10
importância de cada uma destas vias na patogenia da infecção tem sido objeto de vários
estudos, pois pode fornecer importantes informações acerca da habilidade do vírus em utilizar
diferentes vias nervosas para se disseminar no organismo. Neste sentido, a interrupção
cirúrgica se constitui em uma abordagem objetiva para se determinar a real importância destas
vias no transporte do vírus até o encéfalo.
A neurocirurgia tem sido muito utilizada para o estudo da patogenia de vírus
neurotrópicos. A neurectomia de fibras supostamente envolvidas no transporte de vírus tem
auxiliado no entendimento dos mecanismos e das vias utilizadas por estes vírus para se
disseminar pelo organismo. Em especial, a patogenia da infecção aguda e latente pelo vírus do
herpes simplex humano (HSV-1) tem sido estudada com o auxílio da neurocirurgia em
modelos animais (WALZ et al., 1974; PRICE & SCHMITZ, 1978; HILL et al., 1983;
SHIMEID et al., 1987; CLEMENTS & SUBAK-SHARPE, 1988; TENSER et al., 1988).
A ablação cirúrgica dos BOs (bulbectomia) tem tido grandes aplicabilidades no estudo
de aspectos fisiológicos e comportamentais de diversas espécies animais. Ratos
bulbectomizados têm sido utilizados como modelo de depressão psíquica (SONG &
LEONARD, 2005), em estudos comparativos dos efeitos bioquímicos e comportamentais da
depressão entre animais jovens e adultos (SLOTKIN et al., 1999) e também na regulação do
consumo alimentar (MEGUID et al., 1997). A habilidade e comportamento materno em
coelhas e camundongas (GANDELMAN et al., 1972; GONZALEZ-MARISCAL et al., 2003)
além de ovelhas e cabras (BALDWIN & SHILLITO, 1974; ROMEYER et al., 1994) também
tem sido objeto de estudo com auxílio desta técnica cirúrgica além do estudo da regeneração
axonal e sináptica em camundongos (GRAZIADEI et al., 1978), e canibalismo em
camundongos e hamsters (LEONARD, 1972; SEEGAL & DENENBERG, 1974).
A via trigeminal de conexão entre a mucosa nasal e o encéfalo é composta pelas fibras
dos neurônios pseudounipolares (ou bipolares) cujas terminações se distribuem sob a mucosa
respiratória e cujos corpos neuronais se situam no gânglio trigêmeo (GT). Além destas, as
fibras sensoriais do ramo oftálmico do nervo trigêmio que se distribuem na mucosa do saco
conjuntival podem servir de via de transporte para o vírus atingir o GT e daí se disseminar pelo
encéfalo (BABIC et al., 1994; CARD et al., 1994). A abordagem cirúrgica com o objetivo de
interromper esta via (nervo trigêmeo) seria complexa e dificilmente resultaria na interrupção