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pontos, diferentes grupos, que dele fazem uso em horários alternados ou não. Tais
apropriações não despertam grande simpatia de toda a população, há resistência à
popularização desses espaços sobretudo pelas camadas mais abastadas da população, e
muitas vezes pelo próprio poder público
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.
Outro aspecto de interesse na abordagem de Frúgoli Jr. sobre o centro
metropolitano é a análise da sucessão de eventos que ocasionam transformações no
espaço urbano, em diferentes aspectos. Assim, o autor centra foco nos grupos sociais
(suas características, levas de imigrações, transformações ascensões e descenso social);
nas alterações do setores primário (primeira industrialização, crescimento e declínio do
ABC) e terciário (o avanço do centro de serviços rumo ao quadrante sudoeste da
cidade); na moradia (a fuga das classes média e alta rumo aos grandes condomínios
periféricos, configurando-se um novo padrão habitacional a partir dos anos 80); na
estrutura comercial (o surgimento de super e hiper-mercados nas décadas de 60 e 70, o
fenômeno dos shopping-centers a partir dos 80); e, finalmente, no padrão de transporte
individual adotado pela cidade (e as conseqüentes obras viárias sucessivamente
realizadas para lhe dar suporte). Associando os diversos dados apontados, chega-se à
conclusão que houve de fato uma “pulverização metropolitana da centralidade tradicional, que foi
gradativamente deixando de ser a principal referência na cidade, com o surgimento espalhado de
inúmeros ‘centros’, entre eles os novos ‘centros especializados’, funcionais, que demandam uma ocupação
organizada, seletiva, previsível e controlada” (FRÚGOLI JR, 1995, p. 81). Assim configura-se
uma cidade voltada para os interiores, como se refere também Camilo Sitte (apud
ARANTES, 1993, p. 103) em relação aos efeitos do fenômeno batizado de “agorafobia
moderna”. O universo artificial de cada uma das novas ‘cidades’ (privadas) que surgem
dentro da cidade existente colaboram para a degradação da esfera pública; nesse quadro,
o centro tradicional abriga alguns dos inúmeros espaços da cidade que são apropriados
pelas camadas menos favorecidas da população, que deles se apropriam das mais
variadas formas. A essa apropriação costuma-se associar a ‘degradação’ do centro
tradicional.
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“
Tal diversidade, muitas vezes conflitiva, é vista de forma absolutamente negativa, principalmente pelas
classes sociais de maior poder aquisitivo, que há muito abandonaram o espaço urbano central e deteriorado
da cidade. Ademais, o conceito de deterioração, nesse caso, é estendido às pessoas e atividades exercidas
nesses espaços, e não ao processo urbano que gerou tal quadro social. Essa representação intolerante
implica uma visão sobre a rua como invariavelmente local do perigo à espreita, do crime e do tráfico de
drogas, devendo ser evitada a todo custo, articulando-se como uma das soluções mais solicitadas a presença
de um policiamento ostensivo, visando controlar tais manifestações
.” (FRÚGOLI JR, 1995, P. 35)
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