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reconstituição do passado, uma contribuição particular e única, torna-se
evidente a constituição, com relação aos diversos temas abordados nas
entrevistas e depoimentos, de um valor fundamental, básico mesmo, a ponto
de podermos verificar a emergência de um fator de natureza categórica, cuja
consciência é efetiva e presente nas falas dos professores participantes.
Referimo-nos à noção, manifesta, das mudanças
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com que nossos
colaboradores se referem às experiências vividas e com as quais compõem,
com suas versões próprias, o curso histórico para o imbricamento de suas
atividades e a atuação da instituição em que elas se verificam. É este um ponto
central na interpretação que julgamos mais adequada para a formulação de um
trajeto tal como o que pretendíamos próximo à nossa contemporaneidade: a
história, contada por alguns de seus protagonistas mais assíduos, uma vez que
o tempo, com que se dedicaram profissional e pessoalmente, poderia, em um
momento como o do nosso presente de tantas e rápidas transformações,
auxiliar na recomposição do significado do ser histórico, participando, sofrendo
e construindo um percurso, para si e para a instituição; mas, ainda, para além
de uma situação meramente formal, esvaziada das qualificações que a
tornariam efetivamente concreta, uma história contada por aqueles que, sendo
professores, recuperam-na a partir dessa sua situação de docente, e
educadores.
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Trata-se de um conceito lato, cujos traços semânticos essenciais derivam de acepções consagradas no
uso comum, dicionarizado, que remete para as significações de alteração, modificação, transformação,
empregadas cotidianamente. Assim, ele se define por oposição aos elementos lexicais que designam o que
é estático, o que permanece, não se altera, não mostra dinamismo. (Dicionário Contemporâneo da Língua
Portuguesa, ed. Brasileira, IV volume, 1958, ed. Delta S.A.). Assim, a acepção básica, sobre a qual, nas
entrevistas, não se impôs nenhum direcionamento prévio, corresponde à noção do senso comum, tendo
por referência as situações designadas pelos pólos “antes, depois ou agora”, envolvendo substantivamente
aspectos externos/ exteriores, preenchimento de espaços (construções e prédios), aspectos de natureza
sócio-cultural, de natureza teórico-intelectual (por ex. saberes didáticos e pedagógicos), de natureza
técnica (por ex., a disponibilidade ou não, no espaço temporal, de recursos passíveis de emprego em
situações de ensino e aprendizagem); por outro lado, é conveniente indicar que a formulação da noção de