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LOPES, Alessandréa Silva. A vivência de privacidade pelas parturientes no
cotidiano hospitalar: uma contribuição para o cuidar em enfermagem obstétrica. 2007.
69f. Dissertação. (Mestrado em Enfermagem) – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
RESUMO
No cotidiano das maternidades do município do Rio de Janeiro, apesar dos esforços de
alguns gestores públicos e das enfermeiras obstétricas, presenciamos hospitais cheios,
normas rígidas que obriga a mulher despojar-se de suas roupas e de seus familiares.
Nesse campo, a enfermagem obstétrica está inserida no movimento de humanização
que tem se preocupado com a gravidez e parto como um direito reprodutivo. Dentre os
princípios que norteiam o cuidado das enfermeiras obstétricas, construídos por
Progianti e Vargens (2004), destacamos o que diz que a enfermeira obstétrica deve
defender o respeito à privacidade e a segurança da parturiente. Esse princípio está
fundamentado na fisiologia do parto, pois como explica Odent (2000), a mulher possui
um mecanismo inato de parir que não necessita de intervenções e requer um ambiente
seguro, com baixo estimulo racional e com privacidade. Assim, este estudo parte da
premissa que a vivencia da privacidade no trabalho de parto é fundamental para a sua
fisiologia e questiona como a mulher vivencia a privacidade no cotidiano hospitalar que
é um ambiente adverso para tal propósito. Esta pesquisa teve como objeto a vivência
de privacidade pelas parturientes no cotidiano hospitalar e seus objetivos foram:
analisar como as mulheres compreendem a sua privacidade na experiência de parir no
cotidiano hospitalar e discutir as estratégias de vivência de privacidade pela parturiente
no cotidiano hospitalar. Utilizou-se como referencial teórico o cotidiano e a privacidade
por Michael Maffesoli (1984) e as estratégias de enfrentamento do cotidiano
desfavorável à privacidade classificadas por ele. É um estudo descritivo com
abordagem qualitativa no qual foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com dez
puérperas que pariram de parto normal em uma maternidade municipal do Rio de
Janeiro. Para a categorização dos dados seguimos os passos da análise de conteúdo
de Bardin (1977). O estudo mostrou que o cotidiano hospitalar apresenta-se
inadequado para a privacidade como definição; evidenciou dois grupos de mulheres: as
que não valorizam a privacidade e as que valorizam a privacidade sendo que todos os
grupos realizaram estratégias para vivenciar privacidade no cotidiano hospitalar. As
estratégias utilizadas pelas mulheres foram: a astúcia, silêncio, duplicidade e aceitação
da vida que são elaboradas pelo imaginário das parturientes durante o trabalho de parto
(MICHEL MAFFESOLI, 1984). Concluímos que a privacidade, valorizada ou não é
necessária durante o parto, pois oferecer privacidade é cuidar para que a mulher tenha
o parto mais fisiológico possível. Diante do exposto, sugerimos que a privacidade seja
um cuidado de enfermagem valorizado durante o processo do parto e nascimento, tanto
nas rotinas do cotidiano quanto no mundo imaginal das clientes, pois a privacidade faz
parte do nosso código de ética e, além disso, é um cuidado humanizado, importante
para quem luta por essa bandeira.
Palavras Chaves: Privacidade; Saúde da mulher; Enfermagem Obstétrica; Trabalho de
parto.