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série MEIO AMBIENTE volume 3
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desenvolvimento, a conservação e a preservação do ambiente, os
lucros dos acionistas (num mundo dominado pelo mercado), assim
como demandas por parte da corrupção e da ignorância dos
responsáveis pelas decisões políticas, pelo nacionalismo... a lista é
longa. As condições locais específicas também desempenham um
papel. Por exemplo, a geografia: nos países áridos, com pouca água
disponível, a preparação das lavouras e a utilização excessiva da
terra, agravada pelo represamento dos rios e a irrigação, muitas vezes
têm como resultado a salinização. Nos países tropicais, com pouco
solo superficial nas florestas úmidas, a extração de madeira resulta
na lixiviação do solo e na inundação e poluição do oceano, com a
redução dos recursos pesqueiros e a conseqüente dependência da
assistência estrangeira para alimentar a população. Nas terras baixas
com precipitação intensa, a recuperação das regiões alagadas para
uso agrícola resulta em solos aerados, com redução da bauxita e a
liberação de íons de alumínio, que depois de um breve período se
tornam tóxicos para as plantas, e eventualmente inutilizam o solo.
À medida que projetos de engenharia hidráulica são realizados em
escala maciça, as indústrias nascentes podem intensificar a poluição
da água. A irrigação é responsável pela terça parte dos alimentos
que consumimos, utilizando cerca de uma sexta parte da nossa terra;
no entanto, à medida que cresce a população e a demanda de
alimentos, diminui a extensão per capita da terra irrigada, e a infra-
estrutura da irrigação se degrada, deixando as comunidades
vulneráveis à insegurança alimentar. Nas palavras de um
comentarista: Tudo isso se resume em uma única questão: a quem
pertence a água, se é que ela pertence a alguém? ... Quando tentamos
aplicar nosso conceito de propriedade a um recurso cuja própria
natureza contraria essa idéia, temos uma receita para o conflito.
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Não obstante, o inter-relacionamento entre esses conflitos
projeta luz sobre onde podemos começar a identificar certos temas
éticos que não podem ser recusados. Em primeiro lugar, a ética de
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Philip Ball, H2O: A Biography of Water, Londres, Weidenfeld & Nicolson, 1999.