113
minha filha. Às vezes eu vejo minha sobrinha com algum probleminha, eu já
fico preocupado. Eu quero, mas eu sei que eu não posso interferir na minha
irmã e no meu cunhado em relação à filha deles. Eu não posso falar: “Ó ela tá
com um problema, vocês não tão vendo?” (Risos) “Tem que levar no médico”.
(Risos). Eu não posso. Eu sei que o correto é eles. Mas aquela questão de
brincar, de fazer graça, às vezes então... Tudo eu tive com ela. Então eu acho
que isso teve uma... Virou um remédio, um Analgésico.
P (f18) _ E prá ti Ana? Como era?
ANA (f23) _ No começo sim! Quando ela era bebê, né? Por cuidar dela eu
tinha, assim, aquele amor, né? Aquela sensibilidade com criança. Tanto que é
assim, a gente passou algumas coisas, eu disse que na minha época não
acontecia isso. (Risos) Eu cuidava bem dela. Mas, assim, a gente, de lá prá cá,
depois de três anos de idade, criou um certo ciúmes do Alex com a menina.
Não ciúmes dele com a menina, mas ciúmes da atenção. Como eu sou muito
sozinha, eu sou muito sozinha! Ele trabalhava lá de segunda a segunda, eu fico
em segundo plano. O tempo que eu queria prá mim, o tempo prá gente
conversar, comer junto, sair. Tava sobrando mais tempo prá menina do que prá
mim. Então, eu percebi que a atenção dele estava se voltando mais para a
menina do que prá mim. Eu ficava enciumada. Eu pensava: "Poxa vida, né?
Com a sobrinha você brinca, perde tempo, mas comigo não pode. Agora
quando eu quero um tempo prá mim, não pode.” Eu fiquei meio bloqueada, não
com a menina. Agora, eu fiquei chateada porque queria atenção prá mim e não
prá ela, porque ela é sobrinha, não é filha. Então assim, criou uma certa, sabe,
distância. Já melhorou agora, já melhorou. Porque é assim, prá perder tempo
prá sair comigo não podia: “Ah eu não posso agora, tenho que correr para o
serviço, arrumar o serviço, tenho que trabalhar”. (Imitando Alex). Nós quase
sempre almoçávamos de pé porque ele... Não dava tempo. Eu levantava cedo
prá tomar café com ele: “Você toma café comigo?” Mas perder dez minutos,
meia hora com a criança podia. Então, foi criando certo... Fui ficando chateada.
Eu falava com ele...
ALEX (f27) _ Ela falava sim.
ANA (f24) _ Não adiantava nada. (Risos)
ALEX (f28) _ Eu achava até legal quando ela tava cuidando porque fatalmente
eu tava perto. (Risos)
ANA (f25) _ E agora... A única coisa que eu acho que acabou ficando um
tempo tendo que parar de cuidar dela. Era que ela ficava muito na minha sogra.
Depois que a gente mudou prá um bairro lá perto, quando eu tinha alguma
coisa prá fazer, eu levava ela lá prá minha casa. Posso ficar à disposição,
porque eu tô aqui, ela vai dormir. Eu posso fazer as minhas coisas, tal. Mas aí
a irmã dele não gostou. Acho que mais a minha sogra. Eu acho. Não aceitaram