.3 1.42
6177.24 NiI 1.82 3.51 0.300E31 64.8 1.43
6180.20 FeI 2.73 2.78 0.411E31 112.9 2.38
6187.99 FeI 3.94 1.72 0.490E30 66.6 2.40
6189.00 CoI 1.71 2.46 0.206E31 87.0 3.18
6199.20 VI 0.28 1.28 0.196E31 149.9 4.13
6213.43 FeI 2.22 2.65 0.262E31 142.3 1.85
6223.98 NiI 4.10 0.98 0.393E30 44.4 1.11
6226.74 FeI 3.88 2.20 0.415E30 47.9 1.33
6240.64 FeI 2.22 3.39 0.314E31 97.8 2.10
6243.82 SiI 5.61 1.30 0.300E32 62.0 8.41
6244.48 SiI 5.61 1.27 0.300E31 50.3 3.09
6247.55 FeII 3.89 2.52 0.300E31 33.9 1.14
6251.82 VI 0.28 1.34 0.196E31 129.3 1.78
6254.25 FeI 2.28 2.44 0.000E+00 158.4 1.91
6258.11 TiI 1.44 0.36 4.756E32 142.4 5.62
6270.23 FeI 2.86 2.71 0.458E31 98.3 2.06
6271.28 FeI 3.32 2.96 0.278E30 54.7 1.12
6273.38 TiI 0.02 4.17 0.734E31 22.1 1.70
6274.65 VI 0.26 1.67 0.194E31 97.2 2.32
6285.15 VI 0.27 1.51 0.194E31 167.8 11.10
4.3 Espectro combinado 114
Tabela 4.3 −− continua¸ao
λ [
˚
A]
´
Ion χ [eV] loggf C6 W
λ
[m
˚
A] σW
λ
[m
˚
A]
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)
6290.55 FeI 2.59 4.34 0.211E30 35.1 1.63
6302.49 FeI 3.68 1.29 0.734E31 107.9 1.64
6303.75 TiI 1.44 1.56 1.530E32 76.2 1.88
6307.85 FeI 3.64 3.27 0.000E+00 12.7 1.83
6311.50 FeI 2.83 3.22 0.439E31 85.1 2.93
6312.23 TiI 1.46 1.55 4.750E32 71.4 1.90
6315.81 FeI 4.08 1.71 0.656E31 67.7 1.19
6318.71 MgI 5.10 2.10 0.300E31 89.9 4.49
6319.24 MgI 5.10 2.36 0.300E31 73.4 3.48
6322.68 FeI 2.58 2.43 0.442E31 123.1 2.59
6330.09 CrI 0.94 3.03 0.333E31 95.5 5.74
6335.33 FeI 2.20 2.23 0.251E31 159.2 3.56
6336.10 TiI 1.44 1.74 0.300E32 67.7 1.16
6336.82 FeI 3.69 1.05 0.415E30 131.1 2.65
6353.85 FeI 0.91 6.36 0.000E+00 39.8 1.16
6369.46 FeII 2.89 4.11 0.742E32 14.3 2.11
6632.43 CoI 2.28 2.00 0.228E31 59.9 1.71
6645.10 EuII 1.38 +0.12 0.300E31 31.2 1.89
6678.00 FeI 2.69 1.42 0.000E+00 208.6 2.13
6696.01 AlI 3.14 1.48 0.300E31 120.3 1.50
6698.66 AlI 3.14 1.78 0.300E31 72.3 0.86
6703.56 FeI 2.75 3.15 0.366E31 91.0 1.84
6704.48 FeI 4.20 2.66 0.666E31 9.9 1.06
6705.11 FeI 4.61 1.40 0.000E+00 69.9 1.39
6710.32 FeI 1.48 4.87 0.201E31 94.6 1.41
6713.74 FeI 4.80 1.60 0.157E30 31.3 1.15
6716.71 TiI 2.48 1.01 0.300E31 25.1 1.14
6717.69 CaI 2.71 0.61 4.10E31 196.1 2.65
6725.35 FeI 4.10 2.30 0.482E30 35.3 1.04
6726.66 FeI 4.60 1.15 0.000E+00 62.2 0.73
6733.15 FeI 4.64 1.58 0.341E30 36.4 0.75
6739.52 FeI 1.56 4.94 0.210E31 68.4 1.47
6743.12 TiI 0.90 1.62 0.300E31 133.2 1.39
6765.45 MgI 5.75 1.94 0.300E31 29.0 1.75
6767.77 NiI 1.82 2.17 0.300E30 139.6 3.28
6771.03 CoI 1.88 1.97 0.173E31 140.9 2.38
6772.31 NiI 3.65 0.99 0.356E30 73.8 1.01
6774.27 LaII 0.12 1.82 0.300E31 21.8 0.93
6810.26 FeI 4.60 1.11 0.450E30 71.2 0.96
6820.37 FeI 4.64 1.31 0.488E30 66.0 1.24
6837.02 FeI 4.59 1.80 0.000E+00 32.4 1.91
4.3 Espectro combinado 115
Tabela 4.3 −− continua¸ao
λ [
˚
A]
´
Ion χ [eV] loggf C6 W
λ
[m
˚
A] σW
λ
[m
˚
A]
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)
6839.83 FeI 2.56 3.45 0.395E31 96.8 1.38
6842.68 FeI 4.63 1.31 0.480E30 64.8 0.68
6851.64 FeI 1.60 5.31 0.731E32 51.1 1.15
6855.71 FeI 4.39 1.82 0.315E30 43.8 0.55
4.3.2 A raz˜ao sinal-ru´ıdo dos espectros
Em observoes astronˆomicas o fluxo intr´ınseco de f´otons de uma determinada fonte n˜ao
´e facilmente obtido com base apenas no n´umero de otons detectados uma vez que muitos
fatores devem tamb´em ser levados em conta, como o tamanho do telesc´opio, as condi¸oes
atmosf´ericas no momento de observao e a eficiˆencia em si dos detectores.
Sendo assim, dada uma taxa de otons emitidos de um certo objeto, existe uma fun¸ao de
probabilidade que determina o n´umero de otons detectados. A probabilidade de Poisson,
definida como o caso limite de uma distribui¸ao binomial, ´e a que melhor descreve os
eventos de detec¸ao de otons. Desta forma, se n ´e o n´umero total de otons emitidos da
fonte e p a probabilidade de detec¸ao durante o tempo de observao, por defini¸ao sabe-
mos que p << 1 e que o n´umero m´edio µ de f´otons detectados iguala-se ao n´umero total
de f´otons emitidos multiplicados pela probabilidade de que os mesmos sejam observados,
ou seja:
µ = np (4.1)
Neste caso, a distribui¸ao de Poisson de x eventos ser´a dada como:
p(x, µ) =
µ
x
e
µ
x!
, (4.2)
com a vari^ancia = µ.
Em astronomia a raz˜ao S/N equivale ao inverso do erro fracional da medida, ou seja, `a
raz˜ao entre a amplitude do erro e a grandeza medida:
S
N
=
S
σ
2
, (4.3)
4.3 Espectro combinado 116
Na pr´atica, o sinal S de uma fonte vai depender do fluxo F [por unidade de ´area e de
tempo], da ´area coletora A do telesc´opio e do tempo t de integra¸ao:
S = F A t (4.4)
Numa simplifica¸ao, admitindo que o ´unico ru´ıdo da observao ´e poissˆonico, podemos
escrever que:
σ
2
= S = F A t, (4.5)
e, dessa maneira,
S
N
=
F A t (4.6)
Consequentemente a raz˜ao S/N de um espectro ´e diretamente proporcional `a raiz quadrada
do brilho, da ´area do telesc´opio e do tempo de integra¸ao da observao que por sua vez
est´a relacionado `a eficiˆencia na detec¸ao dos f´otons.
A raz˜ao sinal-ru´ıdo de uma observao pode enao ser generalizada como:
S
N
=
C t
σ
2
n + t(C S)
, (4.7)
onde:
C: taxa de contagem [f´otons por segundo];
t: tempo de exposi¸ao;
σ: ru´ıdo de leitura de cada p´ıxel;
n: n´umero de p´ıxel;
S: n´umero de f´otons do c´eu por unidade de ˆangulo olido;
: ˆangulo s´olido coberto pela imagem.
No presente trabalho a raz˜ao S/N por p´ıxel dos espectros foi obtida usando o odigo
splot do IRAF. Usando os princ´ıpios da estat´ıstica de Poisson em regi˜oes sem linhas
dos espectros, ou seja, em regi˜oes do cont´ınuo, ap´os selecionarmos manualmente por¸oes
4.4 Parˆametros atmosf´ericos 117
λ dos espectros, o odigo determina a raz˜ao sinal-ru´ıdo por p´ıxel atrav´es da seguinte
express˜ao, equivalente `a express˜ao 4.3:
S
N
=
MEAN
RMS
, (4.8)
onde:
MEAN = m´edia de p´ıxeis na regi˜ao ∆λ do cont´ınuo do espectro;
RMS = desvio padr˜ao das medidas dentro da por¸ao ∆λ do espectro.
Em cada ordem do espectro combinado foram obtidas as raz˜oes (S/N)
HR11
= 500 em torno
de 5656
˚
A, (S/N)
HR13
= 650 em 6124
˚
A, (S/N)
HR13
= 700 pr´oximo a 6143
˚
A, (S/N)
HR15
= 800 em 6751
˚
A, (S/N)
HR15
= 650 em 6763
˚
A e (S/N)
HR15
= 667 na regi˜ao de 6805
˚
A. Estes valores implicam uma raz˜ao sinal-ru´ıdo por p´ıxel m´edia de (S/N)
HR11
= 500,
(S/N)
HR13
= 675 e (S/N)
HR15
= 700 em cada ordem.
Desta forma podemos estimar, em ordens de grandeza, o uso potencial do Very Large
Telescope (8m) como um Extremely Large Telescope (42m) usando o espectro combinado
obtido para NGC 6553. Levando em conta que a observao de uma estrela gigante tipo
espectral K em um aglomerado globular leva em edia 1 hora de tempo de integra¸ao
no VLT, 22 estrelas corresponderiam, no m´ınino, a 22 horas de tempo de integra¸ao.
Consequentemente, da equa¸ao 4.6, esta mesma estrela consumiria 47 minutos de tempo
de integra¸ao num Extremely Large Telescope de 42m.
4.4 Parˆametros atmosf´ericos
Os parˆametros atmosf´ericos espectrosc´opicos (v
t
, T
eff
e [Fe/H]) foram obtidos com base
nas linhas de FeI. O procedimento minucioso de obten¸ao dos parˆametros atmosf´ericos
com base nas abundˆancias de FeI j´a foi apresentado no cap´ıtulo anterior. Vale salientar,
no entanto, que dado o n´umero limitado de linhas de FeII dispon´ıveis nos espectros ao foi
poss´ıvel impor equil´ıbrio de ioniza¸ao para a determina¸ao espectrosc´opica da gravidade
superficial.
Como usual, as abundˆancias [FeI/H] foram obtidas atrav´es do c´odigo Abonj (Spite 1967)
admitindo uma abundˆancia solar
(Fe) = 7.50 (Grevesse & Sauval 1998) e utilizando
uma vers˜ao atualizada dos modelos MARCS (1D) de atmosferas estelares de Plez et al.
(1992). Foram apenas usadas linhas de FeI com larguras equivalentes entre 10 W
λ
150 m
˚
A.
4.4 Parˆametros atmosf´ericos 118
Figura 4.4: Espectro combinado e normalizado de NGC 6553 na ordem HR13, com linhas
atˆomicas (superior) e moleculares (inferior) identificadas na regi˜ao. O espectro equivale
a cerca de 22 horas de observao no VLT.
4.5 S´ıntese espectral e resultados 119
A figura 4.5 ilustra a obten¸ao dos parˆametros atmosf´ericos espectrosc´opicos para o es-
pectro combinado adotando a grade [M/H] = 0.30 dos modelos MARCS de atmosferas
estelares. No painel (a) da figura, a temperatura de excita¸ao ´e determinada com base no
coeficiente angular = 0.01596 no Diagrama de Boltzmann, enquanto que no painel (b)
um coeficiente angular = 0.00002 no plano [FeI/H] versus W
λ
fixa a velocidade de micro-
turbulˆencia em 1.5 kms
1
. Estes resultados indicam uma metalicidade [Fe/H] = 0.24
para o espectro combinado de NGC 6553 com base nos dados FLAMES@VLT. Este re-
sultado est´a em bom acordo com o valor [Fe/H] = 0.20 obtido com dados UVES@VLT
de mais alta resolu¸ao (Alves-Brito et al. 2006). Os pain´eis (c) e (d), por outro lado,
mostram que com base em duas linhas de FeII encontramos uma raz˜ao [FeII/H] = 0.86,
o que implica uma diferen¸ca ∆([Fe/H]) = [FeII/H] - [FeI/H] = 0.62 dex.
Sendo assim, para o espectro combinado de NGC 6553 foram adotados como parˆametros
atmosf´ericos finais uma temperatura efetiva de 4700 K, gravidade superficial logg = 1.80
dex, velocidade de microturbulˆencia de 1.5 kms
1
(valor t´ıpico de microturbulˆencia para
estrelas gigantes) e metalicidade [Fe/H] = 0.24. Os parˆametros atmosf´ericos finais
do espectro combinado representam um valor edio dos parˆemetros atmosf´ericos espec-
trosc´opicos dos espectros individuais de NGC 6553.
4.5 S´ıntese espectral e resultados
A s´ıntese espectral das linhas atˆomicas deste trabalho foi realizada atrav´es do odigo
Pfant (Spite 1967; Cayrel et al. 1991; Barbuy et al. 2003), ao qual Barbuy (1982) incluiu
a s´ıntese de linhas moleculares. Realizamos a s´ıntese espectral de elementos-α, elementos
Z-´ımpar e elementos pesados incluindo linhas em comum ao trabalho realizado por Alves-
Brito et al. (2006).
4.5.1 Elementos α
A abundˆancia de magn´esio (Z = 12) foi obtida a partir da linha de MgI 5711.080
˚
A com
parˆametros atˆomicos NIST (loggf = 1.724 dex e χ = 4.34 eV) e pelo tripleto de MgI
em 6318
˚
A. As linhas de magn´esio medidas pelo DAOSPEC (exceto a linha de MgI 6319.49
˚
A) variaram de 73 < W
λ
< 147 m
˚
A e apresentam potencial de excita¸ao χ > 4 eV.
Obtivemos uma sobreabundˆancia m´edia de magn´esio [Mg/Fe] = +0.34 ± 0.02 dex e na
figura 4.6 mostramos exemplo da s´ıntese espectral realizada para o magn´esio.
Para o sil´ıcio (Z = 14) foram usadas as linhas SiI 5701.100
˚
A, 6142.490
˚
A, 6145.020
˚
A
e 6155.020, enquanto que para o alcio (Z = 20), devido ao hiato nas ordens FLAMES,
4.5 S´ıntese espectral e resultados 120
Figura 4.5: Determina¸ao dos parˆametros atmosf´ericos espectrosc´opicos usando o Abonj:
(a) [FeI/H] vs χ; (b) [FeI/H] vs W
λ
; (c) [FeII/H] vs χ e (d) [FeII/H] vs W
λ
.
4.5 S´ıntese espectral e resultados 121
Figura 4.6: S´ıntese espectral do magn´esio. (a): Linha de MgI 5711.080
˚
A. (b): Regi˜ao
sintetizada do tripleto de magn´esio. Os valores e s´ımbolos ao explicados na figura.
foram usadas apenas 5 linhas (CaI 6156.030
˚
A, 6161.297
˚
A, 6166.439
˚
A, 6169.042
˚
A e
6169.563
˚
A), enquanto que na an´alise de 2006 teriam sido usadas 13 linhas. Obtivemos
[Si/Fe] = 0.07 ± 0.14 dex e [Ca/Fe] = +0.22 ± 0.07 para o espectro combinado.
Na figura 4.7 apresentamos a s´ıntese espectral para linhas de CaI 6156
˚
A e 6161
˚
A e SiI
6155.020
˚
A.
O titˆanio (Z = 22) eve a sua abundˆancia calculada com base em 3 linhas TiI 6126.217
˚
A, 6312.237
˚
A e 6336.102
˚
A. Encontramos uma abundˆancia m´edia [Ti/Fe] = 0.26 ±
0.14 dex. Na figura 4.8 apresentamos exemplo da s´ıntese espectral realizada para linha a
de TiI 6336.102
˚
A.
4.5.2 Elementos de Z-´ımpar
Analisamos quatro linhas de odio (Z=11) e duas linhas de alum´ınio (Z=13). As linhas de
odio variam de 91 < W
λ
< 165 m
˚
A, enquanto que as de AlI variam de 72 < W
λ
< 120
m
˚
A. Obtivemos para o espectro combinado [Na/Fe] = +0.41 ± 0.11 dex e [Al/Fe] =
+0.22 ± 0.08 dex. A figura 4.7 mostra um exemplo da s´ıntese espectral para duas linhas
de s´odio.
4.5 S´ıntese espectral e resultados 122
Figura 4.7: Espectro combinado (linha cheia) e espectro sint´etico (linha pontilhada) para
linhas de SiI, CaI e NaI, cujos comprimentos de onda e valores de abundˆancias obtidos
ao apresentados na figura.
4.5 S´ıntese espectral e resultados 123
Figura 4.8: Exemplo da s´ıntese espectral (linha pontilhada) para a linha Ti I 6336
˚
A
comparada ao espectro combinado (linha cheia). Obtivemos para esta linha uma sobre-
abundˆancia [Ti/Fe] = +0.38. A linha mais grossa no canto esquerdo inferior da figura
marca a presen¸ca de linhas moleculares no espectro.
4.6 Incertezas 124
Figura 4.9: Exemplo de s´ıntese espectral para a linha de BaII 6141.700
˚
A, da qual obtemos
[Ba/Fe] = 0.38.
4.5.3 Elementos pesados
Dentre os elementos pesados, ou seja, os elementos acima do
56
Fe na tabela peri´odica,
obtivemos abundˆancia qu´ımica apenas para o ario (Z = 56) atrav´es da linha de BaII
6141.700
˚
A com W
λ
= 160.4 m
˚
A. Na figura 4.9 apresentamos a s´ıntese espectral da linha.
Nota-se o blend com a linha de FeI, que na figura teve seu comprimento de onda deslocado
de λ=+0.1
˚
A. O blend com a linha de FeI foi levado em conta para o ajuste das asas da
linha de ario onde obtivemos [Ba/Fe] = 0.38. Na figura nota-se ainda o perfeito ajuste
para outras linhas de SiI ([Si/Fe] = +0.05) e FeI.
4.6 Incertezas
Em linhas gerais, as barras de erros dos valores edios de cada raz˜ao de abundˆancia obtida
com o espectro combinado de NGC 6553 comparadas a dos valores m´edios de cada raz˜ao
com base nos espectros individuais NGC6553 UVES@VLT s˜ao praticamente iguais. Isso
significa que mesmo trabalhando a uma resolu¸ao 3 vezes inferior, o espectro combinado
de alta raz˜ao S/N ( 9 vezes superior) determina as abundˆancias com precis˜ao similar a
4.7 Interpreta¸ao dos resultados 125
espectros de alta resolu¸ao.
Uma varia¸ao ∆T
eff
= ± 100K leva a ∆[FeI/H] = 0.06 e ∆[FeII/H] = 0.11; ∆logg =
± 0.30 dex resulta em ∆[FeI/H] = 0.02 e ∆[FeII/H] = 0.16; finalmente, uma varia¸ao
∆v
t
= ± 0.20 kms
1
acarreta uma ∆[FeI/H] = 0.05 e ∆[FeII/H] = 0.02. As abundˆancias
[FeI/H] do espectro combinado s˜ao mais dependentes das varia¸oes em v
t
, enquanto que
as abundˆancias de [FeII/H] ao mais dependentes aos erros na gravidade superficial, como
´e esperado devido a dependˆencia da gravidade superficial com a ioniza¸ao.
ao foram realizadas propaga¸oes de incertezas para as outras esp´ecies qu´ımicas no es-
pectro combinado, no entanto, dada as discuss˜oes acima, as incertezas nas raz˜oes de
abundˆancias devido `as varia¸oes t´ıpicas dos parˆametros atmosf´ericos (∆T
eff
= ± 100K :
∆logg = ± 0.30 dex e ∆v
t
= ± 0.20 kms
1
) no espectro combinado de NGC 6553 devem
ser da mesma ordem das incertezas apresentadas na tabela 3.11 para os espectros NGC
6553 UVES@VLT.
4.7 Interpreta¸ao dos resultados
Como mostra a figura 4.10, exceto para sil´ıcio e alcio, todas as outras abundˆancias
qu´ımicas obtidas com base no espectro combinado concordam dentro de 1σ com os re-
sultados das estrelas individuais da amosta NGC 6553 UVES@VLT de Alves-Brito et
al. (2006). Todavia, valem os seguintes comenarios a respeito das abundˆancias obtidas
atrav´es do espectro combinado:
Ferro: entre as esp´ecies atˆomicas estudadas a abundˆancia de ferro no espectro com-
binado ´e a melhor determinada, ao o pelo n´umero de linhas de FeI mas tamb´em pe-
los parˆametros atˆomicos usados. Tanto com base nas larguras equivalentes quanto pelo
m´etodo de s´ıntese espectral a metalicidade edia [Fe/H] = 0.24 concorda com a met-
alicidade m´edia das 22 estrelas de NGC 6553 que foram combinadas (com uma diferen¸ca
em metalicidade de apenas ∆[Fe/H]
individualcombinado
= +0.08 dex) e concorda ainda com
o valor edio de [Fe/H] obtido para NGC 6553 com dados UVES@VLT de alta resolu¸ao
(Alves-Brito et al. 2006).
Magn´esio: a ´unica diferen¸ca no m´etodo de obten¸ao da raz˜ao [Mg/Fe] deste trabalho em
rela¸ao ao de 2006 ´e a inclus˜ao da linha MgI 5711.080
˚
A. Encontramos uma dispers˜ao
m´edia na raz˜ao [Mg/Fe] de apenas 0.02 dex, ou seja, as quatro linhas de magn´esio resultam
em praticamente o mesmo valor de abundˆancia qu´ımica e confirmam a sobreabundˆancia
[Mg/Fe] no bojo da Gal´axia.
4.7 Interpreta¸ao dos resultados 126
Alves-Brito et al. (2006)
Este trabalho
Figura 4.10: Padr˜ao de abundˆancias de NGC 6553 obtido com espectros individu-
ais UVES@VLT (triˆangulos) e no espectro combinado com espectros FLAMES@VLT
(c´ırculos).
4.7 Interpreta¸ao dos resultados 127
Sil´ıcio, c´alcio e tit^anio: no espectro combinado de NGC 6553 encontramos sub-
abundˆancia de sil´ıcio ([Si/Fe] = 0.07 ± 0.14) e sobreabundˆancias de c´alcio ([Ca/Fe]
= +0.22 ± 0.07) e titˆanio ([Ti/Fe] = =0.26 ± 0.14). Em rela¸ao `a an´alise de 2006,
encontramos [Ca/Fe] mais alto por +0.17 dex. Ainda assim, a raz˜ao [Ca/Fe] com base
no espectro combinado de NGC 6553 comparada `a raz˜ao [Ca/Fe] das estrelas de campo
do bojo (Fulbright et al. 2007) permanece no limite inferior do padr˜ao [Ca/Fe]:[Fe/H]
das estrelas de campo do bojo. De todas as esp´ecies atˆomicas TiI ´e a que mais apre-
senta n˜ao-linearidade no plano W
λ
:T
eff
para qualquer linha estudada. De fato, as raz˜oes
de abundˆancias obtidas para sil´ıcio, alcio e titˆanio com o espectro combinado parecem
depender mais fortemente da n˜ao-linearidade W
λ
:T
eff
.
A metalicidade global Z pode ser calculada atrav´es da equa¸ao:
Z
=
10
[Fe/H]
n
k=3
10
(k)12
(
A
k
A
H
)
1 + 10
[Fe/H]
n
k=3
10
(k)12
(
A
k
A
H
)
(1 Y
He
), (4.9)
escrita em fun¸ao da metalicidade [Fe/H], da composi¸ao solar (Z/X)
e da abundˆancia
de h´elio. Para o espectro combinado de NGC 6553 com [Fe/H] = 0.24, composi¸ao
solar de Grevesse & Sauval (1998) e [(Mg,Si,Ca,Ti)/Fe] +0.19 encontramos uma met-
alicidade global Z = 0.0120. Para a amostra UVES@VLT, com o mesmo padr˜ao solar,
[Fe/H] = 0.20 e [(Mg,Si,Ca,Ti)/Fe] +0.13, obtivemos Z = 0.0121. Isso implica que a
metalicidade global de NGC 6553 obtida com os espectros UVES@VLT ´e a mesma obtida
com o espectro combinado.
Como discutido no cap´ıtulo 3, a s´ıntese dos elementos α ocorre durante os eventos de SNs
Tipo II que est˜ao associados `as estrelas massivas de curto tempo de vida, sendo que os
elementos α mais importantes como o oxigˆenio e o magn´esio est˜ao relacionados `a queima
hidrost´atica de hidrogˆenio nestas estrelas massivas, enquanto que a s´ıntese de sil´ıcio,
alcio e titˆanio est´a associada `a fase explosiva de nucleoss´ıntese com progenitoras de mais
baixa massa (Woosley & Weaver 1995). Consequentemente, o padr˜ao de abundˆancias
[α/Fe] pode variar com a metalicidade dependendo dos elementos envolvidos. Os nossos
resultados [α/Fe] para o espectro combinado de NGC 6553 confirmam que o aglomerado
´e velho e se formou num processo apido. O excesso de elementos α em NGC 6553 indica
o dom´ınio de estrelas massivas na evolu¸ao qu´ımica do bojo Gal´actico.
Na figura 4.11 apresentamos a raz˜ao de abundˆancia [O/Mg] em fun¸ao da metalicidade
para NGC 6553 e para outros aglomerados globulares pobres e ricos em metais da Gal´axia
estudados no nosso Grupo de Pesquisa (NGC 6528, NGC 6558, 47 Tucanae e HP1),
comparada com a obtida pelas estrelas de campo do bojo de Lecureur et al. (2007).
4.7 Interpreta¸ao dos resultados 128
Figura 4.11: [O/Mg] em fun¸ao da metalicidade para NGC 6553 e para aglomerados
globulares pobres e ricos em metais estudados em nosso Grupo de Pesquisa (c´ırculos
cheios) e em estrelas de campo do bojo (c´ırculos abertos) de Lecureur et al. (2007).
Barras de erro t´ıpicas s˜ao apresentadas na figura.
Vˆe-se a similaridade no comportamento [O/Mg] de NGC 6553 e dos outros aglomerados
globulares com as estrelas de campo do bojo. Este resultado sugere que o material que deu
origem tanto `as estrelas de campo do bojo quanto `as estrelas dos aglomerados globulares
foi enriquecido durante eventos de SNs Tipo II com progenitoras de massa similar. Para as
estrelas de campo do bojo nota-se que num intervalo ∆[Fe/H] 1.30 dex, a uma varia¸ao
∆[O/Mg] 0.85 dex. (Lecureur et al. 2007) interpreta este efeito como sendo devido a
poss´ıveis diferen¸cas nos produtos estelares de Mg e O das estrelas massivas progenitoras
das SNs do Tipo II.
odio e alum´ınio: para o espectro combinado de NGC 6553 encontramos uma raz˜ao
[Na/Fe] = 0.41 ± 0.11, enquanto que com a an´alise nos espectros individuais de 2006
obtivemos [Na/Fe] = 0.16 ± 0.23. Embora os resultados sejam similares dentro das in-
certezas das medidas, vale salientar que as raz˜oes de abundˆancias de [Na/Fe] no espectro
combinado podem estar superestimadas pela dependˆencia das W
λ
das linhas de odio
com a T
eff
de cada estrela combinada. Para o alum´ınio, as raz˜oes de abundˆancias e in-
certezas associadas ao similares nos dois tipos de an´alises, ou seja, em espetros individuais
4.7 Interpreta¸ao dos resultados 129
Figura 4.12: [Na/O] em fun¸ao da raz˜ao [Fe/H] para NGC 6553 e para aglomerados
globulares pobres e ricos em metais estudados em nosso Grupo de Pesquisa (c´ırculos
cheios) e em estrelas de campo (c´ırculos abertos) de Lecureur et al. (2007). As barras de
erro t´ıpicas ao apresentadas na figura.
(UVES@VLT) e no espectro combinado (FLAMES@VLT).
Uma sobreabundˆancia m´edia de odio acompanhada por uma subabundˆancia de alum´ınio
indica que estes elementos sofreram processos de mistura na atmosfera das estrelas ana-
lisadas, como se torna evidente atrav´es da figura 4.12, onde se vˆe que a uma forte
anticorrela¸ao nas raz˜oes [Na/Fe]:[O/Fe] de abundˆancias para as amostras apresentadas.
Em particular, a raz˜ao [Na/O] para NGC 6553 tende a seguir o padr˜ao de anticorrela¸ao
[Na/O]:[Fe/H] de estrelas de campo do bojo e de outros aglomerados globulares pobres e
ricos em metais da Gal´axia. Como ser´a vastamente abordado no pr´oximo cap´ıtulo, estas
anticorrela¸oes em estrelas gigantes de aglomerados globulares podem ser interpretadas
como devido aos processos de dragagem (mixing) que ocorrem nestas estrelas quando elas
atingem, pela primeira vez, o ramo das gigantes (ver, por exemplo, Gratton et al. 2004).
ario: dentro das incertezas, a raz˜ao [Ba/Fe] obtida com os espectros individuais NGC
6553 UVES@VLT de alta resolu¸ao ´e muito similar `a raz˜ao obtida com o espectro combi-
nado de NGC 6553. Em termos gerais, a raz˜ao [Ba/Fe] em aglomerados globulares segue o
padr˜ao de enriquecimento qu´ımico encontrado no halo e no disco da Gal´axia. Isso sugere
4.7 Interpreta¸ao dos resultados 130
Figura 4.13: Compara¸ao entre os espectros observados combinados de NGC 6553 (linha
cheia) e para o campo Blanco -6
(linha pontilhada) na regi˜ao 6350-6370
˚
A.
que ambos os processos s e r contribuiram para o enriquecimento qu´ımico dos aglomerados
globulares em elementos de captura de nˆeutrons.
Na figura 4.13 comparamos para uma regi˜ao da ordem HR13 o espectro combinado de
NGC 6553 com o espectro combinado do campo Blanco 6
( R
gal
= 850 pc : E(B-V) =
0.48) no bojo da Gal´axia (Minniti et al. 2008) onde se verifica a similaridade entre os dois
espectros, o que confirma que NGC 6553 ´e um aglomerado t´ıpico do bojo da Gal´axia.
Cap´ıtulo 5
Anomalias qu´ımicas em M71
Neste cap´ıtulo investigamos varia¸oes de abundˆancias qu´ımicas no aglomerado globular
NGC 6838 (M71), considerado referˆencia no estudo de popula¸oes ricas em metais da
Gal´axia.
5.1 Introdu¸ao
a cerca de trinta anos atr´as surgiram as primeiras evidˆencias observacionais de varia¸oes
na abundˆancia de odio em M15
1
(Cohen 1978). Desde ent˜ao a um consenso geral na
comunidade cient´ıfica de que exceto para os aglomerados globulares ω Centauri e NGC
6522, o sistema de aglomerados globulares da Gal´axia ´e homogˆeneo em metalicidade
([Fe/H]), mas apresenta alta dispers˜ao no padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas de elementos
leves da Tabela Peri´odica, como o Li, C, N, O, Na, Mg e Al.
Entre as estrelas an˜as da sequˆencia principal de aglomerados globulares detectam-se con-
sider´aveis varia¸oes de l´ıtio e anticorrela¸ao no par Li:Na, enquanto que entre as estrelas
an˜as e gigantes al´em de anticorrela¸oes de C e N, observam-se anticorrela¸oes nos pares
O:Na e Al:Mg. Encontra-se ainda que a soma das abundˆancias de C:N:O e Mg:Al se
conserva em estrelas de aglomerados.
´
E importante notar que, em geral, as estrelas de
campo ao exibem comportamento similar, o que sugere que efeitos de ambiente devem
influenciar no aparecimento destas anomalias observadas em estrelas an˜as e gigantes de
aglomerados globulares, uma vez que eles ao preferencialmente formados em ambientes
mais densos do que as estrelas de campo (ver Gratton et al. 2004, e referˆencias listadas
para uma revis˜ao geral).
1
Aglomerado globular pobre em metal do halo da Gal´axia com [Fe/H] = 2.26 (Harris
1996).
5.1 Introdu¸ao 132
Os elementos leves envolvidos no estudo das varia¸oes qu´ımicas em aglomerados globulares
apresentam massa atˆomica entre 7 A 27 e ao produzidos por processos f´ısicos de
captura de pr´otons durante os ciclos CNO, Ne:Na e Mg:Al na fase de queima hidrost´atica
do hidrogˆenio em estrelas.
Como mostra a figura 5.1, as rea¸oes do ciclo CNO levam a produ¸ao do
4
He a partir
da captura de 4 pr´otons (H), enquanto que os is´otopos de C:N:O ao principalmente
convertidos no is´otopo
14
N. Isso ocorre principalmente pelo fato da rea¸ao
14
N(p,γ)
15
O
ser mais lenta (10
8
anos) do que todas as outras da cadeia, consequentemente todo C e
N estar˜ao convertidos em
14
N at´e que aconte¸ca a captura de um pr´oton (H).
Tes nucl´ıdeos merecem destaque nas rea¸oes CNO: o primeiro deles ´e o
15
N, pois com
temperaturas t´ıpicas da ordem de T = 25 × 10
6
K, a rea¸ao
15
N(p,α)
12
C ´e 1000 vezes
mais apida (10
4
anos) do que a rea¸ao
15
N(p,γ)
16
O e o ciclo CN atinge rapidamente
equil´ıbrio antes que pelo menos 1 mil´esimo da abundˆancia do pr´oton inicial dispon´ıvel
tenha sido queimada na rea¸ao. O carbono
12
C funciona como catalisador nas rea¸oes,
sendo restaurado no final. O segundo nucl´ıdeo importante ´e o
17
O, que ´e produzido a
temperaturas T 25 × 10
6
K e destru´ıdo a temperaturas mais altas. Consequentemente,
a quantidade de
17
O que ser´a eventualmente levada `a superf´ıcie de estrelas nos processos
de dragagem depender´a fortemente da massa das estrelas envolvidas. A cadeia comandada
pelo nucl´ıdeo
17
O determina a relativa importˆancia entre os ciclos II e III do CNO atrav´es
das rea¸oes
17
O(p,α)
14
N e
17
O(p,γ)
18
F. O terceiro e ´ultimo nucl´ıdeo importante nas rea¸oes
CNO ´e o
18
O, que comanda a vaz˜ao (linha tracejada na figura 5.1) do ciclo III atrav´es
das rea¸oes
18
O(p,γ)
19
F e
18
O(p,α)
15
N.
A figura 5.2 mostra as rea¸oes nucleares envolvidas nos ciclos Ne:Na e Mg:Al. Da figura
se nota que o mais importante nucl´ıdeo do s´odio, o
23
Na, ´e produzido atrav´es das rea¸oes
22
Ne(p,γ)
23
Na e destru´ıdo atrav´es das rea¸oes
23
Na(p,γ)
24
Mg e
23
Na(p,α)
20
Ne (a temper-
aturas T 60 × 10
6
K). No caso do ciclo Mg:Al, o principal nucl´ıdeo envolvido ´e o
26
Al,
sendo que o
24
Mg ´e o mais abundante dos nucl´ıdeos nas rea¸oes. Enquanto
24
Mg per-
manece inalterado a temperaturas da ordem T 60 × 10
6
K, o is´otopo
25
Mg ´e quase que
completamente transformado em
26
Al a temperaturas T 30 × 10
6
K. A temperaturas
superiores, ou seja, T 50 × 10
6
K, as vaz˜oes do ciclo Ne:Na (linha tracejada na cadeia
Ne:Na da figura 5.2) aumentam a abundˆancia dos nucl´ıdeos
24
Mg,
26
Al e
27
Al, enquanto
que a temperaturas T 70 × 10
6
K, a um aumento na concentra¸ao dos nucl´ıdeos
25
Mg,
26
Al e
27
Al devido ao r´apido decr´escimo na abundˆancia de
24
Mg pela captura de pr´oton.
Desta forma, a raz˜ao das taxas das rea¸oes
27
Al(p,α)
24
Mg e
27
Al(p,γ)
28
Si determinam a
vaz˜ao da cadeia Mg:Al.
Explicar a origem das varia¸oes de abundˆancias qu´ımicas de elementos leves (3 Z 13)
5.1 Introdu¸ao 133
Figura 5.1: Rea¸oes nucleares envolvidas no ciclo CNO. Figura apresentada em Arnould
et al. (1999).
Figura 5.2: Rea¸oes nucleares envolvidas nos ciclos Ne:Na e Mg:Al. Figura apresentada
em Arnould et al. (1999).
5.1 Introdu¸ao 134
da Tabela Peri´odica em aglomerados globulares da Gal´axia constitui-se uma das quest˜oes
fundamentais e que ainda representa um desafio para os astrof´ısicos te´oricos. Do ponto de
vista te´orico dois cen´arios cl´assicos buscam explicar estas anomalias: no primeiro cen´ario
ou mixing evolutivo as varia¸oes de abundˆancias ocorrem devido ao processo de migra¸ao
de material processado no interior das estrelas para as superf´ıcies das mesmas atraes do
ciclo CNO durante os processos de dragagem instaurados na primeira ascens˜ao das estrelas
ao RGB (Iben 1964; Charbonnel 1994). No segundo cen´ario as anomalias s˜ao explicadas
com base no enriquecimento primordial que requer contamina¸ao intra-aglomerado do
material onde as estrelas foram formadas (Smith 1987; Kraft 1994).
Ap´os a observao de anomalias qu´ımicas tamb´em em estrelas an˜as de aglomerados glo-
bulares onde as condi¸oes internas destas estrelas (M = 0.85M
: T = 25 × 10
6
K) n˜ao
poderiam, em princ´ıpio, levar `a igni¸ao das rea¸oes apresentadas nas figuras 5.1 e 5.2,
o cen´ario cl´assico do mixing evolutivo se enfraqueceu. No entanto, embora os processos
f´ısicos sejam bem conhecidos, ao a consenso sobre em quais ambientes astrof´ısicos as
cadeias CNO, Ne:Na e Mg:Al dominariam para acarretar as varia¸oes de abundˆancias
qu´ımicas observadas em estrelas de aglomerados globulares. Alguns trabalhos sugerem
que o enriquecimento qu´ımico da nuvem protogal´actica que deu origem aos aglomera-
dos globulares Gal´acticos se deu por ventos de mat´eria de estrelas AGBs (Cottrell & Da
Costa 1981; Bekki et al. 2007) ou ainda por ventos de estrelas massivas de alta rota¸ao
(por exemplo, Decressin et al. 2007).
M71 ´e considerado um aglomerado globular de referˆencia no estudo de popula¸oes ricas
em metais do Hemisf´erio Norte. Ele tem sido alvo de estudos focados na determina¸ao de
abundˆancias qu´ımicas atrav´es de fotometria DDO de estrelas gigantes (Hesser 1977; Briley
et al. 2001) e an´alises espectrosc´opicas envolvendo espectros de baixa e alta resolu¸ao
de estrelas em diferentes est´agios evolutivos, desde a sequˆencia principal at´e o topo do
ramo das gigantes (Cohen 1980; Smith & Norris 1982; Leep et al. 1987; Smith & Penny
1989; Penny et al. 1992; Sneden et al. 1994; Cohen et al. 1999; Cohen 1999; Ram´ırez &
Cohen 2002; Lee et al. 2004; Lee 2005; Boesgaard et al. 2005; Yong et al. 2006). Muitos
destes trabalhos encontram que a distribui¸ao de CN ´e bimodal, com CN:CH e Na:O
anticorrelacionados, al´em de varia¸oes relevantes na abundˆancia de alum´ınio das estrelas
analisadas.
Nesta parte do trabalho apresentamos os resultados principais relativos `a an´alise de bandas
moleculares de CN e CH, e de outros ´ındices espectrais importantes — Ca4227, Fe4383,
H
β
, Mg
1
, Mg
2
, Mgb, Fe5270, Fe5335, Fe 5406, NaD e Al3953 em espectros de alta raz˜ao
S/N e baixa resolu¸ao de um grande n´umero de estrelas de M71, desde a sequˆencia princi-
pal at´e o topo do ramo das gigantes, obtidos com o espectr´ografo GMOS do Observat´orio
5.2 An´alise 135
Gemini Norte. As observoes e redu¸ao de dados foram detalhadas no cap´ıtulo 2 deste
trabalho. Nosso principal objetivo ´e aumentar estatisticamente o n´umero de estrelas ana-
lisadas neste aglomerado no que tange a determina¸ao de parˆametros atmosf´ericos usando
fotometria e is´ocronas, al´em do estudo de 14 ´ındices espectrais visando a determina¸ao
independente de metalicidade para M71 e o exame de varia¸oes de abundˆancias qu´ımicas
neste aglomerado. Estimamos ainda as abundˆancias de carbono e nitrogˆenio para duas
estrelas da amostra pertencentes ao grupo CN-fraco e CN-forte, respectivamente. Nossos
resultados auxiliam na identifica¸ao dos ambientes astrof´ısicos propostos para explicar
as varia¸oes de abundˆancias qu´ımicas observadas em estrelas de aglomerados globulares.
Fazemos ainda uma compara¸ao com dados de baixa e alta resolu¸ao a publicados na
literatura para M71.
5.2 An´alise
5.2.1 Velocidades radiais observadas e heliocˆentricas
As velocidades radiais da amostra M71 GMOS@GEMINI foram obtidas usando os odigos
rvidlines e fxcor do IRAF. A fun¸ao rvidlines calcula a velocidade radial do espectro
determinando os deslocamentos dos comprimentos de onda das linhas espectrais obser-
vadas tendo como referˆencia os comprimentos de onda de laborat´orio destas linhas. Para
isso, usamos 17 linhas espectrais: CaII 3933.667
˚
A, CaII 3968.470
˚
A, HI 4101.700
˚
A, FeI
4143.869
˚
A, FeI 4173.315
˚
A, CaI 4226.728
˚
A, HI 4340.499
˚
A, HI 4861.297
˚
A, FeI 4920.502
˚
A, FeI 4957.597
˚
A, MgI 5167.321
˚
A, MgI 5172.684
˚
A, MgI 5183.604
˚
A, NaI 5889.950
˚
A,
NaI 5895.924
˚
A, FeI 6518.365
˚
A e HI 6562.909
˚
A. Ap´os obtidas as velocidades radiais
observadas o odigo calcula as corre¸oes heliocˆentricas, desde que algumas informa¸oes
asicas sobre a observao estejam previamente definidas. Para as 145 estrelas de M71
obtivemos uma velocidade radial heliocˆentrica m´edia de v
r
= 12 ± 46 kms
1
atrav´es
do c´odigo rvidlines.
O c´odigo fxcor, por outro lado, determina as velocidades de espectros usando o m´etodo
da correla¸ao cruzada de Fourier (Tonry & Davis 1979), cuja id´eia principal ´e estudar o
grau de similaridade (correla¸ao cruzada) entre duas fun¸oes — a fun¸ao f (espectros de
referˆencia) e a fun¸ao g (espectros observados). Como espectros de referˆencia utilizamos
77 objetos da biblioteca de espectros sint´eticos de Coelho et al. (2005) com metalicidade
[Fe/H] = 1.00, [α/Fe]= 0.00, 4250 T
eff
5750 K e 0.00 logg 5.0 dex. Os valores
de temperatura efetiva e gravidades superficiais foram escolhidos para contemplar os di-
ferentes est´agios evolutivos an˜as, sub-gigantes, estrelas do ramo horizontal e gigantes
5.2 An´alise 136
Figura 5.3: Distribui¸ao das velocidades radiais heliocˆentricas de M71 obtidas atraes do
m´etodo de correla¸ao cruzada de Fourier.
—, das estrelas da amostra.
O c´alculo da fun¸ao de correla¸ao foi feito para cada par estrela observada da amostra :
espectro de referˆencia, numa rela¸ao 1 para 77, e a velocidade radial heliocˆentrica final de
cada estrela foi obtida como sendo a m´edia dos valores calculados pela compara¸ao com
cada espectro de referˆencia. Para as 142 estrelas para as quais foi poss´ıvel o alculo de
velocidade radial helioentrica, estimamos uma velocidade radial heliocˆentrica edia de
11 ± 49 kms
1
.
A diferen¸ca edia entre as velocidades radiais obtidas nos dois diferentes odigos IRAF
´e ∆v
h
r
= v
h
fxcor
- v
h
rvidlines
= 23 kms
1
. Para efeito de compara¸ao, Harris (1996) obteve
uma v
r
= 22.8 ± 0.2 kms
1
para M71. Vale destacar, por´em, os principais aspectos
sobre os nossos resultados de velocidade radial:
(i) A acur´acia na determina¸ao das velocidades radiais medidas via correla¸ao cruzada de
Fourier usando os espectros de referˆencia ´e menor do que 16 kms
1
. Como os espectros
da amostra GMOS@GEMINI apresentam resolu¸ao R = 2000, a acur´acia te´orica em
velocidade radial corresponde a (1/10)(c/2000) = 15 kms
1
, o que mostra que a incerteza
prevista est´a em perfeito acordo com o espalhamento σ = 16 kms
1
obtido na correla¸ao
5.2 An´alise 137
cruzada.
(ii) Individualmente os valores mais altos de velocidade radial heliocˆentrica que foram
obtidos para a amostra (ver figura 5.3) podem ser explicados em parte pela baixa resolu¸ao
dos espectros. Encontramos uma distribui¸ao gaussiana para a amostra com um espal-
hamento 45 kms
1
e interpretamos estes resultados como uma consequˆencia natural da
obten¸ao de velocidades radiais a t˜ao baixa resolu¸ao (R = 2000).
(iii) A acur´acia na obten¸ao das velocidades radiais helioentricas ´e tamb´em dependente
da calibra¸ao de comprimento de onda dos espectros, ou seja, da qualidade das imagens de
ampadas usadas na calibra¸ao. No nosso caso, as imagens de lˆampada de cada ascara
ao estavam muito boas (baixas contagens), aliado ao fato de n˜ao terem sido observadas
na mesma noite que as imagens cient´ıficas.
Considerando os aspectos acima, as velocidades radiais obtidas no presente trabalho por
correla¸ao cruzada foram apenas usadas para deslocar os espectros para o comprimento
de onda de laborat´orio usando o odigo dopcor, ou seja, elas ao foram usadas como
crit´erio de sele¸ao de estrelas pertencentes ao aglomerado.
5.2.2 Temperaturas
Uma vez conhecidas as magnitudes das estrelas do programa (tabela 5.1) seguimos deter-
minando as temperaturas efetivas para a amostra. Para tanto, adotamos a calibra¸ao de
Alonso et al. (1996) para as estrelas an˜as (V 17.5):
θ
eff,BV
= 0.541 + 0.533(B V)
0
+ 0.007(B V)
2
0
0.019(B V)
0
[Fe/H] 0.047[Fe/H]
0.011[Fe/H]
2
, (5.1)
e de Alonso et al. (1999, 2001) para as estrelas gigantes em dois diferentes casos:
θ
eff,BV
= 0.5716 + 0.5404(B V)
0
0.06126(B V)
2
0
0.04862(B V)
0
[Fe/H]
0.011777[Fe/H] 0.007969[Fe/H]
2
, (5.2)
se (B-V)
0
0.70, do contr´ario:
θ
eff,BV
= 0.6177 + 0.4354(B V)
0
0.004025(B V)
2
0
+ 0.05204(B V)
0
[Fe/H]
0.1127[Fe/H] 0.01385[Fe/H]
2
, (5.3)
5.2 An´alise 138
0 0.5 1 1.5
4000
6000
8000
Figura 5.4: Calibra¸oes de temperatura para estrelas gigantes (Alonso et al. 1999, 2001,
c´ırculos e quadrados) e para estrelas an˜as (Alonso et al. 1996, triˆangulos) entre 0 (B-V)
o
1.5 e [Fe/H] = 0.73.
onde:
T
eff
=
5040
θ
eff,BV
(5.4)
As calibra¸oes acima ao fun¸oes polinomiais que dependem da cor e da metalicidade das
estrelas. Para corrigir as magnitudes do avermelhamento interestelar adotamos E(B-V)
= 0.27 (Geffert & Maintz 2000) e [Fe/H] = 0.73 (Harris 1996) como valor inicial de
metalicidade. As incertezas nas temperaturas s˜ao dadas pelas incertezas nas calibra¸oes,
tipicamente σ = 150 K. A calibra¸ao 5.1 implica que um erro de 0.03 mag na cor resulta
em um erro m´edio de 2.5% na T
eff
, enquanto que um erro de 0.3 dex em [Fe/H] implica
uma varia¸ao de 1.3% na temperatura efetiva. A figura 5.4 mostra o comportamento
das fun¸oes polinomiais acima usadas para obter as temperaturas, onde se e a relativa
dependˆencia da temperatura com a cor intr´ınseca.
5.2 An´alise 139
5.2.3 Gravidades superficiais
Para a determina¸ao das gravidades superficiais para as estrelas gigantes da amostra (V
17.5) usamos a rela¸ao cl´assica de logg envolvendo parˆametros fundamentais como a
temperatura, massa e magnitude bolom´etrica de cada estrela:
log g
= 4.44 + 4 log(T
/T
) + 0.4(M
bol
4.75) + log(M
/M
), (5.5)
com T
= 5780 K, M
= 0.80 M
, M
bol
= 4.75 e adotando (m-M)
V
= 13.60 e E(B-V)
= 0.27 de Geffert & Maintz (2000), juntamente com as corre¸oes bolom´etricas de Alonso
et al. (1999, 2001).
Para as estrelas an˜as (V 17.5) as gravidades superficiais foram calculadas por inter-
pola¸ao das cores intr´ınsecas (B-V)
0
numa is´ocrona de 12 bilh˜oes de ano, [Fe/H] = 0.68
e [α/Fe] = 0.00 (Kim et al. 2002), que foi a melhor is´ocrona ajustada ao DCM de M71.
As incertezas nas gravidades superficias fotom´etricas obtidas pela equa¸ao cl´assica ao
da ordem de σ = ±0.30 dex, como consequˆencia de uma incerteza σ
M
bol
0.30 mag na
magnitude bolom´etrica devido a ±0.05 mag de incerteza na extin¸ao interestelar A
V
e
basicamente 30% de incerteza no odulo de distˆancia. A tabela 5.1 apresenta a magnitude
visual V, as cores, a magnitude bolom´etrica, a gravidade superficial e a temperatura efetiva
para cada estrela.
Tabela 5.1: Magnitude, cores e parˆametros atmosf´ericos
para as estrelas do programa: identifica¸ao das estrelas
(1, como dado em Cudworth (1985)), coordenadas das es-
trelas J2000 (2)-(3), magnitude V (4), cores das estrelas
(5)-(6), magnitude bolom´etrica (7), gravidades superfici-
ais [dex] (8) e temperaturas [K] (9).
ID α δ V B-V (B-V)
o
M
bol
logg T
BV
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
155 : KC-141 298.4016 +18.75612 15.34 1.23 0.960 1.370 2.63 4709
138 : KC-127 298.3995 +18.79042 14.44 1.07 0.800 0.602 2.43 5000
114 : KC-136 298.3962 +18.76293 14.80 1.22 0.950 0.839 2.43 4726
253 : KC-119 298.4147 +18.81320 14.52 1.11 0.840 0.650 2.42 4924
1468
: ... 298.4188 +18.77991 17.30 0.81 0.540 3.723 3.94 5799
367 : KC-343 298.4335 +18.79543 16.33 0.63 0.360 2.914 3.81 6500
327 : 1-73 298.4268 +18.78301 14.79 1.20 0.930 0.846 2.44 4761
346 : KC-215 298.4298 +18.79586 15.30 0.97 0.700 1.539 2.88 5202
5.2 An´alise 140
Tabela 5.1 – continua¸ao
ID α δ V B-V (B-V)
o
M
bol
logg T
BV
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
356 : 1-71 298.4318 +18.79003 13.54 1.44 1.170 -0.627 1.71 4375
221 : 1-109 298.4103 +18.77245 14.87 1.24 0.970 0.891 2.44 4691
207 : 1639 298.4085 +18.79252 17.00 0.75 0.480 3.477 3.90 6012
291 : 1-95 298.4206 +18.76555 13.30 1.29 1.020 -0.723 1.76 4608
306 : 1-75 298.4229 +18.79264 14.85 1.29 1.020 0.827 2.38 4608
751 : 1289 298.4129 +18.78219 17.83 0.84 0.570 4.227 4.47 5705
3791
: ... 298.4245 +18.79684 16.83 1.07 0.800 2.992 3.39 5000
1936 : 1280 298.4169 +18.77425 17.45 0.95 0.680 3.745 3.81 5366
390 : 1-66 298.4382 +18.77940 13.01 1.40 1.130 -1.117 1.54 4435
1511 : 1-113 298.4403 +18.79596 12.43 1.80 1.530 -2.222 0.87 3903
1124 : 1-88 298.4363 +18.76084 14.26 0.99 0.720 0.484 2.44 5161
69 : KC-202 298.4608 +18.81061 15.17 1.12 0.850 1.292 2.67 4905
7677 : 1346 298.4740 +18.79896 18.14 0.86 0.590 4.517 4.50 5634
51
: ... 298.4469 +18.77311 17.30 0.71 0.440 3.813 4.08 6165
488
: ... 298.4532 +18.78136 16.83 0.76 0.490 3.298 3.82 5976
7277 : KC-336 298.4665 +18.79440 ... ... ... ... ... ...
1351 : 1-45 298.4507 +18.79796 12.36 1.76 1.490 -2.221 0.89 3950
573 : KC-196 298.4697 +18.79116 15.60 1.17 0.900 1.681 2.80 4814
505 : 1-34 298.4574 +18.78078 14.45 1.05 0.780 0.628 2.46 5039
1556 : 1-46 298.4642 +18.79901 12.29 1.75 1.480 -2.275 0.88 3962
7498 : A4 298.4715 +18.77711 12.20 1.69 1.420 -2.271 0.91 4036
917 : KC-200 298.4624 +18.80419 15.53 1.30 1.030 1.498 2.64 4592
1796 : 1134 298.4556 +18.80151 18.69 0.83 0.560 5.097 4.45 5741
458 : 1-43 298.4485 +18.79111 14.26 1.06 0.790 0.430 2.37 5020
6761 : ... 298.4591 +18.77784 ... ... ... ... ... ...
566 : KC-363 298.4681 +18.77355 16.36 1.43 1.160 2.203 2.85 4390
439 : ... 298.4450 +18.77383 ... ... ... ... ... ...
619 : 1355 298.4770 +18.79714 17.94 0.80 0.530 4.377 4.37 5852
1235 : 1670 298.4834 +18.79839 16.77 0.86 0.590 3.148 3.66 5635
640 : 1-48 298.4814 +18.79968 14.39 1.07 0.800 0.552 2.41 5000
122 : KC-303 298.3969 +18.77009 16.01 0.81 0.540 2.433 3.42 5799
1035 : 1600 298.3999 +18.77520 17.57 0.95 0.680 3.855 4.59 5336
787 : 1-59 298.4237 +18.80803 14.63 1.30 1.030 0.598 2.28 4592
292 : X 298.4207 +18.73372 14.40 1.07 0.800 0.562 2.42 5000
258 : KC-152 298.4158 +18.73698 15.03 1.26 0.990 1.034 2.48 4658
2984
: ... 298.4104 +18.77345 17.02 0.84 0.570 3.416 3.78 5699
328
: ... 298.4270 +18.75018 16.52 0.70 0.430 3.042 3.78 6205
1060 : ... 298.4140 +18.77067 ... ... ... ... ... ...
1294 : ... 298.4180 +18.78680 ... ... ... ... ... ...
792
: ... 298.4254 +18.79479 16.64 1.03 0.760 2.833 3.35 5079
5.2 An´alise 141
Tabela 5.1 – continua¸ao
ID α δ V B-V (B-V)
o
M
bol
logg T
BV
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
13 : 1-79 298.4087 +18.77783 13.99 1.43 1.160 -0.167 1.90 4390
232
: ... 298.4123 +18.77188 16.84 1.06 0.790 3.010 3.40 5020
402 : 1-87 298.4396 +18.76128 14.37 1.05 0.780 0.548 2.42 5039
4126 : ... 298.4290 +18.77043 ... ... ... ... ... ...
1633 : KC-374 298.4338 +18.78996 16.27 1.23 0.960 2.300 3.01 4709
2001 : 1-103 298.4317 +18.76827 14.33 0.87 0.600 0.698 2.67 5604
1873 : ... 298.4356 +18.78181 ... ... ... ... ... ...
10387 : KC-267 298.4380 +18.77221 15.69 0.44 0.170 2.443 3.87 7499
1958 : ... 298.4417 +18.77365 ... ... ... ... ... ...
921
: ... 298.4650 +18.77283 16.53 0.72 0.450 3.034 3.76 6126
526 : 1-53 298.4607 +18.81613 12.97 1.61 1.340 -1.392 1.31 4138
484 : 1-55 298.4526 +18.80644 14.26 1.10 0.830 0.398 2.33 4943
6548 : 2071 298.4558 +18.80534 19.85 1.05 0.780 6.027 4.65 5039
1181 : 1058 298.4628 +18.79180 17.79 0.80 0.530 4.227 4.37 5852
1785 : 1-36 298.4463 +18.77901 12.79 1.25 0.980 -1.197 1.60 4675
11860 : ... 298.4575 +18.80072 ... ... ... ... ... ...
5871 : ... 298.4479 +18.79313 ... ... ... ... ... ...
6079 : ... 298.4502 +18.77050 ... ... ... ... ... ...
7299 : ... 298.4678 +18.80609 ... ... ... ... ... ...
7453 : ... 298.4694 +18.80521 ... ... ... ... ... ...
1214 : 2084 298.4746 +18.80516 19.00 0.91 0.640 5.327 4.56 5465
951 : 2080 298.4727 +18.80355 18.08 0.77 0.500 4.546 4.31 5967
2154 : ... 298.4710 +18.78277 ... ... ... ... ... ...
1219 : 1356 298.4765 +18.79601 17.92 0.98 0.710 4.173 4.62 5243
1716 : ... 298.4827 +18.79184 ... ... ... ... ... ...
8009 : ... 298.4805 +18.79990 ... ... ... ... ... ...
654 : 1669 298.4843 +18.80037 17.26 1.28 1.010 3.246 3.35 4624
1926 : 1633 298.4001 +18.78803 17.28 1.01 0.740 3.489 3.63 5120
3 : 1995 298.3983 +18.77371 16.92 1.11 0.840 3.050 3.38 4924
338 : 1-107 298.4283 +18.77441 13.70 1.13 0.860 -0.186 2.08 4887
391 : KC-234 298.4385 +18.76578 15.59 0.12 0.150 ... ... ...
223 : KC-300 298.4105 +18.77746 16.11 1.12 0.850 2.232 3.05 4905
314 : ... 298.4240 +18.79783 ... ... ... ... ... ...
1325 : 1-70 298.4343 +18.78580 14.43 1.09 0.820 0.576 2.41 4962
294 : 1308 298.4210 +18.79190 16.31 0.83 0.560 2.715 3.51 5732
4448 : ... 298.4327 +18.78299 ... ... ... ... ... ...
10218 : ... 298.4360 +18.78151 ... ... ... ... ... ...
3915 : ... 298.4260 +18.78303 ... ... ... ... ... ...
813 : ... 298.4306 +18.77201 ... ... ... ... ... ...
266 : KC-223 298.4171 +18.77581 15.54 0.96 0.690 1.826 3.04 5338
5.2 An´alise 142
Tabela 5.1 – continua¸ao
ID α δ V B-V (B-V)
o
M
bol
logg T
BV
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
256 : KC-224 298.4154 +18.76982 15.13 0.63 0.360 1.714 3.33 6500
1934 : ... 298.4136 +18.78399 ... ... ... ... ... ...
206 : 1604 298.4084 +18.77378 16.83 0.87 0.600 3.198 3.67 5604
407 : 1-65 298.4402 +18.78101 14.20 1.31 1.040 0.159 2.10 4575
1693 : ... 298.4683 +18.80594 ... ... ... ... ... ...
1818 : ... 298.4662 +18.80561 ... ... ... ... ... ...
6868 : ... 298.4617 +18.80363 ... ... ... ... ... ...
1210 : 1342 298.4741 +18.80269 18.50 0.83 0.560 4.907 4.45 5741
2013 : ... 298.4565 +18.80247 ... ... ... ... ... ...
1161 : ... 298.4523 +18.80226 ... ... ... ... ... ...
6786 : ... 298.4601 +18.73407 ... ... ... ... ... ...
12299 : ... 298.4637 +18.78218 ... ... ... ... ... ...
888
: ... 298.4543 +18.78301 17.39 1.37 1.100 3.293 3.32 4481
7505 : ... 298.4702 +18.79745 ... ... ... ... ... ...
7573 : ... 298.4724 +18.79126 ... ... ... ... ... ...
452 : 1-21 298.4475 +18.76873 13.02 1.49 1.220 -1.200 1.45 4302
10927 : ... 298.4456 +18.77864 ... ... ... ... ... ...
5964 : ... 298.4495 +18.77822 ... ... ... ... ... ...
1897 : ... 298.4584 +18.77371 ... ... ... ... ... ...
613 : 1378 298.4761 +18.78647 17.57 0.89 0.620 3.917 4.53 5531
641 : KC-191 298.4816 +18.79488 15.01 1.20 0.930 1.066 2.53 4761
651 : KC-170 298.4838 +18.75471 15.57 1.14 0.870 1.676 2.82 4868
720 : KC-125 298.4006 +18.79778 15.32 1.12 0.850 1.442 2.73 4905
4 : 2021 298.3983 +18.78664 17.59 0.96 0.690 3.865 4.60 5305
399 : 1-81 298.4392 +18.77778 13.69 1.41 1.140 -0.447 1.80 4419
1282 : KC-298 298.4108 +18.79258 16.15 1.22 0.950 2.189 2.97 4726
1081 : ... 298.4221 +18.77992 ... ... ... ... ... ...
829 : KC-265 298.4352 +18.77724 15.50 1.25 0.980 1.513 2.68 4675
4482 : ... 298.4329 +18.79019 ... ... ... ... ... ...
1486 : ... 298.4293 +18.77786 ... ... ... ... ... ...
3909 : ... 298.4273 +18.78753 ... ... ... ... ... ...
1087 : ... 298.4247 +18.77539 ... ... ... ... ... ...
387 : ... 298.4374 +18.79451 ... ... ... ... ... ...
778 : ... 298.4201 +18.78474 ... ... ... ... ... ...
2045 : ... 298.4178 +18.78361 ... ... ... ... ... ...
1292
: ... 298.4159 +18.77535 17.31 1.19 0.920 3.374 3.46 4778
242 : 1281 298.4135 +18.77435 17.56 0.99 0.720 3.803 4.62 5213
212 : KC-128 298.4089 +18.78764 15.19 1.37 1.100 1.093 2.44 4481
5412 : ... 298.4417 +18.78268 ... ... ... ... ... ...
574 : ... 298.4698 +18.80458 ... ... ... ... ... ...
5.2 An´alise 143
Tabela 5.1 – continua¸ao
ID α δ V B-V (B-V)
o
M
bol
logg T
BV
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
78 : 1341 298.4731 +18.80265 18.08 0.79 0.520 4.526 4.34 5890
1561 : ... 298.4658 +18.80221 ... ... ... ... ... ...
1894 : ... 298.4537 +18.80117 ... ... ... ... ... ...
881 : KC-252 298.4516 +18.78288 15.38 0.69 0.420 1.911 3.34 6245
7014 : ... 298.4625 +18.78173 ... ... ... ... ... ...
11907 : ... 298.4568 +18.79274 ... ... ... ... ... ...
523 : ... 298.4605 +18.78475 ... ... ... ... ... ...
2229 : ... 298.4750 +18.78421 ... ... ... ... ... ...
2153 : ... 298.4674 +18.79044 ... ... ... ... ... ...
513 : 1-11 298.4587 +18.76193 14.81 1.19 0.920 0.874 2.46 4778
5843 : 1-42 298.4474 +18.78542 14.22 1.02 0.750 0.421 2.39 5099
11331 : ... 298.4495 +18.77523 ... ... ... ... ... ...
1144 : ... 298.4455 +18.78746 ... ... ... ... ... ...
1815 : ... 298.4642 +18.77378 ... ... ... ... ... ...
616 : 1158 298.4767 +18.77737 17.50 0.89 0.620 3.850 3.91 5542
8076 : ... 298.4831 +18.79152 ... ... ... ... ... ...
1409 : ... 298.4810 +18.79049 ... ... ... ... ... ...
5.2.4
´
Indices espectrais
Em espectros de baixa resolu¸ao a medida e an´alise de ´ındices espectrais ´e crucial para
corretamente interpretarmos a hist´oria de evolu¸ao qu´ımica de popula¸oes estelares em
gal´axias.
Os ´ındices espectrais deste trabalho foram medidos utilizando o odigo LECTOR, do Pro-
fessor Alexandre Vazdekis do Instituto de Astrof´ısica das Can´arias, na Espanha (Vazdekis
et al. 2003). O odigo determina as pseudo larguras equivalentes dos ´ındices, uma
vez definidos dois pseudo-cont´ınuos um na regi˜ao azul e outro na regi˜ao vermelha em
torno da regi˜ao central definida por cada ´ındice. Na tabela 5.2 apresentamos as bandas
usadas para definir cada ´ındice (Worthey et al. 1994; Worthey & Ottaviani 1997; Serven
et al. 2005).
Como ilustra a figura 5.5 para H
β
, a banda central do ´ındice define o seu respectivo
fluxo edio F
ind
e uma interpola¸ao linear entre os fluxos edios de cada pseudo-cont´ınuo
define o pseudo-cont´ınuo F
c
. Desta forma o ´ındice espetral ´e calculado pela raz˜ao de fluxos
F
ind
:F
c
na banda central. Caso o ´ındice esteja definido em unidades de [
˚
A], como ´e o caso
dos ´ındices que caracterizam linhas atˆomicas, temos que:
5.2 An´alise 144
Tabela 5.2: Defini¸ao dos ´ındices
´
Indice Pseudo-cont´ınuo no azul Central Pseudo-cont´ınuo no vermelho
(1) (2) (3) (4)
CN
1
4081.375 4118.875 4143.375 4178.375 4245.375 4285.375
CN
2
4085.125 4097.625 4143.375 4178.375 4245.375 4285.375
Ca4227 4212.250 4221.000 4223.500 4236.000 4242.250 4252.250
G4300 4267.625 4283.875 4282.625 4317.625 4320.125 4336.375
Fe4383 4360.375 4371.625 4370.375 4421.625 4444.125 4456.625
H
beta 4827.875 4847.875 4847.875 4876.625 4876.625 4891.625
Mg
1
4895.125 4957.625 5069.125 5134.125 5301.125 5366.125
Mg
2
4895.125 4957.625 5154.125 5196.625 5301.125 5366.125
Mgb 5142.625 5161.375 5160.125 5192.625 5191.375 5206.375
Fe5270 5233.150 5248.150 5245.650 5285.650 5285.650 5318.150
Fe5335 5304.625 5315.875 5312.125 5352.125 5353.375 5363.375
Fe5406 5376.250 5387.500 5387.500 5415.000 5415.000 5425.000
NaD 5862.375 5877.375 5878.625 5911.125 5923.875 5949.875
Al3953 3937.600 3967.400 3921.300 3935.500 3969.500 3987.000
I
ang
=
λ
2
λ
1
1
F
ind
(λ)
F
c
(λ)
dλ, (5.6)
No entanto, se os ´ındices forem definidos atrav´es de bandas moleculares, as grandezas
usadas ao definidas em unidades de magnitude [mag], o que permite que a equa¸ao 5.6
seja reescrita da seguinte forma:
I
mag
= 2.5log
1
λ
.
λ
2
λ
1
F
ind
(λ)
F
c
(λ)
dλ
, (5.7)
onde ∆λ = λ
2
λ
1
.
Para os espectros GMOS@GEMINI de baixa resolu¸ao do aglomerado globular rico em
metais M71 medimos 70 ´ındices de abundˆancias para cada estrela. Discutiremos aqui os
resultados para 14 deles, considerados os mais importantes: CN (CN
1
[mag], CN
2
[mag]),
Ca4227 [
˚
A], G4300:CH [mag], Fe4383 [
˚
A], H
β
[
˚
A], Mg (Mg
1
[mag], Mg
2
[mag], Mgb [
˚
A]),
Fe5270 [
˚
A], Fe5335 [
˚
A], Fe 5406 [
˚
A], NaD [
˚
A] e Al3953 [
˚
A].
As incertezas sobre cada ´ındice foram medidas pelo pr´oprio c´odigo LECTOR (Cardiel et al.
1998) aplicando a estat´ıstica de Poisson aos espectros de contagens das estrelas, ou seja,
nos espectros imediatamente anteriores ao processo de calibra¸ao em fluxo, com ganho 2
5.2 An´alise 145
Figura 5.5: Painel superior: espectro de M71 com ´ındices identificados. Painel inferior:
demonstra¸ao de como ´e feito o alculo de um ´ındice espectral usando o ´ındice de H
β
para
um dos espectros de M71. A banda central (regi˜ao sombreada em verde com linhas hori-
zontais) e os pseudo-cont´ınuos no azul (regi˜ao sombreada em azul com linhas inclinadas)
e no vermelho (regi˜ao sombreada em vermelho com linhas inclinadas) ao apresentados.
O fluxo edio em cada pseudo-cont´ınuo ´e usado para linearmente interpolar o pseudo-
cont´ınuo atrav´es da banda central. O ´ındice ´e calculado atrav´es da raz˜ao de fluxos no
cont´ınuo (F
c
) e na banda central (F
ind
) integrados entre λ
1
e λ
2
.
5.3 Resultados 146
e
/ADU e ru´ıdo de leitura de 4.66 e
. Como as incertezas de Poisson s˜ao subestimadas,
obtivemos tamb´em a dispers˜ao em torno da m´edia das medidas de cada ´ındice, uma vez
que estas representam melhor as incertezas globais envolvidas. Nas tabelas B.1, B.2 e B.3
apresentamos os ´ındices calculados com as respectivas incertezas de Poisson.
5.3 Resultados
Devido principalmente `as diferentes distˆancias das fendas (slits) em rela¸ao ao bisector
das ascaras confeccionadas para a observao GMOS@GEMINI, a cobertura em com-
primento de onda dos espectros GEMINI/GMOS de M71 varia de estrela para estrela.
Al´em disso, como ao usados trˆes CCD’s, cada espectro individual apresenta dois hiatos
(gaps) de aproximadamente 0.5 mm ao longo da escala de comprimento de onda. Estes
fatos isolados somados `a qualidade dos espectros (raz˜ao sinal-ru´ıdo) e a probabilidade P
de pertinˆencia das estrelas ao aglomerado foram os fatores usados na sele¸ao da amostra
para a an´alise dos ´ındices:
(i): Cada espectro individual de M71 foi inspecionado atentando-se para as bandas
mostradas na tabela 5.2 e se as mesmas coincidiam com as descontinuidades dos espectros
por conta da separa¸ao entre os trˆes CCDs. Nestes casos, notamos que valores absurdos
dos ´ındices espectrais foram obtidos e, portanto, as respectivas estrelas foram descartadas.
(ii): Ap´os arios testes, limitamos a trabalhar na an´alise dos ´ındices apenas para as
estrelas mais brilhantes da amostra (V < 15.5).
(iii): Foram analisadas apenas as estrelas com alta probabilidade de pertinˆencia ao
aglomerado (P 80%).
Seguindo estes crit´erios de sele¸ao seguem abaixo os nossos principais resultados.
5.3.1 CN e CH
Como apresentado na tabela 5.2 os ´ındices CN
1
e CN
2
medem a intensidade da banda
de absor¸ao de CN em 4150
˚
A e se diferenciam apenas pela defini¸ao do cont´ınuo azul
(CN
1
azul
> CN
2
azul
). Como os ´ındices CN
1
apresentam maior cobertura em comprimento
de onda eles foram adotados como indicadores da intensidade de CN neste trabalho.
As figuras 5.6a,b apresentam os resultados de CN
1
como uma fun¸ao da magnitude e
da cor intr´ınseca, respectivamente, com as estrelas identificadas nas figuras. A amostra
selecionada apresenta uma sequˆencia de estrelas com CN-fraco (c´ırculos abertos) e outra
5.3 Resultados 147
caracterizada pelo CN-forte (c´ırculos fechados), ou seja, a distribui¸ao de CN nestas
figuras ´e claramente bimodal. A sequˆencia CN-forte ´e uma indica¸ao da alta quantidade
de nitrogˆenio na atmosfera destas estrelas e, como esperado, em cada fam´ılia de CN as
estrelas com temperaturas mais baixas apresentam valores mais altos de CN. Pelas figuras
nota-se que as estrelas 1556 e 1351 parecem n˜ao seguir o comportamento geral da fam´ılia
CN-fraco a uma dada magnitude ou cor intr´ınseca. Isso se deve ao fato de que os seus
pseudo-cont´ınuos no vermelho foram um pouco afetados pela presen¸ca de um dos hiatos
dos espectros, baixando significativamente suas medidas finais de CN
1
. Para as estrelas
da fam´ılia CN-forte encontramos CN = 0.19 ± 0.04 (N = 8 estrelas), enquanto para a
sequˆencia CN-fraco determinamos CN = 0.04 ± 0.04 (N = 20 estrelas), sendo que as
estrelas 1351 e 1556 n˜ao foram levadas em conta para o c´alculo do valor m´edio do grupo
CN-fraco.
Na figura 5.7 apresentamos a localiza¸ao das estrelas CN-forte (estrelas) e CN-fraco
(c´ırculos fechados) no DCM de M71 para as estrelas com V<15.5. Estrelas mais fra-
cas (V>15.5, quadrados cheios) ao tamem mostradas na figura, por´em ao a distin¸ao
alguma entre as suas intensidades de CN, o que ´e parcialmente explicado pela baixa raz˜ao
S/N dos espectros, aliado ao fato de que as estrelas subgigantes e an˜as s˜ao mais quentes.
A figura 5.8 mostra o comportamento do ´ındice CN
1
em fun¸ao da gravidade superficial,
onde se nota a clara separa¸ao CN-forte:CN-fraco para as estrelas do RGB. Outra car-
acter´ıstica interessante da figura 5.8 ´e que as estrelas 526 (V = 12.97 : (B-V)
0
= 1.34),
390 (V = 13.01 : (B-V)
0
= 1.13) e 291 (V = 13.30 : (B-V)
0
= 1.02) apresentam valores
mais altos nas bandas de CN em rela¸ao as outras estrelas do RGB. No DCM de M71
(figura 5.7) estas estrelas parecem pertencer ao AGB, sendo assim, os seus valores mais
altos de CN podem ser interpretadas como uma assinatura de processos de dragagem
adicionais nestas estrelas. Como os espectros das estrelas an˜as apresentam baixa raz˜ao
S/N, ao foi poss´ıvel assinalar sobre a bimodalidade de CN nas mesmas. No entanto,
Cohen (1999) estudou o comportamento de CN:CH em estrelas da sequˆencia principal
de M71 e encontrou bimodalidade e anticorrela¸oes nas bandas moleculares de CN:CH
nestas estrelas.
O ´ındice CH ou banda G em 4300
˚
A ´e um tra¸cador de carbono. Este ´ındice ´e importante
pois o seu comportamento ao longo do diagrama cor-magnitude de um aglomerado pode
revelar informa¸oes importantes sobre os processos de mixing ao longo dos v´arios est´agios
evolutivos das estrelas. Na figura 5.9 mostramos o ´ındice G4300 em fun¸ao da magnitude.
Os s´ımbolos ao os mesmos usados nas figuras 5.6a,b onde as sequˆencias CN-forte e CN-
fraco ao representadas por c´ırculos cheios e abertos, respectivamente. Exceto para a
estrela 291, que apresenta CN e CH forte, todas as estrelas CN-forte tendem a apresentar
5.3 Resultados 148
Figura 5.6: (a): CN
1
versus magnitude V e (b) CN
1
versus (B-V)
0
para a amostra de M71,
destacando o locus CN-forte (c´ırculos cheios) e CN-fraco (c´ırculos abertos). As barras de
erro correspondem ao desvio padr˜ao das medidas.
5.3 Resultados 149
Figura 5.7: Diagrama cor-magnitude (V,B-V) de M71 mostrando o grupo CN-forte (estre-
las) e CN-fraco (c´ırculos cheios). As estrelas an˜as e subgigantes apresentadas (quadrados
cheios) ao permitem qualifica¸ao de grupo com base em suas respectivas intensidades de
CN.
5.3 Resultados 150
Figura 5.8:
´
Indice CN
1
em fun¸ao da gravidade superficial. e-se que, em decorrˆencia
da baixa raz˜ao S/N, as estrelas com V > 15.5 (logg 2.4) ao apresentam uma clara
separa¸ao CN-forte:CN-fraco. As barras de erro s˜ao como discutidas no texto.
5.3 Resultados 151
Figura 5.9: Banda G4300 em fun¸ao da magnitude, onde os grupos CN-forte (c´ırculos
cheios) e CN-fraco (c´ırculos abertos) est˜ao apresentados separadamente. As barras de
erro s˜ao como discutidas no texto.
valores mais baixos de CH, enquanto que as estrelas CN-fraco tendem a apresentar valores
mais altos de CH. Este comportamento geral confima a conhecida anticorrela¸ao CN-CH
em estrelas de aglomerados globulares (por exemplo, Dickens et al. 1979; Smith 1987; Kraft
1994; Gratton et al. 2004, e referˆencias listadas). Notar, por´em, que embora as estrelas
2001, 458, 505 e 7498 apresentem alta probabilidade de pertinˆencia a M71, elas tendem
a apresentar valores mais baixos de CH do que as outras estrelas CH-fraco da amostra.
As trˆes primeiras estrelas pertencem ao HB de M71, o que sugere que a bimodalidade na
banda molecular de CN ´e tamb´em detectada no HB. A figura 5.10 apresenta um exemplo
da bimodalidade em CN seguida da anticorrela¸ao CN-CH para duas estrelas de M71 com
magnitude visual e temperatura efetiva similares. A estrela gigante 390, classificada como
CN-forte (T = 4435 K : CN = 0.24 : CH = 6.18), apresenta CN mais alto e CH mais
baixo do que a estrela 399, classificada como CN-fraco (T = 4419 : CN = 0.04 : CH =
6.62).
5.3.2
´
Indices de ferro
os medimos os ´ındices Fe4383, o qual ´e dominado por esp´ecies de ferro, carbono e
magn´esio, al´em do Fe5270, Fe5335, Fe5406, Mg
1
, Mg
2
e Mgb. Usamos Fe = (Fe4383
5.3 Resultados 152
CN-strong : Star 390 : V = 13.01 mag : T = 4434 K
CN-weak : Star 399 : V = 13.69 : T = 4419 K
CN
CH
Figura 5.10: Estrelas 390 (linha cheia, CN-forte) e 399 (linha pontilhada, CN-fraco) de
M71 mostrando a regi˜ao das bandas moleculares de CN e CH.
+ Fe5270 + Fe5335 + Fe5406)/4 e Mg
2
como os indicadores de ferro deste grupo. Estes
´ındices ao bastante usados no estudo de s´ıntese de popula¸oes de gal´axias. A figura
5.11 exibe o comportamento do ´ındice Mg
2
em fun¸ao da banda molecular de CN e da
temperatura efetiva, respectivamente. Nesta figura e-se que ambas as sequˆencias CN-
forte e CN-fraco correspondem a ´ındices de Mg
2
0.05 mag e que Mg
2
tende a ser mais
alto para as estrelas mais frias (T
eff
4300 K).
5.3.3 Ca4227
Este ´ındice ´e bastante usado no estudo de popula¸oes estelares em gal´axias, onde o alcio
´e considerado um elemento representativo na determina¸ao de abundˆancias qu´ımicas dos
elementos-α (por exemplo, Thomas et al. 2003; Prochaska et al. 2005). Encontramos
Ca4227 = 1.15 ± 0.75
˚
A para 32 estrelas no intervalo de 12 V 15.5 e com proba-
bilidade P 80% de pertinˆencia a M71.
As figuras 5.12 e 5.13 mostram o comportamento do ´ındice Ca4227 como uma fun¸ao da
T
eff
e, respectivamente, dos ´ındices Fe e Mg
2
, indicadores de metalicidade na amostra.
Comparando as figuras 5.11 e 5.12, nota-se uma similaridade entre o comportamento geral
5.3 Resultados 153
Figura 5.11: Painel superior: ´ındice Mg
2
versus CN
1
. Painel inferior: ´ındice Mg
2
versus
T
eff
. As barras de erro s˜ao como discutidas no texto.
5.3 Resultados 154
Figura 5.12:
´
Indice de Ca4227 como uma fun¸ao da tempertaura efetiva. As barras de
erro s˜ao como discutidas no texto.
dos ´ındices Mg
2
e Ca4227 com a temperatura efetiva, o que explica o comportamento
quase linear entre os ´ındices Ca4227 e Mg
2
na figura 5.13. Pelo comportamento geral dos
´ındices nas figuras, nota-se que as estrelas mais frias e com ´ındices met´alicos mais altos
tendem a apresentar valores mais altos de Ca4227. Estas figuras evidenciam tamb´em que
os ´ındices met´alicos Fe e Mg
2
apresentam dependˆencia ao-linear no regime de mais
baixa temperatura.
5.3.4 H
β
O ´ındice H
β
´e amplamente usado como um forte indicador de idade nos estudos de pop-
ula¸oes estelares em gal´axias, sendo relativamente sens´ıvel a temperatura e a gravidade
superficial. Encontramos para a amostra M71 um valor m´edio H
β
= 1.38 ± 0.35
˚
A (N
= 24 estrelas). Notamos que para estrelas com V < 14 a uma alta dispers˜ao nos valores
de H
β
. Este efeito parece ser real dado que as figuras 5.14a,b sugerem alta dispers˜ao do
´ındice H
β
para estrelas mais frias que 4500 K.
5.3 Resultados 155
Figura 5.13: Painel superior: Ca4227 versus <Fe>, com Fe = (Fe4383 + Fe5270 +
Fe5335 + Fe5406)/4. Painel inferior: Ca4227 versus Mg
2
. As barras de erro ao como
discutidas no texto.
5.3 Resultados 156
Figura 5.14: (a):
´
Indice H
β
em fun¸ao da magnitude V e (b): H
β
versus T
eff
. As barras
de erro s˜ao como discutidas no texto.
5.3 Resultados 157
5.3.5 NaD e Al3953
Os ´ındices NaD e Al3953 desta an´alise foram definidos em Worthey et al. (1994) e Serven
et al. (2005), respectivamente. Como apresentado na tabela 2 de Serven et al. (2005),
o novo ´ındice Al3953 apresenta alta resposta espectral `as abundˆancias de alum´ınio. To-
davia, embora ambos os ´ındices sejam importantes no entendimento das varia¸oes de
abundˆancias em popula¸oes estelares, eles ao compostos de linhas de ressonˆancia e ao
altamente sens´ıveis a efeitos da absor¸ao interestelar. Estes efeitos precisam ser levados
em considera¸ao ao interpretar os resultados destes dois ´ındices. Para a amostra de M71
encontramos valores ediso de NaD = 4.60 ± 2.38
˚
A (N = 28 estrelas) e Al3953 =
2.76± 1.35
˚
A (N = 25 estrelas).
A figura 5.15 apresenta os valores de NaD e Al3953 como uma fun¸ao da banda molecular
de CN, enquanto a figura 5.16 apresenta o comportamento dos ´ındices NaD e Mg
2
em
fun¸ao do ´ındice Al3953.
5.3.6 Fitting functions ou fun¸oes de ajuste
Em Astrof´ısica, as fun¸oes de ajuste ao as mais simples representa¸oes matem´aticas poli-
nomiais que permitem escrever ´ındices espectrais em termos de parˆametros atmosf´ericos,
como a temperatura efetiva T
eff
, a gravidade superficial logg e a metalicidade [Fe/H]. Para
espectros de baixa resolu¸ao de aglomerados globulares da Gal´axia e uma vez conhecidos
pelo menos dois dos parˆametros atmosf´ericos, o m´etodo das fun¸oes de ajuste ´e bastante
´util na determina¸ao de metalicidade dos aglomerados sem qualquer dependˆencia com o
odulo de distˆancia e/ou avermelhamento destes objetos. Para este trabalho usamos as
fun¸oes de ajuste para os ´ındices Fe5270, Fe5335 e Mg
2
definidas em Barbuy et al. (2003),
escritas tamb´em em fun¸ao da raz˜ao [α/Fe]. Como visto na subse¸ao 5.3.2, estes trˆes
´ındices ao bons indicadores de metalicidade e pouco dependentes da temperatura e da
gravidade. Os ´ındices definidos em Barbuy et al. (2003) seguem fun¸oes gerais do tipo:
indice = [exp](a + b(logθ) + c(logθ)
2
+ d(logg) + e(logg)
2
+ f([Fe/H]) + g([Fe/H]
2
)+
+h([α/Fe]) + i(logθ)(logg) + j(logθ)([Fe/H]) + k(logθ)([α/Fe]) + l(logθ)
2
(logg)+
+m(logθ)(logg)
2
), (5.8)
com θ = (5040)/T e [exp] podendo definir uma fun¸ao polinomial ou a exponencial de
uma fun¸ao polinomial. As fun¸oes de ajuste de Barbuy et al. (2003) foram determinadas
5.3 Resultados 158
Figura 5.15: Painel superior: NaD versus CN
1
. Painel inferior: Al3953 versus CN
1
. As
barras de erro apresentadas nas figuras s˜ao como explicadas ao longo do texto.
5.3 Resultados 159
Figura 5.16: Painel superior: Al3953 versus NaD. Painel inferior: Mg
2
versus Al3953.
As barras de erro apresentadas nas figuras s˜ao como explicadas no texto.
5.3 Resultados 160
a partir de espectros sint´eticos com FWHM = 3.5
˚
A e 8
˚
A, 3 [Fe/H] +0.3, 0
logg 3 e 4000 T
eff
7000 K.
Para as estrelas analisadas de M71 encontramos valores m´edios Fe5270 = 2.70±1.47 (N
= 30 estrelas), Fe5335 = 2.53±1.48 (N = 29 estrelas) e Mg
2
= 0.17227 ± 0.11828 (N
= 28 estrelas). No entanto, para as estrelas com 4500 < T
eff
< 5000 K intervalo de
temperatura onde o Mg
2
´e alido e onde a menos dispers˜ao nos resultados dos outros
dois ´ındices de ferro investigados —, encontramos valores m´edios Fe5270 = 2.21 ± 0.72
(N = 18 estrelas), Fe5335 = 2.04 ± 0.63 (N = 17 estrelas) e Mg
2
= 0.12 ± 0.03 (N
= 11 estrelas). Com estes ´ultimos ´ındices edios e adotando os coeficientes VALUE1
da tabela A do apˆendice de Barbuy et al. (2003) para FWHM = 3.5
˚
A e parˆametros
atmosf´ericos m´edios de temperatura efetiva (T
eff
= 4768 K) e gravidade superficial (logg
= 2.29 dex), al´em de uma raz˜ao [α/Fe] = 0.30, encontramos metalicidade [Fe/H]= 0.81,
0.91 e 0.68 para a amostra de M71, que correspondem aos ´ındices Fe5270, Fe5335 e
Mg
2
, respectivamente. Estes resultados fixam a metalicidade m´edia de M71 em [Fe/H] =
0.80 ± 0.11 usando o procedimento das fun¸oes de ajuste.
No que concerne os resultados de metalicidade para M71 da literatura, analisando 10
espectros de alta qualidade (R = 30000) de estrelas gigantes, Sneden et al. (1994) ob-
tiveram [Fe/H] = 0.79 ± 0.01 para M71. Com base em dados de alta resolu¸ao (R =
35000) obtidos com o HIRES@KECK, Ram´ırez et al. (2001) analisaram em detalhes o
padr˜ao de abundˆancias qu´ımicas de 25 estrelas em diferentes posi¸oes do RGB de M71 e
obtiveram [Fe/H] = 0.71. Numa rean´alise dos dados de Sneden et al. (1994) e usando
uma nova calibra¸ao de metalicidade para aglomerados globulares da Gal´axia derivada
atrav´es de raz˜oes [FeII/H] de arios aglomerados globulares Gal´acticos, Kraft & Ivans
(2003) obtiveram [Fe/H] = 0.82 para M71. E, recentemente, Boesgaard et al. (2005)
analisaram 5 estrelas an˜as e obtiveram [Fe/H] = 0.80 ± 0.02 para M71. Eles usaram
espectros de alta resolu¸ao (R = 45000) obtidos com o HIRES@KECK.
Sendo assim, os nossos resultados de [Fe/H] com base nos ´ındices espectrais medidos nos
espectros de baixa resolu¸ao GMOS@GEMINI (R = 2000) est˜ao em bom acordo com
os resultados de [Fe/H] obtidos atrav´es de espectros com resolu¸ao de 15 a 22.5 vezes
superior (R = 30000-45000) a alcan¸cada pelo espectr´ografo GMOS. A tabela 5.3 resume
os diferentes valores de metalicidade atribu´ıdos a M71 na literatura.
5.3.7 S´ıntese espectral de CN e CH
Com o objetivo de confirmar os resultados dos ´ındices, realizamos o alculo do espectro
sint´etico de bandas de CN e CH na regi˜ao de 4000-4400
˚
A para as estrelas 390 e 399.
5.4 Discuss˜oes 161
Tabela 5.3: Compila¸ao dos valores de metalicidade para M71
[Fe/H] [FeI/H] [FeII/H] M´etodo Referˆencia
0.79 0.79 0.79 Alta Resolu¸ao : 10 gigantes Sneden et al. (1994)
0.73 Compila¸ao Harris (1996)
0.71 0.71 0.84 Alta Resolu¸ao : 25 gigantes Ram´ırez et al. (2001)
0.82 0.81 0.82 Revis˜ao de Sneden et al.: 10 gigantes Kraft & Ivans (2003)
0.80 0.81 0.85 Alta Resolu¸ao : 5 an˜as Boesgaard et al. (2005)
0.81 Fun¸oes de ajuste Fe5270 (este trabalho)
0.91 Fun¸oes de ajuste Fe5335 (este trabalho)
0.68 Fun¸oes de ajuste Mg
2
(este trabalho)
Adotamos [Fe/H] = 0.80 para ambas, [O/Fe]=+0.30 e fixamos o valor da velocidade de
microturbulˆencia em v
t
= 1.5 kms
1
, considerado valor t´ıpico para estrelas gigantes. Os
outros parˆametros atmosf´ericos das estrelas foram previamente obtidos, ou seja, T
eff
=
4434 K e log g = 1.54 para a estrela 390 e T
eff
= 4419 K e log g = 1.8 para a estrela 399.
Utilizamos o odigo Pfant de s´ıntese espectral (Cayrel et al. 1991; Barbuy et al. 2003),
usando os modelos MARCS de atmosferas estelares (Gustafsson et al. 2003) e a lista de
linhas de CN e CH de Kur´ucz (1993) que foi implementada ao odigo como descrito em
Castilho et al. (1999).
Encontramos abundˆancias de carbono e nitrogˆenio de [C/Fe]=0.0, [N/Fe]=+1.0 para a
estrela 390 (CN-forte) e [C/Fe]=0.0, [N/Fe]=+0.50 para a estrela 399 (CN-fraco). Como
mostra a figura 5.17, s˜ao not´aveis as diferen¸cas nas abundˆancias de nitrogˆenio.
5.4 Discuss˜oes
Sabe-se que as estrelas de aglomerados globulares exibem anomalias nas abundˆancias de
uma variedade de elementos qu´ımicos — C, N, O, Na, Mg e Al—, e que tais varia¸oes ao
inconsistentes com as previs˜oes feitas pelos modelos cl´assicos da teoria de evolu¸ao estelar
e muito maiores do que as observadas em estrelas de campo de metalicidade similar. Por
outro lado, ao a at´e o momento na literatura cient´ıfica um ´unico cen´ario astrof´ısico
capaz de explicar as anomalias observadas e, no caso dos aglomerados globulares mais
ricos em metais, a situa¸ao parece ser mais dr´astica devido principalmente `a a conhecida
dependˆencia dos processos respons´aveis pela altera¸ao das abundˆancias de CNO com a
metalicidade global dos aglomerados ao longo do ramo das gigantes.
No caso particular de M71 trabalhos anteriores demonstraram que a bimodalidade na
5.4 Discuss˜oes 162
Star 390 : V = 13.01 mag : T = 4434 K
[C/Fe] = 0.0 : [N/Fe] = +1.0 : [O/Fe] = +0.30
Star 399 : V = 13.69 mag : T = 4419 K
[C/Fe] = 0.0 : [N/Fe] = +0.5 : [O/Fe] = +0.30
Figura 5.17: Espectro observado (linha pontilhada) e espectro sint´etico (linha olida) na
regi˜ao das bandas moleculares de CN e CH. Superior: Estrela 390 (CN-forte): (T
eff
, logg,
v
t
) = (4434 K, 1.54, 1.5 kms
1
) com alculo para [C/Fe]=0.0 e [N/Fe]=+1.0; Inferior:
Estrela 399 (CN-fraco): (4419 K, 1.8, 1.5 kms
1
) com alculo realizado para [C/Fe]=0.0
e [N/Fe]=+0.50.
5.4 Discuss˜oes 163
distribui¸ao de CN e que os ´ındices CN e CH ao anticorrelacionados CN-forte/CH-
fraco e CN-fraco/CH-forte. Smith & Norris (1982) foi um dos trabalhos pioneiros neste
sentido. Eles demonstraram que as abundˆancias CN:CO nas estrelas mais luminosas do
que o ramo horizontal de M71 eram anticorrelacionadas e que CN mostrava-se positiva-
mente correlacionada com o Na. Smith & Penny (1989) computaram os ´ındices de CN em
3883
˚
A e 4215
˚
A e CH 4300
˚
A para uma amostra de estrelas do ramo horizontal de M71
e verificaram existir uma varia¸ao na abundˆancia de CN. Eles tamem encontraram uma
anticorrela¸ao CN 3883
˚
A com a banda de CH, indicando assim que parte do material
encontrado na atmosfera das estrelas de CN-forte deveria ter sido produzido pelo ciclo CN
na queima hidrost´atica de hidrogˆenio. Penny et al. (1992), por sua vez, mostraram a bi-
modalidade CN e a anticorrela¸ao CN-CH em estrelas sub-gigantes de M71, enquanto que
Cohen (1999) encontrou rela¸oes similares para uma amostra de 79 estrelas da sequˆencia
principal. Briley et al. (2001) determinaram as abundˆancias de CN e CH para 75 estrelas
gigantes de M71 usando o sistema fotom´etrico DDO C(41-42) e confirmaram os resul-
tados acima. Lee (2005) estudou as varia¸oes nas bandas moleculares de CN e CH em
14 estrelas gigantes de M71 e tamb´em encontrou a bimodalidade de CN, enquanto que a
anticorrela¸ao CN-CH ao ´e clara.
As correla¸oes e anticorrela¸oes CN-CH ao tamb´em encontradas em estrelas an˜as e gi-
gantes de 47 Tucanae (por exemplo, Norris & Freeman 1979; Cannon et al. 1998), outro
aglomerado rico em metais ([Fe/H] = 0.67, Alves-Brito et al. (2005)) do Hemisf´erio Sul
quimicamente similar a M71. Todavia, 47 Tucanae ´e mais massivo e mais concentrado
do que M71 com raio a meia massa (r
h
) e parˆametro de concentra¸ao (c) iguais a 2.79
minutos de arco e 2.03, respectivamente, enquanto que para M71 r
h
= 2.65 minutos de
arco e c = 1.15 segundo compila¸ao de Harris (1996).
Usando as designa¸oes das estrelas na fotometria Cudworth (1985) e comunicao pri-
vada em 2006, pudemos identificar algumas estrelas da presente amostra comum a outras
an´alises da literatura (por exemplo, Smith & Penny 1989; Penny et al. 1992; Lee 2005) e
comparar diretamente as intensidades de CN e CH obtidas. Para 22 estrelas em comum,
a compara¸ao direta foi poss´ıvel para 15 delas, pois os resultados de 3 estrelas da nossa
amostra foram afetados pela presen¸ca dos dois hiatos ao longo dos espectros (gaps do
CCD) e ao foram encontradas medidas CN-CH para outras 4 estrelas. Das 15 estrelas
finais, 13 apresentam a mesma classifica¸ao CN-forte:CN-fraco como identificadas neste
trabalho, enquanto que para 2 delas encontramos uma classifica¸ao diferente na litera-
tura — as estrelas 1-43 e 1-88 foram previamente classificadas como CN-forte. Por outro
lado, dentro de uma incerteza de 1σ, estas estrelas apresentariam a mesma classifica¸ao
encontrada na literatura.
5.4 Discuss˜oes 164
Com respeito aos nossos resultados CN-CH, a figura 5.9 mostra a distribui¸ao de estrelas
CN-forte e CN-fraco no plano CH em fun¸ao da magnitude. No geral e-se que as estrelas
com CN-forte (c´ırculos cheios) tendem a apresentar valores mais baixos de CN. Vale no
entanto salientar que, como previamente discutido, a a medida de CN da estrela 640
pode ter sido afetada pela presen¸ca dos hiatos nos espectros. Pela mesma raz˜ao, a estrela
346 ao apresenta medida confi´avel de CH. As estrelas 2001, 458 e 505, as quais foram
classificadas como CN-fraco, tendem a apresentar valores mais baixos de CH do que as
outras estrelas do grupo CN-fraco. Mesmo com alguns pontos estatisticamente fora da
m´edia ou outliers nossa distribui¸ao CN-CH tem propor¸ao similar a encontrada por
Smith & Norris (1982) para estrelas gigantes, ou seja, a fam´ılia CN-fraco correspondendo
a cerca de 30% das estrelas da amostra.
Dentro da teoria padr˜ao de estrutura e evolu¸ao estelar de estrelas de baixa massa o
aumento da abundˆancia de nitrogˆenio acompanhado pelo decr´escimo de carbono em es-
trelas CN-forte ´e atribu´ıdo ao fenˆomeno de dragagem de material processado no inte-
rior destas estrelas para a atmosfera das mesmas pelo ciclo CN (Iben 1964; Charbonnel
1994). As varia¸oes de CN seguidas por anticorrela¸oes na banda de CH confirmam que
epis´odios de misturas (mixing) ocorreram nas estrelas gigantes de M71 estudadas. Por
outro lado, a bimodalidade de CN ´e melhor explicada no cen´ario de varia¸oes primordiais
das abundˆancias. Al´em disso, a hip´otese do mixing ao explica a correla¸ao positiva en-
contrada para o CN-Na e CN-Al, uma vez que Na e Al ao ao produzidos durante os
eventos de mixing nas estrelas.
Elementos tais como Al e Mg ao produzidos pela alta captura de pr´otons a mais alta
temperatura (Langer & Hoffman 1995; Arnould et al. 1999). Como mostra a figura 5.16,
encontramos uma forte anticorrela¸ao entre as intensidades dos ´ındices Al3953:NaD e
Al3953:Mg
2
. A anticorrela¸ao Al-Mg encontrada em estrelas gigantes de aglomerados
globulares ´e bem explicada no contexto do extra-mixing discutido em Denissenkov & Van-
denBerg (2003). Vale ainda salientar que Ram´ırez & Cohen (2002) reportaram encontrar
uma correla¸ao [Na/Fe]:[Al/Fe] para a amostra de M71 estudada com dados de alta res-
olu¸ao, contudo a correla¸ao encontrada apenas se justifica dentro de 2σ de incerteza nas
abundˆancias.
Outro cen´ario plaus´ıvel para explicar as varia¸oes de abundˆancias ´e a polui¸ao da at-
mosfera de estrelas de baixa-massa pelos ventos enriquecidos de material processado no
ciclo CNO em estrelas de massa intermedi´aria do ramo assint´otico das gigantes (Cayrel
1986; Gratton et al. 2004; Bekki et al. 2007) ou ainda por ventos de estrelas massivas de
alta rota¸ao (por exemplo, Decressin et al. 2007). Bekki et al. (2007) propˆos um modelo
de forma¸ao de aglomerados globulares nas regi˜oes centrais de proto-gal´axias contidas
5.4 Discuss˜oes 165
em halos de mat´eria escura. Estas proto-gal´axias reteriam os ventos estelares das AGBs,
causando a polui¸ao externa de elementos quimicamente processados pelas cadeias CNO,
Ne:Na e Mg:Al sobre as estrelas dos aglomerados globulares. Este modelo explica com
sucesso as anticorrela¸oes C-N e Mg-Al, mas ao explica as anticorrela¸oes Na-O tamb´em
encontradas em aglomerados globulares.
Para a nossa amostra de M71 encontramos que CN-Na ao correlacionados, o que im-
plica que as varia¸oes de abundˆancias sejam melhor explicadas no contexto das varia¸oes
primordiais em detrimento aos epis´odios de mistura. Por outro lado, a correla¸ao CN-Al
vista em dados de alta resolu¸ao ao ´e ´obvia para a nossa amostra.
Cap´ıtulo 6
Conclus˜oes e perspectivas
Apresentamos a nova escala de abundˆancias qu´ımicas para NGC 6553 com base em es-
pectros de alta resolu¸ao (R = 55000) e alta raz˜ao S/N de estrelas gigantes obtidos por
interm´edio do espectr´ografo UVES do telesc´opio Kueyen de 8.2m do Very Large Tele-
scope. Estes ao os melhores dados de estrelas individuais obtidos para este aglomerado
at´e o momento.
Apresentamos, pela primeira vez, a an´alise detalhada de um espectro de alt´ıssima raz˜ao
S/N de NGC 6553, o qual foi estatisticamente combinado a partir de 22 estrelas gigantes
com dados de alta qualidade (R = 22000) obtidos com o espectr´ografo FLAMES do Very
Large Telescope.
Apresentamos ainda o estudo de varia¸oes de abundˆancias qu´ımicas em M71 usando espec-
tros de baixa resolu¸ao (R = 2000) obtidos com o espectr´ografo GMOS do Observat´orio
Gemini Norte.
Estes resultados constituem-se v´ınculos observacionais importantes no estudo da evolu¸ao
qu´ımica dos aglomerados globulares no regime de mais alta metalicidade da fun¸ao dis-
tribui¸ao de metalicidade da Gal´axia.
6.1 Sinopse
As principais conclus˜oes ao resumidas a seguir:
Na nova escala de abundˆancias NGC 6553 apresenta, preferencialmente, valor m´edio
de metalicidade [Fe/H]= 0.20. Este resultado baseia-se nos melhores dados obti-
dos no ´optico para este aglomerado, o que oe fim ao vasto debate na literatura
cient´ıfica dos ´ultimos anos acerca da metalicidade de NGC 6553. Este resultado ´e
6.1 Sinopse 167
ainda compat´ıvel ao apenas com medidas de metalicidade com dados de alta qual-
idade no infravermelho para NGC 6553 (Mel´endez et al. 2003), mas tamem com a
metalicidade m´edia das estrelas de campo do bojo (Fulbright et al. 2006; Lecureur
et al. 2007).
Na an´alise com os espectros individuais de NGC 6553 encontramos sobreabundˆancia
qu´ımica para o Mg e Si, enquanto que Ca e Ti ao subabundantes. A sobre-
abundˆancia das raz˜oes [(Mg:Si)/Fe] ao interpretadas como assinaturas de uma
evolu¸ao qu´ımica apida dominada pelas SNs do Tipo II. Por outro lado, seguindo
as id´eias da f´ısica das explos˜oes de SNs, as anomalias Ca:Ti s˜ao interpretadas como
uma consequˆencia natural dos produtos (yields) qu´ımicos envolvendo estes elemen-
tos, uma vez que alcio e titˆanio ao produzidos em eventos de SNs do Tipo II
com progenitora de mais baixa massa quando comparados aos outros elementos α
estudados.
As abundˆancias de alcio em aglomerados globulares ricos em metais precisam ser
melhor estudadas buscando entender a discrepˆancia entre os resultados das raz˜oes
[Ca/Fe] obtidas com dados no ´optico, as quais tendem a fornecer abundˆancias so-
lares, enquanto que as raz˜oes [Ca/Fe] com base em dados no infravermelho tendem
a apresentar valores supersolares ([Ca/Fe] 0.20). No entanto, as abundˆancias
solares de alcio obtidas para os aglomerados globulares ricos em metais ao rem-
iniscentes das abundˆancias determinadas para estrelas de campo do bojo a mais
altas metalicidades e mesmo gal´axias el´ıpticas.
A raz˜ao [Mn/Fe] obtida para NGC 6553 e NGC 6528 ´e completamente distinta da
obtida para estrelas de campo do bojo da Gal´axia. Os valores m´edios de [Mn/Fe]
para NGC 6553 e NGC 6528, dois aglomerados globulares ricos em metais do bojo,
seguem o comportamento das estrelas enriquecidas em metais da gal´axia an˜a Sagit-
tarius como analisadas por McWilliam et al. (2003a,b). Por outro lado, os nossos
resultados de [Mn/Fe] est˜ao compat´ıveis com as previs˜oes te´oricas de modelos de
evolu¸ao qu´ımica para o bojo da Gal´axia (Matteucci & Gescutti, comunicao pri-
vada em 2008).
Estatisticamente n˜ao podemos inferir sobre eventuais correla¸oes ou anticorrela¸oes
entre os elementos produzidos pela captura de pr´oton que foram estudados nos
espectros individuais de NGC 6553 ou mesmo nos outros aglomerados globulares
ricos em metais analisados no nosso Grupo de Pesquisa. Todavia, o valor m´edio
de [Na/O] de NGC 6553 e dos outros aglomerados estudados segue a anticorrela¸ao
[Na/O] em fun¸ao da metalicidade obtida para estrelas de campo do bojo na an´alise
de Lecureur et al. (2007).
6.1 Sinopse 168
As subabundˆancias qu´ımicas de Ba, La e Zr elementos pesados produzidos atrav´es
do processo s —, analisados em NGC 6553 ao uma confirma¸ao independente de que
o aglomerado estudado ´e velho. O eur´opio, ´unico elemento do processo r estudado,
segue o comportamento do c´alcio, o que pode indicar que os elementos do processo
r ao mesmo produzidos em estrelas massivas durante os eventos de SNs de Tipo
II, como sugerem trabalhos atuais (por exemplo, Truran et al. 2002). As raz˜oes de
[Ba/Eu] para NGC 6553, NGC 6528, 47 Tucanae, HP-1 e NGC 6558 sugerem que
a produ¸ao dos elementos pesados nos aglomerados globulares ricos em metais da
Gal´axia ´e incompat´ıvel com uma contribui¸ao puramente pelo processo r.
O m´etodo de combinar espectros de estrelas frias e com parˆametros atmosf´ericos
similares observadas no Very Large Telescope com o intuito de obter um espectro
´unico (combinado) de alt´ıssima resolu¸ao, que seria equivalente a um espectro ob-
servado num Extremely Large Telescope, ou seja, num tempo de integra¸ao de cerca
de 25 vezes menor, parece promissor principalmente no regime de mais alta metali-
cidade onde o grande povoamento de linhas e mol´eculas nestes espectros dificultam
a identifica¸ao precisa do cont´ınuo. A metalicidade global Z de NGC 6553 obtida
com os espectros individuais observados com o espectr´ografo UVES@VLT ´e similar
a metalicidade global Z calculada atrav´es da an´alise detalhada de linhas individuais
no espectro combinado de NGC 6553 a partir de 22 estrelas que foram observadas
com o espectr´ografo FLAMES@VLT.
A nova escala de abundˆancia qu´ımica obtida para NGC 6553 neste trabalho com-
parada aos valores de abundˆancias qu´ımicas de estrelas de campo do disco fino, disco
espesso e bojo, al´em da compara¸ao do espectro combinado de estrelas gigantes de
NGC 6553 ao espectro combinado de estrelas gigantes do campo Blanco 6
, clas-
sificam NGC 6553 como um aglomerado globular rico em metais t´ıpico do bojo da
Gal´axia.
Para a amostra de estrelas investigadas em M71, determinamos os parˆametros at-
mosf´ericos que ao ´uteis para a constru¸ao de espectros sint´eticos de outros aglo-
merados globulares ricos em metais e analisamos o comportamento de 14 ´ındices
espectrais. Obtivemos que a distribui¸ao de CN ´e bimodal e que os ´ındices de CN
est˜ao anticorrelacionados com as bandas moleculares de CH. Investigamos ainda o
comportamento do ´ındice Al3953 definido em Serven et al. (2005) e encontramos
anticorrela¸ao forte Al3953:Mg2 para a amostra estudada. Os nossos resultados
sugerem que as anomalias qu´ımicas observadas em M71 podem ser explicadas tanto
pelos processos convectivos de mistura, como tamb´em pela polui¸ao — atraes das
estrelas AGBs ou de estrelas massivas — da nuvem protogal´actica que deu origem
6.2 Perspectivas 169
a M71. Neste sentido, as anomalias seriam primordiais, ou seja, a nuvem pro-
togal´actica que deu origem a M71 a tinha sido enriquecida de material qu´ımico
processado nos ciclos CNO, Ne:Na e Mg:Al.
Usando fun¸oes de ajuste ou fitting functions obtivemos metalicidade edia
[Fe/H] = 0.80 para M71. Este resultado est´a compat´ıvel com os valores recentes
obtidos atrav´es da an´alise espectrosc´opicos com base em dados de alta resolu¸ao
obtidos para este aglomerado (por exemplo, Ram´ırez & Cohen 2002; Boesgaard et
al. 2005). As fun¸oes de ajuste formam, assim, um m´etodo eficaz na determina¸ao
independete da metalicidade de aglomerados globulares usando espectros de baixa
resolu¸ao.
Os nossos resultados confirmam que NGC 6553, NGC 6528, HP-1 e NGC 6558
ao aglomerados globulares ricos em metais que pertencem ao bojo da Gal´axia. 47
Tucanae, por sua vez, parece mesmo seguir o padr˜ao de abundˆancia qu´ımica do disco
espesso da Gal´axia no que tange o alculo dos elementos do pico do ferro. Tanto
os resultados de abundˆancias qu´ımicas com os espectros de alta resolu¸ao de NGC
6553, NGC 6528, 47 Tucanae, HP-1 e NGC 6558, quanto os dados de baixa resolu¸ao
para M71 sugerem que os aglomerados globulares ricos em metais foram mesmo
formados numa nuvem primordial j´a enriquecida em metais. No entanto, s˜ao ainda
necess´arios mais resultados para aglomerados globulares ricos em metais ([Fe/H]
1) e estrelas de campo no mesmo regime de metalicidade para descrevermos em
detalhes o hist´orico de enriquecimento qu´ımico dos aglomerados globulares ricos em
metais da Gal´axia.
Os nossos resultados com dados de alta qualidade fortalecem o estudo de espectros
sint´eticos de aglomerados globulares ricos em metais situados na regi˜ao mais interna
da Gal´axia (R
gal
3 kpc), onde as dificuldades de observao ao eminentes. Al´em
disso, auxiliam no estudo de aglomerados globulares ricos em metais extragal´acticos. As
abundˆancias obtidas ao v´ınculos observacionais fortes aos modelos te´oricos de evolu¸ao
qu´ımica da Gal´axia e, particularmente, auxiliam na interpreta¸ao de como se deu a
forma¸ao dos aglomerados globulares ricos em metais e como as arias subestruturas
da Gal´axia - halo interno, bojo e disco espesso - est˜ao conectadas.
6.2 Perspectivas
ao muitas as perspectivas que se abrem em torno do presente trabalho de tese. Muitas
delas ser˜ao realizadas em est´agios de P´os-Doutoramento.
6.2 Perspectivas 170
Realizar a an´alise detalhada de forma homogˆena e sistem´atica de estrelas an˜as e
gigantes de campo do halo, do bojo e do disco espesso no intervalo de metalici-
dade 2.5 [Fe/H] +0.5 e comparar com os resultados obtidos para estrelas
de aglomerados globulares ricos em metais. Os espectros das estrelas de campo a
foram observados (R 80000) e foram reduzidos durante meu est´agio de Doutorado
Sandu´ıche na Australian National University em 2007.
Estudar, usando ´ındices espectrais, as varia¸oes de abundˆancias em estrelas an˜as e
gigantes de 7 aglomerados globulares da Gal´axia NGC 6752 ([Fe/H] = 1.56),
NGC 288 ([Fe/H] = 1.24), NGC 1851 ([Fe/H] = 1.22), Pal 12 ([Fe/H] = 0.94),
NGC 6352 ([Fe/H] = 0.70), NGC 6388 ([Fe/H] = 0.60) e NGC 5927 ([Fe/H] =
0.37) —, com dados do espectr´ografo FORS2 (FOcal Reducer and low dispersion
Spectrograph) do Very Large Telescope.
Definir um novo ´ındice met´alico com base no Tripleto de alcio visando a deter-
mina¸ao de metalicidade em aglomerados globulares extragal´acticos. Ser˜ao usados
dados obtidos com o Telesc´opio Keck de 10m e o supercomputador da Swinburne
University na Austr´alia.
Fazer a s´ıntese emp´ırica do espectro integrado de M71, com base direta no diagrama
cor-magnitude do aglomerado acoplado a uma biblioteca de espectros de alta res-
olu¸ao. Os modelos que queremos calibrar consistem de uma grade de modelos de
espectros integrados de popula¸oes estelares simples, com idades entre 1 e 17 bilh˜oes
de anos e metalicidade entre 0.7<[Fe/H]< +0.2.
Estimar a idade espectrosc´opica de M71 usando linhas observadas de Balmer, de H
β
a H
, com uma consistˆencia com as idades inferidas dos diagramas cor-magnitude
dentro de 1 a 2 bilh˜oes de anos.
Apˆendice A
S´ıntese espectral
A.1 Linhas atˆomicas e moleculares
O arquivo de linhas atˆomicas ´e formado por mais de 30000 linhas que se estendem desde
o ultravioleta at´e o infravermelho pr´oximo. As linhas atˆomicas n˜ao identificadas da lista
foram atribu´ıdas ao Fe I com potencial de excita¸ao χ = 3 eV.
O arquivo de linhas moleculares, por sua vez, consta das seguintes bandas moleculares:
TiO α (C
3
∆-X
3
∆), TiO γ (A
3
Φ-X
3
∆), MgH (A
2
Π-X
2
Σ), C
2
(A
3
Π-X
3
Π), CN azul (B
2
Σ-
X
2
Σ), CN vermelho (A
2
Π-X
2
Σ), CH (A
2
∆-X
2
Σ) e CH (B
2
∆-X
2
∆). Ambos arquivos em
sido constantemente atualizados `a medida que parˆametros atˆomicos de melhor qualidade
ao disponibilizados para a comunidade cient´ıfica.
A.2 Modelos de atmosferas
Adotamos os modelos MARCS de atmosferas para estrelas gigantes frias de Plez et al.
(1992) e posteriores atualiza¸oes. Estes modelos satisfazem as hip´oteses de geometria
esf´erica homogˆenea, equil´ıbrio termodinˆamico local e equil´ıbrio hidrost´atico, descrevendo
as condi¸oes f´ısicas que dominam o transporte de energia na atmosfera das estrelas em ter-
mos de vari´aveis termodinˆamicas como a temperatura, press˜ao do as, press˜ao eletrˆonica,
densidade e da press˜ao de radia¸ao, incluindo as opacidades das linhas atˆomicas e molec-
ulares. A varia¸ao destes mensur´aveis f´ısicos com a profundidade ´optica em cada camada
estratificada da atmosfera das estrelas define um modelo de atmosfera estelar. A con-
vec¸ao foi tratada segundo o paradigma da teoria de comprimento de mistura e com os
fluxos radiativo e convectivo obedecendo o princ´ıpio de conservao de energia.
As equa¸oes abaixo definem a estrutura de um modelo de atmosfera estelar vinculada `a
A.2 Modelos de atmosferas 172
hip´otese de equil´ıbrio termodinˆamico local:
1] Pela teoria cin´etica dos gases, em condi¸oes de equil´ıbrio termodinˆamico local, a press˜ao
e a temperatura nas camadas da atmosfera estelar est˜ao relacionadas da seguinte forma:
P
gas
= nkT, (A.1)
onde n ´e a densidade num´erica de part´ıculas, k ´e a constante de Boltzmann e T ´e a
temperatura local na camada, de forma que a distribui¸ao das part´ıculas nas camadas em
um intervalo de velocidades entre (v, v+dv) ´e maxwelliana:
dn
n
= 4πv
2
m
2πkT
3/2
e
mv
2
/2kT
dv (A.2)
2] Dentro do formalismo da Mecˆanica Estat´ıstica os n´ıveis discretos de energia de ´atomos,
´ıons, mol´eculas e n´ucleos ao distingu´ıveis e em condi¸oes de equil´ıbrio termodinˆamico
o n´umero relativo destas estruturas em dois diferentes estados de energia (estados de
excita¸ao) pode ser determinado pela equa¸ao cl´assica de Boltzmann:
η
l
η
j
=
g
l
g
j
e
(χ
l
χ
j
)
kT
, (A.3)
onde g
l
e g
j
ao os pesos estat´ısticos (degenerescˆencia) dos estados η
l
e η
j
relativo aos
estados de energia acima do estado fundamental (potencial de excita¸ao) χ
l
e χ
j
, respec-
tivamente, e T ´e a temperatura de excita¸ao.
3] As popula¸oes nos estados ionizados foram determinadas pela equa¸ao de Saha:
η
j+1
η
j
=
2(2π)
3/2
(kT)
5/2
φ
j+1
(T)
h
3
P
e
φ
j
(T)
e
(I
j,j+1
)/kT
, (A.4)
onde P
e
´e a press˜ao de el´etrons, I
j,j+1
´e a energia necess´aria para elevar o n´ıvel de ioniza¸ao
j para o n´ıvel j+1 e φ
j
e φ
j+1
as fun¸oes de parti¸ao para cada n´ıvel, respectivamente.
4] Equa¸oes de dissocia¸ao molecular no equ´ılibrio ao usadas para o alculo das linhas
moleculares.
A.3 Opacidades 173
A.3 Opacidades
As fontes de opacidade respons´aveis pela forma¸ao do continuum estelar ao devido a
absor¸ao dos otons por el´etrons livres, transi¸oes ligado-livre e livre-ligado de HI, H
e metais; transi¸oes livre-livre na absor¸ao e emiss˜ao de otons por ´atomos, mol´eculas e
´ıons como H
, He
, H
2
, H
2
+
, CN
, C
2
, H
2
O
, pr´oton e H
2
e espalhamento devido
aos ´atomos, ao espalhamento Thompson de el´etrons e pelo espalhamento Rayleigh de
mol´eculas. No caso de estrelas frias o continuum ´e modelado principalmente pelos ´ıons e
os radicais negativos de ´atomos e mol´eculas.
O coeficiente de absor¸ao atˆomica por unidade de atˆomos de hidrogˆenio [cm
1
] para as
linhas ´e calculado pela equa¸ao:
k
λ,atom
=
πe
2
m
e
c
2
λ
2
αgfP
j
H(a, s)
πλ
D
, (A.5)
onde:
λ
D
=
λ
c
2kT
m
+ ξ
2
(A.6)
H(a, s) =
a
π
+
−∞
e
m
2
(s m)
2
+ s
2
dm (A.7)
a =
λ
2
γ
4πc∆λ
D
(A.8)
s =
λ
λ
D
(A.9)
Na equa¸ao A.5 e e m
e
ao a carga e a massa de repouso do el´etron, respectivamente.
A constante c ´e a velocidade da luz, λ ´e o comprimento de onda central da linha, α ´e a
abundˆancia do elemento por n´ucleo de ´atomos, ´ıons ou mol´eculas; gf ´e o produto do peso
estat´ıstico de um n´ıvel pela for¸ca de oscilador f que est´a relacionada `as probabilidades
de transi¸ao ou coeficientes de Einstein; P
j
´e a fra¸ao de ´atomos no n´ıvel inferior j na
A.4 Constante de alargamento colisional 174
excita¸ao (Lei de Boltzmann) e na ioniza¸ao (Lei de Saha); λ
D
´e a largura da linha
devido ao efeito Doppler e H(a,s) ´e a integral de Hjerting respons´avel pelo alculo do
perfil da linha. Na equa¸ao A.8 γ ´e um parˆametro de amortecimento expresso pela soma
parcial da largura colisional (γ
6
), natural (γ
nat
) e devido ao efeito Stark (γ
4
).
O coeficiente de absor¸ao molecular ´e o utilizado em Barbuy (1982):
k
λ,mol
=
πe
2
m
e
c
2
λ
2
N

nvJ
H(a, s)
πλ
D
, (A.10)
onde ´e a for¸ca de oscilador da mol´ecula, N”
nvJ
´e a popula¸ao de mol´eculas no n´ıvel
inferior de excita¸ao eletrˆonico (n), vibracional (v) e rotacional (J) na transi¸ao.
Uma vez conhecidas as fontes de opacidade do continuum e das linhas atˆomicas e molec-
ulares obt´em-se a profundidade ´optica como uma integra¸ao destas quantidades ao longo
de uma escala geom´etrica nas camadas da atmosfera estelar. Consequentemente o fluxo
monocrom´atico da radia¸ao ´e computado e o espectro sint´etico ´e produzido. Se as pro-
priedades dos espectros calculados do modelo reproduzem os espectros das observoes
significa que a f´ısica e a estrutura qu´ımica do modelo de atmosferas reflete de fato a
estrutura verdadeira das estrelas analisadas.
A.4 Constante de alargamento colisional
O alargamento t´ermico Doppler e o oriundo da componente de microturbulˆencia n˜ao s˜ao
suficientes para explicar o acentuado alargamento das linhas mais intensas como Na I e Ca
I, onde os efeitos de amortecimento passam a ser importantes. O alargamento colisional
ocorre devido a perturba¸ao propagada aos ´atomos absorvedores quando estes colidem
com part´ıculas da atmosfera das estrelas.
O alargamento colisional pode ser obtido pela equa¸ao abaixo dada em Gray (1992) e
Ryan (1998):
γ
6
n
H
= 17
C
2/5
6
v
3/5
, (A.11)
onde n
H
´e a densidade do ´atomo de hidrogˆenio, C
6
´e a constante de intera¸ao e v ´e a
velocidade relativa edia dos ´atomos e dos agentes perturbadores. As constantes de
amortecimento para as linhas deste trabalho foram calculadas com base na teoria de
A.5 Estrutura hiperfina 175
amortecimento estabelecida em Barklem et al. (1998a), por interm´edio das tabelas de
Anstee & O’Mara (1995), Barklem & O’Mara (1997) e Barklem et al. (1998b). Para
algumas linhas o C
6
foi obtido por s´ıntese espectral comparando o espectro sint´etico com
o espectro solar e da estrela gigante Arcturus (ver, por exemplo, Barbuy et al. 2006).
A.5 Estrutura hiperfina
Pr´otons e el´etrons ao part´ıculas com spin 1/2 que apresentam momento magn´etico
pr´oprio devido ao spin. O acoplamento do spin nuclear I com o momento angular J
do el´etron ´e conhecido como intera¸ao hiperfina. Esta intera¸ao ´e an´aloga ao acopla-
mento spin-´orbita do el´etron (L - S) e a um dado n´ıvel o momento angular total vale F
= I + J, onde os n´umeros quˆanticos assumem valores de |I-J| a |I+J|. Para um dado J e
I h´a (2I + 1) estados poss´ıveis de F se J>I e (2J + 1) estados de F se IJ. As transi¸oes
ao permitidas nos termos quando ∆F assume valores ∆F = 0 ou ±1 e proibidas quando
F = 0 F = 0.
Os variados acoplamentos entre os momentos envolvidos provocam diferentes altera¸oes
nos n´ıveis de energia:
∆E =
1
2
AK + B
(3/4)K(K + 1) J(J + 1)I(I + 1)
2I(2I 1)(2J 1)
, (A.12)
onde:
K = F(F + 1) I(I + 1) J(J + 1) (A.13)
As vari´aveis A e B ao as constantes da estrutura hiperfina (HFS) determinadas experi-
mentalmente.
A intera¸ao pode alargar as linhas espectrais de 1 a 10 m
˚
A, de tal forma que os sistemas
atˆomicos ao desdobrados em subestruturas. Nas an´alise de abundˆancia estelar caso as
componentes de estrutura hiperfina sejam negligenciadas ou subestimadas para as linhas
mais intensas (Ba, La, Eu, Mn, Cu), a abundˆancia resultante ser´a superestimada . Os
alculos de estrutura hiperfina foram realizados por um odigo gentilmente cedido pelo
Professor Andrew McWilliam.
Apˆendice B
´
Indices espectrais medidos
Neste apˆendice apresentamos todos os ´ındices discutido no cap´ıtulo 5 com respectivas
incertezas obtidas com base na estat´ıstica de Poisson.
Tabela B.1:
´
Indices espectrais medidos e respectivas incertezas associadas.
ID CN
1
σCN
1
CN
2
σCN
2
Ca4227 σCa4227 G4300 σG4300 Fe4383 σFe4383
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11)
155 ... ... ... ... 1.40243 0.06233 6.52152 0.10159 4.20713 0.14444
138 0.04322 0.00209 0.07336 0.00244 0.57001 0.03885 5.92503 0.05891 ... ...
114 0.16148 0.00286 0.20422 0.00334 0.65743 0.05216 5.96941 0.07767 3.61326 0.11121
253 0.00931 0.00229 0.03234 0.00269 0.61062 0.04255 6.61777 0.06490 2.60329 0.09691
1468 -0.05119 0.00791 -0.02598 0.00911 1.20442 0.13622 3.78093 0.23611 1.77363 0.32466
367 -0.11786 0.00402 -0.07367 0.00460 0.22357 0.07454 9.08490 0.15210 0.83578 0.18196
327 0.15312 0.00276 0.19179 0.00323 0.83128 0.05027 6.08654 0.07403 3.37153 0.10663
346 -0.03214 0.00320 -0.00845 0.00374 1.02249 0.05736 ... ... 2.97693 0.13212
356 0.06381 0.00178 0.11698 0.00207 1.95910 0.02910 6.39225 0.04704 ... ...
221 0.05313 0.00288 0.08605 0.00337 0.84705 0.05208 6.44599 0.07955 4.06963 0.11329
207 -0.09300 0.00632 -0.04139 0.00723 0.33972 0.11780 0.85977 0.20239 ... ...
291 0.22158 0.00150 0.27198 0.00175 0.91187 0.02664 6.88402 0.03843 4.58861 0.05606
306 0.16083 0.00292 0.18856 0.00342 0.69245 0.05200 6.14833 0.07913 ... ...
751 -0.04367 0.01090 -0.00666 0.01261 ... ... 3.92085 0.32847 1.47634 0.44154
3791 -0.12458 0.00753 -0.10661 0.00893 0.76429 0.12619 ... ... 3.96273 0.26997
1936 -0.04689 0.00953 -0.01048 0.01100 0.54118 0.17870 4.96705 0.27965 1.76341 0.39538
390 0.23949 0.00155 0.30867 0.00180 2.09909 0.02481 6.18513 0.03913 5.44020 0.05304
1511 0.09395 0.00150 0.18146 0.00173 4.37277 0.01886 ... ... 7.48770 0.04667
1124 0.06381 0.00191 0.09721 0.00223 0.33596 0.03605 5.94786 0.05428 2.55372 0.08127
69 0.13869 0.00331 0.17676 0.00388 0.64753 0.06135 5.97267 0.09010 3.79636 0.12857
7677 -0.16205 0.01560 -0.10893 0.01828 ... ... 3.00907 0.41338 0.16882 0.56815
51 -0.11096 0.00500 -0.07487 0.00573 0.43956 0.09148 0.12812 0.16555 0.69300 0.22525
488 -0.11935 0.00471 -0.08912 0.00539 0.45728 0.08761 0.04795 0.15723 -0.34789 0.21842
7277 0.08145 0.00807 0.12601 0.00939 0.55541 0.14618 ... ... 3.42389 0.31066
1351 -0.05832 0.00184 0.02940 0.00225 3.85582 0.01897 ... ... 6.14184 0.04448
573 0.10763 0.00404 0.14294 0.00472 0.59885 0.07394 6.17838 0.10958 ... ...
505 0.03659 0.00196 0.06304 0.00229 0.46435 0.03698 5.15907 0.05645 2.40308 0.08498
1556 -0.01914 0.00154 0.05687 0.00182 0.22444 0.05328 5.65096 0.03468 6.67513 0.04359
7498 0.10080 0.00125 0.17497 0.00144 3.27895 0.01755 4.67087 0.03349 6.25388 0.04099
917 0.27506 0.00421 0.30047 0.00504 1.26933 0.06688 6.48284 0.10694 4.26310 0.15185
1796 -0.11522 0.01992 -0.04566 0.02258 -0.59468 0.39629 2.63782 0.59020 4.59379 0.74652
458 0.05273 0.00192 0.07980 0.00225 0.50643 0.03598 5.32540 0.05504 ... ...
6761 -0.01236 0.00495 0.00076 0.00581 1.04621 0.08799 5.31722 0.14631 2.94120 0.20350
566 0.30405 0.00956 0.35146 0.01113 1.94359 0.15123 6.34852 0.22361 8.89226 0.27095
439 0.00500 0.00544 0.04180 0.00638 2.29010 0.08608 5.69465 0.15290 6.57911 0.19907
619 -0.28551 0.01437 -0.26438 0.01701 0.86945 0.22357 ... ... ... ...
1235 -0.22732 0.00721 -0.20723 0.00878 ... ... 3.81334 0.17853 3.68435 0.24416
640 0.03427 0.00206 0.06479 0.00240 ... ... 6.10977 0.05766 2.43395 0.08702
122 -0.05273 0.00420 -0.01804 0.00488 0.98398 0.07342 5.08607 0.12400 3.63184 0.17351
1035 -0.02359 0.01100 0.00633 0.01277 1.24578 0.18844 6.25670 0.30724 2.31461 0.43753
787 0.02371 0.00272 0.05826 0.00319 1.30720 0.04702 6.68840 0.07455 4.48230 0.10477
292 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
258 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
2984 -0.14430 0.00606 -0.08624 0.00685 0.43245 0.10648 ... ... 0.31503 0.26645
328 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
1060 -0.04419 0.00658 -0.02330 0.00766 1.01418 0.11492 5.22738 0.19162 4.25402 0.25825
1294 -0.08150 0.00653 -0.05349 0.00753 0.76681 0.11435 3.83046 0.19669 3.35720 0.26601
792 0.09121 0.00629 0.12761 0.00733 0.54454 0.11504 ... ... 3.26673 0.24300
13 0.33752 0.00245 0.38891 0.00287 2.20860 0.03768 6.56970 0.06089 8.60797 0.07663
232 0.06822 0.00707 0.09758 0.00826 0.68816 0.12664 6.07985 0.19627 3.19207 0.27471
402 0.00322 0.00201 0.03490 0.00236 0.65140 0.03694 6.62719 0.05728 3.13987 0.08479
177
Tabela B.1 – continua¸ao
ID CN
1
σCN
1
CN
2
σCN
2
Ca4227 σCa4227 G4300 σG4300 Fe4383 σFe4383
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11)
4126 -0.06555 0.00987 -0.03858 0.01148 0.52887 0.17753 5.21713 0.28995 2.85185 0.38755
1633 0.03326 0.00600 0.07421 0.00697 0.94044 0.10219 4.80354 0.17021 ... ...
2001 0.04630 0.00192 0.08012 0.00224 0.42717 0.03574 5.42182 0.05505 2.65181 0.08199
1873 0.07294 0.00462 0.11101 0.00540 0.74710 0.08374 5.98203 0.12879 3.46350 0.18147
10387 -0.04575 0.00919 -0.00573 0.01066 0.98490 0.16133 4.32741 0.27375 1.49539 0.37778
1958 -0.00999 0.00909 0.00437 0.01062 1.27912 0.15579 5.13404 0.26472 3.77817 0.35257
921 -0.13095 0.00475 -0.08016 0.00541 0.42099 0.08537 0.35964 0.15617 0.96461 0.21184
526 0.26481 0.00159 0.34027 0.00184 2.40689 0.02432 5.83910 0.04022 6.13915 0.05277
484 -0.47637 0.00243 -0.56421 0.00258 0.93837 0.03691 6.77858 0.05744 3.32696 0.08513
6548 -0.20698 0.08652 -0.06987 0.09158 0.02042 1.63150 11.91655 1.72551 6.94459 2.48834
1181 -0.05243 0.01017 -0.03674 0.01178 0.29992 0.18605 3.08939 0.31174 ... ...
1785 0.07411 0.00135 0.12348 0.00157 2.04942 0.02106 6.33864 0.03625 4.90075 0.05023
11860 -0.03443 0.01391 -0.01236 0.01593 ... ... 4.03324 0.40083 0.47772 0.57048
5871 -0.02782 0.01694 0.00359 0.01955 1.20888 0.30302 5.24213 0.47669 ... ...
6079 -0.03227 0.00823 0.00465 0.00951 0.36602 0.14961 4.34266 0.24242 2.00205 0.33880
7299 -0.47582 0.02691 -0.21301 0.02678 -0.64381 0.44082 2.80661 0.69593 2.92516 0.86582
7453 -0.15532 0.02188 0.01301 0.02415 -0.18546 0.38075 4.69649 0.58547 1.52503 0.78843
1214 -0.07199 0.03844 0.14304 0.04279 2.38127 0.57191 4.32146 1.08741 3.67873 1.27111
951 0.87056 0.01535 0.91164 0.01855 0.55276 0.22763 4.29836 0.36736 3.39299 0.49865
2154 -0.05583 0.01052 -0.02170 0.01215 0.68669 0.18524 3.49960 0.31683 1.77232 0.43230
1219 -0.10577 0.01253 -0.06338 0.01435 0.49662 0.22758 ... ... 3.43794 0.48384
1716 -0.13661 0.00631 -0.09596 0.00719 0.23661 0.11408 -0.15670 0.20915 ... ...
8009 0.03526 0.00224 0.07428 0.00263 ... ... 5.97122 0.06453 1.87757 0.09987
654 0.18035 0.01310 0.22882 0.01521 ... ... 6.93690 0.32121 7.83077 0.39086
1926 -0.04897 0.00966 -0.00731 0.01119 1.21283 0.16833 5.84349 0.27408 ... ...
3 -0.02560 0.00823 0.00403 0.00958 1.49943 0.13918 6.89493 0.22869 4.09773 0.31600
338 0.01406 0.00154 0.04509 0.00180 0.84549 0.02772 6.83656 0.04287 3.83291 0.06323
391 -0.17651 0.00202 -0.12477 0.00232 0.07480 0.03770 -1.95439 0.07245 -0.24489 0.09981
223 -0.03701 0.00518 -0.01518 0.00606 1.33425 0.08930 6.16913 0.14783 4.14466 0.20541
314 -0.06419 0.00442 -0.03510 0.00551 0.63777 0.06511 -5.31927 0.17046 5.54108 0.13067
1325 0.06705 0.00221 0.10230 0.00258 0.66800 0.04039 6.21177 0.06147 3.24518 0.08977
294 -0.09128 0.00431 -0.05734 0.00497 0.79088 0.07661 2.72706 0.13396 ... ...
4448 -0.04674 0.00962 -0.02689 0.01111 0.69301 0.16902 5.76952 0.26768 4.32254 0.36258
10218 -0.07782 0.00933 -0.06129 0.01091 1.52458 0.15989 6.33231 0.27135 3.50866 0.37583
3915 -0.03427 0.00753 -0.00254 0.00873 0.81765 0.13165 4.61150 0.22174 3.62914 0.29753
813 -0.05018 0.00941 -0.02849 0.01090 0.85558 0.16762 5.60970 0.27368 1.34962 0.39138
266 0.01584 0.00355 0.04366 0.00417 1.12150 0.06188 6.17802 0.10090 5.27360 0.13822
256 -0.10115 0.00225 -0.05742 0.00259 0.46543 0.04089 1.27847 0.07316 0.84223 0.10319
1934 -0.03054 0.01361 0.00659 0.01574 0.87601 0.23547 5.99504 0.37867 3.59718 0.50286
206 -0.05680 0.00588 -0.01722 0.00679 0.70195 0.10422 3.36285 0.17957 2.05268 0.25121
407 0.18144 0.00221 0.23267 0.00258 0.96804 0.03931 6.13439 0.05880 4.30138 0.08311
1693 -0.47713 0.02065 -0.05334 0.02048 0.89438 0.30345 4.56961 0.51913 0.27190 0.70931
1818 -0.36121 0.01282 -0.03056 0.01330 0.50417 0.20503 3.65259 0.34537 1.34578 0.47705
6868 0.91228 0.00644 0.92786 0.00797 0.97512 0.09404 6.20008 0.15204 3.91007 0.21252
1210 0.65785 0.02053 0.68796 0.02464 0.91656 0.30387 4.07550 0.53275 1.32334 0.72966
2013 0.34051 0.02131 0.37325 0.02540 1.09970 0.33150 3.14698 0.58426 4.16090 0.71026
1161 0.08280 0.01091 0.11446 0.01263 0.25457 0.19455 3.52170 0.31192 1.42484 0.43431
6786 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
12299 -0.07973 0.01201 -0.04176 0.01378 0.84948 0.21222 2.92355 0.36646 0.57294 0.51187
888 -0.03084 0.00837 -0.00614 0.00976 1.30186 0.14423 6.23319 0.23699 3.20632 0.32733
7505 -0.25368 0.02663 -0.22219 0.03254 0.96518 0.37183 ... ... 3.56761 0.81444
7573 -0.11943 0.00765 -0.08628 0.00876 0.79454 0.13432 2.51309 0.23491 ... ...
452 0.08950 0.00139 0.14386 0.00162 1.78711 0.02295 7.01376 0.03626 5.66200 0.05088
10927 0.01186 0.00224 0.04661 0.00262 0.88830 0.04067 6.49662 0.06284 3.43493 0.09240
5964 -0.07156 0.00758 -0.04183 0.00874 0.52348 0.13665 3.78778 0.22987 1.98014 0.32230
1897 0.10768 0.00286 0.14716 0.00336 0.66077 0.05207 6.78805 0.07778 4.07202 0.11229
613 -0.04641 0.01029 -0.02407 0.01196 0.96931 0.18284 4.88181 0.30334 2.18303 0.41935
641 0.00364 0.00305 0.03812 0.00357 1.18037 0.05298 -1.41249 0.18450 4.14242 0.12083
651 ... ... ... ... 1.03547 0.07039 6.31482 0.11376 4.30139 0.15996
720 -0.13785 0.00441 -0.11155 0.00548 0.74089 0.06422 1.89742 0.12369 4.84172 0.13704
4 -0.00156 0.01041 0.02518 0.01209 0.39857 0.19199 5.60566 0.29540 3.12601 0.40588
399 0.04562 0.00178 0.09435 0.00208 1.87527 0.02910 6.61648 0.04830 5.00537 0.06630
1282 0.06081 0.00595 0.09594 0.00694 0.64202 0.10821 5.74375 0.16551 ... ...
1081 0.08356 0.00902 0.12738 0.01054 0.40182 0.16364 5.85833 0.25165 3.55485 0.34161
829 0.01706 0.00370 0.04976 0.00434 0.88499 0.06639 6.55853 0.10393 3.93711 0.14846
4482 -0.05420 0.00868 -0.01129 0.01003 0.40235 0.15846 4.03163 0.26355 12.87503 0.33871
1486 -0.02960 0.00616 -0.00929 0.00721 0.98922 0.10984 6.09164 0.17795 3.34564 0.25024
3909 -0.03718 0.01094 -0.01604 0.01276 1.34264 0.18482 6.19278 0.31139 4.52232 0.41026
1087 -0.03726 0.00854 -0.02204 0.00998 1.06079 0.14747 5.41860 0.25044 3.34544 0.33815
387 -0.02069 0.00983 0.00733 0.01135 0.30317 0.17918 ... ... 2.00333 0.40705
778 -0.05408 0.00809 -0.02809 0.00942 0.87503 0.14206 6.25716 0.22945 3.22521 0.31751
2045 -0.02555 0.00873 0.00923 0.01013 0.71226 0.15574 4.90365 0.25730 2.94711 0.35295
1292 0.05908 0.00881 0.08318 0.01027 0.66925 0.15659 5.30523 0.24976 3.09910 0.33919
242 -0.03314 0.01028 -0.04201 0.01210 -0.08970 0.19387 -1.32111 0.34966 -2.46920 0.43904
212 0.32203 0.00430 0.36940 0.00504 1.75513 0.06757 6.36811 0.10780 2.63306 0.15386
5412 -0.02477 0.00416 0.00186 0.00488 1.22956 0.07329 6.54181 0.11903 3.79534 0.16883
574 -0.03900 0.01043 -0.01161 0.01205 0.79684 0.17904 3.68958 0.30908 1.10257 0.43295
78 0.59898 0.01486 0.64246 0.01777 0.69810 0.22874 2.62810 0.39217 2.19301 0.52092
1561 0.14645 0.01022 0.16950 0.01205 0.97467 0.17233 5.39462 0.28533 2.85040 0.39194
1894 -0.06735 0.01336 -0.01400 0.01535 -0.50545 0.29880 4.20661 0.39315 1.57301 0.55144
881 -0.09442 0.00272 -0.06150 0.00316 0.74754 0.04900 3.05938 0.08590 2.17886 0.12137
7014 -0.08444 0.00977 -0.06065 0.01129 0.66799 0.17541 4.31525 0.29040 1.99912 0.40444
11907 -0.05077 0.01776 -0.03992 0.02030 0.65460 0.32048 2.60527 0.52215 ... ...
523 -0.05529 0.00580 -0.03232 0.00677 0.78350 0.10449 5.52678 0.17170 2.27632 0.24667
2229 -0.03723 0.02017 -0.07712 0.02343 0.80141 0.34639 2.40803 0.61903 1.39969 0.79086
2153 -0.06382 0.01067 -0.04757 0.01232 0.36437 0.19238 1.93115 0.33241 ... ...
513 -0.00838 0.00270 0.02281 0.00317 1.24215 0.04679 6.60797 0.07623 4.45550 0.10726
5843 0.00490 0.00216 0.04651 0.00253 0.53005 0.03981 6.34083 0.06206 3.13525 0.09067
178
Tabela B.1 – continua¸ao
ID CN
1
σCN
1
CN
2
σCN
2
Ca4227 σCa4227 G4300 σG4300 Fe4383 σFe4383
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11)
11331 -0.07463 0.01154 -0.03743 0.01316 0.46931 0.20410 1.90226 0.36061 1.69964 0.48202
1144 -0.06654 0.00631 -0.04187 0.00734 0.55505 0.11493 3.58999 0.19515 1.04941 0.27398
1815 -0.03459 0.00859 0.00321 0.00995 0.68996 0.15462 3.67910 0.26479 2.20097 0.36367
616 -0.03597 0.00954 -0.00280 0.01104 0.37572 0.17640 4.65663 0.27798 2.23361 0.39137
8076 -0.02301 0.01376 -0.00136 0.01594 1.00646 0.23899 5.91934 0.39427 ... ...
1409 -0.06957 0.01594 -0.04636 0.01848 1.24008 0.27302 4.27523 0.47819 ... ...
179
Tabela B.2:
´
Indices espectrais medidos e respectivas incertezas associadas.
ID H
β
σH
β
Mg
1
σMg
1
Mg
2
σMg
2
Mgb σMgb Fe5270 σFe5270
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11)
155 1.23728 0.05199 0.08470 0.00103 0.12360 0.00118 2.68898 0.04557 2.22092 0.04909
138 1.71328 0.03203 -0.12243 0.00070 -0.11571 0.00082 1.48913 0.02953 1.77792 0.03179
114 1.24208 0.04006 -0.15352 0.00085 -0.00161 0.00100 2.54644 0.03525 2.30571 0.03787
253 1.38706 0.03437 -0.20548 0.00073 -0.07328 0.00086 1.51620 0.03057 1.78977 0.03300
1468 2.65934 0.11462 -0.00489 0.00239 0.05761 0.00277 1.93860 0.10763 1.13950 0.12007
367 4.51381 0.06618 -0.01103 0.00146 0.03080 0.00170 0.83520 0.06797 ... ...
327 1.09457 0.03862 0.02683 0.00076 0.11273 0.00088 2.63517 0.03389 2.26211 0.03668
346 1.56316 0.04784 0.01315 0.00095 0.09936 0.00110 2.33412 0.04280 ... ...
356 1.16060 0.02257 0.05118 0.00044 0.23330 0.00051 5.80145 0.01837 5.23928 0.01947
221 1.16138 0.04050 0.03127 0.00079 0.11667 0.00092 2.51160 0.03568 2.33846 0.03833
207 3.56054 0.09910 -0.15108 0.00235 -0.16891 0.00276 1.31818 0.09635 -1.42167 0.11879
291 ... ... -0.03089 0.00040 0.14155 0.00047 5.58068 0.01603 4.32468 0.01797
306 1.04347 0.04056 -0.14163 0.00088 -0.11593 0.00104 2.51789 0.03535 0.49334 0.04177
751 2.30296 0.14787 -0.01354 0.00298 0.06002 0.00347 2.08246 0.13429 1.06271 0.14987
3791 1.44281 0.09524 0.01762 0.00186 0.12448 0.00216 2.91656 0.08285 ... ...
1936 2.17713 0.13621 0.00159 0.00277 0.06561 0.00321 2.30901 0.12321 1.38998 0.13753
390 2.16206 0.01801 0.07967 0.00036 0.26260 0.00042 5.87791 0.01494 4.67364 0.01597
1511 0.51285 0.01603 0.16339 0.00029 0.46267 0.00034 9.33388 0.01097 ... ...
1124 1.60465 0.03012 -0.00090 0.00061 0.06318 0.00070 1.38917 0.02795 1.67990 0.03005
69 1.29073 0.04644 -0.01062 0.00091 0.09353 0.00105 2.53874 0.04057 2.11044 0.04414
7677 2.53599 0.18895 0.01715 0.00383 0.29555 0.00464 ... ... 0.46097 0.19353
51 4.17705 0.08207 -0.01638 0.00181 0.02145 0.00210 0.70527 0.08436 0.87296 0.09253
488 4.67647 0.07682 -0.01882 0.00172 0.01528 0.00200 0.65243 0.08007 0.49508 0.08909
7277 1.26708 0.11188 0.02544 0.00221 0.12725 0.00257 2.76926 0.09961 -1.94239 0.15577
1351 3.44805 0.01349 0.13626 0.00027 0.46681 0.00032 7.98301 0.01116 4.47050 0.01307
573 1.33233 0.05689 -0.14624 0.00126 -0.12155 0.00149 2.73845 0.05011 2.06642 0.05484
505 1.76574 0.03115 -0.00179 0.00063 0.04987 0.00073 1.35788 0.02908 1.63092 0.03116
1556 2.09879 0.01436 0.10862 0.00027 0.83700 0.00000 1.00676 0.00000 6.77846 0.01171
7498 1.41136 0.01379 0.09837 0.00026 0.39654 0.00031 9.42370 0.00970 6.78767 0.01087
917 1.27861 0.05491 0.38326 0.00118 0.10001 0.00124 2.89567 0.04731 2.04703 0.05199
1796 2.85003 0.24088 0.01463 0.00492 0.26408 0.00593 ... ... 1.93956 0.23596
458 1.62785 0.02992 -0.16368 0.00067 -0.17168 0.00079 1.52897 0.02749 1.75849 0.02974
6761 1.29554 0.07244 0.01929 0.00143 0.12197 0.00166 3.07572 0.06320 1.98001 0.06970
566 1.19253 0.09369 0.13259 0.00178 0.27367 0.00207 4.31677 0.07882 4.29264 0.08006
439 1.58764 0.07617 0.05857 0.00155 0.25694 0.00182 5.40309 0.06666 4.03782 0.07239
619 2.84987 0.16601 0.00785 0.00336 0.07498 0.00390 1.69603 0.15437 ... ...
1235 3.39252 0.09002 0.00456 0.00190 0.10344 0.00221 ... ... 1.88367 0.09305
640 1.62410 0.03179 0.01277 0.00063 0.77913 0.00083 ... ... 1.84062 0.03095
122 3.24323 0.06420 -0.00102 0.00136 0.10073 0.00159 2.58008 0.06119 2.29205 0.06691
1035 2.23247 0.14782 -0.00871 0.00297 0.06649 0.00345 2.43341 0.13191 1.24939 0.14682
787 1.09383 0.03680 0.00699 0.00070 0.15129 0.00082 3.97123 0.03041 2.61899 0.03365
292 1.92752 0.03211 0.01005 0.00065 0.07958 0.00075 1.30156 0.03006 1.69910 0.03202
258 1.14495 0.04660 0.02982 0.00090 0.12110 0.00104 2.73249 0.04020 2.19098 0.04347
2984 4.76758 0.09328 -0.01603 0.00207 0.02870 0.00240 1.06460 0.09508 0.97310 0.10535
328 6.10282 0.06981 -0.03779 0.00161 0.64557 0.00211 ... ... 0.47747 0.08361
1060 2.70831 0.09482 0.01935 0.00198 0.13473 0.00231 3.18005 0.08793 2.66695 0.09571
1294 3.51839 0.09689 -0.01609 0.00206 0.06787 0.00240 1.99589 0.09330 1.96330 0.10188
792 1.23244 0.08777 0.02261 0.00171 0.12557 0.00199 2.88605 0.07623 ... ...
13 1.65260 0.02839 0.10058 0.00056 0.31425 0.00065 6.30576 0.02327 5.53427 0.02447
232 1.35785 0.09753 0.01068 0.00193 0.10319 0.00225 2.79735 0.08584 1.91094 0.09458
402 1.58513 0.03117 0.01555 0.00063 0.07392 0.00073 1.52584 0.02889 1.84671 0.03105
4126 1.75579 0.13275 0.00465 0.00266 0.10422 0.00310 2.91400 0.11802 1.91177 0.13038
1633 1.61262 0.07893 0.05786 0.00156 0.17183 0.00182 3.14839 0.07013 2.60730 0.07467
2001 ... ... 0.00098 0.00062 0.06921 0.00072 1.62211 0.02820 1.68697 0.03051
1873 1.25060 0.06666 0.00825 0.00132 0.10383 0.00153 2.65167 0.05896 1.90914 0.06482
10387 1.70260 0.13353 -0.00494 0.00268 0.07419 0.00311 2.33884 0.11980 1.07864 0.13392
1958 1.46306 0.12321 0.01189 0.00241 0.11348 0.00281 3.35021 0.10536 2.03251 0.11721
921 5.62486 0.07594 -0.01133 0.00175 0.03775 0.00203 0.80619 0.08143 1.25727 0.08861
526 ... ... 0.07177 0.00035 0.28018 0.00041 6.61085 0.01426 6.36810 0.01505
484 1.42297 0.03053 -0.02152 0.00060 0.06394 0.00070 2.11313 0.02707 1.99763 0.02954
6548 0.49610 0.74809 0.33930 0.01321 0.19814 0.01424 4.27093 0.53708 2.82585 0.53794
1181 2.67965 0.15076 -0.14580 0.00348 -0.16468 0.00409 1.62608 0.14106 0.95591 0.15715
1785 1.27569 0.01759 0.08821 0.00034 0.23752 0.00040 5.05040 0.01450 4.90434 0.01531
11860 3.35735 0.18422 0.00218 0.00383 0.71677 0.00498 ... ... 1.14870 0.18832
5871 2.46747 0.21816 -0.14391 0.00494 -0.13159 0.00583 2.54280 0.19608 -3.16630 0.27030
6079 2.43809 0.12179 0.00421 0.00252 0.09106 0.00293 2.13766 0.11431 1.38027 0.12553
7299 2.76794 0.28393 0.02429 0.00565 0.01862 0.00644 1.54703 0.24870 1.59366 0.27111
7453 2.55815 0.25426 0.33351 0.00552 0.04884 0.00582 2.40941 0.22060 1.59301 0.24453
1214 0.87293 0.39518 0.35244 0.00791 0.12368 0.00840 4.41888 0.30498 2.33893 0.33750
951 2.63540 0.17575 0.37760 0.00394 0.03323 0.00411 1.96908 0.15781 1.04964 0.17669
2154 2.37938 0.15105 -0.01270 0.00307 0.04665 0.00356 1.68826 0.13859 1.57618 0.15162
1219 2.30168 0.16977 0.00382 0.00335 0.10030 0.00390 2.08078 0.15269 ... ...
1716 5.05854 0.10029 -0.14959 0.00249 -0.18514 0.00293 0.75280 0.10358 0.69119 0.11499
8009 6.75657 0.03381 -0.03923 0.00087 1.03372 0.00000 ... ... 3.29142 0.04321
654 1.30557 0.13419 0.09388 0.00254 0.87207 0.00328 ... ... 3.71373 0.11508
1926 1.55802 0.13123 0.00368 0.00259 0.09613 0.00301 2.85480 0.11438 1.85090 0.12644
3 1.28607 0.11113 0.01817 0.00217 0.13638 0.00253 3.39220 0.09570 2.10816 0.10483
338 2.01372 0.02289 0.00469 0.00046 0.13770 0.00054 4.06774 0.01992 2.36165 0.02247
391 ... ... -0.05499 0.00098 -0.03216 0.00115 -0.11196 0.04611 -0.05713 0.05214
223 1.32851 0.07405 0.01308 0.00146 0.12933 0.00170 2.92818 0.06521 1.99434 0.07117
314 1.53876 0.04685 0.05839 0.00092 0.14398 0.00106 2.36277 0.04168 1.48794 0.04502
1325 1.38286 0.03284 0.01911 0.00065 0.11760 0.00076 2.96613 0.02891 2.10983 0.03182
294 3.66435 0.06909 -0.16222 0.00166 -0.16042 0.00196 1.62607 0.06790 1.63417 0.07465
4448 3.05098 0.12844 0.00424 0.00264 0.10155 0.00308 2.33764 0.11967 2.45124 0.12829
10218 1.31530 0.13068 0.00446 0.00254 0.11696 0.00296 3.15775 0.11213 1.56531 0.12445
3915 3.57394 0.10651 -0.00595 0.00227 0.07971 0.00264 2.14594 0.10230 2.04445 0.11183
180
Tabela B.2 – continua¸ao
ID H
β
σH
β
Mg
1
σMg
1
Mg
2
σMg
2
Mgb σMgb Fe5270 σFe5270
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11)
813 2.27763 0.13500 -0.00951 0.00275 0.05576 0.00319 2.05247 0.12336 1.17302 0.13790
266 2.09607 0.05256 0.02996 0.00108 0.16865 0.00126 4.16956 0.04674 2.90924 0.05173
256 4.24373 0.03835 -0.01407 0.00086 0.03349 0.00100 1.08078 0.03967 0.92942 0.04408
1934 1.73745 0.16576 0.00724 0.00324 0.11142 0.00378 2.74445 0.14501 1.51214 0.15914
206 3.18473 0.09078 -0.01018 0.00191 0.04615 0.00222 1.23735 0.08817 1.39074 0.09595
407 1.15018 0.03032 0.03667 0.00059 0.15681 0.00069 3.28265 0.02631 2.81248 0.02832
1693 3.42373 0.22621 0.04329 0.00475 0.02734 0.00538 1.41763 0.20994 1.13405 0.22970
1818 2.65438 0.16302 0.17335 0.00351 0.03474 0.00385 1.87656 0.14822 0.65747 0.16729
6868 1.47979 0.07634 0.42762 0.00167 0.09404 0.00175 2.78518 0.06644 2.00677 0.07301
1210 2.84151 0.23267 0.34705 0.00510 0.05421 0.00537 2.18355 0.20595 1.06898 0.22814
2013 3.01131 0.22147 0.19284 0.00476 0.09281 0.00524 3.10394 0.19683 2.31253 0.21519
1161 2.34482 0.15288 0.08055 0.00315 0.02436 0.00355 ... ... 1.03649 0.15329
6786 1.90330 0.13104 -0.00564 0.00264 0.08141 0.00308 2.39554 0.11849 1.28457 0.13231
12299 2.93148 0.17181 -0.03094 0.00354 0.03488 0.00412 1.47326 0.16069 0.86268 0.17882
888 1.75539 0.11167 0.01044 0.00223 0.10896 0.00260 3.10487 0.09823 1.68903 0.10945
7505 2.04387 0.27810 0.01887 0.00542 0.08254 0.00627 2.05155 0.24458 ... ...
7573 3.99887 0.11547 -0.16686 0.00277 -0.18082 0.00327 0.98339 0.11491 1.17812 0.12547
452 ... ... 0.07600 0.00035 0.33192 0.00041 6.23868 0.01469 4.41209 0.01611
10927 2.41246 0.03186 0.02152 0.00065 0.15032 0.00076 4.54685 0.02764 3.25964 0.03071
5964 2.46188 0.11564 0.00033 0.00239 0.06125 0.00278 1.85115 0.10823 1.20816 0.12015
1897 1.13113 0.04106 0.02704 0.00080 0.13332 0.00093 2.97601 0.03582 2.22412 0.03898
613 2.08808 0.14474 -0.00111 0.00290 0.06592 0.00336 2.13041 0.12993 1.31938 0.14343
641 1.19955 0.04389 0.03663 0.00085 0.13636 0.00099 2.54522 0.03865 ... ...
651 1.21019 0.05873 0.46141 0.00128 0.12224 0.00133 2.87809 0.05105 2.13020 0.05557
720 1.44506 0.05036 0.02969 0.00099 0.14578 0.00115 2.56061 0.04530 2.35925 0.04723
4 1.93432 0.14130 -0.01842 0.00281 0.07474 0.00327 2.43530 0.12516 1.32923 0.13935
399 1.33173 0.02365 0.05027 0.00046 0.23893 0.00054 6.13691 0.01880 3.50330 0.02144
1282 1.50194 0.08294 -0.15261 0.00184 -0.13204 0.00218 2.61034 0.07305 -0.33876 0.09056
1081 1.05207 0.11905 0.01921 0.00233 0.12112 0.00272 3.02187 0.10336 1.80271 0.11394
829 1.06776 0.05433 0.01361 0.00106 0.10736 0.00123 2.52370 0.04758 2.10204 0.05178
4482 3.01291 0.12842 -0.00773 0.00272 0.05601 0.00316 1.71112 0.12339 0.79867 0.13770
1486 1.39487 0.08907 0.00919 0.00177 0.11589 0.00206 2.98442 0.07839 1.80873 0.08705
3909 1.14953 0.13790 0.01219 0.00266 0.13415 0.00310 3.53451 0.11624 1.85187 0.12906
1087 1.36366 0.11818 0.01492 0.00234 0.12819 0.00272 3.21511 0.10309 2.01140 0.11367
387 2.43080 0.14175 -0.01197 0.00286 0.05819 0.00333 1.65046 0.13020 -5.06105 0.20487
778 1.49698 0.10983 0.01853 0.00216 0.12598 0.00252 3.12756 0.09562 1.89121 0.10542
2045 1.85734 0.12653 0.00135 0.00254 0.08299 0.00295 2.41215 0.11347 1.18041 0.12687
1292 1.33699 0.12083 0.01398 0.00238 0.10434 0.00277 2.91980 0.10516 1.82446 0.11643
242 1.79732 0.13878 -0.00059 0.00276 0.09248 0.00321 2.54538 0.12281 1.67391 0.13511
212 1.50184 0.04881 0.09768 0.00095 0.23621 0.00110 3.88277 0.04220 4.10027 0.04340
5412 1.30644 0.06089 0.01611 0.00120 0.11015 0.00139 2.63092 0.05350 2.10637 0.05834
574 2.79883 0.14897 0.36713 0.00337 0.02280 0.00352 1.55868 0.13625 1.08049 0.15132
78 2.86741 0.17928 0.29300 0.00396 0.03263 0.00420 1.87402 0.16125 1.15810 0.18010
1561 1.68997 0.13497 0.10795 0.00273 0.08656 0.00308 -1.51759 0.13994 1.69391 0.12911
1894 3.35560 0.18211 -0.01367 0.00380 0.53794 0.00482 4.45043 0.22861 1.09506 0.18772
881 3.78683 0.04534 -0.02727 0.00099 0.04604 0.00115 1.74615 0.04467 1.79704 0.04923
7014 2.37763 0.14366 -0.02200 0.00292 0.05087 0.00340 1.73564 0.13203 1.29846 0.14622
11907 2.84846 0.23225 -0.14932 0.00526 -0.14318 0.00620 2.03274 0.21047 1.19985 0.23761
523 1.77719 0.08943 -0.00010 0.00181 0.07916 0.00210 2.25041 0.08098 1.45859 0.08984
2229 3.78836 0.26392 0.00760 0.00535 0.07581 0.00622 2.00141 0.24222 1.80245 0.26055
2153 2.62474 0.15626 -0.05211 0.00331 -0.01073 0.00386 1.71805 0.14432 1.03627 0.15966
513 1.11320 0.03948 -0.02054 0.00080 0.12460 0.00093 3.80636 0.03375 2.48247 0.03747
5843 4.04459 0.03078 -0.00287 0.00067 0.11807 0.00078 3.34937 0.02922 1.77796 0.03266
11331 3.83852 0.16901 -0.00427 0.00358 0.02945 0.00415 1.08484 0.16388 0.65439 0.18158
1144 2.46969 0.09903 -0.02428 0.00204 0.04797 0.00238 1.91467 0.09191 1.01999 0.10294
1815 2.69190 0.13002 -0.00206 0.00270 0.05693 0.00314 1.80936 0.12187 0.82827 0.13635
616 2.14027 0.13974 -0.01746 0.00280 0.05768 0.00325 2.37608 0.12406 1.20654 0.14004
8076 2.26381 0.18873 -0.14617 0.00428 -0.14826 0.00505 1.96801 0.17150 0.92967 0.19099
1409 2.29504 0.21093 -0.07720 0.00448 -0.01780 0.00527 2.83997 0.18622 1.11685 0.20817
181
Tabela B.3:
´
Indices espectrais medidos e respectivas incertezas associadas.
ID Fe5335 σFe5335 Fe5406 σFe5406 NaD σNaD Al3953 σAl3953
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
155 1.88008 0.05544 1.13882 0.04054 2.04970 0.03406 ... ...
138 ... ... 0.81074 0.02593 4.12518 0.02094 4.13757 0.08959
114 1.97289 0.04263 1.02490 0.03133 ... ... ... ...
253 1.51201 0.03747 0.69764 0.02730 ... ... ... ...
1468 0.84823 0.13686 0.69834 0.09912 1.86168 0.08544 2.70808 0.43285
367 0.60807 0.08541 0.20029 0.06286 1.48435 0.05619 3.41298 0.14671
327 1.95244 0.04120 1.13027 0.03021 3.26561 0.02444 3.25623 0.14144
346 1.06836 0.05323 0.87886 0.03839 1.95114 0.03249 3.73815 0.15558
356 4.72869 0.02187 ... ... 5.82846 0.01238 2.10982 0.11406
221 1.93333 0.04331 1.14638 0.03170 2.04300 0.02633 3.68824 0.14965
207 ... ... 0.36262 0.08785 1.54693 0.07733 3.20823 0.26721
291 4.29157 0.02001 1.40417 0.01533 6.36977 0.01129 ... ...
306 ... ... 1.05979 0.03108 4.15998 0.02479 -0.93592 0.29136
751 1.27704 0.16750 0.59313 0.12306 1.80957 0.10448 3.97421 0.57499
3791 1.66556 0.10151 0.88093 0.07444 1.97370 0.06277 2.11603 0.44516
1936 0.81900 0.15765 0.66817 0.11403 1.47505 0.09792 3.34221 0.51237
390 5.33949 0.01743 1.96846 0.01325 9.01046 0.00893 1.42806 0.10927
1511 7.84740 0.01242 4.83822 0.00930 8.81875 0.00699 0.42836 0.13982
1124 1.54715 0.03397 0.71771 0.02497 ... ... ... ...
69 1.85099 0.04955 1.02622 0.03604 ... ... 3.03424 0.17479
7677 0.96876 0.21559 0.82637 0.15647 1.10367 0.13828 0.76813 0.87924
51 0.93517 0.10502 0.17910 0.07758 1.82498 0.06769 3.64415 0.18788
488 0.47508 0.10135 0.48680 0.07362 1.59129 0.06554 3.05270 0.18440
7277 1.79542 0.12151 0.82457 0.09015 1.97723 0.08238 2.73261 0.47105
1351 5.78717 0.01269 1.88199 0.00983 8.36527 0.00651 0.02643 0.12503
573 ... ... 0.89615 0.04462 2.33871 0.03734 3.21746 0.22140
505 1.56723 0.03514 0.76354 0.02595 1.98323 0.02190 3.43203 0.08805
1556 7.22957 0.01210 3.66878 0.00924 9.31503 0.00636 1.00106 0.12246
7498 7.49795 0.01150 2.03808 0.00946 7.66586 0.00651 0.14208 0.11679
917 1.87019 0.05849 0.96000 0.04283 2.00605 0.03592 3.76283 0.20126
1796 0.50466 0.27832 0.71101 0.19980 1.16686 0.17118 4.91702 1.00968
458 ... ... 0.69960 0.02445 3.61287 0.01986 3.20395 0.08887
6761 1.64737 0.07901 1.04923 0.05763 2.14796 0.04823 3.03072 0.28683
566 4.20148 0.08733 2.79188 0.06456 4.22998 0.05104 0.28492 0.82609
439 3.70541 0.08057 2.10156 0.06051 3.70731 0.05016 0.76744 0.37679
619 0.84795 0.18939 0.32044 0.13842 1.66702 0.11823 5.39553 0.49262
1235 1.64902 0.10532 0.84878 0.07781 1.80787 0.06766 3.23324 0.29572
640 1.73364 0.03488 0.68479 0.02576 3.43285 0.02100 4.10011 0.08782
122 1.92711 0.07596 0.97030 0.05689 2.10646 0.04857 3.21900 0.20280
1035 1.29244 0.16604 0.70795 0.12118 1.81988 0.10179 4.49992 0.57375
787 2.18442 0.03773 1.14165 0.02770 3.78922 0.02172 3.56031 0.15401
292 1.58101 0.03606 0.75698 0.02647 5.34830 0.02072 ... ...
258 1.78686 0.04892 ... ... 3.11649 0.02908 ... ...
2984 0.67412 0.12070 0.27678 0.08908 1.34410 0.07828 2.59936 0.25309
328 0.44214 0.09579 0.19050 0.07038 1.63522 0.06421 ... ...
1060 2.22165 0.10880 1.16092 0.08134 2.07268 0.06969 3.35157 0.34487
1294 1.75503 0.11571 0.99874 0.08530 1.74806 0.07398 3.74682 0.32144
792 1.66604 0.09366 0.80134 0.06898 2.06663 0.05800 1.96757 0.40522
13 4.91128 0.02737 2.84901 0.02038 7.95423 0.01467 2.30609 0.16380
232 1.48008 0.10735 0.67056 0.07913 1.99062 0.06577 3.48433 0.40631
402 1.61127 0.03515 0.72657 0.02594 ... ... ... ...
4126 1.51639 0.14848 0.79867 0.10869 1.97674 0.09164 4.21065 0.54356
1633 2.39855 0.08345 ... ... 2.67346 0.05035 2.69732 0.36287
2001 1.42637 0.03466 0.73745 0.02559 2.94943 0.02116 4.62421 0.07610
1873 1.71704 0.07313 0.99498 0.05355 2.24143 0.04484 2.87170 0.26732
10387 1.17871 0.15119 0.58279 0.11081 1.57460 0.09422 6.02303 0.36726
1958 1.51552 0.13346 0.90350 0.09758 1.94411 0.08170 3.02844 0.60193
921 1.27145 0.10090 0.52541 0.07521 1.87059 0.06604 3.02401 0.19063
526 4.96871 0.01711 3.11902 0.01238 ... ... 0.99159 0.13327
484 1.68761 0.03344 1.05350 0.02438 1.83346 0.02050 4.30435 0.09241
6548 2.70095 0.59014 2.37708 0.42203 2.56727 0.34309 ... ...
1181 ... ... 0.66861 0.12690 1.74240 0.11132 3.03023 0.46108
1785 3.13278 0.01758 1.78792 0.01291 2.57412 0.01040 2.11845 0.09314
11860 0.84356 0.21571 0.09819 0.15961 1.37398 0.13655 3.62595 0.71557
5871 12.32339 0.27252 -0.16567 0.18345 1.67359 0.15338 2.56151 0.98518
6079 1.01860 0.14303 0.74467 0.10416 1.81616 0.08961 4.73762 0.35331
7299 0.55601 0.31312 0.67329 0.22237 1.48273 0.18879 6.10641 0.96179
7453 0.59866 0.28284 -0.09022 0.20780 1.90269 0.17100 3.71238 1.13530
1214 1.44650 0.38574 1.28500 0.27374 2.13300 0.22363 2.91973 1.82234
951 1.12423 0.19938 0.34240 0.14689 1.45882 0.12586 4.41565 0.57983
2154 1.05292 0.17371 0.29589 0.12803 1.61639 0.10815 4.87071 0.43522
1219 1.60980 0.18361 0.84906 0.13545 2.39961 0.11474 4.76836 0.58302
1716 ... ... 0.17035 0.09490 1.56270 0.08467 3.15587 0.24504
8009 5.24613 0.04609 2.94921 0.03593 ... ... 4.02323 0.09952
654 3.27638 0.12831 2.33312 0.09376 2.96788 0.07752 5.02895 0.79250
1926 1.40006 0.14373 ... ... 2.29584 0.08678 2.97128 0.57746
3 1.63310 0.11896 0.90890 0.08769 2.06072 0.07176 4.51402 0.44895
338 2.61543 0.02510 1.10601 0.01865 2.71342 0.01536 3.59507 0.07471
391 -0.03744 0.06012 0.00765 0.04419 1.39905 0.04257 ... ...
223 1.73680 0.08037 0.97835 0.05897 1.86579 0.04919 3.68973 0.28871
314 2.70134 0.04824 1.51584 0.03574 3.18568 0.02930 3.37818 0.18496
1325 1.68266 0.03606 0.81257 0.02656 3.29840 0.02138 3.12163 0.11315
294 ... ... 0.59059 0.06225 1.54293 0.05534 3.12744 0.19310
4448 2.48048 0.14355 0.98286 0.10841 2.88919 0.08917 4.32998 0.52777
10218 1.61451 0.13955 0.79297 0.10246 2.01120 0.08477 4.54057 0.37617
3915 1.91833 0.12593 0.89782 0.09418 1.99952 0.08046 2.67857 0.43378
182
Tabela B.3 – continua¸ao
ID Fe5335 σFe5335 Fe5406 σFe5406 NaD σNaD Al3953 σAl3953
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
813 0.87306 0.15690 0.66021 0.11404 1.93974 0.09731 3.47166 0.49736
266 2.58337 0.05849 1.84446 0.04318 2.84290 0.03667 3.43362 0.17819
256 1.13201 0.05006 0.45228 0.03707 1.29847 0.03322 3.67455 0.08159
1934 1.46685 0.17853 0.94456 0.13000 2.08951 0.10892 -0.28106 1.27920
206 1.05595 0.10937 0.41655 0.08117 1.60935 0.06918 3.64951 0.26288
407 2.07219 0.03200 1.27635 0.02339 3.89991 0.01854 2.33879 0.13003
1693 0.53781 0.26314 0.72509 0.18727 1.53842 0.16221 4.80290 0.74823
1818 0.99156 0.18734 0.76916 0.13587 1.63487 0.11787 3.46074 0.53511
6868 1.54993 0.08306 0.88462 0.06074 2.01688 0.05101 3.70292 0.28231
1210 0.97807 0.25830 0.84180 0.18672 1.66924 0.16140 2.18723 1.03946
2013 1.79819 0.24500 1.24277 0.18039 2.33288 0.15047 4.91327 1.01110
1161 1.06192 0.17362 0.53570 0.12673 1.89938 0.10848 4.05533 0.47317
6786 0.70701 0.15157 0.43311 0.10978 1.91228 0.09420 ... ...
12299 0.21969 0.20478 -0.00496 0.15019 1.69899 0.12646 4.67488 0.50955
888 1.52332 0.12348 0.86581 0.09018 2.10037 0.07573 4.78713 0.45893
7505 0.90818 0.30002 0.46721 0.22145 1.68895 0.18433 6.79087 0.80568
7573 -1.36363 0.21260 0.55254 0.10294 1.73143 0.09011 3.80224 0.32946
452 3.46056 0.01791 2.73758 0.01296 5.01835 0.01012 3.54754 0.07812
10927 4.45045 0.03333 1.48507 0.02565 10.72231 0.01686 3.88414 0.10960
5964 0.87000 0.13706 0.43844 0.10055 1.49708 0.08654 4.76196 0.31327
1897 1.87926 0.04391 1.08969 0.03228 3.16729 0.02618 3.49782 0.14693
613 1.11736 0.16330 0.80905 0.11813 1.62871 0.10046 3.55419 0.53072
641 1.84637 0.04632 0.78638 0.03428 4.24248 0.02708 2.90108 0.17047
651 1.67528 0.06286 1.04275 0.04599 2.21284 0.03838 ... ...
720 2.45714 0.05268 1.25471 0.03902 2.85732 0.03213 3.27849 0.20619
4 1.42512 0.15674 0.16262 0.11870 2.06199 0.09575 4.77959 0.51265
399 3.38575 0.02374 1.65304 0.01762 7.78670 0.01240 2.55373 0.13061
1282 ... ... 0.85223 0.06550 2.08299 0.05516 3.16112 0.35116
1081 1.65744 0.12883 1.03263 0.09397 1.97172 0.07904 3.44093 0.59470
829 1.74458 0.05865 0.96855 0.04300 2.04398 0.03582 3.09130 0.21529
4482 0.82764 0.15675 ... ... 1.79999 0.09794 4.19127 0.40209
1486 1.79260 0.09804 1.10070 0.07184 1.62756 0.06126 2.37508 0.39374
3909 1.55553 0.14598 ... ... 1.78727 0.08849 3.77577 0.74441
1087 1.56550 0.12960 0.98579 0.09431 2.00786 0.07938 3.51205 0.49106
387 0.82944 0.16243 0.79228 0.11748 1.62529 0.10130 3.79242 0.48981
778 1.74358 0.11887 1.00316 0.08732 1.74430 0.07325 2.93407 0.53113
2045 1.09128 0.14326 0.61309 0.10526 1.86543 0.08843 3.23094 0.50473
1292 1.47703 0.13244 0.73218 0.09733 2.14589 0.08061 2.48720 0.59800
242 1.22167 0.15383 0.38858 0.11451 1.87789 0.09458 6.53663 0.28232
212 3.73995 0.04812 ... ... 5.92878 0.02682 2.71097 0.34024
5412 1.68524 0.06605 0.96588 0.04844 2.36532 0.04005 3.03503 0.25712
574 0.77934 0.17349 0.37815 0.12625 1.48217 0.10809 3.75212 0.48791
78 0.63643 0.20610 0.63973 0.14822 1.80273 0.12771 3.05079 0.64166
1561 1.47053 0.14637 0.51445 0.10777 1.77911 0.09100 0.18369 0.79269
1894 0.39047 0.21706 0.55319 0.15640 1.60446 0.13524 3.93562 0.64747
881 0.92866 0.05714 0.77508 0.04178 1.70466 0.03691 3.64786 0.11143
7014 1.05350 0.16653 0.62449 0.12075 1.72585 0.10407 4.24166 0.46861
11907 ... ... 0.21974 0.19226 1.72373 0.16724 3.96968 0.89711
523 1.27628 0.10225 0.63888 0.07516 1.66726 0.06379 2.70793 0.32215
2229 1.48455 0.30012 0.09952 0.22388 1.84882 0.18548 4.19124 1.13152
2153 ... ... ... ... 1.54874 0.11257 4.85807 0.44442
513 2.05710 0.04221 1.49305 0.03065 -0.77358 0.02760 ... ...
5843 2.25559 0.03652 1.42794 0.02663 2.75761 0.02204 3.79642 0.09944
11331 0.25566 0.20857 0.17199 0.15184 1.42899 0.13115 3.50476 0.53636
1144 1.00494 0.11726 ... ... 1.65590 0.07363 4.00095 0.27559
1815 0.81040 0.15481 0.42560 0.11344 1.55366 0.09775 3.42074 0.42193
616 1.06674 0.15872 0.51563 0.11617 1.98283 0.09716 3.63461 0.49448
8076 ... ... 0.19108 0.15584 1.45762 0.13649 4.66239 0.69923
1409 ... ... 0.79311 0.16702 1.63869 0.14313 1.58806 1.00579
Referˆencias Bibliogr´aficas
Alonso, A., Arribas, S., & Mart´ınez-Roger, C. 1996, A&AS, 313, 873
Alonso, A., Arribas, S., Mart´ınez-Roger, C. 1998, A&ASS, 131, 209
Alonso, A., Arribas, S., & Mart´ınez-Roger, C. 1999, A&ASS, 140, 261 (AAM99)
Alonso, A., Arribas, S., & Mart´ınez-Roger, C. 2001, A&A, 376, 1039
Alves-Brito, A. 2004, Disserta¸ao de Mestrado, IAG/USP
Alves-Brito, A., Barbuy,B., Ortolani, S., Momany, Y., Hill, V., Zoccali, M., Renzini, A.,
Minniti, D., Pasquini, L., Bica, E., Rich, R.M. 2005, A&A, 435, 657
Alves-Brito, A., Barbuy, B., Zoccali, M., Minniti, D., Ortolani, S., Hill, V., Renzini, A.,
Pasquini, L., Bica, E., R.M. Rich, Mel´endez, J., Mommany, Y. 2006, A&A, 460, 269
Alves-Brito, A., Schiavon, R., Castilho, B., Barbuy, B. 2008a, aceito para publicao
Alves-Brito, Zoccali, M., Minniti, D., Lapuente, P., Barbuy, B. 2008b, em preparao
Alves-Brito, Barbuy, B., Allen, D.M. 2008c, em preparao
Anstee, S.D., O’Mara, B.J. 1995, MNRAS, 276, 859
Arlandini, C., Kappeler, F., Wisshak, K., Gallino, R., Lugaro, M., Busso, M., Straniero,
O. 1999, ApJ, 525, 886A
Arnett, W. D., Truran, J. W., Woosley, S. E. 1971, ApJ, 165, 87
Arnould, M., Goriely, S., Jorissen, A. 1999, A&A, 347, 572
Ashman, K.M., Zepf, S.E. 1992, ApJ, 384, 50
Asplund, M., 2005, ARA&A, 43, 481
Baade, W. 1944, ApJ, 100, 137
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 184
Barbuy, B. 1982, Tese de Doutoramento, Universidade de Paris VII
Barbuy, B. 1988, A&A, 191, 121
Barbuy, B., Castro, S., Ortolani, S., & Bica, E. 1992, A&A, 259, 607
Barbuy, B., Bica, E., Ortolani, S. 1998, A&A, 333, 117
Barbuy, B., Ortolani, S., Bica, E., Desideraa, S. 1999a, A&A, 348, 783
Barbuy, B., Renzini, A., Ortolani, S., Bica, E., & Guarnieri, M.D. 1999b, A&A, 341, 539
Barbuy, B., Perrin, M.-N., Katz, D., Coelho, P., Cayrel, R., Spite, M., Van’t Veer-
Menneret, C. 2003, A&A, 404, 661
Barbuy, B., Zoccali, M., Ortolani, S., Momany, Y., Minniti, D., Hill, V., Renzini, A.,
Rich, R. M., Bica, E., Pasquini, L., Yadav, R. K. S. 2006, A&A, 449, 349
Barbuy, B., Zoccali, M., Ortolani, S., Minniti, D., Hill, V., Renzini, A., Bica, E., G´omez,
A. 2007, AJ, 134, 1613
Barklem, P.S., O’Mara, B.J. 1997, MNRAS, 290, 102
Barklem, P.S., Anstee, S.D., O’Mara, B.J. 1998a, PASA, 15, 336
Barklem, P.S., O’Mara, B.J., Ross, J.E. 1998b, MNRAS, 296, 1057
Beasley, M.A., Baugh, C.M., Forbes, D.A., Sharples, R.M., Frenk, C.S. 2002, MNRAS,
333, 383
Bekki, K. 2005, ApJ, 626, L93
Bekki, K., Campbell, S.W., Lattanzio, J.C, Norris, J.E. 2007, MNRAS, 377, 335
Bessell, M.S. 1979, PASP, 91, 589
Bica, E. L. D., Pastoriza, M. G. 1983, Ap&SS, 91, 99
Bica, E., Alloin, D. 1986, A&AS, 66, 171
Bica, E., Bonatto, C., Barbuy, B., Ortolani, S. 2006, A&A, 450, 105
Bica, E., Bonatto, C., Ortolani, S., Barbuy, B. 2007, A&A, 472, 483
Biehl, D. 1976, PhD thesis, University of Kiel
Bielski, A. 1975, JQSRT, 15, 463
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 185
Bi´emont, E., Godefroid, M. 1980, A&A, 84, 361
Blackwell, D.E., Petford, A.D., & Shallis, M.J. 1980, A&A, 82, 249
Blackwell, D.E., Lynas-Gray, A.E., & Petford, A.D. 1991, A&A, 245, 567
Boesgaard, A. M., King, J. R., Cody, A. M., Stephens, A., Deliyannis, C. P. 2005, ApJ,
629, 832
Bonatto, C., Bica, E., Ortolani, S., Barbuy, B. 2007, MNRAS, 381, 45
Bonifacio, P., Hill, V., Molaro, P., Pasquini, L., Di Marcantonio, P., Santin, P. 2000,
A&A, 359, 663
Booth, A. J., Blackwell, D. E., Shallis, M. J. 1984, MNRAS, 209, 77
Bragaglia, A., Tosi, M., Carretta, E., Gratton, R. G., Marconi, G., Pompei, E. 2006,
MNRAS, 366, 1493
Briley, M. M., Smith, G. H., Claver, C. F. 2001, AJ, 122, 2561
Brodie, J. P., Strader, J. 2006, ARA&A, 44, 193
Brodzinski T., Kronfeldt H.-D., Kropp J.-R., Winkler R., Z. 1987, Phys. D, 7, 161
Burbidge, E.M., Burbidge, C.R., Fowler, W.A., Hoyle, F. 1957, RvMP, 29, 547.
Busso, M., Gallino, R., Wasserburg, G. J. 1999, ARA&A, 37, 239
Cameron, A. G. W. 1957, PASP, 69, 201
Cameron, A.G.W. 1960, AJ, 65, 485
Cannon, R.D., Croke, B.F.W., Bell, R.A., Hesser, J.E., Stathakis, R.A. 1998, MNRAS,
298, 601
Cardiel, N., Gorgas, J., Cenarro, J., Gonzalez, J. J. 1998, A&AS, 127, 597
Carpenter, J.M. 2001, AJ, 121, 2851
Carraro, G. 2005, ApJ, 621
Carreta, E., Cohen, J., Gratton, R., Behr, B.B. 2001, AJ, 122, 1469
Carretta, E., Bragaglia, A., Gratton, R. G., Tosi, M. 2005, A&A, 441, 131
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 186
Carretta, E., Bragaglia, A., Gratton, R. G., Momany, Y., Recio-Blanco, A., Cassisi, S.,
Franois, P., James, G., Lucatello, S., Moehler, S. 2007, A&A, 464, 967
Castilho, B., Spite, F., Barbuy, B., Spite, M., de Medeiros, J.R., Gregorio-Hetem, J. 1999,
A&A, 345, 249
Castilho, B.V., Pasquini, L., Allen, D.M., Barbuy, B., Molaro, P. 2000, A&A, 361, 92
Castro, S., Rich, R. M., McWilliam, A., Ho, L.C., Spinrad, H., Filippenko, A. V., Bell,
R. 1996, AJ, 111, 2439
Cayrel, R. 1986, A&A, 168, 81
Cayrel, R. 1988, em: IAU Symposium 132, The Impact of Very High S/N Spectroscopy on
Stellar Physics, editado por G. Cayrel de Strobel & M. Spite (Dordrecht: Kluwer), 345
Cayrel, R., Perrin, M.-N., Barbuy, B., Buser, R. 1991, A&A, 247, 108
Charbonnel, C. 1994, A&A, 282, 811
Chiosi, C., Bertelli, G., Bressan, A. 1992, ARA&A, 30, 235
Coelho, P., Barbuy, B., Perrin, M.-N., Idiart, T., Schiavon, R. P., Ortolani, S., & Bica,
E. 2001, A&A, 376, 136
Coelho, P, Barbuy, B., Melendez, J., Schiavon, R., Castilho, B. 2005, A&A, 443, 735
Coelho, P., Bruzual, G., Charlot, S., Weiss, A., Barbuy, B., Ferguson, J. W. 2007, MN-
RAS, 382, 498
Cohen, J. G. 1978, ApJ, 223
Cohen, J.G. 1980, ApJ, 241, 981
Cohen, J. G. 1983, ApJ, 270, 654
Cohen, J.G., Gratton, R.G., Behr, B.B., & Carretta, E. 1999, ApJ, 523, 739
Cohen, J. 1999, AJ, 117, 2434
Cohen, J. G., Huang, W., Udalski, A., Gould, A., Johnson, J. 2008, arXiv0801.3264
ot´e, P. 1999, AJ, 118, 406
Cottrell, P. L., Da Costa, G. S. 1981, ApJ, 245, L79
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 187
Cowan, J.J., Pfeiffer, B., Kratz, K.-L., Thielemann, F.-K., Sneden, C., Burles, S., Tytler,
D., Beers, T.C. 1999, ApJ, 521, 194
Cudworth, K. M. 1985, AJ, 90, 65
Cuisinier, F., Maciel, W. J., Koppen, J., Acker, A., Stenholm, B. 2000, A&A, 353, 543
Cunha, K., Smith, V. V. 2006, ApJ, 651, 491
Dean, J.F., Warpen, P.R., & Cousins, A.J. 1978, MNRAS, 183, 569
Decressin, T., Meynet, G., Charbonnel, C., Prantzos, N., Ekstr¨om, S. 2007, A&A, 464,
1029
Denissenkov, P.A., VandenBerg, D.A. 2003, ApJ, 593, 509
Dickens, R. J., Bell, R. A., Gustafsson, B. 1979, ApJ, 232, 428
Dinescu, D. I., Girard, T. M., van Altena, W. F. 1999, AJ, 117, 1792
Dinescu, D.I., Girard, T.M., van Altena, W.F., & L´opez, C.E. 2003, AJ, 125, 1373
Djorgovski, S., Davis, M. 1987, ApJ, 313, 59
Dwek, E., Arendt, R. G., Hauser, M. G., Kelsall, T., Lisse, C. M., Moseley, S. H., Silver-
berg, R. F., Sodroski, T. J., Weiland, J. L. 1995, ApJ, 445, 716D
Eggen, O. J., Lynden-Bell, D., Sandage, A. R. 1962, ApJ, 136, 748
Escudero, A. V., Costa, R. D. D. 2001, A&A, 380, 300
Fall, S.M., Rees, M.J. 1985, ApJ, 298, 1
Fran¸cois, P., Matteucci, F., Cayrel, R., Spite, M., Spite, F., Chiappini, C. 2004, A&A,
421, 613
Freeman, K., Bland-Hawthorn, J. 2002, ARA&A, 40, 487
Froebrich, D., Meusinger, H., Scholz, A. 2007, MNRAS, 377, 54
Fuhr, J. R., Wiese, W. L. 2006, JPCRD, 35, 1669
Fulbright, J. P., McWilliam, A., Rich, R. M. 2006, ApJ, 636, 821
Fulbright, J. P., McWilliam, A., Rich, R. M. 2007, ApJ, 661, 115
Gamow, G. 1948, Nature, 162, 680
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 188
Geffert, M., Maintz, G. 2000, A&AS, 144, 227
Gratton, R., Sneden, C., Carretta, E. 2004, ARA&A, 42, 385
Gratton, R. G., Lucatello, S., Bragaglia, A., Carretta, E., Momany, Y., Pancino, E.,
Valenti, E. 2006, A&A, 455, 271
Gray, D. 1988, em: Lectures on Spectral-Line Analysis: F, G, and K Stars, editora Arva,
Ontario
Gray, D. 1992, em: The Observation and Analysis of Stellar Photospheres, editora Cam-
bridge University, Cambridge
Grevesse, N. & Sauval, J.N. 1998, SSRev, 35, 161
Grundahl, F., Stetson, P. B., Andersen, M. I. 2002, A&A, 395, 481
Guarnieri, M. D., Ortolani, S., Montegriffo, P., Renzini, A., Barbuy, B., Bica, E., &
Moneti, A. 1998, A&A, 331, 70
Gustafsson, B., Bell, R. A., Eriksson, K., & Nordlund,
˚
A. 1975, A&A, 42, 407
Gustafsson, B., Edvardsson, B., Eriksson, K., et al. 2003, IAU Symposium 210, eds. N.
Piskunov, W. Weiss, D. Gray, ASP, p. A4
Harris, W.E. 1991, ARA&A, 29, 543
Harris, W.E., Pudritz, R.E. 1994 ApJ, 429, 177
Harris, W.E. 1996, ApJ, 112, 1487
Hartwick, F.D.A. 1975, PASP, 87, 77
Heger, A., Woosley, S. E. 2002, ApJ, 567, 532
Hesser, J. E., Hartwick, F. D. A., McClure, R. D. 1977, ApJS, 33, 471
Hinkle, K., Wallace, L., Valenti, J., Harmer, D. 2000, em: Visible and Near Infrared Atlas
of the Arcturus Spectrum 3727 - 9300
˚
A, Astronomical Society of the Pacific Publisher,
San Francisco.
Hook, I. M., Jrgensen, I., Allington-Smith, J. R., Davies, R. L., Metcalfe, N., Murowinski,
R. G., Crampton, D. 2004, PASP, 116, 425
Houdashelt, M.L., Bell, R.A., Sweigart, A.V. 2000, AJ, 119, 1448
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 189
Hubble, E. P. 1926, ApJ, 64, 321
Hurt, R. L., Jarrett, T. H., Kirkpatrick, J. D., Cutri, R. M., Schneider, S. E., Skrutskie,
M., van Driel, W. 2000, AJ, 120, 1876
Ibata, R. A., Gilmore, G., Irwin, M. J. 1994, Nature, 370, 194
Iben, I. Jr. 1964, ApJ, 140, 1631
Iwamoto, K., Brachwitz, F., Nomoto, K., Kishimoto, N., Umeda, H., Hix, W. R., Thiele-
mann, F. 1999, ApJS, 125, 439
Johnson, J. A., Gal-Yam, A., Leonard, D. C., Simon, J. D., Udalski, A., Gould, A. 2007,
ApJ, 655L, 33
Johnson, J. A., Gaudi, B.S., Sumi, T., Bond, I.A., Gould, A. 2008, arXiv0801.2159
Kaufer, A., D’odorico, S., Kaper, L., 2003, em: UVES User’s Manual. Doc. No. VLT-
MAN-ESO-13200-1825 Issue, 1.6
Kauffmann, G., White, S. D. M., Guiderdoni, B. 1993, MNRAS, 264, 201
Kauffmann, G. 1996, MNRAS, 281, 487
Kim, Y-C., Demarque, P., Yi, S.K., Alexander, D. 2002, ApJSS, 143, 499
Kiselman, D., Nordlund, A. 1995, A&A, 302, 578
Kobulnicky, H. A., Monson, A. J., Buckalew, B. A., Darnel, J. M., Uzpen, B., Meade,
M. R., Babler, B. L., Indebetouw, R., Whitney, B. A., Watson, C., Churchwell, E.,
Wolfire, M. G., Wolff, M. J., Clemens, D. P., Shah, R., Bania, T. M., Benjamin, R. A.,
Cohen, M., Dickey, J. M., Jackson, J. M., Marston, A. P., Mathis, J. S., Mercer, E. P.,
Stauffer, J. R., Stolovy, S. R., Norris, J. P., Kutyrev, A., Canterna, R., Pierce, M. J.
2005, AJ, 129, 239
Kormendy, J., & Kennicutt, R. C. Jr. 2004, ARA&A, 42, 603
Kraan-Korteweg, R.C., Lahav, O. 2000, A&ARv, 10, 211
Kraft, R.P. 1994, PASP, 106, 553
Kraft, R.P., Ivans, I.I. 2003, PASP, 115,, 143
Krauss, L.M., Chaboyer, B. 2003, Science, 299, 65
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 190
Kur´ucz, R. L., Furenlid, I., Brault, J. 1984, Solar flux atlas from 296 to 1300 nm, National
Solar Observatory Atlas, Sunspot (New Mexico: National Solar Observatory)
Kur´ucz, R. L. 1993, CD-ROM 23
Langer, G. E., Hoffman, R., Sneden, C. 1993, PASP, 105, 301
Langer, G.E., Hoffman, R.D. 1995, PASP, 107, 1177
Lawler J.E., Wickliffe M.E., Hartog A.D. 2001, ApJ, 563, 1075.
Lecureur, A., Hill, V., Zoccali, M., Barbuy, B., omez, A., Minniti, D., Ortolani, S.,
Renzini, A. 2007, A&A, 465, 799
Lee, Jae-Woo, Carney, B. W., Balachandran, S. C. 2004, AJ, 128, 2388
Lee, Sang-Gak 2005 JKAS, 38, 23
Leep, E. M., Wallerstein, G., Oke, J. B. 1987, AJ, 93, 338
Lynden-Bell, D. 1967, MNRAS, 136, 101
Maciel, W. J., Costa, R. D. D., Idiart, T. E. P., Escudero, A. V. 2007, IAUS, 235, 119
Mackey, A. D., van den Bergh, S. 2005, MNRAS, 360, 631
Magain, P. 1984, A&A, 134, 189.
Magain, P. 1995, A&A, 297, 686
Majewski, S.R. 1993, ARA&A, 31, 575
Martin, W.C., Fuhr, J.R., Kelleher, D.E., et al. 2002, NIST Atomic Database (version 2.0),
http://physics.nist.gov/asd. National Institute of Standards and Technology, Gaithers-
burg, MD
Matteucci, F., Greggio, L. 1986, A&A, 154, 279
McWilliam, A., Rich, R.M. 1994, ApJS, 91, 749
McWilliam, A. 1997, ARA&A, 35, 503
McWilliam, A., Rich, R. M., Smecker-Hane, T. A. 2003a, ApJ, 592L, 21
McWilliam, A., Rich, R. M., Smecker-Hane, T. A. 2003b, ApJ, 593L, 145
McWilliam, A., Smecker-Hane, T. A. 2005, ApJ, 622L, 29
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 191
Meissner, F., Weiss, A. 2006, A&A, 456, 1085
Mel´endez, J., Barbuy, B., Bica, E., Zoccali, M., Ortolani, S., Renzini, A., Hill, V. 2003,
A&A, 411, 417
Mel´endez, J., Asplund, M., Alves-Brito, A., Cunha, K., Barbuy, B., Bessell, M.S.,
Chiappini, C., Freeman, K.C., Ram´ırez, I., Smith, V.V., Yong, D. 2008, A&A Letter,
aceito para publicao
Mel´endez, J., Barbuy, B. 2008, em preparao
Meyer, B. 1994, ARA&A, 32, 153
Minniti, D. 1995, AJ, 109, 1663.
Minniti, D., Vandehei, T., Cook, K. H., Griest, K., Alcock, C. 1998, ApJ, 499L, 175
Minniti, D., Barbuy, B., Hill, V., Bica, E., Ortolani, S., Rich, R. M., Cook, K. H.,
Vandehei, T., Renzini, A., Pasquini, L., Bennett, D. 2002, A&A, 384, 884
Minniti, D., Zoccali, M., Lapuente, P., Barbuy, B., Alves-Brito, A., Hill, V., Lecureur,
A., Renzini, A., Ortolani, S., Gomez, A. 2008, A&A, aceito para publicao
Montegriffo, P., Ferraro, F.R., Origlia, L., & Fusi Pecci, F. 1998, MNRAS, 297, 872
Moore, B., Ghigna, S., Governato, F., Lake, G., Quinn, T., Stadel, J., Tozzi, P. 1999,
ApJ, 524, 19
Nomoto, K., Iwamoto, K., Nakasato, N., Thielemann, F.-K., Brachwitz, F., Tsujimoto,
T., Kubo, Y., Kishimoto, N. 1997, NuPhA, 621, 467
Norris, J., & Freeman, K.C. 1979, ApJ, 230, L179
Origlia, L., Ferraro, F. R., Fusi Pecci, F., Oliva, E. 1997, A&A, 321, 859
Origlia, L., Rich, R.M., & Castro, S. 2002, AJ, 123, 1559
Origlia, L., Rich, R. M. 2004, AJ, 127, 3422
Origlia, L., Valenti, E., Rich, R. M.2005a, MNRAS, 356, 1276
Origlia, L., Valenti, E., Rich, R. M., Ferraro, F. R. 2005b, MNRAS, 363, 897
Ortolani, S., Renzini, A., Gilmozzi, R., Marconi, G., Barbuy, B., Bica, E., & Rich, R. M.
1995, Nature 377, 701
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 192
Ortolani, S., Bica, E., Barbuy, B. 2006, ApJ, 646, 1150
Pasquini, L., Avila, G., Blecha, A., Cacciari, C., Cayatte, V., Colless, M., Damiani, F.,
de Propris, R., Dekker, H., di Marcantonio, P., Farrell, T., Gillingham, P., Guinouard,
I., Hammer, F., Kaufer, A., Hill, V., Marteaud, M., Modigliani, A., Mulas, G., North,
P., Popovic, D., Rossetti, E., Royer, F., Santin, P., Schmutzer, R., Simond, G., Vola,
P., Waller, L., Zoccali, M. 2002, Msngr, 110, 1
Pasquini, L., Bonifacio, P., Randich, S., Galli, D., Gratton, R. G., Wolff, B. 2007, A&A,
464, 601
Peebles, P.J.E., Dicke, R.H. 1968, ApJ, 154, 891
Penny, A. J., Smith, G. H., Churchill, C. W. 1992, MNRAS, 257, 89
Pettini, M. 2004 em Cosmochemistry. The Melting Pot of the Elements, ed. C Esteban, A
Herrero, R Garcia-Lopez, F Sanchez, pp. 257-98. Cambridge: Cambridge Univ. Press
Pilachowski, C. A. 1984, ApJ, 281, 614
Piskunov, N., Kupka, F., Ryabchikova, T., Weiss, W., Jeffery, C., 1995, A&AS, 112, 525
Plez, B., Brett, J.M., Nordlund,
˚
A. 1992, A&A, 256, 551
Pritzl, B.J., Venn, K.A., Irwin, M. 2005, AJ, 130, 2140
Prochaska, L. C., Rose, J. A., Schiavon, R. P. 2005, AJ, 130, 2666
Ram´ırez, S.V., Stephens, A. W., Frogel, J. A., DePoy, D. L. 2000, AJ, 120, 833
Ram´ırez, S., Cohen, J.G., Buss, J., Briley, M.M. 2001, 122, 1429
Ram´ırez, S., Cohen, J. G. 2002, AJ, 123, 3277
Ratag, M. A., Pottasch, S. R., Dennefeld, M., & Menzies, J. 1997, A&A, 126, 297
Reddy, B. E., Tomkin, J., Lambert, D. L., Allende Prieto, C. 2003, MNRAS, 340, 304
Reddy, B. E., Lambert, D. L., Allende Prieto, C. 2006, MNRAS, 367, 1329
Renzini, A. 2006, ARA&A, 44, 141
Rich, R. M., Origlia, L. 2005, ApJ, 634, 1293
Rich, R. M., Origlia, L., Valenti, E. 2007, ApJ, 665L, 119
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 193
Rieke, G.H., & Lebofsky, M.J. 1985, ApJ, 288, 618
Rutledge, G.A., Hesser, J.E., Stetson, P.B., Mateo, M., Simard, L.,Bolte, M., Friel, E.
D., & Copin, Y. 1997, PASP, 109, 883
Ryan, S. 1998, A&A, 331, 1051
Sakamoto, T., Hasegawa, T. 2006, ApJ, 653, 29
Salaris, M., Chieffi, A., Straniero, O. 1993, ApJ, 414, 580
Salaris, M., Cassisi, S., Weiss, A. 2002, PASP, 114, 375
Searle, L., Zinn, R. 1978, ApJ, 225, 357
Serven, J., Worthey, G., Briley, M.M. 2005, ApJ, 627, 754
Skrutskie, M. F., Cutri, R. M., Stiening, R., Weinberg, M. D., Schneider, S., Carpenter, J.
M., Beichman, C., Capps, R., Chester, T., Elias, J., Huchra, J., Liebert, J., Lonsdale,
C., Monet, D. G., Price, S., Seitzer, P., Jarrett, T., Kirkpatrick, J. D., Gizis, J. E.,
Howard, E., Evans, T., Fowler, J., Fullmer, L., Hurt, R., Light, R., Kopan, E. L.,
Marsh, K. A., McCallon, H. L., Tam, R., Van Dyk, S., Wheelock, S. 2006, AJ, 131,
1163
Smith, G. H., Norris, J. 1982, ApJ, 254, 149
Smith, G. H., 1987, PASP, 99, 67
Smith, G. H., Penny, A. J. 1989, AJ, 97, 1397
Sneden, C., Kraft, R. P., Langer, G. E., Prosser, C. F., Shetrone, M. D. 1994, AJ, 107,
1773
Spergel, D. N., Verde, L., Peiris, H. V., Komatsu, E., Nolta, M. R., Bennett, C. L.,
Halpern, M., Hinshaw, G., Jarosik, N., Kogut, A., Limon, M., Meyer, S. S., Page, L.,
Tucker, G. S., Weiland, J. L., Wollack, E., Wright, E. L. 2003, ApJS, 148, 175
Spite, M. 1967, AnAp, 30, 211
Tautvaisiene, G., Wallerstein, G., Geisler, D., Gonzalez, G., Charbonnel, C. 2004, AJ,
127, 373
Th´evenin, F., Idiart, T.P. 1999, A&A, 521, 753
Thomas, D., Maraston, C., Bender, R. 2003, MNRAS, 339, 897
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 194
Tinsley, B. M. 1980, Fundamentals of Cosmic Physics, 5, 287
Tonry, J., Davis, M. 1979, AJ, 84
Truran, J.W., Cowan, J.J., Pilachowski, C.A., Sneden, C. 2002, PASP, 114, 1293
Umeda, H., Nomoto, K. 2002, ApJ, 565, 385
van den Hoek, L. B., Groenewegen, M. A. T. 1997, A&AS, 123, 305
VandenBerg, D. 2000, ApJS, 129, 315
Vazdekis, A., Cenarro, A.J., Gorgas, J., Cardiel, N., Peletier, R.F. 2003, MNRAS, 340,
1317
Wallerstein, G., Iben, I.Jr., Parker, P., Boesgaard, A.M., Hale, G.M., Champagne, A.E.,
Barnes, C.A., Kappeler, F., Smith, V.V., Hoffman, R.D., Timmes, F.X., Sneden, C.,
Boyd, R.N., Meyer, B.S., Lambert, D.L. 1997, RvMP, 69, 995
Walther H., 1962, Z. Phys., 170, 507
Wang, W., Liu, X.-W. 2007, MNRAS, 381, 669
Webbink, R. F. 1985, IAUS, 113, 541
Weiss, A., Denissenkov, P. A., Charbonnel, C. 2000, A&A, 356, 181
White, S. D. M., Rees, M. J. 1978, MNRAS, 183, 341
White, S. D. M., Frenk, C. S. 1991, ApJ, 379, 52
Whitmore, B. C., Schweizer, F. 1995, AJ, 109, 960
Willman, B. , Blanton, M. R., West, A. A., Dalcanton, J. J., Hogg, D. W., Schneider, D.
P., Wherry, N., Yanny, B. , Brinkmann, J. 2005, AJ, 129, 2692
Wolfe, A. M., Gawiser, E., Prochaska, J. X. 2005, ARA&A, 43, 861
Woodgate G.K., Martin J.S., 1957, Proc. Phys. Soc. Lon. A, 70, 485
Woosley, S.E., Weaver, T.A. 1995, ApJS, 101, 181
Worthey, G., Faber, S. M., Gonzalez, J., Burstein, D. 1994, ApJS, 94, 687
Worthey, G., & Ottaviani, D.L. 1997, ApJS, 111, 377
Yong, D., Aoki, W., Lambert, D. L. 2006, ApJ, 638, 1018
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 195
Zhang, Y., Liu, X.-W. 2003, A&A, 404, 545
Zinn, R. 1980, ApJS, 42, 19
Zinn, R., West, M. J. 1984, ApJS, 55, 45
Zinn, R. 1985, ApJ, 293, 424
Zoccali, M., Renzini, A., Ortolani, S., Bica, E., & Barbuy, B. 2001, AJ, 125, 994
Zoccali, M., Renzini, A., Ortolani, S., Bica, E., & Barbuy, B. 2003, AJ, 121, 2638
Zoccali, M., Barbuy, B., Hill, V., Ortolani, S., Renzini, A., Bica, E., Momany, Y.,
Pasquini, L., Minniti, D., & Rich, R.M. 2004, A&A, 423, 507
Zoccali, M., Lecureur, A., Barbuy, B., Hill, V., Renzini, A., Minniti, D., Momany, Y.,
omez, A., Ortolani, S. 2006, A&A, 457L, 1
Zoccali, M., Lecureur, A., Barbuy, B., Hill, V., Renzini, A., Minniti, D., Momany, Y.,
omez, A., Ortolani, S. 2008, A&A, aceito para publicao
Zwicky, F. 1937, PhRv, 51, 290
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo