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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MARIA ENILDES AUXILIADORA LEITE CANDIDO
AIDS: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS QUE OS DIRIGENTES APRESENTAM
ACERCA DO QUE PENSAM SER AS REPRESENTAÇÕES DE ALUNOS DE
ESCOLAS PÚBLICAS DE CUIABÁ-MT.
CUIABÁ
2005
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1
MARIA ENILDES AUXILIADORA LEITE CANDIDO
AIDS: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS QUE OS DIRIGENTES APRESENTAM
ACERCA DO QUE PENSAM SER AS REPRESENTAÇÕES DE ALUNOS DE ESCOLAS
PÚBLICAS DE CUIABÁ-MT.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade Federal de
Mato Grosso, como requisito para obtenção do título
de Mestre em Educação, na área de concentração:
Educação, Cultura e Sociedade.
PROFESSORA DOUTORA EUGÊNIA COELHO PAREDES
ORIENTADORA
CUIABÁ
2005
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2
MARIA ENILDES AUXILIADORA LEITE CANDIDO
AIDS: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS QUE OS DIRIGENTES APRESENTAM
ACERCA DO QUE PENSAM SER AS REPRESENTAÇÕES DE ALUNOS DE ESCOLAS
PÚBLICAS DE CUIABÁ – MT .
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT
CUIABÁ, FEVEREIRO DE 2005
BANCA EXAMINADORA
PROFESSORA DOUTORA EUGÊNIA COELHO PAREDES
ORIENTADORA
PROFESSORA DOUTORA DENIZE CRISTINA DE OLIVEIRA
EXAMINADORA EXTERNA
PROFESSORA DOUTORA MARIA IGNEZ JOFFRE TANUS
EXAMINADORA INTERNA
PROFESSOR DOUTOR MANOEL FRANCISCO DE VASCONCELOS MOTTA
EXAMINADOR SUPLENTE
3
AGRADECIMENTO ESPECIAL
À professora Doutora Eugênia Coelho Paredes que
durante esta trajetória compartilhou comigo seus
conhecimentos.
4
AGRADECIMENTO
A Deus, por ter me dado saúde nesta caminhada.
Ao meu marido Gilmar e a minha filha Gilmara que souberam compreender as
razões e aceitaram a minha constante ausência.
A minha mãe, que sempre me incentivou, juntamente com meus familiares na
concretização deste sonho.
À professora Mestre Sumaya Persona de Carvalho por ter acreditado que este
sonho poderia se concretizar.
As colegas Iraneide de Albuquerque Silva e Lea Lima Saul pelo apoio sempre
que necessário, ajudando-me a refletir na construção deste estudo.
Às professoras Doutoras Maria Ignez Joffe Tanus e Denize Cristina de Oliveira
pelas contribuições sobre o trabalho que possibilitaram a reorganização das análises.
À Suely Ferraz Afonso e Suleima Cristina Leite de Moraes pelo apoio na
revisão que foram imprescindíveis.
As colegas mestrandas Elisabete Costa Martins Pizaneschi, Kátia Simone da
Rosa Bianchi, Iraneide de Albuquerque Silva, Ivone de Oliveira Lima, Marta Maria Telles
Coutinho, Patrícia Rodrigues Borges Soler que trilharam comigo esses dois anos dividindo as
dúvidas e as alegrias.
Ao Departamento de Economia, colegas de trabalho pelo incentivo e apoio.
Aos funcionários do Instituto de Educação, da pós-graduação, em especial
Luisa Maria Silva Santos e da graduação Manoel Messias de Souza pela deferência no
atendimento.
5
Aos amigos Célia Maria Moreira, Clélia Leite Moreno, professor Doutor
Fernando Tadeu de Miranda Borges, professor Mestre Gerson Rodrigues da Silva pela
demonstração de carinho e incentivo.
Aproveito finalmente para agradecer os dirigentes escolares que dividiram
conosco seus conhecimentos sem os quais não seria possível a amarração deste trabalho.
Enfim, a todas as pessoas que mesmo no anonimato contribuíram para que este
trabalho pudesse se concretizar.
Muito obrigada.
6
No fundo da prática científica existe um discurso que diz:
[...] nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe
uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas
que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à
espera de nossa mão para ser desvelada. A s cabe achar a boa
perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de
qualquer maneira ela está presente aqui e em todo lugar.
Foucault, Michel. A Casa dos loucos. In: Microfísica do Poder. Rio de
Janeiro: Edições Graal Ltda., 2000. p. 113.
7
RESUMO
O presente estudo fundamentou-se na Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici
(1978) e teve como objetivo conhecer e analisar as representações sociais de dirigentes
escolares acerca do que pensam ser as representações sociais dos alunos de escolas públicas
sobre a AIDS. Os sujeitos da pesquisa foram 43 dirigentes, entre diretores e coordenadores, de
escolas públicas do ensino fundamental de Cuiabá. O instrumento de coleta de dados utilizado
foi a entrevista semi-estruturada. O discurso resultante das respostas foi processado pelo
software ALCESTE (Analyse Lexicale par Contexte d’un Ensemble de Segments de Texte) e
seu relatório resultou em cinco classes que foram submetidas posteriormente à análise
qualitativa. Detectou-se que, em geral, para os sujeitos, os alunos possuem informações
acerca da AIDS e que elas são adquiridas na escola e das campanhas que circulam na mídia.
Para os dirigentes, mesmo assim, os jovens ainda possuem falsas crenças. Os estudantes
apresentam carência de informações devido à ausência de orientação da família decorrente da
desinformação, desestrutura familiar, precariedade econômica e por perpassar questões que
envolvem a sexualidade. Desta maneira, os dirigentes desconsideram questões como a própria
prática do professor. Assim, os programas de prevenção parecem constituir-se em apenas
mais uma maneira e se passar conteúdos. Para os coordenadores e diretores, o interesse sobre
o tema inicia-se a partir da sexta série e intensifica à medida que progridem em seus estudos.
Com relação à compreensão do assunto, nota-se que entre meninos e meninas coincidem as
concepções e as dúvidas. Registra-se que as adolescentes são indicadas como as que mais se
preocupam e também as mais cobradas em relação às práticas preventivas. A noção dos
estudantes sobre a síndrome é de que trata-se de uma doença sexualmente transmissível e
mortal. Nas representações dos dirigentes, a AIDS ainda suscita medo, e os jovens parecem
ter consciência da necessidade de atitudes preventivas. Para os sujeitos, a escola aborda a
questão, mas na prática, os alunos não utilizam as informações. Os dirigentes sentem a
8
necessidade de um trabalho integrado, no entanto, o diálogo uniformizado no contexto escolar
impede a percepção da subjetividade do aluno. As representações sociais dos alunos sobre a
AIDS, na percepção dos dirigentes, constituem-se a partir das informações relativas a
sexualidade, a morte, ao preconceito e a prevenção. Percebe-se que estas informações, muitas
vezes, referem-se a própria prática dos dirigentes, organizadas a partir de suas relações
cotidianas com o tema. Nesse aspecto, as representações sociais da AIDS são elaboradas a
partir dos conhecimentos que cada grupo constrói, mediante as relações sociais e de
comunicação, as quais são organizadas como elementos simbólicos historicamente.
Palavra-chave: educação, diretores e coordenadores, alunos, representação social, AIDS.
9
ABTRACT
This research was based on the Theory of the Social Representations of Serge Moscovici
(1978) and had as objective to know and analyze the social representations of directors and
coordinators of public schools regarding to what they think to be the social representations of
students from basic education concerning the AIDS. Took part in this research 43 people
among coordinators and directors of public schools from Cuiabá-MT. The data collection
instrument used was the semi-structurized interview. The data collected was processed by
software Analyse Lexicale par Contexte d’un Ensemble de Segments de Texte (ALCESTE),
whose report pointed to classes which were submitted to a qualitative analysis. It was found
that for directors and coordinators, most students have information about AIDS and those
ones are acquired at school and from the campaigns on media. In spite of this knowledge, for
directors and coordinators, the students still have false beliefs concerning AIDS. The
students’ lack of information is due to the absence of the family in giving them orientation.
And this occurs because they themselves do not have enough information, besides problems
related to lack of family structure, economical problems and also is a theme related with
sexuality. So, directors and coordinators do not consider others aspects, susch as teacher’s
practice. So, the prevention programmes seem to be just another way to give information.
According the investigated people, the interest about the theme AIDS starts from sixth level
students and goes up according they pass to other levels of studies. Regarding to students’
understanding about this theme it was noticed that boys and girls have similar conceptions
and doubts concerning AIDS. The girls are the ones who are more worried about this and also
they are most required about prevention. The notion students have about AIDS is that is a
sexually transmited and a mortal disease. The social representation of the students in the
vision of directors and coordinators is that AIDS give rise to fear and it seems they have
conciousness about adopting preventive attitudes. For directors and coordinators, in school
10
they teach and discuss this theme, but in practice the students do not use this kind of
information. Directors and coordinators think it is necessary to have an integrated work,
however the mass information in the school context obstruct the perception of the student’s
subjectivity. The social representation of students, in the vision of directors and coordinators,
consists from information related with sexuality, death, prejudice and prevention. And it
seems that this kind of information in several moments refer tho the director and coordinators’
practice and their own conceptions about the theme, which are organized from their relations
to this subject. Regarding this aspect, the social representations concerning AIDS are
elaborated from knowledge that each group builds up, by means of social relations and
communication, and wich are organized historically as symbolic elements.
Keywords: education, directors, coordinators, students, social representation, AIDS.
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Aproveitamento do corpus ................................................................................................................... 51
Figura 2 Distribuição de UCEs e aproveitamento percentual das classes ...................................................... 51
Figura 3 Número de palavras analisadas por classe ......................................................................................... 52
Figura 4 Dendrograma de divisão das classes com percentual de aproveitamento ....................................... 52
Figura 5 Dendrograma de nomeação das classes .............................................................................................. 53
Figura 6 Dendrograma da classe 5 ..................................................................................................................... 56
Figura 7 Partição A1 do dendrograma da classe 5 – O jovem e sua perspectiva de futuro .......................... 57
Figura 8 Partição A2 do dendrograma da classe 5 – Facilidades e dificuldades dos jovens no presente..... 59
Figura 9 Partição B1 do dendrograma da classe 5 – O jovem e sua aprendizagem na escola e na família . 64
Figura 10 Partição B2 do dendrograma da classe 5 – O jovem e sua família ................................................ 68
Figura 11 Dendrograma da classe 3 ................................................................................................................... 76
Figura 12 Partição A1 do dendrograma da classe 3 – Planejamento do projeto escolar .............................. 77
Figura 13 Partição A2 do dendrograma da classe 3 – Desenvolvimento das atividades pedagógicas .......... 80
Figura 14 Partição B1 do dendrograma da classe 3 – Destinação de Recursos ............................................. 83
Figura 15 Partição B2 do dendrograma da classe 3 – Recursos Humanos..................................................... 86
Figura 16 Dendrograma da classe 4 ................................................................................................................... 91
Figura 17 Partição A1 do dendrograma da classe 4 – Interesses dos alunos da 5ª série ............................... 92
Figura 18 Partição A2 do dendrograma da classe 4 – Interesse dos alunos de 6ª a 8ª séries ........................ 94
Figura 19 Partição B1 do dendrograma da classe 4 – O desvelar da sexualidade ......................................... 96
Figura 20 Partição B2 do dendograma da classe 4 – Série, idade e noções sobre as práticas preventivas .. 98
Figura 21 Dendrograma da Classe 2 ................................................................................................................ 104
Figura 22 Partição A1 do dendrograma da classe 2 – Formas de divulgação .............................................. 105
Figura 23 Partição A2 do dendrograma da classe 2 – Qualidade das Informações..................................... 108
Figura 24 Partição B1 do dendrograma da classe 2 – Meios de informações .............................................. 111
Figura 25 Partição B2 do dendrograma da classe 2 – Acesso às informações .............................................. 114
Figura 26 Dendrograma da classe 1 ................................................................................................................. 119
Figura 27 Partição A1 do dendrograma da classe 1 – Orientação sobre prevenção .................................... 120
Figura 28 Partição A2 do dendrograma da classe 1 – Esclarecimento sobre as formas de transmissão ... 122
Figura 29 Partição B1 do dendrograma da classe 1 – A adolescência: comportamento perante a AIDS .. 126
Figura 30 Partição B2 do dendrograma da classe 1– Reações perante a AIDS ........................................... 128
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Escolas por região e número de dirigentes entrevistados ................................................................. 48
Tabela 2 Distribuição das palavras da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 .............................................. 55
Tabela 3 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................... 57
Tabela 4 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................... 59
Tabela 5 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................... 65
Tabela 6 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................... 68
Tabela 7 Distribuição das palavras da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2. ............................................. 75
Tabela 8 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................... 77
Tabela 9 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................... 80
Tabela 10 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................. 83
Tabela 11 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................. 86
Tabela 12 Distribuição das palavras da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ............................................ 90
Tabela 13 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................. 92
Tabela 14 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................. 94
Tabela 15 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................. 96
Tabela 16 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ................. 98
Tabela 17 Distribuição das palavras da classe 2, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 .......................................... 103
Tabela 18 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 2, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ............... 105
Tabela 19 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 2 , por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 .............. 109
Tabela 20 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 2, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ............... 111
Tabela 21 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 2, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ............... 114
Tabela 22 Distribuição das palavras da classe 1, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 .......................................... 118
Tabela 23 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 1, por ordem decrescente de χ² ................ 120
Tabela 24 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 1, por ordem decrescente de χ² ................ 122
Tabela 25 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 1, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ............... 127
Tabela 26 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 1, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2 ............... 129
13
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................. 19
1.1 Teoria das Representações Sociais ............................................................................................ 20
1.2 Contribuições do estudo de representações sociais à educação .............................................. 28
1.3 AIDS: um campo de estudo em expansão ................................................................................. 30
1.4 Os Parâmetros Curriculares: a proposta de estudos da AIDS no espaço escolar................. 38
CAPÍTULO 2 – UNIVERSO METODOLÓGICO ............................................................. 42
2.1 Opção metodológica.................................................................................................................... 43
2.2 Caracterização do Universo da pesquisa .................................................................................. 44
2.3 Sujeitos da pesquisa .................................................................................................................... 45
2.4 Instrumento de Coleta de dados ................................................................................................ 46
2.5 Desenvolvimento da pesquisa .................................................................................................... 47
2.6 Instrumento de Análise de Dados .............................................................................................. 48
CAPÍTULO 3 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ......................................... 50
3.1 Apresentação e análise dos resultados a partir do software ALCESTE ................................ 51
3.2 Apresentando os resultados ....................................................................................................... 53
3.2.1 Classe 5 O contexto social, familiar e escolar do aluno ...................................................................... 54
3.2.2 Classe 3 Planejamento e desenvolvimento das atividades pedagógicas ............................................ 73
3.2.3 Classe 4 Comportamento, idade e maturidade dos jovens ................................................................ 89
3.2 4 Classe 2 AIDS: fontes de informações dos jovens ............................................................................ 102
3.2.5 Classe 1 Noções de jovens e educadores sobre AIDS ....................................................................... 117
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 135
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 143
ANEXO A OFÍCIO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO ............... 151
ANEXO B OFÍCIOS DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO ................... 153
ANEXO C ROTEIRO DA ENTREVISTA ........................................................................ 155
ANEXO D CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS .......................................... 159
ANEXO E QUADRO DE VARIÁVEIS ............................................................................. 161
ANEXO F RELATÓRIO RESUMIDO DO ALCESTE ................................................... 163
14
INTRODUÇÃO
15
O Grupo de Pesquisa em Educação e Psicologia (GPEP) da Universidade
Federal de Mato Grosso desenvolve desde 2002, em intercâmbio, em âmbito nacional, com a
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e, em âmbito internacional, com o
Laboratoire de Psycologie Sociale (LPS) da École des Hautes Édudes em Sciences Sociales
(EHESS), em Paris pesquisas abrangendo o estudo de temas contemporâneos junto a
adolescentes que estudam em escolas públicas de Cuiabá-MT, dentre os quais pode-se
destacar a AIDS, drogas, violência, perspectivas de futuro e sexualidade.
Assim, esta dissertação de mestrado faz parte do segundo grupo de pesquisa
sobre questões que vinham sendo objeto de interesse do GPEP, concentrando-se no tema
AIDS e agora ouvindo os dirigentes escolares.
Este tema é objeto de preocupação, em virtude de que, decorridos mais de vinte
anos da eclosão da epidemia, ainda não se tem perspectiva de cura para a AIDS. Dados da
Organização do Trabalho (OIT) apontam que “[...] hoje, pelo menos 25 milhões de
trabalhadores, entre 15 e 49 anos de idade, estão infectados com HIV em todo o mundo”
(UNESCO; UNAIDS, 2002, p. 49).
A esse grupo vêm sendo direcionadas políticas visando possibilitar discussões
e trabalhos no sentido de provocar uma mudança de comportamento acerca de suas práticas
sexuais. Estas visam a que os jovens obtenham conhecimentos acerca das práticas
preventivas, o que possibilitará conhecer “[...] o significado e a importância da prevenção em
suas vidas, sendo este reconhecimento a mola propulsora para o Protagonismo Juvenil no
enfrentamento do HIV/AIDS” (UNESCO; UNAIDS, 2002, p. 16).
Estudos desenvolvidos por Wuo (1998) e Pagan (2004) com jovens indicaram
a dificuldade de alguns professores em conversar com alunos sobre a síndrome. Nesse
sentido, a escola torna-se um local adequado ao desenvolvimento de estudos de
16
representações sociais, em virtude do constante movimento de pessoas como pais,
professores, alunos, dirigentes e a comunidade local, circulando assim as informações acerca
da temática.
O delineamento desta dissertação com dirigentes escolares foi decidido pelo
fato destes exercerem papel preponderante no cotidiano escolar e porque é na escola que os
jovens passam grande parte de seu tempo. Além disso, seria possível verificar em que sentido
os resultados obtidos em pesquisas com jovens coincidem com aqueles coletados entre os
dirigentes escolares.
Por meio dos discursos desses dirigentes, buscou-se conhecer as representações
que os mesmos apresentam acerca do que pensam ser as representações sociais sobre AIDS de
jovens alunos das escolas públicas do Ensino Fundamental de Cuiabá.
A partir da década de 80 há um grande interesse no desenvolvimento de
estudos nas escolas na área da sexualidade devido ao aumento de casos de gravidez
indesejada em adolescentes e com o risco da infecção pelo HIV (vírus da AIDS) (BRASIL,
PCNs, 1998).
Para esse estudo, utilizou-se como referencial teórico a Teoria das
Representações Sociais (TRS) introduzida por Serge Moscovici (1978), para quem a
representação social é uma forma de conhecimento cuja função é a formação de
comportamentos e a comunicação entre os indivíduos.
A presente dissertação divide-se em três capítulos, conforme delineamento a
seguir:
No capítulo um, quatro subitens integram a discussão sobre as representações
sociais. O primeiro apresenta o referencial teórico da TRS, os aspectos históricos, as
modalidades, os processos formadores e a sua tridimensionalidade. No segundo, faz-se uma
articulação com a Educação. Conta-se com as contribuições de Gilly, Alves-Mazzotti e
17
Madeira, que procuram destacar a importância da TRS para as pesquisas em Educação. O
terceiro, por sua vez, apresenta ainda uma contextualização da ndrome e destaca algumas
pesquisas desenvolvidas acerca do tema. E, por fim, no quarto, apresenta-se o projeto de
inserção do tema AIDS nos Parâmetros Curriculares Nacionais e a proposta de que seja
desenvolvida nos programas escolares.
No capítulo dois são apresentadas através de seis subitens as formas de
desenvolvimento da pesquisa, a saber: a escolha do método, o espaço a ser pesquisado, a
caracterização dos sujeitos, a definição para instrumento da coleta dos dados, os passos
seguidos no desenvolvimento do estudo, a utilização do software ALCESTE e os
procedimentos adotados para análise do material verbal coletado.
O terceiro capítulo, com três subitens, faz um mapeamento sobre os discursos
dos dirigentes e apresenta os resultados das análises. Encontra-se estruturado a partir da
organização procedida pelo software ALCESTE em cinco classes, agrupadas por semelhança
de temas existentes nas entrevistas. A primeira, denominada Os jovens perante as
informações acerca da AIDS, refere-se à maneira como os diretores e coordenadores a vêem,
e como os alunos se relacionam com a síndrome. Esse bloco propicia reconhecer como os
sujeitos representam a AIDS enquanto tema discutido na escola. A segunda, AIDS: fonte de
informações, mostra como diretores e coordenadores percebem as informações que circulam a
esse respeito às quais os jovens têm acesso. A terceira classe, A AIDS no projeto político-
pedagógico, possibilita entender como a escola vem se organizando no sentido de
planejamento e desenvolvimento do tema e qual a importância desse saber para dar
significado ao objeto pesquisado. A quarta, Comportamento, idade e maturidade, demonstra
como os educandos se interessam em falar sobre questões relativas à AIDS. A quinta e última
classe, O contexto social, familiar e escolar do aluno, permite elucidar como os dirigentes
percebem as potencialidades destes adolescentes diante de seu futuro.
18
Para finalizar, apresentam-se as considerações finais, as quais buscam
sistematizar os resultados da pesquisa a partir dos questionamentos da professora Jodelet
(2001 p. 28): Quem sabe e de onde sabe? O que e como sabe? Sobre o que se sabe, e com que
efeito?
19
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
20
1.1 Teoria das Representações Sociais
A Teoria das Representações Sociais (TRS) teve sua origem na França, através
do psicólogo social Serge Moscovici. No final da década de 50, ele desenvolveu uma pesquisa
onde buscava compreender como alguns segmentos sociais da população parisiense
concebiam a Psicanálise. O próprio Moscovici, ao falar sobre seu estudo, afirma:
[...] o problema para mim se tornou o seguinte: como o conhecimento científico é
transformado em conhecimento comum, ou espontâneo? [...] quando comecei minha
pesquisa na França, tentei compreender e reabilitar o pensamento comum e o
conhecimento comum. (MOSCOVICI, 2003, p. 310-311).
Os resultados foram sistematizados na obra La psychanalyse Son image et
son public, editada na França em 1961 e publicada no Brasil com o título A Representação
Social da Psicanálise, em 1978. Neste estudo, Moscovici pôde observar como um saber
científico se desloca para um outro contexto, o cotidiano das pessoas, passando a se
incorporar nas discussões e se transformando, assim, em saber comum. É, portanto, nesta obra
que se encontra introduzida, pela primeira vez, a noção sobre representações sociais.
Nesse sentido, Lagasche (1978), prefaciando a obra A representação social da
Psicanálise, explica os motivos que o levaram a apoiar Moscovici nesse empreendimento:
[...] constitui-se um excelente objeto de estudo para se averiguar em que se converte
uma disciplina científica e técnica quando passa do domínio dos especialistas para o
domínio comum, como o grande público a representa e a modela e por que vias se
constitui a imagem que dela se faz. (LAGACHE,1961 apud MOSCOVICI, 1978, p.
7).
A publicação da tese de Moscovici tornou-se o marco para o avanço teórico
nessa área. Com o desenvolvimento da teoria e com a participação da escola francesa de
Psicologia Social, houve uma ruptura na corrente psicológica cognitivista de origem
americana, cujo enfoque behaviorista predominava na época. A principal diferença da
mudança de foco reside no fato de que para a TRS existe uma articulação entre o individual e
o social, sendo compreendidos como interdependentes. Isso se opõe à dualidade que antes se
estabelecia entre o psicológico e o social.
21
Moscovici não oferece uma delimitação do conceito de representação, que
optou por não dar uma definição precisa a esse respeito para não limitar seu alcance
conceitual. O próprio autor (1978, p. 41) afirma: “[...] se a realidade das representações
sociais é fácil de apreender, não o é o conceito”. No entanto, na mesma obra, ele esclarece:
[...] a representação social é um corpus organizado de conhecimentos e uma das
atividades psíquicas graças às quais os homens tornam inteligível a realidade física e
social, inserem-se num grupo ou numa ligação cotidiana de trocas, e liberam os
poderes de sua imaginação. (MOSCOVICI, 1978, p. 28).
A partir dessa noção, observa-se uma expansão da TRS, tanto no campo de
estudo das pesquisas quanto na elaboração teórica. Dentre os diversos estudiosos, destaca-se
Denise Jodelet (2001, p. 22), que passa a sistematizar a TRS e é quem apresenta uma primeira
definição acerca da noção de representação social ao conceituá-la como “[...] uma forma de
conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui
para a construção de uma realidade comum a um conjunto social”.
Nesse sentido, pode-se compreender que as representações sociais estão
presentes no cotidiano das pessoas, nas conversas informais, nas interações estabelecidas em
diversos contextos como trabalho, escola, família. Enfim, apresentam-se onde quer que exista
uma realidade a ser compartilhada e apropriada.
A noção de representação social é importante, uma vez que o grande volume de
teorias e fenômenos transmitidos na sociedade não poderia ser corroborado na experiência
individual.
Apesar de serem definidas como sendo um conhecimento prático, as
representações sociais não podem ser consideradas como uma distorção ou versão
empobrecida do saber científico. Trata-se de um tipo de conhecimento que é regido por uma
lógica própria. Para Jodelet (2001, p. 29), “[...] o conhecimento ingênuo não deve ser
invalidado como falso ou enviesado, [...] Trata-se de um conhecimento ‘outro’, diferente da
ciência, mas que é adaptado à ação sobre o mundo e mesmo corroborado por ela”.
22
Segundo Moscovici (2001), as representações sociais são sempre um produto
de interação e comunicação.
Duveen, citando Moscovici, acrescenta afirmando que é:
Um sistema de valores, idéias e práticas, com uma dupla função; primeiro:
estabelecer uma ordem que possibilitará às pessoas orientar-se em seu mundo
material e social e controlá-lo; e, em segundo lugar, possibilitar que a comunicação
seja possível entre os membros de uma comunidade, fornecendo-lhes um código
para nomear e classificar, sem ambigüidades, os vários aspectos de seu mundo e de
sua história individual. (MOSCOVICI apud DUVEEN Introdução, MOSCOVICI,
2003, p. 21).
A TRS permite, pelo seu conceito, que se trabalhe com o pensamento social em
sua dinâmica e diversidade. Moscovici (1978) parte do princípio que existem diferentes
formas de se conhecer e se comunicar que são guiadas por objetivos diferentes. Essas formas,
que são os conhecimentos produzidos e transmitidos na sociedade contemporânea,
compreendem dois tipos distintos de universos de pensamento: o consensual e o reificado.
A diferença entre esses dois mundos não significa hierarquia entre eles, mas
apenas que possuem propósitos diversos. Segundo Moscovici (2003, p. 52), “[...] as ciências
são os meios pelos quais nós compreendemos o universo reificado, enquanto as
representações sociais tratam com o universo consensual”.
Portanto, é no universo reificado que se produzem e circulam as ciências e o
pensamento erudito em geral, com sua hierarquia interna, enquanto o universo consensual
constitui-se principalmente nas conversações informais, na vida cotidiana.
No universo consensual, os ditos ou feitos ocorrem para confirmação das
crenças, das interpretações realizadas. Já no “[...] universo reificado, a sociedade é
transformada em um sistema de entidades sólidas, básicas, invariáveis, que são indiferentes à
individualidade e não possuem identidade”. (MOSCOVICI, 2003, p. 50).
É o que esclarece Moscovici ao falar que:
[...] quando um indivíduo formula uma representação de uma teoria ou de um
fenômeno científico, está reatando, na verdade, com um modo de pensar e de ver
que existe e subsiste, retoma e recria o que foi encoberto ou eliminado. Numa
23
palavra, volta uma vez mais a produzi-la, percorrendo um caminho inverso ao que
ela percorreu. (MOSCOVICI, 1978, p. 66).
Com essa sistematização, Moscovici (1978, 2003) avança no sentido de
reabilitar o senso comum, o saber popular, o conhecimento do cotidiano.
Para esse autor, a realidade é construída socialmente, e o saber é uma
construção do sujeito, mas este não está desligado de sua inserção social. Assim, ele propõe
uma psicossociologia do conhecimento, com apoio sociológico, mas não despreza os
processos subjetivos e cognitivos.
De acordo com Moscovici (2003), para se ter uma melhor compreensão sobre
as representações sociais é importante saber por que elas são criadas e como se formam. Ele
afirma:
[...] são sempre o resultado de um esforço constante de tornar comum e real algo
que é incomum (não-familiar), ou que nos dá um sentido de não-familiaridade. E
através delas nós superamos o problema e o integramos em nosso mundo mental e
físico, que é, com isso, enriquecido e transformado. Depois de uma série de
ajustamentos, o que estava longe, parece ao alcance de nossa mão; o que parecia
abstrato, torna-se quase concreto e quase normal. (MOSCOVICI, 2003, p. 58).
No entanto, acrescenta que esse movimento de transformação do não
conhecido em conhecido não é fácil. Para isso é necessário colocar em funcionamento dois
mecanismos que ele denomina de objetivação e ancoragem.
Jodelet (2001, p. 30) elucida com relação à objetivação e à ancoragem: elas
“explicam a interdependência entre a atividade cognitiva e suas condições sociais de
exercício, nos planos de organização dos conteúdos, das significações e das utilidades que
lhes são conferidas”.
A objetivação, conforme Moscovici explicita, é o processo que “[...] designa a
passagem de conceitos e idéias para esquemas ou imagens concretas. [...] contribui, portanto,
para edificar simultaneamente o núcleo ‘imaginante’ da representação e aquilo a que se chama
realidade social”. (MOSCOVICI, 1978, p. 289).
24
Ainda segundo esse autor, “[...] objetivar é descobrir uma qualidade icônica de
uma idéia, ou ser impreciso; é reproduzir um conceito em uma imagem”. (MOSCOVICI,
2003, p. 71-72).
Esse processo, portanto, faz com que um esquema conceitual se torne real e
uma imagem se materialize, necessitando, para isso, de três fases que Jodelet (2001) descreve
como sendo construção seletiva, esquematização estruturante e naturalização.
Para a autora, a construção seletiva e a esquematização mostram o efeito da
comunicação, a forma como os sujeitos escolhem e selecionam o que vai constituir a
representação. Já a naturalização acontece quando o conceito se torna uma realidade concreta,
ou seja, a idéia se materializa, podendo ser utilizada na ação sobre as pessoas e o mundo.
A ancoragem, o outro processo de formação das representações sociais, é
definida por Moscovici (2003, p. 61) como “[...] um processo que transforma algo estranho,
perturbador, que nos intriga, em nosso sistema particular de categorias e o compara com um
paradigma de uma categoria que nós pensamos ser apropriada”. Portanto, a ancoragem
permite incorporar algo desconhecido ou novo em um sistema categorial que é usual,
familiar ao grupo. Ao que Jodelet acrescenta:
[...] a ancoragem enraíza a representação e seu objeto numa rede de significações
que permite situá-los em relação aos valores sociais e dar-lhes coerência. [...]
desempenha um papel decisivo, essencialmente no que se refere à realização de sua
inscrição num sistema de acolhimento nocional, um pensado. (JODELET, 2001,
p. 38-39).
Quanto a esses processos, Moscovici argumenta:
[...] a objetivação transfere a ciência para o domínio do ser e a amarração a delimita
ao domínio do fazer [...] Se a objetivação mostra como os elementos representados
de uma ciência se integram a uma realidade social, a amarração permite
compreender o modo como eles contribuem para modelar as relações sociais e como
as exprimem. (MOSCOVICI, 1978, p. 174,176).
No processo de investigação, comumente as pessoas se remetem a fatos que
nem sempre constituem o universo familiar. Jodelet (2001) cita, por exemplo, o surgimento da
AIDS como algo novo que conduzia as pessoas a darem explicações do que se tratava. Uma
25
das maneiras utilizadas foi transformar a notícia. Por meio de um trabalho de memória, a
partir de seu universo de conhecimento, integram a novidade ao que lhes é mais familiar, para
compreender, dominar e até mesmo se proteger.
Moscovici (2003, p. 78), ao afirmar que as representações “[...] transformam o
não-familiar em algo familiar [...]”, levanta uma questão importante quanto a esse aspecto, ou
seja, as representações dependem da memória. Para este autor (2003, p. 78), “A solidez da
memória impede de sofrer modificações súbitas, de um lado e de outro, fornece-lhes certa
dose de independência dos acontecimentos atuais [...]”.
A organização das representações sociais, por outro lado, apresenta-se,
conforme Moscovici (1978), a partir de três dimensões que permitem apreender seu conteúdo
e sentido. São elas: a atitude, a informação e o campo de representação ou a imagem.
A atitude consiste na disposição mais ou menos favorável da pessoa com
relação ao objeto da representação, o que orienta sua conduta perante esse mesmo objeto. Diz
respeito à tomada de posição, à visão de mundo de um grupo com relação a um objeto
socialmente valorizado.
A informação está relacionada à “[…] organização dos conhecimentos que um
determinado grupo possui a respeito de um objeto social”. (MOSCOVICI, 1978, p. 67).
Portanto, esta varia em quantidade e qualidade nos grupos, o que contribui para a
diferenciação entre eles quanto ao tipo de representação social que se forma.
a dimensão campo de representação relaciona-se com a idéia de imagem, ao
conteúdo concreto das proposições atinentes a um aspecto específico do objeto que está sendo
representado.
A esse aspecto tridimensional de uma representação social, Moscovici (1978,
p. 74) sintetiza: “[…] a atitude é mais freqüente das três dimensões […]. Por conseguinte, é
26
razoável concluir que, uma pessoa se informa e se representa alguma coisa unicamente depois
de ter adotado uma posição, e em função da posição tomada”.
Jodelet (2001) situa o campo das representações sociais como um espaço de
estudo multidimensional com algumas características bem-delineadas e cujos elementos são:
[…] a representação social é sempre representação de alguma coisa (objeto) e de
alguém (sujeito). […] tem com seu objeto uma relação de simbolização
(substituindo-o) e de interpretação (conferindo-lhe significações). […] é uma forma
de saber […] qualificar esse saber de prático se refere à experiência a partir da qual
ele é produzido, aos contextos e condições em que ele o é e, sobretudo, ao fato de
que a representação serve para agir sobre o mundo e o outro [...] (JODELET, 2001,
p. 27-28).
Jodelet (2001) lembra que se devem estudar as representações sociais
articulando-se os elementos afetivos, mentais e sociais e integrando, ao lado da cognição, da
linguagem e da comunicação, as relações sociais que afetam as representações e a realidade
material, social e das idéias sobre as quais as representações vão intervir.
Compreendendo, portanto, ser a representação: uma forma de saber prático
ligando um sujeito a um objeto”, Jodelet sugere que para abranger o conjunto de componentes
e relações contido nas representações é preciso responder a três perguntas: “Quem sabe e de
onde sabe? O que e como sabe? Sobre o que se sabe, e com que efeito?”. (JODELET, 2001, p.
28).
A primeira dimensão se refere às condições de produção e circulação das
representações sociais, que podem ser encontradas por meio dos três grandes veículos de
circulação das representações: a cultura, com seus valores, modelos e invariantes; a
linguagem e a comunicação, que ocorrem tanto entre os indivíduos quanto nas instituições,
nos meios de comunicação de massa, enfim, na sociedade, na partilha e vínculos sociais,
contexto ideológico e histórico, assim como focalizando o sujeito quanto à sua posição, lugar,
função social e participação no grupo.
27
A segunda diz respeito aos processos e estados das representações e está ligada
ao discurso e comportamento dos sujeitos, levando-se em conta a maneira como os
conhecimentos estão organizados, considerando-se para isso os conteúdos representativos.
A terceira dimensão se refere ao status epistemológico das representações
sociais. Essa dimensão remete às relações entre os pensamentos natural e científico, ou seja, a
transformação de um saber em outro.
Arruda (2000) e (1996) assinalam que Moscovici demonstra o caráter social
através de três modalidades de representações: hegemônicas, emancipadas e polêmicas.
Na explicação de Wagner (1998), as representações são hegemônicas quando
relacionadas a representações culturais. Para ele, essas representações estão profundamente
enraizadas no pensamento e no comportamento do povo e são dominantes nos grandes
grupos.
As emancipadas são compreendidas por terem perdido seus laços com grupos
sociais claramente identificáveis.
O autor define ainda as representações polêmicas como aquelas geradas pelos
conflitos sociais transitórios, por situações que se localizam em determinados acontecimentos,
como protestos de estudantes, movimento dos direitos da mulher ou do negro, entre outros.
Esses tipos de representações são menos estáveis e são geradas e compartilhadas por grupos
menores, não atingindo a sociedade como um todo.
Abric (1998) sistematiza a questão das finalidades das representações sociais,
atribuindo-lhes quatro funções essenciais: de saber, de orientação, justificadora e identitária.
Segundo o autor, a função de saber permite a compreensão e explicação da
realidade e acrescenta: Elas definem o quadro de referência comum que permite as trocas
sociais, a transmissão e a difusão deste saber ingênuo”. (ABRIC, 1998, p. 29). Já a função de
orientação vai guiar os comportamentos e as práticas. A função justificadora permite justificar
28
a tomada de posição em relação ao objeto da representação. E, finalmente, a função identitária
vai definir a identidade do grupo, o que permite sua proteção.
Nesse sentido, Duveen (2003, p. 15) esclarece ser o ponto de partida do estudo
de Moscovici “[...] a insatisfação com os modelos de influência social que empreenderam
apenas a conformidade ou a submissão”. E a sua insatisfação com esse modelo o levou a
investigar e perceber que as representações sociais não são estáticas, nem podem servir como
variáveis explicativas.
As representações são criadas pelas pessoas e grupos através da comunicação e
da cooperação. Estas, obviamente, não são criadas por um indivíduo isoladamente e, quando
criadas, adquirem uma vida própria, circulam, encontram-se, atraem-se e se repelem,
possibilitando o nascimento de novas representações, enquanto velhas representações
desaparecem.
1.2 Contribuições do estudo de representações sociais à educação
O estudo das representações sociais em diversos campos da ciência tem
evoluído nos últimos anos, revelando com isso um caráter multidisciplinar. Percebe-se, nas
últimas décadas, um número crescente de pesquisas educacionais que utiliza a TRS. Isso
decorre do fato de que, por um lado, seu desenvolvimento e solidificação têm feito com que
se firme no meio científico como aporte teórico-metodológico. Por outro lado, desde o início,
a teoria “[...] caracteriza-se como um esforço para superar a fragmentação, o reducionismo, a-
historicismo que marcavam construções teóricas de diferentes disciplinas [...]” (MADEIRA,
2003, p. 117).
Gilly (2001, p. 322) contribui, nesse sentido, ao enfatizar que “[...] a área
educacional aparece como um campo privilegiado para se observar como as representações
29
sociais se constroem, evoluem e se transformam no interior de grupos sociais [...]”. Por essa
via seria possível explicar diferentes mecanismos sociais que agem sobre o processo
educativo e vão influenciar conseqüentemente em seus resultados.
Madeira fornece algumas vantagens desse referencial teórico e explica:
[...] a aplicação das representações sociais ao campo da educação permite tomar
objetos de pesquisa no dinamismo que os constitui e lhes forma. Mais ainda,
permite apreender o sentido de um objeto em articulação a outros tantos que se lhe
associam em diferentes níveis; possibilita superar o reducionismo de análises que
desrealizam o objeto ao isolá-lo e decompô-lo; viabiliza ultrapassar uma pseudo-
cientificidade que enrijece análises e proposições. (MADEIRA, 2003, p. 116).
Alves-Mazzotti, ao discorrer sobre as contribuições da TRS para a educação,
esclarece:
Por suas relações com a linguagem, a ideologia e o imaginário sociais e,
principalmente, por seu papel na orientação de condutas e das práticas sociais, as
representações sociais constituem elementos essenciais à análise dos mecanismos
que interferem na eficácia do processo educativo. (ALVES-MAZZOTTI, 1994, p.
60-61).
Dentre uma multiplicidade de temáticas relacionadas ao campo educacional,
pode-se constatar nos diversos trabalhos realizados em diferentes regiões do Brasil a adoção
dos conceitos presentes na TRS, como, por exemplo, Madeira (1998a) e Souza (2000) com
estudos enfocando professores e alunos.
Ferreira Salles (1998) desenvolve investigação acerca da adolescência e
adolescente a partir do discurso de professores, diretores, inspetores de alunos e dos próprios
alunos, cujo objetivo é caracterizar como essas representações integram e determinam as
relações cotidianas na escola. Foi realizada em quatro escolas públicas de o Paulo,
procurando analisar o que de fato ocorre com os adolescentes.
Em Mato Grosso pode-se destacar uma série de trabalhos desenvolvidos pelo
Grupo de Pesquisa em Educação e Psicologia (GPEP) da Universidade Federal de Mato
Grosso, que desde 1998 vem realizando estudos nessa área. Dentre uma variedade de temas,
encontram-se pesquisas de Kawahara (2000) que estudou as RS de membros de uma colônia
30
japonesa acerca de uma escola de língua japonesa; Lorensini (2000) investigou as RS de
professores no tocante às suas atividades profissionais; Carvalho (2000) pesquisou as RS de
um grupo de professores de uma escola para portadores de necessidades especiais; Rascher
(2002) estudou sobre as RS de gênero de um grupo de alunos do curso de mestrado em
Educação da UFMT; Fernandes (2002) investigou as RS de um grupo de alunos da UFMT, do
curso de Enfermagem e Comunicação Social.
Trabalhos como os de Pagan (2004), Saul (2004), Oliveira (2004) e Pecora
(2003) também se originaram desse grupo de pesquisa e se referem a estudos sobre as
representações sociais de alunos adolescentes e pré-adolescentes de escolas públicas de
Cuiabá acerca de problemas contemporâneos. Os trabalhos tratam, respectivamente, dos
temas AIDS, violência, sexualidade e perspectiva de futuro.
No campo das representações sociais, têm-se trabalhos como os de Coutinho
(2004), sobre sexualidade. Ainda em 2004, Silva também desenvolveu estudos com
professores da rede pública de Cuiabá sobre a concepção docente da escola do passado e do
presente.
É nesse grupo de pesquisa que se originou o presente estudo que tem por
objetivo conhecer As representações sociais que os dirigentes escolares apresentam acerca do
que pensam ser as representações sociais de alunos das escolas públicas de Cuiabá-MT acerca
da AIDS.
1.3 AIDS: um campo de estudo em expansão
Na história do sofrimento da humanidade estão implícitas as doenças e sua
trajetória de grandes epidemias. Estas causaram ou causam horror, tendo em vista os sinais e
31
sintomas e um sentimento de culpabilidade individual ou coletiva que, ao longo dos tempos,
as transformaram em doenças rotuladas. A AIDS encontra-se nesse território.
Sontag (1989) revela que, rapidamente, a AIDS tornou-se um acontecimento
global.
No Brasil, de acordo com Barreira e Castilho (2000), as primeiras
manifestações da infecção datam de 1980 e, até a metade dessa cada, mantiveram-se
restritas ao eixo São Paulo e Rio de Janeiro. Contudo, ao final desse decênio, observou-se a
sua disseminação para várias regiões. Porém, ela não se distribuiu homogeneamente,
concentrando-se nas regiões Sudeste e Sul.
No período de 1980 a 2002, foram registrados 3.323 casos entre jovens do sexo
masculino, na faixa etária de 13 a 19 anos, correspondendo a 1,9% do total de 172.228 casos
diagnosticados. Entre jovens do sexo feminino, nessa mesma faixa etária, constataram-se
1.945 casos, correspondendo a 3% do total de 65.360 casos diagnosticados. (BRASIL, 2002).
Somente em Mato Grosso, no período de 1984 a 1988, dados da Vigilância
Epidemiológica apontam uma ocorrência de 1.508 casos de AIDS. Segundo o Ministério da
Saúde, a estimativa é de que para cada caso confirmado da doença existam outras cinco
pessoas infectadas.
A epidemia, ao mesmo tempo em que se espalha geograficamente, confirma
suas tendências atuais, difundindo-se rapidamente entre as camadas da população de baixa
renda e com níveis baixos de instrução. (BRASIL, 2002).
Seffner complementa que durante um período de mais de dez anos a sociedade
se relaciona com a AIDS de diversas maneiras, sendo adotadas três formas: “a idéia de grupo
de risco, a de comportamento de risco e a noção de vulnerabilidade, como diferentes modos
de construir a epidemia e perceber a relação de cada um com ela” (SEFFNER, 2001, p. 402).
32
No Brasil, segundo Terto Jr. (1997), atualmente não há como explicar a
epidemia em termos de grupo de risco, da forma que a síndrome era compreendida
inicialmente. Os dados apontam a heterossexualização como a forma principal de transmissão
do vírus e devido a problemas de saúde, como as doenças sexualmente transmissíveis,
somados à pobreza e a um deficiente serviço de saúde pública que acabam por corroborar a
ação do HIV entre homens e mulheres na população mais empobrecida da sociedade.
A doença, historicamente, sempre propiciou a condição de reclusão, extradição
e instituição de grupos culpados. Essa responsabilização advém de tempos medievais, e essa
escala de acusações inicia-se pelos grupos estrangeiros, chegando a abranger os componentes
da própria família.
Terto Jr. (1997, p. 136) ressalta: “A ignorância sobre as formas de transmissão,
além de mitos e juízos errôneos sobre a epidemia, acaba por levar a preconceitos,
discriminações e estigmatição de indivíduos”.
Seffner explica o avanço que a AIDS vem tendo atualmente.
A epidemia foi vista, em seu início, como muito distante das mulheres ‘comuns’ e
‘normais’: a dona-de-casa, a trabalhadora, a mãe e esposa. As únicas mulheres que
estavam sujeitas à AIDS eram as promíscuas, as prostitutas. Se analisarmos a
situação, tomando os parâmetros da ‘casae da ‘rua’, verificaremos que a AIDS foi
atribuída às mulheres que andam na ‘rua’.
(SEFFNER, 2001, p. 397).
Entretanto, ao acompanhar sua evolução, percebe-se a ocorrência de uma
feminização da epidemia muito rápida, atingindo tanto as casadas, solteiras ou separadas, de
todas as faixas etárias.
Segundo Barreira e Castilho (2000), uma das conseqüências diretas dessa
maior participação feminina é o progressivo aumento da transmissão vertical, sendo o
primeiro caso registrado no Brasil em 1985. Ainda de acordo com esses autores, estima-se
que 12.898 gestantes estejam infectadas pelo HIV.
33
Para esses autores, com relação à transmissão sangüínea em hemofílicos e
indivíduos que receberam transfusão de sangue, vem ocorrendo um significativo declínio ao
longo do tempo, em virtude de um rigoroso controle do sangue e hemoderivados.
Camargo (1994, p. 37), em sua pesquisa com pacientes e médicos do Hospital
Emílio Ribas de São Paulo, recorda os primeiros casos de internação e sua atuação com
relação ao atendimento: “Cada vez que mudava de andar, eu os levava junto, porque ninguém
queria atendê-los”.
Entretanto, decorridas mais de duas décadas do aparecimento da síndrome, ela
ainda progride em número de casos, principalmente como vem ocorrendo com os jovens,
conforme Relatório da UNESCO (2002 p. 61): “[...] destaca-se que as mulheres, os jovens e
as crianças, sobretudo as meninas, formam os grupos mais vulneráveis. Por essa razão, um
consenso global de que a pandemia do HIV/AIDS se constitui em uma emergência para o
mundo”.
No contexto da sociedade contemporânea, onde se percebe uma crescente
mudança nos comportamentos, estudar as representações acerca da AIDS se torna importante,
visto que possibilita entender as crenças e os valores que os sujeitos atribuem às práticas
preventivas. Estudos têm demonstrado que o número de jovens infectados vem crescendo,
bem como vêm se avolumando os casos também em mulheres.
(1998), na década de 80, sinalizava inúmeras pesquisas desenvolvidas
sobre representações sociais da AIDS.
Percebe-se que, atualmente, o espaço de estudo em representações sociais vem
se ampliando, não para tratar de temas como a AIDS, com enfoques nas áreas da educação
e da saúde, mas também no trato com outros objetos de representação tomados como temas de
pesquisa.
34
Nesse sentido, a TRS tem sido muito utilizada na compreensão da problemática
da AIDS. Conhecer as representações sociais acerca desta doença se torna relevante, porque
essas representações vão desempenhar um papel importante na forma de agir diante da AIDS,
como também na forma de sua prevenção. Pesquisas de vários autores vêm sendo efetuadas
com o objetivo de identificar e compreender como determinados grupos pensam sobre a
AIDS, dentre os quais pode-se destacar Jodelet (1998), Madeira (1998b), Camargo (1998),
Joffe (1998a), Tura (1997), Thiengo (2000), Fernandes (2002) e Pagan (2004).
A questão do estudo da doença não se esgota em suas dimensões
epidemiológicas estruturais. Sem dúvida, a análise sociológica e antropológica, à qual se
associa, em muitos casos, a dimensão psicológica, constitui um dos campos mais fecundos de
pesquisa. Nesse caso, os estudos sobre percepção, atitudes, conhecimento, crença e
representações têm trazido importantes contribuições a uma compreensão da doença, uma vez
que ela é estudada na experiência vivenciada nas pessoas.
Inúmeros trabalhos têm apontado a relevância em se estudar as representações
sociais de saúde-doença.
A partir desse contexto de importância e reconhecendo que as representações
sociais sobre a AIDS funcionam como orientadoras das condutas das pessoas, é que serão
abordados os estudos desenvolvidos nessa área.
Lage (1998), por meio de uma pesquisa realizada com estudantes de 10 a 15
anos que vivem em Paris, buscou conhecer a percepção deles acerca do presente e do futuro e,
assim, conhecer o lugar da AIDS em suas preocupações. Revelou que nos mais jovens um
progressivo interesse pelo assunto, há uma variação de acordo com o nível cultural e a
escolaridade.
Em pesquisa de Camargo (1998) sobre as representações sociais da AIDS em
roteiros de spots publicitários, realizados por jovens com adolescentes na França, as metáforas
35
da AIDS estão relacionadas a questões militares, pestes catastróficas, à justiça penal e a
desastres ecológicos ligados à poluição. A metáfora atrelada ao militarismo descreve
situações onde o inimigo vem do exterior e deve ser combatido. A metáfora da peste
evidencia, nos relatos descritos pelos jovens que realizaram a pesquisa, a abrangência da
síndrome, ou seja, uma doença que atinge um grande contingente de pessoas. Com relação à
metáfora da justiça, a AIDS surge como uma pena, inclusive de morte, que deve ser paga pelo
doente, considerado com desvios sociais. No caso da ecologia, a doença está atrelada à
poluição compreendida como sujeira, visão muito freqüente tratando-se das doenças
relacionadas à sexualidade.
A síndrome, dessa forma, está ligada aos comportamentos arriscados. “O
comportamento perigoso que produz a AIDS é encarado como algo mais do que fraqueza. É
irresponsabilidade, delinqüência, o doente é ligado em substâncias ilegais, ou sua sexualidade
é considerada divergente”. (SONTAG, 1989, p. 31).
O trabalho de Joffe (1998a), realizado no início da década de 90, com jovens
sul-africanos e britânicos de ambos os sexos, expôs que a AIDS está relacionada a uma
questão de responsabilidade e culpabilidade do outro. Os resultados
explicitam que as
representações
vinculam aspectos da AIDS à figura de estrangeiros, sendo eles os
responsáveis pela disseminação da epidemia.
Ainda segundo Joffe (1998a, p. 303), “As pessoas com AIDS são julgadas
como estando ‘em falta’, ou dignas de acusação, porque contraíram um vírus. Indivíduos são
considerados diretamente responsáveis pela AIDS”. Essa forma de pensar a ndrome vai
orientar determinada conduta, pois faz com que um grupo, que se considere imune à infecção
ou contaminação, passe a ver o outro grupo como sendo perigoso.
Além disso, nessa pesquisa, que envolvia homens e mulheres heterossexuais
brancos e negros e homossexuais brancos que vivem em Londres, os resultados revelaram que
36
cada grupo relacionou o aparecimento do vírus ao outro. Essa construção, segundo Joffe
(1998a), está ligada a um mecanismo de defesa contra a doença, em que os sujeitos projetam a
responsabilidade pela sua origem em alguém diferente do seu grupo, causando um
distanciamento representacional quanto à própria possibilidade de infecção.
Em pesquisa com mulheres profissionais do sexo, Oltramari (2001) revelou o
seguinte quadro: aquelas com parceiro estável, como marido ou namorado, acreditavam que o
risco de contrair a AIDS era maior nas mulheres sem companheiro estável. Por outro lado, as
profissionais que não os possuíam, pensavam o contrário. Na verdade, o maior risco reside na
colega de trabalho com dificuldade de exigir de seu marido o uso do preservativo. Dessa
forma, cada grupo percebe o outro com possibilidade maior de infecção.
Joffe revela ainda a importância da influência das emoções como o medo,
ansiedade e impotência diante da AIDS. Estas emoções, segundo a autora, são coletivas e não
individuais. Ou seja, “elas são o produto de representações emocionais da doença, que
surgiram historicamente, mas que ainda hoje circulam no meio científico, nos meios de
comunicação de massa e do pensamento popular”. (JOFFE, 1998a, p. 319). Nesse sentido,
pode-se perceber que as representações sobre a AIDS estão em conformidade com os
conhecimentos que cada grupo elabora através das relações sociais e de comunicação, os
quais são construídos historicamente através de objetos simbólicos.
Tura (1997), em sua pesquisa com estudantes de 14 a 18 anos residentes na
cidade do Rio de Janeiro, buscou identificar as representações sociais acerca da AIDS e
compreender as estratégias utilizadas pelo grupo para o enfrentamento do problema.
Para esse pesquisador, as representações da AIDS, de acordo com as
informações dos adolescentes, ainda estavam em construção e sendo reestruturadas devido
aos novos conhecimentos quanto a tratamentos e terapias. um misto de medo, ameaças e
sentimentos opostos que vão sendo introjetados nas representações.
37
Um estudo realizado por Madeira (1998b), com jovens de 19 a 22 anos, revela
que a representação social da AIDS se liga ao medo e à prevenção.
Ainda de acordo com a autora, um trabalho discursivo geral para reduzir o
temor à doença e justificar condutas que expõem os jovens aos riscos. Os sujeitos entendem
a AIDS como uma ameaça configurada entre a doença e a prática sexual. Embora haja o
medo concreto de contaminação e de afirmarem a necessidade do preservativo, os
adolescentes o rejeitam na prática quando se trata de parceiro dito como igual. Assim, o risco
se configura somente na forma do outro, ou seja, nas relações com os sujeitos não
pertencentes aos seus grupos de convivência.
A pesquisa realizada por Thiengo (2000), com adolescentes entre 12 e 20 anos,
mostra que as representações sociais da AIDS estão estruturadas em torno das palavras
sintomas, doença, sofrimento e morte. Isso revela que estas representações possuem um “[...]
conteúdo negativo, no qual a AIDS é representada como uma ‘fatalidade’, uma doença que
não tem cura e que mata” (THIENGO, 2000, p. 108).
Os estudos de Fernandes (2002), com estudantes universitários dos cursos de
Enfermagem e Comunicação Social, demonstram que eles se sentiam imunes ao vírus, pelo
fato de deterem informações suficientes sobre a doença. Segundo ela, as representações
acerca da AIDS para este grupo se estruturam em torno das palavras doença, morte,
prevenção, preconceito e sexo.
Em pesquisa realizada por Pagan (2004), com adolescente e pré-adolescentes
de 11 a 15 anos da cidade de Cuiabá, as conclusões apontam para a AIDS como uma doença
incurável e mortal. Destaca, ainda, os discursos se ancorando em dois sentidos:
[...] no primeiro o medo da própria morte foi articulador de medidas preventivas, o
discurso parece atrelado a um eu que se esquiva, que se distancia da doença. No
segundo, que informa sobre o indivíduo contaminado, a morte é vinculada à figura
de um outro, um desconhecido, aterrorizante, o portador da morte. (PAGAN, 2004,
p. 165).
38
A mudança das representações sociais da AIDS provocada pela informação
ainda se apresenta como uma dificuldade. Estudos desenvolvidos por Avi (2000) assinalam
que a informação não muda, de imediato, a representação social em um determinado grupo.
Esta pesquisa sobre as representações da AIDS para profissionais de saúde, abrangendo
enfermagem, medicina, odontologia e psicologia, identificou que, embora os profissionais
sejam qualificados para trabalhar com a temática, as representações mais freqüentes em
relação à infecção estão ligadas à morte.
1.4 Os Parâmetros Curriculares: a proposta de estudos da AIDS no espaço escolar
Na década de 90, segundo alguns autores, houve discussões sobre a
possibilidade de implantação da disciplina orientação sexual na escola.
De acordo com o relatório apresentado pela UNESCO (2002 p. 15),
“Aproximadamente um terço da população mundial encontra-se entre os 10 e 24 anos de
idade, ou seja, são jovens. [...] é nessa faixa etária que se concentra metade das infecções por
HIV em todo o mundo”.
Conforme Madeira (1998b, p. 9), “a AIDS é uma doença (indesejável) no
mundo contemporâneo. O seu surgimento ocasiona mudanças significativas em outros
campos que não somente da saúde, [...] e, sobretudo, confere maior visibilidade para a área da
sexualidade”.
Diante desse aspecto, os Parâmetros Curriculares Nacionais propugnam
mudanças na forma de conduzir os programas escolares e apresentam proposta de reflexão
quanto aos problemas sociais contemporâneos. (BRASIL, 1998).
Desta forma, há orientação para que nos currículos sejam priorizados assuntos
referentes às questões sociais, e esse conjunto de assuntos pode ser eleito para trabalhar os
39
temas transversais como os relacionados, por exemplo, à saúde, à orientação sexual, à
pluralidade cultural, e pauta-se no entendimento de que a formação dos professores brasileiros
não as contempla. (BRASIL, 1998).
Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem que a escola
trabalhe os conteúdos transversalmente e a discussão permeie cada área no decorrer do ano
letivo.
A escola deve informar, problematizar e debater os diferentes tabus, preconceitos,
crenças e atitudes existentes na sociedade, [...] buscando um maior distanciamento
das opiniões e aspectos pessoais dos professores para empreender essa tarefa
(BRASIL, 1998, p. 302).
Esse processo, de acordo com Ribeiro (1990, p, 20), deve ser de “troca e não
de informação-recepção unilateral”. Nesse aspecto “é necessário que o educador acredite em
sua proposta, na necessidade de se levar para a sala de aula o debate [...]”.
Os Parâmetros alertam ainda para a necessidade de os professores estarem
aberto ao diálogo com os jovens, colocarem-se disponíveis aos esclarecimentos.
Nesse sentido, segundo o Ministério da Educação, uma busca de novos
paradigmas para a educação, expressos nos PCNs.
O aluno passa a se ver como agente transformador do ambiente, com capacidade de
desenvolver a percepção própria, a confiança em si e o sentido de preservação física
e mental. Tem ainda a oportunidade de aprender a utilizar diferentes linguagens,
consultar fontes de informação diversas e questionar a realidade, formulando
soluções para problemas. (SOUZA, 1999, p. 2).
Para Parker (1997),
A AIDS é um fato político não porque envolve a sociedade como um todo, mas
porque questiona a ordem vigente a que estamos acostumados: as doenças
endêmicas, a precariedade dos serviços de saúde, a injustiça social e econômica.
Falar de AIDS é falar de cidadania. Esse é o enfoque que temos de dar a qualquer
campanha. Temos de lutar por soluções que não sejam apenas médicas, técnicas ou
tecnológicas, mas baseadas na solidariedade, temos de cobrar [...] uma definição
clara de qual será a política de saúde pública. (PARKER, 1997, p. 13).
Embora decorridos mais de vinte anos do surgimento da síndrome e da
proposta de que a escola faça a orientação dos jovens sobre a necessidade de prevenção, de
acordo com as pesquisas desenvolvidas nota-se a premência dessas discussões.
40
Thiengo (2000) ressalta a necessidade de capacitação pedagógica e teórico-
metodológica dos profissionais no desenvolvimento de atividades educativas com
adolescentes.
Para Pagan (2004), há necessidade da escola ser um elo entre os conhecimentos
do senso comum e os saberes científicos. Evidencia a necessidade de rediscussão das políticas
educacionais e que o docente tenha em vista essas metas.
Morduchowicz (2004, p. 278) explica:“[...] os meios de comunicação falam
mais dos jovens que os escutam. E por isso é tão importante observar as fontes a que eles
recorrem e a maneira que constroem suas mensagens”.
Nesse sentido, é imprescindível abrir espaços, tanto na escola quanto na
sociedade, para os próprios jovens serem construtores de projetos, falarem de si mesmos e dos
temas que os preocupam.
Ainda de acordo com Morduchowicz (2004, p. 278), é necessário incorporar “a
cultura de origem dos alunos, suas experiências cotidianas, sua vida no bairro, seus consumos
culturais, enfim, aquilo que eles aprendem dentro da escola e sobretudo fora dela”.
Nesse aspecto, Freire (2003) esclarece que o processo de ensinar e aprender
leva o sujeito a conhecer, implicando reconhecer, e não ao educador depositar nele a
descrição dos objetos.
Assim, Daniel e Parker explicam que para poder compreender o seu sentido:
É preciso analisar as determinações culturais da epidemia de AIDS, para não
melhor entender sua evolução, como para fundamentar políticas preventivas mais
eficientes. A AIDS, certamente, tem a cara da cultura da sociedade onde se
desenvolve. Por isto, o entendimento da cultura sexual do Brasil, sobretudo a
subcultura que envolve relações entre pessoas [...] é um elemento decisivo para
entender todas as dimensões da epidemia e avaliar seus impactos na sociedade deste
país. (
DANIEL; PARKER, 1991, p. 10)
De acordo com Helman (1994), para que se possa compreender as reações das
pessoas à doença, à morte ou a outras adversidades, é necessário entender o tipo de cultura
onde foram educadas ou assimilaram por convivência.
41
Além do estudo da cultura, necessário se faz examinar a organização social da
saúde e da doença daquele segmento. Isso inclui as formas como as pessoas são reconhecidas
como doentes, o modo como as apresentam aos outros, os atributos daqueles a quem a doença
é apresentada e as formas como esta é tratada. “As culturas nunca são estáticas, mas
influenciadas, em geral, por grupos culturais vizinhos e na maior parte do mundo estão em
constante processo de adaptação e mudança”. (HELMAN, 1994, p. 24).
42
CAPÍTULO 2 – UNIVERSO METODOLÓGICO
43
2.1 Opção metodológica
Quais as informações, crenças, valores, enfim as representações sociais que os
diretores e coordenadores pensam que os adolescentes têm acerca da AIDS?
Considerando a peculiaridade do tema, situado na fronteira de disciplinas
diversas, assevera-se que abordar o enfoque dado às representações sociais, conforme Jodelet
(1998, p. 7), “constitui um paradigma que permite captar os fenômenos psicológicos em sua
dimensão social”. Vale ressaltar que este estudo se inscreve no campo da educação.
De acordo com a autora, pesquisas sobre representações sociais podem ser
realizadas, recorrendo-se a metodologias variadas, a saber, “[...] enquetes por meio de
entrevistas, questionários e técnicas de associação de palavras; observação participante;
análise documental e de discurso”. (JODELET, 2001, p. 12).
Para Gatti (2002, p. 9), o ato de pesquisar no sentido de criar conhecimentos
deve apresentar certas características: “um conhecimento que ultrapasse nosso entendimento
imediato na explicação ou na compreensão da realidade que observamos”.
Nesse aspecto, a autora explica que principalmente a pesquisa em educação
reveste-se de características específicas, haja vista que “[...] pesquisar em educação significa
trabalhar com algo relativo a seres humanos ou com eles mesmos, e seu processo de vida”.
(GATTI, 2002, p. 12).
Para Moscovici (1990), cada pesquisador, visando apreender o fenômeno,
recorre a um método.
Prefaciando a obra Textos em Representações Sociais, Moscovici (1998, p. 14)
expõe: “sou fundamentalmente contra a tendência de fetichizar um método específico. [...] A
tarefa do pesquisador [...] é de discernir qual de nossos métodos pode ser mantido com plena
responsabilidade”. (MOSCOVICI, 1998, In: GUARESCHI; JOVCHELOVITCH).
44
De acordo com Sá, “[...] na construção do objeto de pesquisa precisamos levar
em conta simultaneamente o sujeito e o objeto da representação que queremos estudar”.(SÁ,
1998, p. 24). Esclarece, ainda, que o ponto de partida depende dos objetivos almejados.
A pesquisa qualitativa, segundo Bogdan e Biklen (1982), envolve a obtenção
de dados descritivos, adquiridos através da participação direta ou relação estreita do
pesquisador com a situação estudada, onde os fenômenos acontecem. (BOGDAN; BIKLEN,
1982, In: LUDKE; ANDRÉ , 1986).
Garskell e Allum (2002, p. 16) destacam como fator importante ter “[...] uma
visão mais holística do processo de pesquisa social para que ele possa incluir a definição e a
revisão de um problema”.
Levando-se em conta os aspectos descritos, optou-se pelo referencial teórico
das representações sociais e por uma abordagem quali-quantitativa na análise dos dados
obtidos, já que esta se revelou adequada ao objetivo proposto para este estudo.
2.2 Caracterização do Universo da pesquisa
O local de realização deste estudo foi o município de Cuiabá.
Fundada em 1719 por Pascoal Moreira Cabral, é a Capital do Estado de Mato
Grosso. Situada no Centro Geodésico da América do Sul, é também conhecida como o Portal
da Amazônia. Conta atualmente com uma população de 483.346 habitantes, segundo o IBGE.
(2000).
De sua história, extraímos a riqueza do ouro, na época abundante, que os
bandeirantes, no desbravamento do cerrado, vieram explorar quando aqui aportaram. Cuiabá
foi batizada, então, como Arraial do Bom Jesus de Cuiabá. (FERREIRA, 2001).
45
Reconhecida hoje como importante pólo industrial do Centro-Oeste, Cuiabá é
rota primordial para o escoamento da produção agrícola e pecuária de Mato Grosso para os
grandes centros do Brasil. (MERCOESTE, 2002).
De acordo com os dados fornecidos pela Secretaria de Educação Estadual e do
Município de Cuiabá em 2004, verificou-se a existência de 74 escolas estaduais e 78
municipais, perfazendo um total de 152 escolas na zona urbana.
O número de diretores na rede municipal perfaz um total de 78, na estadual 74,
enquanto o número de coordenadores, no município, é de 78 e na estadual de 256, perfazendo
um total de 486. (Anexos A e B).
Cabe esclarecer que o foco de interesse desta pesquisa centrou-se em ouvir
coordenadores e diretores que desenvolvem atividades no final do segundo ciclo, ou seja, com
alunos na faixa etária de 11 a 14 anos.
De posse de uma lista de escolas, distribuídas por região, objeto de trabalho
desenvolvido pelos pesquisadores que nos antecederam, procedeu-se a um sorteio aleatório
para a escolha delas. Somente participaram desse sorteio as escolas localizadas na zona
urbana da cidade de Cuiabá, cujo funcionamento ocorresse nos períodos matutino e
vespertino.
2.3 Sujeitos da pesquisa
Ressalta-se que do total de 486 dirigentes escolares do município de Cuiabá,
foram selecionados, por sorteio aleatório, um total de 43 dirigentes.
dirigentes bastante jovens no grupo, mas uma grande parcela se situa numa
faixa entre 41 e 45 anos. O tempo de exercício no magistério varia entre 11 e 20 anos. Quanto
46
ao tempo na instituição, apenas um possui mais de 30 anos na instituição, uma grande parcela
dos sujeitos estão na faixa entre seis e dez anos; quanto à formação dos dirigentes escolares
sujeitos desta pesquisa, 39 são especialistas e apenas quatro possuem somente graduação.
Com relação à religião, 37 dos participantes pertencem à religião católica, cinco são
evangélicos e um declarou-se espírita.
2.4 Instrumento de Coleta de dados
O levantamento de dados foi feito através de entrevistas semi-estruturadas.
Segundo Martins e Bicudo, a entrevista contribui no sentido de “[...] desocultar a visão que
uma pessoa possui sobre uma determinada situação. Ela é a única possibilidade que se tem de
obter dados relevantes sobre o mundo-vida do respondente” (MARTINS E BICUDO, 1994, p.
54). Com este propósito em mente optou-se por esse instrumento.
Sobre a realização de entrevistas, Gaskell explica:
As perguntas são quase que um convite ao entrevistado para falar longamente, com
suas próprias palavras e com tempo para refletir. [...] o pesquisador pode obter
esclarecimentos e acréscimos e pontos importantes com sondagens apropriadas e
questionamentos específicos.
(GASKELL, 2002, p. 73).
Após consulta à literatura específica, discussão com a professora orientadora e
com os membros do Grupo de Pesquisa em Educação e Psicologia (GPEP), elaborou-se um
roteiro com questões sobre o tema AIDS, a serem testadas. Essa etapa da investigação ocorreu
no mês de setembro, envolvendo seis dirigentes escolares.
As entrevistas foram realizadas no período de setembro de 2003 a março de
2004. Nesse processo, utilizou-se um roteiro temático para a orientação da entrevista e uma
ficha para levantar os dados sociodemográficos, tais como idade, sexo, escolaridade do
entrevistado. (Anexos D e E).
47
2.5 Desenvolvimento da pesquisa
Foi realizado um estudo piloto em quatro escolas da rede municipal e estadual
do Ensino Fundamental com o objetivo de nos familiarizarmos com os sujeitos, para conhecer
de onde eles falam e que informações percebem que os alunos possuem sobre a AIDS.
Nesta etapa, utilizou-se da pesquisa qualitativa, cujo objetivo, segundo Gaskell
(2002, p. 65), é “uma compreensão detalhada das crenças, atitudes e motivações, em relação
aos comportamentos das pessoas em contextos sociais específicos”.
As mestrandas foram apresentadas às escolas através de ofício, onde a
coordenadora do grupo, professora Doutora Eugenia Coelho Paredes, apresenta os objetivos
da pesquisa, os procedimentos necessários.
O material colhido foi discutido em grupo, e o resultado norteou a elaboração
das questões das entrevistas. (Anexo C).
O grupo pôde contar com a presença da professora Doutora Denise Jodelet,
pesquisadora da École de Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, França, na Academia
Internacional, realizada em Cuiabá, sobre pesquisa qualitativa, proporcionando um material
significativo que auxiliou na elaboração e condução do roteiro da entrevista.
Logo após este Seminário, a professora Doutora Denize Cristina de Oliveira,
da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), esteve em Cuiabá, oportunidade em que
ministrou um curso sobre como proceder com as análises do material decorrente do
processamento dos dados pelo software ALCESTE.
Transcorrida essa etapa, foram realizados encontros do grupo com o objetivo
de adaptar as questões do roteiro.
O número de escolas participantes por região encontra-se distribuído na tabela
um a seguir.
48
Tabela 1 Escolas por região e número de dirigentes entrevistados
Região
Número de escolas
Norte
13
Sul
15
Leste
05
Oeste
10
Vale ressaltar que algumas escolas estão localizadas em regiões centrais, com
boa infra-estrutura, onde a comunidade pode usufruir de lazer em praças, porém, nos bairros
mais longínquos, há casos onde a escola torna-se o espaço de lazer para a comunidade.
2.6 Instrumento de Análise de Dados
Ao término de cada entrevista, buscou-se realizar a transcrição dos discursos
dos sujeitos, que foram sendo integrados num único documento. Após, objetivando dar-lhe
coerência, foi procedida a verificação da grafia das palavras e eliminação de vícios de
linguagem, processadas pelo software ALCESTE Analyse Lexicale par contexte d’un
Ensemble de Segmentes de Texte, que consiste em uma técnica computadorizada e ao mesmo
tempo em uma metodologia para análise de texto. Kronberger e Wagner (2002, p. 427)
explicam tratar-se de um “método para exploração e descrição”.
De acordo com esses autores, a finalidade de uma análise através do programa
ALCESTE “[...] é distinguir classes de palavras que representam diferentes formas de
discurso a respeito do tópico de interesse” (KRONBERGER; WAGNER, 2003, p. 427).
Ressalta-se que na organização do material verbal, cada entrevista foi separada
através de uma linha de comando. Esta tem por objetivo informar o número de identificação
do sujeito entrevistado e as variáveis referentes a cada sujeito. As variáveis utilizadas na linha
49
de comando, ou linha com asterisco, são assim constituídas. (*ind_1 *sex_1 *id_3 *nf_3
*at_2 *af_1 *ch_2 *ti_3 *ts_4 *rel_1).
O software subdivide o texto em Unidade de Contexto Inicial (UCI) e em
partições denominadas Unidades de Contexto Elementar (UCEs), que concluem a primeira
etapa do programa e serão descritas no próximo capítulo.
Identificadas as linhas de comando, o software ALCESTE divide o material em
Unidades de Contexto Elementar (UCEs). Estas compreendem pequenos segmentos, cuja
média é de três linhas, estabelecida pelo programa em função do tamanho do corpus.
50
CAPÍTULO 3 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
51
3.1 Apresentação e análise dos resultados a partir do software ALCESTE
No processamento do material verbal, o programa reconheceu 43 linhas
estreladas, denominadas também Unidade de Contexto Inicial (UCI), ou linha de comando, e
corresponde ao número de sujeitos entrevistados. Esta é composta pelas variáveis que
caracterizam os sujeitos da pesquisa.
Foi possível verificar no relatório gerado que houve um índice de
aproveitamento de 88,15%, correspondendo a 2.469 Unidades de Contexto Elementar
(UCEs). Foram, portanto, eliminados 11,85% do material, equivalente a 332 UCEs, conforme
se pode verificar na figura um.
Figura 1 Aproveitamento do corpus
O software classifica o corpus conforme critérios que seguem um padrão de
co-ocorrência de palavras, dividindo o material verbal em partes, denominadas classes. A
figura dois mostra as características numéricas da distribuição das UCEs das cinco classes
geradas, bem como o percentual de cada uma delas.
Figura 2 Distribuição de UCEs e aproveitamento percentual das classes
52
Pode-se verificar no relatório, conforme a figura três, o quantitativo de palavras
pertencentes a cada uma das classes que compõem o corpus. Estas constituem os
agrupamentos temáticos apresentados no presente estudo.
Figura 3 Número de palavras analisadas por classe
O programa também gera um dendrograma
1
no qual pode-se visualizar a
divisão do material discursivo em partes, que no final do processo se constitui nas cinco
classes deste estudo. Na figura quatro, levando-se em consideração a relação temática,
percebe-se uma divisão em dois blocos nomeados como um e dois. As classes cinco e três
mantêm um discurso mais próximo, em oposição às classes um, dois e quatro, também
interligas pela similaridade do assunto.
Figura 4 Dendrograma de divisão das classes com percentual de aproveitamento
1
O dendrograma é uma forma gráfica, usada para representar os diversos agrupamentos. É uma estrutura que
exibe as relações entre todas as seqüências da análise. Nele estão dispostos linhas ligadas segundo os níveis de
similaridade que agrupam pares de espécime ou de variáveis. (ROCIO, 2000).
1
2
53
Conforme se observa na figura cinco, o software ALCESTE agrupou as
temáticas em dois blocos. Visando a uma melhor compreensão das relações entre as classes,
neste estudo buscou-se o que as aproxima e as distancia entre si. O primeiro bloco,
constituído pelas classes três e cinco, possui um discurso distanciado e ao mesmo tempo
complementar ao segundo bloco. O segundo, constituído pela classe um, está ligado à classe
dois através de suas ramificações e recebe a ligação da classe quatro. A primeira e a segunda
classes tratam da questão da circulação de informação sobre a prevenção da AIDS na escola e
na mídia. A classe quatro, que a elas se liga, alude ao interesse dos jovens pelo assunto. Em
oposição, o primeiro, constituído pelas classes três e cinco, trata da sua inserção nos projetos
escolares, no tratamento dado pela escola à questão, enquanto na classe cinco o discurso versa
sobre o contexto social e familiar do aluno e suas implicações no cotidiano escolar.
3.2 Apresentando os resultados
O software ALCESTE forneceu uma lista de palavras com valores de χ2,
permitindo identificar as temáticas abordadas em cada uma delas. O perfil fora obtido através
da seleção dos vocábulos com maiores valores de χ2.
O dendrograma, figura cinco, apresentado a seguir, obedeceu à ordem gerada
pelo programa e, a partir de seus conteúdos, atribuiu-se a estas classes uma denominação.
Figura 5 Dendrograma de nomeação das classes
As representações sociais
de dirigentes escolares
sobre o que pensam ser a
representação de seus
alunos sobre a AIDS
54
CLASSE 5 O Jovem e o seu contexto escolar, social e familiar
CLASSE 3 A AIDS no projeto político-pedagógico
CLASSE 4 Comportamento, idade e maturidade dos jovens frente a sexualidade e a AIDS
CLASSE 2 AIDS: fontes de informações dos jovens
CLASSE 1 Os jovens perante as informações acerca da AIDS
3.2.1 Classe 5 O contexto social, familiar e escolar do aluno
A classe cinco apresenta 837 UCEs com um índice de contribuição de 32,89%
do total. Trata-se da partição que detém o maior aglomerado do discurso coletado. Conforme
o dendrograma da classe cinco, figura seis, pode-se notar o tema sendo tratado sob dois
aspectos, que inicialmente este se subdivide em dois grandes blocos, aqui denominados
Bloco A e Bloco B.
As cinco primeiras palavras, conforme a tabela dois, escola, dificuldades,
estuda, pai, facilidade, aparecem como as mais representativas nessa classe pelo seu valor de
χ2. Por meio delas, pode-se estabelecer o seu perfil temático. Percebe-se que essas palavras
estão diretamente ligadas ao dia-a-dia do aluno e a seus reflexos no ambiente escolar, pois
também aparecem ligadas a elas vocábulos como emprego, bairro, problema. Daí decorre a
denominação O jovem e o seu contexto escolar, social e familiar.
No Bloco A, denominado Os jovens e suas condições materiais, as palavras
dificuldade, facilidade e estudo indicam que o discurso relaciona-se ao Contexto social do
jovem, posto que trata-se das dificuldades e facilidades do jovem em seu cotidiano. Por outro
lado, no Bloco B, os termos escola, aluno, pai, mãe, família descrevem as características das
famílias dos alunos, bem como sua relação com a escola. Por isso, foi aqui denominado
Família e escola.
55
Esse entendimento resulta de uma apreciação minuciosa de cada parte do
dendrograma. Portanto, para melhor visualização dos resultados encontrados, apresenta-se um
delineamento do assunto da classe, observando o conteúdo de cada um dos blocos (A e B)
separadamente, levando-se em conta suas subdivisões, aqui chamadas de A1, A2, enquanto a
segunda de B1 e B2. Também são apresentadas, por ordem de χ², as palavras dessas partições,
bem como suas formas completas, para melhor visualização de seu valor semântico no
contexto estudado. Salienta-se que este procedimento será adotado na descrição de todas as
classes.
Tabela 2 Distribuição das palavras da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas plenas χ
χχ
χ2
Escol+
Escola, escolar, escolas 126,30
Dificuldade+
Dificuldade, dificuldades 92,45
Estud+
Estuda, estudam, estudando, estudar, estudo, estudou, estudaram 81,31
Pai+
Pai, pais 77,39
Facilidade+
Facilidade, facilidades 57,64
Emprego+
Emprego, empregos 51,40
Alun+
Aluno, aluna 48,46
Bairro+
Bairro, bairros 46,32
Encontr+
Encontra, encontrada, encontram, encontramos, encontrar, encontro, encontrou 46,65
Lazer
Lazer 43,28
Perspectiva+
Perspectiva, perspectivas 41,30
Esporte+
Esporte, esportes 39,31
Futur+
Futuro 38,05
Problema+
Problema, problemas 35,59
Aula+
Aula, aulas 31,07
56
Figura 6 Dendrograma da classe 5
A1
A2
B
1
B2
57
Na partição A1, figura sete e tabela três, denominada O jovem e sua
perspectiva de futuro, tomou-se como referência para análise as palavras perspectiva e futuro
que, relacionadas a estudo, emprego e preocupa, configuram o tema aqui apresentado
formando, assim, o conjunto das cinco palavras de maior χ2 nessa primeira subdivisão.
Figura 7 Partição A1 do dendrograma da classe 5 – O jovem e sua perspectiva de futuro
Tabela 3 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Estud+
Estudo, estuda, estudam, estudando, estudar, estudaram, estudou 81,31
Emprego+
Emprego, empregos 51,40
Perspectiva+
Perspectiva, perspectivas 41,30
Futur+
Futuro 38,05
Preocup+ Preocupa, preocupação, preocupada, preocupado, preocupam, preocupante,
preocupar, preocupamos 29,48
Merc+
Mercado 27,70
Termin+
Termina, termino, terminando, terminar, terminamos, 27,58
Aprendiz+
Aprendizagem, aprendizado 21,71
Vestibular
Vestibular 21,54
Parec+
Parece, parecem 19,86
Frente
Frente 19,66
Grau
Grau 16,11
Reflet+
Reflete, refletem, refletir 14,93
Alimenta+
Alimenta, alimentação 13,15
Desemprego
Desemprego 12,19
Melhor+ Melhorado, melhorando, melhorar, melhore, melhorei, melhores, melhoria,
melhorias, melhorou 11,16
As palavras estudo, emprego e preocupa complementam o discurso dos
dirigentes sobre o aluno, indicando o desestímulo deste quanto ao seu futuro. Os entrevistados
A1
58
explicam que estes alunos vivem em situação de poucas possibilidades e acabam se
habituando a essa condição, passando a não vislumbrar perspectivas positivas.
[...] O aluno parece que não se preocupa com sua perspectiva de futuro. Não se
preocupam em estudar para mais tarde conseguir ser alguma coisa. Vivem em seu
mundinho, parece que eles pensam ah: meu pai é pedreiro, minha mãe é doméstica,
eu vou ser isso também. (Sexo feminino, diretora, formação: letras).
Os alunos não se preocupam com suas vidas, com a perspectiva de futuro. Não
pensam em fazer um curso superior, fazer outros cursos para melhorar. Eles não
demonstram essa preocupação. Talvez seja devido à falta de motivação por parte dos
pais. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Por outro lado, aparece um discurso diferente por parte de alguns dirigentes,
revelando divergência de opiniões. Para uma parcela de sujeitos, os jovens se preocupam com
seu futuro. No entanto, esse discurso parece vir ancorado no sonho, que esse vocábulo
aparece nesse contexto. Os vocábulos vestibular e emprego seriam a concretização desse
sonho, revelando a sua preocupação e seus anseios.
[...] com relação à perspectiva de futuro, eles sonham em ter mudanças, que eles
progridam nos estudos, sonham passar no vestibular. [...] Nas redações, sonham em
entrar na faculdade, colocam que, se não passar, querem arranjar emprego para
estudar numa faculdade particular. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
A preocupação dos alunos é com as perspectivas do amanhã, com a questão do
emprego, vão estudar. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Pecora (2003), em pesquisa sobre representações sociais acerca do futuro de
jovens estudantes de escolas públicas do ensino fundamental em Cuiabá, aponta que grande
parte dos alunos pesquisados declarou preocupar-se com o futuro. Nesse sentido, a fala desta
parcela de dirigentes se coaduna com os resultados encontrados por essa autora, revelando
aproximar-se mais do discurso dos alunos por ela entrevistados.
O vocábulo emprego aparece também em um outro contexto, indicando ser um
dos problemas a que os jovens estão expostos. Segundo os entrevistados, falta perspectiva de
emprego a eles.
Eles têm muita dificuldade de perspectiva de emprego. Alguns manifestam vontade
de trabalhar e até precisam para ajudar a família, mas grande parte não consegue.
(Sexo masculino, diretor, formação: biologia).
59
No discurso dos dirigentes, a palavra aprendizagem revela a despreocupação
do jovem com os estudos e o descompromisso da família no acompanhamento de sua
aprendizagem.
Eles se preocupam pouco com a aprendizagem que vai refletir para eles mais na
frente. A participação da família na escola é pouquíssima [...]. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
Segundo os sujeitos, as barreiras de ordem socioeconômica e cultural seriam os
empecilhos para que os alunos passem a vislumbrar perspectivas melhores.
Além disso, a ausência da família na participação dos estudos é o aspecto que,
na opinião dos entrevistados, mais contribui para o desestímulo do adolescente em relação a
seus estudos. Isso vai aparecer de forma evidente na análise do Bloco B, descrito
posteriormente.
Continuando a análise e a partir das palavras com maior valor de
χ2
, facilidade
e dificuldade, na partição A2, conforme figura 8 e tabela 4, pode-se perceber com clareza sua
temática, daí ter sido denominada Facilidades e dificuldades do jovem no presente.
Figura 8 Partição A2 do dendrograma da classe 5 – Facilidades e dificuldades dos jovens no presente
A2
60
Tabela 4 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Dificuldade+
Dificuldade, dificuldades 92,45
Facilidade+
Facilidade, facilidades 57,64
Bairro+
Bairro, bairros 46,32
Encontr+
Encontra, encontrou, encontram, encontramos, encontrar, encontro 45,65
Lazer
Lazer 43,28
Esporte+
Esporte, esportes 39,31
Falt+
Falta, faltam, faltando, faltar, faltas, faltosos, faltou 38,83
Quadr+
Quadra 35,83
Participi+ Participa, participação, participado, participam, participantes, participar,
participe, participado 34,11
Espaço+
Espaço, espaços 31,26
Preocup+
Preocupa, preocupação, preocupado, preocupa, preocupamos, preocupante 29,48
Estrutur+
Estrutura, estruturada, estrutural 29,41
Estudos
Estuda, estudam, estudando, estudou, estudar, estudaram, estudo, 23,95
Teatro
Teatro 22,75
Danc+
Dança, dançam, dançando, dançar 21,63
Violência+
Violência 20,81
Atividade+
Atividade, atividades 17,59
Ocup+
Ocupação 18,75
Jovens+
Jovens 19,88
Limit+
Limitação, limitada, limitado, limita, limitando, limite, limites 15,20
Bola
Bola 15,00
Centr+
Centro, central, centradas, centrais 13,15
Gost+
Gosta, gostam, gostando, gostar, gostaram, gostavam, gosto, gostou 12,60
Educ+
Educada, educam, educamos, educando, educar 12,56
Perifer+
Periferia, periférica, periférico, periféricos 12,19
Valoriz+
Valorização, valorizada, valorizado, valorizam, valorizar 11,73
Cansado+
Cansado, cansados 11,32
A palavra dificuldade, nesse contexto, remete-se à situação social de vida dos
alunos. Ela, geralmente, aparece relacionada aos contextos escolares e sociais do aluno.
Percebe-se, através dos vocábulos bairro e periferia, que a preocupação dos jovens advém de
seu entorno social, que eles não têm as nimas condições de sobrevivência, e isso vai se
refletir, segundo os dirigentes, na escola.
A grande preocupação é com a sua vivência que é carência de tudo dentro de casa e
transfere para a escola. As nossas crianças, por ser escola de periferia, vivem com
problemas de ordem social. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
As dificuldades desses jovens no bairro é que não existe uma infra-estrutura
adequada. A referência maior no bairro é a escola, não existe outra referência. Até o
comércio deixa muito a desejar. São alguns bares, não existe farmácia, açougue, não
existem outros ambientes. (Sexo feminino, coordenador, formação: pedagogia).
[...] no cotidiano os jovens vivem a insegurança no bairro, muito vandalismo,
depredação. Além do que eles não m uma infra-estrutura no bairro, por exemplo,
uma praça onde possam ter seu lazer, uma quadra onde possam praticar um esporte,
61
aprender uma oficina de teatro, enfim, viver a energia de sua juventude. (Sexo
feminino, diretora, formação: pedagogia).
Coutinho (2004, p. 107) explica que os professores por ela entrevistados
remetem os problemas apresentados pelos alunos à questão social, pois “A maior dificuldade
que os alunos têm é a vida social que eles não têm”.
As palavras bairro e violência também aparecem relacionadas entre si,
contribuindo no delineamento do contexto de vida dos alunos. Segundo os dirigentes
escolares,
[...] também o bairro não oferece nenhuma perspectiva, [...] é uma carência de tudo
[...]. As dificuldades que encontram é com relação à violência que é muito presente
em suas vidas, parece que esta convivência está enraizada. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
Por meio dos vocábulos valorizam e centrais, os dirigentes expressam a
depreciação da comunidade com referência à escola. Segundo os sujeitos, muitos jovens
transferem-se para as escolas de bairros centrais, acreditando livrar-se da violência a que são
submetidos nos bairros da periferia. Contudo, os termos violência e bairros aparecem
novamente indicando que os adolescentes, ao constatarem não se tratar de um fenômeno
localizado, retornam à escola onde estudavam, passando a valorizá-la mais.
Valorizam mais, passam a participar mais, e alguns retornam. É interessante o
comportamento dessa juventude em relação ao seu bairro, eles próprios fazem uma
discriminação, eles valorizam muito mais as escolas centrais, eles dizem que o
ensino é melhor, eles valorizam tudo o que vem de fora. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
Então quando eles retornam, passam a valorizar muito mais, eles têm uma
consciência. Geralmente eles pensam que nas escolas centrais não existe violência,
os problemas cotidianos estão apenas nos bairros onde eles moram, mas quando
chegam lá, eles deparam com os mesmos problemas, então eles voltam e passam a
ver de outra maneira. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Outras dificuldades também encontradas pelos alunos dizem respeito à sua
condição econômica. Por pertencerem, em geral, a famílias de baixa renda, manifestam o
desejo de trabalhar. No entanto, sentem as limitações que os impedem de conseguir melhorar
sua condição material de existência, pois, segundo os dirigentes escolares,
62
[...] eles têm muita dificuldade de perspectiva de emprego. Alguns manifestam
vontade de trabalhar e até precisam para ajudar a família, mas grande parte não
consegue. (Sexo masculino, diretor, formação: biologia).
[...] é a dificuldade financeira mesmo, eles deixam de fazer muitas coisas por falta
de dinheiro. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Por outro lado, o vocábulo encontra, quando relacionado à dificuldade, mostra
outras limitações na vida dos alunos que conseguem emprego. Para estes, começa a existir
dificuldade para harmonizar estudo e emprego. Eles necessitam trabalhar, porque somam na
renda familiar, contudo poucos prosseguem nos estudos.
Alguns dos nossos alunos já trabalham e então as dificuldades que encontram em
conciliar os estudos. Alguns trabalham, mas como pacoteiro em supermercado,
babá, jardineiro, porque um emprego melhor está cada vez mais difícil. Então
dificulta ainda mais em seus estudos, porque chegam cansados na escola. (Sexo
feminino, diretora, formação: pedagogia).
[...] A maior dificuldade que os jovens reclamam é a falta de emprego, ou de
conciliar o emprego e o estudo. [...]. (Sexo masculino, diretor, formação: geografia).
Pesquisa realizada por Pecora (2003) mostra os jovens assinalando a família, o
trabalho e a formação escolar como sendo os três elementos que constituem as representações
sociais dos alunos quanto às suas perspectivas, para se sentirem mais felizes no futuro. No
entanto, se o trabalho constitui um empecilho para a continuidade dos estudos destes alunos,
segundo os dirigentes, parece haver uma problemática na realização dos desejos quanto ao
futuro.
Continuando a análise, pode-se perceber, a partir das palavras facilidade,
espaço e lazer, os dirigentes sinalizando que a escola acaba tornando-se um local de diversão
para os alunos, pois o que encontram no bairro não lhes proporciona algo de positivo em suas
vidas.
O bairro não disponibiliza oportunidade de um lazer para esses jovens. Tanto que
até em período de férias, eles buscam usar a escola, vêm jogar na quadra da escola.
(Sexo feminino, diretora, pedagogia).
As palavras teatro, dança e participa, ligadas ao termo facilidades, demonstram
o espontâneo interesse dos alunos por atividades, propostas pela escola, envolvendo aspectos
culturais. Os discursos indicam que algumas escolas já as incluíram em suas atividades
63
curriculares, por entenderem ser este um lugar para se fazer essa integração, pois, além do
mais, os adolescentes estão sempre de prontidão quando se trata destas atividades.
Na sexta-feira na escola é o dia cultural e são poucos que vão para casa. O professor
faz, a partir das nove horas até as onze, o professor faz as atividades com eles de
música, teatro, desfile de moda, a maioria dos jovens participam. (Sexo feminino,
diretora, formação: pedagogia).
Outras palavras como esporte, quadra, bolas corroboram nesse sentido,
indicando que o vocábulo facilidades se liga também a aspectos esportivos e remetendo
novamente à visão do lazer como de interesse do jovem. Segundo alguns dos sujeitos desta
pesquisa,
[...] Eles também têm muita facilidade com a parte de esporte, é o lado que eles não
encontram barreiras para participar, é a educação física. (Sexo feminino, diretora,
formação: letras).
[...] é a escola, onde temos uma quadra, então nos finais de semana, eles vêm jogar
bola e também participam nas igrejas. Esses jovens encontram facilidade em alguma
atividade extra-sala, alguma gincana, um torneio, eles se envolvem, e a participação
é bem ativa. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Os educadores entrevistados por Coutinho (2004) declaram que “para a maioria
dos alunos, a escola estaria se tornando um local de diversão e não um ambiente onde teriam
interesse em freqüentar com o intuito de aprender” (COUTINHO, 2004, p. 101). Os dirigentes
escolares aqui investigados indicam possuir a mesma reação dos professores pesquisados por
Coutinho (2004), quando discorrem sobre os interesses dos alunos na escola.
Para Szymanski (2003, p. 60), a opção da escola como área de lazer certamente
traria benefícios para todos, na medida em que, para os jovens, esta pode ser a única
possibilidade de lazer. “No caso da possibilidade de se utilizarem as salas de vídeo e
biblioteca nos finais de semana, o ganho cultural para a comunidade e para a equipe da escola
seria inestimável.” (SZYMANSKI, 2003, p. 61).
Pelo exposto, percebe-se que como os bairros periféricos não possuem infra-
estrutura, como biblioteca ou espaço cultural possibilitando condições para esses jovens
desenvolverem suas habilidades, os dirigentes destacam a importância da escola no sentido de
64
atrair as famílias para desenvolver um trabalho conjunto, fazendo a comunidade se tornar
parceira da escola. Assim, passam a vislumbrar uma mudança quanto ao interesse do aluno
pelo estudo. Segundo os dirigentes isso se torna importante. De acordo com eles,
Hoje você não consegue desenvolver um bom trabalho se você não tiver o apoio da
comunidade. Precisamos trazer as famílias para dentro da escola. A maior
dificuldade que os jovens encontram é o apoio público. O bairro é muito distante do
centro e também muito carente de toda a infra-estrutura. (Sexo masculino, diretor,
formação: matemática).
Szymanski (2003, p.61) esclarece que um dos mecanismos que podem ser
utilizados para diminuírem os conflitos existentes entre escola e famílias poderia ser a
parceria, através de um projeto de integração com a escola. Para essa autora, “Os alunos e as
famílias seriam co-responsáveis por um bem público. A posse desse bem estaria assegurada.
Extinguir-se-ia, talvez, aos poucos, a sensação de que o bem público não é de ninguém”.
Prosseguindo no processo de análise, a partição B1, figura nove, tabela cinco,
foi denominada O jovem, sua aprendizagem na escola e a família.
Figura 9 Partição B1 do dendrograma da classe 5 – O jovem e sua aprendizagem na escola e na família
B1
65
Tabela 5 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Cham+
Chama, chamada, chamado, chamando, chamamos 66,77
Alun+
Aluno, aluna 48,46
Consegu+ Consegue, conseguem, conseguia, conseguimos, conseguir, conseguiu,
conseguira, conseguiram, conseguirmos 39,70
Mand+
Manda, mandado, mandam, mandou mandamos, mandar, mandaram 39,65
Aula+
Aula, aulas 31,07
Reprov+ Reprovação, reprova, reprovada, reprovado, reprovam, reprovar, reprovei,
reprovou 29,66
Lut+
Luta, lutamos, lutando, lutar 27,70
Fin+
Final, finais, fins 25,59
Ajud+
Ajuda, ajudam, ajudar, ajudava, ajudou 23,87
Conselho Tutelar
Conselho Tutelar 22,55
Not+
Nota, notamos, notas 16,36
Acompanha+
Acompanhamento acompanhamentos, 16,04
Acompanh+ Acompanhe, acompanhem, acompanhamos, acompanhando, acompanhar,
acompanho, acompanham 13,93
Resolv+
Resolve, resolvemos, resolveu, resolver 13,13
Pobr+
Pobre, pobres, pobreza 11,32
Trafic+
Trafica, tráfico, traficante 11,32
A palavra aluno, relacionada aos vocábulos notas e reprova, revela na fala dos
dirigentes quais são as preocupações dos adolescentes no contexto escolar. A saber, eles não
manifestam preocupação com os estudos, segundo alegam os dirigentes escolares. O processo
de aprendizagem, ao que tudo indica, parece não lhes interessar, ficando apenas o resultado
deste como o mais importante para o aluno. O empenho do aluno em se concentrar nos
estudos ocorre, geralmente, no final do ano letivo, diante da possibilidade da reprovação,
que tenta evitar.
Se não gostam do professor, não assistem às aulas, mas quando vai chegando o final
do ano e percebem que as notas não estão boas, passam a ter preocupação, porque
podem reprovar. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Quando o termo traficante é analisado no contexto da escola, percebe-se que a
instituição se depara, no presente, com dificuldades que vão além da falta de interesse do
educando pelo ensino. O próprio entorno social da escola é tomado como referência pelos
alunos para questionar a importância do estudo em suas vidas. A escola parece não conseguir
despertar o interesse do estudante em sua formação educacional.
Você orienta o aluno: precisa estudar para conseguir um bom emprego. Então ele
66
fala, fulano que mora bem do lado da escola é traficante e possui tudo o que quer,
então para que precisamos lutar tanto. (Sexo feminino, diretora, formação:
pedagogia).
Por meio dos verbos chamar e acompanhar, um grupo de dirigentes expressa a
ausência de participação dos pais nos estudos dos filhos e a iniciativa da escola no sentido de
tentar reverter tal situação. Para eles,
[...] outros só vêm após o resultado final, no final do ano, quando o aluno geralmente
reprovou e não tem mais jeito. É muito complicado porque durante o ano todo
você manda chamar o pai e ele não vem, não acompanha, e agora como está
finalizando o ano você pode ver, existe uma preocupação. (Sexo masculino,
coordenador, formação: letras).
Por outro lado, reconhecem que esse distanciamento da família da escola está
relacionado a problemas de ordem econômica, pois, segundo eles, devido ao fato de os pais
trabalharem, eles não têm tempo para participar e também não detêm conhecimentos para
contribuir com a escola.
Muitos alunos quando manifestam problemas na escola, e você manda chamar os
pais, eles dizem: meu pai sai de casa quatro horas da manhã e retorna às dez da
noite. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
São analfabetos, pobres e precisam trabalhar para se manterem, e isso faz com que
eles sejam bastante ausentes, não têm acompanhamento da aprendizagem do filho.
Muitos, mesmo quando mandamos bilhetes chamando, nas reuniões pedagógicas, de
pais e mestras, mandamos recados por outros, mandamos alguém responsável pela
escola, mas eles não vêm mesmo, nunca aparecem, só quando os filhos reprovam no
final do ano. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Coutinho (2004, p. 107) explica que os educadores por ela entrevistados
reclamam da ausência da família na escola. Segundo um dos professores entrevistados,
[...] os pais querem que os filhos vão para a escola, mas eles também não vão à
escola. Os pais não levam os filhos, não freqüentam as reuniões de pais que tratam
da vida dos filhos, não querem ouvir sobre a situação dos filhos. (36 anos,
masculino, filosofia).
Os dirigentes escolares indicam, assim, possuir a mesma reação dos
professores quando discorrem sobre a participação dos pais dos alunos na escola.
Segundo Szymanski (2003), a condição de trabalhador dificulta a presença
constante dos pais na escola e o acompanhamento do trabalho escolar da criança, bem como
propicia a sua baixa escolaridade.
67
Ainda com relação a esse aspecto, pode-se verificar que a ausência da família
não se refere somente ao aspecto da educação formal na escola. A presença da expressão
Conselho Tutelar revela que os pais, na dificuldade de resolver os problemas de
comportamento dos filhos, delegam à escola ou a este órgão, representante do poder público,
esta função disciplinadora. Um exemplo disso pode ser observado no excerto:
Então hoje a escola está se posicionando mais, e atualmente o que não para
cumprir, o conselho não acata. Atualmente a escola está muito sobrecarregada.
Existe ainda criança que ultrapassa o limite, e você exige um determinado
comportamento dessa criança, chama o pai. Hoje os pais já aceitam, antes não
aceitavam, agora eles pedem para encaminhar ao Conselho Tutelar, porque já não
sabem o que fazer. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Os discursos, portanto, parecem indicar que uma das dificuldades enfrentadas
pelos jovens no seu cotidiano refere-se à questão familiar, e isso está diretamente relacionado,
segundo os dirigentes, ao desempenho do aluno na escola. Segundo a declaração de um dos
entrevistados, a realidade dos educandos está assim descrita.
Por outro lado, a população é humilde, poucos pais têm estudo, eles não se sentem
instigados a essa luta. Aqueles que sobressaem, você percebe que uma ajuda da
família, acompanham os estudos do filho, quando necessário a escola manda
chamar, e eles se fazem presentes. (Sexo feminino, coordenadora, formação:
pedagogia).
Os sujeitos, ao que tudo indica, parecem vincular o bom desempenho do aluno
na escola àqueles pais que acompanham a vida escolar dos filhos. Nesse sentido, na pesquisa
de Silva (2004) a respeito das representações sociais de professores acerca da escola, os
docentes também possuem essa compreensão, mostrando o distanciamento estabelecido nas
relações entre família e escola. Os professores entrevistados por Silva (2004, p. 85) afirmam:
[...] existe um distanciamento da família. Muitas vezes o pai, a mãe, sai para
trabalhar o dia todo. Está difícil a situação. Eles deixam os filhos sozinhos em casa.
(Homem, especialista, 41-50 anos, 11-15 anos de magistério).
A escola do presente é caracterizada pela ausência da família. (Mulher, especialista,
41-50 anos, mais de 20 anos de magistério).
Esses professores revelam, por meio de suas falas, os motivos dessa ausência,
reforçando o que também se encontra expresso no discurso dos dirigentes escolares aqui
68
investigados.
Essas razões são novamente reforçadas quando se analisa a partição B2, figura
dez, tabela seis, denominada O jovem e sua família.
Figura 10 Partição B2 do dendrograma da classe 5 – O jovem e sua família
Tabela 6 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 5, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Escol+
Escola, escolar, escolas 126,30
Pai+
Pai, pais 77,39
Crianc+
Criança, criançada, crianças 40,21
Problema+
Problema, problemas 35,59
Saem
Saem 29,66
Func+
Função, funções 29,41
Vem
Vem 25,88
Cheg+
Chega, chegou, chegam, chegamos, chegar, chego, 23,54
Direito+
Direito, direitos 23,50
Cas+
Casa, casando, casar, casas 23,03
Brig+
Briga, brigam, brigando, brigar, brigou 22,75
Rua+
Rua, ruas 20,93
Mãe+
Mãe, mães 19,52
Famili+
Família, familiar, 17,16
Vir+
Vir, viram, virando, virão, virar, vire, virem, virou 15,68
Compromisso+
Compromisso, compromissos 13,52
Tent+
Tenta, tentem, tentamos, tentando, tentar, tentei, tentemos 13,20
Estatuto
Estatuto 12,19
Ganh+
Ganha, ganham, ganhamos, ganhando, ganhar, ganho 12,14
As palavras escola, problema, mãe, pai e família configuram o perfil dessa
ramificação, apontando o contexto familiar do aluno e seus reflexos na escola. Segundo os
entrevistados, os jovens desde muito cedo assumem responsabilidades no lar devido aos
problemas de ordem econômica, conforme já mencionado anteriormente na partição A2.
B2
69
Dessa forma, precisam conciliar afazeres domésticos com suas atividades escolares. Tudo isso
sem o acompanhamento da família.
A grande preocupação é com a sua vivencia e carência de tudo dentro de casa e
transfere para a escola. As nossas crianças, por ser escola de periferia, vivem com
problemas de ordem social. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Os pais saem cedo para trabalhar e colocam os meninos para tomar conta de casa.
Tem menino e menina aqui que são os verdadeiros domésticos da casa, eles acordam
cedinho, e a jornada é intensa, eles lavam, passam, cozinham e m para a escola
cansados. Eles já chegam estressados. (Sexo feminino, diretora, formação: letras).
Então os filhos ficam responsáveis por organizar a casa, cozinhar, se arrumar para
vir à escola, e eles têm dificuldade nisso. Os professores falam que eles não fazem
as atividades, que não estão nem aí, mas é devido a essa falta de acompanhamento
dos pais. Com esses jovens, conseguimos trabalhar com facilidades, se elevarmos
a auto-estima deles. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Coutinho (2004, p. 106), desenvolvendo estudos com os docentes, ao
entrevistá-los, percebe que eles se referem ao fato da interferência da situação social na vida
do adolescente e, como decorrência disso, uma indisponibilidade de tempo por parte da
família. Um dos professores por ela entrevistado afirma: A família deixa a criança na escola
e está transferindo a responsabilidade, justamente por causa de trabalho. Sai cedo, volta à
noite e nunca pode acompanhar. (37 anos, feminino, formação: geografia)”.
Esses professores revelam, através dos seus depoimentos, os motivos da
indisponibilidade de tempo por parte da família, reforçando o discurso dos diretores e
coordenadores aqui pesquisados.
Os dirigentes explicam que, às vezes, é necessário um acompanhamento mais
individualizado do aluno, pois os jovens trazem todas as dificuldades de sua vida familiar para
a escola.
O rendimento da criança cai, e você vai conversar com esses jovens para saber o que
está afetando sua vida escolar e acaba descobrindo. Geralmente é um problema que
vem da situação familiar. Às vezes, é situação de separação dos pais, ou o pai está
desempregado, estão passando necessidade, ou têm doentes em casa, isso afeta
muito. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Os problemas familiares apresentados como causadores do desinteresse dos
alunos foram encontrados nos estudos desenvolvidos por Ferreira Salles (1998, p. 10), onde
70
os professores relatam:
[...] hoje as famílias estão um tanto desintegradas, é um pai que bebe, [ora os pais]
são desquitados, divorciados etc., tudo isso gera revolta no adolescente. O que eu
observo é que a família está desestruturada, nós não podemos exigir alunos que
tenham bom comportamento, bom relacionamento, boa aplicação. (FERREIRA
SALLES, 1998, p. 100).
Tal fato confirma-se na pesquisa desenvolvida com professores por Coutinho
(2004, p. 102), esclarecendo que muitos jovens se envolvem em situações transgressoras das
regras sociais por falta de acompanhamento familiar.
[...] os alunos encontram dificuldade na vida familiar. Muitos vivem num ambiente
desestruturado, sem apoio dos pais. Os alunos passam por muitos problemas na
família que acabam acarretando dificuldades na escola e na vida pessoal. (59 anos,
masculino, formação: geografia).
Decorrentes dessa ausência, explicam os dirigentes aqui investigados, surgem
problemas de relacionamento. Isso pode ser evidenciado pela palavra briga que, nesse
contexto, revela o comportamento do jovem hoje, o que parece se refletir, principalmente, nos
alunos da fase inicial do ensino fundamental.
Os alunos encontram muita dificuldade em se relacionar. Eles brigam demais, um
bate no outro. Não são todos, mas por qualquer coisa eles se desentendem e se
agridem. Aqueles que têm família mais estruturada, eles quase não brigam. Há
aqueles que devem ter muitos irmãos em casa e vivem brigando e chegam à escola
eles querem fazer a mesma coisa. (Sexo feminino, diretor, formação: pedagogia).
No período da tarde também funciona de quinta e sexta ries, mas eles são muito
agressivos, parecem jovens de gangs. São muito agressivos, brigam, batem, um não
pode olhar para o outro, já pergunta: o que é, o que foi, um encara o outro. (Sexo
feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Recorre-se novamente aos estudos desenvolvidos por Coutinho (2004, p. 103),
um dos professores explica: “Quando a família está muito bem-estruturada, com pai e e
morando na mesma casa, dividindo o mesmo teto, conseguem manter uma certa união, essa
pessoa tende a ter uma postura. (32 anos, masculino, matemática)”.
Novamente a questão da família reaparece nos depoimentos, indicando, por
meio das palavras pai e mãe, a necessidade de acompanhamento na vida escolar da criança,
conforme apresentado em fragmento de fala a seguir.
71
Quando tínhamos a presença do pai ou da mãe na escola, dificilmente a gente tinha
problema de namoro, de sexo, de briga, de discussão, de fumo, de marcar alguém
na rua. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Como resultado da ausência da família, os discursos indicam a existência de
conflito na relação família e escola, o que parece gerar uma crise na definição de
responsabilidades.
Nós percebemos que eles são muito rebeldes, agressivos, falta de limite, falta de
acompanhamento e falta de estrutura familiar. A maioria das vezes, os pais jogam a
responsabilidade da estrutura familiar em cima de nós, em cima da escola, mas eu
devolvo para eles. Jogam na escola uma responsabilidade que não é nossa. (Sexo
feminino, diretora, formação: biologia).
Por outro lado, percebe-se um discurso diferente. Uma parcela de dirigentes
investigados argumenta que a escola deve levar em consideração a subjetividade da criança,
devendo dar ênfase à afetividade para tentar minimizar os problemas detectados nos alunos.
Para estes dirigentes, a escola busca fazer um trabalho integrado, insistindo, dessa forma, na
importância de ações em conjunto.
Aqui nós estamos conseguindo trazer os pais para vir discutir, e estamos chamando
para trabalharmos juntos. Nas primeiras reações de agressividade, chamamos e
conversamos. (Sexo feminino, coordenadora, formação: letras).
Um outro aspecto problemático é evidenciado na análise dos vocábulos direito
e estatuto, pois, conforme os sujeitos, com a aprovação do Estatuto da Criança, os jovens
passam a perceber apenas os seus direitos e não reconhecem que, na escola, existem
regulamentos a serem cumpridos. Isto tem contribuído para dificultar o trabalho escolar. A
família, por outro lado, também passa a ter restrições, a partir do momento em que os pais não
podem estabelecer regras.
Além do que o estatuto vem é atrapalhar bastante, porque eles percebem os
direitos. A escola também tem regras, tem limites. A própria família teve restrições,
porque os pais não podem bater, não podem impor limites, não dar castigos, que os
pais precisam ser bonzinhos. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Vale a pena lembrar que o art. 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) assegura o direito de a criança ser educada na família, ou em casos excepcionais, em
família substituta. No entanto, este mesmo Estatuto prevê que os membros adultos da família
72
tenham garantidas as condições essenciais de salário para a sobrevivência digna do núcleo
familiar, a fim da criança e o adolescente poderem se dedicar ao estudo, à iniciação
profissional e ao lazer, sem a necessidade de entrar no mercado de trabalho precocemente,
para a sobrevivência. (PACHECO, 2001)
O ambiente familiar adequado inclui não só os recursos materiais e financeiros,
mas principalmente os aspectos afetivos, a disponibilidade e o desejo de se proteger.
Os dirigentes explicam, ainda, por meios das palavras tenta e chega, que às
vezes ao conversar com o aluno, a raiz do problema está na própria família.
Por mais que tentemos fazer um trabalho com eles, é difícil. Nós estávamos
conversando com um aluno, porque aconteceu um problema sério na escola com ele.
Então ele disse: não adianta você falar para mim, quando eu chego em casa está tudo
daquele jeito, o que eu posso fazer, se eu sair de casa. (Sexo feminino,
coordenadora formação: pedagogia).
Pelo exposto, a questão familiar se torna um aspecto recorrente nessa classe,
sendo apontada sua responsabilidade pelas dificuldades de aprendizagem do aluno na escola.
A análise do Bloco A, Os jovens diante do obstáculo da aprendizagem, permite
o delineamento da imagem dos alunos aqui apresentada pelos dirigentes escolares. Eles são
vistos como desinteressados e sem perspectiva de futuro. Também são descritos como
carentes, por isso precisam trabalhar. No entanto, os que conseguem emprego acabam
desistindo dos estudos por não conseguirem conciliar as atividades escolares com o trabalho.
As facilidades encontradas pelos educandos estão ligadas às atividades de lazer
e esporte. A imagem dos dirigentes é a de que os jovens se encontram presentes
constantemente no cotidiano escolar, até em períodos de recesso, devido ao lazer que ali
podem desfrutar.
No entanto, os dirigentes enfatizam a importância de conscientizar os alunos
para se interessarem pelos estudos, pois este parece se constituir o único caminho para a
melhoria da sua condição material de existência. Nesse sentido, a representação social dos
73
dirigentes parece vir ancorada na necessidade dos estudos para os alunos ascenderem
socialmente.
No Bloco B, Acompanhamento da família na escola, uma responsabilização
da família pelos problemas de aprendizagem do educando, o que revela a ausência dos pais no
acompanhamento dos estudos do jovem. Este parece ser um dos principais fatores que,
segundo os sujeitos, contribuem para os alunos, durante o período letivo, não demonstrem
preocupação com as atividades escolares.
Outro problema encontrado no ambiente da escola refere-se às normas e
valores que são infringidos. Quando isto ocorre, parece que a escola delega ao outro, no caso
à instituição governamental, representada pelo Conselho Tutelar, a responsabilidade para
impor limites, ou então convoca os pais.
A representação dos dirigentes em relação à família é que outrora os pais se
integravam às atividades escolares, e isso hoje não ocorre. Assim sendo, a escola precisa estar
administrando essa mudança, porém não está conseguindo. Portanto, a imagem que esse
grupo de diretores e coordenadores fazem da família está relacionada ao comportamento
apresentado pelo aluno.
3.2.2 Classe 3 Planejamento e desenvolvimento das atividades pedagógicas
A classe três apresenta 295 UCEs, com um índice de contribuição na classe de
11,95%.
Observando os vocábulos listados na tabela sete, verifica-se que o conjunto de
palavras detentor de maior valor de
χ2
funciona como apresentador dessa classe,
74
possibilitando a compreensão de como o tema AIDS está presente no projeto político-
pedagógico das escolas visitadas.
Apesar de o termo AIDS não aparecer como descritor da classe, percebe-se sua
presença nos contextos das UCEs analisadas e também através de outros vocábulos a ela
relacionados como doenças sexualmente transmissíveis, presentes na tabela sete e no
dendrograma da classe mostrado na figura 11.
Observa-se, na tabela sete, que as cinco primeiras palavras, projeto,
capacitação, tema, verba e professor, aparecem como as mais representativas nesta classe,
pelo seu valor de
χ2.
Através delas,
pode-se estabelecer o seu perfil temático. Percebe-se que
esses termos estão diretamente ligados ao planejamento e desenvolvimento das atividades
pedagógicas, revelando como o tema se insere nos projetos desenvolvidos.
Constata-se no dendrograma,da classe três, figura 11, que, na divisão do
material discursivo, isso é retratado por meio de sua subdivisão em dois grandes blocos.
Observa-se também que, no Bloco A, denominado Planejamento e
Desenvolvimento das Atividades Pedagógicas, o tema está inserido nos projetos
desenvolvidos pelas escolas visitadas. No Bloco B, nomeado Destinação de Recursos,
destaca-se a origem de verbas destinadas ao combate e ao tratamento da AIDS, dando
destaque também à maneira como essas verbas são aplicadas.
Ou seja, se na aplicação de
recursos são considerados as prioridades e os projetos definidos pela escola.
75
Tabela 7 Distribuição das palavras da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2.
Formas reduzidas
Formas plenas
χ2
Projeto+
Projetos, projeto 315,98
Capacit+
Capacitação 259,12
Tem+
Tema, temas 228,97
Verba+
Verba 220,99
Professor+
Professor, professora, professores 189,65
Recurso+
Recurso, recursos 188,80
Trabalh+ Trabalha, trabalhada, trabalhado, trabalhamos, trabalham, trabalhar, trabalhei,
trabalho, trabalhou 147,62
Projeto pedagógico
Projeto Pedagógico 116,76
Planejamento
Planejamento 65,60
Materi+
Materiais, material, matérias 63,05
Recicl+
Reciclagem, reciclando 43,55
Interdisciplinarida
Interdisciplinaridade 29,53
Transversais
Transversais 22,14
Doença sexualmente
Doenças transmissíveis 21,60
76
Figura 11 Dendrograma da classe 3
A1
A2
B1
B2
77
A partição A1, Figura 12, em conformidade com a tabela oito, foi denominada
Planejamento do projeto escolar, considerando-se os substantivos projeto, planejamento e os
verbos elaborar e planejar que se destacam com valores altos de
χ2,
confirmando essa
compreensão.
Figura 12 Partição A1 do dendrograma da classe 3 – Planejamento do projeto escolar
Tabela 8 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Projeto+
Projeto 315,98
Elabor+
Elabora 100,15
Letivo+
Letivo 75,42
Defin+
Define 72,82
Planejamento
Planejamento 65,60
Desenvolvimento
Desenvolvimento 45,29
Entrav+
Entraves, entrave 43,55
Desenvolvidos
Desenvolvidos 43,55
Inici+
Inicio, Iniciado, inicial, iniciamos 42,29
Planej+
Planeja, planejado, planejar, planejando, planejamos 39,12
Específ+
Específica, específicas, específico, específicos 39,12
Comunidade
Comunidade 33,03
Ano
Ano, anos 32,32
Seminário+
Seminário, seminários 23,02
Reuni+
Reunião, reuniões 22,16
Realiz+
Realização, realizada, realizamos, realizando, realizar 21,81
Cons+
Conselho 15,48
Feira de ciências
Feira de ciências 15,48
Process+
Processo, processam 12,58
Discuss+
Discussão 8,33
A1
78
As palavras projeto, planejamento e letivo mostram como transcorre o processo
de planejamento das atividades e temas que serão desenvolvidos na escola.
A AIDS possui um projeto específico. No início do ano os professores reúnem-se e
fazem o planejamento, elaboram os projetos que são desenvolvidos durante o ano
letivo. À medida que detectamos as necessidades, vamos buscar recursos para
viabilizar a realização das atividades. (Sexo feminino, coordenadora, formação:
pedagogia).
Com relação ao trabalho que o professor pretende desenvolver, geralmente quando
eles querem desempenhar algum projeto, eles procuram a coordenação. Existem
alguns projetos que a SEDUC propõe, e também quando o professor quer inovar,
elabora algum projeto. Primeiro eles consultam a direção e o Conselho Deliberativo
para verificar se tem possibilidade da escola estar adquirindo os materiais. (Sexo
feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Na fala de um dos entrevistados, aparecem os vocábulos comunidade e
consulta, sugerindo, como prioridade da escola, o desenvolvimento de atividades
participativas, que possibilitem a integração desta instituição com diversos segmentos sociais.
Percebe-se que, na escolha de conteúdos temáticos, os professores procuram considerar a
realidade dos alunos, para depois serem inseridos no planejamento da escola.
E nós não temos ainda nome do projeto este ano, porque a cada ano letivo nós
vamos consultar a comunidade quais seriam seus anseios. Agora depois de tudo isso,
são eles que vão falar quais os projetos que eles querem trabalhar. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
Por outro lado, há indícios de que em algumas escolas esse planejamento
procede sem uma consulta prévia à comunidade, ficando a cargo somente do professor a
definição dos conteúdos a serem trabalhados.
Temos no projeto pedagógico da escola proposta de desenvolvimento de trabalho
sobre a AIDS e também de outros temas propostos nos Parâmetros Curriculares
Nacionais como as drogas e a violência. O professor é quem define os conteúdos e
os projetos que pretende trabalhar; em cada semestre letivo ele desenvolve um
projeto. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Levando-se em conta a proposta da SME (Cuiabá, 2000, p. 61) no processo de
planejamento de ensino, deve-se levantar o universo temático, através da pesquisa
participativa junto à comunidade escolar. Nesse procedimento, devem-se ouvir “os alunos, a
classe social a que pertencem, a sociedade em geral e o mundo da cultura, para selecionar os
temas geradores”. (CUIABÁ, 2000, p. 61).
79
Os vocábulos palestras, seminários, feira de ciências delineiam o tipo de
atividades a que escola recorre, para desenvolver, no decorrer do ano letivo, os temas e
conteúdos planejados. Porém, o envolvimento dos alunos nas atividades programadas
depende dos recursos priorizados pelo professor e do empenho deste.
Então se programa a feira de ciências, as palestras, os seminários, cabendo aos
professores o seu desenvolvimento durante o ano letivo. Agora, vai depender de
cada professor. Alguns estão bastante desestimulados, por um lado reclamam da
pouca participação dos pais, do desinteresse dos jovens pelo estudo, pelo salário que
está baixo, enfim é preciso estar dando uma injeção de ânimo a todo momento no
professor. (Sexo masculino, diretor, formação: geografia).
Nós desenvolvemos esse trabalho no início do ano. Fazemos o esquema das datas
comemorativas, por exemplo, esse grande seminário que acabou de ocorrer na escola
estava na previsão desde o início do ano, [...]. (Sexo feminino, diretora, formação:
geografia).
Pagan (2004) detectou que as atividades desenvolvidas pela escola sobre a
AIDS ocorrem em aulas e através de palestras, coadunando estes resultados aos encontrados
com os dirigentes escolares.
Apesar de os sujeitos descreverem o planejamento das atividades, constata-se
nesses trechos de fala, através das palavras entraves e processo, que essa primeira etapa de
trabalho não representa o seu desenvolvimento posterior. Os entrevistados esclarecem que o
fato de o tema integrar o projeto independe de sua implementação, devido a aspectos
problemáticos que podem inviabilizar a sua efetivação.
No outro ano vem outra equipe de professores e até se engajarem perde-se muito
tempo. Então existe toda essa ciranda, o tema é proposto para trabalhar, mas como
efetivamente é trabalhado têm os entraves que dificultam. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
Você precisa da colaboração dos pais, dos professores, e esse processo vai demorar
um pouco. Alguns professores vêem entraves em tudo para não trabalhar a questão.
(Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
[...] por que as escolas pouco discutem? Porque não estão preparadas para falar
sobre um assunto sério quanto esse. Precisaria capacitar esse professor. (Sexo
feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Wuo (1998) aponta a necessidade de definição de papéis e atitudes no
planejamento como ponto de partida e orientação de procedimentos aos professores. Além
80
disso, esse autor destaca que os docentes devem compreender o planejamento como um
processo de auto-reflexão sobre seus valores, suas inseguranças, suas crenças e percepções e
sobre a contextualização da AIDS na sociedade, particularmente entre os adolescentes.
O desenvolvimento das atividades descritas nessa partição se complementa na
subdivisão seguinte quanto às idéias aqui apresentadas. Neste contexto, o tema AIDS fica
evidente nos projetos que a escola se propõe a realizar. Por isso a partição A2, figura 13, em
conformidade com a tabela nove, foi designada Desenvolvimento das atividades pedagógicas,
levando-se em consideração as palavras de maior χ2, professor, trabalha, tema e proposto.
Figura 13 Partição A2 do dendrograma da classe 3 – Desenvolvimento das atividades pedagógicas
Tabela 9 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Tem+
Tema, temas, temática, temáticas 228,97
Professor+
Professor, professora, professores 189,65
Trabalh+
Trabalha, trabalhada, trabalhado, 147.62
Propost+
Proposta 143,43
Projeto pedagógico
Projeto pedagógico 116,76
Propõe+
Propõe 80,22
.Dst+
Dst 52,44
Conte+
Contempla 51,59
Disciplin+
Disciplina 48,39
Facilit
Facilita 34,32
Biologia
Biologia 28,06
Ciência+
Ciências 25,94
Contempl+
Contempla, contemplar, contemplamos, 22,14
Discut+
Discuta, discute, discutem, discutimos, discutir, discutiram, 18,83
Precis+
Precisa, precisam, precisamos, precisando, precisar, precisaria
Desenvolvid+
Desenvolvida, desenvolvidas, desenvolvido 10,18
A2
81
Os vocábulos tema e trabalha delineiam as ações dos projetos a serem
desenvolvidos durante o ano letivo e as estratégias para concretizá-los. Apesar de o assunto
AIDS fazer parte do projeto da escola, os dirigentes revelam que, por meio das palavras
professor e precisa, isso ainda não ocorre de forma eficaz, como evidenciam os excertos a
seguir.
Os temas serão trabalhados em todas as disciplinas. Todos nos deveríamos fazer
cursos de capacitação, porque esses temas passam por todas as disciplinas. Além de
recursos que deveriam estar disponíveis para facilitar a aula do professor, como, por
exemplo, fitas de vídeo. (Sexo feminino, coordenadora, formação: letras).
A escola trabalha através de temas geradores. Há previsão no projeto de desenvolver
trabalhos sobre o tema AIDS, porém não é desenvolvido a contento. Ela é mais
trabalhada na biologia e ciências. Mas temos o projeto pedagógico onde se propõe
trabalhar através da interdisciplinaridade. Assim precisa ser trabalhada em todas as
disciplinas, mas um despreparo dos profissionais. (Sexo masculino, diretor,
formação: pedagogia).
Para Raphael (2003, p. 11), a interdiscipilinaridade “somente se torna possível
mediante algumas posturas unificadas, ao evidenciar sua aderência ao projeto pedagógico da
escola”. Daí a dificuldade de implantação de uma forma interdisciplinar de trabalho na escola.
A própria resistência do professor em participar do processo de planejamento, ao desvincular
o fazer do pensar, contribui para a perda da unidade.
Nessa pesquisa, os dirigentes explicam, através das expressões Projeto
Pedagógico e proposta, que a escola privilegia o tema AIDS, ressaltando o convite às
parcerias para que possam realmente efetivá-lo.
No projeto pedagógico da escola, nosso trabalho é desenvolvido com temas, e o
nosso projeto visa fazer parcerias para trazer palestras. É uma forma de conscientizar
os alunos, bem como os professores e funcionários. E no nosso projeto existe a
proposta de trabalhar o tema AIDS. (Sexo masculino, diretor, formação: biologia).
Por meio das palavras biologia e ciências, fica evidente que o tema AIDS é
tratado com mais freqüência pelos profissionais dessas áreas de conhecimento. Talvez isso
seja o reflexo do despreparo profissional citado anteriormente. Mesmo reconhecendo que
outras disciplinas escolares abrangem esse tema em suas práticas, a ênfase recai sempre
nessas duas áreas específicas, como revelam estes sujeitos.
82
A escola trabalha com temática, e existe o tema geral que perpassa todas as
disciplinas. A AIDS, as doenças sexualmente transmissíveis, são tratadas na
disciplina de ciências, mas fazem parte dos temas transversais, e são trabalhadas em
todas as disciplinas. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Nós temos no nosso projeto e faz parte do tema gerador, inclusive o professor de
ciências quando precisa, ele orienta sobre a questão da AIDS, como outros
professores trabalham em seus conteúdos. (Sexo feminino, diretora, formação:
pedagogia)
Pesquisa desenvolvida por Pagan (2004) aponta que, nas entrevistas, alguns
alunos citaram as disciplinas de Ciências, Ensino Religioso, Português e Filosofia como as
que mais desenvolvem atividades sobre o tema AIDS, no contexto escolar. Os professores que
ministram aulas de Ciências foram os mais freqüentemente apontados pelos educandos. Esse
resultado coincide com o discurso de alguns diretores e coordenadores aqui investigados.
Infere-se nos discursos o fato de alguns dirigentes não se considerarem
responsáveis pelo desenvolvimento de atividades sobre a temática em questão, destacando a
necessidade da escola ter em seu quadro profissionais para desenvolvê-la.
Seria mesmo a questão de recursos humanos, de especialista na área. Somos
professores, entendemos da parte didática. Agora a outra parte a escola deveria estar
recebendo psicólogo, especialista em AIDS, DST, além de materiais. Até porque os
materiais que recebemos são de alguma campanha, fora isso não recebemos. (Sexo
feminino, diretora, formação: pedagogia).
Em estudo desenvolvido por Coutinho (2004, p. 78), um dos professores
investigados justifica a sua dificuldade para enfocar o tema AIDS, alegando ser “[...]
professor de matemática com formação na matemática e nunca estudei outras áreas. (38 anos,
masculino, Matemática)”. Nesse mesmo estudo de Coutinho (2004, p. 78), porém, uma outra
entrevistada pondera trabalhar o tema. “[...] não é difícil. Só falta ter um preparo. (37 anos,
feminino, Geografia)”.
Dando prosseguimento à análise, as expressões Projeto Pedagógico e proposta
são também destacadas pelos sujeitos desta pesquisa, sinalizando que a escola está procurando
se coadunar com estas proposições.
[...] No projeto pedagógico da escola, tem proposta de desenvolver trabalhos sobre
a AIDS. Trabalhamos os temas propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, e
83
neles tem a AIDS. ( Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Os projetos das escolas são desenvolvidos no início do ano, época em que o
professor delineia suas intenções. Porém, para a sua execução, faz-se necessário levar em
conta outros aspectos, e estes serão tratados na partição B1, figura 14, em conformidade com
a tabela dez denominada Destinação de recursos, nomeada em função das palavras de maior
χ2 curso, recurso, vídeo, fita.
Figura 14 Partição B1 do dendrograma da classe 3 – Destinação de Recursos
Tabela 10 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Recurso+
Recurso, recursos 188,80
Vídeo+
Vídeo, vídeos 92,63
Aloc+
Alocação 51,73
Curso+
Curso, cursos 51,36
Recicl+
Reciclagem, reciclando 43,55
Condic+
Condições, condição 41,80
Fita+
Fita, fitas 39,12
Abord+
Abordar, aborda, abordagem, abordando, abordado 26,72
Haja
Haja 22,16
Internet
Internet 22,16
Profission+
Profissional, profissionais 21,91
Pág+
Pagar, paga, pagando 13,90
Poder+ Poder, poderá, poderão, poderem, poderes, poderia, poderiam,
Poderíamos, poderoso, poderosa 13,36
Poss+
Possa, possam, possamos, posso 12,19
Governo
Governo, governos 9,21
Necessidade+
Necessidade, necessidades 9,06
A palavra recurso relacionada a vídeo e fita indica os meios viáveis para se
desenvolverem as atividades propostas. No entanto, os sujeitos fazem algumas restrições
B1
84
quanto à sua disponibilidade, argumentando que nem sempre a escola possibilita o acesso a
todo o material necessário. Ao acrescentar na discussão os vocábulos condições e abordagem,
pode-se verificar que eles complementam as idéias dos sujeitos quanto aos equipamentos
necessários ao desenvolvimento de estudos relativos ao tema. Os docentes destacam ainda a
existência de projetos públicos através dos quais podem alocar recursos para capacitação
docente, com a finalidade de ter condições de acompanhar as novas descobertas sobre o tema
AIDS.
Nós trabalhamos com projetos, e todos os assuntos estão baseados nisso, AIDS,
discriminação, todos os assuntos que estão baseados no contexto social. No início do
ano letivo os professores se reúnem e definem os projetos a serem desenvolvidos
durante o ano letivo. Nós temos vídeo, mas para alocar fita temos que fazer cotinha.
(Sexo feminino, diretora, formação: letras).
As condições que permitiriam a melhor abordagem do tema são os recursos
tecnológicos e nós temos internet, biblioteca, mas a televisão foi roubada
recentemente. A escola foi assaltada e levaram televisão, vídeo, retroprojetor, som.
Agora é que nós compramos outra televisão. Então e muito difícil. (Sexo masculino,
coordenador, formação: letras).
Esses alunos parecem ratos de internet, e ela possibilita a rapidez na informação.
Então precisamos correr e nos capacitar. No PDE, quando se elabora o diagnóstico,
a gente levanta as necessidades e contemplamos no Projeto Pedagógico. Então
recebemos as verbas do Fundo Escola direcionadas para essa área. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
Nesse sentido, Kenway (2001, p. 110) destaca a importância de os professores
compreenderem os padrões mais importantes da produção, distribuição e consumo da
informação e dos meios de comunicação e seu impacto social e cultural; “[...] à medida que as
novas tecnologias convergirem e se desenvolverem, elas terão um impacto cada vez mais
crescente na vida das pessoas”.
Uma parcela de sujeitos desta pesquisa aponta a falta de investimento nas
políticas públicas concernente à capacitação docente, como revela a palavra reciclagem.
Esses sujeitos destacam que, na falta de verbas em quantidade suficiente para atender a todos,
a escola procura fazer sua parte para qualificar o profissional lotado na escola.
Este ano nós tivemos pouquíssima capacitação por parte dos professores, até porque
precisam pagar com recursos do seu próprio bolso. Então nós estamos buscando
dentro da própria escola nos capacitarmos. A coordenação desenvolve um projeto de
85
capacitação continuada e nós estamos trabalhando. (Sexo feminino, coordenadora,
formação: pedagogia).
Contrário a esse discurso dos dirigentes constata-se que o governo tem buscado
desenvolver uma política de capacitação, ainda que se revele de forma lenta. De acordo com a
Secretaria de Educação do Município, “[...] a escola é concebida como local de formação
discente e docente, e essa formação é permanente porque a ação é movimentada e
interrogativa”. Essa preocupação desencadeou uma pesquisa sobre formação de professores
da Rede Municipal em Cuiabá, no período de 1997 a 1998, a qual foi ampliada em 1999. Em
1997, totalizam-se 1398 horas de estudos. Desse total de carga horária, “[...] 798 horas foram
propostas somente pela SME e 600 realizaram-se através de estudos, elaborados pelos
coordenadores pedagógicos escolares em conjunto com os professores”. (CUIABÁ, 2000, p.
160).
Nos seus discursos, os dirigentes investigados enfatizam a necessidade de
capacitação para enfrentar o mundo tecnológico, mas são necessários os recursos financeiros
para sua implementação.
A partição B2, figura 15, em conformidade com a tabela 11, denominada
Recursos Humanos, vem complementar o que foi apresentado na subdivisão B1, assim
nomeada em função das palavras verba, PDE, capacitação, desenvolvimento que, interligadas
as palavras pedagógicos, trabalhos, destino e parcerias, apresentaram os maiores valores de
χ2
e
demonstram os entraves que ocorrem na sua implementação.
86
Figura 15 Partição B2 do dendrograma da classe 3 – Recursos Humanos
Tabela 11 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 3, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas χ
χχ
χ2
Capacit+
Capacitação, capacitando, capacitar, capacitado 259,12
Verba+
Verba, verbas 220,99
Pde
PDE 154,61
Desenvolv+ Desenvolva, desenvolvam, desenvolve, desenvolvem, desenvolvemos,
Desenvolver, desenvolveram, desenvolveremos, desenvolveu 86,09
Materi+
Materiais, matéria, material 63,05
Pedagog+
Pedagógicos, pedagogia, pedagógico, pedagógicas 55,43
Trabalhos
Trabalhos 54,49
Destin+
Destinadas 50,83
Parceria+
Parceria, parcerias 46,59
Busc+
Busca, buscando, buscamos, buscar, buscaram, buscasse 42,50
Equipamentos
Equipamentos 37,21
Necessar+
Necessária, necessárias, necessário, necessários 21,28
Palestr+
Palestra, palestrante, palestrantes, palestras 19,24
Pud+
Puder, puderam, pudesse, pudessem, pudéssemos, pudor 13,64
Posto de saúde
Posto de saúde 12,81
Process+
Processa, processam, processo 12,58
Prepar+
Preparam, preparamos, preparando, preparar, preparei, preparo 11,86
Complementando a idéia da necessidade de capacitação, nesta partição os
dirigentes demonstram, por meio das palavras palestra e desenvolve, que as atividades
desenvolvidas são efetivadas através de parcerias, haja vista a necessidade de preparo dos
profissionais da escola para execução dessas atividades.
Mas têm alguns anos que a Secretaria de Saúde, os postos de saúde, a Secretaria
de Educação têm contribuído com profissionais para dar palestras e cursos. As
condições para que o professor pudesse trabalhar o tema AIDS primeiro seria uma
reciclagem, para que pudesse se sentir preparado, para trabalhar com naturalidade o
tema, porque envolve a sexualidade. (Sexo feminino, diretora, formação: letras).
B2
87
Rua e Abramovay (2001) relatam que as escolas, constantemente, recorrem aos
parceiros, como Secretarias de Saúde e Educação. Destacam ainda a contribuição de
organizações não-governamentais, bem como as universidades, centros de ensino superior e
outras instituições públicas. Eles fornecem pessoal credenciado como médicos e enfermeiros,
para colaborarem no desenvolvimento de projetos planejados pela escola.
Através das expressões verba e PDE, os sujeitos entrevistados explicitam a
origem dos recursos destinados para preparação dos docentes.
Os recursos são destinados para a escola através do PDE, onde se elabora o projeto e
se levanta a verba. Estas verbas são destinadas somente à parte pedagógica, como
capacitação de professor, quando necessário. (Sexo feminino, coordenadora,
formação: pedagogia).
A outra verba é do PDE que também ainda não recebemos. A verba do PDE vem
para a capacitação dos professores, mas enquanto nós não recebemos a verba, fica
inviável. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Elaborado de maneira participativa envolvendo a comunidade escolar, o Plano
de Desenvolvimento da Escola (PDE) é um processo gerencial de planejamento estratégico
que a escola desenvolve para a melhoria da qualidade de ensino. Esse plano é avaliado a cada
ano.
Os dirigentes, por meio dos vocábulos capacitação e pudesse, compreendem a
importância da discussão do projeto, porém, para sua implementação nas escolas, consideram
a necessidade da atualização pedagógica dos docentes.
Existe no projeto proposta para trabalhar a AIDS e as doenças sexualmente
transmissíveis. Todo ano os professores reúnem-se e priorizam os projetos que
pretendem desenvolver; após cabe buscar destinação de verbas para a execução dos
mesmos. (Sexo masculino, diretor, formação: biologia).
Então vejo necessidade de reciclagem, de palestras com profissionais para que
possam se sentir mais seguros. Procuramos desenvolver o tema com naturalidade
com esses jovens, para poder também encarar com naturalidade, criar outro jeito
para chegar aos alunos. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Na classe três, conforme se pode notar nas falas dos dirigentes escolares, existe
uma preocupação com o planejamento das atividades, apontando como estas foram
selecionadas e também como as verbas são destinadas. Porém, esses dirigentes, parece-nos,
88
não se sentem responsáveis pelo desenvolvimento dos temas específicos como os
relacionados às doenças sexualmente transmissíveis, especialmente a AIDS.
Para os dirigentes, os professores das disciplinas de Ciências e Biologia são os
que mais desenvolvem atividades relacionadas ao tema AIDS, tendo em vista a
previsibilidade de trabalhar, nos conteúdos específicos de suas áreas, a questão do
desenvolvimento biológico e as doenças.
Dessa forma, a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) torna-
se importante nos trabalhos desenvolvidos pela escola, tendo em vista que, ao privilegiar a
abordagem de temas transversais, assevera: “Não é pressuposto da educação para a Saúde a
existência do professor ‘especialista’, o que se pretende é um trabalho pedagógico cujo
enfoque principal esteja na saúde e não na doença”. (BRASIL, 1998, p. 98).
Trabalhar temas transversais permite o desenvolvimento do assunto no
cotidiano da escola de forma mais ampla. Assim possibilita que a abordagem desse tema o
fique reduzida às disciplinas específicas e nem se limite em privilegiar apenas as
transformações físicas provocadas por essa enfermidade. Desenvolver uma prática pedagógica
centrada nos temas transversais possibilita dúvidas provenientes dessas transformações,
despertando no aluno as dimensões biológica, social e afetiva a respeito da AIDS.
Retomando, o Bloco A, denominado Planejamento e desenvolvimento das
atividades pedagógicas, apresenta a participação da comunidade no levantamento de temas de
interesse da maioria, para se planejarem as atividades escolares, visando atender às
necessidades dos alunos. Contudo, a implementação desse projeto não é garantida.
No Bloco B, denominado Alocação de recursos, os dirigentes apontam algumas
das necessidades da escola, como falta de investimento por parte dos órgãos blicos na
educação. Destacam ainda o despreparo do professor, decorrente da ausência de capacitação e
a necessidade de acesso a melhores e mais avançados recursos tecnológicos. Dessa forma,
89
demonstram consciência da necessidade de recorrer a profissionais de outras áreas para
trabalhar com o tema AIDS, pois os professores, em geral, não se sentem preparados para tal
função.
Quando esse tema é trabalhado por profissionais da escola, fica restrito às áreas
de Ciências e Biologia, como foi citado. Isso indica que a escola ainda não conseguiu
desenvolver um trabalho interdisciplinar, revelando que a fragmentação de conteúdos nas
propostas curriculares ainda ocorre nas propostas desenvolvidas no contexto escolar.
Assim, recorremos a Moscovici (2001) quando afirma que as representações
sociais servem como ferramenta de leitura da realidade, permitindo analisar os fatos do dia-a-
dia. Neste caso, ao analisar a imagem que o professor faz da necessidade de preparo para
trabalhar o tema, ao mesmo tempo, da necessidade de verbas para sua viabilização,
concluímos que os docentes se ancoram no despreparo e nas dificuldades encontradas para
inviabilizar a discussão do tema proposto.
3.2.3 Classe 4 Comportamento, idade e maturidade dos jovens frente a sexualidade e a
AIDS
A classe quatro apresenta 202 UCEs com um índice de contribuição de 8,18%
nela. Trata-se da partição que detém o menor aglomerado do discurso coletado. Conforme o
seu dendrograma, figura 16, pode-se notar que o tema é tratado sob dois aspectos, que
inicialmente este se subdivide em dois grandes blocos, aqui denominados Bloco A e Bloco B.
Apesar de o termo AIDS não aparecer como descritor dessa classe, percebe-se
sua presença nos contextos das UCEs analisadas.
Conforme se observa na tabela 12, as cinco primeiras palavras, interesse, série,
idade, sexualidade e propenso, indicam a temática aqui tratada. Por meio delas, pode-se
90
estabelecer o seu perfil temático. Nessa classe, o discurso dos dirigentes se relaciona ao
interesse dos alunos pelo tema AIDS. O Bloco A, denominado O despertar para a sexualidade
e a AIDS segundo série escolar, vai tratar sobre o momento em que os jovens revelam o
interesse por temas como esse, enquanto no Bloco B pode-se perceber como esse interesse vai
mudando no sentido do aumento da curiosidade por saber mais sobre a sexualidade e,
conseqüentemente, sobre a AIDS, e foi denominado Noções e atitudes preventivas. Estes
temas aparecem, geralmente, relacionados às falas dos dirigentes. Daí decorre a denominação:
Comportamento, idade e maturidade do jovem frente a sexualidade e a AIDS.
Tabela 12 Distribuição das palavras da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas χ
χχ
χ2
Interess+
Interesse, interessa, interessada, interessam, interessando, interessante, interessar 369,24
Seri+
Série, séries 294,37
Idade+
Idade 229,29
Sexual+
Sexual, sexualmente 224,80
Propenso+
Propenso, propensos 213,68
Noc+
Noção 199,45
Despert+
Desperta, despertam, despertando, despertar, despertaram 168,49
Corpo
Corpo 166,10
Quinta-série+
Quinta série, quintas séries 157,78
Sétima+
Sétima, sétimas 136,32
Maturidade
Maturidade 125,36
Sexta+
Sexta, sextas
Men+
Meninos, meninas 68,43
Conheci+
Conhecimento 68,07
Sexta+
Sexta série 64,84
91
Figura 16 Dendrograma da classe 4
A1
A2
B1
B2
92
Conforme pode-se observar no dendrograma da classe quatro, na partição A1,
figura 17, tabela 13, por meio das palavras sexualidade, ativa, prática e pequenos, os
dirigentes explicam que os pequenos ainda o estão predispostos a se interessar pela
sexualidade.
Figura 17 Partição A1 do dendrograma da classe 4 – Interesses dos alunos da 5ª série
Tabela 13 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Sexual+
Sexual, sexualmente 224,80
Ativa+
Ativa 92,49
Pratic+
Prática 44,55
Pequenos
Pequenos 37,38
Curi+
Curiosas, curiosos 36,28
Querendo
Querendo 26,99
Brincadeira+
Brincadeira, brincadeiras 26,99
Brinc+
Brinca, brincando, brincar 20,94
Vida+
Vida, vidas 19,51
Quint+
Quinta, quintas 19,31
Num+
Num, numa 14,89
Igu+
Igual, iguais 14,21
Difer+
Difere, diferentes, diferente 12,35
Esses dirigentes revelam, por meio das expressões brincadeiras e quinta, que os
alunos menores ainda estão na fase de vivenciar sua infância, por isso não despertaram para
interesses socialmente mais abrangentes.
No recreio eles ainda brincam de roda de elástico, até as brincadeiras são diferentes.
Quando você olha os alunos de quinta a oitava séries, eles ficam em rodinha,
grupinho, conversando, é diferente. (Sexo feminino, diretora, formação: biologia).
A1
93
Então eles fazem questionamentos, não se identificando, mas querendo colher as
informações para se orientar na sua prática, para orientar sua vida. Alguns já
trabalham e convivem com pessoas de mais idade, então tudo isso vai somando ao
seu conhecimento. [...]. (Sexo feminino, diretora, formação: matemática).
Para este grupo de dirigentes, o despertar para a sexualidade ocorre,
principalmente, a partir da sexta série. As palavras vida e sexual explicam quem revela
interesse pela temática da sexualidade.
Então você desde cedo eles já ouviram falar a respeito do assunto. São os alunos
da sexta série em diante, porque eles já estão com a vida sexual ativa. (Sexo
feminino, diretora, formação: pedagogia).
Em seu estudo, Lage (1998, p. 78) relatou que os alunos de 14 e 15 anos, de
ambos os sexos, disseram estar mobilizados para esta problemática. A autora complementa
afirmando em sua pesquisa: “[...] ao fim da escola primária (10-11 anos), metade dos alunos
aceitam abordar informações ligadas à AIDS [...]”.
A realidade dos alunos das escolas aqui pesquisadas parece ser outra, segundo
os entrevistados. Somente passam a demonstrar interesse por assuntos relativos ao tema e a
despertar para a sexualidade a partir da sexta série, quando a escola começa a enfocar
conteúdos que os levam a perceber as diferenças do corpo. Isso se confirma com o exposto na
partição A2, figura 18, tabela 14, por meio das palavras interesse, propenso, despertar e corpo,
usadas pelos dirigentes, que apresentamos a seguir.
94
Figura 18 Partição A2 do dendrograma da classe 4 – Interesse dos alunos de 6ª a 8ª séries
Tabela 14 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Interess+ Interessa, interessada, interessado, interessam, interessar,
interessando, interessantes, interessavam 369,24
Propenso+
Propenso, propensos 213,68
Despert+
Desperta, despertando, despertar, despertaram 168,49
Corpo
Corpo 166,10
Quinta série+
Quinta série 157,78
Comec+ Começam, começando, começa, começar, começaram, comecei,
começou 139,24
Sétima+
Sétima 136,32
Interessados
Interessados 85,79
Predisposto+
Predisposto, predispostos 45,22
Menores
Menores 43,13
Oitava série+
Oitava série, oitava séries 40,52
Alunos
Alunos 40,15
Possu+
Possui, possuir, possuírem 36,17
Sexualidade
Sexualidade 33,09
Os
Os 26,56
Curiosidade+
Curiosidade 21,65
Adolescência
Adolescência 17,85
Relacion+
Relaciona, relacionado, relacionam, relacionando, relacionar 13,81
Assunto
Assunto, assuntos 13,28
Preocupados
Preocupados 9,49
Os entrevistados sugerem, por meio das palavras interesse e propenso, que os
alunos mais atentos à questão da AIDS são os que estão se relacionando afetivamente com
parceiros:
A2
95
Os alunos que estão mais propensos a se interessar pelo tema AIDS são aqueles que
têm uma vida sexual ativa e eles se interessam em adquirir mais conhecimento
para integrar na sua vida. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Os alunos da quinta série estão mais preocupados com a mudança do corpo, e os
alunos da sétima a oitava séries, alguns, estão na prática sexual ou se relacionam
com alguém que já tem essa prática. (Sexo feminino, coordenadora, formação:
ciências sociais).
Coutinho (2004), em estudo realizado com professores para saber a concepção
dos adolescentes sobre a sexualidade, explica que os alunos de quinta série são vistos como
muito jovens para se interessarem por esse assunto, enquanto os de sétima e oitava séries, por
estarem se relacionando com alguém, teriam maior propensão a querer saber mais sobre esta
temática. São resultados que coincidem com os encontrados entre os diretores e
coordenadores aqui investigados.
É a idade em que estão na adolescência. As sétimas e oitavas séries são mais
propensas a conversar sobre o assunto. Primeiro porque eles já conversam mais
entre si sobre a sexualidade e também porque eles já namoram mais, m mais esse
relacionamento. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
As mudanças ocorridas com os jovens a partir de séries mais avançadas, os
quais passam a formar grupos onde atualizam suas conversas e também começam a se
relacionar afetivamente, revelam que eles fazem parte dos estudantes com maior interesse
pelo assunto. A partir da sétima rie, há um aprofundamento das informações adquiridas na
escola, e, à medida que avançam nos estudos, eles aprofundam seus conhecimentos e
começam a surgir as preocupações relativas à saúde.
As representações sociais são tecidas nesse contexto social, onde os jovens vão
conversando, orientando-se nos relacionamentos, pois, de acordo com Jodelet (2001), elas
são elaboradas socialmente.
Por meio dos termos prática e sexualidade, os dirigentes explicam que os
alunos mais maduros estão mais preocupados com temas dessa natureza.
[...] Aqueles de mais idade se preocupam porque estão na fase da sua sexualidade,
da pratica sexual, então querem orientar suas vidas. (Sexo feminino, coordenadora,
formação: pedagogia).
96
Os alunos, à medida que o prosseguindo na idade e nos estudos, são muito
curiosos porque alguns estão na prática sexual, ficam interessados em saber sobre
sua sexualidade, sobre seu corpo. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Lage (1998, p. 78), em pesquisa desenvolvida com adolescentes no contexto
social de Paris, explica que “o interesse dos alunos pela AIDS aumenta proporcionalmente
com a idade. A mudança mais significativa foi verificada em torno dos 14 -15 anos”.
Os alunos, a partir da sexta série, parecem buscar se aproximar do tema, seja
em conversas com grupos, seja nos questionamentos na escola. A partir desta série inicia-se o
interesse pelo assunto, o despertar para conhecer o corpo, para a sua sexualidade.
Prosseguindo no processo de análise, a partição B1, figura 19, tabela 15,
denominada O desvelar da sexualidade, demonstra na fala dos dirigentes escolares, através
das palavras fase, descoberta, faixa, descobrindo, as mudanças psicossociais que ocorrem
com os jovens.
Figura 19 Partição B1 do dendrograma da classe 4 – O desvelar da sexualidade
Tabela 15 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas χ
χχ
χ2
Fase+
Fase, fases 96,29
Descoberta+
Descoberta, descobertas 61,28
Faixa
Faixa 55,15
Descobrindo
Descobrindo 44,93
Etária
Etária 20,43
Os entrevistados mostram, por meio dos vocábulos faixa etária, fase e
descoberta, serem imprescindíveis as devidas orientações a esses jovens, tendo em vista
que
B1
97
nessa fase estão se preparando para sua inserção na vida adulta, desenvolvendo maior
capacidade para pensar sobre conceitos abstratos. Eles transportam para a realidade as
informações obtidas.
Cada faixa etária está dentro de um processo, vai haver mudanças de conceitos. Os
professores passam a explicar e a graduar os conteúdos, então eles começam a trazer
para sua realidade. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
A noção da AIDS varia conforme a idade. Geralmente os meninos de nove a dez
anos ainda estão iniciando a descoberta de seu corpo, de sua sexualidade. (Sexo
masculino, coordenador, formação: letras).
Para Zagury (2000), na pré-adolescência, acontecem também modificações
sociais, pois o grupo de amigos aumenta em importância, uma vez que as influências são
visíveis nas atitudes, na maneira de se vestir, na aparência etc.
A autora destaca ainda que nessa fase acontecem modificações sociais, o grupo
de amigos passa a aumentar em importância, e eles deixam-se influenciar pelos seus gostos.
Procuram agir conforme a maioria, por temer não serem aceitos e valorizados.
Estes estão iniciando o período denominado por Winnicot, de a travessia,
quando ocorrem tais mudanças. (WINNICOT, apud HUERRE 1998, p. 32), Nesse sentido
verifica-se que a propensão ao interesse é encontrada nos adolescentes com mais idade.
Na partição B2, figura 20, em conformidade com a tabela 16, através das
palavras série, idade, noção e maturidade, os discursos dos sujeitos revelam a ocorrência de
mudanças cognitivas, o que permite um acompanhamento dos conteúdos por parte dos alunos.
Quanto às medidas preventivas, os sujeitos explicam que vão depender da atitude de cada um,
tendo em vista que são influenciadas pelos aspectos sociais, culturais, da formação da própria
família.
98
Figura 20 Partição B2 do dendograma da classe 4 – Série, idade e noções sobre as práticas preventivas
Tabela 16 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 4, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas χ
χχ
χ2
Seri+
Série 294,37
Idade+
Idade 229,29
Noc+
Noção 199,45
Maturidade
Maturidade 125,36
Adquirindo
Adquirindo 79,76
Men+
Menino, menina 68,43
Conheci+
Conhecimento 68,07
Sexta+
Sexta 64,84
Novos
Novos 64,86
Acumul+
Acumula 56,23
Diferenc+
Diferença, diferenças 41,13
Medida
Medida 37,49
Compreensão
Compreensão 37,38
Homem
Homem 28,58
Vão
Vão 21,79
Adquir+
Adquire, adquirem, adquirimos, adquirir, adquiriram, adquiriu 9,59
Os sujeitos desta pesquisa utilizam a expressão idade, indicando que algumas
famílias, nessa fase, transferem para a escola a orientação aos jovens, e, à medida que vão se
agregando novos conhecimentos, eles passam a ser mais comedidos em suas ações.
A questão da idade nessa faixa etária, os pais geralmente deixam para escola a parte
da orientação. Então começamos desde a quinta série a falar, e, à medida que eles
passam de uma série para outra, vai aumentar o conhecimento, vão adquirindo
maturidade. (Sexo masculino, diretor, formação: matemática).
São os alunos a partir da sexta série, eles iniciam a se interessar. Por exemplo, se
B2
99
você chega à sala e começa a conversar sobre doenças sexualmente transmissíveis,
eles já mudam o comportamento. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Pagan (2004), em estudo realizado com adolescentes para saber sua concepção
sobre a AIDS, explica ser a família quem mais propicia as informações para os jovens. São
resultados divergentes com os aqui encontrados entre os diretores e coordenadores
investigados, pois a produção oral dos sujeitos revela que essa atribuição é deixada a cargo da
escola.
O desenvolvimento cognitivo dos adolescentes permite-lhes acompanhar os
conteúdos, portanto compreender e procurar mudar sua atitude, porque passam a perceber que
serão cobrados perante a sociedade pelo comportamento apresentado.
[...] À medida que os alunos progridem para outras séries, além de adquirirem
conhecimento, adquirem maturidade, porque estão avançando na idade. (Sexo
feminino, diretora, formação: letras).
A noção varia até por questão da maturidade. Pressupõem que um aluno da oitava
série já tem algum requisito, algumas orientações que um aluno da quinta série ainda
não tem. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
As características da herança genética com as quais os sujeitos nascem,
segundo Braghirolli, Pereira e Rizzon (1994), não são mutáveis. No caso da maturação na
espécie humana, um tempo e ritmo próprios de determinadas funções, como, por exemplo,
a criança andar, falar. Contudo, essas funções sofrem influências do ambiente, que podem ser
favoráveis ou desfavoráveis no sentido de acelerar ou delongar o processo.
Os dirigentes explicam, através das palavras interesse e compreensão, AIDS e
noção,
que a curiosidade pelo tema varia, e, à medida que o professor vai aprofundando as
informações, eles passam a demonstrar mais interesse, e a sua compreensão vai depender de
como eles as apreendem.
Porém, a partir do momento que começamos a aprofundar as discussões, vai
graduando o assunto, passam a se interessar mais. O nível de compreensão deles
sobre a AIDS varia, porque, à medida que vamos graduando as informações, vai
depender de como eles captam e interpretam essa mensagem. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
100
Através das palavras AIDS e noção, este grupo de sujeitos entrevistados
esclarece sobre a noção da doença e as medidas preventivas. Eles explicam que a atitude
preventiva vai depender de cada um, contudo, devido à formação recebida pelo menino,
prevalecem seus desejos e, provavelmente em sua prática sexual, dará menor importância a
essa questão.
A noção de AIDS não varia, todos têm a mesma idéia, desde os pequenos; os
maiores m mais conhecimento. À medida que eles vão tendo mais idade e
avançando na série, eles passam a adquirir mais conhecimentos. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
A noção de AIDS é a mesma, porém, à medida que eles vão caminhando para outras
séries, vão adquirindo novos conhecimentos e também adquirem maturidade com
mais idade. A noção é a mesma. Apenas os meninos podem dar menos importância
ao uso do preservativo, porque eles agem de acordo com seu interesse, suas
vontades, o momento. (Sexo feminino, coordenadora, formação: letras).
Nesse sentido, Madeira (1998b, p. 72) explica que a síndrome “[...] atualiza
experiências, valores, hábitos, modelos e normas culturalmente arraigados, ao mesmo tempo
que permite ao jovem situar-se, relacionar-se, comunicar-se e agir”.
Inquiridos sobre a existência de diferença da noção sobre a AIDS entre
meninos e meninas, alguns dirigentes apontam os possíveis valores culturais a eles
associados. Em nossa sociedade, os meninos logo são incitados a mostrar sua virilidade,
porém explicam que as mulheres também preocupam-se com as informações relativas à
prevenção, apenas são mais moderadas em suas ações. Embora as meninas também revelem
preocupação com esse tema, elas são mais comedidas. Através das expressões homem e
diferença, os dirigentes expressam ser necessário repensar a forma como vêm sendo tratadas
as diferenças.
[...] Para a menina é diferente. Ela parece mais concentrada, não sei qual seria o
termo mais ideal. Mas é questão cultural. O pai solta o menino e prende a menina.
(Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Outro fator que também influencia é a idade, porque eles vão adquirindo mais
maturidade. Estes fatores influenciam no conhecimento. Geralmente o homem tem
manifestado mais preocupação, porque eles fazem muitas perguntas, mas, de
repente, pode ser porque as meninas não se sentem à vontade na sala de aula (Sexo
masculino, diretor, formação: geografia).
101
Coutinho (2004), com relação a gênero, explica que, para os professores, os
garotos são menos acanhados para procurar informações quando o assunto é sexualidade,
resultados que coincidem com os apresentados pelos dirigentes escolares aqui descritos.
Para Rascher (2002, p. 115), em seu estudo sobre as representações sociais de
gênero, os sujeitos entrevistados citam “as diferenças do sexo para o homem e para a mulher,
sendo a sexualidade do homem atrelada à sua masculinidade”.
O entendimento acerca do comportamento da menina diante da necessidade de
práticas preventivas fica evidenciado pelo uso de um ditado popular, usado como objetivação
da representação dos dirigentes.
Existe até o ditado onde se diz que prende as suas cabras que os meus cabritos estão
soltos. Elas não m aquele sentido de se preservar, não estão preocupadas em se
preservar. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Segundo Zagury (2000, p. 184) a atitude dos pais com relação à liberdade
sexual é “geralmente, maior quando se trata de filhos e mais conservadora quando são filhas.
Os rapazes costumam ter toda a aprovação da família ao se iniciarem sexualmente”.
SPINK (2000) corrobora este conceito quando assevera que, ao trabalhar com a
vulnerabilidade feminina nas DST e AIDS, as questões culturais são relevantes, é preciso
observar como vem sendo construída a sexualidade na sociedade. Isso leva a refletir a própria
prática e como se vivencia essa relação de gênero. Parece, então, que as relações de gênero
estruturam todas as instâncias pelas quais passa a mulher, e a vivência da menina e da
adolescente também está estruturada por essas relações. A educação recebida pela adolescente
é feita dentro dessas perspectivas, sendo atribuído a ela um papel dentro da sociedade, o qual
vai ter repercussão na forma como é vista e tratada no interior tanto da família quanto do
espaço público.
102
Nesse aspecto, como Delors (1996) elucida a escola pode criar condições para
a prática cotidiana de tolerância, auxiliando os alunos a levarem em consideração os pontos de
vista dos outros e estimulando as discussões.
Retomando o assunto dessa classe, no Bloco A, denominado Interesse do
adolescente, segundo os dirigentes, é a partir da sexta série que os alunos começam a
despertar o interesse pela sexualidade, pois iniciam os estudos sobre o corpo. Como
conseqüência, o amadurecimento e aprofundamento deste assunto despertam o interesse sobre
a AIDS. Porém, é a partir da sétima série que os jovens passam a se interessar pelo tema,
iniciam a formação de grupinhos, conversam sobre o assunto.
Na partição B, Noções sobre AIDS, os dirigentes vêem a progressão nas séries
e a idade como fatores preponderantes na percepção da gravidade da doença. Para os
dirigentes, a noção da síndrome não varia.
Com referência à questão do gênero, os dirigentes apontam os meninos mais
preocupados em se informar sobre a prevenção, tendo em vista que estão mais propensos à
relação. Há uma responsabilização da mulher pela prática da prevenção.
A representação social dos dirigentes parece estar ancorada na imagem de que
o início dos relacionamentos dos alunos ocorre a partir da sexta série e, portanto, passam a se
interessar pelo tema, enquanto os de sétima e oitava séries já estão na sua prática.
3.2 4 Classe 2 AIDS: fontes de informações dos jovens
A classe dois apresenta 323 UCEs com um índice de contribuição de 13,08%.
Trata-se da partição detentora de aglomerado médio de discurso coletado. Conforme o
dendrograma da classe dois, figura 21, pode-se notar o tema sendo tratado sob dois aspectos,
103
que inicialmente ele se subdivide em dois grandes blocos, aqui denominados Bloco A e
Bloco B.
A classe dois contém discurso relacionado às informações sobre as formas de
prevenção. Conforme pode-se observar no dendrograma, o Bloco A, através das palavras
informações e televisão, trata da Qualidade de informações recebidas pelos jovens sobre a
prevenção, enquanto o Bloco B, através das palavras novela e revista, enfatiza os Meios nos
quais são veiculadas essas informações.
Tabela 17 Distribuição das palavras da classe 2, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Palavras reduzidas
Palavras plenas
χ
χχ
χ2
Informações
Informações
559,87
Televis+
Televisão, televisões
451,88
Campanha+
Campanha, campanhas
260,00
Inform+
Informa, informações
134,86
Adequada+
Adequada, adequadamente, adequando
121,82
Revist+
Revista, revistas
114,06
Nov+
Novela, novelas
97,83
Jorn+
Jornal, jornais
92,23
Suficiente+
Suficientemente, suficientes
91,72
Propaganda+
Propaganda, propagandas
91,72
Receb+
Recebe, recebem, recebemos, receber, recebeu
88,89
Filme+
Filme, filmes
81,83
Ating+
Atinge, atingir, atingiu
65,32
Program+
Programar, programas, programando, programação, programada
65,30
Comunic+
Comunicação, comunicam, comunicar
61,93
104
Figura 21 Dendrograma da Classe 2
B2
B1
A2
A1
105
Tendo em vista que o objeto de estudo trata da AIDS e, após análise acurada,
ela não compareceu como descritora da classe, consultaram-se as UCEs que corroboraram a
sua presença.
A partição A1, figura 22, tabela 18, denominada Formas de divulgação das
Campanhas de saúde, mostra, pelas palavras de maior
χ2
campanha, adequada, propaganda e
atinge, que os discursos dos dirigentes avaliam as informações veiculadas na mídia acerca da
síndrome.
Figura 22 Partição A1 do dendrograma da classe 2 – Formas de divulgação
Tabela 18 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 2, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas χ
χχ
χ2
Campanha+
Campanha, campanhas 260,00
Adequada+
Adequada, adequadamente, adequadas 121,82
Propaganda+
Propaganda, propagandas 91,72
Ating+
Atinge, atingir, atingiu 65,32
Mídia
Mídia 48,14
Carnaval
Carnaval 45,91
Feit
Feita, feitas, feito 43,83
Compreendida+
Compreendida, compreendidas 40,12
Palavra+
Palavra, palavrão, palavras 39,09
Principalmente
Principalmente 38,02
Pontua+
Pontuais 26,11
População
População 22,81
Constante+
Constantemente, constantes, constante 21,70
Objetivo+
Objetivo, objetivos 19,74
Retrabalh+
Retrabalhada, retrabalham, retrabalhando, retrabalhar 17,24
Compreend+ Compreendam, compreende, compreenderam,
Compreender 15,68
Saud+
Saúde, saudáveis 12,72
Fatos
Fatos 14,33
Conscientiz+
Conscientização, conscientizar, conscientizado, 14,29
A1
106
Devido ao fato de que nem sempre os jovens têm acompanhamento da família,
eles recebem as informações e as internalizam ao seu modo. Daí a necessidade do professor
mostrar os valores que nelas estão inseridos. Dessa forma, através das expressões mídia,
informações, compreendida e principalmente, os dirigentes explicam a necessidade de a
escola retomá-las para melhor orientá-los.
Infelizmente hoje isso influencia demais, e a escola tem que estar retrabalhando
esses valores que estão sendo veiculados na mídia. Essas informações são
compreendidas pelos alunos, mas nem sempre de maneira correta, compreendem
dentro do universo deles. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Os professores inquiridos por Coutinho (2004, p. 123), sobre a compreensão
das informações, explicam:
[...] eles realmente não compreendem. Como qualquer outra situação que a gente
traz através dos meios de comunicação, até mesmo as informações de rua, o que eles
têm? Nem sempre, porque, às vezes, depende muito da questão do diálogo dentro da
própria família, da própria formação. (39, masculino, História).
Os vocábulos propaganda e fatos mostram que são utilizados em seus discursos
palavreados inacessíveis. Daí a necessidade de adequação das informações; pais e escola
devem retomá-las no sentido de reforçar a necessidade da prevenção.
Então essa propaganda para a população precisa de palavras bem mais fáceis, bem
mais simples, para que possam entender. (Sexo masculino, coordenador, formação:
letras).
[...] as propagandas, os filmes, precisam mostrar mais a realidade. As conversas
precisam ser feitas mais pelos pais e professores, é preciso fazê-los refletir, se
colocando dentro da situação, mostrando fatos concretos. (Sexo feminino, diretora,
formação: pedagogia).
Segundo Porto (2001, p. 29), necessidade da escola levar em consideração
os diferentes segmentos culturais presentes em seu contexto.
Nesse aspecto, para Libâneo (2001, p. 38) “A informação recebida das mídias e
de outras formas de interação cultural representa idéias, conceitos, realidades que, para serem
interpretadas, necessitam de outras idéias, outros conceitos, outras representações”. Dessa
forma, os professores que não procuram se habilitar para tal função, não conseguem
argumentar com seus alunos.
107
As palavras com maior χ², campanha e adequada, relacionam-se às
informações veiculadas na televisão sobre a prevenção. Contudo, os entrevistados referem-se
ao fato de que estas, quando divulgadas, são vinculadas a personalidades, o que distancia a
real dimensão da doença, segundo os discursos dos dirigentes.
As informações são adequadas, elas conseguem passar como tem que ser feito, elas
tem um objetivo a atingir, mostrar todas as formas possíveis de riscos que os jovens
correm. (Sexo masculino, diretor, formação: geografia).
Existem as informações das revistas, dos jornais. Na televisão, por exemplo, têm as
campanhas que procuram orientar as pessoas sobre a importância da prevenção. As
informações são adequadas, mas a mídia divulga os fatos que ocorrem nesse sentido,
com pessoas famosas. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Agora elas precisam ser constantes, porque existem períodos em que se fala mais
intensamente, e há períodos em que cessam, principalmente as campanhas. As
informações são adequadas, porque elas esclarecem o que é e como é, porque hoje,
diante da nossa realidade, das doenças sexualmente transmissíveis, se não tivermos
uma fonte de informação dos cuidados, você acaba pegando mesmo. (Sexo
feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Em estudo desenvolvido por Coutinho (2004, p. 121), os professores
entrevistados explicam: “As informações não são suficientes de forma nenhuma. Eu acho que
as informações são adequadas, pelo menos quando elas são bem-formuladas, bem dadas. (36
anos, masculino, Filosofia)”.
Na abertura do Seminário realizado na PUC de São Paulo, em 1991, Herbert
Daniel, já alertava para o fato.
As campanhas governamentais sobre AIDS não são um desrespeito não a pessoa
que está com AIDS, elas são um desrespeito a todo cidadão brasileiro, porque eles
ameaçam a gente como se fosse um filme de categoria Z, filme de terror que diz:
Ah, [...]. A AIDS vai te pegar! [...]. (DANIEL, apud PAIVA; ALONSO, 1992, p. 9-
10).
Contudo, atualmente os meios de comunicação são apontados pela UNESCO
(2002) como importantes veículos na disseminação das questões relativas à AIDS, na medida
em que podem atingir tanto as populações menos favorecidas, como aquelas em condições
econômicas e sociais favoráveis, atuando desta forma como co-agentes da transformação
social e responsável pela qualidade da informação divulgada.
Schwartz (1985, p. 82), explicando sobre a recepção de informações de uma
108
pessoa através do rádio ou televisão, esclarece que a mídia “quando utilizada adequadamente
possui um grande potencial para mudar comportamentos”. Primeiro, porque as informações
são rápidas, segundo, permitem a um grande número de pessoas compartilhar e armazenar a
mesma informação.
Os jovens recebem inúmeras informações de diferentes fontes e nem sempre
têm acompanhamento para poder elucidá-las. Dessa forma, necessidade da família e a
escola reavê-las e orientá-las no sentido de torná-las funcionais.
Dando continuidade, na análise, conforme se denota na partição A2, figura 23,
tabela 19, a partir das palavras de maior
χ2,
televisão, informação, recebe e suficiente, os
dirigentes escolares prosseguem a avaliação das informações recebidas pelos jovens sobre a
prevenção da AIDS e advertem para a periodicidade das informações.
Figura 23 Partição A2 do dendrograma da classe 2 – Qualidade das Informações
A2
109
Tabela 19 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 2 , por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Informações
Informações 599,87
Televis+
Televisão 451,88
Suficiente+
Suficiente, suficientemente 91,72
Receb+
Recebe, receber, receberam, recebemos, recebem 88,89
Comunic+
Comunicação 61,93
Traz+
Trazer, traz, trazem 47,42
Meio+
Meio, meios 42,54
Deturp+
Deturpada, deturpação, deturpado 32,57
Fonte+
Fonte, fontes 27,06
Positiv+
Positivo, positiva 26,11
Reforc+
Reforça, reforçando, reforçado, reforçar 19,1
Procur+
Procura, procure,, procuram, procuramos, procurando, procurar, 18,4
Esclarec+
Esclarece, esclarecendo, esclareceu 12,93
Influenci+
Influência, influenciar 12,85
Os dirigentes, através das expressões televisão e informações, apontam para a
escassez das veiculações que orientam sobre a ndrome, pois não conseguem atingir a
população como um todo, concentrando-se em determinados períodos:
As informações trazidas pela mídia são insuficientes, porque são muito curtas e
deveriam ser colocadas nas novelas também, como foi enfocado o caso da leucemia.
Acho que, da mesma forma, eles poderiam estar enfocando a questão da AIDS.
Freqüentemente s assistimos a uma novela e cenas de casal se abraçando, se
beijando, mas nunca mostram uma camisinha, não mostram a importância do uso,
não falam da doença. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
As informações não estão sendo suficientes, porque não estão atingindo toda a
juventude. Houve uma época em que se intensificou a campanha, as propagandas, e
então havia maior preocupação. (Sexo masculino, diretor, formação: pedagogia).
Os sujeitos entrevistados por Coutinho (2004, p. 121) explicam que as
informações relativas às doenças e ao uso da camisinha chegam até os jovens. “O que aparece
de informação é uma propaganda ou outra, é o uso da camisinha que você vê lá. [...]. No
carnaval tinha muita propaganda sobre como se usar. (32 anos, masculino, Matemática)”.
Para estes entrevistados, os jovens também buscam essas informações. A
propósito, Moscovici (2001, p. 61) afirma: “[...] a revolução provocada pelos meios de
comunicação de massa e a difusão de saberes científicos e técnicos transformam os modos de
pensamento e criam conteúdos novos”.
Agora têm também as informações que eles procuram, por exemplo, do rádio, da
televisão, das revistas dos jornais. Da televisão, existem as campanhas, que são
110
pontuais, mas têm também as novelas e os filmes. (Sexo masculino, coordenador,
formação: letras).
Eles trazem as dúvidas e discutem em sala de aula e tiram com os professores. [...]
mas vai de cada profissional estar trabalhando essas questões. Vai depender do
professor estar falando em sala de aula e debatendo quando fala sobre a AIDS.
(Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Nos estudos desenvolvidos por Oliveira (2004, p. 121), um entrevistado
esclarece: “[...] não são todos, o professor de ciências explica sobre a parte reprodutora, como
que é, como fazem para a mulher ficar grávida, o processo todinho, como o homem fica na
adolescência, a mulher também [...] (OLIVEIRA, 2004, p. 121)”.
Segundo Belloni (2001) os adolescentes, em sua maioria, sempre consideram
aprender algo importante e sério pela televisão.
A opinião majoritariamente positiva sobre a televisão como meio de informação e
de aprendizagem e a assiduidade com que os jovens assistem à TV são os
indicadores mais seguros da importância do papel da televisão no processo de
socialização das novas gerações. (BELLONI, 2001, p. 31)
Pesquisas têm demonstrado que os jovens recebem informações provenientes
das mais variadas fontes, principalmente da televisão. Para Belloni (2001, p. 57), as imagens
transmitidas sem cessar pela televisão não só informam o indivíduo, mas também formam sua
personalidade, mostrando-lhes modelos de comportamento vividos pelos personagens de um
mundo idealizado a que os adolescentes almejam.
Daí a necessidade destas informações serem retomadas pelas instituições, a fim
de não banalizá-las e torná-las apenas mais uma informação.
A próxima partição a ser analisada trata dos meios de informações. Embora a
televisão tenha sido analisada na parte superior, a novela Malhação faz parte do contexto a ser
analisado.
A partir da análise do dendrograma da classe dois, partição B1, figura 24 em
conformidade com a tabela 20, através dos vocábulos filme, novela, programa e assiste, os
dirigentes escolares avaliam os meios que veiculam as informações sobre a prevenção da
AIDS recebidas pelos jovens.
111
Figura 24 Partição B1 do dendrograma da classe 2 – Meios de informações
Tabela 20 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 2, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas χ
χχ
χ2
Nov+
Novela, novelas 97.83
Filme+
Filme, filmes 81,83
Program+
Programa, programação, programada, programas 65,30
Assist+
Assiste, assistir, assistem, assistimos, assistindo, 58,67
Cena+
Cena, cenas 45,91
Inadequad+
Inadequada, inadequadas, inadequado 39,54
Malhação
Malhação 39,09
Pass+ Passa, passadas, passado, passam, passou, passamos, passando, passar,
passaram, passava, passo 37,38
Enfoc+
Enfoca, enfocou, enfocado, enfocamos 17,24
Depend+
Depende, depender 12,37
Exemplo+
Exemplo, exemplos 10,46
Os dirigentes, através das expressões passa filmes, novela e malhação,mostram
que os educandos recebem inúmeras informações, e muitas das cenas estimulam a prática
irrefletida e passam a transportar aquela realidade para seu cotidiano. Os entrevistados
explicam que sua clareza em utilizá-las vai depender da orientação recebida pelo aluno.
Além do que se, por um lado, a televisão passa filmes educativos, passa também as
informações que precisam ser filtradas, precisa que alguém oriente para tirar o lado
bom dessa informação. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
O que percebemos de preocupação nesses jovens é de receber muitas informações e
saber se relacionar melhor com elas. Aquele programa Malhação, por exemplo, a
novela influencia a vida deles. (Sexo feminino, diretora, formação: letras).
Hoje, muito cedo, os jovens estão interessando pela sexualidade. Hoje em dia o
incentivo da televisão e há nas novelas, naquela Malhação, por exemplo, dois
meninos de dez anos já namorando e dando beijinho na boca e tudo mais. (Sexo
masculino, diretor, formação: geografia).
B1
112
A esse respeito, um dos professores inquiridos na pesquisa desenvolvida por
Coutinho (2004, p. 1250) explica: “A televisão incita a sexualidade, provoca a sexualidade
através de cenas de filmes, de novelas. A televisão apenas provoca a sexualidade, sem dar
muita orientação. (59 anos, masculino, Língua Portuguesa).
No estudo de Oliveira (2004, p. 108) sobre as representações sociais da
sexualidade, realizado com um grupo de jovens da rede pública do Ensino Fundamental em
Cuiabá, os sujeitos confirmaram a opinião acerca dos veículos de comunicação:
Em revistas e nos jornais não aparece muito orientando, mais em revistas e livros.
Na televisão é pouco difícil também de ver, mais o que a gente é incentivando
fazer do que explicando. (sexo feminino, 15 anos).
Nesse sentido, Belloni elucida que a sexualidade da criança é atingida ou
influenciada por mensagens televisivas sutilmente trabalhadas, edificadas sistematicamente a
partir de conhecimentos científicos sobre os processos perceptivos e cognitivos. Ele esclarece:
“No Brasil, a paisagem televisual transpira sexo, de modo geral apresentado de modo
aviltante para a mulher, as minorias, os adolescentes, para a pessoa comum que está na
platéia, o telespectador”. (BELLONI, 2001 p. 41).
Através das palavras programas e cenas, os dirigentes mostram a questão das
mudanças de valores que a televisão pode provocar, que nem sempre o jovem assiste às
imagens e tem uma orientação adequada delas, o que pode torná-las vulneráveis.
A questão de ser adequada ou inadequada depende, porque a televisão, por
exemplo, tem dois momentos, aquele da campanha onde sempre procura estar
orientando, mostrando os riscos da doença. (Sexo feminino, diretora, formação:
pedagogia).
[...] As novelas, eles colocam as cenas, porque dizem que é o retrato da sociedade,
mas só que deveria haver horário determinado para passar alguns programas, a
criança, se tem uma personalidade formada, ela sabe distinguir.(Sexo feminino,
diretora, formação: pedagogia).
As campanhas reforçam a importância da prevenção, mas o filme, geralmente nas
cenas que envolvem a parte de uma relação entre o casal, não se vê nenhuma
intenção nesse sentido, nas cenas, como diz o jovem, quando esta rolando cenas de
sexo. (Sexo masculino, diretor, formação: matemática).
Em relação à novela Malhação exibida pela Rede Globo, Vivarta explica que a
113
telenovela vem sendo exibida mais de dez anos, cujo foco principal são os adolescentes
dos quatorze aos dezoito anos. Seu enredo atualmente se desenvolve em uma escola, o que
antes era feito em uma academia de ginástica.
O mais evidente é o de não contemplar a diversidade social, cultural e étnica
brasileira. E, por outro lado, em sua intenção de abordar as questões no contexto de
uma estrutura muito fechada de valores, [...] impede um aprofundamento de debates.
(2004, p. 143).
Os entrevistados explicam, através das expressões informações e inadequadas,
que o educando vem para a escola trazendo as informações veiculadas no cotidiano, e aos
poucos serão retrabalhadas, o que de certa forma pode contribuir para modificar suas atitudes
.
A informação que eles tiveram nas revistas não é a mesma que recebem na escola.
Então percebemos que eles já tiveram algum tipo de informação ou prática ou
através de ver revistas inadequadas. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
A pesquisa desenvolvida por Porto (2001, p. 34) com alunos do ensino
fundamental da cidade de Campinas, cujo objetivo era conhecer o contexto escolar e levantar
o envolvimento das mídias com as preferências televisivas, explica que “Os jovens assistiam à
televisão dando preferência à ficção e à fantasia existentes nas histórias dos filmes e
telenovelas [...]”.
A partição analisada trata das informações veiculadas para o público jovem. Os
dirigentes falam da necessidade de sua orientação na utilização das informações. Insistem que
o seu processamento é individualizado, portanto cabendo tanto aos pais como aos professores
a obrigação de orientá-los.
Na subdivisão B2, em conformidade com a figura 25 e a tabela 21, denominada
Acesso às Informações,
através dos vocábulos informação, revista, jornal e acesso, os
dirigentes explicam que os jovens, à medida que avançam na idade, esclarecem as crenças e
passam a preferir os livros como fonte de informação.
114
Figura 25 Partição B2 do dendrograma da classe 2 – Acesso às informações
Tabela 21 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 2, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas χ
χχ
χ2
Inform+ Informação, informando, informamos, informe, informar,
Informal 184,36
Revist+
Revista, revistas 114,06
Jorn+
Jornal, jornais 92,23
Acess+
Acesso, acessível 52,14
Radio+
Rádio, rádios 46,64
Divulg+
Divulgação, divulga, divulgado, divulgar, divulgando 44,40
Dever+
Deveria, deveremos, deveriam 43,09
Pornograf+
Pornografia, pornográfica, pornográficas 32,29
Pass+ Passadas, passa, passado, passam, passar, passaram, passo,
passamos, passando, passou, passava 33,25
Acredit+
Acredita 24,18
Form+
Formação, forma, formada, formal, formas 22,15
Tipo+
Tipo, tipos 16,68
Tabu+
Tabu, tabus 15,94
Mostr+
Mostra, mostram, mostrar, mostrou, mostrando 15,86
Livros
Livros 14,97
Importância
Importância 11,02
Através das palavras jornais e revistas, os entrevistados explicam que muitos
alunos, quando chegam à escola, trazem as crenças aprendidas no cotidiano, não têm acesso a
programações adequadas sobre o tema. Daí a necessidade de adequação das fontes de
informações, a fim torna-las mais acessíveis a eles.
Percebemos esses interesses pelas informações a respeito da AIDS a partir dos dez
anos. Eles pegam os livros e vêem que não é como está na revista pornográfica.
(Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Essas informações geralmente são veiculadas no jornal hoje, no jornal globo, esses
tipos de programação geralmente os adolescentes não assistem. Essas informações
deveriam constar em revistas infantis com palavras acessíveis. Mas na televisão as
B2
115
campanhas são esporádicas, a não ser em períodos específicos como festas de final
de ano e carnaval, então intensificam. (Sexo masculino, diretor, formação:
pedagogia).
Por outro lado, aparece um discurso diferente por parte de alguns dirigentes, o
que revela divergência de opiniões. Apesar da relevância do tema e da ameaça de atingir a
população, as informações que circulam ainda são ínfimas. Para esta parcela, além dos jovens
não terem o hábito de leitura, a mídia ainda pouco tem contribuído na divulgação das
campanhas.
A televisão e as rádios ainda fazem pouca divulgação. Revistas eles quase não m
costume de ler, jornais eles não têm acesso. Esse assunto teria que ser trabalhado
desde as séries iniciais devido à importância do tema, deveria ter costume, ter o
habito de ler. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Dessa forma, os meios de comunicação encontram-se diante do desafio lançado
pelo Ministério da Saúde: “É parar de tratar questões relacionadas à sexualidade, uso indevido
de drogas e prevenção as DST/AIDS com tanto pudor, com demasiada delicadeza, ou
seriedade”. (BRASIL, 2000, p. 59)
Através das expressões forma e tabu, os dirigentes evidenciam o quanto ainda
há de esquiva em se falar sobre determinados temas, dentre eles a própria sexualidade,
ficando os interditos. No caso dos jovens, as informações que recebem nem sempre vêm
acompanhadas do diálogo, visando esclarecê-las.
Não percebo que eles têm corrido atrás, mas por outro lado eles recebem essas
informações, mas poucos trazem para discutir na escola. A questão da sexualidade
ainda é tabu e nem todos estão com a mente aberta para trazer esses
questionamentos. Geralmente é feito de uma forma particular. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
De acordo com Oliveira (2004, p. 112) muitos jovens sentem-se acanhados
para falar sobre os assuntos relativos à sua sexualidade na escola, devido à forma como ela
vem tratando a questão, conforme se pode constatar no excerto a seguir.
Depende da maneira que foi ensinado. Porque tem certo, [...] tem certas coisas que a
professora fala, a professora conversa com a gente no meio de um monte de gente,
fica sem graça, a gente fica com vergonha de responder (*ind_32 *ida_5 *sex_2).
Nas expressões informações e tipos, os entrevistados demonstram que
116
atualmente as programações a que os jovens têm acesso estão impregnadas de assuntos
relativos à prevenção, porém aqueles adolescentes, cujos pais acompanham sua formação,
terão maior facilidade em aplicá-las.
A novela Malhação, que é uma novela para jovem, passou casos, os jornais
mostram casos, mostram os números, as estatísticas, então eles têm conhecimento.
Então eles têm conhecimento e acreditam, sim. Acredito que os jovens têm acesso a
todos os tipos de informação. Aqueles em que os pais estão reforçando, fazendo uma
cobrança. (Sexo feminino, diretora, formação: geografia).
Rezende e Rezende (2002, p. 28) explicam que é imprescindível a clareza da
mensagem na qualidade da comunicação. “[...] A clareza da mensagem deve ser compatível
com o nível de cultura do receptor.”
Remetendo-nos ao bloco A, denominado Formas de Informações, nota -se que
as campanhas de saúde foram indicadas como a principal forma de tratar o tema, sendo
apresentadas como compreensíveis, porém, de acordo com o universo dos jovens que as
recebem, podem ou não ser adequadas; por esta razão, eles precisam de orientação da escola e
da família. Aponta-se para a necessidade da sua constância, haja vista que são intensificadas
em determinados períodos, como os festivos.
A imagem dos dirigentes a respeito das informações relativas às campanhas de
prevenção divulgadas pela mídia é que elas são importantes, mas precisam se fazer presentes
constantemente no cotidiano escolar, para melhor entendimento dos educandos.
Nesse sentido, a representação social dos dirigentes parece estar ancorada na
imagem da importância das informações veiculadas na mídia, desde que elas sejam orientadas
por pais e escola.
Na partição B, Meios de informação, os dirigentes evidenciam que as
informações de cunho preventivo são veiculadas principalmente nas fontes impressas.
Apontam como possibilidade a adaptação destas informações em revistas infantis, a fim de
que possam ter mais facilidade de compreensão. Diante de um sucessivo trabalho da escola, o
interesse por estes meios vai mudando progressivamente, inicialmente com as revistas
117
pornográficas, posteriormente para os livros, no sentido de trabalhar as crenças constantes
criadas no cotidiano.
No entanto, a principal fonte indicada foi a novela. Ela penetra o mundo
mágico do adolescente. Os dirigentes explicam que, apesar de ser farta as informações a que
os jovens têm acesso, ainda faz-se necessário retomá-las e orientá-las.
Conforme explicam Rezende e Rezende (2002, p. 8), a televisão “pode ser
vista por vários ângulos: como um fenômeno sociológico, um gênero artístico, uma prestação
de serviço, um instrumento técnico ou eletrodoméstico”.
3.2.5 Classe 1 Noções de jovens e educadores sobre AIDS
As cinco primeiras palavras, conforme tabela 21, doença, camisinha, pessoa,
AIDS e vírus, aparecem como as mais representativas nessa classe pelo seu valor de χ2. Por
meio delas, pode-se estabelecer o seu perfil temático. Nessa classe, o discurso dos dirigentes
se relaciona às informações dos alunos sobre as doenças sexualmente transmissíveis (AIDS) e
às ações que a escola procura desenvolver, pois também aparecem ligadas a elas vocábulos
como fala, pergunta, medo e pega. Daí decorre a denominação: Noções de jovens e
educadores sobre AIDS.
Constata-se no dendrograma, figura 26, que na divisão do material discursivo
isso é retratado por meio de sua subdivisão em dois grandes blocos.
No Bloco A, designado As informações sobre a prevenção no contexto escolar,
as palavras camisinha, vírus, pergunta
e pega estão relacionadas às ações preventivas que a
escola vem adotando.
118
No Bloco B, na parte inferior da figura, as expressões doença, pessoa, AIDS,
fala e medo indicam a dificuldade das pessoas em discorrer sobre a doença, bem como de
fazer o uso do preservativo nos relacionamentos. Por isso, este bloco foi denominado Atitudes
dos jovens perante a AIDS.
Tabela 22 Distribuição das palavras da classe 1, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
Doença+
Doença, doenças
117,34
Camisinha+
Camisinha, camisinhas
112,63
Pesso+
Pessoa
105,85
Aids
Aids
95,72
Vírus
Vírus
84,25
Fal+
Fala, falada, falado, falam, falamos, falando, falar, falara, falasse,
falassem, falava, falavam, fale 79,67
Pergunt+
Pergunta, perguntam, perguntamos, perguntando, perguntar,
perguntaram, perguntavam, perguntei, pergunto, perguntou 75,49
Med+
Medo, médico
73,54
Peg+
Pega, pegam, pegamos, pegando, pegar, pegaram, pegava, pegavam,
pego, pegou 73,51
Gravid+
Grávida, grávidas, gravidez
67,60
Risco+
Risco, riscos
67,42
Contamin+
Contamina, contaminação, contaminada
65,46
Preconceito+
Preconceito, preconceitos
62,38
Transmiss+
Transmissão, transmissível
60,01
Preven+
Prevenção, prevenir, preveniu
53,63
119
Figura 26 Dendrograma da classe 1
A1
A2
B1
B2
120
Na partição A1, figura 27, e tabela 23, denominada Prevenção e
esclarecimento, as expressões conseqüência, cuidado, sexo e orientação aparecem como as
mais importantes da classe pelo valor de χ² e assinalam para o trabalho de orientação que a
escola vem desenvolvendo com relação à prevenção da AIDS.
Figura 27 Partição A1 do dendrograma da classe 1 – Orientação sobre prevenção
Tabela 23 Distribuição das palavras da partição A1, da classe 1, por ordem decrescente de χ²
Formas reduzidas
Formas associadas
Χ²
Conseqüência +
Conseqüência, conseqüências, 30,65
Cuid+
Cuidado, cuida, cuidam, cuidando, cuidar, cuidou
Sexo
Sexo 28,91
Orient+ Orientação, orientando, orienta, orientou, orientado, orientamos,
oriente, orientada 24,40
Casa Mãe Joana
Casa Mãe Joana 22,17
Gravidade
Gravidade 18,43
Mulher+
Mulher, mulheres 17,19
Associ+
Associa, associação 16,55
Educador+
Educador, educadores 15,18
Ato+
Ato, atos 14,44
Tratamento
Tratamento 13,90
Perceb+
Perceba, percebam, percebe, percebem, percebemos 12,82
Perigos+
Perigos 12,83
Visit+
Visita, visitando, visita, visitas 12,53
Casamento
Casamento 11,48
Devid+
Devida, devidas, devido 11,37
Vergonha
Vergonha 10,95
A1
121
As palavras cuidado, sexo, conseqüências e orientação indicam, no discurso
dos administradores, a preocupação com a conscientização dos alunos sobre o ato sexual sem
responsabilidade, bem como as cautelas que devem ser tomadas na prevenção da AIDS.
Estamos sempre fazendo parcerias para trazer profissionais para darem palestras,
somarem conosco na orientação desses alunos, sobre os riscos que estão correndo
[...]. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Mas orientamos para que tomem todo o cuidado, não relacionado a questões da
sexualidade e da bebida, mas da própria droga. Nós tivemos muitas palestras
relacionadas à AIDS, e quando fala, você percebe a angústia. Durante a palestra,
você que eles se preocupam, porque ainda associam a doença à morte. (Sexo
masculino, diretor, formação: matemática).
Em seu estudo, Pagan (2004, p. 107) relatou que, segundo uma parcela
considerável de alunos, não há discussões em suas escolas. “Não, nunca ouvi coisa assim. Na
escola em que eu estudava, ali, falavam sim, uma vez por semana. Acho que nem falavam
direito. Falavam só umas palavrinhas só e paravam. (indiv. 5, masc., 13 anos, 6ª série)”.
Ainda de acordo com esse mesmo pesquisador, alguns jovens procuram
conversar com a mãe, com o pai e amigos, porém o professor, dentre as pessoas de seu círculo
de convivência, foi o menos procurado para discutir tal assunto.
Dando prosseguimento à análise, e a partir das palavras com maior χ²,
camisinha, vírus, pergunta e pega, na partição A2, figura 28 e tabela 24, os dirigentes apontam
para o trabalho de esclarecimento que a escola vem desenvolvendo. São os momentos em que
procuram mostrar aos alunos os meios de transmissão da doença. Daí a denominação
Esclarecimento sobre as formas de prevenção.
122
Figura 28 Partição A2 do dendrograma da classe 1 – Esclarecimento sobre as formas de transmissão
Tabela 24 Distribuição das palavras da partição A2, da classe 1, por ordem decrescente de χ²
Formas reduzidas
Formas associadas Χ²
Camisinha,
Camisinha, camisinhas 112,63
Vírus
Vírus 84,25
Pergunt+
Pergunta, perguntam, perguntavam 75,49
Peg+
Pega, pegava, pegavam, pegando , pegar, pegou 73,51
Gravid+
Grávidas, grávida, gravidez 67,60
Risco+
Risco, riscos 67,42
Contamin+
Contamina, contaminação, contaminar, contaminada, contaminado 65,46
Transmit+
Transmissão, transmissível 60,01
Usar+
Usar, usaram, usaria 54,62
Uso+
Uso, usos, usou 51,75
Parceiro
Parceiro, parceiros 50,83
Portador
Portador, portadora, portadoras 49,73
Sangue
Sangue 39,07
Aidet+
Aidética, aidéticas, aidético, aidéticos 38,79
Preservativo+
Preservativo, preservativos 28,64
Relação_sexual
Relação sexual 27,85
Consci+
Consciência, consciências, consciente, conscientes, 26,78
Primeira+
Primeira, primeiras 22,85
Trans+
Transa, transado, transam, transando, transas, transar, transavam 22,12
Transmit+
Transmissão, transmissível 20,98
Rapaz+
Rapaz, rapazes 20,91
Seringa+
Seringa 18,88
Duvid+
Dúvida, duvidar, dúvidas, duvidosa 17,47
Soub+
Soubessem, soube, souber, souberem, soubesse 16,38
Transfusão
Transfusão 16,38
Beij+
Beijo, beijar, beijinhos 14,15
Namor+
Namoro, namoram, namorada, namorar, namorava, namorando 13,73
Conhec+
Conhecer, conhecia, conhecem,conhecemos, conhecimento, 12,57
reac+
Reações, reação, reagem, reagir 11,99
A2
123
Uma das questões constantes do roteiro da entrevista foi sobre a oportunidade
de se ministrar um curso sobre a AIDS. Nos seus discursos, os entrevistados explicam a
necessidade de orientação dos jovens, tendo em vista que a escola é um dos veículos que
podem ser utilizados no desenvolvimento dessas práticas.
Sobre o curso: abordaria principalmente [...] como se pega, cuidados que se devem
ter e as formas de transmissão. São as questões que devem ser analisadas. [...]. (Sexo
feminino, diretora, formação: pedagogia).
Eu: falaria da educação sexual, o porquê, quando e como deve ser feito o sexo,
explicaria as conseqüências de quando é feito sem amor, [...] mostraria o que é a
AIDS, de onde surgiu, e como surgiu, os meios de transmissão, o que pode
acontecer se não usar o preservativo. (Sexo feminino, coordenadora, formação:
pedagogia).
Wuo (1998, p. 120), desenvolvendo estudos com 54 professores de escolas
técnicas de segundo grau, distribuídas na Capital e nos demais municípios do Estado de São
Paulo, explica sua sugestão de que “professores [...] Programa de Saúde e Ciências devem ser
os responsáveis pelos Programas de Prevenção da AIDS na escola, pelo fato de que esses
professores detêm um maior conhecimento técnico”.
Mesmo diante da curiosidade dos jovens e da preocupação com a prevenção,
na fala de alguns dirigentes escolares, vários alunos aparecem como apresentando defasagem
de informações. Isso pode ser evidenciado através das palavras pergunta e pega.
Eu fiquei assustada porque percebi que eles não sabiam. Alguns perguntaram se
uma vez transando sem a camisinha pegava a AIDS, se beijar pegava a AIDS, beber
água no mesmo copo da pessoa aidética, se pegava. (Sexo feminino, diretora,
formação: pedagogia).
[...] as dúvidas que os alunos manifestam são nas formas de transmissão e, quando
houve as palestras, surgiram questionamentos como se contamina, se através de
segurar na mão se transmite, se sentar no mesmo lugar pegava, se você fala perto,
usar banheiro. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Pagan (2004, p. 141), em sua pesquisa, encontrou que alguns alunos ainda
apresentam falsas crenças sobre as formas de transmissão do vírus, apontando como meios de
contágio a piscina ou o ar. Nesse aspecto, o pensamento dos dirigentes sobre as
representações dos alunos também coincide com as afirmações dos educandos entrevistados
por Pagan (2004).
124
Através das palavras pergunta, pega, risco e contaminar, alguns dirigentes
apontam que são muitas as dúvidas que os jovens trazem no seu cotidiano relativas à questão
da transmissão.
Outras perguntavam sobre o risco de se contaminar na primeira relação sem o uso do
preservativo. Então você percebe que além deles acreditarem, eles têm medo. (Sexo
feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
Segundo Pagan (2004) afirma, os jovens por ele investigados procuram
informações em livros, revistas, posto de saúde ou com médico, nessa seqüência. O professor
aparece como a última opção assinalada.
Embora a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) pleiteie
desenvolver atividades integradas no âmbito da escola, pelas pontuações feitas pelos
administradores escolares, a escola, na prática, ainda não consegue essa integração.
Nesse aspecto, conforme Huerre (1998) descreve, na adolescência, os jovens
devem se apoiar em bases sólidas e familiares. Daí a importância do diálogo. Eles estão à
procura de ser ouvidos, buscam esclarecer suas dúvidas, conforme destacam os
administradores escolares.
Através dos termos risco e usar, os dirigentes explicam que a escola procura
esclarecer os alunos sobre as dúvidas com relação à AIDS, contudo, na prática eles não as
utilizam porque não se vêem sob essa condição de perigo.
Mostramos que existe o risco da doença, mas elas dizem que já namoravam
algum tempo, e respondem: Ah! Aconteceu. Então também você que elas
acreditam que com parceiro fixo não precisa usar o preservativo. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
De acordo com Pagan (2004), grande parte dos jovens por ele pesquisados
avalia ser importante o uso da camisinha nas relações sexuais, conforme excerto a seguir:
Que as pessoas que tem namorada assim, que ta querendo ficar com uma menina,
elas usar camisinha, preservativo, que a menina, ela pode ter também preservativo.
Andar sempre com preservativo na carteira, porque é perigoso pegar AIDS. Passa
um para o outro e mata muitas pessoas. É isso também. (Ind. 04, Masc., 15 anos,
6ª Série).
125
Ayres (2001), trabalhando a questão da AIDS com adolescentes, aponta que
depende de como cada sujeito a percebe e a enfrenta. Em função disto, a síndrome se
apresenta de forma diferenciada para cada um, tendo em vista que as possibilidades dos
sujeitos são diferentes.
Como Seffner (2001) explica, a AIDS é a sucessora da sífilis, doença muito
temida pelas gerações anteriores, daí a dificuldade de seu enfrentamento. As doenças
sexualmente transmissíveis, como o próprio sexo, são geralmente vinculadas ao pecado.
Zagury (2000, p. 176) esclarece que na adolescência ocorrem as
transformações do corpo, e, nessa fase, faz-se necessário ao adolescente estar consciente tanto
das formas de contracepção, como do risco de adquirir a AIDS. “[...] as duas únicas decisões
possíveis envolvem ambas, conseqüências emocionais bastante graves, tanto para a própria
adolescente, como para o namorado, como para as duas famílias envolvidas”.
De acordo com a autora, na adolescência são colhidos os resultados da
aprendizagem semeada anteriormente, tanto pela família como pela escola.
Prosseguindo na análise, a palavra camisinha aparece, no discurso dos
dirigentes, como um dos métodos preventivos à doença. Explicam a necessidade de práticas
seguras, porém alertam sobre as limitações de segurança.
Eu acho o tema AIDS importante porque se você conversar com eles, a grande
maioria vai falar que tem camisinha na bolsa, então quer dizer a campanha a nível
nacional tem surtido efeito (sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Os estudantes que participaram da pesquisa desenvolvida por Pagan (2004, p.
105) manifestaram-se preocupados com a doença.
Todo mundo fica assim preocupado, principalmente nós jovens, que ta sempre
conhecendo pessoas, ta sempre saindo. Fica preocupado. Fica uma colega, fica
preocupada com a outra, entendeu. [...] que a gente tem consciência que a gente
tem que se prevenir, é isso que a gente faz, se previne.
Por outro lado, os administradores, através dos vocábulos camisinha, parceiro e
usar, explicam que os jovens parecem dispensar os cuidados preventivos.
126
Agora não sei se é por vergonha que quando vai transar não usa a camisinha, ou
medo de falar para o parceiro usar e ele ficar chateado, pode ser isso também. (Sexo
feminino, diretora, formação: biologia).
De acordo com Fernandes (2002, p. 135), uma divergência entre as
representações e as práticas. Tendo em vista as representações da AIDS estarem ligadas à
fatalidade, espera-se que sejam adotadas medidas de precaução. Assim destaca: existe uma
tendência ao uso descontínuo pelos sujeitos”.
Nesse aspecto, Tura (1997) enfatiza que uma questão que aparece
freqüentemente relacionada à exposição de todos ao perigo da síndrome é a carência de
informação que provoca o desconhecimento da doença e das formas de prevenção.
Para os dirigentes escolares, os jovens possuem as informações, e resta apenas
usá-las. No entanto, vêem a necessidade de um trabalho constante, diário, corpo a corpo, a fim
de que o adolescente se perceba com possibilidade de ter um desenvolvimento saudável.
Quanto à penúltima partição, B1, figura 29 em conformidade com a tabela 25,
busca-se um entendimento acerca da atitude dos jovens diante da síndrome. Verificou-se que
as palavras com maior valor de χ², ou seja, AIDS, fala, prevenção e sabe, associadas aos
verbos pode, ficar e acontecer, contribuíram para a denominação A adolescência:
comportamento perante a AIDS. Os resultados indicam que os jovens conversam sobre a
doença e seu método de prevenção, tendo consciência da necessidade de seu uso.
Figura 29 Partição B1 do dendrograma da classe 1 – A adolescência: comportamento perante a AIDS
B1
127
Tabela 25 Distribuição das palavras da partição B1, da classe 1, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas
χ
χχ
χ2
AIDS
AIDS 95,72
Fal+ Fala, falado, falam, falamos, falando, falar, falaram, falasse, falassem, falo,
Falava, falavam, fale, falei, falou 79,67
Preven+
Prevenção, preveniu, prevenir 53,63
Sab+
Sabe, sabem, sabemos, saber, saberem, sabiam, sabia 53,52
Acontec+
Acontece, acontecem, acontecer, acontecesse, acontecia 49,18
Pod+
Pode, podem, podemos, podia 33,65
Rece+
Recebe, recebem, recebemos, receber, recebeu 28,76
Fic+
Ficava, ficado, ficam, ficando, ficar, ficara, ficaram, ficamos, fico, ficou
Trat+
Trata, tratada, tratam, tratando, tratar 20,63
Quest+
Questão, questões 19,67
Sabendo
Sabendo 14,15
Adolescente+
Adolescente, adolescentes 12,83
Os dirigentes explicam que o tema AIDS vem sendo desenvolvido no espaço
escolar, e os jovens sabem da necessidade da prevenção. No entanto, na prática, eles não se
previnem, porque não se vêem ameaçados. Nota-se com quem eles se relacionam, interagem e
conversam no cotidiano.
Os professores já passam as questões relacionadas como prevenir, como tratar. Essas
informações são suficientes, à medida que você vê, assiste, sabe que aquilo é um
vírus e você pega com facilidade, o aluno vai prevenir [...]. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
Este grupo de dirigentes, através das palavras questão e prevenção, explica que,
apesar da escola ponderar com os adolescentes as conseqüências da AIDS , eles ainda se
sentem inseguros. E muitos expõem-se ao risco.
[...] alguns deles ficam ansiosos com a possibilidade de transmissão. Parece que
muitos alunos não estão realmente conscientizados de que a AIDS realmente mata,
que ela pode me pegar, pegar você, ela não escolhe raça, crença, cor, ela pode pegar
mesmo, em qualquer um. (Sexo feminino, diretora, formação: pedagogia).
Os dirigentes, através das palavras AIDS e sabe, falam das dificuldades dos
jovens em adotar práticas preventivas, porém, quando as utilizam, não tornam seu uso um
hábito contínuo. Alguns não se sentem ameaçados pela síndrome por confiarem nos parceiros.
Eu falo para eles que precisam viver de forma prazerosa e com responsabilidade.
Parece que quando esses jovens se deparam com a realidade da situação concreta,
eles ficam um pouco receosos, angustiados, mas ao mesmo tempo eles acham que
pode acontecer com todo mundo, menos com eles. (Sexo feminino, diretora,
formação: letras).
128
Eles precisam ter consciência do risco e se prevenirem também. Os alunos sabem
que existe a AIDS, sabem que corremos risco, que eles acham que vai sempre
acontecer com os outros. (Sexo feminino, coordenadora, formação: letras).
Pagan (2004, p. 147) apresenta algumas falas de alunos que demonstram que
eles não se imaginam parte desse grupo. “Tem quem tomá muito cuidado, né? Não fica nessa,
dessa gurizada, porque se um menino bonito, já quer namorar, daí tem que tomar muito
cuidado, porque é muito perigoso. (Ind. 35, masc, 12 anos, 5ª série)”.
Como Zagury (2000, p. 177) elucida, muitos jovens ainda se apóiam na crença
de que não se contamina com a AIDS se você “só tem relações com pessoas seguras”.
A partir da análise do dendrograma, conforme denota a figura 30, em
conformidade com a tabela 26, os vocábulos com maior χ², doença, pessoa, medo, preconceito
e morre, associados aos verbos abordar e comentar, demonstram, nas falas dos dirigentes,
tratar-se de uma doença sexualmente transmissível sobre a qual as pessoas têm medo. Não
falar sobre o assunto está condicionado ao preconceito e à discriminação a que os doentes são
submetidos e também ao fato de se tratar de uma doença letal, daí a denominação Reações
perante a AIDS.
Figura 30 Partição B2 do dendrograma da classe 1– Reações perante a AIDS
B2
129
T
abela 26 Distribuição das palavras da partição B2, da classe 1, por ordem decrescente de χ
χχ
χ2
Formas reduzidas
Formas associadas χ
χχ
χ2
Doença+
Doença, doenças 117,34
Pesso+
Pessoa, pessoais, pessoal, pessoas
Med+
Medo, médio 73, 45
Preconceito+
Preconceito, preconceitos 62,38
Morr+
Morrer, morrem, morreram, morreu, morria, morrido 42,84
Cur+
Cura, curam, curar, cure 42,03
Remédio+
Remédio, remédios 33,86
Discrimin+ Discriminação, discrimina, discriminada, discriminadas, discriminados,
discriminam, discriminar, 32,44
Explic+ Explica, explicação, explicado, explicam, explicamos, explicando, explicar,
explicaram, explicava, explicavam, explico, explicou 31,93
Doente+
Doente, doentes 24,81
Contrair+
Contrair, contraíram, contrai, 24,61
Tom+
Toma, tomada, tomam, tomamos, tomando, tomar, tomara, tomem, tomo 19,19
Abord+
Aborda, abordado, abordagem, abordar, abordando, abordaria, 18,43
Sofr+
Sofre, sofrem, sofrer, sofreram, sofreu, sofriam, 18,40
Coquetel
Coquetel 14,84
Engravid+
Engravida, engravidam, engravidamos, engravidando, engravidar, 14,44
Exame+
Exame, exames 11,48
Mat+
Mata, matam, matando, matar, matado 11,19
Analisando as palavras doença e medo, observa-se no discurso dos dirigentes
que o medo das pessoas fundamenta-se na visão da AIDS como uma doença incurável e,
portanto, mortal.
[...] Sabem que ainda não houve descoberta de algum remédio que levasse à cura.
Daí o temor deles, pensam, está com AIDS vai morrer. (Sexo feminino,
coordenadora, formação: pedagogia).
[...] Nós tivemos muitas palestras relacionadas à AIDS, e quando você fala, percebe
a angústia. Durante a palestra, você que eles se preocupam, porque ainda
associam a doença à morte. (Sexo masculino, diretor, formação: matemática).
Eles sabem que apenas um paliativo no remédio. No bairro houve um rapaz que
estava no estágio cadavérico e ficava perambulando, veio na escola algumas vezes, e
você percebia neles certo receio. (Sexo masculino, diretor, formação: matemática).
Alguns alunos participantes da pesquisa desenvolvida por Pagan (2004, p. 125)
assim se expressaram: “AIDS é uma doença contagiosa e perigosa. Não tem cura. Falar sobre
a AIDS, todo mundo tem medo. Acho que todo mundo. Não tem ninguém que não tem
medo”.
Nesse sentido, os resultados são semelhantes aos encontrados entre os
130
dirigentes escolares.
Seffner (2001, p. 406) elucida que, devido à sua letalidade, a AIDS ocasiona
invariavelmente o medo. O fato do sujeito ser portador da síndrome passa a ser visto como
um falecido, “[...] antecipa-se nele a morte, e isso condiciona quase todos os atos de nossa
relação com o doente”.
Seffner (2001) delineia o quanto a expressão aidético, ou o nome AIDS,
carrega de preconceito e destruição os portadores da doença. É como se eles deixassem de
existir na relação com as demais pessoas e são apenas e tão-somente doentes com síndrome,
condenados ao sofrimento e à morte. Não têm nenhum outro atributo, ou qualidade ou
possibilidade. Quando, pelo preconceito e pelo estigma, são assim designados, deixam de
existir e valer a pena como pessoas. Nos relacionamentos, sentindo-se não aceitos como
iguais, percebem-se inferiorizados e inseguros. também outro fator que é a
marginalização, quando também os estigmatizam como culpados.
Os dirigentes explanam, ainda, por meio dos vocábulos medo, preconceito e
discriminação, que se fala pouco sobre a síndrome, mesmo diante da ameaça por ela
representada.
Eu fiquei sabendo por uma pessoa muito próxima da família, porque eles
comentaram que era câncer por medo do preconceito. Eles sabiam que se falasse, ela
receberia discriminação. As agentes de saúde do bairro estavam conversando
conosco e dizendo que existem no bairro muitos casos, e há ainda no bairro a
questão das drogas. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia).
É importante distinguir os sentimentos envolvidos no discurso dos dirigentes,
como o medo e o preconceito, ambos gerados pelo desconhecimento da doença e pelo pânico
desencadeado pela mídia nos anos iniciais.
O medo relaciona-se diretamente ao temor de adquirir a síndrome, fatal e
incurável, enquanto o preconceito vincula-se aos valores morais negativos atribuídos às
pessoas portadoras da síndrome. Esta inicialmente se atém a grupos de risco, representados
pela marginalidade da sociedade aos homossexuais e usuários de drogas.
131
Segundo Pluciennik (1992, p. 78), esta reação diante de determinados perigos
ocorre porque “o medo nos leva a emitir opiniões apressadas, sem suficiente ponderação [..]”.
Nesse sentido, conforme Pagan (2004) esclarece, provavelmente, são atitudes
decorrentes de grupos que participam pouco ou talvez não compartilhem de nenhuma
discussão sobre a AIDS, daí a apropriação de informação fragmentada.
Os alunos entrevistados por Pagan (2004, p. 120) revelam, por meio de uma
metáfora, a imagem formada sobre a AIDS. Segundo um estudante, a “[...] AIDS é um
caminho sem volta. (Masc, 15 anos, 6ª série)”.
Nas falas dos gestores, os alunos, ao tratar da doença, expressam o medo,
quando apontam que todos estão diante da fatalidade. Esse conceito está expresso pelo uso da
metáfora estar no fio da navalha.
Quantos de s podemos estar infectados, quantos de nós casadas não usamos a
camisinha, não sabemos da fidelidade do parceiro. Hoje em dia todos fazem parte
do grupo, todos estão no fio da navalha. Então é preciso orientar todas as formas de
transmissão a esses jovens. (Sexo feminino, coordenadora, formação: pedagogia)
Os sujeitos estruturam seus discursos acerca de duas concepções, tanto da
doença como da possibilidade da prevenção, através da informação. No primeiro caso, os
dirigentes escolares explicam que os jovens têm medo de adquirir a doença, porque a
percebem como aquela que mata e parece estar estruturada em função da transmissão do vírus
através de contatos pessoais como abraço, beijo, via sexual. O segundo diz respeito ao fato de
como os sujeitos entrevistados vêem o significado atribuído à importância da prevenção.
Recorremos à pesquisa desenvolvida por Fernandes (2002, p. 143) quando
destaca:
[...] existem diferenças entre quem pega e quem não pega AIDS, denotando a
existência de preconceitos. As diferenças apontadas e, portanto, o preconceito, é
travestido de argumentos biológicos, psicológicos e sociais, e entram em conflito
com respostas a outros questionamentos menos evidentes.
Para Madeira (1998b), as representações podem estar ligadas a outras práticas,
mas especialmente as ligadas à sexualidade podem influenciar posturas e práticas de risco.
132
A situação de risco, discutida pelos dirigentes escolares, é explicada por Ayres
(2000) como situação de vulnerabilidade e indica diferentes possibilidades na trajetória dos
sujeitos para mudar sua realidade e responderem à epidemia da AIDS.
Conforme foi apresentado nos estudos desenvolvidos por Pagan (2004), nem
todos os professores conversam com os alunos. Diante das falas apresentadas, cabe concordar
com Seffner (2001, p. 433) sobre o quanto é imprescindível o investimento da escola na
implementação do espaço de diálogo, local onde os indivíduos possam se expressar.
Remetendo-nos ao bloco A, Informações e prevenção da AIDS, verifica-se que
a escola procura desenvolver ações para levarem os jovens a práticas saudáveis. Para isso,
são feitas parcerias com instituições, no sentido de contribuir com a discussão do tema. Além
disso, são levados a situações práticas.
A imagem que alguns dirigentes fazem de desenvolver trabalhos sobre a AIDS
se limita apenas em falar, pelo fato de que muitos jovens convivem em seu cotidiano com tal
realidade.
Porém, nota-se nos discursos preocupação em orientar quanto às formas de
transmissão, de prevenção, bem como suas conseqüências. Os dirigentes falam que os
adolescentes sabem que se trata de uma doença sexualmente transmissível. Contudo,
pergunta-se: a função da escola é somente repasse de informação?
Conforme aponta Pluciennik (1992, p. 79), somente através do diálogo podem-
se diminuir as ansiedades diante da síndrome: ou seja, “Para vencer o medo que temos,
necessitamos de conhecimentos que ainda não temos”.
Estudos desenvolvidos tanto por Pagan (2004) como por Oliveira (2004),
ambos com adolescentes, o primeiro sobre AIDS e o segundo sobre sexualidade, comprovam
que ainda existe um interdito sobre a questão, talvez por vergonha em atravessar temas como
a sexualidade.
133
Nesse sentido, a representação dos dirigentes sobre os jovens está ancorada no
cumprimento da escola com sua responsabilidade em falar sobre a prevenção, cabendo aos
educandos se cuidarem, pois são eles que simbolizam a insensatez. Cabe a eles controlarem,
cuidarem-se e exigirem do parceiro o uso da camisinha. A camisinha, portanto, como o
segundo maior valor de χ2, simboliza a saúde, a manutenção da vida.
Na partição B, percebe-se uma esquiva no trato das questões relativas à AIDS,
pois ela ainda representa uma ameaça. Este fato é constatado nas falas dos entrevistados,
quando argumentam que, embora os jovens tenham medo de se contaminar, eles sabem da
gravidade representada pela doença, sabem que é incurável, e leva à morte, mas
dificuldade em adquirir uma atitude preventiva. Outro fator que segundo os dirigentes
também causa medo, para os alunos, é a discriminação.
Quanto à discriminação, segundo os dirigentes, embora a síndrome não esteja
distante do cotidiano da maioria dos adolescentes, estes evitam os assuntos a ela relacionados,
por receio de serem afastados do grupo.
Verificou-se através desse estudo, a partir das Representações Sociais dos
dirigentes acerca da AIDS, ao objetivar a mesma em atitude de medo e cuidados para com
essa doença, a necessidade de se trabalhar o preconceito relacionado ao portador do vírus
HIV, derivado do medo e do desconhecimento com relação à AIDS.
Jodelet explica que o medo da AIDS se configura como ela tomou forma nos
meios de comunicação e na percepção popular, antes de se constituir de fato em parte
integrante da vida das pessoas. (JODELET, 2001)
Nas falas dos dirigentes, os jovens expressam carência de informação quanto
ao que sabem sobre as formas de contágio, pois aparecem dúvidas se pode haver
contaminação por meio dos utensílios utilizados pelos doentes, pela transfusão de sangue e até
mesmo pelo beijo. O medo do contato físico para eles se constitui em perigo de contaminação
134
do HIV.
Com relação às práticas de prevenção, foi apontado que, para os adolescentes,
conhecer o parceiro funciona como obstáculo ao contágio, na medida em que, ao se
estabelecer uma relação de confiança, o uso da camisinha pode ser dispensado. Dessa forma,
o risco parece estar nos outros grupos.
O grau de informação de uma pessoa é influenciado pelo seu nível de educação
e pelo acesso aos bens e serviços existentes em sua comunidade, sendo determinado pela sua
inserção social. Ao mesmo tempo, a incorporação e o uso de uma dada informação são
mediados pelo conjunto de representações, afetos e valores que constituem a identidade
cultural do sujeito.
As representações sociais para os sujeitos pesquisados consubstanciam-se na
associação da doença ao temor da morte, reproduzindo os conhecimentos veiculados nas suas
relações cotidianas.
Nesse sentido, um grupo de dirigentes objetivou a AIDS como uma doença
que coloca em risco a questão da vida, sendo necessária uma atitude de prevenção com a
utilização da camisinha entre os parceiros nas relações sexuais.
135
CONSIDERAÇÕES FINAIS
136
Nesta pesquisa, buscou-se conhecer e analisar as representações sociais de
dirigentes escolares sobre o que pensam ser as representações sociais dos alunos de escolas
públicas do ensino fundamental acerca da AIDS.
Os questionamentos propostos por Jodelet (2001), Quem sabe e de onde
sabe?O que sabe e como sabe? Sobre o que sabe e com que efeitos, nortearam as
considerações aqui realizadas, o que auxiliou na identificação dos conteúdos das
representações sociais nos posicionamentos dos dirigentes.
Com relação a Quem sabe e de onde sabe? os dirigentes ressaltam que os
alunos, em geral, possuem informações acerca do tema AIDS e que estas são provenientes,
principalmente, dos conhecimentos adquiridos na escola e das campanhas publicitárias
apresentadas na mídia.
Alguns dirigentes escolares destacam que, mesmo diante dessas informações,
alguns alunos apresentam falsas crenças quanto à AIDS e, segundo eles, isso ocorre devido à
falta de orientação da família. Para os entrevistados, também decorre da carência de
conhecimentos de alguns pais para proceder à tal orientação, bem como da desorganização
familiar e precariedade econômica em que essas famílias convivem.
Um outro fator que também serve de entrave nesse processo é que a
sexualidade, para muitas famílias, ainda é um assunto de difícil abordagem, considerando os
aspectos culturais a ela ligadas. Segundo os dirigentes, isto faz com que a escola assuma a
orientação dos jovens. Porém, Pagan (2004), em estudos desenvolvidos com adolescentes de
escolas públicas, constatou que as conversas sobre esse assunto são realizadas,
principalmente, com a mãe, o que indica que as representações dos dirigentes podem-se
caracterizar por generalizações estereotipadas, não condizendo, portanto, com a realidade de
todos os alunos.
137
Em relação às orientações pedagógicas, notou-se nos relatos dos dirigentes que,
para o desenvolvimento do tema na escola, profissionais da saúde são chamados para falar
sobre o assunto. Também, segundo os dirigentes, fazem parte do planejamento escolar a
previsão de outros tipos de atividades a serem realizadas no decorrer do ano letivo como, por
exemplo, feira de ciências, bem como o desenvolvimento de atividades em sala de aula sobre
a síndrome.
Dessa forma, para alguns dirigentes, a escola possibilita discussão e
esclarecimentos sobre o tema AIDS aos alunos, porém estes, em sua prática, desconsideram o
ensinamento da escola.
Destaca-se que é orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais que a
escola desenvolva discussões sobre o tema AIDS possibilitando aos jovens obter informações
científicas sobre as formas de prevenção, bem como as pertinentes a sua transmissão o que
segundo os dirigentes, a escola está realizando.
Ainda com relação às informações, na representação dos dirigentes, a mídia
desempenha um papel preponderante, sendo a televisão a principal fonte citada, à medida que
veicula as campanhas preventivas.
Percebe-se, nas representações dos dirigentes uma naturalização da ausência da
família na orientação, pois segundo eles isso ocorre porque os pais necessitam trabalhar. Daí o
distanciamento destes na discussão do tema AIDS com os filhos. Com isso, os dirigentes
parecem desconsiderar outras questões como, por exemplo, a própria prática do professor, já
que segundo alguns dirigentes muitos deles não abordam esse tema em suas aulas por não se
sentirem preparados para tal, ou por acharem que o tema se restringe às áreas de ciências. Eles
tiram de si a responsabilidade pela orientação e culpam os pais por não fazê-la. A
representação parece indicar para uma conduta de acomodação, não vislumbrando mudanças
estruturais mais amplas. A partir destes aspectos, os programas de prevenção da AIDS
138
parecem constituir-se em apenas mais uma maneira de se passar conteúdos, dada à concepção
informativa, não se atendo, assim, às possibilidades de virem a ser agentes que provoquem
mudanças comportamentais.
Esta concepção de alguns dirigentes, quanto ao programa de prevenção, admite
uma fragmentação e descontinuidade do processo de ensino na escola.
Cabe ressaltar que os dirigentes reconhecem as mudanças ocorridas no
contexto social onde as famílias necessitam trabalhar, as condições materiais e de existência a
que foram expostos, mas desconsideram essa problemática quando falam sobre a quem cabe a
responsabilidade no trato do tema AIDS. Eles parecem afastar-se de um trabalho conjunto e
integrado. Assim, o posicionamento adotado reafirma por um lado à falta de iniciativa de
propor uma ação educacional abrangente e, por outro, indica uma visão unilateral dos
aspectos tanto macro como micro do processo educacional.
As representações sociais dos dirigentes parecem estar ancoradas na
importância das informações veiculadas na mídia, e estas devem vir acompanhadas pela
orientação tanto dos pais como da escola.
A questão O que e como sabem? trata da forma de saber dos sujeitos ao
representar um objeto, explicando como seus conhecimentos estão organizados. Este
questionamento propicia o entendimento de como os dirigentes representam a AIDS como
tema discutido na escola.
Ao serem inquiridos quanto a noções, crenças e interesses do jovem pelo tema
AIDS, observa-se que, para os diretores e coordenadores, os alunos mais novos, os de quinta
série, estão mais interessados em brincadeiras, daí os assuntos relativos à ndrome não serem
relevantes para eles. As representações sociais dos dirigentes revelam, com isso, que o nível
de interesse por este tema varia conforme as séries em que se encontram os discentes.
139
O interesse por essa temática começa a aumentar a partir da sexta-série. Na
sétima série, os jovens passam a conversar mais sobre a síndrome. A progressão nas séries e a
idade são fatores preponderantes na percepção da gravidade da doença. A percepção dos
dirigentes é que a escola inicia a desenvolver conteúdos relativos ao corpo e às doenças aos
quais eles podem estar vulneráveis e que faz com que passem a perceber os riscos a que
podem estar sujeitos.
Em relação à compreensão do assunto pelos jovens, segundo os dirigentes,
meninos e meninas possuem a mesma concepção e também as dúvidas, uma vez que as
campanhas informativas atualmente contribuem para alertar sobre a necessidade de cuidados.
A propósito da questão de gênero, as meninas foram apontadas como as que
mais se preocupam com a prevenção. As representações dos dirigentes parecem vir ancoradas
no papel que o homem representa na sociedade. uma maior cobrança da menina diante da
necessidade de práticas preventivas. Atitude esta que está amarrada ao ditado popular, como
objetivação da representação dos dirigentes, prende as suas cabras que os meus cabritos
estão soltos.
A terceira questão, sobre o que sabe e com que efeitos, propicia um
entendimento sobre como se estrutura o pensamento dos sujeitos, o processo de adaptação
entre pensamento natural e científico. Propicia um entendimento sobre o que sabem os jovens
acerca da prevenção e do contágio da AIDS e a influência destas informações em suas
práticas.
O que sabem os jovens acerca da prevenção e do contágio da ADIS na
percepção dos dirigentes?
Com relação à noção dos adolescentes sobre a doença, as representações
sociais dos dirigentes são de que estes a percebem como uma doença sexualmente
transmissível e letal. Segundo eles, os educandos têm medo e sabem da necessidade de se ter
140
atitudes preventivas. Nesse sentido, as atividades escolares estão relacionadas às discussões
sobre o tema em sala de aula e em palestras realizadas na escola. Nessas oportunidades, os
alunos perguntam sobre as formas de transmissão e são momentos em que eles conversam,
com os alunos mostrando tratar-se de uma síndrome e da necessidade de precaução.
Os adolescentes procuram informações no cotidiano escolar sobre a forma de
transmissão vertical, ou seja, da mãe para o filho, provavelmente por ser crescente o número
de casos principalmente em mulheres. Estes resultados divergem dos encontrados por Pagan
(2004), que evidenciou no seu estudo que esta preocupação não faz parte do cotidiano dos
educandos.
Um outro elemento encontrado nas representações sociais dos dirigentes é a
morte. Segundo eles, os alunos têm medo da AIDS. Eles sabem que se trata de uma doença
letal e, por conseguinte, sabem da necessidade de prevenção. Essa construção reflete a forma
dos dirigentes evidenciarem como os educandos se posicionam perante o risco de contrair o
HIV/AIDS no seu cotidiano. Diante do fato de que não se têm respostas efetivas que
possibilitem o controle da síndrome, os adolescentes desenvolvem mecanismos afetivos para
defender-se dela, afastando-se da doença e da morte através da fuga. Outro mecanismo que
também fizeram alusão foi o preconceito que é uma forma dos jovens se relacionarem com o
processo de rejeição da doença.
As representações sociais dos dirigentes parecem estruturar-se a partir do
discurso de que a escola fala e os alunos sabem. Porém, no cotidiano, não se observa que os
mesmos procuram dialogar a respeito do assunto. Ao que parece, os alunos não dão muito
significado para o trabalho que a escola desenvolve. Os dirigentes percebem a necessidade de
desenvolver um trabalho integrado com os alunos, porém, encontram entraves na prática,
como, por exemplo, perceber a subjetividade de cada educando, a necessidade de diálogo
individualizado.
141
Ainda com relação à importância das informações, os dirigentes ressaltam os
efeitos benéficos das campanhas de educação em saúde. Por outro lado, destacam que, na
prática em geral, o conteúdo das campanhas acabam fazendo pouco efeito no cotidiano dos
jovens. Os dirigentes parecem compartilhar a idéia de que no cotidiano os jovens não
procuram dialogar sobre as conseqüências que a síndrome pode causar em suas vidas.
Com base no que Moscovici (1978) denominou como processo de objetivação
da representação social, pode perceber que aqui, a objetivação foi acessada através de
metáforas. São imagens a partir das quais se expressam e sintetizam os pensamentos dos
sujeitos. De acordo com os dirigentes, os alunos demonstram medo frente à possibilidade de
se contaminar porque sabem se tratar de uma doença mortal, e o demonstram através da
metáfora:
todos estão no fio da navalha.
A imagem dos dirigentes sobre os jovens também está ancorada na
responsabilidade em falar sobre a prevenção, cabendo aos adolescentes se cuidarem, pois são
eles que simbolizam a insensatez. Cabe a eles se controlarem, cuidarem-se, sendo necessárias
atitudes de prevenção, exigindo do parceiro o uso da camisinha. A camisinha, portanto,
simboliza a saúde, a manutenção da vida.
Para os dirigentes, as representações sociais dos jovens acerca da AIDS estão
organizadas a partir das informações relativas à sexualidade, à morte, ao preconceito e à
prevenção. Não se pode esquecer que essas informações acabam muitas vezes por referir-se à
própria prática dos dirigentes e de suas relações com a temática.
Nesse aspecto, as representações sociais da AIDS se constituem a partir dos
conhecimentos que cada grupo elabora através das relações sociais e de comunicação, as
quais são organizadas historicamente através de objetos simbólicos. Considerando que os
jovens recebem informações que circulam na escola, provenientes das mensagens passadas
pelos adultos e de algumas fontes como a televisão, e pensando em tipologia das
142
representações sociais, o mais provável é que se possa dizer que as representações
encontradas dentro desse grupo estudado podem ser classificadas como hegemônicas.
143
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
144
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151
ANEXO A OFÍCIO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO
152
153
ANEXO B OFÍCIOS DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO
154
155
ANEXO C ROTEIRO DA ENTREVISTA
156
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM EDUCAÇÃO CULTURA E SOCIEDADE
Orientadora: Profª Drª Eugênia Coelho Paredes
Mestranda: Maria Enildes Auxiliadora Leite Candido
Cuiabá, 27 de novembro de 2003.
Tema: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE DIRETORES E COORDENADORES
SOBRE AS REPRESENTAÇÕES DOS ALUNOS DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE
CUIABÁ, ACERCA DA AIDS.
I. Aproximação da vida escolar
1. DE UMA MANEIRA GERAL, QUAIS O AS SITUAÇÕES DA VIDA ESCOLAR
NAS QUAIS OS ALUNOS COM QUEM VOCÊ TRABALHA MANIFESTAM SUAS
PREOCUPAÇÕES?
2. DE UMA MANEIRA GERAL, QUAIS O AS SITUAÇÕES DA VIDA ESCOLAR
COM AS QUAIS OS ALUNOS PARECEM NÃO SE PREOCUPAR?
Aproximação da vida cotidiana
3. DE UMA MANEIRA GERAL, QUAIS SÃO AS SITUAÇÕES DA VIDA COTIDIANA
NAS QUAIS OS JOVENS COM QUEM VOCÊ TRABALHA ENCONTRAM MAIORES
DIFICULDADES?
4. DE UMA MANEIRA GERAL, QUAIS SÃO AS SITUAÇÕES DA VIDA COTIDIANA
NAS QUAIS OS JOVENS COM QUEM VOCÊ TRABALHA ENCONTRAM MAIORES
FACILIDADES?
SE NÃO APARECER O TEMA
EM GERAL SE CONSIDERA QUE A AIDS É UM ASSUNTO IMPORTANTE PARA OS
ALUNOS.
5. VOCÊ CONCORDA OU DISCORDA COM ESSA OPINIÃO? VOCÊ CONSTATA A
IMPORTÂNCIA OU NÃO DESSE ASSUNTO ENTRE OS ALUNOS?
6. POR QUE VOCÊ NÃO FALOU SOBRE ISSO?
157
SE APARECER O TEMA
GOSTARIA DE CONVERSAR MAIS PROFUNDAMENTE SOBRE A AIDS.
7. PARA VOCÊ QUAIS SERIAM AS OPINIÕES DOS ALUNOS, SUAS CRENÇAS,
SUAS IDÉIAS, SEUS SENTIMENTOS SOBRE A AIDS?
8. QUAIS SÃO AS INQUIETUDES E OS TEMORES DOS ALUNOS COM RELAÇÃO A
AIDS?
9. VOCÊ ACHA QUE OS ALUNOS PROCURAM INFORMAÇÕES SOBRE A AIDS? DE
QUE MANEIRA?
10. VOCÊ ACABA DE FALAR DE DIFERENTES FONTES DE INFORMAÇÃO.
PODERIA DIZER QUE TIPO DE INFORMAÇÃO OS ALUNOS RECEBEM DE CADA
UMA DESSAS FONTES?
11. ESSAS INFORMAÇÕES SÃO SUFICIENTES OU INSUFICIENTES? POR QUÊ?
12. SÃO ADEQUADAS OU INADEQUADAS? POR QUÊ?
13. NA SUA OPINIÃO, ESSAS INFORMAÇÕES SÃO COMPREENDIDAS PELOS
ALUNOS? POR QUÊ?
14. EM SUA OPINIÃO, OS ALUNOS ACREDITAM NAS INFORMAÇÕES EXISTENTES
A RESPEITO DA AIDS? POR QUE?
15. QUAIS SÃO AS INFORMAÇÕES ÀS QUAIS OS ALUNOS DEVERIAM TER
ACESSO?
16. NA SUA PERCEPÇÃO, COMO A FAMÍLIA ORIENTA SOBRE A AIDS?
17. COMO É QUE VOCÊ PERCEBE ISSO?
V. VAMOS AGORA FALAR DE SUA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA.
18. QUAIS SÃO AS PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES QUE MOSTRAM AS DÚVIDAS
DOS ALUNOS? POR QUÊ?
20. QUAIS TIPOS DE ALUNOS VOCÊ ACHA QUE ESTÃO MAIS PROPENSOS A
INTERESSAR-SE PELA AIDS? EM QUE SENTIDO? POR QUAIS MOTIVOS?
21. QUAIS TIPOS DE ALUNOS VOCÊ ACHA QUE ESTÃO MENOS PROPENSOS A
INTERESSAR-SE PELA AIDS? EM QUE SENTIDO? POR QUAIS MOTIVOS?
158
22. EM SUA OPINIÃO A NOÇÃO DE AIDS PARA OS ALUNOS VARIA CONFORME A
IDADE, CONSIDERANDO ALUNOS DE 5ª A 8ª SÉRIES? POR QUÊ?
23. PARA MENINOS E MENINAS A NOÇÃO DE AIDS VARIA? POR QUÊ?
24. VOCÊ TEVE OPORTUNIDADE DE CONVERSAR SOBRE A AIDS COM OS
ALUNOS? PODE LEMBRAR DE ALGUMA SITUAÇÃO E ME CONTAR COMO FOI?
25. IMAGINE QUE VOCÊ VAI DAR UM CURSO SOBRE A AIDS: O QUE VOCÊ ACHA
QUE SERIA IMPORTANTE ABORDAR? POR QUÊ?
26. A ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA INCENTIVA RESTRINGE OU NEM TOMA
CONHECIMENTO SOBRE ISSO?
27. QUAIS SERIAM AS CONDIÇÕES QUE PERMITIRIAM AO PROFESSOR UMA
MELHOR ABORDAGEM DESSE PROBLEMA EM SALA DE AULA? POR QUÊ?
28. NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA EXISTEM PROPOSTAS DE
DESENVOLVIMENTO DE TRABALHO SOBRE O TEMA AIDS?
NA SUA OPINIÃO SEUS COLEGAS TAMBÉM PENSAM ASSIM?
29. VOU LHE PEDIR, AGORA, QUE, POR FAVOR, ME UMA LISTA DE CINCO
PALAVRAS, NÃO DEVE SER UMA FRASE OU SENTENÇA, APENAS CINCO
PALAVRAS SOLTAS, QUE, NA SUA OPINIÃO, E CONHECENDO OS SEUS ALUNOS,
RESUMAM O QUE ELES PENSAM SOBRE A AIDS.
30. AGORA PRECISO DE UM OUTRO FAVOR SEU: POR GENTILEZA, VAMOS
ORDENAR ESSAS PALAVRAS COMEÇANDO PELA MAIS IMPORTANTE DELAS E
TERMINANDO PELA QUE LHE PARECE MENOS IMPORTANTE.
31. GOSTARIA DE SABER SE, NA SUA OPINIÃO, EXISTEM ALGUNS PONTOS QUE
DEVERÍAMOS TER CONVERSADO, SOBRE OS QUAIS AINDA NÃO FALAMOS?
159
ANEXO D CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS
160
CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS
Escola_____________________________________________________________________
Bairro _____________________________________________________________________
Data_______________________________________________________________________
Horário_____________________________________________________________________
Nome______________________________________________________________________
Idade____________________________________Sexo_______________________________
Nível de formação
( ) Ensino médio ( ) graduação ( )especialização ( ) mestrado
Área de formação_____________________________________________________________
Cargo______________________________________________________________________
Regime de trabalho___________________________________________________________
Carga horária________________________________________________________________
Tempo de serviço_____________________________________________________________
Tempo de instituição__________________________________________________________
Religião____________________________________________________________________
Naturalidade_________________________________________________________________
161
ANEXO E QUADRO DE VARIÁVEIS
162
QUADRO DE VARIÁVEIS
Faixa Etária
(anos)
Id
21 a 25
1
26 a 30
2
31 a 35
3
36 a 40
4
41 a 45
5
Acima de
46
7
Nível de
Formação
Nf
Ensino
Médio
1
Graduação
2
Especializaç
ão
3
Mestrado
4
Área de
Formação
Af
PED
1
LET
2
BIO
3
GEO
4
HIST
5
FILO
6
ADM
7
C.SOC
8
MAT
9
Área de atuação
at
Diretor
1
Coordenador
2
Supervisor
3
Regime de
Trabalho
rt
Efetivo
1
Interino
2
Carga Horária
(horas
semanais)
ch
até 20
1
até 30
2
até 40
3
Tempo de
Serviço (anos)
ts
até 1
1
2 a 5
2
6 a 10
3
11 a 15
4
16 a 20
5
21 a 25
6
26 A30
7
+30
8
Tempo na
Instituição
ti
até 1
1
2 a 5
2
6 a 10
3
11 a 15
4
16 a 20
5
21 a 25
6
26 a 30
7
+30
8
Religião
rel
Católica
1
Espiritismo
2
Protestante
3
Outras
4
163
ANEXO F RELATÓRIO RESUMIDO DO ALCESTE
164
RAPPORT D'ANALYSE
Informations générales
Nom du corpus CORD.txt
Nom du plan CORD.pl
Analyse du vocabulaire
Nombre d'unités de contexte initiales (u.c.i.) 43
Nombre d'occurrences de formes 114135
Nombre de formes distinctes 6982
Fréquence moyenne par forme 16
Nombre de hapax 3102
Après la lemmatisation
Nombre de formes réduites 1397
Nombre de mots étoilés 77
Nombre de mots supplémentaires 314
Nombre d'unités de contexte élémentaire (u.c.e.) 2801
LISTE DES CATEGORIES "GRAMMATICALES"
Catégorie "Grammaticale" Indicateur
Nombres en chiffre
Eliminée
Mots en majuscules
Supplémentaire
Mots non trouvés dans DICIN (si existe)
Eliminée
formes non reconnues et fréquentes
Analysée
Auxiliaire ESTAR
Supplémentaire
Auxiliaire TER
Supplémentaire
Auxiliaire HAVER
Supplémentaire
Auxiliaire SER
Supplémentaire
Prépositions simples et locutions prépositives
Supplémentaire
Conjonctions et locutions conjonctives
Supplémentaire
Interjections
Supplémentaire
Pronoms
Supplémentaire
Numéraux
Supplémentaire
Adverbes
Supplémentaire
Formes non reconnues
Analysée
CROISEMENT
Tableau croisant les deux partitions
R C D H 2
Classes 1 2 3 4 5 Poids
1 812 42 10 21 25 910
2 30 323 1 2 3 359
R C D H 1 3 7 5 295 0 14 321
4 13 5 1 202 5 226
165
5 19 5 50 6 837 917
Poids 881 380 357 231 884 2469
Tableau des khi2 (signés)
R C D H 2
Classes 1 2 3 4 5 Poids
1 2028 -98 -171 -66 -546 910
2 -107 1997 -59 -33 -187 359
R C D H 1 3 -150 -46 1990 -33 -130 321
4 -79 -28 -34 2085 -102 226
5 -574 -205 -70 -108 2190 917
Poids 881 380 357 231 884 -----
CLASSE N°1
VARIABLES DE LA CLASSE N°1
Identification u.c.e total classées u.c.e. dans la classe Khi2
*ind_39 66 35 12.47
*ind_22 96 42 5.34
*ind_38 46 22 4.74
*id_3 378 142 4.43
*ind_28 87 37 3.80
*af_9 128 52 3.66
*ind_21 62 27 3.27
*ind_15 42 19 2.95
FORMES REPRESENTATIVES DE LA CLASSE N°1
Khi2 u.c.e. dans la classe Formes réduites Formes complètes
117.34 104 doenca+ doenca(103)
doencas(12)
112.63 108 camisinha+ camisinha(122)
camisinhas(4)
105.85 151 pesso+ pessoa(99)
pessoal(5)
pessoas(94)
95.72 259 aids aids(304)
84.25 46 virus virus(49)
79.67 234 fal+ fala(49)
falado(4)
falam(40)
falamos(17)
falando(24)
falar(112)
falaram(2)
166
falas
75.49 91 pergunt+ pergunta(12)
perguntam(29)
perguntamos(2)
perguntando(5)
perguntar(11)
pergunt
73.54 85 med+ media(1)
medica(3)
medico(10)
medicos(3)
medo(83)
73.51 80 peg+ pega(33)
pegando(3)
pegar(49)
pegava(4)
pegavam(1)
pego(2)
pegou(6)
67.60 64 gravid+ gravida(13)
gravidas(22)
gravidez(38)
67.42 65 risco+ risco(45)
riscos(31)
65.46 37 contamin+ contamina(5)
contaminacao(5)
contaminada(6)
contaminado(10)
contaminar(15)
62.38 47 preconceito+ preconceito(48)
preconceitos(1)
60.01 64 transmiss+ transmissao(66)
transmissivel(1)
54.62 49 usar+ usar(50)
usaram(1)
usaria(1)
u.c.e. CARACTERISTIQUES DE LA CLASSE N°1
u.c.e. Khi2 Unité de Contexte Elémentaire
1296 29 agora nao sei se e por vergonha que quando vai transar nao usa a
camisinha,
ou medo de falar para o parceiro usar e ele ficar chateado, pode ser isso
tambem.
2562 28
atraves da seringa, da transfusao de sangue, eles trabalharam bastante
essa
questao. O aluno perguntou: fala se muito da marginalizacao, do
preconceito.
se voce soubesse que a sua namorada esta com aids, mesmo com
camisinha voce
teria coragem de manter relacao com ela. entao na sala todos ficaram
muito apreensivos
diante da situacao.
2473 28
outras perguntavam sobre o risco de se contaminar na primeira relacao
sem
o
uso do preservativo. entao voce percebe que alem deles acreditarem
eles tem
medo. as formas de transmissao, mostrando que atraves da
relacao_sexual, da
167
transfusao de sangue, da seringa se nao for descartavel, da mae para o
filho
na gravidez, enfim de todas as formas de transmissao e tambem da
prevencao.
1755 28
essa questao do preconceito, geralmente ocorre pela situacao do
desconhecimento,
vergonha dos conhecidos, dos parentes por medo de falar: ah! filho de
fulano
e aidetico. os primeiros casos sofreram mais preconceito, agora as
pessoas
estao mais abertas, estao aceitando mais, mas ainda esta bem restrito.
1259 25
O medo deles e com relacao a doenca em si, porque eles sabem que a
pessoa
fica imune, fica sem protecao, sem anti_corpus, que pode morrer de
qualquer
doenca.
758 25
E existe ainda a questao do preconceito. suas inquietudes e com relacao
a
questao da doenca. eles falam: ah! fulano esta com aids, mas eles ainda
nao
tem esse discernimento em saber que a aids e a doenca e que existe o
virus antes
da doenca e alguns deles tem pouca relacao com a questao.
2003 23
na conclusao da aula sobre a aids nos falamos sobre os riscos. entao
eles
disseram: nao tem perigo porque so pega na seringa, na droga. entao
esclareci
para eles que um parceiro que nao seja fiel e ele tiver infectado e transar
com
a menina vai passar, mas a camisinha tambem pode falhar, pode rasgar,
entao
tem que ter muito cuidado.
1683 23
mas como eles tem dificuldade na negociacao na questao do uso da
camisinha,
entao eles ficam ansiosos com a possibilidade de se contaminar. entao o
aluno
veio perguntar se na primeira relacao sem o preservativo se contamina.
entao
mostrei os riscos que estamos correndo quando mantemos a relacao sem
o preservativo,
porque hoje ha o risco de se contaminar.
2525 22
mas orientamos para-que tomem todo o cuidado, nao so relacionado a
questoes
da sexualidade, da bebida e da propria droga. nos tivemos muitas
palestras
relacionadas a aids, e quando fala voce percebe a angustia. durante a
palestra
voce ve que eles preocupam, porque ainda associa a doenca, a morte.
2230 22
entao eles perguntam: se ela nao tomar remedio na primeira relacao
engravida?
eles estao preocupados apenas em prevenir para nao por um filho que
eles nao querem,
mas nao contra uma doenca que pode matar.
168
SEGMENTS REPETES DE LA CLASSE N°1
Fréquences Segments Répétés
69 os alunos
45 na escol+
42 as vez+
37 a aids
34 da aids
26 a camisinha+
25 por exemplo+
20 no bairro+
20 de rep+
20 as pesso+
20 as form+ de transmiss+
19 as informacoes
18 nao tem
18 e tambem
17 nos tivemos
CLASSE N°2
VARIABLES DE LA CLASSE N°2
Identification u.c.e total classées u.c.e. dans la classe Khi2
*af_4 198 45 17.61
*ind_11 71 18 9.68
*ind_24 75 17 6.25
*ti_5 209 36 3.45
*ind_12 35 8 2.98
*id_2 136 24 2.64
*sex_2 392 61 2.52
*ind_41 32 7 2.20
FORMES REPRESENTATIVES DE LA CLASSE N°2
Khi2 u.c.e. dans la classe Formes réduites Formes complètes
599.87 173 informacoes informacoes(206)
451.88 109 televis+ televisao(124)
260.00 54 campanha+ campanha(18)
campanhas(40)
134.86 53 inform+ informa(1)
informacao(55)
informal(1)
informando(2)
informar(2)
122.40 193 as as(283)
121.82 26 adequada+ adequada(7)
adequadamente(1)
adequadas(19)
169
114.06 27 revist+ revista(6)
revistas(22)
97.83 32 nov+ novela(10)
novelas(26)
novinhos(1)
novo(1)
92.23 18 jorn+ jornais(15)
jornal(5)
91.72 17 suficiente+ suficientemente(1)
suficientes(16)
91.72 17 propaganda+ propaganda(13)
propagandas(6)
88.89 36 receb+ recebe(4)
recebem(31)
recebemos(1)
receber(3)
receberam(2)
81.83 24 filme+ filme(2)
filmes(22)
65.32 12 ating+ atinge(3)
atingir(7)
atingiu(2)
65.30 18 program+ programa(8)
programacao(2)
programada(1)
programas(9)
u.c.e. CARACTERISTIQUES DE LA CLASSE N°2
u.c.e. Khi2 Unité de Contexte Elémentaire
1659 72 as informacoes tem o lado positivo e tambem o lado negativo. essa analise
do bom para mim, ou nao bom para mim depende de cada-um. cada-um
processa essa
informacao de forma diferenciada. por exemplo, aqueles que estao sendo
orientados
pelos pais e tambem pela escola, nao importa qual filme, qual novela eles
estao
assistindo, porque essas informacoes serao discutidas.
144 59
essas informacoes geralmente sao veiculadas no jornal hoje, no jornal
globo,
esses tipos de programacao geralmente os adolescentes nao assiste.
essas informacoes
deveriam constar em revistas infantis com palavras acessiveis. mas na
televisao
as campanhas sao esporadicas a nao ser em periodos especificos como
festas de
final de ano e carnaval so entao intensificam.
1541 54
agora tem tambem as informacoes que eles procuram, por exemplo do
radio,
da televisao, das revistas dos jornais. da televisao, existem as campanhas,
que sao pontuais, mas tem tambem as novelas e os filmes.
713 52
A televisao tem dois lados, aquele-que informa, mas tambem tem uma
maneira
errada
que passa por exemplo nas novelas. agora tem tambem as
campanhas que
sao feitas sobre a aids, geralmente elas conseguem passar a
informacao.
170
145 45
as informacoes nao estao sendo suficientes porque nao esta atingindo
toda
a juventude. houve uma epoca em-que-se intensificou a campanha, as
propagandas,
e entao havia maior preocupacao.
2135 42
existem as informacoes das revistas, dos jornais. na televisao, por
exemplo,
tem as campanhas que procura orientar as pessoas sobre a importancia
da prevencao.
as informacoes sao adequadas, mas a midia divulga os fatos que ocorrem
nesse
sentido com pessoas famosas.
26 41
infelizmente hoje isso influencia demais e a escola tem que estar
retrabalhando
esses valores que estao sendo veiculadas na midia. essas informacoes
sao compreendidas
pelos alunos mas nem sempre de maneira correta, compreendem dentro
do universo
deles.
2762 37
as informacoes sao adequadas, elas conseguem passar como tem que
ser feito,
elas tem um objetivo a atingir. mostrar todas as formas possiveis de riscos
que os jovens correm.
233 37
aquelas informacoes passadas pela escola elas sao adequadas porque os
professores
procuram adequar o conteudo de-acordo-com a serie, ha tambem as
campanhas que
sao feitas pela televisao.
972 35
as informacoes sao adequadas, depende de-quem esta recebendo, mas
existe
determinado programa que vai muito alem, eu acredito que existem filmes
bem-melhor
para estar assistindo, mas tem as provenientes das campanhas e as
orientacoes
dos professores.
SEGMENTS REPETES DE LA CLASSE N°2
Fréquences Segments Répétés
45 as informacoes
28 os alunos
26 essas informacoes
26 por exemplo+
23 as vez+
21 na escol+
21 da televis+
20 as campanha+
19 na televis+
16 A televis+
16 tipo+ de
16 pel+ televis+
14 meio+ de comunic+
171
13 os jovens+
13 da escol+
CLASSE N°3
VARIABLES DE LA CLASSE N°3
Identification u.c.e total classées u.c.e. dans la classe Khi2
*af_2 201 38 10.07
*ind_20 46 11 6.38
*rel_1 2081 263 5.99
*ind_37 59 13 5.84
*nf_3 2254 280 5.53
*ind_36 61 13 5.21
*ind_26 44 10 4.95
*ind_31 74 14 3.52
*ts_7 44 9 3.08
*ind_2 44 9 3.08
*ti_3 1188 154 2.24
*ind_42 55 10 2.08
FORMES REPRESENTATIVES DE LA CLASSE N°3
Khi2 u.c.e. dans la classe Formes réduites Formes complètes
315.98 73 projeto+ projeto(50)
projetos(47)
259.12 48 capacit+ capacitacao(45)
capacitado(2)
capacitando(2)
capacitar(13)
228.97 70 tem+ tema(44)
temas(46)
220.99 36 verba+ verba(23)
verbas(27)
189.65 155 professor+ professor(103)
professora(7)
professore(2)
professores(92)
188.80 35 recurso+ recurso(7)
recursos(32)
154.61 22 pde pde(24)
147.62 154 trabalh+ trabalha(22)
trabalhada(5)
trabalhado(19)
trabalham(15)
trabalhamos(29)
trabal
143.43 27 propost+ proposta(23)
propostas(4)
proposto(3)
116.76 18 projeto_pedagogico projeto_pedagogico(18)
102.03 16 parametros_curricu
100.15 20 elabor+ elabora(5)
172
elaboracao(1)
elaborado(3)
elaboram(2)
elaborando(1)
elaborar(8)
el
92.63 24 video+ video(20)
videos(5)
86.09 46 desenvolv+ desenvolva(1)
desenvolve(11)
desenvolvem(3)
desenvolvemos(4)
desenvolver(26)
80.22 12 propoe+ propoe(10)
propoes(2)
u.c.e. CARACTERISTIQUES DE LA CLASSE N°3
u.c.e. Khi2 Unité de Contexte Elémentaire
1934 60 este ano nos tivemos pouquissimas capacitacao por parte dos
professores,
ate porque precisam pagar com recursos do seu proprio bolso. entao nos
estamos
buscando dentro da propria escola se capacitar. A coordenacao
desenvolve um
projeto de capacitacao continuada e nos estamos trabalhando.
170 56
A escola trabalha atraves-de temas geradores. ha previsao no projeto de
desenvolver trabalhos sobre o tema aids, porem nao e desenvolvido a
contento.
ela e mais trabalhada na biologia e ciencias. mas temos o
projeto_pedagogico
onde se propoe trabalhar atraves da interdisciplinaridade, assim precisa ser
trabalhada em todas as disciplinas, mas ha um despreparo dos
profissionais.
2305 55
os recursos sao destinados para a escola atraves do pde, onde se
elabora
o projeto e levanta a verba. estas verbas sao destinadas somente a parte
pedagogica,
como capacitacao de professor quando necessario.
1622 52
mas ja tem alguns anos que a secretaria_de_saude, os posto_de_saude, a
secretaria_de_educacao
tem contribuido com profissionais para dar palestras e cursos. as
condicoes
para-que o professor pudesse trabalhar o tema aids primeiro seria uma
reciclagem,
para-que pudesse sentir preparado, para trabalhar com naturalidade o
tema,
porque envolve a sexualidade.
378 50
A aids possui um projeto especifico. no inicio do ano os professores
reunem,
fazem
o planejamento, elaboram os projetos que sao desenvolvidos
durante o
ano letivo. A medida que detectamos as necessidades vamos buscar
173
recursos para
viabilizar a realizacao das atividades. agora e dificil porque ja houve
epoca
em-que a verba do pde atrasou e so veio para a escola quando estava
terminando
o ano letivo.
105 42
nos trabalhamos muito atraves-de projetos, temos varios projetos e neles
aborda: a parte social, a leitura e escrita, inserem a comunidade dentro da
escola. todo ano fazemos uma avaliacao, e feita uma do professor e outra
da
escola, haja vista que trabalhamos dentro da gestao democratica, sao
feitos
relatorios, temos o conselho escolar para acompanhar.
1937 40
temos no projeto_pedagogico da escola proposta de desenvolvimento de
trabalho
sobre a aids, e tambem de outros temas propostos nos
parametros_curriculares_nacio<
como as drogas a violencia. O professor e quem define os conteudos e os
projetos
que pretende trabalhar, em cada semestre letivo ele desenvolve um
projeto.
1145 39
O projeto_pedagogico da escola esta na fase de digitacao, mas ainda
deve ser
retomado, rediscutido. quanto ao planejamento no inicio do ano letivo cada
professor faz o seu e da sua materia especifica, ainda nao houve uma
discussao
para uma integracao, ainda nao ha essa interdisciplinaridade.
2702 37
nos temos no nosso projeto e faz parte do tema gerador, inclusive o
professor
de ciencias quando precisa ele orienta sobre a questao da aids, como
outros professores
trabalham em seus conteudos.
2166 37
agora porque as escolas pouco discutem? porque nao esta preparado
para falar
sobre um assunto serio quanto esse. precisaria capacitar esse professor.
agora
a verba vem destinada atraves do pde, a escola define como ela vai
capacitar
esse professor. mas em termos de curso de palestras para professor sao
temas
mais ligados a questao da alfabetizacao dos alunos, existe prioridades.
SEGMENTS REPETES DE LA CLASSE N°3
Fréquences Segments Répétés
26 na escol+
23 da escol+
16 todas as
16 por exemplo+
15 o professor+
14 nos temos
14 os professor+
14 os alunos
174
13 do professor+
11 para a escol+
11 a aids
10 todos os
10 sobre a aids
10 e precis+
10 dos+ professor+
CLASSE N°4
VARIABLES DE LA CLASSE N°4
Identification u.c.e total classées u.c.e. dans la classe Khi2
*id_3 378 42 5.10
*ind_1 63 10 5.09
*ind_7 47 8 4.98
*ind_4 34 6 4.11
*id_4 549 56 3.83
*ind_43 52 8 3.67
*ti_3 1188 110 3.54
*ts_4 718 70 3.31
*ind_22 96 12 2.48
*ind_25 51 7 2.13
FORMES REPRESENTATIVES DE LA CLASSE N°4
Khi2 u.c.e. dans la classe Formes réduites Formes complètes
369.24 67 interess+ interessa(2)
interessada(1)
interessam(13)
interessando(1)
interessante(1)
in
294.37 42 seri+ serie(25)
series(20)
229.29 48 idade+ idade(48)
224.80 43 sexual+ sexual(45)
sexualmente(1)
213.68 20 propenso+ propenso(2)
propensos(18)
199.45 26 noc+ nocao(28)
168.49 23 despert+ desperta(1)
despertando(7)
despertar(10)
despertaram(7)
166.10 34 corpo corpo(34)
157.78 20 quinta_serie+ quinta_serie(21)
quinta_series(2)
139.24 35 comec+ comeca(8)
comecam(18)
comecamos(3)
comecando(7)
comecar(3)
175
comecaram(2)
comecei
136.32 15 setima+ setima(14)
setimas(1)
125.36 14 maturidade maturidade(15)
96.29 21 fase+ fase(26)
92.49 13 ativa+ ativa(14)
85.79 14 interessados interessados(14)
u.c.e. CARACTERISTIQUES DE LA CLASSE N°4
u.c.e. Khi2 Unité de Contexte Elémentaire
792 80 eles tem curiosidade, mas ainda estao na fase entre a infancia e a
juventude
entao tem menos interesse pelo assunto. os de series mais avancadas
alem-de
ter mais idade alem-de ter mais conhecimento estao despertando para a
sua sexualidade.
1999 75
A partir dessa fase eles ja comecam a despertar sobre o sexo, entao ja
comecam
a interessar pelo assunto. A medida que os alunos progridem para outras
series
alem-de adquirir conhecimento, adquirem maturidade porque estao
avancando na
idade.
1201 60
existe diferenca, e os alunos passam a interessar a partir do momento
que
tem mais idade, que ja ouviram falar do assunto. cada serie tem alguem
que-se
interessa mais. sao os mais novos porque eles ainda nao possuem
formacao ainda
estao comecando a despertar para a sexualidade.
1131 58
eles ja tem uma vida sexual ativa e ja comecam conversar entre si sobre
o
assunto. os menores ainda nao descobriram o sexo, ainda estao
descobrindo sua
sexualidade.
546 58
os alunos da quinta_serie estao mais preocupados com a mudanca do
corpo
e os alunos da setima a oitava_series alguns ja estao na pratica sexual ou
se relacionam com alguem que ja tem essa pratica.
243 58
os alunos a-medida-que vao prosseguindo na idade e nos estudos eles
sao muito
curiosos porque alguns ja estao na pratica sexual, ficam interessados em
saber
sobre sua sexualidade, sobre seu corpo.
1998 57
ai ja se interessa mais ja comecaram a despertar para seu corpo. os que
ainda nao estao interessados sao os pequenos, eles ainda brincam com
boneca,
ainda
sonham infantis.
1608 55
os alunos que estao mais interessados nos assuntos sobre a aids sao os
176
alunos
com mais idade, tipo da setima serie em diante porque ja trabalha o corpo
humano
e desperta a curiosidade.
2089 53
ainda nao estao com a sexualidade aflorada, sao mais calmos, nao
despertaram
para a questao do corpo. agora a-medida-que vao adquirindo mais idade,
e a-medida-que
o aluno vai progredindo de serie, vai adquirindo mais conhecimento, entao
seus
conhecimentos ja sao outros.
1849 51
existe muita curiosidade na adolescencia, eles ficam muito atentos,
interessados,
estao despertando sua sexualidade. ja os alunos da setima e oitava_series
por ter mais informacao ja nao demonstram tanto interesse.
SEGMENTS REPETES DE LA CLASSE N°4
Fréquences Segments Répétés
25 os alunos
21 comec+ a
19 A noc+
14 ainda estao
11 mais idade+
11 ainda nao
11 as vez+
10 sua sexualidade
10 os alunos que estao mais
9 os men+
9 do corpo
8 seu corpo
8 eles ja
8 por exemplo+
8 sao mais
CLASSE N°5
VARIABLES DE LA CLASSE N°5
Identification u.c.e total classées u.c.e. dans la classe Khi2
*ind_23 100 52 15.24
*at_1 1480 532 6.90
*ind_34 70 33 5.64
*ind_27 69 31 3.85
*af_1 1681 591 3.72
*nf_2 215 85 3.34
*ind_18 54 24 2.74
*id_6 527 194 2.54
177
FORMES REPRESENTATIVES DE LA CLASSE N°5
Khi2 u.c.e. dans la classe Formes réduites Formes complètes
126.30 407 escol+ escola(528)
escolar(18)
escolas(15)
92.45 66 dificuldade+ dificuldade(50)
dificuldades(19)
81.31 73 estud+ estuda(2)
estudam(6)
estudando(6)
estudar(45)
estudaram(1)
estudo(29)
estudou(1
77.39 184 pai+ pai(70)
pais(172)
66.77 66 cham+ chama(13)
chamada(2)
chamado(3)
chamamos(13)
chamando(3)
chamar(32)
chamasse(1)
57.64 45 facilidade+ facilidade(48)
facilidades(7)
51.40 28 emprego+ emprego(31)
empregos(2)
48.46 135 alun+ aluna(13)
aluno(153)
46.32 77 bairro+ bairro(82)
bairros(17)
45.65 41 encontr+ encontra(2)
encontrada(2)
encontram(28)
encontramos(5)
encontrar(5)
encontro(1)
encontrou(1);
43.28 22 lazer lazer(24)
41.30 21 perspectiva+ perspectiva(20)
perspectivas(2)
40.21 76 crianc+ crianca(46)
criancada(1)
criancas(39)
39.70 84 consegu+ consegue(19)
conseguem(23)
conseguia(1)
conseguimos(12)
conseguir(25)
consegui
39.65 27 mand+ manda(16)
mandado(1)
mandam(5)
mandamos(8)
mandar(3)
u.c.e. CARACTERISTI
QUES DE LA CLASSE N°5
178
u.c.e. Khi2 Unité de Contexte Elémentaire
2392 33 O centro e a escola, onde temos uma quadra, entao nos finais de semana
eles vem jogar bola e tambem participam nas igrejas. esses jovens
encontram
facilidade em alguma atividade extra sala, alguma gincana, um torneio,
eles
se envolvem e a participacao e bem ativa.
1584 25
E impossivel voce resolver a vida do seu filho de um semestre todo em
cinco
minutos. O aluno parece que nao se preocupam com sua
perspectiva_de_futuro.
nao se preocupam em estudar para mais tarde conseguir ser alguma
coisa. vivem
em seu mundinho, parece que eles pensam ah: meu pai e pedreiro, minha
mae e
domestica eu vou ser isso tambem.
2389 23
as dificuldades desses jovens no bairro e que nao existe uma infra
estrutura
adequada. A referencia maior no bairro e a escola, nao existe outra
referencia.
ate-o comercio deixa muito a desejar. sao alguns bares, nao existe
farmacia,
acougue, nao existe outros ambientes. nos finais de semana sao
reunioes de familias
e festas em igrejas que eles tem participado.
2586 22
eles tem muita dificuldade de perspectiva de emprego. alguns manifestam
vontade de trabalhar e ate precisam para ajudar a familia, mas grande
parte
nao consegue. no cotidiano os alunos acham facilidade de estar na escola,
nao
no sentido de vir para estudar, mas para brincar, divertir, para ocupar os
espacos
da escola.
1643 22
mas tambem o bairro nao oferece nenhuma perspectiva, voce nao tem
uma parte
cultural onde os jovens possam se interessar e participar. E uma carencia
de
tudo, nem uma quadra para-que possam jogar bola tem. entao o-que
resta, assistir
televisao. as dificuldades que encontram e com relacao a violencia que e
muito
presente em suas vidas parece que essa convivencia esta enraizada.
1728 21
essas falhas, eu atribuo a tudo um pouco, a falta de acompanhamento
familiar,
o aluno por nao conseguir procura chamar a atencao, impor a sua
necessidade
de aprender.
1628 21
A grande preocupacao e com a sua vivencia que e carencia de tudo
dentro-de
casa e transfere para a escola. as nossas criancas por ser escola de
periferia,
vivem
com problemas de ordem social.
1527 20
enquanto que desses outros so vem apos o resultado final, no final do
179
ano,
quando o aluno geralmente ja reprovou e ja nao tem mais jeito. E muito
complicado
porque durante o ano todo voce manda chamar o pai e ele nao vem, nao
acompanha,
e agora como esta finalizando o ano voce pode ver, existe uma
preocupacao so.
439 19
esses alunos noventa e nove por cento sao de bairros adjacentes a
escola.
hoje em dia ha uma preocupacao com-que esses jovens gostam. A
perspectiva que
tinha antes dele fazer uma escola_tecnica ja diminuiu, a perspectiva de
fazer
o terceiro_grau nao e grande, parece que-se eles terminarem o segundo
grau ja
esta otimo.
340 19
nao ha uma participacao dos pais na vida desses jovens na vida escolar
desse aluno. E a dificuldade financeira mesmo, eles deixam de fazer
muitas coisas
por falta de dinheiro.
SEGMENTS REPETES DE LA CLASSE N°5
Fréquences Segments Répétés
88 na escol+
51 da escol+
44 a escol+
42 os alunos
40 os pai+
37 as vez+
35 no bairro+
34 o alun+
29 esses jovens+
29 por exemplo+
28 nao tem
28 nos temos
27 dos+ pai+
22 para o
22 em cas+
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