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AIDS: O QUE PENSAM OS JOVENS
Políticas e Práticas Educativas
Edições UNESCO BRASIL
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série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Coordenação
CristinaRaposo
GTJovem
Ana Beatriz dosSantos
AnaPauladaSilva
DanieldeCastroLeite
MarcoAntônio FrancoAmaral
MêiresMoreira daSilva
Élida Miranda dos Santos
SérgiodeCássioSouza Nascimento
RedaçãoTécnica
CristinaRaposo
KatiaGuimarães
MarianaBraga
MatiasSpektor
GT Jovem
RevisãoTécnica
AnaLúcia Guimarães
BeatrizCunha
VeraDa Ros
ColaboraçãoTécnica
AnaSudáriaLemos
CristinaRaposo
SilvanaRossi(Duda)
Fe rnandoBrettas
KatiaGuimarães
LíviaGomes
MarianaBraga
MariaDulceBorges
MatiasSpektor
NaiaraCosta
RobertaMacedo
SuelyAndrade
TelvaBarros
TerezinhaPinto
VeraDa Ros
Vera Lopes
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Cadernos UNESCO BRASIL
AIDS: O QUE PENSAM OS JOVENS
Políticas e Práticas Educativas
Brasília 2002
4
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Cadernos Unesco Brasil
Série Educação paraa Saúde
Volume I
ConselhoEditorialdaUNESCO Brasil
Jorg eWe rthein
J uanCarlos Tedesco
CeciliaBraslavsky
Adama Ouane
CéliodaCunha
Comitêparaa áreadeEducaçãopara aSaúde
MaurícioGomesPereira
CristinaRaposo
AlessandraSchneider
RevisãoEduardoPerácio(DPE Studio)
Diagramação HenriqueSatriani(DPE Studio)
AssistenteEditorialLarissa VieiraLeite
Projeto Gráfico EdsonFogaça
UNESCO, 2002
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Representação no Brasil
SA S, Quadra 5, Bloco H, Lote 6, Ed. CNPq/IBICT/UNESCO, 9º andar.
70070-914 Brasília DF Brasil
Tel.: (55 61) 321-3525
Fax: (55 61) 322-4261
Edições UNESCO BRASIL
CDD:362
AIDS: o que pensam os jovens. Brasília : UNESCO, 2002.
88p.
1. AIDS Juventude I. UNESCO
Divisionof Women, Youthand Special Strategies
YouthCoordination Unit/UNESCO-Paris
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Cadernos UNESCO BRASIL
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ......................................................................................07
ABSTRACT ................................................................................................09
AGRADECIMENTOS ................................................................................11
AGRADECIMENTOS DOS JOVENS ........................................................13
INTRODUÇÃO..........................................................................................15
A atuação do Grupo Temático do UNAIDS no Brasil ...................................... 19
O Porquê de um Grupo de Trabalho Jovem ...................................................... 20
Sobre a Metodologia utilizada com o Grupo de Trabalho Jovem ......................... 22
Breve Panorama da Epidemia do HIV/aids no Brasil....................................... 26
AIDS E POPULAÇÕES VULNERÁVEIS ................................................... 31
Recomendações ............................................................................................. 32
AIDS E DROGAS .......................................................................................35
Recomendações .............................................................................................36
AIDS E ADOÇÃO DE PRÁTICAS PREVENTIVAS ................................... 39
Recomendações .............................................................................................40
AIDS E EDUCAÇÃO PREVENTIVA NO CONTEXTO ESCOLAR........... 43
Recomendações .............................................................................................44
AIDS E TRABALHO................................................................................... 49
Recomendações .............................................................................................50
AIDS E MÍDIA ...........................................................................................53
Recomendações .............................................................................................54
AIDS E JOVENS PORTADORES ...............................................................57
Recomendações ............................................................................................. 58
6
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
CONCLUSÕES...........................................................................................61
BIOGRAFIA DOS JOVENS ........................................................................69
GLOSSÁRIO............................................................................................... 73
BIBLIOGRAFIA..........................................................................................81
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS ...............................................................87
7
Cadernos UNESCO BRASIL
APRESENTAÇÃO
OHIVtrouxe àtona,comuma tônicamuitoprópria,a necessidade
de desfazer um que se caracteriza como um desafio às políticas de
saúde coletiva e de educação em todo o mundo: como modificar o
comportamento dos indivíduos quando estes estão atrelados à afetividade,
situados na privacidade dos pares eenraizadosemaspectos socioculturais?
E como envolver a juventude neste processo de mudança de paradigmas
comportamentais, afetivos e cognitivos? Compreender o comportamento
jovem no contexto da sexualidade e trabalhar com esta população em
tempos de aids, tem sido uma prioridade na estratégia nacional brasileira
de enfrentamento da epidemia.
Esta publicação concentra as conclusões do projeto Young People
Commitment and Co-responsibility in Preventing HIV/Aids Spread ou Grupo
Temático Jo vem d o UNAIDS (GT Jovem). Este projeto contou com
recursos do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids
(UNAIDS), e seu principal objetivo foi promover a inclusão da percepção
jovem na formulação e na execução de políticas em HIV/aids.A UNESCO
e o UNAIDS procuram, desta forma, fortalecer o protagonismo juvenil,
incentivaraçõesdecaráter preventivoparaoHIV/aidseparaousoindevido
dedrogasentreosjovensbrasileiro s.Sendoassim, reforçaopapelfundamental
que a juventude desempenha na formulação de políticas e ações preventivas
a serem adotadas pelo poder público, pelas organizações da sociedade civil
e pelo setor produtiv o brasileiro.
Durantecincoencontros2000a2002setejovens,provenientes
de organizações da sociedade civil, indicados pelo Gru po Temático do
UNAIDS no Brasil, discutiram temas relevantes a respeito da epidemia. O
núcleo dos debates centrou-se em temas como: protagonismo juvenil,
sexualidade, drogas, aids no local de trabalho, jovens portadores do HIV,
serviços públicos de saúde, aids no contexto escolar, entre outro s. As
diversidades regionais, sociais e culturais identificadas nesses jovens
conferem ao trabalho do GT Jovem a capilaridade necessária para reforçar
ações de educação preventiva no contexto de grupos de pares liderados
por jovens em diversas localidades do país.
8
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
A implementação das ações deste projeto se torna ainda mais
significativa por se tratar de áreas tão delicadas quanto a prevenção às
DST, à aids, ao uso indevido de dro gas e, sobretudo, p o r parti r da
perspectiva de jovens brasileiro s. Ressalta-se que a implementação de
políticas em conformidade com os princípios de descentralização de ações
preconizados pelo Governo brasileiro representa, por um lado, uma
oportunidade única de desenvolver potencialidades, agregar capacidades
e somar esforços em setores cruciais como a saúde e a educação; por
outro lado, umformidável desafio para um país de dimensões continentais
e grandes diferenças regionais como o Brasil.
Cabe-nos destacar que a iniciativa do Grupo Temático Jo vem, a
primeira em países da América Latina, foi baseada em intervenções que
procuram promover o desenvolvimento de habilidades dos jovens para a
reduçãodoriscode infecçãopeloHIV,considerandoaspectospsicológicos,
sociais, culturais ecognitivos. Aexploração destes temas é relevante parao
estabelecimento de novas intervenções que busquem a promoção da
cidadania, o protagonismo juvenileamudança de comportamento.
Não temos dúvidas que, com mais esta ação, a UNESCO e o
UNAIDS contribuem para a formulação de políticas públicas que insiram
o jovem como elemento de fundamental importância na elaboração e na
prestação dos serviços públicos, sejam educacionais ou de saúde, bem
como nos serviços oferecidos pela sociedade civil organizada.
Além disso, estamos convictos de que a publicação deste livro
representa um passo adiante no conhecimento do fenômeno da epidemia
no Brasil, a partir de um olhar jovem, fornecendo assim elementos para o
debate público e ações efetivas nesta área.
Jorge Werthein
Diretor da UNESCO no Brasil
Rosemary Barber-Madden
Representante do FNUAP no Brasil
Presidente do Grupo Temático do
UNAIDS no Brasil
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Cadernos UNESCO BRASIL
ABSTRACT
More than half of todays newly HIV infections are among
young people. More than two decades after the first AIDS case in
the world, youngsters still remain uninformed about their own
sexuality, not to mention sexually transmitted diseases. Although
they know or have heard something about aids they do not believe
they are really at risk.
How to contribute to include the young people on the aids
debate, and make them more aware that they are co-responsible for
mitigating the epidemic impact?
This publication is the result of the project funded by Joint
United Nations Programme on HIV/Aids UNAIDS, Young People
Commitment and Co-responsibility in Preventing HIV/Aids Spread which
main objective was to include the youth perception in the
formulation and implementation of HIV/AIDS policies,
strengthening the involvement of youngsters in the containment
of the epidemic.
This initiative gathered seven youngsters from the civil
society,of differentBrazilian geographicregionsandsocialcontexts.
During two years they discussed their perceptions on relevant issues
regarding the epidemic. The core of the debates was on youth
leadership, sexuality, education, drugs, public health system, AIDS
at schools, AIDS at workplaces and many others. It is important to
highlight that the Youth Working Group, the first in his kind in
Latin America, was based on interventions that seek the
development of youth life skills.
This publication intends to raise awareness by promoting
strategies in response to the HIV/AIDS epidemic taking into
account youth participation in the policy making process, as well as
the implementation of preventive actions.
11
Cadernos UNESCO BRASIL
AGRADECIMENTOS
Esta publicação somente foi possível devido ao trabalho conjunto,
di reto e indireto, de inúmeras pessoas que apoiaram e incentivaram os
trabalhos ao longo dos últimos meses.
Às equipes técnicas da Coordenação Nacional de DST/Aids e da
Saúde do Adolescente, do Ministério da Saúde; às representações no
Brasil do Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional
de Drogas UNDCP, e do Programa Conjunto das Nações Unidas
sobre o HIV/Aids UNAIDS, que se somaram à determinação de suas
respectivas chefias para levar o projeto adiante, que foram essenciais
para chegar a este resultado. Os nomes de todos aqueles envolvidos
diretamente nas atividades do projeto estão devidamente mencionados
nos créditos desta publicação.
Aos adultos que ocupam os postos de liderança das instituições das
quais os jovens co-autores desta publicação fazem parte; por terem confi-
ado no potencial do projeto e pela disponibilidade em fortalecer as idéias
para a concretização desta iniciativa.
13
Cadernos UNESCO BRASIL
AGRADECIMENTOS DOS JOVENS
Agradeço à Terezinha Pinto (APTA/SP) e ao Ézio Távora, do Grupo Pela
Vidda, do Rio de Janeiro, que foram as pessoas que mais colaboraram
conosco no amadurecimento do grupo.
Ana Beatriz
O meu muito obrigado a todos os meus colegas do GT Jovem, do qual faço
parte, e, também, ao Dr. Paulo Teixeira, Suely Andrade, Vera Lopes e
Duda da CN DST/aids. Do UNAIDS: Telva Barros, Nayara e Melissa.
Da UNESCO: Dr. Jorge Werthein, Maria Dulce Borges, Cristina Rapo-
so, Matias Spektor, Mariana Braga, Ana Lúcia Guimarães, Lívia Gomes,
Alexsandra Andrade e Roberta Martins. Da UNDCP: Cíntia Fr eitas,
Vera Da Ros, Etienne França. À Katia Guimarães, da Universidade de
Brasília, à Luci Borges, Ana Sudária e a todos aqueles que direta ou
indiretamente apoiaram e ajudaram na construção do GT Jovem e todo o seu
processo até esta publicação. A ONG BEM TV, a qual represento, e aos
meus pais, os quais apóiam e permitem o meu trabalho, muito obrigado.
Ana Paula
Agradeço aos idealizadores deste projeto pela sensibilidade de entender a
importância das questões referentes à formação de um grupo jovem para a
formulação de políticas para a juventude no Brasil.
Agradeço, especialmente, aos meus grandes amigos do GT Jovem, à Cristina
Raposo pela força e à Matias Spektor pela concepção e demais amigos da
UNESCO por acreditarem que o sonho é possível. Aproveito para agradecer,
também, à Terezinha Pinto e dedicar a minha contribuição nesta obra à
pequena Jurema, pela sua luta e coragem.
Daniel
14
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Agradeço às Agências das Nações Unidas pela iniciativa deste trabalho e em
especial aos amigos da UNESCO Cristina Raposo e Matias Spektor.
Agradeço, também, à Suely Andrade e à ANDI Agência de Notícias para
o Direito da Infância.
Sérgio
Agradeço à Helena Silva Jassen, Jorge Silva, Rodrigo Stufa Gonzales e João
de Deus Nascimento do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua.
Agradeço, ainda, à Givanildo Manuel da Silva, Lorival Nonato, Associação
NovoOlhar, Associação Cantareira, Projeto Meninos(as) de Rua de São
Bernardo do Campo.
Élida
Agradeço aos meus parentes, amigos e alunos pela compreensão e especialmente
a Eleusa Gallo Rosenburg e a Ricardo Castro Silva pelo trabalho realizado
com adolescentes e jovens brasileiros.
Marco Antônio
Merecem a minha mais profunda gratidão: primeiramente Deus, o criador;
minha querida mãe, Cícera Simão, pela compreensão da minha sede de saber;
minha grande família Casa Grande, especialmente Alemberg Quindins e
Rosiane Limaverde, pelo amor e infinito aprendizado da convivência. As mãos
amigas que me apoiaram: Matias Spektor, Socorro Acioli, Veet Vivarta,
Suely Andrade, Teresinha Pinto, Betinho, Cristina Raposo, Lívia e Vera Da
Ros. Finalmente, aos meus amigos do Grupo de Trabalho Jovem: o compreensível
Daniel, a grande Ana Beatriz, o batalhador Sérgio, a observadora-crítica
Élida, a estrela Ana Paula, o presente poeta Marco Antônio.
Mêires
15
Cadernos UNESCO BRASIL
INTRODUÇÃO
Aproximadamente um terço da população mundial encontra-se en-
tre os 10 e os 24 anos de idade, ou seja, são jovens. Segundo a Organiza-
ção Mundial da Saúde, é nessa faixa etária que se concentra metade das
infecções por HIV em todo o mundo. Estes dados nos mostram uma
situação crítica, e fazem com que a população de jovens seja colocada no
topo da pauta de prioridades do debate público sobre as políticas em
resposta à epidemia pelo HIV/aids, no Brasil e no mundo.
Devido à procura por respostas amplas ao problema, nos últimos
anos, acomunidade internacional vem insistindo naidéiade que os jovens,
portadores ou o do HIV, devem ser capacitados para superar a falta de
conhecimento sobre as formas de infecção e pre venção do HIV, para
lidar com a discriminação e a escassez de recursos destinados à prevenção
e ao tratamento necessidades que caracterizam os países em desenvolvi-
mento. Por outro lado, entende-se que a melhor forma de reduzir a inci-
dência de casos na população jovem pode se dar a partir da formação de
redes de prevenção concebidas e operacionalizadas, conjuntamente por
jovens, os chamados grupos de pares
1
.
Em todo o mundo, obstáculos comuns que repercutem direta-
mente na capacidade de se dar respostas ao HIV/aids voltada à popula-
ção de jovens, tanto no âmbito das ações de prevenção quanto no da
assistência. Por motivos geográficos e/ou culturais, os jovens têm menos
acesso a informações, a serviçosearecursos do que os adultos. Adicional-
mente, os serviços públicos e privados de saúde raramente são prepara-
dos para atender as necessidades específicas deste público.
A UNESCO acredita que, estratégias que objetivam superar as difi-
culdades relativas à prevenção do HIV/aids podem ser apresentadas pe-
los próprios jovens. Seja na escola ou fora dela,uma vez que estes passam
grande parte do seu tempo com pessoas da sua própria idade. As diversas
formas de entretenimento para a juventude e os locais de trabalho, onde
1
Este termo é oriundo do inglêspeers que significa pares, iguais Educação entre pares é um termo utilizado para
se referir à metodologia de trabalho desenvolvida e implementada por pessoas de um mesmo grupo populacional.
Por exemplo: De adolescente para adolescente; de mulher para mulher.
A aids está transformando as perspectivas para a vida dos seres humanos do
terceiro mundo, transformando esses países em terras desertas de vida.
O Brasil mostrou que, armado do poder de competição, um governo pode
fazer mais do que sentar e olhar o deserto se expandir.”
J ornal New York Times, 28 de janeiro de 2001
16
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
predominam a mão-de-obra jovem, por exemplo, oferecem oportunida-
des para socialização e compartilhamento de atitudes e valores.
Nesse sentido, é mister que os tomadores de decisões e gestore s
de políticas públicas, em todos os níveis, sejam capazes de apreender
as percepções que os jovens têm da realidade em que vivem. Esta
concepção leva a pensar que as estratégias em resposta à aids devem
contar, tanto no processo de elaboração quanto de implementação,
com a participação do jovem. evidências de que a educação feita
por pares tende a fazer com que os jovens experimentem mudanças
comportamentais significativas.
Ademais, as atividades educativas promovidas pelos pares são
particular mente importantes para jovens em situação de
vulnerabilidade, posto que estes tendem a confiar mais em seus “se-
melhantes” do que nos adultos, que estes são freqüentemente asso-
ciados a figuras de autoridade.
No Brasil, diversos profissionais e organizações que desenvol-
vem atividades preventivas em relação ao HIV/aids e que concentram
seus esforços no público jovem. A elas estão associadas a realização de
ações sistematizadas e contínuas, que favorecem a criação de espaços de
discussões e de reflexões. Mas, todos enfrentam um desafio comum: a
necessidade de estabelecer prioridades, trocar informações e fomentar
recursos necessários que venham a contribuir para mudanças no perfil da
epidemia, no nível local e nacional,nesta população.
que se considerar que é necessário buscar a compreensão de
como se sentem as pessoas que têm a intenção da mudança de comporta-
mento. Para mudar o comportamento é importante reconhecer o objeto
atribuindo-lhe assim um valor. Tal valor é que facilitará a adoção de novas
atitudes epráticas.
Assim, não adianta que os adultos reconheçam a importância da
prevenção na vida dos jovens e os fatores que os vulnerabilizam. É preci-
so que os próprios jovens reconheçam o significado e a importância da
prevenção em suas vidas, sendo este reconhecimento a mola propulsora
para o Protagonismo Juvenil no enfrentamento da epidemia do HIV/aids.
“O protagonismo juvenil relaciona-se basicamente com a prepara-
ção para a cidadania. Diz respeito à atuação criativa, construtiva e solidária
do jovem junto a pessoas do mundo adulto [educadores], na solução de
problemas reais na escola, na comunidade e na vida social mais ampla”
2
2
Costa,2001, pág.44.
17
Cadernos UNESCO BRASIL
O jovem é então participante da criação do seu meio, sendo fonte
de iniciativas, assumindo compromissos e podendo principalmente fa-
z er escolhas.
Éfato novo erecente queoempenho dasinstâncias governamentais e
da sociedade civil organizada nas questões relativas à juventude decorre do
aumento de informações disponíveis sobre a situação dos jovens e, conse-
qüentemente, da conscientização da necessidade de formar cidadãos e cida-
dãs responsáveis e menos comprometidos pelos efeitos das desigualdades
sociais e econômicas. Mas, ainda assim, as políticas para adolescentes pouco
incorporaram, até o momento, o ator social que é o maior beneficiado pelo
desenvolvimento da sociedade em amplo espectro: o jovem.
Programas e projetos que incluem crianças e adolescentes em suas
mais diversas inserções sociais, embora mais abertos à inclusão do
protagonismo juvenil em suas agendas, necessitam ainda de subsídios ver-
dadeiramente aplicáveis. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescen-
te ECA, entrou para a história política e social como exemplo de cons-
tr ução cidadã, transfo r mando crianças e adolescentes em pessoas
portadoras de direitos civis, abrindo portas para o caminho rumo à cida-
dania, mesmo ainda nesta etapa de vida. Garantir os direitos descritos no
ECA tornou-se dever da família, do Estado e da sociedade, o que então o
classifica como um recurso verdadeiramente aplicável.
Esta publicação não se ocultou, e nem poderia, às diretrizes do Es-
tatuto da Criança e do Adolescente. Todos os debates com o Grupo de
Trabalho Jovem tiveram como referência e, principalmente, como eixo
norteador de suas discussões os direitos das crianças e dos adolescentes
contidos naquele documento.
Os textos aqui apresentados foram elaborados pelos integrantes do
Grupo d e Trabalho Jovem , criado no âmbito do Grupo Temático do
UNAIDS, com a participação dos organizadores desta publicação. Técni-
cos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO); da Coordenação Nacional de DST/Aids do Minis-
tério da Saúde; do Programa das Nações Unidas para o Controle Interna-
cional das Drogas (UNDCP); do Programa das Nações Unidas sobre o
HIV/Aids (UNAIDS); do Núcleo de Estudos de Saúde Pública da Uni-
versidade de Brasília; e da Área de Saúde da Criança e do Adolescente do
Ministério da Saúde, participaram das discussões dos temas e contribuí-
ram com a condução dos trabalhos, levando sempre em conta a percep-
ção dos jovens e suas experiências.
18
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
O presente documento pretende contribuir para a formulação e
inclusão de políticas específicas para os jovens, no que se refere ao enfren-
tamento de um dos maiores desafios da atualidade: o controle da epide-
mia da aids. Esta publicação não tem a pretensão de esgotar o tema, mas
simde fomentar reflexões e discussões sobre a questão,além de incentivar
as mudanças de atitude e comportamento necessários na população, na
mídia, nos formadores de opinião e, sobretudo, no jovem que, no atual
contexto mundial de transformações, deve ser o protagonista de sua pró-
pria história.
19
Cadernos UNESCO BRASIL
A atuação do Grupo Temático
do UNAIDS no Brasil
Na proposta de reunir estratégias de diversas Organizações das Na-
ções Unidas para o enfrentamento do HIV e da aids em todo o mundo, o
Banco Mundial e sete agências do Sistema das Nações Unidas patrocinam
o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids UNAIDS:
UNESCO, PNUD, FNUAP, UNDCP, UNICEF, OMS e mais recente-
mente a OIT
3
.
Nos países em desenvolvimento, o UNAIDS implementa suas
estratégias baseado na participação das equipes locais das sete agên-
cias das Nações Unidas que operam no país, e na articulação destas
com outras or ganizações. Em sua atuação, o Gr upo Temático do
U NAIDS no Brasil GT UNAIDS, prioriza o intercâmbio de infor-
mações, o planejamento e o monitoramento conjunto das ações, em
apoio à resposta brasileira ao HIV/aids. Sua composição se diferen-
cia dos Grupos de outros países: além das representações das Agên-
cias das Nações Unidas e do Banco Mundial, a iniciativa congrega
outras instituições nacionais e internacionais, governamentais e da
sociedade civil organizada.
O gov erno brasileiro, rep resentado pela Coordenação Nacio-
nal de DST/ Aids do Ministério da Saúde, Ministério da Educação e
pelo Ministério de Relações Exteriores, participa do GT UNAIDS
de fo r m a ativa e decisiva, ofe recendo contribuições para a constru-
ção de políticas que envolvem subsistemas de planejamento,
monitoramento e avaliação na elaboração de uma resposta nacional
ao desafio do HIV/aids.
A sociedadecivilorganizada, recém integrada ao GrupoTemático,
contribui com conhecimentos, experiências e propostas que dinami-
zam significativamente os trabalhos do Grupo, permitindo que os par-
ceiros brasileiros e a comunidade internacional tenham a efetiva noção
da natureza e do ritmo das iniciativas nacionais protagonizadas por
este segmento.
3
UNESCOOrganizaçãodas NaçõesUnidas para Educação, Ciênciae Cultura ; FNUAP Fundode populações
das Nações Unidas; PNUD Programadas Nações Unidas para oDesenvolvimento; UNDCP Programa das
NaçõesUnidas parao ControleInternacional de Drogas; UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância;
OMS Organização Mundial de Saúde e OIT Organização Internacional do Trabalho.
20
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Neste Grupo encontra-se também representado o Conselho Em-
presarial Nacional para a Prevenção ao HIV/Aids.Este Conselho congre-
ga entidades privadas comprometidas com a reversão da epidemia no
país, tanto no ambiente de trabalho quanto nas respectivas regiões de sua
atuação econômica.
As Agências do Sistema das Nações Unidas, por sua vez, contribuem
comsuaricatradiçãoemtrabalhosdepesquisaeprojetospioneirosnamelhoria
da qualidade de vida dos povo s. As diversas agências contemplam a popula-
ção jovem de forma diferenciada, enfocando as diferentes dimensões das
necessidades deste público no contexto de seus respectivos mandatos.
Foi no ano 2000, enquanto a UNESCO foi Presidente do Grupo
Temático do UNAIDS, que esta agência incentivou e acreditou que a re-
presentação jovem no âmbito do Grupo Temático contribuiria, substan-
cialmente, para a dimensão das atividades que estavam sendo discutidas
pelo conjunto de atores participantes, colaborando assim para que o Brasil
se tornasse uma referência no enfrentamento da epidemia com a partici-
pação da população jovem , no Cone Sul, nas Américas e no mundo.
A inclusão da população juvenil visa, por um lado, à fortalecer as
redes locaisde jovens; poroutro ,objetiva incluirquestões pertinentesà dinâ-
mica e estilos de vida próprios da juventude nos programas implementados
pelo Governo, pela sociedade civil e pelas agências internacionais.
O Porquê de um Grupo de Trabalho Jovem
Mesmo que o processo de juvenilização da epidemia do HIV/aids
ainda não se faça sentir no Brasil, torna-se de fundamental importância que
a atençãoparaesta etapa da vida humananãoseja negligenciada no contexto
da dinâmica de disseminação do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV),
tampouco nas ações programáticas destinadas à sua pre venção.
Alémdaatividadesexualdesprotegida,tantoaviolência sexualquanto
a utilização de drogas injetáveis vêm aumentando a vulnerabilidade do
jovem ao HIV de forma significativa. Em um país de dimensões conti-
nentais e clivagens tão desiguais como o Brasil, a resposta à epidemia do
HIV/aids na juventude passanecessariamentepelo enfoque intersetorial
saúde, educação abrangendo as três esferas da estrutura governamental
(Executivo, Legislativo e Judiciário), e a sociedade civil organizada.
Aarticulaçãoentreasdiversasinstânciasqueenfocamojovemnatemática
da epidemia é um passo importante na consolidação de um sistema nacional
21
Cadernos UNESCO BRASIL
eficiente frente ao HIV/aids. Mais além, a disseminação das at ividades tem o
potencial de conscientizar a população em geral, além de dar condições para
que as experiências de sucesso para os jovens, e aquelas implementadas por
jovens,sejam aproveitadaspor outrasinstituiçõesecomunidades,sendo adap-
tadas de acordo com suas necessidades e especificidades.
Neste sentido, o protagonismo juvenil nas divers as atividades volta-
das à prevenção da infecção pelo HIV possui uma série de vantagens que
não podem ser ignoradas:
a) p reserva diversidades culturais e sociais;
b) incentiva discussões referentes à qualidade de vida do jovem, em
seu mais amplo sentido;
c) promove a inclusão de jovens socialmente excluídos (e.g, desem-
pregados, usuários de drogas injetáveis, menores infratores e ou-
tros) na pauta de diversos debates;
d)incentiva a reflexão sobre a sexualidade como uma das dimen-
sões da existência humana, promovendo a discussão dos temas
que pe rpassam este campo (namoro, gravidez, contracepção e
outros), e criando espaço para troca de experiências, dúvidas e
angústias típicas da juventude;
e) tem o potencial de superar as desigualdades entre os gêneros, em
todas as suas formas de expressão;
f) tem o potencial de contribuir para a eliminação do estigma em
relação às pessoas que convivem com HIV e aids; e
g) incentiva a criação de novas abordagens e conceitos que podem
ser apropriados positivamente por governos, organizações e en-
tidades preocupados com a temática.
Diversas ações compõem os modelos de participação juvenil em
resposta ao HIV/aids. O foco das ações propostaséodefornecer ao
jovem brasileiro os instrumentos que lhe permitam, em conjunto com
seus pares, modificar a sua realidade local e, conseqüentemente, nacional.
Nessa perspectiva, a criação do GT Jovem vem contribuir com:
- uma reflexão sobre educação, saúde e qualidade de vida entre os
jovens;
- respostas às repercussões trazidas pelo HIV/aids para a popu-
lação jovem que partam das percepções e visões de mundo dos
mesmos, tornando-os também co-responsáveis pelo controle
da epidemia;
22
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
- incentivo à efetivação de serviços de educação e saúde de quali-
dade; e
- incentivo às ações que promovam o uso de preservativos, assim
como a sua distribuição e comercialização.
Sobre a Metodologia utilizada
com o Grupo de Trabalho Jovem
O desenvolvimento das atividades do GT Jovem foi estruturado
a partir de uma abordagem vivencial e participativa, cuja aprendiza-
gem se integra de maneira dinâmica ao processo de compartilhamento
de experiências.
A) Da Seleção dos membros do Grupo
Os integrantes do GT UNAIDS tiveram participação ativa na indi-
cação dos componentes do Grupo. Dentre os critérios estabelecidos para
a participação, foram considerados a representatividade regional, a inclu-
são dos jovens no ambiente escolar, a inserção destes no movimento soci-
al, a autorização dos responsáveis (para aqueles menores de idade) e a
disponibilidade para viagens. Diante destes critérios, os membros apre-
sentaram nomes para a apreciação do GT UNAIDS.
Finalmente, o Grupo foi composto por sete participantes represen-
tantes de diferentes regiões administrativas brasileiras
4
, provenientes de
Organizações da Sociedade Civil atuantes junto à população de mulheres,
adolescentes e pessoas vivendo com aids.
B) Da organização dos encontros
I Encontro Brasília, Agosto/2000
Objetivo: promover o entrosamento entre os membros do grupo e
discutir as ações e papéis a serem desenvolvidos.
Atividades: reunião para apresentação e entrosamento dos partici-
pantes; visita aos parceiros; discussão sobre o papel do GT Jovem.
Participantes : técnicos do UN AIDS, UNDCP, CN DST/aids e
UNESCO.
4
Ver perfil dos jovens na seção Biografias.
23
Cadernos UNESCO BRASIL
II Encontro Rio de Janeiro, Outubro/2000
Objetivo: participar do Fórum 2000 sobre DST/aids na cidade do
Rio de Janeiro; apresentar a proposta de trabalho do Grupo no referido
evento;
Atividades: participação de um dos membros do Grupo em mesa-
redonda para apresentar as propostas do GT Jovem e a importância da
participação juvenil no enfrentamento da epidemia.
Participantes: técnicos do UNAIDS, UNDCP, CN DST/Aids e
UNESCO.
III Encontro Rio de Janeiro, Dezembro/2000
Objetivo: participar do encontro do UNAIDS no Rio de Janeiro
5
;
redimensionar a estratégia de atuação do grupo.
Atividades: participar da reunião do Programme Coordinating Board
(PCB); atividades de reflexão e discussão sobre a extensão das ações do
grupo; discussões sobre temas técnicos.
Participantes: técnicos do UNAIDS, UNDCP, CN DST/Aids e
UNESCO.
IV Encontro Brasília, Outubro/2001
Objetivos: discutir sobre os temas que irão fazer parte da publicação;
sistematizar o pensamento do grupo acerca dos temas discutidos;
Atividades:dinâmicasde reintegraçãodos participantes;discussãodos
temas; gravação das discussões e recomendações para posterior sistemati-
zação; discussão sobre a estrutura da publicação.
Pa rticipantes: técnicos do UNAIDS, UNDCP, CN DST/Aids, Pro-
grama de Saúde do Adolescente do Ministério da Saúde e UNESCO.
V Encontro Brasília, Janeiro/2002
Objetivos: apresentar o primeiro esboço da publicação, a partir do
material colhido no encontro anterior; discutir temas com a participação
de outros especialistas; definir uma estratégia de continuidade das ações
do GT Jovem.
5
O encontro se refereà reunião do Programme Coordinating Board Comitê de Coordenação de Programa
do UNAIDS realizado nos dias 14 e 15 de dezembro de 2000,noRio de Janeiro. Esta reunião concentrou-
se noplanejamento para uma resposta unificada ao HIV/aids em nível global. Refletiuo importante trabalho
preparatório para a Assembléia Especial das Nações Unidas para o HIV/Aids (UNGASS) e o planejamento
realizado pelos co-patrocinadores do UNAIDS e pelo Secretariado com vistas a tornar as iniciativas globais
significativas em resposta à epidemia.
24
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Atividades: discussões dos temas; leitura em grupo e considerações
sobre o esboço da publicação.
Pa rticipantes: técnicos do UNAIDS, UNDCP, Núcleo de Estudos
em Saúde Pública da Universidade de Brasília, G3 Comunicação
6
e
UNESCO.
Conforme se observa nas at ividades descritas anteriormente, o
eixo de atuação dos jovens nos três primeiros encontros esteve centrado
na participação em eventos de amplitude nacional e regional, para a con-
solidação do papel dos jovens no âmbito do Grupo Temático do
UNAIDS no Brasil.
Acompanhados por técnicos do UNAIDS, UNDCP, CN DST/
Aids e UNESCO, os encontros tiveram por objetivo conhecer as práticas
educativas utilizadas por cada jovem em suas comunidades. O s partici-
pantes trocaram experiências, atualizaram conceitos e, sobretudo, discuti-
ram sobre a participação jovem na construção de ações voltadas à respos-
ta nacional ao HIV.
Devido à necessidade de constante interlocução entre os participan-
tes, a CN DST/Aids do Ministério da Saúde disponibilizou um espaço
em seu site
7
dedicado à discussão e troca de informações o Adolesite.
Os membros do GT Jovem receberam treinamento para o acesso à
internet
8
.
A partir do quarto encontro, os trabalhos fo ram conduzidos de
maneira a contribuir para a sistematização das idéias e pensamentos
dos jovens com relação à educação preventiva e políticas voltadas à
contenção da epidemia expressos no decorrer das discussões. Esta sis-
tematização insere-se na perspectiva estratégica de contribuir, por in-
termédio de uma publicação, para a efetivação de ações preventiva s
pautadas na participação dos jovens como sujeitos de suas próprias
experiências.
Estabeleceu-se assim um cronograma de trabalho, organizado em
dois encontros, cujo objetivo principal foi aprofundar os conteúdos e
6
AG3 Comunicaçãoé uma agênciade publicidadede Brasíliaque foi convidadapela Unescoa esclarecer questões
sobre o mercado publicitário, e suas relações com as organizações da sociedade civil e o tema HIV/aids. Estas
questões instrumentalizaram o GT jovem de forma que eles puderam fazer suas recomendações pautadas em
dados coerentes com a realidade do mercado de mídia.
7
A home page da CN DST/Aids é www.aids.gov.br- link para o adolesite
8
Caberessaltar quenem todosos jovensdo GT possuíamcomputador emsuas casasou mesmoacesso fácil a este
recurso o que, por um lado, dificultou as constantes trocas de informações entre os membros do grupo e os
adolescentes que acessam o Adolesite
25
Cadernos UNESCO BRASIL
sistematizar as reflexões e os debates sobre as discussões realizadas. As
vivências compartilhadas entre o grupo e a contribuição de técnicos du-
rante os encontros foram analisadas e, a partir de então, tornou-se pos-
sível o surgimento de alternativas que promovessem a compreensão dos
temas que transversalizam a epidemia do HIV/aids, tais como corpo,
s exualidade, gênero, controle social, dentre outros.
A atuação dos jovens na construção deste trabalho baseou-se no
que sentem, vivenciam e percebem em suas realidades. Destaca-se, nesse
processo coletivo, a riqueza das diferenças individuais entre os participan-
tes, a diversidade cultural oriunda das regiões a que pertencem, além das
especificidades dos trabalhos em suas comunidades voltados a diferentes
tipos de populações. Não obstante, foram de extrema relevância os as-
pectos e habilidades pessoais que contribuíram para a inserção dos jovens
no campo da prevenção.
Esta postura pedagógica confere ao trabalho a legitimidade do
ativismo jovem, da participação cidadã que estimula o desenvolvimento
responsável da autonomia. Esta legitimidade está comprovada nas cita-
ções dos membros do Grupo de Trabalho Jovem,dispostas no corpo do
texto desta publicação.
É neste enfoque que esta experiência se concretiza como uma con-
tribuição efetiva para a elaboração das ações voltadas à prevenção da aids,
das doenças sexualmente transmissíveis e do uso de drogas.Esta iniciativa,
do GT UNAIDS demonstra, às autoridades governamentais, que a inclu-
são de jovens nas discussões sobre o controle da disseminação do HIV no
Brasil pode ser um recurso de extrema relevância na formulação de polí-
ticaspúblicas.
As propostas apresentadas pelos jovens têm, neste sentido, o objeti-
vo fundamental de atuarem em favor do próprio jovem, considerando
suas demandas e necessidades para a efetivação de políticas pragmáticas
com resultados concretos.
26
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Breve Panorama da Epidemia do HIV/Aids no Brasil
Desde o surgimento dos primeiros casos de aids
9
, nos Estados
Unidos em 1980, a epidemia do HIV expandiu-se rapidamente. Logo em
seguida, começaram a surgir casos também em outros continentes: Euro-
pa, América Latina e África.
No Brasil, a epidemia do HIV/aids chegou com as mesmas carac-
terísticas epidemiológicas dos demais países atingidos, encontrando aqui
um cenário particular, onde ocorriam significativos processos de mudan-
ças sociais: rápido crescimento urbano e o início da democratização do
País.O primeiro caso foi registrado em 1982eaevolução da epidemia foi
vertiginosa, e, em 1986, com 790 casos e 406 óbitos, o País ocupava o
segundo lugar de número de casos de Aids registrados no mundo
10
.
Em 1985, o governo brasileiro aprovou a portaria que determinou
a criação de um Programa Nacional de aids dentro do Ministério da Saú-
de. Mas foi em 1986, que esta nova estrutura começou a funcionar e a
trabalhar no desenvolvimento de um plano inicial de cinco anos, visando a
orientar a resposta do Ministério da Saúde à epidemia até 1991
11
.
De 1986 a 1993, as ações de promoção da saúde desenvolvidas
pelo Ministério da Saúde, em relação à epidemia de aids, foram marcadas
pela utilização da educação a partir da informação. Nos anos de 1987 e
1988 começou a ser implementado um programa educacional em grande
escala. A televisão, como meio de comunicação que, em princípio, atinge,
no Brasil, todas as camadas da sociedade e as diferentes regiões do País,
tornou-se o veículo principal das campanhas educacionais de prevenção
em nível nacional. Vários informativos foram utilizados em combinação
com a distribuição de materiais complementares às campanhas televisivas:
cartaze s,panfletos e outdoors.
Em 1993, uma série de medidas importantes foi tomada no âmbito
do Programa Nacional de Aids. Pode-se citar como sendo uma das mais
relevantes o estabelecimento da articulação política, tanto com as comuni-
dades científicas e de pesquisa quanto com as organizações não-governa-
mentais e de ativistas comunitários. Essas medidas propiciaram a compo-
9
Essa dominação foi atribuída re t rospectivamente, a partir do isolamento do HIV,em 1984.
10
Daniel e Parker,1991. pág.33 ATerceira Epidemia.
11
Ministério da Saúde, 1987 Boletim Epidemiológico.
27
Cadernos UNESCO BRASIL
sição de um cenário de cooperação entre Estado e Sociedade Civil Orga-
nizada para oferecerem uma resposta nacional à epidemia
12
.
A experiência adquirida através dessa co-atuação demonstrou ser a
educação e a promoção da saúde campos prioritários para intervir com
efetividade no curso da epidemia. Hoje, as Agências das Nações Unidas e
outrosOrganismosInternacionaisreconhecem aeducaçãopreventivacomo
uma das mais bem sucedidas estratégias contra a disseminação do HIV.
A evolução da epidemia no País foi crescente até 1996 e, a partir daí,
a 1998, apresentou uma tendência de estabilização, passando,em 1999, a
declinar
13
, espelhando os efeitos da ação nacional. A situação, em 2001,
apresentava um total de 222.348 casos acumulados, sendo a região Sudes-
teresponsável por 68,4%dos mesmos,seguida dasregiõesSul com15,7%,
Nordeste com 9%, Centro-Oeste com 5% e Norte com 1%.
Atualmente, no que diz respeito à participação do Estado, o Minis-
tério da Saúde dispõe de um Programa Nacional de DST/Aids que, jun-
tamente com programas estaduais e municipais, atua nos 27 estados da
Federação e em 150 municípios que apresentam 80% do número de casos
de aids no país
14
.
Mudança do Perfil Epidemiológico
Desde as primeiras notificações da Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (AIDS), e sua rápida e progressiva disseminação por diversos
países, o planeta se defrontou com um complexo conjunto de interroga-
ções e perplexidades que giravam em torno do padrão inicial que essa
epidemia apresentava.
Nas primeiras iniciativas médico-epidemiológicas, nos Estados Uni-
dos, para a compreensão e tentativa de controle da disseminação da do-
ença, associou-se, precocemente, a epidemia do HIV/aids a modos de
vida de determinados grupos sociais, previamente estigmatizados pelas
sociedades em geral.
Inicialmente, os homossexuais masculinos, seguidos,posteriormen-
te, por usuários de drogas injetáveis e prostitutas (os chamados grupos de
risco), apareciam como indivíduos mais “propensos” a se infectarem. Se-
12
Parker, 2000. Na Contramão da aids. Sexualidade, intervenção, política.
13
Boletim Epidemiológico, junho a setembro de 2001 - 27ª a 40ª Semana Epidemiológica. Ministério da Saúde.
14
O ProgramaBrasileiro, 2002. Ministério da Saúde.
28
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
gundo Mann, esses fatos delinearam o surgimento do que ele chamou de
a Epidemia das Reações Sociais
15
, na qual o preconceitoeadiscriminação
foram potencializados como resposta nas diferentes sociedades, em rela-
ção à doença e aos diretamente atingidos por ela.
No Brasil, da mesma forma, os primeiros casos de aids eram relati-
vos a homossexuais masculinos e usuários de drogas injetáveis. No entan-
to, esse perfil vem sofrendo mudanças no curso da epidemia. Enquanto o
total de casos acumulados na década de 80 90, na população masculina,
por relações homossexuais correspondia a 36% das notificações, em 2001,
este percentual tinha caído para 16,1%, ao passo que os registros da trans-
missão por via heterossexual cresceram de 9,9% para 40%, no mesmo
período. Ainda na população masculina, os casos de transmissão por uso
de drogas injetáveis caíram de 19,5% para 14,5% no mesmo período.
Na população feminina, a transmissão por via heterossexual tam-
bém cresceu, passando de 44,2% (casos acumulados até 1990) para 80,8%
no ano de 2001. Os casos de transmissão por uso de drogas injetáveis,
neste segmento, caíram de 31,4% para 5,7% no mesmo período.
Estesnúmerosmostram aalteração mais significativano perfil, onde
a via de transmissão heterossexual passou a ser a mais freqüente
heterossexualização da epidemia.
Em conseqüência dessa primeira alteração, surgiu uma segunda: a
feminilização da epidemia. Quando em 1990 a razão homem/mulher de
casos notificados era de 7:1, em 2001, passou a ser de 1,8:1.
Outro aspecto relevante é a tendência à pauperização da epide-
mia e, tomando a escolaridade como o indicador desta tendência, ve-
rifica-se que “até 1982, 100% dos casos entre pessoas com escolarida-
de conhecida eram daquelas que tinham nível superior ou até 11 anos
de escolaridade. De para cá, a situação se inverteu. Hoje, mais de
60% dos casos de aids são registrados entre analfabetos ou pessoas
com até oito anos de estudo”
16
.
Apesar da tendência mundial da epidemia apontar para a sua
juvenilização, os dados emitidos pelos Boletins Epidemiológicos do Mi-
nistério da Saúde mostram que, no Brasil, o crescimento proporcional dos
casos de aids na faixa etária de 13 a 24 anos vem caindo: até 1990, 16,7%
15
Daniel e Parker,1991 ATerceira Epidemia.
16
O ProgramaBrasileiro, 2002. Ministério da Saúde.
29
Cadernos UNESCO BRASIL
dos casos se davam na faixa etária de 13 a 24 anos, caindo para 7,6% em
2001, enquanto na faixa etária de 30 a 39 anos, a evolução no mesmo
período foi crescente, passando de 36,9% para 42,3%.
Mesmo com esta tendência de queda é preciso ressaltar que a pre-
sença do jovem é majoritária no perfil demográfico do país
17
, o que signi-
fica a necessidade de se manter a atenção especial a ele destinada no âmbi-
to das ações de prevenção do HIV/aids. Ademais, vale ressaltar que a
população mais afetada, desde o surgimento da epidemia no País, tem
sido a de 25 a 39 anos, e, tendo em vista o período de incubação do HIV,
nota-se que os jovens estão se infectando entre os 15 e 25 anos, em sua
grande maioria
18
.
17
IBGE,Censo 2000.
18
Pimenta,MC.;Rios, L.P. Brito, I.; Terto Júnior,V.;Parker, R . Saúde Sexuale Reprodutiva Nº1–Passagem para
aVid a Adulta: oportunidades e barreiras para a saúde sexual dos jovens brasileiros. ABIA, 2001. RJ.
31
Cadernos UNESCO BRASIL
AIDS E POPULAÇÕES VULNERÁVEIS
Como foi visto, na discussão sobre a mudança do perfil
epidemiológico, o início da epidemia de aids foi marcado pela associação
desta aos grupos considerados de risco, o que, conseqüentemente, provo-
cou o acirramento de preconceitos e atitudes de discriminação relativas a
essesgrupos.
Num segundo momento da epidemia, passou-se a enfocar a disse-
minação do HIV/aids no comportamento individual, responsabilizando,
dessa forma, o indivíduo pela exposição ao risco de contrair o HIV. So-
mente mais tarde, quando não o conhecimento sobre o processo de
infecção pelo HIV tinha amadurecido, mas, também a p ropagação do
rus assumiu forma explosiva, começou-se a perceber que outros fatores
tinham importância decisiva no comportamento das pessoas.
Outros segmentos da sociedade começaram a ser afetados, sem que
se pudesse associá-los aos grupos iniciais e cujos comportamentos tam-
bém diferiam dos padrões comportamentais que antes, se pensava, levari-
am à exposição ao risco. Isto é demonstrado pela feminilização da epide-
mia, quando começaram a aparecer, em ritmo acelerado, as notificações
de casos de aids em mulheres. Paralelamente,começaram também a surgir
registros de outros grupos estigmatizados, como, por exemplo, a popula-
ção carcerária. Acrescente-se a isto, que a epidemia chegou as camadas
menos favorecidas da população.
Esse novo contexto revelou a dimensão social da epidemia, o que
levou à reconsideração das estratégias utilizadas anteriormente no seu en-
frentamento, começando-se a utilizar o conceito de vulnerabilidade na
perspectiva de se compreender os fatores implicados na dinâmica de pro-
pagação do HIV.
Nessa nova perspectiva foram traçados três eixos de vulnerabilidade:
individual, social e programática. A vulnerabilidade individual está relacionada
ao acesso das pessoas à informação relativa a aids, à qualidade dessa informa-
çãoeàcapacidade de elabo ração e problematização dessa informação, para
que os indivíduos possam transformá-la em ação prática na vida cotidiana.
A sociedade em geral tem problemas com sex o, com moral e com a
morte. Quando uma doença toca os três problemas ao mesmo tempo, ela
é fatal. Portanto, quem tiver medo de sexo, quem tiver medo da morte e
quem tiver problemas com a moral diante da aids vai entrar em pânico.
Herbert de Souza, Betinho
32
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
No que diz respeito à vulnerabilidade social viu-se que a capacidade
de realizar essa transformação não depende apenas dos indivíduos, mas
também de outros aspectos, como acesso à educação e à saúde de qualida-
de, disponibilidade derecursosmateriais (renda) e possibilidade de enfrentar
barreiras culturais.A vulnerabilidade programática refere-se à dificuldade de
acesso a programas e a recursos que possam minimizar ou solucionar aspec-
tos envolvidos, fatores de vulnerabilidade tanto individual quanto social.
Dentro deste quadro, o Programa Nacional de DST/Aids conside-
ra como mais vulneráveis as populações estigmatizadas, devido ao efeito
de exclusão que a estigmatização produz. Dessa forma, os segmentos de
Homens que fazem Sexo com Homens, Homossexuais Masculinos, Pro-
fissionais do Sexo,dentre outros,recebem atenção especial através de pro-
gramas específicos
19
.
Foi criado também um pro grama especial para o adolescente,
tendo em vista que as condições de acesso à informação efet iva , volta-
da para esta população nem sempre são apropriadas e que as possibili-
dades de obtenção de insumos de prevenção são dificultadas- princi-
palmente por falta de recursos materiais, e pelasba rr eiras culturais.
Quando se analisa os prejuízos trazidos pela estigmatização, para
efetividade de ações de prevenção, outro aspecto relevanteéaaplicação
do conceito de vulnerabilidade
20
para a compreensão da epidemia tendo
em vista as estruturas de exclusão social no contexto da disseminação do
rus. Mais do que nunca, isto reafirma a reflexão deste tema à luz dos
direitos humanos criando uma oportunidade para a inserção do debate,
sobre à ética em relação as pessoas infectadas e afetadas pelo HIV/aids.
Recomendações
oferecer treinamento em adolescência, sexualidade, DST/aids e
uso de drogas para profissionais que lidam com adolescentes em
cumprimento de medidas socioeducativas;
estimular a organização das populações vulneráveis ao HIV para
que o exercício da cidadania contribua na inclusão e formulação
de ações voltadas a este público;
19
Do ponto de vista epidemiológico, comportamental e demográfico as populações relacionadas a seguir são
prioritárias para a política nacional: Crianças e Adolescentes; Populações em Situação de Pobreza; Pessoas que
Vivem com aids; Homensque fazemSexo comHomens; Usuários de Drogas Injetáveis;Profissionais doSexo;
Comunidades Indígenas; Caminhoneiros; Populações Confinadas; Integrantes das Forças Armadas; Mulheres
e Transmissão Materno Infantil (A Experiência do Programa Brasileiro de Aids, 2002. Brasília/DF).
20
O conceito de vulnerabilidade está disposto no glosário ao final deste documento.
33
Cadernos UNESCO BRASIL
buscar a participação de populações vulneráveis na elaboração de
materiais educativos e preventivos;
garantir o acesso aos serviços públicos de saúde das populações
vulneráveis priorizadas pelo Programa Brasileiro de DST/Aids.
disponibilizar informações sobre os direitos ao acesso a serviços
públicos de saúde e educação; e
garantir a discussão do tema homossexualidade na pauta dos pro-
gramas de orientação nas escolas.
Dentro desses estigmas, desses rótulos que são colocados na prostituição...
que não é da prostituição, ela é externa, porque são pessoas de fora que
fazem vendas para essas casas que têm... bordéis, essas coisas.
35
Cadernos UNESCO BRASIL
AIDS E DROGAS
Falar em drogas é tocar em questões ainda muito sensíveis e ambí-
guas em nossa sociedade. Junto à imagem aterradora comumente associ-
ada às substâncias ilícitas, convive uma atitude geralmente complacente
diante das chamadas drogas legais, como o tabaco, o álcool
21
e diversos
tipos de medicamentos psicoativos.
O controle do uso de drogas ilícitas foi , durante muito tempo, colo-
cado quase que exclusivamente nas mãos da polícia, minimizando a parti-
cipação da saúde pública.
Com a crescente abordagem dos problemas decorrentes do uso de
drogas legais, principalmente a partir de meados dos anos 80, ocorreu
uma gradativa aproximação das questões de saúde ao tema, uma vez que
passou a ser visto de forma menos preconceituosa.
Hoje, o assunto drogas ainda está bastante associado ao tráfico e à
violência, razão pela qual o controle da questão é freqüentemente confun-
dido com a formulação de políticas de segurança pública.
No entanto, a marginalização imposta aos usuários de dro gas tor-
na mais difícil seu acesso aos serviços de saúde pública e aos direitos
básicos de cidadania, tornando-os mais vulneráveis e favorecendo seu
envolvimento com o crime. Nesse sentido, é preciso fazer uma distinção
entre tráfico, que está sujeito a controle legal, e uso d e drogas, que é mais
uma questão de saúde.
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 25% dos casos
notificados de aids são, direta ou indiretamente, relacionados ao uso de
drogas injetáveis; 52% dos usuários de drogas injetáveis (UDI) no Brasil
o portadores do HIV; 38% das mulheres com aids contraí ram o vírus
compartilhando seringas ou por meio de contato sexual com parceiros
UDI; 36% dos casos de aids pediátrica apontam a mãe ou sua parceria
sexual como UDI (CN-DST/Aids, Ministério da Saúde, 2001).
21
Oálcool éa drogaresponsável pelo maiornúmero deinternações hospitalarespor dependência eoutras doenças,
como a cirrose hepática, ocupando o quarto lugar no grupo de doenças que mais incapacitam em nosso país
(SUS,Ministério daSaúde). Em1996, o Sistemade InternaçãoHospitalar doSistema Único deSaúde (SIH/SUS)
registrou que a cirrose alcoólica do fígado foi a sétima maior causa de óbito na população acima de 15 anos.
“Os problemas mais complexos podem ser resolvidos com soluções
bastante simples: humanismo, solidariedade, compaixão e sabedoria.”
Voluntário, Distrito Federal
36
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
To rna-se claro, que o uso de drogas pode levar à infecção pelo
vírus da aids e a outras doenças, que os usuários freqüentemente se
envol vem em práticas pouco segura s, como sexo sem preservativ o ou
compartilhamento de seringas e outros utensílios que podem transmi-
tir doenças.
Embora experimentar drogas nem sempre leve à dependência, o
uso, seja ele ocasional ou recreativo, não diminui seus riscos potenciais.
Assim, as questões relacionadas ao uso indevido como fator de
vulnerabilidade para o HIV são, hoje, fundamentais para a discussão do
fenômeno das drogas.
Vale lembrar que os usuários desempenham um papel importante
em iniciativas ligadas à redução de danos
22
, ou seja, aquelas que objetivam
promover atitudes preventivas com relação à aids e outras doenças entre
os próprios usuários e as pessoas que conv ivem com eles.
Recomendações
23
Buscar a participação do jovem na formulação de políticas de
prevenção ao uso de drogas e assistência aos dependentes;
contemplar nos Programas Preventivos a promoção da qualida-
de de vida, em vez do chavão “diga não as drogas”;
Não é chegar pro adolescente e falar “não use drogas”, mas trabalhar a
conscientização dele de que uma vida saudável é super legal, você vai viver
mais, você vai ser melhor, pode se relacionar melhor com as pessoas...
incentivar abordagens preventivas que apontem para a percepção
da vulnerabilidade do usuário;
Agora, a cerveja, a bebida alcoólica é um negócio horrível, de passar mal...
aquele prazer precisa ter um limite pra não entrar no risco. É igual prazer
sexual, que o limite é o uso do preservativo pra você não cair no risco. Então,
assim, é muito fina a linha que separa o prazer do risco.
22
Partindo do pressuposto de que um indivíduo dependente de drogas enfrenta dificuldades para interromper
o consumo, as técnicas de redução de danos incluem as seguintes estratégias: respeitar a condição de usuário,
sem incentivar o uso de drogas; promover o uso não-injetável de drogas; garantir o uso não-compartilhado de
seringas e demais equipamentos de injeção/consumo de drogas com outras pessoas.
23
Por sugestão do Grupo, as recomendações feitas para o tema aids e Educação Preventiva no Contexto Escolar
são perfeitamente adaptáveis ao tema aids e Drogas. Desta forma, para não se tornarem repetitivas, os jovens
preferiram adicionar esta nota como forma de sugerir a leitura do tema anterior adaptando as recomendações.
37
Cadernos UNESCO BRASIL
Eu acho que o que muitas vezes leva o jovem de maior poder aquisitivo a
entrar no mundo das drogas é a questão afetiva da família, ao mesmo
tempo em que se tem tudo, não se tem o principal que é a afetividade.
incentivar um trabalho articulado saúde/educação/Organizações
da Sociedade Civil/serviços, tanto para a prevenção ao uso
indevido de drogas quanto para a assistência aos dependentes;
ampliar o conhecimento sobre as ações de Redução de Danos
para o fortalecimento de uma política de saúde em relação à esta
estratégia;
garantir que o Sistema Único de Saúde (SUS) atenda o usuário de
drogas, o dependente e suas redes sociais; e
suprimir palavras que tenham uma conotação bélica ou de vio-
lência nos slogans sobre o tema. Ex: combate, luta, contra.
A coisa da palavra, quando fala assim, é, a luta contra as drogas, a luta
contra a aids,... esse negócio de luta traz um negócio meio bélico, eu acho
que era uma coisa legal de se repensar.
39
Cadernos UNESCO BRASIL
AIDS E ADOÇÃO DE PRÁTICAS PREVENTIVAS
As atitudes favoráveis ou desfavoráveis à saúde são construídas des-
de a infância, no decorrer do processo de formação e socialização do
indivíduo. O objetivo central na prevenção das DST e da aids é o desen-
volvimento de uma consciência crítica que favoreça a adoção de atitudes e
práticas que evitem a infecção e, por conseguinte, a evolução da epidemia.
É importante que os trabalhos voltados para mudança de atitudes e com-
portamentos sexuais levem em consideração o significado simbólico das
medidas preventivas, posto que estas se relacionam diretamente com o
contexto sociocultural do indivíduo.
No nível biológico, todas as pessoas são vulneráveis à infecção
pelo HIV: se exposta ao vírus através d a relação sexual ou sangue,
qualquer pessoa pode, aparentemente, tornar-se soropositiva. Se
qualquer base de resistência totalmente inata ou biológica à infecção
pelo HIV, ela ainda não foi descoberta . Contudo, o HIV necessita de
vias específicas práticas sexuais desprotegidas, compartilhamento de
seringa s, transfusão de sangue contaminado, da mãe para o be e
identificáveis para que a transmissão ocorra; para a pessoa tornar-se
infectada pelo HIV ou para transmiti-lo a outra (Mann, 1991).
Contudo,concluiu-se que as pessoas agem e manifestam suas vonta-
des no âmbito das interações sociais e que, portanto, os comportamentos
não são determinados apenas pela vontade pessoal e, sim, fortemente
condicionados pelo meio coletivo.
A direção da evolução da epidemia, saindo dos grupos iniciais afe-
tados (os chamados grupos de risco), e se expandindo para todos os
segmentos sociais e, principalmente, afetando os estratos mais pobres,
mostrou que a epidemia teria de ser vista numa dimensão mais ampla. Ou
seja, a mudança para um comportamento protetor na prevenção da aids
nãoéaresultante necessária de “informação + vontade”, sendo preciso
considerar, também, aspectos culturais como as desigualdades entre os
gêneros, as econômicas, como por exemplo condições de vida.
No Brasil, a explosão da epidemia rumo aos mais pobres, às mulhe-
res, aos marginalizados, aos negros, aos jovens a chamada “pauperização
da epidemia” demonstrou que o HIV/aids está atingindo setores com
Nenhuma dicotomia é capaz de nos explicar. Não somos apenas o que
adquirimos e nem tampouco o que herdamos. Estamos sendo a tensa relação
entre o que herdamos e o que adquirimos. Somos corpos ou seres
programados, mas não determinados.”
Paulo Frei re, Educador
40
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
menores condições de acesso à informação, à educação, aos serviços de
saúde e aos serviços sociais.
No caso da epidemia do HIV, a adoção do uso de preservativos é
ocomportamento desejável,sendoestaaúnica barreiracomprovadamente
eficaz contra a transmissão sexual do HIV e das Doenças Sexualmente
Transmissíveis. A pesquisa Comportamento Sexual da População BrasileiraePer -
cepção do Risco para o HIV
24
revelou que, em uma amostra com 3.600 indi-
víduos de 16 a 65 anos dos quais 80% são sexualmente ativos, 64% afir-
maram ter usado preservativos nos últimos 12 meses. Entre os jovens este
percentual chega a 87%.
Embora este dado sugira uma alta adesão à utilização da camisinha,
o jovem brasileiro ainda encontra uma imensa dificuldade de acesso a este
insumo. Isto porque, quanto mais pobres e mais jovens menos dinheiro
disponível terão para adquiri-lo. E mesmo quando dispõem de dinheiro,
para comprar a camisinha, têm de enfrentar tabus em relação ao exercício
da sexualidade. Isso torna este jovem vulnerável a se expor ao HIV.
Os esforços feitos, principalmente pela Rede Pública de Saúde, por
meio de prog ramas voltados para o adolescente, funcionam como forma
de diminuição desta vulnerabilidade, sobretudo, no que se refere à distri-
buição de preservativos.
Porestarem emformação, osjovenstêmmaior capacidadede apren-
der a adotar atitudes e práticas de proteção em relação à própria saúde. É
fundamental que os programas desenvolvidos e implementados nas esco-
las, com a participação de adolescentes e educadores, promovam a valo-
rização do sentimento de auto-estima e atitudes de cuidado com a saúde,
aumentando-lhes a capacidade de tomar decisões e desenvolver habilida-
des de respostas à vida.
Recomendações
Promover a universalização do conhecimento sobre prevenção,
formas de infecção e assistência disponível ao HIV/aids, com
vistas a instrumentalização para mudança de comportamento;
buscar a mídia como um instrumento facilitador para a mudança
de comportamento;
24
Berquó, E. et al, 1999
41
Cadernos UNESCO BRASIL
facilitar o acesso a insumos de prevenção de modo a propiciar a
mudança de comportamento;
Acho que se ele tem acesso (a camisinha), ele pelo menos vai tentar….
promover estratégias que incentivem a adoção de atitudes e com-
portamentos sexuais responsáveis;
instrumentalizaro jovem nodesenvolvimento de habilidadespara
lidar com situações cotidianas que envolvem as questões da mu-
dança de comportamento;
Falando em tabu, hoje em dia ainda tem muito. Na minha época,
quando comecei a ficar menstruada, a gente ouvia os meninos comen-
tando que se vissem alguma menina andando de perna aberta era
porque não era mais virgem.
disponibilizar informações sobre a terapia Anti-retroviral (ARV),
para que os medicamentos não sejam uma justificativa para o
não-uso do preservativo;
incentivar debates sobre sexo com proteção; e
Seria interessante se os jovens fossem acostumados a andar sempre com
uma camisinha antes de ter uma iniciação sexual, né? As meninas a terem
uma camisinha na bolsa, como se fosse uma coisa normal, um batom... Mas
aí, sem aquela ligação obrigatória, com uma camisinha porque hoje à
noite vai transar...
Não prá esperar o cara chegar a 18 anos... eu acho que até mesmo
antes... acho que se os pais fossem... deixar a camisinha em cima da
mesa sabe? E a criança chegar “o que é isso”... “ah, isso aqui é um
negócio que você vai usar...
educar o jovem para o atendimento a pessoas com aids na famí-
lia e na comunidade.
As pessoas não se preocupam mais com o próximo e com a afetividade. Estão
cada vez mais se preocupando com o material.
43
Cadernos UNESCO BRASIL
AIDS E EDUCAÇÃO PREVENTIVA
NO CONTEXTO ESCOLAR
É papel da escola contribuir para que a saúde seja compreendi-
da como um direito de todos e dimensão essencial do desenvolvi-
mento do ser humano. E m um país com inúmeras div e rsidades soci-
ais e econômicas, as questões de saúde estão diretamente ligadas aos
aspectos educacionais. A escola precisa estar em consonância com as
demandas da sociedade, sendo fundamental que sejam abordadas as
questões relacionadas com o cotidiano dos alunos. A educação para
a saúde cumpre então o papel de orientar e conscientizar os jovens
para o direito à saúde e, principalmente, capacitá-los para o exercício
de práticas preventivas.
Uma das iniciativas mais importantes do Ministério da Educação,
nos últimos anos, foi a criação dosParâmetros Curriculares Nacionais PCN
paraaeducaçãofundamental,média,infantileindígena.Estesparâmetros
não se apresentam como um modelo impositivo para a constituição cur-
ricular, mas respondem às necessidades de referenciais educacionais para a
organização da educação brasileira.
Na perspectiva de integrar as problemáticas sociais que fazem parte
da realidade dos brasileiros, os PCN indicam a necessidade de dar trata-
mento transversal aos temas, ou seja, permeando os conteúdos de cada
área no decorrer de todos os anos escolares. Dentre os temas, saúde e
orientação sexual, por exemplo, vão ao encontro da necessidade premen-
te de consolidar ações preventivas relativas à aids.
A mudança de comportamento pela educação tem sido uma das
estratégias fundamentais para conter o avanço da epidemia da aids e das
doenças sexualmente transmissíveisno Brasil. Neste sentido,a escola é um
espaço privilegiado para a implementação de ações preventivas no âmbi-
to do cumprimento de suas atribuições.
Para desenvolver atividades voltadas à prevenção das DST/aids,
faz-se imprescindível que a abordagem utilizada não esteja dissociada das
questões referentes ao corpo e a vivência da sexualidade, assim como das
diversidades culturais, raciais e religiosas que permeiam a existência huma-
na, tal qual previsto nos PCN.
“Os jovens devem fazer suas vozes serem ouvidas como os
principais atores do futuro do nosso planeta.”
Koffi A. Annan, Secretário Geral das Nações Unidas
44
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
A educação sexual deve estar baseada numa visão abrangente da
sexualidade, devendo seus fundamentos serem centrados nos princípios
de autonomia, dignidade, solidariedade, respeito, tolerância, convivência
familiar e comunitária.
Recomendações
Desenvolver nas escolas um planejamento estratégico para o re-
conhecimento das responsabilidades institucionais com a partici-
pação depais, alunos, professores, funcionáriose instituições par-
ceiras;
incentivar o controle social da comunidade no que se refere às
atividades, atribuições e direitos da comunidade escolar;
incluir a participação de jovens estudantes no processo de desen-
volvimento de currículos escolares, considerando a inserção dos
temas transversais apontados pelo PCN;
incluiraparticipação dosjovensnoplanejamento, monitoramento
e avaliação das atividades preventivas nas escolas;
contribuir para que os materiais educativos destinados aos ado-
lescentes tenham linguagem adequada e sejam acessíveis a esta
população;
incluir a participação dos adolescentes na elaboração, construção
e escolha dos materiais pedagógicos;
descentralizar do professor a responsabilidade pelas atividades
de prevenção às DST/aids e drogas, promovendo também a
participação dos adolescentes na disseminação de informações
preventivas;
E tem professor que tem é mais dúvida... que tem uma série de dúvidas e
dificuldades na sexualidade. Uma das nossas grandes dificuldades nos even-
tos é levar os professores... a gente fazia isso, né? Porque tinham os grupos na
sala e a gente queria levar um dos professores pra estar com a gente e eles se
recusavam ao extremo, devido a uma série de dificuldades e problemas soci-
ais, com relação ao conjunto....
a escola deve contribuir para legitimar o papel do adolescente
m ultiplicador, de modo a permitir que este desenvolva seu tra balho,
de maneira formal ou informal, abrindo espaços para discussão;
45
Cadernos UNESCO BRASIL
Adolescente multiplicador é aquele que no dia a dia ali no corredor, no
banheiro, bate um papo e fala, existe uma multiplicação informal e existe
aquela multiplicação formal mesmo, de fazer um grupo, acompanhar etc.
Então às vezes é tido como multiplicador aquele que faz o grupo formal, e
o informal, que é do papo do meio do corredor, da escola, no bar etc., às vezes
ele não é considerado multiplicador de verdade, né? Pode ser isso também, que
é a coisa da identificação, da formalização....
utilizar, nas capacitações dos profissionais de educação, abo rda-
gens que trabalhem de maneira coerente e integrada às questões
de auto-estima, prazer, sexualidade e DST/aids;
Minha melhor amiga era minha professora de Biologia, sabe? Foi ela que me
explicou algumas coisas que eu nunca tive coragem de contar pra minha
mãe... e era ela quem esclarecia....
Acho que o que falta é isso, um espaço para discussão, não é o professor
chegar e explicar... é o espaço pra que ele possa se sentir à vontade para
falar... eu sinto isso, né?
promover a ativação e o fortalecimento dos Grêmios Estu-
dantis, no âmbito dos estabelecimentos de ensino, incenti-
vando uma participação autônoma e cidadã em questões li-
gadas ao HIV/aids;
Se as escolas incentivassem os Grêmios, as discussões com outros Grêmios,
enfim, tivessem mais próximas disso, a gente teria menos escolas depredadas,
a gente teria material coletado, o próprio ensino seria melhor aproveitado... eu
acho que muita coisa poderia mudar.
fortalecer o papel do Serviço de Orientação Escolar (SOE) a
partir da definição de suas atribuições;
A gente também tem uma tendência a criticar a escola e dizer que a escola não
abre um espaço... às vezes ela até abre, mas às vezes, por limitações, mesmo
ela não consegue, porque não tem um professor que se propõe a isso....
46
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
constituir um ambiente escolar propício para o desenvolvimento
contínuo de atividades nestes temas;
A escola pode ser um espaço de construção de idéias, eu acho que a escola
precisa ser um espaço onde se pode levar essas questões para discussão junto
à família, né? Eu acho que precisa ter uma universalização do conhecimento,
da compreensão, do que vem a ser homossexualidade, pra que ao desenhar
estratégias pra que isso fique mais claro o que se quer atingir. Cada um tem
direito a sua sexualidade, a sua orientação; a saber como vai buscar o seu
prazer ou a sua erótica, mas que vai estar correndo riscos, que pelo menos
não corra riscos de se contaminar com HIV.
sensibilizar, mobilizar e instrumentalizar diretores de ensino para
a importância do desenvolvimento, nas escolas, de ações relativas
à saúde sexual e reprodutiva, direitos sexuais e uso de drogas nas
escolas.
Porque às vezes os adultos vêm com um programa pré-estabeleci-
dos, prontos, vêm e falam assim “ah, vamos falar sobre camisi-
nha”, e às vez es não é isso que ele quer ouvir primeiro, ele quer
falar sobre beijar na boca, pega r na mão, ficar, o que acontece
quando eu estou afim deum menino,como éque eufaço, como eu
reajo, valores...
Essa questão do tema é muito complicada... antes de você falar de
aids ou sobre sexualidade, tem muitos outros assuntos que tam-
bém merecem a tenção, que são necessários pra que se chegue aí.
incentivar o desenvolvimento de parcerias entre as escolas e as
organizações da sociedade civil, no que diz respeito a:
formulação de sua proposta pedagógica e curricular;
informações sobre serviços;
participação nas atividades relativas à prevenção;
metodologias de trabalhos em prevenção; e
troca de informações;
aproximaraescoladas instituiçõesgovernamentaisqueatuamjunto
à população de adolescentes. Ex: Conselho Tutelar, serviços de
saúde e outros;
47
Cadernos UNESCO BRASIL
promover e incentivar estudos relativos ao Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) com vistas ao debate e entendimento dos
conceitos e recomendações constantes naquele documento;
incentivar a inserção dos jovens nos Conselhos Tutelares, Conse-
lhos Municipais, Conselhos Estaduais e Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente;
Com relação ao preservativo:
desenvolver atividades para pais, professores e funcionários da
escola, que promovam a compreensão sobre a importância
do uso do preservativo;
A gente tem de tratar de forma diferente por causa dessa questão dos
pais. Porque se você colocar, numa escola de ensino médio, uma máqui-
na de camisinha sem preparar os alunos nem os profissionais, realmen-
te vai dar confusão.
desenvolver atividadescontínuasqueveiculeminformações so-
bre preservativos, em todas as séries, inclusive no ensino fun-
damental;
A informação deve ser contínua e em todas as séries... e ela deve
começar agora... se começar agora a dar informação de quinta a oitava
série, daqui a algum tempo eles vão estar preparados para ter a máqui-
na de camisinha na escola.
sistematizar e formalizar o ensino do uso do preservativo na
proposta pedagógica das escolas; e
facilitar o acesso aos preservativos nas escolas
25
.
25
Esta recomendação não foi um consensoentre todosos membrosdo Grupode Trabalho Jovem. Embora, para
a sua maioria, é imprescindível que, ao decidir por facilitar o acesso, a escola deva promover uma discussão
profundasobre valorese exercícioda sexualidade,facilitando destaforma queo preservativo seja compreendido
como um insumo de prevenção indispensável àsaúde sexual. Alguns membros do GT Jovem argumentam que
no nordeste, por exemplo, seria muito complicado, por questões culturais, para a escola “facilitar o acesso a
preservativos”, por diversas razões: 1. isto pode ser compreendido pelos pais como incentivo ao início da vida
sexual; 2. os professoresnão têmformação adequada,e muitas vezes nem informaçõessuficientes paraabordar
o assunto de forma a atender os alunos e suas dúvidas; 3. os próprios jovens poderão sentir-se envergonhados
ao solicitar o preservativono ambienteescolar. Mesmo com todos estespontos abordados,o Grupo optoupor
incluir esta recomendação, na expectativa de contribuir para o debate no âmbito das políticas educacionais.
48
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Não sei, eu acho que antes de trazer a máquina de camisinha tem de se fazer
uma preparação... um trabalho....
Que trabalho, Daniel?
As oficinas...
Oficina com quem, com jovens?
Com jovens, com professores... (risos)... Porque senão a máquina vai ficar ali,
o aluno vai passar e não vai pegar, ele vai ter vergonha... O rapaz pega, e a
menina?
A menina também pega, viu?”
desenvolver um ambiente escolar solidário, para o recebimento
de alunos, profissionais e pais portadores do HIV/aids, garantin-
do os direitos, por meio de uma abordagem igualitária; e
acolher pais adolescentes e adolescentes grávidas,evitando, desta
forma, que haja prejuízo no rendimento escolar destes jovens.
49
Cadernos UNESCO BRASIL
26
Aversão emportuguês desteRepertório de RecomendaçõesPráticas foilançada emmaio de 2001,em SãoPaulo,
pela Coordenação Nacional de DST/Aids e pela OIT, co m apoio de diversas entidades que trabalham com o
tema. Na ocasião, foram elaboradas propostas para a implementação do Repertório no Brasil.
AIDS E TRABALHO
A epidemia do HIV/aids está afetando profundamente a estrutura
social, cultural e econômica constituindo-se em uma grave ameaça ao mun-
do produtivo, na medida em que afeta a força de trabalho, impõe altos
custos a empresas de todos os setores, diminui a produtividade, aumenta os
custos trabalhistas e acarreta a perda de capacidades e experiências. Estima-
tivas da OIT indicam que, hoje, pelo menos 25 milhões de trabalhadores,
entre 15 e 49 anos de idade, estão infectados com HIV em todo o mundo.
Diante destes fatos, a Coordenação Nacional de DST/Aids vem
prom ovendo ações sobre este tema no local do trabalho. Em outubro de
1998, foi publicada uma Portaria do Ministério da Saúde, criando o Con-
selho Empresarial Nacional de Prevenção ao HIV/Aids no Local deTra-
balho (CEN). O Conselho tem como objetivo apoiar a resposta nacional
frente à epidemia e viabilizar ações de sensibilização, mobilização, difusão
de conhecimento sobre prevenção da aids e a promoção da saúde junto
às empresas.
Ao reconhecer que o problema do HIV/aids é, também, uma ques-
tão do local de trabalho, a OIT criou, em novembro de 2000, o “Progra-
ma da OIT sobre HIV/Aids e o Mundo do Trabalho”. O objetivo do
Programa é contribuir para a contenção da pandemia, sistematizando in-
formações sobre o seu impacto no mundo do trabalho, combatendo a
discriminaçãoeaexclusão, desenvolvendo campanhas de conscientização
e prestando assessoria a seus membro s.
Uma das primeiras atividades do Programa da OIT foi a produção
do “Repertório de Recomendações Práticas sobre o HIV/Aids e o Mun-
do do Trabalho”, elaborado em parceria com governos, empregadores e
tra balhadores. O Repertório foi lançado pelo diretor geral da OIT na
Sessão Especial das Nações Unidas sobre HIV/Aids, realizada em Nova
York em junho de 2001
26
. Este documento incentiva a p revenção e a
assistência aos trabalhadores e suas famílias.
“Os jovens têm papel importante nesse processo de mudança. São portadores de
inovação, mas sofrem com as novas exigências que os afastam do mercado de
trabalho. Nos ombros dos jovens, depositam-se muitas esperanças, mas é preciso
reconhecer que o caminho deles é difícil e que devem ser integrados à sociedade.”
Ruth Cardoso, Presidente do Conselho da Comunidade Solidária
50
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
A partir dos princípios básicos de proteção dos direitos dos traba-
lhadores, de promoção do empre go , de proteção social e do diálogo
social da OIT, o documento cobre temas como a prevenção, o treina-
mento, a testagem anti-HIV e a confidencialidade, a assistênciaeoapoio
aos empregados infectados e afetados pelo HIV/aids. São eles:
1. reconhecimento do HIV/aids como um problema do local de
trabalho;
2. não-discriminação e estigmatização das pessoas que vivem com
HIV/aids;
3. promoção da igualdade de gênero;
4. manutenção de um ambiente de trabalho saudável e seguro;
5. promoção do diálogo social para estabelecer programas e ações
conjuntas entre governos, empregadores e trabalhadores;
6. proibição de exames (screening) para os candidatos a emprego
ou pessoas contratadas;
7. garantia de confidencialidade sobre as informações relativas ao
HIV/aids de candidatos e empregados;
8. manutenção da relação de emprego;
9. desenvolvimento de ações de prevenção; e
10. garantia de assistência e apoio aos empregados e suas famílias.
Recomendações
Promover o conhecimento acerca das questões biológicas, psico-
lógicas e socioculturais que envolvem a aids de modo a preparar
as empresas ou locais de trabalho para:
reconhecer a aids como um problema no local de trabalho
como qualquer outra enfermidade;
não exigir a apresentação do diagnóstico de HIV tanto para os
futuros contratados quanto para os funcionários efetivos;
respeito às necessidades dos portadores;
garantir uma política de trabalho na perspectiva dos Direitos
Humanos; e
Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, ser jovem e ter o primeiro
trabalho é muito difícil, e se não tiver o primeiro trabalho não se tem
experiência, porque não se tem experiência, não se consegue trabalho.
Tudo isso gera uma roda-viva muito complicada e quando a questão da
aids se insere neste contexto...
51
Cadernos UNESCO BRASIL
que a soropositividade e o seu tratamento não se constituam
em causas para demissão;
Como a empresa pode trabalhar como educadora? Por que a questão é
outra: é conseguir lucro.
facilitar o desenvolvimento de atividades de prevenção contínuas
e sistemáticas nos locais de trabalho;
Mas é muito interessante por que os números falam muito. É aquela coisa
que o Ministério da Saúde faz prá justificar o programa da aids. Diz:
sim estamos gastando U$ 300 milhões, mas se não existisse o programa,
gastaríamos U$ 900 milhões em tratamento. Então, no fim estamos
ganhando. E como a empresa pensa em termos de lucro, talvez essa seja
uma estratégia.
desenvolver um ambiente de trabalho solidário e livre de discri-
minação; e
Não necessariamente era pra rotular um indivíduo que trabalhasse ali, mas
para mostrar prá que, dentre outros problemas de saúde, como diabetes,
hipertensão existia a aids.
incentivar a discussão sobre a importância da testagem para o
HIV entre funcionários, ao invés de promovê-la
compulsioramente.
A nossa sociedade vem se tornando cada vez mais competitiva, se você não tem
habilidade prá lidar com essa competitividade, você vai estar fora, se você
fora, vai procurar uma alternativa prá estar dentro.
Não é profissionalização não. Quantos jovens saem da faculdade e depois
não têm emprego. Não é por aí, são outras habilidades, poder de negociação,
articulação, é uma visão maior sobre a vida, sobre as coisas.
53
Cadernos UNESCO BRASIL
AIDS E MÍDIA
A mídia adquiriu um espaço considerável na vida de crianças e
adolescentes. A pesar de terem conquistado espaço em cada veículo de
comunicação, os profissionais do setor ainda têm dificuldades de trat a r
os temas relativos à vivência da sexualidade na adolescência, seja por
questões pessoais, seja pelo próprio espaço oferecido ao tema por cada
meio de comunicação.
De acordo com o documento Os Jovens na Mídia: “a mídia detém
grande poder de influência sobre a criação, difusão e manutenção de
modelos comportamentais (....)”. Temas como a necessidade e/ou a difi-
culdade de assumir maior responsabilidade sobre a prática do sexo mais
seguro e as conseqüências de uma gravidez na adolescência começam a se
fazer presentes na mídia jovem brasileira.
Uma análise feita nas edições da revista Mídia dos Jovens, produ-
zido pela ANDI (Agência de Notícias dos Direitos das Crianças) ao
longo do ano 2000, demonstra que mais de 85% das reportagens
voltadas à juventude que foram analisadas estão centradas no uso da
camisinha e nas questões relativas à aids. As edições de suplementos
de jornais e revistas veiculados têm demonstrado uma boa presença
de info rmações relacionadas à prevenção d o HIV em rep ortagens
sobre os temas sexualidade e gravidez, retratando uma tendência de
transversalização das questões associadas à aids na pauta da mídia
jovem brasileira.
Os meios de comunicação, em geral, são importantes na disse-
minação das questões relativas à aids, na medida em que podem atingir
populações menos favorecidas e aquelas em condições econômicas e
sociais favoráve is, atuando desta fo rma como co-agentes de transfor-
mação social e responsáveis pela qualidade da informação divulgada.
O rádio, a TV, os jornais e as revistas podem ser aliados das estra tégias
em resposta à epidemia. É importante que as mensagens sejam ade-
quadamente adaptadas a cada meio de comunicação, visando atingir
grupos específicos da população.
“Se uma cena não me deixa satisfeito, então voltamos a rodá-la. Mas com a
aids o filme se acaba. Romper o silêncio depende de você e de mim.”
Danny Glover, ator de cinema.
54
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Recomendações
promover a utilização do rádio como meio privilegiado de di-
vulgação de mensagens de prevenção para os jovens, tendo em
vista o baixo custo deste veículo;
evidenciar o alcance de público que o rádio possui e incentivar a
população jovem a promover mensagens preventivas neste veículo.
incentivaraveiculaçãodemensagens preventivasnasrádios eTVs
comunitárias;
A televisão, por exemplo, é um meio de comunicação que atinge todos os
públicos ao mesmo tempo. Realmente temos de fazer uma coisa que atinja
tanto a população mais esclarecida quanto a menos favorecida. Então, eu acho
difícil ser uma campanha só.
evidenciar as vantagens comparativas entre os veículos de comu-
nicação, para que a população jovem promova mensagens pre-
ventivas adequadas aos seus objetivos e possibilidades;
promover e incentivar, nas escolas, discussões acerca da qualida-
de das programações de rádio,TV e das pautas de jornais e revis-
tas incentivandouma consciência crítica;
incentivar os meios de comunicação e agências de publicidade a
associarem produtos consumidos por jovens a comportamentos
saudáveis;
buscar, na iniciativa privada, (pequenas e grandes empresas) in-
centivos para a criação de jornais alternativos voltados à preven-
ção em populações específicas;
capacitar os profissionais da mídia para lidar com temas relativos
a jovens e aids;
estimular os veículos de comunicação a adotarem uma linha edi-
torial que inclua o tema prevenção às DST/aids;
Em se tratando de jovens, lógico, as campanhas têm peso, mas pra atingir o
jovem, hoje em dia, acho que a arte é o principal instrumento, entendeu? A
música, o teatro, sabe? Tudo isso...
desenvolver pautas que enfoquem a educação preventiva e bus-
quem uma abordagem crítica dos temas DST/aids e uso indevido
de drogas direcionados a diferentes públicos;
55
Cadernos UNESCO BRASIL
“Se essa auto-estima for ligada a vários outros pontos... o jovem vai
ter o poder de não ser manipulado pela mídia. É como eu havia
falado, um olhar crítico pra tudo.”
incentivar a inclusão cada vez maior do tema de educação pre-
ventiva às DST/aids e gravidez na adolescência nos programas
de televisão direcionados ao público jovem ou de baixa escolari-
dade; e
incorporar às pautas dos veículos de comunicação a necessidade
de aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente.
57
Cadernos UNESCO BRASIL
AIDS E JOVENS PORTADORES
No contexto da prevenção do HIV/aids, a inovação elementar foi,
em termos de Saúde Pública, a compreensão de que a discriminação con-
tra as pessoas infectadas pelo vírus, ou daquelas que vivem com aids, pre-
cisava ser enfrentada. Assim, tornou-se de fundamental importância a in-
clusão eaparticipação ativa destas pessoas na elaboração eimplementação
de políticas públicas, programas e ações destinados a responder à expan-
são da epidemia por todo o planeta. A discriminação foi identificada como
um trágico e contraproducente efeito da pandemia.
A e fetividade dessa inovação foi sendo reafirmada durante essas
duas décadas de epidemia no Brasil. A participação de pessoas que vivem
com o HIV ou com aids em atividades desenvolvidas por programas
governamentais, em ações continuadas de intervenção e prevenção reali-
zadas por Organizações da Sociedade Civil, em seminários e conferências
promovidos por diferentes setores de ensino, além das palestras e oficinas
implementadas por organizações privadas, têm sido de suma importância
no que se refere à desmistificação da doença e a superação do preconceito
que marcou, ou ainda marca, as vidas das pessoas atingidas por ela.
No anode 2002, mais de 20anosdecorridos após o início daeclosão
da epidemia de HIV/aids no mundo, pode-se contabilizar uma grande
evolução, sobretudo tecnológica, com a produção de medicamentos e a
utilização de terapêuticas que impedem, na grande maioria dos casos, a
replicação do HIV no corpo humano e o surgimento de doenças oportu-
nistas, e evitam a transmissão vertical do vírus.
Ainda não se tem a cura da aids e tampouco se sabe como retirar o
HIV do organismo humano, mas certamente se vive em um novo tempo
da epidemia.
Tendo em vista o estímulo que vem sendo dado à participação
mais efetiva dos jovens no enfrentamento da epidemia de aids,eoin-
centivos a formulação de estratégias de fortalecimento desse segmento
populacional em termos de exercício da cidadania, torna-se de funda-
mental importância a inclusão do jovem portador nas ações
implementadas nessa direção.
Com a aids, eu aprendi duas coisas: O que é
preconceito. .. E o que é solidariedade.
Publicação Letícia e Daniel Falando sobre Aids
58
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Mesmo que, nos dias de hoje, tenhamos conseguido promover uma
maior conscientização sobre os efeitos negativos provenientes da discri-
minação e exclusão das pessoas que vivem com HIV/aids, ainda perdu-
ram,nosensocomum denossasociedade,reaçõespreconceituosas dirigidas
a elas. Vivemos hoje a proximidade com uma primeira geração de jovens
infectados ou afetados pelo HIV.
Por outro lado, o envolvimento e o comprometimento da popula-
ção jovem no enfrentamento da epidemia, considerando as questões asso-
ciadas ao preconceito em relação às pessoas vivendo com HIV/aids pode
ser uma estratégia bem sucedida para eliminar a discriminação e para ga-
rantirseus direitos.
A inclusão de jovens portadores nos programas dirigidos ao forta-
lecimento do protagonismo juvenil pode propiciar a eliminação dos pre-
conceitosaindaexistentes,facilitaradiscussãosobreavivênciadaafetividade
e da sexualidade nos novos tempos da aids.
Adicionalmente, esta reflexão também reforça anecessidadedaado-
ção de práticas sexuais protegidas, não somente em relação às DST/HIV/
aids, mas também à gravidez não planejada nessa etapa da vida, cujos
índices no Brasil se encontram bem elevados.
Recomendações
Incluir e garantir a permanência do jovem e da criança portadora
do HIV no ambiente escolar;
assegurar o direito ao sigilo do jovem portador;
incentivar pesquisas sobre o comportamento do jovem portador
no sentido de subsidiar a formulação de ações e políticas para
este grupo;
incentivar a prática de adoção de crianças e jovens órfãs da aids
e/ou portadores do HIV;
fomentar programas de saúde específicos para o jovem porta-
dor; com vistas a:
incentivar a adoção ao ARV; e
acompanhamento psicológico, social e jurídico para o adoles-
cente e sua família;
Num emprego deveria ser reconhecido o jovem portador para poder garantir
uma política de respeito aos direitos humanos, que a empresa se preocupe com
isso e treine as pessoas para se prepararem para viver com as diversidade...
59
Cadernos UNESCO BRASIL
garantir a inserção e permanência da criança e do jovem porta-
dores nos programas sociais desenvolvidos pela sociedade civil e
pelo governo;
Um amigo meu dizia o seguinte: depende de como você tratar a menina ela
transa com você. Se for uma relação de paixão ela transa com você sem
camisinha, se se envolver, vamos ver como é isso...
fomentar a criação de um programa de “primeiro emprego”
para o jovem portador, com incentivos à iniciativa privada; e
instrumentalizar o jovem portador no desenvolvimento de ha-
bilidades para lidar com situações cotidianas na condição de
po rtador.
A gente tem na paixão um elemento que tira a camisinha da jogada. Quando
você junta a paixão com o ciclo da resposta sexual é mais complicado ainda
você negociar o preservativo.
61
Cadernos UNESCO BRASIL
CONCLUSÕES
De acordo com dados do final do ano 2000, existem 36,1
milhões de pessoas, em todo o mundo, vivendo com HIV/aids,
sendo que 90% dessas pessoas estão em países em
desenvolvimento. A e pidemia mundial afeta pessoas ricas ou
pobre s, sem distinção de idade, s exo ou raça. Contudo, destaca-se
que as mulheres, os jovens e as crianças, sobretudo as meninas,
formam os grupos mais vulneráveis. Por essa razão,umconsenso
global de que a pandemia do HIV/aids se constitui em uma
emergência para o mundo. Emergência que se configura como um
dos maiores desafios impostos à humanidade, fundamentalmente,
no que se refere à efetivação do exercício dos direitos humanos
dos cidadãos e das cidadãs de todo o planeta, além de estar sendo
considerada como uma dos principais entraves para o crescimento
e desenvolvimento social e econômico dos diferentes continentes,
comprometendo desde o nível nacional até o individual.
O UNAIDS anunciou recentemente que o número de
mortes por aids no ano 2000 no Brasil é um terço do número
registrado em 1996. No mesmo relatório que aponta estes dados,
divulgado na semana que antecedeu a Conferência de Barcelona
(7 a 12 de julho de 2002), uma informação nada otimista nos lev a
a uma reflexão: a aids deverá causar a morte de 65 milhões de
pessoas até 2020 mais do que o triplo de mortes registradas nos
primeiros 20 anos da e pidemia. O Brasil, nesse caso, tem
demonstradoovalordoseutrabalhonadireçãocertaedosesforços
em favor de um grande objetivo, cujos resultados têm trazido
grandes benefícios para toda a sociedade brasileira e,
principalmente, tem servido de exemplo para o mundo.
62
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Em junho de 2001, foi realizada, em NovaYork, a vigésima
sexta sessão extraordinária da Assembléia Geral das Nações Unidas
sobre HIV/Aids (UNGASS). estiveram reunidos Chefes de
Estado e de Governo, Representantes de Estados, Governos e da
Sociedade Civil Organizada, de todos os países do mundo, para
discutir os problemas e as graves repercussões da pandemia, bem
como estabelecer compromissos e pactos que possam garantir a
intensificação dos esforços em torno de respostas globais
contundentes em relação ao HIV e a aids.
Em relação ao grande contingente mundial de jovens
afetados pela aids, os participantes da UNGASS declararam o
compromisso de enfrentar os efeitos e desafios colocados pela
pandemia do HIV/aids adotando, dentre outra s, as se guintes
medidas
1
:
1. A prevenção deve ser o esteio da nossa resposta
52. Até 2005, garantir: a existência, em todos os países, em especial nos
países mais afetados, de uma vasta série de programas de prevenção que tomem
em consideração as circunstâncias, a ética e os valores culturais locais, incluam
informação, educação e comunicação, nas línguas que as comunidades
compr eendam melhor, e r espeitem as culturas, destinados a reduz ir os
comportamentos de risco e incentivar um comportamento sexual responsável.
Estecompromissovem reforçaroMarcodeAçãodeDakar
2
,
que se propõe a alcançar objetiv os e metas da Educação para Todos
os quais reafirmam que a educação é um direito fundamental e
constitui a chave para o desenvolvimento sustentável de uma nação.
Sendo a aids uma ameaça para o desenvolvimento, a educação
1
Declaração de Compromisso Sobre o HIV/Aids. Crise Mundial Resposta
Mundial. Documento elaborado na Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações
Unidas sobre o HIV/Aids, no período de 25 a 27 de junho de 2001, na
cidade de Nova York.
2
Fórum Mundial de Educação, realizado em Dakar, Seneg al, no período de
26 a 28 de abril de 2000.
63
Cadernos UNESCO BRASIL
preventiva se insere nesta perspectiva como uma prioridade. “Os
programas para o controleearedução da difusão do vírus devem
fazer o máximo uso do potencial da educação para transmitir
mensagens sobre a prevenção e para mudar atitudes e
comportamentos
3
”.
2. A realização dos Direitos Humanos e das liberdades
fundamentais para todos é essencial para reduzir a
vulnerabilidade ao HIV/aids.
58. Até 2003, promulgar, reforçar ou fazer cumprir, consoante seja o caso,
regulamentos e outras medidas para eliminar todas as formas de discriminação
contra as pessoas que vivem com o HIV/aids e os membros de grupos
vulneráveis, bem como para garantir que gozem de todos os direitos humanos
e liberdades fundamentais e, em especial, garantir-lhes o acesso a, entre outras
coisas, educação, direitos sucessórios, emprego, cuidados de saúde, prevenção,
apoio, informação e proteção legal, respeitando a sua privacidade e
confidencialidade, e criar estratégias para combater o estigma e a exclusão
social ligados à epidemia;
3. A prioridade de resposta deve ser dada àqueles que se
encontram numa situação de vulnerabilidade. A capacidade
de agir da mulher é imprescindível para reduzir a
vulnerabilidade.
62. Até 2003, a fim de complementar os programas de prevenção de
atividades que expõem as pessoas ao risco de infecção pelo HIV, tais como
o comportamento sexual de risco sem proteção e o uso de drogas injetáveis,
ter estabelecido, em todos os países, estratégias, políticas e programas que
identifiquem e comecem a fazer algo em relação àqueles que tornam as pessoas
especialmente vulneráveis à infecção pelo HIV, nomeadamente, o
subdesenvolvimento, a insegurança econômica, a pobreza, a falta de
autonomia da mulher, a falta de instrução, a exclusão social, o analfabetismo,
3
Educação P ara Todos: O Compr omisso de Dakar. Brasília: UNESCO,
CONSED. pág. 17
64
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
a discriminação, a falta de informação e/ou produtos de autoproteção, todos
os tipos de exploração sexual de mulheres, meninas e rapazes, inclusive com
fins comerciais; essas estratégias, políticas e programas deverão ter em conta a
dimensão da epidemia em termos de gênero, especificar as medidas que irão
ser tomadas para combater a vulnerabilidade e fixar os objetivos a atingir;
63. Até 2003, criar e/ou reforçar estratégias, políticas e programas que
reconheçam a importância da família na redução da vulnerabilidade, entre
outras coisas, pela educação e orientação das crianças, e tomem em consideração
os fatores culturais, religiosos e éticos para reduzir a vulnerabilidade das
crianças e dos jovens: garantindo o acesso, tanto de rapazes como de moças, ao
ensino primário e secundário, com programas de estudos para adolescentes que
incluam o HIV/aids; proporcionando ambientes seguros e protegidos, em
especial para as jovens; expandindo os serviços, de alta qualidade e dirigidos
para os jovens, de informação e educação sobre saúde sexual e aconselhamento;
reforçando os programas de saúde reprodutiva e sexual; e, na medida do
possível, envolvendo as famílias e os jovens no planejamento, execução e
avaliação de programas de cuidados e de prevenção do HIV/aids;
4. Combater o HIV/aids é investir no desenvolvimento sustentável.
68. Até 2003, avaliar o impacto econômico e social da epidemia do HIV/
aids e estabelecer estratégias multissetoriais para resolver esses impactos
ao nível das pessoas, famílias, comunidades e nações; estabelecer e acelerar
a execução de estratégias nacionais de erradicação da pobreza para fazer
frente ao impacto do HIV/aids nos rendimentos familiares, meios de
vida e acesso a serviços sociais básicos, p restando uma atenção especial às
pessoas, famílias e comunidades afetadas gravemente pela epidemia;
estudar os impacto social e econômico do HIV/aids em todos os níveis da
sociedade, em especial, nas mulheres e nos idosos, sobretudo no seu papel
de prestadores de cuidados e no âmbito das famílias afetadas pelo HIV/
aids e satisfazer as suas necessidades especiais; ajustar e adaptar as
políticas econômicas e de desenvolvimento social, nomeadamente as políticas
de proteção social, de modo a resolverem os impactos do HIV/aids no
crescimento econômico, na p restação de serviços econômicos essenciais, na
produtividade da mão-de-obra, nas receitas dos governos e nas pressões
que geram déficites dos recursos públicos;
65
Cadernos UNESCO BRASIL
Essas metas reforçam a importância do GT Jovem no
cenário dos no vos tempos de aids. Implementar políticas e
programas no Brasil que adotem estratégias no qual o
protagonismo juvenil seja o eixo central, é uma tarefa e um
compromisso conjuntos entre Governos, Sociedade Civil
Organizada e Agências de Cooperação Internacional.
Esta experiência de outorgar a responsabilidade ao jovem,
convidando-os a refletir sobre a resposta nacional à epidemia
nos mostrou, na constituição deste Grup o de Trabalho Jovem,
que a juventude participante de movimentos sociais está sensível
ao desenvolvimento de habilidades para a vida, necessitando de
uma orientação que os faça reconhecer o seu valor, adquirindo
assim uma postura diferente perante a própria existência.
Este trabalho com os jovens se coaduna com o mandato
da UNESCO, na medida em que sua concepção e implementação
estiveram embasadas nos quatro princípios-pilares do
conhecimento
4
:
A p render a conhecer: de acordo com Delors, ap render a
conhecer significa b uscar o domínio do conhecimento. Desta
forma, o trabalho do GT Jovem se aplica à proposta de
fo r talecer o conhecimento do g r upo e suas ca pacidades de
mobilização, para que aprendam como continuar a aprender ao
longo de toda a vida.
Aprender a Fazer: de maneira indissociável do aprender a
conhecer, aprender a fazer relaciona-se com as questões de
utilização de metodologias e tecnologias que ampliam os
resultadosdo trabalho.O uso de ferramentastecnológicas, aliadas
4
“Para dar resposta esperança que todos temos de uma nova educação para o próximo
milênio, a Comissão presidida por J. Delorschegou à conslusão que a educação deve ser
organizada em quatro princípios-pilares do conhecimento”. (Abrindo Espaços, Edições
UNESCO 2001, pág. 9) Os princípios citados estão no Relatório Delors.
66
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
à conv ivência em grupoeàprodução intelectual, contribuíram
significativamente para a ampliação do horizonte destes jovens
no que diz respeito às ações preventivas que desenvolvem, assim
como para suas expectativas no campo profissional.
Aprender a Viver Juntos: esta aprendizagem é compreendida
como um dos maiores desafios da educação. OGTJovemtrabalhou
na perspectiva de conhecer seus semelhantes e suas realidades,
reconhecendo o outro e atribuindo-lhe significado a partir da
compreensão das diversidades sociaise culturais. Assim,foi possível
chegar a um consenso para a proposição das recomendações
dispostas nesta publicação.
Aprender a Ser: os jovens foram valorizados a partir do trabalho
que desenv olviam antes de suas participações neste grupo. Sendo
assim, foram reforçados e estimulados a desenvolverem seus
pensamentosparaque reagissemcomoatoresresponsáveispelaprópria
atuação. Aprender a ser relaciona-se com desenvolver o protagonismo
existente em cada um.
O mais evidente desejo dos jovens deste Grupo de Trabalho
é o de participar integralmente, e de maneira igualitária, nas
r esoluções concernentes ao mundo em que vive m. Todos se
percebem como capazes de contribuir assumindo responsabilidades
a partir dos papéis que desempenham na família, na universidade,
no trabalho, no ambiente de lazer e nos mais diversos espaços
educativo s.
A prevenção pela educação será sempre a chave para a
redução do índice de novas infecções pelo HIV. Foi consenso nas
discussões durante a concepção desta publicação que, toda e
qualquer intervenção preventiv a deve ser adaptada às condições
das populações, assim como devem contemplar as questões de
gênero, as diferenças entre as áreas urbanas e rurais, as diferenças
entreosjovens inseridosnoambientedaescola e foradelaquestões
estas que permeiam todas as dimensões da educação preventiva
67
Cadernos UNESCO BRASIL
para o HIV. Mais do que nunca, os criadores de políticas precisam
envidar esforços para que os jovens possam ser ouvidos em suas
necessidades e, não menos importantes, em suas idéias que podem
ser respostas que contribuem para o desenvolvimento sustentável.
Nesse sentido, temos boas possibilidades de sucesso, pois o
Brasilpossuium programaconsagradonacionaleinternacionalmente
e uma Sociedade Civil Organizada dinâmica que tem participado
destacadamente na construção da resposta brasileira à epidemia do
HIV/aids.
É importante ressaltar que esta publicação é, sobretudo, um
instrumento de mobilização política que será usado por jov en s
lideranças, profissionaisdeeducaçãoesaúde, formadoresdeopinião,
Organizações da Sociedade Civil e pelo Poder Público, na tentativa
de consolidar práticas educativas e políticas em relação a epidemia.
E é nessa perspectiva, que a UNESCO e o UNAIDS se
firmam cada vez mais como agentes indutores de mudanças sociais,
facilitando o acesso à informação, promovendo a conscientização
emproldo desenvolvimentoecontribuindoparapossíveismudanças
de comportamento das populações jovens em todo o mundo.
69
Cadernos UNESCO BRASIL
BIOGRAFIA DOS JOVENS
Ana Beatriz dos Santos 24 anos
Bia, como é conhecida pelos amigos do GT, é carioca e ingressou
no movimento social em 1992, quando tinha 15 anos. Tudo começou
com uma palestra sobre aids na escola onde estudava. Foi então que se
sentiu motivada a realizar algum trabalho voluntário e o rumo que tomou
a surpreende até hoje.
Aos poucos foi conhecendo a organização da sociedade civil e o
Grupo pela Vidda/RJ e se encantou com a proposta de luta pelos direitos
das pessoas que vivem com o HIV. Foi neste grupo que iniciou sua forma-
ção como educadora para trabalhar com prevenção nos grupos de jo-
ven s.Em1994, representouo Grupo PelaViddanacomissãoorganizadora
do Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids. Anos mais
tarde, trabalhoucomo assistente técnicado projetoTeatro Preventivo, cuja
proposta era levantar as questões da prevenção das DST/aids nos jovem
eadolescentes.
Ana Paula da Silva 20 anos
Ana Paula nasceu em Niterói Rio de Janeiro. Começou no movi-
mento social, por meio de um curso de capacitação em TV e vídeo pro-
jetado pela TV Comunitária BemTV, financiado pelo Programa Comuni-
dade Solidária. Na época, com 17 anos, Ana foi capacitada, durante seis
meses, para trabalhar com comunicação abordando temas específicos
voltadas à comunidade escolar.
Sua vida mudou muito desde então. A hoje, está envolvida com a
ONG BemTV, representando a instituição em vários eventos e contribu-
indo na elaboração de projetos.
Atualmente, Ana Paula está estudando para o vestibular na área de
Comunicação Social. Como não sabe se conseguirá estudar em uma uni-
versidade pública, pretende ainda passar em algum concurso público para
manter seus estudos. Além disso, quer fazer um cursinho de inglês e uma
especialização em elaboração de projetos.
70
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
Daniel de Castro Leite– 21 anos
Daniel é paulista, nasceu em outubro de 1981. Começou sua luta em
favor dos direitos dos portadores de HIV em 1998 assistindo a uma pa-
lestra da ONG APTA/SP em sua escola.
Daniel estudava no Colégio da Polícia Militar quando formou, junto
com outros colegas, um grupo de discussão que envolvesse temas polê-
micos para adolescentes como: HIV, DST, aids e uso de drogas. A partir
daí começou a integrar o Programa APTEEN e foi capacitado para pro-
ferir palestras sobre HIV/aids para adolescentes em escolas e outros espa-
ços educativos da sua cidade.
Duranteo ano2000,organizou juntocom ÉlidaMirandao Fórum
de Jovens Protagonistas de SP, no mesmo momento em que foi convida-
do para compor o GT Jovem do UNAIDS.
Atualmente, Daniel estuda Ciências Sociais na PUC de São Paulo e
está concluindo sua pesquisa na área de antropologia da saúde. Seu objeto
de investigação são crianças que nasceram portadoras do HIV e hoje estão
entrando na adolescência.
Para o futuro,Daniel quer dar continuidade a suas pesquisas e traba-
lhar na continuidade dos ideais deste grupo jovem.
Élida Miranda dos Santos 19 anos
Nasceu na região metropolitana de São Paulo, no bairro chamado
Jardim Damasceno.
Iniciou este “trilhar social”, como ela mesma define, no Movimento
Nacional de Meninos e Meninas de Rua MNMMR, que lhe facilitou
aprender a ter um olhar crítico e participação ativa nas decisões relativas à
área social.
Com o objetivo de contribuir com as políticas públicas em defesa
dos direitos de crianças e adolescentes,desde 1997, tem participado, junto
às várias esferas do governo, na organização,de encontros voltados à estas
populações. Faz curso de vídeo e TV na Associaçäo Novolhar, onde os
programas são produzidos pelos próprios educandos e vão ao ar uma
vez por mês no canal universitário TV PUC. Trabalha, ainda, desenvol-
vendo oficinas de sexualidade, redução da maioridade penal, entre outros
temas, sempre voltados à discussão do Estatuto da Criança e Adolescente.
Élidapretendeestudarmedicina,emCuba,enofuturoserPresidenta
da República.
71
Cadernos UNESCO BRASIL
Marco Antônio Franco Amaral 22 anos
Marco Antônio é mineiro de Uberlândia. Começou sua trajetória
como educador de pares no Movimento dos Adolescentes Brasileiros
MAB, onde é atuante até hoje. Sempre atuou na área de prevenção da aids
e os outros temas que perpassam a discussão, como sexualidade, cidada-
nia, comportamento e outros.
É estudante de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). Além disso, pela sua paixão pelo movimento de jovens, também
atua como professor de História Geral no Telecurso 2000 e no pré-vesti-
bular Alternativo .
Com relação ao futuro pretende ser professor universitário como
forma de contribuir para efetivar mudanças nas relações sociais. Marco
quer ter a certeza de que fez parte da construção de um mundo mais justo
em que as pessoas poderão ter, pelo menos, o direito de fazer escolhas.
Mêires Moreira da Silva 20 anos
Nascidaem SantanadoCariri Ceará, emdezembrode 1982,Mêires
é a décima quarta filha de uma família com 17 irmãos. Todos foram
criados somente pela mãe.
Aos 10 anos, quando começou a participar das atividades da Fun-
dação Casa Grande, descobriu, por meio da comunicação, que poderia
fazer muita coisa por outras pessoas e por si mesma.
Participoudediversasatividadesedepartamentosda instituição,como
o museu, a biblioteca e a um programa de músicas infantis. Após esta
trajetória na Fundação, Mêires apresentou um programa dominical o
MPB Especial, onde fazia um especial com alguns cantores da música
brasileira,descrevendo vida e obra. Foi naquela ocasião que fez um espe-
cial sobre Cazuza e falou pela primeira vez sobre aids.
A partir dessa experiência, começou a pesquisar assuntos de interes-
se da comunidade, especialmente para os jovens. Com essa nova perspec-
tiva o programa mudou de nome e passou a chamar-se “Papo Cabeça”
que está no ar até hoje todos os domingo s. O objetivo do Papo C abeça é
despertar as pessoas para uma reflexão sobre comportamentos. Mêires
apresenta informações, opiniões e entrevistas com profissionais da saúde,
jovens e adultos sobre os mais variados temas tais como violência, sexua-
lidade, Direitos Humanos, dentre outros. Atualmente, ela também é ge-
rente da Editora da Fundação Casa Grande onde são produzidas revistas
72
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
em quadrinhos sobre lendas da região e outros temas como: camisinha,
aids, tabagismo.
Mêires concluiu o Ensino Médio e agora pretende cursar Psicologia.
Na região onde mora nenhuma instituição de ensino superior oferece este
curso, por isso pretende fazer História e depois, quando tiver uma opor-
tunidade melhor, fará o curso que realmente deseja.
Sérgio de Cássio 23 anos
Nascido em Brasília, Sérgio mora na Ceilândia uma região admi-
nistrativa do Distrito Federal que, devido aos inúmeros problemas sociais,
econômicos e estruturais, foi chamada de bairro-pólvora.
Iniciou-se no movimento social nos Grupos de Jovens da Igreja
Católica, passando pelo Movimento Estudantil e até pelos partidos de
esquerda. Foi em 1997, quando ganhou o prêmio de artes plásticas da
Fundação AthosBulcão,que iniciou seu envolvimento com instituições de
promoção à cidadania. Junto com um grupo de amigos formou o Gru-
po Atitude, que visitava instituições, realizava parcerias, desenvolvia ativi-
dades, enfim, trabalhava questões como preconceito e ausência de políti-
cas públicas de saúde envolvendo, sempre o tema da aids.
Atualmente, estuda Ciência da Educação em uma faculdade parti-
cular de Brasília. Sua perspectiva de futuro é a conclusão do seu curso e a
continuidade do trabalho como educador de pares, contribuindo assim
para que os jovens portadores de HIV/aids e aqueles em situação de
exclusão social possam ter novas oportunidades.
73
Cadernos UNESCO BRASIL
GLOSSÁRIO
ATIVIDADE SEXUAL
Sinônimo de comportamento sexual. É a expressão comportamental re-
lativa à sexualidade onde o componente erótico é evidente.
ARV ANTI-RETROVIRAL
Conjunto de medicamentos associados que compõem a Terapia Anti-
Retroviral em indivíduos portadores do HIV ou doentes de aids, reduzin-
do a mortalidade principalmente por doenças oportunistas.
COMPORTAMENTOS SEXUAIS RESPONSÁVEIS
São os comportamentos voltados para a prática do sexo sem risco para si
ou mesmo para o outro. É o tipo de comportamento no qual a expressão
da sexualidade é caracterizada pelo respeito, honestidade, auto-proteção,
mutualidade, consentimento, busca do prazer e bem-estar. A pessoa que
apresenta um comportamento sexual responsável não tem a intenção de
ferireabstem-sedeexploração, assédio,manipulação ediscriminação.Uma
comunidade promove comportamentos sexuais responsáveis difundindo
conhecimentos, bem como, facilitando o acesso a recursos de prevenção,
como a camisinha.
CONTROLE SOCIAL
Participação da sociedade civil organizada na elaboração, implantação e
fiscalização das políticas de saúde. Tem como objetivo, fomentar a quali-
dade dos serviços de saúde pública e as ações governamentais em respos-
ta à epidemia.
CONSELHO NA CIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E
DO ADOLESCENTE CONAN DA
Órgão vinculado ao Ministério da Justiça, cujas funções são deliberar e
fiscalizar as políticas de atenção às crianças e os adolescentes, propondo
ao governo e à sociedade civil brasileira a urgente e imperativa integração
das políticas públicas. O Conselho define diretrizes paradigmáticas,
orientadoras e referenciais que devem ser incorporadas na concepção de
74
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
planejamento e operacionalização do conjunto de ações ao atendimento à
criança e ao adolescente.
CONSELHO ESTADUAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E
DO ADOLESCENTE CONDECA
Órgão deliberativo, autônomo, formulador e controlador das ações e/ou
políticas relacionadas à criança e ao adolescente em todos os estados bra-
sileiros e no Distrito Federal.
CONSELHO TUTELAR
Órgão municipal permanente e autônomo, nãojurisdicional, encarre gado pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dosdireitosdacriança e do adolescente.
DEPENDÊNCIA
É o impulso que leva os indivíduos a usarem alguma droga ou produto,
de forma contínua ou periódica, para obter prazer ou aliviar tensões, an-
siedades, medos ou sensações físicas desagradáveis.
DIREITOS HUMANOS
Conjunto de conceitos e princípios universalmente reconhecidos como
protetores da dignidade humana ao mesmo tempo em que promovem a
justiça, a eqüidade, a liberdade e a vida.
DIREITOS SEXUA I S
Como a proteção à saúde é um direito humano básico, segue que a saúde
s exual envolve os direitos sexuais. O reconhecimento dos direitos sexuais
está em processo de evolução. A premissa dos Direitos Humanos no
enfoque da promoção da saúde tem sido explicitamente reforçada para a
promoção da saúde reprodutiva.
DROGAS
São substâncias que, ao serem ingeridas, alteram a consciência, a percep-
ção e as sensações, produzindo modificações temporárias ou permanen-
tes no organismo e no estado emocional dos indivíduos.
DROGAS ILÍCITAS
São drogas de comércio ilegal, tais como: maconha, cocaína, crack,
mer la e outras.
75
Cadernos UNESCO BRASIL
DROGAS LÍCITAS
São drogas cuja comercialização é legalizada, tais como: álcool, cigarro
e remédios.
ESTAT UTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ECA
Marco Legal que define e fundamenta a promoção e a defesa dos direitos
de cidadãos de todas as crianças e adolescentes.
EDUCAÇÃO PREVENTIVA
Educação que visa a oferecer meios seguros para preservar a saúde e,
conseqüentemente a vida.
EPIDEMIA
Doença que ataca simultaneamente muitos indivíduos na mesma terra ou
região, mas que não tem causas locais. Surto periódico de uma doença
infecciosa.
GÊNERO
É a construção social do masculino e do feminino. É a soma dos valo-
res, atitudes, papéis, práticas e características sociais e culturais basea-
dos no sexo masculino ou no feminino. Como tem existido historica-
mente, interculturalmente,e nas sociedades contemporâneas,asrelações
de gênero refletem e perpetuam específicas relações de poder entre
homens e mulheres.
HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS - HSH
Este termo foi recentemente adotado pelas organizações que trabalham
com o tema da aids para designar a população masculina vulnerável à
infecção pelo HIV e que tem a prática do sexo com homens, consideran-
do-se que algumas situações como nas prisões - são propícias para a
prática do sexo sem levar em conta a orientação sexual ou a identidade
sexual do indivíduo.
HOMOSSEXUALIDADE
Orientação e atração sexual entre indivíduos do mesmo sexo.
IDENTIDADE DE GÊNERO
Trata-se da estrutura interna, construída com as experiências das histórias
76
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
de vida de um indivíduo, que o habilita a organizar um conceito próprio e
agir socialmente em relação ao seu sexo e gênero percebidos.
IDENTIDADE SEXUAL
A identidade sexual é a identidade própria e total, relacionada ao sexo,que
inclui a maneira pela qual um indivíduo se identifica como homem, mu-
lher, masculino, feminino, ou alguma combinação somada à sua orienta-
ção sexual.É uma estrutura interna, construída através do tempo, a qual
permite o indivíduo organizar o seu autoconceito baseado no seu sexo,
gênero e orientação sexual, e agir socialmente considerando suas capacida-
des sexuais percebidas.
INSTITUIÇÕES PARCEIRAS
Instituições públicas, privadas ou do terceiro setor unidas para a execução
de uma parceria, ou seja, uma atividade específica pré-acordada.
INSUMO DE PREVENÇÃO
Recursos materiais utilizados para a prevenção do HIV/aids, tais como
p reservativosfemininoemasculino (camisinha)eseringasdescartáveis (uti-
lizadas em estratégias de redução de danos.
MARKETING SOCIAL
É a gestão estratégica do processo de introdução de inovações sociais,
com base na adoção de novas atitudes, comportamentos e práticas indivi-
duais e coletivas, orientadas por preceitos éticos, fundamentada nos direi-
tos humanos e na eqüidade social. Em todo o mundo, atualmente, o
marketing social é uma das ferramentas mais aplicadas à gestão de proje-
tos e programas sociais.
ORIENTAÇÃO SEXUAL
É a orientação interna de um indivíduo com relação ao seu envolvimento
erótico e/ou emocional com referência ao sexo e ao gênero do parceiro.
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL OSC
Expressão adotada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento
BID, no início dos anos 80,que designa as entidades, com características
jurídicas e legislação especial, dedicadas principalmente à construção e a
defesa de direitos ou ao desenvolvimento econômico e social.
77
Cadernos UNESCO BRASIL
O RGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS ONG
Entidades que caracterizam-se pela luta em favor da democracia e do
desenvolvimento e, ao menos inicialmente, assessoram os movimen-
tos sociais.
PARCERIA
É um acordo, formal ou informal, estabelecido entre partes interessadas
na execução de uma atividade específica, sendo o espectro da atividade
definido entre as partes para a execução da at ividade. Podem ocorr er
parceriastécnicas, administrativas,executivas,logísticas, financeiras,de su-
porte, entre outras.
PRÁTICA SEXUAL
Prática sexual é um padrão de atividade sexual exibida por um indiví-
duoou comunidade comfreqüência suficienteparaser consideradacomo
comportamento.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Conjunto de ações e estratégias estabelecidas por uma ou mais esferas
governamentais (federal, estadual ou municipal), com o propósito de atin-
gir resultados eficazes numa área de ação específica. Por exemplo: políti-
cas públicas para o combate ao HIV/aids.
PANDEMIA
Doença que ataca ao mesmo tempo grande número de pessoas, na mes-
ma região ou em grande número de países.
REDUÇÃO DE DANOS
Conjunto de medidas de saúde pública voltadas a minimizar as conseqü-
ências adversas do uso de drogas, partindo do pressuposto de que um
indivíduo que dependente de drogas enfrenta dificuldades para interrom-
per o consumo, as técnicas de redução de danos incluem as seguintes es-
tratégias: respeitar a condição de usuário sem incentivar o uso de drogas;
promover o uso não-injetável de drogas; garantir o uso não-compartilha-
do de seringas e demais equipamentos de injeção/consumo de drogas
com outras pessoas.
78
série EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE volume 1
SEXO
Na linguagem cotidiana e coloquial a palavra sexo é muitas vezes utilizada
com referência ao sexo biológico (masculino e feminino), ou à atividade
física que envolve os órgãos genitais (fazer sexo).
SEXUALIDADE
Conjunto de aspectos biológicos, psicológicos, socioculturais, éticos e re-
ligiosos/espirituais que se referem à vivência do sexo. Asexualidade é uma
das dimensões do ser humano a qual envolve, gênero, identidade sexual,
orientação sexual, erotismo, envolvimento emocional, amor e reprodu-
ção. É experimentada ou expressa em pensamentos, fantasias, desejos,
crenças,atitudes, valores,atividades,práticas,papéis,relacionamentos.Além
do consenso de que os componentes socioculturais da sexualidade são
críticos para a conceituação da sexualidade humana, existe uma clara ten-
dência em abordagens teóricas de que a sexualidade se refere não somente
às capacidades reprodutivas do ser humano, como também ao prazer.
SEXO SEGURO
Práticas e comportamentos sexuais que reduzem o risco de contrair e
transmitir infecções sexualmente transmissíveis, especialmente o HIV.
SAÚDE SEXUAL
A Organização Mundial de Saúde afirma que “saúd e é o estado de com-
pleto bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de
doenças. No que se refere à saúde sexualéaexperiência do contínuo
processo referente ao bem-estar físico, psicológico e sociocultural relacio-
nado com a sexualidade.
SOE SERVIÇOS DE ORIENTAÇÃO ESCOLAR
Departamento da escola que faz atendimento a alunos com relação ao seu
desempenho, bem como orientação e acompanhamento relacionados a
comportamentos, dificuldades e potencialidades.
TERCEIRO SETOR
Termo que se refere ao conjunto de organizações que se distinguem do
Estado e do mercado por gerarem um tipo de capital que é fundamental-
mente social. Apesar do Terceiro Setor remeter diretamente à lógica do
mercado, quando se pensa em geração de empregos e capitais, o que o
79
Cadernos UNESCO BRASIL
diferencia dos outros dois setores (governo e mercado) é a possibilidade
de renovação da vida pública.
TRANSMISSÃO VERTICAL
É a forma de transmissão do HIV da mãe para o filho. A transmissão
vertical pode ocorrer durante a gravidez, durante o trabalho de parto e o
parto e no período pós-natal. Tem-se dividido a transmissão vertical em
três períodos: intra-uterino, intraparto e pós-parto, através do aleitamento.
A possibilidade de contaminação da criança através do aleitamento mater-
no é de aproximadamente 14%. Caso a infecção aguda materna ocorra
durante o aleitamento, tal possibilidade aumenta para 29%.
USO INDEVIDO
Uso de dro gas de forma f reqüente ou não, comprometendo vínculos
afetivos, sociais e profissionais, bem como envolvendo implicações físi-
cas epsíquicas.
VULNERABILIDADE
Ser vulnerável, no contextoda infecção pelo HIV ou outras DST, significa
ter pouco ou nenhum controle sobre o risco de se infectar; e para aqueles
infectados ou afetados, ter pouco ou nenhum acesso à assistência e ao
tratamento adequados. A vulnerabilidade pode ser influenciada por diver-
sos fatores pessoais, sociais e programáticos.
81
Cadernos UNESCO BRASIL
BIBLIOGRAFIA
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Brasília:MinistériodaSaúde/CoordenaçãoNacionalde DST/
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_________. Manual de redução de danos. Brasília: Ministério da
Saúde/Coordenação Nacional de DST/AIDS, 2001.
_________. Prevenção e controle das DST/AIDS na
comunidade : manual do agente comunitário de saúde.
Brasília:MinistériodaSaúde/CoordenaçãoNacionaldeDST/
AIDS, 2001.
_________. Profissionais do sexo: documento referencial para
ações de prevenção das DST e da AIDS. Brasília: Ministério
da Saúde/Coordenação Nacional de DST/AIDS, 2002.
_________. Resposta: experiência do Programa Brasileiro de AIDS.
Brasília:MinistériodaSaúde/CoordenaçãoNacionalde DST/
AIDS, 2002.
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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TRABALHO. Repertório de
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___________; GALVÃO, J. & BESSA, M. S. Saúde,
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PIMENTA, M. C. et al. Passagem para a vida adulta:
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Nacional Antidrogas, 2000.
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87
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2. Associação Brasileira de ONG ABONG
3. Banco Mundial
4. Centro de Controle e Prevenção de
Doenças
5. CONSED
6. Coordenação Nacional de DST/aids do
Ministério da Saúde
7. Federação de órgãos de Assistência So-
cial e Educacional Fase
8. Family Health International - FHI
9 . FNUAP
10.Ford Foundation
11. Fundação Abrinq
12. Fundação Kellogs
13.Fundação Odebrecht
14. Fundação Oswaldo Cruz
15. Instituto Academia Social
16. Instituto Promundo
17. Instituto Ethos
18. John Snow
19. MacArthur Foudation
20. Médicos Sem Fronteiras
21. Ministério da Saúde
22. Management Science for Health - MSH
23. Núcleo de Estudo para Prevenção da aids
24. OIT
25. OMS
26. Organização Mundial de Saúde - OMS
27. Organização Pan-americana de Saúde
28.Oxfam
29. PNUD
30. Programa de DST/aids do DF
31. Programa de DST/aids do RJ
32. Programa Municipal de DST/aids de SP
33. Rede de Informações Sobre o Terceiro
Setor RITS
34. UNAIDS
35. UNDIME
36. UNESCO
37. UNICEF
38. UNIFEM
39. Universidade John Hopkins
40. UNDCP
41. USAID
www.ashoka.org
www.abong.org.br
www.bancomundial.org.br
www.cdc.gov
www.consed.org.br
www.aids.gov.br
www.fase.org.br
www.fhi.org
www.fnuap.org.br
www.fordfound.org
www.fundabrinq.org.br
www.wkkf.org
www.odebrecht.com.br
www.fiocruz.br
www.academiasocial.org.br
www.promundo.org.br
www.ethos.org.br
www.johnsnow.org
www.macfdn.gov.br
www.msf.org.br
www.saude.gov.br
www.msh.org
www.usp.br/nepaids
www.oit.org
www.who.int
www.who.int
www.opas.org.br
www.oxfam.org.br e www.oxfam.org
www.undp.org.br
www.saude.df.gov.br
www.saude.rj.gov.br
www.prodam.sp.gov.br
www.rits.org.br
www.unaids.org
www.undime.org.br
www.unesco.org.br e www.unesco.org
www.unicef.org.br
www.unifem.org
www.hopkins-aids.edu
www.undcp.org.br
www.usaid.org
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