Concepções e práticas no Aconselhamento
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Neste sentido, Barros e Silva (2004, p. 23) fazem uma reflexão sobre o
trabalho e os desafios do aconselhamento:
Passadas mais de duas décadas da epidemia de HIV e AIDS,
observam-se mudanças no perfil da epidemia da AIDS no país,
veiculando respostas governamentais, no combate e prevenção. A
história dos serviços de testagem foi marcada por diferentes
momentos da epidemia e conferiram maior visibilidade a prevenção
das DST/AIDS. Identificamos na trajetória dos CTAs um avanço dos
direitos e cuidados com a saúde, condições indispensáveis para o
reconhecimento da cidadania. O CTA através do aconselhamento
tem sido determinante para garantir o direito à assistência médica e
a terapia combinada a todos que dela necessitam. Esses serviços a
partir do aconselhamento recolocaram nos cenários das políticas
públicas a importância da promoção, ancorado tanto no nível
individual quanto no coletivo. Considerando a singularidade e as
diversidades dos sujeitos, percorreu-se caminhos desde a falta de
informação ao preconceito e da discriminação à vulnerabilidade
social. Trouxe para a cena diária do serviço, a escuta, a valorização
da história de cada um, levando em conta o contexto sócio-cultural e
econômico, percebendo as limitações pessoais e contextuais e,
então, indicando possibilidades de mudanças e negociações. Dessa
forma, inclui o usuário do CTA num processo de reflexões e ações
futuras. Essa abordagem, ancorada na subjetividade e na
vulnerabilidade social, permite aos aconselhadores a interlocução,
desde o lugar da interdisciplinaridade, buscar a discussão de
caminhos preventivos que passam por dificuldades e possibilidades
de escolhas. Sem dúvida, nestes 10 a 12 anos do CTA, o diálogo, a
ética, a transparência, das ações de saúde desenvolvidas,
legitimamos estes serviços para a população brasileira.
Segundo Kalischman (2000:p. 10):
O Brasil foi um dos primeiros países a garantir o acesso universal
aos medicamentos anti-retrovirais, e a demonstrar que os custos da
terapia são em grande parte, compensados pela redução de gastos
com medicamentos para tratamento das infecções oportunistas e
com internações decorrentes dessas afecções.
Passarelli (2004: p.16) relata enfaticamente a necessidade de
desenvolver a área da prevenção em AIDS e reforça:
Precisamos conquistar na prevenção os mesmos sentidos positivos
que construímos para a resposta brasileira no campo da assistência.
E tal fato não ocorre se não realizarmos um debate que,
efetivamente, revele e promova as interfaces entre prevenção e a
Assistência.