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ACOPLAMENTO MEC-MEF PARA PROBLEMAS ACÚSTICO-
ELASTODINÂMICOS AXISSIMÉTRICOS NO DOMÍNIO DO TEMPO
Arnaldo Warszawski
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO
DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.
Aprovada por:
Prof. Webe João Mansur, Ph.D.
Prof. Delfim Soares Júnior, D.Sc.
Prof. José Antonio Marques Carrer, D.Sc.
Prof. José Antonio Fontes Santiago, D.Sc.
Prof. Ney Augusto Dumont, Dr.-Ing.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
DEZEMBRO DE 2005
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ii
WARSZAWSKI, ARNALDO
Acoplamento MEC-MEF para problemas
acústico-elastodinâmicos axissimétricos no
domínio do tempo [Rio de Janeiro] 2005
XIII, 145 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Civil, 2005)
Dissertação – Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
1. Propagação de ondas
2. Método dos Elementos de Contorno
3. Método dos Elementos Finitos
4. Interação fluido-estrutura
5. Axissimetria
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
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iii
Agradecimentos
À minha família pelo apoio e incentivo em todos os momentos.
Ao prof. Webe João Mansur pelos conselhos e sugestões sempre úteis e pelos
ensinamentos passados.
Ao prof. Delfim Soares Júnior pela colaboração dada a este trabalho.
Aos colegas de mestrado pelo companheirismo.
Aos funcionários do LAMEC pela prontidão em ajudar.
Ao CNPq e à FAPERJ pelo auxílio financeiro.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)
ACOPLAMENTO MEC-MEF PARA PROBLEMAS ACÚSTICO-
ELASTODINÂMICOS AXISSIMÉTRICOS NO DOMÍNIO DO TEMPO
Arnaldo Warszawski
Dezembro/2005
Orientadores: Webe João Mansur
Delfim Soares Júnior
Programa: Engenharia Civil
Neste trabalho é desenvolvido um código computacional para análise de
propagação de ondas em corpos axissimétricos que envolvem acoplamento acústico-
elástico, como é o caso, por exemplo, de problemas de interação fluido-estrutura. Esta
análise é feita sempre no domínio do tempo.
O meio acústico é modelado através do Método dos Elementos de Contorno
(MEC), cujas integrais no tempo são efetuadas analiticamente, utilizando o conceito
de parte finita de integral. Todas as singularidades presentes para a integração no
contorno são tratadas adequadamente. O meio elástico é modelado através do Método
dos Elementos Finitos (MEF), empregando-se o método de Newmark para avanço no
tempo.
O acoplamento entre os dois meios é feito na interface, através de
procedimento iterativo, preservando as características de resolução de cada meio.
São apresentadas algumas aplicações a fim de comprovar a validade das
expressões analíticas geradas para o MEC, bem como do algoritmo de acoplamento
implementado.
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.)
BEM-FEM COUPLING FOR ACOUSTIC-ELASTODYNAMIC
AXISYMMETRIC PROBLEMS IN THE TIME DOMAIN
Arnaldo Warszawski
December/2005
Advisors: Webe João Mansur
Delfim Soares Júnior
Department: Civil Engineering
In this work, a computer code to model wave propagation in axisymmetric
bodies with acoustic-elastic coupling, as, for example, is the case of fluid-structure
interaction problems, is developed. This analysis is always processed in time domain.
The acoustic medium is modeled by the Boundary Element Method (BEM),
whose time integrals are evaluated analytically, using the concept of finite part
integrals. All the singularities for space integration are treated adequately. The elastic
medium is modeled by the Finite Element Method (FEM), employing the Newmark
method for time marching.
The coupling between the two media is carried out on interfaces, through an
iterative procedure, preserving the features of the solution of each medium.
Some applications are presented in order to prove the validity of the
expressions generated for the BEM, as well as of the implemented coupling
algorithm.
vi
Índice
Introdução ......................................................................................................................1
I.1. A propagação de ondas na engenharia ..............................................................1
I.2. Conceitos básicos e breve revisão bibliográfica................................................2
I.3. Objetivos e resumo dos capítulos......................................................................6
1. Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos.................................8
1.1. Equação integral e solução fundamental 3-D ...................................................9
1.2. Solução fundamental axissimétrica.................................................................13
2. Implementação numérica do MEC ..........................................................................16
2.1. Discretização e aproximações.........................................................................17
2.1.1. Funções de interpolação.........................................................................18
2.1.2. Montagem do sistema de equações........................................................20
2.1.3. Propriedade de translação ......................................................................22
2.2. Integração analítica no tempo .........................................................................24
2.2.1. Ponto fonte fora do eixo de axissimetria................................................24
2.2.2. Ponto fonte pertencente ao eixo de axissimetria....................................33
2.3. Integração no espaço e singularidades............................................................35
2.3.1. Singularidades em r = 0 .........................................................................36
2.3.2. Singularidades nas frentes de onda da solução fundamental.................42
2.3.3. Singularidades para ponto campo no eixo de axissimetria....................45
2.3.4. Transformada polinomial de 3
o
grau para a integração .........................46
2.4. Termos relativos a fontes pontuais .................................................................48
2.5. Esquema Teta..................................................................................................51
3. Acoplamento MEC-MEF.........................................................................................53
3.1. Expressões obtidas para o MEF......................................................................54
3.1.1. Meio acústico.........................................................................................54
3.1.2. Meio elástico..........................................................................................59
3.2. Equações governantes do acoplamento ..........................................................64
3.2.1. Acoplamento acústico-acústico MEC-MEF ..........................................64
3.2.2. Acoplamento acústico-elástico MEC-MEF...........................................65
3.3. Procedimentos numéricos para o acoplamento iterativo ................................67
3.3.1. Acoplamento acústico-acústico MEC-MEF ..........................................67
3.3.2. Acoplamento acústico-elástico MEC-MEF...........................................70
vii
4. Aplicações................................................................................................................72
4.1. Meio discretizado exclusivamente pelo MEC ................................................72
4.1.1. Barra prismática circular submetida a fluxo não-nulo em uma
extremidade......................................................................................................73
4.1.2. Cavidade em meio acústico infinito.......................................................87
4.1.3. Membrana submetida a carga impulsiva................................................91
4.1.4. Barra prismática circular submetida a pressão não-nula em uma
extremidade......................................................................................................96
4.2. Acoplamento acústico-acústico ......................................................................98
4.3. Acoplamento acústico-elástico .....................................................................101
4.3.1. Barra prismática circular vazada..........................................................101
4.3.2. Fonte emissora no interior de um duto metálico..................................107
4.3.3. Parede circundada por fluido submetida a carga impulsiva.................112
Conclusões.................................................................................................................116
Bibliografia ................................................................................................................120
A. Expressões analíticas para as integrais no tempo..................................................124
A.1. Expressões para g.........................................................................................124
A.2. Expressões para h
I
e h
F
................................................................................125
B. Integrais elípticas...................................................................................................130
B.1. Tipos de integrais elípticas...........................................................................130
B.2. Cálculo das integrais ....................................................................................131
C. Parte finita de integrais..........................................................................................133
D. Expressões para integrais das singularidades na frente de onda...........................136
D.1. Singularidade em r .......................................................................................136
D.2. Singularidade em d.......................................................................................137
E. Expressões analíticas para os termos relativos a fontes ........................................140
F. Soluções analíticas de interesse.............................................................................142
F.1. Barra engastada em uma extremidade e livre na outra, submetida a
carregamento axial de impacto ............................................................................142
F.2. Cavidade esférica em meio infinito..............................................................143
F.3. Membrana circular submetida a um campo de velocidades iniciais.............143
F.4. Barra acústica fechada em uma extremidade e livre na outra, submetida a
pressão de impacto...............................................................................................145
viii
Índice de figuras
Figura 1.1 – variáveis necessárias para solução axissimétrica ....................................13
Figura 2.1 – (a) contorno original; (b) contorno discretizado por elementos lineares.17
Figura 2.2 – funções de interpolação no tempo
φ
m
(t) e
θ
m
(t) .....................................19
Figura 2.3 – funções de interpolação no espaço η
j
(X) e ν
j
(X) ao longo dos elementos
adjacentes ao nó j.........................................................................................................20
Figura 2.4 – exemplificação da propriedade de translação..........................................22
Figura 2.5 – região onde é necessário efetuar as integrais de convolução em cada
passo de tempo, com suas respectivas funções de interpolação ..................................23
Figura 2.6 – representação dos seis casos de limites de integração.............................27
Figura 2.7 – gráfico da diferença entre as integrais elípticas do primeiro tipo
incompleta e completa, para u
i
= 0,6;
ξ
1
= 1,0; elemento a 45
o
em relação à horizontal
(0
r
u
i
– trecho cujos pontos se enquadram no caso 2 – expressão (A.1)).............36
Figura 2.8 – produto da função de interpolação r/l pela integral elíptica incompleta de
primeiro tipo, com os mesmos dados numéricos da figura 2.7....................................37
Figura 2.9 – gráfico da diferença entre os dois membros da equação (2.47), para os
mesmos dados numéricos do gráfico da figura 2.7......................................................38
Figura 2.10 – integrando da primeira parcela do segundo membro de (2.51).............39
Figura 2.11 – gráfico da diferença entre integrais elípticas existente em (A.3), (A.9) e
(A.17), para os mesmos dados numéricos das figuras 2.7 a 2.9, e u
f
= 0,2, traçado para
0
r
u
f
e d u
i
– trecho cujos pontos se enquadram no caso 4................................41
Figura 3.1 – extrapolação da pressão obtida pelo MEF...............................................68
Figura 3.2 – interpolação do fluxo obtido pelo MEC ..................................................69
Figura 4.1 – (a) esquema do contorno axissimétrico; (b) seção transversal, para
situações 1, 2 e 3; (c) malha empregada na análise .....................................................74
Figura 4.2 – comparação entre o resultado da situação 1 (em preto) e o analítico (em
vermelho).....................................................................................................................77
Figura 4.3 – comparação entre o resultado das situações 2 (em preto, linha cheia) e 3
(em preto, linha pontilhada) e o analítico (em vermelho)............................................79
Figura 4.4 – pressão no ponto A para análise estendida..............................................82
Figura 4.5 – pressão no ponto A para análise estendida, situação 2 – comparação entre
amortecimentos numéricos ..........................................................................................83
ix
Figura 4.6 – variação da resposta para pressão no ponto A com a mudança de θ.......84
Figura 4.7 – resposta para pressão no ponto A para integração no tempo numérica e
analítica........................................................................................................................86
Figura 4.8 – (a) esquema da cavidade esférica em meio infinito; (b) malha de oito
elementos empregada...................................................................................................87
Figura 4.9 – resultados para 8 elementos e θ = 1,0 – pontos do contorno...................88
Figura 4.10 – resultados para o ponto 1, variando-se o valor de θ ..............................89
Figura 4.11 – comparação entre malhas ......................................................................89
Figura 4.12 – pontos internos (em preto), comparação com resultado analítico (em
vermelho).....................................................................................................................90
Figura 4.13 – esquema do modelo da membrana: (a) em perfil; (b) em planta...........92
Figura 4.14 – gráfico no tempo da carga aplicada.......................................................92
Figura 4.15 – comparação de espessuras: (a) e = 0,1m; 0,2 m e teórico; (b) e = 1,0 m
......................................................................................................................................93
Figura 4.16 – comparação entre resultado numérico e analítico – situação 1 .............94
Figura 4.17 – derivada normal ao contorno direito – situação 1 .................................95
Figura 4.18 – derivada normal ao contorno direito – situação 2 .................................95
Figura 4.19 – pressão em um ponto a meia barra ........................................................96
Figura 4.20 – fluxo na extremidade da barra...............................................................97
Figura 4.21 – modelo para acoplamento acústico-acústico .........................................98
Figura 4.22 – pressão no ponto A – acoplamento x MDF...........................................99
Figura 4.23 – pressão no ponto B – acoplamento x MDF .........................................100
Figura 4.24 – esquema da aplicação do item 4.3.1: (a) situação 1; (b) situação 2; (c)
malha empregada; cotas em metros...........................................................................102
Figura 4.25 – deslocamentos u
z
em A (a) e B (b) para tolerâncias de 10
-3
e 10
-6
......103
Figura 4.26 – deslocamentos u
z
em A (a) e B (b) variando passo de tempo do MEF103
Figura 4.27 – deslocamentos u
z
nos pontos A (a) e B (b) variando refinamento da
malha do MEF............................................................................................................104
Figura 4.28 – comparação entre resultados analíticos e numéricos - situação 1 .......105
Figura 4.29 – comparação entre resultados analíticos e numéricos - situação 2 .......106
Figura 4.30 – modelo de um meio afetado por uma fonte geradora de pressão; cotas
em metros...................................................................................................................107
Figura 4.31 – pressão no ponto A – comparação entre métodos ...............................108
x
Figura 4.32 – pressão no ponto B – comparação entre métodos ...............................109
Figura 4.33 – deslocamento horizontal no ponto C – comparação entre métodos ....109
Figura 4.34 – pressão em A – comparação com e sem o duto...................................110
Figura 4.35 – pressão em B – comparação com e sem o duto...................................110
Figura 4.36 – esquema do modelo para aplicação do item 4.3.3; cotas em metros...112
Figura 4.37 – deslocamento horizontal em A – comparação entre métodos .............113
Figura 4.38 – deslocamento horizontal em B – comparação entre métodos .............113
Figura 4.39 – deslocamento horizontal em A – comparação com e sem fluido ........114
Figura 4.40 – deslocamento horizontal em B – comparação com e sem fluido ........114
Figura F.1 – barra engastada submetida a carga normal............................................142
Figura F.2 – cavidade esférica em meio infinito........................................................143
Figura F.3 – membrana circular.................................................................................144
xi
Lista de símbolos
Símbolos romanos
a coeficiente da transformação de coordenadas.
A função auxiliar para integração de partes finitas.
A matriz de coeficientes do sistema do MEC.
A
ˆ
matriz efetiva do MEF.
b coeficiente da transformação de coordenadas.
B função auxiliar para integração de partes finitas.
B matriz de formação do vetor de condições de contorno do MEC; matriz
de derivadas das funções de interpolação do MEF.
B
ˆ
vetor efetivo do MEF.
c velocidade de propagação da onda primária; coeficiente geométrico do
MEC; coeficiente da transformação de coordenadas.
C
1
, C
2
coeficientes auxiliares para integração.
C matriz de amortecimento do MEF.
d maior distância entre o ponto campo e o anel de fontes; coeficiente da
transformação de coordenadas.
D matriz constitutiva.
E integral elíptica do 2
o
tipo completa ou incompleta; módulo de
elasticidade.
f função descrita pela emissão de uma fonte pontual.
F integral elíptica incompleta do 1
o
tipo.
F vetor de cargas nodais do MEF.
g expressão obtida da integração analítica no tempo para montagem de
G.
G jacobiano da transformação de coordenadas.
G matriz de convolução.
h expressão obtida da integração analítica no tempo para montagem de
H; menor distância entre o ponto fonte e a reta que contém o elemento onde está o
ponto campo.
H função Heaviside.
H matriz de convolução.
xii
K integral elíptica completa do 1
o
tipo; módulo de compressibilidade.
K matriz de rigidez do MEF.
l comprimento.
L matriz de transformação deslocamento-deformação.
M matriz de massa do MEF.
N função de interpolação do MEF.
n vetor normal ao contorno.
p pressão; coeficiente da transformação de coordenadas.
p
*
pressão da solução fundamental.
p vetor de pressões em certo instante de tempo.
q fluxo; coeficiente da transformação de coordenadas.
q
*
fluxo da solução fundamental.
q vetor de fluxos em certo instante de tempo.
Q
~
vetor que contém fluxos nodais.
r distância entre o ponto fonte no plano de axissimetria e o ponto campo.
R distância entre o ponto fonte e o ponto campo.
S vetor com a contribuição das fontes pontuais.
t tempo.
u variável auxiliar para integração; deslocamento.
U vetor de deslocamentos.
v derivada da pressão em relação ao tempo.
w expressão obtida da integração analítica no tempo do termo relativo a
fontes pontuais; função de ponderação.
X ponto campo.
x vetor de incógnitas do MEC.
y vetor com condições de contorno do MEC.
Símbolos gregos
α parâmetro de relaxação.
β parâmetro de refinamento do MEC; parâmetro de Newmark.
γ densidade de fontes; parâmetro de Newmark; coordenada natural dos
pontos de Gauss.
xiii
Γ contorno do meio.
δ função Delta de Dirac.
ε parâmetro de convergência das iterações.
ζ coeficiente de amortecimento viscoso.
η função de interpolação espacial de
p; coordenada natural dos pontos de
integração transformados.
θ função de interpolação temporal de
q; ângulo definidor de direção do
elemento de contorno; parâmetro para estabilização do MEC.
ν função de interpolação espacial de
q; coeficiente de Poisson.
ξ ponto fonte; coordenada natural.
ρ densidade.
τ variável temporal.
Φ função de interpolação temporal de p.
domínio do meio.
Abreviaturas
MEC Método dos Elementos de Contorno.
MEF Método dos Elementos Finitos.
Notações
Y
i
termo i do vetor Y (Y = (Y1, Y2, Y3) em 3D e Y = (Y1, Y2) em 2D).
Y
&
derivada temporal de Y ( tYY = /
&
).
Y vetor gradiente de Y (Y = (Y,
1
; Y,
2
; Y,
3
) em 3D e Y = (Y,
1
; Y,
2
) em
2D).
2
operador de Laplace (
2
Y = Y,ii).
Y norma do vetor Y (
ii
YYY .= )
Introdução 1
Introdução
I.1. A propagação de ondas na engenharia
O estudo do fenômeno da propagação de ondas vem sendo aprimorado há
séculos, constituindo-se de inúmeras subdivisões, entre as quais podem-se destacar a
ótica (propagação da luz) e a acústica (propagação do som). Estes dois campos são de
extrema importância, pela sua participação na comunicação de seres humanos e
inúmeros animais. Dois dos cinco sentidos do ser humano devem sua existência às
ondas luminosas e sonoras. Além destas, diversos outros tipos de ondas mecânicas e
eletromagnéticas (sísmicas, ultrassonoras, microondas) têm um vasto campo de
aplicação na ciência.
No contexto da engenharia atual, a análise da propagação de ondas ganha
cada vez mais importância, em virtude da diversidade de aplicações dela
provenientes. O desenvolvimento de equipamentos capazes de emitir ondas, geradas
através de sinais, bem como de receber estas ondas e decodificá-las novamente em
sinais, possibilita a ampliação cada vez maior deste campo de aplicações.
Na indústria do petróleo, pode-se destacar primeiramente a aplicação do
estudo de propagação de ondas na realização de levantamentos sísmicos, inclusive em
regiões com lâmina d’água elevada. Ondas acústicas emitidas na superfície da água
(ou do solo), ao encontrarem obstáculos ou mudanças de propriedades entre meios de
propagação, refletem-se, fazendo com que parte da energia emitida retorne à
superfície. As ondas refletidas são medidas em receptores também localizados na
superfície, rebocados por navios e, através do procedimento conhecido como
migração em profundidade, é possível, através das respostas medidas, identificar
camadas, intrusões salinas e, principalmente, regiões contendo hidrocarbonetos. Esse
estudo assume uma grande responsabilidade em vista dos vultosos custos envolvidos
na perfuração de poços de petróleo.
Uma aplicação comum em engenharia civil é a que utiliza GPR (“ground
penetrating radar”), a fim de se investigar a composição geológica do subsolo para
profundidades pequenas. Procedimentos semelhantes aos expostos no parágrafo
anterior permitem obter informações a respeito das camadas presentes no subsolo. O
GPR, apesar de ainda não comumente empregado, pode ser uma alternativa aos
Introdução 2
métodos tradicionais de investigação do subsolo, quando não for vantajoso, por
diversos motivos, que estes sejam utilizados, podendo ser útil também como
ferramenta complementar. Para profundidades pequenas (até 100 metros), como é o
caso em obras civis, ondas eletromagnéticas são em geral utilizadas. Em
profundidades maiores, utilizam-se ondas sísmicas, que viajam distâncias maiores no
subsolo, mas não são capazes de identificar obstáculos pequenos.
Uma última aplicação mencionada aqui é na engenharia estrutural, pelo
desenvolvimento de equipamentos que possibilitam a identificação de danos (fissuras,
alteração de propriedades) em estruturas de concreto, também através da medição da
resposta a uma determinada fonte emitindo ondas na superfície da estrutura. Essa
identificação é de extrema importância em estruturas como barragens, em que a
presença de fissuras pode gerar graves conseqüências, pela possibilidade de
propagação das mesmas. Deste modo, pode-se reduzir a necessidade da retirada de
testemunhos, que explicitariam a existência da fissura.
Existe uma variedade extensa de problemas cujo entendimento requer a
utilização de metodologias baseadas nos fenômenos de propagação de ondas; um
deles é o problema de interação acústico-elástica (fluido-estrutura) estudado nesta
monografia.
I.2. Conceitos básicos e breve revisão bibliográfica
De acordo com o material de que é composto o meio onde ocorre a
propagação de ondas, pode-se fazer a distinção entre meios elásticos e acústicos. A
princípio, POISSON [1] foi o primeiro a identificar que a onda que se propaga em um
meio elástico é composta de uma onda primária, também chamada de irrotacional e
longitudinal, e uma onda secundária, também chamada de transversal, distorcional e
de cisalhamento. Um meio acústico, essencialmente constituído por fluidos, não
resiste ao cisalhamento, por isso não ocorre nele a propagação de ondas secundárias.
Este conceito é de fundamental importância, já que, dependendo do material de que é
composto o meio em estudo, a modelagem física é completamente diferente.
Com o aumento da diversidade de aplicações, o estudo da propagação de
ondas cresceu bastante nas últimas décadas, impulsionado também pelo aumento da
capacidade de processamento e memória dos microcomputadores, o que possibilitou o
Introdução 3
desenvolvimento de métodos mais sofisticados e eficientes visando à modelagem
numérica do problema.
A modelagem de problemas transientes pode ser realizada no domínio do
tempo ou no domínio da freqüência. As análises baseadas no domínio do tempo são
mais familiares, visto que a resolução se processa em passos de tempo,
correspondentes ao tempo real de análise (BATHE [2], COOK [3]). As análises no
domínio da freqüência necessitam de domínios transformados, tendo se desenvolvido
bastante ultimamente, já que em alguns casos constituem-se no modo mais adequado
para análise (THOMSON [4], CLOUGH e PENZIEN [5]). Neste trabalho, todo o
desenvolvimento é feito no domínio do tempo.
O Método dos Elementos Finitos (MEF) é provavelmente o método numérico
mais popular tanto nos meios acadêmicos quanto em empresas produtoras de
programas computacionais comerciais. Este método é mais adequado para problemas
relativos a meios não-homogêneos e anisotrópicos, bem como para lidar com as não-
linearidades passíveis de existência no problema. Mais detalhes sobre o método
podem ser encontrados em ZIENKIEWICZ e TAYLOR [6] e BATHE [2].
O MEF, no entanto, apresenta deficiências quando se lida com domínios
infinitos, já que há a necessidade de limitar a malha. Deste modo, são introduzidos
contornos artificiais. Tem-se tentado desenvolver contornos chamados de
transmissores, ou não-refletores, que numericamente eliminem reflexões, absorvendo
a energia, a fim de representar corretamente a continuidade do meio (GIVOLI e
NETA [7], SARMA et al. [8]), porém sua eficiência ainda é questionável. Com isso,
muitas vezes é necessário que a malha de elementos finitos seja estendida a uma
dimensão muito grande, sendo que este procedimento em alguns casos inviabiliza as
análises, produzindo malhas de tamanho proibitivo.
O Método dos Elementos de Contorno (MEC) teve seu desenvolvimento
iniciado mais recentemente, sendo derivado da discretização numérica de equações
integrais obtidas a partir das equações físicas básicas do problema em questão.
Através do MEC um corpo de domínio infinito pode ser corretamente representado, já
que o método exige apenas a discretização do contorno. Mais detalhes sobre o método
podem ser encontrados em DOMINGUEZ [9], BECKER [10] e MANSUR [11]. Uma
desvantagem deste método é que, dependendo do vulto do problema, há a
necessidade, na análise no domínio do tempo, do armazenamento de grande
Introdução 4
quantidade de matrizes de convolução correspondentes aos instantes de tempo de
análise decorridos.
Em alguns tipos de problema, o domínio em análise é formado por sistemas de
diferentes características interagindo entre si. Neste caso, não é possível a solução de
cada sistema isoladamente, já que os resultados de cada um influenciam a resposta do
outro. Estes sistemas são ditos acoplados e, dependendo das suas características, o
acoplamento pode ser do tipo acústico-acústico, acústico-elástico ou elástico-elástico,
por exemplo.
Segundo SOARES JR. [12], os sistemas acoplados podem interagir apenas em
suas interfaces ou seus domínios podem se sobrepor. No primeiro caso, chamado de
acoplamento de interface, o acoplamento se dá através das condições de contorno na
interface, enquanto no segundo, chamado de acoplamento de domínio, o acoplamento
se dá através das equações governantes dos fenômenos físicos. No presente trabalho,
lida-se apenas com acoplamento de interface. Como exemplo deste tipo de
acoplamento, pode-se citar a interação entre fluido e estrutura, como no caso de água
interagindo com estruturas de barragens, portos e estruturas off-shore, ou de
lubrificantes interagindo com elementos de máquinas; outro caso é o de interação
entre sólidos de propriedades diferentes, como entre o solo e as fundações de uma
estrutura.
Os diferentes sistemas que interagem entre si podem ser modelados por
métodos numéricos distintos. Neste trabalho trata-se de sistemas acoplados modelados
pelo MEF e pelo MEC. O estudo deste tipo de acoplamento leva, entre outros, aos
trabalhos de VON ESTORFF e ANTES [13], BELYTSCHKO e LU [14] e YU et al.
[15]. Nestes trabalhos, a resolução do sistema ocorre através da formação de um
sistema de equações acoplado. Segundo SOARES JR. e VON ESTORFF [16], alguns
problemas advêm deste procedimento, sendo importante citar no contexto do presente
trabalho os seguintes: o sistema acoplado de equações não apresenta as características
de esparsidade e configuração em banda daquele obtido no MEF, inviabilizando o
emprego dos programas de solução já desenvolvidos para os sistemas obtidos neste
método; e o intervalo de tempo da solução deve ser único para todas as malhas. Esse
último é um problema grave, visto que há casos em que a diferença entre as
velocidades de propagação de onda dos diversos meios acoplados é considerável, o
Introdução 5
que exigiria discretizações espaciais e temporais distintas, adequadas a cada meio e a
cada método empregado na modelagem.
Estes problemas são evitados empregando-se o método iterativo para
acoplamento apresentado inicialmente por SOARES et al. [17] para análise de
sistemas não-lineares bidimensionais com acoplamento do tipo sólido-sólido.
Segundo esta abordagem, cada sistema é resolvido separadamente, sendo verificadas
as condições de contorno na interface, através de um processo iterativo, até que estas
sejam atingidas (tal procedimento é descrito detalhadamente no item 3.3 do presente
trabalho, adaptado ao caso axissimétrico). Posteriormente, o conceito de acoplamento
iterativo MEC-MEF foi expandido por SOARES et al. [18] para análise de sistemas
acoplados do tipo sólido-fluido, tendo mais uma vez como foco problemas
bidimensionais.
Este trabalho trata de problemas axissimétricos, ou seja, que possuem simetria
em relação a um eixo, que se configura como um eixo de revolução. A consideração
desta simetria representa uma economia, já que evita a análise do problema
tridimensional. Quando for feita referência a um problema axissimétrico, fica
subentendido a partir de agora que está se tratando tanto da geometria quanto do
carregamento aplicado.
A análise de meios acústicos axissimétricos modelados pelo MEC, um ponto
fundamental neste trabalho, inicialmente concentrou-se em soluções no domínio da
freqüência. GRANNELL et al. [19] deduziram um método de alta precisão para
solução do problema de Neumann para a equação de Helmholtz. TSINOPOULOS et
al. [20] e SOENARKO [21] lidaram com problemas de propagação de ondas
acústicas com condições de contorno não-axissimétricas. No domínio do tempo, o
usual era a integração numérica da solução fundamental tridimensional em torno do
eixo de axissimetria, como em ISRAIL et al. [22] e BESKOS [23]. No entanto, em
CZYGAN e VON ESTORFF [24] é apresentado o procedimento de integração
analítica da solução fundamental em torno do eixo de axissimetria, chegando-se então
à solução fundamental axissimétrica. No presente trabalho, o principal foco consiste
na integração analítica ao longo do tempo desta solução.
Introdução 6
I.3. Objetivos e resumo dos capítulos
No Capítulo 1, apresenta-se a formulação do MEC para problemas de
propagação de ondas acústicas em meios homogêneos. Partindo-se da equação
governante do fenômeno, chega-se à equação integral de contorno através da qual se
obtém a pressão em qualquer ponto do domínio ou do contorno em estudo. É
apresentado resumidamente o processo empregado por MANSUR [11] para se obter
esta equação, o qual se utiliza do método dos resíduos ponderados, considerando
como função de ponderação a solução fundamental do problema. Este procedimento
refere-se ao caso genérico tridimensional. Em seguida, é mostrado brevemente o
procedimento utilizado por CZYGAN e VON ESTORFF [24] para obtenção da
solução fundamental axissimétrica.
O Capítulo 2 contém todo o procedimento aplicado às integrais de contorno a
fim de resolver o problema numericamente. O contorno é discretizado em elementos
de contorno de geometria linear e são apresentadas as funções de interpolação
empregadas no método. A equação integral de contorno é escrita para todos os pontos
do contorno para se chegar ao sistema de equações de interesse. Os coeficientes das
matrizes deste sistema são provenientes de integrais no tempo (relativas à
convolução) e no espaço. O próximo passo, então, é a integração analítica no tempo,
cujo procedimento é detalhado no item 2.2. Os cuidados a serem tomados para a
integração espacial são também aprofundados, no item seguinte, no qual se apresenta
o processo semi-analítico empregado a fim de se eliminar as singularidades presentes
nas expressões. No item 2.4, trata-se da integração analítica no tempo dos termos
correspondentes a fontes pontuais presentes no meio. O “Esquema Teta” utilizado
para estabilização da resposta é brevemente mostrado no fim do capítulo. As
integrações analíticas, que produzem as expressões apresentadas nos Anexos A, D e
F, são o cerne do trabalho, sendo o resultado obtido através deste processo comparado
com aquele obtido através de integração numérica.
No Capítulo 3, inicialmente se apresenta a formulação do MEF, tanto para
problemas acústicos quanto para problemas elásticos, sendo mostrada a adaptação
realizada para problemas axissimétricos. Em seguida é abordado o acoplamento de
sistemas fisicamente distintos (acústico-elástico), ou fisicamente similares (acústico-
acústico), porém modelados por métodos distintos. São relacionadas as condições a
Introdução 7
serem obedecidas na interface para o acoplamento. O método iterativo para
implementação numérica do acoplamento é apresentado no item 3.3.
O Capítulo 4 apresenta exemplos de aplicação dos métodos descritos nos
capítulos anteriores visando à validação do que foi desenvolvido aqui. Os exemplos,
primeiramente, referem-se a problemas de meio exclusivamente acústico, a fim de se
testar as expressões analíticas obtidas no Capítulo 2 e mostradas nos Anexos A, D e
E. Posteriormente, passa-se para exemplos de domínios em que ocorre interação entre
meios acústicos, e entre meios acústicos e elásticos, verificando-se o acoplamento
implementado.
O objetivo principal do trabalho é a obtenção das expressões analíticas
provenientes da integração ao longo do tempo. Com isso, é desenvolvido um código
computacional em Fortran para análise de meios acústicos axissimétricos pelo MEC.
Posteriormente, trabalha-se no acoplamento iterativo para meios
axissimétricos. Utilizando-se de um programa já desenvolvido para solução de
problemas acústicos e elastodinâmicos pelo MEF, promove-se a interação entre os
dois programas através de uma sub-rotina de acoplamento de interface e de execução
das iterações.
Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos 8
Capítulo 1
Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos
A equação escalar da onda, explicitada pela expressão (1.1), governa a
propagação de ondas através de meios acústicos, de modo geral, podendo ser também
empregada na análise de diversos outros problemas, tais como vibração longitudinal
de barras, vibração transversal de cordas e de membranas. Em alguns casos, um
problema de meio elástico pode ter suas equações governantes simplificadas, de modo
a recaírem na equação escalar da onda, ampliando o campo de aplicações dos
procedimentos de resolução desta equação.
γ
=
2
2
2
2
1
t
p
c
p (1.1)
Em (1.1), p é a pressão em qualquer ponto do domínio do problema, c é a
velocidade de propagação da onda acústica no meio e γ a função que descreve a
distribuição espacial e temporal de fontes no domínio. O operador
2
representa o
Laplaciano de uma função. O domínio do problema é denominado , sendo seu
contorno expresso por Γ.
São consideradas as condições iniciais de pressão e de sua derivada em relação
ao tempo expressas em (1.2), onde o ponto X representa um ponto qualquer do
domínio.
()
()
)(0,
)(0,
0
0
XvX
t
p
XpXp
=
=
(1.2)
As condições de contorno do problema são expressas por (1.3), onde Γ
1
é a
parte do contorno em que são prescritas pressões e Γ
2
a parte em que são prescritas as
derivadas na direção normal ao contorno, que equivalem ao fluxo q.
()
()
2
1
,,
,,
Γ=
Γ=
XqtX
n
p
XptXp
(1.3)
Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos 9
Este capítulo tem como objetivo a obtenção, através da manipulação da
equação (1.1), da equação integral a ser empregada para a análise pelo Método dos
Elementos de Contorno (MEC). Os procedimentos são aqui expostos de forma
simplificada, já que não é este o objetivo do trabalho. A dedução mais rigorosa pode
ser encontrada em MANSUR [11].
Obtida a equação integral, necessita-se da solução fundamental, que, como
será visto, é uma função de Green do problema. Por fim, a solução fundamental geral,
obtida para o caso tridimensional, é particularizada para o caso em que se lida com a
axissimetria do problema, conforme executado em CZYGAN e VON ESTORFF [24].
Os resultados aqui expostos são a base teórica para os procedimentos
implementados no capítulo seguinte.
1.1. Equação integral e solução fundamental 3-D
Através da utilização do método dos resíduos ponderados, a partir da equação
de interesse (1.1), é escrita a expressão (1.4), na qual τ é a variável ao longo do tempo.
() ()
∫∫∫∫∫∫
+++
ΓΓΩ
ΓΓ=Ω
+
ttt
ddqppddpqqddp
p
c
p
0
*
0
*
0
*
2
2
2
2
12
1
τττγ
τ
(1.4)
A função de ponderação p
*
é chamada de solução fundamental do problema,
apresentada mais adiante. Esta função deve ser solução da equação (1.1), em uma
região descrita pelo domínio
*
, de contorno Γ
*
, de modo que
*
contenha o domínio
e o contorno originais. A função q
*
representa a derivada da solução fundamental na
direção normal ao contorno, ou seja, o fluxo no contorno relacionado à solução
fundamental. A integração é efetuada até um instante de tempo t
+
, que corresponde ao
instante t acrescido de um parâmetro infinitesimal. Este procedimento é necessário
para que o limite de integração não coincida com o pico de uma função delta de
Dirac.
O próximo passo consiste em aplicar a segunda identidade de Green,
apresentada em (1.5), ao termo de (1.4) que contém o Laplaciano. Esta segunda
Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos 10
identidade de Green pode ser obtida através de manipulações do teorema da
divergência [11].
()
ΓΩΩ
Γ+Ω=Ω dpqqpdppdpp
***2*2
(1.5)
Ao mesmo tempo, realiza-se, duas vezes a integração por partes no termo que
contém a derivada segunda da pressão em relação ao tempo, expressa em (1.6).
+
+
+
+
=
t
t
t
d
p
p
p
pp
p
dp
p
0
2
*2
0
*
*
0
*
2
2
τ
τ
ττ
τ
τ
(1.6)
Com isso, chega-se à expressão (1.7), na qual se considera que a pressão e o
fluxo são perfeitamente conhecidos, respectivamente, em Γ
1
e Γ
2
.
()
0
1
1
0
*
*
2
0
*
0
2
*2
2
*2
0
**
=Ω
Γ+
+Ω
+Γ
∫∫
∫∫∫∫
ΩΩ
ΩΓ
+
+
++
dp
p
p
p
c
ddp
ddp
p
c
pddpqqp
t
t
tt
ττ
τγ
τ
τ
τ
(1.7)
Sabendo-se que, devido à propriedade da causalidade, é válida a expressão
(1.8), chega-se a (1.9).
0
*
*
=
=
+
+
=
=
t
t
p
p
p
p
τ
τ
ττ
(1.8)
()
()
0
1
1
*
000
*
0
2
0
*
0
2
*2
2
*2
0
**
=ΩΓ+
+Ω
+Γ
∫∫
∫∫∫∫
ΩΩ
ΩΓ
+
++
dpvpv
c
ddp
ddp
p
c
pddpqqp
t
tt
τγ
τ
τ
τ
(1.9)
Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos 11
A solução fundamental p
*
aqui utilizada é a função de Green para um meio
infinito submetido a uma fonte concentrada dada pela expressão (1.10). O ponto ξ é
chamado de ponto fonte, no qual está localizada a fonte geradora de pressão da
solução fundamental, sendo o ponto X denominado ponto campo, que corresponde a
um ponto qualquer no qual se está medindo a resposta devida à excitação provocada
pela fonte. A fonte corresponde a uma função Delta de Dirac também no tempo,
sendo sua aplicação dada no tempo τ, enquanto a resposta é medida em um tempo
qualquer t.
()()
τδξδγ
= tX
*
(1.10)
Substituindo-se a expressão para a fonte em (1.1), pode-se chegar à solução
fundamental dada por (1.11), segundo MORSE e FESHBACH [25].
()
[]
Rtc
R
c
p =
τδ
π
4
*
(1.11)
()
[]
()
[]
+
=
= RtcRtc
R
c
Rn
r
n
p
q
τδτδ
π
&
4
1
*
*
(1.12)
Em (1.11), R é a distância entre o ponto fonte ξ e o ponto campo X.
Substituindo-se o termo entre parênteses da segunda parcela de (1.9) pela expressão
(1.10) e se utilizando das propriedades da integração de uma função Delta de Dirac,
chega-se finalmente à expressão (1.13).
() ()() ()()
()() ()()
()()
∫∫
∫∫∫∫
+
++
Ω
ΩΩ
ΓΓ
Γ+
+Ω+Ω
ΓΓ=
t
tt
ddXtXp
dXvtXp
c
dXptXv
c
ddXptXqddXqtXptp
0
*
0
*
0
2
0
*
0
2
0
*
0
*
,,,,
,,
1
,,
1
,,,,,,,,,
ττγτξ
ξξ
τττξτττξξ
(1.13)
Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos 12
A expressão (1.13) é válida para um ponto ξ não pertencente ao contorno. No
caso de este ponto pertencer ao contorno, o primeiro termo do lado esquerdo de (1.13)
é multiplicado pelo coeficiente c(ξ), dado por (1.14).
()
()
()
Γ
Γ
Γ
Γ
=
ε
ε
ε
ε
ε
ξ
ξ
ξ
dXq
dXq
imlc
,
,
*
*
0
(1.14)
Em (1.14),
ε
Γ
é o contorno de um domínio
ε
Ω
, que corresponde a uma esfera
de raio infinitesimal ε em torno do ponto ξ, sendo
ε
Γ a parcela do contorno de
ε
Ω
localizada no interior do domínio original do problema .
Para contornos tridimensionais, quando o contorno não é suave em ξ, o cálculo
pode se tornar bastante trabalhoso, portanto, evita-se colocar pontos fontes em pontos
angulosos de contornos tridimensionais. Sendo o contorno suave em ξ, não
apresentando “bico”, c(ξ) = 0,5.
Se o domínio modelado é caracterizado por duas dimensões (problemas
bidimensionais ou axissimétricos),
ε
Ω
não mais é uma esfera (torna-se um círculo,
representando um cilindro infinito, no problema bidimensional, e um toróide, no
problema axissimétrico), e a expressão (1.14) se simplifica em (1.15), sendo α o
ângulo interno formado pelas tangentes ao contorno do modelo no ponto ξ.
()
π
α
ξ
2
=c (1.15)
Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos 13
1.2. Solução fundamental axissimétrica
Neste item é sucintamente exposto o procedimento apresentado por CZYGAN
e VON ESTORFF [24] para se chegar à solução fundamental para problemas
acústicos axissimétricos resolvidos pelo MEC.
Este procedimento consiste basicamente de uma integração em torno do eixo
de axissimetria para θ variando de 0 a 2π, de acordo com a figura 1.1. Em (1.16), a
divisão por 2π é meramente um artifício que terá sua utilidade mostrada ao final do
capítulo.
=
π
θ
π
2
0
*
3
*
2
1
dpp
daxi
(1.16)
Para substituir a solução fundamental tridimensional, dada por (1.11), em
(1.16), é necessário expressar a distância entre um ponto qualquer do anel de fontes
descrito por ξ (figura 1.1) e o ponto campo X em função apenas de variáveis presentes
no plano 1-2, que contém o contorno do modelo, e do ângulo θ, que será integrado,
desaparecendo da expressão. Deste modo, chega-se por simples geometria a (1.17).
(
)
2
22
2
111
2
1
cos2
ξξθξ
++= xxxR (1.17)
Figura 1.1 – variáveis necessárias para solução axissimétrica
Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos 14
Escrevendo-se r conforme (1.18), R passa a ser dado pela expressão (1.19).
()
2
22
2
111
2
1
2
ξξξ
++= xxxr (1.18)
() ( )
θξθ
cos12,
11
2
+= xrrR
(1.19)
A distância máxima d entre um ponto do anel de fontes e o ponto campo em
questão, dada por (1.20) é obtida para cos θ = – 1.
11
2
4
ξ
xrd += (1.20)
Substituindo-se a expressão (1.19) na solução fundamental dada por (1.11) e
esta em (1.16), pode-se proceder à integração indicada. A matemática desta integração
é um tanto árdua, não sendo aqui apresentada. Ela pode ser encontrada na referência
[24].
A expressão final a que se chega é apresentada em (1.21).
()
[]
()
()
()
[]
()
[]
τξ
τ
τξτπ
+
=
tcrxH
rtcH
rtcxrtc
c
p
axi
2
11
2
2
2
11
2
2
2
*
4
4
1
4
x
x
(1.21)
A expressão (1.21) é não-nula somente para r < c(t – τ) <
2
11
4 rx +
ξ
= d, ou
seja, apenas para pontos já atingidos pela onda emitida pelo ponto do anel de fontes
mais próximo a eles e ainda não atingidos pelo ponto do anel de fontes mais distante
deles. A interpretação deste fato conduz ao raciocínio de que o caso axissimétrico é
um caso intermediário entre o caso bidimensional e o tridimensional. No primeiro, o
ponto campo é afetado pelo ponto fonte desde a chegada da primeira onda até o
infinito, já que este ponto fonte na realidade representa uma linha infinita de fontes.
No caso tridimensional, o ponto campo é afetado apenas em um instante de tempo
determinado, já o ponto fonte representa apenas ele mesmo, e a solução fundamental é
um Delta de Dirac. Já para o caso axissimétrico, a solução fundamental é não-nula, ou
Formulação do MEC para problemas acústicos axissimétricos 15
seja, o ponto campo é afetado, durante um intervalo de tempo definido, compatível
com o fato de o ponto fonte na realidade representar uma circunferência formada por
fontes pontuais infinitesimais.
A derivada da solução fundamental axissimétrica na direção normal ao
contorno é dada por (1.22), onde o vetor
n representa a normal ao contorno, de
componentes n
1
e n
2
, sendo x
1
e x
2
as coordenadas do ponto campo, sempre em
relação aos eixos 1 e 2 da figura 1.1.
()
[]
()
()
()
[]
()
()
()
[]
()
[]
τξτ
τξτ
ξτξξ
π
+
+
=
=
+
=
=
tcrxHrtcH
rtcxrtc
xnrtcxxnxn
c
n
x
p
n
x
p
n
p
q
axiaxiaxi
axi
2
11
2/3
2
2
2
11
2
2
2
2
111
2
2
2
1122211
2
2
2
*
1
1
**
*
4
2
1
.
2
1
.
4
x
x
(1.22)
Nota-se que as funções Heaviside originárias de (1.21) não foram derivadas.
Fazendo-se analogia com o caso bidimensional, a derivação da função Heaviside em
relação ao tempo acaba produzindo um termo que inclui as condições iniciais e outro
que se soma à expressão (1.22) na integral ao longo do tempo, regularizando o
integrando. Deste modo, os problemas analisados utilizando-se o fluxo da solução
fundamental dado por (1.22) apresentam erro quando da consideração de condições
iniciais no problema em seu contorno.
O resultado da integral, com o integrando regularizado, equivale ao obtido
integrando-se diretamente a expressão (1.22), utilizando o conceito de partes finitas
quando há singularidades não-integráveis. No entanto, na formulação por partes
finitas, falta o termo que inclui as condições iniciais. No Capítulo 2, o procedimento
de integração utilizado neste trabalho é apresentado, e este aspecto volta a ser
discutido.
No caso em que o ponto fonte ξ ou o ponto campo X se localiza sobre o eixo
de axissimetria do modelo, a solução fundamental axissimétrica confunde-se com a
solução fundamental tridimensional. Esse aspecto só é possível se houver a divisão
por 2π presente em (1.16).
Implementação numérica do MEC 16
Capítulo 2
Implementação numérica do MEC
Neste capítulo, são abordados todos os aspectos relativos ao desenvolvimento
do esquema elaborado neste trabalho com o objetivo de se resolver problemas
acústicos axissimétricos, representados pela equação (1.1), através da implementação
numérica pelo Método dos Elementos de Contorno (MEC).
Primeiramente, mostra-se de que forma, partindo da equação integral (1.13),
pode-se resolver o problema numericamente. Este processo envolve a discretização do
contorno em elementos, bem como a discretização do tempo total de análise em
instantes de tempo definidos a partir de um intervalo de tempo de análise,
procedimento padrão para qualquer problema a ser resolvido no domínio do tempo
pelo MEC.
Em seguida, são apresentadas as aproximações utilizadas a fim de se
representar o comportamento da variável básica do problema e de sua derivada na
direção normal ao contorno (no caso da acústica, a pressão e o fluxo) ao longo do
espaço e do tempo em função de valores discretos nos nós do contorno (nós estes que
são determinados pela discretização espacial adotada) em certos instantes de tempo
(determinados em função da discretização temporal adotada), valores estes que
acabam se constituindo nas incógnitas do problema.
Tendo sido definidas as aproximações, fica definido o integrando das integrais
de convolução presentes na expressão (1.13). Parte-se então para a manipulação deste
integrando, a fim de se desenvolver a expressão analítica do resultado desta integral,
que posteriormente é integrado ao longo dos elementos, conforme será visto.
Estas expressões analíticas apresentam singularidades para alguns pontos do
contorno, sobre as quais é comentado na seqüência, apresentando-se o procedimento
de integração semi-analítica utilizado, e mostrando como é realizada a integração
numérica ao longo dos elementos do contorno, o que envolve uma transformação de
coordenadas a fim de se aumentar a precisão do método de integração. Desta forma,
são montadas as matrizes de convolução, bem como as matrizes correspondentes ao
tempo para o qual as incógnitas estão sendo calculadas.
Implementação numérica do MEC 17
Posteriormente são apresentadas as expressões analíticas integradas ao longo
do tempo relativas aos termos da equação integral que aparecem devido a fontes
pontuais geradoras de pressão presentes no meio acústico.
Neste trabalho, a integração analítica ao longo do tempo apresenta-se como
estratégia alternativa e mais precisa à integração numérica, através dos métodos de
Kutt [27] e Chebyshev [28], de acordo com o tipo de integral a ser calculada.
Por fim, aborda-se a implementação do “Esquema Teta”, que foi empregado
neste trabalho tendo como objetivo a estabilização da resposta ao longo do avanço no
tempo para alguns problemas com os quais se deparou.
2.1. Discretização e aproximações
No Capítulo 1, obteve-se a equação (1.13), que serve de base para a resolução
do problema acústico a partir apenas de incógnitas presentes no contorno do meio em
estudo. Por aquela equação, pode-se obter a solução em qualquer ponto, em qualquer
instante de tempo, se for conhecida a solução ao longo de todo o contorno do meio em
questão, em todo instante de tempo anterior a este.
O MEC tem como princípio a obtenção da solução em pontos definidos, no
contorno. Para isso, a equação (1.13) deve ser aplicada a estes pontos, de modo que
eles funcionem como pontos fontes. Estes pontos, chamados de nós funcionais, são
neste trabalho sempre posicionados nas extremidades dos elementos através dos quais
a geometria do contorno é discretizada. Os elementos com os quais se trabalha aqui
têm geometria sempre reta. Uma discretização espacial típica através de elementos
lineares é apresentada na figura 2.1.
(a) (b)
Figura 2.1 – (a) contorno original; (b) contorno discretizado por elementos lineares
Implementação numérica do MEC 18
De modo análogo, pode-se proceder com relação à discretização temporal.
Neste trabalho, adota-se sempre o valor do intervalo de tempo constante, ou seja,
define-se um intervalo de tempo, sendo o problema então resolvido para instantes de
tempo múltiplos do valor deste intervalo.
A equação integral (1.13) é aplicada considerando-se, de cada vez, um
funcional diferente do contorno como ponto fonte. Introduzindo-se as discretizações
empregadas, chega-se a um sistema de equações algébricas lineares, já que a cada
aplicação de (1.13) obtém-se uma equação que contém os valores da variável básica e
de sua derivada em todos os nós do contorno. A resolução do problema passa então
pela montagem e solução deste sistema de equações.
2.1.1. Funções de interpolação
Para as integrais presentes em (1.13) serem efetuadas, é necessário se definir
os valores da pressão p e do fluxo q em qualquer ponto, em qualquer instante de
tempo, em função dos valores nos nós da discretização espacial e temporal, o que é
feito através de funções de interpolação, conforme mostrado abaixo.
()
∑∑
=
+
=
=
NN
j
n
m
m
j
jm
pXttXp
1
1
1
)()(,
ηφ
(2.1)
()
∑∑
=
+
=
=
NN
j
n
m
m
j
jm
qXttXq
1
1
1
)()(,
νθ
(2.2)
Nas equações (2.1) e (2.2), X corresponde a um ponto qualquer do contorno e t
a um instante qualquer de tempo; NN é o número total de nós e n o número total de
intervalos de tempo decorridos até aquele instante; o índice m percorre os instantes de
tempo discretizados até o instante para o qual se está resolvendo o problema,
enquanto o índice j percorre todos os nós do contorno. p
j
m
e q
j
m
representam,
respectivamente, os valores da pressão e do fluxo no nó j no tempo m.
As funções de interpolação
φ
m
(t),
θ
m
(t),
η
j
(X) e
ν
j
(X), como qualquer função
de interpolação, devem ter como requisito básico assumir valor unitário no nó ao qual
se referem e nulo em todos os demais. Neste trabalho, são empregadas funções de
interpolação sempre lineares no espaço. Para a interpolação ao longo do tempo, são
utilizadas funções lineares, para p, e constantes, para q.
Implementação numérica do MEC 19
Deste modo, as funções de interpolação podem ser representadas a partir das
expressões (2.3) a (2.5).
Funções de interpolação no tempo:
><
Δ
Δ
=
+
+
+
11
1
1
1
1
,0
,
,
)(
mm
mm
m
mm
m
m
tout
tt
t
t
tt
t
t
ττ
τ
τ
τ
τ
τφ
(2.3)
><
=
mm
mm
m
tout
tt
ττ
τ
τθ
1
1
,0
,1
)(
(2.4)
Funções de interpolação no espaço:
()
()
Γ
Γ+
==
ll
kk
jj
X
X
XX
,1
2
1
,1
2
1
)()(
ξ
ξ
νη
(2.5)
Nas expressões (2.5),
Γ
k
e
Γ
l
representam os elementos adjacentes ao nó j, e
ξ
k
e
ξ
l
suas respectivas coordenadas naturais, conforme figura 2.3.
Conforme já mencionado, as funções
φ
,
θ
e
η
assumem comportamento linear
entre pontos adjacentes, enquanto a função
ν assume um comportamento constante, o
que ilustram as figuras 2.2 e 2.3.
Figura 2.2 – funções de interpolação no tempo
φ
m
(t) e
θ
m
(t)
Implementação numérica do MEC 20
Figura 2.3 – funções de interpolação no espaço η
j
(X) e ν
j
(X) ao longo dos elementos adjacentes ao nó j
Como as funções são sempre lineares ou constantes, elas assumem valores não
nulos apenas em elementos ou intervalos de tempo adjacentes ao ponto em relação ao
qual se referem. Portanto, os valores de p e q em um ponto qualquer em certo instante
de tempo são determinados em função apenas dos valores nos nós extremos do
elemento do qual este ponto faz parte, nos instantes de tempo discretizados
imediatamente posterior e anterior ao instante de tempo em questão.
2.1.2. Montagem do sistema de equações
Tendo as equações (2.1) e (2.2) totalmente definidas, substituem-se na
equação (1.13) os valores de p e q em função das aproximações, chegando-se à
expressão (2.6), em que se considera o ponto-fonte localizado no nó i. Não são
consideradas condições iniciais de pressão nem de sua derivada em relação ao tempo
em nenhum ponto do domínio.
()
)1(
1
11
)1(
1
11
)1(1 +
+
==
+
+
==
++
+=+
∑∑∑∑
n
i
n
m
NN
j
m
j
mn
ij
n
m
NN
j
m
j
mn
ij
n
ii
SqGpHpc
ξ
(2.6)
Na equação (2.6):
∫∫
Γ
+
+
Γ= )()(),;,()()(
0
1
*
1
)1(
XddtXqXxXH
axi
t
m
in
jmn
ij
n
ττφτξη
(2.7)
∫∫
Γ
+
+
Γ= )()(),;,()()(
0
1
*
1
)1(
XddtXpXxXG
axi
t
m
in
jmn
ij
n
ττθτξν
(2.8)
τττξ
dftXpS
n
t
sinS
NF
s
n
i
+
=
+
=
0
1
*
1
)1(
)(),;,(
(2.9)
Implementação numérica do MEC 21
Nas equações (2.7) a (2.9), p
*
e q
*
representam, respectivamente, a solução
fundamental axissimétrica para pressão e sua derivada na direção normal ao contorno
para um ponto X, no instante t
n+1
, devidas a uma fonte localizada em
ξ
i
no instante
τ
.
A função f
s
(
τ
) representa a variação ao longo do tempo da vibração emitida pela s-
ésima fonte pontual presente no domínio, sendo NF o número total de fontes. O
coeficiente c(ξ
i
) é aquele descrito no Capítulo 1, dividido por 2π, já que a solução
fundamental axissimétrica, conforme já citado, também sofre esta divisão.
Aplicando-se a equação (2.6) aos NN nós do contorno, obtêm-se n+1 matrizes
G e H, de dimensão NNxNN, bem como um vetor S, de dimensão NN. Devido às
propriedades das funções de interpolação citadas anteriormente, e ilustradas nas
figuras 2.2 e 2.3, para se obter as matrizes
H
(n+1)m
e G
(n+1)m
basta se proceder à
integração entre os instantes de tempo t
m-1
e t
m+1
. Para se obter os elementos H
ij
e G
ij
de cada uma dessas matrizes, basta realizar a integração ao longo dos elementos
adjacentes ao nó j.
A partir da equação (2.6), pode-se montar um sistema de equações através do
qual se obtém a solução para o instante de tempo n+1, chamado de instante “atual” de
tempo. Neste instante, já são conhecidos os valores dos vetores
p
m
e q
m
para m <
n+1, que multiplicados, respectivamente, pelas matrizes
H
(n+1)m
e G
(n+1)m
, realizam a
convolução do problema. Portanto, as incógnitas são
p
n+1
e q
n+1
, ou seja, 2NN valores
desconhecidos. Como o sistema apresenta NN equações, seria indeterminado, não
fossem as condições de contorno, que impõem que em todos os instantes, para cada
nó, ou a pressão ou o fluxo deve ser prescrito, gerando então NN valores
desconhecidos de pressão e fluxo.
Para a resolução do sistema, é formada uma matriz que multiplica somente as
incógnitas. Primeiramente, soma-se à diagonal da matriz
H
(n+1)(n+1)
, em cada linha i, a
parcela c(
ξ
i
), formando-se a matriz H
(n+1)(n+1)
. Escolhendo-se, por exemplo, a matriz
H
(n+1)(n+1)
como base para a formação da matriz de incógnitas, são trocadas, mudando
o sinal, suas colunas correspondentes aos nós com p prescrito pelas correspondentes
colunas da matriz
G
(n+1)(n+1)
, já que nestes nós a incógnita é q. Estas novas matrizes
derivadas de
H
(n+1)(n+1)
e G
(n+1)(n+1)
são então denominadas, respectivamente, A e B,
formando o sistema de equações indicado em (2.10).
n
n
m
NN
j
m
j
mn
ij
n
m
NN
j
m
j
mn
ij
pHqG SByAx ++=
∑∑∑∑
==
+
==
+
11
)1(
11
)1(
(2.10)
Implementação numérica do MEC 22
Na equação (2.10),
x contém todas as incógnitas no instante n+1 e y, os
valores prescritos neste mesmo instante.
2.1.3. Propriedade de translação
As matrizes H e G apresentam uma propriedade bastante útil, chamada
propriedade de translação. Esta propriedade pode ser representada através das
seguintes expressões:
nmlmln
nmlmln
GG
HH
=
=
++
++
))((
))((
(2.11)
As expressões (2.11) indicam que as matrizes
H e G dependem apenas da
diferença entre o “instante atual” n (para o qual se está efetuando o cálculo) e o
instante m no qual a solução fundamental foi emitida, sendo l um inteiro genérico. A
partir de agora, portanto, elas podem passar a ser identificadas apenas por um índice,
que representa a diferença (n – m). A figura 2.4 elucida bem esta propriedade. Nela,
no eixo vertical estão representadas a função de interpolação e a solução fundamental.
Pode-se perceber que, em ambos os casos, a integral do produto destas duas funções,
presente na expressão (2.7), é a mesma. Portanto:
H
nm
= H
(n-l)(m-l)
= H
(n-m)
.
Figura 2.4 – exemplificação da propriedade de translação
Implementação numérica do MEC 23
Pode-se tirar bastante proveito desta propriedade, visto que, a cada passo de
tempo, podem-se utilizar resultados obtidos em instantes de tempo anteriores,
bastando calcular parcelas das matrizes
G e H relativas a funções de interpolações
não-nulas entre
τ
= t
1
e
τ
= t
2
, ou seja, relativas a G
(n-1)
, H
(n)
e H
(n-1)
, sendo n+1 o
instante de tempo atual, correspondente ao passo de tempo n.
A figura 2.5 ilustra o
que foi dito.
No passo de tempo seguinte, soma-se mais uma parcela aos termos de
H
(n)
. A parcela equivalente àquela somada no instante atual a H
(n)
foi somada no
instante anterior a
H
(n-1)
.
Aqui se verifica a restrição imposta pela não derivação das funções Heaviside
da solução fundamental axissimétrica, o que regularizaria a expressão a ser integrada.
Apenas ao se somarem as duas parcelas de
H
(n)
calculadas em instantes de tempo
consecutivos chega-se aos valores corretos de seus termos. Deste modo, sendo o
instante de tempo atual n+1, a matriz
H
(n)
, que multiplica p
1
(pressões iniciais), ainda
não está completa, portanto apresenta valores incorretos, inviabilizando a análise com
condições iniciais não-nulas no contorno. Comportamento análogo a este é
apresentado e detalhado, para o caso bidimensional, em MANSUR e CARRER [29].
Figura 2.5 – região onde é necessário efetuar as integrais de convolução em cada passo de tempo, com
suas respectivas funções de interpolação
Implementação numérica do MEC 24
2.2. Integração analítica no tempo
Neste item, são apresentados os procedimentos empregados para o cálculo das
integrais ao longo do tempo (integrais de convolução) presentes nas equações (2.7) e
(2.8). No presente trabalho, as integrais são desenvolvidas analiticamente, gerando
expressões que posteriormente são integradas ao longo dos elementos de contorno
para se chegar aos elementos das matrizes
G e H.
Conforme mencionado no item 2.1.3, as integrais, a cada passo de tempo, são
executadas sempre entre
τ
= t
1
e
τ
= t
2
. Para a matriz G, como a função de
interpolação no tempo de q é constante, calcula-se apenas uma expressão, chamada de
g, que após ser integrada no espaço, produz os elementos da matriz
G
(n-1)
, sendo n+1
o instante atual de tempo. Já para a matriz
H, como a função de interpolação de p é
linear, são calculadas duas expressões, relativas às duas funções de interpolação não-
nulas neste intervalo. A expressão relativa a
φ
1
(
τ
) é chamada de h
I
, enquanto a
expressão relativa a
φ
2
(
τ
) é chamada de h
F
. Para tornar as expressões genéricas para
qualquer intervalo de tempo, os limites do intervalo no qual se processa a integração
são tratados, a partir de agora, como t
i
e t
f
, ao invés de t
1
e t
2
.
2.2.1. Ponto fonte fora do eixo de axissimetria
Quando o ponto fonte se encontra fora do eixo de axissimetria, a solução
fundamental e sua derivada em relação à normal ao contorno são regidas pelas
expressões (1.21) e (1.22).
Primeiramente, apresenta-se aqui a mudança de variável de integração
realizada a fim de se facilitar a manipulação das expressões a serem integradas.
Originalmente, têm-se as expressões (2.12) a (2.14).
()
()
[]
()
()
τ
ττθτξξ
d
rτtcξxrτtcπ
c
dtXptXg
f
i
f
i
t
t
nn
t
t
f
inn
==
++
++
2
2
1
2
11
2
2
1
22
1
*
1
4
1
4
)(),;,(,,
(2.12)
Implementação numérica do MEC 25
()
()
[]
()
()
()
[]
()
()
τ
τ
ξξ
ττφτξξ
d
t
t
rτtcξxrτtc
xnrτtcξxxnxn
π
c
dtXqtXh
f
i
f
i
t
t
f
nn
n
t
t
i
innI
Δ
+
=
==
++
+
++
2/3
2
2
1
2
11
2
2
1
2
2
111
2
2
1
2
1122211
2
1
*
1
4
1
2
1
4
)(),;,(,,
(2.13)
()
()
[]
()
()
()
[]
()
()
τ
τ
ξξ
ττφτξξ
d
t
t
rτtcξxrτtc
xnrτtcξxxnxn
π
c
dtXqtXh
f
i
f
i
t
t
i
nn
n
t
t
f
innF
Δ
+
=
==
++
+
++
2/3
2
2
1
2
11
2
2
1
2
2
111
2
2
1
2
1122211
2
1
*
1
4
1
2
1
4
)(),;,(,,
(2.14)
Como se pode notar, não são colocadas no integrando as funções Heaviside
que multiplicam a solução fundamental e sua derivada nas equações (1.21) e (1.22).
Conforme será exposto mais adiante neste item, isto é compensado pela alteração nos
limites das integrais presentes nas expressões (2.12) a (2.14), de acordo com o caso no
qual se enquadra o ponto X do contorno a que se refere a integral.
Define-se, em seguida:
11
2
4
ξ
xrd += (2.15)
Em (2.15), d é a máxima distância entre o anel de fontes representado pelo
ponto fonte do contorno
ξ
e o ponto campo X, conforme mostrado no Capítulo 1. A
mudança de variável é então realizada:
()
τ
=
+1n
tcu (2.16)
Com as definições (2.15) e (2.16), as expressões (2.12) a (2.14) podem ser
reescritas da seguinte forma, mais útil com vistas à integração:
=
=
=
=
Implementação numérica do MEC 26
()
()( )
du
udruπ
tXg
i
f
u
u
n
=
22222
2
1
,,
ξ
(2.17)
()
(
)
[]
[
]
()( )
[]
du
tcπ
udru
uuruCC
tXh
i
f
u
u
f
nI
Δ
+
=
22/3
2222
22
21
1
2
,,
ξ
(2.18)
()
()
[]
[]
()( )
[]
du
tcπ
udru
uuruCC
tXh
i
f
u
u
i
nF
Δ
=
22/3
2222
22
21
1
2
,,
ξ
(2.19)
Nas expressões (2.17) a (2.19):
()
()
fnf
ini
ttcu
ttcu
=
=
(2.20)
()( )
[]
11112221111
ξξξξ
rx
n
r
xxnxnC
=+=
(2.21)
()
[]
222112
ξ
+
= xnxnC
(2.22)
Conforme já foi dito, os limites de integração nem sempre são aqueles
apresentados nas expressões (2.17) a (2.19). Como foi mostrado no Capítulo 1, um
ponto campo é afetado por determinado ponto fonte apenas no intervalo de tempo
definido desde a chegada da excitação provocada por este ponto até a passagem da
excitação provocada pelo ponto pertencente ao anel de fontes mais distante dele, o
que é matematicamente descrito pelas funções Heaviside em (1.21) e (1.22). Portanto,
a solução fundamental
p*, bem como sua derivada na direção normal ao contorno q*,
ficam definidas apenas neste intervalo, representado matematicamente na expressão
(2.23), na qual ele é transformado, sendo expresso em função da nova variável de
integração.
dur
c
d
t
c
r
t
nn
++ 11
τ
(2.23)
=
=
Implementação numérica do MEC 27
Há a possibilidade de existência de seis casos diferentes de limites de
integração, de acordo com as distâncias entre o ponto campo e os pontos mais
próximo e mais distante a ele do anel de fontes representado pelo ponto fonte original
ξ, para cada qual sendo definido um intervalo de integração para as integrais presentes
nas expressões (2.17) a (2.19), conforme apresentado em [24] e ilustrado na figura
2.6:
Caso 1: r > c(t
n+1
– t
i
) = u
i
Caso 2: r > c(t
n+1
– t
f
) = u
f
e d > c(t
n+1
– t
i
) = u
i
r
Caso 3: r > c(t
n+1
– t
f
) = u
f
e c(t
n+1
– t
i
) = u
i
d
Caso 4: c(t
n+1
– t
f
) = u
f
> r e d > c(t
n+1
– t
i
) = u
i
Caso 5: d > c(t
n+1
– t
f
) = u
f
r e c(t
n+1
– t
i
) = u
i
d
Caso 6: c(t
n+1
– t
f
) = u
f
> d
ui
ui
ui
ui
ui
ui
uf
uf
uf
uf
uf
uf
r
r
r
r
d
d
r
d
d
d
CASO 1
CASO 2
CASO 4
CASO 3
CASO 5
CASO 6
Figura 2.6 – representação dos seis casos de limites de integração
Implementação numérica do MEC 28
Os limites de integração correspondem à interseção entre o intervalo definido
por
r e d e aquele definido por u
f
e u
i
(limites originais) na figura 2.6.
Para os casos 1 e 6, pode-se afirmar de imediato que as integrais têm resultado
nulo, visto que a interseção é nula. No caso 1, ainda não chegou a excitação
provocada pelo ponto mais próximo do anel de fontes (ponto
ξ, à distância r do ponto
campo), enquanto no caso 6 já passou a influência provocada pelo ponto mais distante
do anel de fontes (à distância
d do ponto-campo). Para os demais casos, é necessária a
integração, ao longo dos seguintes intervalos:
Caso 2: r até u
i
Caso 3: r até d
Caso 4: u
f
até u
i
Caso 5: u
f
até d
As integrais para montagem da matriz
G, obtidas pela equação (2.17), são de
obtenção imediata, empregando-se o conceito de integral elíptica [28], sendo seus
resultados apresentados no Anexo A. No Anexo B, encontram-se maiores explicações
acerca do conceito de integral elíptica.
Já as integrais presentes nas equações (2.18) e (2.19), responsáveis pela
montagem da matriz
H, têm desenvolvimento um pouco mais complexo, mesmo
porque, dependendo dos limites de integração, elas podem ser compreendidas
somente através do conceito de parte finita de integral [26], caso haja singularidades
não-integráveis. Maiores detalhes acerca deste conceito são fornecidos no Anexo C.
Para desenvolvê-las, o primeiro passo foi a separação do integrando em quatro
parcelas distintas (toma-se para exemplificar o procedimento, a partir de agora,
apenas a integral correspondente a
h
I
, sendo aquela correspondente a h
F
análoga). Em
seguida, são apresentados as quatro parcelas e os procedimentos adotados para a
integração de cada uma delas.
No Anexo A, encontram-se os resultados da integral para cada uma das
parcelas separadamente, para os quatro casos (2 a 5).
Implementação numérica do MEC 29
Parcela 1:
()( )
[]
tcπ
udru
uC
f
Δ
22/3
2222
1
1
2
(2.24)
Pode-se notar que a expressão (2.24) compõe-se de uma constante dividida
pelo fator que está elevado a 3/2 no denominador. Na realidade, então, o que se deseja
integrar é:
()( )
[]
2/3
2222
1
udru
(2.25)
Caso 2:
O integrando (2.25) apresenta uma singularidade não-integrável no limite
inferior de integração (
r). Adota-se então o seguinte procedimento:
()( )
[]
() ()
du
ru
rA
du
ru
rAuA
udru
du
iii
u
r
u
r
u
r
+
=
2/32/32/3
2222
)()()(
(2.26)
Em (2.26):
()
()
[]
2/3
22
1
)(
ruud
uA
+
= (2.27)
A primeira parcela do segundo membro de (2.26) pode ser integrada
analiticamente de modo direto, enquanto para a segunda parcela utiliza-se o resultado
apresentado em (2.28) [26] e demonstrado no Anexo C, que corresponde à parte finita
da integral.
()
2/12/3
)(
)(2)(
ru
rA
du
ru
rA
i
u
r
i
=
(2.28)
=
=
=
Implementação numérica do MEC 30
Caso 3:
Neste caso, o integrando apresenta singularidades não-integráveis em ambos
os limites de integração. Porém, podem-se aqui aproveitar resultados de outros casos
pela utilização da seguinte propriedade:
+=
d
u
u
r
d
r
f
f
duufduufduuf )()()( (2.29)
Deste modo, basta somar as duas parcelas seguintes: aquela equivalente à do
caso 2, trocando-se u
i
por u
f
; e aquela correspondente ao caso 5, apresentado mais
adiante.
Caso 4:
Na realidade, esta integral pode ser desenvolvida normalmente, visto que o
integrando não apresenta singularidades no intervalo de integração. Porém, para se
aproveitar do resultado obtido para o caso 2, leva-se em conta a seguinte propriedade:
=
f
ii
f
u
r
u
r
u
u
duufduufduuf )()()(
(2.30)
Portanto, toma-se o resultado obtido para o caso 2 e subtrai-se dele expressão
equivalente na qual se troca u
i
por u
f
.
Caso 5:
Novamente, o integrando (2.25) apresenta uma singularidade não-integrável,
agora no limite superior de integração (d). Adota-se então o seguinte procedimento:
()( )
[]
() ()
du
ud
dB
du
ud
rBuB
udru
du
d
u
d
u
d
u
fff
+
=
2/32/32/3
2222
)()()(
(2.31)
=
=
Implementação numérica do MEC 31
Em (2.31):
()
()
[]
2/3
22
1
)(
udru
uB
+
= (2.32)
Assim como para o Caso 2, a primeira parcela do segundo membro de (2.31)
pode ser integrada analiticamente de modo direto, enquanto para a segunda parcela
utiliza-se o resultado apresentado em (2.33) [26], que corresponde à parte finita da
integral.
()
2/12/3
)(
)(2)(
f
d
u
ud
dB
du
ud
dB
f
=
(2.33)
Parcela 2:
()( )
[]
tcπ
udru
uC
Δ
22/3
2222
1
1
2
(2.34)
Pode-se notar que a expressão (2.34) compõe-se de uma constante
multiplicada por u e dividida pelo fator que está elevado a 3/2 no denominador. Na
realidade, então, o que se deseja integrar é:
()( )
[]
2/3
2222
udru
u
(2.35)
Os procedimentos para todos os casos são análogos aos da Parcela 1, sendo
que as expressões A(u) e B(u) são agora multiplicadas por u.
Parcela 3:
(
)
()( )
[]
tc
udru
ruuC
f
Δ
22/3
2222
22
2
1
π
(2.36)
=
Implementação numérica do MEC 32
Em (2.36), há uma constante multiplicada por:
()( )
2/3
22
2/1
22
1
udru
(2.37)
Caso 2:
Para esta parcela a singularidade apresentada pelo integrando (2.37) no limite
inferior r é integrável, visto que o fator que contém esta singularidade é elevado a ½.
Portanto, a integração é implementada analiticamente de modo usual.
Casos 3 e 4:
Repete-se o procedimento adotado para as parcelas anteriores.
Caso 5:
Da mesma forma, repete-se o procedimento para as parcelas anteriores,
fazendo-se uma ressalva sobre a mudança na expressão de B(u), apresentada em
(2.38).
()
()
2/3
2/1
22
1
)(
udru
uB
+
= (2.38)
Parcela 4:
(
)
()( )
[]
tc
udru
ruuC
Δ
22/3
2222
22
2
1
π
(2.39)
A expressão (2.39) corresponde a uma constante multiplicada por:
()( )
2/3
22
2/1
22
udru
u
(2.40)
Os procedimentos são os mesmos adotados para a Parcela 3, observando-se
que a expressão B(u) é multiplicada por u.
Implementação numérica do MEC 33
É importante ressaltar que para a integração numérica das expressões obtidas
desta forma e apresentadas no Anexo A ao longo dos elementos de contorno produzir
resultados mais precisos, é necessário se dividir os elementos em segmentos, sendo
que cada segmento passa a conter apenas pontos pertencentes ao mesmo caso. Isto é
facilmente observado em vista da diferença entre as expressões obtidas para cada
caso.
Para esta divisão procuram-se as interseções de quatro círculos, de raios u
i
e u
f
,
com centros no ponto-fonte
ξ
e no ponto mais distante do anel relativo a ele (trata-se,
na realidade, do ponto simétrico a
ξ
, no plano bidimensional que contém Γ
axi
, em
relação ao eixo de axissimetria), com o elemento sobre o qual se está integrando.
Cada segmento, determinado por dois pontos de interseção destes, ou por
extremidades do elemento, corresponde a um caso diferente.
2.2.2. Ponto fonte pertencente ao eixo de axissimetria
Conforme exposto no Capítulo 1, na eventualidade do ponto fonte se localizar
sobre o eixo de axissimetria, a solução fundamental e sua derivada na direção normal
se transformam naquelas obtidas para o caso tridimensional, já que ao invés de um
anel de fontes, este ponto representará apenas ele mesmo (como se fosse um anel de
raio nulo). Portanto, a excitação por ele emitida em determinado instante de tempo se
comporta como um delta de Dirac, assim como no caso tridimensional, afetando cada
ponto campo apenas em um determinado instante de tempo (ou por um intervalo de
tempo infinitesimal).
Introduzindo-se as expressões (1.11) e (1.12) nas integrais no tempo presentes
em (2.7) e (2.8), chega-se às expressões (2.41) e (2.42), nas quais já são efetuadas as
mudanças de variáveis apresentadas em (2.20).
() ()
[]
()
[]
duru
πr
drtc
πr
c
tXg
i
f
f
i
u
u
t
t
f
nn
==
δττθτδξ
4
1
4
,,
(2.41)
Implementação numérica do MEC 34
()
() ()
+
=
=
+
=
i
f
i
f
f
i
u
u
FI
u
u
FI
t
t
FI
nnnFI
duuru
πrcn
r
duuru
πr
n
r
d
c
r
t
cc
r
t
rπrn
r
tXh
)(
4
1
)(
4
1
)(
11
4
1
,,
//
2
/
/
φδφδ
ττφτδτδξ
&
&
(2.42)
O resultado final obtido efetuando-se as integrais em (2.41) e (2.42), com a
substituição das funções de interpolação presentes em (2.42), está apresentado nas
expressões (2.43) a (2.45).
()
πr
tXg
n
4
1
,, =
ξ
(2.43)
()
tπrcn
r
tc
ur
π
r
n
r
tXh
f
nI
Δ
+
Δ
=
4
1
4
1
,,
2
ξ
(2.44)
()
tπrcn
r
tc
ru
π
r
n
r
tXh
i
nF
Δ
Δ
=
4
1
4
1
,,
2
ξ
(2.45)
Para esta situação, não valem aqueles seis casos apresentados no item 2.2.1,
devido à natureza da solução fundamental (r = d) para qualquer ponto campo X. São
definidos apenas três casos:
Caso 1b: r > u
i
Caso 2b: u
i
r u
f
Caso 3b: u
f
> r
No caso 1b, a excitação emitida pela fonte em t
i
ainda não atingiu o ponto
campo à distância r; no caso 3b, a excitação emitida pela fonte em t
f
já passou pelo
ponto campo à distância r; o caso 2b apresenta uma situação intermediária, na qual o
ponto campo está recebendo uma excitação proveniente do ponto campo, emitida
entre t
i
e t
f
, sendo o único caso em que é necessária a integração. Portanto, cada
elemento sobre o qual se está realizando a integração no espaço deve ser dividido em
Implementação numérica do MEC 35
segmentos determinados pela interseção entre ele mesmo e dois círculos de raios u
i
e
u
f
com centro no ponto fonte
ξ
, sendo a integração efetuada somente no segmento
cujos pontos pertencem ao caso 2b.
2.3. Integração no espaço e singularidades
A fim de se realizar a montagem das matrizes
G e H, as expressões obtidas
para as integrais de convolução (Anexo A e (2.43) a (2.45)) devem ser agora
introduzidas em (2.7) e (2.8). Executam-se então as integrais ao longo do contorno,
elemento por elemento.
Essas integrais são, neste trabalho, efetuadas numericamente através do
processo usual de Gauss-Legendre. No entanto, observa-se que o integrando pode
apresentar singularidades em alguns pontos, pela presença de limites tendendo a
infinito. Neste caso, apesar de a singularidade ser integrável, a integração numérica se
mostra menos precisa, de modo que estas singularidades devem ser tratadas de modo
especial, pela preservação da qualidade do resultado da integral.
Nos itens 2.3.1, 2.3.2 e 2.3.3, são apresentados os três tipos de singularidades
passíveis de ocorrência nas expressões do Anexo A e nas expressões (2.43) a (2.45),
bem como o tratamento dado a cada um deles. Utiliza-se o aqui chamado de
“processo semi-analítico”, no qual o integrando, originalmente de difícil integração
analítica, devido à complexidade da sua expressão, é desmembrado em uma parcela
mais simples, a ser integrada analiticamente e outra que não apresenta singularidade
do tipo limite infinito, a ser integrada numericamente. Isto é feito subtraindo-se e
somando-se o valor do fator não-singular do integrando no ponto onde há a
singularidade, multiplicado pelo fator singular.
A parcela não-singular apresenta em geral, como será visto, um forte gradiente
nas proximidades da antiga singularidade, sendo mais adequado o emprego de uma
transformada apresentada por TELLES [30], resumidamente tratada no item 2.3.4,
cujo objetivo é a maior concentração de pontos de integração próximos à região de
alto gradiente.
Implementação numérica do MEC 36
2.3.1. Singularidades em r = 0
As singularidades discutidas neste item aparecem ao se integrar ao longo do
elemento ao qual pertence o ponto fonte, tendo em vista que neste caso o integrando
inclui o ponto em que r = 0. O primeiro caso reportado é o das integrais elípticas do
primeiro tipo presentes nas expressões do Anexo A. Quando r = 0, pode-se inferir
imediatamente que ambos os argumentos da integral elíptica se igualam a 1. Neste
caso, a integral tende a infinito. É apresentado em seguida o procedimento empregado
para as expressões relativas a g (item A.1):
1)
Primeiramente, subtrai-se e soma-se, da integral elíptica incompleta,
quando for o caso, a integral elíptica completa. Sabe-se que a diferença entre estas
duas integrais possui limite finito em r = 0, como se pode inferir da Figura 2.7. Este
procedimento é exposto em (2.46), onde são consideradas integrais elípticas presentes
nas expressões relativas a g (item A.1). Para simplificar a notação e facilitar a
visualização dos desenvolvimentos, os argumentos da integral elíptica são
simbolizados por a e b.
() () () ()
ΓΓΓ
+
=
iii
drx
l
rl
bK
d
drx
l
rl
bK
d
baF
d
drx
l
rl
baF
d
111
11
,
1
,
1
(2.46)
Figura 2.7 – gráfico da diferença entre as integrais elípticas do primeiro tipo incompleta e completa,
para u
i
= 0,6;
ξ
1
= 1,0; elemento a 45
o
em relação à horizontal (0
r
u
i
– trecho cujos pontos se
enquadram no caso 2 – expressão (A.1)).
Implementação numérica do MEC 37
Em (2.46), refere-se à integração sobre o elemento
Γ
i
, de comprimento l, em
uma das extremidades do qual está localizado o ponto fonte. Adota-se uma
coordenada no espaço, r, variando de 0, na extremidade onde está o ponto fonte, até l,
na outra extremidade. A função de interpolação (l – r)/l – é relativa ao nó onde se
localiza o ponto fonte. Para a função relativa ao outro nó r/l –, pode-se integrar
numericamente, visto que, como essa função se anula em r = 0, o produto dela pela
integral elíptica possui limite finito neste ponto, conforme mostra a figura 2.8.
Figura 2.8 – produto da função de interpolação r/l pela integral elíptica incompleta de primeiro tipo,
com os mesmos dados numéricos da figura 2.7
2)
A primeira parcela do segundo membro de (2.46) pode então ser calculada
numericamente.
O problema passa a ser o cálculo da segunda parcela, também singular em
r = 0. Pode-se mostrar que é possível se aproximar a integral elíptica completa de
primeiro tipo, para r próximo de zero, por um logaritmo, conforme equação (2.47),
apresentada em BREBBIA et al. [31] e figura 2.9. Portanto, somando-se e subtraindo-
se da segunda parcela do segundo membro de (2.46) esta aproximação, obtém-se a
expressão indicada em (2.48).
()
=
22
2
22
22
16
ln
2
rd
r
rd
d
d
rd
K (2.47)
Implementação numérica do MEC 38
Figura 2.9 – gráfico da diferença entre os dois membros da equação (2.47), para os mesmos dados
numéricos do gráfico da figura 2.7.
() ()
()
()
Γ
ΓΓ
+=
i
ii
drx
l
rl
rd
r
rd
drx
l
rl
rd
r
rd
d
bK
d
drx
l
rl
bK
d
1
22
2
22
1
22
2
22
1
16
ln
2
1
16
ln
2
11
(2.48)
A expressão (2.48) é introduzida em (2.46). A primeira parcela do segundo
membro de (2.48) pode ser integrada numericamente, sendo somada à primeira
parcela do segundo membro de (2.46). Utilizando-se a propriedade do logaritmo da
divisão, as parcelas devidas ao logaritmo do denominador do argumento do logaritmo
original são canceladas, já que não apresentam singularidade em r = 0. Até aqui,
então, tem-se a seguinte expressão:
() ()
Γ
ΓΓ
+=
i
ii
drx
l
rl
rd
r
drx
l
rl
rd
r
baF
d
drx
l
rl
baF
d
1
22
1
22
1
ln
ln
,
1
,
1
(2.49)
A segunda parcela do segundo membro de (2.49) pode ser integrada
analiticamente, pois possui uma singularidade integrável em r = 0.
Implementação numérica do MEC 39
3) Para facilitar esta integração, subtrai-se e soma-se do coeficiente do
logaritmo o seu valor em r = 0 (singularidade), obtendo-se então novamente uma
parcela a ser integrada numericamente e outra de fácil integração analítica, conforme
apresentado em (2.50).
(
)
()
()
()
Γ
ΓΓ
=
=
+
+
=
=
=
i
ii
rdr
rd
rx
rdr
rd
rx
x
l
rl
rd
drx
l
rl
rd
r
ln
0
0
ln
0
0
1ln
1
1
1
22
1
22
(2.50)
Aproveitando-se de que x
1
(r = 0) / d(r = 0) = 1/2, e substituindo a expressão
(2.50) em (2.49), escreve-se finalmente a expressão (2.51).
() ()
ΓΓΓ
+
=
iii
dr
r
dr
r
x
l
rl
baF
d
drx
l
rl
baF
d 2
ln
2
ln
,
1
,
1
11
(2.51)
Integra-se numericamente a primeira parcela do segundo membro em (2.51),
cujo gráfico é traçado na Figura 2.10, para os mesmos dados numéricos das figuras
2.7 a 2.9, e analiticamente a segunda parcela deste membro. Deste modo, tem-se o
resultado para a integral da integral elíptica incompleta de primeiro tipo ao longo do
elemento que contém r = 0. Para a integral completa o procedimento é o mesmo, a
partir do passo 2).
Figura 2.10 – integrando da primeira parcela do segundo membro de (2.51)
Implementação numérica do MEC 40
Para as integrais elípticas do primeiro tipo presentes no item A.2,
correspondentes à matriz
H:
de (A.7) a (A.14) não é necessário este tratamento, visto que ao se integrar
no espaço são multiplicadas por C
1
, que é sempre nulo ao longo do elemento em que
está o ponto fonte, já que neste caso r/n = 0;
para as demais expressões de A.2, o procedimento pode ser aquele
apresentado anteriormente, conforme mostra a expressão (2.52). Nesta expressão a
primeira parcela do segundo membro difere do primeiro membro de (2.46) apenas
pela constante que a multiplica; já a segunda parcela pode ser diretamente integrada
numericamente, visto que contém uma multiplicação por r, proporcionando um
integrando com variação semelhante à da função traçada no gráfico da Figura 2.8.
(
)
[]
()
() ()
()
()
Γ
ΓΓ
+
+
=
+
i
ii
dr
l
rl
baF
d
r
uxn
drx
l
rl
baF
d
un
drx
l
rl
baF
rdd
uxnxn
f
ff
,
sen
4
,
1
4
,
1
222
1
1
1
1
22
22211
θ
ξ
ξ
ξ
ξ
(2.52)
Na expressão (2.52), utilizaram-se as igualdades:
d
2
– r
2
= 4x
1
ξ
1
x
1
= r sen
θ
Outra singularidade que ocorre para r = 0 é encontrada nas expressões (A.7) a
(A.10), nos coeficientes que multiplicam as integrais elípticas de segundo tipo, em
que aparece um fator r no denominador. No entanto, essas expressões são sempre
multiplicadas por C
1
. Como aqui só se adotam elementos de geometria reta, sempre
que o ponto fonte faz parte do elemento, r/n se anula e, portanto, C
1
também se
anula. Deste modo, as expressões (A.7) e (A.10) não aparecem nas integrais ao longo
do elemento de contorno quando r = 0.
Deve ser feita uma ressalva que diz respeito às expressões (A.3), (A.9) e
(A.17). Nelas, aparece uma diferença entre integrais elípticas de primeiro tipo
incompletas. Esta diferença por si só já apresenta limite finito em r = 0, como se vê
na figura 2.11; portanto, para este caso, pode-se efetuar a integral numericamente de
modo direto.
Implementação numérica do MEC 41
Figura 2.11 – gráfico da diferença entre integrais elípticas existente em (A.3), (A.9) e (A.17), para os
mesmos dados numéricos das figuras 2.7 a 2.9, e u
f
= 0,2, traçado para 0
r
u
f
e d u
i
– trecho cujos
pontos se enquadram no caso 4.
Por fim, trata-se das expressões referentes ao ponto fonte posicionado no eixo
de axissimetria. Para a expressão (2.43), a integral analítica em relação ao espaço é de
resolução imediata, conforme (2.53).
=
24
cos
cos
4
1
2
0
x
lx
l
dr
l
rl
r
r
x
π
θ
θ
π
(2.53)
Em (2.53), o limite superior de integração x pode ser igual ao próprio
comprimento de elemento (l) ou a u
i
, dependendo do que for menor. A coordenada
dos pontos campo x
1
é substituída por r cos
θ
, onde
θ
é a inclinação do elemento em
relação ao eixo horizontal (eixo 1). Esta expressão é relativa ao nó onde se localiza o
ponto fonte. Para o outro nó do elemento, basta trocar a função de interpolação (ao
invés de (l – r)/l, utiliza-se r / l).
Já para as expressões (2.44) e (2.45), não é necessário nenhum tratamento,
visto que há uma multiplicação por r/n, que, como já foi citado, sempre se anula
para pontos pertencentes ao elemento que contém o ponto fonte, que é onde ocorre o
caso r = 0.
Implementação numérica do MEC 42
2.3.2. Singularidades nas frentes de onda da solução fundamental
Estas singularidades aparecem nas expressões do Anexo A quando r ou d
coincidem com alguma frente de onda (referente a u
i
ou u
f
). São sempre causadas
devido à presença no denominador da raiz quadrada de (d
2
- u
f/i
2
) ou (u
f/i
2
- r
2
).
Podem ocorrer nas seguintes situações:
Caso 2:
Se r = u
i
: expressões (A.7) e (A.11).
Se d = u
i
: expressões (A.7), (A.11), (A.15) e (A.19).
Caso 3:
Nunca.
Caso 4:
Se r = u
f
: expressões (A.9) e (A.13).
Se d = u
i
: expressões (A.9), (A.13), (A.17) e (A.21).
Caso 5:
Se r = u
f
: expressões (A.10) e (A.14).
Se d = u
f
: expressões (A.10), (A.14), (A.18) e (A.22).
Como ilustração, é apresentado aqui o procedimento completo empregado em
duas situações, sendo as demais análogas a estas.
1
a
situação: expressão (A.7) com r = u
i
:
Nesta expressão, apenas a parcela indicada pela expressão (2.54) da integral
ao longo do contorno, proveniente da primeira parcela de (A.7), é singular em r = u
i
.
()
S
l
j
ii
i
dxCxx
ruurd
ud
0
11
22
2
22
22
)(
η
(2.54)
Na expressão (2.54),
η
j
(x) representa a função de interpolação no espaço
correspondente a qualquer dos nós extremos do elemento sobre o qual se está
integrando, sendo x a variável que percorre o elemento, no sentido de integração.
Deve ser observado que os limites da integral dizem respeito ao segmento no qual o
Implementação numérica do MEC 43
elemento de contorno foi dividido, sendo l
s
o comprimento deste segmento.
Novamente, aqui se utiliza o artifício da integral semi-analítica, através do qual se
chega à expressão (2.55).
()
+
=
SSS
l
i
i
l
i
i
l
j
ii
i
dx
ru
uA
dx
ru
uAxA
dxxCxx
rurdu
ud
0
22
0
22
0
11
22
2
22
22
)()()(
)()(
η
(2.55)
Em (2.55):
()
()
)()()(
4
)()()()(
'
11
2/3
1
11
2
22
22
ii
j
i
i
i
j
i
i
uCuux
u
uAxCxx
urd
ud
xA
η
ξ
η
=
=
(2.56)
e
1
1
'
1
)(
)(
x
xC
xC =
(2.57)
A primeira parcela do segundo membro de (2.55) pode ser integrada
numericamente, já que o integrando possui limite finito em r = u
i
. Resta então a tarefa
de se integrar analiticamente a segunda parcela deste membro. Realiza-se para isso
uma mudança da variável de integração, em que x é substituído por r (distância entre
ponto fonte e ponto campo). No entanto, como se pode notar pela expressão (2.58), o
Jacobiano da transformação (derivada dx/dr) pode mudar de sinal no meio do
segmento (o ponto de mudança é aquele no qual o raio é mínimo). Deve-se identificar,
para cada segmento, se o raio só cresce (derivada positiva), só diminui (derivada
negativa), ou se a derivada muda de sinal. Observando-se o sinal do Jacobiano, o
sentido de integração é mantido, trocando apenas a variável de integração.
2
2
r
hr
r
dx
dr
±=
(2.58)
Em (2.58), h
r
é a menor distância entre o ponto fonte e a reta que contém o
segmento sobre o qual se está integrando. Procedendo-se a mudança de variável, a
integral analítica se torna elementar, como indica a expressão (2.59).
Implementação numérica do MEC 44
f
i
f
i
S
r
r
i
i
r
r
r
i
i
l
i
i
hu
hr
uA
hr
drr
ru
uA
dx
ru
uA
±=
±
=
22
22
1
2
2
22
0
22
sen)(
)()(
(2.59)
Caso ocorra mudança de sinal no interior do segmento:
f
i
f
r
r
i
f
i
r
r
ri
r
i
r
hr
i
i
h
rr
i
i
r
rr
i
i
hu
hr
senuA
hr
rdr
ru
uA
hr
rdr
ru
uA
hr
rdr
ru
uA
=
=
+
=
±
2
2
2
2
1
2
2
222
2
222
2
22
)(
)()()(
(2.60)
Expressões de A(x) e A(u
i
) ou A(u
f
) correspondentes às demais singularidades
na frente de onda em r são apresentadas no Anexo D (item D.1).
2
a
situação: expressão (A.7) com d = u
i
:
A singularidade está presente apenas na parcela (2.61), proveniente da
primeira parcela de (A.7).
()
S
l
j
ii
i
dxCxx
udrdu
ru
0
11
22
2
22
22
)(
η
(2.61)
Utilizando-se o mesmo processo aplicado a (2.54), chega-se a (2.62).
()
+
=
SSS
l
i
i
l
i
i
l
j
ii
i
dx
ud
uB
dx
ud
uBxB
dxCxx
udrdu
ru
0
22
0
22
0
11
22
2
22
22
)()()(
)(
η
(2.62)
Em (2.62):
()
()
)()()(
4
)()()()(
'
11
2/3
1
11
2
22
22
ii
j
i
i
i
j
i
i
uCuux
u
uBxCxx
urd
ru
xB
η
ξ
η
=
=
(2.63)
Implementação numérica do MEC 45
Para se efetuar a integral analítica da segunda parcela do segundo membro de
(2.62), troca-se a variável de integração de x para d. Como no procedimento anterior,
a derivada dd/dx (2.64) pode assumir valores positivos ou negativos, porém, neste
caso, não pode haver mudança de sinal no meio do segmento, visto que, em sua
extensão, d não pode ser igual a h
d
(menor distância entre o ponto mais afastado do
anel de fontes e a reta que contém o segmento), já que, para os casos 2 e 4, d deve ser
maior que u
i
e u
i
deve ser maior que h
d
, o mesmo acontecendo para o caso 5 em
relação a u
f
. A integral é calculada então conforme (2.65).
2
2
d
hd
d
dx
dd
±= (2.64)
f
r
f
i
S
r
r
idi
r
rd
i
i
l
i
i
udhduBdd
hd
d
ud
uB
dx
ud
uB
+±=
±
=
2
2
2
2
2
2
0
2
ln)(
)()(
(2.65)
Expressões de B(x) e B(u
i
) ou B(u
f
) correspondentes às demais singularidades
na frente de onda em d são apresentadas no Anexo D (item D.2).
2.3.3. Singularidades para ponto campo no eixo de axissimetria
Em todas as expressões presentes no item A.2, há termos com (d
2
- r
2
) ou
mesmo (d
2
- r
2
)
2
no denominador. Considerando que
11
22
4
ξ
xrd = (2.66),
este termo se anula quando ξ
1
ou x
1
se anulam. No primeiro caso, o ponto fonte se
localiza no eixo de axissimetria, então se utilizam as expressões tridimensionais. Já o
segundo caso representaria um problema para a integração ao longo do contorno.
Porém, ao se realizar essas integrais, as expressões são sempre multiplicadas por x
1
.
Além disso, C
1
contém um fator x
1
. Deste modo, o termo x
1
no denominador,
proveniente de (d
2
- r
2
) ou (d
2
- r
2
)
2
, é sempre cancelado, visto que sempre que a
expressão contém (d
2
- r
2
)
2
, ela é multiplicada também por C
1
.
Implementação numérica do MEC 46
2.3.4. Transformada polinomial de 3
o
grau para a integração
Os integrandos provenientes do processo semi-analítico, a serem integrados
numericamente, em muitos casos, apesar de não-singulares, apresentam um gradiente
elevado nas proximidades da singularidade do integrando original.
Para se obter uma maior precisão através da integração numérica, então, faz-se
uso de uma transformação de coordenadas proposta por TELLES [30], que visa à
concentração maior de pontos de integração na região de elevado gradiente.
As novas coordenadas naturais η dos pontos de integração são determinadas
através da expressão (2.67), em função das coordenadas naturais (γ
[-1,1]) dos
pontos de integração do processo padrão de Gauss.
()
dcba +++=
γγγγη
23
(2.67)
O jacobiano da transformação é dado por (2.68).
()
cbaG ++=
γγγ
23
2
(2.68)
Os parâmetros a, b, c e d são determinados a partir de (2.69).
()
()
()
2
2
31
3
13
1
γ
γ
γ
+=
=
+
=
=
=
Q
bd
Q
r
c
Q
r
b
Q
r
a
(2.69)
Em (2.69),
γ
é o valor da coordenada para a qual
(
)
η
γ
η
= , sendo
η
a
coordenada natural do ponto do elemento mais próximo da singularidade.
(
)
(
)
r
pqqpqq
21
3
32
3
32
+
+++++=
η
γ
(2.70)
Implementação numérica do MEC 47
()
()
()
()
()
[]
2
2
3
1314
213
1
21
1
21
2
23
212
1
η
η
η
η
+
+
=
+
+
+
=
rr
r
p
rr
r
r
q
(2.71)
Em (2.71)
r
é um parâmetro que varia de acordo com a distância mínima
entre a singularidade e o elemento sobre o qual se está integrando. No caso, esta
distância é sempre nula.
1
)ln(0832,0893,0
)ln(24,085,0
0
=
+=
+=
=
r
Dr
Dr
r
(2.72)
Em (2.72):
s
lRD
min
2= (2.73)
R
min
é a mínima distância entre a singularidade e o elemento e l
s
o
comprimento do segmento sobre o qual se está integrando.
Deste modo, ficam completamente definidas, pela equação (2.67), as
coordenadas naturais dos pontos que serão utilizados para a integração ao longo do
elemento de contorno. Os pesos são os mesmos dos respectivos pontos de Gauss.
se 0,0 D 0,05
se 0,05 D 1,3
se 1,3 D 3,618
se 3,618 D
Implementação numérica do MEC 48
2.4. Termos relativos a fontes pontuais
O vetor de termos conhecidos do sistema de equações representado pela
expressão (2.10) apresenta uma parcela (
S
(n+1)
) que contém as contribuições, para
cada ponto fonte no contorno, das fontes pontuais presentes no modelo. Esta parcela,
correspondente a um nó i do contorno, devida a uma fonte localizada no ponto X
S
, é
calculada de acordo com a expressão (2.9).
Nesta expressão, aparece a solução fundamental do problema e a função que
representa o comportamento da excitação provocada pela fonte ao longo do tempo.
Considera-se aqui que esta função é definida através de valores discretos (f
m
), dados a
cada instante de tempo m de análise, interpolados linearmente para a obtenção de
valores em qualquer instante. Então, a expressão da função para um instante de tempo
τ
qualquer é dada por (2.74), em que as funções de interpolação
φ
m
são as mesmas
expressas em (2.3) e NT é o número total de instantes de tempo de análise.
=
=
NT
m
mm
ff
1
)()(
τφτ
(2.74)
Do mesmo modo que ocorre com a função p(
τ
), o valor da função f(
τ
) em
qualquer instante é definido apenas pelos valores extremos deste intervalo, devido à
linearidade das funções de interpolação. Empregando-se a definição (2.74), a
expressão (2.9) pode ser escrita da maneira indicada em (2.75), considerando a
presença de apenas uma fonte pontual.
+
=
++
=
1
1
)1()1(
n
m
mmn
i
n
i
fwS
(2.75)
Em (2.75):
ττφτξ
dtXpw
n
t
m
inS
mn
i
+
+
+
=
1
0
1
*)1(
)(),;,(
(2.76)
Implementação numérica do MEC 49
Como em (2.76) as funções
φ
m
(
τ
) assumem valores não-nulos apenas para
τ
[t
m-1
,t
m+1
], basta se efetuar a integração neste intervalo a fim de se obter
mn
i
w
)1( +
. Vale
aqui também a propriedade de translação indicada no item 2.1.3. Deste modo a cada
passo de tempo são calculados, do mesmo modo que para os elementos da matriz
H,
dois termos, para o intervalo [t
1
,t
2
], sendo um deles (w
I
) somado a
n
i
n
i
ww =
+ 1)1(
e outro
(
w
F
) somado a
12)1( +
=
n
i
n
i
ww
. Primeiramente, considerando a fonte localizada fora do
eixo de axissimetria, obtêm-se as expressões (2.77) e (2.78).
()
()
()
()
()
τ
τ
ττφτξξ
d
t
t
rτtcξxrτtcπ
c
dtXptXw
f
i
f
i
t
t
f
nn
t
t
i
innI
Δ
=
==
++
++
2
2
1
2
11
2
2
1
22
1
*
1
4
1
4
)(),;,(,,
(2.77)
()
()
()
()
()
τ
τ
ττφτξξ
d
t
t
rτtcξxrτtcπ
c
dtXptXw
f
i
f
i
t
t
i
nn
t
t
f
innF
Δ
=
==
++
++
2
2
1
2
11
2
2
1
22
1
*
1
4
1
4
)(),;,(,,
(2.78)
Procede-se então à mesma mudança de variáveis realizada para as expressões
de
g, h
i
e h
f
, chegando-se a (2.79) e (2.80). Estas integrais podem ser desenvolvidas
analiticamente, para cada um dos mesmos seis casos indicados em 2.2.1, de acordo
com as distâncias entre o ponto fonte e a fonte pontual, obtendo-se as expressões
apresentadas no Anexo E.
()
()( )
du
udrutcπ
uu
tXw
i
f
u
u
f
nI
Δ
+
=
22222
2
,,
ξ
(2.79)
Implementação numérica do MEC 50
()
()( )
du
udrutcπ
uu
tXw
i
f
u
u
i
nF
Δ
=
22222
2
,,
ξ
(2.80)
Quando o ponto se localiza no eixo de axissimetria e a solução fundamental
passa então a se confundir com a solução fundamental tridimensional, têm-se as
seguintes expressões, válidas apenas para o caso 2b, de acordo com o exposto no item
2.2.2. Para os outros dois casos, têm-se valores nulos.
()
tc
ur
r
tXw
f
nI
Δ
=
π
ξ
4
1
,, (2.81)
()
tc
ru
r
tXw
i
nF
Δ
=
π
ξ
4
1
,,
(2.82)
Implementação numérica do MEC 51
2.5. Esquema Teta
Como é mostrado no Capítulo 4, há problemas em que, utilizando-se o método
padrão de avanço no tempo descrito no item 2.1.2, pode ocorrer uma severa
instabilidade na resposta obtida, a partir de determinado tempo da análise. Esta
instabilidade, advinda do próprio método numérico empregado, além de limitar o
tempo total de análise para o qual se obtém resposta aceitável, pode estar
prejudicando até mesmo a resposta anterior a este instante, apesar de não se notar erro
relevante.
Esta dificuldade pode também se manifestar de acordo com o problema. Para
alguns casos, pode não aparecer instabilidade alguma, por um longo tempo, enquanto
para outros ela pode se pronunciar logo nos primeiros instantes da análise. Nos
problemas de domínio infinito, essencialmente, este problema raramente aparece, pela
dissipação da energia. Quando o meio é limitado, e ocorrem múltiplas reflexões em
seu interior, o erro acaba se acumulando, até eclodir na forma de instabilidade
pronunciada.
Para tentar solucionar este problema, é adotado aqui o chamado “Esquema
Teta”, apresentado por MANSUR
et al. [32]. Neste esquema, a resposta, a cada passo
de tempo, inicialmente é calculada para um instante de tempo
t
n+
θ
= t
n
+
θ
.
Δ
t, no
lugar de
t
n+1
. Posteriormente, interpolam-se as respostas obtidas para p e q nesse
instante de tempo, de acordo com as funções de interpolações no tempo empregadas
(neste trabalho, linear para
p e constante para q), chegando-se à solução para o
instante
t
n+1
, de acordo com as expressões (2.83) e (2.84). Ressalta-se aqui que é
condição obrigatória para o esquema que
θ seja sempre maior que a unidade, ou seja,
t
n+
θ
> t
n+1
. O que se faz na realidade é uma suavização da resposta, levando-se em
conta para o cálculo no instante
t
n+1
a resposta no instante anterior e um instante
posterior, artificialmente incluído na análise. Esta suavização acaba evitando que a
instabilidade se pronuncie.
n
i
n
i
n
i
ppp
θ
θ
θ
θ
11
1
+=
++
(2.83)
θ
++
=
n
i
n
i
qq
1
(2.84)
Implementação numérica do MEC 52
As matrizes
G e H passam então a ser calculadas para um tempo final t
n+
θ
.
Portanto, nas expressões para o cálculo de seus termos, onde aparece
t
n+1
, com a
adoção do Esquema Teta, aparecerá
t
n+
θ
, conforme expresso em (2.85).
)(
11
)(
11
)()()(
θθθθθ
+
==
+
==
+++
++=
∑∑∑∑
n
n
m
NN
j
m
j
mn
ij
n
m
NN
j
m
j
mn
ij
nn
pHqG SyBxA (2.85)
Para as integrações realizadas no primeiro intervalo de tempo, a fim de se
montar as matrizes
A
(n+θ)
, B
(n+θ)
e a primeira parcela de G
(n+θ)1
e H
(n+θ)1
, utiliza-se t
i
=
t
1
e t
f
= t
(1+
θ
)
. Para os demais instantes de tempo, utiliza-se, conforme procedimento
usual,
t
i
= t
1
e t
f
= t
2
. Em todos os casos, ao invés de t
n+1
, emprega-se t
n+
θ
. O mesmo é
válido para os termos que formam o vetor
S
(n+
θ
)
.
Como é inferido através dos resultados mostrados no Capítulo 4, o Esquema
Teta mostrou-se eficaz para as aplicações com as quais este trabalho lidou. Porém,
pode apresentar um amortecimento numérico maior que o fornecido pelo avanço no
tempo padrão. Em alguns casos, no entanto, isto é necessário, sendo preferível um
amortecimento artificial um pouco maior à instabilidade da solução.
Acoplamento MEC-MEF 53
Capítulo 3
Acoplamento MEC-MEF
No presente capítulo são abordados alguns aspectos relativos ao acoplamento
de sistemas fisicamente distintos, ou fisicamente similares porém modelados por
métodos numéricos diferentes, sempre considerando problemas axissimétricos. O
acoplamento, nos casos aqui analisados, é feito através da interface entre os dois
sistemas.
Os métodos numéricos com os quais se trabalha aqui são o Método dos
Elementos de Contorno (MEC) e o Método dos Elementos Finitos (MEF). Os meios
físicos podem ser, por sua vez, acústicos ou elásticos. Um meio acústico, neste
trabalho, pode ser modelado tanto pelo MEF quanto pelo MEC; já um meio elástico é
modelado apenas pelo MEF.
Portanto, são possíveis neste caso seis tipos de acoplamento:
1.
acústico-acústico MEC-MEF;
2.
acústico-acústico MEC-MEC;
3.
acústico-acústico MEF-MEF;
4.
acústico-elástico MEC-MEF;
5.
acústico-elástico MEF-MEF.
6.
elástico-elástico MEF-MEF.
Serão enfocados aqui o primeiro e o quarto tipo, por tratarem de acoplamento
entre métodos numéricos distintos. Os demais apresentam procedimentos análogos
aos aqui detalhados.
Para implementação numérica do acoplamento é empregado sempre o
algoritmo iterativo, através do qual cada sistema é resolvido isoladamente, mantendo
suas características de resolução originais. A cada iteração, são verificadas as
variáveis que as condições de interface exijam que sejam iguais, até que se atinja a
convergência.
O acoplamento, além das vantagens citadas na introdução, permite a adoção
de condições inicias não-nulas em determinada região do domínio. Como foi
mencionado, o esquema desenvolvido para o MEC não comporta este tipo de análise.
Pode-se então modelar a região em questão pelo MEF, acoplando com a malha do
MEC.
Acoplamento MEC-MEF 54
3.1. Expressões obtidas para o MEF
Neste item, é brevemente apresentada a formulação do MEF, para problemas
acústicos e elásticos. Em ambos os casos, utiliza-se o método dos resíduos ponderados
para obtenção das equações finais. Ressalta-se que só são considerados meios com
comportamento linear.
3.1.1. Meio acústico
A equação básica da propagação de ondas em um meio acústico homogêneo é
aqui escrita na forma apresentada pela equação (3.1), mais adequada para a análise
por elementos finitos e também mais geral, já que a velocidade de propagação da
onda primária
c, antes a única propriedade descritiva do meio, é desmembrada em
duas outras propriedades, a densidade
ρ
e o módulo de compressibilidade K.
0
2
=+ pKpp
&&&
ςρ
(3.1)
Pode-se notar que na equação (3.1) é considerado o amortecimento do meio,
através do coeficiente de amortecimento viscoso
ζ
. Esta equação pode ser escrita para
cada elemento, considerando-se o meio homogêneo em seu interior. Porém, ao se
escrever a equação (3.1), ao invés da equação (1.1), faz-se a correta consideração da
variação das propriedades físicas entre elementos distintos.
Deve-se ressaltar que é desprezada na equação (3.1) a presença de fontes
geradoras de pressão no interior do elemento.
Aplicando-se o método dos resíduos ponderados à equação (3.1), com
formulação fraca e funções de ponderação
w para o domínio Ω, w para
Γ
1
(parcela do
contorno
Γ
em que é prescrita a pressão
p
) e w
ˆ
para
Γ
2
(parcela em que é prescrito o
fluxo
q , ou seja, a derivada da pressão na direção normal ao contorno), chega-se a
(3.2).
()
()
(
)
0
ˆ
21
21
2
=Γ+Γ+Ω+
ΓΓΩ
dwffdwppwdpKpp
&&&
ςρ
(3.2)
Em (3.2),
f = Kq. Na seqüência, a última parcela do termo entre parênteses no
primeiro membro de (3.2) é expandida e integrada por partes, conforme (3.3).
Acoplamento MEC-MEF 55
Assume-se que a função de ponderação é nula em
Γ
1
, eliminando-se a integral nesta
parcela do contorno. Maiores detalhes acerca do procedimento empregado podem ser
encontrados em ZIENKIEWICZ e TAYLOR [6].
()
ΓΩΩ
Γ
+Ω=Ω
d
n
p
KwdpwKdwpK .
T2
(3.3)
Substituindo-se (3.3) em (3.2) e igualando
w
ˆ
a w, pode-se escrever a
expressão (3.4).
()
() () ()
ΓΩΩΩ
Γ=Ω+Ω+Ω
2
2
T
dqwKdpwdpwdpwK
&&&
ρς
(3.4)
Utilizando-se a formulação de Galerkin, as funções de ponderação
w são
interpoladas pelas mesmas funções empregadas para se aproximar a variável básica
p
no espaço, conforme descrito por (3.5) e (3.6).
=
=
N
j
jj
tpXNtXp
1
)()(),( (3.5)
=
=
N
j
jj
twXNtXw
1
)()(),( (3.6)
Em (3.5) e (3.6),
N é o número de nós do elemento, X é um ponto genérico no
interior do elemento e
t um instante de tempo qualquer da análise. N
j
(X) representa a
função de interpolação relativa ao nó
j, que deve apresentar valor unitário neste nó e
nulo nos demais. São empregadas sempre, neste trabalho, funções de interpolação
bilineares.
p
j
(t) e w
j
(t) contêm o valor, respectivamente, da pressão e da função de
ponderação no nó
j no instante de tempo t. Expandindo-se a expressão (3.4) e
empregando-se as aproximações contidas em (3.5) e (3.6), chega-se a (3.7).
∑∑
∑∑
∑∑
Γ
=
Ω
==
Ω
==
Ω
==
Γ=Ω+
+Ω+Ω
2
1
2
11
T
1111
N
i
ii
N
i
N
j
jjii
j
N
i
N
j
jiij
N
i
N
j
jii
dqwNKdNpNwK
dpNwNdpNwN
&&&
ςρ
(3.7)
Acoplamento MEC-MEF 56
Tomando-se a equação (3.7)
N vezes (k = 1..N) e, para cada k, adotando-se
arbitrariamente
w
i
= 1 para i = k, e w
i
= 0 para i k, chega-se à expressão (3.8).
Γ
=
Ω
=
Ω
=
Ω
Γ=Ω+
+Ω+Ω
2
1
T
11
dfNpdNKN
pdNNpdNN
i
N
j
jji
N
j
jji
N
j
jji
&&&
ςρ
i = 1..N (3.8)
Em (3.8),
qKf = . Tem-se, a partir de (3.8), um sistema de equações, para
cada elemento, que pode ser escrito através da expressão (3.9).
nnnn
FKPPCPM =++
&&&
(3.9)
Em (3.9)
P
n
é o vetor de pressões nodais no instante de tempo
n
t ; F
n
é o vetor
de fluxos equivalentes nodais atuantes neste instante; e
M, C e K são as matrizes de
massa, amortecimento e rigidez do elemento, respectivamente. Obtendo-se as
matrizes para cada elemento, pode-se chegar à matriz global do sistema por simples
agrupamento dessas matrizes.
Cada elemento das matrizes de massa
M, C e K é fornecido pelas expressões
(3.10) a (3.12).
Ω
Ω= dNNm
jiij
ρ
(3.10)
Ω
Ω= dNNc
jiij
ς
(3.11)
Ω
Ω= dKk
j
T
iij
BB (3.12)
Nas expressões (3.10) a (3.12),
N
i
representa a própria função de interpolação
relativa ao nó
i, enquanto B
i
é um vetor dado por (3.13).
i
i
i
i
i
N
zN
yN
xN
=
/
/
/
B
(3.13)
Acoplamento MEC-MEF 57
Cada elemento do vetor de fluxos equivalentes nodais atuantes é fornecido por
(3.14).
Γ
Γ=
2
2
dfNf
ii
(3.14)
Até aqui, todo o desenvolvimento foi efetuado para o caso genérico
tridimensional. Considerando-se agora a axissimetria do problema, as expressões
(3.10) a (3.12), além de (3.14), são reescritas nas expressões (3.17) a (3.20), onde se
adotam as coordenadas
r (raio em relação ao eixo de axissimetria) e z (altura). Esta
passagem é realizada através da substituição do domínio e contorno infinitesimais
originais
d e dΓ pelas expressões (3.15) e (3.16), seguida de integração ao longo de
θ.
axi
ddrdzdrdrd Ω==Ω
θ
θ
(3.15)
axi
ddrd
Γ
=Γ
θ
(3.16)
Nessas expressões, o domínio infinitesimal
d
Ω
axi
representa uma área (dr.dz),
que, ao ser girada em torno do eixo de axissimetria, gera um toro infinitesimal, que
pode representar o domínio infinitesimal tridimensional do qual se estava tratando até
aqui.
Ω
Ω=
axi
axijiij
drNNm
ρπ
2 (3.17)
Ω
Ω=
axi
axijiij
drNNc
ςπ
2 (3.18)
Ω
Ω=
axi
axij
T
iij
drKk BB
π
2 (3.19)
Γ
Γ=
axi
drfNf
ii 2
2
π
(3.20)
Em (3.19):
i
i
i
i
zN
rN
NB
=
/
/
(3.21)
Acoplamento MEC-MEF 58
Montadas as matrizes de massa, amortecimento e rigidez, trata-se do avanço
no tempo. É escolhido para efetuar este avanço o Método de Newmark, através do
qual os vetores de aceleração e velocidade são expressos, em função do vetor de
deslocamentos, pelas expressões (3.22) e (3.23), respectivamente. Para os exemplos
estudados neste trabalho, os parâmetros ajustáveis γ e β foram tomados como 1/2 e
1/4, respectivamente, o que equivale à regra trapezoidal.
()
nnn1n1n
ppppp
&&&&&
=
++
1
β2
1
βΔt
1
βΔt
1
2
(3.22)
()
nnn1n1n
β2
γ
1
β
γ
1
βΔt
γ
ppppp
&&&&
tΔ
+
=
++
(3.23)
Em (3.22) e (3.23),
p representa o vetor de pressões em um determinado
instante de tempo caracterizado pelo índice subscrito; Δt é o intervalo de tempo da
análise por elementos finitos.
Introduzindo-se estas expressões em (3.9), escrita para o tempo t
n+1
, chega-se
ao sistema representado pela expressão (3.24).
BpA
1n
ˆ
ˆ
=
+
(3.24)
Em (3.24) A
ˆ
e B
ˆ
representam, respectivamente, a matriz e o vetor efetivos
do sistema, dados por (3.25) e (3.26).
KCMA +
+
=
βΔt
γ
βΔt
1
ˆ
2
(3.25)
+
+
+++=
+
nnn
nnn
2
1
β2
γ
1
β
γ
1
βΔt
γ
C
1
β2
1
βΔt
1
βΔt
1
ˆ
ppp
pppMFB
&&&
&&&
n
(3.26)
Através deste esquema, o problema é solucionado a cada passo de tempo,
tendo já como conhecidos os valores da pressão e suas derivadas primeira e segunda
no tempo em toda a malha para o instante de tempo imediatamente anterior.
Acoplamento MEC-MEF 59
3.1.2. Meio elástico
Aqui são deduzidas as expressões utilizadas no MEF quando da análise de um
meio com propriedades elásticas. Enquanto que em um meio acústico a variável
básica (pressão) é um escalar, para um meio elástico ela se constitui de um vetor,
composto dos deslocamentos em todas as direções, de acordo com a dimensão do
problema, tornando a matemática do problema um pouco mais complexa.
No desenvolvimento aqui exposto, tomam-se como ponto de partida as
equações de equilíbrio da elasticidade expressas por (3.27), às quais é aplicado o
método dos resíduos ponderados. Estas equações apresentam como variáveis também
as tensões. Através de algumas manipulações apresentadas neste item, no entanto,
chega-se às expressões finais tendo como incógnitas apenas os deslocamentos.
Ressalta-se que, por razões de praticidade, o desenvolvimento é feito para o
caso bidimensional (elasticidade plana) e que, por procedimentos análogos, obtêm-se
as expressões para o caso axissimétrico.
0
0
2
2
2
2
=
+
+
=
+
+
t
u
t
u
b
yx
t
u
t
u
b
yx
yy
y
yxy
xx
x
xy
x
ςρ
στ
ςρ
τ
σ
(3.27)
Trata-se primeiro das três primeiras parcelas das expressões (3.27). Elas são
multiplicadas pelas funções de ponderação e integradas no domínio, conforme
exposto em (3.28), na qual já está feita a integração por partes.
()()
[]
()
∫∫
Ω Ω
Γ
Ω
Ω++Ω
+
+
+
Γ+++=
=Ω
+
+
+
+
+
dwbwbd
y
w
x
w
y
w
x
w
dw
nnwnn
dwb
yx
wb
yx
yyxx
y
y
y
xy
x
xy
x
x
yyyxxyxyxyxx
yy
yxy
xx
xy
x
σττσ
σττσ
σττ
σ
(3.28)
Nota-se que a função de ponderação aqui se constitui de um vetor w de
componentes w
x
e w
y
. b
x
e b
y
são as componentes do vetor b representativo das forças
Acoplamento MEC-MEF 60
de volume presentes no meio, enquanto o vetor n, de componentes n
x
e n
y
, representa
o vetor normal ao contorno.
A expressão (3.28) pode ser escrita na forma vetorial, conforme (3.29).
()
ΓΩΩ
Ω+Ω+Ω ddd
TT
T
wtwbσwL (3.29)
Em (3.29), σ é o vetor que contém as tensões normais σ
x
e σ
y
e a tensão
cisalhante τ
xy
,
enquanto o vetor t contém as componentes das forças de superfície. A
matriz de transformação
L é dada por (3.30).
=
xy
y
x
0
0
L
(3.30)
São utilizadas então as relações constitutivas σ = D.ε para se chegar à
expressão (3.31). D é a matriz constitutiva expressa por (3.32), para estado plano de
tensão, e (3.33), para estado plano de deformação, enquanto ε é o vetor que contém as
deformações ε
x
, ε
y
e ε
xy
, dado pela expressão ε = Lu, sendo u o vetor que contém os
deslocamentos u
x
e u
y
.
()()
ΓΩΩ
Ω+Ω+Ω ddd
TT
T
wtwbuDw LL (3.31)
=
2/)1(00
01
01
1
2
ν
ν
ν
ν
E
D
(3.32)
=
)1(2/)21(00
01)1/(
0)1/(1
)21)(1(
)1(
νν
νν
νν
νν
ν
E
D
(3.33)
Obtida então a expressão (3.31), o passo seguinte é o emprego da aproximação
numérica. Assim como para o meio acústico, utiliza-se aqui também a formulação de
Acoplamento MEC-MEF 61
Galerkin. Os deslocamentos, bem como as funções de ponderação, são expressos,em
qualquer ponto no interior do elemento, em função dos valores nodais, segundo as
expressões (3.34) e (3.35), nas quais
N é o número de nós do elemento em questão.
()
=
=
N
j
tXtX
1
)()(,
jj
uNu (3.34)
()
=
=
N
j
tXtX
1
)()(,
jj
wNw (3.35)
A matriz de funções de interpolação N
i
é dada por (3.36), onde N
i
é a função
de interpolação relativa ao nó
i.
=
i
i
i
N
N
0
0
N
(3.36)
As mesmas aproximações são utilizadas para a velocidade e a aceleração
presentes nas expressões (3.27). Introduzindo-se as expressões (3.34) e (3.35) em
(3.31), e esta em (3.27), além de na última, serem aplicadas as aproximações para
velocidade e aceleração, chega-se à expressão (3.37). Aqui já é considerada a
ponderação no contorno, como no caso acústico, admitindo que as funções de
ponderação anulam-se na parcela do contorno em que, no caso, o deslocamento é
prescrito (
Γ
1
).
∑∑
∑∑
Γ
=
Ω
=
Ω
==
Ω
==
Ω
==
Γ+Ω=Ω
+
+Ω+Ω
2
1
2
111
1111
N
i
ii
T
N
i
ii
T
N
j
jj
T
N
i
ii
j
N
i
N
j
iijj
N
i
N
j
jii
ddd
dd
wNtwNbuNDwN
uNwNuNwN
LL
&&&
ςρ
(3.37)
Toma-se então a expressão (3.37)
N vezes (k = 1 .. N), de modo que para cada
valor de
k toma-se primeiramente a equação (3.37) com
=
0
1
i
w e depois
=
1
0
i
w
para
i = k, mantendo-se sempre
=
0
0
i
w para i k. Deste modo, é obtido um sistema
de 2N equações, descrito pela expressão (3.38) e, de forma mais resumida, por (3.39).
Acoplamento MEC-MEF 62
()
()
ΓΩ
=
Ω
=
Ω
=
Ω
Γ+Ω=Ω+
+Ω+Ω
2
2
1
11
ddd
dd
T
i
T
i
N
j
jj
T
i
N
j
jji
N
j
jji
tNbNuNDN
uNNuNN
LL
&&&
ςρ
(i = 1..N) (3.38)
nnnn
RKUUCUM =++
&&&
(3.39)
Em (3.39), o vetor
U
n
contém os deslocamentos nodais do elemento no
instante de tempo
n, enquanto R
n
contém as cargas nodais equivalentes relativas a
este instante.
As sub-matrizes de massa, amortecimento e rigidez são calculadas pelas
expressões (3.40) a (3.42). Percorrendo-se todos os nós, são montadas as matrizes
globais. O sub-vetor de cargas nodais é dado por (3.43).
Ω
= d
j
T
iij
NNM
ρ
(3.40)
Ω
= d
j
T
iij
NNC
ς
(3.41)
Ω
Ω= d
j
T
iij
BDBK (3.42)
ΓΩ
Γ+Ω=
2
2
dd
T
i
T
ii
tNbNR
(3.43)
A matriz
B
i
é dada por (3.44).
i
ii
i
i
i
x
N
y
N
y
N
x
N
NB L
=
0
0
(3.44)
Para o caso axissimétrico, o procedimento é semelhante, porém parte-se de
equações distintas, já deduzidas para esta situação, conforme demonstrado em
ZIENKIEWICZ e TAYLOR [6]. O comportamento do sistema neste caso pode ser
descrito também pelo deslocamento em apenas duas direções (u
r
e u
z
, utilizando o
mesmo sistema de coordenadas do caso acústico); portanto, o problema continua
Acoplamento MEC-MEF 63
sendo modelado apenas em duas dimensões. Porém, devem-se levar em conta quatro
componentes de tensão (
σ
T
= [σ
r
σ
z
σ
θ
τ
rz
]), ou deformação (ε
T
= [ε
r
ε
z
ε
θ
γ
rz
]), ao
contrário das três consideradas para o caso bidimensional (neste caso, ou a tensão, no
estado plano de tensão, ou a deformação, no estado plano de deformação, na direção
z
sempre se anula e a equação correspondente a esta direção fica desacoplada do
sistema). Com isso, a matriz constitutiva
D e a matriz B são modificadas, de acordo
com (3.47) e (3.48).
+
=
ν
ννν
ννν
ννν
νν
2/1000
01
01
01
)21)(1(
E
D (3.45)
=
rNzN
rN
zN
rN
ii
i
i
i
i
//
0/
/0
0/
B
(3.46)
As matrizes
M, C e K são calculadas para o caso axissimétrico a partir das
equações (3.47) a (3.49). Nestas expressões está incluída a integração ao longo de um
anel em volta do eixo de axissimetria. Do mesmo modo, o vetor de cargas nodais
passa a ser calculado a partir de (3.50).
Ω
Ω=
axi
axij
T
iij
drNNM
ρπ
2 (3.47)
Ω
Ω=
axi
axij
T
iij
drNNC
ςπ
2 (3.48)
Ω
Ω=
axi
axij
T
iij
drBDBK
π
2
(3.49)
Γ+Ω=
ΓΩ
axiaxi
axi
T
iaxi
T
ii
drdr tNbNR
π
2 (3.50)
O avanço no tempo para o caso elástico é realizado da mesma forma que para
o caso acústico (método de Newmark com regra trapezoidal), conforme expressões
(3.22) a (3.26).
Acoplamento MEC-MEF 64
3.2. Equações governantes do acoplamento
Para que seja fisicamente válido o acoplamento entre sistemas resolvidos
independentemente, devem, na interface, ser respeitadas determinadas condições, que
relacionam variáveis destes sistemas.
3.2.1. Acoplamento acústico-acústico MEC-MEF
Neste item, é tratado o acoplamento entre sistemas fisicamente similares, do
tipo acústico-acústico, ou fluido-fluido, modelados por métodos numéricos distintos:
um deles é modelado através do MEC e o outro através do MEF.
Neste caso, devem ser obedecidas as seguintes condições ao longo da interface
de acoplamento
Γ
I
:
(
)
(
)
i
I
F
i
I
C
PP = (3.51)
(
)
(
)
i
I
F
i
I
C
QQ
~
~
= (3.52)
Nas equações (3.51) e (3.52)
P e Q representam vetores contendo,
respectivamente, os valores de pressão e fluxo. O índice superior esquerdo I indica
que neste vetor estão contidos apenas os valores na interface
Γ
I
; o índice inferior
esquerdo indica o método empregado na obtenção deste vetor (C para o MEC e F para
o MEF); por fim, o índice fora dos parênteses informa o nó
i da interface, o que
significa que estas condições devem ser respeitadas em cada nó.
O fluxo
(
)
i
I
C
Q
~
em (3.52), que representa o fluxo nodal equivalente no nó i
obtido pelo MEC, é calculado através dos valores
(
)
i
I
C
Q originalmente fornecidos
pelo método. Estes representam o valor do fluxo distribuído ao longo do contorno em
determinado nó. A transformação é obtida pela expressão (3.53).
()
( )() ( )()
i
j
I
C
j
C
T
F
i
j
I
C
j
C
T
F
i
I
C
j
j
j
j
dd
Γ+
Γ=
+
+
Γ
+
Γ+
Γ
Γ
1
1
1
1
rr
~
QNNQNNQ (3.53)
Acoplamento MEC-MEF 65
Em (3.53) os índices Γ
j
e Γ
j+1
relacionam-se aos elementos de contorno
adjacentes ao nó
i.
(
)
j
I
C
Γ
Q e
(
)
1+
Γ
j
I
C
Q são agora vetores que contêm, cada um, os
valores obtidos diretamente pelo MEC para o fluxo distribuído nos nós extremos de
seu respectivo elemento. Por fim, as variáveis
N são vetores contendo os valores das
funções de interpolação relativas aos nós extremos do elemento ao qual eles se
referem. O sub-índice destes vetores indica o método do qual se está tratando. A
expressão (3.54) exemplifica um vetor
N relativo a um elemento j, de nós extremos i e
i+1, com as funções de interpolação utilizadas no MEC, sendo X um ponto qualquer
do contorno que está sendo integrado. Cada integral presente em (3.53) fornece um
vetor com os fluxos nodais equivalentes nos dois nós extremos do elemento. Para se
obter
(
)
i
I
C
Q
~
toma-se apenas o valor relativo ao nó extremo i.
()
[
]
)()(
1
XNXN
i
C
i
C
j
C
+
=N (3.54)
3.2.2. Acoplamento acústico-elástico MEC-MEF
Neste item, é tratado o acoplamento acústico-elástico entre sistemas
discretizados pelo MEF (elástico) e pelo MEC (acústico). O exemplo clássico deste
tipo de acoplamento é o acoplamento fluido-estrutura, já que o fluido pode ser
considerado um meio acústico (propagam-se apenas ondas de compressão, já que o
material do meio não resiste ao cisalhamento), enquanto a estrutura é composta de
material elástico (metal, concreto, polímeros, entre outros diversos).
Ao longo da interface
Γ
I
devem ser obedecidas as condições (3.55) a (3.57):
() ()
i
I
C
i
I
F
N QU
ρ
1
=
&&
(3.55)
(
)
0=
i
I
F
T F (3.56)
(
)
(
)
i
I
C
i
I
F
FF = (3.57)
As notações são equivalentes àquelas empregadas no item 3.2.1. O operador
N, aplicado a um vetor, extrai deste a sua componente na direção normal ao contorno,
Acoplamento MEC-MEF 66
por simples decomposição vetorial, enquanto através do operador
T, do mesmo modo,
é obtida a componente na direção tangencial.
O vetor
U
&&
contém as acelerações obtidas pelo MEF, enquanto F apresenta as
cargas nodais equivalentes fornecidas por este método ou, indiretamente, através do
MEC. O vetor
F
I
C
, que contém valores de força nodal equivalente, é calculado a
partir dos valores de pressão nodal obtidos na interface diretamente através do MEC.
A transformação é realizada através da expressão (3.58).
() ( )() ( )()
i
j
I
C
j
C
T
F
i
j
I
C
j
C
T
F
i
I
C
j
j
j
j
dd
Γ+
Γ=
+
+
Γ
+
Γ+
Γ
Γ
1
1
1
1
rr PnNNPnNNF (3.58)
Pode-se observar que, em relação à expressão (3.53), aparece o vetor
n, que
exprime a direção da normal ao elemento de contorno. Como são utilizados sempre
elementos lineares, este vetor é constante ao longo deles, sendo dado pela expressão
(3.59). Nesta expressão,
θ é o ângulo que o elemento faz com a horizontal,
respeitando o sentido de integração.
=
θ
θ
cos
sen
n (3.59)
Como a pressão é um escalar, ao ser integrada ao longo do elemento de
contorno, fornece uma força normal ao elemento, de acordo com a própria definição
de pressão. O vetor
n tem como objetivo decompor esta força nas direções das
coordenadas axissimétricas
r e z, gerando como resultado uma grandeza vetorial.
Do mesmo modo, como as forças nodais são grandezas vetoriais,
N
F
não mais
se apresenta como um vetor, mas sim como uma matriz, dada por (3.60). Nesta
expressão, exemplifica-se uma matriz relativa a um elemento
j, de nós extremos i e
i+1. As integrais em (3.58), de modo equivalente às de (3.53), fornecem um vetor
com as componentes nas duas direções da força equivalente nodal para os dois nós
extremos do elemento. Para se chegar a
(
)
i
I
C
F
tomam-se apenas os valores relativos
ao nó extremo
i.
()
=
+
+
)(0)(0
0)(0)(
1
1
XNXN
XNXN
i
F
i
F
i
F
i
F
j
F
N
(3.60)
Acoplamento MEC-MEF 67
3.3. Procedimentos numéricos para o acoplamento iterativo
Neste item é descrito passo a passo o processo de resolução de um problema
de acoplamento através do método iterativo, introduzido por SOARES JR. e VON
ESTORFF [16]. São apresentados separadamente os procedimentos para o
acoplamento acústico-acústico e acústico-elástico entre sistemas resolvidos pelo MEF
e pelo MEC.
O princípio do método estabelece a resolução independente dos meios
acoplados, verificando-se a cada iteração se a convergência é atingida. Podem ser
adotadas para cada meio diferentes discretizações temporais e espaciais,
flexibilizando o modelo utilizado, de modo a se tomar partido das vantagens
oferecidas por cada método numérico empregado.
3.3.1. Acoplamento acústico-acústico MEC-MEF
No primeiro instante de tempo, calculam-se as atrizes
M, C e K para o sistema
resolvido pelo MEF, bem como as matrizes
A e B relativas ao sistema modelado
através do MEC e as primeiras parcelas das primeiras matrizes de convolução
G e H e
do vetor
S (equação (2.10)).
É resolvido então, para o primeiro passo de tempo, em primeiro lugar, o meio
modelado pelo MEF, arbitrando-se na interface de acoplamento fluxo nodal
equivalente nulo. Através da aplicação de (3.24) o sistema é resolvido, considerando-
se as condições iniciais. Com isso, são obtidas as pressões
1+k
t
I
F
F
P na interface, onde t
F
representa o instante de tempo da discretização de elementos finitos para o qual estão
sendo calculadas (no caso,
t é igual ao segundo instante de tempo t
2
), e k o número da
iteração (no caso,
k é igual a 1). Para acelerar a convergência, adota-se um parâmetro
de relaxação, produzindo-se a expressão (3.61), segundo a qual o valor no instante de
interesse é ponderado pelo valor obtido pela iteração anterior (no caso de ser a
primeira iteração, pelo valor final no instante de tempo anterior). Segundo os testes
realizados, o valor de
α = 0,5 foi considerado adequado. Mais detalhes sobre este
parâmetro podem ser obtidos em ELLEITHY
et al. [33], para o caso elastoestático.
()
k
t
I
F
k
t
I
F
k
t
I
F
FFF
PPP
αα
+=
++
1
11
(3.61)
Acoplamento MEC-MEF 68
Aqui, entra um importante aspecto relativo às discretizações espacial e
temporal adotadas. Caso se utilizem discretizações espaciais distintas, os valores
obtidos pelo MEF devem ser interpolados para se obter os valores nos nós da interface
pertencentes ao modelo do MEC (
1+k
t
I
C
F
P ). Caso as discretizações temporais também
sejam diferentes, é necessária uma extrapolação no tempo para se obter os valores de
1+k
t
I
C
C
P , onde t
C
corresponde ao instante de tempo da discretização de elementos de
contorno para o qual se está resolvendo o problema. No caso, considera-se o intervalo
de tempo do MEF menor que o do MEC, o que é em geral válido para problemas com
discretização espacial semelhante. Caso o passo de tempo do MEF seja maior que o
do MEC, o procedimento é análogo.
Esta extrapolação é representada pela equação (3.62), para a qual se considera
variação linear da pressão entre dois instantes de tempo consecutivos (figura 3.1).
(
)
η
η
=
Δ
+
+
1
1
1
CC
F
C
tt
I
C
k
t
I
C
k
t
I
C
PP
P
(3.62)
Figura 3.1 – extrapolação da pressão obtida pelo MEF
Em (3.62),
η
= (t
C
t
F
)/
Δ
t
C
, onde
Δ
t
C
é o intervalo de tempo da análise de
elementos de contorno.
As pressões obtidas na interface são impostas como condições de contorno
para o meio modelado pelo MEC nos nós correspondentes. Então este sistema é
resolvido, através de (2.10). Os valores calculados para o fluxo na interface de
acoplamento são em seguida trazidos de volta para o instante de tempo “atual” de
elementos finitos (
t
F
). Como o fluxo é considerado constante no tempo para cada
1+k
t
I
C
C
P
1+k
t
I
C
F
P
CC
tt
I
C
Δ
P
Acoplamento MEC-MEF 69
intervalo, têm-se imediatamente os valores para o fluxo distribuído, em cada nó, de
acordo com (3.63) e ilustrado na figura 3.2.
11 ++
=
k
t
I
C
k
t
I
C
CF
QQ (3.63)
Figura 3.2 – interpolação do fluxo obtido pelo MEC
Estes valores são, a seguir, transformados de acordo com a expressão (3.53)
para valores de fluxo nodal equivalente, sendo estes então comparados com aqueles
arbitrados como condição de contorno no MEF, após a interpolação espacial, se
necessária. Aqui se faz necessário o teste de convergência.
O teste de convergência neste trabalho é realizado através do erro relativo
entre as normas dos vetores que contêm os valores da interface a serem testados. A
condição para que haja convergência é expressa por (3.64), sendo
ε um parâmetro de
convergência escolhido.
εε
+
++
+
++
1
11
1
11
~
~
~
~
~
~
k
t
I
C
k
t
I
F
k
t
I
C
k
t
I
F
k
t
I
F
k
t
I
C
F
FF
F
FF
e
Q
QQ
Q
QQ
(3.64)
Caso a convergência não seja atingida, deve ser efetuada uma nova iteração,
tendo como ponto de partida a adoção de condições de contorno na interface para o
sistema modelado pelo MEF. Aqui, segundo os testes realizados, opta-se novamente
pela utilização de um parâmetro de relaxação
α
, fazendo com que seja tomada como
condição de contorno na interface uma ponderação entre os fluxos nodais
equivalentes obtidos na iteração anterior por elementos de contorno e os fluxos
11 ++
=
k
t
I
C
k
t
I
C
CF
QQ
Acoplamento MEC-MEF 70
tomados naquela iteração como condição de contorno para elementos finitos, segundo
a equação (3.65).
()
112
~
1
~
~
+++
+=
k
t
I
F
k
t
I
C
k
t
I
F
FFF
QQQ
αα
(3.65)
Segue-se então com a resolução do sistema pelo MEF, sendo o processo
repetido até que se atinja a convergência. Então, passa-se para o próximo instante de
tempo, sendo adotado inicialmente como condição de contorno na interface o fluxo
nodal obtido pela expressão (3.65) após a última iteração.
3.3.2. Acoplamento acústico-elástico MEC-MEF
Os procedimentos no primeiro passo de tempo são os mesmos executados para
o acoplamento acústico-acústico.
Também é inicialmente resolvido o sistema modelado pelo MEF. Neste caso,
são arbitradas de início condições de contorno de forças nodais nulas na interface de
acoplamento. Após a solução, são obtidos os valores de deslocamento, velocidade e
acelerações na interface. Novamente, é empregado um parâmetro de relaxação
α, de
acordo com a expressão (3.66), para a aceleração, que é a variável de interesse.
()
k
t
I
F
k
t
I
F
k
t
I
F
FFF
UUU
&&&&&&
αα
+=
++
1
11
(3.66)
No caso da primeira iteração em determinado instante de tempo, toma-se
como valor da aceleração na iteração anterior o valor final obtido para o instante de
tempo anterior. No primeiro passo de tempo, toma-se a aceleração inicial, calculada a
partir da velocidade e do deslocamento iniciais.
O vetor obtido em (3.66) é então aplicado à equação (3.55), através da qual se
chega a valores de fluxo através da interface. Novamente, aqui é necessário
considerar-se a diferença nas discretizações espacial e temporal. Caso a primeira seja
distinta, ou seja, os nós dos dois modelos acoplados não coincidam, deve-se realizar
uma interpolação para que sejam calculados os valores nos nós de interface do
sistema modelado pelo MEC. Além disso, no caso de a discretização temporal ser
distinta, os valores devem ser extrapolados (considerando intervalo de tempo do MEF
Acoplamento MEC-MEF 71
menor que o do MEC). Como o fluxo é considerado constante entre dois instantes de
tempo consecutivos, é utilizada a expressão (3.67).
11 ++
=
k
t
I
C
k
t
I
C
FC
QQ (3.67)
Estes valores são em seguida adotados como condições de contorno na
interface de acoplamento para a resolução do sistema modelado pelo MEC. Deste
modo, são obtidos valores de pressão na interface. Empregando-se a equação (3.58),
esses valores são transformados em forças nodais equivalentes, obtidas pelo MEC.
Novamente, então, esses valores devem ser trazidos para o instante de tempo da
análise por elementos finitos, de acordo com a expressão (3.68), que considera
variação linear de pressão e, em conseqüência, de forças nodais equivalentes, entre
instantes consecutivos de tempo da análise.
()
11
1
+
Δ
+
+=
k
t
I
C
tt
I
C
k
t
I
C
C
CC
F
FFF
ηη
(3.68)
Em (3.68),
η tem o mesmo significado daquele presente em (3.62).
Finalmente, os valores resultantes de (3.68) podem ser comparados com
aqueles adotados ao início da iteração como condições de contorno para o sistema
resolvido pelo MEF, através de teste de convergência semelhante àquele indicado por
(3.64), trocando-se apenas a variável a ser testada (
F ao invés de Q
~
).
Caso a convergência não seja atingida, uma nova iteração é realizada.
Novamente, de acordo com os testes efetuados, é utilizado um parâmetro de relaxação
α
para a adoção das condições de contorno da interface, para o meio modelado pelo
MEF, na próxima iteração, de acordo com a expressão (3.69).
()
112
1
+++
+=
k
t
I
F
k
t
I
C
k
t
I
F
FFF
FFF
αα
(3.69)
Segue-se então com a resolução do meio modelado pelo MEC, sendo o
processo repetido até que se atinja a convergência. Passa-se em seguida para o
instante de tempo subseqüente, adotando-se inicialmente como condição de contorno
na interface as forças nodais obtidas pela expressão (3.69), após a última iteração do
instante anterior. Deve-se verificar a cada mudança de instante de tempo de resolução
se este instante coincide com um instante de resolução de ambos os meios ou de
apenas um deles.
Aplicações 72
Capítulo 4
Aplicações
Neste capítulo são apresentadas algumas aplicações nas quais os métodos aqui
desenvolvidos podem ser empregados. Este emprego se dá através de rotinas em
FORTRAN implementadas ao longo deste trabalho.
Primeiramente, trata-se de aplicações em meios exclusivamente acústicos, de
características axissimétricas, discretizados somente por elementos de contorno, nos
quais se aplicam os procedimentos apresentados no Capítulo 2.
Em seguida, faz-se uso do acoplamento acústico-acústico discutido no
Capítulo 3, para se resolver problemas que dizem respeito a meios exclusivamente
acústicos, nos quais se deseja discretizar uma região por elementos finitos e outra por
elementos de contorno. Nestes casos, incluem-se problemas não-homogêneos, em que
se podem distinguir regiões no interior das quais há homogeneidade.
Por fim, são apresentados exemplos de aplicação do acoplamento iterativo
acústico-elástico para problemas axissimétricos, conforme explicitado no Capítulo 3,
em que há, no meio em análise, uma região composta de material com
comportamento acústico (fluido, por exemplo), e outra composta de material elástico
(algum material estrutural, como aço ou concreto, por exemplo).
4.1. Meio discretizado exclusivamente pelo MEC
Aqui são apresentadas três aplicações nas quais os conceitos expostos no
Capítulo 2 podem ser empregados.
A primeira aplicação é em uma barra prismática circular, composta de material
acústico, submetida a um fluxo em uma de suas extremidades e com pressão nula na
outra, que na realidade, como será mais explicado adiante, pode ser equiparada a uma
barra composta de material elástico engastada em uma extremidade e submetida a
carregamento normal na outra. Para esta aplicação, são realizadas diversas análises
relativas ao método, que servem então de orientação para as aplicações seguintes.
Para esta mesma barra, em seguida, é feita a análise trocando-se as condições de
contorno das extremidades: onde se prescrevia o fluxo diferente de zero, passa-se a
prescrever pressão, e onde se prescrevia pressão nula, passa-se a prescrever fluxo
Aplicações 73
nulo, o que pode ser equiparado a uma barra elástica com deslocamento prescrito não-
nulo em uma de suas extremidades e livre na outra. Para este caso, apresentado ao
final do item 4.1, é feita uma análise acerca do refinamento da malha empregada na
análise.
A segunda aplicação corresponde a uma cavidade esférica em meio infinito,
submetida a um fluxo ao longo de sua superfície.
A terceira e última aplicação representa uma placa circular de material
acústico que, através da redução de espessura, é aproximada a uma membrana, a qual
se encontra submetida a um fluxo ao longo de uma coroa circular em sua superfície.
Os resultados obtidos pelo programa implementado são comparados com
resultados analíticos conhecidos para estas três aplicações, verificando-se então a
validade do método aqui desenvolvido.
4.1.1. Barra prismática circular submetida a fluxo não-nulo em uma
extremidade
Neste item, é feita a análise através do MEC para meios acústicos
axissimétricos de uma barra prismática circular, constituída de material acústico,
submetida a um fluxo não-nulo em uma de suas extremidades e a pressão nula na
outra.
São analisadas três situações:
Situação 1: corresponde a uma barra circular vazada, sendo sua seção
transversal uma coroa circular;
Situação 2: diferencia-se da primeira apenas pelo fato de o cilindro vazado
no interior da barra possuir um raio muito grande, ou seja, a região maciça da barra se
encontra distante do eixo de axissimetria, o que faz com que este caso se aproxime do
caso bidimensional;
Situação 3: representa uma barra de seção cheia, com pontos do contorno
sobre o eixo de axissimetria.
Através destas três situações, esquematizadas na figura 4.1, chega-se a uma
conclusão acerca da influência da proximidade do eixo de axissimetria em relação aos
Aplicações 74
elementos de contorno na resposta obtida, além de se validar as expressões analíticas
desenvolvidas para todos os casos apresentados no item 2.2.
É apresentada a resposta para pressão em um ponto do contorno na
extremidade da barra onde se aplica o fluxo e em um ponto interno a meio
comprimento da barra. Também se analisa o comportamento do fluxo na extremidade
da barra onde a pressão é nula.
Posteriormente, são feitas considerações acerca do intervalo de tempo de
análise empregado, verificando-se o mais adequado.
Em seguida, a análise é estendida a fim de se verificar a estabilidade do
método. Neste ponto, torna-se necessária a adoção do Esquema Teta apresentado no
item 2.5, estudando-se qual o valor de
θ mais adequado para esta situação.
Por fim, faz-se uma comparação entre a análise realizada através da integração
analítica no tempo, desenvolvida neste trabalho, e através de integração numérica ao
longo do tempo, através dos métodos de Gauss-Chebyshev [28] e Kutt [27],
implementada por CZYGAN e VON ESTORFF [24] quando da resolução deste tipo
de problema.
b
ac
q(t)
A
B
C
a
c
(a) (b) (c)
Figura 4.1 – (a) esquema do contorno axissimétrico; (b) seção transversal, para situações 1, 2 e 3; (c)
malha empregada na análise
As dimensões da barra são as seguintes: a = 6 m; b = 12 m; c = 1 m (situação
1), 100000 m (situação 2) e 0 m (situação 3). A função
q(t) representativa do fluxo
Aplicações 75
prescrito ao longo do tempo é uma função Heaviside unitária, começando em t = 0,
como se fosse uma carga de impacto aplicada à barra neste instante (
q(t) = H(t-0)),
medida em kN/m
3
.
Foram empregados para a discretização do contorno axissimétrico elementos
de 1,5 m, o que produz uma malha de 24 elementos para as situações 1 e 2, e de 16
elementos para a situação 3.
Nos cantos do contorno, são adotados nós duplos, a fim de se representar
corretamente as condições de contorno de cada aresta que conflui para cada canto.
Considera-se para o material representativo do meio acústico uma velocidade
de propagação de onda
c = 1,0 m/s.
O intervalo de tempo de análise varia, de acordo com o parâmetro
β adotado,
sendo
β dado pela expressão (4.1).
l
tcΔ
=
β
(4.1)
Em (4.1),
c é a velocidade de propagação da onda primária no meio,
Δ
t o
intervalo de tempo de análise e
l o tamanho do elemento de contorno.
Nas figuras 4.2 são traçados os gráficos correspondentes à situação 1, para seis
valores diferentes de
β
, para os resultados nos pontos A, B e C representados na
figura 4.1. Eles são comparados com os gráficos correspondentes à solução analítica
do problema, apresentada no Anexo F. Nas figuras 4.3, os mesmos gráficos são
traçados para as situações 2 e 3.
O tempo de análise representado nestes gráficos é de 96 s, suficiente para a
vibração provocada pelo fluxo aplicado na extremidade percorrer a barra
longitudinalmente em ida e volta por quatro vezes, produzindo dois ciclos de resposta
em todos os pontos da barra.
Estes ciclos podem ser interpretados fisicamente considerando que, a cada vez
que a onda reflete na extremidade onde a pressão é nula, volta com mesma fase (onda
de compressão volta como onda de compressão e vice-versa), o contrário ocorrendo
na extremidade onde o fluxo é aplicado. Aplica-se um fluxo para dentro do meio
(onda de compressão, derivada em relação à normal negativa), sendo a compressão
representada no gráfico com sinal negativo.
Aplicações 76
0 20406080100
tempo (s)
-60
-40
-20
0
20
40
60
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-175
-150
-125
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75
100
125
150
175
pressão (kPa)
(a) β = 0,1 – pressões em A e B (b) β = 0,1 – fluxo em C
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-20
-10
0
10
20
presão (kPa)
(c) β = 0,2 – pressões em A e B (d) β = 0,2 – fluxo em C
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-1
0
1
2
3
pressão (kPa)
(e) β = 0,5 – pressões em A e B (f) β = 0,5 – fluxo em C
PONTO B
PONTO A
Aplicações 77
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
pressão (kPa)
(g) β = 0,6 – pressões em A e B (h) β = 0,6 – fluxo em C
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
pressão (kPa)
(i) β = 0,8 – pressões em A e B (j) β = 0,8 – fluxo em C
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
pressão (kPa)
(k) β = 1,0 – pressões em A e B (l) β = 1,0 – fluxo em C
Figura 4.2 – comparação entre o resultado da situação 1 (em preto) e o analítico (em vermelho)
Aplicações 78
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-8
-4
0
4
8
pressão (kPa)
(a) β = 0,1 – pressões em A e B (b) β = 0,1 – fluxo em C
020406080100
tempo
(
s
)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-4
-2
0
2
4
pressão (kPa)
(c) β = 0,2 – pressões em A e B (d) β = 0,2 – fluxo em C
020406080100
tempo
(
s
)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-1
0
1
2
3
pressão (kPa)
(e) β = 0,5 – pressões em A e B (f) β = 0,5 – fluxo em C
PONTO B
PONTO A
Aplicações 79
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
pressão (kPa)
(g) β = 0,6 – pressões em A e B (h) β = 0,6 – fluxo em C
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
pressão (kPa)
(i) β = 0,8 – pressões em A e B (j) β = 0,8 – fluxo em C
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
p
r
essão (kPa)
0 20406080100
tempo (s)
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
2.5
pressão (kPa)
(k) β = 1,0 – pressões em A e B (l) β = 1,0 – fluxo em C
Figura 4.3 – comparação entre o resultado das situações 2 (em preto, linha cheia) e 3 (em preto, linha
pontilhada) e o analítico (em vermelho)
Aplicações 80
Pode-se observar de imediato que para
β = 0,1 e β = 0,2, o resultado se torna
instável já para um tempo de análise relativamente pequeno. Isto ocorre pois quanto
menor o valor de
β, menor a distância que a onda percorre em um intervalo de tempo.
Sendo assim, o segmento do elemento de contorno a ser integrado concentra em boa
parte de sua extensão os gradientes altos das expressões integradas no tempo,
prejudicando a integração numérica ao longo de seu comprimento. Além disso,
devido à interpolação no espaço, a onda, em determinado instante de tempo, atinge
nós que não deveria, já que a função de interpolação propaga a onda de um nó ao
outro do elemento. Com valores pequenos para β, este aspecto é acentuado, já que são
necessários mais passos de tempo para que de fato a onda atinja o nó em questão,
agravando o problema causado por esta propagação artificial.
À medida que se aumenta o valor de
β, este aspecto de instabilidade é
melhorado. Portanto, para um resultado mais preciso, não se pode refinar o intervalo
de tempo da análise arbitrariamente, devendo-se observar o
β correspondente a ele.
Ou então, refinam-se concomitantemente o intervalo de tempo e o tamanho do
elemento. Para
β = 0,5, percebe-se que, apesar de a solução para pressão ainda não
apresentar acentuada instabilidade, esta deve estar próxima de ocorrer, visto que o
fluxo em C já apresenta fortes oscilações.
Pode-se notar também que sempre o fluxo em C apresenta um aspecto mais
irregular que as pressões em A e B. Provavelmente isso ocorre pela própria natureza
da resposta analítica para o fluxo em C. Esta resposta apresenta saltos em
determinados pontos (derivadas indeterminadas), o que torna mais difícil sua
aproximação numérica.
É importante ressaltar também que os resultados para as situações 2 e 3 se
mostram mais bem comportados do que aqueles para a situação 1. Este aspecto é um
indício de que a integração pode estar perdendo precisão e, conseqüentemente,
prejudicando a qualidade da solução para contornos mais próximos do eixo de
axissimetria, de acordo com as expressões analíticas obtidas através da integração ao
longo do tempo.
Deve-se lembrar que a solução axissimétrica, para a situação 2, em que o
domínio axissimétrico encontra-se muito afastado do eixo de axissimetria, acaba
recaindo na solução bidimensional, pelo menos durante o tempo em que não há
influência, sobre este contorno, dos pontos mais distantes pertencentes ao anel de
Aplicações 81
fontes axissimétrico. Foram comparados os resultados desta situação com resultados
obtidos por programas bidimensionais já elaborados e as respostas foram idênticas,
até a precisão adotada.
O próximo passo foi estender a análise até que a solução se instabilize,
acompanhando o comportamento da solução em função do
β adotado na análise. Nas
figuras 4.4, são apresentados os resultados para a pressão no ponto A nas situações 1 e
2, para os três maiores valores de
β apresentados anteriormente, já que foi verificado
que para a situação 3 o comportamento é semelhante ao observado para a situação 2, e
para
β menor a solução já se apresentava bastante deteriorada para instantes de tempo
menores. O tempo máximo de análise é de 576 s (12 ciclos de resposta).
Aplicações 82
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
0 100 200 300 400
tempo (s)
-40
-30
-20
-10
0
10
p
r
essão (kPa)
(a) β = 0,6 – situação 2 (b) β = 0,6 – situação 1
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
(c) β = 0,8 – situação 2 (d) β = 0,8 – situação 1
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
0 50 100 150 200 250
tempo (s)
-30
-20
-10
0
10
p
r
essão (kPa)
(e) β = 1,0 – situação 2 (f) β = 1,0 – situação 1
Figura 4.4 – pressão no ponto A para análise estendida
Para a situação 2 (contorno afastado do eixo) a solução se estabiliza para todos
os
β tomados acima de 0,6. Já para a situação 1, apenas para β = 0,8, a solução se
mostra estável até o tempo final de análise. Além da proximidade do contorno,
Aplicações 83
provavelmente as expressões obtidas para o caso 3 e 5 a que se refere o item 2.2
possuem um comportamento mais irregular em relação às demais. Na situação 2,
durante todo o tempo de análise estendido (576 s), estes casos nunca aparecem, em
virtude do afastamento em relação ao eixo de axissimetria.
Nas figuras 4.4, pode-se notar o amortecimento considerável presente na
solução numérica à medida que a análise avança no tempo. Este amortecimento é
inerente ao MEC.
Na figura 4.5, é feita uma comparação entre os amortecimentos, para a
situação 2, de acordo com o
β adotado. Por ela, deduz-se que este amortecimento é
maior para valores menores de
β.
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
beta = 0,6
beta = 0,8
beta = 1,0
Figura 4.5 – pressão no ponto A para análise estendida, situação 2 – comparação entre amortecimentos
numéricos
Por esta conclusão, teoricamente o
β mais adequado seria aquele igual à
unidade. No entanto, como se pode inferir das figuras 4.4, este valor pode apresentar
instabilidade dependendo do problema. Deste modo, a escolha do
β a ser empregado
na análise depende do problema em questão.
Para se tentar eliminar as instabilidades presentes, uma alternativa é a adoção
do Esquema Teta, apresentado por MANSUR
et al. [32] e resumidamente explicado
no item 2.5. Foi então executada a situação 1, que se mostra a mais problemática em
termos de instabilidade, para os valores de
β iguais a 0,6 e 0,8, para três valores de θ
(1,05; 1,10 e 1,20), a fim de se verificar o comportamento do amortecimento
Aplicações 84
numérico com a variação de θ, sendo os resultados para pressão no ponto A
apresentados na figura 4.6.
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
(a) β = 0,6 - θ = 1,05 (b) β = 0,8 - θ = 1,05
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
(c) β = 0,6 - θ = 1,10 (d) β = 0,8 - θ = 1,10
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
(e) β = 0,6 - θ = 1,20 (f) β = 0,8 - θ = 1,20
Figura 4.6 – variação da resposta para pressão no ponto A com a mudança de θ
Aplicações 85
À medida que se aumenta o valor de
θ, aumenta também o amortecimento
numérico experimentado pela solução, ou seja, é como se a estabilização se desse às
custas deste amortecimento. Pode-se notar também que com o aumento de
θ o
amortecimento para
β = 0,8 é maior que para β = 0,6, ao contrário do que acontece
para
θ = 1,0 (esquema padrão, figura 4.5).
A última análise relativa a esta aplicação corresponde à comparação entre o
procedimento de integração analítica no tempo, conforme descrito no item 2.2, e o
procedimento numérico adotado em [24], para a situação 1, com θ = 1,10 e β = 0,6.
Para implementação numérica destas integrais são empregados dois métodos
distintos, de acordo com CZYGAN e VON ESTORFF [24]:
Para as integrais necessárias à montagem das matrizes G (expressão 2.12)
é empregado o método de Gauss-Chebyshev, sobre o qual maiores detalhes podem ser
encontrados em ABRAMOWITZ e STEGUN [28]. São tomados sempre 20 pontos
para o cálculo da integral.
Para as integrais necessárias à montagem das matrizes H (expressão 2.12)
é empregado o método de Kutt, sobre o qual maiores detalhes podem ser encontrados
em KUTT [27]. Este método é especialmente utilizado quando do cálculo de integrais
que só existem no sentido de parte finita, conforme exposto no Anexo C. Para isso,
são utilizados abscissas e pesos específicos, de acordo com o método. Neste trabalho,
tomam-se sempre 12 pontos de Kutt para o cálculo das integrais.
Na figura 4.7, é feita uma comparação entre os resultados obtidos para a
pressão no ponto A, com
θ = 1,10 e β = 0,6, através das expressões analíticas das
integrais no tempo e por integração numérica. Pela análise desta figura, pode-se notar
que à medida que a análise avança no tempo, a solução obtida calculando-se as
integrais no tempo numericamente apresenta uma defasagem de período e redução de
amplitude em relação à solução obtida empregando-se as expressões analíticas para
estas mesmas integrais.
Através de testes realizados, notou-se que a principal fonte de erro na
integração numérica é a integração através do método de Gauss-Chebyshev utilizada
para se efetuar as integrais responsáveis pela montagem da matriz
G.
Por esta análise, pode-se concluir, como já era esperado, que o cálculo
analítico das integrais ao longo do tempo apresenta resultados melhores que a
Aplicações 86
integração numérica, melhoria esta que se torna considerável à medida que se estende
o tempo de análise.
0 200 400 600
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
p
r
essão (kPa)
integração numérica
integração analítica
solução analítica
Figura 4.7 – resposta para pressão no ponto A para integração no tempo numérica e analítica
É bom ressaltar que esta aplicação apresentada no item 4.1 é um tanto quanto
problemática, visto que nela ocorrem sucessivas reflexões nas extremidades da barra.
Essas múltiplas reflexões podem acentuar alguns aspectos relativos ao método, como
por exemplo a instabilidade verificada em alguns casos e, por outro lado, o
amortecimento artificial excessivo verificado em outros.
Aplicações 87
4.1.2. Cavidade em meio acústico infinito
Neste item, aplica-se o método desenvolvido a uma cavidade esférica inserida
em um meio acústico infinito, com velocidade de propagação c = 1000 m/s. O modelo
é apresentado na figura 4.8.
Esta cavidade é submetida a um fluxo
q(t) em sua superfície, descrito ao longo
do tempo por uma função Heaviside unitária, em kN/m
3
(q(t) = H(t-0)).
O raio da cavidade é tomado como a = 1 m.
Para a análise, são apresentados os resultados para pressão ao longo do tempo
tanto em pontos do contorno quanto em pontos internos ao domínio, representados na
figura 4.8.
O contorno axissimétrico foi discretizado inicialmente por oito elementos. Foi
escolhido um intervalo de tempo de análise de 0,2344 ms, o que fornece um
β
aproximadamente igual a 0,6. O tempo total de análise empregado corresponde a 64
passos de tempo.
Primeiramente, o modelo é executado com
θ = 1,0.
a
2
3
4
56
1
7
8
(a) (b)
Figura 4.8 – (a) esquema da cavidade esférica em meio infinito; (b) malha de oito elementos
empregada
Aplicações 88
0 0.004 0.008 0.012 0.016
tempo (s)
0
-0.4
-0.8
-1.2
p
r
essão (kPa)
ponto 8
ponto 7
ponto 1
analítico
Figura 4.9 – resultados para 8 elementos e θ = 1,0 – pontos do contorno
Na figura 4.9 são traçados os gráficos para a pressão em pontos pertencentes
ao contorno (ponto 1, no eixo horizontal, ponto 7, a 45 graus, e ponto 8, no eixo de
axissimetria). Os resultados para os pontos 1 e 7 aproximam-se bem mais do analítico
em relação ao ponto 8.
A análise não apresenta sinais de instabilidade, mesmo quando o tempo total é
aumentado. Este aspecto já era esperado, visto que se trata de um meio infinito, no
qual não ocorrem reflexões. Deste modo, a energia se espalha e não há acúmulo de
erros de precisão das integrações efetuadas.
Pela figura 4.10, pode-se notar que ao se empregar o Esquema Teta com
θ =
1,1 o resultado praticamente não se altera, o que mostra que esta aplicação não
apresenta foco significativo de instabilidade.
Na figura 4.11, é mostrada a comparação entre resultados para a malha de 8
elementos descrita anteriormente e para uma malha com 16 elementos de contorno.
Nesta malha, o intervalo de tempo adotado foi de 0,1172 ms, mantendo o valor de
β
bem próximo a 0,6.
É nítido que a malha de 16 elementos apresenta resultados com menos
oscilações. A precisão obtida para o ponto 8 melhorou com o refinamento. Os
resultados para este ponto, localizado sobre o eixo de axissimetria, parecem bastante
sensíveis aos "bicos" formados pela discretização com elementos retos. Uma
Aplicações 89
alternativa a ser testada é o emprego de elementos quadráticos para discretização da
geometria, pois neste caso, possivelmente, bons resultados para pontos do tipo do
ponto 8 podem ser obtidos sem que haja necessidade de refinamento excessivo.
0 0.004 0.008 0.012 0.016
tempo (s)
0
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
-1
p
r
essão (kPa)
teta = 1,0
teta = 1,1
Figura 4.10 – resultados para o ponto 1, variando-se o valor de θ
0 0.004 0.008 0.012 0.016
tempo (s)
0
-0.4
-0.8
-1.2
p
r
essão (kPa)
ponto 8 - 8 elementos
ponto 1 - 8 elementos
analítico
ponto 8 - 16 elementos
ponto 1 - 16 elementos
Figura 4.11 – comparação entre malhas
PONTO 1
PONTO 8
Aplicações 90
Por fim, na figura 4.12, são traçados gráficos para pressão ao longo do tempo
para os pontos internos com uma malha de 16 elementos, comparando os resultados
obtidos com os respectivos resultados analíticos.
Como se pode observar, os resultados apresentam precisão bastante aceitável.
Figura 4.12 – pontos internos (em preto), comparação com resultado analítico (em vermelho)
0 0.004 0.008 0.012 0.016
tempo (s)
0
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
p
r
essão (kPa)
PONTO 2
PONTO 3
PONTO 4
PONTO 5
PONTO 6
Aplicações 91
4.1.3. Membrana submetida a carga impulsiva
Esta aplicação consiste de uma placa circular submetida a um carregamento
impulsivo, ou seja, com duração bem pequena, em uma tentativa de se simular
condições iniciais de velocidade. O carregamento é aplicado na face superior da placa
de duas formas: na situação 1, ele é aplicado em um círculo com centro coincidente
com o da placa; na situação 2, ele é aplicado em uma coroa circular também tendo
como centro o próprio centro da placa. Neste problema, ao invés de se utilizar a
pressão como variável básica, utiliza-se o deslocamento vertical
u. Esta consideração
é feita desprezando-se o deslocamento horizontal, considerado bem menor em
comparação com o vertical. Deste modo, resolvendo-se a equação da acústica, o
resultado de pressão é igual ao deslocamento transversal da membrana.
A derivada de
u em relação à normal ao contorno, multiplicada pela constante
K (módulo de compressibilidade do meio), dada por (4.2), representa carga por
unidade de área normal ao contorno. Portanto, quando neste problema prescreve-se a
derivada em relação à normal ao contorno, indiretamente se está prescrevendo carga
aplicada. Em (4.2),
ρ representa a densidade do meio e c, a velocidade de propagação
da onda de compressão no mesmo.
2
cK
ρ
= (4.2)
Ressalta-se que, para haver correspondência de amplitudes entre carga
aplicada e condições iniciais de velocidade, devem-se igualar as quantidades de
movimento produzidas em ambos os casos, chegando-se à seguinte relação:
tfcev Δ=
2
0
(4.3)
Em (4.3),
e é a espessura da placa, c a velocidade de propagação da onda
acústica no meio,
v
0
é a velocidade inicial, suposta constante ao longo da região onde
é aplicada,
f a derivada em relação à normal prescrita, constante ao longo da região de
aplicação e ao longo do tempo, e
Δt o intervalo de aplicação de f.
A espessura é sucessivamente reduzida em relação ao raio da placa na
tentativa de se chegar, na prática, a uma situação de membrana, para a qual os
Aplicações 92
resultados analíticos de deslocamento são conhecidos, no caso de velocidade inicial, e
apresentados no Anexo F.
É importante ressaltar que quando se refere a membrana, está se tratando de
um meio com espessura desprezível em relação às demais dimensões. Daí a opção por
se tomar espessuras pequenas para o modelo de placa acústica adotado. A esta altura,
poderia se questionar por que então a espessura não é de imediato reduzida a um valor
muito pequeno. Isto não é feito porque assim os elementos na face vertical do
contorno axissimétrico da figura 4.13 seriam muito pequenos. Como não é
recomendável no MEC a presença de elementos de contorno adjacentes de tamanhos
muito diferentes (o maior deve sempre ser menor que duas vezes o menor), os
elementos na horizontal deveriam ser também bem reduzidos, aumentando
excessivamente o número de elementos.
f(t)
f(t)
a
b
b
a
(a)
(b)
e
r
r
Figura 4.13 – esquema do modelo da membrana: (a) em perfil; (b) em planta.
f(t)
t
dt
1
Figura 4.14 – gráfico no tempo da carga aplicada
Na situação 1, toma-se a = 0 m; b = 0,5 m; enquanto para a situação 2, a = 1,5
m e b = 2,0 m. O raio da placa é sempre mantido como r = 4,0 m. A carga
f(t) é uma
Aplicações 93
função pulso descrita pela figura 4.14, sendo o tempo de aplicação tomado como igual
a 1 intervalo de tempo de análise.
O material da placa possui velocidade de propagação c = 1 m/s. Ela é
discretizada por elementos de contorno de comprimento igual a 0,05 m, sendo o
número de elementos variável com a espessura. Mantém-se sempre β = 0,6, sendo o
intervalo de tempo, conseqüentemente, igual a 0,03 s. Emprega-se θ = 1,0, já que,
conforme inferido das figuras que contém gráficos de resposta do problema, para os
tempos totais de análise aqui empregados não ocorrem instabilidades.
Inicialmente, são feitos testes com diversas espessuras, a fim de se encontrar
uma suficientemente pequena para que o problema possa ser equiparado ao da
vibração transversal de uma membrana. Na figura 4.15, faz-se uma comparação entre
resultados de deslocamento no centro da placa obtidos para espessuras de 0,1 m, 0,2
m, 1,0 m, e o resultado analítico para membrana, na situação 2, para um tempo total
de 20 s, suficiente para que cheguem, no ponto central da membrana, duas reflexões
no contorno.
Conforme esperado, à medida que se reduz a espessura, a resposta se aproxima
da analítica. Considera-se que os resultados para uma espessura de 0,1 m, que
corresponde a uma relação entre espessura e raio de 1/40, são suficientemente
próximos da solução analítica.
0 4 8 12 16 20
tempo (s)
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
deslocamento (mm)
e = 0,20 m
e = 0,10 m
membrana analítica
048121620
tempo
(
s
)
-0.08
-0.04
0
0.04
0.08
0.12
0.16
deslocamento (mm)
e = 1,0 m
(a) (b)
Figura 4.15 – comparação de espessuras: (a) e = 0,1m; 0,2 m e teórico; (b) e = 1,0 m
Aplicações 94
Para e = 1,0 m (figura 4.15(b)), o resultado diverge bastante do analítico. Para
tal espessura, passam a ser muito significativas, em relação às que ocorrem no
contorno externo, as reflexões que ocorrem na face inferior da placa e atingem o
ponto em questão, na face superior, invalidando qualquer consideração de
comportamento de membrana.
Na figura 4.16, é feita a comparação entre a resposta para deslocamento no
centro da placa para a situação 1, com espessura de 0,10 m, e a resposta analítica para
a membrana circular na mesma situação.
048121620
tempo (s)
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
deslocamento (mm)
placa numérica
membrana analítica
Figura 4.16 – comparação entre resultado numérico e analítico – situação 1
Pode-se notar que, para a situação 1, apesar de algumas oscilações em tempos
menores de análise, o resultado, à medida que o tempo cresce, aproxima-se mais do
analítico do que para a situação 2. Uma possível causa para isso é a maior ocorrência
de reflexões na segunda situação, visto que a coroa circular onde é aplicado fluxo
emite ondas para dentro e para fora de si mesma, provocando ondas "duplas" em
relação às observadas para a situação 1. Este número maior de reflexões acaba
provocando maiores alterações na resposta à medida que o tempo de análise cresce.
Pode-se considerar, no entanto, em vista da diferença dos problemas
aplicados, que os resultados são bastante satisfatórios, já que apresentam sempre
variação bem semelhante.
Aplicações 95
Deve-se ressaltar que, para que houvesse equivalência entre resultados para
velocidade inicial e carga impulsiva aplicadas, foi empregada a equação (4.3). Deste
modo, os resultados acima apresentados foram obtidos, quando analíticos, para uma
velocidade inicial
v
0
= 1000 m/s e, quando numéricos, para uma derivada em relação
ao contorno de 3,3333.10
3
. Como K = 1,0 kN/m
2
, a carga aplicada foi de 3,3333
kN/m
2
.
Nas figuras 4.17 e 4.18, são apresentados os resultados para as situações 1 e 2
relativos à derivada no contorno direito da figura 4.13(a), que corresponde,
multiplicada por K, à reação vertical de apoio na membrana.
048121620
tempo (s)
-0.12
-0.08
-0.04
0
0.04
0.08
0.12
u
/∂
n
Figura 4.17 – derivada normal ao contorno direito – situação 1
048121620
tempo (s)
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
u
/∂
n
Figura 4.18 – derivada normal ao contorno direito – situação 2
Aplicações 96
0 20406080100
tempo (s)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
p
r
essão (Pa)
menos refinado
mais refinado
analítico
4.1.4. Barra prismática circular submetida a pressão não-nula em uma
extremidade
Este exemplo corresponde a um meio idêntico àquele apresentado no item
4.1.1, figura 4.1, situação 1. No entanto, neste caso, as condições de contorno nas
extremidades da barra são trocadas. Onde se prescrevia fluxo não-nulo, passa a se
prescrever pressão não-nula, enquanto que, onde se prescrevia pressão nula, passa a se
prescrever fluxo nulo. Procedendo-se desta maneira, pode-se verificar se a utilização
de interpolação constante no tempo para o fluxo no contorno é adequada, visto que
neste caso estes valores não são prescritos, mas calculados pelo método. São
empregadas duas malhas: primeiramente o meio é discretizado através da mesma
malha utilizada em 4.1.1; posteriormente, o tamanho dos elementos é reduzido à
metade, produzindo uma malha com 60 elementos de contorno de 0,75 m.
Emprega-se sempre
θ = 1,1, pois como foi analisado em 4.1.1, para a barra
com contorno próximo ao eixo de axissimetria, o problema apresenta instabilidade,
provavelmente devida às expressões presentes nas integrais ao longo do contorno.
Para manter
β = 0,6 em todos os casos, utiliza-se um intervalo de tempo (dt)
igual a 0,9 s para a malha menos refinada e igual a 0,45 s para a mais refinada.
Na figura 4.19 são apresentados os resultados para pressão em um ponto
localizado no contorno a meio comprimento da barra, para as duas discretizações,
bem como o resultado analítico.
Figura 4.19 – pressão em um ponto a meia barra
Aplicações 97
Pela figura 4.19, nota-se uma sensível melhora na resposta com o refinamento
realizado na malha de elementos de contorno, com a redução das oscilações e a
conseqüente aproximação da resposta analítica.
Na figura 4.20, está apresentado o fluxo no contorno em um ponto na
extremidade da barra na qual se aplica a pressão. Os picos ocorrem a cada passagem
da frente de onda por essa extremidade e a conseqüente reflexão. Percebe-se que em
cada pico ocorre uma mudança de sinal, que significa uma mudança de fase. Esta
mudança (passagem de onda de compressão para onda de tração) é a responsável pelo
caráter oscilatório da resposta de pressão apresentada na figura 4.19.
0 20406080100
tempo (s)
-3
-2
-1
0
1
2
3
fluxo
Figura 4.20 – fluxo na extremidade da barra
Os resultados obtidos estão dentro do padrão esperado, validando portanto a
utilização das funções de interpolação no tempo constantes para o fluxo.
Aplicações 98
4.2. Acoplamento acústico-acústico
Neste item é apresentado apenas um exemplo de aplicação relativa ao
acoplamento acústico-acústico MEC-MEF, de modo a validar o método aqui utilizado
para promover este acoplamento.
Esse exemplo consiste de uma barra prismática de seção transversal circular
vazada, semelhante àquela apresentada na situação 1 do item 4.1.1. A diferença é que
aqui esta barra possui cada metade de seu comprimento constituída por um material
distinto, sendo ambos os materiais acústicos.
A metade superior, de acordo com a figura 4.21, é modelada pelo MEF, sendo
o restante modelado pelo MEC.
Os materiais possuem as seguintes propriedades:
Meio 1: ρ = 1,0 kg/m
3
; c = 1,0 m/s;
Meio 2: ρ = 1,0 kg/m
3
; c = 2,0 m/s.
Na extremidade superior é aplicado um fluxo descrito por uma função
Heaviside unitária ao longo do tempo –
q(t) = H(t-0). A extremidade inferior
apresenta como condição de contorno pressão nula.
12
6
1
q(t)
A
B
MEIO 1 - MEC
MEIO 2 - MEF
p = 0
Figura 4.21 – modelo para acoplamento acústico-acústico
Aplicações 99
A malha do MEF é discretizada por elementos quadrados bilineares de lado
igual a 0,75 m, sendo empregado um passo de tempo igual a 0,15 s; enquanto isso, a
malha do MEC é discretizada por elementos lineares de comprimento igual a 0,75 m,
adotando-se um passo de tempo igual a 0,60 s, o que equivale a um parâmetro β = 0,8.
Neste ponto observa-se uma vantagem do acoplamento iterativo. O emprego
do MEC é vantajoso para meios homogêneos, sendo que no caso de meios não-
homogêneos, havendo, em seu interior, regiões homogêneas distintas, pode-se fazer
uso da partição em sub-regiões. O acoplamento iterativo permite que cada região seja
discretizada independentemente, por métodos distintos ou não, procedendo-se ao
acoplamento apenas na interface, iterativamente, conforme exposto no Capítulo 3.
Para efeito de comparação é utilizado um programa que emprega o Método
das Diferenças Finitas, baseado no operador heterogêneo desenvolvido por COHEN e
JOLY [34], exaustivamente testado e de eficiência comprovada.
São tomadas como referência as pressões ao longo do tempo obtidas para os
pontos A e B da figura 4.21.
A análise das figuras 4.22 e 4.23 mostra que os resultados obtidos através do
programa aqui desenvolvido para acoplamento acústico-acústico encontram-se
satisfatoriamente próximos daqueles obtidos pelo programa de MDF, validando a
implementação computacional realizada.
0 20406080100
tempo (s)
-20000
-16000
-12000
-8000
-4000
0
pressão (Pa)
acoplamento MEC-MEF
MDF
Figura 4.22 – pressão no ponto A – acoplamento x MDF
Aplicações 100
0 20406080100
tempo (s)
-16000
-12000
-8000
-4000
0
4000
pressão (Pa)
acoplamento MEC-MEF
MDF
Figura 4.23 – pressão no ponto B – acoplamento x MDF
Aplicações 101
4.3. Acoplamento acústico-elástico
São apresentados na seqüência três exemplos de aplicação do método aqui
desenvolvido para análise transiente de um sistema com acoplamento acústico-
elástico. Através deles, é possível a confirmação da validade dos conceitos discutidos
no Capítulo 3.
4.3.1. Barra prismática circular vazada
Neste item, a aplicação corresponde a uma barra prismática, cuja seção
transversal é uma coroa circular, idêntica àquela apresentada na situação 1 do item
4.1.1.
A diferença é que, aqui, de uma extremidade da barra até metade de seu
comprimento, a barra é constituída de um meio acústico, enquanto que o seu restante
é composto de um meio elástico.
São abordadas para esta aplicação duas situações, conforme indica a figura
4.24, na qual o meio 1 representa o meio acústico e o meio 2 o elástico:
Situação 1: carga descrita pela função Heaviside (f(t) = H(t-0)) aplicada na
extremidade do meio elástico e fluxo nulo prescrito na extremidade do meio acústico;
Situação 2: pressão descrita pela função Heaviside (p(t) = H(t-0)) aplicada
na extremidade do meio acústico e deslocamento na direção do eixo da barra nulo
prescrito na extremidade do meio elástico.
Adotam-se para os materiais constituintes dos meios as seguintes propriedades
(para simplificar foram escolhidos sempre valores unitários):
Meio 1: ρ = 1,00 kg/m
3
; c = 1,00 m/s;
Meio 2: ρ = 1,00 kg/m
3
; E = 1,00 N/m
2
; ν = 0,0. O valor nulo para o
coeficiente de Poisson é adotado para igualar a velocidade propagação da onda
primária deste meio à do meio acústico.
A malha de elementos de contorno através da qual é discretizado o meio 1 é
composta de elementos com comprimento igual a 0,75 m. Para a malha de elementos
finitos, através da qual se discretiza o meio 2, inicialmente são empregados elementos
quadrados de lado igual a 0,75 m.
O passo de tempo da análise no MEC é de 0,45 s, o que fornece um
β = 0,6.
Para o MEF, esse valor também é adotado de início. O tempo total de análise é de 360
Aplicações 102
s. Na malha modelada pelo MEC, adota-se
θ = 1,1, para reduzir possíveis
instabilidades.
São apresentados na seqüência alguns testes efetuados. Estes testes dizem
respeito a quatro parâmetros da análise: o valor da tolerância empregado na análise
para a verificação da convergência; o valor de
α
utilizado para relaxação ao final das
iterações; o refinamento da malha de elementos finitos na direção longitudinal à barra;
e o intervalo de tempo de análise adotado nesta malha. Para a realização destes testes,
é empregado o modelo da situação 1.
Com estes testes, apesar da simplicidade da aplicação, são esclarecidos
aspectos importantes relativos ao acoplamento, que se tornam muito úteis quando da
execução de outras aplicações mais complexas.
p(t)
A
B
MEIO 1
MEIO 2
12
f(t)
z
r
C
D
A
B
C
D
MEIO 1
MEIO 2
uz = 0
q = 0
12
MEC
MEF
(a) (b) (c)
Figura 4.24 – esquema da aplicação do item 4.3.1: (a) situação 1; (b) situação 2; (c) malha empregada;
cotas em metros.
De início, adota-se o parâmetro
α
igual a 1, ou seja, não é efetuada relaxação
ao final das iterações para determinado passo de tempo. Deste modo, tomam-se para
as cargas nodais na interface da malha de elementos finitos os valores obtidos através
de elementos de contorno ao final da iteração anterior.
Primeiramente, adota-se uma tolerância
ε igual a 10
-3
para verificação da
convergência. Conforme ilustrado na figura 4.25, no entanto, ela se mostra deficiente.
Quando se reduz a tolerância para 10
-6
, nota-se que o resultado, que tendia a não mais
oscilar em relação a uma reta horizontal à medida que a análise se estendia, passa a se
estabilizar neste sentido.
Aplicações 103
No entanto, podem-se notar ainda grandes instabilidades ocorrendo em
instantes de tempo mais elevados. O procedimento seguinte, então, é a adoção de um
parâmetro de relaxação de final de iteração
α
igual a 0,5. O resultado, no entanto,
apresenta-se muito semelhante àquele obtido na figura 4.25, não sendo exposto aqui.
0 100 200 300 400
tempo (s)
-60
-40
-20
0
deslocamento (m)
tol = 10e-3
tol = 10e-6
0 100 200 300 400
tempo (s)
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
deslocamento (m)
tol = 10e-3
tol = 10e-6
(a) (b)
Figura 4.25 – deslocamentos u
z
em A (a) e B (b) para tolerâncias de 10
-3
e 10
-6
O passo de tempo empregado no meio elástico discretizado pelo MEF é então
reduzido, primeiramente a 0,225 s e, em seguida, a 0,1125 s, o que corresponde,
respectivamente, a razões
Δt
C
/Δt
F
de 2 e 4.
0 100 200 300 400
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
deslocamento (m)
dtc/dtf = 2
dtc/dtf = 4
0 100 200 300 400
tempo (s)
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
deslocamento (m)
dtc/dtf = 2
dtc/dtf = 4
(a) (b)
Figura 4.26 – deslocamentos u
z
em A (a) e B (b) variando passo de tempo do MEF
Aplicações 104
Pode-se notar que com a redução do passo de tempo de análise do meio
modelado pelo MEF, o problema estabilizou-se. No entanto, assim como quando o
meio é modelado apenas pelo MEC (item 4.1.1), ocorre ao longo do tempo um
amortecimento considerável na amplitude de deslocamentos.
Além disso, observam-se desvios de trajetória no que deveriam ser retas, nos
gráficos relativos ao ponto A, correspondentes a irregularidades nos patamares nos
gráficos relativos ao ponto B.
Apesar de não muito visível na figura 4.26(a), quando se empregou
Δt
C
/Δt
F
=
= 4, a resposta apresentou um patamar mais definido do que quando esta razão foi
igual a 2. Portanto, adota-se como referência o valor 4.
É importante ressaltar também que, apesar de a utilização do parâmetro
α
não
ter feito diferença quando se empregou intervalos de tempo iguais para os meios
modelados pelo MEC e pelo MEF, aqui ela assume grande importância. Quando este
parâmetro não é utilizado, o número de iterações necessárias cresce vertiginosamente,
essencialmente nos instantes de tempo de resolução de ambos os meios.
Por último, a malha de elementos finitos é refinada na direção longitudinal à
barra, tendo sua dimensão nesta direção reduzida à metade (de 0,75 para 0,375 m). Os
resultados apresentados na figura 4.27 mostram que o amortecimento numérico da
resposta foi reduzido, indicando uma considerável melhora. Também, apesar de não
muito visível na figura 4.27(b), os desvios de trajetória são razoavelmente reduzidos.
0 100 200 300 400
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
deslocamento (m)
MEF malha inicial
MEF malha refinada
0 100 200 300 400
tempo (s)
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
deslocamento (m)
MEF malha inicial
MEF malha refinada
(a) (b)
Figura 4.27 – deslocamentos u
z
nos pontos A (a) e B (b) variando refinamento da malha do MEF
Aplicações 105
Para o modelo final adotado (
ε = 10
-6
;
α
=0,5; Δt
C
/Δt
F
= 4 e malha do MEF
mais refinada na direção longitudinal à barra), então, é feita uma comparação entre os
resultados obtidos com o programa implementado e a solução analítica, para um
tempo total de 96 s. Para isso, são tomados os deslocamentos u
z
nos pontos A e B, e
as pressões nos pontos B e C.
0 20406080100
tempo (s)
-25
-20
-15
-10
-5
0
deslocamento (m)
analítico
numérico
0 20406080100
tempo (s)
-14
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
deslocamento (m)
analítico
numérico
(a) deslocamento u
z
– ponto A (b) deslocamento u
z
– ponto B
0 20406080100
tempo (s)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
pressão (Pa)
analítico
numérico
0 20406080100
tempo (s)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
pressão (Pa)
analítico
numérico
(c) pressão – ponto B (d) pressão – ponto C
Figura 4.28 – comparação entre resultados analíticos e numéricos - situação 1
Por fim, são mostrados os resultados obtidos para a situação 2, na figura 4.29,
de deslocamentos u
z
nos pontos B e D e pressões nos pontos B e C.
Aplicações 106
0 20406080100
tempo (s)
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
deslocamento (m)
analítico
numérico
0 20406080100
tempo (s)
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
deslocamento (m)
analítico
numérico
(a) deslocamento u
z
– ponto B (b) deslocamento u
z
– ponto D
0 20406080100
tempo (s)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
pressão (Pa)
analítico
numérico
0 20406080100
tempo (s)
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
pressão (Pa)
analítico
numérico
(c) pressão – ponto B (d) pressão – ponto C
Figura 4.29 – comparação entre resultados analíticos e numéricos - situação 2
Nota-se que os deslocamentos, ao invés de sofrerem um amortecimento, como
na situação 1, neste caso, atingem amplitudes maiores para o segundo ciclo da
resposta, além de não apresentarem um patamar bem definido. Estendendo-se a
análise, esse comportamento vai se acentuando.
Aplicações 107
4.3.2. Fonte emissora no interior de um duto metálico
Esta aplicação corresponde a um meio acústico, constituído de um fluido, aqui
considerado água, no qual está imerso um duto metálico, composto de aço. No eixo
do duto posiciona-se uma fonte geradora de pressão, desejando-se obter a resposta
para a pressão ao longo do tempo em um ponto externo ao duto. Este ponto, em um
caso real, pode representar um receptor de sinais acústicos, que aciona determinado
equipamento, pela transformação destes sinais em impulsos elétricos.
A configuração do modelo é indicada na figura 4.30. A sua altura é adotada de
modo a, durante o tempo total de análise, não haver influência de reflexões nos bordos
superior e inferior.
AB
FONTE
AÇO
ÁGUAÁGUA
C
detalhe da malha do MEC
detalhe da malha do MEF
Figura 4.30 – modelo de um meio afetado por uma fonte geradora de pressão; cotas em metros
São adotadas as seguintes características para os meios:
Água:
ρ
= 1000 kg/m
3
; c = 1500 m/s;
Aço:
ρ
= 7700 kg/m
3
; E = 2,1.10
11
N/m
2
;
ν
= 0,30.
Estes valores fornecem para o aço uma velocidade de propagação da onda de
compressão igual a 6059 m/s, de acordo com a expressão (4.4).
()
()( )
ννρ
ν
211
1
1
+
=
E
c
(4.4)
Aplicações 108
O sinal emitido pela fonte é constituído de três ciclos de senos, de amplitude
unitária, em MPa, com freqüência igual a 10000 Hz.
Estende-se a análise por um tempo total de 0,002 s, que já é suficiente para se
perceberem várias reflexões, nos pontos onde se mede a resposta, advindas da parede
interna do duto.
O contorno do duto é discretizado através de elementos de contorno de 0,02 m
de comprimento, que representam uma cavidade no meio infinito. O interior do duto é
discretizado por elementos finitos quadrados, de lado também igual a 0,02 m.
O passo de tempo da análise por elementos de contorno é de 0,8.10
-5
s, o que
fornece para o modelo um parâmetro
β igual a 0,6. Para a malha modelada pelo MEF
o intervalo de tempo é quatro vezes menor.
Os resultados obtidos através do programa implementado neste trabalho são
comparados com aqueles obtidos através de um programa, anteriormente
desenvolvido e exaustivamente testado, de acoplamento acústico-elástico entre o
Método das Diferenças Finitas (MDF), para o meio acústico, e o Método dos
Elementos Finitos (MEF), para o meio elástico. A malha de pontos de diferenças
finitas, neste caso, é estendida na horizontal até uma distância de 1,96 m em relação
ao eixo de axissimetria, de modo que, nos pontos de análise, não haja influência de
reflexões ocorridas no bordo direito do modelo. Para esta comparação, ilustrada pelas
figuras 4.31 a 4.33, são tomados os históricos de pressão nos pontos A e B, e de
deslocamento horizontal no ponto C, referentes à figura 4.30.
0 0.0004 0.0008 0.0012 0.0016 0.002
tempo (s)
-6
-4
-2
0
2
4
6
p
r
essão (MPa)
MEC-MEF
MDF-MEF
Figura 4.31 – pressão no ponto A – comparação entre métodos
Aplicações 109
0 0.0004 0.0008 0.0012 0.0016 0.002
tempo (s)
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
pressão (MPa)
MEC-MEF
MDF-MEF
Figura 4.32 – pressão no ponto B – comparação entre métodos
0 0.0004 0.0008 0.0012 0.0016 0.002
tempo (s)
-1e-011
-5e-012
0
5e-012
1e-011
1.5e-011
p
r
essão (MPa)
MEC-MEF
MDF-MEF
Figura 4.33 – deslocamento horizontal no ponto C – comparação entre métodos
Pela análise dos gráficos, pode-se afirmar que os resultados encontram-se
bastante próximos, especialmente até um instante de tempo entre 0,0016 e 0,0018 s, a
partir do qual começa a haver uma divergência mais pronunciada, principalmente na
pressão no ponto B. Diante das múltiplas reflexões e passagens pelo interior do duto
ocorridas até esse instante, torna-se difícil interpretar este comportamento. O
problema, talvez, possa advir de pequenos erros acumulados na montagem das
matrizes de convolução de elementos de contorno, que a partir de algum instante de
tempo tornam-se relevantes.
Aplicações 110
As figuras 4.34 e 4.35 mostram a comparação entre os resultados de pressão
nos pontos A e B para as configurações com e sem o duto (meio homogêneo
modelado pelo MEC).
0 0.0004 0.0008 0.0012 0.0016 0.002
tempo (s)
-6
-4
-2
0
2
4
6
p
r
essão (MPa)
sem duto
com duto
Figura 4.34 – pressão em A – comparação com e sem o duto
0 0.0004 0.0008 0.0012 0.0016 0.002
tempo (s)
-1.2
-0.8
-0.4
0
0.4
0.8
1.2
pressào (MPa)
sem duto
com duto
Figura 4.35 – pressão em B – comparação com e sem o duto
O ponto A, obviamente, não é afetado pela presença do duto até que seja
atingido, em 0,0002 s, por uma reflexão que ocorre na parede interna dele. Percebe-se,
na figura 4.34, que esta influência começa antes que chegue toda a emissão original
da fonte, que dura 0,0003 s.
Aplicações 111
Em relação ao ponto B, percebe-se nitidamente a redução de amplitude em
virtude da colocação do duto, como uma barreira entre fonte e receptor. Nota-se
também que a excitação, com o duto, chega antes, pela aceleração que a onda sofre na
passagem pela parede de aço, visto que este material tem velocidade de propagação da
onda primária cerca de quatro vezes maior que a da água.
A redução da amplitude pode ser medida através da atenuação, dada por (4.5),
onde
p
ct
é a pressão na configuração com o tubo e p
st
a pressão na configuração sem o
tubo.
=
st
ct
p
p
A
log20
(4.5)
Tomando-se os valores do primeiro pico da figura 4.35, chega-se a uma
atenuação de 14,80. O valor teórico, para teoria de paredes planas, é dado por (4.6).
()
+=
ek
r
r
A
2
2
2
1
2
sen
4
1
1log10
(4.6)
Em (4.6),
r
2
e r
1
são as partes reais das impedâncias, dadas por (4.7), da parede
e do meio a ela adjacente, respectivamente;
e é a espessura da parede e k
2
o número de
onda, dado por (4.8), sendo nesta última expressão
f a freqüência da onda que se
propaga e
c
2
a velocidade de propagação da onda primária na parede.
c
r
ρ
= (4.7)
2
2
2
c
f
k
π
=
(4.8)
O emprego da expressão (4.6) para uma parede de espessura igual a 0,04 m,
submetida a uma excitação de freqüência igual a 10000 Hz, fornece uma atenuação de
16,05. Pode-se considerar então que o valor obtido através da modelagem numérica
encontra-se satisfatoriamente próximo do valor teórico predito, já que este se refere à
propagação através de paredes planas, que não é o caso da aplicação aqui considerada.
Aplicações 112
4.3.3. Parede circundada por fluido submetida a carga impulsiva
Esta aplicação consiste de uma parede, de seção transversal circular vazada,
constituída de um material hipotético, oca em seu interior e com material fluido em
seu redor. As dimensões do problema são indicadas na figura 4.36.
f(t)
MATERIAL 1
MATERIAL 2
AB
detalhe da
malha do MEF
detalhe da
malha do MEC
Figura 4.36 – esquema do modelo para aplicação do item 4.3.3; cotas em metros
As restrições nos contornos inferior e superior do modelo implicam no
emprego de condições de contorno de deslocamentos nulos na malha de elementos
finitos e fluxo nulo na de elementos de contorno.
As propriedades dos materiais 1 e 2 são descritas a seguir:
Material 1:
ρ
= 2,0 kg/m
3
; E = 2,66.10
5
N/m
2
;
ν
= 0,30;
Material 2:
ρ
= 1,0 kg/m
3
; c = 1436 m/s.
A carga f(t) aplicada na parede equivale a uma carga impulsiva, de valor
unitário, em N/m
2
, e duração igual a 0,012 s. A análise é estendida até um instante de
tempo igual a 0,1 s.
O meio correspondente ao material 1 é discretizado por elementos finitos
elastodinâmicos quadrados de lado igual a 0,5 m. Já o meio relativo ao material 2 tem
seu contorno discretizado até uma distância de 100 m em relação ao eixo de
axissimetria, por elementos de comprimento igual a 0,5 m (até a 40 m do eixo) e 1,0
m (até o fim).
O passo de tempo de análise, para ambas as malhas, é de 0,3.10
-3
s, o que
fornece, na malha do MEC, β igual a 0,86 para os elementos de 0,5 m, e 0,45 para os
Aplicações 113
elementos de 1,0 m. Com o emprego do parâmetro θ igual a 1,1 na análise, a resposta
obtida é estável.
São tomados para análise os deslocamentos na direção horizontal dos pontos
A e B. Comparam-se, nas figuras 4.37 e 4.38, os resultados fornecidos pelo programa
aqui desenvolvido com aqueles obtidos pelo mesmo programa a que se referiu no item
anterior, a fim de se verificar a validade da resposta.
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1
tempo (s)
-0.002
-0.001
0
0.001
0.002
0.003
deslocamento (m)
MEC-MEF
MDF-MEF
Figura 4.37 – deslocamento horizontal em A – comparação entre métodos
0 0.020.040.060.08 0.1
tempo (s)
-0.002
-0.001
0
0.001
0.002
0.003
0.004
deslocamento (m)
MEC-MEF
MDF-MEF
Figura 4.38 – deslocamento horizontal em B – comparação entre métodos
Aplicações 114
Os aspectos dos gráficos são bem semelhantes. Nota-se que para o ponto A, a
partir de algum instante de tempo, os resultados começam a divergir mais
pronunciadamente. Este comportamento pode ser creditado a diversos fatores:
refinamento insuficiente, deficiência na integração numérica ao longo dos elementos
de contorno, truncamento da malha, entre outros. Apesar disso, o resultado é
considerado bem satisfatório.
Na seqüência, nas figuras 4.39 e 4.40, comparam-se os resultados obtidos
através do modelo da figura 4.36 com aqueles obtidos para a parede caso não
houvesse fluido em seu exterior.
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1
tempo (s)
-0.005
-0.00375
-0.0025
-0.00125
0
0.00125
0.0025
0.00375
0.005
deslocamento (m)
com fluido
sem fluido
Figura 4.39 – deslocamento horizontal em A – comparação com e sem fluido
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1
tempo (s)
-0.005
-0.00375
-0.0025
-0.00125
0
0.00125
0.0025
0.00375
0.005
deslocamento (m)
com fluido
sem fluido
Figura 4.40 – deslocamento horizontal em B – comparação com e sem fluido
Aplicações 115
Conforme é de se esperar, as amplitudes de deslocamento para o caso sem a
presença de fluido são bem maiores, já que este fluido representa um obstáculo à
vibração da parede (funciona, a grosso modo, como um amortecedor).
Com isso, o próprio aspecto do gráfico é bem diferente. Sem o fluido, o
“período de vibração” (tempo para que a resposta atinja dois máximos consecutivos) é
maior, como pode ser visto, por exemplo, na figura 4.40, em que, para o caso com o
fluido há praticamente três picos de deslocamento positivo, enquanto que, para o caso
sem fluido, há apenas um. Ou seja, a presença do fluido altera significativamente os
modos de vibração da parede elástica.
Conclusões 116
Conclusões
Neste trabalho, foi desenvolvido um programa computacional para análise de
problemas de propagação de ondas em domínios axissimétricos, envolvendo o
acoplamento entre meios acústicos e elásticos.
Foram brevemente apresentadas as equações básicas que governam o
problema físico, tanto para meios acústicos quanto para elásticos, bem como as
formulações do Método dos Elementos Finitos e do Método dos Elementos de
Contorno, este último para o caso acústico, apenas.
As integrais ao longo do tempo presentes na solução do meio acústico
modelado pelo MEC foram todas desenvolvidas analiticamente, sendo que em alguns
casos foi utilizado o conceito de partes finitas de integrais, simplificando a álgebra
com a qual se lida, em comparação com aquela necessária quando da consideração
das derivadas das funções Heaviside e conseqüente regularização dos integrandos. As
expressões obtidas como resultados da integração tiveram sua validade assegurada em
vista das respostas obtidas nas aplicações efetuadas. Como foi visto, a integração
analítica no tempo fornece respostas mais precisas do que aquelas obtidas quando se
integram as expressões numericamente. No exemplo da barra submetida a
carregamento normal, tomado como referência para comparação, a resposta com as
integrais analíticas apresentou menor amortecimento numérico e praticamente não
apresentou defasagem de período.
Em alguns casos, verificaram-se instabilidades presentes nas respostas em
instantes de tempo de análise considerados prematuros. Esse fenômeno apareceu
principalmente em problemas de domínio fechado, próximo ao eixo de axissimetria,
levando à conclusão de que é proveniente de um mau condicionamento das
expressões obtidas quando o raio é pequeno. O domínio fechado, através das
múltiplas reflexões no contorno, favorece a propagação da instabilidade. Essas
instabilidades foram eliminadas através da adoção do esquema θ, que provou sua
eficácia.
Foi testada a influência do refinamento do passo de tempo de análise em
função da malha de elementos de contorno utilizada. Chegou-se então a uma faixa de
valores mais adequados para o parâmetro β, que relaciona a distância percorrida pela
onda em um passo de tempo e o tamanho do elemento. Para valores muito pequenos,
Conclusões 117
o elemento fica dividido em segmentos também muito pequenos para a integração,
concentrando muito as regiões de gradiente elevado do integrando e então
prejudicando o resultado da integração numérica ao longo do segmento. Já para
valores muito altos, a integração numérica fica prejudicada pois a extensão do
segmento torna-se muito grande em relação ao número de pontos de Gauss adotado.
Pôde-se perceber que o amortecimento numérico da resposta em alguns casos
mostrou-se elevado, para instantes de tempo de análise mais avançados,
comportamento semelhante àquele observado em análises bidimensionais. Essa é uma
característica dos métodos de resolução no domínio do tempo; no entanto, tem um
aspecto mais acentuado no MEC, em comparação com o MEF, por exemplo.
O acoplamento iterativo também foi implementado com sucesso, apresentando
uma precisão considerada satisfatória nos resultados. Através dos exemplos incluídos
neste trabalho, foram tiradas diversas conclusões a respeito de alguns parâmetros
necessários para o acoplamento.
Notou-se que a flexibilidade introduzida pelo acoplamento iterativo quanto à
escolha do passo de tempo adotado em cada malha é de grande utilidade, visto que
cada método apresenta diferentes características para a definição da discretização a ser
adotada.
O parâmetro de relaxação teve seu valor testado, chegando-se à conclusão de
que o valor de referência na literatura era o mais adequado para os problemas com os
quais se lidou.
Foi introduzido um segundo parâmetro de relaxação, para a adoção das
condições de contorno a serem adotadas na primeira malha resolvida (no caso, a de
elementos finitos), ao início de cada iteração, através de uma ponderação entre os
valores obtidos da malha de elementos de contorno e os valores iniciais na iteração
anterior. Sem este parâmetro, houve aplicações em que se verificaram instabilidades.
Como sugestões para trabalhos futuros dando seguimento ao aqui apresentado,
podem-se citar:
Elaboração de um programa que comporte mais de uma interface de
acoplamento. Para isso, cada sistema deve ser resolvido separadamente, sendo que a
cada iteração todas as interfaces passam pelo teste de convergência, sendo adotadas,
na iteração seguinte, as condições de contorno adequadas nos nós de cada interface do
Conclusões 118
problema. O programa atual permite a consideração de apenas dois sistemas, com
uma interface de acoplamento.
Desenvolvimento das expressões advindas das derivadas das funções
Heaviside da solução fundamental, regularizando o integrando das integrais resolvidas
aqui diretamente por partes finitas e obtendo mais uma parcela que considera as
condições iniciais no contorno. Com isso, é possível a consideração de condições
iniciais de pressão nos nós pertencentes ao contorno da malha de elementos de
contorno.
Introdução de aproximação linear para o fluxo ao longo do tempo. Esse
procedimento implica a necessidade de integração analítica no tempo de novas
expressões, necessárias para a montagem da matriz G. Torna-se também possível, em
conjunto com o procedimento descrito no item anterior, a consideração de condições
iniciais de fluxo não-nulas nos nós do contorno
Consideração das integrais de domínio presentes na equação integral do
MEC, a fim de se considerar as condições iniciais para pressão e sua derivada em
relação ao tempo no interior do domínio.
Execução de programação em paralelo, especialmente para o acúmulo das
matrizes geradas no MEC pelo processo de convolução. Como a solução fundamental
axissimétrica tem o aspecto mostrado na figura 2.4, não é possível efetuar o
truncamento até que todos os pontos da malha axissimétrica sejam atingidos pela
excitação emitida pelo ponto mais distante a cada um, dentre todos os anéis
correspondentes aos pontos fontes. Depois desse instante, todas as matrizes anulam-se
automaticamente; entretanto, até aí, não é possível a adoção de qualquer processo de
truncamento, nem mesmo pelo cálculo das matrizes em função da interpolação de
valores obtidos para alguns instantes de tempo, já que a solução fundamental
axissimétrica apresenta um crescimento, com forte variação de gradiente, à medida
que se aproxima o instante em que o ponto mais distante do anel de fontes atinge o
ponto campo em questão.
Introdução do amortecimento na análise acústica por elementos de
contorno. Sugere-se a adoção de uma adaptação do procedimento empregado em JIN
et al. [35], de simples implementação.
Conclusões 119
Obtenção da solução fundamental axissimétrica para modelagem de meios
elásticos pelo MEC. A matemática envolvida na transformação da solução
fundamental tridimensional na axissimétrica é bem mais complexa neste caso; no
entanto, acredita-se que, através de procedimentos semelhantes aos empregados no
caso acústico, pode-se chegar às expressões adequadas, a serem consideradas na
equação integral correspondente.
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BREBBIA, C.A., TELLES, J.C.F., WROBEL, L.C., Boundary element
techniques. Berlin, Springer-Verlag, 1984.
[32]
MANSUR, W.J., YU, G., CARRER, J.A.M., LIE, S.T., SIQUEIRA, E.F.N.,
“The θ scheme for time-domain BEM/FEM coupling applied to the 2-D scalar
wave equation”, Communications in Numerical Methods in engineering v. 16,
n. 6, pp. 439-448, Feb. 2000.
[33]
ELLEITHY, W.M., AL-GAHTANI, H.J., EL-GEBEILY, M., “Iterative coupling
of FE and BE methods in elastostatics”, Engineering Analysis with Boundary
Elements v. 25, n. 8, 685-695, Sep. 2001.
[34]
COHEN, G., JOLY, P., “Fourth order schemes for the heterogeneous acoustic
equation”, Computer Methods in Applied Mechanics and Engineering v.80, pp.
397-407, Jun. 1990.
Bibliografia 123
[35]
JIN, F., PEKAU, O.A., ZHANG, C.H., “A 2-D time domain boundary element
method with damping”, International Journal for Numerical Methods in
Engineering v. 51, n. 6, pp. 647-661, Jun. 2001.
[36]
NOWACKI, W., Dynamic of elastic systems. New York, John Wiley & Sons.
Inc., 1963.
[37]
MORSE, P.M., Vibration and sound. 2 ed. New York, McGraw-Hill, 1948.
Expressões analíticas para as integrais no tempo 124
Anexo A
Expressões analíticas para as integrais no tempo
Neste anexo, são apresentadas as expressões analíticas para as integrais ao
longo do tempo presentes na montagem das matrizes
H e G. O procedimento para
obtenção destas expressões é mostrado no item 2.2.
A.1. Expressões para g
Caso 2:
=
d
rd
rd
ru
u
d
F
d
g
i
i
22
22
22
2
,
2
1
π
(A.1)
Caso 3:
=
d
rd
K
d
g
22
2
2
1
π
(A.2)
Caso 4:
=
d
rd
rd
ru
u
d
F
d
d
rd
rd
ru
u
d
F
d
g
f
f
i
i
22
22
22
2
22
22
22
2
,
2
1
,
2
1
π
π
(A.3)
Caso 5:
=
d
rd
rd
ud
F
d
g
f
22
22
22
2
,
2
1
π
(A.4)
Expressões analíticas para as integrais no tempo 125
A.2. Expressões para h
I
e h
F
As expressões finais para h
I
e h
F
são obtidas pelas fórmulas (A.5) e (A.6).
(
)
432212
1
2211
2
ECEuCECEuC
tc
h
ffi
++
Δ
=
π
(A.5)
()
432212
1
2211
2
ECEuCECEuC
tc
h
iif
+
Δ
=
π
(A.6)
As expressões E1, E2, E3 e E4 são fornecidas a seguir. Estas expressões
relacionam-se com a separação do integrando nas Parcelas 1, 2, 3 e 4 realizada no
item 2.2.1, representando o resultado da integral ao se desconsiderar as constantes do
integrando. As demais variáveis têm o mesmo significado que aquele indicado no
Capítulo 2.
E1:
Caso 2:
()
(
)
()()()
()
()
()
+
+
+
=
d
rd
rd
ru
u
d
E
drrd
rd
d
rd
rd
ru
u
d
F
drd
ruudurd
udru
E
i
i
i
i
iii
ii
22
22
22
2
2
22
22
22
22
22
2
22
2222
2
22
2222
,
,
2
1
(A.7)
Caso 3:
()
(
)
()
+
=
22
22
2
2
22
2222
2
22
2
1
rd
ru
u
d
E
drrd
rd
d
rd
K
drd
E
i
i
(A.8)
Expressões analíticas para as integrais no tempo 126
Caso 4:
(
)
(
)
()()()
()
()
()
()( )
()()()
()
()
()
+
+
+
+
+
+
=
d
rd
rd
ru
u
d
E
drrd
rd
d
rd
rd
ru
u
d
F
drd
ruudurd
udru
d
rd
rd
ru
u
d
E
drrd
rd
d
rd
rd
ru
u
d
F
drd
ruudurd
udru
E
f
f
f
f
fff
ff
i
i
i
i
iii
ii
22
22
22
2
2
22
22
22
22
22
2
22
2222
2
22
2222
22
22
22
2
2
22
22
22
22
22
2
22
2222
2
22
2222
,
,
2
,
,
2
1
(A.9)
Caso 5:
(
)
(
)
[
]
()()()
()
()
()
+
+
+
=
d
rd
rd
ud
E
drrd
rd
d
rd
rd
ud
F
drd
ruudrdrd
uddruru
E
i
i
ff
fff
22
22
22
2
2
22
22
22
22
22
2
22
222222
2
22
222222
,
,
2
1
(A.10)
Expressões analíticas para as integrais no tempo 127
E2:
Caso 2:
(
)
(
)
()()()
2222
2
22
2222
2
ruudrd
udru
E
ii
ii
= (A.11)
Caso 3:
02 =E (A.12)
Caso 4:
()
(
)
()()()
(
)
(
)
()()()
2222
2
22
2222
2222
2
22
2222
2
ruudrd
udru
ruudrd
udru
E
ff
ff
ii
ii
=
(A.13)
Caso 5:
()
(
)
[]
()()()
2222
2
22
2222
2
ruudrd
udru
E
ff
ff
=
(A.14)
Expressões analíticas para as integrais no tempo 128
E3:
Caso 2:
()
()
+
=
d
rd
rd
ru
u
d
E
d
rd
rd
ru
u
d
F
rdd
udrdu
ru
E
i
i
i
i
ii
i
22
22
22
22
22
22
22
2222
22
,
,
1
3
(A.15)
Caso 3:
()
=
d
rd
E
d
rd
K
rdd
E
2222
22
1
3
(A.16)
Caso 4:
()
()
()
()
+
=
d
rd
rd
ru
u
d
E
d
rd
rd
ru
u
d
F
rdd
ud
rdu
ru
d
rd
rd
ru
u
d
E
d
rd
rd
ru
u
d
F
rdd
udrdu
ru
E
i
i
f
f
ff
f
i
i
i
i
ii
i
22
22
22
22
22
22
22
2222
22
22
22
22
22
22
22
22
2222
22
,,
1
,
,
1
3
(A.17)
Caso 5:
()
()
+
=
d
rd
rd
ud
E
d
rd
rd
ud
F
rdd
udrdd
ruu
E
f
f
i
ff
22
22
22
22
22
22
22
22222
22
,
,
1
3
(A.18)
Expressões analíticas para as integrais no tempo 129
E4:
Caso 2:
()
2222
22
4
i
i
udrd
ru
E
=
(A.19)
Caso 3:
04 =E (A.20)
Caso 4:
() ()
2222
22
2222
22
4
f
f
i
i
udrd
ru
udrd
ru
E
= (A.21)
Caso 5:
()
2222
22
4
f
f
udrd
ru
E
= (A.22)
Integrais elípticas 130
Anexo B
Integrais elípticas
Para o desenvolvimento analítico das integrais presentes nas expressões (2.12)
a (2.14) é necessária a compreensão do conceito de integral elíptica. Neste anexo, são
apresentadas algumas definições básicas, bem como o procedimento numérico
empregado para se calcular estas integrais. Mais informações sobre este assunto
podem ser obtidas em ABRAMOWITZ e STEGUN [28].
Uma integral é classificada como elíptica se o seu integrando R(x,y) é uma
função racional de x e y, sendo y
2
um polinômio de terceira ou quarta ordem em x. De
modo geral, as integrais elípticas não podem ser expressas em termos de funções
elementares, sendo representadas através de séries ou aproximadas numericamente.
B.1. Tipos de integrais elípticas
Toda integral elíptica, através de determinadas transformações, pode ser
expressa através de três formas canônicas. Neste trabalho, são tratados apenas os dois
primeiros tipos de forma canônica, já que o terceiro não tem utilidade para as integrais
com as quais se lida. O primeiro tipo é representado pela expressão (B.1), e o segundo
por (B.2).
()()
()()()
[]
===
x
dttmtdmxFF
0
2/1
222
0
2/1
22
11sensen1,\
ϕ
θθααϕ
(B.1)
()()
()()()
===
x
dttmtdmxEE
0
2/1
22
2/1
2
0
2/1
22
11sensen1,\
ϕ
θθααϕ
(B.2)
Em (B.1) e (B.2) são adotadas as definições expressas em (B.3) e (B.4).
ϕ
sen
x
= (B.3)
α
senm =
(B.4)
Integrais elípticas 131
Nas expressões contidas no Anexo A, adota-se sempre a representação das
integrais elípticas correspondente às formas F(x,m) e E(x,m) presentes em (B.1) e
(B.2). Nas expressões (B.1) a (B.4), m é chamado de parâmetro da integral, α de
ângulo modular e ϕ de amplitude.
Quando ϕ = π/2, ou seja, x = 1, as integrais são ditas completas, sendo
representadas por K(m), para o primeiro tipo, e E(m), para o segundo.
B.2. Cálculo das integrais
As integrais elípticas apresentadas em B.1 são, neste trabalho, calculadas
numericamente. Para as integrais completas, adota-se a expansão através de
polinômios, que são combinados conforme as expressões (B.5) e (B.6).
1
ln)( mBAmK
KK
=
(B.5)
1
ln)( mBAmE
EE
= (B.6)
Para (B.5) e (B.6) adotam-se as definições expressas em (B.7) a (B.11).
4
14
3
13
2
12110
mamamamaaA
K
++++= (B.7)
4
14
3
13
2
12110
mbmbmbmbbB
K
++++=
(B.8)
4
14
3
13
2
12110
mcmcmcmccA
E
++++= (B.9)
4
14
3
13
2
12110
mdmdmdmddB
E
++++= (B.10)
2
1
1 mm = (B.11)
Os coeficientes das expressões (B.7) a (B.11) são definidos na Tabela A.1.
i a
i
b
i
c
i
d
i
0 1,38629436112 0,5 1 0
1 0,09666344259 0,12498593597 0,44325141463 0,24998368310
2 0,03590092383 0,06880248576 0,06260601220 0,09200180037
3 0,03742563713 0,03328355346 0,04757383546 0,04069697526
4 0,01451196212 0,00441787012 0,01736506451 0,00526449639
Tabela A.1 – coeficientes para polinômios de aproximação de integrais elípticas completas
Integrais elípticas 132
Para as integrais elípticas de primeiro e segundo tipos incompletas, se o
parâmetro m é igual a 1, utilizam-se as expressões (B.12) e (B.13).
()
+
=
2
1
1
ln,
x
x
mxF
(B.12)
()
xmxE =, (B.13)
Para o cálculo das integrais incompletas, emprega-se o chamado “Processo
Aritmético-Geométrico”.
Neste processo, definem-se inicialmente quatro parâmetros:
0;;1;0,1
0
1
0
2
00
=====
Gxsenmba
ϕϕ
(B.14)
Procedem-se então
N passos, sendo que em cada passo i são calculados os
parâmetros
a
i
, b
i
, c
i
,
ϕ
i
e G
i
, expressos em (B.15) e (B.16).
()
(
)
2
;;
2
11
11
11
==
+
=
ii
iiii
ii
i
ba
cbab
ba
a
(B.15)
iiiii
i
i
ii
cGGtg
b
a
tg
ϕϕϕϕ
sen;
1
1
1
+=
+=
(B.16)
O processo pára no N-ésimo passo, de modo que
c
N
= 0, ou seja, a
N-1
= b
N-1
.
Então, obtêm-se
F(x,m) e E(x,m) pelas expressões (B.17) e (B.18).
()
N
N
N
a
mxF
2
,
ϕ
= (B.17)
()
()
N
G
mK
mEmxF
mxE +=
)(
)(,
, (B.18)
Parte finita de integrais 133
Anexo C
Parte finita de integrais
Dependendo dos limites de integração presentes nas expressões (2.18) e
(2.19), que fornecem respectivamente
h
I
e h
F
, o integrando apresenta uma
singularidade não-integrável, visto que o denominador possui fatores elevados a 3/2.
Neste caso, o cálculo desta integral passa a ser possível apenas no sentido de parte
finita.
Neste anexo, é apresentado o conceito de parte finita de integral, mostrando o
modo de se calcular a parte finita das integrais com as quais se trabalha em problemas
axissimétricos em Elementos de Contorno.
A integral (C.1), apesar de conter um integrando que apresenta singularidade
em
b (limite infinito), possui resultado finito, como se pode inferir a partir do
resultado de sua integral indefinida. Portanto, diz-se que ela apresenta uma
singularidade integrável.
ab
xb
dx
b
a
=
2 (C.1)
Ao se derivar o primeiro membro de (C.1) em relação a b, no entanto, chega-
se à expressão (C.2), que apresenta duas parcelas, a primeira sem significado pelo fato
de o integrando possuir um termo singular em
b elevado a 3/2 no denominador, e a
segunda por não possuir limite finito em
b. No entanto, apesar de nenhuma das
parcelas possuir limite finito em
x = b, sabe-se que a soma delas possui, visto que
produz o mesmo resultado que a derivada de uma função sabidamente derivável
(segundo membro de (C.1)).
()
bx
b
a
xb
xb
dx
=
+
1
2
1
2/3
(C.2)
Do mesmo modo, a integral (C.3) não possui limite finito quando x tende a b,
visto que o resultado da integral indefinida a ela correspondente também não
Parte finita de integrais 134
apresenta este limite. Esta integral possui, então, uma singularidade não-integrável em
x = b, ou seja, tanto o integrando quanto a própria integral não possuem limites finitos
quando
x tende a b.
()
x
a
dx
xb
xA
2/3
)(
(C.3)
No entanto, pode-se provar [26] que a expressão (C.4) possui limite finito
nesta situação, em
x = b, contanto que B(x) satisfaça à condição de Lipschitz
()
1212
)()( xxKxBxB < e B(b) = - 2A(b).
()
xb
xB
dx
xb
xA
x
a
+
)()(
2/3
(C.4)
O limite de (C.4) quando
x tende a b é chamado de parte finita da integral
(C.3), sendo indicado da forma apresentada em (C.5).
()
b
a
dx
xb
xA
2/3
)(
(C.5)
Para se efetuar a integral apresentada por (C.5), primeiro deve ser definida a
parte finita para
A(x) =1, conforme exposto em (C.6), onde se faz:
B(x) = - 2A(x).
Na expressão (C.6), aproveita-se o fato de que (C.2) deve ser igual à derivada
do segundo membro de (C.1).
() ()
()
()
ab
ab
b
xb
xb
dx
xb
dx
xb
dx
xb
bx
b
a
x
a
bx
b
a
=
=
=
+
=
=
=
=
2
22
1
2
1
2
21
lim
1
2/3
2/32/3
(C.6)
=
=
Parte finita de integrais 135
Obtida a expressão (C.6), substitui-se em (C.5)
A(x) por [A(x) – A(b)] + A(b),
chegando-se finalmente à expressão (C.7).
() () ()
()
ab
bA
dx
xb
bAxA
dx
xb
bA
dx
xb
bAxA
dx
xb
xA
b
a
b
a
b
a
b
a
=
=
+
=
)(2)()(
)()()()(
2/3
2/32/32/3
(C.7)
A primeira parcela do último membro em (C.7) é uma integral imprópria, que
apresenta um resultado finito. Deste modo, fica completamente definido o cálculo da
parte finita de uma integral cujo integrando contém uma singularidade elevada a 3/2
no denominador.
=
=
Expressões para integrais das singularidades na frente de onda 136
Anexo D
Expressões para integrais das singularidades na frente de onda
No item 2.3.2 foram enunciados todos os casos onde pode haver singularidade,
nas expressões provenientes das integrais ao longo do tempo, para a frente de onda.
Foram apresentados também os resultados do processo de integração semi-analítico
no espaço para dois deles. Neste anexo, são apresentados os resultados para os demais
casos, através das expressões
A(x) e A(u
i
) ou A(u
f
), conforme a singularidade, para
singularidade em
r, e B(x) e B(u
i
) ou B(u
f
), conforme a singularidade, para
singularidade em
d, equivalentes àqueles resultados obtidos em 2.3.2.
D.1. Singularidade em r
Caso 2 (r = u
i
):
Da expressão (A.7):
()
()
)()()(
4
)()()()(
'
11
2/3
1
11
2
22
22
ii
j
i
i
i
j
i
i
uCuux
u
uAxCxx
urd
ud
xA
η
ξ
η
=
=
(D.1)
Da expressão (A.11):
()
()
)()()(4)()()()(
'
11
2/3
111
2
22
22
ii
j
ii
j
i
uCuuxuAxCxx
rd
ud
xA
ηξη
=
=
(D.2)
Caso 4 (r = u
f
):
Da expressão (A.9):
()
()
)()()(
4
)()()()(
'
11
2/3
1
11
2
22
22
ff
j
f
f
f
j
f
i
uCuux
u
uAxCxx
urd
ud
xA
η
ξ
η
=
=
(D.3)
Expressões para integrais das singularidades na frente de onda 137
Da expressão (A.13):
()
()
)()()(4)()()()(
'
11
2/3
111
2
22
22
if
j
fi
j
f
uCuuxuAxCxx
rd
ud
xA
ηξη
=
=
(D.4)
Caso 5 (r = u
f
):
Da expressão (A.10):
()
()
)()()(
4
)()()()(
'
11
2/3
1
11
2
2222
222
ii
j
f
f
f
j
ff
uCuux
u
uAxCxx
rdrd
uddu
xA
η
ξ
η
=
=
(D.5)
Da expressão (A.14):
()
()
)()()(4)()()()(
'
11
2/3
111
2
22
22
ii
j
ff
j
f
uCuuxuAxCxx
rd
ud
xA
ηξη
=
=
(D.6)
D.2. Singularidade em d
Caso 2 (d = u
i
):
Da expressão (A.7):
()
()
)()()(
4
)()()()(
'
11
2/3
1
11
2
22
2
2
ii
j
i
i
i
j
i
i
uCuux
u
uBxCxx
urd
ru
xB
η
ξ
η
=
=
(D.7)
Expressões para integrais das singularidades na frente de onda 138
Da expressão (A.11):
()
()
)()()(4)()()()(
'
11
2/3
111
2
22
2
2
ii
j
ii
j
i
uCuuxuBxCxx
rd
ru
xB
ηξη
=
=
(D.8)
Da expressão (A.15):
()
()
)()()(
4
)()()()(
'
11
2/1
1
11
22
22
ii
j
i
i
i
j
i
i
uCuux
u
uBxCxx
urd
ru
xB
η
ξ
η
=
=
(D.9)
Da expressão (A.19):
()
()
)()()(4)()()()(
'
11
2/1
111
22
22
ii
j
ii
j
i
uCuuxuBxCxx
rd
ru
xB
ηξη
=
=
(D.10)
Caso 4 (d = u
i
):
Da expressão (A.9): igual a (D.7)
Da expressão (A.11): igual a (D.8)
Da expressão (A.15): igual a (D.9)
Da expressão (A.19): igual a (D.10)
Expressões para integrais das singularidades na frente de onda 139
Caso 5 (d = u
f
):
Da expressão (A.10):
()
()
)()()(
4
)()()()(
21
2/3
1
21
2
22
2
2
ff
j
f
f
f
j
f
f
uCuux
u
uBxCxx
urd
ru
xB
η
ξ
η
=
=
(D.11)
Da expressão (A.14):
()
()
)()()(4)()()()(
21
2/3
121
2
22
2
2
ff
j
ff
j
f
uCuuxuBxCxx
rd
ru
xB
ηξη
=
=
(D.12)
Da expressão (A.18):
()
()
)()()(
4
)()()()(
21
2/1
1
21
222
2
2
ff
j
f
f
f
j
ff
uCuux
u
uBxCxx
rdd
ruu
xB
η
ξ
η
=
=
(D.13)
Da expressão (A.22):
()
()
)()()(4)()()()(
21
2/1
121
22
2
2
ff
j
ff
j
f
uCuuxuBxCxx
rd
ru
xB
ηξη
=
=
(D.14)
Expressões analíticas para os termos relativos a fontes 140
Anexo E
Expressões analíticas para os termos relativos a fontes
Neste anexo, são apresentadas as expressões analíticas para as integrais ao
longo do tempo presentes na montagem do vetor
S. O procedimento para obtenção
destas expressões é mostrado no item 2.4.
As expressões finais para
w
I
e w
F
são obtidas pelas fórmulas (E.1) e (E.2).
()
21
2
1
2
WWu
tc
w
fI
+
Δ
=
π
(E.1)
()
21
2
1
2
WWu
tc
w
iF
Δ
=
π
(E.2)
As expressões
W1 são idênticas às expressões (A.1) a (A.4), multiplicadas por
2
π
2
; já as expressões W2 são fornecidas a seguir, de acordo com o caso.
W2:
Caso 2:
=
22
22
2
rd
ru
arcsenW
i
(E.3)
Caso 3:
2
2
π
=W (E.4)
Caso 4:
+
=
22
22
22
22
arcsenarcsen2
rd
ru
rd
ru
W
f
i
(E.5)
Expressões analíticas para os termos relativos a fontes 141
Caso 5:
+=
22
22
2
2
rd
ru
arcsenW
f
π
(E.6)
Soluções analíticas de interesse 142
Anexo F
Soluções analíticas de interesse
Neste anexo são apresentadas as soluções analíticas para os problemas de que
tratam as aplicações apresentadas nos itens 4.1.1 a 4.1.4.
F.1. Barra engastada em uma extremidade e livre na outra, submetida a
carregamento axial de impacto
Esta solução é fornecida em NOWACKI [36], sendo válida para barra
homogênea. Originalmente deduzida para uma barra elástica, submetida a um
carregamento concentrado
P(t) em sua extremidade, pode ser equiparada ao caso de
uma barra acústica, na qual, no lugar de carga, aplica-se fluxo, e no lugar de
deslocamentos, trata-se de pressões. Na aplicação do item 4.1.1, aplicou-se um fluxo
por unidade de área uniformemente distribuído, que, multiplicado pela área da barra,
fornece a carga concentrada.
P(t)
Figura F.1 – barra engastada submetida a carga normal
Carregamento: P(t) = P
0
.H(t – t
0
)
Deslocamento axial (ou pressão, no caso acústico):
()
()
=
=
1
2
1
0
2
2
12
cos1
2
12
sen
12
18
),(
n
n
L
ct
n
L
x
n
n
EA
LP
txu
ππ
π
(F.1)
Em (F.1):
A – área da seção transversal;
E – módulo de elasticidade, ou compressibilidade, no caso acústico;
c – velocidade de propagação da onda primária no meio.
Soluções analíticas de interesse 143
F.2. Cavidade esférica em meio infinito
a
Figura F.2 – cavidade esférica em meio infinito
Para uma cavidade esférica em meio infinito (figura F.2), submetida a um
fluxo uniformemente distribuído em sua superfície, descrito ao longo do tempo por
uma função Heaviside (
q(t) = q
0
.H(t – t
0
)), a pressão em qualquer ponto do meio, a
uma distância
r do centro da cavidade, em qualquer instante de tempo t, é dada por
(F.2), conforme deduzido em CZYGAN e VON ESTORFF [24].
()
()
[]
)1),(
2
0
arctHe
r
aq
trp
a
arct
=
(F.2)
F.3. Membrana circular submetida a um campo de velocidades iniciais
A solução contida na equação (F.3) é deduzida em MORSE [37], para o
deslocamento vertical
η em um ponto de raio r em relação ao centro e ângulo φ em
relação ao eixo horizontal em planta (figura F.3), contido em uma membrana circular
de raio
a, cujo material possui velocidade de propagação da onda primária c,
submetida a um campo qualquer de velocidades iniciais
v
0
(r,
ϕ
). A função J representa
função de Bessel, com seu respectivo argumento.
Soluções analíticas de interesse 144
Figura F.3 – membrana circular
() () ()
∑∑
=
=
=
+=
10
00
0
2sen2sen,,
nm
mnmnmn
m
mnemnemn
tCtCtr
πνψπνψϕη
(F.3)
Em (F.3):
()
∫∫
Λ
=
a
emn
mnmn
emn
drdrv
a
C
0
2
0
0
22
,
2
1
π
ϕψϕ
νπ
(F.4)
()
[]
()
[]
2
010
2
1
2
1
nn
mnmmn
J
J
πβ
πβ
=Λ
=Λ
(F.5)
mnmn
a
c
β
ν
2
= (F.6)
4
1
2
+
m
n
mn
β
(F.7)
()
() ()
() ()
=
=
=
a
r
Jmr
a
r
Jmr
a
r
Jr
mn
mmn
mn
memn
n
ne
πβ
ϕϕ
ψ
πβ
ϕϕ
ψ
πβ
ϕ
ψ
sen,
cos,
,
0
0
00
(F.8)
Soluções analíticas de interesse 145
F.4. Barra acústica fechada em uma extremidade e livre na outra,
submetida a pressão de impacto
A solução apresentada em (F.9) refere-se à aplicação apresentada no item
4.1.4, que consiste de uma barra com fluxo nulo em uma extremidade e pressão
aplicada na outra. Esta pressão se comporta ao longo do tempo como uma função
Heaviside (
p(t) = p
0
.H(t – t
0
)). O esquema é semelhante àquele dado pela figura F.1.
()
=
=
1
1
2
12
cos1
2
12
sen
12
14
),(
n
n
L
ct
n
L
x
n
n
txp
ππ
π
(F.9)
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