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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
ACETATO DE TRIANCINOLONA COMO PRÉ-INDUTOR
DO PARTO DE RECEPTORAS DE EMBRIÃO NELORE
PRODUZIDO IN VITRO
Luiz Fabiano Coelho de Rezende
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL-BRASIL
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
ACETATO DE TRIANCINOLONA COMO PRÉ-INDUTOR
DO PARTO DE RECEPTORAS DE EMBRIÃO NELORE
PRODUZIDO IN VITRO
Luiz Fabiano Coelho de Rezende
Orientadora: Profª. Drª Carmem Estefânia Serra Neto Zúccari
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul, como requisito à
obtenção do título de Mestre em Ciência Animal.
Área de concentração em Produção Animal.
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL-BRASIL
2007
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Luiz Fabiano Coelho de Rezende
“Acetato de triancinolona como pré-indutor do parto de receptoras
de embrião Nelore produzidos in vitro
Induction of parturition using triamcinolone pretreatment in pregnant
recipients of in vitro produced embryo "
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, como parte dos requisitos
do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal
para obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Produção Animal
APROVADO: 30/05/2007
___________________________________________
Dra. Carmem Estefânia Serra Neto Zúccari
Orientadora
______________________________ __________________________
Dra. Eliane Vianna da Costa e Silva Dra. Margot Alves Nunes Dode
À DEUS, por me iluminar e dar forças nos momentos difíceis.
Obrigado meu DEUS.
Aos meus pais, IDELFREDO e MARIA PERCILIANA pelo exemplo de humildade e
perseverança, vocês representam muito na minha vida.
Amo muito vocês
À minha namorada e companheira PATRÍCIA STRANIERI, esta mulher muito
importante em minha vida, que com seu jeito simples e sincero me deu forças e carinho,
sempre me incentivando nos momentos em que foi preciso.
Te amo, PATY
AGRADECIMENTOS
Às minhas irmãs VÂNIA KÁTIA e ANA CRISTINA, as duas sempre me
acompanhando e me apoiando, algumas vezes mesmo de longe, e sempre dispostas a me
ajudar com uma mão amiga, obrigado, beijão manas.
Aos meus cunhados ZEZO e CLÁUDIO, e sobrinhos NETO, ZÉ ÂNGELO, ZÉ
VICTOR, FABIANA e PEDRO, sempre me apoiando e dando conforto aos finais de
semana, amo muito todos vocês.
Ao amigo LUIZ FERNANDO T. NASSER (LUDY), pela confiança, companheirismo e
estímulo científico, e que desde o começo ajudou no delineamento e com idéias novas, e
outras antigas, que surgiram ainda no Canadá quando na realização de experimento
semelhante, OBRIGADO PORCO!
Ao amigo CARLOS RONALDO LIMA REZENDE que ainda como estagiário e agora
trabalhando na mesma empresa, sempre me ajudou com sua organização ímpar, na
execução e coleta dos dados experimentais, valeu Carlão.
Ao amigo MANOEL SÁ FILHO, que com sua alegria contagiante nunca se negou em
repassar seus conhecimentos técnicos e científicos, obrigado Mané.
Ao patrão e amigo LINEU PASQUALLOTO, que apesar das implicâncias sempre me
apoiou e soube da necessidade da realização de experimentos como este para a
execução de um bom trabalho a campo.
Aos amigos HENDERSON AYRES, ÉRIKLIS NOGUEIRA, NÉLCIO TONIZA DE
CARVALHO, pela ajuda desde o pré-experimento, sempre apoiaram e nunca se
negaram em ajudar no que fosse necessário. Obrigado amigos.
À PROFª DRª CARMEM ESTEFÂNIA SERRA NETO ZÚCCARI pela orientação e
pelas vezes que teve MUITA PACIÊNCIA e outras POUCA PACIÊNCIA na realização
deste mestrado, obrigado Fana.
À PROFª DRª ELIANE VIANA COSTA E SILVA pela constante ajuda e apoio
científico para a execução do experimento.
Ao PROFº DRº PIETRO SAMPAIO BARUSSELI que no início, incentivou e deu
novas idéias para o projeto.
Aos colegas HENDERSON AYRES, TORRES JÚNIOR, CLAUDINEY MARTINS,
THÉO FIGUEIREDO e LINDSAY GIMENES pela ajuda enquanto estive em São
Paulo.
Aos que foram estagiários e agora colegas, MICHELLE PEREIRA, MARCELO
NUNES (Batata), RICARDO GARCIA, LUIZ AUGUSTO (Coalhada) e JOÃO
LÚCIO, pela ajuda na coleta de dados e execução do experimento.
À FIRMASA TECNOLOGIA PARA A PECUÁRIA por ceder a grande maioria dos
animais para o experimento, e aos senhores SÉRGIO CASALI PRANDINI (Fazenda
Prata de Lei), CAMIL JAMIL GEORGES (Fazenda Santa Catarina), MARCELO
ABRAÃO (Tuba, Fazenda São Francisco), que disponibilizaram o restante dos animais
e medicamentos para a execução do experimento.
Aos funcionários das fazendas (TIMÓTEO, CACILDO, CATARINO e CINÉZIO) que
me ajudaram durante as “madrugadas à dentro” nas observações dos partos.
À ISABEL ORRO, THAÍSE, GUSTAVO FRANGO, RAQUEL BALDAN, VITÃO,
TATHIANE, enfim todos os alunos do mestrado pelo convívio e troca de
conhecimentos.
À MARILETE, secretária do mestrado pela ajuda durante a realização do mestrado.
Enfim, gostaria de agradecer a todos os demais parentes e amigos que me ajudaram de
uma forma ou de outra para a realização deste trabalho.
OBRIGADO A TODOS!!!
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS.....................................................
.
8
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................
.
8
1.1. Objetivo do Experimento............................................................................. 9
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 9
2.1. Período de Gestação e Peso ao Nascer...................................................... 9
2.2. Mudanças Endócrinas ao Parto.................................................................... 11
2.3. Retenção de Placenta.................................................................................... 12
2.4. Comportamento Materno-Filial em Bovinos de Corte................................. 15
2.5. Indicações para Indução do Parto................................................................
.
16
2.6. Métodos para Indução do Parto.................................................................... 17
2.6.1. Glicocorticóides de curta ação........................................................... 18
2.6.2. Prostaglandina F
2
α............................................................................ 19
2.6.3. Combinação de glicocorticóides de curta
ação e prostaglandina F
2
α..............................................................
19
2.6.4. Combinação entre glicocorticóides de longa
ação, de curta ação e prostaglandina F
2
α....................................... 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 21
CAPÍTULO 2 – ARTIGO CIENTÍFICO - ACETATO DE TRIANCINOLON
A
COMO PRÉ-INDUTOR DO PARTO DE RECEPTORAS DE EMBRIÃ
O
NELORE PRODUZIDOS IN VITRO ................................................................... 30
RESUMO................................................................................................................ 30
ABSTRACT............................................................................................................ 31
INTRODUÇÃO......................................................................................................
.
31
MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 33
1. Animais e locais do experimento...................................................................... 33
2. Delineamento experimental..............................................................................
.
33
3. Variáveis avaliadas.......................................................................................... 34
4. Análise estatística.............................................................................................. 37
RESULTADOS....................................................................................................... 37
DISCUSSÃO........................................................................................................... 42
CONCLUSÃO........................................................................................................
.
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 45
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é um país de vocação agropecuária e vem se destacando como grande
potência mundial para a produção de alimentos. De acordo com dados de IBGE de 2005
(IBGE, 2007) o rebanho bovino é composto por aproximadamente 207 milhões de
cabeças na maioria constituído de animais Bos indicus, principalmente da raça Nelore,
que se destaca como o maior rebanho bovino de corte comercial do mundo, ou seja, um
segmento de mercado cada vez mais promissor, principalmente no que diz respeito à
exportação de carne e sustentação da produção mundial de proteína animal.
Para a manutenção desse mercado exportador é necessário o melhoramento
genético dos animais e a padronização dos seus produtos, o que pode ser alcançado pela
seleção de indivíduos com maior desenvolvimento ponderal, rendimento de carcaça,
capacidade de conversão alimentar e precocidade, possibilitando o crescimento da cadeia
de produção.
O melhoramento animal pode ser acelerado através das biotecnologias da
reprodução animal como a inseminação artificial (IA), o emprego da ovulação múltipla e
transferência de embriões (MOET) ou a produção in vitro (PIV) aliada à transferência de
embriões (TE). Com a colheita de oócitos guiada por ultra-sonografia e a possibilidade de
realizar a técnica de maneira ininterrupta, fêmeas de alto valor genético passaram a ser
utilizadas para a PIV de embriões.
Atualmente, a transferência de embriões PIV supera os índices da transferência de
embriões tradicional, sendo que somente no ano de 2005 foram realizadas mais de 60.000
delas (Viana, 2006).
Embriões PIV apresentam algumas diferenças em relação àqueles produzidos in
vivo, tais como: alterações celulares (diminuição na coloração, número e tamanho das
células), tempo de desenvolvimento, aumento da sensibilidade ao frio, diminuição da
estabilidade da zona pelúcida, dentre outras características do metabolismo embrionário
(Niemann e Wrenzycki, 2000; Farin et al., 2004).
9
Farin et al. (2004) demonstraram a existência de diferenças na morfologia,
desenvolvimento e, mais recentemente, na expressão gênica de embriões PIV. Tem sido
proposto que embriões PIV podem apresentar particularidades no processo de ativação
gênica durante o período de pré-implantação, o que pode levar a graves conseqüências no
desenvolvimento fetal bem como na viabilidade pré e pós-natal.
De 5 a 10% dos vitelos PIV apresentam alterações, como excesso de peso dos
bezerros ao nascimento (Horta, 1999), aumento na duração da gestação, mortalidade
perinatal, edema fetal, alteração no tamanho de órgãos como coração, cérebro, cordão
espinhal e músculo esquelético e maior ocorrência de hidroalantóide e hidroâmnio (Farin
et al., 2006). Neste contexto a indução do parto pode ser utilizada como opção para
minimizar alguns dos problemas citados, por possibilitar a sincronização dos nascimentos
destes produtos de alto valor genético em momentos pré-determinados e sob constante
assistência veterinária (Bó et al., 1992).
1.1. Objetivo do Experimento
Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes doses e momentos
da gestação para a administração de acetato de triancinolona (TRI) na pré-indução do
parto de receptoras de embriões Nelore produzidos in vitro (PIV).
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Período de Gestação e Peso ao Nascer
O período de gestação (PG) é o intervalo que vai da fecundação até o parto. A
duração da gestação é determinada geneticamente, mas pode ser influenciada por
diversos fatores, dentre os quais: sexo e raça do bezerro, nível nutricional e idade da
mãe ao parto e estresse (Cavalcante et al., 2001; Rocha et al., 2005).
O PG sofre pequena variação, Paschal et al.(1991) estudando período de
gestação em diferentes raças encontraram média de 292,2±1,3 dias para Nelore, já Zillo
10
et al. (1996) estimaram a média para o período de gestação em 295,18±0,5 dias, dados
semelhantes encontrados por Rocha et al.(2005), que encontraram em zebuínos média
de 294,55 ± 8,47 dias para machos e 293,34 ± 8,40 dias para fêmeas .
O peso ao nascer (PN) indica o vigor e desenvolvimento pré-natal, sendo
influenciado por fatores ambientais a que são expostas as matrizes antes e durante a
gestação. Esta característica é importante para se acompanhar o desenvolvimento
ponderal do animal (Rocha et al., 2005).
De acordo com Marcondes et al. (2000), ao avaliarem mais de 60.000 bezerros
Nelore, a média de peso ao nascer foi 30,7 ± 3,8 kg; já, Cubas et al. (2001), para
bezerros Nelore e Nelore x Angus, obtiveram valores de 28,5 ± 0,38 e 29,4 ± 0,46 kg,
respectivamente.
Wagtendonk-De Leeuw et al. (2000) ao estudarem diferenças de peso ao
nascimento de bezerros de I.A. e PIV, encontraram médias mais elevadas para os
animais PIV (42,7 ± 0,2 kg e 47,1 ± 0,3 kg para I.A. e PIV, respectivamente). Já,
Stacchezzini et al. (1997) comparando o peso de bezerros da raça Piemontesa obtidos
por TE e PIV, verificaram que os animais PIV nasceram 9 kg mais pesados (45 vs 54
kg, respectivamente).
Horta (1999) se refere ao efeito direto da técnica de PIV sobre o aumento do
peso dos bezerros ao nascimento, que parecem variar de acordo com o genótipo dos
embriões: com raças grandes apresentando maiores aumentos no peso ao nascimento e
nas raças de menor porte este é desprezível. Estes resultados estão de acordo com
Camargo et al. (2005) que observaram dados semelhantes na raça Gir.
Heyman et al.(2002) adotando como critério de classificação para gigantismo
um aumento de dois desvios padrões sobre o peso médio ao nascimento da raça,
descrevem que 13,3% dos bezerros derivados de embriões clones e 9,5% dos bezerros
resultantes de embriões PIV são considerados gigantes.
Para doadoras de embriões da raça Nelore ainda não se conhece qual a relação
entre peso ou tamanho da receptora e peso ao nascer do bezerro, para que haja um parto
“normal”. O baixo peso ao nascimento é indesejável por estar relacionado ao aumento
da taxa de mortalidade na fase pré-desmame, por outro lado pesos elevados tendem a
aumentar a ocorrência de distocias nos rebanhos (Schmidek, 2004).
11
2.2. Mudanças Endócrinas ao Parto
Parto é o processo fisiológico pelo qual o útero gestante elimina o feto e a
placenta do organismo materno. É dividido em três estágios: o primeiro compreende
trocas hormonais, como a diminuição da progesterona, aumento da relaxina e elevação
do cortisol fetal, além da preparação mecânica do útero e canal cervical; o segundo
envolve a expulsão do feto e nascimento da cria; e o terceiro a expulsão da placenta e
membranas fetais (Senger, 2003).
Em 1977, Thorburn mostrou que a concentração de cortisol fetal aumentava nas
duas últimas semanas antes do parto, fato que coincidia com uma queda gradativa da
progesterona plasmática materna.
Em bovinos o corpo lúteo é a principal fonte de progesterona durante a gestação.
A partir do quarto mês até aproximadamente os 240 dias, as células binucleadas dos
cotilédones placentários começam a secretar progesterona, sendo esta fonte suficiente
para manter a gestação (Senger, 2003; Barth, 2006). Durante as últimas quatro a seis
semanas, a concentração de progesterona diminui gradualmente e a manutenção da
prenhez é novamente dependente do corpo lúteo (Jenkin e Young, 2004; Barth, 2006).
Durante duas a três semanas antes do parto o crescimento acelerado do feto torna
reduzido o espaço intrauterino, fazendo com que o feto sofra estresse, resultando na
liberação, pela adeno-hipófise fetal, do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) que
estimula a glândula adrenal fetal a liberar cortisol (Liggins e Thorbourn, 1994; Senger,
2003; Barth, 2006). A produção do ACTH é modulada pelo hipotálamo, através da
secreção do hormônio liberador de corticotrofina (Ferguson e Hoenig, 1995).
O cortisol fetal ativa as enzimas 17α-hidroxilase, 17-20 desmolase e aromatase
promovendo a conversão de progesterona em estradiol. Esta mudança endócrina leva a
dois eventos importantes, que são a remoção do bloqueio que a progesterona provoca
sobre a atividade miometrial; e o aumento de secreções no trato reprodutivo
principalmente na cérvix (Lewing et al., 1985; Senger, 2003).
O declínio da progesterona e o aumento do estradiol resultam em maior
expressão de receptores para ocitocina no miométrio, e no incremento da produção e
liberação de prostaglandina F
2
α (PGF
2
α), via cascata do ácido aracdônico, aumentando
a contratilidade miometrial. A produção e liberação da PGF
2
α está associada à luteólise,
12
reduzindo, assim, ainda mais os níveis de progesterona (Liggins e Thorbourn, 1994;
Senger, 2003; Jenkin e Young, 2004).
Outro importante hormônio envolvido no parto é a relaxina, uma glicoproteína
que provoca o relaxamento das conexões celulares da cérvix promovendo a elasticidade
dos ligamentos pélvicos, permitindo assim a passagem do feto durante o parto (Liggins
e Thorbourn, 1994; Senger, 2003).
A elevação dos níveis de estradiol e PGF
2
α provoca contrações uterinas que vão
empurrando o feto contra a cérvix. A pressão sobre a cérvix ativa a liberação de
ocitocina pela neurohipófise, na corrente sangüínea, aumentando a contração dos
músculos lisos do miométrio, forçando o feto a entrar no canal cervical e assim dá-se o
término da primeira fase do parto (Senger, 2003). A combinação de todos esses eventos,
gradualmente, leva à contrações miometriais fortes e coordenadas, provocando a
expulsão do feto e término da segunda fase do parto (Liggins e Thorbourn, 1994;
Senger, 2003; Barth, 2006). A terceira e última fase do parto compreende a expulsão da
placenta (Senger, 2003).
2.3. Retenção de Placenta
Falhas na expulsão da placenta são comuns, com índices que variam de 3 a 12% e
aumentam em casos de aborto, partos prematuros, gemelar e induzido (Schlafer et al.,
2000). Fisiologicamente, a placenta é liberada em geral até cerca de 5-8 horas após o
parto. Diversas definições sobre retenção de placenta são descritas na literatura. Van
Werven et al. (1992) consideram-na retida quando não ocorre sua liberação com mais de
seis horas após o parto, principalmente em vacas velhas (mais de quatro lactações).
Beardsley et al. (1976) consideram retenção depois de 24 horas pós-parto.
A falha na liberação é considerada patológica quando parte ou a totalidade dos
anexos fetais permanece no lúmen uterino por tempo superior a 12 horas pós-parto
(Joosten e Hensen, 1992; Horta, 1994; Horta, 1999; Takagi et al., 2002; Meça et al.,
2006).
A retenção das membranas fetais está entre as patologias mais significativas em
rebanhos leiteiros. Entre suas conseqüências estão o menor rendimento da produção
13
leiteira, aumento do período de serviço, redução da taxa de prenhez ao primeiro serviço e,
consequentemente, maior intervalo entre partos (Wischral et al., 2001). López-Gatius et
al. (1996) demonstraram que vacas com retenção de placenta foram 1,8 vezes mais
susceptíveis a apresentar mortalidade fetal do que vacas que não apresentaram tal
patologia.
A retenção da placenta após 24 horas pós-parto é o critério mais utilizado para a
mensuração de retenção de placenta, pela facilidade no manejo (Beardsley et al., 1976;
Barth et al., 1981; Wiltbank et al., 1984; Musah et al., 1987; Bó et al., 1992; Esslemont e
Peeler, 1993; Nasser et al. 1994; Rasmussen et al., 1996; Kornmatitsuk et al., 2000; Han e
Kim, 2005).
Durante a gestação são formadas entre 70 a 120 carúnculas no endométrio bovino
(Martins et al., 2004). As carúnculas compõem a parte materna da placenta, sendo
recobertas pelas membranas fetais que crescem e se expandem para dentro do lúmen
uterino, formando os cotilédones. Com o crescimento placentário os cotilédones projetam
vilos coriônicos que se interdigitam com as criptas carunculares formando a unidade
funcional da placenta, o placentoma (Steven e Morris, 1975).
A liberação da placenta após o parto envolve a perda de adesão materno-fetal e
ocorre após a maturação do placentoma pela diminuição da celularidade e aumento da
apoptose deste tecido (Meça et al., 2006). Os mecanismos que levam à separação da
placenta iniciam-se durante os últimos meses de gestação, sendo que tais alterações
acontecem no epitélio placentário e tecido conjuntivo de suporte (Horta, 1994). O
processo de maturação placentária envolve o achatamento do epitélio das carúnculas
maternas, que é intensificado 3 a 5 dias antes do parto e, a diminuição do número de
células binucleadas do trofoblasto e células epiteliais das carúnculas maternas (Grunert et.
al, 1989; Wango et al., 1992). A fileira de células epiteliais na base das criptas maternas,
mais próximas da carúncula, torna-se achatada, ao mesmo tempo em que se verifica a
migração de inúmeras células leucocitárias e células gigantes binucleadas, que possuem
atividade fagocitária, pouco tempo antes do processo de separação (Horta, 1994; Martins
et al., 2004).
Diversas sinalizações endócrinas são necessárias para que a maturação e liberação
da porção fetal da placenta ocorram normalmente após o parto. A maturação inclui
degeneração do córion, alterações das células epiteliais e conectivas maternas (Wango et
14
al., 1992), ocasionando decréscimo nas células epiteliais da carúncula e células epiteliais
binucleadas do trofoblasto (Williams et al., 1987; Gross et al., 1991).
De acordo com Paisley et al. (1986) as patologias que podem interferir na
liberação da placenta incluem: atonia uterina, edema de vilosidade coriônica, hiperemia,
placentite, cotiledonite, metrite aguda pós-parto e imaturidade de placentomas. Além
destas, Joosten e Hensen (1992) citam a gemelaridade, aborto, redução da duração da
gestação e baixo peso do bezerro, como aspectos que podem estar associados à
imaturidade placentária e/ou fetal, provocada por erro ou insuficiência na sinalização
feto-maternal, aumentando o risco de ocorrência da retenção de placenta.
De acordo com Horta (1994) sempre que a gestação é diminuída em cinco dias em
relação à média, quer se trate de partos espontâneos, induzidos farmacologicamente ou
prematuros, existe aumento significativo na incidência de retenção de placenta. Existe a
hipótese de que uma das possíveis causas de retenção de placenta relacionada à indução
do parto seja irregularidade ou insuficiência dos hormônios responsáveis pela sua
maturação (Arthur, 1979; Grunert et al., 1989).
Segundo Prakash e Madan (1985) para que haja descolamento normal da placenta
é necessária uma elevação da concentração plasmática de estradiol e diminuição gradual
do nível de progesterona, semanas antes do parto. Grunert et al. (1989) demonstraram que
o estrógeno endógeno, presente nas últimas semanas antes do parto, tem papel importante
no processo de maturação placentária. Uma vez que os níveis de cortisol se elevam
gradativamente no último mês de gestação, particularmente na última semana, a
maturação da placenta requer exposição a elevados níveis de cortisol por um período
antes do parto (Lewing et al., 1985).
A placenta retida é isquêmica, hipóxica e carente de nutrientes. Desta forma, na
presença de estresse metabólico são liberados mediadores bioquímicos que causam
imunossupressão uterina, aumento da permeabilidade vascular (histamina e
prostaglandinas), aumento da atividade lipossômica (proteólise), danos endometriais
(liberação de histaminas e mastócitos) e redução da quimiotaxia e migração de leucócitos.
A associação destes fatores pode levar à metrite e conseqüente diminuição da fertilidade
(Eiler, 1997).
15
2.4. Comportamento Materno-Filial em Bovinos de Corte
Entende-se por comportamento materno em mamíferos todo cuidado dado
pelas mães às suas crias, desde o nascimento até que desenvolvam características e
habilidades que assegurem sua própria sobrevivência, tornando-se independentes da
dieta láctea e demais cuidados maternos (Crowell-Davis e Houpt, 1986).
Em ruminantes diversas alterações comportamentais são observadas durante o
parto. Primeiramente, nota-se normalmente o desligamento do comportamento gregário,
através do isolamento do grupo (Arnold e Dudzinsk, 1978; Gonyou e Stookey, 1987).
Posteriormente, observa-se aumento na atividade das vacas que ficam inquietas, batem
com as patas no chão e podem andar durante várias horas antes de começar o trabalho
de parto (Paranhos da Costa e Cromberg, 1998).
Os padrões comportamentais, de vacas e bezerros, durante o período perinatal
e ao parto podem estar associados a sobrevivência e ao desenvolvimento do bezerro
(Paranhos da Costa et al., 2001). De forma geral, na maioria das espécies animais, o
maior percentual de óbitos ocorre nas primeiras semanas de vida, e, no caso de bovinos,
principalmente nos primeiros 15-30 dias (Schmidek, 2004).
Dentre as alterações comportamentais a falha na ingestão do colostro mostra-
se como uma das mais determinantes à sobrevivência do recém-nascido. A ingestão
inadequada resulta em concentração insuficiente de imunoglobulinas no sangue. Como
a qualidade do colostro declina rapidamente após o nascimento, da mesma forma que
declina a capacidade do bezerro em absorver as células que irão conferir imunidade, é
ideal que a ingestão do colostro ocorra em até três horas de vida, visando maximizar as
chances de sobrevivência (Paranhos da Costa et al., 1997).
De acordo com Bueno (2002) vacas Nelore criadas de maneira extensiva ou
intensiva, tiveram o mesmo padrão comportamental e fisiológico, durante o parto. O
estudo apontou que bezerros filhos de fêmeas primíparas tiveram uma latência maior
que bezerros de vacas multíparas, portanto, maior tempo deve ser dado aos bezerros de
vacas primíparas.
Paranhos da Costa et al. (1997) estudando o comportamento de vacas e
bezerros da raça Nelore nas primeiras horas após o parto, dividiram o período entre o
nascimento e a primeira mamada em três fases, baseando-se em seus comportamentos.
16
São elas: Fase I – Logo após o nascimento até o momento em que o bezerro fique em
pé. Fase II – Após o bezerro ficar em pé até a localização dos tetos. Fase III – Nesta fase
o bezerro precisa localizar e abocanhar os tetos.
De acordo com Selman et al. (1970) os bezerros que se levantaram,
localizaram as tetas e mamaram mais rapidamente após o nascimento, foram os mais
aptos e sobreviveram, provavelmente devido a maior absorção de imunoglobulinas do
colostro. O sucesso da primeira mamada parece seguir uma seqüência definida, onde se
identificaram os comportamentos de ficar em pé, procurar tetas e mamar (Cromberg e
Paranhos da Costa; 1997).
Estudando bezerros da raça Nelore, Caracu, Gir e Guzerá, Ardesch et al.
(1995) mostraram que bezerros da raça Nelore apresentaram as menores latências para
mamar (111,65 ± 66,12 min.) quando comparados às demais raças, e da mesma forma,
os valores encontrados por Bueno (2002) apontaram que as latências para mamar foram
menores (62,53 ± 5,46 min.) para bezerros da raça Nelore. Schmideck et al. (2004)
estudando o comportamento relacionado ao vigor de bezerros Nelore e Guzerá
encontraram valores de latência para mamar de 176 min. para primíparas e 141,7 min.
para pluríparas.
Paranhos da Costa (1991) recomendam uma série de medidas práticas para
reduzir o problema do atraso na primeira mamada, visando à melhoria do resultado
econômico da fazenda e sem pôr em risco o programa de seleção sendo que a
observação sistemática dos animais é uma importante ferramenta para o criador.
Aumenta sua intimidade com o rebanho, facilitando a identificação de problemas, e
levando à adoção de estratégias mais apropriadas, melhorando a receita da fazenda.
2.5. Indicações para Indução do Parto
Para a utilização eficiente da indução do parto é necessário o conhecimento da sua
fisiologia, para que efeitos indesejáveis como aumento da incidência de retenção de
placenta ou redução da viabilidade do recém-nascido possam ser minimizados.
Associações de drogas devem ser desenvolvidas com o intuito de se obter um método que
17
promova a ocorrência dos partos em período previsível, sem interferir na fertilidade da
matriz nem na viabilidade do recém-nascido (Barth, 2006).
Dentre as indicações clínicas para a indução do parto pode-se citar o tratamento de
enfermidades que acometem o animal no decorrer da gestação e que comprometem a vida
da matriz, tais como tratamento preventivo de problemas metabólicos em vacas leiteiras,
gestações prolongadas, tamanho anormal de bezerro e parto gemelar (Barth et al., 1978;
Davis et al., 1979; Lewing et al., 1985; Peters e Poole, 1992; Barth, 2006).
Horta (1999), trabalhando com embriões PIV, observou que os fetos chegaram a
ganhar em média, 0,764 kg/dia, nas semanas finais de gestação. Uma vez que a gestação
pode passar da data prevista em 1-2 semanas, o ganho de peso fetal pode chegar a até 1
kg por dia, sendo mais comum em raças européias de grande porte.
Na América do Norte já se tornou prática de manejo, entre os produtores, a
indução do parto quando a gestação ultrapassa os 285 dias, impedindo que a gestação se
prolongue, não sendo observado desta forma, o aumento no índice de partos distócicos
(Barth, 2006).
A indução do parto tem sido empregada por produtores de leite da Nova
Zelândia e Austrália com o objetivo de iniciar a lactação no melhor período do ano para
pastoreio (Davis e Macmillan, 2001).
2.6. Métodos de Indução do Parto
Vários tratamentos hormonais têm sido testados quanto a sua eficiência e
segurança na indução do parto, incluindo o uso de corticóides e da PGF
2
α administrados
separadamente ou associados (Barth et al., 1978; Davis et al., 1979; Lewing et. al, 1985;
Peters e Poole, 1992; Barth, 2006), podendo-se adicionar ao tratamento estrógenos
(Beardsley et al, 1976; Rasmussen et al., 1996), relaxina (Musah et al., 1987) e ocitocina
(Smith et al., 1996), no entanto, não diminuindo a incidência de retenção de placenta.
18
2.6.1. Glicocorticóides de curta ação
Os glicocorticóides (GC) pertencem a classe dos hormônios esteróides, com um
núcleo básico derivado do colesterol–ciclopentano perhidrofenantreno. O representante
natural é o cortisol ou hidrocortisona, um composto com 21 átomos de carbono
(Ferguson e Hoenig, 1995).
Glicocorticóides exógenos provocam o aumento do cortisol, queda da
progesterona e aumento do estradiol, mecanismo semelhante ao que ocorre no
desencadeamento do parto normal (Thorburn, 1991; Liggins e Thorburn, 1994).
Glicocorticóides sintéticos causam aborto quando utilizados após 30 dias de
gestação (Beardsley et al., 1976; Barth et al., 1978; Barth et al., 1981; Macdiarmid,
1983; Lewing et al., 1985; Peters e Poole, 1992; Davis e Macmillan, 2001).
Os corticóides de curta ação mais utilizados para a indução do parto são a
dexametasona (DEXA) e a flumetasona (Barth, 2006), com uma eficiência de 80-90%
(Beardsley et al., 1976; Wiltbank et al., 1984; Echternkamp et al., 1987; Rassmussen et
al., 1996).
Musah et al. (1987) relatam que o uso da relaxina associada a DEXA, quando
comparada apenas a DEXA reduziu não somente o intervalo entre o tratamento e
nascimento (36 h vs 56 h), como a incidência de retenção de placenta, 15% vs 70%,
respectivamente.
2.6.2. Prostaglandina F
2
α
No final do parto a PGF
2
α está envolvida, principalmente, na contração uterina.
Prostaciclinas (inibidoras das prostaglandinas) presentes durante toda a gestação,
juntamente com a progesterona, são responsáveis pela quiescência uterina (Weiss, 2000).
Em vacas a PGF
2
α administrada dos 30 aos 250 dias de prenhez reduz a
concentração sérica de progesterona, porém causa o aborto somente até os 150 dias de
gestação, por que a partir dessa fase a placenta passa a produzir a progesterona para a
manutenção da prenhez (Barth et al., 1981).
19
Assim como os corticóides de curta ação a administração de prostaglandina
apresenta alto índice (50%) de retenção de placenta (Lewing et al., 1985).
Segundo Takagi et al. (2002) em vacas com retenção das membranas fetais as
concentrações de PGF
2
α no tecido placentário são significativamente menores (54,3 ±
10,9ng/ml) que as do grupo sem retenção de placenta (122,3 ± 28,8ng/ml), seis horas
pós-parto.
Vacas recebendo somente prostaglandina possuem altas concentrações de
progesterona na hora do parto, quando comparadas àquelas tratadas com DEXA, o que
pode estar contribuindo para a diminuição das contrações uterinas. Estes animais podem
ter progesterona oriunda da placenta, fonte esta que estaria sendo eliminada nos animais
que recebem a DEXA (Barth, 2006).
2.6.3. Combinação de glicocorticóides de curta ação com prostaglandina F
2
α
Os hormônios utilizados para indução do parto são responsáveis por iniciar os
eventos normalmente ativados pelo cortisol fetal. A administração de corticóides é
eficiente em remover a fonte de progesterona placentária, pela indução das enzimas que a
converte em estrogênio. Falhas na indução com corticóides, aparentemente, são
decorrentes da presença de progesterona oriunda dos ovários. Por outro lado, enquanto o
tratamento com prostaglandina é eficiente em remover a fonte ovariana de progesterona, é
ineficiente em remover a progesterona de origem placentária. A combinação destes dois
hormônios irá atuar sinergicamente, eliminando ambas as fontes de progesterona,
resultando em maior eficiência do tratamento e menor variação do intervalo entre o
tratamento e o parto (Barth et al., 1981; Lewing et al., 1985; Barth, 2006).
Lewing et al. (1985) induziram o parto de vacas aos 280 dias de gestação, com
falhas no tratamento dos animais que receberam DEXA (11%) ou cloprostenol (CLO;
13%), porém obtiveram sucesso em todas as induções em que as mesmas drogas foram
associadas; contudo constataram que, apesar da boa eficiência à indução e uma menor
dispersão dos nascimentos, a combinação desses hormônios elevou a taxa de retenção de
placenta (53%) se comparada aos partos normais, possivelmente pelo fato das mesmas
20
ainda não estarem próximas a data prevista do parto, não estando a maturação placentária
completa.
2.6.4. Combinação entre glicocorticóides de longa ação, de curta ação e
prostaglandina F
2
α
O uso de corticóides de longa ação apresenta menor índice de retenção de placenta
quando comparado aos demais tratamentos (Barth, 2006). Welch et al. (1973) utilizaram
corticóides de longa ação para a indução do parto com baixos índices de retenção de
placenta (8%), porém não conseguiram precisar o momento de nascimento dos bezerros.
Uma combinação do pré-tratamento com corticóide de longa ação e posterior
indução com DEXA e prostaglandinas, possibilitou a obtenção de partos em horários
previstos, bem como a redução da taxa de retenção de placenta (Davis et al., 1979; Bó et
al., 1992; Nasser et al., 1994).
Davis et al. (1979) observaram que o uso do acetato de triancinolona (TRI) no
pré-tratamento facilitou a ação da DEXA e da flumetasona no momento da indução do
parto, diminuindo o intervalo entre este e o nascimento, além do aumento no número de
vacas que expulsaram suas placentas mais precocemente. Isto ocorreu pelo mimetismo
dos eventos endócrinos fisiológicos que, gradualmente, aumentam os níveis fetais de
cortisol, resultando na maturação da placenta.
Bó et al. (1992) ao utilizarem opticortenol (OPT) no pré-tratamento e a DEXA e
CLO para a indução do parto aos 270 dias de gestação, obtiveram menores índices de
retenção de placenta (13%) quando comparado ao uso somente de DEXA+CLO (79%).
Nasser et al. (1994) utilizaram no pré-tratamento 1mg/60 kg de TRI também aos
270 dias de gestação, porém fazendo a indução com a DEXA e CLO aos 275, 276 e 277
dias de gestação, não observando diferença em relação ao intervalo de indução ao
nascimento, porém o índice de retenção de placenta foi menor (11%) nos animais com
sete dias após o pré-tratamento.
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In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 23, 1986,
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30
Acetato de triancinolona como pré-indutor do parto de receptoras de embrião
Nelore produzidos in vitro
Induction of parturition using triamcinolone pretreatment in pregnant recipients of in
vitro produced embryo
Luiz Fabiano Coelho de Rezende
1,4
; Carmem Estefânia Serra Neto Zúccari
2
;
Eliane Vianna da Costa e Silva
3
; Carlos Ronaldo Lima de Rezende
4
; Manoel
Francisco Sá Filho
4
; Luiz Fernado Tonissi Nasser
4
; Urbano Gomes Pinto de
Abreu
5
1
M.Vet, Programa de Mestrado em Ciência Animal, Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, Brasil,
Cx. Postal 579, 79079-900,
2
Depto. Zootecnia, Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo
Grande, MS, Brasil;
3
Depto. Medicina Veterinária, Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul,
UFMS, Campo Grande-MS;
4
Firmasa Tecnologia para Pecuária, Campo Grande-MS;
5
Embrapa–Pantanal, Corumbá-MS
Resumo
Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes doses e momentos
da gestação para a administração do acetato de triancinolona (TRI) na pré-indução de
partos. Utilizou-se como modelo experimental receptoras de embrião Nelore produzidos
in vitro (PIV). Um total de 175 receptoras gestantes foram distribuídas em quatro
grupos experimentais de acordo com o tempo gestacional (280 ou 285 dias) e a dose de
TRI (1mg/60 Kg ou 1mg/100 Kg de Peso Vivo). Foram avaliados o momento da
gestação, taxas de sincronização e de assistência aos partos; viabilidade e peso dos
bezerros e; taxa de retenção de placenta. A dose de TRI não alterou os parâmetros
avaliados (p>0,05). Houve maior sincronização dos partos (p<0,05) quando o TRI foi
administrado aos 280 dias em relação aos 285 dias de gestação. Os partos de bezerros
mais pesados (42 kg) necessitaram maior assistência (p0,05) e estes produtos
apresentaram menor viabilidade (p0,05) quanto aos partos de bezerros mais leves.
Conclui-se que, independente da dose de TRI, a pré-indução aos 280 dias de gestação
31
resulta em maior sincronização e melhor previsibilidade dos nascimentos, quando
comparado a pré-indução aos 285dias, sem compremeter a viabilidade dos bezerros.
Palavras-chave: acetato de triancinolona, indução de parto, retenção de placenta,
embriões PIV
Abstract
The aim of the present study was to evaluate the effect of two doses of acetonide
triamcinolone (TRI) at two distinct moments of gestation in the pre induction of
parturition. Embryo recipients pregnant of the in vitro produced embryo were utilized as
experimental model. A total of 175 pregnant embryo recipients were assigned into one
of the four groups according to gestational period (280 or 285 days) and utilized dose of
the TRI (1mg/60Kg or 1mg/100kg of body weight). The synchronization and assistance
rates of the calving, the viability and body weight of calves at calving as well as
retained placenta rate were evaluated. The TRI dose did not effect any variables
responses (p>0.05). Least spread of the calving moment was observed in the recipients
treated at the 280 days of gestation (p0.05). The cow calving calf with 42kg needed
more assistance to calving (p0,05) and these calves had lower viability than calves
with <42Kg of the body weight (p0.05). The data suggested that, independent of dose
of the TRI, the pre induction with TRI at 280 days of gestation promote a good
synchronization in the calving with a high predictable calving time without compromise
the calf viability when compared with the pre induction at 285 days of gestation.
Keywords: acetonide triamcinolone, induction of parturition, retention placenta, IVP
embryos
INTRODUÇÃO
Na bovinocultura moderna o nascimento e sobrevivência de produtos saudáveis
estão diretamente relacionados à eficiência econômica da atividade. Para isto, em
muitos países onde a parição ocorre ao final do inverno, ou naqueles que utilizam raças
com elevada prevalência de distocias, a contratação de mão-de-obra especializada, para
atender a estação de nascimento, torna-se necessária (Barth, 2006).
32
Atualmente, com o maior emprego de biotécnicas da reprodução animal como a
transferência (TE) e a produção in vitro (PIV) de embriões, com o nascimento de
produtos de elevado valor genético e monetário agregado, torna-se importante a
constante assistência ao parto e a redução dos índices de mortalidade.
Neste sentido, a utilização da indução e sincronização dos partos permite a
adoção de técnicas de manejo mais efetivas no que se refere ao monitoramento dos
animais (Davis et al., 1979; Bó et al., 1992). Entretanto, para que esta biotecnologia seja
utilizada com eficiência é necessário o desenvolvimento de métodos acessíveis, com
baixo custo e de fácil aplicação, que não comprometam a vida reprodutiva da fêmea
gestante, bem como a viabilidade do recém-nascido.
O protocolo comumente utilizado na indução do parto consiste na associação de
glicocorticóides de curta ação com a prostaglandina F
2
α (PGF
2
α). A combinação destes
dois hormônios, atuando de maneira sinérgica, resulta em índices satisfatórios de
indução e sincronização dos partos. No entanto, este protocolo apresenta como
desvantagem elevados índices de retenção de placenta (53%) quando comparado aos
observados após partos espontâneos (Barth et al., 1981; Lewing et al., 1985).
Na tentativa de reduzir os índices de retenção de placenta obtidos com o uso de
glicocorticóides de curta ação e prostaglandina, alguns estudos vêm sendo
desenvolvidos utilizando corticóides de longa ação na pré-indução dos partos (Barth,
2006). Bó et al. (1992) utilizaram opticortenol (OPT) como pré-tratamento aos 270 dias
de gestação e realizaram a indução com dexamatasona (DEXA) e cloprostenol (CLO)
sete dias após. Estes autores obtiveram menores índices de retenção de placenta quando
comparado ao uso de somente de DEXA+CLO. Em outro estudo, Nasser et al. (1994)
utilizaram como pré-tratamento o acetato de triancinolona (TRI) e indução com a
DEXA e CLO em diferentes períodos após este pré-tratamento. Os autores descrevem a
redução do índice de retenção de placenta nos animais submetidos à indução sete dias
após a administração do TRI.
Existem diversas particuliaridades fisiológicas entre Bos indicus e Bos taurus,
que devem ser levadas em consideração quando do emprego de biotecnologias
(Baruselli et. al., 2007). Dentre tais diferenças, pode ser citada a duração do período
gestacional, que em Bos indicus é mais longa que em Bos taurus (Paschal et al., 1991;
Zillo et al., 1996; Rocha et al., 2005). Paschal et al. (1991), estudando o período de
33
gestação de fêmeas Hereford, após inseminação utilizando touros de diferentes raças,
encontraram médias de 282; 291; 289; 290; 294 e 290 dias para os acasalamentos com
Angus; Gray Brahman; Gir; Indu-Brazil; Nelore e Red Brahman, respectivamente. Para
a raça Nelore, outros autores também descrevem períodos gestacionais semelhantes, no
qual Zillo et al. (1996) observaram uma média do período gestacional de 295,1 dias e
Rocha et al. (2005) de 294,5 dias para machos e 293,3 dias para fêmeas.
Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes doses e
momentos da gestação para a administração do acetato de triancinolona (TRI) na pré-
indução de partos, utilizando como modelo experimental receptoras prenhes de embrião
Nelore produzido in vitro (PIV).
MATERIAIS E MÉTODOS
1. Animais e locais do experimento
O presente estudo foi realizado no período de junho a novembro de 2005, em
quatro propriedades rurais localizadas no Estado de Mato Grosso do Sul (Fazenda
Planalto 20˚38’09,12’’S e 54˚39`38,70’’W; Fazenda Prata de Lei 20˚37`36,19``S e
54˚34`29,02’’W; Fazenda Santa Catarina 22˚28’19,92’’S e 55˚04`39,97’’W e Fazenda
São Francisco 20˚37’09,12’’S e 54˚39`38,70’’W).
Utilizou-se como modelo experimental novilhas cruzadas Bos indicus x Bos
taurus (n=175), prenhes de embrião Nelore produzido in vitro (PIV). As fêmeas
gestantes apresentaram peso vivo (PV) médio de 481 ± 52,6 kg.
2. Delineamento experimental
O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, sendo os animais
subdivididos homogeneamente em quatro grupos experimentais (Grupo 1= 45, Grupo
2= 46, Grupo 3=41, Grupo 4=43), de acordo com a paternidade do embrião e sexo fetal,
diagnosticado por ultra-sonografia (Aloka 500 – Aloka Co. Ltd., Tokyo, Japão), através
da localização do tubérculo genital (Pierson e Ginther, 1988), aos 60 dias de gestação.
34
Foram testados dois momentos da gestação para a pré-indução do parto (280 ou
285 dias). Os protocolos (Figura 1) compreenderam uma fase de pré-indução com o
corticóide de longa ação acetato de triancinolona
1
(TRI), em diferentes doses (1mg/60
Kg PV ou 1mg/100 Kg) e, após 7 dias a indução foi feita com a associação de
dexametasona
2
(DEXA, 25mg) e d-cloprostenol sódico
3
(d-CLO, 150µg), administrados
pela via intramuscular.
3. Variáveis Avaliadas
As observações relacionadas aos partos induzidos e aos recém-nascidos foram
realizadas por dois observadores previamente treinados. Com o objetivo de facilitar o
acompanhamento e o manejo das fêmeas gestantes, após a pré-indução com TRI, estas
foram alocadas em piquetes de 1 a 5 hectares, contendo no máximo cinco fêmeas por
piquete. As observações foram efetuadas à distância e se iniciaram após a pré-indução,
sendo estas realizadas de maneira individual após o início dos sinais do parto.
Foram avaliados os seguintes parâmetros:
Intervalo entre a pré-indução e o parto (dias) – tempo decorrido entre o
momento da administração do TRI até o início do parto, sendo o parto considerado o
período entre o rompimento da placenta pelo bezerro e a expulsão completa do mesmo
(Davis et al., 1979; Lewing et al., 1985; Bó et al., 1992; Rasmussen et al., 1996).
Intervalo entre a indução e o momento do parto (horas) – período
decorrido entre o tratamento com DEXA+CLO e o início do parto. Os partos foram
considerados sincronizados somente quando estes ocorreram entre 24 e 72 horas após a
indução com DEXA+CLO (Lewing et al., 1985; Bó et al., 1992; Nasser et al., 1994).
Assistência ao parto –não assistido (0) ou assistido (1), independente do grau
desta intervenção (desde simples tração do bezerro por duas ou três pessoas até
procedimento cirúrgico, cesariana).
1
Acetato de triancinolona, Index Farmacêutica, São Paulo, Brasil
2
Azium, Schering-Plough, São Paulo, Brasil
3
Preloban, Intervet, Holanda
35
Avaliação do bezerro após o nascimento - mensuração do peso corporal,
viabilidade e a necessidade de assistência após o nascimento. Os bezerros foram
considerados não viáveis (1) ou viáveis (0) para aqueles que se levantaram em até 2
horas após o nascimento (Davis et al., 1979; Bó et al., 1992; Nasser et al., 1994). Para
que não houvesse interferência na relação materno-filial, os bezerros foram pesados em
prazo máximo de 24 horas do nascimento, somente após a primeira mamada. Para
bezerros que não se levantaram no período máximo de 2 horas, foram realizadas
intervenções humanas como: ajuda para mamar, fornecimento de colostro por meio de
sonda gástrica e uso de broncodilatador. Deste modo, os bezerros foram considerados
não assistidos (0) ou asssitidos (1) de acordo com a necessidade de intervenções
humanas.
Taxa de retenção de placenta - Foi considerada retenção de placenta quando
esta não foi liberada em período 24 horas após o parto (Beardsley et al., 1976; Barth
et al., 1981; Wiltbank et al., 1984; Musah et al., 1987; Bó et al., 1992; Esslemont e
Peeler, 1993; Nasser et al. 1994; Rasmussen et al., 1996; Kornmatitsuk et al., 2000;
Drillich et al., 2003; Han e Kim, 2005).
36
Previsão de
nascimento dos
bezerros
Grupo 1 (n=45)
Figura 1 - Diagrama esquemático dos protocolos de indução do parto de novilhas
cruzadas prenhes de embriões produzidos in vitro. *TRI-acetato de
triancinolona; ** DEXA + d-CLO- dexametasona + d-cloprostenol.
Grupo 2 (n=46)
7
DIAS
1mg/100 kg
de P.V. de
TRI
280 dias
de
Gestação
DEXA + d-CLO
Previsão de
nascimento dos
bezerros
287 dias
de
Gestação
289 dias
de
Gestação
Grupo 3 (n=41)
7
DIAS
1mg/60 kg
de P.V. de
TRI
285 dias
de
Gestação
DEXA + d-CLO
Previsão de
nascimento dos
bezerros
292 dias
de
Gestação
294 dias
de
Gestação
Grupo 4 (n=43)
7
DIAS
1mg/100 kg
de P.V. de
TRI
285 dias
de
Gestação
DEXA + d-CLO
Previsão de
nascimento dos
bezerros
292 dias
de
Gestação
294 dias
de
Gestação
1mg/60 Kg
de P.V. de
TRI*
DEXA + d-CLO**
289 dias
de
Gestação
7
DIAS
280 dias
de
Gestação
287 dias
de
Gestação
37
4. Análise estatística
Os dados foram analisados utilizando o programa estatístico SAS (1995)
versão 6.11 considerando as análises para medidas repetidas no tempo (Proc Mixed),
utilizando arranjo experimental em parcela subdividida (split-plot) e, considerando o
efeito momento da pré-indução com TRI como a parcela e o efeito dose de TRI como a
sub-parcela. As médias das variáveis dependentes que apresentaram valores
significativos (p0,05) foram ajustadas pelo método dos quadrados mínimos e testadas
pelo Teste t de Student.
Para avaliar o taxa de sincronização dos partos, após a indução, utilizou-se o
teste de Qui-quadrado, considerando os partos sincronizados (1) ou não sincronizados
(0). Foram sincronizados os partos que ocorreram entre 24 e 72 horas após a indução
com DEXA+d-CLO.
As variáveis binomiais (assistência ao parto, viabilidade do bezerro e retenção
de placenta) foram analisadas em relação às variáveis independentes pelo teste do Qui-
quadrado. Também se avaliou o efeito do peso do bezerro nas variáveis respostas
assistência ao parto e viabilidade do bezerro utilizando o teste de Wilcoxon para
amostras independentes.
Para as variáveis contínuas utilizou-se a estatística descritiva (média ± desvio
padrão), já para as variáveis binomiais (resposta sim ou não) suas porcentagens. O nível
de significância considerado foi de 5%.
RESULTADOS
Não foram observados efeitos de fazenda e dose de TRI (p>0,05) sobre o intervalo
da pré-indução ao parto. No entanto, observou-se efeito significativo do momento da
gestação para a administração do TRI sobre o intervalo da pré-indução ao parto (em
dias; p0,05) e do intervalo entre a indução com DEXA+d-CLO e o parto (em horas;
p0,05; Tabela 1).
A distribuição dos partos foi similar no que se refere às doses de TRI
administradas (p>0,05; Figura 2), entretanto para o momento da gestação em que foi
38
aplicado o TRI observou-se diferença significativa (p0,05) na distribuição dos
mesmos. Verificou-se maior dispersão dos partos quando a aplicação do TRI foi
realizada aos 285 dias (p0,05; Figura 3) quando comparado aos 280 dias de gestação.
Para as variáveis relativas à assistência ao parto, peso, viabilidade do bezerro e
retenção de placenta não houve efeito de fazenda e sexo do bezerro (p>0,05; Tabela 2).
Tabela 1 – Efeito do momento da aplicação e da dose de acetato de triancinolona (TRI)
sobre os intervalos entre pré-indução ao parto (dias) e indução ao parto
(horas) de receptoras prenhes de embriões Nelore produzidos in vitro.
Momento
indução (dias)
Parcelas
280 285 Efeitos
Dose TRI
(mg/kg)
Sub-parcelas
1/60 1/100 1/60 1/100
Fazenda Momento Dose
Número de
animais
45 46 41 43
Intervalo Pré-
indução ao
parto (dias)
7,7±1,2 7,6±1,4 6,4±2,4 7,7±2,0 N.S. * N.S.
Intervalo
Indução ao
parto (horas)
34,6±6,7 33,2±5,3 29,7±3,7 31,3±5,1 N.S. * N.S.
Não Significativo (N.S.); * - Valores diferem estatisticamente pelo Teste t de Student (p0,05).
39
11
2
4
5
2
1
11
54
5
11
2222
1
11
63
4
0
10
20
30
40
50
60
70
0123456789
Dias após a pré-indução com TRI
Números de partos
1mg/60kg (n=86)
1mg/100kg (n=89)
31,4% (27/86)
P>0,05
24,7% (22/89)
DEXA+d-CLO*
TRI
Figura 2 - Distribuição dos partos, de acordo com a dose de acetato de triancinolona
(TRI; 1mg/60 kg e 1mg/100 kg de P.V.), de receptoras prenhes de
embriões Nelore produzidos in vitro.* DEXA+ d-CLO - dexametasona +
d-cloprostenol. Valor de P referente ao teste de Qui-Quadrado em
relação às fêmeas que apresentaram (1) ou não (0) seu parto
sincronizado.
40
11
2
3
1
11
64
8
2
1
4
55
11
11
53
1
0
10
20
30
40
50
60
70
0123456789
Dias após a pré-indução com TRI
Número de partos
280 dias (n=91)
285 dias (n=84)
20,9% (19/91)
P0,05
35,7% (30/84)
TRI
DEXA+d-CLO*
Figura 3 - Distribuição dos partos de acordo com o momento de aplicação (280 ou
285 dias de gestação) do acetato de triancinolona (TRI) em receptoras
prenhes de embriões Nelore produzidos in vitro. *DEXA+ d-CLO -
dexametasona + d-cloprostenol. Valor de P referente ao teste de Qui-
Quadrado em relação às fêmeas que apresentaram (1) ou não (0) seu
parto sincronizado.
41
Não houve diferença estatística para peso ao nascimento entre machos e fêmeas.
As médias dentro de cada grupo são apresentadas na tabela 3, sendo a média geral para
ambos os sexos de 36,9 ± 8,52 kg, para machos de 37,2 ± 9,9 kg e para as fêmeas 36,4 ±
6,6 kg.
Sexo do bezerro não apresentou efeito sobre o percentual de animais que
receberam assistência ao parto. Da mesma forma, a assistência ao bezerro não diferiu
significativamente entre fazendas (p>0,05), momento da gestação (p>0,05) e doses de
TRI (p>0,05; Tabela 2).
Bezerros com peso ao nascimento 42 kg (um desvio padrão acima da média)
receberam maior assistência ao parto (p0,05) e tiveram menor viabilidade (p0,05). As
fêmeas que pariram bezerros com peso acima de 42 kg apresentaram maior freqüência
de assistência ao parto (50,0%; 16/32) em relação aos bezerros mais leves (14,5%;
20/138). Bezerros com peso 42 kg apresentaram uma menor viabilidade (71,9%;
23/32) em relação aos bezerros com menor peso ao nascimento (89,9%; 124/138).
O índice de retenção de placenta não diferiu entre fazendas (p>0,05), momento da
gestação (p>0,05), doses de TRI (p>0,05) e entre os grupos (Tabela 3).
Tabela 2 – Efeito do momento da aplicação e da dose de acetato de triancinolona (TRI)
na assistência ao parto, viabilidade do bezero e assistência ao bezerro de
receptoras prenhes de embriões Nelore produzidos in vitro.
Momento indução (dias)
Parcelas
280 285 Efeitos
Dose TRI (mg/kg)
Sub-parcelas
1/60 1/100 1/60 1/100 Fazenda Momento Dose
Número de animais
45 46 41 43
Assistência ao parto (%)
20,0 13,0 29,3 23,2 N.S. N.S. N.S.
Viabilidade do bezerro (%)
89,9 89,1 73,2 90,7 N.S. N.S. N.S.
Assistência ao bezerro (%)
11,0 10,9 26,8 9,3 N.S. N.S. N.S.
Não Significativo (N.S.); (P>0,05) pelo teste do Qui-Quadrado.
42
Tabela 3 – Efeito do momento da aplicação e da dose de acetato de triancinolona (TRI)
no peso do bezerro ao nascimento e na taxa de retenção de placenta de
receptoras prenhes de embriões Nelore produzidos in vitro.
Momento indução
(dias)
Parcelas
280 285 Efeitos
Dose TRI (mg/kg)
Sub-parcelas
1/60 1/100 1/60 1/100 Fazenda Momento Dose
Número de
animais
45 46 41 43
Peso do bezerro
ao nascimento
(kg)*
36,8±6,4 35,7±5,8 37,6±6,5 37,4±5,8 N.S. N.S. N.S.
Retenção de
placenta (%)**
8,9 13,0 12,1 11,6 N.S. N.S. N.S.
Não Significativo (N.S.) - (P>0,05); * Teste t de Student e ** teste do Qui-Quadrado.
DISCUSSÃO
No presente estudo o índice de sincronização dos partos pré-induzidos com TRI
foi satisfatório, pois ao redor de 80% dos nascimentos ocorreram dentro do intervalo de
24 horas após a administração de DEXA+d-CLO, demonstrando elevada previsibilidade
do período de ocorrência dos nascimentos, sem comprometer a viabilidade dos bezerros.
As fêmeas que receberam o pré-tratamento com TRI aos 285 dias apresentaram
menor intervalo entre a pré-indução e nascimento que as tratadas aos 280 dias. Apenas
20,9% dos animais tratados aos 280 dias pariram antes da indução ou com menos de 24
horas após a aplicação de DEXA+d-CLO, já das fêmeas tratadas aos 285 dias, 35,7%
pariram neste período. Isso demonstra uma maior previsibilidade dos nascimentos 24
horas após a indução, quando os animais receberam o pré-tratamento aos 280 dias de
gestação. Estes dados estão de acordo com os descritos por Nasser et al. (1994) que
aplicaram TRI em fêmeas Bos taurus aos 270 dias de gestação e induziram o parto com
DEXA+CLO aos 275, 276 e 277 dias. Nas fêmeas que receberiam a indução sete dias
após o pré-tratamento, 36,8% pariram antes da DEXA+CLO e os animais que foram
43
induzidos após cinco dias somente 4,1% pariram apenas com a pré-indução. Segundo
estes autores tal diferença decorre do maior período de exposição ao corticóide de longa
ação nos animais tratados aos 277 dias. Acredita-se que, neste estudo, uma maior
porcentagem das fêmeas tratadas aos 285 dias já havia desencadeado o parto antes
mesmo da indução com DEXA+d-CLO.
Não houve diferença para o intervalo entre a indução e o nascimento, de acordo
com a dose de TRI 1mg/60 kg (32,15 horas) e 1mg/100 kg (32,25 horas); porém os
animais pré-tratados com TRI aos 285 dias de gestação apresentaram menor intervalo
(30,5 horas) que aqueles que receberam a TRI aos 280 dias (33,9 horas). Isso,
provavelmente, decorre do fato das fêmeas estarem mais próximas do parto fisiológico.
Intervalos semelhantes são descritos por outros autores, utilizando outras associações
hormonais. Lewing et al. (1985), utilizando aos 280 dias a DEXA+CLO, observaram
intervalo de 34,5 horas. Musah et al. (1987) trabalhando com indução aos 275 e 276
dias observaram intervalos de 33 horas, utilizando a relaxina em associação com
DEXA+CLO. Beardsley et al. (1976) utilizando DEXA e estradiol aos 273 dias de
gestação observaram intervalo de 40,8 horas.
No presente estudo a freqüência de assistência ao parto não diferiu entre os grupos
sendo o mesmo relatado nos trabalhos de Bó et al. (1992) e Nasser et al. (1994) que não
detectaram diferenças entre animais tratados e aqueles que tiveram partos espontâneos,
atribuindo ao corticóide de longa ação a melhor preparação fisiológica para o parto.
Essa hipótese ratifica resultados de Lewing et al. (1985) que induzindo o parto aos 280
dias com DEXA+CLO, observaram aumento no número de partos assistidos e
cesarianas.
Não houve diferença entre os grupos quanto ao percentual de assistência ao
bezerro. Da mesma forma, Horta et al. (1992) ao comparem o efeito da indução do parto
de vacas gestantes de produtos PIV ou de IA, em relação a animais com partos
espontâneos, observaram efeito positivo da indução do parto na diminuição do peso dos
recém-nascidos, incidência de partos distócicos, assistência ao bezerro e mortalidade
pré-natal.
O peso ao nascimento não diferiu entre os sexos, no entanto considerando o peso
médio de ambos os sexos (média entre macho e fêmea), foram pouco superiores aos
descritos por Marcondes et al. (2000), que ao avaliarem cerca de 60.000 bezerros Nelore
44
ao nascimento, obtiveram média de 30,7 ± 3,8 kg; e Cubas et al. (2001) ao avaliarem
bezerros Nelore e Nelore x Angus relataram médias de 28,5 ± 0,38 kg e 29,4 ± 0,46 kg,
respectivamente.
Recém-nascidos com peso 42 kg receberam maior assistência ao parto e
apresentaram menor viabilidade, resultado semelhante ao de Horta et al. (1992) que
encontraram relação direta entre peso ao nascimento e incidência de partos distócicos,
maior assistência ao bezerro e mortalidade pré-natal. Esta mesma associação foi relatada
por Wagtendonk-de Leeuw Van et al. (2000) estudando bezerros obtidos através de
PIV, inseminação artificial ou superovulação de vacas holandesas, com maior peso para
animais PIV (47,1 kg) em relação àqueles de IA (42,7 kg) ou superovulação (43,4 kg) e,
consequentemente, maior dificuldade ao nascimento e maior índice de mortalidade
neonatal. No entanto, estes resultados discordam dos descritos por Camargo et al.
(2005) para animais da raça Gir, que não encontraram diferença significativa para peso
ao nascer, assistência ao parto e viabilidade do recém-nascido quando foram
comparados embriões PIV e de IA. Tal fato pode ser decorrência das fêmeas Gir
apresentarem bezerros de menor porte e, o aumento de peso ao nascimento não
comprometer a viabilidade dos recém-nascidos nem aumentar a incidência de parto
distócico e mortalidade neonatal.
A taxa de retenção de placenta não diferiu entre os grupos, sendo de 8,9% e 13,0%
para doses de TRI de 1mg/60 kg e 1mg/100 kg, respectivamente, como para momentos
da gestação (12,1 e 11,6% para 280 e 285 dias, respectivamente). O índice geral de
retenção de placenta foi de 11,4%, resultado similar ao de Nasser et al. (1994) que
encontraram 13,8%.
Para a utilização correta da metodologia de indução do parto, alguns pontos
críticos e implicações práticas devem ser considerados, como: 1) conhecimento exato
data da cobertura ou da inseminação - no caso de fêmeas gestantes a partir de
transferência de embrião, produzidos in vivo ou in vitro, deve ser considerado como
início do período gestacional o dia da inseminação e não o dia da transferência; 2) após
a pré-indução as fêmeas devem ser mantidas em piquetes próximos e de fácil acesso ao
curral, para facilitar a observação do momento do parto; 3) os piquetes devem conter no
máximo cinco fêmeas, pois há a possibilidade de troca de bezerros entre as mães; 4)
45
disponibilidade de material obstétrico e; 5) banco de colostro congelado e sonda
esofágica.
CONCLUSÃO
Conclui-se que, independente da dose de TRI utilizada, a pré-indução aos 280
dias de gestação resultou em maior sincronização dos nascimentos, sem
comprometimento da viabilidade dos recém-nascidos, quando comparado com a pré-
indução aos 285 dias de gestação.
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